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Dilatação térmica dos sólidos e líquidos

O que é a dilatação térmica?

Quando um corpo qualquer é aquecido e sua


temperatura aumenta, suas moléculas ficam mais
agitadas e a distância entre elas aumenta.

Na prática, isso implica em um aumento das


dimensões do corpo; esse fenômeno é a dilatação
térmica.

Da mesma forma, quando o corpo é resfriado, as


moléculas se aproximam e as dimensões diminuem: é
a contração térmica.

Por isso é necessário ter um cuidado especial ao se


projetar certas estruturas, especialmente quando
ficam expostas ao Sol, que é fonte de calor: deve-se
deixar um espaço entre suas partes, para que a
estrutura não entorte ou venha a se romper.
Dilatação térmica no cotidiano

Piso de uma quadra


Espaço para dilatação com espaço para dilatação
em trilhos ferroviários

Junta de dilatação
em uma ponte

Caso não se pense na dilatação térmica,


isso pode acontecer!
Dilatação linear (ΔL)

É a dilatação predominante no comprimento do objeto.


Ocorre em fios, trilhos, barras, hastes, etc.

Para calcular a dilatação linear, utilizamos:

ΔL = 𝐿0 . α . ΔT

onde:

figura fora de escala, dilatação exagerada


𝐿0 = comprimento inicial do corpo para melhor visualização
α = coeficiente de dilatação linear do material
ΔT = variação de temperatura sofrida pelo corpo
Exemplo:

Um fio de cobre tem 100 m de comprimento a 20°C. Calcule sua dilatação quando a temperatura do fio é
elevada para 40°C.
Dado α𝑐𝑜𝑏𝑟𝑒 = 16 . 10−6 °𝐶 −1

Resolução:
𝐿0 = 100 m = 102 m

ΔL = 𝐿0 . α . ΔT
ΔL = 102 . 16 . 10−6 . (40 - 20)
ΔL = 102 . 16 . 10−6 . 20
ΔL = 320 . 10−4

ΔL = 3,2 . 10−2 m = 3,2 cm


Dilatação superficial (ΔA)

É a dilatação predominante na superfície do corpo, como


em chapas, placas, discos, etc.

Cálculo da dilatação superficial:

ΔA = 𝐴0 . β . ΔT

onde:
figura fora de escala, dilatação exagerada
𝐴0 = área inicial do corpo para melhor visualização
β = coeficiente de dilatação superficial do material
ΔT = variação de temperatura sofrida pelo corpo

OBS: para o mesmo material, β = 2 . α


Exemplo:

Uma chapa de cobre possui área de 100 cm² a 20°C. Determine a dilatação sofrida pela chapa quando ela é
aquecida até 620°C.
Dado β𝑐𝑜𝑏𝑟𝑒 = 32 . 10−6 °𝐶 −1

Resolução:
𝐴0 = 100 cm² = 102 cm²

ΔA = 𝐴0 . β . ΔT
ΔA = 102 . 32 . 10−6 . (620 - 20)
ΔA = 102 . 32 . 10−6 . 6 . 102
ΔA = 192 . 10−2

ΔA = 1,92 cm²
Dilatação volumétrica (ΔV)

É a dilatação no comprimento, na largura e na altura do


corpo. Ou seja, em seu volume. Ela ocorre em blocos,
caixas, cubos, etc.

Cálculo da dilatação volumétrica:

ΔV = 𝑉0 . ϒ . ΔT

figura fora de escala, dilatação exagerada


onde: para melhor visualização

𝑉0 = volume inicial do corpo


ϒ = coeficiente de dilatação volumétrica do material
ΔT = variação de temperatura sofrida pelo corpo

OBS: para o mesmo material, ϒ = 3 . α


Exemplo:

Um cubo de ferro, inicialmente a 50°C tem 20 cm de aresta. Determine a dilatação sofrida pelo cubo ao ter sua
temperatura elevada em 200°C.
Dado ϒ𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜 = 36 . 10−6 °𝐶 −1

Resolução:
𝑉0 = a³ = 20 . 20 . 20 = 8.000 cm³ = 8 . 103 cm³

ΔV = 𝑉0 . ϒ . ΔT
ΔV = 8 . 103 . 36 . 10−6 . 200
ΔV = 8 . 103 . 36 . 10−6 . 2 . 102
ΔV = 576 . 10−1

ΔV = 5,76 . 10 = 57,6 cm³


Comportamento dos espaços vazios

Uma placa, disco ou cubo, por exemplo, que


possua um furo ou orifício, dilata como se
nada houvesse.

Ou seja, os espaços vazios se dilatam da


mesma forma que o objeto.

Moral da história:

Um corpo oco se dilata da mesma forma que


um corpo maciço.
Dilatação dos líquidos

Assim como os sólidos, os líquidos sofrem dilatação volumétrica.


Consideremos a situação ao lado, onde o recipiente está completamente cheio de certo líquido, inicialmente. Ao
ser aquecido, parte do líquido extravasa: é a dilatação aparente do líquido. Por isso, para analisar a dilatação
real sofrida por um líquido, precisamos considerar a dilatação do recipiente. Seguem as relações a serem
observadas:

ΔV𝑟𝑒𝑎𝑙 = 𝑉0 . ϒ𝑟𝑒𝑎𝑙 . ΔT

ΔV𝑟𝑒𝑎𝑙 = ΔV𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 + ΔV𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒

ϒ𝑟𝑒𝑎𝑙 = ϒ𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 + ϒ𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒


Exemplo:

(OPF - Adaptada) Um recipiente de vidro, cujo coeficiente de dilatação térmica é 5 . 10−6 °C −1 , tem volume
igual a 100 dm³ e está completamente cheio de um líquido à temperatura ambiente (20°C). Ao ser aquecido até
60°C nota-se que foram derramados 0,20 dm³ do líquido aquecido. Calcule a dilatação real do líquido.

Resolução:

ΔV𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 = 𝑉0 . ϒ𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 . ΔT
ΔV𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 = 102 . 5 . 10−6 . 40
ΔV𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 = 200. 10−4 = 2 . 10−2 dm³ = 0,02 dm³

A dilatação do líquido (real) é a soma das dilatações do recipiente e da dilatação aparente (líquido que
transbordou), logo:

ΔV𝑟𝑒𝑎𝑙 = ΔV𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 + ΔV𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒


ΔV𝑟𝑒𝑎𝑙 = 0,02 + 0,20
ΔV𝑟𝑒𝑎𝑙 = 0,22 dm³
Comportamento anômalo da água

Em geral, um líquido, quando


aquecido, sempre dilata, aumentando
de volume.

No entanto, a água constitui uma


exceção a essa regra, pois, ao ser
aquecida de 0°C a 4°C, tem seu volume
diminuído. Tal fenômeno ocorre devido
à quebra das pontes de hidrogênio.

Apenas para temperaturas acima de


4°C a água dilata normalmente ao ser
aquecida.

A 4°C o volume da água é mínimo e,


portanto, sua densidade é máxima.
Comportamento anômalo da água

Esse tipo de dilatação anormal da água explica por


que um lago congela apenas na superfície.

Durante o resfriamento da água da superfície, até


4°C a densidade aumenta, e essa água desce,
produzindo a subida da água mais quente do fundo
(convecção).

Isso ocorre até que toda a água do lago atinja 4°C,


pois, a partir daí, quando a temperatura da água da
superfície diminui, seu volume aumenta,
diminuindo a densidade. Em consequência, essa
água mais fria não desce mais e acaba solidificando.

Esse gelo formado na superfície isola o restante da


água, fazendo com que a temperatura no fundo do
lago se conserve acima de 0°C, possibilitando que a
vida aquática possa continuar existindo.

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