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pelos movimentos musicais da Jovem Guarda pela “aceitação” da produção cultural desses
e do Tropicalismo. Fica patente a influência grupos nos meios de comunicação de massa,
da mídia na formação da identidade juvenil, com programas televisivos ou radiofônicos
tendo hoje como exemplo importante a MTV, que focam o rap, o funk ou a música punk,
inaugurada em 1990. estendendo a simbologia dessas subculturas
Duas pesquisas realizadas pela Fundação juvenis à moda e ao comportamento e am-
Perseu Abramo (1999 e 2003) e pela Unicef pliando-a nas trocas pelas redes virtuais. A
(2003), citadas por Ronsini, mostram que os favela da Maré, no Rio de Janeiro, possui 50
jovens brasileiros consomem muita TV, se- lanhouses para acesso à internet, contrastan-
guida de rádio, e têm como programas favo- do com a crescente pobreza. “De todo modo,
ritos novelas, minisséries e filmes. O poder as identidades se forjam em campos cercados
público está ausente na promoção de ativi- pelo medo da violência, do tráfico, do desem-
dades culturais e, ainda de acordo com es- prego; elas se formam como sementes híbri-
sas pesquisas, há uma enorme desigualdade, das em campos cercados por estruturas deter-
como na sociedade em geral, no acesso à cul- minadas, do local ao global” (p. 52).
tura, faltando “livrarias, teatros, orquestras e O consumo da mídia internacional per-
cinemas enquanto crescem os provedores de mite aos jovens fazer uma leitura crítica so-
internet e as lojas de discos e CDs nos muni- bre as culturas nacional, regional e de clas-
cípios brasileiros” (p.50). se, considerando os padrões culturais da
Com a mídia globalizada, há uma inter- classe média como alienados. A necessidade
nacionalização da cultura juvenil brasileira e de construção de uma identidade juvenil é
uma massiva adesão aos símbolos mundiais encontrada pelos punks no cenário under-
do capitalismo no vestuário, no cinema, na ground, entendido como espaço de “gente
música e na televisão. Predomina a estética que pensa diferente” e, no hip-hop, no pró-
hollywoodiana, em que valores éticos, morais, prio grupo de dança e música.
sociais e afetivos estão relacionados a padrões A individualização buscada por esses gru-
de beleza, riqueza e sucesso. “Ter é mais im- pos juvenis já não se baseia, em primeiro lu-
portante do que ser”, ou, melhor dizendo, gar, no papel produtivo de cada um – na di-
“sou aquilo que tenho ou aparento ter”. visão social do trabalho –, mas, sim, em suas
Para a autora, as manifestações juvenis identidades culturais, midiáticas e de consu-
são “formas de rebeldia à cultura oficial”, mas mo. O ponto comum a essas “identidades cul-
também desejo de inclusão, “uma vez que os turais” é a desilusão e a desconfiança para com
estilos são formas expressivas de adesão ao as políticas governamentais, que não atendem
mercado de bens materiais, de crítica à exclu- à necessidade de mudanças urgentes em sua
são social das populações pobres, de obtenção condição social.
de posições no mercado cultural” (p. 52). Para
os jovens pobres do hip-hop e do punk, a in- Genilda Alves de Souza é graduada em Psi-
clusão no capitalismo dar-se-ia pela cultura, cologia, mestranda em Comunicação pela
por meio da qual conseguiriam romper as Cásper Líbero e professora da mesma facul-
barreiras de classe e de cor. Isso é reforçado dade e do Centro Universitário São Camilo.