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CVX - 2020-2021

TPC 5 ROMANOS VIII


16 – nov - 2020
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Graça a pedir: Contemplar la Gracia continua de Liberación que Dios me da en la vida.


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Oração

Romanos 8, 1-2

1
Portanto, agora não há mais condenação alguma para os que estão em Cristo Jesus.
2
É que a lei do Espírito que dá a vida libertou-te, em Cristo Jesus, da lei do pecado e da morte.

Marcos 5, 1-20

1
Chegaram à outra margem do mar, à região dos gerasenos.
2
Logo que Jesus desceu do barco, veio ao seu encontro, saído dos túmulos, um homem
possesso de um espírito maligno.
3
Tinha nos túmulos a sua morada, e ninguém conseguia prendê-lo, nem mesmo com uma
corrente,
4
pois já fora preso muitas vezes com grilhões e correntes, e despedaçara os grilhões e
quebrara as correntes; ninguém era capaz de o dominar.
5
Andava sempre, dia e noite, entre os túmulos e pelos montes, a gritar e a ferir-se com pedras.
6
Avistando Jesus ao longe, correu, prostrou-se diante dele
7
e disse em alta voz: «Que tens a ver comigo, ó Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te, por
Deus, que não me atormentes!»
8
Efectivamente, Jesus dizia: «Sai desse homem, espírito maligno.»
9
Em seguida, perguntou-lhe: «Qual é o teu nome?» Respondeu: «O meu nome é Legião,
porque somos muitos.»
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E suplicava-lhe insistentemente que não o expulsasse daquela região.
11
Ora, ali próximo do monte, andava a pastar uma grande vara de porcos.
12
E os espíritos malignos suplicaram a Jesus: «Manda-nos para os porcos, para entrarmos
neles.»
13
Jesus consentiu. Então, os espíritos malignos saíram do homem e entraram nos porcos, e a
vara, cerca de uns dois mil, precipitou-se do alto no mar e ali se afogou.
14
Os guardas dos porcos fugiram e levaram a notícia à cidade e aos campos.
As pessoas foram ver o que se passara.
15
Ao chegarem junto de Jesus, viram o possesso sentado, vestido e em perfeito juízo, ele que
estivera possuído de uma legião; e ficaram cheias de temor.
16
As testemunhas do acontecimento narraram-lhes o que tinha sucedido ao possesso e o que
se passara com os porcos.
17
Então, pediram a Jesus que se retirasse do seu território.
18
Jesus voltou para o barco e o homem que fora possesso suplicou-lhe que o deixasse andar
com Ele.
19
Não lho permitiu. Disse-lhe antes: «Vai para tua casa, para junto dos teus, e conta-lhes tudo
o que o Senhor fez por ti e como teve misericórdia de ti.»
20
Ele retirou-se, começou a apregoar na Decápole o que Jesus fizera por ele, e todos se
maravilhavam.

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"O elogio da imperfeição"


CVX - 2020-2021
ROMANOS VIII
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Paolo Scquizzato

Da negação do limite a uma vida inautêntica (parte 2)

«A santidade que Jesus nos propõe não é de ordem natural, mas é uma santidade que devemos
acolher na nossa pobreza. Jesus veio para os pecadores e para os débeis, e não para os fortes que
estão bem. O esquema de perfeição humana baseado na vontade e na ascese segue um traçado
exatamente oposto ao da santidade que Jesus nos propõe no Evangelho» (André Daigneault, La via
dell’imperfezione [A vida da imperfeição], cit., p. 24).

A nossa salvação chegará, não quando tivermos derrotado as nossas misérias, mas quando
começarmos a viver a verdade de nós mesmos, isto é, quando começarmos a aceitar-nos com as
nossas fragilidades. Nós somos as nossas imperfeições, as nossas feridas e os nossos pecados. Não
somos outra coisa, embora talvez o desejemos, mesmo que nos escondamos atrás das máscaras e
recitemos guiões que não nos pertencem. O Evangelho é uma escola de realismo. Jesus veio
arrancar-nos as máscaras de histriões para que, finalmente, estejamos livres para ser nós próprios,
mesmo que nos custe ou tenhamos de parecer inadequados e loucos aos olhos do mundo.

«Perguntas-me de que modo me tornei louco. Aconteceu assim: um dia, muito antes que muitos
fossem gerados, acordei de um sono profundo e apercebi-me de que me tinham sido roubadas
todas as máscaras – as sete máscaras que em sete vidas eu tinha forjado e colocado –, e sem
máscara corri pelas ruas cheias de gente, gritando: "Ladrões, ladrões, malditos ladrões!" Riam-se
de mim homens e mulheres, e alguns precipitaram-se para as suas casas com medo de mim. E,
quando cheguei à praça do mercado, um jovem gritou, do telhado de uma casa: "É um louco!" Virei
os olhos para cima para o ver; pela primeira vez, o sol me beijou o rosto, o meu rosto nu. O sol
beijava pela primeira vez o meu rosto descoberto e a minha alma incendiava-se de amor pelo sol, e
já não chorava as minhas máscaras. E, como se estivesse em transe, gritei: "Abençoados,
abençoados sejam os ladrões que roubaram as minhas máscaras!" Foi assim que me tornei louco. E
na loucura encontrei a liberdade e a salvação: fui libertado da solidão e salvo pela compreensão,
porque aqueles que nos compreendem dominam sempre alguma coisa em nós» (Khalil Gibran, O
louco).

Jesus veio libertar-nos do medo de não estarmos à altura diante de quem quer que seja: nós
próprios, o outro, Deus. Adão, o homem de sempre, escondeu-se por causa disto. Estava nu e teve
medo. Diante de Eva defendeu-se, acusando-a; diante de Deus, escondeu-se no abismo.

O Evangelho é uma contínua memória da encarnação; o Deus que se pôs ao nosso lado não veio
tirar-nos a inadequação, a fragilidade, o limite, mas libertar-nos do medo que tudo isto exerce em
nós, para que não sejamos esborrachados sob este peso enorme.

É preciso restituir às nossas feridas o direito de cidadania!

A relação com nós próprios e com a nossa vida quotidiana (social, familiar e relacional) tornar-se-á
«paradisíaca» quando conseguirmos acolher-nos e amar-nos, não de malgrado, mas através de
todas as nossas feridas e das nossas debilidades. Uma comunidade – seja ela civil, familiar ou
religiosa – será um paraíso, não quando todos forem perfeitos e não houver tensões, mas quando
cada um puder viver a liberdade de tirar a máscara porque se sente aceite e amado tal como é;
quando limites, pecados, feridas e traições já não forem ocasiões de divisão e de maldições, mas
lugares onde se pode amar e perdoar.

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