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Escola Secundária c/3º CEB de Anadia

Nome: __________________________________ N.º _____ Turma: _____ Data: ___/___/___

TESTE FORMATIVO Nº 1 / CORREÇÃO


FILOSOFIA 10º ANO
Objetivos:
 Testar a aprendizagem dos alunos.
 Aplicar conhecimentos adquiridos.
 Diagnosticar pontuais dificuldades na apreensão da matéria lecionada.

GRUPO I
1. Complete os seguintes crucigramas em função das informações que lhe são dadas.

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4 3 6
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1. O objeto da Filosofia.
2. Todos os homens o são.
3. É a principal característica da ignorância quando esta é assumida pela consciência que
procura o conhecimento verdadeiro.
4. Um dos motivos que se encontra na origem da filosofia.
5. Onde nasceu a filosofia ocidental.

Filosofia – 10º Ano – Graça Vinhal – 2014/2015


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6. Uma das dimensões do filosofar relativa ao conhecimento.


7. Um dos motivos que se encontram na origem do filosofar.
8. Aquele que se assume detentor do saber.
9. Diz-se da questão que vai à “raiz das coisas”.
10. Outra das dimensões da Filosofia mas esta relativa à ação.
11. O que busca a Filosofia.
12. Aquele que procura a verdade.
13. Nome do filósofo que se pensa ter sido o primeiro a usar o termo Filosofia.
14. Idade filosófica por excelência.
15. Diz-se da Filosofia presente na sabedoria popular.
16. É assim designada a filosofia típica dos filósofos profissionais.
17. Aquilo que, em filosofia, não pode ser particularizado, ao contrário do que sucede nas
ciências.
18. Amor à sabedoria.
19. Filósofo que pronunciou a afirmação “Só sei que nada sei”.
20. Capacidade de tematizar com pertinência coisas / acontecimentos / situações.

2.
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5 6
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1. Para Demócrito de Abdera, na origem de todas as coisas estão os…


2. Pensa-se que Pitágoras lhe atribuiu um nome que significa “amor à sabedoria”.
3. A origem e a estrutura de todas as coisas existentes é, para Heraclito, o…
4. Para Anaxímenes de Mileto, a substância primordial de tudo era o…
5. Para este filósofo pré-socrático, o Ser é incriado e a origem de tudo quanto existe, de tudo
“o que é”.
6. Para Tales de Mileto, era esta a substância primordial que estava na origem de tudo.
7. Para este filósofo pré-socrático “Tudo é número”.
8. Os filósofos pré-socráticos procuravam a substância primordial de tudo, também designada
por…
9. Para Anaximandro de Mileto, era o infinito ou indeterminado, também designado por… a
fonte ou origem de todas as coisas.

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10. Para este filósofo pré-socrático, há quatro raízes para o ser: o fogo, a água, a terra e o ar.

3.
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8

3
9

1. As 4 características da Filosofia constituem a sua 7. A Filosofia é solidária da ...


... em relação às outras formas de saber. 8. Todos os homens são filósofos, por isso a
2. Radicalidade significa também a exclusão de ... Filosofia tem o carácter da ...
3. A Filosofia é solidária da ... 9. A Filosofia aspira à ...
4. Opõe-se a superficialidade. 10. A Filosofia é-o, mas não é autossuficiente.
5. A Filosofia tem uma e os filósofos são filhos dela. 11. Todos os homens o são.
6. Independência.

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4 6 F
I
3 L
O 9
8 S
1 O 11
F 10
I
A
2 12

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1. Uma das características específicas da Filosofia. 8. Um dos motivos que se encontram na origem
2. É a principal característica da ignorância quando do filosofar.
esta é assumida pela consciência que procura o 9. Aquilo que é defendido através de argumentos.
conhecimento verdadeiro. 10. Filósofo que pronunciou a afirmação “Só sei
3. A característica da Filosofia decorrente do facto que nada sei.”
de ela procurar as causas e os fins últimos. 11. Uma das dimensões da Filosofia.
4. O que busca a Filosofia. 12. Nome do filósofo que se pensa ter sido o
5. Aquele que se assume detentor do saber. primeiro a usar o termo Filosofia.
6. Aquele que procura a verdade. 13. Diz-se da filosofia presente na sabedoria
comum.

5 . O filósofo assume uma atitude diferente face ao mundo em relação à de outro


conhecedor. Considere o seguinte quadro e assinale com uma cruz as afirmações
que expressam uma atitude filosófica (SIM) e as que não expressam essa atitude
(NÃO).

Atitudes Sim Não


1. Considerar como verdadeiro aquilo que se ouviu dizer.
2. Confiar naquilo que os olhos veem.
3. Procurar interpretar o sentido de uma lei.
4. Seguir a intuição.
5. Apoiar os amigos por achar que eles têm razão.
6. Questionar o sentido das coisas.
7. Calar-se apenas para não causar conflitos.
8. Sentir que o pensamento não leva a verdade alguma.
9. Ser capaz de apresentar uma ideia e justificá-la aos outros.
10. Agir em função dos outros.

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GRUPO II

1. Mostre o que separa os três filósofos de Mileto.

Sugestão de resposta: Embora os três recusem as explicações míticas, apresentam respostas


bem distintas relativamente ao elemento primordial, ou arquê, que está na origem do cosmos
e das suas transformações. Assim, para Tales, o princípio e o fim das coisas existentes é a água.
Para Anaximandro, a arque é o apeiron, que significa indeterminado, indefinido. É um
elemento que não se confunde com nenhuma das outras substâncias e que contém em si
todas as determinações. Considerava que a água de Tales, por ser um elemento tão concreto,
não poderia dar origem aos outros elementos constituintes das coisas, como o fogo, a terra ou
o ar. Anaxímenes aproxima-se de Tales e apresenta também um elemento natural como
arque: o ar. Discorda de Anaximandro por considerar que o apeiron é demasiado abstrato para
ser comprovado empiricamente. Para ele, o ar é infinito e gera todas as coisas a partir da sua
densidade ou rarefação.

2. Leia atentamente o seguinte texto.

“O que é a filosofia? (…) conhece-se uma quantidade incalculável de respostas. No


entanto, nenhuma delas pode ser considerada categoricamente como certa ou errada. Porquê?
Porque cada uma diz respeito a uma outra questão mais particular. Assim a definição
aristotélica de filosofia não é, no fundo, mais do que a definição da filosofia de Aristóteles. (…)
Ora, a história da filosofia mostra-nos que quase todos os filósofos estavam convencidos de
que a sua doutrina exprimia, de maneira adequada, a essência invariável da filosofia.
Portanto, se nos encontramos face a respostas múltiplas, a solução não pode reduzir-se
à escolha daquela que pareça a mais válida, é preciso ainda estudar esta multiplicidade
específica, o que ao fazê-lo nos levará a compreender que a questão ‘o que é a filosofia?’, bem
como as variadas respostas que ela provoca, nos obrigam a debruçar-nos sobre a realidade,
infinitamente variada, que a filosofia procura apreender.”
Theodor Oizerman, Problemas de História da Filosofia, (1976), Lisboa, Livros Horizonte, pp. 50 e 51.

2.1. Retire do texto as ideias principais.


Sugestão de resposta: Do texto podemos retirar cinco ideias fundamentais:
 há uma quantidade incalculável de definições de filosofia;
 nenhuma é absolutamente certa ou errada;
 a filosofia foi-se realizando ao longo da história;
 cada filósofo define a filosofia a partir da sua própria conceção e da sua filosofia;
 esta multiplicidade de definições radica, em parte, na “realidade, infinitamente variada
que a filosofia procura apreender”, isto é, no seu objeto.

3. Defina etimologicamente a palavra “Philosophia”.


Sugestão de resposta: Em Pitágoras, a quem é atribuída a paternidade do termo (a palavra
“Filosofia” foi usada pela primeira vez por Pitágoras) e em Sócrates, a quem é atribuída a
paternidade da atitude, hoje como ontem, continua válido o sentido etimológico do vocábulo
“Filosofia”.
Segundo testemunho, mais ou menos credível, Pitágoras terá respondido a quem lhe
chamara sábio que não era, de facto, sábio, mas tão só filósofo, ou seja, amigo do saber.

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De Sócrates, ficou-nos a afirmação, sempre muito citada em filosofia - “Só sei que nada
sei.” -, cuja interpretação é a de uma ignorância sábia ou de um saber que se sabe limitado.
A palavra “Filosofia” resulta da junção dos termos:
 fileo (philos), que significa amigo, o que gosta, o que ama, o que deseja, o que busca,
o que procura. (Esta palavra provém de uma outra palavra grega philia que significa amor,
amizade.);
 sophia, que significa sabedoria, saber, conhecimento.
A Filosofia significou, portanto, para os primeiros filósofos, o amor à sabedoria, e dizia
respeito à atividade daqueles que, amando e desejando o saber, se empenham na aventura do
conhecimento da realidade. A Filosofia não é tanto um saber constituído, uma “sophia”
estabelecida, mas antes um amor, uma procura, um interesse pelo saber. O que caracteriza a
Filosofia é a procura ou demanda da verdade ou do saber e não a sua posse.
Por esta aproximação etimológica fica assim arredada a possibilidade da existência de
dogmas (“verdades feitas”) em filosofia. Importa, porém, desfazer um equívoco.
O amor ao saber que interessa à filosofia não se confunde com o desejo frívolo de
satisfazer curiosidades doentias, de gosto duvidoso: o desenlace da telenovela, o horóscopo da
semana, os resultados do futebol, o primeiro lugar do Top + e outras bagatelas que desviam o
espírito do que merece ser sabido.

4. Distinga philosophos de sophos.


Sugestão de resposta: Philosopho (Fileo-amigo+sopho-sophia=sabedoria) é, segundo o
significado etimológico da palavra, aquele que ama, que gosta e, portanto, procura a
sabedoria. Na Grécia, dava-se a designação de filósofos aos homens que, movidos por
interesses intelectuais, se interrogavam acerca da realidade existente, visando a sua
compreensão. O saber que iam adquirindo, a totalidade de conhecimentos obtidos como
resultados das suas indagações, merecia também a designação de Filosofia.
Esta palavra - philosopho (o que ama e procura o saber) - formou-se por oposição a
sophos que é o possuidor do saber, o sábio.
O philosopho é habitado por esse fogo ardente, por esse desejo insaciável que o motiva
a procurar a sabedoria. O sophos ou sábio é o que se afirma detentor do saber e da verdade.
Ora, a sabedoria está reservada aos deuses. Ao homem resta-lhe a humilde tarefa de
incessantemente a procurar. Julgar-se ou afirmar-se sábio é sinal de pouca sabedoria. A
ignorância auto-consciente (“Só sei que nada sei” - Douta ignorância. Sócrates) é superior a
todo o falso saber.
Em suma: uma das primordiais condições de possibilidade de toda a atividade que pode
ser designada como filosófica e um dos mais importantes critérios para avaliar da justeza do
atributo “filosófico” é justamente a convicção profunda daqueles que filosofam de que
ninguém se pode arvorar em possuidor da verdade ou de um saber inquestionável.
À palavra filósofo podem atribuir-se vários significados.
1º - Chama-se filósofo ao homem que sabe enfrentar serena e tranquilamente os
acontecimentos e/ou situações. É aquele que, porque se mantém à distância dos
acontecimentos e porque conserva o sentido de humor e a liberdade de espírito, os melhor
consegue analisar, vendo sempre o “lado bom das coisas”. Há também quem veja neste
homem alguém que, (porque conserva precisamente o sentido de humor e se consegue
manter à distância dos acontecimentos e/ou situações), “não toma a sério as mesmas coisas
que as pessoas ditas sérias”.
2º - Chama-se também filósofo ao homem que, esquecendo as necessidades concretas dos
outros homens, se desgasta em polémicas inúteis de carácter especulativo. Ao esquecerem as
necessidades concretas dos homens, os filósofos são acusados de viverem num “mundo das

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nuvens”, isto é, num mundo de ideias mais ou menos subjetivas e utópicas que nada têm a ver
com as realidades quotidianas. Viveriam perfeitamente alheados do mundo e da vida real.
3º - Mas designa-se ainda por filósofo aquele homem que propõe aos outros um conjunto de
opiniões ou de ideias logicamente ligadas entre si e referindo-se à experiência humana em
geral, chegando assim a uma conceção do mundo, a uma conceção da vida e a uma conceção
do homem. São pessoas com formação literária e científica de notável envergadura e em
contacto constante com fontes bibliográficas do passado e da atualidade, o que lhes permite
conhecer as opiniões dos outros, confrontá-las com as suas, rebatê-las, melhorá-las de modo a
ser possível uma organização dos seus próprios pensamentos num sintético, coerente,
vigoroso e original sistema filosófico.

5. Clarifique o significado da expressão douta ignorância.


Sugestão de resposta: Sócrates ao afirmar “Só sei que nada sei” revela-nos a humildade de
quem, sabendo, procura sempre o conhecimento verdadeiro, sugerindo que a consciência de
que nada se sabe é um princípio fundamental para, exigentemente, se superar as ilusões do
falso saber, ou de um saber que, sendo limitado, se considera ilimitado. E esta atitude de
Sócrates é a clara expressão da “douta ignorância”.
O filósofo assume a postura de quem busca, com humildade, o conhecimento e a
sabedoria. De um ponto de vista etimológico, filosofia significa amor à sabedoria, e o filósofo é
o amigo, o amante do verdadeiro conhecimento, aquele que demanda a verdade, não aquele
que acha que a possui; aquele que interroga, não aquele que se fecha em certezas
supostamente definitivas.
É neste âmbito que deve ser compreendida a expressão douta ignorância. A douta
ignorância equivale a uma disposição do espírito, a uma abertura da mente em relação à
procura do conhecimento verdadeiro. Ao reconhecer a sua própria ignorância, o filósofo sabe
que a consciência de que não se sabe é o princípio fundamental para se superar as ilusões do
falso saber, ou de um saber que, tal como dissemos acima, apesar de ser limitado, se acha
ilimitado. Quando devidamente praticado, o lema socrático só sei que nada sei permite que
nos libertemos da tirania do hábito, a que está submetido quem julga possuir a verdade.

6.
O filósofo situa-se perante o seu objeto numa atitude diferente de qualquer outro
conhecedor; o filósofo ignora qual é o seu objeto e dele sabe somente: primeiro, que não é
nenhum dos restantes objetos; segundo, que é um objeto integral, que é o autêntico todo, o
que não deixa nada de fora e, por isso, o único que se basta.
Ortega y Gasset, O Que é a filosofia?
6.1. Partido da análise do texto, indique que problemas se colocam à delimitação de
um objeto de reflexão da filosofia.
Sugestão de resposta: Uma vez que a filosofia procura uma compreensão do real na sua
totalidade, ou uma compreensão integral das coisas e dos seres – universalidade da filosofia –,
então, o seu objeto de estudo, ao contrário do que sucede com os das várias ciências, não
pode ser delimitado e particularizado. A filosofia não possui, por isso, um objeto específico,
havendo, inclusive, filósofos que consideram que a filosofia não tem, propriamente falando,
um objeto.
Neste sentido, a atitude do filósofo perante o seu possível objeto de estudo é
substancialmente diferente da do cientista, já que aquele, ignorando qual possa ser o seu
objeto, sabe apenas que este não se confunde com nenhum dos restantes, e que se articula
com a totalidade do real. O esforço dos filósofos desenvolve-se no sentido de tornar inteligível
e compreensível essa totalidade.

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7. Analise os textos que se seguem e caracterize a atividade filosófica.

Texto A
Em filosofia a interrogação «para que é que usamos realmente tal palavra, tal
proposição» leva várias vezes a valiosos esclarecimentos.
Ludwig Wittgenstein, Tractatus Logico-Philosophicus, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1987

Texto B
A filosofia, se não pode responder a tantos enigmas como desejaríamos que
respondesse, tem o poder, pelo menos, de fazer perguntas e levantar problemas, que tornam
o mundo muito mais interessante e que mostram o estranho, o maravilhoso, logo por baixo da
flor da pele das vulgaríssimas coisas comuns.
Bertrand Russell, Os problemas da Filosofia, Ed. Sucessor, Coimbra, 1980

Texto C
Compete ao filósofo profissional investigar criticamente as coisas que muitos outros
têm na conta de óbvias. Pois muitos destes pontos de vista não passam de preconceitos que
são acriticamente aceites como óbvios, mas muitíssimas vezes são simplesmente falsos.
Karl Popper (adaptado)
Sugestão de resposta: No texto A, o filósofo mostra-nos o valor da interrogação como meio de
produzirmos um pensamento esclarecido, um pensamento isento de contradições e de
ambiguidades, um pensamento claro e coerente.
No texto B, o filósofo reforça a ideia de que a questionação caracteriza a filosofia,
conduzindo o pensamento daquilo que vulgar e superficial para o mundo mais interessante e
maravilhoso, o qual não se apresenta imediatamente ao nosso pensamento.
A interrogação e a questionação de que nos falaram o texto A e B conduzem,
obrigatoriamente, à investigação crítica à qual se refere o texto C. Investigar se aquilo que
aparece como óbvio, como claro, evidente, não passará de um preconceito, de uma ideia que
se generalizou acerca de qualquer coisa sem que tenha sido submetida a uma análise, uma
reflexão, uma discussão. Estes procedimentos, que são tarefa do filósofo, mostram-nos como
é que um ponto de vista resiste ou não às tentativas de o tornar falso; ou, dito de outro modo,
como se pode convencer alguém de que um ponto de vista é verdadeiro.
Pelo que os filósofos destes textos nos transmitiram, podemos ficar com a ideia de que a
filosofia tem a ver com a necessidade – comum a todos os homens – de problematizar, quer
dizer, interrogar, de levantar questões; só que o filósofo tem consciência de que a realidade
não se mostra e, por isso, surge a necessidade de duvidar criticamente, quer dizer pôr em
causa, mas com objetivos bem definidos, bem organizados e bem fundamentados.
Estes últimos aspetos levam a que se afirme que uma das características fundamentais
da filosofia é a radicalidade, que implica a investigação para encontrar razões coerentes que
sirvam de suporte ao saber.

8.
“A filosofia não é no fundo nada de novo. Começa com uma perguntas que se colocam
quando o mundo que nos é familiar e quotidiano, de repente, perde o seu carácter de
evidência e se converte num problema para nós.”
Anzembacher, Introdução à Filosofia

8.1. Caracterize a atitude filosófica, utilizando na sua resposta expressões semelhantes às do


texto.

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Sugestão de resposta: A atitude filosófica é uma atitude que:


 questiona a realidade problematizando-a;
 é inconformista, isto é, não aceita o que parece óbvio, o que está estabelecido ou
aquilo que aparece como evidente;
 implica sempre reflexão sobre os problemas levantados pela existência quotidiana e
uma tomada de posição;
 revela insatisfação e a procura de mais e melhor conhecimento.
Ou seja, a atitude filosófica é uma atitude que questiona e questiona mesmo aquilo que
parece óbvio e familiar, por isso, é problematizadora e crítica, não aceitando nada como sendo
definitivo nem evidente. Daí que se diga que é inconformista. Implica reflexão crítica e deve
conduzir a uma tomada de posição e ação. Revela curiosidade e insatisfação, constitutivas de
todos os homens, e a necessidade de saber sempre mais e de adquirir um conhecimento mais
verdadeiro, devidamente fundamentado, ou seja, justificado racionalmente.

9. Atente nos seguintes textos:


"Platão afirmou que a origem da Filosofia era o espanto. (...) O espanto impele ao
conhecimento. Pelo espanto me torno consciente da minha ignorância."
Karl Jaspers, Iniciação filosófica

«O espanto foi a causa pela qual os homens começaram a filosofar: a principio


permanecendo surpresos pelas dificuldades mais comuns: depois a pouco e pouco, avançando
mais, estenderam a sua investigação a problemas cada vez mais importantes (…) Ora,
compreender uma dificuldade e espantar-se é reconhecer a sua própria ignorância.»
Aristóteles

9.1. Exponha a importância do espanto para a origem da Filosofia.


Sugestão de resposta: Segundo Platão e Aristóteles, a filosofia nasceu do espanto ou
admiração. Ou seja, o filósofo é aquele que se espanta com a Natureza do que o rodeia, que
fica maravilhado com a realidade, mas ao mesmo tempo toma consciência de que aquilo a que
chama realidade não passa de aparência. O espanto leva-o a reconhecer a sua ignorância; ele
não sabe o que as coisas são. Aliás, foi o espanto que levou à primeira tentativa de explicação
do real, a explicação mítica. A tomada de consciência da nossa ignorância leva-nos à procura
do conhecimento, pois só aquele que sabe que algo lhe falta é que procura.
Quando nos questionamos acerca do ser e da origem das coisas, não o fazemos visando
um fim utilitário, ou a satisfação de qualquer necessidade prática imediata: fazemo-lo, antes
de mais, pelo amor ao conhecimento, pelo desejo de saber.

9.2. De que forma é que as situações-limite se podem encontrar na origem do filosofar.


Sugestão de resposta: As situações-limite – como, por exemplo, o sofrimento e o mal, a rotina,
a solidão, a morte, a culpa… - são situações que revelam ao ser humano o seu carácter finito,
frágil, ameaçado e sujeito ao fracasso. Refletir sobre tais situações pressupõe que se
reconheçam como inseparáveis da condição humana. Filosofar é tentar assumi-las
autenticamente, procurando integrá-las na própria vida, isto é, reconhecer a nossa própria
finitude, dispondo-nos a ultrapassá-las. Todavia, embora possamos lutar contra as situações-
limite, nunca as conseguiremos vencer totalmente. Quando as questionamos não o fazemos
com o objetivo de passar o tempo. Fazemo-lo para conquistar o sentido da vida.

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10. Liga corretamente os conceitos da coluna A à definição da coluna B.


COLUNA A COLUNA B

 Corpo teórico autónomo


 Filosofia Espontânea constituído através de uma
metodologia específica e decorrente
da atividade voluntária de
determinados indivíduos
especializados que se designam por
filósofos.

 Filosofia Sistemática  Significa uma certa conceção


do mundo e da vida que cada
indivíduo e cada grupo social
possuem e que se vai organizando
por assimilação mais ou menos
direta da experiência vivencial.

11. Esclareça em que medida se pode afirmar que todos os homens são filósofos.
Sugestão de resposta: Todos os homens são filósofos fundamentalmente por três grandes
razões:
a) todos nós dispomos de uma capacidade racional que nos habilita a pensar e a refletir de
modo autónomo, formulando problemas filosóficos;
b) todos os homens compartilham um conjunto de “ideias filosóficas” recebidas do meio
cultural e social em que vive;
c) todo o homem, em determinadas situações e momentos da sua existência, se interroga
sobre as grandes questões da vida e o seu significado.
É em virtude disto que se diz que o exercício da filosofia faz parte de todo o ser humano.

12. Distinga filosofia espontânea de filosofia sistemática.


Sugestão de resposta: Ainda que todos os homens sejam filósofos, o facto é que podemos e
devemos distinguir a filosofia espontânea, presente na sabedoria comum, da filosofia
sistemática, própria dos especialistas desta área.
A filosofia espontânea:
 é comum a todos os homens, estando presente na linguagem, no senso comum, na
religião popular, nas superstições, crenças, provérbios, opiniões e em todos os modos de ver,
pensar, agir e sentir das pessoas;
 não exige um conhecimento da história da filosofia, surgindo de modo natural a partir
das vivências do quotidiano e das experiências de vida. As perguntas das crianças revelam esse
carácter espontâneo da filosofia, já que as crianças são capazes de se admirar perante os
mistérios do mundo e de traduzir essa admiração em questões filosóficas;
 não possui um âmbito académico e não se desenvolve de modo crítico e rigoroso.
Embora o homem comum procure também explicações que lhe garantam algum conforto
existencial, não o faz de modo crítico, aceitando muitas vezes passivamente a sabedoria que
obteve da tradição.
A filosofia sistemática:
 é típica dos filósofos profissionais, possuindo uma linguagem técnica que lhe confere
maior rigor e coerência. Muitos filósofos constroem sistemas, visões estruturadas e

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totalizantes do mundo e da vida, com uma lógica interna, que torna solidários entre si os
vários elementos desse sistema;
 pressupõe o conhecimento da história da filosofia, da tradição filosófica e da evolução
das diversas problemáticas, embora o filósofo, enquanto indivíduo autónomo, use a sua razão
de forma livre e não de maneira servil;
 é académica e analisa criticamente diversas doutrinas: muitas vezes, o pensamento de
um dado filósofo resulta de um repensar de algum pensamento anterior, que o influenciou e
que ele submeteu à análise crítica.

13. Diferencie as duas dimensões da Filosofia (teórica e prática) procurando, ao mesmo


tempo, encontrar um exemplo que ilustre as possíveis relações entre elas.
Sugestão de resposta: Aquele que filosofa é, na expressão de Miguel de Unamuno, o homem
de carne e osso, o homem individual, que sofre e também ri, que se angustia e se alegra, que
intervém na política e age sobre o mundo, que se reproduz e morre, tendo ao mesmo tempo
consciência da sua própria morte. Como tal, não filosofa por razões triviais: filosofa-se a fim de
se encontrar uma justificação e um sentido para a vida.
Sendo assim, e embora inseparáveis, podemos distinguir, tendo em conta propósitos
específicos de reflexão filosófica, duas dimensões na filosofia: a dimensão teórica e a
dimensão prática.
Na dimensão teórica, a filosofia procura conhecer a essência da realidade, tentando
obter uma compreensão integradora do real, incluindo a reflexão sobre os vários saberes e os
problemas por ele suscitados.
Na sua dimensão prática, a filosofia ajuda-nos a orientarmo-nos no mundo, a saber-
viver, a agir de forma responsável, a intervir a nível social e político, visando a construção de
uma vida mais feliz e de um mundo melhor.
Estas duas dimensões não existem de forma isolada. Se, por exemplo, colocamos a
questão da existência de Deus, não é de certo por mera curiosidade intelectual (dimensão
teórica): fazemo-lo também para compreender que relação há entre a possível existência de
Deus e a escolha que fazemos dos valores que orientam a nosso agir (dimensão prática).

Esquematicamente:
Filosofia

Dimensão teórica Dimensão Prática

Conhecer Saber viver

Distinguir o Agir bem


verdadeiro do falso Orientar-se

O que são as coisas? O que devo fazer?


Saber o porquê Como devo fazer?

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Em conclusão: A Filosofia possui uma dimensão teórica, relativa ao conhecimento,


considerando o autor que tal conhecimento é, inclusive, uma fonte de prazer, muito superior
ao “prazer de ver todas as coisas que a nossa vista alcança”.
A Filosofia possui, ainda, uma dimensão prática, relativa à ação, permitindo “regrar os
costumes” e conduzir-nos na vida. O conhecimento e o saber-viver são englobados na
sabedoria.
Enquanto na sua dimensão teórica a Filosofia procura distinguir o verdadeiro do falso, o
real das aparências, de modo a saber o que as coisas são, na sua dimensão prática, procura
ajudar o ser humano a orientar-se na vida, a bem viver, surgindo como uma proposta de
orientação existencial.

14. Se tivesse que atribuir uma característica da Filosofia a cada uma das seguintes frases,
qual a que atribuiria?
Sugestão de resposta:
a) Escolhendo-me, escolho o Homem. ______________________________
(J.P. Sartre)
b) Os filósofos não brotam da terra como cogumelos; são fruto da sua época, do seu povo.
______________________________ (Karl Marx)
c) Não vou por aí!
Só vou por onde me levam meus próprios passos. ______________________________
(José Régio)
d) O filósofo é especialista em raízes. ______________________________
(Ortega e Gasset)

15. Faça corresponder as afirmações da coluna da direita com as características específicas


da Filosofia, coluna da esquerda.
1. Universalidade a) A Filosofia debruça-se sobre o todo. _____
b) Pensar por si mesmo. _____
2. Radicalidade c) Ir à raiz dos problemas. _____
d) Todo o ser humano é, potencialmente, filósofo. _____
3. Historicidade e) Questões gerais, globais, não particulares. _____
f) Preocupação com a essência. _____
4. Autonomia g) Põe em causa fundamentos e pressupostos. _____
h) Recusa perante qualquer tipo de imposição. _____
i) O filósofo é um ser no tempo. _____
j) A Filosofia emerge de um passado. _____

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