Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
berçários e raceways
em fazendas de
camarão marinho
Litopenaeus vannamei
no Brasil
II – Desinfecção e fertilização
Em nosso primeiro artigo sobre o tema, publicado na 4ª edição da Revista Aquaculture Brasil (jan/
fev-2017), abordamos questões gerais do histórico do uso dos berçários e raceways no Brasil, as diferentes
estruturas que estão atualmente sendo utilizadas e as vantagens da implementação de sistemas bifásicos e
de sedimentação e oxigenação, podem auxiliar como primeiro tratamento da água, eliminando boa parte de
muito forte sobre os microrganismos, principalmente quando o ambiente estiver seco (quando o tanque
estiver vazio). Equipamentos de UV, muito utilizados para tratamento de água em larviculturas e hatcheries
também podem ser implementados em sistemas de berçários nas fazendas, porém ainda não são equipamen-
tos usuais nestes empreendimentos, principalmente devido ao preço de instalação quando necessita-se tratar
grandes volumes de água.
© Cacau Studio
Tratamentos químicos da água são muito comuns na aquicultura, entre eles desta-
cam-se (Boyd & Tucker, 1998; Aldays-Sanz, 2010):
· Hipoclorito de cálcio;
· Hipoclorito de sódio;
· Óxido de cálcio (cal virgem);
· Hidróxido de cálcio (cal hidratada);
· Amônia quaternária;
· Gás ozônio;
· Ácido fórmico;
· Formalina;
· Iodo;
· Alguns tipos comerciais de crustacidas.
Em cultivos de camarão o hipoclorito de cálcio (65%) é o desinfetante mais comum. De forma geral se
utiliza 10 ppm de cloro livre para a eliminação de bactérias e a maior parte de vetores, e 30 ppm de cloro livre
para a eliminação de vírus, entretanto a utilização do cloro como desinfetante necessita de atenção em alguns
pontos.
maneira a aplicação de cloro deve ser sempre feita antes do povoamento e com total segurança que não haverá
cloro residual na água. O cloro é um radical que perde elétrons e começa a oxidar-se, ou seja, é um agente re -
dutor. Em reação com a água forma um ácido forte (ácido clorídrico) e um ácido fraco (ácido hipocloroso ou
HClO). O ácido hipocloroso (HClO) é o agente desinfetante e tem relativa facilidade em penetrar na parede
dependendo do seu valor facilita a dissociação do ácido hipocloroso (HClO) nos íons H + e OCl -, entretanto,
o OCl -
cloro residual livre oxida a matéria orgânica presente na água, perdendo seu poder de desinfecção, assim como
o cloro residual em reação com a amônia formam as chamadas cloraminas, as quais são altamente tóxicas aos
animais cultivados.
Resumidamente, quanto maior a quantidade de matéria orgânica na água, mais elevada a temperatura
e maior o pH da água, menor o poder desinfetante do cloro, necessitando aplicações mais elevadas do produto
sistema, em qualquer tipo de cultivo, salvo em sistemas realizados sem luz, o que inibe a fotossíntese. O cresci -
mento de microalgas pertencentes aos grupos Clorophyta e Chrysophyta (diatomáceas) na água no início dos
sistemas intensivos e superintensivos com baixa troca de água, há uma tendência das bactérias predominarem
-
ano. Essa dinâmica microbiológica é de fato muito importante para a manutenção de qualidade de água e está
fortemente relacionada com a fertilização inicial e controle dos parâmetros físicos e químicos da água.
A visualização
do efeito dos
fertilizantes sobre
a água e a experiên-
cia do técnico que está
operando o sistema
ajudarão no refina-
mento das práticas de
fertilização, assim como
a criação de protocolos
específicos para cada
condição.
Conclusão
Os protocolos de tratamento e fertilização para berçários e raceways são variados e são ajustados conforme
cada situação, tipo de cultivo, tempo disponível para a fertilização e a qualidade de água presente. As recomendações
descritas neste artigo podem servir de base para que cada operador do sistema de cultivo faça sua “receita de bolo”
conforme a observação de resultados e experiência prática.