Você está na página 1de 115

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE MÚSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM MÚSICA

RAFAEL DA SILVA FONTE

ADAPTAÇÁO DE DOBRADOS PARA QUARTETOS DE


CLARINETES: UMA ALTERNATIVA PARA A PRÁTICA DA
MÚSICA DE CÂMARA EM BANDAS DE MÚSICA

Salvador
2021
RAFAEL DA SILVA FONTE

ADAPTAÇÁO DE DOBRADOS PARA QUARTETOS DE CLARINETES:


UMA ALTERNATIVA PARA A PRÁTICA DA MÚSICA DE CÂMARA
EM BANDAS DE MÚSICA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação Profissional da Escola de Música da
Universidade Federal da Bahia como requisito parcial
do curso de Mestrado Profissional.

Área de concentração: Criação Musical


Orientador: Prof. Dr. Pedro Robatto

Salvador
2021
Ficha catalográfica elaborada pela
Biblioteca da Escola de Música - UFBA

F682 Fonte, Rafael da Silva


Adaptação de dobrados para quartetos de clarinetes: uma
alternativa para a prática da música de câmara em bandas de
música / Rafael da Silva Fonte.- Salvador, 2021.
114 f. : il. Color.

Orientador: Prof. Dr. Pedro Robatto


Trabalho de Conclusão (mestrado profissional) – Universidade
Federal da Bahia. Escola de Música, 2021.

1. Música de câmara. 2. Música para clarineta. 3. Dobrados


(Música marcial). I. Robatto, Pedro. II. Universidade Federal da
Bahia. III. Título.

CDD: 785.14

Bibliotecário: Levi Santos - CRB5:1319


RAFAEL DA SILVA FONTE

ADAPTAÇÁO DE DOBRADOS PARA QUARTETOS DE CLARINETES:


UMA ALTERNATIVA PARA A PRÁTICA DA MÚSICA DE CÂMARA EM
BANDAS DE MÚSICA

A Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Profissional da Escola de Música


da Universidade Federal da Bahia como requisito parcial do curso de Mestrado Profissional
foi aprovada.

Salvador, 25 de novembro de 2021


Banca Examinadora

Dr. Pedro Robatto (orientador)

Dr. Joel Luís da Silva Barbosa

Dr. José Maurício Valle Brandão

Marta Maria Vidigal Barbosa de Almeida


À minha mãe, Liliana Maria, minha maior incentivadora na música, na fé e na vida.
AGRADECIMENTOS

Ao meu pai, Silas Fonte, pelo incentivo ao estudo. Obrigado por vender um terreno para

comprar minha primeira clarineta.

Às minhas irmãs, Leilane e Dayane, por estarem sempre presentes, mesmo distantes.

À minha avó Zelair, tios e tias. Obrigado por sempre torcerem por mim.

Ao querido Professor e Orientador Pedro Robatto. Obrigado pelas conversas e orientações.

Levarei cada ensinamento para minha vida.

Ao André Favarão, pela parceria até aqui.

Ao Tiago, Handenberg e Alancaster (Palheta Sonora). Este projeto começou com vocês.

Ao Tiago Teixeira, pela amizade, lealdade e inspiração.

À Banda do 2° Batalhão de Polícia do Exército, pelos esforços para que eu me especializasse.

À Banda Sinfônica do Exército. Obrigado por me acolherem tão bem.

Ao Filipe Sales, pela parceria e ajuda nas adaptações dos dobrados.

Ao Lucas Sales pela coautoria na adaptação do dobrado Quatro dias de viagem.

Ao grupo de câmara da Banda Sinfônica do Exército (Renata Garcia, Francisco Júnior e Filipe

Sales). Obrigado pelo excelente trabalho que fizeram na gravação das adaptações dos

dobrados.

Ao Professor Joel Barbosa, pelas orientações, antes mesmo de ingressar no mestrado.

À coordenação, professores e alunos do programa do PPGPROM da UFBA. Obrigado por

todo estímulo.

À todos que torceram para que eu chegasse até aqui.

À Deus... meu fôlego de vida.


FONTE, Rafael da Silva. Adaptações de dobrados para quarteto de clarinetes: uma alternativa
para a prática da música de câmara em bandas de música. Trabalho de conclusão final
(Mestrado) – Escola de Música, Programa de Pós-graduação Profissional em Música
PPGPROM, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2021.

RESUMO

O presente trabalho busca tecer reflexões a respeito da formação de um repertório camerístico


de dobrados, dentre as obras tradicionais do Exército brasileiro, adaptados para quarteto de
clarinetes. Foram adaptadas as seguintes obras do compositor Antônio Manoel do Espírito
Santo: Dobrado 220, Dobrado Cisne Branco, Dobrado 182, Dobrado Quatro Dias de Viagem,
Dobrado Bombardeio da Bahia. Para tanto, esta pesquisa se configura como um Estudo de
Caso de caráter qualitativo e como instrumento de coleta de dados, utilizamos a entrevista
semiestruturada, a qual contou com a participação de clarinetistas de uma Banda militar do
Exército, sediada em São Paulo. Assim, este estudo se justifica por ser incentivo da prática da
música de câmara em bandas de música militares ou civis, utilizando o principal repertório
desses grupos musicais brasileiros, o dobrado, adaptado para quarteto de clarinetes. Além
disso, este trabalho é composto de um Memorial descritivo, um artigo científico, relatório
profissional das práticas orientadas, partituras dos dobrados adaptados para quarteto de
clarinetes e um álbum gravado em estúdio dos dobrados adaptados.

Palavras-chaves: banda de música, música de câmara, dobrados, clarinetistas


FONTE, Rafael da Silva. Adaptações de dobrados para quarteto de clarinetes: uma alternativa
para a prática da música de câmara em bandas de música. Trabalho de conclusão final
(Mestrado) – Escola de Música, Programa de Pós-graduação Profissional em Música
PPGPROM, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2021.

ABSTRACT

The present work seeks to reflect on the formation of a chamber music repertoire of Dobrados
(brazilian marchs), among the traditional works of the Brazilian Army, adapted for clarinet
quartet. The following works by composer Antônio Manoel do Espírito Santo were adapted:
Dobrado 220, Dobrado Cisne Branco, Dobrado 182, Dobrado Quatro Dias de Viagem,
Dobrado Bombardeio da Bahia. Therefore, this research is configured as a case study of
qualitative character and as a data collection instrument, we used a semi-structured interview,
which included the participation of clarinetists from a military band of the Army, in São
Paulo. Thus, this study is justified because it encourages the practice of chamber music in
civil or military music bands, using the main repertoire of this music groups, Dobrados,
adapted for clarinet quartet. In addition, this work is composed of a descriptive Memorial, a
scientific article, a professional report on the oriented practices, adapted Dobrados scores for
clarinet quartet and an album with the studio recording of the adapted Dobrados.

Keywords: Army´s band, Dobrado, Chamber Music, clarinetist


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Banda da Assembleia de Deus em Santa Cruz - RJ .................................................. 15

Figura 2: Músicos da Banda do Colégio Atlas ......................................................................... 16

Figura 3: Banda do 2° Batalhão de Polícia do Exército ........................................................... 17

Figura 4: Quarteto de clarinetes Palheta Sonora ...................................................................... 18

Figura 5: Gravação do quarteto ................................................................................................ 20


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 14

2 QUARTETO DE CLARINETES PALHETA SONORA ................................................ 17

3 MESTRADO PROFISSIONAL EM MÚSICA NA UFBA .............................................. 18

3.1 MESTRADO PROFISSIONAL DURANTE A PANDEMIA DE COVID 19 .............. 20

4 DISCIPLINAS CURSADAS NO MESTRADO PROFISSIONAL COM ÊNFASE EM


CRIAÇÃO MUSICAL ........................................................................................................... 21

4.1 MUS 502 ESTUDOS BIBLIOGRÁFICOS E METODOLÓGICOS ............................. 21

4.2 MUSD45 ESTUDOS ESPECIAIS EM INTERPRETAÇÃO ........................................ 21

4.3 MUSF07 PRÁTICA DE BANDA .................................................................................. 21

4.4 MUSE95 OFICINA DE PRÁTICA – INTERPRETATIVA .......................................... 22

5 SEMESTRE LETIVO SUPLEMENTAR (formato remoto) .......................................... 22

5.1 MUSE95 ELABORAÇÃO E REDAÇÃO DE ARTIGOS CIENTÍFICOS ................... 23

5.2 OFICINA DE PRÁTICA TÉCNICO-INTERPRETATIVA .......................................... 23

5.3 MUSE99 PREPARAÇÃO DE RECITAL/CONCERTO SOLÍSTICO .......................... 24

5.4 MUSE97 PRÁTICA CAMERÍSTICA ........................................................................... 24

6 DISCIPLINAS CURSADAS DURANTE O SEMESTRE II (formato remoto) ............ 24

6.1 MUSE91 MÚSICA, SOCIEDADE E PROFISSÃO ...................................................... 24

6.2 MUSD42 MÉTODOS DE PESQUISA EM EXECUÇÃO MUSICAL ......................... 25

6.3 MUSE95 OFICINA DE PRÁTICA TÉCNICO-INTERPRETATIVA .......................... 25

6.4 MUSE92 EXAME QUALIFICATIVO .......................................................................... 25

7 DISCIPLINA CURSADA DURANTE O SEMESTRE III (formato remoto) ............... 26

7.1 MUSE95 OFICINA DE PRÁTICA TÉCNICO-INTERPRETATIVA .......................... 26

8 ATIVIDADES EXTRACURRICULARES ....................................................................... 26

8.1 GRAVAÇÃO DA SONATA PARA CLARINETE E PIANO DE FRANCIS


POULENC ............................................................................................................................ 26

8.2 MOSTRA DA PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL (PPGPROM) DA ESCOLA DE


MÚSICA DA UFBA ............................................................................................................ 27
8.3 XV SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE COGNIÇÃO E ARTES MUSICAIS
(SIMCAM)............................................................................................................................ 27

8.4 I FESTIVAL NACIONAL DE OFICINAS ARTÍSTICAS ........................................... 27

8.5 GRUPO DOS CLARINETISTAS MILITARES BRASILEIROS ................................. 27

9 PRODUTO FINAL .............................................................................................................. 28

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 30

APÊNDICE A – ARTIGO ..................................................................................................... 32

APÊNDICE A: FORMULÁRIO DE REGISTRO DE PRÁTICAS PROFISSIONAIS


SUPERVISIONADAS/PPS .................................................................................................... 47

MUSE95 PRÁTICA TÉCNICO-INTERPRETATIVA (semestre I) .................................... 47

APÊNDICE B: FORMULÁRIO DE REGISTRO DE PRÁTICAS PROFISSIONAIS


SUPERVISIONADAS/PPS .................................................................................................... 50

MUSF07 PRÁTICA DE BANDA (semestre I) .................................................................... 50

APÊNDICE C: FORMULÁRIO DE REGISTRO DE PRÁTICAS PROFISSIONAIS


SUPERVISIONADAS/PPS .................................................................................................... 52

MUSE95 PRÁTICA TÉCNICO-INTERPRETATIVA (semestre suplementar remoto) ..... 52

APÊNDICE D: FORMULÁRIO DE REGISTRO DE PRÁTICAS PROFISSIONAIS


SUPERVISIONADAS/PPS .................................................................................................... 54

MUSE97 PRÁTICA CAMERÍSTICA (semestre suplementar remoto)............................... 54

APÊNDICE E FORMULÁRIO DE REGISTRO DE PRÁTICAS PROFISSIONAIS


SUPERVISIONADAS/PPS .................................................................................................... 56

MUSE95 PRÁTICA TÉCNICO-INTERPRETATIVA (semestre II) .................................. 56

APÊNDICE F: FORMULÁRIO DE REGISTRO DE PRÁTICAS PROFISSIONAIS


SUPERVISIONADAS/PPS .................................................................................................... 58

MUSE95 PRÁTICA TÉCNICO-INTERPRETATIVA (semestre III) ................................. 58

ANEXO 1:................................................................................................................................ 60

PARTITURA DA ADAPTAÇÃO DO DOBRADO 220 ..................................................... 60

ANEXO 2:................................................................................................................................ 72
PARTITURA DA ADAPTAÇÃO DO DOBRADO CISNE BRANCO .............................. 72

ANEXO 3: ............................................................................................................................... 81

PARTITURA DA ADAPTAÇÃO DO DOBRADO 4 DIAS DE VIAGEM ....................... 81

ANEXO 4: ............................................................................................................................... 92

PARTITURA DA ADAPTAÇÃO DO DOBRADO 182 ..................................................... 92

ANEXO 5: ............................................................................................................................. 105

PARTITURA DA ADAPTAÇÃO DO DOBRADO BOMBARDEIO DA BAHIA .......... 105


MEMORIAL
A banda é som. Música. Melodia. É o ritmo cadenciado das marchas e dobrados [...] que
compassa o coração da gente para segui-la pelas ruas, ou nos chama para praça. E ao som das
harmonias criadas por aqueles instrumentos, ás vezes um pouco desafinados, manejados por
mãos duras e calejadas, somos transportados para um espaço mágico, onde as pessoas
sorriem, se integram, aplaudem e se emocionam.

Maria de Fátima Granja (1984 p.79-80)


14

INTRODUÇÃO
Escolhi para iniciar este Memorial, a epígrafe citada anteriormente a fim de sintetizar
todo o sentimento e apreço que possuo por estes grupos musicais, as bandas de música. Da
mesma maneira, detenho uma profunda afeição pelo principal repertório das bandas, o
dobrado. Sendo assim, mesmo tendo consciência de que o Memorial, geralmente, se constitui
de um relato de experiência traçado a partir do início do mestrado profissional, se fez
necessário, tendo em vista o tema desta pesquisa, constituir uma narrativa que descrevesse um
pouco da minha vivência musical em bandas de música e consequentemente, minha prática
com o repertório de dobrados.

Posto isto, iniciei meus estudos musicais aos dez anos de idade em uma escola de
música de uma instituição religiosa em Santa Cruz, Rio de janeiro, minha cidade natal. A
escola funcionava de forma bastante informal e tinha o objetivo primo de formar músicos para
suprirem as necessidades da banda da igreja. Dois importantes nomes para a música naquele
contexto eram Lucrécio Torquato e Altamiro Quaresma, conhecido como “Miro”. Lucrécio
era saxofonista, clarinetista e maestro do coral da igreja. Além disso, era o responsável por
realizar a iniciação musical de jovens e adultos e isto se dava por meio da apresentação, de
forma individual, de lições de solfejo. Quando o aluno alcançava a lição 100 (cem), era
considerado apto a fazer parte da banda.

A banda de música da igreja tinha o “Miro” como regente e possuía em sua formação
instrumentos de madeiras, instrumentos de metais e instrumentos de percussão, bem como
instrumentistas de toda faixa etária. Era muito interessante observar o cuidado dos músicos
mais experientes com os mais novos como também o respeito que os jovens tinham com os
mais velhos da banda. O grupo musical era composto por quase cinquenta músicos e seu
repertório era formado por hinos sacros, marchas e dobrados, porém, este último era
executado com mais frequência pela banda de música durante as reuniões da igreja e eventos
externos de caráter religioso. Havia dobrado em homenagem ao pastor da igreja, em
homenagem ao maestro, em homenagem a algum componente da banda, todos estes de
autoria de Altamiro Quaresma. É importante destacar que neste período, o gênero dobrado,
em minha experiência, não tinha um caráter marcial, mas sim, religioso, tendo em vista este
estilo composicional ser executado durante as atividades religiosas da igreja.
A banda dispunha de poucos recursos, de modo que, os instrumentos não possuíam
sequer uma manutenção especializada. Não tínhamos métodos para estudos específicos e não
possuíamos professores capacitados para cada instrumento. Tudo ficava a cargo do regente da
15

banda que era trombonista de formação, porém tinha a incumbência de ensinar todos os
naipes que compunham o grupo musical. Fato muito comum no cotidiano das bandas. No
entanto, assim como diz a canção “A banda” de Chico Buarque de Holanda, “ a marcha
alegre se espalhou na avenida e insistiu, a lua cheia que vivia escondida surgiu, minha
cidade toda se enfeitou, pra ver a banda passar [...]”, era com esta euforia que éramos
recebidos pelos moradores das localidades onde a banda de música da igreja passava em
passeata, para convocar todos para uma espécie de reunião ao ar livre. Isso era fator
motivador para todos os participantes da banda que, apesar das dificuldades, encontravam
forças para seguir com o trabalho musical. Foi neste contexto bandístico que fui inserido
ainda criança.
Como citado anteriormente, não tínhamos métodos de estudos de clarinete, sendo assim,
para aprimorarmos a nossa técnica, utilizávamos os dobrados que faziam parte do repertório
da banda. Logo, posso afirmar que fui musicalizado no clarinete por meio dos dobrados que
faziam parte do cotidiano da banda de música da igreja.

Figura 1: Banda da Assembleia de Deus em Santa Cruz - RJ

Fonte: Acervo pessoal. Catedral das Assembleias de Deus em Santa Cruz. 1996

Com o passar dos anos, busquei especialização musical em outras escolas da região
como a escola de música da Assembleia de Deus em Marechal Hermes/RJ e a escola de
música da Assembleia de Deus em Campo Grande/RJ. Nesta última, tive a chance de obter
um aperfeiçoamento mais completo e assim estudar teoria musical, harmonia, solfejo e ter
aulas com professores de clarinete. Menciono aqui o professor Moisés Santos, clarinetista do
Teatro Municipal do Rio de Janeiro, que teve uma influência significativa neste momento da
minha experiência como estudante de clarinete.
16

Paralelo ao estudo técnico do clarinete, decidi tocar em diversas bandas de música


carioca. Toquei na banda do colégio Atlas, na qual ganhei uma bolsa de estudos por fazer
parte do corpo artístico da instituição. Participei da banda do município de Pedra de Guaratiba
e município de Itaguaí. Porém, minha participação mais significativa foi na Banda Portugal.

Figura 2: Músicos da Banda do Colégio Atlas

Fonte: acervo pessoal. 1992

Fundada em 1921, a banda Portugal é a mais antiga das bandas portuguesas no Brasil
ainda em atividade no país e foi criada inicialmente com a função prima de apoiar os eventos
da comunidade luso brasileira no Rio de Janeiro. Segundo o trabalho de Oliveira (2017) a
respeito das bandas portuguesas no Brasil, a banda Portugal foi a que mais conseguiu projeção
artística dentre as bandas da comunidade lusitana, principalmente nas décadas de 80 e 90 na
qual ganhou por diversas vezes o Concurso Estadual de Bandas sendo considerada “Hors
Concours” em 1992.
Em 2006, ingressei no curso de formação de Sargento Músico do Exército Brasileiro.
Foi um momento totalmente novo em minha experiência musical, pois, além do contato com
o repertório básico das bandas militares, ou seja, dobrados, hinos e canções; durante o período
de formação, recebia instruções concernentes a fardamento, legislação militar, ordem unida,
prática de acampamento, prática de tiro entre outros temas com relação à caserna.
Ao final do período de formação na escola de sargentos, de acordo com a nota obtida
nas avaliações durante o curso, tive a oportunidade de escolher, mediante a classificação, a
região do Brasil na qual pretendia trabalhar. Neste caso, escolhi a banda do 2° Batalhão de
Polícia do Exército em Osasco/SP.
17

Figura 3: Banda do 2° Batalhão de Polícia do Exército

Fonte: Acervo do 2° Batalhão de Polícia do Exército. 2017

A Banda de Música do 2º Batalhão de Polícia do Exército foi criada no ano de 1972, no


então 2º Batalhão de Guardas, sediado no Parque D. Pedro, São Paulo-SP. Com a extinção do
2º Batalhão de Guardas em 1995, a banda foi transferida para o 2º Batalhão de Polícia do
Exército, em Osasco – SP e atualmente, é composta por 64 militares, oriundos de diversas
regiões do país.
Após atuar por quase 15 anos na banda do 2° Batalhão de polícia do Exército, fui
transferido para a Banda Sinfônica do Exército. Fundada em 2002, a banda possui a máxima
de realizar um trabalho musical sinfônico tendo em vista constituir, por meio da arte, uma
conexão entre a sociedade e as tradições da caserna. Atualmente, a banda sinfônica possui 75
militares oriundos de diversos lugares do país. Além disso, a Banda Sinfônica recebeu
importantes solistas nacionais e internacionais além de ser laureada com diversos prêmios,
incluindo o de “Melhor projeto de Música Erudita” e o “Premio especial de Cultura”, ambos
concedidos pela Associação Paulista de Críticos de Arte – APCA.

2 QUARTETO DE CLARINETES PALHETA SONORA


Além de tudo que foi mencionado até aqui, concernente a minha trajetória como
clarinetista de banda e a influência do repertório de dobrados em minha formação musical, foi
determinante para esta pesquisa, minha experiência com música de câmara em um quarteto de
clarinetes chamado Palheta Sonora. O grupo, que atuou durante três anos em cidades da
região metropolitana de São Paulo, executava, inicialmente, um repertório composto por
música popular brasileira e música erudita já consagrada no cenário desta formação
18

instrumental. No entanto, na busca por constituir um repertório que caracterizasse uma


individualidade sonora, decidimos fazer adaptações de dobrados para o quarteto. Foi neste
contexto que nasceu, em 2015, o projeto “Dobrado Desdobrado” que visava adaptar, para
quarteto de clarinetes, alguns dobrados tradicionais do Exército Brasileiro, em virtude dos
integrantes do grupo serem oriundos de Banda de Música Militar.
Figura 4: Quarteto de clarinetes Palheta Sonora

Fonte: Acervo pessoal. São Paulo/2015

O projeto teve duração de dois anos e obteve, apesar da inovação, um retorno positivo
do público e dos músicos. O grupo encerrou suas atividades em 2017, todavia deixou neste
pesquisador, o desejo de seguir com este projeto, a fim de formar um repertório camerístico
de dobrados adaptados para quarteto de clarinetes, com a finalidade de atender os clarinetistas
de banda de música militar ou civil.

3 MESTRADO PROFISSIONAL EM MÚSICA NA UFBA


O desejo de cursar o mestrado profissional na Universidade Federal da Bahia (UFBA)
começou em 2018 quando apresentei o artigo Regentes do Exército brasileiro: reflexões
acerca de sua formação e função1 , no 1° Encontro de Bandas e Fanfarras da Bahia realizado
na instituição supracitada. Nesta oportunidade, tive contato com o professor Joel Barbosa que
era coordenador do encontro e com alguns clarinetistas que estavam cursando o mestrado. O
contato com estes profissionais me fez perceber que o curso era bastante prático e que sua
estruturação era baseada em módulos com datas pré-definidas. Isso permite que o aluno não
se afaste de sua prática instrumental, bem como continue com sua rotina profissional diária.
Assim, ingressei no mestrado profissional com ênfase em criação musical no segundo
semestre de 2019 sob a orientação do Professor Dr Pedro Robatto. O anteprojeto apresentado

1
Disponível no repositório da UFBA: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/31403
19

para ingresso no curso tinha como produto final, apresentar adaptações de dobrados para
quarteto de clarinetes de todos os dobrados tradicionais do Exército, que constam no total de
17 obras. No entanto, a partir da orientação do professor Robatto, percebemos que seria um
trabalho inviável tendo em vista a duração do curso. Por isso, como critério de escolha, dentre
os dobrados tradicionais do Exército, decidimos adaptar para quarteto de clarinetes, os
dobrados do compositor Antônio Manoel do Espírito Santo. Foram adaptados para esta
formação os seguintes dobrados, cujas partituras se encontram em anexo neste trabalho:
 Dobrado 220 (Avante Camaradas)
 Dobrado 182
 Dobrado Cisne Branco
 Dobrado Bombardeio da Bahia
 Dobrado Quatro Dias de Viagem
As adaptações para quarteto de clarinetes foram realizadas por este autor com o objetivo
de incentivar a prática da música de câmara em bandas de música por meio do principal
repertório destes grupos musicais, o dobrado. Para maiores informações a respeito desta
pesquisa, vide o artigo “Adaptações de dobrados para quarteto de clarinetes: uma alternativa
para a prática da música de câmara em bandas de música” que se encontra como Apêndice
neste trabalho.
É importante citar a contribuição da classe de bacharelado em clarinete da UFBA nos
laboratórios de música de câmara ministradas pelo professor Pedro Robatto. Nelas, tive a
chance de verificar se as adaptações soavam bem para a formação de quarteto de clarinetes e a
partir de então, realizar as alterações necessárias. Igualmente significativa foi a contribuição
dos clarinetistas da banda do 2° Batalhão de Polícia do Exército com o qual realizei
entrevistas como coleta de dados para o artigo acadêmico, bem como do quarteto de clarinetes
da Banda Sinfônica do Exército com o qual tive a oportunidade de ensaiar e gravar as
adaptações em estúdio.
20

Figura 5: Gravação do quarteto

Fonte: Acervo pessoal. Estúdio da Fatec em Tatuí – SP. 2020

3.1 MESTRADO PROFISSIONAL DURANTE A PANDEMIA DE COVID 19


No início do ano de 2020, enfrentamos uma crise sanitária em decorrência da pandemia
de Covid 19, na qual mudou radicalmente a nossa realidade. Como consequência disso, a
estrutura montada para o mestrado profissional, que acontecia de forma presencial, foi
totalmente alterada. Assim, todos os eventos acadêmicos foram suspensos para maior
segurança dos alunos e professores, no entanto, no segundo semestre, a instituição decidiu
criar o semestre letivo suplementar, a fim de ofertar disciplinas optativas, de forma remota,
para o aperfeiçoamento dos alunos durante este período.
A retomada do curso se deu, oficialmente, a partir do primeiro semestre de 2021 ainda
de forma remota. Tivemos que nos adaptar com o chamado “novo normal” e criar uma rotina
acadêmica, antes realizada presencialmente, de forma remota e com uso imprescindível da
tecnologia. A partir de então, todas as disciplinas do curso, inclusive as aulas práticas de
clarinete, passaram a ser realizadas por videochamadas e com o apoio de áudios, emails e
leituras de apoio recomendadas antecipadamente pelo professor.
21

4 DISCIPLINAS CURSADAS NO MESTRADO PROFISSIONAL COM ÊNFASE EM


CRIAÇÃO MUSICAL
Semestre I (formato presencial)
 MUS502 Estudos Bibliográficos e Metodológicos
 MUSD45 Estudos Especiais em Interpretação
 MUSF07 Prática de Banda
 MUSE95 Oficina de Prática Técnico-Interpretativa

4.1 MUS 502 ESTUDOS BIBLIOGRÁFICOS E METODOLÓGICOS


A disciplina esteve a cargo do professor Pedro Amorim e teve como finalidade
esclarecer o aluno com relação ao processo de investigação do tema escolhido. As aulas eram
bastante participativas, na qual cada aluno expunha seu projeto e podia receber
recomendações dos colegas e aconselhamentos do professor. Além disso, recebemos
orientações concernentes a como redigir um artigo acadêmico, bem como a criação do
produto final do mestrado.

4.2 MUSD45 ESTUDOS ESPECIAIS EM INTERPRETAÇÃO


A disciplina foi orientada pelo professor Lucas Robatto de modo que, tinha como apoio
textos de autores como Pierre Bourdieu, Umberto Eco, Adorno, Foucault entre outros. As
aulas eram repletas de momentos de reflexão concernentes à literatura recomendada, bem
como esclarecimentos a respeito de assuntos relacionados ao nosso projeto de pesquisa. Isso
fez com que tivéssemos maior clareza quanto ao nosso trabalho final de mestrado, de modo
que muitos alunos decidiram repensar os seus projetos. Além disso, todas as discussões em
sala nos faziam refletir a respeito do momento atual da sociedade no qual a música tem papel
fundamental.

4.3 MUSF07 PRÁTICA DE BANDA


Esta prática supervisionada foi realizada na banda do 2° Batalhão de Polícia do Exército
(2BPE), grupo musical que atuava como clarinetista. A banda do 2° BPE tem a função prima
de musicalizar os eventos da tropa com Hinos, Dobrados e Canções militares, bem como
realizar apresentações, para o público em geral, com um repertório bastante variado que
abarca obras populares e eruditas.
22

4.4 MUSE95 OFICINA DE PRÁTICA – INTERPRETATIVA


As aulas de Clarinete ministradas pelo professor Pedro Robatto eram realizadas
juntamente com a turma de graduação da Universidade. Isso nos dava a oportunidade de
apresentar a obra estudada para a turma, de modo que cada aluno tinha a chance de fazer
observações pertinentes quanto à peça executada. Além disso, o professor Robatto
disponibilizava um horário durante a semana para atender, individualmente, os alunos do
mestrado. Em um desses encontros, expus minha necessidade de conhecer mais o repertório
brasileiro para clarinete e assim, decidimos dar prioridade a obras de autores nacionais. Desse
modo, a primeira obra escolhida foi a peça solo para clarinete do compositor Ronaldo
Miranda intitulada Lúdica. Como peça de confronto comissionada para um concurso Nacional
de Jovens intérpretes brasileiros, a obra composta em 1983, possui avançado nível de
dificuldade técnica. No entanto, trabalhamos a peça ao longo do primeiro encontro presencial,
bem como por meio do auxílio de áudios enviados para o professor com os trechos estudados
da peça. Assim, ao final do segundo encontro presencial, já com a obra do autor Ronaldo
Miranda considerada satisfatória, decidimos iniciar os estudos do Concertino para Clarinete e
Orquestra de Francisco Mignone2. Obra emblemática para a construção de um repertório
nacional para clarinete, a peça é considerada uma das primeiras obras brasileiras de concerto
para o instrumento e, segundo Fernando Silveira (2008) em seu trabalho de edição e crítica a
respeito do Concertino, é a primeira, que se tem notícia, a ser executada no Brasil por um
clarinetista brasileiro, no caso, o clarinetista José Botelho, para quem a peça foi escrita.

5 SEMESTRE LETIVO SUPLEMENTAR (formato remoto)


O semestre letivo suplementar foi criado no segundo semestre de 2020 para atender, em
caráter emergencial, o corpo discente da Universidade, diante da crise sanitária causada pela
pandemia de covid 19. Foram ofertados componentes curriculares e extracurriculares
adaptados ao formato online e ministrados por vários professores da instituição. Além disso, a
adesão dos estudantes era facultativa e posteriormente, poderia ser incluída na carga horária
curricular do curso.
Foram cursadas, durante o semestre suplementar, as seguintes disciplinas:
 Elaboração e Redação de Artigos Científicos

2
Francisco Paulo Mignone (1897-1986), nascido em São Paulo, foi compositor, pianista e regente. Em suas
obras identificamos em sua grande maioria influências rítmicas brasileiras, além das influências afro brasileiras,
ao introduzir a percussão e outras especificidades desta cultura. Mignone defendia o nacionalismo, pois
reconhecia que havia nas suas composições uma variedade, diversidade, que denotava ambiente e cor às suas
obras. (Silveira, 2006).
23

 MUSE95 Oficina de Prática Técnico-Interpretativa


 MUSE99 Preparação de Recital/Concerto Solístico
 MUSE97 Prática Camerística

5.1 MUSE95 ELABORAÇÃO E REDAÇÃO DE ARTIGOS CIENTÍFICOS


A disciplina ministrada pelo professor Lélio Alves, de forma remota, possuía como
objetivo principal orientar o aluno a elaborar o artigo científico. Para isso, o professor, por
meio de textos e slides, abordava assuntos concernentes à pesquisa científica tal como
metodologias, escolha do tema, pesquisa do material, coleta de dados dentre outros tópicos.
Além disso, foi concedida oportunidade aos alunos que tinham seus artigos mais adiantados,
de submeterem seus trabalhos em congressos, a fim de publicarem seus artigos. Sendo assim,
minha pesquisa, foi aceita em dois eventos da pós-graduação em Música da UFBA que
aconteceram paralelos ao período da disciplina - Colóquio da pós-graduação em Música da
UFBA; Encontro 30+30. Neste último, tive a oportunidade de realizar a apresentação do meu
trabalho por meio da plataforma Youtube3 e publicar o artigo Adaptações de dobrados para
quartetos de clarinetes: Uma alternativa para a prática da música de câmara em bandas de
música, juntamente com pesquisas de outros autores que também submeteram seus trabalhos
para o evento.

5.2 OFICINA DE PRÁTICA TÉCNICO-INTERPRETATIVA


A oficina foi ministrada pelo professor Pedro Robatto e demos continuidade ao trabalho
iniciado anteriormente, no semestre presencial, com o Concertino para Clarinete e Orquestra
de Francisco Mignone. A obra é dividida em três movimentos – Fantasia: mostra a
virtuosidade do clarinetista por meio de cadências de recitativos operísticos; Toada: tem
melodia de características brasileiras e explora o lirismo e o timbre do clarinete; Final: de
caráter virtuosístico, utiliza ritmos que tem origem no baião. Sendo assim, tivemos que nos
adaptar, para melhor desenvolvimento das aulas remotas, á prática da comunicação por áudio
e vídeo como estratégia de interação entre professor e aluno. De forma antecipada, eu enviava
áudios do trecho da obra para o professor Robatto, de modo que ele pudesse tecer comentários
pertinentes a minha prática musical – sonoridade, articulação, interpretação entre outros
pontos. Ao fim do semestre, conseguimos concluir o estudo do Concertino de Mignone e
obtivemos resultados bastante satisfatórios.

3
Link da apresentação no Encontro 30+30: https://youtu.be/96yRPxiyV9A
24

5.3 MUSE99 PREPARAÇÃO DE RECITAL/CONCERTO SOLÍSTICO


Nesta disciplina, igualmente ministrada pelo professor Pedro Robatto, abordamos temas
a respeito da perfomance solista visando a preparação do recital de clarinete para o fim do
curso. Além disso, para dar continuidade ao estudo de obras eruditas do repertório
clarinetístico de autores brasileiros, decidimos estudar o Concerto (1988) para clarinete e
orquestra do compositor Ernst Mahle4.

5.4 MUSE97 PRÁTICA CAMERÍSTICA


Esta prática supervisionada foi realizada, quase que inteiramente, com o quarteto de
clarinetes da Banda Sinfônica do Exército, sediada em Osasco, São Paulo. Este momento foi
bastante significativo, pois tive a chance de verificar na prática, como soavam as adaptações
dos dobrados para quarteto de clarinetes que faziam parte do meu produto final.

6 DISCIPLINAS CURSADAS DURANTE O SEMESTRE II (formato remoto)


 MUSE91 Música, Sociedade e Profissão
 MUSD42 Métodos de Pesquisa em Execução Musical
 MUSE95 Oficina de Prática Técnico-Interpretativa
 MUSE92 Exame Qualificativo

6.1 MUSE91 MÚSICA, SOCIEDADE E PROFISSÃO


O objetivo central da disciplina era ampliar os horizontes de percepção da turma,
concernentes às articulações entre música e sociedade, com ênfase especial nas questões
ligadas á profissão, ponto onde as tensões, sempre presentes nas relações sociais, se salientam
de maneira mais abrangente. As aulas, ministradas pelos professores Lucas Robatto e Rodrigo
Heringer, nos fizeram aprofundar em questões muitas vezes “dolorosas” como, por exemplo,
a relação entre gosto musical e classe social, bem como adotou, principalmente, conceitos
importantes do sociólogo Pierre Bourdieu, para nos fazer investigar sobre diversos temas,
pouco abordados no fazer musical.

4
Ernst Mahle nasceu no ano de 1929, em Stuttgart, Alemanha e mudou-se para o Brasil em 1951. “Estudou
composição com Hans Joachim Koellreuter e complementou sua formação musical em cursos no exterior com
Messiaen e Fortner, além de estudar regência com Rafael Kubelik e Mueller-Kray. É co-fundador da Escola de
Música de Piracicaba "Maestro Ernst Mahle" e membro da Academia Brasileira de Música” (cadeira n.6)
(Mahle, 2019).
25

6.2 MUSD42 MÉTODOS DE PESQUISA EM EXECUÇÃO MUSICAL


A disciplina ministrada pelos professores Lucas Robatto, José Maurício e Suzana Kato,
tinha como objetivo principal tecer reflexões a respeito da pesquisa científica dentro do
campo da interpretação e performance musical. Sendo assim, cada docente teve a
oportunidade de compartilhar suas experiências com relação ao que é produzido no campo
acadêmico, como também, do que é realizado em termos práticos. Através da literatura
recomendada pelos professores, tivemos contato com diferentes tipos de escrita acadêmica e
assim, obtivemos uma visão crítica concernente ao tema. Além disso, a disciplina esclareceu
que o mestrado profissional e o mestrado acadêmico possuem a mesma titulação, assim como
elucidou que o produto final do mestrado profissional deve buscar ter relevância na sociedade.

6.3 MUSE95 OFICINA DE PRÁTICA TÉCNICO-INTERPRETATIVA


Assim como nos semestres anteriores, a oficina continuou tendo a supervisão do
Professor Pedro Robatto e seguiu a mesma metodologia de ensino, iniciada anteriormente.
Ainda no formato remoto, as aulas eram realizadas por intermédio de videochamadas e áudios
enviados previamente para o professor. Como repertório, demos prosseguimento aos estudos
do Concerto (1988) para clarinete e orquestra de Ernst Mahle. O concerto em questão possui
três movimentos: Moderato; Lento (tema nordestino – o cego); Vivo. A obra inteira é repleta
de influências da música brasileira, especialmente, o segundo movimento, que possui um
caráter musical do folclore nordestino. Apesar de ser considerada por muitos uma obra
emblemática para o contexto clarinetístico brasileiro, a peça possui poucas gravações e um
número reduzido de citações em artigos e publicações em geral. Ao finalizar os estudos do
concerto supracitado, decidimos iniciar os estudos de uma obra do período clássico, de modo
que pudéssemos refinar algumas questões técnicas na minha prática do clarinete. Assim, a
obra escolhida para tal, foi o Concerto n°1 de Louis Spohr para clarinete e orquestra. A peça,
composta no início do século XIX, é a primeira dentre os quatro concertos dedicados ao
clarinete e possui três movimentos –Allegro, Adagio, Rondo (Vivace). A obra faz parte do
repertório avançado para o instrumento e foi dedicada ao virtuoso clarinetista alemão Johann
Simon Hermstedt.

6.4 MUSE92 EXAME QUALIFICATIVO


O exame qualificativo aconteceu no final do mês de março de 2020 e teve como banca
os seguintes professores – Professor Dr Pedro Robatto, Professor Dr Joel Barbosa e
Professora Marta Vidigal. O objetivo principal do exame qualificativo é apresentar à banca
26

avaliadora, a pesquisa em andamento, para que possa verificar o progresso do trabalho e se


necessário, apontar os tópicos a serem modificados, para que, sejam alterados em tempo hábil.
Em meu caso, foi recomendado que nos slides de apresentação, se elencassem os itens mais
importantes do trabalho ao invés de se utilizar um texto corrido.

7 DISCIPLINA CURSADA DURANTE O SEMESTRE III (formato remoto)

7.1 MUSE95 OFICINA DE PRÁTICA TÉCNICO-INTERPRETATIVA


A oficina, sob orientação do professor Pedro Robatto, seguiu o mesmo formato de
ensino dos semestres anteriores, tendo como suporte o envio, antecipado, de áudios da obra
estudada e aulas por meio de videochamadas. Assim, concluímos os estudos necessários do
Concerto nº 1 para Clarinete e orquestra de Spohr e iniciamos o estudo da peça intitulada
Clarinete Solo do compositor baiano Marcos di Silva5. A obra é uma composição
contemporânea e possui três partes – primeira parte Jocoso onde parece haver dois
personagens distintos em um momento de descontração; segunda parte Obstinado onde o
músico pode expor sua capacidade virtuosística através dos grandes saltos intervalares e
trechos em legato e staccato; terceira parte Jocoso onde o compositor retorna ao tema inicial
da obra. Foi de extrema importância para a compreensão da peça, as orientações do professor
Robatto, que além de ter interpretado a obra, contribuiu, juntamente com o autor, nas
acentuações da segunda edição da composição.

8 ATIVIDADES EXTRACURRICULARES
Ao longo do curso, além dos eventos relativos ao mestrado, tive a oportunidade de
participar de alguns eventos artísticos e acadêmicos descritos a seguir:

8.1 GRAVAÇÃO DA SONATA PARA CLARINETE E PIANO DE FRANCIS POULENC


A obra, composta em 1963, consiste em três movimentos – Alegro Tristamente,
Romanza, Alegro com fuoco. A gravação, disponível no Youtube6, foi realizada na área de
convivência da Escola Municipal de Música de São Paulo e ocorreu no final do segundo

5
Professor e pesquisador de Teoria e Composição Musical na Universidade Federal da Bahia, Doutor em
Composição Musical (UFBA). Como pesquisador, tem atuado na área de Teoria Musical, especialmente
Musicologia Digital e contornos melódicos. Atualmente é o coordenador do curso de Composição e Regência da
UFBA, já foi vice-coordenador do mesmo curso e vice-chefe do Departamento de Música.
6
Link da gravação da Sonata de Poulenc: https://youtu.be/gvH1K-LSueM
27

semestre de 2020, como parte integrante da disciplina Música de Câmara da instituição


supracitada, coordenada pela professora Marta Vidigal.
8.2 MOSTRA DA PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL (PPGPROM) DA ESCOLA DE
MÚSICA DA UFBA
A Mostra PPGPROM reuniu, entre os dias 21 e 24 de Dezembro de 2020, os talentos
da Pós-graduação profissional em música da UFBA. Nossa participação está disponível na
plataforma Youtube7 e contou, além da minha presença, com a participação dos clarinetistas
Lucas Ferreira e Walter Júnior, alunos da turma do mestrado profissional. A obra apresentada
na ocasião foi o Dobrado Pretencioso do compositor João Cavalcanti.

8.3 XV SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE COGNIÇÃO E ARTES MUSICAIS (SIMCAM)


O XV Simpósio Internacional de Cognição e Artes Musicais (SIMCAM) foi um evento
promovido pela Associação Brasileira de Cognição e Artes Musicais (ABCM) e realizado em
parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul. O
Simpósio, realizado totalmente no formato remoto, foi um fórum multidisciplinar dedicado a
amplo espectro de discussões de questões científicas relevantes ao estudo dos processos
cognitivos relacionados à música. Na ocasião, apresentei, juntamente com Lucas Ferreira e
Walter Júnior, a obra contemporânea Nubelus Clarinus8 do compositor Arthur Rinaldi.

8.4 I FESTIVAL NACIONAL DE OFICINAS ARTÍSTICAS


O Festival, organizado pela Confederação Nacional de Bandas e Fanfarras, foi um
evento artístico e musical no formato virtual de aprendizagem, direcionado aos componentes
de bandas e fanfarras do estado de São Paulo e todo o Brasil. O festival realizou diversas
oficinas online que fomentou o desenvolvimento da prática instrumental, regência de grupos
musicais, bem como oficinas artísticas em geral. No evento citado, como professor, realizei
uma aula9 de clarinete para os níveis básico e intermediário.

8.5 GRUPO DOS CLARINETISTAS MILITARES BRASILEIROS


Criado em fevereiro de 2021, o grupo é formado por clarinetistas de todas as bandas
militares do Brasil, com o objetivo de unificar e propagar informações a respeito do
instrumento e sua relevância para a história das bandas militares brasileiras na atualidade.

7
Disponível no endereço eletrônico: https://youtu.be/P6mIB0ZObAU
8
Disponível no endereço eletrônico: https://youtu.be/zImGbPQuse8
9
Disponível no endereço eletrônico: https://youtu.be/xMhH8py3Jls
28

Como forma de produção de conteúdo e interação com outros clarinetistas, o grupo realiza
encontros remotos com personalidades musicais ligadas à vida militar, bem como gravações
do repertório de dobrados adaptados, por este proponente, para quarteto de clarinetes. Sendo
assim, foram gravadas, até o presente momento, as adaptações para quarteto do Dobrado
18210 e Dobrado Quatro dias de viagem11.

9 PRODUTO FINAL
Como já exposto anteriormente neste trabalho, o produto final do mestrado profissional,
tende a ser um trabalho com relevância social, ou seja, de modo geral, deve trazer alguma
contribuição para um grupo de pessoas. Nas bandas militares, nas quais os dobrados
adaptados foram interpretados, o retorno dos músicos foi bastante positivo, tanto na
interpretação da obra quanto aos benefícios adquiridos pela prática da música de câmara com
este repertório. Além disso, as adaptações de dobrados para quarteto de clarinetes, isto é,
música de câmara, atraíram um público diferente daquele estritamente militar.
Quanto a adaptar um repertório de banda, o dobrado, para quarteto de clarinetes, decidi
não realizar modificações a ponto de retirar as características principais deste estilo
composicional. Contudo, algumas inovações são claramente reconhecidas, tal como a
cadência na adaptação do Dobrado 220 e um pequeno trecho do Lago do Cisne de
Tchaikovsky na adaptação do Dobrado Cisne Branco.
Concernente ao percurso trilhado para a produção do produto final, iniciamos os ensaios
do quarteto de clarinetes a partir do segundo semestre de 2020, com encontros semanais. À
medida que as adaptações dos dobrados eram finalizadas, realizávamos laboratórios para
conhecer a opinião dos outros participantes do grupo. No entanto, percebemos que para
realizarmos um trabalho com maior refinamento, deveríamos ter a supervisão de um
profissional com maior experiência artística com música de câmara e assim, decidimos
convidar o clarinetista e produtor musical Luca Raele que, além de participar desde 1991 do
célebre conjunto de clarinetes Sujeito a Guincho, possui vasta experiência na produção
musical no eixo popular e erudito.
Após diversos ensaios, a fim de realizar o registro fonográfico do trabalho, decidimos
realizar dois dias de gravação no estúdio da FATEC em Tatuí, São Paulo. O estúdio possui
instalações distribuídas em uma área com mais de 500 metros quadrados e abriga diversas
salas, como a sala que realizamos a gravação, que possui capacidade para atender 70 músicos.

10
Endereço da gravação do Dobrado 182: https://youtu.be/Ji8iUjluwIs
11
Endereço da gravação do Dobrado Quatro dias de viagem: https://youtu.be/jDVr1YqnCjI
29

Além disso, fomos assistidos pelos alunos do curso de Produção Musical da instituição e pelo
coordenador do curso Zé Pires que nos auxiliou, juntamente com Raele, em todo o processo
de gravação em estúdio. Vale ressaltar que, além de todo o desafio existente quanto à
produção de um registro em estúdio, havia os obstáculos devido à pandemia de Covid 19.
Tudo devia ser realizado seguindo os protocolos de distanciamento social e utilização de
máscara.
Após o período de gravação, iniciamos, sob a supervisão de Zé Pires, o processo de
mixagem e masterização do material gravado. Todo o procedimento foi realizado de forma
remota, tendo em vista a crise sanitária que enfrentávamos no momento. Assim, a partir da
gravação que realizamos em estúdio, escolhíamos um áudio base e apoiado nisso, fazíamos as
modificações necessárias.
Assim sendo, a partir do exposto, este trabalho possui como produto final, um álbum12
gravado em estúdio com todas as adaptações de dobrados para quarteto de clarinetes –
Dobrado 220, Dobrado 182, Dobrado Cisne branco, Dobrado Quatro dias de viagem, Dobrado
Bombardeio da Bahia e contou, além da minha participação, com a presença dos seguintes
clarinetistas: Filipe Sales, Francisco Júnior e Renata Garcia, todos pertencentes à Banda
Sinfônica do Exército. Posteriormente, o objetivo será disponibilizar este material em todas as
plataformas de streaming.

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao encerrar o Mestrado, consigo perceber quanto aprendizado obtive ao longo do
curso. Seria impossível enumerar todo conhecimento adquirido por meio do contato com
outros profissionais que faziam parte do corpo discente da pós–graduação bem como durante
os encontros das disciplinas do mestrado.
Concernente às aulas de Clarinete com o Professor Dr Pedro Robatto, considero que
foram de extrema importância para o meu amadurecimento como músico prático. Não possuía
experiência com o repertório brasileiro tampouco com o repertório de música contemporânea
e era considerado um “Romântico”, devido a minha vivência com obras deste período da
música. No entanto, apesar dos avanços, acredito que o período de pandemia trouxe certo
retardo aos meus estudos, tendo em vista a falta de encontros presenciais com o professor.
Ademais, tive que me adaptar a enviar gravações, a encontrar um ambiente propício para

12
https://drive.google.com/drive/folders/1-JsYSDmW0gPkExgIay6v-POSZZq0PBjD
Link da gravação em estúdio das obras apresentadas como produto final: Dobrado 182, Dobrado 220, Dobrado
Bombardeio da Bahia, Dobrado Cisne Branco, Dobrado Quatro Dias de Viagem.
30

gravar, a descobrir o melhor aplicativo de gravação de áudio ou adquirir um bom gravador.


Porém, apesar das intempéries, segundo o professor, finalizo o curso sendo um clarinetista
mais maduro em termos sonoros, musicais e interpretativos.
Com relação às aulas teóricas - reflexivas, percebo que não me tornei um pesquisador
perito nos autores abordados como Pierre Bourdieu, Umberto Eco, Theodor Adorno, Michel
Foucault, mas sim, levantei questionamentos, ampliei a visão, estimulei percepções, bem
como passei a dar enfoque a temas muitas vezes esquecidos com relação a aspectos presentes
além da performance musical, especialmente na relação entre música e questões sociais.
No que tange ao trabalho de adaptação de dobrados para quarteto de clarinetes, percebi
ainda mais, o potencial que as bandas de música possuem em termos de composição. Este
estilo composicional, genuinamente brasileiro, ainda necessita ser mais explorado pelos
músicos atuantes, seja por meio de pesquisas, arranjos, adaptações ou simplesmente, pela não
substituição deste repertório por outro estritamente estrangeiro, como é o caso de diversas
bandas.
Concluo afirmando que o Mestrado profissional me transformou não apenas como um
Clarinetista ou músico de banda, mas também como indivíduo e que o trabalho de adaptação
de dobrados para clarinetes, tema central desta pesquisa, pode ser incentivo para outros naipes
e outros grupos musicais, pois não é um trabalho fechado em si mesmo. Assim, finalizo este
memorial com uma citação de Fred Dantas...“relembrei minha vivência, colecionei dados,
propondo uma atitude inovadora para chegar a uma conclusão: a banda continua.”

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES DA SILVA, L. E. Musicalização através da banda de música escolar: uma


proposta de metodologia de ensaio fundamentada na análise do desenvolvimento
musical de seus integrantes e na observação da atuação dos “mestres de banda” Tese
(Doutorado), Programa de Pós-Graduação em Música, Centro de Letras e Artes, UNIRIO,
2010.

DANTAS, F. M. Composição para banda filarmônica: atitudes inovadoras. Tese


(Doutorado), Escola de Música, UFBA, 2015.

EXÉRCITO BRASILEIRO. Boletim do Exército Brasileiro Nº 25 de 23 de junho, portaria


008, 2000
FEITOSA, M. F. C. A expressividade da música brasileira para Clarinete e Orquestra.
Dissertação (Mestrado), Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, Politécnico do
Porto, Porto, 2019
31

FONTE, R.; ROBATTO, P. Adaptações de dobrados para quarteto de clarinetes: uma


alternativa para a prática da música de câmara em bandas de música. In: CANDUSSO, Flávia
Maria Chiara. 30+30: Pós-graduação & música, Salvador: EDUFBA, 2020. p, 277-293.
Disponível em:<http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/33438>. Acesso em: 26 Out. 2021.

GRANJA, M F. A banda: Som e Magia. Dissertação (Mestrado), Escola de Comunicação da


Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Rio de Janeiro, 1984.

HOLANDA, C. B. A banda. Interprete: Chico Buarque. Composição: C. Buarque. In: Chico


Buarque de Hollanda. São Paulo: RGE, 1966, disco vinil, lado A, faixa 1 (2,12 min).

MAHLE, E. Biografia e obra de Ernst Mahle. In:Portal Música Brasilis, 2009. Disponível
em: <http://musicabrasilis.org.br/compositores/ernst-mahle>. Acesso em: 27 de setembro de
2021.

OLIVEIRA, A. H. S. Bandas de Música portuguesas no Brasil – tradição, apogeu e realidade


atual. In: Anais III SIMPOM, 2014. Rio de Janeiro: UNIRIO, 2014. Disponível em: <
http://seer.unirio.br/index.php/simpom/article/download/4663/4163>. Acesso em: 22 de Jul.
2021.

OLIVEIRA, J. Z. Reflexões sobre a importância da prática deliberada para otimização


da performance musical do clarinetista. Dissertação (Mestrado), Escola de Música, UFBA,
Salvador, 2019.

ROCHA, J. R. F. O dobrado: breve estudo de um gênero musical brasileiro. Belo


Horizonte: UFMG, 2011.

SILVEIRA, F. Concertino para Clarineta e Orquestra de Francisco Mignone: Reflexões


Interpretativas. In: Revista do Conservatório de Música da UFPel, 2008. Pelotas: UFPel,
2008. Disponível em: <https://periodicos.ufpel.edu.br >. Acesso em: 20 de Jun. 2021.

SOUSA, P. M. As bandas de música na história da música em Portugal. Lisboa: Fronteira


do Caos, 2017.
32

APÊNDICE A – ARTIGO

ADAPTAÇÕES DE DOBRADOS PARA QUARTETO DE CLARINETES: UMA


ALTERNATIVA PARA A PRÁTICA DA MÚSICA DE CÂMARA EM BANDAS DE
MÚSICA

RESUMO
O presente artigo tem como objetivo tecer reflexões a respeito da prática da música de câmara
em bandas de música por meio de adaptações do gênero musical brasileiro de dobrados para
quarteto de clarinetes. Para isso, utilizamos nesta pesquisa a adaptação para quarteto de
clarinetes do dobrado 220 (Avante Camaradas) do compositor Antônio Manoel do Espírito
Santo. Assim, este estudo de caso de caráter qualitativo foi realizado na banda de música do
2° Batalhão de Polícia do Exército em Osasco/São Paulo e se serviu de entrevista semi-
estruturada como técnica de coleta de dados, contando com a participação voluntária de
quatro clarinetistas da banda de música. Logo, este trabalho se justifica por utilizar o principal
repertório das bandas de música brasileiras, o dobrado, adaptado para a formação camerística,
como um caminho para a prática da música de câmara em bandas de música e outros grupos
musicais.

Palavras-chaves: Banda de Música, Quarteto de Clarinetes, Música de Câmara, Dobrado,


Naipe de Clarinetes.

ADAPTATIONS OF “DOBRADO” FOR CLARINET QUARTET: AN


ALTERNATIVE FOR THE PRACTICE OF CHAMBER MUSIC IN MUSIC BANDS

ABSTRACT
This article aims to reflect on the practice of chamber music in music bands through
adaptations of the Brazilian musical genre called “Dobrado” to clarinet quartets. For this, we
used in this research the adaptation for clarinet quartet of the “Dobrado 220” (Avante
Camaradas) by the composer Antônio Manoel do Espírito Santo. Thus, this qualitative case
study was carried out in a military music band in Osasco / São Paulo and used a semi-
structured interview as a data collection technique, with the voluntary participation of four
clarinetists from the music band. Therefore, this work is justified by using the main repertoire
of Brazilian music bands, the “Dobrado”, adapted for chamber music formation, as a way to
practice chamber music in music bands and other musical groups.

Keywords: Music Band, Clarinet Quartet, Chamber Music, “Dobrado”, Clarinet Section
33

INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como objetivo tecer reflexões a respeito da prática da música de
câmara em bandas de música por meio de adaptações do gênero musical brasileiro de
dobrados para quarteto de clarinetes. Essa abordagem se deve à atuação deste pesquisador
como clarinetista de banda militar do Exército, bem como concludente do curso de Mestrado
Profissional da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Além disso, foi determinante para
este trabalho, a experiência musical como integrante em um quarteto/trio de clarinetes
chamado “Palheta Sonora”. Esse grupo atuou durante três anos em cidades da região
metropolitana de São Paulo e executava, inicialmente, um repertório tradicional para esta
formação. Na busca por constituir uma identidade musical do grupo, nasceu, em 2016, o
projeto “Dobrado Desdobrado” que visava adaptar, para quarteto/trio de clarinetes, dobrados
tradicionais do Exército Brasileiro, em virtude dos integrantes serem oriundos de Banda de
Música Militar. O grupo encerrou suas atividades no ano seguinte, no entanto, deixou no
autor deste trabalho, o desejo de contribuir para a formação de um repertório de dobrados
adaptados para música de câmara a fim de atender à demanda de clarinetistas de banda de
música.
Tomando como ponto de partida a experiência citada anteriormente, tendo em vista
fomentar a prática da música de câmara nas bandas, escolhemos para ser adaptado para
quarteto de clarinetes o gênero musical “dobrado” que, como obra musical brasileira,
executada para elevar o moral da tropa nas solenidades da caserna13, é o repertório principal
das bandas de música militares. Além disso, este estilo composicional não é exclusividade das
bandas de instituições beligerantes.
Diversas bandas civis que representam cidades, igrejas ou associações utilizam o
dobrado como repertório básico em suas apresentações. Dantas (2017, p.29), corrobora tal
constatação ao afirmar que as bandas de música mantêm “vínculo com os movimentos
militares e com as ocasiões religiosas”.
É importante ressaltar que o fato do dobrado ser o principal repertório das bandas de
música, tornou esse gênero parte da cultura de muitos músicos brasileiros, bem como de
diversos clarinetistas do país, sendo utilizado como método de iniciação musical em várias
bandas. Temos como exemplo, a experiência do autor deste artigo que aprendeu a tocar
clarinete em uma banda de música de uma igreja com a utilização de diversos dobrados.

13
Termo sinônimo a quartel ou aquartelamento.
34

Porém, este não é um caso isolado, por meio do contato com outros clarinetistas que atuam
em diversas bandas e orquestras brasileiras, constatamos que muitos possuem a formação
musical iniciada em bandas de música com a utilização desse gênero musical.
Concernente ao tema da pesquisa, a abordagem se deve a observação deste autor,
como clarinetista de banda de música militar, nas dificuldades encontradas na prática musical
do naipe de clarinetes tais como: afinação, timbre, articulação, dinâmica, sonoridade entre
outros. Tais dificuldades ocorrem em decorrência do fato dessas bandas terem a função prima
de executarem o repertório de dobrados ao ar livre e com intensidade forte para
musicalizarem eventos civis ou militares. Isso faz com que o naipe muitas vezes, perca a
referência de uma sonoridade mais refinada. Por isso, tendo em vista encontrar meios para
solucionar as dificuldades supracitadas, escolhemos a prática da música de câmara com
adaptações de dobrados para quarteto de clarinetes, a fim de contribuir para o
aperfeiçoamento musical desse naipe como um todo.
Assim, concernente aos benefícios da prática camerística, vejamos o que SACKS
(2016, p.11, tradução nossa) nos afirma:
Os benefícios da prática da música de câmara na busca por explorar novas
sonoridades são incontáveis, pois com um número reduzido de
instrumentistas, o risco de desequilíbrio sonoro é menor, sendo, portanto,
mais fácil o ajuste musical de um pequeno grupo do que de um grande
coletivo [...] grupos menores de instrumentistas permitem a realização
focalizada de idéias musicais.14

Desse modo, considerando tais benefícios e tendo em vista o fato de o dobrado fazer
parte do repertório cotidiano dos profissionais de banda, juntamente com este artigo,
iniciamos um trabalho de escolha e adaptação para quarteto de clarinetes de alguns dobrados
dentre o repertório básico de obras musicais do Exército Brasileiro. A respeito desse
repertório básico, constam o Boletim do Exército Nº 25 do ano de 2000, que “estas
composições devem estar presentes em todas as bandas e fanfarras do território nacional, bem
como possuir as partituras do regente e as partes individuais dos instrumentos”. Dentre essas
composições, constam os seguintes dobrados:
1. Dobrado ao Exército Brasileiro
2. Dobrado Barão do Rio Branco
3. Dobrado Batista de Melo
4. Dobrado Comandante Narciso

14
Texto original: “The benefits of the chamber setting in the search for new and interesting sound are numerous.
Primarily, with a single player on an instrument, the risk of unbalanced sound is significantly smaller, as it is
obviously easier for one musician to adjust than a large group to do so collectively […] Smaller ensembles allow
for the focused realization of ideas with less prospect of poor reception due to means outside of the composition
and music themselves”.
35

5. Dobrado Guararapes
6. Dobrado Mato Grosso
7. Dobrado O Guarani
8. Dobrado Os Flagelados
9. Dobrado os Quatro Tenentes
10. Dobrado Quatro Dias de Viagem
11. Dobrado Saudades de Minha Terra
12. Dobrado Sargento Calhau (Cisne Branco)
13. Dobrado Primeiro grupo de Aviação Embarcada
14. Dobrado Bombardeio da Bahia
15. Dobrado n° 182
16. Dobrado n° 220 (Avante Camaradas)
17. Dobrado Marcha de Guerra Brasil
(BOLETIM DO EXÉRCITO BRASILEIRO, Nº 25, 23 de junho de 2000, p.27, portaria 008).

Sabemos, entretanto, que o repertório de dobrados executados por Bandas Militares do


Exército é mais extenso do que o apresentado no referido boletim, todavia esse documento
serve como ponto de partida para o presente artigo. Assim, decidimos adaptar para quarteto de
clarinetes, apesar da relação do Boletim supracitado conter 17 (dezessete) composições do
gênero, os dobrados do compositor baiano Antônio Manoel do Espírito Santo – dobrado 220;
dobrado Bombardeio da Bahia, dobrado 182, dobrado Cisne Branco, dobrado Quatro Dias de
Viagem.
Sobre o compositor Antônio Manoel do Espírito Santo, não possuímos muitas
informações a respeito de sua trajetória. Porém, no estudo de Meira e Schirmer (2000)
concernente à História da música militar e bandas militares, consta que o compositor foi
mestre de banda e compositor de diversos dobrados. Além disso, foi aprendiz do Arsenal de
Guerra da Bahia, onde, no passado, eram ensinados ofícios aos jovens em situação de
vulnerabilidade social. De acordo com o estudo citado anteriormente, Antônio Manoel do
Espírito Santo, mesmo falecido aos 29 anos de idade, deixou-nos um legado de mais de
duzentas obras de mais alto nível. Infere-se que o número “220”, título de uma de suas obras
(dobrado 220), seja o número de catálogo de suas composições, visto que essa informação se
faz recorrente em outros dobrados do autor.
Dessa forma, a partir do que foi apresentado, este artigo tem como objetivos
específicos, os seguintes pontos: 1)Descobrir os atributos musicais trabalhados com a
adaptação do dobrado para quarteto de clarinetes; 2) Conhecer os benefícios da prática da
música de câmara para o naipe de clarinetes; 3) Realizar propostas para implantação da
prática da música de câmara em bandas de música.
36

Para tanto, utilizamos como instrumento de coleta de dados, a entrevista semi-


estruturada que segundo Laville e Dionne (1999, p. 188) é uma série de perguntas abertas,
feitas verbalmente em uma ordem prevista, mas na qual o entrevistador pode acrescentar
perguntas de esclarecimento. A mesma está registrada mais adiante neste artigo e ocorreu
após uma oficina de música de câmara realizada na banda de música com a adaptação para
quarteto de clarinetes do dobrado 220 (Avante Camaradas) contando com a participação,
voluntária, de quatro clarinetistas da banda.
No que tange à modalidade de pesquisa, este artigo se configura como um Estudo de
Caso de caráter qualitativo. Logo, busca se aprofundar em uma realidade particular,
específica, de modo que suas conclusões não devem ser difusas. Porém, possibilita
compreender de forma concreta uma determinada realidade (PENNA, 2015, p.101).
Quanto ao referencial teórico, este trabalho se ampara na pesquisa de Frederico
Meireles Dantas (2015) acerca da Composição inovadora para banda filarmônica; dos escritos
de Pedro Marquês de Sousa (2017) que trata da história das bandas de música em Portugal; e
no estudo de Everaldo do Espírito Santo e Santos (2018) com relação ao aperfeiçoamento do
músico filarmônico através das práticas camerísticas.
Apesar de possuir informações relevantes quanto às bandas de música militares e civis
e o aperfeiçoamento do músico, nenhuma dessas pesquisas aborda a formação de um
repertório de dobrados adaptados para música de câmara, fato que justifica o presente
trabalho.

1 - O DOBRADO – contextualizando
O gênero musical dobrado é uma marcha, ou seja, é resultado das atividades de
musicalização das manobras militares. Concernente a isso, Sousa (2017, p. 107) nos expõe:
A marcha é o gênero musical que resultou diretamente da dimensão
funcional da música militar, pela sua utilização operacional nas manobras
táticas [...] em linha de combate. O termo marcha originalmente significa um
tipo de manobra [...].

No entanto, para maior compreensão da relação entre essas manobras militares e o


dobrado, necessitamos discorrer a respeito desses deslocamentos. A respeito disso, Rocha
(2011, p.4), em sua pesquisa a respeito do gênero musical dobrado, expõe basicamente três
tipos de manobras realizadas pelas tropas de cavalaria:
1) Passo de estrada – deslocamento lento para longos percursos;
2) Passo de parada ou passo dobrado – deslocamento com o andamento próximo ao
dobro do anterior.Utilizada em desfiles, continências e paradas militares;
37

3) Passo acelerado – deslocamento com andamento rápido utilizada para o ataque.


Diante do exposto, tendo em vista auxiliar na marcação da cadência das tropas nos
deslocamentos abordados anteriormente, era tradição a utilização de grupos de músicos com
instrumentos de percussão e instrumentos de sopro. Segundo Rocha (2011), com o passar do
tempo, o termo “passo dobrado”, que se referia, como já mencionado, ao deslocamento da
tropa com andamento próximo ao dobro do “passo de estrada”, passou a ser sinônimo do
gênero musical executado pelos grupos de instrumentistas que tocavam nessa manobra, ou
seja, em desfiles, continências e paradas militares.
Com a formação de diversas bandas civis e militares em todo o território brasileiro, o
“passo dobrado” europeu, gradativamente, foi absorvendo diversas características regionais,
se desvinculando da influência das marchas européias e se consolidando como um gênero
musical de identidade própria com características harmônicas, formais, melódicas e
contrapontísticas que o diferenciava de outros gêneros musicais do mesmo estilo.
Dessa forma, podemos afirmar que, o “passo dobrado”, sob a denominação genérica
de “dobrado”, se afastou do seu modelo europeu e por meio de tantas características distintas
de sua origem, se tornou uma marcha genuinamente brasileira.
Quanto a isso, Rocha (2011, p. 7) nos afirma:
[...] Resultou, daí, a gradativa consolidação de uma marcha brasileira, que,
sob a denominação genérica de “dobrado”, foi adquirindo e sedimentando
características muito peculiares. E, na medida em que foi se distanciando dos
modelos herdados do passo dobrado e das marchas européias, o dobrado foi
se consolidando como a marcha nacional brasileira por excelência [...].

No que tange à forma do dobrado, sua estrutura mais básica é dividida em três partes –
parte A, parte B e TRIO- acrescidas de introdução, ponte e coda. Apesar disso, encontramos
no repertório brasileiro, dobrados que possuem inúmeras variações quanto a forma, no
entanto, apesar da riqueza de detalhes quanto à estrutura do dobrado, não caberia neste artigo
as inúmeras informações a respeito dos aspectos formais deste gênero e suas diversas
características.
Assim, podemos inferir que o dobrado é uma marcha com características brasileiras,
executada em ritmo binário, andamento metronômico entre 112 e 116 passos por minuto e
com harmonia definida de acordo com as regras clássicas.
Vale ressaltar que, o dobrado possui uma linguagem instrumental própria. Dantas
(2015) aborda essa linguagem como “função instrumental”, ou seja, o que cada grupo de
instrumentos da banda de música executa para dar identidade ao gênero. Assim, de acordo
com o autor mencionado, identificamos, basicamente, as seguintes funções:
38

1) Canto: linha melódica principal. É geralmente apresentado pelas flautas, clarinetes, trompetes,
saxofones alto e trombones.
2) Contracanto: é a linha melódica que realiza o diálogo com a linha principal. É executado pelo
euphonium ou sax tenor. Contracanto também é a linha melódica com figuração rítmica
ligeira apresentada pelos clarinetes no canto realizado pelos metais.
3) Centro: é geralmente apresentada pelas trompas e determina a identidade tonal e rítmica do
dobrado. É por meio desta divisão rítmica que podemos diferenciar o dobrado de outros
gêneros musicais marciais. Nesta linha também, podemos identificar, por meio de três ou
quatro notas distintas, se estamos na tônica, dominante ou já estamos em algum tom diferente.
4) Marcação: assim como o “centro”, define a tonalidade e o estilo rítmico característico do
dobrado sendo confiada aos instrumentos graves. Além disso, as notas desta linha auxiliam no
preenchimento do campo harmônico.
A partir do exposto, identificara “função instrumental” do dobrado foi determinante
para adaptá-lo para quarteto de clarinetes, tendo em vista, não perder as características
principais do gênero – canto, contracanto, centro, marcação. No entanto, como adaptar as
“funções instrumentais” do dobrado para quarteto de clarinetes a fim de não perderem as
características do gênero como marcha brasileira?

2 – ADAPTAÇÃO DO DOBRADO PARA QUARTETO DE CLARINETES


De acordo com a pesquisa de Pereira (2011) sobre as práticas de reelaboração musical,
adaptar uma obra significa realizar diversas transformações para um diferente fim ao qual a
peça foi idealizada. A respeito disso, a autora ainda nos expõe:
[...] prática na qual se busca adequar uma determinada obra a alguma coisa,
ou seja, modificar algo para torná-la conforme a (alguma coisa). Nesse caso,
a obra é adequada, ajustada, manipulada em relação a algo que pode ser o
público, o meio instrumental, ou o contexto, ou seja, a música é que se ajusta
a estas novas situações e não o contrário, ela é direcionada para fins
específicos (PEREIRA, 2011 p.217).

A partir da citação, podemos ressaltar que a finalidade específica das adaptações do


dobrado para quarteto de clarinetes é possibilitar a prática da música de câmara nas bandas,
ou seja, adaptar um repertório característico da atmosfera marcial, ao contexto camerístico.
No entanto, como já indagado, como fazer adaptações de dobrado para quarteto de clarinetes,
com todas as “funções instrumentais” deste gênero, a fim de não perderem as características
de marcha brasileira?Para isso, dividimos as vozes do quarteto de acordo com a função
instrumental já abordada neste trabalho. Assim, obtivemos adaptações camerísticas com todas
39

as características idiomáticas pertencentes ao dobrado. Tomemos como exemplo, o trecho a


seguir na figura 1.

Figura 1: Trecho da adaptação para quarteto de clarinetes do dobrado 220.

1° Cl. Bb

2° Cl. Bb

3° Cl. Bb

4° Cl. Bb

1° Cl. Bb

2° Cl. Bb

3° Cl. Bb

4° Cl. Bb

Fonte: Quarteto de clarinetes do dobrado 220 (SP, Brasil – 2020).

Por meio do trecho apresentado anteriormente, podemos tecer as seguintes observações:


1- A 1ª Clarineta executa o canto, ou seja, a linha melódica principal do dobrado.

2- A 2ª Clarineta está responsável por fazer a 2ª voz, bem como dialogar com a linha melódica
principal, ou seja, executa o contracanto.

3- A 3ª Clarineta executa o encadeamento rítmico característico a um dobrado, isto é, o Centro.

4- A 4ª Clarineta é responsável pela marcação rítmica, ou seja, juntamente com o centro,


estabelece a identidade rítmica do gênero.
Além disso, como o dobrado possui uma linguagem que nos remonta a banda marcial,
para darmos um novo caráter ao quarteto de clarinetes do dobrado 220, decidimos introduzir
uma cadenza, ou seja, momento de execução virtuosística de um músico, tal como no trecho a
seguir, retirado da adaptação supracitada:
40

Figura 2: Cadenza da adaptação para quarteto de clarinetes do dobrado 220.

Fonte: Quarteto de clarinetes do dobrado 220 (SP, Brasil – 2020).


Logo, podemos observar, por meio das informações citadas, obtivemos uma adaptação
para quarteto de clarinetes do dobrado 22015, com todas as características do gênero; ou seja,
canto, contracanto, centro, marcação; acrescida de uma cadenza, típica do repertório para
Concerto, fazendo com que a adaptação apresentasse um caráter inovador em comparação ao
repertório de dobrados tradicionais.

03 – ESTUDO DE CASO: entrevistas com os clarinetistas participantes.


As entrevistas contaram com a participação, voluntária, de quatro músicos integrantes
do naipe de clarinetes da banda de música do 2º Batalhão de Polícia do Exército em Osasco e
aconteceram após uma oficina de música de câmara na qual ensaiamos a adaptação do
dobrado 220 (Avante Camaradas) para quarteto de clarinetes com os quatro músicos
voluntários.
Assim, para preservarmos a identidade dos músicos entrevistados, adotamos como
referência a seguinte nomenclatura: Clarinetista A, Clarinetista B, Clarinetista C, Clarinetista
D.

15
https://youtu.be/tVJhMh9fU-o
Link da gravação em áudio e vídeo da adaptação para quarteto de clarinetes do dobrado 220. A gravação foi
realizada no segundo semestre de 2020 e contou com a participação do quarteto de clarinetes da banda sinfônica
do Exército.
41

No que tange à forma de registro das entrevistas, utilizamos a gravação em áudio, que
foi devidamente autorizada pelos participantes. Quanto a essa forma de registro, Zago (2003,
p. 299) discorre:
Este registro tem uma função também importante na organização e análise
dos resultados pelo acesso a um material mais completo do que as anotações
podem oferecer e ainda por permitir novamente escutar as entrevistas,
reexaminando seu conteúdo.

Desse modo, as entrevistas foram divididas em três categorias: 1) Atributos musicais


trabalhados com a adaptação para quarteto de clarinetes do dobrado 220; 2) Benefícios da
prática da música de câmara para o naipe de clarinetes; 3) Propostas para a implantação da
prática da música de câmara na banda de música.
Vejamos, a partir de então, as respostas dos músicos entrevistados e as análises das
entrevistas em cada categoria.

3.1 – Atributos musicais observados na execução da adaptação para quarteto de


clarinetes do dobrado 220
Para o Clarinetista A, a formação camerística do dobrado 220 fez com que fossem
percebidos atributos que se perdem no cotidiano da banda de música tal como dinâmica e
afinação. Isso se deve ao fato de no dia a dia “estarmos sempre preocupados em tocar e
marchar ao mesmo tempo[...] assim, não há como conseguirmos atentar para a dinâmica e
afinação[...] tocamos tudo em intensidade forte”.
Corrobora com isso o Clarinetista C afirmando que “a adaptação do dobrado 220 fez com
que ficássemos atentos a afinação, dinâmica e fraseado do companheiro do lado [...], pois
quando tocamos dobrados ao ar livre nos preocupamos apenas em não perder a marcação da
cadência”.
O Clarinetista B, quando questionado, disse que”[...]manter o andamento durante a
execução do quarteto foi a maior dificuldade, pois não havia instrumento de percussão”.
No entanto, o Clarinetista D nos elucidou dizendo que “[...] o fato de estarmos
acostumados a tocar dobrados em movimento e ao ar livre, faz com que não escutemos o
outro para mantermos o andamento [...]temos que ouvir o companheiro do lado para
mantermos a pulsação constante ao tocarmos o quarteto”.
A partir das respostas apresentadas a respeito dos atributos musicais observados na
execução da adaptação para quarteto do dobrado 220, podemos inferir que, todas as respostas
tiveram como referência a prática deste dobrado pela banda de música. Isto é muito
significativo, pois a banda executa esta obra com muita freqüência, porém, na maioria das
42

vezes, a execução ocorre ao ar livre, em movimento e com intensidade forte para musicalizar
os eventos militares e civis.
No entanto, percebemos que a adaptação de dobrados para grupos de câmara, assim
como qualquer outro repertório camerístico, pode trabalhar de forma mais eficiente, atributos
musicais por vezes esquecidos no dia a dia da banda tal como afinação, dinâmica, articulação,
timbre, percepção entre outros. Esses atributos, se trabalhados de forma cotidiana, podem
contribuir para o aperfeiçoamento do músico e do grupo ao qual o mesmo se insere.

3.2 – Benefícios da prática da música de câmara para o naipe de clarinetes da


banda.
Os entrevistados, quando questionados com relação aos benefícios da música de
câmara, foram unânimes em dizer que a sua prática pode trazer benefícios para o naipe de
clarinetes.
Para o Clarinetista B, a prática da música de câmara “[...] melhora o naipe como um
todo, principalmente a afinação [...] Além disso, faz com que escutemos melhor o outro, nos
dando assim, uma identidade sonora”.
Corrobora com isso o Clarinetista A dizendo que “[...] primeiramente melhora o som e
faz com que o naipe fique mais coeso [...] melhora a afinação e o timbre do conjunto”.
Concernente ao timbre, o Clarinetista D também nos acrescentou que “[...] tocar junto
faz com que o grupo desenvolva uma afinidade no que tange ao timbre, fator muito
importante para o naipe”.
Além disso, acrescentou o Clarinetista C que “[...]uma das maiores dificuldades do naipe
é fazer as mesmas articulações [...] a prática da música de câmara com adaptações de
dobrados pode nos auxiliar quanto a isso”.
Podemos observar que todos os entrevistados citaram características musicais importantes
como afinação, timbre, articulação, sonoridade, que podem ser trabalhados com a prática da
música de câmara. No entanto, dificilmente esses atributos são abordados no cotidiano do
naipe de clarinetes, pois, como já mencionado neste artigo, a banda de música em que o naipe
se insere tem a finalidade prima de tocar dobrados ao ar livre, com intensidade forte e em
movimento. Assim, todos esses aspectos observados pelos instrumentistas acabam se
perdendo no dia a dia.
43

3.3 – Propostas para a prática da música de câmara no cotidiano da banda.


No que se refere a propostas para a prática da música de câmara no cotidiano da banda,
apenas um entrevistado disse que não seria possível a implantação desta prática no grupo.
Segundo o Clarinetista B “[...] a rotina da banda impede que os encontros para os ensaios de
música de câmara sejam realizados [...] seria possível se a banda tivesse mais tempo”.
A rotina citada pelo Clarinetista B se refere ao fato da banda de música em questão,
cumprir diversas atividades em seu dia a dia como atender a outras solenidades militares e
civis, ensaiar e memorizar o repertório, realizar a manutenção das instalações da banda entre
outras atribuições.
No entanto, os demais entrevistados consideraram possível essa prática no cotidiano da
banda. Vejamos suas respostas quando questionados a respeito do assunto.
Para o Clarinetista A,“devemos reservar um tempo para ensaiarmos o repertório e um
tempo para reunirmos os músicos interessados, a ponto de virar uma rotina”. O entrevistado
ainda acrescentou que para auxiliar nesta prática devemos “fazer apresentações, nem que
seja para nós mesmos [...] para que não ficássemos com a sensação de estarmos ensaiando
por ensaiar”.
Segundo o Clarinetista D, devemos “[...] reservar um tempo diário ou semanal para
realizarmos ensaios e escolhermos o repertório”.
O clarinetista C, ainda nos acrescentou que “[...] para ser implantada a prática da
música de câmara na banda, além do tempo reservado para os ensaios, é necessário que o
regente da banda dê suporte para isso [...] não é suficiente apenas o interesse dos músicos
[...] precisamos do apoio do maestro”.
De acordo com as respostas apresentadas, a maioria dos entrevistados concorda que é
de suma importância reservar, antecipadamente, um período, dentro da rotina da banda, para a
prática camerística, propondo até mesmo apresentações do repertório escolhido. No entanto,
como acrescentou um dos participantes, é necessário o apoio da liderança do grupo musical,
pois sem isso ficaria inviável manter uma rotina de trabalho de música de câmara na banda de
música.
44

4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do levantamento bibliográfico, após a aplicação da oficina e análise das
entrevistas, é possível tecer algumas reflexões a respeito da prática da música de câmara por
meio de adaptações do repertório cotidiano das bandas, o dobrado.
Percebemos, por meio dos relatos dos entrevistados, que os músicos de banda,
geralmente,possuem um arcabouço musical para realizarem um trabalho mais refinado,
porém, por conta do cotidiano das bandas e a falta de tempo hábil para de fato ensaiarem o
repertório de dobrados, fazem com que este refinamento muitas vezes seja esquecido.
Apesar de realizarmos a pesquisa de campo com um pequeno grupo – quatro
clarinetistas de uma banda – sabemos, por meio do contato com outros músicos de outras
bandas militares e civis, que a realidade exposta no atual trabalho é a mesma em diversos
grupos musicais.
No que tange à prática da música de câmara com adaptações de dobrados para quarteto
de clarinetes, podemos perceber, por meio do estudo de caso realizado com a adaptação do
dobrado 220, adaptação utilizada neste estudo, que a mesma foi bem recebida pelos
Clarinetistas participantes da pesquisa e que foi possível trabalhar atributos musicais com
maior refinamento, assim como em qualquer obra camerística. Com isso, pretendemos
com este trabalho, ser incentivo para a criação de novos grupos de música de câmara que
utilizam o repertório de dobrados, por vezes esquecido, a fim de serem utilizados, não
somente nas bandas de música militares ou civis, mas também nas escolas de música, a fim de
servir para o enriquecimento cultural dos músicos em formação.
Ainda há diversos dobrados nos arquivos de bandas de igrejas, bandas militares e civis,
se perdendo com a ação do tempo, que podem ser resgatados pelas bandas que estão em
atividade e que por vezes preferem recorrer, unicamente, a um repertório de caráter
estrangeiro ou de cultura de massa em seu cotidiano.
Assim, sugerimos aos Regentes de Banda, que fomentem atividades musicais como a
prática da música de câmara abordada neste trabalho e utilize nestas atividades, o repertório
de dobrados como forma de melhoramento musical do grupo como um todo, tendo em vista o
aperfeiçoamento continuado dos músicos de banda.
45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DANTAS, F. M. Composição para banda filarmônica: atitudes inovadoras. Tese


(Doutorado em composição). Salvador: UFBA, 2015.

EXÉRCITO BRASILEIRO. Boletim do Exército Brasileiro Nº 25 de 23 de junho, portaria


008, 2000.

LAVILLE, C.; DIONE, J. Construção do Saber: Manual de metodologia da pesquisa em


ciências humanas. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999.

MEIRA, A. G.; SCHIRMER, P. Música militar e bandas militares: origem e


desenvolvimento. Rio de Janeiro: Estandarte, 2000.

PENNA, M. Construindo o primeiro projeto de pesquisa em educação musical. Porto


Alegre: Editora Sulina, 2015.

PEREIRA, F. V. As práticas de reelaboração musical. Tese (doutorado). São Paulo: USP,


2011.

ROCHA, J. R. F. O dobrado: breve estudo de um gênero musical brasileiro. Belo


Horizonte: UFMG,2011.

SACKS, A.A comparative History and the importance of chamber


music.CapstoneProjectsandtheses. Paper 542. Marina, 2016.

SANTOS, E. E. S. A música de câmara dentro das filarmônicas: o aperfeiçoamento do


músico filarmônico através das práticas Camerísticas. Dissertação (mestrado). Salvador:
UFBA, 2018.

SOUSA, P. M. As bandas de música na história da música em Portugal. 2. ed. Lisboa:


Fronteira do Caos, 2017.
46

ZAGO, N. A entrevista e seu processo de construção: reflexões com base na experiência


prática de pesquisa. In: ZAGO, N.; CARVALHO, M.; VILELA, R. (Orgs.). Itinerários de
pesquisa: perspectivas qualitativas em Sociologia da Educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
p. 287-309.
47

APÊNDICE B: FORMULÁRIO DE REGISTRO DE PRÁTICAS PROFISSIONAIS


SUPERVISIONADAS/PPS
MUSE95 PRÁTICA TÉCNICO-INTERPRETATIVA (semestre I)

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO


UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FUBA
ESCOLA DE MÚSICA – EMUS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM MÚSICA –
PPGPROM

Discente: Rafael da Silva Fonte Matrícula: 2019127311

Área de Concentração: Criação Musical - Interpretação Ingresso: 2019

Código Nome da Prática Profissional Supervisionada

MUSE95 OFICINA DE PRÁTICA TÉCNICO-INTERPRETATIVA (semestre I)

Docente Orientador: Pedro Robatto

Descrição da Prática Profissional Supervisionada

1) Título da Prática: MUSE95 - PRÁTICA TÉCNICO-INTERPRETATIVA

2) Carga Horária Total: 102 horas

3) Locais de Realização: Escola de Música da UFBA

4) Período de Realização: 20.08 a 27.11 de 2019

5) Detalhamento das Atividades (incluindo cronograma):


a) Escolha do repertório a ser estudado durante o semestre – 1h
b) Aulas presenciais
48

Repertório:
Módulo I (20/08 a 24/08)
Lúdica de RONALDO MIRANDA – Decidimos interpretar durante o curso obras de autores
brasileiros. Quanto à peça em questão, foram abordadas questões técnicas, estéticas, formais e
interpretativas.
Total de horas em aula presencial: 2 horas
- Laboratório com alunos da turma de bacharelado em clarinete. Oficina realizada com a
participação ativa dos alunos da graduação que compartilhavam suas experiências e
propunham melhorias quanto à interpretação das obras apresentadas em aula.
Total de horas em aula presencial: 2 horas

Módulo II (24/09 a 28/09)


Lúdica de RONALDO MIRANDA – Foi verificada a necessidade de interpretação da obra
em um andamento mais ágil bem como contrastes na dinâmica. Além disso, notou-se a
necessidade em ter contato com o repertório contemporâneo para clarinete.
Total de horas em aula presencial: 2 horas
- Laboratório com alunos da turma de bacharelado em clarinete. Oficina realizada com a
participação ativa dos alunos da graduação que compartilhavam suas experiências e
propunham melhorias quanto à interpretação das obras apresentadas em aula.
Total de horas em aula presencial: 2 horas

Módulo III (23/11 a 27/11)


Concertino para clarinete e orquestra de FRANCISCO MIGNONE.
Total de horas em aula presencial: 2 horas
Laboratório com alunos da turma de bacharelado em clarinete. Oficina realizada com a
participação ativa dos alunos da graduação que compartilhavam suas experiências e
propunham melhorias quanto à interpretação das obras apresentadas em aula.
Total de horas em aula presencial: 2 horas

6) Objetivos a serem alcançados com a Prática:


a) Preparar, com o auxílio do professor, o repertório escolhido.
b) Aplicar, de forma individual, temas técnicos e interpretativos, desenvolvidos em aula.

7) Possíveis produtos Resultantes da Prática


Relatório/memorial da Prática

8) Orientação:
A orientação se deu de forma híbrida, por meio de aulas presenciais e envio de áudios das
obras escolhidas para estudo.

8.1) Carga horária da Orientação Presencial: 6 horas

8.2) Formato da Orientação:


 1 encontro presencial preparatório sobre o levantamento de informações auxiliares (1 h)
 6 encontros presenciais preparatórios para o desenvolvimento das obras escolhidas para
estudo (6x 1 h = 6 hs)
Total: 7hs
8.3) Cronograma das Orientações - Encontros presenciais:
49

22 e 23 de Agosto de 2019
26 e 27 de Setembro de 2019
25 e 26 de Novembro de 2019

8.4) Estudos individuais do repertório (prática com instrumento):

Total: 95 horas

9) Total de horas dedicadas à disciplina

Total: 102 horas


50

APÊNDICE C: FORMULÁRIO DE REGISTRO DE PRÁTICAS PROFISSIONAIS


SUPERVISIONADAS/PPS

MUSF07 PRÁTICA DE BANDA (semestre I)

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO


UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FUBA
ESCOLA DE MÚSICA – EMUS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM MÚSICA –
PPGPROM

Discente: Rafael da Silva Fonte Matrícula: 2019127311

Área de Concentração: Criação Musical - Interpretação Ingresso: 2019

Código Nome da Prática Profissional Supervisionada

MUSF07 PRÁTICA DE BANDA (semestre I)

Docente Orientador: Pedro Robatto


Descrição da Prática Profissional Supervisionada

1) Título da Prática: PRÁTICA DE BANDA

2) Carga Horária Total: 102 horas

3) Locais de Realização: Formato Presencial

4) Período de Realização: De 3 de Agosto à 28 de Novembro de 2020.

5) Detalhamento das Atividades (incluindo cronograma):


Prática realizada como clarinetista da Banda do 2° Batalhão de Polícia do Exército, sediada
em Osasco/SP, banda a qual era membro naquele momento.
Repertório:
Repertório básico de dobrados do Exército brasileiro:
1. Dobrado ao Exército Brasileiro;
2. Dobrado Barão do Rio Branco;
51

3. Dobrado Batista de Melo ;


4. Dobrado Comandante Narciso;
5. Dobrado Guararapes ;
6. Dobrado Mato Grosso;
7. Dobrado O Guarani ;
8. Dobrado Os Flagelados;
9. Dobrado os Quatro Tenentes;
10. Dobrado Quatro Dias de Viagem;
11. Dobrado Saudades de Minha Terra;

12. Dobrado Sargento Calhau (Cisne Branco);

13. Dobrado Primeiro grupo de Aviação Embarcada;


14. Dobrado Bombardeio da Bahia;
15. Dobrado n° 182;
16. Dobrado n° 220 (Avante Camaradas);
17. Dobrado Marcha de Guerra Brasil;

6) Objetivos a serem alcançados com a Prática:


a) Preparar o repertório específico de banda;
b) Desenvolver os procedimentos de ensaio de banda.

7) Possíveis produtos Resultantes da Prática


Relatório/memorial da Prática

8) Orientação:
 1 encontro presencial preparatório sobre o levantamento de informações auxiliares (1
hora);
 Encontros para preparação do repertório ( 50 horas);
Total: 51 hs

8.1) Cronograma das Orientações - Encontros no formato remoto:


De 3 de Agosto à 28 de Novembro de 2020.

8.2) Estudos individuais do repertório (prática com instrumento):

Total: 51 horas

9) Total de horas dedicadas à disciplina

Total: 102 horas


52

APÊNDICE D: FORMULÁRIO DE REGISTRO DE PRÁTICAS PROFISSIONAIS


SUPERVISIONADAS/PPS

MUSE95 PRÁTICA TÉCNICO-INTERPRETATIVA (semestre suplementar remoto)

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO


UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FUBA
ESCOLA DE MÚSICA – EMUS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM MÚSICA –
PPGPROM

Discente: Rafael da Silva Fonte Matrícula: 2019127311

Área de Concentração: Criação Musical - Interpretação Ingresso: 2019

Código Nome da Prática Profissional Supervisionada

MUSE95 OFICINA DE PRÁTICA TÉCNICO-INTERPRETATIVA (semestre


suplementar remoto)

Docente Orientador: Pedro Robatto

Descrição da Prática Profissional Supervisionada

1) Título da Prática: PRÁTICA TÉCNICO-INTERPRETATIVA

2) Carga Horária Total: 102 horas

3) Locais de Realização: Formato Remoto

4) Período de Realização: 2° Semestre letivo de 2020

5) Detalhamento das Atividades (incluindo cronograma):


a) Escolha do repertório a ser estudado durante o semestre – 1hora
b) Aulas remotas – 1 hora cada aula
53

Repertório:
Concertino para clarinete e orquestra de FRANCISCO MIGNONE.
Concerto 1988 para clarinete e Orquestra de ERNST MAHLE.
Estudo Técnico:
Paul JEANJEAN – “ Vade-Mecum” do clarinetista.
Reginald KELL – 17 estudos de staccato.

Total de horas em aulas remotas: 19 horas

6) Objetivos a serem alcançados com a Prática:


a) Preparar, com o auxílio do professor, o repertório escolhido.
b) Aplicar, de forma individual, temas técnicos e interpretativos, desenvolvidos em aula.

7) Possíveis produtos Resultantes da Prática


Relatório/memorial da Prática

8) Orientação:
A orientação se deu por meio de aulas no formato remoto, bem como pelo envio de áudios
com o repertório indicado pelo professor.

8.1) Carga horária das aulas: 102 horas

8.2) Formato da Orientação:


 1 encontro remoto preparatório sobre o levantamento de informações auxiliares.(1h)
 Encontros semanais no formato remoto. (19 horas)

Total: 20hs
8.3) Cronograma das Orientações - Encontros no formato remoto:
De 3 de Agosto à 28 de Novembro de 2020.

8.4) Estudos individuais do repertório (prática com instrumento):

Total: 82 horas

9) Total de horas dedicadas à disciplina

Total: 102 horas


54

APÊNDICE E: FORMULÁRIO DE REGISTRO DE PRÁTICAS PROFISSIONAIS


SUPERVISIONADAS/PPS

MUSE97 PRÁTICA CAMERÍSTICA (semestre suplementar remoto)

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO


UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FUBA
ESCOLA DE MÚSICA – EMUS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM MÚSICA –
PPGPROM

Discente: Rafael da Silva Fonte Matrícula: 2019127311

Área de Concentração: Criação Musical - Interpretação Ingresso: 2019

Código Nome da Prática Profissional Supervisionada

MUSE97 PRÁTICA CAMERÍSTICA (semestre suplementar)

Docente Orientador: Pedro Robatto

Descrição da Prática Profissional Supervisionada

1) Título da Prática: PRÁTICA CAMERÍSTICA

2) Carga Horária Total: 102 horas

3) Locais de Realização: Formato Presencial

4) Período de Realização: 1° Semestre letivo de 2020

5) Detalhamento das Atividades (incluindo cronograma):


a) Levantamento de repertório – adaptações de dobrados para quarteto de clarinetes. Os
dobrados são de autoria de Antônio Manoel do Espírito Santo e as adaptações para quarteto
55

fazem parte do produto final deste trabalho.


b) Ensaio com o quarteto de clarinetes da Banda Sinfônica do Exército.
c) Gravação das adaptações no estúdio da FATEC em Tatuí/SP.
Repertório:
Dobrado 182
Dobrado 220 (Avante Camaradas)
Dobrado Quatro Dias de Viagem
Dobrado Bombardeio da Bahia
Dobrado Cisne Branco

6) Objetivos a serem alcançados com a Prática:


a) Preparar de forma coletiva, o repertório camerístico específico;
b) Desenvolver os procedimentos de ensaio de música de câmara.
c) Gravar em estúdio o repertório de dobrados adaptados para quarteto.
7) Possíveis produtos Resultantes da Prática
Relatório/memorial da Prática

8) Orientação:
 1 encontro presencial preparatório sobre o levantamento de informações auxiliares (1
hora);
 Encontros semanais para preparação do repertório (40 horas);
 Gravação do repertório em estúdio (16 horas)

Total: 57 hs
8.1) Cronograma das Orientações - Encontros no formato remoto:
De 3 de Agosto à 28 de Novembro de 2020.

8.2) Estudos individuais do repertório (prática com instrumento):

Total: 45 horas

9) Total de horas dedicadas à disciplina

Total: 102 horas


56

APÊNDICE F FORMULÁRIO DE REGISTRO DE PRÁTICAS PROFISSIONAIS


SUPERVISIONADAS/PPS
MUSE95 PRÁTICA TÉCNICO-INTERPRETATIVA (semestre II)

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO


UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FUBA
ESCOLA DE MÚSICA – EMUS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM MÚSICA –
PPGPROM

Discente: Rafael da Silva Fonte Matrícula: 2019127311

Área de Concentração: Criação Musical - Interpretação Ingresso: 2019

Código Nome da Prática Profissional Supervisionada

MUSE95 OFICINA DE PRÁTICA TÉCNICO-INTERPRETATIVA (semestre II)

Docente Orientador: Pedro Robatto

Descrição da Prática Profissional Supervisionada

1) Título da Prática: PRÁTICA TÉCNICO-INTERPRETATIVA

2) Carga Horária Total: 102 horas

3) Locais de Realização: Formato Remoto

4) Período de Realização: 1° Semestre letivo de 2021

5) Detalhamento das Atividades (incluindo cronograma):


a) Escolha do repertório a ser estudado durante o semestre – 1hora
b) Aulas remotas – 1 hora cada
57

c) Laboratório Remoto – 3 horas cada

Repertório:
Concerto 1988 para clarinete e Orquestra de ERNST MAHLE.
Concerto n°1 para clarinete e orquestra de LOUIS SPOHR.

Total de horas em aulas remotas: 19 horas

6) Objetivos a serem alcançados com a Prática:


a) Preparar, com o auxílio do professor, o repertório escolhido.
b) Aplicar, de forma individual, temas técnicos e interpretativos, desenvolvidos em aula.

7) Possíveis produtos Resultantes da Prática


Relatório/memorial da Prática

8) Orientação:
Deu-se por meio de duas formas:
 Aulas individuais no formato remoto, com o envio de áudios das obras estudadas como
suporte de ensino. (1 hora)
 Laboratório quinzenal com alunos da turma de Mestrado em clarinete. Oficina realizada
no formato remoto, com a participação ativa dos alunos da pós-graduação que
propunham melhorias quanto à interpretação da obra. Além disso, eram abordados
temas técnicos com relação ao estudo do clarinete. (3 horas)

Total de horas: 4 horas

8.1) Carga horária total: 102 horas

8.2) Formato da Orientação:


 1 encontro remoto preparatório sobre o levantamento de informações Laboratório
auxiliares.(1h)
 Aulas semanais no formato remoto. (19 horas)
 Laboratório quinzenal no formato remoto. (27 horas)

Total: 47 hs
8.3) Cronograma das Orientações - Encontros no formato remoto:
De 1 de Março à 30 de Junho de 2021.

8.4) Estudos individuais do repertório (prática com instrumento):

Total: 55 horas

9) Total de horas dedicadas à disciplina

Total: 102 horas


58

APÊNDICE F: FORMULÁRIO DE REGISTRO DE PRÁTICAS PROFISSIONAIS


SUPERVISIONADAS/PPS
MUSE95 PRÁTICA TÉCNICO-INTERPRETATIVA (semestre III)

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO


UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FUBA
ESCOLA DE MÚSICA – EMUS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM MÚSICA –
PPGPROM

Discente: Rafael da Silva Fonte Matrícula: 2019127311

Área de Concentração: Criação Musical - Interpretação Ingresso: 2019

Código Nome da Prática Profissional Supervisionada

MUSE95 OFICINA DE PRÁTICA TÉCNICO-INTERPRETATIVA (semestre


III)

Docente Orientador: Pedro Robatto

Descrição da Prática Profissional Supervisionada

1) Título da Prática: PRÁTICA TÉCNICO-INTERPRETATIVA

2) Carga Horária Total: 102 horas

3) Locais de Realização: Formato Remoto

4) Período de Realização: 2° Semestre letivo de 2021

5) Detalhamento das Atividades (incluindo cronograma):


a) Escolha do repertório a ser estudado durante o semestre – 1hora
b) Aulas remotas – 1 hora cada
c) Laboratório Remoto – 2 horas cada
59

Repertório:
Concerto 1988 para clarinete e Orquestra de ERNST MAHLE.
Clarinete Solo de MARCOS DI SILVA
Total de horas em aulas remotas: 19 horas

6) Objetivos a serem alcançados com a Prática:


a) Preparar, com o auxílio do professor, o repertório escolhido.
b) Aplicar, de forma individual, temas técnicos e interpretativos, desenvolvidos em aula.

7) Possíveis produtos Resultantes da Prática


Relatório/memorial da Prática

8) Orientação:
Deu-se por meio de duas formas:
 Aulas individuais no formato remoto, com o envio de áudios das obras estudadas como
suporte de ensino. (1 hora)
 Laboratório semanal com alunos da turma de Mestrado em clarinete. Oficina realizada
no formato remoto, com a participação ativa dos alunos da pós-graduação que
propunham melhorias quanto à interpretação da obra. Além disso, eram abordados
temas técnicos com relação ao estudo do clarinete. (2 horas)

Total de horas: 3 horas

8.1) Carga horária total: 102 horas

8.2) Formato da Orientação:


 1 encontro remoto preparatório sobre o levantamento de informações Laboratório
auxiliares.(1h)
 Aulas semanais no formato remoto. (19 horas)
 Laboratório semanal no formato remoto. (44 horas)

Total: 64 hs
8.3) Cronograma das Orientações - Encontros no formato remoto:
De 5 de Julho à 25 de Novembro de 2021.

8.4) Estudos individuais do repertório (prática com instrumento):

Total: 38 horas

9) Total de horas dedicadas à disciplina

Total: 102 horas


60

ANEXO 1:
PARTITURA DA ADAPTAÇÃO DO DOBRADO 220/SHEET MUSIC FOR DOBRADO
220’S ADAPTACION
61
62
63
64
65
66
67
68
69
70
71
72

ANEXO 2:
PARTITURA DA ADAPTAÇÃO DO DOBRADO CISNE BRANCO/SHEET MUSIC FOR
DOBRADO CISNE BRANCO’S ADAPTATION
73
74
75
76
77
78
79
80
81

ANEXO 3:
PARTITURA DA ADAPTAÇÃO DO DOBRADO 4 DIAS DE VIAGEM/ SHEET MUSIC
FOR DOBRADO 4 DIAS DE VIAGEM’S ADAPTATION
82
83
84
85
86
87
88
89
90
91
92

ANEXO 4:
PARTITURA DA ADAPTAÇÃO DO DOBRADO 182/SHEET MUSIC FOR DOBRADO
182’S ADAPTATION
93
94
95
96
97
98
99
100
101
102
103
104
105

ANEXO 5:
PARTITURA DA ADAPTAÇÃO DO DOBRADO BOMBARDEIO DA BAHIA/ SHEET
MUSIC FOR DOBRADO BOMBARDEIO DA BAHIA’S ADAPTATION
106
107
108
109
110
111
112
113
114

Você também pode gostar