Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1 O conhecimento e suas
implicações
Pedro Demo (1994, p. 15--16) afirma com muita lucidez que o processo
de evolução da humanidade está diretamente vinculado à qualidade do conhecimento
adquirido. Mas, para isso, é necessário que o conhecimento “se elabore e reelabore no
âmbito educativo”.
O que esse autor quer dizer com isso é que herdamos de forma
consciente e inconsciente todo um manancial de conhecimento acumulado que tendemos
a reproduzir e desenvolver, atualizando--o de acordo com as novas perspectivas e
necessidades do momento em que vivemos.
Diferenciadas formas de abordar a questão do conhecimento já se
ocuparam em explicá--lo ao longo da história. Basicamente podemos perceber que esse
esforço de compreensão oscila entre duas posições predominantes: o objetivismo e o
subjetivismo, isto é, a tentativa de esclarecimento sobre o caráter do conhecimento
tradicionalmente se limitou a estudar o alcance da relação entre o sujeito do conhecimento
e o seu objeto a ser conhecido.
Para os objetivistas, os objetos devem ser apenas descritos, uma vez que
sua essência é dada, faz parte da realidade. Cabe ao sujeito do conhecimento apenas
desvendar a verdade ali existente. Portanto, todo conhecimento deve ter como condição
a verificação empírica de seus resultados. Essa tendência empirista influenciou
fortemente os positivistas e neopositivistas e ainda hoje possui larga aceitação nos meios
científicos e filosóficos.
Para os subjetivistas, o ato de conhecer é uma operação própria do
agente que conhece mediante o uso de sua razão. Racionalistas como Descartes e
idealistas em geral assumiram a influência mais direta dessas formulações.
Talvez um dos maiores méritos de Kant tenha sido enfocar o
conhecimento como uma relação entre sujeito e objeto, que deve ser avaliada por suas
implicações recíprocas – o transcendentalismo kantiano. Hegel, por outro lado, apontou
para o caráter dialético do conhecimento como produto de uma síntese entre sujeito e
objeto, ou seja, entre racionalidade e realidade.
Outros autores, como Thomas Kuhn, defenderam a ideia de que o
conhecimento é fruto de rupturas epistemológicas. A Epistemologia crítica de Gaston
Bachelard, por sua vez, determinou uma reviravolta na forma de encarar os processos
cognitivos. Para este último autor, o importante é perceber que o conhecimento é produto
de uma relação que se dá em um contexto histórico.
Essas considerações são importantes porque nos colocam diante de
problemáticas muito complexas atualmente, a era das grandes tecnologias em um mundo
globalizado. A partir dessas ponderações de Bachelard, podem--se discutir mais
profundamente as relações entre o conhecimento (o saber) e o poder, ou seja, a realidade
da utilização política, ideo-lógica e econômica do saber científico e a possibilidade de
do-minação que faculta. Mas essa discussão, contudo, não nos interessa agora.
Existem formas diferentes de conhecimento que estudaremos a partir
do próximo capítulo: desde as formas precárias de conhecer, como o conhecimento
mítico, até as mais sofisticadas, como o conhecimento científico--tecnológico, todas elas
convivem e estão em muitos aspectos entrelaçadas, com uma ou outra predominando
conforme o estágio evolutivo do homem em Sociedade.
O importante é você entender que o conhecimento não é estático, não é
algo que se adquire como mercadoria exposta em uma vitrine. O conhecimento é
dinâmico. Entenda o conhecimento como processo.
atenção!!!
Agora, vamos contar para você uma história, o mito da caverna, a partir
de uma alegoria de Platão (1986, 514a--518b) relatada na obra A República: