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Saga Evanescente 01 – Rubro Patrícia Camargo

Saga Evanescente
p o r Pat r í c ia C a m a r g o

R
U
B
R
O
Saga Evanescente 01 – Rubro Patrícia Camargo
Saga Evanescente 01 – Rubro Patrícia Camargo

Era uma vez uma menina.


Mas ela não era uma menina qualquer. E ele sabia disso. Ele
sabia disso, e mesmo assim se deixou envolver. Ele sabia que ela o
destruiria. Sabia. Sabia que tê-la em sua vida uma vez podia ser
coincidência. Sabia que duas vezes, algo estaria errado. E certamente
sabia que vê-la em sua frente, uma terceira vez, só faria estragos.
Mas ela não era uma menina qualquer.
Saga Evanescente 01 – Rubro Patrícia Camargo

Pa ra C l á u d i a C a m a r g o, c o m a m or.

Eu nunca lia os agradecimentos dos livros que


começava a ler, mas hoje eu entendo porque eles são
tão importantes. São essas pessoas que te fazem
seguir em frente, mesmo que sua vontade seja jogar
tudo pro ar. Marie Medonça, Julianne Costa, Bruna
Affonso, Íris Rocha e André Machado, obrigada por
amarem o Rubro até mais que eu.
- Patrícia Camargo.
Saga Evanescente 01 – Rubro Patrícia Camargo

Eu tento fazer isso através da minha vida.


No meu caminho há você.
Eu tento fazer isso através dessas mentiras.
Só não negue isso
Você quer me parar
Isso é só uma parte de você
Se você estava morta ou ainda viva,
Eu não me importo,
E todas as coisas que você deixou para trás,
Eu não me importo,
(Você não estará lá para mim, você não estará lá pra mim)
Eu não me importo com tudo isso.
Three Days Grace
Saga Evanescente 01 – Rubro Patrícia Camargo

Dicionário,
• Vampiros: Sem cruz. Sem água corrente. Sem qualquer maldição
fantasmagórica e aterradora. Cientificamente, seres humanos
portadores de um vírus. Algo como uma mutação, pelo que aprendi.
Não necessita de comida, não necessitam dormir, só precisam
renovar seus glóbulos vermelhos – sim, um jeito bonitinho de dizer
chupar sangue.

• Dampiros ou Guardiões: Filhos de humanas e vampiros, herda a


melhor qualidade dos dois. Não possui o vírus, por isso nada de
glóbulos vermelhos novos – ou seja, nada de chupar o sangue de
todo mundo por aí -, porém possuem os dons, herdado do DNA do
pai ou da mãe.

Oh, anotação extra em vampiros: possuem ‘dons’. Áreas do cérebro


humano desconhecidas pela ciência abrangem o dom. Quando o
vírus invade o sistema, todas as áreas sofrem mutações, incluindo o
dom, que pode ser uma sensibilidade a água, ou cura, ou plantas...
Depende.

• Anjos: Seres da luz, aparência humana, aparência espectral,


depende da força dele ou do poder das pessoas ao seu redor. Não
podem mentir. Possui o pólo negativo e o positivo. Permanece anjo
enquanto manter o seu pólo positivo sob controle do negativo.
Objetivo? Eles dizem que é proteger o mundo. Mas eu tenho minhas
dúvidas.

• Demônios: Antes seres da luz, aparência humana e blábláblá.


Também não podem mentir – mas sabem muito bem enrolar -.
Deixaram o seu pólo negativo obter controle e... Bom, se deram mal.

• Híbridos: Mistura. Seja dampiro e vampiro, seja anjo e demônio,


seja tudo. Mais que poderosos.
Nota: Eles me assustam.
Saga Evanescente 01 – Rubro Patrícia Camargo

• Licantropos: Lobisomens, no vulgo. Homem lobo e tudo mais.


Possuem um metabolismo extremamente acelerado, então tudo que
mataria um humano... os mataria duas vezes mais rápido.

• Mediadores: Podem ser humanos, lobisomens, elfo ou power


rangers, tanto faz. Eles têm o dom. Possuem o espírito forte, a alma
repleta de poder. Anjos, demônios, fantasmas e outros precisam
deles para apresentar forma física.

• A Rosa Negra: Os caras maus. Assassinos. Povinho ruim.


Vampiros ou Dampiros que juram exterminar a própria raça e se
juntam à seita da Rosa Negra são treinados para matar, torturar,
destruir.

• Fantasmas: Espectros sem forma física, exceto na presença de um


mediador e isso já está ficando repetitivo. Não gosto deles. Lesos
demais para o meu gosto.

• Eu: Ainda estou tentando descobrir.

Por Manuela Dias.


Saga Evanescente 01 – Rubro Patrícia Camargo

Prólogo - Minha
São Tiago da Compostela, Galiza – 1990
Algumas pessoas são especiais.
Muitos têm teorias sobre como surgimos, algumas coesas e
outras lunáticas, mas nenhuma comprovada.
Eu sou uma dessas pessoas especiais.
Talvez nós sejamos aberrações, talvez superiores, mas ainda
assim, nós somos humanos. Humanos especiais, é o que alguns
dizem. Mas nós não somos tão especiais assim. Nós amamos, nós
odiamos, nós matamos. Matamos, principalmente. Dentre nós há
aqueles que não aceitam o que somos.
O mundo externo não sonha com a nossa existência, e nós
queremos que continue assim. Quando os normais se assustam,
eles atacam. E nós já temos inimigos demais entre nós mesmos.
Eu sou um deles.
Nós somos o que nossa raça chama de Rosa Negra, mas
devíamos ser chamados de assassinos. Nós matamos o nosso
próprio povo, tentando exterminar essa raça de seres humanos
especiais desde os tempos da Grécia Antiga.
É claro que há inocentes.
Eles sempre existiram, e nós nunca nos importamos com eles.
Nós matávamos qualquer um que se colocasse em nossa frente.
Mas agora tudo mudou. Agora nós matamos pessoas especiais
importantes.
Agora, nós queremos matar Ricardo Del Portillo.
Ele é um estúpido covarde, mas a Coroa Real o protege porque
ele interfere nos nossos planos, então nós vamos matá-lo.
Mas eu sabia que era uma armadilha.
Eu sabia que havia espiões da Coroa entre os Rosas Negras, e
eu sabia que devia haver um motivo muito grande para Ricardo
Del Portillo estar na Espanha, sem seguranças.
Era uma armadilha.
A líder da Rosa Negra também sabia, mas fingia não ver. Ela
estava desesperada, então qualquer coisa serviria. Mesmo que
significasse a morte. Ao menos A Rosa Negra morreria lutando.
Eu não morreria.
Saga Evanescente 01 – Rubro Patrícia Camargo

A Coroa me queria vivo, a Rosa Negra também. Mas algo


estava errado. Desde o começo, o espanhol devia ter vindo
sozinho.
Mas ela veio.
Eu não fazia idéia que de quem ela era, ou o que ela tinha com
o espanhol que a Rosa Negra queria. Mas eu sabia que a Coroa
não a mandaria pra lá por acaso. Eu não a achei assustadora o
suficiente para ser um guarda costa. Na verdade, ela parecia...
indefesa.
Eu entendi na primeira noite em que eu a vi.
— Vai ser fácil. — Fernandino disse pegando uma das pistolas.
— Um tiro na cabeça, e sumimos. Quem quer que ela seja, vai
deixar o espanhol sozinho para nós.
Foi exatamente quando ela prendeu o cabelo castanho num
coque mal feito, e debruçou-se sobre um girassol, que eu percebi o
quão idiota eu fui.
Um dos Guardiões ergueu a cabeça. — Eu não recebo ordens
suas, Fernandino.
A Coroa estava brincando comigo.
— Maximilian, mande esse seu soldadinho sair da minha
frente.
Eles não queriam pegar a Rosa Negra.
— Seja homem e faça isso você mesmo, Fernandino.
A Coroa queria me pegar. — Me dê a arma, Vladimir.
Fernandino me olhou assustado. — O que?
Me virei devagar para ele. — Não obedece mais ordens do seu
superior?
— Obedeço, senhor. — Me entregou a pistola. — Mas se me
permite...
— Não. — Mirei. — Ela é minha.
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Capítulo 1, Nunca

Urubici, Santa Catarina - 2009


Algumas pessoas são especiais.
Naquele momento, eu não estava me sentindo muito especial.
Enquanto eu arrastava a minha mala mais leve, me permiti admirar
a paisagem ao meu redor.
Uma coisa eu tinha que admitir, o lugar era lindo.
O prédio provavelmente devia ser barroco ou gótico, porém o que
mais impressionava era que os pinheiros ao redor pareciam prestes a
engoli-lo e mesmo assim ele permanecia imponente e gigantesco.
O que devia ser algum tipo de aviso.
Parei e contei quantos passos eu devia dar para chegar até o carro.
— Nem penses nisso. — Tomás disse cruzando os braços ao lado do
sedam preto. — Continua a andar, minha bela.
Mostrei-lhe a língua como uma criança de nove anos. — Fácil dizer
quando não é você que está andando para a forca.
— Forca? Tu sabes, sequer, quanto custa um dia num Internato
como este? Anda.
Suspirei. — Mas pai...
— Sem negociações.
— Mas...
— Não tentes.
— Mas...
— Minha bela.
Fiz o meu melhor rosto sofrido. — Eu não quero ir, pai.
Tom me olhou piedosamente. — O Internato será bom pra ti, minha
bela.
Revirei os olhos. — Pai, nós dois sabemos que isso não tem nada a
ver comigo, e tudo a ver com tio Parsifal.
O que foi que ele te disse pra convencê-lo a me prender aqui?
— Parsifal? — Tomás me olhou como se eu estivesse com duas
cabeças. — Não, ele não tem nada a ver com isso.
— Então é pura coincidência um dia depois de ele lhe ligar o senhor
decidir cruzar a América e me trazer aqui?
Ele deu de ombros. — Eu pensei que gostarias deste Internato. Tua
mãe nasceu neste país.
Saga Evanescente 01 – Rubro Patrícia Camargo

— É, mas a minha mãe nasceu em Goiás, pai, não em Santa


Catarina.
Tomás cruzou os braços novamente. — Existia Goiás naquela época?
E desde quando tu entendes tanto de Geografia?
— Viu? Eu entendo muito de Geografia. Não preciso estudar mais.
Nada de Internatos.
— O teu tio é dono do Internato, eu pensei que gostarias de estar
perto dele.
— Outra pura coincidência, certo?
Tom me olhou inocentemente. — É claro, minha bela.
Semicerrei os olhos. — Por que eu estou aqui, Tom?
— Porque... — Suspirou. — Porque é melhor ires antes que eu fale
algo que não deva.
— Mas essa é a intenção.
Ele franziu o cenho. — Tu estas a usar-me?
— Pai...
— Menina diabólica. Andai.
— Pai...
— Não vou cair no teu truque duas vezes no mesmo dia.
Me virei revoltada e peguei a mala de volta.
— Eu amo-te, minha bela.
Suspirei. — Eu te amo, pai. — E comecei a caminhar o mais devagar
possível.
— Tu pretendes chegar lá ainda hoje?
Sorri. — Quanta pressa em se ver livre de mim.
— Eu queria que o dia de te entregar nunca houvesse chegado.
Parei, e o encarei por cima do meu ombro. — O que disse?
Ele deu de ombros. — Nem me lembro. Agora anda.
Mas eu me lembrava.
Eu queria que o dia de entregar você nunca houvesse chegado.
Tom não era meu pai biológico, mas os meus pais de verdade
estavam mortos. E eu os havia visto em seus caixões, ainda um tanto
azuis por causa do afogamento, quando eu tinha dez anos.
Eu queria que o dia de entregar você nunca houvesse chegado.
Caminhei para o Internato com um pouco mais de vontade. Talvez
as coincidências fossem boas. Talvez lá dentro eu finalmente encontrar
respostas.
E havia. Havia respostas que eu preferia não haver encontrado.
Nunca.

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