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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

FACULDADE DE ENGENHARIA ELÉTRICA


GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA BIOMÉDICA

Atividade 3

Resumo da palestra: Engenharia Clínica

Palestrante: Profa. Dra. Selma Terezinha Milagre

Gabriel Florentino Gonçalves

12111EBI003

Docente: Prof. Dr. Adriano Alves Pereira

Uberlândia, 2021
A engenharia clínica é uma área ampla que se destaca pela aplicação das tecnologias
modernas nos ambientes clínicos, hospitalares e demais Estabelecimentos Assistenciais de
Saúde (EAS), representando, assim, o entroncamento entre as áreas da saúde e exatas. Com
características dinâmicas, essas duas áreas evoluiram especializadas, sem conhecerem, até
então, um ponto de intersecção que ultrapassasse a mera transferência de método entre elas.
Assim, o aumento da complexidade tecnológica na era da informação trouxe à luz aspectos
mais básicos e elementares na definição de como se constituiria tal área, como também
demarcou melhor seu alcance e limites interdisciplinares.
Demonstra-se a necessidade do campo mencionado pelo progresso técnico e científico
que empurra a tecnologia para muito além das competências e habilidades dos usários dos
equipamentos modernos de saúde e torna, também, impraticáveis as atuações altamente
especializadas da saúde sobre as exatas e vice-versa. Softwares com milhares de linhas de
código diagnosticando pacientes por meio da captura de sinais otimizados e filtrados com
algorítimos, centenas de funções pré-programadas e outros milhares de componentes
eletrônicos de um lado, do outro, os sujeitos do fazer cotidiano da saúde, com outras tantas
especialidades e as diferentes necessidades provindas dessas, fazem do profissional da
engenharia clínica a interface humana reponsável pela comunicação entre as duas áreas do
saber, mencionadas acima, vistas também como dois sistemas que não encontrariam conexão
por si sós.
O engenheiro biomédico, atuando na engenharia clínica, terá como algumas de suas
principais funções a garantia de segurança na adaptação, manutenção e implementação de
equipamentos nos EASs, com o intuito de manter e aumentar os cuidados com os pacientes,
seja por meio da gestão de pessoas, ou tecnologias. Deste modo, compreende-se que as tarefas
típicas da área e sua formação em nível acadêmico requiram a atenção do profissional em
locais de discurso diversos como, por exemplo, Eletrônica e Ciências Sociais e Jurídicas,
Anatomia Humana e Cálculo, Circuitos Elétricos e Fisiologia1.
Assim, mostram-se necessárias as habilidades comunicativas, diferentes, para lidar com
seres humanos e máquinas modernas, às vezes com tecnologia altamente complexa,
garantindo cotidianamente o bom funcionamento do seu estabelecimento de atuação.
Podemos destacar, então, as seguintes tarefas deste profissional:
• gerenciamento de pessoal;
• gerenciamento de tecnologia;
• gerenciamento de projetos;

1 http://www.feelt.ufu.br/system/files/conteudo/fluxogramaeb2020-versao12.pdf Acesso: 09/01/2022


• gerenciamento de riscos;
• assessoria tecnológica;
• assessoria de qualidade e
• treinamento de pessoal para o uso de aparelhagens nos níveis de hardware e
software.
Quanto à gestão de pessoas, requer-se do engenheiro clínico, principalmente, a atuação
conjunta com o corpo médico, sempre auxiliando este no contato com os pacientes, mas
também fazendo diligência frente a diversas outras categorias de ocupação. Assim, além dos
enfermeiros, estão em contato direto com o profissional em questão os agentes da
administração hospitalar, agentes reguladores, pesquisadores, vendedores e representantes
comerciais.
Três dessas categorias aparecem em maior evidência quando analisamos a relação do
engenheiro clínico no ambiente hospitalar. Em primeiro lugar, o corpo médico, que está no
front de atuação, utiliza tecnologias e técnicas variadas para diagnóstico e recuperação dos
pacientes, requerendo, por vezes, acompanhamento atento de um engenheiro responsável
durante procedimentos de maior complexidade. Em seguida estão os enfermeiros, que
desempenham atuação fundamental e direta na utilização da aparelhagem, profissionais estes
que, podemos considerar, são os que tem contato mais frequente com os pacientes. Em
terceiro, os técnicos e demais responsáveis pela manutenção e reparo dos equipamentos
eletrônicos.
Ainda, vendedores e representantes comerciais apresentam às EASs as novas
tecnologias presentes no mercado, sendo estas avaliadas pelo engenheiro clínico nos critérios
de segurança e concordância com as exigências técnicas, além do custo de manutenção e
reparos, para seguir, também, com o abastecimento de insumos. Já os pesquisadores avaliam,
certificam e desenvolvem novas tecnologias para o aprimoramento dos cuidados em saúde,
utilizando os dados, pessoal e estrutura fornecidas pelas EAS na sua investigação. Quanto aos
agente reguladores, estes atuam na vigilância das práticas médicas, trabalhando para que nos
EASs se respeitem os pressupostos bioéticos e técnicos estabelecidos por organismos
nacionais e internacionais. Dessa forma, garantindo o respeito as diretrizes da ciência e da
profissão, aumentam também o grau de confiabilidade a que tais estabelecimentos estão
sujeitos por parte da sociedade e, especificamente, dos pacientes. Sobre a administração
hospitalar, esta ajusta e mantém o quadro de funcionários, arbitra sobre a distribuição dos
recursos e projetos, arrendamento mercantil, ou leasing, além de serem os responsáveis por
abrir e quitar contratos com fatura pendente.
Quanto a gestão da tecnologia, esta apresenta várias frentes. Durante procendimentos de
alta complexidade pode ser necessária a presença de um engenheiro clínico monitorando o
funcionamento de aparelhagem específica, mas sua atuação também será fundamental na
recepção, instalação, manutenção e reparo dos equipamentos, tudo registrado em planilhas
para que o controle sobre estes recursos seja eficiente e total. No caso da instalação de
aparelhos especializados, o profissional atentará não apenas para os critérios técnicos da
aparelhagem, mas observará também as normas e legislação acerca da acessibilidade
universal como requisitos e provas de teste para a sua boa prática. Já a manutenção e o reparo
são constantes, com agendamento para avaliação e calibragem de aparelhos, o que contribui
para o bom andamento das atividades nos EASs, reduzindo, por exemplo, o tempo de espera
para exames. Ainda, são responsabilidades do profissional mencionado o inventário e
documentação dos aparelhos e insumos de propriedade do EAS, monitoramento de uso e
desempenho desses, além do seu reaproveitamento e substuição.
Gerenciando projetos e riscos, o engenheiro clínico viabiliza a melhora e expansão dos
serviços e espaço físico dos EASs, garantindo a atenção aos critérios técnicos e normas para
instalação hospitalar. Requer-se, pois, acompanhamento constante da evolução técnico
científica, de forma que o profissional avalie as novas soluções que são de importante
aquisição e descubra como implementá-las. Como especialista na assessoria de tecnologia e
qualidade, cabe ao engenheiro clínico apresentar soluções em tecnologia que sejam
convenientes com as especialidades de tratamento oferecidas pela sua EAS de atuação,
assegurando sempre a qualidade e eficiência no atendimento ao paciente.
Não menos importante, o treinamento de pessoal para utilização das tecnologias
disponíveis nos EASs é também uma responsabilidade do engenheiro clínico. Porquanto o
mal uso das aparelhagens eletrônicas acarrete a perda do seu tempo de vida útil, também
implica na redução do grau de confiabilidade em suas funções. De modo que, em ambientes
hospitalares e demais EASs, o descuido na manipulação da aparelhagem pode acarretar erros
de diagnóstico, consumo excessivo de insumos, ou mesmo, nos piores cenários, a piora no
quadro de um paciente.
Dessa forma, torna-se quase evidente que o investimento na engenharia clínica
apresentará ao EAS retorno financeiro e em termos de qualidade de atendimento, conquanto a
aparelhagem esteja com a manutenção em dia e o pessoal bem treinado. Ademais, o retorno
virá também para o paciente, pois sua vida e saúde são as razões de ser da engenharia clínica.

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