Ascens
Ascensao
– Josefina.
O sussurro ecoou em sua mente.
– Ninguém me chama de Josefina, – ela
murmurou. – Só minha mãe.
– Josefina.
Jo lentamente virou a cabeça para o
lado, inclinando-a como um cachorro que
ouve seu nome. Ela sentiu o cheiro de cane-
la e café por apenas um segundo antes que
o ar estagnado da caverna o dominasse. Ela
inclinou a cabeça para o outro lado e deu
uma fungada deliberada. Sem café. Sem
canela. Apenas o cheiro de poeira, sujeira e
decomposição encheram suas narinas.
– Josefina.
Com um sobressalto, Jo percebeu que
estava parada na frente de um buraco na
parede da caverna. Ela não conseguia se
lembrar há quanto tempo estava parada ali.
O buraco era quase circular e grande o su-
ficiente para que ela achasse que poderia
rastejar para dentro dele. A luz suave da ca-
verna iluminou vários metros da escuridão
dentro do buraco, sugerindo que a abertura
poderia continuar mais adiante. Ela tinha
certeza de que a voz chamando seu nome
vinha do buraco. Ela colocou as mãos em
cada lado para se impulsionar, então parou.
Suas mãos eram do branco pálido de um
cadáver. Suas unhas eram translúcidas e a
pele por baixo tinha a cor roxa doentia de
um hematoma.
– O que aconteceu comigo?
A dor explodiu em seu crânio.
* * *
Por John Newman
– Lanterna. Ok. Cantil, – Jo derramou
a água dentro do cantil para se certificar de
que estava cheio. – Ok. Faca, – ela estendeu
a mão e agarrou uma navalha reluzente do
nada. O marfim do cabo estava manchado,
aqui e ali, com manchas enferrujadas da cor
de sangue seco. – E ok. – Um estalar de de-
dos e a navalha desapareceu novamente.
– Não há necessidade de
verificar isso. Não há
necessidade de trazê-lo
sem carne para esculpir e
sangue para derramar.
Como sempre, quando ele (a coisa,
não uma pessoa, insistia sua mente) falou,
Jo visualizou o Sr. Branco como um homem
baixo e atarracado vestido com um terno de
linho branco. Um nariz nobre projetava-se
agressivamente para fora do rosto, acima de
um bigode espesso. Olhos vermelho-san-
gue a fixaram com um olhar severo.
– Uh huh, – disse ela. – Certo. – Ela en-
fiou a lanterna em sua mochila e a colocou
sobre os ombros.
Ela levou um minuto para verificar seu
reflexo no espelho de corpo inteiro ao lado
da porta. O cabelo castanho-avermelhado
estava preso em um rabo de cavalo, preso
por vários elásticos. Ela usava uma jaqueta
de couro surrada sobre uma camiseta preta
lisa, jeans e botas de caminhada gastas. O
verde de seus olhos foi momentaneamente
coberto por um vermelho brilhante.
 – Presumo que esta
avaliação entediante
de sua aparência indica
que não estamos
empreendendo esta
aventura sozinhos,
então?
– Não. Reese vai nos encontrar no café.
Como se eu realmente me aventurasse lá
embaixo sozinha.
– Que cansativo.
Ela podia senti-lo bocejar.
– Eu pensei que tínhamos
rompido nossos laços
com aquele garoto
irritante. Você deveria ter
me deixado lidar com ele.
A navalha reapareceu em sua mão. Ela
o sacudiu como se espantasse uma mosca e
a lâmina desapareceu.
– Acho que o Harridan pode não ter
aprovado isso, – disse ela. – Não precisamos
nos envolver com aquela velha bruxa desa-
gradável. Reese sabe que acabou. Ele está
apenas vindo para ajudar.
– Como você achar
melhor.
Ele (a coisa) parecia entediado.
Ela saiu de seu apartamento, trancan-
do a porta.
* * *
A dor em sua cabeça diminuiu, e com
ela todas as lembranças da dor. Por um mo-
mento, ela ficou parada diante do buraco,
tentando se lembrar do que estava fazendo.
– Senhor Branco?
Silêncio.
– Josefina.
A voz a estava chamando novamente.
– Sim. Certo. Estou indo, – ela disse e
começou a subir no buraco.
Ela ouviu um som deslizando atrás de
si e parou para lançar um olhar por cima do
ombro. A caverna era iluminada por fungos
azuis iridescentes que cresciam em aglome-
rados no teto, chão e paredes. A luz refletiu
suavemente na superfície de uma lagoa pa-
rada, dando às águas negras a aparência de
um céu noturno estrelado. A caverna esta-
va quieta, pacífica e até tranquila. Com um
encolher de ombros, ela voltou a subir no
buraco. A passagem à sua frente inclinou-se
ligeiramente para cima e ela avançou lenta-
mente, puxando-se pelos dedos. Logo ela
foi engolida pela escuridão da passagem e
as paredes pareciam pressioná-la, lembran-
do-a do peso da pedra e da terra ao seu re-
dor. Ela lutou contra o pânico crescente e
continuou avançando lentamente. O tem-
po passou com uma lentidão agonizante. A
passagem desviou para a direita e quando
ela dobrou a esquina, ela podia ver a luz à
sua frente. Excitada com a perspectiva de
deixar a passagem apertada para trás, ela
tentou aumentar seu ritmo e o tecido fino
de sua mortalha prendeu-se em uma pedra.
Amaldiçoando baixinho a si mesma,
Jo puxou a mortalha. Ela quase se libertou
quando ouviu o som de novo, o deslizamen-
to, vindo da escuridão da passagem atrás
dela. Tck-tck-tck-tck-tck. Parecia o barulho
que ela achava que uma aranha faria se fos-
se grande o suficiente para fazer um som.
Tck-tck-tcktck-tck. Ela podia imaginar cada
perna cabeluda tirando e sendo colocada de
volta no chão, cada toque criado quando o
exoesqueleto clicava contra o fundo pedre-
goso da passagem. Ela estava hipnotizada
pelo som, mesmo quando uma parte dela
gritou para fugir. Aparentemente por conta
própria, suas mãos arrancaram a mortalha
de seu emaranhado. Tck-tck-tck-tck-tck. Esta-
va bem atrás dela agora. Ela podia sentir sua
presença na passagem. Algo frio e úmido
tocou seu pé. Algo seco e horrível acariciou
seu tornozelo. Com uma velocidade nascida
do medo, ela se contorceu pela passagem e
saiu do buraco. A luz…
A dor explodiu em seu crânio.
* * *
Jo girou o pau de canela em seu café,
inalando os cheiros misturados com prazer. que acima do zumbido constante das buzi-
– Meu favorito. Você lembrou. nas que davam voz a Nova York.
– Claro, – disse Reese, encolhendo os – Você está pronta, Perséfone? – Reese
ombros. disse.
Ele estava esperando do lado de fora da – Pronto como sempre, Orfeu, – ela
cafeteria quando ela chegou, duas xícaras de disse e eles começaram a descida.
café e um pau de canela em uma sacola ao
lado de suas botas. Reese estava vestido da * * *
mesma forma que ela. Jaqueta de couro so-
A dor em sua cabeça diminuiu, e com
bre uma velha camiseta desbotada do show
ela todas as lembranças da dor. Por um mo-
do Meu Romance Químico, jeans e um par de
mento, ela ficou parada diante do buraco,
botas de trabalho com bico de aço. O cabelo
tentando se lembrar do que estava fazendo.
castanho caiu para cobrir um de seus olhos
– Josefina.
verdes e ele impacientemente o empurrou
Ela tropeçou para longe do buraco e
para trás. Foi um gesto tão familiar para ela
no meio da multidão. Ela esbarrou em um
que seu coração deu um pulo e ela se lem-
homem que havia decorado sua mortalha
brou de por que o amava. Então ela se lem-
com um cinturão de vísceras brilhantes. Ele
brou de todos os motivos pelos quais ela ha-
olhou para ela e sorriu, os olhos brilhando
via partido. Sua possessividade. Seus ciúmes
com a insanidade. Seus dentes eram pontas
insanos. Seu temperamento violento.
afiadas. Afastando-se do espectro, ela quase
– Então, para onde vamos, Josefina?
tropeçou em uma mulher rastejando pelo
– Só minha mãe me chama de Josefina,
chão, com as pernas quebradas e torcidas.
– disse ela, sorrindo para ele. Era a velha pia-
– Não, não, não, não, não, não! – a mu-
da deles. – A estação de metrô South Ferry
lher lamentou. – Você vê? Você viu o que
abaixo do Parque da Bateria. A boa cidade de
você fez, porra! – A mortalha da mulher es-
Nova York teve a gentileza de deixar o Portão
tava em farrapos e ela arrancou um pedaço,
no lugar.
esfregando freneticamente o lugar onde Jo
– Como se eles tivessem escolha, – bu-
estava. – Agora está sujo! Imundo! Eu conti-
fou Reese.
nuo esfregando e esfregando e não fica lim-
Em 2005, uma equipe de construção que
po. – Ela gemeu. – O que Ronnie vai dizer?
trabalhava na estação de metrô encontrou um
O que Ronnie vai fazer? Ande, sua vadia
muro de pedra de 200 anos. Os historiadores
burra! – e ela empurrou Jo com uma força
declararam que fazia parte das baterias de ar-
surpreendente.
mas originais do século 17 que deram o nome
O empurrão enviou Jo cambaleando
ao parque. Outras escavações revelaram qua-
para trás contra uma parede e ela avaliou
tro paredes adicionais e uma quantidade sur-
o que via diante dela. As paredes e o chão
preendente de artefatos históricos. Não mui-
eram cobertos com quadrados de granito de
to depois da descoberta, chegaram notícias
formato irregular, o cinza da pedra ainda
da Rede Crepúscular de que a última das pa-
mais escurecido pelas cinzas fuliginosas.
redes descobertas foi um Portão Averniano.
Pregados ao teto com espigões de ferro de
Uma Profundeza.
um metro de comprimento estavam uma
Reese deu um passo em direção à rua
multidão de figuras em chamas, a fonte de
e chamou um táxi. O tráfego estava calmo e
luz no corredor. Enquanto ela observava, as
logo eles estavam na frente das escadas que
figuras se contorceram em agonia, envian-
desciam para o metrô. As pessoas passavam
do chuvas de cinzas para a multidão como
por eles sem olhar, parte do fluxo da humani-
neve caindo suavemente. As pessoas (fan-
dade que pulsava no mesmo ritmo das bati-
tasmas) pareciam mal ter consciência umas
das do coração da cidade. Ela podia ouvir os
das outras, cada indivíduo se movendo com
gritos alegres das crianças brincando no par-
seu próprio propósito, evitando o toque dos
outros. Era como assistir a uma dança estra-
nha. A multidão fazia pouco barulho além
de um grito ocasional de desespero ou o
sussurro de pés deslizando pela pedra.
Alguns, como a mulher aleijada, re-
petiam a mesma tarefa indefinidamente.
Um homem cortou repetidamente o ar com
as mãos, como se estivesse lutando contra
algum inimigo invisível. A multidão se
abaixou e balançou para fora do alcance de
seus golpes com uma graça estranha e in-
consciente. Outro homem bateu com a ca-
beça contra uma parede de pedra, deu um
passo e repetiu o movimento, dando uma
volta lenta pelo corredor. Nenhum sangue
fluiu de suas feridas. Outros entram e saem
da multidão de saídas do corredor, saindo
de uma arcada apenas para reaparecer na
seguinte. Jo moveu-se com cautela ao lon-
go da parede, fazendo o possível para evitar
tocar nas pessoas (fantasmas) que se apro-
ximavam dela. Além de uma das saídas em
arco, ela viu o ângulo do chão para cima e se
moveu em direção a ele.
Tck-tck-tck-tck-tck.
Ela ouviu o som acima do barulho
silencioso da multidão e se virou. Algo se
movia no meio da multidão, algo próximo
ao chão, que teve o cuidado de se esconder
atrás de uma tela de corpos em movimen-
to. Espiando por entre a multidão, ela teve
um vislumbre de algo cinza e desajeitado.
Ela olhou fixamente. Havia se esquecido da
dança. Ela pagou por seu lapso de concen-
tração quando uma mulher caminhou dire-
tamente para ela enquanto Jo ficava, hesi-
tante, na frente da arcada.
– Ingrata! Desgraçada! – A mulher deu
um tapa nela e a cabeça de Jo estalou para
trás com a força do golpe. – Como você ousa
ficar entre mim e meu objetivo? Depois de
tudo que fiz por você! – Ela agarrou o cabelo
de Jo e puxou. – Você acha que quer isso
mais do que eu? Pegue-o então e dane-se! –
Ela se virou e, usando o cabelo de Jo como
ponto de apoio, atirou-a através do arco.
A dor explodiu em seu crânio.
* * *
As luzes do teto na escavação eram fluo-
rescentes fracas, enchendo o ar com um zum-
bido baixo. Inevitavelmente, a lâmpada mais
próxima da profundeza tremeluziu, fazendo
com que as sombras saltassem e dançassem.
O Portão Averniano não parecia diferente das
outras velhas paredes de pedra pelas quais
haviam passado, mas exalava uma espécie de
frio que nada tinha a ver com a temperatura
ambiente do metrô.
– O que você trouxe?
– Bem, – disse Jo, colocando sua mochi-
la no chão e abrindo o zíper. – Eu trouxe rosas
vermelhas para tentar os mortos, meu primei-
ro cartão de dia dos namorados para abrir o
caminho e isso, é claro. – Ela sacudiu o pulso
e a navalha apareceu em sua mão.
Ela ouviu um silvo baixo atrás dela e o
ignorou. O Harridan - a própria versão de Re-
ese do Sr. Branco - nunca aprovou o memen-
to. Em pé diante do Portão, Jo cortou a nava-
lha na palma da mão, estremecendo de dor.
Ela espalhou seu sangue no cartão do Dia dos
Namorados (“Você será meu?” Assinado por
Tommy em letras de giz de cera), obscurecen-
do o querubim armado sorridente na frente.
Ela colocou o cartão na base do Portão e espa-
lhou seu sangue na parede também. Ela sen-
tiu o Sr. Branco adicionar sua própria oferta
como um rastro de plasma misturado com o
sangue dela. Sangue, plasma e cartão foram
puxados para a parede, como os dedos de
uma mão se contorcendo desaparecendo na
areia movediça. Rachaduras se formaram na
parede em zigue-zague e tudo desabou com
algo quase como um suspiro. Além do buraco
havia uma escuridão que desafiava a luz das
lâmpadas fluorescentes. O Portão acenou.
– Devemos ir? – ela disse.
– Primeiro as damas, – disse Reese.
Abaixando-se para pegar um par de
rosas, cantil e lanterna em sua mochila, Jo
entrou pela profundeza e foi quase imedia-
tamente engolida pela escuridão. Ela ouviu
Reese passar pelo Portão atrás dela e eles par-
tiram. O túnel se inclinou ligeiramente para
baixo e durante os primeiros minutos nada
pôde ser visto enquanto a escuridão pressio- sigo mesma. – É difícil? Difícil! – Ela lutou
nava ao redor deles. Então, abruptamente, contra o entorpecimento que ameaçava su-
uma luz apareceu no fim do túnel. Eles cor- perar seus pensamentos. – Seu filho da puta
reram em direção à luz e assim que ela saiu arrogante! Você realmente acha que eu te
do túnel para a luz, a dor explodiu em seu deixei por causa do Sr. Branco? Eu te dei-
crânio e ela ouviu o estampido agudo de uma xei porque você era uma merda possessiva
pistola disparada. O preto que se seguiu era e violenta!
mais escuro ainda. – Você está confusa, – disse ele no que
pretendia ser um tom de voz reconfortan-
* * * te. – Isso era esperado. Não se preocupe.
Assim que eu prender você a uma âncora,
A dor em sua cabeça diminuiu, e com
podemos tirá-la daqui e encontrar um novo
ela todas as lembranças da dor. Por um mo-
corpo. Então podemos ficar juntos. – Ele se-
mento, ela ficou parada diante do buraco, ten-
gurou a estátua à sua frente e começou a en-
tando se lembrar do que estava fazendo. Ela
toar o que parecia latim.
olhou pelo buraco e viu o ambiente familiar
Tck-tck-tck-tck-tck.
do local de escavação do metrô South Ferry.
O som ecoou ao longo do túnel, vindo
– Josefina.
da escuridão atrás dela. Jo recuou contra a
A voz vinha de uma figura parada ao
pedra áspera da parede do túnel, olhando
lado dela, logo dentro do Portão. O que pa-
para a escuridão.
recia ser um galão de café foi derramado no
Tck-tck-tck-tck-tck.
chão, próximo a uma dúzia de paus de canela
Estava mais perto agora. Reese conti-
amassados. Símbolos estranhos traçados em
nuou a cantar e ela tinha certeza de que ele
sangue cercavam as oferendas.
não tinha ouvido o barulho.
– Meu amor, – disse ele.
Ela se sentiu sendo atraída para a es-
A dor explodiu em sua cabeça. A dor
tátua, sua essência sendo absorvida por ela.
de cabeça diminuiu e com toda a memória...
Tck-tck-tck.
não! Ela se forçou a lembrar.
Parou. A coisa estava muito perto.
– Você atirou em mim, – ela sussurrou.
Uma garra quitinosa gigante emergiu da es-
Reese virou a cabeça e na luz fluorescen-
curidão na ponta de um membro cinza me-
te da escavação ela viu que ele estava usando
donho. A garra agarrou a garganta de Reese,
uma máscara mortuária. Um nariz aristocráti-
interrompendo o canto. Ichor pingou de sua
co projetava-se da máscara mortuária, grotes-
garra e membro sobre ele. O rosto de Reese
camente exagerado, sobre um bigode espes-
ficou tenso e ele largou a estátua para puxar
so feito de lã de aço eriçada. Longas listras
inutilmente a garra.
vermelhas escorriam das órbitas dos olhos e
sobre as bochechas barrigudas.
– Senhor Branco.
“Nao mataras.”
– Ele manteve você longe de mim, – dis- Jo podia ouvir os gritos do Harridan.
se Reese. O Harridan gargalhou com suas pa-
lavras. – Você não vê? Essa era a única manei- “Nao acordaras os mortos.”
ra, a única maneira de ficarmos juntos. Outra garra serpenteou para fora da
– Você me matou, seu bastardo! escuridão e alcançou Reese, passando por
– Eu sei que é difícil, – disse ele. O Har- sua carne como um pedaço de pau na água.
ridan gritou de alegria. – Eu não queria fazer
isso, mas agora podemos ficar juntos. – Ele “Nao libertaras aqueles que
ergueu a mão direita e nela ela viu uma está-
tua de madeira esculpida para representá-la. vagam por estes corredores
Um nu, é claro. O idiota. Jo pensou con-
obscuros.”
 A garra ressurgiu segurando a forma certa, Jo deu um passo em direção ao cadáver.
contorcida da alma de Reese: um fantasma Ela estendeu a mão para tocar o rosto vazio e
pálido envolto em uma mortalha branca e seus dedos deslizaram pela carne como a garra
suja. Seu corpo se acalmou enquanto sua da coisa havia feito. Outro passo e ela estava
alma era extraída, deixando apenas o olhar olhando para fora dos olhos de Reese.
perspicaz de Harridan por trás dos olhos de
Reese. “Ola, querida,”
gargalhou o Harridan. Um rápido vislum-
“Tres pecados a pagar.” bre de uma velho malhado, murcho, com tufos
O fantasma de Reese explodiu em cha- de cabelo branco seboso.
mas. Seus gritos foram silenciados por uma
torção da garra. Jo sentiu a atenção da coisa “A carne pode partir. Va como
se voltar para ela.
meu mensageiro. Diga aqueles
“Voce foi injusticada, mas que entrarem neste reino do
eu nao posso te libertar. salario do pecado.”
Apenas a carne pode sair Jo saiu do Portão para a luz fluorescente
bruxuleante, ainda se acostumando (a si mes-
deste reino.” ma?) Com a sensação dos passos de Reese. A
O Harridan transformou os cantos da profundeza se fechou atrás dela com um gemi-
boca de Reese em um sorriso malicioso. In- do.
 Créditos
Escrito por: Martin Henley, Matthew McFarland, John
Newman, Christopher Simmons, Travis Stout, Stew Wilson
Desenvolvedor: Chuck Wendig
Editor: Scribendi.com
Diretor Criativo: Richard Thomas
Diretor de Arte: Aileen E. Miles
Layout & Design: Jessica Mullins
Artes Internas: Samuel Araya, Jeff Holt, Brian LeBlanc, Pat
Loboyko, Vatche Mavlian, Marco Nelor and John Wigley
Arte de Capa:

Para uso com

o Livro de Regras
O Mundo das Trevas

© 2009 CCP hf. Todos os direitos reservados. A repro-

dução sem a permissão por escrito do editor é expres-
samente proibida, exceto para fins de resenhas e para
fichas de personagem em branco, que podem ser repro-
duzidas apenas para uso pessoal. White Wolf e World
of Darkness são marcas registradas da CCP hf. Todos os
direitos reservados. Sistema Storytelling, Vampire the
Requiem, Werewolf the Forsaken, Mage the Awakening,
Changeling The Lost, Promethean the Created, Hunter
the Vigil, Geist the Sin-Eaters e Book of the Dead são
marcas registradas do CCP hf. Todos os direitos reservados. Todos os personagens, nomes, lugares e textos aqui são
propriedade da CCP hf. Este livro usa o sobrenatural para cenários, personagens e temas. Todos os elementos místicos
e sobrenaturais são ficção e destinam-se apenas ao entretenimento. A cautela do leitor é recomendada.
Verifique a White Wolf online em http://www.white-wolf.com

10
Creditos
 Prólogo: Ascenção 4
Introdução: Descida 12
Capítulo Um: Onde a Luz Ainda Brilha 18
Capítulo Dois: Culturas Ctônicas 50
Capítulo Três: Simpatias das Trevas 72
Capítulo Quatro: As Profundezas Autóctones 100
Capítulo Cinco: Os Domínios Mortos 132

11
 Introdução:
Descida
As paredes cedem a você. Granito se move com nada além de um sussurro.
Você está no fundo, escuro. Uma alça de caixão está pendurada na parede de
pedra. Um pilar antigo desabou diante de você. Em algum lugar distante, o mur-
múrio de um rio lento com pus e infecção. Ao seu redor, movimento - os corpos
pálidos de fantasmas entrando e saindo das sombras. Você tropeça. Você vagueia.
Você cai. Horas se transformam em dias, mas nenhum sol brilha aqui - alguns
túneis são iluminados por velhas lanternas de papel piscando com uma chama
vermelha pálida, outros estão alinhados com configurações estranhas de fungos
brilhantes. Alguém chora. Um sussurro é levado pelos ventos funerários, carregan-
do promessas de pecados inimagináveis.
Por quê você está aqui? Um ente querido escorregou deste invólucro mortal?
Um antigo parceiro de negócios deu uma volta no Heart Attack Express e acabou
aqui embaixo com a cabeça cheia de segredos? Talvez você seja um necromante em
busca de poder, um Devorador de Pecados em busca da lâmina que matou César
Bem agora! ou um vampiro levado a comer o sangue meloso que escorre das rachaduras no
O relógio da vida parou teto. Talvez você nem queira estar aqui. Talvez você esteja perdido. Você encontrará
há alguns minutos. o caminho de volta? Quantos rios não naturais você deve cruzar? Com quantos
Eu não estou mais no fantasmas você deve negociar? Você busca uma recompensa poderosa, mas quanto
mundo. maior a recompensa, maior o risco... Este é o Mundo Subterrâneo. Bem-vindo a
Teologia é uma Grande Profundeza.
coisa séria, o inferno Além do Limiar
certamente está lá Este livro não é apenas para aqueles que possuem Geist: Os Devoradores de
embaixo - e o céu acima. Pecados - sim, esse livro tem um apêndice robusto sobre o Mundo Subterrâneo,
Êxtase, pesadelo, e certamente algumas partes deste livro (a Chave Estigia, a Manifestação do Poço)
dormir em um ninho de são úteis apenas para aqueles que jogam com personagens Vinculados.
chamas. Ainda assim, o Mundo Subterrâneo não está restrito aos Vinculados, e as pro-
—Arthur Rimbaud, fundezas escuras possuem um grande potencial de crossover. Então, em um esforço
“Noite Infernal” para tornar este livro mais útil para aqueles que não possuem Geist: Os Devorado-
res de Pecados, nós transcrevemos algumas das regras e ideias mais críticas sobre o
Mundo Subterrâneo aqui, agora (Observe, no entanto, que você encontrará regras
específicas para vários tipos de “monstros” no Capítulo Dois).
Se você já possui Geist: Os Devoradores de Pecados, então você já está pronto
para ir!
O Mapa
O mapa do Mundo Subterrâneo é, em poucas palavras, o seguinte:
• O mundo dos vivos é o lar de “profundidades”, às vezes chamadas de “ceno-
tes”, e mais precisamente conhecidas como “Portões Avernianos”. Esses locais
subterrâneos podem não parecer um portão, embora sejam frequentemente
marcados. Aqui, a parede é tênue entre o mundo dos vivos e a terra dos mor-
tos. Abrir um portão leva a...
• ... as Profundezas Autóctones, às vezes conhecidas como “Alcances Superio-
res”. Todos os fantasmas estão sujeitos a um tipo de gravidade: quanto mais
tempo ficam aqui, mais fundo são puxados para as profundezas. Os Alcances
Superiores são o lar de fantasmas que estão aqui há cerca de um século ou
menos. Os túneis aqui são mais estreitos, semelhantes a labirintos e geralmente
refletem mais culturas humanas (qualquer coisa, desde o Sistema de Metrô
de Nova York até as tumbas de Nova Orleans, dependendo de onde alguém
entrou). Passeie o tempo suficiente e um encontrará...

12
Introducao
 •… um rio do Mundo Subterrâ-
neo. Os rios do Mundo Subterrâ-
neo são quase como marcadores
territoriais. Cruze um e saberá que
acabou de cruzar um limite signifi-
cativo. Cruzar o primeiro rio levará
a pessoa a...
•… os Mistérios Inferiores. Fica
muito mais estranho aqui. Fantas-
mas são mais velhos e mais loucos.
Os túneis se abrem mais ampla-
mente; embora permaneça total-
mente subterrâneo, imagine uma
caverna na qual caberia uma pe-
quena cidade, ou cachoeiras gigan-
tes de sangue, ou um velho navio
pirata saindo da parede de pedra.
Compondo os Mistérios Inferiores
estão...
•… os Domínios Mortos, pequenos
reinos governados por geists, fantas-
mas, Kerberoi e até mesmo os míticos
senhores da morte. Cada Domínio está
sujeito às suas próprias Leis Antigas, e
aqueles que violam as leis descobrem
que o Kerberoi encontrará uma manei-
ra de punir os transgressores. Quanto
mais fundo se vai, mais bizantinos e
bizarros se tornam os Domínios (e mais
Leis Antigas se deve obedecer), até que
finalmente se chega...
•… bem, quem sabe? O que se esconde
sob os Domínios Mortos está sujeito a
mistério. É o Abismo? Outro mundo?
Esquecimento absoluto? Uma terra de so-
nhos? Ninguém pode dizer, porque se alguém já chegou os pontos de Força de Vontade (Por que a perda da Moralida-
tão fundo, com certeza não voltou. de? Porque “voltar” desta forma não é saudável para a mente
- a bússola ética humana estará girando descontroladamente
Olhando e Sentindo com o retorno e, moralmente, um personagem terá “perdido
Como esperado, o Mundo Subterrâneo é um lugar som- o caminho”).
brio - cadáveres cinzentos, negros impenetráveis, brancos
amarelados, marrons terra. Mas é o seguinte: os fantasmas Sanidade Quebrada
se desenvolvem profundamente em qualquer vislumbre de O Mundo Subterrâneo é um lugar de horrores e loucura
vida. Como tal, o Mundo Subterrâneo também é pontua- além da morte. Isso pode prejudicar a mente. Sempre que
do por pedaços fortes de cores brilhantes - frutas brilhantes, um personagem encontra algo terrivelmente estranho que
neon zumbindo, fungos brilhantes, lanternas brilhantes, ele nunca havia testemunhado, isso pode chocar sua mente.
amostras de seda e assim por diante. O jogador deve fazer um teste com a Perseverança + Auto-
controle do personagem. Fracasso significa que o persona-
Entrando no Mundo Subterrâneo gem perde um ponto de Força de Vontade e deve fugir da
O Capítulo Dois detalha como alguém que não seja um cena ou do encontro. O sucesso indica que o personagem
Devorador de Pecados pode entrar no Mundo Subterrâneo. não perde Força de Vontade e pode perseverar.
Sempre que um personagem atinge Força de Vontade
Navegando em Passagens Escuras
zero enquanto está no Mundo Subterrâneo (independente-
As regras relativas à travessia das passagens subterrâneas
mente de como esses pontos foram perdidos), ele ganha uma
podem ser encontradas na pág. 99 deste livro.
fobia baseada em quaisquer terrores que encontrou durante
Morte nas Profundezas a viagem.
Um personagem que perece dentro do Mundo Subter-
râneo retorna ao Portão Averniano de onde entrou, apare-
Apego ao Pecado
A Grande Profundeza é um lugar de pecado sem fim - é,
cendo do lado do mundo dos vivos. Ele costuma ficar cam-
de fato, o motivo pelo qual muitos monstros vêm aqui em
baleante, com falta de ar. Ele não só perde um ponto de
primeiro lugar: para se envolver em perversidades que não
Moralidade (ou seu equivalente), mas também perde todos

13
Alem do Limiar
 podem ser encontradas no mundo dos vivos. O problema é
que pode ser viciante.
Sempre que o personagem se engajar em seu Vício en-
quanto está no Mundo Subterrâneo, ele corre o risco de se
tornar viciado nele. O jogador do personagem deve fazer um
teste de Perseverança + Autocontrole, com uma penalidade
igual ao número de vezes que o personagem agiu sobre seu
Vício enquanto estava na Grande Profundeza (penalidade
máxima de –5). O fracasso significa que, pelo resto da his-
tória, o personagem não pode mais recuperar a Força de
Vontade através de seu Vício, a menos que esteja no Mundo
Subterrâneo (no entanto, ele pode encerrar essa restrição
prematuramente gastando um círculo de Força de Vontade).
Um fracasso dramático é pior: o personagem não pode dei-
xar o Mundo Subterrâneo por sua própria vontade. Ele pode
ser arrastado para fora ou pode gastar um círculo de Força de
Vontade para se livrar dos grilhões do vício. O sucesso per-
mite que ele se envolva em seu Vício sem medo do vício, e
um sucesso excepcional na verdade concede a ele um ponto
de Força de Vontade como resultado.
Tesouros Perdidos
Outra razão para os personagens virem para o Mundo
Subterrâneo? Porque é um repositório de tesouros perdidos e
esquecidos. A biblioteca em Alexandria? Uma antiga espada
sanguinária de Vlad Dracul? Um penhor changeling lendá-
rio há muito destruído por um vingativo Fée Verdadeiro?
Quando perdidos ou destruídos, muitos objetos lendários e
poderosos acabam aqui nas profundezas.
Cruzando Rios
Cruzar qualquer rio do Mundo Subterrâneo não pode
ser feito sem ajuda, a menos que o personagem seja um
Devorador de Pecados (embora você possa encontrar regras
alternativas no Capítulo Dois). Deve-se sempre solicitar a
ajuda do estranho Barqueiro, que fará uma barganha para
transportar um personagem.
Beber dos Rios
Cada rio do Mundo Subterrâneo corre com algo que ra-
ramente é água: sangue, pus, memórias perdidas, escorpiões,
fogo, etc. Consumir as “águas” de um rio como esse geral-
mente traz risco e recompensa.
Fantasmas
Fantasmas - às vezes chamados de “espectros” - são os ha-
bitantes primários do Mundo Subterrâneo. Aqui, eles estão
sujeitos às seguintes regras:
• As características dos fantasmas são calculadas normal-
mente. No entanto, quanto mais velho e/ou mais pode-
roso um fantasma, mais características ele provavelmente
possui. Quanto mais fundo se vai, mais monstruosos e
insanos os fantasmas se tornam.
• Fantasmas no Mundo Subterrâneo não têm âncoras.
Se um fantasma tiver âncoras, ele não poderá entrar no
Mundo Subterrâneo (embora todas as regras tenham
suas exceções).
• Fantasmas não precisam se manifestar no Mundo
Subterrâneo. Crepúsculo não é um estado viável de estar
dentro da Grande Profundeza. Fantasmas já estão mani-
festados, para todos os efeitos e propósitos.
14
Introducao
• No Mundo Subterrâneo, um fantasma não tem neces-
sariamente a mesma dificuldade de se comunicar com os
vivos como teria no mundo dos vivos. Dito isso, alguns
fantasmas ainda estão perdidos em suas próprias mentes
ou estão sujeitos a hábitos e rituais tão intensos que a co-
municação ainda é difícil. Aqueles fantasmas do Mundo
Subterrâneo sem qualquer forma de comunicação como
Numes (como Comunicação Espiritual) ainda podem
ter dificuldade em se comunicar adequadamente com
um personagem. A comunicação ainda pode exigir um
teste de Refinamento por parte do fantasma, com uma
penalidade de —1 por década em que o espectro estiver
morto (conforme pág. 210, Livro de Regras do Mundo
das Trevas).
• Algumas Numes não funcionam de acordo com o pro-
jeto dentro das entranhas do Mundo Subterrâneo. Con-
trole Animal não funciona nas Profundezas Autóctones,
mas funciona nos psicopompos “espíritos” dos Mistérios
Inferiores (ver dicionário, abaixo). Psicofonia e Possessão
não funcionam no Mundo Subterrâneo, já que o fantas-
ma não precisa falar ou possuir um ser vivo (e a Gran-
de Profundeza é o lar de poucos, se houver, seres vivos).
Compulsão funciona normalmente. Um fantasma ainda
pode usar Símbolo Espiritual para imprimir mensagens
clandestinas em formas de mídia ou em objetos que um
Devorador de Pecados traz para o Mundo Subterrâneo.
Comunicação Espiritual permite que um fantasma se
comunique livremente sem um teste de Refinamento.
Perturbação Magnética ainda funciona para afetar quais-
quer itens apropriados que um personagem traga para
as profundezas. Ilusão, Telecinesia e Terror funcionam
normalmente.
• Se um personagem cumprir a tarefa inacabada de um
fantasma preso no Mundo Subterrâneo, o fantasma está
livre para deixar o Mundo Subterrâneo e, na verdade, o
faz imediatamente. O fantasma literalmente se desincor-
pora - sua carne se solta dos ossos mortos, seu sangue se
derrama e se transforma em pó e seus ossos se transfor-
mam em giz, que então varre com um vento quente. Isso
não parece ser doloroso e, na verdade, aqueles que tes-
temunham tal coisa afirmam que os fantasmas parecem
estar felizes ou reverentes. Neste ponto, o fantasma se vai.
Sem magia potente e blasfema, a alma não pode retornar
ao mundo dos vivos ou ao Mundo Subterrâneo. Ele avan-
çou para alguma recompensa desconhecida (que pode ser
Céu, Inferno ou até mesmo um esquecimento sereno).
• Abjurações (págs. 213-214, Livro de Regras do Mundo
das Trevas) ainda funcionam em fantasmas dentro do
Mundo Subterrâneo, pois os força a fugir - eles, entretan-
to, não se desincorporam.
• Os exorcismos só funcionam no mundo físico. Eles
não têm lugar no Mundo Subterrâneo (Na verdade, mui-
tos fantasmas exorcizados de tentativas de possessão no
mundo dos vivos são enviados, você adivinhou, ao Mun-
do Subterrâneo).
• Itens abençoados funcionam com fantasmas no Mun-
do Subterrâneo da mesma forma que no mundo dos vi-
vos (pág. 214, Livro de Regras do Mundo das Trevas).
• Fantasmas recuperam um ponto de Corpus por dia
 no Mundo Subterrâneo. Até mesmo ataques mundanos
podem danificar o Corpus de um fantasma no Mundo
Subterrâneo. Um fantasma que perde todo o Corpus de-
vido a dano contusivo ou letal age como se estivesse mor-
to - o fantasma “morre” e se torna um cadáver imóvel.
Quando um dia passa e o fantasma recupera um ponto
de Corpus, entretanto, ele retorna à zombaria vazia da
vida que normalmente possui. No entanto, causar dano
agravado ao fantasma (como usar itens abençoados, con-
forme mencionado acima) pode apresentar uma solução
muito mais permanente em relação ao manuseio do
fantasma. Se o fantasma perder todo o seu Corpus para
dano agravado enquanto estiver no Mundo Subterrâneo,
o fantasma será totalmente destruído. A sombra se desin-
tegra em um uivo acesso de angústia. Isso é semelhante
a assassinato ou homicídio culposo, no entanto, e é uma
violação da Sinergia 4 de um Devorador de Pecados.
• Se um fantasma gasta ou perde toda a sua Essência
dentro do Mundo Subterrâneo, ele se torna insubstan-
cial. Ainda é possível ver o fantasma, mas seu corpo se
torna translúcido e fisicamente intocável. O fantasma,
entretanto, não pode tocar em mais ninguém, nem pode
fazer uso de Numes ou fazer qualquer teste. Isso causa
agonia no fantasma. Não pode voltar a ser uma criatura
substancial até que recupere a Essência.
Como Usar Este Livro
Detalhar a largura - e, particularmente, a profundidade
- do Mundo Subterrâneo não é uma tarefa fácil. Este livro
tenta fazer isso de uma forma que simule a própria descida.
Quanto mais fundo você for no livro, mais fundo se encon-
trará nas entranhas das terras mortas.
O Prólogo: Ascensão e esta Introdução mostram a pro-
messa e o perigo de até mesmo considerar uma descida ao
Mundo Subterrâneo. Conforme observado antes, com gran-
de recompensa sempre vêm grandes riscos.
Capítulo Um: Onde a Luz Ainda Brilha dá uma olha-
da na mitologia e cultura em torno do Mundo Subterrâneo
visto através das muitas lentes quebradas dos estranhos ha-
bitantes do Mundo das Trevas. Vislumbres de certo e erra-
do aguardam do mundo dos vivos (ou... principalmente dos
vivos).
Capítulo Dois: Culturas Ctônicas discute o potencial de
crossover de usar o Mundo Subterrâneo em qualquer jogo
do Mundo das Trevas. Aqui você encontrará regras sobre o
Mundo Subterrâneo para muitos dos monstros: vampiros,
lobisomens, magos, changelings e até mesmo caçadores mor-
tais.
Capítulo Três: Simpatias das Trevas oferece novas fer-
ramentas da caixa de brinquedos forrada de caveira que é
o Mundo Subterrâneo. Contidos neste capítulo estão novas
Vantagens, Manifestações, Chaves e outros truques para o
Como usar este livro-Dicionario das profundezas mortais
limite e além.
Capítulo Quatro: As Profundezas Autóctones leva-nos
para os chamados Alcances Superiores do Mundo Subter-
râneo, oferecendo novas regras, material de configuração e
ganchos de história.
Capítulo Cinco: Os Domínios Mortos nos leva cada
vez mais fundo, perturbadoramente, conforme deixamos os
Alcances Superiores e entramos nas profundezas verdadei-
ramente labirínticas da Grande Profundeza, o lugar onde
as regiões estranhas e reinos loucos dos Mistérios Inferiores
estão - os chamados Domínios Mortos, onde Kerberoi e os
senhores da morte há muito defendem suas reivindicações.
Dicionário das
Profundezas Mortais
Alcances Superiores: Outro termo que descreve as Pro-
fundezas Autóctones.
cenote: Um lugar onde a parede entre o mundo dos vivos
e o Mundo Subterrâneo é naturalmente mais fraca.
Domínio Morto: Uma sub-região individual dentro dos
Mistérios Inferiores do Mundo Subterrâneo.
Erebus: Um termo clássico para as Profundezas Autóc-
tones.
Grande Profundeza: Outro termo para o Mundo Sub-
terrâneo.
Kerberoi: Antigos guardiões do Mundo Subterrâneo,
comprometidos e dedicados a fazer cumprir as Leis Antigas
ou punir as transgressões contra elas.
Leis Antigas, as: Um código de regras que governa o
Mundo Subterrâneo; leis que governam a interação com os
mortos. Mantidas pelos Kerberoi.
Mistérios Inferiores: A parte mais profunda e menos
acessível do Mundo Subterrâneo.
Mundo Subterrâneo, o: O reino dos mortos.
ofrendas: Ofertas aos mortos.
Portão Averniano: Outro termo para um cenote, especi-
ficamente um usado para viajar diretamente para o Mundo
Subterrâneo.
Profundezas Autóctones: A região mais alta e rasa do
Mundo Subterrâneo.
profundidade: Termo informal para cenote.
psicopompa: Um espírito semelhante a um animal en-
contrado vagando por todas as partes do Mundo Subterrâ-
neo. Eles não parecem ser fantasmas, mas é possível que se-
jam simplesmente muito, muito antigos. Seu propósito não
é claro - alguns parecem preocupados em transportar fantas-
mas de uma área do Mundo Subterrâneo para a próxima.
senhor da morte: Um dos lendários governantes do
Mundo Subterrâneo; sua existência não foi comprovada.
Tártaro: Um termo clássico para os Mistérios Inferiores
e Domínios Mortos.
15
 O Que Velho Novo de Novo...
As palavras flutuam em um vento preguiçoso de verão. A chuva atinge o rosto de Cason. Ele
sente o gosto de água salgada - amarga, salgada, com cheiro de peixe. Ele balança a cabeça como um
cachorro com infecção no ouvido. Olhos abertos. Piscando.
— Bem-vindo ao Salão das Duas Verdades, — disse o garoto negro parado na frente dele com uma
camiseta do Lanterna Verde. Cason o reconheceu - o nome do garoto era Anton, mas, na verdade,
ele atendia pelo nome do marinheiro morto que estava sentado logo abaixo da pele: Velho Sal.
— Isto não é um corredor, — Cason resmungou. — Estamos lá fora. Em um... telhado.
Era verdade. O céu escuro pairava sobre suas cabeças, cuspindo chuva. À
distância, porém, Cason podia ver uma pequena cidade iluminada pelos raios do sol
emergente.
O garoto continuou falando. — Todo mundo é julgado. A retidão
é o caminho para entrar. Thoth, ele diz a você o que está
acontecendo, diz a você quais ações você fez. Então Osíris
pesa sua alma, veja como ela se agita. Se tudo sair bem,
você ficará bem. Se não sacudir tão bem, então você será
comido por Ammit. — A voz do menino mudou para outra
coisa, um assobio profundo e áspero, a voz do Velho Sal: —
Chompitychomp na boca do crocodilo.
Cason lutou para se levantar. O que quer que o tenham
drogado, ainda estava nele; seus joelhos vacilaram e ele caiu
de volta no telhado maltratado.
— Então, estou aqui para ser julgado? —
Cason perguntou.
O garoto balançou a cabeça. — Não. Ainda
não. Cassie só quer que você saiba como tudo sai na
lavanderia. Olhamos para o mundo e o julgamos como
aqueles velhos deuses no Grande Buraco. O mundo não é
mais justo. Então, o mundo vai todo para a boca de Ammit.
— Esquecimento, Cason disse, puxando-se para cima, ainda
tremendo. — Merda. bem aqui.
— Algo parecido. Acabou o tempo. O mundo Achei que você
está mal. Cassie disse que mandamos tudo para deveria saber que
o escuro, começando com esta cidade isso é uma virada de jogo. Ou
você está do nosso lado, ou você,
um dos pobres rapazes, é jogado na terra
morta. Cassie disse que você tem 24 horas para
descobrir. Então comece a descobrir.
O menino pula na beirada do telhado, virado para
trás. Flashes de relâmpago, e Cason pode ver a sombra do
velho marinheiro louco ao redor do menino - um
gancho no lugar de uma mão, uma maré
de água salobra subindo, uma rede
sarnenta lançada por toda
parte - e então o menino cai
e se vai.
 Capítulo Um:
Onde a Luz
Ainda Brilha
A história da humanidade está inextricavelmente ligada à morte. Sempre foi
a grande constante. Impérios se erguem e caem, as pessoas superam a tirania ou
sofrem nas mãos dos conquistadores, elas amam e se reproduzem e sempre, elas
morrem.
Mas na maioria das culturas e religiões, a morte não é o fim. Não nos desliga-
mos simplesmente quando morremos. Para alguns, passamos para outro corpo,
outra vida em um ciclo de reencarnação. Para outros, existe uma grande recom-
pensa, um paraíso nebuloso trancado atrás de portões dourados brilhantes. Ou-
tros ainda acreditam que, quando morrermos, se morrermos com honra, bravura,
seremos levados pelas donzelas dos escudos e receberemos um lugar de honra
Poucos são os de em um banquete sem fim. Mas, no final, todos nós seguimos em frente quando
nós que às vezes não escorregamos deste invólucro mortal. Morrer não é um término, mas uma trans-
despertamos antes formação.
do amanhecer, seja A morte, como a vida, é uma jornada. O ato de morrer é uma parada nessa
jornada, mas não é o fim. Desde o início, nossa terminologia para a morte foi
depois de uma daquelas amarrada nessa jornada. Nós “passamos”, “cruzamos” ou “partimos”. No famoso
noites sem sonhos monólogo de Hamlet, Shakespeare chamou a morte de “o país desconhecido, de
que nos fazem quase cujo nascimento nenhum viajante retorna”. Mas para onde vamos? Enquanto
enamorados da morte, alguns retardatários permanecem, amarrados a suas âncoras e teimosamente se
ou uma daquelas noites recusando a dar o próximo passo, outros desbotam e diminuem, e nunca são
de horror e alegria vistos ou ouvidos por olhos mundanos novamente.
disforme, quando pelas O que vem depois é uma obsessão. É o último grande mistério. Três perguntas
câmaras do cérebro que todas as religiões ou filosofias devem responder são: de onde viemos? Porque
varrem fantasmas estamos aqui? O que acontece quando morremos? Existem muitas respostas.
mais terríveis do que a
própria realidade, e o
instinto com aquela vida Deixando o Corpo para Trás
Não é nenhuma surpresa que nossos ancestrais primitivos colocaram um ros-
vívida que se esconde to humano na morte, que eles criaram um local, um destino para o qual os mor-
em todos os grotescos tos podem viajar. Alguns conceitos são tão incompreensíveis que temos que criar
e que empresta à arte uma abstração para começar a colocá-los em contexto. Quando a humanidade
gótica sua vitalidade encontra algo novo, existe uma necessidade básica de categorizá-lo. Para encaixá-lo
duradoura ... em uma caixa, já sabemos o que fazer com ele.
As primeiras pessoas ficavam perplexas com o sono. Quando um homem
- Oscar Wilde, “O dormia, ele parecia quase morto. Alguma centelha, algum espírito vivificante cer-
Retrato de Dorian Gray” tamente estava faltando, mas para onde ele foi enquanto seu corpo descansava?
Que terras estranhas ele visitou e por que nunca foi visto fora de seu corpo? Pelas
respostas a essas perguntas, não foi um salto presumir que a alma de um homem
simplesmente abandonou seu corpo quando ele morreu.
Mas, novamente, para onde eles vão? Embora a resposta varie de acordo com a
cultura, o mito e a lenda geralmente apresentam um destino real, alguma lendária
terra dos mortos. Geralmente é retratado como sendo subterrâneo. As terras sub-
terrâneas de Irkalia, Xibalba e Hades compartilham muitos elementos comuns,
apesar de serem transmitidas por culturas com pouco ou nenhum contato umas
com as outras. Sheol, a grande cova. Inferno, descrito na maioria das vezes como
cavernas cheias de fogo e dor. Neter-Khetet, o subterrâneo divino.

18
Capitulo Um: Onde a Luz Ainda Brilha
 Mais recentemente, a cultura pop apresentou a vida após
a morte e o Mundo Subterrâneo como tudo, desde uma
peculiar galeria de arte avant-garde inundada de neon (Os
Fantasmas se Divertem) a uma estação de metrô subterrânea
(Matrix: Revolutions) e até mesmo o reino subterrâneo tradi-
cional (O Labirinto do Fauno). Mesmo nesta era da razão, o
Mundo Subterrâneo ainda tem ressonância conosco. Conti-
nua sendo um grande mistério. No Mundo das Trevas, parte
desse mistério foi destruído. Alguns habitantes, incluindo
Devoradores de Pecados e necromantes de todos os mati-
zes em particular, pensam que sabem a verdade sobre o que
acontece após a morte.
A maioria deles está errada. O poço de fogo, a estação de
metrô, a caverna subterrânea da corte... todos esses lugares
existem, mas nenhum deles é a soma total do Mundo Sub-
terrâneo. Cada encontro com as Profundidades revela um
instantâneo, mas é apenas uma peça do quebra-cabeça. Não
pode haver uma história abrangente do próprio Mundo Sub-
terrâneo. Cada domínio assume suas próprias características,
e cada um se reflete, embora de maneira incompleta, nas cul-
turas ao seu redor.
Sokar, Ele de Rosetau
De uma palestra proferida pelo Professor Frank Frey III, PhD:

AULA III - MITO EGÍPCIO

A maioria de vocês tem pelo menos uma familiaridade passageira com o mito egípcio. Quais
deuses cuidaram das almas egípcias quando morreram?
Sim, Osiris. Isso é correto, no que diz respeito ao Reino do Meio. Mas antes disso, o Mundo Subterrâ-
neo egípcio era governado por um deus com cabeça de falcão chamado Sokar. O nome, mais propriamente
escrito “skr”, na verdade significa “limpar a boca”. Isso mesmo, o ceifador é um técnico dentário (pausa
para risadas). Aqui, vou ler a passagem apropriada do seu livro:
“Na metafísica egípcia, o corpo humano consistia em nove partes. O corpo físico, o
Khat, era habitado por um duplo imaterial, que era o Ka ou Alma de Sustento. A sombra do
corpo era o Khaibit, e também tinha uma contraparte, o Ba, ou Alma da Mobilidade, que
morava no coração. O coração, que se pensava ser a sede da razão, era chamado de Ab.
O Khu era a alma-espírito e, da mesma forma que o Ka sustentava o Khat, o Khu, que
era inviolável e autoexistente, sustentava o Sahu, ou corpo-espírito. O Sahu entrou na eter-
nidade e morou com Sokar, e mais tarde Osiris, no Campo Verde. Visto que se pensava que
os Ka e Ba morriam quando as ofertas deixavam de ser dadas a eles, fica claro por que os
egípcios faziam tanto esforço para preservar os corpos de seus mortos.
Pertencente a todas essas partes estava o Sekhem, cujo significado é incerto, mas pa-
rece ser alguma expressão de poder. Cada um dos deuses tinha seu Sekhem, e Amon-Re é
considerado o Sekhem acima de todos os outros. Atrás de todas as outras partes da alma
estava o Ren, o nome verdadeiro, que, se esquecido, certamente significaria a extinção da
alma humana.”
Agora, o dever de Sokar era separar o Ka do Khat, uma ação que era simbolizada na cultura egípcia ao
abrir a boca e arrancá-la. Então você vê por que Sokar foi selado com um nome tão infeliz. Curiosamente,
embora os egípcios falassem de todos os tipos de consequências horríveis se as nove peças de uma pessoa
não fossem preservadas e preparadas de maneira adequada, não vimos realmente nenhum efeito nocivo
desde que abandonamos suas práticas funerárias.
Outro epíteto de Sokar era “Ele de Rosetau”. Rosetau originalmente se referia a uma tumba específica
perto da Esfinge, mas eventualmente passou a significar todas as tumbas, que eram consideradas passagens
para Neter-Khetet, que significa “lugar divino subterrâneo”.
Mesmo depois que Osíris assumiu o cargo, Sokar foi incluído e considerado um aspecto do deus mais
popular. Ele ainda estava encarregado de, possivelmente, a maior parte do Mundo Subterrâneo. Onde o
aspecto Osiris de Ptah-Sokar-Osiris obteve o abençoado e o importante, Sokar foi deixado para pastorear
os ímpios.

Ganchos de História: da Mobilidade anima o corpo, mas, sem as funções superiores

do Ab e o sustento fornecido pelo Ka, o que resta é pouco
Entre as Areias Movediças mais do que um carniçal faminto. Embora alguns vampiros
• A Alma da Mobilidade
tenham suas origens em uma teoria semelhante, as criaturas
Quando uma pessoa morre, os vários aspectos que cons-
que vagueiam pelo deserto egípcio têm muito pouca seme-
tituem o todo devem ser devidamente colocados para des-
lhança com os vampiros modernos.
cansar. Se um aspecto não for suficientemente apaziguado,
Necromantes de todos os níveis podem ter uma visão es-
haverá consequências, em grande parte para as chances da
pecial para satisfazer o Ba e colocar essas criaturas para des-
alma morta na vida após a morte. Mas se o Ba não for satisfei-
cansar, ou de fato, eles podem ser o resultado de um expe-
to, essas consequências serão muito piores. A chamada Alma

19
Deixando o Corpo para Tras
 rimento fracassado por um dos necromantes mencionados. tudiosos, mas você pode ter certeza de que as areias movediças
Os mortos errantes e animados que têm fome de carne viva do deserto esconderam muitas tumbas até o século XXI. Os
aparecem em todo o mundo. Esta é apenas uma explicação artefatos dentro de algumas dessas tumbas não têm preço no
possível para sua existência. Se você precisa de uma boa expli-
mercado mortal, mas são ainda mais importantes entre os De-
cação de por que os zumbis existem - e ei, talvez eles ocasio-
voradores de Pecados. Mementos particularmente poderosos
nalmente saiam dos Portões Avernianos - então este gancho provavelmente estão abandonados sob as dunas, esperando
da história pode pelo menos fornecer uma explicação. pela comparça certa para reclamá-las. Esses itens também po-
• Um Tesouro de Mementos dem servir como “objetos de poder” para qualquer um: lobiso-
Os egípcios enchiam suas tumbas com todo tipo de te- mens em busca de fetiches, vampiros em busca de pedaços de
souro destinado a seguir o falecido na vida após a morte. A história perdida, caçadores em busca de Relíquias.
maioria das grandes tumbas foi revistada por catadores e es-

Portoes importantes: O Grande Rosetau

Rosetau tornou-se um termo geral para tumbas e é usado entre os Devoradores de Pecados egípcios como
uma forma comum de se referir a todos os Portões Avernianos. Mas o Rosetau original é conhecido nos
tempos modernos como Gizé. Seus monumentos permanecem mudos na orla do Cairo, onde a civilização
se desvanece nas areias escaldantes do deserto. A luz estéril da ciência brilhou por tanto tempo nos corre-
dores de Gizé que se tornou mais difícil abrir o Grande Rosetau, mas dizem que vale a pena. Alguns dizem
que apenas se abre para os recessos mais profundos do Mundo Subterrâneo, outros dizem que se abre
diretamente para uma parte do Mundo Subterrâneo que é quase inacessível de outros portões, ocupados
por um ser antigo e estranho que afirma ser o primeiro Faraó (e quem é potencialmente um poderoso
Kerberos).
Os Devoradores de Pecados que tentarem abrir o Grande Rosetau sofrerão uma penalidade de -5 se não
realizarem a cerimônia adequada. Qualquer um que deseje abrir o portão pode fazê-lo realizando uma ce-
rimônia de mumificação completa em um corpo recém-morto à maneira antiga, com uma exceção - o Ab,
ou coração, deve ser queimado. Quando o portão se abre, o Ba da múmia reanima o corpo, criando um dos
mortos famintos. Seu primeiro ato é atacar o profanador de seu corpo.

20
Capitulo Um: Onde a Luz Ainda Brilha
ADeDescida e Ressurreição de Inanna
En-ghar-kalla, Antigo e Oráculo ao Trono:

Para entender a vida, a Deusa Inanna deve primeiro entender a morte.

Então ela abandonou o céu e a terra e desceu para a Irkalia. Ela abando-
nou o ofício de en, abandonou o ofício de lagar e desceu para o Mundo
Subterrâneo. Ela assumiu os sete poderes divinos. Ela reuniu os poderes
divinos e agarrou-os em sua mão, com os bons poderes divinos, ela partiu.
Ela colocou um turbante na cabeça. Usava contas de lápis-lazuli em
volta do pescoço. Ela colocou gêmeos. Colocou contas em forma de
ovo em seu seio e cobriu sua nudez com um vestido pala. Uma vestimenta
de senhoria. Ela colocou rímel nos olhos e vestiu uma armadura no pei-
to. Segurava a régua e a linha de medição de lápis-lazuli na mão.
Inanna viajou em direção ao Mundo Subterrâneo com sua ministra
Ninshubur viajando atrás dela.
A Deusa Inanna disse a Ninshubur, — Venha, minha conselheira de confian-
ça. Eu vou lhe dar cinco instruções. Estas instruções devem ser seguidas.
— Neste dia descerei ao Mundo Subterrâneo. — Ela disse. — Quando eu che-
gar ao Mundo Subterrâneo faça um lamentação para mim nas ruínas do
monte. Toque o tambor para mim no santuário. Faça a ronda das casas dos
deuses por mim.
— Lacere seus olhos. Nariz e orelhas para mim. Como uma mendiga, vista-
-se com uma única roupa e coloque os pés sozinha na casa de Enki. Quan-
do você entrar na casa de Enki lamente diante dele: Pai Enki, não deixe
ninguém matar sua filha no Mundo Subterrâneo. Não deixe seu metal pre-
cioso ser misturado ali com a sujeira do Mundo Subterrâneo. Não deixe
seu precioso lápis-lazuli ser dividido lá com a pedra de pedreiro. Não deixe
a jovem Inanna ser morta no Mundo Subterrâneo.
— Pai Enki é quem vai me devolver a vida.
Quando Inanna seguiu em frente, sua ministra Ninshubur viajou atrás
dela. Inanna se virou e acenou para ela.
— Vá agora, fiel ministra. Não negligencie as instruções que dei a você.
Quando ela chegou ao templo de Ganzer, ela bateu agressivamente no
portão para o Mundo Subterrâneo.
— Abra, Neti, abra. — Ela gritou ousadamente. — Estou sozinha e quero
entrar.
Neti, o principal barqueiro do Mundo Subterrâneo, respondeu a Deusa
Inanna: — Quem é você?
— Sou Inanna, estou indo para o leste.
— Se você está indo para o leste, por que você viajou para a terra sem
volta? Como você colocou seu coração na estrada cujo viajante nunca
retorna?
— Porque o Senhor Gud-gal-anna, marido de minha irmã mais velha, o
Deus Ereshkigal, morreu: para que seus ritos fúnebres fossem observados,
ela oferece libações generosas em seu velório - esse é o motivo.
Neti, o principal barqueiro do Mundo Subterrâneo, respondeu à deusa
Inanna: — Fica aqui, Inanna, vou falar com a minha senhora. Vou falar com a
minha senhora Ereshkigal e contar a ela o que você disse. — E Neti se apro-
ximou de sua senhora. — Minha senhora, há uma garota solitária do lado de
fora do portão. É Inanna, sua irmã. Ela bateu agressivamente no portão e
gritou ousadamente para que eu a deixasse entrar. — Ele disse. — Ela está
vestida com um vestido pala e usa contas de lápis-lazuli em volta do
pescoço. Ela usa uma armadura no peito e rímel nos olhos. Ela ganhou
contas nos seios. Ela tem os sete poderes divinos e os mantém em suas
mãos.
E Ereshkigal colocou a mão sobre ela e considerou isso com cuidado.

21
Deixando o Corpo para Tras
 — Neti, não negligencie as instruções que vou lhe dar, — disse ela. — Tranque
os sete portões para o Mundo Subterrâneo e abra cada porta, uma a uma.
Quando minha irmã tiver removido todas as suas roupas, leve-a embora.
Neti, o principal barqueiro do Mundo Subterrâneo, prestou atenção às
instruções de sua senhora. Ele trancou os sete portões do Mundo Subter-
râneo. Em seguida, ele abriu cada uma das portas do palácio Ganzer sepa-
radamente. Ele disse à deusa Inanna: — Venha, Inanna, e entre.
E quando Inanna entrou, o turbante que cobria sua cabeça, foi removido
de sua cabeça. — O que é isto? — ela perguntou.
— Fique em silêncio, Inanna, um poder divino do Mundo Subterrâneo foi
cumprido. Inanna, você não deve abrir sua boca contra os ritos do Mundo
Subterrâneo.
Quando ela entrou no segundo portão, as pequenas contas de lápis-la-
zúli foram removidas de seu pescoço — O que é isso? — ela perguntou mais
uma vez.
— Fique em silêncio, Inanna, um poder divino do Mundo Subterrâneo foi
cumprido. Inanna, você não deve abrir sua boca contra os ritos do Mundo
Subterrâneo. — o barqueiro respondeu novamente.
Quando ela entrou no terceiro portão, as contas gêmeas em forma de
ovo foram removidas de seu seio. — O que é isto? — ela perguntou, e o bar-
queiro respondeu: — Fique em silêncio, Inanna, um poder divino do Mundo
Subterrâneo foi cumprido. Inanna, você não deve abrir sua boca contra os
ritos do Mundo Subterrâneo.
Quando ela entrou no quarto portão, o peitoral foi removido de seu
peito. — O que é isto? — ela perguntou e novamente veio a resposta, — Fique em
silêncio, Inanna, um poder divino do Mundo Subterrâneo foi cumprido. Inan-
na, você não deve abrir sua boca contra os ritos do Mundo Subterrâneo.
Quando ela entrou no quinto portão, o anel de ouro foi removido de
sua mão. Novamente, — O que é isso? — ela perguntou, e novamente, — Fique
em silêncio, Inanna, um poder divino do Mundo Subterrâneo foi cumprido.
Inanna, você não deve abrir sua boca contra os ritos do Mundo Subterrâ-
neo. — o barqueiro respondeu.
Quando ela entrou no sexto portão, a régua de lápis-lazúli e a linha de
medição foram removidas de sua mão. — O que é isto? — ela disse, e — Fique em
silêncio, Inanna, um poder divino do Mundo Subterrâneo foi cumprido. Inan-
na, você não deve abrir sua boca contra os ritos do Mundo Subterrâneo.
— respondeu o barqueiro.
Quando ela entrou no sétimo portão, o vestido pala, a vestimenta da
senhoria, foram removidos de seu corpo. — O que é isto? — ela perguntou uma
última vez, e — Fique em silêncio, Inanna, um poder divino do Mundo Subter-
râneo foi cumprido. Inanna, você não deve abrir sua boca contra os ritos
do Mundo Subterrâneo. — disse o barqueiro uma última vez.
Enquanto ela se agachava nua, o resto de sua roupa foi levado embora.
Então ela fez sua irmã Ereshkigal se levantar de seu trono e, em vez disso,
sentou-se nele. Os Anuna, os sete juízes deram sua decisão contra Inanna.
Eles olharam para ela - era o olhar da morte. Eles falaram com ela - foi
o discurso da raiva. Eles gritaram com ela - foi o grito de grande culpa.
Inanna foi transformada em um cadáver, e o cadáver foi pendurado em um
gancho.
Depois de três dias e três noites, a ministra de Inanna, Ninshubur, que fa-
lou palavras justas e confiáveis, agiu de acordo com suas instruções. Ela
não negligenciou os comandos de Inanna. Ela lamentou por Inanna em suas
casas com runas. Ela se vestiu com uma única roupa e se aproximou da casa
de Enki sozinha.
Quando ela entrou na casa de Enki, ela falou: — Pai Enki, não deixe nin-
guém matar sua filha no Mundo Subterrâneo. Não deixe seu metal precio-
so ser ligado lá com a sujeira do Mundo Subterrâneo. Não deixe que seu
precioso lápis-lazúli seja partido lá com a pedra de pedreiro. Não deixe a
jovem Inanna ser morta no Mundo Subterrâneo.
Pai Enki respondeu a Ninshubur: — O que minha filha fez? Ela me preocupa. —

22
Capitulo Um: Onde a Luz Ainda Brilha
Assim, Pai Enki a ajudou neste assunto. Ele removeu um pouco de sujeira da
ponta da unha e criou o kur-ghara.
Então Pai Enki falou para a kur-ghara: — Vá e dirija seus passos para o
Mundo Subterrâneo. Passe pela porta como uma mosca. Deslize pelos pivôs
da porta como um fantasma. A mãe que deu à luz, Ereshkigal, por causa de
seus filhos, está deitada lá. Seus ombros sagrados não são cobertos por
um pano de linho. Seus seios não são cheios como um vaso shagan. Suas
unhas são como uma picareta sobre ela. O cabelo de sua cabeça está enro-
lado como se fosse alho-poró.
— Ela vai lhe oferecer um rio cheio de água - não aceite, — ele continuou,
— Ela vai te oferecer um campo com seus grãos - não aceite. Mas diga a ela:
“Dê-me o cadáver pendurado no gancho”. Ela responderá: “Este é o cadá-
ver de sua rainha.” Diga-lhe: “Seja do meu rei, seja da minha rainha, dê-me.”
Ela lhe dará o cadáver pendurado no gancho. Então você deve se juntar a
Inanna. Portanto, deixe Inanna surgir.
A kur-ghara prestou atenção às instruções de Enki. Ela voou pela por-
ta como uma mosca. Saiu pelos pivôs da porta como um fantasma. A mãe
que deu à luz, Ereshkigal, por causa de seus filhos, estava deitada lá. Seus
ombros sagrados não eram cobertos por um pano de linho. Seus seios não
eram cheios como um vaso shagan. Suas unhas eram como uma picareta so-
bre ela. O cabelo de sua cabeça estava bagunçado como se fosse alho-
-poró.
— Oh, meu coração, — disse ela.
A kur-ghara respondeu: — Você está com problemas, minha senhora. Oh,
seu coração.
Então ela perguntou: — Quem é você? Digo-te do meu coração ao teu co-
ração, do meu corpo ao teu corpo - se tu és um deus, falarei contigo: se tu
és um mortal, que um destino seja decretado para ti. — Isso a fez jurar pelo
céu e pela terra. A kur-ghara recebeu um rio com sua água - ela não acei-
tou. Foi oferecido um campo com seus grãos - a kur-ghara não o aceitou.
— Dê-nos o cadáver pendurado no gancho, — disse a ela.
— O cadáver é da sua rainha, — disse o Deus Ereshkigal.
— Seja do meu rei ou da minha rainha, dê para mim. — A kur-ghara recebeu
o cadáver pendurado no gancho e tornou-se um com ela. E assim surgiu
Inanna,
Mas Inanna estava prestes a ascender do Mundo Subterrâneo para sua
segunda vida, os Anuna a avaliou: — Quem já subiu ilesa do Mundo Subter-
râneo? Se Inanna ascender do Mundo Subterrâneo, deixe-a providenciar um
substituto para si mesma.
Então, quando Inanna deixou o Mundo Subterrâneo, ela foi contida e
cercada por cães de caça por todos os lados. Os que a acompanhavam não
sabiam comer nem beber, não aceitavam presentes agradáveis nem conhe-
ciam o abraço conjugal. Eles eram os guardiões de Irkalia, a Deusa Sarvara,
e a seguiram com pavorosa intenção.
Depois que Inanna ascendeu do Mundo Subterrâneo, Ninshubur se jogou
a seus pés na porta do Ganzer. Ela sentou-se na poeira e se vestiu com uma
roupa suja. A Sarvara disse à deusa Inanna: — Inanna, prossiga para sua cida-
de, nós a levaremos de volta.
— Esta é a minha ministra das belas palavras. Ela não esqueceu minhas
instruções. Ela ficou louca por mim nos montes de corrida. Ela dilacerou
os olhos por mim, dilacerou o nariz por mim. Como uma pobre, ela se vestiu
com uma única roupa. Ela visitou Enki para mim. Ela me trouxe de volta à
vida. Como eu poderia entregá-la a você? Vamos em frente.
E assim fizeram, e vez após vez, Inanna deu desculpas e não permitiu que
a Sarvara levasse sua substituta, finalmente, Inanna alcançou seu marido,
Dumuzid. A Sarvara estendeu a mão e pegou o rei pelas coxas.
— Esse é meu marido! — ela disse: — Como eu poderia entregá-lo a você? Va-
mos em frente.
Mas a Sarvara não foi influenciada. — Você poderia ter nos dado a sua

23
Deixando o Corpo para Tras
 ministra, mas continuamos. Você
poderia ter nos dado qualquer um
dos cidadãos pelos quais passamos
nas ruas de sua cidade, mas conti-
nuamos. Não iremos mais longe. Este
será o seu substituto. — E os Sarva-
ra, os guardiões das velhas leis le-
varam o marido de Inanna embora.
Inanna chorou lágrimas amargas, e
o kur-ghara dentro dela ofereceu
uma sombra pálida de conforto. E
Inanna implorou à irmã que devol-
vesse o marido à vida.
E Ereshkigal decretou que ela
deixaria Dumuzid viver seis meses
do ano e tomar Inanna em seu lu-
gar. Durante a metade do ano, Inan-
na permaneceria acima, e na outra
metade ela permaneceria abaixo. E
ela só veria seu marido quando ele
passasse pelos portões de Ganzer.

Ganchos de História: Pureza de Inanna

• Violando a Lei
A história de Inanna é um bom exemplo do Mundo Sub-
terrâneo e suas leis. O problema do Mundo Subterrâneo é que
as leis geralmente são claras - em muitos aspectos, mais claras
do que as leis do homem no mundo dos vivos. Pode-se encon-
trar leis escritas em pedras ou faladas por um fantasma vigi-
lante, pode-se ver as leis em uma faixa esfarrapada balançando
em uma brisa inexistente, ou na lateral de um vagão espectral
do metrô como um anúncio de sanduíches de submarinos ou
contas correntes.
Mas aqui está outra coisa: as leis sempre têm algum gancho
que pede que sejam quebradas. Na história acima, parte disso
é sobre a oferta - “Eu vou oferecer escravos e campos e poder, e
se você aceitar a oferta, a lei foi violada e o que você realmente
quer não pode ser reivindicado.” Quebrar as leis sempre deve
ser uma opção convincente para os jogadores e seus persona-
gens. Se a lei for: “Não beba a água”, e pronto, os jogadores
nunca permitirão que seus personagens bebam a água. Mas se
a lei é: “Não beba a água”, e a água fornece àquele que a bebe
visões de entes queridos falecidos ou uma poderosa visão de
prazer, então as apostas aumentam. Se a lei é sobre não falar
com fantasmas, dê-lhes razão para falar com fantasmas. As leis
só são convincentes como uma ferramenta de narrativa se hou-
ver uma razão interessante para quebrá-las em primeiro lugar.

ATrechos
Lirade umadesérieOrfeu
de cartas entre Nicolas Franzetti da Ordo
Dracul e Byron Pierce, Historiador do Círculo Órfico:

24
Capitulo Um: Onde a Luz Ainda Brilha
 Claro, temos muitas lendas que nos contam o que acontece depois que alguém morre. Nas lendasEles gregas, como você
Caronte. então descem
sabe, os mortos cruzam um dos cinco rios, como o rio Estige, se puderem pagar ao barqueiro fontes, Hades também é
ao Hades passando pelo guardião Cerberus, ou mais corretamente, Kerberos . Em algumas
o Tártaro
chamado de “Tártaro”, que significa literalmente “lugar profundo”. Outras fontes separam os dois, colocando
abaixo do Hades na geografia mítica da Grécia.
A rainha do Tártaro, Perséfone, só passava os meses de inverno nas abóbadas subterrân eas com seu marido,
Sua descida anunciou o inverno e seu retorno
Hades. Pelo resto do ano, ela viveu como uma donzela, filha de Deméter. a ausência de sua filha
trouxe fertilidade e renascimento no ciclo natural. Tradicion almente, é a dor de Deméter com
poeticam ente, o mundo assume muitos dos aspectos dos mortos, enquanto Perséfone
que causa a estação estéril, mas simetria aqui com ou-
governa ao lado de seu marido e só retorna à vida quando eles estão separados. Existe uma certa
todos nós somos confront ados com a mortalida de.
tras histórias. O inverno é uma época em que a morte reina no mundo; no Mundo Subterrâ neo
Eu admito uma quantidade de ignorância aqui. Nunca conversei com um fantasm a que esteve
voltou. Eu tenho
e voltou. Os poucos que sabiam de alguma coisa me disseram que não é de algum lugar de ondeEuvocê sei, elas são lendas.
que imaginar o número de lendas relacionadas com viagens de e para o Mundo Subterrâ neo.
Apenas... histórias.
Claro, nós também. nossas discussões,
Odisseu visitou essas terras escuras, junto com Teseu, Hércules e, o que é mais relevante para um pagou um preço por
cada
Orfeu. Cada um desses visitantes voltou à terra dos vivos quase intacto. Da mesma forma, Teseu literalmente deixou
sua viagem, exceto Hércules, graças à intervenção divina. Odisseu sacrificou um carneiro e
residente da terra
uma parte de si mesmo quando Hércules o libertou. Orfeu pagou pela emoção. Ele fez com que cada
dos mortos experimentasse seu amor por Eurídice e sua tristeza por sua perda.
Sempre há um preço a ser pago.
Nicolas

Cada uma das coisas que você menciona tem algo em comum. O sangue de carneiro, a carne das coxas de
Teseu e as emoções de Orfeu
- cada um é uma expressão de vida. Lembretes do que os habitantes do Mundo Subterrâneo deixaram
para trás.
Talvez seja por isso que os fantasmas não podem retornar tão facilmente do Mundo Subterrâneo. Eles
não têm vida para dar.
Outra coisa a se notar é que os protagonistas das histórias que você menciona não entram no Mundo
Subterrâneo levianamente.
Odisseu precisava de informações que só poderia obter de Tirésias, que estava morto. Teseu acompanho
u um amigo que queria sequestrar
Perséfone e torná-la sua noiva. Heracles foi encarregado de capturar Cerberus como uma de suas tarefas
lendárias. E Orfeu...
Ele fez isso por amor. De todos eles, seu objetivo era o mais pessoal, e talvez o mais patético - no significado
original da palavra. Todos
nós podemos simpatizar com o desejo de resgatar um ente querido além dos limites. Mas - provavelmente
graças a sua mãe, a musa Calliope
- Orfeu tinha o talento e a habilidade de destilar esse pathos em uma bela canção comovente. Ele encontrou
a chave para destrancar o
horrível tédio que toma conta dos mortos.
Quando ele perdeu Eurídice, Orfeu foi para o Mundo Subterrâneo, primeiro ganhando a simpatia
de Caronte, depois encantando
Cérbero e abrandando os corações de Hades e Perséfone. Mas mesmo isso não foi suficiente para eles simplesmen
te desistirem de Eurídice.
Orfeu foi instruído a não olhar para trás até que ambas as partes retornassem ao mundo mortal. Até
mesmo um presente tem amarras.
Claro que não. Ele alcançou a luz do sol e esqueceu que ela tinha que alcançar o mundo dos vivos também.
Ele se virou e a observou
desaparecer na escuridão. Em outras versões da história, o som dos passos dela parava atrás dele e ele
se virava para ver o que havia de
errado. Acho essas versões interessantes pela crueldade implícita de Hades e Perséfone. Os deuses, como
os mortos, estão tão distantes da
humanidade que não podemos prever suas ações ou motivações.

Byron

25
Deixando o Corpo para Tras
 A lenda de Orfeu se assemelha a histórias de muitas outras culturas. Izanami e Izanagi no mito japonês, Ix
Chel e Itzamna dos maias, e uma das lendas Nimíipuu de Coiote. O que torna um mito mais válido do que os outros?
Eu sinto que é importante apontar que Perséfone, de acordo com Empédocles, correspondia ao elemento água,
“umedecendo as fontes mortais com lágrimas”. Eu discordo que o coração dela estava tão duro quanto você pensa.
Nicolas

Você se esquece de mencionar que Perséfone foi referida como “Nestis” no texto de Empédocles. Seu verdadeiro nome não
poderia ser falado, pois ela era a “terrível rainha dos mortos”. Em seu disfarce de Perséfone, Core era insensível em todas as
histórias, exceto para o mito Orfeu.
Aqui, vamos ver o que você realmente precisa saber. Estamos deixando o reino do mito e entrando no reino do prático. Orfeu
da Trácia - que pode ser ou não seu nome, mas é bom o suficiente para nossos propósitos - era obcecado pelo Mundo Subterrâneo.
Mais especificamente, ele estava obcecado em evitar o destino que tantas vezes se abate sobre os fantasmas. Presumo, já que
você se refere a falar com fantasmas, que você sabe o que quero dizer. Freqüentemente, uma sombra se perde no eco desbotado de
sua vida, repetindo a mesma ação indefinidamente. Não tenho certeza do que faz com que esses espíritos se degradem. O que os faz
perder a coerência e esquecer o que são a favor e o que foram? É uma loucura? Literalmente ou metaforicamente bebendo de algum
rio do Letes? Ou é uma falha de propósito? Pessoalmente, me inclino para o último, e acho que Orfeu também.
Um culto misterioso cresceu em torno dele, baseado em vários hinos. Curiosamente, e talvez um pouco paradoxal, considerando
o que já discutimos sobre Perséfone e seu relacionamento com Orfeu, ela é reverenciada pelos órficos, junto com Dioniso.
Especificamente, sua existência cíclica coincide com a literatura órfica primitiva: entalhes em ossos que simplesmente diziam
“Vida. Morte. Vida.” Todos os três seres importantes dentro do sistema de crença Órfica desceram ao Mundo Subterrâneo e
retornaram com suas faculdades intactas.
Os seguidores órficos foram enterrados com folhas de ouro gravadas com instruções, lembrando aos mortos o que dizer aos
guardiões quando chegassem ao Mundo Subterrâneo:
“Eu sou o filho da Terra e do Céu Estrelado. Estou com sede, por favor, dê-me algo para beber da fonte de Mnemosyne.”
Mnemosyne é o rio da memória, oposto ao Letes, o rio do esquecimento.
Outras folhas douradas dizem: “Agora você está morto e nasceu neste mesmo dia, três vezes abençoado. Diga a Perséfone
que o próprio Dioniso o redimiu.”
As escrituras órficas tratam de superar as limitações tradicionais do estado pós-morte. Você deve entender isso e apreciar isso.
Afinal, você não está tentando superar as desvantagens de sua própria maldição?
Você pode culpar os mortais por buscarem o fim do doloroso círculo da vida, morte e renascimento? Se você pudesse reter seu
conhecimento e poder sem as falhas intensas de sua espécie, não é?
Um Requiem é uma canção sagrada, você não tiraria da sua os acordes dissonantes?

Byron

Ganchos de História: permitindo-lhe permanecer em Crepúsculo indefinidamente,

Não Olhe para Trás
• As Folhas Douradas
Membros de um antigo culto trácio enterravam seus mor-
tos com instruções, na forma de folhas douradas gravadas
com lembretes explícitos destinados a neutralizar a infeliz
amnésia que parece sobrevir aos fantasmas quando eles se
levantam.
As folhas detalham como manipular os guardiões do
Mundo Subterrâneo para restaurar um fantasma em todas as
suas faculdades vivas. Algumas histórias sugerem que certas
folhas até incluem instruções que permitiriam a uma sombra
se separar completamente de sua dependência de âncoras,
sem o estreito alcance de ação permitido pela natureza de sua
âncora.
Outras folhas são um registro escrito de antigas e podero-
sas cerimônias e clássicos, muito procuradas por magos que
seguem a senda Moros e Devoradores de Pecados. Entre os
Devoradores de Pecados, essas folhas antigas também atuam
como mementos de Amuletos.
Mais recentemente, vários Devoradores de Pecados assumi-
ram as folhas como um método de comunicação na Rede Cre-
púscular. Eles usam o símbolo de uma folha dourada como
um lembrete ou um aviso para ficar de olho nas instruções e
informações ocultas sobre o Mundo Subterrâneo local.

26
Capitulo Um: Onde a Luz Ainda Brilha
 • No Labirinto
Como Orfeu, algumas pessoas não podem desistir de
seus entes queridos mortos. Eles procuram por respostas,
não para a questão de como seguir em frente - em vez disso,
procuram uma maneira de resgatar seu ente querido do ou-
tro lado da morte. Na verdade, esse apego teimoso é o ímpeto
que move muitos necromantes... pelo menos, no início.
Uma viagem ao Mundo Subterrâneo é repleta de peri-
gos, mesmo para Devoradores de Pecados e necromantes
poderosos. Fazer essa viagem como um mortal indefeso é,
na melhor das hipóteses, temerário e, na pior, suicídio. Mas
para aqueles que buscam redimir seu ente querido e retornar
à luz do mundo mortal, a segurança raramente é levada em
consideração. Na rara ocasião em que um mortal encontra
seu caminho para o Mundo Subterrâneo com tal intenção,
ele começa com uma desvantagem enorme. Muitos dos Do-
mínios dos Mortos proíbem o contato entre os vivos e os
mortos. Para uma pessoa viva estar entre os mortos e pedir a
liberdade de um deles é uma afronta às Leis Antigas.
Não importa o quão convincente seja o caso do mortal,
um preço deve ser pago. Uma alma por outra, ou uma bus-
ca impossível. Mesmo dadas as probabilidades astronômicas
de que o Kerberoi terá pena de dois amantes (a maioria dos
Kerberoi não “sente” pena), o preço é além de exorbitante.
Os limites que um peticionário deve percorrer para ter suces-
so garantem que segundas chances como essas quase nunca
sejam concedidas.

Portoes importantes: floresta do suicidio

No Japão, a floresta Aokigahara a oeste de Tóquio é conhecida como um destino para os desesperados e
suicidas. Centenas de pessoas vagam pela densa floresta (também conhecida como Mar das Árvores) todos
os anos, para nunca mais serem vistas.
Nas profundezas da floresta, um Portão Averniano aguarda aqueles que procuram a morte. Alguns De-
voradores de Pecados avisam que o portal é particularmente perigoso. Eles dizem que muitas das almas
desesperadas que vagam pelas profundezas da floresta encontram seu caminho através do portão e são
transformadas, seus corpos destroçados e deformados pelas sombras cruéis que chamam de lar Aokigaha-
ra. As criaturas são libertadas de volta para a floresta onde vagam, enlouquecidas e vorazes, atraídas pelos
Devoradores de Pecados que procuram o portal.

Na Cidade Santa (1202-1204)

Extraído dos diários de Lucio de Innocenzio, assistente de Enrico Dandolo, trigésimo nono Doge de Veneza, por Vincent Calabria:

2
6 de fevereiro de 120 a silenciosa, ou mesm
o
ria de po der diz er que nossa casa estav cru za do s vie ra m,
Eu gosta izmente, os
me. Mas não é, infel dívida
agitada como de costu fu nd os ac ab ar am e eles estão em
e eles estão presos aq ui . Se us vida con erável
sid
. Pe sso alm ente, pagaria sua dí
com a cidade de Ve ne za seus cavalos fossem
ap en as pa ra qu e o fedor de seu aço e
se pudesse,
embora de nossas ru
as. ra. Eles es-
Ad riá tic o, há reb elião na cidade de Za o Rei da
Do outro lado do República para
ldade de nossa grande a comercial. Isso nã
o deve
tão mudando sua lea va lio so em nossa rot
Za ra é um elo
Hungria.
fiar nele
permanecer!
qu e ele tem um plano, então devo con rmir à
Mas meu mestre diz possa do
do ac on teç a ra pid amente, para que eu
e esperar que tu
noite novamente.

9 de abril de 1202 maneira de

ni o! El e diz que encontrou uma
Mestre Dandolo é um gê uem muito in-
bel a cid ade antes que eles fiq ra
tirar os Cruzad os de no ssa ar a rebelião em Za
fez iss o de um a forma que irá sufoc sio so pa ra ve r
quietos, e ele ados! Estou an
das dívidas dos Cruz
e recuperar o valor possa finalm en te ter um pouco de paz. am
pa ra qu e eu nca deveri
suas cos tas
o tol os im pe tu oso s e barulhentos que nu a disciplina
Os cruzados sã derosa, mas têm
es são uma força po sigo expressar o quanto
ter saído de casa. El con
as e mimadas. N ão
de crianças bagunceir
a.
desprezo sua presenç

27
Deixando o Corpo para Tras
 18 de outubro de 1202
e ago-
zados. Meu mestre pegou a cruz
Estou a bordo do navio dos Cru as a ele,
ele tenha ficado louco. E, graç
ra é um dos cruzados. Temo que o sint o falt a
navegamos agora. Com
Veneza forneceu os navios em que
da minha cama na bela Veneza.
temo que não conseguiremos. Os
Estamos a caminho do Egito, mas rer
ficientes e corremos o risco de mor
navios de abastecimento são insu s dist ant e.
os às costas daquele paí
de fome antes mesmo de chegarm
Est a não é a vida que o bom Deus planejou
Eu não sou um soldado! eu
ser transportados como gado, mas
para mim. Os cruzados escolheram ajud ant e do
e sedentária de atuar como
escolhi viver a vida estacionária
tos!
Doge para evitar tais aborrecimen
Como vamos sobreviver?

15 de novembro de 1202
u os
duvidar dele. Meu mestre convence
Finalmente! Eu fui um tolo por reiv indi can -
, esmagando a rebelião e
cruzados a tomarem conta de Zara erno aqu i e reun ir
Vamos passar o inv
do a cidade em nome de Veneza!
de cont inu ar para o Egito.
nossas forças antes em
luta ram bem cont ra os defensores da cidade. Eu durmo
Os cruzados a de verd a-
o esperar para ver uma cam
terra firme esta noite! Mal poss
de. re-
do bom senso do meu mestre em
Rezo todos os dias pelo retorno Ele cont inu a emp enha do em
entanto.
lação aos próprios cruzados, no o cond uzia
Ontem à noite, enquanto
alcançar Constantinopla e sitiar. stan-
me cont ou histórias estranhas sobre Con
de reunião em reunião, ele ans iava por ver a gran de
me disse que
tinopla, de tumbas e santos. Ele seja cego .
ele
cidade novamente. É uma pena que
qua ndo acon tece u. Eu tinh a acabado de começar a trabalhar
Lembro
que foi enviado a Constantinopla
para ele, ainda jovem, no ano em ro
negociou a reconstrução do bair
como embaixador de Veneza. Ele fora m inte rrom pida s. Cert a
ções
veneziano da cidade, mas as negocia osco u! Mes tre
ar, um assassino nos emb
noite, quando estávamos indo jant desa bou . Ped i ajud a
e forte na nuca e
Dandolo foi atingido com um golp io.
pedras de Biz ânc
enquanto seu sangue molhava as o.
, ele se recu pero u. Ele não era um jovem, mesmo entã
Milagrosamente qua se um
o como um homem com
Agora ele é velho. Eu me pergunt um
son har em realizar as tarefas exigidas de
século de idade pode sequer lá está ele, acor dan do ant es
no entanto,
cruzado que sitia uma cidade. E, o.
is de eu ter sucumbido ao son
de mim e permanecendo assim depo

A cruzada continua. Hoje embarcamos em navios para a longa

viagem
a Bizâncio e, se meu senhor e os outros puderem ser confiáveis,
o saque
de Constantinopla. Há uma inquietação em relação ao meu mestre
à
medida que nos aproximamos. Presumi que ele se juntou à Cruzad
a
para garantir que Zara fosse tomada, mas ele se torna mais irritado
e
ardente com a queda de Constantinopla a cada dia que passa.
Tenho medo de que seu velho coração ceda e eu seja abandonado,
sozi-
nho com esses idiotas blindados. Temo que ele esteja caindo na demên-
cia. Ontem à noite, eu o ouvi em sua cabine, discutindo com alguém
.
Parecia aquecido, então interrompi sob o pretexto de ver se meu
mestre
precisava de alguma coisa antes de me retirar para dormir. Não
havia
mais ninguém na sala.

28
Capitulo Um: Onde a Luz Ainda Brilha
 15 de abril de 1204
Deus ajude a todos nós.
Dois dias atrás, atacamos Constantinopla. As paredes e os soldados
foram enfraquecidos por uma tentativa anterior, e nós fizemos o im-
possível! Os cruzados invadiram a cidade. O primeiro deles na cidade,
montado em seu cavalo, espada desembainhada e lutando, era meu mestre.
Um homem cego de 90 anos. E, no entanto, sua sede de sangue e zelo
eram iguais aos de qualquer jovem que eu vi.
O cerco não é importante agora. O saque e a pilhagem da cidade tor-
naram-se tão graves que me escondo em uma torre já despojada de seus
objetos de valor, com medo de que os Cruzados me matem por engano em
seu caos alegre. É impossível andar pelas ruas sem manchar as botas e
o manto com o sangue de duas religiões.
Ontem à noite, Dandolo veio até mim de onde estava instalado no
Grande Palácio. Ele me levou para as ruas escuras, iluminadas pelas
chamas ainda queimando da guerra, e me levou para a Hagia Sophia,
a bela catedral abobadada. Repito, ele me conduziu. Meu mestre ainda
parecia um cego. Ele manteve os braços à frente e olhou para o nada,
mas sabia para onde estava indo ou para onde ele próprio estava sendo
conduzido. Dentro do Hagia Sophia, ele se virou para mim e disse que eu
precisava ajudá-lo a destruir um mural.
Uma obra de arte em uma das igrejas mais bonitas do mundo. Eu
estava cético. Ele me pressionou, negociando com nossos anos de conhe-
cimento. Ele me ofereceu dinheiro. Ele prometeu que essa seria a última
coisa que ele pediria de mim.
Eu fiz isso.
A parede desmoronou sob nossos golpes. Eu podia ver Dandolo enfra-
quecendo à medida que avançávamos. Quando a parede foi destruída,
descobrimos, para meu horror, um fosso de tal escuridão que parecia
que eu tinha descoberto a própria boca do Inferno. À nossa volta havia
tesouros de outra época. Coisas estranhas gravadas com línguas que
nunca vi antes.
Dandolo de repente parecia uma marionete cujas cordas haviam sido
cortadas. Um vento frio soprou para fora do poço e, em sua pressa,
ouvi o barulho de muitas pernas. Acima de mim, a sala estava escura,
mas veio essa sensação de grande forma e profundidade, como se eu es-
tivesse na sombra de algum gigante que se aproximava. Eu vi, por um
momento, uma linha cintilante que rastreava através da sala, um único
fio de luz, e paralisado naquela luz, uma forma liminar não física ou
espiritual, mas algo totalmente diferente. Eu sabia de alguma forma
que a coisa presa naquela linha era a força que impulsionou meu pobre
velho mestre, e que seu tempo havia acabado. Corri para reunir o corpo
frágil do meu mestre e escapar antes que a escuridão descesse.
Atrás de mim, ouvi o início de um grande sussurro de vozes. As
palavras estavam em uma infinidade de idiomas e não faziam senti-
do agrupadas como estavam. Debaixo do balbucio, um estranho som de
lamento começou a crescer.
Eu não olhei para trás.
Agora, enquanto escrevo isso, meu antigo mestre parece muito mais
fraco. Ele parece tão frágil quanto deveria, considerando seus 90 anos,
eu suponho. Vou pegar o próximo navio de volta a Veneza e nunca
mais olhar para esta cidade nojenta, se puder evitar.

Ganchos de História: Pegando a Cruz
• A Hagia Sophia
Um Portão Averniano encontra-se nos recessos escuros
abaixo da Hagia Sophia. Outrora uma grande igreja, depois
a maior mesquita do Império Otomano e agora, finalmente,
um museu, a Hagia Sophia resistiu aos ventos da mudança
e ainda se destaca como um dos edifícios mais bonitos do
mundo. O poço profundo está escondido aqui há séculos,
desde que os turcos tomaram a cidade no século XV.
Aqueles que conhecem a lenda sussurram que este poço
é na verdade um portal para o Inferno, ou Sheol. Eles dizem
que espíritos e demônios dominam nas profundezas. Talvez,
ou então é simplesmente outra maneira de entrar no Mundo
Subterrâneo. De qualquer forma, a borda do poço está re-

29
Deixando o Corpo para Tras
 pleta de tesouros inestimáveis. Esses mementos são gravados
com uma linguagem muito antiga. Algumas versões da histó-
ria chegam a postular que o próprio Santo Graal está escon-
dido entre as outras antiguidades. Isso é ridículo, é claro, mas
o tesouro é real e cheio de poderosos - ou potencialmente
poderosos - artefatos. No entanto, logo dentro da cova, um
guardião está à espreita, um vasto aracnídeo com uma cara-
paça feita de escuridão e dor. Os fios cintilantes e efêmeros
de sua teia agarram e puxam fantasmas e almas igualmente,
e o balbucio de sua voz é a própria insanidade, repleta de pro-
fecia e verdade. Os itens escondidos são iscas que o guardião
usa para atrair sua presa favorita: Devoradores de Pecados, ou
mais precisamente, seus geists.
ODoGrande Jogo (1528)
diário do Conquistador Alejandro Ruiz Francisco de Castille,
traduzido por Maria Vargas, Universidade do México:

do que minha Espanha, por qualquer medida ou meio, masdegrad ainda grande.
Eu estava entre as ruínas de uma grande civilização. Nãonósmaior chegarmos. Suas cidades eram gloriosas mesmo em seu estado ado. O
Não vi sinal das pessoas. A civilização morreu muito antes de causado o colapso desta grande cultura ao construir maiores monumentos aos seus
menino que atuou como nosso guia afirmou que seu povo havia nunca mais se recuperaram. Eu lembrei o menino do Deus Único e Verdadeiro
deuses. Seu favor foi passado para os nahuatlaca, e os maias a. Eu o açoitei para ajudá-lo a se lembrar de seu lugar e do
lugar dos falsos
quando ele contou essa história, e ele se desculpou por sua heresi
deuses de seu povo. em dívida
o era maior do que seus deuses, e agora sua civilização estavas. A verdade
No fundo, eu sabia que ele estava certo. O Deus do Cristideanism sso e à sagrada Verda de de Deu
com a nossa. Velhos deuses e velhas culturas devem ser deixa dos lado para dar lugar ao progre
espadas e armas de fogo espanholas.
e o poder de persuasão de nossas belas sobre a cidade, mas meus homens sabiam que sua fé era mais fortemeus do que qualquer
Huitzilin, nosso guia, nos contou sobre uma maldi ção Obse rvei homens com
busca de relíquias que trariam glória à Espa nha.
maldição pagã, então começaram a explorar as ruínas em acima da cidade. Huitzilin aguardou. Ele não fez nenhum som quando o chicote
uma espécie de orgulho paternal, de uma posição privilegiadainosa das crenças lamentáveis e falsas de seu povo, ele será um excelente jovem.
atingiu suas costas. Se eu puder purificar sua alma pecamexpedição foi emboscada por guerreiros maias quando cruzávamos para Yucatan.
Eu o vi pela primeira vez em batalha quando nossa povo, e devo dizer que lutou com uma ferocidade igual à do jaguar local e com
Ele nos conta que recebeu o nome de um grande herói de hol. seu
a que admito ter surpre endido em um não espan ntes recentes.
uma bravur
À medida que o dia passava, os homens juntaram o tesourção. o que encontraram, mas não encontraram nenhum sinal deporhabita que a cidade foi
Ele me contou uma velha - e ridícula - lenda de
Huitzilin nos disse que ninguém morava aqui por causa dahamaldi primitiva antes de civilizá-la com nossa cultura e religi ão, e talvez para dar
abandonada. Vou incluí-lo aqui, para registrar essa estran terra
sentido às coisas.
30
Capitulo Um: Onde a Luz Ainda Brilha
 Outrora, esta cidade foi um grande centro de comércio e poder. Muitos sacrifícios foram feitos nesta terra para invocar o grande favor dos
deuses. A quadra que Huitzilin nos mostrou era onde os grandes atletas-guerreiros da cidade praticavam um esporte que ele explicou detalhadamen-
te e chamou de “jogo de bola”. Os atletas desta cidade eram conhecidos por suas proezas, e se espalhou a notícia de que eles eram os melhores
jogadores do jogo brutal. Atletas guerreiros de outras cidades chegaram e desafiaram os jogadores locais para as partidas, enquanto comerciantes
de ambos os lados trocavam suas mercadorias e apostavam nos jogos. Cada grupo de atletas-guerreiros saiu derrotado, seus líderes sacrificados
aos deuses, enriquecendo a reputação e a lenda da cidade e de seus atletas-guerreiros.
Então, um dia, um grupo de guerreiros estranhos e pálidos apareceu, junto com um xamã sábio vestido com as penas mais brilhantes. O
xamã deu um passo à frente, para desafiar os atletas da cidade para uma partida. Os atletas-guerreiros aceitaram sem hesitação.
“Mande seus homens para o tribunal”, eles disseram, e o xamã apenas sorriu um sorriso horrível de dentes negros.
“Estes não são os atletas-guerreiros da minha cidade. Estes são apenas os guerreiros mais jovens e não comprovados de minha cidade. Foram
suficientes para proteger minha jornada de ida e volta, mas não são os melhores jogadores de futebol que existe. Você terá que voltar comigo para
nossa cidade e nossa quadra para jogá-los.”
Mas os atletas-guerreiros também eram os guardiões da cidade. Foram eles que protegeram a cidade de invasões e pilhagens. O senhor da
cidade sabia que aceitar o desafio deixaria a cidade enfraquecida contra seus inimigos, mas muito do orgulho da cidade foi construído em torno dos
atletas-guerreiros e sua reputação como os melhores jogadores de futebol do mundo. Após grande deliberação, ele convocou os atletas-guerreiros
e o xamã e disse-lhes: “Vocês irão com esse xamã e voltarão para a casa dele. Lá você defenderá a reputação de sua cidade e mostrará a este
homem porque nossa cidade é a mais abençoada dos deuses.”
O xamã sorriu seu sorriso hediondo mais uma vez e disse: “E se seus atletas falharem?”
“Meus atletas não podem falhar, eles são os maiores do mundo! Minha cidade inteira vai desmoronar antes que eles sejam derrotados.”
O xamã fez uma reverência. “Como você diz, grande chefe.”
E os homens seguiram o xamã e seus guerreiros para fora da cidade e para o deserto. Eles caminharam por três dias, até chegarem à
entrada de uma caverna.
“Devemos viajar para a escuridão aqui. O caminho é muito perigoso. Se quiser, pode perder o jogo e voltar para sua cidade”, disse o
xamã.
Sem hesitar, os guerreiros recusaram. “Devemos continuar e derrotar o seu melhor no jogo de bola.”
Então o grupo continuou na escuridão da caverna. Ao deixarem a luz do sol para trás, os guerreiros pálidos não acenderam tochas. Os
orgulhosos guerreiros-atletas carregavam as únicas tochas, como se o xamã e seus homens não precisassem de luz.
Enquanto o grupo descia a estrada para a cidade dos homens pálidos, eles chegaram ao rio. À luz do fogo, a água brilhava estranhamente. Um
dos guerreiros-atletas aproximou-se da margem do rio e eles perceberam que não corria água, mas escorpiões mortais!
Mais uma vez, o xamã sorriu para os atletas-guerreiros e se ofereceu para permitir que eles desistissem do jogo e voltassem para casa, e
mais uma vez, os homens recusaram.
O xamã e seus guerreiros recuaram e esperaram. Estava claro que os atletas-guerreiros precisavam encontrar o caminho sem a ajuda
de seus guias. Os guerreiros testaram a largura do rio de escorpiões e decidiram que estava dentro de sua extraordinária habilidade atlética
cruzar com um grande salto. Um por um, cada um deles pulou o rio, evitando por pouco os ferrões venenosos dos escorpiões do outro lado. Depois
de cruzarem, o xamã e seus guerreiros também pularam, cada um pousando com agilidade e calma do outro lado.
O próximo obstáculo veio logo. O grupo se aproximou de outro rio, este mais largo que o anterior. Este rio não fluía com escorpiões, mas
corria vermelho com um fluxo constante de sangue quente. Mais uma vez, o xamã ofereceu aos atletas-guerreiros uma saída, e novamente eles
recusaram. Desta vez, eles não puderam pular através do rio e evitar tocar no sangue impuro, pois era muito largo.
Os guerreiros eram fortes, no entanto. Eles trabalharam juntos para empurrar uma rocha gigante para o fluxo do rio e pular de uma
margem para a rocha, e depois da rocha para o outro lado do rio. O xamã e seus guerreiros o seguiram novamente, e ele parabenizou os homens
por seu trabalho em equipe e força.
Com o tempo, o grupo encontrou outro rio. Este rio não corria com água, como os dois anteriores. Não havia escorpiões. Não havia sangue.
Este rio corria repleto de humores amarelos. Era muito largo para pular. O pus espirrou e tornou a pedra que os homens jogaram escorregadia
demais para pular. Mais uma vez, o xamã se ofereceu para deixar os atletas-guerreiros desistirem, e novamente eles recusaram.
As margens do rio transbordavam com o líquido fétido, mas os homens eram ágeis e fortes. Cada homem removeu seu manto e os amarraram
juntos em uma corda. Um membro da equipe escalou a parede da caverna e encontrou um lugar para prender a corda. Um por um, os homens
avançaram. Após a travessia, o xamã e seus guerreiros o seguiram, e o xamã parabenizou os homens pelo trabalho em equipe e agilidade.
Ele disse que eles estavam quase na cidade de seu povo. Eles perguntaram quando alcançariam a outra entrada da caverna e o xamã riu.
“Minha cidade é subterrânea, guerreiros fortes e ágeis. Minha cidade é Xibalba.” Agora, esse nome não significa nada para você, pois você
é do outro lado do mar, mas para os guerreiros, o nome Xibalba os encheu de pavor. É o lugar do medo, para onde os mortos viajam depois de
morrer. E o xamã sorriu seu sorriso de dentes negros e fez uma reverência. “Devemos continuar?”
Então eles continuaram. Quando avistaram a cidade, viram que a caverna estava iluminada com uma luz verde que parecia vir das
próprias paredes. Quando os atletas-guerreiros entraram nos portões da cidade, os cidadãos de Xibalba jogaram vegetais podres - brilhantes e
coloridos neste lugar desolado - e zombaram. Os homens estavam invictos. Eles eram heróis. Eles não estavam acostumados a tal tratamento, que
dissipou seu medo e o substituiu por uma raiva orgulhosa.
Os atletas-guerreiros foram levados ao tribunal da grande cidade, mas seus rivais não estavam lá. O tribunal estava vazio.

31
Deixando o Corpo para Tras
 “É aqui que vocês devem jogar”, disse o xamã, “mas vocês
xamã, que os guerreiros agora conheciam como Sete Mortes, um dosdevem descansar de sua jornada antes do jogo, se for para ser justo”.
governantes da cidade, chamou um servo para levá-los aos seus aposenE o
Agora, como o jogo era o objetivo de sua visita, eles não estavam alojad tos.
simplesmente alojados na Casa Escura, onde não havia luz. os na Casa Fria, ou Casa Jaguar, ou Casa Navalha. Eles estavam
Os guerreiros-atletas descobriram que sua imaginação criava terrore
colocados em uma das outras casas. s o suficiente nas salas negras da Casa das Trevas sem serem
De manhã, um servo chegou para conduzir os homens da Casa
como a luz do dia após a escuridão implacável dentro da casa. Osdas Trevas de volta ao tribunal. Até mesmo o brilho verde da caverna era
sentada solenemente. homens se aproximaram do tribunal com cautela, onde a multidão estava
A outra equipe estava coberta de cicatrizes. Eles ficaram
tomaram seus lugares do outro lado da quadra. Acima deles, Umaorgulho sos e pálidos, e não reagiram de forma alguma quando os atletas-guerreiros
Morte e Sete Mortes sentaram-se com os outros 10 senhores de Xibalb
“Você”, disse Uma Morte. “Vocês são os maiores jogadores do jogo de bola a.
-guerreiros deu um passo à frente: “Sim, senhor, nós somos. E vamos que o mundo ensolarado pode produzir?” O capitão dos atletas-
Uma Morte olhou para Sete Mortes, que disse: “Eles são fortes eganhar este jogo.”
ágeis e trabalham bem juntos. Eles são o melhor que o mundo ensolarado
pode oferecer.”
“Que assim seja. Que comece o jogo!” gritou Uma Morte.
Os guerreiros sabiam que agora jogavam pelo destino de sua cidade, pois
e famílias. E desistir seria pior. perder para os governantes de Xibalba era condenar seus amigos
A bola caiu entre as equipes e o jogo começou. Os guerre
força aos chutes. Sua agilidade os ajudou a mirar bem e desviar deiros-at
seus
letas jogaram com todas as suas forças. Seus músculos fortes davam
longe do outro time. oponentes. Seu trabalho em equipe os ajudou a manter a bola no ar e
Mas então a verdadeira natureza do jogo Xibalba se revelou. A bola lançou
guerreiros-atletas. Seus oponentes continuaram como se nada tivesse lâminas afiadas como navalhas e cortou as pernas e o peito dos
mudado. O sangue escorria por sua pele pálida.
Enquanto os atletas guerreiros enfraqueciam, eles ouviam os
chutes perderam a força. Seus ferimentos os deixavam lentos e eleslordes demônios da cidade rindo. A força desapareceu de seus músculos e seus
perdia
significou nada. m a agilidade. Um por um, eles caíram e seu trabalho em equipe não
O chefe de sua cidade se recusou a acreditar quando Sete
Sete Mortes bateu palmas e os guerreiros tiraram as cabeças dos Mortes e seus guerreiros chegaram para relatar a perda dos guerreiros-atletas.
homens de suas sacolas.
“Fizemos uma aposta”, disse Sete Mortes. “Você disse que cidade
abriu bem os braços, despenteando as penas brilhantes de sua roupa.sua“Eles iria desmoronar antes que seus atletas guerreiros perdessem.” Ele
perder
Antes que o chefe pudesse responder a Sete Mortes, ele sentiu uma dor am. Agora sua cidade deve cair.”
da cidade caírem mortos diante de seus olhos. por dentro, e viu seus conselheiros e guardas, e os outros cidadãos
Quando os mortos se prepararam para sua jornada para Xibalb
em Xibalba. Certamente vocês são muitos, uma cidade inteira cheia a,deSete Mortes sorriu sombriamente e disse: “Não. Seu povo não é bem-vindo
“Mas o que devemos fazer?” perguntou o chefe. “Onde nós devemosnovos ir?”
cidadãos?”
“Em lugar nenhum, chefe orgulhoso. Você está tão orgulhoso de sua cidade
fizeram. , talvez você e seu povo devam permanecer aqui.” E assim eles

Enquanto Huitzilin me contava essa lenda, meus homens reivindicaram tesouros das casas abandonadas da cidade. Eles brincaram e
jogaram frutas podres pelo aro da quadra de jogo de bola na luz do dia.
Quando o sol se pôs, eu os vi saindo das casas. Eu assisti de cima da cidade enquanto os pálidos cidadãos da cidade convergiam para os
tribunais, e meus homens. E eu os ouvi, como se estivessem ao meu ouvido.
“Quem é Você?” eles perguntaram. “Estes são os nossos tesouros, tirados de nossas casas.” Os homens e mulheres pálidos cercaram meus
homens, e ouvi um deles gritar antes que eles fossem embora.

Ganchos de História:
Por Onde os Mortos Caminham
• Cidades Fantasma
Às vezes, nos lugares que os vivos abandonam, os mor-
tos permanecem. Como talvez a estalagem no meio do nada
que só parece ter música country dos anos 70 na jukebox e
nenhum telefone funcionando para pedir ajuda na estrada.
Todos os clientes são amigáveis, mas nenhum deles pode aju-
dá-lo com seu carro - por que você não fica por um tempo?
Ou a pequena cidade no Colorado que só pode ser encontra-
da em uma nevasca, mas eles ficam felizes em hospedá-lo até
que a tempestade passe. A escola abandonada, onde as risadas
das crianças podem ser ouvidas no parquinho quando o vento
está bom.
Lembre-se de que sempre que os mortos encontram os vi-
vos, sempre há um pedágio a ser pago. O barman daquela roa-
dhouse precisa de uma nova garçonete. Os habitantes da cida-
de querem apenas uma noite agradável. Se as coisas não forem
perfeitas, eles têm outras maneiras de se divertir. As crianças
precisam de supervisão. Eles precisam de um professor.
No caso da cidade maia, os fantasmas xenófobos e orgu-

32
Capitulo Um: Onde a Luz Ainda Brilha
lhosos que moram lá sacrificarão quaisquer intrusos que
encontrarem em suas ruínas após o anoitecer, a menos que
esses intrusos desafiem seus atletas-guerreiros para o jogo de
bola e ganhem.
A questão aqui é: por que o Mundo Subterrâneo os aban-
donou? Eles poderiam ser libertados deste mundo e enviados
para o Mundo Subterrâneo? Eles temem o Mundo Subterrâ-
neo como muitos fantasmas temem?
• Jogando para Manter
Todos nós conhecemos a cena. O terrível ceifador está
sentado em um lado da mesa, o intrépido fantasma do outro.
Eles jogam pelas apostas mais altas imagináveis, pelo menos
para o fantasma. Se o ceifeiro vencer, o espírito permanece
no Mundo Subterrâneo, preso longe de tudo que ele conhe-
cia. Se o fantasma vencer, ele terá mais uma chance de vida,
mais uma chance de acertar. Ou, o menino mortal desliza
para uma casa abandonada durante uma tempestade, na es-
perança de passar o pior em um lugar relativamente seco.
Mas a casa é assombrada por dois velhos estranhos que de-
safiam o menino para um jogo de cartas enquanto eles têm
tempo para matar. Quando os velhos vencem, o menino
nunca mais é visto.
Os mortos têm o hábito de brincar com os vivos. Para
alguns, é a única coisa que eles sabem. O fantasma do joga-
dor em um trem que vai para lugar nenhum. Uma sombra
vitoriana que se move no tabuleiro de xadrez da sala do andar
de cima quando ninguém está olhando. Até o fantasma na
máquina, ainda assombrando o jogo online em que era vicia-
do em vida. O objetivo é simples, para a maioria dos fantas-
mas. Eles só querem um amigo. Eles querem que alguém viva

Portoes Importantes:
O oco do norte
Ao norte da cidade, nas profundezas da flo-
resta, além das sarças e do outro lado do Rio
Morto, há um grupo de árvores murchas e
enegrecidas de um incêndio há mais de um
século. Um carvalho gigantesco já se ergueu
majestosamente no centro do bosque. Em
seu lugar, uma casca carbonizada ainda paira,
oca pelas chamas atiçadas ao seu redor. De
seus galhos carbonizados pendem os restos
enferrujados e manchados de um pedaço de
corrente. A própria árvore é assombrada
pela sombra de Reggie Nichols, um ex-es-
cravo que foi linchado aqui, por se atrever a
tomar um drinque com uma mulher branca.
Crianças locais se desafiam a rastejar até
o centro da árvore e sussurrar uma rima
profana sobre a morte de Reggie. A maioria
deles faz isso errado, rindo e jogando seus
jogos. Raramente, porém, uma criança ensan-
guentada e espancada se esconde no oco da
árvore e a combinação de medo e vida der-
ramada agita o coração da árvore e o portal
interno se abre, concedendo à criança um
meio duvidoso de escapar de seus algozes.

33
Deixando o Corpo para Tras
 para passar mais tempo com eles. Uma conexão com o mun-
do vital e respirante do qual eles não fazem mais parte. No
entanto, existem aqueles fantasmas que querem algo mais.
Um espírito odioso que se delicia em mover a prancheta do
tabuleiro Ouija, dando respostas falsas cheias de rancor que
separam dois amigos ou arrancam os últimos fiapos de espe-
rança do coração de uma jovem. O menino fantasmagórico
que quer um amigo para brincar... um que não vai crescer e
se mudar. Os dois velhos da casa abandonada, mais pesade-
los do que fantasmas, sussurrando segredos e mistérios sobre
cartas e uma boa xícara de chá antes de levá-lo para o porão.
Outros fantasmas não podem seguir em frente até serem der-
rotados em um jogo, ou ganhar o jogo para o qual prepararam
suas vidas inteiras, apenas para morrer um pouco antes do
grande dia. Nestes casos, as circunstâncias devem ser reprodu-
zidas tão exatamente quanto possível ou a satisfação é passa-
geira. Isso não conta. Quando algo dá errado no jogo, pode
desencadear uma tempestade mortal de frustração e raiva.
ADeBesta (1765-1767)
um relato de Jacques de Carteret, traduzido do francês por
Lucas Deacon:

Minha família lutou nas Cruzadas. Meu

Você deve entender. Sou um homem temente a Deus e não sou covarde.
Minha família nunca se esquivou de dar nosso sangue por Deus ou pelo
ancestral cavalgou com Guilherme, o Conquistador.
país. Eu não sou diferente. Você deve entender.
de uma fatia da guilhotina. Não, eu era um velho
Eu não era um aristocrata, nenhum nobre barrigudo que servia para nada além
de, Frate rnidade! ” com o resto deles. Quando o Grande
encadernador na época da revolução, gritando “Liberdade, Igualda
antes, quando ainda era jovem, não tinha 20 anos e
Medo veio, queimei títulos de propriedade e lutei ao lado de meus irmãos. Anos
an, eu tinha ouvido histórias de um lobo devorador
estava cheio de sangue selvagem, não me afastei da aventura. Na província de Gévaud
lobisomem, um homem literalmente se transformando na
de homens violento que saqueava o campo. Alguns até pensaram que era um
melhor. Eram monstros para o conto de fadas de uma criança,
forma de uma besta. Você pode acreditar nisso? Mas eu sabia
eu disse, eu era jovem e estava em liberdade, então parti imediatamente para
e éramos homens iluminados e razoáveis, não? Como
com a intenção de salvar o campo da horrível Besta
o sul da França. Embalei meu mosquete e minhas pistolas de pederneira,
de Gévaudan.
oine Vaumesl e d’Enneval e seu filho Jean-
Quando cheguei a Clermont -Ferrand, Jean-Charles -Marc -Ant
onais” já estavam tentand o reprimir a ameaça. A recompensa pelos lobos
-François, os chamados “caçadores de lobos profissi
s caíram nessas florestas, mas não tantos deles
era alta, então comecei a matar as criaturas asquerosas. Eu te digo, alguns caçadore
asas feitas de cabeça e pólvora, disparadas por engano
foram pegos por garras de lobos. Não, eles foram enviados a Deus com
por seus irmãos de armas competindo pelas mesmas recompensas.
as matanças sempre aconteciam perto de cavernas,
Percebi, antes do pai ou filho d’Enneval, antes dos outros caçadores, que
. As histórias contadas por Portefaix e outras
então comecei a espreitar as entradas das cavernas, em busca da criatura
m uma besta que era muito maior do que qualquer
testemunhas que sobreviveram aos ataques da fera foram incríveis! Eles descreve
s pararam . Para ouvi-los contar, a criatura devia estar
lobo que eu vi naquela floresta antes, durante ou depois que as matança
de crostas e coisas serpent inas se contorcendo. Nada em sua história -
infestada de parasitas, porque seu pescoço estava coberto
mim. Nesta altura, Jean-Charles -Antoine e
que devo admitir que pensei que era, digamos, embelezada - parecia um lobo para
ine, o tenente do Rei da Caça.
Jean-François tinham sido demitidos e substituídos por François Anto
e brilhant e, de modo que o campo brilhava quase tão forte quanto
E uma noite, eu vi a Besta! A lua estava cheia, redonda
em você. Enqua nto eu observav a a boca da caverna, um vento estranho e frio
o dia. O ar estava úmido, mas nenhuma névoa havia rolado
se espalhou para a luz. Oh, as histórias que Portefaix
começou a soprar de dentro da caverna! A névoa jorrou da caverna e então
maneira como se explica a neve com precisão para alguém
e os outros contaram eram precisas o suficiente, tudo bem. Mas preciso da
não podem expressar a verdade. A coisa que ficou na névoa sob
que vive no deserto. As palavras podem expressar os fatos, mas
o que era, não, mas posso certamente dizer isso. Tinha
o luar brilhante e farejou o ar não era um lobo. Não posso dizer com certeza
pescoço se contorciam, cintilando à luz fria da lua, e um
quase 1 metro de altura no ombro, pelo menos. As coisas penduradas em seu
o. Eu sei o que estou dizendo. Estou lhe dizendo
líquido negro e viscoso gotejava de chagas e feridas ao longo de seu flanco sarnent
ela, corrend o por entre as árvores, diretamente para mim.
que não havia como essa criatura estar viva. E, no entanto, lá estava
o de medo. Mas então, um tiro foi disparado!
Eu não conseguia me mover. Eu estava paralisad
tão alto quanto o mosquet e que ele acabara de disparar, e a criatura desviou de seu caminho
François e seus homens gritaram
meu contato com a Besta.
e saiu correndo noite adentro. Eu escalei do meu poleiro, ainda tremendo do explodir. Eu tinha observado, como
visto o pescoço da criatura
“Ai, devo ter errado”, disse ele, desapontado. Mas eu tinha
brilho fosforescente e enchia os vales e vales deixados
se o tempo tivesse se arrastado, enquanto o horrível fluido preto assumia um
não seria suficiente para parar a besta. Ainda
pela bala de mosquete ao passar pela criatura. Eu soube então, que minha bravura
vam coisa através das planícies. Perto do Abbay
a
assim, continuei, juntando-me ao grupo de François enquanto eles rastrea
vi uma forma grande e curvada caminhando para a frente, a cabeça
des Chazes, nosso líder gritou e mirou. Nas sombras da madeira,
farejando o ar. Um tiro soou e com um uivo a fera desabou.
de “herói!” Foi totalmente inebriante.
Oh, as comemorações foram grandiosas. A bebida e as mulheres, os gritos

34
Capitulo Um: Onde a Luz Ainda Brilha
 Havia apenas um problema. François tinha matado apenas um lobo. Era grande, garanto, mas não foi o que vi voando na
névoa. Por alguns meses, tudo estava bem. Eu permaneci em Clermont-Ferrand pegando trabalho aqui e ali, mantendo um olho
vigilante nas cavernas à noite. Tudo estava calmo - até dezembro, pelo menos.
No auge do inverno, duas crianças foram atacadas em la Besseyre Saint Mary. A Besta havia retornado. Claro,
era outra besta, não a mesma. François Antoine havia matado de verdade a criatura que devastou o campo. Os sobreviventes
apontaram para as cicatrizes do lobo morto e disseram: “sim! É isso, reconheço o mapa de cicatrizes na criatura de quando estava
correndo na outra direção!”
Eu entendo, as pessoas precisavam acreditar que a besta se foi, e era mais reconfortante pensar que o lobo que Antoine
matou era um assassino e este era outro. Pessoalmente, eu teria mais medo do grande número de lobos abandonando seus instintos
naturais e tendo o gosto pela carne humana. Tive mais conforto em saber que François simplesmente falhou em matar a fera certa.
Eu fiz com que um amigo estivesse lá, um sobrevivente das depredações da Besta chamado Jean Chastel. Ele era um
caçador, como eu. Um homem estranho, mas ele acreditou em minha confissão de bêbado, quando descrevi o que vi naquela noite de
setembro. Ele me disse que tinha um anjo da guarda, que era seu propósito acabar com o reinado de terror da criatura. Fui tolo
mais uma vez e me ofereci para ajudá-lo de qualquer maneira que pudesse. Juntos, fomos para a floresta e ele deu uma pequena bênção
em uma clareira. Ele esculpiu símbolos estranhos no chão, mas orou a Deus, então eu sabia que ele não era um bruxo. Então
ele chamou a Besta, e ela veio! A coisa horrível saiu de entre as árvores e parou na beira da clareira. Um fluido espesso e
catarro gotejava de sua boca. Seus olhos estavam podres e remelentos. Bom Deus, o cheiro disso! Não consigo descrever o
odor fétido que se espalhou pela criatura. Foi então que percebi... Estava morta! Sim, ela se movia, mas a coisa que estava diante
de mim, com sua juba serpentina e olhos cegos, era um cadáver. Sua carne estava rasgada e decomposta, costurada pelo mesmo gel
levemente luminoso que revestia seus dentes. A coisa toda era uma colcha de retalhos de putrefação. Enquanto meu amigo mirava
com sua pederneira, eu vi as cicatrizes onde a criatura rasgou sua carne e eu sabia, também, que nada poderia ter sobrevivido ao ataque
que ele recebeu das presas da Besta.
Depois que a Fera morreu, fugi de Gévaudan, de volta a Paris e a uma vida monótona e metropolitana de encadernação
de livros e festas respeitáveis. Eu tinha... perdido meu gosto pela caça.

Ganchos de História: de um lobo ou cachorro até os galhos nodosos e enegrecidos

Problema de Coisas Nojentas Adiante
• Fique de Pé e Enfrente os Cães do Inferno
Às vezes, os portais para o Mundo Subterrâneo se abrem
em um determinado momento ou quando certas condições
são atendidas. E às vezes, as coisas escapam enquanto os ob-
servadores não estão assistindo. Eles rastejam ao longo das
trilhas escondidas e lugares baixos, estúpidos, mas astutos,
não sendo nada além da necessidade. Eles deslizam entre as
fendas, procurando por algo em que se agarrar. O aperto em
algo, qualquer coisa, desde o cadáver inchado e apodrecido
de uma árvore atingida por um raio. Então, eles esperam. O
alvo específico do desejo varia de sombra para sombra, como
acontece com qualquer fantasma, mas quase sempre é um
caso sangrento quando eles preenchem sua necessidade. Seu
tipo de desejo primordial não se presta bem à sutileza.
Quando essas coisas assombram uma área, não demora
muito para que os corpos se amontoem. Matar uma criatura
não para a fúria, apenas liberta o espectro de sua amarração
e o puxa de volta para o portão, onde ele arranha e geme
até que as portas se abram novamente e é hora de brincar
novamente.

Portoes importantes: O Hotel Esquecido

Às vezes, as coisas se escondem à vista de todos. O Hotel Pináculo já foi bem conhecido. Na era da proibi-
ção, era o lugar para estar. Nas salas principais, grandes bandas e cantores animadores entretinham a elite
rica, mas lá embaixo era onde estava a verdadeira ação. Gângsteres e melindrosas, políticos e empresários
esfregaram as cotoveladas no bar clandestino popular. O Pináculo lubrificou as rodas certas e encheu os
bolsos certos, e nunca foi invadido por abstêmios ou pela polícia.Até a noite em que Tony Dois-Tons entrou
pela porta lateral e descarregou dois tambores de arma Tommy na multidão.
O hotel nunca se recuperou e agora é um arranha-céu de tijolos anônimo, suas janelas com tábuas de ma-
deira longa prateada. O hotel está deserto, ignorado até pelos sem-teto do bairro. Porém, no porão, você
ainda pode ouvir os ecos da festa interrompida. O sangue ainda mancha as paredes e o chão, e a porta
lateral pela qual Tony entrou está fechada com tijolos. Para o tipo certo de mente, alguém recém-saído da
glória do assassinato, a porta ainda se abre.

35
Deixando o Corpo para Tras
 Talvez um coiote espreite os limites de uma cidade do
Novo México, seu casaco sarnento escorregadio com o plas-
ma que o mantém unido. Primeiro, os animais de estimação
da família desaparecem, mas agora uma criança se vai. Ou
um pavilhão de caça nas profundezas da floresta atrai caça-
dores em busca da emoção final, o “grande” inatingível, um
urso que, segundo rumores, matou quase todos os tolos dis-
postos a persegui-lo. Nas favelas, uma matilha de cães selva-
gens passa pelas janelas abertas, latindo e rosnando enquan-
to destroem todos na casa, espalhando um fluido esverdeado
e escorregadio enquanto se preocupam com suas vítimas e
balançam seus focinhos pútridos.
• A Besta Retorna
A famosa Besta de Gévaudan perseguiu sua presa na dé-
cada de 1760, aterrorizando o campo e inspirando histórias
por centenas de anos. Mas um século antes disso, quase 100
vítimas caíram para uma criatura com a mesma descrição.
E quase 50 anos depois que Jean Chastel pôs fim à segunda
besta, mais mortes ocorreram. Talvez os portais em Gévaudan
só abram naturalmente a cada 50 anos. Ou talvez um espectro
que monta a pele tenha seu próprio cronograma. Quando che-
gar a hora certa, o espectro desperta e extingue seu desejo de
homicídio ou coisa pior, até que seu hospedeiro seja destruído
ou cumpra algum requisito misterioso. A cada 32 anos, um
fantasma odioso e estranho espreita as ruas do Bronx, expres-
sando alguma direção desconhecida de assassinar mulheres
morenas na rua. Em uma pequena cidade, os habitantes da
cidade sussurram que a estação está chegando e correm para
dentro de casa a cada 15 anos, orando enquanto a coisa do
lado de fora bate na varanda, suas garras estalando nas ripas de
madeira. Todos os anos na Noite do Diabo, um soldado execu-
tado possui um cadáver decapitado e apodrecido e cavalga por
North Tarrytown, Nova York, em busca de vingança contra os
aldeões que o mataram há séculos.

ADeSociedade do Luto da Rua Angelical (1897)

uma lembrança de Anastasia Wilhelmina Davis, ex-membro da Sociedade do Luto da Rua Angelical, Providência, Ilha Rhode:

UMA LEMBRANÇA DE ANASTASIA WILHELMINA DAVIS

_______________________________________________________________________

Tudo começou como sempre deveria. Com um final. Meu Robert morreu de febre em
6 de outubro, no ano de nosso Senhor de 1892. Sempre me lembrarei desse dia. Lembro-
-me de cada momento em que me sentei com ele enquanto ele desmaiava naquela cama
horrivelmente mofada. Enquanto ele ficava ali resmungando em seu estado delirante e
incoerente, segurei sua mão e desejei que ele voltasse à abençoada lucidez, mesmo que
por um momento, para que eu pudesse dizer meu último adeus. Havia tantas coisas que
eu precisava que ele soubesse ao morrer. Éramos bons protestantes da Nova Inglaterra, e
o ministro estava pronto no corredor.
Lembro-me do papel de parede do quarto. Tinha o padrão mais curioso, linhas sobre
linhas como uma floresta heterogênea de listras! E era tudo na cor de girassóis e luto, o
amarelo claro de torta de chiffon de limão. Era quase o mesmo amarelo da pele ictérica do
meu pobre Robert.
De repente, ele se sentou! Ele me olhou com grande urgência, como se precisasse me
dizer algo muito importante, mas sua voz havia sumido. Ele não pôde deixar de coaxar,
como um sapo. Corri pela sala para encontrar algo para escrever, mas ele não teve forças
para segurar a caneta porque começou a tossir violentamente e toda a sua atenção foi des-
viada para aquela tarefa espasmódica.
Meu pobre Robert morreu sem proferir suas últimas palavras. Ele partiu sem desafo-
gar sua alma. Ele não conseguiu cantar sua última música, como o canto maravilhoso de
Whitman, para dar as boas-vindas à morte e dizer seu adeus para mim. E ele morreu sem
me permitir minhas últimas palavras também.
Eu chorei, como qualquer boa esposa faria. Usei meu vestido de Parramatta preto fosco
e crepe mais tempo do que o necessário, inclusive! Receio que tenha sido isso o que pri-
meiro me chamou a atenção de Prudence e do resto das damas da Rua Angelical. A fofoca
os seguiu como os órfãos de Santa Inês seguiram sua zeladora freira. Eu as conhecia, é
claro. Que senhora de qualquer status em Providence nunca tinha ouvido falar de Pruden-
ce Negra, Jocelyn Edwards e Eva Miller? Elas eram praticamente escandalosas, morando
juntas naquela casa ridícula depois que seus maridos morreram, e eram tão jovens! Elas
certamente poderiam ter se casado novamente, embora seus primeiros casamentos não
tivessem filhos, então dizia-se que eram todas estéreis de qualquer maneira. Pessoalmen-
te, nunca dei muita importância ao “cacarejar das galinhas”, como meu marido chamava.

36
Capitulo Um: Onde a Luz Ainda Brilha
 SOCIEDADE DO LUTO DA RUA ANGELICAL
_______________________________________________________________________

Eu o vi, você sabe. Depois do funeral, durante aquele momento terrível em que to-
dos insistem que você precisa das pessoas, que você ficará totalmente louco sem a com-
panhia constante das pessoas mais próximas. Se alguma vez houvesse algo que pudesse
arruinar uma alma inocente e levá-la a derramar sangue humano, membros da famí-
lia excessivamente atenciosos seriam exatamente isso. Sem a família pairando o tempo
todo, pode-se realmente ter tempo para processar a perda, em vez de simplesmente
guardá-la para mais tarde, de modo que não seja necessário ouvir incessantes besteiras
reconfortantes. Enquanto estava no jardim em 14 de outubro, ouvi o piano começar a
tocar. Prelúdio de Chopin em Ré Bemol. Eu sei, porque era uma das peças favoritas de
Robert, uma coisa perfeitamente horrível cheia de emoção e vigor.
Comecei a chorar, é claro. Como alguém pode ser tão insensível a ponto de tocar
uma música que Robert amava? Eu corri para dentro para dizer a minha irmã para
parar de tocar, mas ela ainda estava dormindo no sofá (Eu escapei para a solidão do
jardim enquanto ela estava tirando uma soneca. Só posso presumir que manter a vigi-
lância sobre mim era uma tarefa exaustiva). Corri pelo corredor até onde estava o piano,
e lá estava ele. Robert se sentou no banco de mogno tão claro quanto o dia. Ele se virou
e olhou para mim com raiva, mas não conseguia falar. Sua boca formou palavras, mas
ele não pronunciou nenhum som.
Minha irmã se mexeu e chamou meu nome. Eu olhei instintivamente e, quando olhei
para trás, ele havia sumido. O pobre Robert perdera novamente a chance de transmitir
qualquer mensagem que tivesse. Fiquei na sala, perto do piano, por dois dias. Minha
família começou a achar que eu tinha enlouquecido, mas precisava vê-lo novamente.
Na segunda tarde, minha mãe trouxe Eva Miller, presumindo que ela poderia ser
capaz de acalmar meus nervos histéricos, já que ela também havia perdido o marido.
Ela ficou quieta na sala comigo enquanto eu me sentei ao piano, tentando decifrar a
melodia do prelúdio de Chopin. Se eu pudesse tocar, talvez ele voltasse? Eu a conhecia,
mas não estava particularmente interessada em sua companhia.
Seu cabelo caía descaradamente, em cachos exuberantes que lhe davam a aparência
de uma cigana em vez de uma dama da sociedade. Olhos escuros me observavam por
baixo de pálpebras lânguidas. Eu podia senti-los em mim, deslizando sobre mim em
julgamento. Ela estava decidindo se eu estava brava. Devo admitir que, na época, eu
não me conhecia bem. Minha mãe ficou parada perto da porta, esperando ouvir nossa
conversa. Quando não falamos, ela finalmente adormeceu. Eva se aproximou, uma vez
que ela se foi.
“É onde você o viu?” ela perguntou, sua voz quase um sussurro. Isso foi inesperado.
Tentei mascarar minha reação. Fiquei surpresa e nem um pouco aborrecida - minha
família estava me espionando e me sufocando?
“Viu quem?” Eu voltei.
“Robert. E antes que você pergunte, é claro que eles não me disseram isso. Imagine
o escândalo! Mas eu posso dizer, Anastasia. Você está agindo exatamente como eu agi
depois que Geoffrey morreu. “
Não vou te aborrecer com os detalhes de como ela me convenceu a me encontrar
com as outras mulheres do que ela chamou de Sociedade do Luto da Rua Angelical.
Basta dizer que sim, e que minha reputação nunca se recuperou.
Quando fui para a casa da Rua Angelical, não sabia o que esperar. Considerando
nossas conversas, suponho que esperava mesas voadoras e expulsão ectoplasmática
transparente. Não houve, um pouco decepcionante, nada do tipo.
Prudence era facilmente a mais estranha da “sociedade”. Ela nunca saía de casa se
pudesse evitar, de acordo com Eva. E não é de admirar! Ela mantinha o cabelo cortado
bem rente, como uma menina ou um homem. Ela até andava com roupas masculinas!
Quando a conheci, ela usava o colete e calça comprida do marido morto. Ela me lançou
um olhar estranho por cima do aro dos óculos e sorriu, mais para si mesma do que para
mim. Então ela voltou a ler seu livro.
Eu fiz uma reverência.

37
Deixando o Corpo para Tras
 UMA LEMBRANÇA DE ANASTASIA WILHELMINA DAVIS
_______________________________________________________________________

“Olá, Sra. Negra, sou Anastasia Wilhelmina Davis.”

“Eva disse que você viu um fantasma”, disse ela, sem rodeios. Seu sotaque não era
identificável. Foi suavizado por uma vaga cadência europeia. Ela largou o livro - Odisseia
de Homero em grego - e olhou para mim. Eu juro, ela parecia querer simplesmente cortar
minha cabeça e pegar o que ela queria diretamente do meu cérebro!
“Eva, você é horrível. Pegue uma cadeira para ela”, disse ela, e Eva saiu correndo, co-
rando. Quando a cadeira foi providenciada e o chá servido, ela me perguntou sobre minha
experiência e eu contei a ela. Depois do chá, ela me levou para sua oficina atrás da casa.
A oficina de Prudence Negra era uma estufa convertida, suas janelas congeladas e ar-
ranhadas além do uso. A luz do sol lá dentro era difusa, mas ainda brilhava nas peças
espalhadas de latão, bronze, cobre e até mesmo um pouco de aço. Dispositivos mecânicos
estranhos de propósito ou utilidade desconhecidos repousavam nas mesas ao nosso redor.
“As lentes desses”, ela pegou um par de óculos volumosos que pareciam ter sido mo-
dificados dos óculos de direção de um cavalheiro, “foram tiradas do cadáver do meu ma-
rido.” Quase desmaiei! “Eles viram a morte e acho que posso controlá-los para revelá-la
mais uma vez.”
Ela me mostrou outras coisas em sua oficina. Coisas que aproveitavam eletricidade de
maneiras estranhas e outros dispositivos que faziam pouco sentido para mim, infelizmente.
Fui bem educada nos assuntos considerados apropriados para uma senhora. Essas inven-
ções e dispositivos estavam totalmente fora da minha experiência. Mas eu não conseguia
parar de pensar nesses óculos. Eles poderiam me deixar finalmente articular meu adeus a
Robert? Ou eles me dariam mais uma chance de quase conseguir o fechamento apenas para
ser novamente incapaz de me comunicar?
Passou-se uma semana antes que minha mãe e minha irmã parassem de cacarejar atrás
de mim como as galinhas que Robert sempre mencionou. As senhoras da Sociedade do
Luto me mandavam buquês quando não podiam visitar; mensagens vinham escondidas
para mim na linguagem das flores. Ivy, por amizade. Iris, pela fé. Maidenhair, pelo nosso
vínculo secreto. E linho, pelo destino. Combinações estranhas com certeza, mas elas fize-
ram seu ponto. Persevere, elas disseram. Estamos esperando o momento certo, mas pode
contar conosco, disseram.
Fiquei fascinada por Prudence Negra. Seus modos estranhos eram tão antitéticos para
a sociedade adequada que criaram uma espécie de romance sobre ela. Ignorar os costumes
sociais tão completamente exigia um tipo de coragem de que eu não conseguia nem come-
çar a me aproximar. Sempre tive medo por minha reputação nos círculos sociais de Provi-
dence. É interessante que a impropriedade seja sempre punida pelos atos mais vulgares.
Quando Prudence e as outras finalmente chegaram, fiz papel de boba. Eu balbuciei,
agradeci e fiz uma reverência até que meu rosto ficou vermelho de ser tão idiota. Descobri
que não era a sociedade que eu desprezava, era apenas minha família. Eu me senti como
se tivesse ficado presa por semanas em uma ilha deserta e finalmente avistei velas no ho-
rizonte. Suponho que não deveria ter ficado surpresa que elas esperaram por uma noite
tempestuosa, destruída por raios e trovões. Prudence tinha uma tendência definida para o
dramático.
Prudence colocou os óculos de proteção na minha cabeça e elas se retiraram para a outra
sala. Quando elas saíram, Eva disse: “Estamos bem aqui, se você precisar de nós”.
Coloquei os óculos, fui para o piano. Mas Robert não estava lá. Eu escutei, e olhei ao
redor da casa, iluminada por rachaduras de raios quebrando o céu. Quando estava prestes
a desistir, ouvi a porta do porão se fechar. As senhoras da sociedade ainda estavam na cozi-
nha, então me aproximei do porão com um pouco de apreensão. O que estava lá embaixo?
Apenas Robert? Se Robert estava lá depois de sua morte, como um dos mortos inquietos,
que outras criaturas poderiam logicamente existir? Minha mão tremia enquanto agarrei a
maçaneta fria.
Eu empurrei a porta. Na parte inferior da escada, pude ver a silhueta de Robert, espe-
rando. Atrás de mim, eu podia ouvir as outras me seguindo à distância enquanto eu descia
as escadas. No porão, ele passou direto por uma estante de livros!
“Onde ele foi?” Prudence perguntou, colocando a mão no meu ombro. Eu pulei.

38
Capitulo Um: Onde a Luz Ainda Brilha
 “Através daquela estante,” eu disse, minha voz tremendo um pouco. Ela deu um
sorriso torto e malicioso. Ela se aproximou da estante e a examinou.
“Oh, ele fez?” E ela derrubou tudo! Atrás da estante havia uma porta, que ela abriu
impetuosamente. “Ela se conecta à sua casa, Ana. Esta é uma notícia brilhante, de fato!”
Eu fiquei em estado de choque enquanto elas se movimentavam ao meu redor. Uma
porta secreta dentro da minha casa? E meu marido sabia disso? As outras senhoras da
Sociedade do Luto voltaram com lanternas e me levaram para aquele buraco escuro.
Viajamos a pé no túnel rústico por quase uma hora, antes que Prudence parasse.
“É isso. Nós encontramos.” Havia admiração em sua voz. Um silêncio que eu nunca
tinha ouvido antes. Mas então eu vi e entendi por quê. Um par de portas maciças feitas
de alguma madeira, prateadas pelo tempo. Todo o edifício era feito de bronze ou latão e
parecia ser mecânico, adornado com engrenagens e pistões. Robert ficou na frente dela.
Eu podia vê-lo, apesar do fato de não estar mais usando os óculos de proteção. Percebi
que tinha a mesma aparência dos dispositivos ocultos na oficina atrás da casa de Pru-
dence.
“Seu marido construiu isso”, eu disse, e ela riu.
“Meu pai construiu isso. Meu marido era um contador ridículo e obtuso. Ele nunca
teria tido essa visão.” Ela agarrou uma alavanca e puxou, forçando um pistão a conduzir
uma haste de metal por uma fenda no teto. “Agora, vamos esperar.”
Mas não demorou muito. O trovão ribombou acima de nós, e um relâmpago deslizou
pela haste, trazendo todo o aparelho à vida! O portal começou a tremer e a tremer. En-
grenagens engrenadas e pistões bombeados. Robert parecia tremeluzir e tornar-se cada
vez mais sólido. Eva e Jocelyn engasgaram - elas também podiam vê-lo!
Quando o portão se abriu, eu sabia que olhava para a terra dos mortos. Prudence
tinha uma expressão louca de exultação ao se aproximar da porta. Um vento frio soprou
de dentro e ela se virou. “Eu vou entrar.”
Eva implorou que ela esperasse, mas ela foi implacável. Jocelyn não estava em lugar
nenhum. Acho que o pobre querido correu ao ver Robert pela primeira vez. A última vez
que vi Prudence foi logo depois que ela cruzou a soleira. Ela nos chamou de volta, antes
de sumir de vista. “Não se preocupe. Eu voltarei em breve!”
Mas ela não voltou. Eva, após alguma preparação, liderou uma expedição, mas eles
nunca encontraram nenhum vestígio dela. Ela nunca foi a mesma, Eva. Acho que uma
parte dela desapareceu com Prudence. Eu não estava em condições de ir atrás dela. Meu
Robert estava lá e podíamos encerrar nossos negócios inacabados.
“Eu tenho que ir,” ele disse. “Eu quero que você saiba-”
“Espere,” eu o interrompi. Eu nunca teria feito isso antes. “Você precisa saber…”
Mas ele não seria negado.
Ele disse: “Eu sei que você me envenenou”.

Ganchos de Aventura: bros mais antigos da sociedade sabem mais sobre o Mundo
Subterrâneo do que muitos dos Devoradores de Pecados mais
Coisas Para Fazer na Nova Inglaterra jovens da cidade, e eles sabem disso. Eles se apegam a seu
Quando Você Está Morto conhecimento com avareza, usando-o como moeda, trocando
• A Sociedade do Luto da Rua Angelical um fato por vez em troca de novas informações ou peças para
Em uma casa inócua na Rua Angelical, um estranho co- consertar as estranhas invenções que Prudence deixou para
ven de mulheres toma seu chá e lê seus livros e, quando tem trás.
vontade, convoca fantasmas e explora o Mundo Subterrâneo. A Casa Davis continua sendo a casa do capítulo da socie-
Os membros mudaram desde a época de Anastasia, devido à dade, adotada após o desaparecimento de Prudence Negra, e
morte (natural ou não), desvanecimento do interesse ou, pelo deixada para os membros no testamento de Anastasia.
menos um caso, o abraço de um vampiro. • As Cavernas da Providência
Elas continuam sua lenta compilação de informações so- De acordo com algumas fontes, um vasto labirinto encon-
bre fantasmas e mortos. Conforme sua informação cresce, elas tra-se sob a cidade de Providência, Ilha de Rhode. Quilôme-
vagam mais e mais longe em busca de novos petiscos. Os mem- tros de túneis conectam as casas mais antigas umas às outras
em um labirinto cheio de nós que chega até o cemitério Ponto

39
Deixando o Corpo para Tras
 do Cisne. No cemitério, sob a terra apodrecida grávida de cai-
xões e cadáveres, os túneis terminam no túmulo de Prudence
Negra, permitindo que membros da Sociedade do Luto en-
trem e saiam depois que o cemitério é oficialmente fechado à
noite, sem levantar suspeitas ou mesmo serem vistos.
Mas esses túneis não são seguros. As coisas fixaram re-
sidência no escuro. Os vampiros se escondem nas sombras
dos túneis “mais seguros”, mas mesmo eles não enfrentam as
profundezas. Eles falam de fantasmas e criaturas inumanas
e entidades híbridas aterrorizantes que despedaçam a mente
e deixam seu corpo uma casca vazia. Em alguns lugares, o
caminho é estreito e aqui se torna sem aviso ou sinal. Você
vagueia pelos caminhos subterrâneos de nosso mundo e, sem
aviso, se encontra nas Profundidades. E, pior ainda, pode
acontecer o contrário. Coisas estranhas que costumavam ser
fantasmas podem encontrar seu caminho pelas entranhas da
terra, cavando e arranhando seu caminho para um porão co-
nectado aos túneis, esperando na escuridão. Apenas esperan-
do que alguém, alguma coisa, abra a porta.
Lá embaixo podem ser encontradas recompensas para os
intrépidos ou tolos o suficiente para buscá-las. Pessoas - huma-
nos, vampiros e outros - fizeram seus lares sob o mundo mortal.
Aqueles que assistem sem participar, absorvendo informações,
fofocas e rumores podem ser trocados. Ou talvez um vampiro,
ou círculo de vampiros, queira apostar em alguma proprieda-
de subterrânea, mas a casa escolhida já está ocupada. A coisa
(ou coisas) que o chama de lar deve ser negociada ou expulsa.
Para aqueles que sabem, mercadores mortais deslizam entre
os mundos, fazendo acordos com Devoradores de Pecados e
necromantes por artefatos e mementos.

Portoes importantes: A Tumba da Prudencia Negra

Em Providência, Ilha de Rhode, no cemitério Ponto do Cisne, há um mausoléu que chama a atenção. É - ao
contrário dos prédios brancos imaculados erguidos ao seu redor - um cinza-ardósia opaco. Na frente do
edifício está um friso, representando uma montagem de motivos de luto, juntamente com figuras de mitos
mundiais e histórias associadas à morte, como Orfeu e Ofélia. No topo da tumba, uma torre de metal sobe
para o céu, atraindo raios a cada tempestade.
Quando o relâmpago atinge, ele canaliza através das paredes para a alcova abaixo da cripta, descarregando
em um estranho aparato de madeira e latão chamado Dispositivo Acheron. A engenhoca ronca e brilha, fais-
cando e piscando com eletricidade presa. Engrenagens engrenam e rolam e uma porta se abre para o Mundo
Subterrâneo. Prudence desapareceu ali. Seu túmulo está vazio, mais um monumento do que um mausoléu.
Os atuais membros da Sociedade do Luto se reúnem na tumba durante as tempestades, esperando que seu
fundador volte com segredos sombrios ou faça suas próprias caminhadas na parte rasa das Profundidades.

Operação Mimir (2003)

De um e-mail enviado por Justin Rollins, Força-Tarefa: VALQUIRIA geólogo designado para Grants, Novo México:

Operação Mimir. Mail https://mail.live.com/default@?&=g1857mf=0&xyzSH7GMU2GRYT3

----- INICIAR MENSAGEM ATRIBUÍDA PGP -----

Para: ps78127@tfv.gov
De: jtr081729@tfv.gov
Assunto: Operação Mimir

Hash: SHA1

Peter,

As coisas não foram tão bem no Novo México. Na verdade, foi uma bagunça completa. Eu sei que eles estão enviando
recomendações com base em nosso relatório, mas não acho que King está levando isso a sério o suficiente. Você precisa
saber o que aconteceu de alguém que estava no terreno.

King nos enviou para o sistema de cavernas sob parâmetros operacionais padrão. Estávamos usando uniformes da
Guarda Nacional e tínhamos uma papelada que nos identificava como destacamento da Segurança Interna, se alguém
perguntasse. Eles não fizeram isso, mas eu quero que você saiba que seguimos o livro.

A operação era para ser apenas exploração e coleta de inteligência. Um sistema de cavernas foi descoberto perto do
Monte Taylor e fomos designados para avaliar a situação. Era uma equipe de cinco homens, composta por mim, Navid-
son, Ottman, Warner e Martin. Entramos no sistema de cavernas sem incidentes. Eu peguei amostras geológicas que

40
Capitulo Um: Onde a Luz Ainda Brilha
Operação Mimir. Mail https://mail.live.com/default@?&=g1857mf=0&xyzSH7GMU2GRYT3

eram consistentes com o Lineamento Jemez ao redor. Ottman definiu encargos de contingência apenas no caso de
algum acidente.

Primeiro, o túnel se estreitou até que tivéssemos que rastejar em fila única, então ele se expandiu em um enorme cofre,
onde eu, novamente, encontrei resultados consistentes. Estou anexando algumas das fotos que recuperamos da câmera
de Navidson. Fluxos padrão de alto teor de sílica que, embora estranhos em comparação com o alto teor de pedra-pomes
em outros cones compostos, estão perfeitamente dentro da norma em Mount Taylor.

A estranheza começou à medida que fomos mais fundo. Comecei a ver traços de basalto e, em seguida, xisto preto do
Cretáceo na época em que os instrumentos da Warner não funcionaram corretamente. A temperatura ambiente estava
em torno de -1 a 4 graus, com base em nossas próprias estimativas. Os instrumentos da Warner registravam 728 graus.
Nessas temperaturas, a rocha teria derretido e a lava estaria fluindo pela abóbada.

As medições de temperatura continuaram erráticas, em um minuto registrando temperaturas anormalmente altas, no

minuto seguinte relatando temperaturas absurdamente baixas. Para nossos sentidos físicos, a temperatura ambiente não
oscilou. Eventualmente, os instrumentos da Warner pararam de funcionar totalmente.

Todos nós usávamos radiação padrão e equipamento de detecção de gás volátil, mas eles também se tornaram inúteis.
Cada dispositivo relatou resultados diferentes. Ainda tínhamos contato por rádio com King no momento, e ele ordenou
que continuássemos, apesar de nosso equipamento com defeito.

Perdemos contato quase imediatamente depois disso. Ottman tomou a decisão de comando de voltar, mas não pude-
mos. A passagem pela qual havíamos acabado de entrar havia sumido. Não foi um desmoronamento. Simplesmente não
estava lá. O xisto era liso e mostrava todos os sinais de que tinha sido assim por pelo menos 65 milhões de anos. Não
tínhamos escolha a não ser continuar e esperar por um respiradouro ou outra passagem de volta à superfície.

Enquanto descíamos, ouvimos um som ecoante e acelerado. Descobrimos um rio subterrâneo, mas não tínhamos ne-
nhum equipamento de mergulho conosco, então optamos por explorar mais. Atravessamos o rio por meio de uma ponte
natural, onde a água corria por baixo da rocha.

A temperatura começou a cair ainda mais. Definitivamente caiu abaixo de zero. Havia pingentes de gelo pendurados no
teto e manchas de gelo no chão. Warner escorregou em um dos remendos e cortou o braço em uma pequena saliência.
Enquanto Martin fazia o curativo, Navidson viu o primeiro deles.

À frente, bem no limite do alcance de nossa luz, ele avistou movimento. Ficamos na defensiva. Ottman e Navidson as-
sumiram a liderança, enquanto Warner e eu assumimos a retaguarda. Quando entramos no próximo cofre, nossas luzes
elétricas se apagaram. Mas não antes de os vermos.

A sala estava cheia de pessoas. Pessoas com roupas esfarrapadas e arcaicas, vestindo roupas condizentes com as
tribos indígenas da área. Todos ficaram em torno de um enorme monólito de obsidiana. Eles se viraram para olhar para
nós e então, como eu disse, nossas luzes se apagaram.

Estouramos bastões luminosos e acendemos sinalizadores. Nenhuma surpresa, mas nosso equipamento de visão no-
turna também estava funcionando mal. Navidson falou, tentando explicar que estávamos perdidos. Eles acenaram para
ele, para todos nós, e ele se aproximou. Ottman manteve seu rifle apontado para a multidão. Ele gritou para Navidson
esperar.

Eles o devoraram. Eles atacaram como um só e o puxaram para o chão em frente ao monólito. Ottman começou a atirar
na multidão, mas havia muitos. Nós recuamos. A última coisa que vi de Navidson foi um deles, um menino, segurando o
rosto firme enquanto rasgava a bochecha de Navidson com os dentes. Ottman jogou uma granada na multidão e me ar-
rastou de volta pela passagem. Quando a granada explodiu, houve um som de estilhaçamento, seguido por um estrondo
enorme. A fumaça se dissipou e vi um pedaço do monólito, um fragmento denteado de obsidiana fumegante, perto da
entrada do cofre. Eu agarrei. Ainda estou realizando testes nele.

A passagem era apertada o suficiente para que pudéssemos aguentar pelo menos um pouco. Nós estávamos errados.
Eles ignoraram nossas balas e Warner foi o próximo a cair.

Recuamos de volta para onde a passagem havia fechado... não posso explicar. Geologicamente, não faz sentido. A
passagem estava de volta, e podíamos ouvir King gritando no rádio. Nós evacuamos e Ottman explodiu as acusações de
contingência assim que estávamos livres.

Isso foi um erro. Todos nós sentimos isso. Os explosivos quebraram algo. Desde que saímos, eu os tenho visto. Na beira
da estrada. No final do corredor. Eles estão livres agora. Mas King não me escuta; ele me diz para ir brincar com minhas
pedras. É por isso que preciso de sua ajuda, Peter. Nós os libertamos daquela caverna e temos que encontrar uma ma-
neira de colocá-los de volta.

Justin

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Deixando o Corpo para Tras
 Operação Mimir. Mail https://mail.live.com/default@?&=g1857mf=0&xyzSH7GMU2GRYT3

----- FIM DA MENSAGEM ASSINADA DE PGP -----

----- BEGIN PGP SIGNATURE ----- Versão: GnuPG v1.4.6 (MingW32) iD8DBQFFzTkiCMEe-
9B/8oqERAqWfAJ9AEbgr3OvW6Xt0aXGavJCf0ydT1QCfRS0/EnYiNJC91aX5gHNlCBx01RI =
= OHeH -----
ASSINATURA FINAL PGP -----

42
Capitulo Um: Onde a Luz Ainda Brilha

Ganchos de História: Sob a Pele
• De Volta à Montanha
Algo está rachado e quebrado. O Monte Taylor é sagra-
do para os Navajo como Tsoodzil, ou Montanha Turquesa,
mas quando a expedição da Força-Tarefa: VALQUÍRIA (um
grupo de caçadores de monstros sancionado pelo governo)
entrou, eles quebraram algo, liberando sombras presas sob o
manto do vulcão adormecido . Agora eles se espalharam até
Grants, a sudoeste da montanha. Para acalmá-los e impedir
que outras coisas escapem do portal quebrado para o Mundo
Subterrâneo, alguém precisa consertar o monólito ou encon-
trar outra maneira de fechar a fenda.
• Varrendo
Claro, consertar o monólito não necessariamente aprisio-
nará as sombras que escaparam novamente. Caçá-los e apa-
ziguá-los, capturá-los ou destruí-los não é uma tarefa fácil. E
quem sabe por que eles foram presos lá? Talvez eles tenham
infringido as Leis Antigas e os Kerberoi os tenham punido.
Ou eram cultistas que adoravam algum deus herético em
vida... ou após a morte. Talvez os fantasmas libertados nem
sejam os piores. A abóbada poderia ter sido acessível cente-
nas de anos atrás, servindo como um templo para alguma
religião das trevas antes de os seguidores serem presos pela
coisa dentro do monólito - que agora está livre.

Portoes importantes: a Torre Branca

Em Tampa, Flórida, há uma torre branca isolada no meio do gueto. Seus parapeitos oferecem uma visão de
casas dilapidadas e lojas de departamentos decadentes. Oficialmente a Torre de Água Seminole Heights, fica
ao longo do Rio Hillsborough, em um pedaço de vegetação improvável, um refúgio da natureza no meio da
expansão urbana. Placas desbotadas anunciam projetos que vão de um cinema drive-in ao Parque de Negó-
cios Torre Branca, mas nada é concluído. Mortes estragam cada tentativa de construção e, eventualmente,
os sinais de descascamento tornam-se o único sinal de que algo já foi planejado em primeiro lugar.
Os Devoradores de Pecados locais sabem que, uma vez por mês, a própria torre se torna um portal,
permitindo a passagem para o Mundo Subterrâneo para aqueles com meios ou determinação para cruzar
o limiar. Em outras ocasiões, as comparças locais usam a torre como ponto de referência ou ponto de
encontro. Às vezes, elas até organizam carnavais na faixa de floresta abaixo da torre, usando manifestações
para esconder sua presença de policiais e viciados fora da cerca de arame farpado.

ODePortão Negro
um manifesto dado a uma comparsa de Devoradores de Pecados em Tampa, Flórida:

A Igreja Gloriosa do
Espírito Unificado
Isso não é tudo que existe. Você sabe disso tão bem quanto eu, você sente isso em seus ossos.
Há mais coisas neste mundo, mas não podemos ver. Nos não somos permitidos. As coisas
fazem
cócegas nas bordas de sua consciência todos os dias. Esse movimento no canto do olho.
A luz
que você sabe que desligou.
A ciência nos diz que não existe vida após a morte. O chamado “pensamento racional”
nos
diz que os espíritos não existem. Mas eu digo que quando você vê e sente algo, ele deve
existir.
Todos nós vimos coisas que não podemos explicar pelas lentes da ciência. Não é mais suficiente
explicá-lo como coincidência ou acaso. Estou aqui para lhe dizer que não é nenhuma
dessas
coisas. Seus entes queridos, meus entes queridos, eles permanecem nesta terra mesmo
depois
de serem expulsos de seus corpos físicos e carnais.
Embora tenham sido libertados do confinamento da carne, eles ainda desejam cuidar de
nós,
nos ensinar as coisas que aprenderam do outro lado. É muito importante para eles que
perma-
neçam perto de nós, em vez de passarem para suas recompensas finais. E, no entanto, muitos
de
nós optamos por ignorá-los. Muitos de nós fingimos que eles não existem. Você pode continua
r

43
Deixando o Corpo para Tras
 udos que
nce de que seu s entes Os anjos estão entre nós. Os sort
hou ver um a cha dos bril hantes
assim, se
and o ajud á-lo ? unificaram seu espírito com um s do
que rido s este jam tent anjo s; men sag eiro
emos nos estão lá fora. Eles são
Não desperdice seu sacrifício! Dev Igre ja além enviados par a nos ens inar com o alca nçar
ens inam ento s. Nós aqu i da nos tor-
abrir aos seus ente quando
Esp írito Uni fica do que rem os ajudá- a mesma unificação! Som dad eira men te
Gloriosa do podemos ver
a se abr ir par a a uni fica ção do espírito possí- namos como eles par a o pró xim o pas -
-lo anidade
aos seus entes conduzir a hum
vel, para que você possa dar voz Jun tos, os mem bro s da Igre ja
eles querem lhe so da evolução.
queridos e aprender as lições que a vida e a Gloriosa do Espírito Uni
ficado os encontrarão
Alc anc e a linh a div isór ia entr e
ensinar. eles.
que você nun- e aprenderão com
morte e diga a eles todas as coisas ca Aja hoje ! Jun te-s e à Igreja Gloriosa do Es-
que eles nun
ca disse e aprenda todas as coisas pírito Unificado e apr enda o quanto do nosso
puderam lhe mos trar . te perdendo. Estenda
Ado ram . Seu s ente s queri- mundo você está realmen
Os Bril han tes Nos tes para se livrar das algemas
han tes, levando-nos a as mãos confian
dos se torn aram luze s bril sucesso. Ganhe a vantagem de
as entre a vida e da vida, sem
um mundo onde não há fronteir s e erra - que você precisa para competi
r na economia
rub ar as par ede
a morte. Eles que rem der os segredos daqueles que
doe nça e o ódi o. Doe nça e viol ência não de hoje, aprendendo
dicar a
linha entre eles vieram antes!
terão mais importância quando a
e nós for eliminada.

Você precisa saber. A igreja não é o que parece. Eles não são apenas
malucos da nova era montando pequenas árvores de dinheiro assustadoras
em
seus cubículos. Eles passa m por outro nome: o Portão Negro. Fique de olho.
Eles pensa m que vocês são seus deuses e querem se tornar um sacrif
ício
adequado para você. Mas eles acha m que precisam levar tantos outros com
eles quanto puderem antes de fazê-lo. Cuidado com as costas. O que
você
acha que eles farão quando perceberem que vocês não são deuses?

Ganchos de História: O Portão Negro
• Adoradores do Vínculo
Depois de serem iniciados no Portão Negro, os membros
são ensinados sobre o Vínculo como se fossem a expressão
máxima do que podem se tornar. Para eles, um Devorador
de Pecados é uma expressão quase perfeita de seus objetivos:
uma relação simbiótica perfeita entre um fantasma e um hos-
pedeiro físico. Muitos membros passam a vida tentando se
tornar Devoradores de Pecados. A maioria deles está faltando
alguns ingredientes-chave, no entanto. Eles não são médiuns
ou psiquicos, nem são infundidos por energia mortal. Eles
simplesmente não têm o que é preciso para atrair um geist.
Não é culpa deles, é claro: a maioria dos Devoradores de Pe-
cados não sabe como atraíram seu parceiro. Mas isso não
impede os cultistas do Portão Negro de tentarem se transfor-
mar barganhando com fantasmas, entregando-se por posse
e coisa pior, ou (para aqueles com o tipo mais perigoso de
conhecimento incompleto) até mesmo tentando orquestrar
elaborado quase-experiências de morte para atrair um fan-
tasma no momento crítico. Pior, seu sistema de crenças é tal
que muitas vezes tentam ajudar os outros a se libertarem de
seu estado mortal limitado ao mesmo tempo, com ou sem
sua cooperação. Um cultista do Portão Negro pode causar
um grande engavetamento na rodovia. Outro pode reunir
seus amigos ou familiares e “libertá-los”, um a um, antes de se
matar. Outro cultista pode esconder uma bomba no saco sob
sua cadeira na praça de alimentação de um shopping, levando
a si mesmo e a todos ao seu redor no esquecimento. Cada um
deles deixa um sigilo, invertido como na simbologia do Tarô,
gravado em um pedaço de papel. É um símbolo que significa
“estilhaçar” na língua antiga, junto com uma nota divagante
cheia de imagens de morte.
Há algo sombriamente tentador na ideia de que o Portão
Negro adora os Devoradores de Pecados. É uma viagem do ego
saber que alguém pensa que você é especial e muito fácil cair
na armadilha de deixar isso subir à sua cabeça. Mas quando as
atrocidades acima são cometidas em seu nome - para agradá-lo
- como você se livra? O tipo de pessoa que chega aos escalões
superiores do Portão Negro não é do tipo que leva isso de
ânimo leve quando seu “anjo” não está mais se divertindo.
Um Devorador de Pecados pode ser o objeto de sua adoração,
mas isso pode se transformar em uma prisão (ou pior) rapida-
mente quando o Devorador de Pecados não corresponder às
expectativas do culto. Quando pessoas normais que ignoram
a existência de fantasmas e ignorantemente preferem viver são
insultadas, quão pior é o Devorador de Pecados que valoriza a
vida em vez da morte e desperdiça os presentes que receberam
dos “Brilhantes?”

44
Capitulo Um: Onde a Luz Ainda Brilha
 Observe que é igualmente provável que os membros do vel, especialmente se uma comparsa de Vinculados está inves-
Portão Negro adorem outras criaturas sobrenaturais - vam- tigando o culto ao mesmo tempo que uma célula de caçador.
piros, mortos, têm muito poder. Os Changeling são capazes A contenda entre uma célula e uma comparsa pode dar aos
de desaparecer deste mundo em um mundo louco de espi- cultistas tempo para reagir que de outra forma não teriam ou,
nhos e beleza eterna. Caçadores da linhagem Lucifuge têm opara complicar ainda mais as coisas, pode alertá-los da pre-
Próprio Sangue do Diabo pulsando em seus corações. Todos sença de anjos entre eles, levando-os a visar especificamente
esses podem acabar como alvos para a adoração do Portão amigos dos caçadores, os caçadores a si próprios ou a outras
Negro se a história permitir. pessoas que os Devoradores de Pecados conhecem, a fim de
• Caçando o Portão Negro “impressioná-los”. Se capturados pelos caçadores, os cultistas
O Portão Negro comete atos que podem facilmente levar podem orgulhosamente jurar lealdade às comparsas, criando
uma célula de caçador ao conflito. Que eles façam isso em outra camada de antagonismo entre os dois grupos.
nome de Devoradores de Pecados é particularmente lamentá-

Portoes importantes: o labirinto do caixa

Albert Teller, um filantropo e empresário, disse uma vez: “Toda a vida é um labirinto, e aqueles que têm
sucesso são aqueles que se recusam a seguir o caminho. Eles passam por becos sem saída e por cima das
paredes. Eles abrem novos caminhos.” Essas palavras, seu princípio orientador, foram o combustível de seu
sucesso. Fiel à sua palavra, ele abriu novos caminhos em cada setor que tocou. E quando sua casa foi cons-
truída, ele mandou erguer um labirinto como um lembrete. Ele riu com repórteres e biógrafos e apontou
para o labirinto de pedras coberto de musgo. Ele os desafiou a resolvê-lo. Alguns seguiram seu conselho,
escalaram as paredes e chegaram ao centro. Outros descobriram acidentalmente a verdade.
Albert Teller era um necromante. Seu aguçado conhecimento de negócios era, na realidade, uma sagaz
coleção de consultores espectrais. O próprio labirinto foi construído a pedido daqueles conselheiros,
sua configuração um sigilo elaborado, um feitiço de abertura. Aqueles que resolvem o labirinto complexo
ridículo geralmente saem do outro lado, nas espirais labirínticas de um domínio do Mundo Subterrâneo.

AUma
Máscara Vermelha (2009)
história contada por Zita Vargas e transcrita por Joey Cavanagh, membros da Santa Comparsa do Bronx:

Eu vi alguma merda fodida.

não
Você esteve nas profundezas, certo? Eu odeio aquele lugar. Se você
diabos eles dizem que estão
pode confiar nas estradas para ir aonde
eu
indo, você não pode confiar em nada, estou certo? Sim, sim, sim,
normais não se aplicam . Saber disso é uma porra de um
sei, as regras
pequeno conforto quando você está assistindo túneis inteiro s mudarem
de direção bem na sua frente.
pen-
Não é tanto que as regras não se apliquem lá, mas sim que aqueles
m, então fazem
dejos do Mundo Subterrâneo seguem as regras e os derrota
uma maldita dança sobre suas cabeças. Não está certo, Joey.
com-
Você deveria ter estado lá. Todos os conjuntos estavam lá. Eu vi
desgraç ados.
parsas de lugares distantes como Nova Jersey, os pobres
e as
Gianni nos pediu para representar os Santos. Eu vi os Coveiros
Irmãs, sabe, aquelas vadias malucas de Tarryto wn? Tekniva l, os heróis
de Hudson... Você escolheu um ótimo momento para fugir da cidade.
n,
Certo, primeiro a primeira coisa. Ellis abriu o portão em Woodlaw
s lá. Eu deixei sua bunda louca liderar o
você sabe qual? Nós entramo

45
Deixando o Corpo para Tras
 Não
caminho, certo, e Lee ficou na retaguarda. Não era a mesma coisa.
s explodi ram no velho tú-
tem sido o mesmo, desde que aqueles mineiro
nel. Mas é por isso que estávam os indo em primeir o lugar.

que
Dava para sentir, até os fantasmas estavam assustados. Eles sabem
Maçã. Não é o mesmo. Ha-
a merda está batendo no ventilador na Grande
via mais deles nos observa ndo, mas nenhum deles falou comigo. Normal-
mente, você não pode calá-los, certo? Acho que pode ter sido Ellis.
Você notou que ele tem uma colher trançada no cabelo agora? Louco.

Então, passamos despercebidos sem o pedido normal de pedidos de favo-

deve
res, isso foi bom. Não sei de quem foi a Máscara Vermelha, mas
senso de dar uma
ter sido um fantasma. Qualquer um de nós teria o bom
porão do inferno . Acho que é
festa no armazém em vez de colocá-la no
os olhares indiscr etos e isso dá aos fan-
menos provável que recebam
uma
tasmas a chance de brincar, mas, sério? É como fazer uma rave em
. Tudo o que eles
casa de repouso. Fantasmas são chatos pra caralho
ou
fazem é falar sobre onde erraram, ou quem eles precisam alcançar,
porque eles precisam de vinganç a... Eles definit ivament e não sabem
como festejar.

Ou assim pensei! Quando chegamos lá, a merda já estava em pleno anda-

Los
mento. Você já foi ao Mardi Gras? Ou no México durante o Dia De
estou brincan do, cara. Foi bolas pra fora. Gianni nos fez
Muertos? Não
usá-los , mas isso
pegar essas máscaras. Ele me disse que tínhamos que
não anula o propósito de representar, se estivermos escondendo nossas
a
identidades? Não se preocupe, disse ele, faz parte da Lei durante
a. Então, sim, nós usamos nossas máscara s, assim como
Máscara Vermelh
todo mundo. Mas todos estavam com suas cores e essas coisas, então
você sabia quem todos eram, certo? Não fazia sentido para mim.
en-
Foi bem acabado por estar abaixo. Cordas de luzes de Natal estavam
.. alguém fez
roladas por todo o lugar, penduradas na tubulação ossuda.
uma escultura de arte estranha, tipo, no centro da festa. Não percebi
e
até chegar mais perto que era uma pilha de capacetes de construção
barricadas.
-
Os fantasmas que vi lá eram muito mais interessantes do que a varieda
de de jardins que você vê aqui. Mais perigos o também, aposto. Um deles
e
tinha mais dentes do que todas as pessoas da vizinhança juntas. Ah,
as outras comparsas estavam mostrando cores como você não acredit aria!
Os Meninos do Mambo estavam tão enfeitados que Lee teve que agarrar
a coleira de Ellis para manter seu traseiro na linha. Nunca vi tantos
mementos em um só lugar.
as
A merda que os mineiros soltaram pode ter nos unido, mas as compars
um carnava l gigante . Foi interes sante ver.
estavam tratando isso como
Eu sei que o Mambo não se dá bem com as Irmãs, mas elas eram amigui-
e
nhas lá dentro. Na verdade, eles estavam falando como se não houvess
problema algum. Como se eles nem se conhece ssem e eu finalme nte enten-
e
di. As máscaras são uma desculpa! Podemos despejar a merda na porta
apenas fingir que não sabemos quem são as pessoas .

pega
Havia música. Pano e osso de verdade, matéria crua. Tipo, você
a até que tudo que você resta é o pon-
tudo sobre uma música e descasc

46
Capitulo Um: Onde a Luz Ainda Brilha
 che, a emoção disso... Essa é a merda que eles estavam tocando.

Tipo jazz raíz ou algo assim. Muita troca entre os grupos, troca de
coisas e outras coisas, eu acho. Eu não estava prestando atenção. O
fluxo foi realmente bom. Lee deixou Ellis falar um pouco, mas você po-
dia ver que ele estava esperando para se desculpar por ele novamente.

Ninguém tirou a máscara. Provavelmente uma coisa boa, porque podíamos

dizer que eles estavam assistindo. Não os vi, é claro, mas você sabe
que quando eles deixam algo assim acontecer, eles ficam de olho nisso.

Todo mundo falava sobre a merda que os mineiros soltaram, mas ninguém
sabia o que era. Parece que está machucando os fantasmas também, apo-
drecendo seu brilho verde como uma espécie de lepra assustadora. É o
homem da peste, estou lhe dizendo. _ Exceto que desta vez é a Morte
Verde.

Ganchos de História: pelo governo na Louisiana, destruindo as paredes de um ce-

mitério acima do solo. Ou um antigo local de teste de bomba
Convenção e Contágio é descoberto para avaliação bem no meio da Porra de Lugar
• A Loucura dos Mineiros
Nenhum, Nevada.
Nos últimos 40 anos, a cidade de Nova York vem realizan-
do o maior projeto de obras públicas do Hemisfério Ociden-
• Encontros do Mundo Subterrâneo
Muitos dos Domínios Mortos do Mundo Subterrâneo
tal, construindo um terceiro túnel de água para aumentar o
têm leis contra as interações entre os vivos e os mortos. Ne-
abastecimento de água da cidade. Os mineiros urbanos que
cromantes e até Devoradores de Pecados ainda contam como
trabalham neste vasto projeto são chamados de “mineiros”.
vivos, e os Kerberoi não costumam fazer exceções quando
Eles têm sido parte integrante da infraestrutura de Nova
aplicam as Leis Antigas. Mas às vezes, quando chegar a hora
York desde a construção da Ponte do Brooklyn. Eles passam
certa, uma cerimônia ou reunião pode ser permitida. As leis
o tempo 40 metros abaixo das ruas da cidade, explorando
não são relaxadas nesses casos, mas sim trocadas por alterna-
túneis de metrô e esgotos, fazendo novos túneis de concreto
tivas. Durante o período da Máscara Vermelha, por exemplo,
e aço para expandir o vasto labirinto abaixo de Nova York. E
todos os viventes presentes no encontro devem permanecer
eles veem coisas. A maioria deles não fala sobre isso, mas se
mascarados. Os mortos não precisam seguir a mesma regra,
você passar bastante tempo fuçando no escuro, certamente
mas freqüentemente fazem o possível para alterar sua aparên-
encontrará algo.
cia de qualquer maneira.
Enquanto explodiam sob o Bronx, os mineiros fizeram
Essas reuniões variam de domínio para domínio. Em Co-
exatamente isso. Eles descobriram um antigo túnel de metrô,
bán, as sombras acolhem um jogo de bola maia antigo a cada
lacrado nos anos 30 após um trágico acidente e desaparecido
cinco anos. Em Tóquio, os fantasmas do Domínio do Lótus
dos mapas da cidade. Oficialmente, uma bolsa de gás foi li-
Branco proíbem beber das águas de seu Mundo Subterrâ-
berada. Mas os oito mineiros que trabalharam na demolição
neo, exceto por um dia por ano, quando as flores de cerejeira
não foram as únicas vítimas do que realmente aconteceu.
caem das árvores. Nesse dia, eles realizam uma cerimônia do
Aqueles que lidam com fantasmas notaram uma... deteriora-
chá onde os Devoradores de Pecados podem beber chás pre-
ção. Algo está lá fora, e os fantasmas que entram em contato
parados na água normalmente proibida. Alguns Devoradores
com isso nunca são os mesmos. Pode ser uma criatura, uma
de Pecados reclamam que as Leis foram feitas para serem que-
coisa ecto-fágica que prospera no plasma que alimenta fantas-
bradas. As regras bizantinas e não intuitivas que governam
mas e Devoradores de Pecados. Pode ser algo mais estranho,
o Mundo Subterrâneo parecem ter sido criadas para serem
um vírus espiritual ou praga, o que Zita chamou de Morte
propositalmente difíceis de seguir. À primeira vista, as regras
Verde. Mas se isso afeta fantasmas? O que isso pode fazer a
podem até parecer contraditórias, levando uma à quebra em
um geist?
nome da defesa de outra. Em alguns casos, isso pode ser ver-
Esta violação aconteceu no Bronx. Mas uma violação se-
dade, mas na maioria dos casos, a intuição humana e a razão
melhante pode ocorrer em qualquer lugar que a humanida-
simplesmente não são compatíveis com a natureza estranha
de penetre nas profundezas do ponto fraco de uma cidade.
dos seres que criaram essas leis, ou as leis foram criadas há
Talvez a erosão do lençol freático cause um ralo em um bair-
tanto tempo que a razão de sua existência foi perdida até
ro de Miami construído em um antigo cemitério, ou uma
mesmo para os fantasmas mais antigos.
tempestade derrube a proteção contra enchentes construída

47
Deixando o Corpo para Tras
 Meu Querido Bartolomeu,

Não tenho nenhuma explicação para o que testemunhei ontem à noite, e anoto aqui os eventos
da melhor maneira que posso relembrá-los. Se você puder me explicar o que vi, serei eternamente
grata. Eu mal dormi ontem, a Besta dentro de mim uivando de medo, tentando me forçar a acordar
como se estivesse sob constante ameaça. Hoje à noite, eu mal consegui me acalmar o suficiente para
atrair um vaso, e o sangue tinha um gosto ralo e fraco. O que quer que eu tenha visto, não posso
nomeá-lo e não consigo afastá-lo de minha mente.
Você deve se lembrar de minha última carta que o círculo às vezes conhecido como os
“Cavaleiros” (por sua escolha de refúgio, e nada mais, eu garanto a você) intermediou um acordo com
um representante local do Invictus. Eles desejavam encontrar as origens de uma taça que haviam
encontrado, aparentemente esculpida em ônix ou alguma outra pedra negra. O Invictus em questão
era uma Sombra chamada Persu, e embora ele seja aparentemente uma figura bem respeitada nos
círculos ocultistas, os Membros de nossa cidade não
tinham nada a dizer sobre ele. Como meu mentor
sabia da reunião, ele me pediu para acompanhar
Persu, simplesmente no interesse de evitar
que um de nós estivesse em uma sala de
Dragões e nenhuma outra testemunha.
Os cavaleiros chegaram com a taça
e Persu a ergueu como se estivesse em
êxtase. Ele sussurrou em francês, e
aparentemente nenhum dos Dragões
entendeu, mas sua tutela me serviu bem.
O que ele sussurrou foi: “Finalmente,
depois de tantos anos, posso voltar”.
Com isso, ele se virou e jogou
a taça contra a parede. E, Deus
como minha testemunha, a parede
desmoronou, revelando um corredor
escuro e pedregoso. Persu passou por
aquele portão, sem olhar para trás,
enquanto os Cavaleiros pararam ali,
atordoados. Ele fez uma curva e não
pudemos mais vê-lo, mas o portão
permaneceu aberto. E então um
dos Cavaleiros, uma Súcubo chamada
Cinza Violeta, o seguiu, uma garota
impulsiva que ela é. E seu círculo a
perseguiu.
Caminhei apenas até a
entrada da caverna e escutei. E
os sons que ouvi, Bartholomew.
Meu Deus. O lamento, os rugidos, as
ondas - ondas; como se houvesse um
oceano sob a cidade - e os gritos dos
torturados.
Saí e voltei esta noite, antes
de começar esta carta para você. A
caverna se foi e ninguém viu Persu ou
os Cavaleiros durante a semana desde
aquela noite. Por favor, Bartolomeu,
diga-me que foi algum truque que Persu
empregou. Diga-me que o portão não é real.

Sua Andrea
 Capítulo Dois:
Culturas Ctônicas
Nada é eterno. Os habitantes sobrenaturais do Mundo das Trevas podem se
considerar imortais. Os vampiros às vezes se referem a si mesmos como tal, ou o
fazem de forma indireta, chamando pessoas vivas de “mortais”. Lobisomens, ma-
gos e até mesmo changelings são decididamente mortais, mas possuem poderes e
vitalidade além das pessoas comuns, e podem pensar que isso os coloca acima do
toque do Ceifador.
Absurdo. Aos poucos, tudo acaba. Os Portões Avernianos bocejam e as almas
encontram seu caminho para o Mundo Subterrâneo. E, da mesma forma, mem-
bros de todas essas “raças” sobrenaturais podem encontrar um motivo para visitar
o Mundo Subterrâneo antes que a morte lhes dê um.
Este capítulo discute o Mundo Subterrâneo da perspectiva dos habitantes
do Mundo das Trevas, levando em consideração vampiros, lobisomens, magos,
Prometeus, changelings e caçadores (a visão dos Devoradores de Pecados sobre o
Mundo Subterrâneo, é claro, é fornecida em detalhes em Geist: Os Devoradores
de Pecados). Consideramos os poderes e inclinações específicos desses seres e
fornecemos aos jogadores e Narradores meios de entrada, desafios e objetivos, e
Mais peso. sistemas de como esses seres funcionam na Grande Profundeza.

- Últimas palavras de
Giles Corey, fazendeiro Entrando no
e feiticeiro acusado,
ao ser esmagado com Mundo Subterrâneo
Os Portões Avernianos, os lugares baixos, podem ser abertos para qualquer
pedras, 1692 pessoa. Os Devoradores de Pecados podem abri-los à força de sua conexão com a
morte, e isso faz com que os arrogantes entre eles pensem que o Mundo Subterrâ-
neo é seu parque de diversões especial. Este não é o caso, no entanto - o Mundo
Subterrâneo não pertence a ninguém e a todos. Todos são bem-vindos, desde que
encontrem a chave. Abaixo estão alguns métodos de entrada no Mundo Subter-
râneo abertos a qualquer personagem, não importa o quanto o sobrenatural o to-
que ou não. Quantos desses métodos funcionam, é claro, depende do Narrador.

Marcando Juntos
Uma vez que um Portão Averniano é aberto, ele permanece assim por um
curto período de tempo. Quanto tempo depende de como ele foi aberto - talvez
alguns minutos, talvez até um mês. Durante esse tempo, qualquer um pode vagar
para o Mundo Subterrâneo (e, da mesma forma, outras coisas podem vagar para
fora). Um Narrador que deseja contar uma história envolvendo o Mundo Subter-
râneo, mas com uma trupe que não tem a capacidade de abrir seu próprio Portão
Averniano, pode fazer uso dessa tática.
Por exemplo, uma célula de caçadores pode perseguir um inimigo até o portão
e então ficar presa ou perdida. Rastrear o ser que perseguiam pode representar
sua única saída. Da mesma forma, esse tipo de história pode ser um prelúdio de
grupo interessante para um jogo de Geist - os personagens tropeçam através de
um portão aberto e só saem quando se unem a Geists e se tornam Devoradores
de Pecados.

50
Capitulo Dois: Culturas Ctonicas
 Essa história também funciona na outra direção - um
grupo de personagens pode encontrar um portão aberto e
reconhecer o que é. Eles ficam de olho nisso, certificando-se
de que ninguém é perdido para o Mundo Subterrâneo (uma
cabala de magos pode muito bem assumir essa responsabili-
dade) ou que nada escape que possa prejudicar as pessoas na
área (vampiros ou lobisomens podem assumir esta tarefa por
Várias razões)?
Chaves
Os Portões Avernianos podem ser abertos com chaves,
desde que se saiba a chave adequada para usar. Uma “cha-
ve” às vezes é um item físico, mas com a mesma frequência,
um personagem pode abrir um Portão Averniano tocando-o
quando seu coração estiver pesado com tristeza genuína ou
24 horas após cometer um assassinato.

Os habitantes do mundo das trevas

No interesse de fornecer um pouco de contexto aos leitores que não compraram todos os jogos ante-
riores do Mundo das Trevas, este texto em destaque apresenta alguns dos termos importantes para esses
jogos.
Vampiro: O Réquiem: Os vampiros se referem a si mesmos como Membros.Todos os vampiros perten-
cem a um dos cinco clãs diferentes, que determinam quais poderes sobrenaturais eles exercem e algumas
de suas fraquezas. Muitos vampiros também pertencem a coalizões, organizações que desempenham papéis
de religiões, partidos políticos e sociedades secretas. Os vampiros se reúnem em pequenos grupos chama-
dos círculos, que podem ser formados por linhagens de clã, aliança ou simples conhecidos.
Lobisomem: Os Destituídos: Os lobisomens nascem de pais humanos, mas passam por uma Primeira
Mudança em algum momento de suas vidas, quando descobrem sua herança selvagem. Os lobisomens se
referem a si mesmos como Uratha em sua própria língua, ou às vezes como Destituídos (aqueles que se
aliam a Luna, o espírito da lua) ou Puros (lobisomens brutais e cruéis que fazem guerra contra seus primos
lunares). Lobisomens destituídos assumem papéis sociais chamados de augúrios, com base na fase da lua
sob a qual eles mudaram pela primeira vez, e muitos se juntam a tribos que fornecem treinamento e su-
porte. A unidade básica da existência do lobisomem, entretanto, é a alcateia.
Mago: O Despertar: Magos são seres humanos que Despertam para os Reinos Supernos místicos e
trabalham seus poderes misteriosos por meio de uma conexão com esses lugares. Cada mago percorre
uma Senda, dependendo de qual Reino para o qual ele Despertou, e alguns se juntam a uma das cinco or-
dens, sociedades antigas que se estendem até uma cidade esquecida da antiguidade. Um grupo de magos
é chamado de cabala, enquanto uma organização local, geralmente composta de várias cabalas, é chamada
de Consilium.
Prometeus: Os Criados: Os Prometeus, às vezes chamados de Criados, são seres vivos feitos de carne
não viva. Como o Golem da lenda hebraica ou como o monstro do Dr. Frankenstein, essas criaturas são
poderosas, desprezadas pela humanidade e extremamente raras. Isso é bom, porque os Prometeus trazem
à tona o que há de pior nas pessoas. A proximidade com os prometeus torna os outros suspeitos, zangados,
ciumentos e rancorosos - e toda essa má vontade é focada diretamente no prometeico. Cada prometeico
faz uma peregrinação, na esperança de descobrir o segredo da mortalidade, e às vezes esses seres têm a
sorte de encontrar outros de sua espécie e se unirem em uma multidão. Os prometeus descendem de uma
das várias Linhagens, com base na primeira dessa “família” particular para ganhar senciência. A abordagem
de um prometeico para sua peregrinação é chamada de refinamento, e esta abordagem pode mudar (e
geralmente muda) várias vezes antes que a criatura encontre a mortalidade.
Changeling: Os Perdidos: Changelings são pessoas roubadas pelos Outros, a Boa Gente, os seres de
Arcádia. Essas almas infelizes, às vezes chamadas de Perdidos, voltaram às terras onde nasceram. Os chan-
gelings são fisicamente transformados pelo tempo em cativeiro, assumindo uma aparência que informa sua
aparência e um pouco de sua capacidade mágica. Changelings se organizam em tribunais feudais, com no-
mes de acordo com as estações do ano e baseados aproximadamente em perspectivas místicas e políticas.
Alguns vivem com medo de que seus algozes voltem. Outros juram que se o “bom povo” vier buscá-los,
eles estarão prontos. A maioria dos changelings se junta em bandos, tanto para companheirismo quanto
para proteção mútua.
Caçador: A Vigília: Caçadores são seres humanos que escolheram ou foram escolhidos para proteger a
humanidade do sobrenatural. Os caçadores costumam ser obsessivos e zelosos e, com o tempo, podem até
parecer insanos (desde que sobrevivam a sua ocupação por tempo suficiente).Alguns caçadores pertencem
a pactos ou conspirações, organizações que podem fornecer acesso a armas, treinamento e pessoal para
facilitar a Vigília. Alguns caçadores se unem em grupos locais, chamados de células, reunindo tudo o que
podem. E alguns enfrentam a escuridão sozinhos.

51
Entrando no Mundo Subterraneo
 As chaves variam de extremamente largas (qualquer mu-
lher em idade fértil pode abrir o portão) a estreitas (para abrir
o portão, é preciso encontrar o corpo de um homem que
nunca se casou, tirar o dedo indicador esquerdo, moer até
virar pó, misturar o pó com conhaque de 100 anos e compar-
tilhar o conhaque com dois inimigos mortais). Alguns Por-
tões Avernianos têm mais de uma chave e alguns têm várias
chaves com várias permutações. Por exemplo, no porão de
bombas de uma pequena cidade de Nevada espera o Portão
Geiger (assim chamado porque a área perto da cidade foi
usada para testes nucleares). Durante os meses de inverno,
qualquer pessoa segurando um contador Geiger pode abrir
o portão. Durante o verão, no entanto, o portão só abre ao
meio-dia nos dias em que a temperatura externa atinge os 40
graus centígrados.
Encontrando e Usando Chaves
Embora a Rede Crepúscular tenha uma lista bastante ex-
tensa de Portões Avernianos existentes, os Devoradores de
Pecados geralmente não se importam com as chaves, a menos
que sejam tão fáceis de decretar que qualquer um poderia
fazê-lo. Uma vez que os Devoradores de Pecados podem abrir
lugares baixos sem chaves, eles não precisam manter essas
listas (alguns o fazem, é claro, mas apenas como um hobby
ou um ponto de interesse pessoal). Outras facções no Mundo
das Trevas, no entanto, têm um grande interesse em como
abrir portas para o Mundo Subterrâneo, planejando ou não
fazê-lo. Abaixo estão algumas sugestões de lugares que os per-
sonagens curiosos podem procurar:
• Um estudioso vampiro da Ordo Dracul passou séculos
pesquisando fantasmas e para onde eles vão uma vez des-
truídos ou “enviados adiante”. Em suas viagens, ele fez
muitas anotações sobre exorcismos, assombrações e ou-
tros fenômenos fantasmagóricos, incluindo ocorrências
ocasionais relacionadas ao Mundo Subterrâneo. Escon-
didos em seus diários estão os locais e as chaves de vários
portões ao longo da costa do Pacífico. Claro, ele guarda
essas informações com ciúme.
• Uma alcateia de lobisomens chamados de Andarilhos
acidentalmente abriu um Portão Averniano em Toronto
quando encharcaram uma parede particular com o san-
gue de um inimigo. Intrigados, eles entraram no Mundo
Subterrâneo, mas conseguiram escapar antes que algo
muito sério acontecesse com eles. Eles não vão compar-
tilhar essas informações com qualquer pessoa, mas basta
uma disputa de feitos vangloriosos e uma garrafa de uís-
que para fazê-los falar.
• Uma ordem de magos chamada Mysterium possui
arquivos extensos no Mundo Subterrâneo. Os arquivos
não são totalmente precisos, é claro, uma vez que os Des-
pertos não têm uma ideia completamente clara do que
é o Mundo Subterrâneo (a maioria deles parece pensar
que é uma subseção da Stygia; ver p. 60). Dependendo de
quais arquivos ou registros um personagem consegue, no
entanto, ele pode encontrar um mapa marcando vários
portões, uma cifra detalhando chaves ou o depoimento
gravado de um mago tentando abrir um. Claro, obter es-
ses registros sem ser um membro do Mysterium é quase
impossível, mas os magos são humanos e não estão imu-
nes a suborno, ameaças ou sedução.
52
Capitulo Dois: Culturas Ctonicas
• Ele vagueia pelo sudoeste americano, embora seu nome
se refira a uma cidade específica. Conhecido como o Fan-
tasma de Galveston, ele está procurando há 200 anos por
alguém forte o suficiente para matá-lo e enviá-lo para o Rio
da Morte. Nesse tempo, ele recebeu ofertas de seres que ele
não consegue identificar para abrir portais que levariam a
este rio, e ele se lembra do que lhe foi dito quase perfeita-
mente. Ele pode compartilhar seu conhecimento, mas este
prometeico, mais velho e mais poderoso do que muitos
de sua espécie jamais se tornaram, é amargo, rancoroso e
perigoso, e não deseja nada mais do que uma luta até a
morte - sua morte.
• Os Perdidos sabem algumas coisas sobre portais, tendo
sido arrastados por pelo menos um. A noção de que os
Portões Avernianos têm chaves não é tão estranha, e os
membros de sua Corte de Outono, fascinados como são
por magia de todos os tipos, podem ter colecionado lendas
sobre “maneiras de visitar os mortos”. Na verdade, alguém
poderia supostamente encontrar as fadas desta Corte em
reuniões realizadas uma vez por ano, no equinócio de ou-
tono, onde eles se lembram dos mortos e compartilham
informações sobre assuntos da alma. Chaves para lugares
baixos certamente contam, mas receber um convite para
esta reunião não é tarefa fácil.
• Uma coisa é matar demônios quando eles invadem a Ter-
ra de Deus, mas o Malleus Maleficarum também quer im-
pedir que pessoas vivas façam acordos com demônios. Isso
significa mantê-los fora do Inferno. Saber como os portais
para o Inferno são abertos é importante para mantê-los fe-
chados e, portanto, entrar em contato com um membro da
organização com a ideia de entrar no Mundo Subterrâneo
provavelmente resulta em desinformação e escrutínio. Mas
se a situação pudesse ser invertida no Martelo das Bruxas,
eles poderiam ser forçados ou persuadidos a compartilhar
um método real de entrada.
Porteiros
Algumas pessoas podem abrir qualquer Portão Averniano
do mundo com um toque e um sussurro rápido. É estranho,
mas é verdade. Eles podem passar a vida inteira sem saber
sobre esse dom, ou podem descobri-lo acidentalmente ainda
muito jovens, dependendo das circunstâncias. De qualquer
forma, tais talentos são altamente valorizados, e um porteiro
disposto a vender seus serviços pode alcançar um preço muito
alto.
De onde vem esse dom? É muito raro tirar conclusões re-
ais. Alguns Devoradores de Pecados especulam que uma crian-
ça concebida por ou com um Devorador de Pecados que recen-
temente esteve no Mundo Subterrâneo pode ser um porteiro.
Outros afirmam que as crianças concebidas no Mundo Subter-
râneo têm o dom, ou que os sétimos filhos dos sétimos filhos
(ou alguma outra ordem de nascimento significativamente
oculta) podem produzir um porteiro. Maldições ou bênçãos
dos senhores da morte em forma humana, comer comida do
Mundo Subterrâneo que foi trazida de volta ao mundo dos vi-
vos e ser responsável por um certo número de mortes antes do
início da puberdade (uma? Dez? Cinquenta? Mais?) também
são gatilhos possíveis.
Os porteiros têm pouco mais para ligá-los, exceto seus so-
nhos. Todos os porteiros sonham com o Mundo Subterrâneo.
O sonho muda de noite para noite, e o Mundo Subterrâneo
é tão vasto que os sonhos raramente se repetem. Um portei-
ro pode sonhar com um determinado Domínio e suas Leis,
com Kerberoi e suas fraquezas, com viajantes para o Mundo
Subterrâneo e suas experiências, ou com os fantasmas que
moram lá. Alguns porteiros odeiam esses sonhos e usam
drogas para evitar lembrá-los, outros usam os sonhos como
inspiração para arte ou poesia. Outros simplesmente não se
importam - sonhos são sonhos, e o mundo desperto é onde
se deve viver sua vida.
Nova Vantagem: Porteiro (••••)
Pré-requisito: Mortal. Um porteiro que experimenta
o Despertar, a Primeira Mudança ou o Abraço perde esta
Vantegem, assim como um personagem tomado pelos Fée
Verdadeiros. Os personagens de Caçador: a Vigília podem
ter esta Vantagem a critério do Narrador. Os Devoradores de
Pecados não podem possuir essa Vantagem, embora, é claro,
eles já possam abrir os Portões Avernianos.
Efeito: O personagem pode abrir Portões Avernianos.
Tudo o que é necessário é que ele toque o portão e o jogador
gaste um ponto de Força de Vontade. O portal permanece
aberto por um número de minutos igual à Moralidade do
personagem. Esta Vantagem não permite que o personagem
detecte Portões Avernianos; para isso, ele precisaria da Van-
tagem Sexto Sentido, com foco em fantasmas ou outros fenô-
menos relacionados à morte (ver pág. 109 do Livro de Regras
do Mundo das Trevas).
Desvantagem: Se a notícia dos talentos do personagem se
espalhar, ele pode esperar que várias facções sobrenaturais o
desejem escravizado ou morto em muito pouco tempo.
Disponível apenas na criação de personagem.
Portões do Cemitério
Cada cemitério do mundo contém pelo menos uma en-
trada para o Mundo Subterrâneo. Este não é um fato am-
plamente conhecido, nem mesmo entre os Devoradores de
Pecados, porque os Portões do Cemitério não são iguais aos
Portões de Averno. Os Devoradores de Pecados não conse-
guem abri-los facilmente e têm dificuldade em detectá-los.
Mas eles estão lá do mesmo jeito, esperando a chance de ad-
mitir almas sem sorte para se juntarem às fileiras dos mor-
tos inquietos. Portões do Cemitério tem um certo grau de
sensibilidade, ao que parece, e são hostis aos vivos. Eles não
são inteligentes per se, mas eles têm vontade e desejo, e esse
desejo é para a morte. Eles não querem necessariamente ver
nenhuma pessoa viva em particular morrer. Causar a morte,
para eles, é uma questão de física.
Considere o ouvido humano. O ouvido médio (o espa-
ço “atrás” do tímpano, movendo-se em direção ao centro da
cabeça) é conectado à garganta por meio de dois canais cha-
mados trompas de Eustáquio. Como qualquer pessoa que já
teve um forte resfriado sabe, a congestão nas vias nasais pode
bloquear essas banheiras, causando dor nos ouvidos e na gar-
ganta. Mudanças na pressão externa (como as que ocorrem
na subida ou descida de um avião) também podem alterar
a pressão do ouvido médio, causando dor, embora engolir
uma ou duas vezes seja o suficiente para aliviá-la. Uma infec-
ção no ouvido pode tornar impossível equalizar a pressão,
causando uma dor terrível, até que a pressão seja aliviada - às
vezes, rompendo o tímpano para dar a pressão a algum lugar.
Agora, imagine o Mundo Subterrâneo como tendo uma
“pressão” espiritual muito diferente do mundo dos vivos.
Essa pressão relativa varia; lugares associados à morte são
mais parecidos com o Mundo Subterrâneo, enquanto lugares
associados à vida, abundância ou descoberta e conhecimento
estão mais próximos do mundo dos vivos. Cemitérios são,
por definição, fortemente associados à morte, mas a presença
de pessoas vivas altera a associação, aliviando a pressão. Os
Portões do Cemitério estão bem no meio dessa troca, e eles
“sentem” a alteração da pressão à medida que a ressonância
da morte do mundo dos vivos muda. Um funeral massivo
resulta em uma manifestação de emoção. As energias da área
tornam-se semelhantes às do Mundo Subterrâneo por um
curto período, mas então três semanas se passam com apenas
alguns visitantes. Os jardineiros realizam seus deveres sem
pensar muito na morte ou naqueles enterrados no cemitério
(é apenas um trabalho, afinal). A pressão muda novamente e,
a cada mudança, o Portão do Cemitério sente a diferença. Na
tentativa de normalizar a pressão, eles tentam elevar o nível
de “morte” ao seu redor - e uma boa maneira de fazer isso
é sugar as pessoas para o Mundo Subterrâneo, onde quase
certamente morrerão.
Eles não são inteligentes, porém, e eles não têm nenhum
controle sobre o que uma pessoa faz depois de passar pelo
portão. Quanto mais “vivo” alguém estiver, mais facilmente
ele pode abrir um Portão do Cemitério, mas esses seres têm
mais dificuldade em encontrá-lo. O contrário também é ver-
dade; seres mortos ou mortos-vivos podem farejar os portões
do cemitério facilmente, mas têm dificuldade em forçá-los a
abri-los.
Aparência
O Portão do Cemitério pode aparecer em qualquer lugar
dentro de um cemitério. Pode ser o portão que admite visi-
tantes, a porta de um mausoléu, a porta da cabana do zelador
ou qualquer sepultura não identificada atualmente no local.
Se a estrutura física do portão for destruída, o portão se move
para outro lugar, mas todos os locais de rituais de sepulta-
mento têm um portão do cemitério. Observe que uma vala
comum ou algum outro local improvisado de sepultamento
pode ter esse portão se dois critérios forem atendidos. Pri-
meiro, os mortos devem ser lembrados. Alguém deve dizer
algumas palavras de lembrança sobre os túmulos. Um sol-
dado cheio de culpa orando pelos cadáveres de civis mortos,
ou um assassino em série cujo ritual assassino inclui repetir
os nomes de suas vítimas sobre suas covas rasas, cumpre esse
requisito. Em segundo lugar, algo na área deve ser suficiente
para servir de porta de entrada. Uma arcada, uma porta lite-
ral, um grande buraco no chão, um espelho - qualquer coisa
grande o suficiente para uma pessoa passar pelas obras. Se
todas essas aberturas forem removidas da área, o cemitério
desaparece até que alguma outra estrutura apareça lá (isso
inclui alguém dirigir um carro para o “portão do cemitério”).
Detecção
Seres com fortes laços de simpatia com a morte têm mais
facilidade em sentir a presença de Portões do Cemitério, em-
bora nem sempre saibam o que estão sentindo. Quando um
personagem chega a 3 metros de um Portão do Cemitério, o
Narrador deve pedir um teste reflexo de Raciocínio + Ocul-
tismo.
53
Entrando no Mundo Subterraneo
 Resultados do Teste
Fracasso Dramático: O personagem não experimenta
nada. Além disso, quaisquer sentidos místicos que o perso-
nagem possua se rebelam contra ver o portão e se fecham.
Aplique uma penalidade de -3 em qualquer sensação sobre-
natural ou poder de detecção pelo resto do dia. Isso não se
aplica a magia ou poderes que aumentam os sentidos munda-
nos (como Auspícios 1), apenas aqueles que concedem senti-
dos extra-normais - os exemplos incluem qualquer poder que
permita a visão da aura, feitiços Sentidos de Mago, Tino e
qualquer poder que permita o personagem para ver seres em
Crepúsculo.
Fracasso: O personagem não sente nada.
Sucesso: O personagem sente um calafrio vindo da di-
reção geral do Portão (que deve estar a 3 metros, lembre-se).
Nesse ponto, o personagem pode começar a tentar se con-
centrar nesse sentimento - o jogador pode fazer esse teste de
detecção como uma ação estendida (uma vez por minuto,
cinco sucessos necessários).
Sucesso Excepcional: O personagem sabe instintivamen-
te a fonte do frio, mas não ganha nenhuma ideia sobre a
natureza do portão ou como abri-lo (veja “Abrindo os Portões
do Cemitério”, abaixo).
Modificadores Sugeridos
Modificador Situação
+5 O personagem é morto-vivo (vampiro,
reencarnados, zumbi, etc. - observe que
os Prometeus não são mortos-vivos e não
recebem este bônus)
+4 O personagem é um necromante (mago
Moros ou outro personagem com alguma
facilidade inata para magia envolvendo a
morte; magos de outras Sendas não contam)
+3 O personagem tem uma forte conexão
com a morte (Changeling Fuçatúneis,
Lobisomens Sombras Descarnadas,
mago com pelo menos três pontos no
Arcano Morte, Prometeus Osíris,
Devorador de Pecados, etc.)
+2 O personagem é um mortal com a Vantagem
Sexto Sentido (fantasmas/morte)
+1 O personagem teve uma experiência de
quase morte (os Devoradores de Pecados
não recebem este bônus, pois recebem o
mais potente acima)
+1 O personagem pode ver em Crepúsculo
+1 O personagem usa um poder que o torna
mais sensível às energias da morte (Sentidos
de Mago usando o Arcano da Morte, o
Dom Percepção da Morte, etc.)
-2 O personagem está vivo (os Prometeus
incorrem nessa penalidade, assim como
os Devoradores de Pecados)
-2 O personagem tem uma forte conexão
simpática com a vida (mago Thyrsus,
54
Capitulo Dois: Culturas Ctonicas
changeling Florescentes, etc.)
-3 O personagem é um mago Obrimos
Abrindo Portões do Cemitério
O Portão do Cemitério quer ser aberto, portanto, abri-lo
é mais uma questão de permitir que ele seja aberto do que de
convencê-lo. Os Portões do Cemitério permaneceriam abertos
permanentemente se pudessem (e há rumores de que alguns o
fazem). Uma vez que o personagem identificou a abertura que
compõe o Portão do Cemitério, ele pode tentar abri-lo.
Portões do Cemitério não são Portões Avernianos e, por-
tanto, não têm chaves (dito isso, Portões Avernianos às vezes
aparecem em cemitérios, e tais portões têm chaves - é fácil ver
porque Portões do Cemitério não são geralmente reconheci-
dos como um fenômeno separado) em vez disso, eles devem
ser solicitados ou ordenados a abrir. O possível viajante deve
derramar uma gota de sangue vivo. O sangue de vampiro não
conta, nem a estranha substância alquímica que os Prometeus
chamam de “sangue”. Da mesma forma, alguns changelings
não têm mais sangue, por si só (especialmente Elementais), e
então podem ter que encontrar uma fonte externa para abrir
o Portão do Cemitério. No entanto, tais personagens podem
derramar o sangue de outro ser para pagar o preço.
Uma vez que o preço de sangue foi pago, o personagem
deve pedir admissão. O idioma e a escolha das palavras não
são importantes. Personagens com uma forte conexão com a
vida passam por isso mais facilmente, como se sua presença
forçasse o portão a se abrir (pense em ímãs e como dois ímãs
podem se repelir).
Ação: Instantânea
Parada de Dados: Presença + Ocultismo
Resultados do Teste
Fracasso Dramático: O personagem perfura o Portão do
Cemitério e o resultado é uma espécie de despressurização.
O Mundo Subterrâneo corre para o mundo dos vivos, liber-
tando qualquer criatura, fantasma ou viajante em um raio de
oitocentos metros do Portão do Cemitério. Fantasmas assim
expulsos permanecem no Crepúsculo e são considerados an-
corados no cemitério que contém o portão. Outras criaturas
podem fazer o que quiserem depois de libertadas. O portão se
fecha e permanece lacrado por 24 horas.
Fracasso: O portão não abre e qualquer outra tentativa de
abri-lo incorre em uma penalidade cumulativa de -2.
Sucesso: O portão se abre e permanece aberto por um nú-
mero de horas igual ao número de sucessos.
Sucesso Excepcional: Nenhum efeito além da duração
mais longa.
Modificadores Sugeridos
Modificador Situação
+3 O personagem tem uma forte conexão
com a vida (changeling Florescente, mago
com pelo menos três pontos no Arcano
Vida, Prometeus seguindo Aurum ou
Ferrum, etc.)
+2 O personagem é um mago Obrimos
+1 O personagem está vivo
 +1 O personagem nunca foi a um funeral
ou viu alguém morrer
-3 O personagem tem uma forte conexão
simpática com a morte (veja acima)
-3 O personagem é um mago Moros
Amor (ou Ódio) Verdadeiro
Um dos viajantes mais famosos do Mundo Subterrâneo
de todos os tempos foi Orfeu. Ele enfrentou a jornada para o
Reino dos Mortos, a fim de trazer de volta sua noiva prema-
turamente falecida, Eurídice. Ele falhou, é claro, mas isso foi
porque ele quebrou as regras, e isso está deixando de lado um
problema maior - como ele chegou ao Mundo Subterrâneo
em primeiro lugar?
Orfeu, se ele realmente existiu, pode ter sido um mago,
e os magos têm um método de ingresso à sua disposição (ver
pág. 61). Ele pode ter sido um prometeus - na verdade, uma
das cinco linhagens de prometeus às vezes o reivindica como
um progenitor (mais comumente, eles são chamados de Ul-
gans, mas alguns dos Riven referem-se a si próprios como
órfãos). E, claro, ele pode ter sido apenas um homem, sobre-
naturalmente dotado para a música e possuidor de um amor
tão verdadeiro e puro que lhe permitiu encontrar sua noiva,
não importa onde ela estivesse.
Emoção tão intensa não é comum de forma alguma, mas
é possível amar (ou odiar) alguém tão fortemente que a morte
não fornece uma barreira. Se o pretendente deixou um fan-
tasma para trás, essa emoção simplesmente leva ao fantasma
(desde que o membro ainda vivo do relacionamento não seja
uma âncora). Para um fantasma levado para o Mundo Sub-
terrâneo, porém, o amor (ou ódio) pode guiar o caminho.
Este método de entrada não exige muito em termos de
sistemas de jogo. O buscador encontra instintivamente um
Portão Averniano, toca-o e observa-o abrir. Ele caminha pelo
Mundo Subterrâneo sabendo exatamente para onde está
indo, mesmo que não consiga explicar se alguém perguntar.
Quando ele atinge o alvo pretendido, entretanto, ele ainda
está sujeito às Leis Antigas que possam estar em vigor. Orfeu
realmente teve uma vida fácil - a Lei dizia que ele poderia le-
var qualquer pessoa de volta e reverter sua morte, desde que
não olhasse para ela até que estivesse entre os vivos novamen-
te. Ele vacilou, ou talvez tenha ficado tentado, e se virou. Ao
fazer isso, ele perdeu seu amor para sempre.
Outros Domínios podem ter leis mais rígidas, e nada diz
que tirar uma alma falecida do Mundo Subterrâneo tenha
qualquer resultado positivo (afinal, mesmo se você a levar
para a superfície, ela ainda é um fantasma). Mas talvez a
jornada pelo Mundo Subterrâneo dê ao amante enlutado
tempo para perceber que ele se foi. Talvez o personagem que
deseja apenas ver seu inimigo imortal sofrer veja o suficiente
da Grande Profundeza para perceber que seu inimigo está
sofrendo (dependendo do Domínio em questão, é claro).
Ou, talvez nada vá diminuir a paixão do buscador, e ele
já fez acordos com todos os tipos de seres desagradáveis para
implantar a alma de sua amante em um novo corpo, uma vez
que ele a leve para casa. Qualquer uma dessas possibilidades
pode alimentar uma história, independentemente de o bus-
cador ser ou não um personagem controlado pelo jogador.
(Você pode encontrar mais sobre o “tema de resgate” pos-
teriormente neste livro, na pág. 109.)
Exorcismo Mal Sucedido
O Livro de Regras do Mundo das Trevas apresenta re-
gras para exorcizar fantasmas (pág. 214). Para lidar com fan-
tasmas de baixa potência, este sistema (e as consequências
para falhas) funciona bem. No entanto, ao tentar exorcizar
um fantasma mais poderoso, ou, pior, um ser que se parece
com um fantasma, mas não é, os Narradores podem conside-
rar o uso da seguinte opção.
Um exorcismo malfeito pode abrir um portal para o
Mundo Subterrâneo, mas não o mesmo tipo de abertura de
um Portão Averniano. Este portão é mais uma boca aberta,
um vórtice que suga para dentro dele qualquer coisa que es-
teja por perto e então se fecha imediatamente. O suposto
exorcista e quaisquer assistentes acabam no mesmo plano de
existência do fantasma que eles acabaram de tentar banir, e
esse fantasma provavelmente está em busca de sangue.
Além dessa preocupação imediata, porém, um vórtice
para o Mundo Subterrâneo pode derrubar os personagens
em quase qualquer lugar. A geografia do ponto final no
Mundo Subterrâneo de forma alguma corresponde ao ponto
de origem no mundo vivo. Pessoas infelizes sugadas para o
Mundo Subterrâneo dessa forma estão, portanto, em uma
situação terrível, e a maioria nunca encontra seu caminho de
volta novamente.
Sistemas
A possibilidade de ser sugado para o Mundo Subterrâneo
altera um pouco o sistema de exorcismos. Em vez de perder
um ponto de Força de Vontade se o fantasma obtiver mais
sucessos no teste disputado, o Narrador coloca um dado em
uma reserva especial (de preferência na frente dos jogadores,
sem nenhuma explicação sobre para que serve). O exorcista,
caso seu jogador supere o fantasma em um teste subsequente,
pode escolher entre remover um dado desta reserva ou reti-
rar a Força de Vontade do fantasma como de costume. Uma
vez que o número alvo é alcançado (para qualquer lado), o
jogador do exorcista rola Perseverança + Ocultismo com uma
penalidade igual aos dados colocados de lado.
Resultados do Teste
Fracasso Dramático: Um vórtice para o Mundo Subter-
râneo se abre, jogando todos na área imediata (ou todos os
envolvidos no exorcismo, a critério do Narrador) em um dos
Mistérios Inferiores.
Fracasso: O vórtice abre como acima, mas joga os perso-
nagens nas Profundezas Autóctones.
Sucesso: O personagem consegue evitar que o vórtice se
abra, mas sofre alguma forma de alteração física permanente
como resultado de contemplar o Mundo Subterrâneo. Seu
cabelo pode ficar branco, ele pode perder a visão de um olho
ou ele pode perder a sensibilidade na mão esquerda.
Sucesso Excepcional: O vórtice nunca tem chance de se
abrir e o personagem não sofre nenhum efeito prejudicial.
O jogador também deve fazer este teste de Perseverança +
Ocultismo se rolar um fracasso dramático em qualquer pon-
to do exorcismo.
55
Entrando no Mundo Subterraneo
 Vampiros e o últimos vestígios da centelha vital da existência. Se eles deixas-
sem essa faísca ir embora, eles desapareceriam por completo.
Os vampiros podem, com esforço apropriado, alimentar-se de
Mundo Subterrâneo
Qualquer discussão sobre vampiros eventualmente inclui
fantasmas e consumir essa centelha. Aprender a fazer isso é
uma ação prolongada, durante a qual o vampiro observa o
Mundo Subterrâneo e seus habitantes, conversando ou ou-
jogos de palavras envolvendo as palavras “vida” ou “morte”.
vindo fantasmas e descobrindo as minúsculas veias de vida
Afinal, os vampiros não estão vivos. Tornar-se um deles re-
escondidas no mundo monótono ao seu redor. A parada de
quer que a centelha vital da vida seja apagada. Mas, apesar
dados para esta ação é Inteligência + Ocultismo. Cada teste re-
de tudo isso, eles não estão mortos, não no sentido que os
quer oito horas de observação e cinco sucessos são necessários.
habitantes fantasmagóricos do Mundo Subterrâneo estão. E
Uma vez que o personagem tenha aprendido a se alimentar no
isso coloca os vampiros em alguns lugares distintamente es-
Mundo Subterrâneo, ele pode fazê-lo à vontade. Se o perso-
tranhos no que diz respeito a Grande Profundeza.
nagem estiver disposto a investir sua vontade no processo, ele
Os vampiros operam por um conjunto de regras bastante
pode até mesmo fazer uso limitado desse conhecimento quan-
estritas no mundo dos vivos. Eles dormem durante as horas
do retornar novamente ao mundo dos vivos (veja a Vantagem
do dia, eles subsistem de nada além de sangue, eles queimam
Devorar Fantasmas, abaixo).
à luz do sol e sua fome não pode ser negada. Assim como os
Aqueles poucos vampiros que aprenderam a se alimentar
mortos inquietos devem obedecer às Leis Antigas enquanto
dos habitantes do Mundo Subterrâneo às vezes se perguntam
estão nos Domínios, os Membros têm suas próprias obser-
por que sua fisiologia se adapta a isso tão facilmente. Membros
vâncias. E ainda, como com as Leis Antigas, as restrições do
que cometeram diablerie não ficam tão perplexos.
vampiro podem ser quebradas. Com esforço supremo, um
As regras usuais para morder e alimentar se aplicam nor-
vampiro pode comer ou permanecer acordado. Ele pode re-
malmente, mas o jogador também deve gastar um ponto de
sistir à luz do sol, pelo menos por um tempo. E enquanto a
Força de Vontade e fazer um teste reflexo de Presença + Ocul-
Besta interior tem uma voz alta, o vampiro pode ignorá-la. O
tismo. Se este teste falhar, o vampiro não recebe alimento do
mundo dos vivos é, então, uma espécie de Mundo Subterrâ-
fantasma. Se tiver sucesso, o personagem pode pegar a Essên-
neo para os mortos-vivos?
cia do fantasma como se fosse sangue.
Um vampiro experimenta uma calma interior assim que
põe os pés dentro de um Portão Averniano. A Besta cessa sua Nova Vantagem:
luta constante contra o Homem, e os dois lados do vampiro
olham para a imensidão da Grande Profundeza. Aqui está Devorar Fantasmas (•••)
um mundo sem sangue próprio. A única vida no Mundo Efeito: O personagem pode obter alimento de fantasmas
Subterrâneo é uma memória, e o vampiro deve aprender a se mesmo fora do Mundo Subterrâneo. Embora ele não retenha
alimentar dessa vida se quiser sobreviver aqui. a habilidade de simplesmente caminhar até um fantasma e se
alimentar dele, ele pode reivindicar Vitae de fantasmas sob
Sistemas certas circunstâncias.
Esta Vantagem requer que o personagem tenha aprendido
Alimentação a se alimentar de fantasmas no Mundo Subterrâneo, conforme
O Mundo Subterrâneo não tem habitantes vivos (perma- descrito acima. Quando o personagem aprende a se alimentar
nentes) e os vampiros não podem se alimentar de fantasmas. no Mundo Subterrâneo, o jogador pode em qualquer ponto
Isso significa que os Membros carecem de um meio fácil de depois disso (desde que o personagem ainda esteja no Mundo
obter sangue. Eles não queimam tão rapidamente (veja abai- Subterrâneo), gastar os pontos de experiência necessários para
xo). Os vampiros precisam de Vitae para alimentar Discipli- adquirir esta Vantagem (12 pontos). Depois disso, o persona-
nas, curar danos e aumentar Atributos Físicos, no entanto, gem pode tocar a âncora de um fantasma e roubar Essência do
e isso significa que eles precisam encontrar uma maneira de fantasma, um ponto por turno, como se o vampiro estivesse
se alimentar. se alimentando de sangue. Os espectadores vêem os olhos do
Um método possível é o Rio de Sangue (Qiq-ol-Mal). Os vampiro brilharem em uma leve cor azul, e a âncora estremece
vampiros podem beber até se fartar deste rio, e eles não in- ligeiramente sob seu toque.
correm no bônus para ações Físicas nem na penalidade para Fantasmas podem sentir quando suas âncoras estão sendo
as Mentais por beberem da generosidade do rio. Claro, en- violadas e são livres para defendê-las como acharem adequado.
contrar este rio não é necessariamente fácil, mesmo se um Isso torna a alimentação de fantasmas uma forma arriscada de
vampiro em particular souber de sua existência. alimentação. Além disso, esta Vantagem não ajuda um vampi-
Outra possibilidade é os vampiros beberem o sangue que ro a encontrar a âncora de um fantasma (embora nada o impe-
às vezes escorre para o Mundo Subterrâneo. Este sangue é tão ça de tocar tudo em uma determinada área assombrada para
nutritivo quanto o sangue mortal, embora desagradavelmen- tentar encontrá-la). Mas, uma vez que os fantasmas recuperam
te frio, mas flui lentamente. Um vampiro precisa ficar em um a Essência permanecendo perto de suas âncoras, um vampi-
lugar por pelo menos 10 minutos para coletar um ponto de ro com esta Vantagem que descobre uma âncora ou traz uma
Vitae, e o Narrador está perfeitamente justificado em pedir para seu refúgio tem um suprimento potencialmente ilimitado
um teste de Vigor + Autocontrole para ficar ali por horas sob de Vitae, e nenhum mortal precisa morrer.
uma estalactite, de boca aberta. Desvantagem: É claro, tudo tem um preço. Um vampiro
Para um vampiro reabastecer sua reserva de Vitae no que se alimenta exclusivamente de Essência perde gradualmen-
Mundo Subterrâneo (sem visitar Qiq-ol-Mal), ele deve apren- te a capacidade de se alimentar de qualquer outra coisa. Se o
der a se alimentar de vida em uma forma mais efêmera do Membro consumir Essência por um número de meses igual à
que sangue. Os fantasmas guardam a memória da vida, os sua Humanidade e se alimentar de sangue menos de uma vez

56
Capitulo Dois: Culturas Ctonicas
por semana em média, ele perde a habilidade de se nutrir do dos para fora de seu corpo. Simplesmente parece impossível,
sangue. Ela só pode ganhar Vitae de Essências. Os vampiros como um mortal tentando voar saltando no ar.
a quem isso acontece geralmente acumulam uma coleção de O poder de Convocação funciona em fantasmas no Mun-
âncoras ou fogem para o Mundo Subterrâneo para sempre. do Subterrâneo, mas não pode ser usado neles se o vampiro
estiver no mundo dos vivos.
Sono e Torpor O Medo Fatal não tem efeito sobre fantasmas ou outros
“Dia” e “noite” não têm sentido no Mundo Subterrâneo. seres do Mundo Subterrâneo.
Os vampiros não precisam gastar sangue para acordar à noite Um vampiro que usa a Máscara da Tranquilidade tem
e não precisam resistir ao sono diurno. Um vampiro pode en- menos chance de ser confundido com um fantasma (ver Leis,
trar em torpor no Mundo Subterrâneo, seja voluntariamente abaixo). Da mesma forma, Aspecto do Predador aumenta
ou por ferimento ou fome. essa chance.
É possível que existam rituais de Feitiçaria Tebana ou
Disciplinas Crúac que permitem aos vampiros abrirem os Portões Aver-
A maioria das Disciplinas funciona normalmente no nianos. As particularidades desses rituais dependem do Nar-
Mundo Subterrâneo. Como os fantasmas são sólidos no rador, mas eles provavelmente devem ser de alto nível (quatro
Mundo Subterrâneo, eles podem ser afetados por Disciplinas ou cinco pontos) e requerem extensa investigação e pesquisa
como Majestade e Dominação como se fossem mortais (usan- para serem descobertos. Conjurá-los de maneira inadequada
do Resistência no lugar da Perseverança ou Autocontrole de pode levar o vampiro diretamente a um Domínio em parti-
um mortal, caso isso se torne relevante). cular.
A Disciplina Animalismo não funciona em psicopompos
que tomam a forma de animais, nem funciona em fantasmas Leis
animalescos ou Kerberoi. Os vampiros caem em uma estranha “área cinzenta” em
Usar o Toque do Espírito no Mundo Subterrâneo é arris- muitos Domínios, porque eles não estão vivos nem mortos.
cado. O Mundo Subterrâneo guarda vestígios de memórias e Eles não são fantasmas e, portanto, as Leis Antigas sobre fan-
ressonâncias de milhares - talvez milhões - de fantasmas e seus tasmas não se aplicam, mas certamente não são seres vivos e,
desejos desesperados. Todos os usos desta Disciplina sofrem portanto, essas Leis também não se aplicam. Isso não signi-
uma penalidade de -3, e um fracasso dramático indica que fica que um vampiro pode agir impunemente em tais Domí-
a mente do personagem está inundada por estímulos senso- nios, no entanto. As Leis (e portanto o Kerberoi) percebem
riais. O jogador do vampiro deve verificar imediatamente o os Membros como vivos ou mortos e reagem às infrações de
Rötschreck (três sucessos necessários). acordo.
A Projeção Crepuscular não funciona no Mundo Subter- Ao entrar em um Domínio sem leis relativas aos mortos-
râneo. O vampiro simplesmente não pode projetar seus senti- -vivos, o jogador do vampiro testa Humanidade.

57
Vampiros e o Mundo Subterraneo
 Resultados do Teste
Fracasso Dramático: O Kerberoi reconhece o vampiro
pelo que ele é - uma anomalia, uma aberração sem lugar no
Domínio. Eles imediatamente caçam e tentam ejetar o vam-
piro. Se o vampiro tentar retornar, o jogador sofre um modi-
ficador de -5 no teste de Humanidade.
Fracasso: O Domínio trata o vampiro como um fantas-
ma. Se o vampiro sair e retornar, o jogador sofre -3 no teste
de Humanidade.
Sucesso: O Domínio percebe o vampiro como uma pes-
soa viva e o trata de acordo. Se o vampiro sai e retorna, o
jogador faz o teste de Humanidade sem modificadores além
dos indicados abaixo.
Sucesso Excepcional: O vampiro pode escolher se será
visto como um fantasma ou como uma pessoa viva. Alternar
entre os dois é simplesmente uma questão de ativar o rubor
da vida; o jogador gasta um ponto Vitae (veja a pág. 156 de
Vampiro: O Requiem).
Modificadores Sugeridos
Modificador Situação
-3 O vampiro está usando o Aspecto do
Predador (Metamorfose 1)
-1 A parada de Vitae do vampiro está menos
da metade cheia
+2 O vampiro está usando a Máscara da
Tranquilidade
Observe que alguns Domínios têm Leis relativas aos vam-
piros, e em tais Domínios, este teste não se aplica.
Riscos e Recompensas
Um círculo de vampiros no Mundo Subterrâneo não
tem nada a temer da luz do sol. Os vampiros também não
dormem durante o dia aqui (veja Sistemas, acima), e então
um vampiro no Mundo Subterrâneo pode teoricamente per-
manecer indefinidamente. Um vampiro com os meios pode
escolher entrar no Mundo Subterrâneo antes de entrar em
torpor, raciocinando que seu corpo estará a salvo de jovens
Membros famintos. Dado que a Grande Profundeza não é
muito acessível em geral, e certamente não para vampiros,
esta é uma aposta bastante segura.
Os vampiros também podem vir a apreciar as mesmas
tentações que os Devoradores de Pecados apreciam. Assim
como sexo e comida são mais satisfatórios no Mundo Sub-
terrâneo, o sangue também o é. Um vampiro que aprende a
se alimentar de fantasmas (veja acima) prova o sangue mais
doce que já experimentou, mas isso traz o mesmo risco de
vício que qualquer outro pecado que alguém possa experi-
mentar no Mundo Subterrâneo.
Os Membros também podem vir ao Mundo Subterrâneo
para fazer contato com um fantasma específico. Talvez o vam-
piro deseje redenção e sinta que somente obtendo o perdão
pelos assassinatos passados ele pode ser absolvido. Talvez o
vampiro acredite que o espírito de seu senhor se esconde na
Grande Profundeza, e precise de sua ajuda para desbloquear
um certo ritual de Feitiçaria Tebana. Talvez o vampiro sinta
falta da companhia de sua esposa morta há séculos.
Claro, o Mundo Subterrâneo não está isento de riscos
58
Capitulo Dois: Culturas Ctonicas
para os Membros. Além das preocupações habituais (fantas-
mas violentos, o perverso Kerberoi, ser escravizado em um
Domínio), a Besta de um vampiro se aclimata ao Mundo Sub-
terrâneo rapidamente. Quando o vampiro tenta deixar o Mun-
do Subterrâneo, ele pode descobrir que sua Besta se rebela,
tentando mantê-lo Abaixo. Em termos de jogo, quando um
vampiro tenta retornar à terra dos vivos, o jogador verifica o
frenesi (aplique -2 se o vampiro se alimentou de um fantasma,
-4 se o personagem se tornou viciado na experiência). Se o
vampiro entrar em frenesi, a Besta o obriga a fugir o mais lon-
ge que puder para o Mundo Subterrâneo, na esperança de se
perder lá para sempre.
Ganchos de História
• O Eremita: Um vampiro esculpiu sua própria “casa”
perto do Rio de Sangue e viveu ali confortavelmente por
séculos. Ele fala com viajantes e fantasmas, compartilha a
sabedoria que acumulou e tenta aprofundar sua própria
compreensão da condição dos mortos-vivos. Por que ele
escolheu permanecer aqui na Grande Profundeza? Do que
ele está fugindo? Ele pode ter inimigos no mundo dos vivos
que pagariam generosamente por relatos de seu paradeiro
(e um método de alcançá-lo). Ele também pode ter inca-
pacitado esses inimigos e os suspendido com correntes no
Rio de Sangue. Ele pode até ser uma espécie de carcereiro
para uma pequena, mas extremamente poderosa seita de
vampiros - os ofensores mais hediondos entre os Membros
são dados a ele para prisão. Quem está acorrentado sob a
superfície coagulada do Rio de Sangue, então?
• A Primavera: Um círculo de vampiros descobriu um
Portão Averniano que leva diretamente à margem do Rio
de Sangue. Este portão em particular tem uma chave sim-
ples - ela se abre quando um cadáver exsanguinado é colo-
cado diante dele. Do Mundo Subterrâneo, o portão não
requer nenhum esforço especial para ser aberto, e os vam-
piros assumiram a responsabilidade de manter o portão
aberto permanentemente, colocando um de seus membros
dentro o tempo todo. Eles vendem o acesso ao Rio de San-
gue para os outros vampiros da região e estão rapidamente
crescendo em influência e notoriedade. Claro, tudo isso
pode sair do controle rapidamente se alguma criatura do
Mundo Subterrâneo escapar, ou se um vampiro mais po-
deroso e ambicioso destruir o círculo e assumir o controle
do portão.
• O Apollinaire: Rumores entre os vampiros de Nova
Orleans (e outras cidades com uma grande população que
pratica vodoun) falam de uma linhagem chamada Apolli-
naire, também conhecida como Porteiros de Ghede. Ale-
gadamente, por uma noite por ano, esses vampiros devem
assumir o trabalho de Ghede, o loa que zela pela barreira
entre o mundo dos vivos e a Grande Profundeza. Quer
isso seja verdade ou não, os Apollinaire demonstram po-
der sobre os porteiros em geral. Se o Narrador decidir que
a barganha entre a linhagem e Ghede tem qualquer base
de fato, então na única noite do ano em que a linhagem
assumir o fardo do loa (a data varia), qualquer membro da
linhagem pode abrir qualquer Portão Averniano com um
gesto. Os Apollinaire dedicam seus esforços nesta noite, no
entanto, para manter os mortos e vivos em seus respectivos
lados dos portões, o que significa que eles podem estar en-
 volvidos em perseguir fantasmas e devolvê-los ao Mundo
Subterrâneo... ou perseguir vampiros errantes ou Devo-
radores de Pecados e devolvendo-os ao mundo dos vivos.
(Os Apollinaire são descritos em detalhes em Linhagens
Antigas, mas em resumo, eles são uma linhagem Ventrue
com raízes no Haiti. Todos eles desistiram de seus olhos
esquerdos em homenagem a Ghede).
Lobisomens e o
pre se forma em um lugar saturado com a essência da morte.
Cemitérios e outras sepulturas, ocasionalmente, mas com
a mesma frequência, um campo de batalha ou outro lugar
no qual pessoas realmente morreram hospeda o portão. Os
lobisomens geralmente veem esses portões como nada mais
do que entradas para cavernas dos espíritos, e as Profunde-
zas Autóctones como apenas outra parte da Sombra. Não é
até que eles se aprofundem no Mundo Subterrâneo que eles
percebem a verdade - isso é algo novo, e muitas das regras às
quais eles estão acostumados não se aplicam aqui.
Portões da Sombra não têm chaves e muitas vezes assu-
mem a forma de cavernas ou fossos. Às vezes, os espíritos

Mundo Subterrâneo da morte os guardam e tentam repelir os Uratha, mas geral-

mente isso significa que outros lobisomens já estiveram aqui
Os lobisomens são caçadores, em primeiro e último lu- e configuraram esses guardas. Os espíritos, em geral, ficam
gar. A caça termina quando a presa é capturada (e freqüen- felizes em deixar os lobisomens entrarem na Grande Profun-
temente morta). Muitos lobisomens, então, acham a ideia deza.
de perseguir um inimigo já morto na Grande Profundeza
intragável, talvez até desonroso. Essa não é uma visão uni- Ritual da Caçada Sombria (••••)
versalmente aceita, porém, e às vezes alcateias de lobisomens Este rito permite que um lobisomem abra um portal para
entram na Grande Profundeza para rastrear um alvo que já o Mundo Subterrâneo. Embora o rito não seja uma província
mataram. Às vezes, eles vão caçar os “espíritos” bizarros do especial de nenhuma tribo ou Casa, a Casa da Morte (um
Mundo Subterrâneo. E às vezes, eles entram nos Portões grupo de Sombras Descarnadas dedicado a estudar os misté-
Avernianos por engano, pensando que os lugares baixos são rios da morte; ver Ganchos de História, abaixo) é a única que
orlas que conduzem à Sombra. o usa com alguma regularidade . O rito é chamado de “Caça
Os Uratha podem entrar na Sombra facilmente; tudo o Sombria” por causa da maneira como muitos lobisomens se
que precisam fazer é encontrar um local e se esforçar para sentem sobre caçar presas já mortas; é uma prática incômoda
atravessar. Essa familiaridade com o mundo espiritual não e obscura, equivalente a admitir que o trabalho não foi feito
se traduz necessariamente em conforto - a Sombra é apenas direito da primeira vez. Às vezes, porém, é necessário.
um pouco menos perigosa para os lobisomens do que para os Realizando o Rito: Este rito só pode ser realizado em um
mortais. Mas uma vez que os lobisomens são, eles próprios, Portão Averniano ou em um local com uma ressonância se-
meio espírito, eles se sentem pelo menos um pouco em casa melhante à morte. O mestre do ritual fica diante do portão
na Sombra. Um lobisomem que viaja para o Mundo Sub- ou locus e faz uma oferenda ao Lobo da Morte. Esta oferta
terrâneo provavelmente espera a mesma sensação. Ele não deve envolver um sacrifício vivo, mas qualquer criatura viva,
poderia estar mais errado. até mesmo um rato, servirá. O lobisomem então desenha os
Lobisomens não são humanos e suas almas já estão com- símbolos da Primeira Língua para “morte” e “passagem” no
prometidas. O que quer que aconteça com o espírito de um sangue da vítima e fica sentado em silêncio até que o portão
lobisomem após a morte, ele não desce a Grande Profunde- se abra.
za. Embora um lobisomem possa ter razões legítimas para Parada de Dados: Harmonia
entrar no Mundo Subterrâneo, ele sente uma sensação palpá- Ação: Estendida (20 sucessos necessários; cada teste re-
vel de pavor durante sua jornada até lá. Alguns lobisomens, quer um minuto de meditação)
membros da tribo das Sombras Descarnadas especialmente,
podem ser capazes de ignorar esse sentimento e ceder à curio- Resultados do Teste
sidade, mas mais cedo ou mais tarde o lobisomem não pode
mais ignorar a verdade: eu não pertenço a este lugar. Fracasso Dramático: O portal não abre, mas Luna se
Com o tempo, esse conhecimento pode levar um lobiso- ofende porque seus filhos estão tentando buscar o Mundo
mem à loucura. Afinal, muito do centro moral de um lobiso- Subterrâneo. Ela deixa seu desagrado aparente, mas os de-
mem está ligado ao seu espírito e as metades da carne estão talhes variam de acordo com a fase da lua. Sob a lua nova,
em harmonia. o mestre do ritual fica cego. Sob a lua crescente, o mestre
de rituais não pode usar Dons. Sob a meia lua, o mestre do
Sistemas ritual perde o favor de todos os espíritos, incluindo seu totem
de alcateia, se houver (-3 para todas as interações espirituais
Entrar e perda dos benefícios do totem). Sob a lua minguante, o
Na maioria das vezes, os lobisomens estão limitados a mestre do ritual sofre pesadelos horríveis sempre que dorme,
usar Portões Avernianos (com as chaves adequadas), mas eles sem recuperar a Força de Vontade do descanso. Todos esses
têm duas outras opções. Primeiro, existem portais entre a efeitos duram até as mudanças de fase da lua. Sob a lua cheia,
Sombra e o Mundo Subterrâneo e, como os Uratha podem no entanto, Luna faz uma abordagem mais direta - Lunos
entrar no mundo espiritual, eles têm pelo menos a possibi- imediatamente atacam o mestre de rituais e qualquer outro
lidade de encontrar esses portões. Em segundo lugar, existe lobisomem reunido, e apenas cessa quando os lobisomens
um rito que permite a entrada na Grande Profundeza, embo- fogem.
ra o preço seja alto. Fracasso: Nenhum sucesso é adicionado ao total.
Um portal entre a Sombra e o Mundo Subterrâneo sem- Sucesso: Os sucessos são adicionados ao total. Se o jo-

59
Vampiros e o Mundo Subterraneo - Lobisomens e o Mundo Subterraneo
 gador atingir 20 sucessos, o portal se abre para o Mundo
Subterrâneo e permanece aberto por uma hora por ponto da
Harmonia do mestre de ritual. Não pode ser fechado mais
cedo e, uma vez aberto, permite a entrada de qualquer pessoa
no Mundo Subterrâneo.
Sucesso Excepcional: Sucessos consideráveis são adicio-
nados ao total. Se o mestre do ritual conclui o rito com um
sucesso excepcional, Luna vê o rito em andamento, mas re-
conhece que deve ser assim. Ela envia um Luno para vigiar o
portão e se certificar de que ninguém, exceto os membros da
alcateia (e quaisquer aliados que eles designem) entrem nele.
Modificadores Sugeridos
Modificador Situação
+1 O mestre de ritual é uma Sombra
Descarnada
+3 O mestre de ritual mata um ser humano
como parte do rito
-1 O mestre de ritual mata um animal para
o rito
-2 O mestre de ritual mata um pequeno
animal (roedor ou pequeno pássaro) para
o rito
-5 O mestre de ritual mata um lobo para
o rito (isso também requer um teste de
degeneração em Harmonia 6; lance 3 dados)
60
Capitulo Dois: Culturas Ctonicas
Caçando
Embora suas leis proíbam, os lobisomens podem, e às vezes
o fazem, comer pessoas. Fazer isso permite que eles preencham
rapidamente seus reservatórios de Essências, mas também cor-
re o risco de degeneração e censura de seus companheiros. No
Mundo Subterrâneo, qualquer tipo de pecado é mais satisfa-
tório, e isso inclui caçar e destruir um “ser humano”. O fato
de que as únicas pessoas que um lobisomem provavelmente
encontrará na Grande Profundeza são fantasmas não muda
nada.
Um lobisomem pode consumir um fantasma, levando um
ponto da Essência do fantasma para cada nível de dano letal
que inflige com a intenção de comer o Corpus. Comer fantas-
mas ainda corre o risco de degeneração (role dois dados), mas
também traz o risco de vício, assim como ceder a qualquer
pecado no Mundo Subterrâneo.
Fantasmas não sofrem de Aluamento.
Lobisomens não têm uma maneira fácil de recuperar Es-
sência no Mundo Subterrâneo. Em vez disso, eles fazem, mas
envolve comer fantasmas, que é uma maneira segura de dege-
nerar rapidamente. Já que a luz de Luna não brilha aqui, os
lobisomens não podem recuperar a Essência ao ver sua lua do
augúrio. Da mesma forma, a falta de espíritos verdadeiros tor-
na o rito da Bênção da Caçada ao Espírito difícil de realizar, e
o Mundo Subterrâneo não tem locais de onde extrair energia.
Uma alcateia de lobisomens presos no Mundo Subterrâneo
pode ter que recorrer ao consumo de fantasmas para perma-
necer fortalecida.
Renome Chamar espíritos para o Mundo Subterrâneo é difícil. Cha-
Nenhum luar brilha no Mundo Subterrâneo, e Lunos - os mar Lunos para o Mundo Subterrâneo é impossível, e qual-
servos espirituais da Mãe Lua - não são bem-vindos aqui. Isso quer ritual que envolva fazê-lo falha automaticamente.
não significa que os lobisomens não podem ganhar Renome O rito Banmento de Seres Humanos não pode ser usado
por ações realizadas no Mundo Subterrâneo, simplesmente para expulsar um ser humano do Mundo Subterrâneo.
que os Lunos não são capazes de ver e julgar essas ações. O O Rito Fúnebre reabastece as reservas de Força de Von-
Rito da Marca Espiritual não funciona no Mundo Subter- tade de todos os participantes se realizado no Mundo Sub-
râneo, e para um lobisomem ganhar Renome após uma ex- terrâneo.
cursão no mundo espiritual, o personagem deve encontrar Banimento de Espíritos e Confinamento de Espíritos
uma Luno do Coro apropriado e defender sua causa. Isso não podem ser usados em fantasmas, nem os rituais de invo-
provavelmente requer um teste de Manipulação + Expressão, cação (Convocação de Gafaretes e Convocação de Jagretes).
com modificadores baseados em quanto a alcateia do lobi- Convocação de Seres Humanos, no entanto, pode convocar
somem o apóia, se ele tem uma reputação de honestidade um fantasma no Mundo Subterrâneo. Da mesma forma,
(ou mentira), e se ele traz algum tipo de troféu para provar Confinamento de Seres Humanos trabalha com fantasmas
que o que aconteceu Abaixo realmente o fez acontecer. Em no Mundo Subterrâneo.
qualquer caso, se o lobisomem falhar em convencer o Luno, Os ritos que alteram o mundo espiritual (como Fortale-
o personagem ainda pode tentar ganhar Renome, mas o mes- cimento das Comarcas e Recolhimento da Sombra) não fun-
tre de ritual que realiza o Rito da Marca Espiritual sofre um cionam no Mundo Subterrâneo.
modificador de -3 no teste.
Totens
Dons Totens de alcateias podem acompanhar lobisomens ao
Os Dons são exatamente isso - bênçãos concedidas aos lo- Mundo Subterrâneo e fornecer seus benefícios normais (Lu-
bisomens por espíritos. Como tal, eles funcionam no Mundo nos não podem, mas lobisomens não levam Lunos como
Subterrâneo da mesma forma que no mundo dos vivos, com totens de alcateia de qualquer maneira). O totem torna-se
algumas exceções e considerações. sólido assim que entra no Mundo Subterrâneo e permanece
Alguns Dons, como Leitura Espiritual, funcionam per- assim durante a viagem. Totens de natureza mais abstrata ou
mitindo um diálogo entre o lobisomem e um espírito. Lunos efêmera (espíritos conceituais, ou espíritos de névoa ou ven-
não tem permissão para entrar no Mundo Subterrâneo e, to) devem se ancorar a um objeto ou ser vivo para entrar no
como tal, esses Dons falham ao lobisomem aqui. Mundo Subterrâneo. Se um totem for “morto” no Mundo
Olhos em Dois Mundos não tem efeito no Mundo Sub- Subterrâneo, ele se desincorporará e não poderá se reformar
terrâneo - o personagem está muito longe da Sombra para ver até que a alcateia retorne ao mundo dos vivos ou morra.
dentro dela. A única exceção é que se o personagem estiver
perto de um Portal da Sombra (ou seja, um portal para a Harmonia
Sombra vindo do Mundo Subterrâneo), este Dom o revela. Separado de Luna, o Uratha fica cada vez mais inquie-
Percepção da Morte permite que um personagem veja to no Mundo Subterrâneo. Mais cedo ou mais tarde, essa
Portões Avernianos no mundo dos vivos. O lobisomem pode distância de sua mãe espiritual os desgasta. Um lobisomem
não saber o que está olhando, é claro, a menos que tenha Destituído pode passar um número de dias no Mundo Sub-
terrâneo igual ao dobro de sua Harmonia. Depois disso, o
visto ou ouvido falar de tais aberturas antes (o Narrador pode
permitir um teste de Inteligência + Ocultismo com -3 de pe- jogador deve fazer um teste de degeneração (lançar três da-
nalidade para ver se ele sabe). Os Portões Avernianos cinti-dos). Se o teste falhar e o lobisomem perder um ponto de
lam ligeiramente quando vistos com este Dom. Harmonia, o relógio “zera” e o lobisomem tem dias iguais a
Os Dons Elementais não têm efeito nos Rios da Morte. sua nova Harmonia x 2 antes de correr o risco de degenera-
O Dom do Alcateia Espiritual sofre uma penalidade de ção novamente. Se ele for bem-sucedido, terá apenas um dia
-5 no Mundo Subterrâneo, já que o uivo do lobisomem tem antes de correr esse risco.
que levar muito mais longe para convocar os Irmãos-Lobos. Quando a Harmonia cai, o lobisomem pode acumular
Se um membro de uma alcateia está no Mundo Subter- perturbações ou compulsões como de costume. No Mundo
râneo e outro membro (no mundo dos vivos) usa o Dom Subterrâneo, porém, essas compulsões assumem a forma de
Percepção Coletiva, o lobisomem no Mundo Subterrâneo se aversão ao mundo dos vivos. A natureza espiritual do lobi-
registra tanto como fazendo o que está fazendo no momento somem se torna sintonizada com a Grande Profundeza. Se
quanto como “morto”. a Harmonia de um lobisomem cair para menos de 5 como
O Dom Sonhos de Ecos Distantes sofre as mesmas pena- resultado do tempo prolongado no Mundo Subterrâneo, o
lidades listadas para O Toque do Espírito (p. 55). jogador deve ter sucesso em um teste de Perseverança + Au-
O Dom Ladrão de Peles não funciona com fantasmas. tocontrole para o lobisomem deixar o Mundo Subterrâneo.
O Dom Falar com Animais não funciona em psico- Se o lobisomem perder seu último ponto de Harmonia en-
pomps, nem o Passeio Ferls. quanto estiver no Mundo Subterrâneo, ele se torna incapaz
Proteção do Sono Espiritual funciona com fantasmas de sair por conta própria. Há rumores de que alguns dos
normalmente. Kerberoi mais temíveis nunca foram fantasmas, mas tinham
um pedigree mais selvagem.
Ritos As regras acima se aplicam apenas a lobisomens Destituí-
Ritos que envolvem invocação de espíritos ou espiritual dos; Lobisomens Puros, sem conexão com a lua, podem ficar
direto envolvem-se a uma penalidade de -5 e, para ritos de no Mundo Subterrâneo o tempo que desejarem.
ação prolongada, soma-se cinco sucessos ao número alvo.

61
Lobisomens e o Mundo Subterraneo
 Leis
A menos que um Domínio tenha Leis que mencionem
especificamente lobisomens, eles contam como seres huma-
nos para o propósito de infrações.
Riscos e Recompensas
Entrar no Mundo Subterrâneo traz os mesmos riscos
para os lobisomens e para qualquer criatura viva. Ele tam-
bém carrega a possibilidade de perder toda a Harmonia e se
tornar uma Alma Quebrada, condenado a vagar pelo Mundo
Subterrâneo para sempre, perdido para Luna.
Os lobisomens podem usar o Mundo Subterrâneo como
uma forma de encontrar a fraqueza de um inimigo particu-
larmente desagradável, perguntando àqueles que ele já ma-
tou. Lobisomens que desejam entender a natureza da morte
humana e da vida após a morte podem estar interessados
em explorar o Mundo Subterrâneo, assim como os Uratha
que simplesmente querem fazer um nome para si mesmos. Já
que ganhar renome por feitos feitos no Mundo Subterrâneo
é difícil, é claro, este último motivo pode levar à decepção
quando a alcateia emerge na terra dos vivos e os Lunos não
têm ideia do que os Uratha têm feito.
Também é possível encontrar fetiches e outros itens de
interesse no Mundo Subterrâneo. Normalmente, um fetiche
é um objeto com um espírito ligado a ele, mas alguns Uratha
trocam histórias de rituais secretos que permitem a um lobi-
somem criar fetiches a partir de fantasmas humanos. Será
que esses rituais também funcionam nos geists? E em caso
afirmativo, os itens que eles criam eventualmente caem no
Mundo Subterrâneo se não forem supervisionados?
Ganchos de História
• A Alcateia Perdida: A história conta que uma alcateia
de lobisomens perseguiu uma criatura que eles pensaram
ser um homem reivindicado por um espírito da morte
(mais provavelmente um Devorador de Pecados) em um
Portão Averniano. Perdidos no labirinto de cavernas e
túneis, eles degeneraram lentamente até não quererem
mais sair. Eles vagam pelos túneis agora, ocasionalmente
entrando em Domínios até serem expulsos, atacando e
devorando qualquer um que encontrem. Seu totem de
alcateia, um espírito de ação preventiva na forma de uma
serpente preta e branca, os segue, esperando que alguém
os tire do Mundo Subterrâneo ou os mate para que final-
mente possam ser livres.
• Desespero: O totem da alcateia fugiu para o Mundo
Subterrâneo. Originalmente um espírito de caça e furtivi-
dade, a inclinação infinita da alcateia para matar a levou
além de sua razão. Ele procura o fantasma de um soldado
que, após matar acidentalmente uma família no Oriente
Médio, colocou a arma na boca. Os dois espíritos se fun-
dem. Quando a alcateia os encontra, eles são uma pupa
ectoplasmática mosqueada. O que vai emergir dessa mas-
sa e o que ela vai querer fazer com a alcateia?
• A Casa da Morte: Lobisomens formam sociedades
secretas chamadas Casas, geralmente reunidas por uma
filosofia específica e um espírito totêmico. Uma dessas
sociedades, aberta apenas aos membros da tribo Sombras
Descarnadas, é chamada de Casa da Morte. Esses lobiso-
62
Capitulo Dois: Culturas Ctonicas
mens procuram desvendar os mistérios da morte, e isso, é
claro, os leva ao Mundo Subterrâneo com mais frequência
do que outros lobisomens. Rumores dizem que seu totem
de Casa, o Espírito das Cinzas dos Mortos, os torna imu-
nes à degeneração que a maioria dos lobisomens no Mun-
do Subterrâneo enfrenta. Se isso for verdade, então que
casas e domínios esses lobisomens podem ter construído e
que recepção um Devorador de Pecados ou outro viajante
do Mundo Subterrâneo pode encontrar lá?
(A Casa da Morte é descrita na íntegra em Casas: Os Fiéis).
Magos e o
Mundo Subterrâneo
Os Despertos enfrentam um paradoxo interessante no
Mundo Subterrâneo. Eles são capazes de magia além da com-
preensão da maioria dos outros seres, até mesmo seres tão es-
tranhos e poderosos como Devoradores de Pecados. Muitos
magos podem falar com fantasmas com um feitiço simples, e
alguns podem até bani-los ou colocá-los nos corpos dos mor-
tos. No Mundo Subterrâneo, um mago com o conhecimento
correto pode viver como um rei.
Mas os magos são mortais e todos os mortais morrem. O
Mundo Subterrâneo é um lembrete constante disso, e um ar-
tífice da vontade que entra na Grande Profundeza corre tanto
risco quanto qualquer outra pessoa.
Estígia
O Reino das Criptas, a Morada das Sombras e a casa da
Torre de Vigia da Moeda de Chumbo - se Estígia não é um
Domínio do Mundo Subterrâneo, parece que deveria ser. Ma-
gos não podem alcançar Estígia (ou qualquer Reino Superno)
após o Despertar, mas aqueles Moros que entraram no Mundo
Subterrâneo se perguntam se Estígia está conectada de alguma
forma.
A resposta depende do Narrador, é claro. É possível que o
Reino Superno de Estígia seja uma espécie de ideal platônico
de morte e vida após a morte, talvez um reflexo do Mundo
Subterrâneo (ou vice-versa?), mas de forma alguma conectado.
Assim, embora um mago possa encontrar partes do Mundo
Subterrâneo semelhantes ao Reino das Criptas, ele não tem
como retornar à Estígia vindo da Grande Profundeza.
Outra possibilidade, porém, é que eles estejam conectados.
Estígia, como os outros Reinos Supernos, contém uma Torre
de Vigia construída por um mago antigo e divino chamado
Oráculo. E se a Estígia fosse, em um ponto, um dos Mistérios
Inferiores? Talvez este Oráculo, exercendo um domínio sobre
o poder da Morte de um jeito que nunca foi visto, tenha cerca-
do Estígia e construído sua Torre de Vigia lá? Isso significaria
que as “sombras” de Stygia foram, em um ponto, fantasmas
humanos, mas ao longo do tempo suas personalidades indi-
viduais foram desgastadas pelas Leis do Reino, até que tudo
o que resta é alguma noção idealizada do que uma “sombra”
deveria estar.
As Leis Antigas de Estígia, então, são o que permite que a
alma de um mago apareça lá e Desperte para a Torre de Vigia.
Cada Moros que Desperta para Estígia lembra-se de um rio
que atravessa o Reino - este é um dos Rios da Morte? Em caso
afirmativo, talvez seja possível descobrir qual deles e rastre-
ar o rio até o reino... mas e então? As Leis podem proibir
qualquer pessoa de entrar, exceto durante um Despertar.
E mesmo se um mortal (como um Devorador de Pecados)
conseguisse romper as paredes ao redor de Estígia, o que ele
faria lá? Assinar a Torre de Vigia? Tentar quebrar as paredes,
expondo o Superno para o resto do Mundo Subterrâneo?
Derrubar a Torre de Vigia da Moeda de Chumbo, reduzindo
assim todos os Necromantes no planeta a um estado de Sono
(e provavelmente à loucura)?
Sistemas
Magia
A maioria dos Arcanosa trabalha normalmente no Mun-
do Subterrâneo. A magia Desperta funciona atraindo as leis
naturais dos Reinos Supernos e impondo-as ao Mundo De-
caído, mas tal magia exige que a esfera de ação de um deter-
minado Arcano seja representada. Dito de outra forma, um
ambiente completamente desprovido de matéria, se tal coisa
fosse possível, tornaria o Arcano da Matéria quase inútil, não
porque não funcionasse, mas porque não haveria nada para
ele trabalhar. Princípios semelhantes estão em funcionamen-
to no Mundo Subterrâneo, conforme discutido a seguir.
Morte: Na maior parte, o Arcano da Morte funciona nor-
malmente, mas é mais fácil de usar no Mundo Subterrâneo.
Todos os feitiços de morte recebem um modificador de +1
no Mundo Subterrâneo. Além disso, o mago pode usar fato-
res em magias de Morte como se seu nível fosse um ponto a
mais. Por exemplo, o feitiço de Morte “Suprimir a Vida do
Outro” pode ser usado em alcance sensorial com Morte 4, ao
invés de Morte 5. Este bônus não aumenta o nível do mago
em Morte para o propósito de quais feitiços ele pode lançar,
apenas na aplicação de fatores .
Além disso, os feitiços que lidam com Crepúsculo (Con-
tato Tumular, Transição Crepuscular) não funcionam no
Mundo Subterrâneo.
Um mago pode abrir um Portão Averniano com um fei-
tiço de Aperfeiçoar Morte (Morte 3), independentemente de
ele saber a chave. Abrir um portal para o Mundo Subterrâ-
neo sem um Portão Averniano existente requer um feitiço de
Criar Morte (Morte 5).
Sorte: Funciona normalmente e pode ser usado para afe-
tar as Leis Antigas dos Domínios (veja abaixo).
Forças: Funciona normalmente. Feitiços que permitem a
recepção de ondas de rádio e similares obviamente têm pou-
ca utilidade no Mundo Subterrâneo.
Vida: Os seres do Mundo Subterrâneo, em sua maioria,
não estão vivos e não podem ser afetados por este Arcano.
Os magos podem usar feitiços de vida em si mesmos ou em
outros viajantes vivos, mas a vida não pode ser usada para
afetar o meio ambiente.
Matéria: Funciona normalmente.
Mente: Funciona normalmente, exceto que magias como
Controle de Animais não funcionam em psicopompas.
Primórdio: Funciona normalmente.
Espaço: É possível vislumbrar um fantasma no Mundo
Subterrâneo, sujeito aos modificadores usuais da magia sim-
pática. Se o mago não estiver no Mundo Subterrâneo, ele
só poderá vislumbrar o fantasma se também for um Mestre
da Morte. O teletransporte dentro do Mundo Subterrâneo
funciona normalmente, mas abrir portais para o mundo dos
vivos é, novamente, possível apenas para Mestres da Morte.
Fora isso, o Arcano funciona normalmente.
Espírito: Este Arcano tem pouca utilidade no Mundo
Subterrâneo. Afinal, os seres lá não são espíritos e, como tal,
não estão sujeitos a esses feitiços. Um mago pode usar magias
como Persuadir Espíritos em objetos que ele traz consigo,
mas magias destinadas a convocar espíritos para o Mundo
Subterrâneo são automaticamente consideradas vulgares em
seu aspecto e sofrem uma penalidade de -5.
Tempo: Funciona normalmente, exceto que os feitiços de
Pós-cognição encontram as mesmas penalidades e dificulda-
des que O Toque do Espírito (pág. 55).
Leis
A menos que as Leis Antigas de um determinado Do-
mínio mencionem especificamente os magos, eles são consi-
derados seres vivos de acordo com essas Leis. É possível, no
entanto, para um praticante de Sorte contornar essas Leis,
pelo menos temporariamente. Usando o feitiço Alterar Jura-
mento (Sorte 3), o mago pode tentar quebrar uma das Leis
Antigas sem chamar atenção. Isso impõe uma penalidade de
-10 no feitiço, no entanto.
O mago também pode usar Fabricar a Fortuna (também
Sorte 3) para evitar ser notado depois de já ter quebrado uma
das Leis Antigas. Neste caso, a Resistência do Kerberoi res-
pondente é subtraída da parada de lançamento do mago.
Finalmente, um mago pode usar Morte 3 para se alterar
de forma a parecer morto para os propósitos das Leis de um
Domínio. Se ele deseja usar essa tática, isso deve ser feito
antes que ele entre no Domínio.
Riscos e Recompensas
As recompensas por se aventurar no Mundo Subterrâneo
podem ser ótimas para os magos. Eles podem descobrir os
tesouros de almas e civilizações perdidas, se entrarem nos
Domínios certos. Eles podem engarrafar as águas (substân-
cias, pelo menos) dos Rios da Morte para estudo e podem
entrevistar e interrogar fantasmas de culturas longínquas. É

Magia e Geists
Magos podem usar seus Arcanos para afetar geists, mas como esses seres são híbridos de espíritos e fan-
tasmas, um mago precisa ser proficiente em ambos para afetar a criatura. Uma magia destinada a afetar um
fantasma ou espírito pode afetar um geist se o mago tiver o nível necessário de ambos os Arcanos.
Por exemplo, um mago que deseja usar o feitiço Ferir Espíritos em um geist (pág. 151 de Mago: O Des-
pertar) precisa do Espírito 3 e da Morte 3 para fazer isso. Todos os outros sistemas permanecem iguais.

63
Lobisomens e o Mundo Subterraneo - Magos e o Mundo Subterraneo
 até possível que as sombras dos Despertos estejam aqui em al-
gum lugar, capazes de compartilhar podres e outros conheci-
mentos mágicos com eles. Em termos de jogo, o Mundo Sub-
terrâneo pode ser uma mina de ouro da Experiência Arcana.
Quanto aos riscos, aplicam-se as advertências usuais. Um
mago pode perder sua vida aqui ou se tornar viciado em
qualquer uma das manifestações de seu vício. Ele poderia se
tornar escravo em um dos Mistérios Inferiores, ou se perder e
morrer de fome. E esse tipo de destino é talvez o maior risco
que um mago corre ao entrar na Grande Profundeza.
Magos são mortais. Não importa o que façam, não im-
porta quanto poder acumulem, tudo passa. Eles são exata-
mente os mesmos que os Adormecidos que os cercam em
uma arena muito importante - eles são impermanentes. Pode
não parecer muito, mas para uma pessoa que pode cruzar um
continente em um único passo, invocar fogo do céu ou reor-
denar a mente de uma pessoa a seu gosto, a compreensão de
que ela não só vai morrer, mas vai desaparecer pode destruir
a sanidade.
Ganchos de História
• Despertar, Interrompido: Um jovem no meio de uma
jornada acidental do Mundo Subterrâneo Despertou,
mas como sua alma estava voltando para seu corpo, ficou
preso em um dos Domínios. Seu corpo está em coma,
mas um mago seria capaz de sentir as amarras entre ele
e a alma usando a Visão de Mago (Sorte, Espírito, Vida,
até mesmo Primórdio) e rastreá-los. Se a alma pudesse
ser libertada, ela imediatamente se juntaria ao corpo no-
vamente - mas os personagens se importam o suficiente
para fazer isso? E que tipo de pessoa é esse homem, afinal?
Por que ele ficou preso em um Domínio? Os habitantes
sabem algo que os personagens não sabem?
• Véspera de Todos os Santos: Um feitiço de morte dá
terrivelmente errado, e cada Portão Averniano e de Ce-
mitério por quilômetros voa aberto ao anoitecer e per-
manece assim até o próximo nascer do sol. Fantasmas
e outros seres do Mundo Subterrâneo caminham pela
terra, alguns possuindo os corpos dos mortos, outros cui-
dando de seus negócios como se o mundo dos vivos fosse
apenas uma extensão das Profundezas Autóctones. Existe
uma maneira de reverter o processo ou cada portão deve
ser fechado manualmente? E quem fez isso em primeiro
lugar? Foi, de fato, um acidente?
• Os Cantores em Silêncio: Conforme os magos crescem
em poder, eles aprendem a remodelar suas almas a se tor-
narem mágicas, em vez de apenas manejá-las. Diferentes
maneiras de remodelar almas são chamadas de Legados,
e a sociedade Desperta desenvolveu e descobriu muitos,
tanto benevolentes quanto ativamente malévolos. Um
desses Legados é chamado de Cantores em Silêncio, e os
magos pertencentes ao Legado assumem o papel de en-
lutados e videntes da morte, como os Banshees da lenda
irlandesa. Sua habilidade de saber como a Morte interage
com uma determinada pessoa ou lugar os torna ideais
para buscar refugiados do Mundo Subterrâneo e Portões
Avernianos. Assim que entrarem no Mundo Subterrâ-
neo, na verdade, eles podem descobrir que suas canções
permitem que eles controlem os habitantes fantasmagó-
ricos. Que reinos um Cantor em Silêncio pode construir
64
Capitulo Dois: Culturas Ctonicas
entre as Profundezas Autóctones?
(Os Cantores em Silêncio são descritos em detalhes no su-
plemento Mysterium).
Prometeus e o
Mundo Subterrâneo
Os Criados não são numerosos o suficiente para muitos
pontos em comum. Eles buscam a mortalidade, e o fazem por
tentativa e erro. Eles têm seus métodos para abordar a Pere-
grinação, mas seu maior obstáculo é que o mundo em geral, e
todos nele, parecem odiá-los. No Mundo Subterrâneo, entre-
tanto, muito desse ódio parece morrer.
Fantasmas não são afetados pela Inquietação, e isso signifi-
ca que, embora um fantasma possa estar intrigado, assustado
ou zangado por um Prometeus, nenhuma dessas emoções pro-
vém da herança sobrenatural do Prometeus. Um Prometeus
pode descobrir, então, que o Mundo Subterrâneo é um porto
seguro de um mundo que o rejeita.
AOsJornada ao Rio
Prometeus podem entrar no Mundo Subterrâneo atra-
vés dos Portões Avernianos, mas também possuem uma manei-
ra única de alcançar a Grande Profundeza - a morte. Quando
um Prometeus morre pela primeira vez, o Fogo Divino dentro
dele se inflama, devolvendo-o à vida 24 horas após a morte que
sofreu. As regras para essa ressurreição (encontradas nas pági-
nas 162-163 de Prometeus: Os Criados) afirmam que quando
os Prometeus sofrem danos que aumentam os ferimentos le-
tais existentes para agravados, seus membros e corpo podem
ser destruídos e a ressurreição não cura essas feridas. Uma vez
que isso levaria a personagens Prometeus sem membros, no
entanto, considere o seguinte sistema opcional:
Quando os Prometeus morrem e têm uma maneira de se
esquivar da morte (seja o Melhoramento Revivificação ou o
Chama Azoth, que, lembre-se, só funciona uma vez), eles acor-
dam nas margens de um dos Rios da Morte (Cócitos ou Le-
tes são boas escolhas, mas qualquer um dos rios funciona). O
Prometeus está completo, independentemente de ter perdido
membros ou não devido ao dano que o matou. Para permane-
cer inteiro quando retornar ao mundo dos vivos, porém, o per-
sonagem deve aceitar o que aconteceu. Ele deve entender por
que morreu e o que poderia ter feito de forma diferente, e per-
ceber como esse evento se encaixa em sua maior Peregrinação.
Isso é resolvido por meio de uma combinação de interpre-
tação e mecânica de jogo. O personagem pode sentar-se nas
margens do rio e contemplar silenciosamente essas questões
(talvez pensando em voz alta enquanto o jogador fala sobre o
que aconteceu com o Narrador, ou talvez o jogador escreva o
monólogo durante o tempo de inatividade), ou um psicopom-
po ou um fantasma transeunte pode fornecer ao personagem
um parceiro para um diálogo. Em ambos os casos, conforme o
personagem está envolvido nesta reflexão, o jogador faz algu-
mas jogadas de dados:
Parada de Dados: Humanidade
Ação: Estendida (cada teste requer 30 minutos de refle-
xão; o número alvo é [5 x o número de membros perdidos ou
destruídos])

Resultados do Teste
Fracasso Dramático: O personagem ressus-
cita imediatamente. Qualquer dano não cura-
do permanece, o que significa que o persona-
gem pode ter perdido membros.
Fracasso: Nenhum sucesso é adiciona-
do ao total.
Sucesso: Os sucessos são adiciona-
dos ao total. Quando o jogador atin-
ge o número alvo, o personagem
ressuscita com uso total de seus
membros.
Sucesso Excepcional: Suces-
sos consideráveis são adicionados
ao total. Se o jogador atingir o
número alvo com cinco sucessos
extras, o personagem terá uma im-
portante revelação sobre sua morte
e o que isso significa. O personagem
ganha três Vitríolos ao ressuscitar.

Sistemas
Melhoramentos e
Transmutações
Força Profana, Re-
sistência Profana, Revi-
vificação e Aparência
Hipnotizante funcio-
nam normalmente no
Mundo Subterrâneo.
Carne Efêmera não
tem efeito no Mundo
Subterrâneo.
Uma vez que fan-
tasmas e outros habi-
tantes do Mundo Sub-
terrâneo não sofrem
Inquietação, poderes
que instilariam Inquie-
tação (como Fúria Rai-
vosa e Bode Expiatório)
não funcionam neles.
Todas as outras Transmu-
tações funcionam normalmente. Leis
Os Prometeus não são mortos-vivos, mas da perspecti-
Solos Improdutivos va do Mundo Subterrâneo, eles também não estão “vivos”.
Como tal, eles estão sujeitos a algumas das mesmas áreas cin-
Os Prometeus criam Solo Improdutivo no Mundo Sub-
terrâneo, mas o efeito é mais gradual. Um personagem deve zentas que os vampiros quando entram nos Domínios. Ao
passar três dias em um determinado local para criar um Solo contrário dos vampiros, no entanto, os Prometeus nunca são
Improdutivo de estágio um, após o qual todos os tempos realmente considerados humanos. Ao entrar em um Domí-
para criar Solo Improdutivo são dobrados (duas semanas nio, o jogador do Prometeus deve verificar como isso o afeta.
para avançar para o estágio dois e assim por diante). É impro- Ação: Instantânea
vável que os habitantes do Mundo Subterrâneo perdoem as Parada de Dados: Humanidade - Azoth
criaturas que poluem sua terra natal, mas o Mundo Subter-
râneo é tão vasto que pode ser possível para um Prometeus Resultados do Teste
encontrar um túnel que ninguém usa e ficar lá por meses. Fracasso Dramático: As Leis do Domínio “lêem” o per-
sonagem como um fantasma fraco e, dependendo do reino

65
Magos e o Mundo Subterraneo - Prometeus e o Mundo Subterraneo
 em questão, seres mais poderosos podem imediatamente ten-
tar escravizar o personagem.
Fracasso: As Leis do Domínio vêem o personagem como
um fantasma e o tratam de acordo.
Sucesso: As Leis do Domínio veem o Prometeus como
algo novo e desconhecido. Domínios reagem de maneiras di-
ferentes a tal estranheza. Um Domínio pode barrar a entrada
do personagem, outro pode ignorá-lo até que ele viole uma
das Leis. O Prometeus pode até ser convocado ao governante
do Domínio para uma avaliação do que ele é e como se en-
caixa no esquema do lugar.
Sucesso Excepcional: O Domínio não registra o perso-
nagem de forma alguma. Enquanto ele não violar nenhuma
Lei, ele será invisível para o Kerberoi do lugar. Se ele violar as
Leis, o melhor que pode esperar é a expulsão.
Modificadores Sugeridos
Modificador Situação
-2 O personagem é um Ulgan ou Nepri
-1 O personagem não é um Ulgan, mas
conhece o Melhoramento Carne Efêmera
Riscos e Recompensas
Além dos riscos habituais do Mundo Subterrâneo, os
Prometeus correm o risco de serem escravizados. Não mor-
tos ou verdadeiramente vivos, eles são, para muitos habitan-
tes do Mundo Subterrâneo, pouco mais do que autômatos.
Prender um a uma parede com uma longa corrente e usá-lo
para guardar uma passagem nem mesmo lhes ocorre como
escravidão - este zumbi glorificado nunca foi humano e, por-
tanto, não tem memórias ou âncoras para torná-lo uma pes-
soa verdadeira.
Quanto às recompensas, o Mundo Subterrâneo pode ob-
viamente ser uma fonte de marcos para aprender como os
humanos veem a morte, o pecado, a culpa e o medo. Além
disso, um Prometeus que consegue encontrar um lugar iso-
lado no Mundo Subterrâneo tem um local excelente para ir
para o deserto. Finalmente, os Prometeus podem apreciar a
capacidade de falar com as pessoas (ou sombras de pessoas)
sem gerar Inquietação.
Ganchos de História
• O Portão Ardente: Em Appletown, Pensilvânia, há
mais de uma década um incêndio queima nas minas sub-
terrâneas de carvão. Quem começou o fogo? Uma cria-
tura chamada Verney afirma ter feito isso, mas também
afirma ser o verdadeiro Monstro de Frankenstein, então
talvez ele não seja a pessoa mais confiável do mundo. Em
qualquer caso, ele diz que ateou fogo como parte de uma
barganha com um anjo. Que tipo de anjo iria querer tor-
nar uma cidade inabitável ou provocar um incêndio que,
com toda a probabilidade, nunca se extinguirá? Será que
isso tem algo a ver com o Portão Averniano que leva dos
túneis abaixo de Appletown para uma parte do Mundo
Subterrâneo que até mesmo os fantasmas mais poderosos
temem entrar?
• Nunca Sair: Um Prometeus esgueirou-se para o Mundo
Subterrâneo através de um Portão Averniano alguns anos
66
Capitulo Dois: Culturas Ctonicas
atrás, escorregou para uma pequena fenda nas Profundezas
Autóctones e recusou-se a sair. Ele está esperando, diz ele,
por uma revelação que a levará ao Novo Amanhecer, mas
o que ele está fazendo é envenenar o Mundo Subterrâneo
ao seu redor. Até agora, nenhum fantasma foi capaz de de-
salojá-lo e, impensadamente, as paredes começaram a ficar
frágeis. Um Devorador de Pecados ou outro viajante do
Mundo Subterrâneo vendo isso pode muito bem procurar
por uma criatura semelhante, alguém que possa falar sobre
isso.
• O Refinamento de Prata: Todos os Prometeus seguem
um Refinamento, mas um deles, conhecido como Argen-
tum, defende a investigação do sobrenatural como meio de
se relacionar e compreender a humanidade. Os seguidores
desse Refinamento, chamados de “Místicos”, veem o Mun-
do Subterrâneo como uma mina de ouro de conhecimen-
to e iluminação. Como um ser humano muda quando se
torna sobrenatural? Quanto de uma pessoa pode ser des-
pojado antes que apenas a alma seja deixada? Os Místicos
adorariam as respostas a essas perguntas, e muitos deles
podem convocar, repelir e até mesmo imitar fantasmas
para respondê-las.
(O Refinamento de Prata aparece em detalhes completos
em Magnum Opus).
Changelings e o
Mundo Subterrâneo
Os refugiados de Arcádia já lutaram em um labirinto de
outro mundo. Inserir outro, especialmente um que não esteja
em conformidade com nenhuma das regras às quais eles estão
acostumados, é a última coisa que muitos changelings gosta-
riam de fazer. Mas às vezes, é claro, os changelings não têm
escolha. Um portão se abre, seja do mundo dos vivos ou da
Sebe, e admite o Perdido na Grande Profundeza. E uma vez
lá, eles aprendem algo que pode dar esperança a eles e a todos
os outros.
Tudo morre. Os Gentis não são imortais. O Mundo Sub-
terrâneo, em algum Domínio secreto e invisível, talvez, tenha
um lugar especial para cada um dos Outros. Eles podem mor-
rer. Eles podem sofrer. E entre aqueles poucos changelings que
vislumbraram a verdade, há uma centelha de esperança de que
eles possam estar lá para vê-la.
Sistemas
Entrando
Changelings podem usar Portões Avernianos da maneira
usual. Os rumores também persistem de que existe uma cláu-
sula, conhecida principalmente pelos Trevosos, que permite
a um changeling abrir um portal diretamente para o Mundo
Subterrâneo (veja o texto em destaque).
Além desses métodos, os changelings às vezes encontram
lugares baixos na Sebe. Eles sempre assumem a forma de crip-
tas, mausoléus, forcas, guilhotinas e outros marcadores de
morte. Os changelings podem sentir um vento frio vindo dos
portões e, quando se aproximam, podem sentir que o por-
tão conduz para fora da Sebe. Infelizmente, a menos que o
changeling esteja ciente do Mundo Subterrâneo, ele prova-
velmente não perceberá que o portão leva a qualquer lugar,
exceto de volta ao mundo humano e acabará em um lugar
totalmente desconhecido (que é, indiscutivelmente, ainda
menos perigoso do que a Sebe).
Contratos
Contratos do Sonho: Desbravador não tem nenhum
benefício no Mundo Subterrâneo. Fantasmas não sonham,
então Tapa-Buraco Onírico não funciona com eles. Degraus
de Sonho podem ser usados para escapar do Mundo Sub-
terrâneo, desde que alguém próximo ao changeling esteja
sonhando.
Contratos das Trevas: Todos os Contratos das Trevas re-
cebem um modificador +1 no Mundo Subterrâneo.
Contratos de Garras e Dentes: Psychopomps não são
considerados animais para os fins destas cláusulas ou de suas
brechas.
A Sebe
Os changelings não podem abrir passagens do Mundo
Subterrâneo para a Sebe. As tentativas de fazer isso simples-
mente falham, e a porta permanece apenas uma porta.
A Cláusula de Morte
Ao entrar no Mundo Subterrâneo pela primeira vez, um
changeling se sente como se tivesse participado de um pode-
roso juramento. O jogador testa Lucidez neste ponto (Trevo-
sos recebem um modificador de +2).
Resultados do Teste
Fracasso Dramático: O personagem está cego para a
Cláusula de Morte e não desfruta de seus benefícios, mesmo
que isso seja explicado a ele posteriormente. Algo sobre ele,
talvez algo que ele fez durante seu Cárcere, o isenta.
Fracasso: O personagem não percebe a Cláusula de Mor-
te e não pode tirar vantagem do benefício até que o faça. O
jogador pode fazer o teste de Lucidez uma vez por dia no
Mundo Subterrâneo.
Sucesso: O personagem imediatamente se torna ciente
da Cláusula de Morte, mas os benefícios devem ser descober-
tos por investigação (provavelmente conversando com outros
changelings ou investigando profundamente o Mundo Sub-
terrâneo para descobrir a verdade).
Sucesso excepcional: O personagem entende imediata-
mente a Cláusula de Morte na íntegra, incluindo todos os
benefícios.
A Cláusula de Morte é, como o nome sugere, um antigo
acordo entre as fadas e o Mundo Subterrâneo. Os Gentis
concordaram que seriam mortais, mas que a morte não viria
para eles até que certas condições fossem cumpridas. Cada
membro dos Gentis, como tantas outras coisas fée, tem uma
condição ou uma arma que pode derrubá-lo. Claro, uma vez
que os Gentis escolhem seus próprios métodos de extinção,
essas condições são absurdamente obscuras, mas todas são
possíveis. Só de saber disso, os Perdidos têm muita esperança.
A Cláusula de Morte também traz benefícios para os
changelings. Um changeling que adere à Cláusula (que custa
um ponto de Força de Vontade) “compra” uma morte. O
personagem pode morrer uma vez e voltar à vida no Mundo
Subterrâneo, em uma caverna especial nas Profundezas Au-
tóctones. Isso deixa o personagem com o problema de encon-
trar seu caminho de volta ao mundo dos vivos, mas ele está
vivo. O jogador pode comprar de volta o ponto de Força de
Vontade com oito pontos de experiência, e um changeling só
pode tirar vantagem da Cláusula de Morte uma vez.
Leis
Os changelings contam como seres vivos para os propósi-
tos das Leis Antigas dos Domínios. Além disso, os changelin-
gs com Lucidez 7 ou superior devem rolar para evitar dege-
neração se violarem uma das Leis Antigas (lance três dados).
Riscos e Recompensas
Além dos riscos usuais do Mundo Subterrâneo, os chan-
gelings arriscam sua sanidade na Grande Profundeza em um
grau maior do que outros personagens. O trauma de se en-

Abrindo o Portao Negro

Custo: 2 Glamour, 1 Força de Vontade
Parada de Dados: Vigor + Fado
Ação: Estendida (cinco sucessos; cada jogada representa um turno)
Brecha: A cláusula é invocada à meia-noite em um mausoléu, e o changeling invoca as leis da hospitalidade
enquanto a cláusula estiver em vigor.
Se o changeling for bem-sucedido, ele abre um portal para o Mundo Subterrâneo que permanece aberto
por uma noite. Com um sucesso excepcional, o portal dura um mês lunar, mas não pode ser fechado an-
tes do tempo. Em um fracasso dramático, o portal é um caminho só de ida - aqueles que entram devem
encontrar outra saída.
Esta cláusula é o poder de cinco ponto dos Contratos de Sombra e Espírito, que aparece no suplemento
para Changeling: Os Perdidos, Máscaras do Inverno. As outras cláusulas tratam de fantasmas, mas
não do Mundo Subterrâneo.

67
Prometeus e o Mundo Subterraneo - Changeling e o Mundo Subterraneo
 contrarem de volta a um labirinto sobrenatural, sem nenhu-
ma saída óbvia, lembra o sequestro e o Cárcere. Assim, os
testes para evitar perturbações decorrentes de trauma mental
no Mundo Subterrâneo sofrem um modificador -1.
As recompensas de se aventurar no Mundo Subterrâneo,
é claro, incluem a Cláusula de Morte e seus benefícios as-
sociados. Além disso, os changelings frequentemente desco-
brem que estar perto de fantasmas, tão puros em suas emo-
ções, os ajuda a colher Glamour assim que chegarem à Terra
novamente. Se um changeling se entrega ao seu Vício no
Mundo Subterrâneo, ele pode comprar um ponto da Van-
tagem Colheita (Emoções) pela metade do preço (comprar
o terceiro ponto, então, custaria três pontos de experiência,
não seis).
Ganchos de História
• A Ferrovia Subterrânea: Um grupo de changelings,
principalmente Trevosos, descobriu um trod que sai das
profundezas da Sebe através do Mundo Subterrâneo e sai
por um Portão Averniano. Eles planejam estabelecer um
Vão perto do Portão-Sebe, e ajudar os novos changelin-
gs a escapar. O problema com isso é que os changelings
precisam encontrar seu próprio caminho de volta para
a Terra, usando suas memórias de suas vidas, caso con-
trário, eles podem perder o foco e ficar verdadeiramente
perdidos quando chegarem em casa.
• A Cláusula de Morte, Expandida: Um changeling Mir-
rado pertencente à Corte do Outono está procurando
uma maneira de permitir que não-changelings comprem
a Cláusula de Morte. Sua teoria de trabalho é que se al-
guém morre no Mundo Subterrâneo, esse sacrifício pode
ser empregado para permitir a qualquer um o luxo de
uma morte. Ele esta certo? Se for, ele venderá esse segredo
para as pessoas mais ricas e poderosas que encontrar...
mas primeiro, ele precisa de porquinhos-da-índia.
• Os Ecos Eternos: Como mencionado, os changelings
geralmente encontram seu caminho de volta à Terra con-
tando com suas memórias para guiá-los. Esta é uma das
razões pelas quais os changelings abduzidos séculos atrás
não voltam - o mundo que eles conheciam se foi, e eles
não têm uma estrela para liderá-los. Os Ecos Eternos são
changelings que coletam histórias, memórias e segredos,
para que nada seja esquecido. Certamente, a chance de se
aventurar no Mundo Subterrâneo e falar com as sombras
de pessoas que representam eras há muito tempo seria
demais para resistir?
(Os Ecos Eternos são detalhados em Senhores do Verão).
Caçadores e o
Mundo Subterrâneo
Os caçadores, em sua maior parte, interagem com o
Mundo Subterrâneo da mesma forma que os seres humanos
normais. Uma célula de caçadores pode entrar no Mundo
Subterrâneo em busca de um monstro em fuga, em busca
de conhecimento proibido ou por puro azar. De qualquer
68
Capitulo Dois: Culturas Ctonicas
forma, as histórias de Caçadores ambientada na Grande Pro-
fundeza devem servir para lembrar a esses personagens que,
normalmente, a única maneira de ver tudo isso é morrendo.
Sistemas
Táticas
As táticas funcionam normalmente no Mundo Subterrâ-
neo, desde que a célula tenha o equipamento e o espaço para
fazê-las funcionar.
Dotes
Os dotes funcionam normalmente no Mundo Subterrâneo,
levando em consideração que os poderes que normalmente
perceberiam ou interagiriam com os seres em Crepúsculo não
funcionam (o que significa que os Familiares Crepusculares
se manifestam enquanto estão no Mundo Subterrâneo). Da
mesma forma, usar Munição Etérea em fantasmas no Mundo
Subterrâneo é um desperdício de recursos, já que balas nor-
mais funcionam da mesma forma.
Riscos e Recompensas
Um caçador corre os riscos habituais ao entrar no Mundo
Subterrâneo. Dependendo das crenças do caçador, ele pode
arriscar muito mais. O Mundo Subterrâneo não é o Inferno,
nem é o Purgatório ou qualquer outro lugar mitológico - é
simplesmente a Grande Profundeza, e abrange mais tradições
do que a maioria dos fanáticos se sentiria confortável. Um ca-
çador vendo a multiplicidade do Mundo Subterrâneo pode
perder sua fé e seu zelo, e essas são perdas perigosas na caça.
Da mesma forma, porém, um caçador pode obter um co-
nhecimento que o conforta. Sim, o Mundo Subterrâneo é
horrível em alguns lugares, mas existe, e as pessoas não desa-
parecem simplesmente. Alguma parte deles permanece viva e
convincente, mesmo depois que o corpo desmoronou. Embo-
ra o Mundo Subterrâneo provavelmente levante mais pergun-
tas do que respostas, um caçador que o vê pode se consolar
nesses túneis escuros.
Ganchos de História
• O Ceifador: Um slasher - um termo para um assassino
em série aparentemente imbuído de um grau de poder so-
brenatural - descobriu como abrir os Portões Avernianos.
Quando suas palmas são pintadas com o sangue de uma
vítima, ele pode abrir qualquer porta, deixando para trás
apenas impressões de mãos ensanguentadas. Ele construiu
um mapa de todos esses portões dentro de quilômetros, e
as pessoas estão desaparecendo, com apenas as impressões
das mãos para marcar sua passagem. Claro, seus fantasmas
podem eventualmente caçar o assassino no Mundo Subter-
râneo, mas por enquanto, ele está matando impunemente
e usando o Mundo Subterrâneo para se esquivar das auto-
ridades.
• O Poço: Uma célula de caçadores descobriu um Portão
Averniano na forma de um poço. A chave, eles aprende-
ram, era que ele se abriria se uma pessoa culpada ficasse
em cima dele com medo. A célula, desde então, equipou o
poço com uma porta dobrável e está desenvolvendo uma
tática na qual agrupam suas presas em cima dela. Afinal,
todos os monstros são “culpados”, então o truque é dei-
xar o monstro com medo, e então o portão faz o resto,
mandando a criatura para o Inferno que ela merece.
Claro, o Mundo Subterrâneo não é o inferno, e nem é
impossível escapar.
• Os Protetores da Fonte: Um compacto de caçadores,
fundado por um médium que se opôs a bruxas roubando
a “Mãe Terra” de sua energia natural, fez sua primeira
carreira rabdomante em busca de fluxos subterrâneos de
magia. Eles nunca descobriram o Mundo Subterrâneo -
Changeling e o Mundo Subterraneo - Cacadores e o Mundo Subterraneo
até agora. Os Protetores estão sempre procurando uma
maneira de fazer com que os monstros deixem a Mãe Ter-
ra em paz. Ao alterar o fluxo de energia mágica para que
uma bruxa, em vez disso, consiga a mácula da morte do
Mundo Subterrâneo, eles imaginam que podem ensinar
esses feiticeiros por meio do castigo. Eles não têm ideia
de como fazer isso ainda, mas têm algumas pistas interes-
santes.
(Os Protetores da Fonte são descritos em detalhes em Ca-
çadores de Bruxas).
69
 Ela não percebe e não quer acreditar, mas Cassie
enlouqueceu.

Ela acha que está fazendo a coisa certa; pessoas más

costumam fazer.

Ela se senta na beira da fonte no meio da praça

da cidade. Ela morde o polegar e derrama um pouco do
sangue e, em seguida, joga um anel afixado em uma velha
junta - um talismã que ela arrancou do Portão da Ponte
Moldwater cerca de 32 quilômetros ao sul daqui.

Ela pensa um pouco, enquanto pega a água fria da

fonte e lava os braços com ela. Enquanto marca os braços
com ocre, pensa no incêndio da casa, pensa na mãe moribunda,
pensa em todas as mortes feitas por suas mãos.

Ela fala em voz alta: “Todos eles foram

justos.” Ela sabe que também serão justos. Ela vê
a articulação do dedo e o anel ficarem vermelhos,
encharcando o sangue. Ela os toma e os coloca na
boca, uma pílula amarga, e engole. Parece que
está rasgando seu esôfago enquanto cai em seu
estômago vazio.

Ela se pergunta: “Quando isso vai

acontecer –“ E então acontece.
Os ventos uivantes do Mundo
Subterrâneo. O cheiro da morte. Os gritos de
mil espectros. Partículas de luz. O cheiro de
banana podre e pão mofado. Mãos se estendem
através dela - mãos esqueléticas, mãos pálidas,
mãos fantasmas. Eles derramam dela - ela não
é mais Cassie, não agora. Ela é apenas uma porta,
uma silhueta, uma sombra totalmente aberta.

Ela bate nos portões e ri. O

mundo foi
achado em falta.
 Capítulo Três:
Simpatias das
Trevas
O Mundo Subterrâneo revela segredos sombrios para aqueles que investigam
suas profundezas. Os Devoradores de Pecados ganham mais estudando as terras
além da morte - um Geist vem do Mundo Subterrâneo e pode pesquisar novas
habilidades estranhas quando retornar. Um Devorador de Pecados faria bem em
lembrar que todo poder tem um preço, e isso vale o dobro no Mundo Subter-
râneo. Nenhum fantasma desistirá de segredos sem querer algo e tentará obter
todos os fragmentos que puder. Nos Mistérios Inferiores, todo fantasma afirma
ter algo que um viajante possa desejar, desde que acredite em sua palavra.

Cerimônias
Todas as cerimônias contam com a profunda conexão do Vinculado com o
Mundo Subterrâneo. Os apresentados nesta seção são pequenos rituais de vida e
morte, usando a própria presença de um Devorador de Pecados para preencher
a lacuna. A maioria dessas cerimônias não são exatamente de conhecimento co-
mum; aqueles classificados como quatro pontos ou mais são muito raros, e encon-
“Eu odiaria morrer duas trar um professor não é uma tarefa fácil. Alguns fantasmas - e alguns Devoradores
vezes. de Pecados - contam histórias de bibliotecas contendo livros cheios de cerimônias,
Isso é tão chato.” perdidos nas profundezas do Mundo Subterrâneo, mas ninguém ainda voltou
com evidências concretas (ver Ateneu, p. 172).
—Últimas palavras de
Richard Feynman Amanhecer do Cigarro (•)
Alguns lugares e momentos têm um ar melancólico. Assistir ao nascer do sol
sobre uma antiga cidade mineira ou sentar-se com uma garrafa térmica de café
em um cemitério e esperar a hora passar. Alguns lugares - aqueles ao redor dos
portões do Mundo Subterrâneo - acendem um tipo especial de melancolia, uma
aura que um Devorador de Pecados pode capitalizar para fazer a um dos vivos
uma pergunta sensível sobre alguém que morreu. Compartilhando um cigarro,
o Devorador de Pecados pode perguntar coisas que a maioria das pessoas nunca
conseguiria responder.
Realizando a Cerimônia: O Devorador de Pecados deve se encontrar com seu
companheiro dentro de 20 metros de um Portão Averniano. Ele abre um novo
maço de cigarros e bate no fundo até que um se projete acima do resto. Ele tem
que colocar aquele lado do filtro voltado para baixo no pacote - aquela fumaça é
para o homem morto. Ele oferece o primeiro cigarro ao companheiro, pega um
e acende os dois no mesmo isqueiro, sem deixá-lo apagar. Somente depois de
ambas as partes terem dado a primeira tragada, qualquer um pode falar. Alguns
dos Vinculados usam uma versão dessa cerimônia com bebida forte substituindo
o tabaco, desde que o espírito seja adequado para a área e seu companheiro: rum
escuro é bom no Caribe, enquanto a maioria dos escoceses não recusará um úni-
co uísque de malte. O importante é o Devorador de Pecados trazer a indulgência,
e ambas as partes participando em silêncio.
Parada de Dados: Psiquê + Presença
Ação: Estendida (3 sucessos necessários)
Incremento de Tempo: O Devorador de Pecados pode rolar para esta cerimô-
nia uma vez a cada turno.

72
Capitulo Tres: Simpatias das Trevas
Resultados do Teste
Fracasso Dramático: Algo que o Devorador de Pecados
diz ofende seu companheiro. Ele pode acusá-lo de desrespei-
tar os mortos ou apenas se recusar a falar, mas qualquer teste
de Presença feito contra ele sofre um modificador de -3.
Fracasso: O momento nunca chega a ser tão especial, e o
Devorador de Pecados não cria nenhuma conexão real.
Sucesso: Os ruídos parecem diminuir e a luz brinca com
a fumaça em padrões interessantes. Tingido de melancolia,
o companheiro do Devorador de Pecados quer contar sua
história. O Devorador de Pecados pode fazer três perguntas
sobre alguém que seu companheiro conhece e que agora está
morto, e ele responderá da forma mais sincera que puder.
Sucesso Excepcional: Algo parece se encaixar entre o De-
vorador de Pecados e seu companheiro. Até o final da cena,
ele ganha um bônus de +1 em todos os testes de Empatia,
Persuasão e Socialização feitos ao falar com ele.
Modificadores Sugeridos
Modificador Situação
+2 O homem morto morreu há exatamente
um mês
+1 O Devorador de Pecados usa esta cerimônia
ao amanhecer
-1 O Devorador de Pecados nunca falou
com seu companheiro antes
-2 O Devorador de Pecados ou seu
companheiro não costuma fumar
Uma Última Canção (•)
Às vezes, alguém vai morrer e não há nada que um De-
vorador de Pecados possa fazer a respeito. Ele não consegue
impedir, mas pode tornar a morte muito mais fácil. Por uma
hora, o Devorador de Pecados está no controle completo. Ele
pode deixar seu companheiro confortável, ajudá-lo a resolver
seus problemas ou simplesmente levá-lo para dançar uma úl-
tima vez.
Realizando a Cerimônia: O Devorador de Pecados e seu
companheiro precisam estar sozinhos para trabalhar esta ce-
rimônia. Ele pica o dedo e mancha uma única gota de sangue
em uma chave - alguns Devoradores de Pecados mantêm uma
chave ornamentada apenas para esta cerimônia, enquanto
outros usam o que estiver ao seu alcance. Ele enfia a chave
em uma corrente e prende a corrente em volta do pescoço
de seu companheiro, amarrando-a com dois fios de cabelo
arrancados de sua cabeça. O alvo desta cerimônia deve usar
a chave no pescoço; se ele tirar por um momento, ele morre
instantaneamente. Embora ele possa estar perto de qualquer
número de pessoas, o Devorador de Pecados tem que estar
por perto - e quando a hora acabar, ele deve ser o único a
tirar a chave de seu corpo sem vida. Se outra pessoa pegar a
chave, a vítima retorna como um fantasma com essa pessoa
como âncora (Observe que isso não funciona com as vítimas
que não estão preparadas para morrer. Só funciona com as
que estão morrendo).
Parada de Dados: Psiquê + Autocontrole
Ação: Estendida (3 sucessos necessários)
Incremento de Tempo: O Devorador de Pecados pode
rolar para esta cerimônia uma vez a cada minuto.
Resultados do Teste
Fracasso Dramático: A corrente se rompe e o mundo fica
ofendido com um dos Vinculados mudando o fluxo de vida
e morte. Ele é forçado a assistir enquanto seu companheiro
morre imediatamente, e o Devorador de Pecados perde um
ponto de Força de Vontade.
Fracasso: O Mundo Subterrâneo está faminto por outra
morte e se recusa a ouvir o apelo do Devorador de Pecados.
Sucesso: O companheiro do Devorador de Pecados tem
uma hora de vida. No final desse tempo, ele morrerá de for-
ma condizente com o Limiar que já o reivindicou. A cerimô-
nia cura qualquer dano, doença ou feridas persistentes. Um
paralítico pode voltar a andar, embora um cego de nascença
não seja capaz de ver. Ele também ignora os efeitos de quais-
quer perturbações.
Sucesso Excepcional: Durante a hora final, a vítima é
curada em sua plenitude física. Mesmo que ele tenha nascido
cego ou surdo, ele pode ver e ouvir perfeitamente.
Modificadores Sugeridos
Modificador Situação
+2 A vítima tem uma condição terminal
pré-existente
-1 A morte da vítima será por natureza
-2 A morte da vítima será por privação
Rostos na Fumaça (••)
A fumaça pode ser muitas coisas. Uma onda aqui, uma
mecha ali, e de repente as pessoas veem um rosto. Um De-
vorador de Pecados pode usar essa cerimônia para tornar seu
rosto real - um fantasma pode mostrar seu rosto através da
fumaça. O fantasma sabe que as pessoas podem vê-lo e, de
repente, ele tem uma chance de fazer algo. Um se lança, ata-
cando com garras de fumaça sólida. Outro sussurra segredos
terríveis sobre o Mundo Subterrâneo para seu assassino. O
Vinculado, defendendo os mortos, apenas sorri e bufa em
um cachimbo, esperando pela próxima pessoa que merece
ver um homem morto.
Realizando a Cerimônia: O principal componente para
esta cerimônia é um monte de tabaco, misturado com uma
pedra roubada do Mundo Subterrâneo, transformada em
pó. Enquanto queima, a poeira infunde plasma na fumaça,
tornando-a tangível para os fantasmas em Crepúsculo. A
maioria dos Devoradores de Pecados que faz uso dessa ceri-
mônia usa grandes cachimbos de madeira ou começa a fumar
charutos enrolados à mão, embora em uma pitada possa ser
feita fumaça suficiente jogando-se uma bolsa com a mistura
de tabaco e poeira no fogo. Ele desenha linhas grossas em
cinzas na testa e nas costas das mãos quando está pronto para
chamar os mortos. Ele inala a fumaça em três respirações
profundas, antes de exalar uma enorme golfada de fumaça
em uma única nuvem que flutua ao redor do fantasma.
Parada de Dados: Psique + Vigor
Ação: Estendida (4 sucessos necessários)
Incremento de Tempo: O Devorador de Pecados pode
rolar para esta cerimônia uma vez a cada 30 segundos.
Resultados do Teste
Fracasso Dramático: Algo fica preso na garganta do De-
73
Cerimonias
 vorador de Pecados e ele começa a sufocar. Seu ataque de
tosse inflige uma penalidade de -2 em todas as ações até o
final de seu próximo turno, e ele não pode aplicar sua Defesa
contra ataques por um tempo semelhante.
Fracasso: A fumaça pode entrar nos olhos das testemu-
nhas, mas não tem nenhum outro efeito.
Sucesso: A fumaça, espessa com plasma, revela a imagem
de um fantasma. Ele não se move através do espaço ocupado
pelo fantasma, em vez disso, ele se move ao redor do corpo
normalmente insubstancial. O fantasma pode contatar dire-
tamente o mundo físico por um turno. Mesmo que possa
afetar seres físicos, o fantasma ainda está em Crepúsculo e
não pode ser tocado por ninguém. Se o fantasma não quiser
tocar em ninguém, pode durar até um minuto, durante o
qual pode falar e ser ouvido sem recorrer à Numes. Quando
o tempo acaba, o fantasma desaparece. Esta cerimônia não
permite que o Devorador de Pecados controle o fantasma
em questão.
Sucesso Excepcional: Permanecendo na fumaça, o fan-
tasma pode afetar o mundo por mais tempo do que antes.
Quem decide agir pode realizar duas ações e quem deseja
falar tem três minutos.
Modificadores Sugeridos
Modificador Situação
+1 A fumaça é de tabaco produzido sem
aditivos
-1 O Devorador de Pecados está sob forte
luz.
-2 A fumaça vem de uma fogueira, ao invés
do Devorador de Pecados
74
Capitulo Tres: Simpatias das Trevas
Mensagem do Além (••)
Um telefone toca na mesma sala que você, mas ninguém
mais ouve. Você atende e um homem diz que sabe que você
matou seu marido. Ele descreve como você fez isso. Ele descre-
ve como você escondeu o corpo. Ele conta como você escapou
impune. Então ele diz, na voz de seu marido: “Mas eu ainda
te amo”. Você acabou de receber uma Mensagem do Além.
Espero que seja o último que você obtenha.
Um Devorador de Pecados que cria uma Mensagem do
Além está freqüentemente agindo como o defensor ou en-
viado do fantasma que cria a mensagem. Tradicionalmente,
tal Mensagem era na forma de cartas escritas com a caligrafia
do homem morto e seladas com cera. Os avanços modernos
da tecnologia significam que a Mensagem pode assumir uma
variedade de formas, incluindo uma carta escrita à mão, um
e-mail, uma chamada telefônica ou até mesmo um vídeo on-
line.
Realizando a Cerimônia: O Vinculado que usa esta ceri-
mônia precisa dos meios para criar a Mensagem. Ele então o
torna simbolicamente inútil para qualquer pessoa - mas utili-
zável por um fantasma - removendo as baterias de um telefone
celular, cortando o cabo de alimentação de um computador,
removendo a tinta de uma caneta e assim por diante. Em se-
guida, ele pinta sigilos sobre os meios - no envelope ou nos
controles de um dispositivo. Ele dá os itens a um fantasma no
Mundo SubterrÇaneo ou os deixa ao alcance de um fantasma
em Crepúsculo, embora os itens possam demorar mais para
carregar. O fantasma deve estar sozinho ao criar a Mensagem.
Uma vez feito isso, a Mensagem é entregue imediatamente -
uma carta se materializa na caixa de correio certa, um e-mail
ignora todos os filtros de spam e um link para um vídeo online
aparece em todos os sites até que a vítima clique nele.
 Parada de Dados: Psique + Manipulação rolar para esta cerimônia uma vez a cada 10 minutos.
Ação: Estendida (4 sucessos necessários)
Incremento de Tempo: O Devorador de Pecados pode Resultados do Teste
rolar para esta cerimônia uma vez a cada 2 minutos
Fracasso Dramático: As chamas saltam alto, colocando
fogo nas roupas do Devorador de Pecados. O fogo é do tama-
Resultados do Teste
nho de uma tocha (um ponto por turno) e tão quente quanto
Fracasso Dramático: O Devorador de Pecados cria os uma tocha (+1 de dano). O item é destruído.
símbolos errados. A Mensagem procura o destinatário erra- Fracasso: O item é destruído, mas não aparece em Cre-
do. púsculo.
Fracasso: A Mensagem não chega. Sucesso: As chamas consomem o item até que apenas seu
Sucesso: A Mensagem do fantasma é entregue ao desti- fantasma permaneça. O item aparece em Crepúsculo, e pode
natário pretendido no final da cena. Apenas o alvo pode ver ser segurado e usado por seres de Crepúsculo. Todos os da-
a Mensagem, para evitar que a pessoa errada a encontre. Se nos ao item são reparados. O Devorador de Pecados pode se-
estiver usando áudio ou vídeo, a voz e a imagem do fantasma gurar e carregar o item sem entrar no Crepúsculo, desde que
são claras o suficiente para serem perfeitamente identificá- segure um punhado de cinzas do fogo. Quando ele entrega
veis. Os itens usados para esta cerimônia são bons para criar o item, ele perde qualquer controle residual sobre ele. Se ele
apenas uma Mensagem. segurar as cinzas enquanto entra no Mundo Subterrâneo, o
Sucesso Excepcional: O Devorador de Pecados tem uma item aparecerá em suas mãos nas Profundezas Autóctones. O
parte significativa na conexão entre o fantasma e o destina- item fantasmagórico criado é permanente.
tário. Ele recebe uma cópia da Mensagem que se autodestrói Sucesso Excepcional: O fantasma do item funciona per-
no final da cena. feitamente, melhor do que jamais poderia na vida. Se usado
como parte de uma ação, seu bônus é aumentado em 1.
Modificadores Sugeridos
Modificadores Sugeridos
Modificador Situação
+2 A pessoa contatada é ou foi uma âncora Modificador Situação
do fantasma +2 O objeto é naturalmente inflamável
+1 O fantasma está nas Profundezas -1 O objeto depende de reações químicas
Autóctones para funcionar
-1 O fantasma está em Crepúsculo -3 Objeto depende de eletricidade para
funcionar
-2 O fantasma está nos Mistérios Inferiores

Ferramentas Funerárias (•••) Momento de Absolvição (•••)

O Beijo da Absolvição é o tipo de cerimônia com a qual
Muitos governantes tentaram levar sua imensa riqueza
alguns Devoradores de Pecados não se importam e outros
consigo para além da morte. Os faraós egípcios acreditavam
matariam para saber, pois ele pode resolver o mistério mais
que as sepulturas, enterradas com eles, se juntariam a eles na
profundo da existência de um fantasma - precisamente por
vida após a morte para garantir que o governante tivesse tudo
que um fantasma está ancorado em uma pessoa em particu-
de que precisava. Adagas de sílex e ornamentos a jato enterra-
lar, lugar ou objeto. Um espectro pode não se lembrar do que
dos com pessoas nas idades Neolítica e do Bronze foram pen-
há de tão importante em uma caneta velha ou pode não reco-
sados para viajar para a vida após a morte. Um Devorador de
nhecer uma criança que a ancora no mundo. Esta cerimônia
Pecados pode usar esta cerimônia para carregar um objeto
permite que um Devorador de Pecados intervenha em nome
com plasma antes de destruí-lo, deixando o fantasma do item
do fantasma, estudando a ligação entre o fantasma e a âncora
em Crepúsculo - ou enviando-o direto para o Mundo Subter-
para descobrir a verdade. O fantasma só pode fazer parte des-
râneo. Muitos Devoradores de Pecados usam isso para reunir
sa cerimônia uma vez e, quando souber como resolver uma
fantasmas com seus bens valiosos, por exemplo, permitindo
âncora, terá que fazer tudo o que puder para resolvê-la.
que um saxofonista toque do além-túmulo.
Realizando a Cerimônia: O Devorador de Pecados sen-
Realizando a Cerimônia: O Devorador de Pecados co-
ta-se com o fantasma em um espaço escuro. Se a âncora for
loca o item que deseja enviar para o Crepúsculo no chão e
um objeto, ele deve segurá-la nas mãos. Se for um lugar, ele
derrama um círculo de sal ao redor dele. Ele pinta símbolos
tem que estar lá. Se for uma pessoa, ele precisa de um pe-
para os elementos do Mundo Subterrâneo em quatro crânios
queno pedaço da pessoa - uma mecha de cabelo ou algumas
- não necessariamente crânios humanos; qualquer animal
unhas aparadas. Ele esculpe símbolos estranhos em uma vela
maior do que um gato doméstico serve. Um crânio fica em
com uma faca, antes de acendê-la. Olhando para a chama, o
cada ponto cardeal, olhando para dentro do item. Finalmen-
Devorador de Pecados segura a âncora diante de si enquan-
te, o Devorador de Pecados coloca uma vela no topo de cada
to sussurra o nome do fantasma. Ele, por sua vez, focaliza
crânio e acende cada um por vez. Ele acende um feixe de
a âncora como nada mais do que um objeto, não algo que
ramos de bétula e os joga no círculo. As chamas consomem o
se relaciona diretamente com ele. Ao negar sua conexão, o
item, deixando apenas seu fantasma para trás.
fantasma confirma que ele existe. O Devorador de Pecados
Parada de Dados: Psique + Vigor
ouve a verdade sussurrada na voz do fantasma e vê pistas nas
Ação: Estendida (5 sucessos necessários)
sombras da luz da vela.
Incremento de Tempo: O Devorador de Pecados pode
Parada de Dados: Psiquê + Raciocínio

75
Cerimonias
 Ação: Estendida (5 sucessos necessários) os presentes. Do contrário, a magia da cerimônia se perde.
Incremento de Tempo: O Devorador de Pecados pode Parada de Dados: Psiquê + Presença
rolar para esta cerimônia uma vez a cada 10 minutos. Ação: Estendida (6 sucessos necessários)
Incremento de Tempo: O Devorador de Pecados pode ro-
Resultados do Teste lar para esta cerimônia uma vez a cada 15 minutos.
Fracasso Dramático: O Devorador de Pecados vê algo,
Resultados do Teste
mas não tem nenhuma relação com a verdade. O Narrador
deve dar ao jogador as mesmas informações de um sucesso, Fracasso Dramático: A dança cria uma conexão muito
mas não tem relação com a âncora usada. próxima com o Mundo Subterrâneo. Um dos participantes
Fracasso: A ligação entre um fantasma e sua âncora per- morrerá antes do final da história. Ela voltará como um fantas-
manece inescrutável. ma, com o local da dança como sua única âncora.
Sucesso: Cintilando nas sombras, o Devorador de Peca- Fracasso: O Devorador de Pecados encontra-se em descom-
dos sabe a verdade. O Narrador deve dizer ao jogador precisa- passo com as energias da morte; nenhum efeito ocorre.
mente por que o objeto é uma âncora para o fantasma - não Sucesso: A dança obriga cada um dos presentes a enfrentar
apenas que significava algo para ele antes da morte, mas por a sua própria mortalidade. Quem vai ao baile sai assustado,
que significava. Por exemplo, o Devorador de Pecados sabe- com medo de que a morte os reclame em breve. Todos os par-
ria que uma faca é importante para um fantasma porque o ticipantes ganham a perturbação aversão (leve) até o final da
matou ou porque ele a usou para afastar um cão raivoso. O história.
Narrador deve dar pistas em sua explicação de como o fantas- Se uma dançarina morrer antes do final da história, ela
ma pode resolver a âncora. voltará como um fantasma, mas sem âncoras. Ela aparece nas
Sucesso Excepcional: Um fato revela tudo. O Devorador Profundezas Autóctones, sem âncoras e sem saber o que acaba
de Pecados sabe exatamente o que liga o fantasma e sua ânco- de acontecer. Até o final da história, o Devorador de Pecados
ra, e também sabe o que deve ser feito para resolver a âncora. pode gastar um ponto de Força de Vontade quando estiver no
Mundo Subterrâneo e localizar qualquer um que tenha morri-
Modificadores Sugeridos do sob o efeito desta cerimônia como uma ação instantânea.
Sucesso Excepcional: A dança ressoa com o Mundo Sub-
Modificador Situação
terrâneo, enchendo o Devorador de Pecados com energia es-
+1 Cerimônia é realizada em uma sala sem
pectral. Ele recupera um ponto de plasma.
outra luz, incluindo o luar
-1 O Devorador de Pecados nunca lidou Modificadores Sugeridos
com o fantasma antes
Modificador Situação
-2 O fantasma nunca viu a âncora antes +2 Cada dançarina tem um parceiro com
quem compartilha uma conexão
Danse Macabre (••••) +1 Pessoas se vestem apropriadamente para
Desde o final do período medieval, artistas e composi- o baile
tores criaram danças macabras, obras que lembram a quem
-1 Os dançarinos não se conhecem
as vivencia que a morte chega para todos. Imperador e filho
camponês, rei e linda garota, não importa. Todo mundo mor- -2 Mais de seis participantes (não incluindo
re. Essas pinturas, peças e composições lembravam as pessoas o Devorador de Pecados)
de sua própria mortalidade entre os horrores do século XIV.
Um Devorador de Pecados pode liderar um tipo distorcido
de dança macabra: uma dança real que amarra suas almas em
Bebedor de Fantasmas (••••)
Alguns Devoradores de Pecados não ficam felizes apenas
um vínculo simpático com a Grande Profundeza. Aqueles
em trancar um fantasma ou decantá-lo em uma garrafa. Afi-
que morrem logo após assistir ao baile se tornam fantasmas
nal, mesmo o maior monstro pode ter sua utilidade. Em vez
sem âncoras no Mundo Subterrâneo, para sempre negada a
de apenas libertar um fantasma preso - e ter todo o trabalho
paz final. Alguns Devorador de Pecados trabalham esta ceri-
de aprisioná-lo mais uma vez quando a ação for realizada - esta
mônia como penitência por cruzar um Kerberos, usando-o
cerimônia permite que o Devorador de Pecados consuma par-
para colher almas frescas para seu Domínio.
te do ser de um fantasma enquanto o deixa preso dentro do
Realizando a Cerimônia: A cerimônia deve acontecer
recipiente. Quando ele “bebe o fantasma” - um ato que leva
em uma sala grande o suficiente para que todos os presentes
o nome do Devorador de Pecados que consomem fantasmas
possam dançar, com todos os móveis retirados. A primeira
trancados em garrafas de vinho ou refrigerante - ele pode pegar
peça musical deve ser lenta e triste - Camille Saint-Saëns Dan-
sua força ou conhecimento.
se Macabre é de longe a escolha mais comum - e as peças
Realizando a Cerimônia: O Devorador de Pecados precisa
seguintes devem ser baseadas no tema. O Devorador de Peca-
encontrar um fantasma capturado com a cerimônia de Cati-
dos lidera a dança vestido com uma elegância negra decaden-
veiro Espectral (Geist: Os Devorador de Pecados p. 168) - não
te, usando uma máscara branca lisa sobre o rosto. Ele assume
necessariamente um que o Devorador de Pecados tenha cap-
o papel da Morte e deve dançar com todos os presentes por
turado - e carregá-lo com ele para o Mundo Subterrâneo. O
pelo menos cinco minutos cada. Embora alguns Devorador
Devorador de Pecados faz um pequeno buraco no recipiente,
de Pecados tenham tentado atualizar a música usada para a
com menos de um quarto de polegada de diâmetro, e derrama
cerimônia, eles têm que ter muito cuidado para manter o
em um copo de fluido de um dos rios do Mundo Subterrâneo.
clima sombrio, focando na mortalidade inevitável de todos

76
Capitulo Tres: Simpatias das Trevas
Ele pressiona o polegar sobre o orifício, dá uma boa sacudida
na garrafa e joga o conteúdo de volta. O líquido resultante é
enjoativo e pesado, como beber melaço amargo, e cada uso
da cerimônia fornece apenas um bocado de líquido. Resta
líquido suficiente para selar o buraco, que o Devorador de
Pecados deve santificar com uma gota de seu próprio san-
gue. Se ele não o fizer, o recipiente permanece sem lacre e o
fantasma pode escapar. Um Devorador de Pecados só pode
tentar consumir um fantasma uma vez. Tentar usá-lo duas
vezes no mesmo fantasma só produz água suja e salobra - o
que deixa o recipiente sem lacre.
Parada de Dados: Psique + Vigor
Ação: Estendida (6 sucessos necessários)
Incremento de Tempo: O Devorador de Pecados pode
rolar para esta cerimônia uma vez a cada 30 segundos.
Resultados do Teste
Fracasso Dramático: O Devorador de Pecados engasga
com o fluido, cuspindo-o e não tem chance de tampar o bu-
raco. O fantasma escapa do cativeiro e não pode ser amarra-
do ou controlado até o próximo nascer do sol.
Frcasso: O fantasma desliza para baixo, mas o Devorador
de Pecados não consegue engolir todo o rascunho de uma
vez. Ele não ganha nenhum benefício com a cerimônia, mas
não pode usá-lo no mesmo fantasma novamente.
Sucesso: O Devorador de Pecados pode beber o conheci-
mento do fantasma ou seu poder. Se ele escolher beber para
obter conhecimento, o jogador pode fazer ao Narrador uma
pergunta do tipo sim ou não para cada ponto do Poder do
fantasma. O Narrador deve responder a essas perguntas com
sinceridade. Se o Devorador de Pecados bebe pelo poder, ele
adiciona metade dos Atributos relacionados do fantasma
(arredondados para baixo) aos seus Atributos Físicos: Poder
para Força, Refinamento para Destreza e Resistência para Vi-
gor. Seus Atributos aprimorados duram cinco minutos por
ponto de Psiquê.
Sucesso Excepcional: O fantasma perde parte de si mes-
mo para o Devorador de Pecados. Após sua liberação, ele
sofre um modificador de -2 em todos os testes até o final da
cena.
Modificadores Sugeridos
Modificador Situação
+2 O fantasma está contido em uma garrafa
de vinho ou refrigerante
-1 O fantasma está preso em um espaço
maior que Tamanho 3
-2 O fantasma está contido em um espaço
maior que Tamanho 7
Destruir os Portões (•••••)
Para alguns entre os Vinculados, a ideia de que a vida é
apenas para os vivos é um pensamento doentio. As pessoas
existem após a morte, para nunca mais conhecer o toque da
mão de um amante ou o beijo quente da luz do sol na pele,
mas os vivos dão tudo por garantido. Um Devorador de Pe-
cados pode restaurar esse equilíbrio, quebrando as barreiras
entre o mundo dos vivos e o Mundo Subterrâneo, permitin-
do que os horrores além da morte encontrem os vivos face a
face. O Devorador de Pecados se transforma em um Portão
Averniano temporário, permitindo que qualquer coisa que
esteja morta entre novamente no mundo dos vivos - e os vi-
vos entrem no Mundo Subterrâneo. Ele não tem controle
sobre o que quer que passe por ele, e não pode controlar
o paradeiro nas Profundezas Autóctones para as quais seu
portal se abre, mas se ele está usando esta cerimônia, então
provavelmente não se importa. O portal é apenas temporá-
rio, mas os fantasmas permanecem depois que ele se fecha,
ancorado onde o Devorador de Pecados estava. Essa âncora
desvanece com o tempo, enviando os fantasmas que não se
fixaram em um novo alvo de volta ao Mundo Subterrâneo.
Realizando a Cerimônia: O Devorador de Pecados preci-
sa de um ingrediente especial para esta cerimônia: uma lasca
de pedra ou outro material inorgânico retirado de um Portão
Averniano. Ele deve submergir totalmente em água limpa,
então ele pinta sigilos em seu corpo em ocre, semelhantes aos
usados para criar um portal. Ele pinta um símbolo diferente
na pedra e o deixa imerso em uma poça rasa de sangue. As-
sim que a pedra ficar vermelha, ele pode engoli-la para abrir
o portal. Uma variante particularmente dolorosa dessa ce-
rimônia existe, na qual o Devorador de Pecados esculpe os
sigilos em seu corpo com uma faca afiada, embora a ideia de
automutilação repetida esteja além do pálido para a maioria
dos Devoradores de Pecados.
Parada de Dados: Psique + Vigor
Ação: Estendida (7 sucessos necessários)
Incremento de Tempo: O Devorador de Pecados pode
rolar para esta cerimônia uma vez a cada 10 minutos
Resultados do Teste
Fracasso Dramático: A pedra canaliza algumas das ener-
gias distorcidas do Mundo Subterrâneo diretamente para o
corpo do Devorador de Pecados. Ele sofre dois pontos de
dano agravado.
Fracasso: A cerimônia não faz nada.
Sucesso: O Devorador de Pecados transforma seu corpo
em um Portão Averniano aberto, conectando-se a um ponto
aleatório nas Profundezas Autóctones. Fantasmas no Mundo
Subterrâneo podem sentir o Portão e se aglomerar através
dele, emergindo no mundo físico em Crepúsculo. O Portal
permitirá que as pessoas atravessem em ambas as direções,
mas o ponto de abertura aleatório significa que uma pessoa
viva provavelmente estará perdida para sempre. O Devorador
de Pecados aparece como uma silhueta em tamanho real de
seu eu normal, através da qual as pessoas podem ver o reino
do outro lado. Na Grande Profundeza, ele é uma porta em
forma humana para um mundo de cores, sons e cheiros. No
mundo físico, ele é um buraco aberto na realidade, levando
a um labirinto subterrâneo aterrorizante. O Devorador de
Pecados pode se mover dessa forma, mas seu Deslocamento
é reduzido pela metade.
O Portão permanece aberto por um minuto por ponto
de Psiquê antes de se fechar. Qualquer fantasma que cru-
zou ganha a localização do Devorador de Pecados quando
a cerimônia termina como uma âncora, permitindo que ele
permaneça no mundo físico e se manifeste na frente das pes-
soas. Essa âncora se desvanece no final da cena, despejando
o fantasma de volta no Mundo Subterrâneo.
Sucesso Excepcional: Os fantasmas fluindo através do
Devorador de Pecados ganham sua localização como uma
âncora até o próximo nascer do sol.
77
Cerimonias
 Modificadores Sugeridos
Modificador Situação
+3 O Devorador de Pecados
esculpe os sigilos em seu corpo
(levando dois pontos de dano
letal)
+2 A pedra foi tirada de um Portão
Averniano aberto
+1 O Devorador de Pecados usa
sangue humano fresco para
encharcar a pedra
-1 O Devorador de Pecados usa
sangue animal fresco
-1 A Sinergia do personagem é 4
ou 5
-2 O Devorador de Pecados usa
sangue que não foi derramado
recentemente
-3 A Sinergia do personagem é 3
ou inferior

A Chave Estígia
A Chave Estígia é um dos mistérios mais es-
tranhos do Mundo Subterrâneo. Enquanto outras
Chaves usam o sangue como o rio da vida para
comungar com os mortos, a Chave Estígia usa a es-
sência da própria Morte. É a chave do último final;
possuí-la concede a um Devorador de Pecados po-
der sobre a morte e a decadência. Embora os ocul-
tistas modernos afirmem que a “morte” é muitas
vezes um símbolo de transição e mudança, esse tru-
que é aplicado pelos vivos para ajudá-los a dormir
à noite. A morte é o fim, a linha entre uma pessoa
viva e respirando e um pedaço de carne quebrada
em uma laje mortuária. A única mudança real é
aquela entre um ser criativo e vital e um fantasma
formado de lembranças e arrependimentos.
Manifestações destrancadas com a Chave Estí-
gia garantem influência sobre a morte, decadência
e podridão. Não apenas a morte das coisas vivas,
mas a morte da sensação por meios como escuri-
dão, silêncio e cegueira; a morte do futuro infligin-
do esterilidade; a morte do prazer graças à depres-
são e sentimentos acesos como la petite mort, a
pequena morte sentida depois do sexo. Destrancar
uma Manifestação com a Chave Estígia invoca a
lex talionis: olho por olho e morte por morte. O
Devorador de Pecados tem que matar uma coisa
viva. A maioria usa animais pequenos, como ra-
tos, que estão disponíveis em lojas de animais e
são pequenos o suficiente para se esconder no bol-
so. Um sacrifício maior oferece mais poder para o
Devorador de Pecados, mas traz riscos próprios - o
que não é menos importante é o envolvimento de
autoridades mundanas. O Tamanho da criatura é

78
Capitulo Tres: Simpatias das Trevas
igual ao bônus ganho no teste a um máximo de +5 dados.
Ao contrário de outras Chaves, um Devorador de Peca-
dos tem que procurar a Chave Estígia. Se ele quer o conhe-
cimento perigoso dos mortos, ele tem que descobrir por si
mesmo. Ganhar a Chave muda seu geist de maneiras sutis,
mas perceptíveis, e aqueles com a Chave Estígia podem se
reconhecer ao perceber as cicatrizes do Mundo Subterrâneo.
Essas mudanças também evitam que a Chave seja comparti-
lhada entre os membros de uma comparsa - conhecer a natu-
reza da morte é algo intensamente pessoal que não pode ser
compartilhado.
Um Devorador de Pecados deve aprender a Chave Estígia
estudando o próprio Mundo Subterrâneo. Ele deve cruzar
pelo menos três dos Rios, tomando um gole das “águas” de
cada um junto com ele a cada vez. O Devorador de Pecados
então tem que suplicar a uma criatura das terras da morte
para ensiná-lo. Fantasmas não podem realizar esse serviço;
em vez disso, eles têm que procurar um dos Kerberoi, uma
criatura que não tem memória do mundo dos vivos. O Ker-
beros transmite conhecimento secreto para o Devorador de
Pecados e seu geist, mas isso é como receber os ingredientes
para uma refeição, em vez de um prato cozido. Para cozinhar
o prato - para fazer uso da Chave Estígia - o Devorador de
Pecados tem que retornar ao mundo dos vivos e sacrificar
parte de si mesmo. Ele pode desistir de sua memória de seu
primeiro marido, deixar uma cicatriz em seu rosto ou cortar
deliberadamente seus próprios músculos. Esse sacrifício cus-
ta a ele um ponto de um Atributo de sua escolha. O dano
vai curar, mas apenas com o tempo; ele não recupera o ponto
perdido até o final da próxima história.
O Ossário Estígio
Habilidade: Medicina
Área de efeito: 20 jardas por sucesso de ativação
O plasma que permeia o Ossário Estígio prende as pes-
soas vivas que cruzam suas fronteiras com o conhecimento
certo de sua própria mortalidade. Alguém dentro do Ossário
sabe com absoluta clareza que ele vai morrer. Muitas pessoas,
ao se depararem com essa informação, passam a focar nos
aspectos negativos de suas vidas, aqueles maus hábitos que
trazem o último suspiro cada vez mais perto.
Como uma ação instantânea que custa 1 plasma, o Devo-
rador de Pecados pode forçar uma pessoa dentro do Ossário
a satisfazer seu Vício. Se essa pessoa não fizer isso até o final
da cena, ela perde um ponto de Força de Vontade. O Devo-
rador de Pecados pode afetar apenas uma pessoa cada vez que
destrancar este Ossário.
Ossário Estígio ••: O personagem pode forçar a pro-
ximidade da Morte em um número de pessoas no Ossário
igual a sua Psique. O Devorador de Pecados não pode afetar
a mesma pessoa duas vezes dentro do mesmo Ossário, e cada
pessoa afetada realiza uma ação separada.
Ossário Estígio •••: O Vinculado pode drenar o fogo
da vida para fora da área circundante. Objetos materiais so-
frem o desgaste de um mês em questão de horas e todos que
passam pela área pegam um resfriado teimoso. Qualquer
um que passar pelo Ossário deve fazer um teste de Vigor
+ Perseverança como uma ação reflexa. Em um fracasso, a
pessoa sofre um ponto de dano por contusão que se recusa
a cicatrizar por uma semana. Um fracasso dramático inflige
uma penalidade de -1 em todos os testes Mentais durante
a semana, pois a doença embaça a mente da vítima. Obje-
tos que permanecem na área durante o Ossário perdem um
ponto de Durabilidade. O Devorador de Pecados também
pode acessar uma parada de plasma extra igual aos sucessos
de ativação, enquanto ele permanecer dentro do Ossário.
Este plasma dura apenas enquanto o Vinculado permanece
dentro do Ossário Estígio. Se ele o usa para alimentar qual-
quer Manifestação com uma duração duradoura, todos eles
terminam junto com o término dessa Manifestação.
Ossário Estígio ••••: O plasma que permeia o Ossá-
rio Estígio decai ativamente objetos materiais e envelhece as
pessoas em anos de cada vez. Como uma ação instantânea, o
Devorador de Pecados pode afetar uma pessoa ou objeto no
Ossário. Seu jogador testa (Raciocínio + Medicina + sucessos
de ativação) - Durabilidade ou Vigor do alvo. O alvo sofre
um ponto de dano letal ou perde um ponto de Estrutura
por sucesso. Com um sucesso excepcional, um objeto reduz
permanentemente seu modificador de equipamento em um,
e uma pessoa sofre -1 de penalidade em todos os testes até o
final da cena. Este poder custa 2 plasmas. Se o Ossário do
Devorador de Pecados está em uma área que sofre o segundo
estágio de um Solo Improdutivo de um Prometeus, este po-
der não custa plasma.
Ossário Estígio •••••: A essência da morte permeia
tanto o Ossário Estígio que um Devorador de Pecados pode
criar um Portal Averniano temporário no Ossário - enquanto
permanecer Manifestado. Criar o portal é uma ação esten-
dida com uma parada de dados de Raciocínio + Medicina
+ sucessos de ativação que requer 10 sucessos, com cada tes-
te representando 15 minutos de concentração. O persona-
gem deve significar uma entrada para ser a localização real
do portão, que deve existir dentro do Ossário. Se o teste for
bem-sucedido, qualquer um pode abrir o portão e, uma vez
criado, o Devorador de Pecados não pode selar o portão, a
menos que ele também dissipe o Ossário Estígio. Um sucesso
excepcional permite que o personagem abra o portão sem
gastar nenhum plasma. Este poder custa 2 plasmas e 1 Força
de Vontade.
A Membrana Estígia
Habilidade: Medicina
Destrancar a Membrana Estígia infunde o corpo do De-
vorador de Pecados com a essência da morte, entorpecen-
do-o para distrações externas e dando-lhe uma clareza que
a maioria das pessoas nunca experimentará. Manifestar esta
Membrana reduz todas as penalidades aos testes Mentais que
ele sofre em uma quantidade igual aos sucessos de ativação,
embora isso não possa transformar uma penalidade em um
bônus. Ser desapegado torna mais difícil para o Devorador
de Pecados se aplicar totalmente. Gastar um ponto de Força
de Vontade para reforçar uma ação adiciona apenas dois da-
dos, ao invés de três.
Membrana Estígia ••: O pulso do Devorador de Peca-
dos para e sua carne fica fria e cerosa como a de um homem
morto. Ele pode gastar um ponto de plasma como uma ação
instantânea para obter todos os benefícios de ser um cadáver
ambulante durante a Membrana: ele sofre dano contunden-
te de armas de fogo em vez de letal; ele não sofre danos de
extremos de temperatura e pressão; a maioria das doenças
79
Cerimonias - A Chave Estigia
 não sobrenaturais, drogas e venenos não tem efeito. Além
disso, a eletricidade não causa danos a ele, embora uma fonte
contínua ainda exija um teste de Força para escapar. Final-
mente, ele não cai inconsciente quando sofre seu ponto final
de dano contundente.
Membrana Estígia •••: Neste nível, o Devorador de Pe-
cados aumenta sua habilidade de suportar todos os tipos de
adversidades quando em sua forma de cadáver. Seus nervos
enfraquecem e, embora seus ossos possam quebrar, o rigor
mortis em seus músculos os mantém no lugar. Ao gastar um
ponto de plasma como uma ação reflexa, ele pode adicionar
seus sucessos de ativação a seu Vigor (mas não valores deriva-
dos como Vitalidade) durante a Membrana.
Membrana Estígia ••••: O Devorador de Pecados não
percebe mais quando seus músculos e ossos se rompem. Ele
ignora meros danos físicos, mesmo quando mataria uma
pessoa normal. Em sua forma de cadáver, o Devorador de
Pecados adiciona seus sucessos de ativação à sua Vitalidade,
nunca testa para inconsciência devido a danos e não sofre
penalidades por ferimentos. Ele pode tomar voluntariamen-
te um ponto de dano por contusão para passar por qualquer
fenda grande o suficiente para passar sua cabeça. Finalmente,
sua capacidade de sobreviver aos danos é bastante aumenta-
da.
Membrana Estígia •••••: O Devorador de Pecados
canaliza a essência da própria morte, tornando-se uma ponte
física entre o Mundo Subterrâneo e o mundo dos vivos. Ele
pode agir voluntariamente como uma âncora para qualquer
fantasma que ele possa perceber, embora ele precise gastar
um ponto de plasma para fazer isso. Ele pode fazer isso mes-
mo nos Mistérios Inferiores, fornecendo uma maneira para
qualquer fantasma visitar o mundo dos vivos - supondo que
ele mesmo volte. Ele permanece uma âncora por uma sema-
na, após a qual sua conexão com o fantasma é perdida.
A Maldição Estígia
Habilidade: Medicina
Cada morte infligida pela Maldição Estígia é pequena,
mas com o tempo elas podem se transformar em uma parede
inevitável de depressão, letargia e até suicídio. Um homem
de família tranquilo descobre que não pode mais ter filhos.
Sua esposa diz que não se importa, mas ele sabe a verdade -
ela queria outro bebê que ele não pode fornecer. Ele pode
ver aquele olhar em seus olhos, aquela combinação de pena
e arrependimento. Cada vez que ele coloca tudo em alguma
coisa, isso o deixa mais exausto do que se tivesse acabado de
correr uma maratona. Seus últimos vestígios de energia desa-
parecem. E no terceiro dia em que acorda sem saber por quê,
ele vê o Devorador de Pecados com o canto do olho, alguém
que ele quase atropelou uma semana antes, e ela diz “Não
faça isso de novo”.
A Maldição Estígia faz com que os relacionamentos da ví-
tima se deteriorem. Ele pode fazer inimigos bem, mas tentar
fazer amigos - ou manter os que ele tem - é mais difícil, pois
as pessoas interpretam o que ele diz da maneira errada e lêem
subtextos em suas declarações que ele nunca teve a intenção.
Qualquer teste de Empatia, Persuasão ou Socialização sofre
uma penalidade igual aos sucessos de ativação.
Maldição Estígia ••: Este poder da Maldição Estígia re-
move o desejo e a capacidade de desfrutar de qualquer forma
80
Capitulo Tres: Simpatias das Trevas
de atividade sexual. Esta é uma ação instantânea com uma
parada de dados de (Inteligência + Medicina + sucessos de
ativação) disputada pela Perseverança + Psiquê do alvo. Com
um sucesso, a vítima é incapaz de ficar sexualmente excitada
durante a Maldição e não pode produzir descendentes (em-
bora os nascituros não sejam afetados). Aplique os sucessos
de ativação como uma penalidade para todos os testes Sociais
feitos contra pessoas que, de outra forma, o achariam atraente.
Um sucesso excepcional torna a vítima incapaz de produzir
descendentes por uma semana por sucesso de ativação além da
duração da Maldição. Este poder custa 1 plasma.
Maldição Estígia •••: La petite mort, a “pequena morte”
é um período de incapacidade e fadiga que surge após o ápice
de um orgasmo acompanhado por uma poderosa sensação de
melancolia e arrependimento. O Devorador de Pecados pode
acender a mesma depressão depois que a vítima se esforça em
qualquer situação. O Devorador de Pecados gasta um ponto
de plasma e o jogador testa (Inteligência + Medicina + sucessos
de ativação) - a Perseverança do alvo como uma ação instantâ-
nea. Com um sucesso, cada vez que a vítima gasta um ponto
de Força de Vontade para aumentar sua parada de dados, ela
sofre um modificador de -2 em qualquer outro teste pelo res-
tante da cena. Com um sucesso excepcional, essa penalidade
dura por toda a duração da Maldição. Um fracasso dramático
restaura um ponto de Força de Vontade para o alvo após seu
próximo teste bem-sucedido.
Maldição Estígia ••••: As pessoas atravessam a rua em
vez de andar perto da vítima desta Maldição, e quando preci-
sam falar com ela - quer estejam lhe vendendo café ou entre-
gando seu jornal - o fazem com uma aversão velada. O jogador
do Devorador de Pecados gasta 2 plasmas e testa Inteligência
+ Medicina + sucessos de ativação como uma ação disputada
contra a Perseverança + Psiquê do alvo. Se for bem-sucedido, a
vítima não pode gastar Força de Vontade durante a Maldição,
seja para aumentar uma parada de dados ou ativar um poder
sobrenatural. Um sucesso excepcional faz com que a vítima
perca um ponto de Força de Vontade no início de cada cena
em que sofrer a Maldição. Por outro lado, um fracasso dramá-
tico restaura o alvo com Força de Vontade total.
Maldição Estígia •••••: O poder máximo da Maldição
Estígia leva sua vítima ao suicídio quando ela se torna dolo-
rosamente consciente de que ficará sozinha para sempre. Se a
vítima sobreviver à tentativa de suicídio, a Maldição termina
imediatamente e o Devorador de Pecados não pode afetar a
vítima com a Maldição Estígia novamente. O Devorador de Pe-
cados gasta 2 plasmas e seu jogador testa de Inteligência + Me-
dicina + sucessos de ativação em uma ação disputada contra a
Perseverança + Autocontrole + Psiquê do alvo. Se tiver sucesso,
a vítima tenta tirar a própria vida de alguma forma - talvez
cortando sua garganta com uma faca de caça ou tomando uma
overdose com meia garrafa de Jack Daniels. Calcule uma para-
da de dados usando as próprias características da vítima, junto
com bônus para equipamentos ou armas - uma faca de caça usa
a Força + Arma + 1 da vítima, enquanto uma overdose é In-
teligência + Medicina + um modificador variável dependendo
de quais drogas estão disponíveis. O jogador do Devorador de
Pecados rola essa parada de dados e a vítima sofre um ponto de
dano letal por sucesso. Com um sucesso excepcional, a parada
de dados causa dano como um Golpe Fatal (Livro de Regras
do Mundo das Trevas, pág. 168).
A Marionete Estígia
Habilidade: Medicina
Enquanto a Marionete da Quietude permite a um De-
vorador de Pecados uma medida de controle total sobre um
cadáver, ela empalidece em comparação com o controle ofe-
recido pela Marioneta Estígia. O Vinculado pode projetar
sua consciência diretamente em um corpo morto, usando
esse corpo como se fosse seu.
Marionete Estígia •: O Devorador de Pecados força seu
Geist em um corpo morto, levando sua consciência junto
com ele. Ele tem que tocar o corpo para que a transferência
ocorra, gastando um ponto de plasma para ativar a Manifes-
tação. Enquanto ele está habitando a forma de um homem
morto, seu próprio corpo está vulnerável a danos - mas não a
possessão. O corpo que ele deseja tomar não pode ter morri-
do mais de uma semana antes dele usar este poder.
Ao controlar um corpo, o Devorador de Pecados usa seus
próprios Atributos e Habilidades Mentais e Sociais, os Atri-
butos Físicos e Tamanho do corpo, e o menor de cada valor
para Habilidades Físicas. Sem alguma forma de disfarce, ele
sofre um modificador de -5 em todos os testes de Presença.
Por outro lado, o Devorador de Pecados tem um rosto in-
teiramente novo, novas impressões digitais e até mesmo um
novo DNA. Enquanto ele está em seu novo corpo, o Devora-
dor de Pecados pode usar Manifestações normalmente, mas
não pode gastar plasma para absorver danos. Seu novo corpo
não cicatriza naturalmente. Ele não pode aproveitar outros
benefícios de habitar um cadáver (como dano reduzido de
armas de fogo), a menos que ele também manifeste a Mem-
brana Estígia.
Exemplo: Emil Horner assume o corpo de Robin Moore, um
policial da SWAT morto por um fantasma renegado. No corpo do
Oficial Moore, Emil ainda pode usar seus Atributos e Habilidades
Sociais e Mentais (com um modificador -5 para sua Presença), mas
ele usa os Atributos Físicos do policial - o que não é uma coisa
ruim, já que o oficial era um cara bonito. Passando para Habilida-
des Físicas, o policial tinha Esportes 3, Briga 1, Armas de fogo 3,
Dissimulação 1, Armamento 2. Emil tem Esportes 2, Condução 1,
Furto 3, Dissimulação 3. Infelizmente, isso deixa Emil apenas com
Esportes 2 e Dissimulação 1 .
Marionete Estígia ••: Feridas no novo corpo do Devora-
dor de Pecados não passam de meras cicatrizes - até mesmo os
cortes profundos de uma autópsia unidos durante o período
de sua possessão. Esta também é a única maneira pela qual
o Devorador de Pecados pode curar seu corpo roubado. Gas-
tando um ponto de plasma, o Devorador de Pecados pode
reduzir a penalidade nos testes de Presença para -1, ao invés
de -5. Ele também pode curar forçando seu plasma através do
novo corpo. Como uma ação instantânea, ele gasta um pon-
to de plasma e seu jogador testa Manipulação + Medicina +
sucessos de ativação. Ele pode curar um ponto de dano letal
ou dois pontos de dano contundente por sucesso.
Marionete Estígia •••: O Devorador de Pecados pode
acessar a memória muscular de seu corpo roubado, acessan-
do reflexos que ele nunca soube que tinha - e reforçando sua
própria habilidade treinada sobre a carne morta. Ao gastar
um ponto extra de plasma ao ativar a Marionete, o Devora-
dor de Pecados pode usar o nível mais alta de cada Habilida-
de Física, ao invés da mais baixa. Se o corpo e o Devorador
de Pecados possuírem a mesma Habilidade, essa Habilidade
ganha o benefício da Explosão do 9. Se ele tirar uma Habili-
dade direto do corpo que normalmente não possui, ele perde
o benefício da Explosão do 10.
Exemplo: Emil Horner assume o corpo do Oficial Moore no-
vamente, mas ele teve tempo para aprender. Ele gasta um ponto
adicional de plasma ao ativar a Marionete Estígia. O policial tinha
Esportes 3, Briga 1, Armas de Fogo 3, Dissimulação 1, Armamento
2. Emil tem Esportes 2, Condução 1, Furto 3, Dissimulação 3.
Combinados, ele tem Esportes 3, Briga 1, Condução 1, Armas de
Fogo 3, Furto 3 e Dissimulação 3. Como seu corpo e mente não
estão em alinhamento perfeito, o jogador de Emil não pode rolar
novamente os 10s em testes de Briga e Armas de Fogo. Por outro
lado, quaisquer testes de Esportes e Dissimulação tornam-se Explo-
são do 9.
Marionete Estígia ••••: O Devorador de Pecados pode
gastar 1 Força de Vontade ao ativar a Marionete para perma-
necer em sua nova carapaça por até uma semana. Ele pode
mudar sua consciência entre os corpos com um teste bem-su-
cedido de Manipulação + Medicina, embora qualquer corpo
que ele não esteja usando caia em um estado semelhante à
morte e seja incapaz de realizar qualquer ação. Ele percebe
se seu próprio corpo sofre danos, e se leva o suficiente para
matá-lo, a Manifestação termina imediatamente, pois ele tem
que se recuperar da borda. Ambos os corpos compartilham
a proteção contra a possessão; uma vez que um Devorador
de Pecados fez sua afirmação, ele é inviolável enquanto seu
plasma ligar os dois corpos.
Marionete Estígia •••••: Em vez de habitar um corpo
ou outro, o Devorador de Pecados e seu Geist trabalham em
conjunto para que ambos os corpos possam agir ao mesmo
tempo. Depois de estabelecer a posse de outro corpo, o De-
vorador de Pecados gasta 2 plasmas e 1 Força de Vontade e
testa Manipulação + Medicina + sucessos de ativação como
uma ação instantânea. Com um sucesso, o corpo normal do
Devorador de Pecados e seu corpo habitado são ambos cons-
cientes e capazes de agir ao mesmo tempo. Os dois devem
permanecer a menos de 20 metros um do outro. Cada corpo
pode executar ações instantâneas ou estendidas, independen-
temente um do outro. Em combate, ambos atuam na mesma
Iniciativa. A dissonância cognitiva de trabalhar quatro pares
de mãos ao mesmo tempo cobra seu preço, e o Devorador
de Pecados sofre um modificador de -2 em qualquer teste de
Raciocínio e divide sua Defesa em ambos os corpos. O estres-
se desse poder é tal que o personagem não pode usar a Ma-
rionete Estígia até que ele tenha um sono completo de oito
horas. Um sucesso excepcional permite que o Devorador de
Pecados aja sem penalidade nos testes de Raciocínio, mas a
Defesa ainda é reduzida à metade. Um fracasso dramático em
vez disso chama um fantasma próximo ao corpo afetado pela
Marionete Estígia.
O Oráculo Estígio
Habilidade: Medicina
O Oráculo de Estígio invoca o conhecimento combinado
dos mortos para reforçar a compreensão do mundo de um
Devorador de Pecados. Com o poder básico desta Manifesta-
ção, o Devorador de Pecados pode vasculhar o conhecimento
coletivo de cada fantasma, em busca daquele pequeno segre-
do que desvenda qualquer mistério que o tenha confundido.
Pela duração da cena, ele pode adicionar seus sucessos de ati-
81
A Chave Estigia
 vação à sua parada de dados para quaisquer ações estendidas
de Erudição ou Ocultismo, e pode compreender uma série
de idiomas igual aos seus sucessos de ativação.
Oráculo Estígio ••: Com este Oráculo, a conexão de
um Devorador de Pecados com o Mundo Subterrâneo nun-
ca é realmente quebrada. Mesmo quando não está manifes-
tando o Oráculo Estígio, o Vinculado ouve sussurros no
fundo de sua mente. Ele obtém os benefícios da Vantagem
Conhecimento Enciclopédico em todos os momentos. Um
personagem que já possui a Vantagem ganha a Explosão do
8 em testes de Inteligência + Raciocínio para relembrar algo.
Quando o Oráculo Estígio está ativo, o Devorador de Peca-
dos adiciona seus sucessos de ativação à parada de dados da
Vantagem.
Oráculo Estígio •••: O Devorador de Pecados pode
adicionar seus sucessos de ativação a todos os testes de Erudi-
ção e Ocultismo. Quando o Oráculo está ativo, ele conhece
todas as línguas já faladas ou escritas pelo homem, desde os
antigos sumérios até as línguas de tribos perdidas da Poliné-
sia. Mesmo quando não está usando o Oráculo, o Devorador
de Pecados conhece vários idiomas iguais aos seus pontos do
Oráculo, além de todos os idiomas adquiridos como Vanta-
gem.
Oráculo Estígio ••••: Ninguém conhece o Mundo
Subterrâneo como um fantasma, e o Oráculo Estígio conce-
de a um Devorador de Pecados o conhecimento de todos os
mortos. Esta estranha familiaridade traz atalhos úteis através
dos túneis tortuosos que serpenteiam pelas Profundezas Au-
tóctones e Mistérios Inferiores - embora alguns levem a nada
além de perigo e ruína. Ao usar o Oráculo Estígio, o Devora-
dor de Pecados pode gastar 1 plasma como uma ação reflexa
para adicionar seus sucessos de ativação à parada de dados
para navegar no Mundo Subterrâneo (consulte “Navegando
nas Passagens Escuras”, p. 267 de Geist: Os Devoradores de
Pecados para mais detalhes). Se, em vez disso, ele gastar um
ponto de Força de Vontade junto, ele reduz a ação prolonga-
da para viajar entre dois rios, ou entre um rio e um Portão
Averniano, a uma ação instantânea. Qualquer fracasso neste
teste é tratado como um fracasso dramático, já que o Devo-
rador de Pecados segue direções ruins direto para um local
perigoso.
Oráculo de Estígio •••••: Conforme a consciência do
Devorador de Pecados cresce, ele pode usar diretamente as
Habilidades dos mortos. Embora ele não tenha conseguido
obter conhecimento oculto do fantasma de Aleister Crowley,
ele pode acessar o entendimento geral de cada ocultista que
morreu e entrou no Mundo Subterrâneo. Ao Manifestar o
Oráculo, o Devorador de Pecados pode gastar 1 plasma como
uma ação reflexa para aprimorar suas Habilidades. Seu joga-
dor pode adicionar um número de pontos igual ao nível do
Oráculo do personagem + sucessos de ativação, mas todos
eles devem estar na mesma categoria (Mental, Físico ou So-
cial). Nenhuma Habilidade pode ser aumentada para mais
de quatro pontos desta maneira. Quaisquer Habilidades que
o personagem normalmente não possui tornam-se não con-
fiáveis: qualquer parada de dados usando aquela Habilidade
perde a Explosão do 10 e 1s subtrai os sucessos. Os pontos
concedidos por este poder duram até o final da cena.
Exemplo: Genevieve era uma socialite antes de se tornar uma
Devoradora de Pecados, mas isso não a ajudará contra uma gangue
82
Capitulo Tres: Simpatias das Trevas
de fantasmas que querem sua cabeça depois de um negócio que deu
errado. Eles roubaram os corpos de alguns trabalhadores da constru-
ção e querem machucá-la. Concentrando-se, ela invoca os reflexos e a
memória muscular de 10 gerações de lutadores por meio do Oráculo
Estígio. Ela tem dois sucessos de ativação, e Oráculo 5, dando a
ela sete pontos para distribuir. Ela gasta três para aumentar seu
Esportes existente de 1 para 4, caso precise correr, e gasta os quatro
restantes para aumentar sua Briga de 0 para 4 pontos, (embora
nenhuma jogada de Briga se beneficie da Explosão do 10). Sorrindo,
ela se vira para enfrentar seus agressores.
A Fúria Estígia
Habilidade: Medicina
A Fúria Estígia é tudo menos sutil. Mesmo em níveis bai-
xos, o geist apodrece a carne e enfraquece os ossos, e pode
facilmente desfigurar a vítima do Vinculado. Em níveis mais
altos, o Devorador de Pecados pode deixar suas vítimas total-
mente conscientes, mas enjauladas em uma prisão de carne
morta. Devido aos horríveis ferimentos infligidos, todo ata-
que bem-sucedido usando a Fúria Estígia aplica um modifica-
dor -1 aos testes Sociais da vítima até que o dano seja curado.
Fúria Estígia ••: O Devorador de Pecados pode infectar
seu inimigo com um vírus necrosante que se espalha de um
ponto para consumir seu corpo. Em vez de aplicar o dano da
Fúria de uma vez, a vítima sofre um ponto de dano letal con-
tínuo ao longo de um número de turnos igual aos sucessos de
ativação (ver “Dano Contínuo”, Livro de Regras do Mundo
das Trevas p. 167). Até que ela cure o dano deste poder, a
vítima também tem uma penalidade de -1 em todos os testes
de Destreza.
Fúria Estígia •••: O plasma corrompido apodrece os
músculos do alvo, deixando-o fraco. Só mais tarde ele notará
os estranhos caroços rastejantes sob sua pele, onde os vermes
estão consumindo sua carne morta. O Devorador de Peca-
dos deve gastar um ponto extra de plasma ao Manifestar a
Fúria Estígia para ativar este poder. Em vez de causar dano
normalmente, o jogador do Devorador de Pecados divide o
dano causado pelos Atributos Físicos da vítima da maneira
que achar melhor. O corpo da vítima torna a crescer a carne
morta a uma taxa equivalente à cura de dano letal (consulte
“Dano de Atributos,” Livro de Regras do Mundo das Trevas
p. 167).
Fúria Estígia ••••: O Devorador de Pecados pode infli-
gir infecções terríveis que comem a carne da vítima por den-
tro. Como uma ação reflexa, o Devorador de Pecados pode
gastar 1 plasma ao ativar a Fúria Estigmata ••. Se o fizer, o
poder causa dois pontos de dano por turno, em vez de um.
Fúria Estígia •••••: Mesmo que o trauma físico cica-
trize com o tempo, a vítima fica com cicatrizes para o resto
da vida. O Devorador de Pecados gasta dois pontos extras de
plasma e um ponto de Força de Vontade ao liberar a Fúria
Estígia. O dano causado é agravado em vez de letal. Se a víti-
ma sofrer até mesmo um único ponto de dano, ela perde per-
manentemente um ponto de Presença. Este ponto não cura
com o tempo, e seu valor máximo de Presença é reduzido em
um (portanto, uma pessoa normal não pode ter um valor de
Presença acima de 4 após ser vítima deste poder). Somente
a cura sobrenatural pode restaurar a perda. Usar este poder
repetidamente contra o mesmo alvo não causa mais perda de
Presença.
O Sudário Estígio
Habilidade: Medicina
A Chave Estígia é a Chave da morte e da decadência e,
como tal, protege o Devorador de Pecados apenas enquanto
puder transmitir o dano a outros. Sempre que um ataque
não causa dano ao Devorador de Pecados, o personagem
mais próximo - seja amigo ou inimigo - é atacado com uma
parada de dados igual aos sucessos de ativação. Este ataque
sobrenatural ignora a Defesa (mas não a blindagem) e causa
o mesmo tipo de dano que o ataque que teria ferido o Devo-
rador de Pecados. O Devorador de Pecados não tem controle
sobre quem seu Sudário ataca, a não ser chegar bem perto
daqueles que desejam seu mal.
Sudário Estígio ••: À medida que a compreensão do
Limiar sobre a morte cresce, também aumenta sua capacida-
de de evitá-la. Com o Sudário Estígio ativo, ele está sempre
ciente quando as pessoas pretendem prejudicá-lo, e seu geist
pode até redirecionar a bala de um atirador ou a faca de um
assassino. Quando o personagem veste o Sudário Estígio,
quaisquer ataques que normalmente causariam um Golpe
Fatal ao personagem são tratados como ataques normais.
Isso inclui Golpes Fatais concedidos por Vantagens ou pode-
res sobrenaturais. Esta habilidade está sempre ativa quando
o personagem veste o Sudário Estígio.
Sudário Estígio •••: Sempre que o Devorador de Pe-
cados pode aplicar sua Defesa contra um ataque, ele pode
redirecionar esse ataque através de seu Sudário. Punhos e
facas atingem alguém que não seja o alvo pretendido, mas as
balas ainda acham seu alvo. O Devorador de Pecados gasta
1 plasma como uma ação reflexa e, em vez disso, o ataque
atinge o personagem mais próximo a ele. O novo alvo deste
poder ainda recebe o benefício de sua Defesa.
Sudário Estígio ••••: O Devorador de Pecados pode
escolher a vítima da ira de seu Sudário. Ele deve tocar na
vítima pretendida, mas seu geist vai atacar quem ele marcou.
Para fazer isso, o jogador gasta 2 plasmas e testa Destreza +
Medicina + sucessos de ativação - a Defesa do alvo como uma
ação instantânea. Se seu teste for um fracasso dramático, a
vítima ganha blindagem igual aos sucessos de ativação do
Sudário. Em caso de sucesso, sempre que o Sudário Estígio
afetar o “personagem mais próximo”, ele afetará a vítima des-
se poder. A vítima permanece marcada por um turno por
sucesso.
Sudário Estígio •••••: Gavinhas da escuridão saem
do corpo do Devorador de Pecados, atacando aqueles que
o machucam. O Devorador de Pecados gasta 2 plasmas e 1
Força de Vontade, e seu jogador testa Perseverança + Medi-
cina + sucessos de ativação como uma ação instantânea. Se
o teste for bem-sucedido, toda vez que alguém causar dano
ao Devorador de Pecados, seu geist ataca essa pessoa com
uma parada de dados igual ao dano recebido + sucessos de
ativação, ignorando a Defesa e a blindagem. Este ataque sem-
pre causa dano letal e qualquer pessoa prejudicada por ele
também perde um ponto de Força de Vontade. Este poder
dura até que o Devorador de Pecados dispensa o Sudário. Se
o jogador obtiver um sucesso excepcional, o Devorador de
Pecados recupera um ponto de Força de Vontade toda vez
que causa dano a alguém com este poder.

83
A Chave Estigia
 Manifestação: A Cova
Atributo: Autocontrole
Dor. Medo. Fúria. Ódio. Muitas pessoas pensam que
esses sentimentos têm algo a ver com a morte. Eles não po-
deriam estar mais errados. O Mundo Subterrâneo não tem
emoção própria, porque a morte não se importa. Você pode-
ria ser um pobre nas favelas de Mumbai ou o homem mais
rico da história, mas quando você morrer, é isso: você está
morto. A única emoção real no Mundo Subterrâneo vem de
seus habitantes: fantasmas se lembram de como era estar vivo
e as chances são de que qualquer fantasma que você pergun-
tasse daria tudo para experimentar isso mais uma vez.
De acordo com alguns velhos fantasmas, o Mundo Sub-
terrâneo nem sempre foi assim. Mas o passado não é o pre-
sente e, neste momento, o Mundo Subterrâneo é um lugar
que, em última análise, não se preocupa com o universo e
não está prestes a começar. O plasma amaldiçoado que dá
forma aos túneis e cavernas sem fim não é algo com que um
Devorador de Pecados sensato deva mexer.
Então, novamente, Devoradores de Pecados sensatos não
Manifestam a Cova.
Cada habilidade que a Cova oferece exige que um Devo-
rador de Pecados pegue um pouco daquele plasma amaldi-
çoado e corrupto e o envolva em seu geist, absorvendo uma
pequena parte do mundo indiferente além. Ao fazer isso, ele
pode destrancar poderes que fazem seus inimigos compreen-
derem não que o universo está atrás deles, mas que o univer-
so nunca saberá que eles existiram. A Cova Passional mata re-
lacionamentos de longo prazo em favor de aventuras de curto
prazo e incentiva as pessoas a ignorar seus chamados nobres,
concentrando-se nos prazeres simples. A Cova Primitiva mos-
tra o desdém do mundo natural pela existência contínua da
vítima por meio de galhos chicoteando e feras uivantes.
A Cova permite que o Devorador de Pecados remova um
aspecto de sua vítima. A Chave específica usada para destran-
car a Cova determina o que é removido.
• Cova do Último Suspiro: O Devorador de Pecados
pode tirar o calor do coração de sua vítima ou sua capaci-
dade de respirar. Habilidade Chave: Ocultismo
• Cova da Poeira Sepulcral: O Devorador de Pecados
remove a capacidade da vítima de confiar no solo em que
pisa. Habilidade Chave: Ocultismo
• Cova Industrial: Objetos feitos pelo homem igno-
ram a existência da vítima e podem se voltar contra ela.
Habilidade Chave: Ofícios
• Cova Passional: O Devorador de Pecados distorce a
mente de seu inimigo, roubando sua capacidade de con-
centração. Habilidade Chave: Empatia
• Cova Fantasmagórica: O Devorador de Pecados
evoca visões de um mundo onde a vítima não existe e as
coisas são melhores para seus entes queridos. Habilidade
Chave: Persuasão
• Cova Primitiva: O Devorador de Pecados instila
plantas e animais com uma malevolência para a vítima
da Cova, culminando com a ressurreição de uma fera que
caça a vítima. Habilidade Chave: Sobrevivência
84
Capitulo Tres: Simpatias das Trevas
• Cova Crematória: O Devorador de Pecados rouba
luz e calor de sua vítima. Habilidade Chave: Ocultismo
• Cova Estigmata: O Devorador de Pecados apaga o
fogo dentro do sangue da vítima, permite que fantasmas
se manifestem ao redor da vítima e até mesmo mata a ca-
pacidade de coagulação de seu sangue. Habilidade Chave:
Ocultismo
• Cova da Quietude: O Devorador de Pecados pode
entorpecer os sentidos de sua vítima e até mesmo afastá-lo
da percepção de outras pessoas. Habilidade Chave: Astúcia
• Cova Estígia: O Devorador de Pecados pode consu-
mir fantasmas, enviando seu geist em sua forma - ou usan-
do-o sobre sua própria pele. Habilidade Chave: Medicina
• Cova Lacrimosa: O Devorador de Pecados impede
que a vítima ganhe alimento com a água e pode até ressecar
suas vítimas. Habilidade Chave: Ocultismo
Um Devorador de Pecados mancha sua alma cada vez que
abre uma Cova, o plasma roçando em sua alma. Abrir uma
Cova é um pecado contra a Sinergia 7. O Devorador de Peca-
dos está forçando um pedaço do Mundo Subterrâneo para o
mundo dos vivos, trazendo as energias da morte para aqueles
que ainda não estão prontos para ela. Um Devorador de Peca-
dos que deseja permanecer em sintonia com seu Geist e com o
mundo deve ficar longe desta Manifestação.
Ele também não pode canalizar o plasma gerado através
de seu Arquétipo para a Cova - ele precisa de energia extraída
do Mundo Subterrâneo. Para tanto, ele deve estar a um metro
de um Portão Averniano por ponto de Psiquê para usar uma
Manifestação Arquetípica, embora o portão não precise estar
aberto no momento.
Ativação da Cova
Custo: 1 plasma
Parada de Dados: Autocontrole + (Habilidade Chave) +
Nível da Cova – o menor entre a Perseverança e Autocontrole
do alvo
Ação: Instantânea
Resultados do Teste
Fracasso Dramático: O Mundo Subterrâneo se volta con-
tra o Devorador de Pecados, cavando sua alma e seu Geist. O
Devorador de Pecados perde um ponto de Força de Vontade
e deve rolar para degeneração como se tivesse cometido um
pecado com um limite de Sinergia 4.
Fracasso: As energias corruptas do Mundo Subterrâneo
não cedem ao comando do Devorador de Pecados.
Sucesso: O Devorador de Pecados desenha o plasma amal-
diçoado do Mundo Subterrâneo através de seu Geist e o libera
contra seu alvo. Além dos efeitos principais da Cova quando
destrancada com uma Chave específica, o alvo subtrai os suces-
sos de ativação do Devorador de Pecados de todos os testes de
Autocontrole (a uma penalidade máxima de -5).
Sucesso Excepcional: Os tentáculos sombrios do Mundo
Subterrâneo permanecem, travando na mente do alvo. Ele per-
de um ponto de Força de Vontade, além dos outros efeitos
desta Manifestação.
Salvo indicação ao contrário, os efeitos da Cova duram até
o final da cena, embora o Devorador de Pecados possa acabar se mova e deslize sob os pés da vítima. Sempre que ela tenta
com eles antes, se desejar. correr, ou move mais da metade de seu Deslocamento em
um turno em combate, ela deve ter sucesso em um reflexo
As Covas Elementais de Destreza + Esportes ou ser derrubada (veja “Derrubada,”
Habilidade: Ocultismo Livro de Regras O Mundo das Trevas p. 168).
O Devorador de Pecados infunde a vítima com plasma Os seguintes modificadores se aplicam tanto ao teste de
amaldiçoado, dificultando sua interação com um dos quatro ativação quanto ao teste de poderes secundários com base na
elementos clássicos. Observe que cada Chave deve ser adqui- posição da vítima:
rida separadamente.
Modificador Situação
A Cova do Último Suspiro +2 A vítima está sobre terra pantanosa ou
A Cova do Último Suspiro sopra direto na vítima como lama.
se ela não estivesse lá, gelando seus ossos e entorpecendo
+1 A vítima está em terra ou solo solto.
sua alma. Inicialmente, esta Manifestação arrepia sua vítima
como andar em uma tempestade de neve com uma camisa +1 A vítima está no subsolo.
fina. Embora não haja uma reação física além de arrepiar, a
vítima tem uma sensação assustadora de isolamento. Ele sen- +0 A vítima está em pé sobre rocha ou terra
te que está sozinho no mundo e fazer conexões com outras firme.
pessoas é mais difícil. Ele sofre os sucessos de ativação como -1 A vítima está em asfalto ou concreto ao
uma penalidade nos testes de Persuasão e Socialização, ao nível do solo.
invés de Autocontrole.
A Cova do Último Suspiro ••: O frio permanece no -1 Para cada andar que a vítima está acima
coração da vítima. A Cova do Último Suspiro dura até a pró- do solo.
xima vez que a vítima dormir, ao invés de até o final da cena. -2 A vítima está de pé sobre metal ou
A Cova do Último Suspiro •••: O Devorador de Pe- cerâmica.
cados pode convencer os ventos a ignorar totalmente sua ví-
tima. Ele pode respirar o quanto quiser, mas não consegue -4 A vítima não está em cima de nada - caindo
respirar. O Devorador de Pecados gasta 1 plasma e o jogador no ar ou flutuando na água.
testa (Autocontrole + Ocultismo + sucessos de ativação) - Vi-
gor do alvo como uma ação instantânea. A vítima não conse- A Cova da Poeira Sepulcral ••: A vítima deste poder
gue respirar por um minuto por sucesso. O tempo que uma não consegue manter os pés, mas ela sofre tonturas e verti-
vítima consegue prender a respiração é baseado em seu Vi- gens quando está acima do nível do solo. O Devorador de
gor; consulte “Prendendo a Respiração” na pág. 49 do Livro Pecados testa Autocontrole + Ocultismo + sucessos de ativa-
de Regras do Mundo das Trevas. A vítima entra em pânico ção em uma ação disputada contra Autocontrole + Psiquê do
ao focar na respiração e sofre -2 de penalidade em todos os alvo. Se for bem-sucedido, a vítima não consegue se equili-
testes até o final da cena. brar e sofre uma penalidade de -1 nos testes de Destreza para
A Cova do Último Suspiro ••••: A Cova do Último cada andar (cerca de três metros) acima do solo, até um máxi-
Suspiro enche a alma da vítima com um frio entorpecente. mo de -5. A vítima não pode transformar essa penalidade em
Todo mundo o vê e pode até se aproximar dele, mas ele não um bônus indo para o subsolo.
consegue responder. O Devorador de Pecados gasta 2 plas- A Cova da Poeira Sepulcral •••: A vítima começa a
mas e 1 Força de Vontade e testa (Autocontrole + Ocultismo afundar no chão e tem que lutar se quiser se mover. O solo
+ sucessos de ativação) - Autocontrole do alvo. Cada vez que reage à sua luta, tornando-se espesso como melaço enquan-
a vítima falha em um teste de Presença ou Manipulação, o to ela se debate. Como uma ação instantânea, o Devorador
resultado é tratado como um Fracasso Dramático. Este efeito de Pecados pode gastar um ponto de plasma para reduzir o
dura até o final da cena. Deslocamento da vítima para apenas sua Força. Ela também
A Cova do Último Suspiro •••••: Ao usar a Cova do sofre os sucessos de ativação da Cova como uma penalidade
Último Suspiro •••, o Devorador de Pecados pode reter o em todas as jogadas de Esporte, e se ela sofrer um fracasso
ar por muito mais tempo. Adicione os sucessos de ativação dramático em qualquer jogada de Esporte, a vítima sofre dois
da Cova aos sucessos obtidos para este poder para determi- pontos de dano contundente.
nar por quanto tempo a vítima fica sem ar. Qualquer dano A Cova da Poeira Sepulcral ••••: Além dos efeitos es-
sofrido como resultado deste poder é causado ao Autocon- tonteantes infligidos pela Cova da Poeira Sepulcral ••, a ví-
trole da vítima ao invés de sua Vitalidade (consulte “Dano tima também sofre de náusea. Ela sofre dois pontos de dano
de Atributo” na pág. 167 do Livro de Regras do Mundo das contundente e não pode realizar nenhuma ação ou aplicar
Trevas). sua Defesa até o final de seu próximo turno.
A Cova da Poeira Sepulcral •••••: Esta Manifestação
A Cova da Poeira Sepulcral enterra sua vítima viva. O solo sob seus pés torna-se insubs-
A Cova da Poeira Sepulcral é mais do que apenas um tancial e ela cai por um metro e oitenta de terra e rocha sem
título figurativo. Além de atolar seu alvo na lama ou atingi- ter como escalar de volta. O Devorador de Pecados gasta 2
-lo com uma vertigem paralisante, a habilidade característica plasmas e 1 Força de Vontade, e testa (Autocontrole + Ocul-
desta Cova é a habilidade de enterrar sua vítima viva. O po- tismo + sucessos de ativação) - Vigor do alvo como uma ação
der básico da Cova da Poeira Sepulcral faz com que o solo

85
Manifestacao A Cova
 instantânea. Se for bem-sucedido, a vítima sofre dois pontos
de dano contundente ao cair no chão. Ela permanece lá por
um turno por sucesso, durante o qual ela não consegue respi-
rar. Ela conta como estando em combate com o propósito de
prender a respiração (veja “Prendendo a Respiração,” Livro
de Regras do Mundo das Trevas p. 49). Se ela sofrer qual-
quer dano letal por asfixia, ela também perderá um ponto
de Vigor até que possa curar o dano. Quando este poder
termina, a vítima retorna ao nível do solo.
Se a vítima estiver no segundo andar ou em um andar su-
perior, ela cai no chão e não para até estar quase dois metros
abaixo. Ela sofre um ponto adicional de dano contundente
para cada andar caído, até que ela esteja no nono andar ou
mais alto, quando ela atinge a velocidade terminal. Veja p.
179 do Livro de Regras do Mundo das Trevas para obter
mais informações sobre danos de queda, mas observe que a
vítima não pode fazer um teste de Destreza + Esportes para
amortecer a queda.
A Cova Crematória
O fogo não fornece luz ou calor para uma vítima da Cova
Crematória, mas é mais do que feliz em queimá-la. Uma
vítima atingida pela Cova Crematória está fria mesmo em
um dia ameno de verão e não consegue se aquecer com uma
chama. Ele poderia estar parado no meio de um inferno im-
ponente e ainda estar tremendo de frio. No final das contas,
isso ainda penaliza seu Autocontrole - a vítima ainda pode
ver as chamas, afinal.
A Cova Crematória ••: A vítima agora não pode extrair
calor de nenhuma fonte de calor, ao invés de apenas fogo. Ele
não notará que uma superfície está quente - quer ele agarre a
alça de uma panela quente, ou deslize para um banho escal-
dante. Aplique os sucessos de ativação como uma penalidade
para todos os testes de Raciocínio + Autocontrole para notar
que a superfície está quente.
A Cova Crematória •••: Neste nível de poder, a vítima
não consegue ver nenhuma indicação de que a superfície está
quente, embora a Cova não seja poderosa o suficiente para
roubar a luz do sol. Sua cegueira inclui chamas, o brilho de
metal quente ou vapor e bolhas subindo na água fervente. A
vítima deve gastar um ponto de Força de Vontade para fazer
um teste de Raciocínio + Autocontrole e perceber que um
objeto está quente, e o teste é penalizado pela Cova Cremató-
ria ••. Em situações em que a única luz vem das chamas, a
vítima está efetivamente cega (consulte “Combate às Cegas”
na pág. 166 do Livro de Regras do Mundo das Trevas).
A Cova Crematória ••••: O plasma escuro do Mundo
Subterrâneo infunde a roupa da vítima, tornando-a mais pro-
pensa a queimar. O Devorador de Pecados gasta 2 plasmas,
e seu jogador testa (Autocontrole + Ocultismo + sucessos de
ativação) - Defesa do alvo. Com um sucesso, se a vítima sofrer
qualquer dano de uma arma que normalmente incendiaria
suas roupas em um sucesso excepcional, como um lança-cha-
mas, então um sucesso é o suficiente para colocá-los em cha-
mas. Atacar alguém com um isqueiro ou outra pequena fonte
de fogo é um caso de tentar tocar alguém (Livro de Regras do
Mundo das Trevas pág. 157), com um modificador -2 para
a dificuldade de tocar com uma chama. Um sucesso nesse
teste inicia um fogo do tamanho de uma tocha e tão quente
quanto uma vela, e o fogo queima por um turno por sucesso.
A Cova Crematória •••••: O Devorador de Pecados
86
Capitulo Tres: Simpatias das Trevas
pode gastar um ponto extra de plasma ao ativar a Cova Cre-
matória ••••. Se ele fizer isso, então qualquer incêndio re-
sultante terá pelo menos o tamanho de uma tocha e será tão
quente quanto um incêndio químico.
A Cova Lacrimosa
A água não mata a sede de alguém infligido pela Cova La-
crimosa, embora seja mais do que feliz em afogá-la. Esta Cova
remove a centelha vital de qualquer água que a vítima beba,
deixando-a com gosto de seca e salobra. Embora ela ainda seja
capaz de beber água para viver quando infligida com a versão
básica desta Cova, ela sente sede o tempo todo. Ela sofre ape-
nas a metade dos sucessos de ativação como uma penalidade
para seu Autocontrole (arredondado para baixo), mas a Cova
Lacrimosa dura um dia por sucesso de ativação.
A Cova Lacrimosa ••: O Devorador de Pecados pode
gastar um ponto extra de plasma ao ativar a Cova para impe-
dir que a vítima ganhe sustento da água enquanto sofre sob
a Cova. Por mais que ela beba, ela ainda sofre os efeitos da
desidratação (veja “Privação”, Livro de Regras do Mundo das
Trevas, p. 175) como se ela não tivesse bebido água durante
todo esse tempo.
A Cova Lacrimosa •••: A água mostra sua aversão pela
vítima, forçando-se a descer por seu nariz e garganta, mesmo
quando ela está fazendo o possível para não respirar. A vítima
reduz sua resistência pela metade ao calcular quanto tempo ela
consegue prender a respiração quando imersa na água. Ao se
afogar (embora não sufocando), ela sofre dois pontos de dano
letal por turno, ao invés de um.
A Cova Lacrimosa ••••: O geist ativamente força a água
para fora da vítima do Devorador de Pecados, secando seu cor-
po a um grau não natural. Esta é uma ação instantânea que
custa 2 plasma e 1 Força de Vontade, e requer um teste de
(Autocontrole + Ocultismo + sucessos de ativação) - Vigor do
alvo. Se for bem-sucedido, a vítima perde um ponto de um
Atributo Físico por sucesso. O jogador do Devorador de Peca-
dos determina quais Atributos são afetados. Este dano cura na
mesma taxa que o dano letal. Um sucesso excepcional reduz
permanentemente o Deslocamento da vítima em 1, enquanto
um fracasso dramático cura as duas caixas de Vitalidade mais
à direita da vítima.
A Cova Lacrimosa •••••: Neste nível, o dano causado
pela Cova Lacrimosa •••• leva ainda mais tempo para curar.
Todos os pontos de Atributo perdidos curam na mesma taxa
de dano agravado.
A Cova Industrial
A Cova Industrial força objetos feitos pelo homem a re-
cusar a existência da vítima. Ele pode digitar pelo tempo que
quiser em um computador, mas não salvará seus documentos
ou enviará um e-mail. Seu carro não pega - ou se afasta apenas
para ignorar sua mão no volante.
O jogador do Devorador de Pecados não usa os modifica-
dores Anacrotecnológicos normais (Geist: Os Devoradores de
Pecados pág. 111) ao ativar a Cova Industrial. Em vez disso,
a vítima sofre uma penalidade em seu Autocontrole igual ao
modificador Anacrotecnológico do mais novo dispositivo que
ele usa ao longo de uma cena. Essa penalidade pode mudar ao
longo da cena, mas um personagem que usa apenas tecnologia
anterior a 1940 não recebe um bônus. A Cova Industrial dura
até o próximo pôr do sol.
 Exemplo: Danny irritou um Devorador de Pecados que reta- Modificador Situação
liou com a Cova Industrial. Ela imaginou que ele, sendo um mecâ- +3 O personagem tem um Mentor em uma
nico de automóveis, seria divertido para todos os tipos. A maioria grande empresa ou departamento
das coisas que Danny está usando passou a ser de uso comum na governamental.
década de 1960, então ele sofre um modificador -1 em seu Autocon-
+2 O personagem tem Status ••• ou
trole conforme suas ferramentas se voltam contra ele. Pensando que
superior em uma grande empresa ou
algo está errado, ele tenta ligar para seu chefe de seu novo celular.
departamento governamental.
Seu modificador de Autocontrole aumenta para -5 até o final da
cena. Na próxima cena, ele só começa a sofrer penalidade quando +2 O personagem tem Contatos •••• ou
usa um dispositivo tecnológico. superior.
A Cova Industrial ••: Não importa o que tente, a vítima
da Cova Industrial não consegue convencer as máquinas a +2 Personagem possui Recursos ••• ou
obedecer ao seu comando. Este poder tem como alvo um superior.
item usado por alguém sob a influência da Cova Industrial +1 Por ponto de Fama que o personagem
que o Devorador de Pecados pode ver, e que não é maior que possui.
(Tamanho 5 +1 para cada sucesso de ativação). O Devorador
de Pecados gasta 2 plasmas como uma ação instantânea e seu +1 O personagem tem Contatos em círculos
jogador testa Autocontrole + Ofícios + sucessos de ativação. corporativos ou de negócios.
Com um sucesso, a vítima é reduzida a um dado de sorte em +1 O personagem tem Status •• ou
todos os testes envolvendo o objeto pelo restante da cena. inferior em uma grande empresa ou
A Cova Industrial •••: O Devorador de Pecados pode departamento governamental.
forçar um fantasma a entrar na máquina usada por uma ví-
tima da Cova Industrial, tanto quanto pode possuir um ser +1 O personagem tem Status •••• ou
humano. O fantasma pode controlar a máquina como se a es- superior em outra organização.
tivesse usando. O fantasma não fica ancorado no dispositivo +1 O personagem tem Aliados ••• ou
e destruir o item não tem efeito sobre o fantasma. O Devora- superior.
dor de Pecados gasta 2 plasmas e seu jogador testa Presença +
Ofícios + sucessos de ativação disputados pela Resistência do -1 O personagem não tem pontos em
fantasma. Os modificadores Anacrotecnológicos aplicam-se Aliados ou Contatos.
a este poder normalmente, e o item deve ter sido usado por -1 O personagem não tem pontos em
uma vítima da Cova Industrial na mesma cena. Status ou Recursos.
Em caso de sucesso, o fantasma fica preso no item até o
final da cena. Ele pode fazer qualquer coisa que o item possa -1 O personagem não tem pontos em Fama
fazer razoavelmente, embora não possa mover o item em si, ou Mentor
a menos que possua a Nume que permitiria isso. A maioria
das ações pode ser resolvida usando o Poder + Refinamento Se o Devorador do Pecado for bem-sucedido, os cartões
do fantasma no lugar de um teste de Atributo + Habilidade. de crédito e identidades da vítima serão cancelados, sua car-
O fantasma só pode usar a Nume que normalmente afeta os teira de motorista se torna inválida, seu carro é sinalizado
itens no item em que está preso. Numes que afeta pessoas ou como roubado, seu celular e as conexões de Internet são
animais só funcionam contra alguém que realmente toca o cortados e sua casa é retomada. Ele perde os benefícios de
item. O fantasma permanece no aparelho até o final da cena. todos as suas Vantagens Sociais, exceto Fonte de Inspiração e
A Cova Industrial ••••: O Devorador de Pecados pode Aparência Surpreendente. Qualquer tentativa de provar que
usar a Cova Industrial •• contra um único item de Tama- ele ainda existe sofre uma penalidade de -5. Os efeitos deste
nho 10 (com +2 por sucesso de ativação). Alternativamente, poder duram uma semana inteira, após a qual a vítima está
ele pode azarar um número de itens igual à sua Psique, desde livre para juntar as peças.
que o Tamanho total de todos os itens afetados seja menor
que seu máximo. A Cova Passional
A Cova Industrial •••••: A Chave Industrial é a prin- Habilidade: Empatia
cipal forma com que um Devorador de Pecados pode fazer a A Cova Passional vira as próprias emoções de um perso-
interface de seu geist com o funcionamento do mundo. Go- nagem contra ele, infundindo essas paixões com o plasma do-
vernos, bancos e corporações, todos esquecem que a vítima ente do Mundo Subterrâneo. Seus pensamentos e emoções
desse poder já existiu. Por mais que esse poder possa devastar se voltam contra ele e o impedem de se concentrar. O efeito
um membro da sociedade ocidental, não é fácil retirá-lo, es- básico da Cova Passional afeta o Autocontrole normalmente.
pecialmente contra alguém bem relacionado. O Devorador A Cova Passional ••: Os pensamentos da vítima se
de Pecados gasta 3 plasmas como uma ação instantânea e transformam em nós tortuosos. Embora ações simples como
seu jogador testa Manipulação + Ofícios + sucessos de ativa- disparar uma arma ou responder a uma pergunta direta se-
ção, disputado pela Perseverança + Psiquê da vítima. Aplique jam fáceis, focar além de alguns segundos torna-se quase im-
os seguintes modificadores a parada da vítima, com base em possível. O Devorador de Pecados gasta 1 plasma como uma
suas Vantagens Sociais: ação instantânea, e seu jogador testa (Autocontrole + Empa-
tia + sucessos de ativação – a Perseverança do alvo.

87
Manifestacao A Cova
 Para cada sucesso obtido, a vítima sofre uma penalidade
cumulativa de -1 a cada jogada de sua próxima ação estendi-
da, até uma penalidade máxima de -5. Ou seja, seu primeiro
teste sofre uma penalidade de -1, o segundo uma penalidade
de -2 e assim por diante até que a penalidade seja igual ao
número de sucessos obtidos para este poder. Em um suces-
so excepcional, a ação afetada não pode se estender além de
cinco testes.
A Cova Passional •••: A essência do Mundo Subterrâ-
neo distorce todas as nobres intenções, distorcendo as ações
da vítima em algo muito mais sombrio. Quando ele olha
para trás e vê o que realmente fez, pode ficar chocado com
o que realmente aconteceu. O Devorador de Pecados gasta
1 plasma e seu jogador testa Autocontrole + Empatia + su-
cessos de ativação, disputado pela Perseverança + Psiquê da
vítima. Com um sucesso, na próxima vez que a vítima tentar
uma ação que canalizaria sua Virtude, ela recupera apenas 1
Força de Vontade e sofre uma penalidade de -3 para qualquer
parada de dados aplicável. Depois disso, a vítima não pode
usar a Virtude ou o Vício até o próximo capítulo. Com um
fracasso dramático, a vítima pode satisfazer seu Vício nesta
cena e receber o benefício de canalizar sua Virtude.
A Cova Passional ••••: Uma vítima desse poder pode
sentir sua mente trabalhando contra ela. Incapaz de pensar
com clareza por mais de um segundo de cada vez, quase tudo
que ele faz está fadado ao fracasso. O Devorador de Pecados
gasta 3 plasmas e seu jogador testa (Autocontrole + Empa-
tia + sucessos de ativação) - Perseverança da vítima. Se for
bem-sucedido, a vítima reduz todas as paradas de dados para
ações instantâneas ou estendidas a um dado de sorte (ações
reflexas não são afetadas). Uma ação é afetada por sucesso
obtido.
A Cova Passional •••••: O plasma contaminado li-
berado pela Cova Passional •••• trabalha na mente da ví-
tima, cavando fundo. Para realizar uma ação enquanto este
poder estiver ativo, a vítima deve gastar um ponto de Força
de Vontade. Suas paradas de dados ainda são reduzidas a um
dado de sorte.
A Cova Fantasmagórica
Habilidade: Persuasão
As visões criadas pela Cova Fantasmagórica retratam um
mundo onde a vítima morreu há muitos anos e ninguém
se importa. Cada visão se apresenta como um resultado real
e provável; a maneira como as coisas serão, e não como as
coisas poderiam ser.
Para começar, as visões criadas pela Cova Fantasmagórica
deixam a vítima abalada. O Vinculado não pode usar este po-
der contra o alvo pretendido se o alvo estiver em combate ou
de outra forma envolvido em atividades estressantes, e deve
tocar o alvo pretendido para ativar a Cova.
A Cova Fantasmagórica ••: As visões produzidas pela
Cova Fantasmagórica podem infligir problemas psicológi-
cos terríveis. Um Devorador de Pecados pode estimular seus
inimigos a se fixar em suas falhas, cair em uma depressão
terrível ou reagir a coisas que não existem. Como uma ação
instantânea, o Devorador de Pecados gasta 1 plasma e seu
jogador testa Autocontrole + Persuasão + sucessos de ativa-
ção disputados pela Perseverança + Autocontrole + Psiquê
da vítima. Se o Devorador de Pecados tiver sucesso, ele pode
escolher uma perturbação leve para infligir em sua vítima
88
Capitulo Tres: Simpatias das Trevas
durante a cena, e a vítima não pode fazer um teste de Perse-
verança + Autocontrole para resistir ao início da perturbação.
A Cova Fantasmagórica •••: Incrivelmente, o poder do
Mundo Subterrâneo é o poder de quebrar as linhas entre o
que é real e o que não é. Alguém afetado por esse poder não
tem noção da diferença entre fantasia e realidade; o que ela
imagina é tão real quanto o que existe. O Devorador de Peca-
dos gasta 1 plasma e testa Autocontrole + Persuasão + suces-
sos de ativação contra a Perseverança + Autocontrole + Psiquê
da vítima em uma ação disputada. Se tiver sucesso, a vítima
começa a alucinar. Ela sofre uma penalidade de -2 em todos
os testes Sociais devido ao seu comportamento imprevisível,
e reage a qualquer um que a enfrente com linguagem amea-
çadora ou agressiva de acordo: ou ela corre como o diabo, ou
ela tenta atacá-los. A vítima pode gastar um ponto de Força
de Vontade para ficar lúcida por um minuto.
A Cova Fantasmagórica ••••: Neste nível de poder, o
geist pode infligir uma perturbação grave ao usar a Cova Fan-
tasmagórica ••, embora o Devorador de Pecados precise gas-
tar um ponto extra de plasma ao destrancar a Manifestação.
A Cova Fantasmagórica •••••: Algumas das visões
mais poderosas produzidas pela Cova Fantasmagórica aca-
bam com a ilusão de que a vida de uma pessoa é importante.
Fustigada por visões de como o mundo seria um lugar melhor
se ela nunca tivesse nascido, a vítima entende que o mundo
seria realmente um lugar melhor sem ela. O Devorador de
Pecados gasta 3 plasmas e seu jogador testa (Autocontrole +
Persuasão + sucessos de ativação) - Perseverança do alvo. Se
for bem sucedido, o jogador do Devorador de Pecados pode
infligir um ponto de dano à Presença ou Manipulação da
vítima por sucesso obtido. Os Atributos perdidos retornam
como se a vítima estivesse curando dano letal. Com um su-
cesso excepcional, ela também perde um ponto de cada Van-
tagem Social que possui (Aliados, Contatos, Fama, Mentor,
Servidor e Status). Esses pontos perdidos voltam depois de
uma semana.
A Cova Primitiva
Habilidade: Trato com Animais
Sombras à luz do fogo. Olhos brilhando além da entrada
da caverna. O vento soprando nas folhas das árvores antigas,
na época em que o mundo era jovem. A Cova Primitiva des-
perta esses sentimentos nos corações dos homens mais uma
vez. Mesmo alguém que viveu em uma cidade toda a sua vida
entende a solidão fria e escura que vem de estar sozinho em
um mundo hostil. Os predadores não foram embora; eles
simplesmente são melhores em se esconder.
Na base, a Cova Primitiva desperta o medo no coração
de sua vítima. Em uma área urbana, mesmo em uma cidade
pequena, a Cova funciona normalmente. Se a vítima estiver
cercada por áreas selvagens - sem postes de luz, prédios ou
mesmo campos cultivados - o Devorador de Pecados terá mais
facilidade para destrancar a Manifestação. Seu teste de ativa-
ção ganha a qualidade Explosão do 8.
A Cova Primitiva ••: Caminhos bem trilhados pelo
deserto normalmente se curvam aos pés do homem. Não é
assim para uma vítima da Cova Primitiva. O Devorador de
Pecados gasta 1 plasma e seu jogador testa (Autocontrole +
Trato com Animais + sucessos de ativação) - Vigor do alvo
como uma ação instantânea. Se o teste for bem-sucedido, ga-
lhos, raízes e vegetação rasteira agarram-se às pernas da víti-
ma e puxam seus pés debaixo dela. Reduza o Deslocamento
da vítima em dois para cada sucesso obtido. Se isso reduzir
seu Deslocamento para 0, ele está imobilizado. Esta penali-
dade dura durante a Cova, ou até que a vítima pise em uma
superfície feita pelo homem, o que ocorrer primeiro. Com
um sucesso excepcional, a vítima sofre um ponto de dano
contundente das plantas. Por outro lado, um fracasso dra-
mático aumenta o Deslocamento da vítima pelos sucessos de
ativação.
A Cova Primitiva •••: O geist pode ajustar a sensação
de isolamento da vítima. Ele sabe que a única maneira de se
proteger da escuridão é encontrar mais pessoas, amontoar-se
na luz e esperar que a escuridão desapareça. O Devorador de
Pecados pode gastar um ponto extra de plasma ao ativar a
Cova. Em caso afirmativo, a vítima deve se mover em direção
ao grupo mais próximo de 10 ou mais pessoas. Se não houver
mais ninguém por perto, ele se dirige a algum lugar que possa
ter gente por perto - em direção ao prédio ou estrada mais
próxima. Ele deve gastar um ponto de Força de Vontade para
realizar qualquer outra ação.
A Cova Primitiva ••••: A maioria das pessoas não sabe
o que é ser caçado. Os poucos que sobrevivem ao contato
com criaturas ferozes da noite - especialmente os lobisomens
- têm uma noção desse medo. O Devorador de Pecados pode
soltar um grito aterrorizante que apenas uma vítima da Cova
Primitiva pode ouvir, afetando diretamente o medo de ser
uma presa mais uma vez. Isso custa 1 plasma, e o jogador do
Devorador de Pecados testa Presença + Trato com Animais
+ sucessos de ativação disputados pela Perseverança + Psique
da vítima. Se o Devorador de Pecados for bem-sucedido, a
vítima terá dificuldade em fazer qualquer coisa, exceto correr
de medo. Ele sofre uma penalidade em todas as ações que
não envolvem correr em terror abjeto igual à metade de (10
- sua Força de Vontade), arredondado para cima. Se a Força
de Vontade da vítima for inferior a 5, ela apaga os eventos de
sua memória. Um sucesso excepcional no teste transforma o
próximo teste de Intimidação do Devorador de Pecados em
uma ação mecânica, enquanto os outros ouvem seu uivo.
A Cova Primitiva •••••: Destrancar a Manifestação
final da Cova Primitiva invoca o fantasma de um predador
que já morreu e lhe dá forma física para que possa caçar a
vítima. O Devorador de Pecados deve gastar 3 plasmas para
invocar a besta.
O predador morto-vivo assume a forma de um animal
carnívoro, embora o corpo criado esteja obviamente morto -
ossos visíveis aparecem através da carne em decomposição. A
besta tem as características normais para a besta daquele tipo
escolhido. O jogador do Devorador de Pecados pode “gastar”
seus sucessos de ativação para aumentar um dos Atributos
Físicos do animal em um, aumentar seu Tamanho em um ou
adicionar um ponto de blindagem.
A besta não sofre penalidades por ferimentos, inconsciên-
cia ou sangramento. A única maneira de impedi-lo de atacar
é preencher sua última caixa de Vitalidade com dano agra-
vado. Pior, as balas só causam dano contundente ao animal,
embora a criatura receba dano agravado do fogo. O animal
opera sob um simples conjunto de instruções: ele só pode se
mover em direção ao seu alvo, que deve ser uma vítima da
Cova Primitiva, ou em direção a outro ser vivo na mesma
direção. Se houver uma criatura viva ao alcance, a criatura
89
Manifestacao A Cova
 pode tentar matá-la, mas ela só perseguirá seu alvo.
A besta convocada dura a duração da Cova Primitiva. Se
o Devorador de Pecados gastar um ponto de Força de Von-
tade ao ativar este poder, a besta dura até o próximo nascer
do sol.
A Cova Estigmata
Habilidade: Ocultismo
O sangue é o rio da vida que corre para a planície cinzen-
ta da morte. A Cova Estigmata chama o sangue de sua vítima,
alterando seu fluxo. O poder inicial da Cova Estigmata acal-
ma o sangue da vítima; ele não fica irritado e tem dificuldade
em fazer qualquer coisa. Mesmo quando ele consegue agir,
ele não é rápido. Os sucessos de ativação aplicam-se como
uma penalidade direta para seu Deslocamento e Iniciativa,
não para seu Autocontrole.
A Cova Estigmata ••: Usando o sangue como um laço
para os mortos, um Devorador de Pecados pode enfraquecer
a fronteira entre os vivos e os mortos em torno de uma vítima
da Cova Estigmata. O Devorador de Pecados deve derramar
um pouco do sangue da vítima para usar este poder - o sufi-
ciente para causar um ponto de dano letal. O jogador do De-
vorador de Pecados testa (Autocontrole + Ocultismo + suces-
sos de ativação) - Autocontrole do alvo. Se for bem sucedido,
qualquer fantasma com uma âncora dentro de cinco metros
do alvo ganha um bônus para todos os testes de Manifestação
igual aos sucessos obtidos para ativar este poder, até o final
da cena. A vítima não conta como testemunha mortal para
efeitos de cálculo das penalidades de manifestação cumula-
tivas. Veja “Manifestações,” Livro de Regras O Mundo das
Trevas p. 210, para obter mais informações. Com um sucesso
excepcional, um fantasma que falha em se manifestar não
perde um ponto de Força de Vontade, enquanto um fracasso
dramático aplica uma penalidade de -3 dados a qualquer fan-
tasma que tentar se manifestar.
A Cova Estigmata •••: A letargia da Cova Estigmata
também se espalha para a mente da vítima. Se o Devorador
de Pecados gastar um ponto de plasma ao ativar a Cova, a
vítima sofre os sucessos de ativação como uma penalidade
para todos os testes baseados em Raciocínio, além de Deslo-
camento e Iniciativa.
A Cova Estigmata ••••: O Devorador de Pecados pode
chamar fantasmas para sua vítima. Ao gastar um ponto extra
de plasma ao ativar a Cova Estigmata ••, qualquer fantasma
em um raio de 20 metros da vítima pode se manifestar como
se tivesse uma âncora. Todos os fantasmas em um raio de
cem metros sabem que há algo especial sobre o alvo e prova-
velmente irão em sua direção.
A Cova Estigmata •••••: Muitos Devoradores de Pe-
cados se concentram nos laços entre o sangue e os mortos.
Outros se concentram no sangue que circula nas veias dos
vivos. O Devorador de Pecados pede plasma contaminado
profundamente no coração de sua vítima, removendo a capa-
cidade de coagulação do corpo. O Devorador de Pecados gas-
ta 2 plasmas e seu jogador testa Autocontrole + Ocultismo +
sucessos de ativação disputados pelo Vigor + Psique do alvo.
Se for bem-sucedido, o sangue da vítima se recusa a coagular.
Cada ataque feito contra a vítima causa um ponto de dano
contundente, além de outros efeitos. Este dano se manifesta
mesmo se o atacante não obtiver sucesso. Se a vítima pre-
90
Capitulo Tres: Simpatias das Trevas
encher sua caixa de Vitalidade mais à direita, mesmo com
dano contundente, ela sofre um ponto adicional de dano
contundente a cada minuto enquanto sangra até a morte in-
ternamente. Qualquer teste de Medicina feito para curar a
vítima sofre uma penalidade de -3. Cada vez que um vampiro
sofreria dano contundente como resultado deste poder, ele
perde um ponto de Vitae conforme vaza de seu sistema e se
acumula sob sua pele.
Com um fracasso dramático, a Cova corrompe o plasma
na corrente sanguínea do Devorador de Pecados, infligindo
uma penalidade de -2 em todos os testes e removendo sua
Defesa até o final de seu próximo turno. Um sucesso excep-
cional transfere essa dor para a vítima, que sofre o dobro das
penalidades normais por ferimentos. Personagens que nor-
malmente não sofrem penalidades por ferimentos, em vez
disso, sofrem as penalidades normais.
A Cova da Quietude
Habilidade: Dissimulação
Insidiosamente, a Cova da Quietude rouba suas vítimas
de seus próprios sentidos, sobrepondo as impressões senso-
riais mudas do Mundo Subterrâneo no mundo de outra for-
ma brilhante e vibrante. Ela pode identificar as coisas pelo
cheiro, mas é como se ela estivesse respirando através de um
lenço. Alimentos e bebidas têm gosto de pouco mais do que
cinzas e água suja. Sons e cores têm sua vibração roubada, e
tocar em qualquer coisa é como agarrá-lo através de uma bola
de algodão. O poder básico da Cova da Quietude afeta os
testes de Percepção da vítima, bem como seu Autocontrole.
A Cova da Quietude ••: O Devorador de Pecados pode
gastar um ponto extra de plasma ao manifestar a Cova para
nublar ainda mais os sentidos de sua vítima. Todos os testes
de Percepção e testes para reagir à surpresa são reduzidos a
um dado de sorte durante a Cova. A vítima não pode gastar
Força de Vontade para aumentar sua parada de dados. Esta
penalidade se aplica às Habilidades base para percepção, bem
como ao teste padrão de Raciocínio + Autocontrole para per-
ceber coisas.
A Cova da Quietude •••: Muitas pessoas passam a vida
querendo que outras pessoas as notem. Essa habilidade mata
a voz e a imagem da vítima, deixando-a invisível e roubando-
-lhe os holofotes - ou salvando uma vítima de abuso da visão
de seu atacante. O Devorador de Pecados gasta um ponto
de plasma e seu jogador testa Autocontrole + Dissimulação
+ sucessos de ativação disputado pela Perseverança + Psiquê
do alvo, embora se o alvo desejar, o teste não será disputa-
do. Se o Devorador de Pecados for bem-sucedido, a vítima
se tornará invisível e inaudível para as pessoas no mundo fí-
sico enquanto durar a Cova. Qualquer tentativa de chamar
a atenção das pessoas falha automaticamente. Qualquer um
que pode perceber fantasmas em Crepúsculo ainda pode ver
a vítima. Com um fracasso dramático, a vítima se torna mais
perceptível, ganhando um bônus de +1 em todos os testes de
Presença até o final da cena.
A Cova da Quietude ••••: O Devorador de Pecados re-
move a única coisa que a maioria das pessoas dá como certa:
sua capacidade de tocar as coisas. Embora as barreiras ainda
impeçam o progresso de sua vítima, um Devorador de Peca-
dos pode deixá-lo incapaz de pegar uma caneta ou segurar
sua esposa. O Devorador de Pecados gasta 2 plasmas e seu
jogador testa Autocontrole + Dissimulação + sucessos de ati-
vação disputado pelo Vigor + Psiquê da vítima. Em um caso
de sucesso, a vítima não pode pegar ou segurar nada até o
final da cena; ele pode se apoiar na parede ou sentar-se em
uma cadeira, mas não pode trocar de roupa ou levantar uma
pena. Ele pode gastar um ponto de Força de Vontade para
segurar um item por um turno. A vítima não pode ser tocada
por objetos físicos em troca, incluindo punhos e balas. Quais-
quer ações que envolvam tocar ou bater na vítima falham
automaticamente.
A Cova da Quietude •••••: Alguém que cai em des-
graça com a Cova da Quietude anda pelo mundo sem que
ninguém o encontre. Invisível e intocável, tudo o que ele
pode fazer é observar as pessoas passando, presas em seu pró-
prio inferno pessoal. Este poder custa 3 plasmas e 1 Força de
Vontade e substitui o teste de ativação para a Cova da Quie-
tude por um teste de Autocontrole + Dissimulação + nível da
Cova disputado pela Perseverança + Vigor + Psiquê do alvo.
Se o Devorador de Pecados tiver sucesso, ele infligirá todos
os poderes da Cova da Quietude em um derramamento de
plasma retorcido. Para Cova da Quietude ••• e ••••, pre-
sume-se que o Devorador de Pecados obteve um sucesso. O
poder assim destrancado dura até o próximo nascer do sol,
ao invés do final da cena. Com um sucesso excepcional, o
Devorador do Pecado recupera o ponto de Força de Vontade
gasto para ativar a Cova, além dos efeitos normais de um
sucesso excepcional.
A Cova Estígia
Habilidade: Medicina
A Chave Estígia canaliza a energia do Mundo Subterrâ-
neo para um fantasma em vez de um mortal, corrompendo
o Corpus do fantasma com plasma entrópico bruto. O De-
vorador de Pecados pode usar a Cova Estígia contra qual-
quer fantasma que ele conheça em um raio de 10 metros por
ponto de Psiquê. Os sucessos de ativação são aplicados como
uma penalidade contra testes feitos com a Resistência do fan-
tasma, ao invés de seu Autocontrole. O fantasma aplica sua
Resistência ao teste de ativação no lugar da Perseverança ou
Autocontrole de um ser físico.
Um fantasma deve estar em Crepúsculo para a Cova
Estígia afetá-lo. Um Vinculado tentando esta Manifestação
em um fantasma no Mundo Subterrâneo sofre um ponto de
dano agravado quando as energias sombrias voltam contra
ele.
A Cova Estígia ••: O Devorador de Pecados pode dre-
nar o poder de um fantasma enquanto seu geist consumindo
seu Corpus, puxa-o de volta ao longo do elo entre os dois
e usa-o para canalizar as energias do Mundo Subterrâneo.
O Devorador de Pecados gasta 1 plasma e seu jogador testa
Autocontrole + Medicina + sucessos de ativação contra o Re-
finamento + Resistência do alvo como uma ação estendida e
disputada, exigindo sucessos iguais ao Corpus do fantasma e
com cada teste representando 30 segundos. Se o Devorador
de Pecados for bem-sucedido, seu geist consome o Corpus
do fantasma, efetivamente comendo o fantasma. Ele pode ar-
mazenar um ponto extra de plasma para cada dois pontos de
Corpus (arredondado para cima). Efeitos que devolvem todo
o plasma perdido também preenchem essa reserva profana.
No final da cena, a essência do fantasma desaparece no
Mundo Subterrâneo. Ele se forma novamente nas Profun-
dezas Autóctones com Corpus completo e sem mais efeitos
negativos da Cova. Ele ainda tem suas âncoras (se é que tinha
alguma para começar), mas deve encontrar um Portão Aver-
niano para retornar ao mundo físico.
A Cova Estígia •••: O Devorador de Pecados pode pro-
jetar seu geist no Crepúsculo usando o Corpus roubado de
um fantasma. Um personagem só pode usar esta Manifes-
tação depois de usar com sucesso a Cova Estígia ••, e só
pode assumir a forma daquele fantasma. O Devorador de
Pecados gasta 1 plasma e seu jogador testa Autocontrole +
Medicina + sucessos de ativação como uma ação instantânea.
O geist se manifesta em Crepúsculo, parecendo exatamente
com o fantasma afetado. Ele pode agir independentemente
do Devorador de Pecados, mas usa seus Atributos e Habili-
dades ao invés de ganhar os Atributos do fantasma. O geist
pode se manifestar normalmente na presença das âncoras do
fantasma, mas não pode usar qualquer Nume que o fantasma
possua. Acessar as memórias de um fantasma para obter in-
formações específicas requer um teste reflexo de Inteligência
+ Raciocínio. O Devorador de Pecados e o Geist podem agir
independentemente, mas se ambos agirem no mesmo turno,
cada um deles sofre um modificador -2 em quaisquer ações.
O geist pode permanecer na forma fantasmagórica por um
turno por sucesso ou até o final da cena se o jogador obtiver
um sucesso excepcional.
A Cova Estígia ••••: Tendo roubado a forma de um
fantasma, um Devorador de Pecados pode usar a forma desse
fantasma. Enquanto alguns Devoradores de Pecados apenas
usam esse poder como um disfarce útil, alguns Vinculados
menos escrupulosos rastreiam as âncoras vivas do fantasma.
Um personagem só pode usar esta Manifestação depois de
usar com sucesso a Cova Estígia ••, e só pode assumir a
forma daquele fantasma. O Devorador de Pecados gasta 3
plasmas e seu jogador testa Autocontrole + Medicina + suces-
sos de ativação. Se o Devorador de Pecados possuir a Mem-
brana Estígia ••• ou maior, ele ganha um bônus de +2 em
sua parada de dados. Se for bem-sucedido, o Devorador de
Pecados assume a aparência externa de um fantasma e pode
acessar memórias específicas rolando Inteligência + Raciocí-
nio como uma ação reflexa. O Devorador de Pecados não
possui as Numes de sua vítima e deve, em vez disso, usar
Manifestações para replicar seus efeitos. O Devorador de Pe-
cados conhece automaticamente a localização e a natureza de
cada uma das âncoras do fantasma como uma ação reflexa. O
Devorador de Pecados pode manifestar a forma do fantasma
roubado por cinco minutos por sucesso, ou até o final da
cena se o jogador obtiver um sucesso excepcional.
Qualquer um que conheceu o fantasma quando ele esta-
va vivo deve fazer um teste de Perseverança + Autocontrole.
Fracasso indica que ele ganha uma Perturbação temporária
até o final da cena.
A Cova Estígia •••••: O domínio sobre a Cova Estígia
permite que um Devorador de Pecados use todos os poderes
da Cova no Mundo Subterrâneo. Além disso, ele pode afe-
tar Kerberoi, psicopompa e outras coisas nativas das terras
dos mortos, bem como fantasmas. Ele não pode virar a Cova
contra seres normalmente residentes no mundo dos vivos,
incluindo humanos, vampiros e prometeus. Usar a Cova
contra algo que não é um fantasma custa um ponto extra
de plasma.
91
Manifestacao A Cova
 Vantagens
Alguns vivem suas vidas inteiras tocados pela morte,
enquanto outros alcançam sua afinidade com os mortos so-
mente após décadas de estudo. Esta seção descreve uma série
de novas Vantagens para personagens que têm mais simpatia
pelo Mundo Subterrâneo. Como sempre, os pré-requisitos
para essas Vantagens devem ser atendidos pelas caracterís-
ticas de um personagem na forma humana, sem o uso de
quaisquer poderes sobrenaturais: um lobisomem não pode
se transformar em uma forma com Destreza aprimorada para
comprar uma Vantagem que necessite.
A menos que especificado na descrição de uma Vanta-
gem, todas as Vantagens nesta seção estão disponíveis para
qualquer personagem no Mundo das Trevas, seja Devorador
de Pecados, lobisomem, humano normal ou qualquer outra
coisa.
Amigos Entre os Mortos
Algumas das Vantagens Sociais do Livro de Regras O
Mundo das Trevas levam alguma consideração, especialmen-
te com a possibilidade de contatos entre os mortos, ou um
mentor fantasma procurando por um personagem. Em vez
de incluir novas Vantagens para cobrir essas situações, um
pequeno ajuste nas existentes funciona da mesma forma.
Esta seção enfoca os Devoradores de Pecados, já que eles são
o grupo com maior probabilidade de possuir tais Vantagens,
mas considerações semelhantes se aplicam a qualquer perso-
nagem.
Aliados: A Vantagem Aliado pode ser aplicada a fantas-
mas da mesma forma que aos humanos. Aliados (fantasmas
locais) se aplicam principalmente aos fantasmas que ainda
têm âncoras e, portanto, não estão confinados ao Mundo
Subterrâneo. Dessa forma, um aliado entre os mortos pode
ser de grande utilidade para um personagem - mas tenha em
mente que ainda mais do que uma pessoa viva, um aliado
morto pedirá favores ao Devorador de Pecados em troca, seja
algo ameaçando suas âncoras ou apenas companhia por uma
noite. Se apenas um membro da Comparsa possui esta Van-
tagem, os outros personagens podem ficar ressentidos por ele
se concentrar demais em seu cúmplice fantasmagórico, ao in-
vés de fazer o que a Comparsa precisa que ele faça.
Um personagem pode até ter aliados entre fantasmas nas
Profundezas Autóctones, embora mais de um ou dois pon-
tos devam exigir uma explicação muito boa. Nesse caso, seus
aliados não aparecerão com tanta frequência - a maioria dos
Devoradores de Pecados não passa muito tempo no Mundo
Subterrâneo se puderem evitar - mas quando o fazem, o co-
nhecimento interno que eles fornecem pode ser a diferença
entre vida e morte para toda a comparsa.
Em qualquer caso, os Aliados entre os mortos devem sig-
nificar algo para o personagem. Se um fantasma não mudou,
por que ele não o ajudou se ele significa tanto para ele? Ou
ele é a única coisa que restou de seu noivo, e ela não consegue
suportar deixá-lo ir de novo? Nas Profundezas Autóctones,
um Devorador de Pecados tem que passar pelas mesmas áreas
regularmente para ter uma boa chance de encontrar o mesmo
fantasma mais de uma vez. O que o fantasma fez por ele para
que o Devorador de Pecados estivesse disposto a correr tais
riscos?
Contatos: Contatos mundanos podem dar pistas a um
Devorador de Pecados para muitas coisas, mas Contatos en-
tre fantasmas locais dão a ele acesso a um boato que a maioria
das pessoas nem sabe que existe. Na verdade, em algumas
áreas mais remotas, os fantasmas podem ser uma parte vital
da Rede Crepúscular, e cabe aos Devoradores de Pecados que
podem entrar em contato com a Rede para compartilhar o
que aprenderam. Uma rede de contatos entre fantasmas nas
Profundezas Autóctones também é possível, mas é um grupo
separado para aqueles ainda capazes de entrar no mundo ma-
terial. Um Devorador de Pecados que mantém uma rede no
Mundo Subterrâneo tem que pagar subornos maiores para
compensar sua falta de contato. Um Devorador de Pecados
corajoso, temerário ou poderoso pode até mesmo passar tan-
to tempo nos Mistérios Inferiores que ele pode acumular uma
rede de Contatos entre os fantasmas de um Domínio Morto
específico. Para fazer isso, ele tem que gastar muito tempo no
Domínio construindo sua rede, então provavelmente não é
apropriado para um personagem inicial.

Mais Vantagens, mais Vantagens

Entre este livro e outros, a gama de Vantagens disponíveis para os personagens é ampla o suficiente para
que os sete pontos dados na criação do personagem possam parecer excessivamente restritivos. Alguns
grupos podem preferir criar personagens que começam com mais vantagens do que o Livro de Regras
O Mundo das Trevas recomenda. A maneira mais fácil de fazer isso é aumentar o número de pontos de
Vantagens disponíveis para personagens iniciais: dez pontos permitem uma quantidade surpreendente de
liberdade em comparação com apenas sete. Se o grupo estiver criando criaturas sobrenaturais, o Narrador
deve colocar um limite máximo em quanto a característica sobrenatural chave de um personagem pode ser
aumentada com pontos de Vantagem, a menos que ele queira alguns personagens ligados ao mundo e outros
que são potências sobrenaturais.
Alternativamente, se o grupo acredita que todos os seus personagens devem ser unidos por uma Vantagem
comum, o Narrador deve apenas dar a ele essa Vantagem de graça - caso contrário, ele está efetivamente
reduzindo o número de pontos de Vantagens disponíveis. Para grupos onde alguns jogadores se sentem
limitados pela quantidade de Vantagens iniciais enquanto outros acham que sete pontos é suficiente, a regra
opcional de Personagens Avançados na pág. 35 do Livro de Regras O Mundo das Trevas pode ser a
melhor opção.Trinta e cinco pontos de experiência devem dar a todos uma vantagem suficiente, permitindo
que os personagens aumentem mais do que apenas Vantagens. Como sempre, o Narrador e o grupo devem
trabalhar juntos para decidir o que torna o jogo divertido.

92
Capitulo Tres: Simpatias das Trevas
 Mentor: A pessoa com um fantasma cuidando dela como
um anjo da guarda é um grampo da ficção. Qualquer perso-
nagem pode ter um mentor fantasma, da mesma forma que
um mentor humano. Uma mentora fantasmagórica provavel-
mente não tem a influência social de outros clientes, mas ela
compensa isso com séculos de experiência, ou sendo capaz
de sussurrar apenas as palavras certas na hora certa. Além
disso, alguém que cuida de você e que pode realmente estar
lá para fazer exatamente isso - sem que ninguém perceba - é
uma vantagem séria.
Humanos, junto com vampiros e outras criaturas so-
brenaturais, provavelmente não consideram a extensão das
maquinações de um mentor fantasmagórico. Além de traçar
planos que podem levar décadas ou séculos para se concreti-
zar, um fantasma que age como um mentor para as pessoas
provavelmente vê todos que encontra como pouco mais do
que um peão em seu grande plano. Os Devoradores de Peca-
dos sabem quantos problemas um velho fantasma pode cau-
sar, então é raro que um mostre disposição para se submeter
aos planos de um fantasma - certamente, um Devorador de
Pecados precisa de uma boa explicação para um mentor de
quatro ou cinco pontos, acima e além da explicação para um
fantasma que ela não ajudou a seguir em frente. Fantasmas
que não podem viajar do Mundo Subterrâneo para o mundo
físico não são bons mentores de forma alguma.
Servidor: Necromantes humanos e aqueles Devoradores
de Pecados que têm interesse em amarrar os mortos podem
ter um Servidor fantasmagórico, embora não seja exatamen-
te comum. A maioria dos fantasmas são seres de hábitos e
memória, e aquele que permanece como um agente livre o
suficiente para ser um retentor útil - isto é, ele não requer ins-
trução constante por meio de Manifestações ou magia - tem
poucos motivos para esperar com os pés e mãos para viver
pessoa. Sem a compulsão mágica, um Devorador de Pecados
precisa de uma razão convincente para manter um fantasma
por perto como um companheiro ou servo. Mesmo que ele
possa justificar mantê-lo, ele ainda terá que discutir seu caso
com sua comparsa, e eles provavelmente não ficarão muito
felizes em ter um fantasma por perto. Algumas comparsas
podem gostar da ideia e podem tentar recrutar seus próprios
seguidores fantasmagóricos - ou abusar do servidor de outro
Devorador de Pecados sem o seu conhecimento.
Vantagens Mentais
Advogado (••••)
Pré-requisito: Política •••
Efeito: Os Mistérios Inferiores prosperam com as Leis
Antigas, e você tem um talento natural para compreender
sistemas jurídicos. Embora os Kerberoi que as aplicam sai-
bam quando alguém infringe a Lei, você tem um bom senso
de quando pode ir até o limite, obedecendo à letra da lei,
mas não ao espírito sem chamar atenção indevida. Melhor,
você sabe exatamente quando é melhor dar o fora. Depois de
conhecer todas as Leis Antigas que se aplicam a um Domínio
específico, você pode descobrir maneiras de ultrapassar os
limites. Você só pode fazer isso uma vez em cada Dominio
Morto.
Parada de Dados: Inteligência + Política - o número de
Leis Antigas (máx -5)
Ação: Instantânea
Resultados do Teste
Fracasso Dramático: Seu personagem pensa que encon-
trou uma brecha, mas está errado. A primeira vez que ele
realiza uma ação que não é claramente permitida pelas Leis
Antigas, o Kerberos do Domínio sabe exatamente onde ele
está.
Fracasso: As Leis Antigas estão gravadas em pedra, e seu
personagem não consegue pensar em como contorná-las.
Sucesso: Seu personagem sabe como e quando abusar da
sorte. Você pode realizar uma ação que normalmente violaria
o espírito, mas não a letra das Leis Antigas sem o Kerberos
saber; por exemplo, você não pode evitar derramar sangue ao
entrar em um Domínio que o exija, mas a menos que a Lei
seja muito específica, você não precisa derramar seu próprio
sangue.
Sucesso Excepcional: Seu personagem tem um repentino
lampejo de percepção. Você pode escolher duas ações, em
vez de uma.
Acerto de Contas (•)
Efeito: Algo sobre o Mundo Subterrâneo ressoa na ma-
neira de pensar do personagem. Talvez ele se sinta mais à
vontade com os mortos do que com os vivos - comum entre
patologistas, agentes funerários e manipuladores de cadáve-
res mahar indianos - ou ele sente uma aptidão natural para a
vida no subsolo, sem as estrelas indiferentes pairando sobre
sua cabeça. Nas cavernas e túneis do Mundo Subterrâneo,
para sempre isolados do mundo dos vivos, você tem um óti-
mo senso de direção. Seu personagem ganha a Explosão do
8 em todos os testes para navegar no Mundo Subterrâneo
(consulte “Navegando nas Passagens Escuras”, pág. 99 deste
livro).
Desvantagem: Navegar sem um teto sobre sua cabeça é
um pouco menos confiável. Sempre que você rolar Sobrevi-
vência para navegar acima do solo, não role a Explosão do
10.
Mitologista (•••)
Pré-requisito: Ocultismo •• com Especialização em
“Conhecimento do Mundo Subterrâneo” ou similar
Efeito: Seu personagem estudou a mitologia da morte em
todos os tipos de culturas. Ele conhece os contos e as lendas e
já visitou mais de um local que inspirou mitos sobre as terras
além da morte. Embora o Mundo Subterrâneo tenha impres-
sões dos mitos da morte encontrados em várias culturas, ele
não é realmente um produto de nenhuma. Mesmo assim,
os detalhes que seu personagem pode lembrar da mitologia
às vezes podem ser muito úteis, oferecendo um bônus de +3
para jogadas feitas para decifrar os enigmas do Mundo Sub-
terrâneo (“Isso parece uma porta para Mictlan. Se tivermos
sorte, podemos obter ajuda para navegar em Xolotl”). Isso
não pode ajudar com a navegação, mas pode oferecer um
bônus Social ao lidar com um Barqueiro ou Kerberos, um
bônus Mental na resolução de um enigma ou mistério rela-
cionado ao Mundo Subterrâneo (como os enigmas apresen-
tados como um meio de entrar no Ateneu na pág. 172), ou
um teste Físico para ajudar um personagem a sobreviver com
as “recompensas” míticas disponíveis na Grande Profundeza.
93
Vantagens
 Vantagens Físicas
Farol da Vida (•••)
Pré-requisito: Mortal (não sobrenatural); Ocultismo ••
Efeito: Seu personagem tem um forte apego em viver sua
vida o máximo que puder e conhecimento esotérico suficien-
te para instintivamente afastar influências malévolas. Para os
olhos dos mortos, ele brilha como um farol, queimando com
uma luz tão forte que alguns fantasmas têm mais dificuldade
em afetá-lo. Seu personagem adiciona seus pontos em Ocul-
tismo à sua jogada de resistência contra qualquer Nume, en-
quanto ele inconscientemente se protege contra o poder do
Mundo Subterrâneo. Isso se estende a Manifestações destran-
cadas pela Chave Estígia.
Apenas personagens mortais e mundanos podem pos-
suir esta Vantagem. O momento crucial de se tornar - ou ser
transformado em - uma criatura sobrenatural o elimina.
Disponível apenas na criação de personagem.
Espeleologista (• até •••••)
Pré-requisito: Destreza ••• e Esportes •••
Efeito: Seu personagem passou muito tempo cavando,
cavando potes e outras vezes torcendo seu corpo em lugares
apertados, um conjunto de habilidades que é extremamen-
te útil em túneis tortuosos e cavernas apertadas do Mundo
Subterrâneo. Observe que, embora esta Vantagem seja muito
útil no Mundo Subterrâneo, é igualmente aplicável a espeleó-
logos que não encontraram o mundo sobrenatural de forma
alguma.
Os pontos adquiridos com esta Vantagem permitem o
94
Capitulo Tres: Simpatias das Trevas
acesso a manobras atléticas especiais. Cada manobra é um
pré-requisito para a próxima. Então, seu personagem não
pode ter “Escalada Livre” até que ele tenha “Espremer”.
As manobras e seus efeitos são detalhados a seguir, sendo a
maioria baseada na Habilidade Esportes.
Passos Firmes (•): Seu personagem passou tempo sufi-
ciente no subsolo para sentir as cavernas, o que lhe permite
agir por instinto em espaços fechados. Ao se mover por espa-
ços apertados, seu personagem pode ignorar as penalidades
em seu Deslocamento devido a terrenos perigosos até seu
nível na Vantagem Espeleologista. Além disso, os testes para
manter o equilíbrio em uma área fechada ganham a Explosão
do 9.
Sentido da Caverna (••): Seu personagem está no sub-
solo há tempo suficiente para complementar sua visão com a
sensação das correntes de ar e da pressão. Isso não substitui
a visão normal, mas pode ser útil como reserva para uma
lanterna. Se o personagem opera com alguma fonte de luz
subterrânea, ele pode ignorar todas as penalidades devido à
escuridão se tiver um momento para reunir seus sentidos.
Em combate, ele não tem esse tempo, mas ainda está em van-
tagem. Reduza pela metade quaisquer penalidades por agir
no escuro.
Espremer (•••): Seu personagem pode passar por aber-
turas muito pequenas sem perder velocidade. Ele pode se
espremer através das aberturas como se seu Tamanho fosse
duas vezes menor do que realmente é. Desvantagem: Ao cor-
rer por túneis estreitos, seu personagem não pode se mover
mais rápido do que metade de seu Deslocamento, a menos
que receba um ponto de dano letal.
 Escalada Livre (••••): Supondo que seu personagem que você ainda não está morto; seu personagem ganha um
tenha até o equipamento básico, ele pode escalar quase qual- modificador de +2.
quer superfície. Ele não pode ir mais rápido do que a maioria Esta Vantagem normalmente afeta apenas as negociações
das pessoas, mas pode escolher apoios naturais para as mãos com fantasmas no Mundo Subterrãneo. A compra de um
se demorar um pouco e, portanto, é muito menos provável ponto extra na Vantagem permite que você aplique o modi-
que caia. ficador contra todos os fantasmas, onde quer que estejam.
Ação: Instantânea Desvantagem: Quanto mais seu personagem é tocado
Parada de Dados: Raciocínio + Esportes pela morte, mais os fantasmas vão tratá-lo como um dos
seus. Fantasmas a procuram ativamente, acreditando que um
Resultados do Teste corpo físico não é uma barreira para a comunhão com uma
alma gêmea. Seus Outros personagens que podem perceber
Fracasso Dramático: Seu personagem pensa que um
fantasmas saberão que há algo estranho em seu personagem
aperto de mão é estável até que se desintegre sob sua mão.
por causa de toda a atenção que ele está recebendo.
Seu próximo teste de Força + Esportes para escalar a superfí-
cie é reduzido a um dado de sorte.
Fracasso: Seu personagem não consegue identificar ne- Médium (••• ou •••••)
nhum detalhe útil da pedra à sua frente. Pré-requisito: Mortal (não sobrenatural); Perseverança
Sucesso: Seu personagem identifica uma série de percur- ••
sos úteis e alternativas. Ele adiciona o número de sucessos Efeitos: Um médium é um personagem que pode ver e
neste teste como um bônus para seus testes de Força + Es- ouvir fantasmas. Ao contrário de personagens que possuem
portes (máximo +5) para escalar a superfície. Ele pode fazer um sexto sentido na presença de mortos inquietos, ele pode
um teste de escalada por ponto na Vantagem Espeleologista ver os mortos claramente - e pode ter dificuldade em distin-
antes de perder este benefício. gui-los dos vivos. Se ele mantiver seu juízo sobre ele, pode
Sucesso Excepcional: Seu personagem identifica uma transformar sua visão em uma bênção. Mais frequentemente,
rota mais rápida do que parece imediatamente. Seu próxi- os médiuns tratam sua habilidade como uma maldição.
mo teste de Força + Esportes cobre 4,5 metros em vez de 3 Um personagem com a versão de três pontos dessa Vanta-
metros. gem é um médim involuntário. Quando ele está sob estresse,
Nascido para Cavernas (•••••): Seu personagem está ele pode ver fantasmas em Crepúsculo. Precisamente o que
tão adaptado para se mover em espaços apertados que as pes- conta como estresse depende do Narrador, mas tomar uma
soas se perguntam se ele não nasceu no subsolo. Ele pode ver ação que é reduzida a um dado de sorte, ou ter que gastar um
perfeitamente normalmente se houver o mais leve vislumbre ponto de Força de Vontade para evitar uma condição nega-
de luz, e pode escalar paredes de cavernas ásperas e chaminés tiva, ambos certamente contam. Ele pode ver fantasmas em
estreitas em seu Deslocamento normal sem ter que rolar. Se Crepúsculo pelo resto da cena. Ele não conta como mortal
a superfície for exigente o suficiente para que um teste de Es- para o propósito de penalizar a tentativa de um fantasma de
portes a escalasse, normalmente sofreria uma penalidade, ele se manifestar (veja Manifestações na pág. 210 do Livro de
deve fazer o teste normalmente. Se ele for atacado ao escalar Regras O Mundo das Trevas para mais informações). Seu
o subsolo, seu movimento imprevisível dobra sua Defesa. personagem pode nem perceber que outra pessoa é um fan-
Desvantagem: Seu personagem não é o mais adequado tasma, até que ela faça algo sobrenatural.
para a vida acima do solo, sem paredes de cada lado e um A versão de cinco pontos desta Vantagem oferece mais
telhado muito acima. Ele não ganha nenhum benefício de controle sobre a habilidade do seu personagem. Ele também
qualquer nível desta Vantagem quando não está no subsolo está mais perto do Mundo Subterrâneo; se ele adquirir a
e sofre -1 de penalidade nas jogadas de Esportes para escalar Vantagem Sexto Sentido em relação aos fantasmas (Livro de
ao ar livre. Regras O Mundo das Trevas pág. 109), ele conta como Van-
tagem de dois pontos.
Um médium que passa por uma experiência de quase
Vantagens Sociais morte - ou que realmente morre, mas é trazido de volta - tem
uma chance melhor do que a média de retornar com um
Tocado pela Morte (•• ou ••••) Geist ligado à sua alma. Sua conexão com o Mundo Subter-
Pré-requisito: Devorador de Pecados
râneo é tão forte que poucos geists podem resistir à chance.
Efeito: Algo manchou a alma do seu personagem. Talvez
Ação: Instantânea
seu geist sempre tenha gerado a mancha negra da morte em
Parada de Dados: Perseverança + Ocultismo
seu corpus. Talvez algo sobre a morte de seu personagem te-
nha causado a mancha, manchando seu geist junto com ele.
Resultados do Teste
Independentemente de como ele ganhou a marca, seu per-
sonagem se conecta com fantasmas em um nível que poucos Fracasso Dramático: Seu personagem pode ver fantas-
outros conseguirão. mas perfeitamente, e pode até o final da cena. Ele não con-
Com a versão de dois pontos desta Vantagem, seu per- segue parar de vê-los, e qualquer fantasma que ele pode ver
sonagem recebe um modificador de +1 em todas as jogadas sabe que ele pode vê-lo. Eles ganham um modificador de +1
de Presença ou Manipulação ao lidar com fantasmas de uma para qualquer Nume que usarem contra ele.
maneira não confrontadora. A versão de quatro pontos in- Fracasso: Apesar de se concentrar, ele não consegue con-
dica que os fantasmas às vezes têm dificuldade em lembrar tatar os mortos.

95
Vantagens
 Sucesso: Seu personagem pode ver e ouvir os mortos até
o final da cena ou até que ele decida encerrar sua visão. Ele
não conta como mortal para o propósito de penalizar a ten-
tativa de um fantasma de se manifestar e pode negar as pe-
nalidades de manifestação de um número de pessoas até sua
Perseverança gastando de forma reflexa um ponto de Força
de Vontade.
Sucesso Excepcional: Seu personagem pode escolher um
fantasma específico de todos ao seu redor e “desligar” todos
os outros, lidando apenas com o fantasma de sua escolha.
Apenas personagens mortais e mundanos podem pos-
suir esta Vantagem. O momento crucial de se tornar - ou
ser transformado em - um ser com poderes sobrenaturais o
elimina.
Além de Coisas
Estranhas
Nem tudo tocado pelo Mundo Subterrâneo é tão fácil
de categorizar. As energias mortais podem distorcer qualquer
coisa. Por tudo isso, os ocultistas e especialistas sobrenaturais
do mundo sabem que cada objeto é único. Ninguém cria um
desses itens; só aparece um dia - junto com o conhecimento
certo de como destrancar seu estranho poder. Por esse mo-
tivo, os itens a seguir devem ser adquiridos no decorrer de
uma história, em vez de serem comprados com pontos de
Vantagens.
AChaves,
Chave
correntes, fechaduras - são todas imagens que an-
dam de mãos dadas com a morte. Existem vários rituais que
criam Chaves Mestras, itens que permitem ao portador des-
trancar qualquer porta, assim como a morte pode contornar
todas as barreiras. Outras criaturas podem capacitar chaves
específicas que destrancam barreiras conceituais - uma Pedra
de Toque que desbloqueia o Dromo entre os mundos da car-
ne e do espírito, ou as Chaves que um Devorador de Pecados
usa para manifestar seu Geist. Esta chave específica, referida
em alguns textos como “Chave para Sedlec” ou “Chave Secre-
ta”, mas principalmente conhecida apenas como “a Chave”,
pode destrancar as percepções de uma pessoa.
A Chave é uma velha chave de ferro com cerca de dez
centímetros de comprimento. Uma das pontas é enrolada,
com três elos de uma corrente pendurada nela. O design es-
tranho da extremidade da lâmina luta ativamente contra as
tentativas de se concentrar nela, mesmo quando se estuda
fotografias em vez da própria chave. Apenas visível ao longo
do eixo está a palavra latina “VÍDEO”. Para fazer uso da cha-
ve, o usuário simplesmente a insere no olho esquerdo e gira
no sentido anti-horário. Enquanto está alojada em seu olho,
ela abre uma compreensão íntima de fantasmas, a um ponto
onde ela pode comandar os mortos. Para abrir mão da Cha-
ve, ele precisa girá-la de volta antes de se retirar. Se ele não
o fizer - ou se alguém tentar pegá-la à força - puxá-la também
arranca seu globo ocular.
Muitas pessoas sabem sobre a Chave. A força-tarefa de
assassinos em série Vanguard do FBI tem registros de Darren
96
Capitulo Tres: Simpatias das Trevas
Jacob, o assassino da fechadura. Ele era um louco que fez um
furo em cada um dos chakras ajna de sua vítima, o “terceiro
olho” na frente da glândula pineal, e inseriu a Chave em seu
cérebro. Ele assassinou seis pessoas em julho de 1998 e, poste-
riormente, alegou sob interrogatório que poderia “abrir suas
mentes para a verdadeira natureza da vida e da morte”. O
assassino da fechadura está atualmente no corredor da morte
na Pensilvânia depois que um júri rejeitou sua alegação de
inocência por motivo de insanidade.
Algumas alcateias de lobisomens sabem sobre a Chave.
Uratha das Sombras Descarnadas, especialmente a Casa da
Morte, matará alegremente para encontrá-la e usá-la. A Casa
dos Pergaminhos prefere estudá-lo de longe, tendo visto os
efeitos que pode ter sobre os humanos. Uma alcateia no Laos
tinha membros de cada Casa. Ao descobrir que um de seus
contatos de Sangue de Lobo tinha encontrado a Chave, a al-
cateia caiu na garganta uns dos outros. Apenas dois membros
sobreviveram, e no momento em que a alcateia enterrou seus
mortos, o Sangue de Lobo - e a Chave - estava longe de ser
encontrado.
Várias conspirações mágicas querem colocar as mãos na
Chave. O Mysterium acredita que está relacionado ao Reino
Superno de Estígia. Alguns magos Moros vão além, alegan-
do que A Chave é um fragmento lascado da própria Torre
de Vigia da Moeda de Chumbo. Outros apontam para sua
capacidade de alterar mentes, mesmo as de fantasmas, para
vinculá-lo ao Pandemônio - mas de onde quer que venha, eles
querem encontrá-la. Da mesma forma, os Guardiões do Véu
adorariam rastrear a Chave para mantê-la fora do alcance de
qualquer outra pessoa, mas ela sempre escapa de seus dedos.
Uma conspiração obscura conhecida como Aegis Kai Doru
quer a Chave por razões semelhantes - e enfrenta problemas
semelhantes.
Ativando a Chave
Um personagem que deseja usar a Chave deve inseri-la
em seu olho esquerdo ao mesmo tempo em que gasta um
ponto de Força de Vontade. Inserir a Chave e girá-la até a
metade causa um ponto de dano letal que não cura enquanto
permanecer dentro do olho.
O personagem pode tentar remover a Chave sozinho, sem
torcê-la de volta à posição neutra. Ele tem que gastar um pon-
to de Força de Vontade e sofre dois pontos de dano letal - e
perde a visão de um olho - quando a Chave remove seu globo
ocular. Outra pessoa pode agarrá-lo em combate, exigindo
um tiro certeiro nos olhos. Se seu oponente tiver sucesso, ele
arranca a Chave de seu olho, causando dois pontos extras de
dano letal e destruindo seu olho.
Enquanto a Chave está em seu olho, o personagem pode
perceber fantasmas que estão em um estado de Crepúsculo,
embora não outros seres de Crepúsculo como espíritos. Elae-
também vê a teia de conexões, anseios e necessidades que per-
mite que cada fantasma permaneça no mundo dos vivos. Ele
pode comandar fantasmas, e eles são impotentes para resistir.
Parada de Dados: Manipulação + Intimidação contra a
Resistência do fantasma
Ação: Disputada; a resistência é reflexa
Resultados do Teste
 Fracasso Dramático: O fantasma ignora o comando do
personagem. Ele não pode tentar usar essa habilidade no
mesmo fantasma novamente até o final da cena.
Fracasso: O fantasma não precisa obedecer ao comando
do personagem.
Sucesso: O fantasma faz tudo o que o personagem man-
dar, desde que não seja ativamente autodestrutivo.
Sucesso Excepcional: O personagem ganha um bônus de
+1 em seu próximo teste de Intimidação feito contra qual-
quer fantasma.
Se há algum benefício em outros usos da Chave - como
inseri-la no cérebro através do chakra ajna como o Assassino
da Fechadura - é deixado para o Narrador. Seu diário, atual-
mente no armário de evidências do Vanguard, indica que ele
acredita que usar a Chave como fez colocou os fantasmas de
suas vítimas sob seu comando permanente. Ninguém mais
relatou ter ouvido falar da Chave sendo usada em uma situ-
ação semelhante. Se o diário for verdadeiro, o assassino teria
que sacrificar um ponto de Força de Vontade permanente,
mas o fantasma permaneceria sob seu comando até morrer
ou ser banido para o Mundo Subterrâneo.
AsAs Fotografias
Fotografias
podem fazer com que os mortos voltem a
viver na mente de quem as vê. A foto de um homem morto
em uma laje do necrotério desperta uma memória totalmen-
te diferente em seus amigos e familiares para uma fotografia
tirada um dia antes dele sentado em seu bar favorito com
uma cerveja na mão e um sorriso no rosto. Fotografias - espe-
cialmente fotografias instantâneas, há muito substituídas por
câmeras de celulares - capturam o espírito de um momento.
Isso é especialmente verdadeiro com este conjunto de cinco
fotos Polaroid, embrulhadas em um lenço preto velho. Todo
mundo que as encontra sai mudado. Diferentes grupos e
conspirações os conhecem por nomes diferentes, mas para o
mundo em geral são apenas as Fotografias.
Cada uma das Fotografias é uma fotografia Polaroid, li-
geiramente desbotada e com pelo menos 30 anos de idade.
Inicialmente, cada uma mostra uma cena bastante comum
com um menino - parecendo não ter mais do que sete anos
de idade - brincando. Ele está vestindo uma camiseta verme-
lha e jeans azul. O que à primeira vista parece ser uma es-
pécie de título escrito na parte inferior em caneta vermelho
escuro é, em um estudo mais atento, um grupo de símbolos
que não aparecem em nenhum alfabeto conhecido escrito
com sangue antigo. Qualquer pessoa que tenha um conjunto
completo de Fotografias pode usá-las para ver o futuro. Ele
escreve o nome completo de alguém que conhece no verso de
uma foto em uma mistura de tinta azul e lágrimas. Ele deve
então empacotar todas as fotos, embrulhando-as dentro da
bandana e deixá-las em algum lugar onde nenhuma luz solar
possa tocá-las por 24 horas. Se ele os tirar antes disso, as fotos
mostram visões de sua própria morte e de sua vida contínua
como um fantasma. Se ele os deixar por 24 horas inteiras,
as fotos mostram o futuro da pessoa especificada: cinco ins-
tantâneos de sua vida que ilustram os acontecimentos que
levaram à sua morte.
Os ocultistas entre os mortos-vivos são fascinados pelas
Fotografias - não apenas se pode descobrir o eventual destino
de um rival ou inimigo, as Fotografias mostram sua morte
com alguns detalhes. Além dessa sede de conhecimento, al-
guns vampiros do Círculo da Anciã se concentram na criança
de camiseta vermelha. Quem era ele e o que aconteceu para
amarrar fotos dele ao Mundo Subterrâneo? Um boato sus-
surrado sugere que um ocultista milanês conhecido apenas
como Lucifuge sabe quem ele era, mas ele não está dizendo.
Alguns Changelings sabem das Fotografias. Um deles,
um membro do Bispado dos Melros, passou cinco meses
usando-as para adivinhar como outros Changelings morre-
riam e usando sua influência considerável para mudar esse
resultado. Ele nunca escreveu seu próprio nome, e por isso
estava totalmente despreparado quando seu Duplo veio atrás
dele. Alegações de que seu Duplo usava uma camiseta verme-
lha e calça jeans quando veio para ele permanecem infunda-
das por enquanto.
Apenas um Prometeus, um Frankenstein seguindo o
Refinamento de Chumbo, já teve a chance de usar as Foto-
grafias. Em vez de se concentrar em outra pessoa, ele acre-
ditava que descobrir a natureza de sua morte seria parte de
sua Peregrinação. Os quatro primeiros mostravam as mortes
de cada corpo que doou uma parte para sua nova forma. A
última mostrava sua própria morte, mas ele se animava: em
vez de uma criatura de remendos, ele era uma pessoa viva na
Fotografia. Ele ainda não ganhou a mortalidade, mas ver seu
destino final deu a ele uma dose de esperança fatalista.
Ativando as Fotografias
Um personagem que deseja usar as Fotografias deve gastar
um ponto de Força de Vontade ao escrever o nome completo
de seu alvo - conhecido pelos magos como Nome Verdadeiro
- no verso de uma fotografia. O nome deve ser de uma pessoa
viva que o personagem já conheceu. Usar as Fotografias não
requer outras ações ou gastos; basta que sejam embrulhadas
na bandana e deixadas em um lugar escuro.
Se ele os tirar muito cedo, ele verá sua morte e seu even-
tual destino além - e nunca é um destino agradável. Talvez ele
acabe sendo escravo de um Kerberos sádico, ou escravo de
um Devorador de Pecados, ou talvez nunca entre no Mundo
Subterrâneo em favor do tormento eterno. Seja qual for o
caso, ele perde dois pontos de Força de Vontade e sofre um
severo surto de depressão (como a perturbação Melancolia)
até o final da história, se não mais.
Caso contrário, ele vê cinco imagens icônicas que mos-
tram o tempo que levou à morte de seu objeto. Mesmo de-
pois que ele perde as fotos, as imagens permanecem em sua
mente. O Narrador deve avisá-lo quando algo que ele viu
nas Fotografias estiver se tornando realidade. Ele ganha um
bônus de +2 em qualquer teste em que sua presciência o be-
neficie em uma ação para salvar - ou danar - seu alvo.
97
Vantagens - Alem de Coisas Estranhas
 Aqueles primeiros segundos após a porta foram o que
Manny Ofrenda mais odiava. Tateando pela escuridão, as mãos
deslizando ao longo das paredes escorregadias. Se você tiver
sorte, será apenas uma pedra. Às vezes era uma vasta parede
de ossos, deformada e rachada por algum incêndio antigo, então
eles se entrelaçavam como uma cesta de junco. Uma vez ele
jurou que o túnel era feito de corações humanos que não batiam.

Com os olhos bem fechados (não que isso fizesse qualquer

diferença, mas de alguma forma parecia psicologicamente
poderoso), Manny avançou seu caminho pela escuridão que
parecia não ser tanto uma ausência de luz quanto uma presença
de escuridão, testando cuidadosamente as armadilhas. O
solo sob os pés estava escorregadio com o que parecia ser
carne liquefeita, e a última coisa de que ele precisava
era um tornozelo quebrado aqui. Uma parte dele
achou perversamente divertido que agora tivesse
experiência suficiente para reconhecer carne
liquefeita escorregadia de sangue escorregadia
ou escorregadia ou Deus sabe o que mais, mas
uma parte maior dele só queria terminar esta
viagem.

Uma mudança sutil na qualidade do ar

parado e estagnado disse a Manny que ele tinha
acabado, e ele abriu os olhos, piscando para se
aclimatar à luz fraca do fungo fosforescente
- e imediatamente desejou não ter feito isso. O
túnel se abria diretamente para um penhasco alto
e íngreme com vista para uma vasta caverna tão
grande que as paredes e o teto se perdiam na sombra;
mais um passo e ele teria despencado para o fundo
da rocha a pelo menos 9 metros abaixo. Espalhado
no chão da caverna estava a enorme figura de
um homem esculpido na pedra, com 15 metros
de altura, seu corpo torcido e dobrado em um
rictus mortal.

Isso não era bom. Manny conhecia

este lugar - Cidade-Cadáver, como os locais
chamavam, e eles o evitavam como uma praga. A
notícia na Rede era de Devoradores de Pecados
que passaram pela Cidade-Cadáver e nunca mais
saíram.

Os espectros lá embaixo ainda não o

tinham visto; se o portão ainda estivesse
aberto, ele teria uma chance. Manny fez uma
oração silenciosa e começou a se afastar
lentamente da borda. Como um só, todos os
fantasmas na Cidade-Cadáver ergueram o
olhar, paralisando Manny como se ele tivesse
gritado o Pai Nosso em um megafone. Uma das
sombras levantou um dedo acusador e, de uma
centena de gargantas mortas, os cidadãos da
Cidade-Cadáver começaram a gritar.
 Capítulo Quatro:
As Profundezas
Autóctones
Mais baixo do que as profundidades, além dos Portões Avernianos, mas antes
dos rios terríveis, encontram-se as Profundezas Autóctones. Escovando contra a
terra dos vivos em ângulos estranhos, não euclidianos, as Profundezas são onde a
maioria dos seres ainda vivos (ou principalmente vivos) conduzem seus negócios
na Grande Profundidade. Os Devoradores de Pecados estão aqui, com certeza,
mas os necromantes sondam as Profundezas em busca de conhecimentos ocultos
perdidos ou caminhos ocultos para reinos de morte mais puros e esotéricos. Os
lobisomens buscam a interdição de espíritos terríveis nascidos há muito tempo,
quando o mundo era jovem. Os Changelings extraem juramentos de serviço dos
mortos e esperam que talvez seus Guardiões não os encontrem neste lugar frio e
sem vida (eles estão errados). Até mesmo mortais infelizes, sejam eles caçadores
de coisas que se escondem nas sombras ou inocentes sem sorte, podem encontrar
seu caminho aqui.
E então, é claro, você tem os mortos. Banidos para este lugar frio e sem luz
Teu trono está fixo pela perda de suas âncoras, as sombras das Profundezas Autóctones às vezes são
nas planícies sombrias úteis, às vezes odiosas - mas todos querem algo daqueles que ainda caminham sob
de Hades, distante, o sol.
desconhecido para o
descanso, onde reina
a escuridão; Onde,
destituídos de fôlego, Sangrando Culturas
As Profundezas Autóctones têm uma relação incomum com a terra dos vivos.
vivem espectros pálidos, Onde os Dominios Mortos são bizarros, às vezes reinos estranhos governados
no inferno sem fim, por senhores da morte e Kerberoi, as Profundezas ficam mais perto do mundo
terrível e inexorável. dos mortais; ecos de religião, de cultura (especificamente “cultura da morte”) e
às vezes até geografia podem ser encontrados em todo o reino. Ainda há debate
—Orphic Hymn para se o Mundo Subterrâneo reflete o mundo dos vivos ou se o mundo dos vivos
vislumbrou o Mundo Subterrâneo e moldou sua própria cultura de acordo. Não
Plutão, traduzido por surpreendentemente, evidências podem ser encontradas sugerindo qualquer uma
Thomas Taylor das possibilidades. Ou ambas. Ou nenhuma.

Duas Breves Notas

Primeiro: Ao longo deste capítulo, “os vivos”, isto é, seres corpó-
reos que moram no mundo mortal, são contrastados com “os
mortos”, fantasmas presos no Mundo Subterrâneo. Para ser bre-
ve, “os vivos” se refere a todos os personagens que moram na
terra dos vivos, mesmo aqueles que, tecnicamente falando, não
estão vivos (como vampiros e outros mortos-vivos corpóreos).
Em segundo lugar: você notará que às vezes usamos os “Alcances
Superiores” como um nome secundário para as Profundezas Au-
tóctones ou, às vezes, apenas “os Alcances”.

100
Capitulo Quatro: As Profundezas Autoctones
 Além de estar mais próximo do mundo vivo em termos
de iconografia e construção, as Profundezas também estão
mais perto metafisicamente: não apenas a maioria dos Por-
tões Avernianos se abre para suas cavernas, a “gravidade”
metafísica da morte é mais fraca aqui. Demora um pouco
para o Mundo Subterrâneo realmente capturar um fantasma
nas Profundezas Autóctones e puxá-lo inexoravelmente para
mais fundo na Grande Profundidade. Em outras palavras,
a maioria das sombras encontradas para sobreviver nos Al-
cances têm, no máximo, alguns séculos de idade. De vez em
quando, uma sombra ancestral encontra uma maneira, por
meio de sacrifício ou feitiçaria ou pura e louca força de von-
tade, de se agarrar às Profundezas e resistir ao chamado dos
Domínios Profundos, mas esses são raros o suficiente para
serem figuras lendárias.
Essa mistura de semelhanças metafísicas e fantasmas
comparativamente “jovens” dá às Profundezas Autóctones
um tipo de familiaridade que é, se não precisamente recon-
fortante, pelo menos melhor do que a natureza alucinante
das Profundezas. A maioria dos ocultistas que interagem com
o Mundo Subterrâneo de alguma forma está familiarizada
apenas com esta região do Mundo Subterrâneo; na verdade,
fora os Devoradores de Pecados e o mais poderoso dos necro-
mantes, muitas pessoas não sabem que o Mundo Subterrâ-
neo é mais do que o que pode ser encontrado nas Alcances
Superiores. Viajar para o Mundo Subterrâneo é uma façanha
rara e notável; viajar além dos rios infernais para reinos onde
reis-deuses mortos reinam e cidades inteiras são esculpidas
em ossos e basalto é impensável.
Deus ex Mortis
O que acontece depois que morremos sempre foi uma
preocupação principal da religião terrena. Quer seja a salva-
ção eterna, condenação, reencarnação ou unidade perfeita
com toda a criação, os seres humanos sempre questionaram o
que está além. Embora não sejam precisamente a resposta de-
finitiva para essa pergunta, os Alcances Superiores parecem
ter informado a crença humana ao longo de grande parte da
história. É, talvez, revelador que muitas das idéias mais anti-
gas registradas sobre uma vida após a morte (o grego Hades,
o hebraico Sheol e o sumério Irkalla, por exemplo) retratam
um reino cinzento e desesperador nas profundezas do subso-
lo, onde os mortos esperam interminavelmente por... alguma
coisa. Mesmo aquelas religiões antigas que ofereciam alguma
esperança de um paraíso final (como a jornada asteca para
Mictlan ou o paraíso egípcio de Aaru) o descrevem como o
culminar de uma longa e árdua jornada. A ideia de que todas
as boas almas, ou pelo menos todas as boas almas de uma de-
terminada fé, estão destinadas a ascender ao paraíso eterno é
comparativamente recente.
Fundações, Não Reflexões
Essas crenças primitivas foram moldadas por visões xamâ-
nicas do Mundo Subterrâneo ou por antigos sacerdotes-feiti-
ceiros que tropeçaram nos Portões Avernianos no início dos
tempos? Possivelmente. Alguns sugerem que as Profundezas
Autóctones são psicoativas e que ecoam os elementos religio-
sos que os humanos vivos associam ao Mundo Subterrâneo,
mas essa teoria falha em explicar por que, por exemplo, os
Alcances Superiores abaixo de Bagdá ainda ecoam Irkalla,
apesar do fato de que a região tem sido islâmico por bem
mais de mil anos e não foi sumério por três mil anos antes
disso. Se a crença humana moldasse o Mundo Subterrâneo,
certamente as profundezas da Europa e do Oriente Médio
teriam um tom quase universalmente abraâmico, e blocos
culturais semelhantes exibiriam simbolismo religioso seme-
lhante em todo o mundo.
Esta correlação não é perfeita, nem é absoluta: as religi-
ões humanas não são baseadas em entendimentos precisos e
detalhados do Mundo Subterrâneo, mas em vislumbres frag-
mentados infinitamente interpretados e passados de geração
a geração. Elementos comuns são interpretados de manei-
ra diferente por diferentes culturas, e o que uma sociedade
considera um elemento de importância vital pode ser pouco
mais do que ruído de fundo para outra. Um xamã nórdi-
co encontra fantasmas que morreram de doença e velhice
e, quando acorda, diz a seus irmãos que apenas aqueles que
morrem heroicamente na batalha passarão para o Valhalla.
Em Palenque, um padre que está à beira da morte nas garras
de uma febre mortal se encontra nas margens do Rio dos Es-
corpiões e, quando retorna ao mundo dos vivos, traz consigo
a “verdade” do que está além desse mundo.
O xamã não viaja longe o suficiente para ver o Rio dos
Escorpiões, e o sacerdote não presume que a ausência de fan-
tasmas de um determinado Limiar significa que alguns dos
mortos viajam para outro lugar. Mesmo se os dois homens
tivessem visitado a mesma região “geográfica” dos Alcances
Superiores (o que é inteiramente possível; a geografia do
Mundo Subterrâneo não se correlaciona com a do mundo
mortal), suas experiências e suposições diferentes criam ima-
gens muito diferentes do Mundo Subterrâneo.
Navegando em Passagens Escuras
Parada de Dados: Raciocínio + Sobrevivência
Ação: Instantânea ou estendida (se estendida, suponha
que cada teste seja igual a meia hora de perambulação, com
um número alvo definido pelo Narrador com base na dificul-
dade da jornada; veja abaixo para mais informações)
A maioria das passagens através do Mundo Subterrâneo
não são lineares - é um emaranhado de passarelas e túneis
ramificados, de velhas escadas em ruínas e escadas forjadas
de chumbo e osso. Algumas passagens são escuras, apagadas,
exceto para uma bolsa ocasional de fungo brilhante ou para
um espectro errante perdido (já que os fantasmas geralmente
emitem uma luminescência tênue aqui na Grande Profundi-
dade). Outras passagens são bem iluminadas, apresentando
crânios cujas órbitas brilham com a chama de uma vela ou
brasas, uma procissão tortuosa de lanternas ou até mesmo
neon zumbindo. Percorrer essas passagens não é fácil. É pos-
sível se virar ou mesmo se perder totalmente, e se perder em
um submundo subterrâneo cheio de fantasmas famintos tem
consequências óbvias. Além disso, tatear o caminho através
da escuridão total também pode ter um efeito psicológico.
Um Narrador pode pedir um teste de Perseverança + Auto-
controle em algum ponto para ver se o personagem pode
continuar. Aqueles com fobias contra a noite ou escuridão
são especialmente vulneráveis.
Este teste pode ser instantâneo ou estendido dependen-
do de sua finalidade. Se o personagem está procurando por
algo relativamente perto do Portão Averniano ou está per-
101
Sangrando Culturas
 correndo um caminho que já percorreu no passado, um tes-
te instantâneo é tudo o que é necessário. Alternativamente,
viagens prolongadas podem exigir um teste prolongado. Uma
grande coleção de sucessos pode ser necessária, dependendo
exatamente de quão “profundo” o personagem precisa ir. Se
a jornada ainda estiver dentro das Profundezas Autóctones,
é provável que os sucessos necessários sejam entre cinco e
quinze, mas suponha que cada rio que precisa ser cruzado
(ver “Rios”, p. 102) adiciona um mínimo de cinco sucessos
ao total. Quanto mais fundo se vai, mais rios se deve cruzar,
o que significa que mais sucessos acabam sendo necessários.
Narradores, lembrem-se de que as jogadas estendidas não pre-
cisam ser apenas um exercício enfadonho de lançamento de
dados. Cada jogada pode ser pontuada por encontros com
fantasmas, drama do personagem ou outros eventos que tra-
zem suspense à ação. Se o personagem falhar em duas jogadas
consecutivas, assuma que o personagem agora está perdido
no Mundo Subterrâneo.

Resultados do Teste
Fracasso Dramático: O personagem tropeça em algum
tipo de perigo do Mundo Subterrâneo: um espectro faminto
em busca de plasma, um passo em falso que leva a um tor-
nozelo torcido ou quebrado, o personagem sucumbe a um
medo intenso e assim por diante. Este perigo causa uma hora
de perda de tempo, além de quaisquer outros efeitos que o
Narrador considere apropriados.
Fracasso: O personagem não consegue acumular suces-
sos. Duas falhas consecutivas significam que o personagem
está perdido.
Sucesso: O personagem acumula sucessos. Uma vez que o
número alvo é alcançado, o personagem chega ao seu destino
pretendido dentro do Mundo Subterrâneo. Isso não significa
necessariamente que o personagem encontre o que procura,
mas pelo menos o leva ao seu destino.
Sucesso Excepcional: O personagem ganha uma compre-
ensão intuitiva do Mundo Subterrâneo. Seu próximo teste
feito para navegar pelas passagens escuras ganha +2 dados.

Modificadores Sugeridos
Modificador Situação
+2 A passagem é bem iluminada
+2 O personagem possui a Vantagem Senso
de Direção
+1 a +3 O personagem está usando um mapa
-1 a -3 O personagem sofre distrações (penalidade
com base na gravidade)
-3 A passagem está totalmente escura

Escatologia Corporal
Catacumbas. Túneis sinuosos e sem luz guardados por
bestas ferozes. Rios e portões. Esses são os elementos que a
religião mortal comumente atribui a seus submundos, e não
é de admirar, dada sua prevalência na própria Grande Pro-
fundidade. Os Rios do Mundo Subterrâneo são descritos em

102
Capitulo Quatro: As Profundezas Autoctones
Geist: Os Devoradores de Pecados, na p. 268, mas as Profun-
dezas Autóctones são mais do que apenas cavernas e rios. Os
itens a seguir podem servir como “cenários” para cenas no
Mundo Subterrâneo, como obstáculos que os exploradores
devem superar e ganchos de história em torno dos quais tra-
mas inteiras podem ser construídas.
Portões
Você se depara com ele em um túnel estreito e apertado que
desce inexoravelmente: um portão maciço de farpas de metal enfer-
rujadas, amarradas com osso e tendão. Parece que pode desmoronar
a qualquer momento, mas mesmo o esforço mais forte não consegue
movê-lo um único centímetro. Um único gancho de metal, com cros-
tas de sangue e plasma, projeta-se do centro do portão.
De acordo com a mitologia suméria, quando a deusa Ish-
tar desceu ao Mundo Subterrâneo, ela teve que passar por
sete portões (veja esta passagem na pág. 19 no Capítulo Um).
Em cada portão, ela teve que sacrificar uma peça de roupa até
que, quando finalmente chegou à sala do trono de Ereshki-
gal, a rainha do Mundo Subterrâneo, ela estava nua. Os mi-
tos estão parcialmente certos. Os portões existem, bloque-
ando as passagens nas profundezas, impedindo a passagem
para os Mistérios Inferiores da mesma maneira que os rios.
Ao contrário dos rios, porém, para passar por um portão não
é necessário poder necrótico bruto ou a ajuda de um Bar-
queiro. A passagem por um portão requer sacrifício, e esse
sacrifício é mais severo do que a perda de meras vestimentas.
A natureza do sacrifício é sempre a mesma: quem dese-
ja passar deve retirar um dos seus próprios membros (mãos,
braços, pés, pernas; oferecer a cabeça não é considerado sá-
bio) ou órgãos internos e fazer disso uma “oferenda”. Esta
oferta pode ser apresentada de várias maneiras: um portão
tem um gancho de metal enferrujado no qual o membro
deve ser empalado, outro é guardado por uma criatura selva-
gem semelhante a um cão que arranca o membro oferecido
(tais guardiões não são criaturas reais per se, eles são apenas
parte do próprio portão). Ainda outro simplesmente derrete
carne e osso sem causa aparente. O preço é alto e, ainda as-
sim, graças às leis peculiares do Mundo Subterrâneo, não tão
alto a ponto de ser impagável.
Sacrificar um membro ou órgão, independentemente de
quanto dano tal perda normalmente infligiria, causa apenas
um único ponto de dano letal. Este dano não pode ser ne-
gado, reduzido ou curado por qualquer meio. Enquanto o
personagem permanece no Mundo Subterrâneo, o membro
perdido é “substituído” por um feito de plasma; na verdade,
o próprio fantasma do personagem se manifesta parcialmen-
te em torno da carne perdida (Quando um Devorador de Pe-
cados realiza este sacrifício, seus membros são “substituídos”
pelos de seu geist). A ferida é dolorosa, mas não debilitante,
e o personagem não sofre nenhuma perda de sangue ou falha
catastrófica de órgão que se associaria com tal perda. Assim
que o sacrifício é feito, o portão se abre e permanece aberto
por um minuto.
Atravessar um portão tem o mesmo efeito que cruzar um
rio: leva o personagem mais fundo no Mundo Subterrâneo,
para fora das Profundezas Autóctones e para os Mistérios In-
feriores. A principal diferença é que o requisito de Psiquê
para atravessar rios (ver Geist: Os Devoradores de Pecados,
p. 269) não se aplica. Isso significa que, exceto negociar com
um terrível Barqueiro para atravessar o rio, passar pelos por-
tões é a única maneira de prosseguir para os Mistérios Infe-
riores para Devoradores de Pecados com baixa Psiquê (ou
outros personagens que carecem totalmente dessa Caracte-
rística).
Cruzar de volta por um portão (ou seja, ir dos Mistérios
Inferiores de volta aos Alcances Superiores) é uma questão
mais simples - desde que o personagem tenha deixado um
sacrifício naquele portão no caminho para baixo. O persona-
gem sacrificado simplesmente recupera seu próprio membro
(removendo-o do gancho, arrancando-o da boca do cão, etc.)
e o coloca de volta em seu corpo. O membro se reconecta e o

Ganchos de historia: destrua os portoes

• Curiosidade: enquanto um portão está aberto, qualquer pessoa pode passar por ele em qualquer direção.
Isso inclui fantasmas que, sem uma Característica Psiquê, não podem cruzar os rios depois de serem pu-
xados para os Mistérios Inferiores. Também inclui coisas das profundezas da Grande Profundidade - coisas
que nunca deveriam retornar ao mundo dos homens. Essas coisas costumam se agachar do outro lado
dos portões, esperando que viajantes desavisados passem. Às vezes, eles oferecem promessas de riqueza
e poder em troca de passagem, às vezes passam despercebidos e às vezes atacam. Um portão de cada vez,
eles se aproximam cada vez mais da terra do rápido.
• Alguns exploradores do Mundo Subterrâneo dizem que os portões nem sempre levam ao mesmo lugar.
Eles dizem que o portão se abre em algum lugar mais profundo no Mundo Subterrâneo, mas o quanto mais
profundo depende do que você sacrifica. Uma mão talvez o leve até a fronteira dos Mistérios Inferiores. Um
braço inteiro leva você para um dos mais profundos Dominios Mortos. E um coração... bem, um coração,
dizem, pode levá-lo ao limiar dos palácios dos senhores da morte. O problema é encontrar o caminho de
volta.
• Abrir um portão requer um sacrifício de sangue. Não plasma, não ichor fantasmagórico, mas sangue real,
honesto-a-deus. Deixar pedaços de si mesmo pendurados em ganchos na terra dos mortos é uma propos-
ta bastante arriscada, mesmo por si só, mesmo antes da possibilidade de alguém roubar seu sacrifício para
obter uma conexão simpática com você. Para mitigar esse risco, alguns magos empregam “chaves canário:”
Adormecidos - geralmente crianças de rua que não farão falta, magicamente condicionados para a obedi-
ência - trazidos para a Grande Profundeza para abrir portões sem risco para seus “donos”.

103
Sangrando Culturas
 ferimento letal recebido do sacrifício diminui para contusão.
Como antes, o portão permanece aberto por um minuto. É
possível que outro viajante encontre um sacrifício e o roube,
deixando assim seu dono no Mundo Subterrâneo. Remover
um sacrifício que não seja o seu requer um teste de Perse-
verança + Psiquê (seres sobrenaturais com uma Vantagem
Sobrenatural diferente de Psiquê não adicionam essa Ca-
racterística ao teste). Magias poderosas relacionadas à morte
também podem arrancar um sacrifício do portão se o poder
lidar com a manipulação de almas (por exemplo, o feitiço de
Morte •• “Vaso da Alma”).
Se o personagem não sacrificou neste portão em particu-
lar, ou se seu sacrifício foi roubado, ele não pode ser aberto
pelo lado mais profundo. Um caminho alternativo deve ser
encontrado, ou então alguém do lado oposto deve ser coa-
gido a sacrificar um de seus próprios membros. Os portões
sempre abrem do lado “mais raso” (ou seja, o lado mais pró-
ximo das Profundezas Autóctones).
Contanto que o personagem siga o mesmo caminho para
fora das Profundezas que ele percorreu ao entrar, ele deve
acabar recolocado em todos os seus membros e sair com pou-
co mais do que marcas de morte lívidas ao redor de seus
membros. Às vezes, porém, o caminho original não é uma
opção: talvez o personagem tenha se perdido nos Mistérios
Inferiores ou tenha que fugir de um Kerberos colérico ou
algo parecido. Se um personagem deixar o Mundo Subter-
râneo sem recuperar um membro sacrificado, todo o trauma
da lesão imediatamente desaba sobre ele. Perder um membro
inflige cinco pontos de dano letal (cumulativo por membro;
um personagem que sacrifica todo o seu braço direito sofre
dez pontos de dano letal; cinco para a mão e cinco para o
resto do braço) e faz com que o personagem comece a sangrar
quando embora suas caixas de Vitalidade estivessem cheias
de dano letal. Um órgão perdido geralmente é fatal. Este
dano, ao contrário do dano de sacrifício inicial, pode ser re-
sistido e curado se o personagem for capaz.
O uso dos portões tem uma vantagem: enquanto o per-
sonagem permanecer no Mundo Subterrâneo, ele ganha um
bônus de +1 em testes para ativar poderes sobrenaturais rela-
cionados à morte (como Manifestações, Disciplinas ou Ma-
gias de Morte) por membro sacrificado.
Rios
Os Rios do Mundo Subterrâneo, como atestam muitas
religiões antigas, são locais de transição, demarcando as fron-
teiras entre as regiões do Mundo Subterrâneo. Incontáveis
rios correm pela Grande Profundidade, e as tentativas de ma-
pear seus fluxos são, na melhor das hipóteses, difíceis - eles
parecem existir em muitos lugares ao mesmo tempo ou serem
tão vastos a ponto de alcançar todas as partes do Mundo Sub-
terrâneo. Beber desses estranhos e malfadados cursos de água
pode trazer efeitos milagrosos - ou pode ser tão mortal quanto
beber veneno (Às vezes, ambos!).
Como os portões, os rios servem como limites para as
Profundezas Autóctones: uma vez que um viajante cruza um
deles, ele passa dos Alcances Superiores para os Mistérios In-
feriores. Cruzar outros rios sempre leva mais fundo nos Mis-
térios; é um fato curioso da geografia do Mundo Subterrâneo
que geralmente se atravessa os mesmos rios saindo como se
cruzava entrando, mesmo que se tome um caminho diferen-
te.
Cruzar os Rios sem ajuda é difícil para os Devoradores
de Pecados e quase impossível para qualquer outra pessoa:
apenas aqueles com a Característica Psiquê podem cruzar um
rio por conta própria. Mesmo assim, o processo é difícil: para
cruzar o primeiro rio que encontrar (ou seja, para deixar as
Profundezas Autóctones), um viajante deve ter uma Psiquê
de pelo menos 1. Cada rio após o primeiro requer um ponto
adicional de Psiquê (Cruzar o mesmo rio em direções opos-
tas não aumenta o requisito de Psiquê). Esta travessia “a pé”
pode se manifestar de várias maneiras, dependendo do Devo-
rador de Pecados e de seu geist assistente: um Devorador de
Pecados profundamente religioso pode separar as águas como
Moisés dividindo o Mar Vermelho, enquanto outro simples-

Jogando o Psychopomp
Os Devoradores de Pecados podem servir como guias na travessia dos rios, guiando os menos capazes do
que eles. Para servir como um Barqueiro, o Devoradores de Pecados deve gastar um ponto de plasma por
ponto de diferença entre a Psiquê de seu passageiro e a exigência de Psiquê do rio. Se o passageiro não tiver
nenhum valor de Psiquê (por exemplo, um mortal comum ou um fantasma), o Devoradores de Pecados
também deve pagar 1 Força de Vontade. O Devoradores de Pecados deve permanecer em contato físico
com o passageiro durante a travessia, ou então o passageiro cai no rio e é levado pelas correntes rápidas,
apenas para ser levado para algum outro lugar na Grande Profundidade.
Além disso, esse custo deve ser pago para cada travessia de rio em qualquer direção, mesmo para cruzar
novamente um rio no caminho de volta para a terra dos vivos.
Exemplo: Manny Ofrenda e sua comparsa foram pagos por um feiticeiro para encontrar a sombra de um mago
morto há muito tempo que possui segredos valiosos. O grupo consiste em Manny, Ella, Cassie e seu cliente feiticeiro.
Eles já cruzaram três rios quando chegaram às margens do Cócito. Nenhum deles quer correr o risco de ficar em
dívida com um barqueiro, então Cassie, cuja Psique é 6, irá guiar os outros na travessia. Manny tem uma Psiquê
de quatro, então ele cruza muito bem sozinho (ele vai precisar de um guia na próxima travessia, no entanto). A
Psiquê de Ella é apenas dois, e o mago não tem uma Característica Psiquê, então Cassie deve gastar dois plasmas
para ajudar Ella a atravessar e quatro plasmas mais uma Força de Vontade para trazer o feiticeiro. É melhor ela se
certificar de reabastecer sua Força de Vontade e seu plasma logo; se ela não puder pagar o custo de trazer Ella e o
mago de volta, eles serão deixados para trás.

104
Capitulo Quatro: As Profundezas Autoctones
mente flutua 30 centímetros acima da superfície ou constrói
uma ponte com plasma ambiente; em qualquer caso, a traves-
sia funciona apenas para aquele indivíduo: as águas correm
atrás dele, a ponte desaparece à medida que ele passa, etc.
Barqueiros, como Caronte, segundo o mito grego, espe-
ram na maioria das travessias de rios e estão mais do que dis-
postos a transportar passageiros - por um preço. Alguns ain-
da pedem as duas moedas tradicionais (que devem ter sido
enterradas com alguém; o troco não serve), enquanto outros
exigem mementos, favores ou outros pagamentos mais esoté-
ricos. Para exemplos de Barqueiros, consulte Geist: Os Devo-
radores de Pecados p. 277.
Ninguém nunca fez uma contagem exata dos rios do
Mundo Subterrâneo - na verdade, pode ser um esforço inú-
til, pois pode muito bem haver um número infinito deles.
Alguns exploradores do Mundo Subterrâneo consideram
certos cursos d’água como rios distintos, enquanto outros
chamam esses mesmos riachos de afluentes de rios maiores.
A seguir estão alguns exemplos de rios do Mundo Subterrâ-
neo; outros adicionais podem ser encontrados em Geist: Os
Devoradores de Pecados na p. 269.
• O Rio de Âmbar (Eriadnos): De acordo com o mito,
quando Faetonte, o filho de Hélios, o deus-sol, tentou
dirigir a carruagem de seu pai, ele perdeu o controle do
veículo e teve que ser atingido pelos raios de Zeus para
evitar queimar o mundo em cinzas. Mortalmente ferido,
ele caiu neste rio para morrer, e a força do impacto des-
viou o rio para o Mundo Subterrâneo. O rio flui espesso
e dourado, como um rio de seiva de árvore (dizem ser as
lágrimas das irmãs de Phaeton, que foram transformadas
em árvores em sua dor). Beber do rio abençoa um perso-
nagem com a glória e majestade do deus do sol: ele rece-
be um bônus de +2 em todos os testes Sociais feitos para
maravilhar, impressionar ou seduzir que duram 12 horas.
No entanto, pela mesma duração, seu Vício é substituído
por Orgulho, e sempre que ele tem a oportunidade de
saciar esse Vício, ele deve ser bem-sucedido em um teste
reflexo de Perseverança + Autocontrole se desejar resistir
ao impulso.
• O Rio do Destino (Urdarbrunnr): De acordo com a
lenda, este rio se origina sob as raízes da Árvore-Mundo
e ao redor dele se reúnem as Norns (aquelas governan-
tas nórdicas do destino) para moldar a vida dos homens.
Suas águas correm frias, rápidas e puras - muitos viajan-
tes, ao chegarem às suas margens, acreditam tratar-se ape-
nas de um leito seco, de tão límpidas e silenciosas são as
águas. Beber das águas geladas dá uma visão ofuscante
de dois momentos futuros de seu destino: um de grande
vitória e outro de grande derrota. O bebedor pode tra-
tar uma ação bem-sucedida realizada dentro de 12 horas
após beber do rio como uma ação mecânica, permitindo-
-lhe rolar novamente todos os dados que falharam. No
entanto, a critério do Narrador, uma ação com fracasso
feita dentro do mesmo período de tempo é automatica-
mente tratada como um fracasso dramático.
• O Rio de Gelo (Hvergelmir): Diz-se ser a fonte de to-
dos os rios frios do mundo, este rio flui de algum lugar
no coração do Mundo Subterrâneo onde, dizem alguns,
105
Sangrando Culturas
 o fim de todas as coisas o aguarda. As águas do rio são
lentas e repletas de fluxos de gelo do tamanho de carros
grandes. Alcançar a porção líquida do rio sem esmagar
seus membros é difícil, mas um pedaço de gelo pode ser
quebrado de um floe e sugado como um doce duro. O
gelo dura muito mais na boca do que deveria, cerca de
oito horas. Contanto que o personagem mantenha o gelo
na boca, ele é imune aos efeitos nocivos do clima frio e re-
duz qualquer dano letal do frio (como um feitiço mágico,
por exemplo) para contusão. Além disso, ele não aparece
em dispositivos de imagem térmica.
• O Rio de Ouro (Pishon): Em muitas culturas, o deus
do Mundo Subterrâneo também é o deus da riqueza ma-
terial e dos tesouros da terra. Este rio talvez seja emble-
mático disso: embora não seja realmente um rio de ouro
derretido como parece, suas águas têm um brilho dou-
rado e lustroso, e vislumbres ocasionais do fundo pare-
cem revelar tesouros antigos espalhados pelo leito do rio.
Um personagem que bebe do rio imediatamente recebe a
Vantagem Recursos em três pontos, ou adiciona três pon-
tos aos que já possui (máximo 5). Esses recursos podem
vir na forma de um aumento repentino em uma carteira
de ações, uma herança inesperada ou semelhante - mas
a causa está sempre relacionada à morte de alguém. Três
meses depois de beber do rio, o personagem perde quatro
pontos de Recursos (se isso o levar abaixo de zero, ele se
endividará muito e adquire a Desvantagem: Desprovido).
• O Rio da Vida (Anahita): Este rio é excepcionalmente
evasivo e muitos acreditam que seja o domínio do mito.
De acordo com uma lenda, é o último rio que ainda flui
dos céus para o mundo sujo e pecaminoso. Onde ele
passa pelo Mundo Subterrâneo, ele purifica o reino dos
mortos: à vista de suas margens, os fantasmas são calmos
e racionais como eram em vida, e a indulgência viciante
do Vício (ver p. 124) é suprimida. Supostamente, beber
da Anahita pode curar instantaneamente todas as feridas
que um ser vivo está sofrendo, ou mesmo devolver um
dos mortos à verdadeira vida. No entanto, a lenda tam-
bém diz que as águas do Anahita são finitas e que a cada
bebida as águas baixam um pouco mais. Quando o rio
purificador secar, eles dizem, a corrupção deste mundo
decaído irá consumi-lo, e tudo desmoronará na Grande
Profundidade.
Quadros
Sísifo empurrando eternamente sua pedra. A sala do
trono dos Senhores de Xibalba. Os tormentos infernais de
uma pintura de Hieronymus Bosch. O Mundo Subterrâneo é
mais do que apenas intermináveis túneis, rios e portões povo-
ados por espectros errantes. Escondido dentro de seus túneis
sinuosos e catacumbas labirínticas, às vezes nos deparamos
com um quadro terrível, uma cena de morte e futilidade que
pode ser ao mesmo tempo chocante e se a sabedoria da Gran-
de Profundidade for atendida, estranhamente edificante.
Um quadro é definido por três coisas: seus participantes,
sua repetição e sua imagem. Enquanto muitos lugares estra-
nhos e seres estranhos se escondem no Mundo Subterrâneo,
os quadros sempre compartilham estas três coisas:
106
Capitulo Quatro: As Profundezas Autoctones
• Participantes: Um quadro nunca é uma cena vazia, um
show de terror em natureza morta para o espectador. Os
mortos devem fazer parte disso; é, em essência, um jogo
de paixão para os mortos inquietos. Um calabouço inqui-
sitorial encharcado de sangue, por si só, não é um quadro
(embora tais visões existam no Mundo Subterrâneo e se-
jam certamente chocantes por si mesmas); um no qual as
sombras se prendem interminavelmente e sem pensar aos
implementos de tortura e devastam seus próprios corpos
plasmáticos. Os participantes de um quadro são sempre
vítimas, ou então qualquer punição é auto-infligida: Sísifo
rola sua pedra morro acima, vê-a rolar de volta para baixo
e depois a empurra para cima novamente, não porque dia-
binhos tagarelas com forcados e chicotes o incitam a isso,
mas porque é isso que ele faz.
• Repetição: Quadros nunca são ocorrências únicas. Al-
guns são encenados continuamente, sem nenhum fim à
vista (uma figura chorosa crucificada contra uma parede
de calcário úmido), alguns se repetem em intervalos re-
gulares (a cada hora, dois fantasmas vestidos como pis-
toleiros do Velho Oeste se enfrentam na encruzilhada;
às vezes, um é vitorioso, às vezes o seu oponente é), mas
todos seguem algum tipo de padrão de repetição e não
terminarão a menos que alguma força externa intervenha.
Os participantes podem mudar conforme os fantasmas
passam para o próximo mundo ou caem nos Mistérios
Inferiores, mas é necessária a intervenção dos vivos para
realmente detê-los.
• Imagens: Se os quadros não fossem nada além de ex-
pressões aleatórias de depravação bizarra, isso seria quase
fácil de racionalizar. O Mundo Subterrâneo é uma coisa
aberrante, e a morte pode ser cruel e caprichosa. O que
a maioria dos exploradores do Mundo Subterrâneo acha
perturbador é que os quadros parecem ter um ponto. Se
alguém estuda por tempo suficiente, pode reconhecer
uma espécie de “moral”. Cada quadro é associado a um
Vício (como uma advertência contra indulgência excessi-
va com aquele Vício) ou uma Virtude (como uma adver-
tência contra se esquivar dessa Virtude, ou às vezes contra
defendê-la falsamente). Se os quadros existem para exultar
ativamente as Virtudes, ninguém os relatou.
Efeitos de um Quadro
Um quadro é uma visão chocante e, como com outras
visões chocantes no Mundo Subterrâneo, quando um per-
sonagem vê um quadro pela primeira vez, o jogador deve ter
sucesso em um teste de Perseverança + Autocontrole ou per-
der um ponto de Força de Vontade e fugir da cena. O jogador
deve fazer este teste cada vez que o personagem encontrar um
quadro associado a uma nova Virtude ou Vício: uma vez que
ele é rolado para um quadro de Luxúria, por exemplo, ele
não arrisca mais sua sanidade ao encontrar outro quadro de
Luxúria.
Supondo que o personagem não fuja, ele pode estudar
o quadro para determinar sua “moral”. Este é um teste es-
tendido de Raciocínio + Autocontrole, com cada teste repre-
sentando um minuto. Cinco sucessos são necessários para
internalizar a moral. Se o personagem falhar em qualquer
teste, ele ganha uma perturbação leve (ou aprimora uma per-
turbação leve para uma grave) que dura até que ele deixe o
Mundo Subterrâneo (Os personagens também são livres para
interpretar a moral por conta própria - mas nenhuma ideia
mecânica é obtida).
Um personagem só pode internalizar um quadro de cada
vez; se ele estudar outro quadro antes de fazer uso da ideia
que alcançou (veja abaixo), o novo quadro substituirá o anti-
go. A ideia obtida de um quadro deve ser usada dentro de um
dia por ponto de Moralidade do espectador, ou a memória se
desvanece e a ideia é perdida.
Depois de internalizar um quadro, da próxima vez que o
personagem tiver a oportunidade de se entregar à Virtude ou
Vício representado pelo quadro, ele pode escolher um dos
seguintes efeitos:
• Recuperar a Força de Vontade como se ela tivesse
cumprido sua própria Virtude (ou Vício), e mesmo se já
tivesse se entregado dentro do limite de tempo (dentro
da mesma cena para Vício ou dentro do mesmo capítulo
para Virtude). Se a Virtude ou Vício do quadro era a mes-
ma do personagem e ele ainda não se entregou dentro
do limite de tempo, ele recupera um ponto adicional de
Força de Vontade (dois pontos por ceder a seu Vício, ou
toda a Força de Vontade mais um ponto temporário que
dura 24 horas por ceder à sua Virtude).
• Adicionar +3 dados a todos os testes relacionados à sa-
tisfação daquela Virtude ou Vício (por exemplo, testes de
ataque para satisfazer a Ira, testes de Expressão para ani-
mar amigos por satisfazerem a Esperança, etc). O bônus
se aplica apenas a ações relacionadas a esta indulgência
em particular, não a todas as ações na cena. Um perso-
nagem que se entrega a Ira esmurrando um fantasma
recalcitrante recebe o bônus para atacar aquela sombra
em particular, mas não as outras três que o atacam poste-
riormente na cena.
• Tratar um único teste relacionado a ceder à Virtude
ou ao Vício como uma ação mecânica (veja o Livro de
Regras O Mundo das Trevas, pág. 134).
Encerrando um Quadro
Muitos exploradores do Mundo Subterrâneo, especial-
mente os Devoradores de Pecados, querem intervir e acabar
com o sofrimento vivido pelas sombras presas em um qua-
dro. Esta é uma perspectiva assustadora, já que os quadros
não são impostos por nenhuma agência externa que possa
ser frustrada ou destruída. Os participantes fantasmagóricos
devem ser convencidos a seguir em frente, tanto quanto eles
podem resolver suas âncoras e passar para o que os espera.
Comunicar-se com um fantasma envolvido em um quadro é
quase impossível, no entanto; eles simplesmente não respon-
dem a ninguém fora do quadro. Para se comunicar com os
participantes, um explorador deve se tornar um.
Entrar em um quadro é tão fácil quanto entrar em cena
com o desejo consciente de se tornar parte dela - ele deve vo-
luntariamente infligir a si mesmo qualquer sofrimento que
os participantes representem em si mesmos, não importa o
quão horrível seja. Depois de entrar na cena, ele pode inte-
ragir com os fantasmas, tentar descobrir por que eles acham
que devem se punir dessa forma e o que pode ser feito para
fazê-los seguir em frente. Assim como resolver as âncoras de
um fantasma, nenhuma solução de mecânica de jogo existe
aqui; terminar um quadro deve ser a base de todo um arco
de história, não uma simples ação estendida.
Para encerrar verdadeiramente um quadro, todos os
espíritos participantes devem ser resolvidos. Se apenas um
permanecer parte de um quadro, eventualmente novos par-
ticipantes surgirão e tudo começará de novo. Convencer um
fantasma a deixar um quadro conta como ajudar o fantasma
a “seguir em frente” para os Devoradores de Pecados (ou seja,
fazer isso dá a eles um ponto de plasma).
A Provação de Sísifo (Preguiça)
O túnel à frente desabou, o caminho a seguir enterrado sob to-
neladas de terra e rocha. Três fantasmas, magros e emaciados, suas
formas cobertas de sujeira, arranham indolentemente o desmorona-
mento, unhas ensanguentadas em vão empurrando a terra para o
lado. Para cada punhado que eles se afastam, mais peneiras descem
do teto da caverna.
Este quadro é um clássico nas imagens do Mundo Sub-
terrâneo: trabalho manual cansativo e sem sentido, sem fim
e sem razão. Esta manifestação em particular envolve cavar
um desabamento, mas provações semelhantes podem envol-
ver encher um caldeirão enorme, mas com vazamento, com
água e tentar carregá-lo colina acima, labuta interminável em
uma linha de montagem necrótica ou organizar uma biblio-
teca cujas prateleiras mudam constantemente e colapsa. Para
entrar neste quadro, basta começar a cavar com as próprias
mãos: o personagem sofre um ponto de dano por contusão a
cada cinco minutos quando as pedras e a terra machucam e
cortam suas mãos. Resolver esse quadro pode envolver con-
vencer um participante de que a fazenda de sua família não

De onde e com que proposito?

O Mundo Subterrâneo não é o inferno. Nenhum demônio supervisiona as torturas, e pecadores residem
aqui com tanta certeza quanto os santos. Então, o que cria um quadro e por quê? Muitas teorias são discu-
tidas, mas a que parece fazer mais sentido é que os quadros são a reação do Mundo Subterrâneo à culpa
suportada por seus habitantes mortos, manifestada pelo peso dos números.
Fantasmas são criaturas estranhas com hábitos estranhos - às vezes eles se envolvem em comportamentos
bizarros e repetitivos, alguns dos quais envolvem automutilação com base na crença de que deveriam estar
no inferno. Um único fantasma agindo dessa maneira é apenas mais um habitante da Grande Proifundidade,
mas quando várias sombras, todos se sentindo culpados pelo mesmo pecado, se reúnem, o peso agregado
de seu pathos se congela em algo sólido, uma cena horrível de tortura eles realmente acreditam que eles
merecem.

107
Sangrando Culturas
 falhou porque ele não estava disposto a trabalhar para torná-
-la bem-sucedida, ou ajudar uma mãe a perceber que ela não
é culpada pela morte de sua filha ao dirigir bêbada, porque a
mãe não saiu para buscá-la na festa.
A Congregação para a Doutrina da Falsa Fé (Fé)
A passagem se abre em uma vasta abóbada de teto alto, como
uma grande catedral. As paredes foram trabalhadas em estilos que
lembram uma dúzia de religiões diferentes: o crescente islâmico er-
gue-se acima de uma crucificação em baixo-relevo e as imagens de
Vishnu dançando com a Grande Besta da Revelação. Todas as som-
bras aqui parecem estar envolvidas em alguma zombaria distorcida
de adoração. Em uma fileira de bancos, um coro fantasmagórico
canta hinos em vozes tão roucas que quase não passam de um gras-
nido sibilante. Outros realizam o Salah islâmico indefinidamente,
até que suas testas fiquem em carne viva e sangrando. Os ascetas
passam fome a ponto de morrer - exceto que a morte não virá para
eles uma segunda vez.
Este quadro serve como um aviso para aqueles que profes-
sam falsamente a fé, seja para ganho pessoal ou simplesmente
para evitar o ostracismo. A repetição autodestrutiva dos ritu-
ais de adoração fala ao vazio dos gestos vazios desprovidos
de significado. Como a descrição sugere, esses quadros são
igualitários e podem conter zombarias de qualquer religião.
Entrar em tal quadro requer que um personagem suba ao
púlpito (ou alguma estrutura equivalente) e pregue aos mor-
tos; embora isso o poupe das agonias que os “fiéis” suportam,
ele encontra sua mente assaltada por estranhas visões apoca-
lípticas e vozes terríveis. Ele ganha uma perturbação da esco-
lha do Narrador que dura até ele deixar o Mundo Subterrâ-
neo. Resolver o quadro pode, obviamente, envolver ajudar os
mortos a encontrar sua fé novamente, mas pode facilmente
exigir que um fantasma admita ser ateu e pare de fingir.
108
Capitulo Quatro: As Profundezas Autoctones
A Casa da Indulgência Carmesim (Temperança)
A pedra áspera das paredes da caverna dá lugar a mármores
elegantemente trabalhados, o chão liso e brilhante e coberto de ta-
petes. Sofás longos e baixos estão espalhados pela câmara, onde os
fantasmas se entregam a desejos mundanos e extravagantes. Aqui,
um casal fode um ao outro com eficiência mecânica e rotineira, os
olhos vazios e sem paixão. Lá, outro está insensato, babando e se
contorcendo com uma agulha no braço. No canto sombreado, um
homem mata outro homem a cada minuto. Cada vez, a morte é
mais complicada e dolorosa do que a anterior, e cada vez, a vítima
se levanta para ser morta novamente.
Os seres humanos são criaturas vis, governadas por im-
pulso e desejo - e, ainda assim, paradoxalmente, ceder a esses
vícios sem restrições leva ao tédio e a paixões cansadas. Este
quadro lembra a seus participantes que a autocontenção é a
marca da virtude e da sabedoria. Infelizmente, muitos vêem
este quadro não como uma lição objetiva de moralidade, mas
sim como um buffet de delícias terrenas. Entrar no quadro é
tão fácil quanto ceder, mas isso acarreta um risco ainda maior
do que o normal: o jogador deve fazer um teste de Perseveran-
ça + Autocontrole para evitar que seu personagem se torne
viciado na natureza pecaminosa do Mundo Subetrrâneo, con-
forme descrito na pág. 124. Ele deve fazer este teste, mesmo
que não seja o Vício do personagem sendo indulgente (por
exemplo, um Glutão fazendo sexo com um fantasma-súcubo,
ou um personagem Irado tomando drogas exóticas). Se o Ví-
cio do personagem e a indulgência forem iguais (por exemplo,
o Glutão se empanturrando de festas funerárias ou o homem
colérico esculpindo um fantasma com facas espectrais), esse
teste é feito com uma penalidade de -2.
Na Presença dos Mortos
Embora o Mundo Subterrâneo em si não seja psicoativo,
a cultura e a religião mortal transbordam em um aspecto im-
portante: os próprios fantasmas. Para continuar o exemplo
das Profundezas abaixo de Bagdá, enquanto as próprias Pro-
fundezas podem se assemelhar a Irkalla, com túneis bloquea-
dos por portões ensanguentados que se abrem apenas quan-
do os viajantes sacrificam um pedaço de sua própria carne,
os fantasmas da área são quase certamente muçulmanos, já
que qualquer fantasma velhos o suficiente para praticar as
crenças da antiga religião suméria há muito teriam sido arras-
tados para os Mistérios Inferiores, e suas crenças na vida e as
práticas funerárias realizadas por eles moldam a “sociedade”
do Mundo Subterrâneo. Eles podem acreditar que residem
em Barzakh (uma espécie de “área de espera” onde os mortos
dormem em um sono frio até chegar o Dia do Julgamento) e,
como tal, passam a maior parte do tempo dormindo, relem-
brando suas vidas em preparação para o Dia do Julgamento.
É difícil determinar se esse comportamento é forçado pelo
próprio Mundo Subterrâneo ou é apenas a reconciliação dos
fantasmas de seu destino com as crenças que mantinham na
vida.
Esses elementos culturais são transmitidos às sombras
dos próprios mortos, independentemente da religião predo-
minante na região - e para aqueles que pensam que a religião
é o aspecto principal que define a “cultura da morte”, con-
sidere: tanto a Cidade do México quanto Boston são predo-
minantemente católicas, e ainda mais do que os quilômetros
entre eles estão as diferenças entre o Dia dos Mortos e o veló-
rio de um Southie no bar irlandês local. Costumes como es-
ses chegam ao Mundo Subterrâneo na forma de mercadorias
mortíferas, ecos funerários e o comportamento e as crenças
dos próprios mortos.
Bens Sepulcrais
Hoje em dia, poucas culturas ainda aderem à ideia de que
os bens enterrados com os mortos os acompanhariam em sua
jornada para a vida após a morte. Os dias dos reis enterrados
com tesouros e provisões para suas viagens já se foram - e
para os mortos, isso é uma pena, porque é verdade. Obje-
tos enterrados (ou cremados, ou deixados com o corpo) com
os mortos às vezes criam um “duplo” fantasmagórico que
aparece na pessoa do fantasma quando ele chega ao Mundo
Subterrâneo. O duplo é idêntico ao objeto físico e parece
curiosamente imune à entropia que geralmente permeia a
Grande Profundidade.
Nem todos os objetos deixados em um caixão são vistos
dessa maneira - geralmente, deve ser algo pertencente ao fa-
lecido ou algo de grande significado pessoal (literal ou sim-
bolicamente). Uma aliança de casamento pode cruzar com
o espírito de seu dono, mas os brincos que ela foi enterrada
usando provavelmente não, a menos que sejam importantes
para ela. O livro favorito de uma melhor amiga não pertence
ao falecido, nem é particularmente importante para ela em
si - ela sempre achou o autor um tanto seco - mas como um
símbolo de sua amizade, tem o peso para carregar. Em cul-
turas que fazem oferendas pelos mortos (como as festas do
Dia dos Mortos ou a prática chinesa de queimar papel joss),
o item nem precisa ser enterrado com o falecido; as ofertas
simplesmente aparecem no Mundo Subterrâneo, em algum
lugar perto do fantasma para o qual a oferta foi feita.
Essas ofrendas (o termo mais frequentemente usado
pelos exploradores do Mundo Subterrâneo) raramente são
objetos úteis por si mesmas; as pessoas não são mais enterra-
das com espadas e escaleres, então é mais provável que sejam
peças de joalheria ou pequenos tokens pessoais semelhantes.
Apesar disso, eles são mercadorias muito cobiçadas entre os
mortos (e entre aqueles que exaltam os mortos, como alguns
Devoradores de Pecados). Para muitos fantasmas presos no
Mundo Subterrâneo, ofrendas são os únicos vislumbres do
mundo vivo que eles têm permissão, e para os fantasmas das
Profundezas Autóctones, jovens o suficiente para ansiar por
suas vidas perdidas, esses lembretes podem ser coisas pode-
rosas. Uma vez por capítulo, um fantasma pode olhar uma
ofrenda e recuperar um ponto de Essência como se tivesse
sido lembrado pelos vivos (veja o Livro de Regras O Mundo
das Trevas, p. 208). A ofrenda em questão não precisa ser
do próprio fantasma. Muitos fantasmas não medem esforços
para adquirir suas metas, e alguns até mesmo “marcam” lu-
gares por onde eles costumam cruzar.
Ofrendas também são úteis para exploradores vivos.
Uma ofrenda pertencente a um fantasma específico conta
como uma das âncoras desse fantasma para fins mágicos (por
exemplo, determinar simpatia oculta), mesmo que o objeto
físico não seja uma âncora (e os fantasmas no Mundo Sub-
terrâneo geralmente não têm âncoras; é, de fato, por que
eles estão aqui e não no mundo dos vivos). Uma ofrenda
retirada do Mundo Subterrâneo (uma proposição perigosa; a
maioria dos fantasmas lutará violentamente para mantê-los)
atua como um memento amuleto (ver Geist: Os Devorado-
res de Pecados pág. 195), e um Devorador de Pecados pode
usar a cerimônia de Amarração de Grilhões para prender um
fantasma em uma ofrenda como se fosse uma das âncoras do
fantasma. Transformar a ofrenda em um Grilhão substitui
suas propriedades como um amuleto.
Ecos Funerários
Eles dizem que a jornada é mais importante do que o
destino e, em alguns aspectos, pelo menos, isso também
vale para a jornada ao Mundo Subterrâneo. A maneira pela
qual os mortos são enterrados é transferida para a Grande
Profundidade, moldando sua geografia e seu ambiente. O
funeral de um único indivíduo não tem muito impacto, mas
como o lodo lavado ao longo de um rio, eventualmente o
peso dos números pode criar um impacto abrangente nas
Profundezas Autóctones como um todo. Particularmente em
lugares onde uma única prática funerária é comum, as pró-
prias cavernas e túneis da Grande Profundidade tornam-se
lembretes onipresentes da morte.
Onde os mortos estão enterrados, os túneis adquirem
uma sensação apertada e claustrofóbica, comprimindo-se por
todos os lados. O teto pode parecer ser de terra solta (às ve-
zes perturbadoramente), sustentada por uma treliça de raízes
de árvores retorcidas como veias de borracha velhas. Aqui
e ali, o canto de um caixão se projeta para fora da parede,
ou um encaixe de latão quase invisível brilha na escuridão.
Passagens restritas são um perigo onipresente e é muito fácil
ficar preso. Personagens que encontrarem tal passagem res-
trita devem ter sucesso em um teste de Destreza + Esportes
para passar, com penalidades de -1 a -5 dependendo de quão
109
Sangrando Culturas
 restrita a passagem é. Fracasso significa que eles não conse-
guem passar, mas fracasso dramático significa que eles ficam
presos e devem ser puxados por outra pessoa (um teste de
Força + Esportes).
Enterrar os mortos em tumbas não é tão comum como
antes, mas ainda acontece, seja porque as condições locais
proíbem o sepultamento (como por exemplo em Nova Or-
leans) ou como uma demonstração de riqueza e prestígio. O
Mundo Subterrâneo reflete isso com paredes frias e polidas
de mármore (ou qualquer pedra comumente usada em mau-
soléus), muitas vezes acompanhada por uma pesada quietude
no ar. Bolsões de ar ruim e doenças antigas e esquecidas pare-
cem comuns nessas áreas; os exploradores podem encontrar
um local onde o ar é um veneno inalado, ou podem ficar
expostos à febre tifóide ou alguma outra doença que tenha
sido amplamente esquecida.
Em muitas partes do mundo, a cremação é o meio mais
comum de eliminação dos restos mortais. Não surpreenden-
temente, isso se reflete no Mundo Subterrâneo por tempera-
turas sufocantes, saídas de vapor e, ocasionalmente, até mes-
mo rajadas de fogo saindo do solo ou das paredes. Os túneis
assumem uma aparência metálica manchada de fuligem e,
em alguns lugares, o chão se torna uma folha plana de aço,
quente como uma frigideira. Os extremos de temperatura
(veja o Livro de Regras O Mundo das Trevas, pág. 181) são
sempre um risco, assim como os jatos de fogo (trate como um
ataque com uma parada de dados de quatro a oito, depen-
dendo da gravidade, infligindo dano letal).
Embora o enterro, o sepultamento e a cremação sejam
as práticas funerárias mais comuns, a raça humana desenvol-
veu alguns meios mais exclusivos de se livrar dos corpos. Os
budistas tibetanos às vezes realizam “enterros no céu”, nos
quais o cadáver é cuidadosamente desmembrado e deixado
em pedaços no topo de uma montanha para ser devorado
por necrófagos, enquanto os zoroastrianos deixam seus mor-
tos expostos em “torres de silêncio” que têm quase o mesmo
propósito. Onde essas práticas são comuns, o Mundo Subter-
râneo reflete a prática com pontes estreitas e em ruínas que
abrangem vastas cavernas subterrâneas; as “paredes” nada
mais são do que céu aberto, e Deus sabe o que aguarda o
pobre coitado que cai. O enterro no mar pode gerar túneis
viscosos parcialmente inundados com água suja e salobra.
Em lugares onde os mortos muitas vezes não são enterrados
(como regiões selvagens inacessíveis ou locais de despejo de
multidões), o Mundo Subterrâneo se torna mais selvagem
e ameaçador. As coisas parecem se mover nas sombras nas
bordas de nossa visão, e sons fracos e meio imaginários de
predadores espreitando ecoam da pedra.
Uma Curiosa Geografia
É fácil ignorar, dado o layout muitas vezes bizarro do
Mundo Subterrâneo, mas aqueles que dedicam tempo a estu-
dar a cartografia da morte notaram um fato curioso: quando
os mortos chegam ao Mundo Subterrâneo, eles tendem a se
reunir com base em algum elemento comum. Às vezes, é uma
faceta de sua vida: cristãos mortos se encontram chegando
em túneis habitados por aqueles que compartilham sua fé,
ou pessoas nascidas na mesma cidade acabam na mesma
parte das Profundezas. Outras vezes, tem algo a ver com sua
morte: Devoradores de Pecados de Boston avisa os recém-
110
Capitulo Quatro: As Profundezas Autoctones
-chegados a evitar o “Beco do Assassinato “, uma seção dos
Alcances Superiores onde os Destroçados mortos na violên-
cia de gangues se escondem. As profundezas de Nova Orleans
são segregadas por qual dos muitos cemitérios da cidade os
mortos foram enterrados.
Conhecer o layout das Profundezas Autóctones pode ser
uma bênção para exploradores em busca de uma sombra es-
pecífica - encontrar um fantasma entre milhões incontáveis
torna-se mais fácil se for possível restringir a pesquisa a “Chi-
natown Morta” abaixo de San Francisco ou ao Hospício nas
profundezas de San Antonio, onde os fantasmas Enfermos
permanecem. Também pode ajudar a afastar os exploradores
do perigo. Saber onde fica o Corredor da Morte sob Sacra-
mento (onde se escondem os fantasmas dos prisioneiros exe-
cutados) e como evitá-lo pode salvar sua vida.
Nekyia
O termo nekyia vem da mitologia grega e significa uma
viagem ao Mundo Subterrâneo. É um motivo encontrado em
culturas e religiões em todo o mundo: a maioria dos heróis
gregos fez isso (Hércules, Teseu, Odisseu e, claro, Orfeu),
Gilgamesh foi lá para aprender o segredo da imortalidade e
Izanagi tentou (e não conseguiu) resgatar sua esposa Izanami
de Yomi na mitologia japonesa. Até mesmo a ideia cristã do
Terror do Inferno, em que Jesus desce ao Inferno para resga-
tar as almas virtuosas que morreram antes de sua vinda, segue
o mesmo motivo.
Uma viagem ao Mundo Subterrâneo nunca é uma coisa
rotineira. A Grande Profundidade não é um ponto de parada
conveniente para os ocultistas mastigarem a gordura com os
mortos, é um lugar de pressentimento sombrio e terrível pe-
rigo. Mesmo os Devoradores de Pecados, que penetram nas
profundezas com maior facilidade do que qualquer outra pes-
soa, não entram levianamente - e ainda evitam os Mistérios
Inferiores, a menos que não tenham outra escolha. Ainda
assim, alguns possuem motivos convincentes para trilhar esse
caminho sombrio e sem luz, e estão em busca de grandes re-
compensas que valem até mesmo os riscos mais terríveis.
Que objetivos levam os homens a enfrentar os Portões
Avernianos, a se esgueirar pela porta que apenas os mortos
deveriam levar e (com sorte) retornar mais uma vez às terras
da luz e da vida? Que tesouros insubstituíveis os levariam a
arriscar a vida, os membros e a sanidade ao mergulhar nas ca-
tacumbas abaixo dos lugares mais profundos da terra? Aqui,
vamos falar um pouco sobre o que um explorador do Mun-
do Subterrâneo pode realizar nas Profundezas Autóctones e
quais recompensas ele pode trazer de volta com ele.
Resgate
É a história mais antiga do livro: (literalmente - quase
a história mais antiga existente de uma viagem ao Mundo
Subterrâneo é a descida de Ishtar para resgatar seu amante
Tammuz) alguém morreu antes do tempo, e um homem ou
mulher viva deve trilhar o caminho sem luz na Grande Pro-
fundidade para trazê-los de volta para casa. Os antropólogos
dirão que isso nada mais é do que uma fábula para explicar a
mortalidade humana ou uma metáfora para a mudança das
estações. Os antropólogos estão errados.
 Resgatar uma sombra do Mundo Subterrâneo é um pro-
cesso difícil e não é tão simples como alguns mitos fazem
você acreditar. Não é suficiente viajar para os Alcances Su-
periores (para não falar dos Mistérios Inferiores), encontrar
o fantasma da vítima e trazê-la de volta ao Portão Avernia-
no. Lembre-se, os fantasmas vão para o Mundo Subterrâneo
quando não têm mais âncoras para prendê-los ao mundo dos
vivos: um fantasma trazido a um Portão Averniano sem ânco-
ras simplesmente não pode cruzar o limiar, mais do que um
homem vivo pode se erguer do chão com suas próprias mãos.
Os seres sobrenaturais, é claro, têm maneiras de contor-
nar esses problemas. Necromantes e Devoradores de Pecados
podem prender um fantasma a uma nova âncora, os xamãs
lobisomem podem criar fetiches para transportar a alma
além do limite e poderosos feiticeiros podem simplesmente
criar um novo corpo com um pano inteiro e colocar o fantas-
ma para descansar dentro dele. Mas e os mortais comuns? Há
espaço para a história de um homem, sua esposa tirada dele
na flor da juventude, que encontra um mapa antigo e uma
promessa tingida com sangue? Que tal uma mãe descendo
às Profundezas para resgatar a criança que ela não conseguiu
proteger em vida?
Como acontece com tantas coisas na Grande Profundi-
dade, a resposta é “Sim, mas a um preço”. O Mundo Sub-
terrâneo segue suas próprias leis arcanas, e às vezes essas leis
são menos como as leis da física e mais como as leis contratu-
ais. Brechas podem ser exploradas, acordos podem ser feitos
(mas com quem?) - mas a vida não sai barata e a morte leva a
uma barganha difícil.
Quebrando a Lei
Sem recorrer a poderes sobrenaturais (que provavelmen-
te terão seus próprios custos), um aspirante a salvador deve
descobrir uma maneira de contornar as leis do Mundo Sub-
terrâneo se quiser chegar a algum lugar em sua busca. Alguns
desses segredos estão enraizados na mitologia, outros são se-
gredos ocultos registrados em apenas alguns tomos antigos e
decadentes. Apenas encontrar uma dessas lacunas (especial-
mente para um mortal comum não iniciado nos mistérios do
ocultismo) é provavelmente uma história em si; no mínimo,
é uma tarefa de pesquisa (veja o Livro de Regras O Mundo
das Trevas, p. 55) usando Inteligência + Ocultismo.
• Como sugerido pela história de Orfeu e Eurídice, se
uma pessoa viva (dependendo de quem você perguntar,
“vivo” pode ou não incluir coisas como vampiros e Pro-
meteus) leva um fantasma para fora das Profundezas Au-
tóctones para um Portão Averniano sem nenhuma vez
E os Misterios Inferiores?
É teoricamente possível resgatar uma alma dos Mistérios Inferiores, embora seja exponencialmente mais
complexo. Mesmo que tirar um fantasma de um dos Domínios Mortos não viole as Leis Antigas, os Kerbe-
roi parecem ter um senso infalível de quando alguém está tentando resgatar uma sombra de seu reino e
perseguirá o suposto Orfeu até o confins da terra.
Discutimos o ciclo de resgate aqui, no capítulo dedicado às Profundezas Autóctones, simplesmente porque
a motivação para o resgate é geralmente pessoal, e a menos que o suposto salvador esperou mais de um
século para fazer a tentativa (o que, admitido, não é totalmente implausível), o resgate provavelmente se
desenrola nos Alcances Superiores.
olhar para o fantasma, a sombra pode deixar o Mundo
Subterrâneo (e não, ficar em um Portão Averniano e con-
jurar o fantasma de costas não conta). O que parece real-
mente acontecer é que esse ato de profunda fé e devoção
fica gravado no fantasma, fazendo com que seu salvador
se torne uma nova âncora. O que Orfeu nunca conseguiu
descobrir (e teria ficado gravemente desapontado se o ti-
vesse feito) é que essa brecha não traz os mortos de volta
à vida, apenas permite que o fantasma volte ao mundo
dos vivos.
• Para aqueles que estão dispostos a enfrentar os perigos
ainda maiores dos Mistérios Inferiores, uma velha lenda
diz que passar por sete portões (ou em algumas versões
da história, cruzar sete rios) e, em seguida, retornar aos
Alcances Superiores concede ao viajante o direito de to-
mar um dos mortos de volta à terra dos vivos. Algumas
histórias dizem que o fantasma volta à vida e à saúde ple-
na, mas algumas versões contam contos mais sombrios.
Os monstros de criação chamados Prometeus dizem que
o processo cria algo muito parecido com eles, uma cons-
trução sem alma de ectoplasma e carne falsa que destrói a
terra ao seu redor e nunca conhecerá a paz até que encon-
tre uma maneira de transcender seu estado lamentável.
• Qualquer pessoa disposta a viajar para o Mundo Sub-
terrâneo para resgatar a alma de alguém provavelmente
está disposta a sacrificar sua vida para conseguir isso.
Pena que o Mundo Subterrâneo não parece se importar
muito com esse comércio. Para o Mundo Subterrâneo
revelar seus segredos, ele precisa de algo mais: o Limiar
do sacrifício deve se alinhar com o Limiar dos mortos,
talvez, ou a vítima deve ressoar com a sombra para ser li-
bertada. Além disso, o Mundo Subterrâneo nunca nego-
cia em uma proporção de um para um: um homem que
busca resgatar sua esposa que morreu de picada de cobra
deve envenenar 13 pessoas. Uma mulher que só quer sua
filha de volta deve dar essa mesma tragédia a outras sete
mães: uma para cada ano da vida de sua filha.
• Eles dizem que se você trouxer um cadáver para o Mun-
do Subterrâneo com você, e se você colocá-lo em seu cai-
xão lá embaixo no escuro com um banquete à beira do
túmulo ou uma oferenda de um coração recém-morto ou
talvez um escaravelho dourado banhado no sangue de
uma virgem mártir, então o fantasma de seu dono virá ao
seu chamado. Fantasmas não gostam de ser lembrados de
que estão mortos, então você tem que se mover rápido,
mas eles dizem que você pode lutar com aquele fantasma
de volta para seu corpo e ele vai sentar-se, tão vivo quanto
111
Sangrando Culturas - Nekyia
 você quiser. O único problema é que você tem que costu-
rar a boca e os olhos do pobre coitado, ou o fantasma vai
voar para fora novamente quando você chegar ao mundo
dos vivos.
• Às vezes, o “resgate” não é trazer alguém para fora, é im-
pedir alguém de entrar. Talvez graças a alguma forma de
precognição, uma mulher veja a tragédia inesperada que
acontecerá com seu irmão na próxima semana. Talvez
não seja nada mais do que inevitabilidade no trabalho:
um homem está do lado de fora do quarto de hospital de
seu filho, observando o menino escapar dele. Se ele en-
trar naquela sala, os germes que carrega matarão o meni-
no. Se você olhar no livro antigo certo, poderá encontrar
a brecha: tire uma foto daquele que vai morrer, tire uma
foto de outra pessoa e leve os dois para o Mundo Sub-
terrâneo. Queime ambas as fotos em uma encruzilhada
e espalhe as cinzas, e o destino muda. Aquele que teria
vivido morre, e aquele que teria morrido vive.
Riscos e Recompensas
Mesmo além do terrível custo que pode ter de ser pago
para salvar uma vida, muitos riscos surgem quando se tira
alguém do Mundo Subterrâneo. Embora a Grande Profun-
didade torne os fantasmas mais conscientes e autoconscien-
tes do que suas contrapartes na terra dos vivos, eles ainda
podem ser petulantes ou irracionais, propensos a explosões
violentas ou distrações potencialmente fatais. O fantasma em
questão pode ter sido sugado para um quadro ou perdido
nas profundezas dos túneis, a quilômetros de distância do
Portão Averniano mais próximo. E então, é claro, devemos
nos preocupar com os mortos. Se a notícia de que alguém
tem uma maneira de trazer os mortos de volta à vida (ou mes-
mo apenas tirá-los do Mundo Subterrâneo), essa pessoa pode
esperar ser cercada por sombras desesperadas para serem tra-
zidas junto. Algumas delas não aceitam não como resposta.
As recompensas, é claro, são óbvias. Um ente querido
perdido restaurado, uma segunda chance, um erro repara-
do. Ainda assim... às vezes a ressurreição não ocorre tão bem
quanto se esperava. O homem morto retorna ligeiramente
mudado - talvez ele comece a comer bifes malpassados quan-
do era vegetariano, ou ele precisa ser lembrado do nome de
seu filho. Às vezes é mais do que isso: a mulher sente como se
a Grande Profundidade estivesse à espreita atrás dela, se apro-
ximando cada vez mais - e a única coisa que pode mantê-lo
afastado é uma contagem cada vez maior de corpos.
Então, novamente, às vezes os mortos voltam à vida per-
feitamente. O que você pode fazer, exceto rolar os dados?
Conhecimento
Os mortos guardam muitos segredos. Alguns são insig-
nificantes - um homem deixa seu relógio de bolso da sorte
em uma lanchonete por engano e morre em um acidente de
carro a caminho de casa. Algumas importam apenas para
aqueles a quem o segredo diz respeito - a mulher leva para
o túmulo o fato de que seu marido não é o pai de seu filho.
Alguns podem até mudar o curso da história - em algum lugar
nas Profundezas Autóctones, alguém conhece a verdade por
trás do assassinato de John F. Kennedy.
Perseguir os segredos do túmulo pode ser uma proposição
arriscada: além dos perigos apresentados pelo Mundo Subter-
râneo, muitos fantasmas estão mal inclinados a compartilhar
seus conhecimentos com os vivos - pelo menos, não sem re-
ceber algo em troca. Não é que os mortos sejam particular-
mente reservados, mas para muitos deles, o conhecimento
é a única coisa com a qual eles têm que negociar. Por outro
lado, a maioria percebe que o conhecimento é uma das úni-
cas coisas que podem ser úteis para eles. O fantasma de um
pai que morreu antes da formatura de sua filha deseja de-
sesperadamente vê-la cruzar esse palco e, para uma descrição
(ou melhor ainda, uma fotografia) do evento, ele pode estar
mais inclinado a transmitir o que sabe. Um espírito orgulho-
so que, em vida, construiu um império de negócios que se
estendeu por todo o mundo, fica ansioso por qualquer no-
tícia sobre os preços das ações de sua empresa e está sempre
disposto a fazer um negócio.
Diretório de Informação
Se você tiver sorte, encontrar o fantasma que tem suas
informações é fácil (bem, tão fácil quanto qualquer coisa en-

Vida pela vida

Uma coisa que o Mundo Subterrâneo entende é o valor de uma negociação. Se os senhores da morte e
Cavaleiros existem para serem suplicados, ou se o comércio é simplesmente equilibrar a balança de um
universo mecânico e indiferente (um... deus-máquina, se preferir) é um tópico fortemente debatido por
ocultistas e exploradores do Mundo Subterrâneo, mas o fato é que a Grande Profundidade parece mais do
que feliz em embaralhar o destino. Raramente é tão fácil quanto “minha vida pela dela”, é claro, como os
boatos e lacunas abaixo podem atestar.

Outros resgates
Esta seção se concentra mais fortemente na ideia mítica de restaurar os mortos à vida porque, bem, é
um mito poderoso. Não é o único tipo de história de resgate, é claro: mortais vivos, até mesmo seres so-
brenaturais podem se perder lá embaixo e podem precisar de amigos para pescá-los. Ou o resgate pode
não envolver revivificação: encontrar uma sombra presa no Mundo Subterrâneo e ajudá-la a resolver sua
história e seguir em frente é um resgate.

112
Capitulo Quatro: As Profundezas Autoctones
volvendo a Grande Profundidade pode ser). Se você quiser
saber quem matou uma mulher em uma sala trancada sem
testemunhas, basta passar por um Portão Averniano, con-
vocar o fantasma dela bem ali no limiar (você conhece um
pouco de magia para conjurar fantasmas, certo?), e faça suas
perguntas. Fácil, certo?
Bem, talvez, mas raramente é tão simples. Na maioria das
vezes, se você souber o nome de uma determinada sombra,
poderá imaginar um ritual mágico que a convocará de onde
quer que esteja. Os Devoradores de Pecados, por exemplo,
têm um talento inato para isso graças à sua conexão com o
Mundo Subterrâneo, e os magos com a Morte •• e Espaço
•• podem realizar um feitiço simpático que pode conjurar
um fantasma. Lobisomens e vampiros da mesma forma têm
(ou podem facilmente desenvolver) rituais próprios capazes
de tal façanha. A única regra que se aplica é que fantasmas
não podem ser convocados através de uma “fronteira”. Por
exemplo, um fantasma à espreita nos Alcances Superiores
não pode ser convocado para a terra dos vivos, enquanto um
fantasma de três rios “profundos” só pode ser convocado por
alguém que cruzou três rios ele mesmo.
O que acontece quando um explorador não consegue
acessar um ritual de invocação? Ou pior ainda, e se o explora-
dor simplesmente não souber o nome (ou mesmo a identida-
de) do fantasma que deseja? Conjurar aquela vítima de assas-
sinato se torna muito mais difícil se seu assassino a queimou
tanto que a polícia não consegue identificá-la e, embora seja
provável que algum fantasma conheça toda a história por trás
do assassinato de Kennedy, por onde você começa? Talvez
Oswald esteja lá, mas ele estava realmente envolvido nisso?
Como você encontra um homem morto que não quer ser
encontrado?
Rastreando um Fantasma
na Grande Profundidade
Parada de Dados: Manipulação + Investigação
Ação: Prolongada (cada teste representa meia hora de bus-
ca; o número de sucessos necessários é igual ao número de
anos em que o fantasma está morto). Quando um explorador
do Mundo Subterrâneo precisa encontrar um fantasma espe-
cífico dentro do labirinto tortuoso da Grande Profundidade
e não tem uma forma de feitiçaria para chamar o fantasma
até ele, ele praticamente tem que fazer o trabalho braçal so-
zinho. Ele vagueia pelos túneis, interrogando os mortos que
encontra, esperando por uma pista. Os mortos veem muito
e a maioria fica feliz em ajudar... por um preço. Obviamente,
dado o tamanho e o escopo do Mundo Subterrâneo, esta é
uma perspectiva arriscada na melhor das hipóteses - começar
de algum lugar “perto” de onde o fantasma morreu ajuda,
mas mesmo assim pode ser um processo árduo, e encontrar
uma sombra morta mais do que uma década ou mais é uma
tarefa assustadora.
Para usar esta ação, o personagem deve realmente vagar
pelo Mundo Subterrâneo em busca de sua presa; simples-
mente ficar parado em um ponto e interrogar qualquer
fantasma que simplesmente passe por ali é grosseiramente
ineficiente (aumente o tempo por teste para três horas). Se o
pesquisador fizer uma pausa em sua pesquisa (digamos, para
retornar ao mundo mortal para dormir ou comer), ele pode
retomar a trilha em uma data posterior, mas para cada oito
horas que passam sem seguir ativamente as pistas, ele perde
um sucesso de seu total acumulado à medida que a trilha
esfria. O Narrador deve pedir testes para Navegando em Pas-
sagens Escuras (ver pág. 99) coincidindo com a investigação,
pois é muito fácil ficar tão envolvido em seguir a trilha que
você perde de vista onde diabos você está.
Resultados do Teste
Fracasso Dramático: Um fantasma rancoroso desenca-
minha o personagem, ou ele interpreta mal as palavras de
um espectro e termina em uma perseguição louca. Além de
perder uma hora de seu tempo, ele sofre -2 de penalidade
nas jogadas subsequentes até que acumule cinco sucessos
adicionais.
Fracasso: Nenhum progresso é feito; os fantasmas nesta
parte do Mundo Subterrâneo não ouviram falar da sombra
que o explorador está procurando.
Sucesso: O explorador faz progressos para encontrar seu
objeto.
Sucesso Excepcional: Um progresso extraordinário é fei-
to, e um informante fantasmagórico dá ao personagem uma

Gancho de historia (operacao: Mnemosyne)

Muitos ocultistas também são loucos por conspiração, e alguns deles veem o Mundo Subterrâneo como
uma forma de obter a verdade sobre os grandes mistérios do século passado: Kennedy (os dois), Marilyn,
Roswell, Princesa Di. Alguns até passam o tempo procurando os fantasmas de Tupac ou Elvis, como se não
encontrá-los de alguma forma provasse que esses homens ainda estão vivos.
Uma Comparsa de Devoradores de Pecados, a História Secreta da Filadélfia, sempre foi sobre a ideia de
descobrir teorias da conspiração com a ajuda dos mortos. O que eles descobriram, porém, é que em todas
as Profundezas Autóctones, os fantasmas dos principais participantes dessas teorias simplesmente... sumi-
ram. Não “sumiu” no sentido de “não podemos encontrá-los” ou “desapareceu” no sentido de “resolveram
suas âncoras e seguiram em frente”, simplesmente sumiu.
A comparsa falou com vários espectros que afirmam ter visto e falado com os fantasmas de Robert Kenne-
dy, Henri Paul e Mac Brazel, mas quando a História tentou encontrá-los, eles foram violentamente atacados
por sombras em ternos pretos e chapéus, com “auras estranhas, como se estivessem vivos e mortos ao
mesmo tempo”. Quando uma dos comparsas tentou escanear a mente do “fantasma”, tudo o que conse-
guiu foi uma reação psíquica massiva e a frase “Projeto: ORPHEUS”.

113
Nekyia
 informação sobre o alvo que o explorador não conhecia.
Usar essas informações em uma conversa com o alvo, uma
vez que seja encontrado, dá um bônus de +2 em todos os
testes Sociais feitos contra o fantasma durante a cena.
Modificadores Sugeridos
Modificador Situação
+2 O investigador na verdade tem uma
parte (do tamanho do punho ou maior)
do cadáver original do fantasma. Uma
xícara com as cinzas do fantasma pode
funcionar se o corpo tiver sido destruído.
+2 O investigador começa sua busca de um
Portão Averniano dentro de oito
quilômetros de onde o fantasma morreu
+1 Para cada litro de sangue (humano ou
animal) ou pedaço de comida oferecido
como uma ofrenda aos fantasmas ao longo
da trilha. Cada ofrenda individual pode
adicionar um bônus de +1 a uma jogada.
+1 Para cada item de significado pessoal da
vida anterior do fantasma (carteira de
motorista, diário, Polaroid, etc.)
+1 O investigador sabe o nome verdadeiro
completo do fantasma
-1 O investigador sabe apenas parte do
nome verdadeiro do fantasma
-2 O investigador começa sua busca de um
Portão Averniano entre oito e vinte e
quatro quilômetros de onde o fantasma
morreu
-1 a -5 O investigador não está procurando um
fantasma específico, mas apenas um que
atende a um determinado critério. A
penalidade é baseada na especificidade
do requisito (por exemplo, “um fantasma
que pode me ensinar astrologia” é -1 ou
“um fantasma que testemunhou a
tentativa de assassinato de Adolph
Hitler” é -5).
-3 O investigador não sabe nenhuma parte
do nome do fantasma
-3 O investigador não oferece ofertas em
troca de informações
-4 O investigador começa sua busca em um
Portão Averniano a mais de 24 km de
onde o fantasma morreu
-5 O investigador sabe muito pouco sobre o
fantasma (por exemplo, nada mais do
que as circunstâncias e o local da morte
ou uma vaga descrição física)
114
Capitulo Quatro: As Profundezas Autoctones
Tutela dos Mortos
As culturas antigas comungaram com os espíritos de
seus ancestrais para aprender sua sabedoria. Necromantes
conjuram os mortos para colher seu conhecimento. De fato,
embora a cultura popular tenha sequestrado a palavra para
descrever aqueles que comandam os mortos, a palavra “necro-
mancia” na verdade vem das raízes gregas nekrós (“morto”) e
maneteía (“adivinhação”): literalmente, obter conhecimento
dos mortos. Mas por que se dar a todo esse trabalho, por que
arriscar sua vida quando certamente a tutela mortal pode ser
encontrada? Especialmente nos dias de hoje, quando a In-
ternet pode fornecer instruções passo a passo para qualquer
coisa, desde reconstruir um motor até pegar mulheres, por
que alguém se arriscaria a descer ao Mundo Subterrâneo para
aprender aos pés dos mortos inquietos?
Deixando de lado os casos óbvios em que apenas um ho-
mem morto possui o conhecimento em questão, a sabedoria
dos mortos tem poder. A tutela no Mundo Subterrâneo é
mais rápida e fácil de dominar do que aprender com um pa-
trono vivo. Precisamente por que isso acontece é apenas um
dos mistérios da Grande Profundidade; alguns sugerem que
os fantasmas são manifestações da psique pura e, livres da
carne, são capazes de transmitir o conhecimento diretamente
do âmago de seu ser para o âmago de outra pessoa. Outros
afirmam que o tempo flui estranhamente no Mundo Sub-
terrâneo, e que a velocidade do aprendizado é apenas uma
ilusão. Seja qual for o caso, um personagem vivo que viaja
para o Mundo Subterrâneo para receber ensino de um fantas-
ma (em vez de simplesmente desenterrar alguma informação),
pode escolher um dos seguintes benefícios:
• Ele pode subtrair um do multiplicador de pontos de
experiência de uma Característica (por exemplo, aprender
uma Habilidade custa [novos pontos × 2] em vez de [novos
pontos × 3] pontos de experiência). Este custo reduzido se
aplica a quantos pontos o fantasma concorda em ensinar
- níveis mais altos de maestria, é claro, exigem um paga-
mento maior. Custos de experiência simples (como com-
prar Especializações de Habilidade ou pontos perdidos de
Força de Vontade) têm o custo reduzido em um ponto de
experiência. Esta tutela não pode reduzir o multiplicador
de uma Característica para menos de um ou o custo de
uma Característica de custo fixo para menos de um.
• Ele pode aprender um ou mais níveis de uma Habili-
dade instantaneamente, sem o tempo normal de inativi-
dade necessário. Por exemplo, uma pessoa normal leva
oito anos de estudo exaustivo para se tornar um médico
(representando a compra de vários pontos de Erudição,
Medicina e Ciências, junto com as Especializações cor-
respondentes). Um personagem aprendendo com um
fantasma, entretanto, pode pular instantaneamente de
um ponto em Medicina para quatro pontos, desde que
ele tenha economizado os 27 pontos de experiência que a
compra de três pontos de Medicina custa.
• Ele pode “trocar” pontos de Força de Vontade, repre-
sentando o fantasma desbloqueando sua habilidade inte-
rior à custa do foco. Cada ponto sacrificado de Força de
Vontade lhe dá oito pontos de experiência, que podem
ser aplicados a qualquer característica que o fantasma
possa ensinar. Ele não pode cair abaixo de um índice de
 Força de Vontade de um com este sacrifício. cento do tamanho total apenas das Profundezas Autóctones.
Tudo isso é apenas uma maneira elegante de dizer que
Fantasmas podem ensinar qualquer Habilidade ou Espe-
mapear a Grande Profundidade pode ser uma ótima manei-
cialização que possuam em vida, bem como qualquer Atri-
ra (embora às vezes ameaçadora da vida e da sanidade) para
buto. Eles podem ensinar Vantagens se tiverem a Vantagem
um grupo de exploradores ganhar algum dinheiro, favores
em vida e se a Vantagem representar algo que pode ser en-
ou bugigangas ocultas. Mesmo em lugares como Nova York,
sinado. As Vantagens Estilo de Luta, por exemplo, podem
onde um número anormalmente alto de Portões Avernianos
ser ensinadas, mas Recursos deve ser conquistado de alguma
pode ser encontrado e onde, não por coincidência, alguns
forma. Fantasmas não podem ensinar Manifestações, mas os
exploradores do Mundo Subterrâneo constroem suas casas,
geists podem. Outros poderes sobrenaturais dependem do
apenas cerca de 25% dos Alcances Superiores locais foram
Narrador: um fantasma pode ser capaz de ensinar a um mago
realmente mapeados, e desses 25%, apenas cerca de metade
o Arcano da Morte, mas provavelmente não pode ensinar
circula livremente; o resto é acumulado por várias Comparsas
Dons a um lobisomem.
de Devoradores de Pecados, alianças vampíricas e alcateias de
lobisomem. Novos mapas, especialmente de cartógrafos com-
Riscos e Recompensas provados e confiáveis, são tão bons quanto moeda.
Assim como no resgate do Mundo Subterrâneo, a recom-
pensa neste caso é a realização da tarefa em si: o viajante des-
cobre algum fato secreto e oculto, ou envolve um fantasma
Criação de um Mapa
Parada de Dados: Inteligência + Sobrevivência
para tutorá-lo em algum campo ou outro.
Ação: Estendida (cada jogada representa meia hora de
Os riscos, além dos óbvios riscos de viajar pelo Mundo
mapeamento; três a nove sucessos necessários por 1,5 quilô-
Subterrâneo em busca de um professor, residem no preço
metros mapeados)
que o fantasma cobra por seu conhecimento. Às vezes é bas-
Esta ação é semelhante, mas diferente das regras de “Na-
tante inócuo: o fantasma quer uma fotografia de sua filha ou
vegando em Passagens Escuras” apresentadas na pág. 99. A
quer ouvir sua música favorita mais uma vez. Às vezes, o cus-
maioria dos grupos cartográficos tem um ou mais navega-
to é alto, mas, em última análise, benigno: um banquete de-
dores e um cartógrafo que mapeia a Grande Profundidade
dicado à memória do fantasma quatro vezes por ano durante
enquanto viajam. Tentar criar um mapa após o fato é muito
os próximos cinco anos, ou uma antiguidade rara e cara que
mais difícil; veja os modificadores sugeridos abaixo.
o fantasma cobiçou em vida. Às vezes, especialmente para
Ao contrário de muitas ações estendidas, o mapeamento
conhecimento valioso ou perigoso, o custo é horrível: um
é um exercício aberto; nenhum número fixo de sucessos é ne-
sacrifício de sangue ou um acidente de carro projetado para
cessário para criar um mapa. Em vez disso, no início da ação,
ocorrer no mesmo cruzamento onde o fantasma morreu.
o cartógrafo deve decidir o quão detalhado ele deseja que o
Os mais perigosos são os custos que parecem inocentes,
mapa seja (em termos de jogo, qual bônus de equipamento
mas na verdade levam a uma tragédia horrível: o fantasma
o mapa fornecerá quando usado para navegar pelo Mundo
pede que um certo símbolo seja pintado com spray em um
Subterrâneo). O nível de detalhe representa quantos suces-
viaduto no centro da cidade, e o símbolo (na verdade a marca
sos são necessários para mapear um quilômetro de túneis
de uma gangue do outro lado da cidade) desencadeia um
(ou um quilômetro quadrado de caverna aberta). Um mapa
guerra sangrenta por território que mata 13 jovens. Uma car-
+1 é pouco mais que um esboço; as distâncias não estão em
ta escrita para uma velha amante, a mãe do filho do espectro,
escala e a navegação geralmente é feita contando interseções
parece bastante inofensiva, mas quando o marido da amante
em vez de medir distâncias. Apenas marcos grandes e perigo-
(o ex-parceiro do fantasma) a vê, ele fica furioso e mata sua
sos são observados, e suas localizações são aproximadas (seis
esposa e a criança que pensava ser sua. O sábio explorador
sucessos por quilômetro). Os mapas +2 são mais precisos;
do Mundo Subterrâneo faz sua pesquisa com cuidado antes
as distâncias estão mais próximas da escala, curvas e torções
de concordar com os termos de um fantasma para qualquer
individuais nas cavernas são anotadas e pontos de referência
coisa.
notáveis, mas não necessariamente perigosos, são anotados
(seis sucessos por quilômetro). Os mapas +3 são de nível pro-
fissional ou quase profissional, ostentando escala precisa, di-
Cartografi a mensões de túnel precisas e até mesmo pontos de referência
menores (nove sucessos por quilômetro).
O Mundo Subterrâneo é um reino vasto, possivelmente
até infinito, mas ao contrário de alguns dos outros lugares Enquanto o personagem continuar explorando, ele pode
estranhos que fazem fronteira com o Mundo das Trevas, seus continuar mapeando. Até recentemente, a capacidade de
túneis e passagens são fixos e imutáveis. Alguns dizem que carregar materiais de desenho limitava o tamanho efetivo
o Mundo Subterrâneo cresce um pouco com cada fantasma dos mapas do Mundo Subterrâneo, mas com o advento dos
que entra, enquanto outros dizem que seu tamanho foi fixa- computadores pessoais e do mapeamento digital, uma equi-
do no instante da criação e que, quando se encher, o mundo pe bem equipada pode passar semanas nas Profundezas, ma-
acabará. É difícil dizer, dado que mesmo a biblioteca de ma- peando centenas de quilômetros de uma vez.
pas mais completa e enciclopédica da Grande Profundidade, Visto que uma falha pode resultar em um mapa defeitu-
de propriedade de um grupo de magos do Mysterium em oso, o Narrador pode desejar fazer esses testes em nome do
Veneza, cobre apenas uma área de aproximadamente 19.300 personagem.
km², aproximadamente o tamanho de Maryland. Estimativas
conservadoras sugerem que isso pode chegar a até meio por

115
Nekyia
 Resultados do Teste
Fracasso Dramático: O personagem comete um erro sig-
nificativo no mapa (ele perde uma ramificação ou coloca um
ponto de referência no lugar errado). Todos os sucessos para
o valor do quilômetro atual de mapeamento são perdidos e, a
menos que esses sucessos sejam re-acumulados, usar o mapa
para navegar acarreta uma penalidade de equipamento de -3.
Fracasso: O personagem não faz nenhum progresso no
mapeamento de um quilômetro de túneis. Se ele seguir em
frente sem acumular os sucessos necessários, o mapa final
terá uma penalidade de -1 para o equipamento.
Sucesso: O progresso é feito para completar o mapa.
Sucesso Excepcional: Progresso rápido é feito para criar
o mapa.
Modificadores Sugeridos
Modificador Situação
+5 Equipamento de topografia é usado (no
entanto, isso aumenta o tempo por teste
para duas horas)
+3 O mapeador, ou alguém de seu grupo,
obteve um sucesso excepcional em um
teste de navegação pelo mesmo período
de tempo.
+1 O mapeador já navegou com sucesso
nesta seção de túneis antes.
-1 O mapeador não tem navegador ou
falhou em um teste de navegação para
esta seção.
-2 O mapeador está desenhando o mapa da
memória. Aplique esta penalidade uma
vez por hora desde que a viagem foi feita.
-3 O mapeador ou seu navegador obteve
um fracasso dramático em um teste de
navegação para esta seção.
Riscos e Recompensas
Como já sugerido, as recompensas para mapear o Mundo
Subterrâneo são múltiplas: vender os mapas pode render a
um grupo algum dinheiro rápido ou o favor de outros ex-
ploradores do Mundo Subterrâneo. Construir uma reputa-
ção de cartógrafos habilidosos se traduz em status e possi-
velmente capital político, e então, é claro, manter o mapa
para si mesmo significa que sua próxima estada terá menos
probabilidade de terminar em se perder e morrer de fome
lentamente.
Vagar sem rumo pelo Mundo Subterrâneo já é perigoso
o suficiente, mas os mapeadores têm a tendência de acabar
aprendendo a localização de coisas que os outros não querem
saber. Talvez eles marquem um mapa com o que eles pen-
sam ser um Portão Averniano até então desconhecido que
acaba sendo o domínio privado de uma cabala de magos, ou
talvez eles mapeiem um salão de banquete cavernoso onde
uma comparsa de Devoradores de Pecados detém seu mais
escuro e mais ritos secretos. Em qualquer caso, se a notícia
116
Capitulo Quatro: As Profundezas Autoctones
de que eles colocaram tal segredo no papel se espalhar, os
cartógrafos de outrora podem se tornar alvos de esquadrões
sobrenaturais que buscam garantir que a informação perma-
neça enterrada.
Psicopompo
(eAtéCircunstância)
agora, discutimos as motivações pessoais para viajar
para o Mundo Subterrâneo: resgatar um ente querido, apren-
der algo, mapear os túneis escuros para ganho pessoal. Às
vezes, porém, um explorador experiente do Mundo Subterrâ-
neo é abordado para servir de guia e protetor para outro. Os
Devoradores de Pecados, com sua conexão inata com a ener-
gia da morte, são os mais comumente abordados para este
serviço, mas qualquer um que faça seu nome no subterrâneo
oculto pode ser abordado. Na maioria das vezes, o cliente é
outro ocultista, ou mesmo um ser sobrenatural, mas às vezes
até mortais comuns, crentes no mundo oculto, encontram
seu caminho para uma Comparsa de Devoradores de Pecados
ou uma cabala dos chamados “necronautas”.
Não existem regras rígidas e rápidas para servir como guia
de alguém para o Mundo Subterrâneo; esse é o tipo de coi-
sa que deve ser representada como parte da história. Obvia-
mente, navegar por passagens escuras será uma necessidade e,
dependendo do motivo pelo qual o cliente deseja viajar pela
Grande Profundidade, encontrar um fantasma ou negociar
com um também pode ser um fator importante.
Você não pode encontrar um “livro azul” de preços acei-
tos para a realização de um serviço como este: alguns o fazem
gratuitamente, vendo como seu dever reconciliar os vivos e
os mortos, enquanto outros cobram preços exorbitantes, seja
por ganância auto-motivada ou um desejo de desencorajar o
tolo de fazer aquela viagem terrível. No entanto, as seguintes
sugestões podem ser usadas como linhas de base, especial-
mente se a situação se inverter e os personagens da trupe se
encontrarem procurando um personagem do Narrador como
guia, em vez do contrário.
• Uma breve estada nos Alcances Superiores, ou convo-
car um fantasma da soleira de um Portão Averniano, vale
uma compensação monetária aproximadamente equiva-
lente a um item que custa Recursos •••. Um favor sig-
nificativo, mas não ilegal (ajudar a levantar fundos para
renovar um antigo cemitério, conceder ao guia acesso
gratuito a uma propriedade do cliente, etc.) ou um pe-
queno ilegal (fazer desaparecer uma infração legal menor,
dar dicas sobre ações privilegiadas) também é apropriado,
como é um dom sobrenatural menor (um item místico
equivalente a um valor de ponto de Vantagem, como um
fetiche, relicário ou memento).
• Rastrear um fantasma específico no Mundo Subterrâ-
neo pode valer em qualquer lugar, de um item de Recur-
sos ••• a Recursos •••••, dependendo da profundi-
dade do fantasma. Os principais favores que caem dentro
dos limites da lei (pressionar por uma nova legislação de
zoneamento ou representar o guia em tribunal pro bono,
por exemplo) e os ilegais significativos (interromper uma
 investigação policial, mentir sob juramento, etc.) são
aproximadamente equivalentes, e dons sobrenaturais
mais potentes (itens mágicos de dois pontos ou o lança-
mento de um feitiço benéfico de longo prazo) também
podem ser aceitos.
• Trazer uma sombra de volta para a terra dos vivos é ex-
cessivamente caro, principalmente porque qualquer guia
hábil o suficiente para fazer isso provavelmente sabe o
quão perigoso é. Um cliente em potencial deve estar pre-
parado para pagar milhões de dólares ou realizar favores
ilegais e realmente perigosos, como aniquilar os inimigos
do guia ou adquirir componentes rituais ilegais e moral-
mente questionáveis. A ajuda sobrenatural deve ser signi-
ficativa: um item de três ou quatro pontos, informações
extensas (o tipo que quebra os códigos de sigilo) sobre
outro grupo oculto e assim por diante.
• A maioria dos guias se recusa a conduzir exploradores
inexperientes além das Profundezas Autóctones. Os Al-
cances Superiores são bastante perigosos; o grande núme-
ro de maneiras pelas quais um explorador inexperiente
pode foder tudo e fazer com que ele (e seu guia) sejam
mortos nos Domínios Mortos geralmente é o suficiente
para tornar a resposta firme “de jeito nenhum”.
Riscos e Recompensas
As recompensas monetárias não são desprezíveis; muitos
exploradores do Mundo Subterrâneo ficariam felizes em não
ter que lidar com o incômodo de um dia de trabalho, e os
favores e a compensação mística também podem ser muito
úteis. Alguns psicopompos usam suas ações para cumprir sua
Virtude (e para alguns, é seu Vício).
Nem todo mundo que vem a um explorador do Mun-
do Subterrâneo com um pedido está sendo honesto sobre
suas intenções. Uma mulher conta uma história triste sobre
o marido que amava e só quer vê-lo uma última vez - na ver-
dade, ele é seu parceiro no crime e ela quer saber onde ele
escondeu o saque de seu último assalto. Um menino, com
os olhos marejados, conta que só quer trazer seu pai de volta
para cuidar dele - o “pai” é um líder de culto enlouquecido
decidido a cumprir sua própria profecia autocriada de morte
e renascimento; o menino é um de seus verdadeiros crentes
leais. Mesmo se o cliente for honesto, trazer um pouco de car-
ne fresca inexperiente para a Grande Profundidade pode le-
var a todos os tipos de catástrofes: fantasmas ofendidos, Leis
Antigas violadas, adição de Vícios e Deus sabe o que mais.
Assassinato Mais Sujo
Não é difícil escapar impune de um assassinato nos dias
de hoje. Apesar do que os dramas de detetive da TV gos-
tariam que você acreditasse, se você simplesmente escolher
uma vítima com a qual não tem nenhuma conexão e se cer-
tificar de que nenhuma testemunha seja deixada para trás,
você tem uma boa chance de escapar impune. Todas aquelas
“evidências residuais” que a cena do crime mostra são rap-
sódicas sobre a merda se eles nunca escolherem você para
comparar.
No entanto, é muito mais difícil escapar impune matar
alguém que você tem motivos para matar. Motivo é a primei-
ra coisa que os policiais procuram, e quando eles têm uma
direção para começar a procurar, eles são muito persistentes.
Uma vez que a maioria das sociedades ocultas no Mundo das
Trevas tem regras rígidas sobre não se expor ao mundo em ge-
ral, rixas de sangue podem se tornar uma proposta arriscada.
Felizmente, mesmo as melhores unidades de peritos não po-
dem sondar o Mundo Subterrâneo, e é muito mais provável
que um caso de pessoa desaparecida esfrie do que um assas-
sinato honesto para Deus. Aqueles que conhecem os Portões
Avernianos às vezes usam isso a seu favor: às vezes eles batem
em sua vítima no mundo mortal e então arrastam o cadáver
para a Grande Profundidade para o “sepultamento”, às vezes
eles cometem a ação no próprio Mundo Subterrâneo, então
a própria cena do crime nunca pode ser encontrada, muito
menos analisada. É quase o crime perfeito, certo?
Bem, não, realmente não.
Riscos contra Recompensas
“Ficar impune com o assassinato” é uma recompensa
muito atraente para a maioria das pessoas, mas pode haver
benefícios adicionais, dependendo de quem é a vítima: talvez
arrastá-la para o Mundo Subterrâneo permita que um fantas-
ma vingativo tenha o que merece, ou talvez sua morte exerça
uma dupla função como um sacrifício de abertura de portão
ou uma oferenda de sangue a uma sombra convocada.
Os riscos, no entanto, são francamente insidiosos e po-
dem facilmente voltar para morder o traseiro do assassino.
Em primeiro lugar, os mortais mortos no Mundo Subter-
râneo não ficam lá, pelo menos não na carne. O cadáver
afunda na terra e é aparentemente engolido pelo Mundo
Subterrâneo - mas em algum momento entre três dias e uma
semana depois, o corpo aparece do lado de fora do Portão
Averniano mais próximo. Perversamente, o Mundo Subter-
râneo parece segurar o corpo até que seu retorno ao mundo
mortal tenha o potencial de causar o maior dano. Como o
coração revelador, seu retorno parece calculado para garantir
que o assassino enfrentará a justiça.
Mais perigoso ainda é o ato de despejar um cadáver no
Mundo Subterrâneo. A carne não foi feita para ficar naquele
lugar sombrio, e por um bom motivo: deixar um corpo hu-
mano morto na Grande Profundidade é como deixar uma
Ferrari estacionada em um bairro ruim com as portas tran-
cadas e as chaves na ignição. Qualquer fantasma que cruzar
com o corpo pode tomar posse dele, mesmo se a sombra
não tiver a Nume Passeio Cadáver. Às vezes, o morto-vivo
permanece preso no Mundo Subterrâneo até que o fantasma
eventualmente se canse dele e descarte a carne, momento em
que algum outro fantasma pode pegá-lo. Eventualmente, a
abominação pode encontrar um Portão Averniano e retornar
às terras dos vivos onde, impulsionada por estranhas fomes
e memórias dos prazeres da carne, ela comete atos indescrití-
veis repetidamente, até que finalmente é derrubada.
A única maneira de evitar que um cadáver eliminado no
Mundo Subterrâneo retorne à terra dos vivos é cortá-lo em
pelo menos oito pedaços do mesmo tamanho e submergir
os pedaços em um rio do Mundo Subterrâneo (uma tarefa
perigosa por si só).
117
Nekyia
 O Morto vingativo
Às vezes, não é apenas qualquer fantasma que
agarra um corpo jogado no Mundo Subterrâ-
neo. Às vezes, o fantasma que costumava ser
o dono do cadáver encontra seu corpo mais
uma vez e volta para casa para se empoleirar.
Quando isso acontece, o processo cria um
reencarnado quase impossível de matar, cujo
único desejo é encontrar seu assassino e ras-
gá-lo membro a membro. Talvez o ato de as-
sassinato crie um tipo de conexão simpática,
ou talvez o Mundo Subterrâneo apenas goste
de ver a balança equilibrada, mas o fantasma
sempre sabe onde está o Portão Averniano
mais próximo, e também sabe onde encon-
trar seu assassino, desde que ambos estejam
em o mesmo reino (por exemplo, o Mundo
Subterrâneo, o reino mortal, a sombra, etc).
Além de seu senso de direção infalível, os re-
encarnados têm todas as características que
possuíam na vida, mais as seguintes:
• Difícil de Matar: os reencarnados sofrem
apenas um único ponto de dano contundente
de qualquer ataque que os atinja, não importa
quantos sucessos foram obtidos ou se o ata-
que normalmente inflige dano contundente
ou letal. Ataques que infligem dano agravado
infligem seu dano total normal. Os reencar-
nados não sofrem penalidades por ferimen-
tos e nunca são nocauteados por terem suas
caixas de Vitalidade preenchidas com dano
contundente ou letal.
• Objetivo Sombrio: Contra a pessoa que
realmente o matou, o fantasma recebe a re-
gra da Explosão do 8 em todos os ataques.
Contra qualquer um que interfira diretamen-
te em sua vingança, ele recebe a regra da Ex-
plosão do 9.
• Numes: O reencarnados pode usar qual-
quer Nume que possua como um fantasma,
substituindo o mais alto de sua Força, Inteli-
gência ou Presença no lugar de Poder, o mais
alto de Destreza, Raciocínio ou Manipulação
como seu Refinamento, e o mais alto de seu
Vigor , Perseverança ou Autocontrole no lu-
gar de Resistência.
• Não Muito Para Este Mundo: Um re-
encarnado tem um mês lunar para rastrear
e matar seu assassino. Se fizer isso, ele se
moverá para o que quer que esteja à espera
dos fantasmas além do Mundo Subterrâneo.
Se não o fizer, ou for destruído, o fantasma é
expulso e enviado aos gritos de volta para o
Mundo Subterrâneo.

118
Capitulo Quatro: As Profundezas Autoctones
Abrigo
Na verdade, viver no Mundo Subterrâneo não é exata-
mente uma boa ideia - ficar muito tempo naquele lugar som-
brio é prejudicial para a alma e a psique, para não falar dos
perigos de fantasmas loucos, colapsos de túneis e outros ris-
cos ambientais. Às vezes, porém, quando o calor está forte no
reino mortal, é aconselhável ter um buraco seguro que seus
inimigos não consigam encontrar. Para alguns, isso signifi-
ca um “acampamento” no Mundo Subterrâneo, geralmente
uma pequena caverna difícil de encontrar fora de um túnel
lateral não muito longe de um Portão Averniano. A comida
encontrada no Mundo Subterrâneo não fornece nutrição
(embora possa fornecer plasma, como descrito na página 261
de Geist: Os Devoradores de Pecados), então o campista em
perspectiva deve trazer seus próprios suprimentos com ele.
Nas Profundezas Autóctones, um feitiço de proteção simples
geralmente é suficiente para manter os fantasmas afastados,
mas trazer algumas das ofrendas para o caso também não é
uma má ideia.
Riscos e Recompensas
Embora todos os seres sobrenaturais que espreitam no
Mundo das Trevas possam entrar e explorar o Mundo Sub-
terrâneo de alguma forma, comparativamente poucos real-
mente o fazem. Os Devoradores de Pecados, é claro, têm
muito mais facilidade, mas mesmo eles reconhecem o perigo
e não fuçam na Grande Profundidade à toa. Assim, ter um
orifício de parafuso razoavelmente seguro para baixo pode
ser uma maneira eficaz de desaparecer por um tempo até que
o calor desapareça.
A desvantagem, claro, é que descobrir quando é seguro
voltar a subir - é necessária uma magia extraordinariamente
potente para perfurar a fronteira entre os dois reinos, então,
a menos que você tenha espiões que podem cruzar os Portões
Avernianos e relatar, você pode acabar ir para casa enquanto
o calor ainda está forte - ou você pode ficar nas Profundezas
até que todos tenham se esquecido de você, e voltar para
encontrar seu território dividido por seus rivais e toda a sua
influência reduzida a pó.
Os Mortos Que
Não Dormem
As Profundezas Autóctones já seriam perigosas o suficien-
te se fossem desabitadas: os pés traiçoeiros, a escuridão, o ar
ruim e assim por diante. Infelizmente, esses não são de for-
ma alguma os únicos perigos que um explorador do Mundo
Subterrâneo deve enfrentar. Os mortos estão aqui, os mortos
estão inquietos e os mortos estão com fome. O restante des-
te capítulo descreve vários antagonistas que uma trupe pode
encontrar nos Alcances Superiores. Muitos são mortos in-
quietos, mas alguns são seres vivos presos dentro dos túneis
com outros exploradores do Mundo Subterrâneo, ou mes-
mo coisas mais estranhas. Embora cada um seja apresentado
como um personagem distinto, você pode pensar neles como
exemplos de uma classe geral de sombra - muitos fantasmas
súcubos ao lado de Norma Jean se escondem nas grutas da
Grande Profundidade, por exemplo, e o Homem de Família
não o único exemplo de um geist desvinculado.
O Assassino da
Última Palavra
“Shh. Vamos, isso será muito mais fácil se você apenas disser. É
apenas uma palavra, e então tudo pode acabar. ”
Virtude: Esperança - tudo o que ele faz, Jacob faz com a
crença de que verá sua filha viva e inteira novamente quando
seu objetivo for alcançado.
Vício: Avareza - Jacob quer sua filha de volta, e ele não se
importa com quem tem que sofrer para tê-la. Ele nem mes-
mo considerou como ela se sentiria sobre seu pai matando
39 pessoas com uma navalha.
Histórico: Jacob Henderson ficou um pouco louco quan-
do sua filha morreu, dizem eles. Quem poderia culpá-lo? Me-
nos de seis meses depois que sua adorável esposa foi acome-
tida de câncer no pâncreas, sua filha foi atropelada por um
motorista bêbado quando voltava da escola para casa. Ela
permaneceu em agonia por uma semana antes que seu co-
ração finalmente parasse. Algo assim deixaria qualquer um
louco.
O processo de homicídio culposo deu a Jacob dinheiro
suficiente para largar o emprego e se isolar, mas isso não
foi o suficiente para ele. Ele se convenceu de que sua filha
ainda estava lá fora, chamando por ele em seus sonhos. Ele
gastou o dinheiro do acordo com psíquicos e médiuns, mas
nenhum deles era real, e Jacob ficou cada vez mais desespe-
rado. Finalmente, quando estava prestes a perder todas as
esperanças, Jacob encontrou um livro de segunda mão em
uma velha livraria. Era uma verdadeira antiguidade, impressa
por volta de 1700 e, de acordo com o frontispício, era a tra-
dução de uma tábua cuneiforme de cinco mil anos. Era, dizia
o livro, um livro de feitiços para aqueles que lidavam com os
mortos famintos. Incluía rituais de invocação e banimento,
e as chaves para abrir os Portões Avernianos que levavam ao
Mundo Subterrâneo - até mesmo um feitiço para ressuscitar
os mortos. Jacob comprou o livro na hora, e naquela noite,
sob o olho cego da lua nova, ele abriu um Portão Averniano
e encontrou sua filha do outro lado.
Atordoado e eufórico por ter finalmente encontrado a
verdade, Jacob começou a encenar o ritual de ressurreição
do livro, apesar de seu custo terrível e sombrio: este não é
apenas um feitiço que se pode recitar sobre um altar, talvez
fazer um sacrifício para alguns deus antigo, e fim. Não, cada
palavra do encantamento, cada uma, deve ser falada até o
último suspiro de um homem moribundo.
A invocação tem 37 palavras. Até agora, Jacó matou sete
indivíduos, mas dois morreram antes que ele pudesse fazê-los
falar suas palavras. Uma vítima conseguiu escapar, e foi a par-
tir de seu relato das ações do assassino que a mídia apelidou
Jacob de “Assassino da Última Palavra”.
Descrição: Jacob Henderson é um homem magro e pá-
lido de cerca de 40 anos, embora pareça um pouco mais ve-
lho do que realmente é. Seu cabelo é quase incolor e cinza
amarronzado, e seus olhos são de um tom de cinza claro que
quase combina exatamente com o tom de sua pele. Quando
ele é encontrado no Mundo Subterrâneo, é fácil confundi-lo
com um fantasma. Suas roupas estão puídas e esfarrapadas,
119
Nekyia - Os Mortos Que Nao Dormem
 e ele carrega a navalha manchada de sangue com a qual ele reflexa. Fracasso significa que Jacob deve ir atrás de um alvo
mata suas vítimas. disponível em vez disso.
Dicas de Interpretação: A indescritível tragédia de per- Perturbação: Aversão - Jacob não matará mulheres mais
der sua esposa e filha deixou Jacob completamente louco. A jovens do que ele, pois elas o lembram de sua filha.
subsequente tortura e assassinato de sete pessoas o empurrou
muito além do limiar da Moralidade. Ele não vai parar até
Armas/Ataques:
Tipo Dano Alcance Parada de Dados Especial
que seja morto ou consiga ressuscitar sua filha - nenhuma
quantidade de raciocínio ou apelos à decência podem in- Briga 0 (C) - 2
fluenciá-lo. Quando ele não está perseguindo vítimas vivas
no mundo mortal, ele passa seu tempo no Mundo Subter- Navalha 0 (L) - 9 Explosão do 8,
râneo com o fantasma de sua filha - onde, estranhamente, Sangramento
os mortos parecem ignorá-lo completamente. Ele tem um Sangramento: Quando Jacob inflige um golpe fatal com
pequeno acampamento com um estoque de comida e água e sua navalha (veja o Livro de Regras O Mundo das Trevas,
trouxe vários dos brinquedos favoritos de sua filha através do pág. 168), a vítima sofre um ponto de dano letal por minuto,
Portão Averniano para ela brincar. como se sua última caixa de Vitalidade estivesse marcada com
um X. Se o personagem já tem um ferimento letal em sua cai-
O Assassino da Última Palavra xa de Vitalidade mais à direita, ele leva dois ferimentos letais
por minuto até estabilizar.
Nome Verdadeiro: Jacob Henderson
Compromisso: Vingador
Atributos Mentais: Inteligência 3, Raciocínio 3, Perseveran-
ça 5
Atributos Físicos: Força 3, Destreza 3, Vigor 2
Atributos Sociais: Presença 5, Manipulação 2, Autocontrole 1
Habilidades Mentais: Erudição 2, Investigação 1, Ocultis-
mo (Rituais Sumérios) 3
Habilidades Físicas: Esportes 3, Briga 2, Dissimulação 4,
Armamento (Navalha) 5
Habilidades Sociais: Intimidação 3, Persuasão (Ameaça de
Tortura) 3, Manha 1, Astúcia 2
Vantagens: Certeza Absoluta, Assassinato Revelador 2,
Armamento Monomaníaco
Força de Vontade: 6
Moralidade: 0
Iniciativa: 4
Defesa: 3
Deslocamento: 11
Vitalidade: 7
Talento: Trabalhar na Sala - Jacob não perde a Defesa quan-
do é atacado por vários oponentes no mesmo turno.
Fragilidade: Nada Além da Missão - Se Jacob desejar ignorar
um alvo potencial e fazer outra coisa (digamos, sabotar os
freios do carro de um personagem), o Narrador deve testar
a Perseverança + Autocontrole de Jacob como uma ação

Jacob O Slasher
O Assassino da Última Palavra é um slasher, um tipo específico de serial killer sobrenatural (ou quase so-
brenatural) inspirado em filmes de terror como Halloween e A Hora do Pesadelo. Se você não tem acesso
ao Mundo das Trevas: Slasher, segue um breve resumo das Vantagens de Jacob:
• Certeza Absoluta: Quando Jacob mata alguém a fim de progredir no feitiço que trará sua filha de volta
à vida, ele recupera um ponto de Força de Vontade.
• Assassinato Revelador: Quando Jacob mata alguém, ele pode criar uma cena de forma que a cena do
crime revele uma única declaração para qualquer investigador que obtiver pelo menos um sucesso em um
teste de Raciocínio + Investigação. Esta afirmação é, invariavelmente, que as últimas palavras da vítima foram
importantes de alguma forma.
• Armamento Monomaníaco: Jacob ganha o benefício da Explosão do 8 em ataques com sua navalha,
mas ele nunca pode deixar a arma para trás. Se ele for separado dela à força, ele ganha a perturbação ob-
sessão até que a recupere.

120
Capitulo Quatro: As Profundezas Autoctones
Os<UmMortos Uivantes
grito agudo e louco>
Virtude: Fortitude - Os Mortos Uivantes per-
duram. Movidos por sua fúria irracional, eles não
param para nada.
Vício: Gula - Os Mortos Uivantes consomem
tudo que encontram nas profundezas: Ofrendas,
fantasmas e até exploradores da terra dos vivos.
Histórico: Fantasmas não são exatamente
as criaturas mais sãs nos melhores momentos.
Mesmo um indivíduo racional, possuidor de
todas as suas faculdades mentais, pode tornar-
-se monomaníaco ou desenvolver tiques estra-
nhos ao sair da espiral mortal. A maioria ainda
pode ser tratada - mas então você tem os Mor-
tos Uivantes. Abundam as teorias sobre o que
os cria. Alguns acreditam que são os fantasmas de
quem sofre de doenças mentais, enlouquecidos ain-
da mais pela sepultura. Outros acreditam que são
aqueles que morreram em uma agonia tão horrível
que qualquer coisa de seu ser humano racional foi
destruída de forma irreparável. Um mistério ainda maior
é o que faz com que eles formem um enxame: eles o fazem, às
vezes em multidões de uma dúzia, às vezes em hordas de cem um filme de terror, corpos dilacerados sem membros, sangue
ou mais. Alguns exploradores do Mundo Subterrâneo afir- vazando e outros fluidos de feridas horríveis. Outros se asse-
mam ter testemunhado enormes enxames de milhares des- melham a estranhos híbridos de homens e vida marinha pro-
ses fantasmas loucos e gritando, derramando-se pelos túneis funda, todos com pele pálida e elástica e olhos cegos acima
e devorando tudo diante deles. Felizmente, esses relatórios de uma boca cheia de dentes afiados como agulhas.
não foram confirmados. Dicas de Interpretação: Os Mortos Uivantes, a menos
Descrição: Os Mortos Uivante como um coletivo se pa- que sejam encontrados em pequenos enxames, são quase
recem em nada mais do que uma vasta multidão suavemente mais um perigo no terreno do que um verdadeiro antagonis-
luminescente, movendo-se como um bando de pardais. Eles ta. Eles são incansáveis, implacáveis e numerosos - a maioria
sempre correm - mesmo quando nenhuma presa foi avistada, dos exploradores do Mundo Subterrâneo pode fazer pouco
eles estão infinitamente dispostos, guiados por qualquer lou- além de evitá-los ou, na melhor das hipóteses, bloquear sua
cura que os infecte. Individualmente, eles são tão variados rota com proteções místicas por tempo suficiente para (es-
quanto horríveis: alguns se parecem com zumbis saídos de perançosamente) efetuar uma fuga do Mundo Subterrâneo.

Enxame de Mortos Uivantes

Normalmente, os enxames são usados para representar grupos de pequenos animais (pássaros, insetos,
etc.), mas ao lidar com uma vasta horda de fantasmas zumbis vorazes, eles podem servir igualmente bem.
Os enxames são medidos por seu tamanho em metros de raio. Um enxame geralmente causa um dado de
dano contundente a qualquer pessoa dentro de seu raio. Um enxame pode causar mais danos por conden-
sação. Cada vez que o enxame se condensa para cobrir metade de sua área, ele inflige um dado adicional
de dano por turno.
Portanto, um enxame de oito metros de raio inflige dois danos contundentes por turno se se restringir
a um raio de quatro metros, três pontos de dano contundente, se reduzir para um raio de dois metros, e
quatro pontos de dano contundente por turno se se condensar até um raio de um metro.
A Blindagem é eficaz contra um enxame apenas se cobrir todo o corpo, mas mesmo assim fornece apenas
metade de seu nível. Além disso, os alvos são distraídos pelo enxame, sofrendo -2 dados em testes de per-
cepção e concentração enquanto estão dentro do raio, mesmo que não sejam especificamente atacados.
O enxame não pode ser atacado com punhos, clavas, espadas ou armas. Apenas ataques que afetam a área,
como uma tocha, o afeta. Cada ponto de dano infligido por uma chama ou outro ataque aplicável reduz
pela metade o tamanho do enxame. Uma vez que o enxame é reduzido abaixo de um raio de um metro,
ou todas as sombras são destruídas ou as poucas restantes se dispersam.

121
Os Mortos Que Nao Dormem
 Os Mortos Uivantes Essência: 10
Nota: As estatísticas a seguir são para um indivíduo Mor- Numes: Lamento da Banshee, Consumir Oferenda, Devora-
to Uivante, tal como pode ser encontrado em um pequeno dor de Fantasmas, Terror (7 dados)
grupo ou (raramente) sozinho. Para grandes hordas de criatu-
ras, consulte o texto em destaque abaixo.
Atributos: Poder 6, Refinamento 1, Resistência 4
Força de Vontade: 10
O“Não
Homem de Família
é bom para as famílias estarem separadas. Isso é o melhor,
Moralidade: 0 você não concorda?”
Iniciativa: 5
Defesa: 6 Virtude: Caridade - o Homem de Família realmente acre-
Deslocamento: 17 dita que uma família está melhor unida no Mundo Subterrâ-
Tamanho: 5 neo do que separada pelo véu da morte.
Corpus: 9 Vício: Inveja - No fundo, o Homem de Família gosta da

Numes dos Mortos Uivantes

Lamento da Banshee: O fantasma cria um grito ensurdecedor que ensurdece qualquer pessoa por
perto. Gaste um ponto de Essência e teste Poder + Refinamento. Qualquer um em um raio de 20 metros
do fantasma deve ter sucesso em um teste de Perseverança + Vigor - o número de sucessos obtidos ou
ser atordoado por um turno (veja o Livro de Regras O Mundo das Trevas, pág. 167). Personagens que
ficam atordoados pelo lamento também sofrem uma penalidade de -3 em quaisquer testes de Percepção
que dependam de audição pelo resto da cena.
Consumir Oferenda: O fantasma pode recuperar o sustento consumindo comida e bebida trazida para
o Mundo Subterrâneo, seja por um Devorador de Pecados diretamente ou por meio de uma cerimônia
no estilo do Dia dos Mortos. Da mesma forma, o fantasma pode comer o sangue que às vezes escorre das
estalactites ou das águas dos inúmeros rios do Mundo Subterrâneo. Quando o fantasma consumir qualquer
um desses, teste Poder + Refinamento. Cada sucesso se traduz em um ponto de Essência recuperada. O
fantasma só pode fazer isso uma vez por dia (um dia é um período de 24 horas dentro do Mundo Subter-
râneo, visto que nenhum sol nasce neste reino subterrâneo).
Devorador de Fantasmas: Ao fazer um ataque bem-sucedido contra outro fantasma, o Morto Uivante
drena automaticamente um número de Essência igual ao dano infligido. Esta Essência é removida da parada
do alvo e adicionada diretamente à parada do Morto Uivante.

Numes do Homem de Familia

Encobrimento: O Homem de Família é capaz de criar uma névoa, invocar sombras ou criar uma tem-
pestade de poeira para criar um esconderijo em uma área, que normalmente usa para causar acidentes de
trânsito devido à pouca visibilidade. O geist gasta um ponto de Essência por nível de encobrimento (pouco
encoberto, parcialmente ou consideravelmente, ou totalmente encoberto; veja o Livro de Regras O
Mundo das Trevas, pág. 162) e testa Poder + Refinamento. Cada sucesso estende o efeito até um metro
do geist. O efeito dura até uma cena. Lembre-se de que o geist sofre penalidades em seus ataques à distân-
cia também enquanto estiver encoberto.
Alucinações: Esta Nume permite ao Homem de Família criar uma ilusão. O geist gasta um ponto de Es-
sência e retrata a ilusão que deseja criar em sua mente. Pode ser uma visão, um som ou mesmo uma pessoa
destinada a interagir com o alvo. O Homem de Família faz um teste disputado de Poder + Refinamento
contra o teste de Raciocínio + Autocontrole + Vantagem Sobrenatural do alvo. Para cada sucesso que o
geist rola além do alvo, a ilusão afeta um dos sentidos do sujeito. A ilusão é totalmente atraente, mas se a
visão fizer algo notavelmente incomum, o Narrador pode permitir que o alvo um teste de Perseverança +
Autocontrole para perceber que seus sentidos estão mentindo para ele.
Chave Canhota: Esta Nume desativa temporariamente um objeto tecnológico específico, como um tele-
fone celular, computador ou motor de automóvel. O mau funcionamento não tem causa externa aparente.
Na verdade, o geist usando a Nume sobrecarrega o objeto com energia espiritual, causando assim o seu
colapso. O geist gasta um ponto de Essência e se concentra no objeto para desativá-lo. O objeto deixa de
funcionar por um número de turnos igual aos sucessos obtidos. Peças válidas de tecnologia que podem ser
superadas incluem qualquer coisa fabricada por meios industriais com pelo menos três peças separadas;
uma arma é válida, mas uma dobradiça ou seringa não. O objeto não pode ser maior do que o geist, mas
uma parte discernível de uma máquina complexa também pode ser visada. Um geist pode afetar o motor
de um carro, por exemplo, mas não o automóvel inteiro.

122
Capitulo Quatro: As Profundezas Autoctones
tristeza que surge quando um fantasma vê as sombras
de sua amada família se juntarem a ele no Mundo
Subterrâneo. Afinal, essa dor está em sua natureza.
Histórico: Teve uma família uma vez; tem cer-
teza disso, mesmo que não se lembre mais de seus
rostos. Lembra a importância da unidade fami-
liar, lembra como, se o lar está desfeito, algo hor-
rível acontece. Não lembra o quê, mas lembra
que é ruim. E, acima de tudo, lembra o quanto
sentia falta de sua família e como gostaria que
alguém os tivesse reunido novamente. E assim,
em sua infinita bondade, ele reúne outras fa-
mílias. Dói um pouco, mas depois tudo fica
muito melhor. Os mortos nunca dizem “obriga-
do”, mas tudo bem. Para o Homem de Família,
a expressão em seus rostos é bastante agradecida.
O Homem de Família é um geist incomumen-
te específico: um geist do luto que surge quando
uma família é separada por uma morte prematura:
uma criança morre em um acidente de carro e seus
pais se separam, o luto é demais para o relaciona-
mento deles. Um pai morre, deixando seus filhos
sem provedor ou protetor. Essas são tragédias imper-
doáveis aos seus olhos, e ele sabe que a única maneira
de curar as feridas é reunir a família novamente - no
Mundo Subterrâneo.
Descrição: O Homem de Família nada se parece
tanto com o arquétipo do pai de sitcom dos anos 50: co-
lete de suéter sobre camisa e gravata, calças bem passadas,
vidro com aro de chifre e um cachimbo de espiga de milho.
A única diferença é seu rosto: na maioria das vezes, é uma Iniciativa: 11
máscara teatral da Tragédia. Só quando volta a reunir uma Defesa: 8
família é que muda, brevemente, para a cara da comédia. Ele Deslocamento: 15
fala em sussurros roucos e soluços, falando da dor da perda e Tamanho: 5
da separação e de como tudo ficará melhor quando a família Corpus: 9
estiver reunida novamente. Essência: 14
Dicas de Interpretação: O Homem de Família passa a Psique: 3
maior parte do tempo à espreita nas Profundezas Autócto- Limiar: O Silencioso
nes, em busca de fantasmas que deixaram famílias para trás Chave: Industrial 4
na terra dos vivos. Ele tenta envolvê-los em uma conversa Numes: Encobrimento, Alucinações, Chave Canhota,
(embora suas faculdades sejam limitadas, e tudo o que pode Possessão, Telecinesia. (11 dados).
realmente falar é sobre como a família é boa e quão ruim
é estar longe deles) até que o fantasma concorda que dese-
ja que pudesse estar com sua família novamente. Uma vez
que esse desejo é expresso, o Homem de Família retorna às O“SeuBanido
terras acima para começar seu árduo trabalho. Usando sua filho da puta, ainda não terminei!”
Nume, ele cria situações calculadas para matar a família do
Virtude: Temperança - Cullen é paciente e cuidadoso ao
fantasma. Melhorou nisso com a prática: agora sabe que deve
escolher suas vítimas, e quase nunca mata por impulso.
tornar as mortes suficientemente inesperadas e brutais para
Vício: Orgulho - Apesar da natureza de seus crimes hor-
garantir que a família se transforme em fantasmas. Acidentes
ríveis, a escolha de vítimas de Cullen sempre foi sobre poder,
de trânsito em massa são seu método preferido, mas se isso
não sexo. Ele precisa se sentir melhor do que todos ao seu
se revelar inviável, pode tentar envenenar uma refeição em
redor.
família ou causar um vazamento de gás na casa. Se tudo o
Histórico: A ordem natural das coisas (se tal termo pode
mais falhar, o Homem de Família é conhecido por possuir
ser aplicado às Profundezas) é que um fantasma permanece
um criminoso violento e conduzi-lo a um cenário de “roubo
na terra dos vivos até que todas as suas âncoras sejam per-
fracassado que leva a múltiplos homicídios”.
didas. Só então é puxado para baixo, para o abraço gelado
do Mundo Subterrâneo. Às vezes, porém, a ordem natural é
O Homem de Família desafiada e o fantasma é banido para o Mundo Subterrâneo
Atributos: Poder 3, Refinamento 8, Resistência 4 por agentes externos - exorcistas mortais, talvez, ou Devora-
Força de Vontade: 7 dores de Pecados sob a crença errônea de que destruir as

123
Os Mortos Que Nao Dormem
 âncoras de um fantasma permite que ele siga em frente.
Steve Earl Cullen era um homem muito mau na vida. Ele
machucou pequenos animais quando menino, e quando eles
pararam de ser satisfatórios, ele passou a machucar as meni-
nas. O grande estado do Texas conseguiu condená-lo por três,
mas os investigadores têm certeza de que ele foi responsável
por pelo menos mais quatro. Ainda assim, três garotinhas
mortas são mais do que suficientes para justificar a pena de
morte no Texas, e à meia-noite de 14 de maio de 2004, Steve
Earl Cullen teve uma agulha enfiada em seu braço. Suas últi-
mas palavras foram “Mas ainda não terminei”. Evidentemen-
te, ele não estava - levou uma hora e cinquenta e sete minutos
para seu coração finalmente parar.
Mesmo após a morte, Cullen ainda não tinha termina-
do. Seu fantasma se ergueu, preso à cabana na floresta onde
levava suas vítimas, ao velho carrossel enferrujado no parque
onde ele caçava e à cova rasa e sem identificação onde sua
última vítima, aquela que a polícia nunca encontrou, foi en-
terrada. Ele matou mais quatro garotas antes que alguém per-
cebesse o que estava acontecendo, e um grupo de ocultistas
juntou-se para detê-lo. Eles derrubaram o carrossel com pés-
-de-cabra e chaves inglesas, incendiaram sua cabana de matar
- e até encontraram os restos da pequena Meredith Baxter
e providenciaram para que ela fosse devidamente enterrada
em terra consagrada. O fantasma assassino, privado de suas
âncoras, foi lançado gritando no Mundo Subterrâneo.
Mas Steve Earl Cullen ainda não terminou.
Descrição: De meia-idade e flácido, o fantasma de Cullen
se parece muito com o próprio homem em vida: careca, com
um penteado horrível, vestido com uma camiseta esfarrapada

Quem baniu Steve Earl Cullen?

As identidades - até mesmo a própria natureza - do grupo que levou Cullen ao Mundo Subterrâneo são
deixadas deliberadamente vagas, então você pode adaptá-las à sua própria crônica. Se você está jogando
com Geist, por exemplo, Cullen pode ter sido banido por uma Comparsa de Devoradores de Pecados e,
portanto, tem um motivo especial para odiar os Vinculados. Da mesma forma, poderia facilmente ter sido
uma cabala de mago, uma célula de caçador ou mesmo os próprios personagens da trupe (esta última opção
funciona especialmente bem se os personagens não sabiam sobre o Mundo Subterrâneo quando exorciza-
ram Cullen e presumiram que destruindo suas âncoras destruiu-o para sempre).

Numes de Steve Earl Cullen

Demência: Este poder ataca a mente de uma pessoa com uma cavalgada de imagens de pesadelo, quebran-
do a sanidade da vítima no processo. Essas imagens são muitas vezes pessoais e selecionadas da própria me-
mória do alvo. O próprio fantasma não controla essas imagens e, na verdade, não sabe o que são - portanto,
é provavelmente a própria mente da vítima que elabora a tortura mental. O fantasma pode, no entanto, usar
um pouco de sua própria memória e história para afetar a vítima, promovendo assim as visões de terror.
Gaste um ponto de Essência e teste Poder + Refinamento contra a Inteligência + Autocontrole do alvo. O
sucesso indica que a vítima obtém uma perturbação leve (escolha do fantasma) por um número de dias igual
aos sucessos obtidos com a vítima.
Assemelhar-se: Esta Nume se baseia nas memórias de um alvo fantasma manifestado para dar a ele as
características de um ente querido que já faleceu. Gaste um ponto de Essência e teste Poder + Refinamento.
Com sucesso, o fantasma manifestado assume a aparência de um amigo morto ou membro da família do
alvo para todos que o visualizam. Este falso semblante carrega uma compulsão sutil que explora as emo-
ções do alvo, tornando-o relutante em prejudicar (ou tolerar o dano sendo feito) o fantasma ou a âncora
do fantasma. O alvo pode gastar um ponto de Força de Vontade para superar este efeito por um turno ou
pode rolar Perseverança + Autocontrole - o número de sucessos obtidos no teste da Nume para negar o
efeito completamente.

124
Capitulo Quatro: As Profundezas Autoctones
e manchada e calças de trabalho de lona. Ele usa aqueles ócu-
los escuros enormes que você só vê em fotos de criminosos
sexuais, e sua boca parece nunca fechar completamente. Ele
fala com uma voz aguda, quase infantil, exceto quando está
machucando as pessoas - então sua voz se torna profunda,
cruel e forte.
Dicas de Interpretação: O fantasma de Cullen vagueia
pelos túneis do Mundo Subterrâneo em busca de novas víti-
mas. Na maioria das vezes, ele fica vazio - por alguma razão,
nem todas as crianças deixam fantasmas para trás no Mundo
Subterrâneo. Ele ainda se lembra dos homens e mulheres
que o baniram para este lugar frio e escuro onde ninguém
vai brincar com ele, e ao longo dos anos seu ódio cresceu
incomensuravelmente e se ampliou para se aplicar a qual-
quer um que ainda anda na terra dos vivos. Ele não é o tipo
de pessoa que faz um ataque frenético; o confronto direto
nunca foi o seu objetivo (essa é parte da razão pela qual ele
tinha como alvo as crianças na vida). Ele fica, no entanto,
feliz em desempenhar o papel de guia amigável e útil e, em
seguida, levar seus “novos amigos” a um dos muitos perigos
do Mundo Subterrâneo. Somente quando ele estiver em uma
posição de domínio, ou se alguém tentar tirar um de seus
“companheiros de brincadeira”, o Cullen agirá diretamente
contra os adultos.

Steve Earl Cullen
Atributos: Poder 3, Refinamento 4, Resistência 2
Força de Vontade: 6
Moralidade: 2
Iniciativa: 6
Defesa: 4
Deslocamento: 17
Tamanho: 5
Corpus: 7
Essência: 10
Numes: Compulsão, Demência, Assemelhar-se. (7 dados).
Norma Jean, a Súcubo
“Por favor... eu só não quero ficar sozinha.”
Virtude: Esperança - “Talvez desta vez ele realmente me
ame”.
Vício: Gula - Para Norma Jean, não é sobre sexo, é sobre
aquela sensação de ser amada e desejada. É uma sensação de
que ela nunca se cansa.
Histórico: Algumas pessoas, por qualquer motivo, só pre-
cisam ser o centro das atenções. Talvez eles estejam compen-
sando por uma vida familiar fria, talvez eles estejam lutando
contra problemas de insegurança profundamente arraigados
e precisem de validação, mas eles simplesmente não se dão
bem se as pessoas não os bajulam. Norma Jean (ela há muito
esqueceu seu sobrenome) era uma dessas pessoas na vida. Às
vezes, isso a tornava a vida da festa; outras vezes, significava
que ela se misturava a uma multidão ruim. Foi uma daque-
las multidões ruins que a levaram ao fim. Os detalhes estão
confusos em sua mente - sexo, bebida e provavelmente alguns
comprimidos. Ela se lembra de que as coisas ficaram um pou-
co malucas e talvez ela tenha misturado algo que não deveria
ter sido misturado, ou talvez alguém tenha ficado violento
em uma viagem ruim, mas a última coisa que ela se lembrava
era do pânico esmagador de não conseguir respirar, e então...
quietude.
Sem qualquer conexão forte com qualquer coisa de sua
antiga vida, mas com muito medo de aceitar o esquecimento
pacífico da morte, Norma Jean derivou para o Mundo Sub-
terrâneo. A infeliz sombra rapidamente descobriu que, de
um modo geral, os mortos estavam envolvidos em suas pró-
prias preocupações e não estavam terrivelmente impressiona-
dos com seu comportamento chamativo. Passaram-se alguns
anos antes de Norma Jean encontrar seu primeiro explora-
dor, um jovem mago que havia descido às Profundezas em
busca da sabedoria de arquimestres mortos. Para o deleite de
Norma Jean, o mago estava muito mais aberto aos avanços
dela do que seus companheiros mortos inquietos. Ela pen-
sou que ele voltaria para ela depois que ele terminasse sua
busca, mas ele nunca o fez. Com o coração partido, Norma
Jean reivindicou uma pequena gruta ao lado de uma piscina
estagnada, perto do caminho que conduz a um Portão Aver-
niano. Cada vez que um viajante vem vê-la, ela espera que
desta vez ele a faça se sentir amada e desejada. Cada vez, ela
fica desapontada.
Descrição: Norma Jean era uma garota bonita em vida, e

Numes de Norma Jean

Alimentador de Pecado: Quando o fantasma se engaja em seu Vício, ele pode escolher não recuperar
a Força de Vontade. Em vez disso, teste Poder + Refinamento. Cada sucesso se traduz em um ponto de
Essência recuperada em vez de Força de Vontade. O fantasma só pode realizar esta Nume uma vez por
período de 24 horas.

125
Os Mortos Que Nao Dormem
 a morte apenas acrescentou uma qualidade etérea e obsessiva
a ela. Embora a cor tenha desaparecido de sua pele e cabelo,
ela mantém as curvas generosas e o sorriso malicioso que a
tornaram popular entre os meninos em seus dias de vida.
Seu cabelo fino e claro sempre parece estar flutuando, como
se ela estivesse debaixo d’água, e sua forma emite uma luz
branca esverdeada tênue.
Dicas de Interpretação: Norma Jean não é tanto uma an-
tagonista quanto uma tentação. Ela não é violenta (embora
se for rejeitada de forma especialmente cruel, ela pode ata-
car), nem tem uma agenda sinistra; ela só quer que as pessoas
a amem e façam com que ela se sinta bem consigo mesma.
Personagens simpáticos podem muito bem estar dispostos a
ajudá-la a seguir em frente, enquanto personagens menos fi-
lantrópicos podem apenas vê-la como uma oportunidade de
se entregar ao sexo sem consequências (o fato de que, tecnica-
mente, ela está morta é apenas uma excitação adicional para
algumas pessoas). De qualquer forma, ela é muito persistente
e mais do que disposta a usar seu charme e sua Nume para
convencer personagens masculinos atraentes a passar algum
tempo com ela - o que pode ser perigoso, dada a natureza
viciante do pecado na Grande Profundidade.
Norma Jean
Atributos: Poder 2, Refinamento 4, Resistência 3
Força de Vontade: 7
Moralidade: 6
Iniciativa: 7
Defesa: 4
Deslocamento: 16
Tamanho: 5
Corpus: 8
Essência: 10
Numes: Lamento da Banshee, Atormentar, Alimentador de
Pecado. (6 dados).
O“PorViajante
favor me ajude; eles não vão me deixar atravessar.”
Virtude: Fé - Embora ele não tenha como saber se o rela-
to que encontrou na biblioteca é verdadeiro ou não, o Viajan-
te está disposto a arriscar por fé.
Vício: Avareza - O Viajante está totalmente despreocupa-
do com as consequências de seus desejos para qualquer outra
pessoa além de si mesmo.
Histórico: Alguns fantasmas aceitam sua descida ao Mun-
do Subterrâneo com, se não com graça, pelo menos com uma
resignação silenciosa. O mesmo não aconteceu com o Viajan-
te - sua última âncora (a hélice do barco manchada de sangue
que o matou depois que ele caiu no mar) foi derretida e trans-
formada em sucata uma dúzia de anos atrás, e tudo o que ele
sempre quis foi voltar. No início, ele tentou “pegar carona”
nos exploradores do Mundo Subterrâneo que encontrou,
usando súplicas, truques e, às vezes, ameaças diretas para fazê-
-los trazê-lo de volta à superfície. Cada vez, ele falhou - ou os
exploradores o superaram, ou eles não tiveram a habilidade
oculta para forjá-lo uma nova âncora. Uma vez, ele até con-
seguiu possuir um ocultista mortal e deu uma corrida louca
para o Portão Averniano. Antes de voltar à terra do jejum por
mais de uma hora, ele foi avistado por um Devorador de Pe-
cados e forçado a sair de “seu” corpo e voltar para o Mundo
Subterrâneo. Esse breve gosto de liberdade foi mais do que
suficiente para fortalecer sua perseverança.
Possessão e trapaça são táticas erradas - o Viajante vê isso
agora. Mas nas cavernas mais profundas das Profundezas
Autóctones, ele encontrou um novo caminho. Os restos de
uma velha biblioteca jazem ali, em uma caverna esquecida às
margens do Flogisto. Dentro dessa biblioteca está um livro,
e dentro do livro é descrita uma porta, nas profundezas dos
Mistérios Inferiores, que leva a um lugar que não é um lugar.
Um fantasma que cruza esse limiar pode assumir um manto

Vicio e o Mundo Subterraneo

Sempre que um personagem se engaja em seu Vício enquanto está no Mundo Subterrâneo, ela corre o risco
de se tornar viciado nele. O jogador do personagem deve fazer um teste de Perseverança + Autocontrole,
com uma penalidade igual ao número de vezes que o personagem agiu sobre seu Vício enquanto estava
na Grande Profundidade (penalidade máxima de -5). Fracasso significa que, pelo resto da história, o per-
sonagem não pode mais recuperar a Força de Vontade através de seu Vício, a menos que esteja no Mundo
Subterrâneo (ele pode encerrar essa restrição prematuramente gastando um círculo de Força de Vontade,
no entanto). Um fracasso dramático é pior: o personagem não pode deixar o Mundo Subterrâneo por sua
própria vontade. Ele está preso por seu próprio desejo, sem vontade e incapaz de deixar a fonte de prazer
de tão curta duração. Ele pode ser arrastado por outras pessoas ou pode gastar um círculo de Força de Von-
tade para se livrar dos grilhões do Vício. O sucesso permite que ele se envolva em seu Vício sem medo do
vício, e um sucesso excepcional na verdade concede a ele um ponto de Força de Vontade como resultado.

A Nume do Viajante
Um Passo Atrás: Esta Nume permite que o fantasma se prenda um pouco ao alvo, criando uma âncora viva
temporária. O fantasma gasta três Essências e testa Poder + Refinamento contra a Perseverança + Vantagem
Sobrenatural de seu alvo. Se o fantasma vencer a disputa, o alvo se tornará uma âncora viva durante a cena.
O fantasma pode estender o efeito da Nume gastando um ponto de Essência no final da cena e para cada
hora que passa depois disso. Fantasmas podem tornar esse efeito permanente investindo um ponto do cor-
pus no vínculo. Isso reduz permanentemente o corpus do fantasma em um (e alguns Devoradores de Peca-
dos afirmam que foi assim que os primeiros Geist nasceram). Uma vez formado, apenas um exorcismo pode
cortar o vínculo entre um fantasma e seu alvo. Fantasmas podem ter apenas um grilhão vivo de cada vez.

126
Capitulo Quatro: As Profundezas Autoctones

de poder, diz o livro, tornando-se algo muito parecido com
um deus. O Viajante acha que isso parece um bom começo.
Descrição: Ele é uma imagem confusa de quase todos os
itinerantes que você possa imaginar: chapéu de caminhonei-
ro, casaco de marinheiro, botas de cowboy resistentes. Suas
roupas estão gastas e empoeiradas, manchadas pela estrada e
obviamente habitadas (bem, em algum momento). Suas cos-
tas são marcadas por longos cortes horizontais, rasgando de
forma limpa o casaco, a camisa e a carne efêmera.
Dicas de Interpretação: O Viajante, como os jogadores
de Geist já devem ter adivinhado, é um fantasma a cami-
nho de se transformar em um geist. Ele tem o conhecimento
oculto, ele conhece o caminho para a porta transformado-
ra, as únicas coisas que o impedem são os rios. Sem uma
pontuação de Psiquê, ele não pode fazer a travessia por sua
própria vontade e, por razões que lhe são desconhecidas, os
Barqueiros se recusam a aceitar seu pagamento para carre-
gá-lo. Ele espreita ao lado do Flogisto, esperando sem parar,
na esperança de encontrar um visitante vivo que o levará aos
Mistérios Inferiores e o trará até a porta.
O Viajante não é ativamente malicioso, mas certamente
não se preocupa com o bem-estar de seus guias. Ele fica mais
do que feliz em mentir ou subestimar os perigos no caminho
se achar que isso os dissuadiria de prosseguir, e ele realmente
não se importa se eles podem ou não encontrar o caminho
de casa uma vez que ele chegue a porta. Se seus guias que-
rem sua ajuda no caminho de volta, bem, eles são mais do
que bem-vindos para se tornarem os primeiros adoradores do
Deus Viajante.
O Viajante
Atributos: Poder 4, Refinamento 2, Resistência 3
Força de Vontade: 7
Moralidade: 4
Iniciativa: 5
Defesa: 3
Deslocamento: 16
Tamanho: 5
Corpus: 8
Essência: 10
Numes: Um Passo Atrás, Possessão (6 dados)
O“EAngustiado
quando eu ascender das profundezas, liderarei os cativos em
meu rastro e receberei presentes até mesmo dos homens rebeldes.”
Virtude: Fé - Raymond é guiado por sua crença em Deus
e seu desejo de realizar o que ele percebe ser seu destino.
Vício: Orgulho - Raymond está tão convencido de sua
própria divindade que se recusa a aceitar qualquer outra ex-
plicação para sua ressurreição.
Histórico: A maioria dos Devoradores de Pecados con-
centra suas atenções em ajudar os mortos a seguir em frente,
ou então em manter os vivos e os mortos separados. Ray-
mond Santos não. Um católico devoto durante toda a sua
vida, depois de ser morto em um incêndio em uma casa, ele
recebeu uma segunda chance de vida pelo que ele acreditava
ser um anjo. Vendo os paralelos óbvios entre ele e a ressurrei-
ção de seu Messias, Raymond passou a acreditar que ele era
a Segunda Vinda, e que os mortos presos no Mundo Subter-
râneo estão presos lá porque estão esperando que ele venha e
os redima. Assim como Cristo desceu ao Inferno após a cru-
cificação e trouxe os mortos virtuosos que vieram antes dele,
Raymond acredita que o Fim dos Dias não pode começar
apropriadamente até que ele tenha libertado os mortos do
Mundo Subterrâneo - não resolvendo suas histórias e deixan-
do-os passar adiante , mas conduzindo-os fisicamente para
fora da Grande Profundidade e para cima para o céu.
Outros Devoradores de Pecados tentaram argumentar
com ele, mas Raymond escuta apenas a voz de seu anjo de
fogo, a quem ele chama de Anunciación. O anjo diz a ele
para não dar ouvidos aos hereges, nem se desviar de sua con-
duta. Aqueles que desejam ver os mortos permanecerem pre-
sos em suas prisões estão, na melhor das hipóteses, iludidos
e, na pior, servos do Adversário. Raymond não é um homem
violento por natureza, mas se for levado longe demais, até
mesmo Jesus teve seus momentos de ira.
Descrição: Raymond é um homem hispânico esguio de
trinta e poucos anos. Ele se veste com simplicidade, normal-
mente com camisetas simples, calças cargo e sandálias. Desde
que voltou da morte, ele deixou crescer o cabelo e a barba
em um estilo que imita a popular representação ocidental de
Cristo. Sua pele está pálida pela falta de sol e ele tem as faces
encovadas de um asceta. Às vezes, especialmente ao ministrar
aos mortos, ele usa uma coroa de vinhas mortas e espinho-
sas, trançada em um simples diadema.
Dicas de Interpretação: Raymond pode parecer pouco
mais do que um maluco inofensivo no início - iludido quan-
to à natureza do evento e seu geist assistente, talvez, mas no
final das contas inofensivo. Essa impressão inicial desmente
até onde ele está disposto a ir para alcançar seu objetivo divi-
no: ele já tentou simplesmente conduzir os mortos para fora
das profundezas sem sucesso, e ele fez várias incursões mais
profundas nos Mistérios Inferiores em busca de uma solu-
127
Os Mortos Que Nao Dormem
 ção que pode realizar seu trabalho. Ele fica feliz em aceitar a
ajuda de outras pessoas, mas qualquer pessoa que questione
seus ensinamentos ou sua divindade está sujeita a ser reedu-
cada à força.
Raymond Santos
Arquétipo: Peregrino
Limiar: A Presa
Atributos Mentais: Inteligência 2, Raciocínio 2, Perseveran-
ça 4
Atributos Físicos: Força 3, Destreza 2, Vigor 3
Atributos Sociais: Presença 4, Manipulação 3, Autocontrole 3
Habilidades Mentais: Erudição (Religião) 2, Ofícios 2, Ocul-
tismo (Escatologia) 2, Política 1
Habilidades Físicas: Esportes 1, Condução (caminhões) 2,
Armas de Fogo 1, Sobrevivência 2
Habilidades Sociais: Empatia 4, Expressão (Recitação das Es-
crituras) 3, Intimidação 1, Persuasão 5
Vantagens: Cerimônias 3, Bom Senso, Consciência Holísti-
ca, Mente Meditativa, Memento (Coroa de Espinhos) 1
A coroa de espinhos
Amuleto, O Destroçado (morte por violência), Chave Estigmata A coroa de espinhos tem sido um sím-
bolo duradouro de sofrimento por quase dois mil anos. Desde que os romanos coroaram o Cristo “Rex
Iudaeorum”, ele tem sido um símbolo do martírio, e esta encarnação em particular não é diferente. Este
memento da coroa de espinhos não é o original, é claro, mas sim vem de um crime de ódio particularmente
cruel contra um jovem gay em Oklahoma. Ele carrega a ressonância do Destroçado e foi dedicado à Chave
Estigmata - além disso, qualquer um que usar a coroa sofre um ponto de dano letal, mas ganha o benefício
da explosão do 8 em qualquer teste de Empatia.
128
Capitulo Quatro: As Profundezas Autoctones
Força de vontade: 7
Sinergia: 6
Iniciativa: 5
Deslocamento: 9
Defesa: 2
Vitalidade: 8
Psique: 2
Manifestações: Ossário 2, Membrana 3, Oráculo 4, Sudário 2
Chaves: Crematória 2, Passional 2, Estigmata 4, Quietude 1
Cerimônias: Passar Adiante, Manifestação Plasmática
Plasma/por Turno: 18/1
Armas/Ataques:
Tipo Dano Alcance Parada de Dados
Briga 0 (C) N/A 2
Pistola 2 (L) 20/40/80 5
O“Claro,
Falso Barqueiro
eu posso te levar. Sem problemas.”
Virtude: Prudência - Xolotl avalia suas marcas com cuida-
do e só oferece passagem para aqueles que considera dignos
(e desavisados)
Vício: Preguiça - Xolotl quer os benefícios de servir ao
Leviatã (quaisquer que sejam em sua mente distorcida), mas
só quer fazer o mínimo de esforço para recebê-lo.
Histórico: Ninguém sabe realmente quem ou o que são os
Barqueiros - eles ficam nas margens dos rios, esperando pelo
costume, e raramente falam além da oferta de seu serviço e da
indicação de seu preço. De alguma forma, eles são capazes de
atravessar os rios, apesar de não terem Psiquê própria e, além
disso, podem carregar outros com eles. A teoria prevalecente
é que cada barco do Barqueiro é um memento potente e que,
se alguém pudesse arrancá-lo das mãos do Barqueiro, poderia
navegar livremente pelos canais do Mundo Subterrâneo.
Isso pode ser verdade, ou pode ser um absurdo, mas o que
pode ser provado (embora, infelizmente, muitas vezes tarde
demais para fazer qualquer bem) é que os Barqueiros não são
todo-poderosos ou oniscientes, e em algumas travessias de
rios, falsos Barqueiros atracam suas jangadas, oferecendo-se
para transportar viajantes até a margem oposta apenas para
roubar suas oferendas e fugir. Para a maioria, este é um acor-
do único (ou, pelo menos, uma vez por cruzamento); os mor-
tos não são enganados tão facilmente e tendem à ira.
Mais traiçoeiro do que esses malandros mórbidos, porém,
é o Falso Barqueiro que se autodenomina Xolotl, em home-
nagem ao psicopompo com cara de cachorro dos astecas. Ele
fica atracado nas margens do fétido Acheron, e seus preços
são bastante razoáveis, especialmente para os vivos: apenas
um pedaço de carne ou um único cravo vermelho. Se um
viajante suspeita de ser transportado pelo rio da desgraça de
maneira tão barata, não é de admirar: Xolotl não é um Bar-
queiro, apenas um impostor a serviço (ou talvez adoração)
de Leviatã, o guardião Kerberos do Oceano de Fragmentos
(ver pág. 194). O Falso Barqueiro carrega seus passageiros em
seu pequeno barco de juncos e mastros pelo rio - e quando
a costa próxima está fora de vista, ele vira o barco, mergu-
lhando os viajantes nas águas geladas e os levando rio abaixo,
onde eventualmente são depositados no próprio Oceano de
Fragmentos. Enquanto isso, Xolotl simplesmente endireita
seu barco e suas varas de volta à costa, sem que seus futuros
clientes percebam.
Descrição: Xolotl se assemelha a uma figura humana es-
quelética alta com um crânio de cachorro como cabeça. Seus
pés estão voltados para o lado errado, o que lhe confere uma
postura estranha e inclinada para trás quando está em repou-
so. Se já foi homem ou mulher é completamente impossível
de determinar; até sua voz é pouco mais que um sussurro
sepulcral andrógino.
Dicas de Interpretação: Uma vez que Xolotl tenha suas
vítimas no barco, não há muito a fazer para detê-lo - o barco
é pequeno e qualquer tentativa de impedir o Barqueiro de Xolotl
virar é provável que afunde a embarcação de qualquer manei- Atributos: Poder 6, Refinamento 4, Resistência 4
ra. Personagens astutos podem reconhecer que algo suspeito Força de Vontade: 8
está acontecendo antes de entrar no barco, enquanto aqueles Moralidade: 3
que são enganados podem muito bem, supondo que sobrevi- Iniciativa: 8
vam ao Oceano de Fragmentos, voltar em busca de vingança. Defesa: 4
Exatamente por que Xolotl faz o que faz permanece um Deslocamento: 20
mistério. Pode ser que o fantasma esteja destinado ao servi- Tamanho: 6
ço do Leviatã (talvez em pagamento por quebrar uma das Corpus: 10
Leis Antigas do Oceano de Fragmentos), ou talvez ele sim- Essência: 12
plesmente adore a entidade vasta e aterrorizante como uma Numes: Manipular Elemento (água), Desbravador (10 da-
espécie de deus cthoniano, e veja sacrificar viajantes nas vias dos)
navegáveis como seu dever sagrado.

Numes de Xolotl
Manipular Elemento: O fantasma pode se mover, se transformar e dar forma ao elemento água (incluin-
do as substâncias nocivas que fluem pelos rios do Mundo Subterrâneo). O fantasma pode moldar aproxi-
madamente uma área de superfície de cerca de 30 metros quadrados ou um volume de cerca de 12 metros
cúbicos. Pode, por exemplo, acalmar a água, criar costuras pesadas ou até mesmo formar um pequeno
vórtice. Esta Nume não pode ser usada como um ataque direto. Esta Nume custa um ponto de Essência.
Desbravador: O fantasma com esta Nume extrai conhecimento do caminho mais rápido para onde quer
que ele vá, seja o caminho mais rápido de volta ao seu covil ou a localização do Portão Averniano mais
próximo. O caminho mais rápido e eficiente nem sempre é o mais seguro, mas vai. Se for bem-sucedido, o
fantasma visualiza a rota mais próxima e eficiente para o local que deseja.
As informações são armazenadas em sua mente como um conjunto preciso de instruções, permitindo que
ele gaste o mínimo de tempo verificando os pontos de referência. Esta Nume não revela a presença de
perigos ou obstáculos ao longo do caminho, a menos que sejam pontos de referência específicos (“Vire à
esquerda no jardim dos carniçais gritantes”). Se o local em questão for mantido em segredo por seu dono
(como um caminho secreto para os Alcances Inferiores), o teste é disputado. Role Perseverança + Vantagem
Sobrenatural para o alvo. Se o local for compartilhado por várias pessoas, role a Perseverança mais baixa en-
tre elas. O usuário da Nume deve estar na presença física de alguém cuja localização secreta seja discernida.
Se um alvo empatar ou ganhar o teste, ele não pode ser submetido a esta Nume novamente por 24 horas.
Esta Nume não pode localizar o caminho para um lugar que está magicamente velado ou que existe em
outro plano de existência, diferente do plano que o fantasma habita quando ativa esta Nume.
Os efeitos da Nume duram uma cena. Se o espírito não alcançar seu destino nesse tempo, ele deve usar a
Nume novamente ou fazer um teste de Poder para tentar se lembrar dos detalhes.

129
Os Mortos Que Nao Dormem
 Um sopro de
poeira e uma pedra
vem caindo em sua
cabeça - Cason se vira,
se abaixa e a pega com
força em seu ombro,
mas é vulcânica e o
corta como vidro. Ele
cambaleia em direção
ao poço aberto no meio da
expansão cavernosa; um punhado
de baratas barulhentas rasteja para
longe de seus pés desajeitados.
Cassie está sobre ele, o flash de uma
tesoura em sua cabeça - metal sussurra contra
metal quando as lâminas se fecham perto de sua orelha,
então seu nariz. Ele a chuta no estômago, e ela cai de
bunda não muito longe da borda do poço.
- Você não deveria estar aqui, - ela cospe.
- Cass, não temos que fazer isso, - Cason tenta. - Foi longe
demais, mas não o suficiente, você não consegue pará-lo. Venha.
Volte para mim. Venha para casa.
Ela pula de pé, tirando a sujeira vermelha de seu cabelo escuro.
Seus pés descalços a movem para dentro e para fora da sombra.
- Eu diria para você ir para o Inferno, irmãozinho, mas parece que
já estamos aqui. - Ela sorri com os dentes ensanguentados para ele e
vem para ele novamente com a tesoura. Ele ouve os gritos da Costureira
saindo de sua boca.
Ele sente a cova próxima puxando os dois para mais perto, uma boca
faminta sussurrando para eles, convidando-os a entrar. Isso o distrai, e antes
que ele perceba, a tesoura dela está enterrada na carne de seu ombro, e ela
fecha as lâminas - uma fatia de filé de carne fora, e vira como um hambúrguer
ensanguentado no buraco aberto.
A distração não dura. Ele nem sabe que está fazendo isso, mas seu punho
encontra o nariz dela e o estala. O sangue jorra em seu lábio. Ela cambalea para
trás, bem na beira do poço, os braços girando.
E ele pega a mão dela.
- Cass, volte para casa. Eu tenho quartos extras na casa da mamãe. Venha para
casa.
Por um momento, ele acha que ela vai concordar. Mas então seus lábios - escorregadios
de carmesim - se torcem em um sorriso de escárnio. - Mamãe sempre amou mais você. O
mundo ama mais você. Cason chato, enfadonho e perfeito. Te odeio. Eu me odeio. Eu odeio
tudo.
Sua boca se abre, e ele vê a costureira lá dentro - seus olhos costurados fechados.
Gavinhas negras, mais negras do que a noite mais escura, rastejam de seus lábios, estendendo-
se para ele. As pontas brilham como pontas de fósforo; ele não consegue sentir calor,
apenas frio.
Ele me solta.
Cassie cai na escuridão.
Cason não ouvirá o barulho. Ele não vai ouvir o bater das ondas, nem vai ver os
fragmentos das memórias de Cassie puxados para longe dela como bolhas ou bolhas de massa.
Ele não sabe que um dia a verá de novo, e ela não se lembrará de quem ele é.
 Capítulo Cinco:
Os Domínios
Mortos
Atravessar aquele primeiro rio - vadear através de uma batalha de pus ou empurrar
um barco com vara através de uma maré furiosa de escorpiões - é um ato de cruzar o
limiar, quando um personagem dá seus primeiros passos no labirinto subterrâneo que
são os Mistérios Inferiores.
Lá embaixo, encontra-se um lugar mais amplo e louco - topografia insana combi-
nada com cartografia difícil de analisar. Templos antigos ficam sobre valas comuns.
Estátuas de Kerberoi esquecidos desmoronaram em um canal estreito. Uma árvore
morta surge do chão, suas raízes formando um túnel estreito, seus galhos mortos ser-
vindo de lar para várias mariposas minúsculas, cada uma com asas brilhantes verdes.
Vastos abismos podem aguardar, assim como poços sem fim, vulcões adormecidos e
cidades destruídas.
Quanto mais fundo se vai, mais estranho fica. As Leis Antigas se acumulam. Os
fantasmas se tornam cada vez menos humanos. A saída é mais difícil de encontrar,
enquanto a descida é muito fácil de ver.
“Escuto então, mas
com os ouvidos
sedentos, a melodia AOsConfi guração do Terreno
Mistérios Inferiores são organizados em uma série de pequenos feudos e reinos
bruxa dos clarins que - os domínios de fantasmas lunáticos, geists, senhores da morte e Kerberoi. Trechos
tocam a alvorada, dos de túnel, tumba e caverna conectam esses chamados “Domínios Mortos”. Mover-se de
tambores longínquos um Domínio para o próximo (não que seja uma progressão linear, de forma alguma)
batendo o longo rolo. pode levar horas ou pode levar meses. É como uma galáxia de lugares misteriosos escul-
Em meus sonhos, ouço pidos nas profundezas da Terra, uma vasta rede de potencial glorioso e perigo sem fim.
novamente o estrondo
de armas, o barulho de Este Capítulo
mosquetes, o estranho Este capítulo detalha uma série de Domínios Mortos que podem ser encontrados
murmúrio triste do nas profundezas dos Mistérios Inferiores - este capítulo é de fato organizado como a
campo de batalha.” maior parte deste livro, pois quanto mais você lê, mais fundo você vai.
Cada Domínio listado é organizado assim:
—As últimas palavras Primeiro, você terá uma noção geral de como chegar lá (quanto tempo a viagem
do General Douglas pode levar, quaisquer marcos notáveis para a viagem), bem como uma descrição geral
MacArthur do reino, seguida por uma discussão das Leis Antigas que permeiam este Domínio
Morto particular (e quaisquer regras ou ramificações do uso dessas Leis Antigas).
Depois disso, você encontrará uma discussão mais específica sobre a geografia do
reino, com características significativas listadas separadamente. Cada Domínio tam-
bém é completo com uma discussão sobre “risco e recompensa”, ou seja, por que
alguém viria aqui e quais perigos o personagem enfrentaria ao perseguir o objetivo em
tal reino? Uma das ideias principais ao longo deste livro é que o Mundo Subterrâneo
é anfitrião de muitas recompensas - quanto mais fundo se vai, maiores as recompensas
costumam se tornar. No entanto, quanto maior a recompensa, maior o risco de reivin-
dicar essa recompensa.
Finalmente, você encontrará um punhado de antagonistas no reino. A maioria são
“pequenos jogadores” e recebem breves descrições e apenas um punhado de estatísti-
cas (três, na verdade) das quais você pode destilar uma ficha de personagem. Cada um
tem uma característica de Poder, Refinamento e Resistência, a partir da qual você pode
destilar suas vantagens necessárias (consulte “Características dos Fantasmas”, p. 208,
Livro O Regras do Mundo das Trevas). Cada Domínio, entretanto, também vem com
um ou mais “antagonistas primários” que os personagens provavelmente enfrentarão
enquanto estiverem naquele domínio específico.

132
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
 Uma coleção de almas perdidas, vagabundos e foras da lei
fazem seu lar nos ossos de um antigo e abandonado Domí-
nio. Como a versão do Mundo Subterrâneo de uma piscina
de maré, retardatários, errantes e vagabundos chegam aqui,
mas raramente saem. Esta coleção heterogênea lentamente
construiu um estilo de vida em seu pequeno nicho do Mun-
do Subterrâneo. Uma estação intermediária ao longo do ca-
minho para os Mistérios Inferiores, A Mão do Homem Mor-
to oferece descanso e perigo em igual medida.
Chegando Lá
Dizem que você não procura a Mão do Homem Morto;
ela vem te procurar. A maioria das pessoas tropeça no reino
em seu caminho para climas mais baixos e, de fato, a maneira
mais confiável de encontrar o Domínio é se perder. Ao cru-
zar qualquer um dos grandes rios do Mundo Subterrâneo,
qualquer fracasso ou fracasso consecutivo em um teste esten-
dido para navegar nas catacumbas subterrâneas retorcidas
pode levar à Mão do Homem Morto.
Procurar ativamente pela Mão do Homem Morto com
base apenas no nome ou reputação incorre em uma penalida-
de de -5; com direções confiáveis, a melhor jogada ainda terá
uma penalidade de -4. Tecnicamente, um fracasso neste teste
conta como se perder, mas aí se esconde uma das fantásticas
ironias de descobrir a Mão do Homem Morto - exatamente
quando você pensa que está verdadeira e totalmente fodido,
você ouve o murmúrio de vozes ou vê as manchas distantes
de luz.
Descrição
Ninguém sabe para que o Domínio era usado antes que a
Comparsa do Vale da Morte tropeçasse no reino e o coloni-
zasse. Seu propósito original se perdeu no tempo e na maré;
agora ele atua como uma estação intermediária e um lar para
as almas perdidas, tanto literal quanto figurativamente. Mui-
tos nunca deixam a Mão do Homem Morto, mantidos aqui
por escolha ou por necessidade. Talvez se eles saírem, eles
serão responsabilizados por crimes cometidos em outros lu-
gares ou por renegarem um acordo, eles estão presos aqui
na servidão. As razões para ficar são superadas em número
apenas pela miríade de caminhos que levam até aqui.
Assim como os viajantes perdem a esperança de encon-
trar o caminho de volta à superfície, um caminho se revela.
Já existia antes? Leva mais fundo no subsolo, com sons e chei-
ros filtrando-se para provocar os sentidos. Qualquer sinal de
civilização no metrô é bem-vindo, então o viajante se arrisca
- não é como se ele pudesse se perder mais. Não demora mui-
to para que ele contorne um cãozinho afiado no caminho e
fique surpreso ao ver como o caminho se abre e se ilumina
dramaticamente.
Entrando pela boca da caverna, a paisagem se espalha
pelo horizonte, dando imediatamente ao visitante que vem
pela primeira vez uma sensação da enormidade da Mão do
Homem Morto. Vários abismos, cristas, elevações e vales de-
saparecem além da vista. O teto é tão alto em alguns lugares
que é fácil esquecer que todo o lugar é subterrâneo. A areia
vermelha cobre tudo e tende a encontrar seu caminho em
todos os cantos e fendas que sopram na cidade em pregui-
çosos ventos vindos das profundezas do Domínio. As áreas
povoadas são iluminadas por tochas e velas, mas o Domínio
como um todo tem um brilho vermelho estranho que parece
vir especificamente da areia pulverulenta. No entanto, apesar
de toda a profundidade e largura do Domínio, apenas a me-
nor fração - aglomerada em torno do ingresso escancarado - é
habitada.
A maior parte da ação acontece na parte mais segura e po-
pulosa do reino: uma cidade raquítica aglomerada ao redor
da boca da caverna monstruosa. Esta comunidade surgiu de
uma maneira que lembra as cidades da Explosão do Velho
Oeste (explicando como ela recebeu o nome de “Cidade Ex-
plosão”). Além da borda da expansão urbana improvisada,
duas grandes fendas formam uma fronteira natural ao redor
da área (Este aspecto ganhou o título de “A Fenda do Diabo”
graças a alguns espertinhos grosseiros).
Alguns indivíduos intrépidos exploraram além dessas
cristas, mas a maioria não volta e aqueles que o fazem não
estão ansiosos para voltar. Os únicos dois que tiveram al-
gum sucesso de longo prazo no mapeamento do Domínio
são Mort e Carl, membros da antiga Comparsa do Vale da
Morte. Eles e um punhado de outros aventureiros relataram
coiotes - comedores de carniça meio apodrecidos - vagando
pelas areias vermelhas além da borda natural formada por vá-
rias cristas e rachaduras. Eles parecem muito sapientes para
serem psicopompos, mas são mais ferozes do que os espectros
mais depravados. O que são e o grau de ameaça que repre-
sentam é uma questão contínua. Caso contrário, é uma terra
devastada, ganhando o título Terra de Ninguém entre os ha-
bitantes locais. Persistem rumores de torres caídas, paredes
quebradas e parapeitos que se projetam de dunas vermelhas.
Questões estimulantes como: o que costumava residir aqui,
o que aconteceu com eles e há alguma chance de eles retor-
narem? Mort e Carl são rápidos em rejeitar esse tipo de con-
versa, mas o medo persiste; duplamente desde que alguém
encontrou Susana (um membro fundador da Comparsa do
Vale da Morte) assassinada pela Fenda do Diabo. Fundadora
ou não, a onda resultante de paranóia e suspeita fez com que
a cidade colocasse voluntários ao longo de um punhado de
torres de vigia improvisadas de madeira e pedra que cercam
a área.
133
A Mao do Homem Morto
 Cidade Explosão
Quando a maioria dos espíritos fala da Mão do Homem
Morto, eles não estão se referindo à vasta planície de rocha
e areia. Em vez disso, eles se referem a Cidade Explosão, a
coleção de cabanas e barracos centrados no edifício capital
em estilo de salão chamado Ases e Oitos. Vagabundos, an-
darilhos e almas perdidas se reúnem aqui na esperança de
proteção mútua ou simplesmente de sua fatia do bolo. Aqui,
fantasmas sem âncora e outros habitantes do Mundo Sub-
terrâneo procuram construir algo melhor: uma comunidade
real. Claro, isso é apenas uma descrição rosa desta coleção de
oportunistas atrelando seus vagões juntos na esperança de
que predadores e valentões vão pegar os caras mais adiante,
mas o sentimento permanece verdadeiro.
A maioria das pessoas não iniciará nenhum problema
que não tenha começado com eles. Cidade Explosão ofere-
ce o melhor negócio que eles acham que vão conseguir, en-
tão por que estragá-lo? No entanto, conforme a cidade fica
maior, as rachaduras e sombras se tornam mais abundantes e
um certo elemento criminoso fez de Cidade Explosão seu lar.
A violência e o roubo tornaram-se rapidamente uma realida-
de diária nos becos e fendas entre as “ruas”. Gabriel - de fato
Kerberos, prefeito e proprietário de Cidade Explosão - e sua
antiga comparsa fazem o seu melhor para manter a paz, mas
o assentamento cresceu muito rápido e é difícil encontrar
boa ajuda entre a madeira flutuante espectral que lava em
sua costa.
O Que Você Precisa, Cara?
A Mão do Homem Morto tem a reputação de ser um
lugar onde tudo pode ser comprado, trocado ou vendido.
Qualquer número de trabalhadores contratados, segredos ou
itens ilícitos podem ser obtidos dentro do corpo cavernoso
deste Domínio Morto. A Mão do Homem Morto é o anfi-
trião de todos os tipos de solicitadores, vendedores ambu-
lantes e negociantes obscuros em barracos descuidados ou
no pico de barracas. Curiosidades, ofrendas roubadas, itens
penhorados com manchas de sangue recentes e outros pratos
questionáveis estão em exibição apenas esperando que uma
oferta seja feita. Se um Devorador de Pecados vê algo de que
gosta e que aparentemente não está à venda, ele deve fazer
uma oferta. Tudo está à venda na Mão do Homem Morto.
Vários espectros, fantasmas e habitantes estranhos monta-
ram blocos aleatórios revestidos de várias “cabines” e esteiras,
formando uma espécie de mercado ao ar livre. Sinais pendu-
rados sobre algumas portas oferecendo serviços de facilitação
de vícios a carregar fardos para aqueles com ofrendas ou qual-
quer outra moeda para oferecer.
Salão Ases e Oitos
Elevando-se dois andares completos acima do resto de
Cidade Explosão é a inegável capital da terra e homônima
do Dominio. O Salão Ases e Oitos começou como um par
de berços e uma refeição cheia de rendas. Agora cresceu e se
tornou um centro cívico, edifício de capital, estação de pas-
sagem, pousada e bar. Quando a comparsa do Vale da Morte
chegou, seus membros estavam em uma encruzilhada, perdi-
dos em mais de um aspecto. Gabriel olhou ao redor para o
vasto e vazio Dominio e viu uma ampla visão de oportunida-
de para recriar a si mesmo. Naquela noite, sentados ao redor
de uma fogueira, ele e a comparsa concordaram em abando-
134
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
nar o mundo da superfície e abrir seu nicho aqui. Isso foi há
20 anos. Agora Ases e Oitos está onde essa promessa foi feita
e o resto de Cidade Explosão ondulou lentamente para fora.
A arquitetura do lugar parece ter sido montada por uma
maré de pega. Ases e Oitos é composto de lixo e resgate reco-
lhidos desde o mundo da superfície e até os Mistérios Inferio-
res. O piso vai de paletes de madeira a painéis de partículas,
passando por um pedaço de telhado de zinco e vice-versa. As
cadeiras variam de cadeiras dobráveis de metal a assentos de
avião e estalactites caídas encontradas nas cavernas e viradas
para um lugar para descansar. As paredes são revestidas com
qualquer coisa não estruturalmente útil, rotulada vagamente
como “arte”. No entanto, entre a comparsa e alguns engenhei-
ros e artesãos falecidos, é notavelmente resistente e caseiro.
Ases e Oitos é todas as coisas. É um bar que vende alimen-
tos coletados e recolhidos a passageiros e habitantes locais.
É uma pousada, alugando camas protegidas das ameaças do
Mundo Subterrâneo aberto para aqueles que passam. É o cen-
tro social e cívico de Cidade Explosão, onde todos se reúnem
para se encontrar, contar histórias, fazer companhia e expres-
sar suas queixas. É uma capital, onde Gabriel e as comparsas
restantes se encontram para discutir negócios em andamento
e o estado do Domínio.
Se você quer encontrar alguém, o salão é um lugar tão bom
quanto qualquer outro para começar. É um lugar igualmen-
te bom para examinar o elenco colorido que compõe Cidade
Explosão. Lalorna, a prostituta, o silenciosamente ameaçador
El Diablo, Re-Pete, o Gago, Mort, Carl, o Sacerdote Sem Man-
díbula e uma centena de outros entram e saem todos os dias.
As Leis Antigas
As leis da Mão do Homem Morto estão em vigor desde
antes da chegada da Comparsa do Vale da Morte e ainda per-
manecem assustadoramente apropriadas para seu uso atual.
Ambas as leis estão afixadas em placas de madeira na entrada
do Domínio e por toda parte. Elas podem ser encontradas
escritas acima do bar, gravadas na parede de madeira das de-
pendências improvisadas, afixadas em qualquer quantidade de
lojas e curiosidades que surgiram pela cidade. Aonde quer que
se vá, as palavras de ordem da Mão do Homem Morto estão
em letras grandes, para que ninguém se esqueça. As punições
variam; na maioria das vezes, os transgressores encontrarão
seus nomes na lista Não Negocíe - um quadro-negro acima do
bar do salão. Transgressões graves precisam de punição mais
severa e isso inclui enforcamento (não que realmente mate al-
guém, mas com certeza é desconfortável e mais do que um
pouco embaraçoso), banimento e, por fim, invocar os guardas
de Portão Baixo ou vender seus nomes aos Sibitti da Forja
(mais informações sobre esses Domínios podem ser encontra-
das posteriormente neste capítulo).
Sua Palavra é o seu Vínculo
Qualquer promessa, negócio ou acordo feito dentro da
Mão do Homem Morto é vinculativo. Assinadas, seladas e en-
tregues, as palavras literalmente são títulos. Se um Devorador
de Pecados faz um acordo na Mão do Homem Morto, é me-
lhor ele fazer o bem por isso. Romper a carta de um acordo
fora do Domínio também não vai protegê-lo. Gabriel pode
não ter tempo para perseguir cada promessa quebrada, mas
da próxima vez que ele retornar à Mão do Homem Morto,
ele pode esperar que seu nome esteja na lista de Não Negocie
postada acima do bar ou pior, um pelotão esperando por ela.
O Que Não é Reivindicado é Exigível
Se não tiver o nome de ninguém, está lá para ser levado.
Isso pode ser complicado, não é como se alguma lei de pro-
priedade mística fosse proteger as coisas de alguma pobre alma
se ela se mudasse por alguns dias ou tirasse os olhos dela por
muito tempo. Quanto maior Cidade Explosão fica, mais difícil
é a aplicação dessa lei. Infelizmente, ter e segurar o item em
questão é a melhor maneira de provar que é seu. Se você não
pode protegê-lo, não se apegue a ele. No entanto, Gabriel não
é um idiota e tem um senso cada vez mais aguçado da verdade
nas Mãos do Homem Morto. Se ele puder ajudar, ele o fará
porque sabe que este lugar está a apenas um dia de distância
da anarquia total. Qualquer aparência de controle e ordem é
crítica.

Geografia
Ases e Oitos é o grande ponto de encontro em estilo sa-
lão no centro de Cidade Explosão. Como o marco principal,
o nome foi transportado em língua e bochecha para o resto
do Domínio: Mão do Homem Morto. Segundo a maioria dos
relatos, a única coisa nas terras áridas da Terra de Ninguém é
areia e terra dura, mas este Domínio é muito mais antigo do
que Gabriel e sua comparsa e os restos de qualquer reino que
veio antes podem aguardar a descoberta. Outros locais interes-
santes dentro e fora da cidade são detalhados abaixo.
Zócalo
O que começou como uma fogueira e uma ideia agora se
tornou uma metrópole de dois andares de caixotes, galpões,
cabanas e barracos. A rua principal que vai da foz do Domínio
ao salão funciona como um mercado ao ar livre e uma praça
da cidade conhecida como zócalo. É aqui que os anúncios de
toda a cidade podem ser ouvidos, gritados da varanda do se-
gundo andar - desde que a população cresceu muito para caber
no salão. Tem cheiro de vísceras e areia, realçado pelos odores
adocicados de frutas maduras e podres. Muitos empreendedo-
res de sucesso abriram lojas nesta via principal, vendendo seus
produtos mais legítimos na rua.
O Bazar Negro
Para os bens e serviços não tão legítimos, basta viajar duas
ruas de distância do zócalo. Em um beco coberto iluminado
por uma lanterna ocasional e o brilho vermelho sempre pre-
sente está o Bazar Negro. Aqui, os elementos menos desejáveis
esculpem seu modo de vida, vendendo carne, vício e assassi-
nato. Uma crescente máfia de mortos se formou como um
câncer sob Cidade Explosão. Gabriel está ciente deles, mas
desde que sigam as Leis Antigas, ele é incapaz de despertar
força suficiente para extirpá-los. Aqui, os compradores menos
escrupulosos podem comprar qualquer coisa, desde escravos a
contratos sobre a não-vida de alguém.
Dedos do Homem Morto
Cerca de um quilômetro fora de Cidade Explosão, um par
de abismos cria um limite natural separando a cidade do res-
to do Dominio conhecido localmente como Fenda do Diabo.
Nas profundezas dessas rachaduras, uma série de afluentes e
poças se formaram, supostamente alimentados por todos os
rios do Mundo Subterrâneo conhecidos. Resta saber se isso
é literalmente verdade, mas os vários “dedos” compartilham
características com os rios mais conhecidos. Beber ou coletar
água dessas piscinas expansivas tem o mesmo efeito que o rio
com as quais elas mais se parecem (ver Rios do Mundo Sub-

135
A Mao do Homem Morto
 terrâneo, Geist: os Devoradores de Pecados pp. 268-271, ou gate, trabalhadores contratados, guias, ofrendas, informações
neste livro, p. 102). Chegar até eles e voltar é o verdadeiro e até escravos. Para aqueles que desejam enfrentar as ruas cor-
truque. Os grupos terão que percorrer o caminho traiçoeiro rendo o risco de desaparecer em um beco escuro, a Mão do
e tortuoso até o fundo da fenda monstruosa. Os testes de Homem Morto pode ser o paraíso de um necrófago.
Força + Esportes estendidos serão necessários, precisando de Os itens à venda incluem toda a própria Mão do Homem
pelo menos 20 sucessos para descer. Ainda mais pode ser ne- Morto. Não será barato por nada, mas a comparsa do Vale da
cessário para voltar, dependendo de como a intrépida alma Morte não sabia necessariamente no que estavam se metendo
coleta e protege sua generosidade. Regras detalhadas para es- quando se estabeleceram aqui. Gabriel em particular está cada
calar podem ser encontradas no Livro de Regras O Mundo vez mais perturbado pelos sonhos e visões que ele tem quan-
das Trevas, pp. 64-65. to mais tempo ele fica. Se o preço estiver certo, ele pode ser
convencido a entregar a “escritura”. Isso significa que todos os
Terra de Ninguém problemas de gerenciamento dessa coleção de ladrões, necró-
Fora de Cidade Explosão e estendendo-se além do hori-
fagos e carniceiros recairão sobre seus novos proprietários. Os
zonte, há uma vasta faixa de fendas, mesas de pedra e areia
novos proprietários também se tornam o foco do misterioso
conhecida como Terra de Ninguém. De acordo com os pró-
El Diablo.
prios exploradores da Mão do Homem Morto, Mort e Carl,
nada lá fora vale a pena pegar. Nenhum recurso estava além
dos Dedos do Homem Morto, apenas muita areia e coiotes. Alguns Jogadores
Qualquer outra pessoa que tenha ido lá corrobora essa histó- A Mão do Homem Morto atrai todos os tipos. Muitos são
ria, mas a criatura chamada El Diablo acredita o contrário. retardatários que se perderam ao longo do caminho; a maioria
Ele acredita que as ruínas de toda a sua civilização estão por deles é do tipo que procura ficar perdidos. Do lindamente ab-
aí em algum lugar. Já faz tanto tempo que todos os castelos surdo ao antigo e traiçoeiro, abaixo estão apenas algumas das
e torres de sua memória se reduziram a pó e sucumbiram à faces ao redor de Cidade Explosão.
areia? Ou Mort e Carl estão mentindo? Apesar de tudo o Gabriel
que eles afirmam não os espera, eles ainda retornam regu- Poder 5, Refinamento 4, Resistência 7
larmente. Talvez eles não queiram compartilhar as riquezas e Gabriel - ou Gabe para a maioria - é o possuidor e proprie-
refúgio que encontraram? Pior, talvez eles tenham sido com- tário, por assim dizer, de Ases e Oitos e prefeito de fato de
prometidos pelos antigos habitantes, servos de um exército Cidade Explosão. Um Devorador de Pecados e sua comparsa
adormecido que agora se levanta e se reúne além da Fenda que se perdeu e nunca foi encontrado; Gabriel viu um nicho
do Diabo. Ou talvez eles simplesmente não gostem de como e o preencheu, acomodando a área. Com o tempo, mais almas
Cidade Explosão ficou lotada e apenas gostam de fugir. perdidas vieram e lenta, mas seguramente, a ideia cresceu e se
tornou o que é hoje. O que começou como uma pequena co-
Risco e Recompensa muna se tornou uma coleção sem lei de habitantes bons, maus
Tudo está à venda na Mão do Homem Morto. Tudo. e feios do Mundo Subterrâneo. Para sua surpresa e desgosto,
O único limite é que o item desejado deve ser algo realista Gabriel é o Kerberos oficial da Mão do Homem Morto. Com
que um fantasma ou viajante do Mundo Subterrâneo possa o tempo, ele desenvolveu uma afinidade sobrenatural com o
obter. Eles são em sua maioria catadores, mendigos com ape- Domínio. Tudo começou como uma série de sonhos, mas ago-
nas um trabalhador especializado ocasional. Dito isso, vários ra também invade sua mente desperta. Cada vez que seus cida-
itens estranhos aguardam para serem adquiridos: água dos dãos rudes quebram as regras, ele está muito ciente disso. Ele
rios do Mundo Subterrâneo, futilidades feitas à mão de res- sai para acompanhar e fazer cumprir as leis aos membros de

Comparsa do Vale da Morte

Gabriel e sua comparsa tropeçaram na Mão do Homem Morto e nunca acharam por bem sair. Essa decisão
e o tempo que passaram na interminável meia-noite sombria do Mundo Subterrâneo deixou todos eles
um pouco “tocados”. Eles podem parecer normais o suficiente em uma conversa passageira, mas pequenos
tiques mostram que as crianças não estão bem.
O próprio Gabriel é assombrado por vozes e visões. Ele coloca uma boa face nisso sempre que pode, mas
no fundo ele teme estar se tornando algo totalmente diferente. Ele acredita que está se fundindo com o
Domínio da mesma forma que se fundiu com seu geist (o Jogador Enforcado). O que é pior, ele teme que
possa estar se fundindo com o antigo Kerberos deste reino e que, uma vez que a transição for concluída,
apenas um deles permanecerá.
Aqueles que se apegam a Ases e Oitos e Cidade Explosão se saem melhor com a camaradagem constante,
mas Mort e Carl em particular podem estar ficando cada vez mais loucos por tudo que alguém conhece
ou pode controlar.
Todos, exceto um da comparsa original, podem ser encontrados ao redor do Domínio. O membro de-
saparecido, Susana, foi misteriosamente assassinada uma noite nos arredores de Cidade Explosão. É um
assassinato que não foi resolvido, mesmo com a crescente clarividência de Gabriel dentro do Domínio. Isso
tem incomodado os moradores o suficiente para iniciar uma vigilância tosca da cidade, embora eles passem
tanto tempo assistindo a Terra de Ninguém que o crime prospera dentro da própria Cidade Explosão.

136
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
sua comparsa, que ele acusou de seus deputados, mas teme retornar e querer suas terras de volta. Esta é apenas uma de
estar perdendo o controle da situação. suas muitas opiniões sábias da desgraça. Para saber mais, pare
e converse com ele por alguns minutos e ouça tudo sobre
Re-Pete, o Gago como todos estão condenados.
Poder 7, Refinamento 2, Resistência 6
Um membro original da Comparsa do Vale da Morte e Lalorna, a Prostituta Casadora
colono da Mão do Homem Morto, Re-Pete é o principal exe- Poder 3, Refinamento 6, Resistência 4
cutor de Gabriel. Um emprego que ele mantém por padrão Lalorna é uma bagunça meio esquelética de um fantasma
graças à sua enorme estatura. Re-Pete tem o tipo de presença vestido com uma paleta de cores que arregalam os olhos e be-
que acalma a maioria dos problemas antes de eles começa- los enfeites. Apesar de sua aparência simplesmente horrível,
rem. Não é a ferramenta mais afiada do galpão e falando com ela tem um jeito de despertar a luxúria de qualquer um que
uma gagueira severa, Re-Pete é um homem de poucas pala- ela queira. Ela vai bajular a atenção de qualquer personagem
vras. Quando e se ele fala, ele não gosta quando as pessoas masculino, antagonizar e ridicularizar qualquer personagem
completam suas frases por ele e um visitante pode ganhar al- feminina e geralmente atrair a atenção. Se alguém prestar
guns pontos fáceis, permitindo que ele conclua seus próprios atenção a ela, sua afeição aumentará rapidamente do flerte
pensamentos. Ele fica perto de Ases e Oitos na maior parte para forçar-se no alvo e, finalmente, persuadir o pobre coita-
do tempo, mas às vezes pode ser encontrado nos arredores da do a colocar um anel em seu dedo. Aparentemente, tendo
cidade, perto de onde Susana foi encontrada. falecido solteira e sem amor, ela acredita que se conseguir
encontrar alguém para se casar, seu tormento estará acabado.
Mort Esteja ciente de que as Leis Antigas são bastante específicas
Poder 4, Refinamento 4, Resistência 6
quanto a palavras serem vinculativas e os visitantes devem
Mort e seu parceiro no crime, Carl, são as maiores autori-
resistir até mesmo se comprometer sarcasticamente com o
dades na Terra de Ninguém. A maior parte do tempo é gasto
fantasma.
no vasto deserto além da Fenda do Diabo. Alegadamente,
eles estão mapeando e tomando nota das poucas característi- O Tcheco
cas distintas que existem no impossivelmente grande Domi- Poder 5, Refinamento 3, Resistência 3
nio. Mort não costuma ficar batendo papo com estranhos e O Tcheco é o dom não oficial do Bazar Negro, tendo
desencoraja as pessoas a falar com ele da melhor maneira que sido o primeiro a desafiar Gabriel em público a detê-lo. Foi
pode. Não é de admirar que tal anti-socialista prefira passar um movimento que encorajou o elemento criminoso e deu
seu tempo sozinho nas terras áridas. início à avalanche de malfeitores e assassinos à espreita nas
sombras de Cidade Explosão. O Tcheco é um fantasma que
Carl construiu sua reputação vendendo almas menos afortunadas
Poder 3, Refinamento 5, Resistência 4
para quem está comprando. Alguns ficariam surpresos ao sa-
Carl é a metade mais extrovertida de Mort e Carl. Ele
ber que alguns de seus “escravos” estão quase dispostos a ser
geralmente fica mais feliz em ver rostos que não são de Mort
negociados como propriedade. Sem âncoras e significado, o
depois de voltar de suas estadas de semanas a fio. Mesmo
escárnio da vida promete apenas longas horas de lamentá-
assim, ele tem informações sobre a Terra de Ninguém e pre-
vel repetição. Até a escravidão é uma opção melhor do que
fere que as pessoas falem sobre si mesmas e coisas fora do
decair lentamente até a loucura. Por enquanto, o Tcheco é
Domínio. Seu conselho é o mesmo de Mort quando se trata
o homem com quem conversar a fim de finalizar qualquer
da paisagem circundante: cale a boca e fique de fora.
negócio no Bazar Negro, mas é apenas uma questão de tem-
Beth Anne po antes que um peixe maior apareça e queira um pedaço
Poder 3, Refinamento 4, Resistência 3 daquela torta.
Beth Anne pode ser encontrada em qualquer lugar ao
Miriam, a Sussurradora de Crânios
redor de Cidade Explosão, desde o salão até a Fenda do Dia-
Poder 3 (5), Refinamento 3 (4), Resistência 3 (5)
bo. Ela levou o assassinato de Susana com mais força e acusa
Miriam parece como qualquer outro retardatário conten-
os outros de não estarem perto o suficiente para solucionar
te em pegar sua carroça para Cidade Explosão, embora pos-
o crime. Ela é realista sobre ser incapaz de fazer isso sozinha,
sua consideravelmente mais vitalidade do que a maioria. Ela
mas suas interações com o resto da comparsa se transformam
se move rapidamente no meio da multidão e está totalmente
rapidamente em acusações aos gritos. Alguns forasteiros úteis
animada quando se trata de abrir o vagão de boas-vindas.
seriam uma adição bem-vinda ao seu mundo. O único da
Não é preciso muito para descobrir que ela está bem viva,
comparsa para quem ela não está com a boca cheia de bile
mas não apresenta nenhuma característica em comum com
agora é o Conde Mórbido, que a ajuda de uma maneira es-
os Devoradores de Pecados. Isso porque Miriam é uma lo-
tranha.
bisomem interessada em coletar informações sobre os estra-
Conde Mórbido nhos coiotes relatados na Terra de Ninguém. O segundo con-
Poder 2, Refinamento 6, Resistência 4 junto de estatísticas acima representa Miriam em suas formas
O cérebro da operação. Um indivíduo taciturno que quase-homem e quase-lobo. Seu compromisso em prosseguir
passa a maior parte do tempo no salão labutando em seus com sua pesquisa é admirável, mas sua separação do mundo
vários cadernos de anotações, relatando o que sabem sobre o mortal e as armadilhas da alcateia estão levando-a cada vez
Domínio até agora. Ele coleta contas e trabalha em estreita mais para a loucura crescente. Por enquanto, ela se contenta
colaboração - na segurança de seu canto do bar - com Mort e em se expressar por meio de um comportamento obsessivo-
Carl. No geral, ele é um sujeito triste, com uma opinião vaga -compulsivo inofensivo. No entanto, vai piorar e não é fácil
sobre quase tudo. Ele é o único membro da Comparsa que lidar com um lobisomem insano.
acredita que os habitantes originais podem eventualmente

137
A Mao do Homem Morto
 El Diablo
Virtude: Prudência. Ele prefere se livrar de todos eles de
uma vez, mas vire-os uns contra os outros e o problema se
resolverá sozinho. Paciência, paciência.
Vício: Ira. É tudo o que El Diablo pode fazer para parar
de arrancar as pernas desses insetos.
Histórico: Ninguém sabe muito sobre a misteriosa figu-
ra conhecida como El Diablo. A maioria só pode dizer aos
visitantes que ele é muito quieto e permanece à margem da
multidão. Ninguém se lembra de quando ele apareceu. Eles
simplesmente presumem que ele estava aqui quando che-
garam. Isso é mais verdadeiro do que eles pensam. A coisa
conhecida como El Diablo é um dos habitantes originais des-
te Domínio. Ele é o último da dramatis personae há muito
tempo arrastado para fora do palco. Mesmo ele não conhece
seu destino; apenas que, quando ele acordou de um sono
profundo e sombrio, sua casa era habitada por estranhos.
El Diablo é como o chamam, mas esse não é o nome dele.
Ele já foi Adar-Malik, um servo em um tribunal muito maior
que governava este Domínio. Agora tudo isso se foi, incluin-
do a maioria de suas memórias, tudo exceto os flashes de sua
amada com cara de lua, Anam-Alil. Enquanto viaja dentro de
sua antiga terra natal, ele ocasionalmente se lembra de onde se
erguiam orgulhosas torres ou da multidão de comércio fluin-
do para dentro e para fora em vários rios. Em seguida, suas
percepções voltam a essa zombaria fria de seu reino. Se ele pu-
desse se lembrar onde seus compatriotas estavam enterrados,
talvez pudesse reanimá-los e expulsar esses intrusos grosseiros.
Até então, ele passa o tempo instigando rixas entre vizinhos
e semeando a desconfiança entre os visitantes. Sua jogada de
maior sucesso até agora foi o assassinato da garota, Susana.
Removendo um dos muitos espinhos de seu lado e causando
uma divisão em seu pequeno governo. A propósito, isso tor-
nou a cidade mais vigilante, mas isso vai morrer com o tempo.
Além disso, seus olhos estão todos voltados para fora, o que
permite que o apodrecimento interno apodreça e cresça. Se ele
conseguir levar a outra prostituta, Beth Anne, para longe de
seu povo, ela será a próxima.
Descrição: El Diablo usa um manto vermelho grosso, se-
melhante a vestimentas sacerdotais, luvas brancas e uma más-
cara oni (parece a máscara de um ogro ou demônio). Nenhu-
ma parte do próprio El Diablo aparece e o que está sob suas
roupas é uma incógnita. Ele caminha com uma marcha in-
clinada lamentável e um palpite exagerado; essas doenças são
atos praticados para afastar seus inimigos. El Diablo é bastante
saudável e capaz de enfrentar sozinho todos, exceto os geists
mais poderosos.
Dicas de Interpretação: El Diablo verá os personagens de
duas maneiras: uma ameaça para ele e sua casa ou uma pata de
gato para ajudar a promover seus objetivos maquiavélicos. Ele
é um motor do caos que tenta colocar os residentes da cida-
de uns contra os outros e enfraquecer seu domínio sobre seu
Domínio. Embora El Diablo seja um espectro poderoso o sufi-
ciente, ele é, em última análise, um covarde que prefere evitar
o confronto direto. Se um ofensor vier até ele, entretanto, os
oponentes irão considerá-lo um dervixe gritando em combate.
Atributos: Poder 7, Refinamento 5, Resistência 6
Força de Vntade: 10
Moralidade: 4
Iniciativa: 10
Defesa: 5
Deslocamento: 20
Tamanho: 5
Corpus: 10
Numes: Controle de Animais ( – Perseverança). Ilusão. Teleci-
nesia. Terror (disputada contra Perseverança + Autocontrole).
(Parada de Dados 10)

Considere: Adar-Malik
Então, quem ou o que é El Diablo - ou Adar-Malik? É possível que El Diablo fosse o Kerberos de qualquer
que seja a Mão do Homem Morto anteriormente? Que ele continua sendo o Kerberos, mas está perdendo
em um cabo de guerra pela primazia com Gabriel? Eles estão se fundindo lenta, mas seguramente como
Gabriel teme? Talvez El Diablo perca faculdades e memórias à medida que Gabriel as ganha. Mort e/ou Carl
estão comprometidos com seu povo? Talvez eles estejam em contato com algum outro residente antigo,
talvez até mesmo o amor perdido de El Diablo: Anam-Alim? Que tal um antigo inimigo ou representante
de uma facção rival? El Diablo iria recorrer aos residentes (ou personagens) para ajudar a manter seu reino
longe de seus inimigos?
Talvez não seja tão complicado assim. Talvez ele seja apenas um lacaio lambendo botas; um único sobrevi-
vente de um reino do Mundo Subterrâneo que cresceu muito rápido e tombou com o peso de si mesmo.
Ainda mais ignóbil, talvez ele seja apenas um fantasma ou geist que apareceu aqui como todo mundo e ele
é apenas mais louco do que uma coruja de merda.
138
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
 Qualquer um que vagueia pelas trevas do Mundo Sub-
terrâneo logo descobre que os Kerberoi são os implacáveis
guardiões da lei. Mas surge inevitavelmente a questão: quem
vigia os vigias? A resposta é: outro Kerberoi.
Em algum ponto do passado tenebroso, talvez até no pró-
prio início dos tempos, dois dos Kerberoi se voltaram contra
o outro, cada um alegando que o outro havia violado as Leis
Antigas. A batalha entre os dois foi feroz, mas inconclusiva,
pois os ferimentos em ambos os combatentes começaram a
ameaçar a destruição mútua. Recuando e se reagrupando,
cada Kerberoi alistou seguidores para ajudá-lo em sua busca
pela justiça. Primeiro, pequenos bandos de fantasmas com os
Kerberos em sua cabeça entraram em confronto uns com os
outros, encenando batalhas de bater e correr e emboscadas
destinadas a enfraquecer o oponente. Os bandos guerreiros
ficaram maiores à medida que mais e mais humanos mor-
riam em guerras mesquinhas na superfície viva, e essas som-
bras de guerreiros foram atraídas para o conflito abaixo. As
escaramuças transformaram-se em batalhas, as batalhas em
guerra total.
Agora, Mecanismo e Dominus governam exércitos de
fantasmas, oriundos das fileiras mortas de militares homens
e mulheres ao longo dos séculos. Cada um procura quebrar
o outro, busca alguma vantagem final que pode levar à vitória
final e a guerra se arrasta indefinidamente. O recrutamento
está em andamento e é, de fato, uma necessidade, e aqueles
viajantes cansados que procuram passar pelos Campos da
Matança são pressionados a servir ou são caçados por ambos
os lados.
Chegando Lá
Um Dominio relativamente raso, os Campos da Matança
é fácil de encontrar. A necessidade constante de reforços e as
motivações quase humanas dos fantasmas que lutam lá, sem
dúvida, contribuem para as amplas passagens que descem em
espiral para esvaziar no Domínio. Os bandos de guerreiros
mortos gotejam por essas passagens e mantêm o caminho
relativamente livre, já que os fantasmas tendem a lidar vio-
lentamente com qualquer pessoa ou qualquer coisa que se
interponha em seu caminho. Na verdade, seguir uma dessas
bandas é a maneira mais rápida de encontrar os Campos da
Matança, desde que se saiba o que procurar.
O Rio de Sangue separa os Campos da Matança dos
outros Domínios, não importando de qual direção ele seja
abordado. Mais incomum, pontes bem mantidas cruzam o
Qiqol-Mal, proporcionando acesso aparentemente fácil ao
Domínio. O controle dessas pontes (e dos reforços que elas
trazem) é o objetivo principal de ambos os lados, resultando
em batalhas quase constantes perto delas. Para aqueles que
procuram um meio de abordagem mais furtivo, barqueiros
ainda podem ser encontrados escondidos, aqui e ali, ao lon-
go das margens. O preço da passagem é barato. Cada passa-
geiro deve apenas revelar seu nome ao barqueiro. Viagens
experientes podem ser suspeitas pelo aparente baixo custo
do pedágio e eles estariam certos. A verdadeira recompensa
do barqueiro vem quando ele revela os nomes de visitantes
não anunciados aos bandos de guerreiros que patrulham as
margens.
Alguns Devoradores de Pecados afirmam que cada Domí-
nio Morto é infinito em tamanho e, pelo menos no caso dos
Campos da Matança, eles podem estar certos. Embora possa
parecer prudente apenas evitar o Domínio por completo, o
triste fato é que os caminhos que contornam esta seção es-
pecífica dos Mistérios Inferiores são difíceis de encontrar e,
muitas vezes, é simplesmente mais rápido avançar pelo Do-
mínio. O homem lutou em guerras por um longo tempo,
enchendo os Campos da Matança com as almas daqueles
que não podem seguir em frente após a morte. Uma explica-
ção para porque o Domínio é tão difícil de contornar é que
tantos fantasmas são atraídos para o Domínio que partes do
Mundo Subterrâneo mudaram em resposta, fornecendo cada
vez mais caminhos para essas almas perdidas viajarem.
Descrição
Os Campos da Matança são um lugar de batalha sem
fim, mas este não é um Valhalla onde os heróis lutam uns
contra os outros realizando feitos poderosos e surgindo da
morte a cada novo dia para começar de novo. A guerra aqui
é suja e sórdida, assim como no mundo acima. A mistura de
fantasmas que acabam aqui vêm de uma ampla variedade de
épocas e lugares, e são tão atraídos pela violência na morte
quanto foram em vida. Ausentes deste Domínio Morto estão
cidadãos-soldados que veem o serviço como um privilégio
ou como meio secundário de renda. Não, as almas que são
atraídas para os Campos da Matança exultam com a morte,
com o sangue, suor e lágrimas do combate e com a destruição
total do inimigo.
A paisagem dos Campos da Matança é aquela encontrada
na guerra. Ruínas, trincheiras e crânios sorridentes marcam
os túneis e cavernas que compõem o Domínio. Os sons da
batalha constante reverberam nas estalactites e as atrocidades
são comuns. Porque é tão difícil matar permanentemente um
fantasma, as sombras dos guerreiros que vagam por este lugar
não param de atacar um inimigo abatido ou ferido até que
o Corpus tenha, literalmente, desistido do fantasma. Mesmo
os centros de poder que mantêm o quartel-general do Ker-
beroi estão manchados e marcados com sinais de batalha.
As linhas de batalha vão e vêm, mudando diariamente. As
ruínas de uma casa fantasma que pode ter sido um refúgio
seguro dos combates na semana passada são a nova base de
139
Os Campos da Matanca
 operações da força adversária nesta semana. É possível con-
tornar o pior da luta, mas fazer isso acarreta seus próprios
riscos. As figuras furtivas na retaguarda são frequentemente
rotuladas como desertores e são entregues à Mecanismo ou
Dominus para retribuição.
Os espíritos irados e inquietos dos Campos da Matança
não vêm equipados com uniformes e equipamentos. Alguns
fantasmas podem reter a posse de uma arma ou duas, sobras
espectrais de armas preciosas possuídas em vida, mas a maio-
ria do equipamento encontrado aqui é feito pelos fantasmas,
é confiscado dos viajantes ou vem da Forja (ver p. 161). As
armas de fogo são escassas e a munição para alimentar essas
mesmas armas é ainda mais rara. A maioria dos fantasmas so-
brevive com ossos afiados, porretes de pedra e armas de projé-
teis primitivas como fundas, arcos toscos e coisas do gênero.
Para reduzir a probabilidade de atacar tropas amigas, os
exércitos de Dominus mergulham suas mortalhas no Rio de
Sangue, manchando o tecido com uma horrível cor carme-
sim. Os seguidores de Mecanismo mantêm sua mortalha pá-
lida normal, embora alguns oficiais possam bater pó de osso
no tecido para dar-lhe um tom um pouco mais brilhante de
branco. Coletivamente, então, os exércitos são divididos em
Carmesins (Dominus) e Brancos (Mecanismo). Os viajantes
da superfície que se juntam à luta são obrigados a anunciar
sua lealdade de alguma maneira, exibindo a cor adequada
com destaque em sua pessoa. As subdivisões do exército
também incluem a cor adequada no nome de sua unidade.
Uma unidade americana da Segunda Guerra Mundial traba-
lhando para Mecanismo pode se chamar de Águias Brancas,
enquanto um grupo semelhante lutando por Dominus pode
se referir a si mesmo como os Boinas Vermelhas.
Algo sobre os Campos da Matança traz mais da persona-
lidade dos fantasmas que lutam aqui para o primeiro plano.
Talvez por estarem tão excitados com a batalha, as sombras
dos guerreiros atraídos pelo Domínio agem e pensam de ma-
neiras que têm mais em comum com os vivos do que os es-
pectros vazios dos mortos que povoam outros Domínios. De-
ve-se notar que este aspecto da personalidade é inteiramente
unidimensional. É a luta que dá uma aparência de vida aos
mortos. Forçados a pensar fora dessa dimensão ou questio-
nados sobre assuntos que não têm nada a ver com combate,
os habitantes dos Campos da Matança permanecem tão con-
fusos quanto qualquer outro fantasma.
Decisões, Decisões
A primeira das Leis Antigas afirma: “A Fidelidade Será Ju-
rada”. Como, então, os personagens que passam pelos Cam-
pos da Matança decidem de que lado servir? Um Devorador
de Pecados pode ser capaz de obter algumas informações so-
bre os Campos da Matança questionando seu Geist ou ques-
tionando os mortos que moram perto do Domínio. O méto-
do mais simples é confiar no instinto. Aqui, o Vício chama
o Vício. Os coléricos, glutões, gananciosos e luxuriosos são
atraídos para os exércitos do Carmesim. Os orgulhosos, inve-
josos e indolentes são atraídos pelo Branco. Claro, isso não
é absoluto. Um personagem com o Vício da Ira ainda pode
escolher se juntar ao exército de Mecanismo, assim como um
personagem com o Vício do Orgulho poderia se juntar a Do-
minus. Na falta de outra direção, porém, Vício atua como a
força orientadora.
Outra possibilidade é deixar que o acaso decida. Se o gru-
po estiver dividido sobre qual lado é melhor entrar, deixar a
140
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
decisão ao acaso é uma forma razoável de resolver o dilema.
O método menos atraente de escolher um lado é vagar pe-
los Campos da Matança e ver qual lado o captura primeiro.
Embora estar no Domínio sem declarar lealdade seja tecnica-
mente um pecado, é um pecado que tanto Mecanismo quan-
to Dominus podem punir, forçando aqueles que capturam a
escolher o seu lado.
Carmesim: A Serviço de Dominus
As tropas que Dominus tende a atrair são as mais san-
guinárias e cruéis das sombras de guerreiros atraídas para o
Domínio Morto. A serviço de Dominus, os fantasmas veem
uma oportunidade de se entregar a seus desejos básicos, de
matar e mutilar em um frenesi uivante. O exército que carre-
ga a marca carmesim também atrai tropas em maior quanti-
dade do que as brancas. Por alguma razão, parece que os tipos
de fantasmas que são atraídos pelos Campos da Matança são
mais propensos a serem brutais do que disciplinados, levando
à superioridade numérica de Dominus, que não apenas tole-
ra esse tipo de comportamento, mas o encoraja ativamente.
Nem todo soldado que tinge sua mortalha no rio de sangue
é um enfurecido assassino, mas o suficiente é que é um este-
reótipo razoável.
Antes e depois (e às vezes durante) uma batalha, os solda-
dos de Dominus testam sua força uns contra os outros em um
combate desarmado brutal. Embora o posto não seja deter-
minado pelos vencedores e perdedores das lutas, as disputas
resultam em uma espécie de hierarquia grosseira. Perdedores
recorrentes freqüentemente se encontram na posição nada
invejável de bucha de canhão, usada para cansar o inimigo
antes do ataque principal ou como retaguarda do exército, o
que lhes nega a emoção do combate. Essas lutas também for-
necem uma maneira de manter o sangue da sombra do guer-
reiro alto entre as batalhas e de aprimorar suas habilidades.
A unidade de combate base do Carmesim é um grupo de
10 homens chamado coorte e é liderado por um sargento.
Dez coortes se combinam para formar uma companhia sob
o comando de um capitão e dez companhias se combinam
para formar uma legião sob o comando de um general. Se
mais de uma legião estiver presente, a liderança é mantida
por Dominus ou por um membro do estado-maior (chama-
dos comandantes).
Branco: A Serviço de Mecanismo
Os soldados-fantasmas que escolhem o serviço no exérci-
to Branco podem às vezes parecer tão cruéis e sanguinários
quanto os do Carmesim, mas a maioria mantém a si e a seus
companheiros em padrões mais elevados de disciplina e con-
duta. Como Mecanismo, esses mortos apreciam o planeja-
mento detalhado e a execução das ações militares; ofensiva e
defensiva. Embora nenhuma misericórdia possa ser, ou seja,
demonstrada ao inimigo, a metodologia dos soldados de Me-
canismo é menos flagrantemente brutal do que a de Domi-
nus. Os fantasmas que formam as fileiras dos Brancos são
mais imparciais e eficientes para lidar com as baixas inimigas.
Nenhuma regra ou lei em particular exige que os soldados
Brancos se comportem dessa maneira, mas aqueles que pre-
ferem a brutalidade sem sentido sofrem “acidentes” ou ficam
presos em um flanco durante um ataque. Os fantasmas de
Mecanismo encontram honra onde podem.
Entre as batalhas, os soldados Brancos passam a maior
parte do tempo treinando, perfurando e mantendo seu ar-
mamento. Como resultado de quase sempre estar em me- A Fidelidade Será Jurada
nor número no campo de batalha, o treinamento enfatiza Nem mesmo o fantasma mais velho se lembra de um
a importância do trabalho em equipe e de cuidar das costas tempo de paz entre Mecanismo e Dominus. É perfeitamente
do seu amigo. Formações que não são usadas em militares possível que sua rivalidade tenha começado no início dos tem-
vivos há séculos (pelo menos fora de um campo de parada) pos. É até possível que esta lei existisse antes de qualquer um
ainda mantêm um valor significativo no combate principal- deles colocar os pés no Domínio. Talvez a Lei Antiga tenha
mente de combate corpo a corpo dos Campos da Matança. sido a causa do cisma. Questões de origem à parte, o significa-
Soldados Brancos treinam e treinam até que possam realizar do desta lei é claro. Qualquer pessoa viajando pelos Campos
manobras complicadas com eficácia, mesmo no meio da ba- da Matança deve jurar lealdade a um Kerberos ou a outro.
talha. Esta disciplina coloca os soldados de Mecanismo em Aqueles que não o fizerem são caçados por ambos os lados, o
pé de igualdade em face da superioridade numérica das for- que provavelmente resultará em recrutamento pelo lado que
ças Carmesins. capturar o infrator.
O esquadrão de oito homens sob o comando de um sar- A declaração de fidelidade é uma questão simples. O novo
gento é a unidade básica de combate do Exército Branco. Pe- recruta fala em voz alta seu juramento ao entrar no Domí-
lotões de quatro a cinco formam um pelotão sob o comando nio e a promessa é selada. Uma vez que a escolha é feita, ela
de um tenente e dois a três pelotões formam um batalhão, não pode ser desfeita nem pode-se mudar de lado. A história
comandado por um general. Nas ocasiões em que mais de mortal pode estar repleta de traidores e agentes duplos, mas
um batalhão está presente, o comando geral do exército é o vínculo entre as Leis Antigas e os Kerberoi torna esse tipo
entregue aos membros da equipe sênior de Mecanismo (cha- de comportamento insustentável. Não apenas Mecanismo e
mados de marechais). Dominus saberão imediatamente se a lei foi violada, mas o
oposto também é compelido a cumprir a lei. Mesmo que fosse
As Leis Antigas possível enganar um Kerberos, os traidores não encontrariam
Alegar ignorância das Leis Antigas é ainda menos uma conforto entre o inimigo.
defesa nos Campos da Matança do que em outros Domínios.
Essas três leis aparecem em todos os lugares. Eles são afixa- Nenhum Quartel Será Oferecido
dos em placas de madeira decadentes nas pontes, assumem Ambos os lados do conflito estão dispostos a vencê-lo (se
a forma de cartazes de propaganda desbotados colados nas tal coisa for realmente possível). Dada a extrema dificuldade
paredes, são escritos nas tatuagens dos fantasmas e são reve- em desincorporar permanentemente um fantasma, a miseri-
lados nos restos esfarrapados de manuais, livros e panfletos córdia é uma qualidade que nenhum dos lados reconhece ou
carregados por as tropas. pode pagar. É quase inédito um fantasma violar esta lei. Os
visitantes do Domínio são uma questão diferente e a punição
pelo pecado da misericórdia é aquela usada pelos exércitos

141
Os Campos da Matanca
 durante séculos para manter seus soldados na linha: açoite.
A gravidade do açoitamento varia de acordo com o crime. Os
infratores primários recebem um leve açoite de 10 chicota-
das; infratores reincidentes podem receber até 25 chicotadas.
Em geral, cada ofensa aumenta o total em uma contagem
de cinco. As chicotadas são realizadas pessoalmente pelo
Kerberoi. Falando mecanicamente, cada cinco chicotadas do
chicote equivalem a um ponto de dano letal. Nenhum dos
Kerberoi matará intencionalmente como resultado do açoi-
te. Se um prisioneiro se aproxima da morte como resultado
da punição, o Kerberos comutará o restante dos chicotes.
Haverá Ordem Nas Fileiras
Todos - fantasma, Devorador de Pecados, vampiro ou
mago - que entram no Domínio recebem um grau ao jurar
lealdade. Os fantasmas conhecem instintivamente sua pró-
pria posição e as fileiras de aliados. Os visitantes devem se
esforçar para determinar a posição que ocupam. A maneira
mais fácil de fazer isso é simplesmente perguntar a um fan-
tasma. Uma vez que a posição foi determinada, espera-se que
o personagem se comporte de uma maneira adequada a essa
posição. Oficiais devem liderar e os alistados devem segui-los
(consulte o texto em destaque Posto e Privilégio para obter
mais informações sobre os postos). O posto atribuído não é
necessariamente permanente. Assim como em exércitos vi-
vos, os personagens (e fantasmas) podem ganhar promoções
de campo por serviços excepcionais ou por causa do desgaste
nas fileiras. Além da possibilidade de avanço, a estrutura de
posto do Domínio é bastante rígida. Desobedecer a uma or-
dem direta quebra as Leis Antigas e ganha a ira de Kerberoi
e dos oficiais. A punição por insubordinação varia de acordo
com a frequência e a gravidade do crime. Os infratores rein-
cidentes provavelmente receberão o chicote e as mais graves
ofensas podem ser condenadas à prisão ou até mesmo à exe-
cução sumária.
Geografia
A principal característica geográfica deste Domínio Mor-
to são os campos de batalha, especialmente aquelas partes
dos campos de batalha que se estendem abaixo do solo
(como trincheiras) ou são fechadas (como bunkers). Qual-
quer terreno que possa ter existido antes da luta eterna entre
Mecanismo e Dominus foi principalmente eliminado após
milênios de guerra. Apenas as áreas mais atrás das linhas e
mais próximas dos centros de poder de cada lado mantêm
um caráter consistente.
As Trincheiras
Situada em uma grande caverna que permite uma linha
de visão amplamente desobstruída, as Trincheiras são uma
série de redutos defensivos que circundam a área em torno do
QG de Mecanismo. Cavadas no frio chão de pedra estão uma
série cuidadosamente projetada de trincheiras reais, baluar-
tes na altura do peito, trincheiras e túneis claustrofóbicos.
Criado para confundir e desnortear os atacantes, mesmo os
recém-chegados às forças Brancas que podem viajar livremen-
te pelas Trincheiras freqüentemente se perdem. Intrusos ou
não iniciados podem tentar encontrar seu caminho com um
teste estendido de Inteligência + Sobrevivência. O número
alvo de sucessos é 15 e cada jogada é igual a 15 minutos.
Cada fracasso no teste impõe uma penalidade cumulativa de
-1 no próximo teste. Se um personagem não consegue nave-
gar pelas Trincheiras, ele está perdido e deve recomeçar do
zero (veja a seção “Regra Geral: Ações estendidas” no Livro
de Regras O Mundo das Trevas, p. 128). Um personagem
com a Vantagem Senso de Direção ganha +3 em suas jogadas.
O solo entre as defesas está coberto de ossos afiados, vi-
dros estilhaçados e, aqui e ali, arame farpado de verdade. As
Trincheiras estão repletas de psicopompos de rato que agem
como olhos e ouvidos para Mecanismo, um sistema de alerta
precoce quase impossível de enganar ou destruir. Forças Bran-
cas lideradas por batedores especificamente treinados para
lutar nas trincheiras (presume-se que os batedores tenham a
Vantagem Senso de Direção e qualquer unidade liderada por
um batedor nas Trincheiras ganha +3 nos testes de iniciativa)
têm uma séria vantagem contra qualquer Carmesim intrusos.
Vindo de todos os ângulos para atacar e destruir intrusos,
os soldados de Mecanismo nunca sofreram uma derrota nas
Trincheiras.

Posto e privilegio
Como mencionado, os personagens recebem um posto assim que juram lealdade a um lado ou ao outro.
Se um grupo de personagens se juntar ao mesmo tempo, um deles (o personagem com o maior índice de
Inteligência para Mecanismo ou a maior Força para Dominus) recebe um posto mais alto do que seus asso-
ciados para atuar como o comandante do grupo. Espera-se que os personagens sigam a cadeia de comando,
ofereçam instruções aos membros de baixo escalão do exército e aceitem ordens vindas de cima.
Os exércitos fantasmagóricos dos Campos da Matança têm algumas vantagens sobre seus colegas vivos.
Aqui, os soldados não precisam de comida, água, pagamento ou uma miríade de outras preocupações mes-
quinhas que são a causa de tantas dores de cabeça logísticas lá em cima. Isso significa que os personagens
que recebem (ou ganham) um posto mais elevado não precisam se preocupar com minúcias que exijam uma
certa quantidade de treinamento prático. Geralmente, os soldados do Domínio estão preocupados apenas
em pegar os objetivos e matar a oposição.
Listada abaixo está a estrutura de posto em ambos os lados do conflito, incluindo responsabilidades de
posto e os requisitos para promoção. As listagens são ordenadas por Carmesim e, em seguida, Branco. Os
recém-chegados provavelmente começarão a servir na classificação mais baixa, exceto o indivíduo escolhi-
do para liderar um grupo, que começa um posto superior. No caso de um personagem ganhar um posto
significativamente mais alto do que o resto do grupo, ele pode designar seus companheiros como ajudantes
de campo para manter o grupo unido com mais facilidade.

142
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
Bunker de Mecanismo
Protegido pelo melhor armamento encontrado nos Cam-
pos da Matança, o Bunker de Mecanismo é o QG e o centro
do exército do Kerberos. Com a forma de um círculo gigante
de concreto, o Bunker fica bem no centro das Trincheiras.
Doze portas adornam as paredes do Bunker, apenas uma das
quais está aberta. O cronograma de abertura e fechamento
das portas é definido pelo próprio Mecanismo e é alterado
com frequência. A ideia por trás desse sistema é simples: os
soldados de Mecanismo não têm dificuldade em lembrar
ou raciocinar ao longo da sequência para obter entrada no
bunker; As forças Carmesins, por outro lado, têm maior pro-
babilidade de bater ineficazmente na mesma porta por horas,
tornando-as alvos mais fáceis de destruição.
Enquanto fechada, uma porta é completamente imper-
meável a danos (seria mais fácil explodir a parede ao redor).
Este padrão se repete dentro do Bunker. O interior do
Bunker é dividido em 12 círculos concêntricos, com cada
círculo tendo uma porta a menos que o anterior. Os mare-
chais que formam a equipe sênior de Mecanismo moram no
Bunker e usam cada círculo para uma finalidade diferente.
No centro, raramente visto por seu próprio exército, reside
Mecanismo. Os prisioneiros que violaram as Leis Antigas são
trazidos aqui para serem punidos, passando pela porta única
e sempre aberta do último círculo para enfrentar o Kerberos.
Mensageiros estão constantemente indo e vindo, retrans-
mitindo pedidos ou entregando relatórios. Situados dentro
e ao redor do Bunker, há grupos de alto-falantes de todos os
formatos e tipos. A partir desses agrupamentos, Mecanismo
emite ordens nas vozes de generais mortos, cada comando
ecoando como um coro minúsculo e bombástico. Os mare-
chais de Mecanismo preenchem o tempo entre os manda-
mentos do Kerberos com anúncios de ordens mais detalha-
das, com base nos desejos do Kerberos.
Calhas de Sangue
Em torno do centro físico do domínio de Dominus está
um labirinto de túneis, cavernas e passagens. As Calhas de
Sangue é um lugar sem luz e de pesadelo com o som e o chei-
ro do Rio de Sangue. Desviado de sua fonte, o fluxo cons-
tante de sangue corroeu a pedra para criar canais ao longo
das passagens e poças em cavernas não iluminadas. O sangue
aqui não é tão nocivo quanto o encontrado no próprio Qiq-
-ol-Mal, mas ainda retém qualidades desagradáveis que devem
ser evitadas por qualquer bebedor de sangue de passagem.
Tão confuso para os intrusos quanto as Trincheiras, navegar
com sucesso nas Calhas de Sangue requer o mesmo teste es-
tendido de Inteligência + Sobrevivência.
Mensageiros Carmesins passam regularmente pelas Ca-
lhas de Sangue a caminho da fortificação conhecida como
o Olho (QG de Dominus) em seu centro. Essas almas re-
sistentes aprenderam os caminhos das Calhas de Sangue e
não precisam de luz para guiá-los. A luz é perigosa aqui e os
mensageiros não são as únicas coisas assombrando os túneis.
Amarrados para proteger as Calhas de Sangue estão espectros
chamados carniçais da calha. Considerados muito instáveis
para o serviço de linha de frente, mesmo para os padrões rela-
xados de Dominus, essas sombras inquietas procuram intru-
sos e a luz os atrai como tubarões para o sangue. Na falta de
inimigos para desafogar sua insanidade, os fantasmas tentam
apaziguar suas paixões banhando-se e bebendo do sangue que
corre pelo labirinto. Apenas os guerreiros Carmesins estão a
salvo de sua ira.
O Olho da Tempestade
Passando pelos corredores borbulhantes das Calhas de
Sangue, está o Olho da Tempestade, mais comumente referi-
do como apenas “o Olho” pelas tropas Carmesins. Há muito
tempo, Dominus percebeu que nunca poderia contrariar a
fria lógica de Mecanismo apenas com ferocidade. Por isso,
criou uma equipe de comando capaz de planejar e imple-
mentar operações de longo prazo. O Olho serve como casa
e comando central para o mais cruel e brilhante dos Coman-
dantes de Dominus. Rodado regularmente para garantir que
nenhum Comandante fique muito tempo longe da emoção
da batalha, o estado-maior é responsável pela estratégia abran-
gente das forças Carmesins. O fato de Dominus regularmen-
te perturbar seus planos é visto como positivo. A marca de
anarquia do Kerberos é a semente do caos que mantém os
Brancos em alerta constante para ataques surpresa, indepen-
dentemente de onde uma grande batalha esteja ocorrendo.
O próprio Olho é uma estrutura defensiva dentro de uma
grande caverna de estrutura clássica com mota e muralha; isto
é, uma fortificação murada (o pátio) cercada por um fosso,

Posto (Carmesim/Branco) Promoção Responsabilidades

Sangue/Privado Veterano de mais de 3 batalhas Executar ordens
Sargento/Sargento Apenas recomendação direta * Implementar ordens superiores, garantir
disciplina nas tropas
Capitão/Tenente Apenas recomendação direta * Implementar ordens superiores, liderar em
campo
General/General Apenas recomendação direta † Implementar ordens de superiores,
coordenar manobras do exército, liderar em
campo
Comandante/Marechal Não Há Orquestrar campanhas, liderar em campo
(raramente)

* Um personagem só pode ser promovido acima deste posto por recomendação direta de um oficial de patente
superior, embora os indivíduos possam assumir o posto de comando de campo temporário como resultado de
baixas.

† Um personagem só pode ser promovido acima deste posto por uma recomendação direta de Dominus ou
Mecanismo.

143
Os Campos da Matanca
 com uma colina no centro para fornecer uma linha de visão
superior e vantagem tática (o motte). As paredes são de osso,
reforçadas e preenchidas com pedra. O sangue que corre pe-
las Calhas de Sangue se junta ao redor das paredes de pedra
e osso para formar um fosso. O pátio é formado por uma
série de edifícios de pedra duplicados, cada um com quatro
andares de altura. Os dois andares inferiores não têm janelas,
os telhados são planos e cada prédio tem uma única porta
robusta. Com efeito, o pátio forma um segundo conjunto de
defesas, projetado para eliminar o número de quaisquer ini-
migos que conseguirem passar pelo fosso e pela parede. No
topo do motte está uma fortaleza de pedra atarracada onde
os Comandantes planejam o curso da guerra.
Outros Sistemas
A escolha da lealdade define todos os aspectos da ex-
periência daqueles das terras vivas durante seu tempo nos
Campos da Matança. Declarar para Dominus envolve o novo
soldado em uma maré de sede de sangue e fúria bestial, en-
quanto declarar para Mecanismo transmite uma avaliação
lógica, momento a momento, de cada situação.
Fúria Bestial (Dominus)
Um personagem que escolhe Dominus é agraciado com
as bênçãos da besta. Sempre que o personagem sofrer até
mesmo um único ponto de dano (qualquer tipo), ele pode
entrar voluntariamente em um estado de fúria chamado de
Fúria Bestial pelos soldados Carmesins. Enquanto estiver
neste estado, o personagem deve sempre fazer um ataque to-
tal, mas o bônus para o ataque é aumentado para +4 ao invés
do usual +2. O personagem pode manter a Fúria Bestial por
um número total de turnos em cada cena igual ao seu Vigor
+ Perseverança. Quando o frenesi passa, o personagem fica
ligeiramente cansado de seus esforços e sofre -1 em sua Defe-
sa pelo restante da cena. A Fúria Bestial só pode ser ativada
dentro dos limites dos Campos da Matança.
Precisão Mecânica (Mecanismo)
Um personagem que jura lealdade a Mecanismo é conce-
dido um pouco da natureza precisa do Kerberos. Um núme-
ro de vezes em que cada disputa é igual ao valor mais baixo de
seu Autocontrole ou Perseverança, ele pode gastar um ponto
de Força de Vontade para rolar novamente qualquer teste
relacionado ao combate, independentemente dos resultados
originais do teste. Assumindo que o personagem tenha Força
de Vontade disponível para fazê-lo, ele pode até tentar uma
nova rolagem fracassada (neste caso, o bônus de +1 não se
acumula com as tentativas sucessivas). Precisão Mecânica só
pode ser ativada dentro dos limites dos Campos da Matança.
Risco e Recompensa
Os ditames das Leis Antigas exigem que qualquer um,
mesmo passando pelos Campos da Matança, escolha um
lado. Além da sobrevivência, porém, por que qualquer perso-
nagem deveria se preocupar com qual Kerberos é o vitorioso
no final das contas? Dominus e Mecanismo estão engajados
na batalha desde tempos imemoriais e é provável que a ba-
talha continue com os dois lados tão equilibrados quanto
são. Certamente, os personagens podem escolher seu cami-
nho através do Domínio, lutando apenas quando necessário.
Muitos viajantes optam por fazer exatamente isso. Essas al-
144
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
mas corajosas que escolhem um lado, no entanto, são recom-
pensadas por seus esforços.
• Codificado por Cores: Carmesim e Branco são mais
do que apenas cores ou até mesmo lados separados no
campo de batalha. A cor que um personagem exibe nos
Campos da Matança fala a uma filosofia de violência que
aquele personagem (voluntariamente ou não) atribuiu. A
cor se infiltra sob a pele, “manchando” o personagem,
o que o torna facilmente reconhecível como Branco ou
Carmesim apenas por sua presença. A mancha de cor
nunca pode ser lavada, não importa quantos rios um
personagem cruze ou quantos banhos ele tome. Fora do
Domínio, outros personagens que visitaram os Campos
da Matança ainda reconhecem a cor do personagem e
disse que o reconhecimento não pode deixar de ter um
impacto. Personagens que cruzam com uma pessoa com a
“mancha” da cor oposta sofrem uma penalidade de -3 em
todos os testes de Habilidade Social ao lidar com aquela
pessoa. No outro lado da moeda, um personagem que en-
contra uma alma gêmea não tem garantia de se dar bem
com ela, mas o vínculo formado pela cor compartilhada
torna provável que eles pelo menos estejam dispostos a
ajudar uns aos outros. Personagens que encontrarem um
veterano do mesmo exército podem adicionar essa pessoa
como um Contato gratuitamente.
• Saque e Pilhagem: Os campos de batalha dos Campos
da Matança estão repletos de resquícios de batalhas an-
teriores. A maioria desses itens, senão todos, tem o tipo
de conexão íntima com a morte necessária para formar
o Memento Mori. Não é irracional sugerir que este Do-
mínio Morto é um vasto depósito de tesouros mortais.
Os Amuletos são fáceis de encontrar e proteger. Para os
mais exigentes, as máscaras da morte podem ser encon-
tradas escondidas nos cantos do Domínio ou guardadas
como troféus pelos Kerberoi. Até mesmo peças estranhas
de memorabilia podem ser encontradas aqui, tendo sido
perdidas, deixadas cair por dedos sem vida ou roubadas
por fantasmas saqueadores. Personagens que conseguem
impressionar os Kerberoi podem ser recompensados pelo
serviço com uma bugiganga útil ou duas. Fantasmas ini-
migos derrotados que preferem o encarceramento à obli-
teração podem até se oferecer para serem amarrados em
um grilhão.
Como Memento Mori é tão fácil de encontrar aqui, o
custo de compra da Vantagem Memento Mori é reduzido
pela metade no que diz respeito às mementos encontra-
dos no Domínio.
• Santuário: Os viajantes do alto estão por conta própria
na maior parte do Mundo Subterrâneo. A sobrevivência
depende do indivíduo e de quaisquer aliados ou itens que
ele tenha trazido para a viagem. O perigo pode não estar
à espreita em cada esquina, mas muitas vezes surge em lu-
gares onde o viajante tinha certeza de que poderia relaxar
por um ou dois minutos. O Mundo Subterrâneo é exaus-
tivo para o corpo, a mente e a alma, e é difícil encontrar
alívio para o estresse.
Aqueles que servem lealmente nos Campos da Matança
podem encontrar descanso. Certamente o Domínio vem
com seus próprios perigos, mas são perigos conhecidos e
podem até ser evitados com honra por tempo suficiente
 para pegar quarenta piscadelas. Da mesma forma, o exér- Com manchas vermelhas da cabeça aos pés, esses fantas-
cito ao qual o personagem se junta irá guardar e proteger mas loucos são desestabilizados ainda mais pelas águas do
um dos seus, mesmo de ameaças externas. Nem Dominus Qiq-ol-Mal. Carniçais da Calha estão tão saturados de flui-
nem Mecanismo estão impressionados com as reivindi- dos que seus ferimentos vazam com um sangue espesso e
cações de pecado trazidas a eles por Kerberoi que vêm viscoso quando feridos. Evitando o armamento em favor da
do resto dos Mistérios Inferiores. Na verdade, assim que sensação de estraçalhar os inimigos com as próprias mãos,
outro Kerberoi entra nos Campos da Matança, ele deve os carniçais atacam com trilhos irregulares e dentes afiados
jurar lealdade a um lado ou ao outro, colocando-o na ca- pela mastigação de ossos. Os carniçais não precisam de luz
deia de comando e sujeito a ordens de cima (como “cesse para caçar, dependendo do som ou da Nume para localizar
e desista” por exemplo). O mesmo é verdade para qual- a presa. Qualquer um tolo o suficiente para trazer luz para
quer outro habitante do Mundo Subterrâneo que pensa as Calhas de Sangue será atacado em massa pelos carniçais.
em trazer sua vingança para o Domínio. Os guerreiros Carmesins têm esse fato tão cravado neles que
na verdade vão se espalhar e recuar se um inimigo trouxer
luz para uma luta nas Calhas de Sangue. Sem uma luz para
Alguns Jogadores localizar os carniçais caçadores, um invasor cauteloso ainda
Abaixo estão algumas estatísticas básicas para as várias pode ser avisado da presença de um carniçal pelo cheiro de
entidades que podem ser encontradas nos Campos da Mor- sangue podre e coagulado que se agarra a ele.
te, incluindo trenchrats, carniçais de sarjeta e um soldado
padrão de cada lado do conflito. Sangue Carmesim
Poder 3, Refinamento 2, Resistência 3
Trincheratos As sombras dos guerreiros que compõem a maior parte
Poder 2, Refinamento 5, Resistência 2 do exército Carmesim provavelmente estão equipadas com
Os psicopompos que correm pelas Trincheiras a serviço armas corpo-a-corpo e tentarão se aproximar do inimigo o
de Mecanismo são conhecidos coletivamente como trinchera- mais rápido possível. A moral do Carmesim é uma mentali-
tos por ambos os lados. Os trincheratos variam em tamanho dade de grupo que provavelmente só se quebrará com baixas
e aparência. Alguns não são maiores que um rato e outros repentinas e massivas. Na maioria das vezes, eles lutam até
quase do tamanho de um cachorro. Embora a maioria desses o fim.
espíritos seja preto ou cinza, alguns albinos também foram
vistos. Qualquer que seja sua cor ou tamanho, todos os trin- Precisão Branca
cheratos parecem magros e pestilentos, e são conhecidos por Poder 2, Refinamento 3, Resistência 3
espumar pela boca quando estão excitados ou zangados. Sua Os soldados que servem a Mecanismo estão inclinados a
mordida causa doenças em fantasmas e visitantes de cima. abrir hostilidades com uma chuva de armas de longo alcance
Grandes grupos de trincheratos são melhor representados para derrubar seus inimigos. Se o inimigo chegar ao corpo a
usando as regras para enxames (veja o texto em destaque). corpo, as tropas Brancas cerrarão as fileiras e apresentarão
uma defesa unida. Ao contrário das tropas Carmesins, os sol-
Carniçais da Calha dados Brancos recuarão em face de adversidades esmagado-
Poder 5, Refinamento 1, Resistência 3 ras. Metade da equipe atuará como retaguarda, enquanto a

Enxames
Animais de Tamanho 1 ou 2 geralmente são mais bem registrados em enxames, bandos e outros agrupamen-
tos de animais, pois são mais eficazes em tais agrupamentos. Isso inclui não apenas insetos, mas também a
maioria dos pássaros e criaturas menores, como ratos.
Os enxames são medidos por seu Tamanho em metros de raio. Um enxame geralmente causa um dado de
dano contundente a qualquer pessoa dentro de seu raio. Um enxame pode causar mais danos por conden-
sação. Cada vez que o enxame se condensa para cobrir metade de sua área, ele inflige um dado adicional
de dano por turno.
Portanto, um enxame de oito metros de raio inflige dois danos contundentes por turno se se restringir
a um raio de quatro metros, três contundentes se o reduzir para um raio de dois metros e quatro danos
contundentes por turno se se condensar até um raio de um metro. Embora a condensação geralmente não
aconteça com tanta frequência na natureza (exceto no caso de criaturas como as abelhas assassinas), é uma
coisa fácil para a maioria dos poderes sobrenaturais que comandam os animais para ordená-los a fazê-lo.
A Blindagem é eficaz contra um enxame apenas se cobrir todo o corpo, mas mesmo assim fornece apenas
metade de seu nível. Além disso, os alvos são distraídos pelo enxame, sofrendo -2 dados em todas as jogadas
enquanto estão dentro do raio, mesmo se não forem atacados especificamente.
O enxame não pode ser atacado com punhos, clavas, espadas ou armas. Apenas ataques que afetam a área,
como uma tocha, o afetam. Cada ponto de dano infligido por uma chama ou outro ataque aplicável reduz
pela metade o tamanho do enxame. Uma vez que o enxame é reduzido abaixo de um raio de um metro, ou
todos os insetos estão mortos ou os poucos restantes se dispersam.

145
Os Campos da Matanca
 outra metade recua. A retaguarda irá então cair para trás, sob
uma chuva de fogo de cobertura. Esta tática é repetida até
que o esquadrão seja derrotado, derrote o inimigo ou alcance
uma posição defensiva preparada previamente designada a
partir da qual eles lutarão até que os reforços cheguem.
Mecanismo
Virtude: Temperança. Somente através de um equilíbrio
entre agressão e defesa o inimigo será derrotado.
Vício: Orgulho. Qualquer fracasso em seus planos cui-
dadosamente traçados é culpa das engrenagens com as quais
deve trabalhar.
Histórico: O líder Branco é obstinado e metódico. Suas
ordens são transmitidas por meio de alto-falantes estridentes
que pontilham a paisagem perto de seu bunker de comando
e seus planos de ataque dependem do tempo preciso para
superar o inimigo. Mecanismo se lembra de se formar na né-
voa, suas engrenagens retinindo e pistões motrizes ecoando
no vazio dos Mistérios Inferiores. Por um tempo ficou sozi-
nho, depois percebeu que havia outro. Mecanismo esperou
que este outro declarasse fidelidade a ele, conforme decreta-
do pelas leis que até então eram Leis Antigas. Escutou, me-
dindo os segundos por seu coração pulsante pelo juramento,
as palavras de submissão. Não ouviu e não ouviu nada. As-
sim, Mecanismo abordou o outro em tempo hábil, esfolando
cabos estendidos para cobrar o preço da transgressão. Ele
golpeou repetidas vezes, sem sentir raiva nem ódio, infligin-
do chicotada após chicotada mecanicamente e quase ficou
surpreso quando o outro retaliou.
Descrição: Mecanismo é uma massa mecânica em forma
de homem com pernas de pistões sibilantes, dedos de cabo
lubrificados e engrenagens giratórias para as juntas. O bati-
mento do metrônomo em seu coração atua como uma espé-
cie de contra-melodia regular ao caos de ruídos que emite.
Ele encara suas legiões através de
uma ótica multifacetada defini-
da como joias na
máscara lisa
de ferro de
seu rosto.
146
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
Dicas de Interpretação: Precisão é a palavra de ordem
do Kerberos. Cada gesto, cada ação, cada ordem é calculada
para produzir o efeito máximo. Suas palavras explodem nos
alto-falantes nas vozes de generais há muito mortos, para on-
dular pelas fileiras até que sua vontade seja feita. Raramente
se aventurando no bunker de comando que forma o coração
de seu exército, Mecanismo é o centro da máquina militar
Branca. Os transgressores são levados perante o Kerberos por
suas forças para enfrentar as punições que ganharam. Não
é a raiva ou crueldade que impulsiona o Kerberos, mas sim
a relação sistemática de causa e efeito. Causa: transgressão.
Efeito: punição.
Personagens que declaram sua lealdade à Mecanismo têm
a sensação de engrenagens em uma máquina. Quanto mais
alta o posto, maior a engrenagem. Os pedidos não são ques-
tionados; são realizados com rapidez e eficiência. A fraqueza
desse tipo de organização exigente é a falta de espontaneida-
de. Quando um plano dá errado, um flanco colapsa ou ini-
migos atacam de uma direção inesperada, as forças Brancas
se debatem inutilmente até que as ordens desçam de cima.
Por outro lado, um ataque Branco sistemático que é devi-
damente coordenado pelas engrenagens nas linhas é quase
imparável até completar sua missão.
Atributos: Poder 7, Refinamento 2, Resistência 7
Força de Vontade: 14
Iniciativa: 9
Defesa: 7
Deslocamento: 20
Tamanho: 6
Corpus: 13
Numes: Possessão Mecânica (varia de acordo com o disposi-
tivo, consulte Geist, p. 235)
• Precisão: Mecanismo está sempre no controle total de
seu corpo e baseia suas decisões em cálculos complexos
que dão a suas ações uma aparência assustadora de pres-
ciência. Gaste dois pontos de Essência. Pelo restante da
cena, a Defesa de Mecanismo nunca é reduzida por vários
atacantes e pode aplicar metade de sua Defesa (arredon-
dar para baixo) contra ataques à distância.
Dominus
Virtude: Fortitude. O vencedor de qualquer batalha é
aquele que pode suportar a maior punição.
Vício: Ira. A violência é justificada pela vitória.
Histórico: Dominus é quase o oposto de seu oponente.
Em vez de confiar na lógica fria para formular seus planos,
o líder Carmesim confia no instinto. Enquanto Mecanismo
lidera da retaguarda, Dominus geralmente pode ser encon-
trado no meio da ação. Dominus controla o caos do campo
de batalha por meio da força de vontade, em vez de mano-
bras programadas. A primeira memória do líder Carmesim
é de acordar, totalmente formado, com a raiva pulsando em
suas veias. No início, Dominus estava sozinho nos Mistérios
Inferiores, sem nada para desabafar sua ira e então sentiu a
presença de outro. Esperou que o outro violasse as leis que
mesmo então eram Leis Antigas e não teve que esperar mui-
to. O silêncio foi ininterrupto por palavras de lealdade. Com
uma ira crescente, ele procurou o outro e atacou, garras arra-
nhando e rasgando. Dominus quase ficou surpreso quando
o outro não caiu.
Descrição: Dominus é uma figura bestial corpulenta com
cabeça e chifres de carneiro. Seu corpo é coberto por pêlos
desgrenhados e manchados de sangue e seus braços termi-
nam em mãos de couro com garras pretas longas e curvas. Ele
avança em seu território com cascos fendidos e os gritos de
sua fúria ecoam pelos Campos da Matança enquanto avança
para a batalha.
Dicas de Interpretação: Brutalidade desenfreada é a cha-
ve para a vitória. Mesmo um inimigo que não espera trégua
pode ficar chocado com a selvageria absoluta. Dominus di-
rige seu exército com latidos e gritos que se traduzem em
ordens de seu comando sênior. O aparecimento do Kerberos
em um campo de batalha sinaliza o início de um grande con-
fronto. As sombras dos guerreiros que lutam perto dele são
levadas ao frenesi e se lançam sobre o inimigo com um aban-
dono imprudente que pode superar qualquer defesa. Domi-
nus aproveita todas as oportunidades para punir aqueles que
violam as Leis Antigas. Ele busca o culpado para fazer justiça
pessoalmente.
Personagens que declaram sua lealdade a Dominus são
pegos em um turbilhão de violência que se choca contra o
inimigo com selvageria implacável. Espera-se que os coman-
dantes canalizem a agressão das tropas para explorar as fra-
quezas e a retirada não é uma opção. Marchas violentas e
forçadas atacam profundamente as linhas inimigas, seme-
ando confusão e caos. Contra uma força bem organizada,
os ataques Carmesins sofrem com a falta de disciplina, mas
sempre cobram um preço de seus oponentes. As vitórias são
alcançadas por força esmagadora e pela recusa em ceder o • Frenesi: Dominus abandona-se alegremente ao turbi-
campo de batalha ao inimigo. lhão da batalha, desdenhando a defesa pessoal ao invés
Atributos: Poder 7, Refinamento 2, Resistência 7 de dilacerar os oponentes membro a membro. Gaste dois
Força de Vontade: 14 pontos de Essência. Pelo restante da cena, Dominus ga-
nha um bônus de +1 para ataques para cada ponto de
Iniciativa: 9
dano sofrido em seu Corpus. Além disso, quando Domi-
Defesa: 7 nus faz um Ataque Total enquanto esta Nume está ativa,
Deslocamento: 20 (fator de espécie 11) ele pode aplicar metade de seu nível de Defesa (arredon-
Tamanho: 6 dar para baixo) como dados de bônus à sua reserva de
ataque, além do bônus usual de +2 (a Defesa é reduzida a
Corpus: 13 zero normalmente )
Numes: Velocidade (nenhum, consulte Geist, p. 236)

147
Os Campos da Matanca
 Alguns pecados duram além da morte. As manchas for-
madas na alma pela atrocidade, indiferença e brutalidade são
tão profundas que nenhuma reabilitação mortal pode jamais
limpá-las. Alguns desses pecados são imaginários, outros
são bastante reais. Imaginado ou não, o pecado pesa sobre
as almas dos espectros atraídos para a Prisão de Portão Bai-
xo. Eles desejam ser punidos, humilhados, trancados com
os pecados que não podem esquecer, mesmo na morte. Eles
acreditam que o pecado pode ser purificado pelo sofrimento,
que as dívidas mortais ainda podem ser pagas e, portanto,
buscam a salvação dentro dos confins obscuros da Prisão de
Portão Baixo.
A maioria dos pecadores que encontram a Prisão de
Portão Baixo não o faz voluntariamente. Os condenados
incluem fantasmas que quebraram as Leis Antigas ou esca-
param do Mundo Subterrâneo para se deleitar com a carne
sequestrada ou apenas pela chance de ver o céu azul. Nenhu-
ma sombra realmente escapa; o tempo e as circunstâncias
sempre os devolvem ao Mundo Subterrâneo e os Kerberoi
estão lá esperando, pacientemente, por eles. Alguns fantas-
mas buscam a Prisão de Portão Baixo como refúgio contra o
chamado dos vivos, preferindo permanecer em cativeiro em
vez de serem presos como escravos. Moradores da superfície
também podem ser encontrados dentro do Domínio. Esses
viajantes acreditavam, em sua arrogância, que podiam desa-
fiar as Leis Antigas e escapar da retribuição. Os juízes desi-
ludem os infratores dessa noção e sua autoridade não é di-
minuída pelos rios do Mundo Subterrâneo ou pelos Portões
Avernianos. Muitos desses cativos são quase sombras, tendo
passado muito tempo nos Mistérios Inferiores, sua essência
viva lentamente se esvaindo.
Cuidando dessa tripulação heterogênea de fantasmas
assassinos, fantasmas tristes e prisioneiros mortais está o di-
retor, Yama. Embora agora seja um Kerberos, Yama é consi-
derado um produto de sucesso da Prisão de Portão Baixo,
todo pecado e paixão foram expulsos dele. O bem-estar e o
progresso de cada alma entregue aos seus cuidados são cuida-
dosamente anotados e registrados por sua legião de funcio-
nários. Cada alma dentro da prisão está sujeita ao seu tipo
imparcial de justiça. Yama é auxiliado em suas funções de
guarda por um grupo de fantasmas conhecidos coletivamen-
te como os Juízes. Esses espectros também são produtos da
prisão e, agora livres, não estão sujeitos a nenhuma lei, exce-
to a palavra de Yama. Ninguém sabe quantos Juízes existem,
mas todos temem sua atenção.
Chegando Lá
Delimitado pelo Rio da Aflição de um lado e pelo Rio da
148
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
Memória do outro, o Domínio Morto da Prisão de Portão
Baixo é cercado por todos os lados por túneis estreitos que
parecem restringir o movimento sem realmente impedir o
progresso. A viagem das Profundezas Autóctones até a Prisão
de Portão Baixo pode levar de algumas horas a alguns dias.
Normalmente, aqueles de moralidade duvidosa acham a via-
gem mais curta do que os virtuosos. Um viajante que busca
ativamente a Prisão de Portão Baixo deve lançar 10 dados
menos seu índice de Moralidade (ou equivalente). A duração
padrão da descida é de quatro dias, mas cada sucesso no teste
reduz o tempo de viagem em um dia para um mínimo de
duas horas com quatro ou mais sucessos.
Exemplo: Um Devorador de Pecados com Sinergia seis está ten-
tando viajar para a Prisão de Portão Baixo. Dez menos sua pontu-
ação de Sinergia seis deixa-a com uma parada de quatro dados para
determinar o tempo de viagem. Ele obtém e consegue dois sucessos, o
que reduz seu tempo de viagem para dois dias.
Normalmente, o caminho para a Prisão de Portão Baixo
está livre. Tanto os fantasmas quanto os habitantes da super-
fície no saber evitam o Domínio Morto por um bom moti-
vo. Os viajantes podem encontrar um espectro que é atraído
para o Domínio ou que o procura intencionalmente. Uma
possibilidade mais perturbadora é encontrar um Juiz a cami-
nho da Prisão de Portão Baixo com um prisioneiro a rebo-
que. Enquanto os viajantes não fizerem nenhum movimento
para bloquear o caminho do Juiz ou libertar seu prisioneiro,
o fantasma provavelmente ignorará sua presença. A menos
que um dos viajantes tenha quebrado as Leis Antigas, claro.
Nesse caso, o Juiz está apto a prosseguir o seu caminho com
um segundo prisioneiro.
Descrição
A sombria prisão-Domínio da Prisão de Portão Baixo foi
perfurada diretamente da rocha do Mundo Subterrâneo.
Visto de um dos Rios conforme um viajante se aproxima, o
Domínio parece uma massa escarpada de pedra sólida, com
buracos de formato irregular que formam pequenas abertu-
ras. Luzes fracas podem ser vistas brilhando em algumas das
janelas, mas a maior parte da face da Prisão de Portão Baixo
permanece perdida em sombras cinzas e pretas. Ecos de la-
mentos e gritos abafados podem ser ouvidos emanando do
interior da prisão até as margens do Rio. Nenhuma porta
bloqueia a entrada ou saída da prisão, mas são guardadas por
guardas fantasmas e pelo medo dos Juízes.
Depois de passar as portas escurecidas, o interior da pri-
são se estende em uma série de túneis e passagens sombrias,
cujos pisos foram alisados pelo pisoteio. A única luz que bri-
lha aqui para iluminar o caminho é fornecida por um líquen
branco-osso que brilha com uma luz vermelha e opaca, que
lembra os últimos raios de sol ao anoitecer. Além dos ba-
rulhos perturbadores feitos pelos internos, o Domínio está
quieto. Os guardas passam sem fazer barulho, alternadamen-
te ignorando os visitantes ou examinando-os com olhares
desconfiados. A passagem principal da prisão vai de uma
extremidade da Prisão de Portão Baixo a outra, permitindo
um progresso rápido para aqueles que não têm negócios para
atender. A cada poucos metros, outro túnel se ramifica na
passagem, formando um interior semelhante a um labirinto
que confunde aspirantes a resgatadores e fugitivos temporá-
rios.
Embora possa não ser evidente para uma inspeção casual,
alguém planejou esta prisão com um propósito. A Prisão de
Portão Baixo é dividida aproximadamente em quatro blocos:
o bloco administrativo e três Bolgias (blocos de celas). Bol-
gia-1 chama-se Limbo e é aqui que os prisioneiros voluntários
passam o tempo. Bolgia-2 é chamado Dis e é reservado para
fantasmas que quebraram as Leis Antigas. Bolgia-3 é chama-
da de Malebolge e é onde os caminhantes da superfície que
foram capturados pelos Juízes estão presos.
As Leis Antigas
Gravadas na rocha acima de cada entrada para o Domí-
nio propriamente dito estão as Leis Antigas. Os presos tam-
bém são marcados por pelo menos uma das quatro Leis Anti-
gas. Como parte de sua penitência, as Leis Antigas quebradas
pelos culpados são marcadas em seus corpos. Essas marcas
não envelhecem ou curam com o tempo em carne viva ou
em efêmeras mortas-vivas, permanecendo cruas e doloridas
até que o prisioneiro seja devidamente libertado, momento
em que desaparecem completamente. Mesmo com o poder
e a liberdade atribuídos a eles por sua posição, os Juízes não
podem proferir sentenças por conta própria. Aqueles que
violam as Leis são levados antes a Yama.
O Culpado Deve Submeter-se
Espera-se que os presos façam o que lhes é dito. Isso in-
clui aceitar quaisquer punições aplicadas por Yama, seguin-
do as ordens dos guardas e, geralmente, estar atento à sua
condição de prisioneiros. Mesmo mostrar desrespeito por
qualquer membro não prisioneiro do Domínio pode ser in-
terpretado como uma violação desta lei. Infrações menores
desta lei são tratadas colocando o infrator em confinamen-
to solitário por um tempo, espancamentos ou uma ou duas
horas instrutivas nas “Salas de Correção” (isto é, câmaras de
tortura). Infrações mais severas podem render as punições
acima mais tempo adicional adicionado à sentença (no caso
de prisioneiros vivos), drenagem forçada da essência e desin-
corporação temporária.
É também a interpretação ampla desta Lei Antiga que
permite aos Juízes viajar por todo o Mundo Subterrâneo e
além, capturando os infratores enquanto retêm todo o poder
e autoridade de que desfrutam na Prisão de Portão Baixo.
Mortais, imortais e fantasmas são capturados pelos Juízes e
transportados para o Domínio de Yama para punição.
A Liberdade Deve Ser Conquistada
Yama e seus funcionários mantêm registros meticulosos
de cada prisioneiro na Prisão de Portão Baixo. A burocracia
sabe a data e hora exatas em que um preso deve ser libertado
e não reconhece os conceitos de redução da pena por bom
comportamento ou liberdade condicional. Os funcionários
observam as sentenças proferidas pelo Kerberos com uma
precisão imparcial. Apenas Yama tem o poder de comutar ou
diminuir uma sentença.
As tentativas de fuga são tratadas com firmeza. Os fugiti-
vos recapturados são marcados na bochecha com uma marca
que os identifica instantaneamente como criadores de pro-
blemas em potencial, antes de fazerem uma visita às Salas de
Correção. Uma segunda tentativa ganha uma segunda marca
e uma tentativa mais completa de reabilitação por meio da
dor. Os prisioneiros que ficam sem bochechas para marcar
são considerados incontroláveis e são removidos da Prisão
de Portão Baixo por Yama e entregues a um destino desco-
nhecido. Os rumores variam sobre se esses infelizes são entre-
gues à Forja ou carregados com correntes e pedras e jogados
no Lethe, onde suas memórias são lentamente erodidas. Os
sussurros mais sombrios afirmam que Yama devora esses des-
contentes inteiros.
Violência Gera Violência
A escória que habita a Prisão de Portão Baixo está entre
as sombras mais desagradáveis, assassinas e insanas que po-
dem ser encontradas no Mundo Subterrâneo. Prisioneiros
de cima têm menos probabilidade de ser tão problemáticos,
mas ainda são, no geral, um bando indigno de confiança.
Manter a ordem em tal lugar requer punho de ferro. A vio-
lência entre prisioneiros não é tolerada. Até mesmo uma bri-
ga de socos atrai a ira dos guardas e a ira dos Juízes. Yama
acredita que aqueles com propensão para a violência devem
ser privados da capacidade de causar tal violência e estrutura
suas punições de acordo. Deve ser enfatizado que legítima
defesa não é uma violação. Em cada caso de violação da lei,
Yama identifica a parte que iniciou a altercação e reserva sua
justiça apenas para eles.
Uma pequena briga resulta na perda de um dedo. Uma
briga aberta, a perda de uma mão. Vários infratores ou aque-
les que cometem assassinato enquanto já estão presos são pre-
judicados, depois que suas mãos são removidas. Ao contrário
dos ferimentos normais em fantasmas, como um efeito cola-
teral do Domínio, esses ferimentos em particular não curam.
Cuidado é tomado com prisioneiros vivos para garantir que
eles não morram por causa de seus ferimentos. Deve-se notar
que esta Lei Antiga só se aplica à violência entre presidiários
ou entre um presidiário e um visitante. A violência contra
os guardas, os Juízes, Yama ou a equipe é considerada uma
violação de O Culpado Deve Submeter-se.
Todos Dentro Estão Sujeitos às Leis
De vez em quando, um viajante tem a brilhante ideia de
bagunçar o sistema. Ele pode tentar tirar um amigo do con-
finamento, contrabandear armas para os prisioneiros em tro-
ca de algum tipo de pagamento ou apenas criar problemas.
Esta Lei Antiga garante que ninguém fique impune por suas
ações. Os visitantes não estão mais isentos das leis do que
os reclusos e a violação de qualquer uma das leis é punível
pelos mesmos meios e metodologia. Yama não aceita inter-
ferências externas e viajantes problemáticos rapidamente se
tornam prisioneiros.
149
Prisao de Portao Baixo
 Geografia
Atrás da sólida rocha que dá para o Rio da Aflição e o
Rio da Memória, existe um labirinto de corredores sinuosos.
Embora aparentemente interconectada, a Prisão de Prisão
Baixa na verdade forma quatro blocos separados; os três Bol-
gias e a seção administrativa. Na aparência, os quatro blocos
são quase idênticos, quartos e pisos de pedra banhados pela
luz vermelha do líquen sempre presente. Neste Domínio, são
os presos que criam a geografia ou, no caso do bloco admi-
nistrativo, o pessoal. Os habitantes de cada bloco dão a esse
bloco o caráter pelo qual ele pode ser facilmente identifica-
do. Cada novo prisioneiro adicionado a um bloco altera ligei-
ramente a geografia com sua personalidade, suas interações
com outros presidiários ou funcionários e os problemas que
trazem com eles.
Bolgia-1 (Limbo)
Já foi dito que você não pode manter um prisioneiro vo-
luntário, mas a Prisão de Portão Baixo administra do mesmo
jeito. Bolgia-1, chamado Limbo, contém celas sem grades e
detém prisioneiros sem correntes. Os presos são livres para
vagar de um lugar para outro, para interagir uns com os ou-
tros (em suas formas limitadas) e para se envolver em quais-
quer formas de reabilitação que considerem necessárias para
eles. A única coisa proibida para essas sombras é a liberação.
Uma vez que um fantasma entra no Limbo, ele deve perma-
necer dentro dos limites da prisão até que sua paixão seja
reprimida, seu Vício silenciado. Os prisioneiros que tentam
sair são considerados culpados de infringir a segunda Lei An-
tiga, a liberdade deve ser conquistada, e são transferidos para
Dis.
Ninguém leva os prisioneiros do Limbo aos tormentos
150
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
aos quais eles se submetem de boa vontade. Nenhum guarda
os conduz para as Salas de Correção. Esses prisioneiros vão
de boa vontade, até mesmo com entusiasmo, às punições que
acreditam ter merecido. Mesmo os fantasmas que procuram
a Prisão de Portão Baixo como um lugar de refúgio devem
pelo menos mergulhar no sofrimento. Yama aceita tudo, mas
eles devem aceitar sua forma de reabilitação em troca de san-
tuário. No caso dos internos de Bolgia-1, são os fantasmas
que determinam as punições a que devem ser submetidos, e
não os guardas ou outros funcionários. Um dia eles podem
escolher os tormentos dos coléricos, outro dia eles podem
buscar as humilhações dos orgulhosos. O Domínio nem
sempre é o que um fantasma que vem em busca de refúgio
espera, no entanto. Mais de um fantasma se arrependeu de
ter se entregado às ternas misericórdias de Yama e sem dú-
vida ficaria grato a qualquer pessoa inteligente ou dedicada
o suficiente para encontrar uma maneira de libertá-los da
Prisão de Portão Baixo.
Bolgia-2 (Dis)
É uma dúvida se Bolgia-2, chamado Dis, ou Bolgia-3 de-
tém a população de prisioneiros mais perigosa. Embora seja
verdade que ambos os blocos têm sua cota de assassinos, vio-
ladores de juramentos, estupradores e ladrões, os prisionei-
ros do mundo dos vivos mantidos em Bolgia-3 podem pelo
menos reivindicar sanidade. Os espectros de Dis raramente
são considerados sãos. É dentro dos confins de Dis que os es-
pectros mais traiçoeiros e indisciplinados são mantidos, tran-
cados atrás de grades enferrujadas. Ao contrário dos outros
Bolgias, Dis não tem uma área comum central que permita
que os prisioneiros se misturem. As passagens de Dis são re-
vestidas de celas que abrigam um único prisioneiro em cada
uma. Fazer o contrário é convidar ao caos. Os lamentos e
gritos que formam a música de fundo da edição da Prisão de
Portão Baixo vem de Dis.
Guardas e prisioneiros formam um fluxo constante de
tráfego através da Bolgia para as Salas de Correção. Aqui os
pecadores mortos são punidos por suas más ações, suas ini-
qüidades lentamente sugadas através do sofrimento. As Salas
de Correção fazem mentirosos aqueles que afirmam que o
Mundo Subterrâneo não é um lugar de tormento. Aqui, os
orgulhosos são afundados até o pescoço em restos ferventes.
Cada vez que eles aceleram suas línguas para abusar de seus
algozes, eles recebem um tapa forte de mãos invisíveis. O
invejoso e o ganancioso são despojados de todas as posses,
até mesmo da mortalha que esconde seu Corpus nu, e seus
olhos são chamuscados por ferros em chamas. Os preguiço-
sos são forçados por chicotes a correr em enormes rodas de
ferro que são aquecidas por baixo. Aqueles que caem não en-
contram descanso enquanto o metal queima a carne efême-
ra, incitando-os a se levantarem. O glutão e o luxurioso são
forçados a engolir galão após galão das águas gordurosas de
Acheron - atormentado por visões de prazeres passados - até
que seus estômagos estourem com o excesso. Os coléricos são
amarrados com finos fios de arame e submetidos a insultos e
zombaria. Eventualmente, sua raiva os incita a atacar e o ara-
me os empurra no lugar enquanto eles lutam. Embora esses
tratamentos pareçam cruéis, nada é feito na Prisão de Portão
Baixo sem motivo. Diz-se que o próprio Yama foi o primeiro
a ser liberado, purificado, de Dis.
Bolgia-3 (Malebolge)
A área de detenção para prisioneiros do mundo dos vivos
capturados pelos Juízes se parece muito com o que a maioria
das pessoas pensa quando imagina uma prisão normal. Exce-
to em casos extremos que exigem punições extremas, os pri-
sioneiros de Bolgia 3, chamada Malebolge, não estão sujeitos
aos tratamentos ternos das Salas de Correção. Como seres
de carne, é difícil manter os habitantes da superfície vivos
(ou semelhantes) por tempo suficiente para que os efeitos
das Salas de Correção se manifestem. Em vez disso, esses pri-
sioneiros são simplesmente confinados dentro das paredes
da Prisão de Portão Baixo até que sua sentença termine. Os
reclusos podem conviver entre si durante os períodos de exer-
cício, sob o escrutínio atento dos guardas. A única forma de
entretenimento disponível para os presos são uns aos outros,
o que leva a um certo tipo de irmandade na prisão.
Para a consternação dos mexeriqueiros de todo tipo, ne-
nhuma magia, de qualquer tipo, tem qualquer efeito dentro
dos confins da Prisão de Portão Baixo. Diz-se que Yama e
os Juízes sabem os segredos de como superar essa limitação,
mas, se for verdade, eles não estão compartilhando. A parte
mais difícil do confinamento prolongado, da perspectiva de
Yama, é manter os prisioneiros de Malebolge alimentados e
saciados com água. Alimentos próprios para consumo huma-
no nunca são fáceis de encontrar no Mundo Subterrâneo e
os prisioneiros subsistem principalmente de uma variedade
de fungos comestíveis. O bebedor de sangue ocasional que
está confinado no Domínio recebe goles diluídos do fluido
que corre através do Rio de Sangue, embora nunca mais do
que o necessário para mantê-lo ativo. A água dada aos prisio-
neiros é potável, embora salobra, e vem de poços cavados nas
profundezas da prisão. Na verdade, as grandes rodas de ferro
sobre as quais o preguiçoso opera os mecanismos necessários
para puxar a água para a superfície.
Bloco Administrativo (Bloco de Yama)
Cada bloco tem um som que é distintamente seu. Em
Dis, os gritos dos culpados ecoam pelos corredores; em Ma-
lebolge, o murmúrio baixo de vozes vivas pode ser ouvido. O
som do Limbo é principalmente silêncio. O som associado
ao bloco administrativo, também conhecido como Bloco de
Yama, é o arranhar contínuo de penas no papel, enquanto a
legião de funcionários de Yama faz seus registros. Aqui, os es-
cribas nutrem o crescimento do líquen branco-osso para que
cresça espesso e pesado no teto, tornando o Bloco de Yama
o lugar mais brilhante do Domínio. Fileiras e mais fileiras de
carteiras de ardósia são atendidas por fantasmas, produtos
de sucesso da própria prisão que agora ajudam a administrar.
Prateleiras se alinham em todas as paredes, cheias de relató-
rios e registros que são a força vital da burocracia.
No canto mais distante do bloco está uma única porta de
mármore branco como a neve que marca a entrada do escri-
tório de Yama. Só ele pode decidir quando uma sombra se
mostrou digna de ser declarada redimida. Os viajantes com
negócios na Prisão de Portão Baixo são levados ao seu Domí-
nio para conferenciar com ele. Os visitantes de seu escritório
consideram a sala pequena e espartana, com nada além de
uma mesa de ardósia e uma cadeira de ferro. O único luxo
reivindicado por Yama são as suas muitas janelas, que permi-
tem a visão dos rios que passam pela Prisão de Portão Baixo.
Outros Sistemas
Além das punições específicas impostas por violações das
Leis Antigas, cada prisioneiro tem uma sentença que deter-
mina por quanto tempo eles serão detidos. Para fantasmas, a
sentença geralmente é de confinamento permanente até que
um dos Juízes julgue adequado liberá-los. Afinal, os mortos
não têm nada além de tempo. Um prisioneiro fantasma é
praticamente um hóspede permanente do estabelecimento
até que Yama e os Juízes decidam que ele foi purgado das pai-
xões que o governavam na vida ou na morte. Muitas dessas
sombras reabilitadas começam a trabalhar como escrivães ou
guardas da prisão, mas algumas são arrastadas para os Misté-
rios Inferiores. Mesmo os funcionários de longa data acabam
sendo retirados da Prisão de Portão Baixo, com exceção de
Yama. Só ele parece imune à atração das profundezas, satis-
feito com seu lugar no Mundo Subterrâneo.
Os prisioneiros do mundo dos vivos, por outro lado, ge-
ralmente estabelecem sentenças. Isso não inclui quaisquer
outras punições impostas pelo Kerberos (consulte a seção
Geografia para obter mais informações sobre isso). Ao de-
terminar a sentença de um estranho, Yama leva os seguintes
elementos em consideração.
• Tipo de Prisioneiro: No geral, humanos normais são
os que recebem mais clemência na sentença. Isso reflete
o fato de que os humanos são os prisioneiros menos re-
sistentes. Vampiros, Devoradores de Pecados, lobisomens
e outras estranhezas do Mundo das Trevas, todos têm al-
guma forma de lidar com a natureza traiçoeira do Mundo
Subterrâneo. Humanos, nem tanto. Na outra extremida-
de desse espectro estão os vampiros mencionados. Yama
vê os vampiros como apenas mais um tipo de coisa mor-
ta, embora ainda envolta em carne. Como resultado de
sua natureza, os vampiros capturados passam mais tempo
151
Prisao de Portao Baixo
 na Prisão de Portão Baixo do que qualquer outro tipo de tados muitas vezes vem na forma de trabalho generoso na
habitante da superfície. superfície. Embora os Juízes possam passar por um Portão
Averniano em busca de um indescritível transgressor da lei,
• Crime: Os personagens capturados pelos Juízes podem
Yama fica igualmente feliz em distribuir trabalho de superfí-
esperar que a severidade de sua sentença corresponda ao
cie para aqueles que já estão familiarizados com o local. Alter-
número de Leis Antigas que eles infringiram. Uma vez
nativamente, os personagens podem ser solicitados a ajudar
que Yama nunca despacha os Juízes com base em uma
um Juiz a capturar um infrator da lei especialmente perigoso
única infração, isso quase sempre significa que o persona-
ou um grupo do mesmo.
gem é culpado de violar várias Leis Antigas em vários Do-
Exatamente o que é considerado uma doação ou ato de
mínios Mortos. Como regra geral, os infratores primários
serviço aceitável é deixado para o Narrador decidir e pode até
são condenados a um mês por lei violada. Os infratores
servir de ímpeto para uma nova história. Capturar e trans-
reincidentes podem receber anos de prisão e qualquer
portar uma marca desde a superfície até as paredes da Prisão
personagem que Yama conheça de vista pode esperar se
de Portão Baixo pode fornecer vários graus de desafio com
tornar um fantasma de verdade antes de ser libertado da
base nas habilidades da marca e daqueles que a cercam. Um
prisão.
gancho menos óbvio é a quantidade ou qualidade dos mate-
riais a serem produzidos para ganhar a liberdade condicional
de um camarada. Yama pode decidir que deseja algo que os
Risco e Recompensa personagens não têm atualmente. O item necessário pode ser
A Prisão de Portão Baixo não apresenta um rosto convi-
qualquer coisa, desde grandes quantidades de comida para
dativo para os viajantes e poucas pessoas entram em qualquer
os prisioneiros de Malebolge (exigindo várias viagens ao Do-
prisão por sua própria vontade. No entanto, as recompensas
mínio para transportar tudo para baixo), os restos de uma
podem ser encontradas aqui. Alguns vêm ao Domínio Morto
âncora destruída que pertencia a um prisioneiro, ou mesmo
buscando a libertação (ou mais tolamente, o resgate) de um
um artefato místico atualmente detido por um senhor da
camarada que foi feito prisioneiro pelos Juízes. Outros vêm
morte. Seja qual for o preço, uma vez pago, Yama cumpre sua
em busca de conhecimento dos fantasmas que se escondem
palavra e o prisioneiro que os personagens vieram resgatar é
dentro das paredes da prisão, imunes ao chamado de invo-
libertado, sua sentença comutada.
cação.

Liberdade Condicional Visitação

Os visitantes que vêm à Prisão de Portão Baixo para se
O triste é que a maioria dos viajantes consegue quebrar
encontrar com um determinado indivíduo também são leva-
pelo menos uma das Leis Antigas durante sua viagem ao
dos para se encontrar com Yama. A maioria dos pedidos de
Mundo Subterrâneo, mesmo que o crime não tenha sido
privilégios de visitação é concedida com pouco ou nenhum
intencional. Aqueles que infringem as leis repetidas vezes
barulho, assumindo que os personagens trouxeram algo para
atraem a atenção dos Juízes e são levados de volta à Prisão
trocar. Yama é muito menos exigente quanto ao que consti-
de Portão Baixo para pagar por suas transgressões. Freqüen-
tui um pagamento justo pela visitação do que pela liberta-
temente, os prisioneiros têm amigos ou aliados que não que-
ção total de um prisioneiro. Depois de engraxadas as rodas,
rem deixar seu companheiro apodrecer no Mundo Subterrâ-
os visitantes são designados a um guarda que os conduz até
neo, definhando lentamente. Então, eles procuram a Prisão
o prisioneiro com quem desejam falar. Nenhuma parte do
de Portão Baixo para recuperar os perdidos. A maioria dos
acordo pode forçar um prisioneiro a falar com visitantes que
visitantes que vão para a prisão abrigando algum plano ma-
ele não quer ver, no entanto. Resta aos personagens obter
luco de resgate abandona tais pensamentos assim que vêem
sua cooperação.
o lugar. Outros vêm com pleno conhecimento das realidades
do Domínio. Em ambos os casos, aqueles que buscam a li-
bertação antecipada de um prisioneiro são levados até Yama.
Fuga e Resgate
Pode acontecer que os personagens se encontrem tran-
A reunião com Yama é menos uma sessão de tribunal
cados na Prisão de Portão Baixo ou que não possam pagar
e mais uma reunião de negócios. Os personagens oferecem
o preço pedido por Yama. Fugir da prisão não é tarefa fácil,
bens ou serviços em troca da libertação de seu amigo e Yama
mas também não é impossível. Embora vigilantes, os guar-
pondera a oferta antes de comunicar sua decisão com um
das ainda são fantasmas e, como tais, são mais limitados em
aceno de cabeça ou o silêncio frio da negação. Os tipos de
pensamentos do que a maioria dos personagens. Esconder
bens com maior probabilidade de resultar em um aceno de
os instrumentos de fuga não é difícil, e planos bem feitos
aprovação incluem alimentos trazidos de cima, materiais es-
podem ser eficazes. Da mesma forma, resgatar um amigo do
senciais para a manutenção da prisão (como metal, canetas,
Domínio é possível, assumindo que os personagens não ten-
tinta, papel) ou outras armas e equipamentos úteis que tor-
tem apenas um ataque frontal. Um ataque direto à Prisão
nam a vida mais fácil para o pessoal.
de Portão Baixo quase certamente terminará em fracasso e
De menor valor são os brinquedos e bugigangas coloridas
prisão.
que tentariam outros fantasmas. As sombras impassíveis do
Personagens inteligentes sem dúvida encontrarão meios
Domínio não são facilmente influenciadas por um raio de te-
mais sutis. O impedimento mais sério para escapar ou res-
cido azul brilhante ou pela delicada flor amarela de uma rosa
gatar é Yama e os Juízes. A partir do momento em que um
do Texas como os outros mortos inquietos que assombram o
prisioneiro pisa além dos limites do Domínio, Yama sabe e
Mundo Subterrâneo. Esse tipo de item traz consigo a possi-
responderá. Isso prepara o terreno para potenciais conflitos
bilidade de despertar as paixões dos mortos que assombram
futuros, com um ou mais Juízes despachados para capturar
a Prisão de Portão Baixo, o que é contrário ao propósito do
os personagens culpados. Se o alvo da atenção de um Juiz
Domínio Morto. O pagamento por meio de serviços pres-

152
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
for particularmente poderoso ou for parte de um grupo que mínio. A maioria dessas sombras torna-se escribas, mas Yama
Yama não tem certeza se um único Juiz poderia lidar, o Ker- transforma os espectros mais antigos e poderosos em instru-
beros enviará tantos Juízes quanto for necessário para fazer mentos de sua vontade chamados Juízes.
o trabalho. Único entre as almas mortas do Mundo Subterrâneo, os
Juízes da Prisão de Portão Baixo não permanecem em ne-
Alguns Jogadores nhum Domínio Morto ou seguem o chamado da morte que
Abaixo estão algumas estatísticas básicas para os dois ti- puxa as sombras para os Mistérios Inferiores. Com uma liber-
pos de cortinas com maior probabilidade de serem encontra- dade de movimento quase incomparável, os Juízes exercem
dos na Prisão de Portão Baixo; ou seja, guardas e um prisio- seu comércio de justiça através dos Mistérios Inferiores, das
neiro fantasma comum. Profundezas Autóctones e, se necessário, além dos Portões
Avernianos para o mundo dos vivos.
Guarda Descrição: Cada Juiz tem a mesma aparência e responde
Poder 4, Refinamento 2, Resistência 4 apenas pelo título que carrega. Se os fantasmas têm nomes e
Como a maioria dos outros funcionários da Prisão de personalidades únicos, enterrados sob o título, ninguém ja-
Portão Baixo, os guardas já foram presos. Em vez de deixar mais viu evidências disso. Uma vez que um fantasma assume
o Domínio após a reabilitação ou mergulhar mais fundo nos o manto de um Juiz, muitas das fraquezas percebidas na vida
Mistérios Inferiores, eles escolheram ficar para ajudar os ou- após a morte são eliminadas de seu novo Corpus. Um Juiz é
tros a encontrar a mesma paz de que desfrutam. Capazes de livre de pensamentos, tem um propósito na ação e é resoluto
fingir raiva para manter os prisioneiros na linha, os guardas em sua autoridade.
são quase como drones sem emoção, passando pela mesma Na aparência, um Juiz parece um homem alto e magro,
rotina indefinidamente. Em caso de problemas, todos os com “pele” de um branco pálido de porcelana fina. No lu-
guardas estão armados com algum tipo de arma (principal- gar dos olhos, há buracos vazios e crus. Seu rosto é coroado
mente porretes) e todos carregam um apito de osso. Os apitos com algo que se assemelha a cabelos negros rebeldes, mas,
podem parecer não fazer barulho quando soados, mas outros em uma inspeção mais aprofundada, é mais semelhante a
guardas podem ouvir claramente o pedido de ajuda, não im- uma massa de cílios se contorcendo. Preto também é o ter-
porta onde eles possam estar na prisão. Depois que um apito no que usa, elegantemente antigo com um colete e gola alta.
é soado, reforços começam a aparecer na proporção de dois Uma bengala de osso completa o conjunto, mas não é um
guardas a cada três turnos. brinquedo de dândi. Grossa e resistente, a bengala é usada
para golpear o impenitente até a submissão quando todos os
Prisioneiro Fantasma outros meios falharam. Os Juízes têm aparência humana o
Poder 2, Refinamento 2, Resistência 1 suficiente para que às vezes sejam confundidos, à distância,
A menos que os personagens tenham instigado uma re- como companheiros de viagem por aqueles de cima. De per-
volta total que consegue libertar os prisioneiros de Dis de to, a ilusão se desvanece. Além de suas outras deformidades,
sua Bolgia, os prisioneiros fantasmagóricos com maior pro- os Juízes não têm boca. No lugar dos lábios, há duas linhas
babilidade de serem encontrados são os curadores do Limbo. de costura preta, entrecruzando-se na carne lisa onde deveria
Essas sombras se arrastam ao longo dos túneis da Prisão de estar a boca.
Portão Baixo em suas rondas designadas, sem falar com nin- Dicas de Interpretação: Mesmo sem a habilidade de fa-
guém sem a permissão dos guardas. As tentativas de forçar lar, os infratores ainda sabem quando um Juiz veio buscá-los.
os prisioneiros a falar sobre o Domínio fazem os fantasmas Talvez seja a maneira como as órbitas cegas da coisa perfuram
fugirem na direção do guarda mais próximo. Mesmo que os o culpado, como se pudesse ver e medir os pecados que man-
fantasmas sejam de alguma forma contidos e coagidos a falar, cham uma alma. Um Juiz obriga a obediência por sua própria
eles buscarão a oportunidade mais rápida de escapar e come-
çarão a gritar pelos guardas.

Juiz
Virtude: Justiça. Nenhum pecador ou transgressor da lei
está além da autoridade investida em nós por Yama.
Vício: Tendo passado pelo cadinho das Salas de Corre-
ção, os Juízes não têm Vício. Em vez disso, um juiz recupera
automaticamente dois pontos de Força de Vontade a cada
dia ao anoitecer enquanto persegue os infratores ou enquan-
to transporta prisioneiros de volta para a Prisão de Portão
Baixo.
Histórico: Uma vez que Yama declara que uma alma pa-
gou a dívida total de seus crimes na Prisão de Portão Baixo,
ele ou ela é libertada para se aprofundar nos Mistérios Infe-
riores ou, no caso de ex-prisioneiros do mundo dos vivos,
para retorne à superfície para retomar qualquer existência
que eles possam ter lá. No entanto, nem todo fantasma está
tão disposto a se despedir de Portão Baixo. Alguns oferecem
seus serviços a Yama para promover o nobre trabalho do Do-

153
Prisao de Portao Baixo
 presença e aqueles que lutam contra eles são arrastados fisica-
mente - com hematomas e sangrando, se necessário - de volta
à Prisão de Portão Baixo para pagar por seus crimes. Se um
Juiz for derrotado no desempenho de sua tarefa, outro será
enviado para substituí-lo, e outro, e outro, até que o trabalho
seja concluído. Além das correntes reais, os Juízes usam a
Nume para forçar os detidos a voltar com eles para a Prisão
de Portão Baixo. No mundo dos vivos, trate os Juízes como
fantasmas sem âncora. Eles podem viajar livremente para
onde precisarem ir para prender fugitivos da justiça.
Atributos: Poder 8, Refinamento 7, Resistência 9
Força de Vontade: 17
Iniciativa: 16
Defesa: 8
Deslocamento: 26 (fator de espécie 11)
Tamanho: 6
Corpus: 15
Numes: A menos que indicado de outra forma, cada Nume
tem uma parada de dados de 15. Psicofonia, Compulsão,
Chave Canhota, Um Passo Atrás, Telecinesia
• Apreender: Com esta Nume, um juiz pode literalmen-
te arrastar o culpado para o Crepúsculo. Gaste um nú-
mero de Essência igual ao Vigor do alvo e, em seguida,
role o Poder + Refinamento do Juiz. O alvo pode resistir
com um Teste de Perseverança + Autocontrole. Se o Juiz
for bem-sucedido, o alvo é puxado sem cerimônia para o
Crepúsculo, onde o Juiz pode interagir mais facilmente
com ele. Se o alvo vencer o teste disputado, a Nume não
tem efeito. Observe que esta Nume só funciona de uma
maneira. O Juiz não pode usar esta habilidade para mo-
ver um alvo para fora do Crepúsculo. Para que o alvo saia
de seu novo estado de Crepúsculo, ele deve encontrar
uma saída alternativa ou entrar no Mundo Subterrâneo,
o que traduz sua forma de volta à solidez.
• Correntes Crepusculares: As algemas e correntes usa-
das pelos Juízes para prender os infratores são objetos efê-
meros que só se tornam “reais” no Mundo Subterrâneo
ou no Crepúsculo. Na verdade, as correntes são parte
do Corpus do Juiz e só se quebrarão se isso acontecer,
embora personagens habilidosos em soltar laços ainda
possam tentar fazê-lo com uma penalidade de -3. As cor-
rentes carregadas pelos Juízes também contêm um pouco
da essência da Prisão de Portão Baixo, que impõe uma
penalidade de -5 em qualquer tentativa de usar magia (ou
efeitos de tipo mágico como Manifestações, Disciplinas,
etc.) enquanto vinculadas.
• Atraído pelo Pecado: Um personagem que quebra
pelo menos três das Leis Antigas e escapa da punição por
seus crimes chama a atenção de Yama e, por meio dele,
os Juízes. Enquanto o personagem permanece no Mundo
Subterrâneo, cada vez que uma Lei Antiga é quebrada
após esse ponto, um Juiz pode gastar um ponto de Es-
sência e testar Poder + Refinamento para determinar exa-
tamente qual dos Mistérios Inferiores ou qual parte das
Profundezas Autóctones o personagem está atualmente.
Se o personagem quebrar outra das Leis Antigas enquan-
to o Juiz está no mesmo Domínio ou em qualquer lugar
nas Profundezas Autóctones, o Juiz pode usar esta Nume
para localizar sua posição exata. Superficialmente, esta
Nume atua mais como um rumo de bússola, indicando
154
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
em que direção geral o infrator pode ser encontrado.
• Irrestrito: Para fazer cumprir as Leis Antigas do Mundo
Subterrâneo, os Juízes têm mais liberdade de movimento
do que outros fantasmas. Um Juiz pode passar além dos
Portões Avernianos e regenerar Essência na proporção de
um por dia, mesmo sem uma âncora formal.
Yama
Virtude: Justiça. Os culpados serão punidos por seus cri-
mes. Esse é o modo das Leis Antigas.
Vício: Yama está livre do Vício da mesma forma que os
Juízes que envia para fazer seu trabalho. Em vez de recuperar
a Força de Vontade explorando o Vício, o Kerberos pode,
em vez disso, recuperar a Força de Vontade duas vezes a cada
cena, alimentando sua Virtude.
Histórico: Nem os homens nem os fantasmas podem di-
zer corretamente de onde o Kerberoi surgiu pela primeira
vez. Desde que existiram Domínios Mortos, existiram Ker-
beroi para vigiá-los. Em geral, acredita-se que Yama já foi
como outro Kerberos, vinculado e preocupado apenas com
sua parte dos Mistérios Inferiores. O que trouxe a mudança
de guardião de um único Domínio para guardião de todo
o Mundo Subterrâneo só pode ser conjecturado. Talvez a
semente tenha sido plantada quando os primeiros homens
começaram a descer das terras iluminadas pelo sol, quebran-
do as Leis Antigas a cada passo que davam. Talvez tenha co-
meçado mais tarde, quando as coisas em forma de homem
voltaram seus olhos para baixo em busca do conhecimento
dos mortos. Tudo o que se sabe com certeza é que Yama se
sentiu compelido a exigir justiça sobre aqueles que violam as
Leis Antigas e ficam impunes por seus crimes.
Muitos rumores sobre Yama colocam como fato a ideia
de que o Kerberos foi o primeiro fantasma a ser reabilitado
com sucesso na Prisão de Portão Baixo. Se isso for verdade,
a pergunta que deve ser feita é quem ou o que comandava o
Domínio antes de Yama? Apenas o Kerberos sabe a resposta
para este enigma. Outra pergunta que precisa ser respondi-
da é exatamente como Yama fica sabendo das violações das
Leis Antigas em outras partes dos Mistérios Inferiores. A
resposta é duas partes de misticismo e uma parte mundana.
Outros Kerberoi podem ir até Yama (ou enviar seus lacaios)
e renunciar a suas reivindicações de punir os culpados. Isso
acontece com mais frequência nos casos em que o culpado já
saiu do Mundo Subterrâneo e está fora do alcance dos Ker-
beroi. Mesmo quando nenhum informante de qualquer tipo
se aproxima de Yama com uma história para contar, pode-se
sentir quando o equilíbrio do pecado no Mundo Subterrâ-
neo é alterado por estranhos. Localizar a fonte do desequi-
líbrio é um instinto que Yama cultivou como parte de sua
dedicação à justiça.
Descrição: A pele de Yama é tão branca quanto o manto
simples que veste. É completamente desprovido de pelos e
suas características, embora inegavelmente masculinas, apa-
rentemente foram corroídas pelo tempo até proporções qua-
se de máscara. Nas raras ocasiões em que o Kerberos fala,
o faz de maneira suave e calma, sem trair nenhum traço de
emoção. Yama trata com justiça e imparcialidade os que o
precederam, mas não se comove com implorações, lágrimas
ou discussões.
Dicas de Interpretação: A presença do Kerberos exala
uma serenidade intencional. Ele aceitou seu lugar no Mundo
Subterrâneo e o significado de sua existência. Em vez de se
permitir ser limitado da mesma forma que outros Kerberoi
que deixaram seu Domínio natal para trás, Yama cria Juízes
para fazer o trabalho pesado por ele. Embora não seja obvia-
mente hostil como outro Kerberoi, Yama não tolera desafios
à sua autoridade. Embora o Kerberos esteja vazio de Vícios
e nunca fique com raiva, ele pode (e fica) às vezes ficar leve-
mente impaciente com mentirosos e dissimuladores.
Atributos: Poder 9, Refinamento 8, Resistência 10
Força de Vontade: 19
Iniciativa: 18
Defesa: 9
Deslocamento: 25
Tamanho: 5
Corpus: 15
Numes: A menos que indicado de outra forma, cada Nume
tem uma parada de dados de 17. Psicofonia, Compulsão,
Plasticidade, Telecinesia, Terror
• Atraído Pelo Pecado: Veja a descrição dos Juízes para
detalhes completos.
• Investidura: Esta Nume é conhecida apenas por Yama
espectro. Em troca, o Kerberos absorve um pouco da Es-
e é com este poder que o Kerberos cria Juízes e escribas
sência do fantasma, tornando Yama uma espécie de ân-
para servi-lo, e substitui aqueles do mundo vivo que ofe-
cora para o novo Juiz. Este processo permite que os Juízes
recem serviço como pagamento. Usado para atingir um
se libertem do Mundo Subterrâneo e remodela o Corpus
fantasma, a Nume tem dois efeitos. O primeiro efeito,
do fantasma para a forma familiar usada por todos os
menor, é criar um escriba. Esta investidura dá ao fantas-
Juízes. Usado para substituir um visitante do mundo dos
ma um ligeiro aumento em suas capacidades mentais,
vivos, Yama investe um único ponto de Essência no per-
o que permite que ele sirva melhor a Yama sem alterar
sonagem. Este sopro de Yama atua como uma espécie de
a personalidade central do fantasma. O segundo efeito
monitor do comportamento do representante e só retor-
é mais intrusivo. Cada vez que Yama cria um Juiz, ele
na ao Kerberos após a conclusão de uma missão bem-su-
esgota toda a sua Essência disponível, despejando-a no
cedida ou se o representante desistir do acordo.

155
Prisao de Portao Baixo
 No lugar do lamento das almas perdidas que saúda os
viajantes para muitos dos Mistérios Inferiores, o som do Fer-
ro-velho é o guincho de metal contra metal e o clamor dos
trituradores em ação. Onde a maior parte do Mundo Subter-
râneo é composta de túneis rochosos que conduzem de um
lado para outro, os campos abertos do Ferro-velho são aço
corroído, ferro enferrujado e vidro quebrado. A mera existên-
cia do Ferro-velho é uma surpresa para muitos habitantes da
superfície que esperam que todas as partes do Mundo Sub-
terrâneo se assemelhem aos contos míticos de Orfeu e Inan-
na. Este Domínio Morto é um lugar de máquinas fantasmas,
almas de metal e pesadelos mecânicos.
Fantasmas que caem no Mundo Subterrâneo começam
a não-vida como cópias efêmeras dos corpos carnudos que
eles habitaram. Com o passar do tempo, os fantasmas são
invariavelmente atraídos para os Mistérios Inferiores por
uma força mais misteriosa e poderosa do que a gravidade.
Cada etapa da jornada muda os espectros de alguma forma.
Fantasmas que serviram nos exércitos dos Campos da Ma-
tança saciaram seu desejo de conflito até que ele deixa de ter
significado para eles. Os espectros que passam pela Mão do
Homem Morto aprendem um certo senso de autoestima que
permanece com eles, mesmo quando lançados à deriva nas
profundezas sem âncora. As sombras que são atraídas para o
Ferro-velho descartaram suas identidades humanas e remo-
delaram seu Corpus para expressar formas puramente mecâ-
nicas. Claro, algumas remodelações são mais bem-sucedidas
do que outras. Os fantasmas que falham no teste darwiniano
de sobrevivência que é a existência no Domínio são divididos
em partes básicas pelos trituradores, suas almas expulsas do
Ferro-velho.
Chegando Lá
Separado do resto dos Mistérios Inferiores pelo Rio de
Fogo na encosta e pelo Rio de Pus na descida, o Ferro-velho
não é o Domínio mais fácil de encontrar. O caminho está
fechado para aqueles que consideram o funcionamento do
motor de combustão um mistério ou quase acreditam que a
tecnologia avançada por trás de invenções como os nanobots
é mais mágica do que ciência. Apenas personagens com óleo
no sangue e visões de esquemas dançando em seus cérebros
podem encontrar o caminho. Em termos mecânicos, isso
significa que qualquer personagem que esteja buscando ati-
vamente o Domínio Morto deve ter pelo menos dois pontos
em Ofícios ou Ciência (de preferência com uma Especiali-
zação mecânica, como Reparo Automóvel para Ofícios ou
Engenharia Mecânica para Ciência) para encontrar o lugar
ou mostrar o caminho. Esses personagens sozinhos ouvem os
ecos de muitas batalhas de máquina (lâminas de serra zum-
156
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
bindo, metal estridente, o barulho de um martelo em uma
bigorna) e se sentem convocados por isso.
É possível encontrar o caminho por acidente, embora me-
nos provável. Personagens que carregam pelo menos metade
de sua carga permitida em algum tipo de tecnologia podem
descobrir que seus passos os levam ao Domínio, especialmen-
te se essa tecnologia quebrou ou ficou sem energia. O Domí-
nio é, como o nome sugere, o Ferro-velho do Mundo Subter-
râneo, como gosta de ser chamado. Os personagens também
podem seguir um fantasma que está caminhando em direção
ao Domínio, talvez por curiosidade sobre as mudanças que
a sombra sofre à medida que se aproxima do Ferro-velho.
Meio-máquina, meio-humano na aparência, esses espectros
são inerentemente instáveis e costumam atacar os transeun-
tes. Recomenda-se cautela para qualquer pessoa que pretenda
usar esses híbridos como um guia.
Descrição
Situado em uma caverna tão grande que desafia o nome,
o Ferro-velho é um lugar de máquinas fantasmas girando e
pilhas de peças mecânicas quebradas e vazando. Caminhos
semilímpidos serpenteiam pelo Dominio, pavimentados com
detritos que foram reduzidos a pedaços sob os pés de viajan-
tes e o passo de máquinas. O lugar é iluminado pela luz bru-
xuleante de destroços em chamas. Algumas das fogueiras co-
brem hectares, enquanto outras não são maiores do que uma
fogueira. Todos os incêndios são causados como um efeito
colateral das ferozes batalhas mecânicas entre sombras feitas
de metal. É comum ocorrer mini-deslizamentos de entulhos
das pilhas de peças quebradas, causados pelo assentamento
da sucata ou pela passagem de máquinas-fantasma sobre as
pilhas instáveis.
Elevando-se até mesmo sobre a pilha mais alta de lixo es-
tão os trituradores. Dez em número, essas máquinas colossais
alinham-se nas margens do Phlegethon, movidas por vapor
capturado e enormes rodas d’água giradas pela água fervente.
Essencialmente prensas superdimensionadas, os trituradores
são onde os servos autômatos do Kerberos que governa o
Domínio trazem seus inimigos derrotados para serem trans-
formados em materiais básicos. Correias transportadoras que
abrangem todo o campo de futebol se afastam dos tritura-
dores, serpenteando seu caminho através do Ferro-velho até
um ponto de despejo comum no meio do Domínio chamado
de Montes. Cada máquina produz resíduos e, no caso dos
trituradores, os resíduos produzidos estão na forma de almas
despedaçadas que são forçadas a sair de seus supostos corpos
de máquina pelas prensas. Esses perdedores da batalha cons-
tante pelo domínio que ocorre no Ferro-velho são expulsos
para o Rio de Fogo e são puxados pela corrente para chegar
às margens de outros Domínios Mortos.
As batalhas do Ferro-velho não são o caos organizado dos
Campos da Morte, nem a violência aleatória que pode ser
encontrada em partes das Profundezas Autóctones. Eles são
combates um-a-um ferozes entre as máquinas-fantasma para
provar a superioridade. Cada máquina procura as outras para
testar a força de seu projeto, para recuperar peças de inimigos
derrotados para melhorar a si mesma e reivindicar territórios
maiores para vasculhar os componentes utilizáveis.
As Leis Antigas
As Leis Antigas do Ferro-velho estabelecem as regras pelas
quais as máquinas-fantasmas lutam em suas batalhas e, em
menor grau, o comportamento esperado dos viajantes atra-
vés do Domínio Morto. Um fantasma que faz o seu caminho
até aqui é atraído primeiro para os trituradores, para teste-
munhar o destino de projetos fracassados. É também aqui
que as Leis Antigas são exibidas, escritas em mil línguas nas
molduras dos trituradores.
A Forma Deve Ser Testada
Esta Lei Antiga estabelece por escrito a regra mais bási-
ca do Domínio. Não é suficiente para os fantasmas simples-
mente assumirem a forma de uma máquina, eles também
devem provar o valor dessa forma. Embora a lei pareça direta
o suficiente, algumas sutilezas que são inerentemente com-
preendidas pelos fantasmas podem não ocorrer aos viajantes
de cima. Um teste é sempre entre duas máquinas - e apenas
duas máquinas - e o resultado pode não ser influenciado por
intervenção externa. Outras máquinas fantasmas podem lu-
tar umas contra as outras nas proximidades ou observar o
teste à distância (observando, sem dúvida, as falhas que po-
dem explorar mais tarde), mas estão proibidas de intervir de
qualquer forma. Esta Lei Antiga se estende a visitantes exter-
nos. Um viajante que se compromete a se envolver em uma
batalha entre as máquinas se verá sob o ataque de ambos
os combatentes. Após a vitória, o vencedor tem permissão
(até mesmo obrigatório, consulte a segunda lei) para salvar
pedaços de seu oponente para enxertar em sua própria forma
para melhorá-la. O que quer que permaneça do derrotado é
então deixado onde caiu para ser transportado pelos asseclas
do Vitorioso para um triturador e eliminado.
O policiamento desta Lei Antiga é geralmente deixado
para as máquinas-fantasma. Poucos intrusos que ousam inter-
ferir em um teste sobrevivem à fúria imediata das máquinas
envolvidas. Aqueles que conseguem sobreviver ou escapar
chamam a atenção dos Kerberos reinantes. O procedimento
padrão para o guardião das Leis Antigas é ejetar os perso-
nagens do Ferro-velho para o rio mais próximo no Mundo
Subterrâneo. Personagens de sorte acabam no Kohan-Il.
A Forma Deve Evoluir
Nenhum projeto é perfeito e, portanto, as máquinas-fan-
tasma do Domínio estão constantemente trabalhando para
se aperfeiçoar. Na maioria das vezes, as melhores peças dispo-
níveis para melhorias só podem ser encontradas nos corpos
das máquinas de outras sombras metálicas. Esta Lei Antiga,
combinada com a primeira, garante as batalhas diárias das
máquinas-fantasmas, que por sua vez garantem que apenas as
formas mais fortes floresçam no Ferro-velho. É muito difícil
para os viajantes infringir essa lei, a menos que se consiga
de alguma forma convencer uma máquina de que ela já é
perfeita. No caso de isso se tornar um problema, a máquina
culpada é transportada para os trituradores e a cúmplice da
terra iluminada pelo sol é silenciada por uma maldição para
acalmar sua língua antes de ser expulsa do Domínio. A mal-
dição persiste por 30 dias ou até que o personagem cruze dois
rios longe do Ferro-velho.
Os Trituradores São Sagrados
De muitas maneiras, os trituradores são o sangue vital do
Ferro-velho e uma expressão máxima da filosofia de domínio
que governa o Domínio. É nos trituradores que os derrota-
dos são verdadeiramente derrotados e banidos do Ferro-ve-
lho. Nenhum fantasma que sentiu o abraço de aço de um
triturador, seguido pelas águas escaldantes do Rio de Fogo,
está ansioso para repetir a experiência uma segunda vez. Con-
seqüentemente, nenhuma outra máquina é o foco de tanto
temor e admiração do que os trituradores.
É absolutamente proibido atacar uma máquina fantasma
que carrega o amontoado de peças que constituíram seu últi-
mo oponente enquanto ela vai para um triturador. Batalhas
dentro da área desmatada que circunda cada triturador tam-
bém são proibidas. Nem é preciso dizer que prejudicar ou
interferir no propósito dos trituradores também é proibido.
As máquinas-fantasmas prefeririam ir voluntariamente sob
um triturador do que quebrar esta Lei Antiga, mas o mesmo
nem sempre é verdade para os viajantes que passam pelo Do-
mínio. Os trituradores são fantásticas máquinas ocultas, das
quais um único parafuso tem o potencial de se tornar uma
poderosa memorabilia memento mori.
Infelizmente para ladrões em potencial, os trituradores
estão sempre cercados por multidões de servos do Vitorioso
(ver “o Vitorioso”, ou seja, o campeão Kerberos do Domínio,
na pág. 160) esperando para se desfazer das máquinas derro-
tadas. Mesmo assim, sempre há aqueles que são gananciosos
ou estúpidos o suficiente para tentar o improvável. Qualquer
viajante pego mexendo em um triturador é imediatamente
atacado e mantido em cativeiro até a chegada do Kerberos. A
penalidade deve ser aplicada ao triturador, deixando o infra-
tor com três opções desagradáveis. Opção um: ser esmagado
e morto. Ninguém, não importa o quão poderoso seja, pode
sobreviver à boca de aço de um triturador. Opção dois: rolar
para fora do triturador e entrar no Phlegethon. É possível
sobreviver a um mergulho no Rio de Fogo, mas apenas para
os perspicazes e velozes (Um gole rápido reduzirá os três da-
nos letais causados a cada turno pela imersão no Rio para
dano contundente). Opção três: rolar para fora do triturador
e entrar na multidão de autômatos. Semelhante à opção um,
isso provavelmente significa morte, embora não seja a morte
rápida oferecida pelo triturador.
O Ferreiro Deve Reter Suas Ferramentas
A última Lei Antiga do Ferro-velho é a mais comum e in-
tencionalmente violada pelos viajantes. Cada pedaço do Do-
mínio Morto tem o potencial de ser uma parte útil para uma
das máquinas-fantasma. As cortinas metálicas (e o Kerberos)
dão uma visão turva de invasores roubando o que poderia ser
a diferença entre uma forma fraca e uma forte. A tentação de
roubar até o mais humilde pedaço de lixo decorre do fato de
que os pedaços e peças de máquina retirados do Ferro-velho
não perdem sua potência quando removidos do Domínio ou
mesmo além dos limites do Mundo Subterrâneo. Além dis-
so, em muitos casos, esses itens funcionam melhor do que
157
O Ferro Velho
 máquinas semelhantes que podem ser encontradas em terras
iluminadas pelo sol ou podem melhorar a eficiência de equi-
pamentos comuns (consulte Risco e Recompensa abaixo).
Pior de tudo, as próprias máquinas-fantasmas estão cientes
de que as melhores partes sempre podem ser encontradas
nos corpos metálicos das cortinas.
É provável que esta combinação de problemas potenciais
levou à criação da terceira Lei e também pode explicar por
que o Domínio é tão difícil de encontrar. Os viajantes apa-
nhados com a posse de qualquer parte do Ferro-velho não
podem esperar misericórdia. As máquinas fantasmas tenta-
rão matar um ladrão ou levá-lo em direção ao Ferro-velho
do Kerberos. No lugar da morte, o Kerberos cobra um preço
mais calculado: o ofensor é despojado do conhecimento ne-
cessário para encontrar o Ferro-velho antes de ser expulso do
Domínio, diretamente de volta às Profundezas Autóctones.
Em termos de jogo, isso significa que os personagens puni-
dos dessa maneira que procuram encontrar o Ferro-velho no-
vamente têm uma penalidade de -5 em todas as tentativas de
navegar até ele.
Geografia
Entre as pilhas de metal enferrujado e fiação desgastada
há maravilhas de se ver. Os trituradores não têm equivalente
terrestre ou sobrenatural e os Montes são um tesouro poten-
cial de peças úteis. No centro deste pesadelo mecânico está o
lar da forma que provou ser o mais forte.
Os Trituradores
De certa forma, os trituradores são os deuses do Ferro-ve-
lho e os restos retorcidos das máquinas derrotadas são os sa-
crifícios dados por seus seguidores. As laterais de aço alteram
158
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
a chuva de metal em seus adoradores e gotejam fluindo com
pus (o óleo é uma mercadoria rara aqui, e as águas do Kohan-
-Il fornecem uma alternativa viável). A cada minuto, grandes
martelos ressoam com golpes poderosos, separando a alma
da máquina quebrada. As sobras são carregadas em correias
transportadoras de quilômetros de extensão até os Montes,
onde os restos mais escolhidos são disputados.
Cobertos com a escrita de todas as línguas conhecidas,
proclamando as Leis Antigas para que todos possam ver, os
trituradores são gigantes gigantescos sem pintura, estenden-
do-se até o teto rochoso do Mundo Subterrâneo como os ar-
ranha-céus do mundo acima. Uma escada de ferro leva a um
patamar onde a laje de metal semelhante a uma mesa aguarda
sua próxima vítima. Com os pistões zumbindo e latejando,
a prensa sobe centenas de metros no ar antes de bater de
volta com força suficiente para sacudir os dentes e soltar as
almas emaranhadas dos derrotados. A área ao redor dos tritu-
radores é mantida livre de obstáculos em um semicírculo de
50 metros pelos servos de Vitorioso esperando sua vez para
oferecer o próximo sacrifício.
Os Montes
O término de todas as dez correias transportadoras, uma
de cada triturador, é conhecido como os Montes: o local de
descanso final dos restos achatados de projetos fracos. Este
é o lugar para onde vão as máquinas-fantasma na busca de
matéria-prima para agregar melhorias em suas esquadrias de
metal. Os transportadores cuspem os materiais em um fluxo
quase constante sobre as enormes pilhas de sucata que dão
nome ao local. Não considerados tão sagrados quanto a área
ao redor dos trituradores, os Montes ainda são considerados
algo como solo neutro.
 Isso não quer dizer que as sombras metálicas nunca lutam
aqui - eles lutam - mas a natureza e causalidade dessas lutas
tende a ser diferente do estilo sem barreiras de combate que
acontece em outros lugares no Domínio. Nos Montes, duas
máquinas são mais propensas a brigar por um pedaço de ma-
terial particularmente escolhido do que para começar uma
partida mortal. Mesmo entregues como estão à expressão
de Corpus na forma de máquina, os fantasmas do Ferro-ve-
lho parecem sentir que lutar entre os corpos decadentes de
projetos fracassados é de alguma forma azar. Até mesmo os
necrófagos das terras iluminadas pelo sol são mais tolerados
aqui. Ao contrário de outras peças do Ferro-velho, nenhuma
das peças encontradas no Monte tem qualquer valor intrín-
seco além das peças sobressalentes. Uma máquina montada
por um personagem que usa apenas as sobras encontradas
nos Montes não funciona melhor ou pior do que qualquer
outra peça mundana de equipamento. Ainda assim, uma joia
ocasional pode ser encontrada entre o joio e não há lugar
melhor no Mundo Subterrâneo para encontrar peças de re-
posição ou aquele ingrediente que falta em algum projeto
incomum do que nos Montes.
A Bigorna
A bigorna é mais do que apenas um local de trabalho; é
o nome de todo o território controlado pelo atual campeão
reinante do Domínio. Uma máquina fantasma que consegue
subir ao topo da pilha abandona seu antigo local de trabalho,
assume a posição de Vitorioso e reivindica a propriedade do
Ferro-velho. Comparada com outras partes do Domínio, a
Bigorna é limpa e organizada. No lugar de pilhas desordena-
das de peças, esta parte do Ferro-velho organizou fileiras de
materiais. A natureza exata da organização pode não ser apa-
rente para os visitantes, mas mesmo um observador casual
pode discernir que as partes foram classificadas e categoriza-
das em algum tipo de padrão intencional.
A própria bigorna é mais high-tech do que o nome pode
supor. No lugar de uma peça sólida de metal que serve como
bigorna estão vários dispositivos de aquecimento equipados
com reparadores improvisados e ferramentas primitivas. Sim,
esta área inclui uma bigorna real, mas também possui ferra-
mentas rústicas e máquinas de tingimento suficientes para
operar uma pequena oficina mecânica. Qualquer ferramenta
ou peça de equipamento necessária para construir, reparar
ou manter o maquinário pode ser encontrada na Bigorna.
Os autômatos que servem ao Vitorioso são criados e manti-
dos aqui; é uma tarefa que ocupa a maior parte do tempo do
Vitorioso.
Risco e Recompensa
Um Domínio Morto cheio de máquinas homicidas e me-
tal enferrujado o suficiente para justificar uma nova injeção
de tétano não parece um lugar que a maioria dos viajantes
gostaria de visitar. Para aqueles personagens espertos o sufi-
ciente para sobreviver sem serem capturados ou mortos, no
entanto, o Ferro-velho tem recompensas.
Eu Tenho o Poder
O problema com a maioria dos gadgets, não importa
quão brilhantes e reluzentes sejam ou quantos aplicativos
tenham, é que eles exigem energia. Para os viajantes que
podem ter passado dias (ou mais) no Mundo Subterrâneo,
pegar novas baterias não é realmente uma opção e a energia
se torna um problema. A solução para esse problema está
no ferro-velho. No centro (metaforicamente falando) de cada
máquina-fantasma está a fonte de energia ectoplasmática que
movimenta seus corpos metálicos. Não existem duas fontes
de energia que se pareçam mais do que duas das máquinas-
-fantasma. Em um caso, a fonte pode parecer um motor de
cortador de grama modificado; em outro, pode se parecer
mais com uma usina nuclear em miniatura. Não importa a
aparência, porém, cada fonte de poder tem a mesma função
e personagens com inclinação mecânica geralmente podem
descobrir como acessar esse poder. A energia gerada por uma
fonte de alimentação é ilimitada. Nunca precisa ser recarre-
gada ou substituída.
Aqui está a parte complicada. Essa fonte de energia que
se parece com uma bateria de carro ou mesmo um coração
biomecânico é na verdade a essência do fantasma na máqui-
na. Uma fonte de energia é basicamente um memento que
o próprio fantasma moldou e se vinculou voluntariamente.
Além disso, apenas máquinas-fantasmas ativas, ou seja, aque-
las que ainda lutam entre si e têm uma tendência a atacar
“formas de carne” à vista, são as únicas sombras que retêm
uma fonte de poder funcional. Ao roubar uma fonte de ener-
gia, o personagem está efetivamente matando o corpo do fan-

Vantagem: Memento Mecanico (•••)

Rasgado diretamente da moldura de uma máquina fantasma, um memento mecânico é uma fonte de energia
extraordinária. Qualquer coisa que um personagem possa fazer por reparos improvisados no memento
pode ser completamente alimentado apenas pelo memento, não importa que tipo de combustível ele
originalmente exigisse. Para reiterar esse ponto: apenas o memento mecânico é necessário para alimentar
qualquer máquina à qual esteja conectado. A energia fornecida pelo memento é ilimitada, ou seja, teorica-
mente, enquanto a máquina à qual esteja conectada continuar a funcionar, o memento continuará a fornecer
energia. As únicas limitações sobre o que pode ser alimentado por um memento mecânico são aquelas
decididas pelo Narrador.
Para conectar com sucesso um memento mecânico a uma máquina, primeiro é necessário um teste de Inte-
ligência + Ciência para descobrir a melhor maneira de abordar o problema. Na verdade, anexar o memento
requer um teste de Destreza + Ofícios com uma penalidade de -5. A penalidade é reduzida em um para cada
sucesso obtido no teste inicial de Inteligência + Ciência.
As dimensões exatas e a aparência de um memento mecânico são deixadas para o Narrador determinar,
mas devem ter alguma relação com a máquina fantasma da qual se originou.

159
O Ferro Velho
 tasma e roubando seu coração.
Obviamente, esse tipo de ação tem algumas consequên-
cias. Para começar, as outras máquinas fantasmas tentarão
matar qualquer personagem que eles suspeitem estar carre-
gando uma fonte de energia. Isso significa que um ladrão pre-
cisa ter cuidado com a forma como a fonte é armazenada ou
usada, enquanto permanecer no Ferro-velho. Carregar uma
fonte de energia ou conectá-la a um dispositivo que permane-
ce à vista é apenas pedir uma retribuição mecânica. O outro
problema é a sinergia. Esse tratamento insensível de um fan-
tasma requer personagens de Sinergia cinco pontos ou mais
para verificar a degeneração (lance três dados).
Ciência Estranha
As fontes de energia não são as únicas partes úteis que
podem ser colhidas das máquinas fantasmas. Cada projeto
possui uma infinidade de sistemas mecânicos que trabalham
juntos para formar o todo. Qualquer coisa que possa ser en-
contrada em uma máquina mundana pode ser encontrada
em uma das máquinas-fantasma ou nos estoques de peças
que compõem as colinas de metal instáveis do Domínio. Em-
bora seja verdade que a parte útil ocasional pode ser encon-
trada no Monte, as melhores partes são sempre encontradas
nas máquinas ou nos territórios das cortinas metálicas.
Procurar uma parte específica entre os detritos coletados
ao longo dos séculos é uma tarefa difícil. O Narrador deve
decidir com antecedência qual a probabilidade de a parte
procurada ser encontrada na área procurada e impor uma pe-
nalidade em um teste estendido de Raciocínio + Autocontro-
le com base nessa avaliação. A escala varia de extremamente
improvável com uma penalidade de -5 a totalmente plausível
com uma penalidade de -1. Qualquer personagem com pelo
menos um ponto em Ofícios (deve ter uma Especialização
mecânica) ou Ciência pode ajudar na busca, tornando o tes-
te uma ação de trabalho em equipe. Tanto o número alvo
quanto o tempo que cada jogada representa devem variar de
acordo com a localização (veja o Livro de Regras O Mundo
das Trevas, pág. 127).
Determinar se uma máquina fantasma específica prova-
velmente incluirá uma peça procurada como um elemento
de seu projeto requer um teste diferente. O personagem
deve ser capaz de observar a máquina por pelo menos dois
turnos para determinar sua composição geral antes de rolar
Inteligência + Ofícios (novamente, Especialização mecânica)
ou Inteligência + Ciência. Com sucesso, o personagem pode
adivinhar se a máquina tem a peça que ele procura. Supondo
que o personagem possa derrotar a máquina fantasma em
combate, remover uma parte é um teste de Destreza + Ofí-
cios. Como no caso de roubar uma fonte de energia, esse
tipo de abuso dos mortos inquietos pode ter efeitos negativos
sobre a Sinergia. Devoradores de Pecados com Sinergia 6 ou
superior devem fazer um teste de degeneração (lançar três
dados).
Parte na mão, o personagem pode adicioná-la a um dis-
positivo existente com um teste de Destreza + Ofícios. O
Narrador então atribui um bônus de equipamento ao dispo-
sitivo com base na qualidade da parte roubada (mínimo +2,
máximo +5). Em geral, projetos mais fortes produzem peças
de qualidade superior. Se a peça foi tirada de uma máquina
operacional, os Narradores devem considerar a possibilidade
de que ela possa ter sido danificada em combate, reduzindo
sua qualidade.
160
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
Homem Encontra Máquina
Embora as máquinas-fantasmas do Ferro-velho tenham
deixado os restos de sua humanidade para trás quando as-
sumiram as formas mecânicas que exibem no Domínio, al-
gumas partes das máquinas ainda mantêm formas humanas.
Braços e mãos metálicos (especialmente dedos) são úteis para
melhorar a forma, pernas e pés provaram ser um sucesso evo-
lucionário, e outras partes e peças essenciais dos humanos
- como olhos, corações e colunas vertebrais - ainda são úteis
mesmo em forma alterada da máquina. Esses dispositivos
de aparência humana tiveram sua carne efêmera reforçada
e substituída por metal e arame para fortalecer a forma, mas
eles ainda mantêm suas formas originais básicas. Um tanto
ironicamente, então, assim como os fantasmas da máquina
atacam uns aos outros e qualquer um que passa pelo Domí-
nio em busca de partes, os viajantes do mundo dos vivos po-
dem atacá-los.
Um humano que perde uma perna ou um olho, ou tem
sua espinha esmagada está praticamente sem sorte. É verda-
de que existem substituições protéticas para algumas coisas,
mas essas são apenas substituições no significado mais básico
da palavra. É aqui que entram as máquinas fantasmas. Um
personagem que teve o azar de nascer com uma desfiguração
ou sofreu um ferimento grave pode substituir as partes huma-
nas ausentes ou danificadas por uma substituição mecânica.
O truque é encontrar e pegar a parte desejada. Encontrar a
parte é a mais fácil das duas tarefas (fácil no sentido mais
amplo da palavra, pelo menos). Ao contrário de cavar através
dos Montes ou vasculhar o Domínio em geral em busca de
peças de máquinas, membros ou órgãos de reposição úteis só
podem ser encontrados em máquinas fantasmas funcionais.
Ladrões em potencial devem ser avisados, entretanto, o pro-
cesso de retirada de tal membro ou órgão de uma máquina
provavelmente quebrará pelo menos duas das Leis Antigas
(O Ferreiro Deve Manter Suas Ferramentas, A Forma Deve
Ser Testada).
Assumindo que tudo corra conforme o planejado ao reu-
nir o membro ou órgão substituto, o personagem deve agora
passar pelo processo de anexar metal fantasmagórico à carne
viva (ou à sua aparência). Em primeiro lugar, isso requer san-
gue, muito e muito, e o sangue que vem do rio Qiq-ol-Mal
não vai servir. O sangue só pode ser doado pelo personagem
definido para receber a substituição. Como foi relatado que
algum vampiro ou outro disse: “O sangue é a vida”, e no
Mundo Subterrâneo isso é mais verdadeiro do que nunca. O
sangue é um repúdio a tudo o que o Mundo Subterrâneo re-
presenta. É a essência da vitalidade, e não a essência da mor-
te. Somente quando o metal efêmero roubado de uma má-
quina-fantasma é banhado em sangue, ele assume qualquer
solidez fora do Mundo Subterrâneo ou Crepúsculo. Falando
mecanicamente, um personagem deve voluntariamente san-
grar até quase ficar inconsciente (ou seja, um ponto de dano
até sua Vitalidade estar completa) e apagar a parte roubada
em seu sangue para que a substituição assuma um semblante
de carne. Observe a palavra “semblante” ali. Para olhos mun-
danos, a substituição será parecida com a coisa real, mesmo
no tom e na textura da pele. Para qualquer um que possa ver
no Crepúsculo, no entanto, a parte mantém sua aparência
de máquina.
Uma vez que a substituição foi devidamente batizada com
sangue, ela está pronta para ser anexada ao seu novo dono.
Este é um procedimento cirúrgico que requer um teste es-
tendido de Destreza + Medicina com um número-alvo de 25
(cada teste constitui 30 minutos). Com sucesso, a substitui-
ção é enxertada no corpo e a cura prossegue rapidamente.
O receptor da substituição ganha o uso total da peça em um
número de horas igual ao número de testes exigidos no teste
de Destreza + Medicina para anexar a peça. Para complicar
ainda mais o procedimento, o relógio está correndo no tem-
po entre a peça que está sendo lavada e quando ela é fixada.
Não podem ter passado mais de 24 horas desde que a peça
foi mergulhada antes de ser unida ao novo corpo. Funcional-
mente, o novo membro ou órgão funciona exatamente como
a parte do corpo que ele substituiu, embora ganhe um Nível
de Blindagem de 4 contra ataques direcionados. Se a parte
for destruída, ela se dissolve em ectoplasma e o personagem
sofre três pontos de dano letal.
Pegar pedaços de mortos e anexá-los a um hospedeiro
vivo não tem um preço. Para começar, os personagens de-
vem considerar o custo moral a ser pago. Tal como acontece
com o roubo de um memento mecânico, com uma Sinergia
(ou tipo de Moralidade equivalente) 6 ou superior deve fazer
um teste de degeneração (lançar três dados). Mais insidiosas
do que o custo moral são as sensações que acompanham a
substituição. Ao incorporar parte de um fantasma em seu
corpo, o personagem fez uma conexão com os mortos. A
partir desse ponto, ele ouve fantasmas sussurrando para ele
em seu sono e seus sonhos são preenchidos com flashes de
imagens horríveis. Este efeito colateral desagradável impõe
a desvantagem Pesadelos (veja o texto em destaque) ao per-
sonagem enquanto ele mantiver o papel. Além disso, quer
o personagem pudesse ver fantasmas antes da operação ou
não, agora ele pode. Este não é exatamente o mesmo efeito
de ver em Crepúsculo. Em vez disso, fantasmas aparecem na
visão do personagem em sua vida cotidiana e ele não con-
segue deixar de vê-los. Para um Devorador de Pecados, isso
significa que ele não pode mais filtrar voluntariamente sua
Visão Fantasma, independentemente do nível de Sinergia.
Finalmente, se a sombra da qual o personagem roubou seu
substituto consegue escapar do Mundo Subterrâneo, ele age
como uma âncora para o fantasma.
Alguns Jogadores
Incluídos abaixo estão os elementos básicos de duas má-
quinas fantasmas e um servo autômato que podem ser encon-
trados no Ferro-velho. Cada jogador em particular apresenta
um tipo diferente de desafio. O primeiro é um modelo agres-
sivo para desafiar fisicamente os personagens, o segundo é
uma forma menos poderosa que está aberta a negociações e
o terceiro é um exemplo dos servos do Vitorioso.
Máquina Beligerante
Poder 4, Refinamento 3, Resistência 4
A máquina beligerante espreita ao longo das bordas do
pequeno território que cavou para si mesma, esperando para
emboscar qualquer máquina ou viajante que cruze seu cami-
nho. Constantemente na caça, ele conta com o perfil baixo
de seu corpo de aço elegante para se esconder, a velocidade
e manobrabilidade de sua suspensão com esteiras para perse-
guir e um par de brocas superdimensionadas para matar. A
máquina continua capaz de falar, mas raramente se preocupa
em se comunicar com sua presa. Personagens que encontra-
rem a máquina devem ser cautelosos ao engajá-la como um
grupo, para que não quebrem inadvertidamente a primeira
das Leis Antigas.
Forma Não Testada
Poder 2, Refinamento 2, Resistência 2
Novo no Dominio, a forma não testada é exatamente o
que seu nome indica. Ele se esquiva como uma hiena no
limite dos combates entre formas mais fortes, tentando per-
manecer despercebido para que possa limpar as peças restan-
tes antes que os autômatos do Vitorioso cheguem. Até agora
falhando em reivindicar qualquer território como seu, a má-
quina fantasma começou a rondar as fronteiras do Domínio,
procurando viajantes para negociar ou, se parecerem fracos,
para atacar. Tratada com todo o respeito pelos visitantes das
terras vivas, a máquina pode ser uma fonte valiosa de infor-
mações sobre a configuração do terreno. Pessoas de fora que
podem fornecer à máquina ideias sobre como melhorar sua
forma ou até mesmo ajudá-la a procurar por peças mais úteis
podem ser um aliado temporário. Ao contrário de muitas
das máquinas fantasmas mais antigas e poderosas que assom-
bram o Ferro-velho, a forma não testada ainda é capaz de se
comunicar com estranhos por meio de uma grade de malha,
sua voz um som oco e metálico.
Autômato
Poder 6, Refinamento 5, Resistência 7
O Vitorioso tem muitos autômatos atendendo às suas
necessidades - eles se juntaram à máquina em vez de esco-
lher batalhar pela supremacia. Cada autômato tem aproxi-
madamente a mesma forma humanóide, embora as peças
usadas para construir cada um variem. Um autômato pode
apresentar principalmente peças metálicas, enquanto outro é
construído de arame firmemente amarrado com escoras de
ferro. Independentemente da aparência, todos os servos do
Vitorioso têm a mesma função. São os autômatos que arras-
tam a máquina mutilada-Corpus dos derrotados para os tri-
turadores e mantêm a santidade do terreno neutro em torno

Desvantagem mental: pesadelos

Algumas pessoas são naturalmente predispostas a pesadelos, talvez como resultado de eventos que teste-
munharam ou apenas como resultado de uma psique fraca. Pessoas com essa Desvantagem temem as horas
em que devem ceder para dormir e fazem o menos possível. Cada vez que o personagem se deitar durante
a noite, ele deve fazer um teste de Perseverança + Autocontrole. Com o sucesso, o personagem consegue
nem sonhar e recupera o ponto normal de Força de Vontade. Se o teste falhar, o personagem é atormen-
tado por pesadelos e não ganha os benefícios de uma noite de sono tranquila. O Narrador deve se sentir
à vontade para modificar o teste com base em elementos como o índice de Moralidade do personagem,
perturbações, eventos recentes ou uso de soníferos.

161
O Ferro Velho
 das enormes máquinas. Se os trituradores são considerados
os deuses do Domínio, os autômatos são seus sacerdotes e as
máquinas-fantasmas tratam os servos do Vitorioso com qua-
se a mesma quantidade de reverência. A violência contra os
autômatos é extremamente imprudente, pois eles são consi-
derados ferramentas do Vitorioso e ficam sob sua proteção.
Na ausência de seu mestre, os autômatos irão se defender se
forem atacados. É provável que os personagens entrem em
contato com um autômato depois de uma batalha com um
fantasma da máquina ou se decidirem tentar roubar uma
parte particularmente saborosa do servo enquanto ele se en-
caminha para os trituradores. Estranhamente, os autômatos
são programados para serem úteis (de certa forma) aos viajan-
tes das terras vivas. Se solicitado, qualquer autômato pode
dar a um personagem instruções precisas para a fronteira
mais próxima do Domínio.

O Vitorioso
Virtude: Fortitude. Os testes comprovaram a força da
forma. Todos os desafiadores devem ser enfrentados e supe-
rados.
Vício: Inveja. À medida que a forma se aproxima da per- poníveis para esta “forma”.
feição, olhamos para máquinas menores para as peças que Dicas de Interpretação: Principalmente incapaz do que
nos farão completos. pode passar por comunicação com estranhos, o Vitorioso tor-
Histórico: O único Kerberos deste Domínio é determi- na seus desejos conhecidos com uma série de comandos de
nado pela forma mais forte. Qualquer sombra de máquina uma palavra que não deixam espaço para interpretação.
que derrote o Kerberos atual toma seu lugar e assume o título Atributos: Poder 10, Refinamento 8, Resistência 14
de Vitorioso. A encarnação atual da posição defendeu com Força de Vontade: 24
sucesso sua forma por mais de 100 anos, tornando-o uma das Iniciativa: 22
formas mais bem-sucedidos já vistas no Ferro-velho. Defesa: 10
Descrição: Aproximadamente do tamanho de um ôni- Deslocamento: 38
bus, o Vitorioso atual é melhor blindado do que alguns tan- Tamanho: 20
ques e rola por seu Domínio sobre esteiras de aço. O rei das Blindagem: 5/5
máquinas-fantasma utiliza um impressionante conjunto de Corpus: 34
sensores para rastrear e mirar em sua presa. Garras de ferro Numes: Compulsão, Chave Canhota, Possessão Mecânica,
agarram suas vítimas, segurando-as com força para o toque de Telecinésia, Terror
seu aríete perverso. Menos frequentemente usado, mas ainda
impressionante, é o comando de Manifestações e Numes dis-

162
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
 No subsolo, o coração ainda pulsante da indústria man- Bem-Vindo
tém seu fogo aceso com a gordura e o plasma dos mortos. À Os visitantes devem observar as Leis Antigas da Forja ao
distância, a Forja de Orcus chama os viajantes com a promes- entrar. Elas são explicadas de forma bastante conveniente
sa de calor, abrigo e comércio, enquanto os dissuade com quando se atravessa a gigantesca ponte de metal que atraves-
suas torres sinistras, fumaça acre e gritos lamentosos. Alguns sa a lama vulcânica. A primeira ilha. um viajante encontra é
vêm na esperança de resgatar almas perdidas, enquanto ou- dominado por uma das duas torres gigantes, conhecida apro-
tros procuram explorar os mortos não ancorados. Este Domí- priadamente como a Torre de Orcus. Apesar do nome terrí-
nio impetuoso promete tesouros e dispositivos utilizáveis em vel e da sombra sinistra, os andares inferiores da torre funcio-
todo o Mundo Subterrâneo por um preço - basta pisar com nam como... bem, um centro de saudação, sala de exposição
cuidado ou arriscar irritar a administração. e salão de vendas. Um certo absurdo deve atingir o visitante
quando ele é abordado por um capataz baixo e gordo e per-
Chegando Lá gunta se suas necessidades estão sendo atendidas. Uma vez
A Forja de Orcus derrama seus resíduos na Grande Pro- que fica claro que as mercadorias e bens da Forja de Orcus
fundidade em uma corrente lamacenta fluindo com sangue, são feitas de almas refinadas e os gemidos e gritos constantes
fogo e lama. Muitos confundem este fluxo com um rio do vêm da linha de produção, as coisas tendem a entrar em foco.
Mundo Subterrâneo, mas rapidamente descobrem o con-
trário, pois o possível bebedor se queima (com um ou mais Fundição de Alma
danos agravados) antes que o líquido viscoso alcance seus A fundição de almas é o estoque e o comércio da Forja.
lábios. Rastrear qualquer uma dessas pastas de volta à sua Cópias de qualquer tipo de item encontrado no mundo aci-
origem leva à própria Forja. ma ou abaixo podem ser disparados e manufaturados nas
Muitos domínios são encontrados em cavernas ou outras fábricas escuras que pontilham o horizonte. Para ficar claro,
ramificações fechadas. A Forja, no entanto, é visível em todas esses itens são criados derretendo o corpus de fantasmas não
as direções. Ela está separada de seus arredores apenas pelos ancorados e outras almas rejeitadas e recriando-os em uma
rios de fogo que cria e as pontes que os atravessam. Como nova forma material. Um item simples, como uma pequena
tal, os viajantes do Mundo Subterrâneo são frequentemente faca, pode exigir apenas uma parte do corpo de um fantasma.
atraídos para a Forja, seja esse o seu destino ou não. As torres Máquinas mais complexas, como um relógio, no entanto, po-
de pináculos altos e os odores pungentes têm uma maneira dem exigir vários fantasmas junto com peças de material.
de desacelerar o passo de todos, exceto o visitante mais aven- O inventor e mestre do processo de fundição de almas é
tureiro conforme eles se aproximam. No entanto, a promessa Kerberos e homônimo do Dominion. Ele raramente é visto
de um refúgio quente da estrada fria e úmida em meio à nos níveis mais baixos, mas Orcus insiste em lidar com clien-
escuridão costuma ser suficiente para fazer com que seus pés tes maiores ou mais influentes. Lamentável de se ver, mas
se mexam novamente. no geral um bom empresário, ele tem uma língua prateada
e pode vender qualquer coisa. Principalmente, ele deixa as
Descrição vendas do dia-a-dia para outros habitantes mais apresentáveis
A Forja se estende por um arquipélago rochoso separado de seu Domínio.
por correntes de rocha derretida e escória. Dominando as Os artesãos da Forja comercializam as almas como ma-
duas maiores ilhas estão duas torres manchadas de fuligem téria-prima e moeda para suas maravilhas únicas. Reunindo
assomando no alto com espirais de metal. As ilhas menores fantasmas que são muito fracos para se defenderem ou que
são povoadas por uma série de edifícios atarracados. Essas desistiram da zombaria fria da vida nas terras abaixo, a For-
são as fábricas de onde saem os rios derretidos, erodindo a ja os transforma em joias, armas e outros itens. Quanto ao
rocha ao redor e separando as ilhas em que estão. Pilhas fe- preço, um Devorador de Pecados pode “sacar” uma série de
dorentas expelem uma fumaça negra e oleosa que se agarra Grilhões (Geist: os Devoradores de Pecados pp. 201-205),
ao teto da caverna por quilômetros em cada direção. Não é liberando almas já a seu serviço para criar itens mais podero-
difícil imaginar os poços de fogo do Inferno enquanto aperta sos. Da mesma forma, ele pode negociar almas escravizadas,
os olhos contra o calor sufocante e ouve os gritos e gemidos convencer um fantasma a se sacrificar ou se endividar com
periódicos do Domínio. a administração (um favor que é quase certo envolver puxar
algum desgraçado inocente até a costa manchada de fuligem

163
A Forja de Orcus
 da Forja de qualquer maneira).
Os visitantes raramente se aventuram além dos andares
da sala de exposição do Pináculo de Orcus, apesar de abran-
ger uma porção relativamente pequena do Domínio. A maio-
ria não tem estômago ou interesse em ver como a “salsicha é
feita”, por assim dizer. Várias pontes e pelo menos um túnel
conduzem do Pináculo de Orcus a duas grandes ilhas e várias
outras menores. É aqui que o verdadeiro trabalho é feito.
Em cada pedaço de terra grande o suficiente para abrigar
uma, fábricas grandes e pequenas excretam os excessos da
indústria para o Mundo Subterrâneo circundante, enquanto
processam os mortos inquietos em materiais utilizáveis. Essas
ilhas hospedam os trabalhadores, a matéria-prima e o proces-
so pelo qual eles são transformados.
As Sete
O último dos principais marcos é acessível apenas por
uma ponte a partir dos andares superiores do Pináculo de
Orcus. Esta torre é idêntica em todos os aspectos ao Pináculo
de Orcus e apenas os olhos mais atentos notarão que esta
segunda torre é um pouco maior. Este é o Pináculo das Sete,
lar das temidas Sibitti. Algumas vezes vistas vagando pelo
Domínio (e por todo o Mundo Subterrâneo), essas criaturas
silenciosas e envoltas em branco inspiram uma terrível prio-
ridade ao passarem. Ocasionalmente, elas podem ser vistas
nas varandas do Pináculo observando, cheirando o ar ou trei-
nando aves de rapina. Supostamente, elas têm uma equipe
inteira de servos lá com elas. Os selecionados para esta honra
duvidosa raramente são vistos novamente, levando muitos a
acreditar que já foram devorados.
Apesar do ar de ameaça e mistério que os cerca, quem são
e o que fazem é notavelmente transparente. A Forja precisa
de matéria-prima e esse material é o corpo e as almas dos
mortos inquietos. Conforme mencionado, alguns vêm ao
fogo de boa vontade; a maioria, entretanto, é trazida para a
Forja por essas sete caçadoras implacáveis. Sua lenda é conhe-
cida em todo o Mundo Subterrâneo, contada como uma his-
tória de fantasmas entre fantasmas. Dizem que as Sibitti têm
como alvo qualquer um, desde desgraçados muito fracos para
se protegerem até infratores da lei temerosos demais para os
guardas de Portão Baixo lidar. Ninguém sabe ao certo quais
são seus critérios reais, mas se um viajante as vir rondando o
Mundo Subterrâneo, é melhor ficar longe.
Separar as sete caçadores parece impossível à primeira vis-
ta. Elas têm aproximadamente a mesma altura e usam morta-
lhas brancas que ficaram cinza por causa do ar da Forja. Sob
suas mortalhas, elas são identificadamente diferentes - cada
uma carregando a cabeça de um animal predador - mas essa
é uma visão rara fora do Pináculo dos Sete. O único método
para os leigos distingui-los é como elas viajam e caçam. Uma
monta em sapatos feitos de almas queimadas de Forja, outra
viaja com um par de mastins poderosos do tamanho de cava-
los, duas são conhecidas por criar pássaros (uma prefere uma
coruja enquanto a outra mantém falcões), outra ainda caça
sozinha e prefere para atacar das sombras. Cada uma delas é
antiga e poderosa e possui um nome falado apenas entre suas
companheiras Sibitti (as Sete são discutidas em mais detalhes
abaixo). Os segredos de sua longa história estão trancados em
sua torre. Entrar não é tarefa fácil, embora presumivelmente
não seja impossível.
As Leis Antigas
A Forja de Orcus contém uma burocracia em pleno fun-
cionamento e é bastante utilizada para receber visitantes. Os
viajantes ficam surpresos ao serem recebidos de uma forma
que poucos outros Domínios oferecem. Apesar dessa at-
mosfera convidativa, o peso das Leis Antigas é tão pesado
aqui quanto em outros lugares. As Leis Antigas da Forja são
publicadas abertamente na ponte que entra no reino, mas
também podem ser encontradas perto da maioria das entra-
das do Domínio. Qualquer representante da Forja pode ser
questionado sobre elas se os visitantes não souberem como
interpretá-las.
Não Aceite Nada Não Oferecido
As almas intrépidas que procuram obter algo de graça
começam a ficar profundamente desapontadas. O roubo é
reembolsado com a perda de partes do corpo. A maioria das
transgressões só serve para um ou dois dedos. Ofensas mais
ousadas exigem sacrifícios maiores, variando de mãos a cabe-
ças, dependendo de quão caridoso Orcus está se sentindo.
Rumores de que tal transgressão é a forma como Maneta, o
armeiro, conseguiu seu visual e nome característicos prova-
velmente não são verdadeiros, mas isso não impede que os
oficiais apontem para ele como um aviso aos recém-chegados.

Ei, voce quer comprar um Relogio de Alma?

Você precisa de um relógio, bússola ou arma que possa carregar livremente dentro dos confins do Mundo
Subterrâneo? A Forja é o lugar para obtê-lo. O único problema é que o item não funciona fora do Mundo
Subterrâneo. Assim que seu portador retorna ao mundo material, um relógio do Mundo Subterrâneo está
correto apenas duas vezes por dia, a bússola fica presa em óleo mineral turvo e congela e até mesmo um
item simples como uma faca torna-se subitamente cega e inútil - suponha que qualquer item agora possui
um bônus de -5 equipamento ao entrar no mundo dos vivos. Levá-los de volta ao Mundo Subterrâneo, no
entanto, renova seu bônus (abaixo).
Mecanicamente, esses itens forjados pela alma se comportam como memento mori (Geist: os Devora-
dores de Pecados, p. 192), mas não têm uma Chave correspondente (o Limiar pode ser escolhido e será
baseado na alma ou almas usadas para fazer o dispositivo). O item confere um bônus de +3 (em vez de +5)
para as paradas de dados escolhidas. O portador não sofre nenhuma penalidade Social perto de pessoas
“normais”, pois a ferramenta é inerte na terra dos vivos, mas também não ganha o bônus Social entre De-
voradores de Pecados. Os pesadelos que o acompanham ainda ocorrem, pois o portador é atormentado
por memórias da alma da pobre criatura que se entregou para equipar o personagem.

164
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
O Preço é o Preço
Nenhuma troca é permitida na Forja e todas as negocia-
ções são finais. A tentativa de pechinchar com qualquer um
dos traficantes da Forja é uma ofensa passível de punição. A
punição muitas vezes vem na forma de alguma servidão me-
nor ou imposto adicional, dependendo de quanto tempo ou
quão grosseiramente o comprador potencial persiste.
Não Fale Com o Material
Simplificando, não fale com ninguém programado para
a Forja. Isso é complicado se uma comparsa estiver aqui em
uma missão de resgate e tentando encontrar uma alma es-
pecífica. Se uma comparsa sabe quem está procurando - e
onde está - ela pode contornar essa regra simplesmente não
falando com o indivíduo resgatado até que ele esteja além das
pontes. Essa tentativa de resgate ainda pode causar alguma
comoção, mas a diferença entre ser rotulado de violador da
lei ou não pode ser significativa em todo o resto do Mundo
Subterrâneo.
O Que Está Feito Não Pode Ser Desfeito
Depois que uma alma é forjada, nenhuma quantidade de
devoluções é permitida. Crises de consciência quando um
Devorador de Pecados descobre do que suas novas luvas são
feitas são imprudentes e tarde demais. Apesar disso, persis-
tem rumores de que um dos fabricantes está disposto - por
um preço - a entreter desfazer um item com a alma intacta.
Descobrir quem, é um negócio complicado, considerando
que é uma lei que ninguém parece ansioso a discutir (A iden-
tidade do aspirante a salvador é revelada abaixo).
Não Impedir as Sibitti
Em nenhuma circunstância atrapalhe o trabalho das Si-
bitti. Mais do que uma Lei Antiga, isso é bom senso. Supos-
tamente, esta lei foi elaborada especificamente como parte
do acordo que Orcus fez para arrendar o Domínio. Como
tal, é uma lei muito fácil de seguir, mas, por precaução, os
visitantes tendem a dar um amplo espaço às criaturas de
manto branco.
Geografia
A Forja de Orcus é sufocante, opressiva e coberta de fuli-
gem oleosa e sujeira. Como alternativa, é bastante brilhante
em comparação com muitos outros reinos subterrâneos, ilu-
minados pelas chamas furiosas e rios turbulentos de almas
derretidas. O Domínio consiste em quatro ilhas principais
ligadas entre si por pontes com um respingo de ilhas meno-
res entre elas. Seguem alguns dos destaques notáveis.
O Pináculo de Orcus
Esta torre angular gigante alcançando quase 20 andares
até o teto da caverna atua como a capital da Forja. Os níveis
mais baixos são a sala de exposição e a portaria. Muito pouco
forjamento real acontece dentro da torre, mas algumas lojas
ainda estão abertas e ativas (principalmente para os retoques
finais, enfeites, douramento e assim por diante). Alguns dos
artesãos mais apresentáveis e excepcionalmente talentosos
podem ser encontrados e encomendados nos níveis inter-
mediários da torre. Para trabalhos particularmente grandes
ou especiais, o próprio Orcus virá e intermediará o negócio.
Lembre-se, nenhuma troca é permitida. A maioria acha os
preços do Orcus altos, mas razoáveis, considerando a quali-
165
A Forja de Orcus
 dade e a utilidade dos dispositivos. Os níveis superiores são
reservados para contabilidade e quartos privados de Orcus.
Esta também é a única maneira de viajar para o Pináculo dos
Sete se um visitante se sentir intrépido - suicida - o suficiente
para explorar.
A Sala de Explosição
Ao longo das camadas inferiores do Pináculo de Orcus,
todos os tipos de itens, máquinas e outras maravilhas estão
em exibição. Quem encomendou esses itens nunca é expan-
dido no interesse da confidencialidade do cliente, mas com
base no tamanho, despesas e natureza desses dispositivos,
não é um salto presumir que a Forja lida diretamente com
os Kerberoi do Mundo Subterrâneo. Os itens dentro da faixa
de preço da maioria dos personagens são itens simples: facas,
joias, peças de armadura, etc. Dispositivos complexos como
pistolas, uma donzela de ferro feita de almas que ainda gri-
tam e um motor funcionando estão todos em exibição. Até
mesmo a mais simples das máquinas é uma maravilha tão
abaixo do mundo dos vivos e tudo isso é feito de uma coisa
que o Mundo Subterrâneo tem em abundância: os mortos.
Contabilidade
A forma mais pura da burocracia em ação na Forja é evi-
dente nos andares superiores da Torre de Orcus. Que um
Dominion tenha um departamento de contabilidade é quase
ridiculamente absurdo, mas lembrar que a moeda é sapiente
e composta de pessoas que já viveram corrói um pouco a
leviandade. Embora não seja tipicamente aberto ao público,
os visitantes que ganham acesso a essas áreas ficam incomo-
dados com a - ironia - falta de alma de tudo isso. Filas de
trogloditas sem olhos labutam em mesas balançando enor-
mes livros-razão feitos de pergaminho e tingidos com algum
tipo de ichor que é melhor não levar em consideração. Esses
monstrinhos nojentos prestam pouca atenção aos visitantes,
a menos que sejam especificamente chamados por Orcus ou
algum outro gato gordo. Muito pouco espera os viajantes
aqui, mas se um resgatador quiser ser meticuloso, encontrar
o nome de uma alma entre os livros contábeis intermináveis
e removê-lo dos registros da Forja pode ser a única maneira
de garantir que ninguém venha procurá-la novamente.
As Fábricas
Dentro de cada uma das fábricas de pedra e tijolo, fantas-
mas com talento para essas coisas preparam, fundem, penei-
ram e modelam outras almas. Alguns dos artesãos mais talen-
tosos trabalham dentro do Pináculo de Orcus, mas a maior
parte do trabalho pesado é realizada aqui. Almas conduzindo
almas para a forja pode parecer uma forma particularmente
macabra de ganhar a vida. No entanto, nem todos os fan-
tasmas destinados a forjar estão aqui a contragosto. Particu-
larmente as almas desesperadas ou loucas se consolam em
servir a uma função com sua não-vida, em vez de esperar que
a eternidade se esgote.
Os visitantes provavelmente não andam muito pelas fá-
bricas; entretanto, se alguém expressou interesse suficiente,
uma exceção pode ser permitida. Os capatazes não estão pre-
ocupados com a divulgação de segredos comerciais, mas sim
com súbitos ataques de consciência deixando todo o estoque
de lado.
166
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
O Poço do Despojo
Nem todas as partes da alma são úteis para os artesãos
da Forja. Essas partes que não são usadas encontram seu ca-
minho para o Poço do Despojo. Partes espectrais do corpo
ficam umas sobre as outras, algumas gritando e gemendo.
Ocasionalmente, alguém vai agarrar o topo apenas para ser
arrastado de volta para baixo lamentando seu destino mise-
rável. Membros fantasmas flexionam os músculos espectrais,
mesmo que seus antigos donos tenham se tornado parte de
algum dispositivo distante daqui.
O Pináculo dos Sete
Do outro lado de uma das pastas maiores está uma ima-
gem espelhada do Pináculo de Orcus: seu gêmeo escuro na
margem oposta. Aqui residem os Sibitti, os Sete: guardiões
e caçadores da Forja. Eles impõem as leis da Forja dentro
e fora do Domínio e são conhecidos por caçar até as fron-
teiras das Profundezas Autóctones procurando buscar almas
perdidas para a matéria-prima. O Pináculo de Sete é idêntico
em todos os aspectos à torre principal, exceto que é maior
em exatamente uma polegada. O que os sete fazem com toda
aquela sala ninguém sabe. Já que a única outra alma a retor-
nar regularmente da Torre dos Sete é Orcus, um mistério que
permanece.
Respirando o Ar
É extremamente difícil respirar o ar pesado e enfumaçado
da Forja. Ocasionalmente, pode sobrecarregar os visitantes
não acostumados à fumaça acre. Sempre que um jogador
declara qualquer ação que requeira esforço físico - digamos,
um teste de Esportes - o Narrador deve pedir um teste de
Perseverança + Vigor para ver se o personagem permanece
consciente. O fracasso significa que ele desmaia ou desfaleça
temporariamente. Além disso, todos os testes de Percepção
entre os visitantes de primeira viagem sofrem uma penalida-
de de -2 pelo calor sufocante, névoa e cheiros. Visitantes repe-
tidos levam embora apenas um dado, e qualquer uma dessas
penalidades pode ser ignorada gastando-se Força de Vontade.
Risco e Recompensa
Os viajantes ouvem as histórias de terror sobre os Sibit-
ti, ou que a Forja comercializa itens feitos de Devoradores
de Pecados ou Prometeus. Presumivelmente, o processo de
fundição da alma não pode realmente ser realizado na carne
e no sangue dos vivos (ou fisicamente não vivos), mas poucos
que ouviram essas histórias não estão com pressa para visi-
tar a Forja. Ocasionalmente, uma comparsa pode tropeçar
em um estande representando a Forja nos bazares e grutas
das Profundezas Autóctones ou Mão do Homem Morto. No
entanto, para itens especiais, os compradores em potencial
terão que viajar até a Forja.
Todo tipo de dispositivo pode ser criado dentro da Forja
de Orcus - ou pelo menos uma cópia razoável. Essas “falsifi-
cações” não contam para o limite de itens que podem ser tra-
zidos para o Mundo Subterrâneo sofridos por Devoradores
de Pecados (ver Geist: os Devoradores de Pecados, p. 265).
Consulte o texto em destaque (“Ei, Você Quer Comprar Um
Relógio de Alma”, na página 162 deste livro) para obter mais
informações sobre essas cópias.
A compra desses itens não deve ser tomada de ânimo leve
e deve fazer com que qualquer pessoa com uma Sinergia (ou
equivalente em Moralidade) sete ou superior role para de-
generação. Independentemente do preço mencionado, esses
itens ainda são feitos de pessoas que já viveram e são total-
mente sábias. Se essa pessoa quisesse passar sua existência
como uma adaga protegendo os justos, ainda é difícil contor-
nar o leve gemido lembrete de que essas coisas costumavam
ser pessoas. Especialmente quando o dono do item começa a
ter pesadelos que não são dele.
Alguns Jogadores
Um elenco de centenas povoa a Forja; dos servos à forra-
gem, do trabalho qualificado aos temidos caçadores Sibitti.
Abaixo estão algumas das personalidades mais notáveis que
os visitantes provavelmente encontrarão.
Orcus, Mestre da Forja
Poder 9, Refinamento 8, Resistência 8
Orcus é o poderoso Kerberos e mestre da Forja que em-
presta seu nome ao Domínio. Seu rosto é um molde de lava
recentemente resfriada: pedra escura, mas ainda flexível e
emotiva. Conforme sua carne se move, pequenas rachaduras
de lava vermelha brilhante estalam na superfície de sua pele
apenas para escurecer e preencher enquanto esfriam. Apesar
de seu título de Mestre da Forja, ele não desempenha nenhu-
ma das funções do dia-a-dia da Forja. Em muitos aspectos, ele
é um burocrata gordo que construiu seu feudo nas costas de
seus trabalhadores. Embora essa impressão seja fácil de obter
e ainda mais fácil de suportar, Orcus já foi um Mestre de
Forja tanto em atos quanto em nome e comandou o fole há
muito tempo. Ele não aceitará acusações de empurrar lápis
enquanto sua força trabalha duro. Um indivíduo com língua
de prata pode até mesmo enganá-lo com um desafio bem co-
locado para provar sua afirmação e conseguir algo forjado de
graça. Poucos são ousados o suficiente para tentar e menos
ainda são habilidosos o suficiente para enganar o vigarista.
A história diz que os Sibitti estiveram aqui primeiro e
um Orcus mais jovem fez um acordo com eles para o uso da
terra. Entre os detalhes do negócio estava que ele construiria
uma torre em sua homenagem que nenhuma outra estrutura
poderia superar e que ele nunca impediria suas caçadas. Falar
a este vendedor consumado deixa poucas dúvidas de que ele
poderia facilmente ter intermediado tal negócio.
Maneta, o Armeiro
Poder 6, Refinamento 7, Resistência 5
Rumores giram em torno dessa figura enigmática: que
ele perdeu o braço ao infringir a lei ou que transformou seu
próprio braço em uma arma. Se um visitante trouxer essas
histórias à sua volta, ele se deparará com um olhar de aço
e um silêncio. A verdade é muito mais simples do que tudo
isso. Maneta é um velho fantasma que voluntariamente en-
trou a serviço da Forja e exerceu seu ofício com uma alma de
cada vez. Sua habilidade é incomparável, exceto talvez pelo
próprio Orcus. A maioria dos dispositivos mais complexos
vistos no salão de exibição viram seu toque. Supostamente,
Maneta fez uma arma funcional que dispara balas lançadas
do escoamento derretido em torno da Forja. O proprietário
deste dispositivo deve voltar para coletar mais balas do rio e
ajustá-lo de vez em quando.
Maneta adora seu trabalho, mas não necessariamente
ama o gerenciamento. Mestres da linguagem corporal e sub-
texto podem deduzir que Maneta está cansado o suficiente
e menos dependente do reino do que seus companheiros es-
pectros. Como tal, ele pode estar disposto a “desfazer” certos
itens. Terá que valer a pena, no entanto, já que ele certamen-
te será punido por sua transgressão se ela for descoberta. O
pior que pode acontecer é que sua vida fique desconfortável
por alguns anos, uma distração momentânea nos séculos que
ele já suportou. Ainda assim, ele precisará ser convencido e
o visitante que está defendendo o caso deve estar disposto a
infringir a lei.
Ulberminsk, o Joalheiro
Poder 3, Refinamento 8, Resistência 3
Ulberminsk pode não ser muito bonito - na verdade, ele
é um pequeno troll asqueroso e cego - mas ele tem um jei-
to incrível de criar objetos bonitos. De estatura baixa, com
uma cabeça ovóide com cristas ósseas e cortada ao meio por
uma boca cheia de dentes afiados como navalhas, ele “vê”
pelo tato. Por este método, ele realmente cria obras-primas
inacreditáveis. Ele é definitivamente um tipo de cara formal
(função é problema de outra pessoa) e geralmente é chamado
para dar os retoques finais. Embora possa não haver muita
demanda por joias do Mundo Subterrâneo, não é inédito
entre os Kerberoi e outros habitantes de longa data dos Mis-
térios Inferiores para reter os talentos de Ulbermink. Em
geral, ele não deve falar com a clientela, mas para pedidos
especiais e grandes gastadores, Orcus vai querer mostrar suas
estrelas. Os visitantes com a gestão do lugar podem notar
que Ulberminsk tem uma semelhança surpreendente com
os contadores macabros nos níveis superiores da Torre de
Orcus. Se isso é uma coincidência ou indícios de suas ori-
gens, não pode ser confirmado.
Erra, Primogênita das Sete
Virtude: Temperança. As Sibitti não são selvagens, são
caçadores. Os caçadores esperam.
Vício: Orgulho. As Sibitti são justos e incontestáveis em
sua missão.
Histórico: As Sibitti são a face principal da Forja, esprei-
tando suas costas ígneas, emitindo o chamado para caçar e
geralmente sendo aterrorizantes. Rumores e sussurros insis-
tem que qualquer líder dos Sibitti deve estar escondido na
torre e nunca ser visto. Na verdade, ela está perto do Domí-
nio tanto quanto suas irmãs, embora seja verdade que ela
não viaja para o exterior com tanta frequência.
Erra é a primeira de sete irmãs conhecidas coletivamente
como Sibitti. Suas irmãs são Utug, A-La, Gidim, Mulla, Din-
gir e Maskim. Eles se lembram de pouco antes de conhecer o
jovem Orcus; elas caçaram desde que podem se lembrar, mas
o que fariam com suas presas antes da Forja chegar? O que
sabem é que têm rostos de predadores e nomes de ventos,
mas nenhuma se lembra de um tempo antes da morte (ou se
elas já estiveram vivas). Erra ocasionalmente lembra imagens
de sete irmãs sacrificadas a deuses antigos, cada uma caindo
nas presas e garras de feras, mas nada tão distinto quanto
uma memória. A mais jovem, Maskim, certa vez afirmou
que servia a um poderoso senhor da morte até que ele caiu
em um sono interminável de desuso. Se uma ou ambos as
lembranças contêm alguma verdade, isso é amplamente irre-
levante para seu propósito diário. Essas perguntas ficam sem
resposta, a tal ponto que nenhum delas pergunta mais. As ir-
mãs se divertem ociosamente em sua torre e ao redor do Do-
167
A Forja de Orcus

mínio até serem atingidas pela inspiração - uma necessidade
de caçar que não pode ser ignorada. Em seguida, elas emitem
o chamado e marcham da torre para o Mundo Subterrâneo.
Descrição: Erra, assim como suas irmãs, só é vista em
sua espessa mortalha branca fora da torre, praticamente in-
distinguível das outras seis. Na privacidade de sua torre, no
entanto, as irmãs não usam o uniforme da caça. Aqui, elas
aparecem como espectros apenas meio-reais e tão efêmeros
como uma brisa. À luz, elas aparecem como mulheres, sur-
preendentemente jovens e bonitas de uma forma terrena. Na
escuridão, porém, elas ficam reveladas: ela e suas irmãs têm,
cada uma, o rosto de um animal predador. Erra compartilha
as características de um falcão pálido e, com qualquer um
dos rostos à mostra, ela olha para os convidados com olhos
grandes como os de um falcão.
168
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
Dicas de Interpretação: Erra, como todas as Sibitti, é uma
criatura de poucas palavras. Sempre vigilante, ela persegue os
terrenos da Forja, onde seu olhar raramente é encontrado.
Se uma comparsa persistente procura uma audiência com as
sete, será Erra quem os recebe. Ela é perfeitamente capaz de
falar - todas as irmãs, exceto Mulla, a muda, podem conversar
em qualquer idioma. Os visitantes a acharão erudita e aten-
ciosa e provavelmente bastante curiosa para saber por que
alguém iria querer sua atenção onde a maioria se encolhe só
de pensar nisso.
Erra é uma anfitriã surpreendentemente graciosa, forne-
cendo comida e bebida trazida por seus servos - escolhidos a
dedo entre as almas que ela e suas irmãs coletaram. Ela ouvirá
qualquer solicitação até o fim antes de dar uma resposta. Ela
exigirá o devido respeito dentro de sua torre, mas por outro
lado será acolhedora, se fria e vigilante como os falcões que
ela se parece. Ela deixará que os visitantes ou aqueles que
se aproximam falem mais, permitindo que eles estabeleçam
seu próprio laço, por assim dizer. Ela não é uma assassina
contratada, não caça por esporte e é improvável que ajude a
encontrar pessoas desaparecidas, mas se ela ficar comovida,
pode emprestar seus mastins ou armar o solicitante com os
meios para se ajudar.
Atributos: Poder 8, Refinamento 6, Resistência 7
Força de Vontade: 15
Moralidade: 5
Iniciativa: 13
Defesa: 7
Deslocamento: 25
Tamanho: 5
Corpus: 12
Numes: Controle de Animais (15 dados – a Perseverança).
Psicofonia (15 dados). Conhecer a Alma (6 dados). Teleci-
nesia (15 dados). Terror (14 dados 14 contra Perseverança +
Autocontrole).
Conhecer a Alma: As Sibitti usam esta Nume para saber
o peso de uma alma que estão caçando: vícios, pecados, amo-
res, localização (ou pelo menos a direção em que começar),
etc. Com um teste de Poder + Refinamento, Erra ganha uma
visão de seu alvo por sucesso. Isso vem na forma de intuições
e não fornece nomes específicos ou ladainhas detalhadas de
pecado, apenas sentimentos. Se esse sentimento pode estar
errado, é algo que as Sibitti nunca consideraram.
 Desde antes da história registrada, as pessoas usavam
redes para obter alimentos. Uma rede lançada na água ou
amarrada através de um riacho captura peixes, e as pessoas
em terra participam dessa generosidade. O Domínio chama-
do Oppia também faz uso de redes, mas ao invés de peixes
ou outro jogo, os fantasmas que governam este Domínio
capturam a própria Essência espiritual liberada por ofrendas,
Cerimônias e outros rituais. Como tal, Oppia é um lugar que
muitos seres adorariam ver totalmente destruído. As Leis do
Domínio protegeram até agora os habitantes, mas fantasmas
ciumentos e raivosos continuam planejando sua destruição.
Chegando Lá
Oppia não está perto do mundo dos vivos, como vão
os Dominios, mas é surpreendentemente fácil de alcançar.
Guardiões que normalmente podem interferir na progressão
de um viajante permitem a entrada em túneis que levam a
Oppia, e os senhores dos outros Domínios costumam forne-
cer orientação, conselho e até mesmo guardiões para aqueles
que desejam alcançá-los. É claro que eles desejam que os via-
jantes vão até Oppia e o destruam, ou pelo menos o inter-
rompam.
É possível seguir o perfume até Oppia. As redes que cap-
tam a Essência de lembrar os mortos exalam um odor carac-
terístico, algo que lembra flores cortadas, açúcar queimado
e fumaça de lenha. Uma vez que um personagem investiga
abaixo das Profundezas Autóctones, ele pode tentar localizar
e seguir esse cheiro. Isso requer uma ação estendida de Ra-
ciocínio + Autocontrole, com cada jogada indicando 15 mi-
nutos de rastreamento. O número alvo de sucessos varia de
acordo com onde os personagens começam em relação a Op-
pia (a critério do Narrador). Se os personagens começarem
nos Campos da Matança, por exemplo, chegar a Oppia pode
exigir 10 sucessos (mais se os personagens estiverem próxi-
mos a uma pilha de corpos em chamas). Se eles começarem
a procurar Oppia enquanto estiverem próximos ou em um
reino mais profundo, como o Sonho Túmulo, o total pode
ser 20 ou mais. Lobisomens e outros personagens com senti-
dos de olfato aprimorados adicionam os bônus apropriados
a este teste.
Descrição
Rumores do esplendor e extravagância de Oppia per-
correm todos os níveis do Mundo Subterrâneo. Fantasmas
escravizados em outros Domínios desejam visitar Oppia, ca-
minhar pelo imenso reino circular, olhar fixamente para o
Respiradouro infinito e passear pelas ruas da cidade, saben-
do que nada é proibido.
Oppian foi um poeta grego que descreveu, em grande de-
talhe, o processo de pesca no poema didático Halieutica, por
volta de 180 dC. O Domínio de Oppia foi batizado em sua
homenagem, devido à ideia que levou os dois fantasmas que
governam Oppia surgiu de uma discussão de pesca com rede.
Ambos haviam sido agricultores em vida, pobres e famintos.
Na morte, eles sentiram que tinham direito a grandes festas,
a belas paisagens, mas tudo o que viram foi o Mundo Sub-
terrâneo. Tem seus pontos de interesse, é verdade, mas esses
fantasmas achavam que todos os seus sonhos deveriam se
manifestar na vida após a morte.
Para piorar as coisas, nenhum dos homens tinha muito
em termos de família ou lembrança. Ambos morreram sem
filhos, um era solteiro convicto e a esposa do outro casou-se
novamente pouco depois de sua morte. Nenhum dos dois
tinha mais do que um simples marcador para comemorar
sua vida. Com o tempo, quaisquer paixões que os homens
pudessem ter se tornaram sentimentos de ganância, acom-
panhados por um sentimento selvagem de direito. Eles só
queriam o que mereciam.
Parados à beira do Rio do Ódio, esses homens conver-
saram sobre se os peixes nadavam nos Rios da Morte e se
seria possível pegá-los com redes. Enquanto falavam, um de-
les desceu até as águas e agarrou algo. O outro, chamado
Euelpides, observou enquanto seu companheiro se debatia
e rosnava com a criatura invisível, a água do Rio do Ódio
se agitando em branco com a batalha. E quando Euelpides
pôde ver novamente, seu amigo havia sumido. Ele se fundiu
com a criatura do rio e se tornou um Geist.
O geist, que se autodenomina “Abundância”, esculpiu
um novo Domínio com Euelpides atuando como seu vigia
e guarda-costas. Quando o reino foi concluído, Abundância
enviou Euelpides pelo Mundo Subterrâneo para colocar em
movimento o aparelho que tornaria Oppia infame.
Ofrendas Roubadas
Oppia não absorve muito da Essência que flutua pelo
Mundo Subterrâneo - se assim fosse, Abundância já teria
sido destruído, que se danem as Leis Antigas. Ele absorve o
suficiente para o louco rei geist do Domínio engordar com
os despojos, e para ele ser capaz de oferecer esta Essência
como uma tentação para fantasmas. Ele absorve o suficiente
para que outros Domínios e fantasmas poderosos percebam
que isso está acontecendo, mas não tanto que cause incon-
veniência real.
Quanto a como funciona, Abundância é orgulhoso de si
mesmo por ter descoberto. Seu esquema era lindamente sim-
ples. Ele está apenas aproveitando o fluxo natural das coisas.
169
Oppia
 Ofrendas e outras ações destinadas a honrar os mortos
fazem com que a Essência flua “para cima” em direção ao
mundo dos vivos. Esta Essência é mais rica perto do fundo
e, conforme ela flui para cima, fantasmas, geists, Kerberoi e
outras criaturas participam dela, sustentando-se. Esses seres
provavelmente o agarrariam se pudessem, mas ele flui rapi-
damente e pegá-lo é como pegar fumaça. Não é necessário,
de qualquer maneira - contanto que os vivos se lembrem dos
mortos, a Essência flui, e cada ser no Mundo Subterrâneo é
capaz de “comer”.
Abundância, no entanto, não estava satisfeito em pe-
gar fiapos aqui e ali, e essa gula só cresceu depois que ele
se tornou o geist. Ao esvaziar uma longa coluna de espaço
nos Mistérios Inferiores, ele foi capaz de armar redes e pegar
essa Essência que flui livremente. Ele então cavou na parede
perto das redes e se aninhou como uma anêmona, atraindo
Essência em sua goela enorme e nunca se movendo.
O pobre Euelpides, no entanto, pagou o preço pela ga-
nância de seu mestre. Ele deixou o Domínio e de alguma
forma projetou “correntes” de Essência que atraem a energia
para Oppia. Como exatamente ele fez isso é um mistério; os
inimigos de Oppia sabem que ele criou poços para abaixar os
Domínios para extrair sua Essência, mas mesmo com essas
aberturas fechadas, a Essência ainda flui. Descobrir como
Euelpides realizou essa façanha provavelmente levaria à des-
truição de Oppia, mas como o próprio Euelpides está desapa-
recido há muitos séculos, isso não parece provável.
As Leis Antigas
Oppia tem muitas entradas, mas ao entrar, a atenção do
viajante é atraída para o Saguão (veja abaixo). Um coro de
170
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
fantasmas voa pelo Saguão, atendendo às necessidades dos
viajantes. As cinco Leis Antigas de Oppia estão escritas em
seus corpos. Alguns têm tatuagens pretas, alguns são escritos
com cicatrizes em relevo e alguns usam roupas ornamenta-
das de correntes de ouro e prata, formando as letras das leis.
Tudo o que um viajante precisa fazer para aprender as leis é
mandar um escravo de passagem parar e se despir.
A Lei da Recompensa
Todos terão franquia em Oppia. Negar Essência a um
viajante ou fantasma (exceto para um escravo, que tem sua
própria lei; veja abaixo) é punível por um curto período como
escravo. Já que Essência assume a forma de comida e bebida
em Oppia, quebrar essa lei geralmente significa tirar outro
viajante ou fantasma do caminho para pegar um pedaço par-
ticularmente saboroso.
A Lei da Escravidão
Escravos não são pessoas. Os escravos têm permissão para
comer apenas “comida de servo”, uma mistura desagradável
de Essência misturada do escoamento e sobras. Os escravos
não podem negar nada a um visitante em nenhuma circuns-
tância, exceto para preservar suas próprias existências. Mes-
mo assim, a negação de um visitante acrescenta tempo à “sen-
tença” do escravo. Visitantes particularmente desagradáveis
são conhecidos por ameaçarem a morte de um escravo apenas
para forçá-lo a se tornar um escravo. Os escravos que violam
esta lei de outras maneiras recebem deveres degradantes, sen-
tenças estendidas ou, em casos extremos, são enviados para
encontrar Abundância.
A Lei da Festa
Que cada memória seja um bocado, que cada oferta mate
nossa sede. A essência se torna alimento no momento em
que entra em Oppia, a menos que esteja ligada ao Corpus ou
corpo de um ser. O tipo de comida ou bebida em que se tor-
na depende do “sabor” emocional que tem. Se uma pessoa
no mundo dos vivos se lembra do pai com carinho, por exem-
plo, essas memórias podem se transformar em comida recon-
fortante - bolos, tortas, doces, pão fresco, chocolate quente
e até mesmo sorvete. Se ela odiava o pai, a comida poderia
ser amarga ou picante, ou poderia ser uma bebida alcoólica
excepcionalmente forte. Qualquer que seja o tipo específico
de tarifa, é sempre uma representação perfeita de seu tipo.
Isso não significa que todos acham delicioso; as memórias
agridoces de um amante perdido podem se tornar alguns dos
morangos mais suculentos e maduros que se possa imaginar,
mas ainda não têm um gosto bom para alguém que não gosta
de morangos.
“Quebrar” a Lei da Festa envolve tentar tirar comida de
Oppia. Esta ofensa, mais uma vez, é punível com uma restri-
ção como escravo.
A Lei da Graciosidade
Não recuse a hospitalidade de Abundância. Projetada
para descobrir geists que possam estar em Oppia para deses-
tabilizá-la, essa lei pune qualquer pessoa que não coma. Ne-
nhuma quantidade é especificada, mas os visitantes que não
parecem se agarrar ao espírito do lugar (ou seja, comer com
vontade), passam por um escrutínio maior pelo Kerberoi do
Domínio. Qualquer pessoa que se recuse a comer é expulsa
do Domínio.
A Lei da Abundância
Somente os verdadeiramente desejosos conhecerão
Abundância. Esta lei não é aplicada especificamente. Signi-
fica simplesmente que, para encontrar Abundância, o gover-
nante do Domínio, o visitante precisa ter a ganância e a fome
necessárias para subir o Respiradouro, e então subir os de-
graus e receber audiência no Ninho. Tentar voar até o Ninho
de alguma forma pode ser interpretado como uma violação
desta lei, mas os visitantes que fazem isso acabam presos nas
Redes de qualquer maneira.
Geografia
Oppia é um Domínio circular. Todas as entradas múl-
tiplas levam a uma grande planície rochosa, que desce até
uma área central do tamanho de vários campos de futebol.
Parados perto de uma entrada, os visitantes podem ouvir mú-
sica, risos, sexo, brigas e, claro, festejos. Todos os vícios são
bem-vindos ao Saguão, e o som se espalha.
Olhando para cima, um viajante pode ver fragmentos de
Essência flutuando das entradas em direção ao Saguão. À
medida que esses raios atingem a área central, a Essência cai
para o grupo como chuva, onde os escravos a pegam em suas
vestes e a distribuem.
O Saguão é enorme, e nele estão contidos todos os pra-
zeres e devassidões que quase mil anos de humanidade cria-
ram. O Saguão não está totalmente aberto. Com o tempo, os
escravos construíram edifícios, incluindo bordéis, enormes
salões de banquetes e até um estádio no qual os escravos
se enfrentam em corridas e combates de gladiadores. O sa-
guão é um covil de pecado do tamanho de uma cidade, e nas
ruas, escravos empurram carrinhos com alimentos frescos
(Essência, é claro). Qualquer um pode pegar comida de um
carrinho, mas se duas pessoas pegarem o mesmo item, a Lei
da Recompensa pode ser violada. Isso acontece com bastan-
te frequência, com o resultado de que mais escravos estão
sempre disponíveis para substituir aqueles que cumpriram
seu tempo.
O Bordel
O Bordel do Saguão tem sete andares e cada andar con-
tém 14 quartos. Em cada sala, um determinado escravo es-
pera para cumprir quaisquer depravações que um visitante
possa solicitar. Ninguém precisa pagar pelos serviços do Bor-
del - os atendentes são escravos, afinal, e seu consentimento
não é necessário. Alguns deles até gostam do que estão fa-
zendo o suficiente para permanecer depois de seu período
de serviço terminar (quando dar a eles guloseimas e petiscos
nos carrinhos de comida não é mais uma violação da Lei da
Escravidão).
A depravação fica mais densa à medida que se chega aos
andares superiores. Ao pisar no sétimo andar do Bordel, o
visitante pode ouvir os sons dos animais no cio, pois o sexo
aqui vai além do mero acasalamento humano e se aproxima
de um nível de primalidade que apenas geists, espíritos e os
verdadeiramente luxuriosos podem entender.
Visitar o Bordel não é uma violação da Moralidade em
si, mas o estupro certamente é. Sexo sem consentimento,
mesmo de um escravo, força um teste de degeneração na
Moralidade 3.
Os Quartos dos Escravos
Os Quartos dos Escravos fica no centro do Saguão - é
feio, mas é a melhor maneira de evitar que os bastardos
fujam. O prédio é baixo, feio e sempre movimentado. Os
Kerberoi andam pelo prédio com seus chicotes e suas redes,
sempre prontos para puxar novos escravos para a imposição
das leis ou punir os transgressores. Os escravos não têm per-
missão para dormir (nem geralmente precisam, mas se um
Devorador de Pecados ou outro personagem vivo for escra-
vizado, isso pode ser um problema), mas eles vêm aqui em
turnos para comer sua sujeira.
O Estádio
O Estádio é uma reminiscência de um coliseu romano,
mas tem elevadores movidos a roldanas para elevar os espec-
tadores aos assentos mais altos (escravos controlam as polias,
é claro). O estádio é palco de corridas entre escravos, com-
bates de gladiadores e outras competições, limitadas apenas
pela imaginação do visitante. Os escravos não podem ser
forçados a lutar até a morte, mas a tradição (embora não
a lei) dita que um escravo que sobreviva a tal batalha seja
imediatamente libertado.
O Respiradouro
Acima do Saguão fica o Respiradouro, uma coluna de es-
paço vazio que conduz para fora da lateral, delimitada pelas
paredes rochosas do Domínio. Cem elevadores, alguns seme-
171
Oppia
 lhantes a plataformas, alguns elevadores e algumas gaiolas,
descem do buraco. Todos são movidos por escravos, e pode
levar até uma dúzia de almas infelizes para puxar uma carona
até o topo (um Kerberoi sempre supervisiona a subida de um
visitante, já que os escravos podem ficar tentados a derrubar
um de seus algozes). Montanhas de comida sobem nesses
elevadores diariamente para aplacar a fome de Abundância.
O Respiradouro é enorme, tão grande quanto o próprio
Saguão. Olhando para cima, tudo o que o visitante pode ver
são as cordas dos elevadores, desaparecendo na escuridão
sem fim acima.
As Redes
As Redes estão pendurados na boca do Respiradouro,
logo acima do Saguão. Vistos de perto, eles parecem redes
de seda de aranha, entrelaçadas com algas marinhas ou hera.
Os elevadores são projetados para passar pelas aberturas das
Redes, mas de vez em quando um deles é preso e precisa
ser desembaraçado. Este é um processo demorado e super-
visionado de perto pelos Kerberoi. Qualquer um que tentar
sabotar as Redes voará imediatamente para ver Abundância.
Quem tentar voar até o Respiradouro corre o risco de
ser pego nas Redes. Voar através delas requer um teste de
Destreza + Esportes, com um modificador -1 para cada ponto
de Essência ou plasma que o personagem possui atualmente
em sua reserva. Fracasso significa que o personagem atinge a
Rede, mas não está emaranhado (embora sua tentativa aler-
ta imediatamente o Kerberoi sobre uma infração da Lei da
Abundância). Um fracasso dramático indica que o persona-
gem está desesperadamente emaranhado e está preso até que
os Kerberoi venham para libertá-lo (então ele é escravizado).
Sucesso significa que o personagem voa através das Redes e
pode subir para ver Abundância (provavelmente com Kerbe-
roi logo atrás). Sucesso excepcional significa que, por algum
motivo, os Kerberoi não percebem suas ações e pode voar
direto para o Ninho sem molestamento.
Os Degraus
Os visitantes podem pegar os elevadores apenas até o mo-
mento. Quando eles chegam ao ponto final, os escravos (to-
dos parecendo extremamente nervosos) os ajudam a sair dos
elevadores e os direcionam para os degraus. Essas enormes
escadas de pedra levam ao ápice de Oppia e, além de voar,
são a única maneira de chegar a Abundância. Os escravos
geralmente se recusam a acompanhar os visitantes nesta esca-
lada, citando a Lei da Abundância (eles não estão desejosos
o suficiente para fazer a escalada). Isso não é totalmente falso,
mas a Lei da Escravidão também os protege - escalar para o
Ninho geralmente significa morte.
O Ninho
Os elevadores que não terminam na base dos Degraus
terminam aqui, aos pés de Abundância. O volume maciço de
Abundância repousa sobre uma enorme plataforma de pe-
dra, e ele despeja banquetes intermináveis de comida em sua
goela enorme. O que quer que seja derramado de sua boca
cai em rampas especiais para os Quartos dos Escravos abaixo,
onde serve de refeição para os infelizes servos do Domínio.
172
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
Outros Sistemas
O sistema usual de Vício-indulgência (p. 124) está em vi-
gor em Oppia, mas com algumas mudanças importantes. Pri-
meiro, as indulgências aqui não desaparecem. A comida con-
tinua deliciosa, o sexo continua satisfatório... pelo menos no
início. Segundo, depois que um personagem se entrega a um
Vício (não necessariamente seu Vício) em Oppia um número
de vezes igual ao seu índice de Autocontrole, o teste de Perse-
verança + Autocontrole para evitar o Vício é imediatamente
reduzido a um dado de sorte. Os resultados do fracasso e do
fracasso dramático permanecem os mesmos, mas, além disso,
em um fracasso dramático, o personagem descobre que se
entregar aqui não é mais satisfatório por muito tempo. Isso
torna mais provável que ele empurre os outros para fora do
caminho tentando alimentar sua própria fome e, assim, aca-
be um escravo, ou tente fazer a subida para o Ninho e exigir
a verdadeira satisfação de Abundância.
Risco e Recompensa
Oppia representa uma chance para os personagens viven-
ciarem o Paraíso, de certa forma. Sim, seus próprios caprichos
estão sendo realizados por escravos, mas eles são escravos que
quebraram as Leis dos Domínios e são apenas escravos tem-
porários. Além disso, é fácil se tornar um escravo por algumas
semanas e, embora seja desagradável, a taxa de rotatividade é
alta. Enquanto isso, um Devorador de Pecados pode provar a
melhor comida que se possa imaginar. Ele pode ter o melhor
sexo de sua vida - incrível até para o Mundo Subterrâneo. Se
ele estiver mais interessado em assuntos místicos, ele pode
estudar um dos maiores golpes que o Mundo Subterrâneo já
viu. Oppia é sem dúvida uma cidade de miríades de delícias.
Claro, o prazer tem seus riscos. Personagens que se entre-
gam aos seus Vícios em Oppia têm mais chances de se viciar
do que o normal (veja acima). Além disso, as regras são esta-
belecidas para fazê-los falhar e enviá-los para ver Abundância.
Abundância, sempre com fome, fica feliz em comer a Essência
que o Domínio captura, mas ele tem um... paladar variado.
Além disso, outros poderes do Mundo Subterrâneo ado-
rariam ver Abundância e seu reino de bolso destruídos. Perso-
nagens que concordam em entrar em Oppia com a intenção
de perturbá-lo, infringir suas leis ou assassinar seu Kerberoi
(ou, melhor ainda, seu governante!) Podem ser capazes de
citar seu preço. Claro, dizer e fazer são duas coisas muito di-
ferentes, e mesmo se um personagem for bem-sucedido, que
garantia ele tem de que seu empregador não se voltará contra
ele? Ou que os muitos visitantes de Oppia não o destruirão
por destruir o Paraíso?
Destruir Oppia não é simplesmente uma questão de obter
dinamite espectral. Um método possível pode ser descobrir
como Euelpides projetou as propriedades do Domínio em
primeiro lugar. Se tudo o que ele fez pudesse ser revertido, o
Mundo Subterrâneo seria inundado com Essência em uma
inundação gloriosa, enquanto todo o poder roubado voltaria
e tudo em Oppia se afogaria em seu próprio excesso - Abun-
dância incluído. Outra opção é os personagens matarem
Abundância. Sem sua presença, outro ser (possivelmente
Euelpides; veja abaixo) poderia assumir e remodelar o reino.
Alguns Jogadores
Condutor de Escravos
Poder 7, Refinamento 5, Resistência 6
Os Kerberoi de Oppia foram, aparentemente, outrora
fantasmas. Com quase dois metros e meio de altura, muscu-
losos e oleosos, e vestindo uma armadura de latão brilhante,
eles caminham pelo Saguão em busca de infratores. Eles se
movem silenciosamente, fora da vista e da mente dos visitan-
tes - até que sejam necessários; nesse caso, eles entram em
ação, as redes chicoteando o ar para apanhar os azarados e
os insensatos.
Euelpides
Poder 4, Refinamento 8, Resistência 5
Euelpides se esconde entre a ralé, assumindo o papel de
um humilde escravo. Ele trabalha para derrubar Abundân-
cia, mas sabe que o geist conhecerá seu cheiro e, portanto,
obedece às leis (que ajudou a escrever!) Diligentemente. Ele
sabe que quebrar as leis significaria sua condenação, então
ele agoniza sobre como informar um dos muitos sabotadores
de outros Domínios de sua verdadeira identidade. Euelpides
é um homem de pele escura com cabelo preto, envolto em
um manto de escravo branco. As Antigas Leis de Oppia estão
gravadas em sua carne, crua e profundamente. Ele mantém
sua mão direita escondida o melhor que pode, pois ela ain-
da está manchada com o sangue de quando ele fez aquelas
esculturas.
comer é para falar, e sempre parece que está tentando falar
com a boca cheia de pudim de pão. Ele não usa roupas, mas
é tão corpulento e parecido com uma bolha que determinar
características anatômicas específicas é impossível.
Dicas de Interpretação: A fome de Abundância não é
apenas fome. É direito. Ele sentiu que merecia o melhor que
o Mundo Subterrâneo tinha a oferecer, não porque ele teve
uma vida especialmente virtuosa ou mesmo interessante,
mas porque ele viveu. Abundância vê tudo e todos que estão
ao alcance do braço como comida, e qualquer pessoa em pé
em sua borda está ao alcance do braço. Ele faz o possível
para convencer os visitantes sábios que estão na Escadaria a
se apresentarem, mas para aqueles que não o fazem, ele está
bastante disposto a ter uma conversa agradável durante sua
refeição interminável.
Atributos: Poder 10, Refinamento 6, Resistência 12
Força de Vontade: 32
Iniciativa: 16
Defesa: 10
Deslocamento: 0 (Abundância é séssil)
Tamanho: 10
Corpus: 22
Chave: Passional 5
Numes: Compulsão (parada de dados 16), Demência (parada
de dados 16), Manifestação: Estigmata Marionete (parada de
dados 11)

Vigia da Rede
Poder 7, Refinamento 8, Resistência 4
Essas criaturas se parecem com os outros Condutores de
Escravos, mas têm asas enormes e majestosas crescendo de
seus ombros. Algumas se parecem com asas de falcão, algu-
mas de pomba, algumas andorinhas e algumas pássaros colo-
ridos como flamingos ou araras, mas todos os Vigias da Rede
podem voar com Deslocamento 20 e realizar feitos notáveis
de acrobacias no ar. Existem apenas cinco Vigias da Rede em
um determinado momento (aparentemente, eles são promo-
vidos e rebaixados dentro das fileiras dos Kerberoi, embora
nenhum visitante ou escravo pareça saber como suas asas são
removidas ou recolocadas).

Abundância, o Geist Generoso

Virtude: Caridade. Abundância é muito generoso com
seu Domínio, seus escravos e sua recompensa.
Vício: Gula. Ele é generoso, é claro, porque vê tudo em
seu Domínio como seu banquete.
Histórico: O nome humano de Abundância se perdeu
com o passar do tempo, mas ele se tornou um Geist ao pegar
algo do Rio do Ódio e fundir-se a ele. Ele ocasionalmente
fala de visitar outros Domínios, o que significa que alguém
que pode conversar com ele aprende fofocas interessantes so-
bre esses Mistérios Inferiores.
Descrição: Abundância tem quase 4,5 metros de altura,
mas sua circunferência excede esse número. Ele se espalha na
saliência da rocha como um enorme cone de carne, e seus
braços desproporcionalmente longos empurram a comida
em direção à boca sempre aberta. A única vez que ele para de

173
Oppia
 Para onde vai o conhecimento quando morre? Um cartão
postal de um ente querido perdido no fogo ou as histórias
perdidas de Ur podem ser encontradas e lidas nas entranhas
deste paraíso para os amantes do conhecimento. Tudo, desde
as obras inacabadas das maiores mentes da literatura até a
receita de pão de abobrinha de uma avó que ela nunca teve
a chance de transmitir. Tudo isso é coletado e levado para
Ateneu, a grande biblioteca do Mundo Subterrâneo. Para
aqueles dispostos a enfrentar o Mundo Subterrâneo nessas
profundezas e investir tempo, podem coletar qualquer peda-
ço de conhecimento perdido que desejarem. Essa é a boa
notícia, mas cuidado, pois quanto mais se passa nos intermi-
náveis corredores do Ateneu, mais difícil é encontrar a saída.
Chegando Lá
A posição deste Domínio varia como varia para a maior
parte da geografia do Mundo Subterrâneo. Dito isso, nin-
guém jamais encontrou o Ateneu a menos de dois rios nas
profundezas dos Mistérios Inferiores. O primeiro sinal de
que um viajante está no caminho certo são as corujas: psi-
copompas semelhantes a corujas esvoaçando para a frente
e para trás nos recessos profundos dos Mistérios Inferiores.
Quanto mais perto se chega, mais esses espíritos podem ser
vistos e ouvidos.
Seu vôo parece sem rumo e aleatório no início, mas às
vezes podem ser vistas carregando pequenos itens com elas.
O caminho em si é uma estrada sinuosa que leva a um poço
aparentemente sem fundo, com ziguezagues e pedras soltas.
Ao longo do caminho, o viajante encontrará vários portões
que bloqueiam o caminho. Um desses portões pode ser ve-
lho e de ferro, enferrujado; outro é feito de pedra derrubada,
cortando o caminho estreito. Nesses portões, uma charada
ou pergunta semelhante será postada. Se o viajante conseguir
resolver o quebra-cabeça em voz alta, o caminho mais uma
vez será revelado. O portão enferrujado se abrirá com um
rangido ou a pedra se moverá o suficiente para que ele raste-
je. Eventualmente, o viajante irá virar a última das patas de
cachorro para revelar um grande estrado de pedra rachado.
A luz da tocha ilumina vagamente símbolos antigos em uma
língua desconhecida escrita no chão de pedra. Um verdadei-
ro buscador de conhecimento pode ficar tão fascinado pelos
misteriosos sigilos que ele quase perde a introdução dos dois
guardiões no portão.
174
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
Descrição
Para entrar no Ateneu, os visitantes devem passar por
duas enormes criaturas semelhantes a esfinges que se sen-
tam em pedestais de cada lado do arco de pedra tosco. Com
corpos de leões, asas de águia e o tronco e cabeças de uma
mulher e de um homem, respectivamente, eles descem até
o estrado de pedra para avaliar o futuro visitante. Ela é Ra-
zil, guardiã do conhecimento e ele é Narasimha, protetor do
conhecimento. Eles aplicam a primeira das Leis Antigas de
Ateneu. Para obter entrada, cada visitante deve apresentar
um conhecimento único a cada um dos responsáveis. Algu-
ma pepita de tradição que a biblioteca ainda não possui (o
que conta e o que não conta é detalhado mais abaixo). Se a
ofrenda for aceitável, os guardiões irão conferenciar e acenar,
permitindo a entrada no Ateneu. Se o conhecimento não for
aceitável, Razil caridosamente dará ao visitante em potencial
outra chance de impressionar enquanto Narasimha começará
a fazer lobby por sua morte. Se sua paciência for testada ou se
eles forem ofendidos de alguma forma pela tentativa, os guar-
diões têm a mesma probabilidade de descer sobre o agressor
e pressionar suas enormes patas em seu pescoço até que ele
asfixie e morra.
O Grande Salão
Uma vez lá dentro, os visitantes ficam pasmos de admira-
ção. Uma luz brilhante chove de uma claraboia que se eleva
acima e ilumina o grande salão cilíndrico, que parece ir para
baixo para sempre. Ateneu é um país das maravilhas interno.
Escadas, estrados e corredores revestidos de arquitetura de
todas as culturas de todas as épocas avançam em todas as di-
reções sem rima ou razão aparente. Se o viajante ou comparsa
se sentiu perdido ao chegar aqui, eles não viram nada ainda:
escadas de cabeça para baixo sobem em direções impossíveis
ou corredores se retorcem várias vezes entre o início e o fim.
Apesar de todas as geometrias que afetam os olhos, uma vez
que o caminho é definido, o viajante geralmente o considera
linear o suficiente.
Corujas voam de e para os vários corredores e prateleiras,
reorganizando, arquivando e mergulhando com novos conhe-
cimentos de onde quer que elas consigam as coisas. Vendo
melhor por dentro, vêm em todas as cores do arco-íris e não
parecem ter pés, o que explica sua agitação inquieta. Para to-
dos os efeitos, elas parecem ser psicopompos, mas ao invés de testes de Astúcia sofrem uma penalidade de -5 além de qual-
guiar almas, elas conduzem os fantasmas do conhecimento quer punição que aguarde os transgressores. Isso pode levar
ao seu lugar de descanso final. a um confronto catártico à medida que verdades enterradas
Diz-se que cada pensamento reside em algum lugar den- ou amores não correspondidos borbulham à superfície. Mais
tro dos salões escherescos e tortuosos do Ateneu. Um con- frequentemente, essa lei desenterra ressentimentos e queima
ceito poderoso com certeza, mas verdadeiro o suficiente com pontes à medida que os verdadeiros sentimentos são revela-
apenas uma estipulação: o conhecimento deve ter “morrido” dos e a aversão se transforma em desprezo (Os narradores
ou sido submetido aos guardiões em algum momento. Es- podem querer levar esta Lei Antiga mais longe - personagens
preitar qualquer um dos corredores ramificados revela que a que possuem segredos profundos podem literalmente sentir
coleção não é menos incrível para este critério. um desejo profundo de deixar esses segredos voar. O perso-
Sair do Grande Salão é sair da luz brilhante que flui da cla- nagem que possui segredos não ditos deve ter sucesso em um
raboia para a escuridão labiríntica das bibliotecas e coleções teste de Perseverança + Autocontrole a cada hora, para não
que abrangem os muitos corredores. As histórias de todas as “desabafar” para outros).
tribos do homem que datam de antes de ele ter uma lingua-
gem para registrá-las podem ser encontradas no interior do Não Alimente as Corujas
Salão das Palavras. O Salão das Idéias é um estoque de todas Uma lei bastante simples encontrada em qualquer núme-
as obras de ficção já publicadas; um salão notavelmente não ro de cartazes em todo o Ateneu. O problema é que as coru-
visitado, pois a maioria dos visitantes deseja fatos e respostas jas aparentemente não sabem ler. Elas implorarão e seguirão
concretas. Idéias nunca realizadas são consideradas mortas qualquer pessoa que suspeitem que os alimentará. Não é
com seu idealizador e podem ser encontradas dentro do Sa- incomum que as corujas se tornem agressivas, especialmen-
lão do Tempo, onde sinfonias inteiras não compostas aguar- te se um visitante estiver carregando comida óbvia ou comi-
dam para serem ouvidas pela primeira vez. Exibições de itens das particularmente cheirosas. Elas circularão, mergulharão
e dispositivos que ainda representam o conhecimento, mas como bomba e bicarão bolsos na tentativa de forçar seu alvo
não podem ser lidos, preenchem o Salão de Artefatos. Por a dar-lhes um pedaço delicioso. Se o alvo ceder e lançar um
último, os viajantes podem visitar o Salão do Silêncio, onde petisco ou outro, o enxame só piora. A multidão de corujas
ele busca respostas do interior. famintas será a menor de sua preocupação se os guardiões
aparecerem.
As Leis Antigas Não Traga Violência Para Este Lugar
As Leis Antigas do Ateneu são encontradas com mais
O Ateneu é um lugar tão sagrado quanto qualquer igreja
frequência nos limiares entre os Salões. As leis relativas a
ou mesquita para aqueles que ambicionam o conhecimento.
uma determinada área serão afixadas na entrada. Às vezes,
Como tal, espera-se que os visitantes deixem todas as dispu-
ao folhear as prateleiras e bibliotecas, pode-se simplesmente
tas mesquinhas para trás. Qualquer tipo de confronto físico
encontrar uma lei gravada em uma estante ou escrita no chão
é proibido. Agora, a letra desta lei não é tão rígida quanto
a giz.
algumas outras, mas também não deve ser considerada levia-
namente. Bater na cabeça de um amigo provavelmente não
Para Obter Uma Entrada, Todos Devem Oferecer
chamará a atenção dos guardiões. Da mesma forma, defen-
Conhecimento
der-se até o ponto de ser proativo será regido pela intenção.
Exatamente como a lei declara, qualquer pessoa que en-
Isso inclui espancar corujas particularmente agressivas ou so-
trar no Ateneu deve doar uma peça única de conhecimento
breviver a encontros com o Devorador de Palavras. No entan-
ou artefato para Razil e Narasimha. Pode ser um segredo pes-
to, os habitantes de Ateneu não compartilham rancores ou
soal sussurrado no ouvido do guardião ou um raro exemplo
predisposições dos visitantes, e dar o primeiro golpe contra
do trabalho da humanidade. Entregar uma cópia de qual-
seus inimigos não será necessariamente perdoado.
quer livro antigo provavelmente não impressionará ninguém,
mas uma cópia amada cheia de notas e observações do leitor
pode ser um achado único o suficiente. O conhecimento não
Não Alimente Fomes Sombrias
Comida e água são muito permitidas no Ateneu - embora
vem apenas na forma de livros ou fragmentos de fatos: uma
devamos ter cuidado para não deixar que as corujas vejam.
obra de arte ou observação única pode vir dependendo da
Especificamente, esta lei se refere a outras formas de “alimen-
apresentação e da novidade. Francamente, muitas vezes se
tação” utilizadas pelos elementos sobrenaturais do Mundo
trata de se os guardiões gostam da pessoa o suficiente para
das Trevas. Vampiros se alimentam de sangue, changelings
deixá-los deslizar, então vale a pena mostrar algum respeito e
“se alimentam” de emoção, lobisomens e magos podem su-
ter cuidado com as maneiras.
gar a energia espiritual que flui por Ateneu, etc. Esse tipo de
alimentação não é permitido e será punido com banimento
Fale Apenas a Verdade Dentro Dessas Paredes
Diga simplesmente, não minta. Não apenas para os habi- se o transgressor tiver sorte. Em casos mais extremos, Nara-
tantes e guardiões do Ateneu também; mentiras ou segredos simha mostrará à criatura como ele extrai seu sustento.
entre personagens não subsistirão. Até mesmo mentir para si
mesmo é proibido dentro das paredes do Ateneu. A verdade Não Faça Nenhum Som no Salão do Silêncio
é mais do que a lei; é uma compulsão. Cercado por tanto Esta lei se aplica apenas dentro do Salão doSilêncio, mas
conhecimento exposto, a maioria dos visitantes acha quase é muito mais estritamente aplicada do que o decreto de Não
impossível deixar que a mentira saia de seus lábios. Todos os Violência mencionado acima. Um barulho incidental pode
não disparar nenhum alarme, mas passos descuidados po-

175
Ateneu
 dem fazer com que o visitante seja ejetado pelos guardiões de
alabastro que guardam o salão.
Não Leve Nada
Ateneu não é uma biblioteca gratuita onde você pode
simplesmente entrar e pegar um livro emprestado. Quem
paga a entrada pode circular livremente, mas nada pode ser
tirado do Ateneu; pelo menos não na forma em que se en-
contra. Qualquer pessoa pode fazer anotações ou esboços o
quanto quiser. A maioria dos visitantes busca respostas que
podem ser profundas em escopo, mas provavelmente fáceis
de lembrar ou escrever. Esta lei mantém a coleção de conhe-
cimento unida, mas também serve para manter o Devorador
de Palavras à distância, mantendo tudo em seu devido lugar.
Nenhum Artífice Deve Transpirar Nestes Salões
Os habitantes de Ateneu não gostam de artífices da von-
tade (ou seja, magos e bruxas). Muitos dos guardiões são
abertamente hostis a eles, começando com o guardião no
portão, Narasimha (embora Razil não pareça compartilhar
seu preconceito). Magos consideram Ateneu muito hostil,
mas as recompensas são incontáveis se eles puderem resistir a
serem repreendidos e atormentados a cada passo sem recor-
rer à sua magia.
Geografia
O Ateneu é exclusivamente interno - embora os rumores
sobre jardins nos telhados e/ou quais luzes o Salão Principal
persistem. O corpo principal do Domínio é cilíndrico com
os numerosos Salões se projetando nas direções cardeais em
cada nível. É aqui que termina qualquer senso de normali-
dade. As camadas são conectadas por escadas que vão em
todos os sentidos e a lógica nem sempre parece ditar onde
um corredor começa em comparação com onde termina.
Mundos inteiros aguardam aqueles que estão dentro, mas os
intermináveis corredores e escadas levam cada vez mais longe
da saída e, em pouco tempo, os visitantes descobrem que é
quase impossível sair.
Alguns dos muitos recursos são descritos a seguir.
O Salão das Palavras: Alexandria Renascida
O esteio do Ateneu é a riqueza de conhecimentos perdi-
dos através dos tempos devido à destruição tanto descuidada
quanto intencional. Pisando em qualquer um dos caminhos
tortuosos que conduzem ao Salão das Palavras levará o via-
jante da conveniência moderna da Classificação Decimal de
Dewey até os porões não classificados cheios de sangue es-
crito em pedra. A camada mais alta deste Salão é abastecida
de alguma forma com eletricidade crua que faz funcionar as
luzes bruxuleantes e moribundas. Uma pilha enorme de com-
putadores velhos e inutilizáveis estão inutilmente em cima
uns dos outros, olhando para os monitores escuros e racha-
dos e sorrindo com os dentes esmagados do teclado. Esses
artifícios modernos marcam a marcha inevitável do progresso
dentro do Domínio à medida que as informações mudam de
forma mais uma vez.
A gama de conhecimento dentro do Salão das Palavras é
entorpecente. Das protoculturas de Mu à Biblioteca de Ale-
xandria; das grutas do Mossad perdido aos restos de uma ala
da Biblioteca do Congresso perdida pela inundação; os escri-
tos perdidos de Yeshua da Galiléia sobre a verdadeira Vonta-
de do Profeta podem ser encontrados por qualquer um que
anseie por conhecimento. Quanto mais fundo se viaja, mais
antigos são os textos e a arquitetura. Considere a proporção
de aproximadamente uma hora por década, então a coleção
de Playboy de seu pai pode ser uma provação de apenas 30
minutos, enquanto um Evangelho perdido ou a origem de
uma tribo esquecida pode levar de semanas a meses de buscas
infrutíferas. Quanto mais demora, maior é o perigo de se per-
der para sempre nos anais. De carpete e metal a alvenaria de
pedra bruta, os viajantes podem ver tudo enquanto procuram
por suas respostas. Bem, quase todos.
O Salão Perdido
Bem no fundo do Salão das Palavras, um arco queimado
e caído corta o acesso a um corredor ramificado. Um símbolo
na mesma língua desconhecida que marca a entrada do Ate-
neu e que pode ser encontrado em várias passagens pode ser
visto como o único epitáfio para quem sabe quanto conheci-
mento perdido (duas vezes perdido, só desta vez para sempre).
A história conta que, há muito tempo, um mago viajou pelas
profundezas do Ateneu em busca de respostas antigas e es-
quecidas para questões antigas e esquecidas. Talvez ele não
tenha gostado do que encontrou ou talvez não queira que
mais ninguém duplique sua pesquisa. De qualquer forma, ele
destruiu uma ala inteira do Salão. Ninguém, exceto Enoque,
o Bibliotecário, sabe que conhecimento foi perdido, apenas
está fora de seu alcance agora. Alguns dizem que a alma er-
rante conhecida como o Pedestre pode saber mais - ou de
fato ser a causa - mas obter respostas dele é uma tarefa quase
impossível.
O Salão do Tempo
Um recurso popular para o navegador casual (aqueles que

Sobre Atlantida e Pai Lobo

Se toda a história está realmente disponível em Ateneu, os personagens de seus jogadores podem descobrir
a verdade sobre Atlântida, Pai Lobo ou as origens dos vampiros? Certamente, se isso agrada a você ou a
eles, então este é o lugar para tais respostas. Precisa de um mapa que defina a cosmologia do Mundo das
Trevas ou a verdade oculta por trás dos Guardiões dos changeling? Você não vai encontrar um lugar mais
lógico para procurar.
Se você não está contando esse tipo de jogo ou não quer lidar com a distração, simplesmente relegue essa
informação para trás da porta destruída dentro do Salão das Palavras. Ou talvez faça com que os perso-
nagens encontrem uma informação que simplesmente não seja precisa; sim, este Domínio contém toda a
história do mundo, mas a história compreende mentiras e verdade em igual medida. Além disso, quem, a não
ser sua comparsa, bando ou coterie, vai acreditar neles, mesmo que eles voltem com algum tipo de Santo
Graal da verdade?

176
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
não buscam respostas urgentes para perguntas imediatas) é paisagens estranhas e maravilhosas mesmo aqui. Essas áreas
o Salão do Tempo. Aqui, cada livro que morreu com seu levam de e para todos os salões, mas também conectam salas
autor, cada pintura sem imagem, cada soneto não escrito, de jantar, quartos, estábulos e muito mais. Ateneu hospeda
todas as obras-primas que morreram antes de nascerem uma vasta população de servos e guardiões em seus muitos
repousam nas prateleiras impossíveis em todo o corre- salões. Ocasionalmente, rostos e pessoas estranhas podem ser
dor. Concertos executados por sinfonias invisíveis tocam vistas nessas áreas, aparecendo e desaparecendo sem deixar
em vastas salas de música, pinturas e esculturas lotam as vestígios.
paredes e o chão em todas as direções, livros, escrituras
e pergaminhos alinham-se nas prateleiras desaparecendo
na distância. Embora todos os tipos de peças úteis de co-
Encontrando o Caminho
Atravessar a arquitetura insana de Ateneu exige uma cer-
nhecimento perdido possam ser encontradas, é difícil não ta dose de pensamento não linear. Como tal, todos os testes
brincar de turista examinando as obras infinitas de um au- geralmente associados à Sobrevivência são substituídos por
tor ou artista favorito. Nem tudo é bom, entretanto, e as Erudição. Da mesma forma, um teste estendido de Raciocí-
fantasias vagas de cada pessoa ao longo da história estão nio + Erudição pode ser usado para encontrar informações
misturadas com as grandes obras que alguém pode espe- específicas com o número alvo de sucessos refletindo o quão
rar encontrar. Freqüentemente, porém, são essas mesmas obscuras as informações são. Um fragmento amplamente pu-
bugigangas, receitas e poemas de amor não correspondido blicado ou respostas a perguntas simples terão cerca de 10
que vêm os buscadores. Seja para apaziguar um espírito pe- sucessos, o nome de um assassino que morreu com a vítima
saroso preso entre a vida e o descanso eterno ou para seu há mais de um século ou outra informação rara ou não regis-
próprio estado de paz. trada pode ter mais de 25 ou mais sucessos. Cada fracasso em
um teste de busca ou teste subtrai -1 de penalidade para testes
O Salão do Silêncio futuros ou subsequentes (até um máximo de -5).
Entrar no Salão do Silêncio não pode ser feito aciden-
talmente, nem deve ser feito levia-
namente. A entrada é claramente
marcada (em qualquer nível de
qualquer direção) por duas figuras
de alabastro em estrados elevados
que podem ser facilmente confun-
didos com estátuas. Quando abor-
dado, um único olho se abrirá em
cada um de seus rostos sem caracte-
rísticas. Cada um deles segura um
único dedo em um gesto de silên-
cio e retorna ao seu estado inerte.
Conforme declarado nas Leis An-
tigas e especificamente no limiar:
nenhum som é tolerado dentro do
Salão do Silêncio. Por esse preço
modesto, os corredores vazios e bri-
lhantes trazem paz e epifania para
aqueles que entram. Qualquer teste
de meditação feito dentro do Salão
do Silêncio ganha um bônus de +5.
Meditar dentro do Salão do Silên-
cio é conhecido por conceder uma
variedade de efeitos calmantes para
a alma, como recuperar a Força de
Vontade perdida, reduzir o custo
de experiência para ganhar Morali-
dade ou a compreensão necessária
de um mistério contínuo.

As Entranhas
Enquanto se perde nos corre-
dores tortuosos de Ateneu, às vezes
um viajante se encontra nas pas-
sagens dos servos e nos aposentos
“vivos” do Domínio. A maioria não
se demora muito nos bastidores,
mas aqueles que ficam podem ver

177
Ateneu
 Ação: Instantânea (verificação dos testes); estendida (pes-
quisar, o número alvo varia)
Parada de Dados: Raciocínio + Erudição
Resultados do Teste
Fracasso Dramático: O viajante está perdido; possivel-
mente para sempre. Além de ficar sentado esperando o res-
gate, um viajante perdido pode tentar se orientar uma vez
por dia com uma penalidade mínima de -5 dados. Freqüente-
mente, isso faz com que o viajante fique cada vez mais perdi-
do e assim por diante por meses, anos ou para sempre.
Fracasso: O viajante dá uma guinada errada, colocan-
do-se fora do caminho correto. Outros testes são feitos com
uma penalidade de -1 (cumulativa a um máximo de -5), esta
penalidade é adicionada às penalidades de tempo sugeridas
abaixo (a um máximo impressionante de -10).
Sucesso: O viajante consegue se orientar ou progredir em
direção ao seu objetivo final.
Sucesso Excepcional: Como o sucesso acima, o viajante
ganha um bônus de +1 (atenuando quaisquer penalidades de
dados primeiro).
Modificadores Sugeridos
Modificador Situação
+2 O item ou objetivo em questão é de
significado pessoal específico (receita da
avó, diário de guerra do pai)
+1 O viajante sabe especificamente o que
quer encontrar (o último desejo do
General Commodius da 6ª Legião, a
rotina secreta do Arquimago Mai
Bei Fong)
-1 O buscador sabe muito pouco sobre as
informações que procuram (informações
sobre uma das legiões perdidas de
Roma, um poderoso feitiço perdido no
tempo por um antigo Arquimago)
Risco e Recompensa
Os buscadores que chegam ao Ateneu ficam sozinhos
com todo o conhecimento do mundo. Se o ditado “conheci-
mento é poder” significa alguma coisa, então esses viajantes
O Teste do Tempo
Além dos bônus e penalidades acima, o próprio tempo é o inimigo do viajante no Ateneu. Quanto mais
tempo um buscador permanece dentro dos salões abobadados e cavernosos do Domínio, mais difícil é sair.
As seguintes penalidades devem ser consideradas em adição às penalidades existentes (até uma penalidade
máxima total geral de -10 dados).
Tempo Gasto
até seis horas
mais de um dia
uma semana
duas semanas
um mês e além
178
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
têm a oportunidade de se tornar realmente muito podero-
sos. Os magos, em particular, têm a chance de obter uma
visão quase ilimitada das rodas que giram atrás do universo.
Tudo isso é verdade, porém, esquece algumas verdades mui-
to inconvenientes. Os riscos de se perder para sempre e as
penalidades por quebrar as Leis Antigas são detalhados mais
abaixo, mas alguns perigos mais sutis e sinistros aguardam os
visitantes.
Só porque o Ateneu contém todas as informações per-
didas ou mortas não significa que seja completo ou mesmo
verdadeiro. Os pensamentos moribundos de um lendário
arquimago podem ser as divagações demente de um louco
perdido durante anos para a demência. Os escritos de um
changeling poderoso sobre a natureza de seus Guardiões po-
dem ser equivocados na melhor das hipóteses ou fabricações
completas na pior. Pior é o potencial do buscador de ser con-
frontado com a terrível verdade; a verdade que destrói toda a
sua visão de mundo. Para uma cristã descobrir que o homem
que ela conhece como Jesus era um assassino e usurpador do
verdadeiro Cristo, seu rabino e mestre; para um lobisomem
aprender que um ancestral lendário e santo só teve sucesso
verdadeiro em ser um fanfarrão que teve a sorte de ter suas
mentiras recontadas por séculos; para um prosélito de Lan-
cea Sanctum descobrir que o primeiro vampiro foi um fazen-
deiro amaldiçoado por cigano inculto; ou descobrir que seu
pai traiu sua mãe com quase regularidade religiosa são todas
traições que podem tirar as percepções de um indivíduo até
o âmago. Isso pode resultar em uma mudança drástica, como
alterar sua Virtude ou Vício, perder Força de Vontade ou,
potencialmente, até mesmo fazer um teste de Moralidade, já
que todo o seu Gestahlt dá um soco duradouro no cesto de
pão (Mais uma vez, também, considere a natureza da “verda-
de” - só porque é “conhecimento” não significa necessaria-
mente que seja verdade, não é?).
Por último e mais imediatamente, coisas estranhas vagam
pelos Salões de Ateneu. Servos sem rosto e cambaleantes
podem fazer uma exceção inesperada a algo que o viajante
diga ou faça e ataque. Diz-se que monstros da mitologia (e
da imaginação mais sombria) ocasionalmente se libertam dos
laços de suas histórias e tomam forma por tempo suficiente
para mutilar e destruir os viajantes. O Ateneu não é acessível
apenas para o viajante e seus amigos. Um bando de change-
lings em busca pode encontrar um Verdadeiro Fae dentro dos
Salões, os Prometeus podem se surpreender ao encontrar sua
prole concebida, mas nunca concluída (assumindo a forma
Penalidade de dados
-1
-2
-3
-4
-5
de um Pandorano destrutivo), ou um mago pode encontrar O Devorador de Palavras
seus inimigos jurados procurando o mesmo pedaço de sa- Poder 9, Refinamento 2, Resistência 15
bedoria que ele faz. Nenhuma violência ou magia pode ser Um monstro assombra os corredores de Ateneu. Ao que
permitida no Ateneu, mas pode-se confiar no inimigo para tudo indica, o pesadelo conhecido como Devorador de Pa-
observar a lei? A criança prometeica não realizada está sujeita lavras é um parasita irracional que se alimenta do próprio
aos mesmos padrões? conhecimento. Semelhante a uma larva com milhares de cí-
lios no lugar de pernas empurrando-o pelos corredores, ele
Alguns Jogadores devora ideias perdidas e pedaços de sabedoria e história. É
por isso que as corujas reorganizam constantemente as pra-
A biblioteca parece vazia por mais que seja, mas abriga
comunidades inteiras a serviço de Enoque e do próprio Ate- teleiras; enquanto as informações são arquivadas e classifica-
neu. das, elas estão protegidas da boca cega e questionadora do
Devorador de Palavras. Assim que uma informação, livro ou
Enoque, o Bibliotecário música for selecionada, o espectador corre o risco de chamar
Poder 7, Refinamento 5, Resistência 11 sua atenção.
Enoque é o Kerberos e o poder final do Ateneu. Ele é o De acordo com Enoque, o Devorador de Palavras está
alfa e o ômega deste Domínio e guardião de suas tradições, aqui desde antes de Ateneu tomar forma. Na verdade, o
mas você nunca saberia ao olhar para ele. Normalmente ele Domínio não poderia existir sem ele. Ele o descreve como
aparece como um velho torto embrulhado em trapos, impe- algo como uma formiga-leão que atrai informações, palavras,
lido por pernas impossivelmente longas. Ele não liga para conhecimento, inspiração, etc. Ele engordou com as sobras
os visitantes enquanto perambula pelos corredores recolhen- da humanidade, capaz de comer o que desejava, sem nunca
do peças perdidas da tradição ou substituindo pensamentos querer ou ter fome. Até, é claro, Ateneu foi inconsciente-
perdidos em suas prateleiras. A maioria dos viajantes nem mente construído neste lugar tão rico em informações puras,
pensa duas vezes em troca. Se ficarem fora de controle, entre- logo acima da toca do Devorador de Palavras que se interpõe
tanto, Enoque virá buscá-los na forma de uma nuvem negra entre ele e sua comida. Enlouquecido de fome, o Devorador
rodopiante envolvendo um pilar de luz de fogo que brilha de de Palavras invadiu Ateneu e perambula pelos corredores em
pequenas fendas dentro do vórtice. Além disso, enxames de busca de comida às cegas até hoje.
corujas ou guardiões mais poderosos como Narasimha aguar-
dam seu aceno e chamado. Os visitantes podem envolvê-lo Narasimha, Protetor do Conhecimento
em uma conversa, mas sua mente e pernas que se desdobram Virtude: Fé. Narasimha só pode esperar que seu dever
perpetuamente podem se perder no meio da frase. seja servir o suficiente para um dia receber alívio.
Vício: Ira. Ele não compartilha do amor de sua irmã e
Corujas muitas vezes se ressente dos visitantes e curiosos que vêm ao
Poder 2, Refinamento 4, Resistência 2 Ateneu.
As Corujas são um mistério até mesmo para aqueles Histórico: Narasimha protege Ateneu dos indignos e é
que se imaginam especialistas no Mundo Subterrâneo. Um um dos primeiros locais que os visitantes vêem. Ele e sua
animal por natureza, mas não compartilhando a coloração irmã, Razil, montam guarda do lado de fora da entrada, certi-
nem o comportamento dos muitos psicopompos do mun- ficando-se de que o preço da admissão seja pago. Ela é a guar-
do Subterrâneo. Apesar dessas distinções notáveis, elas são diã da tradição e ele é seu protetor. Como tal, é Narasimha
aparentemente as mesmas; em vez de guiar as almas, elas quem é chamado para proteger o Domínio de violadores da
conduzem o conhecimento perdido aqui para seu lugar de lei e outras ameaças potenciais no interior.
descanso final. Elas são amplamente inofensivas, desde que Ele é o protetor do Ateneu há mais tempo do que con-
não sejam impedidas de forma séria ou lhes seja mostrado segue se lembrar. Razil afirma que ela se lembra de tudo;
qualquer alimento. todas as seis de suas encarnações remontam ao seu primeiro
nascimento vivo. Narasimha não acredita mais nela, eles têm
O Pedestre servido a Enoque por séculos - talvez milênios - qualquer es-
Poder 3, Refinamento 3, Resistência 5 perança de reencarnação deveria ter deixado os dois há mui-
Esta pobre criatura vagueia incessantemente pelos corre- to tempo. No entanto, no fundo de seu coração, Narasimha
dores de Ateneu e pode ser encontrada em qualquer lugar espera um dia avançar para sua grande recompensa além des-
dentro da enorme estrutura. Sua ampla gama de movimentos te Domínio.
e presença inteiramente física fornecem evidências para uma Ele pode não se lembrar de nenhum dos detalhes, mas
perspectiva aterrorizante: o Pedestre pode ser uma pessoa Narasimha tem certeza de que guardar Ateneu foi um tra-
totalmente viva que de alguma forma se perdeu no Mundo balho que Razil escolheu para si mesma e que ele seguiu
Subterrâneo. Se isso for ou for verdade, ele claramente per- para mantê-la segura. Ela é uma criatura fantasiosa, sempre
deu a cabeça agora. Outra teoria popular diz que o Pedestre assumindo o melhor em espíritos transitórios e não tendo
é o suposto mago que destruiu o Salão Perdido e desde então ideia de quantos inimigos do conhecimento estão à espreita.
foi lobotomizado e amaldiçoado a vagar pelo Domínio. Ele Agora ele está preso aqui, talvez para sempre. Isso traz algum
não é o guia mais útil - com a insanidade tagarela e tudo - conforto ao seu coração sombrio, o fato de ela estar feliz em
mas se uma comparsa estivesse desesperadamente perdida, seu trabalho. Isso o deixa descontando suas frustrações nos
eles poderiam ser capazes de segui-lo de volta à civilização de poucos visitantes que não se assustaram com as palavras de
forma confiável... eventualmente. Narasimha, o Forte.
Descrição: Narasimha tem uma semelhança incrível com

179
Ateneu

as esfinges da lenda que possuem o tronco de um homem
em cima do corpo de um leão alado. Seu rosto é afiado e dis-
tinto, mas muito bonito, com uma tonalidade escura em sua
pele e uma juba negra de cabelos longos e lisos. Ele é enorme,
elevando-se sobre todos, exceto outros gigantes do Mundo
Subterrâneo. Quando ele ataca, ele se lança sobre sua presa
com grandes patas de leão e sufoca a vida de seu alvo.
Dicas de Interpretação: Você está apenas procurando
uma desculpa para sufocar e estripar invasores, nem que seja
180
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
para aliviar o tédio. Apesar de toda a sua rai-
va e indiferença, você deve obedecer às Leis An-
tigas tanto quanto os visitantes doentios. Portan-
to, você deve tolerá-los na maioria das ocasiões.
Assim que os problemas começam, no entanto,
você é o primeiro a entrar em cena a cumprir a
vontade de Enoque. Desde que você falhou em
parar aquele mago, você está particularmente vol-
tado contra a sua espécie. Você não será queima-
do novamente.
Atributos: Poder 9, Refinamento 2, Resistência
6
Força de vontade: 15
Iniciativa: 8
Defesa: 6
Deslocamento: 25
Tamanho: 7
Corpus: 13
Numes: Psicofonia (parada de dados 11 - Per-
severança). Perturbação Magnética. Sufocar
(parada de dados 11 - Perseverança + Au-
tocontrole). Terror (parada de dados
11 contra Perseverança + Autocon-
trole).
Sufocar: Narasimha pode estran-
gular ou esmagar inimigos mortais
com bastante facilidade, mas estrangular
um fantasma não adianta muito. Sufocar per-
mite que Narasimha e Razil minem a vontade de sua vítima
e, assim, tirem muito da luta de alvos que não são facilmente
eliminados. Ele deve primeiro agarrar o alvo e, em seguida,
rolar Poder + Refinamento menos a combinação da Perse-
varança + Autocontrole do alvo. O alvo perde um ponto de
Força de Vontade para cada sucesso. Uma vez que a Força
de Vontade do alvo seja esvaziada, sucessos contínuos sugam
Corpus ou Vitalidade na forma de dano contundente (e fi-
nalmente letal conforme ele persiste).
 A história é tão antiga quanto o tempo, amantes separa-
dos pela morte, as sementes de uma nova geração necessá-
rias, um herói lutando para renascer. O Mundo Subterrâneo
do mito está cheio de missões para recuperar o irrecuperável:
as almas. Mesmo os mais antigos geists e Barqueiros rejeitam
contos de um rei louco guardando um poço de almas como
um waffle de conto de fadas. Eles estão errados. Esse lugar
não apenas é real, mas surge totalmente formado a partir da
cabeça da lenda, parecendo uma regurgitação da mitologia
mundial dada uma forma enlouquecedora. No centro desta
teia de lendas está um deus cacarejante que tem um prazer
sutil, mas cruel, na contorção da mosca capturada.
Chegando Lá
Cruzando nada menos que três rios e marcando o pro-
gresso em semanas, o caminho para Mictlan é longo e an-
gustiante. Quando o viajante começa a acreditar que está
perseguindo uma mentira e duvida que o Domínio exista,
ele descobre que o próprio caminho é Mictlan. Os túneis
escuros e úmidos do Mundo Subterrâneo dão lugar a samam-
baias castanhas e podres e sarças esqueléticas que revestem
o caminho. Lentamente, as paredes do túnel se alargam,
abrindo-se para uma vasta extensão que desaparece além de
um tapete de verdes cada vez mais exuberantes. Um pilar de
pedra rachado anunciará a primeira de muitas Leis Antigas e
o viajante finalmente perceberá que já está a caminho. Nesse
ponto, ele pode estar desanimado ao saber que sua jornada
apenas começou. Os peregrinos que procuram fazer a viagem
para fazer um pedido ao soberano do Domínio - Mictlante-
cuhtli, literalmente “Senhor de Mictlan” - precisarão se abas-
tecer para a árdua jornada. Para estar totalmente preparado,
ele é instruído a trazer riquezas na forma de gemas e ouro,
bem como uma variedade de comida e água. Pão, carne e
frutas podem ser necessários ao longo do caminho. Uma das
primeiras Leis Antigas que o viajante encontra irá instruí-lo
a não comer ou beber durante o caminho. De repente, este
conselho parece cruel, no entanto, muitos dos guardiões psi-
copompos dos Domínios barram o caminho e exigem apazi-
guamento.
Descrição
Mictlan na maioria das vezes assume a forma de um lon-
go caminho com vegetação que lentamente ultrapassa o ce-
nário. Os verdes brilhantes explodem como fogos de artifício
verdejantes ao longo do caminho, anunciando que o peregri-
no certamente não está mais no Kansas. Mictlan se destaca
no Mundo Subterrâneo pela riqueza de cores e adornos visí-
veis de seu caminho. É o mais rico dos Domínios Mortos e
colunatas incrustadas de ouro e joias ocasionalmente surgem
entre os verdes profundos da selva subterrânea. Todos, exceto
o viajante mais cansado, podem ficar tentados a ver se ele
consegue soltar alguns para a jornada de volta para casa. Esta
é a primeira de muitas tentações de abandonar o caminho e
é melhor ele manter os olhos fixos e a mente concentrada na
tarefa que tem pela frente.
Rumores afirmam que o caminho através de Mictlan leva
semanas, às vezes meses, para percorrer. Ninguém fez isso em
menos de uma semana (vagamente definido tão abaixo das
Profundezas Autóctones). A extensão do caminho é suposta-
mente determinada por critérios intangíveis como a pureza
do pedido ou a veracidade do coração do viajante. Os via-
jantes experientes do Mundo Subterrâneo consideram esses
relatos duvidosos, mas eles carregam alguma verdade, confor-
me apoiado pelo primeiro de vários guardiões que barram o
caminho do peregrino: o homem com cabeça de chacal com
as balanças (ver Geografia abaixo).

A galinha ou o ovo
Mictlan surge como uma mistura virtual de mitologias mundiais. Temas comuns o suficiente persistem em
todos os mitos do Mundo Subterrâneo de que não é muito difícil pensar que todos se inspiram no mes-
mo lugar. Mas o que é, a galinha ou o ovo? Orfeu escreveu sua história trágica depois de visitar o Mundo
Subterrâneo realmente real ou Mictlantecuhtli refez seu reino outrora sem nome para refletir sua história?
O Anúbis de Mictlan era o mesmo guardião silencioso pesando as almas dos mortos egípcios ou Mictlan-
tecuhtli adicionou um guardião com cabeça de chacal quando ouviu falar de tal coisa? Você pode ter de
qualquer maneira.
Conforme aludido em Quando Alguém Pergunta Se Você é Um Deus... texto em destaque abaixo, o rei lou-
co é tanto um deus (caído, morto ou não) quanto qualquer coisa que os personagens possam experimentar.
O mais provável é que seja um pouco da coluna A e um pouco da coluna B. Mictlantecuhtli pelo menos se
acredita um verdadeiro deus. Um deus real, de fato, que se confundiu ou reuniu tantos significantes mito-
lógicos quanto pode para subsistir de qualquer crença que possa acumular.

181
Mictlan
 Os Guardiões
Além do robusto Anúbis, mais guardiões perseguirão o
viajante ao longo de seu caminho. Anúbis é o único que se
parece com um homem, o resto são animais - às vezes excep-
cionais em tamanho ou inteligência, mas animais do mesmo
jeito. Jaguares, cães, corvos, corujas, aranhas, ratos e serpen-
tes foram vistos ao longo do caminho, cada um exigindo um
sacrifício diferente do viajante. É aqui que a preparação me-
ticulosa do viajante lhe servirá bem, pois cada guardião exige
uma ofrenda específica. Gemas, ouro, carne e frutas apazi-
guam os guardiões para deixá-la passar com pouco mais do
que um olhar de soslaio. Negue a qualquer um dos guardiões
o que lhes é devido e eles atacarão ou assediarão o viajante
para fora do reino. Mesmo que o peregrino consiga afastá-los
ou ultrapassá-los, Mictlantecuhtli não ficará muito satisfeito
em ouvir seu pedido no final da estrada. Mais informações
sobre os tutores e suas respectivas taxas podem ser encontra-
das nas Leis Antigas abaixo.
O Fim da Linha
Finalmente, o peregrino chega ao fim do caminho sinu-
oso. Uma parede de pedra com uma abertura de boca larga
acena ao viajante para tropeçar nos poucos passos restantes
de sua jornada. Depois de um curto corredor iluminado por
tochas, ele se encontra, finalmente, na presença dele. O pró-
prio Mictlantecuhtli, Polydegmon. Ele é uma visão sinistra,
sentado em seu trono de osso. O cheiro adocicado e enjoati-
vo de sebo fervente vem dos braseiros iluminando seu salão
e brilhando em sua pele de pedra polida. Ele é um homem
gigante que usa uma caveira ainda maior com um olho como
uma coroa. Com base na armadura de osso esculpida que ele
usa, talvez seja melhor descrita como um capacete. Aqui, o
viajante cansado da estrada, faminto e fraco pela sede, pode
pedir a Polidegmon para resgatar uma alma (por viajante) e
devolvê-la mais uma vez ao Mundo Subterrâneo.
O fato de a resposta quase sempre ser “não” é uma grande
decepção para aqueles que chegaram até aqui. Quer por que-
brar uma Lei Antiga descaradamente ou incidentalmente ou
devido ao capricho de Mictlantecuhtli, o pedido é comumen-
te negado, não importa o quanto o viajante tenha sacrificado
e sofrido para chegar aqui.
O Gambito da Rainha
No entanto, nem tudo pode estar perdido. Se o público
encontrar a esposa do Senhor (Mictecacihuatl Kore) e apelar
a ela, ela pode convencê-lo a ser misericordioso e reconside-
rar seu julgamento. Ela pode ser encontrada nas proximida-
des, em um canto da cavernosa sala do trono ou no pátio de
onde vieram. Ela é uma bela jovem donzela (já no início da
adolescência, segundo alguns relatos, mas mais comumente
no início da idade adulta) com flores roxas em seu cabelo e o
cheiro almiscarado da vida - como uma chuva de primavera
- ao seu redor. Ela vai ouvir atentamente, os olhos cheios de
lágrimas, com seu grande coração na manga.
Tal recurso pode ser concedido, mas sempre tem um cus-
to, geralmente uma missão a ser realizada para Polydegmon.
Essas tarefas são uniformemente obtusas e muitas vezes tão
exaustivas quanto a jornada até agora. Muitas vezes, essas ta-
refas levarão os personagens de volta ao mundo da superfície
para buscar alguma guloseima rara negada a Mictlantecuhtli
em sua prisão no Mundo Subterrâneo. Antes que o peregrino
desanime imaginando sua viagem de volta, Polydegmon for-
necerá a seus servos um punhado de ossos dos dedos. Assim
que seu pedido for atendido, eles devem espalhar esses ossos
sobre qualquer terreno funerário e um portão se abrirá dire-
tamente para a sala do trono.
Cuidado; o Senhor de Mictlan é um especialista em en-
contrar defeitos minúsculos naqueles que procuram sua aju-
da. Ele pode mudar de ideia ou prolongar o contrato sem
aviso, esperando que todo um novo conjunto de aros salte so-
bre tudo, empurrando aqueles que buscam almas para longe
de seu prêmio. Pior, Mictecacihuatl Kore pode ter uma mu-
dança de opinião conforme ela assume sua personalidade de
Perséfone e trai a confiança da comparsa ou se torna violenta
ao tentar expulsá-los da companhia de seu marido.
Ciclos sem Fim
Os viajantes astutos notarão que todo o processo parece
uma configuração. Da recusa de Mictlantecuhtli ao apelo da
esposa até a traição mais recente, é tudo uma farsa. Isso é
teatro para eles? Eles estão presos na prisão de seu próprio
Domínio e este é o seu entretenimento? É tudo mitologica-
mente necessário de alguma forma? Ninguém disse que obter
uma alma seria fácil, mas isso pode tirar meses da vida de um
personagem (e do jogo do Narrador) para que este Kerberos
e sua noiva os enrolem novamente e batam palmas enquanto
dançam. Perseguir a promessa de que no final ele será recom-
pensado por sua paciência é exaustivo, mas aqueles que passa-
rem pelas inúmeras provações de Mictlan terão suas orações
respondidas de boa fé.
Desde a avaliação de sua intenção por Anúbis até qual-
quer desafio final que Polydegmon acarrete para ele, tudo
é um teste. Tudo isso é apenas uma extensão do caminho
com uma intenção: mandar embora os fracos e impuros. O
sofrimento passa, ou a raiva o substitui, ou ele simplesmen-
te supera sua necessidade de devolver uma alma ao mundo.

Conselhos para os Narradores

É apropriado que uma recompensa tão potente exija uma grande frustração e trabalho árduo por parte dos
personagens. Mas, é melhor que essa labuta e frustração não sejam transferidas para os jogadores.
Se, ao usar este Domínio, você descobrir que os jogadores parecem cansados da ideia, você precisa recuar
nas tarefas em mãos ou precisa oferecer-lhes um novo encorajamento e uma dica de que existe mais nisso
do que aquilo parece - um psicopompo ou mesmo Kore, a noiva, pode oferecer uma “palavra de conselho”
de que isso é muito mais um teste para determinar o quão comprometidos os personagens estão. Alguma
sugestão nesta direção pode renovar o vigor dos jogadores; no final das contas, é importante que eles sai-
bam que você não está mexendo na corrente sessão após sessão (e, francamente, se são necessárias sessões
para lidar com tudo isso, você pode querer diminuir um pouco).

182
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
Somente aqueles que realmente acreditam que Mictlan seja longo e escuro através de Mictlan. Cada um deles saciado
a melhor e única resposta, o suficiente para que ele passas- por uma ofrenda diferente, os viajantes devem estar prepa-
se por tudo isso, são dignos da recompensa. Finalmente, ele rados para dar a cada um o que lhes é devido. As refeições
agradará Mictlantecuhtli e sua noiva e receberá sua recom- típicas incluem pão, frutas, carne, itens pessoais e joias. Cada
pensa. Assim que o peregrino tiver apaziguado Polidegmon guardião perseguirá o viajante até que receba seu prêmio. De
com sucesso, ele estará livre para ir com seu prêmio. Eles modo geral, os cães querem pão, as aranhas querem frutas, as
encontrarão as Profundezas Autóctones logo depois da pri- cobras querem carne e as onças desejam joias e pedras precio-
meira curva da estrada para casa. sas. O guardião com cabeça de chacal mudo pegará qualquer
O que ele faz com a alma recuperada depende do pere- item pessoal e pesará em sua balança para ver se o viajante
grino individual. Talvez ele possa encontrar um novo lar no é digno de continuar. Deixar de fornecer a qualquer guar-
Mundo Subterrâneo, esculpindo uma vida na Mão do Ho- dião seu desejo os tornará hostis. Mesmo se um peregrino
mem Morto ou trabalhando na Forja de Orcus. Talvez ele for capaz de afastá-los ou ultrapassar um guardião específico,
pudesse criar uma nova âncora para deixar a alma retornar às Mictlantecuhtli não ficará satisfeito com a chegada dele ao
Profundezas Autóctones ou, com magia poderosa, retornar a trono.
alma a um corpo além do véu no mundo tangível. (Descobrir quais ofrendas podem ser necessárias para a
jornada não será uma tarefa fácil. Pode exigir a prospecção de
As Leis Antigas dezenas de espectros, ou mesmo fazer uma viagem ao Ateneu,
As Leis Antigas de Mictlan são muitas, algumas aparen- encontrado na página 172. Se os personagens não possuírem
temente contraditórias e todas com a intenção de enganar as oferendas adequadas, eles sempre pode sair e voltar com os
qualquer pessoa com arrogância suficiente para tentar enga- corretos... mas isso só adiciona um tempo temido à viagem).
nar a morte. Isso nunca é mais aparente do que a última des-
sas leis, que afirma que qualquer lei pode ser elaborada no Não Coma Nada, Não Beba Nada
Uma lei simples o suficiente para entender, mas uma
local pelo Mictlantecuhtli. O caminho e o preço são tão exi-
tortura para cumprir. Essa lei se torna cada vez mais difícil
gentes para manter os mortos dentro ou os peregrinos fora?
de cumprir com o passar dos dias, barrigas roncam e outro
Ou será que Polydegmon e sua noiva têm a mesma tendência
guardião espera que alguma ração ou petisco a deixe passar.
de desempenhar seu papel nesta peça da Paixão como todos
Espinhosos silvestres revestidos de bagas rechonchudas, ria-
os outros?
chos azuis cristalinos escorrendo sobre rochas brancas como
osso e pomares pendurados em frutas vermelhas brilhantes
Não Olhe Para Trás
Esta lei é tão antiga quanto o mito e escrita acima do ocasionalmente interrompem o cenário fora do caminho. Es-
grande ingresso em Mictlan. Assim que qualquer visitante ses locais exigem um teste de Perseverança + Autocontrole
intrépido cruzar a soleira, ele não deve olhar para trás por para evitar pular com os dois pés e se empanturrar de comida
nada. Os visitantes ouvirão todos os tipos de sons para fazer ou bebida. Aqui, a tentação é dupla, não apenas para comer e
com que se virem, mas devem resistir. Para ser mais espe- beber até se fartar, mas para sair do caminho violando ambas
cífico, eles podem virar cerca de 90 graus e olhar para os as leis. O curioso é que as regras de privação não se aplicam
dois lados do caminho, mas devem ter cuidado para não se aqui - mas podem parecer que se aplicam. Mecanicamente,
concentrar em sua periferia, caso contrário, a lei será violada. o Narrador pode começar a impor penalidades mentais com
Não importa o quão longe ao longo do caminho, um único base nas dores da fome profunda e da sede, mas nem a fome
olhar para trás irá revelar os túneis frios e escuros do Mundo nem a sede realmente prejudicam o personagem.
Subterrâneo e o caminho para Mictlan irá desaparecer com-
pletamente. Ele terá que encontrar o caminho novamente e Não Carregue Moedas Além do Portão de
começar de novo. Mictlantecuhtli
Não carregue dinheiro de nenhum tipo para a sala do
trono de Polydegmon. Quer seja papel-moeda, ouro ou qual-
Fique no Caminho
quer coisa que possa ser razoavelmente negociada como ofer-
O longo caminho sinuoso através de Mictlan oferece vis-
ta (gemas, joias, etc.), deixe-o por conta própria.
tas maravilhosas, tentações tanto visíveis quanto invisíveis
que chamam os visitantes em todos os trechos da jornada.
A lei é clara e simples: não saia do caminho. As tentações se- Caminhe Com o Pé Descalço
Uma vez que o viajante tenha sido aprovado por Anúbis,
rão muitas, quanto mais perto se chega, mais insistentes são
ele deve trilhar o longo caminho descalço. O caminho é ro-
essas tentações. Os visitantes devem endurecer o coração aos
choso e desconfortável contra a pele, mas fora isso esta lei é
gritos de socorro, preparar-se para os agressores na esperança
um incômodo na pior das hipóteses (Pelo menos é fácil de
de empurrá-los para o mato e acalmar seus estômagos diante
suportar e é improvável que o viajante seja levado a usar seus
das muitas guloseimas de dar água na boca que estão fora de
sapatos acidentalmente).
alcance. Poucos têm a determinação de terminar a jornada,
mas aqueles que não obedecem a esta lei desaparecem na
vegetação verdejante para nunca mais serem ouvidos. Você Não Pode Reivindicar Sua Própria Alma
Você não pode pedir por sua própria alma. Isso pode pa-
recer evidente para aqueles que ainda possuem suas almas.
Não Negue a Nenhum Guardião o Que Lhes é Devido
No entanto, os vampiros ou outras criaturas sem alma prova-
Cães de duas cabeças, barqueiros encapuzados, figuras
velmente sabem o que essas palavras significam. Tal criatura
mudas com cabeça de chacal carregando balanças ou espíri-
pode viajar com outra pessoa para fazer o pedido, mas não
tos de jaguar famintos, todos espreitam ao longo do caminho
pode ser ele quem faz o pedido.

183
Mictlan
 A Palavra de Mictlantecuhtli é a Lei
Por força desta lei, Mictlan Polydegmon pode atribuir no-
vas leis a seu mero capricho e o peregrino faria bem em apa-
ziguá-lo por todos os meios possíveis. Se Polydegmon decreta
que dançar no sentido anti-horário em torno de sua sala do
trono é lei, então seria sábio começar a dançar. Esta habilida-
de de fazer leis existirem e descartá-las tão rapidamente des-
mente a profunda reserva de poder que Polydegmon mantém
sobre seu Domínio. Um poeta enlouquecido na estrada para
Mictlan jurou até o dia de sua morte que todo o Domínio
existe dentro da cabeça de Polydegmon. Verdade ou não, é
melhor o viajante errar do lado da cautela e fazer o que lhe
for pedido.

Geografia
Mictlan é uma estrada longa e sinuosa. Normalmente, o
caminho passa por uma selva subterrânea escura, embora va-
riações tenham sido citadas de tão longo alcance como deser-
tos e campos de gelo. Um Devorador de Pecados afirma que
cruzou um oceano em um barco que pilotava a si mesmo, mas
a maioria presume que ele está descrevendo outro lugar in-
teiramente. Não se sabe se essa diferença é cultural ou se ba-
seia em algum ciclo do qual apenas Mictlantecuhtli conhece.
Curiosamente, essa mudança de cenário parece corresponder
vagamente à direção cardeal que o buscador viaja. Viajar para
o norte atravessa uma selva, viajar para o leste atravessa um
deserto, etc. Assim, a geografia é difícil de definir, pois não
há dois relatos totalmente iguais. Apesar dessas mudanças
cosméticas no tema, a maioria dos elementos, tentações e
provações permanecem os mesmos.

O Caminho
Embora os relatos possam diferir ao descrever o caminho
para Mictlan, as cores brilhantes e exuberantes e as ruínas
aparecem em todos eles. Às vezes, o caminho passa por pirâ-
mides (egípcias, astecas ou às vezes ambas). Esses bicos arqui-
tetônicos variam em estilo, do maia ao grego, da mesopotâ-
mia ao chinês. Sempre velhos e decaídos e freqüentemente
próximos uns dos outros, conectando civilizações do mundo
antigo em um grande Domínio. Esta miscelânea carrega todo
o Domínio, desde as várias mitologias representadas até os
tipos de vegetação e guardiões encontrados ao longo do ca-
minho. Jaguares e cães de raça europeia podem ser vistos no
mesmo trecho do caminho. Um palmeiral selvagem pode ser
encontrado ao lado de uma explosão de samambaias passan-
do por um baobá. Nada é desconhecido no caminho para
Mictlan. Mesmo viajando por um deserto de cinzas vulcâni-
cas frias, dizem que brotos de verde e oásis de azul salpicam
a estrada.

O Chacal e as Balanças
Um dia ou mais de viagem, o viajante encontrará o pri-
meiro guardião. Ele tem cabeça de chacal, pele de obsidiana
e silencioso, apelidado de Anúbis pelos viajantes devido à sua
óbvia semelhança com o deus egípcio. Ele impede os viajan-
tes de irem mais longe até que receba o que lhe é devido. Ele
não está procurando por sobras ou joias como os outros. Em
vez disso, Anúbis quer um pedaço da alma do personagem:
um item pessoal, um segredo, um medo nunca falado em voz
alta. Assim que tiver recebido o que deseja, Anúbis pesará
todos os objetos dados a ele nas bandejas de uma balança

184
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
antiquada. Se fosse um segredo ou outro comércio efêmero,
ele não faria nada, mas a balança se move do mesmo jeito.
As únicas histórias que retornam de Mictlan vêm de quem
passou neste teste. Os detalhes não estão claros sobre o que
acontecerá se as balanças não favorecerem o cansado peregri-
no do Mundo Subterrâneo.
O Palácio de Mictlantecuhtli
Finalmente, o caminho chegará a um palácio em forma
de pirâmide com paredes esculpidas em pedra e coberto de
mato da selva circundante. Aqui é onde Mictlantecuhtli Poly-
degmon e sua noiva residem. Um portão interrompe a pare-
de e dá acesso a um pátio fechado. Dentro do pátio, qualquer
um dos guardiões parecidos com um psicopompo pode ser
encontrado pastando e perambulando. Eles não impedem o
resto do caminho e parecem não notar os viajantes neste pon-
to. A única exceção é se o viajante negar com sucesso aquele
guardião ao longo do caminho, então isso pode assediá-la
mais uma vez.
Resistindo à Tentação
Conforme detalhado acima, a tentação espera em cada
curva no caminho para Polydegmon. Afastar-se das várias re-
compensas prometidas apenas fora do caminho exigirá testes
frequentes de Perseverança + Autocontrole. O teste sofre as
penalidades naturais de exaustão e fome (Livro de Regras O
Mundo das Trevas, pp. 179-180; pp. 175-176, respectivamen-
te) até um máximo de -5. Os bônus podem incluir a adição
de Sobrevivência a esses testes ou de Vantagens apropriadas,
como Resistência Férrea, etc.
Risco e Recompensa
Por que fazer a viagem para Mictlan afinal? Apesar de to-
das as provações árduas e torturas contraditórias, uma pessoa
teria que ficar louca para tentar a jornada, muito menos es-
perar ter sucesso. Então, o que está à espreita para aqueles
tolos o suficiente para se incomodar? A recompensa final:
uma alma.
Polydegmon negocia com almas, os mortos dos mortos.
Para aqueles que passarem pelas muitas provações, eles po-
dem fazer um pedido a Polidegmon e ele obterá a alma em
qualquer estágio de ex mortis. Se eles já estiveram ancorados,
desapareceram séculos atrás ou foram destruídos nas pro-
fundezas do Mundo Subterrâneo, não parece importar para
ele. Peça a alma pelo nome e ela será levada pelo solicitan-
te. Claro, eles terão que viajar de volta para fora de Mictlan
com todas as mesmas leis e advertências, mas, ao contrário
da mitologia, essa tende a ser a jornada mais curta. Agora
surge a pergunta: o que alguém fará com a alma depois de
tirá-la de Mictlan com sucesso. Talvez uma nova âncora possa
ser criada permitindo que o falecido retorne às Profundezas
Autóctones; ou se o solicitante tiver alguma forma de forne-
cer um corpo, pode ser possível fazer o falecido voltar à vida.
Alguns Jogadores
Uma série de imagens e sons sugerem um ecossistema
exuberante além da beira da estrada, mas apenas algumas
criaturas são vistas. Algumas almas curiosas se aventuraram a
sair do caminho para descobrir o que está lá fora e, segundo
consta, nunca mais voltaram. Melhor ficar no caminho e se
arriscar com os guardiões. Além da população semelhante a
animais, alguns outros habitantes podem ser encontrados ao
redor de Mictlan.
Xolotl o Guia
Poder 8, Refinamento 5, Resistência 7
Um grande cachorro preto com a pele bem esticada sobre
uma estrutura esquelética e com os pés voltados para trás,
Xolotl se destaca entre os vários guardiões e psicopompos
ao longo do caminho para Mictlan. Ele é consideravelmente
maior do que seus colegas guardiões, quase do tamanho de
um tigre. Além disso, ele pode falar, em várias línguas, prin-
cipalmente românico e nahuatl (a língua dos astecas). Infeliz-
mente para muitos, ele não fala português. Xolotl virá para
aqueles que ele considera dignos e lhes fornecerá assistência
e orientação ao longo do caminho para Mictlan. Isso pode
salvar a sanidade do viajante privado de sono e comida e ele
pode até mesmo ajudar o viajante a passar por guardiães para
os quais suas ofertas acabaram. Quem ele procura e quem ele
abandona depende inteiramente de Xolotl, mas ele parece
ter uma queda pelo bem do coração (considere Moralidade
sete e acima).
O Lutista Sem Rosto
Poder 1, Refinamento 6, Resistência 4
O lutista é ouvido antes de ser visto, às vezes com dias de
antecedência. As notas doces da música para alaúde aumen-
tam, periodicamente. A música soa como se viesse da próxi-
ma elevação ou de algum lugar irritantemente perto, como se
o músico devesse estar bem em cima do viajante. Depois de
dias - às vezes semanas - disso, o Lutista Sem Rosto finalmen-
te é revelado, visível à distância. Ele não fará nenhum movi-
mento para fugir ou se esconder, simplesmente puxando as

Passando por Anubis

Para passar pelo guardião Anúbis, os Narradores são encorajados a fazer um teste de Moralidade (ou
estatística apropriada) pelo personagem como se ele tivesse cometido um pecado de nível três. Este teste
pode vir na forma de um dilema moral, uma escolha que você coloca para eles, para salvar uma criança de
um rio caudaloso enquanto abandona uma tripulação indefesa à deriva, ou se, preso no deserto, ele comeria
seu companheiro animal ou confiaria nele para ajudar a encontrar comida. Se o teste for bem-sucedido, o
personagem passa, se falhar, ele perde um ponto de Moralidade, apostando um pedaço de sua própria alma
para a missão.
Em última análise, passar ou não passar depende do que serve melhor à história, mas ao aumentar as
apostas, o jogador (e os personagens) tornam-se totalmente cientes de que um preço deve ser pago para
fazer esse passeio.

185
Mictlan
 cordas com as costas voltadas para o viajante. Qualquer ten-
tativa de saudar o lutista é recebida em silêncio, com quase
nenhum reconhecimento de sua abordagem. Ele deve estar
praticamente ao lado da figura antes que ele se vire apenas
para revelar seu rosto sem rosto. Sem olhos, sem orelhas, sem
nariz, sem boca, sem interrupção de recursos em tudo. Como
uma massa de carne esticada sobre o crânio. Acredita-se que
o Lutista Sem Rosto é apenas uma das muitas almas que ten-
taram fazer a jornada para Mictlan e não conseguiram.
Mictecacihuatl Kore (Perséfone)
Poder 4, Refinamento 8, Resistência 2 (Kore); Poder 8,
Refinamento 2, Resistência 4 (Perséfone)
A Mictecacihuatl - a Senhora de Mictlan - tem duas faces.
A primeira é o de uma jovem donzela, bela e vibrante conhe-
cida como Kore. Ela é atenciosa e mostrará preocupação e
simpatia pela situação de qualquer viajante. Se o pedido do
viajante for recusado, Kore pode puxar o aventureiro abatido
de lado e fortalecer seu espírito, oferecendo-se para apelar a
seu marido em seu nome. Às vezes, ela nem espera, interrom-
pendo a recusa do marido ali mesmo. Kore é radiante e cheia
de vida neste palácio da morte, mas carrega uma tristeza preo-
cupante. Ela cheira a musgo úmido, pólen perfumado e sexo.
O outro rosto é uma mulher idosa com a pele descascan-
do, revelando seu crânio em alguns lugares. Essa personali-
dade responde apenas a Perséfone e usa uma saia de cobras
vivas. As diferenças de seu eu mais jovem não se limitam às
aparências; sua personalidade também é muito diferente. Ela
é cruel e rancorosa, sem simpatia por histórias tristes ou pes-
soas implorando. Perséfone é uma terrorista que falará aber-
tamente sobre ferver o peregrino em uma panela de gordura
fervente e trairá a confiança de qualquer um que confiar em
Kore.
Se o viajante encontrar a chance de vagar pelos jardins
do palácio, ela pode encontrar ambas as personalidades inde-
pendentemente e nunca saber que foi mimada e aterrorizada
pela mesma criatura.
Mictlantecuhtli Polydegmon:
o Colecionador
Virtude: Caridade. O caminho para o lado bom de Poly-
degmon pode ser extremamente longo, mas no final das con-
tas ele vai ceder.
Vício: Avareza. Polydegmon protege o que é dele e não
gosta de perder.
Histórico: O Kerberos de Mictlan é conhecido por mui-
tos nomes, na maioria das vezes Polydegmon (Receptor de
Muitos), mas também Plutão, Polynomos (Ele de Muitos No-
mes), Polysemantor (Governante de Muitos), o Colecionador
ou simplesmente por seu título: Mictlantecuhtli, Senhor de
Mictlan. Ele é, sob todos os aspectos, um louco e incrivelmen-
te difícil de negociar. Às vezes, seus modos podem parecer
charmosos ou divertidos, mas ele não deve ser ridicularizado
nem subestimado. Ele tem todo o poder do deus que afirma
ser e sem saber o que pode fazer de um segundo para o outro
deve ser mais assustador do que nunca.
Polydegmon é Mictlantecuhtli desde que os humanos ti-
veram a capacidade cognitiva de tentar descrever o mundo
uns aos outros. Para ouvir sua versão da história, ele afirma se
lembrar de uma raça humana antes desta. É aí que as coisas
começam a ficar nebulosas. Às vezes ele fala sobre ter dois
irmãos e outras vezes apenas um. Ele pode mencionar que
todos eles tiveram que comer seu pai ou que eles o separaram
e fizeram o mundo de seus ossos. Qualquer um que ainda
esteja ouvindo neste ponto inevitavelmente se pergunta em
quanto de sua própria insanidade ele acredita.
Independentemente do que seja ou não verdade, ele é ob-
viamente antigo e obviamente poderoso. Todas as feras em
seus pátios e jardins cumprem suas ordens e cada planta que
cresce em seu reino o faz sob seu comando. Com um aceno
de sua mão, uma faixa de vegetação murchará e morrerá; com
outro, ele aumentará novamente, tão verde quanto antes. O
próprio palácio ao seu redor obedece a seu comando e sua
influência é tão amplamente difundida que cada interação
menor com o Domínio é conhecida por ele. Ele também
pode provar isso, sugerindo momentos privados ou narrando
a jornada do viajante de volta para ele em detalhes dolorosos.
Descrição: Sentado quieto, Polydegmon parece uma está-
tua esculpida em obsidiana ou madeira petrificada. Seu movi-
mento e musculatura movem-se com naturalidade e fluidez,
apesar da aparência de pedra viva. O olho cuidadoso notará
que ele está enraizado no local, quase como uma parte do
trono, piso e Domínio circundante, como se o próprio reino
crescesse este rosto para se comunicar. Polydegmon usa um
crânio enorme com um rubi do tamanho de um punho en-
fiado em sua órbita ocular solitária como uma coroa. Ele se
adorna com uma carapaça ornamentada, aparentemente feita
de osso. Animais como aranhas, morcegos, corvos e onças são
esculpidos em sua superfície. Quando o Mictlantecuhtli fala,
sua voz é simplesmente ouvida, independentemente de seus
lábios se moverem ou não.
Dicas de Interpretação: Muito se fala de seu capricho e
loucura, mas ele tem um método para sua loucura. Almas
não são algo que deva ser facilmente conquistado ou deixado
vagando livremente, ele acredita. As regras que governam a
vida e a morte fazem todo o sentido para aqueles que guar-
dam os portões. Ele entende a ordem do caos, ou assim ele

Se alguem perguntar se voce e um deus...

Uma tremenda quantidade de evidências sugere que Polydegmon e/ou sua noiva podem ser senhores da
morte míticos. Se eles não inspiraram os antigos a escrever histórias sobre eles e eles não tornaram o mito
realidade, então eles desempenham seus papéis muito bem. Eles acumularam seguidores e bajuladores por
todo o Mundo Subterrâneo, embora geralmente muito poucos e distantes entre si para serem considera-
dos um culto adequado. É difícil imaginar criaturas inescrutavelmente loucas se aproximando da divindade.
No entanto, essas intenções alienígenas são exatamente o que os torna mais parecidos com os deuses
do mito. O controle que eles têm sobre o Domínio e sua estranha semelhança com qualquer número de
lendas é prova o suficiente para pisar levemente ao redor deles.Você pode estar na companhia de deuses.

186
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
acredita. É por isso que tantos testes se encontram entre
a busca e a recompensa. Cada passo pesado e regra fútil é
outra prova para provar o valor do pedido: que vale a pena
quebrar as regras de uma alma. Se ele tiver um prazer extra
em vê-los se contorcer e dançar, que seja. Sua é a cabeça que
usa a coroa, não a deles. Ele não será julgado por fazer sua
parte - não, ele é o juiz.
Atributos: Poder 15, Refinamento 15, Resistência 15
Força de Vontade: 30
Moralidade/Sinergia: 5
Iniciativa: 30
Defesa: 15
Deslocamento: 40
Tamanho: 7
Corpus: 20
Numes: Controle de Animais (- a Perseverança). Psicofo-
nia. Ilusão. Geognose. Invocar Alma. Telecinesia. (parada
de dados 18).
Geognose: Polydegmon está intimamente ligado ao seu
Domínio. Ele é capaz de ver e interagir com qualquer par-
te dele. Ao jogar Poder + Refinamento, Polydegmon pode
moldar o próprio fundamento do Domínio: encurtar ou
alongar o caminho, aumentar ou diminuir a temperatura,
moldar a paisagem com um capricho. Esse poder além de
qualquer outro dá aos peregrinos a evidência e a pausa de
que estão na companhia de um lorde da morte mítico.
Invocar Alma: Rolando Poder + Refinamento, Poly-
degmon pode invocar a alma do falecido. Isso inclui almas
que estão mortas há anos, mas recentemente perderam sua maneira que puderem. Se essas almas são o artigo genuíno
âncora, foram destruídas na vida após a morte há muitos ou um simulacro que Polydegmon tem a capacidade de criar,
anos ou nunca pararam entre a morte e as Profundezas isso está em debate. As lembranças de retorno podem vir de
Autóctones. Essas almas não têm memória no início, mas impressões absorvidas de seus entes queridos até finalmente
com o passar do tempo, elas vão relembrar sua vida ante- se tornarem uma espécie de versão idealizada da pessoa.
rior e voltar aos seus próprios hábitos e rotinas da melhor

187
Mictlan
 As pessoas têm sonhos, desejos e vontades aos milhões.
No entanto, a vida é cruel (especialmente no Mundo das Tre-
vas) e grandes ideias são esquecidas, as pessoas se desviam e
nunca encontram o caminho de volta ao “sonho”, e mesmo
a maior das ambições morre na videira quando não é cuida-
da. Entre os Domínios mais profundos registrados, este poço
abissal não tem nome para si mesmo, mas recebeu vários:
Phantasma, Hypnos, Oneira, Sonho, Hypnogogia, Espaço
Interior ou simplesmente o Escuro entre outros incontáveis.
Um nome que se repete mais do que a maioria é o Sonho
Tumular.
Este Domínio onde os sonhos vão para morrer existe
em algum lugar entre olhos abertos e olhos fechados. Um
viajante que encontra seu caminho para essa fronteira apa-
rentemente sem fim pode recuperar causas perdidas, sonhos
esquecidos ou ambições abandonadas. Primeiro, eles devem
sobreviver à jornada e aos nativos enigmáticos.
Chegando Lá
Viajar para o Sonho Tumular é uma jornada nada invejá-
vel nas profundezas do Mundo Subterrâneo, mais fundo do
que a maioria está disposta a ir. O Domínio está além de pelo
menos quatro rios - às vezes seis ou até mais, dependendo da
rota tortuosa que se toma. As leis da física ficam estranhas
nessas profundezas: a gravidade se torna um inimigo, e cada
passo que o viajante dá é uma tarefa para o peso que o pres-
siona enquanto caminha pelos estranhos tapetes de musgo e
limo. Qualquer luz é tão difusa que se torna inútil além de al-
guns centímetros e a última etapa da jornada é feita na escuri-
dão completa. Enquanto ele tropeça cegamente no escuro, o
pé do viajante de repente erra o chão abaixo dele. Depois de
uma breve queda de parar o coração, o viajante será boiado
suavemente na escuridão. Este é o Sonho Tumular.
Esse é o caminho mais longo. Existe um atalho - uma tra-
paça, se preferir - que milhares de mentes adormecidas pas-
sam sem saber o que fazer. Para um Domínio tão profundo,
ele pode ser praticamente encontrado, em algum lugar entre
a vigília e a inconsciência. Sonhadores lúcidos, “sensitivos”,
magos e changelings acontecem no Sonho Túmulo com mui-
to mais frequência do que Devoradores de Pecados ou outros
viajantes comuns do Mundo Subterrâneo. Esses visitantes
especiais raramente reconhecem que foram a qualquer lugar
ou continuam desimpedidos para destinos estranhos. Esses
viajantes astrais descrevem a viagem como um longo túnel
escuro. Eles raramente param e consideram o que está atra-
vés do túnel.
188
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
Descrição
O Sonho Tumular desafia a descrição como uma vasta
extensão de escuridão líquida sem nenhum sentido para cima
ou para baixo. Estar no Sonho Tumular é flutuar suavemente
na escuridão - lembrando um tanque de privação sensorial -
enquanto formas se contorcendo passam nadando. É como
esperar que seus olhos se ajustem em uma noite sem lua...
mas eles nunca fazem. Os visitantes flutuam em correntes
de pensamentos, sonhos e ambições mortos e moribundos.
Riachos de imagens turvas e cinzentas como nuvens passam
correndo. As ideias entram em foco por um momento antes
de passar rapidamente em um flash de detalhes ou sugestão
de música. Esses são os sonhos perdidos da humanidade. Al-
guns são sonhos há muito esquecidos; outros são inspirações
do passado e outros ainda são pensamentos decadentes de
pessoas em coma ou moribundos. Um visitante pode invo-
car insights dos riachos ruidosos ou roubar velhas ambições
para si mesmo. Os sonhos perdidos de uma pessoa específica
podem ser invocados ou pensamentos dispersos sobre um de-
terminado assunto podem ser mais úteis.
O Método Companheiro
Viajar com um grupo é a rota mais segura através do So-
nho Tumular, mas um negócio complicado. As conversas en-
tre os personagens são difíceis devido ao barulho estridente
constante. Além disso, é incrivelmente fácil nos perdermos
de vista devido às escassas partículas cinzentas que interrom-
pem a escuridão. Um tênue fio de prata conecta os visitantes
que chegam juntos, mas pode ser esticado demais e quebrado
(ou cortado por habitantes invisíveis). Melhor agarrar-se um
ao outro e mover-se em conjunto o máximo possível.
Não Está Sozinho
Figuras e rostos podem ser vislumbrados perifericamente
apenas para desaparecer quando são focalizados. Esses fantas-
mas são chamados de doppelgangers, pois parecem imitar o
observador antes de se dissiparem. Essas figuras implícitas e
desaparecidas não estão realmente lá, mas ecos carregados pe-
los sonhos agonizantes; o que não quer dizer que um viajante
está sozinho no Sonho Tumular, ele não tem tanta sorte.
Um punhado de criaturas estranhas e bizarras vigiam o
Domínio e quanto menos atenção uma comparsa chamar
para si mesma, melhor. Essas criaturas são antigas e indiferen-
tes e poucos sobrevivem à sua atenção prolongada: o Homem
das Trevas, a Bruxa e a Aranha. Alguns viajantes relataram
ter visto grandes cães negros ou outras imagens monstruo- alma permanece presa no Domínio Morto.
sas, mas as três figuras acima são os encontros mais comuns Mais frequentemente, a punição é que o invasor ganhe a
dentro do Sonho Tumular. Eles podem aparecer sem aviso atenção dos guardiões do Sonho Tumular. Ele deve esperar
e roubar o medo, a respiração, a esperança ou a vida de um uma visita em breve. Como mencionado acima, os habitantes
visitante. O que é pior, fugir de volta para o mundo dos vivos deste lugar podem alcançar o mundo desperto e se alimentar
pode não ser uma fuga suficiente. do medo e da miséria dos vivos. Um infrator pode descobrir
que seu nome acabou de ser adicionado à lista curta e sua
A Porta Balança Para os Dois Lados punição pode demorar dias, mas irá assombrá-lo pelo resto
Os cidadãos do Sonho Tumular são capazes de alcançar de sua vida (ou não-vida).
o mundo tangível em um estado semelhante ao Crepúsculo.
Isso não é uma ilusão - eles podem alcançar todos os mun- Morto Dentro, Morto Fora
A velha história de que morrer em um sonho significa
dos, efetivamente se manifestando como alucinações hipna-
morrer na vida real? Isso é verdade aqui. Seja aqui como um
gógicas. Da perspectiva da vítima, o tempo fica lento, os sons
adormecido humano lúcido, um fantasma, um mago em pro-
velozes do Sonho Tumular enchem seus ouvidos e uma ou
jeção ou um changeling: morto significa morto no Sonho
mais figuras escuras aparecem. O que eles querem de suas
Tumular. Se os habitantes do pesadelo colocarem as mãos
vítimas não se sabe, mas o melhor palpite é que eles precisam
nele, eles podem matá-lo (embora eles prefiram mais frequen-
se alimentar. As duas “personalidades” reais do Sonho Tu-
temente se alimentar dele). Se ele estiver visitando um sonho
mular parecem infligir uma espécie de vampirismo emocio-
particularmente violento ou revivendo as últimas cenas de
nal. O Homem das Trevas se alimenta quase exclusivamente
um homem moribundo, ele corre um grande perigo físico.
de medo; a Bruxa, entretanto, se alimenta de miséria, fôlego,
sexo ou qualquer outro fragmento de humanidade que ela
possa roubar para si mesma. Um infrator da lei do Sonho Tu- Nenhuma Luz Perfurará o Escuro
Nenhuma lanterna ou qualquer quantidade de fogo dará
mular pode ser regularmente visitado muito depois de acredi-
aos espectadores uma visão melhor ao redor. Mesmo se isso
tar que conseguiu escapar das garras do Mundo Subterrâneo.
acontecesse, não seria tolerado. As criaturas que residem no
Sonho Tumular cuidarão para que tais tentativas sejam pu-
As Leis Antigas nidas. Embora seja notável que raramente se aproximem di-
As leis do Sonho Tumular estão escritas na própria estru- retamente do portador da luz e venham buscá-los mais tarde
tura do Domínio. Eles não são lidos, mas compreendidos. As no mundo real. Talvez esta lei seja mais para a proteção deles
leis aparecem aleatoriamente entre os vários riachos e nuvens do que as habituais ditas misteriosas e alienígenas do Mundo
que permeiam o reino, como um flash brilhante de metal no Subterrâneo.
escuro. Não se vê as palavras, nem mesmo as ouve faladas - no
clarão brilhante, as leis Antigas são reveladas à mente. Não Traga Ferro
A punição por quebrar as Leis Antigas do Sonho Tumu- Esta lei só se aplica àqueles que viajam fisicamente para
lar costuma ser sutil e sinistra. Às vezes, isso virá como um este Domínio através do Mundo Subterrâneo. Changelings
ataque direto ou banimento repentino. Alegadamente, uma usam esta Lei Antiga como mais uma evidência de que este
alma pode se perder no Sonho Tumular para sempre, um inferno escuro tem alguma conexão mais profunda com suas
fato que traz um deleite doentio para a Bruxa. Se ela chegar antigas prisões Arcadianas. Apesar da evidência substancial
ao transgressor primeiro, é provável que a jogue em um ria- de tal conexão, este Domínio continua sendo uma extensão
cho e a deixe flutuar, perdida para sempre como o resto dos do Mundo Subterrrâneo. Ainda assim, as conexões estão atu-
sonhos. Um visitante projetando sua consciência no Sonho almente sob investigação por pelo menos uma das fadas mes-
Tumular cairá catatônico e seu corpo atrofiará enquanto sua tiças (veja o Oneironauta abaixo). Semelhante à lei anterior a

Entao, o que e tudo isso?

O que é o Sonho Tumular? É uma extensão da Arcádia dos changelings? Ou um fragmento da Estígia celes-
tial que surge para tocar o mundo adormecido? Ou talvez algum fragmento ou ponto de entrada para o
Abismo escancarado que os magos temem?
Como está escrito, o sonho Tumular é simplesmente outro Domínio Morto para onde os sonhos e as-
pirações vão quando morrem. Da mesma forma que o conhecimento passado desce para o Ateneu, por
exemplo. E se algo mais sinistro estiver abaixo da superfície? E se o Homem das Trevas e sua laia forem
Fadas Verdadeiras ou seus espectros? E se este Domínio marcar o lábio físico do Abismo celestial? E se seu
vasto poço de poder pudesse ser explorado ou derivado da vantagem do Sonho Tumular? Se eles estão
absorvendo sonhos e aspirações perdidos e desfeitos, eles os estão usando como “combustível” para ul-
trapassar os limites entre a vida e a morte e apenas promover seus hábitos alimentares? O que acontece
quando eles acumulam energia “suficiente”?
O Mundo das Trevas é um lugar muito estranho e apenas aqueles afligidos com a maior arrogância acredi-
tam que poderiam mapear sua cosmologia. Ainda assim, explorar a conexão entre a morte e o sonho pode
excitar aqueles que desejam um conhecimento tão elevado. Tenha cuidado para permanecer muito tempo
no escuro. Pois você sabe o que dizem sobre olhar para os abismos.

189
O Sonho Tumular
 esta, o infrator geralmente não é confrontado imediatamente
ou diretamente, refletindo um possível medo do Kerberos e
seus parentes. Ainda assim, eles são criaturas pacientes e uma
visitação estará sobre o infrator em breve.
Não Cruze
Os habitantes do Sonho Tumular podem se projetar no
mundo real, o mundo dos vivos, usando a mente de um so-
nhador como uma ponte. Como inferido por esta lei, pode
ser possível que visitantes físicos usem esse mesmo método
para reentrar no mundo desperto em algum lugar diferente
de onde entraram. Ninguém descobriu como fazer isso, mas
a lei é bastante clara sobre sua proibição. Ainda assim, se eles
se preocuparam em proibir, então deve ser possível. Certo?
Você Não Tem Nome Aqui
Os Devoradores de Pecados e outros visitantes não devem
falar nomes dentro do Sonho Tumular. Nem o dele e nem
de seus companheiros de comparsa. Sem nomes. Esta não é
apenas uma lei, mas uma boa ideia. Além de não querer que
os estranhos cidadãos do Sonho Tumular saibam quem ele
é mais do que já deveriam; seu nome pode flutuar ao longo
dos riachos do Sonho Tumular para sempre, eventualmen-
te sendo encontrado por algum outro visitante futuro. Pode
cair nas garras dos Fée Verdadeiros ou de um mago desagra-
dável que sabe como controlar o poder dos nomes.
Não Encobre a Tua Cabeça
À primeira vista, essa Lei Antiga parece uma pequena re-
gra obscura. Não use chapéus; isso é realmente uma Lei An-
tiga? Simplificando, sim. Pode parecer um tipo estranho de
lei, mas cobrir a cabeça aparece em uma série de sistemas de
190
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
crenças (especificamente abraâmicas), então não é sem prece-
dentes mitológicos. Pode ter raízes mais simples, no entanto.
Parece que a lógica infantil de colocar cobertas sobre a cabeça
tem alguma ressonância aqui. Pelo menos, o Homem das Tre-
vas e seus parentes não parecem apreciar isso.
Não Impedir os Servos das Trevas
Fique fora do caminho de qualquer coisa ou pessoa en-
contrada no Sonho Tumular. Essa pode ser uma lei difícil de
cumprir, como quando um enxame de aranhas negras ataca
ou se a Bruxa está de olho na comparsa. Revidar conta como
um impedimento, infelizmente, e mesmo se o transgressor
escapar, ele pode descobrir que está muito longe de terminar
com os servos do Sonho Tumular. Mais especificamente, eles
estão muito longe de terminar com ele.
Não Fale dos Primos
Muitos veem ou ouvem essa regra e não têm ideia do que
significa. Para aqueles que entendem, no entanto, eles não
precisam ouvir duas vezes. Não se refere às relações familia-
res de uma pessoa, mas sim aos monstros muito reais que
fazem dos changelings o que são. Eles são os chamados Guar-
diões, os Gentis e o Povo Belo. Eles não devem ser referidos,
mencionados ou invocados de qualquer forma por qualquer
nome. Se eles temem chamar sua atenção ou são motivados
de alguma outra forma, o Homem das Trevas certamente virá
para aqueles que quebrarem essa regra.
Não Diga Nada do Que Você Vê
Esse é o problema. Visitar o Sonho Tumular oferece uma
profunda capacidade de desvendar segredos, visitar os últi-
mos pensamentos de entes queridos ou recapturar a inspira-
ção perdida. No entanto, pela lei, a informação não pode ser
passada a outra alma. Para que servem esses pontos turísticos
e percepções se eles não podem ser compartilhados? Por um
lado, se toda a comaprsa testemunhou a mesma visão, então
essa proibição torna-se amplamente discutível (outra razão
para permanecerem juntos). Nada para falar se todos vissem
a mesma coisa. Além disso, o visualizador pode simplesmen-
te agir com base nas novas informações e confiar que sua
comparsa estará de volta. Por último, voltar às Profundezas
Autóctones com o presentimento sobre o tormento de um
fantasma ou revigorar seu sonho perdido não precisa ser
explícito. Com algumas dicas e as palavras certas colocadas
com cuidado, um visitante pode transmitir a mensagem sem
nunca trair sua fonte. Em última análise, ele pode usar as
informações da maneira que achar melhor, desde que não
descreva de onde as obteve.
Geografia
É difícil descrever o Sonho Tumular como tendo “geogra-
fia”, pois é pouco mais do que um vácuo escuro com desta-
ques em cinza, preto e mais preto. Os riachos em constante
movimento e os habitantes bizarros são amplamente vistos
como formas pretas brilhantes movendo-se contra um fundo
preto fosco. As únicas características que realmente se desta-
cam são os outros visitantes e o brilho ocasional de sonhos
mortos e Leis Antigas passando.
Interagindo com Sonhos Mortos
Os visitantes do Sonho Tumular geralmente estão aqui
apenas para uma coisa, para acessar os sonhos, aspirações e
esperanças passadas que fluem através do Domínio.
Convocar Sonho: Para convocar um sonho de dentro do
Sonho Tumular, o viajante deve saber algo sobre o sonhador
ou o sonho. Se ele quiser invocar o sonho perdido de um in-
divíduo específico, então essa pessoa deve ter tido essa ideia
e a perdeu ou ela própria está morrendo ou se afastando de
outros meios de comunicação; se ele quiser recorrer a um
tipo de aspiração (exemplo: escalar o Monte Everest) ou a um
tipo de sonho (exemplo: nu na escola), ele tem uma paleta
mais ampla para se inspirar. O jogador do visitante faz um
teste normal de meditação (Meditação, Livro de Regras do
Mundo das Trevas, p. 51) com o número alvo de sucessos
dependendo do sonho de destino, de acordo com o gráfico
abaixo.
Nota: Essas regras e números aplicam-se apenas a não-
-changelings; os Perdidos têm suas próprias regras de oniro-
mancia, que podem ser aplicadas tanto no Sonho Tumular
quanto entre os sonhos dos vivos.
Número Alvo Sonho de Destino
10 sucessos Sonho Alvo (por exemplo, escalada)
15 sucessos Sonho de um indivíduo (por exemplo,
Travis North)
20 sucessos Sonho Lúcido ou Sonhos Changeling
Se interrompido, ele terá que começar de novo. Se ele
ser prejudicados por qualquer sonho com o qual interajam.
sofrer dois fracassos consecutivos, o observador em potencial
Se uma pessoa leva um tiro em um sonho, é provável que ela
pode atrair a atenção da sombra local. Se ele tiver sorte, ape-
acorde; se um visitante dentro do Sonho Tumular leva um
nas perturbará as aranhas, mas isso ainda conta como que-
tiro, então, ei, ele leva um tiro. Da mesma forma, se ele for
brar uma das Leis Anigas, então sorte pode não ser a palavra
certa. Uma vez bem-sucedido, no entanto, ele pode observar
ou, às vezes, interagir com os sonhos, conforme detalhado a
seguir.
Visualizar o Sonho: Uma vez que o visualizador ganha
contato com o sonho, o jogador faz um teste de Perseverança
+ Empatia (bônus podem ser ganhos por ter poderes apro-
priados, como o acesso de um mago ao Arcano da Mente ou
um Devorador de Pecados com a Chave Fantasmagórica). O
fracasso significa que o sonho foi convocado com sucesso,
mas a imagem está granulada e o espectador não consegue
ouvir nada significativo. O fracasso dramático, por outro
lado, certamente chamará a atenção dos guardiões do Sonho
Tumular. Sucesso significa que o espectador pode observar o
sonho de fora, enquanto um sucesso excepcional permite ao
espectador entrar fisicamente no sonho e potencialmente até
interagir com a alma do sonhador, esteja ele morto há muito
tempo ou preso em coma em algum lugar.
Assistir aos sonhos de outra pessoa pode transmitir uma
visão sobre as vontades, desejos ou medos passados dessa
pessoa. Esteja avisado: testemunhar o subconsciente de uma
pessoa pode prejudicar para sempre o ideal do espectador
sobre essa pessoa, sem culpa própria. Ninguém deve ir ao
Sonho Tumular levianamente - e ninguém o faz - mas é uma
advertência que vale a pena do mesmo jeito. Isso pode con-
ceder bônus para interações subsequentes com o sonhador
em questão, se ele ainda estiver por perto, ou fornecer outras
respostas e vantagens para o espectador (o que fez o vovô
mexer?).
Assistir a sonhos oferece um ponto de vista único até
mesmo nas atividades mais mundanas. Observando esses so-
nhos e tendo sucesso em um teste de Inteligência + (Habili-
dade relevante como Esportes), o jogador pode comprar uma
Especialização apropriada (relacionada à Habilidade relevan-
te) por dois pontos de experiência em vez dos três usuais, ou
pode, em vez disso, comprar pontos naquela Habilidade pela
metade do preço normal (arredondado para cima) em pontos
de experiência. (Então, se o sonho de exemplo foi relaciona-
do a escalar o Monte Everest, então Esportes é a Habilidade
relevante provável. Se o sonho estava relacionado a estar nu
na frente de uma sala de aula, é possível que a Habilidade fos-
se Erudição, para o ambiente escolar, ou Intimidação pelos
sentimentos de medo e inadequação).
Por último, o espectador pode recapturar alguma inspi-
ração perdida para si mesmo ou para transmitir a uma alma
(seja ainda viva ou presa nas Profundezas Autóctones). Um
espectro preso nas repetições da morte pode ser capaz de
quebrar seu ciclo impróprio com uma lembrança sussurrada
de quando ela queria ser bailarina. Essas pequenas mudan-
ças podem trazer alívio para almas perturbadas ou corrigir o
curso de um corpo que há muito perdeu seu destino. Trazer
essas inspirações mortas de volta à sua fonte pode funcionar
como uma ofrenda ao lidar com um fantasma ou simples-
mente conceder um bônus nos testes de Persuasão ao tentar
conduzir o alvo de volta ao seu amor ou aspiração perdidos.
Risco e Recompensa
Visitantes físicos são exatamente isso, físicos, e podem
191
O Sonho Tumular
 pego em um sonho (ou empurrado pela Bruxa), ele viajará
na corrente para onde quer que ela a leve. Se ele escapar
em algum outro lugar na margem, ele pode estar longe de
qualquer saída conhecida (exigindo um teste estendido de
Raciocínio + Sobrevivência com possíveis bônus de poderes
apropriados como a Disciplina de Auspícios ou Arcano da
Mente para encontrar o caminho de volta). Os sonhadores
lúcidos e outros visitantes extracorpóreos têm praticamente
o mesmo problema. No caso deles, o corpo físico pode con-
tinuar a viver, mas a alma não está em casa, por assim dizer.
Eventualmente, o corpo atrofiará e morrerá se o viajante não
puder retornar. Por último, qualquer visitante pode irritar ou
chamar a atenção dos terríveis observadores que povoam o
Sonho Tumular. Esse risco pode parecer relativamente baixo
no início, mas depois que você detecta o radar deles, eles
demoram para esquecer e podem chamar o visitante repeti-
damente.
A recompensa é simples: a possibilidade de visitar os
sonhos perdidos de qualquer pessoa no mundo. Amantes,
inimigos, um traidor em potencial ou talvez uma vítima do
coma que guarda um segredo que não pode contar. Todos
eles são acessíveis dentro do Sonho Tumular se alguém sou-
ber onde procurar.
Alguns Jogadores
É possível que os listados abaixo sejam os únicos jogado-
res no Sonho Tumular. Poucos outros foram rumores, muito
menos relatados. Às vezes, grandes animais com olhos verme-
lhos foram vistos, como cães, ratos, cobras e outras criaturas
vistas com a mesma frequência em todo o Mundo Subterrâ-
neo. Eles são criaturas do Sonho Tumular, são psicopomps
extraviados ou simplesmente a mente pregando peças nos
visitantes? Talvez a verdade seja ainda mais estranha e os psi-
copompos vistos em todo o Mundo Subterrâneo, do Oceano
de Fragmentos às Profundezas Autóctones, se originem aqui
no Sonho Tumular e viajem para o exterior com algum pro-
pósito conhecido apenas pelo Homem das Trevas.
O Homem das Trevas
Poder 8, Refinamento 5, Resistência 8
O Homem das Trevas é indiscutivelmente o mais podero-
so dos estranhos vésperas que assombram o Sonho Tumular
e permanece como Kerberos do Domínio. Por que alguém
iria querer chamar sua atenção depende deles, mas em ge-
ral ele deve ser evitado a todo custo. O nome do Homem
das Trevas é sua descrição: ele é um homem moreno, mui-
tas vezes sem traços característicos, com olhos nítidos de um
branco penetrante, vermelho ou cinza fumegante. Às vezes,
porém, ele é descrito por vozes que tremem de medo como
uma pessoa específica ou vestindo um uniforme que o espec-
tador reconhece - e teme. Mais comumente, essas aparições
incluem governo, clero ou outras figuras de autoridade. O
Homem das Trevas pode assumir muitas formas, mas está
limitado a um determinado meio. Ele domina os oponentes
com um medo paralisante. Enquanto causa esse medo, ele
também se alimenta dele como uma espécie de vampiro emo-
cional que se auto-realiza.
A Aranha
Poder 2, Refinamento 4, Resistência 3
A Aranha é um tipo de criatura - ou possivelmente uma
única inteligência expressa através de vários corpos - que é o
192
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
encontro mais comum em todo o Sonho Tumular. Separan-
do-se da escuridão apenas pelo movimento, elas viajam de
riacho em riacho. Elas se ligam brevemente a essas nuvens
pegajosas e observam seu conteúdo atentamente antes de se
desprender e passar para a próxima. Presumivelmente, elas
estão levando em consideração esses pensamentos perdidos
ou talvez os protegendo. Foi relatado que as aranhas conver-
gem em visitantes que consideram hostis (embora seus crité-
rios possam ser um mistério). Esses angustiados observadores
parecem sobreviver à experiência, mas a resposta automática
é atacar ou defender-se. Embora seja compreensível, infeliz-
mente isso viola a lei de não impedir os servos do Sonho
Tumular e trará punições ainda mais terríveis no futuro.
O Oneironauta
Poder 3, Refinamento 5, Resistência 3
Este indivíduo peculiar se apresenta apenas como o Onei-
ronauta. Ele é um changeling que encontrou uma maneira
confiável de romper o elo entre os sonhos e o Sonho Tu-
mular e considera sua missão pessoal explorar essa nova e
ousada fronteira. O Oneironauta não é seu nome verdadei-
ro - ou mesmo seu nome changeling “real”, já que ele ainda
está em dívida com as Leis Antigas do reino. Ele se descreve
como um “Trevoso” ou “Sepulcreiros” na ocasião e, segundo
as informações, descobriu uma maneira de se esconder do
Homem das Trevas e de seus companheiros. Se ele pudesse
ser convencido a compartilhar este segredo, qualquer número
de almas interessadas em fazer visitas repetidas - ou aqueles já
assombrados por essas figuras - ficariam muito gratos.
A Bruxa
Virtude: Nenhuma. Se a Bruxa já teve uma ideologia su-
perior, ela se perdeu por trás de sua fachada de loucura.
Vício: Gula. A bruxa está sempre com fome e nunca pode
ficar cheia.
Histórico: A Bruxa é um jogador antigo. Ela é a que rouba
o fôlego, a súcubo, a morte no berço. A Bruxa demonstra um
interesse desconfortável pelos não-sonhadores de sua casa.
Viajar em grupos não a deterá; na verdade, ela parece vê-los
como um desafio. Ela vai atormentá-los, atraí-los para longe
um do outro e, de outra forma, procurar cortar o cordão de
prata que os une. Então ela envolve cada um deles em um
sonho passageiro e os deixa ir embora, perdidos para sempre.
Ela se delicia com a miséria dos outros... em poucas pala-
vras, é seu pão e água. Se o Homem das Trevas se alimenta de
medo, a Bruxa se alimenta de infortúnio, desejo e respiração.
Histórias tão antigas quanto a história registrada contam his-
tórias da bruxa visitando travessas à noite e se alimentando.
Seria impossível julgar se essa entidade é a mesma bruxa ou
se ela é apenas a iteração mais atual. O que se sabe é que
ela não mudou muito em relação ao seu projeto original. As
histórias de Lilitu matando crianças, da súcubo distorcida na
aparência forçando seus alvos à emissão noturna, ou a velha
que se agacha no peito de uma pessoa que dorme e rouba seu
fôlego podem ter origem na mesma criatura repulsiva que
vive no Sonho Tumular.
Descrição: Como as outras criaturas do Sonho Tumular,
a Bruxa é difícil de descrever, pois ela mal se destaca contra a
escuridão sempre presente de seu Domínio. Ela pode não ter
nenhum traço até que sua aparência seja examinada e os tra-
ços se fundam no lugar desenhado do subconsciente de seu
observador. Ela sempre aparece como uma velha. Às vezes ela
é sarcástica e ameaçadora, enquanto outras vezes parece gen-
til e beatífica. A última dessas aparições é uma mentira, uma
camada fina espalhada para disfarçar sua natureza odiosa.
Dicas de Interpretação: Ela vive para espalhar o infor-
túnio e a miséria. É toda a razão de sua vida. Ela puxaria
uma única asa de uma mosca apenas para vê-la dançar e se
contorcer em confusão enquanto seu corpo a trai. No final
das contas, o mundo inteiro serve como sua mosca, e muitas
asas estão esperando para serem arrancadas por seus dedos
indiferentes.
Atributos: Poder 5, Refinamento 6, Resistência 8
Força de Vontade: 13
Moralidade/Sinergia: 3
Iniciativa: 14
Defesa: 8
Deslocamento: 21
Tamanho: 5
Corpus: 13
Numes: Drenar, Ilusão. Terror (contra a Perseverança + Au-
tocontrole). (Parada de dados 11).
xa pode escolher beber hálito ou beber miséria. Consumir
Drenar: A Bruxa deve primeiro tocar o alvo (consulte respiração causa um ponto de dano letal ao alvo por sucesso,
“Tocando um oponente”, Livro de Regras do Mundo das enquanto consumir miséria causa um ponto de perda de For-
Trevas, p. 157) e gastar uma Essência. Faça um teste de Poder ça de Vontade por sucesso.
+ Refinamento contra a Perseverança + Vigor do alvo. A Bru-

193
O Sonho Tumular
 Como uma pessoa se identifica? Quando perguntado,
“o que é você?” o sujeito responde declarando sua profissão?
Sua religião? Ele se concentra na parte mais importante de
sua vida, como ele a vê - talvez ele seja pai ou marido? Ou ele
se define pelo que fez? Ele pode ser um soldado que salvou
um camarada em um tiroteio, e este pode ser seu momento
decisivo. Ele pode se ver como um servo de Deus ou de seu
Estado e não ter ou não querer outra identidade além dessa.
Adicione o sobrenatural à mistura, e agora o sujeito hi-
potético tem uma série de outras respostas possíveis. “Eu sou
um vampiro, do Clã Gangrel.” “Eu sou um do Povo, Ura-
tha.” “Sou Desperto.” E assim por diante.
No entanto, todas as formas de identidade própria po-
dem ser eliminadas. Memória, autoimagem, ego - tudo isso
pode vir a significar pouco para o sujeito. Ele pode treinar
para simplesmente ser, ou assim ensinam algumas tradições
culturais e religiosas. É uma virtude perder toda a identifica-
ção como um ser terreno e singular e simplesmente existir?
Ou isso equivale a virar as costas para todas as suas realiza-
ções? Esta questão deve ser considerada pelos filósofos.
O que esses filósofos nem sempre percebem, no entanto,
é que existe um lugar, nas profundezas do Mundo Subterrâ-
neo, onde noções transitórias, como a identidade, podem ser
eliminadas. Este lugar é chamado de Oceano de Fragmentos.
Chegando Lá
Encontrar o Oceano de Fragmentos não é fácil. É um
longo caminho desde a superfície. Este Domínio está nas pro-
fundezas do Mundo Subterrâneo, além de muitos dos outros
reinos que refletem (ou pelo menos trazem à mente) noções
humanas sobre a morte e o que vem depois. Considerando
a aparência e os efeitos do Domínio, pode muito bem ser o
mais profundo de qualquer reino conhecido. Certamente,
os viajantes que encontraram o Oceano e voltaram relatam
sentir uma sensação de finalidade ao tocar suas águas, como
se tivessem realmente chegado e nenhum progresso posterior
fosse possível. Claro, isso pode ser apenas os efeitos do Do-
mínio na psique.
“Sob cada abismo, um abismo inferior se abre”, escreveu
Emerson, e conforme os personagens viajam pelo Mundo
Subterrâneo, eles descobrirão que isso é verdade. Cada Do-
mínio tem uma maneira de descer. Cada lugar tem um alça-
pão, uma fonte natural com uma caverna subaquática, um
ralo, uma escada, algo que leva para baixo. Muitos Devorado-
res de Pecados acham que o Mundo Subterrâneo é infinito
e podem estar certos. Mas, ao mesmo tempo, o Oceano de
Fragmentos pode representar o fim da linha para quem de-
seja ter alguma chance de voltar. Como tal, os perigos que
194
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
os viajantes podem enfrentar no caminho para o oceano
incluem qualquer uma das ameaças que o resto do Mundo
Subterrâneo pode representar. Para chegar lá é só descer,
encontrar uma abertura grande o suficiente, uma forma de
descer as faces das rochas ou um guia para mostrar o caminho
pelos túneis.
E então, às vezes ouve-se boatos sobre túneis verticais que
duram para sempre. Os viajantes do Mundo Subterrâneo te-
cem histórias sobre como cair em um desses buracos, cair
em queda livre por horas ou dias e, finalmente, conseguir se
segurar e puxar para cima em uma fenda. As rochas lança-
das nesses buracos nunca atingem o fundo, mas os infelizes
viajantes que afirmam ter visto esses poços sempre relatam o
som das ondas, batendo sempre fracamente abaixo.
Os viajantes podem se aproximar do oceano de duas ma-
neiras. Primeiro, eles podem chegar após a jornada aparente-
mente interminável para baixo através dos Domínios. Se for
o caso, eles chegam na Praia Preta (veja abaixo). Em segundo
lugar, eles podem cair no Oceano de Fragmentos por um dos
poços que conduzem para cima. Se isso acontecer, os perso-
nagens simplesmente cairão diretamente nas águas do Oce-
ano de Fragmentos, potencialmente a quilômetros da costa.
Manter identidade suficiente para chegar a essa costa é uma
tarefa verdadeiramente heróica.
Descrição
O Oceano de Fragmentos é um mar negro sem fim. O ta-
manho dele faz com que os viajantes do Mundo Subterrâneo
se desesperem, pois como alguém pode mergulhar no oceano
e ter alguma esperança de encontrar um único objeto?
Sob as ondas, o Oceano de Fragmentos está estranhamen-
te vazio. Os viajantes podem esperar navios, peixes, serpentes
marinhas ou outros monstros, mas essas coisas são quase ine-
xistentes (na verdade, apenas um navio navega neste oceano
- veja abaixo). As águas são negras, sem nenhuma zona ilumi-
nada pelo sol, porque é claro que o Mundo Subterrâneo não
admite luz solar. Uma vez abaixo da superfície da água, os
viajantes podem “ver” (as Leis do Domínio impedem a visão
obscurecida de qualquer fonte), mas as águas ainda estão sem
vida.
Mas espere o suficiente, e algo irá passar flutuando. Pode
estar flutuando preguiçosamente para as profundezas ou
pode disparar do fundo, como se impulsionado por alguma
perturbação repentina abaixo da testemunha. Pode ser um
fantasma, perdendo lentamente as memórias e o ego que o
mantiveram ciente de si mesmo após a morte. Pode ser um
objeto, a representação física de uma característica identifica-
dora. Pode ser uma pessoa viva, um Devorador de Pecados,
um mortal, um mago ou algo ainda mais estranho. Tudo o
que é necessário para se perder no Oceano de Fragmentos
é a capacidade de se identificar. Isso significa que qualquer
pessoa que um viajante vê no oceano está perdendo progres-
sivamente essa capacidade.
Camadas
As águas do Oceano de Fragmentos removem identifica-
dores - as características que permitem que um personagem
se defina. O adulto médio tem milhares e milhares deles, por-
que cada memória na mente de uma pessoa é potencialmen-
te um identificador. Claro, como afirmado acima, a pergunta
“quem é você?” provavelmente não provoca uma memória
específica, comparativamente insignificante, como “Eu sou o
garoto retratado mexendo manteiga de maçã no Lambertville
Gazette de 1978”, mas mesmo isso é um identificador.
Mergulhe a carcaça em água morna e a carne eventual-
mente se soltará da pele e dos ossos. A mesma coisa acon-
tece com o senso de identidade de uma pessoa no oceano.
Enquanto um personagem nada no Oceano de Fragmentos,
os identificadores se soltam em sua mente. Pedaços do perso-
nagem se separam, tomam forma física e flutuam na água. O
personagem pode, é claro, tentar pegá-los e segurá-los... mas
imagine quantas memórias um adulto tem que podem fazer
parte de sua autoimagem. Os pequenos se transformam em
pequenas pérolas ou grãos de areia, enquanto os maiores se
tornam pedaços de madeira flutuante ou rocha semelhante
a pedra-pomes. É impossível dizer o que um identificador
representa sem tocá-lo e se concentrar, e quando um perso-
nagem perde um, ele pode sumir de vista (sim, as águas são
claras, mas também são impossivelmente profundas). O Oce-
ano de Fragmentos é dividido em quatro zonas. Na primeira
zona mais próxima da superfície, os identificadores perdidos
são memórias específicas, inúteis sem contexto. Um perso-
nagem pode se dar ao luxo de perder muitos milhares deles
sem abrir mão de nada que seja realmente importante para
sua personalidade (embora certamente seja doloroso perder
essas memórias). Quando o personagem perde um número
suficiente desses identificadores (chamados de “ciscos”, do
tamanho de pequenas pérolas), ele afunda para a segunda
zona.
A segunda zona retira o caráter de identificadores maio-
res, o tamanho de bolas de golfe ou maçãs pequenas, cha-
mados de “formativos”. Esses identificadores também são
memórias, mas eles representam eventos que realmente mol-
daram a identidade do personagem - “Eu sou o homem que
escreveu e dirigiu True Beauty.” “Eu sou a mulher que salvou
a vida de um menino após um incêndio.” O personagem
pode perder dezenas, talvez centenas dessas memórias (um
personagem adulto com uma quantidade normal de experi-
ência de vida, pelo menos - uma criança ou um recluso não
duram tanto) antes de afundar novamente. O combate à ero-
são torna-se mais fácil nesta zona (veja abaixo).
A terceira zona afrouxa os pontos básicos da identidade
própria, permitindo considerações culturais e outras consi-
derações sociais. Esses identificadores (chamados de “verda-
des”) são do tamanho de uma toranja grande e geralmente
caem do personagem por baixo das costelas, ao invés de cair
dos membros do personagem como ciscos e formativos ten-
dem a fazer. Verdades (como “Eu sou um cristão”, “Eu sou
homossexual”, “Eu sou um liberal” e assim por diante) se
afrouxam e caem muito mais lentamente do que identifica-
dores mais leves. Infelizmente, o adulto médio tem apenas
uma pontuação ou mais a perder antes de afundar novamen-
te. Como ponto de interesse, “Eu sou mãe/pai” costuma ser
a última verdade a se desalojar. Mesmo depois que todas as
memórias superficiais dos filhos se soltaram e se dissiparam,
a noção de ser pai é tão arraigada que muitas vezes confunde
a linha entre a verdade e o nascimento.
A quarta zona não é a parte mais profunda do Oceano de
Fragmentos, mas olhando para baixo, um viajante na quarta
zona vê apenas escuridão. Uma vez que as Leis do Domínio
impedem a ofuscação deliberada da visão, isso significa que
abaixo da quarta zona deve haver escuridão - as areias negras
do fundo do Oceano, ou simplesmente o nada escuro do
esquecimento? Ninguém sabe, porque ninguém jamais subiu
à quarta zona para dizer. Na quarta zona, os únicos identifica-
dores que o personagem deixou são chamados de “naturais”,
os poucos pontos de identidade com os quais os seres huma-
nos nascem. Isso inclui gênero e, para alguns, nome (as pes-
soas não nascem com nomes, obviamente, mas geralmente
os recebem logo depois - para alguns viajantes, o nome é uma
verdade, e não um natal). O personagem não precisa desistir,
a menos que queira. Ele pode segurá-los por toda a eternida-
de, balançando para cima e para baixo na quarta zona.
Abaixo da quarta zona estão as Profundezas. O Leviatã
(veja abaixo) surge das Profundezas às vezes, mas nenhum
outro ser jamais foi testemunhado fazendo isso. Nas Profun-
dezas, o personagem pode perder o último identificador que
possui, o “ego”. Esse identificador, que consiste apenas na
declaração “Eu sou”, é a última coisa que o personagem pos-
sui. Quando isso acaba, ele se vai, sem qualquer identidade.
O que acontece então é um verdadeiro mistério.
O Cargueiro
Como mencionado, apenas um navio navega pelo Oce-
ano de Fragmentos. Ele muda de forma de vez em quando.
No passado, ele se assemelhava a um navio mercante fenício,
um navio Viking, uma escuna ou mesmo um navio a vapor
(uma história febril afirma que o Titanic teve a honra por um
tempo, na verdade). Se ele muda sua forma em resposta a al-
gum fator externo ou se navios mais novos de alguma forma
substituem os antigos, não se sabe, mas as Leis do Domínio
são claras - o Cargueiro é o único navio com permissão para
navegar nas águas.
O Cargueiro tem uma tripulação, é claro, mas apenas
o suficiente para manter o navio em movimento. O termo
“tripulação esqueleto” se aplica, e mais do que apenas figu-
rativamente. Os fantasmas que tripulam o navio mal são au-
toconscientes o suficiente para saber seu trabalho no navio.
Eles conhecem alguns fatos aleatórios sobre si mesmos, mas
perderam tantos de seus identificadores que parecem pou-
co mais do que esqueletos com alguns pedaços irregulares
de carne ainda grudados. Eles repetem esses identificadores
constantemente e ficam felizes em dizer aos outros quem eles
são - “Eu sou um cristão. Eu sou marinheiro. Eu sou a mãe
de Helen. Eu sou uma vítima de assassinato”.
O capitão deste navio é amplamente considerado o Ker-
beros do Domínio. É uma suposição razoável - os marinhei-
ros chamam esse ser “o Almirante” e obedecem suas ordens
sem questionar. Rumores dizem que esses identificadores
são, cada um, do primeiro ser humano a morrer, as memó-
rias e a vida do primeiro membro da espécie com conheci-
mento suficiente para perceber que eu sou. Apesar de todo o
195
O Oceano de Fragmentos
 seu poder, porém, o Almirante não é o Kerberos do Oceano
de Fragmentos. Essa distinção pertence a uma criatura muito
mais poderosa e horrível, à espreita nas partes mais profun-
das do oceano.
O Leviatã
Todo ser humano no mundo teve pesadelos, mesmo que
não consigam mais se lembrar dele. O sonhador flutua no
meio do oceano, nada por perto por quilômetros, à noite ou
durante o dia. O tempo não importa. O desespero total da
situação afunda quando o sonhador percebe que mesmo que
por algum milagre comece a nadar na direção certa, ele se
cansará e se afogará muito antes de ver terra.
E então, esse medo se vai, substituído por um muito pior
- algo roça sua perna. Ou talvez ele olhe para baixo e veja
a sombra passar abaixo dele. A Besta Profunda. Um tuba-
rão, um monstro marinho, uma lula ou apenas algum horror
sem nome das Profundezas? Não importa e o sonhador não
tem tempo para considerar a taxonomia. Ele acorda, suando,
agradecendo a qualquer divindade em que possa acreditar
que foi apenas um sonho.
Mas a Besta Profunda existe e guarda o Oceano de Frag-
mentos. Ele cumpre as Leis do Domínio e, apesar de seu gran-
de tamanho e do alcance ilimitado do Oceano, pode nadar
grandes distâncias em um instante, arrastando um infeliz via-
jante para baixo. O Leviatã também é o único Kerberos do
oceano e, portanto, se um viajante conseguir escapar de suas
garras, poderá escapar impune infringindo as leis.
O Leviathan desafia a forma. É maior do que qualquer na-
vio e aparentemente é de natureza cefalópode, a julgar pelos
tentáculos que ocasionalmente rompem a superfície quando
está próximo. Nunca é totalmente visível, mas apenas porque
é grande demais para ser absorvido. Tudo o que um perso-
nagem vê do monstro é uma parede infinita de carne azul e
talvez um olho do tamanho de uma pequena casa.
As Leis Antigas
As Leis do Oceano de Fragmentos estão inscritas nas pa-
redes rochosas da Praia Preta, mas em nenhum outro lugar.
O oceano tem 12 leis, esculpidas em caracteres simples na
face da rocha. A inscrição está desgastada pelo tempo e pela
areia, mas ainda legível.
O Leviathan aplica as Leis do Oceano, geralmente remo-
vendo o agressor de sua área atual. O oceano é vasto - prova-

O Leviata em jogo
Características não são fornecidas para o Leviatã, porque ele se destina a ser uma força da natureza mais
do que um combatente. Dito isso, deve ser possível para os personagens escaparem de seus tentáculos. As
características fornecidas para o Leviatã no final desta seção têm o objetivo de representar o monstro nas
tentativas de escapar dele ou de incomodá-lo (atirar uma lanterna em seu olho para afastá-lo, por exemplo).
Os personagens não têm mais chance de matar o Leviatã do que a chuva ou as marés - a Besta Profunda
simplesmente é.

196
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
velmente infinito - e embora o Leviatã não mate, ele pode ar- rá-lo até que ele assimile. Isso pode ser problemático e pode
rastar um infrator da lei para tão longe da área do problema induzi-lo a ficar até cair novamente. Se ele conseguir chegar à
que ele quase não tem chance de retornar. Praia sem assimilá-lo, ele descobre que não pode acessar as in-
formações contidas nele sem assimilá-lo de qualquer manei-
A Lei da Contiguidade ra (embora, a critério do Narrador, magias de Sorte ou uma
Todos os oceanos são um oceano. Essa lei se refere ao fato de Cerimônia especial possam desbloquear o conhecimento em
que qualquer pessoa pode entrar no Oceano de Fragmentos um identificador).
diretamente pelos oceanos do mundo físico. A violação desta
lei não é realmente possível, pois parece ser menos uma lei A Lei do Salvamento
que rege o comportamento e mais uma lei natural, aquela O que se encontra, pode-se guardar. Um viajante que encon-
sobre a qual o Oceano está fundado. Dito isso, os persona- tra um identificador (pois há pouco mais para encontrar no
gens que visitam o Oceano de Fragmentos descobrem que Oceano de Fragmentos) pode mantê-lo, e não tem nenhuma
referir-se a qualquer um dos oceanos “naturais” pelo nome obrigação de encontrar a pessoa a quem originalmente per-
(Atlântico, Pacífico, etc.) resulta em uma queda repentina na tence. Mesmo que essa pessoa chegue e reivindique o item,
temperatura da água e uma corrente acelerada, e um maior o descobridor tem direito a ele pelas Leis do Domínio, e o
escrutínio do Leviatã. Leviatã intervirá a seu lado.

A Lei da Fuga A Lei do Comando

O oceano termina na Praia Preta. A Praia Preta é uma espé- A palavra do Almirante é lei. Se o Almirante der uma or-
cie de “zona neutra” em relação às Leis do Oceano. Se um dem, qualquer pessoa em seu navio deve obedecê-la. A deso-
personagem pode chegar à Praia, ele escapou dos poderes do bediência é punível sendo lançada ao mar (e o Almirante é
Leviatã e do Cargueiro, e eles não podem fazer cumprir as leis. persuasivo; veja suas características na pág. 198).

A Lei do Conhecimento A Lei da Não Interferência

Somente aqueles que reivindicam identidade podem entrar no Deixe os outros viajantes em paz. Enquanto flutuam no Oce-
oceano. Animais e outras criaturas sem senso de identidade ano de Fragmentos, os viajantes têm o direito de se perderem
não podem entrar no oceano. As águas os obliteram intei- sem serem incomodados. Molestar - ou tentar ajudar - um
ramente com o contato. Normalmente, isso acontece com viajante na água convoca o Leviatã, que simplesmente arrasta
animais, incluindo familiares que os personagens trazem o ofensor para alguns quilômetros de distância. Os viajantes
com eles, mas os espíritos também podem estar sujeitos a com algum tipo de vínculo místico podem ajudar uns aos
esse destino se não forem poderosos o suficiente para ter seus outros sem violar essa lei. Isso inclui Devoradores de Pecados
próprios nomes. que formaram uma comparsa, changelings que se comprome-
teram um com o outro, lobisomens unidos por um totem e
A Lei Marítima uma multidão de prometeus marcados. Bandas de viajantes
Apenas o Cargueiro pode navegar nessas águas. Um bando de que simplesmente fizeram uma promessa uns aos outros, sem
personagens trazendo outro navio para o oceano encontra-se nenhum suporte mágico ou arcano, no entanto, não estão
sob ataque do Cargueiro (seus armamentos variam de acordo isentos.
com sua forma, mas está sempre bem armado). O navio que
permanece flutuando é o novo Cargueiro... o que significa A Lei da Passagem
que o Almirante aparece imediatamente no convés e assume Os viajantes podem viajar com o Cargueiro. Os viajantes
o comando. Personagens que desejam navegar no Oceano de podem solicitar ao Almirante ou à sua tripulação permis-
Fragmentos são mais aconselhados a fugir do Cargueiro do são para embarcar. O Almirante tem a palavra final sobre
que lutar contra ele. o assunto, mas a tripulação é conhecida por contrabandear
viajantes a bordo e tentar roubar quaisquer identificadores
A Lei da Clareza que possam estar carregando (na esperança de usá-los para
Sem visão obscurecida. O Oceano de Fragmentos não per- boiar por tempo suficiente para chegar à costa). Depois que
mite obscurecer a verdade. Qualquer pessoa que entre nas um viajante aceita a passagem, ele é menos capaz de resistir
águas pode ver claramente, mesmo que geralmente seja cego. a obedecer às ordens do Almirante (-3 em todas as tentativas
Qualquer pessoa que tentar cegar outro viajante invoca o Le- de fazê-lo).
viatã, que o agarra e o arremessa (garantindo assim que pelo
menos alguns identificadores serão perdidos na natação de A Lei da Manutenção e Cura
volta para onde ele estava). Ninguém na tripulação do Cargueiro se perderá. Qualquer
pessoa que concordar em se juntar à tripulação do Almirante
A Lei da Identidade tem direito a um de seus próprios identificadores de volta. O
Você é o que você mantém. Os identificadores começam a Almirante mostra ao personagem quais ele perdeu, e lança
se separar dos personagens no instante em que eles colocam sua rede para aquele que o personagem mais gostaria. Isso ge-
os pés na água. Para manter um identificador, o personagem ralmente é bastante importante, e é por isso que a tripulação
deve segurá-lo fisicamente e não soltá-lo. Se o personagem do Cargueiro tende a ter apenas um ou dois identificadores
pegar o identificador de outra pessoa, ele deve assimilá-lo em básicos restantes. Concordar em se juntar à tripulação, no
sua própria identidade antes de deixar o Domínio. Se ele entanto, significa que o personagem é quase completamente
chegar muito perto da praia enquanto ainda segura um iden- incapaz de resistir às ordens do Almirante (qualquer tentati-
tificador, o Leviatã tenta arrastá-la de volta para a água e segu- va de fazer isso é automaticamente reduzida a um dado de

197
O Oceano de Fragmentos
 sorte).
A Lei da Conservação
O oceano não deve ser esvaziado. Remover água do Oceano
de Fragmentos é proibido. Esta lei é uma exceção à Lei da
Fuga - um personagem que tenta ascender através dos Misté-
rios Inferiores com uma jarra de água do oceano é atormenta-
do por todos os Kerberoi. Ninguém sabe que efeito essa água
pode ter no mundo dos vivos, pois ninguém sobreviveu o
suficiente para descobrir. Os violadores desta lei são levados
de volta ao oceano, onde o Leviatã os arrasta para as profun-
dezas, para nunca mais serem vistos.
A Lei da Profundidade
A progressão da erosão deve ser seguida. É uma violação das
leis tentar mergulhar em uma zona mais profunda na tenta-
tiva de perder um identificador específico. Ou seja, para per-
der uma verdade (e permanecer fiel às leis), um personagem
deve primeiro perder todos os motivos e formativos. Um per-
sonagem que tenta quebrar essa lei atrai a atenção do Leviatã,
que geralmente o mantém em sua profundidade “adequada”
até que ele escape ou perca os tipos certos de identificadores
para retornar à profundidade que estava tentando alcançar.
Geografia
Como mencionado, o Oceano de Fragmentos é ampla-
mente homogêneo. Apenas o Cargueiro e o Leviatã navegam
em suas águas de forma consistente. Outros viajantes simples-
mente nadam, perdendo-se mais até afundar (veja abaixo). A
única característica geográfica do Domínio é a Praia Preta.
A Praia Preta
Um viajante que se aproxima do Oceano de Fragmentos
ouve primeiro o bater das ondas e o barulho do oceano sem
fim. Pouco depois, ele sente o solo ficar macio sob seus pés.
Se ele olhar para baixo, ele descobrirá que aquela “areia” é
preta, como se completamente composta de ébano moído.
Este caminho leva a uma abertura de caverna, com paredes
de rocha de cada lado que se estendem por toda a eternida-
de. Nessas paredes rochosas, como mencionado acima, um
viajante pode encontrar as Leis do Oceano de Fragmentos.
A Praia Preta desce até a água, que, vista do ponto de
vista da praia, parece um oceano infinito de tinta. Isso pode
ser porque o fundo do oceano é composto da mesma areia
negra, mas os viajantes que tiveram a infelicidade de nadar
no Oceano dos Fragmentos afirmam que ele não tem fundo.
Parece preto da praia porque a Lei da Clareza não está em
vigor ali.
Um viajante que fica na praia por tempo suficiente pode
ver as velas (ou as chaminés, dependendo de sua forma atual)
do Cargueiro. Chamar o navio é possível e requer um teste
de Presença + Expressão. Se o teste for bem-sucedido, o navio
irá para a costa. Embarcar no navio envolve nadar até ele,
já que o Almirante se recusa a deixar o navio chegar muito
perto da praia por medo de que sua tripulação pule do navio.
Perda de Identidade
A imersão no Oceano de Fragmentos tem um efeito pro-
nunciado e constante sobre os viajantes. Eles lentamente
perdem seus identificadores, começando com as memórias
menores e mais específicas (“Eu sou a mulher que passou
198
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos
em uma placa de pare e causou um acidente no dia de Ano
Novo de 1987, em San Diego”) e, eventualmente, traba-
lhando até os pilares de si mesmo (“Eu sou uma mulher”).
Na primeira zona, o personagem não consegue resistir
à erosão por muito tempo. Para cada turno que o persona-
gem deseja manter-se firme, o jogador deve gastar um ponto
de Força de Vontade e fazer um teste de Perseverança +
Autocontrole. Se o teste for bem-sucedido, o personagem
não perderá um identificador naquele turno. Claro, o per-
sonagem só pode manter isso por quantos turnos ele tiver
pontos de Força de Vontade, e o Oceano é infinito.
Na segunda e terceira zonas, o sistema é o mesmo, mas
não requer um ponto de Força de Vontade. O personagem
pode, portanto, permanecer nessa profundidade indefini-
damente (mas, eventualmente, a sorte do jogador vai aca-
bar e o teste fracassará - não recomendamos testar para ver
quanto tempo levaria).
Na quarta zona, o personagem pode tentar evitar que
seus natals caiam como de costume, mas ele também pode
simplesmente agarrá-los quando eles se soltarem e segurá-
-los por quanto tempo quiser. Claro, isso torna mais difícil
subir (veja abaixo).
Ascendendo as Zonas
É possível reunir identificadores conforme eles afundam
e sobem. Um personagem, por exemplo, na segunda zona
pode agarrar um cisco e subir para a quarta zona (então ele
deve imediatamente tentar resistir a perdê-lo novamente).
Para agarrar um identificador, o jogador deve testar Des-
treza + Raciocínio. A tentativa de agarrar um cisco impõe
um modificador -5, pegar um formativo é um -4, uma verda-
de causa um -2 e um natal não impõe nenhuma penalidade.
Ao pegar um identificador, o personagem imediatamente
flutua para qualquer zona apropriada (o que significa que
um personagem na quarta zona que de alguma forma agarra
um cisco se descobriria rompendo a superfície novamente,
mas não por muito tempo, a menos que ele imediatamente
reunisse mais).
Os personagens não precisam obter seus próprios iden-
tificadores. Depois que um identificador é solto, o persona-
gem não pode mais identificá-lo como seu, nem lembrar o
que era especificamente.
Escolhendo o Que Perder
Uma possível estratégia de longo prazo para um perso-
nagem à deriva no Oceano de Fragmentos é escolher quais
identificadores perder. Isso requer um teste de Raciocínio
+ Perseverança.
Resultados do Teste
Fracasso Dramático: O personagem afunda no oceano,
perdendo milhares de pequenos identificadores em segun-
dos. O personagem cai diretamente na próxima zona.
Fracasso: O personagem não orienta sua perda de iden-
tidade, e perde um identificador como de costume.
Sucesso: O personagem pode escolher o próximo iden-
tificador que perder, mas não pode perder um identificador
impróprio para sua zona atual.
Sucesso Excepcional: O personagem pode escolher
qualquer identificador para perder, independentemente de
sua zona.
Risco e Recompensa
Os riscos de ir para o Oceano de Fragmentos devem ser
óbvios. Além de enfrentar todos os horrores que o Mundo
Subterrâneo tem a oferecer para chegar lá (a menos que
alguém tenha a “sorte” de encontrar uma das flechas que
lançam um viajante diretamente em um oceano sem fim),
o Domínio destrói lentamente aqueles que viajam para isto.
Ao longo do caminho, os personagens podem ser capazes de
resistir por tempo suficiente para serem forçados a trabalhar
em um navio ou perder tanto de si que não podem voltar
para casa. Por que alguém iria?
Três ganchos da história principal podem atrair os perso-
nagens para o oceano. Em primeiro lugar, os personagens po-
dem desejar encontrar um identificador específico, talvez um
perdido para as idades por um fantasma morto há milhares
de anos. Encontrar o identificador adequado é, para dizer o
mínimo, uma tarefa hercúlea, mas o Almirante poderia aju-
dar (veja abaixo) se eles puderem convencê-lo a tirar as redes
ou deixá-los olhar através do depósito do cargueiro.
Por exemplo, os personagens podem desejar resolver um
assassinato de séculos de idade. Eles encontram um fantasma
no Mundo Subterrâneo que pensa que ele pode ter algo a ver
com isso - mas ele era um assassino? Uma testemunha? Outra
vítima? Ele perdeu muito de si mesmo no Oceano de Frag-
mentos para se lembrar exatamente, mas ele e muitos de seus
identificadores foram recolhidos nas redes do Cargueiro. Em
algum lugar no porão, então, estão as informações de que os
personagens precisam.
Em segundo lugar, um ou mais dos personagens podem
desejar se livrar de identificadores problemáticos. E se o per-
sonagem quiser perder “Eu sou um alcoólatra?” Que tal “Eu
sou um assassino?” “Eu sou um vampiro?” O personagem só
precisa chegar à profundidade certa (o que pode violar a Lei
da Profundidade, a menos que o personagem queira perder
todos os identificadores necessários para chegar a essa zona)
e tentar lançar o identificador certo... e depois voltar para a
praia, que é definitivamente a parte mais difícil.
Finalmente, o personagem pode querer acabar com tudo.
Há suicídio e, em seguida, há esquecimento real, e para fazer
isso direito, para realmente e verdadeiramente passar além de
qualquer compreensão mortal, você precisa ir para o oceano.
Isso pode ser um final de jogo interessante para um perso-
nagem que realmente quer perder tudo, ou que acredita que
despir-se para a consciência pura abre o caminho para o Nir-
vana ou o Paraíso ou algo parecido.
Alguns Jogadores
O Leviatã
Poder 12, Refinamento 9, Resistência 11
Como mencionado acima, essas características para o Le-
viatã são fornecidas no caso de o Narrador precisar simular a
ação de um personagem contra a Besta. O Leviatã não pode
ser morto ou aplacado, apenas evitado ou expulso.
O Eremita
Poder 5, Refinamento 7, Resistência 10
Este antigo fantasma mora na Praia Preta. Ele passa seu
tempo peneirando identificadores da água, assimilando-os e
então se banhando no oceano para perdê-los novamente. Ele
raramente vai mais fundo do que a segunda zona, por medo
de não ser capaz de voltar. Sua personalidade é variável - de-
pende de quais identificadores ele assumiu naquele dia. Ele
tem quase certeza de que sempre foi um homem, embora
admita que pode estar errado sobre isso. Ele afirma que cos-
tumava ser o rei de alguma coisa, e que vastos exércitos de
monstros poderosos o serviam. Mas como ele saberia?
Marinheiro
Poder 6, Refinamento 5, Resistência 4
Os marinheiros do Cargueiro parecem esqueletos ambu-
lantes em mantos. Pedaços de carne representam seus pou-
cos identificadores restantes - às vezes, essa carne constitui
um pedaço de músculo do braço, pele facial ou um órgão
interno pendurado grotescamente em uma caixa torácica
vazia. Os marinheiros, em sua maioria, querem encontrar
identificadores suficientes para chegar à costa e escapar do
oceano, e eles não estão dispostos a apostar por eles (os per-
dedores em seus jogos são colocados em enormes potes de
caranguejo cobertos de malha e jogados na bebida; a malha

Tempo
Quanto tempo, então, um adulto médio leva para passar pelas zonas? Depende em grande parte das neces-
sidades da história, mas uma vez que tem uma espécie de sistema, vamos considerar a questão. Se assumir-
mos que um adulto médio tem pelo menos 10.000 ciscos (provavelmente mais ao longo de toda a vida, na
verdade), isso significa que ele perderá um a cada turno, o que é cerca de 10 por minuto. Isso significa que
levará pouco mais de 16 horas para perder todos eles, momento em que ele afunda para a segunda zona
e começa a perder formativos.
Calculando 100 formativos (novamente, esse número varia), o personagem perde cerca de um por hora.
Pouco mais de quatro dias depois, o personagem perde sua última memória formativa e afunda para a
terceira zona.
Agora as verdades começam a se dissipar e exigem um dia cada para serem reveladas. Suponha que nosso
personagem hipotético tenha uma dúzia delas. Uma vez que elas vão embora (supondo que ele não lute
contra isso), ele tem apenas suas duas naturais a perder: nome e gênero. Cada uma leva um mês para se
desalojar.
Se o personagem não faz nada para impedir seu destino, ou foi amarrado e jogado no oceano e, portanto,
não pode evitar a fragmentação, ele leva três meses, quatro dias e cerca de 16 horas da imersão à aniqui-
lação (ou transcendência, dependendo de como você olhe para isso). Claro, se o personagem lutar, esse
tempo pode ser estendido consideravelmente.

199
O Oceano de Fragmentos
 pega os identificadores e o vencedor dos jogos pega aquele
que ele deseja).

O Almirante
Virtude: Caridade. O Almirante é dado a atos ocasionais
de bondade e magnanimidade. Eles são poucos e distantes
entre si, mas se um personagem despertar seu interesse, ele
pode permitir uma busca sem supervisão nos depósitos ou
fornecer uma passagem de volta para a praia.
Vício: Orgulho. Isso pressupõe, é claro, que nenhum in-
sulto à sua honra ou ao seu navio foi feito. O Almirante não
perdoa desprezos.
Histórico: Quem foi o Almirante em vida? Ele já foi um
homem vivo? A pergunta é impossível de responder e acadê-
mica para arrancar. O único propósito do Almirante agora,
seu único identificador, é “Eu sou o Almirante e o capitão
do cargueiro.” Ele navega o navio através do Oceano de Frag-
mentos, baixando as redes e recolhendo muitos identificado-
res, e colocando os mais interessantes no porão de seu navio.
Como ele determina “interessante” é um mistério, pois os
visitantes do porão podem encontrar uma pilha de verdades
que equivalem a “Eu sou muçulmano”, mas o Almirante pa- mas o título “Almirante” implica em outra embarcação sob
rece saber o que está procurando. o comando deste ser. E então, esses viajantes podem se lem-
Descrição: Este ser horrível tem quase 2,5 metros de altu- brar do Barqueiro que os carregou pelos Rios da Morte e se
ra. Ele usa túnicas pretas e uma estola de alga salobra, sobre perguntar sobre as origens dos identificadores no pescoço do
a qual estão amarrados pedaços de madeira, osso e rocha que Almirante.
devem ser identificadores.
Atributos: Poder 10, Refinamento 12, Resistência 10
Dicas de Interpretação: O Almirante é um enigma em
Força de Vontade: 20
um dos lugares mais misteriosos que se possa imaginar. Ele é
Iniciativa: 22
amigável (a menos que seja insultado), conhecedor e hones-
Defesa: 12
to, mas isso não significa que ele seja complacente. Ele dirige
Deslocamento: 32
um navio apertado, e aqueles que pensariam em contestá-lo
Tamanho: 6
ou causar um motim logo conhecem as águas mais uma vez.
Corpus: 16
Os viajantes astutos podem notar que a autoridade no
Numes: Compulsão; Algemas; Ilusão; Telecinésia. (parada de
Cargueiro é chamada de “Almirante”, não “Capitão”. Isso é
dados 22).
estranho, visto que o único navio no Oceano é o Cargueiro,

200
Capitulo Cinco: Os Dominios Mortos