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Infância e Sociedade no Brasil:

Uma Análise da Literatura *

Maria Rosilene Barbosa Alvim


Licia do Prado Valladares

Introdução sobre as condições de vida das cam adas po­


pulares 1 no contexto do capitalism o emer­
A presença m arcante de crianças e jovens gente. T anto se falava das crianças explo­
no atual cenário das grandes cidades brasi­ radas pelo trabalho industrial como de
leiras se faz acom panhar da proliferação de crianças abandonadas, vadias, mendigas,
textos sobre a questão do m enor, levando à que integravam o universo cruel da grande
suposição de que se estaria dianíe de um cidade e que foram retratadas com grande
fenôm eno recente, seguido de perto pelo realismo por escritores famosos da ép o ca .2
olhar arguto do cientista social. A preocupação da sociedade com a in­
Um exam e cauteloso e detalhado da pro­ fância pobre tam bém vem do século pas­
dução intelectual voltada para a análise da sado. São inúm eras as referências às múl­
infância sugere, no entanto, tratar-se de tiplas ações e propostas provenientes do
tem a presente desde o século X IX , tan to no Estado, do patronato, da Igreja, de filan­
Brasil como no exterior, cm texto de m é­ tropos, médicos e juristas, sobretudo no
dicos, juristas, políticos, cronistas, jornalis­ caso francês. O debate sobre a “conserva­
tas e escritores em geral, preocupados com ção das crianças” (Donzelot, 1980) já se
o exame e as possíveis intervenções sobre fazia presente desde os meados do século
a cham ada "questão social". X V III quando, junto aos asilos para me­
Um olhar para o passado revela que a nores abandonados, instituiu-se o “sistema
questão da infância foi um fenôm eno re­ da ro d a ” que perdurou p o r quase um
corrente em contextos de rápida industria­ sécu lo .3 De igual m odo, temas como o
lização e desenvolvim ento urbano acelera­ sistem a de nutrizes (am as de leite), os
do. N a França e na Inglaterra do século conventos industriais ( w orking houses) e a
X IX as crianças faziam parte da reflexão necessidade de fam iliarização das camadas

* Este trabalho integra o prim eiro capítulo do relatório de pesquisa A Infância Pobre
no Brasil: um a A nálise da L iteratura, da A ção e das Estatísticas, de autoria de Licia
do Prado V alladares (C oo rd en ad o ra), M aria Rosilene Barbosa Alvim, R osa M aria Ribeiro
da Silva, Irene Rizzini, Lilibeth M. C. R oballo Ferreira, Elisa Lustosa C aillaux e Flávio
B raune W iik. IU P E R J/F O R D , M arço, 1988, 267 pp. As autoras desta resenha bibliográfica
agradecem a colaboração de A napaula A ndrade Rocha (N E PI — UFRJ) que atuou como
assistente de pesquisa.

BIB, Rio de Janeiro, n. 26, pp. 3-37, 2.° sem estre de 1988 3
populares integram o debate da época m arcada pelo crescim ento acelerado de duas
(Sandrin, 1982). m etrópoles, pela Abolição da Escravatura
M algrado diferenças de interpretação e de e a conseqüente criação de uma força de
posição, todos se preocupam com os altos trabalho livre urbana — tam bém constituída
índices de abandono, vadiagem e m endi­ por contingentes de im igrantes estrangeiros
cância constatados nas grandes cidades eu­ — que a infância pauperizada surge como
ropéias. O diagnóstico coincide: a paupe- parte da questão social. 4
rização e a m iséria se associam na geração Era um a época em que o Rio de Janeiro
e São Paulo já funcionavam como pólos
do abandono; a criança nascida de relações
de atração para o resto do país e conviviam
ilegítimas, num quadro de péssimas condi­
com diversos problem as advindos de um
ções de habitação, num am biente onde a
processo de urbanização acelerado: insalu­
prom iscuidade e o vício predom inam , tem bridade, alta taxa de m ortalidade infantil,
como destino “n a tu ra l” o m undo dos des- epidemias diversas e dizim adoras, pauperi-
possuídos, dos desordeiros, onde a “desor­ zação de am plos segmentos da população
dem floresce na mesma proporção que as que não conseguiam se inserir no mercado
doenças” (Chesney, 1982: 9 9). Em oposi­ formal de trabalho. Em paralelo corriam a
ção a este m undo da desorganização social violência, a crim inalidade, a m endicância
e como a tábua possível de “ salvação” da e a vadiagem (Kowarick, 1987; Fausto,
infância da classe trabalhadora, é apresen­ 1985; J. M. Carvalho, 1987).
tado o universo fabril, sim bolizando o tra­ Os diversos autores que vêm se dedican­
balho, a disciplina e a ordem . Os em presá­ do a reconstruir o Rio de Janeiro da virada
rios se juntam a setores da Igreja e aos do século transm item a imagem sintética de
reform adores sociais na veiculação de um a um a cidade que passou, durante a prim eira
concepção onde o trabalho é a via de década republicana, pela fase turbulenta de
condução à cidadania da classe trabalha­ sua existência representando um verdadeiro
dora. “inferno social” (Carvalho, 1987: 15).
Esta literatu ra sobre o século X IX ex­ G rande parte da população estava reduzida
pressa claram ente a idéia de duas realida­ à situação de vadios compulsórios, reve-
des possíveis. A prim eira é p autada por z a n d o se nas únicas práticas alternativas
duas instituições básicas — a fam ília e que lhes restavam : o subem prego, a mendi­
a fábrica, principais responsáveis pela cância, a crim inalidade, os expedientes
socialização das classes trabalhadoras. Pa­ eventuais e incertos. Isso q uando a penú­
ralelo ao prim eiro, um “ segundo” mundo ria e o desespero não os arrastavam ao
teria sua ordenação p autada pelo crime, delírio alcoólico, à loucura ou ao suicídio
pela recusa à disciplina necessária ao tra­ (Sevcenko, 1983: 59).
balho industrial e onde a fam ília enquanto No bojo desse quadro social está pre­
célula básica sc fazia ausente. Como parte sente a infância abandonada, cuja situação
deste m undo, a rua aparece como o princi­ de miséria e risco é tema de indignação
pal agente de socialização dos supostos per­ geral, preocupando desde cronistas e jorna­
sonagens da desordem. listas até médicos, políticos e juristas. As­
Os temas do trabalho, da fam ília e da sim é que já em 1899 registra-se a criação
rua são parte da discussão sobre a infância do Instituto de Proteção e Assistência à
das classes populares na literatura interna­ Infância no Rio de Janeiro pelo médico
cional e serão considerados nas páginas a A rth u r M oncorvo Filho, fruto de sua pró­
seguir, ao se ten tar fazer um tipo de refle­ pria iniciativa. Seus objetivos eram m últi­
xão sem elhante para o Brasil. plos e amplos: exercer a proteção sobre as
crianças pobres, doentes, m oralm ente aban­
A Descoberta da Infância Pobre no Brasil donadas; regulam entar a lactação m ercená­
ria; d ifundir entre fam ílias proletárias no­
No Brasil a infância pobre vem sendo ções elem entares de higiene infantil, in ­
objeto de discussão desde o final do século cluindo a necessidade de vacinação; regu­
X IX , integrando a preocupação m aior com lam entar o trabalho da m ulher e da crian­
a emergência de um a nova ordem social que ça na indústria; exercer tutela sobre me­
então se delineava com o advento da R epú­ ninos m altratados ou em perigo m oral (Rus­
blica. É no bojo de um a situação u rb an a so, 1985-66-67).

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Tais preocupações expressam o despertar terrogados, mentem a princípio, negan­
de uma consciência da especificidade da do; depois exageram as falcatruas e
infância e da necessidade de separá-la do acabam a chorar, contando que são o
m undo dos adultos, pleno de vícios e pro­ sustento de uma súcia de criminosos
pícios à form ação de novas gerações de que a polícia não persegue” (João do
indivíduos vadios, indisciplinados, incapa­ Rio, 1952: 175).
zes para o exercício do trabalho. Rago
(1985), exam inando a ação de M oncorvo T al descrição, produzida em 1908 a
Filho, sugere que seus projetos, além da partir de conversas com 96 garotos, estran­
higienização, tinham como objetivo a dis- geiros, negros, m ulatos (João do R b , 1952:
ciplinarização da cultura popular via a 179), revela um discurso que é antes de
redefinição de alguns dos hábitos cotidia­ tudo de denúncia: as crianças são vistas
nos das fam ílias pobres. em prim eiro lugar como vítim as de adultos
A reform a do serviço policial do D istrito inescrupulosos, que as exploram das mais
Federal em 3902, propondo a criação de variadas form as (a indústria de esmola, por
colônias correcionais para a reabilitação, exem plo), induzindo-as ao m undo da m en­
pelo trabalho e instrução, dos mendigos dicância e do crime. A própria fam ília é
válidos, vagabundos ou vadios, capoeiras muitas vezes responsável pela indução a
e menores viciosos, dem onstra preocupação práticas indesejáveis, supondo-se desta for­
sem elhante: os riscos de um a reprodução ma um a certa hereditariedade no com por­
social via a m endicidade e a crim inalidade. tam ento desviante dos filhos. Por fim, a
O reconhecim ento da infância das clas­ denúncia se volta de form a contundente
contra a rua, espaço m or de socialização
ses populares como um a questão social
da criança “em perigo m oral”. A veem ên­
já está delineado na prim eira década do
cia das palavras do Senador Lopes Trovão,
século. Em 1906 é apresentado na Câmara já em 1896, denota o significado perverso
Federal o prim eiro projeto de criação de dos espaços públicos representados pelas
um Juízo de M enores que, apesar de rejei­ ruas e praças:
tado na época, já expressava a necessidade
de uma esfera do Judiciário para lidar com “ É nesse meio peçonhento para o
o universo crescente da então cham ada corpo e para a alm a, que boa parte
“infância desvalida”. Com efeito, no âm bito da nossa infância vive às soltas, em
do problem a mais geral do caos urbano liberdade incondicional, ao abandono,
do Rio de Janeiro, “o que mais cham ava im buindo-se de todos os desrespeitos,
a atenção dos políticos, jornalistas e intelec­ saturando-se de todos os vícios, apare­
tuais era o crescim ento vertiginoso da de­ lhando-se para todos os crim es” (Lopes
linqüência infantil e ju v en il” (Sevcenko, T rovão apud M oncorvo Filho, 1926:
1983: 62). A s palavras do cronista João do 128).
Rio, em 1908, constituem verdadeira des­
crição etnográfica desse universo diferen­ Um estudo realizado a p artir de uma
ciado: coluna do Jornal do Brasil intitulada “Q uei­
xas do P ovo” (Silva, 1988) sugere que a
“H á no Rio um núm ero considerável cidade se indignava com os “m eninos deso­
de pobrezinhos sacrificados, petizes cupados que proferiam palavrões e apedre­
que andam a guiar senhoras falsam ente javam pessoas”. Em 1910, várias das quei­
cegas, punguistas sem proteção, p aralí­ xas registradas no referido jornal falavam
ticos, am putados, escrofulosos, gatunos de “m altas de m enores desocupados que
de sacola, apanhadores de pontas de cometiam toda sorte de desatinos” , tanto
cigarros, crias de famílias necessitadas, no C entro com o na Z ona N orte do Rio.
simples vagabundos à espera de com- Crianças e jovens eram caracterizados como
placências escabrosas, um m undo va­ “vagabundos” que se reuniam p ara prom o­
rio, o olhar de crim e, o b roto das ver desordens e desrespeitar a m oralidade
árvores que irão obum brar as galerias das fam ílias.
d a D etenção, todo um exército de de­ Pensada em oposição ao espaço fam iliar,
sabrigados e de bandidos, de prostitu­ privado, a ru a é entendida como locus
tas futuras, galopando pela cidade à de não-subordinação à fam ília e ao trabalho.
cata do pão p ara os exploradores. In ­ H abitada p o r um a população m arginal que

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rompe com os valores da m oral e dos cos­ separando a infância pobre da infância dos
tumes, a rua se opõe ao espaço disciplinado demais segmentos so ciais.6
da família e da fábrica, lugares de sociali­
zação legítimos por excelência. “ Já estão presentes, nesta primeira
lei que regulam enta a assistência ao
“O s m aus exemplos que a criança menor, os temas em torno dos quais
aprende no convívio da m ultidão anô­ girará, mais tarde, todo o D ireito do
nima são germes desm oralizadores que M enor: a distinção en tre m enor aban­
trabalhando hoje com o motivo passa­ donado e delinqüente, a du p la defini­
geiro de perturbação atuarão am anhã ção de abandono (m oral e físico ), a
como causa perm anente de dissolução necessidade de determ inar salubridade
das fam ílias” (Lopes Trovão apud (moral e física) do meio de onde pro­
Moncorvo Filho, 1926: 132). vinha a criança, a restrição do pátrio
poder” (Russo, 1985: 6 4 ) .7
Na década de 20, a questão da infân­
cia pobre se torna objeto da alçada jurídica. D irigido durante quase dez anos por
D ando seqüência a um conjunto de leis Cândido de Mello M attos, o Juízo de Me­
voltadas para a regulam entação do traba­ nores do Rio de Janeiro, então D istrito
lho do m e n o r,5 os juristas vão se voltar Federal, teria para além da ação jurídica
para os m eninos não absorvidos pelo ramo uma prática social claram ente definida, re­
industrial que constituíam um desafio à presentando a prim eira in tervenção direta
sociedade urbana emergente quando “va­ e sistemática do Estado na questão da
diando” pelas ruas. Assim, em 1921, a Lei infância pobre no país, Recém-criado, o
4.242 modifica o Código Civil, determ inan­ Juízo de M enores toma a si a iniciativa de
do que se considere “abandonado" o m enor criar os prim eiros estabelecim entos oficiais
sem habitação certa ou meios de subsistên­ de proteção à infância: o cham ado Abrigo
cia, órfão ou com responsável julgado inca­ de M enores, a Casa M aternal M ello M attos,
paz de sua guarda. T entando por esta via a Escola de Reform a João Luiz Alves, o
pressionar as fam ílias pobres a exercer con­ Recolhimento Infantil A rth u r Bernardes e
trole sobre seus filhos, os juristas conse­ a Casa das Mãezinhas.
guem tam bém pressionar o Estado a criar, Atuando em duas fren tes, a ação desse
em 1923, o Juízo de M enores do D istrito Juízo expressa uma dupla preocupação: de
Federal, 17 anos após a proposta frustrada um lado, proteger a m ão-de-obra infantil
de Alcindo G uanabara. À criação do Juízo largam ente utilizada na ép o ca pelas fábri­
segue-se, em 1927, o prim eiro Código de cas; de outro, com bater o m al-estar social
Menores (D ecreto n. 17.943-A), cujo obje­ provocado pela m endicância e crim inali­
tivo é “ consolidar as leis de assistência e dade, isolando em instituições especializa­
proteção a m enores”. O espírito do Código das os m enores aban d o n ad o s e delinqüen­
se expressa logo no seu 1.° Capítulo, quan­ tes.
do diz que o objetivo c fim da lei é “o Tal perspectiva intervencionista m uito se
menor, de um ou outro sexo, abandonado aproxim ava da proposta do m édico M oncor­
ou delinqüente, que tiver menos de 18 anos vo Filho, que em 1926 p u b licav a o livro
de idade”. Histórico da Proteção à In fâ n c ia no Brasil
A partir de então a palavra “m enor” — 1500-1922, onde após c ritic a r as ações
passa ao vocabulário corrente, tornando-se das instituições religiosas e filantrópicas
um a categoria classificatória da infância (do século XV ao X IX ) sugere que os
pobre. O Código distingue dois tipos de “ poderes públicos atuem e m convergência
menores, os abandonados e os delinqüentes, com o trabalho dos in stitu to s já existentes”
com o que reconhecendo duas variantes pos­ (Moncorvo Filho, 1926: 3i63).
síveis no universo da pobreza. Visto no De grande im pacto na é p o c a , o livro de­
seu todo, o Código expressa a necessidade nunciava sobretudo a preca_riedade da assis­
de leis particulares para os filhos das ca­ tência até então oferecida, à infância —
m adas populares, a serem protegidos e criticada como náo-científi«ca p o r não em ­
“julgados” por um D ireito e um a Justiça pregar padrões da puericulitura e da p edia­
específicos. Como se a sociedade neces­ tria. Por outro lado, co n clam av a que p ara
sitasse e acatasse duas leis e duas justiças, o caso da “infância m o ralm en te ab an d o n a­

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da e delinqüente ( . . . ) a resolução cabe a recém-criada instituição é de âm bito na­
ao governo pela orientação dos com peten­ cional.
tes na ciência do d ireito” (M oncorvo Fi­ Um ano antes, saíra o prim eiro rom ance
lho, 1926: 308). publicado no país inspirado justam ente nas
As palavras de Moncorvo Filho como crianças vivendo nas ruas. Capitães de
que resumiam o pensam ento dom inante da Areia de Jorge A m ado, editado em 1937,
época, expresso através da im prensa, dos constitui um verdadeiro “ docum ento de
políticos e da aliança que se estabelecera ép o ca”, pois mostra que em uma cidade
en tre juristas e médicos no diagnóstico da como Salvador o problem a era encarado
questão. O intervencionism o proposto vai como de calam idade pública, mobilizando
se m anifestar, nos Anos 30, através da a im prensa, o Juizado de M enores, a polí­
criação de estabelecimentos assistenciais cia. A intensa cam panha prom ovida pelo
oficiais e de práticas variadas. Assim é Jornal da Tarde (e utilizada no romance)
que o Juízo de M enores faz realizar nada é elucidativa, a começar pelas suas m an­
menos que três Inquéritos Estatísticos, que chetes: “Crianças L adronas”, “ A Cidade
se fazem seguir da repressão à vadiagem, Infestada por Crianças que Vivem do
à m endicância e à freqüência de menores F u río ”, “ Urge uma Providência do Juiz de
nas zonas de baixo m eretrício, além da
M enores e do Chefe de Polícia".
fiscalização do trabalho de m enores nas
indústrias, no com ércio e nas vias públicas
“ Esse bando que vive da rapina se
(G usm ão, 1944: 16-17).
compõe ( . . . ) de um núm ero superior
O livro O Problema dos Menores, de
a 100 crianças das mais diversas ida­
autoria do Juiz de M enores do Distrito
des, indo desde os oito anos aos 16
Federal, Saul de G usmão, faz referência
anos. Crianças, que naturalm ente, de­
a alguns dos dados provenientes dos In q u é­
vido ao desprezo dado à sua educa­
ritos, realizados ju n to a crianças que pas­
ção por pais pouco servidos de senti­
savam pelo Juízo de M enores. As crianças
mento? cristãos, se entregam no verdor
são classificadas em “quatro classes, numa
dos anos a uma vida crim inosa. São
escaía crescente de gravidade do desajus­
cham ados de ‘Capitães da A reia' por­
tam ento social: ‘D esprotegidos’, ‘abandona­
que o cais é o seu quartel-general
dos’, ‘pré-delinqüentes’ (ou seja, aqueles
( . . . ) O que se faz necessário é uma
em situação propícia à eclosão do crime)
urgente providência da polícia e do
e ‘delinqüentes’ Segundo a mesma fonte,
Juizado de Menores no sentido da
a grande maioria (67% ) se encontraria na
extinção desse bando e para que re­
classe dos “ desprotegidos", tendo procurado colham esses precoces crim inosos, que
o Juízo p o r iniciativa própria, em busca já não deixam a cidade d orm ir em
dc autorização para “ assentar praça” (ser­ paz o seu sono Ião merecido, aos ins­
viço m ilitar), requerer carteira de identi­ titutos de reform a de crianças ou às
dade, atestado de conduta e licença para prisões" (A m ado. 1961: I).
trabalhar (G usm ão, 1944: 52).
A criação da Casa do Pequeno Jorna­ T entando reverter esta imagem clichê,
leiro em 1938 vem de encontro a esse uni­ Jorge Amado redime os Capitães da Areia
verso de “ desprotegidos” onde já se reco­ através da descrição do seu modo de vida.
nhece a presença de m eninos que traba­ da denúncia dos reform atórios, m ostrando
lham na rua, exercendo atividades rem une­ a rua como espaço de formação de uma
radas. A idéia principal, qual seja, a de consciência libertária. Seu personagem cen­
organizar o trabalho já tradicional de ga­ tral, Pedro Bala, de chefe dc bando dos
rotos que vendiam jornais (vide fotografias meninos do cais se transform a, na idade
de M arc F errez), reflete a mesma idéia de adulta, em m ilitante proletário organizador
intervenção: o trabalho na rua é perm itido de greves (A m ado, 1961: 300).
desde que institucionalizado, controlado. Publicado em pleno Estado Novo, a
De iniciativa da prim eira dama do país, prim eira edição do livro — não por acaso
D. Darcy Vargas, a Casa do Pequeno Jor­ — foi apreendida e queim ada em praça
naleiro traduz a preocupação com a di­ pública. N a realidade Jorge Amado fizera
mensão que já ganhara a presença de crian­ uma dupla constatação. Ressaltando, por
ças nas ruas das grandes cidades do Brasil: um lado, um problem a social de amplo

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reconhecimento, chamara, por outro, a centro de assistência a ittães e crianças na
atenção para a rua como espaço de vadia­ primeira infância. Também em Í942, por
gem e de socialização política, podendo iniciativa e com financiamento do empre­
levar à contestação do sistema vigente, sariado industrial, surge o Senai (Serviço
A criação do SAM (Serviço de Assis­ Nacional de Aprendizagem Industrial), cujo
tência ao Menor) em 1940 representaria o objetivo é formar jovens com qualificação
ápice de um processo de intervenção, len­ para diferentes ramos industriais. Seguem­
tamente gestado a partir da década de 20 -se, inspiradas no modelo Senai, institui­
"em prol da solução do grande problema ções semelhantes como o Sesí (Serviço
nacional” (Gusmão, 1944: 55). Sua subor­ Social da Indústria) e o Sesc (Serviço
dinação ao Ministério da Justiça aponta Social do Comércio), ambos criados em
para a preocupação com o combate e pre­ 1946, além do Senac. (Serviço Nacional de
venção à criminalidade infanto-juvenil, Aprendizado Comercial) surgido em 1946.
como também para a prevenção contra Este conjunto de instituições, oriundas
formas “autônomas” de existência entre da iniciativa privada, vai ajudar a compor
jovens das camadas populares. Por trás da uma política social que começara a se soli­
idéia do SAM estão presentes representa­ dificar durante o regime de Vargas.® Ex­
ções amplamente aceitas e discutidas: a pressa também uma preocupação particular
imagem da criança pobre enquanto aban­ com a população maior de 18 anos. Dentro
donada física e moralmente-, uma concepção de uma estratégia tida como de controle
da infância enquanto uma idade que exige social (Allen, 1985), a população alvo seria
cuidados e proteção específicos; as grandes atingida sob múltiplos ângulos: formação
cidades como locus da vadiagem, crimina­ para o trabalho (Senai e Senac); assistência
lidade e mendicância; os espaços públicos à saúde (LBA); assistência e recuperação
(ruas, praças etc.) como espaços de socia­ dos “abandonados e deiinqüentes” (SA.M).
lização da marginalidade. Por fim, a idéia A lei orgânica do ensino primário (1946),
de que cabe a instituições especializadas a que representou a regulamentação deste
“recuperação” e a formação de uma infân­ último pela União, seria outro elemento
cia “moralizada”. Recuperando a “infância básico para compor tal estratégia de polí­
desvalida’', o Estado contribuiria para a tica social, uma vez que estaria na origem
formação de indivíduos úteis à sociedade, da extensão do ensino primário público às
futuros bons trabalhadores. camadas populares.
Não enfatizado no discurso oficial, mas
nem por isto ausente, estaria ainda o temor A Eclosão da Questão do Menor
da rua como espaço possível de contestação
e revolta. Tal possibilidade fora confirmada O aparato institucional gradualmente
pelas revoltas populares do Rio na Primeira montado nos Anos 40, do qual o SAM era
República e sugerida de forma romanceada o “carro chefe", é sem dúvida um indicador
por Jorge Amado. Com efeito, o medo do de que a questão do menor saíra dos textos
descontentamento das massas está presente jurídicos para se tornar uma preocupação
no proclamar a “função social ampla de nacional. No pós-guerra, o Estado e a
assistência do Estado à infância e à juven­ iniciativa privada vão traçar uma estraté­
tude [que] tem que encarar todos os pro­ gia de combate à criminalidade infanto-
blemas que, de perto, influem na formação -juvenil, seja através de instituições para
das gerações futuras para prever os desa­ proteção e recuperação das crianças pobres
justamentos das massas populares cujos (Orfanatos, institutos e casas de reform a),
maiores coeficientes se encontram nas ca­ seja através de instituições de formação
madas proletárias” (Gusmão,. 1944: 112). para o trabalho (Senai, Senac etc.).
De 1940 em diante, em seqüência ao pró­ Um olhar sobre as estatísticas provenien­
prio SAM, são criadas inúmeras instituições tes da série histórica dos censos demográ­
voltadas para atender de diferentes formas ficos sugere que o próprio perfil demo­
as crianças e jovens das camadas popula­ gráfico do país também estaria na base
res. Em 1942 surge a Legião Brasileira de dessa crescente preocupação e atuação so­
Assistência (LBA), inicialmente voltada bre a infância, sobretudo dado o fato de
para os filhos dos integrantes da FEB que grarsde parte desta população sempre
(Força Expedicionária Brasileira) que luta­ fez parte dos segmentos mais pobres do
ram na Itália, mas logo se tornando um país.

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TABELA !
Brasil — População Residente de Zero a 19 Anos de Idade
Censo População % População Total Diferença em números absolutos
1872 4.561.686 45,9%
1890 7.300.053 50,9% 1872-90 2.738.367
1900 9.475.849 50,3% 1890-1900 2-175-796
1920 17.296.240 56,5% 1900-20 7.820.391
1940 21.970.469 53,3% 1920-40 4.674.219
1950 27.175.049 52,4% 1940-50 5.240.580
1960 37.024.746 52,8% 1950-60 9.849.697
1970 49.383,716 53,0% 1960-70 12.358.970
1980 59 036.734 49,6% 1970-80 9.653.918
Fonte: Censos Demográficos — IBGE.

Mantendo por um período de quase cem vada de fecundidade, que se faz acompa­
anos um percentual muito elevado da po­ nhar de uma alta taxa de mortalidade in­
pulação jovetn (acima de 50% ), o país viu fantil e de uma expectativa de vida relati­
sua população de zero a 19 anos crescer vamente curfa, as crianças e jovens do
consideravelmente em todos os períodos Nordeste se encontravam em um a situação
intercensitários, Chama especialmente a de desvantagem social" em relação às suas
atenção o crescimento verificado entre congêneres do Sul e Sudeste (Ribeiro da
1950-60 {9 milhões a mais, o que repre­ Silva, 1987).
senta um aumento relativo de 36,2%) se È dentro desse contexto que em meados
confronlado com o da década anterior, dos Anos 60 o Estado intervém na questão
1940-50 (5 milhões, o que representa um do menor, em novos moldes. Dentro de
aumento relativo de 23,9% ). Tais aumen­ uma perspectiva modernizadora, expressa
tos constituem em si um desafio que desde fambém em outros setores da política sociaí
os Anos 40-50 tanto o Estado como a ini­ (habitação e previdência social), é criada
ciativa privada procuravam tafrentar. a Funabem (Fundação Nacional do Bem­
O fato do UNICEF ter ^iniciado sua -Estar do M enor). Idealizada para substi­
atuação no Brasil em 1948, apenas dois tuir o SAM — denunciado pela imprensa
anos após a sua criação, na qualidade de como uma verdadeira “ escola de crime” 11
instituição internacional,9 indica o reco­ e objeto de inque'riCos durante o Governo
nhecimento da questão da infância como Jânio Quadros —, a Funabem teria como
uma questão premente, que se agravaria objetivo imediato “ sanear” a atuação até
nas décadas seguintes. Com efeito, parale­ então desenvolvida peio governo. 12 Era
lamente ao processo de modernização e como que o reconhecimento oficial da
industrialização que o país conheceu a par­ falência da ação das agências governamen­
tir dos Anos 50, assistir-se-ia a uma urba­ tais: destinado a tirar as crianças da rua,
nização acelerada, concentrada, que apesar o SAM as havia internado para ressociali-
de apresentar um relativo dinamismo do zã-las na marginalidade, “formando” vários
emprego industrial, geraria acentuados ní­ dos bandidos da época.13 .
veis de desigualdade e pobreza.10 Os índi­ Á contraproposta da Funabem se basea­
ces assustadores a que se chegou na década ria numa nova concepção de reeducação
de 60-70 — na área urbana, em 1970, 53% do menor, não pautada exclusivamente na
das famílias tinham renda per capita infe­ internação, mas no apoio à família e à
rior a meio salário mínimo (Abranches, comunidade (Passetti, 1982). Por outro
1985: 32) — indicam o quadro de condi­ lado, partia-se de uma nova concepção orga­
ções de vida em que se insere um grande nizacional: uma fundação nacional e várias
número de crianças e jovens no país. Ali­ fundações estaduais. A Funabem seria o
mentadas por um processo de desenvolvi­ órgão central encarregado muito mais de
mento desigual, importantes diferenças re­ ditar uma política nacional do que de
gionais, sobretudo entre as regiões Norte- executá-la diretamente. Adotando-se o m o­
-Nordeste e Sul-Sudeste, também condicio­ delo de fundação, a execução da política
nariam a trajetória de grande parte da seria mais flexível desde que a cargo das
população jovetn: Com uma taxa mais ele­ fundações estaduais.
Menciona-se ainda (Passetti, 1982; Melo, bos os casos por sociólogos, tais pesquisas
1986) a relação entre o surgim ento da constituem os prim eiros estudos sistemá­
Funabem e o Estado autoritário, num a lei­ ticos que se conhece sobre a problem ática
tura da questão do m enor corno de “segu­ da infância, m arcando de certa forma a
rança nacional”. Nesse sentido caberia à entrada das ciências sociais no tratam ento
Funabem “exercer vigilância sobre os me­ do tema.
nores. principalm ente a p artir de sua con­ Tam bém é dos Anos 70 a Pastoral do
dição de carenciados, isto ê, próximos a M enor, que marca uma preocupação espe­
uma situação de marginalização social”. cial da Igreja com a população jovem e
T al concepção parece ter o estado presente pobre do país. Precedida por iniciativas
nas reuniões da Escola Superior de G uerra, de religiosos que em diversas cidades cria­
onde se teria cogitado da criação da Funa­ ram instituições e programas alternativos
bem (Costa, 1987: 75). àqueles das fundações estaduais (como é
Apesar da relação que se pode estabele­ o caso, por exem plo, da República do Pe­
cer entre a criação da Funabem e a Revo­ queno V endedor, de Belém, e do CESAM,
lução de 1964, é im portante lem brar que a de Belo H orizonte), a Pastoral do Menor
idéia de um novo órgão para substituir o só se institui enquanto tal em 1978, em
SAM já vinha sendo cogitada desde o final São Paulo. A questão do m enor é colocada
dos A nos 50, o que perm ite supor que, como prioritária para a A rquidiocese, que
independentem ente do regime autoritário, se engaja em program as oficiais existen­
ocorreria de fato uma mudança na política tes. 14 D entro de um a preocupação prática,
do Estado frente ao m enor. Cabe entre­ a Comissão de C entro de Estudos de Jus­
tan to . assinalar que é característica dos tiça e Paz da A rquidiocese de São Paulo
Anos 60 a ampliação da presença do Estado encom enda em 1978 ao C entro de Estudos
na política .social em todos os seus níveis. d e C ultura Contem porânea — Cedec uma
Nesse sentido vale a associação entre a pesquisa sobre as crianças e jovens que
criação da Funabem e o novo regime que vivem nas ruas da capital paulista, cujos
perduraria no país por mais de 20 anos. resultados aparecem no livro Meninos de
Paralelam ente à preocupação do Estado Rua.
em intervir de forma global, assisíe-se nos Com efeito, em meados dos Anos 70 a
Anos 70 a um a série de outras iniciativas questão do m enor já ganhara as ruas.
advindas de setores da sociedade também Assistia-se “à invasão dos grandes centros
preocupados com a situação a que chega­ urbanos brasileiros por um contingente,
ram a infância e a pobreza no Brasil. Des- > cada vez mais num eroso, de crianças e
taca-se sobretudo a preocupação dos juris­ jovens que transform avam os espaços pú­
tas que, associando o aumento da crimina­ blicos em locais de produção de ren d a”,
lidade infanto-juveml à pobreza, passam a apropriando-se das ruas e das praças como
organizar com regularidade, através do espaço de trabalho e também de moradia
T ribunal de justiça de São Paulo, Semanas (R ibeiro, 1987: 29).
de Estudos do Problema do M enor. Por A im prensa tornou-se mais contundente
ocasião da X Sem ana, em 1971, foi sugerida na denúncia do problem a, associando insis­
a realização de uma pesquisa sociológica tentemente a crim inalidade infanto-juvènil
sobre o m enor abandonado e in frator em à vida nas ruas das grandes metrópoles.
São Paulo, posteriorm ente desenvolvida Denom inadas agora “ pivetes” e “ trombadi-
pelo C entro Brasileiro de Análise e Plane­ nhas”, as crianças têm sua presença na
jam ento — Cebrap e publicada com o títu­ rua cada vez mais condenada, verifican­
lo de A Criança, o Adolescente, a Ciâaâe. do-se uma pressão sobre os juizes para o
O interesse em conhecer a situação social seu recolhim ento nas instituições especia­
do menor marginalizado na m aior m etró­ lizadas. 13
pole do país tinha antes de tulo um sentido Multiplicam-se as estim ativas de “meno­
prático, desde que os resultados da pes­ res abandonados” e “delinqüentes”, sem
quisa deveriam servir para o rientar a ação que nenhum a, entretanto, perm ita aferir
dos juristas em seu trabalho nos Juizados com exatidão a dim ensão do problem a. A
de M enores. Com intenção sem elhante en­ título de exemplo, para o Rio, calculou-se
comenda-se no mesmo período, no Rio, que só em 1975 passaram 10 mil menores
então Estado da G uanabara, a primeira pelas Delegacias de M enores (Cavallieri,
pesquisa sobre delinqüência juvenil, publi­ 1978: 58). Em São Paulo, em 1986, a
cada em 1975 sob o título D elinqüência Secretaria de Justiça registrou em todo o
Juvenil na Guanabara. Realizadas em am ­ Estado 28.519 processos de m enores aban­

10
donados e infratores e, no mesmo período. dação Estadual do Bem-Estar do Menor
15.942 casos na Capital (Fischer, 1979: 54). (Junqueira, 1986).
Sub ou superestim ados, os núm eros não C oincidindo com a criação do M ovi­
deixavam de traduzir a existência de uma m ento em Defesa do M enor, o novo Código
realidade que tendia a se agravar, colo­ de M enores é aprovado em 1979, meia
cando em situação “ de risco” a infância década após a prim eira consolidação de
pauperizada. É em tal contexto que em leis relativas à infância pobre. C ontraria­
1976 a Câmara dos D eputados instaura mente ao Código de Mello M attos de 3927,
uma Comissão Parlam entar de Inquérito que dera especial ênfase ao trabalho do
— CPI do M enor — , traduzindo assim menor, regulando as condições do seu
a im portância atribuída à questão ao nível exercício, ' o Código de 1979 vai se preo­
do Legislativo e dos poderes constituídos, cupar com os m enores “em situação irre­
preocupados com os altos índices de infra­ g u lar”. Insistindo na penalização. exempli­
ção penal praticada p o r menores pobres. ficada pelo dispositivo da prisão cautelar 18
Resultando no docum ento A Realidade (para m enores in frato res), o Código atual
Brasileira do Menor, a CPI pode ser en­ se volta m uito mais para o m enor infrator
tendida como um m arco, em duplo sentido. do que para o m enor trabalhador, cujos
£ o reconhecim ento que a chamada “ques­ direitos e deveres, desde 3943, passaram a
tão do m enor” tornara-se prioritária e que ser regidos pela CLT.
o Código de M enores de 1927 já estaria A breve análise aqui realizada perm ite
d efasad o 18 por não instituir mecanismos sugerir que nos 50 anos em que a questão
“eficazes” no tratam ento do cham ado “m e­ do m enor foi gradativam ente se constituin­
nor in frato r”. Por outro lado, o docum ento do, a sociedade brasileira, fazendo uso de
resultante da C PI tornou-se “o diagnóstico” instituições, práticas sociais e instrum entos
da situação do m enor pobre no país e os jurídicos diversos, buscou antes de tudo
dados que produziu se revestiram de tal resguardar-se de uma realidade que fugia
legitimidade que se tornaram citação obri­ cada vez mais ao seu controle. Se foram
gatória em todos os docum entos oficiais e várias as respostas oferecidas ao problema,
referência im portante em todas as pesqui­ todas elas basearam-se num a mesma con­
sas sobre o tema. A CPI do M enor reve­ cepção da infância pobre como necessaria­
lava a existência, em 1976, de 13.542.508 m ente perigosa e conseqüentem ente amea­
menores em situação de carência (aqueles çadora. A integração à ordem estabelecida
cujos pais ou responsáveis não possuem sem pre se colocou como necessária, mas
condições para atender às suas necessidades os menores, por perm anecerem à margem
básicas) e 1.909.570 abandonados (não têm (da lei e dos benefícios da so ciedade),
pais ou responsáveis para o atendim ento sempre foram excluídos de um projeto
de suas necessidades b ásicas). Inform ava nacional. O novo Código de Menores é
tam bém que, em 1975, 11.812 delitos haviam prom ulgado num mom ento em que a ques­
sido praticados por m enores, com maior tão do m enor ameaçava fugir totalm ente
incidência no Sudeste (44,17% ) e no N or­ ao controle da sociedade, seja pelo au­
deste (37,98% ). E ainda, segundo estima­ m ento assustador do núm ero de crianças e
tivas baseadas em indicadores sócio-econô- jovens carentes (“pequenos bandidos” em
micos, seria de 25 milhões o núm ero de p otencial), seja pelo aum ento considerável
m enores carentes e ab an d o n ad o s.17 da própria delinqüência juvenil no país.
No final da década, com a celebração do Procurando “acom panhar” esta realidade,
Ano Internacional da C riança e a am plia­ o aparato jurídico reforçou seus dispositi­
ção da atuação do U N ICEFF no Brasil (que vos, exacerbando com o novo Código a
gradativam ente passara de uma função p u ­ punição sobre o infrator pobre.
ram ente assistencial para o apoio direto às
com unidades carentes através de suas p ró ­ A Infância Pobre Vista pelas Ciências
prias organizações), assiste-se a uma m obi­ Sociais
lização geral que ultrapassa os órgãos vol­
tados p ara o atendim ento do m enor. São Na década de 70, quando a questão do
Paulo lidera na criação do Movimento em m enor já fora identificada como um grave
Defesa do M enor em 1979, cuja atuação se problem a social, cientistas sociais são con­
destaca, num a prim eira etapa, em denún­ vocados a pesquisar o tem a, visando for­
cias de maus-tratos e violências cometidas necer subsídios para a ação daqueles que
contra as crianças de São Paulo, principal­ lidavam diretam ente com a infância e a
m ente pela polícia e pela Febem — Fun­ adolescência pobre (mais especificamente
os m enores abandonados e infratores). bém um ou outro tipo de literatura consti­
Encom endados respectivam ente pelo T ri­ tuída p o r relatos autobiográficos e rom an­
bunal de Justiça de São Paulo e pelo ces, e ainda a produção jornalística publi­
Juizado de M enores da G uanabara, os T ra­ cada em livros. No que se refere à p ro ­
balhos do C ebrap (1973) e de Misse et dução das agências oficiais — notadam ente
alii (1973) podem ser considerados como a Funabem — , considerou-se exclusivam en­
pioneiros, por usarem pela prim eira vez te os textos resultantes de pesquisas efe­
instrum entos de pesquisa sociológica para tuadas ou encom endadas por esta institui­
revelar a situação em que se encontravam ção. Ficaram conseqüentem ente excluídos
os m enores abandonados e infratores das docum entos oficiais tais como discursos
duas grandes cidades. O estudo realizado publicados, propostas de atuação, m onta­
em São Paulo cobriu os m enores interna­ gem de projetos etc.
dos em 1971 em todas as instituições pú­ Para a realização de tal levantam ento
blicas e privadas do Município de São consultou-se um conjunto de bibliotecas
Paulo, com binando o uso do questionário existentes no Rio de Janeiro: a do 1UPERJ,
com a entrevista, a história de vida, o do N EPI (N úcleo de Estudos e Pesquisas
estudo de caso e a observação direta. No sobre a Infância — IF C S /U F R J), da Ces-
caso do Rio, a pesquisa centrou-se na de­ m e (Coordenação de Estudos sobre o
linqüência juvenil e baseou-se fundam ental­ M enor — U niversidade Santa Ü rsula), das
mente em fontes secundárias como os Faculdades de Psicologia, Com unicação,
autos de investigação” do Juizado de Me­ Educação e Serviço Social da UFRJ, e
nores (período 1970/71), buscando infra­ ainda as bibliotecas da P U C /R J, do Insti­
tores dentro de cada área de infração. tuto Brasileiro de Desenvolvim ento —
Tais estudos m arcaram a entrada das IBRADES e do Instituto Brasileiro de Aná­
ciências hum anas num a problem ática que lises Sociais e Econômicas — IBASE, além
a p artir de 1970 passa a ser tratada com da própria Biblioteca Nacional e a biblio­
grande ênfase principalm ente por assisten­ teca do Fórum do Rio de Janeiro.
tes sociais, psicólogos, antropólogos, peda­ T endo em vista a localização das biblio­
gogos e sociólogos. tecas consultadas, o levantam ento cobriu
Para realizar um a análise dessa produção mais extensivam ente a produção do Rio de
diversificada, optou-se pela estratégia a Janeiro e de São Paulo, deixando certa­
seguir. Em prim eiro lugar, um levanta­ m ente de fora alguns trabalhos que inte­
m ento bibliográfico que desse conta da gram a vasta produção nacional. Tentou-se
produção dos últim os 20 anos, oriunda superar tais ausências através da consulta
sobretudo das áreas de Sociologia, Psico­ às bibliografias contidas nos próprios tex­
logia, A ntropologia e Serviço Social. T am ­ tos levantados. Acredita-se assim que a
bém considerou-se no levantam ento, em ­ bibliografia apresentada neste trabalho,
bora com m enor ênfase, os trabalhos oriun­ apesar de não exaustiva, cubra o que há
dos da Pedagogia voltados para a questão de mais relevante na literatura sobre a
da educação pré-escolar e prim ária. De
infância pobre no Brasil, publicada a partir
igual m aneira, levantou-se a produção jurí­
dica sobre o tem a do menor, consideran­ dos Anos 60.
do-se, no caso, textos que vêm desde a Perfazendo um total de 212 títulos, o
década de 40, m om ento em que os juristas conjunto da produção pode ser classificado
já haviam m arcado sua presença na refle­ num a prim eira instância segundo o tipo de
xão sobre o tem a. O recorte incluiu tam ­ p u b licação .19

QUADRO 1
Distribuição da Literatura por Tipo de Publicação

Artigos em revistas especializadas ............................................................ 59


Livros (circuito comercial) ......................................................................... 46
Publicações oficiais (Funabem , IBGE, UNICEF) ................................ 36
Relatórios de pesquisa ................................................................................. 29
Teses .................................................................................................................... 25
Comunicações em congressos ....................................................................... 17

T otal .................................. ................................................................................. 212

12
C onsiderando que a literatura levantada dos fenômenos relativos à criança pobre
refere-se a um a produção que não tem brasileira.
mais que 25 anos, cham a a atenção o nú­ Não é nada desprezível o núm ero de
m ero de trabalhos publicados sob a forma artigos em revistas especializadas e teses
de livros (46 ou 2 2 % ). Trata-se de teses não publicadas (25) — o que mais uma
e relatórios de pesquisa ou textos de ori­ vez expressa a legitim idade do tem a para
gem jornalística e literária m arcados forte­ a academ ia. O alto núm ero de publicações
mente por um tom de denúncia, que vie­ oriundas da Funabem . 18GE e U NÍCEF
ram se ju n tar à produção de origem mais (36) revela a preocupação oficial em co­
acadêm ica. O grande núm ero de livros nhecer, para m elhor form ular políticas so­
editados denoía tanto o interesse das edi­ ciais p ara o menor.
toras em relação a este tema emergente 'O conjunto da literatura aqui analisada
quanto o espaço criado no âm bito das tam bém pode ser considerado em relação
várias áreas do conhecim ento (Psicologia, às diversas áreas do país onde o m enor
Sociologia, A ntropologia) para a análise e a criança têm sido estudados.

QUADRO 2
Distribuição da Literatura por Região de Referência

São Paulo ........................................................................................................ 42


Rio de Janeiro ................................................................................................ 30
N ordeste ............................................................'.............................................. 11
Rio G rande do Sul ...................................................................... ............... 10
M inas e Brasília .............................................................................................. 5
Região N orte .................................................................................................. 2
Brasil (país) ..............................-..................................................................... 112

Total ..........................; ....................................................................................... 212

Muito em bora o tem a da criança venha sobre várias capitais do N ordeste, dentre
sendo objeto de estudo do norte ao sul os quais alguns se destacam . Sobre Salva­
do país, a m aior parte da produção se dor: M achado Neto, 1979, 1980; sobre o
refere ao eixo São Paulo-Rio (72 títu lo s). G rande Recife: Ribeiro, 1982; Alvim, 1985;
Nestes grandes ceníros a questão do m enor Vainsencher, 1987; sobre Fortaleza: Fer­
assumiu m aior visibilidade, tanto política reira, 1980; Iplance, 1980; Ceará. 1982.
quanto socialm ente. A!i se concentra a Aparecem ainda textos sobre a criança em
maioria das instituições de ensino e pes­ Brasília (Rodrigues. 1979) e Minas (UCMG,
quisa do país. É no Rio que se localiza a
1984; Renault, 1974).
Funabem , de onde partem as linhas de
atuação para um a política nacional de bem- C ontrastando com os estudos sobre a in­
estar do menor. E no Rio e em São Paulo fância em áreas geograficamente delim ita­
que a im prensa vem exercendo continua­ das (100 trabalhos de um total de 212),
mente um papel de denúncia face a um aparece um outro conjunto de trabalhos
“problem a” que vem se configurando desde (112 de um total de 212) que têm como
o início do século. É finalm ente nas duas referência a questão da criança no Brasil
maiores metrópoles que a sociedade (via num sentido mais global. Tais títulos refe­
Igreja, profissionais do D ireito etc.) vem rem-se menos a pesquisas e mais a análises
se m obilizando com mais vigor para en­ gerais feitas freqüentem ente a partir de
frentar tal situação. estatísticas e indicadores (IBGE. 1981,
Com o agravam ento do fenôm eno fora 1982, 1985; Calsing et alii, 1986).
do eixo Rio-São Paulo, começaram também
a surgir estudos sobre a problem ática da Nos últim os 25 anos, quais têm sido os
infância pobre em outras regiões metropo­ temas explorados pela literatura que vem
litanas do país. Tal produção é ainda se dedicando ao estudo do m enor e da
esparsa m as já im portante. A parecem tra­ infância pobre no Brasil? O Q uadro 3 reú­
balhos sobre M anaus (Araújo, 1965) e Be­ ne a bibliografia levantada segundo temas
lém (Gonçalves, 1979). H á onze trabalhos e períodos.

15
QUADRO 3
Distribuição da Literatura por Temas e Períodos
_ Períodos Década Décad a de 70 Década de 80
Tem as " —— de 60 1970/74 1975/79 (até 87) T O TA L

D elinqüência, Violência e Cri­


minalidade 3 4 5 24 36
T rabalho do M enor 5 5 8 23 41
Legislação sobre o M enor ~ — 3 5 8
O M enor Institucionalizado 1 2 8 17 28
Educação — — 7 14 21
C riança e Família — — 2 13 15
Características Sócio-Econômi-
cas da Criança Pobre 1 2 —. 17 20
H istória da Infância Pobre — — 3 9 12

M eninos d e R ua — — 2 7 9

Política Social para o M enor 1 4 7 10 22

Total 11 17 45 139 212

Conform e o Q uadro 3, cada trabalho foi assuntos: o m enor institucionalizado, ou


classificado segundo o seu tema principal seja, aquele vivendo dentro das múltiplas
e os dez temas que aparecem se referem instituições de educação, proteção e recupe­
a recortes privilegiados pelos autores em ração de m enores; a política social para o
suas análises. C abe assinalar que muitos m enor im plem entada pelas agências gover­
textos poderiam ter sido classificados em nam entais e paragovernam entais; a educa­
m ais de um tem a, a m edida que efetiva­ ção prim ária n o que concerne aos proble­
m ente tratam de mais de um aspecto da mas enfrentados pela criança pobre (eva­
questão. H o entanto, num a prim eira apro­ são e rcp etên cias).21
xim ação optou-se pela classificação única, Vale assinalar que é na segunda m etade
com o objetivo de m elhor qualificar o dos A nos 70 que se configura m ais forte­
conjunto da p ro d u ç ã o .29 m ente a com posição deste cam po tem ático,
R elacionando tem as e períodos observa­ que vê na década de 80 novos tem as se
sse que, no mom ento de surgim ento da afirmarem. Passa-se a dar ênfase a estudos
produção, ou seja, na década de 60, os e levantam entos sobre as características
temas que se destacam são: a) o trabalho sócio-econômicas do universo infantil do
do m enor; b) a delinqüência, a violência país; de igual m aneira elege-se agora como
e a crim inalidade. Interessando-se pelo objeto de estudo as relações entre a criança
tem a, as ciências hum anas nada mais fazem pobre e sua fam ília; estudiosos se debru­
do que se ju n tar ao pensam ento e às p reo­ çam sobre a história da infância pobre no
cupações daqueles que “ tradicionalm ente” Brasil, bem com o sobre a legislação que
lidavam com a infância pobre, elegendo lhe é p ertinente. Finalm ente é lançado com
como objeto de estudo a criança pobre
projeção, pelos meios de com unicação de
enquanto delinqüente e trabalhadora.
A década de 70 inaugura definitivam ente massa, o tem a d o m enino de ru a que vai
a área de estudos sobre o m enor, fruto do im prim ir m arca à produção mais atual.
aparecim ento de inúm eros estudos e pes­ Vista em seu conjunto, constata-se que
quisas. M ultiplicam-se os temas de interes­ tal evolução tem ática se articula de forma
se, que passam agora a incluir, além da m uito direta com a própria realidade da
delinqüência é do trabalho, os seguintes infância p o b re do país, tal qual ela foi

14
sc configurando ao longo das últim as dé­ sociólogos). Sua inserção no Q uadro 4
cadas. É deste modo que pode ser enten­ como produção oficial se deve à sua ori­
dida a passagem do estudo da criança po­ gem (são pesquisas encom endadas por
b re enquanto delinqüente para a análise órgãos públicos ou internacionais voltados
do m enor na instituição e mais recente­ para a ação).
m ente sua abordagem enquanto m enino de Um terço da produção aqui analisada é
rua. oriunda das áreas de Sociologia e A ntro­
T al configuração tem ática tam bém de­ pologia, com o indica o mesmo quadro. Tal
corre de interesses disciplinares específicos produção se caracteriza p o r uma diversidade
, dos produtores de conhecim ento do cam ­ tem ática que a distingue das demais disci­
po, com o indica o Q uadro 4, que expressa plinas. A ntropólogos e sociólogos tanto es­
a relação entre os vários temas pesquisados tudam a delinqüência (Misse et alii, 1973;
e a origem da produção. A rruda, 1983; Q ueiroz, 1984), o m enor
Um prim eiro olhar sobre o Q u ad ro 4 institucionalizado (C ebrap, 1973; A raújo.
m ostra que um conjunto grande e diversi­ 1979; Sader et alii, 1987) e a política de
ficado de especialistas tem se voltado para atendim ento do m enor (Pasetti, 1982),
a análise da criança, sempre buscando per­ como outros temas que aparecem no qua­
ceber aspectos de seu interesse específico. dro. O tema do trabalho, por exemplo, é
Assim, psicólogos e assistentes sociais ele­ objeto privilegiado de cientistas sociais,
geram como temas prioritários aqueles que que ressaltam a participação do trabalho do
têm a ver com questões de sua prática m enor no conjunto da força de trabalho
profissional: a delinqüência e a reintegra­ (Silva et alii, 1982; Alvim, 1984; Spindel,
ção psicossocial de infratores (H olla Hen- 1985, 1987) ou estudam o trabalho infan­
der, 1978), o enquadram ento institucional til enquanto estratégia de sobrevivência
de m enores (G uirardo, 1980, 1986; Cam­ (M achado N eto, 1979, 1980; Medeiros,
pos, 1984; Rizzini, 1985), os processos dis­ 1985). A discussão da criança em sua rela­
ciplinares nos internatos (Violante, 1982; ção com a família é outra temática impor­
A ltoé, 1985). Constata-se que mais da me­ tante lançada pelos trabalhos de A ntropo­
tade desta produção, tan to da área da Psi­ logia e Sociologia que ressaltam , seja o
cologia quanto da área do Serviço Social, processo de socialização de crianças na
enquadra-se precisam ente nos temas da família e na com unidade (Fonscca, 1982,
D elinqüência e do M enor Institucionaliza­ 1985, 1986; Z alu ar, 1983, 1985; Valladares.
do. 1986), seja a articulação entre o trabalho
De igual m odo é grande a aproxim ação infantil e a fam ília da classe trabalhadora
entre prática profissional e tema de pes­ (Alvim, 1985). De igual m odo a legislação
quisa encontrada entre os educadores e sobre o m enor e a história da infância
pedagogos. Estes vão concentrar sua aten­ pobre no Brasil (temas tradicionalm ente
ção na análise de fenôm enos com o a mar- tratados por advogados na literatura ju rí­
ginalização das crianças pobres e seus efei­ dica) com eçam a ser repensados à luz da
tos sobre a aprendizagem (D uarte, 1978) Sociologia e da A ntropologia (Correa,
ou o estudo da reflexão entre escola e 1982; A raújo, 1984; G onçalves, 1987; Al-
com unidade (G irard i, 1978), ou ainda varez, 1987; Simões, 1987).
questões relativas à form ação de professo­ O menino de ru a é outro tem a lançado
res p ara o ensino nas escolas públicas pelas ciências sociais com grande ênfase,
(Brandão, 1982). No mesmo quadro, mais tendo penetrado como objeto de pesquisa
da m etade dos trabalhos oriundos das entre as demais disciplinas. O livro de
áreas de Educação e Psicologia aparece Fisher Ferreira (1979) aparecia em São
classificada no tem a Educação. Paulo no mesmo ano que o de Gonçalves
Uma convergência tam bém é encontrada (1979) no Pará e ambos consagraram a
ao nível da produção oficial, que define expressão pela qual a sociedade passou a
com o temas prioritários a caracterização se referir à criança pobre.
sócio-econômica da criança carente (Cal- P ara finalizar a análise do Q uadro 4,
sing et alii, 1986; BGE, 1981, 1982, 1985) cabe um a referência à produção que sc
e a política social para o m enor, apresen­ denom inou jo rnalística/literária. O riginan­
tada através de diagnósticos (Funabem , do-se fora da academ ia, mas ocupando uma
Í973, 1987). Cabe ressaltar que grande posição im portante na discussão do lugar
parte desta produção que se denom inou de da criança pobre na sociedade atual, tal
“oficial” foi realizada p o r técnicos de fo r­ produção vem revestida de um forte tom
mação variada (econom istas, demógrafos, de denúncia. São livros e depoimentos
QUADRO 4
Distribuição da Literatura por Temas e Origem da Produção

I
escritos por jornalistas (com o A Tragédia as palavras “jo v e m ”, “m en in o ”, “criança".
d e Edmilson, um M enor Abandonado) ou O term o “m enor” é jurídico e invocaria
pelos próprios m enores (H erzer, 1982: sobretudo a “anorm alidade”, a “ irregulari­
Coílen, 1987), ou ainda rom ances (Louzei- d ad e”, com o estados em que certaj pessoas
ro , 1977; M aciel, 1983) que já chegaram até 18 anos pudessem se encontrar. Caval-
mesmo a se transform ar em film es,22 dado lieri (1978: 15) lem bra, m uito apropriada­
o seu im pacto junto ao grande público. m ente, que no interior das famílias existem
O ferecendo um a visão do m undo do ado­ crianças, garotos, brotinhos. Diz-se “o meu
lescente a p artir do m enor adolescente, tal filh o ”, “o meu garoto” — jamais “o meu
literatura privilegia tem as presentes nas m en o r”. “Dir-se-ia que m enor é o filho dos
análises dos especialistas anteriorm ente re­ o u tro s” (C avallieri, 1986: 3 ). A m bos os
feridos — como a delinqüência e a vio­ autores cham am p ortanto a atenção para
lência — , só q u e enfatizando com mais a natureza distinta das denom inações utili­
vigor a violência da sociedade sobre o zadas: os term os “ m enino” , “garoto”,
m e n o r.23 “ criança”, fazem parte de um universo afe­
tivo, familiar, privado; o term o “m enor”
a) A s D iferentes Categorias Utilizadas pela aponta para a despersonalização e rem ete
Literatura ou a Transformação das à esfera do jurídico e, portanto, do público.
“Crianças” em “M enores” Refere-se a uma pessoa cuja idade a coloca
em posição distinta das demais, perante as
Do início do século, quando se começou leis (C avallieri, 1986: 2 ).
a pensar a infância pobre no Brasil, até Um outro autor (Correa, 1982) observou
hoje, a term inologia m udou. D a “ santa com argúcia que o próprio term o sofreu
in fância”, “ expostos” , “ órfãos”, “ infância um a transform ação ao longo do tempo.
desvalida”, “infância aban d o n ad a”, “peti- U tilizado inicialm ente com o adjetivo para
zes”, “peraltas” , “m enores viciosos” , “in­ qualificar um a faixa etária da população
fância em perigo m oral”, “pobrezinhos sa- (o trab alh ad o r m e n o r), transformou-se num
crificados”, “ vadios”, “capoeiras", passou- substantivo ao qual são atribuídos qualifi­
-se a um a categoria dom inante — menor. cativos diversos (m enor abandonado, m e­
M uito em bora nas constituições do século nor infrator, m enor carente etc.). Tal in­
X IX já se falasse em m enoridade civil e versão possibilitou que o term o “ menov”
crim inal, o term o “m en o r” só aparece como se tornasse um a categoria, fornecendo base
categoria classífícatória da infância pobre a todo um sistem a classificaíório, de m úl­
com o prim eiro Código de M enores de tiplas variantes. E nquanto categoria social­
1927. Desde então os qualificativos só têm m ente construída, a palavra “m enor” detém
se m ultiplicado: "m enor ab an d o n ad o ”, hoje um significado uno no qual estão
“ m enor delinqüente”, “m enor de conduta em butidas as noções de pobreza e delin­
anti-social”, “m enor assistido”, “m enor de- qüência.
sassístído", "m enor em perigo m o ral”, “'me­ O uso cada vez mais corrente do termo,
n o r carente”, “m enor em situação de ris­ inclusive pelas ciências sociais, fez com
co” , “m enor institucionalizado”. que as pesquisas tam bém contribuíssem na
Tal m udança term inológica, de proce­ geração de um a imagem quase que univer­
dência jurídica, acabou p o r ser absorvida sal da criança pobre brasileira enquanto
pela academ ia qu e, m uito tendo escrito m enor abandonado e delinqüente potencial.
sobre a infância das classes populares, O título de vários dos livros publicados
pouco refletiu sobre o p róprio conceito nos últim os anos expressa claram ente a
de “m enor”. A penas três trabalhos (C orrea, contribuição dada p ara o reforço de tal
1982; A raújo, 1984; Jasmin, 1985) pen­ imagem: Pequenor Bandidos (A rruda,
sam especificam ente seu próprio conteúdo 1983), O M undo do M enor Infrator (Quei­
ro z e t alii, 1984), A bandonados (Junqueira,
jurídico e ideológico e o fazem a p artir 1986), Trapaceiros e Trapaceados (Che-
de um a análise histórica da legislação b ra­ n iaux, 1986), O D ilem a do D ecente Malan­
sileira. Existe ainda u m outro trabalho, do dro (V iolante, 1983), O M enor Institucio­
jurista Cavallieri (1978), que analisa o nalizado (Campos, 1984).
uso social da categoria “m en o r” e suas C ertam ente por estarem sobretudo preo­
implicações. cupados em denunciar as form as como a
A raújo (1984: 42) lembra que a palavra criança pobre brasileira vem sendo vitimi-
“ m enor” não se confunde com ou tras de­ zada pela sociedade, pelas instituições de
signações aplicáveis aos não-adultos como assistência, pela política e pela lei, é que

17
os vários autores não rom pem com a cate­ Funabem projetos alternativos para tais
goria “ m enor”. Ao contrário, contribuem grupos de cria n ça s.24 O reconhecim ento
para a própria construção deste sistema desta “nova” categoria até mesmo pelos
classificatório. Vale relem brar que é a órgãos governam entais indica a constatação
partir das denominações "m enor abandona­ da diversidade presente no universo de
d o ” e “m enor delinqüente” (cunhadas pelo crianças e jovens oriundos de famílias
Código de M enores de 1927) ou ainda pobres e que, até o final dos Anos 70,
“m enor em situação irreg u lar” (lançada eram reconhecidos no país exclusivamente
pelo Código de 1979) que surgem novas como “ m enores”. 25
expressões: m enor marginalizado, m enor
institucionalizado, m enor peram bulante. b) A Realidade Revelada pelas Pesquisas
menor trabalhador etc.
M uito embora a m aioria dos autores b ra­ N a literatura contem porânea sobre o
sileiros trabalhe com a categoria “m enor”, “m en o r”, a fam ília é um tema de referência
deve-se assinalar que na área dos estudos im portante, aparecendo segundo um mo­
sobre o trabalho aparecem outras denom i­ delo geral explicativo da realidade social
nações tais como “m enino (a) s trabalha- em que se encontram as crianças e jovens
dore(a)s”, “ trabalhador infan til”, “ força de da pobreza. Tal modelo revela um a família
trabalho infantil”, “infância o p erária” ou “desorganizada”, “desestruturada” e “po­
“infância das classes trabalhadoras”. Tal b re”, m arcada pela ausência paterna e ge­
opção decorre da ênfase que tais estudos ralm ente chefiada pela mãe:
dão à criança e ao jovem enquanto parte
da força de trabalho que atua na repro­ “As famílias são, em geral, desorga­
dução social das classes populares (M a­ nizadas, principalm ente pela ausência
chado Neto, 1979, 1980; Alvim, 1984. do pai — sobretudo por falecim ento
1985; Spindel, 1985, 1986). Convém ressal­ ou alcoolismo, abandono, prisão, uso
tar que, nesta literatura, o tema da margi­ de tóxico; ou pela ausência da mãe
nalidade não ocupa um lugar central, já — por abandono, falecim ento, prosti­
que se discute a população infantil sob a tuição, psicose, prisão; ou ambos —
ótica do trabalho e da fam ília. Sem privi­ pelas mesmas razões ou combinações
legiar um a análise da inserção da criança entre elas” (Violante, 1983; 44).
na pobreza e na miséria, opta-se por uma
perspectiva que considera a inserção das “M eninos de ru a ”, “institucionalizados",
classes trabalhadoras e de seus filhos no “in fratores”, com partilhariam todos deste
m ercado de trabalho. mesmo m odelo (G uirardo, 1980, 1986;
A literatura mais recente viu surgir tam­ Campos, 1984; Cabral, 1985), tanto na
bém a categoria “m enino de ru a ”. Gestado visão dos psicólogos e dos assistentes so­
a partir de pesquisas sociológicas (Fischer ciais como da própria Funabem (1986).
Ferreira, 1979; G onçalves, 1979), o termo Um outro elem ento tam bém estaria pre­
refere-se explicitam ente às crianças margi­ sente na caracterização destas crianças:
nalizadas que não se encontram internadas seu baixo grau de escolarização e forte
em instituições e vivem seu cotidiano nas tendência à evasão que, com binados com
ruas das grandes cidades. Caracterizados a pobreza e a “desorganização fam iliar”,
como no lim iar da delinqüência e como levariam quase que necessariam ente tais
provenientes de fam ílias pauperizadas pelo crianças à rua e à instituição.
processo de acumulação capitalista, os me­ A “ desorganização fam iliar” e a evasão
ninos de rua teriam um a trajetória comum; escolar rem etem segundo os autores, à
o abandono da fam ília e da escola em troca própria situação de m arginalidade social
de uma vida em “bandos” no espaço públi­ ou exclusão em que se encontra a grande
co das ruas e das praças. maioria das famílias onde se originam os
C ontrariam ente ao termo “m en o r”, que chamados “m enores”: expulsas do campo,
se expandiu na sociedade a p artir do seu tais fam ílias não conseguem se inserir no
uso jurídico, a expressão “menino de ru a ”, m ercado form al de trabalho urbano, inte­
gerada na academ ia, acabou por ser incor­ grando um verdadeiro exército de desem­
porada à linguagem corrente, ganhando ra­ pregados ou subem pregados que habitam
pidam ente os círculos da Igreja. Enquanto as favelas e os bairros de periferia das
categoria foi tam bém apropriada pelo apa­ grandes aglomerações do p a ís .26
rato oficial que, a p artir dos Anos 80, M uito em bora se reconheça as causas
começa a oferecer no âmbito da própria econômicas como determ inantes de tal mo­

18
delo de “desorganização fam iliar”, inten­ Vale lem brar que tais pesquisas utiliza­
cionalm ente ou não muitos autores acabam ram estratégias diversas de investigação,
p o r atribuir à própria família a responsa­ envolvendo problem áticas particulares aos
bilidade pela situação a que chegaram menores nas instituições, no Juizado e na
seus filhos. Nesse sentido as fam ílias são rua. M algrado a intenção dos últim os auto­
vistas como tam bém responsáveis e “culpa­ res de rom per com o modelo da família
das” pela situação de m arginalidade real desestruturada, os mesmos não fazem mais
ou potencial de seus “m enores”. que relativizar tal modelo, apresentando
Poucos são, entretanto, os trabalhos que como argum ento principal a existência tam ­
conseguem dem onstrar empiricam ente a bém da form a “organizada” de fam ília nas
prevalência do modelo de “desorganização camadas pobres de onde são provenientes
fam iliar” preconizado. O estudo do Cebrap os menores pesquisados.
(1973) fornece evidências neste sentido. Uma via possível de superar tal impasse
T endo como objeto de estudo os menores seria pensar os arranjos fam iliares específi­
internados em entidades públicas e privadas cos fora da dicotomia “ organizada”/ “desor-
localizadas em São Paulo, o estudo revelou ganizada”. Para tanto seria necessário des­
que apenas 21,3% tinham pai e m ãe; os locar o foco de análise, da criança de rua
demais eram órfãos (de m ãe, pai ou am­ e da instituição p ara a criança da favela
bos) ; filhos de pai ou mãe desconhecidos; ou do bairro de periferia. Em tal direção
ou filhos de pais de paradeiro ignorado cam inha o trabalho de V alladares (1986) ,
(Cebrap, 1973: 282). C ontrastando com o que estudou crianças de uma favela do
caso paulista, pesquisa realizada em Porto Rio no seu cotidiano fam iliar, destacando
Alegre (Schneider, 1982: 111) e baseada a im portância das relações fam iliares e de
em dados recolhidos junto ao Juizado de vizinhança como suporte de sua socializa­
M enores sobre os infratores revelou a se­ ção e proteção contra o m undo da rua e
guinte situação: 44,4% dos menores per­ da m arginalidade.
tenciam a grupos fam iliares em que apa­ No conjunto da produção sobre o m enor
recia apenas um dos pais, seja por razões destacam-se tam bém outros grandes temas
de desquite, viuvez, separação do casal ou de interesse, sendo um deles o do “menor
por ser a m ãe solteira. Por outro lado, institucionalizado". Tal literatura tenta se
55,6% dos menores provinham de famílias colocar na perspectiva da própria criança,
cujos pais se encontravam unidos na forma mostrando a internação como prejudicial,
legalmente reconhecida ou não. N a mesma um a vez que não oferece relações afetivas
direção, a pesquisa realizada por A rruda (G uirardo, 1986) e agride os internos pela
em São Paulo (1983) relativiza o modelo excessiva disciplinarização. Construindo um
de família desestruturada como explicativo indivíduo precariam ente socializado para a
da existência de menores infratores: vida na sociedade, os internatos funciona­
riam tam bém como “ porta de entrada” no
“As entrevistas que fizemos nos mundo da infração. São interpretados por
mostram que parte significativa deles vários autores como “ instituições totais” ,
provém de fam ílias form alm ente orga­ verdadeiras prisões fechadas, altam ente dis-
nizadas, se bem que difiram do que ciplinadoras (Campos, 1984; Altoé, 1984;
é considerado ‘norm al’ ( . . . ) Até G uirardo, 1986). Alguns trabalhos chegam a
mesmo um a pesquisa interna da FE- discutir as representações dos diversos pro­
BEM /SP, publicada em 1976, mostra fissionais da instituição: vêem a criança
que de um total de 169 menores como "m en o r”, ou seja, um elemento des-
internados como infratores 44,97% viante que necessita ser reintegrado à
provinham de fam ílias organizadas” ordem social. Em contraposição, a imagem
da instituição é sempre positiva: o sucesso
(A rruda, 1983: 49).
e acertos costum am ser atribuídos à insti­
tuição e o fracasso à família e à criança
Mencione-se ainda um a outra pesquisa
(G uirardo, 1986).
realizada no Rio de Janeiro com meninos Começa-se a refletir tam bém sobre a
de rua, que levantou a composição fam i­ trajetória dos “menores institucionalizados”
liar de 300 crianças: 41% afirm aram per­ que, após serem apanhados pela polícia,
tencer a famílias com pai, m ãe e filhos. passam pelas Delegacias de Menores, Jui­
O utras 35% inform aram ter sua família zados, unidades de recepção, unidade de
encabeçada pela figura m aterna (Rizzini, triagem , chegando enfim aos internatos es­
1986: 25). pecializados onde são separados segundo

19
sexo, faixa etária e motivo da internação das próprias crianças sobre os espaços pú­
(A raújo, 1979; Q ueiroz, 1984; Rosemberg blicos enquanto locais de autonom ia e liber­
et alii, 1983; V iolante, 1983). Todos os dade. Vista de um outro ângulo, a rua é
autores criticam tal sistema, cujo funcio­ um espaço ocupado por um grupo de me­
nam ento transform a a criança em objeto nores diferenciados por idade (predom inan­
de “ práticas de encam inham ento”, “ estu­ do aqueles entre dez e 14 anos), sexo
dos psicológicos” e “estudo pedagógico”. (predom inantem ente masculino) e situação
T ornado objeto pelos vários agentes res­ fam iliar precária (famílias no lim iar da
ponsáveis pela sua ressocialização, o “ me­ pobreza, constituídas quase que exclusiva­
nor institucionalizado” deixa de ser sujeito, m ente por mãe e filh o s).
transformando-se em um pequeno elo de Parte da literatura vai de encontro à
todo um conjunto institucional ao qual se idéia corrente de que se estaria diante de
vê subordinado. um universo de crianças abandonadas. O
A literatura voltada para o “m enor ins­ trabalho de Fisher Ferreira (1979) m ostra
titucionalizado” freqüentem ente se refere que os m eninos de ru a de São P aulo guar­
ao “ menino de ru a ” que constitui grande dam vínculos com suas fam ílias de origem,
parte de sua clientela potencial quando mesmo quando tais vínculos não implicam
não real. A parecendo analiticam ente sepa­ um contato mais estreito entre mãe e filhos.
radas, tais crianças constituem o mesmo N ão parece ser distinta a situação no Rio
grupo social, diferindo apenas em função de Janeiro, onde crianças entrevistadas por
do recorte do pesquisador, que ora estuda Rizzini (1986) declaram em 70% dos casos
o m enor na rua, ora o m enor na institui­ que se afastam apenas durante o dia para
ção. trabalhar. De um universo de 300 crianças,
Alguns temas comuns m ostram a arti­ som ente 10 (ou 6,32%) alegaram |não ter
culação possível entre as análises. Tanto qualquer contato com suas famílias.
o ‘ m enor institucionalizado” q uanto o Fazendo contraponto a toda um a lite­
“menino de ru a ” se encontrariam afasta­ ratu ra que revelou uma infância paupe-
dos de sua fam ília e próximos à crim ina­ rizada, m arginalizada, excluída, vitim izada,
lidade. T anto a vivência na ru a quanto a aparece um conjunto de trabalhos que apon­
vivência na instituição levariam a ‘‘parti­ ta em outra direção. Privilegiando a infân­
cipar e a aprender os códigos do crime e cia pobre enquanto inserida no mercado
da m alandragem iniciando-se eventualm en­ de trabalho e constituindo parcela cres­
te em pequenos atos anti-sociais” (A rruda, cente da força de trabalho nacional (Silva
1983; Campos, 1984). et alii, 1982), tais pesquisas vão tam bém
A pesar da rua e da instituição aparece­ assinalar a im portância do trabalho enquan­
rem como, espaços distintos onde se movem to valor cultural e econômico (Alvim,
os "m enores”, há um a continuidade nos 1985; Spindel, 1985, 1987). O trabalho de
deslocamentos, como ressalta a m aioria das Silva et alii (1982), realizado a p a rtir de
pesquisas que entrevistaram crianças e jo­ dados estatísticos do Censo Demográfico
vens em um e outro local (Fisher Ferreira, de 1970 e da PNAD de 1977, revelou o
1979; C heniaux, 1986). aum ento do trabalho infantil como um
A literatura sobre m enino cle rua vai reflexo das transform ações sociais e econô­
entretanto valorizar este espaço, em con­ micas ocorridas na últim a década. Inter­
traposição ao espaço institucional. Para pretado como form a de aum entar o orça­
além de ser “locus da lib erd ade” (na re­ mento doméstico, o trabalho infantil é
presentação de m uitas das crianças entre­ visto como tendo um a grave conseqüência:
vistadas), a rua surge como local de trab a­ a de dificultar a escolarização e profissio­
lho onde garotos e garotas chegam até nalização dos jovens.
mesmo a se to rn ar provedores de suas P reocupada exclusivam ente com o m enor
próprias fam ílias (Fisher Ferreira, 1979; assalariado, Spindel (1986) levantou suas
Medeiros, 1985; Rizzini, 1986). N a leitura condições de trabalho em áreas m etropoli­
feita por alguns autores, a ru a é ainda um tanas, para m ostrar que 60% dos menores
espaço de convivialidade, onde h á regras que trabalham vêm de fam ílias operárias
de convivência e sobrevivência que trans­ cujo chefe é trabalhador qualificado ou
parecem sobretudo no exercício do traba­ sem iqualificado; 59% com patibilizam ^ o
lho de ru a (Fisher Ferreira, 1979; M edei­ trabalho com os estudos, apesar da tendên­
ros, 1985). Fugir da polícia faz p arte tam ­ cia a p arar de estudar à m edida que a
bém do cotidiano na ru a, o que sugere a jornada de trabalho se prolonga. A pes­
necessidade de relativizar a representação quisa sugere tam bém que a fam ília é uma

20
transm issora da ideologia do trabalho, sen­ fam iliares e de um m ercado de trabalho
do este provedor de status na hierarquia insuficiente.
fam iliar, colaborando na preparação para N a área dos estudos sobre o “m enor ins­
a vida adulta. titucionalizado” vem surgindo como objeto
M uito próxim as são as conclusões a que de reflexão o hom ossexualism o presente
chegou Alvim (1985) em pesquisa reali­ nos internatos tanto m asculinos como femi­
zada num a indústria têxtil onde o trabalho ninos (Pellegrino, 1983; C abral, 1985). Tal
infantil aparece como parte da reprodução literatura, até o presente abordada segun­
da fam ília operária. A pesar de precoce, o do a ótica da Psicologia, inclui um texto-
trabalho de crianças e jovens é visto como depoim ento (a autobiografia de H erzer,
“form ador” , facilitando o início de uma 1982) que tam bém contribui p ara a aná­
carreira profissional. lise da sexualidade dentro da instituição.
Indo de encontro a toda uma visão nega­ N um a direção totalm ente distinta, mas arti­
tiva do trabalho infantil (oriunda, sobre­ culada à questão institucional, aparece o
tudo, das várias pesquisas realizadas sobre interesse pelo “m enor institucionalizado”
a criança de ru a ), os últim os autores men­ quando da sua entrada no m undo adulto.
cionados não reduzem o trabalho infantil O s trabalhos de Campos (1984) e Alvim
à exploração capitalista da força de tra­ e A ltoé (1987) começam a discutir o que
balho. Reconhecem as condições gerais de acontece com os egressos da Funabem , que
exploração da classe trabalhadora mas não tendem a perm anecer “ eternos m enores” .
as consideram como única explicação para O tem a do trabalho infantil, apesar de
a existência do trabalho infantil. bastante tratado pela literatura, ainda apre­
senta possíveis desdobram entos. Começa-se
Temas Emergentes e Novas Direções a d ar ênfase à “fração infantil da força
de Pesquisa de trab alh o ” entre fam ílias agricultoras
(Ribeiro, 1982; Paulilo, 1987), bem como
A análise da produção que trata do à relação entre a escolarização e o trab a­
“m enor” e da infância pobre no Brasil tan­ lho infantil no meio rural (A ntuniassi,
to perm ite identificar os temas privilegiados 1983; G irardi, 1978; F ukui, 1981). Tais pes­
pelos diversos autores como apontar la­ quisas apresentam como interesse o fato de
cunas im portantes no interior da literatura passarem ao largo da concepção da crian­
existente. Q uais seriam, então, as áreas que ça enquanto “m enor”, visto que as crianças
apenas começam a ser exploradas pelos são estudadas no âm bito da fam ília e do
pesquisadores? Q uais seriam os novos te­ trabalho fam iliar.
mas emergentes que apontariam em novas Dois outros tem as relevantes começam
direções de pesquisa? a ganhar espaço no conjunto da literatura:
Verifica-se p o r um lado a tendência ao a análise sociológica da legislação sobre o
desdobram ento de temas já consolidados e, m enor e a história da infância pobre no
por outro, a tendência ao desenvolvimento Brasil. Já apareceram algumas reflexões so­
de novos temas (ver o Q uadro 3). bre os dois Códigos de M enores, (Russo,
N a área tem ática da violência, delinqüên­ 1984; Jasmin, 1985; A raújo, 1985) e já se
cia e crim inalidade, começam a aparecer os começa a pesquisar alguns aspectos da his­
prim eiros estudos sobre a violência dentro tória da proteção à infância no país (Mes-
e fora das próprias famílias no que se gravis, 1975; Rago, 1985; Gonçalves, 1987;
refere a maus-tratos, abuso sexual (Azevedo Venancio, 1987).
e G uerra, 1987; G uerra, 1984; Santos, Paralelam ente às tem áticas emergentes,
19S7) e prostituição (Lorenzi, 1985). São observa-se lacunas im portantes no conjunto
textos com forte teor de denúncia, em al­ da produção. Q uestões pertinentes como a
guns casos vinculados ao movimento fem i­ gravidez na adolescência (fenômeno cres­
nista na sua vertente de luta contra a vio­ cente segundo os próprios Censos) e a ado­
lência sobre a m ulher (Prado e O liveira, ção de crianças dentro e fora do país (pro­
1981) . N um a outra direção vão os traba­ blem as de grande visibilidade nacional) não
lhos de Z alu ar (1983, 2985), que se inte­ têm ainda peso no conjunto da literatura.
ressa pela trajetória do bandido, cham ando Apenas dois trabalhos discutem a gravidez
a atenção para os mecanismos de recru­ e a adoção (respectivam ente Barroso et alii.
tam ento e de iniciação presentes desde a 1986, e A rnaut, 1 9 7 8 ).27
infância. O processo através dü qual o jo­ O u tro tem a pertinente ao se pensar a
vem opta pelo trabalho ou pela “vida de infância pobre frente à sociedade nacional
b andido” é exam inado à luz de situações seria a problem ática da criança àentro da

21
questão racial. Na maioria das pesquisas no bairro ou favela e as articulações aí p re­
realizadas sobre os “m enores” há sempre sentes; d) pensar mais a criança em relação
um a referência ao contingente negro da à fam ília, mesmo quando o recorte do pes­
população infantil. No entanto a “criança quisador fo r a criança na ru a ou na ins­
negra” não se tornou ainda objeto de pes­ tituição.
quisa. Os únicos trabalhos um pouco mais Finalm ente não se poderia deixar de
específicos referem-se à criança escrava apontar a necessidade de estudos sobre as
(M ott, 1979) ou à criança negra e a esco­ diferentes formas de intervenção do Estado
larização (Luiz, 1979; Rozemberg, 1986). na proteção e assistência à infância pobre
A im portância do tema é revelada por no Brasil. Se existem alguns estudos pon­
pesquisa realizada em São Paulo, que mos­ tuais sobre a atuação mais recente de órgãos
trou que a população negra paulista não governam entais (como os trabalhos de Pas-
vem usufruindo as m esmas oportunidades seti, 1982, e A raújo, 1979, 1985), inexiste
de acesso e perm anência na escola que a uma análise geral que incorpore a longa
população branca (Rozemberg, 1986: 402).
trajetória da ação estatal desde o princípio
Para além de temas específicos, há que
do século, relacionando-se às diferentes
apon tar novas direções para a pesquisa so­
bre a infância pobre no Brasil: a) haveria conjunturas que a m arcaram . Tal estudo
que privilegiar o estudo da infância em de­ deveria considerar as diferentes composi­
trim ento do estudo do m enor; d) abando­ ções presentes na form ulação e reform ula­
n a r a categoria “m enor”, bem como o ção da cham ada “política do bem-estar do
sistem a classificatório do qual ela é parte, m enor”, indicando como os diferentes ato­
o que representaria rom per com a visão res sociais conseguiram em vários momentos
clichê que tem m arcado a m aioria dos pressionar no sentido de transform ar a
estudos até agora realizados; c) pensar “questão do m enor” num a questão priori­
m ais a criança na fam ília, na vizinhança, tária.

Notas

1. Uma análise dessa literatura é encontrada em Leite Lopes (1984) e Alvim (1984).
2. São conhecidos os personagens de O liver Tw ist (D ickens, 1838), The Gavroche
(H ugo, 1862) e as referências de Engels no clássico T h e Condition o f the W orking
Classes in England (1844).
3. Segundo D onzelot (1980), tal sistem a perdura na França entre 1758 e 1860. A
“ R oda” desenvolveu-se como um a forma de assistência e proteção à criança abandonada,
perm itindo o anonim ato à progenitora. Tanto instituições do Estado como religiosas
incentivavam esta prática.
4 . Vale assinalar que, tam bém no Brasil, há referências à prática da roda desde o
século X V III (M oncorvo Filho, 1926). Pesquisa em andam ento (Venancio, 1987) assinala:
“N o século X V III, com o crescim ento da população livre e pobre, tornou-se comum os
pais abandonares filhos ‘ao desam paro pelas ruas e lugares im undos’ das paragens
cariocas ( . . . ) . Foram criados o R ecolhim ento de M eninas Ó rfãs em 1734 e a Roda
dos Expostos em 1738 na Santa Casa de M isericórdia do R io de Janeiro, estabelecimentos
construídos com esmolas e legados de benfeitores”. Tal registro não parece suficiente, no
entanto, para se identificar no século X V III uma discussão m arcante em torno do
problem a da infância no Brasil.
5. D entre estas vale citar o Decreto-Lei n. 1.313, de 1891 (D eodoro da Fonseca), que
regulariza o trabalho dos m enores nas fábricas da C apital Federal via fiscalização,
limite de idade, fixação da jornada de trabalho etc. Em 1917 é prom ulgada a Lei n.
1.801, que aum enta para 14 anos o lim ite de idade e estabelece condições p ara admissão
na fábrica (atestado médico, escolarização m ínim a, v acinação), além de reduzir a
jornada de trabalho para seis horas. P ara uma análise destas leis, ver Alvim (1985).
6 . O s inúm eros decretos que desde o século X IX vinham sendo aprovados no sentido
de institucionalização da instrução prim ária reforçam a hipótese do tratam ento diferen­
ciado dado pela sociedade aos filhos dos pobres. Se bem que já conste da Constituição

22
de 1824 a instrução prim ária gratuita para todos os cidadãos, e tendo sido instituída a
escolaridade obrigatória nas três prim eiras décadas do século, na prática a escola prim ária
não se destinava a tais crianças. Segundo Abreu (1980: 103), a própria lei da obrigato­
riedade dem arcava os destinatários do ensino prim ário obrigatório quando isentava aqueles
que “sofrerem de moléstia contagiosa ou repulsiva e os incapazes, física e m oralm ente
(grifo n o sso )”; os que “forem extrem am ente pobres, enquanto não receberem recursos
fornecidos por institutos de beneficência escolar” . A exclusão da infância pobre do
projeto educacional ia, portanto, de encontro ao Código de M enores de 1927, voltado
para os direitos do m enor excluído.
7. Para uma análise detalhada deste prim eiro Código de M enores, ver Russo (1985).
8. São elementos desta política sociai: a jornada de trabalho de oito horas; a proteção
ao trabalho fem inino; a previdência social dos servidores públicos; a obrigatoriedade da
carteira profissional para os trabalhadores urbanos; a lei do salário mínim o. Sobre a
história da política social brasileira, ver Santos (1979).
9 . O U N IC EF foi criado em 1946 por resolução da Assembléia Geral das Nações
Unidas, para atender em caráter de emergência as crianças européias vitim adas pela
guerra. No final da década de 50, a situação de emergência européia estava praticam ente
superada e o U N IC EF com eçou a concentrar sua atenção nos países menos desenvolvidos
da Ásia, O riente Médio e América Latina. Poucas referências existem sobre a história
dos prim eiros anos de sua atuação no Brasil, sabendo-se apenas que era de caráter
emergencial, centrada na distribuição de leite em pó (U N ICEF, 1980).
10. Para uma análise das transform ações ocorridas entre os Anos 50 e 80 ao nível
da urbanização e m udança na composição do emprego no Brasil, ver Faria (1983).
11. Veja-se o livro A ssim Marcha a Família (1965), de autoria de jornalistas e escritores
como Carlos H eitor Cony, José Louzeiro, Sylvan Paezzo.
12. N o livro acim a citado, há referência a um projeto apresentado em 1950 à Câmara,
propondo a extinção do SAM e a criação de um novo órgão (p. 126).
13. Bandidos como Cara de Cavalo, M ineirinho, M auro G uerra, China Preto, Pondonga
e G etulinho foram todos egressos do SAM. D o mesmo modo os m enores M anguito e
Fuinha, foragidos do SAM que m ataram o jovem Odylo Costa N eto, provocando com o
crime a m obilização da opinião pública e seu apoio para a extinção do SAM. Idem ,
pp. 129-131.
14. A história da Pastoral do M enor encontra-se descrita no livro recente de G iustina
(1987), que oferece detalhes sobre sua atuação em São Paulo.
15. O Juiz de M enores da G uanabara, A lyrio Cavallieri, em seu livro D ireito d o M enor
(1978) denuncia as pressões do Jornal do Brasil, que lhe cobrava o recolhim ento indis­
crim inado de menores nas ruas. Segundo o autor, com petia à polícia tal recolhim ento
— e não ao Juizado.
16. Vale lem brar que, desde 1974, o Senador Nelson Carneiro apresentara um ante­
projeto de um novo Código, aprovado finalm ente em 1979.
17. Tais dados e estim ativas são passíveis de críticas; ver V aladares et alii.
18. Sobre a prisão cautelar de menores, introduzida no país em 2979, ver Junqueira
(1986).
19. Os quadros a seguir excluem a produção jurídica que, apesar de relevante, não
integra os 212 títulos que compõem o universo bibliográfico aqui avaliado. D o mesmo
modo, para efeito de contagem, só se considerou os textos posteriores a 1960.
20. Na análise a ser feita adiante sobre cada um dos grandes temas serão consideradas
as fronteiras temáticas que nesse m om ento não são aqui comentadas.
21. O tem a da educação prim ária constitui em si um amplo campo de investigação.
Só foram considerados aqui aqueles trabalhos que enfatizam o im pacto da pobreza sobre
o desem penho educacional. Uma análise da literatura mais geral encontra-se cm Brandão
et alii (1984).

2~->
22. O livro A Infância dos M ortos (Louzeiro, 1977) gerou o film e Pixote. O livro
A Queda para o A lto (H erzer, 1982) inspirou o filme Vera. E o rom ance Com Licença
Eu V ou à Luta (Maciei. 1983) levou ao filme do mesmo nome.
23. Cumpre assinalar que o livro de M aciel difere dos demais, na m edida que a
autora é um a adolescente de classe m édia baixa que se ressente, sobretudo, de problemas
com a sua família e os valores que a mesma defende.
24. O deslancbar de tais atividades se deu através de um convênio estabelecido entre
U N IC E F /S A S /F unabem a nível social: Projeto A lternativas de A tendim ento aos Meninos
de Rua.
25. Uma análise do conjunto de projetos alternativos para meninos de rua, oferecidos
tanto pelos órgãos oficiais como pela Igreja, pode ser encontrada em (Valladares et alii,
1988).
26. Vale assinalar que praticam ente todos os autores tomam a teoria da m arginalidade
social como referência im portante para suas análises.
27. Vale assinalar que há m uitos trabalhos sobre o tema da adoção na produção jurídica
que foi levantada mas não analisada nesta resenha.

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