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Realimentação de Estado — Sistemas SISO

1. Realimentação de Estado para Sistemas SISO

pag.1 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


c Reinaldo M. Palhares
°
Realimentação de Estado — Sistemas SISO

Considere o sistema n dimensional, SISO:



 ẋ = Ax + bu
 y = cx

Na realimentação de estados, a entrada u é dada por


h i
u = r − kx = r − k1 k2 · · · kn x

sendo r um sinal de referência. Substituindo u



 ẋ = (A − bk)x + br
 y = cx

pag.2 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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Realimentação de Estado — Sistemas SISO

Esquemático

− y
r u + ẋ R x
b c
+
+

pag.3 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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Realimentação de Estado — Sistemas SISO
Teorema O par (A − bk, b) é controlável para qualquer vetor k ∈ R1×n se e
somente se o par (A, b) também o for
Demonstração Considere, eg, n = 4 e as matrizes de controlabilidade
h i
C = b Ab A2 b A3 b
h i
Cf = b (A − bk)b (A − bk)2 b (A − bk)3 b

Veja que
 
1 −kb −k(A − bk)b −k(A − bk)2 b
 
 0 1 −kb −k(A − bk)b 
Cf = C 
 

 0 0 1 −kb 
 
0 0 0 1

e a matriz à direita é não singular para qualquer k. Portanto, o posto de Cf é


igual ao de C... ¥
pag.4 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18
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Realimentação de Estado — Sistemas SISO

B O resultado do teorema anterior pode também ser demonstrado utilizando a


definição de controlabilidade. Considere x0 e x1 arbitrários. Se o sistema original
é controlável, existe u1 que leva de x0 a x1 em tempo finito. Se escolher uma
entrada da forma r1 = u1 + kx, então leva o sistema controlado de x0 a x1
(veja que ẋ = (A − bk)x + br)

B Observe também que r não controla o estado diretamente; r gera a entrada u


que é usada para controlar x. Portanto, se u não controla o estado x, r também
não controlará...

B Controlabilidade: é invariante sob qualquer realimentação de estados

B A propriedade de observabilidade não é invariante...

pag.5 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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Exemplo     

 1 2 0
 ẋ = x +  u

 
3 1 1

 h i

 y

= 1 2 x

Pode-se veriificar que o par (A, B) é controlável e o par (A, C) é observável

h i
Define-se u = r − 3 1 x, então
    

 1 2 0
 ẋ = x+ r

   
0 0 1

 h i

 y =

1 2 x

pag.6 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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Veja que as matrizes de controlabilidade e observabilidade do sistema


realimentado são tais que:

 
0 2
Cf =   , posto = 2
1 0
 
1 2
Of =   , posto = 1
1 2

B O sistema é controlável e não observável

pag.7 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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   
1 3 1
Exemplo ẋ =  x +  u
3 1 0

I Polinômio caracterı́stico: ∆(s) = (s − 4)(s + 2)

h i
I Realimentação de estados: u = r − k1 k2 x
   
1 − k1 3 − k2 1
ẋ =  x +  r
3 1 0

I Polinômio caracterı́stico: ∆f (s) = s2 + (k1 − 2)s + (3k2 − k1 − 8)


B A escolha de k1 e k2 pode alocar os autovalores do sistema em malha fechada
em qualquer posição arbitrária...

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Teorema Considere o sistema

 ẋ = Ax + bu

y = cx

com n = 4 e o polinômio caracterı́stico

∆(s) = det(sI − A) = s4 + α1 s3 + α2 s2 + α3 s + α4

Se o sistema é controlável, então existe uma transformação x̄ = P x com


 
1 α1 α2 α3
 
h i 0 1 α α2 
1
Q = P −1 = b Ab A2 b A3 b 
 

 0 0 1 α1 
 
0 0 0 1

que leva o sistema à forma canônica controlável a seguir


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forma controlável:
   
−α1 −α2 −α3 −α4 1
   
 1 0 0 0   0 
x̄˙ = Āx̄ + b̄u =   x̄ +  u
   

 0 1 0 0 

 0 
 
0 0 1 0 0
h i
y = c̄x̄ = β1 β2 β3 β4 x̄

Além disso, a função de transferência do sistema é dada por

β1 s3 + β2 s2 + β3 s + β4
G(s) =
s4 + α1 s3 + α22 + α3 s + α4

pag.10 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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Demonstração: Sejam C e C̄ as matrizes de controlabilidade do sistema


original e do transformado, respectivamente. No caso SISO, ambas são
quadradas. Se o sistema original é controlável ou C é não singular, C̄ também o é,
e as duas matrizes se relacionam na forma C̄ = P C. Assim,

P = C̄C −1 ou Q = P −1 = C C̄ −1

A matriz de controlabilidade do sistema transformado é dada por


 
1 −α1 α21 − α2 −α31 + 2α1 α2 − α3
 
 0 1 −α1 α21 − α2 
C̄ = 
 

 0 0 1 −α1 
 
0 0 0 1

e sua inversa é dada por...

pag.11 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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 
1 α1 α2 α3
 
 0 1 α1 α2 
−1
C̄ =
 

 0 0 1 α1 
 
0 0 0 1

e substituindo-se em Q = C C̄ −1 obtém-se o resultado do teorema

Ainda, verifica-se que a equação de estado transformada é uma realização da


função de transferência G(s), que por sua vez é também a função de
transferência do sistema original ¥

pag.12 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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Teorema Se o sistema 
 ẋ = Ax + bu
 y = cx

é controlável, então com a realimentação de estados u = r − kx pode-se alocar


arbitrariamente os autovalores de A − bk (desde que autovalores complexos
apareçam em pares complexo conjugados)

Demonstração Considerando n = 4, se o sistema é controlável, então pode ser


colocado na forma canônica controlável, apresentada no Teorema anterior, ie

pag.13 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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   
−α1 −α2 −α3 −α4 1
   
 1 0 0 0   0 
x̄˙ = Āx̄ + b̄u =   x̄ +  u
   

 0 1 0 0 

 0 
 
0 0 1 0 0
h i
y = c̄x̄ = β1 β2 β3 β4 x̄

com Ā = P AP −1 e b̄ = P b. Substituindo x̄ = P x na lei de controle, tem-se

u = r − kx = r − kP −1 x̄ , r − k̄x̄

com k̄ , kP −1 . Como Ā − b̄k̄ = P (A − bk)P −1 , as matrizes (A − bk) e


(Ā − b̄k̄) têm os mesmos autovalores...

pag.14 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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Especificados os autovalores do sistema em malha fechada, pode-se formar o
polinômio caracterı́stico do sistema em malha fechada

∆f (s) = s4 + ᾱ1 s3 + ᾱ2 s2 + ᾱ3 s + ᾱ4

Se k̄ é escolhido como
h i
k̄ = ᾱ1 − α1 ᾱ2 − α2 ᾱ3 − α3 ᾱ4 − α4

a equação dinâmica em malha fechada é descrita por


   
−ᾱ1 −ᾱ2 −ᾱ3 −ᾱ4 1
   
 1 0 0 0   0 
˙
x̄ = (Ā − b̄k̄)x̄ + b̄r = 

 x̄ + 
 
r

 0 1 0 0   0 
   
0 0 1 0 0

e o polinômio caracterı́stico de (A − bk) e (Ā − b̄k̄) é dado por ∆f (s)


pag.15 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18
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O ganho de realimentação de estados k que faz a alocação desejada pode ser


computado
k = k̄P = k̄C̄C −1

sendo h i
C= b Ab A 2 b A3 b

e  
1 α1 α2 α3
 
 0 1 α1 α2 
−1
C̄ =
 

 0 0 1 α1 
 
0 0 0 1

pag.16 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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B Outra maneira de computar k̄

∆f (s) = det(sI − A + bk)


¡ £ −1
¤¢
= det (sI − A) I + (sI − A) bk
£ −1
¤
= det(sI − A) det I + (sI − A) bk
£ −1
¤
= ∆(s) 1 + k(sI − A) b

onde se utilizou a propriedade det(Im + AB) = det(In + BA), para A,


m × n, e B, n × m, sendo que no caso especı́fico tem-se k ∈ R1×n
Portanto

∆f (s) − ∆(s) = ∆(s)k(sI − A)−1 b = ∆(s)k̄(sI − Ā)−1 b̄


h i
Seja k̄ = k̄1 k̄2 k̄3 k̄4

pag.17 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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Observando a configuração de realimentação:

k
z
− y
r u + ˙
x̄ R x̄
b̄ c̄
+
+

−1 β1 s3 + β2 s2 + β3 s + β4
FT de u para y: c̄(sI − Ā) b̄ =
∆(s)

k̄1 s3 + k̄2 s2 + k̄3 s + k̄4


FT de u para z: k̄(sI − Ā)−1 b̄ =
∆(s)

pag.18 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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Realimentação de Estado — Sistemas SISO

Portanto fazendo as substituições da FT de u para z,

∆f (s) = s4 + ᾱ1 s3 + ᾱ2 s2 + ᾱ3 s + ᾱ4

e ainda
∆(s) = s4 + α1 s3 + α2 s2 + α3 s + α4

na expressão
∆f (s) − ∆(s) = ∆(s)k̄(sI − Ā)−1 b̄

obtém-se

(ᾱ1 −α1 )s3 +(ᾱ2 −α2 )s2 +(ᾱ3 −α3 )s+(ᾱ4 −α4 ) = k̄1 s3 +k̄2 s2 +k̄3 s+k̄4

que recupera o ganho k̄ proposto quando se igualam-se as potências...

pag.19 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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Realimentação de Estado — Sistemas SISO

Curiosidades Considere uma FT com n = 4:


β1 s3 + β2 s2 + β3 s + β4
G(s) = c(sI − A)−1 b =
s4 + α1 s3 + α2 s2 + α3 s + α4

Função de Transferência em Malha Fechada (com u = r − kx):

−1 β1 s3 + β2 s2 + β3 s + β4
Gf (s) = c(sI − A + bk) b=
s4 + ᾱ1 s3 + ᾱ2 s2 + ᾱ3 s + ᾱ4

B A realimentação de estados pode alterar a localização dos pólos, mas não


afeta os zeros da função de transferência
B Pode afetar a observabilidade: se um ou mais pólos são deslocados de maneira
a coincidir com zeros, pode haver cancelamento

pag.20 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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Exemplo Considere o pêndulo invertido linearizado:


   
0 1 0 0 0
   
 0 0 −1 0    1 
ẋ =  x +  u
  
 0 0 0 1   0 
   
0 0 5 0 −2
h i
y = 1 0 0 0 x

O sistema é controlável; o polinômio caracterı́stico é:

∆(s) = s2 (s2 − 5) = s4 + 0s3 − 5s2 + 0s + 0

pag.21 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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°
Realimentação de Estado — Sistemas SISO

Colocando o sistema na forma canônica controlável (P −1 = C C̄ −1 )


   
0 1 0 2 1 0 −5 0
   
 1 0 2 0   0 1 0 −5 
C=  ; C̄ −1 = 
  

 0 −2 0 −10   0 0 1 0 
   
−2 0 −10 0 0 0 0 1
   
0 1 0 −3 0 0 0 −1/2
   
−1
 1 0 −3 0   0 0 −1/2 0 
P =  ; P =
   


 0 −2 0 0 


 0 −1/3 0 −1/6 

−2 0 0 0 −1/3 0 −1/6 0

Alocação desejada: −1.5 ± 0.5j e −1 ± j

pag.22 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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°
Realimentação de Estado — Sistemas SISO

então:

∆f (s) = (s+1.5 − 0.5j)(s+1.5 + 0.5j)(s+1 − j)(s+1 + j)


= s4 + 5s3 + 10.5s2 + 11s + 5
h i
k̄ = ᾱ3 − α3 ᾱ2 − α2 ᾱ1 − α1 ᾱ0 − α0
h i
= (5 − 0) (10.5 + 5) (11 − 0) (5 − 0)
h i
= 5 15.5 11 5

h i
k = k̄P = −5/3 −11/3 −103/12 −13/3

MATLAB k=place(A,b,p)

pag.23 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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°
Fórmula de Ackermann — Alocação de Pólos

Considere o sistema n dimensional, SISO:



 ẋ = Ax + bu
 y = cx

h i
Para n = 4, então C = b Ab A2 b A3 b é a matriz de controlabilidade
e o sistema transformado x̄ = P x com
 
1 α1 α2 α3
 
 0 1 α1 α2 
Q = P −1 = C 
 

 0 0 1 α1 
 
0 0 0 1

pag.24 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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°
Fórmula de Ackermann — Alocação de Pólos
e tem a forma canônica controlável
2 3 2 3
−α 1 −α 2 −α 3 −α 4 1
6 7 6 7
6 1 0 0 0 7 6 0 7
x̄˙ = 7 x̄ + 6 7u
6 7 6 7
6
6
4 0 1 0 0 7
5
6 0 7
4 5
0 0 1 0 0
h i
y = β1 β2 β3 β4 x̄

A relação entre a matriz de controlabilidade do sistema original e a do


transformado é dada por C̄ = P C, ou Q = P −1 = C C̄ −1 e
2 3
1 −α 1 α21 − α2 −α 31 + 2α1 α2 − α 3
6 7
6 0 1 −α 1 α21 − α2 7
C¯ = 6
6 7
7
6 0
4 0 1 −α 1 7
5
0 0 0 1

pag.25 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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°
Fórmula de Ackermann — Alocação de Pólos

No caso geral, a última linha da matriz C̄ tem a forma


h i
e0n , 0 0 0 · · · 1

Para a alocação desejada, define-se o polinômio caracterı́stico do sistema em


malha fechada ∆f (s) = s4 + ᾱ1 s3 + ᾱ2 s2 + ᾱ3 s + ᾱ4 , que deve ser
igualado com

det(sI− Ā+ b̄k̄) = s4 +(α1 + k̄1 )s3 +(α2 + k̄2 )s2 +(α3 + k̄3 )s+(α4 + k̄4 )
h i
impondo k̄ = ᾱ1 − α1 ᾱ2 − α2 ᾱ3 − α3 ᾱ4 − α4
B Pelo Teorema de Cayley-Hamilton...

pag.26 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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°
Fórmula de Ackermann — Alocação de Pólos

Teorema de Cayley-Hamilton Toda matriz dinâmica satisfaz sua equação


caracterı́stica:

Ān + α1 Ān−1 + α2 Ān−2 + · · · + αn−1 Ā + αn I = 0

Então utilizando os coeficientes do polinômio de malha fechada, pode-se formar o


polinômio

∆f (Ā) , Ān + ᾱ1 Ān−1 + ᾱ2 Ān−2 + · · · + ᾱn I

Substituindo-se Ān obtido a partir da equação caracterı́stica, tem-se

∆f (Ā) = (ᾱ1 − α1 )Ān−1 + (ᾱ2 − α2 )Ān−2 + · · · + (ᾱn − αn )I

pag.27 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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°
Fórmula de Ackermann — Alocação de Pólos

Levando em conta a estrutura particular de Ā (na forma controlável), nota-se que


h i
e0n Ā = 0 0 0 · · · 1 0 , e0n−1

e conseqüentemente
h i
(e0n Ā)Ā = e0n Ā2 = 0 0 0 ··· 1 0 Ā
h i
= 0 0 ··· 0 1 0 0
, e0n−2

implicando h i
e0n Ān−1 = 1 0 ··· 0 0 , e01

e...

pag.28 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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°
Fórmula de Ackermann — Alocação de Pólos

Portanto, multiplicando ∆f (Ā) por e0n , tem-se

e0n ∆f (Ā) = (ᾱ1 − α1 )e01 + (ᾱ2 − α2 )e02 + · · · + (ᾱn − αn )e0n


h i
= k̄1 e01 + k̄2 e02 + · · · + k̄n e0n = k̄1 k̄2 · · · k̄n
= k̄

Como k = k̄P e P = C̄C −1 , tem-se

k = e0n ∆f (Ā)P = e0n ∆f (P AP −1 )P = e0n P ∆f (A) = e0n C̄C −1 ∆f (A)

ou, como e0n C̄ = e0n , chega-se a (Fórmula de Ackermann): k = e0n C −1 ∆f (A)

MATLAB k=acker(A,b,p)

pag.29 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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°
Equação de Lyapunov – Alocação de Pólos

Considere o par (A, b) controlável, com A ∈ Rn×n e b ∈ Rn×1 . Encontre k tal


que (A − bk) tenha os autovalores desejados (desde que não coincidam com
nenhum dos autovalores de A)

Procedimento
1. Escolha uma matriz F ∈ Rn×n com os autovalores desejados
2. Escolha k̄ arbitrário tal que (F, k̄) seja observável
3. Obtenha a solução única T da equação de Lyapunov

AT − T F = bk̄

4. Compute o ganho de realimentação k = k̄T −1

pag.30 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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°
Equação de Lyapunov – Alocação de Pólos

Se T é não singular, k̄ = kT e AT − T F = bk̄ implicam

(A − bk)T = T F ⇐⇒ A − bk = T F T −1

B (A − bk) e F são similares (mesmos autovalores). Se A e F não têm


autovalores comuns, existe uma única solução T para qualquer k̄. Caso A e F
tenham algum autovalor comum, a solução T pode existir ou não (depende de bk̄)
B Para garantir que T é não singular:

Teorema Se A e F não têm autovalores em comum, então a única solução de


AT − T F = bk̄ é não-singular se e somente se (A, b) é controlável e (F, k̄) é
observável

pag.31 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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°
Equação de Lyapunov – Alocação de Pólos
Demonstração Considere n = 4 e o polinômio caracterı́stico de A dado por

∆(s) = s4 + α1 s3 + α2 s2 + α3 s + α4

Cayley-Hamilton: ∆(A) = A4 + α1 A3 + α2 A2 + α3 A + α4 I = 0

Considere agora ∆(F ) = F 4 + α1 F 3 + α2 F 2 + α3 F + α4 I

Se λ̄i é um autovalor de F , então ∆(λ̄i ) é autovalor de ∆(F ). Como A e F


não têm autovalores em comum, ∆(λ̄i ) 6= 0 para todo autovalor de F

Como o determinante de uma matriz é igual ao produto de seus autovalores,


tem-se
Y
det ∆(F ) = ∆(λ̄i ) 6= 0
i

e portanto ∆(F ) é não singular


pag.32 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18
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°
Equação de Lyapunov – Alocação de Pólos

Substituindo AT = T F + bk̄ em A2 T − T F 2 , tem-se

A2 T − T F 2 = A(T F + bk̄) − T F 2
= Abk̄ + (AT − T F )F
= Abk̄ + bk̄F

De maneira similar, obtém-se o conjunto de equações:

IT − T I = 0
AT − T F = bk̄
A2 T − T F 2 = Abk̄ + bk̄F
A3 T − T F 3 = A2 bk̄ + Abk̄F + bk̄F
A4 T − T F 4 = A3 bk̄ + A2 bk̄F + Abk̄F + bk̄F

pag.33 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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°
Equação de Lyapunov – Alocação de Pólos

Multiplicando a primeira equação por α4 , a segunda por α3 , a terceira por α2 , a


quarta por α1 , a última por 1, e somando todas, tem-se (lembrando que
∆(A) = 0)

∆(A)T − T ∆(F ) = −T ∆(F )


  
α3 α2 α1 1 k̄
  
i α
 2 α1 1 0   k̄F 
h  
2
= b Ab A b A b  3 


 α1 1 2 
 0 0   k̄F 
 
1 0 0 0 k̄F 3

B Se (A, b) é controlável e (F, k̄) é observável, as matrizes acima são


não-singulares, e como ∆(F ) 6= 0, necessariamente T é não singular ¥

pag.34 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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°
Equação de Lyapunov – Alocação de Pólos
h i
B Escolha de F e k̄: F companheira e k̄ = 1 0 0 0 ou, se autovalores
complexos, F modal e k̄ com ao menos um elemento diferente de zero associado
a cada bloco diagonal
Exemplo Pêndulo invertido e alocação −1.5 ± 0.5j e −1 ± j
 
−1 1 0 0
 
 −1 −1 0 0  h i
F =  ; k̄ = 1 0 1 0
 
 0 0 −1.5 0.5 
 
0 0 −0.5 −1.5
h i
MATLAB k = −1.6667 −3.6667 −8.5833 −4.3333

O ganho é único em sistemas SISO (usando place ou lyap)

pag.35 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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°
Equação de Lyapunov – Alocação de Pólos

B Cálculo direto dos valores do ganho k


   
0 1 0 0 0
   
 0 0 −1 0   1 
ẋ =  x +  u
   
 0 0 0 1   0 
  

0 0 5 0 −2
h i
y = 1 0 0 0 x

Alocação desejada: −1.5 ± 0.5j e −1 ± j

∆f (s) = (s + 1.5 − 0.5j)(s + 1.5 + 0.5j)(s + 1 − j)(s + 1 + j)


= s4 + 5s3 + 10.5s2 + 11s + 5

pag.36 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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°
Equação de Lyapunov – Alocação de Pólos

 
0 1 0 0
 
 −k
1 −k2 −k3 − 1 −k4  h i
A − bk =   ; k = k1 k2 k3 k4
 
 0 0 0 1 
 
2k1 2k2 5 + 2k3 2k4

h i
det sI − (A − bk) = s4 + (k2 − 2k4 )s3 + (k1 − 2k3 − 5)s2 − 3k2 s − 3k1

Então

−5 −11 −103 −13


k1 = ; k2 = ; k3 = ; k4 =
3 3 12 3

pag.37 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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°
Estabilização

Considere um sistema não controlável, ie, nem todos os autovalores podem ser
arbitrariamente alocados, via realimentação. A equação de estado pode ser
transformada em
      
x̄˙ c Ā Ā12 x̄ b̄
 = c  c  +  c u
x̄˙ c̄ 0 Āc̄ x̄c̄ 0

com (Āc , b̄c ) controlável. Note que como a matriz Ā é bloco diagonal, os
autovalores de A são os autovalores das matrizes Āc e Āc̄

B Como fica a configuração de realimentação de estado?

pag.38 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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°
Estabilização

B A realimentação de estado
 
h i x̄c
u = r − k̄x̄ = r − k̄1 k̄2  
x̄c̄

produz o sistema em malha fechada


      
x̄˙ c Ā − b̄c k̄1 Ā12 − b̄c k̄2 x̄ b̄
 = c  c  +  c r
x̄˙ c̄ 0 Āc̄ x̄c̄ 0

Autovalores de Āc̄ não são afetados pela realimentação de estado. A


controlabilidade do par (A, b) é não só suficiente mas também necessária para se
alocar todos os autovalores de (A − bk)...
B Se Āc̄ é estável, o sistema é estabilizável...

pag.39 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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°
Regulação e Rastreamento

B Para r = 0, o comportamento dinâmico do sistema é governado pelas


condições iniciais. O problema do regulador é obter uma realimentação de estados
que leve a resposta para zero com uma certa taxa de decaimento:

y(t) = ce(A−bk)t x(0) ⇒ (A − bk) estável?

B Para r = a (constante), o problema do rastreamento assintótico consiste na


determinação de um ganho de realimentação de estados que leve y(t) → r(t)
quando t → ∞...

A lei de controle para o rastreamento deve incluir um ganho p feedforward:

u(t) = pr(t) − kx

pag.40 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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Regulação e Rastreamento

β1 s3 + β2 s2 + β3 s + β4
Por exemplo, para n = 4: Gf (s) = p
s4 + ᾱ1 s3 + ᾱ2 s2 + ᾱ3 s + ᾱ4

(A, b) controlável implica que os autovalores de (A − bk) ou equivalentemente


os pólos de Gf (s) podem ser arbitrariamente alocados. Para r(t) = a, alocando
pólos com parte real negativa, tem-se a saı́da:

y(t) aproxima-se de Gf (0)a quando t → ∞

A fim de se ter rastreamento assintótico, basta impor:


β4 ᾱ4
Gf (0) = 1 = p =⇒ p =
ᾱ4 β4

=⇒ β4 6= 0, o que ocorre se e somente se G(s) não tiver nenhum zero em


s=0

pag.41 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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Rejeição de Distúrbio

Considere o sistema com entrada de distúrbio constante, w:



 ẋ = Ax + bu + bw
 y = cx

B Como obter a realimentação de estado tal que y(t) → r(t) com w 6= 0?


B O fundamento desta estratégia é introduzir um integrador, compondo o
controlador, tal que o sinal de controle “u” garanta, ao mesmo tempo,
estabilidade, alocação de pólos em malha fechada e rastreamento frente a
distúrbios

pag.42 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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lacem Rejeição de Distúrbio

B A estrutura do controle integral é apresentada abaixo quando se tem todas as


variáveis de estado disponı́veis para realimentação

w

r ẋa xa u x
+ 1 + +
ka Sistema c
s + y
+

Integrador k

+ +
0

pag.43 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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Rejeição de Distúrbio

Defina um vetor de estado aumentado incluindo a saı́da do integrador xa , da


h i0
forma: x0 xa , então a realimentação de estado pode ser:
 
h i x
u= k ka  
xa

Substituindo no sistema original obtém-se


        
ẋ A + bk bka x 0 b
  =   + r +  w
ẋa −c 0 xa 1 0
 
h i x
y = c 0  
xa

pag.44 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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Rejeição de Distúrbio

−1
Teorema Se (A, b) é controlável e se G(s) = c (sI − A) b não tem na
origem (s = 0), então todos os autovalores
h da matriz
i A podem ser alocados
arbitrariamente selecionando o ganho k ka

h i
Como calcular o ganho de controle k ka ? Simplesmente utilizando as
mesmas técnicas obtidas anteriormente. Para isto, basta considerar as matrizes do
sistema aumentado, sendo queh este temi agora n + 1 variáveis de estado. ka é
um valor escalar extraı́do de k ka , fruto do projeto

pag.45 Teoria de Sistemas Lineares – Aula 18


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