Estatuto Crianca Adolescente 13ed

Mesa da Câmara dos Deputados
55ª Legislatura | 2015-2019

Presidente
Eduardo Cunha
1º Vice-Presidente
Waldir Maranhão
2º Vice-Presidente
Giacobo
1º Secretário
Beto Mansur
2º Secretário
Felipe Bornier
3º Secretário
Mara Gabrilli
4º Secretário
Alex Canziani
Suplentes de Secretário
1º Suplente
Mandetta
2º Suplente
Gilberto Nascimento
3º Suplente
Luiza Erundina
4º Suplente
Ricardo Izar
Diretor-Geral
Sérgio Sampaio Contreiras de Almeida
Secretário-Geral da Mesa
Silvio Avelino da Silva
Câmara dos
Deputados
ESTATUTO DA CRIANÇA
E DO ADOLESCENTE
13ª edição
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, e legislação correlata
Atualizada até 19/3/2015.
Centro de Documentação e Informação

Edições Câmara
Brasília | 2015
CÂMARA DOS DEPUTADOS
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2000, 1ª edição; 2000, 2ª edição; 2001, 3ª edição; 2003, 4ª edição; 2006, 5ª edição; 2008, 6ª edição; 2010, 7ª edição; 2011, 8ª edição;
2012, 9ª edição; 2013, 10ª edição; 2014, 11ª e 12ª edições.
Supervisão: Secretaria-Geral da Mesa

Projeto gráfico de capa: Janaina Coe
Diagramação: Giselle Sousa, Thiago Gualberto e Luiz Eduardo Maklouf
Pesquisa e revisão: Seção de Revisão
Câmara dos Deputados

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SÉRIE
Legislação
n. 175
Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)
Coordenação de Biblioteca. Seção de Catalogação.
Brasil. [Estatuto da criança e do adolescente (1990)].

Estatuto da criança e do adolescente [recurso eletrônico] : Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, e legislação correlata. – 13. ed. – Brasília :
Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2015.
(Série legislação ; n. 175)
Versão PDF.
Atualizada em 19/3/2015.
Modo de acesso: http://www.camara.leg.br/editora
Disponível, também, em formato impresso.
ISBN 978-85-402-0293-1
1. Direitos do menor, legislação, Brasil. 2. Direitos da criança, legislação, Brasil. 3. Legislação de menores, Brasil. I. Título. II. Série.
CDU 342.726-053.2(81)(094)
ISBN 978-85-402-0292-4 (papel) | ISBN 978-85-402-0293-1 (PDF) | ISBN 978-85-402-0421-8 (EPUB)

SUMÁRIO
Apresentação�� 10
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990�� 11
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.
LIVRO I – PARTE GERAL�� 11
Título I – Das Disposições Preliminares�� 11
Título II – Dos Direitos Fundamentais�� 11
Capítulo I – Do Direito à Vida e à Saúde�� 11
Capítulo II – Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade�� 12
Capítulo III – Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária�� 13
Seção I – Disposições Gerais�� 13
Seção II – Da Família Natural�� 14
Seção III – Da Família Substituta�� 14
Subseção I – Disposições Gerais�� 14
Subseção II – Da Guarda�� 15
Subseção III – Da Tutela�� 15
Subseção IV – Da Adoção�� 15
Capítulo IV – Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer�� 20
Capítulo V – Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho�� 21
Título III – Da Prevenção�� 22
Capítulo I – Disposições Gerais�� 22
Capítulo II – Da Prevenção Especial�� 23
Seção I – Da Informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e Espetáculos�� 23
Seção II – Dos Produtos e Serviços�� 23
Seção III – Da Autorização para Viajar�� 23
LIVRO II – PARTE ESPECIAL�� 24
Título I – Da Política de Atendimento�� 24
Capítulo II – Das Entidades de Atendimento�� 24
Seção II – Da Fiscalização das Entidades�� 27
Título II – Das Medidas de Proteção�� 27
Capítulo II – Das Medidas Específicas de Proteção�� 27
Título III – Da Prática de Ato Infracional�� 30
Capítulo II – Dos Direitos Individuais�� 30
Capítulo III – Das Garantias Processuais�� 30
Capítulo IV – Das Medidas Socioeducativas�� 30
Seção II – Da Advertência�� 30
Seção III – Da Obrigação de Reparar o Dano�� 30
Seção IV – Da Prestação de Serviços à Comunidade�� 31
Seção V – Da Liberdade Assistida�� 31
Seção VI – Do Regime de Semiliberdade�� 31
Seção VII – Da Internação�� 31
Capítulo V – Da Remissão�� 32
Título IV – Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável�� 32
Título V – Do Conselho Tutelar�� 33
Capítulo II – Das Atribuições do Conselho�� 33
Capítulo III – Da Competência�� 34
Capítulo IV – Da Escolha dos Conselheiros�� 34
Capítulo V – Dos Impedimentos�� 34
Título VI – Do Acesso à Justiça�� 34
Capítulo II – Da Justiça da Infância e da Juventude�� 34
Seção II – Do Juiz�� 34
Seção III – Dos Serviços Auxiliares�� 35
Capítulo III – Dos Procedimentos�� 36
Seção II – Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar�� 36
Seção III – Da Destituição da Tutela�� 37
Seção IV – Da Colocação em Família Substituta�� 37
Seção V – Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adolescente�� 38
Seção VI – Da Apuração de Irregularidades em Entidade de Atendimento�� 40
Seção VII – Da Apuração de Infração Administrativa às Normas de Proteção à Criança e ao
Adolescente�� 40
Seção VIII – Da Habilitação de Pretendentes à Adoção�� 41
Capítulo IV – Dos Recursos�� 42
Capítulo V – Do Ministério Público�� 42
Capítulo VI – Do Advogado�� 43
Capítulo VII – Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais, Difusos e Coletivos�� 44
Título VII – Dos Crimes e Das Infrações Administrativas�� 46
Capítulo I – Dos Crimes�� 46
Seção II – Dos Crimes em Espécie�� 46
Capítulo II – Das Infrações Administrativas�� 48
Disposições Finais e Transitórias�� 50
LEGISLAÇÃO CORRELATA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988�� 54

[Dispositivos constitucionais sobre criança e adolescente]
DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940�� 55

[Institui o] Código Penal.
LEI Nº 8.242, DE 12 DE OUTUBRO DE 1991�� 57

Cria o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) e dá outras providências.
LEI Nº 8.560, DE 29 DE DEZEMBRO DE 1992�� 58

(Lei de Investigação de Paternidade)
Regula a investigação de paternidade dos filhos havidos fora do casamento e dá outras providências.
LEI Nº 8.978, DE 9 DE JANEIRO DE 1995�� 59

Dispõe sobre a construção de creches e estabelecimentos de pré-escola.

Institui o Código Civil.
LEI Nº 11.577, DE 22 DE NOVEMBRO DE 2007�� 63
Torna obrigatória a divulgação pelos meios que especifica de mensagem relativa à exploração sexual e tráfico de crianças
e adolescentes apontando formas para efetuar denúncias.
LEI Nº 12.010, DE 3 DE AGOSTO DE 2009�� 64

(Lei Nacional de Adoção)
Dispõe sobre adoção; altera as Leis nos 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), e 8.560, de
29 de dezembro de 1992; revoga dispositivos da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), e da Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943; e dá outras providências.
LEI Nº 12.127, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2009�� 64

Cria o Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Desaparecidos.
LEI Nº 12.318, DE 26 DE AGOSTO DE 2010�� 65

(Lei da Alienação Parental)
Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990.

Institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), regulamenta a execução das medidas socioeduca-
tivas destinadas a adolescente que pratique ato infracional; e altera as Leis nos 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
Criança e do Adolescente); 7.560, de 19 de dezembro de 1986, 7.998, de 11 de janeiro de 1990, 5.537, de 21 de novembro
de 1968, 8.315, de 23 de dezembro de 1991, 8.706, de 14 de setembro de 1993, os Decretos-Leis nos 4.048, de 22 de ja-
neiro de 1942, 8.621, de 10 de janeiro de 1946, e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei
nº 5.452, de 1º de maio de 1943.
LEI Nº 12.685, DE 18 DE JULHO DE 2012�� 79
Institui o Dia Nacional do Compromisso com a Criança, o Adolescente e a Educação.
LEI Nº 12.845, DE 1º DE AGOSTO DE 2013�� 80

Dispõe sobre o atendimento obrigatório e integral de pessoas em situação de violência sexual.
LEI COMPLEMENTAR Nº 146, DE 25 DE JUNHO DE 2014�� 80

Estende a estabilidade provisória prevista na alínea b do inciso II do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias à trabalhadora gestante, nos casos de morte desta, a quem detiver a guarda de seu filho.
LEI Nº 13.010, DE 26 DE JUNHO DE 2014�� 81
(Lei Menino Bernardo – Lei da Palmada)
Altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), para estabelecer o direito da criança
e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou degradante, e
altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
DECRETO Nº 99.710, DE 21 DE NOVEMBRO DE 1990�� 81

Promulga a Convenção sobre os Direitos da Criança.
CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA�� 81

DECRETO Nº 3.087, DE 21 DE JUNHO DE 1999�� 93
Promulga a Convenção Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, concluída
em Haia, em 29 de maio de 1993.
CONVENÇÃO RELATIVA À PROTEÇÃO DAS CRIANÇAS E À COOPERAÇÃO EM MATÉRIA DE

ADOÇÃO INTERNACIONAL�� 93
DECRETO Nº 5.007, DE 8 DE MARÇO DE 2004�� 101
Promulga o Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança referente à venda de crianças, à prostituição
infantil e à pornografia infantil.
PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA REFERENTE À
VENDA DE CRIANÇAS, À PROSTITUIÇÃO INFANTIL E À PORNOGRAFIA INFANTIL�� 101
DECRETO Nº 5.089, DE 20 DE MAIO DE 2004�� 106
Dispõe sobre a composição, estruturação, competências e funcionamento do Conselho Nacional dos Direitos da Criança
e do Adolescente (Conanda) e dá outras providências.
DECRETO DE 19 DE OUTUBRO DE 2004�� 108

Cria Comissão Intersetorial para Promoção, Defesa e Garantia do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência
Familiar e Comunitária, e dá outras providências.

Institui a Comissão Intersetorial de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, e dá outras
providências.

Institui a Comissão Nacional Intersetorial para acompanhamento da implementação do Plano Nacional de Promoção,
Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária, e dá outras providências.
DECRETO Nº 7.611, DE 17 DE NOVEMBRO DE 2011�� 112
Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências.
DECRETO Nº 7.958, DE 13 DE MARÇO DE 2013�� 114

Estabelece diretrizes para o atendimento às vítimas de violência sexual pelos profissionais de segurança pública e da rede
de atendimento do Sistema Único de Saúde.
LISTA DE OUTRAS NORMAS E INFORMAÇÕES DE INTERESSE�� 116

SUMÁRIO DE ARTIGOS
1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º, 8º, 9º, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 18-A, 18-B, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26,
27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 52-A, 52-
B, 52-C, 52-D, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 70-A, 70-B, 71, 72, 73,
74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 94-A, 95, 96, 97, 98, 99, 100,
101, 102, 103, 104, 105, 106, 107, 108, 109, 110, 111, 112, 113, 114, 115, 116, 117, 118, 119, 120, 121, 122,
123, 124, 125, 126, 127, 128, 129, 130, 131, 132, 133, 134, 135, 136, 137, 138, 139, 140, 141, 142, 143, 144,
145, 146, 147, 148, 149, 150, 151, 152, 153, 154, 155, 156, 157, 158, 159, 160, 161, 162, 163, 164, 165, 166,
167, 168, 169, 170, 171, 172, 173, 174, 175, 176, 177, 178, 179, 180, 181, 182, 183, 184, 185, 186, 187, 188,
189, 190, 191, 192, 193, 194, 195, 196, 197, 197-A, 197-B, 197-C, 197-D, 197-E, 198, 199, 199-A, 199-B,
199-C, 199-D, 199-E, 200, 201, 202, 203, 204, 205, 206, 207, 208, 209, 210, 211, 212, 213, 214, 215, 216,
217, 218, 219, 220, 221, 222, 223, 224, 225, 226, 227, 228, 229, 230, 231, 232, 233, 234, 235, 236, 237, 238,
239, 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C, 241-D, 241-E, 242, 243, 244, 244-A, 244-B, 245, 246, 247, 248, 249,
250, 251, 252, 253, 254, 255, 256, 257, 258, 258-A, 258-B, 258-C, 259, 260, 260-A, 260-B, 260-C, 260-D,
260-E, 260-F, 260-G, 260-H, 260-I, 260-J, 260-K, 260-L, 261, 262, 265, 266, 267
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
APRESENTAÇÃO
Este livro da Série Legislação, da Edições Câmara, traz o texto atualizado do Estatuto da Criança e
do Adolescente, Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, e legislação correlata.
Com a publicação da legislação federal brasileira em vigor, a Câmara dos Deputados vai além da
função de criar normas: colabora também para o seu efetivo cumprimento ao torná-las conhecidas
e acessíveis a toda a população.
Os textos legais compilados nesta edição são resultado do trabalho dos parlamentares, que repre-
sentam a diversidade do povo brasileiro. Da apresentação até a aprovação de um projeto de lei, há um
extenso caminho de consultas, estudos e debates com os diversos segmentos sociais. Após criadas,
as leis fornecem um arcabouço jurídico que permite a boa convivência no âmbito da sociedade.
O conteúdo publicado pela Edições Câmara está disponível também na Biblioteca Digital da Câmara
(bd.camara.leg.br/bd/) e no site da editora (camara.leg.br/editora). Alguns títulos já são produzidos
em formato audiolivro, EPUB e no sistema braile. O objetivo é democratizar o acesso a informação
e estimular o pleno exercício da cidadania.
Dessa forma, a Câmara dos Deputados contribui para disseminar informação sobre direitos e deve-
res aos principais interessados no assunto: os cidadãos.
Deputado Eduardo Cunha

Presidente da Câmara dos Deputados
10
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 19901 Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto
de qualquer forma de negligência, discriminação, ex-
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e ploração, violência, crueldade e opressão, punido na
dá outras providências. forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão,
aos seus direitos fundamentais.
O presidente da República
Art. 6º Na interpretação desta lei levar-se-ão em conta
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu san-
os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem
ciono a seguinte lei:
comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e
a condição peculiar da criança e do adolescente como
LIVRO I – PARTE GERAL pessoas em desenvolvimento.
TÍTULO I – DAS DISPOSIÇÕES TÍTULO II – DOS DIREITOS

PRELIMINARES FUNDAMENTAIS
Art. 1º Esta lei dispõe sobre a proteção integral à criança

Capítulo I – Do Direito à Vida e à Saúde
e ao adolescente.
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a prote-
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta lei, a
ção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políti-
pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente
cas sociais públicas que permitam o nascimento e o
aquela entre doze e dezoito anos de idade.
desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se
dignas de existência.
excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito
e vinte e um anos de idade. Art. 8º É assegurado à gestante, através do Sistema
Único de Saúde, o atendimento pré e perinatal.
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os
§ 1º A gestante será encaminhada aos diferentes níveis
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem
de atendimento, segundo critérios médicos específicos,
prejuízo da proteção integral de que trata esta lei, as-
obedecendo-se aos princípios de regionalização e hie-
segurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas
rarquização do Sistema.
as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar
§ 2º A parturiente será atendida preferencialmente pelo
o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e
mesmo médico que a acompanhou na fase pré-natal.
social, em condições de liberdade e de dignidade.
§ 3º Incumbe ao poder público propiciar apoio alimentar
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade à gestante e à nutriz que dele necessitem.
em geral e do poder público assegurar, com absoluta 2
§ 4º Incumbe ao poder público proporcionar assistência
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-
saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à -natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, as consequências do estado puerperal.
à liberdade e à convivência familiar e comunitária. 3
§ 5º A assistência referida no § 4º deste artigo deverá
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: ser também prestada a gestantes ou mães que mani-
a) primazia de receber proteção e socorro em quais- festem interesse em entregar seus filhos para adoção.
quer circunstâncias;
Art. 9º O poder público, as instituições e os emprega-
b) precedência de atendimento nos serviços públicos
dores propiciarão condições adequadas ao aleitamento
ou de relevância pública;
materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a
c) preferência na formulação e na execução das
medida privativa de liberdade.
políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de
áreas relacionadas com a proteção à infância e atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares,
à juventude. são obrigados a:
1. Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 16 de julho de 1990,

p. 13563, e retificada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 27 de agosto 2. Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
de 1990, p. 18551. 3. Idem.
11
I – manter registro das atividades desenvolvidas, através Capítulo II – Do Direito à Liberdade,

de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos; ao Respeito e à Dignidade
II – identificar o recém-nascido mediante o registro de
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liber-
sua impressão plantar e digital e da impressão digital
dade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas
da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas
em processo de desenvolvimento e como sujeitos de
pela autoridade administrativa competente;
direitos civis, humanos e sociais garantidos na Cons-
III – proceder a exames visando ao diagnóstico e te-
tituição e nas leis.
rapêutica de anormalidades no metabolismo do re-
cém-nascido, bem como prestar orientação aos pais; Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes
IV – fornecer declaração de nascimento onde cons- aspectos:
tem necessariamente as intercorrências do parto e do I – ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços
desenvolvimento do neonato; comunitários, ressalvadas as restrições legais;
V – manter alojamento conjunto, possibilitando ao II – opinião e expressão;
neonato a permanência junto à mãe. III – crença e culto religioso;
IV – brincar, praticar esportes e divertir-se;
4
Art. 11. É assegurado atendimento integral à saúde da
V – participar da vida familiar e comunitária, sem
criança e do adolescente, por intermédio do Sistema
discriminação;
Único de Saúde, garantido o acesso universal e igua-
VI – participar da vida política, na forma da lei;
litário às ações e serviços para promoção, proteção e
VII – buscar refúgio, auxílio e orientação.
recuperação da saúde.
§ 1º A criança e o adolescente portadores de deficiência Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade
receberão atendimento especializado. da integridade física, psíquica e moral da criança e do
§ 2º Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da
àqueles que necessitarem os medicamentos, próteses identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças,
e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação dos espaços e objetos pessoais.
ou reabilitação.
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer trata-
deverão proporcionar condições para a permanência mento desumano, violento, aterrorizante, vexatório
em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos ou constrangedor.
casos de internação de criança ou adolescente. 7
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de
5
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou
físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus- de tratamento cruel ou degradante, como formas de
-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoria- correção, disciplina, educação ou qualquer outro pre-
mente comunicados ao conselho tutelar da respectiva texto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada,
localidade, sem prejuízo de outras providências legais. pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores
6
Parágrafo único. As gestantes ou mães que manifestem de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa
interesse em entregar seus filhos para adoção serão encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou
obrigatoriamente encaminhadas à Justiça da Infância protegê-los.
e da Juventude. Parágrafo único. Para os fins desta lei, considera-se:
I – castigo físico: ação de natureza disciplinar ou puni-
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas
tiva aplicada com o uso da força física sobre a criança
de assistência médica e odontológica para a prevenção
ou o adolescente que resulte em:
das enfermidades que ordinariamente afetam a popu-
a) sofrimento físico; ou
lação infantil, e campanhas de educação sanitária para
b) lesão;
pais, educadores e alunos.
II – tratamento cruel ou degradante: conduta ou for-
Parágrafo único. É obrigatória a vacinação das crianças
ma cruel de tratamento em relação à criança ou ao
nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias.
adolescente que:
a) humilhe; ou
4. Caput com redação dada pela Lei nº 11.185, de 7-10-2005.
6. Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 7. Artigo acrescido pela Lei nº 13.010, de 26-6-2014.
12
b) ameace gravemente; ou que atenda ao seu superior interesse, devidamente fun-

c) ridicularize. damentada pela autoridade judiciária.
11
§ 3º A manutenção ou reintegração de criança ou
8
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família amplia-
adolescente à sua família terá preferência em relação
da, os responsáveis, os agentes públicos executores de
a qualquer outra providência, caso em que será esta
medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarre-
incluída em programas de orientação e auxílio, nos
gada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los,
termos do parágrafo único do art. 23, dos incisos I e
educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo físico
IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput
ou tratamento cruel ou degradante como formas de
do art. 129 desta lei.
correção, disciplina, educação ou qualquer outro pre- 12
§ 4º Será garantida a convivência da criança e do ado-
texto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções
lescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por
cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplicadas de
meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável
acordo com a gravidade do caso:
ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, pela
I – encaminhamento a programa oficial ou comunitário
entidade responsável, independentemente de autori-
de proteção à família;
zação judicial.
II – encaminhamento a tratamento psicológico ou
psiquiátrico; Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do ca-
III – encaminhamento a cursos ou programas de samento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e
orientação; qualificações, proibidas quaisquer designações discri-
IV – obrigação de encaminhar a criança a tratamento minatórias relativas à filiação.
especializado;
Art. 21. O poder familiar13 será exercido, em igual-
V – advertência.
dade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão
que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer
aplicadas pelo conselho tutelar, sem prejuízo de outras
deles o direito de, em caso de discordância, recorrer
providências legais.
à autoridade judiciária competente para a solução da
Capítulo III – Do Direito à Convivência divergência.
Familiar e Comunitária
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda
Seção I – Disposições Gerais e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no
interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir
Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser
as determinações judiciais.
criado e educado no seio da sua família e, excepcional-
mente, em família substituta, assegurada a convivência Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não
familiar e comunitária, em ambiente livre da presença constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão
de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes. do poder familiar14.
9
§ 1º Toda criança ou adolescente que estiver inserido em 15
§ 1º Não existindo outro motivo que por si só autorize
programa de acolhimento familiar ou institucional terá a decretação da medida, a criança ou o adolescente
sua situação reavaliada, no máximo, a cada seis meses, será mantido em sua família de origem, a qual deverá
devendo a autoridade judiciária competente, com base obrigatoriamente ser incluída em programas oficiais
em relatório elaborado por equipe interprofissional ou de auxílio.
multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela 16
§ 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não
possibilidade de reintegração familiar ou colocação implicará a destituição do poder familiar, exceto na
em família substituta, em quaisquer das modalidades hipótese de condenação por crime doloso, sujeito à
previstas no art. 28 desta lei. pena de reclusão, contra o próprio filho ou filha.
10
§ 2º A permanência da criança e do adolescente em
programa de acolhimento institucional não se prolongará
por mais de dois anos, salvo comprovada necessidade 11. Idem.
12. Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.962, de 8-4-2014.
13. Expressão anterior (pátrio poder) alterada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
14. Idem.
8. Artigo acrescido pela Lei nº 13.010, de 26-6-2014. 15. Parágrafo único primitivo renumerado para § 1º pela Lei nº 12.962,
9. Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. de 8-4-2014.
10. Idem. 16. Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.962, de 8-4-2014.
13
Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar17 22

§ 4º Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção,
serão decretadas judicialmente, em procedimento con- tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalvada
traditório, nos casos previstos na legislação civil, bem a comprovada existência de risco de abuso ou outra
como na hipótese de descumprimento injustificado situação que justifique plenamente a excepcionalidade
dos deveres e obrigações a que alude o art. 22. de solução diversa, procurando-se, em qualquer caso,
evitar o rompimento definitivo dos vínculos fraternais.
Seção II – Da Família Natural 23
§ 5º A colocação da criança ou adolescente em família
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade substituta será precedida de sua preparação gradativa
formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. e acompanhamento posterior, realizados pela equipe
18
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da
ampliada aquela que se estende para além da unidade Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos
pais e filhos ou da unidade do casal, formada por pa- responsáveis pela execução da política municipal de
rentes próximos com os quais a criança ou adolescente garantia do direito à convivência familiar.
convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade. 24
§ 6º Em se tratando de criança ou adolescente indí-
gena ou proveniente de comunidade remanescente de
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão
quilombo, é ainda obrigatório:
ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente,
I – que sejam consideradas e respeitadas sua identidade
no próprio termo de nascimento, por testamento, me-
social e cultural, os seus costumes e tradições, bem como
diante escritura ou outro documento público, qualquer
suas instituições, desde que não sejam incompatíveis
que seja a origem da filiação.
com os direitos fundamentais reconhecidos por esta
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o
lei e pela Constituição Federal;
nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se
II – que a colocação familiar ocorra prioritariamente
deixar descendentes.
no seio de sua comunidade ou junto a membros da
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito mesma etnia;
personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo III – a intervenção e oitiva de representantes do órgão
ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem federal responsável pela política indigenista, no caso de
qualquer restrição, observado o segredo de Justiça. crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos,
perante a equipe interprofissional ou multidisciplinar
Seção III – Da Família Substituta
que irá acompanhar o caso.
Subseção I – Disposições Gerais
Art. 29. Não se deferirá colocação em família substi-
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á tuta a pessoa que revele, por qualquer modo, incom-
mediante guarda, tutela ou adoção, independentemen- patibilidade com a natureza da medida ou não ofereça
te da situação jurídica da criança ou adolescente, nos ambiente familiar adequado.
termos desta lei.
Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá
19
§ 1º Sempre que possível, a criança ou o adolescente
transferência da criança ou adolescente a terceiros ou
será previamente ouvido por equipe interprofissional,
a entidades governamentais ou não governamentais,
respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de
sem autorização judicial.
compreensão sobre as implicações da medida, e terá
sua opinião devidamente considerada. Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira
20
§ 2º Tratando-se de maior de doze anos de idade, será constitui medida excepcional, somente admissível na
necessário seu consentimento, colhido em audiência. modalidade de adoção.
21
§ 3º Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o
Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável
grau de parentesco e a relação de afinidade ou de afe-
prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar
tividade, a fim de evitar ou minorar as consequências
o encargo, mediante termo nos autos.
decorrentes da medida.

19. Parágrafo com redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 22. Idem.
20. Idem. 23. Idem.
21. Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 24. Idem.
14
Subseção II – Da Guarda Subseção III – Da Tutela

Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência 29
Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil,
material, moral e educacional à criança ou adolescente, a pessoa de até dezoito anos incompletos.
conferindo a seu detentor o direito de opor-se a tercei- Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe
ros, inclusive aos pais. a prévia decretação da perda ou suspensão do poder
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, familiar30 e implica necessariamente o dever de guarda.
podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos 31
Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer
procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção
documento autêntico, conforme previsto no parágrafo
por estrangeiros.
único do art. 1.729 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos
2002 (Código Civil), deverá, no prazo de trinta dias após
casos de tutela e adoção, para atender a situações pecu-
a abertura da sucessão, ingressar com pedido destinado
liares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável,
ao controle judicial do ato, observando o procedimento
podendo ser deferido o direito de representação para
previsto nos arts. 165 a 170 desta lei.
a prática de atos determinados.
Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão ob-
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a con-
servados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta
dição de dependente, para todos os fins e efeitos de
lei, somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada
direito, inclusive previdenciários.
na disposição de última vontade, se restar comprovado
25
§ 4º Salvo expressa e fundamentada determinação
que a medida é vantajosa ao tutelando e que não existe
em contrário, da autoridade judiciária competente, ou
outra pessoa em melhores condições de assumi-la.
quando a medida for aplicada em preparação para ado-
ção, o deferimento da guarda de criança ou adolescente Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto
a terceiros não impede o exercício do direito de visitas no art. 24.
pelos pais, assim como o dever de prestar alimentos,
Subseção IV – Da Adoção
que serão objeto de regulamentação específica, a pedido
do interessado ou do Ministério Público. Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á
segundo o disposto nesta lei.
26
Art. 34. O poder público estimulará, por meio de 32
§ 1º A adoção é medida excepcional e irrevogável,
assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o
à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os
acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou
recursos de manutenção da criança ou adolescente na
adolescente afastado do convívio familiar.
família natural ou extensa, na forma do parágrafo único
27
§ 1º A inclusão da criança ou adolescente em pro-
gramas de acolhimento familiar terá preferência a seu 33
§ 2º É vedada a adoção por procuração.
acolhimento institucional, observado, em qualquer
caso, o caráter temporário e excepcional da medida, Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo,
nos termos desta lei. dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a
28
§ 2º Na hipótese do § 1º deste artigo a pessoa ou casal guarda ou tutela dos adotantes.
cadastrado no programa de acolhimento familiar po-
Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado,
derá receber a criança ou adolescente mediante guarda,
com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios,
observado o disposto nos arts. 28 a 33 desta lei.
desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes,
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer salvo os impedimentos matrimoniais.
tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido § 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho
o Ministério Público. do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o
adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os
respectivos parentes.

25. Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 31. Artigo com redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
26. Caput com redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 32. Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
27. Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 33. Parágrafo único primitivo renumerado para § 2º pela Lei nº 12.010,
28. Idem. de 3-8-2009.
15
§ 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convi-
seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, des- vência com a criança ou adolescente, pelo prazo que
cendentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem a autoridade judiciária fixar, observadas as peculiari-
de vocação hereditária. dades do caso.
40
§ 1º O estágio de convivência poderá ser dispensado
34
Art. 42. Podem adotar os maiores de dezoito anos,
se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do
independentemente do estado civil.
adotante durante tempo suficiente para que seja possí-
§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do
vel avaliar a conveniência da constituição do vínculo.
adotando. 41
§ 2º A simples guarda de fato não autoriza, por si só,
35
§ 2º Para adoção conjunta, é indispensável que os
a dispensa da realização do estágio de convivência.
adotantes sejam casados civilmente ou mantenham 42
§ 3º Em caso de adoção por pessoa ou casal residente
união estável, comprovada a estabilidade da família.
ou domiciliado fora do país, o estágio de convivência,
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos
cumprido no território nacional, será de, no mínimo,
mais velho do que o adotando.
trinta dias.
36
§ 4º Os divorciados, os judicialmente separados e 43
§ 4º O estágio de convivência será acompanhado
os ex-companheiros podem adotar conjuntamente,
pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da
contanto que acordem sobre a guarda e o regime de
Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio
visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido
dos técnicos responsáveis pela execução da política de
iniciado na constância do período de convivência e que
garantia do direito à convivência familiar, que apresen-
seja comprovada a existência de vínculos de afinidade
tarão relatório minucioso acerca da conveniência do
e afetividade com aquele não detentor da guarda, que
deferimento da medida.
justifiquem a excepcionalidade da concessão.
37
§ 5º Nos casos do § 4º deste artigo, desde que demons- Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença
trado efetivo benefício ao adotando, será assegurada a judicial, que será inscrita no registro civil mediante
guarda compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 mandado do qual não se fornecerá certidão.
da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil). § 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como
38
§ 6º A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após pais, bem como o nome de seus ascendentes.
inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no § 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará
curso do procedimento, antes de prolatada a sentença. o registro original do adotado.
44
§ 3º A pedido do adotante, o novo registro poderá ser
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar
lavrado no Cartório do Registro Civil do município de
reais vantagens para o adotando e fundar-se em mo-
sua residência.
tivos legítimos. 45
§ 4º Nenhuma observação sobre a origem do ato po-
Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração derá constar nas certidões do registro.
e saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador 46
§ 5º A sentença conferirá ao adotado o nome do ado-
adotar o pupilo ou o curatelado. tante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar
a modificação do prenome.
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais 47
§ 6º Caso a modificação de prenome seja requerida
ou do representante legal do adotando.
pelo adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, ob-
§ 1º O consentimento será dispensado em relação à
servado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 28 desta lei.
criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos 48
§ 7º A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito
ou tenham sido destituídos do poder familiar39.
em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese
§ 2º Em se tratando de adotando maior de doze anos de
idade, será também necessário o seu consentimento.
40. Parágrafo com redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
41. Idem.
34. Caput com redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 43. Idem.
35. Parágrafo com redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 44. Parágrafo com redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
36. Idem. 45. Idem.
37. Idem. 46. Idem.
39. Expressão anterior (pátrio poder) alterada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 48. Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
16
prevista no § 6º do art. 42 desta lei, caso em que terá com apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de
força retroativa à data do óbito. acolhimento e pela execução da política municipal de
49
§ 8º O processo relativo à adoção assim como outros garantia do direito à convivência familiar.
a ele relacionados serão mantidos em arquivo, admi- 56
§ 5º Serão criados e implementados cadastros estadu-
tindo-se seu armazenamento em microfilme ou por ais e nacional de crianças e adolescentes em condições
outros meios, garantida a sua conservação para consulta de serem adotados e de pessoas ou casais habilitados
a qualquer tempo. à adoção.
50
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de 57
§ 6º Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais
adoção em que o adotando for criança ou adolescente residentes fora do país, que somente serão consultados
com deficiência ou com doença crônica. na inexistência de postulantes nacionais habilitados nos
cadastros mencionados no § 5º deste artigo.
51
Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua ori- 58
§ 7º As autoridades estaduais e federais em matéria de
gem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao
adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbin-
processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais
do-lhes a troca de informações e a cooperação mútua,
incidentes, após completar dezoito anos.
para melhoria do sistema.
52
Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção po- 59
§ 8º A autoridade judiciária providenciará, no prazo
derá ser também deferido ao adotado menor de dezoito
de quarenta e oito horas, a inscrição das crianças e
anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência
adolescentes em condições de serem adotados que não
jurídica e psicológica.
tiveram colocação familiar na comarca de origem, e das
Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o poder pessoas ou casais que tiveram deferida sua habilitação
familiar53 dos pais naturais. à adoção nos cadastros estadual e nacional referidos no
§ 5º deste artigo, sob pena de responsabilidade.
Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada 60
§ 9º Compete à autoridade central estadual zelar pela
comarca ou foro regional, um registro de crianças e
manutenção e correta alimentação dos cadastros, com
adolescentes em condições de serem adotados e outro
posterior comunicação à autoridade central federal
de pessoas interessadas na adoção.
brasileira.
§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia 61
§ 10. A adoção internacional somente será deferida
consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Mi-
se, após consulta ao cadastro de pessoas ou casais ha-
nistério Público.
bilitados à adoção, mantido pela Justiça da Infância
§ 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não
e da Juventude na comarca, bem como aos cadastros
satisfizer os requisitos legais, ou verificada qualquer
estadual e nacional referidos no § 5º deste artigo, não
das hipóteses previstas no art. 29.
for encontrado interessado com residência permanente
54
§ 3º A inscrição de postulantes à adoção será precedida
no Brasil.
de um período de preparação psicossocial e jurídica, 62
§ 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interes-
orientado pela equipe técnica da Justiça da Infância e
sado em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre
da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos
que possível e recomendável, será colocado sob guarda
responsáveis pela execução da política municipal de
de família cadastrada em programa de acolhimento
garantia do direito à convivência familiar.
familiar.
55
§ 4º Sempre que possível e recomendável, a preparação 63
§ 12. A alimentação do cadastro e a convocação crite-
referida no § 3º deste artigo incluirá o contato com
riosa dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo
crianças e adolescentes em acolhimento familiar ou
Ministério Público.
institucional em condições de serem adotados, a ser
realizado sob a orientação, supervisão e avaliação da
equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude,
56. Idem.
53. Expressão anterior (pátrio poder) alterada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 61. Idem.
55. Idem. 63. Idem.
17
64
§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor 72
§ 3º A adoção internacional pressupõe a intervenção
de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado das autoridades centrais estaduais e federal em matéria
previamente nos termos desta lei quando: de adoção internacional.
I – se tratar de pedido de adoção unilateral; 73
§ 4º (Revogado.)
II – for formulada por parente com o qual a criança ou 74
Art. 52. A adoção internacional observará o proce-
adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade;
dimento previsto nos arts. 165 a 170 desta lei, com as
III – oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guar-
seguintes adaptações:
da legal de criança maior de três anos ou adolescente, 75
I – a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em ado-
desde que o lapso de tempo de convivência comprove
tar criança ou adolescente brasileiro, deverá formular
a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja
pedido de habilitação à adoção perante a autoridade
constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das situ-
central em matéria de adoção internacional no país de
ações previstas nos arts. 237 ou 238 desta lei.
acolhida, assim entendido aquele onde está situada sua
65
§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o
residência habitual;
candidato deverá comprovar, no curso do procedimen- 76
II – se a autoridade central do país de acolhida consi-
to, que preenche os requisitos necessários à adoção,
derar que os solicitantes estão habilitados e aptos para
conforme previsto nesta lei.
adotar, emitirá um relatório que contenha informações
66
Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na sobre a identidade, a capacidade jurídica e adequação dos
qual a pessoa ou casal postulante é residente ou domi- solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar
ciliado fora do Brasil, conforme previsto no artigo 2 da e médica, seu meio social, os motivos que os animam
Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à e sua aptidão para assumir uma adoção internacional;
Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de 77
III – a autoridade central do país de acolhida enviará
Adoção Internacional, aprovada pelo Decreto Legisla- o relatório à autoridade central estadual, com cópia
tivo nº 1, de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo para a autoridade central federal brasileira;
Decreto nº 3.087, de 21 de junho de 1999. 78
IV – o relatório será instruído com toda a documentação
67
§ 1º A adoção internacional de criança ou adolescente necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por
brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar equipe interprofissional habilitada e cópia autenticada
quando restar comprovado: da legislação pertinente, acompanhada da respectiva
68
I – que a colocação em família substituta é a solução prova de vigência;
adequada ao caso concreto; 79
V – os documentos em língua estrangeira serão
69
II – que foram esgotadas todas as possibilidades de devidamente autenticados pela autoridade consular,
colocação da criança ou adolescente em família substituta observados os tratados e convenções internacionais,
brasileira, após consulta aos cadastros mencionados e acompanhados da respectiva tradução, por tradutor
no art. 50 desta lei; público juramentado;
70
III – que, em se tratando de adoção de adolescente, 80
VI – a autoridade central estadual poderá fazer exigên-
este foi consultado, por meios adequados ao seu está- cias e solicitar complementação sobre o estudo psicos-
gio de desenvolvimento, e que se encontra preparado social do postulante estrangeiro à adoção, já realizado
para a medida, mediante parecer elaborado por equipe no país de acolhida;
interprofissional, observado o disposto nos §§ 1º e 2º 81
VII – verificada, após estudo realizado pela autori-
do art. 28 desta lei. dade central estadual, a compatibilidade da legislação
71
§ 2º Os brasileiros residentes no exterior terão preferên- estrangeira com a nacional, além do preenchimento por
cia aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional parte dos postulantes à medida dos requisitos objetivos
de criança ou adolescente brasileiro.
72. Idem.
73. Parágrafo revogado pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
64. Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 74. Caput com redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
65. Idem. 75. Inciso acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
67.
Caput do parágrafo com redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 77. Idem.
68. Inciso acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 78. Idem.
69. Idem. 79. Idem.
70. Idem. 80. Idem.
71. Parágrafo com redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 81. Idem.
18
e subjetivos necessários ao seu deferimento, tanto à luz de Polícia Federal e aprovadas pela autoridade central
do que dispõe esta lei como da legislação do país de federal brasileira, mediante publicação de portaria do
acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção órgão federal competente;
internacional, que terá validade por, no máximo, um ano; III – estar submetidos à supervisão das autoridades
82
VIII – de posse do laudo de habilitação, o interessado competentes do país onde estiverem sediados e no país
será autorizado a formalizar pedido de adoção perante de acolhida, inclusive quanto à sua composição, fun-
o Juízo da Infância e da Juventude do local em que se cionamento e situação financeira;
encontra a criança ou adolescente, conforme indicação IV – apresentar à autoridade central federal brasileira,
efetuada pela autoridade central estadual. a cada ano, relatório geral das atividades desenvolvidas,
83
§ 1º Se a legislação do país de acolhida assim o auto- bem como relatório de acompanhamento das adoções
rizar, admite-se que os pedidos de habilitação à ado- internacionais efetuadas no período, cuja cópia será
ção internacional sejam intermediados por organismos encaminhada ao Departamento de Polícia Federal;
credenciados. V – enviar relatório pós-adotivo semestral para a au-
84
§ 2º Incumbe à autoridade central federal brasileira o toridade central estadual, com cópia para a autoridade
credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros central federal brasileira, pelo período mínimo de dois
encarregados de intermediar pedidos de habilitação à anos. O envio do relatório será mantido até a juntada
adoção internacional, com posterior comunicação às de cópia autenticada do registro civil, estabelecendo a
autoridades centrais estaduais e publicação nos órgãos cidadania do país de acolhida para o adotado;
oficiais de imprensa e em sítio próprio da internet. VI – tomar as medidas necessárias para garantir que
85
§ 3º Somente será admissível o credenciamento de os adotantes encaminhem à autoridade central federal
organismos que: brasileira cópia da certidão de registro de nascimento
I – sejam oriundos de países que ratificaram a Conven- estrangeira e do certificado de nacionalidade tão logo
ção de Haia e estejam devidamente credenciados pela lhes sejam concedidos.
autoridade central do país onde estiverem sediados e 87
§ 5º A não apresentação dos relatórios referidos no
no país de acolhida do adotando para atuar em adoção § 4º deste artigo pelo organismo credenciado poderá
internacional no Brasil; acarretar a suspensão de seu credenciamento.
II – satisfizerem as condições de integridade moral, 88
§ 6º O credenciamento de organismo nacional ou
competência profissional, experiência e responsabili- estrangeiro encarregado de intermediar pedidos de
dade exigidas pelos países respectivos e pela autoridade adoção internacional terá validade de dois anos.
central federal brasileira; 89
§ 7º A renovação do credenciamento poderá ser conce-
III – forem qualificados por seus padrões éticos e sua dida mediante requerimento protocolado na autoridade
formação e experiência para atuar na área de adoção central federal brasileira nos sessenta dias anteriores
internacional; ao término do respectivo prazo de validade.
IV – cumprirem os requisitos exigidos pelo ordena- 90
§ 8º Antes de transitada em julgado a decisão que
mento jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas concedeu a adoção internacional, não será permitida
pela autoridade central federal brasileira. a saída do adotando do território nacional.
86
§ 4º Os organismos credenciados deverão ainda: 91
§ 9º Transitada em julgado a decisão, a autoridade
I – perseguir unicamente fins não lucrativos, nas con- judiciária determinará a expedição de alvará com auto-
dições e dentro dos limites fixados pelas autoridades rização de viagem, bem como para obtenção de passa-
competentes do país onde estiverem sediados, do país porte, constando, obrigatoriamente, as características da
de acolhida e pela autoridade central federal brasileira; criança ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo,
II – ser dirigidos e administrados por pessoas qualifi- eventuais sinais ou traços peculiares, assim como foto
cadas e de reconhecida idoneidade moral, com com- recente e a aposição da impressão digital do seu polegar
provada formação ou experiência para atuar na área de direito, instruindo o documento com cópia autenticada
adoção internacional, cadastradas pelo Departamento da decisão e certidão de trânsito em julgado.
82. Inciso acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 87. Idem.

84. Idem. 89. Idem.
85. Idem. 90. Idem.
86. Idem. 91. Idem.
19
92
§ 10. A autoridade central federal brasileira poderá, a § 1º Caso não tenha sido atendido o disposto na alínea c
qualquer momento, solicitar informações sobre a situ- do artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença
ação das crianças e adolescentes adotados. ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça.
93
§ 11. A cobrança de valores por parte dos organis- § 2º O pretendente brasileiro residente no exterior em
mos credenciados, que sejam considerados abusivos país não ratificante da Convenção de Haia, uma vez
pela autoridade central federal brasileira e que não reingressado no Brasil, deverá requerer a homologação da
estejam devidamente comprovados, é causa de seu sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça.
descredenciamento.
Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o
100
94
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem
Brasil for o país de acolhida, a decisão da autoridade
ser representados por mais de uma entidade credenciada
competente do país de origem da criança ou do adoles-
para atuar na cooperação em adoção internacional.
cente será conhecida pela autoridade central estadual
95
§ 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou do-
que tiver processado o pedido de habilitação dos pais
miciliado fora do Brasil terá validade máxima de um
adotivos, que comunicará o fato à autoridade central
ano, podendo ser renovada.
federal e determinará as providências necessárias à
96
§ 14. É vedado o contato direto de representantes de
expedição do certificado de naturalização provisório.
organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com
§ 1º A autoridade central estadual, ouvido o Ministé-
dirigentes de programas de acolhimento institucional
rio Público, somente deixará de reconhecer os efeitos
ou familiar, assim como com crianças e adolescentes
daquela decisão se restar demonstrado que a adoção
em condições de serem adotados, sem a devida auto-
é manifestamente contrária à ordem pública ou não
rização judicial.
atende ao interesse superior da criança ou do adolescente.
97
§ 15. A autoridade central federal brasileira poderá
§ 2º Na hipótese de não reconhecimento da adoção,
limitar ou suspender a concessão de novos credencia-
prevista no § 1º deste artigo, o Ministério Público de-
mentos sempre que julgar necessário, mediante ato
verá imediatamente requerer o que for de direito para
administrativo fundamentado.
resguardar os interesses da criança ou do adolescente,
98
Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e comunicando-se as providências à autoridade central
descredenciamento, o repasse de recursos provenientes estadual, que fará a comunicação à autoridade central
de organismos estrangeiros encarregados de interme- federal brasileira e à autoridade central do país de origem.
diar pedidos de adoção internacional a organismos
Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o
101
nacionais ou a pessoas físicas.
Brasil for o país de acolhida e a adoção não tenha sido
Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão
deferida no país de origem porque a sua legislação a
ser efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do
delega ao país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de,
Adolescente e estarão sujeitos às deliberações do respec-
mesmo com decisão, a criança ou o adolescente ser
tivo Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente.
oriundo de país que não tenha aderido à convenção
99
Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no ex- referida, o processo de adoção seguirá as regras da
terior em país ratificante da Convenção de Haia, cujo adoção nacional.
processo de adoção tenha sido processado em confor-
Capítulo IV – Do Direito à Educação,
midade com a legislação vigente no país de residência e
à Cultura, ao Esporte e ao Lazer
atendido o disposto na alínea c do artigo 17 da referida
convenção, será automaticamente recepcionada com Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educa-
o reingresso no Brasil. ção, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa,
preparo para o exercício da cidadania e qualificação
para o trabalho, assegurando-se-lhes:
I – igualdade de condições para o acesso e permanência
92. Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. na escola;
93. Idem.
II – direito de ser respeitado por seus educadores;
94. Idem.
95. Idem. III – direito de contestar critérios avaliativos, podendo
96. Idem. recorrer às instâncias escolares superiores;
97. Idem.
98. Artigo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 100. Idem.
99. Idem. 101. Idem.
20
IV – direito de organização e participação em entidades Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os

estudantis; valores culturais, artísticos e históricos próprios do
V – acesso à escola pública e gratuita próxima de sua contexto social da criança e do adolescente, garan-
residência. tindo-se a estes a liberdade da criação e o acesso às
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter fontes de cultura.
ciência do processo pedagógico, bem como participar
Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da
da definição das propostas educacionais.
União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao e espaços para programações culturais, esportivas e de
adolescente: lazer voltadas para a infância e a juventude.
I – ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive
Capítulo V – Do Direito à Profissionalização
para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
e à Proteção no Trabalho
II – progressiva extensão da obrigatoriedade e gratui-
dade ao ensino médio; Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de
102
III – atendimento educacional especializado aos porta- quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz.
dores de deficiência, preferencialmente na rede regular
Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é re-
de ensino;
gulada por legislação especial, sem prejuízo do disposto
IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças
nesta lei.
de zero a seis anos de idade;
V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pes- Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação téc-
quisa e da criação artística, segundo a capacidade de nico-profissional ministrada segundo as diretrizes e
cada um; bases da legislação de educação em vigor.
VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às
Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá
condições do adolescente trabalhador;
aos seguintes princípios:
VII – atendimento no ensino fundamental, através de
I – garantia de acesso e frequência obrigatória ao en-
programas suplementares de material didático-escolar,
sino regular;
transporte, alimentação e assistência à saúde.
II – atividade compatível com o desenvolvimento do
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito
adolescente;
público subjetivo.
III – horário especial para o exercício das atividades.
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo
poder público ou sua oferta irregular importa respon- Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade
103
sabilidade da autoridade competente. é assegurada bolsa de aprendizagem.

§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de qua-
104
no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar,
torze anos, são assegurados os direitos trabalhistas e
junto aos pais ou responsável, pela frequência à escola.
previdenciários.
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de
Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é as-
matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de
segurado trabalho protegido.
ensino.
Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino
familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido
fundamental comunicarão ao conselho tutelar os casos de:
em entidade governamental ou não governamental, é
I – maus-tratos envolvendo seus alunos;
vedado trabalho:
II – reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar,
I – noturno, realizado entre as vinte e duas horas de
esgotados os recursos escolares;
um dia e as cinco horas do dia seguinte;
III – elevados níveis de repetência.
II – perigoso, insalubre ou penoso;
Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, expe- III – realizado em locais prejudiciais à sua formação e
riências e novas propostas relativas a calendário, seria- ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
ção, currículo, metodologia, didática e avaliação, com
vistas à inserção de crianças e adolescentes excluídos 102. Cf. a Constituição Federal de 5-10-1988, constante desta publicação.
do ensino fundamental obrigatório. 103. Idem.
104. Idem.
21
IV – realizado em horários e locais que não permitam III – a formação continuada e a capacitação dos pro-
a frequência à escola. fissionais de saúde, educação e assistência social e dos
demais agentes que atuam na promoção, proteção e
Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho
defesa dos direitos da criança e do adolescente para o
educativo, sob responsabilidade de entidade governa-
desenvolvimento das competências necessárias à pre-
mental ou não governamental sem fins lucrativos, deverá
venção, à identificação de evidências, ao diagnóstico
assegurar ao adolescente que dele participe condições
e ao enfrentamento de todas as formas de violência
de capacitação para o exercício de atividade regular
contra a criança e o adolescente;
remunerada.
IV – o apoio e o incentivo às práticas de resolução
§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral
pacífica de conflitos que envolvam violência contra a
em que as exigências pedagógicas relativas ao desen-
criança e o adolescente;
volvimento pessoal e social do educando prevalecem
V – a inclusão, nas políticas públicas, de ações que
sobre o aspecto produtivo.
visem a garantir os direitos da criança e do adoles-
§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo tra-
cente, desde a atenção pré-natal, e de atividades junto
balho efetuado ou a participação na venda dos produtos
aos pais e responsáveis com o objetivo de promover a
de seu trabalho não desfigura o caráter educativo.
informação, a reflexão, o debate e a orientação sobre
Art. 69. O adolescente tem direito à profissionaliza- alternativas ao uso de castigo físico ou de tratamento
ção e à proteção no trabalho, observados os seguintes cruel ou degradante no processo educativo;
aspectos, entre outros: VI – a promoção de espaços intersetoriais locais para a
I – respeito à condição peculiar de pessoa em articulação de ações e a elaboração de planos de atuação
desenvolvimento; conjunta focados nas famílias em situação de violência,
II – capacitação profissional adequada ao mercado de com participação de profissionais de saúde, de assistência
trabalho. social e de educação e de órgãos de promoção, proteção
e defesa dos direitos da criança e do adolescente.
Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescen-
TÍTULO III – DA PREVENÇÃO
tes com deficiência terão prioridade de atendimento
nas ações e políticas públicas de prevenção e proteção.
Capítulo I – Disposições Gerais
106
Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que
Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça
atuem nas áreas a que se refere o art. 71, dentre outras,
ou violação dos direitos da criança e do adolescente.
devem contar, em seus quadros, com pessoas capaci-
105
Art. 70-A. A União, os estados, o Distrito Federal tadas a reconhecer e comunicar ao conselho tutelar
e os municípios deverão atuar de forma articulada na suspeitas ou casos de maus-tratos praticados contra
elaboração de políticas públicas e na execução de ações crianças e adolescentes.
destinadas a coibir o uso de castigo físico ou de tra- Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela
tamento cruel ou degradante e difundir formas não comunicação de que trata este artigo, as pessoas en-
violentas de educação de crianças e de adolescentes, carregadas, por razão de cargo, função, ofício, ministé-
tendo como principais ações: rio, profissão ou ocupação, do cuidado, assistência ou
I – a promoção de campanhas educativas permanen- guarda de crianças e adolescentes, punível, na forma
tes para a divulgação do direito da criança e do ado- deste estatuto, o injustificado retardamento ou omissão,
lescente de serem educados e cuidados sem o uso de culposos ou dolosos.
castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a infor-
dos instrumentos de proteção aos direitos humanos;
mação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e
II – a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do
produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar
Ministério Público e da Defensoria Pública, com o con-
de pessoa em desenvolvimento.
selho tutelar, com os conselhos de direitos da criança e
do adolescente e com as entidades não governamentais Art. 72. As obrigações previstas nesta lei não excluem
que atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da prevenção especial outras decorrentes dos princípios
da criança e do adolescente; por ela adotados.
105. Artigo acrescido pela Lei nº 13.010, de 26-6-2014. 106. Artigo acrescido pela Lei nº 13.046, de 1º-12-2014.
22
Art. 73. A inobservância das normas de prevenção Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao pú-
importará em responsabilidade da pessoa física ou blico infantojuvenil não poderão conter ilustrações,
jurídica, nos termos desta lei. fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas
alcoólicas, tabaco, armas e munições, e deverão respei-
Capítulo II – Da Prevenção Especial
tar os valores éticos e sociais da pessoa e da família.
Seção I – Da Informação, Cultura, Lazer,
Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que
Esportes, Diversões e Espetáculos
explorem comercialmente bilhar, sinuca ou congênere
Art. 74. O poder público, através do órgão competente, ou por casas de jogos, assim entendidas as que reali-
regulará as diversões e espetáculos públicos, informando zem apostas, ainda que eventualmente, cuidarão para
sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se que não seja permitida a entrada e a permanência de
recomendem, locais e horários em que sua apresentação crianças e adolescentes no local, afixando aviso para
se mostre inadequada. orientação do público.
Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e es-
Seção II – Dos Produtos e Serviços
petáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de
fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de:
destacada sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária I – armas, munições e explosivos;
especificada no certificado de classificação. II – bebidas alcoólicas;
III – produtos cujos componentes possam causar de-
Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às
pendência física ou psíquica ainda que por utilização
diversões e espetáculos públicos classificados como
indevida;
adequados à sua faixa etária.
IV – fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles
Parágrafo único. As crianças menores de dez anos so-
que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de
mente poderão ingressar e permanecer nos locais de
provocar qualquer dano físico em caso de utilização
apresentação ou exibição quando acompanhadas dos
indevida;
pais ou responsável.
V – revistas e publicações a que alude o art. 78;
Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente VI – bilhetes lotéricos e equivalentes.
exibirão, no horário recomendado para o público in-
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou ado-
fantojuvenil, programas com finalidades educativas,
lescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento
artísticas, culturais e informativas.
congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos
Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado
pais ou responsável.
ou anunciado sem aviso de sua classificação, antes de
sua transmissão, apresentação ou exibição. Seção III – Da Autorização para Viajar
Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcio- Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da
nários de empresas que explorem a venda ou aluguel de comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou
fitas de programação em vídeo cuidarão para que não responsável, sem expressa autorização judicial.
haja venda ou locação em desacordo com a classificação § 1º A autorização não será exigida quando:
atribuída pelo órgão competente. a) tratar-se de comarca contígua à da residência da
Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão criança, se na mesma unidade da Federação, ou
exibir, no invólucro, informação sobre a natureza da incluída na mesma região metropolitana;
obra e a faixa etária a que se destinam. b) a criança estiver acompanhada:
1 – de ascendente ou colateral maior, até o ter-
Art. 78. As revistas e publicações contendo material
ceiro grau, comprovado documentalmente
impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes
o parentesco.
deverão ser comercializadas em embalagem lacrada,
2 – de pessoa maior, expressamente autorizada
com a advertência de seu conteúdo.
pelo pai, mãe ou responsável.
Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou
que contenham mensagens pornográficas ou obscenas
responsável, conceder autorização válida por dois anos.
sejam protegidas com embalagem opaca.
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a au-
torização é dispensável, se a criança ou adolescente:
23
I – estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável; deliberativos e controladores das ações em todos os níveis,
II – viajar na companhia de um dos pais, autorizado assegurada a participação popular paritária por meio
expressamente pelo outro através de documento com de organizações representativas, segundo leis federal,
firma reconhecida. estaduais e municipais;
III – criação e manutenção de programas específicos,
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial,
observada a descentralização político-administrativa;
nenhuma criança ou adolescente nascido em território
IV – manutenção de fundos nacional, estaduais e muni-
nacional poderá sair do país em companhia de estran-
cipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos
geiro residente ou domiciliado no exterior.
da criança e do adolescente;
V – integração operacional de órgãos do Judiciário,
LIVRO II – PARTE ESPECIAL Ministério Público, defensoria, segurança pública e
assistência social, preferencialmente em um mesmo
local, para efeito de agilização do atendimento inicial a
TÍTULO I – DA POLÍTICA
adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional;
DE ATENDIMENTO 109
VI – integração operacional de órgãos do Judiciário,
Ministério Público, defensoria, conselho tutelar e en-
carregados da execução das políticas sociais básicas e
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da crian- de assistência social, para efeito de agilização do aten-
ça e do adolescente far-se-á através de um conjunto dimento de crianças e de adolescentes inseridos em
articulado de ações governamentais e não governa- programas de acolhimento familiar ou institucional,
mentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e com vista na sua rápida reintegração à família de origem
dos municípios. ou, se tal solução se mostrar comprovadamente inviável,
sua colocação em família substituta, em quaisquer das
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento:
modalidades previstas no art. 28 desta lei;
I – políticas sociais básicas; 110
VII – mobilização da opinião pública para a indispen-
II – políticas e programas de assistência social, em
sável participação dos diversos segmentos da sociedade.
caráter supletivo, para aqueles que deles necessitem;
III – serviços especiais de prevenção e atendimento Art. 89. A função de membro do conselho nacional e
médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus- dos conselhos estaduais e municipais dos direitos da
-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão; criança e do adolescente é considerada de interesse
IV – serviço de identificação e localização de pais, res- público relevante e não será remunerada.
ponsável, crianças e adolescentes desaparecidos;
Capítulo II – Das Entidades de Atendimento
V – proteção jurídico-social por entidades de defesa
dos direitos da criança e do adolescente; Seção I – Disposições Gerais
107
VI – políticas e programas destinados a prevenir ou
Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis
abreviar o período de afastamento do convívio familiar
pela manutenção das próprias unidades, assim como
e a garantir o efetivo exercício do direito à convivência
pelo planejamento e execução de programas de proteção
familiar de crianças e adolescentes;
e socioeducativos destinados a crianças e adolescentes,
108
VII – campanhas de estímulo ao acolhimento sob
em regime de:
forma de guarda de crianças e adolescentes afastados
I – orientação e apoio sociofamiliar;
do convívio familiar e à adoção, especificamente in-
II – apoio socioeducativo em meio aberto;
ter-racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com
III – colocação familiar;
necessidades específicas de saúde ou com deficiências 111
IV – acolhimento institucional;
e de grupos de irmãos. 112
V – prestação de serviços à comunidade;
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento: 113
VI – liberdade assistida;
I – municipalização do atendimento;
II – criação de conselhos municipais, estaduais e na- 109. Inciso com redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
cional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos 110. Inciso acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
111. Inciso com redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
107. Inciso acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 112. Inciso com redação dada pela Lei nº 12.594, de 18-1-2012.
108. Idem. 113. Idem.
24
114
VII – semiliberdade; e b) não apresente plano de trabalho compatível com
115
VIII – internação. os princípios desta lei;
116
§ 1º As entidades governamentais e não governamentais c) esteja irregularmente constituída;
deverão proceder à inscrição de seus programas, espe- d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas;
cificando os regimes de atendimento, na forma definida 120
e) não se adequar ou deixar de cumprir as reso-
neste artigo, no Conselho Municipal dos Direitos da luções e deliberações relativas à modalidade de
Criança e do Adolescente, o qual manterá registro das atendimento prestado expedidas pelos conselhos
inscrições e de suas alterações, do que fará comunicação de direitos da criança e do adolescente, em todos
ao conselho tutelar e à autoridade judiciária. os níveis.
117
§ 2º Os recursos destinados à implementação e ma- 121
§ 2º O registro terá validade máxima de quatro anos,
nutenção dos programas relacionados neste artigo serão cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança
previstos nas dotações orçamentárias dos órgãos públicos e do Adolescente, periodicamente, reavaliar o cabi-
encarregados das áreas de educação, saúde e assistência mento de sua renovação, observado o disposto no § 1º
social, dentre outros, observando-se o princípio da prio- deste artigo.
ridade absoluta à criança e ao adolescente preconizado 122
Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de
pelo caput do art. 227 da Constituição Federal e pelo
acolhimento familiar ou institucional deverão adotar
caput e parágrafo único do art. 4º desta lei.
os seguintes princípios:
118
§ 3º Os programas em execução serão reavaliados 123
I – preservação dos vínculos familiares e promoção
pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e
da reintegração familiar;
do Adolescente, no máximo, a cada dois anos, consti- 124
II – integração em família substituta, quando esgo-
tuindo-se critérios para renovação da autorização de
tados os recursos de manutenção na família natural
funcionamento:
ou extensa;
I – o efetivo respeito às regras e princípios desta lei, bem
III – atendimento personalizado e em pequenos grupos;
como às resoluções relativas à modalidade de atendi-
IV – desenvolvimento de atividades em regime de
mento prestado expedidas pelos conselhos de direitos
coeducação;
da criança e do adolescente, em todos os níveis;
V – não desmembramento de grupos de irmãos;
II – a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido,
VI – evitar, sempre que possível, a transferência para
atestadas pelo conselho tutelar, pelo Ministério Público
outras entidades de crianças e adolescentes abrigados;
e pela Justiça da Infância e da Juventude;
VII – participação na vida da comunidade local;
III – em se tratando de programas de acolhimento
VIII – preparação gradativa para o desligamento;
institucional ou familiar, serão considerados os índices
IX – participação de pessoas da comunidade no pro-
de sucesso na reintegração familiar ou de adaptação à
cesso educativo.
família substituta, conforme o caso. 125
§ 1º O dirigente de entidade que desenvolve programa
Art. 91. As entidades não governamentais somente de acolhimento institucional é equiparado ao guardião,
poderão funcionar depois de registradas no Conselho para todos os efeitos de direito.
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, 126
§ 2º Os dirigentes de entidades que desenvolvem
o qual comunicará o registro ao conselho tutelar e à programas de acolhimento familiar ou institucional
autoridade judiciária da respectiva localidade. remeterão à autoridade judiciária, no máximo a cada seis
119
§ 1º Será negado o registro à entidade que: meses, relatório circunstanciado acerca da situação de
a) não ofereça instalações físicas em condições ade- cada criança ou adolescente acolhido e sua família, para
quadas de habitabilidade, higiene, salubridade e fins da reavaliação prevista no § 1º do art. 19 desta lei.
segurança;
120. Alínea acrescida pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.

114. Inciso com redação dada pela Lei nº 12.594, de 18-1-2012. 121. Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
115. Inciso acrescido pela Lei nº 12.594, de 18-1-2012. 122. Caput com redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
116. Parágrafo único renumerado para § 1º pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 123. Inciso com redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
118. Idem. 125. Parágrafo único primitivo renumerado para § 1º e com nova redação
119. Parágrafo único primitivo renumerado para § 1º pela Lei nº 12.010, dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
de 3-8-2009. 126. Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
25
127
§ 3º Os entes federados, por intermédio dos poderes II – não restringir nenhum direito que não tenha sido
Executivo e Judiciário, promoverão conjuntamente a objeto de restrição na decisão de internação;
permanente qualificação dos profissionais que atuam III – oferecer atendimento personalizado, em pequenas
direta ou indiretamente em programas de acolhimen- unidades e grupos reduzidos;
to institucional e destinados à colocação familiar de IV – preservar a identidade e oferecer ambiente de
crianças e adolescentes, incluindo membros do Poder respeito e dignidade ao adolescente;
Judiciário, Ministério Público e conselho tutelar. V – diligenciar no sentido do restabelecimento e da
128
§ 4º Salvo determinação em contrário da autoridade preservação dos vínculos familiares;
judiciária competente, as entidades que desenvolvem VI – comunicar à autoridade judiciária, periodicamen-
programas de acolhimento familiar ou institucional, te, os casos em que se mostre inviável ou impossível o
se necessário com o auxílio do conselho tutelar e dos reatamento dos vínculos familiares;
órgãos de assistência social, estimularão o contato da VII – oferecer instalações físicas em condições adequa-
criança ou adolescente com seus pais e parentes, em das de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança
cumprimento ao disposto nos incisos I e VIII do caput e os objetos necessários à higiene pessoal;
deste artigo. VIII – oferecer vestuário e alimentação suficientes e
129
§ 5º As entidades que desenvolvem programas de adequados à faixa etária dos adolescentes atendidos;
acolhimento familiar ou institucional somente poderão IX – oferecer cuidados médicos, psicológicos, odon-
receber recursos públicos se comprovado o atendimento tológicos e farmacêuticos;
dos princípios, exigências e finalidades desta lei. X – propiciar escolarização e profissionalização;
130
§ 6º O descumprimento das disposições desta lei XI – propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;
pelo dirigente de entidade que desenvolva programas XII – propiciar assistência religiosa àqueles que dese-
de acolhimento familiar ou institucional é causa de sua jarem, de acordo com suas crenças;
destituição, sem prejuízo da apuração de sua respon- XIII – proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
sabilidade administrativa, civil e criminal. XIV – reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo
máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à
131
Art. 93. As entidades que mantenham programa de
autoridade competente;
acolhimento institucional poderão, em caráter excep-
XV – informar, periodicamente, o adolescente internado
cional e de urgência, acolher crianças e adolescentes
sobre sua situação processual;
sem prévia determinação da autoridade competente,
XVI – comunicar às autoridades competentes to-
fazendo comunicação do fato em até vinte e quatro
dos os casos de adolescentes portadores de moléstias
horas ao juiz da Infância e da Juventude, sob pena de
infectocontagiosas;
responsabilidade.
XVII – fornecer comprovante de depósito dos pertences
132
Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade
dos adolescentes;
judiciária, ouvido o Ministério Público e se necessá-
XVIII – manter programas destinados ao apoio e acom-
rio com o apoio do conselho tutelar local, tomará as
panhamento de egressos;
medidas necessárias para promover a imediata reinte-
XIX – providenciar os documentos necessários ao exer-
gração familiar da criança ou do adolescente ou, se por
cício da cidadania àqueles que não os tiverem;
qualquer razão não for isso possível ou recomendável,
XX – manter arquivo de anotações onde constem data
para seu encaminhamento a programa de acolhimento
e circunstâncias do atendimento, nome do adolescente,
familiar, institucional ou a família substituta, observado
seus pais ou responsável, parentes, endereços, sexo,
o disposto no § 2º do art. 101 desta lei.
idade, acompanhamento da sua formação, relação de
Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de seus pertences e demais dados que possibilitem sua
internação têm as seguintes obrigações, entre outras: identificação e a individualização do atendimento.
I – observar os direitos e garantias de que são titulares 133
§ 1º Aplicam-se, no que couber, as obrigações cons-
os adolescentes; tantes deste artigo às entidades que mantêm programas
de acolhimento institucional e familiar.
128. Idem. § 2º No cumprimento das obrigações a que alude este
129. Idem. artigo as entidades utilizarão preferencialmente os re-
130. Idem. cursos da comunidade.
132. Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 133. Parágrafo com redação pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
26
Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que

134
TÍTULO II – DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO
abriguem ou recepcionem crianças e adolescentes,
ainda que em caráter temporário, devem ter, em seus Capítulo I – Disposições Gerais
quadros, profissionais capacitados a reconhecer e re-
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adoles-
portar ao conselho tutelar suspeitas ou ocorrências
cente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos
de maus-tratos.
nesta lei forem ameaçados ou violados:
Seção II – Da Fiscalização das Entidades I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II – por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
Art. 95. As entidades governamentais e não gover-
III – em razão de sua conduta.
namentais referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo
Judiciário, pelo Ministério Público e pelos conselhos Capítulo II – Das Medidas
tutelares. Específicas de Proteção
Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas Art. 99. As medidas previstas neste capítulo poderão
serão apresentados ao estado ou ao município, conforme ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como
a origem das dotações orçamentárias. substituídas a qualquer tempo.
Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de aten- Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em
dimento que descumprirem obrigação constante do conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas
art. 94, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares
de seus dirigentes ou prepostos: e comunitários.
I – às entidades governamentais: 137
Parágrafo único. São também princípios que regem
a) advertência; a aplicação das medidas:
b) afastamento provisório de seus dirigentes; I – condição da criança e do adolescente como sujeitos
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; de direitos: crianças e adolescentes são os titulares dos
d) fechamento de unidade ou interdição de programa. direitos previstos nesta e em outras leis, bem como na
II – às entidades não governamentais: Constituição Federal;
a) advertência; II – proteção integral e prioritária: a interpretação e
b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas aplicação de toda e qualquer norma contida nesta lei
públicas; deve ser voltada à proteção integral e prioritária dos
c) interdição de unidades ou suspensão de programa; direitos de que crianças e adolescentes são titulares;
d) cassação do registro. III – responsabilidade primária e solidária do poder
135
§ 1º Em caso de reiteradas infrações cometidas por público: a plena efetivação dos direitos assegurados a
entidades de atendimento, que coloquem em risco os crianças e a adolescentes por esta lei e pela Constitui-
direitos assegurados nesta lei, deverá ser o fato comu- ção Federal, salvo nos casos por esta expressamente
nicado ao Ministério Público ou representado perante ressalvados, é de responsabilidade primária e solidária
autoridade judiciária competente para as providências das três esferas de governo, sem prejuízo da municipa-
cabíveis, inclusive suspensão das atividades ou disso- lização do atendimento e da possibilidade da execução
lução da entidade. de programas por entidades não governamentais;
136
§ 2º As pessoas jurídicas de direito público e as orga- IV – interesse superior da criança e do adolescente: a
nizações não governamentais responderão pelos danos intervenção deve atender prioritariamente aos interesses
que seus agentes causarem às crianças e aos adolescen- e direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da
tes, caracterizado o descumprimento dos princípios consideração que for devida a outros interesses legítimos
norteadores das atividades de proteção específica. no âmbito da pluralidade dos interesses presentes no
caso concreto;
V – privacidade: a promoção dos direitos e proteção
da criança e do adolescente deve ser efetuada no res-
peito pela intimidade, direito à imagem e reserva da
134. Artigo acrescido pela Lei nº 13.046, de 1º-12-2014. sua vida privada;
135. Parágrafo único primitivo renumerado para § 1º pela Lei nº 12.010,
de 3-8-2009.
136. Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 137. Parágrafo único acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
27
VI – intervenção precoce: a intervenção das autoridades 138

VII – acolhimento institucional;
competentes deve ser efetuada logo que a situação de 139
VIII – inclusão em programa de acolhimento familiar;
perigo seja conhecida; 140
IX – colocação em família substituta.
VII – intervenção mínima: a intervenção deve ser exer- 141
§ 1º O acolhimento institucional e o acolhimento
cida exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja familiar são medidas provisórias e excepcionais, uti-
ação seja indispensável à efetiva promoção dos direitos lizáveis como forma de transição para reintegração
e à proteção da criança e do adolescente; familiar ou, não sendo esta possível, para colocação em
VIII – proporcionalidade e atualidade: a intervenção família substituta, não implicando privação de liberdade.
deve ser a necessária e adequada à situação de perigo 142
§ 2º Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais
em que a criança ou o adolescente se encontram no para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e
momento em que a decisão é tomada; das providências a que alude o art. 130 desta lei, o afas-
IX – responsabilidade parental: a intervenção deve ser tamento da criança ou adolescente do convívio familiar
efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres é de competência exclusiva da autoridade judiciária
para com a criança e o adolescente; e importará na deflagração, a pedido do Ministério
X – prevalência da família: na promoção de direitos e Público ou de quem tenha legítimo interesse, de pro-
na proteção da criança e do adolescente deve ser dada cedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos
prevalência às medidas que os mantenham ou rein- pais ou ao responsável legal o exercício do contraditório
tegrem na sua família natural ou extensa ou, se isto e da ampla defesa.
não for possível, que promovam a sua integração em 143
§ 3º Crianças e adolescentes somente poderão ser
família substituta; encaminhados às instituições que executam progra-
XI – obrigatoriedade da informação: a criança e o ado- mas de acolhimento institucional, governamentais ou
lescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e não, por meio de uma guia de acolhimento, expedida
capacidade de compreensão, seus pais ou responsável pela autoridade judiciária, na qual obrigatoriamente
devem ser informados dos seus direitos, dos motivos constará, dentre outros:
que determinaram a intervenção e da forma como esta I – sua identificação e a qualificação completa de seus
se processa; pais ou de seu responsável, se conhecidos;
XII – oitiva obrigatória e participação: a criança e o II – o endereço de residência dos pais ou do responsável,
adolescente, em separado ou na companhia dos pais, com pontos de referência;
de responsável ou de pessoa por si indicada, bem como III – os nomes de parentes ou de terceiros interessados
os seus pais ou responsável, têm direito a ser ouvidos em tê-los sob sua guarda;
e a participar nos atos e na definição da medida de IV – os motivos da retirada ou da não reintegração ao
promoção dos direitos e de proteção, sendo sua opinião convívio familiar.
devidamente considerada pela autoridade judiciária 144
§ 4º Imediatamente após o acolhimento da criança ou
competente, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do do adolescente, a entidade responsável pelo programa
art. 28 desta lei. de acolhimento institucional ou familiar elaborará um
plano individual de atendimento, visando à reintegra-
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas
ção familiar, ressalvada a existência de ordem escrita
no art. 98, a autoridade competente poderá determinar,
e fundamentada em contrário de autoridade judiciária
dentre outras, as seguintes medidas:
competente, caso em que também deverá contemplar
I – encaminhamento aos pais ou responsável, mediante
sua colocação em família substituta, observadas as re-
termo de responsabilidade;
gras e princípios desta lei.
II – orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III – matrícula e frequência obrigatórias em estabele-
cimento oficial de ensino fundamental;
IV – inclusão em programa comunitário ou oficial de
auxílio à família, à criança e ao adolescente; 139. Idem.
V – requisição de tratamento médico, psicológico ou 140. Inciso acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; 141. Parágrafo único primitivo renumerado para § 1º e com nova redação
dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
VI – inclusão em programa oficial ou comunitário
de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e 143. Idem.
toxicômanos; 144. Idem.
28
145
§ 5º O plano individual será elaborado sob a respon- outras providências que entender indispensáveis ao
sabilidade da equipe técnica do respectivo programa ajuizamento da demanda.
de atendimento e levará em consideração a opinião 151
§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca
da criança ou do adolescente e a oitiva dos pais ou do ou foro regional, um cadastro contendo informações
responsável. atualizadas sobre as crianças e adolescentes em regi-
146
§ 6º Constarão do plano individual, dentre outros: me de acolhimento familiar e institucional sob sua
I – os resultados da avaliação interdisciplinar; responsabilidade, com informações pormenorizadas
II – os compromissos assumidos pelos pais ou res- sobre a situação jurídica de cada um, bem como as
ponsável; e providências tomadas para sua reintegração familiar
III – a previsão das atividades a serem desenvolvidas ou colocação em família substituta, em qualquer das
com a criança ou com o adolescente acolhido e seus modalidades previstas no art. 28 desta lei.
pais ou responsável, com vista na reintegração familiar 152
§ 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público,
ou, caso seja esta vedada por expressa e fundamentada o conselho tutelar, o órgão gestor da assistência social
determinação judicial, as providências a serem tomadas e os conselhos municipais dos direitos da criança e do
para sua colocação em família substituta, sob direta adolescente e da assistência social, aos quais incumbe
supervisão da autoridade judiciária. deliberar sobre a implementação de políticas públicas
147
§ 7º O acolhimento familiar ou institucional ocor- que permitam reduzir o número de crianças e ado-
rerá no local mais próximo à residência dos pais ou do lescentes afastados do convívio familiar e abreviar o
responsável e, como parte do processo de reintegração período de permanência em programa de acolhimento.
familiar, sempre que identificada a necessidade, a fa-
Art. 102. As medidas de proteção de que trata este
mília de origem será incluída em programas oficiais
capítulo serão acompanhadas da regularização do re-
de orientação, de apoio e de promoção social, sendo
gistro civil.
facilitado e estimulado o contato com a criança ou com
§ 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o
o adolescente acolhido.
assento de nascimento da criança ou adolescente será
148
§ 8º Verificada a possibilidade de reintegração familiar,
feito à vista dos elementos disponíveis, mediante re-
o responsável pelo programa de acolhimento familiar ou
quisição da autoridade judiciária.
institucional fará imediata comunicação à autoridade
§ 2º Os registros e certidões necessários à regularização
judiciária, que dará vista ao Ministério Público, pelo
de que trata este artigo são isentos de multas, custas e
prazo de cinco dias, decidindo em igual prazo.
emolumentos, gozando de absoluta prioridade.
149
§ 9º Em sendo constatada a impossibilidade de rein- 153
§ 3º Caso ainda não definida a paternidade, será
tegração da criança ou do adolescente à família de ori-
deflagrado procedimento específico destinado à sua
gem, após seu encaminhamento a programas oficiais ou
averiguação, conforme previsto pela Lei nº 8.560, de
comunitários de orientação, apoio e promoção social,
29 de dezembro de 1992.
será enviado relatório fundamentado ao Ministério 154
§ 4º Nas hipóteses previstas no § 3º deste artigo, é
Público, no qual conste a descrição pormenorizada
dispensável o ajuizamento de ação de investigação de
das providências tomadas e a expressa recomendação,
paternidade pelo Ministério Público se, após o não com-
subscrita pelos técnicos da entidade ou responsáveis
parecimento ou a recusa do suposto pai em assumir a
pela execução da política municipal de garantia do di-
paternidade a ele atribuída, a criança for encaminhada
reito à convivência familiar, para a destituição do poder
para adoção.
familiar, ou destituição de tutela ou guarda.
150
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá
o prazo de trinta dias para o ingresso com a ação de
destituição do poder familiar, salvo se entender ne-
cessária a realização de estudos complementares ou

146. Idem.
147. Idem. 151. Idem.
148. Idem. 152. Idem.
149. Idem. 153. Idem.
150. Idem. 154. Idem.
29
TÍTULO III – DA PRÁTICA III – defesa técnica por advogado;

DE ATO INFRACIONAL IV – assistência judiciária gratuita e integral aos ne-
cessitados, na forma da lei;
Capítulo I – Disposições Gerais V – direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade
competente;
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta des-
VI – direito de solicitar a presença de seus pais ou
crita como crime ou contravenção penal.
responsável em qualquer fase do procedimento.
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de
Capítulo IV – Das Medidas Socioeducativas
dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta lei.
Parágrafo único. Para os efeitos desta lei, deve ser con- Seção I – Disposições Gerais
siderada a idade do adolescente à data do fato.
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a au-
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança cor- toridade competente poderá aplicar ao adolescente as
responderão as medidas previstas no art. 101. seguintes medidas:
I – advertência;
Capítulo II – Dos Direitos Individuais
II – obrigação de reparar o dano;
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua III – prestação de serviços à comunidade;
liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por IV – liberdade assistida;
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária V – inserção em regime de semiliberdade;
competente. VI – internação em estabelecimento educacional;
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identi- VII – qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
ficação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo § 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta
ser informado acerca de seus direitos. a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a
gravidade da infração.
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será
onde se encontra recolhido serão incontinente comu-
admitida a prestação de trabalho forçado.
nicados à autoridade judiciária competente e à família
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência
do apreendido ou à pessoa por ele indicada.
mental receberão tratamento individual e especializado,
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de
em local adequado às suas condições.
responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.
Art. 113. Aplica-se a este capítulo o disposto nos arts. 99
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser de-
e 100.
terminada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e Art. 114. A imposição das medidas previstas nos inci-
basear-se em indícios suficientes de autoria e materiali- sos II a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas
dade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida. suficientes da autoria e da materialidade da infração,
ressalvada a hipótese de remissão, nos termos do art. 127.
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada
será submetido a identificação compulsória pelos órgãos
sempre que houver prova da materialidade e indícios
policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de
suficientes da autoria.
confrontação, havendo dúvida fundada.
Seção II – Da Advertência
Capítulo III – Das Garantias Processuais
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação
Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua
verbal, que será reduzida a termo e assinada.
liberdade sem o devido processo legal.
Seção III – Da Obrigação de Reparar o Dano
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras,
as seguintes garantias: Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos
I – pleno e formal conhecimento da atribuição de ato patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for
infracional, mediante citação ou meio equivalente; o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o
II – igualdade na relação processual, podendo confron- ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense
tar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas as o prejuízo da vítima.
provas necessárias à sua defesa;
30
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, § 2º A medida não comporta prazo determinado apli-
a medida poderá ser substituída por outra adequada. cando-se, no que couber, as disposições relativas à
internação.
Seção IV – Da Prestação de
Serviços à Comunidade Seção VII – Da Internação
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste Art. 121. A internação constitui medida privativa da
na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excep-
período não excedente a seis meses, junto a entidades cionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa
assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos em desenvolvimento.
congêneres, bem como em programas comunitários § 1º Será permitida a realização de atividades externas,
ou governamentais. a critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as determinação judicial em contrário.
aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante § 2º A medida não comporta prazo determinado, de-
jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, vendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão
domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não fundamentada, no máximo a cada seis meses.
prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal § 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de in-
de trabalho. ternação excederá a três anos.
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior,
Seção V – Da Liberdade Assistida
o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre de semiliberdade ou de liberdade assistida.
que se afigurar a medida mais adequada para o fim de § 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos
acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente. de idade.
§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para § 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida
acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada de autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
por entidade ou programa de atendimento. 155
§ 7º A determinação judicial mencionada no § 1º poderá
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mí- ser revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária.
nimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser
Art. 122. A medida de internação só poderá ser apli-
prorrogada, revogada ou substituída por outra medida,
cada quando:
ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.
I – tratar-se de ato infracional cometido mediante grave
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a su- ameaça ou violência a pessoa;
pervisão da autoridade competente, a realização dos II – por reiteração no cometimento de outras infrações
seguintes encargos, entre outros: graves;
I – promover socialmente o adolescente e sua família, III – por descumprimento reiterado e injustificável da
fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se neces- medida anteriormente imposta.
sário, em programa oficial ou comunitário de auxílio 156
§ 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III
e assistência social; deste artigo não poderá ser superior a três meses, devendo
II – supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar ser decretada judicialmente após o devido processo legal.
do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula; § 2º Em nenhuma hipótese será aplicada a internação,
III – diligenciar no sentido da profissionalização do havendo outra medida adequada.
adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho;
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade
IV – apresentar relatório do caso.
exclusiva para adolescentes, em local distinto daque-
Seção VI – Do Regime de Semiliberdade le destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação
por critérios de idade, compleição física e gravidade
Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determi-
da infração.
nado desde o início, ou como forma de transição para
Parágrafo único. Durante o período de internação, inclu-
o meio aberto, possibilitada a realização de atividades
sive provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas.
externas, independentemente de autorização judicial.
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionali-
zação, devendo, sempre que possível, ser utilizados os 155. Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.594, de 18-1-2012.
recursos existentes na comunidade. 156. Parágrafo com redação dada pela Lei nº 12.594, de 18-1-2012.
31
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liber- Art. 127. A remissão não implica necessariamente o
dade, entre outros, os seguintes: reconhecimento ou comprovação da responsabilidade,
I – entrevistar-se pessoalmente com o representante nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo
do Ministério Público; incluir eventualmente a aplicação de qualquer das me-
II – peticionar diretamente a qualquer autoridade; didas previstas em lei, exceto a colocação em regime
III – avistar-se reservadamente com seu defensor; de semiliberdade e a internação.
IV – ser informado de sua situação processual, sempre
Art. 128. A medida aplicada por força da remissão
que solicitada;
poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo,
V – ser tratado com respeito e dignidade;
mediante pedido expresso do adolescente ou de seu
VI – permanecer internado na mesma localidade ou
representante legal, ou do Ministério Público.
naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou
responsável;
VII – receber visitas, ao menos, semanalmente; TÍTULO IV – DAS MEDIDAS PERTINENTES
VIII – corresponder-se com seus familiares e amigos; AOS PAIS OU RESPONSÁVEL
IX – ter acesso aos objetos necessários à higiene e as-
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:
seio pessoal;
I – encaminhamento a programa oficial ou comunitário
X – habitar alojamento em condições adequadas de
de proteção157 à família;
higiene e salubridade;
II – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxí-
XI – receber escolarização e profissionalização;
lio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
XII – realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
III – encaminhamento a tratamento psicológico ou
XIII – ter acesso aos meios de comunicação social;
psiquiátrico;
XIV – receber assistência religiosa, segundo a sua crença,
IV – encaminhamento a cursos ou programas de
e desde que assim o deseje;
orientação;
XV – manter a posse de seus objetos pessoais e dispor
V – obrigação de matricular o filho ou pupilo e acom-
de local seguro para guardá-los, recebendo comprovante
panhar sua frequência e aproveitamento escolar;
daqueles porventura depositados em poder da entidade;
VI – obrigação de encaminhar a criança ou adolescente
XVI – receber, quando de sua desinternação, os docu-
a tratamento especializado;
mentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
VII – advertência;
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
VIII – perda da guarda;
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender tempo-
IX – destituição da tutela;
rariamente a visita, inclusive de pais ou responsável,
X – suspensão ou destituição do poder familiar158.
se existirem motivos sérios e fundados de sua preju-
Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas
dicialidade aos interesses do adolescente.
nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto
Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física nos arts. 23 e 24.
e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão
adequadas de contenção e segurança.
ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a
Capítulo V – Da Remissão autoridade judiciária poderá determinar, como medida
cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum.
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial 159
Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda,
para apuração de ato infracional, o representante do
a fixação provisória dos alimentos de que necessitem
Ministério Público poderá conceder a remissão, como
a criança ou o adolescente dependentes do agressor.
forma de exclusão do processo, atendendo às circuns-
tâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem
como à personalidade do adolescente e sua maior ou
menor participação no ato infracional.
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão
da remissão pela autoridade judiciária importará na
suspensão ou extinção do processo. 157. Conforme retificação publicada no Diário Oficial da União de 27-9-1990.
158. Expressão anterior (pátrio poder) alterada pela Lei nº 12.010, de
3-8-2009.
32
TÍTULO V – DO CONSELHO TUTELAR I – atender as crianças e adolescentes nas hipóteses

previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas pre-
Capítulo I – Disposições Gerais vistas no art. 101, I a VII;
II – atender e aconselhar os pais ou responsável, apli-
Art. 131. O conselho tutelar é órgão permanente e au-
cando as medidas previstas no art. 129, I a VII;
tônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade
III – promover a execução de suas decisões, podendo
de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e
para tanto:
do adolescente, definidos nesta lei.
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde,
Art. 132. Em cada município e em cada região ad-
160
educação, serviço social, previdência, trabalho
ministrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, e segurança;
um conselho tutelar como órgão integrante da admi- b) representar junto à autoridade judiciária nos
nistração pública local, composto de cinco membros, casos de descumprimento injustificado de suas
escolhidos pela população local para mandato de qua- deliberações.
tro anos, permitida uma recondução, mediante novo IV – encaminhar ao Ministério Público notícia de fato
processo de escolha. que constitua infração administrativa ou penal contra
os direitos da criança ou adolescente;
Art. 133. Para a candidatura a membro do conselho
V – encaminhar à autoridade judiciária os casos de
tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos:
sua competência;
I – reconhecida idoneidade moral;
VI – providenciar a medida estabelecida pela autoridade
II – idade superior a vinte e um anos;
judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para
III – residir no município.
o adolescente autor de ato infracional;
161
Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre VII – expedir notificações;
o local, dia e horário de funcionamento do conselho VIII – requisitar certidões de nascimento e de óbito de
tutelar, inclusive quanto à remuneração dos respectivos criança ou adolescente quando necessário;
membros, aos quais é assegurado o direito a: IX – assessorar o Poder Executivo local na elaboração
162
I – cobertura previdenciária; da proposta orçamentária para planos e programas de
163
II – gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
de 1/3 (um terço) do valor da remuneração mensal; X – representar, em nome da pessoa e da família, con-
164
III – licença-maternidade; tra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º,
165
IV – licença-paternidade; inciso II, da Constituição Federal;
166
V – gratificação natalina. 169
XI – representar ao Ministério Público para efeito das
167
Parágrafo único. Constará da lei orçamentária mu- ações de perda ou suspensão do poder familiar, após
nicipal e da do Distrito Federal previsão dos recursos esgotadas as possibilidades de manutenção da criança
necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar e à ou do adolescente junto à família natural.
remuneração e formação continuada dos conselheiros 170
XII – promover e incentivar, na comunidade e nos
tutelares. grupos profissionais, ações de divulgação e treinamento
para o reconhecimento de sintomas de maus-tratos em
Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro
168
crianças e adolescentes.
constituirá serviço público relevante e estabelecerá 171
Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições,
presunção de idoneidade moral.
o conselho tutelar entender necessário o afastamento
Capítulo II – Das Atribuições do Conselho do convívio familiar, comunicará incontinente o fato
ao Ministério Público, prestando-lhe informações so-
Art. 136. São atribuições do conselho tutelar:
bre os motivos de tal entendimento e as providências
160. Artigo com redação dada pela Lei nº 12.696, de 25-7-2012. tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social
161. Caput com redação dada pela Lei nº 12.696, de 25-7-2012. da família.
162. Inciso acrescido pela Lei nº 12.696, de 25-7-2012.
163. Idem.
164. Idem.
165. Idem.
166. Idem. 169. Inciso com redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
167. Parágrafo com redação dada pela Lei nº 12.696, de 25-7-2012. 170. Inciso acrescido pela Lei nº 13.046, de 1º-12-2014.
168. Artigo com redação dada pela Lei nº 12.696, de 25-7-2012. 171. Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
33
Art. 137. As decisões do conselho tutelar somente po- § 1º A assistência judiciária gratuita será prestada aos
derão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido que dela necessitarem, através de defensor público ou
de quem tenha legítimo interesse. advogado nomeado.
§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça da
Capítulo III – Da Competência
Infância e da Juventude são isentas de custas e emo-
Art. 138. Aplica-se ao conselho tutelar a regra de com- lumentos, ressalvada a hipótese de litigância de má-fé.
petência constante do art. 147.
Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão represen-
Capítulo IV – Da Escolha dos Conselheiros tados e os maiores de dezesseis e menores de vinte e um
anos176 assistidos por seus pais, tutores ou curadores,
172
Art. 139. O processo para a escolha dos membros
na forma da legislação civil ou processual.
do conselho tutelar será estabelecido em lei municipal
Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador
e realizado sob a responsabilidade do Conselho Mu-
especial à criança ou adolescente, sempre que os interesses
nicipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e a
destes colidirem com os de seus pais ou responsável, ou
fiscalização do Ministério Público.
quando carecer de representação ou assistência legal
173
§ 1º O processo de escolha dos membros do conselho
ainda que eventual.
tutelar ocorrerá em data unificada em todo o territó-
rio nacional a cada quatro anos, no primeiro domingo Art. 143. É vedada a divulgação de atos judiciais, poli-
do mês de outubro do ano subsequente ao da eleição ciais e administrativos que digam respeito a crianças e
presidencial. adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional.
174
§ 2º A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no 177
Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato
dia 10 de janeiro do ano subsequente ao processo de não poderá identificar a criança ou adolescente, vedan-
escolha. do-se fotografia, referência a nome, apelido, filiação,
175
§ 3º No processo de escolha dos membros do conselho parentesco, residência e, inclusive, iniciais do nome e
tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer sobrenome.
ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de
Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a
qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno valor.
que se refere o artigo anterior somente será deferida
Capítulo V – Dos Impedimentos pela autoridade judiciária competente, se demonstrado
o interesse e justificada a finalidade.
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo conselho
marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e Capítulo II – Da Justiça da
genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, Infância e da Juventude
tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado.
Seção I – Disposições Gerais
Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conse-
lheiro, na forma deste artigo, em relação à autoridade Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar
judiciária e ao representante do Ministério Público varas especializadas e exclusivas da infância e da ju-
com atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em ventude, cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua
exercício na comarca, foro regional ou distrital. proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las
de infraestrutura e dispor sobre o atendimento, inclu-
sive em plantões.
TÍTULO VI – DO ACESSO À JUSTIÇA
Seção II – Do Juiz
Art. 146. A autoridade a que se refere esta lei é o juiz
Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou ado- da Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa
lescente à Defensoria Pública, ao Ministério Público e função, na forma da lei de organização judiciária local.
ao Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos.
Art. 147. A competência será determinada:
I – pelo domicílio dos pais ou responsável;

173. Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.696, de 25-7-2012. 176. Cf. o Código Civil (Lei nº 10.406, de 10-1-2002), constante desta
174. Idem. publicação.
175. Idem. 177. Parágrafo com redação dada pela Lei nº 10.764, de 12-11-2003.
34
II – pelo lugar onde se encontre a criança ou adoles- e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil,
cente, à falta dos pais ou responsável. quando faltarem os pais;
§ 1º Nos casos de ato infracional, será competente a f) designar curador especial em casos de apresen-
autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as tação de queixa ou representação, ou de outros
regras de conexão, continência e prevenção. procedimentos judiciais ou extrajudiciais em
§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à que haja interesses de criança ou adolescente;
autoridade competente da residência dos pais ou res- g) conhecer de ações de alimentos;
ponsável, ou do local onde sediar-se a entidade que h) determinar o cancelamento, a retificação e o
abrigar a criança ou adolescente. suprimento dos registros de nascimento e óbito.
§ 3º Em caso de infração cometida através de transmis-
Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar,
são simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais
através de portaria, ou autorizar, mediante alvará:
de uma comarca, será competente, para aplicação da
I – a entrada e permanência de criança ou adolescente,
penalidade, a autoridade judiciária do local da sede
desacompanhado dos pais ou responsável, em:
estadual da emissora ou rede, tendo a sentença eficá-
a) estádio, ginásio e campo desportivo;
cia para todas as transmissoras ou retransmissoras do
b) bailes ou promoções dançantes;
respectivo estado.
c) boate ou congêneres;
Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é com- d) casa que explore comercialmente diversões
petente para: eletrônicas;
I – conhecer de representações promovidas pelo Minis- e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e
tério Público, para apuração de ato infracional atribuído televisão.
a adolescente, aplicando as medidas cabíveis; II – a participação de criança e adolescente em:
II – conceder a remissão, como forma de suspensão a) espetáculos públicos e seus ensaios;
ou extinção do processo; b) certames de beleza.
III – conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes; § 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade
IV – conhecer de ações civis fundadas em interesses judiciária levará em conta, dentre outros fatores:
individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao a) os princípios desta lei;
adolescente, observado o disposto no art. 209; b) as peculiaridades locais;
V – conhecer de ações decorrentes de irregularidades c) a existência de instalações adequadas;
em entidades de atendimento, aplicando as medidas d) o tipo de frequência habitual ao local;
cabíveis; e) a adequação do ambiente a eventual participação
VI – aplicar penalidades administrativas nos casos ou frequência de crianças e adolescentes;
de infrações contra norma de proteção à criança ou f) a natureza do espetáculo.
adolescente; § 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo
VII – conhecer de casos encaminhados pelo conselho deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as
tutelar, aplicando as medidas cabíveis. determinações de caráter geral.
Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou adoles-
Seção III180 – Dos Serviços Auxiliares
cente nas hipóteses do art. 98, é também competente a
Justiça da Infância e da Juventude para o fim de: Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela; proposta orçamentária, prever recursos para manuten-
b) conhecer de ações de destituição do poder fami- ção de equipe interprofissional, destinada a assessorar
liar178, perda ou modificação da tutela ou guarda; a Justiça da Infância e da Juventude.
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o
Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre
casamento;
outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação
d) conhecer de pedidos baseados em discordância
local, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos,
paterna ou materna, em relação ao exercício do
ou verbalmente, na audiência, e bem assim desenvol-
poder familiar179;
ver trabalhos de aconselhamento, orientação, enca-
minhamento, prevenção e outros, tudo sob a imediata

179. Idem. 180. Conforme retificação publicada no Diário Oficial da União de 27-9-1990.
35
subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de
manifestação do ponto de vista técnico. dez dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas
a serem produzidas e oferecendo desde logo o rol de
Capítulo III – Dos Procedimentos
testemunhas e documentos.
Seção I – Disposições Gerais 186
§ 1º A citação será pessoal, salvo se esgotados todos
os meios para sua realização.
Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta lei apli- 187
§ 2º O requerido privado de liberdade deverá ser ci-
cam-se subsidiariamente as normas gerais previstas
tado pessoalmente.
na legislação processual pertinente.
181
Parágrafo único. É assegurada, sob pena de responsabi- Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de cons-
lidade, prioridade absoluta na tramitação dos processos tituir advogado, sem prejuízo do próprio sustento e de
e procedimentos previstos nesta lei, assim como na sua família, poderá requerer, em cartório, que lhe seja
execução dos atos e diligências judiciais a eles referentes. nomeado dativo, ao qual incumbirá a apresentação de
resposta, contando-se o prazo a partir da intimação
Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não cor-
do despacho de nomeação.
responder a procedimento previsto nesta ou em outra 188
Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado
lei, a autoridade judiciária poderá investigar os fatos e
de liberdade, o oficial de justiça deverá perguntar, no
ordenar de ofício as providências necessárias, ouvido
momento da citação pessoal, se deseja que lhe seja no-
o Ministério Público.
meado defensor.
182
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
para o fim de afastamento da criança ou do adolescente Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária
de sua família de origem e em outros procedimentos requisitará de qualquer repartição ou órgão público a
necessariamente contenciosos. apresentação de documento que interesse à causa, de
ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério
Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.
Público.
Seção II – Da Perda e da Suspensão
Art. 161. Não sendo contestado o pedido, a autoridade
do Poder Familiar183
judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público,
Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão por cinco dias, salvo quando este for o requerente, de-
do poder familiar184 terá início por provocação do Mi- cidindo em igual prazo.
nistério Público ou de quem tenha legítimo interesse. 189
§ 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimen-
to das partes ou do Ministério Público, determinará a
Art. 156. A petição inicial indicará:
realização de estudo social ou perícia por equipe inter-
I – a autoridade judiciária a que for dirigida;
profissional ou multidisciplinar, bem como a oitiva de
II – o nome, o estado civil, a profissão e a residência do
testemunhas que comprovem a presença de uma das
requerente e do requerido, dispensada a qualificação
causas de suspensão ou destituição do poder familiar
em se tratando de pedido formulado por representante
previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da Lei nº 10.406, de 10
do Ministério Público;
de janeiro de 2002 (Código Civil), ou no art. 24 desta lei.
III – a exposição sumária do fato e o pedido; 190
§ 2º Em sendo os pais oriundos de comunidades indí-
IV – as provas que serão produzidas, oferecendo, desde
genas, é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe
logo, o rol de testemunhas e documentos.
profissional ou multidisciplinar referida no § 1º deste
Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade artigo, de representantes do órgão federal responsável
judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a sus- pela política indigenista, observado o disposto no § 6º
pensão do poder familiar185, liminar ou incidentalmente, do art. 28 desta lei.
até o julgamento definitivo da causa, ficando a criança
ou adolescente confiado a pessoa idônea, mediante ter-
mo de responsabilidade.
186. Parágrafo único primitivo renumerado para § 1º e com nova redação
181. Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. dada pela Lei nº 12.962, de 8-4-2014.
183. Expressão anterior (pátrio poder) alterada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 188. Idem.
184. Idem. 189. Parágrafo com redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
185. Idem. 190. Idem.
36
191
§ 3º Se o pedido importar em modificação de guarda, II – indicação de eventual parentesco do requerente
será obrigatória, desde que possível e razoável, a oiti- e de seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou
va da criança ou adolescente, respeitado seu estágio adolescente, especificando se tem ou não parente vivo;
de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as III – qualificação completa da criança ou adolescente
implicações da medida. e de seus pais, se conhecidos;
192
§ 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que esses IV – indicação do cartório onde foi inscrito nascimento,
forem identificados e estiverem em local conhecido. anexando, se possível, uma cópia da respectiva certidão;
193
§ 5º Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberda- V – declaração sobre a existência de bens, direitos ou
de, a autoridade judicial requisitará sua apresentação rendimentos relativos à criança ou ao adolescente.
para a oitiva. Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-
-se-ão também os requisitos específicos.
Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária
dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco 196
Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido
dias, salvo quando este for o requerente, designando, destituídos ou suspensos do poder familiar, ou houve-
desde logo, audiência de instrução e julgamento. rem aderido expressamente ao pedido de colocação em
§ 1º A requerimento de qualquer das partes, do Mi- família substituta, este poderá ser formulado direta-
nistério Público, ou de ofício, a autoridade judiciária mente em cartório, em petição assinada pelos próprios
poderá determinar a realização de estudo social ou, se requerentes, dispensada a assistência de advogado.
possível, de perícia por equipe interprofissional. 197
§ 1º Na hipótese de concordância dos pais, esses serão
§ 2º Na audiência, presentes as partes e o Ministério ouvidos pela autoridade judiciária e pelo representan-
Público, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se te do Ministério Público, tomando-se por termo as
oralmente o parecer técnico, salvo quando apresen- declarações.
tado por escrito, manifestando-se sucessivamente o 198
§ 2º O consentimento dos titulares do poder familiar
requerente, o requerido e o Ministério Público, pelo será precedido de orientações e esclarecimentos presta-
tempo de vinte minutos cada um, prorrogável por mais dos pela equipe interprofissional da Justiça da Infância
dez. A decisão será proferida na audiência, podendo e da Juventude, em especial, no caso de adoção, sobre
a autoridade judiciária, excepcionalmente, designar a irrevogabilidade da medida.
data para sua leitura no prazo máximo de cinco dias. 199
§ 3º O consentimento dos titulares do poder familiar
será colhido pela autoridade judiciária competente em
194
Art. 163. O prazo máximo para conclusão do pro-
audiência, presente o Ministério Público, garantida a
cedimento será de cento e vinte dias.
livre manifestação de vontade e esgotados os esforços
195
Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou
para manutenção da criança ou do adolescente na fa-
a suspensão do poder familiar será averbada à margem
mília natural ou extensa.
do registro de nascimento da criança ou do adolescente. 200
§ 4º O consentimento prestado por escrito não terá
Seção III – Da Destituição da Tutela validade se não for ratificado na audiência a que se
refere o § 3º deste artigo.
Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o 201
§ 5º O consentimento é retratável até a data da pu-
procedimento para a remoção de tutor previsto na lei
blicação da sentença constitutiva da adoção.
processual civil e, no que couber, o disposto na seção 202
§ 6º O consentimento somente terá valor se for dado
anterior.
após o nascimento da criança.
Seção IV – Da Colocação em Família Substituta 203
§ 7º A família substituta receberá a devida orientação
por intermédio de equipe técnica interprofissional a
Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos
serviço do Poder Judiciário, preferencialmente com
de colocação em família substituta:
I – qualificação completa do requerente e de seu eventual 196. Caput com redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência deste; 197. Parágrafo único primitivo renumerado para § 1º e com nova redação
192. Idem. 200. Idem.
37
apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política prevalecerá a atribuição da repartição especializada,
municipal de garantia do direito à convivência familiar. que, após as providências necessárias e conforme o
caso, encaminhará o adulto à repartição policial própria.
Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a requeri-
mento das partes ou do Ministério Público, determinará Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional co-
a realização de estudo social ou, se possível, perícia por metido mediante violência ou grave ameaça a pessoa,
equipe interprofissional, decidindo sobre a concessão a autoridade policial, sem prejuízo do disposto nos
de guarda provisória, bem como, no caso de adoção, arts. 106, parágrafo único, e 107, deverá:
sobre o estágio de convivência. I – lavrar auto de apreensão, ouvidas as testemunhas
204
Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda e o adolescente;
provisória ou do estágio de convivência, a criança ou II – apreender o produto e os instrumentos da infração;
o adolescente será entregue ao interessado, mediante III – requisitar os exames ou perícias necessários à
termo de responsabilidade. comprovação da materialidade e autoria da infração.
Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a
Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo
lavratura do auto poderá ser substituída por boletim
pericial, e ouvida, sempre que possível, a criança ou o
de ocorrência circunstanciado.
adolescente, dar-se-á vista dos autos ao Ministério Pú-
blico, pelo prazo de cinco dias, decidindo a autoridade Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou res-
judiciária em igual prazo. ponsável, o adolescente será prontamente liberado
pela autoridade policial, sob termo de compromisso e
Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela,
responsabilidade de sua apresentação ao representante
a perda ou a suspensão do poder familiar205 constituir
do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo impos-
pressuposto lógico da medida principal de colocação
sível, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela
em família substituta, será observado o procedimento
gravidade do ato infracional e sua repercussão social,
contraditório previsto nas seções II e III deste capítulo.
deva o adolescente permanecer sob internação para
Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda
garantia de sua segurança pessoal ou manutenção da
poderá ser decretada nos mesmos autos do procedi-
ordem pública.
mento, observado o disposto no art. 35.
Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial
Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á
encaminhará, desde logo, o adolescente ao representante
o disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido
do Ministério Público, juntamente com cópia do auto
no art. 47.
de apreensão ou boletim de ocorrência.
206
Parágrafo único. A colocação de criança ou adoles-
§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a autori-
cente sob a guarda de pessoa inscrita em programa de
dade policial encaminhará o adolescente à entidade de
acolhimento familiar será comunicada pela autorida-
atendimento, que fará a apresentação ao representante
de judiciária à entidade por este responsável no prazo
do Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas.
máximo de cinco dias.
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de aten-
Seção V – Da Apuração de Ato dimento, a apresentação far-se-á pela autoridade policial.
Infracional Atribuído a Adolescente À falta de repartição policial especializada, o adolescente
aguardará a apresentação em dependência separada da
Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem
destinada a maiores, não podendo, em qualquer hipó-
judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade
tese, exceder o prazo referido no parágrafo anterior.
judiciária.
Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade
Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato
policial encaminhará imediatamente ao representante
infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade
do Ministério Público cópia do auto de apreensão ou
policial competente.
boletim de ocorrência.
Parágrafo único. Havendo repartição policial especiali-
zada para atendimento de adolescente e em se tratando Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver
de ato infracional praticado em coautoria com maior, indícios de participação de adolescente na prática de
ato infracional, a autoridade policial encaminhará ao
205. Expressão anterior (pátrio poder) alterada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. representante do Ministério Público relatório das in-
206. Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. vestigações e demais documentos.
38
Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato podendo ser deduzida oralmente, em sessão diária ins-
infracional não poderá ser conduzido ou transportado talada pela autoridade judiciária.
em compartimento fechado de veículo policial, em con- § 2º A representação independe de prova pré-constituída
dições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem da autoria e materialidade.
risco à sua integridade física ou mental, sob pena de
Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a con-
responsabilidade.
clusão do procedimento, estando o adolescente inter-
Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante nado provisoriamente, será de quarenta e cinco dias.
do Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto
Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade ju-
de apreensão, boletim de ocorrência ou relatório po-
diciária designará audiência de apresentação do ado-
licial, devidamente autuados pelo cartório judicial e
lescente, decidindo, desde logo, sobre a decretação ou
com informação sobre os antecedentes do adolescente,
manutenção da internação, observado o disposto no
procederá imediata e informalmente à sua oitiva e, em
art. 108 e parágrafo.
sendo possível, de seus pais ou responsável, vítima e
§ 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão
testemunhas.
cientificados do teor da representação, e notificados a
Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o re-
comparecer à audiência, acompanhados de advogado.
presentante do Ministério Público notificará os pais ou
§ 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a
responsável para apresentação do adolescente, podendo
autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente.
requisitar o concurso das polícias civil e militar.
§ 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade
Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo judiciária expedirá mandado de busca e apreensão,
anterior, o representante do Ministério Público poderá: determinando o sobrestamento do feito, até a efetiva
I – promover o arquivamento dos autos; apresentação.
II – conceder a remissão; § 4º Estando o adolescente internado, será requisitada
III – representar à autoridade judiciária para aplicação a sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos
de medida socio-educativa. pais ou responsável.
Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou con- Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela
cedida a remissão pelo representante do Ministério autoridade judiciária, não poderá ser cumprida em
Público, mediante termo fundamentado, que conterá o estabelecimento prisional.
resumo dos fatos, os autos serão conclusos à autoridade § 1º Inexistindo na comarca entidade com as carac-
judiciária para homologação. terísticas definidas no art. 123, o adolescente deverá
§ 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a au- ser imediatamente transferido para a localidade mais
toridade judiciária determinará, conforme o caso, o próxima.
cumprimento da medida. § 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adoles-
§ 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remes- cente aguardará sua remoção em repartição policial,
sa dos autos ao procurador-geral de justiça, mediante desde que em seção isolada dos adultos e com insta-
despacho fundamentado, e este oferecerá representa- lações apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo
ção, designará outro membro do Ministério Público máximo de cinco dias, sob pena de responsabilidade.
para apresentá-la, ou ratificará o arquivamento ou a
Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou
remissão, que só então estará a autoridade judiciária
responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva
obrigada a homologar.
dos mesmos, podendo solicitar opinião de profissional
Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do qualificado.
Ministério Público não promover o arquivamento ou § 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a re-
conceder a remissão, oferecerá representação à auto- missão, ouvirá o representante do Ministério Público,
ridade judiciária, propondo a instauração de procedi- proferindo decisão.
mento para aplicação da medida socioeducativa que § 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida
se afigurar a mais adequada. de internação ou colocação em regime de semiliberdade,
§ 1º A representação será oferecida por petição, que a autoridade judiciária, verificando que o adolescente
conterá o breve resumo dos fatos e a classificação do ato não possui advogado constituído, nomeará defensor,
infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas, designando, desde logo, audiência em continuação,
39
podendo determinar a realização de diligências e es- Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a auto-
tudo do caso. ridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar
§ 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, liminarmente o afastamento provisório do dirigente
no prazo de três dias contado da audiência de apre- da entidade, mediante decisão fundamentada.
sentação, oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas.
Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no
§ 4º Na audiência em continuação, ouvidas as teste-
prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo
munhas arroladas na representação e na defesa prévia,
juntar documentos e indicar as provas a produzir.
cumpridas as diligências e juntado o relatório da equipe
interprofissional, será dada a palavra ao representante Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo ne-
do Ministério Público e ao defensor, sucessivamente, cessário, a autoridade judiciária designará audiência de
pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável instrução e julgamento, intimando as partes.
por mais dez, a critério da autoridade judiciária, que § 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o Mi-
em seguida proferirá decisão. nistério Público terão cinco dias para oferecer alegações
finais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado,
§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou de-
não comparecer, injustificadamente à audiência de
finitivo de dirigente de entidade governamental, a au-
apresentação, a autoridade judiciária designará nova
toridade judiciária oficiará à autoridade administrativa
data, determinando sua condução coercitiva.
imediatamente superior ao afastado, marcando prazo
Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou sus- para a substituição.
pensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer § 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autori-
fase do procedimento, antes da sentença. dade judiciária poderá fixar prazo para a remoção das
irregularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o
Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer
processo será extinto, sem julgamento de mérito.
medida, desde que reconheça na sentença:
§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente
I – estar provada a inexistência do fato;
da entidade ou programa de atendimento.
II – não haver prova da existência do fato;
III – não constituir o fato ato infracional; Seção VII – Da Apuração de Infração
IV – não existir prova de ter o adolescente concorrido Administrativa às Normas de Proteção
para o ato infracional. à Criança e ao Adolescente
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o
Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade
adolescente internado, será imediatamente colocado
administrativa por infração às normas de proteção à
em liberdade.
criança e ao adolescente terá início por representação
Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida do Ministério Público, ou do conselho tutelar, ou auto
de internação ou regime de semiliberdade será feita: de infração elaborado por servidor efetivo ou volun-
I – ao adolescente e ao seu defensor; tário credenciado, e assinado por duas testemunhas,
II – quando não for encontrado o adolescente, a seus se possível.
pais ou responsável, sem prejuízo do defensor. § 1º No procedimento iniciado com o auto de infração,
§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á poderão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se
unicamente na pessoa do defensor. a natureza e as circunstâncias da infração.
§ 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, § 2º Sempre que possível, à verificação da infração se-
deverá este manifestar se deseja ou não recorrer da guir-se-á a lavratura do auto, certificando-se, em caso
sentença. contrário, dos motivos do retardamento.
Seção VI – Da Apuração de Irregularidades Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apre-
em Entidade de Atendimento sentação de defesa, contado da data da intimação, que
será feita:
Art. 191. O procedimento de apuração de irregularida-
I – pelo autuante, no próprio auto, quando este for
des em entidade governamental e não governamental
lavrado na presença do requerido;
terá início mediante portaria da autoridade judiciária
II – por oficial de justiça ou funcionário legalmente ha-
ou representação do Ministério Público ou do conselho
bilitado, que entregará cópia do auto ou da representação
tutelar, onde conste, necessariamente, resumo dos fatos.
40
ao requerido, ou a seu representante legal, lavrando Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe
certidão; interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da
III – por via postal, com aviso de recebimento, se não Juventude, que deverá elaborar estudo psicossocial,
for encontrado o requerido ou seu representante legal; que conterá subsídios que permitam aferir a capaci-
IV – por edital, com prazo de trinta dias, se incerto dade e o preparo dos postulantes para o exercício de
ou não sabido o paradeiro do requerido ou de seu re- uma paternidade ou maternidade responsável, à luz
presentante legal. dos requisitos e princípios desta lei.
§ 1º É obrigatória a participação dos postulantes em
Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo
programa oferecido pela Justiça da Infância e da Ju-
legal, a autoridade judiciária dará vista dos autos do
ventude preferencialmente com apoio dos técnicos
Ministério Público, por cinco dias, decidindo em igual
responsáveis pela execução da política municipal de
prazo.
garantia do direito à convivência familiar, que inclua
Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciá- preparação psicológica, orientação e estímulo à adoção
ria procederá na conformidade do artigo anterior, ou, inter-racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com
sendo necessário, designará audiência de instrução e necessidades específicas de saúde ou com deficiências
julgamento. e de grupos de irmãos.
Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão § 2º Sempre que possível e recomendável, a etapa obriga-
sucessivamente o Ministério Público e o procurador tória da preparação referida no § 1º deste artigo incluirá
do requerido, pelo tempo de vinte minutos para cada o contato com crianças e adolescentes em regime de
um, prorrogável por mais dez, a critério da autoridade acolhimento familiar ou institucional em condições
judiciária, que em seguida proferirá sentença. de serem adotados, a ser realizado sob a orientação,
supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça da
Seção VIII207 – Da Habilitação
Infância e da Juventude, com o apoio dos técnicos res-
de Pretendentes à Adoção
ponsáveis pelo programa de acolhimento familiar ou
Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no institucional e pela execução da política municipal de
Brasil, apresentarão petição inicial na qual conste: garantia do direito à convivência familiar.
I – qualificação completa;
Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da par-
II – dados familiares;
ticipação no programa referido no art. 197-C desta lei,
III – cópias autenticadas de certidão de nascimento
a autoridade judiciária, no prazo de quarenta e oito
ou casamento, ou declaração relativa ao período de
horas, decidirá acerca das diligências requeridas pelo
união estável;
Ministério Público e determinará a juntada do estudo
IV – cópias da cédula de identidade e inscrição no Ca-
psicossocial, designando, conforme o caso, audiência
dastro de Pessoas Físicas;
de instrução e julgamento.
V – comprovante de renda e domicílio;
Parágrafo único. Caso não sejam requeridas diligências,
VI – atestados de sanidade física e mental;
ou sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária de-
VII – certidão de antecedentes criminais;
terminará a juntada do estudo psicossocial, abrindo a
VIII – certidão negativa de distribuição cível.
seguir vista dos autos ao Ministério Público, por cinco
Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de qua- dias, decidindo em igual prazo.
renta e oito horas, dará vista dos autos ao Ministério
Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será
Público, que no prazo de cinco dias poderá:
inscrito nos cadastros referidos no art. 50 desta lei,
I – apresentar quesitos a serem respondidos pela equi-
sendo a sua convocação para a adoção feita de acordo
pe interprofissional encarregada de elaborar o estudo
com ordem cronológica de habilitação e conforme a
técnico a que se refere o art. 197-C desta lei;
disponibilidade de crianças ou adolescentes adotáveis.
II – requerer a designação de audiência para oitiva dos
§ 1º A ordem cronológica das habilitações somente
postulantes em juízo e testemunhas;
poderá deixar de ser observada pela autoridade judi-
III – requerer a juntada de documentos complemen-
ciária nas hipóteses previstas no § 13 do art. 50 desta
tares e a realização de outras diligências que entender
lei, quando comprovado ser essa a melhor solução no
necessárias.
interesse do adotando.
207. Seção acrescida pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
41
§ 2º A recusa sistemática na adoção das crianças ou Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção
215
adolescentes indicados importará na reavaliação da e de destituição de poder familiar, em face da relevância

habilitação concedida. das questões, serão processados com prioridade absoluta,
devendo ser imediatamente distribuídos, ficando vedado
Capítulo IV – Dos Recursos
que aguardem, em qualquer situação, oportuna distri-
208
Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da In- buição, e serão colocados em mesa para julgamento sem
fância e da Juventude, inclusive os relativos à execução revisão e com parecer urgente do Ministério Público.
das medidas socioeducativas, adotar-se-á o sistema
Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em
216
recursal da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Có-
mesa para julgamento no prazo máximo de sessenta
digo de Processo Civil), com as seguintes adaptações:
dias, contado da sua conclusão.
I – os recursos serão interpostos independentemente
Parágrafo único. O Ministério Público será intimado
de preparo;
da data do julgamento e poderá na sessão, se entender
209
II – em todos os recursos, salvo nos embargos de
necessário, apresentar oralmente seu parecer.
declaração, o prazo para o Ministério Público e para
a defesa será sempre de dez dias; 217
Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer
III – os recursos terão preferência de julgamento e a instauração de procedimento para apuração de res-
dispensarão revisor; ponsabilidades se constatar o descumprimento das
210
IV – (revogado); providências e do prazo previstos nos artigos anteriores.
211
V – (revogado);
Capítulo V – Do Ministério Público
212
VI – (revogado);
VII – antes de determinar a remessa dos autos à supe- Art. 200. As funções do Ministério Público previstas
rior instância, no caso de apelação, ou do instrumento, nesta lei serão exercidas nos termos da respectiva lei
no caso de agravo, a autoridade judiciária proferirá orgânica.
despacho fundamentado, mantendo ou reformando a
Art. 201. Compete ao Ministério Público:
decisão, no prazo de cinco dias;
I – conceder a remissão como forma de exclusão do
VIII – mantida a decisão apelada ou agravada, o es-
processo;
crivão remeterá os autos ou o instrumento à superior
II – promover e acompanhar os procedimentos relativos
instância dentro de vinte e quatro horas, independen-
às infrações atribuídas a adolescentes;
temente de novo pedido do recorrente; se a reformar,
III – promover e acompanhar as ações de alimentos e
a remessa dos autos dependerá de pedido expresso da
os procedimentos de suspensão e destituição do poder
parte interessada ou do Ministério Público, no prazo
familiar218, nomeação e remoção de tutores, curado-
de cinco dias, contados da intimação.
res e guardiães, bem como oficiar em todos os demais
Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no procedimentos da competência da Justiça da Infância
art. 149 caberá recurso de apelação. e da Juventude;
IV – promover, de ofício ou por solicitação dos interes-
Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz
213
sados, a especialização e a inscrição de hipoteca legal e
efeito desde logo, embora sujeita a apelação, que será
a prestação de contas dos tutores, curadores e quaisquer
recebida exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se
administradores de bens de crianças e adolescentes nas
se tratar de adoção internacional ou se houver perigo
hipóteses219 do art. 98;
de dano irreparável ou de difícil reparação ao adotando.
V – promover o inquérito civil e a ação civil pública
Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer
214
para a proteção dos interesses individuais, difusos ou
dos genitores do poder familiar fica sujeita a apelação, coletivos relativos à infância e à adolescência, inclusive
que deverá ser recebida apenas no efeito devolutivo. os definidos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição
Federal;
210. Inciso revogado pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 215. Idem.
211. Idem. 216. Idem.
212. Idem. 217. Idem.
213. Artigo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 218. Expressão anterior (pátrio poder) alterada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
214. Idem. 219. Conforme retificação publicada no Diário Oficial da União de 27-9-1990.
42
VI – instaurar procedimentos administrativos e, para § 4º O representante do Ministério Público será respon-
instruí-los: sável pelo uso indevido das informações e documentos
a) expedir notificações para colher depoimentos que requisitar, nas hipóteses legais de sigilo.
ou esclarecimentos e, em caso de não compa- § 5º Para o exercício da atribuição de que trata o in-
recimento injustificado, requisitar condução ciso VIII deste artigo, poderá o representante do Mi-
coercitiva, inclusive pela polícia civil ou militar; nistério Público:
b) requisitar informações, exames, perícias e do- a) reduzir a termo as declarações do reclamante,
cumentos de autoridades municipais, estaduais instaurando o competente procedimento, sob
e federais, da administração direta ou indireta, sua presidência;
bem como promover inspeções e diligências b) entender-se diretamente com a pessoa ou auto-
investigatórias; ridade reclamada, em dia, local e horário pre-
c) requisitar informações e documentos a parti- viamente notificados ou acertados;
culares e instituições privadas; c) efetuar recomendações visando à melhoria dos
VII – instaurar sindicâncias, requisitar diligências in- serviços públicos e de relevância pública afetos à
vestigatórias e determinar a instauração de inquérito criança e ao adolescente, fixando prazo razoável
policial, para apuração de ilícitos ou infrações às normas para sua perfeita adequação.
de proteção à infância e à juventude;
Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não
VIII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias
for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público
legais assegurados às crianças e adolescentes, promo-
na defesa dos direitos e interesses de que cuida esta lei,
vendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;
hipótese em que terá vista dos autos depois das partes,
IX – impetrar mandado de segurança, de injunção e
podendo juntar documentos e requerer diligências,
habeas corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal,
usando os recursos cabíveis.
na defesa dos interesses sociais e individuais indispo-
níveis afetos à criança e ao adolescente; Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qual-
X – representar ao juízo visando à aplicação de pe- quer caso, será feita pessoalmente.
nalidade por infrações cometidas contra as normas
Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público
de proteção à infância e à juventude, sem prejuízo da
acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício
promoção da responsabilidade civil e penal do infrator,
pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado.
quando cabível;
XI – inspecionar as entidades públicas e particula- Art. 205. As manifestações processuais do representan-
res de atendimento e os programas de que trata esta te do Ministério Público deverão ser fundamentadas.
lei, adotando de pronto as medidas administrativas
Capítulo VI – Do Advogado
ou judiciais necessárias à remoção de irregularidades
porventura verificadas; Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou res-
XII – requisitar força policial, bem como a colabora- ponsável, e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse
ção dos serviços médicos, hospitalares, educacionais na solução da lide poderão intervir nos procedimentos
e de assistência social, públicos ou privados, para o de que trata esta lei, através de advogado, o qual será
desempenho de suas atribuições. intimado para todos os atos, pessoalmente ou por pu-
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações blicação oficial, respeitado o segredo de justiça.
cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária
nas mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Cons- integral e gratuita àqueles que dela necessitarem.
tituição e esta lei.
Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a
§ 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem
prática de ato infracional, ainda que ausente ou fora-
outras, desde que compatíveis com a finalidade do Mi-
gido, será processado sem defensor.
nistério Público.
§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á no-
§ 3º O representante do Ministério Público, no exercício
meado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo,
de suas funções, terá livre acesso a todo local onde se
constituir outro de sua preferência.
encontre criança ou adolescente.
§ 2º A ausência do defensor não determinará o adiamento
de nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear
43
substituto, ainda que provisoriamente, ou para o só e companhias de transporte interestaduais e interna-

efeito do ato. cionais, fornecendo-lhes todos os dados necessários à
§ 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se identificação do desaparecido.
tratar de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver
Art. 209. As ações previstas neste capítulo serão pro-
sido indicado por ocasião de ato formal com a presença
postas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a
da autoridade judiciária.
ação ou omissão, cujo juízo terá competência absoluta
Capítulo VII – Da Proteção Judicial dos para processar a causa, ressalvadas a competência da
Interesses Individuais, Difusos e Coletivos Justiça Federal e a competência originária dos tribunais
superiores.
Art. 208. Regem-se pelas disposições desta lei as ações
de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interes-
à criança e ao adolescente, referentes ao não ofereci- ses coletivos ou difusos, consideram-se legitimados
mento ou oferta irregular: concorrentemente:
I – do ensino obrigatório; I – o Ministério Público;
II – de atendimento educacional especializado aos II – a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal
portadores de deficiência; e os territórios;
III – de atendimento em creche e pré-escola às crianças III – as associações legalmente constituídas há pelo
de zero a seis anos de idade; menos um ano e que incluam entre seus fins institu-
IV – de ensino noturno regular, adequado às condições cionais a defesa dos interesses e direitos protegidos
do educando; por esta lei, dispensada a autorização da assembleia,
V – de programas suplementares de oferta de material se houver prévia autorização estatutária.
didático-escolar, transporte e assistência à saúde do § 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os
educando do ensino fundamental; Ministérios Públicos da União e dos estados na defesa
VI – de serviço de assistência social visando à proteção dos interesses e direitos de que cuida esta lei.
à família, à maternidade, à infância e à adolescência, § 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por
bem como ao amparo às crianças e adolescentes que associação legitimada, o Ministério Público ou outro
dele necessitem; legitimado poderá assumir a titularidade ativa.
VII – de acesso às ações e serviços de saúde;
Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão to-
VIII – de escolarização e profissionalização dos ado-
mar dos interessados compromisso de ajustamento de
lescentes privados de liberdade;
sua conduta às exigências legais, o qual terá eficácia de
220
IX – de ações, serviços e programas de orientação,
título executivo extrajudicial.
apoio e promoção social de famílias e destinados ao
pleno exercício do direito à convivência familiar por Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses prote-
crianças e adolescentes. gidos por esta lei, são admissíveis todas as espécies de
221
X – de programas de atendimento para a execução ações pertinentes.
das medidas socioeducativas e aplicação de medidas § 1º Aplicam-se às ações previstas neste capítulo as
de proteção. normas do Código de Processo Civil.
222
§ 1º As hipóteses previstas neste artigo não excluem da § 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública
proteção judicial outros interesses individuais, difusos ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições
ou coletivos, próprios da infância e da adolescência, do poder público, que lesem direito líquido e certo
protegidos pela Constituição e pela lei. previsto nesta lei, caberá ação mandamental, que se
223
§ 2º A investigação do desaparecimento de crianças regerá pelas normas da lei do mandado de segurança.
ou adolescentes será realizada imediatamente após no-
Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento
tificação aos órgãos competentes, que deverão comu-
de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a
nicar o fato aos portos, aeroportos, Polícia Rodoviária
tutela específica da obrigação ou determinará provi-
dências que assegurem o resultado prático equivalente
220. Inciso acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. ao do adimplemento.
221. Inciso acrescido pela Lei nº 12.594, de 18-1-2012. § 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e ha-
222. Parágrafo único primitivo renumerado para § 1º pela Lei nº 11.259,
de 20-12-2005. vendo justificado receio de ineficácia do provimento
44
final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor públi-
ou após justificação prévia, citando o réu. co deverá provocar a iniciativa do Ministério Público,
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior prestando-lhe informações sobre fatos que constituam
ou na sentença, impor multa diária ao réu, indepen- objeto de ação civil, e indicando-lhe os elementos de
dentemente de pedido do autor, se for suficiente ou convicção.
compatível com a obrigação, fixando prazo razoável
Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e
para o cumprimento do preceito.
tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam
§ 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito
ensejar a propositura de ação civil, remeterão peças
em julgado da sentença favorável ao autor, mas será
ao Ministério Público para as providências cabíveis.
devida desde o dia em que se houver configurado o
descumprimento. Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado
poderá requerer às autoridades competentes as certi-
Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo
dões e informações que julgar necessárias, que serão
gerido pelo Conselho dos Direitos da Criança e do
fornecidas no prazo de quinze dias.
Adolescente do respectivo município.
§ 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua
trânsito em julgado da decisão serão exigidas através presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer
de execução promovida pelo Ministério Público, nos pessoa, organismo público ou particular, certidões,
mesmos autos, facultada igual iniciativa aos demais informações, exames ou perícias, no prazo que assi-
legitimados. nalar, o qual não poderá ser inferior a dez dias úteis.
§ 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o di- § 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas
nheiro ficará depositado em estabelecimento oficial de as diligências, se convencer da inexistência de funda-
crédito, em conta com correção monetária. mento para a propositura da ação cível, promoverá o
arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças
Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos
informativas, fazendo-o fundamentadamente.
recursos, para evitar dano irreparável à parte.
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação
Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em
condenação ao poder público, o juiz determinará a re- falta grave, no prazo de três dias, ao Conselho Superior
messa de peças à autoridade competente, para apuração do Ministério Público.
da responsabilidade civil e administrativa do agente a § 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção
que se atribua a ação ou omissão. de arquivamento, em sessão do Conselho Superior do
Ministério Público, poderão as associações legitimadas
Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado
apresentar razões escritas ou documentos, que serão
da sentença condenatória sem que a associação autora
juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças
lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério
de informação.
Público, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
§ 4º A promoção de arquivamento será submetida a
Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pa- exame e deliberação do Conselho Superior do Ministério
gar ao réu os honorários advocatícios arbitrados na Público, conforme dispuser o seu regimento.
conformidade do § 4º do art. 20 da Lei nº 5.869, de 11 § 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a
de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), quando promoção de arquivamento, designará, desde logo, outro
reconhecer que a pretensão é manifestamente infundada. órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação.
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a as-
Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber,
sociação autora e os diretores responsáveis pela pro-
as disposições da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985.
positura da ação serão solidariamente condenados ao
décuplo das custas, sem prejuízo de responsabilidade
por perdas e danos.
Art. 219. Nas ações de que trata este capítulo, não ha-
verá adiantamento de custas, emolumentos, honorários
periciais e quaisquer outras despesas.
45
TÍTULO VII – DOS CRIMES E DAS Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autori-
INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS dade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento:
Pena – detenção de seis meses a dois anos.
Capítulo I – Dos Crimes 224
Art. 233. (Revogado.)
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa
Art. 225. Este capítulo dispõe sobre crimes praticados causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou
contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegali-
sem prejuízo do disposto na legislação penal. dade da apreensão:
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta lei as
normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fi-
processo, as pertinentes ao Código de Processo Penal. xado nesta lei em benefício de adolescente privado de
liberdade:
Art. 227. Os crimes definidos nesta lei são de ação
pública incondicionada.
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade
Seção II – Dos Crimes em Espécie
judiciária, membro do conselho tutelar ou represen-
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente tante do Ministério Público no exercício de função
de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de prevista nesta lei:
manter registro das atividades desenvolvidas, na forma Pena – detenção de seis meses a dois anos.
e prazo referidos no art. 10 desta lei, bem como de for-
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de
necer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da
quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem
alta médica, declaração de nascimento, onde constem
judicial, com o fim de colocação em lar substituto:
as intercorrências do parto e do desenvolvimento do
Pena – reclusão de dois a seis anos, e multa.
neonato:
Pena – detenção de seis meses a dois anos. Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou
Parágrafo único. Se o crime é culposo: pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa:
Pena – detenção de dois a seis meses, ou multa. Pena – reclusão de um a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente
ou efetiva a paga ou recompensa.
de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de
identificar corretamente o neonato e a parturiente, Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato
por ocasião do parto, bem como deixar de proceder destinado ao envio de criança ou adolescente para o
aos exames referidos no art. 10 desta lei: exterior com inobservância das formalidades legais ou
Pena – detenção de seis meses a dois anos. com o fito de obter lucro:
Parágrafo único. Se o crime é culposo: Pena – reclusão de quatro a seis anos, e multa.
Pena – detenção de dois a seis meses, ou multa. 225
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave
ameaça ou fraude:
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua li-
Pena – reclusão, de seis a oito anos, além da pena cor-
berdade, procedendo à sua apreensão sem estar em
respondente à violência.
flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita
da autoridade judiciária competente: 226
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar
Pena – detenção de seis meses a dois anos. ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente:
à apreensão sem observância das formalidades legais. 227
Pena – reclusão, de quatro a oito anos, e multa.
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela
apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata
comunicação à autoridade judiciária competente e à
224. Artigo revogado pela Lei nº 9.455, de 7-4-1997.
família do apreendido ou à pessoa por ele indicada:
225. Parágrafo único acrescido pela Lei nº 10.764, de 12-11-2003.
Pena – detenção de seis meses a dois anos. 226. Caput com redação dada pela Lei nº 11.829, de 25-11-2008.
227. Pena com redação dada pela Lei nº 11.829, de 25-11-2008.
46
228
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem agencia, faci- que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
lita, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia envolvendo criança ou adolescente:
a participação de criança ou adolescente nas cenas Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
referidas no caput deste artigo, ou ainda quem com § 1º A pena é diminuída de um a dois terços se de pe-
esses contracena. quena quantidade o material a que se refere o caput
229
§ 2º Aumenta-se a pena de um terço se o agente deste artigo.
comete o crime: § 2º Não há crime se a posse ou o armazenamento tem
230
I – no exercício de cargo ou função pública ou a a finalidade de comunicar às autoridades competentes
pretexto de exercê-la; a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241,
231
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de co- 241-A e 241-C desta lei, quando a comunicação for
abitação ou de hospitalidade; ou feita por:
232
III – prevalecendo-se de relações de parentesco con- I – agente público no exercício de suas funções;
sanguíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de II – membro de entidade, legalmente constituída, que
tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de inclua, entre suas finalidades institucionais, o rece-
quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre bimento, o processamento e o encaminhamento de
ela, ou com seu consentimento. notícia dos crimes referidos neste parágrafo;
III – representante legal e funcionários responsáveis
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo
233
de provedor de acesso ou serviço prestado por meio de
ou outro registro que contenha cena de sexo explícito
rede de computadores, até o recebimento do material
ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
relativo à notícia feita à autoridade policial, ao Minis-
Pena – reclusão, de quatro a oito anos, e multa.
tério Público ou ao Poder Judiciário.
234
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, trans- § 3º As pessoas referidas no § 2º deste artigo deverão
mitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer manter sob sigilo o material ilícito referido.
meio, inclusive por meio de sistema de informática
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou
236
ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que
adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica en-
por meio de adulteração, montagem ou modificação
volvendo criança ou adolescente:
de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de repre-
Pena – reclusão, de três a seis anos, e multa.
sentação visual:
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
Pena – reclusão, de um a três anos, e multa.
I – assegura os meios ou serviços para o armazena-
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem ven-
mento das fotografias, cenas ou imagens de que trata
de, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou
o caput deste artigo;
divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de
o material produzido na forma do caput deste artigo.
computadores às fotografias, cenas ou imagens de que
trata o caput deste artigo. 237
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger,
§ 2º As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1º por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim
deste artigo são puníveis quando o responsável legal de com ela praticar ato libidinoso:
pela prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa Pena – reclusão, de um a três anos, e multa.
de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
o caput deste artigo. I – facilita ou induz o acesso à criança de material
contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qual-
235
o fim de com ela praticar ato libidinoso;
quer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro
II – pratica as condutas descritas no caput deste arti-
go com o fim de induzir criança a se exibir de forma
228. Parágrafo com redação dada pela Lei nº 11.829, de 25-11-2008. pornográfica ou sexualmente explícita.
229. Idem.
230. Inciso com redação dada pela Lei nº 11.829, de 25-11-2008. Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta lei,
238
231. Idem. a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica”

233. Artigo com redação dada pela Lei nº 11.829, de 25-11-2008. 236. Idem.
235. Idem. 238. Idem.
47
compreende qualquer situação que envolva criança ou Capítulo II – Das Infrações Administrativas
adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável
simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma crian-
por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino
ça ou adolescente para fins primordialmente sexuais.
fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente
239
autoridade competente os casos de que tenha conheci-
ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente mento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-
arma, munição ou explosivo: -tratos contra criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de três a seis anos. Pena – multa de três a vinte salários de referência,
aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
240
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou en-
tregar, ainda que gratuitamente, de qualquer forma, Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de enti-
a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem dade de atendimento o exercício dos direitos constantes
justa causa, outros produtos cujos componentes possam nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta lei:
causar dependência física ou psíquica: Pena – multa de três a vinte salários de referência,
Pena – detenção de dois a quatro anos, e multa, se o aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
fato não constitui crime mais grave.
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem auto-
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou rização devida, por qualquer meio de comunicação,
entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente nome, ato ou documento de procedimento policial,
fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, administrativo ou judicial relativo a criança ou ado-
pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar lescente a que se atribua ato infracional:
qualquer dano físico em caso de utilização indevida: Pena – multa de três a vinte salários de referência,
Pena – detenção de seis meses a dois anos, e multa. aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou par-
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como
241
cialmente, fotografia de criança ou adolescente envol-
tais definidos no caput do art. 2º desta lei, à prostituição
vido em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe
ou à exploração sexual:
diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribu-
Pena – reclusão de quatro a dez anos, e multa.
ídos, de forma a permitir sua identificação, direta ou
§ 1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o ge-
indiretamente.
rente ou o responsável pelo local em que se verifique a
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou
submissão de criança ou adolescente às práticas referidas
emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista
no caput deste artigo.
neste artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a
§ 2º Constitui efeito obrigatório da condenação a cas-
apreensão da publicação ou a suspensão da programação
sação da licença de localização e de funcionamento do
da emissora até por dois dias, bem como da publicação
estabelecimento.
do periódico até por dois números243.
242
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de
Art. 248. Deixar de apresentar à autoridade judiciária
menor de dezoito anos, com ele praticando infração
de seu domicílio, no prazo de cinco dias, com o fim
penal ou induzindo-o a praticá-la:
de regularizar a guarda, adolescente trazido de outra
Pena – reclusão, de um a quatro anos.
comarca para a prestação de serviço doméstico, mesmo
§ 1º Incorre nas penas previstas no caput deste artigo
que autorizado pelos pais ou responsável:
quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se
Pena – multa de três a vinte salários de referência,
de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de ba-
aplicando-se o dobro em caso de reincidência, inde-
te-papo da internet.
pendentemente das despesas de retorno do adolescente,
§ 2º As penas previstas no caput deste artigo são aumen-
se for o caso.
tadas de um terço no caso de a infração cometida ou
induzida estar incluída no rol do art. 1º da Lei nº 8.072,
de 25 de julho de 1990.
239. Artigo com redação dada pela Lei nº 10.764, de 12-11-2003.

243. Expressão declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal
241. Artigo acrescido pela Lei nº 9.975, de 23-6-2000. Federal (STF), no julgamento da Adin nº 869-2/DF, publicada no Diário
242. Artigo acrescido pela Lei nº 12.015, de 7-8-2009. da Justiça, Seção 1, de 4-6-2004, p. 28.
48
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os de- poderá determinar a suspensão da programação da
veres inerentes ao poder familiar244 ou decorrente de emissora por até dois dias.
tutela ou guarda, bem assim determinação da autoridade
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere
judiciária ou conselho tutelar:
classificado pelo órgão competente como inadequado
às crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo:
Pena – multa de vinte a cem salários de referência; na
245
Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacom- reincidência, a autoridade poderá determinar a suspen-
panhado dos pais ou responsável, ou sem autorização são do espetáculo ou o fechamento do estabelecimento
escrita desses ou da autoridade judiciária, em hotel, por até quinze dias.
pensão, motel ou congênere:
Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente
246
Pena – multa.
fita de programação em vídeo, em desacordo com a
247
§ 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena
classificação atribuída pelo órgão competente:
de multa, a autoridade judiciária poderá determinar o
Pena – multa de três a vinte salários de referência; em
fechamento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias.
caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá
248
§ 2º Se comprovada a reincidência em período inferior
determinar o fechamento do estabelecimento por até
a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente
quinze dias.
fechado e terá sua licença cassada.
Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qual-
e 79 desta lei:
quer meio, com inobservância do disposto nos arts. 83,
84 e 85 desta lei:
duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem
prejuízo de apreensão da revista ou publicação.
Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetá-
o empresário de observar o que dispõe esta lei sobre o
culo público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso,
acesso de criança ou adolescente aos locais de diversão,
à entrada do local de exibição, informação destacada
ou sobre sua participação no espetáculo:
sobre a natureza da diversão ou espetáculo e a faixa
Pena – multa de três a vinte salários de referência; em
etária especificada no certificado de classificação:
caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá
determinar o fechamento do estabelecimento por até
quinze dias.
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer
Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de pro-
249
representações ou espetáculos, sem indicar os limites
videnciar a instalação e operacionalização dos cadastros
de idade a que não se recomendem:
previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta lei:
Pena – multa de mil reais a três mil reais.
duplicada em caso de reincidência, aplicável, separada-
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autori-
mente, à casa de espetáculo e aos órgãos de divulgação
dade que deixa de efetuar o cadastramento de crianças
ou publicidade.
e de adolescentes em condições de serem adotadas, de
Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, pessoas ou casais habilitados à adoção e de crianças e
espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem adolescentes em regime de acolhimento institucional
aviso de sua classificação: ou familiar.
Pena – multa de vinte a cem salários de referência; du-
Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente
250
plicada em caso de reincidência a autoridade judiciária
de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de
efetuar imediato encaminhamento à autoridade judi-
ciária de caso de que tenha conhecimento de mãe ou
244. Expressão anterior (pátrio poder) alterada pela Lei nº 12.010, de
3-8-2009. gestante interessada em entregar seu filho para adoção:
245. Caput com redação dada pela Lei nº 12.038, de 1º-10-2009. Pena – multa de mil reais a três mil reais.
246. Pena com redação dada pela Lei nº 12.038, de 1º-10-2009.
247. Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.038, de 1º-10-2009. 249. Artigo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
248. Idem. 250. Idem.
49
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário utilização, através de planos de aplicação das doações
de programa oficial ou comunitário destinado à garantia subsidiadas e demais receitas, aplicando necessaria-
do direito à convivência familiar que deixa de efetuar mente percentual para incentivo ao acolhimento, sob
a comunicação referida no caput deste artigo. a forma de guarda, de criança ou adolescente, órfãos
ou abandonado, na forma do disposto no art. 227, § 3º,
Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no
251
VI, da Constituição Federal.
inciso II do art. 81. 257
§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério
Pena – multa de três mil reais a dez mil reais.
da Economia, Fazenda e Planejamento, regulamenta-
Medida administrativa – interdição do estabelecimento
rá a comprovação das doações feitas aos fundos, nos
comercial até o recolhimento da multa aplicada.
termos deste artigo.
258
§ 4º O Ministério Público determinará em cada co-
DISPOSIÇÕES FINAIS E marca a forma de fiscalização da aplicação, pelo Fundo
TRANSITÓRIAS Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente,
dos incentivos fiscais referidos neste artigo.
Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados 259
§ 5º Observado o disposto no § 4º do art. 3º da Lei
da publicação deste estatuto, elaborará projeto de lei
nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, a dedução de que
dispondo sobre a criação ou adaptação de seus órgãos às
trata o inciso I do caput:
diretrizes da política de atendimento fixadas no art. 88 260
I – será considerada isoladamente, não se submetendo
e ao que estabelece o Título V do Livro II.
a limite em conjunto com outras deduções do imposto; e
Parágrafo único. Compete aos estados e municípios 261
II – não poderá ser computada como despesa ope-
promoverem a adaptação de seus órgãos e programas
racional na apuração do lucro real.
às diretrizes e princípios estabelecidos nesta lei.
262
Art. 260-A A partir do exercício de 2010, ano-calen-
252
Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações
dário de 2009, a pessoa física poderá optar pela doação
aos fundos dos direitos da criança e do adolescente na-
de que trata o inciso II do caput do art. 260 diretamente
cional, distrital, estaduais ou municipais, devidamente
em sua Declaração de Ajuste Anual.
comprovadas, sendo essas integralmente deduzidas
§ 1º A doação de que trata o caput poderá ser deduzida
do imposto de renda, obedecidos os seguintes limites:
até os seguintes percentuais aplicados sobre o imposto
253
I – 1% (um por cento) do imposto sobre a renda de-
apurado na declaração:
vido apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com 263
I – (vetado);
base no lucro real; e 264
II – (vetado);
254
II – 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda
III – 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012.
apurado pelas pessoas físicas na Declaração de Ajuste
§ 2º A dedução de que trata o caput:
Anual, observado o disposto no art. 22 da Lei nº 9.532,
I – está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do im-
de 10 de dezembro de 1997.
posto sobre a renda apurado na declaração de que trata
255
§ 1º (Revogado.)
o inciso II do caput do art. 260;
256
§ 1º-A. Na definição das prioridades a serem atendi-
II – não se aplica à pessoa física que:
das com os recursos captados pelos fundos nacional,
a) utilizar o desconto simplificado;
estaduais e municipais dos direitos da criança e do
b) apresentar declaração em formulário; ou
adolescente, serão consideradas as disposições do Plano
c) entregar a declaração fora do prazo;
Nacional de Promoção, Proteção e Defesa dos Direitos
III – só se aplica às doações em espécie; e
de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar,
bem como as regras e princípios relativos à garantia
do direito à convivência familiar previstos nesta lei.
§ 2º Os conselhos municipais, estaduais e nacional dos 258. Idem.
direitos da criança e do adolescente fixarão critérios de 259. Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009, e com redação
251. Artigo acrescido pela Lei nº 13.106, de 17-3-2015. 260. Inciso acrescido pela Lei nº 12.594, de 18-1-2012.
253. Inciso com redação dada pela Lei nº 12.594, de 18-1-2012. 262. Artigo acrescido pela Lei nº 12.594, de 18-1-2012.
254. Idem. 263. Inciso proposto e vetado no projeto que foi transformado na Lei nº
255. Parágrafo revogado pela Lei nº 9.532, de 10-12-1997. 12.594, de 18-1-2012.
50
IV – não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções V – ano-calendário a que se refere a doação.
em vigor. § 1º O comprovante de que trata o caput deste artigo
§ 3º O pagamento da doação deve ser efetuado até a pode ser emitido anualmente, desde que discrimine
data de vencimento da primeira quota ou quota única os valores doados mês a mês.
do imposto, observadas instruções específicas da Se- § 2º No caso de doação em bens, o comprovante deve
cretaria da Receita Federal do Brasil. conter a identificação dos bens, mediante descrição em
§ 4º O não pagamento da doação no prazo estabelecido campo próprio ou em relação anexa ao comprovante,
no § 3º implica a glosa definitiva desta parcela de dedu- informando também se houve avaliação, o nome, CPF
ção, ficando a pessoa física obrigada ao recolhimento ou CNPJ e endereço dos avaliadores.
da diferença de imposto devido apurado na Declaração 268
Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o do-
de Ajuste Anual com os acréscimos legais previstos
ador deverá:
na legislação.
I – comprovar a propriedade dos bens, mediante do-
§ 5º A pessoa física poderá deduzir do imposto apu-
cumentação hábil;
rado na Declaração de Ajuste Anual as doações feitas,
II – baixar os bens doados na declaração de bens e
no respectivo ano-calendário, aos fundos controlados
direitos, quando se tratar de pessoa física, e na escri-
pelos conselhos dos direitos da criança e do adolescente
turação, no caso de pessoa jurídica; e
municipais, distrital, estaduais e nacional concomitan-
III – considerar como valor dos bens doados:
temente com a opção de que trata o caput, respeitado
a) para as pessoas físicas, o valor constante da úl-
o limite previsto no inciso II do art. 260.
tima declaração do imposto de renda, desde que
265
Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260 não exceda o valor de mercado;
poderá ser deduzida: b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos
I – do imposto devido no trimestre, para as pessoas bens.
jurídicas que apuram o imposto trimestralmente; e Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não
II – do imposto devido mensalmente e no ajuste anu- será considerado na determinação do valor dos bens
al, para as pessoas jurídicas que apuram o imposto doados, exceto se o leilão for determinado por autori-
anualmente. dade judiciária.
Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro
Art. 260-F. Os documentos a que se referem os
269
do período a que se refere a apuração do imposto.
arts. 260-D e 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte
266
Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta por um prazo de cinco anos para fins de comprovação
lei podem ser efetuadas em espécie ou em bens. da dedução perante a Receita Federal do Brasil.
Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie devem 270
Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administra-
ser depositadas em conta específica, em instituição
ção das contas dos fundos dos direitos da criança e do
financeira pública, vinculadas aos respectivos fundos
adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais
de que trata o art. 260.
devem:
267
Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administra- I – manter conta bancária específica destinada exclu-
ção das contas dos fundos dos direitos da criança e do sivamente a gerir os recursos do Fundo;
adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais II – manter controle das doações recebidas; e
devem emitir recibo em favor do doador, assinado por III – informar anualmente à Secretaria da Receita Federal
pessoa competente e pelo presidente do conselho cor- do Brasil as doações recebidas mês a mês, identificando
respondente, especificando: os seguintes dados por doador:
I – número de ordem; a) nome, CNPJ ou CPF;
II – nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) b) valor doado, especificando se a doação foi em
e endereço do emitente; espécie ou em bens.
III – nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF)
do doador;
IV – data da doação e valor efetivamente recebido; e
266. Idem. 269. Idem.
267. Idem. 270. Idem.
51
Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obri-

271
Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil
275
gações previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita expedirá as instruções necessárias à aplicação do dis-
Federal do Brasil dará conhecimento do fato ao Mi- posto nos arts. 260 a 260-K.
nistério Público.
Art. 261. À falta dos conselhos municipais dos direitos
272
Art. 260-I. Os conselhos dos direitos da criança e do da criança e do adolescente, os registros, inscrições e
adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais alterações a que se referem os arts. 90, parágrafo úni-
divulgarão amplamente à comunidade: co, e 91 desta lei serão efetuados perante a autoridade
I – o calendário de suas reuniões; judiciária da comarca a que pertencer a entidade.
II – as ações prioritárias para aplicação das políticas Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar
de atendimento à criança e ao adolescente; aos estados e municípios, e os estados aos municípios,
III – os requisitos para a apresentação de projetos a os recursos referentes aos programas e atividades pre-
serem beneficiados com recursos dos fundos dos di- vistos nesta lei, tão logo estejam criados os conselhos
reitos da criança e do adolescente nacional, estaduais, dos direitos da criança e do adolescente nos seus res-
distrital ou municipais; pectivos níveis.
IV – a relação dos projetos aprovados em cada ano-ca-
Art. 262. Enquanto não instalados os conselhos tute-
lendário e o valor dos recursos previstos para imple-
lares, as atribuições a eles conferidas serão exercidas
mentação das ações, por projeto;
pela autoridade judiciária.
V – o total dos recursos recebidos e a respectiva destina-
[...]
ção, por projeto atendido, inclusive com cadastramento
na base de dados do Sistema de Informações sobre a Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da
Infância e a Adolescência; e União, da administração direta ou indireta, inclusive
VI – a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados fundações instituídas e mantidas pelo poder público
com recursos dos fundos dos direitos da criança e do federal promoverão edição popular do texto integral
adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais. deste estatuto, que será posto à disposição das escolas
e das entidades de atendimento e de defesa dos direitos
Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em
273
da criança e do adolescente.
cada comarca, a forma de fiscalização da aplicação dos
incentivos fiscais referidos no art. 260 desta lei. Art. 266. Esta lei entra em vigor noventa dias após
Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos sua publicação.
arts. 260-G e 260-I sujeitará os infratores a responder Parágrafo único. Durante o período de vacância deverão
por ação judicial proposta pelo Ministério Público, que ser promovidas atividades e campanhas de divulgação
poderá atuar de ofício, a requerimento ou representação e esclarecimentos acerca do disposto nesta lei.
de qualquer cidadão.
Art. 267. Revogam-se as Leis nos 4.513, de 1964, e 6.697,
274
Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da de 10 de outubro de 1979 (Código de Menores), e as
Presidência da República (SDH/PR) encaminhará à demais disposições em contrário.
Secretaria da Receita Federal do Brasil, até 31 de ou-
Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da Independência e
tubro de cada ano, arquivo eletrônico contendo a rela-
102º da República.
ção atualizada dos fundos dos direitos da criança e do
adolescente nacional, distrital, estaduais e municipais, FERNANDO COLLOR
com a indicação dos respectivos números de inscrição Bernardo Cabral
no CNPJ e das contas bancárias específicas mantidas Carlos Chiarelli
em instituições financeiras públicas, destinadas exclu- Antônio Magri
sivamente a gerir os recursos dos fundos. Margarida Procópio
271. Artigo acrescido pela Lei nº 12.594, de 18-1-2012.

272. Idem.
273. Idem.
274. Idem. 275. Idem.
52
LEGISLAÇÃO CORRELATA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA 278

I – educação básica obrigatória e gratuita dos quatro
FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988276 aos dezessete anos de idade, assegurada inclusive sua
oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram
acesso na idade própria;
[Dispositivos constitucionais sobre criança e adolescente] 279
II – progressiva universalização do ensino médio
gratuito;
[...]
[...]
TÍTULO II – DOS DIREITOS E 280
IV – educação infantil, em creche e pré-escola, às
GARANTIAS FUNDAMENTAIS crianças até cinco anos de idade;
[...]
[...]
Capítulo V – Da Comunicação Social
Capítulo II – Dos Direitos Sociais
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a
[...]
expressão e a informação, sob qualquer forma, processo
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado
além de outros que visem à melhoria de sua condição o disposto nesta Constituição.
social: [...]
[...] § 3º Compete à lei federal:
277
XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso [...]
ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer tra- II – estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e
balho a menores de dezesseis anos, salvo na condição à família a possibilidade de se defenderem de programas
de aprendiz, a partir de quatorze anos; ou programações de rádio e televisão que contrariem
[...] o disposto no art. 221, bem como da propaganda de
produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos
TÍTULO VIII – DA ORDEM SOCIAL
à saúde e ao meio ambiente.
[...] [...]
Capítulo II – Da Seguridade Social Art. 221. A produção e a programação das emissoras
de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:
[...]
[...]
Seção IV – Da Assistência Social IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e
da família.
Art. 203. A assistência social será prestada a quem
[...]
dela necessitar, independentemente de contribuição à
seguridade social, e tem por objetivos: Capítulo VII – Da Família, da Criança,
I – a proteção à família, à maternidade, à infância, à do Adolescente, do Jovem e do Idoso281
adolescência e à velhice;
[...]
II – o amparo às crianças e adolescentes carentes;
[...] 282
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Es-
tado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem,
Capítulo III – Da Educação, da
com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
Cultura e do Desporto
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionaliza-
Seção I – Da Educação ção, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
[...] 278. Inciso com redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de
11-11-2009.
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efe- 279. Inciso com redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de
tivado mediante a garantia de: 13-9-1996.
280. Inciso com redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de
19-12-2006.
276. Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, Anexo, de 5 de ou- 281. Denominação do capítulo com redação dada pela Emenda Consti-
tubro de 1988. tucional nº 65, de 13-7-2010.
277. Inciso com redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 282. C aput com redação dada pela Emenda Constitucional nº 65, de
15-12-1998. 13-7-2010.
54
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7

a salvo de toda forma de negligência, discriminação, DE DEZEMBRO DE 1940287
exploração, violência, crueldade e opressão.
283
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência
[Institui o] Código Penal.
integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem,
admitida a participação de entidades não governamen-
[...]
tais, mediante políticas específicas e obedecendo aos
seguintes preceitos: PARTE GERAL
[...]
[...]
284
II – criação de programas de prevenção e atendi-
mento especializado para as pessoas portadoras de TÍTULO V – DAS PENAS
deficiência física, sensorial ou mental, bem como de
[...]
integração social do adolescente e do jovem portador
de deficiência, mediante o treinamento para o traba- Capítulo III – Da Aplicação da Pena
lho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens
[...]
e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos
arquitetônicos e de todas as formas de discriminação. Circunstâncias agravantes
[...] 288
Art. 61. São circunstâncias que sempre agravam a
§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguin-
pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
tes aspectos:
[...]
[...] 289
II – ter o agente cometido o crime:
285
III – garantia de acesso do trabalhador adolescente
[...]
e jovem à escola; 290
h) contra criança, maior de sessenta anos, enfermo
[...]
ou mulher grávida;
VI – estímulo do Poder Público, através de assistência
[...]
jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da
lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança TÍTULO VIII – DA EXTINÇÃO
ou adolescente órfão ou abandonado; DA PUNIBILIDADE
286
VII – programas de prevenção e atendimento especia-
[...]
lizado à criança, ao adolescente e ao jovem dependente
de entorpecentes e drogas afins. Termo inicial da prescrição antes de
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a transitar em julgado a sentença final
exploração sexual da criança e do adolescente. 291
Art. 111. A prescrição, antes de transitar em julgado
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na
a sentença final, começa a correr:
forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua
[...]
efetivação por parte de estrangeiros. 292
V – nos crimes contra a dignidade sexual de crianças
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento,
e adolescentes, previstos neste código ou em legislação
ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualifica-
especial, da data em que a vítima completar dezoito
ções, proibidas quaisquer designações discriminatórias
anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a
relativas à filiação.
ação penal.
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do adoles-
[...]
cente levar-se-á em consideração o disposto no art. 204.
[...]
287. Publicado no Diário Oficial da União, Seção 1, de 31 de dezembro

de 1940.
283. Parágrafo com redação dada pela Emenda Constitucional nº 65,
de 13-7-2010. 288. Caput com redação dada pela Lei nº 7.209, de 11-7-1984.
284. Inciso com redação dada pela Emenda Constitucional nº 65, de 289. Inciso com redação dada pela Lei nº 7.209, de 11-7-1984.
13-7-2010. 290. Alínea com redação dada pela Lei nº 10.741, de 1º-10-2003.
285. Idem. 291. Caput com redação dada pela Lei nº 7.209, de 11-7-1984.
286. Idem. 292. Inciso acrescido pela Lei nº 12.650, de 17-5-2012.
55
PARTE ESPECIAL TÍTULO VI – DOS CRIMES CONTRA

A DIGNIDADE SEXUAL296
TÍTULO I – DOS CRIMES
CONTRA A PESSOA [...]
[...] Capítulo II – Dos Crimes Sexuais
contra Vulnerável297
Capítulo III – Da Periclitação
da Vida e da Saúde Sedução
[...] 298
Art. 217. (Revogado.)
Omissão de socorro 299
Estupro de vulnerável
Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando possível 300
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro
fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou ex- ato libidinoso com menor de catorze anos:
traviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo Pena – reclusão, de oito a quinze anos.
ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses § 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações des-
casos, o socorro da autoridade pública: critas no caput com alguém que, por enfermidade ou
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa. deficiência mental, não tem o necessário discernimento
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa,
da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e não pode oferecer resistência.
triplicada, se resulta a morte. § 2º (Vetado.)
[...] § 3º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza
grave:
Capítulo VI – Dos Crimes contra
Pena – reclusão, de dez a vinte anos.
a Liberdade Individual
§ 4º Se da conduta resulta morte:
Seção I – Dos Crimes contra Pena – reclusão, de doze a trinta anos.
a Liberdade Pessoal
Corrupção de menores
[...] 301
Art. 218. Induzir alguém menor de catorze anos a
Redução a condição análoga à de escravo satisfazer a lascívia de outrem:
302
Pena – reclusão, de dois a cinco anos.
293
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de 303
Parágrafo único. (Vetado.)
escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou
a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições de- Satisfação de lascívia mediante
304
gradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer presença de criança ou adolescente

meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor
305
o empregador ou preposto:
de catorze anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção
294
Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa, além
carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer las-
da pena correspondente à violência.
cívia própria ou de outrem:
[...]
295
§ 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é
cometido: 296. Denominação do título com redação dada pela Lei nº 12.015, de
7-8-2009.
I – contra criança ou adolescente; 297. Denominação do capítulo com redação dada pela Lei nº 12.015,
[...] de 7-8-2009.
298. Artigo revogado pela Lei nº 11.106, de 28-3-2005.
299. Denominação acrescida pela Lei nº 12.015, de 7-8-2009.
301. Artigo com redação dada pela Lei nº 12.015, de 7-8-2009.
302. Pena com redação dada pela Lei nº 12.015, de 7-8-2009.
303. Parágrafo proposto e vetado no projeto que foi transformado na
Lei nº 12.015, de 7-8-2009, e com nova redação dada pela Lei nº 12.978,
293. Caput com redação dada pela Lei nº 10.803, de 11-12-2003. de 21-5-2014.
294. Pena com redação dada pela Lei nº 10.803, de 11-12-2003. 304. Denominação acrescida pela Lei nº 12.015, de 7-8-2009.
295. Parágrafo acrescido pela Lei nº 10.803, de 11-12-2003. 305. Artigo acrescido pela Lei nº 12.015, de 7-8-2009.
56
Pena – reclusão, de dois a quatro anos. Art. 1º Fica criado o Conselho Nacional dos Direitos
da Criança e do Adolescente (Conanda).
Favorecimento da prostituição ou de
306
§ 1º Este conselho integra o conjunto de atribuições da
outra forma de exploração sexual de
Presidência da República.
criança ou adolescente ou de vulnerável
§ 2º O presidente da República pode delegar a órgão
307
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição executivo de sua escolha o suporte técnico-adminis-
ou outra forma de exploração sexual alguém menor de trativo-financeiro necessário ao funcionamento do
dezoito anos ou que, por enfermidade ou deficiência Conanda.
mental, não tem o necessário discernimento para a
Art. 2º Compete ao Conanda:
prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a
I – elaborar as normas gerais da política nacional de
abandone:
atendimento dos direitos da criança e do adolescente,
Pena – reclusão, de quatro a dez anos.
fiscalizando as ações de execução, observadas as linhas
§ 1º Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem
de ação e as diretrizes estabelecidas nos arts. 87 e 88
econômica, aplica-se também multa.
da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
§ 2º Incorre nas mesmas penas:
Criança e do Adolescente);
I – quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidi-
II – zelar pela aplicação da política nacional de atendi-
noso com alguém menor de dezoito e maior de catorze
mento dos direitos da criança e do adolescente;
anos na situação descrita no caput deste artigo;
III – dar apoio aos conselhos estaduais e municipais dos
II – o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local
direitos da criança e do adolescente, aos órgãos estadu-
em que se verifiquem as práticas referidas no caput
ais, municipais, e entidades não governamentais para
deste artigo.
tornar efetivos os princípios, as diretrizes e os direitos
§ 3º Na hipótese do inciso II do § 2º constitui efeito
estabelecidos na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990;
obrigatório da condenação a cassação da licença de
IV – avaliar a política estadual e municipal e a atuação
localização e de funcionamento do estabelecimento.
dos conselhos estaduais e municipais da criança e do
[...]
adolescente;
Art. 361. Este código entrará em vigor no dia 1º de V – (vetado);
janeiro de 1942. VI – (vetado);
VII – acompanhar o reordenamento institucional
Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 1940; 119º da
propondo, sempre que necessário, modificações nas
Independência e 52º da República.
estruturas públicas e privadas destinadas ao atendi-
GETÚLIO VARGAS mento da criança e do adolescente;
Francisco Campos VIII – apoiar a promoção de campanhas educativas
sobre os direitos da criança e do adolescente, com a
indicação das medidas a serem adotadas nos casos de
LEI Nº 8.242, DE 12 DE atentados ou violação dos mesmos;
OUTUBRO DE 1991308 IX – acompanhar a elaboração e a execução da pro-
posta orçamentária da União, indicando modificações
necessárias à consecução da política formulada para
Cria o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
a promoção dos direitos da criança e do adolescente;
Adolescente (Conanda) e dá outras providências.
X – gerir o fundo de que trata o art. 6º desta lei e fixar
os critérios para sua utilização, nos termos do art. 260
da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990;
XI – elaborar o seu regimento interno, aprovando-o
pelo voto de, no mínimo, dois terços de seus membros,
nele definindo a forma de indicação do seu presidente.
Art. 3º O Conanda é integrado por representantes do
309
306. Denominação acrescida pela Lei nº 12.015, de 7-8-2009, e com nova
redação dada pela Lei nº 12.978, de 21-5-2014. Poder Executivo, assegurada a participação dos órgãos
308. Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 16 de outubro 309. Artigo regulamentado pelo Decreto nº 408, de 27-12-1991, que por
de 1991, p. 22589. sua vez foi alterado pelo Decreto nº 4.837, de 10-9-2003.
57
executores das políticas sociais básicas na área de ação LEI Nº 8.560, DE 29 DE

social, justiça, educação, saúde, economia, trabalho e DEZEMBRO DE 1992311
previdência social e, em igual número, por representantes
de entidades não governamentais de âmbito nacional de
(Lei de Investigação de Paternidade)
atendimento dos direitos da criança e do adolescente.
§ 1º (Vetado.)
Regula a investigação de paternidade dos filhos havidos
§ 2º Na ausência de qualquer titular, a representação
fora do casamento e dá outras providências.
será feita por suplente.
Art. 4º (Vetado.) O presidente da República
Parágrafo único. As funções dos membros do Conanda Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu san-
não são remuneradas e seu exercício é considerado ciono a seguinte lei:
serviço público relevante.
Art. 1º O reconhecimento dos filhos havidos fora do
Art. 5º O presidente da República nomeará e destituirá casamento é irrevogável e será feito:
o presidente do Conanda dentre os seus respectivos I – no registro de nascimento;
membros. II – por escritura pública ou escrito particular, a ser
arquivado em cartório;
Art. 6º Fica instituído o fundo nacional para a criança
III – por testamento, ainda que incidentalmente
e o adolescente.
manifestado;
Parágrafo único. O fundo de que trata este artigo tem
IV – por manifestação expressa e direta perante o juiz,
como receita:
ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto
a) contribuições ao fundo nacional referidas no
único e principal do ato que o contém.
art. 260 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990;
b) recursos destinados ao fundo nacional, consig- Art. 2º Em registro de nascimento de menor apenas
nados no orçamento da União; com a maternidade estabelecida, o oficial remeterá ao
c) contribuições dos governos e organismos es- juiz certidão integral do registro e o nome e prenome,
trangeiros e internacionais; profissão, identidade e residência do suposto pai, a fim de
d) o resultado de aplicações do governo e organis- ser averiguada oficiosamente a procedência da alegação.
mos estrangeiros e internacionais; § 1º O juiz, sempre que possível, ouvirá a mãe sobre
e) o resultado de aplicações no mercado financeiro, a paternidade alegada e mandará, em qualquer caso,
observada a legislação pertinente; notificar o suposto pai, independente de seu estado
f) outros recursos que lhe forem destinados. civil, para que se manifeste sobre a paternidade que
lhe é atribuída.
Art. 7º (Vetado.)
§ 2º O juiz, quando entender necessário, determinará
Art. 8º A instalação do Conanda dar-se-á no prazo de que a diligência seja realizada em segredo de justiça.
quarenta e cinco dias da publicação desta lei. § 3º No caso do suposto pai confirmar expressamente
a paternidade, será lavrado termo de reconhecimento e
Art. 9º O Conanda aprovará o seu regimento interno
remetida certidão ao oficial do registro, para a devida
no prazo de trinta dias, a contar da sua instalação.
averbação.
310
Art. 10. [...] § 4º Se o suposto pai não atender no prazo de trinta dias,
a notificação judicial, ou negar a alegada paternidade, o
Art. 11. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
juiz remeterá os autos ao representante do Ministério
Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário. Público para que intente, havendo elementos suficientes,
a ação de investigação de paternidade.
Brasília, 12 de outubro de 1991; 170º da Independência 312
§ 5º Nas hipóteses previstas no § 4º deste artigo, é
e 103º da República.
dispensável o ajuizamento de ação de investigação de
FERNANDO COLLOR paternidade pelo Ministério Público se, após o não com-
Margarida Procópio parecimento ou a recusa do suposto pai em assumir a
310. As alterações determinadas no art. 10 foram compiladas na Lei nº

8.069, de 13-7-1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), constante 311. Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 30 de dezembro de 1992.
desta publicação. 312. Parágrafo acrescido pela Lei nº 12,010, de 3-8-2009.
58
paternidade a ele atribuída, a criança for encaminhada Art. 10. São revogados os arts. 332, 337 e 347 do Código
para adoção. Civil e demais disposições em contrário.
313
§ 6º A iniciativa conferida ao Ministério Público não
Brasília, 29 de dezembro de 1992; 171º da
impede a quem tenha legítimo interesse de intentar
investigação, visando a obter o pretendido reconheci-
mento da paternidade. ITAMAR FRANCO
Maurício Corrêa
Art. 2º-A. Na ação de investigação de paternidade,
314
todos os meios legais, bem como os moralmente legí-

timos, serão hábeis para provar a verdade dos fatos.
Parágrafo único. A recusa do réu em se submeter ao
LEI Nº 8.978, DE 9 DE JANEIRO DE 1995315
exame de código genético – DNA gerará a presunção
Dispõe sobre a construção de creches e estabelecimentos
da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o
de pré-escola.
contexto probatório.
Art. 3º E vedado legitimar e reconhecer filho na ata O presidente da República
do casamento. Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu san-
Parágrafo único. É ressalvado o direito de averbar al- ciono a seguinte lei:
teração do patronímico materno, em decorrência do
Art. 1º Os conjuntos residenciais financiados pelo Siste-
casamento, no termo de nascimento do filho.
ma Financeiro de Habitação deverão, prioritariamente,
Art. 4º O filho maior não pode ser reconhecido sem contemplar a construção de creches e pré-escolas.
o seu consentimento.
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 5º No registro de nascimento não se fará qual-
Art. 3º Revogam-se as disposições em contrário.
quer referência à natureza da filiação, à sua ordem em
relação a outros irmãos do mesmo prenome, exceto Brasília, 9 de janeiro de 1995; 174º da Independência e
gêmeos, ao lugar e cartório do casamento dos pais e 107º da República
ao estado civil destes.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Art. 6º Das certidões de nascimento não constarão Paulo Renato Souza
indícios de a concepção haver sido decorrente de re- José Serra
lação extraconjugal.
§ 1º Não deverá constar, em qualquer caso, o estado
civil dos pais e a natureza da filiação, bem como o
lugar e cartório do casamento, proibida referência à
presente lei.
§ 2º São ressalvadas autorizações ou requisições ju-
diciais de certidões de inteiro teor, mediante decisão
fundamentada, assegurados os direitos, as garantias e
interesses relevantes do registrado.
Art. 7º Sempre que na sentença de primeiro grau se
reconhecer a paternidade, nela se fixarão os alimentos
provisionais ou definitivos do reconhecido que deles
necessite.
Art. 8º Os registros de nascimento, anteriores à data da
presente lei, poderão ser retificados por decisão judicial,
ouvido o Ministério Público.
Art. 9º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
313. Parágrafo 5º primitivo renumerado para § 6º pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.

314. Artigo acrescido pela Lei nº 12.004, de 29-7-2009. 315. Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 10 de janeiro de 1995.
59
LEI Nº 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002316 deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo
teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns.
Institui o Código Civil. 319
§ 2º Na guarda compartilhada, o tempo de convívio
com os filhos deve ser dividido de forma equilibrada
[...] com a mãe e com o pai, sempre tendo em vista as con-
dições fáticas e os interesses dos filhos.
PARTE GERAL 320
I – (revogado);
321
II – (revogado);
LIVRO I – DAS PESSOAS 322
III – (revogado).
TÍTULO I – DAS PESSOAS NATURAIS 323
§ 3º Na guarda compartilhada, a cidade considera-
da base de moradia dos filhos será aquela que melhor
Capítulo I – Da Personalidade atender aos interesses dos filhos.
e da Capacidade 324
§ 4º (Vetado.)
325
§ 5º A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que
[...]
não a detenha a supervisionar os interesses dos filhos, e,
Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, para possibilitar tal supervisão, qualquer dos genitores
quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os sempre será parte legítima para solicitar informações
atos da vida civil. e/ou prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: assuntos ou situações que direta ou indiretamente afetem
I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do a saúde física e psicológica e a educação de seus filhos.
outro, mediante instrumento público, independente- 326
Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada,
mente de homologação judicial, ou por sentença do
poderá ser:
juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos 327
I – requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou
completos;
por qualquer deles, em ação autônoma de separação,
II – pelo casamento;
de divórcio, de dissolução de união estável ou em me-
III – pelo exercício de emprego público efetivo;
dida cautelar;
IV – pela colação de grau em curso de ensino superior; 328
II – decretada pelo juiz, em atenção a necessidades
V – pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela
específicas do filho, ou em razão da distribuição de
existência de relação de emprego, desde que, em função
tempo necessário ao convívio deste com o pai e com
deles, o menor com dezesseis anos completos tenha
a mãe.
economia própria. 329
§ 1º Na audiência de conciliação, o juiz informará
[...]
ao pai e à mãe o significado da guarda compartilhada,
LIVRO IV – DO DIREITO DE FAMÍLIA a sua importância, a similitude de deveres e direitos
atribuídos aos genitores e as sanções pelo descumpri-
TÍTULO I – DO DIREITO PESSOAL
mento de suas cláusulas.
SUBTÍTULO I – DO CASAMENTO
[...]
Capítulo XI – Da Proteção
da Pessoa dos Filhos 319. Parágrafo acrescido pela Lei nº 11.698, de 13-6-2008, e com redação
Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada.
317 320. Inciso revogado pela Lei nº 13.058, de 22-12-2014.
321. Idem.
§ 1º Compreende-se por guarda unilateral a atribu-
318
322. Idem.
ída a um só dos genitores ou a alguém que o substi- 323. Parágrafo acrescido pela Lei nº 11.698, de 13-6-2008, e com redação
tua (art. 1.584, § 5º) e, por guarda compartilhada a dada pela Lei nº 13.058, de 22-12-2014.
responsabilização conjunta e o exercício de direitos e 324. Parágrafo proposto e vetado no projeto que foi transformado na Lei
nº 11.698, de 13-6-2008.
316. Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 11 de janeiro de 2002. 327. Inciso acrescido pela Lei nº 11.698, de 13-6-2008.
318. Parágrafo acrescido pela Lei nº 11.698, de 13-6-2008. 329. Parágrafo acrescido pela Lei nº 11.698, de 13-6-2008.
60
330
§ 2º Quando não houver acordo entre a mãe e o pai poderão ser retirados por mandado judicial, provado
quanto à guarda do filho, encontrando-se ambos os que não são tratados convenientemente.
genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada
Art. 1.589. O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam
a guarda compartilhada, salvo se um dos genitores de-
os filhos, poderá visitá-los e tê-los em sua companhia,
clarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor.
segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou for
331
§ 3º Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e
fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua manutenção
os períodos de convivência sob guarda compartilhada, o
e educação.
juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, 336
Parágrafo único. O direito de visita estende-se a
poderá basear-se em orientação técnico-profissional ou
qualquer dos avós, a critério do juiz, observados os
de equipe interdisciplinar, que deverá visar à divisão
interesses da criança ou do adolescente.
equilibrada do tempo com o pai e com a mãe.
332
§ 4º A alteração não autorizada ou o descumprimento Art. 1.590. As disposições relativas à guarda e presta-
imotivado de cláusula de guarda unilateral ou com- ção de alimentos aos filhos menores estendem-se aos
partilhada poderá implicar a redução de prerrogativas maiores incapazes.
atribuídas ao seu detentor.
SUBTÍTULO II – DAS RELAÇÕES
333
§ 5º Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer
DE PARENTESCO
sob a guarda do pai ou da mãe, deferirá a guarda a pessoa
que revele compatibilidade com a natureza da medida, [...]
considerados, de preferência, o grau de parentesco e as
Capítulo IV – Da Adoção
relações de afinidade e afetividade.
334
§ 6º Qualquer estabelecimento público ou privado é 337
Art. 1.618. A adoção de crianças e adolescentes será
obrigado a prestar informações a qualquer dos genitores deferida na forma prevista pela Lei nº 8.069, de 13 de
sobre os filhos destes, sob pena de multa de R$ 200,00 julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
(duzentos reais) a R$ 500,00 (quinhentos reais) por dia 338
Parágrafo único. (Revogado.)
pelo não atendimento da solicitação. [...]
Art. 1.585. Em sede de medida cautelar de separação
335
Capítulo V – Do Poder Familiar
de corpos, em sede de medida cautelar de guarda ou
em outra sede de fixação liminar de guarda, a decisão
sobre guarda de filhos, mesmo que provisória, será Art. 1.630. Os filhos estão sujeitos ao poder familiar,
proferida preferencialmente após a oitiva de ambas as enquanto menores.
partes perante o juiz, salvo se a proteção aos interesses
Art. 1.631. Durante o casamento e a união estável, com-
dos filhos exigir a concessão de liminar sem a oitiva da
pete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento
outra parte, aplicando-se as disposições do art. 1.584.
de um deles, o outro o exercerá com exclusividade.
Art. 1.586. Havendo motivos graves, poderá o juiz, em Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exer-
qualquer caso, a bem dos filhos, regular de maneira cício do poder familiar, é assegurado a qualquer deles
diferente da estabelecida nos artigos antecedentes a recorrer ao juiz para solução do desacordo.
situação deles para com os pais.
Art. 1.632. A separação judicial, o divórcio e a dissolução
Art. 1.587. No caso de invalidade do casamento, ha- da união estável não alteram as relações entre pais e
vendo filhos comuns, observar-se-á o disposto nos filhos senão quanto ao direito, que aos primeiros cabe,
arts. 1.584 e 1.586. de terem em sua companhia os segundos.
Art. 1.588. O pai ou a mãe que contrair novas núpcias Art. 1.633. O filho, não reconhecido pelo pai, fica sob
não perde o direito de ter consigo os filhos, que só lhe poder familiar exclusivo da mãe; se a mãe não for co-
nhecida ou capaz de exercê-lo, dar-se-á tutor ao menor.
330. Parágrafo acrescido pela Lei nº 11.698, de 13-6-2008, e com redação
331. Idem.
332. Idem.
334. Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.058, de 22-12-2014. 337. Caput com redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
335. Artigo com redação dada pela Lei nº 13.058, de 22-12-2014. 338. Parágrafo revogado pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
61
Seção II – Do Exercício do Poder Familiar familiar, exercendo-os sem qualquer interferência do

novo cônjuge ou companheiro.
339
Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que
Parágrafo único. Igual preceito ao estabelecido neste
seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do poder
artigo aplica-se ao pai ou à mãe solteiros que casarem
familiar, que consiste em, quanto aos filhos:
ou estabelecerem união estável.
340
I – dirigir-lhes a criação e a educação;
341
II – exercer a guarda unilateral ou compartilhada Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade,
nos termos do art. 1.584; faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os
III – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente,
casarem; ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça
342
IV – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para reclamada pela segurança do menor e seus haveres,
viajarem ao exterior; até suspendendo o poder familiar, quando convenha.
343
V – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício
para mudarem sua residência permanente para outro do poder familiar ao pai ou à mãe condenados por
Município; sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena
344
VI – nomear-lhes tutor por testamento ou documento exceda a dois anos de prisão.
autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar
sobrevivo não puder exercer o poder familiar;
o pai ou a mãe que:
345
VII – representá-los judicial e extrajudicialmente até
I – castigar imoderadamente o filho;
os 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e assis-
II – deixar o filho em abandono;
ti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes,
III – praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
suprindo-lhes o consentimento;
IV – incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no
346
VIII – reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;
artigo antecedente.
347
IX – exigir que lhes prestem obediência, respeito e
[...]
os serviços próprios de sua idade e condição.
TÍTULO IV – DA TUTELA E DA CURATELA
Seção III – Da Suspensão e
Extinção do Poder Familiar
Capítulo I – Da Tutela
Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar:
Seção I – Dos Tutores
I – pela morte dos pais ou do filho;
II – pela emancipação, nos termos do art. 5º, parágrafo Art. 1.728. Os filhos menores são postos em tutela:
único; I – com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados
III – pela maioridade; ausentes;
IV – pela adoção; II – em caso de os pais decaírem do poder familiar.
V – por decisão judicial, na forma do artigo 1.638.
Art. 1.729. O direito de nomear tutor compete aos
Art 1.636. O pai ou a mãe que contrai novas núpcias, pais, em conjunto.
ou estabelece união estável, não perde, quanto aos Parágrafo único. A nomeação deve constar de testamento
filhos do relacionamento anterior, os direitos ao poder ou de qualquer outro documento autêntico.
Art. 1.730. É nula a nomeação de tutor pelo pai ou pela
mãe que, ao tempo de sua morte, não tinha o poder
familiar.
341. Idem. Art. 1.731. Em falta de tutor nomeado pelos pais in-
cumbe a tutela aos parentes consanguíneos do menor,
343. Idem.
344. Inciso IV primitivo renumerado para VI pela Lei nº 13.058, de
por esta ordem:
22-12-2014. I – aos ascendentes, preferindo o de grau mais próximo
345. Inciso V primitivo renumerado para VII e com nova redação dada ao mais remoto;
pela Lei nº 13.058, de 22-12-2014.
346. Inciso VI primitivo renumerado para VIII pela Lei nº 13.058, de
II – aos colaterais até o terceiro grau, preferindo os
22-12-2014. mais próximos aos mais remotos, e, no mesmo grau, os
347. Inciso VII primitivo renumerado para IX pela Lei nº 13.058, de mais velhos aos mais moços; em qualquer dos casos, o
22-12-2014.
62
juiz escolherá entre eles o mais apto a exercer a tutela LEI Nº 11.577, DE 22 DE
em benefício do menor. NOVEMBRO DE 2007349
Art. 1.732. O juiz nomeará tutor idôneo e residente
no domicílio do menor: Torna obrigatória a divulgação pelos meios que especifica
I – na falta de tutor testamentário ou legítimo; de mensagem relativa à exploração sexual e tráfico de
II – quando estes forem excluídos ou escusados da tutela; crianças e adolescentes apontando formas para efetuar
III – quando removidos por não idôneos o tutor legítimo denúncias.
e o testamentário.
Art. 1.733. Aos irmãos órfãos dar-se-á um só tutor.
§ 1º No caso de ser nomeado mais de um tutor por
disposição testamentária sem indicação de precedência,
entende-se que a tutela foi cometida ao primeiro, e que Art. 1º Esta lei dispõe sobre a obrigatoriedade de di-
os outros lhe sucederão pela ordem de nomeação, se vulgação de mensagem relativa à exploração sexual
ocorrer morte, incapacidade, escusa ou qualquer outro e tráfico de crianças e adolescentes indicando como
impedimento. proceder à denúncia.
§ 2º Quem institui um menor herdeiro, ou legatário
Art. 2º É obrigatória a afixação de letreiro, nos termos
seu, poderá nomear-lhe curador especial para os bens
dispostos nesta lei, nos seguintes estabelecimentos:
deixados, ainda que o beneficiário se encontre sob o
I – hotéis, motéis, pousadas e outros que prestem ser-
poder familiar, ou tutela.
viços de hospedagem;
348
Art. 1.734. As crianças e os adolescentes cujos pais II – bares, restaurantes, lanchonetes e similares;
forem desconhecidos, falecidos ou que tiverem sido III – casas noturnas de qualquer natureza;
suspensos ou destituídos do poder familiar terão tuto- IV – clubes sociais e associações recreativas ou des-
res nomeados pelo Juiz ou serão incluídos em progra- portivas cujo quadro de associados seja de livre acesso
ma de colocação familiar, na forma prevista pela Lei ou que promovam eventos com entrada paga;
nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança V – salões de beleza, agências de modelos, casas de
e do Adolescente). massagem, saunas, academias de fisiculturismo, dança,
[...] ginástica e atividades físicas correlatas;
VI – outros estabelecimentos comerciais que, mesmo
LIVRO COMPLEMENTAR – DAS sem fins lucrativos, ofereçam serviços, mediante pa-
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS gamento, voltados ao mercado ou ao culto da estética
[...] pessoal;
VII – postos de gasolina e demais locais de acesso pú-
Art. 2.044. Este código entrará em vigor um ano após
blico que se localizem junto às rodovias.
a sua publicação.
§ 1º O letreiro de que trata o caput deste artigo deverá:
Art. 2.045. Revogam-se a Lei nº 3.071, de 1º de janeiro I – ser afixado em local que permita sua observação de-
de 1916 (Código Civil) e a Parte Primeira do Código simpedida pelos usuários do respectivo estabelecimento;
Comercial, Lei nº 556, de 25 de junho de 1850. II – conter versões idênticas aos dizeres nas línguas
portuguesa, inglesa e espanhola;
Art. 2.046. Todas as remissões, em diplomas legis-
III – informar os números telefônicos por meio dos
lativos, aos códigos referidos no artigo antecedente,
quais qualquer pessoa, sem necessidade de identificação,
consideram-se feitas às disposições correspondentes
poderá fazer denúncias acerca das práticas consideradas
deste código.
crimes pela legislação brasileira;
Brasília, 10 de janeiro de 2002; 181º da Independência e IV – estar apresentado com caracteres de tamanho
114º da República. que permita a leitura à distância.
Aloysio Nunes Ferreira Filho
349. Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 23 de novembro

348. Artigo com redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. de 2007.
63
§ 2º O texto contido no letreiro será EXPLORAÇÃO social da família natural, junto à qual a criança e o
SEXUAL E TRÁFICO DE CRIANÇAS E ADOLES- adolescente devem permanecer, ressalvada absoluta
CENTES SÃO CRIMES: DENUNCIE JÁ!. impossibilidade, demonstrada por decisão judicial
§ 3º O poder público, por meio do serviço público fundamentada.
competente, poderá fornecer aos estabelecimentos o § 2º Na impossibilidade de permanência na família
material de que trata este artigo. natural, a criança e o adolescente serão colocados sob
adoção, tutela ou guarda, observadas as regras e prin-
Art. 3º Os materiais de propaganda e informação turís-
cípios contidos na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990,
tica publicados ou exibidos por qualquer via eletrônica,
e na Constituição Federal.
inclusive internet, deverão conter menção, nos termos que 351
[...]
explicitará o Ministério da Justiça, aos crimes tipificados
no Título VI da Parte Especial do Decreto-Lei nº 2.848, Art. 6º As pessoas e casais já inscritos nos cadastros de
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), sobretudo adoção ficam obrigados a frequentar, no prazo máxi-
àqueles cometidos contra crianças e adolescentes. mo de um ano, contado da entrada em vigor desta lei,
a preparação psicossocial e jurídica a que se referem
Art. 4º (Vetado.)
os §§ 3º e 4º do art. 50 da Lei nº 8.069, de 13 de julho
Art. 5º Esta lei entra em vigor no prazo de trinta dias de 1990, acrescidos pelo art. 2º desta lei, sob pena de
contados de sua publicação. cassação de sua inscrição no cadastro.
Brasília, 22 de novembro de 2007; 186º da Art. 7º Esta lei entra em vigor noventa dias após a sua
Independência e 119º da República. publicação.
352
[...]
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Tarso Genro Brasília, 3 de agosto de 2009; 188º da Independência e
José Antonio Dias Toffoli 121º da República.

Tarso Genro
LEI Nº 12.010, DE 3 DE AGOSTO DE 2009350 Celso Luiz Nunes Amorim
(Lei Nacional de Adoção)
Dispõe sobre adoção; altera as Leis nos 8.069, de 13 de

LEI Nº 12.127, DE 17 DE
julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), e DEZEMBRO DE 2009353
8.560, de 29 de dezembro de 1992; revoga dispositivos da
Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), e Cria o Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes
da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada Desaparecidos.
pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943; e dá
outras providências. O vice-presidente da República, no exercício do cargo
de presidente da República
O presidente da República Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu san-
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu san- ciono a seguinte Lei:
Art. 1º Fica criado o Cadastro Nacional de Crianças e
Art. 1º Esta lei dispõe sobre o aperfeiçoamento da sis- Adolescentes Desaparecidos.
temática prevista para garantia do direito à convivência
familiar a todas as crianças e adolescentes, na forma
prevista pela Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, Es- 351. As alterações expressas nos arts. 2º, 3º, 4º e 5º foram compiladas
nas Leis nos 8.069, de 13-7-1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente);
tatuto da Criança e do Adolescente. 10.406, de 10-1-2002 (Código Civil); e 8.560, de 29-12-1992, constantes
§ 1º A intervenção estatal, em observância ao disposto desta publicação.
352. As alterações expressas no art. 8º foram compiladas na Lei nº 8.069,
no caput do art. 226 da Constituição Federal, será prio- de 13-7-1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), constante desta
ritariamente voltada à orientação, apoio e promoção publicação.
353. Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 18 de dezembro
350. Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 4 de agosto de 2009. de 2009, p. 1.
64
Art. 2º A União manterá, no âmbito do órgão compe- juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente
tente do Poder Executivo, a base de dados do Cadastro ou com auxílio de terceiros:
Nacional de Crianças e Adolescentes Desaparecidos, a I – realizar campanha de desqualificação da conduta
qual conterá as características físicas e dados pessoais do genitor no exercício da paternidade ou maternidade;
de crianças e adolescentes cujo desaparecimento tenha II – dificultar o exercício da autoridade parental;
sido registrado em órgão de segurança pública federal III – dificultar contato de criança ou adolescente com
ou estadual. genitor;
IV – dificultar o exercício do direito regulamentado
Art. 3º Nos termos de convênio a ser firmado entre a
de convivência familiar;
União e os estados e o Distrito Federal, serão definidos:
V – omitir deliberadamente a genitor informações
I – a forma de acesso às informações constantes da
pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente,
base de dados;
inclusive escolares, médicas e alterações de endereço;
II – o processo de atualização e de validação dos dados
VI – apresentar falsa denúncia contra genitor, contra
inseridos na base de dados.
familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificul-
Art. 4º Os custos relativos ao desenvolvimento, insta- tar a convivência deles com a criança ou adolescente;
lação e manutenção da base de dados serão suportados VII – mudar o domicílio para local distante, sem jus-
por recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública. tificativa, visando a dificultar a convivência da criança
ou adolescente com o outro genitor, com familiares
deste ou com avós.
Brasília, 17 de dezembro de 2009; 188º da
Art. 3º A prática de ato de alienação parental fere
direito fundamental da criança ou do adolescente de
JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA convivência familiar saudável, prejudica a realização de
Tarso Genro afeto nas relações com genitor e com o grupo familiar,
constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente
e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade
LEI Nº 12.318, DE 26 DE AGOSTO DE 2010354 parental ou decorrentes de tutela ou guarda.
Art. 4º Declarado indício de ato de alienação parental,
(Lei da Alienação Parental)
a requerimento ou de ofício, em qualquer momento
processual, em ação autônoma ou incidentalmente, o
Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da
processo terá tramitação prioritária, e o juiz determi-
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990.
nará, com urgência, ouvido o Ministério Público, as
medidas provisórias necessárias para preservação da
integridade psicológica da criança ou do adolescente,
inclusive para assegurar sua convivência com genitor
ou viabilizar a efetiva reaproximação entre ambos, se
Art. 1º Esta lei dispõe sobre a alienação parental. for o caso.
Parágrafo único. Assegurar-se-á à criança ou adolescente
Art. 2º Considera-se ato de alienação parental a in-
e ao genitor garantia mínima de visitação assistida, res-
terferência na formação psicológica da criança ou do
salvados os casos em que há iminente risco de prejuízo
adolescente promovida ou induzida por um dos ge-
à integridade física ou psicológica da criança ou do
nitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou
adolescente, atestado por profissional eventualmente
adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância
designado pelo juiz para acompanhamento das visitas.
para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao es-
tabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. Art. 5º Havendo indício da prática de ato de alienação
Parágrafo único. São formas exemplificativas de alie- parental, em ação autônoma ou incidental, o juiz, se neces-
nação parental, além dos atos assim declarados pelo sário, determinará perícia psicológica ou biopsicossocial.
§ 1º O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicoló-
gica ou biopsicossocial, conforme o caso, compreendendo,
354. Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 27 de agosto de
2010, p. 3, e retificada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 31 de
inclusive, entrevista pessoal com as partes, exame de
agosto de 2010, p. 5. documentos dos autos, histórico do relacionamento do
65
casal e da separação, cronologia de incidentes, avalia- Art. 9º (Vetado.)

ção da personalidade dos envolvidos e exame da forma
Art. 10. (Vetado.)
como a criança ou adolescente se manifesta acerca de
eventual acusação contra genitor. Art. 11. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
§ 2º A perícia será realizada por profissional ou equipe
Brasília, 26 de agosto de 2010; 189º da Independência e
multidisciplinar habilitados, exigido, em qualquer caso,
aptidão comprovada por histórico profissional ou aca-
dêmico para diagnosticar atos de alienação parental. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
§ 3º O perito ou equipe multidisciplinar designada para Luiz Paulo Teles Ferreira Barreto
verificar a ocorrência de alienação parental terá prazo Paulo de Tarso Vannuchi
de noventa dias para apresentação do laudo, prorrogável José Gomes Temporão
exclusivamente por autorização judicial baseada em
justificativa circunstanciada.
Art. 6º Caracterizados atos típicos de alienação parental
LEI Nº 12.594, DE 18 DE JANEIRO DE 2012355
ou qualquer conduta que dificulte a convivência de
Institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma
(Sinase), regulamenta a execução das medidas
ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não,
socioeducativas destinadas a adolescente que pratique
sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou
ato infracional; e altera as Leis nos 8.069, de 13 de julho
criminal e da ampla utilização de instrumentos pro-
de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente); 7.560,
cessuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo
de 19 de dezembro de 1986, 7.998, de 11 de janeiro de
a gravidade do caso:
1990, 5.537, de 21 de novembro de 1968, 8.315, de 23 de
I – declarar a ocorrência de alienação parental e ad-
dezembro de 1991, 8.706, de 14 de setembro de 1993, os
vertir o alienador;
Decretos-Leis nos 4.048, de 22 de janeiro de 1942, 8.621,
II – ampliar o regime de convivência familiar em favor
de 10 de janeiro de 1946, e a Consolidação das Leis do
do genitor alienado;
Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de
III – estipular multa ao alienador;
1º de maio de 1943.
IV – determinar acompanhamento psicológico e/ou
biopsicossocial;
A presidenta da República
V – determinar a alteração da guarda para guarda
compartilhada ou sua inversão;
VI – determinar a fixação cautelar do domicílio da
criança ou adolescente; TÍTULO I – DO SISTEMA
VII – declarar a suspensão da autoridade parental. NACIONAL DE ATENDIMENTO
Parágrafo único. Caracterizado mudança abusiva de SOCIOEDUCATIVO (SINASE)
endereço, inviabilização ou obstrução à convivência
familiar, o juiz também poderá inverter a obrigação Capítulo I – Disposições Gerais
de levar para ou retirar a criança ou adolescente da
Art. 1º Esta lei institui o Sistema Nacional de Atendi-
residência do genitor, por ocasião das alternâncias dos
mento Socioeducativo (Sinase) e regulamenta a execução
períodos de convivência familiar.
das medidas destinadas a adolescente que pratique ato
Art. 7º A atribuição ou alteração da guarda dar-se-á por infracional.
preferência ao genitor que viabiliza a efetiva convivên- § 1º Entende-se por Sinase o conjunto ordenado de
cia da criança ou adolescente com o outro genitor nas princípios, regras e critérios que envolvem a execução de
hipóteses em que seja inviável a guarda compartilhada. medidas socioeducativas, incluindo-se nele, por adesão,
os sistemas estaduais, distrital e municipais, bem como
Art. 8º A alteração de domicílio da criança ou adoles-
todos os planos, políticas e programas específicos de
cente é irrelevante para a determinação da competência
atendimento a adolescente em conflito com a lei.
relacionada às ações fundadas em direito de convivên-
cia familiar, salvo se decorrente de consenso entre os
355. Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 19 de janeiro
genitores ou de decisão judicial. de 2012, p. 3, e retificada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 20 de
janeiro de 2012, p. 8.
66
§ 2º Entendem-se por medidas socioeducativas as pre- VI – estabelecer diretrizes sobre a organização e funcio-
vistas no art. 112 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de namento das unidades e programas de atendimento e as
1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), as quais normas de referência destinadas ao cumprimento das
têm por objetivos: medidas socioeducativas de internação e semiliberdade;
I – a responsabilização do adolescente quanto às conse- V – contribuir para a qualificação e ação em rede dos
quências lesivas do ato infracional, sempre que possível sistemas de atendimento socioeducativo;
incentivando a sua reparação; VI – estabelecer diretrizes sobre a organização e funcio-
II – a integração social do adolescente e a garantia de namento das unidades e programas de atendimento e as
seus direitos individuais e sociais, por meio do cum- normas de referência destinadas ao cumprimento das
primento de seu plano individual de atendimento; e medidas socioeducativas de internação e semiliberdade;
III – a desaprovação da conduta infracional, efetivando VII – instituir e manter processo de avaliação dos
as disposições da sentença como parâmetro máximo sistemas de atendimento socioeducativo, seus planos,
de privação de liberdade ou restrição de direitos, ob- entidades e programas;
servados os limites previstos em lei. VIII – financiar, com os demais entes federados, a exe-
§ 3º Entendem-se por programa de atendimento a or- cução de programas e serviços do Sinase; e
ganização e o funcionamento, por unidade, das con- IX – garantir a publicidade de informações sobre re-
dições necessárias para o cumprimento das medidas passes de recursos aos gestores estaduais, distrital e
socioeducativas. municipais, para financiamento de programas de aten-
§ 4º Entende-se por unidade a base física necessária dimento socioeducativo.
para a organização e o funcionamento de programa § 1º São vedados à União o desenvolvimento e a oferta
de atendimento. de programas próprios de atendimento.
§ 5º Entendem-se por entidade de atendimento a pes- § 2º Ao Conselho Nacional dos Direitos da Criança e
soa jurídica de direito público ou privado que instala do Adolescente (Conanda) competem as funções nor-
e mantém a unidade e os recursos humanos e mate- mativa, deliberativa, de avaliação e de fiscalização do
riais necessários ao desenvolvimento de programas Sinase, nos termos previstos na Lei nº 8.242, de 12 de
de atendimento. outubro de 1991, que cria o referido conselho.
§ 3º O plano de que trata o inciso II do caput deste
Art. 2º O Sinase será coordenado pela União e inte-
artigo será submetido à deliberação do Conanda.
grado pelos sistemas estaduais, distrital e municipais
§ 4º À Secretaria de Direitos Humanos da Presidência
responsáveis pela implementação dos seus respecti-
da República (SDH/PR) competem as funções executiva
vos programas de atendimento a adolescente ao qual
e de gestão do Sinase.
seja aplicada medida socioeducativa, com liberdade de
organização e funcionamento, respeitados os termos Art. 4º Compete aos estados:
desta lei. I – formular, instituir, coordenar e manter Sistema
Estadual de Atendimento Socioeducativo, respeitadas
Capítulo II – Das Competências
as diretrizes fixadas pela União;
Art. 3º Compete à União: II – elaborar o Plano Estadual de Atendimento Socio-
I – formular e coordenar a execução da política nacional educativo em conformidade com o Plano Nacional;
de atendimento socioeducativo; III – criar, desenvolver e manter programas para a exe-
II – elaborar o Plano Nacional de Atendimento So- cução das medidas socioeducativas de semiliberdade
cioeducativo, em parceria com os estados, o Distrito e internação;
Federal e os municípios; IV – editar normas complementares para a organização
III – prestar assistência técnica e suplementação finan- e funcionamento do seu sistema de atendimento e dos
ceira aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios sistemas municipais;
para o desenvolvimento de seus sistemas; V – estabelecer com os municípios formas de colaboração
IV – instituir e manter o Sistema Nacional de Infor- para o atendimento socioeducativo em meio aberto;
mações sobre o Atendimento Socioeducativo, seu fun- VI – prestar assessoria técnica e suplementação finan-
cionamento, entidades, programas, incluindo dados ceira aos municípios para a oferta regular de programas
relativos a financiamento e população atendida; de meio aberto;
V – contribuir para a qualificação e ação em rede dos VII – garantir o pleno funcionamento do plantão in-
sistemas de atendimento socioeducativo; terinstitucional, nos termos previstos no inciso V do
67
art. 88 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto § 1º Para garantir a oferta de programa de atendimento
da Criança e do Adolescente); socioeducativo de meio aberto, os municípios podem
VIII – garantir defesa técnica do adolescente a quem instituir os consórcios dos quais trata a Lei nº 11.107,
se atribua prática de ato infracional; de 6 de abril de 2005, que dispõe sobre normas gerais
IX – cadastrar-se no Sistema Nacional de Informa- de contratação de consórcios públicos e dá outras pro-
ções sobre o Atendimento Socioeducativo e fornecer vidências, ou qualquer outro instrumento jurídico ade-
regularmente os dados necessários ao povoamento e quado, como forma de compartilhar responsabilidades.
à atualização do sistema; e § 2º Ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança
X – cofinanciar, com os demais entes federados, a exe- e do Adolescente competem as funções deliberativas
cução de programas e ações destinados ao atendimento e de controle do Sistema Municipal de Atendimento
inicial de adolescente apreendido para apuração de ato Socioeducativo, nos termos previstos no inciso II do
infracional, bem como aqueles destinados a adolescente art. 88 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Esta-
a quem foi aplicada medida socioeducativa privativa tuto da Criança e do Adolescente), bem como outras
de liberdade. definidas na legislação municipal.
§ 1º Ao Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do § 3º O plano de que trata o inciso II do caput deste artigo
Adolescente competem as funções deliberativas e de será submetido à deliberação do Conselho Municipal
controle do Sistema Estadual de Atendimento Socio- dos Direitos da Criança e do Adolescente.
educativo, nos termos previstos no inciso II do art. 88 § 4º Competem ao órgão a ser designado no plano de
da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da que trata o inciso II do caput deste artigo as funções
Criança e do Adolescente), bem como outras definidas executiva e de gestão do Sistema Municipal de Aten-
na legislação estadual ou distrital. dimento Socioeducativo.
§ 2º O plano de que trata o inciso II do caput deste artigo
Art. 6º Ao Distrito Federal cabem, cumulativamente,
será submetido à deliberação do Conselho Estadual dos
as competências dos estados e dos municípios.
Direitos da Criança e do Adolescente.
§ 3º Competem ao órgão a ser designado no plano de Capítulo III – Dos Planos de
que trata o inciso II do caput deste artigo as funções Atendimento Socioeducativo
executiva e de gestão do Sistema Estadual de Atendi-
Art. 7º O plano de que trata o inciso II do art. 3º desta
mento Socioeducativo.
lei deverá incluir um diagnóstico da situação do Sina-
Art. 5º Compete aos municípios: se, as diretrizes, os objetivos, as metas, as prioridades
I – formular, instituir, coordenar e manter o Sistema e as formas de financiamento e gestão das ações de
Municipal de Atendimento Socioeducativo, respeitadas atendimento para os dez anos seguintes, em sintonia
as diretrizes fixadas pela União e pelo respectivo estado; com os princípios elencados na Lei nº 8.069, de 13 de
II – elaborar o Plano Municipal de Atendimento So- julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
cioeducativo, em conformidade com o Plano Nacional § 1º As normas nacionais de referência para o atendi-
e o respectivo Plano Estadual; mento socioeducativo devem constituir anexo ao plano
III – criar e manter programas de atendimento para a de que trata o inciso II do art. 3º desta lei.
execução das medidas socioeducativas em meio aberto; § 2º Os estados, o Distrito Federal e os municípios
IV – editar normas complementares para a organização deverão, com base no Plano Nacional de Atendimento
e funcionamento dos programas do seu Sistema de Socioeducativo, elaborar seus planos decenais corres-
Atendimento Socioeducativo; pondentes, em até trezentos e sessenta dias a partir da
V – cadastrar-se no Sistema Nacional de Informações aprovação do Plano Nacional.
sobre o Atendimento Socioeducativo e fornecer re-
Art. 8º Os planos de atendimento socioeducativo de-
gularmente os dados necessários ao povoamento e à
verão, obrigatoriamente, prever ações articuladas nas
atualização do sistema; e
áreas de educação, saúde, assistência social, cultura,
VI – cofinanciar, conjuntamente com os demais entes
capacitação para o trabalho e esporte, para os adoles-
federados, a execução de programas e ações destina-
centes atendidos, em conformidade com os princípios
dos ao atendimento inicial de adolescente apreendido
elencados na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Es-
para apuração de ato infracional, bem como aqueles
tatuto da Criança e do Adolescente).
destinados a adolescente a quem foi aplicada medida
socioeducativa em meio aberto.
68
Parágrafo único. Os poderes legislativos federal, estadu- medidas previstas no art. 97 da Lei nº 8.069, de 13 de
ais, distrital e municipais, por meio de suas comissões julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
temáticas pertinentes, acompanharão a execução dos
Art. 12. A composição da equipe técnica do programa
planos de atendimento socioeducativo dos respectivos
de atendimento deverá ser interdisciplinar, compreen-
entes federados.
dendo, no mínimo, profissionais das áreas de saúde,
Capítulo IV – Dos Programas de Atendimento educação e assistência social, de acordo com as normas
de referência.
§ 1º Outros profissionais podem ser acrescentados
Art. 9º Os estados e o Distrito Federal inscreverão às equipes para atender necessidades específicas do
seus programas de atendimento e alterações no Con- programa.
selho Estadual ou Distrital dos Direitos da Criança e § 2º Regimento interno deve discriminar as atribuições
do Adolescente, conforme o caso. de cada profissional, sendo proibida a sobreposição
dessas atribuições na entidade de atendimento.
Art. 10. Os municípios inscreverão seus programas
§ 3º O não cumprimento do previsto neste artigo su-
e alterações, bem como as entidades de atendimento
jeita as entidades de atendimento, seus dirigentes ou
executoras, no Conselho Municipal dos Direitos da
prepostos à aplicação das medidas previstas no art. 97
Criança e do Adolescente.
Art. 11. Além da especificação do regime, são requisitos Criança e do Adolescente).
obrigatórios para a inscrição de programa de atendimento:
Seção II – Dos Programas de Meio Aberto
I – a exposição das linhas gerais dos métodos e téc-
nicas pedagógicas, com a especificação das atividades Art. 13. Compete à direção do programa de prestação
de natureza coletiva; de serviços à comunidade ou de liberdade assistida:
II – a indicação da estrutura material, dos recursos I – selecionar e credenciar orientadores, designando-os,
humanos e das estratégias de segurança compatíveis caso a caso, para acompanhar e avaliar o cumprimento
com as necessidades da respectiva unidade; da medida;
III – regimento interno que regule o funcionamento II – receber o adolescente e seus pais ou responsável e
da entidade, no qual deverá constar, no mínimo: orientá-los sobre a finalidade da medida e a organização
a) o detalhamento das atribuições e responsabilidades e funcionamento do programa;
do dirigente, de seus prepostos, dos membros III – encaminhar o adolescente para o orientador
da equipe técnica e dos demais educadores; credenciado;
b) a previsão das condições do exercício da disci- IV – supervisionar o desenvolvimento da medida; e
plina e concessão de benefícios e o respectivo V – avaliar, com o orientador, a evolução do cumpri-
procedimento de aplicação; e mento da medida e, se necessário, propor à autoridade
c) a previsão da concessão de benefícios extraor- judiciária sua substituição, suspensão ou extinção.
dinários e enaltecimento, tendo em vista tornar Parágrafo único. O rol de orientadores credenciados
público o reconhecimento ao adolescente pelo deverá ser comunicado, semestralmente, à autoridade
esforço realizado na consecução dos objetivos judiciária e ao Ministério Público.
do plano individual;
Art. 14. Incumbe ainda à direção do programa de me-
IV – a política de formação dos recursos humanos;
dida de prestação de serviços à comunidade selecionar
V – a previsão das ações de acompanhamento do ado-
e credenciar entidades assistenciais, hospitais, escolas
lescente após o cumprimento de medida socioeducativa;
ou outros estabelecimentos congêneres, bem como os
VI – a indicação da equipe técnica, cuja quantidade e
programas comunitários ou governamentais, de acordo
formação devem estar em conformidade com as normas
com o perfil do socioeducando e o ambiente no qual a
de referência do sistema e dos conselhos profissionais
medida será cumprida.
e com o atendimento socioeducativo a ser realizado; e
Parágrafo único. Se o Ministério Público impugnar o
VII – a adesão ao Sistema de Informações sobre o Aten-
credenciamento, ou a autoridade judiciária considerá-
dimento Socioeducativo, bem como sua operação efetiva.
-lo inadequado, instaurará incidente de impugnação,
Parágrafo único. O não cumprimento do previsto neste
com a aplicação subsidiária do procedimento de apu-
artigo sujeita as entidades de atendimento, os órgãos
ração de irregularidade em entidade de atendimento
gestores, seus dirigentes ou prepostos à aplicação das
69
regulamentado na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 § 1º O objetivo da avaliação é verificar o cumprimento
(Estatuto da Criança e do Adolescente), devendo citar das metas estabelecidas e elaborar recomendações aos
o dirigente do programa e a direção da entidade ou gestores e operadores dos sistemas.
órgão credenciado. § 2º O processo de avaliação deverá contar com a par-
ticipação de representantes do Poder Judiciário, do Mi-
Seção III – Dos Programas de
nistério Público, da Defensoria Pública e dos conselhos
Privação da Liberdade
tutelares, na forma a ser definida em regulamento.
Art. 15. São requisitos específicos para a inscrição de § 3º A primeira avaliação do Plano Nacional de Atendi-
programas de regime de semiliberdade ou internação: mento Socioeducativo realizar-se-á no terceiro ano de
I – a comprovação da existência de estabelecimento vigência desta lei, cabendo ao Poder Legislativo federal
educacional com instalações adequadas e em confor- acompanhar o trabalho por meio de suas comissões
midade com as normas de referência; temáticas pertinentes.
II – a previsão do processo e dos requisitos para a es-
Art. 19. É instituído o Sistema Nacional de Avaliação
colha do dirigente;
e Acompanhamento do Atendimento Socioeducativo,
III – a apresentação das atividades de natureza coletiva;
com os seguintes objetivos:
IV – a definição das estratégias para a gestão de con-
I – contribuir para a organização da rede de atendi-
flitos, vedada a previsão de isolamento cautelar, exceto
mento socioeducativo;
nos casos previstos no § 2º do art. 49 desta lei; e
II – assegurar conhecimento rigoroso sobre as ações
V – a previsão de regime disciplinar nos termos do
do atendimento socioeducativo e seus resultados;
art. 72 desta lei.
III – promover a melhora da qualidade da gestão e do
Art. 16. A estrutura física da unidade deverá ser com- atendimento socioeducativo; e
patível com as normas de referência do Sinase. IV – disponibilizar informações sobre o atendimento
§ 1º É vedada a edificação de unidades socioeducacionais socioeducativo.
em espaços contíguos, anexos, ou de qualquer outra § 1º A avaliação abrangerá, no mínimo, a gestão, as
forma integrados a estabelecimentos penais. entidades de atendimento, os programas e os resultados
§ 2º A direção da unidade adotará, em caráter excep- da execução das medidas socioeducativas.
cional, medidas para proteção do interno em casos § 2º Ao final da avaliação, será elaborado relatório conten-
de risco à sua integridade física, à sua vida, ou à de do histórico e diagnóstico da situação, as recomendações
outrem, comunicando, de imediato, seu defensor e o e os prazos para que essas sejam cumpridas, além de
Ministério Público. outros elementos a serem definidos em regulamento.
§ 3º O relatório da avaliação deverá ser encaminhado
Art. 17. Para o exercício da função de dirigente de pro-
aos respectivos conselhos de direitos, conselhos tute-
grama de atendimento em regime de semiliberdade ou
lares e ao Ministério Público.
de internação, além dos requisitos específicos previstos
§ 4º Os gestores e entidades têm o dever de colaborar
no respectivo programa de atendimento, é necessário:
com o processo de avaliação, facilitando o acesso às suas
I – formação de nível superior compatível com a na-
instalações, à documentação e a todos os elementos
tureza da função;
necessários ao seu efetivo cumprimento.
II – comprovada experiência no trabalho com adoles-
§ 5º O acompanhamento tem por objetivo verificar o
centes de, no mínimo, dois anos; e
cumprimento das metas dos planos de atendimento
III – reputação ilibada.
socioeducativo.
Capítulo V – Da Avaliação e
Art. 20. O Sistema Nacional de Avaliação e Acompa-
Acompanhamento da Gestão do
nhamento da Gestão do Atendimento Socioeducativo
Atendimento Socioeducativo
assegurará, na metodologia a ser empregada:
Art. 18. A União, em articulação com os estados, o I – a realização da autoavaliação dos gestores e das
Distrito Federal e os municípios, realizará avaliações instituições de atendimento;
periódicas da implementação dos planos de atendimento II – a avaliação institucional externa, contemplando
socioeducativo em intervalos não superiores a três anos. a análise global e integrada das instalações físicas, re-
lações institucionais, compromisso social, atividades
70
e finalidades das instituições de atendimento e seus IV – as políticas de pessoal quanto à qualificação, aper-
programas; feiçoamento, desenvolvimento profissional e condições
III – o respeito à identidade e à diversidade de entidades de trabalho;
e programas; V – a adequação da infraestrutura física às normas
IV – a participação do corpo de funcionários das en- de referência;
tidades de atendimento e dos conselhos tutelares da VI – o planejamento e a autoavaliação quanto aos
área de atuação da entidade avaliada; e processos, resultados, eficiência e eficácia do projeto
V – o caráter público de todos os procedimentos, dados pedagógico e da proposta socioeducativa;
e resultados dos processos avaliativos. VII – as políticas de atendimento para os adolescentes
e suas famílias;
Art. 21. A avaliação será coordenada por uma comissão
VIII – a atenção integral à saúde dos adolescentes em
permanente e realizada por comissões temporárias,
conformidade com as diretrizes do art. 60 desta lei; e
essas compostas, no mínimo, por três especialistas
IX – a sustentabilidade financeira.
com reconhecida atuação na área temática e definidas
na forma do regulamento. Art. 24. A avaliação dos programas terá por objetivo
Parágrafo único. É vedado à comissão permanente de- verificar, no mínimo, o atendimento ao que determi-
signar avaliadores: nam os arts. 94, 100, 117, 119, 120, 123 e 124 da Lei
I – que sejam titulares ou servidores dos órgãos gesto- nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança
res avaliados ou funcionários das entidades avaliadas; e do Adolescente).
II – que tenham relação de parentesco até o 3º grau com
Art. 25. A avaliação dos resultados da execução de
titulares ou servidores dos órgãos gestores avaliados e/
medida socioeducativa terá por objetivo, no mínimo:
ou funcionários das entidades avaliadas; e
I – verificar a situação do adolescente após cumpri-
III – que estejam respondendo a processos criminais.
mento da medida socioeducativa, tomando por base
Art. 22. A avaliação da gestão terá por objetivo: suas perspectivas educacionais, sociais, profissionais
I – verificar se o planejamento orçamentário e sua e familiares; e
execução se processam de forma compatível com as II – verificar reincidência de prática de ato infracional.
necessidades do respectivo Sistema de Atendimento
Art. 26. Os resultados da avaliação serão utilizados para:
Socioeducativo;
I – planejamento de metas e eleição de prioridades
II – verificar a manutenção do fluxo financeiro, consi-
do Sistema de Atendimento Socioeducativo e seu
derando as necessidades operacionais do atendimento
financiamento;
socioeducativo, as normas de referência e as condições
II – reestruturação e/ou ampliação da rede de atendi-
previstas nos instrumentos jurídicos celebrados entre
mento socioeducativo, de acordo com as necessidades
os órgãos gestores e as entidades de atendimento;
diagnosticadas;
III – verificar a implementação de todos os demais
III – adequação dos objetivos e da natureza do atendi-
compromissos assumidos por ocasião da celebração
mento socioeducativo prestado pelas entidades avaliadas;
dos instrumentos jurídicos relativos ao atendimento
IV – celebração de instrumentos de cooperação com vistas
socioeducativo; e
à correção de problemas diagnosticados na avaliação;
IV – a articulação interinstitucional e intersetorial das
V – reforço de financiamento para fortalecer a rede de
políticas.
atendimento socioeducativo;
Art. 23. A avaliação das entidades terá por objetivo VI – melhorar e ampliar a capacitação dos operadores
identificar o perfil e o impacto de sua atuação, por meio do Sistema de Atendimento Socioeducativo; e
de suas atividades, programas e projetos, considerando VII – os efeitos do art. 95 da Lei nº 8.069, de 13 de
as diferentes dimensões institucionais e, entre elas, julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
obrigatoriamente, as seguintes: Parágrafo único. As recomendações originadas da ava-
I – o plano de desenvolvimento institucional; liação deverão indicar prazo para seu cumprimento
II – a responsabilidade social, considerada especialmente por parte das entidades de atendimento e dos gestores
sua contribuição para a inclusão social e o desenvolvi- avaliados, ao fim do qual estarão sujeitos às medidas
mento socioeconômico do adolescente e de sua família; previstas no art. 28 desta lei.
III – a comunicação e o intercâmbio com a sociedade;
71
Art. 27. As informações produzidas a partir do Sistema integrantes do Sinase, ou de outras fontes, estão su-
Nacional de Informações sobre Atendimento Socioe- jeitos às normas e procedimentos de monitoramento
ducativo serão utilizadas para subsidiar a avaliação, estabelecidos pelas instâncias dos órgãos das políticas
o acompanhamento, a gestão e o financiamento dos setoriais envolvidas, sem prejuízo do disposto nos in-
sistemas nacional, distrital, estaduais e municipais de cisos IX e X do art. 4º, nos incisos V e VI do art. 5º e
atendimento socioeducativo. no art. 6º desta lei.
Capítulo VI – Da Responsabilização Art. 31. Os conselhos de direitos, nas três esferas de
dos Gestores, Operadores e governo, definirão, anualmente, o percentual de recursos
Entidades de Atendimento dos fundos dos direitos da criança e do adolescente a
serem aplicados no financiamento das ações previstas
Art. 28. No caso do desrespeito, mesmo que parcial,
nesta lei, em especial para capacitação, sistemas de
ou do não cumprimento integral às diretrizes e deter-
informação e de avaliação.
minações desta lei, em todas as esferas, são sujeitos:
Parágrafo único. Os entes federados beneficiados com
I – gestores, operadores e seus prepostos e entidades
recursos do Fundo dos Direitos da Criança e do Adoles-
governamentais às medidas previstas no inciso I e no
cente para ações de atendimento socioeducativo presta-
§ 1º do art. 97 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990
rão informações sobre o desempenho dessas ações por
(Estatuto da Criança e do Adolescente); e
meio do Sistema de Informações sobre Atendimento
II – entidades não governamentais, seus gestores, ope-
Socioeducativo.
radores e prepostos às medidas previstas no inciso II
e no § 1º do art. 97 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de Art. 32. A Lei nº 7.560, de 19 de dezembro de 1986,
1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). passa a vigorar com as seguintes alterações:
Parágrafo único. A aplicação das medidas previstas “Art. 5º Os recursos do Funad serão destinados:
neste artigo dar-se-á a partir da análise de relatório [...]
circunstanciado elaborado após as avaliações, sem X – às entidades governamentais e não governamentais
prejuízo do que determinam os arts. 191 a 197, 225 a integrantes do Sistema Nacional de Atendimento
227, 230 a 236, 243 e 245 a 247 da Lei nº 8.069, de 13 de Socioeducativo (Sinase).
julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). [...]” (NR)
“Art. 5º-A. A Secretaria Nacional de Políticas sobre
Art. 29. Àqueles que, mesmo não sendo agentes pú-
Drogas (Senad), órgão gestor do Fundo Nacional
blicos, induzam ou concorram, sob qualquer forma,
Antidrogas (Funad), poderá financiar projetos das
direta ou indireta, para o não cumprimento desta lei,
entidades do Sinase desde que:
aplicam-se, no que couber, as penalidades dispostas na
I – o ente federado de vinculação da entidade que
Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, que dispõe sobre
solicita o recurso possua o respectivo Plano de Aten-
as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de
dimento Socioeducativo aprovado;
enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo,
II – as entidades governamentais e não governamentais
emprego ou função na administração pública direta,
integrantes do Sinase que solicitem recursos tenham
indireta ou fundacional e dá outras providências (Lei
participado da avaliação nacional do atendimento
de Improbidade Administrativa).
socioeducativo;
Capítulo VII – Do Financiamento III – o projeto apresentado esteja de acordo com os
e das Prioridades pressupostos da Política Nacional sobre Drogas e
legislação específica.”
Art. 30. O Sinase será cofinanciado com recursos dos
orçamentos fiscal e da seguridade social, além de ou- Art. 33. A Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990, passa
tras fontes. a vigorar acrescida do seguinte art. 19-A:
§ 1º (Vetado.) “Art. 19-A. O Codefat356 poderá priorizar projetos
§ 2º Os entes federados que tenham instituído seus das entidades integrantes do Sistema Nacional de
sistemas de atendimento socioeducativo terão acesso Atendimento Socioeducativo (Sinase) desde que:
aos recursos na forma de transferência adotada pelos
órgãos integrantes do Sinase.
§ 3º Os entes federados beneficiados com recursos dos
orçamentos dos órgãos responsáveis pelas políticas 356. Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador.
72
I – o ente federado de vinculação da entidade que VIII – não discriminação do adolescente, notadamente
solicita o recurso possua o respectivo Plano de Aten- em razão de etnia, gênero, nacionalidade, classe social,
dimento Socioeducativo aprovado; orientação religiosa, política ou sexual, ou associação
II – as entidades governamentais e não governamentais ou pertencimento a qualquer minoria ou status; e
integrantes do Sinase que solicitem recursos tenham IX – fortalecimento dos vínculos familiares e comu-
se submetido à avaliação nacional do atendimento nitários no processo socioeducativo.
socioeducativo.”
Capítulo II – Dos Procedimentos
Art. 34. O art. 2º da Lei nº 5.537, de 21 de novembro
Art. 36. A competência para jurisdicionar a execução
de 1968, passa a vigorar acrescido do seguinte § 3º:
das medidas socioeducativas segue o determinado pelo
“Art. 2º
art. 146 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto
[...]
da Criança e do Adolescente).
§ 3º O fundo de que trata o art. 1º poderá financiar,
na forma das resoluções de seu conselho deliberativo, Art. 37. A defesa e o Ministério Público intervirão, sob
programas e projetos de educação básica relativos ao pena de nulidade, no procedimento judicial de execução
Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo de medida socioeducativa, asseguradas aos seus mem-
(Sinase) desde que: bros as prerrogativas previstas na Lei nº 8.069, de 13 de
I – o ente federado que solicitar o recurso possua julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente),
o respectivo Plano de Atendimento Socioeducativo podendo requerer as providências necessárias para ade-
aprovado; quar a execução aos ditames legais e regulamentares.
II – as entidades de atendimento vinculadas ao ente
Art. 38. As medidas de proteção, de advertência e de
federado que solicitar o recurso tenham se submetido
reparação do dano, quando aplicadas de forma isolada,
à avaliação nacional do atendimento socioeducativo; e
serão executadas nos próprios autos do processo de
III – o ente federado tenha assinado o Plano de Metas
conhecimento, respeitado o disposto nos arts. 143 e
Compromisso Todos pela Educação e elaborado o
144 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto
respectivo Plano de Ações Articuladas (PAR).” (NR)
TÍTULO II – DA EXECUÇÃO DAS
Art. 39. Para aplicação das medidas socioeducativas
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
de prestação de serviços à comunidade, liberdade as-
sistida, semiliberdade ou internação, será constituído
processo de execução para cada adolescente, respeitado
Art. 35. A execução das medidas socioeducativas re- o disposto nos arts. 143 e 144 da Lei nº 8.069, de 13 de
ger-se-á pelos seguintes princípios: julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente),
I – legalidade, não podendo o adolescente receber tra- e com autuação das seguintes peças:
tamento mais gravoso do que o conferido ao adulto; I – documentos de caráter pessoal do adolescente exis-
II – excepcionalidade da intervenção judicial e da im- tentes no processo de conhecimento, especialmente os
posição de medidas, favorecendo-se meios de auto- que comprovem sua idade; e
composição de conflitos; II – as indicadas pela autoridade judiciária, sempre que
III – prioridade a práticas ou medidas que sejam restau- houver necessidade e, obrigatoriamente:
rativas e, sempre que possível, atendam às necessidades a) cópia da representação;
das vítimas; b) cópia da certidão de antecedentes;
IV – proporcionalidade em relação à ofensa cometida; c) cópia da sentença ou acórdão; e
V – brevidade da medida em resposta ao ato cometido, d) cópia de estudos técnicos realizados durante a
em especial o respeito ao que dispõe o art. 122 da Lei fase de conhecimento.
nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança Parágrafo único. Procedimento idêntico será observado
e do Adolescente); na hipótese de medida aplicada em sede de remissão,
VI – individualização, considerando-se a idade, capa- como forma de suspensão do processo.
cidades e circunstâncias pessoais do adolescente;
Art. 40. Autuadas as peças, a autoridade judiciária en-
VII – mínima intervenção, restrita ao necessário para
caminhará, imediatamente, cópia integral do expe-
a realização dos objetivos da medida;
diente ao órgão gestor do atendimento socioeducativo,
73
solicitando designação do programa ou da unidade de programa de atendimento, do defensor, do Ministério

cumprimento da medida. Público, do adolescente, de seus pais ou responsável.
§ 1º Justifica o pedido de reavaliação, entre outros motivos:
Art. 41. A autoridade judiciária dará vistas da proposta
I – o desempenho adequado do adolescente com base
de plano individual de que trata o art. 53 desta lei ao
no seu plano de atendimento individual, antes do prazo
defensor e ao Ministério Público pelo prazo sucessivo
da reavaliação obrigatória;
de três dias, contados do recebimento da proposta en-
II – a inadaptação do adolescente ao programa e o
caminhada pela direção do programa de atendimento.
reiterado descumprimento das atividades do plano
§ 1º O defensor e o Ministério Público poderão reque-
individual; e
rer, e o juiz da execução poderá determinar, de ofício,
III – a necessidade de modificação das atividades do
a realização de qualquer avaliação ou perícia que en-
plano individual que importem em maior restrição da
tenderem necessárias para complementação do plano
liberdade do adolescente.
individual.
§ 2º A autoridade judiciária poderá indeferir o pedido,
§ 2º A impugnação ou complementação do plano in-
de pronto, se entender insuficiente a motivação.
dividual, requerida pelo defensor ou pelo Ministério
§ 3º Admitido o processamento do pedido, a autoridade
Público, deverá ser fundamentada, podendo a autori-
judiciária, se necessário, designará audiência, observando
dade judiciária indeferi-la, se entender insuficiente a
o princípio do § 1º do art. 42 desta lei.
motivação.
§ 4º A substituição por medida mais gravosa somen-
§ 3º Admitida a impugnação, ou se entender que o
te ocorrerá em situações excepcionais, após o devido
plano é inadequado, a autoridade judiciária designará,
processo legal, inclusive na hipótese do inciso III do
se necessário, audiência da qual cientificará o defen-
art. 122 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto
sor, o Ministério Público, a direção do programa de
da Criança e do Adolescente), e deve ser:
atendimento, o adolescente e seus pais ou responsável.
I – fundamentada em parecer técnico;
§ 4º A impugnação não suspenderá a execução do plano
II – precedida de prévia audiência, e nos termos do § 1º
individual, salvo determinação judicial em contrário.
§ 5º Findo o prazo sem impugnação, considerar-se-á o
plano individual homologado. Art. 44. Na hipótese de substituição da medida ou
modificação das atividades do plano individual, a au-
Art. 42. As medidas socioeducativas de liberdade as-
toridade judiciária remeterá o inteiro teor da decisão
sistida, de semiliberdade e de internação deverão ser
à direção do programa de atendimento, assim como as
reavaliadas no máximo a cada seis meses, podendo a
peças que entender relevantes à nova situação jurídica
autoridade judiciária, se necessário, designar audiência,
do adolescente.
no prazo máximo de dez dias, cientificando o defen-
Parágrafo único. No caso de a substituição da medida
sor, o Ministério Público, a direção do programa de
importar em vinculação do adolescente a outro pro-
atendimento, o adolescente e seus pais ou responsável.
grama de atendimento, o plano individual e o histórico
§ 1º A audiência será instruída com o relatório da equipe
do cumprimento da medida deverão acompanhar a
técnica do programa de atendimento sobre a evolução
transferência.
do plano de que trata o art. 52 desta lei e com qualquer
outro parecer técnico requerido pelas partes e deferido Art. 45. Se, no transcurso da execução, sobrevier sen-
pela autoridade judiciária. tença de aplicação de nova medida, a autoridade judi-
§ 2º A gravidade do ato infracional, os antecedentes ciária procederá à unificação, ouvidos, previamente, o
e o tempo de duração da medida não são fatores que, Ministério Público e o defensor, no prazo de três dias
por si, justifiquem a não substituição da medida por sucessivos, decidindo-se em igual prazo.
outra menos grave. § 1º É vedado à autoridade judiciária determinar rei-
§ 3º Considera-se mais grave a internação, em relação a nício de cumprimento de medida socioeducativa, ou
todas as demais medidas, e mais grave a semiliberdade, deixar de considerar os prazos máximos, e de liberação
em relação às medidas de meio aberto. compulsória previstos na Lei nº 8.069, de 13 de julho de
1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), excetu-
Art. 43. A reavaliação da manutenção, da substituição
ada a hipótese de medida aplicada por ato infracional
ou da suspensão das medidas de meio aberto ou de pri-
praticado durante a execução.
vação da liberdade e do respectivo plano individual pode
ser solicitada a qualquer tempo, a pedido da direção do
74
§ 2º É vedado à autoridade judiciária aplicar nova me- Capítulo III – Dos Direitos Individuais
dida de internação, por atos infracionais praticados
Art. 49. São direitos do adolescente submetido ao cum-
anteriormente, a adolescente que já tenha concluído
primento de medida socioeducativa, sem prejuízo de
cumprimento de medida socioeducativa dessa natureza,
outros previstos em lei:
ou que tenha sido transferido para cumprimento de
I – ser acompanhado por seus pais ou responsável e
medida menos rigorosa, sendo tais atos absorvidos por
por seu defensor, em qualquer fase do procedimento
aqueles aos quais se impôs a medida socioeducativa
administrativo ou judicial;
extrema.
II – ser incluído em programa de meio aberto quando
Art. 46. A medida socioeducativa será declarada extinta: inexistir vaga para o cumprimento de medida de pri-
I – pela morte do adolescente; vação da liberdade, exceto nos casos de ato infracional
II – pela realização de sua finalidade; cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa,
III – pela aplicação de pena privativa de liberdade, a quando o adolescente deverá ser internado em Unidade
ser cumprida em regime fechado ou semiaberto, em mais próxima de seu local de residência;
execução provisória ou definitiva; III – ser respeitado em sua personalidade, intimidade,
IV – pela condição de doença grave, que torne o ado- liberdade de pensamento e religião e em todos os direitos
lescente incapaz de submeter-se ao cumprimento da não expressamente limitados na sentença;
medida; e IV – peticionar, por escrito ou verbalmente, diretamen-
V – nas demais hipóteses previstas em lei. te a qualquer autoridade ou órgão público, devendo,
§ 1º No caso de o maior de dezoito anos, em cumprimento obrigatoriamente, ser respondido em até quinze dias;
de medida socioeducativa, responder a processo-crime, V – ser informado, inclusive por escrito, das normas de
caberá à autoridade judiciária decidir sobre eventual organização e funcionamento do programa de atendi-
extinção da execução, cientificando da decisão o juízo mento e também das previsões de natureza disciplinar;
criminal competente. VI – receber, sempre que solicitar, informações so-
§ 2º Em qualquer caso, o tempo de prisão cautelar bre a evolução de seu plano individual, participando,
não convertida em pena privativa de liberdade deve obrigatoriamente, de sua elaboração e, se for o caso,
ser descontado do prazo de cumprimento da medida reavaliação;
socioeducativa. VII – receber assistência integral à sua saúde, conforme
o disposto no art. 60 desta lei; e
Art. 47. O mandado de busca e apreensão do adolescente
VIII – ter atendimento garantido em creche e pré-escola
terá vigência máxima de seis meses, a contar da data
aos filhos de zero a cinco anos.
da expedição, podendo, se necessário, ser renovado,
§ 1º As garantias processuais destinadas a adolescente
fundamentadamente.
autor de ato infracional previstas na Lei nº 8.069, de 13
Art. 48. O defensor, o Ministério Público, o adolescente de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente),
e seus pais ou responsável poderão postular revisão aplicam-se integralmente na execução das medidas
judicial de qualquer sanção disciplinar aplicada, po- socioeducativas, inclusive no âmbito administrativo.
dendo a autoridade judiciária suspender a execução § 2º A oferta irregular de programas de atendimento
da sanção até decisão final do incidente. socioeducativo em meio aberto não poderá ser invocada
§ 1º Postulada a revisão após ouvida a autoridade cole- como motivo para aplicação ou manutenção de medida
giada que aplicou a sanção e havendo provas a produzir de privação da liberdade.
em audiência, procederá o magistrado na forma do § 1º
Art. 50. Sem prejuízo do disposto no § 1º do art. 121
§ 2º É vedada a aplicação de sanção disciplinar de iso-
Criança e do Adolescente), a direção do programa de
lamento a adolescente interno, exceto seja essa impres-
execução de medida de privação da liberdade poderá
cindível para garantia da segurança de outros internos
autorizar a saída, monitorada, do adolescente nos casos
ou do próprio adolescente a quem seja imposta a sanção,
de tratamento médico, doença grave ou falecimento,
sendo necessária ainda comunicação ao defensor, ao
devidamente comprovados, de pai, mãe, filho, cônjuge,
Ministério Público e à autoridade judiciária em até
companheiro ou irmão, com imediata comunicação ao
vinte e quatro horas.
juízo competente.
75
Art. 51. A decisão judicial relativa à execução de me- o PIA será elaborado no prazo de até quinze dias do
dida socioeducativa será proferida após manifestação ingresso do adolescente no programa de atendimento.
do defensor e do Ministério Público.
Art. 57. Para a elaboração do PIA, a direção do respectivo
Capítulo IV – Do Plano Individual programa de atendimento, pessoalmente ou por meio
de Atendimento (PIA) de membro da equipe técnica, terá acesso aos autos do
procedimento de apuração do ato infracional e aos dos
Art. 52. O cumprimento das medidas socioeducativas,
procedimentos de apuração de outros atos infracionais
em regime de prestação de serviços à comunidade, liber-
atribuídos ao mesmo adolescente.
dade assistida, semiliberdade ou internação, dependerá
§ 1º O acesso aos documentos de que trata o caput
de Plano Individual de Atendimento (PIA), instrumento
deverá ser realizado por funcionário da entidade de
de previsão, registro e gestão das atividades a serem
atendimento, devidamente credenciado para tal ati-
desenvolvidas com o adolescente.
vidade, ou por membro da direção, em conformidade
Parágrafo único. O PIA deverá contemplar a partici-
com as normas a serem definidas pelo Poder Judiciário,
pação dos pais ou responsáveis, os quais têm o dever
de forma a preservar o que determinam os arts. 143 e
de contribuir com o processo ressocializador do ado-
144 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto
lescente, sendo esses passíveis de responsabilização
administrativa, nos termos do art. 249 da Lei nº 8.069,
§ 2º A direção poderá requisitar, ainda:
de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Ado-
I – ao estabelecimento de ensino, o histórico escolar do
lescente), civil e criminal.
adolescente e as anotações sobre o seu aproveitamento;
Art. 53. O PIA será elaborado sob a responsabilidade II – os dados sobre o resultado de medida anterior-
da equipe técnica do respectivo programa de atendi- mente aplicada e cumprida em outro programa de
mento, com a participação efetiva do adolescente e de atendimento; e
sua família, representada por seus pais ou responsável. III – os resultados de acompanhamento especializado
anterior.
Art. 54. Constarão do plano individual, no mínimo:
I – os resultados da avaliação interdisciplinar; Art. 58. Por ocasião da reavaliação da medida, é obri-
II – os objetivos declarados pelo adolescente; gatória a apresentação pela direção do programa de
III – a previsão de suas atividades de integração social atendimento de relatório da equipe técnica sobre a
e/ou capacitação profissional; evolução do adolescente no cumprimento do plano
IV – atividades de integração e apoio à família; individual.
V – formas de participação da família para efetivo
Art. 59. O acesso ao plano individual será restrito aos
cumprimento do plano individual; e
servidores do respectivo programa de atendimento, ao
VI – as medidas específicas de atenção à sua saúde.
adolescente e a seus pais ou responsável, ao Ministé-
Art. 55. Para o cumprimento das medidas de semili- rio Público e ao defensor, exceto expressa autorização
berdade ou de internação, o plano individual conterá, judicial.
ainda:
Capítulo V – Da Atenção Integral à
I – a designação do programa de atendimento mais
Saúde de Adolescente em Cumprimento
adequado para o cumprimento da medida;
de Medida Socioeducativa
II – a definição das atividades internas e externas, in-
dividuais ou coletivas, das quais o adolescente poderá Seção I – Disposições Gerais
participar; e
Art. 60. A atenção integral à saúde do adolescente no
III – a fixação das metas para o alcance de desenvol-
Sistema de Atendimento Socioeducativo seguirá as
vimento de atividades externas.
seguintes diretrizes:
Parágrafo único. O PIA será elaborado no prazo de até
I – previsão, nos planos de atendimento socioeduca-
quarenta e cinco dias da data do ingresso do adolescente
tivo, em todas as esferas, da implantação de ações de
no programa de atendimento.
promoção da saúde, com o objetivo de integrar as ações
Art. 56. Para o cumprimento das medidas de presta- socioeducativas, estimulando a autonomia, a melhoria
ção de serviços à comunidade e de liberdade assistida, das relações interpessoais e o fortalecimento de redes
de apoio aos adolescentes e suas famílias;
76
II – inclusão de ações e serviços para a promoção, pro- ser avaliado por equipe técnica multidisciplinar e
teção, prevenção de agravos e doenças e recuperação multissetorial.
da saúde; § 1º As competências, a composição e a atuação da
III – cuidados especiais em saúde mental, incluindo equipe técnica de que trata o caput deverão seguir,
os relacionados ao uso de álcool e outras substâncias conjuntamente, as normas de referência do SUS e do
psicoativas, e atenção aos adolescentes com deficiências; Sinase, na forma do regulamento.
IV – disponibilização de ações de atenção à saúde sexual § 2º A avaliação de que trata o caput subsidiará a ela-
e reprodutiva e à prevenção de doenças sexualmente boração e execução da terapêutica a ser adotada, a qual
transmissíveis; será incluída no PIA do adolescente, prevendo, se ne-
V – garantia de acesso a todos os níveis de atenção à cessário, ações voltadas para a família.
saúde, por meio de referência e contrarreferência, de § 3º As informações produzidas na avaliação de que
acordo com as normas do Sistema Único de Saúde (SUS); trata o caput são consideradas sigilosas.
VI – capacitação das equipes de saúde e dos profissionais § 4º Excepcionalmente, o juiz poderá suspender a exe-
das entidades de atendimento, bem como daqueles que cução da medida socioeducativa, ouvidos o defensor e
atuam nas unidades de saúde de referência voltadas o Ministério Público, com vistas a incluir o adolescente
às especificidades de saúde dessa população e de suas em programa de atenção integral à saúde mental que
famílias; melhor atenda aos objetivos terapêuticos estabelecidos
VII – inclusão, nos sistemas de informação de saúde para o seu caso específico.
do SUS, bem como no Sistema de Informações sobre § 5º Suspensa a execução da medida socioeducativa, o
Atendimento Socioeducativo, de dados e indicadores juiz designará o responsável por acompanhar e infor-
de saúde da população de adolescentes em atendimento mar sobre a evolução do atendimento ao adolescente.
socioeducativo; e § 6º A suspensão da execução da medida socioeducativa
VIII – estruturação das unidades de internação conforme será avaliada, no mínimo, a cada seis meses.
as normas de referência do SUS e do Sinase, visando § 7º O tratamento a que se submeterá o adolescente
ao atendimento das necessidades de Atenção Básica. deverá observar o previsto na Lei nº 10.216, de 6 de
abril de 2001, que dispõe sobre a proteção e os direi-
Art. 61. As entidades que ofereçam programas de atendi-
tos das pessoas portadoras de transtornos mentais e
mento socioeducativo em meio aberto e de semiliberdade
redireciona o modelo assistencial em saúde mental.
deverão prestar orientações aos socioeducandos sobre
§ 8º (Vetado.)
o acesso aos serviços e às unidades do SUS.
Art. 65. Enquanto não cessada a jurisdição da Infân-
Art. 62. As entidades que ofereçam programas de privação
cia e Juventude, a autoridade judiciária, nas hipóteses
de liberdade deverão contar com uma equipe mínima
tratadas no art. 64, poderá remeter cópia dos autos
de profissionais de saúde cuja composição esteja em
ao Ministério Público para eventual propositura de
conformidade com as normas de referência do SUS.
interdição e outras providências pertinentes.
Art. 63. (Vetado.)
Art. 66. (Vetado.)
§ 1º O filho de adolescente nascido nos estabelecimentos
referidos no caput deste artigo não terá tal informação Capítulo VI – Das Visitas a Adolescente em
lançada em seu registro de nascimento. Cumprimento de Medida de Internação
§ 2º Serão asseguradas as condições necessárias para
Art. 67. A visita do cônjuge, companheiro, pais ou
que a adolescente submetida à execução de medida
responsáveis, parentes e amigos a adolescente a quem
socioeducativa de privação de liberdade permaneça
foi aplicada medida socioeducativa de internação ob-
com o seu filho durante o período de amamentação.
servará dias e horários próprios definidos pela direção
Seção II – Do Atendimento a Adolescente do programa de atendimento.
com Transtorno Mental e com Dependência
Art. 68. É assegurado ao adolescente casado ou que
de Álcool e de Substância Psicoativa
viva, comprovadamente, em união estável o direito à
Art 64. O adolescente em cumprimento de medida visita íntima.
socioeducativa que apresente indícios de transtorno Parágrafo único. O visitante será identificado e registrado
mental, de deficiência mental, ou associadas, deverá pela direção do programa de atendimento, que emitirá
77
documento de identificação, pessoal e intransferível, Capítulo VIII – Da Capacitação

específico para a realização da visita íntima. para o Trabalho
Art. 69. É garantido aos adolescentes em cumprimento Art. 76. O art. 2º do Decreto-Lei nº 4.048, de 22 de
de medida socioeducativa de internação o direito de janeiro de 1942, passa a vigorar acrescido do seguinte
receber visita dos filhos, independentemente da idade § 1º, renumerando-se o atual parágrafo único para § 2º:
desses. “Art. 2º
[...]
Art. 70. O regulamento interno estabelecerá as hipó-
§ 1º As escolas do Senai357 poderão ofertar vagas aos
teses de proibição da entrada de objetos na unidade
usuários do Sistema Nacional de Atendimento Socio-
de internação, vedando o acesso aos seus portadores.
educativo (Sinase) nas condições a serem dispostas
Capítulo VII – Dos Regimes Disciplinares em instrumentos de cooperação celebrados entre
os operadores do Senai e os gestores dos sistemas
Art. 71. Todas as entidades de atendimento socio-
de atendimento socioeducativo locais.
educativo deverão, em seus respectivos regimentos,
§ 2º [...]” (NR)
realizar a previsão de regime disciplinar que obedeça
aos seguintes princípios: Art. 77. O art. 3º do Decreto-Lei nº 8.621, de 10 de
I – tipificação explícita das infrações como leves, médias janeiro de 1946, passa a vigorar acrescido do seguinte
e graves e determinação das correspondentes sanções; § 1º, renumerando-se o atual parágrafo único para § 2º:
II – exigência da instauração formal de processo disci- “Art. 3º
plinar para a aplicação de qualquer sanção, garantidos [...]
a ampla defesa e o contraditório; § 1º As escolas do Senac358 poderão ofertar vagas aos
III – obrigatoriedade de audiência do socioeducando usuários do Sistema Nacional de Atendimento Socio-
nos casos em que seja necessária a instauração de pro- educativo (Sinase) nas condições a serem dispostas
cesso disciplinar; em instrumentos de cooperação celebrados entre
IV – sanção de duração determinada; os operadores do Senac e os gestores dos sistemas
V – enumeração das causas ou circunstâncias que de atendimento socioeducativo locais.
eximam, atenuem ou agravem a sanção a ser impos- § 2º [...]” (NR)
ta ao socioeducando, bem como os requisitos para a
Art. 78. O art. 1º da Lei nº 8.315, de 23 de dezembro de
extinção dessa;
1991, passa a vigorar acrescido do seguinte parágrafo
VI – enumeração explícita das garantias de defesa;
único:
VII – garantia de solicitação e rito de apreciação dos
“Art. 1º
recursos cabíveis; e
[...]
VIII – apuração da falta disciplinar por comissão com-
Parágrafo único. Os programas de formação profis-
posta por, no mínimo, três integrantes, sendo um, obri-
sional rural do Senar359 poderão ofertar vagas aos
gatoriamente, oriundo da equipe técnica.
usuários do Sistema Nacional de Atendimento Socio-
Art. 72. O regime disciplinar é independente da respon- educativo (Sinase) nas condições a serem dispostas
sabilidade civil ou penal que advenha do ato cometido. em instrumentos de cooperação celebrados entre os
operadores do Senar e os gestores dos sistemas de
Art. 73. Nenhum socioeducando poderá desempenhar
atendimento socioeducativo locais.” (NR)
função ou tarefa de apuração disciplinar ou aplicação
de sanção nas entidades de atendimento socioeducativo. Art. 79. O art. 3º da Lei nº 8.706, de 14 de setembro de
1993, passa a vigorar acrescido do seguinte parágrafo
Art. 74. Não será aplicada sanção disciplinar sem ex-
único:
pressa e anterior previsão legal ou regulamentar e o
“Art. 3º [...]
devido processo administrativo.
Parágrafo único. Os programas de formação profis-
Art. 75. Não será aplicada sanção disciplinar ao socio- sional do Senat360 poderão ofertar vagas aos usuários
educando que tenha praticado a falta:
I – por coação irresistível ou por motivo de força maior; 357. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
II – em legítima defesa, própria ou de outrem. 358. Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial.
359. Serviço Nacional de Aprendizagem Rural.
360. Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte.
78
do Sistema Nacional de Atendimento Socioeduca- respectivo estado no prazo máximo de um ano a partir
tivo (Sinase) nas condições a serem dispostas em da publicação desta lei e de acordo com a política de
instrumentos de cooperação celebrados entre os oferta dos programas aqui definidos.
operadores do Senat e os gestores dos sistemas de
Art. 85. A não transferência de programas de atendimento
para os devidos entes responsáveis, no prazo determi-
Art. 80. O art. 429 do Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de nado nesta lei, importará na interdição do programa
maio de 1943, passa a vigorar acrescido do seguinte § 2º: e caracterizará ato de improbidade administrativa do
“Art. 429 agente responsável, vedada, ademais, ao Poder Judiciário
[...] e ao Poder Executivo municipal, ao final do referido
§ 2º Os estabelecimentos de que trata o caput361 prazo, a realização de despesas para a sua manutenção.
ofertarão vagas de aprendizes a adolescentes usu- 362
[...]
ários do Sistema Nacional de Atendimento Socio-
Art. 89. (Vetado.)
educativo (Sinase) nas condições a serem dispostas
em instrumentos de cooperação celebrados entre Art. 90. Esta lei entra em vigor após decorridos noventa
os estabelecimentos e os gestores dos sistemas de dias de sua publicação oficial.
Brasília, 18 de janeiro de 2012; 191º da Independência e
TÍTULO III – DISPOSIÇÕES 124º da República.
FINAIS E TRANSITÓRIAS
DILMA ROUSSEFF
Art. 81. As entidades que mantenham programas de José Eduardo Cardozo
atendimento têm o prazo de até seis meses após a publi- Guido Mantega
cação desta lei para encaminhar ao respectivo Conselho Alexandre Rocha Santos Padilha
Estadual ou Municipal dos Direitos da Criança e do Miriam Belchior
Adolescente proposta de adequação da sua inscrição, Maria do Rosário Nunes
sob pena de interdição.
Art. 82. Os conselhos dos direitos da criança e do ado-
lescente, em todos os níveis federados, com os órgãos
LEI Nº 12.685, DE 18 DE JULHO DE 2012363
responsáveis pelo sistema de educação pública e as en-
Institui o Dia Nacional do Compromisso com a Criança,
tidades de atendimento, deverão, no prazo de um ano
o Adolescente e a Educação.
a partir da publicação desta lei, garantir a inserção de
adolescentes em cumprimento de medida socioeduca-
tiva na rede pública de educação, em qualquer fase do
período letivo, contemplando as diversas faixas etárias
e níveis de instrução.
Art. 1º É instituído o dia 21 de novembro como o Dia
Art. 83. Os programas de atendimento socioeduca-
Nacional do Compromisso com a Criança, o Adoles-
tivo sob a responsabilidade do Poder Judiciário serão,
cente e a Educação.
obrigatoriamente, transferidos ao Poder Executivo no
prazo máximo de um ano a partir da publicação desta Art. 2º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
lei e de acordo com a política de oferta dos programas
Brasília, 18 de julho de 2012; 191º da Independência e
aqui definidos.
Art. 84. Os programas de internação e semiliberdade
DILMA ROUSSEFF
sob a responsabilidade dos municípios serão, obriga-
Maria do Rosário Nunes
toriamente, transferidos para o Poder Executivo do
Gilberto Carvalho
361. Conforme o caput do art. 429 do Decreto-Lei nº 5.452, de 1º-5-1943,
com a redação dada pela Lei nº 10.097, de 19-12-2000, “os estabelecimentos
de qualquer natureza são obrigados a empregar e matricular nos cursos
dos Serviços Nacionais de Aprendizagem número de aprendizes equi- 362. As alterações expressas nos arts. 86 e 87 foram compiladas na Lei
valente a cinco por cento, no mínimo, e quinze por cento, no máximo, nº 8.069, de 13-7-1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), constante
dos trabalhadores existentes em cada estabelecimento, cujas funções desta publicação.
demandem formação profissional.” 363. Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 19 de julho de 2012.
79
LEI Nº 12.845, DE 1º DE AGOSTO DE 2013364 Brasília, 1º de agosto de 2013; 192º da Independência e

Dispõe sobre o atendimento obrigatório e integral de
DILMA ROUSSEFF
pessoas em situação de violência sexual.
José Eduardo Cardozo
Alexandre Rocha Santos Padilha
Eleonora Menicucci de Oliveira
Maria do Rosário Nunes
Art. 1º Os hospitais devem oferecer às vítimas de
violência sexual atendimento emergencial, integral e LEI COMPLEMENTAR Nº 146, DE
multidisciplinar, visando ao controle e ao tratamento 25 DE JUNHO DE 2014365
dos agravos físicos e psíquicos decorrentes de violência
sexual, e encaminhamento, se for o caso, aos serviços
Estende a estabilidade provisória prevista na alínea b do
de assistência social.
inciso II do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais
Art. 2º Considera-se violência sexual, para os efeitos desta Transitórias à trabalhadora gestante, nos casos de morte
Lei, qualquer forma de atividade sexual não consentida. desta, a quem detiver a guarda de seu filho.
Art. 3º O atendimento imediato, obrigatório em todos

os hospitais integrantes da rede do SUS, compreende
os seguintes serviços:
ciono a seguinte lei complementar:
I – diagnóstico e tratamento das lesões físicas no apa-
relho genital e nas demais áreas afetadas; Art. 1º O direito prescrito na alínea b do inciso II do
II – amparo médico, psicológico e social imediatos; art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Tran-
III – facilitação do registro da ocorrência e encami- sitórias, nos casos em que ocorrer o falecimento da
nhamento ao órgão de medicina legal e às delegacias genitora, será assegurado a quem detiver a guarda do
especializadas com informações que possam ser úteis seu filho.
à identificação do agressor e à comprovação da vio-
Art. 2º Esta lei complementar entra em vigor na data
lência sexual;
de sua publicação.
IV – profilaxia da gravidez;
V – profilaxia das Doenças Sexualmente Transmis- Brasília, 25 de junho de 2014; 193º da Independência e
síveis (DST); 126º da República.
VI – coleta de material para realização do exame de
DILMA ROUSSEFF
HIV para posterior acompanhamento e terapia;
VII – fornecimento de informações às vítimas sobre
os direitos legais e sobre todos os serviços sanitários
disponíveis.
§ 1º Os serviços de que trata esta lei são prestados de
forma gratuita aos que deles necessitarem.
§ 2º No tratamento das lesões, caberá ao médico pre-
servar materiais que possam ser coletados no exame
médico legal.
§ 3º Cabe ao órgão de medicina legal o exame de DNA
para identificação do agressor.
Art. 4º Esta lei entra em vigor após decorridos noventa
dias de sua publicação oficial.
364. Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 2 de agosto de 365. Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, edição extra de 26
2013, p. 1. de junho de 2014, p. 1.
80
LEI Nº 13.010, DE 26 DE JUNHO DE 2014366 DECRETO Nº 99.710, DE 21 DE

NOVEMBRO DE 1990368
(Lei Menino Bernardo – Lei da Palmada)
Promulga a Convenção sobre os Direitos da Criança.
Altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
Criança e do Adolescente), para estabelecer o direito da
O presidente da República, usando da atribuição que
criança e do adolescente de serem educados e cuidados
lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e
sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou
Considerando que o Congresso Nacional aprovou, pelo
degradante, e altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro
Decreto Legislativo nº 28, de 14 de setembro de 1990, a
de 1996.
Convenção sobre os Direitos da Criança, a qual entrou
em vigor internacional em 2 de setembro de 1990, na
forma de seu artigo 49, inciso 1;
Considerando que o governo brasileiro ratificou a re-
ferida convenção em 24 de setembro de 1990, tendo a
367
[...]
mesma entrado em vigor para o Brasil em 23 de outubro
Art. 3º O art. 26 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de de 1990, na forma do seu artigo 49, inciso 2; decreta:
1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional),
Art. 1º A Convenção sobre os Direitos da Criança,
passa a vigorar acrescido do seguinte § 9º:
apensa por cópia ao presente decreto, será executada
“Art. 26.
e cumprida tão inteiramente como nela se contém.
[...]
§ 9º Conteúdos relativos aos direitos humanos e à Art. 2º Este decreto entra em vigor na data de sua
prevenção de todas as formas de violência contra a publicação.
criança e o adolescente serão incluídos, como temas
Art. 3º Revogam-se as disposições em contrário.
transversais, nos currículos escolares de que trata o
caput deste artigo, tendo como diretriz a Lei nº 8.069, Brasília, 21 de novembro de 1990; 169º da
de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Independência e 102º da República.
Adolescente), observada a produção e distribuição
FERNANDO COLLOR
de material didático adequado.”
Francisco Rezek
Brasília, 26 de junho de 2014; 193º da Independência e
CONVENÇÃO SOBRE OS
DIREITOS DA CRIANÇA
DILMA ROUSSEFF
PREÂMBULO
Ideli Salvatti
Luís Inácio Lucena Adams Os Estados-Partes da presente convenção,
Considerando que, de acordo com os princípios
proclamados na Carta das Nações Unidas, a liberda-
de, a justiça e a paz no mundo se fundamentam no
reconhecimento da dignidade inerente e dos direitos
iguais e inalienáveis de todos os membros da família
humana;
Tendo em conta que os povos das Nações Unidas
reafirmaram na Carta sua fé nos direitos fundamen-
366. Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 27 de junho de tais do homem e na dignidade e no valor da pessoa
2014, p. 2 e retificada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 4 de julho
de 2014, p. 1.
367. As alterações expressas nos arts. 1º e 2º foram compiladas na Lei nº
8.069, de 13-7-1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), constante 368. Publicado no Diário Oficial da União, Seção 1, de 22 de novembro
desta publicação. de 1990, p. 22256.
81
humana, e que decidiram promover o progresso so- virtude de sua falta de maturidade física e mental,
cial e a elevação do nível de vida com mais liberdade; necessita proteção e cuidados especiais, inclusive a
devida proteção legal, tanto antes quanto após seu
Reconhecendo que as Nações Unidas proclama-
nascimento”;
ram e concordaram na Declaração Universal dos
Direitos Humanos e nos pactos internacionais de Lembrando o estabelecido na Declaração sobre
direitos humanos que toda pessoa possui todos os os Princípios Sociais e Jurídicos Relativos à Proteção
direitos e liberdades neles enunciados, sem distinção e ao Bem-Estar das Crianças, especialmente com Re-
de qualquer natureza, seja de raça, cor, sexo, idioma, ferência à Adoção e à Colocação em Lares de Ado-
crença, opinião política ou de outra índole, origem ção, nos Planos Nacional e Internacional; as Regras
nacional ou social, posição econômica, nascimento Mínimas das Nações Unidas para a Administração
ou qualquer outra condição; da Justiça Juvenil (Regras de Pequim); e a Declaração
sobre a Proteção da Mulher e da Criança em Situa-
Recordando que na Declaração Universal dos
ções de Emergência ou de Conflito Armado;
Direitos Humanos as Nações Unidas proclamaram
que a infância tem direito a cuidados e assistência Reconhecendo que em todos os países do mundo
especiais; existem crianças vivendo sob condições excepcio-
nalmente difíceis e que essas crianças necessitam
Convencidos de que a família, como grupo fun-
consideração especial;
damental da sociedade e ambiente natural para o
crescimento e bem-estar de todos os seus membros, Tomando em devida conta a importância das tra-
e em particular das crianças, deve receber a prote- dições e os valores culturais de cada povo para a pro-
ção e assistência necessárias a fim de poder assu- teção e o desenvolvimento harmonioso da criança;
mir plenamente suas responsabilidades dentro da
Reconhecendo a importância da cooperação in-
comunidade;
ternacional para a melhoria das condições de vida
Reconhecendo que a criança, para o pleno e har- das crianças em todos os países, especialmente nos
monioso desenvolvimento de sua personalidade, países em desenvolvimento;
deve crescer no seio da família, em um ambiente de
Acordam o seguinte:
felicidade, amor e compreensão;
PARTE I
Considerando que a criança deve estar plena-
mente preparada para uma vida independente na so- ARTIGO 1º
ciedade e deve ser educada de acordo com os ideais
Para efeitos da presente convenção considera-se
proclamados na Carta das Nações Unidas, especial-
como criança todo ser humano com menos de de-
mente com espírito de paz, dignidade, tolerância, li-
zoito anos de idade, a não ser que, em conformidade
berdade, igualdade e solidariedade;
com a lei aplicável à criança, a maioridade seja alcan-
Tendo em conta que a necessidade de proporcio- çada antes.
nar à criança uma proteção especial foi enunciada
ARTIGO 2º
na Declaração de Genebra de 1924 sobre os Direitos
1) Os Estados-Partes respeitarão os direitos enunciados
da Criança e na Declaração dos Direitos da Criança
na presente convenção e assegurarão sua aplicação
adotada pela Assembleia Geral em 20 de novembro
a cada criança sujeita à sua jurisdição, sem distin-
de 1959, e reconhecida na Declaração Universal dos
ção alguma, independentemente de raça, cor, sexo,
Direitos Humanos, no Pacto Internacional de Direi-
idioma, crença, opinião política ou de outra índole,
tos Civis e Políticos (em particular nos artigos 23 e
origem nacional, étnica ou social, posição econô-
24), no Pacto Internacional de Direitos Econômicos,
mica, deficiências físicas, nascimento ou qualquer
Sociais e Culturais (em particular no artigo 10) e nos
outra condição da criança, de seus pais ou de seus
estatutos e instrumentos pertinentes das agências
representantes legais.
especializadas e das organizações internacionais que
2) Os Estados-Partes tomarão todas as medidas apro-
se interessam pelo bem-estar da criança;
priadas para assegurar a proteção da criança contra
Tendo em conta que, conforme assinalado na toda forma de discriminação ou castigo por causa da
Declaração dos Direitos da Criança, “a criança, em condição, das atividades, das opiniões manifestadas
82
ou das crenças de seus pais, representantes legais ARTIGO 7º

ou familiares. 1) A criança será registrada imediatamente após seu
nascimento e terá direito, desde o momento em
ARTIGO 3º
que nasce, a um nome, a uma nacionalidade e, na
1) Todas as ações relativas às crianças, levadas a efeito
medida do possível, a conhecer seus pais e a ser
por instituições públicas ou privadas de bem-estar
cuidada por eles.
social, tribunais, autoridades administrativas ou
2) Os Estados-Partes zelarão pela aplicação desses
órgãos legislativos, devem considerar, primordial-
direitos de acordo com sua legislação nacional e
mente, o interesse maior da criança.
com as obrigações que tenham assumido em vir-
2) Os Estados-Partes se comprometem a assegurar à
tude dos instrumentos internacionais pertinentes,
criança a proteção e o cuidado que sejam necessá-
sobretudo se, de outro modo, a criança se tornar
rios para seu bem-estar, levando em consideração
apátrida.
os direitos e deveres de seus pais, tutores ou outras
pessoas responsáveis por ela perante a lei e, com essa ARTIGO 8º
finalidade, tomarão todas as medidas legislativas 1) Os Estados-Partes se comprometem a respeitar
e administrativas adequadas. o direito da criança de preservar sua identidade,
3) Os Estados-Partes se certificarão de que as institui- inclusive a nacionalidade, o nome e as relações fa-
ções, os serviços e os estabelecimentos encarregados miliares, de acordo com a lei, sem interferências
do cuidado ou da proteção das crianças cumpram ilícitas.
com os padrões estabelecidos pelas autoridades 2) Quando uma criança se vir privada ilegalmente de
competentes, especialmente no que diz respeito à algum ou de todos os elementos que configuram
segurança e à saúde das crianças, ao número e à sua identidade, os Estados-Partes deverão prestar
competência de seu pessoal e à existência de su- assistência e proteção adequadas com vistas a res-
pervisão adequada. tabelecer rapidamente sua identidade.
ARTIGO 4º ARTIGO 9º
1) Os Estados-Partes deverão zelar para que a criança
Os Estados-Partes adotarão todas as medidas admi-
não seja separada dos pais contra a vontade dos
nistrativas, legislativas e de outra índole com vistas à
mesmos, exceto quando, sujeita à revisão judicial, as
implementação dos direitos reconhecidos na presen-
autoridades competentes determinarem, em confor-
te convenção. Com relação aos direitos econômicos,
midade com a lei e os procedimentos legais cabíveis,
sociais e culturais, os Estados-Partes adotarão essas
que tal separação é necessária ao interesse maior
medidas utilizando ao máximo os recursos disponí-
da criança. Tal determinação pode ser necessária
veis e, quando necessário, dentro de um quadro de
em casos específicos, por exemplo, nos casos em
cooperação internacional.
que a criança sofre maus-tratos ou descuido por
ARTIGO 5º parte de seus pais ou quando estes vivem separados
e uma decisão deve ser tomada a respeito do local
Os Estados-Partes respeitarão as responsabilidades,
da residência da criança.
os direitos e os deveres dos pais ou, onde for o caso,
2) Caso seja adotado qualquer procedimento em
dos membros da família ampliada ou da comunidade,
conformidade com o estipulado no parágrafo 1 do
conforme determinem os costumes locais, dos tuto-
presente artigo, todas as partes interessadas terão
res ou de outras pessoas legalmente responsáveis, de
a oportunidade de participar e de manifestar suas
proporcionar à criança instrução e orientação ade-
opiniões.
quadas e acordes com a evolução de sua capacidade
3) Os Estados-Partes respeitarão o direito da criança
no exercício dos direitos reconhecidos na presente
que esteja separada de um ou de ambos os pais de
convenção.
manter regularmente relações pessoais e contato
ARTIGO 6º direto com ambos, a menos que isso seja contrário
1) Os Estados-Partes reconhecem que toda criança ao interesse maior da criança.
tem o direito inerente à vida. 4) Quando essa separação ocorrer em virtude de uma
2) Os Estados-Partes assegurarão ao máximo a so- medida adotada por um Estado-Parte, tal como de-
brevivência e o desenvolvimento da criança. tenção, prisão, exílio, deportação ou morte (inclusive
83
falecimento decorrente de qualquer causa enquanto ARTIGO 12.

a pessoa estiver sob a custódia do Estado) de um 1) Os Estados-Partes assegurarão à criança que estiver
dos pais da criança, ou de ambos, ou da própria capacitada a formular seus próprios juízos o direito
criança, o Estado-Parte, quando solicitado, pro- de expressar suas opiniões livremente sobre todos
porcionará aos pais, à criança ou, se for o caso, a os assuntos relacionados com a criança, levando-se
outro familiar, informações básicas a respeito do devidamente em consideração essas opiniões, em
paradeiro do familiar ou familiares ausentes, a não função da idade e maturidade da criança.
ser que tal procedimento seja prejudicial ao bem- 2) Com tal propósito, proporcionar-se-á à criança,
-estar da criança. Os Estados-Partes se certificarão, em particular, a oportunidade de ser ouvida em
além disso, de que a apresentação de tal petição não todo processo judicial ou administrativo que afete
acarrete, por si só, consequências adversas para a a mesma, quer diretamente quer por intermédio
pessoa ou pessoas interessadas. de um representante ou órgão apropriado, em con-
formidade com as regras processuais da legislação
ARTIGO 10.
nacional.
1) De acordo com a obrigação dos Estados-Partes
estipulada no parágrafo 1 do artigo 9º, toda soli- ARTIGO 13.
citação apresentada por uma criança, ou por seus 1) A criança terá direito à liberdade de expressão. Esse
pais, para ingressar ou sair de um Estado-Parte direito incluirá a liberdade de procurar, receber e
com vistas à reunião da família, deverá ser atendida divulgar informações e ideias de todo tipo, inde-
pelos Estados-Partes de forma positiva, humanitá- pendentemente de fronteiras, de forma oral, escrita
ria e rápida. Os Estados-Partes assegurarão, ainda, ou impressa, por meio das artes ou por qualquer
que a apresentação de tal solicitação não acarretará outro meio escolhido pela criança.
consequências adversas para os solicitantes ou para 2) O exercício de tal direito poderá estar sujeito a
seus familiares. determinadas restrições, que serão unicamente as
2) A criança cujos pais residam em Estados diferentes previstas pela lei e consideradas necessárias:
terá o direito de manter, periodicamente, relações a) para o respeito dos direitos ou da reputação dos
pessoais e contato direto com ambos, exceto em demais, ou
circunstâncias especiais. Para tanto, e de acordo b) para a proteção da segurança nacional ou da or-
com a obrigação assumida pelos Estados-Partes em dem pública, ou para proteger a saúde e a moral
virtude do parágrafo 2 do artigo 9º, os Estados-Par- públicas.
tes respeitarão o direito da criança e de seus pais
ARTIGO 14.
de sair de qualquer país, inclusive do próprio, e de
1) Os Estados-Partes respeitarão o direito da criança
ingressar no seu próprio país. O direito de sair de
à liberdade de pensamento, de consciência e de
qualquer país estará sujeito, apenas, às restrições
crença.
determinadas pela lei que sejam necessárias para
2) Os Estados-Partes respeitarão os direitos e deveres
proteger a segurança nacional, a ordem pública,
dos pais e, se for o caso, dos representantes legais,
a saúde ou a moral públicas ou os direitos e as li-
de orientar a criança com relação ao exercício de
berdades de outras pessoas e que estejam acordes
seus direitos de maneira acorde com a evolução de
com os demais direitos reconhecidos pela presente
sua capacidade.
convenção.
3) A liberdade de professar a própria religião ou as
ARTIGO 11. próprias crenças estará sujeita, unicamente, às limi-
1) Os Estados-Partes adotarão medidas a fim de lu- tações prescritas pela lei e necessárias para proteger
tar contra a transferência ilegal de crianças para a segurança, a ordem, a moral, a saúde pública ou
o exterior e a retenção ilícita das mesmas fora do os direitos e liberdades fundamentais dos demais.
país.
ARTIGO 15.
2) Para tanto, os Estados-Partes promoverão a con-
1) Os Estados-Partes reconhecem os direitos da criança
clusão de acordos bilaterais ou multilaterais ou a
à liberdade de associação e à liberdade de realizar
adesão a acordos já existentes.
reuniões pacíficas.
2) Não serão impostas restrições ao exercício desses
direitos, a não ser as estabelecidas em conformidade
84
com a lei e que sejam necessárias numa sociedade da criança. Sua preocupação fundamental visará
democrática, no interesse da segurança nacional ao interesse maior da criança.
ou pública, da ordem pública, da proteção à saúde 2) A fim de garantir e promover os direitos enunciados
e à moral públicas ou da proteção aos direitos e na presente convenção, os Estados-Partes prestarão
liberdades dos demais. assistência adequada aos pais e aos representantes
legais para o desempenho de suas funções no que
ARTIGO 16.
tange à educação da criança e assegurarão a cria-
1) Nenhuma criança será objeto de interferências
ção de instituições, instalações e serviços para o
arbitrárias ou ilegais em sua vida particular, sua
cuidado das crianças.
família, seu domicílio ou sua correspondência, nem
3) Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apro-
de atentados ilegais a sua honra e a sua reputação.
priadas a fim de que as crianças cujos pais traba-
2) A criança tem direito à proteção da lei contra essas
lhem tenham direito a beneficiar-se dos serviços
interferências ou atentados.
de assistência social e creches a que fazem jus.
ARTIGO 17.
ARTIGO 19.
Os Estados-Partes reconhecem a função importante
1) Os Estados-Partes adotarão todas as medidas le-
desempenhada pelos meios de comunicação e zelarão
gislativas, administrativas, sociais e educacionais
para que a criança tenha acesso a informações e
apropriadas para proteger a criança contra todas
materiais procedentes de diversas fontes nacionais
as formas de violência física ou mental, abuso ou
e internacionais, especialmente informações e ma-
tratamento negligente, maus-tratos ou exploração,
teriais que visem a promover seu bem-estar social,
inclusive abuso sexual, enquanto a criança estiver
espiritual e moral e sua saúde física e mental. Para
sob a custódia dos pais, do representante legal ou
tanto, os Estados-Partes:
de qualquer outra pessoa responsável por ela.
a) incentivarão os meios de comunicação a difundir
2) Essas medidas de proteção deverão incluir, conforme
informações e materiais de interesse social e
apropriado, procedimentos eficazes para a elabora-
cultural para a criança, de acordo com o espírito
ção de programas sociais capazes de proporcionar
do artigo 29;
uma assistência adequada à criança e às pessoas
b) promoverão a cooperação internacional na pro-
encarregadas de seu cuidado, bem como para outras
dução, no intercâmbio e na divulgação dessas
formas de prevenção, para a identificação, notifica-
informações e desses materiais procedentes de di-
ção, transferência a uma instituição, investigação,
versas fontes culturais, nacionais e internacionais;
tratamento e acompanhamento posterior dos casos
c) incentivarão a produção e difusão de livros para
acima mencionados de maus-tratos à criança e,
crianças;
conforme o caso, para a intervenção judiciária.
d) incentivarão os meios de comunicação no sentido
de, particularmente, considerar as necessidades ARTIGO 20.
linguísticas da criança que pertença a um grupo 1) As crianças privadas temporária ou permanente-
minoritário ou que seja indígena; mente do seu meio familiar, ou cujo interesse maior
e) promoverão a elaboração de diretrizes apropriadas exija que não permaneçam nesse meio, terão direito
a fim de proteger a criança contra toda infor- à proteção e assistência especiais do Estado.
mação e material prejudiciais ao seu bem-estar, 2) Os Estados-Partes garantirão, de acordo com suas leis
tendo em conta as disposições dos artigos 13 e nacionais, cuidados alternativos para essas crianças.
18. 3) Esses cuidados poderão incluir, inter alia, a colocação
em lares de adoção, a kafalah do direito islâmico,
ARTIGO 18.
a adoção ou, caso necessário, a colocação em ins-
1) Os Estados-Partes envidarão os seus melhores es-
tituições adequadas de proteção para as crianças.
forços a fim de assegurar o reconhecimento do
Ao serem consideradas as soluções, deve-se dar
princípio de que ambos os pais têm obrigações
especial atenção à origem étnica, religiosa, cultural
comuns com relação à educação e ao desenvolvi-
e linguística da criança, bem como à conveniência
mento da criança. Caberá aos pais ou, quando for o
da continuidade de sua educação.
caso, aos representantes legais, a responsabilidade
primordial pela educação e pelo desenvolvimento
85
ARTIGO 21. 2) Para tanto, os Estados-Partes cooperarão, da maneira

Os Estados-Partes que reconhecem ou permitem o como julgarem apropriada, com todos os esforços
sistema de adoção atentarão para o fato de que a das Nações Unidas e demais organizações inter-
consideração primordial seja o interesse maior da governamentais competentes, ou organizações não
criança. Dessa forma, atentarão para que: governamentais que cooperem com as Nações Unidas,
a) a adoção da criança seja autorizada apenas pelas no sentido de proteger e ajudar a criança refugiada,
autoridades competentes, as quais determinarão, e de localizar seus pais ou outros membros de sua
consoante as leis e os procedimentos cabíveis e família a fim de obter informações necessárias que
com base em todas as informações pertinentes permitam sua reunião com a família. Quando não
e fidedignas, que a adoção é admissível em vista for possível localizar nenhum dos pais ou membros
da situação jurídica da criança com relação a seus da família, será concedida à criança a mesma pro-
pais, parentes e representantes legais e que, caso teção outorgada a qualquer outra criança privada
solicitado, as pessoas interessadas tenham dado, permanente ou temporariamente de seu ambiente
com conhecimento de causa, seu consentimento familiar, seja qual for o motivo, conforme o esta-
à adoção, com base no assessoramento que possa belecido na presente convenção.
ser necessário;
ARTIGO 23.
b) a adoção efetuada em outro país possa ser con-
1) Os Estados-Partes reconhecem que a criança por-
siderada como outro meio de cuidar da criança,
tadora de deficiências físicas ou mentais deverá
no caso em que a mesma não possa ser colocada
desfrutar de uma vida plena e decente em condi-
em um lar de adoção ou entregue a uma família
ções que garantam sua dignidade, favoreçam sua
adotiva ou não logre atendimento adequado em
autonomia e facilitem sua participação ativa na
seu país de origem;
comunidade.
c) a criança adotada em outro país goze de salva-
2) Os Estados-Partes reconhecem o direito da crian-
guardas e normas equivalentes às existentes em
ça deficiente de receber cuidados especiais e, de
seu país de origem com relação à adoção;
acordo com os recursos disponíveis e sempre que a
d) todas as medidas apropriadas sejam adotadas,
criança ou seus responsáveis reúnam as condições
a fim de garantir que, em caso de adoção em
requeridas, estimularão e assegurarão a prestação da
outro país, a colocação não permita benefícios
assistência solicitada, que seja adequada ao estado
financeiros indevidos aos que dela participarem;
da criança e às circunstâncias de seus pais ou das
e) quando necessário, promover os objetivos do
pessoas encarregadas de seus cuidados.
presente artigo mediante ajustes ou acordos bi-
3) Atendendo às necessidades especiais da criança
laterais ou multilaterais, e envidarão esforços,
deficiente, a assistência prestada, conforme disposto
nesse contexto, com vistas a assegurar que a
no parágrafo 2 do presente artigo, será gratuita
colocação da criança em outro país seja levada
sempre que possível, levando-se em consideração
a cabo por intermédio das autoridades ou orga-
a situação econômica dos pais ou das pessoas que
nismos competentes.
cuidem da criança, e visará a assegurar à criança
ARTIGO 22. deficiente o acesso efetivo à educação, à capacitação,
1) Os Estados-Partes adotarão medidas pertinentes para aos serviços de saúde, aos serviços de reabilitação,
assegurar que a criança que tente obter a condição à preparação para o emprego e às oportunidades
de refugiada, ou que seja considerada como refu- de lazer, de maneira que a criança atinja a mais
giada de acordo com o direito e os procedimentos completa integração social possível e o maior de-
internacionais ou internos aplicáveis, receba, tanto senvolvimento individual factível, inclusive seu
no caso de estar sozinha como acompanhada por desenvolvimento cultural e espiritual.
seus pais ou por qualquer outra pessoa, a proteção 4) Os Estados-Partes promoverão, com espírito de
e a assistência humanitária adequadas a fim de que cooperação internacional, um intercâmbio adequado
possa usufruir dos direitos enunciados na presente de informações nos campos da assistência médica
convenção e em outros instrumentos internacionais preventiva e do tratamento médico, psicológico e
de direitos humanos ou de caráter humanitário dos funcional das crianças deficientes, inclusive a di-
quais os citados Estados sejam parte. vulgação de informações a respeito dos métodos
de reabilitação e dos serviços de ensino e formação
86
profissional, bem como o acesso a essa informação, ARTIGO 25.

a fim de que os Estados-Partes possam aprimorar Os Estados-Partes reconhecem o direito de uma criança
sua capacidade e seus conhecimentos e ampliar sua que tenha sido internada em um estabelecimento
experiência nesses campos. Nesse sentido, serão pelas autoridades competentes para fins de aten-
levadas especialmente em conta as necessidades dimento, proteção ou tratamento de saúde física
dos países em desenvolvimento. ou mental a um exame periódico de avaliação do
tratamento ao qual está sendo submetida e de to-
ARTIGO 24.
dos os demais aspectos relativos à sua internação.
1) Os Estados-Partes reconhecem o direito da criança
de gozar do melhor padrão possível de saúde e dos ARTIGO 26.
serviços destinados ao tratamento das doenças e à 1) Os Estados-Partes reconhecerão a todas as crianças
recuperação da saúde. Os Estados-Partes envida- o direito de usufruir da previdência social, inclusive
rão esforços no sentido de assegurar que nenhuma do seguro social, e adotarão as medidas necessárias
criança se veja privada de seu direito de usufruir para lograr a plena consecução desse direito, em
desses serviços sanitários. conformidade com sua legislação nacional.
2) Os Estados-Partes garantirão a plena aplicação 2) Os benefícios deverão ser concedidos, quando per-
desse direito e, em especial, adotarão as medidas tinentes, levando-se em consideração os recursos
apropriadas com vistas a: e a situação da criança e das pessoas responsáveis
a) reduzir a mortalidade infantil; pelo seu sustento, bem como qualquer outra con-
b) assegurar a prestação de assistência médica e sideração cabível no caso de uma solicitação de
cuidados sanitários necessários a todas as crian- benefícios feita pela criança ou em seu nome.
ças, dando ênfase aos cuidados básicos de saúde;
ARTIGO 27.
c) combater as doenças e a desnutrição dentro do
1) Os Estados-Partes reconhecem o direito de toda
contexto dos cuidados básicos de saúde mediante,
criança a um nível de vida adequado ao seu desen-
inter alia, a aplicação de tecnologia disponível
volvimento físico, mental, espiritual, moral e social.
e o fornecimento de alimentos nutritivos e de
2) Cabe aos pais, ou a outras pessoas encarregadas, a
água potável, tendo em vista os perigos e riscos
responsabilidade primordial de propiciar, de acor-
da poluição ambiental;
do com suas possibilidades e meios financeiros, as
d) assegurar às mães adequada assistência pré-natal
condições de vida necessárias ao desenvolvimento
e pós-natal;
da criança.
e) assegurar que todos os setores da sociedade,
3) Os Estados-Partes, de acordo com as condições
e em especial os pais e as crianças, conheçam
nacionais e dentro de suas possibilidades, adota-
os princípios básicos de saúde e nutrição das
rão medidas apropriadas a fim de ajudar os pais e
crianças, as vantagens da amamentação, da hi-
outras pessoas responsáveis pela criança a tornar
giene e do saneamento ambiental e das medidas
efetivo esse direito e, caso necessário, proporcio-
de prevenção de acidentes, e tenham acesso à
narão assistência material e programas de apoio,
educação pertinente e recebam apoio para a
especialmente no que diz respeito à nutrição, ao
aplicação desses conhecimentos;
vestuário e à habitação.
f) desenvolver a assistência médica preventiva, a
4) Os Estados-Partes tomarão todas as medidas ade-
orientação aos pais e a educação e serviços de
quadas para assegurar o pagamento da pensão ali-
planejamento familiar.
mentícia por parte dos pais ou de outras pessoas
3) Os Estados-Partes adotarão todas as medidas efi-
financeiramente responsáveis pela criança, quer
cazes e adequadas para abolir práticas tradicionais
residam no Estado-Parte quer no exterior. Nesse
que sejam prejudicais à saúde da criança.
sentido, quando a pessoa que detém a responsabilidade
4) Os Estados-Partes se comprometem a promover
financeira pela criança residir em Estado diferente
e incentivar a cooperação internacional com vis-
daquele onde mora a criança, os Estados-Partes
tas a lograr, progressivamente, a plena efetivação
promoverão a adesão a acordos internacionais ou
do direito reconhecido no presente artigo. Nesse
a conclusão de tais acordos, bem como a adoção
sentido, será dada atenção especial às necessidades
de outras medidas apropriadas.
dos países em desenvolvimento.
87
ARTIGO 28. d) preparar a criança para assumir uma vida res-

1) Os Estados-Partes reconhecem o direito da criança ponsável numa sociedade livre, com espírito de
à educação e, a fim de que ela possa exercer pro- compreensão, paz, tolerância, igualdade de sexos
gressivamente e em igualdade de condições esse e amizade entre todos os povos, grupos étni-
direito, deverão especialmente: cos, nacionais e religiosos e pessoas de origem
a) tornar o ensino primário obrigatório e disponível indígena;
gratuitamente para todos; e) imbuir na criança o respeito ao meio ambiente.
b) estimular o desenvolvimento do ensino secundá- 2) Nada do disposto no presente artigo ou no artigo 28
rio em suas diferentes formas, inclusive o ensino será interpretado de modo a restringir a liberdade
geral e profissionalizante, tornando-o disponível dos indivíduos ou das entidades de criar e dirigir
e acessível a todas as crianças, e adotar medidas instituições de ensino, desde que sejam respeitados
apropriadas tais como a implantação do ensino os princípios enunciados no parágrafo 1 do pre-
gratuito e a concessão de assistência financeira sente artigo e que a educação ministrada em tais
em caso de necessidade; instituições esteja acorde com os padrões mínimos
c) tornar o ensino superior acessível a todos com base estabelecidos pelo Estado.
na capacidade e por todos os meios adequados;
ARTIGO 30.
d) tornar a informação e a orientação educacionais
Nos Estados-Partes onde existam minorias étnicas,
e profissionais disponíveis e accessíveis a todas
religiosas ou linguísticas, ou pessoas de origem in-
as crianças;
dígena, não será negado a uma criança que pertença
e) adotar medidas para estimular a frequência re-
a tais minorias ou que seja indígena o direito de,
gular às escolas e a redução do índice de evasão
em comunidade com os demais membros de seu
escolar.
grupo, ter sua própria cultura, professar e praticar
2) Os Estados-Partes adotarão todas as medidas ne-
sua própria religião ou utilizar seu próprio idioma.
cessárias para assegurar que a disciplina escolar
seja ministrada de maneira compatível com a dig- ARTIGO 31.
nidade humana da criança e em conformidade com 1) Os Estados-Partes reconhecem o direito da criança
a presente convenção. ao descanso e ao lazer, ao divertimento e às ativi-
3) Os Estados-Partes promoverão e estimularão a dades recreativas próprias da idade, bem como à
cooperação internacional em questões relativas à livre participação na vida cultural e artística.
educação, especialmente visando a contribuir para 2) Os Estados-Partes respeitarão e promoverão o direito
a eliminação da ignorância e do analfabetismo no da criança de participar plenamente da vida cultural
mundo e facilitar o acesso aos conhecimentos e artística e encorajarão a criação de oportunidades
científicos e técnicos e aos métodos modernos de adequadas, em condições de igualdade, para que
ensino. A esse respeito, será dada atenção especial participem da vida cultural, artística, recreativa e
às necessidades dos países em desenvolvimento. de lazer.
ARTIGO 29. ARTIGO 32.
1) Os Estados-Partes reconhecem que a educação da 1) Os Estados-Partes reconhecem o direito da criança
criança deverá estar orientada no sentido de: de estar protegida contra a exploração econômica
a) desenvolver a personalidade, as aptidões e a ca- e contra o desempenho de qualquer trabalho que
pacidade mental e física da criança em todo o possa ser perigoso ou interferir em sua educação,
seu potencial; ou que seja nocivo para sua saúde ou para seu de-
b) imbuir na criança o respeito aos direitos huma- senvolvimento físico, mental, espiritual, moral ou
nos e às liberdades fundamentais, bem como social.
aos princípios consagrados na Carta das Nações 2) Os Estados-Partes adotarão medidas legislativas,
Unidas; administrativas, sociais e educacionais com vistas
c) imbuir na criança o respeito aos seus pais, à a assegurar a aplicação do presente artigo. Com tal
sua própria identidade cultural, ao seu idioma propósito, e levando em consideração as disposições
e seus valores, aos valores nacionais do país em pertinentes de outros instrumentos internacionais,
que reside, aos do eventual país de origem, e aos os Estados-Partes, deverão, em particular:
das civilizações diferentes da sua;
88
a) estabelecer uma idade ou idades mínimas para conformidade com a lei e apenas como último
a admissão em empregos; recurso, e durante o mais breve período de tempo
b) estabelecer regulamentação apropriada relativa que for apropriado;
a horários e condições de emprego; c) toda criança privada da liberdade seja tratada
c) estabelecer penalidades ou outras sanções apro- com a humanidade e o respeito que merece a
priadas a fim de assegurar o cumprimento efetivo dignidade inerente à pessoa humana, e levan-
do presente artigo. do-se em consideração as necessidades de uma
pessoa de sua idade. Em especial, toda criança
ARTIGO 33.
privada de sua liberdade ficará separada dos
Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apropria-
adultos, a não ser que tal fato seja considerado
das, inclusive medidas legislativas, administrativas,
contrário aos melhores interesses da criança, e
sociais e educacionais, para proteger a criança contra
terá direito a manter contato com sua família
o uso ilícito de drogas e substâncias psicotrópicas
por meio de correspondência ou de visitas, salvo
descritas nos tratados internacionais pertinentes
em circunstâncias excepcionais;
e para impedir que crianças sejam utilizadas na
d) toda criança privada de sua liberdade tenha di-
produção e no tráfico ilícito dessas substâncias.
reito a rápido acesso a assistência jurídica e a
ARTIGO 34. qualquer outra assistência adequada, bem como
Os Estados-Partes se comprometem a proteger a crian- direito a impugnar a legalidade da privação de
ça contra todas as formas de exploração e abuso sua liberdade perante um tribunal ou outra au-
sexual. Nesse sentido, os Estados-Partes tomarão, toridade competente, independente e imparcial
em especial, todas as medidas de caráter nacional, e a uma rápida decisão a respeito de tal ação.
bilateral e multilateral que sejam necessárias para
ARTIGO 38.
impedir:
1) Os Estados-Partes se comprometem a respeitar e
a) o incentivo ou a coação para que uma criança
a fazer com que sejam respeitadas as normas do
se dedique a qualquer atividade sexual ilegal;
direito humanitário internacional aplicáveis em
b) a exploração da criança na prostituição ou outras
casos de conflito armado no que digam respeito
práticas sexuais ilegais;
às crianças.
c) a exploração da criança em espetáculos ou ma-
2) Os Estados-Partes adotarão todas as medidas pos-
teriais pornográficos.
síveis a fim de assegurar que todas as pessoas que
ARTIGO 35. ainda não tenham completado quinze anos de idade
Os Estados-Partes tomarão todas as medidas de caráter não participem diretamente de hostilidades.
nacional, bilateral e multilateral que sejam necessárias 3) Os Estados-Partes abster-se-ão de recrutar pessoas
para impedir o sequestro, a venda ou o tráfico de que não tenham completado quinze anos de idade
crianças para qualquer fim ou sob qualquer forma. para servir em suas forças armadas. Caso recru-
tem pessoas que tenham completado quinze anos
ARTIGO 36.
mas que tenham menos de dezoito anos, deverão
Os Estados-Partes protegerão a criança contra todas as
procurar dar prioridade aos de mais idade.
demais formas de exploração que sejam prejudiciais
4) Em conformidade com suas obrigações de acor-
para qualquer aspecto de seu bem-estar.
do com o direito humanitário internacional para
ARTIGO 37. proteção da população civil durante os conflitos
Os Estados-Partes zelarão para que: armados, os Estados-Partes adotarão todas as me-
a) nenhuma criança seja submetida a tortura nem didas necessárias a fim de assegurar a proteção e
a outros tratamentos ou penas cruéis, desuma- o cuidado das crianças afetadas por um conflito
nos ou degradantes. Não será imposta a pena de armado.
morte nem a prisão perpétua sem possibilidade
ARTIGO 39.
de livramento por delitos cometidos por menores
Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apropriadas
de dezoito anos de idade;
para estimular a recuperação física e psicológica
b) nenhuma criança seja privada de sua liberdade de
e a reintegração social de toda criança vítima de
forma ilegal ou arbitrária. A detenção, a reclusão
qualquer forma de abandono, exploração ou abuso;
ou a prisão de uma criança será efetuada em
89
tortura ou outros tratamentos ou penas cruéis, de- com que sejam interrogadas as testemunhas
sumanos ou degradantes; ou conflitos armados. de acusação bem como poder obter a partici-
Essa recuperação e reintegração serão efetuadas em pação e o interrogatório de testemunhas em
ambiente que estimule a saúde, o respeito próprio sua defesa, em igualdade de condições;
e a dignidade da criança. v. se for decidido que infringiu as leis penais,
ter essa decisão e qualquer medida imposta
ARTIGO 40.
em decorrência da mesma submetidas a revi-
1) Os Estados-Partes reconhecem o direito de toda
são por autoridade ou órgão judicial superior
criança a quem se alegue ter infringido as leis pe-
competente, independente e imparcial, de
nais ou a quem se acuse ou declare culpada de ter
acordo com a lei;
infringido as leis penais de ser tratada de modo a
vi. contar com a assistência gratuita de um in-
promover e estimular seu sentido de dignidade e
térprete caso a criança não compreenda ou
de valor e a fortalecer o respeito da criança pelos
fale o idioma utilizado;
direitos humanos e pelas liberdades fundamentais
vii. ter plenamente respeitada sua vida privada
de terceiros, levando em consideração a idade da
durante todas as fases do processo.
criança e a importância de se estimular sua reinte-
3) Os Estados-Partes buscarão promover o estabe-
gração e seu desempenho construtivo na sociedade.
lecimento de leis, procedimentos, autoridades e
2) Nesse sentido, e de acordo com as disposições
instituições específicas para as crianças de quem
pertinentes dos instrumentos internacionais, os
se alegue ter infringido as leis penais ou que sejam
Estados-Partes assegurarão, em particular:
acusadas ou declaradas culpadas de tê-las infringido,
a) que não se alegue que nenhuma criança tenha
e em particular:
infringido as leis penais, nem se acuse ou declare
a) o estabelecimento de uma idade mínima antes
culpada nenhuma criança de ter infringido essas
da qual se presumirá que a criança não tem ca-
leis, por atos ou omissões que não eram proibidos
pacidade para infringir as leis penais;
pela legislação nacional ou pelo direito interna-
b) a adoção sempre que conveniente e desejável, de
cional no momento em que foram cometidos;
medidas para tratar dessas crianças sem recorrer
b) que toda criança de quem se alegue ter infringido
a procedimentos judiciais, contando que sejam
as leis penais ou a quem se acuse de ter infrin-
respeitados plenamente os direitos humanos e
gido essas leis goze, pelo menos, das seguintes
as garantias legais.
garantias:
4) Diversas medidas, tais como ordens de guarda,
i. ser considerada inocente enquanto não for
orientação e supervisão, aconselhamento, liberdade
comprovada sua culpabilidade conforme a
vigiada, colocação em lares de adoção, programas de
lei;
educação e formação profissional, bem como outras
ii. ser informada sem demora e diretamente ou,
alternativas à internação em instituições, deverão
quando for o caso, por intermédio de seus
estar disponíveis para garantir que as crianças sejam
pais ou de seus representantes legais, das
tratadas de modo apropriado ao seu bem-estar e
acusações que pesam contra ela, e dispor de
de forma proporcional às circunstâncias e ao tipo
assistência jurídica ou outro tipo de assistência
do delito.
apropriada para a preparação e apresentação
de sua defesa; ARTIGO 41.
iii. ter a causa decidida sem demora por autoridade Nada do estipulado na presente Convenção afetará dis-
ou órgão judicial competente, independente e posições que sejam mais convenientes para a reali-
imparcial, em audiência justa conforme a lei, zação dos direitos da criança e que podem constar:
com assistência jurídica ou outra assistência a) das leis de um Estado-Parte;
e, a não ser que seja considerado contrário b) das normas de direito internacional vigentes
aos melhores interesses da criança, levando para esse Estado.
em consideração especialmente sua idade ou
PARTE II
situação e a de seus pais ou representantes
legais; ARTIGO 42.
iv. não ser obrigada a testemunhar ou a se de- Os Estados-Partes se comprometem a dar aos adultos
clarar culpada, e poder interrogar ou fazer e às crianças amplo conhecimento dos princípios
90
e disposições da convenção, mediante a utilização 7) Caso um membro do comitê venha a falecer ou

de meios apropriados e eficazes. renuncie ou declare que por qualquer outro mo-
tivo não poderá continuar desempenhando suas
ARTIGO 43.
funções, o Estado-Parte que indicou esse membro
1) A fim de examinar os progressos realizados no
designará outro especialista, dentre seus cidadãos,
cumprimento das obrigações contraídas pelos Esta-
para que exerça o mandato até seu término, sujeito
dos-Partes na presente convenção, deverá ser esta-
à aprovação do comitê.
belecido um comitê para os Direitos da Criança que
8) O comitê estabelecerá suas próprias regras de
desempenhará as funções a seguir determinadas.
procedimento.
2) O comitê estará integrado por dez especialistas de
9) O comitê elegerá a Mesa para um período de dois
reconhecida integridade moral e competência nas
anos.
áreas cobertas pela presente convenção. Os membros
10) As reuniões do comitê serão celebradas normalmente
do comitê serão eleitos pelos Estados-Partes dentre
na sede das Nações Unidas ou em qualquer outro
seus nacionais e exercerão suas funções a título
lugar que o comitê julgar conveniente. O comitê
pessoal, tomando-se em devida conta a distribui-
se reunirá normalmente todos os anos. A duração
ção geográfica equitativa bem como os principais
das reuniões do comitê será determinada e revista,
sistemas jurídicos.
se for o caso, em uma reunião dos Estados-Partes
3) Os membros do comitê serão escolhidos, em vo-
da presente convenção, sujeita à aprovação da As-
tação secreta, de uma lista de pessoas indicadas
sembleia Geral.
pelos Estados-Partes. Cada Estado-Parte poderá
11) O secretário-geral das Nações Unidas fornecerá o
indicar uma pessoa dentre os cidadãos de seu país.
pessoal e os serviços necessários para o desempe-
4) A eleição inicial para o comitê será realizada, no
nho eficaz das funções do comitê de acordo com
mais tardar, seis meses após a entrada em vigor
a presente convenção.
da presente convenção e, posteriormente, a cada
12) Com prévia aprovação da Assembleia Geral, os
dois anos. No mínimo quatro meses antes da data
membros do comitê estabelecido de acordo com a
marcada para cada eleição, o secretário-geral das
presente convenção receberão emolumentos prove-
Nações Unidas enviará uma carta aos Estados-Partes
nientes dos recursos das Nações Unidas, segundo os
convidando-os a apresentar suas candidaturas num
termos e condições determinados pela Assembleia.
prazo de dois meses. O secretário-geral elaborará
posteriormente uma lista da qual farão parte, em ARTIGO 44.
ordem alfabética, todos os candidatos indicados e 1) Os Estados-Partes se comprometem a apresentar
os Estados-Partes que os designaram, e submeterá ao comitê, por intermédio do secretário-geral das
a mesma aos Estados-Partes presentes à convenção. Nações Unidas, relatórios sobre as medidas que
5) As eleições serão realizadas em reuniões dos Es- tenham adotado com vistas a tornar efetivos os
tados-Partes convocadas pelo secretário-geral na direitos reconhecidos na convenção e sobre os pro-
sede das Nações Unidas. Nessas reuniões, para as gressos alcançados no desempenho desses direitos:
quais o quórum será de dois terços dos Estados- a) num prazo de dois anos a partir da data em
-Partes, os candidatos eleitos para o comitê serão que entrou em vigor para cada Estado-Parte a
aqueles que obtiverem o maior número de votos e presente convenção;
a maioria absoluta de votos dos representantes dos b) a partir de então, a cada cinco anos.
Estados-Partes presentes e votantes. 2) Os relatórios preparados em função do presente artigo
6) Os membros do comitê serão eleitos para um man- deverão indicar as circunstâncias e as dificuldades,
dato de quatro anos. Poderão ser reeleitos caso se- caso existam, que afetam o grau de cumprimento
jam apresentadas novamente suas candidaturas. das obrigações derivadas da presente convenção.
O mandato de cinco dos membros eleitos na pri- Deverão, também, conter informações suficientes
meira eleição expirará ao término de dois anos; para que o comitê compreenda, com exatidão, a
imediatamente após ter sido realizada a primeira implementação da convenção no país em questão.
eleição, o presidente da reunião na qual a mesma 3) Um Estado-Parte que tenha apresentado um rela-
se efetuou escolherá por sorteio os nomes desses tório inicial ao comitê não precisará repetir, nos
cinco membros. relatórios posteriores a serem apresentados con-
forme o estipulado no subitem b do parágrafo 1
91
do presente artigo, a informação básica fornecida convenção. Essas sugestões e recomendações

anteriormente. gerais deverão ser transmitidas aos Estados-Partes
4) O comitê poderá solicitar aos Estados-Partes maiores e encaminhadas à Assembleia Geral, juntamente
informações sobre a implementação da convenção. com os comentários eventualmente apresentados
5) A cada dois anos, o comitê submeterá relatórios pelos Estados-Partes.
sobre suas atividades à Assembleia Geral das Nações
PARTE III
Unidas, por intermédio do Conselho Econômico e
Social. ARTIGO 46.
6) Os Estados-Partes tornarão seus relatórios ampla-
A presente convenção está aberta à assinatura de to-
mente disponíveis ao público em seus respectivos
dos os Estados.
países.
ARTIGO 47.
ARTIGO 45.
A presente convenção está sujeita a ratificação. Os
A fim de incentivar a efetiva implementação da con-
instrumentos de ratificação serão depositados junto
venção e estimular a cooperação internacional nas
ao secretário-geral das Nações Unidas.
esferas regulamentadas pela convenção:
a) os organismos especializados, o Fundo das Na- ARTIGO 48.
ções Unidas para a Infância e outros órgãos das
A presente convenção permanecerá aberta à adesão
Nações Unidas terão o direito de estar represen-
de qualquer Estado. Os instrumentos de adesão se-
tados quando for analisada a implementação das
rão depositados junto ao secretário-geral das Nações
disposições da presente convenção que estejam
Unidas.
compreendidas no âmbito de seus mandatos. O
comitê poderá convidar as agências especializa- ARTIGO 49.
das, o Fundo das Nações Unidas para a Infân- 1) A presente convenção entrará em vigor no trigési-
cia e outros órgãos competentes que considere mo dia após a data em que tenha sido depositado o
apropriados a fornecer assessoramento espe- vigésimo instrumento de ratificação ou de adesão
cializado sobre a implementação da convenção junto ao secretário-geral das Nações Unidas.
em matérias correspondentes a seus respectivos 2) Para cada Estado que venha a ratificar a convenção
mandatos. O comitê poderá convidar as agências ou a aderir a ela após ter sido depositado o vigé-
especializadas, o Fundo das Nações Unidas para simo instrumento de ratificação ou de adesão, a
Infância e outros órgãos das Nações Unidas a convenção entrará em vigor no trigésimo dia após
apresentarem relatórios sobre a implementação o depósito, por parte do Estado, de seu instrumento
das disposições da presente convenção compre- de ratificação ou de adesão.
endidas no âmbito de suas atividades;
ARTIGO 50.
b) conforme julgar conveniente, o comitê transmitirá
1) Qualquer Estado-Parte poderá propor uma emenda e
às agências especializadas, ao Fundo das Nações
registrá-la com o secretário-geral das Nações Unidas.
Unidas para a Infância e a outros órgãos compe-
O secretário-geral comunicará a emenda proposta
tentes quaisquer relatórios dos Estados-Partes
aos Estados-Partes, com a solicitação de que estes
que contenham um pedido de assessoramento
o notifiquem caso apoiem a convocação de uma
ou de assistência técnica, ou nos quais se indique
conferência de Estados-Partes com o propósito de
essa necessidade, juntamente com as observações
analisar as propostas e submetê-las à votação. Se,
e sugestões do comitê, se as houver, sobre esses
num prazo de quatro meses a partir da data dessa
pedidos ou indicações;
notificação, pelo menos um terço dos Estados-Partes
c) o comitê poderá recomendar à Assembleia Geral
se declarar favorável a tal conferência, o secretá-
que solicite ao secretário-geral que efetue, em seu
rio-geral convocará conferência, sob os auspícios
nome, estudos sobre questões concretas relativas
das Nações Unidas. Qualquer emenda adotada pela
aos direitos da criança;
maioria de Estados-Partes presentes e votantes na
d) o comitê poderá formular sugestões e recomen-
conferência será submetida pelo secretário-geral à
dações gerais com base nas informações recebi-
Assembleia Geral para sua aprovação.
das nos termos dos artigos 44 e 45 da presente
92
2) Uma emenda adotada em conformidade com o DECRETO Nº 3.087, DE 21 DE

parágrafo 1 do presente artigo entrará em vigor JUNHO DE 1999369
quando aprovada pela Assembleia Geral das Nações
Unidas e aceita por uma maioria de dois terços de
Promulga a Convenção Relativa à Proteção das Crianças
Estados-Partes.
e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional,
3) Quando uma emenda entrar em vigor, ela será obri-
concluída em Haia, em 29 de maio de 1993.
gatória para os Estados-Partes que as tenham aceito,
enquanto os demais Estados-Partes permanecerão
O presidente da República, no uso da atribuição que
obrigados pelas disposições da presente convenção
lhe confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição,
e pelas emendas anteriormente aceitas por eles.
Considerando que Convenção Relativa à Proteção das
ARTIGO 51. Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Inter-
1) O secretário-geral das Nações Unidas receberá e nacional foi concluída na Haia, em 29 de maio de 1993;
comunicará a todos os Estados-Partes o texto das Considerando que o Congresso Nacional aprovou o
reservas feitas pelos Estados no momento da rati- ato multilateral em epígrafe por meio do Decreto Le-
ficação ou da adesão. gislativo nº 1, de 14 de janeiro de 1999;
2) Não será permitida nenhuma reserva incompatível Considerando que a convenção em tela entrou em vigor
com o objetivo e o propósito da presente convenção. internacional de 1º de maio de 1995;
3) Quaisquer reservas poderão ser retiradas a qualquer Considerando que o governo brasileiro depositou o ins-
momento mediante uma notificação nesse senti- trumento de ratificação da referida convenção em 10 de
do dirigida ao secretário-geral das Nações Unidas, março de 1999, passará a mesma a vigorar para o Brasil
que informará a todos os Estados. Essa notificação em 1º julho de 1999, nos termos do parágrafo 2 de seu
entrará em vigor a partir da data de recebimento artigo 46;
da mesma pelo secretário-geral. Decreta:
ARTIGO 52. Art. 1º A Convenção Relativa à Proteção das Crianças
e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional,
Um Estado-Parte poderá denunciar a presente con-
concluída na Haia, em 29 de maio de 1993, apensa por
venção mediante notificação feita por escrito ao se-
cópia a este decreto, deverá ser executada e cumprida
cretário-geral das Nações Unidas. A denúncia entra-
tão inteiramente como nela se contém.
rá em vigor um ano após a data em que a notificação
tenha sido recebida pelo secretário-geral. Art. 2º Este decreto entra em vigor na data de sua
publicação.
ARTIGO 53.
Brasília, 21 de junho de 1999; 178º da Independência e
Designa-se para depositário da presente convenção o
111º da República
secretário-geral das Nações Unidas.
ARTIGO 54.
Luiz Felipe Lampreia
O original da presente convenção, cujos textos em
árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e russo são
igualmente autênticos, será depositado em poder do CONVENÇÃO RELATIVA À PROTEÇÃO
secretário-geral das Nações Unidas. DAS CRIANÇAS E À COOPERAÇÃO EM
Em fé do que, os plenipotenciários abaixo assina- MATÉRIA DE ADOÇÃO INTERNACIONAL
dos, devidamente autorizados por seus respectivos
governos, assinaram a presente convenção. Os Estados signatários da presente convenção,
Reconhecendo que, para o desenvolvimento har-
monioso de sua personalidade, a criança deve crescer
369. Publicado no Diário Oficial da União, Seção 1, de 22 de junho de

1999, p. 1.
93
em meio familiar, em clima de felicidade, de amor e ARTIGO 2º

de compreensão; 1) A convenção será aplicada quando uma criança
com residência habitual em um Estado contratante
Recordando que cada país deveria tomar, com ca-
(“o Estado de origem”) tiver sido, for, ou deva ser
ráter prioritário, medidas adequadas para permitir a
deslocada para outro Estado contratante (“o Estado
manutenção da criança em sua família de origem;
de acolhida”), quer após sua adoção no Estado de
Reconhecendo que a adoção internacional pode origem por cônjuges ou por uma pessoa residente
apresentar a vantagem de dar uma família perma- habitualmente no Estado de acolhida, quer para que
nente à criança para quem não se possa encontrar essa adoção seja realizada, no Estado de acolhida
uma família adequada em seu país de origem; ou no Estado de origem.
2) A convenção somente abrange as adoções que es-
Convencidos da necessidade de prever medidas
tabeleçam um vínculo de filiação.
para garantir que as adoções internacionais sejam
feitas no interesse superior da criança e com respeito ARTIGO 3º
a seus direitos fundamentais, assim como para pre-
A convenção deixará de ser aplicável se as aprova-
venir o sequestro, a venda ou o tráfico de crianças; e
ções previstas no artigo 17, alínea c, não forem con-
Desejando estabelecer para esse fim disposições cedidas antes que a criança atinja a idade de dezoito
comuns que levem em consideração os princípios anos.
reconhecidos por instrumentos internacionais, em
particular a Convenção das Nações Unidas sobre os Capítulo II – Requisitos para as
Direitos da Criança, de 20 de novembro de 1989, e Adoções Internacionais
pela Declaração das Nações Unidas sobre os Prin-
ARTIGO 4º
cípios Sociais e Jurídicos Aplicáveis à Proteção e ao
Bem-estar das Crianças, com Especial Referência às As adoções abrangidas por esta convenção só pode-
Práticas em Matéria de Adoção e de Colocação Fa- rão ocorrer quando as autoridades competentes do
miliar nos Planos Nacional e Internacional (Resolu- Estado de origem:
ção da Assembleia Geral 41/85, de 3 de dezembro de a) tiverem determinado que a criança é adotável;
1986), b) tiverem verificado, depois de haver examinado
adequadamente as possibilidades de colocação
Acordam nas seguintes disposições:
da criança em seu Estado de origem, que uma
adoção internacional atende ao interesse superior
Capítulo I – Âmbito de
da criança;
Aplicação da Convenção
c) tiverem-se assegurado de:
ARTIGO 1º 1) que as pessoas, instituições e autoridades cujo
consentimento se requeira para a adoção ha-
A presente convenção tem por objetivo:
jam sido convenientemente orientadas e de-
a) estabelecer garantias para que as adoções in-
vidamente informadas das consequências de
ternacionais sejam feitas segundo o interesse
seu consentimento, em particular em relação
superior da criança e com respeito aos direi-
à manutenção ou à ruptura, em virtude da
tos fundamentais que lhe reconhece o direito
adoção, dos vínculos jurídicos entre a criança
internacional;
e sua família de origem;
b) instaurar um sistema de cooperação entre os
2) que estas pessoas, instituições e autorida-
Estados contratantes que assegure o respeito
des tenham manifestado seu consentimen-
às mencionadas garantias e, em consequência,
to livremente, na forma legal prevista, e que
previna o sequestro, a venda ou o tráfico de
este consentimento se tenha manifestado ou
crianças;
constatado por escrito;
c) assegurar o reconhecimento nos Estados contra-
3) que os consentimentos não tenham sido obti-
tantes das adoções realizadas segundo a convenção.
dos mediante pagamento ou compensação de
qualquer espécie nem tenham sido revogados,
e
94
4) que o consentimento da mãe, quando exigido, competentes de seus respectivos Estados a fim de
tenha sido manifestado após o nascimento assegurar a proteção das crianças e alcançar os
da criança; e demais objetivos da convenção.
d) tiverem-se assegurado, observada a idade e o 2) As autoridades centrais tomarão, diretamente, todas
grau de maturidade da criança, de: as medidas adequadas para:
1) que tenha sido a mesma convenientemente a) fornecer informações sobre a legislação de seus
orientada e devidamente informada sobre Estados em matéria de adoção e outras informa-
as consequências de seu consentimento à ções gerais, tais como estatísticas e formulários
adoção, quando este for exigido; padronizados;
2) que tenham sido levadas em consideração b) informar-se mutuamente sobre o funcionamento
a vontade e as opiniões da criança; da convenção e, na medida do possível, remover
3) que o consentimento da criança à adoção, os obstáculos para sua aplicação.
quando exigido, tenha sido dado livremente,
ARTIGO 8º
na forma legal prevista, e que este consenti-
mento tenha sido manifestado ou constatado As autoridades centrais tomarão, diretamente ou
por escrito; com a cooperação de autoridades públicas, todas as
4) que o consentimento não tenha sido indu- medidas apropriadas para prevenir benefícios ma-
zido mediante pagamento ou compensação teriais induzidos por ocasião de uma adoção e para
de qualquer espécie. impedir qualquer prática contrária aos objetivos da
convenção.
ARTIGO 5º
ARTIGO 9º
As adoções abrangidas por esta convenção só pode-
rão ocorrer quando as autoridades competentes do As autoridades centrais tomarão todas as medidas
Estado de acolhida: apropriadas, seja diretamente ou com a cooperação
a) tiverem verificado que os futuros pais adotivos de autoridades públicas ou outros organismos devi-
encontram-se habilitados e aptos para adotar; damente credenciados em seu Estado, em especial
b) tiverem-se assegurado de que os futuros pais para:
adotivos foram convenientemente orientados; a) reunir, conservar e permutar informações re-
c) tiverem verificado que a criança foi ou será au- lativas à situação da criança e dos futuros pais
torizada a entrar e a residir permanentemente adotivos, na medida necessária à realização da
no Estado de acolhida. adoção;
b) facilitar, acompanhar e acelerar o procedimento
Capítulo III – Autoridades Centrais
de adoção;
e Organismos Credenciados
c) promover o desenvolvimento de serviços de
ARTIGO 6º orientação em matéria de adoção e de acom-
1) Cada Estado contratante designará uma autori- panhamento das adoções em seus respectivos
dade central encarregada de dar cumprimento às Estados;
obrigações impostas pela presente convenção. d) permutar relatórios gerais de avaliação sobre as
2) Um Estado federal, um Estado no qual vigoram di- experiências em matéria de adoção internacional;
versos sistemas jurídicos ou um Estado com unidades e) responder, nos limites da lei do seu Estado, às
territoriais autônomas poderá designar mais de uma solicitações justificadas de informações a respeito
autoridade central e especificar o âmbito territorial de uma situação particular de adoção formuladas
ou pessoal de suas funções. O Estado que fizer uso por outras autoridades centrais ou por autori-
dessa faculdade designará a autoridade central à dades públicas.
qual poderá ser dirigida toda a comunicação para
ARTIGO 10.
sua transmissão à autoridade central competente
dentro desse Estado. Somente poderão obter e conservar o credenciamen-
to os organismos que demonstrarem sua aptidão
ARTIGO 7º
para cumprir corretamente as tarefas que lhe pos-
1) As autoridades centrais deverão cooperar entre
sam ser confiadas.
si e promover a colaboração entre as autoridades
95
ARTIGO 11. 2) A autoridade central do Estado de acolhida trans-

mitirá o relatório à autoridade central do Estado
Um organismo credenciado deverá:
de origem.
a) perseguir unicamente fins não lucrativos, nas
condições e dentro dos limites fixados pelas ARTIGO 16.
autoridades competentes do Estado que o tiver 1) Se a autoridade central do Estado de origem con-
credenciado; siderar que a criança é adotável, deverá:
b) ser dirigido e administrado por pessoas qua- a) preparar um relatório que contenha informações
lificadas por sua integridade moral e por sua sobre a identidade da criança, sua adotabilidade,
formação ou experiência para atuar na área de seu meio social, sua evolução pessoal e familiar,
adoção internacional; seu histórico médico pessoal e familiar, assim
c) estar submetido à supervisão das autoridades como quaisquer necessidades particulares da
competentes do referido Estado, no que tange criança;
à sua composição, funcionamento e situação b) levar em conta as condições de educação da
financeira. criança, assim como sua origem étnica, religiosa
e cultural;
ARTIGO 12.
c) assegurar-se de que os consentimentos tenham
Um organismo credenciado em um Estado contra- sido obtidos de acordo com o artigo 4; e
tante somente poderá atuar em outro Estado contra- d) verificar, baseando-se especialmente nos relatórios
tante se tiver sido autorizado pelas autoridades com- relativos à criança e aos futuros pais adotivos, se
petentes de ambos os Estados. a colocação prevista atende ao interesse superior
da criança.
ARTIGO 13.
2) A autoridade central do Estado de origem transmi-
A designação das autoridades centrais e, quando for tirá à autoridade central do Estado de acolhida seu
o caso, o âmbito de suas funções, assim como os no- relatório sobre a criança, a prova dos consentimentos
mes e endereços dos organismos credenciados de- requeridos e as razões que justificam a colocação,
vem ser comunicados por cada Estado contratante cuidando para não revelar a identidade da mãe e
ao Bureau Permanente da Conferência da Haia de do pai, caso a divulgação dessas informações não
Direito Internacional Privado. seja permitida no Estado de origem.
Capítulo IV – Requisitos Processuais ARTIGO 17.
para a Adoção Internacional
Toda decisão de confiar uma criança aos futuros pais
ARTIGO 14. adotivos somente poderá ser tomada no Estado de
origem se:
As pessoas com residência habitual em um Estado
a) a autoridade central do Estado de origem tiver-
contratante, que desejem adotar uma criança cuja re-
-se assegurado de que os futuros pais adotivos
sidência habitual seja em outro Estado contratante,
manifestaram sua concordância;
deverão dirigir-se à autoridade central do Estado de
b) a autoridade central do Estado de acolhida tiver
sua residência habitual.
aprovado tal decisão, quando esta aprovação for
ARTIGO 15. requerida pela lei do Estado de acolhida ou pela
1) Se a autoridade central do Estado de acolhida con- autoridade central do Estado de origem;
siderar que os solicitantes estão habilitados e aptos c) as autoridades centrais de ambos os Estados
para adotar, a mesma preparará um relatório que estiverem de acordo em que se prossiga com a
contenha informações sobre a identidade, a capa- adoção; e
cidade jurídica e adequação dos solicitantes para d) tiver sido verificado, de conformidade com o artigo
adotar, sua situação pessoal, familiar e médica, seu 5, que os futuros pais adotivos estão habilitados
meio social, os motivos que os animam, sua apti- e aptos a adotar e que a criança está ou será
dão para assumir uma adoção internacional, assim autorizada a entrar e residir permanentemente
como sobre as crianças de que eles estariam em no Estado de acolhida.
condições de tomar a seu cargo.
96
ARTIGO 18. relação às medidas a serem tomadas, em confor-

midade com o presente artigo.
As autoridades centrais de ambos os Estados toma-
rão todas as medidas necessárias para que a criança ARTIGO 22.
receba a autorização de saída do Estado de origem, 1) As funções conferidas à autoridade central pelo
assim como aquela de entrada e de residência perma- presente capítulo poderão ser exercidas por auto-
nente no Estado de acolhida. ridades públicas ou por organismos credenciados
de conformidade com o capítulo III, e sempre na
ARTIGO 19.
forma prevista pela lei de seu Estado.
1) O deslocamento da criança para o Estado de acolhida
2) Um Estado contratante poderá declarar ante o de-
só poderá ocorrer quando tiverem sido satisfeitos
positário da convenção que as funções conferidas
os requisitos do artigo 17.
à autoridade central pelos artigos 15 a 21 poderão
2) As autoridades centrais dos dois Estados deverão
também ser exercidas nesse Estado, dentro dos li-
providenciar para que o deslocamento se realize
mites permitidos pela lei e sob o controle das auto-
com toda a segurança, em condições adequadas e,
ridades competentes desse Estado, por organismos
quando possível, em companhia dos pais adotivos
e pessoas que:
ou futuros pais adotivos.
a) satisfizerem as condições de integridade moral,
3) Se o deslocamento da criança não se efetivar, os
de competência profissional, experiência e res-
relatórios a que se referem os artigos 15 e 16 serão
ponsabilidade exigidas pelo mencionado Estado;
restituídos às autoridades que os tiverem expedido.
b) forem qualificados por seus padrões éticos e
ARTIGO 20. sua formação e experiência para atuar na área
de adoção internacional.
As autoridades centrais manter-se-ão informadas
3) O Estado contratante que efetuar a declaração pre-
sobre o procedimento de adoção, sobre as medidas
vista no parágrafo 2 informará com regularidade
adotadas para levá-la a efeito, assim como sobre o
ao Bureau Permanente da Conferência da Haia de
desenvolvimento do período probatório, se este for
Direito Internacional Privado os nomes e endereços
requerido.
desses organismos e pessoas.
ARTIGO 21. 4) Um Estado contratante poderá declarar ante o de-
1) Quando a adoção deva ocorrer, após o deslocamento positário da convenção que as adoções de crian-
da criança, para o Estado de acolhida e a autoridade ças cuja residência habitual estiver situada em seu
central desse Estado considerar que a manutenção território somente poderão ocorrer se as funções
da criança na família de acolhida já não responde conferidas às autoridades centrais forem exercidas
ao seu interesse superior, essa autoridade central de acordo com o parágrafo 1.
tomará as medidas necessárias à proteção da criança, 5) Não obstante qualquer declaração efetuada de con-
especialmente de modo a: formidade com o parágrafo 2, os relatórios previs-
a) retirá-la das pessoas que pretendem adotá-la e tos nos artigos 15 e 16 serão, em todos os casos,
assegurar provisoriamente seu cuidado; elaborados sob a responsabilidade da autoridade
b) em consulta com a autoridade central do Estado central ou de outras autoridades ou organismos,
de origem, assegurar, sem demora, uma nova de conformidade com o parágrafo 1.
colocação da criança com vistas à sua adoção
Capítulo V – Reconhecimento
ou, em sua falta, uma colocação alternativa de
e Efeitos da Adoção
caráter duradouro. Somente poderá ocorrer uma
adoção se a autoridade central do Estado de ori- ARTIGO 23.
gem tiver sido devidamente informada sobre os 1) Uma adoção certificada em conformidade com a
novos pais adotivos; convenção, pela autoridade competente do Estado
c) como último recurso, assegurar o retorno da onde ocorreu, será reconhecida de pleno direito
criança ao Estado de origem, se assim o exigir pelos demais Estados contratantes. O certificado
o interesse da mesma. deverá especificar quando e quem outorgou os as-
2) Tendo em vista especialmente a idade e o grau de sentimentos previstos no artigo 17, alínea c.
maturidade da criança, esta deverá ser consultada 2) Cada Estado contratante, no momento da assina-
e, neste caso, deve-se obter seu consentimento em tura, ratificação, aceitação, aprovação ou adesão,
97
notificará ao depositário da Convenção a identida- b) os consentimentos previstos no artigo 4, alíne-

de e as funções da autoridade ou das autoridades as c e d, tiverem sido ou forem outorgados para
que, nesse Estado, são competentes para expedir tal adoção.
esse certificado, bem como lhe notificará, igual- 2) O artigo 23 aplica-se à decisão sobre a conversão.
mente, qualquer modificação na designação dessas
Capítulo VI – Disposições Gerais
autoridades.
ARTIGO 28.
ARTIGO 24.
A convenção não afetará nenhuma lei do Estado de
O reconhecimento de uma adoção só poderá ser re-
origem que requeira que a adoção de uma criança
cusado em um Estado contratante se a adoção for ma-
residente habitualmente nesse Estado ocorra nesse
nifestamente contrária à sua ordem pública, levando
Estado, ou que proíba a colocação da criança no Es-
em consideração o interesse superior da criança.
tado de acolhida ou seu deslocamento ao Estado de
ARTIGO 25. acolhida antes da adoção.
Qualquer Estado contratante poderá declarar ao de- ARTIGO 29.
positário da convenção que não se considera obriga-
Não deverá haver nenhum contato entre os futuros
do, em virtude desta, a reconhecer as adoções feitas
pais adotivos e os pais da criança ou qualquer outra
de conformidade com um acordo concluído com
pessoa que detenha a sua guarda até que se tenham
base no artigo 39, parágrafo 2.
cumprido as disposições do artigo 4, alíneas a a c e
ARTIGO 26. do artigo 5, alínea a, salvo os casos em que a adoção
1) O reconhecimento da adoção implicará o for efetuada entre membros de uma mesma família
reconhecimento: ou em que as condições fixadas pela autoridade com-
a) do vínculo de filiação entre a criança e seus pais petente do Estado de origem forem cumpridas.
adotivos;
ARTIGO 30.
b) da responsabilidade paterna dos pais adotivos
1) As autoridades competentes de um Estado con-
a respeito da criança;
tratante tomarão providências para a conservação
c) da ruptura do vínculo de filiação preexistente
das informações de que dispuserem relativamente
entre a criança e sua mãe e seu pai, se a adoção
à origem da criança e, em particular, a respeito
produzir este efeito no Estado contratante em
da identidade de seus pais, assim como sobre o
que ocorreu.
histórico médico da criança e de sua família.
2) Se a adoção tiver por efeito a ruptura do vínculo
2) Essas autoridades assegurarão o acesso, com a devida
preexistente de filiação, a criança gozará, no Estado
orientação da criança ou de seu representante legal,
de acolhida e em qualquer outro Estado contra-
a estas informações, na medida em que o permita
tante no qual se reconheça a adoção, de direitos
a lei do referido Estado.
equivalentes aos que resultem de uma adoção que
produza tal efeito em cada um desses Estados. ARTIGO 31.
3) Os parágrafos precedentes não impedirão a aplicação
Sem prejuízo do estabelecido no artigo 30, os dados
de quaisquer disposições mais favoráveis à criança,
pessoais que forem obtidos ou transmitidos de con-
em vigor no Estado contratante que reconheça a
formidade com a convenção, em particular aqueles
adoção.
a que se referem os artigos 15 e 16, não poderão ser
ARTIGO 27. utilizados para fins distintos daqueles para os quais
1) Se uma adoção realizada no Estado de origem não foram colhidos ou transmitidos.
tiver como efeito a ruptura do vínculo preexistente
ARTIGO 32.
de filiação, o Estado de acolhida que reconhecer a
1) Ninguém poderá obter vantagens materiais in-
adoção de conformidade com a convenção poderá
devidas em razão de intervenção em uma adoção
convertê-la em uma adoção que produza tal efeito,
internacional.
se:
2) Só poderão ser cobrados e pagos os custos e as des-
a) a lei do Estado de acolhida o permitir; e
pesas, inclusive os honorários profissionais razoáveis
de pessoas que tenham intervindo na adoção.
98
3) Os dirigentes, administradores e empregados dos à lei desse Estado será entendida como ao sistema ju-
organismos intervenientes em uma adoção não po- rídico indicado pela lei do dito Estado.
derão receber remuneração desproporcional em
ARTIGO 38.
relação aos serviços prestados.
Um Estado em que distintas unidades territoriais
ARTIGO 33.
possuam suas próprias regras de direito em matéria
Qualquer autoridade competente, ao verificar que de adoção não estará obrigado a aplicar a convenção
uma disposição da convenção foi desrespeitada ou nos casos em que um Estado de sistema jurídico úni-
que existe risco manifesto de que venha a sê-lo, in- co não estiver obrigado a fazê-lo.
formará imediatamente a autoridade central de seu
ARTIGO 39.
Estado, a qual terá a responsabilidade de assegurar
1) A convenção não afeta os instrumentos internacio-
que sejam tomadas as medidas adequadas.
nais em que os Estados contratantes sejam partes
ARTIGO 34. e que contenham disposições sobre as matérias
reguladas pela presente convenção, salvo declaração
Se a autoridade competente do Estado destinatário
em contrário dos Estados vinculados pelos referidos
de um documento requerer que se faça deste uma
instrumentos internacionais.
tradução certificada, esta deverá ser fornecida. Salvo
2) Qualquer Estado contratante poderá concluir com
dispensa, os custos de tal tradução estarão a cargo
um ou mais Estados contratantes acordos para fa-
dos futuros pais adotivos.
vorecer a aplicação da convenção em suas relações
ARTIGO 35. recíprocas. Esses acordos somente poderão derrogar
as disposições contidas nos artigos 14 a 16 e 18 a
As autoridades competentes dos Estados contratan-
21. Os Estados que concluírem tais acordos trans-
tes atuarão com celeridade nos procedimentos de
mitirão uma cópia dos mesmos ao depositário da
adoção.
presente convenção.
ARTIGO 36.
ARTIGO 40.
Em relação a um Estado que possua, em matéria de
Nenhuma reserva à convenção será admitida.
adoção, dois ou mais sistemas jurídicos aplicáveis em
diferentes unidades territoriais: ARTIGO 41.
a) qualquer referência à residência habitual nesse
A convenção será aplicada às solicitações formuladas
Estado será entendida como relativa à residên-
em conformidade com o artigo 14 e recebidas depois
cia habitual em uma unidade territorial do dito
da entrada em vigor da Convenção no Estado de aco-
Estado;
lhida e no Estado de origem.
b) qualquer referência à lei desse Estado será enten-
dida como relativa à lei vigente na correspondente ARTIGO 42.
unidade territorial;
O secretário-geral da Conferência da Haia de Direi-
c) qualquer referência às autoridades competentes
to Internacional Privado convocará periodicamente
ou às autoridades públicas desse Estado será en-
uma comissão especial para examinar o funciona-
tendida como relativa às autoridades autorizadas
mento prático da convenção.
para atuar na correspondente unidade territorial;
d) qualquer referência aos organismos credencia- Capítulo VII – Cláusulas Finais
dos do dito Estado será entendida como relativa
ARTIGO 43.
aos organismos credenciados na correspondente
1) A convenção estará aberta à assinatura dos Esta-
unidade territorial.
dos que eram membros da Conferência da Haia de
ARTIGO 37. Direito Internacional Privado quando da décima
sétima sessão, e aos demais Estados participantes
No tocante a um Estado que possua, em matéria de
da referida Sessão.
adoção, dois ou mais sistemas jurídicos aplicáveis a
2) Ela será ratificada, aceita ou aprovada e os instru-
categorias diferentes de pessoas, qualquer referência
mentos de ratificação, aceitação ou aprovação serão
99
depositados no Ministério dos Negócios Estran- b) para as unidades territoriais às quais se tenha
geiros do Reino dos Países Baixos, depositário da estendido a aplicação da convenção conforme
convenção. o disposto no artigo 45, no primeiro dia do mês
seguinte à expiração de um período de três meses
ARTIGO 44.
depois da notificação prevista no referido artigo.
1) Qualquer outro Estado poderá aderir à convenção
depois de sua entrada em vigor, conforme o disposto ARTIGO 47.
no artigo 46, parágrafo 1. 1) Qualquer Estado-Parte na presente convenção po-
2) O instrumento de adesão deverá ser depositado derá denunciá-la mediante notificação por escrito,
junto ao depositário da convenção. dirigida ao depositário.
3) A adesão somente surtirá efeitos nas relações entre 2) A denúncia surtirá efeito no primeiro dia do mês
o Estado aderente e os Estados contratantes que não subsequente à expiração de um período de doze
tiverem formulado objeção à sua adesão nos seis meses da data de recebimento da notificação pelo
meses seguintes ao recebimento da notificação a que depositário. Caso a notificação fixe um período
se refere o artigo 48, alínea b. Tal objeção poderá maior para que a denúncia surta efeito, esta surtirá
igualmente ser formulada por qualquer Estado no efeito ao término do referido período a contar da
momento da ratificação, aceitação ou aprovação da data do recebimento da notificação.
convenção, posterior à adesão. As referidas objeções
ARTIGO 48.
deverão ser notificadas ao depositário.
O depositário notificará aos Estados-Membros da
ARTIGO 45.
Conferência da Haia de Direito Internacional Priva-
1) Quando um Estado compreender duas ou mais
do, assim como aos demais Estados participantes da
unidades territoriais nas quais se apliquem sistemas
décima sétima sessão e aos Estados que tiverem ade-
jurídicos diferentes em relação às questões reguladas
rido à convenção de conformidade com o disposto
pela presente convenção, poderá declarar, no mo-
no artigo 44:
mento da assinatura, da ratificação, da aceitação, da
a) as assinaturas, ratificações, aceitações e apro-
aprovação ou da adesão, que a presente convenção
vações a que se refere o artigo 43;
será aplicada a todas as suas unidades territoriais
b) as adesões e as objeções às adesões a que se refere
ou somente a uma ou várias delas. Essa declaração
o artigo 44;
poderá ser modificada por meio de nova declaração
c) a data em que a convenção entrará em vigor de
a qualquer tempo.
conformidade com as disposições do artigo 46;
2) Tais declarações serão notificadas ao depositário,
d) as declarações e designações a que se referem
indicando-se expressamente as unidades territoriais
os artigos 22, 23, 25 e 45;
às quais a convenção será aplicável.
e) os acordos a que se refere o artigo 39;
3) Caso um Estado não formule nenhuma declaração
f) as denúncias a que se refere o artigo 47.
na forma do presente artigo, a convenção será apli-
cada à totalidade do território do referido Estado. Em testemunho do que, os abaixo assinados,
devidamente autorizados, firmaram a presente
ARTIGO 46.
convenção.
1) A convenção entrará em vigor no primeiro dia do
mês seguinte à expiração de um período de três Feita na Haia, em 29 de maio de 1993, nos idiomas
meses contados da data do depósito do terceiro francês e inglês, sendo ambos os textos igualmente
instrumento de ratificação, de aceitação ou de apro- autênticos, em um único exemplar, o qual será depo-
vação previsto no artigo 43. sitado nos arquivos do governo do Reino dos Países
2) Posteriormente, a convenção entrará em vigor: Baixos e do qual uma cópia certificada será enviada,
a) para cada Estado que a ratificar, aceitar ou aprovar por via diplomática, a cada um dos Estados-Mem-
posteriormente, ou apresentar adesão à mesma, bros da Conferência da Haia de Direito Internacional
no primeiro dia do mês seguinte à expiração de Privado por ocasião da décima sétima sessão, assim
um período de três meses depois do depósito como a cada um dos demais estados que participa-
de seu instrumento de ratificação, aceitação, ram desta sessão.
aprovação ou adesão;
100
DECRETO Nº 5.007, DE 8 DE PROTOCOLO FACULTATIVO À

MARÇO DE 2004370 CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA
CRIANÇA REFERENTE À VENDA DE
Promulga o Protocolo Facultativo à Convenção sobre
CRIANÇAS, À PROSTITUIÇÃO INFANTIL
os Direitos da Criança referente à venda de crianças, à
prostituição infantil e à pornografia infantil.
E À PORNOGRAFIA INFANTIL
Os Estados-Partes do presente protocolo,
O presidente da República, no uso da atribuição que
lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e Considerando que, a fim de alcançar os propó-
Considerando que o Congresso Nacional aprovou, por sitos da Convenção sobre os Direitos da Criança e a
meio do Decreto Legislativo nº 230, de 29 de maio de implementação de suas disposições, especialmente
2003, o texto do Protocolo Facultativo à Convenção sobre dos artigos 1º, 11, 21, 32, 33, 34, 35 e 36, seria apro-
os Direitos da Criança referente à venda de crianças, à priado ampliar as medidas a serem adotadas pelos
prostituição infantil e à pornografia infantil, adotado Estados-Partes, a fim de garantir a proteção da crian-
em Nova York em 25 de maio de 2000; ça contra a venda de crianças, a prostituição infantil
Considerando que o governo brasileiro depositou o e a pornografia infantil,
instrumento de ratificação junto à Secretaria-Geral
Considerando também que a Convenção sobre os
da ONU em 27 de janeiro de 2004;
Direitos da Criança reconhece o direito da criança
Considerando que o protocolo entrou em vigor interna-
de estar protegida contra a exploração econômica e
cional em 18 de janeiro de 2002, e entrou em vigor para
contra o desempenho de qualquer trabalho que pos-
o Brasil em 27 de fevereiro de 2004; decreta:
sa ser perigoso para a criança ou interferir em sua
Art. 1º O Protocolo Facultativo à Convenção sobre os educação, ou ser prejudicial à saúde da criança ou ao
Direitos da Criança referente à venda de crianças, à seu desenvolvimento físico, mental, espiritual, moral
prostituição infantil e à pornografia infantil, adotado ou social,
em Nova York em 25 de maio de 2000, apenso por
Seriamente preocupados com o significativo e
cópia ao presente decreto, será executado e cumprido
crescente tráfico internacional de crianças para fins
tão inteiramente como nele se contém.
de venda de crianças, prostituição infantil e porno-
Art. 2º São sujeitos à aprovação do Congresso Nacio- grafia infantil,
nal quaisquer atos que possam resultar em revisão
Profundamente preocupados com a prática dis-
do referido protocolo ou que acarretem encargos ou
seminada e continuada do turismo sexual, ao qual
compromissos gravosos ao patrimônio nacional, nos
as crianças são particularmente vulneráveis, uma
termos do art. 49, inciso I, da Constituição.
vez que promove diretamente a venda de crianças, a
Art. 3º Este decreto entra em vigor na data de sua prostituição infantil e a pornografia infantil,
publicação.
Reconhecendo que uma série de grupos particu-
Brasília, 8 de março de 2004; 183º da Independência e larmente vulneráveis, inclusive meninas, estão mais
116º da República. expostos ao risco de exploração sexual, e que as me-
ninas estão representadas de forma desproporcional
entre os sexualmente explorados,
Celso Luiz Nunes Amorim
Preocupados com a crescente disponibilidade de
pornografia infantil na Internet e em outras tecnolo-
gias modernas, e relembrando a Conferência Inter-
nacional sobre o Combate à Pornografia Infantil na
Internet (Viena, 1999) e, em particular, sua conclu-
são, que demanda a criminalização em todo o mun-
do da produção, distribuição, exportação, transmis-
são, importação, posse intencional e propaganda de
370. Publicado no Diário Oficial da União, Seção 1, de 9 de março de pornografia infantil, e enfatizando a importância de
2004, p. 4.
101
cooperação e parceria mais estreita entre governos e Tendo na devida conta a importância das tradi-
a indústria da Internet, ções e dos valores culturais de cada povo para a pro-
teção e o desenvolvimento harmonioso da criança,
Acreditando que a eliminação da venda de crian-
ças, da prostituição infantil e da pornografia será Acordaram o que segue:
facilitada pela adoção de uma abordagem holística
ARTIGO 1º
que leve em conta os fatores que contribuem para
a sua ocorrência, inclusive o subdesenvolvimento, a Os Estados-Partes proibirão a venda de crianças, a
pobreza, as disparidades econômicas, a estrutura so- prostituição infantil e a pornografia infantil, confor-
cioeconômica desigual, as famílias com disfunções, me disposto no presente protocolo.
a ausência de educação, a migração do campo para
ARTIGO 2º
a cidade, a discriminação sexual, o comportamen-
to sexual adulto irresponsável, as práticas tradicio- Para os propósitos do presente protocolo:
nais prejudiciais, os conflitos armados e o tráfico de a) Venda de crianças significa qualquer ato ou tran-
crianças, sação pela qual uma criança é transferida por
qualquer pessoa ou grupo de pessoas a outra pessoa
Acreditando na necessidade de esforços de cons-
ou grupo de pessoas, em troca de remuneração
cientização pública para reduzir a demanda de con-
ou qualquer outra forma de compensação;
sumo relativa à venda de crianças, prostituição in-
b) Prostituição infantil significa o uso de uma criança
fantil e pornografia infantil, e acreditando, também,
em atividades sexuais em troca de remuneração
na importância do fortalecimento da parceria glo-
ou qualquer outra forma de compensação;
bal entre todos os atores, bem como da melhoria do
c) Pornografia infantil significa qualquer repre-
cumprimento da lei no nível nacional,
sentação, por qualquer meio, de uma criança
Tomando nota das disposições de instrumentos envolvida em atividades sexuais explícitas reais
jurídicos internacionais relevantes para a proteção de ou simuladas, ou qualquer representação dos
crianças, inclusive a Convenção da Haia sobre a Pro- órgãos sexuais de uma criança para fins pri-
teção de Crianças e Cooperação no que se Refere à mordialmente sexuais.
Adoção Internacional; a Convenção da Haia sobre os
ARTIGO 3º
Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crian-
1) Os Estados-Partes assegurarão que, no mínimo,
ças; a Convenção da Haia sobre Jurisdição, Direito
os seguintes atos e atividades sejam integralmente
Aplicável, Reconhecimento, Execução e Cooperação
cobertos por suas legislações criminal ou penal,
Referente à Responsabilidade dos Pais; e a Conven-
quer os delitos sejam cometidos dentro ou fora de
ção nº 182 da Organização Internacional do Traba-
suas fronteiras, de forma individual ou organizada:
lho sobre a Proibição das Piores Formas de Trabalho
a) No contexto da venda de crianças, conforme
Infantil e a Ação Imediata para sua Eliminação,
definido no artigo 2º;
Encorajados pelo imenso apoio à Convenção so- i. A oferta, entrega ou aceitação, por qualquer
bre os Direitos da Criança, que demonstra o amplo meio, de uma criança para fins de:
compromisso existente com a promoção e proteção a. Exploração sexual de crianças;
dos direitos da criança, b. Transplante de órgãos da criança com fins
lucrativos;
Reconhecendo a importância da implementação
c. Envolvimento da criança em trabalho
das disposições do Programa de Ação para a Preven-
forçado.
ção da Venda de Crianças, da Prostituição Infantil e
ii. A indução indevida ao consentimento, na
da Pornografia Infantil e a Declaração e Agenda de
qualidade de intermediário, para adoção de
Ação adotada no Congresso Mundial contra a Explo-
uma criança em violação dos instrumentos
ração Comercial Sexual de Crianças, realizada em
jurídicos internacionais aplicáveis sobre adoção;
Estocolmo, de 27 a 31 de agosto de 1996, bem como
b) A oferta, obtenção, aquisição, aliciamento ou o
outras decisões e recomendações relevantes emana-
fornecimento de uma criança para fins de pros-
das de órgãos internacionais pertinentes,
tituição infantil, conforme definido no artigo 2º;
102
c) A produção, distribuição, disseminação, impor- ARTIGO 5º

tação, exportação, oferta, venda ou posse, para os 1) Os delitos a que se refere o artigo 3º, parágrafo 1,
fins acima mencionados, de pornografia infantil, serão considerados delitos passíveis de extradição
conforme definido no artigo 2º. em qualquer tratado de extradição existentes entre
2) Em conformidade com as disposições da legislação Estados-Partes, e incluídos como delitos passíveis
nacional de um Estado-Parte, o mesmo aplicar-se-á de extradição em todo tratado de extradição sub-
a qualquer tentativa de perpetrar qualquer desses sequentemente celebrado entre os mesmos, em
atos e à cumplicidade ou participação em qualquer conformidade com as condições estabelecidas nos
desses atos. referidos tratados.
3) Os Estados-Partes punirão esses delitos com pe- 2) Se um Estado-Parte que condiciona a extradição
nas apropriadas que levem em consideração a sua à existência de um tratado receber solicitação de
gravidade. extradição de outro Estado-Parte com o qual não
4) Em conformidade com as disposições de sua legislação mantém tratado de extradição, poderá adotar o
nacional, os Estados-Partes adotarão medidas, quan- presente protocolo como base jurídica para a ex-
do apropriado, para determinar a responsabilidade tradição no que se refere a tais delitos. A extradição
legal de pessoas jurídicas pelos delitos definidos no estará sujeita às condições previstas na legislação
parágrafo 1 do presente artigo. Em conformidade do Estado demandado.
com os princípios jurídicos do Estado-Parte, essa 3) Os Estados-Partes que não condicionam a extradição
responsabilidade de pessoas jurídicas poderá ser à existência de um tratado reconhecerão os referidos
de natureza criminal, civil ou administrativa. delitos como delitos passíveis de extradição entre si,
5) Os Estados-Partes adotarão todas as medidas le- em conformidade com as condições estabelecidas
gais e administrativas apropriadas para assegurar na legislação do Estado demandado.
que todas as pessoas envolvidas na adoção de uma 4) Para fins de extradição entre Estados-Partes, os
criança ajam em conformidade com os instrumentos referidos delitos serão considerados como se co-
jurídicos internacionais aplicáveis. metidos não apenas no local onde ocorreram, mas
também nos territórios dos Estados obrigados a
ARTIGO 4º
estabelecer sua jurisdição em conformidade com
1) Cada Estado-Parte adotará as medidas necessárias
o artigo 4º.
para estabelecer sua jurisdição sobre os delitos a que
5) Se um pedido de extradição for feito com referência
se refere o artigo 3º, parágrafo 1, quando os delitos
a um dos delitos descritos no artigo 3º, parágrafo
forem cometidos em seu território ou a bordo de
1, e se o Estado-Parte demandado não conceder a
embarcação ou aeronave registrada naquele Estado.
extradição ou recusar-se a conceder a extradição
2) Cada Estado-Parte poderá adotar as medidas ne-
com base na nacionalidade do autor do delito, este
cessárias para estabelecer sua jurisdição sobre os
Estado adotará as medidas apropriadas para sub-
delitos a que se refere o artigo 3º, parágrafo 1, nos
meter o caso às suas autoridades competentes, com
seguintes casos:
vistas à instauração de processo penal.
a) Quando o criminoso presumido for um cidadão
daquele Estado ou uma pessoa que mantém re- ARTIGO 6º
sidência habitual em seu território; 1) Os Estados-Partes prestar-se-ão mutuamente toda a
b) Quando a vítima for um cidadão daquele Estado. assistência possível no que se refere a investigações
3) Cada Estado-Parte adotará, também, as medidas ou processos criminais ou de extradição instaura-
necessárias para estabelecer sua jurisdição sobre dos com relação aos delitos descritos no artigo 3º,
os delitos acima mencionados quando o criminoso parágrafo 1. Inclusive assistência na obtenção de
presumido estiver presente em seu território e não provas à sua disposição e necessárias para a con-
for extraditado para outro Estado-Parte pelo fato dução dos processos.
de o delito haver sido cometido por um de seus 2) Os Estados-Partes cumprirão as obrigações assu-
cidadãos. midas em função do parágrafo 1 do presente artigo,
4) O presente protocolo não exclui qualquer jurisdição em conformidade com quaisquer tratados ou ou-
criminal exercida em conformidade com a legislação tros acordos sobre assistência jurídica mútua que
interna. porventura existam entre os mesmos. Na ausên-
cia de tais tratados ou acordos, os Estados-Partes
103
prestar-se-ão assistência mútua em conformidade f) assegurando, nos casos apropriados, a seguran-

com sua legislação nacional. ça das crianças vitimadas, bem como de suas
famílias e testemunhas, contra intimidação e
ARTIGO 7º
retaliação;
Os Estados-Partes, em conformidade com as dispo- g) evitando demora desnecessária na condução de
sições de sua legislação nacional: causas e no cumprimento de ordens ou decretos
a) adotarão medidas para permitir o sequestro e concedendo reparação a crianças vitimadas.
confisco, conforme o caso, de: 2) Os Estados-Partes assegurarão que quaisquer dú-
i. bens tais como materiais, ativos e outros vidas sobre a idade real da vítima não impedirão
meios utilizados para cometer ou facilitar o que se dê início a investigações criminais, inclusive
cometimento dos delitos definidos no presente investigações para determinar a idade da vítima.
protocolo; 3) Os Estados-Partes assegurarão que, no tratamento
ii. rendas decorrentes do cometimento desses dispensado pelo sistema judicial penal às crianças
delitos; vítimas dos delitos descritos no presente protocolo,
b) atenderão às solicitações de outro Estado-Parte a consideração primordial seja o interesse superior
referentes ao sequestro ou confisco de bens ou da criança.
rendas a que se referem os incisos i e ii do pa- 4) Os Estados-Partes adotarão medidas para assegurar
rágrafo a; treinamento apropriado, em particular treinamento
c) adotarão medidas para fechar, temporária ou jurídico e psicológico, às pessoas que trabalham
definitivamente, os locais utilizados para cometer com vítimas dos delitos proibidos pelo presente
esses delitos. protocolo.
5) Nos casos apropriados, os Estados-Partes adotarão
ARTIGO 8º
medidas para proteger a segurança e integridade
1) Os Estados-Partes adotarão as medidas apropriadas
daquelas pessoas e/ou organizações envolvidas na
para proteger os direitos e interesses de crianças
prevenção e/ou proteção e reabilitação de vítimas
vítimas das práticas proibidas pelo presente pro-
desses delitos.
tocolo em todos os estágios do processo judicial
6) Nenhuma disposição do presente artigo será inter-
criminal, em particular:
pretada como prejudicial aos direitos do acusado a
a) reconhecendo a vulnerabilidade de crianças
um julgamento justo e imparcial, ou como incom-
vitimadas e adaptando procedimentos para re-
patível com esses direitos.
conhecer suas necessidades especiais, inclusive
suas necessidades especiais como testemunhas; ARTIGO 9º
b) informando as crianças vitimadas sobre seus 1) Os Estados-Partes adotarão ou reforçarão, implemen-
direitos, seu papel, bem como o alcance, as datas tarão e disseminarão leis, medidas administrativas,
e o andamento dos processos e a condução de políticas e programas sociais para evitar os delitos a
seus casos; que se refere o presente protocolo. Especial atenção
c) permitindo que as opiniões, necessidades e será dada à proteção de crianças especialmente
preocupações das crianças vitimadas sejam vulneráveis a essas práticas.
apresentadas e consideradas nos processos em 2) Os Estados-Partes promoverão a conscientização do
que seus interesses pessoais forem afetados, de público em geral, inclusive das crianças, por meio
forma coerente com as normas processuais da de informações disseminadas por todos os meios
legislação nacional; apropriados, educação e treinamento, sobre as medi-
d) prestando serviços adequados de apoio às crianças das preventivas e os efeitos prejudiciais dos delitos a
vitimadas no transcorrer do processo judicial; que se refere o presente protocolo. No cumprimento
e) protegendo, conforme apropriado, a privacidade das obrigações assumidas em conformidade com
e a identidade das crianças vitimadas e adotan- o presente artigo, os Estados-Partes incentivarão
do medidas, em conformidade com a legislação a participação da comunidade e, em particular, de
nacional, para evitar a disseminação inadequada crianças vitimadas, nas referidas informações e em
de informações que possam levar à identificação programas educativos e de treinamento, inclusive
das crianças vitimadas; no nível internacional.
104
3) Os Estados-Partes adotarão todas as medidas possíveis b) na legislação internacional em vigor para aquele
com o objetivo de assegurar assistência apropriada Estado.
às vítimas desses delitos, inclusive sua completa
ARTIGO 12.
reintegração social e sua total recuperação física e
1) Cada Estado-Parte submeterá ao Comitê sobre
psicológica.
os Direitos da Criança, no prazo de dois anos a
4) Os Estados-Partes assegurarão que todas as crianças
contar da data da entrada em vigor do protocolo
vítimas dos delitos descritos no presente protocolo
para aquele Estado-Parte, um relatório contendo
tenham acesso a procedimentos adequados que lhe
informações abrangentes sobre as medidas adotadas
permitam obter, sem discriminação, das pessoas
para implementar as disposições do protocolo.
legalmente responsáveis, reparação pelos danos
2) Após a apresentação do relatório abrangente, cada
sofridos.
Estado-Parte incluirá nos relatórios que submeter
5) Os Estados-Partes adotarão as medidas apropriadas
ao Comitê sobre os Direitos da Criança quaisquer
para proibir efetivamente a produção e disseminação
informações adicionais sobre a implementação do
de material em que se faça propaganda dos delitos
protocolo, em conformidade com o artigo 44 da
descritos no presente protocolo.
convenção. Os demais Estados-Partes do protocolo
ARTIGO 10. submeterão um relatório a cada cinco anos.
1) Os Estados-Partes adotarão todas as medidas neces- 3) O Comitê sobre os Direitos da Criança poderá
sárias para intensificar a cooperação internacional solicitar aos Estados-Partes informações adicio-
por meio de acordos multilaterais, regionais e bi- nais relevantes para a implementação do presente
laterais para prevenir, detectar, investigar, julgar e protocolo.
punir os responsáveis por atos envolvendo a venda
ARTIGO 13.
de crianças, a prostituição infantil, a pornografia
1) O presente protocolo está aberto para assinatura
infantil e o turismo sexual infantil. Os Estados-Partes
de qualquer Estado que seja parte ou signatário da
promoverão, também, a cooperação e coordenação
convenção.
internacionais entre suas autoridades, organizações
2) O presente protocolo está sujeito a ratificação e
não governamentais nacionais e internacionais e
aberto a adesão de qualquer Estado que seja parte
organizações internacionais.
ou signatário da convenção. Os instrumentos de
2) Os Estados-Partes promoverão a cooperação inter-
ratificação ou adesão serão depositados com o se-
nacional com vistas a prestar assistência às crianças
cretário-geral das Nações Unidas.
vitimadas em sua recuperação física e psicológica,
sua reintegração social e repatriação. ARTIGO 14.
3) Os Estados-Partes promoverão o fortalecimento da 1) O presente protocolo entrará em vigor três meses
cooperação internacional, a fim de lutar contra as após o depósito do décimo instrumento de ratifi-
causas básicas, tais como pobreza e subdesenvol- cação ou adesão.
vimento, que contribuem para a vulnerabilidade 2) Para cada Estado que ratificar o presente protocolo
das crianças à venda de crianças, à prostituição ou a ele aderir após sua entrada em vigor, o presente
infantil, à pornografia infantil e ao turismo sexual protocolo passará a viger um mês após a data do
infantil. depósito de seu próprio instrumento de ratificação
4) Os Estados-Partes que estejam em condições de ou adesão.
fazê-lo, prestarão assistência financeira, técnica ou
ARTIGO 15.
de outra natureza por meio de programas multi-
1) Qualquer Estado-Parte poderá denunciar o presente
laterais, regionais, bilaterais ou outros programas
protocolo a qualquer tempo por meio de notificação
existentes.
escrita ao secretário-geral das Nações Unidas, o qual
ARTIGO 11. subsequentemente informará os demais Estados-
-Partes da Convenção e todos os Estados signatários
Nenhuma disposição do presente protocolo afetará
da convenção. A denúncia produzirá efeitos um
quaisquer outras disposições mais propícias à fruição
ano após a data de recebimento da notificação pelo
dos direitos da criança e que possam estar contidas:
secretário-geral das Nações Unidas.
a) na legislação de um Estado-Parte;
105
2) A referida denúncia não isentará o Estado-Parte DECRETO Nº 5.089, DE 20

das obrigações assumidas por força do presente DE MAIO DE 2004371
protocolo no que se refere a qualquer delito ocorrido
anteriormente à data na qual a denúncia passar a
Dispõe sobre a composição, estruturação, competências
produzir efeitos. A denúncia tampouco impedirá, de
e funcionamento do Conselho Nacional dos Direitos
qualquer forma, que se dê continuidade ao exame
da Criança e do Adolescente (Conanda) e dá outras
de qualquer matéria que já esteja sendo examinada
providências.
pelo Comitê antes da data na qual a denúncia se
tornar efetiva.
O presidente da República, no uso das atribuições que
ARTIGO 16. lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, alínea a, da Cons-
1) Qualquer Estado-Parte poderá propor uma emenda tituição, e tendo em vista o disposto na Lei nº 8.242,
e depositá-la junto ao secretário-geral das Nações de 12 de outubro de 1991, e no art. 50 da Lei nº 10.683,
Unidas. O secretário-geral comunicará a emenda de 28 de maio de 2003, decreta:
proposta aos Estados-Partes, solicitando-lhes que
Art. 1º O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e
indiquem se são favoráveis à realização de uma
do Adolescente (Conanda), órgão colegiado de caráter
conferência de Estados-Partes para análise e votação
deliberativo, integrante da estrutura básica da Secretaria
das propostas. Caso, no prazo de quatro meses a
Especial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
contar da data da referida comunicação, pelo menos
pública, tem por finalidade elaborar normas gerais para
um terço dos Estados-Partes se houver manifestado
a formulação e implementação da política nacional de
a favor da referida conferência, o secretário-geral
atendimento dos direitos da criança e do adolescente,
convocará a conferência sob os auspícios das Na-
observadas as linhas de ação e as diretrizes conforme
ções Unidas. Qualquer emenda adotada por uma
dispõe a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto
maioria de Estados-Partes presentes e votantes na
da Criança e do Adolescente), bem como acompanhar
conferência será submetida à Assembleia Geral para
e avaliar a sua execução.
aprovação.
2) Uma emenda adotada em conformidade com o Art. 2º Ao Conanda compete:
parágrafo 1 do presente artigo entrará em vigor I – elaborar normas gerais da política nacional de aten-
quando aprovada pela Assembleia Geral das Na- dimento dos direitos da criança e do adolescente, bem
ções Unidas e aceita por maioria de dois terços dos como controlar e fiscalizar as ações de execução em
Estados-Partes. todos os níveis;
3) Quando uma emenda entrar em vigor, tornar-se- II – zelar pela aplicação da política nacional de atendi-
-á obrigatória para aqueles Estados-Partes que a mento dos direitos da criança e do adolescente;
aceitaram; os demais Estados-Partes continuarão III – dar apoio aos conselhos estaduais e municipais
obrigados pelas disposições do presente protocolo dos direitos da criança e do adolescente, aos órgãos
e por quaisquer emendas anteriores que tenham estaduais, municipais e entidades não governamentais,
aceitado. para tornar efetivos os princípios, as diretrizes e os
direitos estabelecidos pelo Estatuto da Criança e do
ARTIGO 17.
Adolescente;
1) O presente protocolo, com textos em árabe, chi-
IV – avaliar a política estadual e municipal e a atuação
nês, espanhol, francês, inglês e russo igualmente
dos conselhos estaduais e municipais da criança e do
autênticos, será depositado nos arquivos das Nações
adolescente;
Unidas.
V – acompanhar o reordenamento institucional pro-
2) O secretário-geral das Nações Unidas enviará có-
pondo, sempre que necessário, as modificações nas
pias autenticadas do presente protocolo a todos os
estruturas públicas e privadas destinadas ao atendi-
Estados-Partes da convenção e a todos os Estados
mento da criança e do adolescente;
signatários da convenção.
VI – apoiar a promoção de campanhas educativas sobre
os direitos da criança e do adolescente, com a indicação
371. Publicado no Diário Oficial da União, Seção 1, de 21 de maio de

2004, p. 5.
106
das medidas a serem adotadas nos casos de atentados e) Ministério do Esporte;

ou violação desses direitos; f) Ministério da Fazenda;
VII – acompanhar a elaboração e a execução da pro- g) Ministério da Previdência Social;
posta orçamentária da União, indicando modificações h) Ministério da Saúde;
necessárias à consecução da política formulada para i) Ministério das Relações Exteriores;
a promoção dos direitos da criança e do adolescente; j) Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;
VIII – gerir o fundo de que trata o art. 6º da Lei nº 8.242, l) Ministério do Trabalho e Emprego;
de 12 de outubro de 1991, e fixar os critérios para sua m) Ministério da Justiça;
utilização, nos termos do art. 260 da Lei nº 8.069, de n) Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
1991; e Presidência da República;
IX – elaborar o regimento interno, que será aprovado o) Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
pelo voto de, no mínimo, dois terços de seus membros, Igualdade Racial da Presidência da República; e
nele definindo a forma de indicação do seu presidente. II – quatorze representantes de entidades da sociedade
Parágrafo único. Ao Conanda compete, ainda: civil organizada.
I – acompanhar e avaliar a expedição de orientações § 1º Os representantes de que trata o inciso I, e seus
e recomendações sobre a aplicação da Lei nº 8.069, de respectivos suplentes, em número de até dois por órgão,
1991, e dos demais atos normativos relacionados ao serão indicados pelos titulares dos órgãos representados.
atendimento da criança e do adolescente; § 2º Os representantes de que trata o inciso II, e seus
II – promover a cooperação entre os governos da União, respectivos suplentes, serão indicados pelas entidades
dos estados, do Distrito Federal e dos municípios e a representadas.
sociedade civil organizada, na formulação e execução § 3º Os representantes de tratam os incisos I e II, e seus
da política nacional de atendimento dos direitos da respectivos suplentes, serão designados pelo secretá-
criança e do adolescente; rio especial dos Direitos Humanos da Presidência da
III – promover, em parceria com organismos gover- República.
namentais e não governamentais, nacionais e inter- § 4º Poderão ser convidados a participar das reuniões
nacionais, a identificação de sistemas de indicadores, do Conanda personalidades e representantes de órgãos
no sentido de estabelecer metas e procedimentos com públicos, dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário
base nesses índices para monitorar a aplicação das ati- e de entidades privadas, sempre que da pauta constar
vidades relacionadas com o atendimento à criança e tema de suas áreas de atuação.
ao adolescente;
Art 4º As entidades da sociedade civil organizada de
IV – promover a realização de estudos, debates e pes-
que trata o inciso II do art. 3º deste decreto serão eleitas
quisas sobre a aplicação e os resultados estratégicos
em assembleia específica, convocada especialmente
alcançados pelos programas e projetos de atendimento
para esta finalidade.
à criança e ao adolescente, desenvolvidos pela Secre-
§ 1º A eleição será convocada pelo Conanda, por meio de
taria Especial dos Direitos Humanos da Presidência
edital, publicado no Diário Oficial da União, sessenta dias
da República; e
antes do término do mandato dos seus representantes.
V – estimular a ampliação e o aperfeiçoamento dos
§ 2º O regimento interno do Conanda disciplinará as
mecanismos de participação e controle social, por
normas e os procedimentos relativos à eleição das en-
intermédio de rede nacional de órgãos colegiados es-
tidades da sociedade civil organizada que comporão
taduais, regionais e municipais, visando fortalecer o
sua estrutura.
atendimento dos direitos da criança e do adolescente.
§ 3º Dentre as vinte e oito entidades mais votadas, as
Art. 3º O Conanda, observada a paridade entre os re- quatorze primeiras serão eleitas como titulares, das
presentantes do Poder Executivo e da sociedade civil quais as quatorze restantes serão as suplentes, indican-
organizada, tem a seguinte composição: do, cada uma, o seu representante, que terá mandato
I – um representante de cada órgão a seguir indicado: de dois anos, podendo ser reconduzido mediante novo
a) Casa Civil da Presidência da República; processo eleitoral.
b) Ministério do Desenvolvimento Social e Combate § 4º O Ministério Público Federal poderá acompanhar
à Fome; o processo de escolha dos representantes das entidades
c) Ministério da Cultura; da sociedade civil organizada.
d) Ministério da Educação;
107
Art. 5º A estrutura de funcionamento do Conanda Art. 14. As dúvidas e os casos omissos neste decreto
compõe-se de: serão resolvidos pelo presidente do Conanda, ad refe-
I – Plenário; rendum do Colegiado.
II – Presidência;
Art. 15. Este decreto entra em vigor na data de sua
III – Secretaria Executiva; e
publicação.
IV – Comissões Permanentes e Grupos Temáticos.
Art. 16. Ficam revogados os Decretos nos 408, de 27 de
Art. 6º A eleição do presidente do Conanda dar-se-á
dezembro de 1991, e 4.837, de 10 de setembro de 2003.
conforme o disposto no regimento interno e sua desig-
nação será feita pelo presidente da República. Brasília, 20 de maio de 2004; 183º da Independência e
Art. 7º São atribuições do presidente do Conanda:
I – convocar e presidir as reuniões do colegiado; LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
II – solicitar a elaboração de estudos, informações e José Dirceu de Oliveira e Silva
posicionamento sobre temas de relevante interesse
público; e
III – firmar as atas das reuniões e homologar as resoluções. DECRETO DE 19 DE OUTUBRO DE 2004372
Art. 8º Caberá à Secretaria Especial dos Direitos Hu-
Cria Comissão Intersetorial para Promoção, Defesa
manos da Presidência da República prover o apoio
e Garantia do Direito de Crianças e Adolescentes à
administrativo e os meios necessários à execução dos
Convivência Familiar e Comunitária, e dá outras
trabalhos do Conanda, das comissões permanentes
providências.
e dos grupos temáticos, exercendo as atribuições de
Secretaria Executiva.
O presidente da República, no uso da atribuição que lhe
Art. 9º As comissões permanentes e grupos temáticos confere o art. 84, inciso VI, alínea a, da Constituição,
serão instituídos pelo Conanda, com o fim de promover decreta:
estudos e elaborar propostas sobre temas específicos, a
Art. 1º Fica criada Comissão Intersetorial para Pro-
serem submetidos à composição plenária do conselho,
moção, Defesa e Garantia do Direito de Crianças e
que definirá no ato da sua criação os objetivos específicos,
Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária,
a composição e o prazo para conclusão dos trabalhos,
com a finalidade de elaborar o plano nacional e as di-
podendo ser convidados a integrá-los representantes
retrizes da política de promoção, defesa e garantia do
de órgãos públicos dos Poderes Executivo, Legislativo
direito de crianças e adolescentes à convivência fami-
e Judiciário e de entidades privadas.
liar e comunitária, a serem apresentados ao Conselho
Art. 10. As deliberações do Conanda, inclusive seu re- Nacional de Assistência Social (CNAS) e ao Conselho
gimento interno, serão aprovadas mediante resoluções. Nacional da Criança e do Adolescente (Conanda).
Art. 11. As despesas com os deslocamentos dos membros Art. 2º A comissão será composta por um represen-
integrantes do Conanda, das comissões permanentes e tante, titular e suplente, de cada órgão e entidade a
dos grupos temáticos poderão ocorrer à conta de dota- seguir indicados:
ções orçamentárias da Secretaria Especial dos Direitos I – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
Humanos da Presidência da República. à Fome;
II – Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
Art. 12. Para cumprimento de suas funções, o Conan-
sidência da República;
da contará com recursos orçamentários e financeiros
III – Ministério da Educação;
consignados no orçamento da Secretaria Especial dos
IV – Ministério da Saúde;
Direitos Humanos da Presidência da República.
V – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea);
Art. 13. A participação no Conanda, nas comissões VI – Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Porta-
permanentes e nos grupos temáticos será considerada dora de Deficiência (Conade);
função relevante, não remunerada.
372. Publicado no Diário Oficial da União, Seção 1, de 20 de outubro

de 2004.
108
VII – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do X – Rede Nacional de Instituições e Programas de
Adolescente (Conanda); Serviços de Ação Continuada (Renipac).
VIII – Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS); e
Art. 5º Caberá à comissão deliberar sobre a forma de
IX – Associação Nacional dos Defensores Públicos da
condução de seus trabalhos.
União.
§ 1º Caberá aos titulares do Ministério do Desenvolvi- Art. 6º É facultado à comissão convidar, em caráter
mento Social e Combate à Fome e da Secretaria Especial eventual, técnicos, especialistas e representantes de
dos Direitos Humanos a coordenação da Comissão outros órgãos governamentais ou de entidades da socie-
e o provimento dos meios para a realização de suas dade civil para o acompanhamento dos seus trabalhos.
atividades.
Art. 7º A comissão de que trata este decreto terá
373
§ 2º Os membros da comissão serão indicados pelos
prazo até o dia 18 de abril de 2005 para conclusão dos
titulares dos órgãos e entidades representados, no prazo
trabalhos.
de vinte dias da publicação deste decreto, e designados
em portaria conjunta dos ministros de Estado do De- Art. 8º Os trabalhos da comissão serão sistematizados
senvolvimento Social e Combate à Fome e da Secretaria em dois documentos versando sobre “plano nacional”
Especial dos Direitos Humanos. e “diretrizes da política” de promoção, defesa e garan-
tia do direito de crianças e adolescentes à convivência
Art. 3º São competências e atribuições dos membros
familiar e comunitária, os quais serão encaminhados
integrantes da comissão:
ao Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS)
I – sugerir e propor ações que venham a compor o
e ao Conselho Nacional da Criança e do Adolescente
plano nacional e as diretrizes da política de promoção,
(Conanda).
defesa e garantia do direito de crianças e adolescentes
à convivência familiar e comunitária; e Art. 9º Os órgãos setoriais envolvidos consignarão em
II – primar pela integração dos órgãos e das ações no seus orçamentos anuais recursos específicos para a
processo de elaboração do plano nacional de promoção, execução das ações previstas nos programas e projetos
defesa e garantia do direito de crianças e adolescentes aprovados pela comissão.
à convivência familiar e comunitária.
Art. 10. O Ministério do Desenvolvimento Social e
Art. 4º Poderão ser convidados a compor a comissão, Combate à Fome e a Secretaria Especial dos Direitos
em caráter permanente, representantes de órgãos e Humanos da Presidência da República prestarão apoio
entidades da administração pública, bem assim de entes administrativo para a consecução dos trabalhos a serem
privados, inclusive organizações não-governamentais, desenvolvidos pela comissão.
organismo internacionais, conselhos e fóruns locais
Art. 11. A participação na comissão é considerada
para participação dos trabalhos, a seguir indicados:
serviço público relevante, não remunerada.
I – Frente Parlamentar de Defesa dos Direitos da Criança
e do Adolescente; Art. 12. Este decreto entra em vigor na data de sua
II – Frente Parlamentar da Adoção; publicação.
III – Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef);
Brasília, 19 de outubro de 2004; 183º da Independência
IV – Associação Brasileira de Magistrados e Promotores
e 116º da República.
da Infância e da Juventude (ABMP);
V – Fórum Colegiado Nacional dos Conselheiros LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Tutelares; Patrus Ananias
VI – Fórum Nacional dos Secretários de Assistência
Social (Fonseas);
VII – Conselho dos Gestores Municipais e Assistência
Social (Congemas);
VIII – Fórum Nacional dos Direitos da Criança e do
Adolescente (Fórum DCA);
IX – Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Ado-
ção (Angaad); e
373. Artigo com redação dada pelo Decreto de 24 de fevereiro de 2005.
109
DECRETO DE 11 DE OUTUBRO DE 2007374 § 3º Os membros da Comissão Intersetorial serão in-

dicados pelos titulares dos órgãos ou entidades repre-
Institui a Comissão Intersetorial de Enfrentamento à sentados e designados em ato do Secretário Especial
Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, e dá dos Direitos Humanos.
outras providências.
Art. 3º São atribuições da Comissão Intersetorial:
I – promover a intersetorialidade como estratégia para
O presidente da República, no uso da atribuição que lhe
o enfrentamento à violência sexual contra crianças e
confere o art. 84, inciso VI, alínea a, da Constituição,
adolescentes;
decreta:
II – integrar políticas públicas, tendo como referência
Art. 1º Fica instituída, no âmbito da Secretaria Especial o Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual
dos Direitos Humanos da Presidência da República, a Infanto-Juvenil aprovado pelo CONANDA; e
Comissão Intersetorial de Enfrentamento à Violência III – estimular a criação, expansão e manutenção de
Sexual contra Crianças e Adolescentes, com a finalidade rede de enfrentamento à violência sexual contra crian-
de articular ações e políticas públicas em consonância ças e adolescentes.
com o Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Parágrafo único. A Comissão Intersetorial poderá
Sexual contra Crianças e Adolescentes. constituir grupos de trabalho e subcomissões sobre
temas específicos, bem como convidar profissionais ou
Art. 2º A Comissão Intersetorial será composta por
especialistas para auxiliar as atividades desenvolvidas.
representantes, titular e suplente, dos seguintes órgãos:
I – Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- Art. 4º A Comissão Intersetorial elaborará o seu re-
sidência da República, que a coordenará; gimento interno no prazo máximo de noventa dias, a
II – Secretaria Especial de Políticas de Promoção da contar da data da respectiva instalação, a ser aprovado
Igualdade Racial da Presidência da República; em ato do Secretário Especial dos Direitos Humanos.
III – Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres,
Art. 5º Caberá à Secretaria Especial dos Direitos Hu-
da Presidência da República;
manos prover o apoio administrativo e infraestrutu-
IV – Ministério da Justiça;
ra necessária à execução das atividades da Comissão
V – Ministério da Cultura;
Intersetorial.
VI – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
à Fome; Art 6º A participação na Comissão Intersetorial, con-
VII – Ministério da Educação; siderada prestação de serviço público relevante, não
VIII – Ministério do Esporte; será remunerada.
IX – Ministério das Relações Exteriores;
Art. 7º Este decreto entra em vigor na data de sua
X – Ministério da Saúde;
publicação.
XI – Ministério do Trabalho e Emprego;
XII – Ministério dos Transportes; Brasília, 11 de outubro de 2007; 186º da Independência
XIII – Ministério do Turismo; e e 119º da República.
XIV – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e
do Adolescente (Conanda).
Dilma Rousseff
§ 1º O Ministério da Justiça indicará representantes da
Secretaria Nacional de Justiça, Secretaria de Segurança
Pública, Departamento da Polícia Federal, Departamen-
to da Polícia Rodoviária Federal e Defensoria Pública
da União.
§ 2º A Comissão Intersetorial poderá convidar repre-
sentantes de outros órgãos, instituições, organizações
da sociedade civil, organizações e organismos inter-
nacionais, para compor a Comissão Intersetorial, na
forma do respectivo regimento interno.

de 2007.
110
DECRETO DE 11 DE OUTUBRO DE 2007375 § 3º Os órgãos coordenadores da comissão promoverão

o apoio administrativo, financeiro e de infraestrutura
Institui a Comissão Nacional Intersetorial para necessária à execução das ações aprovadas pelo colegiado.
acompanhamento da implementação do Plano Nacional § 4º Os membros da comissão serão indicados pelos
de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças titulares dos órgãos e entidades representados, no prazo
e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária, de quinze dias da publicação deste decreto, e designados
e dá outras providências. em portaria conjunta da Secretaria Especial dos Direitos
Humanos e do Ministério do Desenvolvimento Social
O presidente da República, no uso da atribuição que lhe e Combate à Fome.
confere o art. 84, inciso VI, alínea a, da Constituição,
Art. 3º São atribuições da comissão:
decreta:
I – articular os atores envolvidos na implementação
Art. 1º Fica instituída, no âmbito da Secretaria Especial do plano de que trata o art. 1º, para a consecução dos
dos Direitos Humanos da Presidência da República, a objetivos propostos nos eixos:
Comissão Nacional Intersetorial para acompanhamento a) análise da situação e sistemas de informação;
da implementação do Plano Nacional de Promoção, b) atendimento;
Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes c) marcos normativos e regulatórios; e
à Convivência Familiar e Comunitária, aprovado pelo d) mobilização, articulação e participação no plano;
Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) e II – identificar e mensurar os resultados, efeitos e im-
pelo Conselho Nacional da Criança e do Adolescente pactos dos objetivos e ações propostas;
(Conanda), com a finalidade de acompanhar, monitorar III – proporcionar informações necessárias e contribuir
e avaliar o referido plano. para a tomada de decisões por parte dos responsáveis
pela execução dos objetivos e ações do plano;
Art. 2º A comissão será composta por representan-
IV – acompanhar o desenvolvimento das ações e tarefas
tes, titular e suplente, de cada um dos órgãos a seguir
referentes à execução do plano;
indicados:
V – controlar as ações, as atividades e os resultados
I – Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
propostos no plano, para cumprimento do cronograma
sidência da República;
previsto;
II – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
VI – socializar informações periodicamente com os
à Fome;
diferentes atores do sistema de garantia de direitos e
III – Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
com os conselhos de direitos da criança e do adolescente
Igualdade Racial da Presidência da República;
e da assistência social dos entes da federação;
IV – Ministério da Educação;
VII – avaliar continuamente a implementação do plano
V – Ministério da Saúde;
nas diferentes esferas, ajustando as condições opera-
VI – Ministério do Trabalho e Emprego;
cionais e correção de rumos durante o processo de
VII – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
execução; e
Adolescente (Conanda); e
VIII – realizar bianualmente a revisão do plano, de
VIII – Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS).
forma a adequá-lo às deliberações das conferências
§ 1º Poderão ser convidados a compor a comissão re-
nacionais dos direitos da criança e do adolescente e
presentantes de órgãos e entidades da administração
da assistência social.
pública, bem como de entes privados, inclusive orga-
nizações não governamentais, agências e organismos Art. 4º A comissão intersetorial poderá:
internacionais, conselhos e fóruns relacionados ao plano I – constituir grupos de trabalho e subcomissões sobre
de que trata o art. 1º. temas específicos; e
§ 2º Caberá aos titulares da Secretaria Especial dos II – convidar profissionais ou especialistas para auxiliar
Direitos Humanos e do Ministério do Desenvolvimento nos trabalhos desenvolvidos.
Social e Combate à Fome a coordenação compartilhada
Art. 5º A comissão intersetorial elaborará o seu regi-
da comissão pelo colegiado.
mento interno no prazo máximo de sessenta dias, a
contar da data da respectiva instalação, a ser aprovado
em ato conjunto do Secretário Especial dos Direitos
de 2007.
111
Humanos e do Ministro de Estado do Desenvolvimento IV – garantia de ensino fundamental gratuito e com-

Social e Combate à Fome. pulsório, asseguradas adaptações razoáveis de acordo
com as necessidades individuais;
Art. 6º A comissão intersetorial deverá elaborar relatórios
V – oferta de apoio necessário, no âmbito do sistema
anuais com descrição das ações e resultados obtidos na
educacional geral, com vistas a facilitar sua efetiva
implementação do plano de que trata o art. 1º.
educação;
Art. 7º A participação na comissão intersetorial, con- VI – adoção de medidas de apoio individualizadas e
siderada prestação de serviço público relevante, não efetivas, em ambientes que maximizem o desenvolvi-
será remunerada. mento acadêmico e social, de acordo com a meta de
inclusão plena;
VII – oferta de educação especial preferencialmente
publicação.
na rede regular de ensino; e
Brasília, 11 de outubro de 2007; 186º da Independência VIII – apoio técnico e financeiro pelo poder público às
e 119º da República. instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas
e com atuação exclusiva em educação especial.
§ 1º Para fins deste decreto, considera-se público-alvo
Patrus Ananias
da educação especial as pessoas com deficiência, com
Dilma Rousseff
transtornos globais do desenvolvimento e com altas
habilidades ou superdotação.
§ 2º No caso dos estudantes surdos e com deficiência
DECRETO Nº 7.611, DE 17 DE auditiva serão observadas as diretrizes e princípios dis-
NOVEMBRO DE 2011376 postos no Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005.
Art. 2º A educação especial deve garantir os serviços
Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional
de apoio especializado voltado a eliminar as barreiras
especializado e dá outras providências.
que possam obstruir o processo de escolarização de
estudantes com deficiência, transtornos globais do
A presidenta da República, no uso das atribui-
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.
ções que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, alí-
§ 1º Para fins deste decreto, os serviços de que trata
nea a, da Constituição, e tendo em vista o disposto
o caput serão denominados atendimento educacio-
no art. 208, inciso III, da Constituição, arts. 58 a 60
nal especializado, compreendido como o conjunto de
da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, art. 9º,
atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos
§ 2º, da Lei nº 11.494, de 20 de junho de 2007, art. 24
organizados institucional e continuamente, prestado
da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com De-
das seguintes formas:
ficiência e seu Protocolo Facultativo, aprovados por
I – complementar à formação dos estudantes com defi-
meio do Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de
ciência, transtornos globais do desenvolvimento, como
2008, com status de emenda constitucional, e pro-
apoio permanente e limitado no tempo e na frequência
mulgados pelo Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de
dos estudantes às salas de recursos multifuncionais; ou
2009, decreta:
II – suplementar à formação de estudantes com altas
Art. 1º O dever do Estado com a educação das pessoas habilidades ou superdotação.
público-alvo da educação especial será efetivado de § 2º O atendimento educacional especializado deve
acordo com as seguintes diretrizes: integrar a proposta pedagógica da escola, envolver a
I – garantia de um sistema educacional inclusivo em participação da família para garantir pleno acesso e
todos os níveis, sem discriminação e com base na igual- participação dos estudantes, atender às necessidades
dade de oportunidades; específicas das pessoas público-alvo da educação es-
II – aprendizado ao longo de toda a vida; pecial, e ser realizado em articulação com as demais
III – não exclusão do sistema educacional geral sob políticas públicas.
alegação de deficiência;
Art. 3º São objetivos do atendimento educacional
376. Publicado no Diário Oficial da União, Seção I, de 18 de novembro especializado:
de 2011, p. 12, e republicado no Diário Oficial da União, Seção I, edição
extra de 18 de novembro de 2011, p. 5.
112
I – prover condições de acesso, participação e aprendi- § 3º As salas de recursos multifuncionais são ambien-
zagem no ensino regular e garantir serviços de apoio tes dotados de equipamentos, mobiliários e materiais
especializados de acordo com as necessidades indivi- didáticos e pedagógicos para a oferta do atendimento
duais dos estudantes; educacional especializado.
II – garantir a transversalidade das ações da educação § 4º A produção e a distribuição de recursos educacionais
especial no ensino regular; para a acessibilidade e aprendizagem incluem materiais
III – fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos didáticos e paradidáticos em braile, áudio e Língua
e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo Brasileira de Sinais (Libras), laptops com sintetizador
de ensino e aprendizagem; e de voz, softwares para comunicação alternativa e outras
IV – assegurar condições para a continuidade de estu- ajudas técnicas que possibilitam o acesso ao currículo.
dos nos demais níveis, etapas e modalidades de ensino. § 5º Os núcleos de acessibilidade nas instituições federais
de educação superior visam eliminar barreiras físicas,
Art. 4º O poder público estimulará o acesso ao aten-
de comunicação e de informação que restringem a par-
dimento educacional especializado de forma comple-
ticipação e o desenvolvimento acadêmico e social de
mentar ou suplementar ao ensino regular, assegurando
estudantes com deficiência.
a dupla matrícula nos termos do art. 9º-A do Decreto
nº 6.253, de 13 de novembro de 2007. Art. 6º O Ministério da Educação disciplinará os requi-
sitos, as condições de participação e os procedimentos
Art. 5º A União prestará apoio técnico e financeiro
para apresentação de demandas para apoio técnico e
aos sistemas públicos de ensino dos estados, municí-
financeiro direcionado ao atendimento educacional
pios e Distrito Federal, e a instituições comunitárias,
especializado.
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, com
a finalidade de ampliar a oferta do atendimento edu- Art. 7º O Ministério da Educação realizará o acom-
cacional especializado aos estudantes com deficiência, panhamento e o monitoramento do acesso à escola
transtornos globais do desenvolvimento e altas habili- por parte dos beneficiários do benefício de prestação
dades ou superdotação, matriculados na rede pública continuada, em colaboração com o Ministério da Saúde,
de ensino regular. o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
§ 1º As instituições comunitárias, confessionais ou filan- Fome e a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência
trópicas sem fins lucrativos de que trata o caput devem da República.
ter atuação na educação especial e serem conveniadas
Art. 8º O Decreto nº 6.253, de 2007, passa a vigorar
com o Poder Executivo do ente federativo competente.
com as seguintes alterações:
§ 2º O apoio técnico e financeiro de que trata o caput
“Art. 9º-A. Para efeito da distribuição dos recursos
contemplará as seguintes ações:
do Fundeb, será admitida a dupla matrícula dos es-
I – aprimoramento do atendimento educacional espe-
tudantes da educação regular da rede pública que
cializado já ofertado;
recebem atendimento educacional especializado.
II – implantação de salas de recursos multifuncionais;
§ 1º A dupla matrícula implica o cômputo do estudante
III – formação continuada de professores, inclusive para
tanto na educação regular da rede pública, quanto no
o desenvolvimento da educação bilíngue para estudantes
atendimento educacional especializado.
surdos ou com deficiência auditiva e do ensino do braile
§ 2º O atendimento educacional especializado aos
para estudantes cegos ou com baixa visão;
estudantes da rede pública de ensino regular poderá
IV – formação de gestores, educadores e demais pro-
ser oferecido pelos sistemas públicos de ensino ou por
fissionais da escola para a educação na perspectiva da
instituições comunitárias, confessionais ou filantró-
educação inclusiva, particularmente na aprendizagem,
picas sem fins lucrativos, com atuação exclusiva na
na participação e na criação de vínculos interpessoais;
educação especial, conveniadas com o Poder Executivo
V – adequação arquitetônica de prédios escolares para
competente, sem prejuízo do disposto no art. 14.” (NR)
acessibilidade;
“Art. 14. Admitir-se-á, para efeito da distribuição
VI – elaboração, produção e distribuição de recursos
dos recursos do Fundeb, o cômputo das matrículas
educacionais para a acessibilidade; e
efetivadas na educação especial oferecida por insti-
VII – estruturação de núcleos de acessibilidade nas
tuições comunitárias, confessionais ou filantrópicas
instituições federais de educação superior.
sem fins lucrativos, com atuação exclusiva na edu-
113
cação especial, conveniadas com o Poder Executivo I – acolhimento em serviços de referência;

competente. II – atendimento humanizado, observados os princípios
§ 1º Serão consideradas, para a educação especial, as do respeito da dignidade da pessoa, da não discrimi-
matrículas na rede regular de ensino, em classes co- nação, do sigilo e da privacidade;
muns ou em classes especiais de escolas regulares, e III – disponibilização de espaço de escuta qualificado
em escolas especiais ou especializadas. e privacidade durante o atendimento, para propiciar
§ 2º O credenciamento perante o órgão competente ambiente de confiança e respeito à vítima;
do sistema de ensino, na forma do art. 10, inciso IV e IV – informação prévia à vítima, assegurada sua com-
parágrafo único, e art. 11, inciso IV, da Lei nº 9.394, de preensão sobre o que será realizado em cada etapa do
1996, depende de aprovação de projeto pedagógico.” (NR) atendimento e a importância das condutas médicas,
multiprofissionais e policiais, respeitada sua decisão
Art. 9º As despesas decorrentes da execução das dispo-
sobre a realização de qualquer procedimento;
sições constantes deste decreto correrão por conta das
V – identificação e orientação às vítimas sobre a exis-
dotações próprias consignadas ao Ministério da Educação.
tência de serviços de referência para atendimento às
Art. 10. Este decreto entra em vigor na data de sua vítimas de violência e de unidades do sistema de ga-
publicação. rantia de direitos;
VI – divulgação de informações sobre a existência de
Art. 11. Fica revogado o Decreto nº 6.571, de 17 de
serviços de referência para atendimento de vítimas de
setembro de 2008.
violência sexual;
Brasília, 17 de novembro de 2011; 190º da VII – disponibilização de transporte à vítima de vio-
Independência e 123º da República. lência sexual até os serviços de referência; e
VIII – promoção de capacitação de profissionais de
DILMA ROUSSEFF
segurança pública e da rede de atendimento do SUS
Fernando Haddad
para atender vítimas de violência sexual de forma hu-
manizada, garantindo a idoneidade e o rastreamento
dos vestígios coletados.
DECRETO Nº 7.958, DE 13 DE
MARÇO DE 2013377 Art. 3º Para os fins deste decreto, considera-se serviço
de referência o serviço qualificado para oferecer aten-
dimento às vítimas de violência sexual, observados os
Estabelece diretrizes para o atendimento às vítimas de
níveis de assistência e os diferentes profissionais que
violência sexual pelos profissionais de segurança pública
atuarão em cada unidade de atendimento, segundo
e da rede de atendimento do Sistema Único de Saúde.
normas técnicas e protocolos adotados pelo Ministério
da Saúde e pelo Ministério da Justiça.
A presidenta da República, no uso das atribuições que
lhe confere o art. 84, caput, incisos IV e VI, alínea a, Art. 4º O atendimento às vítimas de violência sexual
da Constituição, e tendo em vista o disposto nos in- pelos profissionais da rede do SUS compreenderá os
cisos IV e V do caput do art. 15 da Lei nº 8.080, de 19 seguintes procedimentos:
de setembro de 1990, decreta: I – acolhimento, anamnese e realização de exames
clínicos e laboratoriais;
Art. 1º Este decreto estabelece diretrizes para o atendi-
II – preenchimento de prontuário com as seguintes
mento humanizado às vítimas de violência sexual pelos
informações:
profissionais da área de segurança pública e da rede
a) data e hora do atendimento;
de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS), e as
b) história clínica detalhada, com dados sobre a
competências do Ministério da Justiça e do Ministério
violência sofrida;
da Saúde para sua implementação.
c) exame físico completo, inclusive o exame gine-
Art. 2º O atendimento às vítimas de violência sexual cológico, se for necessário;
pelos profissionais de segurança pública e da rede de d) descrição minuciosa das lesões, com indicação
atendimento do SUS observará as seguintes diretrizes: da temporalidade e localização específica;
e) descrição minuciosa de vestígios e de outros
377. Publicado no Diário Oficial da União, Seção 1, de 14 de março de achados no exame; e
2013, p. 1.
114
f) identificação dos profissionais que atenderam II – capacitar os profissionais e gestores de saúde do

a vítima; SUS para atendimento humanizado; e
III – preenchimento do Termo de Relato Circunstan- III – realizar ações de educação permanente em saúde
ciado e Termo de Consentimento Informado, assinado dirigidas a profissionais, gestores de saúde e população
pela vítima ou responsável legal; em geral sobre prevenção da violência sexual, organi-
IV – coleta de vestígios para, assegurada a cadeia de zação e humanização do atendimento às vítimas de
custódia, encaminhamento à perícia oficial, com a cópia violência sexual.
do Termo de Consentimento Informado;
V – assistência farmacêutica e de outros insumos e
publicação.
acompanhamento multiprofissional, de acordo com
a necessidade; Brasília, 13 de março de 2013; 192º da Independência e
VI – preenchimento da Ficha de Notificação Compulsó- 125º da República.
ria de violência doméstica, sexual e outras violências; e
DILMA ROUSSEFF
VII – orientação à vítima ou ao seu responsável a res-
peito de seus direitos e sobre a existência de serviços
Alexandre Rocha Santos Padilha
de referência para atendimento às vítimas de violência
Eleonora Menicucci de Oliveira
sexual.
§ 1º A coleta, identificação, descrição e guarda dos
vestígios de que tratam as alíneas e e f do inciso II e
o inciso IV do caput observarão regras e diretrizes
técnicas estabelecidas pelo Ministério da Justiça e pelo
Ministério da Saúde.
§ 2º A rede de atendimento ao SUS deve garantir a
idoneidade e o rastreamento dos vestígios coletados.
Art. 5º Ao Ministério da Justiça compete:
I – apoiar a criação de ambiente humanizado para aten-
dimento de vítimas de violência sexual nos órgãos de
perícia médico-legal; e
II – promover capacitação de:
a) peritos médicos-legistas para atendimento hu-
manizado na coleta de vestígios em vítimas de
violência sexual;
b) profissionais e gestores de saúde do SUS para
atendimento humanizado de vítimas de violência
sexual, no tocante à coleta, guarda e transpor-
te dos vestígios coletados no exame clínico e o
posterior encaminhamento do material coletado
para a perícia oficial; e
c) profissionais de segurança pública, em especial
os que atuam nas delegacias especializadas no
atendimento a mulher, crianças e adolescentes,
para atendimento humanizado e encaminha-
mento das vítimas aos serviços de referência e
a unidades do sistema de garantia de direitos.
Art. 6º Ao Ministério da Saúde compete:
I – apoiar a estruturação e as ações para o atendimento
humanizado às vítimas de violência sexual no âmbito
da rede do SUS;
115
LISTA DE OUTRAS NORMAS E
INFORMAÇÕES DE INTERESSE
RESOLUÇÃO-CONANDA Nº 161, DE 4 DE
DEZEMBRO DE 2013
Estabelece os parâmetros para discussão, formulação e
deliberação dos planos decenais dos direitos humanos
da criança e do adolescente em âmbito estadual, dis-
trital e municipal, em conformidade com os princípios
e diretrizes da Política Nacional de Direitos Humanos
de Crianças e Adolescentes e com os eixos e objetivos
estratégicos do Plano Nacional Decenal dos Direitos
Humanos de Crianças e Adolescentes.
Publicação: DOU-1 de 10-1-2014, p. 1.
RESOLUÇÃO-CONANDA Nº 162, DE 28 DE
JANEIRO DE 2014
Aprova o Plano Nacional de Enfrentamento da Violência
Sexual Contra Crianças de Adolescentes.
Publicação: DOU-1 de 29-1-2014, p. 16.
PORTAIS
Observatório Nacional dos Direitos da Criança e do
Adolescente
http://www.obscriancaeadolescente.gov.br
Secretaria de Direitos Humanos – Crianças e
adolescentes
http://www.sdh.gov.br/assuntos/criancas-e-adolescentes
117

Estatuto Crianca Adolescente 13ed

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Estatuto Crianca Adolescente 13ed

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Mesa da Câmara dos Deputados

55ª Legislatura | 2015-2019

Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, e legislação correlata

Atualizada até 19/3/2015.

Centro de Documentação e Informação

Supervisão: Secretaria-Geral da Mesa

Câmara dos Deputados

Brasil. [Estatuto da criança e do adolescente (1990)].

ISBN 978-85-402-0292-4 (papel) | ISBN 978-85-402-0293-1 (PDF) | ISBN 978-85-402-0421-8 (EPUB)

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988����������������������������������������������������������� 54

CONVENÇÃO RELATIVA À PROTEÇÃO DAS CRIANÇAS E À COOPERAÇÃO EM MATÉRIA DE

LISTA DE OUTRAS NORMAS E INFORMAÇÕES DE INTERESSE������������������������������������������������������ 116

Deputado Eduardo Cunha

TÍTULO I – DAS DISPOSIÇÕES TÍTULO II – DOS DIREITOS

Art. 1º Esta lei dispõe sobre a proteção integral à criança

1. Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 16 de julho de 1990,

I – manter registro das atividades desenvolvidas, através Capítulo II – Do Direito à Liberdade,

b) ameace gravemente; ou que atenda ao seu superior interesse, devidamente fun-

Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar17 22

17. Expressão anterior (pátrio poder) alterada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.

Subseção II – Da Guarda Subseção III – Da Tutela

29. Caput com redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.

82. Inciso acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 87. Idem.

IV – direito de organização e participação em entidades Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os

sabilidade da autoridade competente. é assegurada bolsa de aprendizagem.

120. Alínea acrescida pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.

Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que

VI – intervenção precoce: a intervenção das autoridades 138

145. Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.

TÍTULO III – DA PRÁTICA III – defesa técnica por advogado;

TÍTULO V – DO CONSELHO TUTELAR I – atender as crianças e adolescentes nas hipóteses

172. Caput com redação dada pela Lei nº 8.242, de 12-10-1991.

178. Expressão anterior (pátrio poder) alterada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.

adolescentes indicados importará na reavaliação da e de destituição de poder familiar, em face da relevância

substituto, ainda que provisoriamente, ou para o só e companhias de transporte interestaduais e interna-

231. Idem. a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica”

239. Artigo com redação dada pela Lei nº 10.764, de 12-11-2003.

Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obri-

271. Artigo acrescido pela Lei nº 12.594, de 18-1-2012.

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA 278

convivência familiar e comunitária, além de colocá-los DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7

287. Publicado no Diário Oficial da União, Seção 1, de 31 de dezembro

PARTE ESPECIAL TÍTULO VI – DOS CRIMES CONTRA

gradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer presença de criança ou adolescente

executores das políticas sociais básicas na área de ação LEI Nº 8.560, DE 29 DE

310. As alterações determinadas no art. 10 foram compiladas na Lei nº

todos os meios legais, bem como os moralmente legí-

313. Parágrafo 5º primitivo renumerado para § 6º pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.

Seção II – Do Exercício do Poder Familiar familiar, exercendo-os sem qualquer interferência do

349. Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 23 de novembro

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

(Lei Nacional de Adoção)

Dispõe sobre adoção; altera as Leis nos 8.069, de 13 de

casal e da separação, cronologia de incidentes, avalia- Art. 9º (Vetado.)

solicitando designação do programa ou da unidade de programa de atendimento, do defensor, do Ministério

documento de identificação, pessoal e intransferível, Capítulo VIII – Da Capacitação

LEI Nº 12.845, DE 1º DE AGOSTO DE 2013364 Brasília, 1º de agosto de 2013; 192º da Independência e

Art. 3º O atendimento imediato, obrigatório em todos

LEI Nº 13.010, DE 26 DE JUNHO DE 2014366 DECRETO Nº 99.710, DE 21 DE

ou das crenças de seus pais, representantes legais ARTIGO 7º

falecimento decorrente de qualquer causa enquanto ARTIGO 12.

ARTIGO 21. 2) Para tanto, os Estados-Partes cooperarão, da maneira

profissional, bem como o acesso a essa informação, ARTIGO 25.

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988�� 54

LISTA DE OUTRAS NORMAS E INFORMAÇÕES DE INTERESSE�� 116