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AYRÁ
felipe
ITAN DE AYRÁ
Segundo os mitos, Oxalá
permaneceu injustamente preso
durante sete anos no reino de seu
filho, Xangô, sem que este soubesse
do fato. Grandes calamidades
ocorreram em todo o reino devido a
essa injustiça e quando Xangô
finalmente descobriu o que havia
acontecido com o próprio pai,
resgatou-o da prisão e ordenou que
fossem organizadas grandes festas
em todo o reino, em sua
homenagem.
A festividade conhecida hoje como
Águas de Oxalá remonta a esse
acontecimento. No entanto, Oxalá
estava muito alquebrado, ferido e
entristecido. Apesar de toda a
atenção que recebeu, a única coisa
que desejava era retornar ao seu
próprio reino, em Ifé, onde
Yemanjá, sua esposa, o aguardava.
Xangô não podia acompanhá-lo
pois precisava colocar em ordem o
próprio reino e pediu a Airá que
fizesse isso em seu lugar.
Foi assim que Airá tornou-se o
companheiro de Oxalá, pois a
viagem foi muito longa já que Oxalá
andava muito devagar (conta-se
também que Airá carregava Oxalá
nas costas) pelo fato de ainda estar
se recuperando dos ferimentos que
adquirira durante os sete anos de
prisão. Durante o dia, eles
caminhavam. À noite, Oxalá sentia
frio e precisava descansar. Para
aquecê-lo e distraí-lo dos próprios
pensamentos, Ayrá mandava que
acendessem uma grande fogueira
no acampamento. Oxalá observava
o fogo e Ayrá passava longas horas
contando-lhe histórias do povo de
Oyó.
Desse modo, tornou-se tradição
acender a fogueira no dia 29 de
junho de cada ano (no Brasil), em
homenagem a Airá e à viagem que
fez em companhia de Oxalá.