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Curso: Ciências Sociais.

Disciplina: Sociologia III Prof. : Mauro Rovai.


Aluna: Joyce Dubbio da Silva (142149).

“Um dos elementos componentes do espírito capitalista [moderno], e não só deste, mas da
própria cultura moderna: a conduta de vida racional fundada na ideia de profissão como
vocação, nasceu – como queria demonstrar essa exposição – do espírito da ascese cristã” (p.
164 – itálicos do autor).

Max Weber (1864) investiga o sistema capitalista moderno e a conjuntura que viabilizou sua
ampla dissipação, consequentemente cruzou dados para averiguar até que ponto os pilares
religiosos contribuíram para a expansão do “espírito". Para tal são apresentados tipos ideais de
“espírito do capitalismo” e de “ética protestante” - esta noção de tipo ideal é uma das
contribuições mais caras de Weber à teoria sociológica - o tipo ideal de “ética protestante”
apresentado por Weber é o modo puritano de conduta de vida, onde a principal característica é
o tratamento do trabalho mundano cotidiano como um dever.

O autor retoma a concepção que Lutero tinha de “vocação”: algo que o indivíduo deve aceitar
como um título divino dado por Deus. Percebendo que essa expressão era presente entre a
maioria dos protestantes Weber a concebe como a raiz da ética que pretende apresentar.
Semelhante a Lutero, Calvino afirmava que a salvação pela graça se daria mediante a fé,
excluindo qualquer mérito humano, mas introduziu a doutrina da predestinação por decreto de
Deus que consiste em acreditar que alguns homens estão predestinados à vida eterna e outros
à morte eterna e somente Deus saberia quem está predestinado.

Esse processo não aconteceu de forma intencional, foi uma consequência imprevisível, é
decorrente de um problema soteriológico, ou seja, de saber quem está salvo, quem vai para o
“céu". A igreja se estabilizou como o único caminho para a salvação, mas faltava estabelecer,
quem seria salvo? Foi posto que os eleitos seriam aqueles que têm a firme confiança de que o
são, logo o trabalho profissional foi visto como um meio eficaz de adquirir esta autoconfiança.
A ascese protestante formou o estilo de vida capitalista tal como o conhecemos, por meio de
uma espécie de retroalimentação. Na ótica weberiana houve um contexto específico em que
protestantismo e capitalismo se “afinaram” nos mesmos grupos sociais. Weber provou as
consequências de outros aspectos da vida. Os puritanos condenaram o gozo da riqueza, lazer e
prazer, e enfatizaram que perder tempo é o pecado mais grave. A prescrição não é apenas se
preocupar com a carreira como um sinal de eleições. Os verdadeiros cristãos devem se livrar
da preguiça. Esses são os inimigos do ascetismo.

A riqueza não era um problema e sim uma tentação que podia te levar ao ócio, era permitido
ficar rico para Deus, mas a ostentação de tais riquezas não. O trabalho era cada vez mais
estimulado como uma saída divina, somado a restrição de luxos fez com que se gerasse muito
dinheiro, essa riqueza era reinvestida, o que possibilitou a acumulação do capital.

A conclusão a que Weber chega é que, quando o ápice do entusiasmo religioso passou, os
efeitos da educação para a ascese ficaram, surgiu então um conjunto dos costumes e hábitos
fundamentalmente burgueses onde lucrar era mais que permitido, totalmente estimulado, e
solidificou o engajamento dos empresários e a estagnação dos trabalhadores.

Os mesmos conteúdos puritanos eram encontrados no capitalismo, porem já apagados da


fundamentação religiosa. A ascese acabou contribuindo para edificar o cosmos da ordem
econômica moderna. Além disso, a extensão desta espécie de racionalização da vida se deu de
tal forma que afetou todas as dimensões humanas e o dever profissional, apesar de perder o
arrimo religioso, passou a rondar a vida como um fantasma.

No entanto, os argumentos weberianos têm se mostrado atualizados e relevantes para


demonstrar características importantes do sistema econômico capitalista. Ao expor o impacto
da racionalização na vida de puritanos e protestantes sobre o espírito do capitalismo, revela a
possibilidade de se pensar como a racionalização pode combinar elementos inovadores com o
capital.

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