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AULA 1

MICROAGULHAMENTO COM
ASSOCIAÇÕES COSMÉTICAS

Profª Maria Sônia Bezeruska Coraiola


INTRODUÇÃO

A busca por recursos para estimular colágeno com um mínimo de agressão


à pele é atualmente a tendência nos tratamentos. Existem muitos recursos que
substituem as cirurgias plásticas, principalmente faciais, devido à agressividade e
à recuperação demorada de um pós-cirúrgico.
Algumas técnicas ablativas também exigem um tempo maior de
recuperação, podem ter efeitos colaterais como hiperpigmentação e tornar a pele
muito sensível, como os lasers e peelings profundos.
A técnica de microagulhamento surgiu como uma alternativa pouco
invasiva, usando princípios da acupuntura e mesoterapia, que usa aparelhos com
agulhas que, em contato com a derme e a epiderme, estimulam a produção de
colágeno sem danificar totalmente o tecido epitelial. O fato de proporcionar uma
recuperação rápida e sem riscos maiores tornou essa técnica muito utilizada,
substituindo técnicas mais ablativas.
A popularização da técnica causou o surgimento de diversos
equipamentos, com tecnologias diferentes, mas que têm como objetivo final a
indução percutânea do colágeno e introdução de fármacos para diversas
intercorrências e tratamentos.

TEMA 1 – HISTÓRICO DO MICROAGULHAMENTO

Usar agulhas em tratamentos de pele para induzir colágeno se popularizou


a partir dos anos 1990, mas na China, há mais de 5 mil anos, já eram utilizados
martelinhos com agulhas, uma técnica de acupuntura epidérmica para
tratamentos para descongestionamento de energia.
A primeira vez que se falou em uma técnica para estimular colágeno com
agulhas foi em 1995, pelo dermatologista americano Dr. Norman Orentreich,
especialista em tratamento capilar. Juntamente com Dr. David Orentreich, ele
realizou pesquisas sobre envelhecimento cutâneo e introduziu o conceito de
subcisão, voltado ao tratamento de cicatrizes, rompendo as traves fibróticas
usando uma agulha paralelamente à pele.
Em 1998, André Camirand e Jocelyne Doucet conseguiram melhorar a
aparência e a textura de cicatrizes cirúrgicas usando uma pistola de tatuagem.
Porém, essa técnica era demorada e complicada, porque havia pouco controle da
profundidade que tingia.

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Em 2005, Desmond Fernandes, na África do Sul, criou o termo terapia de
indução de colágeno percutâneo (PCI), ao usar um aparelho cilíndrico com
agulhas, para rejuvenescimento e remodelagem da pele. Ele nominou o aparelho
de The Eviron Medical Roll-CIT e publicou um artigo científico em que relatou suas
experiências com relação à técnica. Esse aparelho passou a ser conhecido como
Dermaroller, mas como passou a ser uma marca registrada, essa denominação
só é usada para a marca referida.
Várias nomenclaturas aparecem para a técnica, como microagulhamento,
técnica do roller, agulhamento dérmico, ïntradermoabrasão e indução percutânea
de colágeno (IPCA). Esta última possui registro de marca no Brasil para a área
médica. A técnica passou a ser utilizada em diversos problemas, como no
tratamento de cicatrizes de acne, alopecia, estrias, flacidez tissular, cicatrizes em
geral, melasma, fibro edema geloide (FEG), hiperidrose, linhas de expressão e
melhora do aspecto da pele.

TEMA 2 – MECANISMOS DE AÇÃO

Basicamente, a técnica produz poros dérmicos e epidérmicos, provocando


lesões transitórias que, por meio do processo inflamatório de cicatrização,
induzem a produção de um novo colágeno e auxiliam a permeação de ativos, uma
vez que rompem a barreira cutânea, dissociando os queratinócitos e em
consequência causando vasodilatação.
Esses poros podem ter de 0,25 a 3 mm de profundidade, dependendo do
tamanho das agulhas utilizadas e do objetivo pretendido, sem causar traumas e
processos inflamatórios mais extensos, que possam causar fibroses e
hiperpigmentação.

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Figura 1 – Indução percutânea de colágeno

Créditos: Designua/Shutterstock.

2.1 Microagulhamento com objetivo de induzir colágeno

A regeneração de tecidos lesionados provoca uma cascata inflamatória, em


que todo o processo acontece em etapas, que diferem conforme a profundidade
da injuria.
A introdução de várias agulhas paralelas causa perfurações leves e
próximas, rompendo a estrutura dérmica e fornecendo estímulo durante o
processo de cicatrização com a liberação de fatores de crescimento e infiltração
de fibroblastos. Essa cicatrização ocorre conforme as três fases de cicatrização:
inflamação, proliferação e remodelagem.
A fase inflamatória inicia logo em seguida à injúria, quando há ruptura do
extrato córneo. Plaquetas e neutrófilos são enviados para a região lesionada e,
em poucos minutos, a enzima trombina provoca a coagulação do sangue. Alguns
fragmentos de colágeno atraem essas plaquetas, que formam um tampão,
iniciando a coagulação e estimulando fatores de crescimento e citocinas.
Fatores de crescimento e citocinas são moléculas sinalizadoras, que no
início do processo controlam a formação de coágulos, aumentam a
permeabilidade dos vasos e ainda estimulam a presença de leucócitos e
fibroblastos.
Os neutrófilos, que são células do sistema de defesa do organismo e
sempre migram para regiões lesionadas, se fazem presente em grande número
nas primeiras 48 horas do processo cicatricial. Após esse período, a presença dos

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macrófagos aumenta para realizar a fagocitose e para sinalizar a continuação das
cascatas de cicatrização e de divisão celular para o reparo da lesão.
Inicia, então, a fase proliferativa de cicatrização, em que os fatores de
crescimento vindos pela estimulação dos macrófagos alteram a matriz extracelular
pelo recrutamento de fibroblastos. São os seguintes fatores de crescimento:
PDGF (fator de crescimento de plaquetas), TGF-α (fator de crescimento
transformador alfa), TGF-β (fator de crescimento transformador beta),
interleucina-1 (moléculas proteicas sinalizatórias) e FGF (fator de crescimento de
fibroblastos).
As microagulhas causam microlesões, danificam levemente a membrana
basal e deixam os queratinócitos a descoberto, o que estimula o colágeno dérmico
a se multiplicar e fechar em pouco tempo os ferimentos, fazendo com que os
queratinócitos façam um engrossamento da epiderme.
A última fase é a remodelagem, quando se forma a matriz de fibronectina
(formação de um suporte para as células e controla a comunicação entre as
células). A formação dessa matriz extracelular é mais demorada (pode levar
meses), o que faz com que o resultado total do procedimento leve algum tempo a
aparecer. Com a substituição do colágeno III pelo colágeno tipo I, forma-se uma
cicatrização entrelaçada regular diferente das cicatrizes normais que formam
grupos de fibras paralelas.
Alguns autores defendem que, na cicatrização de lesões maiores, os
fatores de crescimento TGFβ-1 e TGFβ-2 são responsáveis pela regeneração nos
processos inflamatórios e na formação de fibroses (fibras paralelas). Já o fator de
crescimento TGFβ-3 é responsável pela formação do colágeno entrelaçado, que
é mais estimulado em lesões mais leves.
Segundo Leibl, a cicatrização diferenciada nas lesões do
microagulhamento aparecem por um processo chamado corrente de demarcação,
em que as células epidérmicas apresentam uma carga negativa dentro da célula
e positiva no meio extracelular. Quando ocorre a lesão, isso libera potássio no
meio extracelular, que diminui o potencial negativo dentro da célula. Essa
diferença aumenta quando, pelo processo repetido de injúria leve, gera-se uma
cadeia bioelétrica provoca cascatas de fator de crescimento que estimulam os
fibroblastos, que se multiplicam e formam colágeno. Segundo essa constatação,
as lesões leves causam uma leve inflamação e reduzem as fases hemostática,
inflamatória e proliferativa, o que não permite a formação de cicatrizes.

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Essa teoria explica por que agulhas menores obtêm resultados melhores
que agulhas maiores.

2.2 Fatores de crescimento e outras moléculas para cicatrização

• FGF (fator de crescimento de fibroblastos): responsável pela proliferação


de fibroblastos, células epiteliais, deposição de matriz, agiogênese (criação
de novos vasos sanguíneos) e contração da ferida.
• PDGF (fator de crescimento derivado de plaquetas): responsável pela
quimiotaxia (locomoção orientada) de fibroblastos, macrófagos e
neutrófilos. Ativação do metabolismo do colágeno, produção do ácido
hialurônico, angiogênese e proliferação de fibroblastos, de células epiteliais
e musculares.
• TGF-α (fator de crescimento transformador alfa): responsável pela
migração e proliferação de queratinócitos.
• TGF-β1 e 2 (fator de crescimento transformador beta): responsáveis pela
quimiotaxia fibroblastos, macrófagos, linfócitos e pela proliferação de
fibroblastos e queratinócitos. Desativadores de macrófagos, inibidores da
matriz metaloproteinase. Também fazem angiogênese e imunomodulação.
São pró-fibróticos.
• TGF-β3 (fator de crescimento transformador beta): responsável pelo
controle do processo de regeneração do tecido e antifibrótico.
• EGF (fator de crescimento epidérmico): responsável pela migração e
proliferação de queratinócitos. Proliferação e modulação de fibroblastos,
células endoteliais e mesenquimais. Também faz angiogênese e regulação
da colagenase. Forma o tecido de granulação.
• IGF-1 (fator de crescimento semelhante a insulina 1): responsável pela
migração dos queratinócitos, quimiotaxia dos fibroblastos, estimula a
síntese proteica.
• VEGF (fator do crescimento vascular endotelial): responsável pela
permeabilidade vascular, angiogênese, quimiotaxia e proliferação de
células endoteliais.
• CTGF (fator de crescimento do tecido conjuntivo): responsável pela
quimiotaxia e proliferação de fibroblastos, metabolismo do colágeno,
angiogênese, adesão plaquetária e fibrose.

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• KGF (fator de crescimento dos queratinócitos): responsável pela
proliferação, migração e diferenciação dos queratinócitos.
• TNF (fator de necrose tumoral): responsável pela ativação e regulação dos
macrófagos, regula citocinas e células imunes.
• Interleucinas: possuem muitas funções, tais como proliferação de
fibroblastos, regulação da colagenase, pró-inflamação e pirogênese
(produção de calor).
• Peptídeo ativador de tecido conjuntivo 3: proliferação e produção de matriz.
• Peptídeo ativador de neutrófilos 2: quimiotaxia de neutrófilos.

TEMA 3 – MICROAGULHAMENTO COMO DRUG DELIVERY: AUMENTO DE


PERMEAÇÃO DE ATIVOS

Uma grande dificuldade nos tratamentos estéticos é a permeação de ativos,


já que a pele é uma barreira de proteção do organismo. Novas tecnologias na
elaboração de cosméticos conseguiram aumentar a penetração e a permeação
de cosméticos pelo extrato córneo. Mesmo assim, os estudos comprovam que
essa penetração é insuficiente para alterar os quadros tratados.
As microfissuras causadas pela penetração das agulhas abrem uma porta
para a entrada desses ativos. Diversos estudos comprovam essa permeação, que
ultrapassa 80% de penetração dos produtos aplicados logo em seguida à injúria.
A utilização de fármacos e cosméticos exige cuidados especiais na
formulação e precisam ser estéreis, uma vez que vão entrar em pele aberta.
Produtos com corantes, parabenos, silicones, óleos essenciais,
surfactantes, ácidos (AHAS), essências e qualquer produto que possua alguma
cor não devem ser utilizados. Normalmente, as empresas de cosméticos fabricam
produtos específicos para microagulhamento.
Esses produtos são em forma líquida, gel ou sérum à base de água e
estéreis, com pH mais próximo ao da pele, para evitar ardências ou irritações. As
embalagens também devem ser próprias, que não permitam a contaminação do
produto. A escolha de produtos inadequados pode ocasionar complicações como
alergias, irritações, inflamações e até manchas na pele.
Alguns pesquisadores defendem que a pele fica aberta no mínimo por 30
minutos e pode permanecer assim por até 90 minutos. Estudos feitos por Sasaki
(2016) atestam que o tempo em que se deve colocar os produtos desejados é
entre 5 a 30 minutos após a aplicação das agulhas. Ele ainda defende que o
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tamanho da agulha deve ser 1,0mm. Em algumas literaturas, encontramos que
para a permeação de ativos deve-se usar 0,25 a 0,5mm, mas fica a critério do
profissional decidir a profundidade que quer atingir.
Cientistas alemães são contra a aplicação de ativos no dia da aplicação
das agulhas e no Canadá só utilizam ácido hialurônico. No Brasil, temos muitas
empresas desenvolvendo produtos para essa finalidade, mas precisamos ser
cautelosos nas escolhas. A internet é pródiga em pessoas inexperientes
ensinando a usar o microagulhamento, o que devemos alertar os pacientes para
não caírem na tentação de fazer sozinhas, porque o risco de contaminação e
complicações é grande.

TEMA 4 – EQUIPAMENTOS USADOS NA TÉCNICA DE MICROAGULHAMENTO

A técnica de microagulhamento pode ser realizada com diversos


equipamentos. Nos anos 1990, foram utilizados os carimbos. Em 2005,
apareceram os rolos (roller) e, aperfeiçoando a técnica surgiram as canetas, que
são eletrônicas, os dermógrafos e mais recentemente a radiofrequência
fracionada microagulhada. Todos esses equipamentos devem ter registro na
Anvisa, o que garante a qualidade do funcionamento, e devem ser descartáveis,
por não se permitir esterilização de agulhas no Brasil.

4.1 Carimbos

Os carimbos (ou Derma Stamp) começaram a ser utilizados na década de


90, lembram um carimbo e não são eletrônicos. São utilizados na vertical, cobrem
áreas específicas, promovem uma lesão menor que os rolos e se adaptam melhor
em algumas áreas mais difíceis de atingir com os rolos.
É uma boa opção para o couro cabeludo, porque não enrola no cabelo, e
em cicatrizes de acne ou varicela. Existem no Brasil, mas são pouco utilizados.

4.2 Rolo (roller)

É o equipamento de microagulhamento mais popular e mais usado na


técnica. É fabricado em vários materiais. Em países em que pode ser reutilizado,
é feito de materiais autoclaváveis. Os rolos são compostos por um cabo de
policarbonato com um cilindro na ponta, que contém muitas agulhas finas fixadas

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ao redor, que são de aço cirúrgico ou titânio e são descartáveis. Devem ser
esterilizados com raios gama e não podem ser reutilizados nem esterilizados.
Como as agulhas são encravadas em um cilindro, elas entram na pele em
ângulo inclinado e saem em ângulo inclinado. Esse fato traz um questionamento
do quanto a lesão é mais intensa do que os aparelhos que penetram em ângulo
de 90 graus.
A perfuração feita pelo rolo cria canais curvos sobre uma epiderme intacta,
fazendo injúrias muito próximas. O procedimento exige uma técnica apropriada
para evitar lacerações maiores, o que causaria danos à pele.
Com a popularidade do rolo, muitas empresas passaram a produzir o
equipamento, mas muitos têm qualidade inferior e não têm licença da Anvisa para
seu uso. Logo, não devem ser utilizados pelos riscos que apresentam e pela
ilegalidade. O aparelho deve vir lacrado e ser aberto na frente do cliente.
Alguns protocolos falam em o cliente usar em casa, o que é
desaconselhável, exatamente pela impossibilidade de esterilização e da aplicação
da técnica corretamente. Além disso, por conter agulhas, o rolo deve ser
descartado em lixo perfuro cortante.
A quantidade de agulhas presentes nesses rolos varia de 190 a 500, sendo
que a eficácia dessas diferentes quantidades gera muita discussão sobre qual
teria o melhor efeito. Entretanto, na literatura científica, não existe nenhuma
confirmação sobre qual produz melhor resultado.
Há discussões que afirmam que o material das agulhas também não
interfere no resultado do tratamento. O aço inoxidável tem maior durabilidade, mas
como o aparelho é descartável, não fará diferença.
O comprimento das agulhas varia de 0,2 a 3,0 mm. Cada protocolo pede
um comprimento específico, sendo que como já foi dito, agulhas mais profundas
podem causar cicatrizes. A medida de 0,5 a 1,00 mm aplicadas com leveza são
as que obtêm melhor resultado, sem apresentar intercorrências.
Para conseguir um tratamento com resultados seguros e eficazes,
precisamos tomar cuidado com os equipamentos que utilizamos, que devem ser
licenciados no Brasil e descartáveis. É preciso orientar os pacientes para não
utilizarem em casa e obedecer as normas da Anvisa para utilização.

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4.3 Canetas

As canetas são os equipamentos mais modernos e surgiram porque se


adaptam melhor a regiões em que o rolo e o carimbo não têm ergonomia para
atingir. São mais práticas e econômicas, pois trocam só a ponteira, e são
eletrônicas, umas com fio, outras a bateria.
Funcionam com cartuchos estéreis e descartáveis, sendo que as agulhas
podem ser ajustadas para a profundidade desejada. A velocidade também
influencia a intensidade do tratamento. Quanto mais rápida a vibração, menos
doloroso o procedimento. Equipamentos mais potentes e velozes geram mais
profundidade na penetração. Existem cartuchos com diversos número de agulhas,
de 2 a 48.
Os movimentos são verticais e automatizados, promovendo uma
cicatrização mais rápida e com menos risco de laceração do tecido. Uma
característica positiva é que a caneta alcança áreas de difícil acesso ao roller,
como a área dos olhos e nariz, ainda realiza trabalhos que necessitam uma
técnica mais pontual como cicatriz de acne e estrias.
A técnica de aplicação é diferente, necessita de treinamento, o
deslizamento muito rápido e com muita pressão pode riscar ou cortar a pele. É
necessário deslizar a caneta na velocidade da oscilação.
Por trabalhar uma área menor, a caneta necessita de mais tempo para
trabalhar em áreas maiores, principalmente no corpo.
Existe uma grande variedade de marcas oferecidas na internet e em
congressos, mas é necessário exigir a licença da Anvisa e verificar qual a
indicação de utilização que foi liberada. Algumas dessas canetas possuem
registro liberado para tatuagem.
Assim como o roller, há muitas canetas e ponteiras de baixa qualidade que
podem causar lesões indesejadas.

4.4 Dermógrafo

O dermógrafo para microagulhamento tem sido usado por alguns


profissionais, embora não exista estudo que comprove os resultados.
É um aparelho que foi desenvolvido para micropigmentação e tem
características diferentes. A adaptação dos cartuchos de agulhas pode não
bloquear o retorno de fluídos, possibilitando contaminação cruzada.

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Esses aparelhos não controlam a profundidade atingida com precisão e
podem causar cicatrizes e hipercromias.
Alguns cursos são oferecidos para utilização desse aparelho, inclusive para
profissionais que trabalham só com micropigmentação, sem conhecimento
profundo da pele e fisiologia, colocando clientes em risco.

4.5 Sistema de infusão para drug delivery

É um dispositivo, na verdade, um vidro no qual é possível colocar


cosméticos, fármacos ou líquidos, que têm pequenos furos e cerca de 20 agulhas
de titânio banhadas a ouro. Há variedade de tamanho de agulhas. Ao ser
pressionado contra a pele, causa injúria e introduz o cosmético no mesmo
momento. São descartáveis e não há ainda estudo da eficácia desse tratamento.

TEMA 5 – RADIOFREQUÊNCIA FRACIONADA MICROAGULHADA E TERAPIA


DE INFUSÃO FRACIONADA

Duas novas tecnologias apareceram recentemente associadas ao


microagulhamento: uma associa radiofrequência fracionada com agulhas e a
outra técnica associa vácuo e infusão simultânea de cosméticos.

5.1 Radiofrequência fracionada

A radiofrequência fracionada é um aparelho que possui uma adaptação


para uma manopla com agulhas, cerca de 5 a 25, folhadas a ouro, que criam uma
lesão epidérmica ablativa e um dano mais profundo. O objetivo da agulha é que a
energia da radiofrequência penetre em camadas mais profundas. Em aparelhos
para a área estética, as agulhas penetram cerca de 0,10mm, ou seja, não
produzem lesão na derme por perfuração, e sim pela energia emitida pelo
aparelho. Os aparelhos para a área médica podem regular a penetração das
agulhas, entre 0,5 a 3,5mm. Com a penetração mais profunda das agulhas, os
riscos e complicações aumentam, além do desconforto da aplicação.
No entanto, o efeito fisiológico da radiofrequência é muito maior do que sem
as agulhas. Vários estudos realizados mostram a eficiência desse tratamento e a
durabilidade dos resultados, principalmente em flacidez e cicatrizes.
A técnica produz um remodelamento dérmico de longa duração. Alguns
aparelhos possuem duas ponteiras diferentes, ambas descartáveis. A ponteira em

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forma de ancinho é mais recomendada para a região das pálpebras ou para rugas
profundas e estrias. A ponteira com 25 agulhas é mais recomendada para áreas
maiores. Já existem aparelhos com registro na Anvisa.

5.2 Terapia da infusão fracionada

É mais uma novidade que associa o microagulhamento a um vácuo, que


ajuda a manter a tensão da pele durante a aplicação, em que as agulhas penetram
de maneira uniforme. No mesmo momento, elas realizam a infusão de substâncias
com ativos como o ácido hialurônico, despigmentantes, ativos para tratamento de
acne e estrias. O aparelho conhecido com essa tecnologia é o Dermafrac. Ainda
não está liberado no Brasil.

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REFERÊNCIAS

AUST, M. C. et al. Indução percutânea de colágeno: rejuvenescimento da pele


minimamente invasivo sem risco de hiperpigmentação – fato ou ficção? Cirurgia
Plástica e Reconstrutiva, 2008.

HAUSAUER, A. K.; JONES, D. H. PRP e Microagulhamento em Medicina


Estética. Rio de Janeiro: Thieme, 2020.

NEGRÃO, M. M. C. Microagulhamento bases fisiológicas e práticas. 2. ed.


São Paulo: CR8, 2017.

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AULA 2

MICROAGULHAMENTO COM
ASSOCIAÇÕES COSMÉTICAS

Profª Maria Sônia Bezeruska Coraiola


INTRODUÇÃO

A técnica do microagulhamento, assim como qualquer procedimento que


vamos realizar em diferentes pacientes, precisa de uma avaliação precoce para
avaliarmos as condições da pele desse paciente e saber se o tratamento é a
melhor indicação. Como todo tratamento, existem contraindicações que precisam
ser observadas antes da recomendação do procedimento.
Nesse sentido, explicar ao paciente as reações normais após o
procedimento trará confiança e vai ajudá-lo a entender melhor todas as etapas da
recuperação.
Intercorrências e complicações podem acontecer por se tratar de um
procedimento com injúria, embora minimamente invasivo. É necessário estar
preparado para lidar com esses acontecimentos e saber como agir e orientar o
paciente.
Antes de iniciar a técnica, será necessário preparar a pele que será tratada
para conseguir um resultado melhor. Peles desnutridas, desidratadas ou
inflamadas, além de não se beneficiarem com o procedimento, podem apresentar
intercorrências.

TEMA 1 – INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES

São inúmeras as indicações que a técnica possibilita: facial, couro cabeludo


e corporal. Esse é uma das razões que tornou o microagulhamento popular e
muito utilizado no mundo todo.
Porém, existem fatores que precisamos observar que tornam o
procedimento contraindicado totalmente ou parcialmente.

1.1 Indicações

As duas principais ações do microagulhamento são a estimulação do


colágeno e o aumento da permeação para introdução de ativos (Drug delivery).
Portanto, para quase todos os problemas de envelhecimento, cicatrizes e
estímulos à pele, além de diversos problemas que necessitem de penetração de
produtos, o microagulhamento é indicado. Desse modo, as principais indicações
são:

• Flacidez tissular dérmica;

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• Olheira;
• Melhora da qualidade da pele;
• Cicatrizes atróficas e hipertróficas;
• Prevenção de processos fibróticos;
• Melasma e hipercromias;
• Estrias;
• Alopecia;
• Rejuvenescimento íntimo;
• HLDG (hidrolipodistrofia ginoide);
• Linhas de expressão e rugas;
• Poros dilatados e produção sebácea excessiva;
• Aumento da penetração de ativos.

1.2 Contraindicações

O microagulhamento em geral é bem tolerado por todos os tipos de pele,


mas em alguns casos, o procedimento é contraindicado totalmente e alguns
parcialmente, exigindo cuidados especiais.

1.2.1 Contraindicações Absolutas

As contraindicações absolutas são aquelas em que as condições


apresentadas não permitem a perfuração da pele, porque o problema pode
agravar ou por uma condição da saúde do paciente.
Não devemos executar o procedimento nos seguintes casos:

• Câncer de pele;
• Verrugas (Só sobre as verrugas);
• Hemofilia;
• Pele queimada de sol (com eritema);
• Infecções cutâneas;
• Herpes ativa;
• Acne inflamatória;
• Pele com tendência a queloide (embora alguns autores digam que queloide
não é contraindicação absoluta por proporcionar produção ordenada de
colágeno);

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• Uso de quimioterápicos, radioterapia e corticoides.

1.2.2 Contraindicações parciais

Alguns casos oferecem riscos, necessitam de cuidados especiais e


avaliação precisa para utilizar a técnica. São eles:

• Gestantes – Pela condição de mudanças hormonais, há o risco de


hipercromia, pele pode apresentar sensibilidade e alergias a cosméticos e
os ativos podem atravessar a placenta e causar danos ao feto. Só podemos
fazer com autorização médica e sem cosméticos.
• Lactantes – Pelo mesmo motivo da gestação, há diversas alterações
hormonais, risco de hipercromias e a permeação de ativos pode prejudicar
a qualidade do leite. Só com autorização médica e sem cosméticos.
• Diabetes – Doença não controlada pode causar dificuldade na cicatrização.
Só com autorização médica. Podem ocorrer complicações.
• Telangiectasias – Apesar de melhorar a qualidade da pele e o quadro geral,
podem ocorrer sangramentos pelo excesso de vascularização. É
necessária uma avaliação criteriosa, fazer um agulhamento bem suave e
esclarecer ao cliente os riscos.
• Rosácea – Evitar fazer em fases agudas de inflamação, para não piorar o
quadro. Pode fazer em rosácea controlada.
• Peles sensíveis ou sensibilizadas – Cliente vai sentir mais sensibilidade e
a recuperação será mais demorada. Avisar o paciente sobre os possíveis
desconfortos e tempo de recuperação.
• Alergia a cosméticos e anestésicos – Nesses casos, o melhor é só fazer o
microagulhamento sem permear ativos.
• Herpes não ativa – Em clientes com histórico de herpes, pode provocar
aparecimento da lesão. Solicitar ao paciente tratamento preventivo com o
médico.
• Uso de isotretinoína – Pele fica muito sensível e o medicamento pode
prejudicar a cicatrização. Só aplicar após 6 meses do uso do medicamento.
• Uso de anticoagulantes – Dificulta a cicatrização, podem ocorrer
sangramentos. Paciente deve ser alertado dos riscos e o profissional
precisa saber lidar com possíveis complicações.

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• Doenças auto imunes – É prudente conversar com o médico antes do
tratamento e explicar ao paciente que o resultado pode não ser adequado
devido à resposta imune incerta.
• Pós-cirurgias plásticas – O procedimento precisará ser liberado pelo
médico.
• Botox e preenchedores – Prejudica a absorção do produto. É necessário
aguardar 15 dias após a aplicação.
• Laser ou luz pulsada – Será necessário aguardar de 1 a 3 meses após o
procedimento.
• Peelings superficiais e Microdermoabrasão – A pele permanece
sensibilizada por até 15 dias. O microagulhamento só pode ser realizado
após a recuperação da pele.
• Peelings profundos – A regeneração da pele vai necessitar de no mínimo
2 meses para regeneração total.
• Tatuagem – Pode remover o pigmento e alterar o desenho.
• Depilação com laser, ceras, fios ou cremes – Aguardar no mínimo 3 dias
para evitar irritação e hipercromias.
• Cosméticos com ácidos ou despigmentantes – Pode causar o aumento do
processo inflamatório e causar irritação. O tratamento deve ser
interrompido e só reiniciado após 10 dias.

TEMA 2 – REAÇÕES PÓS-PROCEDIMENTO

Cada pele reage de uma maneira diferente após a aplicação do


microagulhamento. Algumas ficam com eritema forte e chegam a inchar um
pouco, outras só apresentam um leve eritema. Além dessas diferenças, a pressão
e a profundidade que foi aplicada a técnica vão ser determinantes para reação
que vai ser verificada.
Após o tratamento, já foi retratada a perda significativa de água até duas
horas após o procedimento.
São considerados normais a formação de edema, eritemas, sensação de
repuxamento da pele, calor e uma leve ardência.
Como não é recomendado usar produtos não estéreis logo em seguida, é
necessário passar um gel de ácido hialurônico próprio para esse fim, com o intuito
de hidratar e proteger a pele. Maquiagens e filtro solares só após 24 horas.

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Evitar qualquer cosmético não estéril, máscaras calmantes, de argilas,
tensoras e com corantes. Devemos lembrar que a pele está aberta e que qualquer
resíduo pode ocasionar contaminações, manchas, irritações e inflamações.

Figura 1 – Microagulhamento

Créditos: Allexxandar/Shutterstock.

TEMA 3 – COMPLICAÇÕES PÓS-PROCEDIMENTOS

Por causar uma lesão pequena e controlada, essa técnica costuma ser
segura, e se bem indicada e realizada com a técnica adequada, com os devidos
cuidados, não costuma apresentar complicações.
Geralmente, as complicações acontecem quando é realizada com muita
pressão, com agulha de tamanho inadequado, sem higienizar corretamente a pele
antes e depois do procedimento. Além disso, reutilizar o equipamento, associar
cosméticos não estéreis, realizar outras técnicas agressivas no mesmo dia, repetir
muitas vezes a injúria no mesmo local e indicar o tratamento em peles com
contraindicação também podem causar complicações.

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3.1 Complicações por má aplicação da técnica

Alguns profissionais e até o próprio paciente resolvem aplicar o


equipamento sem ter o treinamento necessário, para entender a inclinação, a
pressão que devem aplicar e também acabam comprando equipamentos de má
qualidade. Essas imprudências podem causar riscos na pele, cortes e marcas que
podem gerar cicatrizes.
O roller, quando aplicado com muita pressão, pode gerar uma queimadura
por fricção da parte plástica na pele.
Outro problema é a escolha errada da agulha. Alguns profissionais acham
que quanto maior a agulha, melhor será o resultado, o que não é verdade, e
estimulam os fatores de crescimento TGFβ -1 e TGFβ-2, que formam fibras
paralelas e proporcionam a formação de cicatrizes.
Mesmo comprando equipamento de boa qualidade, antes de aplicar na
pele, é preciso verificar a integridade das agulhas. Se uma delas estiver um pouco
torta ou quebrada, danos serão causados.
A aplicação da caneta também exige treinamento para evitar cortes e riscos
na pele. A regulagem da agulha precisa ser verificada sempre, porque com a
vibração, ela pode ser alterada sem que o profissional perceba. Canetas de má
qualidade podem ter uma regulagem imprecisa e machucar a pele.
Quando a técnica apareceu, muitos cursos indicavam que o procedimento
deveria causar sangramento para ser mais eficaz. Com o extravasamento de
sangue, muitas complicações apareceram, como o cliente ter febre e muita dor,
sendo necessário o uso de medicamentos. Pode ocorrer uma ou outra petéquia,
mas é desnecessário e perigoso forçar sangramentos.

3.2 Hipercromias

O aparecimento de hipercromias normalmente está relacionado aos


fototipos altos. Em alguns casos, desaparecem após alguns dias, por ser apenas
um depósito de ferro pela formação de petéquias. Mas sempre que o paciente é
um fototipo alto ou tem tendência a hipercromias, o mais indicado é testar antes
em uma região escondida.
Vários autores relatam que o risco de hipercromia pós-inflamatória é baixo
porque a integridade da pele é mantida, diferentemente de outras técnicas mais
ablativas, como laser e peelings profundos, que destroem a barreira cutânea.

7
O uso do filtro solar após 24 horas é importante para evitar essa
complicação.

3.3 Reação alérgica a metal

É uma complicação rara, mas quando o paciente desconhece que tem essa
alergia, pode acontecer o aparecimento de lesões pontuais, eritematosas e altas.
O metal que costuma causar alergia normalmente é o níquel. Comprando
aparelhos de titânio ou aço cirúrgico, dificilmente teremos problemas.
O uso prolongado do aparelho pode desgastar o revestimento de titânio e,
se logo abaixo tiver níquel, podem aparecer complicações.

3.4 Reações a associação com cosméticos

Cosméticos inadequados, não estéreis, com corantes, perfumes ou que


não venham em monodoses podem ocasionar contaminação e causar
granulomas ou infeções.
É imprescindível que o cosmético utilizado seja elaborado para essa
finalidade. É uma garantia para evitar problemas.
É importante na anamnese avaliar se o paciente apresenta algum tipo de
alergia. Mesmo as alimentares podem nos dar indícios de problemas com
cosméticos.

TEMA 4 – PREPARAÇÃO DO CLIENTE PARA O MICROAGULHAMENTO

Para avaliar com critério cada cliente e suas queixas, iniciamos com uma
anamnese direcionada ao que pretendemos realizar. Muitas vezes, o cliente vem
procurando um tratamento que é inadequado para o seu caso. Investigar todas as
características individuais para prescrever o melhor plano de tratamento é o
primeiro e mais importante passo.
Avaliação física do estado da pele e da saúde desse paciente vai nos
indicar como iniciaremos o tratamento.
Fotografar a pele na primeira sessão e durante o tratamento ajuda na
avaliação permanente dos resultados que vamos obtendo.
Quando encontramos peles desidratadas, opacas, com sujidades, vamos
indicar primeiro uma limpeza com hidratação. Nunca vamos microagulhar na
mesma sessão, por mais que o cliente insista. Dependendo do quanto a pele

8
estiver desidratada ou desvitalizada, precisaremos de mais sessões de hidratação
para conseguir maior resposta final no tratamento.
Em peles muito queratinizadas ou pigmentadas, é mais interessante iniciar
com peelings a fim de afinar a pele.
Indicar produtos que vão auxiliar na síntese do colágeno da pele como vit.
C, para preparar a pele, além de prevenir hipercromias pela oxidação do ferro
presente no sangue. A vit. C também estimula a proliferação celular e a síntese
de colágeno.
Outros ativos ajudam também a estimular a produção de colágeno, como a
vitamina A encontrada no acetato de retinol e treitinoína, os bioflavonoides, o
selênio, o silício e os aminoácidos essenciais. Essas substâncias precisam ser
utilizadas um tempo antes do tratamento para auxiliar no resultado, principalmente
em peles envelhecidas ou pouco tratadas.
Na anamnese, já percebemos se o paciente não tem uma boa alimentação,
se fuma, se consome bebidas alcóolicas, se bebe água, se pratica esportes, se
dorme bem se costuma ter muito stress e se usa cosméticos, principalmente filtro
solar. Todos esses fatores vão interferir no resultado do tratamento. Conscientizar
esse paciente da importância do estilo de vida e alimentação e cuidados com a
pele contribuem na eficácia no tratamento e na regeneração tecidual.

Figura 2 – Estilo de vida

Créditos: Lightspring/Shutterstock.

9
A suplementação pode contribuir muito no tratamento, e vale a pena
estudarmos esses suplementos ou solicitar auxílio de um nutricionista ou
nutrólogo.
Todos os recursos que temos na clínica para melhorar a qualidade da pele podem
ser usados antes e intercalados com o microagulhamento, como eletroterapia e
cosmetologia.

TEMA 5 – DEFINIÇÃO DO TRATAMENTO – AGULHAS E NÚMERO DE SESSÕES

A maior dúvida quando vamos programar um tratamento para um paciente


é qual tamanho de agulha vai ser mais eficiente para o problema apresentado e
quantas sessões serão necessárias para atingir nosso objetivo.
O paciente costuma achar que uma sessão será milagrosa e vai resolver
de imediato seu problema. Mas quanto mais praticamos, mais percebemos a
dificuldade de saber como cada pele reage.

5.1 Agulhas

Quando a técnica do microagulhamento se popularizou, o consenso era


que quanto maior a profundidade da injúria, melhor seria o efeito. Mas muitos
estudos vêm provando, como vimos, que não é verdade, que tanto para estímulo
de colágeno como para permeação de ativos, agulhas com 0,5 ou 1,0 mm trazem
resultados muito bons, com menor risco.
Agulhas com mais de 2,0 mm necessitam de anestésicos injetáveis, o que
nem todos os profissionais podem usar. Normalmente apenas médicos, dentistas
e farmacêuticos são autorizados a usar esse tipo de anestésico, que pode causar
reações inesperadas em alguns pacientes e oferecem riscos graves.
Como não existe uma lei específica sobre microagulhamento que regule
até que tamanho de agulha pode ser usado por cada tipo de profissional, é sempre
prudente usar os equipamentos mais seguros e que ofereçam menos riscos.
O Dr. Mathias Aust (2008) relata que fez um estudo comparando as
diferenças entre agulhas de 1,0 e 3,0 mm e não percebeu diferenças significativas
nos resultados após os tratamentos.

10
Figura 3 – Agulhas

Créditos: Nora Bessarab/Shutterstock.

Há um consenso entre estudos feitos por diversos pesquisadores de que


as agulhas de 0,5 são eficientes no Drug delivery para rugas finas, poros dilatados
e peles mais finas, hiperpigmentações, cicatrizes mais leves e alopecia.
As agulhas de 1,0 a 1,5 mm apresentam excelentes resultados nos casos
de flacidez tissular, rugas e reparo geral da pele.
Quando vamos trabalhar com estrias e diferentes tipos de cicatrizes, as
agulhas de 2,00 e 2,5 mm são recomendadas.
Mas a indicação do tamanho da agulha precisa levar em conta a espessura
e sensibilidade da pele do paciente.

Figura 3 – Agulhas

Créditos: djero.adlibeshe yahoo.com/Shutterstock.

11
A melhor opção quando não conhecemos a pele do paciente e ainda não
temos muita prática na técnica é usar 0,5 a 1,0 mm. Essas são as medidas de
agulhas mais apropriadas, e com elas conseguimos tratar todos os problemas
estéticos com segurança e eficiência.

Figura 4 – Agulhas

Créditos: photopixel/Shutterstock.

Aliando outras técnicas de cosmetologia e eletroterapia no plano de


tratamento, vamos chegar ao resultado esperado sem expor nossos clientes a
riscos desnecessários e nos trazer dificuldades profissionais. Segurança deve ser
sempre nossa prioridade.
Ao trabalhar com canetas, como ela causa uma injuria menor, recomenda-
se sempre acrescentar 0,5 a mais em cada procedimento. Os estudos em relação
à caneta ainda não são conclusivos se ela tem o mesmo efeito do roller, por ter
menos agulhas. A técnica para aplicação da caneta exige uma técnica diferente
da do roller e um cuidado com a regulagem do equipamento.

12
Figura 5 – Agulhas

Créditos: BangkokStocker/Shutterstock.

5.2 Número de sessões

O número de sessões que vamos indicar no tratamento vai sempre


depender do problema que vamos tratar, da sua intensidade, do tipo de pele e o
que conseguiremos atingir em cada paciente.
Quando o objetivo é apenas permeação de ativos, podemos fazer com
bastante frequência, porque a injuria será mínima e quanto mais vezes
conseguirmos introduzir produtos, melhor vai ficar a qualidade da pele. Em alguns
países, os médicos recomendam aos pacientes que façam todos os dias em casa
o procedimento. No Brasil, isso não é possível, porque os equipamentos são
descartáveis e os produtos cosméticos não são vendidos diretamente aos
pacientes. Muitos contestam o paciente se autoaplicar, pelas complicações que
podem aparecer devido aos cuidados necessários de higienização da pele e do
ambiente, além da aplicação da técnica correta.
O tempo entre uma sessão e outra ainda não está bem definido nos
estudos. Alguns sugerem uma sessão a cada 30 dias, outros recomendam a cada
15 dias com a utilização de recursos anti-inflamatórios, como nos casos de

13
tratamento de alopecia. O que não está bem definido é quanto tempo que o
processo de deposição do colágeno permanece. Alguns estudos relacionam o
tamanho da agulha utilizada com o tempo do pico da deposição do colágeno.
Mas em geral, o que se preconiza é que o pico de depósito do colágeno
acontece em 12 semanas, e que o tempo entre uma e outra sessão deva ter um
intervalo de 30 dias, quando o tratamento é interrompido para indução de
colágeno.
A quantidade de sessões vai ser determinada pelo problema e pela
resposta que precisamos de cada paciente. Muitos fatores vão determinar a
resposta individual, como por exemplo o estado da pele, a alimentação,
tabagismo, idade, problemas de saúde e estado geral físico e emocional do
cliente.
Mas existem na literatura algumas indicações de número mínimo de
sessões por tipo de disfunção.
Nesse sentido, confira, a seguir, as recomendações de frequência,
tamanho de agulha e número de sessões:

• Rejuvenescimento com ênfase em permeação – Agulha 0,5 mm,


frequência semanal, de 5 a 10 sessões.
• Rejuvenescimento com ênfase em indução de colágeno – Agulha de 1 a
2mm, frequência cada 30 dias, 4 sessões.
• Manchas com ênfase em permeação – Agulha 0,5 mm, frequência
semanal, de 5 a 10 sessões ou mais (depende da profundidade da
mancha).
• Cicatrizes superficiais com ênfase em permeação – Agulhas de 0,5 mm,
frequência semanal, de 5 a 10 sessões.
• Cicatrizes profundas com ênfase em indução de colágeno – Agulha 1,5
mm, frequência a cada 30 dias, 6 a 10 sessões.
• Cicatrizes de queimadura com ênfase em indução de colágeno – Agulhas
de 1,5 a 2,0 mm, frequência pode ser a cada 30 ou 60 dias (depende da
cicatriz), 6 a 10 sessões.
• Estrias com ênfase em indução de colágeno – Agulhas de 1,5 mm,
frequência mensal, 10 sessões.
• FEG (celulite) com ênfase em permeação – Agulha 0,5 mm, frequência
semanal, de 5 a 10 sessões (dependendo do grau).

14
• Alopecia com ênfase em permeação – Agulha 0,5 mm, frequência semanal,
10 sessões.

Essas indicações são apenas sugestões, porque cada caso é diferente do


outro. Dessa forma, só com o prosseguimento do tratamento poderemos saber se
o número de sessões foi suficiente, se vai precisar de mais ou se com menos
vezes o paciente já ficou satisfeito.
O profissional pode alternar a permeação com a indução de colágeno
quando necessário, mas é preciso tomar cuidado com o tamanho da agulha e da
frequência. Podemos fazer a permeação quando fazemos indução de colágeno,
mas a frequência é menor.
A experiência de cada profissional e o conhecimento de cada paciente são
os melhores fatores para a montagem de um tratamento ideal.

15
REFERÊNCIAS

AUST, M. C. et al. Indução percutânea de colágeno: rejuvenescimento da pele


minimamente invasivo sem risco de hiperpigmentação - fato ou ficção? Cirurgia
Plástica e Reconstrutiva, v. 122, n. 5, p. 1553-1563, nov. 2008.

HAUSAUER, A. K.; JONES, D. H. PRP e Microagulhamento em Medicina


Estética. Rio de janeiro: Ed. Thieme, 2020.

NEGRÃO, M. M. C. Microagulhamento Bases Fisiológicas e Práticas. 2 ed.


São Paulo: Ed. CR8, 2017.

16
AULA 3

MICROAGULHAMENTO COM
ASSOCIAÇÕES COSMÉTICAS

Profª Maria Sônia Bezeruska Coraiola


INTRODUÇÃO

A aplicação do microagulhamento requer um profissional com


conhecimento e treinamento adequado para garantir um resultado satisfatório.
Embora existam inúmeros vídeos que orientem o procedimento, é necessário
cuidado e buscar sua evidência científica comprovada, o que pode ser
irresponsavelmente passado aos pacientes.
A escolha do equipamento, da agulha e do cosmético requer conhecimento
e avaliação profissional, com formação adequada, que domine a correta aplicação
da técnica. Saber avaliar e montar um protocolo adequado é o primeiro e mais
importante passo de todo o tratamento, e conhecer a forma correta de aplicar cada
equipamento e suas associações cosméticas faz toda a diferença para melhorar
ou resolver o problema apresentado.
Explicar ao paciente todas as etapas necessárias no pré e pós-
procedimento e os benefícios de cada uma ao final do tratamento vai conscientizá-
lo sobre os cuidados necessários, criando confiança e respeito ao profissional.

TEMA 1 – TÉCNICAS DE APLICAÇÃO

A aplicação inicial da técnica, independente do equipamento utilizado,


requer cuidados especiais, como higienização do ambiente e paramentação do
profissional e seus auxiliares.
A preparação do paciente se inicia pela sua paramentação, limpeza e
assepsia da região que será tratada, anestésicos tópicos ou injetáveis (restritos
aos médicos), aplicação do microagulhamento e dos cosméticos, aplicação de
produto gel protetor da pele e orientações ao paciente dobre os cuidados do pós-
procedimento.
O último cuidado é descartar o material em lixo adequado.

1.1 Preparação do profissional

Como vamos usar equipamento com agulhas e perfurar a pele, muitos


cuidados de prevenção são necessários para evitar o contato do profissional com
gotículas de sangue e para não contaminar o cliente. Todo o material deve ser
estéril e descartável.
Além de seguir todos os procedimentos de biossegurança normais – como
jaleco, touca (no profissional e no cliente), luvas, máscara e lençol descartável –,
2
é recomendável que todo o material necessário esteja preparado em local
esterilizado e de fácil acesso.
Outro item que não podemos esquecer é o termo de consentimento, que
deve explicar o tratamento.

1.2 Preparação do cliente

Após acomodar o cliente na maca, a depender da região a ser tratada,


deve-se limpar e higienizar a pele com loções antissépticas à base de clorexidina,
já disponíveis em várias marcas de cosméticos. O álcool 70% também pode ser
usado, mas lembre-se de que esse produto favorece a desidratação e o
ressecamento da pele, agredindo a capa córnea e o manto hidrolipídico.

Figura 1 – Exemplo de cuidado com uma paciente

Crédito: ANR Production/Shutterstock.

1.3 Aplicação de anestésicos

A utilização de anestésicos depende do tamanho da agulha, da região onde


será feito o microagulhamento e da sensibilidade do paciente. Agulhas maiores
que 2 mm requerem anestésicos injetáveis e podem ser utilizadas por médicos e
profissionais autorizados. Normalmente, agulhas de 0,25 até 0,5 mm são bem

3
suportáveis pela maior parte dos pacientes e não necessitam de anestésicos
tópicos.
Agulhas de 0,75 a 1,5 mm incomodam alguns pacientes e talvez
necessitem de um anestésico em forma de pomada ou gel. Agulhas acima de
2,0 mm causam um grande desconforto, e a maioria dos pacientes necessita de
anestésico injetável. Alguns anestésicos tópicos são vendidos sem receita médica
e podem ser usados para aliviar um pouco a sensação de dor.
Os dois anestésicos mais usados em microagulhamento são Enla® e
Dermomax® com venda livre. O Enla® é seguro, mas é vaso constritor e pode
prejudicar o microagulhamento e toda a cascata inflamatória para cicatrizar e
absorver ativos. Poucos efeitos colaterais são relatados com esse anestésico, e
geralmente são leves, como pruridos e queimação. Leva 60 minutos para atingir
3 mm da pele.
Já o Dermomax® tem na sua composição lidocaína 5% e é lipossomado, o
que torna sua penetração mais efetiva, porque os lipossomas vão liberando o
anestésico aos poucos e fazem o efeito durar mais tempo. É uma substância que
pode causar efeitos adversos mais perigosos, porque, se houver absorção
sistêmica, oferece toxicidade com sintomas como gosto metálico, agitação e
ansiedade, podendo levar até à convulsão. Apesar desses efeitos, ele anestesia
o cliente em 15 minutos e, por ser menos exposto ao anestésico, pode ser uma
opção melhor. A quantidade usada deve ser pequena para evitar intoxicação.
Além disso, devemos ter cuidados maiores com pacientes muito jovens,
idosos e com histórico de alergia. Saber se o cliente já usou determinado
anestésico e se já teve alguma reação a algum outro tipo vai te ajudar na escolha.
Se não tiver segurança sobre algum deles, é melhor não usar, dado que
anestésicos requerem muito cuidado. Também é preciso saber socorrer o cliente
em caso de alergia e intoxicação.
Outras formas de reduzir o desconforto podem ser a analgesia pela
corrente Tens (fisioterapeutas), acupuntura (por profissionais habilitados) e Ilib
(irradiação contínua do laser terapêutico vermelho ou infravermelho na região da
artéria radial).
A responsabilidade do profissional é total sobre a técnica que vai utilizar, e
qualquer complicação pode trazer consequências morais e legais. Portanto,
devemos fazer só o que consideramos seguro.

4
Figura 2 – Exemplo de rosto sob tratamento

Crédito: BSD; Medstockphotos/Shutterstock.

TEMA 2 – APLICAÇÃO DA TÉCNICA COM ROLLER

Roller é um aparelho de microagulhamento com forma anatômica,


projetado para facilitar o deslizamento. É consenso na literatura que a melhor
maneira de aplicar o roller é nos quatro sentidos, formando um asterisco num
quadrante, 10 vezes em cada direção.
A área a ser aplicada por vez costuma ser pequena (no máximo duas vezes
o tamanho do roller), na face e no couro cabeludo. Na área corporal pode ser o
dobro do tamanho.
O aparelho deve ser aplicado com pouca pressão para evitar queimaduras
pela parte plástica e para evitar sangramento.

5
Figura 3 – Aplicação do roller

Crédito: Nora Bessarab/Shutterstock.

2.1 Aplicação do roller na face e no corpo

Para uma aplicação uniforme na face, é melhor dividir o procedimento em


quadrantes, executando-o sempre na mesma sequência, evitando assim
esquecer uma área. Limpe o anestésico antes de iniciar cada quadrante e, se
precisar colocar algum produto, faça isso já em seguida ao término do processo
na região aplicada, antes de iniciar outro quadrante, porque o poro se retrai um
pouco (em menos de 5 minutos) e vai fechar completamente após 15 ou 18 horas.

6
Iniciar pela testa é uma boa sugestão, por ser uma área com menos
gordura, com osso próximo e por ser uma das regiões mais desconfortáveis; assim
o cliente vai entender que o restante será mais confortável. Mas podemos iniciar
em qualquer um dos quadrantes.

Figura 4 – Quadrantes faciais para a técnica com roller

Fonte: Coraiola, 2021.

Normalmente terminamos o processo na região do nariz e superior dos


lábios. Pálpebras e lábios podem ser penetrados com agulhas de 0,25 mm com
movimentos muito leves, para evitar sangramentos e danos nessa região
delicada.

7
O movimento correto é segurar com uma das mãos e esticar levemente a
pele; com a outra, aplicar movimentos rápidos, curtos e leves.

Figura 5 – Aplicação do roller

Crédito: DR Pixel/Shutterstock.

Podemos pensar que passar muitas vezes acima do recomendado melhora


o resultado, mas, na verdade, mais de 10 repetições podem causar danos. Após
essas repetições, a pele deve ficar hiperêmica e com os pontos visíveis (pelos
quais as agulhas passaram), algumas vezes até com leves petéquias. Essas
marcas devem sumir logo depois da aplicação. A hiperemia permanece por mais
ou menos uma hora, variando de pele para pele.
Se houver sangramento ou risco na pele, devemos parar imediatamente e
verificar o que aconteceu. Pode ser, por exemplo, área muito vascularizada,
cliente com problemas de coagulação, agulhas tortas ou quebradas. A pressão a
ser aplicada deve ser igual em todas as regiões similares, e a pele deve
apresentar reação igual em todas elas para ter um resultado uniforme.
No couro cabeludo (é necessário estar limpo), devemos dividir os cabelos
em mechas para evitar que enrolem no roller. Filtros solares só são recomendados
impreterivelmente após 24 horas.
Em caso de petéquias ou algum sangramento, é necessário limpar a região
imediatamente para não oxidar o sangue nem depositar ferro no local, pois
8
causam manchas temporárias. Nos primeiros momentos após a aplicação, é
comum o paciente sentir ardência e calor no local, mas isso passa logo. Não é
necessário passar nenhum produto calmante, até porque pode prejudicar o
resultado por reduzir o processo inflamatório.
Há no mercado máscaras específicas para aliviar o desconforto após a
aplicação, sem atrapalhar o processo inflamatório, mas precisamos observar seus
ativos e ter certeza de que não interferem no resultado desejado.

TEMA 3 – APLICAÇÃO DE CANETAS E APARELHOS ELETRÔNICOS

O processo inicial de preparação do paciente é igual ao roller, mas a técnica


é diferente. No mercado há vários tipos de caneta: algumas usam eletricidade;
outras, baterias. Sempre importante salientar que o equipamento precisa ter
registro na Anvisa.
Alguns exemplos:

• Alur Derma Pen (aparelho de múltiplo uso em estética);


• Derma Pen Smart (caneta elétrica de microagulhamento).

Outras marcas que dizem ter registro não foram encontradas no site oficial.
Sempre consulte o site da Anvisa antes de comprar o equipamento.
A aplicação com a caneta é diferente porque não se deve fazer o
movimento de vaivém.

Figura 6 – Aplicação com a caneta (1)

Fonte: Coraiola, 2021.

9
Primeiro fazemos o microagulhamento na região toda na vertical, depois na
horizontal, e finalizamos com os diagonais.

Figura 7 – Aplicação com a caneta (2)

Crédito: Vagengeim/Shutterstock.

O cosmético, de preferência em sérum, deve ser aplicado um pouco antes


do instante do procedimento, com dois objetivos: penetrabilidade maior e auxílio
no deslizamento do aparelho.

Figura 8 – Aplicação com a caneta (3)

Crédito: Allexxandar/Shutterstock.

10
A regulagem da velocidade do aparelho define o que pretendemos
trabalhar em cada tipo de pele. Em peles sensíveis e mais finas, a velocidade
recomendada é de 1 a 3; em peles normais ou mais espessas, de 4 a 5; já em
regiões corporais a sugestão é de 6 a 7. Mas são apenas sugestões; o profissional
pode modificá-las conforme a necessidade e sensibilidade do cliente.
Como a área trabalhada pela caneta é menor do que a do roller, a aplicação
demora mais, e essa é uma desvantagem do equipamento. Mas, como atinge
áreas mais difíceis – como nariz, pálpebras e lóbulos da orelha –, a caneta oferece
vantagens para alguns tratamentos. Na área corporal, em regiões muito extensas,
o roller é mais vantajoso, mas em estrias e cicatrizes a caneta é mais prática.
Tudo depende de cada profissional e a qual método se adapta melhor.

3.1 Outros equipamentos – carimbos e frascos de permeação

Outros equipamentos – como carimbos ou frascos com microagulhas na


tampa – têm instruções diferentes, mas, como são menos usados, não há
literatura e estudos suficientes sobre o melhor método de aplicação, apenas a
orientação dos fabricantes.

TEMA 4 – REAÇÕES E ORIENTAÇÕES NO PÓS-PROCEDIMENTO

Reações após o microagulhamento são esperadas e necessárias. Orientar


o paciente corretamente quanto a elas e aos cuidados pós-procedimento o auxilia
a ter uma recuperação saudável.

4.1 Reações esperadas

Vários fatores contribuem para as reações no pós-procedimento:

• A técnica utilizada;
• O equipamento que realizou o procedimento;
• O tamanho da agulha escolhida;
• Os cosméticos ou fármacos usados;
• A pressão utilizada pelo profissional;
• A sensibilidade do paciente.

Algumas peles demoram mais para reduzir a hiperemia, mas em peles


normais ela desaparece em uma ou duas horas. É comum peles mais sensíveis

11
permanecerem hiperêmicas por até 24 horas, assim como sensação de calor e
um leve edema.

Figura 8 – Possível reação do procedimento

Fonte: Coraiola, 2021.

Pequenas marcas das agulhas ou então petéquias, sensação de


ressecamento e redução do edema podem durar até 48 horas após o
procedimento. O edema costuma desaparecer totalmente em até 5 dias; e
algumas casquinhas e a sensação de repuxamento tendem a desaparecer em
uma semana. Após esse prazo, a pele deve estar totalmente recuperada. Algumas
pessoas se recuperam mais rápido.
Se a pele apresentar pústulas, vermelhidão excessiva por vários dias ou
erupções, o cliente deve ser encaminhado ao dermatologista. Profissionais não
médicos não devem receitar medicamentos. Essas complicações precisam ter
suas causas analisadas antes da próxima sessão.

4.2 Orientações ao paciente no pré e pós-procedimento

Antes de iniciar o tratamento, é recomendado esclarecer ao paciente todo


o procedimento, as reações esperadas e os cuidados pré e pós-procedimento.
12
Conversar, esclarecer dúvidas e ter certeza de que o paciente entendeu cada
passo são atitudes que evitam muitos incômodos, como insubordinação do
cliente, pânico com as reações ou desconhecimento do resultado. Além do termo
de consentimento, um receituário com todas as orientações esclarece o processo
para o paciente.
Algumas orientações que devemos passar:

• Avisar como será o pós com antecedência, para evitar que programe
compromissos ou viagens na semana do procedimento;
• Pedir ao paciente que venha com a área limpa, sem produtos ou
maquiagens; se a aplicação for no couro cabeludo, que venha com ele
lavado, sem resíduo de cremes;
• Se o paciente estiver usando ácidos, deve suspendê-los 3 dias antes do
procedimento e só voltar a usá-los após 10 dias;
• O paciente deve evitar locais poluídos ou se expor a substâncias tóxicas,
alergênicas ou contaminadas;
• Só se deve voltar a usar filtro solar e maquiagem após 24 horas;
• Não se expor ao sol por pelo menos 10 dias após o procedimento;
• Voltar à clínica entre 7 e 10 dias após o procedimento;
• Evitar secadores de cabelo, banhos e locais muito quentes;
• Evitar roupas que causem atrito no local;
• Só usar cosméticos recomendados;
• Evitar exercícios físicos, piscina e sauna por 24 horas.

TEMA 5 – BENEFÍCIOS E INCONVENIÊNCIAS DA TÉCNICA

Cada técnica de estética escolhida sempre apresenta benefícios e


inconveniências. Cabe ao profissional escolher o procedimento com mais
vantagens do que desvantagens.

5.1 Benefícios do microagulhamento

Microagulhamento é uma técnica com muitas vantagens em relação a


outras, pois obtém excelentes resultados com o mínimo de agressão.
Alguns benefícios:

• Pode ser aplicado em fototipos altos;

13
• Tem pouco risco de hipercromias;
• Baixo custo na aquisição dos equipamentos em relação a outras técnicas,
como laser CO2 fracionado e ultrassom microfocado;
• O equipamento é portátil e serve para inúmeros tratamentos;
• Não necessita de muitas sessões;
• Recuperação rápida e pouco ablativo;
• Pode ser usado em qualquer parte do corpo;
• Não tem problema de trabalhar várias regiões no mesmo dia;
• Tem comprovação científica.

É uma técnica usada há vários anos, e poucas intercorrências são


relatadas se a técnica for bem aplicada.

5.2 Inconveniências do microagulhamento

Além das intercorrências já descritas, a técnica apresenta algumas


inconveniências:

• Aparelho ou ponteiras descartáveis: em tratamentos que exigem muitas


sessões, o custo pode ser alto;
• Conhecimento a fundo da técnica: o profissional precisa investir em
cursos, livros e estar sempre atualizado sobre as descobertas mais
recentes;
• Dor: dificuldade de alguns pacientes sensíveis à dor;
• Agulhas: muitas pessoas são intolerantes a agulhas;
• Anestésico: profissionais têm restrição de uso de alguns anestésicos, além
das intercorrências com anestésicos possíveis;
• Cosméticos: acesso a cosméticos e fármacos estéreis.

Ainda existe uma dificuldade com relação a contradições de alguns autores


sobre técnicas e produtos que podem ser utilizados durante o procedimento,
como:

• Produtos com hormônios de crescimento: alguns defendem que podem


causar câncer;
• Ácidos e despigmentantes: alguns defendem esse uso, outros o
contraindicam;

14
• Ativos: alguns autores são contra o uso de qualquer substância durante ou
logo após o procedimento, por considerarem isso desnecessário e
arriscado.

Essas divergências estão sempre presentes nos debates sobre a técnica.


É uma das razões que evidenciam a necessidade de atualização constante,
baseada em estudos científicos. Outro problema é a ampla divulgação de leigos
nas redes sociais que divulgam e ensinam o uso caseiro da técnica. Muitos
clientes acreditam que podem fazer isso sozinhos e correm sérios riscos.
Um profissional capacitado também precisa divulgar em suas redes os
riscos oferecidos pelo automicroagulhamento para combater o mau uso dessa
técnica.

15
REFERÊNCIAS

AUST, M. C. et al. Indução percutânea de colágeno: rejuvenescimento da pele


minimamente invasivo sem risco de hiperpigmentação – fato ou ficção? Cirurgia
Plástica e Reconstrutiva, [S.l.], 2008.

HAUSAUER, A. K.; JONES, D. H. PRP e microagulhamento em medicina


estética. Rio de janeiro: Thieme, 2020.

NEGRÃO, M. M. C. Microagulhamento: bases fisiológicas e práticas. 2. ed. São


Paulo: CR-8, 2017.

16
AULA 4

MICROAGULHAMENTO COM
ASSOCIAÇÕES COSMÉTICAS

Profª Maria Sônia Bezeruska Coraiola


INTRODUÇÃO

A eficácia demonstrada pela técnica do microagulhamento nos últimos


anos fez crescer sua utilização em diversas situações cutâneas. Já existem
diversos estudos científicos que comprovam sua eficácia quando utilizada em
diversos problemas, por exemplo: alopecia, cicatrizes, discromias, queratose
actínica, rejuvenescimento, poros dilatados, flacidez tissular, FEG e estrias.
O microagulhamento tornou-se uma opção vantajosa, uma vez que
apresenta baixo custo, resultados efetivos, é pouco ablativo, tem recuperação
rápida e pode ser combinado a muitas outras técnicas.
Cabe destacar que cada problema a ser tratado necessita de uma técnica
específica, assim como o conhecimento dos cosméticos a serem utilizados.
Além disso, o tempo de tratamento também varia conforme a condição cutânea
apresentada e as condições de regeneração de cada paciente.

TEMA 1 – ALOPECIA

A alopecia sempre representou um problema estético de difícil resolução


e sempre causou transtornos, tanto para homens como para mulheres. A
valorização da aparência trouxe uma grande preocupação com relação à perda
capilar, causando inclusive problemas emocionais. Assim, a procura por
tratamentos que reduzam ou revertam a perda capilar abre um mercado cada
vez maior na área da estética.
Em vários estudos, foi comprovado que o microagulhamento estimula as
células-tronco no folículo piloso, libera fatores de crescimento e ativa genes
importantes no crescimento capilar. Os fatores de crescimento envolvidos são
VEG-F, B-catenina, Wnt3 e Wnt10b. No entanto, dependendo da causa e do tipo
de alopecia, podemos obter ou não resultados.
Antes de iniciar o tratamento, o profissional precisa saber avaliar o couro
cabeludo, observando se está normal e saudável ou se apresenta alguma
alteração patológica. Estudar mais profundamente todo o processo do
crescimento capilar e suas patologias é fundamental para trabalhar com terapias
capilares. Existem dois tipos de alopecia: cicatriciais e não cicatriciais. Sendo
assim, antes de iniciar o tratamento, é necessário identificar o tipo para escolher
a melhor técnica.

2
1.1 Fases do crescimento capilar

São quatro as fases do crescimento capilar: anágena, catágena, telógena


e exógena.

Crédito: Art4stock/Shutterstock.

1.1.1 Fase anágena

É a fase de crescimento do fio, a qual pode durar de dois a sete anos, e


determina o comprimento que ele pode atingir. O cabelo cresce, normalmente, 1
cm por mês. Porém, algumas pessoas apresentam uma fase anágena mais
curta, o que impossibilita o cabelo de atingir comprimentos maiores. Em geral,
85% dos folículos capilares estão nessa fase.

1.1.2 Fase catágena

É uma fase de transição que dura, normalmente, três semanas. Nessa


fase, o fio permanece no folículo piloso, sem crescer, apenas em repouso, se
preparando para a próxima fase. Aproximadamente 3% dos fios estão na fase
catágena.

1.1.3 Fase telógena

Nessa fase, o fio é liberado pelo folículo piloso e fica inativo por três
meses. Inicia-se, então, um novo ciclo. Cerca de 6% a 8% dos fios estão na fase
telógena.

3
1.1.4 Fase exógena

Nessa fase, o fio encontra-se em repouso, e inicia novamente o


crescimento de um novo fio.
A alopecia acontece quando há desequilíbrio e o fio entra na fase
telógena muito antes, fazendo com que novos fios não tenham tempo de se
desenvolver.

1.2. Alopecia não cicatricial

A alopecia não cicatricial pode ser revertida, ou amenizada, e pode ser


dividida em algumas modalidades:

• Alopecia androgenética – É a calvície que se caracteriza por perda parcial


de cabelos, sempre seguindo um padrão; pode acometer homens e
mulheres, mas é mais comum nos homens; e tem predisposição genética.
Afeta 30% dos homens com mais de 30 anos e 50% dos que têm acima
de 50 anos. Nas mulheres, atinge as faixas etárias acima de 65 anos,
podendo agravar ainda mais com a idade. Nos homens, o que predomina
é a presença de andrógenos circulantes, nas mulheres, as mudanças
hormonais pós-menopausa.

Crédito: Inspiring/Shutterstock.

• Alopecia aerata – São falhas no couro cabeludo, mas pode acometer


outras áreas, como sobrancelhas, cílios, barba e qualquer local do corpo

4
onde haja pelos. É considerada uma doença inflamatória crônica,
classificada por alguns autores como doença autoimune, mas com causa
desconhecida. Alguns consideram a possibilidade de ter causa emocional
ou ser consequência da utilização de alguns medicamentos.

Crédito: Alex Papp/Shutterstock.

• Eflúvio telógeno – Queda acentuada dos fios, de maneira generalizada,


reduzindo o volume e a densidade do cabelo. Pode ser agudo ou crônico.
O eflúvio telógeno agudo acontece, geralmente, três meses após algum
acontecimento que serviu de gatilho, por exemplo: pós-parto, infecções
em geral, dietas restritivas, febres, pneumonia, doenças metabólicas,
cirurgias, estresse e uso de alguns medicamentos. Pode ocasionar a
queda de 200 a 300 fios por dia. Após certo período, ele pode
desaparecer sozinho ou não. O eflúvio telógeno crônico também
apresenta queda de cabelo acentuada, só que mais duradoura, com
ciclos de queda e aumento de fios que pode variar de seis meses a dois
anos, reduzindo principalmente nas regiões fronto-temporal e nas pontas
dos cabelos e, em outras fases, aumentando o crescimento no couro
cabeludo. Pode estar associado a doenças autoimunes, como a tireoidite
Hashimoto.

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Crédito: Timonina/Shutterstock.

1.3 Alopecia cicatricial

A alopecia cicatricial caracteriza-se por danos irreversíveis no couro


cabeludo, em que o folículo piloso foi totalmente destruído, sem condições de
reverter. Tem diversas causas para esse isso, por exemplo: queimaduras,
traumas mecânicos, radiação, infecções por fungos ou bactérias e presença de
tumores cutâneos. Nesses casos, o microagulhamento não terá nenhuma
utilidade.

Crédito: Bnp Design Studio/Shutterstock.

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TEMA 2 – TÉCNICA DO MICROAGULHAMENTO NA ALOPÉCIA NÃO
CIATRICIAL

Ao iniciar o microagulhamento em qualquer tipo de alopecia, é


fundamental fotografar antes e a cada etapa, para acompanhar a evolução do
tratamento. Datar cada foto ajuda a entender a evolução dos resultados.
A preparação do paciente se diferencia de outros problemas pela
higienização do couro cabeludo antes de iniciar a técnica. Em locais que
possuam lavatório, o profissional pode fazer a higienização com xampu
antirresíduo. Caso não haja lavatório, o paciente deve lavar a cabeça em casa
com xampu e vir com o cabelo úmido para a clínica.
É importante aplicar um antisséptico antes de iniciar o procedimento, para
evitar contaminações. Além disso, pode-se utilizar o led azul para garantir uma
assepsia perfeita, o qual também favorece a hidratação do couro cabeludo, o
que trará mais eficácia à técnica.
A aplicação de anestésico deverá ser considerada em pacientes mais
sensíveis a dor. O tamanho da agulha pode ser de 0,25 a 0,5 mm, embora haja
vários estudos com utilização de agulhas de 1,5 a 2,00 mm. Se o objetivo for só
o drug delivery, será suficiente o uso de agulhas de 0,5 mm.
Em áreas nas quais os fios estejam bem escassos, podemos utilizar as
manobras com o roller em asterisco, mas, nas regiões menos calvas, pode-se
usar em linha de vai e vem, para evitar que o cabelo enrole no equipamento.
Com as canetas, devem ser utilizados os movimentos em linha, mas sempre se
lembrando de usar nos quatro sentidos (vertical, horizontal e nas diagonais).
Devemos segurar as mechas do cabelo com uma mão e tracionar um pouco a
pele.
O produto deve ser aplicado no momento seguinte, para melhor absorção.
O sangramento no couro cabeludo costuma ser maior que em outas regiões. No
final do tratamento, é necessário limpar esse sangramento com água (evitando
produtos de limpeza), para impedir o ressecamento do sangue.

2.1 Protocolo de tratamento para alopecia não cicatricial

Existem muitos estudos sobre qual seria o melhor protocolo para o


tratamento de alopecia não cicatricial. Muitos médicos indicam que o paciente
faça uso diário, em domicílio, com agulha de 0,25 mm, para drug delivery. No
7
Brasil, isso não é possível, porque o equipamento é descartável, e isso
inviabiliza a prática.
Com agulhas maiores, dificilmente o paciente vai tolerar sessões
semanais, pois a pele fica muito sensível. Se fizermos com agulhas de 0,5 mm,
conforme a tolerância do paciente, podemos fazer uma a cada 15 dias. Com
agulhas de 0,25 mm, podemos fazer semanalmente. Com agulhas maiores, fica
mais difícil porque, provavelmente, o paciente só vai tolerar com mais espaço de
tempo e o produto vai agir menos. Se o propósito for estimular a circulação e
oxigenação do tecido, aí sim, com agulhas maiores, alguns estudos apresentam
resultados melhores, mas essa prática é mais recomendada para profissionais
habilitados na área da saúde.
É importante salientar que processos inflamatórios mais intensos podem
causar a morte do folículo piloso ou gerar infecções. O número de sessões vai
depender do grau da alopecia e da reação de cada paciente.
As recomendações de pré e pós-procedimento, basicamente, são iguais
às da técnica de microagulhamento, com algumas mais específicas, por
exemplo: não usar bonés e capacetes por 24 horas; não utilizar xampus e
cremes sem a recomendação do profissional; não usar secador de cabelo,
pranchas ou outra fonte de calor por 24 horas; escovar os cabelos com cuidado
e com escova higienizada com álcool 70%; não usar tinturas ou outros
procedimentos químicos até 7 dias após o procedimento; não ficar passando a
mão no cabelo e evitar prendê-lo com repuxamento dos fios.

Crédito: Robert Przybysz/Shutterstock; Crystal Eye Studio/Shutterstock.

8
2.2 Ativos e medicamentos indicados no tratamento da alopecia

Para o tratamento capilar, é possível usar medicamentos e cosméticos,


além de diversos tipos de ativos. Medicamentos são de uso restrito a prescrição
de médicos e a quem trabalha em clínicas com acompanhamento médico.

2.2.1 Medicamentos

O medicamento principal e mais usado no tratamento da alopecia é o


minoxidil tópico. É uma substância que estimula o crescimento do fio, agindo no
aumento dos vasos sanguíneos, melhorando a circulação e oxigenação local,
com o efeito de prolongar a fase anágena. Pode ajudar também na sobrancelha
e barba. Sua indicação é para a alopecia androgenética e na prevenção de
queda de cabelo. Os médicos também associam o minoxidil com plasma rico em
plaquetas, finasterida. Alguns estudos apontam resultados satisfatórios nas
alopecias androgenéticas.
Na alopecia areata os medicamentos mais usados são corticoesteróides
tópicos e intralesionais. No entanto, os melhores resultados obtidos foram com o
uso da triancocinolona acetonida associada a agulhas de 1,5 mm. Em relação ao
efeito, estudos mostram que o resultado permanece por mais de três meses.
Outros medicamentos testados mostram que o resultado permanece por poucas
semanas. É importante ressaltar que esses medicamentos só devem ser
receitados por profissionais médicos.

2.2.2 Ativos

Alguns ativos, como veremos a seguir, são indicados para associar ao


microagulhamento no tratamento das alopecias.

• Kopexil® – Aumenta o volume capilar, na fase anágena, melhora a


circulação sanguínea local, reduz a rigidez do folículo, rejuvenesce e
previne a queda prematura do fio.
• Redensyl® – É composto por quatro ativos: DHQG (di-hidroquercitina-
glucósido), EGCG2 (epigaloquetina galato-glucósido), glicina e zinco. A
glicina melhora a estrutura do cabelo, o zinco torna o cabelo mais
resistente, aumentando a queratina, o DHQG ativa as células estaminais
e protege as células-mães e ativa a B-catequina (ciclo anágeno), o EGCG

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reduz o processo inflamatório e combate radicais livres no couro
cabeludo.
• Cooper Peptídeo – Favorece o aumento e proliferação do folículo na fase
anágena, inibe a enzima 5-alfa, responsável pela redução da testosterona
em disdrotestosterona (DHT) que está ligada aos receptores
androgenéticos, auxilia na regeneração tecidual, é vasodilatador e
antioxidante.
• Proairin® – É um peptídeo bioidêntico que aumenta a produção de
proteínas de ancoragem, auxilia as células-tronco foliculares, aumenta o
crescimento dos fios na fase anágena, reduz os fios telógenos, reduz a
produção sebácea e melhora a produção de melanina.
• O2 Hair – É um polissacarídeo glicogênico de origem marinha que
fornece energia para as células na fase anágena, além disso, aumenta
espessura, volume, brilho e crescimento do cabelo.
• Sfingoni – Ativo biotecnológico que inibe a enzima 5-alfa-redutase, que é
responsável pela queda do cabelo; reequilibra a microflora do couro
cabeludo; e diferente da finasterida, não reduz a libido.
• Latanoprosta Fragon – Reduz a queda capilar, estimulando o folículo
piloso e prolongando a fase anágena. Também é usado em colírios.
• Hairctive – É rico em peptídeo, vitaminas e oligoelementos, e é retirado do
tremoço. Estimula a síntese proteica; é vasodilatador; aumenta a
microcirculação, facilitando a penetração dos nutrientes pela papila do
folículo piloso, e favorece o crescimento capilar.
• IGF (fator de crescimento insulínico) – Estimula os folículos a produzirem
fios mais espessos e aumenta a proliferação celular na fase anágena.
• aFGF (fator de crescimento fibroblástico ácido) – Aumenta a circulação
sanguínea do couro cabeludo e promove o crescimento capilar.

Precisamos pesquisar sempre os ativos que serão aplicados no couro


cabeludo, porque, muitas vezes, os que são utilizados na face para outros
problemas podem prejudicar a formação do pelo ou até provocar a queda. Antes
de comprar produtos, certifique-se de que são específicos para a alopecia.
Profissionais que trabalham em parceria com médicos especializados em
queda capilar podem ter acesso a medicamentos, desde que o médico
prescreva e acompanhe o tratamento.

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Acompanhar estudos científicos e o desenvolvimento de técnicas é
importante, uma vez que não existe nada completamente eficiente para curar
alopecia. É um mercado em desenvolvimento, mas precisamos cuidar com o que
prometemos ao paciente. O microagulhamento é um recurso muito bom e já é
comprovado que ajuda, mas tem limitações.

TEMA 3 – MICROAGULHAMENTO NO TRATAMENTO DE CICATRIZES DE


ACNE

Cicatrizes de acne são as mais comuns, provocadas por uma inflamação


que destrói as estruturas de suporte dérmico. São cicatrizes atróficas que,
normalmente, ficam em um nível abaixo da pele, e são classificadas como ice
pick, rolling e box card.

Crédito: Chen I Chun/Shutterstock.

Crédito: Jaojormami/Shutterstock.

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O microagulhamento age rompendo feixes fibróticos que prendem as
cicatrizes na derme e estimula, por meio da cascata inflamatória e da
cicatrização, um espessamento da epiderme e o aumento de colágeno I, III e VII.
Aumenta a liberação de fatores de crescimento plaquetários, traz leucócitos para
dentro da cicatriz e aumenta o TGFβ-1 e 2, recuperando e melhorando a
qualidade do tecido.
Outros tratamentos são usados para reduzir essas cicatrizes, como o
laser fracionado, por exemplo, mas o microagulhamento é mais confortável e
seguro, por não oferecer risco de hiperpigmentação e ter uma recuperação mais
rápida. Os estudos mostram que os resultados nos dois tratamentos são muito
parecidos. Vários autores relatam estudos com excelentes resultados e poucas
intercorrências.
A associação de outros tratamentos, como a utilização de peeling com
ácido glicólico, em sessões diferentes, potencializam os resultados. É importante
destacar que o intervalo entre cada sessão é de no mínimo duas semanas. Já
existem estudos com peelings de TCA associados ao microagulhamento que
apresentaram respostas superiores ao uso da técnica sozinha. Alguns médicos
associaram o microagulhamento à técnica de PRP (plasma rico em plaquetas) e
conseguiram bons resultados.

3.1 Ativos para tratamento das cicatrizes de acne

Como o objetivo é reparar o tecido com cicatrizes, os melhores ativos são


aqueles que estimulam o colágeno e aumentam a hidratação cutânea.

• GAG (Glicosaminaglicanas) – São componentes na matriz extracelular


dos tecidos conjuntivos. Apresentam muitas funções, mas a principal é
manter e apoiar o colágeno, a elastina e a turgidez nos espaços celulares,
mantendo, assim, as fibras proteicas em equilíbrio. Auxiliam as fibras de
colágeno a reterem a umidade.
• ADN (ácido hialurônico) – É um polissacarídeo glicosaminoglicano.
Estimula a proliferação, o fortalecimento e a regeneração do tecido, assim
como a retenção hídrica, corrigindo, assim, rugas, depressões e sulcos.
Auxilia na estimulação de citocinas e na proliferação de células
endoteliais.

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• Nanofatores de crescimento AntiAging/Rugas (TGFB3 + IDP2 + IGF) –
Iniciam o processo de cicatrização, substituem o tecido danificado por
novo, estimulam a produção da matriz extracelular e auxiliam no
preenchimento da epiderme.
• Silício orgânico ou silanóis – É um oligoelemento que estimula a
biossíntese das fibras de sustentação da pele. Reforça a membrana
celular, auxiliando a manter o teor hídrico. É parte importante na estrutura
do colágeno e da elastina.
• Vitamina C – Auxilia no aumento dos níveis de RNA mensageiro para a
formação do colágeno tipo 1 e tipo 3. O colágeno para realizar a
hidroxilação necessita de vitamina C e Ferro.
• Vitamina A – Aumenta o número de fibroblastos e a síntese de colágeno.
• Vitamina B3 – É associada ao Alpha Arbutin para quando houver
hipercromias.
• Peptídeos do Cobre – Auxilia os fibroblastos na síntese de colágeno e
também é regenerador e estimulador de colágeno.
• Zinco – Auxilia na produção de colágeno, síntese de elastina e na
reparação do DNA.

3.2 Técnica e número de sessões

Cicatriz de acne ou outra qualquer sempre precisará de uma avaliação


criteriosa para determinar a técnica mais adequada. Tanto o roller quanto a
caneta apresentam ótimos resultados. O profissional pode escolher o
equipamento que domina melhor.
As regiões com cicatrizes mais profundas, normalmente, suavizam, e as
mais superficiais tendem a desaparecer. O paciente precisa ser informado do
tempo que o tratamento vai durar e quantas sessões serão necessárias.
Lembrando que cada paciente é único e o resultado será diferente de um para
outro. As aplicações, em média, giram em torno de quatro a oito, com quatro
semanas de intervalo.

TEMA 4 – MICROAGULHAMENTO E OUTRAS CICATRIZES

Outras cicatrizes podem ser tratadas com a técnica de microagulhamento,


como as marcas de varicela, queimaduras, cicatrizes cirúrgicas e traumas em

13
geral. O microagulhamento, nesses casos, estimula uma regeneração saudável
das fibras colágenas, rompe os feixes fibróticos, estimula a liberação do TGFβ-3
e regula os TGFβ-1 e 2, reduzindo as fibroses.
Quanto aos tratamentos de queloides, ainda não existem estudos
suficientes para certificar seu funcionamento, uma vez que é uma formação
descontrolada de colágeno. Em relação ao tratamento de queimaduras, já
existem vários estudos comprovando a melhora desses tecidos e o aspecto
geral da cicatriz. Em casos de queimaduras muito recentes (com menos de dois
anos), é necessário um pré-tratamento com cremes à base de vitaminas A e C
por um mês para preparar a pele antes de iniciar o microagulhamento. Esse
tratamento com creme também é necessário entre as sessões.

4.1 Ativos para tratamento de cicatrizes hipertróficas

Nas cicatrizes de varicela (são atróficas) usamos os mesmos ativos das


cicatrizes de acne. Nas outras cicatrizes, precisamos cuidar com os ativos
precursores do colágeno, porque, nesse caso, o objetivo é reorganizar as fibras
colágenas e não formar mais colágeno.
Os melhores ativos são os hidratantes e aqueles que mantêm o teor de
humidade da pele, para auxiliar no pós-microagulhamento, que causa
desidratação nos primeiros dias.

4.2 Técnica e número de sessões

Em algumas cicatrizes, quando são muito pequenas ou estão em locais


de mais difícil acesso, a caneta será mais eficiente, pois o profissional consegue
trabalhar apenas sobre ela. Já em cicatrizes maiores, como as de queimadura, o
uso do roller facilita a aplicação. O importante é dominar totalmente a técnica
para não causar complicações. É sempre recomendado trabalhar bastante com
microagulhamento antes de entrar com tratamentos mais complexos, como as
cicatrizes de queimadura e hipertróficas.
O número de sessões, em média, é de 6 a 12 sessões, mas,
evidentemente, depende da cicatriz e da recuperação do paciente. O intervalo
entre as sessões é sempre superior a quatro semanas e a agulha usada é a de
0,5 mm.

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É possível associar radiofrequência e hidratação entre as sessões, e se
as cicatrizes estiverem escurecidas, também podem ser usados peelings ou
ativos clareadores.

TEMA 5 – MICROAGUHAMENTO E ESTRIAS

Estrias são uma condição cutânea que aparece quando as fibras


colágenas se rompem e formam cicatrizes. Normalmente, acontecem no
crescimento, na gravidez ou quando há aumento de peso. É inestética e de difícil
regeneração.
Assim que aparecem, são vermelhas ou rubras e, com o passar do
tempo, se tornam brancas ou albas. Nos dois tipos, podemos obter melhora na
aparência, mas sempre vai depender do tamanho e da profundidade da estria.

5.1 Estrias brancas ou albas

São alterações depressivas do relevo cutâneo e, normalmente, são mais


antigas, com larguras variáveis, lineares e bilaterais.
O microagulhamento vai estimular a regeneração do tecido pela liberação
de fatores de crescimento, aumentando a espessura da epiderme e da derme e
melhorando o aspecto geral. Em pessoas mais jovens, a regeneração costuma
ser melhor. Alguns estudos mostram que a regeneração das estrias com a
técnica de microagulhamento costuma ser melhor do que outras técnicas, como
peelings e laser. No entanto, associar as técnicas costuma aumentar a eficácia
do tratamento.

5.2 Estrias vermelhas ou rubras

São estrias mais recentes e apresentam uma redução na espessura da


epiderme e da derme de coloração avermelhada. Ficam assim por alguns meses
após o rompimento das fibras colágenas, e estão no melhor momento para o
tratamento, por ainda existir um processo inflamatório. No tratamento das estrias
vermelhas, alguns estudos recomendam apenas o drug delivery, para evitar
hipercromias, outros, porém, indicam realizar o tratamento com agulhas maiores,
para provocar uma inflamação local e a regeneração do tecido. É imperativo
cuidar no tipo de pele na qual vamos causar a injúria, para evitar as
hipercromias.

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5.3 Ativos para tratamento de estrias

Nas estrias claras, é importante utilizar os ativos precursores de colágeno


e, entre as sessões, os pacientes utilizarem ativos hidratantes e nutritivos para
auxiliar na formação do colágeno. Também, podemos usar ácidos para provocar
uma circulação local maior e aumentar o processo inflamatório.
Nas estrias vermelhas, além dos precursores de colágeno, precisamos
utilizar ativos clareadores, que são: EGF, TGF, PGL, GAG, polidocanol
(tensoativo usado no tratamento de varizes), ácido hialurônico, condroitin
(regenerador e anti-inflamatório), vitamina C, silício orgânico, ácido glicólico e
Alpha Arbutin.

5.4 Técnica e número de sessões

Podemos usar o roller ou a caneta nos dois tipos de estria, com agulhas
de 1,5 mm para provocar uma injúria capaz de atingir a depressão no tecido.
Quando a região atingida é muito ampla, o roller será a melhor alternativa. Em
estrias muito antigas, antes de iniciar o tratamento, podemos realizar um peeling
cristal para estimular a circulação local e colocar os ativos já em seguida ao
tratamento para tentar estimular rapidamente a regeneração do tecido. Alguns
autores indicam colocar um ácido logo em seguida, outros discordam, pois
acham melhor intercalar as sessões.
O número de sessões varia bastante e o acompanhamento deve ser feito
pelo profissional, que deve indicar de quatro a oito sessões, com intervalo de
duas semanas. Em estrias pequenas, às vezes, duas sessões já trazem um bom
resultado. No entanto, o paciente deve saber que eliminar totalmente as estrias é
praticamente impossível. Sendo assim, o resultado esperado será a melhora do
aspecto.

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AULA 5

MICROAGULHAMENTO COM
ASSOCIAÇÕES COSMÉTICAS

Profª Maria Sônia Bezeruska Coraiola


INTRODUÇÃO

Uma das principais causas que faz o cliente procurar tratamento facial é
para reverter efeitos do envelhecimento da pele, que pode ter muitas causas,
como tendência genética, exposição solar, falta de cuidados adequados,
tabagismo, alimentação inadequada, exposição a poluição ou doenças.
Como a terapia de microagulhamento é pouco invasiva e bastante eficiente,
atualmente é um tratamento muito utilizado para reverter sinais de
envelhecimento, reduzir poros e despigmentar algumas manchas, entre elas o
melasma, a melanose periorbital e a queratose actínica. Esses tratamentos
sempre são acompanhados de produtos que possuem ativos essenciais.
Conhecer características e eficiência desses tratamentos, acompanhar estudos
científicos e saber as associações possíveis traz para o profissional uma gama de
possibilidades para oferecer aos seus pacientes.

TEMA 1 – MICROAGULHAMENTO PARA DESPIGMENTAÇÃO

Existem diversos estudos que comprovam melhoras em vários tipos de


hipercromia, tanto em melasma como em hipermelanose periocular.

Créditos: Ngukiaw/Shutterstock.

1.1 Melasma

Trata-se de hiperpigmentações em regiões mais expostas ao Sol, e seu


aparecimento tem diversas causas: alterações hormonais devido à gravidez ou
uso de anticoncepcionais, uso de alguns medicamentos, depilação, exposição

2
excessiva ao Sol, saunas, trabalho em lugares muito quentes, cosméticos
inadequados, fatores congênitos e peles secas e descamativas.
Como o melasma é um distúrbio de pigmentação crônico e que costuma
apresentar recidivas quanto mais agressivo é o tratamento, os profissionais estão
sempre procurando opções que façam a mancha regredir e não retornar mais
forte.

Créditos: Arterich/Shutterstock.

Vários estudos demonstram que associar microagulhamento a tratamentos


tradicionais potencializa os resultados. O tratamento deve ser indicado com
associações cosméticas adequadas, com ativos despigmentantes em bases
estéreis.
Peles com melasma são suscetíveis à hiperpigmentação inflamatória, e
devem ser evitadas injúrias muito profundas e com extravasamento de sangue.
Apesar de alguns médicos apresentarem estudos com agulhas de 1,5 mm e
aplicação de ativos, o profissional que prefere a segurança deve utilizar agulhas
de no máximo 0,5 mm e fazer o drug delivery com produtos específicos para
despigmentação. O tratamento, além de normalizar a melanogênese, melhora a
qualidade do melanócito e ajuda na comunicação celular. Esse processo também
vai equilibrar e melhorar a qualidade da pele.

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Os mesmos conceitos e orientações podem ser aplicados a melanoses
solares e hipercromias pós inflamatórias.

1.1.2 Ativos para microagulhamento no melasma

As indústrias cosméticas incluem em suas mesclas alguns ativos


despigmentantes que apresentam resultado no tratamento de melasma:

• Ácido tranexâmico: inibe a ação da enzima plasminogênio, evitando


coágulos durante cortes e impede a produção de melanina.
• Ácido kójico: tem efeito despigmentante, impedindo a produção de
melanina e a ação de bactérias.
• Sulfato de magnésio: melhora a função de barreira da pele, aumenta a
hidratação, reduz a inflamação e protege dos radicais livres.
• Vitamina C: tem ação clareadora e antioxidante.

1.1.3 Técnicas que podem ser associadas ao microagulhamento no


tratamento do melasma

Existem inúmeros tratamentos para melasma e entre os mais comuns estão


os cremes clareadores à base de retinoides, corticoides tópicos, ácido azeláico,
ácido kójico, glicólico e salicílico, que o paciente utiliza em domicílio. Para associar
o uso dos cremes clareadores é necessário saber a porcentagem de cada ativo e
montar um protocolo em que o paciente espere a cicatrização da pele para utilizar
o despigmentante noturno. Cremes com baixa porcentagem de ácidos podem ser
utilizados 48 horas após o microagulhamento. Normalmente, os cuidados com
cremes manipulados devem ser maiores, porque não podemos ter muita certeza
se o pH e a porcentagem correspondem ao rótulo.
Peelings químicos continuam a ser um ótimo aliado no tratamento do
melasma, mas devem ser superficiais, uma vez que tratamentos agressivos
costumam piorar o quadro. Intercalar peelings leves com sessões de
microagulhamento vai potencializar os efeitos do tratamento. Utilizar a
microdermoabrasão para remover camadas superficiais antes do
microagulhamento vai facilitar a penetração dos ativos, mas esse procedimento
deve ser suave para evitar que a pele fique frágil e suscetível a processos
inflamatórios intensos.

4
A luz intensa pulsada pode ser utilizada em alguns casos mais profundos,
mas só médicos podem indicar o tratamento porque o quadro pode piorar. O
microagulhamento, nesse caso, terá que ser indicado em um protocolo com
acompanhamento médico e deve-se associar nutricosméticos com ativos que
inibem as substâncias que favorecem a produção de melanina, como ácido
tranexâmico, e com antioxidantes, como vitamina C, flavonoides, carotenoides,
selênio, colágeno e minerais.

1.1.4 Técnica e número de sessões

O melasma costuma acometer lugares específicos na face. Durante a


avalição será necessário determinar as diferentes profundidades da mancha para
determinar em que locais será necessário aplicação mais profunda dos ativos.
Durante a aplicação do roller ou caneta, os ativos clareadores devem ser
colocados sobre a mancha. Nas partes que estiverem livres do escurecimento só
serão colocados ativos hidratantes.
O protocolo com o número de sessões e os tratamentos associados devem
ser elaborados logo após a avaliação, e os produtos para home care devem ser
indicados: usar despigmentante 10 dias antes do microagulhamento na área
afetada e durante o restante do tratamento, além da definição do filtro solar e de
suas repetições durante o dia, com receituário claro para o paciente, assim como
todos os cuidados a serem observados.
Um tratamento básico pode conter entre quatro e seis aplicações com
intervalos de quatro semanas; entre essas sessões, outras técnicas podem ser
intercaladas. Conforme o desenvolvimento e as reações do paciente o tratamento
pode ser reavaliado.

1.2 Melanose periorbital

O escurecimento da região periorbital possui causa multifatorial, como


transmissão genética, exposição excessiva ao Sol, hiperpigmentação pós-
inflamatória, vascularização excessiva, pele transparente, edema periorbital e
gordura palpebral irregular. Acomete de maneira igual ao redor dos olhos,
simetricamente, mas muitas vezes um olho mais que o outro. Pode afetar as
pálpebras superiores ou inferiores ou ambas.

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Créditos: Sruilk/Shutterstock.

O incômodo escurecimento afeta a aparência facial, conferindo aspecto


cansado ou doentio, causando dificuldades, muitas vezes, na aceitação social.
Como a região é extremamente sensível e delicada, os tratamentos não podem
ser muito agressivos e profundos, com risco de atingir o globo ocular. Vários
tratamentos são utilizados para clarear a olheira, como peelings químicos, laser,
carboxiterapia, preenchimentos e até cirurgias.
A hipercromia periorbital é classificada em dois tipos: vascular e melânica.
Mas, normalmente, as duas estão presentes concomitantemente. A vascular
geralmente tem origem familiar e aparece já na adolescência. A melânica tem fator
congênito como causa primária ou a fatores ambientais como causa secundária.
Fatores ambientais podem ser: estresse, tabagismo, alcoolismo, reações
alérgicas, distúrbios do sono e alimentação inadequada.
Há ainda outra causa que pode gerar o aparecimento do escurecimento
local, que é a flacidez advinda do envelhecimento, quando o colágeno e a elastina
sofrem degradação por exposição solar e há afinamento da pele criando linhas e
um sombreamento. Nenhum tratamento resolve completamente o problema, mas
amenizam o aspecto indesejado.

1.2.1 Ativos para tratamento de melanose periorbital com


microagulhamento

Os ativos que melhor se adaptam para tratar a região dos olhos e sua
hiperpigmentação são clareadores, hidratantes e preenchedores:

6
• TGP2 anti-inflamatório e despigmentante: por agir simultaneamente como
despigmentante para melanina e redutor do crescimento de pelos, o TGP-
2 Peptídeo é indicado para o clareamento.
• Ácido tranexâmico: regula a produção de melanina e é clareador para
manchas marrons acastanhadas.
• Extrato de magnólia: tem ação anti-inflamatória, suavizante, antioxidante e
iluminadora.
• Vitamina C: clareador, antioxidante; age na prevenção da pele
fotodanificada como hidratante e rejuvenescedor.
• Haloxyl: suaviza manchas arroxeadas, reduz a degradação da
hemoglobina.
• Ácido hialurônico: hidratante e preenchedor.
• Ácido glicirrizico: derivado do alcaçuz, é anti-inflamatório e
descongestionante.
• Ácido tricloroacético 10% (TCA): substância química cauterizante capaz de
provocar necrose da pele causando epidermólise profunda com processo
inflamatório residual; deve ser usado após o microagulhamento, e somente
por médicos.

1.2.2 Técnica e número de sessões

A região periorbital é constituída de tecidos mais finos e sensíveis, sendo


necessário usar agulhas no máximo de 0,5 mm, com objetivo de estimular
colágeno e pelo drug delivery introduzir ativos hidratantes, preenchedores,
clareadores e anti-inflamatórios. Existe um roller mais fino, especial para a região
orbital, ou pode ser usada uma caneta, com muita habilidade, que são os
dispositivos mais indicados pelo controle na aplicação.
O número de sessões pode quatro, com intervalos de 4 semanas. Mas é
preciso avisar ao paciente que como é trata-se de tendência constitucional ele
deve retornar depois, com frequência, e realizar uma sessão para manter o
resultado. A utilização de cremes em domicílio com ativos específicos para
olheiras é imprescindível, e a drenagem facial associada à técnica vai auxiliar na
redução dos edemas e das bolsas.

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Créditos: Robert Przybysz/Shutterstock.

O microagulhamento pode ser associado a diversas técnicas, como


peelings despigmentantes, carboxterapia e preenchimentos, sempre intercalando
as sessões. Quanto mais estimulada a região melhor será o resultado.

TEMA 2 – MICROAGULHAMENTO NA QUERATOSE ACTÍNICA

São lesões causadas pelo excesso de exposição solar, pelos raios


ultravioletas. São consideradas pré-malignas, porque com o tempo podem se
tornar um carcinoma de pele, sendo necessário tratar para evitar que se tornem
câncer de pele. Normalmente, pessoas mais claras apresentam essas lesões, que
e costumam aparecer mais em idosos. Os raios UV são cumulativos e seus danos
aparecem após os 50 anos, quando o paciente se expõe muito ao Sol sem
proteção. Aparecem em regiões mais expostas, costumam ser ásperas e mais
elevadas e as vezes tem aspecto avermelhado.

Créditos: Dermatology11/Shutterstock.

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No tratamento dessas manchas é recomendado uma consulta com o
dermatologista para uma avaliação e até uma biópsia, se necessário. Existem
tratamentos efetivos para retirada ou cauterização dessas manchas que podem
ser potencializados com a aplicação do microagulhamento. A utilização de LED
azul e vermelho associados no tratamento foi descrita em alguns estudos também
como auxiliares. Apenas o microagulhamento é insuficiente para eliminar a
queratose actníca, mas o estímulo do colágeno no local para aumentar e
regularizar a pele vai proporcionar um tecido mais homogêneo.

2.1 Ativos para tratamento da queratose actínica

Como se trata de lesão pré-maligna, os cuidados com ativos devem ser


redobrados. Após ter certeza de que é possível tratar, o mais prudente é consultar
o médico e verificar se este recomenda a utilização de ativos clareadores e
hidratantes. Com certeza, os fatores de crescimento são contraindicados por
estimularem a reprodução celular. Provavelmente só será possível usar ácido
hialurônico e vitamina C; por recomendação médica será possível usar algum
ácido.

2.2 Técnica e número de sessões

Utilizar roller ou caneta sobre a região que apresenta essas lesões,


principalmente como tratamento preventivo, para estimular o colágeno e fortalecer
a epiderme e a derme é uma indicação mais apropriada, ainda associando a
fototerapia. O número de sessões deve obedecer a uma pré-avaliação em
conjunto com médico, e a agulha pode ser no máximo 0,5 mm. A responsabilidade
profissional é muito importante na hora de estabelecer um protocolo, e ainda não
existem estudos conclusivos quanto ao real benefício do microagulhamento
nessas lesões.

TEMA 3 – MICROAGULHAMENTO NO REJUVENESCIMENTO

Rejuvenescer significa parecer mais jovem, remoçar e restituir a juventude.


Sabemos que não é possível voltar a idade, mas podemos melhorar a aparência
para parecer mais jovem – esse costuma ser o principal desejo de quem procura
tratamento estético.

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O microagulhamento por ser minimamente invasivo e ter resultados logo
na primeira sessão; é uma ótima opção de tratamento para rugas, linha de
expressão, flacidez da pele, peles com atrofia e redução de espessura, peles
opacas e com aspecto envelhecido. As principais ações do microagulhamento
para rejuvenescimento são: estimulação de fibroblastos, liberação de fatores de
crescimento, síntese de colágeno, melhora na microcirculação, aumento da
espessura da epiderme e da derme, clareamento de manchas e a melhora
significativa geral da pele.
Alguns estudos demonstram que após três meses de tratamento aparecem
a síntese de colágeno I, III e VII e a organização das fibras de colágeno e elevação
geral no nível de elastina. Esse processo continua por um ano, e o colágeno tipo
I, que se forma na fase cicatricial, permanece por até sete anos. Existem estudos
também relatando a melhora do colágeno em tratamentos nas mãos, no pescoço
e em rugas em geral. Em um mesmo tratamento podemos melhorar a flacidez,
minimizar rugas dinâmicas, corrigir rugas estáticas.
Ao considerar as principais queixas do paciente, o profissional pode
elaborar um tratamento voltado para essas áreas, mas não deixando de fora toda
a região para permitir um resultado homogêneo e duradouro.

Créditos: Andrey_Popov/Shutterstock.

3.1 Ativos para rejuvenescimento

Nesse tratamento é necessário utilizar ativos que auxiliem em hidratação,


regeneração, iluminação, clareamento e substâncias precursoras de colágeno.
Além dos ativos usados no drug delivery incluir no tratamento utilização de

10
cosméticos a base de vitamina C, ácido hialurônico, ativos tensores e para
flacidez, como o DMAE.

• Ácido hialurônico: hidratante e preenchedor.


• Vitaminas A e E: antirrugas; atuam na firmeza, renovação e regeneração
da pele.
• Ácido nucleico: armazena e transmite informações genéticas. O RNA é um
ácido nucleico relacionado à síntese de proteína.
• Coenzima Q10 (ubiquinona): antioxidante, responsável pela produção da
energia nas células.
• Aminoácidos: fatores naturais de hidratação da pele.
• Resveratrol: antioxidante derivado da uva.
• DMAE (dimetilaminoetanol): aumenta a produção do neurotransmissor
acetilcolina (responsável pela contração muscular), combate flacidez,
rugas finas e tem efeito lifting.
• Silício orgânico: oligoelemento que estimula a biossíntese das fibras de
sustentação da pele. Reforça a membrana celular auxiliando a manutenção
do teor hídrico. É parte importante na estrutura do colágeno e da elastina.
• Ácido Alfa Lipóico: antioxidante.
• EGF (fator de crescimento epidermal): acelera o processo de renovação
celular, previne rugas e linhas, regulariza a superfície da pele e recupera a
aparência do tecido.
• IGF (Fator de crescimento Insulínico): ativa geração de novas células,
aumenta os níveis de colágeno e elastina.
• b-FGF (fator de crescimento fibroblástico básico): estimula fibroblastos,
reduz linhas e rugas, repara cicatrizes, fortalece a elasticidade, induz a
síntese de colágeno e elastina.
• Vitamina C: antioxidante, clareadora, auxilia no aumento dos níveis de RNA
mensageiro para formação do colágeno tipos 1 e 3. O colágeno para
realizar a hidroxilação necessita de vitamina C e ferro.

Existe uma discussão a respeito da utilização dos fatores de crescimento


no microagulhamento. Alguns autores são contra por não haver estudo suficiente
se esses ativos, por atuarem na proliferação celular, podem gerar descontrole
nessa proliferação e formar algum tipo de tumor cancerígeno. Não há nenhum
estudo que comprove isso, mas é necessário ter cautela.

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3.2 Técnica e número de sessões

Para rejuvenescimento podemos trabalhar tanto com o roller como com a


caneta. A área a ser trabalhada pode ser face, pescoço, colo, mãos, braços,
interno de coxa, partes íntimas. O equipamento deve ser escolhido em
conformidade com a área a ser trabalhada. A técnica é sempre a de asterisco para
roller e em linhas para a caneta.
O número de sessões vai depender da idade do paciente e de quanto
estiver danificada a pele. Normalmente indicamos de três a cinco aplicações, com
espaço de quatro semanas. O tamanho da agulha deve variar de 0,5 mm a 1,5
mm. Ainda, é necessário recomendar um retorno a cada seis meses no mínimo,
para manter o resultado.

TEMA 4 – MICROAGULHAMENTO NA REDUÇÃO DE POROS DILATADOS

Peles oleosas ou mistas costumam apresentar poros dilatados devido ao


excesso de sebo. Além da produção de sebo, o acúmulo de resíduos e sujidades,
como poluição e maquiagem, podem causar esse problema. Existe também um
fator hereditário e a falta de cuidados com a pele.
Para tratar os poros com microagulhamento é necessário, em primeiro
lugar, limpeza de pele com no mínimo 48 horas de antecedência. Orientar o cliente
sobre que tipo de cosméticos usar, deixando de lado substâncias muito
agressivas, à base de álcool, não usar sabonetes agressivos, não lavar muito o
rosto, e procurar usar produtos matizantes e tônicos calmantes.
O microagulhamento vai estimular os fibroblastos, liberar fatores de
crescimento que aumentam a espessura da derme e da epiderme, melhorando o
aspecto da pele e fazendo a retração dos poros.

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Créditos: Geinz Angelina/Shutterstock.

Associar peelings suaves de salicílico ou glicólico entre as sessões para


retirar resíduos e pele morta que promovem a dilatação do poro, vai auxiliar nessa
retração.

4.1 Ativos para retração dos poros.

O objetivo maior nesse tratamento é controlar a oleosidade, manter a pele


hidratada e estimular colágeno. Os ativos que mais vão ajudar durante o
microagulhamento serão os formadores de colágeno e hidratantes.

• Osmosis® (exclusivo da linha Ellementti): tem as ações de luminosidade,


balanço iônico, estimulação de fatores celulares, suporte nutricional,
proteção celular, regeneração viscoelástica.
• Nano IDP2: peptídeo nano-encapsulado, promove cicatrização e
preenchimento.
• Sin® Coll: peptídeo sintético, aumenta o colágeno, ativa o fator de
crescimento TGF-β e protege a degradação do colágeno
• Nano vitamina A: estimula a produção de colágeno nano-encapsulada
(maior estabilidade da vitamina A).
• Vitamina C.

4.2 Técnica e número de sessões

A pele deve estar limpa, sem comedões e oleosidade. A aplicação do roller


ou da caneta deve ser feita sobre área afetada, junto aos ativos. Se o paciente
quiser pode estender para toda a face com menor intensidade, conferindo pele
13
uniforme. A agulha deve ser de 0,5 mm, com sessões intervaladas por quatro
semanas ou mais. O número de sessões pode ser de três a cinco, de acordo com
o efeito e o resultado obtidos. Os cuidados no pré e pós-microagulhamento vão
interferir de maneira decisiva no resultado. Uma boa orientação de cosméticos à
base de vitamina C em home care e sessões de peelings e limpeza de pele
também são necessárias.

TEMA 5 – MICROAGULHAMENTO NO TRATAMENTO DA HLDG


(HIDROLIPODISTROFIA GINOIDE)

A lipodistrofia ginoide, popularmente conhecida como celulite, pode receber


o auxílio no tratamento com o microagulhamento. Essa alteração estética possui
várias classificações e com diversos aspectos. Pode ter alterações no relevo
cutâneo com aspecto casca de laranja, nódulos, edemas, aderências e flacidez
tissular.
A técnica pode auxiliar no tratamento estimulando a liberação de fatores de
crescimento, aumentando a microcirculação local, oxigenando o tecido,
melhorando a flacidez e melhorando o aspecto geral da pele. Deve ser sempre
associado a outras técnicas, como drenagem linfática, ultrassom, tratamentos
cosméticos e carboxterapia. A técnica a ser utilizada normalmente é o drug
delivery, mas em casos de flacidez em que a pele se encontra mais solta e existe
a necessidade de mais estímulo para induzir colágeno, agulhas maiores podem
ser usadas.

5.1 Ativos para HLDG

Os ativos indicados são os vasodilatadores, vasoprotetores, precursores de


colágeno.

• Hialuronidase: enzima que aumenta a absorção de líquidos e de sangue


extravasados nos tecidos.
• Silício orgânico: oligoelemento que estimula a biossíntese das fibras de
sustentação da pele, reforça a membrana celular auxiliando a manutenção do teor
hídrico; é parte importante na estrutura do colágeno e da elastina.
• Pentoxifilina: medicamento que melhora a circulação sanguínea.
• Benzopirona: medicamento que tem ação linfocinética, reduz edemas.
• Blufomedil: medicamento que atua na melhora da microcirculação.
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• Dmae: aumenta a produção do neurotransmissor acetilcolina (responsável
pela contração muscular); combate a flacidez.
• GAG: apoiar o colágeno, a elastina e a turgidez nos espaços celulares,
mantendo as fibras proteicas em equilíbrio; auxilia as fibras de colágeno a
reter a umidade.
• D-pantenol – pró-vitamina B5: hidratante, anti-inflamatório, precursor da
glutationa que é antioxidante.
• Cafeína: tem efeito lipolítico.
• L-carnitina: auxilia na degradação dos triglicerídeos dentro das
mitocôndrias e organelas; é um transportador de gordura e termogênico.
• Lipase: atua na quebra de triglicerídeos, reduzindo o acúmulo de gordura.
• X-Solve®: extraído da planta ximenia caffra, melhora a microcirculação,
aumenta o fluxo sanguíneo dos vasos capilares superficiais.

5.2 Técnica e número de sessões

O melhor equipamento é o roller, pois a área é extensa. O tamanho da


agulha para drug delivery será de 0,5 mm e para indução de colágeno de 1 a 1,5
mm; agulhas maiores podem prejudicar o tratamento da HLDG. Sempre que for
associar com ultrassom ou outro equipamento é melhor alternar as sessões ou
aplicar antes do microagulhamento. O número de sessões depende do grau e
estado geral, se apresenta fibroses ou só edemas. Normalmente, de três a oito
aplicações com no mínimo quatro semanas de intervalo.

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REFERÊNCIAS

AUST, M. C. et al. Indução percutânea de colágeno: rejuvenescimento da pele


minimamente invasivo sem risco de hiperpigmentação – fato ou ficção? Cirurgia
Plástica e Reconstrutiva. 2008.

HAUSAUER, A. K.; JONES, D. H. PRP e Microagulhamento em Medicina


Estética. Rio de Janeiro: Editora Thieme, 2020.

NEGRÃO, M. M. C. Microagulhamento Bases Fisiológicas e Práticas. 2. ed.


São Paulo: Editora CR8, 2017.

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AULA 6

MICROAGULHAMENTO COM
ASSOCIAÇÕES COSMÉTICAS

Profª Maria Sônia Bezeruska Coraiola


INTRODUÇÃO

A técnica de microagulhamento pode ser associada a muitos outros


recursos de eletroterapia e da cosmetologia para potencializar seus efeitos e
conseguir chegar mais rapidamente ao resultado desejado.
Um grande recurso para diversos tratamentos é a radiofrequência, muito
utilizada em diversos problemas como acne, cicatrizes de acne, linhas finas,
rugas, flacidez tissular e rosácea. Para esses mesmos problemas, o
microagulhamento é um excelente recurso. A combinação entre eles é possível e
traz mais eficácia ao tratamento.
Um recurso mais atual é a radiofrequência fracionada, que já traz no
aparelho o recurso das agulhas para microagulhar e trouxe um tratamento
diferenciado e mais profundo para diversas intercorrências.
Associar peelings e cosméticos ao microagulhamento possibilita uma maior
permeação dos cosméticos utilizados, aumentando a nutrição, a hidratação, o
clareamento, a drenagem e ocasionando melhora geral nos problemas tratados.
Conhecer e entender o que pode ser associado e em qual condição é o que
diferencia o profissional de sucesso.

TEMA 1 – MICROAGULHAMENTO E RADIOFREQUÊNCIA

Radiofrequência são oscilações eletromagnéticas criadas por corrente


alternada, que variam entre 3 a 30 KHz, nas frequências muito baixas, e 30 a 300
GHz. A energia gerada vai penetrar nos tecidos, ser absorvida e retransmitida.
O comprimento da onda gerada é curto e produz uma vibração molecular
(moléculas de água, aminoácidos e ácidos nucleicos) que se transforma em
energia térmica. Esse aquecimento atua na contração das fibras elásticas e na
melhora da circulação sanguínea.

1.1 Associação das duas técnicas: microagulhamento e radiofrequência


(MRF)

Existem poucos estudos que relatam a associação da radiofrequência na


remodelação dérmica associada ao microagulhamento.

2
A radiofrequência desnatura o colágeno existente para estimular a
formação de um novo e o microagulhamento estimula fatores de crescimento que
auxiliam na formação de colágeno.
Como o colágeno resultante do microagulhamento costuma durar acima de
três meses, o recomendado é que as sessões de radiofrequência aconteçam
antes do início das sessões de microagulhamento, para evitar sua degradação.
Ambas as técnicas oferecem bons resultados nos tratamentos de
cicatrizes, aderências e principalmente flacidez tissular.
Quando o microagulhamento é utilizado apenas como “drug delivery”, as
sessões podem ocorrer no mesmo dia ou em sessões intercaladas. No mesmo
dia, a radiofrequência deve ser antes do microagulhamento.

TEMA 2 – MICROAGULHAMENTO E PEELINGS

A técnica do microagulhamento não remove a epiderme, mas a trata com


injúrias, rompendo a integridade cutânea por meio da penetração das agulhas e
gerando um processo de cicatrização.
Ao examinar uma pele, é necessário avaliar o aspecto da capa córnea e da
epiderme. Peles muito queratinizadas, desvitalizadas ou manchadas precisam de
um tratamento mais completo.
É importante preparar a pele antes de iniciar o tratamento, planejar como
continuar a penetração de ativos entre as sessões – para auxiliar na regeneração
tecidual. O clareamento de manchas requer um conhecimento sobre a associação
de peelings, clareadores, esfoliantes e enzimas.
A pele tem função de barreira, principalmente o extrato córneo, por
intermédio dos corneócitos, que formam uma espécie de parede, ligadas por uma
matriz formada por lipídios. Essa barreira pode conter de 14 a 30 camadas que
dificultam a penetração de macromoléculas. Algumas peles podem conter até
50 camadas, que vão dificultar a penetração de ativos. São aquelas peles
espessas e compactas.

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Figura 1 – Pele: barreira

Crédito: Kuttelvaserova Stuchelova/Shutterstock.

2.1 Peelings químicos

Para reduzir o extrato córneo, um dos recursos é o peeling químico, que


produz um dano controlado e promove a descompactação dessa camada.
Em geral, os ácidos utilizados apresentam um PH inferior ao da pele (4,5 a
5,5), tornando-a mais ácida, o que resulta em uma descamação do extrato córneo
e, portanto, em uma pele mais permeável.
Existem diversos tipos de ácidos com diferentes graus de agressividade,
alguns até apresentam toxicidade, como é o caso do Fenol. Para associá-los com
o microagulhamento, o ideal será utilizar ácidos menos agressivos, mas que
consigam afinar o extrato córneo.
Os mecanismos de ação dos peelings são interferência metabólica, acidez
e toxidade. Na área da estética, utilizamos mais a ação da acidez controlada,
apenas com o objetivo de reduzir as camadas do extrato córneo.
Quando provocada a descamação da capa córnea, citocinas e mediadores
de inflamação são liberados, o que provoca a produção de colágeno e aumenta o
volume dérmico.
Optar por peelings químicos em um tratamento combinado de terapias têm
objetivos determinados, como eliminar camadas do extrato córneo que estejam
danificados ou compactados, controlar a oleosidade e estimular fibroblastos para
produzir colágeno e melhorar a irrigação local.

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Figura 2 – Esfoliação

Crédito: Designua/Shutterstock.

2.1.1 Indicações e contraindicações de peelings químicos

Uma análise do estado geral da pele vai indicar ou não a necessidade de


associar peelings químicos no protocolo de tratamento.
A indicação dessa associação está relacionada ao quadro apresentado:

• pele com fotoenvelhecimento moderado a grave;


• acne e suas cicatrizes, com a presença de seborreia;
• discromias, como melasma, efélides e manchas senis;
• hiperpigmentação pós-inflamatória;
• para aumentar a permeação cutânea.

Antes de indicar o uso de peelings, é necessário observar algumas


contraindicações absolutas e relativas. As contraindicações absolutas são
aquelas que impedem totalmente a aplicação dos ácidos no local, como:

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• câncer de pele;
• herpes simples ou zoster ativa;
• pós-operatórios recentes;
• gravidez;
• feridas abertas;
• alergias a ácidos.

Contraindicações relativas são aquelas que podem ser momentâneas ou


que se deve ter mais cautela antes de aplicar a técnica, como:

• peles com eritema solar presente;


• diabetes não controlada;
• portadores de HIV;
• utilização de medicações irritantes e que possam causar lesões;
• depilação com cera quente;
• pessoas em tratamento de câncer ou outra doença grave;
• tabagismo;
• pouca eficiência por falta de circulação.

2.1.2 Tipos de peelings indicados

Para escolher o melhor ácido em uma associação de tratamentos,


precisamos levar em conta suas propriedades para favorecer nossos objetivos e
evitar danos ao paciente.
Alguns ácidos se apresentam como mais seguros e eficientes.
Um dos mais seguros e que pode ser utilizado é o ácido mandélico, que é
um tipo de alfa hidroxi ácido (AHAs) cuja cadeia carbônica é grande e que é pouco
irritativo se comparado ao glicólico. É muito utilizado em tratamento de
fotoenvelhecimento, manchas superficiais e acne. As indústrias cosméticas têm
uma limitação e podem industrializá-lo somente com concentração de 10% e pH
de 3,5228, o que não provoca descamação. Alguns profissionais podem mandar
manipular com pH de 2,5 e com 30% de concentração, já normatizado pela
RDC n. 67, de 8 de outubro de 2007. Nessa concentração, ele atinge somente o
extrato córneo. O profissional que solicita a manipulação desse ácido deve ter
conhecimento de cosmetologia e ter total confiança no local de manipulação
porque, se o pH estiver muito baixo, pode causar bolhas e queimaduras, bem
como hiperpigmentar a pele.
6
Uma nova geração de ácidos alpha hidroxi está sendo muito utilizada, que
são os poli hidro ácidos (PHAs), mais suaves e que atuam na melhora do aspecto
geral da pele. Entre eles, estão a gluconolactona e o ácido lactobiônico, que
apresentam moléculas maiores, uma penetração mais lenta e menos efeitos
colaterais. Além de reduzir as camadas mais superficiais da capa córnea,
reforçam a função barreira, melhoram a hidratação, aumentam os canais de
aquaporina, são antioxidantes e melhoram a proteção da pele. Podem ser
utilizados inclusive em peles sensíveis. A gluconolactona proporciona um
tratamento suave, não causa irritações, porém, tem um excelente resultado,
comparáveis ao do ácido glicólico. Pode ser utilizado inclusive nos fototipos mais
altos, nas pessoas com rosácea, com dermatite atópica e outros problemas como
hiperqueratose, psoríase e infecções fúngicas. A gluconolactona pode ser
manipulada com outros ácidos, como o ferúlico e o ácido elágico.
Um peeling contendo ácidos deve sempre obedecer a um intervalo de no
mínimo 15 dias antes do microagulhamento ou de 30 para outro peeling.
Além dos ácidos, é possível utilizar enzimas, que são proteínas com
atividades biocatalíticas. Elas hidrolisam proteínas e são usadas em esfoliações
cutâneas. Degradam a proteína, os lipídeos e os açúcares, fazendo com que
fiquem mais solúveis de modo a facilitar a eliminação das camadas mais
superficiais do extrato córneo.
Algumas enzimas como a bromelina, a papaína e a alfa-amilase agem com
eficiência na esfoliação e redução do espessamento. A bromelina quebra as
proteínas secretadas na pele, que se transformam em aminoácidos e são
eliminados. A papaína (casca de mamão, usada para amaciar carne) transforma
proteínas, pectinas, açúcares e lipídios, hidrolisando-os e facilitando sua
eliminação. A alfa-amilase atinge mais os açúcares. Esses esfoliantes devem ter
pH 6 e 6% de concentração, e podem ser aplicadas com intervalos de 15 dias,
dependendo da pele.
O mais eficiente dos peelings é a tretinoína tópica (ácido retinoico), mas
pode ser usada somente por médicos, porque é classificada como medicamento.
Esse ácido age reinvaginando as papilas dérmicas, melhorando o contato da
derme com a epiderme e aumentando o aporte nutricional e de hidratação.
Contudo, pode causar lesões e complicações se aplicado por profissional não
qualificado.

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Com o extrato córneo reduzido e mais tratado, o tratamento terá uma
resposta mais visível e a pele vai apresentar um aspecto mais saudável.
É necessário lembrar que os peelings não devem ser realizados na mesma
sessão, para evitar uma super sensibilização da área. Os espaços entre as
sessões devem respeitar sempre os 15 dias para regeneração do tecido.

Figura 2 – Peeling

Crédito: Tugol/Shutterstock.

TEMA 3 – MICROAGULHAMENTO E ASSOCIAÇÕES COSMÉTICAS

A utilização de ativos cosméticos associados ao microagulhamento é


amplamente estudada para evitar substâncias irritativas e alergênicas que
possam atingir o funcionamento celular ou causar respostas imunes.
As indústrias cosméticas fabricam inúmeras melanges com diferentes
objetivos, obedecendo a critérios de segurança.
Alguns ingredientes não podem ser utilizados, como: corantes, fragrâncias,
produtos alcalinos, produtos ácidos, tensoativos, parabenos, metais, derivados do
petróleo (óleo mineral), emolientes (lanolina, silicones), filtro solares e ativos de
origem animal (lanolina, beeswax, ceras, geleia real, proteínas). Esses produtos
podem causar reações, alergias, obstruir poros, dermatites, têm toxidade etc.

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3.1 Segurança dos ativos para associação no microagulhamento

A elaboração de produtos seguros para utilização no microagulhamento


precisa considerar alguns pontos, como concentração segura dos ativos,
interação entre estes e o tipo de embalagem adequada.
Quanto à concentração, deve obedecer a estudos e experimentos que
demonstrem que ela não causa efeitos sistêmicos adversos e que alcança os
objetivos necessários. Essa concentração precisa apresentar margem de
segurança. Nesse quesito, os produtos industrializados são mais confiáveis
porque geralmente resultam de testes de eficiência e de poder alergênico.
A interação entre os ativos também precisa ser avaliada e alguns não
podem ser associados a outros, como a vitamina C, por exemplo, que em contato
com outros ativos pode perder seu poder antioxidante e clareador.
A embalagem deve restringir seu contato com o ambiente, para evitar
contaminações, e alguns ativos precisam de recipientes que não possibilitem a
entrada de luz, como a vitamina C, para evitar sua oxidação.

3.2 Ativos e suas funções

Estudando os ativos mais usados em microagulhamento, vamos encontrar


alguns que aparecem em diversas disfunções. São aqueles que têm a função de
estimular o funcionamento celular e colaboram com as reações bioquímicas e
fisiológicas tecidual, bem como ajudam na síntese de proteínas. Eles são
chamados de eutróficos.

3.2.1 Ativos eutróficos

São ativos universais, que podem ser usados em qualquer tratamento


porque auxiliam todo o funcionamento das células que formam o tecido epitelial.
Por exemplo, o Osmosis®, complexo que estimula as funções celulares formado
por 14 aminoácidos – arginina, aspartic acid, alanine, glycine, histidine,
hidroxiprolina, isoleucina, lisina, PCA, phenylalanine, proline, threonine e valine),
seis vitaminas (vitaminas A, C, E, Nicotinamida, vitaminas B5 e B6), cinco
oligoelementos (magnésio, manganês, silício, sódio e zinco) e três agentes
hidratantes (PCA-NA, ácido hialurônico, lactato de sódio.

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3.2.2 Ativos indutores e preenchedores

Os ativos indutores e preenchedores restauram a derme, induzem a


produção de fibras colágenas, a elastina e auxiliam no preenchimento de rugas e
linhas de expressão. Esses ativos são usados nos tratamentos de
rejuvenescimento, em cicatrizes e estrias.
O mais utilizado é o ácido hialurônico, uma glicosaminoglicano, que atrai
grande quantidade de água na pele, aumentando a hidratação tanto superficial
como profunda. Ele apresenta diferentes pesos moleculares.
Com alto peso molecular, o ácido hialurônico forma um filme protetor que
evita a perda hídrica transepidérmica. O de médio peso molecular tem a função
de reforçar as defesas da pele, acelerar a cicatrização e reduzir o crescimento de
bactérias. Com baixo peso molecular, estimula a produção de ocludinas, que
reforçam a coesão entre as células e previne a perda transepidérmica.

3.2.3 Ativos sinalizadores e precursores dos fatores de crescimento

Os peptídeos sinalizadores têm função na modulação da proliferação das


células do tecido epitelial, na migração das células, na inflamação, melanogênese,
na síntese de proteínas e na angiogênese.
São quatro os tipos de peptídeos mais utilizados na técnica de
microagulhamento: de sinalização, inibidores de enzima, transportadores e
inibidores de neurotransmissores.
Os peptídeos de sinalização aumentam a renovação da derme pela
estimulação dos fibroblastos, inibindo a colagenase e aumentando a produção de
substância fundamental, auxiliando na melhora da aparência de linhas e rugas.
Os mais utilizados são: Matrixyl ®3000, Matrixyl®synthe’6, Syn-Coll®, Syn-
Hycan®, Syn®-TC, IDP-2 Peptídeo, Lipoxyn e Ativação de NFKß.
Os peptídeos inibidores de enzima inibem enzimas que existem na pele.
São aminoácidos (peptídeo do arroz) que inibem a metaloproteinase (degradam
a matriz extracelular).
Os peptídeos transportadores auxiliam na cicatrização da pele. O principal
é o cobre peptídeo, que auxilia na cicatrização de feridas, na angiogênese e em
processos enzimáticos.
Os peptídeos inibidores de neurotransmissores reduzem rugas de
expressão, inibindo a acetilcolina. Eles modulam a tensão muscular e reduzem a

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frequência das contrações das células musculares, com efeito parecido ao botox,
além de aumentarem o número de fibroblastos. São eles: Syn-Ake®, Argilerine®
e Leuphasyl®.

3.2.4 Ativos com fatores de crescimento

Nossas células normalmente produzem todos os fatores de crescimento de


que necessitamos, e o microagulhamento estimula mais essa produção.
Com a idade, pode haver uma redução na produção desses fatores, o que
piora a comunicação celular. A redução desses fatores de crescimento pode
acelerar o envelhecimento cutâneo.
Em vários tratamentos com microagulhamento, podemos acrescentar
nanofatores de crescimento para aumentar a matriz extracelular que vão estimular
o crescimento de células jovens, as quais vão produzir novamente esses fatores.
Esse processo de renovação celular contribui para o rejuvenescimento da pele.
Nanofatores são revestimentos nanolipossomados das moléculas, o que
garante estabilidade e biodisponibilidade real.
Os nanofatores mais utilizados no rejuvenescimento são:

• Nanofactor® EGF (fator de crescimento epidermal) – reduz a pigmentação


da pele e acelera a renovação celular;
• Nanofactor® bFGF (fator de crescimento fibroblástico básico) – atua nos
fibroblastos como sinalizador e age na matriz extracelular;
• Nanofactor® TGFß-3 (fator de crescimento transformador) – atua em
conjunto com o bFGF no estímulo da produção da matriz extracelular, como
também previne fibrose;
• Nanofactor® IGF (fator de crescimento insulínico) – estimula a cicatrização
e remodelação do tecido de granulação saudável;
• Nanofactor® C (decapeptídeo 4, ascorbyl phosphate sodium) – vitamina C
estabilizada nanosferizada associada de Peptídeo bioidêntico® (fração
ativa e concentrada do fator de crescimento insulínico), ação antioxidante
simultânea à ação eutrófica e síntese de macromoléculas de sustentação
da derme.

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3.2.5 Ativos usados nos distúrbios pigmentares (melasmas,
hiperpigmentações)

Os ativos mais utilizados nas despigmentações são aqueles que inibem a


tirosinase, antioxidantes, anti-inflamatórios, clareadores, que atuam na inibição da
síntese de melanina e quelante de ferro. Esses ativos devem ser pouco agressivos
à pele, quando usado no microagulhamento, para evitar complicações e irritação.
Os mais indicados são ácido fítico, aqua licorice, TGP2 Peptídeo (Oligopeptídeo)
e ácido tranexâmico.

3.2.6 Ativos usados na melanose periorbital

Um pouco diferente das outras manchas, os ativos para essa desordem


são mais dirigidos para tratar olheiras e bolsas, tem ação drenante, ação
descongestionante, ocasionam a melhora da circulação local, reduzem apoptose,
são queladores de ferro, redutores de melanina e hemossiderina, combatem a
glicação e promovem a construção dérmica. Os mais usados são: Haloxyl,
Sylimarin, Beautifeye, Eyeseryl® e Regu-Age®.

3.2.7 Ativos usados nos tratamentos corporais e estrias

Muitos dos ativos utilizados nos tratamentos faciais também são utilizados
nos tratamentos corporais, como eutróficos, rejuvenescedores, preenchedores e
fatores de crescimento, mas alguns ativos são específicos para tratamentos
corporais. São ativos que previnem e reparam estrias, são reguladores do tecido
conjuntivo, promovem angiogênese, ação anti-inflamatória, equilibram a produção
de fibras colágenas e tem ação queloidal. São eles: Regestril® (Phaseols lunatus,
rutina e matriquinas) e a Centella Asiática.

TEMA 4 – APLICAÇÕES EM DIFERENTES TONALIDADES DE PELE

Tratar a peles de diferentes tonalidades sempre foi um desafio na estética


pela facilidade de hiperpigmentação pós-inflamatória e intercorrências na
cicatrização, como queloides e despigmentação, que ela apresenta.
A pele negra tem maior teor de melanina e disseminação de
melanossomos, mais fibroblastos, extrato córneo mais espesso (tem mais

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queratinócitos), seu pH é mais baixo que a pele branca e apresenta tendência a
estrias lineares.
Na classificação de Fitzpatrick, as peles do tipo III a VI são gradativamente
mais escuras porque a quantidade de melanina produzida pelos melanossomos
dentro dos queratinócitos é maior em razão do tamanho – eles são maiores – e a
quantidade – são mais numerosos.

Figura 3 – Tonalidades de pele

Crédito: Naeblys/Shutterstock.

Os melanossomos nas peles mais escuras estão espalhados nas camadas


da epiderme, enquanto nas peles claras situam-se na camada basal, abaixo da
epiderme.
A diferença de resposta à ação dos raios ultravioleta (UV) está relacionada
à presença maior da proteína 1, que aumenta a atividade da tirosinase e provoca
um aumento na síntese de melanina e no tamanho do melanossomo.
O aumento da espessura da pele de tonalidade diferente se dá pela
presença de camadas de células cornificadas e conteúdo lipídico maior. No
tratamento do envelhecimento cutâneo, esse engrossamento precisa ser
considerado.
Tratamentos ablativos como laser, peelings químicos e dermoabrasão
podem ocasionar efeitos adversos em peles de diferentes tonalidades como
cicatrizes, hiper e hipopigmentação.
A técnica do microagulhamento mantém a capa córnea e causa uma injúria
leve na epiderme, fazendo com que a cicatrização seja mais rápida com menor
risco de cicatrizes e infecções. Outro benefício é que não há energia térmica,
evitando danos ocasionais pelo calor.

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4.1 Técnica do microagulhamento em diferentes tonalidades de pele

A técnica é parecida com a aplicada em fototipos mais baixos, porém, a


utilização do tamanho da agulha deve ser observada. Quanto maior a agulha, mais
tempo leva a recuperação e cicatrização, o que favorece o aparecimento de
intercorrências. O recomendado são agulhas de no máximo 0,5 mm.
A utilização de agulhas, se necessário, precisam ser testadas em regiões
menos visíveis para avaliar a reação da pele.
Combinar microagulhamento com ativos antioxidantes e ácido hialurônico
auxiliam na cicatrização da pele. O intervalo entre as sessões deve ser maior em
peles de fototipo alto, para possibilitar a cicatrização completa.
Como as peles tipo IV, V e VI têm uma tendência maior à oleosidade e
acne, equilibrar a microbiota da pele com pré-bióticos e pós-bióticos a auxiliará a
reduzir os poros, melhorar o funcionamento das glândulas sebáceas e reduzir os
processos inflamatórios.

4.2 Rejuvenescimento da pele de tonalidade diferente com


microagulhamento

Peles de diferentes tonalidades apresentam maior número de fibroblastos


e mais ativos, ao mesmo tempo que tem menos colagenase (enzima que degrada
o colágeno). O microagulhamento estimula a formação de colágeno, e como a
degradação é menor, pode ocorrer um aumento anormal, formando os queloides.
O envelhecimento dessa pele é mais lento, exatamente por degradar
menos o colágeno.
Para tratamento de estímulo de colágeno, é preciso avaliar a técnica a ser
usada. após uma avaliação criteriosa, se a pele estiver envelhecida e
necessitando de estímulo de colágeno, será benéfico usar agulha de 0,5 mm, com
injúria controlada. Em peles mais jovens, vamos utilizar apenas agulhas de 0,25
para “drug delivery”.
É fundamental fazer uma preparação da pele, como o seu afinamento, que
pode ser com ácidos esfoliantes leves ou microdermoabrasão também leve. A
pele deve estar limpa, sem comedões, com pH equilibrado e hidratada. Portanto,
o protocolo deve conter limpeza de pele, peelings suaves, hidratação e nutrição
para obter uma resposta positiva.

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O número de sessões de microagulhamento é de 3 a 6, com intervalos de
oito semanas e sessões intercaladas de hidratação e afinamento do extrato
córneo.

4.3 Tratamento de cicatrizes de acne e transtornos pigmentares

Apesar de ser o tratamento mais seguro para esses distúrbios, a pele de


tonalidade diferente pode ter intercorrências, como pigmentação pós-inflamatória.
O ideal é trabalhar com permeação de ativos preenchedores e antioxidantes.
Testar a pele antes de iniciar o tratamento em locais mais escondidos,
como atrás da orelha, vai nos dar maior segurança.
Alguns estudos relatam melhora significativa em cicatrizes de acne e
despigmentação de manchas. O cuidado maior é sempre com o tipo de ativo a ser
usado para despigmentar, sendo os mais seguros o ácido tranexâmico e a
vitamina C.
A pele de tonalidade diferente apresenta áreas propensas a melasma,
como a testa, bochechas, nariz, lábio superior. Para deixá-la mais homogênea
após o tratamento, a avaliação da cor e a profundidade dessas manchas
determinará o tratamento de cada região.

4.4 Tratamento de estrias

A pele de tonalidade diferente tem tendência a formar estrias paralelas, que


podem aparecer no crescimento, na gravidez ou em processos de ganho de peso.
O tratamento em peles de diferentes tonalidades obedece aos mesmos
critérios da pele mais clara, observando somente os espaços entre as sessões
que devem ser maiores e a injúria menor para evitar hiperpigmentação e
queloides.

TEMA 5 – ALIMENTAÇÃO E SUPLEMENTAÇÃO NO AUXÍLIO À TÉCNICA DO


MICROAGULHAMENTO

Em todos os tratamentos estéticos, a associação de uma alimentação


adequada auxilia o organismo a reparar com mais facilidade os danos causados
e a regeneração celular.
Avaliar a alimentação do paciente e orientar uma consulta ao nutricionista
vai trazer o equilíbrio necessário para atingir resultados melhores.
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Pacientes que utilizam alimentos inflamatórios como carboidratos simples,
açúcar em excesso, refrigerantes, bebidas alcoólicas terão maior dificuldade de
regeneração e podem ter mais complicações.
Na anamnese, a pesquisa de hábitos alimentares dará uma noção quanto
à necessidade de um acompanhamento nutricional.

5.1 Alimentos necessários para auxiliar no microagulhamento

Deve fazer parte do protocolo informar ao paciente que o grupo de


alimentos a seguir deve ser consumido durante o tratamento de maneira mais
geral ou encaminhá-lo a um nutricionista para elaborar uma dieta específica.

• Alimentos com baixo índice glicêmico: grãos (feijão, lentilha, ervilhas,


cereais integrais), frutas (maçã, damasco, pera, cereja, melão, kiwi),
vegetais (espinafre, brócolis, alcachofra, repolho, aipo, couve, beringela e
alface), castanhas (nozes).
• Alimentos antioxidantes: temperos (açafrão, pimenta do reino), azeite de
oliva, frutas (limão, laranja, goiaba, amora, mirtilo, cereja, açaí, uva e
cacau).
• Alimentos anti-inflamatórios: peixes (salmão, sardinha, arenque),
castanhas (nozes, castanha-do-Pará, macadâmia), sementes (chia e
linhaça), vegetais folhosos verde escuro (couve, espinafre, rúcula) chás
(verde, branco, vermelho), grãos (soja), tomates, alho e aveia.
• Alimentos antiedema: água, ricos em potássio (batatas, feijões, ervilhas,
cogumelos, peixes, abacate, damasco seco, banana, amora, ameixa seca,
melancia, água de coco, espinafre e abóbora), bem como evitar alimentos
com muito sódio.

5.2 Suplementação

Atualmente existe no mercado uma gama de suplementos alimentares que


podem auxiliar na síntese do colágeno, como antiedemas, anti-inflamatórios,
antioxidantes, diuréticos, despigmentantes, reguladores da flora intestinal.
Os mais conhecidos são os probióticos, whey protein, proteínas vegetais,
L-glutamina, L-arginina, peptídeos bioativos de colágeno, mix de fibras, Verissol,
ômega 3, chá verde, romã, chapéu de couro, cavalinha e dente de leão.

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Antes de receitá-los para os pacientes, é necessário conhecer cada um
desses suplementos, e ter certeza de que precisam dessa suplementação. Os
nutricionistas e nutrólogos têm um conhecimento mais específico e podem realizar
exames para verificar quais destes serão necessários.

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REFERÊNCIAS

AUST, M. C. et al. Indução percutânea de colágeno: rejuvenescimento da pele


minimamente invasivo sem risco de hiperpigmentação – fato ou ficção? Cirurgia
Plástica e Reconstrutiva, 2008.

HAUSAUER, A. K.; JONES, D. H. PRP e microagulhamento em medicina


estética. Rio de Janeiro: Thieme, 2020.

NEGRÃO, M. M. C. Microagulhamento: bases fisiológicas e práticas. 2. ed. São


Paulo: CR8, 2017.

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