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Capitalismo e protestantismo

"Os principais objetos de estudo de Weber na sociologia foram o capitalismo e o


protestantismo, levando o sociólogo a desenvolver uma sociologia da teologia. A visão
weberiana do capitalismo era diferente da visão marxista. Enquanto Marx via no
capitalismo a exploração do proletariado pela burguesia, Weber encara-o como o fruto
de um ideal, o ideal do capitalismo. Como um ideal, o capitalismo promovia uma
espécie de racionalização do trabalho e do dinheiro, sendo sustentado pela
prosperidade e pela capacidade cada vez maior de gerar dinheiro.

Max Weber foi profundamente influenciado pela filosofia de Immanuel Kant


sustentada pelo idealismo. Para Kant, o plano das ideias e conceitos deveria pautar
todo o trabalho filosófico, que partiria da prática para chegar aos conceitos mais puros
e a priori (anteriores a qualquer vivência material). Weber acreditava que o
capitalismo originava-se com um ideal, com um espírito, e a partir disso, esse sistema
ia sendo construído na prática. Com base nesse ideal, surgiu a noção de administração
como ciência capaz de promover o crescimento do capital.

Para escrever A ética protestante e o espírito do capitalismo, Weber leu o texto


Conselho a um jovem comerciante, de Benjamin Franklin. Com base nesse texto, que
expressa a noção que ficou conhecida como um bordão de Franklin, time is money
(tempo é dinheiro), e da observação de nações europeias e dos Estados Unidos, Weber
elaborou a teoria que dizia que o capitalismo teria sido aprimorado com o
protestantismo, em especial o calvinista (em nações como a Inglaterra e os Estados
Unidos). Para Franklin, o dinheiro deveria ser movimentado e ampliado, e essa
ampliação dava-se como ensinava a tradição calvinista, por meio do trabalho.

Para os calvinistas, havia uma noção de predestinação (trabalhada por Weber como
hipótese a ser considerada) que dizia que o homem já nascia predestinado ao paraíso
ou ao inferno. A maneira de saber se determinada pessoa iria para o céu era medir o
seu sucesso no trabalho e a sua resistência ao pecado. Como pecado, os calvinistas
incluíam as diversões fúteis, como festas e luxo, além do ócio e da preguiça.

O homem de valor para os calvinistas era aquele que trabalhava muito, o máximo que
o seu corpo aguentasse, e não se entregava aos prazeres da vida, acumulando assim
cada vez mais dinheiro. Para as outras vertentes protestantes, há uma ideia geral bem
semelhante a essa de valorização do trabalho e de fuga dos prazeres.
Isso fez com que Weber enxergasse a diferença de desenvolvimento econômico entre
nações predominantemente protestantes que se tornaram as maiores potências
econômicas (Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos) e nações predominantemente
católicas que não tiveram tanto crescimento econômico, como Espanha, Portugal e
Itália.

A ideia do teórico político e estadista estadunidense Benjamin Franklin estava


sustentada no ideal calvinista, e o aumento do dinheiro por meio do trabalho e da fuga
do ócio e dos prazeres parecia ser uma hipótese bem plausível para Weber, no sentido
de medir o sucesso de uma pessoa. Era esperado de alguém que conseguisse ganhar
dinheiro multiplicá-lo para mostrar o seu valor pessoal e moral.

A ética, nesse sentido, era uma prática voltada para um modo de agir que fugisse de
qualquer distração e de qualquer pecado e que procurasse no trabalho o maior meio
de chegar-se a Deus. Por isso Weber ficou tão frustrado durante um tempo de sua vida
em que não conseguia obter sua sustentação financeira e sentiu vergonha do tempo
em que foi acometido pela depressão e não conseguiu trabalhar."

https://brasilescola.uol.com.br/biografia/max-weber.htm

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