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A mecânica de rocha é uma parte da ciência da Mecânica dos solos que estuda o comportamento

dos maciços rochosos nas actividades mineiras e a sua estabilidade depois de qualquer abertura.

Um meio rochoso é aquele que apresenta pelo menos uma superfície de descontinuidade ligando
um ponto do contorno livre a um outro. A particularidade desta descontinuidade é a sua
incapacidade de transmitir os constrangimentos de tracção.

Resistência: diz respeito às cargas específicas (por unidade de área = tensões) máximas que o
material é capaz de suportar sob um dado tipo de solicitação (tracção directa, tracção induzida,
compressão uniaxial, compressão confinada, cisalhamento etc.) sem ser levado a perder sua
integridade / continuidade.

Deformabilidade: diz respeito a como e quanto o material muda de forma sob acção de cargas
dadas.

Maciço Rochoso: para a Mecânica das Rochas é um conjunto de blocos de material rochoso
(denominado, indevidamente, de “rocha intacta”) definidos pela intersepção de conjuntos
(denominados famílias) de superfícies sub-paralelas, mais ou menos planares, de origem
geológica qualquer (p. ex., juntas, fraturas, diáclases, falhas, estratificações, clivagens etc.), que
são colectivamente designadas por descontinuidades.

Dimensionamento de Pilares

Pilares são porções do minério deixados para suporte dos painéis de lavra.

Utilizados em minas tabulares de carvão, principalmente: De forma quadrada ou retangular

O dimensionamento dos pilares requer o conhecimento o carregamento sobre o pilar e a resistência


do pilar (fórmulas empíricas)

Como os pilares formam um sistema de suporte, a grande preocupação são os tipos de ruptura:
Ruptura gradual (controlada) e ruptura súbita (não controlada).

O modo de ruptura e a distribuição das tensões no pilar sofrem influência directa do tipo das rochas
encaixantes e suas interacções

Peng (1986) afirma que as informações abaixo devem ser consideradas no projeto de pilares:
1. A história de carregamento dos pilares, incluindo o carregamento do maciço e
abatimentos que podem provocar redistribuição de tensões
2. Resistência do pilar
3. Distribuição das tensões no pilar
4. Interação entre tecto, pilar e piso

Carregamento no pilar

Determinação da tensão sobre pilares deve levar em conta as características de deformação das
rochas que formam o pilar, o tecto e o piso. Porque a reacção do pilar à carga imposta pelo maciço
do tecto é proporcional à deformação da rocha formadora do pilar e a sua resistência mecânica;

A tensão sobre o pilar (v), que será a carga sobre a área minerada distribuída pela área do pilar
(Ap)

Para o cálculo da tensão sobre o pilar pela teoria da área tributária são necessários os seguinte
parâmetros:

 Profundidade da mineração ou espessura de cobertura (H)


 Peso específico médio ou densidades das rochas que formam a cobertura. Um valor padrão
admitido pela bibliografia (Bieniawski, 1992; Salamon e Oravecz, 1976; Bineiawski,
1984; Peng, 1986) é de 25kN/m3.
 Larguras do pilar (w1 e w2). Se o pilar for quadrado w1 = w2 = w
 Laguna da galeria (B)
Onde a área tributária atinge as galerias do entorno do pilar, no qual o lado da base do prisma (C)
é determinado por C = w + B

Onde os parâmetros necessários para o cálculo da carga do pilar são:

 Profundidade da mineração ou espessura de cobertura (H)


 Peso específico médio ou densidades das rochas que formam a cobertura. Um valor padrão
admitido pela bibliografia (Bieniawski, 1992; Salamon e Oravecz, 1976; Bineiawski,
1984; Peng, 1986) é de 25kN/m3.
 Larguras do pilar (w1 e w2). Se o pilar for quadrado w1 = w2 = w.
 Largura da galeria (B). Onde a área tributária atinge as galerias do entorno do pilar, no
qual o lado da base do prisma (C) é determinado por C = w + B

Pode-se relacionar as dimensões do pilar e galeria com a espessura de cobertura por meio de
diagramas que determinam a tensão de carregamento de um pilar, sendo pilar quadrado ou
retangular (Salamon e Oravecz, 1976). Considerando a curva do gráfico, pode ser determinada a
equação da curva ( ), onde a=0.223 e b=-0.566, com correlacção de 0.98.

Resistência do pilar

A resistência do pilar irá depender da sua forma e tamanho;

A resistência de uma rocha que é determinada em ensaios de laboratório geralmente é maior do


que a resistência do maciço rochoso. Porque os ensaios em laboratório são realizados em corpos
de prova de dimensões pequenas, intactos e sem defeitos;

 Efeito tamanho

Pode ser concluído que essa resistência crítica pode ser aplicada à resistência in-situ do pilar de
carvão. Uma relação muito utilizada para estimativa da resistência da rocha in-situ a partir de
ensaios de laboratório é apresentada por Hustrulid (1976)

 Efeito forma
A razão largura/altura do pilar (para pilares retangulares considerar a menor dimensão lateral)
representa a maior influência na resistência do pilar e no seu comportamento na relação tensão-
deformação, principalmente após o limite de proporcionalidade da curva tensão-deformação, e
após a tensão de ruptura de um pilar.

Arqueamento:

Processo de redistribuição de tensões pela relaxação na camada imediatamente sobre a escavação,


com aumento de compressão nos pilares e paredes laterais. Logo a tensão no pilar muda com o
tempo.

DIMENSIONAMENTO DE PILARES E VÃO LIVRE

Os principais parâmetros de um projecto por câmaras e pilares são o número de frentes extractivas,
as dimensões dos pilares e das aberturas, e a quantidade e tipo de suporte não sistemático

O número de frentes de trabalho está directamente associado à produção desejada e ao conjunto


de operações da produção.

O dimensionamento do tipo e quantidade de suporte deve ser feito de modo coordenado com o
dimensionamento das aberturas e pilares.

A. ALTURA DA ABERTURA

A altura da abertura é normalmente a espessura da camada de minério, a menos que seja tão fina
que parte do piso (ou tecto) tenha de ser removida de modo a permitir o uso de equipamento
mecanizado. A altura das camadas de carvão nos USA está na faixa entre 0,8 e 4,5 m.

B. LARGURA DA ABERTURA

Deveria ser a maior possível para se ter altas eficiência, produção e produtividade, mas é limitada
por questões de segurança e estabilidade do tecto. Nos USA a MSHA limita está máxima
dimensão em:

 6 m se tem parafusos de tecto ("roofbolts");


 9 m se além de parafusos de tecto se utilizar um métodoadicional de suporte de tecto.
C. ESPAÇAMENTO ENTRE GALERIAS

Para vias de longa vida útil a relação (espaçamento entre aberturas/largura das aberturas) expressa
por (Ea/La) deve ser no mínimo de 3:1 a fim de se evitar a sobreposição dos efeitos de
redistribuição de tensões ao redor das aberturas.

Para vias de vida útil curta, como as utilizadas para pesquisa, esta relação pode ser de 2:1 ou
menos. Nas minas americanas de carvão o espaçamento varia entre 12 e 30 m.

O espaçamento é definido entre eixos de vias paralelas.

D. ESPAÇAMENTO ENTRE TRAVESSAS

O espaçamento entre as travessas define a forma da secção horizontal dos pilares, e está associado
também a normas de ventilação em certos países. As normas muitas vezes vem na forma de valores
máximos e nas minas americanas de carvão ele é da ordem de 30 m.

Definidas as dimensões dos pilares e das aberturas fica definida a taxa de extração do minério, a
qual é dada pelo quociente: taxa de extracção = {quantidade de minério extraído / quantidade de
minério extraível} x 100 Se o depósito é tabular e a camada de minério é uniforme, a taxa de
extracção pode ser obtida por um quociente de áreas (em vez de um quociente de massas ou
volumes).

EXTRAÇÃO DE PILARES

A extração ou não dos pilares de sustentação é uma decisão de projeto que tem sérias implicações
operacionais.

Se a extracção é parcial normalmente não advém colapso total do tecto e não ocorre subsidência
superficial. Se a extracção for total, então o tecto é induzido a desabar e a subsidência superficial
pode ocorrer. Neste caso o método por câmaras e pilares se torna um método por desabamento.

A extração completa dos pilares requer:

a) Um tecto imediato que exija pouco suporte;


b) Camadas sobrejacentes várias vezes mais espessas que a camada lavrada, e que desabem
rapidamente;
c) No caso do carvão, camada espessa e de boa a alta qualidade;
d) Uma cobertura de média a grande;
e) Pessoal treinado e experiente.

Estabilização da escavação subterrânea

É usual considerar este domínio tecnológico dividido em dois conceitos distintos:

 Sustimento provisório a aplicar durante a fase de escavação ou mesmo entes desta,


sustimento antecipado.
 Sustimento definitivo que como o nome indica, terá carácter permanentedurante a vida útil
da obra.

Reforço do maciço rochoso.

Instalação no maciço rochoso de pregagens e ancoragens no sentido de reforçar o maciço rochoso


e utilizar a própria resistência da rocha que constitui o modo de torná-lo auto-suportante

O reforça utilizado é instalado no interior do próprio maciço, passando a ser parte integrante dele.

Suporte

Aplicação de revestimento em betão, betonado in situ ou pré-fabricado, de perfis metálicos, betão


projectado, revestimento metálico, etc., com função de minimizar os movimentos da rocha,
sempre actuando exteriormente ao maciço.

Pré-esforço.

Instalação de um reforço antes do início da escavação.

 Injecção de cimento.
 Ancoragem a partir da superfície.

Diferentestiposde reforço.

Pregagem.

O principal objectivo dum sistema de reforço, é criar condições ao maciço para que se suporte. A
pregagem mobiliza as características mecânicas do próprio maciço.
Há varias razões justificativas do incremento do uso deste sistema:

 Versatilidade –pode ser utilizado em escavações da mais variada geometria.


 Instalação simples.
 Baixo custo relativo.
 Facilidade de aplicação mecanizada.

A pregagem pode facilmente ser combinada com sistemas de suporte adicionais:

 Rede.
 Betão projectado.
 Revestimento em betão cofrado ou pré-fabricado.

Sistemas típicos de pregagem

É grande a diversidade de tipos de pregagem utilizados actualmente, apresentando algumas


diferenças no seu desenho, baseado no mesmo conceito.

Pode se agrupá-los de acordo com as técnicas de fixação:

 Ancoragens mecânicas.
 Selagem com calda de cimento.
 Selagem com resina.
 Fixação por atrito.

Ancoragem mecânica

Diferindo apenas no sistema, a ancoragem é garantida por um sistema de expansão, assegurado


pelo movimento de rotação que se comunica ao prego, uma cunha roscada no extremo interior do
prego obriga, quando do movimento de rotação do tirante, à expansão de uma bucha que se vai
cravando nas paredes do furo previamente aberto.

A rocha não deverá ser muito dura de modo a permitir a sua deformação resultante da tensão
aplicada pela expansão da cabeça.

Sustimento com pregagem

Vantagens:
 Baixo preço.
 Actua imediatamente após instalação.
 Possibilidade de tensionamento por rotação da cabeça após colocação.
 Fácil aplicação de sistemas para avaliar o tensionamento.

Desvantagens:

 Uso limitado a rochas duras (não muito).


 As vibrações provocadas por rebentamentos podem produzir perda de fixação.

Vantagens da ancoragem Rebar:

 Rápida entrada em acção quando selado com resina.


 Se for utilizada uma resina de presa rápida apenas para selagem do bolbo, há possibilidade
de tensionamento imediato.
 Muito boa resistência à corrosão em aplicação de carácter permanente.

Desvantagens:

 Dificuldades no armazenamento e manuseamento da resina.

Vantagens da ancoragem Dywidag:

 Quando bem instaladas asseguram um reforço duradouro e de alta qualidade.


 Suportam cargas elevadas nas mais diversas condições.
 Muito boa resistência à corrosão.

Desvantagens:

 Elevado preço.
 O tensionamento só é possível com uma técnica de selagem especial de modo a deixar
livre para tensionamento parte significativa do comprimento do varão

Aplicação da rede.

Para evitar a queda de pequenos blocos destacados do espaço entre pregos, é usual a aplicação de
uma rede metálica fixada pelos próprios pregos com placa.

A rede poderá vir a servir de reforço a uma camada de betão projectado.


É habitual o uso de dois tipos de rede:

 De malha entrelaçada.
 Malha soldada (malha sol).

Tipos de Aberturas

Aberturas com Desenvolvimento Linear: as dimensões da secção transversal são pequenas.

São poços(vertical ou inclinado), rampas e galerias: horizontais (túneis, cabeceiras, travessas) e


inclinadas (raises, descidas, chaminés, passagens de minério, estéril e do pessoal).

Aberturas com Desenvolvimento em Volume: as dimensões são proporcionais em qualquer


direcção.

 Alargamentos ou realces
 Câmaras para utilidades diversas.
 Poços inclinados.
 Rampas.
 Cabeceiras (drift).
 Travessas ( cross-cut).
 Raises
 Descidas
 Chaminés

Lavra por Câmaras e Pilares (Room and Pillar)

Características Gerais

 Aberturas de várias câmaras deixando uma fila de pilares


 A destruição dos pilares depende:

Desmonte do Minério

 O desmonte é feito com face livre frontal e vertical,


 Por explosivos ou
 Mecânico: mineradores contínuos
Sistemas de Mineração por Câmaras e Pilares

 Horizontal (mergulho < 5º)


 Inclinada (mergulho entre 10 –20º)
 Vertical (mergulho entre 20 –45º)

MINERAÇÃO INCLINADA:

Produção:

 Mineração ascendente ou descendente entre galerias de transporte.


 Perfuração com uso de marteletes manuais (“jack legs”).
 Superfícies acidentadas impedem equipamentos mecanizados.
 Mais intensivo em mão-de-obra.

Manuseio de minério

 Minério é movido por “sluchers” até nível de extracção.


 Utilização de carros de mina para transporte até o poço.

MINERAÇÃO HORIZONTAL:

Produção:

 Permite a utilização de grandes máquinas (conjuntos mecanizados).


 Utilização de jumbos para altas taxas de produtividade.
 Uso de bancadas para corpos de minério potentes

Manuseio de minério:

 Carregado directamente na face de trabalho.


 Utilização de equipamentos de alta mobilidade (LHD’s).

MINERAÇÃO VERTICAL

Acesso é feito por galerias inclinadas no corpo de minério

Produção:

 Galerias horizontais ramificam a partir das galerias de acesso inclinadas.


 Extracção de minério de cima para baixo (descendente)

Manuseio de minério:

 minério é carregado na face e transportado até o poço.

Especificações

 Potência do corpo de minério < 60 m;


 Forma do corpo de minério tabular;
 Mergulho do corpo de minério menor que 45º;
 Vão das câmaras baseado na segurança do suporte;
 Tamanho do pilar baseada na resistência do material
 Rocha competente
 Selectivo dentro dos limites de perfuração

Vantagens:

 Boa produtividade;
 Custo moderado;
 Método flexível, passível de mecanização;
 Selectivo e com mínimo desenvolvimento preparatório.

Desvantagens:

 Ocorrência de problemas de controle do terreno;


 Perda de minério nos pilares

Aplicação:

 Corpos de minério relativamente horizontais;


 Potência limitada;
 Encaixante e minério competentes.

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