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1 CIÊNCIA E CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Nesta unidade discutiremos a origem do conhecimento, o papel da Filosofia na


Teoria do Conhecimento e a trajetória da Ciência na construção do Conhecimento Científico.
Partimos do pressuposto de que o conhecimento é fruto do desenvolvimento do homem, que
através da sua racionalidade, busca, incessantemente, conhecer a realidade, indo além dela,
transformando-a e transformando a si mesmo.
Nosso percurso inicia-se com o conhecimento popular por entender que o
conhecimento decorre de experiências adquiridas na prática que o homem vivencia no seu
cotidiano, no seu enfrentamento com a natureza, com os outros homens, com o mundo
material e, nesse enfrentamento, desenvolve formas de conhecimento que, ao longo de sua
existência, possibilitam a produção de novos conhecimentos manifestos em instrumentos e
técnicas de produção, concepções de mundo, formas de representação morais e religiosas,
sistemas políticos, modos de produção e relações sociais, para depois tratar do conhecimento
religioso, filosófico e científico.
Em seguida, trataremos da natureza da ciência a fim de entender suas dimensões no
processo de apreensão do conhecimento. Através do conceito de pesquisa mostraremos como
se dá a busca da apreensão da realidade e a construção do conhecimento através do método
científico.

Ao final desta unidade, você deve:


 identificar o conhecimento científico como uma forma de apreensão da realidade;
 destacar a importância da Filosofia na Teoria do Conhecimento;
 descrever a trajetória da Ciência na construção do conhecimento científico;
 identificar o método científico como processo de construção do conhecimento.
Quem veio
antes?

1.1 QUE É O CONHECIMENTO?

O conhecimento é a capacidade ou faculdade de conhecer, de descobrir, de formar,


reunir e organizar informações a respeito do mundo, da vida, dos acontecimentos, da
realidade. Provém do latim cognitio, co-gnoscere que significa “nascer-junto”, como ato de
descoberta do mundo e de si mesmo. O homem, por sua capacidade racional, diferentemente
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dos animais, não vive sem conhecimento, e essa natureza, permite-lhe permanentemente
descobrir o mundo e a si mesmo. Enquanto sujeito do conhecimento, o homem apreende a
realidade em sua consciência, que lhe permite elaborá-la em forma de representações que ao
longo de seu desenvolvimento, vão tomando contornos cada vez mais elaborados e fiéis à
realidade; tal busca também permite que ele crie e aperfeiçoe meios para obter novos
conhecimentos.
Marx, em sua obra O Capital, considera essa capacidade de apreensão e elaboração da
realidade no pensamento, como ato especificamente humano ao estabelecer um paralelo entre
o animal e o homem: “[...] a abelha envergonha mais de um arquiteto humano com a
construção dos favos de suas colméias. Mas o que distingue, de antemão, o pior arquiteto da
melhor abelha é que ele construiu o favo em sua cabeça, antes de construí-lo em cera”
(MARX, 1985, p 149.).

Através da racionalidade, o homem captura – através dos seus sentidos – a realidade


imediata em relação a si mesmo, em relação a sua história e em relação a sua cultura. Nesse
processo permanente de apreensão do conhecimento que não se esgota, o conhecimento
humano evolui e é transformado, mostrando ao homem que ele é um ser inacabado, em
permanente transformação e evolução. Assim é dada a explicação para os mais diversos
fenômenos: naturais, sociais, políticos, econômicos, culturais, religiosos, educacionais etc.

Portanto, o conhecimento é fruto do desenvolvimento do homem, que através da sua


racionalidade, busca, incessantemente, conhecer a realidade, indo além dela, transformando-a
e transformando a si mesmo.

Quando buscamos a origem do conhecimento, observamos que na Grécia antiga, os


primeiros filósofos, chamados de pré-socráticos, ao buscar respostas para a existência da
Natureza, do homem, das coisas em geral, indagavam-se: Qual a origem da Natureza? Por que
ela se transforma? Como as coisas existem? O que é o Ser? Qual a origem e a ordem do
mundo – kosmos? Todas essas questões centralizam a busca do conhecimento em torno do
Ser, de uma ontologia – o conhecimento da origem do Ser. É o encantamento, a indagação e a
curiosidade do homem que dá início ao processo do conhecimento que, gradativamente,
torna-se um saber organizado e metódico denominado de Ciência, distanciando-se do senso
comum ou conhecimento popular, do conhecimento religioso ou teológico e do conhecimento
filosófico. Para que haja uma distinção mais clara entre a Ciência e esses tipos de
conhecimento, é necessário compreender cada um deles com suas características como
veremos a seguir.
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1.2 CONHECIMENTO CIENTÍFICO E OUTROS TIPOS DE


CONHECIMENTO

Vimos até agora que o conhecimento está relacionado à racionalidade. Isto significa
que o homem desde a sua origem, busca conhecimento. Desde a antiguidade, povos das mais
diversas origens – egípcios, romanos, gregos, hebreus, indianos, muçulmanos, fenícios e
outros – preocuparam-se em desenvolver conhecimentos que dessem explicação aos
fenômenos da realidade em geral, possibilitando ao longo da história da humanidade, o
desenvolvimento de tipos diferenciados de explicações acerca do mundo, bem como dos
instrumentos e meios de produção que ampliam a possibilidade de conhecer mais. Por isso, o
modo como o homem apreende a realidade caracteriza o tipo de conhecimento que ele produz.

Quando um barqueiro nativo do Amazonas sabe, por exemplo, o momento adequado


da navegação pelo rio, da quantidade de pessoas e de carga que devem conter no barco, do
momento adequado para a partida e das providências a serem tomadas em defesa dos
passageiros e da carga transportada, sem nunca ter cursado uma escola naval, o conhecimento
que lhe orientou à navegação, decorreu da sua prática adquirida no dia a dia, dos seus
antepassados, dos fragmentos de conhecimentos variados obtidos durante a sua vida. Esse tipo
de conhecimento é denominado senso comum ou conhecimento empírico ou conhecimento
popular. Por outro lado, se o mesmo barqueiro fosse orientado por um especialista em
navegação fluvial, como usar o barco adequadamente, considerando os fatores de engenharia
de segurança, a variação pluviométrica da região, a quantidade adequada de peso no barco, as
orientações de prevenção ao naufrágio e ao incêndio em alto rio, estaríamos diante de um
conhecimento sistemático, obtido através de regras lógicas e procedimentos técnicos que
permitem a verificabilidade de um resultado certo ou provável, estaríamos diante do
conhecimento científico, do qual se haure o oficial da Marinha Mercante para conduzir um
navio em alto mar. Por outro lado, se este mesmo barqueiro, isolado de sua vivência prática e
da orientação sistemática, lógica e técnica acerca do seu cotidiano de navegação, atribuindo o
seu sucesso ou insucesso à vontade divina, sobrenatural, indiscutível e infalível, cujo requisito
fundamental aqui é a fé, estaríamos diante do conhecimento teológico ou religioso.
Suponhamos agora, se a navegação pelo rio exemplificada aqui, ainda não tivesse sido
submetida ao conhecimento da experiência prática do senso comum, ao domínio sistemático,
lógico e técnico do conhecimento científico e afastando a possibilidade da presença
sobrenatural, indiscutível e infalível da divindade, o desconhecimento das causas e efeitos –
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do naufrágio ou de um incêndio em um barco, por exemplo - seria submetido a um conjunto


de enunciados hipotéticos formulados de forma coerente, de modo a representar a realidade
estudada, num esforço de alcançá-la na sua totalidade, pelos seus argumentos logicamente
correlacionados, sem no entanto ser submetido decisivamente à comprovação, através dos
métodos existentes, estaríamos diante do conhecimento filosófico. Vejamos de forma mais
sistemática cada um deles.

1.2.1 Senso comum ou conhecimento popular


O senso comum ou conhecimento popular é um tipo de conhecimento decorrente das
experiências acumuladas pelo homem no seu dia a dia, no seu meio, por isso muito difundido
em seu contexto. Daí dizer-se que cada meio popular possui o seu senso comum de acordo
com o seu tempo. No senso comum as idéias são construídas de modo imediato. Nele, as
idéias estão dispersas e são obtidas a partir das observações, experiências, sensações,
vivências, juízos de valores que comprometem a forma de apreensão da realidade. Desse
modo, a explicação de um determinado fato ou fenômeno através do senso comum, fica
comprometida na medida em que esses elementos embotam a percepção do fenômeno ou
fato, não sendo possível percebê-lo de forma clara, objetiva e transparente. Antonio
Gramsci, filósofo e cientista político italiano, avalia que o senso comum, mesmo que
apresente uma aparente coerência, “seu traço fundamental mais característico é o de constituir
uma concepção fragmentária, incoerente, inconsequente, conforme a situação cultural da
multidão[...]”. Isto significa que o próprio meio popular dá “coerência” ao senso comum.

1.2.2 Conhecimento teológico ou religioso


O conhecimento teológico ou religioso também é uma forma de compreender a
realidade do homem, da natureza e do Universo. Nele, a explicação dos fatos e fenômenos,
decorre da revelação divina e não pode prescindir da fé, por isso as verdades produzidas são
exatas e absolutas. Muito embora se fundamente na fé, no sobrenatural, o conhecimento
teológico ou religioso possui sistematicidade, visto que as explicações acerca da origem do
homem e do mundo encontram-se num sistema lógico de idéias, apoiado em doutrinas
escritas por revelação sobrenatural. Aqui, a verdade não é questionada, mas aceita pela fé.
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Para Santos (2002), o conhecimento religioso derivou-se do conhecimento mítico, sendo o


mais antigo depois do senso comum.

1.2.3 Filosofia e teoria do conhecimento

Etimologicamente, Filosofia significa amigo da sabedoria, ou ainda, amor à


sabedoria. Amar o saber, para os filósofos gregos, significava ter uma atitude interrogativa e
investigativa diante do mundo. Em geral, as pessoas têm um entendimento equivocado da
Filosofia como um estudo separado da realidade. No entanto, se observarmos o cotidiano da
humanidade, veremos que todo homem é um filósofo.Quando o homem tenta compreender o
mundo, a sua origem, sua realidade, suas atitudes, as ações sociais e outras questões
pertinentes as suas inquietações, ele está tendo uma atitude filosófica. Logo, ter uma atitude
interrogativa e reflexiva diante do mundo é ser filósofo.

Ter uma atitude interrogativa e reflexiva diante do mundo é ser filósofo.

A velocidade da luz no
2 2
h =a +b ?2 vácuo é a mesma para
todos os observadores?
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“Todos os homens são filósofos” (GRAMSCI).

Navegar é
preciso... Viver não
é preciso?

Gramsci(1995, p 11), filósofo italiano, ao discutir acerca da Filosofia, refuta a ideia elitista
que muitos intelectuais fazem desta atividade como privilégio de uma certa cátedra e faz a seguinte
reflexão:

Deve-se destruir o preconceito, muito difundido, de que a filosofia seja algo


muito difícil pelo fato de ser a atividade intelectual própria de uma
determinada categoria de cientistas especializados ou de filósofos
profissionais e sistemáticos [...]. Todos os homens são filósofos.
Se todos os homens são filósofos, alguns limites e características devem demarcar a
origem de uma “filosofia espontânea” que está contida: na própria linguagem; no senso
comum e no bom senso; na religião popular e em todo sistema de crenças, opiniões, modo de
ver e de agir. Por isso, para o autor, há uma diferença entre dois tipos de filósofos. O primeiro,
enquadra-se nesses limites e características. O segundo, é aquele que supera esses limites e
características, apresentando-se diante do mundo “inicialmente, em uma atitude polêmica e
crítica como superação da maneira de pensar precedente e do pensamento concreto existente”.
Trata-se aqui, da construção de uma filosofia da práxis, ou seja, de uma filosofia
revolucionária capaz de compreender o movimento da História e do mundo cultural existente.
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Chauí (2000: 19) define Filosofia como “a decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as
coisas, as ideias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência
cotidiana: jamais aceitá-los sem antes havê-los investigado e compreendido”.

Daí depreende-se que o conhecimento filosófico surgiu como necessidade de


separar o pensamento mítico e religioso por explicações decorrentes da razão intelectual pura.
Na modernidade, a partir de René Descartes, John Locke e David Hume, a certeza se torna
medida determinante da verdade e a Filosofia torna-se a teoria do conhecimento, o saber que
determina a certeza do conhecimento verdadeiro.

1.2.4 Conhecimento científico

Vimos até agora, que em toda a trajetória do conhecimento filosófico, desde os


filósofos da antiguidade até os modernos, houve a preocupação de elaborar um
conhecimento destituído de opinião, sentimentos, valores pessoais como forma de afastar os
erros na produção do conhecimento acerca da realidade e do mundo.

Assim é que o conhecimento científico se apresenta como necessidade de o homem


ultrapassar a experiência sensível adquirida pela sua vivência, negar a possibilidade da
explicação divina e ir além do campo hipotético acerca da explicação dos fenômenos.
Avançar para além do senso comum, da religião e da filosofia de forma sistemática,
metódica e crítica a fim de compreender, explicar e dominar o mundo, é o objetivo da
ciência. Vimos que a preocupação em afastar o erro na produção do conhecimento já era
manifesta nos filósofos modernos.

O conhecimento científico é um produto resultante da investigação científica.


Surge não apenas da necessidade de encontrar soluções para problemas de ordem
prática da vida diária, característica essa do conhecimento do senso comum, mas
do desejo de fornecer explicações sistemáticas que possam ser testadas e
criticadas através de provas empíricas e da discussão intersubjetiva. É produto,
portanto, da necessidade de alcançar um conhecimento seguro (KÖCHE,199,
p.29).

A busca de princípios explicativos e de visão unitária da realidade torna-se uma


necessidade do homem na modernidade. A percepção da realidade a partir de critérios e
princípios explicativos a fim de compreender a relação entre fatos e fenômenos, diferencia o
conhecimento científico dos demais tipos de conhecimento. Por isso, o conhecimento
científico se apresenta sob a forma de enunciados que explicam as formas e condições de
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ocorrência dos fatos e dos fenômenos relacionados a um problema, tornando clara e


compreensiva a cadeia de relações omitida pela aparência sensível desses fatos e fenômenos.

“O conhecimento científico é um produto resultante


da investigação científica” (KOCHE).

Há no conhecimento científico dois ideais a serem atingidos: o da racionalidade


com vistas a atingir uma sistematização coerente e lógica entre os enunciados ou entre teorias
e leis; e o da objetividade, pois pretende que as teorias científicas (modelos teóricos
representativos da realidade), sejam construções conceituais que expressem, com fidelidade, o
mundo real, sujeitas a experimentos para serem comprovadas e aceitas pela comunidade
científica (KÖCHE, op. cit.).

A produção do conhecimento científico ocorre através da pesquisa científica,


iniciada quando o cientista percebe que os conhecimentos existentes a partir do senso comum,
da religião e da filosofia não conseguem explicar os problemas e os questionamentos
existentes acerca dos fatos e fenômenos.

A partir do momento em que o homem percebe que os conhecimentos existentes


não explicam e não respondem, de forma consistente e justificável, as dúvidas e questões
levantadas. Isto quer dizer que todas as vezes que o homem da ciência depara-se diante de
uma questão que não pode ser explicada pelos conhecimentos existentes em função da sua
inadequação ou insuficiência, há necessidade de pesquisa científica a fim de se obter resposta
com segurança e confiabilidade. Existem, portanto, quatro condições básicas para a pesquisa
científica:

1. a existência de uma dúvida, de uma questão sem resposta;

2. o reconhecimento da insuficiência ou inadequação do conhecimento já existente


para responder à dúvida;

3. a necessidade de construção de uma resposta a essa dúvida ; e

4. a possibilidade de oferecer provas de confiabilidade e segurança que deem


crédito à resposta que será produzida.
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O ponto de partida do pesquisador é a dúvida, a existência de uma questão sem


resposta que sugere a formulação de uma pergunta – o problema a ser investigado.
Reconhecer que o conhecimento existente (teorias, diagnósticos, dados) sobre determinado
fato ou fenômeno é insuficiente para a dúvida existente, leva o pesquisador à construção de
hipóteses que o conduzam à busca de comprovação de novos resultados que podem decorrer
da comprovação ou negação de suas hipóteses. Por isso, a pesquisa científica é estimulada a
criar bases mais sólidas para tudo aquilo que é considerado conhecimento científico, testando
regularmente as hipóteses de forma criteriosa e rigorosa. Vejamos então de forma
esquemática essas quatro condições:
Existência
da dúvida

Reconhecimento ou
Insuficiência do
Conhecimento existente

Necessidade da
Resposta
(hipótese)

Possibilidade de
Comprovação

Novo Conhecimento

Há, na ciência, uma necessidade de confrontar a teoria com a realidade (fatos e


fenômenos) como meio de justificar a aceitabilidade de uma determinada teoria. Porém, tal
confronto não garante a possibilidade de erro da teoria. Mesmo que existam fatos, provas e
dados que comprovem a existência de um determinado fenômeno, é possível que existam
erros de interpretação. Nesse sentido, é necessário que a comunidade científica ajuize de
forma consensual, métodos e resultados obtidos acerca das pesquisas realizadas. Há, portanto,
um critério intersubjetivo entre cientistas de modo a eliminar a opinião ou sentimentos de
certeza por parte de um cientista acerca dos resultados obtidos pela pesquisa científica.

Mesmo diante desses critérios adotados na ciência, não se pode afirmar que as
verdades produzidas pela ciência sejam absolutas, mas relativas. O conhecimento científico
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constitui-se como falível visto que suas verdades não são definitivas. A própria dinâmica da
realidade impõe a flexibilidade nas verdades produzidas pela ciência, tornando-a um
conhecimento aproximadamente exato. Ander-Egg (1978) conceitua a ciência como “[...] um
conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente
sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza” (p.15).

A racionalidade da ciência implica na exigência de métodos e na constituição de


um sistema conceitual bem articulado, com hipóteses e definições. A certeza ou sua provável
certeza decorre do fato de não se poder atribuir à ciência uma certeza indiscutível do saber
produzido. É metódica, pois se obtém a partir de regras lógicas e procedimentos técnicos que
se constituem no método. É sistemática, pois as idéias que explicam um fato ou um fenômeno
estão constituídas em uma ordem lógica formando um sistema (conceitos e categorias) que
formam uma teoria. É verificável, pois os fatos e fenômenos são submetidos à comprovação e
à verificação, através dos métodos. Finalmente, faz referência a objetos de uma mesma
natureza, pois pertencem a uma mesma realidade, guardando entre si elementos ou
características homogêneos.

1.3 TRAJETÓRIA DA CIÊNCIA NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO


CIENTÍFICO

1.3.1 Ciência moderna


A necessidade do método científico como meio de chegar a resultados prováveis ou
quase prováveis demarca a ciência moderna. Assim é que Galileu (1564-1642), Bacon (1561-
1626) e Newton (1642-1727) rompem com as concepções dos antigos gregos e com o
dogmatismo religioso dos teóricos escolástico a fim de impor uma nova forma de explicação
dos fenômenos e fatos.

a) Galileu Galilei

Galileu Galilei nasceu na Itália no ano de 1564. Foi o primeiro pensador a


contestar as afirmações de Aristóteles, que, até aquele momento, havia
sido o único a fazer descobertas sobre a física. Neste período ele fez a
balança hidrostática, que, posteriormente, deu origem ao relógio de
pêndulo.
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A partir da informação da construção do primeiro telescópio, ele construiu a primeira


luneta astronômica e, com ela, pôde observar a composição estelar da Via Látea, os satélites
de Júpiter, as manchas do Sol e as fases de Vênus. Essas descobertas foram relatadas no livro
Sidereus Nuntius (Mensageiro das Estrelas), em 1610.

Para Galileu, a explicação dos fenômenos deveria ser buscada no livro da natureza
(KÖCHE, 2000). Para tanto funda o método quantitativo-experimental. Galileu
compreendia o universo como:

[...] um mundo aberto, mecânico, unificado, determinista, geométrico e


quantitativo. Caberia, então à razão, apresentar para essa natureza, organizada
geometricamente e matematicamente, suas perguntas inteligentes, manifestadas
através de hipóteses quantitativas, para que ela lhe respondesse quando forçada por
um experimento (p.52-53).

Através do seu método, denominado Indução Experimental, demonstrou que os


objetos leves eram apenas retardados pela resistência do ar, fazendo com que ele supusesse o
seguinte: na ausência do ar, todos os corpos, não importando o seu peso ou forma, cairiam
com velocidades iguais. Esta experiência nega a tese da física aristotélica que dizia: quanto
mais pesado é um corpo maior é a velocidade com que cai, ou seja, a velocidade de queda de
um corpo era proporcional ao seu peso; corpos mais pesados cairiam mais rapidamente que os
mais leves. A Indução Experimental tem seis etapas: observação; análise; indução;
verificação; generalização; confirmação.

b) Francis Bacon

Francis Bacon nasceu em 1561 na York House, Londres. Para ele a


ciência deve restabelecer o império do homem sobre as coisas. A filosofia
verdadeira não é apenas a ciência das coisas divinas e humanas. É também
algo prático. “Saber é poder”.

Para Bacon, o objetivo do método é constituir uma nova maneira de estudar os


fenômenos naturais. O conhecimento verdadeiro decorre da concordância e da variação dos
fenômenos que, se devidamente observados, apresentam a causa real dos fenômenos. Bacon
funda o método denominado de interpretação da natureza, mais tarde conhecido como
método científico. Para ele, o conhecimento científico só pode ser obtido através do método.

O método de Bacon inicia-se pela experimentação do problema investigado


metódica e sistematicamente; formulação de hipóteses com base nos resultados obtidos;
repetição da experimentação por outros cientistas a fim de acumular dados para novas
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hipóteses; repetição do experimento como teste de hipóteses, para finalmente chegar à


formulação das generalizações de leis decorrentes das evidências obtidas no processo de
investigação.

As regras de experimentação segundo Bacon possibilitam: alargar a experiência;


variar a experiência; inverter a experiência; recorrer aos casos da experiência.

c) René Descartes

René Descartes nasceu em 1596 em La Haye, Estocolmo. É considerado


um dos pensadores mais importantes e influentes da História do
Pensamento Ocidental. Muitos especialistas afirmam que a partir de
Descartes inaugurou-se o racionalismo da Idade Moderna.

Descartes, em sua obra, As Regras do Método, criou as bases da ciência


contemporânea. Em seu método, é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes,
ordenar os conceitos, simplificando-os, enumerar todos seus elementos e determinar o lugar
de cada um no conjunto da dedução. Estão implícitas nessa fórmula quatro regras: a da
evidência; a da divisão ou análise; a da ordem ou dedução; e a da enumeração. A
enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão ou a incompreensão. Ocorre
que, qualquer erro na enumeração pode quebrar o encadeamento das idéias, fundamental
para o processo dedutivo, no qual o método se baseia.

Para Descartes, os erros podem ser evitados pelo sujeito do conhecimento, desde que
sejam eliminadas duas atitudes: a prevenção, decorrentes de opiniões e idéias alheias que
apreendemos, sem a preocupação de verificar se são falsas ou verdadeiras, manifestas em
forma de preconceitos, dominando nosso pensamento, impedindo o sujeito do conhecimento
de pensar e investigar; e a precipitação, quando emitimos julgamentos acerca dos fenômenos
de forma precipitada, sem antes avaliar a sua veracidade ou não; decorre de nossa vontade
estar acima de nosso intelecto. Como Bacon, Descartes usa a dúvida metódica a fim de
avaliar, analisar e conhecer as fontes e as causas de cada um de seus conhecimentos, a forma
e o conteúdo, a falsidade e a verdade, de modo a eliminar tudo o que for duvidoso ao
pensamento. Descartes sugere que o sujeito do conhecimento deve oferecer ao pensamento
um conjunto de regras obedecidas, a fim de evitar erros. Elementos como: sensação,
percepção, imaginação, memória e linguagem devem ser evitadas para afastar a
possibilidade de erros na produção do conhecimento (CHAUÍ, op. cit.).
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d) Isaac Newton

Isaac Newton nasceu em 1642, em Lincolnshire, Inglaterra. É


considerado um dos maiores cientistas de todos os tempos. Explicou o
movimento dos planetas com três leis básicas, publicadas em 1687 no
livro "Principia Mathematica", considerado um dos principais
trabalhos científicos de todos os tempos.

Newton formulou o seguinte princípio: "A velocidade da queda de um corpo é


proporcional à força da gravidade e inversamente proporcional ao quadrado da distância até o
centro da Terra". Pela primeira vez uma mesma lei física foi aplicada tanto a objetos terrestres
quanto a corpos celestes. Até então, esses dois mundos eram tratados como se tivessem
naturezas essencialmente diferentes, cada qual com as próprias leis. Ao firmar o princípio da
gravitação universal, Newton eliminou a dependência da ação divina e influenciou
profundamente o pensamento filosófico do século XVIII, dando início à ciência moderna
(NETSABER, 2009).

Em seu método, parte do pressuposto de que nenhuma hipótese física pode ser
aceita sem ser extraída da experiência pela indução, ou seja, as constatações particulares é que
possibilitam as generalizações. Elabora o método científico indutivo-confirmável. Tal
método parte da observação dos elementos que compõem o fenômeno; da análise da relação
quantitativa existente entre os elementos que compõem o fenômeno; da indução de hipóteses
quantitativas; do teste experimental das hipóteses para a verificação confirmabilista; e da
generalização dos resultados em lei. Tais pressupostos acerca do método científico geram
uma “confiabilidade” na ciência moderna possibilitando o surgimento de novos seguidores
como Laplace, Fourrier, Ampère e outros cientistas modernos. “Pensava-se, o homem havia
encontrado o caminho certo e verdadeiro. Esse caminho era o da ciência”. (KÖCHE, op.cit.
p.58). Acreditava-se, portanto, em uma ciência “pura” capaz de equacionar as verdades do
mundo.

1.3.2 Crise da ciência moderna


O desenvolvimento tecnológico decorrente da Revolução Científica dos séculos XV e XVII,
além de subverter por definitivo a idéia sobrenatural do mundo produzida pelo cristianismo, promove
novas descobertas no campo da física, com o advento da física quântica de Plank (1900), a teoria da
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relatividade de Einstein (1905), e outras descobertas no campo da física, põem em cheque o método
newtoniano, produzindo uma ruptura na visão cientificista da ciência.

a) Albert Einstein

Albert Einstein nasceu em 1879, em Ulm, Alemanha. O físico é mais


conhecido por desenvolver a teoria da relatividade. Recebeu o Nobel de
Física de 1921, pela explicação do efeito fotoeléctrico. O seu trabalho
teórico possibilitou o desenvolvimento da energia atômica, apesar de
não prever tal possibilidade.

Com o desenvolvimento da teoria da relatividade restrita (1905) e da teoria da


relatividade geral (1914-1916), Einstein inaugurou uma nova concepção física do mundo com
a qual rebateu os alicerces da física clássica, aceitos desde Isaac Newton (1643-1727): os
conceitos de espaço e tempo absolutos. A teoria da relatividade relaciona o espaço e o tempo
com a gravitação (força da gravidade); estas dimensões surgiram com a matéria e o cosmos e
não devem ser entendidas como dimensões absolutas, mas como uma continuidade
quadridimensional do espaço-tempo. Todo o movimento deve ser observado em relação a um
determinado sistema de referência; disso resulta que o tempo depende da velocidade do
movimento relativo.

A grande contribuição dada por Einstein para essa ruptura assenta-se na idéia de
que por maior que seja a prova acerca da existência de fenômenos comprovados em uma
teoria, ela não pode ser aceita como definitivamente confirmada. Mais tarde Popper viria
tematizar acerca da verdade conjectural e provisória da ciência.

b) Karl Popper
Karl Popper nasceu em 1902, na Áustria e naturalizado inglês. É
considerado o filósofo mais influente do século XX a tematizar a ciência.
Argumentou que a teoria científica será sempre conjectural e provisória.
Não é possível confirmar a veracidade de uma teoria pela simples
constatação de que os resultados de uma previsão efetuada com base
naquela teoria se verificaram. Essa teoria deverá gozar apenas do estatuto
de uma teoria não (ou ainda não) contrariada pelos fatos.
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Popper (1902-1994) e Einstein (1879-1955) quebram a idéia do método científico


como um processo regulado por normas e procedimentos rígidos que levam o pesquisador a
resultados definitivos e acabados. Assim Popper afirma que “(...) a ciência não é um sistema
de enunciados certos ou bem estabelecidos, “[...] ela jamais pode proclamar ter atingido a
verdade, ou um substituto da verdade, como a probabilidade”(KÖCHE, op.cit. p.77). Tais
constatações formuladas por tantos outros cientistas quebram a rigidez do cientificismo
moderno dando possibilidades a várias interpretações acerca de um fenômeno pesquisado.
Assim é que:

[...] quebrou-se o mito da objetividade pura, isenta de influências das idéias pessoais
dos pesquisadores e demonstrou-se que, mais do que uma simples descrição da
realidade, a ciência é a proposta de uma interpretação. O cientista se aproxima mais
do artista do que do fotógrafo. (KÖCHE, op. cit. p. 60).
Segundo Alves (2003), a Revolução Científica produz uma nova imagem acerca da
origem do mundo, cujas bases - espaço, tempo e causalidade – só podem ser explicadas em
bases materialistas. “O fato de a Revolução Científica haver sido suscitada pela ascensão da
burguesia coloca limites intransponíveis para esta nova ontologia, principalmente a partir do
século XIX, quando se inicia o período da decadência ideológica” (LUKÁCS apud ALVES,
2003, p.20).

A ciência passa a ser integrada ao sistema produtivo capitalista, tornando-se um


dos mecanismos fundamentais para as práticas manipulatórias da sociedade. Para que essa
prática se efetive, duas tendências são gradualmente integradas no sistema produtivo
capitalista. Em primeiro lugar, a apropriação do empirismo dos artesãos e dos técnicos
(filósofos experimentais, cientistas amadores), os chamados intelectuais “tradicionais”, que
gradativamente se inserem na lógica do capital, tornando-os cientistas. Em segundo lugar, as
novas formas de racionalidade empreendidas pelo capital no interior da manufatura e da
fábrica, ao forjar-se intelectuais “orgânicos” (artesãos especializados, inventores, gerentes de
produção) que estarão a serviço do capital para subjugar a força de trabalho na produção do
lucro (ALVES, 2003). “Se o mundo antigo não desenvolveu uma tecnologia era porque não
estimava que houvesse ali qualquer coisa de importante. E, se o mundo moderno o fez, é
porque lhe apareceu que aí estava, ao contrário, a coisa que mais importava” (KOYRÉ apud
ALVES, op.cit. 16). Dentro dessas condições, nas quais a ciência se depara, não se pode dizer
que existe uma ciência neutra. A ruptura acerca da concepção de ciência e de método, dá uma
nova perspectiva à produção do conhecimento na contemporaneidade.
21

1.3.3 Dimensões da ciência


Genericamente a palavra ciência pode ser compreendida como conhecimento. No
entanto, considerando toda a evolução do conhecimento, veremos que, se considerarmos
apenas o sentido genérico, poderemos confundir ciência com o senso comum, com o
conhecimento religioso ou o conhecimento filosófico. É necessário, portanto, trazer a ciência
para o campo mais específico a fim de dar uma maior precisão ao sentido moderno. Para
tanto, é necessário entender a sua natureza a partir de duas dimensões inseparáveis: a
compreensiva e a metodológica.

A dimensão compreensiva diz respeito ao conteúdo teórico ou contextual que


fornecerá ao pesquisador conceitos, leis e categorias constituídos em uma teoria que servirá
de “lentes” para o pesquisador compreender determinado fenômeno ou fato. Assim, mediante
uma linguagem rigorosa e apropriada, a ciência é capaz de explicar uma série de fenômenos e
até prevê-los.

A dimensão metodológica refere-se ao aspecto operacional, desde os aspectos


lógicos – os métodos para a construção de proposições e enunciados, aos técnicos –
instrumentos metodológicos que indicam a melhor forma de pesquisar um determinado
fenômeno ou fato. Para entender melhor essas duas dimensões, voltemos ao exemplo dado
inicialmente. Quando um agrônomo define a melhor época do plantio do feijão, do arroz e do
milho e a adequação da terra para tal, ele partiu de pressupostos teóricos e contextuais que
forneceram a ele elementos conceituais para compreender o plantio das sementes e até prever
a data exata de melhor colheita considerando o tipo de solo, clima, região etc. O sucesso de
suas orientações dependerá das técnicas utilizadas como: fertilizantes, agrotóxicos, arado,
irrigador de plantação etc., que antes foram testados adequadamente para a comprovação de
sua eficiência. Portanto, as duas dimensões da ciência são inseparáveis na explicação dos
fenômenos.

Em função da multiplicidade de fenômenos estudados nos diversos campos do


conhecimento, as ciências são classificadas em duas categorias: formais e empíricas.

As ciências formais ocupam-se do estudo das idéias e suas relações como a Lógica
e a Matemática. As ciências empíricas estudam fatos e processos e são classificadas em
naturais: a Física, a Química, a Astronomia e a Biologia; e sociais: a Sociologia, a
Antropologia, a Ciência Política, a Economia, a História, o Direito e a Psicologia.
22

1.4 MÉTODO: A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO

1.4.1 Método científico


Na busca de conhecimento e atividade prática o cientista coloca diante de si
determinados objetivos e tarefas mediadas por métodos eficientes que tragam soluções para
tais tarefas. “A causa principal que leva o homem a produzir ciência é a tentativa de elaborar
respostas e soluções às suas dúvidas e problemas e que o levem à compreensão de si e do
mundo em que vive” (KÖCHE,1997, p.43).

Os meios de obtenção do objetivo e o conjunto de determinados princípios e meios


de pesquisa teórica e ação prática, constituem-se no método. Não se pode resolver nenhuma
atividade científica ou prática sem a aplicação de um método. A palavra método origina-se do
grego que significa meio de seguir um caminho. “Usar um método é seguir regular e
ordenadamente um caminho através do qual uma certa finalidade ou um certo objetivo é
alcançado” (CHAUÍ, 2000, p.157).

“Usar um método é seguir regular e ordenadamente um caminho


através do qual uma certa finalidade ou um
certo objetivo é alcançado” (CHAUÍ).

Cervo e Bervian (1983) definem método como:


[...] a ordem que se deve impor aos diferentes processos necessários para atingir um
fim dado ou um resultado desejado. Nas ciências, entende-se por método o conjunto
de processos que o espírito humano deve empregar na investigação e demonstração
da verdade (p. 17).
23

Bunge (1974) define método como “um conjunto de procedimentos por intermédio dos
quais a) se propõe os problemas científicos e b) colocam-se à prova as hipóteses científicas”
(p.55).
Como um conjunto de processos, portanto, o método envolve uma série de ações ou
operações, baseados em princípios lógicos e racionais, visando um resultado ao qual se
propõe o pesquisador no ato da investigação.
Aos métodos que fornecem a linha de raciocínio adotada no processo de pesquisa
denominamos de métodos de abordagem. Eles fornecem as bases lógicas à investigação e tem
um caráter genérico. São eles: dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e
fenomenológico (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI, 1993).

“Os métodos de abordagem fornecem a linha de raciocínio adotada no


processo de pesquisa”.

a) Método dedutivo

O método dedutivo pressupõe que só a razão é capaz de levar ao conhecimento


verdadeiro. Por meio de uma cadeia de raciocínio em ordem descendente, de análise do geral
para o particular, chega-se a uma conclusão. Usa o silogismo, construção lógica que, a partir
de duas premissas, retira uma terceira logicamente decorrente das duas primeiras, denominada
de conclusão (GIL, 1990; LAKATOS & MARCONI, 1998). O raciocínio dedutivo é o
caminho das consequências, pois usa uma cadeia de raciocínios em conexão descendente, ou
seja, do geral para o particular, o qual leva à conclusão. Portanto, partindo-se de teorias e leis
gerais, pode-se chegar à determinação ou previsão de fenômeno ou fatos particulares.
Exemplo:
Todo homem é mortal (premissa maior)

Pedro é homem (premissa menor)

Logo, Pedro é mortal (conclusão).


24

Método Dedutivo

O silogismo e sua estrutura

Todo homem Pedro


é mortal é homem
(premissa (premissa
maior) menor)

Pedro é mortal (conclusão)

b) Método Indutivo

O método indutivo considera que o conhecimento é fundamentado na experiência, não


levando em conta princípios preestabelecidos. No raciocínio indutivo, a generalização deriva
de observações de casos particulares da realidade concreta. As constatações particulares
levam à elaboração de generalizações (GIL, 1990; LAKATOS & MARCONI, 1998). O
método indutivo percorre o caminho inverso ao da dedução; a cadeia de raciocínios estabelece
a conexão ascendente, ou seja, do particular para o geral. Por isso, as constatações
particulares é que levam às leis gerais.
Exemplo:
O ouro submetido ao calor dilata-se (premissa particular)
A prata submetida ao calor dilata-se (premissa particular)
O ferro submetido ao calor dilata-se (premissa particular)
O bronze submetido ao calor dilata-se (premissa particular)
O cobre submetido ao calor dilata-se (premissa particular)
Logo, (todos) os metais submetidos ao calor dilatam-se (premissa geral).
O método indutivo realiza-se em três etapas:
 observação dos fenômenos;
 descoberta da relação entre eles; e
 generalização da relação.
25

Método Indutivo

Parte do particular e chega na generalização

Ouro, prata, Todos os metais


cobre, ferro, aquecidos
bronze dilatam-se
aquecidos... (conclusão
(constatações geral)
particulares)

Segundo Salmon (1978), as duas características básicas que distinguem os argumentos


dedutivos dos indutivos são:
DEDUTIVOS INDUTIVOS
 Se todas as premissas são verdadeiras, a  Se todas as premissas são verdadeiras, a
conclusão deve ser verdadeira. conclusão é provavelmente verdadeira,
mas não necessariamente verdadeira.
 Toda a informação ou conteúdo factual  A conclusão encerra informação que não
da conclusão já estava, pelo menos estava, nem implicitamente, nas
implicitamente, nas premissas. premissas.

c) Método hipotético-dedutivo

O método hipotético-dedutivo é eminentemente lógico. Consiste na construção de


hipóteses, cujas predições devem ser submetidas a testes e ao confronto com os fatos para ver
que hipóteses são comprovadas. Está relacionado com experimentação, por isso é bastante
usado nas pesquisas das ciências naturais (GIL, 1990). As etapas do método hipotético-
dedutivo podem ser assim esquematizadas:
 conhecimento prévio (teorias existentes) – a partir dos quais podemos
detectar uma lacuna, contradição ou problema (normalmente expresso
através de uma pergunta);
26

 proposição de uma solução para o mesmo – criação de uma hipótese. Toda


hipótese tem uma predição, que nada mais é do que aquilo que eu esperaria
que ocorresse se a hipótese fosse verdadeira;
 encontrar uma maneira de testar a predição e testá-la efetivamente.
 análise dos resultados e comparação com a hipótese inicial. Neste momento
só há duas situações: ou ocorreu o que se esperava (a hipótese foi
corroborada) ou não ocorreu o esperado (a hipótese foi refutada), neste caso,
formula-se uma nova hipótese que explique satisfatoriamente o problema
inicial.

Método Hipotético-dedutivo

Dedução de Tentativa
Problema Conjecturas conseqüências de Confirmação
observadas falseamento

d) Método dialético

A dialética é um método que analisa as relações gerais que existem tanto na natureza
como na história da sociedade e no pensamento. Procura evidenciar as contradições da
realidade natural e social e resolvê-las no curso do desenvolvimento histórico.

A dialética não é um método novo. Consta que ela já existia com Heráclito, Platão e
Aristóteles, filósofos gregos da antiguidade, tendo chegado à modernidade com Hegel, Marx e
Engels. Este, em “A dialética da Natureza” formulou três leis gerais da dialética: lei da
unidade e luta dos contrários; lei da passagem quantitativa à qualitativa; e lei da negação da
negação. Então vejamos:

 Lei da unidade e luta dos contrários. Conhecida também como lei da interpenetração
dos opostos, garante a unidade e continuidade da mudança incessante na natureza e nos
fenômenos. Esta lei avalia que os fenômenos naturais ou sociais são constituídos por
oposições ou antagonismos, que no entanto não se excluem, pois se constituem numa
unidade indissociável. Entenderemos essa lei com ajuda de um exemplo: o dia e a noite. O
dia e a noite são dois opostos que se excluem, mas que constituem duas partes de uma
unidade de um dia de vinte e quatro horas.
27

 Lei da passagem quantitativa à qualitativa. Significa que, na natureza, as variações


qualitativas podem ser obtidas somente acrescentando-se e tirando-se matéria ou
movimento por meio de variações quantitativas. Isto significa que a mudança dos
fenômenos decorre do acúmulo de determinada quantidade de elementos que provocam a
mudança qualitativa do fenômeno. Como exemplo: a água, submetida a uma intensidade
(quantidade) de calor, transforma-se do estado líquido ao estado gasoso (qualidade).
 Lei da negação da negação. Garante que cada síntese é a tese de uma nova antítese,
reproduzindo indefinidamente o processo por negações de negações. Ou seja, há uma
tendência de superação permanente nos fenômenos naturais e sociais, fazendo com que o
velho seja negado pelo novo que foi transformado pela ajuda do velho. A negação não é
algo de fora do fenômeno, mas é um resultado do seu próprio desenvolvimento interno.
Por exemplo, o desenvolvimento da crosta terrestre passou por várias épocas geológicas,
da nova época surgiu na base da velha, sendo, ao mesmo tempo, sua negação.

Método
Método Dialético

Unidade dos contrários

Contrário Contrário

Passagem quantitativa/qualitativa

Negação da
negação
28

e) Método fenomenológico

O método fenomenológico descreve fenômenos particulares, ou a aparência das coisas,


como experiência vivida. A experiência vivida do mundo, da vida de todo dia é o foco central
da investigação fenomenológica. Desse modo, preocupa-se com a descrição direta da
experiência tal como ela é. Para a fenomenologia, a realidade é construída socialmente e
entendida como o compreendido, o interpretado, o comunicado. Então, a realidade não é
única: existem tantas quantas forem as suas interpretações e comunicações. O sujeito/ator é
reconhecidamente importante no processo de construção do conhecimento (GIL, 1999;
TRIVIÑOS, 1992). Na fenomenologia, a intencionalidade ou referência intencional da
consciência do pesquisador é tida como fato primário e irredutível e apresentada como direção
do fluxo da consciência, refletida em uma vivência intencional que se concretiza pelos atos
voltados ao seu objeto de indagação.

A fenomenologia, para conhecer a essência, procede de maneira diferente,


investigando a percepção para mostrar que ela é:
 um modo de a consciência relacionar-se com o mundo exterior pela mediação do corpo;

 um modo de a consciência relacionar-se com as coisas (realidades qualitativas como cor,


forma, sabor, odor, distância etc). Portanto a percepção é uma vivência;

 percepção, uma forma de conhecimento dotada de estrutura, ou seja, há o ato de perceber


pela consciência e o correlato percebido, o objeto externo percebido.

Na compreensão fenomenológica, a consciência é uma intencionalidade. Ou seja, ela


se dirige sempre para conhecer alguma coisa. A consciência é uma atividade constituída por
atos tais como: percepção, imaginação, especulação, paixão etc, com os quais visa algo. Para
os atos que a consciência visa, são chamados de noeses, do grego noesis, pensamento,
inteligência. Para os objetos visados são denominados de noemas, do grego noema,
percepção. O fato de a consciência estar sempre dirigida a um objeto significa que não existe
objeto sem sujeito.
As fases da pesquisa metodológica da fenomenologia são: descrição fenomenológica;
redução fenomenológica; e compreensão/Interpretação fenomenológica.
29

 Descrição fenomenológica: é o momento resultante da relação dos sujeitos


pesquisados com o pesquisador. Deve retratar e expressar a experiência
consciente do sujeito;
 redução fenomenológica: é o momento em que são captadas as partes da
descrição que são consideradas essenciais e aquelas que não são, por meio da
variação imaginativa; e
 compreensão/Interpretação fenomenológica: trata-se de interpretar o que
foi descrito, de descobrir o sentido da existência.
30

2 METODOLOGIA DO TRABALHO ACADÊMICO

Nesta unidade trataremos das etapas de organização do trabalho científico que se


constituem como atividades acadêmicas: a monografia, o relatório e o artigo, apontando
fases, estrutura e elementos. Em seguida, a leitura, o esquema, o resumo, o fichamento e a
resenha como instrumentos metodológicos que auxiliam o estudante no processo do ensino e
da pesquisa. E finalmente, as formas de aplicação das Normas da Associação Brasileira de
Normas Técnicas - ABNT, nos trabalhos científicos.

Ao final desta unidade, você deve:


 descrever as etapas da organização do trabalho científico;
Leitura...  identificar métodos e técnicas de estudo: a leitura, o esquema, o
Esquema...
Fichamento... resumo, o fichamento e resenha;
 aplicar as Normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas –
ABNT nos trabalhos científicos.

2.1 ETAPAS DA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO CIENTÍFICO

2.1.1 Monografia

A Monografia é um trabalho cientifico fruto de uma pesquisa sobre os mais variados


temas existentes sejam eles já publicados ou não. Ela se constitui de um conjunto de
atividades integradas: o problema e seus objetivos, a forma de abordagem teórica e
metodológica e os resultados alcançados de modo bem definidos. É denominada monografia,
pois aborda um determinado assunto ou problema – monos – um só; grafia – escrever,
dissertar sobre algo, sobre um assunto, sobre o problema formulado.

A NBR 6023 define monografia como “item não seriado, isto é, item completo,
constituído de uma só parte, ou que se pretende completar em um número preestabelecido de
partes separadas” (ABNT, 2002).
31

2.1.1.1 Etapas da elaboração da monografia

a) Elaboração do projeto de pesquisa


A monografia é precedida de um projeto que orienta o aluno pesquisador na realização
da pesquisa. Nele constam os objetivos a alcançar, a justificativa, o problema e as hipóteses a
serem investigadas, o referencial teórico que fornece os conceitos para análise e interpretação
dos dados, a metodologia a ser utilizada, o cronograma de execução e as referências dos
autores utilizados. Com mais detalhes trataremos do projeto de pesquisa na Unidade 4.

b) Redação do texto
A escrita do texto monográfico envolve três elementos textuais: introdução, parte em
que o assunto é apresentado como um todo, sem detalhes. Desenvolvimento, parte mais extensa e visa
a comunicar os resultados obtidos. Conclusão e resultados obtidos; trata-se da recapitulação sintética
dos resultados obtidos, ressaltando o alcance e as conseqüências do estudo. Tais elementos serão
apresentados de forma mais detalhada nos elementos textuais.
Pré-textuais, textuais e Pós-textuais

c) Revisão e organização do texto


Após a escrita do texto, o aluno pesquisador deve fazer uma revisão ortográfica e
normativa no texto a fim de compor a monografia de acordo com a estrutura (pré-textual,
textual e pós-textual), apresentada a seguir.

2.1.1.2 Estrutura da monografia

Segundo a NBR 14724(ABNT, 2005), a monografia deve apresentar uma estrutura


que compreende três partes: 1ª) pré-textual contém os seguintes elementos: capa, folha de
rosto, ficha catalográfica, folha de aprovação, dedicatória (opcional), agradecimento
(opcional), epígrafe (opcional), resumo, abstract, listas, sumário; 2ª) elementos textuais,
constituída dos seguintes elementos: introdução, desenvolvimento e conclusão; 3ª) pós-
textual, apresenta os seguintes elementos: referências, glossário (opcional), apêndice
(opcional) e anexo (opcional). O ordenamento destas partes é visualizado a seguir:
32

a) Elementos pré-textuais da monografia, segundo a ABNT (NBR-


14724:2005).
Estes elementos vêem antes do texto, os quais, apresentamos a seguir:
Capa (obrigatório) Deve conter: nome da instituição responsável, com subordinação
até o nível da autoria (cabeçalho centralizado); título
(centralizado); subtítulo se houver (centralizado);local (rodapé
centralizado); ano de publicação, em algarismo arábico(rodapé
centralizado).
Lombada (opcional) Deve conter informações externas do autor, título.

Folha de rosto É a fonte principal de identificação do relatório, devendo conter


(obrigatório) os seguintes elementos: nome da organização responsável, com
subordinação até o nível de autoria; título; subtítulo, se houver;
nome do responsável pela elaboração do relatório; indicação do
tipo de trabalho (relatório parcial/final) apresentado por (nome
dos autores); local;ano da publicação em algarismos arábicos.
Ficha catalográfica (verso Contêm todas as informações da folha de rosto juntamente com
da folha de rosto) nome da instituição, tipo de trabalho acadêmico, código de
catalogação, etc.
Errata (opcional) Elemento eventual, é uma lista das folhas e linhas, onde
ocorreram erros seguidas das devidas correções
Folha de aprovação Contém os elementos da folha de rosto; data de aprovação e
(obrigatória) nome dos membros da banca examinadora.
Dedicatória (opcional.) Contém o oferecimento do trabalho a determinada pessoa ou
pessoas, a critério do autor.
Agradecimentos O autor faz agradecimentos a pessoas e/ou instituições.
(opcional.)
Epígrafe (opcional.) O autor inclui uma citação ou pensamento, desde que seja
relacionado com o texto.
Resumo nacional É a apresentação concisa do texto, destacando os aspectos de
(obrigatório.) maior importância e interesse.
Resumo Estrangeiro É a versão do resumo em português para um idioma
(obrigatório) internacional (inglês – abstracts, em francês – Resumée, ...)
33

Lista de ilustrações Recomenda-se a elaboração de lista própria para cada tipo de


(opcional.) ilustração (quadros, fotografias, gráficos, etc.)
Lista de Tabelas Elaborado de acordo com a ordem apresentada no texto.
(opcional)
Lista de abreviaturas e Consiste na relação alfabética das abreviaturas e siglas utilizadas
siglas (opcional) no texto.
Lista de símbolos Elaborado de acordo com a ordem apresentada no texto, com o devido
(opcional) significado.

Sumário (obrigatório) É a relação dos capítulos e seções no trabalho, na ordem em que


aparecem. O conteúdo é descrito pôr títulos e subtítulos.

Atenção! Sumário não é a mesma coisa que:

Índice: “lista de palavras ou frases, ordenadas segundo determinado critério, que localiza e
remete para as informações contidas no texto”, conforme a NBR 6023 (ABNT, 2002).

Resumo: “elemento obrigatório, constituído de uma seqüência de frases concisas e objetivas e


não de uma simples enumeração de tópicos, não ultrapassando 500 palavras, seguido, logo
abaixo, das palavras chaves”, conforme a NBR 6028 (ABNT, 2005).

Lista: “enumeração de elementos selecionados do texto, tais como datas, ilustrações,


exemplos etc., na ordem de sua ocorrência” , conforme a NBR 6027 (ABNT, 2003).

b) Elementos textuais

Os elementos textuais constituem-se da redação do texto onde o assunto é apresentado


e desenvolvido pelo autor. Conforme sua finalidade, o texto é estruturado de maneira distinta.
Deve conter as partes a seguir:

Parte em que o assunto é apresentado como um todo, sem detalhes. O aluno


deverá apresentar as partes principais do trabalho: como surgiu o
tema/assunto, os objetivos, os problemas da pesquisa, as hipóteses, as
INTRODUÇÃO justificativas (relevância e contribuição do trabalho na área em que se
insere) e os procedimentos metodológicos. E, por fim, apresentar,
34

sucintamente, o conteúdo de cada seção que consta na monografia.

Parte mais extensa e visa a comunicar os resultados obtidos. Deve ser


DESENVOLVIMENTO dividido, no mínimo, em três seções e em subseções (parte que se dividem
as seções). Essas partes contêm: fundamentação teórica, descrição
metodológica e apresentação, análise e interpretação dos resultados.

RESULTADOS E Consistem na recapitulação sintética dos resultados obtidos, ressaltando o


CONCLUSÕES alcance e as conseqüências do estudo. O aluno deve apresentar de forma
clara, objetiva e concisa os resultados da discussão e das hipóteses do
estudo.

Na elaboração do texto atente para os detalhes a seguir:

Para elaborar a introdução


responda as seguintes perguntas:

 Qual o tema tratado na pesquisa?


 Quais os objetivos alcançados?
 Qual o problema pesquisado?
 Qual a hipótese comprovada?
 Qual relevância e contribuição da pesquisa na área estudada?
 Quais procedimentos metodológicos usados?
 Como está estruturado (seções)?

O desenvolvimento deve conter:

 a fundamentação teórica acerca do tema tratado;


 a descrição metodológica da pesquisa;
 a análise do problema pesquisado;
 a interpretação dos resultados da pesquisa.
35

A conclusão deve ser:

 a recapitulação sintética dos resultados obtidos;


 clara, objetiva e concisa.

c) Elementos pós-textuais

Os elementos pós-textuais são apresentados após o texto, quais sejam:

ANEXO (OU APÊNDICE): é a matéria suplementar, tal como leis, questionários, estatísticas,
que se acrescenta a um relatório como esclarecimento ou documentação, sem dele constituir
parte essencial. Os anexos são enumerados com algarismos arábicos, seguidos do título.

REFERÊNCIAS: tratam-se da relação das fontes bibliográficas utilizadas pelo autor. Todas as
obras citadas no texto deverão obrigatoriamente figurar nas referências. A padronização das
referências é seguida de acordo com a NBR (6023:2002) da ABNT - Associação Brasileira de
Normas Técnicas.

2.1.1.3 Apresentação gráfica da monografia

A apresentação gráfica é o modo de organização física e visual de um trabalho,


levando-se em consideração: a estrutura, os formatos, o uso de tipos e a paginação, tais como:

NEGRITO, GRIFO OU ITÁLICO, empregados para destacar:

 palavras e frases em língua estrangeira;


 títulos de livros e periódicos;
 expressões de referência como ver, vide;
 letras ou palavras que mereçam destaque ou ênfase, quando não seja possível dar esse
realce pela redação;
 nomes de espécies em botânica, zoologia (nesse caso não se usa negrito); e
 os títulos de capítulos (nesse caso não se usa itálico).

MEDIDAS DE FORMATAÇÃO: usadas para formatar as margens e o


espaçamento entre linhas:
36

Margem superior 3 cm
Margem inferior 2 cm
Margem direita 2 cm
Margem esquerda 3 cm
Espaço entre 1,5 para o texto, simples para as citações recuadas.
linhas
Tipo de letra Time new roman ou Arial
Tamanho de fonte 14 na capa e folha de rosto, 12 no texto, 10 nas citações recuadas e
notas.
Formato do papel A4(210 X 297 mm).

2.1.2 Relatório

O Relatório é um trabalho que relata formalmente, de forma descritiva, os resultados


obtidos em pesquisas científicas, em viagens, em estágios realizados, em visitas técnicas ou
acadêmicas, em atividades administrativas e fins especiais. Segundo a NBR 10719, o relatório
científico é um trabalho que relata formalmente os resultados obtidos em uma pesquisa ou a
descrição de sua situação e desenvolvimento (ABNT, 2003).
Em decorrência da diversidade de situações que vão além do técnico-científico e que
podem exigir relatórios, especificamente, eles podem ser de variados tipos:

 técnico-científicos
 de viagem
 de estágio
 de visita
 administrativos
 fins especiais.

Dependendo do tipo de trabalho realizado, o aluno deve adequar o relatório atendendo


às especificidades exigidas em cada situação. Para tanto, será tratada aqui, a estrutura de um
relatório técnico-científico, com suas etapas, que apresenta maior exigência e detalhes, para
que seja adaptado segundo a situação em foco.

2.1.2.1 Etapas do relatório

a) Planejamento
37

Nesta fase o aluno estabelece a natureza do seu conteúdo que pode ser sigiloso,
reservado, secreto e confidencial, e, ao mesmo tempo, prepara o roteiro de seu
desenvolvimento, dentro de uma estrutura lógica: introdução, desenvolvimento e conclusão.
b) Organização do material
Na realização do trabalho, o aluno faz a ordenação do material empregado no
desenvolvimento.

c) Redação
Nesta fase, o aluno apresenta o desenvolvimento das etapas seguindo o roteiro
estruturado previamente.

d) Revisão
Após a elaboração do texto, a análise e revisão crítica do relatório são fundamentais,
avaliando-se: conteúdo e sequência das informações.

2.1.2.2 Estrutura do relatório


A estrutura do relatório segue o mesmo padrão usado na monografia: elementos pré-
textuais, textuais e pós-textuais.

2.1.3 Artigo

Segundo a NBR 6022, artigo pode ser assim definido como “texto com autoria
declarada, que apresenta e discute idéias, métodos, técnicas, processos e resultados nas
diversas áreas do conhecimento” (ABNT, 2003); e “são trabalhos científicos completos em si
mesmos, mas de dimensão reduzida, já que não possuem matéria suficiente para um livro.”
(SALVADOR,1997, p.24). Ou ainda, “é um texto escrito para ser publicado num período
especializado e tem o objetivo de comunicar os dados de uma pesquisa, seja ela experimental,
quase experimental ou documental” (AZEVEDO, 2001, p.82). De acordo com a NBR 6022,
três definições são apresentadas para o artigo, quais sejam:

 Artigo científico: parte de uma publicação com autoria declarada, que apresenta e
discute ideias, métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas áreas do
conhecimento.
38

 Artigo de revisão: parte de uma publicação que resume, analisa e discute informações
já publicadas.
 Artigo original: parte de uma publicação que apresenta temas ou abordagens
originais.

a) Algumas considerações para escrever um artigo:


Antes de escrever um artigo, o autor deve ser capaz de responder às perguntas:

 Qual foi a questão que abordou em seu artigo?

 Qual a resposta que obteve para ela?

 Qual foi a pergunta que motivou a pesquisa?

b) Estrutura de um artigo:
TÍTULO. Deve expressar o conteúdo que o autor propõe-se a discutir.

RESUMO. “elemento obrigatório, constituído de uma seqüência de frases concisas e


objetivas e não de uma simples enumeração de tópicos, não ultrapassando 500 palavras,
seguido, logo abaixo, das palavras chaves”, conforme a NBR 6028 (ABNT, 2005). Deve
apresentar brevemente os principais assuntos abordados no texto, constituído de frases
concisas e objetivas, a natureza do problema estudado, os objetivos pretendidos, metodologia
utilizada, resultados alcançados e conclusões da pesquisa ou estudo realizado.

PALAVRAS-CHAVE: relacionadas de 3 a 6 palavras-chave que expressem as idéias


centrais do texto, podendo ser termos simples e compostos, ou expressões características. A
preocupação do autor na escolha dos termos mais apropriados, deve-se ao fato dos leitores
identificarem prontamente o tema principal do artigo lendo o resumo e palavras-chave,
conforme NBR 6022 (ABNT, 2003).

INTRODUÇÃO: apresentação do assunto e delimitação do tema, analisando a


problemática pesquisada, definindo conceitos e especificando os termos adotados a fim de
esclarecer o assunto. Devem constar os objetivos da pesquisa; o problema e as hipóteses de
trabalho ou as questões norteadoras (quando for o caso); a justificativa da sua escolha; e a
metodologia utilizada, com base no referencial teórico pesquisado (GONÇALVES, 2004).
39

DESENVOLVIMENTO. Aqui deve ser desenvolvida a ideia chave e o resultado,


organizado de forma que o leitor seja convencido de sua significância e validade. Devem ser
detalhados itens como: tipo de pesquisa, população e amostragem, instrumentação, técnica para
coleta de dados, tratamento estatístico, análise dos resultados, entre outros, podendo ser
enriquecido com gráficos, tabelas e figuras. Deve atentar para o título dessa seção, quando for
utilizado, não deve estampar a palavra “desenvolvimento” nem “corpo do trabalho”, sendo
escolhido um título geral que englobe todo o tema abordado na seção, e subdividido conforme a
necessidade.

CONCLUSÃO. Deve sumariar a contribuição do artigo e enfatizar o resultado


principal. Ela pode também tratar da aplicação do resultado e de questões em aberto, e
fornecer futuras direções de pesquisa. O autor deve limitar-se a explicar brevemente as ideias
que predominaram no texto como um todo, sem muitas polêmicas ou controvérsias, incluindo,
no caso das pesquisas de campo, as principais considerações decorrentes da análise dos
resultados.

c) Não esqueça, em um artigo de:


 escolher cuidadosamente a idéia chave;
 projetar um esquema para o artigo que melhor cubra a idéia;
 demonstrar o resultado;
 organizar o artigo em unidades adequadas de apresentação;
 escrever em um estilo que seja breve, ativo, preciso e simples;
 Ilustrá-lo, se necessário, com meios adequados.

2.2 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDO: LEITURA, ESQUEMA,


RESUMO, FICHAMENTO E RESENHA
2.2.1 Leitura
A leitura é uma viagem que envolve o leitor e o autor pelas paisagens mentais – o
texto. É uma viagem que exige do leitor atenção, concentração e reflexão acerca do tema
abordado pelo autor. Essa viagem pode levar o leitor a novas descobertas ou respostas
apresentadas pelo autor do texto. O filósofo francês Claude Lefort considera que uma obra
teórica é um “estatuto histórico” que tende a revelar as intenções do autor em seu tempo e em
seu lugar. Portanto, há sempre uma intenção apresentada pelo autor do texto a qual deve ser
revelada no ato da leitura.
40

Para Furlan (1990), os textos teóricos oferecem ao estudante um universo de novas


descobertas e conquistas no mundo do saber. Através dos textos, os autores fornecem
conhecimentos em todas as áreas do saber, daí “aprender e compreendê-los se coloca como
tarefa fundamental de todos aqueles que se dispõem a decifrar melhor o seu mundo” (p.133).
a) Questões norteadoras da leitura
Não se pode ler um texto teórico de qualquer jeito! Diferentemente do romance, da
matéria jornalística, por exemplo, o texto teórico fornece conceitos e categorias analíticas que
necessitam de maior cuidado e atenção do leitor. Portanto, algumas questões devem nortear o
estudante no ato da leitura, dentre elas: qual o objetivo do tema proposto pelo autor? Quem é
o autor do texto? Quando escreveu? Quais as características do texto? Qual a abordagem
usada? Feitas estas questões, o estudante pode preparar um esquema de leitura que pode
também ser norteado por questões, quais sejam:

Qual o tema
tratado pelo autor?

Qual o problema
levantado pelo autor?

Como o autor
responde a questão?

Quais os argumentos
usados pelo autor na
resposta?

Qual a conclusão
do autor?

b) Dicas para a leitura do texto

 Ao ler o texto, não marque na primeira leitura nenhuma palavra ou trecho que você
julgue importante. Você pode estar sendo precipitado na sua avaliação.
41

 Na segunda leitura, destaque os conceitos importantes ou ideias-chaves que autor


apresenta.

 Use um lápis para fazer anotações nas laterais do texto sobre impressões pessoais,
concordância a partir de outras leituras.

 Use símbolos para expressar concordância (! ) ou falta de entendimento ( ? ).

 Tenha sempre à mão um dicionário para “decifrar” termos que você não conhece.

.2.1.1 Esquema da leitura

Para elaborar um esquema de leitura é necessário que o estudante tenha lido todo o
texto, a fim de identificar os elementos que constituem a estrutura lógica do texto: introdução,
desenvolvimento e conclusão. Na introdução o autor apresenta com brevidade o tema, o
problema levantado e a posição assumida na análise do problema. No desenvolvimento, o
autor desenvolve os argumentos que justificam o problema levantado que ele se propõe
explicar. Na conclusão o autor apresenta os resultados de sua análise acerca do problema
proposto.
Como o estudante deve proceder?
 Destacar as palavras-chave de cada parte do texto grifando-as;
 Destacar as ideias que exercem maior atração, que despertam maior interesse ao longo
da exposição;
 Elaborar o esquema contendo os tópicos que revelam as ideias referentes a cada parte
constitutiva do texto (introdução, desenvolvimento e conclusão) para a realização da
síntese.
Para efeito de exemplo, usaremos o texto de Gastón Bachelard intitulado “A noção de
obstáculo epistemológico” contido na obra “A formação do espírito científico”, para a
elaboração do esquema e do fichamento.

Esquema (exemplo)
Exemplo de esquema:

TEXTO: A NOÇÃO DE OBSTÁCULO EPISTEMOLÓGICO


1. INFLUÊNCIA FREUDIANA SOBRE BACHELARD, SUA CONCEPÇÃO DE
CIÊNCIA E A FORMALIZAÇÃO DO REAL
2. CIÊNCIA E OPINIÃO
42

3. O ANTIPOSITIVISMO DE BACHELARD E A PEDAGOGIA DA CIÊNCIA


4. CONCLUSÕES
5. COMENTÁRIOS E NOVAS QUESTÕES

Feito o esquema, o estudante está preparado para fazer o resumo, o fichamento,


instrumentos acadêmicos que serão apresentados a seguir.

2.2.2 Resumo
São inúmeras as concepções de resumo no meio acadêmico, tanto que, por vezes, gera
confusão entre alunos e professores. É comum o aluno apresentar as seguintes questões:
“resumo é a mesma coisa que fichamento?” Ou “fichamento é a mesma coisa que resenha?”
Ou ainda: “O professor quer um resumo crítico, portanto, é um fichamento ou uma resenha?
Qual a diferença entre o resumo e a resenha?” Diante de tais questões, apresentaremos aqui,
algumas concepções a fim de eleger concepções mais claras acerca do que chamaremos aqui
de resumo, fichamento e resenha. Evitaremos, aqui, aquelas definições que acentuam a
confusão terminológica do resumo e elegeremos aquelas que melhor esclarecem os termos.
Salvador (1978) considera resumo como “uma apresentação concisa e freqüentemente
seletiva do texto de um artigo, obra ou outro documento, pondo em relevo os elementos de
maior interesse e importância”(p.17-19). Baseado na ABNT, o autor apresenta três tipos:
resumo crítico, resumo indicativo e resumo informativo. O autor apresenta mais um gênero
textual denominado de resumo de assunto com a função de apresentar uma visão geral de
pesquisas feitas sobre uma determinada questão, com o objetivo de reunir conhecimentos
sobre o tema que deve ser exposto e também, ainda segundo o autor, “sem discussão ou
julgamento” (p. 17).

Segundo a NBR 6028, resumo e definido como "apresentação concisa dos pontos
relevantes de um documento" (ABNT, 2003). Ela distingue três tipos de resumo:
 Resumo crítico: resumo redigido por especialistas com análise crítica de um
documento. Também chamado de resenha. Quando analisa apenas uma determinada
edição entre várias, denomina-se recensão.
 Resumo indicativo: indica apenas os pontos principais do documento, não
apresentando dados qualitativos, quantitativos etc. De modo geral, não dispensa a
consulta ao original.
43

 Resumo informativo: informa ao leitor finalidades, metodologia, resultados e


conclusões do documento, de tal forma que este possa, inclusive, dispensar a consulta
ao original.
Severino (2003) e Salomon (2004) usam a mesma definição e classificação para o
resumo.
Medeiros (1991) apresenta um quarto tipo que conjuga dois já existentes: o resumo
indicativo/informativo, que dispensa a leitura do texto-fonte quanto à conclusão, mas não
quanto aos aspectos tratados.
De acordo com essa classificação, podemos entender que o resumo informativo é
também o que alguns autores chamam de resenha informativa. E o resumo crítico, como está
explicitado por Salvador, a resenha crítica. O resumo indicativo é aquele que indica os
pontos principais de um texto, sem detalhar aspectos mais amplos do estudo. São aqueles
apresentados antes das monografias, dissertações e teses. São também aqueles apresentados
em filmes quando publicados em jornais e revistas, denominados de sinopses.
Matencio (2003) classifica o resumo a partir da função que exercem nas práticas
acadêmicas, sendo de dois tipos:

 Resumos envolvidos no processo de elaboração de pesquisa que têm a função


de mapear um campo de estudo, integrando a discussão do estado da arte;

 Resumos colocados geralmente antes de um texto científico (artigos,


dissertações, teses), que têm a função de apresentar e descrever o modo de
realização do trabalho ao qual se refere – são os résumés ou abstracts.

Nessa classificação, o primeiro tipo parece enquadrar-se como resenha informativa ou


crítica; o segundo tipo, como resumo indicativo.

Diante dessa compreensão é possível então eleger uma classificação que possa distinguir
os resumos segundo a finalidade acadêmica, ao mesmo tempo em que tenha uma aproximação
compreensiva segundo a ABNT. Nesse sentido, usaremos aqui, para fins metodológicos e
acadêmicos, a distinção entre resumo, fichamento e resenha. Portanto, fica definido aqui,
como resumo, a síntese que indica os pontos principais de um texto, sem detalhar aspectos
mais amplos do estudo – o resumo indicativo. Fichamento, as sínteses mais detalhadas
feitas de capítulos de livros e artigos. E a Resenha, as sínteses mais abrangentes, feitas
acerca do conteúdo de um livro ou obra completa.

Recapitulando temos:
44

Resumo Síntese que indica os pontos principais de um texto, sem detalhar


aspectos mais amplos do estudo – o resumo indicativo.

Fichamento Sínteses mais detalhadas feitas de capítulos de livros e artigos.

Resenha Resenha, as sínteses mais abrangentes, feitas acerca do conteúdo de um


livro ou obra completa.

Resumo Indicativo (Modelo)


Resumo1

Há vinte anos, a invasão de organismos aquáticos exóticos, transportados pela água de lastro
dos navios, vem causando preocupações em nível internacional. Neste artigo, destacamos três
aspectos desse problema: a água de lastro, a bioinvasão e a resposta internacional, que
pretende fornecer meios de se "gerenciar" devidamente a água de lastro utilizada pelas
embarcações. O trabalho é dividido em três capítulos que tratam respectivamente de cada um
dos aspectos acima destacados. O método utilizado foi o indutivo, com as técnicas do
referente e da pesquisa bibliográfica, principalmente internet, por ter o assunto limitada
bibliografia impressa. Todas as traduções foram feitas pelo autor.

Palavras-chave: Água de lastro ; bioinvasão ; Globallast ; Convenção de Água de Lastro.

2.2.3 Fichamento

O fichamento é um tipo de trabalho acadêmico fundamental no auxílio ao aluno.


Em geral, ele é usado para capítulos de livros e artigos científicos. Nele o leitor apresenta o
resumo por escrito acerca da compreensão do texto estudado. É um instrumento que não só
possibilita a disciplina da leitura, mas ajuda na apreensão das ideias contidas no texto, pois no
momento da realização do resumo, o leitor tem a possibilidade de reconstruir o texto a partir
de sua compreensão. Hühne (2001) ao tratar desta técnica, apresenta-o desta forma: “É uma
forma de investigação que se caracteriza pelo ato de fichar (registrar), todo o material
necessário à compreensão de texto ou tema, para isso, é preciso usar fichas que facilitam e
preparam a execução do trabalho” (p. 65). Com o advento do computador, as fichas
manuscritas foram substituídas pela digitação que são guardadas em arquivos da memória do

1
COLLYER, Wesley. Água de lastro, bioinvasão e resposta internacional. Disponível em:
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9435. Acesso: 06 de set. 2009.
45

computador. Porém, as fichas não foram “descartadas”, pois nem todos têm acesso a essa
tecnologia. Além do mais, elas podem ser guardadas em um fichário sem o risco do “pane”
que, vez por outra, “ataca” os computadores.

Ao começar o fichamento, as ideias do autor do texto devem ser apresentadas


objetivamente – com resumo e citação – seguidas de comentários, destacando as idéias que
surgirem durante a leitura reflexiva. A elaboração do fichamento facilita a apreensão e
memorização do conteúdo textual, além de organizar as leituras de modo resumido para
auxiliar o pesquisador na construção de seu referencial teórico. Apresentamos a seguir, os
elementos de um fichamento completo de acordo com Hühne (2001).

Elementos componentes de um fichamento:

 indicação bibliográfica, mostrando a fonte da leitura;

 resumo, sintetizando o conteúdo da obra;

 citações, entre aspas, apresentando as transcrições significativas da obra;

 comentários, expressando a compreensão crítica do texto, baseando-se ou não em


outros autores e outras obras;

 ideação, colocando em destaque as novas idéias que surgiram durante a leitura


reflexiva. Apresentamos a seguir um modelo de fichamento.

Fichamento (modelo)

(Adaptado a partir do texto de HÜHNE, 2001:65-67)

Inf. Bib.: A noção de obstáculo Epistemológico


BACHELARD, Gaston. A noção de obstáculo epistemológico. In: A formação do espírito
científico. Paris: L.F. J. Vrin, 1957.

1. INFLUÊNCIA FREUDIANA SOBRE BACHELARD, SUA CONCEPÇÃO DE


CIÊNCIA E A FORMALIZAÇÃO DO REAL
Neste texto o autor não apresenta os objetos externos como os empecilhos
verdadeiros ao conhecimento científico, mas analisa principalmente aqueles obstáculos
46

internos de caráter inconsciente, que surgem no próprio ato de conhecer “[....]é no interior
do próprio ato de conhecer que aparecem, por uma espécie de necessidade funcional,
retardos e perturbações” (p. 15). Para um cientista, o real não é aquilo que se manifesta de
imediato, mas é aquilo que se “deveria ter pensado”.
[...] o conhecimento do real é uma luz que sempre projeta sombras, em algum
lugar. Ele nunca é imediatista e pleno. Ele só se objetiva à luz de um aparelho de
razões, em retificações contínuas. O objeto de ciência não é apreendido na
percepção, é um objeto teórico construído(p.21).

2. CIÊNCIA E OPINIÃO
Ele encara a opinião como um entrave ao conhecimento científico, primeiro porque é
um falso saber, que provoca a ilusão de um saber sobre algo que não se sabe nem formular
problemas. Segundo, por não formular problemas, a opinião jamais alcança a verdade de
uma questão. Só resta destruí-la por completo. “A opinião pensa mal; ela não pensa: ela
traduz necessidades em conhecimentos. Ao designar os objetos por sua utilidade, ela se
impede de conhecê-los” (p. 34).

3. O ANTIPOSITIVISMO DE BACHELARD E A PEDAGOGIA DA CIÊNCIA


O autor critica a busca da unidade e universalidade do saber porque propõe não só
uma concepção continuísta de história, como também exige a busca de um princípio
unificador transcendental (Deus, Natureza, Lógica etc.), princípio que deságua numa
ideologia.“Na verdade, tais fatores de unidade, ainda atuantes no pensamento pré-
científico do séc. XVIII, não sejam invocados. Julgaríamos bastante pretensioso o sábio
contemporâneo que quisesse reunir a cosmologia e a teologia” (p.43).

Bachelard mostra a sua perplexidade face aos professores que partem da tese de
que o aluno quando aprende determinada matéria é uma “tabula rasa”, esquece que ele está
condicionado a preconceitos e motivações diversas. Ele mostra não só a necessidade de se
começar por fazer uma “catarse intelectual e afetiva”, como também de introduzir o aluno
no campo da racionalização, campo que na verdade não é fácil, nem simples. “Eles não
refletiram que o adolescente chega ás aulas de física com conhecimentos empíricos já
constituídos, não se trata então de adquirir uma cultura experimental, e sim de mudar de
cultura experimental pela vida cotidiana” (p. 57)

4. CONCLUSÕES

1) O autor estabelece diferenças fundamentais entre conhecimento empírico e


47

científico, entre eles há uma ruptura;

2) Ele introduz novas categorias de ciência que modificam a concepção


tradicional; e

3) Ele afirma progresso descontínuo de conhecimento do ponto de vista


histórico.

5. COMENTÁRIOS E NOVAS QUESTÕES

Aprendemos com Bachelard uma nova visão de ciência a partir de sua tese de que a
atividade científica não é espontânea no homem. Ela exige uma ruptura com os
conhecimentos do senso comum, corte que só se consegue a partir de uma autoanálise do
conhecimento. Só à luz da psicanálise do conhecimento científico é possível elaborar uma
ciência que é uma resposta a um problema bem colocado. Descobrimos também novas
categorias de ciência que modificam a concepção tradicional: 1) a noção de obstáculo
epistemológico; 2)corte epistemológico; 3) vigilância e lógica do erro; 4) recorrência e
atualidade científica.

O texto também aponta diversas questões:

1) O reexame da aprendizagem da ciência, geralmente baseado no autoritarismo do mestre;


2) A questão da impossibilidade de se estabelecer hoje um saber interdisciplinar; e 3) A
necessidade de relacionar ciência e tecnologia a fim de aperfeiçoar o “aparelho das razões”.

2.2.4 Resenha

A resenha também é um instrumento auxiliar no processo de leitura. Tanto quanto o


fichamento, sua finalidade é registras as idéias principais do autor. Porém, ela tem uma
abrangência maior, visto que a resenha é feita de uma obra completa e requer do resenhista,
um domínio acerca do conteúdo do livro e do tema a ser discutido e uma capacidade de
síntese maior.

No processo de pesquisa teórica, nem sempre todos os capítulos do livro servirão de


referencial teórico para o pesquisador. Nesse sentido ele utiliza o fichamento. Em outros
casos, o conteúdo inteiro do livro é importante para o pesquisador. Neste caso, a resenha é o
instrumento mais adequado para registrar as idéias principais do autor. A resenha pode ter um
caráter puramente informativo ou ela pode ser acompanhada de uma avaliação crítica do
48

resenhista. Para Lakatos (1986, p. 217) “É uma descrição minuciosa que compreende certo
número de fatos”. Para Andrade (1999) é:

Tipo de resumo crítico, contudo, mais abrangente: permite comentários e


opiniões, inclui julgamento de valor, comparações com outras obras da
mesma área e avaliação da relevância da obra com relação às outras do
mesmo gênero. (p.78).

a) Tipos de resenha

A resenha tem como principal objetivo elaborar comentários sobre uma obra para
publicação ou divulgação. Existem determinados livros ou teses que demoram um certo
tempo para serem traduzidas em outros idiomas. A fim de que os resultados da obra sejam
divulgados no meio acadêmico, cabe ao resenhista publicar ou divulgar o resultado de sua
leitura. Além desse objetivo, ela tem uma finalidade instrumental: possibilitar ao estudante ou
pesquisador a familiarização com a análise dos argumentos utilizados para se demonstrar,
provar, descrever um determinado tema, pressupondo portanto, uma leitura rigorosa da obra.
Segundo Severino (1985:181), “uma resenha pode ser puramente informativa limitando-se a
expor o conteúdo do texto resenhado com a maior objetividade possível”.

Para Johann (1997: 52), “a resenha crítica é, pois, a apresentação do conteúdo de


uma obra, acompanhada de uma avaliação crítica. Expõe-se claramente e com certos detalhes
o conteúdo da obra, faz-se uma análise e uma apreciação crítica de todo conteúdo”.

b) Finalidade da resenha

A resenha pode ter finalidade puramente informativa. Porém as mais úteis são as
que, além de informativas, realizam comentários críticos”. (SEVERINO, 1986, p. 181)

A resenha deve “Resumir as idéias da obra, avaliar as informações nela contidas e a


forma como foram expostas e justificar a avaliação realizada”( ANDRADE, 1999, p.77).

c) Exigências para a elaboração da resenha

Segundo Johann (op.cit.) a resenha requer exigências de quem a elabora, tais como:

 competência na matéria exposta no livro, bem como do método empregado;


49

 capacidade de juízo crítico para distinguir claramente o essencial do supérfluo;

 conhecimento completo da obra.

d) Elementos da resenha crítica

Deve ter início com referências bibliográficas da obra; no corpo do trabalho, o


resenhista deve responder às seguintes indagações:

 De que trata o livro?


 Tem ele alguma característica especial?
 De que modo o assunto é abordado?
 Que conhecimentos prévios são exigidos para entendê-lo?
 A que tipo de leitor se dirige o autor?
 O tratamento dado ao tema é compreensivo?
 O livro foi escrito de modo interessante e agradável?
 As ilustrações foram bem escolhidas?
 O livro foi bem organizado?
 O leitor, que é a quem o livro se destina, irá achá-lo útil?
 Que resulta da comparação dessa obra com outras similares (caso existam) e com
outros trabalhos do mesmo autor?

e) Estrutura da Resenha

 Referência bibliográfica
 Autor (es)
 Título (subtítulos)
 Imprensa (local da edição, editora, data)
 Número de páginas
 Ilustrações (tabelas, gráficos, fotos, etc)
 Credenciais do autor
 Informações gerais sobre o autor
 Autoridade no campo científico
 Quem fez o estudo?
Como exemplos, apresentamos, a seguir, modelos de Resenha Informativa e
Resenha Crítica.
50

Resenha informativa
(modelo)

O MITO DA CAVERNA
PLATÃO. O mito da caverna. In: A República. S. Paulo: Martin Claret, 2000. 320 pag.
Livro VII – pág.210-238.

Filósofo grego, viveu entre 428-348 a . C., nascido em Atenas, autor de vasta obra
filosófica, dentre as quais, destaca-se A República, um tratado político-filosófico, uma de
suas obras-primas, escrita em forma de diálogos.

Resenhista: Rúbia Pimentel

“O Mito da caverna” trata-se do Livro VII, no qual Platão revela, de modo


metafórico, o papel do conhecimento, cuja busca se dá através da filosofia. Para tanto usa a
alegoria de uma caverna subterrânea, onde lá estão acorrentados homens desde a sua
infância. Eles acreditam que a única realidade é as sombras de objetos variados projetadas
na parede. Platão usa dois personagens que dialogam entre si: Sócrates e Glauco, seu
discípulo, que passa a imaginar as abstrações sugeridas por Sócrates, as quais apresentamos
a seguir.

Imagine uma caverna subterrânea; lá, estão homens prisioneiros, acorrentados pelas
pernas e pescoço. Por esta razão, devem permanecer imóveis, olhando só para a frente. A
caverna é levemente iluminada por uma clareira.

Do lado de fora, titeriteiros manipulam objetos variados que projetam nas paredes
da caverna, sombras de bonecos de homens, figuras de animais feitos de pedra e outros
objetos de madeira e outros materiais variados. Ao longo de sua vida, os prisioneiros só
puderam contemplar sombras projetadas nas paredes da caverna, seus companheiros e as
vozes emitidas de fora, dos homens que conversam entre si.

É dada a oportunidade para que um dos prisioneiros seja libertado das correntes.
Inicialmente ele sente dores no pescoço e tem que subir a longa escarpada da caverna para
chegar ao lado de fora. Ao chegar do lado de fora, o primeiro impacto que o prisioneiro tem
é com a luminosidade do sol que cega temporariamente seus olhos. Aos poucos, seus olhos
se habituam à claridade e ele pode contemplar, mais próximo da realidade, objetos mais
51

reais, com uma visão mais verdadeira, tendo dificuldade em nomear os objetos, pois se
encontra perplexo diante da contemplação mais reveladora da realidade.

Se vigorasse um prêmio entre os prisioneiros por se distinguirem em fazer as


melhores conjecturas acerca das sombras projetadas nas paredes da caverna, certamente o
homem desacorrentado abriria mão desse prêmio e diria, como Homero: “é preferível lavrar
a terra a serviço de um homem de patrimônio ou sofrer qualquer outro destino a viver no
mundo das sombras”(p.228). E se tivesse que voltar ao mundo da caverna e contar aos
prisioneiros o que vira, certamente seria considerado um louco e tentariam matá-lo. Platão
mostra a Glauco sua concepção acerca da existência do mundo inteligível:

[...] é este pelo menos o meu modo de pensar, que só a divindade pode saber se é
verdadeiro. Quanto a mim, a coisa é como passo a dizer-te. Nas últimas fronteiras
do mundo inteligível está a idéia do bem, criadora da luz e do sol no mundo
visível, autora da Inteligência e da Verdade no mundo invisível e, sobre a qual,
por isso mesmo, cumpre ter os olhos levantados para agir com sabedoria nos
negócios individuais e públicos (p.238).
Platão conclui: a caverna subterrânea é o mundo visível aparente. A clareira que
ilumina a caverna é a luz do sol. O acorrentado que se eleva à região superior e a contempla,
é a alma que se eleva ao mundo inteligível.

Resenha crítica (modelo)

O MITO DA CAVERNA

PLATÃO. O mito da caverna. In: A República. S. Paulo: Martin Claret, 2000. 320 pag.
Livro VII – pág.210-238.

Filósofo grego, viveu entre 428-348 a . C., nascido em Atenas, autor de vasta obra
filosófica, dentre as quais, destaca-se A República, um tratado político-filosófico, uma de
suas obras-primas, escrita em forma de diálogos.

Resenhista: Rúbia Pimentel

“O Mito da caverna” trata-se do Livro VII, no qual Platão revela, de modo


metafórico, o papel do conhecimento, cuja busca se dá através da filosofia. Para tanto usa a
alegoria de uma caverna subterrânea, onde lá estão acorrentados homens desde a sua
52

infância. Eles acreditam que a única realidade é as sombras de objetos variados projetadas
na parede. Platão usa dois personagens que dialogam entre si: Sócrates e Glauco, seu
discípulo, que passa a imaginar as abstrações sugeridas por Sócrates, as quais apresentamos
a seguir.

Imagine uma caverna subterrânea; lá, estão homens prisioneiros, acorrentados pelas
pernas e pescoço. Por esta razão, devem permanecer imóveis, olhando só para a frente. A
caverna é levemente iluminada por uma clareira.

Do lado de fora, titeriteiros manipulam objetos variados que projetam nas paredes
da caverna, sombras de bonecos de homens, figuras de animais feitos de pedra e outros
objetos de madeira e outros materiais variados. Ao longo de sua vida, os prisioneiros só
puderam contemplar sombras projetadas nas paredes da caverna, seus companheiros e as
vozes emitidas de fora, dos homens que conversam entre si.

A metáfora apresentada pelo autor mostra-nos que, quando somos cerceados do


conhecimento, tornamo-nos “prisioneiros” das “verdades” imputadas a nós. A representação
distorcida da realidade é absorvida pelos nossos sentidos como única realidade. A
separação do homem em relação ao mundo real representa para Marx a “alienação social” –
um modo de estranhamento entre os homens e entre as coisas. Através dela, apenas a
representação da realidade prevalece sobre a sua verdadeira realidade. Isso nos leva a
refletir que o homem que vive das representações sociais e materiais – da ideologia – é um
“prisioneiro” de uma classe manipulatória que projeta “imagens” (idéias, concepções de
mundo em geral) que atendam aos seus interesses.

É dada a oportunidade para que um dos prisioneiros seja libertado das correntes.
Inicialmente ele sente dores no pescoço e tem que subir a longa escarpada da caverna para
chegar ao lado de fora. Ao chegar do lado de fora, o primeiro impacto que o prisioneiro tem
é com a luminosidade do sol que cega temporariamente seus olhos. Aos poucos, seus olhos
se habituam com a claridade do sol e ele pode contemplar mais próximo da realidade,
objetos mais reais, com uma visão mais verdadeira, tendo dificuldade em nomear os
objetos, pois se encontra perplexo diante da contemplação mais verdadeira da realidade.

A impressão dada pelo autor sugere-nos que a conquista do conhecimento impõe-


nos um sacrifício. Gramsci em sua obra “Os intelectuais e a organização da cultura”, afirma
que “estudar é um ato enfadonho, mas é o único ato que leva o homem a sua libertação”.
Isso significa dizer que o conhecimento impõe-nos um sacrifício que, no entanto, representa
53

a liberdade. É através do conhecimento de sua realidade e de seu mundo, que o homem faz
a história, revoluciona o mundo – é sujeito da práxis.

Se vigorasse um prêmio entre os prisioneiros por se distinguirem em fazer as


melhores conjecturas acerca das sombras projetadas nas paredes da caverna, certamente o
homem desacorrentado abriria mão desse prêmio e diria, como Homero: “é preferível lavrar
a terra a serviço de um homem de patrimônio ou sofrer qualquer outro destino a viver no
mundo das sombras”. E se tivesse que voltar ao mundo da caverna e contar aos prisioneiros
o que vira, certamente seria considerado um louco e tentariam matá-lo.

Percebe-se aqui, a exaltação que Platão faz ao conhecimento: na medida em que o


homem depara-se com a possibilidade do conhecimento, não há como retroceder ao mundo
da “ignorância”. Conhecer é um ato permanente de descobertas, que impõe ao homem um
sacrifício necessário: o trabalho. Por outro lado, a descoberta feita pelo sujeito do
conhecimento é considerada loucura diante das “verdades instituídas”. O instituinte é
transformador, o instituído é conservador.

Platão mostra a Glauco sua concepção acerca da existência do mundo inteligível:

[...] é este pelo menos o meu modo de pensar, que só a divindade pode saber se é
verdadeiro. Quanto a mim, a coisa é como passo a dizer-te. Nas últimas fronteiras
do mundo inteligível está a idéia do bem, criadora da luz e do sol no mundo
visível, autora da Inteligência e da Verdade no mundo invisível e, sobre a qual,
por isso mesmo, cumpre ter os olhos levantados para agir com sabedoria nos
negócios individuais e públicos (p.238).
Platão conclui: a caverna subterrânea é o mundo visível aparente. A clareira que
ilumina a caverna é a luz do sol. O acorrentado que se eleva à região superior e a contempla,
é a alma que se eleva ao mundo inteligível.

Existe nesta metáfora, a idéia de conhecimento de um mundo aparente, limitado por


circunstâncias materiais e sensoriais. Existe um mundo real a ser conhecido que dependerá
da libertação do homem dessas circunstâncias a fim de que ele possa indagar, refletir a
realidade e construir conhecimentos. Existe também um mundo inalcançável pelo homem, a
essência da coisa que está na idéia e não pertence ao mundo sensível. Aqui, Platão revela o
seu idealismo acerca da realidade do mundo.
54

2.3 TRABALHOS CIENTÍFICOS E AS NORMAS DA ASSOCIAÇÃO


BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT

Todo trabalho científico deve ser elaborado seguindo os critérios metodológicos


(adequação de métodos e técnicas) e normativos (adequação de normas técnicas segundo a
ABNT).
A ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas - é o órgão responsável pela
normalização técnica no país, contribuindo para o desenvolvimento da pesquisa científica.
Tem como objetivo promover a elaboração de documentos normativos mantendo-os
atualizados; colaborar nas atividades relativas à normalização, fornecendo a base necessária
ao desenvolvimento tecnológico brasileiro; incentivar e promover a participação das
comunidades técnicas na pesquisa, desenvolvimento e difusão da normalização técnica do
País. Através da ABNT, os documentos científicos ganham um padrão nacional, facilitando
não só a análise dos mesmos, mas o modo de sua estruturação. Por isso, o estudante
pesquisador não pode ser relapso a tais padrões, visto que, a análise e publicação de um
trabalho científico considera tais padrões. Isto posto, apresentamos a seguir, seguida de
exemplos, uma síntese com as principais regras usadas nos trabalhos acadêmicos e científicos.

2.3.1 Apresentação gráfica do texto segundo a ABNT(NBR 14724:2006)

a) Formato do papel

Os textos devem ser apresentados em papel branco, com formato A4 (21cm x 29,7cm),
digitados no anverso das folhas, com exceção da folha de rosto cujo verso deve conter a Ficha
Catalográfica. A cor da impressão deve ser preta, podendo utilizar cores somente em
ilustrações.

b) Tamanho da fonte e tipo de letra


O texto deve ter a fonte de tamanho 12. Nas citações de mais de três linhas usa-se o
tamanho 10, nas notas de rodapé, paginação e legendas das ilustrações e tabelas. O tipo de
letra é Times New Roman ou Arial.
55

c) Espaçamento

O espaçamento entre linhas deve ser de preferência 1,5. O fim de uma seção e o
cabeçalho da próxima são separados por 2 espaços de 1,5 entrelinhas. As citações de mais de
3 linhas, as notas de rodapé, as referências, as legendas das ilustrações e tabelas, a ficha
catalográfica, a natureza do trabalho, o objetivo, o nome da instituição a que é submetida a
área de concentração devem ser digitadas em espaço simples. As referências, que ficam no
final do trabalho, devem ser separadas entre si por dois espaços simples.

d) Margem e paginação

A configuração do texto deve ter margem superior e esquerda 3 cm, e inferior e direita
2 cm. As páginas são contadas a partir da folha de rosto, mas não são numeradas. As
numerações começam a partir do inicio do texto. Os números da paginação ficam no canto
superior do lado direito da folha em algarismos arábicos. As referências, anexos, apêndices,
glossário e índice devem ser incluídos na numeração sequencial das páginas do texto
principal.

2.3.2 Citações, notas de rodapé, referências

2.3.2.1 Citações

Citação é a forma de fazer menção em um texto de uma informação colhida em outra


fonte (livro, periódicos, jornais, vídeos etc.). Os dados da publicação citada devem identificar
a obra de modo a facilitar sua localização. As citações diretas são transcrições extraídas do
texto consultado, respeitando-se as características formais. As citações indiretas são textos
baseados na obra do autor consultado, reproduzindo-se idéias e informações do documento,
sem, entretanto, transcrever as próprias palavras do autor. De acordo com a NBR 10520:2002,
as citações, notas de rodapé e elaboração das Referências devem seguir as seguintes
orientações:
56

a) Sistema de chamada autor- data

Deve-se iniciar pelo sobrenome ou nome da entidade, seguidos da data, ou pela


primeira palavra do título seguida de reticências, no caso das obras sem indicação de
autoria, seguida da data.

Exemplo:
Fazenda (1994) refere que a pesquisa é um meio e não um fim em si mesma. Assim,
precisamos estimular a formação continuada nas escolas para manter acesa a chama do
conhecimento entre os professores (GOMES, 2000). Na sala... (1994, p.64 – 5) afirma-se que
“[...] a pesquisa deve ser estimulada desde a pré- escola”. De modo que se faz necessário
uma nova organização curricular que:
[...] efetiva-se cada vez que constatamos práticas como aulas-passeio, possibilitando
a crianças e aos educadores que vivenciem a investigação da realidade como sendo
mais rica que o conhecimento que se supõe ter dela, a partir da confrontação dos
diversos saberes e da reconstrução que esta ação possibilita (ESCOLA CABANA...,
2001, p.46).

b) Regras gerais
 Usar letras maiúsculas e minúsculas quando a citação estiver incluída na sentença.
Exemplo:
O Ministério da Educação (2000)....................
Para Barroso (1999, p.34)...............................
Em Os alunos...(2001)......................
 Usar letras maiúsculas quando a citação estiver entre parênteses.
Exemplo:
Saúde para todos no ano 2000 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998).
Não há como evitar a erosão do solo (BARROS, 1997).
As universidades estão em crise (ENSINO..., 1995)

 Usar aspas duplas nas transcrições de até 3 linhas.

Para Silva e Alves (1986, p.45-6) “a violência entrou nas escolas pela porta da frente
[...]”.
57

 Usar letra menor que a do texto e sem aspas com recuo de 4cm da margem esquerda
nas transcrições com mais de 3 linhas

[...] atividade básica da Ciência na sua indagação e construção da realidade. É a


pesquisa que alimenta a atividade de ensino e atualiza frente à realidade do
mundo. Portanto, embora seja uma prática teórica, a pesquisa vincula
pensamento e ação (MINAYO, 1994:17).

c) Regras específicas
Dados obtidos de informação verbal:
O novo milênio começa uma nova era (informação verbal) 1.

Dados obtidos de obra em fase de elaboração:


Os alunos não gostam de redação (em fase de elaboração) 2

Para enfatizar trechos de uma transcrição:


“[...] para o sucesso do ensino com pesquisa deve-se ensinar [...] “ (PINTO FILHO,
1988, p.8, grifo nosso).

“O planeta sofre como um organismo vivo.” (NERY; CHAVES, 1983, p.3, grifo
dos autores). Para enfatizar trechos traduzidos:

“O sistema universitário pode ser reformado.” (BARBOSA, 1999, p.9,tradução


nossa).

Quando houver coincidência de sobrenomes ou de data:


(BARBOSA, E.,1989) , (BARBOSA, M.,1978)
Para Teixeira (2001 a)........., Segundo Teixeira (2001 b).....

Quando houver várias obras:


Para o autor...... (NUNES, 1987, 1993,1999).

1
Informe fornecido por Paulo Renato no Congresso Brasileiro do Futuro, em Santos, em maio de 2000.
2
A escola hoje, de autoria de Sílvia Mendes, a ser editado pela Editora da UNAMA em 2002.
58

Diversos autores concordam que..... (SÁ, 1988; LEITE, 1999; FREIRE,1999).

d) Sistema de chamada numérico

Deve ser realizada por uma numeração única e consecutiva, em algarismos arábicos,
remetendo à nota de rodapé ou lista de referências ao final. Não deve ser utilizado quando há
notas de rodapé.
A universidade precisa de metodologias que estimulem o pesquisar. (1)

A pesquisa precisa ser exercitada no cotidiano das universidades e das salas de aula.
Precisamos “[...] de docentes investigadores e também de docentes que ministrem boas
aulas.” 3

e) Citação de citação

Citação de citação é a transcrição direta ou indireta de um texto em que não se teve


acesso ao original, ou seja, retirada de fonte citada pelo autor da obra consultada. É preciso
indicar o autor da citação, seguido da data e página da obra original, a expressão latina
“apud”, o nome do autor consultado, a data e página da obra onde consta a citação.

Exemplo:

Signo é qualquer coisa de qualquer espécie que represente uma outra coisa,
chamada de objeto do signo, e que produz um efeito interpretativo em uma
mente real ou potencial, efeito este que é chamado de interpretante do signo.
(MAGNO, 1998, p. 45 apud SANTAELLA, 2004, p. 8).

f)) Citação enfatizando trechos

Para enfatizar trechos da citação, deve-se destacá-los indicando esta alteração com a
expressão “grifo nosso” entre parênteses após a chamada da citação, ou “grifo do autor”,
caso o destaque já faça parte da obra consultada.

3
FERREIRA SOBRINHO, Paulo. A escola do futuro. 5ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000, p.87.
59

Exemplo:

Todas as etapas que constituem o projeto de pesquisa devem estar vinculadas ao


“espírito científico” do pesquisador a fim de que ele não desperdice trabalho em vão, visto
que o projeto conduz à cientificidade (FACHIN, 2003, grifo nosso).

O projeto de pesquisa é uma sequência de etapas estabelecidas pelo


pesquisador, que direciona a metodologia aplicada no desenvolvimento da
pesquisa”. No campo das ciências, não se trabalha com pesquisa por
casualidade; o resultado é fruto de um projeto elaborado, que tem em vista
conduzir à cientificidade (FACHIN, 2003,p.105, grifo do autor).

2.3.2.2 Notas de rodapé


a) Notas de rodapé de referência bibliográfica

Primeira referência de uma obra

1 FARIAS, Neyla. Direitos humanos. 4ed. São Paulo: Atlas, 1999.


Referências subseqüentes

2 Ibidem. ou Ibid. (significa a mesma obra da autora anterior)


3 FARIAS, 1999 ou FARIAS op.cit. (significa mesma obra em folha anterior).

2.3.2.3 Elaboração de referências (NBR 6023:2002)

As Referências são as indicações dos documentos efetivamente citados no trabalho.


Fixa a ordem dos elementos das referências e estabelece convenções para transcrição e
apresentação da informação originada do documento e de outras fontes de informação.
Segundo a NBR 6023:2002, elas devem seguir os seguintes critérios:

 devem ser alinhadas somente à margem esquerda do texto, em espaço simples e


separadas entre si por espaço duplo;
 destaque gráfico poderá ser em negrito, itálico e grifo;
 se for usado o sistema de chamada autor-data, as referências devem ser reunidas
no final do trabalho, em ordem alfabética;
60

 se for usado o sistema de chamada numérico, as referências devem seguir a mesma


ordem numérica crescente.

E obedecer aos modelos abaixo:

1) Monografia no todo: livro e/ou folheto (manual, guia, catálogo, enciclopédia, dicionário
etc.) e trabalhos acadêmicos (teses, dissertações, entre outros)

BRITO, L. M. Paz e amor. 6ed. Belém: EDUEPA, 1999.

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ. Catálogo de teses: curso de enfermagem.


Belém, 2000.

BRASIL. Ministério da Saúde. Relatório técnico. Brasília, DF, 1999.

MUSEU DA IMIGRAÇÃO. Museu da Imigração - São Paulo: catálogo. São Paulo, 1998.

2) Monografia no todo em meio eletrônico(cd-rom, online, disquetes)

VASQUES, R. Encontros religiosos. São Paulo: Delta, 2000. CD-ROM.

ALVES, G. Flores e frutos. [Sl]: Virtual Books, 2000. Disponível


em:http://www.terra.com.br/virtualbooks.htm. Acesso em: 10 jan. 2002, 16:30:30.

3) Parte de monografia: capítulo, volume, fragmento com autor e/ou título próprios

ROMANO, U. D. Imagens e paisagens. In: LEVI, J.;FONTES, I. de. Memórias. 7ed. Recife:
Atlas, 2001. p. 12-34.
4) Parte de monografia em meio eletrônico

MORFOLOGIA das aranhas. In: ENCICLOPEDIA multimídia dos seres vivos. São Paulo:
Planeta, 1998. CD-ROM 9.

5) Publicação periódica como um todo

REVISTA TRILHAS. Belém: UNAMA, 2000-1.

6) Partes de revista, boletim etc.

VEJA. São Paulo: Ed. Abril, n.234, jun. 2000.

7) Artigo e/ou matéria de revista, boletim etc.

COSTA, S. da. O salário em debate. Exame, Rio de Janeiro, v.4, n.6, p.34-9, set. 1998.
61

8) Artigo e/ou matéria de revista, boletim etc. em meio eletrônico

VIEIRA, F. S. O amor de mãe. Revista neo interativa, Rio de Janeiro, n.5, nov. 2000. Seção
Opinião. CD-ROM.

9) Artigo e/ou matéria de jornal

NEVES JUNIOR, E. Ecos da Eco +10. Folha de São Paulo, São Paulo, 16 set. 2002. Folha
Internacional, Caderno 5, p.12.

10) Artigo e/ou matéria de jornal em meio eletrônico

LEIS tributárias. O Norte, Manaus, 27 ago. 2002.Disponível em:http://www.onorte.com.br.


Acesso em: 26 set. 2002.

11) Evento como um todo

REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUÍMICA, IV, 1999, SÃO


LUÍS. QUÍMICA: AVANÇOS E DESAFIOS: LIVRO DE RESUMOS. SÃO LUÍS, 1999.

12) Evento como um todo em meio eletrônico

______. Disponível em:http://www.quimica.com.br. Acesso em: 21 jan. 2000.

13) Trabalho apresentado em evento

TEIXEIRA, E. Medos e ousadias. In: JORNADA NORTE DE PESQUISA, 3.,1999, Rio


Branco. Resumos...Rio Branco:UFAC, 1999. p.56-64.

14) Trabalho apresentado em evento em meio eletrônico

______. Anais eletrônico...Rio Branco:UFAC, 1999. 1 CD-ROM.


15)Patente

EMBRAPA. Unidade de Pesquisa (Belém, PA). Sílvio Romero. Medidor de pluviosidade.


BR n.PI 89765490, 27 jun. 1994, 30 mai. 1998.

LEGISLAÇÃO: consultar NBR para referências de jurisprudência (decisões judiciais),


doutrina e documento jurídico em meio eletrônico)
62

BRASIL. Medida provisória no. 1.786, de 11 de setembro de 2001. Diário [da] República
Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 12 set. 2001. Seção 1, p.456.

16)Imagem em movimento (filmes, videocassetes, DVD etc.)

PONTO DE MUTAÇÃO. DIREÇÃO DE BERNDT CAPRA. PRODUÇÃO DE


LINTSCHINGER/COHEN.MANAUS: VIDEOLAR DA AMAZÔNIA, 1990. 1
VIDEOCASSETE.

17) Documento iconográfico (pintura, gravura, ilustração, fotografia, desenho técnico,


diapositivo, diafilme, material estereográfico, transparência, cartaz etc.).

HORTA, G. da. Doença dos índios. 1987. 1 fotografia, color.,16cmx57cm.


18) Documento iconográfico em meio eletrônico

______. Disponível em: http://www.indios.com.br. Acesso em: 23 jul. 2002.

19) Documento cartográfico (Atlas, mapa, globo, fotografia aérea etc.).

Em meio eletrônico, acrescentar o tipo (CD-ROM, online, disquete etc).


Consultar NBR para outros tipos de documentos como: documento sonoro no todo (disco,
CD, cassete, rolo etc); documento sonoro em parte; partitura; documento tridimensional.

INSTITUTO GEOGRÁFICO (São Paulo, SP). Regiões do Brasil. São Paulo, 1995. 1atlas.
Escala 1:2.000.

20) Documentos de acesso exclusivo em meio eletrônico (bases de dados, listas de


discussão, BBS (site), arquivos em disco rígido, programas, conjuntos de programas e
mensagens eletrônicas)

TEIXEIRA, E. A ciência e os paradigmas. Disponível em:


http://www.astresmetodologias.com.br. Acesso em: 29 jan. 2002.
ALMEIDA, H. G. de. As três preocupações com os trabalhos acadêmicos [mensagem
pessoal]. Mensagem recebida por etfelipe.bel@terra.com.br. Em 12 out. 2002.

21) Textos recebidos por e-mail

MUNIZ, Solange J. Cliente satisfeito. [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por


<MSN_NewslettersBR@hotmail.com> em 20 fev. 2006.

 Observações com relação a transcrição dos elementos essenciais:

Autoria 1 Autor Pessoal: ALVES, Roque de Brito.


2 Autores Pessoais: DAMIÃO, Paulo; TOLEDO, Sérgio.
3 Autores Pessoais: SÁ, Ana; PAZ, Rui da; GOMES, Vera.
63

+ de 3 autores: URANI, A. et al.


Organizador: FAZENDA, I. (Org.).
Coordenador: SOUSA, Paulo. (Coord.).
Editor: LIMA, A. (Ed.).
Compilador: BRÁS, E. (Comp.).
Desconhecida: A PESQUISA em educação.
(1ª palavra do título em cx alta)
Entidade: UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA.
Denominação genérica: BRASIL. Ministério da Justiça.
(antecedido de órgão superior)
Denominação dupla: ARQUIVO PÚBLICO (Belém)
ARQUIVO PÚBLICO (Amapá)
Título Sem subtítulo SÁ, Elza. A ética.
Com subtítulo curto GOMES, S. Vida pública: estudo de caso.
Com subtítulo longo ROCO, B. Ofício de aluno:
competências transversais...
Edição A partir da 2ª 2.ed.
Revisada 3.ed. rev.
Aumentada 4.ed. aum.
Revisada e ampliada 5.ed. rev. e amp.
Local Como na fonte Belém
Homônimos Viçosa, MG
Desconhecida [S.l.] Sine loco
Editora Como na fonte Atlas
+ de uma Belém: Grapel; São Paulo: Cultural
Desconhecida [s.n.] Sine nomine
Data Como na fonte 1999
Desconhecida no todo ou s/d [sem data]
em parte [1971 ou 1972]
[2000?] = provável
[197_ ] = década certa
[197 ?] = década provável
1970 (impressão 1994)

 Observações com relação a transcrição dos elementos complementares:

Descrição Física 205p. ou p.127 – 42.


Ilustrações 308p.,il.
Dimensões 408p.,il., 16cm x 23 cm.
Séries e Coleções
208p., il., 23 cm.
(Primeiros Passos, n. 3)
Notas Complementares Mimeografada.
No prelo.
ISBN 38-7164-341.
Bula de Remédio.
Microfichas.
Apostilado.
Não publicado.
64

Tabelas, gráficos e ilustrações

ABREVIATURAS e SIGLAS Quando aparecem pela primeira vez, por extenso,


depois em abreviatura ou sigla entre parênteses.

ILUSTRAÇÕES FIGURAS: identificação na parte inferior seguida


de seu número arábico e seu título.

TABELAS / GRÁFICOS: Identificação na parte superior seguida de seu


número arábico e seu título. Devem ser inseridas o
mais próximo possível do trecho a que se referem.
65

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Nesta unidade, trataremos da pesquisa, identificando finalidade e níveis, as abordagens


quantitativa e qualitativa e os tipos de pesquisa, com seus critérios e procedimentos, bem
como os tipos de técnicas de coleta de dados adequados na operacionalização da investigação.
Ao final desta unidade, você deve:
 conceituar pesquisa, identificando sua classificação e finalidade;
 identificar as etapas da elaboração do trabalho de pesquisa;
 distinguir a abordagem quantitativa da qualitativa;
 identificar as diferentes técnicas e métodos de construção do conhecimento científico.

Pesquisa pura...
Aplicada...

3.1 PESQUISA, FINALIDADE E NÍVEIS

3.1.1 Pesquisa – conceito

Até agora vimos que a ciência possui critérios e rigor na produção do


conhecimento. Isto significa que no processo de investigação dos fenômenos e fatos,
determinados procedimentos são indispensáveis para se conhecer um dado objeto. De que
modo o pesquisador deve proceder? Através da pesquisa, usando de critérios e rigor
científicos. Para Minayo (2003), a pesquisa enquanto atividade científica, não pode
desvincular a teoria da prática. Desse modo, para a autora, a pesquisa é:

Atividade básica da Ciência na sua indagação e construção da realidade. É a


pesquisa que alimenta a atividade de ensino e atualiza frente à realidade do mundo.
Portanto, embora seja uma prática teórica, a pesquisa vincula pensamento e ação
(p.17).
Para Barros &Lehfeld (1990) e Gil (1994) a pesquisa representa um esforço
intelectual do pesquisador que se aporta do método científico objetivando solução de
problemas. É o esforço dirigido para a aquisição de um determinado conhecimento que
propicia a solução de problemas teóricos, práticos e/ou operativos, mesmo quando situados no
contexto do dia-a-dia do homem (p.13).
66

“Processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. O


objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o emprego
de procedimentos científicos” (GIL, 1994, p.43).

A partir de tais conceitos, podemos observar que a pesquisa é o ponto de partida


para a busca do conhecimento da realidade. Para encetá-la são necessários:

a) uma indagação frente a realidade do mundo;

b) um esforço teórico-prático em direção ao que se propõe a conhecer;

c) o emprego de procedimentos científicos de modo formal e sistemático na busca


de respostas para os problemas da realidade.

Agora veremos como realizar uma investigação usando os diversos tipos de


pesquisa de acordo com o objeto a ser investigado.

Na tentativa de compreender a realidade em seus múltiplos aspectos, e atingir os


objetivos, desenvolveram-se diferentes formas de classificação da pesquisa. Segundo Gil
(1996), uma classificação mais ampla pode classificar a pesquisa quanto à finalidade e quanto
ao nível.

3.1.2 Pesquisa – finalidade e níveis

a) Quanto à finalidade
 Pesquisa pura: este tipo de pesquisa desenvolve-se quando o pesquisador não
encontra respostas nas teorias existentes; os construtos categoriais existentes não
possibilitam a interpretação do fenômeno que ele investiga. Nesse sentido, a finalidade
da pesquisa que ele desenvolve deve produzir novos conhecimentos (leis, conceitos,
categorias) que lhe possibilite interpretar o fenômeno investigado de forma mais
precisa; afinal, o objetivo da ciência é aproximar-se da verdade. A pesquisa pura
“busca o progresso da ciência, procura desenvolver os conhecimentos científicos sem
a preocupação direta com suas aplicações e consequências práticas. O pesquisador
desenvolve pesquisa por razões de ordem intelectual, pois [...] tem vistas na
construção de teorias e leis” (GIL,1996, p.43).

 Pesquisa aplicada: este tipo de pesquisa, ao contrário da pesquisa pura, tem a


finalidade de obter resultados práticos imediatos a partir da aplicação das teorias
67

existentes, de seus conceitos e construtos categoriais, a fim de apresentar resultados


práticos a partir daquela teoria. Por isso, a pesquisa aplicada “tem como característica
fundamental o interesse na aplicação, utilização e consequências práticas dos
conhecimentos. De modo geral é este tipo de pesquisa usada por pesquisadores
sociais” (GIL, op. cit., p.44).

Lembre-se: na pesquisa pura a finalidade do pesquisador é produzir novos


conhecimentos (leis, conceitos, categorias) que lhe possibilite interpretar o fenômeno
investigado de forma mais precisa. Na pesquisa aplicada a finalidade é obter
resultados práticos imediatos a partir da aplicação das teorias existentes, de seus
conceitos e construtos categoriais, a fim de apresentar resultados práticos a partir
daquela teoria.

b) Quanto ao nível

 Pesquisas exploratórias: quando o pesquisador, no processo de investigação,


encontra dificuldades acerca da compreensão de determinados conceitos e idéias sobre
a explicação de determinado fenômeno, ele faz um levantamento bibliográfico e
documental, realiza entrevistas não padronizadas com informantes que possam
esclarecer melhor o fenômeno e, se necessário, realiza um estudo de caso. Esse
percurso pode fornecer-lhe novas idéias e, desse modo, o problema e as hipóteses
serão mais bem formulados. Assim, as pesquisas exploratórias, têm como finalidade:

[...] desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias, com vistas na


formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos
posteriores. Habitualmente envolve levantamento bibliográfico e documental,
entrevistas não padronizadas e estudos de caso (GIL, op cit, p.44)

 Pesquisas descritivas: quando o pesquisador pretende fundamentalmente descrever as


características do fenômeno investigado (o perfil de determinado grupo social, a
estrutura informacional de uma empresa, por exemplo) ou ainda, ele pretende
descrever a influência de uma variável sobre outra, a pesquisa tem a característica da
pesquisa descritiva.

Tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada


população ou fenômeno, ou estabelecimento de relação entre variáveis. Uma de
suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas
de coleta de dados (GIL, op.cit. p.45).

 Pesquisas explicativas: no processo de investigação, nem sempre o fenômeno se


revela de forma clara ou imediata, pois determinados fatores que podem influenciar o
68

fenômeno ficam imperceptíveis. Nesse sentido, a pesquisa explicativa “tem como


preocupação central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para
ocorrência dos fenômenos. Explica a razão e o porquê das coisas” (GIL,1996, p.46).

3.2 ABORDAGEM QUANTITATIVA E ABORDAGEM QUALITATIVA DA


PESQUISA

3.2.1 Abordagem quantitativa


Segundo Bassalo e Pimentel (2003), a abordagem quantitativa da pesquisa se
fundamenta no positivismo, corrente filosófica fundada por Augusto Comte, que se baseia no
grande progresso das ciências naturais, particularmente as ciências biológicas e ciências
fisiológicas, do século XIX. Comte aplica os princípios e os métodos daquelas ciências à
filosofia, como solucionadora do problema do mundo e da vida, com a esperança de
conseguir os mesmos resultados. Ele parte do pressuposto de que há necessidade da
comprovação dos fenômenos sociais a fim de que toda especulação transcendente ou vulgar
seja eliminada da investigação científica. O positivismo pressupõe a aproximação com as
Ciências Físicas e Naturais para melhor entender a realidade. Seu seguidor Émile Durkheim,
desenvolve As Regras do Método Sociológico, e aplica suas próprias recomendações no
estudo da sociedade através de princípios analíticos, quais sejam: objetividade, neutralidade e
verificação.

A objetividade supõe que as causas não interessam, pois somente os fatos que
podem ser observados interessam à ciência. O dado subjetivo não interessava e a utilização de
questionários, análises estatísticas, escalas de opinião aproximava-os da “objetividade
científica”.

A neutralidade considera que toda pesquisa deve evitar que a subjetividade do


pesquisador influencie na observação do fato, pois assim os fatos serão apenas conhecidos e
isentos de interesse pessoal, já que o papel do pesquisador é exprimir a verdade e não julgá-la.

A verificação parte da afirmação de que só é verdadeiro aquilo que é passível de


verificação empírica, de tal modo que suas conclusões podem ser generalizadas para todos os
fenômenos investigados com as mesmas características e natureza.

Tais princípios indicam que o pesquisador é alguém isento e neutro com relação ao
seu objeto de investigação, pois as preferências, crenças, verdades, visão de mundo,
69

experiências e interesses presentes nele, não afetariam sua interpretação; desse modo, é
possível obter um conhecimento definitivo, imutável, permanente.

O uso do método científico das ciências naturais às ciências sociais em geral


apresenta três características básicas, abaixo mencionadas:

 defende a separação entre o sujeito e o objeto do conhecimento;


 vê a ciência de forma neutra e livre de valores;
 pretende encontrar regularidades e relações entre os fenômenos, fazer descrições
recorrendo ao tratamento estatístico dos dados coletados, testar teorias.

Santos Filho (2000, p. 39 - 40) destaca nove características da pesquisa quantitativa:

 baseia-se no positivismo que considera os fatos sociais como uma realidade objetiva
independente das crenças individuais;

 mostra que a realidade social é independente do pesquisador (dualismo sujeito-objeto)


(p.40);

 diz que a observação dos fatos deve ser objetiva;


 pretende demonstrar as causas, através da medida e análise quantitativa;
 utiliza o modelo experimental;
 centra sua análise nas relações causais;Usa amostra grande, a estatística;
 mostra que o pesquisador deve distanciar-se do objeto;
 busca a verdade absoluta.
De um modo geral, as pesquisas quantitativas são mais indicadas para apurar opiniões
e atitudes explícitas e conscientes dos entrevistados, pois utilizam instrumentos estruturados
(entrevistas estruturadas, por exemplo). Elas são representativas de um determinado universo
para que seus dados possam ser generalizados e projetados para aquele universo. Seu objetivo
é mensurar e permitir o teste de hipóteses, já que os resultados são mais concretos e,
consequentemente, menos passíveis de erros de interpretação, que em muitos casos geram
índices que podem ser comparados ao longo do tempo, permitindo traçar um histórico da
informação.
Lembre-se: objetividade, neutralidade e verificação
são os princípios analíticos da pesquisa quantitativa.
70

3.2.2 Abordagem qualitativa

As origens da pesquisa qualitativa datam do século XIX, quando as características da


vida cotidiana nos Estados Unidos estiveram no centro dos interesses de pesquisadores que
pretendiam mudanças sociais a partir do levantamento de indicadores dos problemas sociais
da época, de modo que suas pesquisas desencadeassem ações que trouxessem alívio ao
sofrimento humano, ocasionado pelo impacto da imigração e da urbanização (BOGDAN &
BIKLEN, 1994).

Apesar disto, segundo os autores, nos anos 30 e 40, a ênfase dos estudos ainda recaía
na abordagem quantitativa, na medida em que os procedimentos de coleta de dados da
pesquisa qualitativa iam sendo aperfeiçoados. Com o objetivo de documentar a extensão dos
problemas sociais, pesquisadores, inclusive aqueles ligados ao governo, realizaram pesquisas
com base na abordagem qualitativa. Foi assim que trabalhadores negros e brancos, ex-
escravos, sindicalistas, mulheres estudantes universitárias, professoras e a escola emergiram
com a densidade que carrega a sua existência. É neste período que a entrevista passa a ser
uma técnica central na pesquisa qualitativa.

Dos anos 60 a 90 ampliaram-se os debates e os estudos acerca da abordagem


qualitativa. Além das entrevistas, a observação participante e as histórias de vida passam a
auxiliar as análise acerca das questões sociais. Por outro lado, um grande grupo de
pesquisadores percebeu que a contribuição da abordagem quantitativa havia atingido o limite,
ampliando ainda mais a utilização da abordagem qualitativa na pesquisa social.

Santos Filho (2000) apresenta as características da pesquisa qualitativa segundo o


objetivo do pesquisador, a sua visão de mundo, a sua relação com o objeto pesquisado e a
relação entre fatos e valores, quais sejam:

a) Objetivo da pesquisa

 Preocupa-se com a compreensão ou interpretação do fenômeno social.

b) Visão de mundo

 A realidade é construída individual e coletivamente;


 o homem é sujeito e ator;
 a verdade é subjetiva e relativa;
71

 as verdades são produzidas sociohistoricamente;


 reconhece o conflito como gerador de novas mudanças e a própria mudança como
positiva.

c) Relação entre o pesquisador e o objeto pesquisado

 Investigador e investigado não podem ser separados, pois fazem parte da realidade
pesquisada;

 o pesquisador não é neutro, pois é fruto da realidade construída por homens


concretos entre os quais ele está incluído;

 o pesquisador qualitativo imerge-se no fenômeno de interesse.

d) Relação entre fatos e valores

 Os valores e interesses do pesquisador estão presentes na investigação dos fatos;


 a realidade pode ser entendida sobre diferentes pontos de vista, que “refletem ou são
condicionados pelos diferenciados interesses e propósitos das pessoas” (p.42);

 a presença dos valores na pesquisa é considerada como positiva e deve-se abandonar


a posição de neutralidade.

As pesquisas qualitativas estimulam os entrevistados a pensarem livremente sobre


algum tema, objeto ou conceito. Elas propiciam a manifestação dos aspectos subjetivos e
atingem motivações não explícitas, ou mesmo conscientes, de maneira espontânea. São
usadas quando se busca percepções e entendimento sobre a natureza geral de uma questão,
abrindo espaço para a interpretação. Por isso, o pesquisador deve estar sempre atento e
perspicaz com relação à veracidade das informações que vai obtendo ao longo da pesquisa.

Embora existam críticas por parte de seus defensores, tanto a pesquisa quantitativa
quanto a pesquisa qualitativa, os pesquisadores compreendem que ambas podem ser
complementares, o que dependerá do objeto de estudo a ser pesquisado. Em geral, os
pesquisadores consideram que a complementaridade entre as duas abordagens contribui para o
aprofundamento das análises e até mesmo a superação entre o dualismo que possa existir
entre ambas (SANTOS FILHO, 2000; GAMBOA, 2000).

Lembre-se: as pesquisas qualitativas são usadas quando se busca percepções


e entendimentos sobre a natureza geral de uma questão, abrindo espaço para a
interpretação.
72

3.3 TIPOS DE PESQUISA

Até agora vimos que a pesquisa, como atividade básica da ciência, envolve um
conjunto de critérios e procedimentos adequados considerando os múltiplos aspectos da
realidade. Para tanto, diferentes tipos de pesquisas são desenvolvidos levando em
consideração: aspectos ou possibilidades, procedimentos de coleta de dados e fontes de
informação, que origina uma classificação ou tipologias diferenciadas. Tais tipologias
surgiram para auxiliar o investigador a desenvolver suas atividades de pesquisa, e que os
procedimentos indicados a seguir devem ser considerados como técnicas auxiliares que
podem ser utilizadas nas abordagens quantitativas e qualitativas, desde que contextualizadas.

Vamos conhecer, a seguir, os tipos de pesquisa mais frequentemente utilizados,


tomando como referência o procedimento metodológico utilizado pelos pesquisadores.

Sim! Observe
as mudanças... Estas são as
variáveis?

3.3.1 Pesquisa experimental

A pesquisa experimental se caracteriza por exigir uma exata formulação do seu


objeto de estudo, selecionar variáveis e escolher os instrumentos de coleta de dados. Escolhe-
se do universo uma amostragem. Os resultados obtidos serão considerados válidos para a
amostra e, por indução, válidos também para todo o universo.

A experimentação consiste em modificar deliberadamente a maneira controlada das


condições que determinam um fato ou fenômeno e, em observar e interpretar as
mudanças que ocorrem neste último. O estudo experimental estabelece as causas dos
fenômenos, determinando qual ou quais são as variáveis que atuam, produzindo
modificações sobre outras variáveis (TRIVIÑOS, 1987, p. 112).
De acordo com Pádua (2000) a pesquisa experimental pressupõe como elementos
fundamentais de sua investigação a verificabilidade e a quantificação dos resultados. Os
termos pesquisa de laboratório e pesquisa de campo servem para designar o local onde será
desenvolvido o controle de variáveis, tendo como referência a produção teórica de cada área.
Assim, pesquisa de laboratório “exige instrumental específico e ambiente adequado para se
73

analisar e comprovar hipóteses pela experimentação e pelo controle de variáveis”, enquanto


que a pesquisa de campo “tem as mesmas exigências no âmbito da ciência, não envolvendo a
experimentação propriamente dita” (PÁDUA, 2000, p.56).

Por outro lado, devemos observar que apesar da pesquisa experimental ser
amplamente utilizada pelas ciências físicas e naturais, ela não é indispensável à ciência, pois
ciências como a geologia e astronomia não têm como atuar sobre os objetos da observação.

Em se tratando das ciências humanas e sociais, submeter os objetos de pesquisa a


experimentação torna-se ainda mais difícil, tendo em vista que analisam fenômenos coletivos,
e ainda porque devemos considerar aspectos éticos e técnicos, que impossibilitam “submeter o
próprio homem à experimentação no sentido estrito”.
Por onde
começo?

3.3.2 Pesquisa bibliográfica

A pesquisa bibliográfica parte do princípio que as apreensões, críticas,


interpretações, raciocínios e conclusões acerca de uma dada realidade são registradas e
sistematizadas geralmente na forma de relatórios, artigos e textos, publicadas em livros,
periódicos, revistas científicas ou outras formas de divulgação dos resultados da pesquisa.
Tem como objetivo “conhecer, recolher, selecionar, analisar e interpretar as contribuições
históricas já existentes sobre determinado assunto” (VICTORIANO & GARCIA, 1996, p.21).
A pesquisa bibliográfica pode ser uma parte de uma investigação ou ser a própria pesquisa.

Quando faz parte de uma investigação, a mesma constitui-se de uma parte


importante do trabalho uma vez que demonstra a produção de conhecimento sobre o objeto
investigado e delimita segmentos ou possibilidades de investigação não realizadas. Neste
momento é chamada de revisão bibliográfica.

Entretanto, Gil (1989, p.73) afirma que uma pesquisa pode ser exclusivamente feita
a partir de fontes bibliográficas, ou seja, “da contribuição dos diversos autores sobre
determinado assunto”, afirmando que grande parte dos estudos exploratórios podem ser
definidos como pesquisa bibliográfica.
74

Para a realização de uma pesquisa deste tipo são recomendáveis os seguintes


passos:

Exploração das fontes bibliográficas: neste momento o pesquisador irá identificar e


localizar as fontes a serem utilizadas, em bibliotecas (há bases de dados que interligam
bibliotecas de diferentes universidades, ou bibliotecas públicas do país), índices de periódicos
de entidades nacionais e internacionais especializadas, anais de congressos (disponíveis
também em CD-ROOM) ou outros que o pesquisador venha a identificar.

Leitura do material: faz-se a seleção do que é essencial à pesquisa.

Documentação: o registro, dos dados coletados, pode ser feitos através de fichas ou
arquivos em disquete e tem como objetivo facilitar a visualização e manuseio das informações
obtidas, bem como guardar documentos úteis retirados de fontes de difícil acesso ou
perecíveis. Deve-se observar que neste momento é importante fazer um cabeçalho com a
indicação do conteúdo; a referência bibliográfica de acordo com as normas da ABNT;
resumos do pensamento do autor, com citações literais e finalmente com comentários pessoais
acerca do que foi lido.

Análise: deve ser realizada após a ordenação das fichas de acordo com seu conteúdo. A
análise pressupõe a confiabilidade da avaliação realizada.

conclusão: o pesquisador deve estar atento aos objetivos da pesquisa e se relacionem aos
dados analisados e não a possíveis inferências que não reflitam o material pesquisado.

Lembre-se: quando a pesquisa bibliográfica faz parte de uma investigação é


chamada de revisão bibliográfica.
75
Fontes
primárias?
Secundárias?

3.3.3 Pesquisa documental

A pesquisa documental se caracteriza por utilizar documentos contemporâneos ou


antigos, autênticos, ou seja, sua origem garante que não são fraudados. Para Pádua (1999)
documento é “toda base de conhecimento fixado materialmente e suscetível de ser utilizado
para consulta, estudo ou prova” e; tomando sua origem latina, documentum seria, “aquilo
que ensina ou serve de exemplo ou prova” (p.63). Segundo Teixeira (2002, p. 119) os dados
coletados são fundamentalmente aqueles que ainda “não receberam organização, tratamento
analítico e publicação”(p. 119).

Os documentos podem ser classificados como fontes primárias ou secundárias, o


que significa caracterizá-los segundo o tratamento que receberam, ou seja, se contêm ou não
dados sistematizados.

Fontes primárias são os próprios documentos como, por exemplos:


Obras originais.

Resoluções.

Correspondência pessoal e
comercial.

Revistas, jornais, anuários e boletins,


livros.
Relatórios internos e emitidos por um
órgão responsável.

Documentos de associações, sindicatos,


igrejas, hospitais.

Atas de congresso e comunicações


apresentadas em congresso.

Teses e trabalhos universitários


elaborados para obtenção de títulos e
graus.

Patentes.
76

Fontes secundárias são aquelas que foram sistematizadas e elaboradas por


instituições reconhecidas e confiáveis, como por exemplos:

Relatórios de instituições, empresas e


organizações.
Anuários estatísticos.

Bancos de dados.

Sistemas de bibliotecas.

Catálogos.

Enciclopédias.

Também têm sido considerados como “documentos” registros que não estão
organizados na forma de textos escritos como fotos, filmes e audiovisuais.

Etapas da coleta e análise dos dados


 Seleção das fontes: a escolha dos documentos não é aleatória, ou seja, há idéias,
propósitos, intenções que dirigem a sua seleção.

 Análise dos dados: depois que os documentos são selecionados, o pesquisador deve dar
início à análise dos dados, que em geral é feita utilizando-se da metodologia da análise de
conteúdo. Esta proposta de tratamento dos dados possibilita abordar o conteúdo de diferentes
maneiras e ângulos, propondo unidades de análise que variam desde as temáticas, ou a
contagem de palavras ou expressões, possibilitando ainda o uso de diferentes enfoques a
serem trabalhados; um pesquisador pode escolher os políticos; outro o da comunicação; outro
o psicológico; outro, o filosófico e assim por diante. Há dois tipos de unidade: unidade de
registro e a unidade de contexto (LÜDKE & ANDRÉ, 2003).

 Unidade de registro: são segmentos específicos, como por exemplo, uma palavra,
expressão, personagem, frase, que são recorrentes no texto.
77

 Unidade de contexto: o pesquisador explora mais o contexto em que uma determinada


unidade ocorre e não apenas sua frequência. Portanto, o tipo de unidade escolhida
atinge diretamente o conteúdo final da pesquisa.

Registro dos dados coletados: também há muitas variações para o registro, que podem ser
anotações no próprio material, ou a construção de esquemas próprios como quadros,
diagramas e outras que forem convenientes ao pesquisador e que o auxilie na visualização das
informações presentes no material coletado.

Categorização: após organizar os dados, o pesquisador já poderá estabelecer categorias.


Não existem normas fixas para o estabelecimento de categorias. Elas surgem do material
coletado e do quadro teórico que o pesquisador dispõe. Com o conjunto de categorias
estabelecido, o pesquisador deve aprofundar, ampliar seu conhecimento descobrindo novas
possibilidades e ampliando sua visão.

Conclusão: o pesquisador deve realizar uma nova avaliação das categorias quanto a sua
abrangência e delimitação, para então, chegando a conclusão de que as fontes já respondem
ao objetivo do trabalho, finalizar o estudo.

Lembre-se: fontes primárias são os próprios documentos; fontes secundárias são


aquelas que foram sistematizadas e elaboradas por instituições reconhecidas e
confiáveis.

Vamos
delimitar o
problema!

3.3.4 Pesquisa participante

Segundo Brandão (1981) a pesquisa participante é assim denominada, porque


todos os integrantes do processo participam das diferentes fases da pesquisa, desde a
delimitação do problema a ser investigado até o retorno dos dados investigados. Ela também é
denominada por alguns autores de pesquisa-ação. Tal nomenclatura decorre da influência
78

americana; o termo pesquisa participante é de origem francesa e adotada pelos pesquisadores


latino-americanos.

O objetivo da pesquisa participante é “a conscientização do grupo para uma ação


conjunta em busca da emancipação” (ANDRÉ, 1995, p.32); e devemos ressaltar que há um
sentido claro neste tipo de pesquisa, ou seja, o de partir de um problema definido pelo grupo,
usar instrumentos e técnicas de pesquisa para conhecer esse problema e delinear um plano de
ação que traga algum benefício para o grupo. Além disso, há uma preocupação em
proporcionar a essas classes sociais um aprendizado de pesquisa da própria realidade para
conhecê-la melhor e, conhecendo-a, poder atuar eficazmente sobre ela, transformando-a
(ANDRÉ, 1995, p.33)

A pesquisa participante, segundo Haguette (1999), “envolve um processo de


investigação, de educação e de ação” (p.146), uma vez que o conhecimento da realidade, leva
a construção de uma proposta de intervenção nessa realidade, executada pelos próprios
envolvidos no processo, buscando sempre incentivar o desenvolvimento autônomo e a
superação dos problemas identificados no processo de pesquisa. Pode-se dizer que é uma
atividade de investigação em educação voltada para a ação, pois a idéia de participação
envolve a “presença ativa dos pesquisadores e de certa população em um projeto comum de
investigação que é ao mesmo tempo um processo educativo, produzido dentro da ação”
(HAGUETTE, 1999, p.163).

Brandão (1981) considera três aspectos importantes na pesquisa participante: 1)


elaboração do saber orgânico de classe (relação sujeito/objeto de pesquisa) é garantida pelas
possibilidades de participação direta de diferentes sujeitos e grupos populares; 2)
possibilidade de determinar a utilização do saber produzido; 3) aproximação entre o
conhecimento científico e o popular.

Segundo Haguette (1999) os elementos mais importantes da pesquisa participante


são: 1) Realização conjunta da investigação e da ação; 2) Atuação concomitante entre
investigador e investigado; 3) Opção ideológica favorável aos desfavorecidos (oprimidos); 4)
Objetiva a transformação social ou a mudança da situação objetiva (p.147).

Lembre-se: pesquisa participante “envolve um processo de investigação, de


educação e de ação”.
79

Como eram as
relações entre
escravos e senhores
no Brasil Colonial?

3.3.5 A Pesquisa sócio-histórica

A pesquisa sócio-histórica surge como oposição à história tradicional, positivista.


Segundo Bourke (1992) no paradigma tradicional, “a história diz respeito essencialmente à
política” (p.10), é objetiva, uma narrativa de acontecimentos, centrada nos grandes feitos, nos
heróis, e está baseada em documentos oficiais. Com a nouvelle historie o interesse voltou-se
para toda a atividade humana, questionou a neutralidade inserindo a perspectiva da
relatividade cultural, revelando opiniões de pessoas comuns e suas experiências de mudança
cultural e considerou como evidências históricas os dados visuais, registros icnográficos,
orais, dados populacionais, entre outros.

A compreensão científica da existência do homem em sociedade exigiu uma


aproximação entre a sociologia e a história. Os debates travados entre os pesquisadores
revelavam diferentes questões teóricas e objetos/temas de cada uma, e resguardadas as
identidades, apontaram para uma aproximação entre as duas áreas.

Novos pressupostos foram lançados por essa forma de interpretação, entre eles, a
compreensão de que não existe um tempo único, linear e homogeneamente construído, mas
sim vários tempos, várias histórias, em movimento, em transformação, e ainda que, entre o
passado e o presente há uma relação inconclusa, de forma que o passado possa ser entendido a
partir do presente e o presente possa ser entendido a partir do passado (LE GOFF, 1995).

Segundo Reis (1998) a prática da interdisciplinaridade, ou a aproximação entre a


sociologia e a história ocorreu em três momentos:

1 - A história tomou conhecimento das ciências sociais que emergiam, da sua


percepção do mundo humano com outra temporalidade;
2 – Os novos historiadores constaram a impossibilidade da cooperação
interdisciplinar se mantivessem a mesma representação do tempo histórico
tradicional;
3 – Os novos historiadores fizeram um combate no interior da disciplina histórica
por uma nova representação do tempo histórico que tornasse possível a colaboração
com as ciências sociais (p.30).
80

A pesquisa sócio-histórica, de acordo com Demartini (1998) pretende apreender


“modos de vida passados e representações sobre vivências de grupos sobre os quais ainda
muito pouco se pesquisou” (p. 66).

Essa nova forma de fazer história criou a possibilidade do delineamento de outros


objetos históricos, outras histórias, em que passado e presente se interpenetram. A história
material, social, das doenças, do clima, da criança, da sexualidade, da escola, dos costumes,
das mentalidades, das mulheres, dos jovens, faz ressurgir o homem do povo, concreto, real, da
produção material, que fala, casa, sente, vota, mantém ou cria hábitos, enfim existe, e que foi
desprezado pela tradição positivista de fazer história. Esse modo de fazer história valida
objetos e fontes, que até então haviam sido marginalizados e desconsiderados, e ainda que
refaz a noção de tempo histórico permitindo que cada pesquisa desenvolva criativamente as
suas relações entre passado e presente.

Lembre-se: pesquisa sócio-histórica apreende “ modos de vida passados e


representações sobre vivências de grupos sobre os quais ainda muito pouco se
pesquisou”.

Esta caso vai


dar certo!

3.3.6 Estudo de caso

O estudo de caso é um tipo de pesquisa que consiste na observação detalhada de um


contexto de um indivíduo de uma única fonte de documentos ou de um acontecimento
específico (BOGDAN & BIKLEN ,1994).

Em sua maioria este tipo de estudo é descritivo e a coleta de dados consiste na


utilização da técnica de observação participante, entrevistas, centrando-se numa organização
particular, como a empresa, o quartel, a escola, a universidade, a invasão ou em algum
aspecto particular desses fenômenos, sendo que comumente estes estudos centram-se: 1) em
um local específico da organização; 2) em um grupo específico de pessoas; 3) em qualquer
atividade da organização. O pesquisador deve ter o cuidado e a sensibilidade necessários
81

para, ao entrar em contato com a realidade, deixar que o foco saia do próprio contexto, uma
vez que a dinâmica da realidade pode alterar ou apagar aquilo que o pesquisador procurava.

Quando os pesquisadores estudam dois ou mais assuntos, ou ambientes ou bases,


realizam estudos de caso múltiplos, e quando estudam dois ou mais casos com a finalidade
de comparar e contrastar os dados fazem estudos de caso comparativos.

Há diversas formas de estudo de caso, dentre eles os autores destacam a História de


Vida e afirmam que quando a mesma é feita por historiadores denomina-se tradição oral.
Nesta forma não há uma “escolha” antecipada do “tipo” de pessoa que será entrevistada; ao
contrário, o pesquisador conhece alguém que o impressiona, que tem uma certa singularidade
e, a partir disto, propõe-na como objeto de estudo. Estas pessoas podem ser famosas e com
elas os investigadores pretendem obter detalhes da vida pública através de alguém que as
vivenciou de perto; ou podem ser pessoas comuns, e com eles suas intenções são relativas ao
modo como o cidadão comum vê/percebe a história. As entrevistas realizadas com essas
pessoas podem abarcar a vida inteira do sujeito investigado, outras se referirem a um período
específico de sua vida, ou sobre um aspecto particular de sua vida.

Para os autores, uma das dificuldades do estudo de caso é a mudança da realidade,


que ocorre permanentemente, levando o pesquisador a redefinir seu objetivo e continuar o
estudo. Apesar de ter como princípio da pesquisa a flexibilidade, o pesquisador deve
estabelecer o final da pesquisa, sob pena de coletar tantos dados que inviabilizem a sua
análise, ou de não conseguir terminá-la por estar sempre alterando seus objetivos.

Lüdke & André (2003) apresentam as características do estudo de caso:

1. Visa a descoberta: o conhecimento não é algo acabado, é um processo de


construção e desconstrução permanente.

2. Enfatiza a interpretação em contexto: é necessário levar em conta o contexto no


qual o objeto se situa.

3. Busca retratar a realidade de forma completa e profundamente: o investigador


tenta mostrar as diferentes dimensões inerentes ao problema em foco.

4. Usa várias fontes de informação: os dados são de diferentes fontes e momentos.


Se o estudo for feito em uma escola, serão investigados: salas de aula, refeitório, sala
de professores, no horário da entrada e da saída, no início, meio e final do ano letivo,
entrevistando professores, alunos, técnicos etc.
82

5. Podem representar os diferentes pontos de vista existentes numa dada realidade e


por vezes conflitantes: há o princípio de que a realidade pode ser vista de diferentes
pontos de vista, não existindo uma realidade única.

6. Os relatórios de pesquisa utilizam linguagem mais acessível: os relatórios escritos


apresentam um estilo mais informal, narrativo, ilustrado ou podem ser utilizadas
outras formas de apresentação dos dados como slides, dramatizações, fotografias,
mesas redondas etc. O pesquisador se preocupa em ser claro, direto e se aproxima ao
máximo da experiência pessoal do leitor.

A seguir, o gráfico que sintetiza os três tipos de classificação da pesquisa


apresentados.

Lembre-se: quando os pesquisadores estudam dois ou mais assuntos, ou


ambientes ou bases, realizam estudos de caso múltiplos, e quando estudam dois ou
mais casos com a finalidade de comparar e contrastar os dados fazem estudos de caso
comparativos.

TIPOS DE PESQUISA

GERA CONHECIMENTOS
(Sem finalidade imediata)
Conhecimento a ser utilizado Exploratória
em Pesquisas Aplicadas
Descritiva
Pesquisa
Pura Explicativa

Quanto à Quanto ao Quanto ao


Nível Procedimento
Finalidade

Experimental
Pesquisa
Aplicada Bibliográfica

Documental
GERA PRODUTOS
OU PROCESSOS Sócio-histórica
(Com finalidade imediata)
Utiliza conhecimentos Participante
gerados pela Pesquisa
Pura. Estudo de caso
83

O que você faz


para evitar a
3.4 TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS poluição
marítima?

Técnicas segundo Andrade (2003, p. 135), “são os conjuntos de normas usadas


especificamente em cada área das ciências, podendo-se afirmar que técnica é a
instrumentação específica da coleta de dados”. No processo de pesquisa existem meios de
obtenção dos dados que podem estar nos livros (pesquisa bibliográfica), nos documentos
(pesquisa documental) e no campo de ação do pesquisador (pesquisa de campo). As
pesquisas obtidas nos livros, monografias, dissertações, teses e artigos científicos, e nos
documentos (censos demográficos, relatórios de pesquisas, certidões, cartas e outros) são
denominados fontes de papel. Hoje, com a modernização dos meios de informação, muitos
dos dados que eram encontradas nas fontes de papel, encontram-se em fitas de vídeo, CD
room, microfilmes etc. Embora esses dados não sejam fornecidos diretamente por pessoas,
não significa que eles tenham menos importância de que aqueles obtidos diretamente das
pessoas. Eles podem proporcionar resultados tão bons ou melhores que estes. As pesquisas
obtidas no campo, como, levantamentos (survey), estudos de campo e estudos de caso,
necessitam de técnicas específicas através da observação e a interrogação. São dessas
técnicas que trataremos a seguir, uma vez que no capítulo anterior já sugerimos o tratamento
das fontes de papel (BASSALO & PIMENTEL, 2003).

3.4.1 Observação

A observação é o uso dos sentidos para obter conhecimentos necessários sobre o


quotidiano; em alguns casos, ela é considerada como método de investigação. No estudo
etnográfico, o pesquisador se vale da observação dos grupos sociais para obter as informações
necessárias a sua pesquisa (GIL, 1994). Ela pode ser de três tipos: observação simples;
observação participante; e observação sistemática.
84

a) Observação simples
A observação simples é aquela em que o pesquisador observa os fatos de maneira
espontânea, como um mero espectador, sem que o grupo social observado perceba-o. Sua
intenção primeira é obter dados iniciais para sua pesquisa, avaliando os sujeitos, o cenário e o
comportamento social do grupo a ser estudado. Para tanto, faz-se necessário que sejam
registradas, no diário de campo, todas as impressões obtidas. No filme “Dança com lobos”,
protagonizado e dirigido por Kevin Costner, o oficial Dunbar, do exército americano, durante
a Guerra Civil, decide servir em uma região indígena, próxima à terra dos índios Sioux. Ao
chegar ao acampamento, não havia nenhum exército a sua espera. Durante muitos dias ele
fica só e registra diariamente, em um diário, todas as impressões e ocorrências. Ao final da
trama, é o diário de campo que o salva da possível punição ou condenação pelo exército
americano. Outros meios podem ser utilizados no registro da observação, como filmadoras e
máquinas fotográficas. Mas há situações em que esses meios podem ser inadequados para o
pesquisador, causando constrangimento ao grupo observado. Por exemplo, se o pesquisador
quiser avaliar se determinada técnica de dinâmica de grupo facilita a interação entre
marinheiros, ele pode observar antes o comportamento dos marinheiros sem a técnica para
obter subsídios e posteriormente, aplicar a técnica para alcançar seus objetivos.

b) Observação participante
A observação participante requer a participação ativa do pesquisador na vida do
grupo social a ser investigado. Neste caso, o pesquisador deve se integrar ao grupo
participando ativamente na sua vida cotidiana a fim de colher as impressões necessárias ao
seu estudo. A integração do pesquisador na vida de um grupo ou comunidade, não é tarefa
fácil. Em geral, há uma tendência natural dos grupos se fecharem impedindo, ao pesquisador,
a obtenção das informações. Diante de alguns obstáculos enfrentados pelo uso da observação
como técnica de coleta de dados, ela pode assumir duas formas: a primeira é a observação
natural, quando o pesquisador se identifica para o grupo social a ser observado. Para tanto, ele
deve conquistar a confiança do grupo a fim de obter as informações desejadas para seu
estudo. A outra forma é a observação artificial. Neste caso, o pesquisador precisará integrar-se
ao grupo a ser investigado com “disfarce”, ou seja, ele deve omitir seu objetivo durante a sua
presença e permanência no grupo no período de estudo. Essa não é uma das tarefas mais
simples para o pesquisador, dependerá muito da receptividade ou hostilidade do grupo com
85

relação a sua presença no meio. Dependerá, de certo modo, do desafio e da experiência do


pesquisador. No mesmo exemplo citado anteriormente, o pesquisador pode se integrar ao
grupo, identificando-se e declarando seu objetivo a todos. A receptividade do grupo
dependerá da habilidade do pesquisador.

c) Observação sistemática
A observação sistemática é utilizada em geral, para a descrição precisa dos
fenômenos ou para testar hipóteses. Para tanto, é necessário que o pesquisador já possua
detalhes mais precisos acerca do grupo social a ser estudado. Para que a observação
sistemática seja feita, é necessário que o pesquisador elabore antecipadamente um plano
específico incluindo as categorias necessárias que serão sistematicamente observadas. Para
que isso seja realizado, há necessidade de estudos exploratórios prévios. Assim sendo, o
pesquisador organiza um plano contendo uma série de categorias prováveis, listadas em
fichas. A partir delas, o pesquisador observa sistematicamente o grupo para avaliar aquelas
que geram comportamentos durante um determinado período para que, ao final da
observação, elimine as categorias insignificantes para a ocorrência do fenômeno. Por
exemplo, se o pesquisador desejar conhecer o grau de interação entre marinheiros para
avaliar problemas de comunicação, avaliação, controle, decisão, redução de tensão e de
reintegração, ele necessitará de um estudo exploratório prévio para arrolar em suas fichas
todas as categorias previsíveis, e, em cada observação, ele deverá assinalar as freqüentes,
para que ao final, as marginais (insignificantes), sejam eliminadas.

Lembre-se: a observação pode ser simples,


participante ou sistemática.

3.4.2 Entrevista

A entrevista é uma técnica de coleta de dados em que o investigador se apresenta


frente ao investigado e lhe formula perguntas, com o objetivo de obter informações (dados)
referentes à investigação. Ela pode ser de quatro tipos: informal; focalizada; por pautas; e
estruturada.
86

a) Entrevista informal
A entrevista informal é indicada para obter informações preliminares ao
pesquisador que ainda não está familiarizado com a realidade que ele deseja conhecer. Para
tanto, é necessário que ele escolha informantes que lhe forneçam uma visão aproximativa do
objeto em questão. Num segundo momento, ele opta pela entrevista mais adequada ao seu
objeto de investigação. No campo da psicologia este tipo de entrevista é denominado de
entrevista clínica. Outros autores denominam-na de entrevista não-dirigida. Por exemplo, se
o pesquisador deseja conhecer o nível de atendimento dos Cursos de Formação de Oficiais
da Marinha Mercante, considerando o grau de satisfação do alunado e suas perspectivas
quanto ao ensino e sua inserção no mercado de trabalho, necessário seria a princípio, obter
informações dos alunos concluintes, pela experiência que eles possuem nos cursos.

b) Entrevista focalizada
A entrevista focalizada pouco se diferencia da entrevista informal. No entanto, na
pesquisa focalizada, o entrevistador tem em foco uma determinada informação em foco. Por
exemplo, se o pesquisador tem como foco “medidas de combate a incêndio em navios”, ele
deverá conduzir o entrevistado sempre em direção a este foco. Por isso, todas as vezes que
o entrevistado se desvia do objetivo, o entrevistador deve ter o cuidado de retomar ao
assunto para que ele obtenha os dados necessários e não perca tempo com assuntos
desnecessários. Cabe, portanto, habilidade do entrevistador em não causar constrangimento
no informante a fim de que ele forneça as informações esperadas.

c) Entrevista por pautas


A entrevista por pautas, diferentemente da informal e da focalizada, apresenta uma
relação de pontos que serão abordados durante a entrevista: as pautas que servem de guia
para as perguntas que serão feitas ao entrevistado. As perguntas, que devem ser poucas, são
elaboradas durante a entrevista, deixando o entrevistado livre para responder, e à medida em
que ele vai respondendo, as perguntas seguem os pontos constantes do plano estabelecido.
Aqui, do mesmo modo, cabe ao entrevistador, a habilidade de não deixar que o entrevistado
desvie suas respostas das pautas definidas.
87

d) Entrevista estruturada
A entrevista estruturada é constituída de uma relação fixa de perguntas que podem
ser fechadas (existem as alternativas nas respostas às perguntas para serem assinaladas,
sendo, portanto, objetivas), abertas (o entrevistado responde às questões formuladas, sendo,
portanto, subjetivas) e questões duplas ou mistas (existem questões fechadas e abertas e o
entrevistado opta por uma das questões e justifica sua escolha). A entrevista estruturada é
adequada para obtenção de dados quando se pretende quantificar o fenômeno. Isso envolve
um maior número de pessoas a serem entrevistadas. Por exemplo, “nível de satisfação dos
alunos do Curso de Formação de Oficiais – CIABA”. Para tanto, é necessário dispor de
pessoas treinadas, que obtenham o resultado com rapidez, tenham habilidade para tratar o
entrevistado e não interfiram nas suas respostas.

Lembre-se: a entrevista pode ser informal, focalizada,


por pautas ou estruturada.

3.4.3 Questionário

O questionário é uma das mais importantes técnicas disponíveis para a obtenção de


dados nas pesquisas sociais. É uma técnica composta de um número mais ou menos elevado
de questões apresentadas por escrito às pessoas, como o objetivo de conhecer opiniões,
crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas. Tal técnica pode ser
confundida com a entrevista estruturada, pois apresenta questões; no entanto, sua
característica principal é que ele é impessoal, ou seja, dispensa a presença do entrevistador.
No entanto, uma de suas limitações é que ele só pode ser enviado às pessoas que sabem ler e
escrever. Pelo fato de o questionário não requerer a presença do entrevistador, já que é
autoaplicável, ele pode ser enviado por correios convencional e/ou eletrônico, tornando-se
uma técnica de coleta de dados mais acessível economicamente ao pesquisador. Tanto quanto
a entrevista estruturada, o questionário possui questões fechadas, abertas e mistas e é utilizado
para quantificar o fenômeno pesquisado. Porém, deve ter um número mínimo de questões a
fim de não cansar o informante. O questionário supre dificuldades de acesso enfrentadas pelo
pesquisador. Também serve para complementar pesquisas qualitativas. Por exemplo, se o
pesquisador quiser obter informações em um município ao qual ele não poderá deslocar-se até
88

lá, o questionário pode ser um recurso. No entanto, dependerá dos critérios e decisões
adotados pelo pesquisador. Devemos ter alguns cuidados ao elaborar as questões de um
questionário, dentre os quais, a linguagem, a ordenação e a objetividade.

a) Linguagem: compatível com o nível de intelectualidade dos informantes,


utilizando expressões compreensíveis aos entrevistados, evitando o uso de palavras
pouco correntes ou frases complexas;

b) Ordenação: iniciar com questões mais simples e terminar com as mais


complexas;

c) Objetividade: as questões devem ser “neutras” não induzindo a resposta,


evitando a resposta por suposições, indícios ou palpites ou a utilização de adjetivos
que impliquem em avaliações subjetivas como ruim, maravilhoso, etc, não
utilizando questões supérfluas que nada acrescentem aos objetivos e, finalmente, não
requerer que para responder o pesquisado precise de outra pessoa;

d) Respostas exatas: estruturadas de modo que não provoquem dúvidas ou


contradições.
Lembre-se: a entrevista é pessoal; o questionário é impessoal.
3.5 ANÁLISE DOS DADOS, CRÍTICA DA DOCUMENTAÇÃO E DAS LEITURAS
SELECIONADAS

Como eu
organizo os
dados?

3.5.1 Organização dos dados coletados na observação

Há muitas formas de realizar o registro das observações, as quais podem ser criadas
ou reinventadas pelo pesquisador. Faremos aqui as recomendações que poderão facilitar o
trabalho do pesquisador que optar por utilizar esta técnica de coleta de dados. As
observações podem ser anotadas (escritas), gravadas ou filmadas, mas a forma mais
freqüente de registro é a escrita.
89

O pesquisador deve ter em mente que, ao realizar as anotações durante a


observação, isto pode comprometer sua interação com o grupo. Por outro lado, anotações
realizadas após a observação apresentam o risco de distorção dos dados pela subjetividade
do pesquisador ou a perda de dados importantes pela natureza falível da memória. Caso seja
a forma escolhida pelo pesquisador, este deve realizá-las o mais breve possível, para que seu
papel não seja questionado no grupo pelo “esquecimento” de dados importantes.

O observador deve anotar dia, hora, local e o período de duração, deixando um


espaço na margem para efetuar observações ou inserir códigos. É preciso diferenciar também
as informações que são descrições, daquelas que são falas, citações ou observações pessoais
do investigador, e, quando a situação for diferente ou mudar o personagem, deve-se mudar
de parágrafo.

O tipo de material onde serão feitas as observações depende diretamente do


pesquisador, que poderá usar um bloco pequeno, folhas avulsas que depois serão colocadas
em um fichário ou um caderno grande.

3.5.2 Organização dos dados coletados na entrevista

A entrevista é uma das principais técnicas de utilizadas na pesquisa em educação.


Mais do qualquer outro instrumento, a entrevista cria uma relação de interação entre o
pesquisador e o entrevistado. Ao iniciar uma entrevista o pesquisador deve estar atento ao
roteiro estabelecido e às respostas não verbais do entrevistado, como gestos, expressões
faciais, mudança de postura, entonações, sinais nãoverbais, hesitações, enfim toda a
comunicação não verbal que se estabelece entre pesquisador e entrevistado.
Há duas grandes formas de registro das entrevistas: a gravação e a anotação durante
a entrevista. Vejamos, a seguir, cada uma delas.

a) Gravação
A gravação registra todas as expressões orais imediatamente, deixando o
pesquisador com toda sua atenção voltada para o entrevistado. Porém ela só registra o que
foi dito, as expressões orais, “perdendo” as expressões gestuais que indicam o “estado” geral
do entrevistado como o constrangimento ou desconforto na entrevista. Por outro lado, a
naturalidade pode ser perdida, pois a gravação pode inibir o entrevistado.
90

Devemos ressaltar que uma das dificuldades da gravação é o depois, ou seja, o


momento da transcrição das fitas. Esta etapa é bastante trabalhosa: o pesquisador dedica
horas nesta tarefa e obtém um material em estado bruto; ou seja, terá que separar aquilo que
é importante e fundamental para sua análise.

b) Anotação durante a entrevista


A anotação durante a entrevista deixará de lado muito daquilo que foi dito, e
exigirá do pesquisador atenção para esta tarefa e tempo para realizá-la. Ou seja, o
pesquisador descentra-se do seu objeto que é o entrevistado. Porém as notas já apresentam
uma seleção do que é mais importante ou significativo para o pesquisador e exigem
habilidade do entrevistador para anotar e ao mesmo tempo manter um clima de interesse pela
fala do entrevistado.
Alguns pesquisadores podem preferir combinar as duas formas, porém, em ambas é
necessário que o entrevistado saiba os objetivos da entrevista, e que as informações obtidas
serão utilizadas para fins de pesquisa. Portanto, o aceite, a concordância do entrevistado é
fundamental para que a entrevista decorra e a gravação ou as notas possam ser tomadas
adequadamente.

3.5.3 Análise dos dados da observação e da entrevista

Pesquisadores mais experientes podem ao longo da organização do material


coletado, realizar análises, apreendendo o que pode ser indicado no relatório ou indicado
como conclusões. Porém, como regra geral, especialmente para os iniciantes, recomenda-se
que o material obtido com as entrevistas ou com as observações deve:
 ser dividido em partes, buscando relacioná-las e obter tendências e padrões relevantes;
 reavaliar os padrões e tendências buscando inferências num nível de abstração mais
elevado.

Para tanto, Bogdan & Biklen (1994) recomendam cinco (5) procedimentos que
evitam que ao final da coleta o material seja confuso, quais sejam: delimitação progressiva
do foco d estudo; formulação de questões analíticas; aprofundamento da revisão de
literatura; testagem de ideias junto aos sujeitos; e uso extensivo de comentários, observações
e especulações ao longo da coleta. Então vejamos:
 Delimitação progressiva do foco do estudo: delimita-se a problemática
investigada, e reconhece-se que nem tudo é importante;
91

 Formulação de questões analíticas: A elaboração de questões favorece a


sistematização dos dados, possibilitando a articulação entre os pressupostos
teóricos e os dados da realidade;
 Aprofundamento da revisão de literatura: Relacionar as descobertas com o
que já existe na literatura específica da área auxilia a tomada de decisões
acerca do material coletado;
 Testagem e exame de idéias junto aos sujeitos: Alguns sujeitos da pesquisa
podem auxiliar o pesquisador nas suas percepções e conjecturas;
 Uso extensivo de comentários, observações e especulações ao longo da
coleta: O pesquisador não deve limitar-se a descrever a realidade, mas também
a registrar também suas observações e especulações.
Conforme Lüdke & André (2003), a análise deve ser processada levando-se em
conta quatro aspectos a seguir:
 estabelecimento de categorias descritivas: os estudos teóricos podem indicar
categorias, bem como as mesmas podem “emergir” do material coletado;
 divisão em partes: é necessário inteirar-se do material (através da leitura e
releitura) de tal modo que seja possível localizar o conteúdo manifesto ou
latente;
 codificação: classifica os dados a partir de categorias, usando números, letras,
símbolos, ou outras formas pessoais de anotação. Isto pode ser feito de
diferentes maneiras: no próprio material (margens), imprimindo novamente ou
fotocopiando, de modo que permita o recorte e colagem por categoria, ou
criando fichas;
 proposição: o pesquisador deve ultrapassar a descrição do dado, estabelecendo
novas conexões ou nexos que possibilitem a proposição de novas explicações e
interpretações, acrescentando algo novo ao já conhecido.

3.5.4 Organização e análise dos dados coletados no questionário

Os dados obtidos na aplicação do questionário podem ser agrupados e tabulados.


Tabulação é o momento de agrupar e contar os casos. A tabulação pode ser simples ou
cruzada. A simples se refere na contagem da frequência das categorias, de cada grupo. A
cruzada se refere à contagem dos casos que estão presentes em duas ou mais categorias. A
seguir, exemplos:
92

Tabulação simples

Preferência ao CFO N %
Feminino
Masculino
Total 200 100

Tabulação cruzada

Preferência Idade
ao CFO 16 à 18 19 à 21 Total
N % N % N %
Feminino 45 22,5 53 26,5 98 49
Masculino 71 35,5 31 15,5 102 51
Sub-total 116 58 84 42 200 100

A apresentação da tabulação pode ser realizada em tabelas ou gráficos,


possibilitando a análise estatística, como vimos. Porém, a análise estatística não é suficiente,
pois é necessário interpretar os dados a partir de teorias, para que essa interpretação seja de
fato significativa e possa produzir um grau mínimo de generalização, como o pretendido por
pesquisadores que utilizam essa técnica.

3.6 ETAPAS DA PESQUISA

A realização da pesquisa envolve um processo bem articulado entre as diversas etapas


que culminarão no resultado ao qual se propôs o aluno-pesquisador, que vão da escolha do
tema e da formulação do problema, à elaboração do projeto, à escolha adequada dos métodos
e técnicas de pesquisa, das fontes de pesquisa e do tempo necessário para a sua realização.
Tais etapas são:
1) Escolha do tema e formulação do problema;
2) Construção das hipóteses;
3) Redação da Justificativa;
4) Formulação dos objetivos;
5) Definição do referencial teórico;
6) Metodologia;
7) Escolha dos instrumentos de coleta de dados;
93

8) Cronograma de Execução;
9) Coleta de Dados;
10) Analise e interpretação dos dados;
11) Redação final do relatório de pesquisa (TCC).
Essas etapas serão mais elucidadas na Unidade 4 – A elaboração do projeto de
pesquisa a ser tratado a seguir.
94

4 ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA


Até agora vimos que há as diferentes opções de pesquisa, ressaltando que não há um
“receituário” capaz de dotar o pesquisador de uma conduta rigidamente normativa com
relação à opção metodológica. No entanto, é inevitável que o pesquisador conheça as
diferentes abordagens. O caminho mais apropriado a seguir, mais eficiente, dependerá do
pesquisador diante de seu objeto de estudo. Para tanto, ele deverá conhecer as diferentes
opções de pesquisa, compreendendo suas limitações e implicações ideológicas e filosóficas, a
fim de escolher os caminhos metodológicos adequados ao seu objeto de pesquisa.

A partir desta decisão, o pesquisador deverá elaborar o seu projeto de pesquisa, a fim
de “mapear” o caminho a seguir no processo de investigação.

Ao final desta unidade, você deve:

 identificar os mecanismos técnicos para a elaboração do projeto;

 elaborar o projeto de pesquisa.

A elaboração do projeto de pesquisa é fundamental para a realização da investigação


acerca do fenômeno que se quer conhecer. Segundo Deslandes (2002), o projeto de pesquisa
representa uma “cartografia de escolhas” para que se possa conhecer o objeto de investigação
científica. Para tanto, é necessário “mapear um caminho a ser seguido durante a
investigação” (p.35). Existem, portanto, três dimensões interligadas que não podem ficar
ausentes no projeto: a dimensão técnica, que envolve as regras científicas e que vai da
definição do objeto à adequação dos instrumentos que possibilitem o conhecimento do
fenômeno; a dimensão ideológica, que diz respeito à base teórica que norteia a interpretação
do fenômeno; e a dimensão científica, que interliga a dimensão técnica e a ideológica através
do método científico, reconstruindo a realidade social. Assim, podemos definir o projeto da
seguinte forma: “é um esquema de coleta, de mensuração e de análise de dados. Serve como
instrumento ao cientista auxiliando-o na distribuição de seus recursos, que na maioria das
vezes são limitados”. (BARROS & LEHFELD, 2000, p.18)

Para Fachin (2003), todas as etapas que constituem o projeto de pesquisa devem estar
vinculadas ao “espírito científico” do pesquisador a fim de que ele não desperdice trabalho em
vão, visto que o projeto conduz à cientificidade.
95

O projeto de pesquisa é uma sequência de etapas estabelecidas pelo pesquisador, que


direciona a metodologia aplicada no desenvolvimento da pesquisa. No campo das
ciências, não se trabalha com pesquisa por casualidade; o resultado é fruto de um
projeto elaborado, que tem em vista conduzir à cientificidade (p.105).

Para Deslandes (2002) o projeto de pesquisa direciona o pesquisador aos “rumos” que
ele deve seguir no processo de investigação.

Fazemos um projeto de pesquisa para mapear um caminho a ser seguido durante a


investigação. Buscamos, assim, evitar muitos imprevistos do decorrer da pesquisa
que poderiam até mesmo inviabilizar sua realização. Ele indica ao pesquisador os
rumos do estudo (o que pesquisar, como, por quanto tempo etc.) (p.35).
Não é possível realizar pesquisa com improvisação. Isso acarretaria problemas ao
pesquisador, tornando seu trabalho inútil, com prejuízos de tempo e recursos. “Fazer um
projeto de pesquisa é traçar um caminho eficaz que conduza ao fim que se pretende atingir,
livrando o pesquisador do perigo de se perder, antes de tê-lo alcançado” (RUDIO, 1986,
p.55).

Na elaboração do projeto de pesquisa, três passos são necessários: a seleção do tema e a


formulação do problema; a formulação da(s) hipótese(s) que levem à solução do problema; e
a escrita do texto e seus elementos (justificativa, objetivos, referencial teórico, metodologia,
cronograma, referências), os quais, apresentamos a seguir.

4.1 SELEÇÃO DO TEMA E FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

4.1.1 Tema e problema

Todo fenômeno a ser investigado se insere num quadro geral de problemas. Cabe ao
pesquisador “retirar” desse quadro geral o problema a ser investigado. “O tema da pesquisa
indica uma área de interesse a ser investigada. Trata-se de uma delimitação ainda bastante
ampla” (DESLANDES, 1994, p. 37). Ao definir, portanto, o tema, é necessário que haja “um
recorte mais preciso”. Para tanto, é necessário fazer perguntas ao tema a fim de elaborar o
problema. Na acepção científica, problema “é qualquer questão não solvida e que é objeto de
discussão, em qualquer domínio do conhecimento” (GIL, 1994:52), ou “É um fato, algo
significativo, que a princípio não possui respostas explicativas, pois a solução, a resposta ou a
explicação será dada por intermédio do desenvolvimento da pesquisa” (FACHIN, 2003,
p.109).
96

Nesse sentido, o tema tem um caráter geral, o problema tem um caráter específico,
delimitado. Por isso, ao elaborar o problema, ele deve estar situado no quadro geral que pode
ser auxiliado pelas seguintes questões:

O que fazer? Como fazer? Qual é a temporalidade? Onde fazer? O que fazer?
Como fazer?
Para um melhor esclarecimento, exemplificaremos no esquema a seguir:

Tema: NAVEGAÇÃO E CONTROLE AMBIENTAL

O que fazer? Sobre “navegação e controle ambiental”?

Como fazer? Estabelecendo relação entre as variáveis - fenômenos que ocorrem mais de uma
vez – Navegação (marítima, fluvial?); controle ambiental (legal, operacional?); controle
contra o quê (bioinvasões, resíduos poluentes?).

Qual a temporalidade? (No ano em curso, no ano passado?).

Onde fazer? (Na Amazônia, no Brasil?).


Problema: Como inibir o risco de novas bioinvasões pela a água de lastro nas águas
brasileiras?

No problema apresentado, a inibição de novas bioinvasões representa a variável


contida no CONTROLE. A água de lastro delimita o problema a ser investigado, pois o
controle dos portos brasileiros poderia ser contra outras variáveis, tais com: tráfico de drogas,
contrabando de mercadorias etc. Portanto, definido o tema e escolhido o problema, o
pesquisador pode definir diretrizes a seguir no processo de elaboração do projeto de pesquisa.

4.1.1.1 Regras básicas para a formulação do problema

Embora não exista um “receituário” para a formulação do problema, uma vez que não
é tarefa simples, pois requer um exercício intelectual, a experiência de pesquisadores
possibilitam-nos algumas regras básicas, que não são absolutamente rígidas, mas que podem
ajudar o “aprendiz de pesquisador” a formular o seu problema. A não rigidez possibilita ao
97

pesquisador adequá-las ao seu procedimento científico, no momento da formulação do


problema (GIL, 1994). Vejamos a seguir estas regras:

1. O problema deve ser formulado em forma de pergunta. A formulação da


pergunta facilita ao pesquisador a busca da solução à indagação que se constitui seu objeto de
pesquisa.

Ex: Como inibir o risco de novas bioinvasões pela a água de lastro nas águas brasileiras?

2. O problema deve ser delimitado dentro de uma dimensão viável. A delimitação


do problema facilita ao pesquisador chegar aos resultados pretendidos. Quando se formula um
problema muito amplo, a pesquisa torna-se inviável para o pesquisador. Em geral, uma série
de fatores se apresenta diante do pesquisador, tais como: tempo, acesso às fontes de pesquisa,
recursos materiais e humanos, exigências institucionais etc. sugerindo portanto, a delimitação
do seu objeto de investigação.

Exemplo: a água de lastro delimita o campo de abrangência da pesquisa no que se


refere aos inúmeros fatores que seriam objetos de controle nos portos brasileiros.

3. O problema deve ter clareza. Na elaboração do problema é fundamental que os


termos utilizados sejam claros. Alguns conceitos, dependendo da área de estudo possuem
significados diferentes e outras abrangências. Por isso, é necessário deixar claro, de maneira
simples, a fim de evitar ambigüidade na sua interpretação.

4. O problema deve ser preciso. Esta regra se assemelha à regra anterior. No


entanto, a precisão aqui diz respeito aos limites e às possibilidades de aplicabilidade dos
conceitos e variáveis para uma determinada realidade. Por exemplo, a inibição de novas
bioinvasões pela água de lastro é algo de interesse não só dos portos brasileiros, mas também
dos outros portos do mundo. Uma proposta de pesquisa desse tipo teria um campo de
abrangência bem maior do que se possa esperar.

5. O problema deve ter referência empírica. Uma das grandes demandas hoje nas
pesquisas acadêmicas, é o critério empírico, ou seja, a comprovação prática da realidade
investigada dá suporte e credibilidade científica à pesquisa.

Evidentemente que a exigência da prática não tira o mérito das pesquisas que não
passaram por esse critério. Alguns autores chegam a questionar o empirismo nas ciências
humanas. No entanto, cabe ao pesquisador avaliar a necessidade de aplicar os conhecimentos
teóricos à praticidade, afastando juízos de valor.
98

Após seguir essas regras, você pode formular o problema. Mas lembre-se que é
necessário apresentar o quadro problemático, através de uma descrição sucinta.

4.2 FORMULAÇÃO DA(S) HIPÓTESE(S) QUE LEVA(M) À SOLUÇÃO DO


PROBLEMA

4.2.1 Hipótese

A hipótese é a suposta resposta ao problema que se baseia em relações dedutivas, que


podem resultar em novos conhecimentos ou numa teoria. “[...] consiste na passagem dos fatos
particulares para um esquema geral, ou seja, são supostas respostas para o problema em
questão” (FACHIN,op.cit., p.61). Alguns pesquisadores não gostam de trabalhar com
hipóteses, argumentando que é no processo de investigação que se descobre as soluções para
os problemas. Muito embora seja no processo de investigação que o pesquisador descobre as
soluções para o problema investigado, mesmo que as hipóteses sejam negadas, elas serviram
de condução para os resultados obtidos.

No filme “O Nome da Rosa”, baseado no romance policial de Umberto Eco, o monge


franciscano Willian de Basqueville, ao investigar as mortes de monges ocorridas no mosteiro
da Ordem dos Beneditinos, ao formular seu problema de investigação, após eliminar todas as
possibilidades de “verdade” do senso comum e do conhecimento religioso, formula suas
hipóteses e a partir delas, segue suas “pistas” a fim de chegar aos resultados pretendidos.
Portanto, as hipóteses funcionam como “pistas” para o investigador que quer desvendar “os
mistérios” da realidade do mundo natural ou social. Desse modo, as hipóteses devem ter
características básicas a fim de que elas possam ser testadas no processo de investigação
(GIL, op. cit.) . Apresentamos a seguir as características que a hipótese deve conter.

4.2.2 Características da hipótese

1. Deve ser conceitualmente clara. Tanto quanto o problema, na formulação das


hipóteses os conceitos não devem dar margem à ambigüidade a fim de que a hipótese facilite
a operacionalização das variáveis.

Exemplo: Mediante um sistema de controle e gerenciamento da água de lastro dos


navios envolvendo controle de salinidade da água, troca volumétrica e fiscalização portuária,
é possível inibir o risco de novas bioinvasões nas águas brasileiras.
99

2. Deve ser específica. Embora as hipóteses estejam elaboradas de forma clara em


um projeto, nem sempre elas expressam a especificidade que se quer verificar por estarem
demasiadamente amplas, inviabilizando o teste, a comprovação. Daí ser necessário, em alguns
casos, separá-las em ordem hierárquica: a mais ampla e as específicas.

3. Deve ter referências empíricas. O critério empírico nas hipóteses elimina o juízo
de valor. Uma vez que elas serão submetidas ao teste da verificação e da observação,
possibilitando ao pesquisador sua comprovação ou não na realidade.

4. Deve ser simples. Embora a pesquisa envolva um grau de complexidade ao


pesquisador, uma vez que uma série de fatores envolve sua busca na apreensão da realidade, é
necessário que a hipótese seja formulada de maneira simples, tendo possibilidades de
comprovação mais rápida do que se ela fosse elaborada de modo complexo. Essa
característica não elimina o grau de complexidade da pesquisa realizada.

5. Deve estar relacionada com as técnicas disponíveis. No processo de investigação


da realidade, é o objeto que define o método e as técnicas de obtenção dos dados. Por isso, o
pesquisador deve estar atento e conhecer os métodos e as técnicas a fim de perceber os
critérios metodológicos mais adequados no processo de investigação do objeto estudado. Por
isso, nem sempre as hipóteses formuladas podem ser testadas empiricamente. Outras
requerem técnicas específicas disponíveis ao pesquisador. Há situações que impossibilitam o
pesquisador de usar determinadas técnicas, daí o cuidado criterioso na escolha do objeto de
estudo. Por exemplo, se o pesquisador necessita conhecer a preferência político partidária de
uma determinada comunidade analfabeta, o questionário é inadequado uma vez que um dos
seus requisitos é que o informante saiba ler e escrever, já que o questionário é impessoal.
Neste caso, ele terá que usar o recurso da entrevista, que não requer essas habilidades do
informante.

6. Deve estar relacionada como uma teoria. A pesquisa científica não pode
prescindir da teoria, ou seja, não é possível produzir conhecimento científico sem teoria. A
teoria funciona como “lentes” que clareiam a visão o pesquisador acerca de determinado
fenômeno. A teoria científica é o fundamento filosófico-metodológico da pesquisa científica,
pois é ela quem fornece os argumentos conceituais analíticos e explicativos do objeto
pesquisado. Portanto, a hipótese tem que sinalizar as bases teóricas que fundamentarão a sua
comprovação ou não.
100

Motivos...
4.3 REDAÇÃO DO TEXTO E SEUS ELEMENTOS Necessidades...
Importância...

4.3.1 Justificativa

A justificativa é “uma narração sucinta, porém completa, dos aspectos de ordem


teórica e prática, necessários para a realização da pesquisa” (FACHIN, 2003, p.114). Nela
devem conter: os motivos que justificam a pesquisa; as razões e/ou necessidades que
levaram o pesquisador a investigar o problema (motivos de ordem teórica e de ordem
prática); e a contribuição que a pesquisa representa no campo de conhecimento do
pesquisador. “A forma de justificar em pesquisa que produz maior impacto é aquela que
articula a relevância intelectual e prática do problema investigado à experiência do
investigador” (DESLANDES, 1994, p.42). Faça as seguintes perguntas: O tema é relevante?
Por quê? Quais os pontos positivos que você percebe na abordagem proposta? Que vantagens e
benefícios você pressupõe que sua pesquisa irá proporcionar?

4.3.2 Objetivos

Toda pesquisa científica tem um fim a alcançar. Trata-se dos objetivos. “O objetivo é
um fim a que o trabalho se propõe a atingir. A pesquisa científica atinge seu objetivo se todas
as suas fases, por mais difíceis e demoradas que sejam, forem vencidas e o pesquisador puder
dar uma resposta ao problema formulado” (FACHIN, 2003, p.113).

Os objetivos indicam para que você está propondo a pesquisa, quais os resultados
que pretende alcançar ou qual a contribuição que sua pesquisa irá efetivamente proporcionar.
Podem ser Gerais e Específicos. Os objetivos gerais são aqueles levantam proposições mais
amplas e abrangentes a alcançar. Os objetivos específicos tratam das proposições gerais
101

aplicadas a situações particulares. Eles explicitarão os detalhes, o desdobramento do objetivo


geral.

Os objetivos devem estar coerentes com a justificativa e o problema proposto.


Segundo Silva e Menezes (2005, p. 31-32), os objetivos devem começar com um verbo no
infinitivo que deve indicar uma ação passível de mensuração. A seguir, exemplos de verbos
usados na formulação dos objetivos para determinar estágio cognitivo de conhecimento, de
compreensão, de aplicação, de análise, de síntese e de avaliação:

 Conhecimento: apontar, propor, arrolar, definir, enunciar, inscrever, registrar,


relatar, repetir, sublinhar, nomear...

 Compreensão: descrever, discutir, esclarecer, examinar, explicar, expressar,


identificar, localizar, traduzir e transcrever...

 Aplicação: aplicar, demonstrar, propor, empregar, ilustrar, interpretar, inventariar,


manipular, praticar, traçar e usar...

 Análise: analisar, classificar, comparar, constatar, criticar, debater, diferenciar,


distinguir, examinar, provar, investigar e experimentar...

 Síntese: articular, compor, constituir, coordenar, reunir, organizar e esquematizar;

 Avaliação: apreciar, avaliar, eliminar, escolher, estimar, julgar, preferir,


selecionar, validar e valorizar...

Exemplo:

 Objetivo geral: demonstrar que é possível inibir as bioinvasões pela a água de


lastro dos tanques dos navios através de um sistema de controle e
gerenciamento da água dos navios .

 Objetivo específico: traçar um modelo de sistema de gerenciamento e controle da


água de lastro, com vistas a minimizar a transferência de organismos aquáticos
nocivos e agentes patogênicos nas águas brasileiras.

4.3.3 Referencial Teórico

O referencial teórico ou quadro de referência teórica ou revisão de literatura trata


do apoio e orientação teóricos, que fornecem ao pesquisador a compreensão inicial do
102

problema a ser investigado. Para tanto, o pesquisador deve fazer uma revisão de literatura
sobre o tema em questão, a fim de seguir as “pistas” que o conduzem à comprovação ou
negação de suas hipóteses. “Não é possível interpretar, explicar e compreender a realidade
sem um referencial teórico” (TRIVIÑOS, 1992:104). O pesquisador deve expressar breves
idéias de autores, apontando conceitos e categorias teóricas contidas em uma determinada
abordagem, com as quais ele irá trabalhar para interpretar o fenômeno investigado. São os
conceitos e categorias que nortearão o processo de investigação do fenômeno. Este é o
momento em que o pesquisador identifica a abordagem que fornecerá a sua linha de conduta
na pesquisa. Neste momento ele se questiona: que matriz teórico-metodológica fornecerá a
diretriz para chegar aos resultados pretendidos? Após esta reflexão, é o momento de fazer o
levantamento bibliográfico e as leituras. Para isso, os fichamentos e resenhas das leituras
realizadas, servirão de instrumentos facilitadores na construção do referencial teórico. Então,
o pesquisador estabelecerá uma interlocução entre os autores tornando-se uma espécie de
mediador a fim de dar coerência entre as idéias fornecidas pelas análises desses autores. O
texto ganhará coerência se o “mediador” estabelecer uma lógica entre as idéias dos autores
apresentados, reforçando sempre cada pensamento, com as citações expressivas do autor
sobre o assunto tratado. Em geral, quando o referencial teórico é bem elaborado, ele serve de
base para o capítulo introdutório da monografia. Por isso, ser criterioso na elaboração do
referencial teórico, é pensar adiante!

4.3.4 Metodologia

É a metodologia que fornece os caminhos metodológicos que orientarão o


pesquisador no processo de investigação. Ela “é a etapa de adequação metodológica
conforme as características da pesquisa a ser realizada” (FACHIN, 2003, p.115).

Neste item, o pesquisador deve apresentar os métodos e as técnicas de coleta de


dados adequados, bem como a delimitação do lócus de ação da pesquisa, indicando fontes de
dados, cenário, amostras, atores (informantes), que indicarão o percurso do pesquisador, que
informações se pretende obter, como os instrumentos serão utilizados para a obtenção dos
resultados. O pesquisador faz a pergunta: Qual método? Com que? (instrumentos de
pesquisa)? Quanto(de amostra)? Onde(campo de observação, local)? Quem(atores,
informantes)?
103

4.3.5 Cronograma de Atividades

Toda pesquisa tem um tempo delimitado para a sua realização. Uma vez que o
projeto é o planejamento da pesquisa, é necessário que o pesquisador planeje
cuidadosamente cada etapa a ser executada no processo de investigação. Em geral, o
cronograma de atividade é apresentado em um quadro contendo: as etapas e o tempo de
duração de cada uma delas. O pesquisador faz a pergunta: QUANDO?

A seguir, apresentamos um modelo de Cronograma de Atividades:

CRONOGRAMA DE ATIVIDADES (MODELO):

Atividades MESES
JAN FEV MAR ABR MAI JUN

1. Elaboração do Projeto
2. Levantamento bibliográfico e documental
3. Leitura, fichamentos e resenhas
4. Elaboração dos instrumentos de coleta de dados
5. Pesquisa de campo
6. Análise dos dados
7. Elaboração do Relatório (monografia)
8. Revisão do texto e encadernação

4.3.6 Referências

O projeto deve conter a referência bibliografia com a relação dos autores (de acordo
com instruções normativas da ABNT (NBR 6023) que foram consultados para a realização
do projeto. É indispensável a identificação dos autores: “ao compor uma bibliografia, deve-
se prestar muita atenção na disposição dos elementos pormenorizados, como: letras
maiúsculas, minúsculas, ponto, virgula, sublinhado etc., e ainda colocá-la em ordem
alfabética [...]” (FACHIN, 2003, p.167). A partir desses tópicos, a seguir, apresentamos as
etapas completas do projeto, quais sejam:título; formulação do problema ou questões
norteadoras e hipóteses; objetivos; justificativa; referencial teórico; metodologia;
cronograma; e referências.
104

5. ASPECTOS PARA A CONFECÇÃO DA MONOGRAFIA

5.1. CONFECÇÃO E MONTAGEM DOS ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS,


TEXTUAIS E PÓS-TEXTUAIS
CAPA FOLHA DE ROSTO

MARINHA DO BRASIL JOSÉ CARLOS SILVA


CENTRO DE INSTUÇÃO ALMIRANTE BRAZ DE AGUIAR
SUPERINTENDÊNCIA DE ENSINO
CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS

JOSÉ CARLOS SILVA

CONTROLE DE BIOINVASÕES NOS PORTOS – ESTUDO NOS


CONTROLE DE BIOINVASÕES NOS PORTOS – ESTUDO NOS PORTOS AMAZÔNICOS
PORTOS AMAZÔNICOS

Monografia apresentada ao Curso de Formação


de Oficias da Marinha Mercante, do Centro de
Instrução Almirante Braz de Aguiar, como
requisito parcial de obtenção do grau em Oficial
da Marinha Mercante.
Orientador: Prof Luiz Cesar.

BELÉM BELÉM
2009 2009

FICHA CATALOGRÁFICA (VERSO DA FOLHA DE ROSTO)

V658k

Silva, José Carlos. Controle de Bioinvasões nos Portos – Estudo nos


PortosAmazônicos/José Carlos Silva – Belém, 2009. 50p.

Trabalho de Conclusão de Curso. Graduação) – Centro de Instrução


Almirante Braz de Aguiar, Curso de Formação de Oficiais, 2009..
Orientador: Prof. Msc. Luis Cezar.

1. Bioinvasões 2. controle dos Portos 3. Água de lastro.


I. Silva, José Carlos. II. Cezar, Luiz. III. Título.
CDD 700
105

FOLHA DE APROVAÇÃO DEDICATÓRIA (OPCIONAL)

JOSÉ CARLOS SILVA

CONTROLE DE BIOINVASÕES NOS PORTOS – ESTUDO NOS


PORTOS AMAZÔNICOS

Banca Examinadora
________________________
Prof.
________________________
Prof.
Apresentado em: __ / __ / __
Conceito: ___________

BELÉM
2009 Aos meus pais...

AGRADECIMENTOS (OPCIONAL) EPÍGRAFE (OPCIONAL)

Aos meus queridos pais... “Navegar é preciso,


viver não é preciso”.
(Guimarães Rosa)
106

RESUMO (OBRIGATÓRIO) LISTA DE SIGLAS (OPCIONAL)

Resumo LISTA DE SIGLAS


ABNT – Associação Brasileira de Nor- mas
Há vinte anos, a invasão de organismos aquáticos exóticos, transportados Técnicas.
pela água de lastro dos navios, vem causando preocupações em nível ANPAd – Associação Nacional dos Programas
internacional. Neste artigo, destacamos três aspectos desse problema: a de Pós-graduação em Administração.
água de lastro, a bioinvasão e a resposta internacional, que pretende ANPEd – Associação Nacional de Pósgraduação
fornecer meios de se "gerenciar" devidamente a água de lastro utilizada e Pesquisa em Educação.
pelas embarcações. O trabalho é dividido em três capítulos que tratam
CFC – Conselho Federal de Contabilidade.
respectivamente de cada um dos aspectos acima destacados. O método
utilizado foi o indutivo, com as técnicas do referente e da pesquisa CIABA – Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar
bibliográfica, principalmente internet, por ter o assunto limitada EMERJ – Escola de Magistratura do Estado do
bibliografia impressa. Todas as traduções foram feitas pelo autor. Rio de Janeiro.
HTML – Hypertext Markup Language.
IBICT – Instituto Brasileiro de Informação em
Palavras-chave:Água de lastro ; Bioinvasão ; Globallast ; Convenção de
Água de Lastro. Ciência e Tecnologia
MADE – Mestrado em Administração e
Desenvolvimento Empresarial.
OAB – Ordem dos Advogados do Brasil.
UANAMA - Universidad Amazônia

SUMÁRIO (OBRIGATÓRIO)

SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 04
1 CIÊNCIA E CONHECIMENTO CIENTÍFICO 05
1.1 O QUE É O CONHECIMENTO? 06
1.2 O CONHECIMENTO CIENTÍFICO E OS OUTROS TIPOS DE
CONHECIMENTO 07
1.2.1 O senso comum 08
1.2.2 O Conhecimento Teológico ou Religioso 09
1.2.3 Filosofia e Teoria do Conhecimento 10
1.2.4 O conhecimento científico 11
1.4 O MÉTODO NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO
1.4.1. O Método Científico 13
2 METODOLOGIA DO TRABALHO ACADÊMICO 14
2.1 A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO CIENTÍFICO 14
2.1.1 Relatório e Monografia 15
2.1.1.1 Fases do Relatório 16
2.1.1.2 A Estrutura do Relatório / Monografia 17
2.1.1.3 Apresentação Gráfica do Relatório/Monografia 19
20
2.2 OS MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDO: LEITURA,
ESQUEMA, RESUMO, FICHAMENTO E RESENHA
2.2.1 A Leitura
21
2.2.2 O Esquema da leitura 21
2.2.3 O Resumo 22
2.2.4 O Fichamento 23
2.2.5 A Resenha 24
25
26
107

5.2 ESTRUTURAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS

Páginas pré-textuais, textuais e pós-textuais


108

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