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SUMÁRIO
Sinopse........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 4
Introdução ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 5
Introdução .................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 9
Introdução ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 29
Conclusão ...................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 44
Introdução ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 47
Introdução ....................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 61
Introdução ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 77
estudamos corretamente.
BONS ESTUDOS!
INTRODUÇÃO
Sejam muito bem-vindos ao curso Matemática e o Espírito Filosófico.
desses assuntos.
aristotélicos e tomistas.
e este curso está estruturado de forma que passe essa visão para vocês.
1 Tomismo de Laval ou Forest River, corrente filosófica do tomismo que enfatiza os aspectos aristotélicos na filo-
sofia de Santo Tomás de Aquino. O nome “Tomismo de Laval” é devido ao fato de Charles De Koninck (1906-1965),
filósofo tomista canadense, ter sido professor na Universidade de Laval, em Quebec.
2 James Franklin, professor honorário da Escola de Matemática e Estatística de Nova Gales do Sul, na Austrália.
PhD em álgebra pela Universidade de Warwick em 1982. É pesquisador de Filosofia da Matemática e História das
Ideias, especialmente no campo da Probabilidade. É autor de Corrupting the Youth: A History of Philosophy in
Australia e An Aristotelian Realist Philosophy of Mathematics e muitos outros livros. James Franklin é fundador
da Sydney School, uma escola filosófica que busca criar uma completa filosofia da matemática baseada direta-
mente em matemática aplicada, que assume que a matemática é uma ciência direta das características das es-
truturas do real, ao invés de tratar de entes de “outro mundo”, como número ou conjuntos. V. JAMES FRANKLIN.
THE SYDNEY SCHOOL: MATHEMATICS, THE SCIENCE OF STRUCTURE. 2005. Disponível em: <https://web.maths.
unsw.edu.au/~jim/structmath.html>. Acesso em: 21 jun. 2021.
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entre essas duas disciplinas.
ou seja, do que trata a Matemática e o sobre o que ela fala quando expõe o
real ou não.
como ela deve ser enxergada: como aquela disciplina que prepara e conduz
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AU L A 1
MATEMÁTICA E FILOSOFIA
Introdução
Matemática, duas ciências que são paixões do homem na sua busca pelo
abstratas, o que muitos não sabem é que elas têm uma conexão muito
Grécia Antiga.
Por exemplo, abordarei neste curso como geometrias não euclidianas são
mas será que sobra algum espaço na realidade para a Matemática analisar?
filosofia.
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Desenvolvimento Histórico da Matemática
Tudo começa com Tales de Mileto1 (em 624 a 546 a.C.), um pré-
civilizações.
eles viviam.
Tales teve contato com isso e, pela primeira vez na história, conseguiu
mas mais adiante falaremos sobre isso. O importante agora é saber que
Tales não deu provas, ele apenas formulou e apresentou pela primeira vez a
1 Tales de Mileto (c.624-546 a.C.), foi um Filósofo e Matemático da Grécia Antiga. Muito famoso é o Teorema
angular de Tales, o qual demonstra que a soma dos ângulos de qualquer retângulo chegará sempre a 180°.
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possibilidade de um conhecimento imutável. Ou seja, temos aqui algo que
parece ser imutável, e não depende da experiência sensível, embora ele não
570 a.C., com Pitágoras de Samos2. Pitágoras é outro pensador que está
enxerga a realidade como número. Isso não quer dizer que o número é um
aspecto do real como nós o somos, mas quer dizer que Pitágoras enxergava
a essência das coisas (no sentido platônico e aristotélico, que virá depois),
como número.
Isso quer dizer que todo o real se reduz, e o real é número, para
Pitágoras. Mas, mais do que isso, além desse caráter filosófico já de início,
porque esse seria um conhecimento, de certa forma, gnóstico que você teria
irmandade.
2 Pitágoras de Samos (c. 570-c. 495 a.C.) foi um filósofo e matemático grego, a quem se deve o que historica-
mente é conhecido como pitagorismo. Apesar de haver pouca informação confirmada sobre este importante
filósofo, havia entre os pitagóricos certo misticismo. Para eles, tudo é reduzível ao número. O pensamento de
Pitágoras foi continuado mesmo após sua morte.
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Quando digo era uma escola iniciática, é porque realmente
termo matemáticos.
nós temos hoje desses termos, se deve a Aristóteles3, que vem depois de
acerca disso.
pela primeira vez algumas noções de provas — mais adiante falarei neste
3 Aristóteles (384-322 a.C.) foi um filósofo grego fundador da escola peripatética, aluno de Platão e também
professor de Alexandre, o Grande. Destacou-se por seus escritos nas mais diversas áreas: física, metafísica, poesia,
drama, lógica, retórica, governo ética e muitas outras áreas.
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Pitágoras pela primeira vez realiza este feito. Com isso a Matemática
ele via a essência de todas as coisas no número. Para isso não é necessária
Platão e Aristóteles.
4 Pré-socráticos é o termo com o qual são referidos os filósofos da Grécia Antiga anteriores a Sócrates que bus-
cavam encontrar a origem de todas as coisas. Cita-se a título de exemplo Anaximandro, Parmênides, Heráclito,
Tales de Mileto, Pitágoras, entre outros.
5 Sócrates (c. 469 a.C-399 a.C.), foi um importante filósofo da Grécia Antiga, ensinou filosofia a Platão, que regis-
trou os diálogos que Sócrates travava com seus ouvintes e adversários. Não deixou seus pensamentos registrados
por escrito, mas sabe-se sobre ele principalmente o que foi registrado por Platão, apesar de outras fontes. Platão
narrou sua condenação à morte em Apologia de Sócrates e seus últimos momentos de vida em Fédon. Na Apo-
logia, Sócrates se defende das acusações, principalmente a acusação de corromper a juventude ateniense, mas é
condenado, aos 70 anos de idade.
6 Platão, (428 / 427 - Atenas, 348 / 347 a.C.) foi um filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga,
autor de diversos diálogos filosóficos e fundador da Academia em Atenas, a primeira instituição de educação
superior do mundo ocidental. Considerado a figura central na história do grego antigo e da filosofia ocidental,
juntamente com seu mentor, Sócrates, e seu pupilo, Aristóteles. Ajudou a construir os alicerces da filosofia natu-
ral, da ciência e da filosofia ocidental e também tem sido frequentemente citado como um dos fundadores da
religião ocidental, da ciência e da espiritualidade. Platão ficou muito conhecido por ter lançado a teoria idealista
e, principalmente, por ter deixado a maioria dos textos conhecidos de Sócrates por escrito.
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hipotenusa. E isso é uma coisa que se aplica a qualquer triângulo
gregos. O primeiro deles a se espantar com isso foi Platão, o que influenciará
Em sua juventude, por volta dos dezoito anos, Platão queria entrar para
a vida pública da pólis grega, até conhecer Sócrates, que o cativa e o inspira
para a busca filosófica, pois Sócrates lhe ensinava que o conhecimento mais
valioso era o conhecimento perene das essências das coisas, e disso Platão
exemplo, estão repletos dessas questões, nos quais Platão busca saber o
sendo formulado por eles, que quase pode ser chamado de catedral do
conhecimento.
porque o conhecimento que ele havia aprendido a buscar parecia ter uma
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metodologia a partir de Pitágoras. Os pitagóricos pareciam fornecer a ele
como se tivesse sido sempre uma lembrança. É por isso que Platão usa a
no livro VII, que toda pessoa que fosse entrar ou fosse legislar na vida da
pólis deveria antes estudar Matemática. Com toda essa influência e o seu
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gerar amor próprio, ou seja, à medida que você vai conhecendo uma ideia,
vai querendo conhecer cada vez mais, com amor e com entrega.
preparar quem quisesse entrar na vida política para legislar na pólis, porque
por exemplo; assim como se pergunta também por que não existiria a
interessado.
imperfeita das ideias perfeitas. Platão queria que ele aplicasse o máximo
possível o conceito de Bem, que ele conheceu na Moral etc., mas para o
qualquer um que fosse entrar na vida da pólis e que fosse legislar. Mais
ainda, há uma anedota que diz que, na Academia de Platão, havia inscrita
a famosa frase: aqui não se aceitam pessoas que não saibam Geometria.
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outros desenvolvimentos da sua própria filosofia, e, à medida em que ele
exemplo, ele nota que não existem fundamentos muito bem definidos e
fundamentos antes. E ele começa a fazer Filosofia assim. Ele percebe que
na Matemática parte-se de algo, apesar de que para ele estava dúbio esse
algo de que se partia, mas você partia desse algo, chegava no conhecimento
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Aristóteles escreve uma de suas obras mais importantes: Órganon,
que contraria uma verdade já conhecida. Ele o faz para dar exemplo desse
a um conhecimento. Ele dizia que às vezes era preciso usar esse tipo de
argumentação.
Matemática, apesar de ele não ter entrado para a história como alguém que
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Aristóteles via a Matemática de maneira diferente de Platão. Este via
espírito filosófico para chegar no mundo das ideias. Aristóteles, por sua
vez, desenvolve a teoria das dez categorias, que são categorias do ser, na
que esse ente pesa tantos quilos ou mede tantos metros (essa pessoa pesa
abstração da quantidade.
Para ele, abstração era olhar para um ente sob um de seus aspectos. A sua
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mundo sensível. Em Aristóteles eles estão na própria realidade, já que é a
humano, obra que possui mais impressões depois da Bíblia, que são Os
por Euclides pela primeira vez, mas como uma sugestão aristotélica, ou
seja, como aquilo que Aristóteles faz no Órganon, e ele traz essa formulação
precisamos reunir as noções que todos sabemos quais são. Por exemplo, o
que é o ponto? Ele começa a definir: ponto é aquilo do qual nada faz parte.
7 Euclides de Alexandria (c. 323 a.C.-c. 283 a.C.) foi um professor e matemático grego. Escreveu a obra Os ele-
mentos, na qual codificou parte da matemática grega desenvolvida até aquele momento.
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Da mesma forma, ele define o que é linha, e assim por diante.
são cinco. Postulado para Euclides é uma proposição, uma asserção escrita
da Geometria euclidiana é que por dois pontos passa uma reta. Se você
pensar um pouco sobre isso, isso lhe parecerá uma verdade autoevidente
euclidiana. Você não demonstra isso, mas assume como verdade. Isso são
de Euclides são cinco. Dessa forma, temos nessa obra uma imitação dos
mesma forma que Pitágoras estava demonstrando seu teorema, que era,
isso. Claro, ele o faz a partir dessa influência de Platão e Aristóteles, mas a
numa proposição, num lema, que será outra asserção, e essa asserção tem
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outros, imitação) do que Euclides desenvolveu em Os elementos.
duvidar, pois uma vez que você entende uma demonstração ou prova, você
filosófico. É por isso que este curso leva o nome de Matemática e o Espírito
Filosófico, porque quero resgatar para vocês essa capacidade que tem a
Matemática.
o Racionalismo. Ele via nas duas coisas algo bom, e queria unir os dois.
8 Corrente filosófica surgida na Idade Média que defende que os universais não são realidades anteriores às
coisas, mas são somente nomes (de onde surge o termo nominalismo) por meio dos quais são designados as
coleções de coisas.
9 Immanuel Kant (1724-1804) foi um filósofo prussiano e um dos principais filósofos da modernidade. Nascido
na cidade alemã de Königsberg, ele fundou a teoria do idealismo transcendental e a corrente filosófica do criticis-
mo, que visava delimitar o conhecimento humano. Conhecido principalmente pelas suas obras Crítica da Razão
Pura e Crítica da Razão Prática.
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Mas ele via a Matemática, especialmente a Geometria euclidiana e a
nosso aparato mental, e com essas formas a priori olhamos para o mundo
pensava não são tão certas quanto ele pensava que eram, então temos um
uma tecnologia para ler esta aula. Essa tecnologia foi possível graças a
essa abstração, sobre a qual não se pensava como uma utilidade ou que
tivesse uma aplicabilidade tão eficiente no mundo real. No entanto, ela está
10 Eugene Paul Wigner (1902-1995) foi um físico e teórico da física húngaro, que também contribuiu para a
física matemática. Recebeu o Prêmio Nobel de Física em 1963.
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a Física e a Matemática, diz que essa pergunta é um grande mistério.
abstrata, tem uma conexão tão forte com a realidade? Para responder a essa
empecilho para o seu sistema. Você terá de mudar seu jeito de pensar a
Filosofia e vice-versa.
que entraram para história, cujo debate se manteve entre elas, que são o
que Platão buscava o mundo das ideias, das essências, a natureza das
coisas, aquilo que define o que a coisa é, e ele via a Matemática como um
estamos falando de objeto matemático, ele é uma coisa que existe e é algo,
utilizando nomes, por isso Nominalismo. Nomes são símbolos, são apenas
entes. Por exemplo, eu vejo Fulano, e ele tem dois olhos, uma boca, duas
orelhas etc. Depois vejo Ciclano, e ele tem dois olhos, duas orelhas, uma
boca, um nariz etc. Depois eu vejo outra pessoa, acontece a mesma coisa,
Portanto, é apenas um nome que estou dando para poder falar desses
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Na Matemática, quando se fala em Geometria euclidiana, ou do
existência de algo não são aceitas pelos intuicionistas. Para eles, você precisa
construir um objeto, não basta você mostrar que ele existe, tanto que eles
para eles, mas eles não dão uma definição muito clara do que é probabilidade,
deixam isso muito claro, isso acaba por ser um problema para eles.
dois mais dois poderia ter resultado diferente, e poderíamos estar vivendo
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Socioconstrutivismo não existe Verdade, apenas “verdades”.
Ou seja, temos símbolos que não têm referente algum. Notem como é uma
símbolos que estão presentes, mas que não têm um referente real, não
trata do mundo real. Assim como a Biologia trata do mundo real, assim
mundo real, a Matemática também está, segundo esse ponto de vista. Não
Deus.
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Veremos um pouco mais sobre este posicionamento de Santo
Matemática em si mesma.
12 Aurélio Agostinho de Hipona (345-430), também conhecido como Santo Agostinho, foi teólogo, filósofo, e bis-
po de Hipona. considerado como um dos mais importantes Padres da Igreja Latina no período patrística. Os seus
escritos influenciaram o desenvolvimento da filosofia ocidental e do cristianismo ocidental. Suas muitas obras
importantes incluem A Cidade de Deus, Sobre a Doutrina Cristã e Confissões.
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AU L A 2
O CONHECIMENTO DA
MATEMÁTICA
Introdução
O Realismo Filosófico
própria Matemática desse ponto de vista. Essa corrente da filosofia diz que
Tal como nas ideias platônicas, o realismo diz que existem essas
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disse anteriormente, Platão1 Aristóteles2 divergem.
diz que elas estão nas coisas em si, ou seja, existem essas essências enquanto
e sem importância na sua vida prática. Nesta aula, mostrarei como isso
impacta diretamente a sua vida cotidiana, e, na maior parte das vezes, sem
vida prática e diária, e impacta de fato as nossas vidas, porque muitas leis
são feitas com base em uma cosmovisão filosófica, seja pela via realista ou
antirrealista.
base a noção de bem comum. Se esse conceito de bem comum não tem
uma natureza ou uma essência própria, não tem, portanto, uma realidade:
1 Platão, (428 / 427 - Atenas, 348 / 347 a.C.) foi um filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga,
autor de diversos diálogos filosóficos e fundador da Academia em Atenas, a primeira instituição de educação
superior do mundo ocidental. Considerado a figura central na história do grego antigo e da filosofia ocidental,
juntamente com seu mentor, Sócrates, e seu pupilo, Aristóteles. Ajudou a construir os alicerces da filosofia natu-
ral, da ciência e da filosofia ocidental e também tem sido frequentemente citado como um dos fundadores da
religião ocidental, da ciência e da espiritualidade. Platão ficou muito conhecido por ter lançado a teoria idealista
e, principalmente, por ter deixado a maioria dos textos conhecidos de Sócrates por escrito.
2 Aristóteles (384-322 a.C.) foi um filósofo grego fundador da escola peripatética, aluno de Platão e também
professor de Alexandre, o Grande. Destacou-se por seus escritos nas mais diversas áreas: física, metafísica, poesia,
drama, lógica, retórica, governo ética e muitas outras áreas.
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ele é simplesmente uma coisa antirrealista que eu posso colocar a qualquer
isso para trazer para vocês que esse debate “realismo versus antirrealismo”
nesta aula.
o ponto de vista realista. Isso quer dizer que quando estamos estudando
pode ser de uma forma platônica. Não quero debater aqui se o platonismo
debate, mas tomamos aqui como ponto de partida o que os dois têm em
no qual não existia nenhuma mente humana, portanto não existia nenhuma
naquele momento ou é preciso uma mente humana para olhar para aquele
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Parece-me, e eu acho que todos vocês concordarão comigo, que
humana. Esse olhar para o passado, sem o homem, garante uma forma de
assim como a relação. As estruturas (simetria, razão etc.) estão contidas lá.
Big Bang, pois para uma lei física ser formulada matematicamente
é necessário que a lei matemática seja anterior a ela. Ou seja, para que
gostaria que vocês tivessem acerca dela, ou seja, ela trata de alguma coisa
seria esta, mas ela trata de algo do real: é o que eu sempre digo: estudar
3 Isaac Newton (1643-1727) conhecido matemático e físico inglês muito influente para ciência moderna. Bas-
tante conhecidas, as Leis de Newton (Lei da Inércia, Princípio Fundamental da Dinâmica e Lei da Ação e Reação)
versam sobre muitas leis que regem o universo, como a gravidade, o movimento dos corpos etc.
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real, dos seus conceitos e dos seus objetos, que são reais e têm existência
real.
As Verdades Matemáticas
qualquer triângulo retângulo que você use. Se você o descobriu ou não, não
esse ente, mas mesmo antes de descobri-lo, esse dado está em algum
lugar e é imutável.
eles não têm dependência temporal. Desse modo, dois mais dois
dará sempre quatro independentemente da época em que vivemos,
círculo perfeito é tão invejável que nós queremos alcançá-la nas outras
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ciências. Percebemos na realidade uma mesa circular, por exemplo, e
característica de perfeição.
○ Imutáveis;
○ Atemporais;
○ Perfeitos;
○ Imateriais.
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mundo possível. Vocês conseguem imaginar um cenário no qual você não
coisa: vendo outra aula aqui do Brasil Paralelo, fazendo outra atividade etc.
seja, eu poderia estar fazendo uma outra coisa além da coisa que eu estou
fazendo agora, com isso posso imaginar o que seja de fato o mundo possível.
Eu estou falando sobre uma noção de uma ação humana, mas não
é somente nisso que ocorre essa noção do mundo possível, porque pode
haver um mundo possível em que o copo de água que está do meu lado
enquanto faço esta aula não esteja aqui. Ou seja, essa característica de
Dito isso, vamos tomar uma proposição como exemplo para clarificar
mundo possível em que a neve é branca? Existe, então ela é uma proposição
possível.
algum mundo possível, mas não em todos. Por exemplo, existe algum
mundo possível em que a neve poderia não ser branca? Possivelmente, sim.
verdadeira.
possível onde 2 + 2 não seja igual a 4? Não. Isso quer dizer que a Matemática
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uma necessidade desse conhecimento produzido. Portanto, esse conjunto
que queriam entrar na vida pública, legislar na pólis etc., que estudassem
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
a matemática importante? Ela se apresenta para nós como a expressão
considerar. Para o indivíduo, há, de fato, um grande despertar. É por isso que
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
esse o objetivo, apenas digo que ela pode conduzir a alma até a verdade.
É isso que eu quero que vocês percebam que ela é capaz de fazer com
realista. Mesmo que alguém o diga que a verdade é uma construção social,
com a ciência. Por que isso seria um motivo? Para responder a esta pergunta,
mas ainda assim ela possui uma moral que vale a pena conhecer.
Deus, tema sobre o qual os dois discutiriam. Conta-se, nessa anedota, que
Diderot não sabia muita matemática, e não ligava para esse conhecimento.
nada respondeu, então Euler disse: “Lide com isso. Portanto, Deus existe”.
Diderot não soube o que responder nem o que argumentar contra isso.
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E não é exatamente isso que está acontecendo no nosso mundo
hoje, com a ciência moderna? Não é que o argumento científico seja falso,
mas é que as pessoas estão sendo caladas porque não têm como debater
matemática.
motivo pelo qual você deveria estudá-la, porque você tem de saber o que
de fato estão legislando e falando sobre a sua vida, e o que está impactando
experiência sensível.
13 Jacques Maritain (1882-1973), discípulo do filósofo Bergson, converteu-se em 1906 ao catolicismo. Foi profes-
sor no Instituo Católico de Paris, professor titular em Princeton, e professor visitante em muitas universidades,
além de embaixador da França no Vaticano. Na filosofia, é representante da neoescolástica e do neotomismo.
14 Wolfgang Smith (1930- ) é um matemático, físico e filósofo americano. Tem diversos trabalhos publicados em
geometria e matemática. Alguns de seus livros já foram publicados no Brasil, como: O enigma quântico: desven-
dando a chave oculta (Vide Editorial, 2011), Ciência e mito (CEDET, 2014).
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Biologia faz. Ao estudar Biologia na escola, você estudava esquemas celulares,
Desse ponto de vista, olhamos para o ente tal como ele se apresenta para o
instrumento de medida.
ele exclui dos entes reais todas as suas outras categorias, focando apenas
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
na quantidade. Ele diz que os aspectos quantitativos do real fazem parte
que Descartes se referia e também não é o objetivo desta aula. Aqui estamos
ou seja, existe subjetividade, pois tudo que é qualitativo está dentro de uma
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
A redução desse mundo ocorre quando você diz: “Você é apenas um
característica.
academia para colocar em debate a ética uso dos robôs, e isso é uma redução
O Reducionismo Cientificista
estocástico, por exemplo, ela está reduzindo a sua mente ao seu cérebro.
formas — você não reduziria a mente humana à matéria, pois sabe que
conceito está no meu intelecto, mas o que acontece quando temos uma
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O meu intelecto e a minha mente têm a capacidade de reconhecer e
transformaria no triângulo.
sobre as quais expliquei no começo desta aula —, você jamais cairia nesse
argumentativa que você segue. E, quando você faz isso, você está treinando
prol de uma política pública ou qualquer outra coisa que lhe seja interessante,
significa que existe alguma coisa que está sendo pressuposta na conclusão
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
não. Fica mais fácil, à medida em que você estuda Matemática, perceber
difícil de você ser enganado se você não sabe Matemática. Mas, ao contrário,
prévios que precisam ser admitidos para se chegar à conclusão que estão
alegando, além de você poder se posicionar contra uma premissa que você
Conclusão
do seu conhecimento.
a Matemática. Essa era pergunta que Platão fazia, como foi dito. Platão
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esse motivo.
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AU L A 3
MATEMÁTICA E A ALMA
HUMANA
Introdução
Parmênides2.
Heráclito e Parmênides
Para ele não existia nada estático, tudo estava em um constante devir, um
vir a ser. É dele a famosa frase que resume sua filosofia e expressa a noção
Parmênides, por sua vez, vai para o extremo oposto. Ele diz que tudo
1 Heráclito de Éfeso (cerca de 500 a.C. - 450 a.C.) foi um filósofo pré-socrático considerado o “Pai da dialética”. É
o pensador do “tudo flui”, sintetizando a ideia de um mundo em movimento perpétuo (em oposição ao para-
digma de Parmênides) e do fogo, que seria o elemento do qual deriva tudo o que nos circunda. De seus escritos
restaram poucos que geraram grande número de obras explicativas.
2 Parmênides de Eleia (530 a.C. - 460 a.C.) foi um filósofo grego natural de Eleia, uma cidade grega na costa sul
da Magna Grécia. Supostamente de família rica, seus primeiros contatos filosóficos foram com a escola pitagóri-
ca, especialmente com Ameinias. Seu único trabalho conhecido é um poema, Sobre a Natureza, que sobreviveu
apenas na forma de fragmentos.
3 Zenão de Eleia (cerca de 490/485 a.C. - 430 a.C.) considerado por Aristóteles o criador da dialética. Seguidor e
defensor apaixonado da filosofia de Parmênides, elaborou um método que consistia na formação de paradoxos.
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
tartaruga sai na frente. Para chegar à tartaruga e ganhar a corrida, Aquiles
tem de percorrer o mesmo caminho da tartaruga até onde ela está e assim
deve percorrer, jamais chega nela, que estará sempre à frente dele. Zenão
real.
as duas posições foi resolvido por Aristóteles4. Para ele, ambos estavam
diz o seguinte: Para Parmênides não há movimento porque ele tem uma
premissa verdadeira e pensa que ela deve ser aplicada nessa questão do
movimento. Para ele “do não ser, não pode vir o ser e, se algo não há, ele não
pode ser, não pode vir a ser”. Ou seja, o conceito de movimento é ilusório. De
se não há o estado frio — como do não ser não pode vir o ser —, ele nunca
4 Aristóteles (384-322 a.C.) foi um filósofo grego fundador da escola peripatética, aluno de Platão e também
professor de Alexandre, o Grande. Destacou-se por seus escritos nas mais diversas áreas: física, metafísica, poesia,
drama, lógica, retórica, governo, ética e muitas outras áreas.
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
“você está percebendo um elemento de estaticidade e está certo. Só que
essência, de natureza das coisas. Se não existisse a natureza das coisas, não
permite dizer que tal adulto é a mesma criança que nasceu há 30 anos. Ou
corpos com uma determinada natureza que satisfazem essa lei). Mais
5 Santo Tomás de Aquino (1225-1274) foi um frade católico italiano da Ordem dos Pregadores cujas obras
tiveram uma grande influência na teologia e filosofia. Destacam-se de seu numeroso trabalho as obras Suma
Teológica e Suma Contra os Gentios.
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lei natural). E é em virtude de as coisas possuírem natureza que existe a
das coisas. Ela é captada pela nossa percepção, nosso intelecto. Nós a
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
exemplo: a maçã não deixa de ser maçã se for verde ou vermelha, porque as
matéria. E Aristóteles vai dizer que nos seres vivos essa forma substancial
que informa o corpo, que torna inteligível aquele corpo, que dá anima a ele,
um ser vivo. É claro que existem dois tipos de alma nessa definição, almas
são os cinco sentidos exteriores (que dão o contato com o mundo exterior)
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
ou percepção sensorial: visão, olfato, paladar, tato e audição. Conhecemos
tudo a partir deles, até mesmo a matemática. Usa-se a visão para conhecer,
são duas informações distintas chegando por dois sentidos diferentes. Essa
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
distinguindo a percepção sensorial da percepção cognitiva, mas tudo isso,
faz quando está diante de um muro. Ele olha para cima, faz movimentos
os animais.
mal. Pode ser uma coisa que eu reconheça como boa e que outra pessoa
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
que temos nós, seres animados (no sentido de possuirmos alma), de desejar
medo, raiva, desespero, ousadia. Essas são respostas emocionais que damos
Intelecto e Vontade
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
matemática —, portanto, não é meramente um desejo passional que está
na percepção apetitiva.
num triângulo cada vez que você capta com o seu intelecto, esse conceito.
a alma é imortal, uma vez que o que não tem matéria não é possível de
corrupção — quando não pode morrer, não pode se desfazer. Estou dando
Matemática e os Atributos
ser notada é que esses atributos da alma são treináveis, existem técnicas
a imaginação.
9 De Anima é um texto do filósofo grego Aristóteles de Estagira. É composto por três livros e não existem
dúvidas acerca da autenticidade da obra. O objetivo de Aristóteles nesta obra é analisar os principais problemas
respeitantes à alma, que é o princípio vital de todo e qualquer ser vivo.
10 Suma Teológica ou Summa Theologica é o título da obra básica de São Tomás de Aquino, frade, teólogo
e santo da Igreja Católica, um corpo de doutrina que se constitui numa das bases da dogmática do catolicismo
e considerada uma das principais obras filosóficas da escolástica. Foi escrita entre os anos de 1265 a 1273. Nesta
obra Aquino trata da natureza de Deus, das questões morais e da natureza do homem.
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
Falo bastante sobre estudar matemática, mas refiro-me a certa
próxima aula.
treinada.
e no intelecto.
de ser conduzido à verdade. Esse querer vai exigir, às vezes, alguma redução
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
de sono e será colocado nos momentos em que os sentidos, os sentimentos,
a percepção apetitiva estarão dizendo para sair, para jogar bola ou fazer
qualquer outra coisa como jogar videogame ou ler outro assunto. Nesses
sua vez, é o principal atributo treinado. Mas não apenas isso, ele é também
que antecede, que conduz a uma verdade, que prepara o espírito e o espírito
filosófico).
com o conceito de limite: “Eu consigo fazer isso aqui, definir derivada, definir
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
etc”. Isso tudo é feito usando a capacidade de raciocínio, o intelecto.
exemplo, no caso de uma pessoa que estuda Platão, Aristóteles, São Tomás
ou Eric Voegelin. Ou seja, até por sua própria natureza (que descrevi como
por isso ela mexe diretamente com o intelecto. Em outras palavras, há uma
da forma como foi colocado nesta aula, não vai mexer com a sua vida de
que as pessoas pensam ser. Há algo ali que altera nossa biografia.
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
estimativa e imaginação; vai trabalhar também com a vontade, com o
em si.
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
AU L A 4
O ESTUDO DA MATEMÁTICA
Introdução
seja, como a Matemática funciona, como ela está estruturada e como você
que foi ensinado até agora nas aulas 1, 2 e 3. Primeiramente, vou recapitular
as aulas anteriores.
portanto há uma conexão com o real. Por isso, estudar Matemática é estudar
a realidade.
e o estudo da Matemática.
1 Aristóteles (384-322 a.C.) foi um filósofo grego fundador da escola peripatética, aluno de Platão e também
professor de Alexandre, o Grande. Destacou-se por seus escritos nas mais diversas áreas: física, metafísica, poesia,
drama, lógica, retórica, governo, ética e muitas outras áreas.
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
Por Que Estudar Matemática
técnica ou pragmática, que você vai utilizar para passar no ENEM ou num
concurso público, mas é uma disciplina que vai mexer no seu eixo vertical,
para enxergá-la dessa forma e notar sua beleza oculta. Por que eu digo
conexão íntima, dessa beleza fria, que não é acessível facilmente, mas que é
simplesmente para você utilizar na sua vida prática, mas para mexer no seu
eixo vertical.
estuda?”. Se a sua biografia não está sendo transformada por aquilo que
2 Platão, (428/427-348/347 a.C.) foi um filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga, autor de
diversos diálogos filosóficos e fundador da Academia em Atenas, a primeira instituição de educação superior do
mundo ocidental.
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
você aprende, não há motivos para você estudar. Todo estudo, toda busca
você tem uma visão cristã sobre o mundo, vai conseguir enxergar essa
com a Matemática aqui, os seus objetos têm uma conexão direta com as
de visualização. Mas isso não significa que essas formas que não estão
instanciadas — ou seja, que não são concretas — não sejam reais. É disso
3 Generalização é uma forma de abstração pela qual propriedades comuns de instâncias específicas são for-
muladas como conceitos gerais.
4 Georg Friedrich Bernhard Riemann (1826-1866) foi um matemático alemão. Suas contribuições foram funda-
mentais para a análise e a geometria diferencial.
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
chamada de tecido do espaço-tempo. Com esse modelo, a gravidade e
tecido.
Deus, o logos.
Essa é uma visão agostiniana. Santo Agostinho7 dizia que nós amamos
de fato, estudar.
Se você, por exemplo, acha que trabalha em uma área que não tem
nada que ver com Matemática e que, por isso, não deveria estudá-la, eu
vou contar uma história. Abraham Lincoln8 carregava consigo uma cópia
ex-presidente americano e advogado, uma área que não tem nada que
5 Jerzy Franciszek Plebański Rosiński (1928-2005) foi um físico teórico polonês, conhecido por seus trabalhos
sobre relatividade geral.
6 Albert Einstein (1879-1955) foi um físico teórico alemão, conhecido por sua teoria da relatividade geral e por
suas contribuições para o desenvolvimento da teoria da mecânica quântica, dois pilares da Física moderna.
7 Aurélio Agostinho de Hipona (345-430), também conhecido como Santo Agostinho, foi teólogo, filósofo, e
bispo de Hipona. considerado como um dos mais importantes Padres da Igreja Latina no período patrística.
8 Abraham Lincoln (1861-1865) foi um político norte-americano. Foi o 16º presidente dos Estados Unidos, e lid-
erou o país durante a Guerra Civil Americana, aboliu a escravidão, fortaleceu o governo nacional e modernizou a
economia do país.
9 Euclides de Alexandria (c. 300 a.C.) foi um professor, matemático e escritor grego, conhecido como o “pai da
Geometria”.
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
ver com a Matemática. Quando perguntado por que ele fazia isso, ele
respondeu: “Um advogado, para ser um bom advogado, precisa saber o que
bem a advocacia, você precisa saber o que é uma prova matemática. Isso
entender como uma coisa leva à outra, de modo lógico, você aumenta a sua
em argumentações.
prática. Para isso, vou falar um pouco da estrutura da Matemática, como ela
está estruturada.
partida para que todos nós tenhamos uma certa noção de Matemática.
se refere a determinada coisa com um termo que você não conhece ou não
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
Em seguida, vêm os postulados, ou axiomas. Um axioma é uma
euclidiana, diz-se que por dois pontos passa uma única reta – esse axioma
filosófico.
Uma pequena digressão: para poder falar sobre definições, vou fazer
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
construção linguística acima dessa relação basilar com a realidade, de
forma que os termos de sua construção linguística são relacionados entre si;
nessa outra língua, a pessoa não tem o mesmo referente que eu quando
esse termo (ou esse conceito) é explicado e esclarecido, utilizando, para isso,
uma filosofia realista). Esse objeto matemático vai ser utilizado em uma
— são definidas com relação ao limite. O próprio termo limite tem uma
quando ela está próxima de determinados valores. Diz-se, por exemplo, que
o limite de uma função tende a ele se para y maior que 0. Desse modo, a
definição elucida o que você quer dizer quando utiliza o termo limite.
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
teoremas, os quais são asserções sobre objetos de estudo da Matemática.
essa asserção tem uma importância menor, isto é, ela é uma asserção auxiliar
para chegar a outro resultado. Depois dos lemas, temos proposições, cuja
teoria.
demonstro tal teorema. Para isso, utilizo o lema X, que eu provei há pouco
que se quer realizar — e pode ser às vezes muito simples. Tudo depende das
10 Uma teoria é uma coleção extensa e estruturada de teoremas, organizada de modo que as provas dos teo-
remas não sejam circulares, adiadas ou redundantes.
11 Demonstração é uma sucessão finita de argumentos restritos às regras da lógica mostrando que determina-
da afirmação é necessariamente verdadeira quando se assumem certos axiomas.
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
e torná-lo, com essas provas, um conhecimento indubitável é única da
Matemática.
essas provas. Quando você tem um ato intuitivo e visualiza uma asserção
O que isso significa? Que essa conjectura, cuja veracidade não foi
demonstrada, não é uma sentença matemática. Você pode ter uma meta-
asserção, mas ainda assim não ter uma demonstração. Ou seja, dentro de
uma teoria matemática, a veracidade de uma proposição está desconectada
da existência de uma prova para ela. Esse, aliás, é um fato demonstrado por
verdade, mas que não é demonstrável dentro do sistema. Além disso, esse
12 Kurt Friedrich Gödel (1906-1978) foi um filósofo, lógico e matemático austríaco. Considerado um dos grandes
lógicos da História, suas contribuições influenciaram o pensamento lógico e científico do século XX.
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
deduzir, ao mesmo tempo, uma proposição e a sua negação, de modo que
podem ser verdadeiros, mas que eu não sei como demonstrá-los, pois isso,
na prática, é impossível. E alguns resultados na Matemática no século XX
hipótese do continuum; sugiro que procurem saber mais sobre ela, pois é
Georg Cantor13 descobriu que conjuntos infinitos, nomeados pela letra alef,
13 Georg Cantor (1845-1918) foi um matemático alemão, conhecido por ter elaborado a teoria dos conjuntos, que
se tornou um dos fundamentos da Matemática.
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
infinito é o limite extremo da reta real.
todos os números inteiros não negativos (0, 1, 2, 3...); temos, assim, o primeiro
e somente se, for contável e infinito, o que significa que estabelece relação
cuja consistência não foi provada. Esse é um exemplo de conjectura, que faz
parte da Matemática.
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
teoria matemática, estamos realizando captação conceitual e, portanto,
uma função contínua e entende que uma função é contínua quando, por
mas o que ele significa? Defina esse conceito com as suas próprias palavras.
essas proposições, faça a mesma coisa: entenda o que está sendo dito e
tudo no papel. Não há como estudar Matemática sem estar sentado, com
A Hierarquia Matemática
estabelecida. Existem livros muito mal escritos em que essa hierarquia não
que é grupo?”. Como são coisas de que você precisa saber, organize essa
hierarquia de saberes dentro do seu plano de estudos. Veja, você não está
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
preocupado em passar em um concurso, em passar no ENEM etc., e sim
não tenha pressa. Estude com calma, entenda o que você está estudando,
precisa estar claro para você, é preciso ter essa clarividência. Se ainda não
está claro, force, pare um pouco, descanse; às vezes, o insight de clareza vem
quando você está tomando café com a sua filha ou quando está fazendo
qualquer outra coisa. Não deixe passar um conteúdo sem tê-lo entendido
completamente.
fácil ver que...”. Isso é balela. Na minha graduação, esse “fácil” tinha trinta
páginas de desenvolvimento. Mas não se preocupe com esse tipo de coisa;
abra os livros, veja o que está sendo ensinado e tente entender. Tente fazer
você ganha intimidade para trabalhar com aquilo e conhece seu círculo
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
Padrão Euclidiano de Prova
Esses três passos básicos podem ser ampliados para seis passos
“Seja A igual a X”, definem-se os termos gerais com letras que serão utilizadas
conclusão.
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
Por fim, o sexto passo, sumperasma, é a conclusão final, no qual se
apresentou.
Encerro aqui esta aula e espero que vocês se preocupem com o estudo
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
AU L A 5
OS INIMIGOS DA
MATEMÁTICA
Introdução
nos apresentar um conhecimento objetivo, que ao dizer que dois mais dois
como não existe essa objetividade do conhecimento, dois mais dois poderia
não ser quatro, mas igual a cinco, sete ou o que se quisesse. Isso causou um
ataque que está acontecendo. Na verdade, isso não é novo, mas está vindo
com maior vigor agora. Eles, é claro, acham isso um absurdo por destoar de
tudo o que fazem, mas não conseguem ir à raiz do problema. Por que esse
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
Conexão entre Matemática e Relativismo
A primeira coisa que temos de notar –– o que eu acho que ficou claro
de conhecimento necessário.
moderno, que são uma imitação de Górgias2 no fim das contas ––, vão soar
Para que fique mais claro, vamos começar com alguma conexão
bobagem?
2 Górgias (c. 485 a.C. – 380 a.C.) de Leontini, Sicília, foi um filósofo grego enviado por sua cidade para Atenas por
volta de 427 a.C. Mestre de retórica, é considerado um cético radical pelas três teses procedentes de seu escrito
Sobre o não-ser ou Da Natureza.
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
uma relação causal + doutrinação. Há, portanto, uma determinada crença
e existe uma relação causal química que gera aquela crença no cérebro, com
juízos sobre quem está certo ou quem está errado, pois só estamos falando
que essa relação causal e essa doutrinação lhe dão conforme a cultura em
quando numa calculadora temos dois mais dois é igual a quatro, certamente
isso acontece com a Matemática, o mesmo deve valer para a moral e para as
Mesmo que seja esse o caso, o que a Matemática está nos mostrando
emitir juízos e de que não existe objetividade ––, não procede, não pode
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
têm um poder de convencimento tão forte quanto a Matemática, ou seja,
esta se faz muito útil para lutar contra o vírus relativista que está inserido na
sociedade.
solar ––, são as mesmas tanto para Mercúrio quanto para Saturno; entretanto,
ela definidas diferem. Isso quer dizer simplesmente que a aplicação de uma
digamos que exista uma lei moral geral e que determinada cultura em
faça de outra forma e assim por diante. Dessas aplicações específicas, não
aqui, mas esse já é suficiente para mostrar que o argumento relativista não
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
decorre; ou seja, não é possível concluir que, por causa da diversidade de
esse tipo de argumentação; teriam de mostrar que toda lei geral –– se existe
cultura que a aplica não tem nenhuma relação com ela, ou seja, as leis éticas
de uma determinada cultura não têm nenhuma relação com nenhuma lei
geral — os relativistas teriam de mostrar isso para todas as leis gerais, mas
3 Euclides de Alexandria (aprox. 300 a.C. - ?) foi um matemático platônico grego, muitas vezes chamado de “Pai
da Geometria”.
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
a maneira de Os Elementos.
O quinto e mais famoso pode ser colocado da seguinte forma: imagine que
de 90º entre elas.4 Isso significa, segundo o postulado, que as duas primeiras
fundo, uma das formulações desse axioma pode ser: retas paralelas jamais
se cruzam.
tentaram fazer isso, mas não obtiveram sucesso. Alguns pensaram que
4 “E se uma linha reta, encontrando-se com outras duas retas, fizer os ângulos internos da mesma parte meno-
res que dois retos, estas duas retas produzidas ao infinito concorrerão para a mesma parte dos ditos ângulos
internos.” Os Elementos. XII.
5 Carl Friedrich Gauss (1777 - 1855) foi um matemático e físico alemão que deu significativas contribuições
em vários campos da Matemática e da Ciência. Às vezes referido como sendo o Princeps mathematicorum (o
“número um” dos matemáticos) e “o maior matemático desde a antiguidade”, Gauss está entre os mais influentes
matemáticos da história. Considerava a Matemática “a rainha das ciências”.
6 Nicolai Lobachevsky (1792 - 1856) foi um matemático e geômetra russo, conhecido principalmente por seu
trabalho em geometria hiperbólica –– também conhecida como geometria Lobachevskiana ––, e também por
seu estudo fundamental sobre as integrais de Dirichlet, conhecidas como fórmula integral de Lobachevsky. O
matemático inglês William Kingdon Clifford o considerava o “Copérnico da geometria”.
7 János Bolyai (1802 - 1860) foi um matemático húngaro que desenvolveu a geometria absoluta, uma geometria
que inclui a geometria euclidiana e a geometria hiperbólica. A descoberta de uma geometria alternativa consis-
tente que poderia corresponder à estrutura do universo ajudou a libertar os matemáticos para estudar conceitos
abstratos independentemente de qualquer conexão possível com o mundo físico.
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
uma Geometria não euclidiana? Esse quinto postulado de Euclides não
nessa superfície plana, ou nessa superfície “3D”, que também é “uma outra
já não estamos mais falando de uma superfície plana; trata-se agora de uma
não euclidianas.
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
tridimensional etc. Isso era uma objetividade do nosso conhecimento, uma
estivemos errados por tanto tempo acerca de uma coisa tão basilar da
digamos assim.
etc.; ela não perde a veracidade. O que isso nos mostra é que a Geometria
8 Bernhard Riemann (1826 - 1866) foi um matemático alemão que fez contribuições à análise, teoria dos númer-
os e geometria diferencial. No campo da análise real, ele é mais conhecido pela primeira formulação rigorosa da
integral, a integral de Riemann, e seu trabalho na série de Fourier.
9 Hermann Minkowski (1864 - 1909) foi um matemático polonês que criou e desenvolveu a geometria dos
números e usou métodos geométricos para resolver problemas na teoria dos números, física matemática e teoria
da relatividade.
10 Hendrik Lorentz (1853 - 1928) foi um físico holandês que dividiu o Prêmio Nobel de Física de 1902 com Pieter
Zeeman pela descoberta e explicação teórica do efeito Zeeman. Ele também derivou as equações de transfor-
mação que sustentam a teoria da relatividade especial de Albert Einstein.
11 Henri Poincaré (1854 - 1912) foi um matemático francês, físico teórico, engenheiro e filósofo da ciência. É
freqüentemente descrito como um polímata e, em matemática, como “o último universalista”, uma vez que se
destacou em todos os campos dessa disciplina.
12 Albert Einstein (1879-1955) foi um físico teórico alemão, conhecido por sua teoria da relatividade geral e por
suas contribuições para o desenvolvimento da teoria da mecânica quântica, dois pilares da Física moderna.
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
do espaço físico não é uma questão matemática. No fim das contas, a
se olha para elas nos espaços tangenciais, são todos euclidianos; ou seja,
existia nada, mas que se algo existisse não poderia ser conhecido, e, se
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
pudesse ser conhecido, não poderia ser comunicado. Ele pregava isso para
com maior ênfase, pois ele aparece como um nome de suma importância
Górgias. Só isso.
existe algo objetivo que podemos conhecer, esse algo objetivo é impossível
você olha para a realidade e esse signo linguístico aponta para um referente
na realidade.
13 Jacques Derrida (1930 - 2004) nascido na Argélia, foi um filósofo francês mais conhecido por desenvolver
uma forma de análise semiótica conhecida como desconstrução, que ele analisou em vários textos e desenvolveu
no contexto da fenomenologia. Trata-se de uma das principais figuras associadas ao pós-estruturalismo e à filoso-
fia pós-moderna.
14 Jacques Lacan (1901 - 1981) foi um psicanalista e psiquiatra francês chamado de “o psicanalista mais contro-
verso desde Freud”. Com seminários anuais em Paris de 1953 a 1981, a obra de Lacan marcou a paisagem intelec-
tual francesa e internacional, tendo causado um impacto significativo na filosofia continental e na teoria cultural
em áreas como pós-estruturalismo, teoria crítica, teoria feminista e teoria do cinema, bem como na própria
psicanálise.
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
tenho uma noção do que é preto, por causa da relação do signo linguístico
preto com todas as outras coisas que não são pretas; eles prendem a
linguagem nela própria, sem uma conexão com o real, e aí começa todo
matemáticos, para fazer e falar de suas teorias etc., mas utilizando todas
movimento de desconstrução.
utilizando-os nessa publicação acadêmica. Alan Sokal, por sua vez, foi lá e
que estava cansado do abuso dos termos e jargões científicos usados pelo
15 Alan Sokal (1955) é professor de matemática na University College London e professor de física na New York
University. Trabalha em mecânica estatística e combinatória e é um crítico do pós-modernismo. Em 1996, causou
o caso Sokal, quando seu artigo deliberadamente sem sentido foi publicado pela Duke University Press’s Social
Text. Também trabalha para combater o raciocínio científico defeituoso, como pode ser visto em seu envolvimen-
to na crítica do conceito de razão crítica de positividade na psicologia positiva.
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
pessoal da pós-modernidade e escreveu um artigo chamado Transgressing
Alan Sokal vem a público e diz que aquilo foi uma grande piada, que ele não
havia escrito tal artigo e que simplesmente fez uso da maneira de escrever
vieram a público dizer que aquilo era uma atitude antiacadêmica. Enfim,
motivo o que eles estavam dizendo não estava certo, que não havia relação
entre hipóteses e coisas nos jargões científicos que eles utilizavam. Trata-se
esse episódio com Alan Sokal. Apesar de atacarem com tudo a Ciência,
tentaram entrar, mas nenhum matemático aceita isso, vendo tudo como
16 Jean Bricmont (1952) é um físico teórico belga e filósofo da ciência, professor emérito de física teórica na
Universidade Católica de Louvain e desde 2004 membro da Royal Academy of Belgium.
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
Lakatos17, um filósofo da ciência que escreve um livro chamado Proofs and
como este aconteceu e como foi formado pela primeira vez, apresentando
Isso é o que quer Lakatos, esse é o programa com Proves and Refutations:
ser refutadas. Mas note: ele pega um teorema, faz uma análise histórica
suposições como convexo, por exemplo, que é uma definição clara dentro de
de faces que ele tem, o resultado sempre será igual a dois. Por exemplo, um
doze arestas (quatro vezes três). São, portanto, oito vértices, menos doze
Tomemos como outro exemplo uma pirâmide: ela tem uma base,
cinco faces. Então, são cinco vértices, menos oito arestas, mais cinco faces.
17 Imre Lakatos (1922 - 1974) foi um filósofo húngaro da matemática e da ciência, conhecido por sua tese da
falibilidade da matemática e sua “metodologia de provas e refutações” em seus estágios pré-axiomáticos de
desenvolvimento. Conhecido também por introduzir o conceito de “programa de pesquisa” em sua metodologia
de programas de pesquisa científica.
18 Houve uma edição desta obra em português organizada por John Worral e Elie Zahar e publicada pela Zahar
Editores, mas está fora de catálogo. O aluno pode, porém, encontrá-la facilmente em formato digital.
19 É uma relação matemática que permite descobrir o número de arestas, vértices ou faces conhecendo ao
menos duas das variáveis. Isso deve-se ao fato de essas relações não serem independentes entre si.
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
Resultado: 5 – 8 +5 = 2.
É esse teorema que Lakatos quis atacar. É claro que existiu todo um
dizer: “Tudo isso que vocês estão fazendo dentro da Matemática não é
isso e diz: “Ele está falando besteira, está falando de um só teorema e está
ataque que surge forte aqui e ainda está em vigor, porém não tem tanta
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
socioconstrutivismo na Matemática. É claro que o objetivo, como já falei, é
como ela está sendo tratada no mundo inteiro em geral, não; eles sabem,
existe essa objetividade, não porque a Matemática não seja objetiva, afinal
eles nem sabem disso, nem chegam a saber disso, pois eles são ensinados
Então, tudo aquilo que foi colocado neste curso possui uma barreira
que essas fórmulas estão sendo colocadas e jogadas para nós, mas que
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO
Então, toda a beleza que existe internamente na Matemática, a conexão
Obrigado por ter assistido a esta aula e a este curso. Até a próxima.
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E-BOOK BP MATEMÁTICA E O ESPÍRITO FILOSÓFICO