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RESUMO
ABSTRACT
Isto ocorre por falta de avaliação, seja por desconhecimento ou pela dificuldade em
tratar as leituras dos inclinômetros, de vários fatores humanos e do próprio
instrumento que geram diversos tipos de erros nos dados coletados. A precisão das
medidas depende de fatores como o projeto e fabricação do sensor, do cabo e da
unidade de leitura, da técnica de instalação, da qualidade e orientação do tubo, da
atenção e cuidado nas leituras e da manutenção do instrumento [1].
O presente artigo tem como objetivo destacar pontos sobre a instalação e coleta de
dados de inclinômetros, visando melhorar a qualidade das leituras. Apresenta os
procedimentos básicos de processamento dos dados (cálculo das medidas de
deslocamento) e principais gráficos utilizados na apresentação das informações.
Discute ainda os principais tipos de erro embutidos nas leituras e como podem ser
tratados.
2. DESCRIÇÃO DO INSTRUMENTO
− Fixar, com rebites, na base do primeiro tubo a ser instalado, uma luva e um
tampão, para evitar que a calda de fixação ou material de preenchimento do
furo penetre para o interior do tubo. Descer os primeiros segmentos de tubos
no furo com a orientação perpendicular e paralela ao eixo da barragem;
− Para os primeiros tubos (parte fixa), preencher o espaço entre o revestimento
e o furo preferencialmente com calda de cimento e deixar secar. Pode
também ser usada areia com granulometria uniforme bem compactada. Usar
vibradores internos ao tubo para promover o adensamento da areia;
− Determinar com precisão a locação do centro do revestimento na elevação da
superfície do aterro (elevação e coordenadas horizontais) antes de adicionar
cada segmento de tubo;
− Instalar os tubos subsequentes com as luvas telescópicas e rebites
respeitando o espaço apropriado entre os tubos. Lançar e compactar o
material de aterro ao redor do tubo sempre acima do aterro já compactado da
barragem;
− Quando o tubo do inclinômetro for instalado em cascalho grosso e
enrocamentos é necessário que este seja protegido usando material mais fino
como areia junto ao tubo e material mais grosso entre a areia e o
enrocamento para fazer uma transição adequada;
− Instalar flange de recalque ao redor dos tubos para garantir a transferência
dos esforços do aterro ao instrumento.
− As emendas dos tubos-guia com as luvas telescópicas devem ser seladas
com cola apropriada e envolta por manta para evitar que material do aterro
penetre pelas emendas;
− Durante a instalação manter o topo do tubo sempre protegido com tampão.
Detalhes adicionais sobre instalação podem ser obtidos nos manuais dos
fabricantes.
Após as leituras, enxugar bem o sensor com uma estopa ou flanela antes de
desacoplá-lo do cabo de controle para evitar a entrada de umidade. Após este
processo, acoplar o cap de proteção do sensor.
Segundo Mikkelsen [4], o desvio padrão usual para o eixo A é usualmente inferior a
8 (0,08mm) para o eixo A e inferior a 16 (0,16mm) para o eixo B, podendo até dobrar
para algumas instalações. O desvio padrão é maior para o eixo B devido à tolerância
na largura das ranhuras, que é de 0,76mm. Alguns autores [3] consideram que as
variações se tornam importantes quando o desvio padrão excede 5 a 10 unidades
da média das somas para o eixo A. Em geral, o desvio padrão das somas de
verificação não deve exceder 10 para o eixo A e 20 para o eixo B.
Cada conjunto de tubos tende a ter uma assinatura em termos de Checksum. Picos
no gráfico podem indicar inconsistências nas leituras ou podem ser uma
característica do tubo [5]. Por isso é interessante plotar esta soma e avaliar
mudanças no gráfico com o tempo, como mostrado na Figura 5. Salienta-se que
este gráfico não deve ser inclinado e sim o mais vertical possível.
O inclinômetro tem por objetivo medir a inclinação dos tubos de revestimento do furo
em intervalos definidos de profundidade. No entanto, o dispositivo de leitura exibe
“unidades de leitura”, que deverão ser transformadas no seno do ângulo por meio da
Equação 1. A constante do instrumento varia conforme a unidade de medida
empregada (sistema métrico ou unidade inglesa) e fabricante do equipamento.
Após o cálculo do sen 𝜃, pode ser calculado o desvio lateral di em cada intervalo de
leitura, como mostrado na Figura 6 e Equação 2, onde L é o intervalo entre leituras.
Para traçar o perfil do tubo, os desvios são acumulados, como também apresentado
na Figura 6.
Cabe aqui destacar a importância da execução das leituras nas direções 0 e 180º,
para eliminar zero-shift errors, erros relacionados a uma pequena alteração na
polarização da sonda do inclinômetro. Se o erro for sistemático, a tendência é um
valor constante adicionado a cada leitura. Neste caso, este erro pode ser eliminado
fazendo a combinação das leituras nas direções A0 e A180, e B0 e B180 (Equação
3) e calculando o desvio lateral conforme a Equação 4. Para o traçado do perfil do
tubo, os desvios devem ser acumulados de baixo para cima conforme a Equação 5.
TABELA 1: Cálculo do desvio lateral (Defl) para o eixo A, adaptado de Geokon [6].
Torpedo e Unidade de
Acelerômetro Cabo Tubo-guia
rodas (sonda) leitura
• Polarização • Conectores • Marcação • Calibração • Inclinação na
(bias-shift) • Alinhamento • Mudança no • Variações instalação
• Alinhamentos mecânico comprimento devido à • Ranhuras não
mecânicos • Controle do temperatura paralelas
ponto de • Curvatura
leitura • Preenchimento do
espaço entre o furo
e o tubo (backfill)
• Juntas
• Detritos
• Largura da ranhura
• Referência do topo
Segundo Mikkelsen [4], os erros sistemáticos mais comuns são o bias-shift error
(erro de polarização), erro de rotação, erro de profundidade e erro de sensibilidade.
Estes erros geralmente são identificados empregando os seguintes tipos de gráficos:
− Cada leitura deverá conter duas descidas da sonda, nas direções A0 e A180;
− Os tubos-guia deverão estender-se 3 a 6m dentro de material considerado
estável, para permitir, pelo menos, 5 a 10 leituras estáveis no fundo para
ajudar a identificar e quantificar erros sistemáticos;
− Na representação gráfica, qualquer pequeno deslocamento que se assemelhe
a alguma das formas (assinatura) de erros sistemáticos deve ser investigado
como erro.
As escalas empregadas nos gráficos são relevantes na análise dos dados. O uso de
escalas horizontais exageradas deve ser evitado, porque os erros são ampliados e
podem levar a interpretações errôneas [2]. Os programas gráficos aplicam
automaticamente escalas para corresponder aos valores mínimo e máximo em uma
série de dados. Isto pode resultar em gráficos representativos apenas de ruídos
quando os dados são muito bons e dentro da faixa de erro [7].
Escalas exageradas podem ser úteis para trabalho analítico e correção de erros,
mas para apresentação final, é mais apropriado usar uma escala que minimize a
faixa de erro. Para furos de 30m, uma escala de ± 25 ou 50 mm é sugerida por [5].
Também deve-se ter cuidado com gráficos de deslocamento plotados sobre a seção
de uma barragem. Uma vez que a ordem de grandeza da altura da barragem
(metros) é diferente da dos deslocamentos (geralmente milímetros ou centímetros),
as escalas usadas na representação são diferentes.
9. CONCLUSÃO
10. PALAVRAS-CHAVE
[7] JENG, C.J., YO, Y.Y., ZHONG, K. (2017) - “Interpretation of slope displacement
obtained from inclinometers and simulation of calibration tests”. Natural
Hazards, June 2017. Disponível em
<https://link.springer.com/article/10.1007/s11069-017-2786-6>
[8] MIKKELSEN, P.E (2007) – “Inclinometer Data & Recognition of System Errors”.
Short Course, University of Florida, USA.