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FILOSOFIA EM

7 PASSOS
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
AULA 1. AMOR À SABEDORIA AULA 5. ESTÉTICA
RESUMO P.06 RESUMO P.38
PLANO P.07 PLANO P.39
QUESTÕES P.11 QUESTÕES P.42
REFERÊNCIAS P.12 REFERÊNCIAS P.43

AULA 2. PANORAMA DA AULA 6. METAFÍSICA


HISTÓRIA DA FILOSOFIA RESUMO P.45
RESUMO P.14 PLANO P.46
PLANO P.15 QUESTÕES P.53
QUESTÕES P.20 REFERÊNCIAS P.54
REFERÊNCIAS P.21
AULA 7. FILOSOFIA DA RELIGIÃO
AULA 3. ÉTICA RESUMO P.56
RESUMO P.23 PLANO P.57
PLANO P.24 QUESTÕES
QU P.61
QUESTÕES P.28 REFERÊNCIAS P.62
REFERÊNCIAS P.29
BIBLIOGRAFIA
AULA 4. POLÍTICA GERAL P.64
RESUMO P.31 ENCICLOPÉDIAS P.64
PLANO P.32 DICIONÁRIO P.64
QUESTÕES
QU P.35 OS CLÁSSICOS P.64
REFERÊNCIAS P.36 REFERÊNCIAS DAS AULAS
REFERÊNCI P.65
Apresentação
Este e-book acompanha o Curso F7P - Filosofia em Sete Passos, que tem como
objetivo iniciar você nos conceitos centrais da filosofia, permitindo que dê seus próprios
passos de reflexão filosófica. Ele é fruto da minha experiência no magistério superior e
na divulgação da filosofia para um público mais amplo, num esforço de tornar a filosofia
acessível e cativante.
Este livro é um caderno das aulas do Curso, que serve de apoio e complemento
importante para o acompanhamento e assimilação das aulas, contendo: (I) o resumo, (II) o
plano dos tópicos e seus respectivos argumentos numerados, (III) as questões filosóficas a
serem debatidas e revisadas e (IV) as leituras básicas e complementares.
Atente à estrutura analítica dos planos das aulas, perceba como se constrói um
argumento filosófico, a partir de uma hipótese central e sua demonstração, exemplificação
e contraste dialético de teses concorrentes. Mais importante do que saber o que os grandes
filósofos disseram é aprender a pensar com eles, acompanhá-los na arte do raciocínio.
Note, porém, que os argumentos são resumidos por tópicos, e não desenvolvidos por
extenso. O trabalho de traduzi-los em parágrafos completos é um exercício recomendável
para você adquirir o raciocínio filosófico. Escrever uma dissertação filosófica sobre cada
aula ou sobre cada tópico delas, é um treino intelectual extraordinário. Para isso, você
provavelmente precisará recorrer à bibliografia indicada.
Ao ler as obras indicadas na bibliografia, você perceberá que a minha seleção de
argumentos e justificativas deles pode ser contestada e complementada. Lembre-se sempre
que nenhuma exposição filosófica é definitiva e conclusiva, mas sempre aberta a novos
questionamentos e demonstrações.
Ao fim de cada aula, procure responder às questões propostas, por escrito e oralmente.
Essas questões são apenas exemplificativas e matrizes de muitas outras. Elas não são óbvias
e nem comportam uma resposta final, por isso devem ser discutidas com interlocutores.
Não deixe, portanto, de debater todas as questões suscitadas na nossa comunidade
do Telegram, clicando aqui, porque este curso é apenas o primeiro momento de uma
reflexão duradoura, de que você pode participar ativamente.
Leia também o e-book de Introdução à Filosofia, clicando aqui, que eu escrevi com
o mesmo intuito de proporcionar uma iniciação no universo extraordinário da reflexão
filosófica.
Boa leitura e reflexão. Conte comigo.
1 AMOR
À SABEDORIA
Aula 1 - Amor à Sabedoria

Amor à Sabedoria
I. Resumo

N
a introdução, esta aula apresenta a proposta do curso, que convida a percorrer os sete
passos do horizonte abrangente e circular da filosofia.
(I) Na primeira parte, o conceito de filosofia como amor à sabedoria, ressaltando
a dimensão universal dessa atividade intelectual que interroga, com radicalidade e
profundidade, todo o universo inteligível. Ainda nesta parte, apresenta as três dimensões
constitutivas da vida filosófica: a intelectual, a moral e a pedagógica.
(II) Na segunda parte, trata da origem da filosofia como admiração diante da beleza
e diversidade do mundo, que gera o espírito questionador e científico.
(III) Na terceira parte, discorre sobre os dois métodos da filosofia, o analítico (conceitual
e abstrato) e o hermenêutico (dialético e histórico).
Por fim, (IV) na quarta parte, enumera as disciplinas filosóficas, a partir da distinção
elementar de disciplinas práticas (ética, política e estética) e teóricas (metafísica, ontologia
e epistemologia, e filosofia da religião).

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 6


Aula 1 - Amor à Sabedoria

II. Plano
INTRODUÇÃO: A proposta do curso

1. Partes da aula
1.1. Definição
1.2. Origem
1.3. Método histórico e analítico
1.4. Disciplinas

2. Significado do número sete


2.1. Completude
2.2. Infinitude
2.3. Completude

3. Coordenadas do mapa
3.1. Possibilidade de iniciar na reflexão filosófica
3.2. Principais escolas, temas e autores

PARTE I. Definição de filosofia

1. Amor à sabedoria
1.1. Etimologia: Philo (amor) – Sophia (sabedoria)
1.2. Crise da sabedoria tradicional
1.2.1. Sábios
1.2.2. Filósofos
1.3. Dogma (resposta) e questão (dúvida)
1.4. Sócrates como fundador da filosofia
1.5. Definição etimológica que corresponde à essência da filosofia

2.Natureza do amor
2.1. Demorar-se diante da coisa amada
2.2. Aprofundar, intensificar, buscar mais o que ama
2.3. O filósofo ama o conhecimento

3. Todos são filósofos em potencial


3.1. Gosto de conversar e interpretar o mundo em geral
3.2. Necessidade de critérios sólidos para ultrapassar o senso comum (do jornal,
das redes sociais ou da escola)
3.3. Senso crítico do filósofo: identificação dos critérios morais das ações
3.3.1. Questiona tudo ao seu redor, como a ética, política, estética, ciência,
religião

4.Universalidade e prática da filosofia


4.1. Especialização disciplinar
4.2. Redução da filosofia a uma história das ideias

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 7


Aula 1 - Amor à Sabedoria
4.3. Não apenas saber o que outros pensaram, mas, inspirando-se neles, pensar
efetivamente
4.3.1. Clássicos como modelos de pensamento
4.4. Sempre pensamos numa tradição de pensamento e linguagem
4.5. Prática da filosofia: ação do pensamento

5.Dimensões constitutivas da filosofia


5.1. Intelectual: conhecer a verdade
5.1.1. Ciência também busca a verdade
5.1.2. Superação da fase de dúvida (filosófica) pela de certeza (científica)
5.1.3. Dimensão filosófica da ciência, que, ao conhecer um âmbito da realidade,
percebe que ainda há mais para conhecer
5.1.4. Dimensões básicas da Universidade
5.1.4.1. Ensino: reprodução do conhecimento científico
5.1.4.2. Pesquisa: produção do conhecimento científico
5.1.5. A filosofia se volta à verdade como um todo, sem se subtrair de nenhuma de
suas partes
5.1.6. Iluminação da realidade pelas palavras: filosofia é a capacidade intelectual de
descrever verbalmente o mundo, de falar sobre ele
5.1.7. Imagem da caverna de Platão: prisão das representações correntes
da realidade, pelas redes sociais, televisão ou escola
5.2. Moral: viver a verdade
5.2.1. Para além da utilidade profissional e do retorno econômico
5.2.2. Filosofia como rainha das ciências, que as unifica
5.2.3. A verdade precisa ser conquistada
5.2.4. Vida intelectual: amor ao belo e ao bom (Sertillanges)
5.2.5. Filosofia está sempre encarnada na vida concreta de alguém (ela não é um
conjunto desencarnado de pensamentos abstratos)
5.2.6. Duas formas básicas de vida
5.2.6.1. Prática: economia, política e família
5.2.6.2. Contemplativa: vida divina de contemplação da verdade
5.2.7. Filósofo amador (não necessariamente profissional) é um amante sincero
do saber
5.2.7.1. Risco da institucionalização da filosofia esvaziar o seu conteúdo
5.3. Pedagógica: ensino e compartilhamento do bem da verdade
5.3.1. Amizade
5.3.2. Magistério de Sócrates
5.3.3. Diálogo e dialética
5.3.4. Maiêutica: partejar as ideias, instigando e provocando o interlocutor
5.3.5. Psicanálise como herdeira da tomada de consciência pela fala
5.3.6. Amor como ato supremo da liberdade humana
5.3.6.1. Formas rebaixadas de ensino da filosofia, que a tornam detestável
5.3.7. Formação de uma comunidade filosófica
5.3.7.1. A filosofia clássica não é uma atividade solitária, mas um
diálogo entre amigos para chegarem à verdade
5.3.7.2. Erro da forma solitária (solipsista) da filosofia moderna
de Descartes

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Aula 1 - Amor à Sabedoria
6. Filosofia clássica como caso central da filosofia
6.1. Entre as várias formas de filosofia, a de Sócrates, Platão e Aristóteles é a mais
perfeita e completa
6.2. Necessidade de se tomar a decisão sobre o ponto de partida, a partir do qual
se pode julgar as outras versões concorrentes de filosofia
7. Vida intelectual é formada por virtudes
7.1. Intelectuais: descrever a realidade pelas palavras
7.2. Morais: paciência, diligência (amor), serenidade, docilidade

PARTE II. Origem da filosofia

1. Admiração pela mundo


1.1. Por que o mundo existe?
1.2. Quais são suas características?
1.3. Como explicar a realidade humana, moral, política, estética, onírica etc?

2. Admiração emocional, espontânea, é elaborada numa investigação científica metódica


2.1. Respostas científicas de perguntas filosóficas

3. Toda ciência nasce filosófica


3.1. Ex. de Albert Einstein, crítico de Isaac Newton
3.2. Ideologia do cientificismo (positivismo): tudo pode ser respondido pela ciência
3.3. Filosofia reconhece o espaço do mistério e, portanto, da religião
3.3.1. Ciência da Teologia, de base filosófica

4. A realidade excede a nossa capacidade de conhecê-la

5. A filosofia é a contemplação do mundo


5.1. Acolhimento agradecido pela maravilha do mundo
5.2. Atividade desinteressada, sem finalidade utilitária

6. Os filósofos devotaram toda sua vida à filosofia


6.1. Filosofia é o resultado da ação do filosofar (Kant)

PARTE III. Métodos da filosofia

1. Analítico
1.1. Conceitual
1.2. Lógico
1.3. Abstrato: independente das condições sociais e históricas

2. Hermenêutico
2.1. Histórico
2.2. Contextual
2.3. Dialético: distinções e transições entre autores e períodos
2.4. Elenca os autores numa linha do tempo

3. Este curso é um misto dos dois, mas privilegia a forma analítica

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Aula 1 - Amor à Sabedoria
PARTE IV. As disciplinas da filosofia

1. Prática: ação, o que está ao nosso alcance e que podemos mudar


1.1. Ética: ações, bens, valores e felicidade
1.2. Política: organização social por meio de uma autoridade que distribui os
direitos, deveres, bens e oportunidades, por meio das leis
1.2.1. Estuda também as ideologias políticas e a disputa do poder
1.2.2. Ética pública
1.3. Estética: beleza, como aquilo que apetece os nossos sentidos
1.3.1. Belo natural
1.3.2. Belo artística (filosofia da arte)

2. Teórica: contemplação
2.1. Metafísica
2.1.1. Ontologia: ser, totalidade do que existe, do ponto de vista substancial
2.1.2. Epistemologia: conhecer, relação entre os sentidos e o pensamento
2.2. Religião: existência e essência de Deus (do princípio divino que engendra
a realidade)

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Aula 1 - Amor à Sabedoria

III. Questões
Introdução
1. Por que a filosofia é uma caminhada e não um porto seguro?

2. O que significa a simbologia do número sete e por que ele é representativo


da natureza da filosofia?

3. Em que medida um mapa pode ser prejudicial a uma viagem de descoberta


e exploração?

Parte I. Definição
4. Por que a definição etimológica de filosofia explicita a sua essência?

5. Quais são as principais características do amor? Por que a filosofia é uma forma
de amor?

6. Por que a filosofia não se reduz a uma atividade técnica e especializada, restrita
a intelectuais acadêmicos, certificados por uma universidade?

7. Quais são as três dimensões constitutivas da vida filosófica e como elas estão
intrinsecamente interligadas?

Parte II. Origem


8. O que significa dizer que a admiração é a origem da filosofia?

9. A admiração desaparece depois de deflagrado o pensamento?

10. Qual é a dimensão filosófica da ciência?

11. Qual é a diferença entre filosofia e filosofar?

Parte III e IV. Métodos e Disciplinas


12. Por que os métodos analítico e hermenêutico são complementares entre si?

13. Qual é o fundamento teórico das disciplinas práticas?

14. Qual é o fundamento prático das disciplinas teóricas?

15. Qual é o método mais oportuno para refletir sobre as disciplinas práticas?
E sobre as teóricas?

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Aula 1 - Amor à Sabedoria

IV. Referências
Básica
1. PIEPER, Josef. Que é filosofar? São Paulo: Loyola, 2007.
2. SERTILLANGES, Introdução à vida intelectual. Seu espírito, condições e métodos.
São Paulo: É Realizações, 2010.

Complementar
3. MELENDO, Tomás. Iniciação à filosofia. Razão, Fé e Verdade. São Paulo: Instituto
Brasileiro de Filosofia e Ciência Raimundo Lúlio, 2005.
4. ROBINET, Jean-François. O tempo do pensamento. São Paulo: Paulus, 2004.

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2 PANORAMA
DA HISTÓRIA
DA FILOSOFIA
Aula 2 - Panorama da História da Filosofia

Panorama da História
da Filosofia
I. Resumo
N
a introdução, esta aula apresenta a questão filosófica e historiográfica da história da
filosofia, como diálogo com a tradição de pensamento, elencado os modelos básicos
de Aristóteles, Hegel e Gadamer e delineando os quatro períodos didáticos da filosofia:
(I) Antiguidade, (II) Idade Média, (III) Modernidade e (IV) Contemporaneidade.
(I) Na primeira parte, explora a filosofia antiga, com o nascimento entre os naturalistas,
que permitem a ascensão dos primeiros grandes edifícios especulativos de Platão e
Aristóteles, na esteira de Sócrates.
(II) Na segunda parte, passa ao cristianismo, que se considera herdeiro do projeto
filosófico, mas o qualifica pela crença na revelação do Logos feito carne. Divide a história
da filosofia medieval em Patrística e Escolástica, com a influência maior do platonismo e do
aristotelismo, respectivamente.
(III) Na terceira parte, aborda a filosofia moderna, a partir dos marcos iniciais do
Renascimento e da Reforma, com seu humanismo antropocêntrico, chegando na Revolução
Científica, que expande o conhecimento sobre o mundo material. Trata também do
iluminismo, positivismo e romantismo, como movimentos filosóficos importantes e repletos
de consequências culturais, sociais, políticas e intelectuais.
(IV) Na quarta parte, explica as duas linhas principais da filosofia contemporânea,
a hermenêutica de Heidegger e Sartre, concentrada na existência humana, e a analítica,
focada na linguagem e na lógica, ambas marcadas pelo reposicionamento da filosofia numa
era de desencanto, pessimismo, ceticismo e relativismo.

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Aula 2 - Panorama da História da Filosofia

II. Plano
INTRODUÇÃO

1. História da filosofia
1.1. Diálogo intergeracional e tradicional
1.2. Imagem do banquete, em que cada conviva responde aos antecessores
1.3. Responder às perguntas antigas e superá-las por novas

2. Dois métodos
2.1. Analítico: conceitual, abstrato, lógico
2.2. Hermenêutico: histórico, diacrônico, sucessão temporal de passado e presente
2.2.1. Tradição: as ideias que permanecem influentes e relevantes ao longo
do tempo
2.2.2. A filosofia é um dos componentes da Civilização Ocidental, como
a religião e o direito

3. Consciência da história da filosofia


3.1. Aristóteles (sec. V a.C.)
3.1.1. Dialogo crítico com a tradição de Platão, Sócrates, Parmênides etc.
3.1.2. Desenvolvimento progressivo dos conceitos
3.2. Hegel (sec. XIX)
3.2.1. Sentido filosófico da própria história: explicitação do espírito absoluto
no tempo
3.3. Gadamer (séc. XX)
3.3.1. Hermenêutica filosófica: reflexão sobre a tradição da linguagem histórica
3.3.2. Contextos culturais e sociais em que as palavras e as ideias são usadas
3.3.3. Dialética entre permanência e mudança
3.3.4. Filosofia como personagem cuja biografia atravessa os autores e períodos

4. Partes das aulas - Períodos da história da filosofia


4.1. Antiguidade
4.2. Idade Média
4.3. Modernidade
4.4. Contemporaneidade

5. Discrionariedade da historiografia filosófica


5.1. Depende da eleição de marcos históricos de transição
5.2. Exemplo de Santo Agostino de Hipona, o último dos Antigo e o primeiro
dos medievais

6. Os principais eixos da filosofia e seus principais momentos históricos


(a partir de Górgias)
6.1. Ser (Filosofia Clássica: antiga e medieval): Ontologia
6.2. Conhecer (Filosofia Moderna): Epistemologia
6.3. Dizer (Filosofia Contemporânea): Linguagem - retórica, discurso, hermenêutica

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Aula 2 - Panorama da História da Filosofia
7. Imagem do sobrevoo panorâmico e vertiginoso de 2.500 anos pelas cidades filosóficas

PARTE I. Filosofia Antiga

1. Surgimento da Filosofia (VII-V a.C.)


1.1. Colônias gregas da Ásia Menor (atual Turquia)
1.2. “Pré-Socráticos” (pressupõe a centralidade de Sócrates)
1.2.1. Estudo da “physis”: natureza ontológica de tudo o que existe
1.2.2. Tales de Mileto: água
1.2.3. Heráclito: fogo
1.2.4. Parmênides: ser (ente)

2. Sofistas
2.1. Professores de retórica: persuasão pela performance verbal
2.2. Estudo do comportamento, das normas sociais e da linguagem normativa
(“nomos”)
2.3. Contexto da ascensão da democracia

3. Período clássico (V-IV a.C.)


3.1. Esplendor cultura de Atenas
3.1.1. Ebulição intelectual
3.1.2. Tragediógrafos (Ésquilo, Sófocles e Eurípedes)
3.1.3. Sofistas (Górgias de Leontini e Protágoras de Abdera)
3.2. Sócrates (crítica, lógica): fundação existencial da filosofia
3.3. Platão (universalização): fundação literária
3.3.1. Funda a Academia, em 387 a.C.
3.4. Aristóteles (sistematização do saber universal)
3.4.1. Funda o Liceu em 335 a.C.

4. Helenismo (IV a.C. – I d.C.)


4.1. Difusão da cultura grega por Alexandre Magno e pelo Império Romano
4.2. Escolas fundadas depois da queda da pólis (final do IV a.C.)
4.2.1. Estoicismo, Epicurismo, Ceticismo e Cinismo
4.2.2. Ênfase na ética, em detrimento da metafísica

5. Antiguidade tardia (I-V d.C.)


5.1.1. Continuidade do helenismo
5.1.2. Estoicismo romano ou imperial (Sêneca e Marco Aurélio)
5.1.3. Epicurismo (Lucrécio)
5.1.4. Neoplatonismo (Plotino e Porfírio)
5.1.5. Cristianismo (teologia cristã, sobretudo com Orígenes e Clemente,
em Alexandria, e depois com Agostinho)

6. Questões centrais
6.1. Cosmos
6.2. Logos
6.3. Eros
6.4. Ethos
6.5. Polis

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Aula 2 - Panorama da História da Filosofia
PARTE II. Filosofia Medieval

1. Contexto filosófico do cristianismo


1.1. Cristãos são os principais herdeiros da filosofia clássica
1.2. São Paulo: judeu da diáspora, cidadão romano e intelectual helenista
1.3. São João, o Teólogo
1.3.1. Prólogo do Quarto Evangelho: “No princípio era o Verbo” (en archē ēn o logos)

2. Patrística (I-VII)
2.1. Maior influência de Platão (neoplatonismo de Plotino)
2.2. Destaque: Santo Agostinho de Hipona (IV-V): o último dos Antigos e o primeiro
dos medievais
2.3. Padres da Igreja
2.3.1. Latina: Agostinho, Ambrósio, Jerônimo e Gregório Magno
2.3.2. Grega: Basílio, Gregório de Nissa, Gregório de Nazianzo, Crisóstomo
2.4. Questões filosóficas da Teologia e da Religião, como a Trindade
2.4.1. Disputas conceituais dos Concílios Ecumênicos de Niceia e Constantinopla
(sec. IV)

3. Escolástica (XIII-XV)
3.1. Maior influência de Aristóteles (mediado por árabes e judeus)
3.2. Destaque: Santo Tomás de Aquino (XIII)
3.3. Amadurecimento da Cristandade: Catedrais e Universidades (Escolas)
3.4. Filósofos e teólogos: Alberto Magno, Duns Escoto, Guilherme de Ockham
3.5. Filosofia Islâmica aristotélica (VII-XIII)
3.5.1. Conquista do Egito e Síria: contato com Aristóteles (VII)
3.5.2. Conquista da Península Ibérica (Córdoba) (VIII)
3.6. Neoescolástica (XVIII): Suarez, Vitória, Molina
3.7. Questões centrais
3.7.1. Revelação do logos encarnado: cristianismo e platonismo
3.7.2. Fé e Razão
3.7.3. Ontologia: Deus
3.7.4. Lógica

Parte III. Filosofia Moderna

1. Marcos iniciais
1.1. Renascimento (XV-XVI)
1.2. Grandes navegações intercontinentais (a partir do XV)
1.3. Reforma Protestante (XVI)

2. Antropocentrismo
2.1. Humanismo platônico (contra o teocentrismo aristotélico)
2.2. Protágoras: “o homem é a medida de todas as coisas”
2.3. Pico della Mirandolla, Discurso sobre aa dignidade humana
2.4. Maquiavel: realismo da política de poder
2.5. Erasmo de Roterdã: questões culturais e religiosas
2.6. Thomas Morus: questões éticas, culturais e religiosas

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Aula 2 - Panorama da História da Filosofia
3. Revolução científica (XVI-XVII)
3.1. Revolução: transição do aristotelismo escolástico a um platonismo (pitagorismo)
3.2. Galileu Galilei: o mundo é conhecido pela linguagem matemática
3.3. Concepções herméticas, gnósticas e heréticas: simbologia tradicional
3.4. Antropocentrismo científico: capacidade humana de conhecer, cientificamente,
o mundo material
3.5. Novo método
3.5.1. René Descartes, Discurso sobre o método
3.5.2. Francis Bacon, Novum organum
3.6. Ruptura não só com o pensamento medieval, mas também os clássico greco-
romanos, em nome de um pensamento “novo e melhor” (moderno)

4. Discussão epistemológica fundamental


4.1. Racionalistas: Descartes, Spinoza, Leibniz
4.2. Empiristas: Bacon, Gassendi, Hobbes, Locke, Hume e Berkley

5. Iluminismo (XVIII)
5.1. Protagonista: Kant
5.1.1. Síntese transcendental de empirismo e racionalismo
5.2. Tomada de consciência do projeto da modernidade
5.3. Emancipação, pelas luzes da razão, da superstição religiosa e do absolutismo
político
5.4. Enciclopédia: Diderot, Voltaire, Rousseau, Montesquieu
5.5. Debate público de intelectuais no contexto francês revolucionário

6. Idealismo alemão (XIX)


6.1. Depois de Kant, o eixo gravitacional da filosofia passa ser a Alemanha
6.2. Segundo grande protagonista: Hegel
6.2.1. Sistema do idealismo absoluto, integrando cultura, arte, política, religião
e filosofia
6.2.2. Fonte de Karl Marx, o mais influente filósofo político da modernidade,
com a tentativa de superar, pelo método do materialismo histórico-
dialético, o liberalismo burguês de Locke pelo comunismo

7. Romantismo (XIX)
7.1. Ruptura com o racionalismo moderno exacerbado
7.2. Valorização dos sentimentos e do inconsciente
7.3. Importância das artes e sobretudo da grande música alemã, com a de Beethoven
e Wagner
7.4. Protagonistas
7.4.1. Arthur Schopenhauer
7.4.2. Friedrich Nietzsche
7.5. Questões centrais
7.5.1. Conhecimento científico (Epistemologia): razão autônoma (sem fé)
7.5.2. Humanismo
7.5.3. Política (Ciência política)
7.5.4. Beleza (Estética)

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Aula 2 - Panorama da História da Filosofia
PARTE IV. Filosofia Contemporânea
1. Contexto
1.1. Influência variada de Nietzsche
1.2. Pós-modernidade: desilusão com o projeto iluminista e racionalista
1.3. Relativismo, ceticismo e existencialismo
1.3.1. Era do indivíduo
1.3.2. Secularização
1.3.3. Desencantamento do mundo

2. Filosofia hermenêutica
2.1. O problema da existência humana
2.1.1. Heidegger: analítica do ser-aí, desconstrução da metafísica clássica
e moderna
2.1.2. Sartre
2.1.2.1. Incomunicabilidade entre os sujeitos
2.1.2.2. Ateísmo, humanismo e liberdade absurda
2.2. Desilusão e pessimismo com as guerras mundias
2.2.1. Theodor Adorno (Escola de Frankfurt): falência da razão científica
2.2.2. Desencantamento do mundo (Max Weber): relativismo de valores

3. Filosofia analítica
3.1. Principal nome: Wittgenstein
3.2. Redução do escopo da filosofia para análise e terapia da linguagem
3.3. Positivismo lógico do Círculo de Viena
3.4. Esvaziamento da filosofia moral, política, da arte e da religião

4. Retomadas de tendências anteriores


4.1. Neotomistas
4.1.1. Maritain, Sertillanges e Gilson
4.1.2. Haldane, Finnis e MacIntyre
4.2. Neoaristotélicos
4.2.1. Hannah Arendt
4.3. Neoplatônicos
4.3.1. Eric Voegelin
4.3.2. Leo Strauss
4.4. Neokantianos
4.4.1. Cassirer
4.5. Neomarxistas
4.5.1. Lukács
4.5.2. Gramsci
4.5.3. Escola de Frankfurt (Adorno, Marcuse, Habermas)

7. Questões centrais
7.1. Linguagem, discurso, retórica, ideologia e poder
7.2. Pluralismo, liberalismo e secularização
7.3. Lógica: limites da linguagem
7.4. Crítica da modernidade
7.4.1. Pré-modernidade (retomada dos clássicos, pagãos e cristãos)
7.4.2. Pós-modernidade

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Aula 2 - Panorama da História da Filosofia

III. Questões
Introdução
1. Por que a história da filosofia pode ser considerada um diálogo tradicional?

2. Qual é a diferença entre as concepções de história da filosofia de Aristóteles,


Hegel e Gadamer?

3. Por que a periodização em quatro eixos da história da filosofia – antiga,


medieval, moderna e contemporânea – pode ser considerada arbitrária?

Parte I. Filosofia Antiga


4. Qual era a preocupação principal dos primeiros filósofos, chamados “naturalistas”
ou fisiólogos?

5. Por que Sócrates é considerado o fundador existencial da filosofia?

6. Por que Platão e Aristóteles são considerados indispensáveis na história


da filosofia?

7. Qual é a importância do helenismo cultural para a filosofia?

Parte II. Filosofia Medieval


8. Por que os cristãos consideram-se herdeiros dos filósofos clássicos?

9. Qual foi a importância da filosofia para a teologia?

10. Em que medida Santo Tomás de Aquino representa o apogeu da filosofia cristã?

Parte III. Filosofia Moderna


11. Qual é a influência dos sofistas no início da modernidade?

12. Qual é o fundamento filosófico da revolução científica moderna?

13. Por que Kant é considerado o maior filósofo moderno?

14. Quais são as implicações do romantismo na arte e na política?

Parte IV. Filosofia Contemporânea


15. Por que a filosofia contemporânea pode ser considerada pós-moderna?

16. Quais os nexos entre ateísmo, desilusão e existencialismo?

17. Qual é a saída da filosofia analítica para perpetuar a filosofia?

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 20


Aula 2 - Panorama da História da Filosofia

IV. Referências
Básica
1. MARIAS, Julian. História da filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2015.
2. MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 2007.

Complementar
3. REALE, Giovani; ANTISERI, Dario. História da filosofia. 3 vols. São Paulo:
Loyola, 2017.
4. ROBINET, Jean-François. O tempo do pensamento. São Paulo: Paulus, 2004.

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 21


3 ÉTICA
Aula 3 - Ética

Ética
I. Resumo
N
a introdução, esta aula apresenta os fundamentos da ética e sublinha as principais
correntes da história da filosofia moral, sublinhando os desafios atuais do ceticismo e
relativismo.
(I) Na primeira parte, apresenta a ética clássica de Aristóteles, com suas noções de
finalidade (teleologia), virtude, felicidade e bem comum.
(II) Na segunda parte, introduz a ética de Kant, pautada na liberdade racional de
autodeterminação pela ação incondicionada do dever pelo imperativo categórico.
(III) Por fim, na terceira parte, menciona a ética da autenticidade, inspirada em
Nietzsche, que suprime a função normativa da razão moral, tanto clássica quanto moderna,
em nome da vontade de poder e da vida para além do bem e do mal.

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 23


Aula 3 - Ética

II. Plano
INTRODUÇÃO

1. Disciplina mais importante da filosofia

2. Delimitação conceitual
2.1. Moral (“morus”, hábito, costume): código social normativo, que integra
o indivíduo na sociedade
2.2. Ética (ciência do “ethos”, a Filosofia Moral): dimensão intelectual que visa
a compreender e sistematizar os princípios e teorias da moral

3. Sócrates como fundador da filosofia moral


3.1. Perguntas básicas: o que é a virtude, a amizade, o amor, a justiça?

4. Papel da Ética filosófica


4.1. Não é de solucionar as discordâncias definitivamente
4.2. Dar forma aos nossos argumentos e trazer clareza moral para as alternativas
com as quais nos confrontamos
4.3. Esclarecer o debate, as correntes que o animam
4.4. Converter para uma vida reflexiva, autêntica e pautada na verdade

5. Duas dimensões da Ética


5.1. Teórica (epistemologia e metaética): correntes da crise atual
5.2. Prática: tratar diretamente da prática, por meio de conceitos como virtudes
e vícios

6. Fundamento da Ética
6.1. Faculdade da Razão prática: reflexão sobre o agir correto
6.2. Homem não age só por “instintos” animais, mas por “princípios” racionais
6.3. Homem “fala”, conversa, debate, discorda sobre a ação, se arrepende
6.3.1. Sentamos para comer e falamos do que fizemos (no passado) e do que
vamos fazer (no futuro)
6.4. Relação intrínseca entre ética e política, na filosofia clássica
6.4.1. Cisão na modernidade, com Maquiavel e Hobbes: autonomização da
política, que não poderia mais ser julgada pela ética
6.5. Liberdade, inteligência e vontade
6.5.1. Seguir o bem
6.5.2. Variedade e relatividade dos valores morais
6.5.3. Platão contestou o relativismo cultural dos sofistas
6.6. Relativismos morais
6.6.1. Cultural
6.6.2. Histórico
6.6.3. Individual
6.6.3.1. Caim e Abel (Antigo Testamento da Bíblia)
6.6.3.2. Etéocles e Polinice (Antígona de Sófocles)

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 24


Aula 3 - Ética
7. Antropologia clássica: homem como animal racional e político
7.1. Alma vegetativa, sensitiva e intelectiva
7.2. Liberdade (razão) e necessidade (inclinações)
7.3. Inteligência (para discernir bens) e vontade (para persegui-los)

8. Ética como consciência moral


8.1. Julgamento das ações
8.2. Arrependimento e perdão
8.3. Humildade como fundamento da ética cristã

9. Clima atual de desconfiança da ética


9.1. Ceticismo
9.2. Pluralismo

10. Os dilemas do relativismo


10.1. Incomensurabilidade dos discursos morais
10.2. Autocontradição performática: a verdade de que não há verdade
10.3. Fundamento da democracia liberal: direitos de liberdade individual
10.4. Neutralização da filosofia, como atividade que alcança a verdade objetiva

11. Plano da aula


11.1. Ética clássica de Aristóteles
11.2. Ética moderna de Kant
11.3. Ética contemporânea de Nietzsche

12. Quadro das principais teorias éticas


12.1. Éticas clássicas da felicidade (bem e perfeição) - Tradição
12.1.1. Ética das virtudes (Platão, Aristóteles)
12.1.2. Lei Natural (Aquino)
12.1.3. Éticas do prazer
12.1.3.1. Hedonismo (Epicuro)
12.2. Éticas do dever e da autonomia – Iluminismo
12.2.1. Deontologia (Kant)
12.3. Éticas críticas e emancipatórias da autenticidade – Romantismo
12.3.1. Genealogia, psicologia e vontade (Nietzsche, Freud, Foucault)
12.3.2. Existencialismo (Sartre)
12.3.3. Feminismo (Beauvoir, Butler)
12.3.4. Hermenêutica (Gadamer, Ricoeur, Taylor)

PARTE I. Ética clássica de Aristóteles

1. Toda ação visa a um fim (bem) – Teleologia

2. A felicidade é a realização (florescimento) das potências da natureza humana

3. Virtudes são as ações excelentes, que atualizam as forças da personalidade

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 25


Aula 3 - Ética
4.As quatro virtudes cardeais
4.1. Temperança: prazer
4.2. Fortaleza: medo
4.3. Prudência: decisão contextual
4.4. Justiça: equilíbrio nas relações sociais

5. Virtude é equilíbrio, o meio termo entre a falta e o excesso

6. Dimensão pedagógica e política das virtudes: bem comum


6.1. Instituições que promovem estes bens
6.2. Escola: educação – conhecimento
6.3. Universidade, Conservatório, Museu
6.4. Estado: papel paternalista que educar os cidadãos nas virtudes, com vistas
à felicidade

PARTE II. Éticas moderna do dever e da autonomia (Kant)

1. Iluminismo: tendência cultural da modernidade

2. Fundação da ética na crítica da razão prática

3. Crítica ao utilitarismo de Bentham


3.1. Princípio hedonista da utilidade: prazer e dor são soberanos
3.2. Felicidade: cálculo quantitativo dos prazeres e dores
3.3. Bem individual: saldo positivo, maximização do prazer, bem-estar
3.4. Bem coletivo: aumento do prazer da maioria dos indivíduos
3.5. Direito (das Leis): aumentar o prazer da maioria, ainda que sacrificando
o prazer da minoria.
3.6. Insuficiência desta ética: não compreende o elemento fundamental da liberdade

4. Dialética
4.1. Moralidade: dever vs. inclinação
4.2. Liberdade: autonomia vs. heteronomia
4.3. Razão: imperativo categórico vs. hipotético
4.3.1. Forma do raciocínio moral, incondicional e independente do contexto
4.3.1.1. Não é uma ética substantiva e material, como o Decálogo
4.3.2. Universalizar a máxima (razão para ação): agir por princípio, pelo puro
dever racional
4.3.3. Tratar as pessoas, sempre, como fins em si mesmos: capazes de
estabelecer os seus fins

PARTE III. Ética contemporânea inspirada em Nietzsche

1. Ética da autenticidade
1.1. Não apela à razão das virtudes (Aristóteles)
1.2. Nem apela à razão da liberdade do imperativo categórico (Kant)
1.3. Apelas às emoções e paixões
1.4. Vontade de poder, autoafirmação do indivíduo

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 26


Aula 3 - Ética
2. Nietzsche pretende neutralizar as “ficções” da ética clássica, baseada na razão
2.1. Lei natural e direitos naturais
2.2. Utilidade
2.3. Liberdade

3. Razão é substituída pela vontade


3.1. “Nós, porém, queremos nos tornar o que somos – seres humanos que sejam
novos, singulares, incomparáveis, que se outorgam leis, que criam a si mesmos”
(A Gaia ciência, §335)
3.2. Sujeito moral autônomo, não pela razão, mas pela vontade
3.3. Transvaloração de todos os valores: nova forma de valorar
3.4. Ética para além do bem e do mal: suspensão da distinção metafísica (dualidade
platônica e cristã) entre bem e mal, céu e terra, ser e ente, uno e múltiplo, alma
e corpo
3.4.1. Bem e mal não são constitutivos e racionais, mas apenas modulações
da vontade de poder

4. Fontes do irracionalismo pós-moderno


4.1. Relativismo, perspectivismo e subjetivismo
4.2. Não avaliar o individual pelo comum, geral, universal, ideal
4.3. Não se trata tanto de uma ética (proposta racional de ação pautada num bem)
mas de uma moral (de comportamento)
4.3.1. A razão não tem o papel que lhe atribuiu a tradição clássica, a força
normativa de governar a ação
4.4. Viver como sobre-humano (ou super-homem) é viver para além da distinção
metafísica do bem (alto, alma, eternidade) e do mal (baixo, corpo, tempo)

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 27


Aula 3 - Ética

III. Questões
Introdução
1. Por que a ética é a disciplina mais importante da filosofia?

2. Qual é a diferença entre ética e moral?

3. Quais são os fundamentos da ética?

Parte I. Ética clássica de Aristóteles


4. Qual é a premissa estruturante da ética clássica?

5. Qual é a definição formal de virtude?

6. Qual é a importância da política para o bem comum?

Parte II. Ética moderna de Kant


7. Qual é a crítica de Kant ao utilitarismo?

8. O que significa a liberdade em relação ao dever, à autonomia e ao imperativo


categórico?

Parte III. Ética contemporânea da autenticidade


9. Como Nietzsche procura superar a razão clássica e moderna?

10. O que é viver para além do bem e do mal?

11. Por que Nietzsche pode ser considerado uma das principais fontes
do relativismo pós-moderno?

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 28


Aula 3 - Ética

IV. Referências
Básica
1. DUHOT, Jean-Joël, Sócrates ou o despertar da consciência. São Paulo:
Loyola, 2004.
2. PINHEIRO, Victor Sales. A crise da cultura e a ordem do amor. Ensaios filosóficos.
São Paulo: É Realizações, 2021.

Complementar
3. MACINTYRE, Alasdair, Depois da virtude – um estudo em teoria moral,
São Paulo, Ed.USC, 2007.
4. ROBINET, Jean-François. O tempo do pensamento. São Paulo: Paulus, 2004.

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 29


4
POLÍTICA
Aula 4 - Política

Política
I. Resumo
N
a introdução, esta aula trata das formas básicas de experiência política, baseada no
poder e no consentimento, retomando a célebre imagem da caverna de Platão, para
refletir sobre o poder retórico de manipulação e a crítica das ideologias políticas pela
filosofia.
(I) Na primeira parte, ressalta os atributos antropológicos de racionalidade e
sociabilidade, a fim de contornar o desafio sofístico da retórica.
(II) Na segunda parte, trata de alguns dos conceitos fundamentais da política, como
autoridade, legitimidade, bem comum, amizade e liberdade.
(III) Por fim, na terceira parte, contrasta a liberdade dos antigos (republicana e
positiva) à dos modernos (liberal e negativa).

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 31


Aula 4 - Política

II. Plano
INTRODUÇÃO

1. Filosofia nasce num contexto de diálogo sobre a melhor forma de vida boa e de política

2. Duas formas básicas de experiência política


2.1. Poder: autoridade que gera obediência
2.2. Consentimento e persuasão: debater as razões políticas

3. Alegoria da caverna de Platão


3.1. Filosofia como crítica das ideologias veiculadas retoricamente na cidade (polis)

4. Duas questões filosóficas na experiência política


4.1. Moral: amizade
4.1.1. Predisposição para resolver os problemas de cooperação social pelo
diálogo pacífico, e não pela força bruta da guerra
4.2. Intelectual: verdade
4.2.1. Debate sobre a razão que justifica a autoridade política

5. Direito como dimensão moral e racional da política


5.1. Compreensão da política a partir das leis que manifestam seus critérios
e princípios morais

PARTE I. A dialética entre clássicos e modernos

1. Problema político da modernidade


1.1. Como equacionar as liberdades individuais
1.2. Princípio da tolerância: aceitação recíproca
1.3. Ruptura com o modelo antigo da amizade cívica e da política como uma grande
família (patriotismo)

2. Duas questões fundamentais na origem da filosofia política clássica


2.1. Physis (natureza): universalidade do âmbito físico
2.2. Nomos (costumes e normas sociais): relatividade do âmbito cultural

3. Surgimento da Retórica e sua dimensão política


3.1. Ciência da persuasão
3.2. Possibilidade de a filosofia valer-se da retórica
3.3. Abuso do poder persuasivo da linguagem pelos sofistas
3.3.1. Dominação intelectual
3.4. Relativismo sofístico de Protágoras: o homem como medida de todas as coisas

4. Pressuposto da filosofia política clássica (aristotélica)


4.1. Natureza humana: animal racional e político
4.2. Capacidade de compreender e debater a verdade moral da justiça
4.3. Finalidade ética da política: vida boa, o sentido da existência

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 32


Aula 4 - Política
4.3.1. Para além da mera subsistência econômica
4.3.2. Relação direta entre política e religião na Antiguidade e Cristandade
4.3.2.1. Secularização como fenômeno moderno

5. Crítica do liberalismo político moderno ao paternalismo da concepção clássica


5.1. Afirmação de uma moral individual, que não deve ser determinada pelo “pai”
Estado ou pela comunidade política organizada

6. A filosofia é a superação da manipulação retórica da caverna


6.1. Reflexão crítica das ideologias, sem ser, ela mesma uma delas
6.2. Compreensão da justiça, como harmonia da sociedade em torno do bem
comum
6.3. Distinção epistemológica entre opinião (achismo) e verdade (certeza)
6.4. Conhecimento efetivo do que é a justiça
6.5. Demitido o ideal filosófico da verdade acerca da justiça, resta a luta pelo poder,
primeiro verbal e depois física

7. A concepção sofística é retomada por Maquiavel, no limiar da modernidade


7.1. Política é luta pelo poder, de forma velada
7.2. Remonta à concepção de Trasímaco, na República de Platão, de que a justiça
é a vontade do mais forte

PARTE II. Conceitos fundamentais

8. Definição de Autoridade
8.1. Política é a ordenação da sociedade por meio da autoridade de quem possa
resolver os problemas de cooperação
8.2. A virtude está no meio de dois extremos (Aristóteles)
8.2.1. Excesso de autoridade: tirania (despotismo, ditadura ou totalitarismo)
8.2.2. Ausência: anarquia

9. Tipos de autoridade - tipos ideais (puros, mentais) de autoridade (Weber)


9.1. Tradicional (matriz religiosa, dinástica)
9.2. Carismática (efusão do Espírito, outorgando uma aura sublime ao líder)
9.2.1. Messianismo político no século XX: Hitler e Mussolini (“salvadores
da pátria”)
9.2.2. Profetas de Israel
9.3. Racional-legal (racionalidade do direito)
9.3.1. Estado de Direito ou Constitucional
9.3.2. Contratualismo político: pacto da vontade e impessoalidade
9.3.3. Governo da razão (das leis) ou da paixão (dos homens) (Aristóteles)

10. Bem comum


10.1. Instrumental: condições que permitam os membros da comunidade atingirem,
por si mesmos, objetivos razoáveis (bem-estar geral, interesse público)
10.2. Substancial: A comunidade política perfeita é uma coordenação de realização
conjunta, de si e dos outros
10.2.1. A harmonia entre as pessoas é um bem humano básico (amizade)

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 33


Aula 4 - Política
10.2.2. Comunidade política pressupõe a “amizade política”, compartilhamento
do bem comum (substantivo) da sociabilidade (amizade), superando
a dicotomia e o antagonismo dos bens individuais egoísticos

11. Amizade (relações unificadoras)


11.1. Hedonista: prazer (recíproco)
11.2. Utilitária: interesse (recíproco)
11.3. Virtuosa (perfeita, pedagógica): bem do amigo

12. Republicanismo clássico (ou ateniense): pertença e participação ativa na coisa comum
12.1. Ex. do condomínio

PARTE III. O problema da liberdade

1. Que tipo de amizade é a comunidade política?


1.1. Clássico: virtuosa
1.2. Modernos: utilitária – liberdade (considera a visão ética-paternalista opressiva)

2. Liberdade dos antigos e dos modernos (Benjamim Constant)


2.1. Antigos: liberdade política, cívica, de participação na polis, res publica, dever
de se inteirar e contribuir para o bem comum, com sua opinião e trabalho
2.1.1. Tradição republicana
2.1.2. Liberdade positiva: poder participar da política (não uma possibilidade
abstrata ou um desejo vago)
2.1.3. Ex. de Sócrates
2.2. Modernos: liberdade econômica, individual, de gestão do próprio negócio,
independente do bem comum
2.2.1. Tradição liberal
2.2.2. Liberdade negativa: poder desenvolver o seu próprio projeto de vida,
sem sofrer interferência da sociedade e do Estado
2.2.2.1. Direito a se abster da política: voto facultativo
2.2.2.2. Privatização da vida individual, não conectada com o bem
comum

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 34


Aula 4 - Política

III. Questões
Introdução
1. Como o contexto político grego contribui para a origem da filosofia como arte
da crítica e do diálogo?

2. Qual é a dimensão política da alegoria da caverna de Platão?

3. Qual é o nexo de amizade e verdade com a justiça política?

Parte I. A dialética entre os clássicos e o modernos


4. Qual é a relação entre natureza (Physis) e normas sociais (Nomos)?

5. Quais são as consequências políticas do pressuposto aristotélico do homem


como animal racional e político?

6. Qual é a crítica liberal ao paternalismo político?

7. Qual é a importância de Maquiavel para a política moderna?

Parte II. Conceitos fundamentais


8. Quais são os três tipos ideais de autoridade, segundo Weber? Qual é o caso
central, do qual os outros podem ser considerados periféricos?

9. Qual é a relação entre o bem comum instrumental e substancial?

10. Qual é a dimensão política dos três tipos de amizade?

Parte III. O problema da liberdade


11. Por que os modernos desconfiam de um modelo político pautado na amizade
pedagógica?

12. Qual é a diferença entre a liberdade positiva e a negativa?

13. Como o liberalismo pretende garantir o pluralismo e o individualismo moral?

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 35


Aula 4 - Política

IV. Referências
Básica
1. BARZOTTO, Luiz Fernando. Filosofia do Direito. Os conceitos fundamentais
e a tradição jusnaturalista. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010.
2. BIRD, Colin. Introdução à filosofia política. São Paulo: Madras, 2009.

Complementar
3. GOYARD-FABRE, Simone. Os princípios filosóficos do direito político moderno.
São Paulo: Martins Fontes, 1999.
4. KYMLICKA, Will. Filosofia política contemporânea. São Paulo: Martins Fontes,
2006.

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 36


5 ESTÉTICA
Aula 5 - Estética

Estética
I. Resumo
P
artindo da experiência elementar da apetência da beleza, esta aula reflete sobre a
ontologia da beleza em Platão e a questão da subjetividade do gosto em Hume.
Na introdução, distingue a razão teórica da prática, a fim de ressaltar os aspectos
intelectuais, técnicos e éticos da beleza e da arte.
(I) Na primeira parte, explora a metafísica de Platão, com sua teoria das ideias e
a participação mimética dos graus do ser, sublinhando o ideal realista da arte clássica,
pautada na perfeição e proporção harmônica da matemática.
(II) Na segunda parte, questiona o desafio do subjetivismo de Hume, para quem o
gosto é relativo a cada um.
(III) Por fim, na terceira parte, propõe uma hermenêutica e uma pedagogia da união
estética, em que convergem o sujeito e o objeto, superando os riscos das afirmações
unilaterais e excludentes do objetivismo e do subjetivismo.

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 38


Aula 5 - Estética

II. Plano
INTRODUÇÃO

1. Experiência fundamental de deleitar-se e contemplar a beleza, natural e artística


1.1. Objeto de reflexão de todos os grandes filósofos
1.2. Inclinação inexorável do espírito humano pela beleza, presente em todas
as culturas

2. Divisão fundamental da razão (Aristóteles)


2.1. Teórica
2.1.1. Ontologia: ser (Deus) – beleza da natureza
2.1.2. Epistemologia (Lógica e Metodologia): conhecer
2.2. Prática
2.2.1. Ética (agir): beleza das ações, das leis e das instituições
2.2.2. Poética (fazer, criar)
2.2.2.1. Técnica: utilidade (Retórica)
2.2.2.2. Artes: beleza (Estética)

3. Exploração das formas sensíveis em busca da proporção (perfeição)


3.1. Pintura de Van Gogh: harmonia das cores
3.2. Música de Bach: harmonia dos sons

4. A beleza é o que é perfeito, completo e harmônico e simétrico, de que nada falta


4.1. Heráclito: beleza como harmonia e composição dos opostos
4.2. Os opostos se compõem, não pela identidade, mas pela diferença
4.3. Logos: unidade transcendente de sentido

5. Belo, bom e verdadeiro são transcendentais do ser que se unificam


5.1. Dimensão estética da ética e vice-versa

PARTE I. Estética clássica da imitação em Platão

1. Paradoxo (ironia): Diálogos são mimesis escritas das conversas orais de Sócrates
1.1. O grande escritor criticou a escrita (Fedro)
1.2. O grande poeta criticou a poesia mimética (República)

2. Estrutura ontológica de imitação e cópia


2.1. Cadeia de participação mimética e metafísica
2.2. A escrita é imitação da fala oral
2.3. A fala oral é imitação do pensamento
2.4. O pensamento é imitação da realidade

3. A teoria das ideias


3.1. Forma inteligível - una, eterna e imutável - que estrutura a multiplicidade
sensível e transitória
3.2. A beleza inteligível das formas é superior à beleza sensível da matéria

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 39


Aula 5 - Estética
3.3. A arte da escultura plasma não o corpo sensível imperfeito, mas se alça
à contemplação da forma perfeita, matemática do corpo
3.3.1. Esta forma é ideal não porque é produto imaginário ou “utópico” da
mente humana, mas porque é real, numa dimensão superior de existência
e inteligibilidade (que pode ser pensada)

4. A arte clássica é realista


4.1. Por tentar plasmar tanto o âmbito sensível, quanto o inteligível que o informa
e consubstancia
4.2. A matemática e a geometria revelam a perfeição eterna e imutável das formas
inteligíveis, que, depois de contempladas, são projetadas na pintura e arquitetura,
por exemplo

5. Possibilidade de criticar a arte e a realidade sensível a partir das ideias inteligíveis


5.1. A cadeia do ser comporta níveis maiores ou menores de participação nas ideias

6. A beleza resplandece a forma inteligível


6.1. Um caminho de transcendência e perfeição
6.2. A beleza é epifânica, porque revela uma dimensão divina e superior (êxtase
estético)
6.3. Sensação de que há algo a mais, para além dos sentidos

7. Estética é a ciência dos sentidos


7.1. Os dados da percepção sensível (captados pelos cinco sentidos) são processados
pela inteligência
7.2. O processamento intelectual mais imediato da experiência sensível são as
palavras, que são como portas de entrada para o mundo espiritual e mental
7.3. Ex. da Igreja: mergulhar no mistério da Encarnação

8. O conteúdo comunicado pela arte pode ser questionado por um critério intelectual
de verdade
8.1. Crítica metafísica (filosófica) à arte (poética) e à retórica
8.2. Ex. da propaganda política, retórica e estética de Hitler

9. Núcleo da estética clássica de Platão, enriquecida também por Plotino, Agostinho e


Aquino

PARTE II. Estética moderna do gosto em Hume

1. O desafio do subjetivismo (empirismo, ceticismo) estético


1.1. Os órgãos dos sentidos de cada um lhe revelam uma beleza diferente

2. David Hume, Ensaios morais, políticos e literários, XXIII (c. 1745)


“A beleza não é uma qualidade própria das coisas; existe apenas [subjetivamente]
no espírito que as contempla e cada um percebe uma beleza diversa. Pode até
acontecer de uma pessoa encontrar deformidade onde uma outra vê apenas beleza
e cada um deveria se satisfazer com seu sentimento sem pretender regular o dos
outros.

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 40


Aula 5 - Estética
Procurar estabelecer uma beleza [ontologicamente] real, ou uma deformidade
real, é uma busca tão infrutífera como procurar estabelecer o que é realmente doce
ou amargo. Conforme a disposição dos órgãos do corpo, o mesmo objeto pode ser
doce como amargo, e tem razão o provérbio que reconhece que gosto não se discute.
É muito natural e até mesmo necessário estender este axioma ao gosto mental,
além do gosto corpóreo; assim, o senso comum, que tão frequentemente diverge
da filosofia, sobretudo da filosofia cética, ao menos num caso concorda com ela ao
proferir idêntica decisão.”

3. Subjetivismo estético: a beleza está no sujeito (nos olhos, na boca ou na mente) e não
no objeto (propriedade real do ente)
3.1. Ditado popular: “Quem ama o feio, bonito lhe parece”

4. Educação dos sentidos e mudanças na percepção do gosto


4.1. Tudo depende da (de)formação do gosto

5. Sociologia da arte estuda a questão econômica da arte


5.1. Quem a produz e a consome
5.2. Qual é a finalidade social da arte
5.3. Ex. Mecenato papal da arte sacra

6. Tipos de relativismo estético


6.1. Psicológico-subjetivo
6.2. Sociológico-comunitário
6.3. Histórico-coletivo (tradição)

PARTE III. Hermenêutica e pedagogia da união estética

1. A beleza é a união entre o sujeito e o objeto


1.1. A beleza tem uma dimensão objetiva e transcendente (como a consideravam
os clássicos): é harmonia, perfeição, integridade
1.2. A beleza também é a capacidade subjetiva de perceber a beleza a objetiva

2. A estética tem uma dimensão sensível e inteligível, sendo esta última a capacidade de
reconhecer os critérios objetivos de harmonia e beleza

3. A estética está ligada, inexoravelmente, à experiência, que pode ser educada e instruída

4. Exclusões e reducionismos
4.1. Com a exclusão do polo objetivo, recai-se num relativismo subjetivista radical,
que, no limite, pode chegar a nega a própria existência do objeto
4.2. Com a exclusão do polo subjetivo, recai-se num objetivismo potencialmente
opressor

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 41


Aula 5 - Estética

III. Questões
Introdução
1. É possível resistir completamente à atração da beleza? Há quem possa
ignorá-la completamente?

2. Por que a distinção entre razão teórica e prática é importante para a estética?

3. Por que a distinção entre ética e técnica é relevante para a estética?

4. Por que a beleza comporta perfeição e integridade?

Parte I. Estética clássica da imitação em Platão


5. Como a teoria das ideias dimensiona a arte?

6. Por que a arte clássica é realista?

7. Segundo Platão, qual é o critério adequado para se julgar a beleza de uma


obra de arte?

Parte II. Estética moderna do gosto em Hume


8. Todo gosto é relativo?

9. Quais são as consequências do relativismo estético?

10. É possível educar o gosto artístico?

Parte III. Hermenêutica e pedagogia da união estética


11. Qual é a diferença entre filosofia da arte e sociologia da arte?

12. O âmbito objetivo pode ser considerado superior ao subjetivo, na contemplação


artística?

13. Quais são os reducionismos estéticos?

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 42


Aula 5 - Estética

IV. Referências
Básica
1. ECO, Umberto. História da beleza. Rio de Janeiro: Record, 2010.
2. NUNES, Benedito. Introdução à filosofia da arte. 5ª ed. São Paulo, Ática, 2005.
3. SCRUTON, Roger. Beleza. São Paulo: É Realizações, 2013.

Complementar
4. DUARTE, Rodrigo (org.). O belo autônomo. Textos clássicos de Estética. 2ª ed.
rev.amp. Belo Horizonte: Autêntica; Crisálida, 2012.
5. HADDOCK-LOBO, Rafael (org.). Os filósofos e a arte. Rio de Janeiro: Rocco, 2010.

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 43


6 METAFÍSICA
Aula 6 - Metafísica

Aula 6

Metafísica
I. Resumo
N
a introdução, esta aula apresenta a metafísica no quadro das ciências universais, a fim
de esclarecer o seu conceito.
(I) Na primeira parte, explica a compreensão clássica de Aristóteles, o da metafísica
como teoria das causas, do ser, da substância e de Deus.
(II) Na segunda parte, avança para a crítica da metafísica em Kant, com o problema
epistemológico dos juízos sintéticos a priori e dos postulados da razão prática, liberdade,
imortalidade da alma e Deus.
(III) Por fim, na terceira parte, apresenta a filosofia de Heidegger, pautada na liberação
da questão do ser pela destruição da história da ontologia, da hermenêutica da facticidade
e da analítica do ser-aí, sublinhando a dimensão existencial da angústia e do ser-para-a-
morte.

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 45


Aula 6 - Metafísica

II. Plano
INTRODUÇÃO

1. Disciplina mais importante da filosofia teórica


1.1. Embora a menos útil do ponto de vista prático imediato

2. Ambiguidade do temo
2.1. Abstração, formalidade e vagueza

3. Quadro das ciências filosóficas


3.1. Práticas: agir (ética e política)
3.2. Produtivas: fazer (técnica)
3.3. Teoréticas: contemplar, especular e espelhar na mente a realidade
3.3.1. Ciências Físicas: substâncias sensíveis, em movimento; qualidades
e essências (Química, Física, Biologia)
3.3.2. Matemática: entes numéricos abstraídos dos sensíveis, imóveis, mas não
são subsistentes por si mesmos
3.3.3. Metafísica (Teologia): substâncias suprassensíveis, imóveis e eternas;
Deus e as inteligências motrizes

4. Plano da aula
4.1. Metafísica do ser em Aristóteles: afirmação da metafísica
4.2. Metafísica do conhecer em Kant: negação da metafísica
4.3. Metafísica do ser-aí em Heidegger: desconstrução da metafísica

PARTE I. Metafísica de Aristóteles

1. Origem do termo
1.1. Questão editorial
1.1.1. Nome do livro de Aristóteles que foi editado depois do livro da Física
1.1.2. Meta significa depois, cronológica ou editorialmente
1.2. Questão substancial
1.2.1. Meta significa, também, além dos entes físicos

2. Compreende duas disciplinas básicas


2.1. Ontologia: filosofia primeira, causas primeiras, entes suprassensíveis e abstratos
(como as formas morais do amor e da justiça)
2.1.1. Todo ente humano (particular e concreto) participa do ser da humanidade
(universal e abstrato)
2.2. Epistemologia: modo de conhecimento dos entes suprassensíveis e do ser
2.2.1. Lógica: princípio da não-contradição (Parmênides)

3. As metafísicas fundamentais em Górgias


3.1. Ontologia: ser
3.2. Epistemologia: conhecer
3.3. Linguagem: dizer

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 46


Aula 6 - Metafísica
4. Filosofia é, essencialmente, metafísica
4.1. Da metafísica, dependem todas as questões filosóficas
4.2. Exemplo do lençol freático nutrindo as raízes de uma árvore

5. Origem da metafísica (filosofia): maravilhamento e curiosidade


5.1. Nível científico (sensível)
5.2. Nível metafísico: por que há antes o ser e não o nada?

6. Saber divino
6.1. Dimensão objetiva: Deus, ser eterno e imutável, o mais universal, perfeito
e abrangente, que engendrou todo o mundo, o mais real dos entes
6.1.1. Saber sobre Deus
6.2. Dimensão subjetiva
6.2.1. Saber que Deus tem de si, perfeito
6.2.2. Saber que plenifica o sujeito
6.2.3. Saber Com Deus
6.2.4. Felicidade, perfeição, identificação e assimilação com Deus
6.2.5. Realização da sua natureza, que é essencialmente racional
6.2.5.1. Realização ético-política: vida ativa, humana
6.2.5.2. Realização racional: vida contemplativa, divina
6.2.6. Interpretação mística da tradição neoplatônica e cristã, que reconhece
que Deus é uma pessoa, com quem se pode relacionar, falar
6.2.7. Dimensão metafísica como atualização máxima da potência intelectual

7. Primeira definição de Aristóteles: ciência das causas ou princípios primeiros e supremos


7.1. Dois níveis de conhecimento
7.1.1. Constatação empírica: há a chuva
7.1.2. Conhecimento científico: porque a água das nuvens...
7.1.2.1. Causa (aitia), princípio (arché): o porquê, a razão de ser, condição
ou fundamento do ente
7.2. Dois tipos de princípios
7.2.1. Primeiros (supremos): ciência geral, válida para tudo o que é – toda
a realidade, os entes na sua totalidade universal
7.2.1.1. Objeto: ciência de Deus
7.2.1.2. Sujeito: ciência possuída por Deus
7.2.2. Segundos: ciências particulares (aritmética, astronomia, medicina)

8. Segunda definição: ciência do ser enquanto ser


8.1. Metafísica: totalidade do ser (universalidade)
8.1.1. Ser universal (e não ente parcial, particular), necessário (e não acidental)
8.2. Dialética
8.2.1. Descensional: análise e divisão das diferenças
8.2.1.1. Ciências particulares são reducionistas, porque isolam, abstraem
uma parte da realidade (Ex. da matemática, que abstrai os números)
8.2.2. Ascensional: reunião e unidade
8.2.2.1. Tudo o que é participa do ser
8.2.2.2. Deus é a unidade metafísica e ontológica suprema
8.2.2.3. Deus é o único ente cuja essência é existir (Aquino)

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 47


Aula 6 - Metafísica
9. Terceira definição: teoria da substância (ousia)
9.1.1. O ser tem múltiplos significados
9.1.2. Substância é o principal e o fundamento de todos os outros (analogado
principal)
9.1.3. Substrato do qual se predicam as categorias
9.1.4. Substância é a essência do ente, independente dos seus acidentes
9.1.4.1. Ex.: A perda de cabelo ou a mudança de cidade não alteram
a identidade do sujeito
9.1.5. Metafísica articula conceitos que nos ajudam a pensar o mundo
9.1.5.1. Substância e acidente
9.1.5.2. Ato e potência
9.1.5.3. Causa material, formal, eficiente e final

10. Quarta definição: ciência teológica


10.1. Sujeito: Deus a possui
10.2. Objeto: trata de Deus (substância separada, eterna, imóvel) e das coisas divinas
(entes separados e imóveis, substâncias suprassensíveis, motores imóveis,
inteligências puras, motrizes dos céus)

11. Unidade das quatro definições


11.1. Aitiológica: causa
11.2. Ontológica: ser
11.3. Ousiológica: substância
11.4. Teológica: deus (ponto focal, caso central que reúne os sentidos analógicos)

12. Teoria das quatro causas dos fenômenos (Ex. da mesa)


12.1. Material: mesa de madeira ou MDF
12.2. Formal: mesa retangular, com dois pés
12.3. Eficiente: mesa feita pela indústria ou pelo marceneiro
12.4. Final: mesa para estudo

PARTE II. O fim da metafísica em Kant

1. Kant e Heidegger são autores que que se opuseram ao projeto metafísico clássico
1.1. Kant se opõe pela epistemologia
1.2. Heidegger se opõe pela existência

2. Fim da metafísica
2.1. Não há metafísica, no sentido objetivo: o ser em si é incognoscível
2.2. Filosofia transcendental: condições de possibilidade de conhecimento
2.2.1. Crítica: projeto epistemológico de entender a razão e aquilo de que
ela é capaz
2.3. Quatro perguntas fundamentais
2.3.1. Metafísica: que posso saber?
2.3.2. Ética: que devo fazer?
2.3.3. Religião: que posso esperar?
2.3.4. Antropologia: que é o homem?

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 48


Aula 6 - Metafísica
3. Teoria do conhecimento (gnosiologia, epistemologia): fundamento da ciência
3.1. Juízos analíticos (a priori)
3.1.1. Formais, explicativos, não acrescentam nenhum conhecimento, apenas
explicitam o conteúdo predicativo já presente no sujeito
3.1.2. Ex.: o triângulo tem três lados
3.1.3. Fundam-se nos princípios lógicos da identidade e não-contradição
3.1.4. Juízos de identidade, tautológicos, universais e necessários
3.1.5. A priori: anteriores à experiência sensível
3.2. Sintéticos (a posteriori): materiais, extensivos, aumentam o conhecimento
dado, pela união sintética de elementos heterogêneos no sujeito e predicado
3.2.1. Ex.: o calor dilata os corpos
3.2.2. Funda-se na experiência sensível, particular e contingente
3.2.3. A posteriori: posteriores à experiência

4. O problema dos juízos sintéticos a priori


4.1. Necessários para que a ciência não seja nem tautológica, nem contingente
4.2. Baseados em intuição não sensível
4.3. Em três âmbitos
4.3.1. Matemática (Estética Transcendental)
4.3.2. Física (Analítica Transcendental)
4.3.3. Metafísica (Dialética Transcendental)

5. Estética Transcendental
5.1. Esse juízos sintéticos a priori se baseiam nas formas puras de intuição
5.2. Tempo e espaço não dependem da experiência sensível, são formas
de apreensão, condições e possibilidade do conhecimento das coisas
5.2.1. Condição transcendental para as coisas serem objeto de conhecimento
5.2.2. Possibilidade de haver percepções sensíveis
5.2.3. Formas de sensibilidade, da faculdade de ter percepções sensíveis

6. Analítica Transcendental
6.1. Falha em alcançar a coisa em si (o númeno)
6.2. Só podemos conhecer os fenômenos, que são constituídos pelas categorias
transcendentais do conhecimento

7. Dialética Transcendental
7.1. Metafísica tradicional
7.1.1. Alma (síntese das vivências subjetivas)
7.1.2. Universo (síntese das vivências objetivas)
7.1.3. Deus (síntese final e suprema)
7.2. Crítica da razão pura afirma que a metafísica não alcança juízos sintéticos
a priori, sendo portanto uma ciência impossível
7.3. Para falar de Deus e alma, deve-se apelar à razão prática, à consciência moral

8. Importância fundamental de Kant na história da metafísica


8.1. Revolução copernicana da filosofia: no centro da realidade, não está o objeto,
mas o sujeito (que passa a ser considerado o “sol”, isto é, o eixo em torno do qual
gravita a filosofia)

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 49


Aula 6 - Metafísica
8.2. No centro, está o conhecimento humano, que imprime suas categorias
transcendentais aos objetos conhecidos
8.3. Refutação das tradicionais provas da existência de Deus
8.3.1. Argumento ontológico
8.3.2. Argumento cosmológico
8.4. Deus é uma ideia reguladora da razão prática, porque há no homem
uma tendência a superar a própria razão

9. Postulados metafísicos da razão prática (exigências necessárias, mas não demonstráveis)


9.1. Liberdade: capacidade de autodeterminação da vontade, independente
de toda causalidade
9.2. Imortalidade da alma
9.3. Deus: o sumo bem, síntese superior em que ser e dever coincidem
9.3.1. Condição transcendental de possibilidade da moral e da felicidade
9.3.2. Conhecimento de Deus se dá apenas pela razão prática, que encaminha
à religião, ao sumo bem de Deus
9.3.3. “Assim a lei moral condiz, através do conceito de bem supremo, à religião;
isto é, ao conhecimento de todos os deveres como mandamentos
divinos.” (Zilles, Filosofia da religião, p. 56)
9.3.4. Se Deus não existisse, a virtude humana não seria definitivamente feliz

10. Conclusão
10.1. Da metafísica ou ontologia, Kant se desvia para a subjetividade e para
a razão prática
10.2. Atenção às pressuposições que condicionam o pensamento filosófico

PARTE III. A destruição da metafísica em Heidegger

1. Introdução a Heidegger (1889-1976)


1.1. Impacto: Depois de Nietzsche, Heidegger é, provavelmente, o filósofo mais
influente do século XX
1.1.1. Junto com K. Jaspers, é o responsável pela recepção acadêmica
de Nietzsche
1.2. Formação teológica jesuítica para o sacerdócio e permanência da semântica
religiosa
1.3. Biografia: Envolvimento com o nazismo (1933-1934), jamais renunciado
1.3.1. Discursos de Reitorado
1.3.2. Cadernos negros

2. Influências
2.1. Filosofias da existências
2.1.1. Kierkegaard e Nietzsche (poesia romântica alemã)
2.1.2. Concentração na existência humana individual: dasein, como o sujeito
capaz de alcançar o ser
2.2. Fenomenologia de Husserl
2.2.1. Intencionalidade

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 50


Aula 6 - Metafísica
3. Projeto
3.1. Destruição da história da metafísica para liberar a questão do ser
3.2. Problematização da questão do ser (ontologia) em bases não metafísicas
3.3. Superar a metafísica clássica (de Platão, Aristóteles, Plotino, Agostinho
e Aquino)
3.3.1. Onto: Ser – ciência do ente enquanto ente
3.3.2. Teo: Divino – ciência do ato puro, Deus, causa não causada
3.3.3. Logia: Pensamento (inteligível) – princípio da não-contradição
3.4. Atenção ao ser-aí: homem e mulher concretos, enraizados na facticidade,
na sua finitude e destinação para a morte

4. Projeto de Ser e tempo (1927)


4.1. Destruição da história da ontologia
4.1.1. Entificação do ser: ocultamento pelo ente
4.1.2. Privilégio da temporalidade presente e da presença do ser
4.1.3. Ser como presença, entificado, cristalizado, subtraído da dinâmica
temporal
4.2. Hermenêutica da facticidade
4.3. Analítica do ser-aí

5. Analítica existencial do ser-aí (Dasein)


5.1. Questão do ser a partir do ser-aí (Dasein, ser humano concreto, existente
agora): ontologia (ser) pressupõe uma analítica existencial (ser-aí)
5.2. Pensar o ser a partir da finitude do ser-aí, “destruindo” a tradição filosófica
ocidental, em que o ser é pensado pelo tempo presente da eternidade, isto é,
entificado como tempo físico
5.3. Superar a conexão do ser como o eterno, o infinito e o absoluto (onto-
teo-logia)
5.4. Para pensar corretamente a questão do ser a partir do tempo, deve-se explicitar
as estruturas temporais do ser-aí
5.5. Modos de ser temporal
5.5.1. Befindlichkeit: condição (passado)
5.5.2. Queda: absorção corrente (presente)
5.5.3. Compreensão: projeção (futuro)
5.6. Existência: o ser-aí não tem essência além do simples fato de existir
5.6.1. Existência precede a essência (Sartre)
5.6.2. A essência do ser-aí é existir, sem essência além do puro existir
5.6.3. Temporal: desvela as possibilidades de futuro de nosso ser a partir das
escolhas, pelas quais nos construímos. Capacidade de fazer escolhas (liberdade)
5.7. Facticidade: como condição do ser-aí “jogado” no mundo (exílio, decadência,
alienação)
5.7.1. Queda (inautenticidade)
5.7.2. O ser-aí é um ser-no-mundo, lançado, sempre engajado com o mundo
5.7.3. O ser-aí inautêntico se entretém
5.7.3.1. No falatório massificado (preterindo o discurso ontológico sério)
5.7.3.2. Na curiosidade das informações da mídia social (renunciando
ao conhecimento ontológico grave)

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 51


Aula 6 - Metafísica
5.7.3.3. No conhecimento científico instrumental, “cálculo” (ao invés
do pensamento ontológico radical)
5.7.4. Alienação na linguagem da “massa”, do que todos pensam ou dizem,
na impessoalidade anônima de todos, que não são ninguém de específico
(“das Man”)
5.7.5. O ser-aí é um ser-no-mundo, lançado, sempre engajado com o mundo
5.7.6. O mundo não é um conjunto de entes à sua disposição, para serem
conhecidos
5.7.7. Estamos engajados em tarefas, com entes à mão – pensar neles
(reflexivamente) interromperia nossa atividade cotidiana, protegida por
uma semântica sedimentada pela linguagem da tradição

6. Filosofia da linguagem
6.1. Poesia capaz de desvelar o ser
6.2. Escuta hermenêutica dos poetas, que permitem a epifania do ser na linguagem
6.3. Pensadores originários: Heráclito e Parmênides
6.4. Poetas românticos: Hölderlin e Rilke
6.5. Filosofia como ontologia (não metafísica) é subversiva à existência inautêntica,
massificada, impessoal, pautada na linguagem engessada e opaca das
atividades cotidianas, mecânicas

7. A angústia e a morte
7.1. A pergunta pelo ser parte pelo ser do homem, na sua temporalidade autêntica,
da finitude do homem como ponto de partida de toda ontologia (filosofia),
com que se articulam a finitude do ser, do conhecimento e da verdade
7.2. Estado afetivo que rompe com a cotidianidade inautêntica e imprópria
7.2.1. Ser-aí como ser-para-morte
7.3. A morte nos singulariza; é o fato fundamental da nossa existência temporal
(finita)
7.4. O enfrentamento dessa questão da mortalidade, finitude nos torna autênticos
7.5. A morte é o que há de mais pessoal e irredutível na vida
7.6. Enquanto o medo é de algo, a angústia é de nada, não tem um objeto
especificado: o mundo se torna irrelevante, sem importância ou apelo, não
reivindicando mais a nossa atenção e ocupação; experiência de desapego e
desafeição
7.7. Ser-no-mundo como possibilidade: “angústia individualiza o Dasein em ser-no-
mundo mais próprio, que, enquanto algo que compreende, projeta-se
essencialmente em direção às possibilidade” (Ser e tempo, § 40)
7.8. A morte, o ser e o nada (niilismo)

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 52


Aula 6 - Metafísica

III. Questões
Introdução
1. Qual é a ambiguidade do termo metafísica?

2. Como a metafísica se situa no quadro universal das ciências?

Parte I. Metafísica de Aristóteles


3. Qual é a relação entre ontologia, epistemologia e lógica na metafísica?

4. Por que a metafísica é considerada um saber divino?

5. O que sustenta a unidade das quatro definições aristotélicas de metafísica?

Parte II. O fim da metafísica em Kant


6. Em que consiste a revolução copernicana de Kant na metafísica?

7. Qual é o problema dos juízos sintéticos a priori?

8. Quais são os postulados metafísicos da razão prática e qual é o papel de Deus


nesse contexto?

Parte III. A destruição da metafísica em Heidegger


9. Por que Heidegger considera a metafísica ocidental uma ontoteologia?

10. Por que é necessária uma destruição da história da ontologia para libertar
a questão do ser?

11. Qual é o papel da angústia na ontologia?

12. Qual é o método mais oportuno para refletir sobre as disciplinas práticas?
E sobre as teóricas?

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 53


Aula 6 - Metafísica

IV. Referências
Básica
1. ARISTÓTELES. Metafísica. Introdução e tradução Giovanni Reale. 3 volumes.
São Paulo: Ed. Loyola, 2013.
2. AUBENQUE, Pierre. Desconstruir a metafísica? São Paulo: Loyola, 2012.
3. BRAGUE, Rémi. Âncoras no céu. A infraestrutura metafísica. São Paulo:
Loyola, 2013.

Complementar
4. CASANOVA, Marco Antonio. Compreender Heidegger. 5ª ed. Petrópolis:
Vozes, 2014.
5. ZILLES, Urbano. Filosofia da religião. 7ª ed. São Paulo: Paulus, 2009.

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 54


7 FILOSOFIA
DA RELIGIÃO
Aula 7 - Filosofia da Religião

Filosofia da Religião
I. Resumo
N
a introdução, esta aula distingue filosofia da religião de teologia e ciências da religião,
a fim de classificar os dois momentos centrais da filosofia da religião: o teísmo clássico
e os ateísmos modernos.
(I) Na primeira parte, apresenta o argumento ontológico, a priori, de Santo Anselmo
e o argumento cosmológico, a posteriori, de Santo Tomás de Aquino (as cinco vias da
demonstração da existência de Deus).
(II) Na segunda parte, explica três formas modernas de ateísmo, a psicológica de
Freud, a filosófica de Nietzsche e a sociológica de Marx.
(III) Na conclusão, convida a explorar ainda mais o universo da filosofia, pela
participação da comunidade filosófica nas redes sociais.

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 56


Aula 7 - Filosofia da Religião

II. Plano
INTRODUÇÃO

1.Distinção básica
1.1. Filosofia da religião: especulação sobre o âmbito superior e transcendente
da realidade – o eterno, o absoluto, o sagrado, o divino (Deus)
1.1.1. Questão ontológica (sobre o ser de Deus)
1.1.2. Questão epistemológica (sobre a possibilidade de conhecê-Lo)
1.1.3. Questão ética (sobre como agir para obedecê-lo e agradá-lo)
1.1.3.1. Política (instituições sociais)
1.2. Teologia: articulação racional da fé
1.2.1. Apologética: argumentos racionais em defesa da fé
1.2.2. Filosofia religiosa: parte das premissas da fé
1.2.3. Convergência de teologia e filosofia
1.2.3.1. Teologia filosófica e filosofia teológica
1.2.3.2. Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino
1.3. Ciências (modernas) da religião: descrição “neutra” dos fenômenos humanos
1.3.1. Ideal positivista de ciência
1.3.2. Sociologia (política e/ou econômica)
1.3.3. Psicologia
1.3.4. História (das religiões comparadas)
1.3.5. Antropologia

2. Dois momentos decisivos da filosofia da religião


2.1. Clássicos
2.1.1. Teísmo: existência de Deus
2.1.2. Cosmologia: cosmos ordenado e inteligível
2.1.3. Teologia: ser perfeito, perfeito, absoluto e ordenador
2.1.3.1. Natural
2.1.3.2. Revelada
2.1.4. Teodiceia e o problema do mal
2.2. Modernos
2.2.1. Ateísmo: inexistência de Deus
2.2.2. Epistemologia
2.2.3. Antropologia

PARTE I. Teísmo clássico

1. Classificações dos tipos de argumento acerca da existência de Deus


1.1. A priori (anterior a toda experiência sensível), que reflete de modo plenamente
formal, conceitual e abstrato (argumento ontológico de Anselmo)
1.2. A posteriori, que parte dos fenômenos da realidade sensível (argumento
cosmológico e teleológico de Platão e Aristóteles; Aquino)

2. Argumento ontológico, a priori (S. Anselmo)


2.1. Ex. de argumento analítico, a priori: característica de um triângulo

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 57


Aula 7 - Filosofia da Religião
2.1.1. Definição: triangulo é uma figura geométrica no espaço, cujos lados são
a interseção de três linhas retas
2.1.2. Essa definição é puramente racional e abstrata e não depende
de nenhuma experiência com algum triângulo sensível, de determinado
tamanho
2.1.3. Por dedução dos axiomas da geometria, que se consideram autoevidentes,
pode-se demonstrar que a soma dos três ângulos sempre somam 180°
2.1.4. Anselmo (como Descartes e Schelling) considera possível demonstrar a
existência de Deus nestes termos hipotético-dedutivos
2.2. O louco afirma no seu coração: “Deus não existe”
2.3. Esta proposição é inteligível. Logo, o seu termo “Deus” deve se referir a algo, ou
a Deus ou a outra coisa
2.4. Por definição, Deus é “aquilo de que nada superior pode ser concebido”, Deus
é perfeito e incomparavelmente melhor e superior a tudo
2.5. Assim, “Deus”, na proposição do louco, refere-se àquilo de que nada superior
pode ser concebido”
2.6. Agora, comparem-se duas coisas praticamente idênticas, exceto que (1) uma
existe e (2) a outra não
2.6.1. Naturalmente, (1) a que existe é superior a (2) que não existe
2.6.2. Logo, o que existe é superior, mais perfeito do que o que não existe
2.6.3. Logo, Deus existe, por ser superior a algo que não existe
2.7. Logo, a proposição do louco é autocontraditória, porque afirma que não existe
aquilo cujo conceito de perfeição incomparável pressupõe a sua existência
2.7.1. Ou a proposição do louco não é sobre Deus, sendo errônea, ou é
simplesmente irrelevante
2.8. Não é possível negar a existência de Deus, a partir do seu conceito de máxima
perfeição
2.8.1. Logo, Deus existe

3. Argumento cosmológico (a posteriori) – As cinco vias de Aquino


3.1. Motor imóvel
3.1.1. Nossos sentidos atestam o movimento
3.1.2. Mover é levar algo da potência ao ato
3.1.3. Só algo em ato pode mover algo em potência
3.1.3.1. O fogo (quente em ato) aquece a madeira (quente em potência)
3.2. Causa primeira, não causada
3.2.1. Argumentação semelhante à primeira
3.2.2. Nossos sentidos nos apresentam uma ordem de causas eficientes
3.2.3. Não é possível que algo seja causa eficiente a si próprio, porque implicaria
ser anterior a si próprio
3.3. Necessidade absoluta
3.3.1. Nossos sentidos revelam que algumas coisas podem ser ou não ser
3.3.2. Se tudo fosse assim, em algum momento, não haveria nada e nada
poderia ter sido engendrado do nada
3.3.3. Portanto, há algo que necessariamente é, e que não pode não ser; caso
contrário, não haveria nada
3.4. Ser perfeito
3.4.1. Percebemos uma qualidade hierárquica nas coisas sensíveis

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 58


Aula 7 - Filosofia da Religião
3.4.2. Metafísica da participação
3.4.2.1. Tudo o que é de algum modo (quente) o é por participar no que
é essencial e perfeitamente isso (fogo, calor em si)
3.4.2.2. O fogo é a causa do calor em todos os entes, mornos
ou ferventes
3.4.2.3. Mais ou menos são qualificativos que se dizem conforme se
aproximam diferentemente daquilo que é em si o máximo
3.4.2.4. Assim, mais quente é o que mais se aproxima do sumamente
quente
3.4.3. Em relação ao ser e à verdade, existe algo que é sumamente existente,
verdadeiro, bom e nobre, que é causa de ser, bondade e perfeição para
todos os outros entes
3.5. Arquiteto cósmico
3.5.1. Todas as coisas tendem a um fim (teleologia), que visa ao que é ótimo
3.5.2. O que carece de inteligência não pode perseguir, por si mesmo, uma
intenção, mas precisa ser dirigido por algo inteligente
3.5.3. As coisas naturais são ordenadas ao fim por algo inteligente, que é Deus

PARTE II. Ateísmos modernos

1. Introdução à “hermenêutica da suspeita” (Ricoeur)


1.1. Atitude crítica e desconfiada em relação à religião e a à metafísica
1.1.1. Hermenêutica refere-se a teorias ou métodos de interpretação, visando
a descobrir o real significado de textos ou práticas sociais
1.1.2. Esses significados estão encobertos e velados por mecanismos
escondidos
1.2. Novidade em relação ao Iluminismo do século XVIII, em que era rara a declaração
explícita de ateísmo
1.2.1. O Iluminismo adotava uma forma de deísmo e de religião natural de
inspiração maçônica
1.3. Protagonistas: Marx (Feuerbach), Nietzsche e Freud
1.4. Ateísmo antigo: se os cavalos tivessem religião, os seus deuses teriam
quatro patas

2. Freud: crítica psicanalítica da religião


2.1. Livros: Moisés e o monoteísmo (1939) e Mal-estar na civilização (1930)
2.2. A religião é o efeito de uma repressão e inabilidade dos seres humanos de
confrontar o conflito psíquico inevitável e o abismo inexorável entre nossos
desejos e a realidade (princípio prazer vs. realidade)
2.3. As obras de cultura, direito e religião são fruto da sublimação de instintos
libidinais, potencialmente violentos e incoercíveis
2.4. Necessidade de repressão do superego, que “civiliza” pela castração e contenção
dos apetites vitais mais imediatos

3. Nietzsche: crítica filosófica da religião


3.1. Religião e moralidade enraízam-se na fraqueza e doença, são um meio em que
os mais fracos protegem-se dos mais fortes e sadios (moral de escravo
e rebanho)

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 59


Aula 7 - Filosofia da Religião
3.2. Concepção aristocrática da moralidade
3.2.1. Senhores: dominação
3.2.2. Escravos: submissão
3.3. A moralidade da bondade, tal como nós a conhecemos, é a revolta dos fracos
contra os fortes
3.4. O ressentimento dos fracos, incapazes de dominar os fortes, os fez “criar”,
“inventar” o altruísmo, o amor, o respeito, a tolerância para contê-los,
sublimando-os como verdade da “natureza”, da “razão” de “Deus”
3.5. Herácilto: a guerra é a mãe de todas as coisas: de uns faz senhores; de outros,
escravos
3.5.1. O mundo é trágico: disputa incessante
3.6. Oposição ao cristianismo, considerado como o platonismo da plebe
3.6.1. Platonismo é atribuir ao espírito um valor superior à carne
3.7. Religião é uma vontade de potência de os fracos dominarem os fortes
3.8. Religião e filosofia são dimensões da vontade de potência
3.9. Filosofia se reduz à psicologia: tudo brota do ressentimento, culpa por não
poder ou querer vazar sua força expansiva

4. Marx: crítica sociológica à religião


4.1. Religião é ópio do povo e ideologia de classe
4.2. Sociedade se divide, no nível material, pelo básica do trabalho, a partir de uma
luta de classes
4.3. Dualismo estrutural
4.3.1. Superestrutura ideológica: Religião, Ética Direito, Estado, Cultura, Arte
4.3.2. Infraestrutura econômica: luta de classes
4.4. Materialismo: tudo se reduz à matéria
4.4.1. Explicação da religião a partir da sociologia, economia, e política
4.5. A classe dominante forja a religião para dominar, ideologicamente, a classe
dominada, gerando resignação e conformismo
4.6. A função do intelectual é demonstrar essa exploração e deflagrar a revolução
que acabe com essa exploração de classes, neutralizando o discurso conformista
da religião

PARTE III. Conclusão geral

1. Há muito mais a ser dito sobre cada passo, autor e argumento

2. Introdução: apenas o primeiro passo de mais sete, que simbolizam os incontáveis


problemas filosóficos

3. Divulgação e participação nas redes sociais, sobretudo Instagram e Telegram

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 60


Aula 7 - Filosofia da Religião

III. Questões
Introdução
1. Quais são as diferenças entre filosofia da religião, teologia e ciências da religião?

2. Em que se baseiam as argumentações teístas clássicas da existência de Deus e


em que se baseiam a argumentações ateístas modernas da inexistência de
Deus?

Parte I. Teísmo clássico


3. Como distinguir um argumento a priori de um a posteriori?

4. Em que consiste o argumento ontológico de S. Anselmo?

5. Como explicar as cinco vias da existência de Deus de S. Tomás de Aquino?

Parte II. Ateísmos modernos


6. Por que a modernidade pode ser considerada uma hermenêutica da suspeita?

7. Como Freud associa religião, repressão e civilização?

8. Como Nietzsche interpreta a renúncia e o ressentimento?

9. Por que Nietzsche considera o cristianismo o platonismo da plebe?

10. Por que Marx considera a religião o ópio do povo?

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 61


Aula 7 - Filosofia da Religião

IV. Referências
Básica
1. ADLER, Mortimer. Como provar que Deus existe. Campinas: Vide, 2013.
2. GRONDIN, Jean. Que saber sobre filosofia da religião. São Paulo: Idéias e Letras,
2012.

Complementar
3. FESER, Edward. A última superstição. Uma refutação do neoateísmo.
Belo Horizonte: Edições Cristo Rei, 2017.
4. LUBAC, Henri de. O drama do ateísmo. Itapevi: Nebli, 2015.

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 62


BIBLIOGRAFIA
Bibliografia

Bibliografia
I. Geral
1. ALBERT, Karl. Platonismo. Caminho e essência do filosofar ocidental. São Paulo:
Loyola, 2011.
2. BERTI, Enrico. Convite à filosofia. São Paulo: Loyola, 2013.
3. CASERTANO, Giovanni. Uma introdução à República de Platão. São Paulo:
Paulus, 2011.
4. HADOT, Pierre, O que é a filosofia antiga?, São Paulo, Loyola, 1999.
5. HADOT, Pierre, Elogio da filosofia antiga. São Paulo, Loyola, 2012.
6. HADOT, Pierre, Elogio de Sócrates. São Paulo, Loyola, 2012.
7. MARCONDES, Danilo; FRANCO, Irley. A Filosofia. O que é? Para que serve?
Rio de Janeiro: Ed. Jorge Zahar; PUC-RJ, 2011.
8. MARITAIN, Jacques. Sete lições sobre o ser. São Paulo: Loyola, 2005.
9. MORENTE, Gabriel Garcia. Lições preliminares de filosofia. São Paulo:
Mestre Jou, 1970.
10. NUNES, Benedito. ‘O fazer filosófico ou oralidade e escrita em filosofia’.
In: Ensaios filosóficos. Organização e apresentação Victor Sales Pinheiro.
São Paulo: Martins Fontes, 2010.
11. ROOCHINIK, David. Pensar filosoficamente – Uma introdução aos grandes
debates. São Paulo: Loyola, 2018.
12. PORTA, Mario Ariel González. A filosofia a partir de seus problemas. São Paulo:
Loyola, 2002.
13. WEISCHEDEL, Wilhelm. A escada dos fundos da filosofia. A vida cotidiana
e a o pensamento de 34 grandes filósofos. São Paulo: Angra, 2001.

II. Enciclopédias
A editora Ideias & Letras tem traduzido os importantes Companions da Universidade
de Cambridge, que são compilados de artigos acadêmicos de especialistas sobre temas
(como Filosofia medieval, Ciência e Religião e Filosofia crítica) ou autores (como Primórdios
da Filosofia grega, Sócrates, Platão, Aristóteles, Plotino Agostinho, Aquino, Scotus, Descartes,
Spinoza, Hobbes, Locke, Kant, Hegel, Nietzsche, Freud, Foucault e James). Todos eles são
valiosos e retratam o estado da arte da pesquisa acadêmica sobre o assunto, com suas
múltiplas interpretações.

III. Dicionário
ABBAGNO, Nicolas. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2012.

IV. Os clássicos
Estas obras permitem o mergulho efetivo na filosofia. Ainda que não sejam plenamente
entendidas, merecem ser lidas e estudadas com calma e dedicação.
Ao procurar as edições dos próprios filósofos, nem sempre disponíveis em português,
prefira as editoras universitárias (como a Ed. UFPA, no caso de Platão, Ed. UNESP, no caso
de Aristóteles, Descartes, Hume e Schopenhauer, e Ed. UNICAMP, no caso de Heidegger),
assim como editoras consolidadas (como a Martins Fontes, no caso de Aristóteles, Hobbes
e Kant, Companhia das Letras, no caso de Nietzsche e Freud, Loyola, no caso de Aristóteles

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 64


Bibliografia
e Tomás de Aquino, e É Realizações e Vide Editorial, no caso Santo Agostinho).
Não há tradução perfeita e nem é imprescindível saber a língua original do filósofo,
embora isso seja muito recomendado no aprofundamento do estudo.

1. Pré-socráticos (sobretudo Heráclito e Parmênides), Fragmentos


2. Platão, República, Banquete, Fédon e Apologia
3. Aristóteles, Ética a Nicômaco e Metafísica
4. Plotino, Enéadas
5. Santo Agostinho, Confissões e O livre-arbítrio
6. Boécio, Consolação da filosofia
7. Santo Anselmo, Proslogion
8. Santo Tomás de Aquino, Suma teológica e Suma contra os gentios
9. Descartes, Discurso do método e Meditações
10. Pascal, Pensamentos
11. Hobbes, O leviatã
12. Hume, Tratado da natureza humana
13. Rousseau, O contrato social e Discurso sobre a origem e os fundamentos
da desigualdade entre os homens
14. Kant, Crítica da razão pura e Fundamentação da metafísica dos costumes
15. Hegel, Fenomenologia do espírito
16. Nietzsche, Gaia ciência, Assim falou Zaratustra e Para além do bem e do mal
17. Kierkegaard, Ou ou
18. Husserl, A crise das ciências e a fenomenologia transcendental
19. Sartre, O existencialismo é um humanismo
20. Heidegger, Ser e tempo
21. Voegelin, Reflexões autobiográficas
22. Chesterton, Ortodoxia

V. Referências das aulas

Aula 1. Amor à sabedoria


Básica
1. PIEPER, Josef. Que é filosofar? São Paulo: Loyola, 2007.
2. SERTILLANGES, Introdução à vida intelectual. Seu espírito, condições e métodos.
São Paulo: É Realizações, 2010.

Complementar
3. MELENDO, Tomás. Iniciação à filosofia. Razão, Fé e Verdade. São Paulo: Instituto
Brasileiro de Filosofia e Ciência “Raimundo Lúlio”, 2005.
4. ROBINET, Jean-François. O tempo do pensamento. São Paulo: Paulus, 2004.

Aula 2. Panorama da história da filosofia


Básica
1. MARIAS, Julian. História da filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2015.
2. MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2007.

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 65


Bibliografia
Complementar
3. REALE, Giovani; ANTISERI, Dario. História da filosofia. 3 vols. São Paulo:
Loyola, 2017.
4. ROBINET, Jean-François. O tempo do pensamento. São Paulo: Paulus, 2004.

Aula 3. Ética
Básica
1. DUHOT, Jean-Joël, Sócrates ou o despertar da consciência. São Paulo:
Loyola, 2004.
2. PINHEIRO, Victor Sales. A crise da cultura e a ordem do amor. Ensaios filosóficos.
São Paulo: É Realizações, 2021.

Complementar
3. MACINTYRE, Alasdair, Depois da virtude – um estudo em teoria moral,
São Paulo, Ed.USC, 2007.
4. ROBINET, Jean-François. O tempo do pensamento. São Paulo: Paulus, 2004.

Aula 4. Política
Básica

1. BARZOTTO, Luiz Fernando. Filosofia do Direito. Os conceitos fundamentais


e a tradição jusnaturalista. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010.
2. BIRD, C. Introdução à filosofia política. São Paulo: Madras, 2009.

Complementar
3. GOYARD-FABRE, Simone. Os princípios filosóficos do direito político moderno.
São Paulo: Martins Fontes, 1999.
4. KYMLICKA, W. Filosofia política contemporânea. São Paulo: Martins Fontes,
2006.

Aula 5. Estética
Básica
1. ECO, Umberto. História da beleza. Rio de Janeiro: Record, 2010.
2. NUNES, Benedito. Introdução à filosofia da arte. 5ª ed. São Paulo, Ática, 2005.
3. SCRUTON, Roger. Beleza. São Paulo: É Realizações, 2013.

Complementar
4. DUARTE, Rodrigo (org.). O belo autônomo. Textos clássicos de Estética. 2ª ed.
rev.amp. Belo Horizonte: Autêntica; Crisálida, 2012.
5. HADDOCK-LOBO, Rafael (org.). Os filósofos e a arte. Rio de Janeiro: Rocco, 2010.

Aula 6. Metafísica
Básica
1. ARISTÓTELES. Metafísica. Introdução e tradução Giovanni Reale. 3 volumes.
São Paulo: Ed. Loyola, 2013.
2. AUBENQUE, Pierre. Desconstruir a metafísica? São Paulo: Loyola, 2012.
3. BRAGUE, Rémi. Âncoras no céu. A infraestrutura metafísica. São Paulo:
Loyola, 2013.

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 66


Bibliografia
Complementar
4. CASANOVA, Marco Antonio. Compreender Heidegger. 5ª ed. Petrópolis:
Vozes, 2014.
5. ZILLES, Urbano. Filosofia da religião. 7ª ed. São Paulo: Paulus, 2009.

Aula 7. Filosofia da Religião


Básicas
1. ADLER, Mortimer. Como provar que Deus existe. Campinas: Vide, 2013.
2. GRONDIN, Jean. Que saber sobre filosofia da religião. São Paulo: Idéias e Letras,
2012.

Complementar
3. FESER, Edward. A última superstição. Uma refutação do neoateísmo.
Belo Horizonte: Edições Cristo Rei, 2017.
4. LUBAC, Henri de. O drama do ateísmo. Itapevi: Nebli, 2015.

Victor Sales Pinheiro - Filosofia em 7 Passos 67


Victor Sales Pinheiro

Victor Sales Pinheiro é professor da Universidade


Federal do Pará e no Centro Universitário do Pará;
organizador da obra de Benedito Nunes (Prêmio
Jabuti de Crítica Literária de 2010, pelo livro A Clave
do Poético, ed. Companhia das Letras); coordenador
de edição bilíngue de Platão, traduzida por Carlos
Alberto Nunes (Ed. UFPA), e da Coleção Teoria da Lei
Natural (Ed. Lumen Juris). É também autor de Sol,
linha e caverna - a dialética da imagem do bem na
República de Platão, A dialética do amor - forma,
argumento e legado do Banquete de Platão, Idea e
Alethea - a confrontação de Heidegger com Platão e
A Filosofia do Direito Natural de John Finnis, vol. 1
Conceitos Fundamentais. Autor do livro A crise da cultura
e a ordem
o do amor.

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