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Curso de Engenharia de Minas

SERVIÇOS MINEIROS II

1° TRIMESTRE 2017

Eng. Neves S. Jemuce


Dimensionamento de Pilares
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Pilares são porções do minério deixados para suporte dos
painéis de lavra.

Utilizados em minas tabulares de carvão, principalmente:


De forma quadrada ou retangular

 O dimensionamento dos pilares requer o conhecimento o


carregamento sobre o pilar e a resistência do pilar (fórmulas
empíricas)

 Como os pilares formam um sistema de suporte, a grande


preocupação são os tipos de ruptura: Ruptura gradual
(controlada) e ruptura súbita (não controlada).
Qual o comportamento do pilar perante o carregamento. Se
possui ou não resistência residual (pós-ruptura) e a distribuição
das tensões no pilar

O modo de ruptura e a distribuição das tensões no pilar


sofrem influência directa do tipo das rochas encaixantes e suas
interacções
Peng (1986) afirma que as informações abaixo devem ser
consideradas no projecto de pilares:
1. A história de carregamento dos pilares, incluindo o
carregamento do maciço e abatimentos que podem provocar
redistribuição de tensões

2. Resistência do pilar
3. Distribuição das tensões no pilar
4. Interação entre tecto, pilar e piso
 Os métodos empíricos ignoram o terceiro e quarto ítens
Carregamento do pilar
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A tensão vertical antes de uma escavação (ou tensão primitiva)
é dada por γH, onde γ é o peso específico da cobertura em
kN/m3 e H é a profundidade em metros (m);

Se a lavra for realizada em uma certa área (A), a carga sobre
essa área, antes do minério ser retirado, será a tensão primitiva
multiplicada pela área a ser minerada (γHA em kN);
Carregamento no pilar
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Determinação da tensão sobre pilares deve levar em conta as
características de deformação das rochas que formam o pilar, o
tecto e o piso. Porque a reacção do pilar à carga imposta pelo
maciço do tecto é proporcional à deformação da rocha
formadora do pilar e a sua resistência mecânica;

A tensão sobre o pilar (v), que será a carga sobre a área


minerada distribuída pela área do pilar (Ap)
Carregamento do pilar…
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Carregamento do pilar….
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Para o cálculo da tensão sobre o pilar pela teoria da área
tributária são necessários os seguinte parâmetros:

– Profundidade da mineração ou espessura de cobertura (H)


– Peso específico médio ou densidades das rochas que
formam a cobertura. Um valor padrão admitido pela
bibliografia (Bieniawski, 1992; Salamon e Oravecz, 1976;
Bineiawski, 1984; Peng, 1986) é de 25kN/m3.
– Larguras do pilar (w1 e w2). Se o pilar for quadrado w1 =
w2 = w
– Laguna da galeria (B)
Carregamento do pilar….
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 Onde a área tributária atinge as galerias do entorno do


pilar, no qual o lado da base do prisma (C) é determinado
por C = w + B
Carregamento do pilar….
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Onde os parâmetros necessários para o cálculo da carga do


pilar são:
•Profundidade da mineração ou espessura de cobertura (H)
•Peso específico médio ou densidades das rochas que formam
a cobertura. Um valor padrão admitido pela bibliografia
(Bieniawski, 1992; Salamon e Oravecz, 1976; Bineiawski, 1984;
Peng, 1986) é de 25kN/m3.
Carregamento do pilar….
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•Larguras do pilar (w1 e w2). Se o pilar for quadrado w1 = w2 =
w.
•Largura da galeria (B). Onde a área tributária atinge as galerias
do entorno do pilar, no qual o lado da base do prisma (C) é
determinado por C = w + B
Pode-se relacionar as dimensões do pilar e galeria com a
espessura de cobertura por meio de diagramas que
determinam a tensão de carregamento de um pilar, sendo pilar
quadrado ou retangular (Salamon e Oravecz, 1976).
Considerando a curva do gráfico, pode ser determinada a
equação da curva ( ), onde a=0.223 e b=-0.566, com
correlacção de 0.98.
Carregamento do pilar….
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Muitos autores consideram que o carregamento dos


pilares não é uniforme;

Irá depender das características das rochas do tecto, piso,


do próprio pilar e das dimensões do pilar;

Um dos parâmetros mais importantes é a rigidez do tecto


imediato.
Resistência do pilar
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A resistência do pilar irá depender da sua forma e tamanho;

 A resistência de uma rocha que é determinada em ensaios


de laboratório geralmente é maior do que a resistência do
maciço rochoso. Porque os ensaios em laboratório são
realizados em corpos de prova de dimensões pequenas,
intactos e sem defeitos;

 Compressão uniaxial simples está sendo colocado em


dúvida hoje em dia;

 A resistência do maciço pode ser estimado pelo critério de


Hoek-Brown
Resistência do pilar
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Efeito tamanho
Pode ser concluído que essa resistência crítica pode ser aplicada
à resistência in-situ do pilar de carvão. Uma relação muito
utilizada para estimativa da resistência da rocha in-situ a partir
de ensaios de laboratório é apresentada por Hustrulid (1976)

Efeito forma
A razão largura/altura do pilar (para pilares retangulares
considerar a menor dimensão lateral) representa a maior
influência na resistência do pilar e no seu comportamento na
relação tensão-deformação, principalmente após o limite de
proporcionalidade da curva tensão-deformação, e após a tensão
de ruptura de um pilar.
Arqueamento:

Processo de redistribuição de tensões pela relaxação na camada


imediatamente sobre a escavação, com aumento de compressão
nos pilares e paredes laterais. Logo a tensão no pilar muda com
o tempo.

Deformação do pilar:

σp varia com εp: quanto maior a deformação, maior a


redistribuição, menos tensão carrega o pilar – pilares não
rígidos, “rompidos” podem ser muito úteis.
Com o progresso da lavra as tensões vão mudando nos
pilares. Finalmente pode-se ter a extração dos pilares, se
programada como tal.

Dinâmica de pilares
DIMENSIONAMENTO DE PILARES E VÃO LIVRE
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Os principais parâmetros de um projecto por câmaras e pilares
são o número de frentes extractivas, as dimensões dos pilares e
das aberturas, e a quantidade e tipo de suporte não sistemático.

O número de frentes de trabalho está directamente associado


à produção desejada e ao conjunto de operações da
produção.

O dimensionamento do tipo e quantidade de suporte deve


ser feito de modo coordenado com o dimensionamento das
aberturas e pilares.
No dimensionamento das aberturas e dos pilares são
parâmetros fundamentais a altura da abertura (Ha), a
largura da abertura (La) e o espaçamento entre os eixos das
aberturas (Ea), sejam elas galerias de acesso (Ga), galerias
de produção (Gp) ou travessas (T). A largura (Lp) e o
comprimento (Cp) dos pilares decorrem dos parâmetros
fundamentais acima definidos.
A. ALTURA DA ABERTURA

A altura da abertura é normalmente a espessura da camada


de minério, a menos que seja tão fina que parte do piso (ou
tecto) tenha de ser removida de modo a permitir o uso de
equipamento mecanizado. A altura das camadas de carvão
nos USA está na faixa entre 0,8 e 4,5 m.
B. LARGURA DA ABERTURA

Deveria ser a maior possível para se ter altas eficiência,


produção e produtividade, mas é limitada por questões de
segurança e estabilidade do tecto. Nos USA a MSHA
limita está máxima dimensão em:
a. 6 m se tem parafusos de tecto ("roofbolts");
b. 9 m se além de parafusos de tecto se utilizar um método
adicional de suporte de tecto.
C. ESPAÇAMENTO ENTRE GALERIAS

Para vias de longa vida útil a relação (espaçamento entre


aberturas/largura das aberturas) expressa por (Ea/La) deve
ser no mínimo de 3:1 a fim de se evitar a sobreposição dos
efeitos de redistribuição de tensões ao redor das aberturas.
Para vias de vida útil curta, como as utilizadas para pesquisa,
esta relação pode ser de 2:1 ou menos. Nas minas americanas
de carvão o espaçamento varia entre 12 e 30 m.
O espaçamento é definido entre eixos de vias paralelas.
Espaçamento entre galerias
D. ESPAÇAMENTO ENTRE TRAVESSAS

O espaçamento entre as travessas define a forma da


secção horizontal dos pilares, e está associado também a
normas de ventilação em certos países. As normas muitas
vezes vem na forma de valores máximos e nas minas
americanas de carvão ele é da ordem de 30 m.
Definidas as dimensões dos pilares e das aberturas fica
definida a taxa de extração do minério, a qual é dada pelo
quociente:
taxa de extracção = {quantidade de minério extraído /
quantidade de minério extraível} x 100

Se o depósito é tabular e a camada de minério é uniforme,


a taxa de extracção pode ser obtida por um quociente de
áreas (em vez de um quociente de massas ou volumes).
Pilares podem ser dimensionados para ficarem sempre como
sustentação, ou podem ser dimensionados para serem
extraídos futuramente.

Se forem extraídos nas fases finais da lavra, o método


original de câmara e pilar se transforma num método com
desabamento.
EXTRACÇÃO DE PILARES

A extracção ou não dos pilares de sustentação é uma decisão


de projecto que tem sérias implicações operacionais.

Se a extracção é parcial normalmente não advém colapso


total do tecto e não ocorre subsidência superficial. Se a
extracção for total, então o tecto é induzido a desabar e a
subsidência superficial pode ocorrer. Neste caso o método
por câmaras e pilares se torna um método por desabamento.
A extracção completa dos pilares requer:

a. um tecto imediato que exija pouco suporte;


b. camadas sobrejacentes várias vezes mais espessas que
a camada lavrada, e que desabem rapidamente;
c. no caso do carvão, camada espessa e de boa a alta
qualidade;
d. uma cobertura de média a grande;
e. pessoal treinado e experiente.
Exercício 1
Uma mina de carvão é lavrada por câmaras e pilares a 150 m
de profundidade. Consideremos galerias de entrada de 6 m
de largura. Qual seria a largura mínima dos pilares entre
elas de modo que teoricamente uma não interferisse na
redistribuição de tensões ao redor da outra? Qual seria o
espaçamento mínimo entre as galerias?

Exercício 2
Qual a relação entre taxa de extração e tensão média nos
pilares pela hipótese tributária?
Exercício 3

Uma mina de carvão é lavrada por câmaras e pilares com


máquinas e equipamentos convencionais. São conhecidos:
dimensões da face:1,8 x 5,4 m2; período de trabalho: 7
h/turno; 2 turnos diários com 250 dias de trabalho por ano;
número de frentes: 14; avanço por
corte: 3,6 m; número de cortes por turno: 12; volume
específico do material: 0,75 t/m3; profundidade da camada:
250 m; massa específica da encaixante: 2,5 t/m3; os pilares
são quadrados e não recuperados, com uma largura 3 vezes
o vão das aberturas.
Pede-se:
a) as produções diárias e anual;
b) a área em planta anualmente minerada;
c) a taxa de extracção;
d) a tensão média nos pilares de sustentação.
Bibliografia

Lab. de Pesquisa Mineral e Planejamento Mineiro – LPM Lab.


de Mecânica das Rochas, DEMIN – UFRGS - Brasil
HUMBERTO JORGE PALMA GUERREIRO (Licenciado),
EXPLORAÇÃO SUBTERRÂNEA DE MÁRMORES -- Aspectos
Geotécnicos -- Dissertação para a Obtenção do Grau de
Mestre em Georrecursos – Área de Geotecnia - UNIVERSIDADE
TÉCNICA DE LISBOA, INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO,
Julho, 2000

Prof. Dr. Wilson Siguemasa Iramina, FUNDAMENTOS DE LAVRA


DE MINAS – Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo –
USP – Brasil, 2013
Fazer Ciência não lhe fará ser
uma pessoa melhor...

...mas mesmo assim você poderá


ser feliz, se souber como agir!
Obrigado!

njemuce@ispt.ac.mz
nevesjemuce@gmail.com

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