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Universidade Lúrio

Faculdade de Engenharia
Licenciatura em Engenharia Geológica

 Apresentação de Mecânica das


Rochas
Estela Mário
Jacinto Bizeque
Zidan Abdulchacuro Docente:
Eng. Euclyds de Camacho
Tema:
Análise do Estado de Tensão após
abertura de Cavidades (Circular,
Elíptica e Rectangular) e Reologia.
Tópicos:
1. Análise do estado de tensão após abertura de cavidades
(circular, elíptica e rectangular)
 Fundamentos teóricos
 Comportamento das Rochas após abertura de Cavidades
 Classificação das cavidades
 Métodos para análise do estado de tensão
 Estabilidade de cavidades e potencial de falhas
 Identificação de potenciais falhas e medidas de mitigação
 Áreas de aplicação da análise de estado de tensão
2. Reologia
 Considerações gerais
 Classificação Reológica
 Aplicação da Reologia na Engenharia Geológica
 Técnicas de medição e modelagem da Reologia
Para quê fazer a análise do
estado de tensão após a abertura
de Cavidades...?
A Cavidade
Uma cavidade é uma abertura artificial ou natural
na rocha que pode ser criada por meio de
escavação, erosão, colapso ou outros processos
geológicos.
Estado de Tensão
O estado de tensão é uma descrição das forças internas
presentes em um corpo sólido, como uma
rocha.

Figura 3: Estado geral de Tensão


Secção
A seção de uma cavidade refere-se à forma geométrica da
abertura quando vista em um corte
transversal
Comportamento das Rochas após
abertura de Cavidades
As rochas são materiais heterogêneos, anisotrópicos e fraturados, o que
influencia sua resposta ao carregamento. As rochas são frequentemente
encontradas em condições de fraturamento, o que afeta
significativamente seu comportamento mecânico. Além disso, as rochas
podem ser anisotrópicas, ou seja, exibem propriedades mecânicas
diferentes em diferentes direções. Esses dois aspectos têm implicações
importantes na abertura de cavidades em rochas.
Fraturas: As fraturas são planos de descontinuidade na rocha e podem
ocorrer devido a processos geológicos ou ações humanas. As fraturas
afetam a distribuição de tensões no maciço rochoso e podem influenciar
a estabilidade das cavidades.
Anisotropia: A anisotropia pode resultar de diferentes orientações de
camadas, foliações ou alinhamentos minerais na rocha. Essa
propriedade afeta a distribuição de tensões e a deformação em torno
das cavidades. (Hudson, nd)
Características Geomecânicas das Rochas
Resistência à compressão: A resistência à compressão é a
capacidade da rocha de suportar cargas aplicadas em sua
direção. É uma propriedade fundamental para determinar a
estabilidade das cavidades em rochas. (Hudson, nd)
• Resistência à tração: A resistência à tração é a capacidade da
rocha de resistir a esforços de tração. Embora a maioria das
rochas tenha baixa resistência à tração, as tensões de tração
podem se desenvolver ao redor das cavidades. (Hudson, nd)
Coesão: A coesão é a força de ligação interna dos grãos da
rocha. É um fator importante para avaliar a estabilidade das
cavidades, pois a coesão ajuda a manter a integridade da rocha.
(Hudson, nd)
• Ângulo de atrito interno: O ângulo de atrito interno é a
medida da resistência ao cisalhamento da rocha. Ele influencia
a estabilidade de cavidades devido à tendência da rocha de se
Influência da Abertura de Cavidades
nas Tensões do Maciço Rochoso

 Redistribuição de tensões
As tensões podem se concentrar nas proximidades da cavidade,
resultando em um aumento das tensões principais e tensões de
cisalhamento.
 Tensões em arco
Em cavidades de seção circular, as tensões ao redor da cavidade
tendem a se concentrar na forma de um arco. Isso ocorre devido ao
alívio de tensões na direção perpendicular ao arco.
 Influência do formato da cavidade
O formato da cavidade também afeta as tensões no maciço rochoso.
Cavidades com seções transversais não circulares podem resultar em
diferentes padrões de tensões.
Resposta da questão colocada:
Uma análise do estado de Tensão é de extrema
importância na Engenharia Geológica, pois nos permite
compreender o comportamento das rochas ao redor das
cavidades, fornecendo informações valiosas para
projectos de escavação, mineração, túneis e outros
empreendimentos subterrâneos.
Classificação das cavidades
Após a abertura de uma cavidade em uma formação rochosa,
ocorrem redistribuições das tensões ao redor da cavidade
devido à remoção de material e à resposta elástica da rocha
circundante. Essa redistribuição é influenciada por diversos
fatores, como geometria da cavidade, características
geomecânicas da rocha, tipo de carregamento e condições de
contorno.
Cavidades de Secção Circular
Devido à sua simetria, a distribuição de tensões ao redor da
cavidade é uniforme e pode ser descrita pela Equação de
Westergaard, que fornece a tensão vertical em função da
distância radial a partir do centro da cavidade

Onde:
𝜎𝑣 é a tensão vertical no ponto considerado;
𝜎𝑜 é a tensão inicial (antes da abertura da cavidade);
𝜈 é o coeficiente de Poisson, que relaciona a deformação transversal à deformação axial da
rocha;
𝑎 é o raio da cavidade;
𝑟 é a distância radial a partir do centro da cavidade. (Hudson, nd)
Cavidades de Secção Retangular
A distribuição de tensões nesse caso é mais complexa devido à
geometria retangular. Uma abordagem comumente usada é a
teoria das linhas de tensão, que considera as tensões atuando
em linhas imaginárias ao longo da cavidade. A tensão vertical
na linha central da cavidade pode ser estimada por:

Onde:
𝑣 é a tensão vertical na linha central;
𝜎
𝑜 é a tensão inicial;
𝜈 é o coeficiente de Poisson;
𝑥 é a distância horizontal a partir do centro
da cavidade;
𝑎 é o comprimento da cavidade.
(Hudson,nd)
Cavidades de Secção Elíptica
Elas são caracterizadas por uma forma alongada e apresentam
distribuição de tensões assimétricas.
Devido a essa assimetria, a análise do estado de tensão em cavidades
elípticas é mais complexa. A distribuição de tensões é determinada pela
relação entre os semieixos maior (a) e menor (b) da elipse. A tensão
vertical na linha central pode ser aproximada usando a seguinte equação:

Onde:
𝜎𝑣 é a tensão vertical na linha central;
𝑜 é a tensão inicial;
𝜈 é o coeficiente de Poisson;
𝑥 é a distância horizontal a partir do centro da cavidade;
𝑎 é o semieixo maior da elipse;
𝑏 é o semieixo menor da elipse.
Métodos para análise do
estado de tensão
Teoria da Elasticidade aplicada às rochas
Método dos Elementos Finitos para modelagem
computacional
Método dos Deslocamentos
Modelos Físicos e Numéricos
Uso de modelagem numérica para simulação de
comportamento de rochas
Exemplos de softwares utilizados na análise do estado de
tensão:
1. FLAC (Fast Lagrangian Analysis of Continua) - Software
utilizado para modelagem numérica de mecânica das rochas.
2. Phase2 - Software que permite a análise de estabilidade de
escavações e túneis em rochas.
3. ANSYS Mechanical - Software de simulação usado para
análise de elementos finitos em mecânica das rochas
Estabilidade de cavidades e potencial de falhas
Avaliação da estabilidade de cavidades após
abertura
Quando uma cavidade é aberta em um maciço rochoso, como
uma mina subterrânea ou um túnel, é fundamental avaliar a
estabilidade desse ambiente. A análise do estado de tensão é
uma ferramenta crucial nesse processo. Existem métodos para
determinar a distribuição de tensões no maciço rochoso, levando
em consideração a geometria da cavidade e as propriedades
mecânicas das rochas envolvidas. Um método amplamente
utilizado para essa avaliação é o Método dos Elementos Finitos
(MEF). Com o MEF, é possível modelar o maciço rochoso e as
cavidades, aplicando as condições de contorno e simulando o
comportamento do maciço sob diferentes cenários de tensão.
Essa abordagem permite uma análise detalhada da distribuição
de tensões e deformações, fornecendo informações valiosas
sobre a estabilidade das cavidades.(Terzaghi,1953)
Efeitos de alterações no estado de tensão na
estabilidade do maciço rochoso
1.Concentração de tensões:
A abertura de uma cavidade pode resultar na concentração de
tensões nas áreas próximas. Essas concentrações podem levar
ao desenvolvimento de falhas e fraturas no maciço rochoso,
comprometendo sua estabilidade.
2. Redistribuição de tensões:
A presença da cavidade pode levar a uma redistribuição das
tensões no maciço rochoso. Algumas regiões podem
experimentar um aumento das tensões, enquanto outras
podem ter uma diminuição. Essas mudanças podem levar ao
colapso de áreas enfraquecidas e à formação de zonas de
tensões críticas.
cont
3. Transferência de cargas: Dependendo da localização e
geometria da cavidade, as cargas aplicadas ao maciço rochoso
podem ser transferidas de uma região para outra. Isso pode
resultar em aumento das tensões em áreas adjacentes,
aumentando o risco de falhas.
Identificação de potenciais falhas e medidas de
mitigação
A identificação de potenciais falhas em um maciço rochoso é
essencial para garantir a estabilidade de cavidades. Existem
várias técnicas disponíveis para essa finalidade, incluindo:
 Mapeamento geológico
 Monitoramento geotécnico
 Medidas de mitigação
Áreas de aplicação da análise de estado de
tensão
 Dimensionamento de Cavidades em Mineração

Construção de Túneis e galerias


Cont…
Estabilidade de taludes e escavações em engenharia
civil

Engenharia de Petróleo e Gás


REOLOGIA
Considerações gerais
A palavra Reologia, derivada do vocabulário Grego, significa:
Rheo = Deformação, Logia = Ciência ou Estudo. É uma área
da física que analisa as deformações ou as tensões de um
material provocadas pela aplicação de uma tensão ou
deformação. (Moser, 2011)
Viscosidade: medida da resistência de um fluido ao fluxo.
Fluidos de baixa viscosidade escoam facilmente, enquanto
fluidos de alta viscosidade fluem mais lentamente.
Deformação: mudança na forma de um material devido a uma
força aplicada. Pode ser elástica (reversível) ou plástica
(permanente).
Tensão: força aplicada por unidade de área. A tensão de
cisalhamento é uma medida da força de cisalhamento aplicada
a um material. (Jaeger, Cook & Zimmerman, 2007)
Classificação Reológica
A classificação reológica dos materiais é baseada na relação
entre a taxa de deformação (ou taxa de cisalhamento) e a
tensão de cisalhamento (ou tensão de corte). Essa relação é
representada através de curvas de fluxo, que mostram como a
tensão de cisalhamento varia com a taxa de deformação
Existem três categorias principais de comportamento
reológico
Comportamento Newtoniano
Os materiais com comportamento Newtoniano apresentam
uma relação linear entre a tensão de cisalhamento e a taxa de
deformação. Em outras palavras, a taxa de deformação é
diretamente proporcional à tensão de cisalhamento. Exemplos
de materiais que exibem comportamento Newtoniano são a
água pura, a maioria dos óleos e gases, onde a viscosidade é
constante independente da taxa de deformação.
 Comportamento Não-Newtoniano:
Os materiais com comportamento não-Newtoniano não seguem
uma relação linear entre a tensão de cisalhamento e a taxa de
deformação. Nessa categoria, há subcategorias distintas:
- Comportamento pseudoplástico: Nesses materiais, a
viscosidade diminui com o aumento da taxa de deformação. Um
exemplo comum é a argila suspensa em água, onde a viscosidade
diminui à medida que a agitação aumenta.
- Comportamento dilatante: Ao contrário do comportamento
pseudoplástico, esses materiais apresentam aumento de
viscosidade com o aumento da taxa de deformação. Um exemplo
comum é uma pasta de amido de milho misturada com água, que
se torna mais espessa e resistente quando agitada rapidamente.
- Comportamento tixotrópico: Nesse caso, a viscosidade
diminui com o tempo sob tensão constante. Materiais como argilas
e gesso exibem esse comportamento. Eles se tornam menos
viscosos à medida que são submetidos a tensões constantes ao
longo do tempo.
cont
 Comportamento viscoelástico:
Os materiais com comportamento viscoelástico exibem
propriedades tanto de um sólido elástico quanto de um
líquido viscoso. Esses materiais têm uma resposta
dependente do tempo, onde a tensão de cisalhamento varia
com a taxa de deformação e o tempo de aplicação da tensão.
Exemplos comuns são os polímeros e muitos materiais
biológicos.
Leis reológicas
Lei de Hooke
Estabelece uma relação linear entre tensão e deformação
elástica em um material. Segundo essa lei, o comportamento
de um material é elástico até um determinado limite de
deformação, momento em que o material começa a se
deformar de forma permanente. A Lei de Hooke é expressa
pela fórmula:

onde σ é a tensão, E é o módulo de elasticidade (também


conhecido como módulo de Young) e ε é a deformação.
Essa lei é aplicável para deformações pequenas em rochas
intactas. (Murthy, n.d)
Lei de Newton da Viscosidade
Descreve o comportamento viscoso de materiais. Embora as
rochas geralmente sejam consideradas materiais elásticos, a Lei
de Newton da Viscosidade é útil para descrever o comportamento
de rochas fraturadas, zonas de cisalhamento ou rochas em altas
temperaturas. Segundo essa lei, a taxa de
deformação de um material é diretamente proporcional à tensão
aplicada. Matematicamente, isso pode ser expresso como:

Onde
τ é a tensão de cisalhamento
μ é a viscosidade e
γ é a taxa de deformação.
Nesta lei, a viscosidade desempenha um papel semelhante ao
módulo de elasticidade na Lei de Hooke. (Feng, n.d)
Lei da Deformação Plástica de Bingham
A Lei da Deformação Plástica de Bingham é outra lei reológica
que se aplica a materiais que apresentam uma tensão mínima
(tensão de escoamento) antes de começarem a se deformar
plasticamente. Essa lei é útil para descrever o comportamento
de solos coesivos e algumas rochas.
A Lei de Bingham é expressa pela seguinte equação:

onde
τ é a tensão de cisalhamento,
τ0 é a tensão de escoamento (ou limite de resistência ao
cisalhamento)
μ é a viscosidade plástica e
γ é a taxa de deformação. (Brady, 1997)
Aplicações da reologia na engenharia
geológica
- Materiais de construção: a reologia é utilizada para entender o
comportamento de materiais como concreto, argamassa e asfalto,
auxiliando no desenvolvimento de misturas mais duráveis e
eficientes.
- Estabilidade de taludes: a reologia é aplicada no estudo da
estabilidade de encostas e taludes, permitindo avaliar o
comportamento de solos e rochas e prever possíveis deslizamentos.
- Fluidos geológicos: a reologia é utilizada para entender o
comportamento de fluidos geológicos, como lamas de perfuração,
fluidos vulcânicos e sedimentos em suspensão, auxiliando na
exploração e monitoramento de reservatórios naturais.
- Geotecnia: a reologia é aplicada no estudo de solos e rochas,
permitindo compreender seu comportamento mecânico e otimizar
projetos de fundações, escavações e túneis.
Técnicas de medição e modelagem em
Reologia
Reômetros
Os reômetros são aparelhos utilizados para medir a relação
entre tensão e taxa de deformação de um material. Podem ser
divididos em dois tipos principais: reômetros rotacionais e
reômetros oscilatórios. Os reômetros rotacionais aplicam uma
taxa de deformação controlada através da rotação de um
cilindro ou cone dentro de uma amostra do material. Os
reômetros oscilatórios aplicam uma taxa de deformação
alternada por meio de movimentos oscilatórios, permitindo a
análise de respostas elásticas e viscosas.
Reômetro Oscilatório.

Viscosímetros:
Os viscosímetros são instrumentos utilizados para medir a
viscosidade de um fluido, que é uma das propriedades
reológicas mais importantes. Existem diferentes tipos de
viscosímetros, como o viscosímetro de escoamento, o
viscosímetro capilar e o viscosímetro rotacional. Cada um deles
possui princípios e aplicações específicas. (Coussot, 2014)
Viscosímetro.

Extensômetros
Os extensômetros são dispositivos usados para medir a
deformação de um material em resposta a uma força aplicada.
Eles fornecem informações sobre a elasticidade, plasticidade e
fluência do material. Existem extensômetros elétricos, ópticos
e mecânicos, cada um adequado para diferentes tipos de
materiais e condições experimentais. (Jaeger, 2007)
Extensômetro elétrico

d) Modelos reológicos
Equações matemáticas que descrevem o comportamento dos
materiais em diferentes condições de tensão e deformação. Esses
modelos permitem simular e prever o comportamento mecânico de
materiais complexos. (Oliveira,2019)
e) Testes de campo
Técnicas de medição realizadas diretamente em campo, como ensaios
de penetração, ensaios de piezocone e ensaios de cisalhamento direto.
Esses testes fornecem dados reológicos in situ para
projetos geotécnicos. (Oliveira,2019)
FIM

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