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Fungos decompositores

A matéria orgânica vegetal ou animal desempenha papel fundamental no ecossistema,


seja na funcionalidade, seja na estruturação, pois promove fonte de energia renovável
para os organismos heterotróficos, como os fungos, e como um reservatório nutricional
para a ciclagem dos elementos da natureza.

Os decompositores primários, como bactérias e fungos, são os principais atores na


degradação da matéria orgânica. Em uma floresta, por exemplo, as folhas que caem
das árvores constituem a principal fonte de matéria e nutrientes para a própria
vegetação e os microrganismos que ali habitam, e cerca de 80% das folhas são
degradadas por eles.

Muitos fatores estão relacionados à decomposição da matéria orgânica, e a biomassa


microbiana é o mais importante deles, sendo diretamente influenciada pelas mudanças
químicas, físicas e biológicas do solo. Qualquer alteração no pH do solo, a
temperatura, a disponibilidade de nutrientes e a aeração podem interferir no processo
de decomposição dos microrganismos.

Quando os fungos são encontrados em sua forma saprofítica, a obtenção de


nutrientes ocorre a partir da decomposição de resíduos complexos de animais ou
plantas mortas. Eles transformam as estruturas complexas em formas químicas
simples, e parte delas retorna para o ambiente. Além desse benefício nutricional, os
fungos decompositores podem participar da indução de resistência aos patógenos das
plantas e dos insetos.

A velocidade da decomposição influencia diretamente a liberação dos nutrientes. Além


dos fatores citados anteriormente, a composição da serapilheira é importantíssimo
fator para a ciclagem adequada dos nutrientes.

O principal papel desempenhado pelos fungos no solo é a degradação da lignina e da


celulose, proporcionando alimento para outros organismos ou produzindo biomassa
proteica. Os fungos decompositores podem ser divididos em quatro grupos, de acordo
com o material orgânico que têm predileção para decompor: celulolíticos (celulose),
hemicelulolíticos (hemicelulose), pectinolíticos (substâncias pécticas) e ligninolíticos
(lignina).

Os sistemas enzimáticos dos fungos, que são responsáveis pela sua nutrição, estão
intimamente ligados ao tipo de substrato presente na serapilheira que eles podem
degradar. Os fungos saprófitas decompositores, além de serem cosmopolitas, também
apresentam alta tolerância ao estresse climático, adaptando-se às variações das
estações e aos eventos naturais, como tempestades e períodos de seca.
A presença de determinados grupos de fungos decompositores pode ser alterada em
resposta às próprias mudanças durante a decomposição do substrato, o que significa
que uma sucessão de microrganismos pode aparecer após a degradação de uma
população primária de microrganismos decompositores dominantes.

À medida que a matéria orgânica vegetal é degradada, ocorrem mudanças


sequenciais no potencial de degradação e composição das comunidades fúngicas
mediante a disponibilidade de nutrientes, alteração da umidade, pH e tensão de
oxigênio. Essa sucessão é, de modo geral, definida por uma mudança progressiva a
partir de uma comunidade pioneira que colonizou o substrato e o modificou a ponto de
torná-lo favorável para outros microrganismos.

Micorrizas
Além dos fungos decompositores, os fungos micorrízicos também desempenham
papel fundamental na ecologia e na economia. Esses fungos se associam às raízes
das plantas com uma relação simbiótica, na qual as plantas se beneficiam obtendo
fosfato e outros minerais, enquanto os fungos recebem nutrientes e açúcares das
plantas (Figura 2.1. e 2.2). Esse contato íntimo das plantas com os fungos pode ser de
diversos tipos (arbuscular, arbutoide, orquidoide, ericoide, monotropoide e ecto), e
alguns só são observados em um grupo específico de plantas.

As micorrizas arbusculares têm grande importância econômica e biotecnológica, pois


estão dispersas no mundo todo, sendo encontradas em quase todos os ecossistemas
terrestres e presentes em cerca de 80% das famílias de plantas, além de gerarem um
impacto direto na agricultura das regiões tropicais. Esse tipo de associação é o mais
antigo registrado; fósseis de plantas já apresentavam suas raízes colonizadas com
micélio e esporos semelhantes aos encontrados atualmente nos fungos arbusculares.

A sustentabilidade da agricultura está associada diretamente aos benefícios dos


fungos micorrízicos, principalmente no que se refere à obtenção de fósforo pelas
plantas, já que esse não é um mineral renovável, como outros elementos químicos.
Pensando no impacto na agricultura quando há associação entre fungos e plantas, já
foi vista uma melhora significativa na produção de frutas, café, milho, soja, batata-
doce, cana-de-açúcar e mandioca quando foram adicionados os fungos micorrízicos
no plantio.

As vantagens relacionadas às micorrizas vão muito além do benefício individual da


planta, pois esses fungos conseguem conectar, por meio de uma rede, o sistema
radicular das plantas vizinhas, independentemente de serem da mesma espécie ou
não. Essa conexão tem impacto direto no sucesso da planta em sobreviver às
competições interespecíficas dentro das comunidades vegetais.
Além da associação vista com as plantas, alguns fungos podem se associar a algas
verdes ou cianobactérias, formando o que chamamos de “líquens”. Essa associação
mutualística é comumente vista em rochas ou troncos de árvore com diversas
colorações e formatos.

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