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Sexta-feira, dia 13, parecia ser um dia de sorte 4.

e afinal estava a transformar-se em dia de azar. Será


Reencontrou um pouco da sua alegria inicial mas
que a Teresa tinha razão?... ainda estava bastante preocupado*. Quando chegou
Alguns transeuntes* que passavam olha-vam à porta da Associação muitas interrogações Ihe
curiosos mas poucos ousavam* perguntar enchiam a cabeça: Será que eles se lembram que eu
alguma coisa; apenas uma senhora de idade* in- já lá estive? E se, quando o ladrão lá
sistiu: chegar,
— Sente-se mal? Precisa de ajuda? falar com outro funcionário que não sabe que o
prémio já foi atribuído? Ainda por cima* eu não
Mas o Pedro, totalmente desanimado, nem fiquei com nenhum papel comprovativo de que o
conseguia articular palavra. Só encolhia os om- prémio é meu! Ai! se eles não acreditarem em
bros* e algumas lágrimas teimavam* em correr-- mim... o que é que eu hei de fazer?
Ihe pela cara. Estava com uma expressão de Quando ia a entrar na porta da Secretaria deu
desânimo tal* que a senhora olhou mais demo- de caras* com o que o tinha assaltado e que vinha
radamente para ele, ajudou-o a levantar-se e a sair precipitadamente*. OPedro não resistiu
dis-se-lhe: ele não podia perder aquela oportunidade única de
Venha tomar um chá ou uma água e depois se encontrar frente a frente com o seu assaltante
conte-me o que se passou. Porque se passou — agarrou-o pelo colarinho com todas as forças
alguma coisa com certeza, não foi? Ninguém fica que pôde reunir naquele momento e arrastou-o
nessa apatia* sem razão. Conte-me. Diga-me o que para dentro da Secretaria. Estava vermelho de
se passa. raiva, mas lá muito no fundo sentia alguma
alegria...
Pouco a pouco o Pedro foi recuperando e Fez-se um silêncio dentro da sala quando o
começou a contar o que se tinha passado: o bilhete, Pedro entrou; mas, depois da surpresa inicial,
a descoberta do número premiado, o carro, a ve-rificação irrompeu* uma estrondosa* salva de palmas* ao
do prémio, os telefonemas aos amigos, o roubo mesmo
E, de repente, lembrou-se: — A verificação do tempo que algunsfuncionários saíram
prémio! E isso! Estou salvo! Eu já deixei os das suas mesas de trabalho e vieram ajudar o
meus dados todos na Associação. Eles já sabem Pedro no seu enorme esforço para tentar segurar* o
que o carro é meu. Portanto* o ladrão não me vai larápio* que entretanto já se conseguira* libertar das
poder tirar nada! Obrigado minha senhora. A mãos do Pedro e tentava fugir...
senhora ajudou-me muito. Eu vou imediatamente O Pedro fora* reconhecido de imediato pelo
próprio empregado que o tinha atendido antes e
à Asso-ciação comunicar o que se passou... que Ihe disse:
Pode estar descansado. Já está tudo sob
controlo. Felizmente você já cá tinha vindo e vinha
tão contente que era impossível esquecer a sua
cara! Percebi logo que aqui havia malandrice*, só
que não podia confirmar... não tinha provas!
Muito obrigado. Afinal nem tudo é mau
numa sexta-feira, 13!
Entretanto, da esquadra* próxima, chegaram
dois agentes da Polícia que tomaram conta do
assaltante, para quem a sexta-feira 13 foi mais
azarada* !

Depois de todos estes acontecimentos, já a


caminho de casa e ainda nervoso com tudo o que se
tinha passado, o Pedro não se reconhecia...
Achava que já não era o mesmo Pedro que tinha
saído de manhã para ir comprar o jornal e pergun-
tava a si próprio: «—— Ainda gostava de saber onde
é que eu fui arranjar coragem para agarrar aquele
tipo* pelo colarinho! Eu que detesto todo o tipo de
exercícios físicos e artes marciais, consegui
arrastá-lo para dentro da Secretaria! Acho que nunca
fiz tanta força durante os meus 19 anos de vida...
Também nunca precisei! Quando eu contar isto em
casa ninguém vai acreditar... Até talvez seja melhor
nem contar. Prefiro que ninguém saiba. E incrível
como pôde acontecer tanta coisa numa única
manhã!»

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