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Estabilidade geotécnica de

maciços de resíduos sólidos


Eng. Thiago Campi
tcampi@sp.gov.br

14.09.2017
Casos de rupturas

Monitorar e garantir a estabilidade geotécnica de


maciços de resíduos de grande porte é fundamental
 São Paulo – Aterro Bandeirantes (65.000 m³, em 1991)

RUPTURAS - BRASIL
Aterro Itapecerica da Serra (SP)
2001

Fonte: Benvenuto, 2007


Aterro Itapecerica da Serra (SP) 2001

Fonte: Benvenuto, 2007


Aterro Itapecerica da Serra (SP)
2006 - Depois da ruptura

Fonte: Benvenuto, 2007


Aterro Itapecerica da Serra (SP)
2006 - Depois da ruptura

Fonte: Benvenuto, 2007


Aterro Itapecerica da Serra (SP)
2006 - Depois da ruptura

Fonte: Benvenuto, 2007


 Mauá - LARA (100.000 m³, em 1995)

Antes
Lara (SP) - 1995 – Depois da ruptura

Fonte: Benvenuto, 2007


Itaquaquecetuba (SP), 2000

Depois

Antes

Fonte: Benvenuto, 2007


Itaquaquecetuba (SP)

Antes

Depois

Fonte: Benvenuto, 2007


Itaquaquecetuba (SP)

Depois

Antes

Fonte: Benvenuto, 2007


Aterro Controlado,
Juiz de Fora (MG)
2004 – Ruptura

Antes  12 / Fev / 2004

70.000 m³

Depois  27 / Abr / 2004

Fonte: Benvenuto, 2007


2007: RUPTURA DO ATERRO SANITÁRIO SÍTIO SÃO JOÃO - Fonte: BENVENUTO, 2007

220.000 m³
Fonte: Benvenuto, 2007
Fonte: Benvenuto, 2007
2007: RUPTURA DO ATERRO SANITÁRIO SÍTIO SÃO JOÃO - Fonte: BENVENUTO, 2007
2007: RUPTURA DO ATERRO SANITÁRIO SÍTIO SÃO JOÃO - Fonte: BENVENUTO, 2007
2007: RUPTURA DO ATERRO SANITÁRIO SÍTIO SÃO JOÃO - Fonte: BENVENUTO, 2007
Ruptura do aterro de Rumpke (EUA)
em 1996 (KÖLSCH)


Ruptura do aterro de Bogotá (Colombia)


em 1997 (HENDRON, 2006)
RUPTURAS – Outros países
Rumpke nos EUA (1.200.000 m³, em 1996)
Dona Juana na Colômbia (800.000 m³ em 1997)
 Payatas nas Filipinas (16.000 m³, em 2000): 272 mortos

RUPTURAS – Outros países

Ruptura do aterro de Payatas, Filipinas


(KAVAZANJIAN; MERRY, 2005)
países
RUPTURAS – Outros

Imagem de satélite do aterro de


Leuwigajah após a ruptura
(KÖLSCH et al., 2005)

m³,
2005):
mortos
Indonésia
(2.700.000

147
em
Leuwigajah na
 Bufallo nos EUA (?, em 1972): 118 mortos e 4.000
desabrigados
 Umraniye-Hekimbasi na Turquia (?, em 1993): 39
mortos

RUPTURAS – Outros países


Cálculo de FS por métodos
Monitoramento geotécnico de equilíbrio limite

C


u
ESTABILIDADE GEOTÉCNICA

CÁLCULOS DE FATORES DE SEGURANÇA


CONCEITOS GERAIS
Mecanismo de ruptura
O desenvolvimento de superfícies de
descontinuidade (superfícies de ruptura) em um
maciço de solo, com a consequente movimentação
das partes, é um problema dinâmico complexo,
envolvendo ruptura progressiva em 3 dimensões.

Na prática: situação de equilíbrio estático de uma


massa de solo, considerada um corpo rígido-
plástico, na iminência do colapso, ou seja, de
entrar em processo de escorregamento. O método
que decorre dessa simplificação denomina-se
Método do Equilíbrio Limite (a rigor, equilíbrio
estático limite) e considera a análise bidimensional.
O material que compõe um talude tem a tendência natural de
escorregar sob a influência da força da gravidade, entre outras que
são suportadas pela resistência ao cisalhamento do próprio material.

Cálculo de Fator de Segurança por


ESTABILIDADE DE métodos de equilíbrio – limite
TALUDES EM SOLO (Bishop, Spencer, Morgenstein,
Janbu, etc)
FS = tensões resistentes ( r FS = r
tensões atuantes ( a a

Se FS>1 → OK
r=c+ * tg
c = coesão
= ângulo de atrito interno

(PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO)

FONTE: PINTO, 2006


FONTE: PINTO, 2006
Critério de Mohr-Coulomb

C’

FONTE:
http://www.tfhrc.gov/safety/pubs/04094/04.htm
Seções críticas
Software
Considerações sobre as particularidades dos resíduos
do ponto de vista geotécnico.
•RSU são muito mais deformáveis que os solos
(ensaios convencionais não são
representativos – Não há ruptura nos níveis de
deformação usuais de ensaios de campo e
laboratório).

•Características geotécnicas em constante


modificação (devido à decomposição biológica);

•Modelo rígido-plástico é discutível;

•Interface com líquidos percolados e biogas


(determinação de pressões internas difícil).
•Há muitas lacunas para se preencher com relação à geotecnia
dos resíduos;

•Cálculos são baseados em hipóteses sem confirmação


científica ou utilizando pesquisas científicas de maneira
equivocada;

•Faz-se muito cálculo e pouco monitoramento ($);

•Possibilidade de manipular os modelos e os cálculos


para se obter resultados satisfatórios.
r=c+ * tg

C (kPa)  (°)

0 a 80 0 a 60

QUAIS PARES SÃO ADEQUADOS PARA PROJETO?


•Há e sempre houve registros e controle no recebimento
dos resíduos? Qual o tipo de resíduos contido no maciço?
•Há projeto e implantação de acordo?
•A operação é realizada com que qualidade?
•Qual é a eficiência das estruturas de drenagem e
demais sistemas de proteção ambiental do aterro?
Caso mais recente (SP)

2011
PRÉ-RUPTURA
(450.000 m3, em 2011)
Caso mais recente

2011
PÓS-RUPTURA
Ainda não há um “estado da arte” sobre o tema
estabilidade geotécnica de aterros sanitários, o que não
permite o cálculo preciso de um FS que represente, de
fato, as condições de segurança do empreendimento.

Sendo assim, deve-se ainda balizar a segurança dos


maciços pela interpretação de dados obtidos a partir de
instrumentos de monitoramento geotécnico
devidamente implantados.
Deslocamentos
MARCOS
SUPERFICIAIS
horizontais e
verticais

Monitoramento
geotécnico de
maciços de resíduos

Nível de
saturação do
PIEZÔMETROS
maciço e
pressão de gás
A principal causa de problemas de ordem geotécnica
em aterros é o desenvolvimento de pressões neutras
elevadas, seja pelo acúmulo dos líquidos percolados
ou de gases na massa de resíduos, tendo como
consequência a movimentação excessiva do maciço.
Instrumentação geotécnica

Marco superficial
Piezômetro
Análise dos dados obtidos por meio dos
marcos superficiais

Deslocamentos nos planos horizontal e vertical


Ações em função
das velocidades
de deslocamento
Projeção dos vetores de deslocamento horizontal
Interpretação dos dados

Comportamento deformacional “normal” quando a projeção do ângulo


alfa (a) apresenta valores inferiores a 45º, indicando que as
movimentações verticais (recalques) são de maior magnitude do que os
deslocamentos horizontais
Interpretação dos dados

Na ocorrência de projeção não desejável, ou seja, quando os


deslocamentos horizontais forem de maior magnitude do que os
recalques, deve-se analisar a projeção do deslocamento face à
inclinação do talude. No caso, β é o ângulo de inclinação do talude. Se o
ângulo a superar o valor de 90º-b, têm-se uma condição de provável
instabilidade, uma vez que, o ponto em análise se projeta com inclinação
maior à inclinação da superfície do talude.
Análise dos dados aferidos nos
piezômetros

Pressões internas ao maciço


Ações em função dos níveis de líquidos percolados
Medição da coluna
Nível de alerta de líquidos no Ação
piezômetro
1 Nível < 10% Sem ação.

Verificação in loco (trincas


2 10% ≤ Nível <30% na cobertura superior,
afloramentos de líquidos).
Abertura de valas para
30% ≤ Nível <50% verificação da integridade
3
do sistema de drenagem
interno.
Paralização da operação no
entorno dos piezômetros
em questão e abertura de
4 Nível ≥ 50%
valas para verificação da
integridade do sistema de
drenagem interno.
INSPEÇÕES
Trincas

Fonte: Benvenuto, 2007


Afloramentos de
líquidos percolados
Integridade do
sistema de drenagem
de águas pluviais
Integridade do
sistema de cobertura
superior
O responsável legal pelo empreendimento
deve utilizar os resultados do
monitoramento geotécnico para realizar as
intervenções necessárias para garantir a
segurança das pessoas e instalações no
interior do empreendimento, bem como a
qualidade ambiental do entorno.
Eng. Thiago Campi
tcampi@sp.gov.br

Setor de Avaliação de
Sistemas de Tratamento de
Resíduos - IPSR

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