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Instrumentação e

monitoramento
Introdução
De uma forma geral, a instrumentação de obras e áreas de risco significa sistematizar as observações sobre o
comportamento das mesmas (Guidicini e Nieble, 1983), sendo uma prática que cresce de importância nos dias
atuais, devido ao porte das obras e muitas vezes sua localização em relação a comunidades e áreas de
significância ambiental.
Isto provoca uma necessidade de acompanhamento contínuo “in situ” das diversas variáveis determinadas no
projeto, para verificar possíveis discrepâncias entre os valores previstos e reais, ou identificar fenômenos que
possam provocar a instabilidade do objeto em observação, seja este uma obra ou uma área de encostas
naturais.
Para o caso de encostas naturais, a maioria da instrumentação existente se baseia no controle de
movimentação. As medidas de deformação são relacionadas com o tempo e lançadas em gráficos (AGUIAR
et al., 2017).

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Introdução
NBR11682 – Estabilidade de encostas
Dados de monitoramento
O monitoramento de uma encosta em uma fase preliminar, ou durante o próprio desenvolvimento do projeto,
pode, em certos casos, ser um dado importante de investigação do terreno. Neste caso, a instalação de
instrumentos para controle do nível piezométrico e dos movimentos (horizontais e verticais) da encosta deve
ser programada juntamente com as investigações geotécnicas.
O monitoramento do desempenho de uma obra ou de uma encosta deve ser realizado, sempre que julgado
necessário pelo engenheiro civil geotécnico, como um dado relevante para a garantia da estabilidade.
O engenheiro civil geotécnico responsável deve detalhar no projeto executivo o tipo de instrumento a ser
instalado, definindo locação, profundidade, metodologia de instalação e periodicidade de acompanhamento.
Em determinadas situações, o monitoramento pode ser utilizado em uma fase pré-construção ou durante a
própria construção, visando à obtenção de dados para a elaboração ou ajuste eventual do projeto.
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Introdução
NBR11682 – Estabilidade de encostas
Entre os tipos de controle/monitoramento normalmente utilizados, merecem destaque os seguintes:
⁃ controle de deslocamentos em profundidade por intermédio de inclinômetros. Os inclinômetros devem garantir obrigatoriamente embutimento
em terreno indeslocável, numa profundidade abaixo da região supostamente em movimento;

⁃ controle de movimentos superficiais horizontais e verticais através de marcos superficiais, com controle topográfico de precisão a partir de
bases localizadas fora da área sujeita a deslocamentos;

⁃ controle da variação do nível do lençol freático através da instalação de medidores de nível d'água;

⁃ medição da poropressão mediante a instalação de piezômetros;

⁃ controle de prumo de estruturas de contenção;

⁃ controle de deslocamentos em estruturas de contenção através da instalação de alongâmetros e pinos de nivelamento;

⁃ medição de cargas atuantes em ancoragens ou grampos através de células de carga, medidores de deformações elétricos (“strain-gages”) ou
conjunto bomba/macaco hidráulico devidamente aferido;

⁃ medição de vazão em drenos profundos sub-horizontais, poços e galerias de drenagem;

⁃ medição de índices pluviométricos através da instalação de pluviômetros ou de estações meteorológicas; 4


⁃ controle de abertura de juntas, trincas ou fissuras, mediante a instalação de pinos de referência, selos ou outros dispositivos.
Inclinômetro
O inclinômetro é um medidor de inclinação
composto de haste cilíndrica (torpedo),
cabo do torpedo, unidade de leitura e tubo
flexível. O torpedo possui sensores Tubo
embutidos no seu interior e duas ou quatro
rodas distribuídas nas laterais.
As rodas se encaixam nas ranhuras Roda

existentes no tubo flexível enterrado no


solo, fazendo com que o sensor acompanhe
a direção do tubo. É então medida a
inclinação do tubo em intervalos constantes
para obtenção dos deslocamentos
horizontais.
O tubo normalmente é instalado no furo de
sondagem (AGUIAR et al., 2017).
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Inclinômetro
Um dado importante obtido através dos resultados do inclinômetro é a distorção. Assim como considerado
por Oliveira (1999) a distorção é o arco cuja tangente é dada pela inclinação da reta que liga dois pontos
consecutivos da curva de deslocamento horizontal (AGUIAR, SILVA FILHO & ALMEIDA, 2005):

Onde: δh1 e δh2 são os deslocamentos horizontais nas profundidades z1 e z2,


respectivamente. A partir da determinação da distância horizontal (Deflex),
distorção (Distor) e resultante (Result) para cada ponto da profundidade total
medido no tubo do inclinômetro, faz-se a representação gráfica.

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Fonte: Encosta em movimento com tubo de inclinômetro (AGUIAR,
Ver Anexo.
SILVA FILHO & ALMEIDA, 2005)
Marco superficial
Os marcos superficiais são utilizados para monitoramento de
deslocamentos verticais (recalques) superficiais, normalmente
aplicados na instrumentação de aterros, após seu alteamento,
auxiliando na análise dos dados e informações referentes ao
comportamento de diversas regiões do aterro.
A leitura dos marcos é adquirida utilizando um conjunto de
nivelamento, normalmente composto por nível, micrômetro e
mira, ou estação total e prisma refletivo, e é realizada a partir de
um referencial fixo indeslocável instalado, convenientemente,
fora da zona de influência da obra.
A equipe de topografia “bate um ponto”, registrando as
coordenadas (lat/long/alt.).
Fonte: Silveira (2006)
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Medidor de nível d´água (INA)
Composto de um tubo com extremidade contendo furos, que deve ser
colocado em perfuração no solo e envolvido em material de filtro.

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Fonte: Cedro Engenharia Consultiva (2023)
Piezômetro tipo Casagrande
O piezômetro de Casagrande consiste em um tubo em PVC, tubo metálico ou tubo
geomecânico, ranhurado ou perfurado em um ou mais trechos de geralmente 1 metro
cada, inserido em um furo de sondagem.
O fluxo da água subterrânea através das ranhuras do tubo submetida à uma
determinada carga piezométrica faz com que o nível da água no interior da tubulação
suba ou desça conforme a variação das condições deste fluxo.
O nível da água no interior desta tubulação representa a carga piezométrica na posição
da célula de areia. Um selo de bentonita evita que a leitura seja influenciada pelas
condições piezométricas das camadas superiores à célula de areia.
A poropressão é determinada a partir da diferença de cotas entre o nível de água
medido pela sonda e a ponta porosa, em metros de coluna d’água (mca).

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Células de carga
Em cortinas atirantadas, possíveis variações de carga nos tirantes
podem ser medidas com uso de células de carga instaladas na
cabeça dos mesmos ou através de strain gages ao longo do tirante.
Os deslocamentos são medidos na cabeça do tirante, através de
relógios apoiados em tripé.

célula de carga tipo corda vibrante célula de carga modelo ELC-30S-H


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Fonte: Encardio Brasil (2023)
Referências Bibliográficas
• ABNT, NBR 11682 – Estabilidade de encostas, Rio de Janeiro, 2009.
• AGUIAR, M. F. P. et al. Análise de resultados de instrumentação de monitoramento de encosta natural
em caso Coroa Grande-RJ. XII Conferência Brasileira sobre Estabilidade de Encostas, 2017.
• AGUIAR, M. F. P., SILVA FILHO, F. C., ALMEIDA, M. S. S. Análise de movimentos em encostas
naturais através de monitoramento por instrumentação – caso Coroa Grande – RJ, Ver. Tecnol.,
Fortaleza, v. 26, n.1, p. 46-71, jun., 2005.

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