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AULA 1

DERMATOTERAPIA FUNCIONAL

Profª Rita de Cassia Alberini


CONVERSA INICIAL

O desenvolvimento tecnológico estético tem influenciado diretamente as


pesquisas na área de cuidados com a pele e a beleza. Uma pele sadia é essencial
para o bem-estar físico e psicológico do ser humano, para sua convivência na
sociedade. Pouca gente se dá conta de que muitas pessoas sofrem de doenças
de pele e que tais problemas podem ser evitados com cuidados adequados e
diários, orientados por profissionais especializados em estética.
Com a alta tecnologia cosmetológica, eletroterápica e o avanço da estética,
podemos interagir com diversas especialidades, para o benefício de preservação
de beleza, bem-estar físico e psicológico dos pacientes. Tanto as mulheres quanto
os homens buscam permanentemente novidades no que diz respeito aos
cuidados com a face e o corpo. O profissional da área da beleza deve estar apto
e qualificado para as devidas informações sobre os recursos técnico-estéticos.

TEMA 1 – ANÁLISE E CLASSIFICAÇÃO DA PELE

O exame da pele é um dos itens mais importantes antes de qualquer


procedimento estético. Cada indivíduo tem um biótipo de pele que são
determinados pela genética de cada ser humano, e determinado de acordo com
alguns parâmetros encontrados na pele: textura, aspecto, sensibilidade,
elasticidade, quantidade de água e óleo presentes no tecido. A pele se classifica
também quanto à coloração, originando os fotótipos. A análise tem por objetivo
definir o biotipo e fototipo cutâneo para a prescrição do cosmético a ser utilizado
em cabine e home car, e também o procedimento estético a ser realizado pelo
profissional.
Devemos observar os seguintes itens para classificar uma pele:

 Produção sebácea;
 Grau de hidratação;
 Espessura e textura;
 Tônus dos músculos;
 Lesões elementares.

Para um bom resultado com a anamnese, devemos realizar as seguintes


avaliações:

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 Exame visual: nos dará dados em relação a: cor da pele (normal, pálida,
eritematosa, presença de olheiras); óstios pilossebáceos (normais ou
dilatados); idade cronológica (se corresponde ou não com a biológica); e
grau de hidratação (viçosa ou opaca).
 Exame de palpação: nos trará dados relativos ao tônus da pele e aos
músculos; à espessura e textura (fina, grossa, lisa, áspera, espessa,
queratinizada e rugosa).
 Exame com lupa: teremos condições de obter dados em relação à
produção sebácea; ao grau de hidratação; alterações de pilosidade; lesões
elementares; aos nevos.
 Exame com luz de wood: utilizada em ambiente escuro para visualização
da fluorescência, permitindo observar o grau de hidratação: violeta intenso
– pele hidratada; violeta fraco – desidratada; esbranquiçada indica pele
espessa e queratinizada; fluorescência escura – pele fina ou atrófica. Os
comedões fechados e miliuns ficarão como pontos brilhantes.

Após esses exames, podemos definir o biotipo cutâneo e seus possíveis


desequilíbrios:

 Pele normal ou eudérmica: apresenta equilíbrio entre as secreções


sudoríparas e sebáceas, garantindo o equilíbrio hídrico e lipídico. Seu
aspecto é saudável, viçoso, com boa elasticidade e hidratação, sem
manchas ou pelos. Pele tipicamente encontrada em crianças e jovens antes
da puberdade.
 Pele alípica ou seca: sua espessura epidérmica é diminuída e o manto
hidrolipídico escasso. É facilmente irritável e sensível, com aparência
adelgaçada, opaca e esbranquiçada, sem viço. Os óstios (orifícios
pilosebáceos) são finos e os poros invisíveis, muitas vezes com
descamação aparente. É predominante de europeus e seus descendentes.
 Pele mista: pele típica das mulheres brasileiras. Este tipo de pele tem
tendência a ter as laterais da face normais ou desidratadas, e na testa, nariz
e queixo, oleosa formado um “T”. Na parte oleosa pode ocorrer
alargamento dos óstios com poros visíveis, e secreção sebácea em
excesso. Neste tipo de pele é necessário controlar a oleosidade da região
médio facial.

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 Pele lipídica ou oleosa: típica de países tropicais, caracteriza-se por
hipersecreção sebácea, conferindo espessura epidérmica espessa, óstios
dilatados, superfície untuosa e úmida, aspecto brilhante, comedões abertos
e/ou fechados, com tendências a lesões com pápulas, e pústulas e fístulas
partindo para a disfunções acneicas em caso de desequilíbrio.

TEMA 2 – DISFUNÇÃO DO SISTEMA ENDÓCRINO RELACIONADA À ESTÉTICA

Para ter uma pele saudável, é necessário que o sistema endócrino esteja
em equilíbrio. As glândulas endócrinas secretam mensageiros químicos
chamados hormônios, que são enviados para o fluxo sanguíneo. A comunicação
química modifica a atividade de um órgão ou tecido distante. Esses hormônios
ajudam o corpo a responder a fome, infecção e doenças, preparando-o para o
stress e o esforço. Ele é responsável por regular e controlar as funções do nosso
organismo, entre as quais estão: o crescimento dos tecidos, o metabolismo dos
carboidratos e o humor.
As glândulas endócrinas incluem: a hipófise, a apífise, a tireoide, 4
paratireoides, o timo, as ilhotas de Langerhans no pâncreas, 2 supra-renais e 2
gônadas (testículos ou ovários). A placenta do útero atua como uma glândula
endócrina para ajudar a manter a gravidez. A hipófise a hipífise situam-se no
cérebro.

 A hipófise estimula e coordena as outras glândulas endócrinas e é


chamada de “maestro da orquestra endócrina”. Essa glândula localiza-se
no pescoço. Apresenta 2 lóbulos de ligação e ajuda também no controle do
metabolismo.
 As paratireóides têm a função de manter os níveis de cálcio e fósforo,
essenciais para o funcionamento de músculos, ossos e nervos.
 O timo ajuda na função imunológica.
 As ilhotas de Langerhans segregam insulina e glucagon para manter os
níveis de glicose no sangue.
 As suprarrenais situam-se em cima dos rins e são responsáveis pela
produção de hormônios esteroides, regulando as concentrações de sal,
açúcar e água. Sua camada interna prepara o corpo para as reações de
lutar ou fugir. Uma epiderme com visual não agradável, com sintomas de

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acne na região da mandíbula, pode estar relacionada a uma disfunção da
tireoide e das glândulas suprarrenais.
 As suprarrenais são responsáveis pela liberação de hormônios em
resposta ao stress, estimulando a conversão de proteínas e gorduras em
glicose, ao mesmo de tempo que diminuem a captação de glicose pelas
células, aumentando, assim, a utilização de gorduras. Sempre que o corpo
identifica o stress, produz hormônios responsáveis pela reação chamada
de “luta ou fuga”. Os hormônios do stress são liberados pela suprarrenal,
com ordem do cérebro, para ajudar a lidar com a situação difícil.

Entre os diversos prejuízos que as doenças endócrinas podem causar à


saúde, destacamos excessiva perda e secura do cabelo, descamação, rugosidade
e secura da pele, retenção de líquido, fraqueza muscular, bolsas palpebrais,
palidez, engrossamento dos pelos e unhas quebradiças. Esses sintomas estão
frequentemente associados ao hipotireoidismo.

2.1 Disfunção do hipertireoidismo

Ocorre sudorese excessiva, fraqueza muscular e queda de cabelo. O


sistema endócrino é responsável pela beleza estética, atuando na harmonização
e influenciando a beleza externa; isso só acontece porque esse sistema cuida do
nosso corpo como um todo. Uma mulher doce, cheia de sorrisos, com andar
gracioso e feliz, espalha alegria e carisma, devido aos hormônios que estão bem
equilibrados. A felicidade depende dos hormônios que você mesmo produz. São
quatro hormônios que produzem a felicidade: endorfina, ocitocina, dopamina e
serotonina. São chamados de “quarteto da felicidade”. O equilíbrio entre eles vai
nos dar a sensação de maior felicidade, cansaço e desânimo, agitação e
ansiedade, ou sensações relacionadas ao stress.

2.2 A tireóide hiperativa (hipertireoidismo ou tirotoxicose)

Acelera a taxa metabólica, provocando perda de peso, aumento do apetite,


suores e aversão ao tempo quente. Os hormônios atuam basicamente em todo o
nosso corpo, formando um mecanismo regulador bem preciso. Eles são
responsáveis por controlar nosso humor, nosso sistema digestivo, a libido, o
metabolismo e a saúde de nossa pele. Para evitar o desequilíbrio dessas

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importantes glândulas, é necessário ter um estilo de vida saudável, cuidando da
alimentação e praticando exercícios diariamente.
A causa mais comum do hiper e do hipotireoidismo é quando o corpo
desenvolve anticorpos contra essas glândulas, provocando aumento ou redução
na produção dos seus hormônios. O hipertireoidismo é provocado pelo aumento
de nódulos da tireoide. No hipotireoidismo, há deficiência em iodo e deficiência
congênitas (ou mesmo total ausência da glândula tireoide).

2.3 A ligação do sistema endócrino com a estética

É vital! Com uma pequena falta ou excesso, podem acontecer distúrbios no


organismo, que são responsáveis pelo aparecimento de manchas (melasma),
acne pela produção de muito sebo, rugas precoces, e modificações na pele pelo
excesso de peso, formando gorduras localizadas. Os problemas ocorrem quando
o nível hormonal é demasiado alto ou baixo. Se a glândula tireóide estiver
hipoativa (chamado de hipertireoidismo ou mixedema), irá causar a diminuição do
metabolismo, ocasionando aumento de peso, letargia ou aversão a frio, além de
fadiga, dores musculares, menstruação abundante, depressão e rouquidão. O
hipertireoidismo não tratado pode provocar falência cardíaca.

TEMA 3 – PRESCRIÇÃO COSMÉTICA E SEUS BENEFÍCIOS

Ao receber um cliente, devemos colher os seus dados e preencher a ficha


de anamnese, conscientizando-o de que as perguntas que vão ser feitas visam a
compreensão da análise da pele, para podermos montar os protocolos dos
tratamentos que serão realizados, com orientação para cuidados diários em casa
(damos o nome a este procedimento de home care). Temos a obrigação de
fornecer orientação cosmética ao paciente, explicando utilização, efeitos e
atuação na epiderme.
Sugerimos habitualmente um cosmético ou cosmecêutico para cada passo
do cuidado diário, ou seja: higienização, tonificação, hidratação e nutrição. É
preciso também explicar sobre a utilização do filtro solar e sua reposição a cada
três horas, no máximo. Não podemos esquecer das áreas dos olhos, pescoço e
colo, sempre com base em análise e de acordo com a necessidade e o tipo de
pele. Sem os devidos cuidados em casa, é impossível manter, prevenir e cuidar

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de uma pele, seja qual for seu biotipo e o problema apresentado. É como ir ao
dentista, fazer todo tratamento dentário, e em casa não escovar mais os dentes.
Devemos explicar ao paciente cada passo, como segue:

 Higienização: retira as impurezas acumuladas na superfície cutânea,


principalmente para as mulheres que fazem uso de maquiagem. Em
primeiro lugar, utilizar o demaquilante, e depois lavar com sabonete próprio
para o tipo de pele, para uma perfeita higienização.
 Esfoliação: deve ser executada apenas uma vez por semana ou a cada
15 dias, seguindo orientação do profissional para não causar desidratação.
Os esfoliantes físicos, químicos e biológicos removem as impurezas e as
células mortas do extrato córneo.
 Tonificação: costuma ser desprezada pelos pacientes, porque são mal
informados. Ou não usam, ou acham que ela serve para complementar a
higienização que antecede este passo. A higienização deve ser muito bem
realizada. É um procedimento importantíssimo, pois é capaz de corrigir o
pH cutâneo, evitando que a epiderme fique alcalina.
 Hidratação: é uma das principais fases dos cuidados com a pele, pois
propicia quantidade de água suficiente, mantendo-a macia, flexível e com
luminosidade, conferindo-lhe um aspecto saudável e jovem. Para se obter
esta condição, temos que recorrer aos cosméticos que conservam a
manutenção da película protetora da pele: o manto hidrolipídico. Uma das
funções da pele é reter água – 1/5 da água do organismo está nela. Ela
chega ao interior do corpo por alimentos e líquidos ingeridos. Temos a
obrigação de orientar o paciente sobre a ingestão de líquidos,
principalmente água. A fixação de água externa acontece através da
umidade relativa do ar e da fase aquosa dos produtos de uso tópico. O
perfeito equilíbrio do manto hidrolipídico evita a evaporação da água pelo
extrato córneo. A fixação de moléculas de água, juntamente com a oclusão,
evita a evaporação da água e mantém a hidratação. Uma pele desidratada
pode causar: envelhecimento, aspereza, e às vezes descamações. É um
estado comum que ocorre na pele, muitas vezes por falta de cosméticos
adequados, ou devido a lavagens excessivas com sabões não apropriados.
Todos os tipos de pele podem sofrer com a desidratação. As principais
manifestações de desidratação são:
 Descamação aparente;
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 Nos idosos há rachaduras e às vezes prurido;
 Áspera e sem luminosidade;
 Falta de flexibilidade, ocasionando rugas finas;
 Perda do viço e tônus;
 Coloração esbranquiçada;
 Aspecto senil;
 Baixa resistência a agentes físicos e químicos;
 Epiderme com facilidade em adquirir doenças e alergias.
 Nutrição: a finalidade da nutrição é restaurar e manter as funções naturais
da epiderme através de produtos nutritivos. Só assim iremos recuperar a
elasticidade e a maciez. Além da água, necessitamos de nutrientes como
oxigênio, proteínas, carboidratos, sais minerais e lipídeos para mantermos
a jovialidade de uma pele sadia.

Uma pele carente e mal irrigada sofre com carência de ácidos graxos
essenciais, podendo gerar uma pele extremamente seca. Devemos recomendar
produtos cosméticos de acordo com o tipo de pele, sempre com base na análise
efetuada e nas necessidades da pele.
A nutrição para peles acneicas deverá conter princípios ativos específicos
para o equilíbrio das glândulas sebáceas. Atualmente, os ácidos são os mais
utilizados.
Não esquecer de recomendar o uso de filtro solar diário e reposição a cada
3 horas.
Temos obrigação de orientar o cliente/paciente de como escolher os
cosméticos mais adequados ao seu tipo de pele, com liberdade da marca de sua
preferência.
Depois de o profissional estabelecer o tipo de pele, faz um receituário
especificando os cosméticos necessários para a manutenção da epiderme, com
todas as características: creme, gel, ou gel/creme. É preciso ensinar a observar,
na embalagem, a data do vencimento do produto, e se é liberado pela Anvisa.
A prescrição deve ser feita em folha de receituário, no qual consta
impresso nome, endereço, telefone e endereço eletrônico do profissional.
Devemos reorientar sobre os cuidados sempre que se fizer necessário. As
vendas não são o foco do profissional, mas ele pode sutilmente indicar as marcas
de sua confiança.

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TEMA 4 – LIMPEZA DE PELE PROFUNDA E HIGIENIZAÇÃO

A limpeza de pele é uma técnica que permite manter a pele limpa e viçosa,
devendo ser realizada antes de qualquer procedimento estético. O objetivo é
remover as sujidades presentes na superfície da epiderme. Esta técnica exige do
profissional sólida formação e conhecimentos científicos teórico-práticos.
O primeiro passo deve ser a entrevista com o cliente/paciente para
preenchimento da ficha de anamnese. É importante ouvir com atenção e
armazenar as informações para a montagem do procedimento e escolha dos
cosméticos a serem utilizados durante este procedimento.

4.1 Limpeza de pele profunda

 1º Passo: higienização. Compreende a remoção das sujidades,


oleosidades e maquiagem. Pode ser utilizado leite, gel, ou emulsão de
limpeza; removedor de maquiagem e também alguns tipos de sabonetes
para uma boa assepsia.
 2º Passo: esfoliação ou peeling. O processo da esfoliação pode ser:
 Físico: sua formulação contém grânulos; utilizado com movimentos
circulares e leve pressão das mãos.
 Mecânico: é uma goma vegetal rica em ativos emolientes; sua aplicação
é feita com uma fina camada sobre a pele, e retirada com movimentos
de fricção denominados rollings.
 Químico: substâncias ácidas (AHA) em baixa concentração, que deve
ser retirado no tempo exigido pelo fabricante.
 Peeling eletroterápicos: equipamentos que realizam a retirada da capa
córnea; são eles: jato de plasma, e peeling de diamante, de cristal e
ultrasônico.
 3º Passo: tonificação. Sua formulação tem como objetivo, equilibrar o pH
da pele.
 4º Passo: emoliência e aquecimento com vapor de ozônio. Etapa
importante da limpeza de pele com o objetivo de amolecer os comedões,
milliuns e pústulas, através das compressas embebidas em cosméticos
emolientes e aquecimento do vapor (o vapor com ozônio é utilizado
somente para as peles acneicas, por sua ação bactericida).

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 5º Passo: extração. Este procedimento tem duração média de 30 minutos,
tempo em que a resistência da pele voltará ao normal. É um procedimento
minucioso e delicado, pois temos que ter a certeza de que todo conteúdo
da glândula sebácea foi drenado. É importante que se tenha uma pressão
leve das mãos, porém firme e precisa, para que se possa extrair os
comedões abertos e fechados, milliuns e pústulas. Este procedimento é de
suma importância, pois evitará as cicatrizes e fibroses por dilatação dos
canais pilossebáceos. A pele não poderá ficar machucada ou escoriada,
nem extremamente irritada por compressão exagerada dos dedos.
 6º Passo: alta frequência ou luz de LED azul. Alta frequência é um
equipamento de corrente alternada com função bactericida, fungicida e
cicatrizante, indispensável após as extrações. Devemos avaliar as
contraindicações: gestantes, portadores de marca-passo, neoplasia,
diabéticos descompensados e portadores de epilepsia. A luz de LED
(emissão de luz por diodo) atua numa banda mais ampla de comprimento
de ondas, produzindo uma banda de espectro eletromagnético próxima ao
laser. Sua função é bactericida, fungicida e degradante dos cromóforos,
diminuindo as manchas.
 7º Passo: massagem. Técnica com manobras manuais utilizada para:
 Penetração dos ativos cosméticos;
 Ativação da circulação sanguínea;
 Tonificação e nutrição da epiderme;
 Sedação e descongestionamento dos tecidos, reduzindo os edemas e
aumentando a oxigenação local. É contraindicado em peles acneicas.
 8º Passo: máscaras. Na limpeza de pele, são utilizadas as máscaras
calmantes e descongestionantes, secativas, clareadora, hidratante e
emoliente. O uso dependerá da ação de cada uma delas e do tipo de pele.
O tempo de permanência é de 15 a 20 minutos. Muitos são os recursos
cosméticos usados com a finalidade de acalmar a pele, mas as reações
cutâneas são imprevisíveis. Geralmente, as irritações se apresentam em
forma de eritema intenso, aquecimento e ardência. O profissional deve
retirar o produto imediatamente, fazer compressas com loção calmante,
regulando o pH e amenizando os sintomas relatados pelo cliente.

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 9º Passo: finalização. De acordo com o tipo de pele, é feita a hidratação e
a foto-proteção. Nas peles com acne, o gel secativo antecede a foto-
proteção.

4.2 Diferença entre limpeza de pele profunda e higienização

A limpeza de pele profunda não é o mesmo procedimento da higienização.


Ela se diferencia pelo fato de haver a extração dos comedões fechados e abertos,
milliuns e seborreia, e o uso de equipamentos eletroterápicos. Na higienização,
não se efetua a extração, nem a emoliência com compressas. Vapor com ozônio
e outros tipos de equipamentos também não são utilizados. A sequência da
higienização seria:

 Demaquilante ou leite de limpeza;


 Esfoliação ou gomagem com cosmético;
 Tonificação;
 Massagem;
 Máscara;
 Finalização cremes hidratantes acompanhado de filtro solar.

Essa sequência pode ser feita pela cliente em home care, para manutenção
do trabalho realizado em cabine de estética.

TEMA 5 – PEELINGS

Todo processo de remoção das células mortas da epiderme, seja com


produto químico, físico ou laser, chama-se peeling. Todos têm o mesmo objetivo:
diminuir a espessura da pele, proporcionar uma lesão controlada à superfície da
pele, de forma que as células mais saudáveis e mais profundas aparecem
enquanto ainda estão frescas. O peeling, em essência, acelera o processo de
reposição da pele, sendo o grau de melhoria determinado pela profundidade do
tratamento. Quanto mais profundo for o tratamento, mais notável será o resultado
– a pele fica mais suave e há um brilho saudável. A pele manchada torna-se mais
clara e limpa, as cicatrizes de acne tornam-se pronunciadas e a produção de
colágeno natural é estimulada. Os resultados são imediatos e duradouros.
É considerado um método seguro e eficaz, sendo utilizado em diversos
tratamentos estéticos. Função: cicatrização da acne; revitalização; atenuação das
rugas superficiais e cicatrizes; corrigir as discromias; prevenir o envelhecimento.
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É um procedimento que deve ser realizado por profissional habilitado que
tenha total domínio sobre a técnica. Existe vários tipos de peeling, como veremos
agora.

5.1 Peeling superficial (age superficialmente na camada epidérmica até o


extrato córneo)

Também chamado de micropeeling, ou peeling “muito superficial”, funciona


extremamente bem em peles com propensão a acne, ajudando a eliminar as
manchas escuras e as linhas finas. Após o micropeeling, a pele se renova
imperceptivelmente, resultando ao final em uma compleição radiante. Para
melhores resultados, o paciente deve fazer esse peeling 4 vezes, sendo um por
semana, e depois, uma vez por mês.

5.2 Médio (destrói a epiderme e pode atingir a derme papilar)

Profundo (estende-se até a derme reticular). Utilizado somente pela área


médica. A descamação é realizada através da ação queratolítica de certas
substâncias cosméticas, com pH ácido; quanto maior a concentração do ácido,
menor é seu pH e mais rápido e profunda é a sua permeabilidade. As alterações
da pele continuarão por dois dias, de modo que muitas pessoas o chamam de
“peeling de fim de semana”.
Nos procedimentos estéticos, os mais utilizados são os alfa-hidroxiácidos
(glicólico, lático, tartárico, málico e cítrico), com pH variável entre 3,5 a 4,0. Podem
ser encontrados em extratos mistos ou acoplados a proteínas. Os poli-hidroxi-alfa-
hidroxiácidos são menos irritantes e proporcionam efeitos umectantes. Já o ácido
salicílico é um beta-hidroxiácido com propriedades queratolíticas, parecidas aos
AHAS, com propriedades antimicrobianas, utilizadas no combate da acne.
Micropeeling e peeling superficial são seguros e relativamente acessíveis,
perfeitos para pacientes que querem uma pele melhor sem custo alto, e ainda sem
ficar várias semanas se recuperando. Com tratamentos de manutenção, esses
peelings removerão linhas finas e manchas na pele.
Sua utilização nos tratamentos estéticos faciais vem se tornando cada vez
mais eficaz, sendo necessário avaliar muito bem pele do paciente, biotipo e suas
alterações, fototipo cutâneo, e possíveis contraindicações.

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5.3 Peelings mais fortes

Há peelings mais fortes, mas que produzem um resultado totalmente


surpreendente. Peeling químico médio, peelings profundos, peeling a laser e
dermoabrasão. Às vezes esses tratamentos têm que ser repetidos uma ou duas
vezes até a obtenção dos efeitos desejados. Esses procedimentos devem ser
executados pela área médica. Os peelings em concentrações mais fortes são
realizados por cirurgiões plásticos ou dermatologistas, pela necessidade de
utilizarem sedativo. Esses peelings causam ardências mais intensas na face, a
fim de destruírem as células velhas da pele. A pele permanece vermelha durante
vários dias após a aplicação. No decorrer de uma semana, a pele escama (como
a descamação de uma pele de cobra) e revela uma aparência mais jovem e
luminosa. Para as peles oleosas, de tons mais escuros, há um risco ligeiramente
maior de hiper ou hipopigmentação, como resultado do peeling.
Também há um procedimento químico mais profundo. Peeling com
utilização de fenol. É executado sob sedação e dura aproximadamente uma hora.
Uma vez que o coração precisa ser monitorado, enquanto o paciente está sedado,
normalmente requer hospitalização – não é um procedimento ambulatorial. A
solução de fenol penetra profundamente na pele, a fim de remover todas as rugas
e sardas, e até deixa a pele mais firme. O fenol remove as cicatrizes de acne, a
fissura nos lábios e os pigmentos escuros. Os efeitos duram anos. Embora possa
ser executado em peles morenas, é mais adequado para pessoas de pele clara,
sem muitas sardas, para que a linha de demarcação não fique aparente. Alguns
médicos defendem a tese de que os pacientes que passam por um peeling com
fenol tem menor tendência a adquirir câncer de pele no futuro, uma vez que esse
peeling apaga qualquer rastro de dano causado pelos raios solares. A
recuperação leva dez dias, no mínimo, embora a pele possa permanecer
vermelha por até dois meses. O fenol não pode ser utilizado em qualquer outra
parte do corpo, inclusive no pescoço, pois deixa linha de demarcação de cor.
Entretanto, um peeling com fenol pode durar toda vida.
A dermoabrasão utiliza um dispositivo mecânico parecido com uma
máquina de lixar, sendo executada sob sedação. Tem sido adotada há anos e
ainda dá bons resultados, particularmente para cicatrizes grandes e profundas de
acne e rugas em torno dos lábios. Sua eficácia não é a mesma de um peeling de

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fenol, e pode demandar várias visitas ao médico. Com todas as técnicas novas
disponíveis, especialmente laser, a dermoabrasão tem ficado em segundo plano.
O peeling a laser surte um bom efeito nas fissuras dos lábios, em manchas
de velhice, rosáceas, vasos sanguíneos danificados, rugas, pequenas verrugas e
cicatrizes de acne. Esse tratamento às vezes é chamado de laser de
reestruturação da face, abrasão a laser ou peeling a laser. Em vez de utilizar
substâncias químicas para a queima da camada externa da pele, o peeling a laser
usa um feixe de luz para vaporizá-la em uma área controlada. A profundidade do
procedimento e o período de recuperação variam conforme a intensidade do
tratamento.

5.4 O peeling mais adequado

Qualquer um dos peelings mencionados pode ser benéfico. O paciente


poderá fazer sua escolha considerando: custo, tempo de recuperação e risco.
Também é importante observar quanto de melhora se busca alcançar.
Obviamente, quanto maior a melhora, maior será o custo e o processo de
recuperação. Se o caso do paciente for manchas, o laser pode ser mais eficiente
do que um peeling químico.
Para classificar o fototipo e a sensibilidade aos raios ultravioleta, utilizamos
a tabela de Fitzpatrick, para traçar parâmetros na escolha do tipo, concentração e
pH do ácido a ser utilizado:

 Tipo I – Muito sensível e nunca pigmenta;


 Tipo II – Sensível e pouco pigmentada;
 Tipo de III – Pouco sensível e facilmente pigmenta;
 Tipo IV – Não sensível e sempre pigmenta;
 Tipo V – Pele negra.

5.5 Microdermoabrasão

É um tratamento diferente e menos invasivo, sendo um procedimento


indolor, de esfoliação não cirúrgica; não é invasivo, é de rápida execução,
produzindo renovação celular.
Existe uma variedade de equipamentos que executa este procedimento:
peeling ultrassônico; peeling de diamante; peeling de cristal; e jato de plasma.

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Todos eles com o mesmo objetivo: renovação celular. Apesar de não haver
descamação aparente no peeling mecânico, a pele fica bem fina.
Os cristais de óxido de alumínio em um tubo a vácuo renovam a pele em
questão de minutos. A microdermoabrasão também é conhecida como peeling de
diamante, dermapeel, ou peeling parisiense – termos diferentes que nomeiam a
mesma coisa. Esses métodos são bem acessíveis e surtem resultados
instantâneos, embora não sejam muito profundos. Múltiplos tratamentos em
intervalos de semanas causam melhores resultados.

5.6 Complicações que podem ocorrer em certos peelings

Variam de acordo com tipo, profundidade, habilidade do profissional,


produto utilizado e as características do próprio paciente. As complicações mais
comuns ocorrem em peelings médios e profundos, são elas:

 Alterações pigmentares: hiperpigmentação pós-inflamatória e


hipopigmentação; este último pode ser muito persistente e muitas vezes
difícil de tratar.
 Infecções: bacterianas (Staphylococcus, Streptococcus, Pseudomonas),
virais (herpes simples) e fúngicas (cândida); ocorre em peelings muito
profundos.
 As cicatrizes são mais frequentes após peelings médios ou profundos. O
preparo adequado (limpeza profunda da pele), a escolha correta do agente
e cuidados pós-operatórios podem ajudar na prevenção dessa
complicação;
 Reações alérgicas;
 Millium;
 Erupções acneiformes;
 Linhas de demarcação;
 Modificações de textura;
 Eritema persistente: quando persiste por mais de três semanas, é indicativo
de cicatrização hipertrófica.
 Toxicidade: pode ocorrer com ácido salicílico, resorcina e fenol (peeling
profundo, somente permitido para a área médica).

Contraindicações: em casos de gravidez, lactação, lesões herpéticas


ativas, infecção bacteriana ou fúngica, dermatite facial, uso de medicamentos

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fotossensibilizantes, alergias aos componentes do peeling e expectativas
irrealistas.

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REFERÊNCIAS

MACKIE, R. A saúde da pele. São Paulo: Experimento, 1992

PEREIRA, M. Recursos técnicos em estética. São Caetano do Sul: Difusão,


2013. v. 1.

MACEDO, O. A ciência da beleza. São Paulo: Marco Zero, 1989.

OLIVEIRA, A. et al. Curso didático de estética. 2. ed. São Caetano do Sul:


Yendis, 2014. v. 1.

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AULA 2

DERMATOTERAPIA FUNCIONAL

Profª Rita de Cássia Alberini


CONVERSA INICIAL

O desenvolvimento tecnológico estético tem influenciado diretamente as


pesquisas na área de cuidados com a pele e com a beleza. Uma pele sadia é
essencial para o bem-estar físico e psicológico do ser humano em sua convivência
na sociedade.
Pouca gente se dá conta de que muitas pessoas sofrem com doenças de
pele e que tais problemas podem ser evitados com cuidados adequados e diários,
orientados por profissionais especializados em estética.
Com a alta tecnologia em cosmetologia e eletroterapia e o avanço da
estética, podemos interagir com diversas especialidades em prol da preservação
da beleza, do bem-estar físico e psicológico dos pacientes.
Tanto mulheres quanto homens buscam permanentemente novidades no
que diz respeito aos cuidados com a face e com o corpo. O profissional da área
de beleza deve estar apto e qualificado para informar sobre os recursos
tecnológicos.

TEMA 1 – ENVELHECIMENTO CUTÂNEO

Envelhecimento não se evita, previne-se e retarda-se. Com o passar dos


anos, todo o nosso corpo sofre alterações: pele, gordura, músculos e ossos. Essas
alterações se referem a um importante processo no envelhecimento. O rosto
repercute os primeiros sinais de mudanças, pois o conteúdo subcutâneo diminui
consideravelmente.
Nos últimos cinquenta anos a medicina fez diversos avanços. Hoje em dia
é possível transplantar vários órgãos do corpo humano, fazer tratamentos que
realizem as funções de um fígado doente e tratar diabetes com injeções diárias
de insulina. Mas ainda não conseguiram realizar o transplante de pele com
sucesso. Por isso, é preciso bom senso para cuidar da epiderme da melhor
maneira possível, iniciando bem cedo, desde o início da vida. Nossa expectativa
de vida aumentou, e podemos chegar a uma idade avançada com uma aparência
10 a 20 anos mais jovem do que somos.

1.1 Ressecamento e descamação da epiderme

Ao envelhecer, a estrutura óssea se desgasta, há flacidez do tecido, dos


músculos, dos tendões, da pele e das partes moles em geral, e a área de contato
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da epiderme com a derme diminui, em decorrência da perda de colágeno e
elastina, fazendo com que haja menos trocas de nutrientes e uma diminuição do
índice de proliferação celular. O número de células que se descamam também
diminui devido à redução hormonal, provocando o ressecamento da epiderme.
O envelhecimento cutâneo é um dos fatores que estimulam as pessoas a
procurar os tratamentos estéticos. A pele e os órgãos sofrem alterações
fisiológicas, provocando o declínio em suas funções, causando o envelhecimento.
Além do envelhecimento cronológico, há também os fatores externos.

1.2 Principais fatores endógenos que levam ao envelhecimento

As causas podem ser hereditárias, hormonais, respiratórias e nutritivas, ou


decorrentes da deficiência de vitaminas.

1.3 Fatores exógenos

Cigarro, drogas, álcool, estresse, depressão, condições ambientais (frio e


sol), que liberam radicais livres, são responsáveis pela degradação do colágeno.
Uma alimentação balanceada e saudável ajuda a combater os radicais livres.
Esses fatores podem agravar ainda mais o envelhecimento biológico
devido à produção de radicais livres que intoxicarão e desestabilizarão as
moléculas do organismo, alterando todo o trabalho celular. O alvo preferido dos
radicais livres são células, proteínas e componentes extracelulares, como o ácido
hialurônico. Com essa ação, a pele sofrerá com alterações morfológicas.

1.4 Envelhecimento cutâneo

O envelhecimento cutâneo pode ser classificado em duas categorias, que


veremos a seguir.

1.4.1 Classificação I

• histológico: relativo ao estado anatômico das células;


• fisiológico: relaciona-se ao estado dos órgãos;
• aparente ou exterior: relaciona-se ao estado de conservação da pele.

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1.4.2 Classificação II

• intrínseco: decorrente do desgaste natural do organismo (células, órgãos e


pele). O processo natural de envelhecimento dos órgãos, assim como o
desgaste natural do corpo pela idade, também está ligado ao
envelhecimento intrínseco, mesmo sem a interferência de agentes
externos. Nosso envelhecimento se inicia por volta dos 20 anos de idade,
ficando mais intenso com a chegada da menopausa (ou andropausa),
devido à decadência hormonal. Os hormônios responsáveis pela
manutenção de densidade, tonicidade, firmeza e elasticidade da pele
diminuem, gerando o envelhecimento. A lei da gravidade é para todos; a
utilização constante dos músculos, as mímicas e expressões faciais, e a
ação diária de dormir, que fazem pressão sob a pele e colaboram com o
envelhecimento intrínseco;
• extrínseco: decorrente do efeito da radiação UV do sol e de fatores
ambientais durante toda a vida.

1.5 Modificações que ocorrem nas camadas da pele conforme


envelhecemos

• epiderme: desorganização da camada basal, achatamento da junção


dermoepidérmica e diminuição das células de defesa;
• derme: diminuição das células de sustentação, colágeno mais rígido, perda
da elasticidade e diminuição das proteínas;
• hipoderme: atrofia muscular e fragilidade capilar.

No mecanismo da hidratação, notaremos uma diminuição da espessura do


manto hidrolipídico, perda de água e prurido. Na pigmentação haverá diminuição
dos melanócitos, com alterações na cor da pele (discromias). Os anexos cutâneos
terão menor atividade das glândulas sebáceas e sudoríparas, e os pelos terão
redução em suas atividades.

1.6 O que devemos observar no envelhecimento

• pele: elasticidade, presença de linhas de expressão (estáticas e


gravitacionais), teor de hidratação, coloração, superfície cutânea (lisa ou
áspera), espessura (fina ou espessa);

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• músculo: presença de hipotonia muscular;
• face: contorno preservado.

TEMA 2 – FOTOENVELHECIMENTO CUTÂNEO

O fotoenvelhecimento se deve à exposição contínua e excessiva (ou muito


prolongada) à radiação ultravioleta (UV). Acomete todos os habitantes da terra,
mas seu desenvolvimento depende do tipo de pele e da capacidade de bronzear,
além da intensidade da exposição solar. Quanto maiores a intensidade e a
duração da exposição solar em peles claras e de difícil bronzeamento, maior será
o dano causado.

2.1 Efeitos da radiação solar na pele

Os efeitos da radiação solar na pele dividem-se em:

• agudos: com queimaduras e fotossensibilização;


• crônicos: fotoenvelhecimento, neoplasia e redução da imunidade.

2.2 Características histológicas do fotoenvelhecimento

São elas:

• epiderme espessa com aumento da camada córnea;


• aumento dos melanócitos com hiper ou hipofunção (aparecimento de
discromias);
• maior deposição de fibras elásticas alteradas (desenvolvimento da
elastose);
• fibras colágenas em menor número e fragmentadas (aparecimento de
rugas e sulcos);
• desenvolvimento de processos tumorais.

Desde cedo, devemos nos prevenir com algumas atitudes, como o uso de
filtro solar, que é muito importante para o combate do envelhecimento, além dos
cuidados diários de limpeza e hidratação. A tecnologia avança todos os dias em
suas pesquisas na busca da eterna beleza e do não envelhecimento, fazendo uso
de diversos princípios ativos que prometem verdadeiros milagres na prevenção
do fotoenvelhecimento.

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Uma pele fotoenvelhecida é muito diferente daquela que apenas passou
por envelhecimento intrínseco. A pele que sofreu desgaste no passar dos anos
vividos é mais lisa, levemente atrofiada, possui rugas leves. No entanto, uma pele
com envelhecimento extrínseco é áspera ao tato, apresenta manchas e suas
rugas são bem profundas.
Nesse contexto, devemos levar em conta o tipo de alimentação, os
hormônios e a tireoide. Devemos orientar o cliente que sua alimentação deve ser
rica em proteínas, vitaminas e minerais. Para aqueles que adoram expor-se ao sol
com frequência, é válida a conscientização de que a pele sofrerá grandes
alterações nas propriedades biofísicas do extrato córneo. O sol estimula a
modificação da estrutura da epiderme e as células serão estimuladas de tal forma
que em sua divisão na camada basal o estrato córneo se espessará
excessivamente. Como resultado desse processo, haverá uma queratinização e
uma desidratação em alto grau. Isso é normal, e funciona como defesa e proteção
natural da epiderme, que tenta impedir o efeito de entrada das radiações solares.

2.3 Sinais clínicos do fotoenvelhecimento

As queixas relatadas e os fatores naturais do fotoenvelhecimento são


detectados pelas mudanças apresentadas na epiderme e na derme, com graus
de gravidade que variam de pessoa para pessoa.
A gravidade dos graus de envelhecimento pode ser classificada em:

• elastose: o colágeno está destruído e possui excesso de elastina, levando


ao desenvolvimento desenfreado e defeituoso das fibras elásticas,
proporcionando a flacidez da pele;
• ptose: o rosto vai perdendo seu formato oval, dando irregularidade ao
mento. É chamada comumente de bulldog, pois há formação de papadas
que lembram essa raça canina devido à falta de firmeza da pele. Também
as pálpebras sofrem com a queda, dando ao indivíduo ares de cansaço.
Quando o processo está bem avançado, as bolsas sobre os olhos
aparecem.

2.4 Alteração da textura da pele

As alterações em termos de textura são categorizadas em:

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• desidratação: é a perda do envoltório chamado filme lipídico que deixa a
pele opaca e sem brilho, alterando sua cor rósea para acinzentada ou
amarelada, conferindo-lhe um aspecto rugoso, com poros dilatados e
textura muito fina ao tato;
• rugas: no início são fininhas, mas vão se agravando devido aos
movimentos musculares constantes e também à perda de tecido adiposo;
• discromia marcada: aparece, em certas regiões, uma pigmentação do tipo
sarda (chamada de lentigo), e algumas queratoses seborreicas. A
pigmentação tende a rarear-se;
• telangectasia: nota-se fragilidade capilar, com o aparecimento de vasinhos
sanguíneos principalmente nas regiões centro-facial e ao lado das narinas;
• hiperqueratose: é o espessamento exagerado do estrato córneo, e pode
associar-se à presença de muita queratina. Geralmente é acompanhada de
um grande aumento na camada granular, formando lesões pré-
cancerígenas. Esse processo pode desencadear e evoluir para carcinomas
basocelulares, e, às vezes, para carcinomas epidermais.

2.5 Prevenção do envelhecimento

Quando a pele sofre com queimaduras do sol, ela se regenera em alguns


dias. Depois disso, nota-se o aparecimento do bronzeado, que perdura por um
certo tempo e desaparece devagar. O bronzeado desaparece, mas as alterações
sofridas pela epiderme, não. Mais à frente, os efeitos dos raios UV que se
acumulam no dia a dia se manifestarão de alguma forma, caso não haja cuidados
intensivos de higienização e hidratação.
A pele desidratada sofre com alterações de cor, textura e elasticidade,
ficando com sua proteção deficitária e comprometida. Seu aspecto ressecado (às
vezes com descamações visíveis), sensação de repuxamento e fragilidade às
irritações fazem com que haja tendências ao envelhecimento precoce. A pele com
a hidratação perfeita é macia ao toque, tem cor rosada e aspecto umectante,
apresentando todas as condições para exercer suas funções corretamente.
Portanto, é de suma importância o ato de limpeza da pele no mínimo duas
vezes ao dia, para retirar toda e qualquer impureza, evitando o acúmulo de células
mortas. Já a hidratação cuida do equilíbrio hídrico, formando um filme que impede
que a água contida na epiderme evapore. Isso mantém sua maciez, sua
tonicidade, seu brilho e sua cor.
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2.6 A importância da fotoproteção diária

É a medida preventiva mais importante do fotoenvelhecimento, devendo


ser iniciada desde a infância, prolongando-se para o resto vida. Esse
procedimento não passa apenas pelo uso de protetores solares à cada três horas,
mas deve ser um complemento da proteção externa.
A fotoproteção externa é feita com roupas, óculos e chapéu. Já são
fabricadas roupas de todo tipo (calças, camisetas, chapéus, bermudas, luvas e
roupas de banho) com proteção contra os raios UVA para o uso por crianças e
adultos. As roupas são excelentes fotoprotetores, pois protegem de forma
uniforme e duradoura. A proteção da roupa se baseia na absorção e na reflexão
dos raios UV, mas nem toda roupa apresenta o mesmo grau de proteção. Para
medir a capacidade de proteção UV por peça de roupa, foi adotado o fator de
proteção à radiação UV (FPU) como medida padrão. As roupas com etiqueta FPU
devem cobrir das ancas até o pescoço, dos ombros até três quartos dos braços.
Os chapéus são considerados uma medida fotoprotetora ao couro
cabeludo, principalmente para pessoas calvas, sujeitas a ter câncer por falta de
proteção.
Além das medidas citadas, é recomendável não se expor ao sol entre 11h
e 16h, pois a intensidade de raios UVB que atinge a terra é bem maior.

TEMA 3 – EFEITOS DA RADIAÇÃO SOLAR SOBRE A PELE

Está comprovado que o sol tem efeito importante no humor das pessoas.
Ele é essencial para a manutenção da vida no planeta Terra, dependemos dele
para tudo. Somente alguns microrganismos (muito poucas espécies) conseguem
viver sem a luz do sol. A condição para a existência de vida na terra é a presença
de luz, água e calor.

3.1 Tipos de radiação solar e sua utilidade

A energia solar que chega até o planeta Terra é dividida em três tipos:

1. radiação ultravioleta (5%);


2. luz visível (35%);
3. radiação infravermelha (60%).

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A maioria dos ciclos biológicos depende dessa energia para garantir a
fotossíntese, que garante a vida dos vegetais e animais que se alimentam por
meio dela.
O ser humano depende da luz solar para manter seu metabolismo,
promover bem-estar psicológico e melhora do humor. A pele necessita do sol para
sintetizar a vitamina D, que é a vitamina do crescimento e da prevenção da
osteoporose.
A radiação UV é utilizada no tratamento de patologias como psoríase,
eczema e linfoma cutâneo de células T.
As ocorrências fisiológicas no organismo humano a cada vinte e quatro
horas representada pelo ciclo circadiano que induz ao relaxamento também são
reguladas pela luz do sol.
À noite há liberação de melatonina, hormônio que induz ao relaxamento e
ao sono; pela manhã, aumenta a liberação de cortisol, para que o indivíduo
desperte e se prepare para o dia.

3.2 Prevenção

Não temos como negar a importância do sol e de sua radiação em nossas


vidas, porém, temos que ter algumas precauções em relação à exposição à
radiação solar, pois se for absorvida em excesso pela pele, teremos problemas
que vão desde insolação até câncer de pele.
Essa prevenção deve ser feita respeitando-se os horários de exposição,
fazendo uso de protetores solares e roupas adequadas.
Desde a década de 1980, médicos e cientistas têm se preocupado com a
proteção solar, pois o sol tem sido considerado como o grande vilão do
envelhecimento precoce e do câncer de pele.
A pele humana se adapta às agressões das radiações ultravioletas por dois
mecanismos que agem em sinergia: espessamento epidérmico e
desenvolvimento de pigmentação adquirida. Na medida em que esses fenômenos
protegem a camada sensível da epiderme (células da camada basal e
melanócitos) da agressão dos raios UVB, eles podem ser considerados como
benéficos. Entretanto, convém relativizar a importância desse benefício, porque a
desigualdade genética dos indivíduos não permite precisar onde acaba a
agressão e onde começa o benefício.

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3.3 Fenômenos tardios provocados pelos raios UVB

• queimadura de sol: aparece a partir da quarta hora de exposição solar e é


extremamente desagradável. Vai de uma vermelhidão generalizada até o
aparecimento de bolhas. Frequentemente é acompanhada de febre,
vômitos e cefaleias. Ameaça sobretudo indivíduos loiros e ruivos, que
devem se portar com prudência nos primeiros dias de permanência ao sol;
• bronzeamento tardio: aparece dois dias após a exposição e atinge seu
ponto máximo por volta da terceira semana. Depois, desaparece pouco a
pouco, desde que não ocorram novas exposições ao sol. É devido,
sobretudo, aos UVA, mas também, em pequena parte, aos UVB;
• aumento da espessura da pele: a espessura da pele aumenta a partir do 2º
dia de exposição ao sol, que provoca um espessamento de toda a
epiderme.

3.4 Os três principais tipos de câncer de pele

São eles:

1. carcinoma basocelular;
2. carcinoma espinocelular;
3. melanoma maligno.

Os tumores podem ser benignos (não cancerosos) ou malignos


(cancerosos). As células cancerosas nos tumores malignos podem se soltar do
tumor original e criar metástases, ou seja, espalhar-se pelos sistemas sanguíneo
e linfático, onde podem formar tumores secundários, ou metastáticos.
Existem três formas básicas de câncer de pele, e todas elas estão
associadas à exposição cumulativa ou excessiva aos raios solares. Os
carcinomas das células basais e escamosas são conhecidos como cânceres de
pele não melanomas – para diferenciar do melanoma, o terceiro, que, sem dúvida,
é o mais fatal dos tipos de câncer de pele.
O risco de desenvolver um câncer de pele do tipo não melanoma está
diretamente relacionado a dois fatores principais:

1. quanto você se bronzeia ao longo da vida;


2. qual é o grau de sensibilidade de sua pele.

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3.5 Protetores solares

São formulações cosméticas que contêm filtros capazes de absorver,


refletir ou dispersar a radiação solar, impedindo que ela penetre na pele.
Os filtros, por sua ação, eram classificados em químicos e físicos. A partir
de 2007, a Food and Drug Administration (FDA), a agência federal do
Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, atualizou essa
classificação para filtros orgânicos (químicos) e inorgânicos (físicos).

• filtros orgânicos: absorvem a radiação solar antes que ela penetre na pele,
transformando a energia luminosa em energia térmica. Podem oferecer
proteção parcial, apenas para UVA ou para UVB, ou para ambas,
dependendo do ativo utilizado. Em geral, são transparentes e pouco
oleosos. São os preferidos da população.
• filtros inorgânicos: refletem, dispersam e/ou absorvem a radiação. Suas
formulações são mais oleosas e brancas, difíceis de espalhar. Não agrada
muito comercialmente. São bastante utilizados em crianças e pessoas
alérgicas.

Nos últimos anos, temos tido várias campanhas de conscientização do uso


do filtro solar para o combate da radiação UV; não somente para exposições
maiores, mas também para uso diário.
Os cosméticos, em sua maioria, estão sendo fabricados com diferentes
fatores de proteção solar. Eles estão presentes em hidratantes, condicionadores
capilares, produtos anti-idade, batons e maquiagem, de forma geral.

3.6 Utilização de protetores solares

O protetores solares devem ser aplicados em quantidades suficientes, e


em camadas uniformes, por todas as áreas que ficarão expostas ao sol. Deve ser
bem espalhado para que uma região não fique com mais produto que outra,
evitando que ocorra manchas. Ele deve ser aplicado vinte minutos antes da
exposição ao sol e reaplicado a cada uma hora e meia a duas horas, ou todas as
vezes em que se entrar na água ou se transpirar demais. Os protetores
classificados como resistentes à água mantêm a proteção por até 80 minutos.
Depois desse tempo, o produto deve ser reaplicado.

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A ausência desse cuidado pode levar ao aparecimento de câncer de pele
no indivíduo adulto.

TEMA 4 – RECURSOS ESTÉTICOS PARA EMBELEZAR E REJUVENESCER

Submeter-se a uma cirurgia plástica é um trauma físico e psicológico,


mesmo sob os pretextos de ficar mais belo ou de rejuvenescer. Um corte é sempre
uma agressão, e o corpo se recupera lentamente. Quanto mais avançada a idade,
mais riscos se corre. Sempre haverá que se recuperar em termos de inchaços,
dores, hematomas e desconforto.
A beleza física pode ser alcançada ou melhorada por meio de métodos não
cirúrgicos, proporcionando melhorias visíveis, principalmente no levantamento
cutâneo e de estruturas adjacentes.

4.1 Técnicas combinadas

Para levantamento cutâneo, recorre-se a técnicas combinadas de


eletroterapia, recursos manuais e cosméticos denominadas lifting (termo da
língua inglesa que significa levantamento).
Essa técnica tem a finalidade de prevenir o processo de envelhecimento,
tratando flacidez e rugas. O incontável número de produtos e equipamentos para
evitar o envelhecimento é, provavelmente, um dos temas da atualidade. Houve
uma época em que uma cirurgia de lifting facial era a única maneira de livrar a
pele das linhas de expressão e das rugas. Hoje há um enorme número de
alternativas de procedimentos não cirúrgicos disponíveis para ajudar as pessoas
a parecer mais jovens, sem os riscos de uma cirurgia. Essas técnicas podem
combater, até certo ponto, os efeitos do processo natural de envelhecimento, o
impacto das expressões faciais ao longo dos anos e a exposição acumulativa do
sol.
A hidratação e a nutrição são fundamentais para a saúde cutânea. Existem
vários procedimentos estéticos realizados com cosméticos, aliados a massagens
e técnicas de eletroterapia. Essas associações de procedimentos favorecem a
vitalidade e a prevenção dos efeitos causados pelo envelhecimento e pelo
fotoenvelhecimento.

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Os procedimentos estéticos são muito apreciados pelas mulheres, mas os
homens também estão utilizando esse recurso, por observarem resultados cada
vez mais satisfatórios na recuperação da beleza da pele.
A técnica de utilização da eletroterapia nos protocolos estéticos facial e
corporal auxilia na recuperação da flacidez, no combate dos sinais de desgaste
da pele e dos músculos.
Os aparelhos utilizados na estética necessitam de eletricidade para o seu
funcionamento. Podem ser ligados a uma bateria ou à tomada, permitindo que a
corrente elétrica atravesse seus fios. Corrente elétrica é o fluxo de qualquer tipo
de carga elétrica.
As cargas elétricas são classificadas em dois tipos: positiva (prótons) e
negativa (elétrons). Cargas de sinais iguais se repelem e de sinais diferentes, se
atraem.
Os equipamentos de eletroterapias utilizados na estética produzem uma
corrente elétrica muito baixa, dada em miliamperagem (mA) ou microampères
(μA). Durante as sessões de eletroterapia, a corrente elétrica é transmitida através
da pele por eletrodos, os quais são fixados aos pares: um positivo e outro
negativo, representados pelas cores preto e vermelho. Geralmente, o positivo é
vermelho e o negativo, preto, para que a corrente passe de um para o outro. A
corrente elétrica pode atravessar o tecido do corpo sempre no mesmo sentido.
Esse tipo de corrente é denominado de corrente galvânica, uma corrente
contínua, que vai do negativo para o positivo.
A corrente farádica é uma corrente alternada, varia ciclicamente, ou seja,
muda sua polaridade no decorrer do tempo. Os elétrons que constituem a corrente
elétrica deslocam-se ora em um sentido, ora em outro, conforme os polos
negativos e positivos.

4.2 Equipamentos de eletroterapia para combater o envelhecimento

4.2.1 Laser de baixa potência

O laser é uma amplificação da luz por emissão estimulada da radiação. É


constituído por um tipo especial de luz, uma radiação eletromagnética que possui
algumas características:

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• monocromaticidade: as ondas eletromagnéticas têm a mesma longitude de
onda e, portanto, a mesma cor. A lâmpada comum, por exemplo, emite
vários comprimentos de onda por ser uma luz policromática;
• coerência: todas as ondas estão na mesma fase. A lâmpada comum, por
exemplo, é incoerente;
• colimação: feixe de fótons paralelos, diferentemente do feixe de luz da
lâmpada comum, que é divergente.

Para se obter o efeito da luz sobre o tecido é preciso que haja absorção.
Isso ocorre com potência na faixa de 2 a 30 MW, quando os efeitos ocorrem
devido à ação direta da radiação e não ao do aquecimento. A penetração em
poucos milímetros é absorvida nos diferentes estratos da pele.
Para realizar a hidratação fotônica, devemos utilizar a luz azul na pele para
fotoativar a queratina presente no estrato córneo. Dessa forma, elevamos a
barreira de proteção natural da pele, com o consequente aumento do conteúdo
hídrico.

4.2.2 Radiofrequência

Emite ondas eletromagnéticas que agem nas camadas mais profundas da


pele, e da derme papilar e reticular, produzindo uma retração no colágeno por
meio de seu calor, promovendo a modelação e melhorando a flacidez cutânea
devido ao aumento da circulação sanguínea periférica. Como efeito tardio,
estimulam os fibroblastos que tendem a sintetizar novas células de colágeno. O
resultado é uma pele mais hidratada, firme e com diminuição de linhas.

4.2.3 Microcorrente

Corrente variável de baixa frequência, com pulsos muito pequenos e de


intensidade na ordem de microampères. Atuam sobre a célula e em
microestruturas (miofibrilas e células endoteliais). É utilizada por meio de
eletrodos fixos ou móveis; a pele deve estar limpa e livre de oleosidade.

• eletroestimulação: técnica que utiliza correntes elétricas para promover a


contração muscular por meio da excitação do conjunto neuromuscular. Age
contraindo e relaxando o músculo, dando mais resistência e firmeza
muscular, deixando a área menos flácida;

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• peeling de diamante: equipamento que promove a microdermoabrasão, isto
é, a esfoliação controlada nas camadas da epiderme por meio de diversos
tipos de ventosas diamantadas, com diferentes granulometrias associadas
a um aparelho de vácuo.

4.2.4 Vacuoterapia

Técnica mecânica realizada mediante um compressor que aspira a pele e


os tecidos logo abaixo dela, massageando de dentro para fora, com efeitos na
elasticidade cutânea, no incremento circulatório, na drenagem linfática e
esfoliação superficial.

4.2.5 Peeling de cristal

Esfoliação que consiste em projetar sobre a pele um jato de microcristais


de hidróxido de alumínio com um equipamento que possibilita regular os níveis de
esfoliação sob pressão assistida. Indicado para os sulcos de rugas superficiais e
profundas.

4.2.6 Jato de plasma

O plasma é o quarto estado da matéria. Todos conhecemos os estados


gasoso, sólido e líquido. O quarto estado está entre o estado líquido e o gasoso
(trata-se de um gás ionizado, de acordo com os físicos), um gás em que os íons
se encontram em seu estado livre, e em que há um conjunto altamente instável
de elétrons e de íons neutros (cuja carga elétrica total é nula). Indicado para
blefaroplastia não invasiva, despigmentação da pele, rejuvenescimento facial e
peeling eletrônico.

TEMA 5 – DRENAGEM linfática FACIAL

A drenagem linfática é uma técnica utilizada para estimulação do sistema


linfático. Ela retira o excesso de líquido intersticial e remove proteínas e resíduos
metabólicos, além de favorecer a troca de oxigênio e nutrientes. Desse modo, o
equilíbrio hídrico no espaço intersticial é preservado.

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A técnica contribui para diversos tratamentos estéticos, e as bases
fisiológicas são determinantes para estudar o funcionamento e os resultados
desses tratamentos.

5.1 Estruturas do sistema linfático

Os vasos e capilares linfáticos são frágeis e de coloração esbranquiçada,


e a linfa tem um aspecto levemente amarelado, além de ser rica em proteínas. O
sistema linfático possui várias estruturas anatômicas, classificadas de acordo com
a sua localização nos tecidos. Entre elas, os capilares linfáticos são vasos
superficiais que acompanham as veias e absorvem as macromoléculas. Os vasos
pré-coletores têm diâmetro maior que os capilares e são ricos em válvulas em sua
extensão.
A estrutura desses vasos possui fibras colágenas e tem as propriedades
da contratilidade e do alongamento, importantes para definir a pressão e as
manobras da técnica de drenagem linfática manual.
Os vasos coletores projetam-se no caminho das vias linfáticas para evitar
o refluxo da linfa.
Os troncos linfáticos são os encontros entre os vasos linfáticos, e estão
dispostos anatomicamente ao longo de todo o sistema, fragmentando-se de
acordo com as regiões de drenagem.
Os ductos linfáticos são os vasos da porção final do sistema linfático, que
desembocam na altura da jugular, no sistema venoso.
As estruturas compactas e agrupadas que filtram a linfa são denominadas
linfonodos. A linfa compreende o líquido intersticial, de aspecto cristalino, que
caminha dentro dos vasos linfáticos.

5.2 Função do sistema linfático

O sistema linfático se comporta como uma via unidirecional e de fluxo


contínuo. Entre suas principais funções, destacam-se a homeostasia (capacidade
das células de realizar atividades com equilíbrio, eliminando substâncias
originadas pelo metabolismo celular), a função imunológica (capacidade de
identificar os agentes agressores e acionar as células de defesa) e a manutenção
do equilíbrio entre os volumes líquidos e a concentração proteica.

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Os efeitos da drenagem linfática no organismo ocorrem sobre os sistemas
neurovegetativo, imunológico e vascular.

5.3 Objetivo da drenagem linfática

A drenagem linfática aumenta

[...] o volume e a velocidade da linfa a ser transportada pelos vasos e


ductos linfáticos, por meio de manobras que imitem o bombeamento
fisiológico. Ela tem influência direta no aumento da oxigenação dos
tecidos, favorece a eliminação de toxinas e metabólitos, aumenta a
absorção de nutrientes por meio do trato digestório, aumenta a
quantidade de líquidos a ser eliminada e melhora as condições de
absorção intestinal, dentre outras funções.
Em consequência disso, tem-se: redução do edema, maior hidratação e
nutrição celular, maior rapidez na cicatrização de um ferimento (em
consequência de uma melhor irrigação sanguínea [...] (Beauty Nail Hair
Salons, S.d.).

5.4 Contraindicações absolutas

• febres;
• infecções agudas;
• neoplasias;
• bacteremias;
• viremias;
• eczema agudo.

5.5 Contraindicações relativas

• insuficiência cardíaca descompensada;


• insuficiência renal descompensada;
• anemia proteica;
• hipo ou hipertensão arterial descompensada;
• hipertireoidismo;
• diabetes descompensado.

5.6 Indicações

• edema tecidual;
• tratamento de acne;
• tratamento de rosácea;

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• tratamento de revitalização;
• tratamento de pré ou pós cirurgia plástica.

5.7 Drenagem versus massagem

Primeiramente, diferenciaremos o termo massagem da expressão


drenagem linfática.
Massagem é uma palavra de origem grega e significa amassar as
diferentes partes do corpo com as mãos, tendo como objetivo relaxar a
musculatura, aliviar dores, ativar a circulação sanguínea e promover o bem-estar
físico e mental.
Já na drenagem linfática, o toque deve ser suave e superficial, para
impulsionar a linfa.

5.8 Manobras de drenagem linfática

As manobras da drenagem linfática seguem dois princípios básicos:

1. evacuação (remoção): se faz por compressão e descompressão das


cadeias linfáticas;
2. captação (absorção): se faz por meio de movimentos que impulsionam a
linfa, por pressões digitais e das mãos em direção às cadeias linfáticas.

As manobras são realizadas entre cinco a sete vezes na região


comprometida. O ritmo deve ser lento, leve e rítmico, e a pressão correta é aquela
em que não há presença de dor. As manipulações dolorosas devem ter a pressão
diminuída. Outro sinal de pressão inadequada é a vermelhidão na pele. Manobras
corretas não podem deixar hiperemia ou hematomas.

5.9 Roteiro prático da drenagem linfática facial

Os movimentos serão sempre efetuados no sentido da circulação linfática,


iniciando na região proximal distal (repetir de 3 a 5 vezes a sequência dos
movimentos em cada região a ser trabalhada).
As etapas da drenagem linfática facial são as seguintes:
1. deslizar com o dedo indicador e o médio de cada lado da região do
pescoço, descendo para a região subclávia. Comprimir e descomprimir os
linfonodos supraclaviculares;

18
2. deslizar com o indicador e o médio em cada lado da região do pescoço,
bombeando a região da subclávia. Fazer movimentos circulatórios na
região pré-external, contornar o úmero-escapular e subir pela região
cervical posterior bombeando os gânglios da região sub-occiptal;
3. com os polegares sobre o mento (parte medial), e o indicador e o médio
sob o mento, deslizar até a região dos gânglios submaxilares;
4. com os polegares, alternadamente deslizar pela parte inferior medial do
lábio, até os gânglios da região mentoniana;
5. com os polegares em cada lado da parte medial dos lábios, deslizar e
bombear para os gânglios da região submaxilar;
6. no ângulo externo da boca, com os polegares, deslizar para os gânglios
submaxilares. No terceiro movimento, bombear para os gânglios da região
da subclávia;
7. com os polegares na parte medial, supralabial, deslizar para os gânglios da
região submaxilar;
8. com os polegares na região da base do nariz, deslizar até os gânglios da
região submaxilar;
9. com os polegares na região do ângulo interno da pálpebra superior,
deslizar para os gânglios da região submaxilar. No terceiro movimento,
bombear os gânglios na região da subclávia;
10. com os polegares na ponta do nariz, deslizar para os gânglios da região
submaxilar;
11. com os polegares na parte medial do nariz, deslizar para os gânglios da
região dos gânglios parotídeos (bem abaixo do lóbulo da orelha);
12. com os polegares na parte superior do nariz, deslizar para os gânglios da
região submaxilar. No terceiro movimento, bombear a região da subclávia;
13. com os polegares em cada lado do ângulo interno da pálpebra inferior,
deslizar para os gânglios da região submaxilar;
14. com os polegares em cada lado no ângulo medial da pálpebra inferior,
deslizar para os gânglios das regiões pré-auricular e parotídea;
15. com os polegares em cada lado na região lateral, externa dos olhos,
deslizar para os gânglios da região pré-auricular. No terceiro movimento,
bombear os gânglios para a região subclávia;
16. com o indicador e o médio, deslizar da região da pálpebra inferior para os
gânglios da região pré-auricular;

19
17. com o dedo indicador e o médio, deslizar do meio da pálpebra superior para
os gânglios pré-auriculares;
18. com o dedo indicador e o médio, deslizar do ângulo interno da pálpebra
superior para os gânglios pré-auriculares;
19. alternar o interno superior e o interno inferior para os gânglios pré-
auriculares. No terceiro movimento, bombear os gânglios da região da
subclávia;
20. com o indicador e o médio na parte média frontal, em três ou dois tempos,
deslizar para os gânglios pré-auriculares. No sexto ou nono movimento,
bombear para os gânglios da região da subclávia;
21. bombear os gânglios retroauriculares para a região da subclávia;
22. efetuar movimentos rolantes cutâneos, pequenos, do mento para a
cervical:
a. da parte medial da face, três ou quatro tempos para a região cervical;
b. da região orbicular da pálpebra para a região cervical;
c. da região frontal para a região cervical.
23. efetuar pressão e descompressão:
a. mentual em três tempos;
b. centro-facial em três tempos;
c. frontal em três tempos;
d. cervical em três tempos;
e. pré-external em três tempos.

Para se obter a pressão correta do bombeamento nos gânglios, deve-se


treinar os dedos em um balão cheio de ar.

20
REFERÊNCIAS

ANDREOLI, C. P. P.; PAZINATTO, P. P. Drenagem linfática: restruturação


anatômica e fisiológica passo a passo. Nova Odessa, SP: Napoleão; 2009.

BEAUTY NAIL HAIR SALONS. Disponível em:


<https://www.beautynailhairsalons.com/BR/Joinville/1388577478083064/D%C3
%A9borah-Corr%C3%AAa-Est%C3%A9tica-Facial-e-Corporal>. Acesso em: 10
jun. 2019.

GODOY, J. M. P.; GODOY, M. F. Drenagem linfática manual. São José do Rio


Preto, SP: Riocor, 1999.

LANGE, A. Drenagem linfática manual no pós-operatório das cirurgias


plásticas. Curitiba: Vitória, 2012.

MACEDO, O. R. A ciência da beleza. São Paulo: Marco Zero, 1989.

OLIVEIRA, A. L. et al. Curso didático de estética. 2. ed. São Caetano do Sul,


SP: Yendis, 2014. v.1.

PEREIRA, M. F. L. (Org.). Recursos técnicos em estética. São Caetano do Sul,


SP: Difusão, 2013. v. 1. (Série Curso de Estética).

ZANI, R. Beleza, saúde e bem-estar. São Paulo: Saraiva; 1995.

21
AULA 3

DERMATOTERAPIA FUNCIONAL

Profª Rita de Cassia Alberini


CONVERSA INICIAL

Uma pele sadia é essencial para o bem-estar físico e psicológico, pois é


através da pele que nos comunicamos com o mundo. A pele é o maior órgão do
corpo humano, sendo considerada um dos órgãos mais vitais e complexos.
Uma pele sadia é tão importante quanto pulmões limpos e coração
perfeitos, além de ser considerada linha de defesa número um do corpo contra
danos físicos e invasões químicas ou bacterianas.
Tensão, estresse ou mesmo um problema grave podem atuar
negativamente na saúde da pele, somatizando, desde uma alergia, até uma
psoríase. Nossos sentimentos são externados através da pele, que age de forma
concreta, provocando a eliminação de toxinas que, expelidas através dela,
desencadeiam lesões inflamatórias.
Um desequilíbrio emocional pode atuar como agravante de um processo
acneico, ou até mesmo ser responsável pelo seu aparecimento. Na adolescência,
a acne costuma resultar de uma série de fatores interligados: predisposição
genética, meio ambiente em que a pessoa se desenvolve e outras patologias,
como efeito colateral de alguns medicamentos.
Nossa pele representa a proteção da nossa individualidade. Significa que,
de alguma forma, estamos sendo ameaçados. O medo provoca ansiedade, que
consequentemente leva o organismo a reagir de alguma forma, querendo expelir
e resolver seus conflitos internos

TEMA 1 – ACNE

A acne é conhecida como uma doença do folículo pilossebáceos,


decorrente do acúmulo de secreção sebácea.
A acne vulgar é considerada uma manifestação dermatológica muito
comum. Ela não compromete a saúde do indivíduo, mas pode ocasionar sérios
problemas psicológicos, prejudicando o bem-estar e o desenvolvimento
emocional, afetando a autoestima, e levando (principalmente os adolescentes) a
modificações comportamentais.
Comum na fase da puberdade, ataca os dois sexos em razão dos
hormônios sexuais e da predisposição genética. Surge na puberdade e afeta
milhares de pessoas. Os adolescentes são atingidos entre 80 a 90%, e ela

2
prolonga-se por um tempo variável. Acomete mais o sexo masculino, devido à
influência androgênica.
O problema geralmente inicia mais cedo no sexo feminino do que no
masculino. As meninas terão acne entre os 13 e 16 anos, enquanto os meninos
começam a ter o problema aos 15, até os 19 anos. Isso não é uma regra
específica; ela pode iniciar antes ou depois. A genética também tem a sua
influência, e algumas pessoas podem sofrer com este problema depois da
adolescência. Isso é uma exceção e não uma regra.
A acne vulgar, polimorfa ou juvenil geralmente atinge a parte central que
chamamos de T (testa, nariz e queixo), e é caracterizada por comedões fechados
(microquistos) ou comedões abertos (pontos negros), e por lesões inflamatórias
(pápulas, pústulas, cistos e nódulos). Os comedões ou cravos (como são
chamados popularmente), são consequência da obstrução do fluxo de saída da
oleosidade dos folículos capilares abertos sobre a face.
Quatro fatores que favorecem o aparecimento da acne:

• Hiperqueratinização infundibular: É o excesso de queratina no folículo


piloso, que obstrui o orifício, formando os comedões ou cravos. O processo
normal de queratinização ocorre na parede do infundíbulo do folículo, da
mesma maneira que ocorre na superfície da pele. O amadurecimento dos
queratinócitos e a subsequente esfoliação interna do folículo marcam a
formação dos comedões. São diversos fatores que levam à
hiperqueratinização folicular. Ela ocorre devido a uma hiperproliferação dos
queratinócitos e/ou separação inadequada dos queratinócitos ductuais.
Nos portadores de acne, os queratinócitos fixam-se entre si, e os
queratinócitos aglomerados bloqueiam o folículo, formando o que
chamamos de “rolha córnea”, que cria os comedões. A bactéria se
desenvolve devido ao folículo obstruído, e o sistema de defesa,
reconhecendo a sua presença, arma uma resposta imune, resultando em
processo inflamatório que gera dor, calor, rubor e tumor. Na maioria das
vezes, há formação de pus, gerando pápulas e pústulas. A maior parte da
inflamação é resultado de mediadores inflamatórios que são liberados
quando as bactérias degradam o sebo.
• Colonização bacteriana infundibular: Propionibacterium acnes é uma
espécie de bactéria gram-positiva, anaeróbia, do gênero Corynebacterium,

3
que faz parte da microbiota normal que habita nossa pele, sendo o principal
microrganismo envolvido na etiopatogenia da acne vulgar.
• Hiperprodução sebácea: Proliferação das bactérias, favorecendo o
aparecimento da acne. Estão presentes também, em grande quantidade, o
P. avidum e P. propionicum, que se localizam na face e no tronco superior,
locais de maior concentração das glândulas sebáceas. Elas evidenciam a
relação direta entre a população bacteriana e a seborreia local.
• Hipersecreção sebácea: Comum na adolescência. As glândulas
sebáceas produzem excesso de sebo, por conta da ação hormonal que
controlam tais funções. Elas se tornam mais ativas na fase da puberdade,
quando o aumento do sebo decorre da estimulação hormonal androgênica.
Tais glândulas são controladas por esses hormônios. O sebo é sintetizado
continuamente pelas glândulas e secretado para a superfície da pele
através do óstio do folículo pilossebáceo. As glândulas sebáceas estão
localizadas no corpo todo, sendo em maior número e tamanho na face,
dorso, tórax anterior e ombros. A excreção de lipídeos feita por essa
glândula é controlada por hormônios, que são mais ativos durante a
puberdade. A elevada produção de sebo leva a um desequilíbrio entre a
produção e a capacidade de excreção, gerando obstrução no folículo
pilossebáceo, e decorrente infecção.

Na fase adulta, a hipersecreção sebácea tende a se atenuar, reduzindo a


formação da acne, mas os hormônios continuam em atividade sobre as glândulas
sebáceas, até a fase adulta. A testosterona é quem regula a secreção dos lipídeos
masculinos. Já nas mulheres, o aumento imediato do hormônio luteinizante, em
seguida à ovulação, estimula e acelera a atividade das glândulas sebáceas. A
secreção, quando atinge um pico muito alto, exacerba erupções de acne,
geralmente alguns dias antes da menstruação. Em especial as mulheres que
apresentam alterações hormonais, com ovários policísticos, apresentam acne na
região da mandíbula e pescoço, com agravamento na TPM.
O papel chave na patologia da acne é o sebo. Além da sua ação
comedogênica, ele causa inflamação quando injetado na pele, sendo descritos
níveis de inflamação mais altos nas pessoas com acne grave.

4
1.1 Inflamação folicular e dérmica subjacente

As células para se defenderem contra o P. acnes liberam enzimas


hidrolíticas intracelulares, que irão atuar na parede epitelial infundibular,
fragilizando-a e levando à saída de substâncias irritantes para a derme
subjacente, desencadeando processo inflamatório local.
Os portadores de acne apresentam alteração na capacidade de barreira
epidérmica, facilitando o surgimento de inflamação periglandular dérmica, devido
à passagem de substâncias irritantes do lúmen glandular para essa região,
principalmente por ação dos ácidos graxos livres.
O sebo acumulado pode fazer pressão, romper o epitélio folicular, e os
ácidos graxos e a proliferação de microrganismos irão atuar na derme
circunjacente, iniciando o processo inflamatório, com formação de anticorpos e a
participação de linfócitos, neutrófilos, macrófagos e linfoquinas.
A acne pode aparecer em diversas regiões, mas com maior incidência nas
regiões da face, ombros e tórax, com diversas lesões, de diferentes graus.
Em alguns quadros, a acne é tão severa que há comprometimento
sistêmico, como febre e outros sintomas.

1.2 Tipos de lesões

Tipos de lesões não inflamatórias:

• Microcomedões: Encontradas em jovens no início da puberdade,


localizadas na fronte ou dorso do nariz. Decorrentes do acúmulo de
queratinócitos no infundíbulo e da dilatação folicular.
• Comedão fechado: Possui forma esférica; o orifício folicular é visível no
centro do comedão, a lesão é esbranquiçada ou da cor da pele, similar ao
millium. É bem identificada quando esticamos a pele.
• Comedão aberto: São lesões escurecidas com abertura do óstio
proporcional ao conteúdo de sebo e queratina no interior do folículo.
Resultante do acúmulo de queratinócitos e sebo, proporciona colonização
do P. acnes. Na extremidade do comedão, veremos uma cor escura devido
a presença de melanina. Observando-se na luz de Wood, ele ficará com
uma cor alaranjada.

Tipos de lesões inflamatórias:

5
• Pápulas: Lesões eritematosas, elevadas e doloridas. Persistem por
algumas semanas e a reparação é lenta. Pode deixar cicatriz depressiva e
hiperpigmentada.
• Pústulas: Lesões eritematosas, com secreção amarelada (pus).
• Nódulos: Lesões eritematosas, maiores, de consistência fribroelástica,
resultantes do rompimento de comedões e processo inflamatório, podendo
originar abcessos. O comedão é destruído e a secreção sebácea e os pelos
irão gerar uma reação inflamatória crônica de corpo estranho, podendo
permanecer por semanas ou meses, deixando uma desagradável cicatriz.

TEMA 2 – CLASSIFICAÇÃO E VARIAÇÕES DA ACNE

A acne, para ser tratada, tem que ser analisada para verificarmos em que
grau se encontra. Sabendo classificar o grau, podemos definir o tratamento mais
adequado.
Existem também diferentes tipos de acne que não podemos manipular;
temos também que reconhecer lesões que se assemelham à acne, para
encaminhar ao dermatologista, pois não podem ser tratadas pela área da estética,
mas sim com medicamentos oral e tópico, próprios da área médica.
Saber classificar e definir o tipo de acne do paciente é o principal ponto de
partida para propor um bom tratamento ou encaminhar o paciente a quem de
direito. A classificação mais comum é a que divide a acne em 5 graus:

• Acne grau I – comedogênica e não inflamatória, com algumas pápulas e


raras pústulas.
• Acne grau II – pápulo-postulosa e inflamatória; presença de comedões
abertos e fechados, lesões inflamatórias como pápulas, pústulas e
seborreia.
• Acne grau III – nódulo-cística e inflamatória ou nódulo-abscedens.
Apresenta comedões, pústulas e lesões maiores como nódulos e
abscessos.
• Acne grau IV – conglobata e inflamatória; apresenta todos os quadros da I
até o IV, além de nódulos purulentos, numerosos e grandes, formando
abcessos e fístulas com pus, podendo levar a lesões queloidianas.
Acomete geralmente o sexo masculino, aparecendo mais na face, pescoço

6
e a porção anterior e posterior do tórax, podendo chegar até a região dos
glúteos.
• Acne grau V – ulminante ou fulminans. É extremamente rara, devastadora
e grave. Tem início abrupto, ataca frequentemente o sexo masculino,
poliartralgia. Causa febre, aumento de leucócitos, poliartralgia com
infecção e necrose, hemorragia em algumas lesões. Sua causa é
desconhecida, mas acredita-se que pode estar relacionada com prováveis
mecanismos inflamatórios e imunológicos. Acredita-se também que a
predominância no sexo masculino pode ser explicada pela alta taxa de
testosterona durante a puberdade. Este tipo de acne só pode ser tratadO
pela área médica.

Figura 1 – Tipos de acne e espinhas

Crédito: ksenia_bravo_design/Shutterstock.

2.1 Erupção acneiforme por indução interna ou sistêmica

Muitas vezes, ao se fazer a anamnese, detectamos com certas erupções


acneiformes, que podem ser causadas por agentes que atuam na pele
(contactantes), ou por absorção (endotantes), que podem ser ingeridos, inalados
ou injetados. A alteração na epiderme irá surgir com a alteração do folículo
pilossebáceo, mas não apresentará comedões. Pode atingir a face, região anterior
e posterior do tronco, braços, nádegas e coxas. As lesões se apresentarão no
mesmo estágio (monomorfo) de evolução aguda ou subaguda.

2.2 Acne neonatal

Este tipo de acne acomete o recém-nascido em suas primeiras semanas


de vida. Suas causas são ainda desconhecidas, mas acredita-se que seja
provocada pelos andrógenos maternos circulantes e por alterações hormonais

7
intrínsecas específicas do recém-nascido. É um fator passageiro, mas deve ser
tratado por dermatologista para evitar sequelas ou cicatrizes. A estética não atua
neste tipo de acne.

2.3 Acne infantil

São casos persistentes do neonatal, ou que aparecem entre o terceiro e o


sexto mês, estendendo-se até os quatro anos de idade. Comum no sexo
masculino, acredita-se estar ligada a distúrbios endocrinológicos. Dura alguns
meses e pode sumir espontaneamente. Somente tratamento médico.

2.4 Acne medicamentosa

Alguns medicamentos são responsáveis pelas erupções acneiformes, por


absorção, ingestão, injeção e via percutânea. Quase sempre atinge a face, região
anterior e posterior do tórax, braços, a região glútea e a coxa. Os responsáveis
pelo aparecimento dessas lesões são: andrógenos, corticoides e os
anticoncepcionais. Outras substâncias que também podem estar envolvidas são
os alógenos (iodo, cloro, bromo) e as vitaminas (B12, B6, B1 e D2), rifanpicina,
etionamida, fenobarbitúricos, trimetadiona, hidantoina, lítio, hidrato de cloral etc.
O tratamento consiste na suspensão do medicamento. Em casos em que não
pode ser feita a suspensão do medicamento, os dermatologistas entram com
antibiótico tópicos e sistêmicos (isto quando o quadro clínico é muito severo).

2.5 Acne ocupacional

Acomete áreas expostas ou cobertas por vestimentas sujas, comum em


metalúrgicos (óleos de corte) e mecânicos (graxas); a cloroacne é uma forma
grave de acne ocupacional, causada por contaminação ambiental ou uso industrial
de hidrocarbonetos clorados, presentes nos defensivos agrícolas. Ocorre pela
obstrução dos folículos pilosos, com irritação e infecção secundária. Para que
ocorra a cura, é necessário afastar-se dos agentes causadores. Na falta da
possibilidade de afastamento, é preciso utilizar produtos queratolíticos, e se
houver infecção bacteriana são indicados produtos antissépticos.
Em trabalhadores que manipulam clorados, é importante frisar que, além
da absorção percutânea, há também absorção pulmonar; nesses casos,

8
observam-se complicações pulmonares, hematológicas, neurológicas, hepáticas
e metabólicas. Alguns casos severos podem levar à morte.

2.6 Acne cosmética

Comum no sexo feminino entre 20 a 50 anos, por conta produtos mal


adaptados à pele, induzem a essa condição. A causa mais comum é o uso de
cremes com base cremosa tipo pancake, cremes emolientes e protetores solares
cremosos. Algumas substâncias usadas em cosméticos são comedogênicas;
cerca de 50% dos cremes faciais têm alguma ação comedogênica. O uso
exagerado de alguns sabões contendo hexaclorofeno pode ter efeito
comedogênico. Os comedões e as pápulas irão aparecer até em pessoas que não
apresentam pele seborreica. Para obtenção de resultados, devemos suspender o
uso do produto inadequado.

2.7 Acne tropical

Este tipo de acne é comum nos meses de verão, pelo efeito do calor, e
desaparece com a mudança do clima. Geralmente, acomete pessoas que têm
muita sudorese. A fisiopatologia do processo poderia estar relacionada com a
presença de edema do orifício folicular e inflamação subsequente. As lesões
apresentam-se com características pápulas vermelho-violáceas endurecidas e
pústulas, algumas vezes com certo grau de prurido; geralmente localizam-se no
tronco, ombros, e estendem-se para os braços. Os fotoprotetores oleosos e
horários inadequados de exposição solar pioram muito esse quadro. Em casos
brandos, o uso de substâncias queratolíticas e sabonetes antissépticos ajuda a
resolver. Em casos muito severos, devemos encaminhar ao médico para uso de
antibióticos.

2.8 Acne mecânica

Este tipo de acne aparece pela ação de traumas físicos repetitivos na pele,
como pressão, tensões, alongamentos e estiramentos. Geralmente é causada
pelo uso de chapéus, bonés, faixas de cabelo, colares e fitas cirúrgicas, e calças
jeans muito apertada.

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2.9 Acne escoriada

Aparece em indivíduos ansiosos e superativos que encontram, na


manipulação de seus comedões, uma forma de compensar suas neuroses.
Reflete o estresse da pessoa, propiciando o desenvolvimento de cicatrizes e
manchas inestéticas. Em alguns casos, é recomendável o encaminhamento para
tratamento psicológico. É um tipo de autoagressão.

2.10 Acne adulta

Este tipo de acne geralmente está ligado a fatores hormonais, relacionadas


à ovários policísticos, ou aumento dos hormônios androgênicos que são
responsáveis pela produção de sebo das glândulas sebáceas, que obstrui o
folículo pilossebáceo, formando comedões. Tem localização mais frequente na
região perioral, mandíbula e pescoço, ficando mais irritada e exacerbada no
período pré-menstrual.

TEMA 3 – ROSÁCEA

Doença vascular da pele, caracterizada por uma intensa vermelhidão facial.


Afeta a pele geralmente na região centro-facial. Chamada erroneamente de “acne
rosácea”, pois a acne é uma doença da glândula sebácea, diferentemente da
rosácea, que é caracterizada pela dilatação dos vasos sanguíneos. Embora a
rosácea possa apresentar algumas lesões semelhantes às da acne, elas são
doenças cutâneas distintas.
Sua origem ainda é desconhecida, mas acredita-se que pode se manifestar
por estímulos de fundo nervoso e transtornos viscerais em suas mais diversas
causas. Afeta geralmente adultos entre 30 e 50 anos de idade, sendo mais comum
em mulheres. Também pode atingir os homens, casos em que o quadro se
complica, e tende a ser mais grave, evoluindo para uma “rinófima”.

3.1 Causa da rosácea

Acredita-se que a rosácea seja causada por um agente infeccioso. Existem


teorias de que ela pode ser causada por um tipo de fungo chamado pitirósporo,
por bactéria, ácaros, disfunção de tecidos conectivos na pele, ou fatores
psicológicos. Mas nada foi comprovado até o presente momento. Há uma

10
predisposição familiar e genética (mais comum em brancos e europeus), como
também forte predisposição psicológica. A sensibilidade, por sua vez, pode ter
como causa a hereditariedade, a cor da pele e a própria estrutura da pele.
Embora a causa da rosácea ainda seja um mistério, a presença de eritemas
e teleangectasías na região central da face, acompanhadas de pápulas e
pústulas, geralmente é de fácil diagnóstico. Existem quatro tipos de rosáceas:
eritemato-telangectasica (subtipo 1), papulopustuloso (subtipo 2), fimatoso ou
rinófima (subtipo 3), e ocular (subtipo 4), que pode acompanhar qualquer um dos
outros ou apresentar-se isoladamente.

3.2 Sintomas da rosácea

O primeiro sintoma é vermelhidão persistentes na região centro-facial,


podendo ser confundida com rubor ou queimadura de sol. Facilmente se irrita com
ácidos e produtos dermatológicos. Aos poucos, a vermelhidão tende a ser
permanente, e aparecem as teleangectasías, pápulas e pústulas, podendo ocorrer
edemas e nódulos. Surgem com frequência sintomas oculares: secura nos olhos
e sensível a inflamação nas bordas palpebrais (blefarite). Aos poucos, os sintomas
podem se tornar mais proeminente, variando de pessoa para pessoa. As lesões
podem não se desenvolver.
Sinais e sintomas típicos:

• Flushing facial com vermelhidão abrupta e sensação de calor como se


fosse um surto de vasodilatação;
• Teleangectasias: dilatação de pequenos vasos permanente;
• Eritema facial persistente, com possível edema;
• Pápulo-pustulosas: podem ocorrer nódulos; as pápulas podem,
eventualmente, formar placas granulomatosas (rosácea lupóide);
• Rinófima: espessamento irregular, nariz inchado e vermelho, dilatação
folicular, levando a aumento e deformação da região. Esses
espessamentos podem ocorrer em outras regiões (frontal, maçãs do rosto
e pavilhões auriculares);
• Alterações oculares: ocorrem em 50% dos casos (irritação, ressecamento,
blefarite, conjuntivite e ceratite).

11
3.3 Tratamento da rosácea

Não existe cura para a rosácea, mas sim controle. O dermatologista deve
atuar imediatamente, para que os sintomas não se agravem. Problemas que
podem agravar a rosácea devem ser afastados ou controlados, como bebidas
alcóolicas, exposição solar, vento, frio, ingestão de comidas quentes
(principalmente condimentos fortes, como pimenta).
O tratamento se inicia com sabonetes apropriados, filtros solares com
elevada proteção, uso de antimicrobianos tópicos e antiparasitários. Em casos
persistentes e reincidentes, utiliza-se isotretinoina oral em doses baixas.
O laser e a luz pulsada são excelentes para o tratamento das
teleangectasías. Esse tipo de pele é extremamente sensível a produtos químicos
e físicos, como sabões, higienizadores alcoólicos, adstringentes, abrasivos e
peelings.

3.4 Prevenção

É muito importante avaliar o paciente como um todo, acompanhar seu


histórico, como iniciaram os sintomas e quando começou o problema. Observar
fatores pessoais e familiares, traumas psicológicos, alcoolismo, exposição à luz
no trabalho ou lazer, grau de stress. Controlando esses fatores, é possível
monitorar com eficácia.
O rosto simboliza o que pensamos sobre o nosso ambiente (Cairo, 1999).
Quando pensamos e sentimos somente coisas feias sobre o comportamento das
pessoas que estão à nossa volta, aparecem manchas, acnes e inflamações na
pele do rosto. Ao contrário, se pensarmos e sentirmos somente coisas boas sobre
o comportamento alheio, procurando compreender as razões das outras pessoas,
o rosto espelhará uma fisionomia suave, jovem e bonita.

3.5 Orientações gerais

• A doença é crônica, benigna, com surtos e recidivas.


• Conscientização sobre a doença que não tem cura. Somente controle.
• Registrar diariamente os fatores agravantes (se passou ódio, raiva, choque
emocional, estresse, choro etc.).
• Proteção solar diariamente.

12
• Evitar álcool e comidas apimentadas.
• Utilizar maquiagem corretiva com proteção solar.
• Cuidar com exercícios exagerados, sol, drogas vasodilatadoras, ácidos
tópicos, sabonetes agressivos com álcool ou acetona, esfoliações e
tratamentos agressivos.
• Acompanhamento com dermatologista periodicamente.

TEMA 4 – DERMATITES

A dermatite também é conhecida como eczema. É um termo genérico que


significa inflamação da pele, geralmente por reação a um químico. Aparecem de
várias formas, variando apenas na gravidade. Todas se caracterizam por
vermelhidão, bolhas, inchaços, exsudação e fissuração da pele. Ocorre também
coceira e ardor. A dermatite tem cura e pode surgir em qualquer idade.
Normalmente, essa erupção cutânea apresenta pequenas bolhas pruriginosas
que levam o indivíduo a se coçar, podendo alastrar-se para outras regiões.
As dermatites podem ser classificadas de acordo com critérios clínicos e
etiopatogêncios. São identificadas de acordo com seus sintomas e causas.

4.1 Dermatites atópicas

Inflamação crônica e pruriginosa das camadas superiores da pele,


caracterizada por lesões vermelhas acinzentadas, acompanhadas de coceiras e
descamações, especialmente em dobras da pele. Geralmente, afeta indivíduos
com distúrbios alérgicos e tendência hereditária para produzir excesso de
anticorpos, em resposta a vários estímulos diferentes.
O estresse emocional, as alterações de temperatura e de umidade, e as
infecções cutâneas, podem piorar a dermatite atópica. Lactentes com alérgicas
alimentares podem apresentar lesões hiperêmicas secretantes, que formam
crostas na face, no couro cabeludo e na região perineal. Tanto em crianças como
em adultos, as erupções são comuns nas regiões genicular e cubital posteriores.

4.2 Dermatite seborreica

Doença crônica comumente chamada de seborreia, caspa ou eczema.


Aparece geralmente em regiões com aumento de oleosidade pelas glândulas
sebáceas, ou pela presença de um fungo chamado Malassezia furfur. Pode

13
aparecer também nas regiões das sobrancelhas, cílios, centro do rosto, peito e
dobras da pele.
Apresentam-se na forma de lesões avermelhadas ou descamações, com
prurido na região do couro cabeludo, nos supercílios, barba e proximidades do
nariz, posterior às orelhas e ao longo do tronco. No bebê, é conhecida como crosta
láctea. Os fatores reguladores interferem na evolução da dermatite; entre eles
estão o estresse emocional, consumo do álcool e alimentos gordurosos; além dos
fatores locais: banhos muito quente, fatores climáticos e baixas temperaturas.

4.3 Dermatite hipertiforme

Doença crônica da pele causada por intolerância ao glúten. Caracterizada


por pequenas bolhas que provocam sensação de queimação intensa e coceira. O
tratamento deve ser feito com a retirada de alimentos que contenham glúten e
remédios específico.

4.4 Dermatite de contato ou alérgica

É uma inflamação causada pelo contato de determinada substância,


provocando lesão, e permanecendo em área específica e com limites bem
definidos. Essa substância pode causar dermatites em decorrência de
mecanismos irritativos e alérgicos, muito comum quando um indivíduo entra em
contato com alguma substância, como perfume, loção pós-barba ou sabonete. A
exposição repetida a esse agente pode provocar irritação e ressecamento da pele.
Substâncias como ácidos, ou álcalis e solventes, podem provocar alterações
cutâneas de imediato.
As causas mais comuns da dermatite alérgica são: cosméticos, como
esmaltes, pós-barba, perfumes, hidratantes, filtros solares e cremes de limpeza
de pele que contenham medicamentos (antibióticos, anti-histamínicos ou
anestésicos); luvas de borracha, calçados e roupas íntimas, em cuja fabricação
foram utilizados produtos químicos, e tintas de cabelo que tenham em sua
formulação substâncias alergênicas e irritativas.
As bijuterias têm um metal chamado níquel, que é um grande causador de
dermatite de contato. Pessoas que trabalham em contato com esse metal também
poderão desenvolver um tipo de dermatite, chamada dermatite ocupacional.

14
4.5 Dermatite numular

Não se sabe ao certo as causas dessa dermatite. Apresenta-se com


erupção cutânea e pruriginosa, e ocorre inflamação com manchas arredondadas
com formato de moeda. Acredita-se que esse tipo de dermatite pertence à
dermatite tópica. Afeta geralmente pessoas de meia-idade, sendo mais frequente
no inverno, acompanhada de pele seca. Aparece nas regiões das nádegas e
tronco. As áreas afetadas ficam pruriginosas, com vesículas, crostas e escamas.

4.6 Dermatite de estase

Afeta a região das pernas e é considerada uma hiperemia crônica,


acompanhada de descamação, calor e edema, resultante do acúmulo de sangue
local. Afeta indivíduos com varizes e edemas, por apresentarem insuficiência
cardíaca ou renal. Tende a ocorrer em pessoas com veias varicosas (veias
dilatadas e retorcidas) e inchadas (edemas), na parte inferior das pernas, que
depois desenvolvem insuficiência venosa crônica. As principais causas desse tipo
de dermatite são: genética e hormonal.

TEMA 5 – DISCROMIAS CUTÂNEAS

As alterações pigmentares da pele levam a uma insatisfação muito grande,


podendo ser traumatizantes, por serem evidentes, e podendo levar a transtornos
de autoimagem e baixa autoestima. As manchas de pele podem surgir em várias
partes do corpo, em cores e em formatos diferentes.
Os produtos cosméticos com função de clareamento de pele se tornaram
consideravelmente mais comuns nos últimos anos. As desordens pigmentares
são como a terceira causa de problemas dermatológicos, com maior incidência
entre hispânicos e latinos.

5.1 A melanina e a cor da pele

As pessoas não apresentam a mesma cor de pele. A coloração é um fator


de grande relevância na busca de uma aparência saudável, mas depende da
origem racial, da estação do ano e também do sexo. A coloração depende de
vários fatores, como a espessura da pele, a condição do extrato córneo, até a
quantidade de pigmentos existentes.

15
A coloração depende principalmente da melanina produzida pelos
melanócitos.
A melanina é um pigmento endógeno, sintetizado pelos melanócitos, que
são células especializadas, presentes na camada basal da epiderme, entre os
queratinócitos basais. Os melanócitos, juntamente com os queratinócitos e as
células de Langerhans, formam a unidade melanocitária, onde ocorre a
melanogênese (síntese da melanina). A melanogênese é controlada pelo
hormônio estimulador do melanócito (MSH), além do estrógeno e da
progesterona, e pela enzima tirosinase.

5.2 Discromias

É um termo utilizado para descrever anomalia ou alteração na pigmentação


da pele, podendo ser de origem endógena ou exógena. Suas causas e alterações
na cor da pele incluem diversos fatores: excesso de exposição à radiação solar
UV, alterações hormonais, reações alérgicas, alterações genéticas, alterações
metabólicas, acidentes tipo queimaduras, estresse psicológico, certos tipos de
medicamentos (antibióticos, analgésicos, entre outros), causas nutricionais,
alterações metabólicas.
A pigmentação da pele se deve sobretudo à presença de melanina nos
macrófagos (melanófagos). A melanina é a principal fonte da cor da pele, sendo
o elemento responsável pelas diferenças individuais e raciais. Os locais
comumente afetados pela discromia são: braços, face, mãos, ombros, costas e
pernas. Normalmente, surgem por ausência, diminuição ou excesso de melanina,
e são classificadas, de acordo com sua distribuição anômala, em acromias,
hipocromias e hipercromias.

5.2.1 Acromias

Acromia é a ausência de pigmentação. Caracterizada por manchas brancas


de diferentes formas, com total ausência de melanina. Quando aparecem
manchas hiperpigmentadas em volta, são denominadas leucomelanodermias.

5.2.2 Hipocromias

A hipocromia tem esse nome devido à pouca pigmentação. Também


chamada de hipopigmentações, hipomelanoses ou leucodermias. Aparecem

16
como manchas mais claras que o tom da pele do indivíduo, caracterizadas pela
diminuição da melanina epidérmica. São provocadas pela ausência de
melanócitos e por problemas na formação e transferência de melanossomas para
os queratinócitos, ocasionado a produção insuficiente de melanina. Pode haver
correlação com a falta de vitamina B.

5.2.3 Hipercromias

Desordens de pigmentação originadas em uma produção exagerada de


melanina, São chamadas de máculas e, quando difusas ou regionais,
melanodermias. Caracterizadas pelo excesso de pigmentação, originadas pela
produção em excesso de melanina. Podem aparecer devido aos seguintes
fatores: envelhecimento, alterações hormonais, inflamações, alergias, exposição
solar, estresse psicológico.
São diversos os tipos de hipercromias:

• Lêntigo solar – surge no tórax como resultado de exposição solar.


• Mancha mongólica – também resultante da exposição solar, ocorre
principalmente em pessoas negras, e é de localização dérmica.
• Lêntigo senil – decorrente de anos em exposição solar, localizam-se
principalmente nas mãos, braços e face.
• Efélides – conhecidas como sardas, aparecem geralmente em pessoas
claras e ruivas. São manchas planas, arredondadas ou geométricas,
castanhas ou marrons. Localizam-se comumente na face, mas podem
também aparecer nas partes descobertas do corpo. Frequentemente, são
hereditárias, e quando expostas ao sol, ou à luz ultravioleta artificial,
tendem a aumentar.
• Melasma ou cloasma – localizadas com frequência na face, muito comuns
em mulheres grávidas (chamados de cloasma gravídico), devido a
alterações hormonais que ocorrem na gestação.

Suas causas são desconhecidas, mas estão ligadas a exposição solar,


anticoncepcionais, fatores emocionais, fatores genéticos, fatores hormonais,
fatores raciais, e alguns medicamentos. Percebe-se que as pessoas que possuem
manchas na face têm um histórico de exposição exagerada ao sol, mas também
se suspeita que o calor seja um fator subjacente.
Existe três tipos de melasmas:

17
1. Melasma epidérmico – a formação de melanina aparece somente no nível
da epiderme.
2. Melasma dérmico – o melasma está em nível mais profundo, e atingiu a
derme. Seu clareamento é mais difícil.
3. Melasma misto – as manchas já atingiram tanto a epiderme quanto a
derme.

5.3 Melanose periocular ou hiperpigmentação periorbitaria (olheiras)

É um distúrbio da região periorbital, com consequente depósito de


pigmentos castanho-amarelados na epiderme. A hiperpigmentação periorbitaria é
uma disfunção estética decorrente da diferença de cor entre as pálpebras
inferiores e o restante da face. Ocorre principalmente em mulheres morenas,
tendo caráter genético ou constitucional. Existe indivíduos que apresentam a pele
mais fina do que outros, permitindo que tanto a melanina como os músculos que
se localizam abaixo dos olhos transpareçam através da pele dessa área. As
olheiras são sempre agravadas pela exposição solar e pela “lentidão” da
circulação venosa na região palpebral.
Principais causas e fatores desencadeantes da hiperpigmentação
periorbitária:

• Propensão genética;
• Aumento da produção e depósito de melanina;
• Depósito de hemossiderina (pigmento resultante da transformação do
pigmento do sangue);
• Alterações hormonais;
• Estresse físico e mental;
• Reações alérgicas;
• Exposição solar e radiação uv (foto envelhecimento);
• Alcoolismo e tabagismo.

18
REFERÊNCIAS

BERGFELD, W. Guia para uma pele saudável e jovem. Rio de Janeiro: Campos;
1977.

CAIRO C. Linguagem do corpo. São Paulo: Mercuryo, 1999.

MACEDO, O. A ciência da beleza. São Paulo: Marco Zero, 1989.

MACKIE R. A saúde da pele. São Paulo: Experimento, 1996.

OLIVEIRA, A. et al. Curso didático de estética. 2. ed. São Caetano do Sul:


Yendis, 2014. v.1

PEREIRA M. Cosmetologia. São Caetano do Sul: Difusão, 2013.

_____. Recursos técnicos em estética. São Caetano do Sul: Difusão, 2013. v. I.

19
AULA 4

DERMATOTERAPIA FUNCIONAL

Profª Rita de Cássia Alberini


A busca pelo corpo perfeito entrou nos laboratórios e ganhou ares de ciência de
verdade. Iniciaram-se os programas de fortalecimento muscular nas clínicas de estética,
para restabelecer funções normais de um músculo, quando este apresenta sua força
diminuída, reparando os danos estéticos.
As correntes eletroterápicas não só melhoram o aspecto estético, mas também o
desempenho de atletas de alto nível, sendo indicado para pessoas sedentárias,
prevenindo a flacidez muscular.
A eletroterapia estética deixou o campo do empirismo para firmar-se hoje em
técnicas comprovadas, alicerçada a partir de leis e postulados da física. Tem sido um
dos recursos mais utilizados para produzir fortalecimento e hipertrofia muscular, tanto
em sujeitos sadios quanto naqueles que sofrem de vários tipos de distúrbios em que
estejam presentes fraqueza e atrofia muscular.
As modernas tendências em estética terapêuticas e cosmetológicas incluem
atualmente o uso da luz como elemento amplificador de efeitos biológicos, consagrando-
se no mundo ao longo de décadas de pesquisa científica. Atualmente, encontra-se bem
difundida nos procedimentos dermatológicos de prevenção e tratamento de pele. O uso
benéfico da luz vai desde o tratamento da icterícia neonatal, passando pela estética e
atingindo técnicas modernas para tratamentos de câncer.

TEMA 1 – ULTRASSOM

Equipamento utilizado nas áreas de fisioterapia dermatofuncional e estética, pela


sua ação terapêutica com penetração profunda e por sua grande resposta a algumas
afecções, principalmente em casos de cicatrização pós-cirúrgica e de fonoforese com
produtos cosméticos.
É uma onda mecânica com frequência alta acima de 20 KHz, com percepções
fora da capacidade do ouvido humano. Nossos ouvidos não conseguem captar o som,
pois a onda fica imperceptível à audição humana quando ultrapassa essa faixa de
frequência.
Este equipamento é muito empregado nas práticas da estética corporal para
tratamentos de algumas condições inestéticas e no pós-operatório.
Na estética, o aparelho de 3 MHz é o mais indicado, pois a profundidade atingida
não atravessa a camada muscular, e automaticamente não afeta os órgãos vitais.
Sua energia sonora terapêutica é captada por meio de um transdutor que
transforma energia mecânica, conhecido como efeito de piezelétrico.

2
1.1 O modo de emissão da onda

Pode ser continuo e pulsado. O que determina o tipo de onda é a forma como a
corrente elétrica passa no cristal piezelétrico (Figura 1).

1.1.1 Modo contínuo

No modo continuo predomina o efeito térmico. A aplicação deve ser realizada sem
interrupções para aquecer com eficiência os tecidos localizados a centímetros de
profundidade. Essa ação depende da frequência empregada, sendo seu ciclo de
funcionamento de 100%, indicando uma saída constante de ultrassom e
consequentemente um maior aquecimento.

1.1.2 Modo pulsado

Na onda pulsada, entre um impulso e outro há um tempo que facilita a dispersão


do calor, ocasionando um efeito térmico menor, potencializando o efeito mecânico ou
cavitacional. Ela é indicada quando não se deseja obter efeitos fisiológicos ou
aquecimento tecidual, ou seja, condições inflamatórias agudas, por exemplo, no
tratamento agudo de cicatrizes pós-operatórias e flacidez tissular (flacidez de pele).

Figura 1 – Modo de emissão de onda

Contínuo

Pulsado

Fonte: Elaborado pela autora.

3
1.2 Frequência

É o número de oscilações por unidade de tempo de uma onda, simbolizado por


Hz (Hertz), que equivale a uma oscilação por segundo, ou seja, 16 Hz equivalem a 16
oscilações por segundo, e assim por diante.

1.3 Ciclos

Os ciclos se definem pelo tempo de atuação da onda de ultrassom, ou seja, se


o ciclo estiver em 5%, o aparelho está emitindo a onda de calor somente nesse
período de 5%. Nos 95% do tempo restantes ele estará em pausa, e assim por diante.
Quanto maior o ciclo, maior o fornecimento de calor para o tecido.

1.4 Intensidade

A potência de saída de um equipamento gerador de ultrassom é medida em


watts (w) e representa a quantidade de energia produzida por um transdutor. A
intensidade é a taxa na qual a energia é liberada em área por unidade, e é expressa
em unidades de watts por centímetro quadrado (w/cm²).
A intensidade utilizada na estética varia de 0,1 até 2,0 W/cm² no modo contínuo
e 0,1 até 3,0 Wcm² no modo pulsado.

1.5 Aspectos biofísicos

A propagação da onda nos tecidos, cujas moléculas estão próximas umas das
outras, faz com que uma pequena agitação em uma molécula afete as outras
moléculas circunvizinhas, e uma vibração se propague pelo meio sonado,
favorecendo o deslocamento da onda sonora.
Cada tipo de tecido oferece uma resistência diferente à passagem das ondas
ultrassonoras – isto é chamado de impedância acústica. Assim, a agregação
molecular e a impedância acústica estão diretamente relacionadas: quanto maior a
agregação molecular, maior é a impedância acústica, e quanto maior a impedância
acústica, maior tende a ser o aquecimento tecidual.

1.6 Efeitos do ultrassom

Seus efeitos podem ser térmicos, químicos ou mecânicos.

4
1.6.1 Térmicos

Propicia a facilitação da penetração de ativos (fonoforese).

1.6.2 Químico (pulsado)

Produz a excitação de fibroblasto, aumentando a produção de colágeno e fibras


elásticas.

1.6.3 Mecânico

Provoca a ruptura de aglomerados de macromoléculas rígidas.

1.7 Técnica de aplicação

O acoplamento perfeito entre o cabeçote e a pele do indivíduo é de suma


importância, pois evita a presença de ar nesse espaço, aumentando a eficácia de ondas
ultrassônicas para os tecidos. É obrigatória a utilização de gel de contato para a
manipulação do aparelho. A não utilização irá gerar pouca energia, que será transmitida
para o ar, convergindo e concentrando a energia do ultrassom dentro do cabeçote, o
que, consequentemente, irá danificar o cristal.
Além do perfeito acoplamento, é importantíssimo estar atento ao movimento
constante, sendo circulares e lento, do cabeçote sobre o tecido, não permitindo o seu
levantamento. O desacoplamento do cabeçote poderá danificar o equipamento, ou
provocar queimaduras no cliente.

1.8 Tempo de aplicação do ultrassom

O tempo de aplicação do ultrassom está relacionado ao tamanho da área a ser


tratada, à intensidade e ao efeito térmico desejado. Para facilitar o manuseio, o tempo
de aplicação pode ser calculado da seguinte forma: a medida da área a ser tratada,
dividida pela ERA (efetive radiation área) (área efetiva de radiação do ultrassônica). A
ERA normalmente consiste em 85 a 95% da área real do cabeçote. Como o tratamento
tem relação com o tamanho da área corporal, o tempo máximo deve ser entre 15 a 20
minutos. Caso ultrapasse, divide-se a área em quadrantes, realizando mais de uma
aplicação de 3 a 5 minutos por quadradante.
As sessões podem ser realizadas de duas a três vezes por semana e é possível
ultrapassar 20 sessões, desde que não haja desconfortos com sua utilização.

5
1.9 Indicações mais importantes

É indicado para a hidrolipodistrofia ginoide (HLDG – popularmente conhecido


como celulite), para romper nódulos celulíticos fibrosados; descompactar gordura
condensada e compactada, no pré e pós-cirúrgico e na hidrolipoclasia.

1.10 Contraindicações

• Sobre áreas com distúrbios vasculares periféricos, como trombose venosa


profunda ou arteriosclerose severa;
• Pele com lesões ou irritações;
• Sob a pele sem sensibilidade (anestésica);
• Sobre epífises de crescimento de jovens e crianças;
• Sobre regiões corporais previamente exposta a radiação;
• Pacientes com hemofilia não controlada;
• Pacientes portadores de neoplasia;
• Pacientes com processos infecciosos;
• Sobre tórax de cardiopatas ou portadores de marca-passo cardíaco;
• Gestantes;
• Sobre gônadas (ovários e testículos); pode oferecer frequência média de 2.000 a
10.000Hz;
• Sobre os olhos.

TEMA 2 – CORRENTE RUSSA

A corrente russa, desde que foi apresentada por Kots, por volta de 1977, como
um estimulador elétrico para aumentar o ganho de força, evoluiu. Atualmente pode variar
de 50 a 250 microssegundos.
É uma corrente alternada, interrompida com frequência de 2.500Hz, que pode ser
modulada de acordo com o objetivo. Atualmente sua modulação é variável entre 5Hz a
100Hz. Modulada entre 20-40Hz para atuar sobre fibras tônicas ou de 50 a 100Hz para
atuar sobre fibras fásicas.
A corrente russa tem como objetivo enrijecer e tonificar a musculatura, pois tem a
propriedade de elevar a capacidade muscular e deve ser acompanhada de exercícios
físicos, mas nunca ser substituta dele.

6
A estimulação por corrente russa tem a capacidade de recrutar mais unidades
motoras, produzindo, como consequência, maior recrutamento de fibras musculares e
maior sincronia entre estas durante a contração. As unidades motoras compreendem o
complexo funcional do músculo esquelético, e são formadas pelo neurônio motor e pelas
fibras musculares que esse neurônio inerva.

2.1 Propriedades de frequência

Nessa corrente há dois tipos de frequência: a portadora e a modulada.


A portadora é definida como a frequência de pulsos dentro dos bursts (rajadas),
isto é, a corrente de média frequência que gera a corrente de baixa frequência, que, por
sua vez, propicia a estimulação muscular.
Definem-se bursts por segundo (bps) como uma frequência modulada da corrente
russa, de baixa frequência, utilizada para a estimulação neuromuscular em tipos de fibras
musculares distintas. Para que haja força de contração tetânica e uniforme, as
frequências da estimulação precisam ser diferentes. Por exemplo: de 0 a 30Hz estimulam
fibras lentas (vermelhas), de 50 a 150Hz estimulam fibras rápidas (brancas).
A estimulação de fibras musculares ou fibras neuromusculares com frequências
superiores a sua velocidade de despolarização ou repolarização máxima faz com que
estas fibras se despolarizem na sua frequência própria, tornando a despolarização
assíncrona, ou seja, cada pulso de corrente não corresponde a uma despolarização da
fibra.

2.2 Efeitos fisiológicos

O principal efeito fisiológico direto da corrente russa ocorre em nível celular, mas
também indiretamente, em níveis teciduais, segmentares e sistêmicos. Dentre os efeitos
mais importantes, estão o aumento do trofismo muscular e a ação sobre o sistema
linfático circulatório.
Ocorre hipertrofia das fibras musculares devido ao recrutamento das unidades
motoras. Os estímulos elétricos são capazes de modificar as estruturas das fibras,
tornando as fásicas em tônicas e vice-versa, propriedade garantida pela frequência de
despolarização das fibras musculares.
A associação do aparelho com exercícios físicos aumenta a eficácia do resultado
quanto ao ganho de força muscular. Também ocorrerá a solicitação de fibras diferentes,

7
sendo as vermelhas aproveitadas em maior número pela contração voluntária, e as
brancas, pela eletroestimulação.
As contrações e relaxamentos que se fazem repetir, aceleram o fluxo linfático e
circulatório, favorecendo a eliminação de toxinas e contribuindo para o retorno venoso.
O fluxo sanguíneo local terá um aumento, garantindo aporte maior de oxigênio e
nutrientes para a região.
O fato de o tecido adiposo diminuir e haver uma redução de medidas da
circunferência em decorrência do uso continuo de eletroestimulação por corrente russa
é devido à contração muscular que influencia no metabolismo do tecido adiposo,
favorecendo um trabalho mais aeróbico e desencadeando maior catabolismo de gordura.

2.3 Indicações da corrente russa

Para uso estético, a corrente russa é indicada para minimizar a flacidez e perda
do tônus muscular nas regiões mais comuns: coxas, abdome, os glúteos e braços.
Na área da fisioterapia, é utilizada como ação terapêutica, promovendo analgesia,
aumento do trofismo muscular, tanto em indivíduos saudáveis quanto com disfunções, e
para a reabilitação de atletas.
Atualmente, está sendo utilizado como eletroestimulação neuromuscular para
incontinência urinária e disfunções do assoalho pélvico, assim como no pós-cirúrgico do
períneo, para manter a atividade da musculatura, e evitar possíveis recidivas da flacidez
muscular após o reposicionamento cirúrgico.
É recomendado também no pós-parto para redução da diástase abdominal e
consequente realinhamento postural.

2.4 Contraindicações

Deve ser evitado por pessoas cardiopatas congestivas e insuficiência cardíacas,


portadores de marca passo, epilepsia, neoplasia, próteses metálicas no local da
aplicação, gestantes, indivíduos com patologias circulatórias como: flebites, embolias,
varizes e tromboflebites; pessoas com pressão alta ou baixa, processos inflamatórios e
infecciosos, febre, doenças renais crônicas, patologias pulmonares (enfisema), tumores
na pele, doenças de pele extensas, fragilidade capilar, miopatias graves.

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TEMA 3 – EQUIPAMENTO DE RADIOFREQUÊNCIA

A radiofrequência é uma corrente com onda de forma sinoidal de alta frequência,


com recursos termoterápicos utilizados na estética e na fisioterapia dermatofuncional.
Sua modalidade terapêutica não invasiva permite modelar o corpo e melhorar a textura
da pele, dando um aspecto liso, tonificado e saudável. É a tecnologia atual utilizada para
correções da silhueta corporal e facial.
É uma estimulação eletrotérmica controlada, que atua na neoformação do
colágeno dérmico e dos tecidos conjuntivos adjacentes. É considerada uma técnica não
invasiva, com o objetivo de remodelar o colágeno, produzindo calor concentrado na
derme. Esse calor produzido pelas ondas de RF tem a capacidade de elevar a
temperatura da derme por meio da resistência natural dos tecidos, quando ocorre a
passagem de uma corrente alternada, provocando movimentação rápida das moléculas
de agua, causando o aumento da temperatura da derme em aproximadamente 55 °C e
obtendo assim, um dano térmico controlado sem provocar queimaduras.
A injúria térmica causada na derme afeta a vascularização, promovendo
vasodilatação e hiperemia, favorecendo a proliferação dos fibroblastos – estimulando a
neocolagenogenese – que irá agir na desintegração das células adiposas, induzindo à
apoptose.
Fernandez et al. (2009), após desenvolverem estudos diversos, observaram que
produzir temperaturas altas em tecido colagenoso pode provocar a morte celular tissular.
Mas se a temperatura for moderada, os processos fisiológicos apresentarão melhora
acentuada desse tecido, promovendo a neoformação colágena e o surgimento de vasos
subepiteliais. Outro fato concluído por Fernandez et al. (2009) foi que, em baixas
temperaturas, uma menor quantidade de aplicações de RF pode ser ineficaz para
modificações fisiológicas.

3.1 Ação da radiofrequência

A estimulação pela RF aumenta a resistência das fibras de colágeno por meio da


manutenção das ligações cruzadas das moléculas, garantindo a retração e
espessamento desse colágeno na matriz dérmica, sendo usada para reforçar a
integridade da junção dermoepidérmica. Na elastina, haverá um aumento da flexibilidade
do tecido que irá auxiliar no processo de firmeza da pele.
A vasodilatação provocará o aumento da temperatura, ocorrendo a estimulação
de nutrientes e oxigênio, acelerando a eliminação dos catabólitos. O incremento da

9
circulação aparece a partir dos 40° C. Nesta temperatura inicia-se uma reação de defesa
do organismo, manifestando vasoconstrição e consequentemente diminuição da
circulação (Soriano; Pérez; Baqués, 2000; Low e Reed, 2001; Kitchen, 2003; Agne, 2004)
A síntese de fibroblastos que contribui para a redensificação do colágeno, e o
considerável aumento na perfusão de sangue que favorece o aporte de nutrientes e a
oxigenação dos tecidos, também irá se realizar.

3.2 Tipos de manoplas do equipamento de radiofrequência

Existem 4 tipos de manoplas para áreas distintas do corpo.

3.2.1 Monopolar

Tem apenas um cabeçote e uma placa. Possuem maior profundidade de ação.


Devem ser utilizadas para tratamentos mais profundos, como as alterações corporais.

3.2.2 Bipolar

Possui dois polos, e o circuito fecha de um lado para o outro. Utilizado em


alterações superficiais.

3.2.3 Tripolar

Possui 3 polos ativos nela mesma, e a energia transmitida não apresenta


distribuição homogênea porque um dos polos concentra maior energia.

3.2.4 Hexapolar

Possui 6 polos ativos, apresentando homogeneidade na passagem de energia,


pois o número de eletrodos ativos é par.

3.3 Benefícios da radiofrequência

Entre seus benefícios estão os efeitos fisiológicos, incluindo vasodilatação local,


incremento da circulação sanguínea, maior aporte de nutrientes, maior atividade
metabólica e enzimática, diminuição de rugas, melhora na aparência da pele, melhora
da qualidade de colágeno e elastina, além de reorganizar as fibras de colágeno e
elastina; melhorar a microcirculação e a hidratação da pele; aumentar a oxigenação;
acelerar a eliminação de toxinas; reduzir a celulite, combater estrias, fibrose e a gordura

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localizadas; melhorar o aspecto das cicatrizes; combater a gordura localizada na barriga,
culote, flancos, braços e papada; combater a flacidez em qualquer região do corpo e
combater a celulite por melhorar a firmeza da pele. Utilizado também na recuperação
íntima da flacidez tissular vulvar, buscando meios para melhora da aparência.

3.4 Contraindicações

A RF é uma corrente alternada de alta frequência, havendo, portanto, campo


eletromagnético. Por esse motivo, existem suas contraindicações que se não forem
seguidas, podem trazer riscos e malefícios para a saúde. Dentre as contraindicações
estão: neoplasias; portadores de marca-passo; peles com transtornos circulatórios
(varizes e tromboses); condições hemorrágicas; diabéticos; infecções sistêmicas ou
locais; alterações de sensibilidade; uso recente de peeling químicos, biológicos ou
resusfancing a laser; problemas na glândula tireoide; regiões com próteses metálicas;
febre; focos infecciosos; gestantes; hemofílicos; pessoas utilizando vasodilatadores ou
anticoagulantes; período menstrual.

3.5 Riscos da radiofrequência

Os riscos estão relacionados ao mau uso do aparelho por profissionais não


habilitados. Como a radiofrequência eleva a temperatura local, o profissional tem que
estar muito bem treinado para a observação constante do termômetro, verificando a
temperatura. Na fase para recuperação da firmeza da epiderme não deverá passar de
39 °C (a camada da derme sempre 2 graus a mais). Na realização do trabalho para
celulite ou gordura localizada, não deverá ultrapassar dos 42 °C.

TEMA 4 – FOTOTERAPIA

Uma das mais antigas terapias no tratamento de doenças tem sido


reestudada ao longo dos anos. As propriedades benéficas da luz (fototerapia),
sempre foram utilizadas para tratamento médico da pele, para combater a
psoríase, vitiligo, icterícia neonatal e acne. Atualmente a luz solar já não é fonte
utilizada para a fototerapia, pois os lasers e leds tornaram possíveis a criação de
eficientes fontes de luz que permitem realizar de forma controlada diversos
tratamentos.
Fototerapia é o tratamento através da luz, e eficientes fontes de luz são o
laser e os leds. Laser é um acrônomo da expressão em inglês Light Amplificatyon

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by Stimulated Emission of Radiation, e sua tradução significa a amplificação da
luz por emissão estimulada de radiação.
O led é um acrônimo da expressão Light Emitting Diodes e sua tradução
significa diodos emissores de luz.

4.1 Diferença de propriedades do laser e do led

4.1.1 Laser

Produz um feixe de luz monocromático (mesmo comprimento de onda


eletromagnética com pouca dispersão do calor), altamente colimado (paralelo) e
com sincronização da radiação com ondas eletromagnéticas que apresentam
coerência temporal e espacial, no qual os picos e vales das ondas se coincidem.

4.1.2 Led

O led não tem coerência, não é colimada, atua numa banda ampla de
comprimento de onda, mas produz uma banda de espectro eletromagnético
próxima do laser.

4.2 Mecanismos de interação da luz com a pele

Os efeitos da interação da luz com os tecidos biológicos através de eventos


fotoquímicos e fotofísicos são aqueles relacionados às mitocôndrias celulares que
sofrem modificações estruturais e metabólicas. A luz penetra nos tecidos e é
absorvida pelos fotoaceptores celulares denominados cromóforos. Os diferentes
tipos de biomoléculas presentes nas células, citoplasma celular, bem como a
própria membrana celular (proteínas, lipídeos, ácidos nucleicos, porfirinas)
absorvem esta luz. Assim, as mitocôndrias, que são organelas especializadas na
regulação do metabolismo celular, ficam fotoativadas para estimular ou regular os
processos fisiológicos.
É importante salientar que a fotobioestimulação gera aumento da
proliferação de fibroblastos, e assim teremos aumento de proteínas e colágeno,
elastina, proteoglicanas e outros componentes da matriz extracelular, além de
possibilitar o aumento da circulação sanguínea, o aporte de oxigênio e de
nutrientes aos tecidos, potencializando o aumento do metabolismo e a renovação
celular.

12
Os estudos científicos do laser já existem há mais de 50 anos. Ficou
comprovado que o laser é um dos únicos recursos que estimula mitose de
fibroblastos, e estes estimulam angiogenese (formação de novos vasos
sanguíneos). Com o aumento da circulação, teremos a estimulação de células
tronco. Em consequência desse processo, obteremos uma pele mais firme e com
mais tonicidade.
O infravermelho tem maior penetração nos tecidos corpóreos comparados
à luz visível. Ele é utilizado para atingir estruturas corpóreas mais profundas que
vão além da pele, com efeitos não só na pele, mas também na gordura localizada,
drenagem linfática, tratamento da dor e aumento da atividade
osteoneuromuscular. Em relação à luz visível, seu amplo uso é evidente nos
tratamentos dermatológicos e estéticos, pela decorrência de maior absorção das
camadas da pele e menor penetração tecidual.
Em relação ao espectro eletromagnético na faixa do ultravioleta (UV),
menores comprimentos de onda são ondas mais energéticas e com frequência
maior comparada a faixa do visível e infravermelho, e por isso o UV pode gerar
danos ao DNA, inflamação e câncer de pele. Mas o UV também tem benefícios
para a saúde, pois é responsável pela produção de vitamina D3 (colecalciferol)
que atua no metabolismo ósseo e no sistema imunológico, e também é utilizada
nos tratamentos de doenças de pele (psoríase e vitiligo).

4.3 Atuação das luzes na estética

Embora o led não tenha as mesmas características do laser, alguns


equipamentos utilizados na estética apresentam versões com led azul, e âmbar.

4.3.1 Led azul – 470 nm

Alcança somente a camada da epiderme. Sua função é bactericida, viricida


e fungicida. Favorece o armazenamento de água no interior da célula e aumenta
a hidratação cutânea, pelo seu comprimento de onda menor. Essa luz tem muita
penetração nos tecidos e é absorvida pelas células da epiderme.
Não existe ainda uma comprovação total, mas acredita-se que a luz azul é
absolvida pela melanina e que promova a fragmentação da hipercromia, dando a
sensação visual de clareamento. Por este motivo, o led azul tem sido utilizado na
estética para clareamento de manchas.

13
4.3.2 Led âmbar – 590 nm

Essa luz atinge a derme e acredita-se que seja absorvida pelo ribossomo,
organela responsável pela síntese de proteínas, favorecendo a produção de
colágeno e elastina. É utilizado nos protocolos estéticos para flacidez, rugas e
estrias.

4.4 Cores da luz e os princípios da beleza

Tabela 1 – Cores da luz e os princípios da beleza

Faixa de
Mecanismo de ação/Efeito Tratamentos
comprimento Cor da luz Camada da pele
fisiológico na pele indicados
de onda
400-450 nm Violeta Extrato córneo, Destruição das bactérias e Tratamento da acne
epiderme fungos pela luz (ativação pela e afecções causadas
superficial porfirina do próprio micro- por bactérias e
organismo). fungos.
450-495 nm Azul Extrato córneo, Destruição das bactérias e Tratamento da acne
epiderme fungos pela luz (ativação pela e afecções causadas
superficial e porfirina do próprio micro- por bactérias e
organismo). Fotoativação da fungos. Tratamento
epiderme
queratina da pele, fortalecendo da hidratação da pele
a barreira de proteção da pele, e fortalecimento da
impedindo a perda de água da barreira de proteção
pele, deixando-a mais hidratada. da pele nos
Degradação dos cromóforos processos de
presentes na pele, diminuindo as envelhecimento.
manchas.
495-570 nm Verde Extrato córneo, Degradação dos cromóforos Tratamento das
epiderme, presentes na pele, diminuindo as manchas da pele.
junção derme e manchas.
epiderme
570 -590 nm Âmbar ou Extrato córneo, Degradação dos cromóforos Tratamento das
amarelo epiderme, presentes na pele, diminuindo as manchas da pele.
junção derme e manchas. Ativação da síntese e Tratamento de rugas
remodelamento do colágeno na e linhas. Tratamento
epiderme,
derme papilar superficial. das estrias mais
derme papilar superficiais.
590-620 nm Laranja Extrato córneo, Ativação da síntese e Tratamento de rugas
epiderme, remodelamento do colágeno na e linhas, bem como
junção derme e derme papilar superficial. no tratamento das
estrias mais
epiderme,
superficiais.
derme papilar e
começo da
derme reticular

14
620-750 nm Vermelho Extrato córneo, Ativação da síntese e Tratamento de rugas
epiderme, remodelamento do colágeno, e linhas, elasticidade
junção derme e elastina, proteínas de e firmeza da pele,
membrana, entre outros, na além do tratamento
epiderme,
derme papilar e reticular. Efeitos das estrias
derme papilar e bioestimulatórios e superficiais e
reticular biomoduladores com ação anti- profundas bem como
inflamatória e analgésica. da celulite.
Tratamentos para
alívio da dor com
efeito analgésico e
anti-inflamatório,
além de acelerar a
reparação tecidual.
750-1200 nm Infravermelho Extrato córneo, Lipólise das células gordurosas. Rejuvenescimento da
próximo epiderme, Efeitos bioestimulatórios e pele. Tratamento da
junção derme e biomoduladores com ação anti- celulite (diminui o
epiderme, inflamatória e analgésica.
processo
derme papilar e
reticular, tecido inflamatório, os
adiposo nódulos fibrosos e as
células de gordura).
Tratamento para
alívio da dor com
efeito analgésico e
anti-inflamatório,
além de acelerar a
reparação tecidual.

Fonte: Elaborado pela autora.

4.5 Contraindicações da fototerapia estética

A fototerapia estética é contraindicada em neoplasias, tratamento direto


sobre o olho, tratamento sobre útero gravídico, tratamento sobre infecções,
tratamento sobre as gônadas (ovários e testículos), tratamentos sobre áreas
fotossensíveis ou fotossensibilizadas da pele, tratamento sobre áreas
hemorrágicas e áreas com aplicação de toxina botulínica.

TEMA 5 – LASER

A expressão em inglês Light amplification by stimulated emission of radiaton


significa, em português, amplificação da luz por emissão estimulada de radiação. Os
aparelhos de raio laser emitem ondas óticas que podem pertencer a qualquer
comprimento do espectro das ondas eletromagnéticas óticas. Existem aparelhos
emissores de ondas visíveis e outros invisíveis.
15
Os equipamentos de laser diferem das outras fontes de ondas óticas porque
emitem um único comprimento de onda (uniformidade da frequência, ondas
monocromáticas), há coincidência do começo até o fim das ondas emitidas
(sincronização da emissão). Os feixes de luz emitidos pelo laser são coerentes
(paralelos entre si), não divergem como os de outras fontes luminosas. O farol do carro
emite uma luz em forma de cone, a lâmpada elétrica emite para todas as direções, e
o laser, como citamos, tem emissão convergente.

5.1 Fundamentos básicos

O laser tem como características alguns aspectos básicos:

5.1.1 Monocromático

Possui somente uma cor especifica e emite onda eletromagnética de um único


comprimento de onda.

Figura 2 – Monocromia da luz

Fonte: Elaborado pelo autor.

5.1.2 Coerência

A fase relativa entre as ondas de luz se mantém. O termo é usado para exprimir
o grau de monocromia e colimação (processo de tornar paralelas, com a maior
precisão possível). Todas as ondas emergentes do laser são altamente ordenadas no
espaço e correlacionadas no tempo.

16
Figura 3 – Coerência do laser

Fonte: Elaborado pela autora.

5.1.3 Colimação

A luz é emitida em uma única direção e as ondas são paralelas, com um feixe
de luz estreito, permanecendo da mesma forma conforme se propaga.

Figura 4 – Colimação do laser

Fonte: Elaborado pela autora.

5.1.4 Polarização

Em alguns equipamentos de laser as ondas emitidas podem ser polarizadas.

17
Figura 5 – Polarização

Fonte: Elaborado pela autora.

5.2 Mecanismo de bombeamento

Este mecanismo emprega uma fonte primária de energia, que pode ser uma
descarga elétrica, uma lâmpada de flash ou outro laser. Sua função é excitar átomos
ou moléculas do meio ativo que irá amplificar a energia. Na câmara da ressonância
existem dois espelhos refletores côncavos na extremidade. Um dos espelhos reflete
100% dos fótons (partículas de luz) que são produzidos pela emissão estimulada, e o
outro apresenta uma pequena circunferência, permitindo que 97% dos fótons sejam
refletidos, somente 3% sejam liberados em forma de radiação laser. Essa energia
concentrada produz uma luz de alta intensidade, de mesmo comprimento de onda,
definindo uma cor especifica.

Figura 6 – Mecanismo de bombeamento

18
Fonte: Elaborado pela autora.

5.3 Classificação do laser

Ele é classificado como: laser de alta potência (LAP), conhecido como laser
cirúrgico. Sua potência é acima de 1 watt (W); e o laser de baixa potência (LBP), o
laser terapêutico, com potência inferior a 1 watt (W) e temperatura menor que 1°C.
Na estética trabalhamos com o laser LBP, pois o LDP causa alterações
permanentes ou destruição dos tecidos (são utilizados para corte, vaporização,
carbonização e coagulação em procedimentos cirúrgicos, destruição de tumores
cancerígenos, remoção de tatuagens, quebra de cálculos renais e biliares, e
eliminação de pelos).
Os tratamentos com LBP são equipamentos conhecidos com lasers de diodo,
com potencias que vão da ordem de miliwatts até no máximo 1 W, consideradas
baixas.

5.4 Atuação do laser na estética

Essa prática ainda é bastante recente, mas vem crescendo e se difundindo


rapidamente em função da oferta de equipamentos para essa finalidade. Vários
fabricantes colocaram no mercado da beleza equipamentos que combinam laser
vermelho e infravermelho com leds azul e amarelo, com baixa intensidade de energia
e baixo risco de utilização.
Na estética temos a atuação do laser infravermelho – 808 nm, responsável por
aumentar a circulação, estimular o sistema imunológico, com ação analgésica e anti-

19
inflamatória, aumentar a permeabilidade da membrana celular, promover a reparação
de tecidos ósseos e nervosos e possui ação fibrinolítica.
Por essas características, pode ser utilizado em:

5.4.1 Pós-cirúrgico

Pela necessidade do estímulo ao sistema imunológico com aumento da


drenagem linfática, diminuindo a dor e a inflamação, regeneração tecidual e
diminuição das fibroses.

5.4.2 Esvaziamento de linfonodos

Sobre as cadeias ganglionares age promovendo o esvaziamento dos


linfonodos.
Penetração de ativos – pela capacidade de aumentar a permeabilidade da
membrana, é utilizado quando se deseja aumentar a penetração de ativos na pele.

5.4.3 Tratamento de acne e celulite

Por sua característica anti-inflamatória é utilizado nos tratamentos de acne e


nos quadros de celulites para diminuir fibroses e edemas.
Deve ser evitado em regiões com toxina botulínica para não diminuir seu efeito,
e também em tratamentos em que se provoca processo inflamatório com a utilização
de ácidos, microdermoabrasão ou microagulhamento, para não interromper o
processo.

5.5 Laser vermelho – 660 nm

O laser vermelho, com comprimento de onda de 660 nm, tem penetração


profunda no tecido e é absorvido pela membrana celular. Pode ser utilizado nos
tratamentos estéticos de pós-cirúrgicos, acne, tratamentos de revitalização cutânea,
e melhora da flacidez tissular.
Esse tipo de laser aumenta a microcirculação periférica, possui ação
analgésica, anti-inflamatória, e aumenta o metabolismo celular e a síntese de ATP.
Aumenta também a síntese proteica (colágeno e elastina) e promove a reparação de
tecidos moles (cicatrização).
O laser vermelho tem penetração menor que o infravermelho e é absorvido
dentro da célula pela mitocôndria e pelos lisossomos.
20
Nas estrias, que são lesões no tecido dérmico conjuntivo que têm como
consequência a diminuição dos elementos da pele, o laser de baixa potência é
empregado com o objetivo de acelerar e melhorar a qualidade do processo
regenerativo, causando o reparo do tecido através de processos fisiológicos e
bioquímicos como a inflamação, síntese de colágeno, formação do tecido de
granulação e a repetelização. Por não possuir potencial destrutivo, os lasers de baixa
intensidade apresentam eficiente ação antiflamatoria e analgésica. Visto que as
estrias podem ter impacto estético e psicológico nos indivíduos, o laser terapêutico é
um instrumento valioso para seu tratamento (Busatta et al., 2018).
Segundo a literatura, lasers de baixa intensidade podem produzir efeitos em
outras partes do corpo além do local irradiado. Esse efeito sistêmico pode ter uma
razão possível, que se deve ao fato de as células no tecido que são irradiadas
produzirem substâncias que se espalham e circulam nos vasos sanguíneos e no
sistema linfático (Ribeiro; Zezell, 2004).
De acordo com Martins et al. (2013, citado por Catelan et al, 2016)

A terapia com laser é indicada tanto para disfunções estética como para
tratamentos de vários processos patológicos, visto que a luz do laser sobre
os tecidos aumenta o grau de atividade mitótica e biológica nas células, e a
luz sendo um tipo de energia, é essencial para manter a homeostase do
organismo.

5.5.1 Contraindicações

Como todo tratamento, o laser possui contraindicações que, de acordo com


Oliveira et al. (2014), incluem:

• Neoplasias;
• Tratamento direto sobre o olho;
• Tratamento sobre o útero gravídico;
• Tratamento sobre afecções;
• Tratamento sobre as gônadas (ovários e testículos);
• Tratamento sobre áreas fotossensíveis ou fotossensibilizadas da pele;
• Áreas com aplicação de toxina botulínica.

Como uma das ações do laser é o estimulo da proliferação celular, deve-se


tomar muito cuidado com neoplasias e lesões pré-cancerígenas, para não estimular a
progressão do tumor.
21
REFERÊNCIAS
AGNE, J. E. Ultrassom. In: _____. Eletrotermoterapia: teoria e prática. Santa Maria:
Orium Editora & Comunicação Ltda, 2004, p. 282-308.

BORGES, F. S.; SCORZA, F. A. Terapêutica em estética: conceitos e técnicas. São


Paulo: Phorte, 2016.

BUSATTA, B. B. et al. Uso do laser de baixa potência em estrias de distensão: ensaio


clínico randomizado controlado. Scientia Medica, v. 28, n. 2, 2018. Disponível em:
<https://www.researchgate.net/publication/323443060_Uso_do_laser_de_baixa_pote
ncia_em_estrias_de_distensao_ensaio_clinico_randomizado_controlado>. Acesso
em: 10 abr. 2019.

CATELAN, A. F. O uso do laser de baixa potência no estímulo do crescimento capilar


em homens com alopecia androgenética entre 25 e 35 anos. Universitár@, ano 7, n.
15, jul.-dez. 2016. Disponível em:
<http://www.salesianolins.br/universitaria/artigos/no15/artigo88.pdf>. Acesso em: 10
abr. 2019.

FERNANDES, A. S.; MENDONÇA, W. C. M. Efeitos da radiofrequência no tecido


colágeno. Rio Grande do Norte: Universidade Potiguar, 2009.

KITCHEN, S. Eletroterapia: prática baseada em evidências. 3. ed. São Paulo:


Manole, 2003.

LOW, J; REED, A. Eletroterapia explicada: princípios e práticas. 3. ed. São Paulo:


Manole; 2001.

MANOEL, C. et al. Conceitos fundamentais e práticos da fotoestética. São Carlos:


Compacta, 2014.

OLIVEIRA A. et al. Curso didático de estética, v. 2. São Caetano do Sul: Yendis,


2014.

PEREIRA, M. Recursos técnicos em estética. São Caetano do Sul: Difusão, 2013.

RIBEIRO, M. S.; ZEZELL, D. M. P. Laser de baixa intensidade (Low intensity laser).


In: GUTKNECHT, N.; EDUARDO, C. P. A odontologia e o laser – Atuação do laser
na especialidade odontológica. São Paulo: Quintessence Editora, 2004.

ROBERTO, A. Eletroestimulação: o exercício futuro. São Paulo: Phorte, 2006.

22
SORIANO, M. C. D.; PÉREZ, S. C.; BAQUES, M. I. C. Electroestética profissional
aplicada: teoria y práctica para la utilización de corrientes em estética. Espanha:
Sorisa, 2000.

WINTER, W. Eletrocosmética. Rio de Janeiro: Vida Estética, 1973.

23
AULA 5

DERMATOTERAPIA FUNCIONAL

Profª Rita de Cássia Alberini


INTRODUÇÃO

A estética corporal acompanha demasiadamente a moda da época.


Atualmente estamos vivendo a Era do culto ao corpo humano cujo padrão de
beleza se define em mulheres altas, magras, com poucas curvas (corpo
longilíneo), com músculos delineados e aparentes, fabricados com muita dieta
especial e persistência na academia.
Nem todos conseguem esse corpo tão invejável, mesmo sendo trabalhado
artificialmente, pois existe em cada ser uma predisposição determinada pela
hereditariedade, características biológicas, condições e situação, que fazem com
que estímulos similares sejam processados de maneiras diferentes, podendo ir da
neurose à ulcera de estômago.
Apenas determinadas pessoas possuem a neurose de querer ter e possuir
um corpo perfeito, o que desencadeia conflitos e situações emocionais. Outras
pessoas, porém, querem apenas melhorar ou disfarçar alguma disfunção estética.
Para algumas mulheres, a celulite é um pesadelo; para outras, o problema
são as estrias e a protrusão abdominal, e assim por diante.
Isso permite afirmar que as alterações emocionais, especialmente a
angústia, a ansiedade e/ou depressão, podem surgir na mente das pessoas
devido a problemas inestéticos e ansiedade por querer adquirir um corpo perfeito.
É importante aprender a aceitar o que não pode ser mudado e empenhar-
se em modificar o que está dentro de nossas possibilidades. Ninguém muda um
corpo de um dia para o outro; é preciso ter persistência e abstinência para
conseguir os objetivos tão sonhados.
Antes disso, é importante conscientizar-se e distinguir o que pode ou não
ser mudado.
A estética é preventiva, conservadora e reparadora. Costumamos dizer que
40% dependem do profissional e os outros 60% do paciente, ao adotar hábitos de
boa alimentação, atividade física e manter a devida manutenção cosmética em
sua casa.

TEMA 1 – PROTRUSÃO ABDOMINAL

O sonho de toda mulher (e dos homens também) é possuir um abdome


reto, bem definido, tipo “tanquinho” (como é comumente chamado).

2
As mulheres são as que mais convivem com a indesejável protrusão
abdominal, e realmente essa alteração no corpo não é nem um pouco agradável.
Há muitos anos, as mulheres que não se sujeitam a fazer a abdominoplastia
convivem com essa indesejável e implacável inimiga, causada mais comumente
por gravidez e parto.
Os homens também não estão livres do problema, pois, com o passar dos
anos, os níveis de testosterona diminuem no organismo masculino, e há excesso
de gordura no corpo, podendo apresentar o abdome protruso.
Essa disfunção estética pode ser tanto a associação de quatro fatores
quanto cada um deles isoladamente: gordura visceral, flacidez muscular, excesso
de gordura localizada e flacidez tissular.
O diagnóstico preciso de qual ou quais desses fatores estão presentes no
cliente é o que possibilita a elaboração de um programa de tratamento mais
preciso e mais passível de resultados satisfatórios (Guirro; Guirro, 2004;
Fernandes, 2009; Borges, 2006).

1.1 Diagnóstico e avaliação

O diagnóstico e a inspeção física devem ser realizados minuciosamente,


juntamente com a ficha de anamnese.
Solicitamos ao cliente para contrair o abdome para verificarmos a
musculatura abdominal e tonicidade muscular e para concluirmos se a protrusão
é de responsabilidade da hipotonia muscular.
Em seguida, pressionaremos a região adiposa para sentirmos a espessura
da camada gordurosa, que é referente à gordura subcutânea. Também
pinçaremos a pele para verificação da existência de flacidez tissular, e quanto a
pele se distende.
O excesso de gordura visceral está contido sob as fibras musculares, e não
conseguiremos palpar ou pinçar. É mais comum em homens a presença desse
tipo de gordura, e notaremos a sua presença quando o cliente ficar em decúbito
dorsal, pois pela falta de acomodação do abdome na maca, irá manter-se
protruso.

3
1.2 Perigos da gordura abdominal

A vida moderna e muitas vezes o sedentarismo fazem com que a gordura


se acumule no abdome, levando tanto o homem quanto a mulher a uma situação
de alto risco para doenças e morbidade. Geralmente essa gordura é subcutânea
e visceral. A primeira fica na frente dos músculos abdominais, e a gordura visceral
entre os órgãos intestinais e fígado. Esse tipo de gorduras favorece níveis altos
de triglicerídeos, baixa o nível do bom colesterol (HDL), eleva os níveis glicêmicos
causando a diabetes; aumenta a gordura hepática, prejudica a formação de
hormônios e também leva à hipertensão arterial. Esses são alguns sintomas que
a gordura poderá proporcionar ao corpo humano.
Essa gordura é considera a principal vilã nas doenças cardiovasculares,
infarto do miocárdio e o AVC. Esse tipo de gordura se acumulam nas paredes das
artérias, formando placas que se ao se soltarem obstrui os vasos.

1.3 Orientação ao cliente

Para nos certificar de que o paciente está com gordura abdominal


comprometedora, teremos que fazer o uso da fita métrica e nos certificar de que
a medida do abdome não está acima de 102cm para o sexo masculino, e para o
feminino no máximo de 88cm. Caso as medidas excedam, teremos que comunicar
os riscos de saúde que estão correndo. Devemos encaminhar o paciente ao
nutricionista para que seja acompanhado por uma dieta equilibrada, bem como a
prática de exercícios para fortalecer os músculos abdominais e diminuir os riscos
das doenças citadas.
A queixa de protusão abdominal é frequente em ambos os sexos, porém
são os homens e as mulheres que já tiveram gravidez que mais demonstram
insatisfação com essa parte do corpo.
O ideal para uma análise perfeita e completa seria a solicitação por
métodos de imagem, como a tomografia computadorizada e ressonância
magnética, para medir o tecido adiposo visceral, porém esses métodos têm um
custo muito elevado, sendo o mais prático, simples e confiável, a medida pela fita
métrica, calculada no ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca.
O acúmulo da gordura abdominal não é somente um problema estético,
uma vez que também causa dores na coluna lombar.

4
Esse acúmulo de gordura na região abdominal causa hipertrofia dos
estabilizadores da coluna, força as articulações, cria má postura proporcionando
o aparecimento da hiperlordose lombar, chamado de abdome protuso.

1.4 Tratamento

Vivemos numa época muito boa. Existem inúmeros tratamentos para ajudar
a melhorar a aparência e a saúde.
O tratamento se inicia com mudanças de estilo de vida, visando à perda
de peso e à modelagem abdominal.
Com o desenvolvimento da atual tecnologia, a estética possui muitos
recursos técnicos, associando aparelhos e cosméticos que, aliados a uma
alimentação equilibrada e saudável, juntamente com a prática de exercícios,
poderão ajudar a proporcionar e a manter um abdome sem gordura, um abdome
“tanquinho”, como é comumente chamado, evitando doenças cardíacas ou
diabetes.
Citaremos aqui algumas propostas de tratamento que tiveram resultados
comprovados e divulgados pela comunidade científica.

1.4.1 Hipotonia muscular

Eletroestimulação com contrações isométricas e plataforma vibratória


(Ciporkin; Paschoal, 1992; Guirro; Guirro, 2004; Borges, 2006; Fernandes, 2009;
Agne, 2009).

1.4.2 Excesso de adiposidade subcutânea

Eletrolipoforese (Guirro; Guirro, 2004; Borges, 2006; Mello; Glufk, 2011).

1.4.3 Hipotonia tissular

Radiofrequência (Atieh, 2009; Agne, 2009; 2010; Gardin; Cieckovicz,


2011).

1.4.3 Excesso de adiposidade visceral

Exercícios físicos aeróbicos e dietoterapia (Curi; Celine, 2002).

5
É importante salientar que, em alguns casos de protrusão abdominal de
mulheres multíparas, ou que tenham experimentado uma redução expressiva de
peso, sua estrutura muscular e tissular pode estar com a tensão e a tonicidade
tão comprometida que um tratamento estético não traria resultado satisfatório,
sendo mais indicado o procedimento cirúrgico (Evans, 2007).

TEMA 2 – FIBRO EDEMA GELOIDE

Segundo Zani (1994, p. 111) fibro edema geloide ou celulite, como é


comumente chamada, é uma disfunção que acomete as células gordurosas da
tela subcutânea. Ocorre quando há uma alteração na estrutura e disposição
anatômica do tecido gorduroso subcutâneo, podendo ser causada por diversos
fatores. Celulite não é o mesmo que gordura; esta é um componente natural do
organismo que se deposita nas células situadas abaixo da pele e tem a função de
armazenar energia e proteger a superfície do corpo.
A pessoa pode ser magra e ter celulite, todavia quanto mais espessa a
camada de gordura, maior a possibilidade de aparecer celulite.
Nos locais afetados, ocorre a retenção de água, produzindo um edema
inestético. As fibras colágenas e elásticas alteram-se e dão à pele um aspecto
característico de “casca de laranja”. O tecido gorduroso subcutâneo, quando
acometido pela celulite, apresenta aumento de volume, consistência mais
endurecida e maior sensibilidade.

2.1 O que é fibro edema geloide

É um distúrbio do panículo adiposo que afeta 80 a 90% das mulheres.


Concentra-se principalmente na região glútea e coxas, podendo aparecer também
no abdome e região dos braços.
A tentativa de definição do FEG faz-nos deparar com diversos autores,
cada um com a sua perspectiva que leva a diversas formas de interpretar, pois
baseiam-se na caracterização das alterações morfológicas encontradas tanto na
análise micro quanto macroscópicas dos tecidos acometidos, como também por
meio do gênero e pelas perturbações locais do sistema vascular da pele.
É uma doença com alteração fisiológica e orgânica em que ocorrem
alterações circulatórias, gerando um edema local, dificultando as trocas
metabólicas e modificando o adipócito, que sofre lipogênese e hipertrofia. Esse

6
processo comprime a circulação e faz um ciclo vicioso e um espessamento não
inflamatório.
As mulheres são as que mais sofrem com a FEG, visto que dificilmente é
encontrada em homens, a não ser que ele apresente deficiência androgênica. A
isso chamamos de síndrome Kliefelter, hiponadismo e pós-castração. Ou ainda,
em homens que fizeram tratamentos com estrógeno para combater o câncer da
próstata.

2.2 Causas da (FEG)

As razões são muitas, mas frisaremos que é uma doença benigna, ou seja,
não mortal, mas banalizada por alguns pontos de vista que não levam em
consideração as pequenas mortes cotidianas que ela desencadeia: inibição
sexual e afetiva, aniquilamento social (uso de roupas de praia ou piscina, vestidos
curtos ou roupas que deixem as pernas em evidência) pelo visual estético
desagradável.
Esse transtorno tem suas próprias causas, variando de pessoa para
pessoa, podendo pertencer ao campo genético, emocional, neurovegetativo,
hormonal, alérgico, digestivo, metabólico e outros. Raramente é possível isolar
um único motivo da disfunção, sendo que, em cada paciente, algumas
perturbações de origem diferente se associam de maneira peculiar.

2.2.1 A hereditariedade

Caso a aparência da FEG (tipo, forma, aspecto e localização) sejam citados


pelo cliente como iguais à da mãe, tia ou avó, saberemos que a hereditariedade
tem relevância.

2.2.2 Insuficiência digestiva

A deficiência do funcionamento de alguns mecanismos de depuração do


organismo (fígado, vesícula, intestinos ou rins) produz uma sobrecarga de toxinas
e acúmulo de produtos nocivos que atrapalham a função dos capilares venosos.

2.2.3 Alimentação desequilibrada

Mesmo que os órgãos depurativos funcionem perfeitamente bem, se nos


alimentamos com muito elemento tóxico, eles são capazes de transformar ou
7
destruir o sistema venoso de evacuar, causando sobrecarga de produtos de
rejeito, resultando no que já conhecemos (obesidade, constipação intestinal e
FEG). Uma alimentação enriquecida por vitaminas e minerais de origem vegetal
melhora a nutrição das células. A ingestão de água (no mínimo, um litro ao dia)
contribui para o estímulo do metabolismo e a desintoxicação do organismo.

2.2.4 Insuficiência respiratória

O sangue encontra nos pulmões o oxigênio necessário para distribui-lo


para todo o organismo, mas muitas vezes ele não é suficiente. Normalmente não
aspiramos a quantia de ar que necessitamos e muito menos o expelimos
totalmente depois. E também porque muitos de nós moramos ou trabalhamos em
áreas totalmente carregadas de poluição ou fumamos, de modo que o ar que
ingressa em nosso sistema respiratório geralmente é superficial e apressado, não
contendo a quantidade de oxigênio de que o organismo necessita.

2.2.5 Problemas endócrinos

As glândulas são estruturas orgânicas providas de função secretora.


Existem glândulas de secreção externa que vertem seu produto no exterior
(glândulas sudoríparas, mamárias e sebáceas) e mistas, como o pâncreas e o
fígado. Quando a secreção é vertida no sangue, trata-se de glândulas de secreção
interna ou endócrinas (tireoide, hipófise, sexuais, suprarrenais), cujos produtos
são denominados hormônios. São substâncias que regulam a atividade dos
órgãos, excitando-a ou inibindo-a. A secreção excessiva ou escassa causada por
disfunção glandular desestabiliza o equilíbrio interno geral e pode influir na
formação ou agravamento da FEG, sobretudo nos seguintes casos:

• Excesso de produção de cortisona (secretada pelas glândulas


suprarrenais);
• Escassa produção da tireoide que desencadeia falhas de ordem bioquímica
nas fibras colágenas, elemento fundamental do tecido subcutâneo;
• Perturbação hipofisária de consequências variadas, entre elas a FEG;
• Insuficiência ovariana ou ingestão de hormônios sexuais
(anticoncepcionais e contraceptivos), com consequente desequilíbrio na
produção de estrogênios e progesterona.

8
Os desequilíbrios hormonais ocasionados pela puberdade, gravidez,
menstruação e menopausa coincidem com a aparição e o agravamento da FEG.
A prevalência da ocorrência é maior em mulheres, devido às características
hormonais, fisiológicas e anatômicas femininas.

2.2.6 Fator emocional

Esse tipo de alteração na pele não é nem um pouco agradável nem aos
olhos e muito menos esteticamente. Aos notarem os primeiros sinais da FEG, as
mulheres sentem-se inconformadas. É fácil entender que qualquer alteração em
nosso corpo afeta nosso psicológico e causa insegurança.
A tensão continuada, as pressões agressivas do dia a dia e do meio
ambiente, o estresse, os temores, as disfunções sexuais ou fracassos afetivos,
quaisquer emoções intensas podem ocasionar danos nervosos que vêm à tona,
favorecendo a formação da FEG.
Frisaremos que é uma doença benigna, ou seja, não mortal, mas
banalizada por alguns pontos de vista que não levam em consideração as
pequenas mortes cotidianas que ela desencadeia: inibição sexual e afetiva,
aniquilamento social (uso de roupas de praia ou piscina, vestidos curtos ou roupas
que deixem as pernas em evidência) pelo visual estético desagradável.

2.2.7 Outras causas

Insuficiência venosa, fragilidade capilar, debilidade constitucional dos


tecidos, focos infecciosos crônicos, retenção de líquidos, flebite e até fratura de
membros inferiores são outras das causas que podem influir na formação da FEG.

2.3 Classificação do fibro edema geloide quanto aos graus

Classificamos a FEG dividida em quatro graus, os quais podem ser


identificados pelos seguintes aspectos clínicos em uma avaliação (Rossi;
Vergnanini, 2000; Kede; Sabatovich, 2004; Borges, 2006; Rawlings, 2006).

2.3.1 Grau I

Nessa fase, nota-se o aspecto de “casca de laranja”, sobretudo quando a


cliente contrai voluntariamente a musculatura, ou quando se pressiona o tecido

9
entre os dedos. O aspecto é visível com a palpação ou contração muscular, com
ausência de dor.

2.3.2 Grau II

Nota-se o aspecto de “casca de laranja” independente de palpação ou


contração muscular, apresentando diminuição das elasticidade e da temperatura
da pele. Apresenta-se com coloração pálida e há alterações de sensibilidade.

2.3.3 Grau III

Aparecem nódulos celulíticos que, além de visíveis, também podem ser


sentidos. O paciente apresenta alteração de sensibilidade e dor. Há diminuição
da elasticidade e da temperatura da pele e palidez. As fibras do tecido conjuntivo
demonstram retração e esclerose, com aspecto de um “saco de nozes”.

2.3.4 Grau IV

Tem as mesmas características do grau III, mas com nódulos mais


palpáveis, visíveis e dolorosos, aderência nos níveis profundos e um
aparecimento ondulado óbvio na superfície da pele. Histologicamente, o tecido
gorduroso lobular estrutural, e alguns nódulos são encapsulados pelo tecido
conjuntivo denso.

2.4 Celulite e obesidade

É importante completar a definição do FEG, acrescentando que ele é


inteiramente distinto da obesidade. Muitos confundem esses problemas, o que até
certo ponto é compreensível, pois atacam o mesmo tecido e alteram a imagem
estética e o esquema corporal. Mas a obesidade é somente uma modificação de
células gordurosas, e a maioria das mulheres que sofrem desse mal não são
obesas.

2.5. Classificação do fibro edema geloide quanto à forma

Essa classificação é baseada nas formas que a FEG pode se apresentar:


FEG duro, flácido, edematoso ou misto, segundo GUIRRO & GUIRRO, 2204.

10
2.5.1 Fibro edema geloide duro

Apresenta

espessamento muito marcado e aumento dos tecidos superficiais,


numeras depressões e profundas; pouca mobilidade dos planos
superficiais sobre os planos profundos; consistência dura ao tato por
predomínio de fibrose; constantemente observa-se varicosidades,
equimoses e extremidades frias; pele seca e rugosa [...] acomete na sua
maioria os jovens que praticam atividade física constantemente e que
apresentam a musculatura bem definida (Mateus, 2014).

Podem ter peso médio ou discretamente elevado. Na palpação percebe-se


a presença de micro nódulos, dando a impressão de serem “grãos de chumbo”.
Essa justaposição entre os tecidos evita que se acumule liquido no interstício,
fazendo com que não se costume verificar edema local. Observam-se
varicosidades, equimoses e extremidades frias. Costuma-se dizer que essa forma
clínica demora mais para apresentar melhora, porém, os resultados obtidos são
mais duradouros.

2.5.2 Fibro edema geloide flácido

É a forma mais importante e de maior incidência, tanto em número quanto


nas manifestações aparentes. Manifesta-se em mulheres com hipotonia muscular,
sedentárias e que apresentam efeito “sanfona” ou que perderam peso muito
rapidamente, e também, em mulheres acima de 30 anos. De acordo com Mateus
(2014), os

aspectos superficiais apresentam depressões numerosas mas pouco


profunda; raramente dolorosa e oscilações dos tecidos superficiais com
movimento sem consistência, deformando-se de acordo com a posição
adotada (deitada, sentada ou em pé). e são comuns as varicosidades
associadas a uma sensação de peso nos membros acometidos.

Apresentam agravamento no aspecto celulítico nos períodos menstruais.


Os tratamentos apresentam resultados rápidos, porém, devido à falta de
consistência dos tecidos superficiais e à vulnerabilidade a edemas, torna-se
necessário um acompanhamento constante.

2.5.3 Fibro edema geloide edematoso

Segundo Mateus (2014),

Apresenta aspecto externo de edema tecidual; depressões pouco


profundas e alargadas; aumento de volume do membro inferior; pele fina;
11
sinal de Godet positiva; sensação de dor nas pernas; diferencial de
edema simples, pela percepção ao tato de núcleos endurecidos.
Encontramos a forma edematosa em qualquer faixa etária ou de peso,
com desequilíbrio circulatório que possam desencadear o edema.

2.5.4 Fibro edema geloide misto

Presença de mais de um tipo no mesmo paciente, como fibro edema


geloide duro na região lateral da coxa e fibro edema geloide flácido no abdome.

2.6 Tratamentos que podem ser efetuados para o combate da FEG

A FEG pode ser tratada da seguinte forma: ultrassom de 3MHz; drenagem


linfática; radiofrequência, eletrolipoforese, cremes com ativos específicos,
infravermelho longo, vácuo, endermologia e plataforma vibratória.
Devemos fazer a ficha de anamnese e montar os devidos protocolos após
minuciosa análise do tipo de FEG, para obtermos resultados satisfatórios e
gratificantes.
O tratamento para FEG envolve uma equipe multidisciplinar e vários tipos
de abordagens: atividade física, orientação alimentar, acompanhamentos
psicológico quando necessário, e a utilização de fármacos nos tratamentos
estéticos.
De acordo com Posser (2010), os esfoliantes são muito importantes porque
ajudam a diminuir a resistência da pele e aumentam a permeabilidade,
possibilitando uma melhor permeação dos ativos.
Ionizar produtos lipolíticos e antilipogênicos como prevenção da estocagem
da gordura em determinadas regiões, principalmente abdome, coxa, flancos e
região troncatérica.
O uso da endermologia é bem recomendável, pois possibilita a realização
de manobras de massagem, promovendo a vasodilatação e uma reorganização
do tecido adiposo subcutâneo (Borges, 2010).

TEMA 3 – ESTRIAS

São sulcos na pele, resultantes da rotura da derme, e representam um


problema bastante comum na população, principalmente em jovens em período
de maior crescimento, mulheres adolescentes representadas por uma lesão
dérmica por estiramento excessivo e progressivo do tecido tegumentar, grávidas
ou em doentes com síndrome de Cushing.
12
A incidência maior ocorre em adolescentes de 12 a 14 anos e em mulheres
de 20 a 30 anos no período gestacional, e tem-se mostrado comum seu
aparecimento em mulheres mais velhas, que utilizam tratamentos de reposição
hormonal.
É considerado um problema desagradável esteticamente por motivos
socioculturais, devido ao culto pelo corpo e pela influência na baixa autoestima e
na ansiedade. Entretanto, não são um risco para a saúde e não comprometem
qualquer função corporal.

3.1 Causas das estrias

Geralmente, as estrias apresentam-se dispostas paralelamente e


perpendicularmente às linhas de tensão da pele, levando ao desequilíbrio elástico
do tecido.
Ocorrem comumente por ganho rápido de peso, crescimento repentino,
gravidez, uso prolongado de contraceptivos hormonais e corticosteroides, ou
decorrentes do sedentarismo e da falta de hidratação da pele.

3.2 Áreas acometidas e apresentação das estrias

Geralmente são as áreas que sofrem constante tensão por ajustes


elásticos, como glúteos, mamas, abdome e locais onde acontece estirão por
crescimento, como os braços, a região posterior do joelho e as costas.
Segundo Oliveira A. et al., p. 358. As lesões se apresentam inicialmente
com coloração rubra, devido à característica do processo de inflamação, como
eritema e a vasodilatação. Com a evolução do processo, tornam-se atróficas e
fibróticas e são denominadas estrias albas.
Segundo Guirro (2007), na estria, ocorre adelgaçamento da espessura da
derme e separação entre as fibras colágenas e um emaranhado enovelado de
fibras elásticas na periferia da lesão.

3.3 Prevenção

Consiste em manter um peso saudável durante a gravidez, fazer uso de


cosméticos com formulações contendo ácido hialurônico, alphastria, trofolastin ou
Verum, para dar mais elasticidade à pele.

13
Tanto na gravidez quanto na adolescência, é fundamental manter a pele
com boa hidratação cosmética e ingestão correta de água diariamente.
Nas estrias que estão iniciando (as rubras), a utilização de ácidos tem se
apresentado bastante eficaz, mas os ácidos não devem ser recomendados para
gestantes.

3.4 Tratamentos

As opções terapêuticas são bastante numerosas, tanto na área médica


quanto na estética, mas não existe tratamento com 100% de melhora.
Devemos associar os métodos existentes para obter excelentes resultados.
Na estética, recomendamos a utilização da punturação com corrente
galvânica e o microagulhamento, para provocar um processo inflamatório e
acelerar a proliferação celular, a reepitalização e o processo de reparo tecidual,
contribuindo para a neovascularização e estimulação do colágeno.
Outro procedimento é a microdermoabrasão, que é utilizada para refinar a
camada córnea e automaticamente promover a revascularização, que juntos vão
acelerar a mitose celular.
Na área médica, a utilização do ácido retinoico se faz muito presente com
a finalidade de restaurar o colágeno pela inibição da enzima colagenase, a qual
destrói as fibras colágenas.
A intradermoterapia também é bastante eficaz, principalmente com a
aplicação de glicosaminoglicanas associadas a peptídeos, vitamina C e ácido
hialurônico.
A fototerapia por laser de baixa intensidade é utilizada para tratamento da
estrias, porém os resultados ainda são muito discutidos e se apresentam com
maior eficácia nas estrias rubras.
Mesmo realizando todos esses procedimentos, não temos garantia de
resultados satisfatórios, uma vez que seu aparecimento está conectado a vários
fatores, como propensão genética e hábitos de vida.

TEMA 4 – DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL PÓS-MAMOPLASTIA REDUTORA

A drenagem linfática manual é uma técnica de movimentos que atuam


somente no sistema linfático, visando seu melhor funcionamento.

14
É uma técnica que visa ao melhor funcionamento do sistema linfático, a fim
de auxiliar na eliminação de líquidos e toxinas presentes no corpo humano por
meios de manobras nas vias linfáticas e nos linfonodos.
Para Lange (2002, p. 11)

A verdadeira drenagem linfática manual é um método todo original,


bastante diferente da massagem tradicional, possuindo manobras
precisas e monótonas, com direções específicas, velocidade lenta e
pressão suave.

Foi Leduc que introduziu a drenagem linfática no Brasil, em 1977, quando


ministrou um curso no Rio de Janeiro com o título de “Drenagem linfática manual
pelo método Vodder”. Porém a DL tornou-se mais conhecida no fim da década de
80 e início da década de 90, quando surgiram inúmeras escolas de drenagem
linfática no Brasil.

4.1 Principais cuidados ao realizar a drenagem linfática

Vários estudos demonstram que, quando realizamos uma técnica


inadequada, podemos causar danos ao paciente.
Várias técnicas de massagem são denominadas de drenagem linfática e
são utilizadas de maneira inapropriada, podendo provocar lesões.
A técnica consiste em movimentos de “empurrar e relaxar” sobre o trajeto
dos vasos linfáticos e nas regiões dos linfonodos. Os movimentos devem ter uma
sequência correta com sentido e estratégia bem definidos.

A pressão da mão sobre o corpo deve ser leve para não produzir o
colapso linfático. O valor sugerido é de 30 a 40 mmHg (milímetros de
mercúrio)
As manobras são lentas e devem ser repetidas por 5 a 7 vezes no
mesmo lugar. A pressão deve ser suave e quanto maior o edema, mais
leve deve ser a pressão. O paciente não deve sentir dor e a pele não
pode apresentar hiperemia em decorrência das manobras.
A drenagem deve ser realizada sempre no sentido do fluxo linfático
(Lange, 2012, p. 73).

4.2 Função da drenagem linfática manual

A DL auxilia na retirada do excesso de líquido intersticial e toxinas


presentes no corpo, removendo proteínas e resíduos metabólicos, além de
favorecer a troca de oxigênio e nutrientes, por meio de manobras realizadas nas
vias linfáticas e linfonodos.
Outros efeitos secundários decorrentes da drenagem são:

15
• Ação sobre o sistema nervoso central vegetativo, produzindo estimulo
parassimpático causando relaxamento;
• Ação sobre os gânglios com efeito imunológico.

Em resumo, a drenagem manual representa importante instrumento


terapêutico do linfedema, devendo ser realizada de maneira adequada e por
profissionais capacitados.
O sistema linfático se estende por todo o organismo em forma de rede e
representa dentro do corpo humano uma via secundária de acesso, por onde
líquidos provenientes do interstício são devolvidos ao sangue. (Lange, 2012).

4.3 Mastoplastia redutora ou mamoplastia redutora

Esse termo refere-se à redução do volume das mamas e à correção da


queda. O termo mastopexia é a correção da queda das mamas e da flacidez da
pele.
O procedimento das mamoplastias redutoras visa reduzir o volume das
mamas, retirar o excesso de pele e corrigir a queda da mama, obtendo equilíbrio
entre o conteúdo (tecido mamário) e o continente (pele). Todo esse procedimento
deverá ter uma forma de simetria adequada às mamas. As cicatrizes devem ser
mínimas e imperceptíveis. As mamas com excesso de volume também obterão a
correção de aspectos funcionais para a melhora da postura e dores na coluna.

4.4 Circulação linfática das mamas

A circulação linfática da mama pode ser dividida em sistema superficial,


drenando a pele, e sistema profundo, drenando os lóbulos para os sistemas
subclávio e jugular (Figura 1). A linfa da região mediana das glândulas mamárias
segue em direção aos linfonodos paraesternais, que se localizam junto ao esterno.
A drenagem linfática da porção lateral externa e inferior das glândulas mamárias
segue em direção à axila. A região superior a drenagem segue para os linfonodos
infraclaviculares.

16
Figura 1 – A circulação linfática da mama

Fonte: Lange, 2012.

4.5 Drenagem linfática pós-mamoplastia redutora

Independente da técnica que o cirurgião utilizar, as manobras da


drenagem linfática irão seguir sempre para a mesma direção. A porção lateral
externa da mama direciona o fluxo linfático para a região dos linfonodos axilares.
A porção lateral da mama para os linfonodos paraesternais, e o polo superior da
mama, para os linfonodos da região clavicular.
O paciente deverá ter o máximo de cuidado para não fazer movimentos
bruscos e também não elevar os membros superiores, para não sentir dor na
região dos ombros e trapézio. Deve-se trabalhar bastante o sistema respiratório
antes da drenagem linfática manual, para aliviar a tensão muscular.

4.6 Sequência dos movimentos da drenagem linfática manual pós-


mamoplastia

Lange (2012, p. 90) cita quatorze movimentos para a drenagem linfática


manual pós-mamoplastia:

Movimento 1 – Bombear a região da junção venolinfática.


Movimento 2 – Bombear os linfonodos claviculares.
Movimento 3 – Bombear os linfonodos axilares.
Movimento 4 – Bombear os linfonodos da parede lateral da mama.
Movimento 5 – Bombear os linfonodos infra mamários.

17
Movimento 6 – Bombear os linfonodos para esternais.
Movimento 7 – Em movimentos de semicírculos, deslizar na região do
esterno e posteriormente conduzir para a linfa.
Movimento 8 – Com a polpa digital, bombear suavemente a cicatriz
vertical (quando presente)
Movimentos 9 e 10 – No quadrante inferior medial da mama, conduzir a
linfa para os linfonodos para esternais.
Movimento 11 – No quadrante superior da mama, conduzir a linfa da
“ampola da foz”.
Movimento 12 e 13 – Conduzir a linfa para os linfonodos da parede
lateral da mama e seguir para os linfonodos axilares.
Movimento 14 – Conduzir a linfa da região intercostal superior para a
região axilar.

Figura 2 – Quatorze movimentos para a drenagem linfática manual pós-


mamoplastia

Fonte: Lange, 2012.

4.7 Cuidados do pós-operatório

Os cuidados são simples, mas requerem alguns dias de repouso e


cuidados. Nos três primeiros dias, o paciente não deve sair de casa. Não é
necessário ficar deitada, mas deve cuidar para deitar em cima das mamas. Essa
cirurgia necessita repouso de cinco dias, podendo depois voltar às atividades
normalmente. Não deve levantar os braços acima dos ombros nem realizar
movimentos que solicitem os músculos próximos das mamas. Dirigir automóvel
somente após doze dias.
Devem-se evitar esportes e ginásticas que exijam movimentos dos braços,
para que não haja transpiração excessiva nesse período.
Nos primeiros cincos dias, deve-se evitar molhar as mamas durante o
banho. Após esse período, lavar normalmente, procurando secar com cuidado.

18
Fazer uso constantemente do sutiã especial indicado pelo médico.
Os resultados irão depender do repouso adequado e de seguir rigidamente
as orientações do cirurgião.
As mamas adquirem o formato definitivo depois de seis meses a um ano.
Durante esse período evolutivo, a forma vai se aprimorando e as cicatrizes
tornando-se mais claras e menos perceptíveis.

TEMA 5 – CIRURGIA DE PRÓTESE MAMÁRIA

Mamas pouco desenvolvidas podem ser consequência de alterações


hormonais, tendência hereditária ou atrofia do tecido mamário após gestações.
Em mulheres que perderam muito peso, a causa pode ser a atrofia do tecido
gorduroso.
A inclusão da prótese nas mamas corrige o volume mamário e, em alguns
casos, a ptose mamária.
Na verdade, é uma mudança no comportamento feminino mundial, no qual
a mulher passou a se observar melhor e a apreciar mais os volumes mamários.
As próteses de silicone são usadas para aumento das mamas há mais de
30 anos.
Atualmente, vários tipos e formatos de próteses podem ser encontrados,
inclusive infláveis e de conteúdo salino.
Vemos em Lange (2012, p. 91) que

As próteses podem ser introduzidas nas mamas por várias vias de


acesso. A introdução através do sulco infra mamário evita cicatrizes
aparentes na mama. Já as incisões periareolares, deixam uma cicatriz
na borda inferior da aréola. Pitangui, Carreirão e Garcia em 1973,
descreveram a inclusão da prótese através de uma incisão transareolar,
seccionando a papila ao meio. Agris, Dingman e Wilensky em 1976,
preconizaram a incisão axilar. Hoje esta técnica é realizada com o auxílio
da vídeo endoscopia. Planas em 1976 propôs a inclusão das próteses
através da via de acesso para a abdominoplastia.
Além das próteses, a adequação do formato e a redução do volume são
de suma importância para a harmonia do corpo feminino. É importante
que os profissionais de estética permaneçam atentos à todas as
possibilidade de melhoria do pré e pós-cirurgia para tais paciente.

19
5.1 Cuidados pré-cirúrgicos

Devemos preparar a pele antes de qualquer procedimento cirúrgico, pois


isso facilitará o trabalho do cirurgião, podendo proporcionar um excelente
resultado cicatricial.
O procedimento de hidratação deve ter um prazo de, no mínimo, 15 dias
antes da cirurgia, realizando-se duas sessões por semana, além do uso de
cosméticos especifico. O uso de equipamentos vai auxiliar no preparo do tecido,
dando elasticidade e preparando a musculatura.
Para se evitar o endurecimento das mamas, devemos adotar os seguintes
cuidados no pré-operatório: lavar as mamas e a axila com sabonete antisséptico
nos 8 dias antecedentes à cirurgia e tomar vitamina E, que tem demonstrado
eficiência na prevenção do endurecimento capsular.

5.2 Cuidados no pós-cirúrgico

Permanecer em repouso relativo, sem movimentar os braços nos cinco


primeiros dias, evitando, assim, a formação de hematomas, que aumentam a
incidência da contração capsular.
Seguir corretamente a prescrição do médico e massagear as mamas a
partir do quinto dia, iniciando, paulatinamente, esse processo sob orientação do
cirurgião. Fazer as massagens todos os dias, durante 10 minutos, até completar
seis meses de pós-operatório. A massagem é fundamental para se evitar o
endurecimento da prótese.
O paciente não deve lavar sozinho o rosto e os cabelos, pois os
movimentos dos braços devem ser restringidos, mantendo-os sempre próximo ao
corpo e nunca elevando ou pegando peso.
Utilizar malhas compressivas (soutiens especiais). Comumente utiliza-se
soutiens especialmente desenvolvidos para o pós-cirúrgico, sendo que o modelo
e o tempo de utilização variam de acordo com a técnica escolhida pelo cirurgião.
O uso desse tipo de acessório servirá como complemento ao reposicionamento
dos tecidos descolados e à sustentação da mama.

20
5.3 Drenagem linfática manual no pós-prótese mamária

O início da drenagem linfática pode ser 24 horas após a cirurgia, com


movimentos restritos e menor compressão, seguindo-se com sessões em dias
alternados até o vigésimo primeiro dia do pós-operatório.
No quinto dia pós-operatório, podemos introduzir substâncias
antiequimóticas (se orientada pelo médico, essa aplicação poderá iniciar no
segundo dia do pós-operatório).
No sétimo dia, faremos a retomada do uso de hidratante (se não houver
esparadrapos).
No vigésimo primeiro dia, passar a drenagem linfática para semanal. Iniciar
massagens manuais suaves, a fim de auxiliar a redução de fibroses.
No 45º dia, podemos iniciar um tratamento específico para cicatrizes, por
exemplo, as sessões de laser de baixa potência.
A partir de 2 meses de cirurgia, inicia-se um programa de tratamento da
pele com hidratações, peeling superficial e uso de substâncias químicas como
ácidos e despigmentantes, caso seja necessário.
A sequência da drenagem linfática poderá ser a mesma da mamoplastia
redutora.

5.4 Transtornos normais de um pós-operatório

De acordo com Zani (1994, p. 293),

As cirúrgicas estéticas causam uma agressão maior ou menos ao


organismo. A intensidade da agressão varia de acordo com as
características próprias de cada operação, como duração, tipo de
anestesia, etc. O organismo reage para aumentar sua imunidade e
mostrar que necessita de cuidados especiais nos dias que sucedem à
cirurgia. Algumas dessas reações são normais e passageiras; outras
demoram um pouco para desaparecer, mas, infelizmente, são mais
raras. O grau dessas reações varia com as características físicas de
cada paciente (Zani, 1994, p. 293).

Os transtornos pós-operatórios mais frequentes são os seguintes:

5.4.1 Edema ou inchaço

Segundo Zani (1994, p. 293), O edema, assim como os outros sinais


típicos de reação de defesa do organismo, como o calor, o ardor e o rubor, é
normal e benéfico, pois protege a região operada. O edema forma-se logo após a
cirurgia e tende a aumentar nas quarenta e oito horas seguintes. Após essa fase,
21
regride aos poucos e, por volta do oitavo dia, já não é tão aparente. A regressão
completa só irá acontecer após alguns meses de pós-operatório. Em geral, dentro
de três a seis meses.

5.4.2 Sensação dolorosa

A região operada fica dolorida nos primeiros dias. A sensação de dor é


consequência da manipulação dos filetes nervosos sensitivos durante o ato
cirúrgico. O edema também ajuda a distender os tecidos da região operada,
aumentando a sensação dolorosa.
Poucos pacientes relatam que sofreram dor no pós-operatório de uma
cirurgia estética. Os cirurgiões plásticos trabalham delicadamente os tecidos
orgânicos para causar o menor trauma possível e, assim, diminuir a dor no pós-
operatório. O grau de sensibilidade é variável de pessoa para pessoa e alguns
pacientes precisam tomar analgésicos a fim de aliviar a dor, mas em poucos dias
a sensação desaparece. São contraindicados analgésicos à base de ácido
acetilsalicílico, como a aspirina, logo após as cirurgias, porque eles podem causar
microssangramentos na região operada.

5.4.3 Equimose

São manchas vermelhas, roxas, e até mais escuras, que aparecem no local
operado. Elas ocorrem porque os vasos sanguíneos localizados sob a pele são
frágeis, e o sangue passa através deles quando são manipulados na cirurgia. As
operações podem causar pequenos traumatismos nos vasos sanguíneos devido
ao contato com os instrumentos cirúrgicos. As compressas geladas e certos
medicamentos auxiliam a prevenir a formação dessas manchas e podem ser
usados nos primeiros dias de pós-operatório. Depois de alguns dias, se as
manchas não desaparecerem, pode-se aplicar creme ou pomadas que aceleram
sua evolução. Alguns pacientes têm maior fragilidade capilar do que outros e
podem apresentar manchas mais escuras e de resolução mais demorada. É só
ter um pouco de paciência que elas desaparecem.

5.4.4 Fibrose

É uma reação cicatricial interna que ocorre devido à proliferação de células


denominadas fibroblastos, que produzem o colágeno e a elastina, essenciais no

22
processo de cicatrização. A fibrose deixa a região operada um pouco endurecida,
mas, aos poucos, vai devolvendo-lhe a consistência normal.
O resultado final de uma cirurgia só pode ser avaliado depois que
desaparecer toda a fibrose. Para isso, é necessário que se aguarde de 3 a 6
meses, dependendo do tipo de porte da cirurgia. A fibrose esconde os resultados
iniciais da cirurgia estética, porém é um fenômeno fisiológico natural e benéfico
que ocorre em todas as cirurgias.

5.4.5 Cicatriz em evolução

Toda cirurgia deixa uma cicatriz aparente ou escondida. A evolução


estética dessa cicatriz é lenta e gradativa, dificultando a apreciação imediata do
resultado. No início, ela fica avermelhada e endurecida, devido à reação do
organismo, que deposita as fibras elásticas e colágenas necessárias ao processo
cicatricial. Com o tempo, a cicatriz vai adquirindo coloração e consistência
semelhantes à da pele normal. O tempo de evolução normal de uma cicatriz é de
seis a doze meses, dependendo da localização e extensão.

5.4.6 Espera do resultado

Requer paciência e compreensão, porque os resultados iniciais de uma


cirurgia estética podem não ser animadores. É por isso que o paciente deve estar
bem informado e bem preparado a respeito desse período transitório, pois pode
parecer que seus esforços e sacrifícios para realizar uma cirurgia estética não
foram compensadores. O resultado final só é visível depois de seis meses a um
ano. O paciente precisa aguardar que desapareçam as equimoses, regrida o
edema, se desfaça a fibrose e amadureça a cicatriz. Só então poderá apreciar o
resultado final.
Os transtornos habituais incomodam no pós-operatório, mas são
passageiros. Convém lembrar que os sacrifícios de uma cirurgia estética duram
alguns dias, mas os benefícios duram a vida toda.

23
REFERÊNCIAS

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25
AULA 6

DERMATOTERAPIA FUNCIONAL

Profª Rita de Cássia Alberini


TÉCNICAS ALTERNATIVAS PARA PROCEDIMENTOS CORPORAL

CONVERSA INICIAL

Desde a mais antigas civilizações, a massagem é usada para promover


bem-estar físico e mental, aliviar dores, diminuir o estresse, diminuir os edemas e
melhorar os contornos do corpo. Sua prática sempre foi realizada de forma
empírica, com base na literatura e nas artes, sendo um dos mais antigos métodos
naturais de cura da humanidade. Sempre esteve presente também nas áreas da
medicina, do esporte, e ainda hoje é grande aliada de tratamentos estéticos.
Diversos setores de atividades, como hotéis, spas, resorts, cruzeiros marítimos,
clínicas e salões de beleza utilizam a massagem para ofertar bem-estar aos
clientes.
A massagem sempre esteve presente na história, em diversos grupos
sociais, entre reis e rainhas, filósofos, atletas etc.
Vejamos uma bela definição da massagem (Nessi, 2008):

Um dia, Deus pegou um punhado de terra e por muito tempo ficou


amassando, apertando e moldando; assim, aos poucos, foram surgindo
artérias, veias, tecidos, ossos, células, órgãos, pele, cabelo, olhos,
dentes, braços, pernas, enfim, o homem, formado então, à Sua
semelhança. Talvez tenha sido esse o momento da primeira massagem,
a criação do homem e, assim, cada vez que tocamos em alguém, é como
estar representando esse momento divino da primeira massagem.

TEMA 1 – MASSAGEM RELAXANTE, TERAPÊUTICA OU SUECA

Essa massagem leva vários nomes, mas sua finalidade e princípios são
iguais. Sua história é bem interessante, sendo uma das mais antigas terapias do
mundo, anterior à própria acupuntura. Foi muito popular entre os gregos e
romanos, até a Idade Média. Era de vital importância nos cuidados da saúde. Foi
condenada pela Igreja Católica, que a taxou de pecaminosa e indecente. Os
terapeutas atuais têm trabalhado muito para mudar a imagem que ficou do
passado, por conta das “casas de massagem”, que serviam à prostituição.
O criador da massagem terapêutica (relaxante e sueca) foi o ginasta,
terapeuta e professor sueco Per Henrique Ling, que nos legou uma forma
atualizada de massagem terapêutica, a massagem sueca, que é a base da
massagem moderna. Todas as massagens baseiam-se na “sueca”.

2
1.1 O que é a massagem

A massagem é uma técnica que se utiliza apenas as mãos, com


movimentos suaves, firmes e deslizantes, mas sempre contínuos, na musculatura
do corpo.
É a manipulação dos tecidos moles do corpo com técnicas específicas, que
promovem ou restauram a saúde (Lavery et al., 1998).
A massagem é o ato de tocar com as mãos, provocando reações
específicas, sejam elas fisiológicas, psicológicas, químicas ou mecânicas.
Podemos ainda dizer que é um complexo de movimentos praticados sobre o corpo
com as mãos (manual) ou com aparelhos mecânicos (instrumental) (Pereira,
2013a).
É a linguagem e comunicação do tato, acrescida de um conjunto de toques
sobre o corpo, com fins terapêuticos, desportivos, estéticos, emocionais e lúdicos
(Austregésilo, 1988, citado por Pereira, 2013a).
São manobras com fins higiênicos ou terapêuticos, em diferentes partes da
superfície cutânea, que correspondem às regiões dotadas de tecidos macios. A
massagem é um termo amplamente aceito pelos médicos europeus e americanos,
significando um grupo de manobras feitas, em geral, com as mãos, como fricção,
amassamentos, manipulação, rolamento e percussão dos tecidos externos do
organismo, com objetivo curativo, paliativo ou higiênico (Wood; Becker, 1984,
Pereira, 2013a).
Há diversos tipos de massagens; algumas atuam nos pontos de pressão
ou reflexos, como o shiatsu, a reflexologia, massagem chinesa, a massagem
ayurvérdica e a massagem com conchas.
Dependendo da técnica da massagem, ela pode ser relaxante ou
estimulante. A massagem é uma forma passiva de movimentar o corpo e
descobrir, dia após dia, a importância de estar vivo.

1.2 Efeitos fisiológicos da massagem relaxante (terapêutica ou sueca)

Ela proporciona alívio da ansiedade, diminuição dos efeitos da depressão


e controle do estresse. Na realização da massagem, o corpo libera um hormônio
chamado ocitocina, que combate a tensão muscular e auxilia no fluxo intestinal,
estabiliza a pressão arterial, diminuindo o estresse (Pereira, 2013a).

3
Sua ação ocorre diretamente sobre o sistema circulatório venoso, linfático
e arterial, auxiliando na eliminação das toxinas do corpo, com a remoção de
resíduos tóxicos que se formam nas fibras musculares, como o ácido láctico, o
que contribui para o alívio das dores musculares, além de aumentar o tônus
muscular e hidratar a pele (Pereira, 2013a).
Há estudos interessantes sobre os efeitos fisiológicos da massagem,
citados por Werner (2005, citado por (Pereira, 2013a):

 Pacientes que passaram por transplantes e receberam massagem, tendo


uma recuperação mais rápida e eficiente;
 Pacientes que sentiram efeitos relaxantes e calmantes da massagem em
regiões muito solicitadas e com dores, como costas e ombros;
 Pacientes que demonstraram como a massagem diminui edemas e dores,
promovendo bem-estar em regiões com traumas e luxações;
 Pacientes submetidos a intervenções cardíacas e beneficiados com
massagens;
 Pacientes que recebem massagem para melhoria do sistema imunológico
e controle de estresse.

Todas essas pesquisas apontam sobre os benefícios da massagem


diretamente sobre o sistema circulatório e imunológico, com consequências para
o bem-estar físico e emocional.
Seus principais efeitos fisiológicos, conhecidos e comprovados, são
(Pereira, 2013a):

 Aprimoramento do metabolismo global por meio de estimulação direta ou


indireta das glândulas sem ductos ou glândulas hormonais;
 Dispersão do ácido lático acumulado nos tecidos corporais;
 Diminuição da rigidez muscular;
 Facilitação do crescimento estrutural e muscular;
 Aumento da atenção, com resultados positivos em pessoas com problemas
de concentração;
 Auxílio no desenvolvimento das atividades sociais;
 Ajuda na superação de vícios, como cigarro e bebida alcoólica;
 Atenuação dos sintomas pré-menstruais;
 Diminuição da pressão sanguínea;
 Favorecimento do contorno muscular;

4
 Melhora na concentração e raciocínio lógico;
 Redução da ansiedade e tensão nervosa;
 Diminuição dos níveis de hostilidade em indivíduos com hipertensão;
 Melhora de apreensão manual;
 Redução do estresse emocional e físico;
 Fortalecimento da pele, mediante estímulo direto sobre a região;
 Promoção da elasticidade, com a manipulação dos tecidos corporais;
 Redução de problemas musculoesqueletais, como rigidez e imobilidade
articular, pelo aumento da elasticidade dos músculos.
 Aumento da harmonia no funcionamento do sistema nervoso;
 Aperfeiçoamento nas funções dos órgãos internos;
 Dispersão do ácido lático acumulado nos tecidos corporais, evitando rigidez
muscular.

1.3 Indicações da massagem relaxante

 Alívio do estresse e ansiedade;


 Perturbações digestivas;
 Enxaquecas;
 Artrose;
 Sono excessivo ou histórico de insônia;
 Metabolismo lento;
 Desmotivação e perda de forças para realizar atividades cotidianas;
 Cansaço ou esgotamento físico;
 Fibroses;
 Cervicalgias, dorsalgias e lombalgias;
 Problemas emocionais;
 Debilidade física (Pereira, 2013a).

1.4 Contraindicações

 Trombose venosa profunda;


 Alterações cardíacas e vasculares;
 Fraturas ósseas;
 Febre e infecções;

5
 Embolias;
 Casos de gripe ou infecção forte;
 Doenças contagiosas;
 Pessoas sob efeitos de bebida alcoólica e drogas;
 Pessoas em jejum, ou que acabaram de fazer uma refeição (Pereira,
2013a).

1.5 Orientações para a massagem relaxante (terapêutica ou sueca)

O profissional deve comunicar ao paciente para que ele se alimente de 60


a 90 minutos antes do procedimento. Deve também avisar que ele ficará com
roupas intimas para receber a massagem, devido à utilização de óleo diretamente
na pele. Deve-se manter um ambiente confortável, com música relaxante e pouca
claridade. Certifique-se de que a pessoa está quente e confortável. Relaxe e
concentre-se na massagem.

1.6 Movimentos básicos da massagem relaxante

As técnicas desta massagem são conhecidas como movimentos básicos


da massagem sueca, em cinco partes.

1.6.1 Deslizamento

No deslizamento a mão é suave e firme ao mesmo tempo. É um trabalho


efetuado sobre a pele, exercendo várias ações: desobstruir os poros, melhorar a
circulação cutânea, aumentar a temperatura local, exercer efeito calmante sobre
os filetes nervosos, auxiliar a circulação do retorno venoso, liberando resíduos nos
espaços intercelulares. Essa manobra é realizada no início e no final da
massagem (Pereira, 2013a).

1.6.2 Fricção

Esta manobra efetua um aquecimento sobre a região massageada, devido


ao contato das mãos com a pele. Ativa o fluxo sanguíneo na superfície da pele,
provocando uma hiperemia (avermelhada), o que facilita a penetração do
cosmético com princípios ativos de uso tópico.

6
1.6.3 Vibração

A mão deve estar espalmada. Os dedos podem estar juntos ou afastados.


Com suavidade, estimula-se a atividade dos músculos. Atenua-se a
hiperexcitabilidade dos nervos. A técnica deve ser realizada com leve pressão, e
bem rapidamente. A ação do movimento diminui a frequência do pulso, e eleva,
por via vasomotora, a tensão arterial.

1.6.4 Amassamento

É o principal movimento realizado na massagem, sendo considerado um


movimento nobre, devido à ação desintoxicante. Ele mobiliza as estruturas, como
pele, músculos e tecido adiposo. O movimento atua diretamente sobre os
músculos e tendões retraídos; aumenta a energia da fibra muscular; melhora
aderência e cicatrizes; ativa a circulação local, melhorando a nutrição muscular.

1.6.5 Percussão

Técnica utilizada no final da massagem, depois de realizados todos os


outros movimentos. Ativa a circulação sanguínea; aumenta a atividade dos vasos
superficiais e profundos; excita as contrações musculares; e estimula a fisiologia
dos músculos.
A massagem relaxante é considerada uma arte. O profissional deve utilizar
toda a sua habilidade e delicadeza durante o procedimento. Os movimentos
devem ser coordenados e rítmicos, profundos e suaves, provocando um enorme
relaxamento sobre o corpo do cliente.

TEMA 2 – MASSAGEM MODELADORA

A massagem modeladora é descendente da massagem clássica, a sueca


(ou relaxante, ou terapêutica). São realizados os mesmos movimentos, porém
com mais vigor e maior pressão. O objetivo dessa massagem é trabalhar de forma
localizada nas regiões do corpo que se deseja modelar. Serve também para
melhorar a celulite.
Apesar de ser uma massagem vigorosa, não podem aparecer hematomas,
equimoses ou pontos vermelhos (causados por hemorragia de vasos sanguíneos)
no local em que foram efetuados os movimentos. Caso isso ocorra, trata-se de

7
despreparo profissional, e o cliente poderá fazer denúncia aos órgãos
competentes.
A massagem deve ser realizada com produto cosmético que contenha
princípios ativos redutores e descongestionantes.

2.1 Cuidados básicos para aplicação da técnica

Para a realização dessa massagem, são necessários alguns cuidados com


o cliente/paciente:

 Conhecimentos básicos dos mecanismos fisiológicos corporais, a fim de


reconhecer contraindicações.
 Preparar o ambiente de trabalho, deixando-o harmonioso, tranquilo e
funcional, com luz indireta e som ambiente. Evitando conversas paralelas
ou ruídos externos, para que o cliente relaxe;
 Utilização de óleos aromaterapêuticos, proporcionando bem-estar geral;
 O profissional deve se vestir adequadamente, utilizando guarda-pó branco,
sempre mantendo postura ética e profissional.
 Colocar o cliente confortavelmente na maca e utilizar os coxins (rolos)
embaixo dos joelhos para relaxamento total do corpo;
 O profissional deve ter postura adequada e fazer uso do “corpo todo”,
distribuindo o seu peso sobre o seu próprio corpo ao fazer as manobras,
sem forçar os braços e sem prejudicar a coluna, mantendo a integridade
física.

2.2 Efeitos da massagem modeladora

Este tipo de massagem traz diversos efeitos fisiológicos, resultantes das


manobras exercidas no tecido: vasodilatação, melhora da oxigenação e nutrição
tecidual, melhora do sistema linfático, diminuição de aderências, melhora da
extensibilidade tecidual, aumento da maleabilidade tecidual, melhora das funções
viscerais, melhora da permeação de ativos, estímulo da produção da secreção
sebácea (Pereira, 2013a).
Há também efeitos psicológicos causados pelo efeito do toque, como
relaxamento e sensação de bem-estar.

8
2.3 Indicações

 Auxílio na penetração de princípios ativos;


 Cicatrizes e aderências;
 Modelagem corporal através da mobilização de tecidos profundos.

2.4 Contraindicações

 Neoplasias;
 Dermatites e dermatoses;
 Lesões locais;
 Varizes, flebite, trombose e outras patologias circulatórias;
 Fragilidade capilar;
 Processos inflamatórios;
 Processos infecciosos;
 Alterações de sensibilidade;
 Gestantes (somente após o terceiro mês de gestação e com autorização
médica; não realizar a massagem na região abdominal e calcanhar).

2.5 Preparo para a realização da massagem modeladora

 Preparar o ambiente;
 Preparar a maca com lençol descartável;
 Se a temperatura for inferior a 19 ºC, fazer uso de lençol térmico;
 Separar o produto que será utilizado na realização da massagem (óleo ou
creme);
 Realizar o preenchimento da ficha de anamnese, verificando se não há
contraindicações;
 Higienizar axilas, virilha, pés e mãos do cliente com lenços umedecidos ou
loção antisséptica;
 Não esquecer da higienização das mãos.

2.6 Massagem dos membros superiores (braços)

 O braço do cliente deverá estar apoiado na maca, ao lado do seu corpo;

9
 Aquecer o produto que será utilizado, friccionando-o nas mãos, para depois
colocar na pele do cliente;
 Tocar o cliente e evitar a perda do contato;
 Realizar deslizamento superficial, alternado, em toda a extensão do
membro superior, iniciando pelo dorso da mão, antebraço, braço, até o
ombro (musculo deltoide);
 Realizar manobra de amassamento em toda região anterior do braço;
 Fazer rotação externa e elevação do membro superior, apoiando as mãos
próximas à região parietal;
 Efetuar deslizamento superficial alternado em toda a extensão do membro
superior, iniciando pelo punho, passando pelo antebraço, braço, até a
região axilar;
 Amassamento em toda a região interna do braço;
 Apoiar a mão do cliente no ombro do profissional;
 O profissional deverá segurar o braço do cliente, apoiando o seu cotovelo
sobre a palma da sua mão;
 Com a outra mão fechada, (articulações interfalangianas), realizar
deslizamento profundo no sentido distal-proximal, com o objetivo de
mobilizar o tecido adiposo da região anterior;
 Trocar a mão de apoio e repetir o movimento, com o objetivo de mobilizar
o tecido adiposo da região posterior;
 Ainda com o mesmo apoio, realizar deslizamentos com a mão em c, no
sentido distal-proximal para modelagem (parte superior);
 Trocar a mão de apoio e repetir o movimento em c, para modelagem (parte
anterior);
 Realizar deslizamento superficial por toda a extensão do membro superior,
no sentido distal-proximal.

2.7 Massagem do abdômen (decúbito dorsal)

 Movimentos circulares no sentido horário;


 Deslizamentos profundos no cólon ascendente;
 Deslizamentos profundos no cólon transverso;
 Deslizamentos profundos no cólon descendente e curva sigmoide;
 Manobras de amassamento ao redor do umbigo, no sentido horário;

10
 Manobras de pinçamento rolante na diagonal, da lateral da cintura até a
região pubiana;
 Manobras de amassamento nas laterais do abdômen;
 Deslizamentos palmares profundos, da lateral da cintura em direção à
região pubiana;
 Deslizamentos deslizantes da lateral da cintura à região pubiana.

2.8 Massagem da coxa

 Os movimentos são de deslizamentos profundos, ascendentes e


alternados, em toda a extensão da coxa, com as mãos espalmadas, da
borda superior da patela, em direção à região inguinal;
 Manobras de amassamento por toda a extensão da coxa: interna, anterior
e lateral;
 Pinçamentos rolantes da lateral externa em direção à safena;
 Deslizamentos ascendentes alternados, com as mãos fechadas, por toda a
extensão da coxa, nas faces interna, anterior e lateral externa;
 Bracelete com bombeamento desde a patela até a região inguinal;
 Deslizamentos profundos em direção à região axilar.

2.9 Massagem do decúbito lateral: culote

 Movimentos ascendentes de amassamento;


 Manobras de amassamento ascendentes com as mãos fechadas;
 Deslizamentos palmares desde o culote até a região inguinal.

2.10 Massagem do decúbito ventral: coxa

 Deslizamentos profundos, ascendentes e alternados, em direção à região


inguinal;
 Pinçamentos rolantes da lateral externa em direção à safena;
 Manobras de amassamento por toda a extensão da coxa: interna, anterior
e lateral externa;
 Deslizamentos ascendentes alternados, com as mãos fechadas, por toda a
extensão da coxa, nas faces interna, anterior e lateral externa;

11
 Bracelete com bombeamentos desde a patela até a região inguinal.

2.11 Massagem do glúteo

 Manobra de deslizamento profundo no glúteo;


 Movimento de amassamento por todo o glúteo;
 Deslizamentos profundos ascendentes com as mãos fechadas;
 Deslizamento profundo do centro em direção à região inguinal.

2.12 Massagem dos flancos inferiores

 Manobras de deslizamento nos flancos inferiores em direção à região


inguinal;
 Manobras de amassamento por toda a região.
 Nos flancos inferiores, realizar deslizamentos em direção à região inguinal

2.13 Massagem dos flancos superiores

 Manobras de deslizamento nos flancos superiores em direção à região


axilar;
 Manobras de amassamento por toda a região dos flancos superiores;

TEMA 3 – MASSAGEM COM CONCHAS

A massagem com conchas é uma técnica que foi desenvolvida pelos povos
que residem próximos ao litoral asiático. O procedimento é realizado com os
movimentos da massagem convencional, com deslizamentos, torções suaves,
pressões, até a percussão leve. É uma massagem relaxante, favorecida pelo uso
das conchas: aproveita a textura lisa, às vezes onduladas, e a temperatura fria,
para realizar movimentos com deslizamentos leves e suaves. Podemos associar
a essa técnica aromaterapia e óleos quentes.
É um procedimento com ritmo e contato constante, que proporcionará
aquecimento central, relaxamento e estimulação.
Para o procedimento, são utilizadas conchas bicudas. Também podem ser
utilizados óleos essenciais:

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 Capim-limão: usado para combater a enxaqueca, além da ação relaxante.
Auxilia quem tem dificuldades de concentração, esgotamento mental e
estresse.
 Lavanda: é uma erva medicinal que acalma e combate o estresse, a
insônia e os estados nervosos, além de ser hidratante. É cicatrizante,
regenera células e diminui dores, principalmente a fibromialgia.
 Artemísia: é uma erva medicinal, com poder de aliviar cólicas menstruais
e dores abdominais. Ao utilizar junto com as conchas, devem ser feitos
movimentos circulares.

3.1 Indicações

 Relaxamento muscular;
 Diminuição do estresse;
 Nutrição dos tecidos e melhoria do aspecto da pele;
 Aumenta a vascularização;
 Auxilia na penetração dos princípios ativos dos produtos utilizados;
 Ajuda a combater a celulite.

3.2 Contraindicações

Não é recomendável aplicar a técnica em pessoas febris, com processos


infecciosos e inflamações, dores agudas, leucemia, hemorragia, gestação de
risco, reações alérgicas e alterações cardíacas.

3.3 Como realizar o procedimento

Com o caracol nas mãos, encaixar os dedos suavemente dentro de seu


interior. Colocar óleo aquecido no interior da concha e ir gotejando o conteúdo na
região que será massageada.

13
3.4 Sequência da massagem com conchas

3.4.1 Decúbito dorsal: abdômen

 Com as conchas sobre o abdômen, mantê-las por alguns segundos e iniciar


a massagem com movimentos contínuos. Gotejar o óleo aquecido sobre a
região;
 Deslizar superficialmente, em círculos, no sentido horário, e deslizar sobre
o cólon transverso;
 Deslizar com as mãos em sentido de prece, sobre a região central do
abdômen para as laterais, região inferior para a crista ilíaca, região média
para a lateral, e região alta para costelas/região axilar;
 Realizar o deslizamento longitudinal;
 Fazer o deslizamento com a mão espalmada, juntamente com as conchas,
sobre a região central do abdômen;
 Deslizar superficialmente, em círculos, no sentido horário, indo para o cólon
transverso.

3.4.2 Tórax

 Aquecer o óleo, colocar nas conchas, e deslizar suavemente sobre o tórax;


 Deslizar do centro para as laterais, da região inferior para a superior,
desenhando as costelas;
 Na região das axilas, deslizar em forma de círculos;
 Na região subclavicular, deslizar fazendo pressões;
 Finalizar deslizando e contornando os ombros.

3.4.3 Braços e antebraços

 Deslizar suave e profundamente, de forma alternada;


 Deslizar com pressões circulares, utilizando as duas conchas, em toda
região medial e lateral do braço;
 Fazer deslizamento circular paralelo;
 Finalizar com deslizamento suave, alternando as mãos.

14
3.4.4 Mãos

 Trabalhar com movimentos de deslizamento suave na palma da mão;


 Deslizar suavemente no dorso da mão.

3.4.5 Coxas e perna

 Com as conchas, ir deslizando no sentido de caracol; nunca esquecer de


aquecer o óleo;
 Fazer deslizamentos profundos e alternados;
 Fazer deslizamentos circulares na região medial e lateral;
 Fazer deslizamentos suaves, utilizando em conjunto com as conchas e as
mãos, e realizar a finalização.

3.4.6 Pés

 Promover o deslizamento superficial na planta do pé;


 Efetuar deslizamento alternado na planta do pé;
 Massagear apenas com as mãos a planta do pé;
 Finalizar com deslizamento suave por todo pé.

3.4.7 Decúbito ventral

3.4.7.1 Pernas e coxas

 Fazer movimento de deslizamento suave, alternando linearmente;


 Fazer deslizamento profundo alternado;
 Promover deslizamento de forma circular, nas regiões medial e lateral;
 Fazer movimentos suave somente com uma concha, alternando com a
mão;
 Finalizar com deslizamentos suave.

3.4.7.2 Costas

 Efetuar deslizamentos suaves com as conchas, contornando os ombros,


começando pela região cervical, indo até a região lombar;

15
 Efetuar movimentos de deslizamento, alternando com as conchas,
paralelas à coluna;
 Deslizar em forma de cruzado, da região inferior, média e alta, dando
prioridade ao trapézio;
 Deslizar as conchas em formato de oito;
 Fazer o deslizamento de uma mão, alternando com uma concha, no sentido
lombar para a cervical;
 Fazer deslizamento de forma circular e livre, passeando por toda região das
costas. Finalizar com deslizamentos por toda as costas.

TEMA 4 – TERAPIA DAS PEDRAS QUENTES

Podemos chamar esta terapia de termoterapia. As pedras são utilizadas


quentes, sendo alternadas com as frias. Com as diferenças de temperaturas sobre
o corpo, teremos reações fisiológicas e orgânicas de alto benefício para o corpo.
A temperatura das pedras é adequada a cada cliente individualmente. As pedras
são trabalhadas caminhando sobre os músculos, que vão transmitindo energia e
restaurando a força interior.
As pedras utilizadas são de basalto e mármore, com temperaturas quentes
e frias, que irão realizar uma ginástica vascular circulatória, ajudando o corpo a
curar-se.

4.1 História das pedras

Na Europa e Estados Unidos, há muito tempo utiliza-se a técnica das


pedras. Para ser mais preciso, desde o ano de 2000. Porém há, no Egito Antigo e
no Velho Testamento, registros de seu uso para alívio do estresse e
emagrecimento. Atualmente, essa técnica é muito praticada em spas e clínicas de
estética.
Desde os primórdios, o ser humano é atraído pela energia das pedras.
Segundo registros, essa técnica nasceu há mais de 3000 anos, no Oriente, sendo
encontrada no Livro Amarelo, escrito por um Imperador chinês, e no qual já se
destacava a sua utilidade como cura e alívio da ansiedade. Os monges tibetanos
usavam um cinturão de pedras quentes sobre o abdômen para ter a sensação de
saciedade. Além de diminuir a fome, energizava o corpo, aliviava as gastrites e
controlava a ansiedade.

16
O ser humano tem interesse pela energia que vem das pedras há muito
tempo. Em tempos antigos, o homem utilizava as pedras para fazer o fogo,
levantar monumentos, esculpir imagens, e também como representações
religiosas. As pedras eram utilizadas para aquecer as casas e construir templos e
pirâmides. Há poucas descrições sobre o uso das pedras como tratamento.
Geralmente, os tratamentos que usam pedras são passados verbalmente, de uma
pessoa para outra.
Os índios, em seus rituais de curandeirismo, utilizam pedras quentes e
muito bem selecionadas, com cores que variam de azuladas até o preto, de
marrom até o vermelho. Inclusive, fazem uso de uma pedra que colocam ao sol
para ser aquecida, e a utilizam sobre o ventre da mulher durante a menstruação,
para alívio das cólicas. Na passagem da puberdade dos meninos, é realizada uma
cerimônia, em que eles devem se deitar sobre uma rocha dura e colocar pedras
macias por entre os dedos dos pés. É uma sessão de aprendizado que visa
ensinar a diferença entre o duro e o macio, o feminino e masculino. A cerimônia é
ensinada ao adolescente, para elucidar a importância do equilíbrio da vida.
Xamãs, médicos e curandeiros utilizam pedras e cristais em suas
cerimônias de cura. Cada cor e tipo de pedra reflete uma energia, finalidade e
efeito de libertação no cliente, conforme vai sendo usada. Antigamente, era uma
prática comum usar pedras ásperas para limpar pele velha e ressecada. Muitas
mulheres ainda usam essas pedras porosas no banho, para manter a pele sedosa
e macia (Pereira, 2013b).

4.2 Tipos de pedras

Existe uma imensa variedade de pedras que podem ser utilizadas, mas as
mais próprias para a técnica são as que contém em seu interior substâncias
térmicas, por um longo período, o que ocasiona a distribuição da energia vital.
A rocha ígnea modificada é uma das pedras utilizadas na terapia. Ela é
formada pela ação vulcânica e por sedimentação. É encontrada em grande
quantidade em regiões onde há abalos vulcânicos.
As pedras utilizadas para esse tipo de massagem são feldspato, basalto
amigdaloide ou pedras plutônicas. No Brasil, há uma imensa variedade. Algumas
contêm olivina, silicato de ferro e de magnésio, e há as conhecidas como basalto
amigdaloide, com uma boa quantidade desse mineral.

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4.2.1 Pedras de mármore

O mármore foi, um dia, o lixo do fundo dos oceanos. É uma rocha


metamórfica, isto é, ela muda de forma, assim como a larva se transforma em
borboleta. A geologia explica que esse metamorfismo acontece na parte profunda
da crosta terrestre. Conforme as placas de cristal deslocam-se, elas entram umas
nas outras.
Para que o mármore se forme, o calcário deve ser carbonato de cálcio puro
ou com mais de 90%. Os índices de resfriamento e de pressão devem ser muito
consistentes durante centenas e até milhares de anos, à medida que o calcário
líquido esfria e produz cristais de mármore pelo processo de precipitação. Se os
fatores necessários à criação do mármore não estiverem presentes, serão criados
minerais como greda, talco ou calcita. Tais minerais podem aparecer ao lado um
do outro, ou podem formar bolsões isolados.
O mármore foi formado na terra através de um processo geológico, que
continua a criar mármore até mesmo enquanto lemos sobre a sua história, ao
longo de imensos períodos de tempo e registros da evolução da vida. Carrega,
dentro de si, uma beleza imensa.

4.2.2 A busca por pedras ideais

Encontrar as pedras ideias é um trabalho bem árduo, pois cada uma delas
tem uma ação diferente. As pedras nos oferecem: calma, sono, descanso, solidez
e nenhum movimento. Elas expandem os canais de energia, que são a abertura
para o ensinamento e o foco, um calmante da mente e um consequente
desacelerar de movimentos físicos (Pereira, 2013b).
As pedras que são utilizadas para a terapia ficam quentes por mais tempo
que quaisquer outras rochas de rios. É de grande importância que a energia
eletromagnética das pedras e das pessoas seja similar. Quando pegamos as
pedras, temos que considerar as cores, variando de cinza escura a preto, de
marrom a vermelho escuro. Quanto mais macias e brilhantes, mais irão reter o
calor quando forem aquecidas na água. Suas cores correspondem às cores dos
chacras. Escuras, representam a energia masculina/yang. Ajudam a abrir os
canais de energia, focando na energia do cliente, acalmando a mente e as
emoções, como um foco firme no plano físico. Para equilibrarmos
corpo/mente/espírito, devemos usar tanto yin quanto yang. Se as pedras pretas

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são yang, as pedras claras de mármores completarão as pedras masculinas
(escuras) com energia feminina (yin), que é o lado delicado de nosso espírito. A
pedra branca de mármore escolhida para ser usada neste tipo de terapia é mais
macia que o basalto, e ficará fria por mais tempo, dando contraste ao tratamento.
É muito prazeroso utilizar duas cores opostas e juntas. A cor branca eleva
a consciência de que estamos dentro do universo, abrindo o chacra da nossa
coroa, para receber informações e permitir a caminhada na luz de nosso espírito.
Além das cores, as formas apresentam energias yin e yang. As pedras
arredondadas representam o lado feminino/yin do universo. Pedras oblongas irão
transferir o lado masculino/yang da imagem fantasmagórica. Cores escuras e
claras, misturadas com as formas arredondadas ou oblongas, irão ajudar no
equilíbrio corporal, na mente e na alma, colocando-as em perfeita harmonia.
É importante notas que não conseguiremos encontrar pedras de mármore
prontas. Elas deverão ser cortadas, lixadas pelas mãos de um artista, que nos
entregará as pedras no tamanho e na forma que necessitamos, para realizar um
trabalho perfeito, considerando a beleza de cada pedra, sentindo o estímulo
conforme as duas energias se incorporam: o preto e branco, o quente e o frio.

4.3 Efeitos biológicos da terapia com pedras quentes

Efeito vascular (pela vasoconstrição da aplicação de frio estático), redução


anti-inflamatória, redução da atividade metabólica e enzimática, modificação
neurofisiológica.

4.4 Benefícios da terapia

Melhora das funções orgânicas, recuperação da energia vital, melhora da


circulação e de funções metabólicas, equilíbrio do sistema nervoso, alívio de dores
e tensões musculares, alívio de cólicas menstruais, complementaridade ao
tratamento estético de bolsas e papadas na face, estímulo à perda de peso,
combate à celulite.

4.5 Efeito do trabalho da terapia das pedras

Este trabalho produz um perfeito estado de relaxamento, além de equilíbrio,


recuperação física e psíquica. O cliente relata sensação de alívio, calmante e
tonificante, levando a uma sensação de bem-estar, paz e serenidade. Para que o

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trabalho seja completo nas funções orgânicas, as técnicas de massagens são
fundamentais. A terapia das pedras pode auxiliar de acordo com a necessidade
do cliente. O trabalho que se realiza com as pedras proporciona diversas reações,
por elas estarem envolvidas com as mudanças térmicas de frio e quente. Em uma
mão, o profissional manipula a pedra quente, e na outra a fria, alternando os
movimentos. Nesse ritmo, a veia dilata com o calor, e contrai com o frio,
estimulando a circulação sanguínea e eliminando os resíduos tóxicos (Pereira,
2013b).
Pelo uso das pedras frias, o organismo desenvolve uma reação térmica;
a homeostase inicia suas funções, obrigando o organismo a dar respostas a um
desequilíbrio que foi instalado. O calor das pedras atuará em profundidade no
organismo, permitindo que as pessoas sintam benefícios que não estariam
presentes em uma sessão normal de termoterapia. A dinâmica entre quente e frio
é muito utilizada, com vistas a proporcionar uma alteração na circulação
sanguínea, aumentando o fluxo de nutrientes e fazendo com que as próprias
células iniciem e acelerem o seu funcionamento. O aumento do fluxo sanguíneo,
através da pele, desintoxica os órgãos internos, como intestino, rins e fígado
(Pereira, 2013b).

4.6 Contraindicações

 Cirurgias em que algum nervo tenha sido cortado, pois geralmente há perda
de sensibilidade nessas áreas, principalmente em tetraplégicos, que não
poderão relatar a temperatura sentida;
 Qualquer doença em que o nervo tenho sido danificado, ou neuropatia e
diabetes;
 Peles com agravamentos por utilização de umidade ou calor;
 Gravidez;
 Medicação que possa ter efeitos colaterais com calor;
 Doenças cardíacas, pois o calor força o sistema circulatório;
 Pessoas muito debilitadas, cujo corpo não consegue alcançar o equilíbrio
após o aumento da temperatura;
 Varicoses, quando o calor não é recomendado – mas o frio é bom;
 Doenças autoimunes, em que o sistema imune já esteja comprometido;
 Mulheres na menopausa.

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TEMA 5 – AROMATERAPIA

Na aromaterapia, são utilizados óleos essenciais com odor agradável para


ajudar no alívio da tensão, melhorando a saúde e o bem-estar geral.
É uma terapia alternativa muito desenvolvida, usada em locais comuns,
como lares, spas, ambiente de trabalho, clínicas de estética, salões de beleza, e
ultimamente até na área da saúde. Nos hospitais, são usados óleos essenciais
para alívio das dores das gestantes na hora do parto. Alguns psiquiatras usam a
aromaterapia em suas clínicas. Também é utilizada em hospitais de oncologia,
para aliviar os efeitos da quimioterapia, e para a reabilitação de cardíacos.
Na estética, os tratamentos podem ser potencializados com a
aromaterapia, pela alta eficácia na regeneração e estruturação de tecidos,
utilizando substâncias naturais que sejam compatíveis com a pele humana. A
aromaterapia pode ser usada em conjunto com cosméticos nos protocolos
estéticos.

5.1 História da aromaterapia

Os gregos, os romanos e os egípcios já faziam uso de óleos


aromaterapêuticos. Há 6000 anos, o médico egípcio Imhotep tornou-se o deus da
medicina e da cura, recomendando óleos aromáticos para banhos e massagens.
Hipócrates, pai da medicina, aconselhava a utilização de banhos regulares de
aromaterapia e massagem perfumada. Ele enfatizou o poder do perfume,
passando a utilizar vaporizações aromáticas para eliminar a peste em Atenas.
Os óleos essenciais foram usados também na Inglaterra para evitar a
peste, bem antes de drogas e perfumes sintéticos tomarem o seu lugar.
Foi na década de 1930 que o químico francês René-Maurice Gattefossé
desenvolveu o uso da aromaterapia como é usada nos dias de hoje. Ele batizou
a técnica com o nome de aromaterapia para explicar o seu uso terapêutico, como
disciplina específica.
Gattefossé queimou sua mão em uma experiência laboratorial, e
mergulhou-a no líquido mais próximo que encontrou. Esse líquido era uma tina de
óleo de alfazema. Sua mão foi recuperada rapidamente, sem infecções ou
quaisquer cicatrizes. Essa descoberta fez com que Gattefossé estudasse os
benefícios da aromaterapia; ele reparou que esses óleos também apresentavam
qualidades psicoterapêuticas. Sua obra foi ampliada pelo cirurgião do exército

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francês, Dr. Jean Valnet, que fez uso de óleos como antissépticos durante a II
Guerra Mundial.
Mas foi Madame Marguerite Maury quem criou a ideia de usar a
aromaterapia na terapia holística, receitando óleos para as pessoas e combinando
os efeitos do aroma dos óleos com a massagem. Juntando todas essas
informações, os terapeutas modernos chegaram à conclusão de que os óleos
essenciais devem ser utilizados individualmente, e que são muito eficientes
quando massageados na pele. Eles também concluíram que a aromaterapia atua
simultaneamente sobre a mente e o corpo, o que faz com que seja um remédio
perfeito para ambos.

5.2 Significado de aromaterapia e óleos essenciais

Trata-se de um conjunto de técnicas terapêuticas que se vale de óleos


essenciais, propondo-se a tratar disfunções físicas e emocionais, reestruturando
o equilíbrio do corpo e da mente. A palavra aromaterapia significa “tratamento
utilizando aromas essenciais”.
Os óleos essenciais são essências aromáticas extraídas pela destilação de
plantas, flores, árvores, frutas, cascas, ervas e sementes, com diferentes
propriedades terapêuticas, fisiológicas e psicológicas, que melhoram e previnem
doenças.
São líquidos de baixa viscosidade, parecidos fisicamente com o álcool ou
o éter. Não apresentam viscosidade, como o óleo de cozinha. É um produto volátil,
concentrado, utilizado na fabricação de perfumes, cosméticos e medicamentos
(Lavery et al., 1998). Apresentam um cheiro característico da planta de que foi
extraído. Os mais populares são: eucalipto, pinho, lavanda, cravo, menta, melissa
e erva cidreira (ou lemongrass). Já foram extraídos mais de 150 tipos de óleos
essenciais, cada um com seu perfume característico e suas respectivas
propriedades curativas. Todos esses óleos apresentam propriedades
antissépticas. Alguns são particularmente antiviróticos, anti-inflamatórios,
analgésicos, antidepressivos, expectorantes, antissépticos, estimulantes,
relaxantes, digestivos ou diuréticos.
Os óleos puros são obtidos por destilação e vapor, mas podem também ser
extraídos por outros métodos, como extração por solvente, extração de perfume
e compressão. São produtos caros, pois os processos de extração e fabricação
são dispendiosos, pela necessidade de quantidades enormes de plantas para a

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extração do óleo. Em média, utiliza-se 200 kg de planta para a extração de 1 kg
de óleo essencial.
A pesquisa científica identificou numerosos componentes químicos nos
óleos essenciais que exercem efeitos específicos sobre a mente e o corpo.
Ninguém compreende a razão pela qual as essências das plantas atuam em
nosso corpo dessa forma. Quimicamente, pode-se supor que o efeito resulta do
fato de estarmos próximos das plantas; seja qual for o motivo, temos consciência
de que os óleos essenciais são absorvidos pelo corpo, exercendo uma certa
influência, capaz de afetar a mente e as emoções; eles se dispersam pelo corpo
sem deixar resíduos tóxicos. Sua entrada é feita de duas maneiras: por inalação
e absorção.

5.3 Ação dos óleos essenciais no organismo

5.3.1 Óleos com ação cutânea

Esses óleos apresentam ação cutânea; são lipossolúveis e suas moléculas


são bem menores do que a água. Originam-se do ambiente intercelular das
plantas, ocorrendo plenamente nos vegetais, por razões metabólicas (ligadas ao
desenvolvimento e manutenção de corpos celulares, com capacidade nutriente,
hormonal e imunológica). Suas moléculas são tão pequenas que podem ser
absorvidas pelos poros da pele, afetando a própria pele, a corrente sanguínea e
todo o corpo, inclusive o cérebro. Sua absorção é muito eficaz, muito mais que a
inalação. Os óleos essenciais podem ser armazenados nas células de gordura;
podem agir por várias semanas, como se impregnassem o tecido.

Quadro 1 – Óleos essenciais para sistemas do corpo humano

Óleo essencial Sistema do corpo Grupo molecular


Eucalipto Respiratório Óxidos
Malaleuca Imunológico Álcoois terpênicos
Lavanda Nervoso Ésteres
Cravo Ósseo, cartilaginoso Fenóis
Grapefruit Lipídico Terpenos
Alecrim Vascular Óxidos e monoterpenos
Ylang-ylang Endócrino feminino Sesquiterpenos
Gerânio Epiderme Álcoois monoterpenicos e éteres
Fonte: Pereira, 2013b.

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5.3.2 Ação olfativa

Não se sabe exatamente como o cheiro afeta o cérebro, mas a teoria


aponta que um odor penetra pelo nariz e se liga aos cílios (os pelos do nariz). Os
receptores dos cílios estão ligados ao bulbo olfativo, que por sua vez está ligado
ao cérebro. Os cheiros são convertidos pelos cílios em impulsos elétricos, os
quais, através do sistema olfativo, são transmitidos ao cérebro. A parte que os
impulsos atingem é o sistema límbico – associado a temperamento, emoções,
memória e aprendizagem (Pereira, 2013b).
O sistema límbico também é um depósito de milhões de odores de
recordações. Quando um cheiro é recordado, pode desencadear o sentimento que
se liga a essa lembrança: o cheiro de feno pode trazer recordações felizes de uma
infância no campo; o cheiro de tabaco ou cachimbo pode trazer lembranças de
um vovô carinhoso.
O olfato é um dos sentidos que mais nos conecta a recordações e ao
prazer. Isso nos leva aos mistérios que envolvem a escolha de um perfume e as
memórias que ele é capaz de nos trazer. Se isso não existisse, toda a humanidade
escolheria a mesma fragrância, e ela agradaria a todos. Cada pessoa tem um
cheiro de sua preferência; este fato foi construído durante a sua existência, por
conta de sua vivência ao longo do tempo, de forma positiva e negativa.

5.4 Como utilizar óleos essenciais

5.4.1 Difusores e vaporizadores

Liberam no ar o perfume dos óleos, oferecendo fragrâncias naturais; ao


mesmo tempo, apresentam efeito terapêutico. Os difusores podem ser elétricos,
em velas ou em anel de cerâmica aquecido com lamparina.

5.4.2 Massagem

É a utilização mais comum nos tratamentos corporais, por promover


sentimento de bem-estar. A combinação do toque com os benefícios terapêuticos
do óleo melhora a circulação e libera a energia armazenada nos músculos tensos.
Ele é também um grande aliado no combate à gordura localizada. Não devem ser
utilizados puros, mas sempre diluídos em óleo vegetal ou creme neutro.

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5.4.3 Banhos

Muito utilizado em spas, com diversas terapias de imersão. A escolha da


fragrância fica a critério de quem fará uso do banho.

5.4.4 Compressas

Utilizadas normalmente em locais doloridos e com hematomas, problemas


de pele, dores musculares e menstruais. Podem ser usadas também em
queimaduras e inchaços.
Compressas frias para inchaços e queimaduras: tratamento de dez
minutos, sempre trocando a compressa.
Sobre as dores, utilizar compressas quentes: dez minutos com dois panos
para alternar – ao retirar o que esfriou, coloca-se o quente, e assim por diante.
Em tecidos irritados ou com alergia, recomenda-se compressas mornas por
cinco minutos.

5.4.5 Em argila

Utilizar a quantidade necessária de óleo essencial ao tipo de tratamento.


Se for para tratamentos na face, uma gota de óleo é suficiente. Usado geralmente
em manchas e acne. Para tratamento de celulite e sucção de toxinas, quatro gotas
já são suficientes.

5.4.6 Em sais

Para aplicação em banhos, escalda-pés e salmoura. Utilizado para


fortalecer e drenar tecidos. Mistura-se dez gotas de óleo essencial em cem
gramas de sal grosso ou marinho, para cem litros de água.

5.4.7 Em vapor de ozônio para limpeza de pele

A função do vapor é realizar emoliência dos tecidos e adstringência da pele,


tratamento de acne, manchas, tônico e cicatrizante. Pode também ser utilizado de
forma analgésica e cicatrizante.

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5.4.8 Em fricção

Utilizado em massagem localizada, com o objetivo de reduzir a gordura


localizada e estimular os tecidos. Misturar duas gotas ao creme ou óleo e friccionar
o local, obtendo aquecimento. Manter a intensidade dos movimentos até absorção
total.

5.4.9 Pulverização

Para desinfecção e aromatização do ambiente. Recomenda-se utilizar


diariamente. Fórmula: 10% de óleo essencial e 90% de álcool de cereais.

5.4.10 Escalda-pés

Auxilia no cuidado com os pés, auxilia na circulação, combate o odor fétido,


dores, fungos e rachaduras. Fazer por 20 minutos.

5.5 Instruções para utilização dos óleos essenciais

 Utilizar a dosagem recomendada em livros e manuais de aplicação;


 Nunca ultrapassar a dose recomendada;
 Sempre adquirir óleos essenciais de lojas especializadas, com as devidas
informações no rótulo: lote e validade, farmacêutico ou químico
responsável, autorização da Anvisa e notificação do Ministério da Saúde;
 Nunca utilizar compressas sobre os olhos;
 Evite aplicação sob exposição solar;
 Teste a sensibilidade do cliente aplicando uma gota na dobra do cotovelo:
ocorrendo queimação ou coceira, suspenda o uso;
 O óleo essencial é comercializado em vidros âmbar, com conta-gotas;
 Conserve o óleo ao abrigo da luz solar e evite mudanças de temperatura
bruscas.

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REFERÊNCIAS

LAVERY, S. et al. Enciclopédia familiar da saúde. São Paulo: Clube


Internacional do Livro, 1998.

NESSI, A. Massagem integrativa na atividade física adaptada. São Paulo:


Phorte, 2008.

OLIVEIRA, A. et tal. Curso didático de estética. São Caetano do Sul – Yendis,


vol. 2, 2014.

PEREIRA, M. Recursos Técnicos em estética. São Caetano do Sul: Difusão,


2013a.

_____. Spaterapia. São Caetano do Sul: Difusão, 2013b.

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