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Guimarães 2012
DECLARAÇÃO
Orientador:
Doutor João Luiz Afonso
Ano de conclusão: 2012
Mestrado Integrado em Engenharia Eletrónica Industrial e Computadores
Assinatura: ________________________________________________
“First intention, then enlightenment.”
Yamamoto Tsunetomo
Agradecimentos
Queria começar por agradecer ao meu orientador o Professor João Luiz Afonso,
pelas sugestões oferecidas na elaboração desta dissertação e por me disponibilizar o
acesso ao laboratório de Eletrónica de Potência, permitindo assim a execução prática
deste trabalho que seria irrealizável de outra forma.
Desejo agradecer também aos investigadores Delfim Pedrosa, Gabriel Pinto, Vítor
Monteiro, Raúl Almeida, Henrique Gonçalves e especialmente ao Bruno Exposto, pela
ajuda e disponibilidade exibidas vezes sem conta e, principalmente por terem
promovido a todo o momento um clima de bem-estar e apoio no seio do laboratório.
Também não posso deixar de agraciar os meus colegas de mestrado Delfim Pinto,
Martinho Maurício, Nuno Manuel, Rui Araújo, Rui Moreira, Rui Pereira entre outros,
pelos inúmeros momentos de boa disposição e pelo espírito de cooperação e entreajuda
demonstrado.
Agradeço também à minha família e amigos pelo interesse e carinho demonstrado
no decorrer deste trabalho.
E o mais importante e sentido dos agradecimentos vai para os meus pais, Maria de
Fátima Carvalho e Carlos Teixeira, pela compreensão e pela paciência que só existem
no amor incondicional.
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos i
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Resumo
A disseminação em larga escala de cargas não-lineares em tempos recentes tornou
trivial a sua presença e o seu uso pela generalidade dos consumidores industriais e
domésticos. Isto, aliado ao facto deste tipo de cargas consumir correntes distorcidas que
provocam efeitos nocivos na qualidade de energia do sistema elétrico, traduz-se em
elevadas perdas, energéticas e monetárias, para todos os intervenientes no sistema de
distribuição de energia elétrica. Consciente deste problema, a comunidade científica
começou a desenvolver soluções para o resolver. No início as soluções propostas
consistiam apenas no sobredimensionamento de instalações elétricas e equipamentos,
mas com o decorrer dos anos foram-se desenvolvendo novas soluções cada vez mais
complexas e capazes de lidar com todo o tipo de situações. Uma dessas soluções é o
Filtro Ativo de Potência Série, que lida com os problemas de Qualidade de Energia
Elétrica atribuídos à tensão do sistema elétrico.
Esta dissertação descreve a implementação de um Filtro Ativo Série Para
Compensação de Harmónicos sem Fonte de Alimentação do Lado CC e sem
transformador de acoplamento ao sistema elétrico. O equipamento desenvolvido
sintetiza uma tensão que mitiga o conteúdo harmónico da tensão da carga, enquanto
mantém a tensão do lado CC regulada sem o apoio de uma fonte de tensão.
Neste documento é apresentada uma revisão bibliográfica de vários equipamentos
de correção de problemas de Qualidade de Energia Elétrica, e são também descritos e
analisados diversos algoritmos de controlo para o Filtro Ativo Série, que determinam a
tensão a ser injetada no sistema elétrico, a fim de garantir a compensação harmónica e a
regulação da tensão do condensador no lado CC.
A fim de validar as ilações teóricas, são apresentados em primeira instância os
resultados de simulação, seguidos dos resultados experimentais do Filtro Ativo Série
implementado. Para melhor avaliar o desempenho do Filtro Ativo Série são realizadas
simulações computacionais adicionais de um Condicionador Ativo Série, e os resultados
obtidos são comparados com os resultados do Filtro Ativo Série. De referir ainda que o
sistema de controlo implementado no equipamento assenta numa estratégia de controlo
da tensão por valores médios instantâneos.
É também relatado o processo de implementação do Filtro Ativo Série,
descrevendo os diferentes elementos que compõem o equipamento desenvolvido.
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos iii
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Abstract
The dissemination on a large scale of non-linear loads in recent times, has made
trivial their presence and use by the generality of industrial and domestic consumers.
This, plus the fact, that this type of electric loads consumes distorted currents which are
harmful for the Power Quality of the electric system, has lead to high energy and
monetary losses for all parts involved in the power distributing system. Aware of this
problem, the Power Quality community started developing solutions to resolve it. At the
beginning the proposed solutions consisted just in the oversizing of installations and
equipment, but over the years the solutions became increasingly complex and capable of
dealing with every sort of situations. One of these solutions is the Series Active Power
Filter, which deals with the Power Quality problems that are related to the system
voltage.
This dissertation describes the implementation of a Series Active Power Filter for
Harmonic Compensation without Voltage Source in the DC Side and without a coupling
transformer with the electric system. The developed equipment synthesizes a voltage
which mitigates the harmonic content of the load voltage, while maintaining the voltage
on the DC side regulated without the support of a voltage source.
In this document is presented a review of several pieces of equipment that correct
Power Quality problems, and are also described and analyzed various control
algorithms for the Series Active Filter that determine the voltage to be injected in the
power system, in order to ensure harmonic compensation and voltage regulation on the
DC side capacitor.
In order to validate the theorical illations, at first instance are presented the
simulation results, followed by the experimental results of the implemented Series
Active Filter. To further evaluate the performance of the Series Active Filter, there are
performed additional computer simulations of a Series Active Conditioner, and the
obtained results are compared with the results from the Series Active Filter. Note also
that the control strategy adopted for the equipment relies on a voltage control strategy
by instantaneous mean values.
It also is reported, the implementation process of the Series Active Filter,
describing the different elements that compose the developed equipment and their role
in the overall system.
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos v
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Índice
Agradecimentos ................................................................................................................ i
Resumo ............................................................................................................................ iii
Abstract............................................................................................................................ v
Índice .............................................................................................................................. vii
Lista de Figuras .............................................................................................................. xi
Lista de Tabelas .......................................................................................................... xvii
Lista de Abreviaturas, Siglas e Símbolos ................................................................... xix
CAPÍTULO 1 Introdução .......................................................................................... 1
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos vii
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Índice
viii Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Índice
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos ix
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Lista de Figuras
Figura 1.1 – Componentes Direta, Inversa e Homopolar. ................................................ 2
Figura 1.2 – Formas de ondas de um sistema trifásico de tensões desequilibrado. .......... 3
Figura 1.3 – Diagrama fasorial do sistema trifásico e componentes simétricas
correspondentes. ............................................................................................................... 4
Figura 1.4 – Forma de onda de tensão com valor médio de 11%. .................................... 5
Figura 1.5 – Forma de onda de tensão com conteúdo harmónico. ................................... 5
Figura 1.6 – Formas de onda da componente fundamental e das componentes
harmónicas do sinal da Figura 1.5. ................................................................................... 6
Figura 1.7 – Análise espectral do sinal da Figura 1.5. ...................................................... 7
Figura 1.8 – Representação gráfica das potências ativa, reativa e aparente. .................... 8
Figura 1.9 – Representação gráfica das Potências Ativa, Reativa, Harmónica e
Aparente. ........................................................................................................................... 9
Figura 1.10 – Forma de onda de tensão modificada pelos inter-harmónicos. ................ 10
Figura 1.11 – Forma de onda de tensão com micro-cortes. ............................................ 10
Figura 1.12 – Forma de onda de tensão com ruído eletromagnético. ............................. 11
Figura 1.13 – Forma de onda de tensão com flutuação. ................................................. 12
Figura 1.14 – Forma de onda de tensão com uma cava. ................................................. 13
Figura 1.15 – Forma de onda de tensão com uma sobretensão. ..................................... 14
Figura 1.16 – Forma de onda de tensão com uma interrupção. ...................................... 15
Figura 1.17 – Forma de onda de tensão com transitório impulsivo. ............................... 16
Figura 1.18 – Forma de onda de tensão com transitório oscilante. ................................ 17
Figura 1.19 – Relação entre a tensão e a corrente numa carga não-linear. ..................... 18
Figura 1.20 – Exemplos de cargas não-lineares. Em cima: computador desktop, lâmpada
fluorescente compacta, televisor LCD e conversor de potência; em baixo: impressora,
variador de velocidade para motores elétricos e forno a arco. ........................................ 18
Figura 1.21 – Representação de um sistema trifásico sem corrente no neutro. .............. 21
Figura 1.22 – Representação de um sistema trifásico com corrente no neutro............... 21
Figura 1.23 – Representação de um sistema trifásico com corrente harmónica no
condutor neutro. .............................................................................................................. 22
Figura 2.1 – Esquema unifilar do TCSC......................................................................... 28
Figura 2.2 – Zonas de operação do TCSC. ..................................................................... 28
Figura 2.3 – Esquema unifilar de um DVR. ................................................................... 30
Figura 2.4 – Esquema unifilar da Off-Line UPS. ............................................................ 31
Figura 2.5 – Esquema unifilar da On-Line UPS. ............................................................ 32
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos xi
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Lista de Figuras
xii Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Lista de Figuras
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos xiii
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Lista de Figuras
Figura 4.25 – Formas de onda da tensão da rede e da carga durante uma sobretensão:
(a) Tensão da fonte (vfonte); (b) Tensão da carga(vcarga).. ................................................. 76
Figura 4.26 – Evolução da tensão do barramento CC antes (0,1 s a 0,2 s), durante (0,2 s
a 0,4 s) e após uma sobretensão (0,4 s a 0,9 s) (vcc). ....................................................... 76
Figura 4.20 – Modelo de simulação do Condicionador Ativo Série. .............................. 78
Figura 4.21 – Sistema de controlo do Condicionador Ativo Série: (a) Sistema de
controlo do condicionador paralelo; (b) Sistema de controlo do condicionador série. ... 79
Figura 4.22 – Formas de onda condicionadas pelo CAS: (a) Tensão na carga antes do
acionamento do CAS; (b) Corrente na carga antes do acionamento do CAS; (c) Tensão
na carga após o acionamento do CAS; (d) Corrente na carga após o acionamento do
CAS. ................................................................................................................................ 80
Figura 4.23 – Formas de onda condicionadas pelo FAS: (a) Tensão na carga antes do
acionamento do FAS; (b) Corrente na carga antes do acionamento do FAS; (c) Tensão
na carga após o acionamento do FAS; (d) Corrente na carga após o acionamento do
FAS. ................................................................................................................................. 81
Figura 4.24 – Formas de onda no Condicionador Ativo Série e no Filtro Ativo Série:
(a) Tensão no barramento CC do CAS; (b) Corrente de compensação do barramento CC
do CAS; (c) Tensão no barramento CC do FAS; (d) Tensão de compensação do
barramento CC do FAS. .................................................................................................. 82
Figura 5.1 – Circuito de Potência: (a) Circuito de potência na parte superior da bancada;
(b) Circuito de potência na parte inferior da bancada. .................................................... 86
Figura 5.2 – Esquema do circuito de comando implementado para o Fitltro Ativo de
Potência Série. ................................................................................................................. 87
Figura 5.3 – Esquema do circuito de potência do Filtro Ativo Série. ............................. 88
Figura 5.4 – Fotografia do conversor de potência (Inversor). ......................................... 88
Figura 5.5 – Representações do módulo de IGBTs SMK100GB176D: (a) Esquema
elétrico do módulo [59]; (b) Aspeto físico do módulo [59]. ........................................... 89
Figura 5.6 – Representações do circuito de drive SKHI22AH4: (a) Esquema elétrico do
circuito de drive [60]; (b) Aspeto físico do módulo [60] ................................................ 89
Figura 5.7 – Filtro de acoplamento RLC: (a) Esquema elétrico do filtro; (b) Aspeto
físico do filtro. ................................................................................................................. 90
Figura 5.8 – Diagrama de Bode do Filtro de Acoplamento (Lf = 1,5 mH; Cf = 30 µF). . 91
Figura 5.9 – Diagrama de Bode do Filtro de Acoplamento (Lf = 1,5 mH, Cf = 30 µF,
Rf = 8 Ω). ......................................................................................................................... 92
Figura 5.10 – Diagrama de Bode do Filtro de Acoplamento (Lf = 0,8 mH, Cf = 20 µF,
Rf = 12 Ω). ....................................................................................................................... 92
xiv Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Lista de Figuras
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos xv
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Lista de Figuras
Figura 6.7 – Forma de onda da tensão sintetizada à saída do Filtro Ativo Série (vfiltro).
....................................................................................................................................... 109
Figura 6.8 – Forma de onda da tensão da carga (vcarga). ............................................... 109
Figura 6.9 – Espetro harmónico da tensão da carga. ..................................................... 109
Figura 6.10 – Forma de onda da tensão da rede (vfonte) com ressonância...................... 110
Figura 6.11 – Forma de onda da tensão da carga (vcarga) com algoritmo de
amortecimento. .............................................................................................................. 110
Figura 6.12 – Espetro da tensão da carga com algoritmo de amortecimento. ............... 111
Figura 6.13 – Formas de onda da tensão na fonte (vfonte), da tensão na carga (vcarga),e da
tensão na saída do Filtro Ativo Série (vfiltro). ................................................................. 111
xvi Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Lista de Tabelas
Tabela 1.1 – Valores das tensões harmónicas relativas permitidos em sistemas
BT [3, 5]. ........................................................................................................................... 7
Tabela 1.2 – Limites de interrupções mediante zonas geográficas. ................................ 15
Tabela 1.3 – Analogia entre a origem da poluição harmónica e atmosférica [7]. .......... 19
Tabela 2.1 – Tarefas desempenhadas pelo condicionador paralelo e pelo condicionador
série num UPQC. ............................................................................................................ 41
Tabela 2.2 – Problemas de QEE e equipamentos de compensação. ............................... 43
Tabela 4.1 – Componentes harmónicas da tensão na carga antes da compensação. ...... 70
Tabela 4.2 – Componentes harmónicas da tensão na carga após compensação. ............ 72
Tabela 4.3 – Componentes harmónicas da tensão na carga após a entrada em
funcionamento do CAS. .................................................................................................. 81
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos xvii
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Lista de Abreviaturas, Siglas e Símbolos
ADC Analog-to-Digital Converter
AT Alta Tensão
BT Baixa Tensão
CA Corrente Alternada
CAS Condicionador Ativo Série
CB Carrier Based
CC Corrente Contínua
CCS Code Composer Studio
cos Co-seno
DAC Digital-to-Analog Converter
DSP Digital Signal Processor
DVR Dynamic Voltage Restorer
EVA/B Event Manager A/B
FAP Filtro Ativo de Potência Paralelo
FAS Filtro Ativo de Potência Série
FP Fator de Potência
FPT Fator de Potência Total
GEPE Grupo de Eletrónica de Potência e Energia
H Potência Harmónica
IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers
IGBT Insulated Gate Bipolar Transistor
I/O Input/Output
JTAG Joint Test Action Group
LED Light-Emitting Diode
MAT Muito Alta Tensão
MSPS Mega-Samples Per Second
MT Média Tensão
P Potência Ativa
PC Personal Computer
PI Proporcional Integral
PID Proporcional Integral Derivativo
PLL Phase-Locked Loop
PWM Pulse Width Modulation
Q Potência Reativa
QEE Qualidade de Energia Elétrica
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos xix
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Lista de Abreviaturas, Siglas e Símbolos
Rel Relativa
S Potência Aparente
SCR Silicon-Controlled Rectifier
STATCOM Static Synchronous Compensator
sen Seno
THD Total Harmonic Distortion
TCR Thyristor-Controlled Reactor
TCSC Thyristor-Controlled Series Capacitor
UM Universidade do Minho
UPFC Unified Power Flow Controller
UPQC Unified Power Quality Conditioner
UPS Uninterruptible Power Supply
USB Universal Serial Bus
VSI Voltage Source Inverter
xx Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
CAPÍTULO 1
Introdução
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 1
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 1 - Introdução
Vb-
Vc-
Vb+
Va 1 1 1 V0
Vb 1
2
V (1.1)
Vc 1 2 V
V0 1 1 1 Va
1
V 3 1 2 Vb (1.2)
V 1 2 Vc
e j120º (1.3)
2 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 1 - Introdução
300
200
100
-100
-200
-300
-400
0 0.01 0.02 0.03 0.04
Time (s)(s)
Tempo
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 3
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 1 - Introdução
Valor Médio
A presença de uma tensão ou corrente contínua (CC) num sistema energético de
corrente alternada (CA) é denominada como Valor Médio. Este fenómeno pode ocorrer
a partir de distúrbios geomagnéticos (e.g., Erupções Solares), ou devido ao efeito
originário numa assimetria num conversor eletrónico de potência [1]. A presença de
corrente contínua em redes CA pode causar problemas, pois provoca o aumento da
saturação de transformadores que por sua vez está associada ao seu aquecimento,
deterioração dos isolamentos e outros efeitos adversos para este tipo de
equipamento [1]. Na Figura 1.4 encontra-se representada uma onda com um valor
médio de 11% (25 V).
4 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 1 - Introdução
Tensão (V)
400
300
200
100
-100
-200
-300
-400
0 0.01 0.02 0.03 0.04
Time (s)(s)
Tempo
Harmónicos
De acordo com o enunciado das Séries de Fourier, qualquer sinal periódico
não-sinusoidal pode ser decomposto num conjunto (potencialmente infinito) de
sinusoides com frequências múltiplas inteiras da frequência do sinal [4], sendo esses
sinais os harmónicos do sinal decomposto. Portanto, num sistema elétrico, os
harmónicos são abstrações representadas sobre a forma de tensões ou correntes
sinusoidais, cujas frequências são múltiplas inteiras da frequência para a qual o sistema
energético está concebido para funcionar (frequência fundamental normalmente de
50 Hz ou 60 Hz). Quando combinados com a corrente ou tensão fundamental, os
harmónicos, produzem uma onda periódica distorcida (não-sinusoidal). Na Figura 1.5
encontra-se um sinal não-sinusoidal que é composto por uma tensão fundamental com
valor eficaz de 230 V à qual foi acrescentada harmónicos de 3ª, 5ª e 7ª ordem que se
encontram em fase e têm valores eficazes de 21 V, 42 V, 28 V respetivamente.
Tensão (V)
400
300
200
100
-100
-200
-300
-400
0 0.01 0.02 0.03 0.04
Time (s)(s)
Tempo
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 5
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 1 - Introdução
Tensão [h=1] (V) Tensão [h=3] (V) Tensão [h=5] (V) Tensão [h=7] (V)
400
300
200
100
-100
-200
-300
-400
0 0.01 0.02 0.03 0.04
Time (s)(s)
Tempo
Figura 1.6 – Formas de onda da componente fundamental e das componentes harmónicas do sinal da
Figura 1.5.
h2
Vh2
THD (1.5)
V1
Esta equação também é válida para calcular a THD da corrente, para tal basta
substituir as componentes fundamental e harmónica da tensão pelas componentes
correspondentes da corrente.
Outro método útil para analisar a distorção causada por harmónicos é a análise
espectral de um sinal. Através da transformada de Fourier, um sinal é convertido para o
domínio das frequências sendo mais simples identificar individualmente os harmónicos
de um sinal. Na Figura 1.7 é exibida a análise espectral do sinal previamente
apresentado na Figura 1.5.
6 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 1 - Introdução
Tabela 1.1 – Valores das tensões harmónicas relativas permitidos em sistemas BT [3, 5].
Harmónicos ímpares
Harmónicos pares
Não múltiplos de três Múltiplos de três
Ordem h Tensão Rel. (%) Ordem h Tensão Rel. (%) Ordem h Tensão Rel. (%)
13 3,0 21 0,5
17 2,0
19-25 1,5
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 7
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 1 - Introdução
Potência Reativa (Q). Na Figura 1.8 encontra-se uma representação gráfica das relações
entre as componentes da potência elétrica supracitadas.
P V I1 cos 1
(1.7)
Q V I1 sen1 (1.8)
S
Q
1
x
P
Figura 1.8 – Representação gráfica das potências ativa, reativa e aparente.
8 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 1 - Introdução
H S
x
Q P
Figura 1.9 – Representação gráfica das Potências Ativa, Reativa, Harmónica e Aparente.
S P2 Q2 H 2 (1.12)
P V I 1 cos 1
FPT cos
S V I (1.13)
Inter-Harmónicos
As tensões e correntes cuja frequência não sejam um múltiplo inteiro da
frequência da rede são designados por inter-harmónicos. Existem casos particulares de
inter-harmónicos denominados sub-harmónicos cuja frequência é inferior à frequência
fundamental [6]. Este termo carece ainda de uma definição oficial, mas tem surgido em
várias referências dentro da comunidade científica [6].
Os inter-harmónicos podem ser encontrados em redes de todas as classes de
tensão. As principais fontes de distorção de onda por parte de inter-harmónicos são
cicloconversores, conversores estáticos de frequência, fornos de indução e dispositivos
de soldadura a arco, especialmente aqueles cujo controlo não está sincronizado com a
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 9
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 1 - Introdução
frequência da rede [1]. Os efeitos dos inter-harmónicos ainda não são bem conhecidos e
a norma portuguesa não contempla nenhum limite para este fenómeno, contudo foi
demonstrado que afetam os sistemas de comunicação dos sistemas de transmissão de
energia e causam a tremulação visual em equipamentos de transmissão de imagem. Na
Figura 1.10 encontra-se representado um exemplo de uma tensão modificada pelos
inter-harmónicos.
Tensão (V)
400
300
200
100
-100
-200
-300
-400
0 0.04 0.08 0.12 0.16 0.2
Time (s)(s)
Tempo
Micro-Cortes
Os micro-cortes são perturbações periódicas da tensão causadas pela operação
normal dos semicondutores de conversores de potência que geram curto-circuitos
momentâneos [1, 4, 5]. Na Figura 1.11 encontra-se uma forma de onda de tensão com
micro-cortes.
Tensão (V)
400
300
200
100
-100
-200
-300
-400
0 0.01 0.02 0.03 0.04
Time (s)(s)
Tempo
10 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 1 - Introdução
Ruído
O ruído é o conjunto de sinais eletromagnéticos, cujo conteúdo espectral encontra-
se em larguras de banda inferiores a 200 kHz, que são adicionados aos sinais de
corrente e/ou tensão das fases ou do neutro [1, 4]. Na Figura 1.12 encontra-se uma
forma de onda de tensão com ruído de alta frequência.
Tensão (V)
400
300
200
100
-100
-200
-300
-400
0 0.01 0.02 0.03 0.04
Time (s)(s)
Tempo
1
Pst - nível de planeamento de Flutuações da Tensão de curta duração.
2
Plt - nível de planeamento de Flutuações da Tensão de longa duração.
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 11
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 1 - Introdução
variações da tensão que são designadas de uma maneira errónea como “tremulação”. O
termo tremulação provém da palavra de origem inglesa flicker que por sua vez deriva do
impacto que a flutuação de tensão tem sobre a intensidade luminosa [1]. A flutuação da
tensão é um fenómeno eletromagnético, e a tremulação é um sintoma indesejado deste
evento. Embora haja uma distinção clara entre os dois termos, estes são confundidos
amiúde. Os fornos de arco são a causa mais comum de flutuações da tensão no sistema
de transmissão e distribuição [1]. Uma possível situação com flutuações da tensão
encontra-se na Figura 1.13.
Tensão (V)
400
300
200
100
-100
-200
-300
-400
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Time (s)(s)
Tempo
12 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 1 - Introdução
Cavas de Tensão
A terminologia cava (sag em inglês) é usada para descrever uma redução abrupta,
para 90% a 1% do valor eficaz da tensão, seguida de uma restituição da tensão nominal
num período que pode alternar entre 10 ms e 1 minuto [2]. Na Figura 1.14 está uma
representação de uma cava de tensão com uma diminuição de 46 V, ou seja mais de
20 % inferior ao valor eficaz nominal.
Tensão (V)
400
300
200
100
-100
-200
-300
-400
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3
Time (s)(s)
Tempo
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 13
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 1 - Introdução
Sobretensões
Uma sobretensão é um aumento do valor eficaz da forma de onda da tensão que,
assim como as cavas, estão geralmente associadas a situações de falha no sistema
elétrico. Também podem ocorrer sobretensões quando uma grande carga é desconectada
do sistema de alimentação ou quando se liga um grande banco de condensadores ou
mesmo numa definição incorreta dos taps de um transformador. Na Figura 1.15
encontra-se representada uma situação de uma sobretensão em que a tensão aumenta
50 V, ou seja mais de 20 % acima do valor nominal.
Tensão (V)
400
300
200
100
-100
-200
-300
-400
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3
Time (s)(s)
Tempo
Interrupções
Quando a tensão do sistema ou a corrente da carga diminuem para valores
inferiores a 1 % do seu valor nominal é dito que ocorreu uma interrupção. As
interrupções podem ser o resultado de falhas no sistema elétrico, defeitos do controlo e
14 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 1 - Introdução
falhas de equipamentos. Este evento é caracterizado pelo seu tempo de duração que
varia de acordo com a sua origem. A Figura 1.16 mostra uma situação em que ocorreu
uma interrupção.
Tensão (V)
400
300
200
100
-100
-200
-300
-400
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3
Time (s)(s)
Tempo
AT MT BT AT MT BT
A3 4 4 6 8 8 12
B4 4 8 10 8 16 21
C5 4 16 20 8 25 30
3
Capitais de distrito e localidades com mais de 25 mil clientes.
4
Localidades com um número de clientes compreendido entre 2500 e 25 mil clientes.
5
Restantes locais.
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 15
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Capítulo 1 - Introdução
1.1.6. Transitórios
Transitório Impulsivo
Um transitório impulsivo é representado por uma alteração repentina das
condições nominais de tensão e/ou corrente, que é unidirecional na sua polaridade. Este
género de fenómeno pode ser caracterizado pelo seu tempo de subida e de descida e
pelo seu conteúdo espectral. Na Figura 1.17 encontra-se representada uma situação onde
ocorreu um transitório impulsivo.
Tensão (V)
700
525
350
175
-175
-350
-525
0 0.005 0.01 0.015 0.02
Time (s)(s)
Tempo
16 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 1 - Introdução
Transitório Oscilatório
Um transitório oscilatório consiste numa tensão ou corrente cujo valor instantâneo
altera de polaridade rapidamente e é caracterizado pela sua magnitude, duração e
conteúdo espectral. Ao caracterizar um transitório oscilatório é importante indicar a sua
magnitude com e sem a componente fundamental Um exemplo de um transitório
oscilante encontra-se representado na Figura 1.18.
Tensão (V)
450
300
150
-150
-300
-450
0.02 0.025 0.03 0.035 0.04
Time (s)(s)
Tempo
Embora este tipo de transitório de alta frequência possa ser originado na resposta
de um circuito ressonante a um transitório impulsivo, os transitórios oscilatórios estão
quase sempre associados a um fenómeno de comutação. Os equipamentos de eletrónica
de potência podem produzir transitórios oscilatórios de tensão como resultado da
comutação dos seus semicondutores e dos circuitos snubber RLC. Os transitórios
oscilatórios podem também ocorrer na energização de bancos de condensadores e
transformadores e na ocorrência de eventos ferrorressonantes.
Uma tensão sinusoidal aplicada a uma carga não-linear não resulta num consumo
de corrente sinusoidal por parte da carga. Na Figura 1.19 pode-se analisar a relação
entre a corrente e tensão numa carga não-linear genérica.
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 17
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Capítulo 1 - Introdução
v(t)
t
Figura 1.20 – Exemplos de cargas não-lineares. Em cima: computador desktop, lâmpada fluorescente
compacta, televisor LCD e conversor de potência; em baixo: impressora, variador de velocidade para
motores elétricos e forno a arco.
18 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 1 - Introdução
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 19
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Capítulo 1 - Introdução
1.2.1. Fator K
0.5
e I1
2 I
2
n 2 n q n
n N
K 1
1 e I I1 (1.14)
20 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 1 - Introdução
equilibrados e, nestes casos, a soma dos fasores das correntes em qualquer momento é
igual a zero, implicando que a corrente no condutor neutro seja igualmente zero. Na
Figura 1.21 encontra-se uma representação do sistema descrito.
Numa situação real, como na Figura 1.22, as cargas em cada fase raramente se
encontram dispostas de maneira igual, o que se repercute na corrente do condutor neutro
que dificilmente é zero. Porém, geralmente a corrente no neutro é muito baixa e é
certamente muito inferior à corrente que passa nas linhas.
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 21
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 1 - Introdução
Num cenário em que existam cargas não-lineares, e mesmo que estas estejam
equilibradas nas 3 fases, é provável que a corrente do condutor neutro seja diferente de
zero, e que seja inclusive superior à corrente das linhas, como está representado no
cenário da Figura 1.23.
Ou seja, a soma das três correntes não sinusoidais provenientes das linhas, mesmo
com um valor eficaz idêntico, pode ter um valor diferente de zero. No caso do sistema
da Figura 1.23 existem harmónicos de ordem múltipla de três em cada uma das fases, e
que devido a serem de sequência homopolar encontram-se em fase uns com os outros
(ver subsecção 1.1.1) consequentemente somando-se no condutor neutro ao invés de se
cancelarem através da soma de fasores como de resto acontece com os restantes
harmónicos de sequência direta ou indireta.
Figura 1.23 – Representação de um sistema trifásico com corrente harmónica no condutor neutro.
22 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 1 - Introdução
1.3. Enquadramento
A Qualidade de Energia Elétrica (QEE) é um aspeto importante, que juntamente
com o preço, define o valor que os clientes atribuem à energia elétrica que consomem.
Ao longo da última década a atenção da comunidade científica sobre a QEE aumentou
de uma forma acentuada. Relacionado a este aumento de interesse encontram-se razões
como a iminente desregulação do mercado da energia, o aumento da complexidade das
redes de elétricas, a sensibilidade da maioria das cargas atuais e a preocupação em
aumentar a eficiência energética. É estimado que problemas relacionados com a QEE
custem à indústria e ao comércio da União Europeia mais do que € 150 mil milhões por
ano [10]. Este valor tenderá a aumentar no futuro com a introdução crescente de cargas
não-lineares sensíveis a problemas de QEE nas habitações, empresas de serviço e
comércio, e em indústrias. Todavia o impacto adverso dos problemas de QEE nas
cargas, e no sistema elétrico como um todo, pode ser minimizado, pois existem
equipamentos de compensação capazes de solucionar ou mitigar estes problemas.
Exemplos desses equipamentos de compensação são os Filtros Ativos de
Potência. Existem duas topologias básicas de Filtros Ativos, paralela e série, onde cada
uma é capaz de lidar com diferentes problemas de Qualidade de Energia Elétrica. A
topologia paralela é normalmente utilizada para corrigir problemas relacionados com a
corrente consumida por uma carga e com a potência reativa (distorção harmónica da
corrente, desequilíbrios de corrente e correção de fator de potência), ao passo que a
topologia série é mais indicada para lidar com os problemas relacionados com a tensão
(distorção harmónica da tensão, flutuações da tensão, subtensões e sobretensões,
desequilíbrios de tensão) [11].
Esta Dissertação de Mestrado Integrado debruça-se sobre os Filtros Ativos de
Potência do Tipo Série, e consiste no estudo, implementação e teste de um Filtro Série
Monofásico, para compensação de harmónicos de tensão, e sem alimentação do lado
CC. Desta forma, para além de produzir as tensões de compensação, o próprio
conversor série ficará encarregado de realizar a regulação da tensão do lado CC.
1.4. Motivações
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 23
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Capítulo 1 - Introdução
1.5. Objetivos
24 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 1 - Introdução
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 25
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CAPÍTULO 2
2.1. Introdução
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 27
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Capítulo 2 – Sistemas de Compensação com Condicionadores do Tipo Série
XL
Zona
Capacitiva
Zona
Ressonância
XC
Figura 2.2 – Zonas de operação do TCSC.
90º L lim
0 X L (2.1)
28 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 2 - Sistemas de Compensação com Condicionadores do Tipo Série
C lim 180º
X c 0 (2.2)
encontra-se em ressonância.
As principais vantagens dos TCSC são a sua simplicidade, quer nos componentes
utilizados quer nas técnicas de controlo implementadas, e o seu custo reduzido em
relação a outras soluções. Também o próprio esquema de ligação é vantajoso, já que os
condensadores ligados em série têm algumas vantagens em relação a condensadores
ligados em paralelo. Por exemplo, para conseguir os mesmos benefícios para o sistema
elétrico, os condensadores ligados em paralelo necessitam de três a seis vezes mais
potência do que se estivessem ligados em série [15]. Porém, o TCSC apresenta também
algumas desvantagens, sendo a principal o facto de introduzir harmónicos no sistema de
transmissão devido à comutação dos semicondutores [14].
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 29
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 2 – Sistemas de Compensação com Condicionadores do Tipo Série
No “modo standby” o sistema encontra-se com a tensão estabilizada, pelo que não
existe tensão a ser compensada, então o enrolamento do transformador de saída do lado
do DVR é curto-circuitado através de um percurso estabelecido pelo conversor CC-CA
sendo neste modo que o DVR passa a maior parte do tempo. Neste modo não ocorre
nenhuma comutação nos interruptores do conversor, verificando-se apenas perdas de
condução que são muito inferiores comparativamente com as perdas energéticas
registadas devido à comutação dos semicondutores [16]. O segundo modo de operação,
o “modo boost”, entra em funcionamento quando o DVR necessita regular a tensão
fornecida à carga.
Os sistemas DVR utilizam bancos de condensadores como elementos
armazenadores de energia [20]. Estes são os dispositivos mais comuns para armazenar
energia no barramento CC sendo que recentemente passaram a ser utilizados baterias e
ultracondensadores [16].
6
Contudo, cabe ressaltar que algumas UPSs não garantem a alimentação com qualidade, uma vez
que a tensão fornecida à carga é muito distorcida.
30 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 2 - Sistemas de Compensação com Condicionadores do Tipo Série
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 31
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Capítulo 2 – Sistemas de Compensação com Condicionadores do Tipo Série
Esta topologia apresenta três modos de operação: “modo normal”, “modo energia
armazenada” e “modo bypass” [22-24].
No “modo normal” a carga é continuamente alimentada através do sistema UPS,
ou seja acontece uma dupla conversão: o conversor CA-CC está responsável por
carregar o barramento CC (banco de baterias) e fornecer energia ao conversor CC/CA
que por sua vez a usa para alimentar a carga. Neste modo de operação, o sistema UPS
pode ser utilizado para reduzir o conteúdo harmónico das correntes e das tensões e/ou
corrigir o fator de potência [25, 26] De facto, o retificador desta topologia tem que ter
um nível de potência mais elevado do que nas restantes topologias, o que, em conjunto
com o alto nível de proteção oferecido, aumenta os custos globais do sistema.
O segundo modo de operação, o modo “energia armazenada”, é ativado quando o
sistema deteta distúrbios do lado da fonte, que podem ser interrupções, variações nos
valores da frequência e variações nos valores da tensão. Neste caso, o sistema UPS
desliga-se da rede elétrica e fornece energia à carga enquanto houver energia
32 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 2 - Sistemas de Compensação com Condicionadores do Tipo Série
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 33
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Capítulo 2 – Sistemas de Compensação com Condicionadores do Tipo Série
melhorar o fator de potência da carga ou para regular a tensão da carga [21, 28].
Existem dois modos de operação de uma Line-Interactive UPS: o “modo normal” e o
“modo energia armazenada” [22-24].
34 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 2 - Sistemas de Compensação com Condicionadores do Tipo Série
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 35
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Capítulo 2 – Sistemas de Compensação com Condicionadores do Tipo Série
v ca
a a
v cb
b b
v cc
c c
n
i ca i cb i cc
a b c + V cc a b c
Conversor Conversor
Paralelo Série
Figura 2.8 – Circuito de Potência do Condicionador Ativo Série com transformador de acoplamento no
lado do conversor série.
36 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 2 - Sistemas de Compensação com Condicionadores do Tipo Série
a v ca a
b v cb b
c v cc c
C R
C R
C R
L L L
a b c + VCC
Figura 2.9 – Circuito de potência do Filtro Ativo Série com transformador de acoplamento e sem
conversor paralelo.
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 37
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Capítulo 2 – Sistemas de Compensação com Condicionadores do Tipo Série
Ora num sistema ideal, em que não existam perdas energéticas no FAS e na
impedância de linha, e caso não ocorram Variações do Valor Eficaz da Tensão, a
potência ativa proveniente da fonte é aproveitada na totalidade pela carga, ou seja:
Pf 0 (2.4)
Vs Vc Ps Pc (2.5)
Pc Ps Pf (2.6)
Ps Pc Cargas
Rede Elétrica
Pf
Figura 2.10 – Esquema representativo do fluxo de potência ativa na ocorrência de uma cava de tensão.
Caso ocorra uma sobretensão a potência da fonte aumenta pelo que, para manter a
potência da carga constante, o Filtro Ativo Série deve absorver a componente
excedentária de potência ativa proveniente da fonte, como está descrito nas equações
(2.7) e (2.8). Na Figura 2.11 encontra-se um esquema representativo do fluxo de
potência ativa na ocorrência de uma sobretensão.
Vs Vc Ps Pc (2.7)
Pc Ps Pf (2.8)
38 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 2 - Sistemas de Compensação com Condicionadores do Tipo Série
Ps Pc Cargas
Rede Elétrica
Pf
Figura 2.11 – Esquema representativo do fluxo de potência ativa na ocorrência de uma sobretensão.
Inicialmente proposto por Gyugyi et al. [33], o Unified Power Flow Controller
(UPFC) integra num só sistema dois conversores de potência, um ligado em série e
outro ligado em paralelo com a rede elétrica, possibilitando o controlo da potência ativa
e reativa do sistema de transmissão de energia elétrica e a regulação da tensão desse
mesmo sistema. Isto é, o UPFC possibilita controlar ao mesmo tempo três parâmetros
essenciais do sistema elétrico: a amplitude e fase da tensão da carga, e a impedância em
série da rede elétrica; o que permite gerir o fluxo de potência no sistema de transmissão
de energia elétrica. Na Figura 2.12 encontra-se um esquema unifilar de um UPFC.
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 39
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Capítulo 2 – Sistemas de Compensação com Condicionadores do Tipo Série
40 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 2 - Sistemas de Compensação com Condicionadores do Tipo Série
Tabela 2.1 – Tarefas desempenhadas pelo condicionador paralelo e pelo condicionador série num UPQC.
2.8. Conclusões
Neste capítulo foram apresentados diversos sistemas capazes de lidar com alguns
dos problemas de Qualidade de Energia Elétrica (QEE), tendo estes dispositivos a
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 41
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Capítulo 2 – Sistemas de Compensação com Condicionadores do Tipo Série
42 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 2 - Sistemas de Compensação com Condicionadores do Tipo Série
Potência Reativa
Variações de Tensão
Harmónicos de Tensão
Harmónicos de Corrente
Desequilibrios de Tensão
Desequilibrios de Corrente
Interrupções
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 43
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CAPÍTULO 3
3.1. Introdução
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 45
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Capítulo 3 – Sistemas de controlo para Filtros Ativos Série
o método que emprega filtros passa-baixo (Figura 3.2) é tido como um método indireto
e reduz a influência do ruído em comparação com os filtros passa-alto. Neste caso é
filtrada a componente fundamental do sinal lido, que depois é subtraída ao sinal original
de forma a obter a referência com a componente harmónica do sinal. Todavia, esta
abordagem sofre de diversos inconvenientes relacionados essencialmente com erros
elevados na magnitude e na fase do sinal de saída.
Filtro
Passa-alto
Ventrada Vcomp
Figura 3.1 – Esquema de um filtro passa-alto utilizado para gerar uma referência de tensão.
Filtro
Passa-baixo
Ventrada V fundamental
_
+ Vcomp
Ʃ
Figura 3.2 – Esquema de um filtro passa-baixo utilizado para gerar uma referência de tensão.
PLL Monofásica
O circuito PLL monofásico que de seguida se apresenta é baseado nos trabalhos
de Masoud Karimi-Ghartemani [39, 40]. De acordo com o diagrama da Figura 3.3, uma
estrutura PLL genérica apresenta três blocos: o bloco de deteção de fase (phase
detection scheme), que mede a diferença entre a fase do sinal de entrada e a fase do sinal
46 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 3 – Sistemas de controlo para Filtros Ativos Série
de saída; o bloco de filtragem (loop filter), que gera o sinal de erro; e o bloco oscilador
controlado por tensão (voltage-controlled oscillator, VCO), que gera o sinal de saída.
Input Detetor
Filtro VCO
de Fase
Uma análise mais elaborada da estrutura da PLL pode ser feita a partir da
Figura 3.4. A entrada u é comparada com a saída y obtendo-se o sinal de erro, e. O sinal
e é multiplicado pelo resultado obtido a partir da função seno e o produto dessa
operação é inserido num controlador PI. À saída do controlador é adicionada uma
componente com a frequência do sinal de entrada, sendo de seguida integrado o
resultado da soma, obtendo-se desta forma o deslocamento de fase Φ, que servirá de
argumento para as funções trigonométricas seno e co-seno. O resultado da função
co-seno é multiplicado por e e é sucessivamente integrado e multiplicado por uma
constante k, obtendo-se desta forma a amplitude A. Por fim, através da multiplicação
entre A e o resultado da função co-seno, é obtido o sinal de saída y, sendo fechada desta
forma a malha externa da PLL.
cos
X
A
y k ʃ X ω0
_
+
u e
Ʃ + Φ
+ X PI Ʃ ʃ
sin
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 47
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Capítulo 3 – Sistemas de controlo para Filtros Ativos Série
PLL Trifásica
Embora esta abordagem seja mais indicada para sistemas trifásicos, pode também
ser aplicada a sistemas monofásicos, bastando para o efeito se provocar um
desfasamento da tensão de entrada de modo a replicar um sistema trifásico virtual.
Os sinais de sincronismo obtidos servem de referência para o sistema, bastando
multiplicá-los por um valor constante correspondente ao valor de pico pretendido para a
sinusoide de referência, caso o sistema elétrico em questão seja monofásico. Para
situações em que o sistema seja trifásico basta submeter os sinais de sincronismo à
transformada inversa de Clarke, obtendo-se à saída os sinais de referência que irão ser
comparados posteriormente com os sinais da tensão de entrada. Na Figura 3.5
encontra-se representado o diagrama de blocos de um circuito PLL trifásico.
-cos
i
X
va v – ia
vb
abc
Ʃ
ʃ
t αβ
PI ib
vc αβ abc ic
v +
X
i
sin
48 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 3 – Sistemas de controlo para Filtros Ativos Série
Sinusóide Ideal
Amostragem
v fonte
Detetor de Fase
Na base desta estratégia está um sinal sinusoidal com frequência fixa igual à da
rede elétrica (50 Hz) e com amplitude de acordo com o valor máximo da tensão na
carga. Este sinal é amostrado com a mesma frequência de amostragem que as variáveis
de controlo, de maneira a serem recolhidas o mesmo número de amostras, e as amostras
resultantes serem armazenadas numa tabela para posteriormente serem comparadas com
as amostras da variável de controlo. Todavia, antes de se proceder à comparação é
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 49
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 3 – Sistemas de controlo para Filtros Ativos Série
A Teoria da Potência Instantânea foi proposta por Akagi et al. [45] em 1983 para
o controlo de Filtros Ativos, sendo inicialmente pensada para sistemas trifásicos a três
condutores e sendo brevemente mencionada a sua aplicabilidade a sistemas trifásicos
com neutro [46]. Todavia, no decurso da década de 90 esta teoria tornou-se mais
abrangente devido a Aredes e Watanabe [47] que expandiram a teoria inicialmente
proposta, conseguindo demonstrar efetivamente que a Teoria p-q poderia também ser
aplicada em sistemas trifásicos desequilibrados com quatro condutores.
Sendo a Teoria p-q uma técnica de controlo baseada no domínio dos tempos é
portanto indicada para o controlo em tempo real de Filtros Ativos de Potência, tanto em
regime permanente como em regime transitório. Partindo dos valores instantâneos das
tensões e das correntes a Teoria p-q é capaz de calcular as correntes e/ou tensões de
compensação a serem sintetizadas. Outras das características relevantes da Teoria p-q é
o facto, das grandezas que a compõem terem um significado físico o que facilita a sua
compreensão.
A Teoria p-q converte as tensões e as correntes do sistema trifásico para um novo
referencial de coordenadas estacionário denominado por referencial α-β-0, através da
transformação de Clarke.
v0 1 2 12 12 v an
2
v 1 1 2 1 2 v (3.3)
3 bn
v 0 3 2 3 2 vcn
50 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 3 – Sistemas de controlo para Filtros Ativos Série
i0 1 2 12 12 ian
2
i 1 1 2 1 2 i
3 bn (3.4)
i 0 3 2 3 2 icn
Partindo dos sistemas de equações (3.3) e (3.4), a potência real instantânea (p), a
potência imaginária instantânea (q) e a potência instantânea de sequência zero (p0),
podem ser calculadas através das seguintes equações tendo em conta as tensões e as
correntes no sistema de coordenadas α-β-0:
p v i v i
(3.5)
q v i v i
(3.6)
p 0 v 0 i0
(3.7)
p 0 v 0 0 0 i0
p 0 v v
i (3.8)
q 0 v v i
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 51
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Capítulo 3 – Sistemas de controlo para Filtros Ativos Série
c
Cargas
p0 ~
p0
N
Rede Elétrica
52 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 3 – Sistemas de controlo para Filtros Ativos Série
carga. Pode ser divida em duas parcelas, q e q~ , valor médio e valor alternado
respetivamente. Em situações onde não exista distorção harmónica ou desequilíbrios no
sistema, a parcela q~ é equivalente à potência reativa do sistema trifásico convencional.
Convém ainda referir que a Teoria p-q foi estruturada para ser aplicada a sistemas
elétricos trifásicos, porém isso não impede a sua aplicação a sistemas monofásicos. Para
tal basta implementar um sistema trifásico virtual, o que todavia acrescenta uma dose
extra de complexidade à estratégia de controlo.
Para calcular as tensões de compensação a ser introduzidas pelo filtro ativo série é
utilizada a transformada de Clarke para converter o sistema trifásico a-b-c para um
sistema de coordenadas α-β-0, através da equação (3.1). No final espera-se determinar
as tensões de compensação no sistema α-β-0 subtraindo às tensões de referência os
sinais da tensão de entrada, como está descrito na equação (3.11).
vc v ref v
v v v (3.11)
c ref
Os sinais de referência nas coordenadas α-β-0 têm a mesma fase e frequência dos
sinais de entrada, mas poderão ter amplitude e formas de onda diferentes. Para calcular
a frequência, a fase e sintetizar a forma de onda sinusoidal do sinal de referência, as
tensões vα e vβ são inseridas num circuito PLL, como o descrito na subsecção 3.2.2,
obtendo-se à saída dois sinais sinusoidais de amplitude unitária denominados por iα e iβ.
Estes dois sinais estão também em fase e têm a mesma frequência dos sinais de entrada
do circuito PLL. Resta calcular a amplitude do sinal de referência que se obtém a partir
do valor da potência instantânea fictícia, pfict, que pode também ser decomposta em
componente média e alternada:
p fict p fict ~
p fict v i v i
(3.12)
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 53
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Capítulo 3 – Sistemas de controlo para Filtros Ativos Série
vca 1 0
v 1 2 vc
cb 3 2 v (3.14)
vcc 1 2 3 2 c
va
abc
vb
0
vc
vca vcb vcc
v v v – v c
Ʃ 0
PLL + v v c
– Ʃ abc
v v +
i v ref
Cálculo p fict Filtro
pfict Passa-baixo v ref
i
p fict
i
Gerador
Referência
i
54 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 3 – Sistemas de controlo para Filtros Ativos Série
de referência, vd*. O erro obtido da comparação é inserido num controlador PI cujo sinal
de saída é posteriormente multiplicado pelo sinal sinusoidal de amplitude unitária vs1, de
onde resulta um sinal também ele sinusoidal responsável por compensar as perdas
existentes no barramento CC.
s1 s2
D1 D2
a
Cd
vd
il b
s3 s4
D3 D4
Lf
is Cf io
vf
vs Zo
*
vs
+
vs
* – Ʃ
vd vs1 v f
vh
+ + –
vd + v comp + v pwm
– Ʃ PI X Ʃ Ʃ PID
Figura 3.10 – Malha de controlo dos valores médios instantâneos com controladores PI e PID.
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 55
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 3 – Sistemas de controlo para Filtros Ativos Série
Carga
v sa + ia Ls + vla Lf ia s1 s2 s3
_ _
Zl D1 D2 D3
v sb ib Ls + vlb Lf ib a Cd
+
_ _
+
Zl b vd
_
vlc Lf c
_ v sc ic Ls +
_ ic
+ s5 s6
Zl s4
D4 D5 D6
Cf Cf Cf
Figura 3.11 – Esquema de Filtro Ativo Série sem Fonte CC aplicado a sistemas trifásicos.
Vf
Zs
Is Il
Vs Vl
Figura 3.12 – Circuito monofásico equivalente de um Filtro Ativo Série adaptado de [30].
56 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 3 – Sistemas de controlo para Filtros Ativos Série
l zl s (3.19)
Vs I s cos s Rs Rl I s2
Vs
Is I cos s
Rs Rl s (3.20)
p f p*f p s pl p*f
Zl
Vl V cos s
Rs Rl s
(3.22)
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 57
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Capítulo 3 – Sistemas de controlo para Filtros Ativos Série
Rs Rl Vl*
s cos 1
Vs
(3.24)
Zl
Ao olhar com atenção para a equação (3.24) pode-se identificar situações limite.
Caso a amplitude da tensão da carga desejada seja igual ou superior à amplitude da
tensão da fonte ( Vl* Vs ), ou se a resistência de linha for muito grande ( Rs 0 ), o
argumento da equação supracitada pode ser maior que 1, o que torna impossível de
obter a amplitude da tensão da carga desejada. Estes limites impostos pela análise em
regime estacionário são importantes para compreender alguns aspetos da metodologia
de controlo que se apresenta de seguida, assim como para identificar potenciais
resultados do controlo.
Estratégia de Controlo
Como o nome, indica esta estratégia de controlo, cujo diagrama de blocos se
encontra Figura 3.13, é baseada numa malha indireta de corrente. A tensão do
barramento CC, Vd, é comparada com o valor de referência Vd*, e a diferença existente é
conduzida para um controlador PI, e a sua saída é a amplitude da corrente de referência,
Is*. A amplitude da tensão da carga de referência Vl*, é comparada com a amplitude da
tensão da carga medida Vl, e o resultado de tal operação é inserido num controlador PI,
definindo desta forma a referência do ângulo de fator de potência ϕs*. O bloco limitador
impõe que o valor de referência ϕs* seja inferior a zero (de acordo com a análise
realizada para equação (3.24), consequentemente limitando a amplitude máxima da
tensão na carga ao seu valor máximo possível. As correntes de referência Isn* são
geradas em sincronismo com a tensão de cada fase Vsn (n = 1, 2, 3) e com um
desfasamento determinado pelo ângulo ϕs*. Isto é conseguido através de uma
abordagem similar a uma PLL representada na Figura 3.13 pelo bloco Gene-is. A saída
deste bloco é depois comparada com a corrente medida em cada fase, Isn, e o resultado
dessa comparação é inserido num controlador PI, obtendo-se à saída a tensão de
compensação Vcomp.
58 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 3 – Sistemas de controlo para Filtros Ativos Série
vd v sn i sn
–
* * –
is i sn +
+
*
vd Ʃ PI Gene-is Ʃ PI vcomp
* + s*
vl Ʃ PI Lim
v l
Figura 3.13 – Diagrama de blocos da estratégia de controlo baseada numa malha indireta de corrente.
3.6. Conclusões
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 59
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Capítulo 3 – Sistemas de controlo para Filtros Ativos Série
Por outro lado, o controlo da tensão por valores médios instantâneos é aplicável
exclusivamente a sistemas monofásicos. A componente harmónica e a componente de
regulação da tensão do barramento CC são juntas numa componente de compensação
global. Atendendo ao facto de que o filtro ativo de potência série a implementar é
monofásico, esta teoria de controlo adequa-se melhor que as restantes teorias (que
foram concebidas para sistemas trifásicos) no âmbito do que é pretendido neste projeto,
logo esta teoria foi a escolhida para ser implementada no FAS desenvolvido.
60 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
CAPÍTULO 4
4.1. Introdução
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 61
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Capítulo 4 – Simulações do Filtro Ativo Série
62 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 4 – Simulações do Filtro Ativo Série
PSIM
Hardware
DSP Targets Auto Geração DLL SOFTWARE
Análise Térmica
HARDWARE Código EXTERNO
SimCoder Thermal
Eletrónica de
Potência
MagCoupler /
MATLAB / SimCoupler Acionamento MagCoupler-RT JMAG /
Controlo
SIMULINK Motores JMAG-RT
Digital Control Motor Drive
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 63
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Capítulo 4 – Simulações do Filtro Ativo Série
Carga Não-Linear
64 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 4 – Simulações do Filtro Ativo Série
O modelo de simulação que se apresenta na Figura 4.6 foi testado para geração de
referências de tensão em sistemas trifásicos, e de modo a comparar com o desempenho
da PLL monofásica.
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 65
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 4 – Simulações do Filtro Ativo Série
A malha de controlo foi implementada de acordo com o que foi proposto por
Ribeiro et al. [29, 48, 50], e que foi descrito anteriormente na secção 3.4 do Capítulo 3.
Percebe-se olhando para a Figura 4.7 que se procede a uma amostragem dos sinais
vsource, vd, e vca*, sendo de seguida o sinal amostrado a partir de vs inserido no bloco de
geração de referência PLL 1-Phase que implementa o modelo apresentado na
subsecção 4.4.1. A saída desta PLL tem a amplitude da mesma ordem de grandeza que
o sinal de entrada, e deve portanto ser redimensionada para ter uma amplitude unitária
antes de ser multiplicada pelo sinal proveniente do controlador PI. De salientar também
o bloco limitador utilizado à saída do controlador PI, que serve para evitar que ocorram
fenómenos de windup no controlador visado [51]. A referência de tensão para o lado CC
foi fixada em 200 V nas simulações conduzidas.
66 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 4 – Simulações do Filtro Ativo Série
Referência
Pulsos
IGBTs
Comp
Portadora
Triângular
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 67
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Capítulo 4 – Simulações do Filtro Ativo Série
-1
Na Figura 4.12 estão representadas as ondas vref, -vref e vtri , assim como as tensões
dos terminais de saída de cada braço do inversor para o neutro (v1n e v2n), bem como a
tensão de saída sem filtragem (v1n-v2n) e com filtragem (vsaída) do inversor ao sintetizar
uma sinusoide.
40
0
-40
40
0
-40
Figura 4.12 – (a) Sinais de referência (vref e -vref) e portadora triangular (vtri); (b) Tensões de saída nos
braços no inversor em relação ao neutro (v1n e v2n); (c) Tensão de saída aos terminais do inversor (v1n-v2n)
e após o filtro de saída (vsaída).
68 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 4 – Simulações do Filtro Ativo Série
O erro entre a tensão de referência, vca*, e a tensão de saída do filtro, vca, alimenta
um controlador PID que tal como o controlador PI usado no modelo do sistema de
controlo, tem um limitador de modo a mitigar os fenómenos de windup do controlador.
A saída do controlador é replicada e invertida (-vref). Os sinais vref e -vref são comparados
com a portadora triangular e os pulsos obtidos são enviados para os interruptores dos
braços 1 e 2 respetivamente.
100
0
-100
-200
(c) icarga (A)
10
5
0
-5
-10
0.3 0.32 0.34 0.36 0.38 0.4
Time (s)(s)
Tempo
Figura 4.13 – Formas de onda da tensão na fonte e na carga e da corrente na carga antes da compensação:
(a) Tensão na fonte (vfonte); (b) Tensão na carga (vcarga); (c) Corrente na carga (icarga).
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 69
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Capítulo 4 – Simulações do Filtro Ativo Série
3ª 6,76 7,78
20 7ª 3,50 4,03
-40
vref (V)
200
150
100
50
0
-50
-100
-150
-200
0.3 0.32 0.34 0.36 0.38 0.4
Time (s)(s)
Tempo
O sinal obtido da comparação entre o sinal vref e o sinal vcarga é designado por
vcomp_har, que é no fundo o sinal de compensação do conteúdo harmónico do sistema.
Porém o FAS não deve apenas reduzir os harmónicos de tensão, este deve também
compensar as perdas energéticas verificadas na comutação dos semicondutores, pelo
que deve ser acrescentada uma parcela de compensação para esse efeito. Essa
componente, denominada por vcomp_cc, é obtida comparando o valor da tensão do lado
CC com um valor de referência (registado nos 200 V), e multiplicando o resultado por
uma sinusoide unitária. Esta parcela é somada ao sinal vcomp_har e juntas compõem o
sinal de compensação vcom_tot, que engloba a totalidade das componentes de
compensação e que será sintetizado na saída do inversor. Na Figura 4.15 estão
representadas as componentes de compensação vcomp_cc, vcomp_har e vcomp_tot.
O sinal de saída do filtro ativo, vca, segue a referência oferecida pelo sinal vcomp_tot,
sintetizando as harmónicas existentes do lado da fonte em oposição de fase, e
requerendo à fonte a potência ativa necessária para regular o barramento CC. Aliás, o
70 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 4 – Simulações do Filtro Ativo Série
Figura 4.15 – Formas de onda das tensões de compensação: (a) Tensão de regulação do barramento CC
(vcomp_cc); (b) Tensão de compensação harmónica (vcomp_har); (c) Tensão de compensação total (vcomp_tt).
20
-20
-40
200.04
200
199.96
199.92
Figura 4.16 – Formas de onda das tensões de compensação e do barramento CC: (a) Tensão de
compensação de referência (vcomp_tt) e tensão de compensação sintetizada pelo FAS (vca) que se encontram
sobrepostas; (b) Tensão regulada no barramento CC (vcc).
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 71
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Capítulo 4 – Simulações do Filtro Ativo Série
3ª 0,56 0,65
5ª 0,63 0,72
7ª 0,72 0,83
100
0
-100
-200
(c) icarga (A)
10
5
0
-5
-10
0.3 0.32 0.34 0.36 0.38 0.4
Time (s)(s)
Tempo
Figura 4.17 – Formas de onda da tensão na fonte e na carga e da corrente na carga após a compensação:
(a) Tensão na fonte (vfonte); (b) Tensão na carga (vcarga); (c) Corrente na carga (icarga).
72 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 4 – Simulações do Filtro Ativo Série
3,04
0 s e daí em diante o FAS mantém a da tensão no barramento regulada em torno do
-100
valor de referência.
-200
vcc (V)
250
Carregamento do Condensador do Barramento CC
200
Regulação do
150 Barramento CC
100
50
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
Time(s)
Tempo (s)
situa-se
100 nos 145,5 V; todavia com a entrada em funcionamento do ciclo de regulação a
amplitude
50 da tensão na carga é restituída para o seu valor inicial.
0
vcarga (V)
200
145,5 V 162,5 V
100
-100
-200
2.6 2.7 2.8 2.9 3
Time (s)(s)
Tempo
Figura 4.19 – Variação da tensão da carga durante o carregamento dos condensadores do lado CC.
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 73
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Capítulo 4 – Simulações do Filtro Ativo Série
valor
0 eficaz. Na Figura 4.20 pode-se ver os efeitos provocados pela cava na tensão da
-100
rede.
-200
vfonte (V)
200
150
100
50
0
-50
-100
-150
-200
0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
Time (s)
Tempo (s)
Figura 4.20 – Forma de onda da tensão na fonte durante uma cava de tensão (vfonte).
120
110
100
90
80
0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
Time (s)
Tempo (s)
Figura 4.21 – Cálculo do valor eficaz da tensão da rede durante uma cava de tensão (vfonte_rms).
Uma vez detetada a cava, o Filtro Ativo Série interrompe a regulação da tensão no
barramento CC e utiliza a energia armazenada previamente no condensador deste
barramento para fornecer à carga a potência que esta necessita para continuar a
funcionar nas condições nominais. Na Figura 4.22 encontra-se a forma de onda da
tensão rede e forma de onda da carga durante o período de compensação da cava. De
74 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 4 – Simulações do Filtro Ativo Série
notar na Figura 4.22 (b) que, durante a cava de tensão, o Filtro Ativo Série mantém a
compensação harmónica da tensão da carga enquanto compensa também a variação do
valor eficaz. Todavia, terminada a cava, o FAS interrompe as tarefas de compensação
para retornar o vcc ao seu valor de referência.
Figura 4.22 – Formas de onda da tensão da rede e da carga durante uma cava: (a) Tensão da fonte (vfonte);
(b) Tensão da carga(vcarga).
Como
100 se pode ver na Figura 4.23, durante a cava a tensão do barramento CC desce dos
2000 V para os 170 V e, uma vez terminada a cava, a tensão do barramento CC regressa
-100
lentamente para o seu valor de referência.
-200
vcc (V)
205
200
195
190
185
180
175
170
0.2 0.4 0.6 0.8
Tempo (s)
Time (s)
Figura 4.23 – Evolução da tensão do barramento CC antes (0,1 s a 0,2 s), durante (0,2 s a 0,4 s) e após
uma cava de tensão (0,4 s a 0,9 s) (vcc).
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 75
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Capítulo 4 – Simulações do Filtro Ativo Série
vfonte (V)
variações
200
ao longo do tempo como é visível na Figura 4.24. Já na Figura 4.25 (a)
pode-se
100 verificar o aumento da tensão da rede entre 0,2 s e 0,4s, enquanto na
0
Figura 4.25 (b) pode-se verificar a forma como a tensão da carga se mantém
-100
praticamente inalterada durante esse período.
-200
vfonte_rms (V)
140
135
130
125
120
115
110
105
100
0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
Time (s)
Tempo (s)
Figura 4.24 – Cálculo do valor eficaz da tensão da rede durante uma sobretensão (vfonte_rms).
Figura 4.25 – Formas de onda da tensão da rede e da carga durante uma sobretensão: (a) Tensão da fonte
vcarga (V) (vfonte); (b) Tensão da carga(vcarga)..
200
100 Durante a sobretensão, e como se pode comprovar pela Figura 4.26, verifica-se
um0 aumento da tensão do barramento CC. Terminada a sobretensão, a tensão do
-100
barramento CC regressa ao seu valor de referência.
-200
vcc (V)
230
225
220
215
210
205
200
195
190
0.2 0.4 0.6 0.8
Tempo (s)
Time (s)
Figura 4.26 – Evolução da tensão do barramento CC antes (0,1 s a 0,2 s), durante (0,2 s a 0,4 s) e após
uma sobretensão (0,4 s a 0,9 s) (vcc).
76 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 4 – Simulações do Filtro Ativo Série
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 77
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Capítulo 4 – Simulações do Filtro Ativo Série
Condicionador
Paralelo Condicionador Série
78 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 4 – Simulações do Filtro Ativo Série
subsecção 4.4.1. O esquema de controlo completo pode ser visto na Figura 4.28, onde se
encontram evidenciadas as partes de controlo dedicadas ao condicionador paralelo e ao
condicionador série.
Figura 4.28 – Sistema de controlo do Condicionador Ativo Série: (a) Sistema de controlo do
condicionador paralelo; (b) Sistema de controlo do condicionador série.
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 79
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Capítulo 4 – Simulações do Filtro Ativo Série
100 100
0 0
-100 -100
-200 -200
icarga (A) (b) icarga (A) (d)
10 10
5 5
0 0
-5 -5
-10 -10
0.12 0.16 0.2 0.72 0.76 0.8
Time (s)
Tempo (s) Time (s)
Tempo (s)
Figura 4.29 – Formas de onda condicionadas pelo CAS: (a) Tensão na carga antes do acionamento do
CAS; (b) Corrente na carga antes do acionamento do CAS; (c) Tensão na carga após o acionamento do
CAS; (d) Corrente na carga após o acionamento do CAS.
Na Figura 4.29 (a) e na Figura 4.30 (a) são exibidas as formas de onda da tensão
na carga num instante prévio à entrada em funcionamento do CAS e do FAS
respetivamente. Já na Figura 4.29 (c) e na Figura 4.30 (c) é mostrada a tensão na carga
após o CAS e o FAS entrarem em funcionamento. De maneira análoga, na
Figura 4.29 (b) e na Figura 4.30 (b) e também na Figura 4.29 (d) e na Figura 4.30 (d), é
possível comprovar como a melhoria da tensão causa indiretamente uma melhoria sobre
a corrente que a carga consome. Como é visível nesse conjunto de figuras, os resultados
não diferem muito entre os dois equipamentos, sendo que ambos são capazes de
compensar convenientemente os problemas de QEE relacionados com os harmónicos de
tensão.
De facto, após a entrada em funcionamento do CAS a THD do sistema diminuiu
para 1,1%, o que é bastante próximo da taxa de 1,5% obtida com o FAS e muito menor
do que os 10,3% da fonte.
80 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 4 – Simulações do Filtro Ativo Série
100 100
0 0
-100 -100
-200 -200
icarga (A) (b) icarga (A) (d)
10 10
5 5
0 0
-5 -5
-10 -10
0.12 0.16 0.2 0.72 0.76 0.8
Time (s)
Tempo (s) Time (s)
Tempo (s)
Figura 4.30 – Formas de onda condicionadas pelo FAS: (a) Tensão na carga antes do acionamento do
FAS; (b) Corrente na carga antes do acionamento do FAS; (c) Tensão na carga após o acionamento do
FAS; (d) Corrente na carga após o acionamento do FAS.
Tabela 4.3 – Amplitudes das componentes harmónicas da tensão na carga após a entrada em
funcionamento do CAS.
3ª 0,44 0,50
5ª 0,18 0,21
7ª 0,18 0,22
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 81
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 4 – Simulações do Filtro Ativo Série
Figura 4.31 – Formas de onda no Condicionador Ativo Série e no Filtro Ativo Série: (a) Tensão no
barramento CC do CAS; (b) Corrente de compensação do barramento CC do CAS; (c) Tensão no
barramento CC do FAS; (d) Tensão de compensação do barramento CC do FAS.
4.7. Conclusões
82 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 4 – Simulações do Filtro Ativo Série
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 83
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CAPÍTULO 5
5.1. Introdução
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 85
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Capítulo 5 – Implementação do Filtro Ativo Série
Figura 5.1 – Circuito de Potência: (a) Circuito de potência na parte superior da bancada; (b) Circuito de
potência na parte inferior da bancada.
86 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 5 – Implementação do Filtro Ativo Série
Q1
Q2
K5 K5 K6
S1
K2 K3
K1
S2
Q5 Q6
Q3 Q4
K1 K2 K2 K5 R RL K6 RET
K3 K4
Figura 5.2 – Esquema do circuito de comando implementado para o Fitltro Ativo de Potência Série.
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 87
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 5 – Implementação do Filtro Ativo Série
puramente resistiva é retirada do circuito e substituída por uma carga RL. De forma
similar quando Q6 é ativado, K6 passa também a ser alimentada, colocando em paralelo
com a carga RL um retificador com filtro RC de saída. Na Figura 5.3, pode-se analisar o
esquema do circuito de potência que complementa a descrição do circuito de comando
da Figura 5.2.
Q2 630Ω
Q4 RR
Q3 Q3 Q5 Q6
2:1
117µF 100Ω
CRet RRet
Rede Elétrica 1,50mH 50Ω
20µF 12Ω
L RL RRL
Cf Rf
0,8mH
Vcc
Lf
Ccc 4700µF
88 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 5 – Implementação do Filtro Ativo Série
Cada um dos IGBTs apresenta corrente de coletor (Ic) máxima de 125 A, enquanto
o díodo em antiparalelo suporta correntes (If) até 100 A (para uma temperatura de
25 ºC), já a tensão coletor-emissor (Vce) não deve exceder os 1700 V. Convém salientar
que em regime transitório a corrente de coletor pode exceder até 6 vezes o seu valor
nominal. Outra característica relevante prende-se com os valores máximos da corrente
que diminuem consideravelmente com o aumento da temperatura (a 80º C Ic = 90 A e
If = 70 A), logo é indispensável o uso de dissipadores térmicos para manter a
temperatura na caixa próxima dos 25º C. Na Figura 5.5 têm-se o aspeto físico de um
módulo de IGBTs assim como um esquemático do seu circuito interno [59].
(a) (b)
(a) (b)
Figura 5.6 – Representações do circuito de drive SKHI22AH4: (a) Esquema elétrico do circuito de
drive [60]; (b) Aspeto físico do módulo [60]
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 89
Nuno Fernando Carvalho Teixeira – MIEEIC – Universidade do Minho
Capítulo 5 – Implementação do Filtro Ativo Série
(a) (b)
Lf
Cf
Rf
Figura 5.7 – Filtro de acoplamento RLC: (a) Esquema elétrico do filtro; (b) Aspeto físico do filtro.
0,5 Vd
Lf (5.1)
f s i L f max
90 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 5 – Implementação do Filtro Ativo Série
1
Cf
L f r2 (5.2)
Figura 5.8 – Diagrama de Bode do Filtro de Acoplamento (Lf = 1,5 mH; Cf = 30 µF).
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 91
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Capítulo 5 – Implementação do Filtro Ativo Série
evidência uma frequência de corte aos 1,75 kHz e uma frequência de ressonância
situada aos 1,25 kHz.
Figura 5.9 – Diagrama de Bode do Filtro de Acoplamento (Lf = 1,5 mH, Cf = 30 µF, Rf = 8 Ω).
Figura 5.10 – Diagrama de Bode do Filtro de Acoplamento (Lf = 0,8 mH, Cf = 20 µF, Rf = 12 Ω).
92 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 5 – Implementação do Filtro Ativo Série
(a) (b)
Figura 5.11 – Sensor de tensão CYHVS025 da ChenYang: (a) Esquema de funcionamento do sensor;
(b) Aspeto físico do sensor.
Tendo por base o efeito de Hall, estes dispositivos são capazes de medir sinais
tanto em corrente alternada como em contínua e o seu funcionamento assemelha-se ao
de um transformador com razão de transformação é de 2500:1000, existindo portanto
isolamento elétrico entre o sinal medido e o sinal de saída. No primário encontra-se a
resistência Ri que deve ser dimensionada tendo em conta o valor máximo da tensão (VMAXin)
e o valor nominal da corrente no primário do sensor (Ipn). Estas relações são traduzidas na
equação (5.3).
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 93
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Capítulo 5 – Implementação do Filtro Ativo Série
VMAXin
Ri (5.3)
I pn
Por sua vez a corrente do lado do secundário (Isn) tem um valor nominal de
25 mA, pelo que a resistência Rm deve ser dimensionada conforme a tensão máxima
desejada (VMAXout) para o sinal de saída. O cálculo de Rm é portanto realizado de acordo
com a equação (5.4).
VMAXout
Rm (5.4)
I sn
Após a recolha dos sinais dos sensores estes não podem ser logo inseridos no DSP
pois este não aceita tensões negativas, portanto deve ser adicionado um valor médio aos
sinais provenientes dos sensores retirando assim a parte negativa do sinal e depois
94 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 5 – Implementação do Filtro Ativo Série
adequa-o aos níveis de tensão (0 a 3 V) do ADC do DSP. Com isto em mente foi
utilizada uma PCB de condicionamento de sinal já existente no laboratório do GEPE.
Esta placa é capaz de condicionar em simultâneo 11 sinais analógicos (5 de tensão e 6
de corrente) e inclui também circuitos de deteção de erro. Na Figura 5.13 encontra-se
uma fotografia da placa de condicionamento.
Uma vez que esta PCB apresenta uma aparente complexidade devido aos muitos
circuitos nela inseridos, achou-se conveniente desconstruir a placa e simular as frações
da placa que foram efetivamente empregadas. Como o objetivo da simulação é apenas
compreender o funcionamento dos circuitos usados foi usado o software PSIM de modo
a manter as simulações versáteis e simples7. Em primeiro lugar foi simulada uma
montagem com um divisor de tensão na entrada, seguido de um filtro passa baixo
Chebyshev de 2ª ordem e por último um amplificador diferencial que inverte o sinal de
entrada, soma-lhe um valor médio e envia o sinal de saída para o ADC. O circuito
completo pode ser analisado na Figura 5.14.
O funcionamento do circuito da Figura 5.14 é explicado pelos resultados das
simulações da Figura 5.15, neles analisa-se as entradas negativa (Vamp-) e positiva
(Vamp+) da montagem amplificadora inversora do circuito para além dos sinais de
entrada e saída do circuito de condicionamento. O sinal de entrada (Vin) após
contemplar a sua amplitude diminuída no divisor resistivo e de passar pelo filtro passa-
baixo é inserido na entrada negativa da montagem do amplificador diferencial Vamp-. Na
entrada positiva do amplificador diferencial Vamp+ é inserido um sinal continuo positivo
7
Existem softwares como o Multisim ou o PSpice que são mais indicados para simular circuitos de
instrumentação, todavia a dificuldade na seleção dos componentes e a complexidade no visionamento das
formas de onda quando em comparação com o PSIM, levou a não optar por esse tipo de software.
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 95
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Capítulo 5 – Implementação do Filtro Ativo Série
que é somado ao sinal invertido e amplificado de Vamp- produzindo desta maneira o sinal
de saída (Vout).
V in 100nF 200kΩ
100kΩ 100kΩ
GND
Figura 5.14 – Esquema do circuito de condicionamento de sinal que adequa os sinais de medição aos
niveis de tensão do DSP.
2
Entrada AmpOp
Positiva
1
0
Entrada AmpOp
-1 Negativa
-2
-3
Figura 5.15 – Resultados de simulação do circuito de condicionamento de sinal da Figura 5.14: Sinal de
entrada (vin); Sinal de saída (vout); Sinal à entrada negativa do AmpOp(vamp-); Sinal na enrtada positiva do
AmpOp (vamp+).
96 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 5 – Implementação do Filtro Ativo Série
-15V
3,9kΩ
+ +15V
_
+15V
SET
GND D Q
GND GND
Vout
V in CLR Q
+15V
RESET
3,9kΩ
+15V
+
_ 5kΩ
GND
10kΩ 10kΩ
3,7kΩ
GND GND
GND
4
Sinal de Referência
Sinal de Entrada
2
Sinal de Saída
0
0 0.02 0.04 0.06 0.08
Time (s)
Tempo (s)
Figura 5.17 – Resultados de simulação do circuito de deteção de sobretensões no barramento CC.
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 97
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Capítulo 5 – Implementação do Filtro Ativo Série
EVB) [62]. Os Event Managers são mesmo uma das características mais interessantes
deste dispositivo, pois facilitam bastante a implementação da técnica de comutação
PWM unipolar [63].
O DSP tem também um interface JTAG (Joint Test Action Group) que é utilizado
na ligação à porta USB do PC. Esta ligação é intermediada pelo emulador XDS 100 da
Texas Instruments, exibido na Figura 5.19, que também é responsável por carregar o
código desenvolvido no PC para a memória flash do DSP e permite realizar debug
online desse mesmo código. Em relação ao código e ao seu desenvolvimento a Texas
Instruments disponibiliza um software de compilação para esse efeito, o Code
Composer Studio (CCS). Nele é possível conceber um programa em linguagem C/C++,
compilá-lo e de seguida executá-lo. Os processos de debug e carregamento dos
programas para o DSP são controlados através do CCS que também permite visualizar
variáveis internas do DSP.
98 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 5 – Implementação do Filtro Ativo Série
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 99
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Capítulo 5 – Implementação do Filtro Ativo Série
Inicialização do DSP
erro_Vs; erro_Vcc; erro_Vout
K; Ki; Kd; K_cc; Ki_cc; K_res Sim PID_OUT >
PID_OUT = limite
limite?
Sim
Vcc > limite?
Cálculo de erros
erro_Vs=Vs_ref - Vs
erro_Vcc=Vcc_ref – Vcc Não
Não
Sim Não
Não
Sim
CpuTimer0.InterruptCount !=0
Não
Figura 5.21 – Algoritmo do programa criado para controlar o Filtro Ativo Série e implementado no DSP.
100 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 5 – Implementação do Filtro Ativo Série
fonte (erro_Vs). A variável erro_Vcc sofre uma transformação adicional por intermédio
do controlador PI e de uma multiplicação com uma sinusoide unitária que está em fase
com Vs_ref. Uma vez recalculada a variável erro_Vcc, é necessário verificar se esta não
excede os limites impostos para a tensão do barramento CC sendo empregues testes
condicionais para inferir sobre este ponto. Esta fase culmina com a soma dos valores de
erro_Vcc e erro_Vs com o resultado a ser armazenado na variável erro_Sum.
Uma vez calculado o valor de erro_Sum, este é usado como parâmetro de uma
função responsável por minimizar os efeitos da ressonância causada pelo filtro de
acoplamento. Esta função é baseada nos algoritmos de amortecimento descritos em [65-
67], e tem um papel particularmente importante como se poderá analisar nos resultados
obtidos na secção 6.2. Na Figura 5.22 encontra-se um diagrama representativo do
algoritmo de amortecimento e a forma como este se relaciona com o controlador PID de
saída.
v out
– –
errosum + + erroout PIDout
Ʃ Ʃ PID
–
K
+ Ʃ –
Figura 5.22 – Diagrama de blocos do algoritmo de amortecimento e a sua interação com o PID de saída.
Este algoritmo é equiparável a uma resistência virtual que é usada para mitigar as
componentes de alta frequência e as oscilações ressonantes existentes numa rede
elétrica. A resistência virtual pode substituir a resistência física existente no filtro de
saída de um conversor de potência, ou trabalhar em conjunto com essa resistência
permitindo realizar um ajuste fino do coeficiente de amortecimento do filtro de saída.
Como sugere a Figura 5.22, o retorno da função que implementa o algoritmo de
amortecimento é empregue numa outra função que implementa um controlador PID.
O resultado do controlador PID é armazenado na variável PID_OUT sendo depois
verificado se esta cumpre com os limites predefinidos através de testes condicionais. É
também avaliado o nível de tensão do barramento CC analisando se este não excedeu os
níveis máximos de tensão ou se foi recebido algum sinal externo indicativo da deteção
de uma tensão excessiva no condensador do barramento. Caso não existam
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 101
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Capítulo 5 – Implementação do Filtro Ativo Série
102 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 5 – Implementação do Filtro Ativo Série
Sinalização de erros
no Barramento CC
On/Off
Comutações
Reset do erro
de comutação
Reset do erro do
Barramento CC
Figura 5.24 – Painel de controlo com os comandos para ativar/desativar as comutações, realizar reset dos
sinais de erro e com sinalizações luminosas de ocorrência de erros.
(a) (b)
Figura 5.25 – Placa de proteção do barramento CC: (a) Esquema do circuito de proteção do barramento
CC; (b) Aspeto físico da placa de proteção do barramento CC.
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 103
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Capítulo 5 – Implementação do Filtro Ativo Série
5.4. Conclusões
104 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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CAPÍTULO 6
Resultados Experimentais
6.1. Introdução
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 105
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Capítulo 6 – Resultados Experimentais
vfonte 20V/div
5ms/div
Todavia, como a THD da tensão da rede não excede os limites legais foi
adicionado ao circuito de potência uma carga a montante do FAS, como já foi referido
anteriormente, com o intuito de aumentar o conteúdo harmónico da tensão do sistema.
Esta carga é composta por uma indutância (L = 5 mH), colocada em série com o sistema
elétrico, e por um retificador monofásico, colocado em paralelo com uma carga RC
(R = 100 Ω e C = 117,5 µF). O retificador requer à fonte correntes distorcidas que,
quando atravessam a indutância de linha causam quedas de tensão de frequência
múltipla da fundamental, o que por sua vez distorce ainda mais a forma de onda da
tensão. A adição desta carga é assinalada no esquema da Figura 6.3.
106 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 6 – Resultados Experimentais
Q2 630Ω
Q4 RR
5mH Q3 Q3 Q5 Q6
2:1
Ls 117µF 75Ω
CRet RRet
Rede Elétrica 1,50mH 50Ω
20µF 12Ω
L RL RRL
Cf Rf
Rs Cs
0,8mH
Vcc
Lf
100Ω 117µF
Ccc 4700µF
Figura 6.3 – Esquema da montagem final com a fonte (ao lado esquerdo), o Filtro Ativo Série (ao centro),
as cargas (ao lado direito) e a carga adicionada para aumentar o conteúdo harmónico da tensão (ao lado
esquerdo sob a fonte).
vfonte 20V/div
5ms/div
Figura 6.4 – Forma de onda da tensão da rede (vfonte), com distorção harmónica adicional.
Figura 6.5 – Espetro harmónico da tensão da fonte após a inclusão da carga a montante do FAS.
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 107
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Capítulo 6 – Resultados Experimentais
5V/div
vcc
5ms/div
Figura 6.6 – Forma de onda da tensão no barramento CC (vcc) antes de iniciar a compensação.
108 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 6 – Resultados Experimentais
10V/div
vfiltro
5ms/div
Figura 6.7 – Forma de onda da tensão sintetizada à saída do Filtro Ativo Série (vfiltro).
vcarga 20V/div
5ms/div
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 109
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Capítulo 6 – Resultados Experimentais
obtendo-se no final um valor de 4,1% para a THD. Também na tensão da fonte surge
uma componente de alta frequência indesejada e que altera significativamente a forma
de onda da tensão, como se pode comprovar na Figura 6.10. Convém salientar que estes
resultados foram obtidos sem a utilização da função de amortecimento descrita na
subsecção 5.3.3, sendo a partir das conclusões retiradas até este ponto, que se verificou
a necessidade de inclusão do método de amortecimento.
vfonte 20V/div
vcarga 20V/div
5ms/div
Figura 6.11 – Forma de onda da tensão da carga (vcarga) com algoritmo de amortecimento.
Nesta última figura, verifica-se que a THD desceu com a inclusão do algoritmo de
amortecimento para os 3,6%, e que a amplitude dos harmónicos em torno da frequência
de 1 kHz também diminuiu significativamente. Todavia, regista-se um ligeiro aumento
110 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 6 – Resultados Experimentais
da amplitude dos harmónicos a partir do 41º harmónico, o que leva a crer que a
frequência de ressonância foi transferida para uma frequência acima dos 2 kHz.
vfonte 20V/div
vcarga 20V/div
5V/div
vfiltro
5ms/div
Figura 6.13 – Formas de onda da tensão na fonte (vfonte), da tensão na carga (vcarga),e da tensão na saída do
Filtro Ativo Série (vfiltro).
6.3. Conclusões
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 111
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Capítulo 6 – Resultados Experimentais
112 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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CAPÍTULO 7
7.1. Conclusões
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 113
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Capítulo 7 – Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros
114 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 7 – Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 115
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Capítulo 7 – Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros
Como é possível discernir através deste trabalho, o Filtro Ativo de Potência Série
cumpre com os requisitos mínimos requeridos a este tipo de equipamento. Todavia,
existem vários aspetos do FAS a otimizar e melhorar, começando pelo nível de tensão
dos testes conduzidos. Neste documento foram apresentados resultados para um sistema
elétrico de 50 V, que é um nível de tensão inexistente em termos de redes elétricas.
Seria imperioso elevar o valor da tensão dos testes, primeiro para 115 V e depois para
230 V, para que fique comprovada a aplicabilidade do equipamento às redes elétricas
comuns. Aliás, a integração do FAS numa rede elétrica comum seria outro aspeto a ser
explorado. Também se poderia realizar testes para comprovar experimentalmente se o
FAS pode compensar Variações do Valor Eficaz da Tensão (sags e swells) e Flutuações
da Tensão.
A implementação no software de funções de deteção e proteção de sobrecargas e
sobretensões seria uma adição interessante ao algoritmo de controlo concebido para o
Filtro Ativo Série.
Também se deve tentar melhorar o algoritmo de amortecimento de modo a que
seja desnecessário utilizar a resistência de amortecimento do filtro de acoplamento, que
introduz perdas energéticas consideráveis. A utilização exclusiva do algoritmo de
amortecimento permitiria aumentar a eficiência energética do Filtro Ativo de Potência
Série. Ainda relativamente ao filtro de acoplamento, deveria ser feito um estudo mais
aprofundado sobre o mesmo, de maneira a minimizar ainda mais a influência que a
frequência de ressonância tem no sinal de saída do inversor.
O Filtro Ativo de Potência Série desenvolvido também apresenta um bom ponto
de partida, em termos de hardware e software, para desenvolver novas linhas de
investigação. Por exemplo, a adição de um terceiro braço de semicondutores ao
conversor utilizado e de transformadores de acoplamento à rede elétrica permitiria
116 Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos
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Capítulo 7 – Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros
8
As baterias têm uma densidade de energética (Wh/kg) superior à dos ultracondensadores mas têm
também uma densidade de potência (W/kg) inferior quando comparadas com os ultracondensadores.
Filtro Ativo Série sem Fonte de Tensão do Lado CC para Compensação de Harmónicos 117
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