Você está na página 1de 157

Guilherme Henrique Soares

RADIOPATRULHAMENTO AÉREO APLICADO AO POLICIAMENTO OSTENSIVO NO

MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA: Análise da qualidade do serviço sob a perspectiva de seus

usuários e dos integrantes da 2ª Companhia de Radiopatrulhamento Aéreo.

Belo Horizonte
2015
Guilherme Henrique Soares

RADIOPATRULHAMENTO AÉREO APLICADO AO POLICIAMENTO OSTENSIVO NO

MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA: Análise da qualidade do serviço sob a perspectiva de seus

usuários e dos integrantes da 2ª Companhia de Radiopatrulhamento Aéreo.

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso


de Especialização em Segurança Pública (CESP II
2014) da Academia de Polícia Militar (APM) e da
Fundação João Pinheiro (FJP), como requisito parcial
para obtenção do título de Especialista em Segurança
Pública, sob a orientação da Dra. Simone Cristina
Dufloth.

Belo Horizonte
2015
Guilherme Henrique Soares

RADIOPATRULHAMENTO AÉREO APLICADO AO POLICIAMENTO OSTENSIVO NO

MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA: Análise da qualidade do serviço sob a perspectiva de seus

usuários e dos integrantes da 2ª Companhia de Radiopatrulhamento Aéreo.

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Especialização em Segurança

Pública (CESP II 2014) da Academia de Polícia Militar (APM) e da Fundação João Pinheiro

(FJP), como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Segurança Pública.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________

Dra. Simone Cristina Dufloth – Orientadora

___________________________________________________

A definir

___________________________________________________

A definir

ESTA PÁGINA DEVERÁ SER SUBSTITUÍDA PELA QUE ESTÁ ASSINADA

Belo Horizonte,..........de .............................de 2015


Dedico este trabalho à minha amada esposa Larissa, pelo companheirismo,

amor e compreensão dedicados em todos os momentos que temos vivido

juntos, em especial durante a realização desta pesquisa. Também dedico

aos meus queridos filhos Henrique e Cecília, os quais me tem sido uma

fonte de alegria e renovo.


Agradeço primeiramente a Deus, a Jesus Cristo e ao Espírito Santo, pelo dom da vida e por

darem sentido à minha existência.

Aos meus pais Paulo Cesar Soares e Sandra Mara Soares, pelos princípios, valores e

ensinamentos ministrados, os quais me permitiram trilhar caminhos prósperos, debaixo da

graça de Deus, e por terem novamente me acolhido em casa, durante este período de curso.

À professora Simone Cristina Dufloth, por toda a atenção, paciência e profissionalismo com

os quais me orientou na elaboração desta pesquisa.

Aos oficiais e praças do Batalhão de Radiopatrulhamento Aéreo, em especial ao Ten Cel

Ledwan, Maj Alisson, Maj Alan, Maj Ricardo Faria, Maj Christiano, Cap Rigotti, Cap Pescara,

Cap Miguel, Sgt Claudio, Sgt Marcos Ferreira, Sgt Weslei Bento e todos os demais

integrantes desta nobre Unidade, os quais prestaram apoio fundamental para realização

deste trabalho.

Aos amigos de Uberlândia, pelas orações, amizade, companheirismo e por darem todo

suporte à minha família enquanto estive longe de casa no decorrer do curso.

Aos amigos do CESP II/2014, pelo companheirismo e apoio, em especial ao Cap Leonardo

Castro, Cap Renata, Cap Lorena e Cap Karla os quais integraram meu grupo de trabalho.

Aos oficiais e praças de Uberlândia, em especial aos senhores comandantes de Unidades,

os quais cederam seu precioso tempo e atenção prestando informações que possibilitaram a

realização desta pesquisa.


“Serviço com qualidade inferior, da mesma forma que
serviço com qualidade superior, começa pelo topo.”
Denton
RESUMO

Esta pesquisa tem como objetivo analisar a qualidade do serviço de radiopatrulhamento


aéreo prestado em apoio ao policiamento ostensivo no município de Uberlândia, sob a
perspectiva dos policiais militares usuários imediatos deste serviço, e dos respectivos
prestadores do serviço, os quais integram o efetivo da 2ª Companhia de
Radiopatrulhamento Aéreo. Os critérios que fundamentaram a análise deste serviço foram
propostos a partir da literatura que trata da qualidade em serviços e contextualizados
conforme a missão, visão e objetivos da Polícia Militar de Minas Gerais, tendo-se em vista a
doutrina de emprego de aeronaves da Instituição. Trata-se de uma pesquisa exploratória, de
natureza quantitativa e qualitativa, realizada mediante pesquisa documental, bibliográfica e
de campo. Neste sentido foram expedidos questionários a dois grupos de indivíduos, sendo
o primeiro composto pelos oficiais e praças lotados em Uberlândia, os quais foram apoiados
pela aeronave da 2ª CoRpAer em missões de natureza policial no período de junho a
novembro de 2014 e o segundo pelos oficiais e praças integrantes da 2ª CoRpAer, os quais,
no período mencionado, foram responsáveis pela prestação do serviço em lide. Foram
também realizadas entrevistas semiestruturadas com os oficiais comandantes das Unidades
de Polícia Militar da guarnição de Uberlândia. Verificou-se que de maneira geral, o serviço
prestado pela 2ª CoRpAer no âmbito do policiamento ostensivo de Uberlândia é percebido
como de elevada qualidade, entretanto os aspectos referentes à disponibilidade, facilidade
de acesso, comunicação e interação ar-solo, velocidade de atendimento e desempenho
carecem de aprimoramento para que o serviço de radiopatrulhamento aéreo atenda às
expectativas e necessidades de seus usuários de maneira plena.

Palavras-chave: Radiopatrulhamento aéreo. Policiamento ostensivo. Qualidade em serviços.


Recurso aéreo. Qualidade percebida.
ABSTRACT

This research aims to analyze the quality of the air patrol service provided in support of
ostensible policing in Uberlândia, from the perspective of immediate military police users of
this service, and its service providers, which are part of the effective of the 2nd Air Patrol
Company (2ª CoRpAer). The criteria that underlie the analysis of this service have been
proposed from the literature that deals with the quality service, contextualized according to
the mission, vision and goals of the Military Police of Minas Gerais (PMMG), keeping in view
the aircraft employment doctrine of the Institution. This is an exploratory research,
quantitative and qualitative, based on documentary research, literature and field. In this
sense there were sent questionnaires to two groups of individuals, the first consisting of the
police officers crowded in Uberlândia, which were supported by aircraft of the 2ª CoRpAer in
a police nature missions in the period from June to November 2014 and the second by the
members of the 2nd CoRpAer squares, which in that period were responsible for providing
the service in dispute. Were also conducted semi-structured interviews with Uberlândia
Military Police Unit comanders. It was found that in general, the service provided by the 2ª
CoRpAer under the ostensible policing of Uberlândia is perceived as high quality, however
aspects related to the availability, accessibility, communication and air-ground interaction
and service performance need improvement so that the air patrol service meets the
expectations and needs of its members to the fullest.

Keywords: Police air patrol. Ostensible policing. Quality services. Air resource. Perceived
quality.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AGR - Assessoria de Gestão para Resultados

ANAC - Agência Nacional de Aviação Civil

BME - Batalhão de Missões Especiais

BPE - Batalhão de Polícia de Eventos

BPGd - Batalhão de Polícia de Guardas

BPM - Batalhão de Polícia Militar

BPMRv - Batalhão de Polícia Militar Rodoviária

BRA - Base de Ressuprimentos Avançados

BTL ROTAM - Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas

Btl RpAer - Batalhão de Radiopatrulhamento Aéreo

CG - Comando-Geral

Cia MAmb - Companhia de Meio Ambiente

Cia MEsp - Companhia de Missões Especiais

Cia PM IND - Companhia de Polícia Militar Independente

Cia PM Ind MAT - Companhia de Polícia Militar Independente de Meio Ambiente e Trânsito

Cia TM - Companhia Tático-Móvel

CICOp - Centro Integrado de Comunicações Operacionais

CINDACTA - Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo

COPOM - Centro de Operações Policiais Militares

CoRpAer - Companhia de Radiopatrulhamento Aéreo

CPE - Comando de Policiamento Especializado

CPU - Coordenador do Policiamento da Unidade

DAC - Departamento de Aviação Civil

DECEA - Departamento de Controle do Espaço Aéreo

DEPV - Diretoria de Eletrônica e Proteção ao Voo

DGEOp - Diretriz Geral para emprego Operacional


EMPM - Estado-Maior da Polícia Militar

EOQC - Organização Europeia de Controle de Qualidade

GATE - Grupamento de Ações Táticas Especiais

GME - Grupamento de Missões Especiais

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICA - Instrução do Comando da Aeronáutica

ISO - International Organization for Standardization

OVN - Óculos de Visão Noturna

PDCA - Plan-Do-Check-Act [Planejar-Fazer-Checar-Agir Corretivamente]

Pel TM - Pelotão Tático-Móvel

PMDI - Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado

PMMG - Polícia Militar de Minas Gerais

RBHA - Regulamento Brasileiro de Homologação Aeronáutica

RCAT - Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes

REDS - Registro de Evendo de Defesa Social

RMBH - Região Metropolitana de Belo Horizonte

RPM - Região de Polícia Militar

SEMAD - Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

SIDS - Sistema Integrado de Defesa Social

SRPV - Serviço Regional de Proteção ao Voo

TQC - Total Quality Control [Controle de Qualidade Total]

UAA - Unidade de Abastecimento Autônoma

UDI - Unidade de Direção Intermediária

UEOp - Unidade de Execução Operacional

UNEDI - União das Empresas do Distrito Industrial

ZPH - Zona de Pouso de Helicóptero


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Fatores que influenciam a formação das expectativas dos clientes.......... 24

Figura 2 - Critérios determinantes da qualidade percebida do serviço....................... 25

Figura 3 - Modelo de qualidade em serviços percebida através da imagem da


organização................................................................................................ 26

Figura 4 - Discrepância entre serviço prestado e serviço esperado........................... 27

Figura 5 - Diagrama da visão sistêmica dos processos de prestação de serviços


por parte da Polícia Militar de Minas Gerais............................................... 42

Figura 6 - Articulação do Sistema Integrado de Gestão da Polícia Militar de Minas


Gerais......................................................................................................... 44

Figura 7 - Articulação Operacional do Comando de Policiamento Especializado e


do Batalhão de Radiopatrulhamento Aéreo............................................... 69

Figura 8 - Articulação das Companhias de Radiopatrulhamento Aéreo do Batalhão


de Radiopatrulhamento Aéreo.................................................................... 70

Figura 9 - Mapa de Minas Gerais com destaque para o município de Uberlândia..... 72

Figura 10 - Imagem via satélite da sede da 2ª Companhia de Radiopatrulhamento


Aéreo.......................................................................................................... 75

Figura 11 - Planta baixa das dependências da 2ª Companhia de


Radiopatrulhamento Aéreo......................................................................... 76

Figura 12 - Composição da guarnição aérea embarcada no helicóptero da Polícia


Militar de Minas Gerais............................................................................... 79

Figura 13 - Mapa dos locais de abastecimento de aeronaves da Polícia Militar de


Minas Gerais.............................................................................................. 81

Figura 14 - Unidade Autônoma de Abastecimento da 2ª Companhia de


Radiopatrulhamento Aéreo......................................................................... 82

Figura 15 - Helicóptero modelo AS 350 B2 utilizado pela 2ª Companhia de


Radiopatrulhamento Aéreo......................................................................... 83

Figura 16 - Farol de busca utilizado nos helicópteros da Polícia Militar de Minas


Gerais......................................................................................................... 84

Figura 17 - Imageador termal utilizado pelos helicópteros da Polícia Militar de Minas


Gerais......................................................................................................... 85

Figura 18 - Óculos de visão noturna............................................................................. 85


Gráfico 1 - Quantidade mensal de crimes violentos ocorridos em Uberlândia entre
os períodos de junho a novembro de 2013 e 2014.................................... 93

Gráfico 2 - Comparativo entre o percentual de horas voadas pela 2ª Companhia de


Radiopatrulhamento Aereo em missões policiais em Uberlândia,
percentual de disponibilidade da aeronave, e percentual de crimes
violentos ocorridos em Uberlândia no período de junho a novembro de
2014........................................................................................................... 94

Gráfico 3 - Percentual de concordância dos usuários do serviço de


radiopatrulhamento aéreo e dos policiais militares que prestaram o
serviço de radiopatrulhamento aéreo pela 2ª CoRpAer, no período de
junho a novembro de 2014 acerca de sua percepção da disponibilidade
do recurso aéreo da 2ª CoRpAer em Uberlândia....................................... 97

Gráfico 4 - Percentual de concordância dos usuários do serviço de


radiopatrulhamento aéreo e dos policiais militares que prestaram o
serviço de radiopatrulhamento aéreo pela 2ª CoRpAer, no período de
junho a novembro de 2014 acerca de sua percepção sobre a
necessidade de se implementar o turno noturno na 2ª CoRpAer.............. 99

Gráfico 5 - Percentual de concordância dos usuários do serviço de


radiopatrulhamento aéreo e dos policiais militares que prestaram o
serviço de radiopatrulhamento aéreo pela 2ª CoRpAer, no período de
junho a novembro de 2014, a respeito da facilidade de acesso aos
horários de serviço da guarnição aérea da 2ª CoRpAer............................ 102

Gráfico 6 - Percentual de concordância dos usuários do serviço de


radiopatrulhamento aéreo e dos policiais militares que prestaram o
serviço de radiopatrulhamento aéreo pela 2ª CoRpAer, no período de
junho a novembro de 2014, referente à dificuldade de acesso ao serviço
de radiopatrulhamento aéreo prestado pela 2ª
CoRpAer..................................................................................................... 104

Gráfico 7 - Percentual de concordância dos usuários do serviço de


radiopatrulhamento aéreo e dos policiais militares que prestaram o
serviço de radiopatrulhamento aéreo pela 2ª CoRpAer, no período de
junho a novembro de 2014, em Uberlândia, sobre a sua percepção
acerca da inexistência de feed-back sobre os motivos do não
atendimento do serviço prestado pela 2ª CoRpAer aos policiais militares
solicitantes do recurso aéreo, caso a aeronave não possa apoiá-los........ 107

Gráfico 8 - Percentual de concordância dos usuários do serviço de


radiopatrulhamento aéreo e dos policiais militares que prestaram o
serviço de radiopatrulhamento aéreo pela 2ª CoRpAer, no período de
junho a novembro de 2014, em Uberlândia, no que se refere à sua
percepção sobre a qualidade ruim da interação entre o PÉGASUS e as
frações terrestres no local de ocorrência policial....................................... 110
Gráfico 9 - Percentual de concordância dos usuários do serviço de
radiopatrulhamento aéreo e dos policiais militares que prestaram o
serviço de radiopatrulhamento aéreo pela 2ª CoRpAer, no período de
junho a novembro de 2014, em Uberlândia, acerca de sua percepção
sobre a baixa quantidade de orientações transmitidas pela aeronave às
guarnições em solo durante as ações de cerco/bloqueio.......................... 111

Gráfico 10 - Percentual de concordância dos usuários do serviço de


radiopatrulhamento aéreo e dos policiais militares que prestaram o
serviço de radiopatrulhamento aéreo pela 2ª CoRpAer, no período de
junho a novembro de 2014, em Uberlândia, acerca de sua percepção a
respeito da demora no tempo gasto entre o acionamento do recurso
aéreo e a confirmação de seu emprego..................................................... 114

Gráfico 11 - Percentual de concordância dos usuários do serviço de


radiopatrulhamento aéreo e dos policiais militares que prestaram o
serviço de radiopatrulhamento aéreo pela 2ª CoRpAer, no período de
junho a novembro de 2014, em Uberlândia, acerca de sua percepção a
respeito da rapidez no tempo entre a confirmação do emprego da
aeronave da 2ª CoRpAer e sua chegada ao local de ocorrência............... 115

Gráfico 12 - Percentual de concordância dos usuários do serviço de


radiopatrulhamento aéreo e dos policiais militares que prestaram o
serviço de radiopatrulhamento aéreo pela 2ª CoRpAer, no período de
junho a novembro de 2014, acerca de sua percepção sobre o não
atendimento do farol de busca utilizado pela aeronave da 2ª CoRpAer,
às necessidades dos policiais militares na sua atuação em solo no
período noturno, no município de Uberlândia............................................ 118

Gráfico 13 - Percentual de concordância dos usuários do serviço de


radiopatrulhamento aéreo e dos policiais militares que prestaram o
serviço de radiopatrulhamento aéreo pela 2ª CoRpAer, no período de
junho a novembro de 2014, em Uberlândia, acerca da sua percepção
sobre a permanência do helicóptero da 2ª CoRpAer durante as
intervenções policiais até o encerramento de todas as diligências
solicitadas................................................................................................... 120

Gráfico 14 - Percentual de concordância dos usuários do serviço de


radiopatrulhamento aéreo e dos policiais militares que prestaram o
serviço de radiopatrulhamento aéreo pela 2ª CoRpAer, no período de
junho a novembro de 2014, acerca de sua percepção sobre o
conhecimento que as tripulações da 2ª CoRpAer possuem e
demonstram ter a respeito da criminalidade e do modus operandi dos
infratores em Uberlândia............................................................................ 122

Gráfico 15 - Percentual de concordância dos usuários do serviço de


radiopatrulhamento aéreo e dos policiais militares que prestaram o
serviço de radiopatrulhamento aéreo pela 2ª CoRpAer, no período de
junho a novembro de 2014, acerca de sua percepção a respeito da
eficácia do recurso aéreo da 2ª CoRpAer nas intervenções policiais em
Uberlândia.................................................................................................. 123
Gráfico 16 - Percentual de concordância dos usuários do serviço de
radiopatrulhamento aéreo e dos policiais militares que prestaram o
serviço de radiopatrulhamento aéreo pela 2ª CoRpAer, no período de
junho a novembro de 2014, em Uberlândia, acerca de sua percepção a
respeito da segurança promovida pela aeronave da PMMG aos policiais
militares em solo durante o desenvolvimento de suas atividades.............. 126

Gráfico 17 - Percentual de concordância dos usuários do serviço de


radiopatrulhamento aéreo e dos policiais militares que prestaram o
serviço de radiopatrulhamento aéreo pela 2ª CoRpAer, no período de
junho a novembro de 2014, em Uberlândia, acerca de sua percepção do
impacto positivo na sensação de segurança promovida mediante o
sobrevoo da aeronave da 2ª CoRpAer....................................................... 129

Quadro 1 - Critérios de qualidade estabelecidos para a análise do serviço de


radiopatrulhamento aéreo do 2ª CoRpAer em relação às questões
apresentadas nos questionários aplicados................................................ 64

Quadro 2 - Escalonamento dos esforços de recobrimento da Polícia Militar de


Minas Gerais.............................................................................................. 68

Quadro 3 - Funções e atribuições operacionais de uma guarnição aérea do


Batalhão de Radiopatrulhamento Aéreo.................................................... 78

Quadro 4 - Distribuição do efetivo da 2ª Companhia de Radiopatrulhamento Aéreo


por função.................................................................................................. 80
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Percentual de disponibilidade mensal de aeronave na 2ª Companhia de


Radiopatrulhamento Aéreo, nos anos........................................................ 89

Tabela 2 - Quantitativo de horas voadas e missões cumpridas pela 2ª Companhia


de Radiopatrulhamento Aéreo, conforme a natureza da missão nos
períodos de junho a novembro de 2013 e 2014......................................... 90

Tabela 3 - Produtividade da 2ª Companhia de Radiopatrulhamento Aéreo no


período de junho a novembro de 2014, no que se refere à aplicação do
recurso aéreo em apoio ao policiamento ostensivo na macrorregião do
triângulo mineiro e noroeste....................................................................... 91

Tabela 4 - Quantidade de horas voadas pela 2ª Companhia de


Radiopatrulhamento Aéreo no município de Uberlândia, por tipo de
missão policial no período de junho a novembro de 2013 e 2014............. 92

Tabela 5 - Produtividade mensal da 2ª Companhia de Radiopatrulhamento Aéreo


no período de junho a novembro de 2014 em comparação com a
quantidade de crimes violentos ocorridos em Uberlândia e o percentual
de disponibilidade da aeronave no
período....................................................................................................... 94

Tabela 6 - Situação de disponibilidade diária de helicóptero na base da 2ª


Companhia de Radiopatrulhamento Aéreo nos 356 dias do ano de 2014. 98
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 17

2 QUALIDADE NA PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS – EVOLUÇÃO,


CONCEITOS E CRITÉRIOS DETERMINANTES................................................ 21
2.1 Aspectos históricos da percepção e uso da qualidade nas organizações
produtivas............................................................................................................ 21
2.2 Processo de formação da qualidade percebida em serviços.............................. 23
2.3 Aspectos interentes à conceituação da qualidade em serviços.......................... 28
2.4 Critérios e atributos determinantes da qualidade em serviços............................ 30

3 DIRETRIZES PARA QUALIDADE DOS SERVIÇOS PRESTADOS PELA


POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS.............................................................. 38

4 QUALIDADE NO SERVIÇO DE RADIOPATRULHAMENTO AÉREO NA


POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS E SEUS CRITÉRIOS
DETERMINANTES.............................................................................................. 46
4.1 Origem do serviço de radiopatrulhamento aéreo na Polícia Militar de Minas
Gerais.................................................................................................................. 46
4.2 Aspectos legais do serviço de radiopatrulhamento aéreo................................... 47
4.3 Portfólio de serviços do Batalhão de Radiopatrulhamento Aéreo da Polícia
Militar de Minas Gerais........................................................................................ 52
4.4 Doutrina de emprego de aeronaves da Polícia Militar de Minas Gerais............. 55

5 METODOLOGIA.................................................................................................. 60

6 O SERVIÇO DE RADIOPATRULHAMENTO AÉREO DA 2ª COMPANHIA DE


RADIOPATRULHAMENTO AÉREO................................................................... 67
6.1 Articulação operacional para execução do serviço de radiopatrulhamento
aéreo pela Polícia Militar de Minas Gerais.......................................................... 67
6.2 Estrutura de radiopatrulhamento aéreo da 2ª Companhia de
Radiopatrulhamento Aéreo.................................................................................. 71
6.3 Estrutura física da 2ª Companhia de Radiopatrulhamento Aéreo....................... 74
6.4 Recursos humanos da 2ª Companhia de Radiopatrulhamento Aéreo................ 77
6.5 Suporte logístico alocado na 2ª Companhia de Radiopatrulhamento
Aéreo.................................................................................................................... 80
6.6 Aeronave e equipamentos para o serviço de radiopatrulhamento aéreo da 2ª
Companhia de Radiopatrulhamento Aéreo......................................................... 82
6.7 Diretrizes para prestação do serviço de radiopatrulhamento aéreo no
policiamento ostensivo........................................................................................ 85
6.8 Cenário do emprego operacional da 2ª Companhia de Radiopatrulhamento
Aéreo................................................................................................................... 88

7 QUALIDADE DO SERVIÇO DE RADIOPATRULHAMENTO AÉREO DA 2ª


COMPANHIA DE RADIOPATRULHAMENTO AÉREO NA PERSPECTIVA
DOS EXECUTORES E USUÁRIOS DO SERVIÇO............................................. 96
7.1 Disponibilidade do serviço de radiopatrulhamento aéreo da 2ª Companhia de
Radiopatrulhamento Aéreo.................................................................................. 96
7.2 Acesso ao serviço de radiopatrulhamento aéreo da 2ª Companhia de
Radiopatrulhamento Aéreo.................................................................................. 102
7.3 Comunicação e interação entre a 2ª Companhia de Radiopatrulhamento
Aéreo e usuários do serviço de radiopatrulhamento aéreo................................. 106
7.4 Velocidade de atendimento do serviço de radiopatrulhamento aéreo da 2ª
Companhia de Radiopatrulhamento Aéreo......................................................... 113
7.5 Desempenho do serviço de radiopatrulhamento aéreo nas intervenções
policiais................................................................................................................ 116
7.6 Sensação de segurança promovida pelo serviço de radiopatrulhamento aéreo
em Uberlândia..................................................................................................... 125

8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES............................................................. 132

REFERÊNCIAS................................................................................................... 141

APÊNDICE A – Roteiro de entrevista realizada com o Comandante da 2ª


Companhia de Radiopatrulhamento Aéreo......................................................... 145
APÊNDICE B – Roteiro de entrevista realizada com os comandantes de
Unidades da guarnição de Uberlândia................................................................ 147
APÊNDICE C – Questionário aplicado aos policiais militares da 2ª Companhia
de Radiopatrulhamento Aéreo ................................................................................................
149
APÊNDICE D – Questionário aplicado aos policiais militares lotados em
Uberlândia, usuários do serviço de radiopatrulhamento aéreo ................................
153
17

1 INTRODUÇÃO

A missão de promover segurança pública através da atividade de polícia ostensiva requer a


atuação das instituições governamentais em vários contextos e de várias formas. Mediante
ações em terra ou aéreas, a busca em garantir condições de segurança para a população
parte de demandas de naturezas diversas, as quais surgem em meio a contextos e
localidades também variados. Para que a missão da organização não seja desvirtuada,
devido a esta vasta gama de expectativas e necessidades em torno da segurança pública,
cabe às instituições se organizarem e se estruturarem para que serviços de qualidade sejam
prestados a fim de atender às expectativas das pessoas de bem nos momentos e nos locais
em que devem ser prestados.

Visando atender às múltiplas necessidades por segurança pública, oriundas da própria


sociedade, a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) possui em sua estrutura operacional o
Batalhão de Radiopatrulhamento Aéreo (Btl RpAer), que é a Unidade de Execução
Operacional (UEOp) da PMMG responsável pelo emprego de aeronaves de asas fixas e
rotativas no radiopatrulhamento aéreo em todo o Estado de Minas Gerais.

O Btl RpAer estrutura-se operacionalmente através de Companhias, regulamentadas desde


2010 pela Diretriz Geral de Emprego Operacional (DGEOp) da PMMG (MINAS GERAIS,
2010a). Tal estrutura está estabelecida pela Primeira Companhia, instalada na capital
mineira e pelas demais companhias, desconcentradas nas cidades de Uberlândia, Montes
Claros e Juiz de Fora.

A Minuta da Diretriz de Emprego de Aeronaves da PMMG, elaborada em 2013, traz em seu


bojo o rol de atividades aeropoliciais a serem executadas pelo Btl RpAer, bem como pelas
CoRpAer descentralizadas no interior do Estado. Tais atividades estão classificadas em três
grandes grupos: campo de Polícia Ostensiva, campo do Meio Ambiente e campo da Defesa
Civil (MINAS GERAIS, 2013a).

No campo de Polícia Ostensiva estão concentradas as atividades de radiopatrulhamento


aplicadas ao policiamento ostensivo geral, ocorrências de alta complexidade, policiamento
ostensivo de trânsito urbano e rodoviário, policiamento ostensivo em eventos artísticos e
desportivos, policiamento ostensivo de controle de distúrbios civis, movimentos sociais e
cumprimentos de mandados, policiamento ostensivo em rebeliões em casas de custódia de
detentos, policiamento ostensivo no combate ao crime organizado e em operações de
reintegração de posse (MINAS GERAIS, 2013a).
18

No campo do Meio Ambiente, o emprego de aeronaves está previsto para atividades de


fiscalização ambiental e combate a incêndios florestais (MINAS GERAIS, 2013a).

No campo da Defesa Civil as principais missões previstas são de resgate de pessoas,


salvamento aquático, transporte de equipamentos, socorristas, vítimas, gêneros alimentícios,
medicamentos e evacuação de pessoas ilhadas (MINAS GERAIS, 2013a).

Devido à vasta abrangência relacionada aos campos de aplicação do recurso aéreo da


PMMG, a presente monografia pretende direcionar seu foco prioritariamente no que diz
respeito à qualidade da prestação do serviço de radiopatrulhamento aéreo, aplicado ao
policiamento ostensivo pela 2ª Companhia de Radiopatrulhamento Aéreo (2ª CoRpAer) no
município de Uberlândia. Optou-se por focar o estudo no município de Uberlândia, por se
tratar do município que apresenta maior demanda por emprego de aeronaves da PMMG em
ações de prevenção e repressão à criminalidade de toda a Macrorregião do Triangulo
Mineiro e Noroeste, o que possibilita buscar junto aos policiais militares usuários imediatos
deste serviço e lotados neste município, uma percepção mais clara e bem definida a
respeito da qualidade do serviço de radiopatrulhamento aéreo que tem sido prestado
recentemente em missões policiais.

A análise do serviço de radiopatrulhamento aéreo prestado pela 2ª CoRpAer junto às


frações policiais militares de Uberlândia é de fundamental importância pois pretende dar
continuidade a outros estudos monográficos já realizados por Costa Junior (2003) Costa
Junior (2013), Oliveira (2013), Marques (2008), Silva (2010), Pimenta (2011), os quais
contemplaram o serviço de radiopatrulhamento aéreo prestado pelo Btl RpAer, entretanto,
não tão aprofundados para a realidade atual da 2ª CoRpAer neste município.

Apesar da constatação científica acostada no trabalho de Costa Júnior (2013, p. 126), de


que o recurso aéreo da PMMG pode ser otimizado, mormente nas bases desconcentradas
no interior do Estado, pois “[…] há uma capacidade instalada que excede a demanda que
tem sido apresentada [...]”, não há estudos atuais que abordem o serviço prestado pela
Unidade Aérea de Uberlândia, sob o enfoque do cliente interno, mais especificamente, do
policial militar como usuário imediato, bem como dos policiais que prestam este serviço, e a
perspectiva que ambos os grupos de militares possuem da atual prestação do serviço. É
necessário, portanto, trazer à tona estas percepções, as quais poderão esclarecer aspectos
positivos e negativos do radiopatrulhamento aéreo no policiamento ostensivo de Uberlândia,
e assim identificar propostas e soluções para que o serviço seja orientado para as reais
necessidades e expectativas de seus usuários e possa contribuir para o cumprimento da
19

missão Institucional de toda a organização.

Conforme Rossi e Slongo (1998) a gestão empresarial comprometida com a qualidade de


seus produtos e serviços tem como prioridade conhecer os níveis de satisfação dos seus
clientes. A presente pesquisa vislumbra conhecer os resultados alcançados pela 2ª
CoRpAer, partindo da visão dos usuários diretos do serviço de radiopatrulhamento aéreo
bem como dos policiais militares que o prestam. Conforme afirma Lobos (1993, p. 182) “Não
basta apenas ouvir a voz do cliente. É preciso pesquisá-la, de outra forma, fica quase
impossível identificar com segurança tendências-chave, problemas prioritários e, sobretudo,
soluções possíveis.”

Neste sentido, o presente estudo apresenta como problema a seguinte questão: Como a
qualidade do serviço de radiopatrulhamento aéreo, prestado pela 2ª CoRpAer no
policiamento ostensivo, tem sido percebida pelos oficiais e praças usuários e prestadores
deste serviço no município de Uberlândia?

Diante do citado problema, a hipótese que se lança consiste na afirmativa de que, sob a
perspectiva dos Comandantes de Unidade, oficiais e praças lotados em Uberlândia, bem
como na visão dos policiais militares da 2ª CoRpAer, o serviço de radiopatrulhamento aéreo
aplicado ao policiamento ostensivo possui elevado grau de qualidade, entretanto há
carências e necessidades de melhoria em alguns aspectos.

O objetivo geral desta pesquisa é analisar a qualidade do serviço de radiopatrulhamento


aéreo prestado pela 2ª CoRpAer, e aplicado ao policiamento ostensivo no município de
Uberlândia, sob a perspectiva dos policiais militares apoiados pela respectiva atividade, bem
como pelos prestadores deste serviço, tendo-se como referência o período de junho a
novembro de 2014.

Constituem-se, para elaboração do trabalho, os seguintes objetivos específicos:

a) Descrever os principais fatores determinantes da qualidade do serviço de


radiopatrulhamento aéreo aplicado ao policiamento ostensivo;

b) Verificar a percepção da qualidade do serviço de radiopatrulhamento aéreo


aplicado ao policiamento ostensivo pela 2ª CoRpAer, sob a perspectiva dos
Comandantes de Unidade, oficiais e praças que atuam em Uberlândia.
20

c) Identificar aspectos negativos e positivos que dizem respeito à qualidade da


prestação do serviço de radiopatrulhamento aéreo pela 2ª CoRpAer, quando de seu
emprego em ocorrências policiais no município de Uberlândia, com intuito de propor
medidas corretivas e reforçar condutas positivas relacionadas à prestação do
respectivo serviço.

A presente pesquisa está estruturada em 8 seções: a seção 1 objetiva realizar uma


introdução ao objeto da pesquisa; a seção 2 apresenta a qualidade, seu histórico, conceitos,
critérios determinantes; a seção 3 apresenta as diretrizes que orientam para a qualidade da
prestação do serviço de segurança pública por parte da PMMG; a seção 4 descreve os
critérios da qualidade orientados para o serviço de radiopatrulhamento aéreo executado pela
PMMG; a seção 5 explana a metodologia adotada na pesquisa; a seção 6 descreve o
serviço de radiopatrulhamento aéreo na segurança pública em Minas Gerais e sua
estruturação e emprego no policiamento ostensivo pela 2ª CoRpAer; a seção 7 destina-se a
apresentar e analisar os resultados da pesquisa; a seção 8 objetiva apresentar a conclusão
e recomendações oriundas do trabalho realizado.
21

2 QUALIDADE NA PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS – EVOLUÇÃO, CONCEITOS E


CRITÉRIOS DETERMINANTES

Qualidade, por ser uma palavra de domínio público, apresenta uma série de dificuldades de
conceituação. Conforme Crosby (1979, apud PARASURAMAN; ZEITHAML; BERRY, 2006,
p. 97) qualidade “é um construto vago e indistinto. Muitas vezes confundida com adjetivos
imprecisos, como bondade, luxo, brilho ou peso.”

Segundo Paladini (2010),


[…] a palavra qualidade apresenta características que implicam dificuldades
de porte considerável para sua perfeita definição. Não é um termo técnico
exclusivo, [...] mas uma palavra de domínio público. Isso significa que não
se pode defini-la de qualquer modo, certo de que as pessoas acreditarão
ser este seu significado, porque o termo é conhecido em nosso dia-a-dia.
Além disso, não é um termo empregado em contextos bem definidos. (p. 20).

Crosby (1979, apud PARASURAMAN; ZEITHAML; BERRY, 2006, p. 97) define a qualidade
do setor de bens como “conformidade em relação aos requisitos”. Já Gavin (1983 apud
PARASURAMAN; ZEITHAML; BERRY, 2006, p. 97), nesse mesmo contexto, “mede a
qualidade por meio da contagem da incidência de falhas 'internas' (observadas antes que
um produto deixe a fábrica) e 'externas' (surgidas no campo depois da instalação de uma
unidade).”

Contudo, a construção dos conceitos e parâmetros de mensuração dos atributos da


qualidade foi cunhada primeiramente ao setor de bens evoluindo ao longo dos tempos para
o setor de serviços, conforme se vê a seguir.

2.1 Aspectos históricos da percepção e uso da qualidade nas organizações


produtivas

A definição e mensuração da qualidade tem sua origem prioritariamente no setor de bens,


conforme a filosofia japonesa citada por Parasuraman; Zeithaml e Berry (2006). Para esses
autores, qualidade é definida como “nível zero de defeitos – acertar da primeira vez” (p. 97).
Entretanto, a noção de qualidade no serviço já estava presente há muito tempo, evoluindo
gradualmente até os dias de hoje. Até o final do século XIX, o artesão ou aquele que
produzia determinado bem, possuía o domínio de todo o ciclo de produção e, conforme
Carvalho (2005) a reputação de qualidade de determinado produto era comunicada de boca
a boca, portanto, necessitava haver uma proximidade entre produtor e cliente, para que as
22

necessidades deste fossem bem atendidas e a posterior comercialização de novos produtos


fosse bem sucedida.

Até então, o artesão acumulava a responsabilidade pela idealização, produção e gestão da


qualidade de seus produtos. Conceitos atuais de qualidade como “atendimento às
necessidades do cliente” podiam ser percebidos neste processo de produção, entretanto,
outros critérios de qualidade como tolerância, conformidade, especificação, presentes no
conceito moderno de qualidade, não faziam parte do processo de produção artesanal, que
era focado no produto e não no processo (CARVALHO, 2005).

A partir da revolução industrial verificou-se uma mudança, que migrou da customização para
a padronização da produção, através das linhas de montagem. A partir do modelo de
administração taylorista, o operário detinha conhecimento de apenas uma parcela do
trabalho, surgindo a figura do inspetor como responsável pela qualidade do que se produzia
(CARVALHO, 2005). Neste contexto, ainda segundo a autora, conceitos de qualidade como
especificação e conformidade foram desenvolvidos no processo de produção, entretanto,
ficaram de lado, o atendimento das necessidades do cliente e a participação do trabalhador
que anteriormente, quando da produção artesanal, estavam presentes.

Segundo Carvalho (2005), na sequência evolutiva da aplicação e uso da qualidade pelas


organizações, destacaram-se alguns modelos e abordagens teóricas desenvolvidas por
autores tais como Walter A. Shewhart, que a partir de 1924 desenvolveu o ciclo PDCA1 e
uniu conceitos de estatística à gestão da produção, propiciando um salto no conceito de
qualidade à época. Carvalho (2005) destaca ainda que a década de 30 foi marcada pelo
desenvolvimento de sistemas de medida, através de técnicas de amostragem para as
inspeções. Já na década de 50, Joseph M. Juran apresentou um modelo de planejamento e
apuração de custos da qualidade. Na mesma década, Armand Feigenbaum foi o pioneiro a
lidar nas organizações com a qualidade de forma sistêmica, mediante o Sistema de Controle
de Qualidade Total (TQC – Total Quality Control).

Conforme Carvalho (2005), no Japão, W. Edwards Deming e Juran influenciaram a criação


do modelo japonês baseado na orientação estatística e controle de qualidade. Como
destaca o mesmo autor, em 1987 surgiu o modelo ISO (International Organization for
Standardization) que facilitou a relação entre fornecedores e clientes como critério
qualificador de qualidade através da série 9000 e surgiu também o modelo Seis Sigma,

1 (Plan-do-check-act) Planejar, fazer, checar e agir, criado por Shewhart para direcionar análise e solução de
problemas.
23

popularizado no início do século XXI. Esse último foi além do enfoque estatístico, buscou
priorizar a melhor relação custo-benefício para implementação de projetos, desdobrados
conforme um alinhamento estratégico de qualidade refletindo-se em ganhos financeiros para
a organização que o implementou. (CARVALHO, 2005).

Ao longo de sua evolução, a noção de qualidade nas organizações produtivas passou da


categoria “diferencial competitivo” para a categoria “pré-requisito”. Atualmente, as
organizações produtivas que não estejam atentas aos requisitos de qualidade obrigatórios
para o desempenho de suas funções no atendimento das exigências do mercado e dos
padrões estabelecidos pelas organizações certificadoras, dentro de critérios nacionais e
internacionais atinentes aos diversos segmentos produtivos, não conseguem se estabelecer
e se desenvolver dentro do ambiente altamente competitivo dos tempos modernos.

Pari passu ao uso de atributos de qualidade no setor produtivo, também o setor de serviços
se desenvolveu com a premissa da qualidade no atendimento de seus objetivos
institucionais. Contudo, diferenças evidenciam a aplicação desse conceito no setor de
serviços que se configura peculiar para a construção metodológica dos mecanismos de
avaliação e apuração de indicadores capazes de identificar a qualidade nos serviços. A
seção a seguir busca apresentar essas peculiaridades e melhor caracterizar a qualidade nos
serviços, objeto principal da presente monografia.

2.2 Processo de formação da qualidade percebida em serviços

A percepção de que um serviço foi prestado com qualidade, decorre, conforme nos aponta
Grönroos (2006), de um processo avaliativo em que o consumidor compara as expectativas
que possuía anteriormente ao serviço prestado, com aquilo que realmente foi percebido da
prestação do serviço. Desta comparação, resulta a qualidade de serviço percebida. No
mesmo sentido nos explica Parasuraman, Zeithaml e Berry (2006, p. 98) “a percepção da
qualidade do serviço resulta de uma comparação entre as expectativas do consumidor e a
prestação efetiva do serviço”. Verifica-se, portanto, duas variáveis inerentes à formação da
qualidade em serviços, elencadas por Grönroos (2006, p. 89): “serviço esperado e serviço
percebido”.

Um dos aspectos de maior significância para compreensão do processo de formação da


qualidade em serviços, a partir das variáveis apresentadas por Grönroos (2006) de serviço
esperado e serviço percebido, e conforme nos explica Gianesi e Correa (1996), é a
24

intangibilidade. Enquanto que no processo de produção e consumo de bens, ocorre uma


boa formação da expectativa do cliente sobre o produto, a partir da imagem e daquilo que
pode se observar do bem a ser adquirido, no caso dos serviços, a expectativa formada no
cliente não se baseia em algo visível ou tangível, mas segundo Parasuraman, Zeithaml e
Berry (2006) a expectativa do que seja o serviço a ser prestado é formada a partir da
comunicação boca a boca, das necessidades pessoais de cada indivíduo e da experiência
anterior que o cliente possua. Rotondaro e Carvalho (2005) e Gianesi e Correa (1996),
conforme ilustrado na Figura 1, ainda acrescentam as comunicações externas como mais
um dos fatores influenciadores das expectativas do cliente.

Figura 1 – Fatores que influenciam a formação das expectativas dos clientes


Fonte: Adaptado de GIANESI; CORREA, 1996, p. 82

A comunicação boca a boca, conforme nos aponta Gianesi e Correa (1996), compreende as
informações que o cliente recebe através de outras pessoas que já usufruíram o serviço de
determinado fornecedor. A experiência anterior é descrita pelos autores como o
conhecimento já adquirido e experimentado, que o cliente possui a respeito de um
fornecedor ou de um serviço. O principal formador das expectativas de um cliente, na visão
de Gianesi e Correa (1996) refere-se às necessidades pessoais do consumidor, que
compõem o conjunto de motivos pelos quais o cliente procura determinado serviço.
Conforme a ocasião, as expectativas podem ser mais ou menos exigentes que as
necessidades, entretanto, conforme os autores, “sempre que possível, o fornecedor de
serviços deverá procurar identificar tanto as expectativas como as necessidades de seus
clientes” (GIANESI; CORREA, 1996, p. 81).
25

Conforme nos explica Gianesi e Correa (1996), tanto as expectativas quanto a própria
percepção do serviço prestado, possuem poder de influência na avaliação da qualidade em
serviços, portanto, é importante que o fornecedor de serviços seja capaz de influenciar
positivamente estas expectativas, conforme descreve Grönroos (2006, p. 89):
Promessas oriundas de atividades tradicionais de marketing, publicidade
influenciam as expectativas dos clientes e tem impacto sobre o serviço
esperado. A tradição, ideologia, a comunicação de boca em boca e a
experiência anterior com um serviço também influenciam as expectativas de
um cliente.

Para Parasuraman, Zeithaml e Berry (2006) tanto a expectativa (serviço esperado), quanto a
percepção (serviço percebido), recebem influências de determinantes da qualidade em
serviços, abordadas no tópico anterior, conforme ilustrado na Figura 2, entretanto, é possível
que a importância dada a cada uma destas características determinantes, seja uma antes
do serviço, e outra, em diferente medida, após a sua finalização.

Figura 2 – Critérios determinantes da qualidade percebida do serviço


Fonte: Adaptado de PARASURAMAN; ZEITHAML; BERRY, 2006, p. 105

Outro aspecto capaz de influenciar as expectativas do consumidor, segundo nos ensina


Grönroos (2006), é a imagem que organização passa, ou seja, a visão que o consumidor
tem do fornecedor dos serviços. A imagem origina-se a partir daquilo que os clientes podem
ver e perceber da organização, que conforme o autor, são os próprios serviços prestados, a
qual é construída a partir da união dos aspectos relacionados à qualidade técnica e à
qualidade funcional dos serviços, conforme ilustra a Figura 3.
26

Figura 3 – Modelo de qualidade em serviços percebida através da imagem da organização


Fonte: Adaptado de GRÖNROOS, 2006, p. 91

A qualidade técnica refere-se ao resultado do desempenho instrumental, citado


anteriormente, que corresponde ao resultado técnico do serviço, ou seja, aquilo que o
consumidor recebe ao final da prestação do serviço. A qualidade funcional, por sua vez,
trata-se do produto do desempenho expressivo de um serviço, ou seja, a forma, o processo
pelo qual este foi prestado, incluindo as relações existentes durante a produção do serviço.

Apesar da necessidade das organizações focarem suas atenções para a formação da


expectativa de seus clientes, Zeithaml, Parasuraman e Berry (1990, apud FADEL; REGIS
FILHO, 2009) entendem que o sucesso para garantir a qualidade em serviços ocorre
quando as percepções dos consumidores sobrepujam as suas expectativas. Neste sentido,
para que isso ocorra, é necessária, segundo os mesmos autores, a implementação de
constante acompanhamento da percepção dos clientes, sua evolução e mudanças, e
através deste, adotar as melhorias necessárias. Neste contexto, Fadel e Regis Filho
também nos trazem os seguintes apontamentos:
Como valor, a qualidade está associada a um estilo de gestão, à visão
sistêmica, à melhoria contínua e visa promover mudanças sucessivas
utilizando-se de novas técnicas de produção, voltadas ao combate dos
desperdícios humanos e materiais (FADEL; REGIS FILHO, 2009, p. 11).

A melhoria contínua da qualidade em serviços, segundo Lobos (1993), está relacionada à


implementação de processos organizacionais capazes de captar as opiniões dos clientes,
pois as expectativas destes mudam, o que gera desequilíbrio na cadeia dos processos
27

organizacionais responsáveis pela produção do serviço, cujo desenvolvimento abrange


desde o projeto do serviço até que este seja entregue ao cliente.

Caso as expectativas dos clientes mudem e não sejam percebidas pela organização, ocorre
o que Lobos (1993, p. 77) denomina de “lacuna entre os requisitos do cliente e o serviço
propriamente prestado”, e conforme ilustrado na Figura 4, a organização que não se atenta
para esta lacuna, gasta tempo e recursos com algo que não interessa mais ao cliente e por
outro lado, deixa de produzir serviços que são esperados, restando apenas uma parcela de
serviços produzidos e percebidos pelo cliente em que havia real expectativa para tal.

Figura 4 – Discrepância entre serviço prestado e serviço esperado


Fonte: Adaptado de LOBOS, 1993, p. 77

Conclusões de estudos exploratórios, apresentadas por Parasuraman, Zeithaml e Berry


(2006) indicam que em muitos casos, gestores de organizações prestadoras de serviços não
possuem uma boa compreensão de quais características o serviço que prestam deve
possuir para atender às necessidades de seus clientes, nem mesmo qual o nível de
desempenho para cada característica, é necessário para atingir uma alta qualidade
percebida em seus serviços.

Resta, portanto, às organizações, para que alcancem resultados satisfatórios na percepção


da qualidade de seus serviços, que conforme nos explica Grönroos (2006), haja um
alinhamento entre o serviço esperado e o serviço percebido, de forma que quanto menor for
a discrepância entre ambas variáveis, mais próximo de um nível satisfatório este serviço
será. Parasuraman, Zeithaml e Berry (2006) ainda acrescentam a possibilidade do serviço
28

percebido ultrapassar o serviço esperado, o que indicaria uma qualidade ideal, mais do que
satisfatória.

2.3 Aspectos inerentes à conceituação da qualidade em serviços

A noção e o uso de parâmetros de qualidade aplicados aos serviços requereram, pois, um


novo desafio na construção conceitual do termo e na forma de mensuração de indicadores.
Se de um lado, havia elementos concretos para se apurar o desempenho na atividade
produtiva, foi necessário edificar uma nova elaboração conceitual acerca dos atributos de
qualidade aplicados ao setor de serviços. Nesse contexto, diferentemente do setor produtivo,
outros atores se inserem intrinsecamente ao processo de prestação de serviços: os clientes.
Na figura de demandantes, partícipes e, também, beneficiários dos serviços, os clientes
assumem, nesse cenário, um papel diferenciado, que, ao mesmo tempo, avalia e interfere
nos seus resultados.

A qualidade em serviços possui, pois, o aspecto subjetivo, inerente à percepção de cada


cliente em relação à qualidade de determinado serviço, haja vista que, conforme destaca
Rotondaro e Carvalho (2005), se na produção de bens materiais, o cliente fica alheio ao
processo de produção de determinado bem, ao invés disso, no processo de prestação de
serviços, o cliente além de se fazer presente, participa direta ou indiretamente do serviço e,
o modo como o este é prestado, tem que satisfazer o mesmo cliente.
A diferença fundamental ao se definir qualidade na prestação de serviços
encontra-se na subjetividade e na dificuldade de estabelecer o que é
qualidade, uma vez que os clientes reagem diferentemente ao que parece
ser o mesmo serviço. Cada cliente possui uma determinada percepção
sobre qualidade e, muitas vezes, esta diferença implica até mesmo “estado
de espírito do cliente” no momento da prestação de serviço
(VASCONCELLOS, 2002, apud FADEL; REGIS FILHO, 2009, p. 10).

Segundo Takeuchi e Quelch (1983, apud PARASURAMAN; ZEITHAML; BERRY, 2006, p.


97) outro aspecto peculiar referente à conceituação de qualidade em serviços é que os
consumidores não sabem articular bem o que seja qualidade e quais são seus requisitos.
Para Monroe e Krishnan (1983, apud PARASURAMAN; ZEITHAML; BERRY, 2006, p. 97)
no que tange à qualidade em serviços, os próprios pesquisadores possuem dificuldades
para explicá-la e medi-la.

Além disso, as organizações de serviços também possuem dificuldade em dimensionar o


que é qualidade em serviços, o que se torna a principal barreira para o desenvolvimento de
tecnologias voltadas para melhoria contínua da prestação de seus serviços (LOBOS, 1993).
29

Conforme Parasuraman, Zeithaml e Berry (2006), para se conceituar qualidade em serviços,


é necessário, que as características de intangibilidade, heterogeneidade e inseparabilidade
sejam consideradas para que haja pleno entendimento do que seja qualidade em serviços.

Por intangibilidade, entenda-se que serviços, em sua maioria, não são palpáveis, presta-se
o serviço, ou seja, não há possibilidade de estabelecer especificações visando uniformidade,
sua qualidade envolve o desempenho dos prestadores do serviço. Quanto à
heterogeneidade, o serviço prestado varia conforme o dia, o prestador do serviço e o cliente,
ou seja, dificilmente há possibilidade de garantir uma homogeneidade da qualidade do
serviço quando há pessoas diferentes em ambos os lados (cliente e prestador do serviço).
Por fim, a inseparabilidade deve ser considerada para conceituar qualidade em serviços,
pois na maioria dos casos a produção e o consumo dos serviços ocorrem simultaneamente,
através da interação entre cliente e prestador do serviço. Neste caso, a participação do
cliente afeta diretamente a qualidade do serviço, como por exemplo, a prestação do serviço
de corte de cabelo ou uma consulta médica (PARASURAMAN; ZEITHAML; BERRY, 2006).

Segundo Paladini (2010, p. 30), o primeiro passo para definir a qualidade em serviços é
“considerar a qualidade como um conjunto de atributos ou elementos que compõem o
produto ou serviço.”

Para que não haja equívocos por parte da organização, na determinação destes atributos,
Paladini (2010) entende ser necessário buscar na sociedade os valores que são atribuídos à
qualidade em serviços. O autor define esses valores como “cultura da qualidade”, que se
retratam em ideias e crenças, conforme as situações.

Alinhado a esse pensamento, tendo-se como referência a sociedade para construção dos
requisitos da qualidade, Lobos (1993, p. 66) conceitua qualidade em serviços como a ação
de “antecipar, atender e exceder continuamente os requisitos e as expectativas dos clientes”.
A definição de qualidade, portanto, à luz de diversos autores, está centrada no consumidor,
e para Paladini (2010), conforme a característica de determinado serviço, alguns atributos
como preço, velocidade de atendimento, segurança, serão mais relevantes que outros,
como flexibilidade, competência e cortesia, por exemplo.

Segundo Lewis e Booms (1983, apud PARASURAMAN; ZEITHAML; BERRY, 2006),


[...] Qualidade de serviço é uma medida de quanto o nível do serviço
prestado atendeu às expectativas do consumidor. Fornecer serviço de
qualidade significa conformidade consistente com as expectativas do
consumidor (p. 98).
30

Neste sentido, Paladini (2010) elenca três conceitos em que a definição de qualidade é
centrada na figura do cliente. Segundo a Organização Européia de Controle de Qualidade
(1972, apud Paladini, 2010, p. 31), “qualidade é a condição necessária de aptidão para o fim
a que se destina.” Conforme exposto por Juran e Gryna (1991, apud, Paladini, 2010, p. 31)
“Qualidade é adequação ao uso”. E por fim, segundo Jenkins (1971, apud Paladini, 2010, p.
31) “Qualidade é o grau de ajuste de um produto à demanda que pretende satisfazer.”

A partir da existência de critérios e atributos distintos, que são os responsáveis pela


construção da percepção, por parte do consumidor, do que seja qualidade, conforme o tipo
de serviço prestado, serão descritos na sequência, alguns atributos e critérios determinantes
da qualidade em serviços.

2.4 Critérios e atributos determinantes da qualidade em serviços

Primeiramente, cabe pontuar que a definição dos atributos determinantes para a qualidade
em serviços, conforme Gianesi e Correa (1996) deve ser orientada para a satisfação do
usuário e irá variar conforme o tipo de serviço a ser prestado. Parasuraman, Zeithaml e
Berry (2006) relatam, contudo, que para a maioria dos tipos de serviços, os critérios
determinantes de qualidade, usados pelos consumidores, são praticamente semelhantes, e
podem ser delimitados dentro de 10 categorias gerais: “Acesso, Comunicação, Competência,
Cortesia, Credibilidade, Confiabilidade, Sensibilidade Segurança, Tangíveis,
Compreensão/conhecimento do cliente” (PARASURAMAN; ZEITHAML; BERRY, 2006, p.
104). Esses critérios foram obtidos, segundo os autores, através de estudos qualitativos
exploratórios em que foram realizadas entrevistas em grupo focal com consumidores e
entrevistas em profundidade com executivos, dentro de quatro categorias distintas de
serviços: banco de varejo, cartão de crédito, corretagem de valores e reparo e manutenção
de produtos.

Os autores Gianesi e Correa (1996) ao combinarem visões de outros autores sobre critérios
de avaliação do serviço, consolidaram esses critérios em 8 categorias gerais: consistência,
velocidade de atendimento, atendimento/atmosfera, acesso, custo, tangíveis,
credibilidade/segurança, competência e flexibilidade. Observa-se que tais critérios são
apontados, de forma idêntica ou similar, em outros autores citados, tais como Slack 2 e

2 SLACK, N. Vantagem competitiva em manufatura. São Paulo: Atlas, 1993.


31

Zeithaml, Parasuraman e Berry3.

No que diz respeito ao desempenho do serviço, Lobos (1993) aborda sete dimensões da
qualidade em serviços relacionadas à esse atributo, que servem para formular padrões de
desempenho em serviços. Algumas dimensões podem ser mais imprescindíveis que outras,
conforme a natureza do serviço. São elas: “Validade, disponibilidade, precisão, rapidez,
respeito à norma, solução de problema, confiabilidade, disposição para servir e segurança”
(p.133).

Relacionado diretamente ao serviço de radiopatrulhamento aéreo do Btl RpAer, Pimenta


(2011) elencou 16 características do citado serviço, com as quais, buscou-se, na citada
pesquisa, a percepção dos capitães da PMMG lotados em Belo Horizonte, quanto à
satisfação e importância que estes davam ao serviço de radiopatrulhamento aéreo,
conforme as seguintes características: “Necessidade, acesso, facilidade na utilização,
abrangência, desempenho, atendimento, expectativa, utilização, tempo do pedido, tempo de
atendimento, disponibilidade, permanência, cortesia, confiabilidade, integração, publicidade”
(p. 99).

Dentre os critérios apresentados pelos diversos autores em vários contextos e períodos


evolutivos da construção do conceito de qualidade em serviços, destacam-se os seguintes:

a) Acesso e disponibilidade

O acesso como critério para qualidade em serviços, conforme Parasuraman, Zeithaml e


Berry (2006, p. 104) e também citado por Gianesi e Correa (1996) e Pimenta (2011),
“envolve a facilidade de abordagem e contato”. Esse critério abrange, segundo os autores,
os critérios de disponibilidade do serviço, tempo de espera para o serviço ser realizado,
horário e localização em que o este é prestado. Para Gianesi e Correa (1996) há devido
destaque ao atributo acesso, pois atualmente o uso de tecnologias inovadoras tem
viabilizado e facilitado o acesso do consumidor ao serviço pretendido, como por exemplo, a
compra de determinado produto através de um aplicativo no celular o qual em poucos dias
será entregue no domicílio do cliente, o que tem se tornado um diferencial no mercado, ou
seja, a qualidade do serviço é verificada mediante a facilidade de acesso ao serviço, o que
também envolve a disponibilidade do serviço, o tempo gasto para obtê-lo, em que horário e
local é possível ser o serviço prestado. Para Lobos (1993) o acesso está vinculado à

3 Zeithaml, V. A., Parasuraman, A., Berry, L. L. Delivering service quality: balancing customer perceptions and
expectations. New York: Free Press, 1990.
32

disponibilidade do serviço, ou seja, este tem que estar à disposição fisicamente, acessível,
conforme acordado.

b) Velocidade de Atendimento

A velocidade de atendimento abordada por Gianesi e Correa (1996) exerce importante


influência na determinação da qualidade, por tratar-se de um tempo gasto pelo consumidor
para receber ou usufruir determinado serviço. No mesmo âmbito, Parasuraman, Zeithaml e
Berry (2006, p. 104) incluem o critério velocidade de atendimento no atributo de
sensibilidade, o qual pode ser descrito como “[…] disposição ou prontidão dos empregados
para a prestação de serviços. Envolve a tempestividade ou oportunidade do serviço [...]”.
Apesar deste critério não atuar de forma isolada na definição da qualidade de um dado
serviço, na maioria dos casos, segundo Lobos (1993) há uma expectativa de que o serviço
seja rápido. Contudo esta percepção irá variar conforme o cliente e conforme o serviço a ser
prestado. Gianesi e Correa (1996, p. 93) destacam duas dimensões de velocidade de
atendimento: “a dimensão real e a dimensão percebida”. Enquanto na dimensão real
observa-se apenas o tempo cronológico que é gasto para o atendimento e prestação do
serviço, na dimensão percebida, o que importa é a percepção subjetiva do consumidor se
aquele serviço ou atendimento está demorado ou rápido. O conhecimento que o cliente tem
a respeito do tempo necessário para a prestação de um serviço impacta diretamente na
expectativa que este forma para que haja uma percepção positiva ou negativa da qualidade
do serviço dentro do atributo da velocidade de atendimento.

c) Comunicação

Para que o cliente seja informado e compreenda os aspectos inerentes à prestação do


serviço, o que inclusive, pode impactar na percepção da velocidade de atendimento, por
exemplo, será necessário atuar e investir na comunicação, que conforme descrito por
Parasuraman, Zeithaml e Berry (2006) é um dos determinantes da qualidade em serviços
que significa o prestador do serviço explicar e informar ao cliente a respeito de custos,
tempo de espera, providências que estão sendo tomadas no caso de falhas ou problemas,
de forma que o consumidor compreenda as informações, independente de seu nível de
instrução.

d) Atendimento do serviço

O atendimento do serviço, a cortesia e a comunicação durante a prestação do serviço,


33

produzindo uma atmosfera agradável e de bem-estar ao cliente, conforme descrito por


Gianesi e Correa (1996) refletirão diretamente na percepção da qualidade do serviço
prestado. Para Parasuraman, Zeithaml e Barry (2006, p. 104), cortesia significa: “polidez,
respeito, consideração e comportamento amigável do pessoal de contato (inclusive
recepcionistas, telefonistas, etc)”. Para Lobos (1993) o critério atendimento está relacionado
à dimensão denominada pelo autor de “disposição para servir”, o qual, semelhantemente ao
critério de flexibilidade, reflete a capacidade do prestador de serviços em se dispor a atender
às necessidades do cliente, e caso necessário, adaptar-se, ou sugerir outro serviço, caso
aquele que fora solicitado não seja possível de ser atendido, entretanto, com foco e
constante interesse na satisfação às necessidades e expectativas daquele cliente. Para
Gianesi e Correa flexibilidade insere-se no seguinte contexto:
[…] significa ser capaz de mudar e adaptar rapidamente a operação, devido
a mudanças nas necessidades dos clientes, no processo ou no suprimento
de recursos. Considerando a alta variabilidade e incerteza presentes no
processo de prestação de serviços, principalmente nas operações de front
office, a flexibilidade tende a ser um critério importante(GIANESI; CORREA,
1996, p. 94).

e) Flexibilidade

Paladini (1995, apud FADEL; REGIS FILHO, 2009) comenta que devido à participação e
relação direta do cliente no processo produtivo, há necessidade de constante renovação,
adaptação e atualização da organização e do processo de prestação de serviços, às
necessidades do consumidor. Cavalho (2005, p. 345) complementa que a flexibilidade é a
“capacidade de alterar o serviço prestado ao cliente.”

f) Competência

Um atributo determinante da qualidade, relacionado à habilidade do prestador de serviços,


conforme elencado por Gianesi e Correa (1996, p. 92) é a competência: “refere-se à
habilidade e ao conhecimento do fornecedor para executar o serviço, relacionando-se às
necessidades 'técnicas' dos consumidores”. Para os autores o critério da competência,
possui maior representatividade na determinação da qualidade de um serviço quanto maior
a complexidade da necessidade do cliente ou mesmo quanto menor o conhecimento ou
habilidade que o cliente possui a respeito da necessidade para qual este procura o serviço.
Serviços médicos ou de assistência jurídica são exemplos de atividades em que a
competência do prestador do serviço possui elevado grau de importância, principalmente
quando o cliente não possui conhecimentos na área. Na visão de Parasuraman, Zeithaml e
Berry (2006) a competência envolve aspectos como conhecimento e habilidade por parte do
34

pessoal de contato e de suporte operacional, bem como a capacidade de pesquisa que a


organização possui.

g) Segurança e Credibilidade

Outros dois critérios determinantes da qualidade em serviços, que conforme Gianesi e


Correa (1996) envolvem o conhecimento que o cliente possui a respeito do processo da
prestação de um serviço, são a segurança e a credibilidade. Para estes autores, como o
cliente não pode avaliar o serviço antes de adquiri-lo, existe, portanto, um certo grau de
risco envolvido no processo de aquisição deste serviço, que poderá ser mitigado ou
minimizado à medida que o prestador de serviços transmita credibilidade e demonstre
habilidade na transmissão de segurança. Parasuraman, Zeithaml e Berry (2006, p. 104)
abordam o critério da segurança no contexto da segurança física, financeira e do sigilo da
prestação do serviço, o qual, para os autores significa “estar livre de perigo, risco ou dúvida.”
Complementar ao aspecto da segurança, esses autores abordam a credibilidade como outro
determinante da qualidade em serviços, o qual pode inicialmente ser percebido através do
nome e reputação da organização, e relaciona-se aos valores de honestidade e confiança,
os quais devem ser vistos pelo cliente no prestador de serviços. Para Lobos (1993) quanto
maior a percepção de risco que o cliente possui em determinado serviço, maior a
necessidade de atenção e de cuidados em criar mecanismos que transmitam segurança.

h) Intangibilidade

Apesar dos serviços, de forma geral, apresentarem característica de intangibilidade,


conforme comenta lobos (1993, p. 22) “uma amostra do serviço não pode ser enviada com
antecedência ao cliente, para aprovação […]” e ainda segundo Grönroos (2006, p. 90) “O
serviço é basicamente algo imaterial e pode ser caracterizado como uma atividade em que a
produção e o consumo se dão simultaneamente, em grande medida”, o critério de
tangibilidade é citado na literatura como determinante da qualidade em serviços. Para Ansuj,
Zenckner e Godoy (2005, apud FADEL; REGIS FILHO, 2009) ambos vieses de tangibilidade
quanto intangibilidade, transmitirão qualidade ao serviço, sendo que os aspectos intangíveis
do serviço são aqueles que remetem ao relacionamento entre cliente e prestador do serviço,
enquanto que a tangibilidade dos serviços está voltada para o aparato físico existente para a
prestação deste. Parasuraman, Zeithaml e Berry (2006, p. 104) exemplificam como critério
tangível da qualidade, aquilo de visível na organização quando da prestação de seus
serviços, como por exemplo, a aparência dos funcionários, os equipamentos e ferramentas
que são utilizados e as instalações físicas onde se presta ou mesmo contrata-se um serviço.
35

i) Confiabilidade

Outro critério determinante da qualidade em serviços é a confiabilidade. Para Parasuraman,


Zeithaml e Berry (2006) existe confiabilidade em um serviço quando da primeira vez que é
executado, o serviço é prestado de forma correta e consistente, dentro dos prazos
acordados e cumprindo com o que foi prometido. Para ser confiável, Lobos (1993)
acrescenta que os aspectos inerentes à confiabilidade, como cumprimento de prazos,
requisitos, forma e normas devem ser observados e obedecidos pelo prestador do serviço
ao longo do tempo, gerando uma imagem de confiabilidade junto aos futuros clientes e
usuários do serviço.

Atrelados à confiabilidade, como critérios da qualidade em serviços, estão a consistência e a


validade. Elencada por Gianesi e Correa (1996) a consistência é uma característica
relacionada à padronização e capacidade do prestador de serviços em manter uma
uniformidade no seu serviço ao longo do tempo. É um critério fundamental para os clientes
que não querem se arriscar com o novo e preferem optar por um serviço pelo qual já
possuem uma expectativa sobre seu resultado. Para que isso ocorra, e como mencionado
anteriormente, é necessário que além de consistente, o serviço também seja confiável.
Neste mesmo contexto, Lobos (1993, p. 133) nos apresenta a validade, como uma das
dimensões da qualidade em serviços, que para o autor significa que “o serviço tem que ser
aquilo que se supõe que seja”, ou seja, deve cumprir o objetivo para o qual foi proposto.

j) Precisão

Muito próximo da validade, o próprio Lobos (1993) acrescenta o critério denominado


precisão, como sendo quase um oposto à flexibilidade, pois para o autor, alguns serviços
devem ser executados e prestados exatamente de uma determinada forma, ou
imediatamente após a solicitação do consumidor, como por exemplo, os serviços de
emergência ou de aplicação financeira, que necessitam ser prestados de forma imediata
para serem efetivos, ou mesmo os serviços que carecem de parâmetros para serem
realizados, como por exemplo, cirurgias ou mesmo receitas culinárias. Outros serviços
necessitam de pautar-se por procedimentos normativos e burocráticos para que obtenham
legitimidade e legalidade, o que para Lobos (1993), enquadram-se dentro da dimensão de
“respeito à norma”, como por exemplo, os serviços públicos e os jurídicos.
36

k) Solução de Problemas

Para que uma organização preste serviços de qualidade, deve-se haver um esforço no
sentido de compreender e conhecer as necessidades do cliente. Parasuraman, Zeithaml e
Berry (2006, p. 104) elencam que este critério compreende: “aprender as necessidades
específicas do cliente, dar atenção individual e reconhecer clientes habituais.” A
sobrevivência de uma organização, portanto, depende de uma aproximação junto à
realidade do consumidor e de um constante aprendizado mediante processos evolutivos no
sentido de identificar e atender às necessidades dos clientes, conforme estas mudam ao
longo do tempo. Entretanto, conhecer as necessidades dos clientes também se refere a
permitir abertura para que os problemas que porventura existirem no processo de prestação
de serviço, possam ser resolvidos.

l) Custo

O custo é critério que determina a qualidade a partir do valor que o cliente paga em moeda
pela prestação do serviço, porém apesar de relevante, não somente o gasto financeiro é
dispendido pelo cliente, mas também o tempo, esforço ou outros desgastes, conforme a
ocasião (GIANESI; CORREA, 1996). Cabe ressaltar que o custo determina a qualidade de
um serviço a partir de uma expectativa formada através de informações relacionadas àquele
serviço, portanto, conforme os autores, quanto menor o conhecimento que o cliente possui a
respeito de um serviço, menor a capacidade de julgamento a respeito de seu custo. Lobos
(1993) comenta que mesmo um serviço apresentando bom desempenho e atendimento, se
este demandar um custo elevado de forma desproporcional, sob a ótica do cliente,
impactará negativamente na satisfação do cliente, bem como na formação da percepção
sobre a qualidade daquele serviço.

m) Desempenho

Quanto ao desempenho, Lobos (1993) o descreve como um dos três fatores da qualidade
de um serviço, o qual relaciona-se com o propósito para o qual determinado serviço existe e
em que medida este produziu resultado conforme esperado. A qualidade de serviço
percebida será, portanto, conforme Grönroos (2006) uma contraposição entre o
desempenho percebido e o desempenho esperado. Swan e Combs (1976, apud Grönroos,
2006) ao estudarem o desempenho como critério da qualidade na produção de bens de
consumo, o subdivide em duas vertentes: o desempenho instrumental e o desempenho
expressivo. Segundo nos aponta Grönroos (2006) estudos indicam que os resultados
37

relacionados aos bens de consumo também são de grande proveito para o estudo da
qualidade em serviços.

O desempenho instrumental, adaptado para a produção de serviços, conforme Grönroos


(2006), é apenas o resultado final que o cliente obtém ao final da prestação do serviço,
enquanto que o desempenho expressivo é aquele que está presente nas relações que são
estabelecidas entre o cliente e os variados recursos existentes na organização prestadora
do serviço, os quais atuam no campo psicológico do consumidor enquanto o desempenho
instrumental é concretizado. Segundo o autor, a completa satisfação depende do
desempenho expressivo, mesmo se o desempenho instrumental já tiver indicado uma
percepção favorável.
Testes de desempenho instrumental e desempenho expressivo de produtos
indicam que o primeiro tipo de desempenho é condição necessária mas não
suficiente para a satisfação. Swan e Combs também argumentam que um
cliente satisfeito tende mais a mencionar atributos expressivos do que
atributos instrumentais como motivo de satisfação. No que diz respeito aos
serviços, essas observações sugeririam que a qualidade funcional é mais
importante para o serviço percebido do que a qualidade técnica, pelo menos
desde que esta última dimensão de qualidade esteja num nível satisfatório.
(GRÔNROOS, 2006, p. 92).

Na perspectiva de Grönroos (2006), portanto, não basta o serviço apresentar apenas o


desempenho instrumental, o qual gera como resultado a ser entregue ao cliente a qualidade
técnica do serviço, mas necessário se faz que o processo pelo qual este serviço é produzido
e prestado também seja satisfatório ao cliente, o que culmina na qualidade funcional,
compreendida pelo autor como desempenho expressivo do serviço.

Para Lobos (1993) é necessário que sejam estabelecidos padrões para o desempenho do
serviço, os quais devem ser medidos regularmente para posteriormente serem comparados
aos anteriores. A estratégia de constante melhoria dos serviços, na visão do autor, depende
do estabelecimento de ferramentas de medição e feedback do desempenho.

Apesar da quantidade de critérios e atributos determinantes da qualidade em serviços ora


apresentados, verifica-se que estes, em muitas ocasiões, se interligam e se sobrepõem em
seus conceitos, significados e aplicações, competindo às organizações prestadoras de
serviços, buscarem constantemente conhecer, compreender e atender as necessidades e
expectativas de seus clientes, pois conforme Lobos (1993, p. 13) “quem determina se a
qualidade de um serviço é boa ou não é o cliente”. Na sequência, serão abordadas as
diretrizes que tratam da qualidade sob a perspectiva da Polícia Militar de Minas Gerais como
prestadora de serviços à comunidade.
38

3 DIRETRIZES PARA QUALIDADE DOS SERVIÇOS PRESTADOS PELA POLÍCIA


MILITAR DE MINAS GERAIS

O setor público, conforme descreve Estefano (1996, apud FADEL; REGIS FILHO, 2009) é o
que contempla as organizações responsáveis pela maior quantidade de bens e serviços
prestados à sociedade, que por sua vez, necessita que esses serviços sejam rápidos, de
fácil acesso e realizados com qualidade, pois há, conforme o autor, uma relação de
dependência da sociedade para com os organismos públicos, os quais, para manterem a
qualidade de seus serviços, devem constantemente direcionar o foco de sua missão para o
que a sociedade necessita.

A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), órgão público sob as lentes desta pesquisa, tem
buscado nos últimos anos, regulamentar e estabelecer parâmetros para as diversas
modalidades de serviços previstos em seu portfólio, bem como para as novas soluções em
segurança pública que têm sido implementadas no Estado de Minas Gerais. Para tal, várias
são as Diretrizes, Instruções, Memorandos e outros documentos publicados pela
organização, em suas várias esferas, com intuito de incrementar a qualidade de seus
serviços prestados junto à comunidade mineira.

Para a atividade operacional da PMMG, a doutrina mestra que visa direcionar o


planejamento, execução e coordenação do policiamento ostensivo em toda a organização,
adequando a previsão constitucional de Polícia Militar, prevista no artigo 144 da Constituição
Federal (BRASIL, 2006), à realidade da Polícia Militar mineira, é a Diretriz Geral para
emprego operacional da PMMG – DGEOp (MINAS GERAIS, 2010a).

Como consequência de um processo de transformação social, em que a instituição migra de


uma polícia de controle para uma polícia cidadã, e a noção de Defesa Social 4 é
implementada com intuito de promover sinergia e uma atuação sistêmica entre os diversos
órgãos públicos atuantes na promoção da segurança pública, a PMMG publicou no ano de
2010 a DGEOp, buscando inovar as práticas policiais, fundamentando-as mediante
respectivo respaldo legal, com foco no respeito aos direitos fundamentais do indivíduo e na
eficiência da prevenção criminal (MINAS GERAIS, 2010a).

4 Art. 133 – A defesa social, dever do Estado e direito e responsabilidade de todos, organiza-se de forma
sistêmica visando a: I – garantir a segurança pública, mediante a manutenção da ordem pública, com a
finalidade de proteger o cidadão, a sociedade e os bens públicos e privados, coibindo os ilícitos penais e as
infrações administrativas; II – prestar a defesa civil, por meio de atividades de socorro e assistência, em
casos de calamidade pública, sinistros e outros flagelos; III – promover a integração social, com a finalidade
de prevenir a violência e a criminalidade. […] (MINAS GERAIS, 2014, p. 78).
39

Com a finalidade de nortear as ações de polícia ostensiva, de atribuição da PMMG, a


Diretriz Geral para emprego operacional foi estruturada em torno de uma série de objetivos,
e dentre estes, destacam-se os que manifestam a intenção institucional de estabelecer
parâmetros e padrões de qualidade para a prestação de serviços da organização:
[…]c) aumentar a produtividade e a qualidade do serviço operacional,
gerando reflexos positivos para melhoria na sensação de segurança por
parte da população; […]e) definir os parâmetros operacionais para os
diversos Comandos e Unidades da PMMG, assegurando uma ação
combinada de todas as forças disponíveis; […] j) estabelecer parâmetros
para o planejamento e execução das atividades de polícia ostensiva, por
intermédio do serviço público orientada por resultados; […] (MINAS GERAIS,
2010a, p. 12).

No ano anterior ao da publicação da DGEOp, a PMMG, já com a visão de estabelecer


padrões mínimos de qualidade para execução de suas operações policiais, publicou a
Diretriz 3.02.01/2009 – CG, com a finalidade de regular procedimentos e orientações para
as operações policiais militares 5 serem realizadas com qualidade e assim reduzir a
criminalidade e sensação de medo nos limites territoriais mineiros (MINAS GERAIS, 2009).

Elaborada a partir do princípio constitucional da eficiência, previsto no caput do art. 37 da


Constituição Federal (BRASIL, 2006), a respectiva Diretriz traz a ideia de emprego do
recurso público de forma racional, o que na visão de Seresuela (2002), inserindo-se no
princípio constitucional da eficiência, orienta a administração pública a alcançar resultados
cada vez melhores a partir de recursos cada vez mais escassos. Para atingir a eficiência, a
autora entende ser necessário “medir os custos que a satisfação das necessidades públicas
importa em relação ao grau de utilidade alcançado” (SERESUELA, 2002, p. 1), ou seja, o
emprego eficiente dos recursos públicos está relacionado com uma gestão pública
preocupada em estabelecer a melhor relação custo-benefício que satisfaça as necessidades
do público no cumprimento de suas atribuições.

Além de estabelecer critérios táticos e técnicos que visem padronizar o nível de qualidade
das operações policiais militares, a Diretriz 3.02.01/2009 – CG também tem como um de
seus objetivos, alcançar o melhor resultado das intervenções policiais militares, através do
fomento à atuação integrada da PMMG junto aos demais órgãos do Sistema de Defesa
Social. Na perspectiva da PMMG, a qualidade das operações é alcançada, na medida em
que os serviços prestados pela organização atendem às necessidades do cidadão,
principalmente no sentido de reduzir a sensação de insegurança e promover segurança e
proteção de forma objetiva no seio da comunidade (MINAS GERAIS, 2009).

5 É a conjugação de intervenções, executadas por uma tropa ou suas frações constituídas, que exige
planejamento específico (MINAS GERAIS, 2009, p. 11).
40

Não há como implementar gestão da qualidade em segurança pública sem inserir no


contexto gerencial, a administração orientada para resultados. Calcada no processo de
transformação do modelo de administração burocrático para o gerencial, iniciado nos anos
70, e com a finalidade de cumprir sua missão constitucional, alinhando os diversos setores
organizacionais em torno dos objetivos estratégicos estabelecidos pela organização, a
PMMG, no ano de 2010, publicou a Diretriz de Gestão para Resultados, fundamentada nos
princípios de eficiência, eficácia, efetividade, qualidade e resultados, presentes no novo
modelo de Estado Gerencial.

O Estado Gerencial, como caracteriza Bresser-Pereira (2001), é fruto de uma transição


entre um Estado patrimonialista, presente nos séculos XIX e XX, orientado por políticas
elitistas, interesses de classes e desvio da função e do bem público, para um Estado
democrático, no qual, a opinião e os interesses da sociedade ganham importância e o direito
do cidadão utilizar-se do patrimônio público de forma pública torna-se possível e necessário.

Neste contexto de transformações vivenciado pelo Estado e pela própria sociedade, e a


necessidade da Polícia Militar de Minas Gerais sobreviver como instituição e adaptar-se às
mudanças ocorridas nos modelos de administração, que de uma forma global, tem
impactado todas as organizações públicas do mundo ocidental, surge a Diretriz de Gestão
para Resultados (MINAS GERAIS, 2010b), elaborada para adequar estruturalmente a
instituição, em torno das exigências e pressões impostas pela sociedade no sentido de que
a organização alcance resultados que realmente causem impacto sobre as demandas de
segurança pública da atualidade.

Devido às dificuldades encontradas pela PMMG no desdobramento e implementação das


estratégias institucionais para os níveis tático e operacional, referentes ao Planejamento
Estratégico 2004-2007 (MINAS GERAIS, 2003), a Diretriz de Gestão para Resultados
implementa o Sistema de Gestão para Resultados, como uma metodologia de gestão com o
objetivo macro de “estabelecer o modelo de administração gerencial da PMMG” (MINAS
GERAIS, 2010b, p. 14). Entre as diversas finalidades do Sistema de Gestão para
Resultados destacam-se:
[…] b) propiciar maior delegação às Unidades que compõem a PMMG,
apoiada no princípio de que o problema local tem melhor solução no âmbito
do próprio município, visto que quanto mais perto o poder de decisão
relativo às políticas públicas estiver do cidadão, melhor será a
qualidade da prestação do serviço e maior será o grau de accountability
(comunicação dos resultados e prestação de contas);[...]

d) desenvolver habilidades gerenciais dos servidores da PMMG para


atuarem como administradores segundo as regulamentações; como líderes
41

com capacidade de aumentar a produtividade e qualidade do que é


realizado; como empreendedores com capacidade de encontrar novas
respostas e modernizar o fluxo de decisões; por fim como solucionadores
de problemas com capacidade de congregar esforços conjuntos e atuar na
busca de objetivos institucionais;[...]

h) sedimentar mecanismos de avaliação de desempenho individual e de


resultados organizacionais, baseados em indicadores de qualidade e
produtividade;[...] (MINAS GERAIS, 2010b, p. 14, grifo nosso).

Verifica-se, a partir da respectiva Diretriz, uma preocupação da instituição em melhorar a


qualidade do serviço prestado pela PMMG, mediante uma gestão descentralizada e mais
próxima da realidade de cada localidade, através de investimentos nos recursos humanos
da instituição, promovendo sua capacitação gerencial e no estabelecimento de indicadores
que possam traduzir todo este esforço de produtividade e melhoria da qualidade dos
serviços prestados em resultados de segurança para a sociedade.

Para descrever o processo de gestão para resultados da PMMG, com enfoque na qualidade
de seus serviços, é preciso compreender que trata-se de um modelo integrado de gestão,
em que a organização é composta de estruturas interligadas que operam com o fim de
atingir um objetivo organizacional comum. Há, portanto, uma interdependência entre os
diversos setores, bem como da organização com o ambiente externo, de forma que o
desempenho de um componente pode impactar positiva ou negativamente no todo
organizacional (MINAS GERAIS, 2010b). A Figura 5 ilustra a estruturação sistêmica da
PMMG atualmente.
42

Figura 5: Diagrama da visão sistêmica dos processos de prestação de serviços por parte da Polícia
Militar de Minas Gerais.
Fonte: MINAS GERAIS, 2010b, p. 20

A partir de uma visão sistêmica da organização, a Diretriz de Gestão para Resultados


esclarece a forma pela qual é proposto o processo de gestão da segurança pública para a
PMMG, tendo-se como meta final a promoção de segurança objetiva e subjetiva, as quais se
manifestam, respectivamente, em “cidades seguras” e “cidadãos satisfeitos com os serviços”,
os quais figuram como destinatários das políticas de segurança pública (MINAS GERAIS,
2010b).

Sob a perspectiva de que a criminalidade é um fenômeno que, apesar de globalizado,


ocorre de forma localizada, propôs-se o modelo de gestão integrada, (MINAS GERAIS,
2010b), para o qual o município é o enfoque e a referência no direcionamento dos esforços
43

para a implementação de um ambiente seguro. Para tanto se faz necessária a utilização


racional dos recursos humanos e logísticos, e de ferramentas e indicadores que possam
direcionar a atuação da organização na “produção” de cidades seguras em todo o Estado.

Tendo-se em vista as características de intangibilidade 6 , indivisibilidade 7 e variabilidade 8 ,


inerentes aos serviços, o alcance da satisfação dos cidadãos, segundo o Sistema de Gestão
integrada define (MINAS GERAIS, 2010b), orienta-se a partir de indicadores de qualidade
dos serviços prestados, subdivididos, conforme também descreve Grônroos (2006), nas
dimensões técnica e funcional. Sendo a primeira dimensão responsável por qualificar a
qualidade do serviço a partir do que foi recebido pelo cidadão, enquanto que a dimensão
funcional indicando a qualidade através da percepção do cidadão de como determinado
serviço foi prestado.

O Sistema Integrado de Gestão da PMMG foi, portanto, estruturado sob quatro eixos
(Direção e Comando, Serviços Operacionais, Processos Principais dos Serviços
Operacionais e Processos de Apoio), conforme ilustra a Figura 6, os quais atuam de forma
interdependente e abrangente na estruturação da produção dos serviços da organização,
com o foco na produção da segurança objetiva e subjetiva no seio da comunidade (MINAS
GERAIS, 2010b).

6 Os serviços não podem ser observados ou medidos antes de realizados (MINAS GERAIS, 2010b, p. 23).
7 O serviço é inseparável do prestador de serviço e da maneira como é percebido (MINAS GERAIS, 2010b, p.
23).
8 […] advém da qualidade do serviço prestado, ou seja, o servidor deve se antecipar em relação aos
processos em que existe maior probabilidade de haver erros e, criar medidas corretivas para acertar (MINAS
GERAIS, 2010b, p. 23).
44

Figura 6 – Articulação do Sistema Integrado de Gestão da PMMG


Fonte: MINAS GERAIS, 2010b, p. 21

A “Qualidade na prestação de Serviços”, conforme descrito na Figura 6, é um dos


fundamentos do Eixo 2 “Serviços Operacionais” e sob a perspectiva do Sistema Integrado
de Gestão da PMMG (MINAS GERAIS, 2010b), compreende o atendimento das
necessidades do cidadão como foco das políticas públicas de segurança. Na ótica da
PMMG, a qualidade de seus serviços é obtida através do entendimento que o município é o
referencial para identificação de problemas e as respectivas ações de planejamento e
realização de políticas públicas para a solução destes de forma pontual.

Conforme descreve a Diretriz de Gestão para Resultados (MINAS GERAIS, 2010b), a


qualidade também perpassa pela realização da atividade operacional no cumprimento de
sua missão constitucional de polícia ostensiva e manutenção da ordem pública nas diversas
esferas de atuação, conforme art. 144 da Constituição Federal (BRASIL, 2006) e art. 142 da
Constituição Estadual (MINAS GERAIS, 2014), atuando de forma integrada com os demais
órgãos públicos que compõem o Sistema Integrado de Defesa Social.

Dentre os aspectos referentes à qualidade dos serviços prestados pela PMMG, a Diretriz de
Gestão para Resultados (MINAS GERAIS, 2010b, p. 38) sugere que seja elaborado um
45

“Manual de Qualidade”, direcionado para o serviço operacional, constantemente prestado


pela Instituição, e que fomente o alcance da qualidade pretendida e o fortalecimento da
imagem da organização, entretanto, até o momento da elaboração desta pesquisa, o
referido manual ainda não havia sido publicado.

Além da estruturação de um sistema integrado de gestão, um dos esforços concretos


provenientes da implementação do Sistema de Gestão para Resultados, inserido no
contexto da Diretriz de Gestão para Resultados (MINAS GERAIS, 2010b) é a criação, dentro
da estrutura de Estado-Maior da PMMG, da “Assessoria de Gestão para Resultados” (AGR),
com o fim de fazer com que as estratégias e metas estabelecidas pela Instituição alcancem
resultados efetivos na segurança pública.

Verifica-se, portanto, que as diretrizes da Polícia Militar de Minas Gerais para a qualidade de
seus serviços, estão alicerçadas na busca pelo aumento da sensação de segurança, na
prevenção e redução da criminalidade, na promoção da segurança objetiva e subjetiva e no
atendimento às necessidades do cidadão, tendo-se o município como referência para as
políticas de segurança pública, Neste contexto, é de fundamental importância que o serviço
de radiopatrulhamento aéreo prestado em todo o território mineiro, em apoio ao policiamento
ostensivo, esteja integrado e alinhado a estes aspectos, e contribua para que a missão da
Instituição seja cumprida.
46

4 QUALIDADE NO SERVIÇO DE RADIOPATRULHAMENTO AÉREO NA POLÍCIA


MILITAR DE MINAS GERAIS E SEUS CRITÉRIOS DETERMINANTES

Tendo-se como referência as diretrizes orientadas para qualidade dos serviços prestados
pela PMMG, descrever-se-á nesta seção, a origem do serviço de radiopatrulhamento aéreo
da PMMG, os aspectos legais inerentes à atividade policial aérea, o portfólio de serviços do
Btl RpAer e a doutrina de emprego de aeronaves, em que se pode identificar critérios que
determinam a qualidade do serviço de radiopatrulhamento aéreo executado pelo Btl RpAer
em apoio ao policiamento ostensivo.

4.1 Origem do serviço de radiopatrulhamento aéreo na Polícia Militar de Minas Gerais

Na PMMG, a aviação originou-se a partir de 1920, e conforme relata Silva Junior (2005) a
primeira aeronave adquirida pela então Força Pública de Minas Gerais, foi um AVRO 504, o
qual foi utilizado, por pouco tempo, na instrução de seus oficiais, mediante apoio de dois
pilotos da Força Pública Paulista como instrutores. À época o curso de aviação funcionou no
antigo Prado mineiro, onde hoje está instalada a Academia de Polícia Militar de Minas
Gerais.

Em 1951, a PMMG recebeu mediante doação, sua segunda aeronave, um avião PIPER, o
qual, segundo Silva Junior (2005), fora empregado no transporte de médicos, dentistas e
professores os quais atendiam menores que integravam as Escolas Caio Martins nos
municípios de Pirapora, São Romão, São Francisco, Januária, Carinhanha e Urucânia.
Apesar de ser uma atividade não muito correlata ao serviço de segurança pública, Silva
Junior (2005) relata que o emprego do recurso aéreo neste contexto fora importante, pois
devido aos movimentos revolucionários de 1964, a atividade aérea da PMMG foi
responsável por aproximar os Batalhões existentes no interior do Estado ao Comando-Geral
da Instituição.

Apesar de já iniciadas as atividades aéreas da PMMG, Costa Junior (2013) revelou em sua
obra que somente a partir de 1987 o recurso aéreo da Instituição começou a ser
efetivamente empregado em missões de polícia ostensiva, quando por força da Resolução
1.665 do Comando-Geral, de 25 de janeiro de 1987, foi criado o Comando de
Radiopatrulhamento Aéreo (CoRpAer), atualmente denominado Batalhão de
Radiopatrulhamento Aéreo (Btl RpAer) e adquirido o primeiro helicóptero, modelo Bell 206
47

Jet Ranger III, com o indicativo de chamada Pégasus 019.

A partir de então, a aviação policial militar de Minas Gerais consolidou-se. Recursos


humanos, logísticos, e principalmente novas aeronaves foram integrando a estrutura
operacional do Btl RpAer, de sorte que, atualmente, a Unidade aérea da PMMG dispõe em
sua frota, de um total de oito aeronaves, sendo um avião turbo hélice modelo King Air C90,
e sete helicópteros, dentre estes, um do modelo AS 350 B3, cinco do modelo AS 350 B2 e
um modelo Bell 206 Jet Ranger III. Além destas, o Btl RpAer é responsável pela operação e
gestão de 4 aeronaves da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável (SEMAD), conforme convênio celebrado desde 1998, sendo dois helicópteros
modelo AS 350 B2 e dois aviões Embraer, sendo um modelo Corisco e outro modelo Carajá.

4.2 Aspectos legais do serviço de radiopatrulhamento aéreo

A aviação exerce papel fundamental para a sobrevivência e desenvolvimento da vida em


sociedade na atualidade, sendo percebidos os reflexos de seu emprego nos mais diversos
setores produtivos e de prestação de serviços, quer seja de natureza militar ou civil.
Abrange desde atividades privadas como a prática desportiva, lazer, setor de transportes de
cargas e passageiros, até àquelas atinentes ao serviço público, sendo empregada em
missões estratégicas de defesa e salvaguarda da soberania nacional, socorrimento e
salvamento de vidas e na promoção da segurança pública no contexto de diversos países.

Atrelado ao crescimento obtido pela aviação nos últimos anos verifica-se a necessidade da
existência de ordenamentos jurídicos que possam orientar e regular o exercício da atividade
aérea nas suas diversas esferas de aplicação, pois trata-se de uma atividade revestida de
complexidade e conforme Marques (2006) de nada adianta existir um recurso aéreo se o
seu emprego não ocorrer dentro de parâmetros de segurança e de legitimidade que
permitam o cumprimento de sua atividade.

Para a compreensão da legalidade do emprego de recurso aéreo em missões de segurança


pública pela PMMG, e necessário primeiramente, buscar o embasamento legal para o
exercício da atividade de polícia ostensiva a ela inerente, que de forma geral, encontra
amparo na Constituição da República Federativa do Brasil, onde em seu art. 144, caput,

9 Primeira aeronave da esquadrilha Pégasus da PMMG, de prefixo PP-EJF. O designativo 'Pégasus” é


utilizado quando a aeronave encontra-se em missões emergenciais, o que garante prioridade no tráfego
aéreo (COSTA JUNIOR, 2013).
48

inciso V e §§ 5º e 6º, está descrito o papel das Polícias Militares:


Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade
de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I – polícia federal;
II – polícia rodoviária federal ;
III – polícia ferroviária federal;
IV – polícias civis;
V – polícias militares e corpos de bombeiros militares.
[...]
§ 5.º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da
ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições
definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.
§ 6.º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares
e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos
Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios (BRASIL,
1988, p. 26).

Observa-se, portanto, que o legislador designa a missão de segurança pública como


atribuição dos diversos órgãos elencados nos incisos I a V do art. 144 (BRASIL, 1988),
dentre os quais as polícias militares, entretanto a estas, de forma mais específica, foram
designados o exercício das atividades de polícia ostensiva e preservação da ordem pública.
No entendimento de Fonseca (1992), polícia ostensiva compreende o aspecto preventivo da
atuação policial, proveniente da ostensividade de seus uniformes, equipamentos,
armamentos, os quais lhe delegam a visibilidade necessária para ser identificada como
polícia. A preservação da ordem pública, conforme explana Lazzarini (1999) compreende
tanto a prevenção do crime, evitando a sua ocorrência, como também a repressão imediata
ao fato delituoso.

Em consonância com a Carta Magna de 1988, a Constituição do Estado de Minas Gerais


reitera a responsabilidade da Polícia Militar quanto ao exercício da Segurança Pública e
especifica as suas esferas de atuação, no que tange à atribuição de polícia ostensiva,
conforme elencado nos arts. 136, II e 142, I e II:
Art. 136 - A segurança pública, dever do Estado e direito e responsabilidade
de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
[...],
II - Polícia Militar;
[…],
Art. 142 - A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar, forças públicas
estaduais, são órgãos permanentes, organizados com base na hierarquia e
na disciplina militares e comandados, preferencialmente, por oficial da ativa,
do último posto, competindo:
I - à Polícia Militar, a polícia ostensiva de prevenção criminal, de segurança,
de trânsito urbano e rodoviário, de florestas e de mananciais e as atividades
relacionadas com a preservação e a restauração da ordem pública, além da
garantia do exercício do poder de polícia dos órgãos e entidades públicos,
especialmente das áreas fazendária, sanitária, de proteção ambiental, de
uso e ocupação do solo e de patrimônio cultural [...] (MINAS GERAIS, 1989,
49

p.79).

Observa-se na Constituição Estadual, um desmembramento da missão de polícia ostensiva,


atinente à Polícia Militar, em demais esferas específicas de atuação, dentre as quais as
atividades de preservação e restauração da ordem pública, confirmando a perspectiva de
polícia ostensiva descrita por Fonseca (1992), de que esta abrange tanto a prevenção
criminal, como a repressão ao delito já eclodido, sendo ainda explicitado neste texto
constitucional, a atribuição da Polícia Militar de garantir o poder de polícia de outros órgãos
públicos.

Dentre as atividades relacionadas à preservação e restauração da ordem pública,


mencionadas na Constituição Estadual (MINAS GERAIS, 1989), encontra-se o serviço de
radiopatrulhamento aéreo, que é regulamentado mediante o Decreto Federal nº 88.777 de
30 de setembro de 1983, que ao normatizar as atividades de Polícia Militar e dos Corpos de
Bombeiros Militares, também dispõe sobre a aquisição de aeronaves por parte das Polícias
Militares, as quais se sujeitam ao controle do Ministério do Exército10:
Art. 2º [...]
XXVII – Policiamento Ostensivo - Ação policial exclusiva das polícias
militares, em cujo emprego do homem ou fração de tropa engajadas sejam
identificadas de relance, quer pela farda, quer pelo equipamento, ou viatura,
objetivando a manutenção da ordem pública. São tipos desse policiamento,
a cargo das Polícias Militares ressalvadas as missões peculiares das Forças
Armadas, os seguintes:
[...];
- Rádio patrulha terrestre e aérea; [...]
Artigo 3º […] Parágrafo Único – O controle e a coordenação das Polícias
Militares abrangerão os aspectos de organização e legislação, efetivos,
disciplina, ensino e instrução, adestramento, material bélico de Polícia
Militar, de saúde e veterinária de campanha, aeronave, como dispuser
neste Regulamento e de conformidade com a política conveniente traçada
pelo Ministério do Exército (BRASIL, 1983, p.4, grifo nosso).
[…],
Art. 20 – a aquisição de aeronaves, cuja existência e uso podem ser
facultados às Polícias Militares, para melhorar o desempenho de suas
atribuições específicas, bem como suas características, será sujeita à
aprovação pelo Ministério da Aeronáutica, mediante proposta do Ministério
do Exército (BRASIL, 1983, p.3-7, grifo nosso).

Verifica-se, portanto, que a atividade de radiopatrulha aérea, denominada na PMMG de


radiopatrulhamento aéreo, está inserida no contexto do citado Decreto (BRASIL, 1983)
como um dos tipos de policiamento ostensivo a serem executados pelas Polícias Militares,
as quais sujeitam a aquisição e as características de suas aeronaves ao controle do Exército.

No que diz respeito à legislação aeronáutica, a atividade aérea desempenhada pelas forças

10 “[...] com o advento do Ministério da Defesa, extinguiram-se os Ministérios Militares (Marinha, Exército e
Aeronáutica) e criaram-se os Comandos subordinados àqueles Ministérios” (MARQUES, 2006, p. 109).
50

policiais é regulamentada pelas “Regras Especiais de Tráfego Aéreo para Helicópteros”,


presentes na ICA 100-4 de 10 de julho de 2014, conforme itens 7.1 a 7.7:

7.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS


a. Para efeito desta Instrução:
(1) ‘Operação aérea policial e/ou de defesa civil’ é uma operação realizada
com aeronaves e conduzida por Organização Policial ou de Defesa Civil.
(2) ‘Organização Policial’ e ‘Organização de Defesa Civil’ são organizações
da Administração Pública Direta, Federal, Estadual, Municipal e do Distrito
Federal, destinadas a assegurar a ordem e a segurança pública ou
destinadas a proteger e apoiar a população em emergências e a prevenir e
combater incêndios de qualquer tipo respectivamente.
b. As operações aéreas policiais e/ou de defesa civil compreendem
operações de busca, salvamento, resgate, observação de cortejos, controle
de tumultos, distúrbios e motins, controle de tráfego rodoviário, ferroviário e
urbano, prevenção e combate a incêndios de quaisquer tipos,
patrulhamento de cidades, florestas, mananciais, estradas, rios, lagos e
11
outras operações autorizadas pelo DAC
7.2 Os helicópteros, em missão policial, estarão sujeitos à legislação em
vigor.
7.3 As operações de helicópteros, em missão policial, estarão
12
condicionadas à realização de um a acordo operacional por parte do
Órgão Regional de Proteção ao Vôo com jurisdição na área considerada e
13
posterior aprovação da DEPV .
7.4 Qualquer missão que possa vir a ser realizada em desacordo com as
regras em vigor ou com os procedimentos especiais, estabelecidos pelos
SRPV [Serviço regional de Proteção ao Vôo]/ CINDACTA [Centro Integrado
de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo], em acordo.
7.5 O lançamento de panfletos e objetos por meio dos helicópteros
dependerá de autorização prévia do Órgão Regional de Aviação Civil da
jurisdição, salvo em missões de salvamento de vida humana e emergência.
7.6 Em operações de busca, resgate e salvamento sobre o mar ou selva, os
helicópteros engajados em operação policial deverão possuir equipamentos
de sobrevivência apropriados à missão.
7.7 Os helicópteros engajados em operação policial manterão contato
bilateral com os Órgãos de Controle de Tráfego Aéreo, que lhes prestarão
apoio durante a operação possa ser realizada com segurança e sem perigo
para as pessoas e propriedades na superfície e sob responsabilidade do
piloto-em-comando (BRASIL, 2014, p. 7-1).

Devido às aeronaves policiais militares pertencerem à administração pública direta estadual


e serem classificadas como aeronaves civis públicas, conforme Marques (2006), estas se
vinculam às regras da aviação civil regulamentadas pela Agência Nacional de Aviação Civil
(ANAC). Neste contexto, as operações aéreas de segurança pública e de defesa civil são
também normatizadas pelo Regulamento Brasileiro de Homologação Aeronáutica (RBHA) nº
91, que trata das “Regras gerais de operação para aeronaves civis” mais detidamente em
sua subparte K, que vem estabelecer normas e procedimentos para a atividade aérea de
segurança pública e defesa civil, face à sua peculiaridade.

11 Departamento de Aviação Civil, hoje denominado ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil)
12 Documento destinado a agilizar as decolagens de aeronaves da PMMG em missões policiais ou de defesa
civil, através da redução de informações que o piloto precisa transmitir ao órgão de controle de tráfego aéreo.
13 Diretoria de Eletrônica e Proteção ao Voo.
51

91.961 – [CONDIÇÕES ESPECIAIS DE OPERAÇÃO


(a) O DAC, "a priori", autoriza as seguintes condições especiais de
operação, que excepcionam as disposições gerais deste regulamento, em
operações aéreas de segurança pública e/ou de defesa civil, desde que o
objetivo seja a proteção e o socorro público. Cabe ao Órgão estabelecer
programas de treinamento e procedimentos de operação padrão e de
segurança de vôo com a finalidade de orientar a conduta das tripulações em
tais condições especiais.]
14
(1) dispensa do relatório requerido pelo parágrafo 91.3(c) , nos casos de
emergência não envolvendo a aeronave propriamente dita mas sim
terceiros.
(2) [cancelado.
15
(3) dispensa das exigências estabelecidas no parágrafo 91.102(d) deste
RBHA para pousos e decolagens em locais não homologados ou
registrados, bem como em áreas de pouso eventual.
16
(4) dispensa das exigências estabelecidas no parágrafo 91.102(e) deste
RBHA para o embarque ou desembarque de pessoas da aeronave com os
motores em funcionamento.]
(5) [cancelado.]
(6) cancelado.
(7) cancelado.
(b) [As condições especiais de operação que excepcionam as disposições
gerais deste regulamento, relativas ao controle de tráfego aéreo, emitidas
17
pelo DECEA devem ser coordenadas entre o Órgão envolvido e as
Unidades locais do referido Departamento.
(c) Para autorizar ou executar uma operação aérea nos termos dos
parágrafos (a) e (b) desta seção, o Órgão e/ou o comandante da aeronave
envolvida deve gerenciar os riscos considerando, entre outros:]
(1) se os riscos criados pela operação não irão agravar uma situação já por
si grave;
(2) se os riscos criados pela operação em relação a terceiros são válidos
em termos de "custo-benefício";
(3) se os riscos assumidos na operação são aceitáveis face aos objetivos da
mesma; e
(4) se as tripulações envolvidas estão adequadamente treinadas e aptas à
execução da missão.
(d) [Nenhum Órgão pode autorizar a execução de uma operação aérea de
segurança pública e/ou de defesa civil que conflite com o tráfego aéreo
existente no espaço aéreo envolvido.] (BRASIL, 2003, p. 68)

No RBHA 91, a conceituação de operação aérea de segurança pública e a discriminação


das atividades que lhe são afetas assemelham-se às descritas no item 7.1 da ICA 100-4,
sendo que o RBHA 91, em sua subparte K autoriza o desvio a algumas regras do próprio
RBHA, como pouso e decolagem em local não homologado, embarque e desembarque de
passageiros com os rotores girando, entretanto, somente quando o emprego aéreo tiver a
finalidade de proteção e socorro públicos, cabendo ao piloto em comando, gerenciar os

14 “Cada piloto em comando que desviar-se de uma regra conforme o parágrafo (b) desta seção deve enviar
um relatório escrito ao DAC (SERAC) descrevendo o desvio e o motivo do desvio.” (BRASIL, 2003)
15 “Exceto como previsto no parágrafo 91.325 deste regulamento, nenhuma pessoa pode utilizar um aeródromo,
a menos que ele seja registrado e aprovado para o tipo de aeronave envolvido e para a operação proposta
(BRASIL, 2003)
16 “Nenhum piloto em comando de uma aeronave pode permitir que passageiros embarquem ou
desembarquem de sua aeronave com o(s) motor(es) da mesma em funcionamento […]” (BRASIL, 2003)
17 Departamento de Controle do Espaço Aéreo
52

riscos envolvidos, a viabilidade e o custo-benefício da operação, bem como compete ao


órgão operador da aeronave, proporcionar treinamento e procedimentos operacionais
padrão que capacitem suas tripulações a operarem em condições especiais.

Elencados os aspectos legais inerentes à missão constitucional da Polícia Militar e a


inserção do radiopatrulhamento aéreo com um dos tipos de policiamento ostensivo a serem
desempenhados pela organização, bem como seu respaldo na legislação aeronáutica,
prosseguir-se-á na descrição do serviço de radiopatrulhamento aéreo no contexto de seu
emprego pela PMMG.

4.3 Portfólio de serviços do Batalhão de Radiopatrulhamento Aéreo da Polícia Militar


de Minas Gerais

Tendo-se em vista a missão constitucional da PMMG, exercida através de ações de polícia


ostensiva e preservação da ordem pública, e a necessidade da Instituição dar respostas
efetivas e imediatas, em face de eventos quer seja criminosos ou catastróficos que excedem
a capacidade do policiamento ordinário, estrutura-se o Btl RpAer, como uma das forças de
reação 18 do Comando-Geral, subordinado ao Comando de Policiamento Especializado
(CPE), sendo a unidade especializada da Instituição capaz de desempenhar diversas
atividades aéreas nos campos de polícia ostensiva, meio ambiente, defesa civil e socorros
de urgência, que potencializam a atuação das frações terrestres na preservação e
reestabelecimento da ordem pública.

O Manual Técnico-científico 3.04.07/2013-CG, também denominado “Caderno Doutrinário 7”


foi elaborado com intuito de regular a prática policial militar especial de emprego de
aeronaves na PMMG e estabelecer as atividades aéreas previstas para o Btl RpAer nas
diversas esferas de atuação (MINAS GERAIS, 2013b).

No campo de polícia ostensiva, o serviço de radiopatrulhamento aéreo pode ser aplicado no


policiamento ostensivo geral, em ocorrências de alta complexidade, no trânsito urbano e
rodoviário, em eventos artísticos e desportivos, no controle de distúrbios civis e cumprimento
de mandados, em rebeliões em estabelecimentos prisionais, no combate ao crime
organizado e em operações de reintegração de posse, conforme as seguintes situações:

18 “São Unidades especiais subordinadas ao Comando de Policiamento Especializado (CPE) destinadas a


atuar em casos de graves perturbações da ordem, em ocorrências que extrapolem a capacidade de
atendimento pelas UEOp/RPM, ou exijam o emprego de técnicas especiais” (MINAS GERAIS, 2010a, p. 71).
53

a) ações de acompanhamento, interceptação, cerco e bloqueio, auxiliando


na segurança dos policiais em terra durante a abordagem e impedindo a
fuga dos indivíduos a serem abordados, possibilitando ainda a descrição
antecipada das rotas de fuga;
b) transporte de tropa para recobrimento e atuação em ocorrências de alta
complexidade;
c) traslado de autoridades, com as vantagens de segurança e rapidez;
d) auxílio à captura de cidadãos infratores, homiziados em matas e locais de
difícil acesso;
e) apoio em rebelião em estabelecimentos prisionais, tanto na contenção
dos rebelados, quanto no deslocamento dos times táticos aos locais
estratégicos de ação; possibilita também o auxílio no planejamento, controle
e repressão a ocorrências de fuga de presos, propiciando uma rápida e
abrangente avaliação do local, de forma a auxiliar a operação e
acompanhar o seu desencadeamento;
f) acompanhamento do trânsito urbano e rodoviário, orientação de vias
alternativas e identificação de locais de contenção;
g) escoltas envolvendo grande quantidade de valores, presos de alta
periculosidade, cargas de armas e munições de forças públicas;
h) apoio a policiais em situação de emergência, potencializando segurança
durante as abordagens e protegendo-os de emboscadas ou acidentes que
possam estar além de seu alcance visual;
i) plataforma de observação em apoio às tropas especializadas, em conflitos
agrários, movimentos grevistas e reivindicatórios;
j) patrulhamento ostensivo preventivo, reduzindo índices de criminalidade e
aumentando a sensação de segurança da população;
k) identificação e informação aos respectivos órgãos interessados, em
casos de invasão, áreas de cultivo de plantas tóxicas, criação clandestina
de animais, ocupação de áreas de risco e invasão de terrenos alheios;
l) localização de desmanches de veículos, produtos de roubo/furto
abandonados em locais de difícil acesso e visualização por terra;
m) repressão imediata aos crimes contra o patrimônio, permitindo uma
rápida busca nas imediações do local onde se deu o evento criminoso,
auxiliando as viaturas e o trabalho dos policiais no solo, orientando sua
distribuição no terreno;
n) apoio às ocorrências com reféns, desestimulando a atuação dos
criminosos;
o) auxílio, de forma imprescindível, no controle de multidões, durante a
realização de eventos desportivos ou culturais, carreatas ou manifestações;
nesses casos, a completa visualização da massa humana permite a
otimização dos recursos disponíveis para a segurança;
p) realização de filmagens e fotos a fim de auxiliar no planejamento de
operações. (MINAS GERAIS, 2013b, p. 47-48)

Devido à sua versatilidade, autonomia, capacidade de superar distâncias e obstáculos e de


posicionar-se estrategicamente como plataforma de observação, o helicóptero apresenta
uma série de vantagens para seu emprego no policiamento ostensivo: ação-resposta rápida
frente a criminalidade; aumento da área de influência dos esforços policiais por sua
flexibilidade e mobilidade; supre necessidades não possíveis de serem atendidas pelo
policiamento ordinário; provoca impacto psicológico de fortalecimento da presença policial e
de prevenção criminal durante as intervenções, gerando desestabilização e debilitação
psicológica no agente infrator e desestímulo a uma possível prática criminosa; permite
mapear e identificar situações que venham a alterar a ordem social e por fim, permite aos
comandantes, durante as intervenções policiais, o entendimento mais completo da situação,
54

viabilizando o processo de tomada de decisão e de coordenação e controle dos esforços no


teatro de operações (MINAS GERAIS, 2013a).

Além de seu emprego no policiamento ostensivo, o serviço de radiopatrulhamento aéreo


pode ser aplicado no campo do meio ambiente, em ações de fiscalização ambiental e no
combate a incêndios florestais:
a) fiscalização ambiental: [...] localização de pontos de degradação
ambiental como acampamentos clandestinos de caça e pesca, desmates
em áreas de difícil acesso, garimpos irregulares e outros, agindo de forma
rápida na localização destes pontos e orientando as equipes terrestres
responsáveis
pela aplicação da legislação, além de atuar preventivamente graças ao seu
alto poder ostensivo,
b) combate a incêndio florestal: [...] voo de avaliação e definição de
estratégia; traslado de combatentes/brigadistas; coordenação e controle;
transporte de material; combate direto, utilizando-se o bambi bucket;
resgate de pessoas; rescaldo, medição da área queimada; apoio à perícia
técnica (MINAS GERAIS, 2013, p. 87, apud COSTA JUNIOR, 2013, p. 53).

No campo da defesa civil 19 e de socorros de urgência 20 , o Manual Técnico-científico


3.04.07/2013-CG (MINAS GERAIS, 2013b) descreve que tanto o avião como o helicóptero
podem ser empregados a favor das vítimas e necessitados, sendo uma ferramenta à
disposição do comando das operações. Além do serviço de radiopatrulhamento aéreo que
pode ser realizado em virtude de saques, depredações e crimes correlatos que podem
ocorrer nos locais de desastres e acidentes, o Btl RpAer pode desempenhar as seguintes
missões aeropoliciais:
a) transporte de equipes de atendimento pré-hospitalar e de resgate, bem
como seus respectivos equipamentos;
b)sobrevoo com equipes técnicas para levantamento da área para
identificação de algum ponto crítico que exija uma medida emergente;
c) sobrevoo com a equipe responsável pelo policiamento de trânsito para
avaliação do tráfego nas vias adjacentes, se o local exigir;
d) resgate de pessoas utilizando os recursos que o helicóptero dispõe, bem
como de técnicas apropriadas;
e) sobrevoo com equipes técnicas para levantamento e identificação de
pontos seguros para onde possam ser transportados os sobreviventes em
rotas de fuga, se necessário;
f) transporte de alimentos, medicamentos e demais assistências
humanitárias (MINAS GERAIS, 2013b, p. 84).

Apesar de tratar-se de uma Unidade Especializada, o Btl RpAer possui um vasto campo de
atuação, e conforme menciona a minuta da Diretriz de Emprego de Aeronaves (MINAS
GERAIS, 2013a) para que estes serviços de radiopatrulhamento aéreo outrora mencionados,

19 […] conjunto de ações preventivas, de socorro, assistenciais e recuperativas, destinadas, a preservar o


moral da população, restabelecer a normalidade social, e a evitar ou minimizar os desastres (MINAS
GERAIS, 2013, p. 83).
20 São todas as situações que vitimam pessoas e que precisam de transporte rápido e seguro para um
atendimento médico adequado (MINAS GERAIS, 2013, p. 83).
55

sejam de alta qualidade para as tropas terrestres apoiadas bem como para a sociedade,
compete ao Btl RpAer manter a sua infraestrutura em condições de responder prontamente
às demandas surgidas para suas aeronaves e tripulações, a partir de uma política orientada
para o contínuo treinamento e qualificação de seus recursos humanos, e uma atuação
focada na manutenção de suas aeronaves, na atividade de apoio de solo e na segurança de
voo.

4.4 Doutrina de emprego de aeronaves da Polícia Militar de Minas Gerais

Ao aproximar-se dos 28 anos de efetiva operação, o Btl RpAer, desde 1987 tem cooperado,
juntamente às demais Unidades de Execução Operacional da PMMG, no cumprimento da
missão constitucional da instituição, e mediante a utilização da tecnologia presente nas
aeronaves e nos equipamentos que lhe são intrínsecos, tem procurado maximizar as ações
e operações policiais militares decorrentes da criminalidade existente e das demandas por
segurança pública, provenientes dos conflitos sociais da atualidade.

Para que a atividade aérea seja prestada com eficácia, eficiência e efetividade, sendo
percebida pela sociedade e pelo público interno da organização, como um serviço de
qualidade, é necessário que os procedimentos inerentes ao serviço sejam ajustados,
padronizados e replicados aos prestadores do serviço e demais integrantes da organização.
Neste sentido, conforme cita Costa Junior (2013), em julho de 2013 foi encaminhada ao
Estado-Maior da Polícia Militar (EMPM), uma proposta de diretriz de emprego de aeronaves,
elaborada pelo Btl RpAer, com a finalidade de orientar o planejamento, execução e
coordenação e controle do uso das aeronaves da PMMG em todo território mineiro.

A proposta de Diretriz de emprego de aeronaves (MINAS GERAIS, 2013a) ainda encontra-


se aguardando aprovação, entretanto, de seu conteúdo, pode-se extrair a doutrina de
emprego do recurso aéreo da Instituição, a qual vem sendo consolidada e solidificada ao
longo da existência do Btl RpAer. Conforme citado anteriormente, o emprego de aeronaves
no contexto da segurança pública e da defesa civil é amparado na legislação aeronáutica,
por condições especiais, devido aos riscos inerentes a estas operações, o que remete à
necessidade de que o serviço de radiopatrulhamento aéreo seja pautado pela observância
dos seguintes pressupostos básicos.
56

a) Rapidez no acionamento

A “rapidez no acionamento do recurso aéreo” é um dos pressupostos básicos para o


emprego de aeronaves, e conforme descreve a respectiva minuta de Diretriz (MINAS
GERAIS, 2013a, p. 16), uma das principais vantagens da utilização de aeronaves no
policiamento ostensivo é a velocidade de resposta que estas proporcionam, sendo que
quanto mais oportuno e ágil o acionamento da aeronave se der, maiores as chances de
sucesso na missão para qual o recurso aéreo foi empenhado.

Verifica-se que a rapidez no acionamento do recurso aéreo é um pressuposto que, em


primeira instância, é de responsabilidade das tropas terrestres, que na condição de
demandantes, devem solicitar o apoio aéreo com a devida rapidez. Entretanto, cabe
observar que para que o apoio aéreo seja acionado de forma ágil, é necessário que o
referido recurso esteja disponível e seja acessível com facilidade pelo demandante. Portanto,
a rapidez no acionamento do recurso aéreo é um pressuposto que para ser cumprido em
sua plenitude, impõe ao Btl RpAer, como prestador do serviço aeropolicial, a
responsabilidade de manter o recurso aéreo disponível e acessível às tropas terrestres com
facilidade, o que redundará, sob a perspectiva da acessibilidade e disponibilidade, num
aspecto positivo para o atingimento da qualidade do serviço de radiopatrulhamento aéreo.

b) Emprego lógico

Devido ao risco inerente à atividade aérea policial, a utilização da aeronave nas


intervenções de polícia, meio ambiente ou defesa civil, deve pautar-se por um criterioso
julgamento, tendo-se em vista a segurança de voo e a relação custo-benefício de sua
aplicação, o que a minuta da diretriz de emprego de aeronaves da PMMG elenca como
“emprego lógico” (MINAS GERAIS, 2013a). No enfoque deste pressuposto, a aeronave
policial militar, deve ser empregada com o objetivo de melhorar o desempenho operacional
das frações terrestres quer seja nas ações repressivas ou no policiamento preventivo, o qual
deverá ser planejado e fundamentado mediante dados estatísticos de criminalidade.

O emprego lógico de aeronaves é, portanto, um pressuposto que contém os aspectos de


custo, segurança e respeito à norma, os quais se observados, contribuem para determinar a
qualidade do serviço de radiopatrulhamento aéreo. O custo está presente no emprego lógico,
não somente devido ao gasto financeiro demandado para a realização do voo, mas também
na avaliação do risco inerente a determinada atividade pretendida e se este risco é
compatível ou extrapola o benefício almejado.
57

c) Segurança preventiva e repressão qualificada

A “segurança preventiva e repressão qualificada” é o terceiro pressuposto elencado pela


doutrina (MINAS GERAIS, 2013a) que prevê a aplicação do recurso aéreo em ações
policiais tanto preventivas quanto de repressão à criminalidade, devendo seu emprego ser
realizado com a seguinte orientação:
[…] em zonas quentes de criminalidade, ou em locais de risco, ou em
grandes corredores de trânsito, ou em eventos de grande porte, ou ainda
em ações de cunho humanitário ou assistencial. Nas ações e operações
reativas, o incremento do emprego do helicóptero, deve visar à melhoria da
qualidade dos serviços da Polícia Militar (MINAS GERAIS, 2013a, apud
COSTA JUNIOR, 2013, p. 51).

Verifica-se que no contexto da segurança preventiva e repressão qualificada, o sobrevoo


das aeronaves da PMMG deve ser realizado para o atingimento de objetivos específicos,
que seja na prevenção como na repressão, não sendo cabível seu emprego de forma
aleatória.

d) Escalonamento de esforços

O “escalonamento de esforços” é o quarto pressuposto básico para emprego de aeronaves,


que conforme a doutrina (MINAS GERAIS, 2013a), refere-se aos modelos operacionais
adotados pela PMMG, frente às demandas existentes. Há, portanto, o modelo territorial,
focado na prevenção criminal e alicerçado na filosofia de polícia comunitária e o modelo de
recobrimento, direcionado para proporcionar respostas qualificadas e estratégicas face aos
fenômenos criminais incidentes, sendo neste último modelo, segundo Costa Junior (2013) o
contexto no qual o Btl RpAer exerce seu papel.

e) Integração e interação ar-solo

Para que haja um melhor aproveitamento da aeronave policial no teatro de operações, é


necessário que as comunicações entre a guarnição aérea e as tropas em solo fluam
satisfatoriamente, o que a doutrina prescreve como “integração e interação ar-solo” (MINAS
GERAIS, 2013a). Os recursos policiais aéreos e terrestres, quando em uma mesma
ocorrência ou operação, devem operar para o alcance de um mesmo objetivo, entretanto,
ambos encontram-se em ambientes físicos distintos. A existência de canais de comunicação
entre estes recursos é fundamental para o processo de troca de informações, principalmente
devido ao grande fluxo de informações que circulam na rede de rádio e às constantes
mudanças que ocorrem nas ocorrências policiais de maneira geral.
58

Sob a perspectiva de que no teatro de operações a aeronave está prestando um serviço às


tropas em solo, no que tange à interação e integração ar-solo, o serviço de
radiopatrulhamento aéreo será realizado com qualidade na medida em que houver um bom
canal de comunicação entre aeronave e tropas terrestres e que as informações
compartilhadas neste canal redundarem em um melhor desempenho operacional desta
tropa e consequentemente no atingimento dos objetivos propostos para a referida atuação.

f) Conhecimento da missão

Outro pressuposto básico abordado pela doutrina de emprego de aeronaves é o


“conhecimento da missão”, que segundo trata a minuta de diretriz (MINAS GERAIS, 2013a),
envolve o papel da fração policial militar em transmitir oportunamente e de maneira
fidedigna, as informações necessárias ao engajamento da aeronave em intervenções
policiais. Por outro lado, compete às equipes de serviço no Btl RpAer e nas CoRpAer
desconcentradas, atentarem para o andamento das ocorrências de sua área de atuação, e
engajarem-se, de iniciativa, naquelas em que o emprego da aeronave for necessário. Além
disso, devem realizar o levantamento de informações para atuação eficaz da aeronave e o
acompanhamento dos resultados de seu emprego. Cada intervenção, ocorrência ou
operação policial para qual a aeronave é demandada, possui circunstâncias e contextos
distintos, resultando em expectativas e necessidades diferentes por parte dos policiais
militares que necessitam do apoio aéreo.

g) Gestão por resultados

Conforme menciona a doutrina de emprego de aeronaves (MINAS GERAIS, 2013a, p. 20),


os recursos aéreos da PMMG devem ser empregados de forma estratégica, sob um enfoque
técnico-científico que vise o atingimento de metas. Neste aspecto, estabelece-se o
pressuposto de “gestão por resultados” sobre o qual Costa Junior (2013) traz o seguinte
entendimento:
torna-se necessário o planejamento de estratégias e táticas de intervenção
sob um enfoque técnico-científico, pautado por indicadores de desempenho
de produtividade, visando o alcance de metas. Nesse sentido, o emprego de
helicópteros da PMMG, em apoio às ações e as operações policiais, deve
se constituir numa tecnologia com capacidade para potencializar as
intervenções policiais e alterar cenários em crise (MINAS GERAIS, 2013a,
apud COSTA JUNIOR, 2013, p. 52).
59

h) Polícia para cidadania

O “programa polícia para a cidadania” é um dos pressupostos elencados pela minuta da


Diretriz de emprego de aeronaves (MINAS GERAIS, 2013a), que orienta a atuação do Btl
RpAer no sentido contribuir para o desenvolvimento da cidadania mediante interação da
Unidade aérea com grupos escolares. Através de visitas às frações de radiopatrulhamento
aéreo, valores éticos e morais são ministrados às crianças e jovens com intuito de contribuir
para a cidadania.

i) Coordenação e controle

As atividades de coordenação e controle são exercidas em todos os níveis da PMMG, com o


objetivo de proporcionar aos Comandantes, nos diversos níveis, o acompanhamento e
avaliação do desenvolvimento das atividades de seus comandados e dos recursos a eles
intrínsecos. No cumprimento da atividade-fim da organização, o helicóptero, por ser uma
excelente plataforma de observação, potencializa a atuação das guarnições terrestres em
sua atuação, sendo a “Coordenação e controle” um dos pressupostos do seu emprego que
possui representatividade na determinação da qualidade do serviço policial militar na medida
em que fortalece a sua eficiência (MINAS GERAIS, 2013a).

Além dos pressupostos elencados, Costa Junior (2003, apud COSTA JUNIOR, 2013)
acrescenta outros aspectos inerentes à qualidade do serviço de radiopatrulhamento aéreo:
Estruturação adequada da base terrestre, preferencialmente em aeroporto; treinamento
contínuo da tripulação e do corpo técnico; rigorosa manutenção de aeronaves e
equipamentos e estabelecimento de uma cultura voltada para a segurança de voo.
60

5 METODOLOGIA

Esta seção apresenta a metodologia utilizada para a realização da pesquisa, em que


buscar-se-á caracterizá-la quanto ao tipo, natureza, técnicas e procedimentos empregados.

A pesquisa originou-se na indagação sobre a qualidade do serviço de radiopatrulhamento


aéreo prestado pela 2ª CoRpAer, a partir da percepção dos policiais militares executores e
usuários deste serviço no município de Uberlândia. Portanto, quanto à forma de abordagem
do problema, trata-se de um trabalho que combina técnicas quantitativas e qualitativas em
sua análise.

Em virtude do objetivo proposto, a pesquisa caracteriza-se como exploratória, a qual


assume a forma de estudo de caso, pois conforme menciona Gil (2002), este tipo de
pesquisa visa “explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente definidos
[…] e descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação”
(p. 54).

No caso da presente pesquisa, a situação da vida real ainda desconhecida, bem como o
contexto da presente investigação, referem-se à percepção que os usuários e executores do
serviço de radiopatrulhamento aéreo da 2ª CoRpAer possuem a respeito da qualidade deste
serviço, no que diz respeito à sua aplicação ao policiamento ostensivo de Uberlândia.

O levantamento dos principais fatores determinantes da qualidade do serviço de


radiopatrulhamento aéreo aplicado ao policiamento ostensivo na PMMG, realizou-se a partir
de técnicas de documentação indireta em pesquisas documentais (fontes primárias) e
bibliográficas (fontes secundárias).

Como fontes primárias, foram coletadas informações a partir dos principais documentos
elencados que regulam o emprego de aeronaves pela PMMG no policiamento ostensivo:
Diretriz Geral para Emprego Operacional da PMMG (MINAS GERAIS, 2010a), minuta da
Diretriz de emprego de aeronaves da PMMG (MINAS GERAIS, 2013a), e o Manual Técnico-
científico 3.04.07/2013-CG (MINAS GERAIS, 2013b), os quais contém a missão, doutrina de
emprego, o portfólio de serviços e os pressupostos básicos para aplicação do recurso aéreo
no policiamento ostensivo, e que foram descritos nas seções 3 e 4, sob a perspectiva dos
critérios determinantes da qualidade em serviços elencados por Lobos (1993),
Parasuraman, Zeithaml e Berry (2006), Gianesi e Correa (1996), Grônroos (2006) e Costa
Junior (2013), Pimenta (2011), abordados na seção 2, os quais se constituem nas fontes
61

secundárias da pesquisa.

As informações a respeito da estrutura de radiopatrulhamento da 2ª CoRpAer foram obtidas


inicialmente mediante pesquisa bibliográfica em monografias de oficiais da PMMG com
experiência na atividade aérea como Costa Junior (2003), Costa Júnior (2013), Silva (2010),
Marques (2006). Além destas fontes secundárias, o levantamento de dados a ser
apresentado na seção 6, ocorreu mediante a utilização de técnica de documentação direta,
através de pesquisa de campo quantitativa descritiva, com observação direta intensiva, a
qual se procedeu mediante a própria experiência do pesquisador, que desde 2010 está
lotado na respectiva Unidade Aérea, onde exercia a função de comandante de operações
aéreas e responsável pela subseção de planejamento e operações.

A verificação da percepção da qualidade do serviço de radiopatrulhamento aéreo aplicado


pela 2ª CoRpAer no policiamento ostensivo, sob a perspectiva dos Comandantes de
Unidade, Oficiais e praças que atuam em Uberlândia, a ser apresentada na seção 7,
procedeu-se mediante utilização de técnicas de observação direta intensiva e extensiva.

A observação direta intensiva constituiu-se mediante a realização de 7 entrevistas semi-


estruturadas, conforme roteiros acostados nos Apêndice A e B. O universo de entrevistados
foi composto de oficiais da PMMG que no período de junho a novembro de 2014 exerceram
função de comando das seguintes Unidades: 9ª Região de Polícia Militar (RPM), 17º
Batalhão de Polícia Militar (BPM), 32º BPM, 9ª Companhia de Missões Especiais (9ª Cia
MEsp), 9ª Companhia de Polícia Militar Independente de Meio Ambiente e Trânsito (9ª Cia
PM IND MAT), 2ª CoRpAer e Centro de Operações Policiais Militares (COPOM).

As entrevistas foram realizadas e gravadas pelo pesquisador, sendo que os entrevistados


tiveram total liberdade para expor suas percepções, o que possibilitou agregar informações
importantes e enriquecedoras para a pesquisa.

As autoridades entrevistadas foram escolhidas por estarem no exercício de função de


comando de Unidades de Execução Operacional com atuação no município de Uberlândia,
as quais são diuturnamente apoiadas pelo recurso aéreo da 2ª CoRpAer, e conforme prevê
a DGEOp (MINAS GERAIS, 2010) por serem os responsáveis por todo tipo de ocorrência
policial nos respectivos limites de atuação, bem como pelo planejamento e a execução de
ações que antecipem os problemas de segurança pública e proporcionem respostas de
qualidade às necessidades de suas respectivas circunscrições ou especificidades. A
identidade dos entrevistados foi preservada, sendo que ao mencionar suas falas na seção 7,
62

estes foram identificados aleatoriamente como entrevistado 1, entrevistado 2, entrevistado 3


e assim por diante.

Para a observação direta extensiva, conforme ensina Marconi e Lakatos (2003), utilizou-se
do questionário, como instrumento de coleta de dados. Foram elaborados dois modelos de
questionários, destinados respectivamente para dois grupos de policiais militares
respondentes, sendo o primeiro grupo formado pelos integrantes da 2ª CoRpAer,
excetuando-se o seu Comandante, perfazendo um total de 18 respondentes, conforme
Apêndice C.

Um segundo modelo de questionário (Ver Apêndice D) foi destinado censitariamente ao


grupo de policiais militares, lotados nas Companhias de Polícia Militar de Uberlândia, que
atuaram em conjunto com a aeronave Pégasus da 2ª CoRpAer em algum tipo de operação
ou intervenção no período de junho a novembro de 2014, conforme dados extraídos dos
Registros de Evento de Defesa Social (REDS) em que houve atuação da aeronave em poio
às frações terrestres de Uberlândia no período mencionado, pois conforme explica Rossi e
Slongo (1998), uma pesquisa que vise identificar junto aos clientes e usuários, aspectos
positivos e negativos de determinado serviço, não deve exceder 6 (seis) meses da última
experiência com determinado serviço:
A população dessa fase da pesquisa deve constituir-se de clientes com
experiência recente nas relações com a empresa. Tal proximidade é
indispensável para que o cliente tenha mais certeza acerca dos aspectos
positivos e negativos decorrentes da interação com a empresa avaliada.
Julgamos que este tempo não deva exceder a seis meses. Segundo
nossas avaliações em pesquisas já realizadas, quando a última compra
ocorreu há mais de seis meses o cliente começa a ter dificuldades para
lembrar com a devida precisão o que e como aconteceu nas suas relações
com a empresa; portanto a população da pesquisa, nesse caso, é
delimitada por todos os clientes da empresa que tenham realizado alguma
compra nos últimos seis meses (ROSSI; SLONGO, 1998, p. 116, grifo
nosso).

Cada REDS contém um campo denominado “Militares/policiais integrantes” no qual são


identificados os policiais militares que participaram daquela intervenção. Portanto, trata-se
de uma amostragem não probabilística e intencional. Cabe ressaltar que para cada
sobrevoo gerado para uma aeronave do Btl RpAer, há o registro dos dados deste voo no
diário de bordo da aeronave e no sistema Pégasus21, onde há a descrição da natureza,
data, hora, local e breve histórico do sobrevoo, bem como o número do Boletim de
ocorrência ou REDS da respectiva atuação.

21 Banco de dados referentes aos voos realizados pelo Batalhão de Radiopatrulhamento Aéreo da PMMG os
quais são alimentados a partir das informações extraídas dos Diários de Bordo das aeronaves.
63

Ao abordar a respeito dos usuários do serviço de radiopatrulhamento aéreo em seu trabalho


monográfico, Pimenta (2011, p. 52), explica que o conjunto de usuários deste serviço é
formado por “usuários-alvo” e “usuários imediatos”. Aquele é composto pelos membros da
sociedade os quais constituem os usuários finais dos serviços da Instituição, enquanto estes
representam as frações e Unidades da PMMG que diante da necessidade da intervenção
policial, demandam diretamente o serviço.

Para os fins desta pesquisa, delimitou-se o estudo a partir das percepções do grupo de
policiais militares executores do serviço de radiopatrulhamento aéreo pela 2ª CoRpAer, em
comparação com as percepções do grupo de usuários imediatos do serviço, o qual se
compõe dos comandantes das Unidades da PMMG apoiadas pelo serviço de
radiopatrulhamento aéreo em Uberlândia e pelos oficiais e praças, também pertencentes a
estas Unidades, os quais foram diretamente apoiados pelo recurso aéreo em ocorrências
policiais no período de junho a novembro de 2014.

Os questionários desta pesquisa foram elaborados utilizando-se da escala de Likert, em que


foram apresentadas 20 afirmativas relacionadas ao serviço de radiopatrulhamento aéreo
prestado pela 2ª CoRpAer, nas quais os respondentes se posicionaram conforme o nível de
concordância atribuído a cada item.

Tendo-se em vista que, conforme Rossi e Slongo (1998) não há uma definição clara de qual
tipo de escala é ideal para todas as pesquisas, e que se deve buscar uma escala que
atenda aos objetivos propostos na pesquisa, optou-se por elaborar uma escala de 5 pontos,
os quais corresponderam a 5 (cinco) níveis possíveis de concordância, os quais foram
numerados de 1 a 5, os quais apresentaram a seguinte legenda: [1] Discordo totalmente; [2]
Discordo; [3] Não concordo, nem discordo; [4] Concordo; [5] Concordo totalmente.

Os questionários foram enviados aos policiais militares pertencentes ao 17º BPM, 32º BPM,
COPOM, 9ª Cia MEsp, 9ª Cia Ind MAT , sendo este universo composto de 48 oficiais e 155
praças, totalizando 203 policiais militares. Destes, somente 68 retornaram os questionários
preenchidos, dos quais 50% é composto de oficiais e 50% composto de praças, o que
representa um percentual de 33,5% do total de questionários enviados. Também foram
expedidos 18 questionários direcionados aos integrantes da 2ª CoRpAer, sendo que 17
foram devidamente preenchidos, o que representa 94,4% do total.

O questionário foi composto de um cabeçalho visando à identificação funcional do


64

respondente e coleta de algumas informações como função exercida quando da atuação em


conjunto com a aeronave e se já havia recebido instrução sobre emprego de aeronave nos
últimos 2 anos. O restante do questionário foi composto de 20 questões, em formato de
afirmativas, as quais era obrigatório o preenchimento. Além destas, ao final, foram
destinadas duas questões abertas para comentários das questões e sugestões visando a
melhoria da qualidade do serviço de radiopatrulhamento aéreo da 2ª CoRpAer.

A partir dos dados coletados, e apesar da não totalidade de respostas aos questionários
enviados, foi possível realizar uma análise do serviço de radiopatrulhamento aéreo prestado
pela 2ª CoRpAer aplicado no policiamento ostensivo de Uberlândia, sendo possível
identificar através dos usuários e prestadores deste serviço, quer seja praças em função de
execução, como oficiais em função de coordenação e comando de Unidades, a percepção
destes a respeito da qualidade do serviço de radiopatrulhamento aéreo prestado no período
de junho a novembro de 2014, de forma a viabilizar a construção de uma visão geral e
atualizada deste serviço e possibilitar o alcance dos objetivos propostos para esta pesquisa.

Tendo-se como referência os critérios determinantes da qualidade em serviços, conforme


literatura mencionada na seção 2, as diretrizes que norteiam a qualidade dos serviços
prestados pela PMMG, abordadas na seção 3, os pressupostos básicos pra emprego de
aeronaves, descritos na seção 4, verifica-se que os principais critérios que determinam a
qualidade deste serviço, os quais foram eleitos para serem analisados sob a perspectiva dos
executores e usuários do serviço são: acesso, disponibilidade, comunicação, velocidade de
atendimento, desempenho e sensação de segurança promovida pelo serviço de
radiopatrulhamento aéreo, conforme Quadro 1.

Quadro 1 – Critérios de qualidade estabelecidos para a análise do serviço de


radiopatrulhamento aéreo do 2ª CoRpAer em relação às questões
apresentadas nos questionários aplicados.
Critérios da qualidade do serviço de radiopatrulhamento aéreo Questões do questionário (Ver
em análise Apêndices C e D)
Disponibilidade 1,3
Acesso 2, 16
Comunicação e interação entre 2ª CoRpAer e usuários do 4, 6, 8,12
serviço
Velocidade de atendimento 5, 7
Desempenho 9, 10, 15, 17, 18, 19
Sensação de segurança promovida pelo serviço 11, 13, 14, 20
Fonte: Elaborado pelo autor.
65

Os critérios determinantes da qualidade do serviço, elencados no quadro 1 foram escolhidos


devido às características e peculiaridades referentes ao emprego de aeronaves por parte da
2ª CoRpAer, em apoio ao policiamento ostensivo no município de Uberlândia, bem como a
partir das percepções oriundas da experiência profissional do pesquisador como
comandante de operações aéreas na respectiva Companhia desde 2010, sendo que para
cada critério mencionado, foram elaboradas questões no questionário e no roteiro de
entrevistas, com intuito de buscar identificar as percepções dos executores e usuários do
serviço conforme as seguintes circunstâncias:

a) Acesso

No que diz respeito ao acesso ao serviço, buscou-se identificar a percepção dos


respondentes quanto a duas circunstâncias: a facilidade que os usuários tem de acesso a
informações sobre o horário de emprego da aeronave e a facilidade de acionamento do
recurso aéreo quando de demandas do policiamento ostensivo.

b) Disponibilidade

No que se refere à disponibilidade do serviço, três circunstâncias foram levantadas


buscando-se a percepção do público-alvo pesquisado: quando da necessidade do emprego
da aeronave em ocorrências policiais; quando de demandas no período noturno e quando
da necessidade de seu emprego em operações preventivas e programadas.

c) Comunicação e interação entre 2ª CoRpAer e usuários do serviço

No que diz respeito ao critério de comunicação e interação entre 2ª CoRpAer e usuários do


serviço, buscou-se identificar a percepção dos respondentes a respeito de quaro aspectos:
O feed-back prestado pela 2ª CoRpAer aos usuários no caso de impossibilidade de prestar o
apoio aéreo; o grau de informações que os usuários do serviço possuem a respeito das
limitações do emprego de aeronaves em ocorrências policiais; a interação ar-solo durante as
intervenções e a integração da 2ª CoRpAer com as demais Unidades da guarnição de
Uberlândia.

d) Velocidade de atendimento

A percepção dos grupos pesquisados a respeito da velocidade de atendimento se deu,


tendo-se como referência dois momentos da prestação do serviço: Entre o acionamento da
66

aeronave e a confirmação do seu emprego e entre a confirmação de seu emprego e a


chegada da aeronave ao local demandado.

e) Desempenho

No que concerne ao desempenho do serviço, seis aspectos orientaram a busca da


percepção do universo de respondentes pesquisado: o desempenho do farol de busca da
aeronave quando de ocorrências policiais no período noturno; a permanência da aeronave
nos locais de intervenção até o encerramento das diligências em que o apoio aéreo se faz
necessário; o grau de conhecimento das tripulações da 2ª CoRpAer a respeito do modus
operandi dos infratores de Uberlândia; a eficácia do recurso aéreo diante dos resultados
esperados; a possibilidade de emprego da aeronave em outras demandas que não foram
atendidas; o recurso aéreo como elemento indispensável para o sucesso das intervenções
para as quais foi demandado.

f) Sensação de segurança

Por fim, a percepção dos executores e usuários do serviço a respeito da sensação de


segurança promovida pelo emprego da aeronave se deu tendo como referência dois
aspectos: a sensação de segurança percebida pela tropa apoiada pela aeronave nos locais
de intervenção policial e os reflexos do emprego da aeronave na promoção da segurança
pública e na construção de um ambiente seguro em Uberlândia.
67

6 O SERVIÇO DE RADIOPATRULHAMENTO AÉREO DA 2ª COMPANHIA DE


RADIOPATRULHAMENTO AÉREO

Esta seção apresenta o serviço de radiopatrulhamento aéreo prestado pela 2ª CoRpAer,


tendo-se em vista a articulação operacional da PMMG para este serviço, a estrutura física
existente, seus recursos humanos e logísticos e o cenário do emprego de seu recurso aéreo
no período de junho a novembro de 2014.

6.1 Articulação Operacional para execução do serviço de radiopatrulhamento aéreo


pela Polícia Militar de Minas Gerais

A Diretriz Geral Para Emprego Operacional da PMMG (DGEOp), veio estabelecer os


padrões de articulação operacional de suas Unidades através de dois modelos operacionais:
o modelo Territorial, enfocado na prevenção criminal e baseado na filosofia de Polícia
Comunitária, em que as UEOp possuem responsabilidades dentro de determinada
delimitação geográfica. E o segundo modelo, denominado de Recobrimento, que funciona
em complementação ao primeiro, e busca oferecer respostas aos fenômenos de
criminalidade os quais exigem atuações mais qualificadas a serem exercidas por Unidades
Especializadas conforme a complexidade do caso concreto (MINAS GERAIS, 2010a).

O modelo de Recobrimento ou Supra-territorial, conforme ilustrado no Quadro 2, é


configurado em três esforços: o primeiro esforço de recobrimento, realizado em nível de
Batalhão ou Companhia Independente através do emprego de Companhias e Pelotões
Tático-Móvel. O segundo esforço de recobrimento ocorre em nível de Região de Polícia
Militar (RPM) através da atuação das Companhias de Missões Especiais. O terceiro esforço
de recobrimento possui maior abrangência territorial e ocorre mediante atuação das
Unidades que integram o Comando de Policiamento Especializado (MINAS GERAIS, 2010a).
68

Quadro 2 – Escalonamento dos esforços de recobrimento da Polícia Militar de Minas Gerais

Fonte: MINAS GERAIS, 2010a, p. 63


Nota: BPM = Batalhão de Polícia Militar; Cia PM Ind = Companhia de Polícia Militar Independente;
Cia TM = Companhia Tático-Móvel; Pel TM = Pelotão Tático-Móvel; RPM = Região de Polícia
Militar; Cia MEsp = Companhia de Missões Especiais; CPE = Comando de Policiamento
Especializado; BTL ROTAM = Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas; BPE = Batalhão
de Polícia de Eventos; Btl RpAer = Batalhão de Radiopatrulhamento Aéreo; RCAT =
Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes; GATE = Grupamento de Ações Táticas Especiais.

O Comando de Policiamento Especializado (CPE) subordina-se diretamente ao Comando-


Geral da PMMG, conforme ilustra a Figura 7 e de acordo com a DGEOp “é a Unidade de
Direção Intermediária (UDI22) responsável pela coordenação, controle e emprego das UEOp
de recobrimento especial em todo o Estado de Minas Gerais […] é ainda responsável pelas
Unidades especializadas com sede na capital, bem como as Frações PM desconcentradas
do Btl RpAer” (MINAS GERAIS, 2010a, p. 70).

22 Unidade de Direção Intermediária, subordinada diretamente ao Comando-Geral da PMMG. Responsável


pela implementação das diretrizes e políticas estabelecidas pelo Alto Comando (MINAS GERAIS, 2010a).
69

Figura 7 – Articulação Operacional do CPE e Btl RpAer


Fonte: Adaptado de MINAS GERAIS, 2010a.
Nota: BTL ROTAM = Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas; BPE = Batalhão de Polícia de
Eventos; Btl RpAer = Batalhão de Radiopatrulhamento Aéreo; RCAT = Regimento de Cavalaria
Alferes Tiradentes; GATE = Grupamento de Ações Táticas Especiais; BPGd = Batalhão de
Polícia de Guardas; BPMRv = Batalhão de Polícia Militar Rodoviária; Cia MAmb = Companhia
de Meio Ambiente.

Dentre as Unidades de recobrimento do Comando de Policiamento Especializado, insere-se


Btl RpAer, e conforme descreve Costa Junior (2013), até a década de 90 este tinha sua
estrutura concentrada na capital, entretanto, com intuito de buscar maior eficiência e
melhorar a capacidade de enfrentamento à criminalidade crescente no interior do Estado,
iniciou-se em 1999 o processo de desconcentração do radiopatrulhamento aéreo.

O serviço de radiopatrulhamento aéreo é prestado pela PMMG, conforme prevê a DEGOp


(MINAS GERAIS, 2010a), mediante articulação operacional do Btl RpAer em Companhias
23
de Radiopatrulhamento Aéreo, que devem atuar, a priori , em suas respectivas
macrorregiões, conforme ilustra a Figura 8.

23 Em caso de necessidade de emprego de aeronave fora da RPM de atuação, a alocação ocorrerá mediante
autorização do EMPM e coordenação do CPE” (MINAS GERAIS, 2010, p. 73).
70

Figura 8 – Articulação das Companhias de Radiopatrulhamento Aéreo do Btl RpAer


Fonte: Polícia Militar de Minas Gerais. Batalhão de Radiopatrulhamento Aéreo.
Seção de Planejamento e Operações.

A 1ª CoRpAer sediada em Belo Horizonte, em hangar dentro da cercania do aeroporto


Carlos Drummond de Andrade, na pampulha, é responsável pelo radiopatrulhamento aéreo
rotineiro na 1ª RPM (Belo Horizonte), 2ª RPM (Contagem), 3ª RPM (Vespasiano) e 7ª RPM
(Divinópolis) as quais integram a macrorregião central, juntamente com a 8ª RPM
(Governador Valadares) e 12ª RPM (Ipatinga).

A 2ª CoRpAer, localiza-se no município de Uberlândia e possui a responsabilidade de apoiar


a 5ª RPM (Uberaba), 9ª RPM (Uberlândia), 10ª RPM (Patos de Minas) e 16ª RPM (Unaí),
perfazendo a macrorregião do triângulo mineiro e noroeste. A 3ª CoRpAer, instalada em
hangar no aeroporto Mario Ribeiro, em Montes Claros, é responsável por apoiar a 11ª RPM
(Montes Claros), 14ª RPM (Curvelo) e 15ª RPM (Teófilo Otoni), as quais integram a
macrorregião do norte e nordeste.

Por fim, a 4ª CoRpAer, com sede no município de Juiz de Fora, responde pelo
radiopatrulhamento aéreo na 4ª RPM (Juiz de Fora), 6ª RPM (Lavras), 13ª RPM
(Barbacena), 17ª RPM (Pouso Alegre) e 18ª RPM (Poços de Caldas), compreendendo a
macrorregião da zona da mata e sul de minas. Conforme menciona Costa Junior (2013) o
projeto de desconcentração do Btl RpAer ainda prevê a instalação de bases de
radiopatrulhamento aéreo nos municípios de Governador Valadares e Varginha.
71

Conforme menciona a minuta da Diretriz de emprego de aeronaves (MINAS GERAIS,


2013a), tanto as Companhias desconcentradas quanto a 1ª CoRpAer na capital, exercem a
mesma função operacional no desempenho do serviço de radiopatrulhamento aéreo, o qual
deve orientar-se para o cumprimento da missão da Unidade Aérea como um todo, prevista
na DGEOp:
Unidade responsável pelo emprego de aeronaves de asas fixas (aviões) e
rotativas (helicópteros) da PMMG. Executa o radiopatrulhamento aéreo
rotineiro na RMBH e nas cidades do interior onde haja fração
desconcentrada e ações e operações programadas pelo EMPM e
coordenadas pelo CPE em todo o interior do Estado. A unidade é
responsável, ainda, por atuar em ocorrências de alta complexidade,
salvamento e socorro e calamidades, em apoio às outras UEOp (MINAS
GERAIS, 2010, p. 72).

Neste sentido e tendo-se em vista o enfoque da presente pesquisa, buscar-se-á na


sequência, compreender especificamente, a estrutura do serviço de radiopatrulhamento
aéreo prestado no município de Uberlândia pela 2ª CoRpAer24.

6.2 Estrutura de radiopatrulhamento aéreo da 2ª Companhia de Radiopatrulhamento


Aéreo

A instalação do serviço de radiopatrulhamento aéreo no município de Uberlândia, conforme


menciona Silva (2010), ocorreu mediante estudo elaborado pelo então Batalhão de Missões
Especiais (BME) no ano de 1999, em que foi verificada a necessidade de que este serviço
fosse desconcentrado para o interior do Estado, entretanto, como não havia possibilidades
logísticas de que sua implementação alcançasse todas as Regiões de Polícia Militar, criou-
se o conceito de macrorregião, ou seja, o ajuntamento de duas ou mais Regiões de Polícia
Militar, para fins de definição dos limites de atuação da Companhia de Radiopatrulhamento
aérea desconcentrada.

Uberlândia foi o município escolhido para primeiramente receber o serviço de


radiopatrulhamento aéreo de forma estruturada no interior do Estado, devido às suas
características demográficas, econômicas e principalmente pelas elevadas taxas de
criminalidade que apresentava à época. A cidade localiza-se no Triângulo Mineiro e também
pertence à Mesoregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Localiza-se a oeste de Belo
Horizonte, capital do estado, distando certa de 556 quilômetros, conforme ilustrado pela
figura 9.

24 Para maiores informações sobre radiopatrulhamento na PMMG, sugere-se a leitura de Marques (2006),
Costa Junior (2003), Costa Junior (2013), Silva (2010), Oliveira (2012), Pimenta (2011), Silva Junior (2005).
72

Figura 9 – Mapa de Minas Gerais com destaque para o município de Uberlândia


Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:MinasGerais_Municip_Uberlandia.svg>.

Sua população, segundo a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)


de 2014, é de 654.681 habitantes, sendo o município mais populoso da região do Triângulo
Mineiro e o segundo mais populoso de Minas Gerais, depois da capital. É também o
município mais populoso do interior mineiro e o quarto município mais populoso do interior
do Brasil. Ocupa uma área de 4.115 Km² , sendo que 135,3 Km² estão em perímetro urbano.
Possui densidade demográfica de 146,78 habitantes por km². Entre as diversas atividades
econômicas desenvolvidas no município, destaca-se por possuir o maior mercado atacadista
de distribuição de toda a América Latina e situa-se estrategicamente entre importantes
capitais brasileiras como Belo Horizonte, Brasília, São Paulo, Goiânia, Campo Grande e
Cuiabá (IBGE, 2014).

Devido às características e representatividade no contexto da segurança pública, o


município de Uberlândia atualmente é sede da 9ª Região de Polícia Militar e subordinam-se
operacionalmente à esta RPM as seguintes Unidades de Execução Operacional: 17º BPM,
responsável pelo policiamento ostensivo do setor leste de Uberlândia; 32º BPM, responsável
pelo policiamento ostensivo do setor oeste de Uberlândia, 9ª Cia PM Ind MAT, responsável
pelo policiamento ostensivo de trânsito rodoviário e meio ambiente de toda a 9ª RPM; 9ª Cia
MEsp, responsável pelo recobrimento e força de manobra da 9ª RPM e 2ª CoRpAer,
responsável pela execução do radiopatrulhamento aéreo da macrorregião do Triângulo
Mineiro e Noroeste de Minas Gerais (MINAS GERAIS, 2010a).
73

Na data de 16 de dezembro de 1999 foi instalado, na cidade de Uberlândia, juntamente com


o Grupamento de Missões Especiais (GME), o Grupamento de Radiopatrulhamento Aéreo
(GRAer), os quais constituíram a 2ª Companhia de Recobrimento, posteriormente
renomeada para 2ª Companhia de Missões Especiais (2ª Cia MEsp) e atualmente
denominada 9ª Companhia de Missões Especiais (9ª Cia MEsp). Entretanto, cabe ressaltar
que à época, o grupamento aéreo foi instalado sem definição de diretrizes para seu
emprego operacional, sendo que o documento intitulado “Exame estratégico de Situação
01/99”, confeccionado pelo BME, previa o atendimento de apenas uma RPM por Companhia
de Radiopatrulhamento Aéreo desconcentrada no interior do Estado, porém o GRAer, à
época, apesar de estar subordinado à 9ª RPM (Uberlândia), também tinha como
responsabilidade o atendimento às demandas da 5ª RPM em Uberaba e da 10ª RPM em
Patos de Minas (SILVA, 2010).

Conforme relata Silva (2010) quando da instalação do GRAer em Uberlândia, não houve
uma formalização de diretrizes e orientações que abrangessem o emprego da aeronave,
seu acionamento, bem como a subordinação operacional e administrativa dos seus recursos
humanos, tendo ocorrido apenas uma ordem verbal emitida pelo então Chefe do Estado-
Maior da PMMG aos comandantes de RPM, o que segundo relata Costa Junior (2003),
gerou divergências no alto escalão da Instituição, pois na visão do Comandante da 9ª RPM,
a aeronave deveria atender apenas a sua Região. Posteriormente definiu-se que a aeronave
também atenderia a 5ª RPM e 10ª RPM, entretanto o Comandante da 9ª RPM entendia ser
a autoridade responsável por decidir quanto ao emprego operacional da aeronave nestas
Regiões, divergindo do entendimento do Chefe do Estado-Maior da PMMG, que entendia
que as decisões quanto ao emprego operacional fora da 9ª RPM deveriam concentrar-se no
Estado-Maior, em Belo Horizonte.

A falta de diretrizes formais e a ausência de contatos horizontais entre os Comandantes da


5ª, 9ª e 10ª Regiões de Polícia Militar, provocou, conforme menciona Silva (2010) o não
alcance dos objetivos iniciais da desconcentração do radiopatrulhamento aéreo. Conforme
relata Costa Junior (2003), por várias vezes houve demandas de radiopatrulhamento aéreo
para a macrorregião do triângulo mineiro, que apesar de dirigidas a Belo Horizonte e haver
aeronave disponível em Uberlândia, era necessário deslocar outra aeronave da capital para
atender a solicitação. Os sucessivos desgastes e divergências provocados pela ausência de
diretrizes para a aplicação do recurso aéreo na macrorregião do triângulo mineiro
culminaram, conforme Silva (2010), com a suspensão das atividades do GRAer em
novembro de 2000 e a desativação completa do serviço em julho de 2002.
74

Entretanto, estudos foram realizados com intuito de reestabelecer o serviço de


radiopatrulhamento desconcentrado em Uberlândia, nos quais se estabeleceu, segundo
relata Silva (2010) que a CoRpAer a ser desconcentrada em Uberlândia teria apenas
subordinação operacional junto à 9ª RPM, e quanto ao vínculo administrativo a CoRpAer
estaria subordinada administrativamente ao Btl RpAer e não mais à 9ª RPM como na
experiência anterior. Tal medida foi tomada com o propósito de padronizar e otimizar os
recursos e atividades como treinamentos, manutenção de aeronaves e viaturas e permitir a
distribuição e movimentação mais adequada dos recursos humanos e logísticos conforme
as demandas se apresentassem ao Btl RpAer (SILVA, 2010).

Sob esta nova perspectiva de gestão e inserida no contexto da política de “polícia para
resultados” que se originou em 2003 na administração Pública mineira, no ano de 2005, por
força da Resolução 3.827, de 31 de agosto de 2005, foi extinto o Grupamento de
Radiopatrulhamento Aéreo, pertencente à 2ª Cia MEsp, e criou-se a 2ª Companhia de
Radiopatrulhamento Aéreo, pertencente ao Btl RpAer.

6.3 Estrutura física da 2ª Companhia de Radiopatrulhamento Aéreo

Em 14 de setembro de 2005, foi inaugurada a 2ª Companhia de Radiopatrulhamento Aéreo


que retornou a prestar o serviço de radiopatrulhamento aéreo na respectiva macrorregião a
partir do mesmo local, entretanto utilizando-se apenas das dependências do hangar 25 .
Verifica-se, conforme Figura 10, tratar-se de um hangar construído dentro de um terreno de
propriedade da União das Empresas do Distrito Industrial (UNEDI), onde também se
encontram as instalações físicas da 9ª Cia MEsp. Conforme relata Costa Junior (2013) a
atual base está instalada em local inapropriado para o exercício da atividade aérea, pois se
encontra em meio a uma área industrial e as edificações e obstáculos ao seu redor não
propiciam a existência de uma rampa 26 segura para procedimentos de decolagem e
aproximação.

25 Segundo relata Silva (2010) quando da primeira instalação em 1999, o GRAer utilizava-se de outras
dependências no interior da área da cedida pela UNEDI, além do hangar, para exercer suas atividades,
porém quando da instalação da 2ª CoRpAer em 2005, tais dependências já estavam sendo utilizadas pela
atual 9ª Cia MEsp, restando apenas o hangar e suas adjacências como espaço físico da base aérea.
26 Linha imaginária que forma-se pela trajetória entre a aeronave e o solo, observada durante os
procedimentos de decolagem e aproximação para pouso de aeronaves (Costa Junior, 2013).
75

Figura 10 – Imagem via satélite da sede da 2ª CoRpAer


Fonte: Adaptado de SILVA, 2010, p. 126

As fases mais críticas do voo são as operações de pouso e decolagem, pois exigem mais
potência da aeronave. Circunstâncias em que as condições de temperatura e umidade são
desfavoráveis ao voo e há necessidade de que a aeronave decole com o tanque de
combustível cheio e tripulação completa, são dificultadoras ou praticamente inviabilizadoras
para a operação, devido à ausência de uma rampa ideal para estes procedimentos, o que
impacta negativamente na capacidade operacional e consequentemente na qualidade do
serviço de radiopatrulhamento aéreo prestado aos seus usuários.

Tendo-se em vista as condições inadequadas para a atividade aérea a partir da atual sede
da 2ª CoRpAer, foram adotadas medidas pela Instituição, conforme menciona Costa Júnior
(2013), no sentido de sanar o problema e instalar a unidade aérea em local apropriado. Foi
assinado em 20 de setembro de 2013, o Termo de Cessão de Uso de Área nº
06.2013.038.0001, o qual foi publicado no Diário Oficial da União em 04 de outubro de 2013,
para que a PMMG construa a nova base da 2ª CoRpAer no aeroporto Tenente Coronel
Aviador César Bombonato, em Uberlândia.
76

O projeto para a nova base a ser construída no aeroporto de Uberlândia prevê a construção
de um heliporto e um hangar em dois pavimentos, com aproximadamente 1300m² de área
total construída em terreno de 3.200m², permitindo a hangaragem de até 4 aeronaves
modelo AS 350 B2, além de prever em sua estrutura, vestiários, sala de instrução, salas
para acondicionamento de equipamentos de manutenção aeronáutica e de suprimentos de
apoio de solo e outras dependências necessárias ao exercício da atividade aérea policial.

Entretanto, atualmente a 2ª CoRpAer, instalada na Rua Afonso Egydio de Souza, 269, bairro
Distrito Industrial, em Uberlândia/MG, possui estrutura física bastante limitada, conforme
menciona Silva (2010), que não atende às necessidades de acomodação e exercício das
diversas atividades atinentes ao serviço de radiopatrulhamento aéreo. As dimensões do
hangar comportam até 3 helicópteros modelo As 350 B2, contudo, conforme ilustra a planta
baixa da 2ª CoRpAer contida na Figura 11, há somente uma sala de aproximadamente 40m²
utilizada para toda a equipe de serviço se acomodar e realizar as atividades de briefing27,
monitoramento da rede de rádio, planejamento de operações e sobrevoos, reuniões,
recepção de pessoas e outras atividades administrativas. Há em suas adjacências um
banheiro, uma pequena cozinha, e ao lado um vestiário com aproximadamente 30 m² para
acomodação de armários para todos os integrantes da Companhia.

Figura 11 – Planta baixa das dependências da 2ª CoRpAer


Fonte: SILVA, 2010, p. 121.
Ao lado destas dependências, e não ilustrados na Figura 11, foram construídos armários

27 Reunião dos policiais militares de serviço, ocorrida no início do turno, quando são compartilhadas
informações de interesse do serviço e são transmitidas ordens, instruções, orientações a serem adotadas
para o respectivo dia de serviço.
77

para acondicionamento de materiais de escritório, limpeza, e equipamentos do pessoal


Técnico de apoio de Solo, Tripulantes Operacionais de Voo e Mecânicos operacionais de
Voo.

6.4 Recursos Humanos da 2ª Companhia de Radiopatrulhamento Aéreo

O emprego operacional da 2ª CoRpAer é realizado, conforme preconiza a Minuta da Diretriz


de Emprego de Aeronaves (MINAS GERAIS, 2013a), tendo-se como referência a
composição de uma Guarnição Aérea (GuRAer) para cada helicóptero em serviço.

Devido à escassa quantidade de efetivo, bem como a disponibilização de apenas um


helicóptero na base, atualmente a 2ª CoRpAer tem condições de disponibilizar uma equipe
de serviço por dia, compreendendo neste, uma jornada de 11 horas de serviço, que
normalmente é realizada no período diurno, sendo que em finais de semana e conforme
operações programadas, o emprego também pode ocorrer no período noturno.

Cabe ressaltar que a equipe de serviço no dia, após o término de sua jornada, permanece
de sobreaviso até 00h, caso exista alguma demanda extraordinária que exija acionamento
do recurso aéreo após o término da jornada de serviço. Após 00h a equipe de serviço do dia
seguinte entra em regime de sobreaviso, cumpre a jornada de trabalho conforme escala e
prossegue em sobreaviso até o término do dia.

Para cada turno é necessária uma equipe de serviço, composta de no mínimo um


comandante de aeronave, um comandante de operações aéreas, dois tripulantes
operacionais de voo, um mecânico operacional de voo e dois técnicos de apoio de solo, os
quais integram uma guarnição aérea por helicóptero de serviço. As funções e atribuições
inerentes aos membros da guarnição aérea de serviço são descritas no Quadro 3:
78

Quadro 3 – Funções e atribuições operacionais de uma guarnição aérea do Batalhão


de Radiopatrulhamento Aéreo
Função Atribuições
Responsável pela condução e inserção da aeronave nas intervenções policiais,
respeitadas as normas técnicas, para o cumprimento da missão estabelecida. É o
Comandante
de Aeronave responsável por todas as atividades dos tripulantes embarcados, pela proteção da
aeronave, pelas pessoas e bens transportados e pela segurança de voo, de forma a
executar, com proficiência, o apoio aéreo desejado pelas frações terrestres.

Exerce a coordenação e a interação ar/solo com as tropas terrestres e,


Comandante
eventualmente, as comunicações aeronáuticas; auxilia na coordenação, fiscalização
de Operações
Aéreas e gerenciamento de todo o pessoal envolvido no serviço operacional; atua, como
segundo piloto na condução da aeronave, quando autorizado pelo Comandante de
Aeronave, dentre outras.

Auxiliar na execução das missões em perfeita sintonia com o Comandante de


Aeronave; realizar acompanhamento constante da rede de rádio operacional,
Tripulante
Operacional de triando as ocorrências de destaque; atuar nas operações especiais com helicóptero;
vôo
observar e orientar o Comandante de Aeronave para livrar a aeronave dos
obstáculos, em solo ou no ar, que possam interferir no voo; auxiliar na interação
ar/solo, comunicando-se com as frações terrestres dentre outras

Auxiliar o chefe da Seção de Manutenção de Aeronaves nas missões específicas


que lhe forem confiadas; realizar as inspeções diárias da(s) aeronave(s), de acordo
Mecânico
Operacional de com a sua qualificação técnica, disponibilizando-a(s) para o voo; proceder a
Voo
pesquisa de panes tão logo as identifique durante as inspeções de voo ou assim
que o Comandante de Aeronave as reportar em documento próprio dentre outras.

Gerenciar a aquisição, estocagem e utilização do combustível de aviação em todo


território mineiro; executar o transporte de combustível e cuidar do abastecimento
Técnico de das aeronaves na base ou fora dela; atuar como precursor na preparação da Zona
Apoio de Solo 28
de Pouso de Helicópteros (ZPH) e Base de Ressuprimentos Avançados (BRA) ,
auxiliando no embarque/desembarque de pessoal e transporte de material, bem
como apoiando no recebimento e despacho das aeronaves, com segurança dentre
outras.

Fonte: Adaptado de MINAS GERAIS, 2013b, p. 23

Para o serviço de radiopatrulhamento aéreo rotineiro, menciona o Caderno Doutrinário 7


(MINAS GERAIS, 2013b), que a tripulação embarcada na aeronave é composta de um
Comandante de aeronave, um comandante de operações aéreas e dois tripulantes

28 Local de operação de aeronaves, fora da sede da Unidade ou da Companhia desconcentrada, onde são
feitos os procedimentos de reabastecimento de combustível e demais materiais especiais necessários.
79

operacionais de voo, conforme ilustra a Figura 12. O restante da equipe, ou seja, técnicos
de apoio de solo e mecânico operacional de voo, permanecem na base até o retorno da
aeronave.

Figura 12 – Composição da guarnição aérea embarcada no helicóptero da


Polícia Militar de Minas Gerais.
Fonte: MINAS GERAIS, 2013b, p. 27.
Legenda: 1-Comandante de Aeronave, 2-Comandante de Operacões
Aéreas, 3-Tripulante Operacional de Voo 01, 4-Tripulante
Operacional de Voo 02.

Quando da necessidade de deslocamento da aeronave para localidades fora da base, a


composição da guarnição aérea pode ser complementada pelo mecânico operacional de
voo ou por outro integrante da guarnição aérea, e caso necessário pode haver
deslocamento da Unidade de Abastecimento Autônoma (UAA), de responsabilidade dos
policiais militares na função de Técnicos de Apoio de Solo, para possíveis abastecimentos e
condução de equipamentos especiais conforme a situação exigir.

Atualmente o efetivo da 2ª CoRpAer encontra-se distribuído de forma a compreender todas


as funções operacionais previstas para o desempenho da atividade aérea, contudo, com
capacidade operacional para disponibilizar apenas um turno de serviço por dia, o qual é
80

composto de aproximadamente 7(sete) policiais militares. O Quadro 4 apresenta a relação


de efetivo total existente por função operacional exercida na 2ª CoRpAer.

Quadro 4 – Distribuição do efetivo da 2ª CoRpAer por função


Função Operacional Efetivo Existente

Comandante de Aeronave 2

Comandante de Operações Aéreas 3

Tripulante Operacional de Voo 7

Mecânico Operacional de Voo 2

Técnico de Apoio de Solo 6

Total 20

Fonte: Carta Situação do Btl RpAer atualizada em 18/02/15.

6.5 Suporte logístico alocado na 2ª Companhia de Radiopatrulhamento Aéreo

Devido às características específicas do serviço de radiopatrulhamento aéreo e sua


aplicação em diferentes esferas, a atividade aérea da polícia militar carece de um aporte
logístico diferenciado dos demais serviços prestados pela PMMG, conforme preconiza o
Manual Técnico-científico 3.04.07/2013-CG (MINAS GERAIS, 2013b, p. 31):
Uma logística bem estruturada e sedimentada é pressuposto indispensável
para o cumprimento de qualquer missão. A atividade de radioptrulhamento
aéreo necessita de um aparato logístico que envolve recursos materiais dos
mais simples até a alta tecnologia. Nesse sentido a concepção das
aeronaves e seus equipamentos que dotarão a Unidade aérea é fator
preponderante para se alcançar os melhores resultados.

Neste diapasão e a partir do princípio doutrinário de que “tudo que pretende subir e pairar no
ar deve partir de uma boa base terrestre”, o serviço de radiopatrulhamento aéreo da 2ª
CoRpAer possui como estrutura básica para seu funcionamento, o hangar e suas
dependências, mencionados anteriormente, os quais permitem abrigo e proteção da
aeronave, viaturas e demais equipamentos inerentes à atividade aérea.

Além da estrutura física, para que o serviço aeropolicial da PMMG seja executado em sua
plenitude e consiga atender toda à sua macrorregião de responsabilidade com efetividade, é
necessária a existência de uma estrutura de abastecimento para as aeronaves. Conforme
descreve o Manual Técnico-científico 3.04.07/2013-CG (MINAS GERAIS, 2013b), esta
81

estrutura é composta de aproximadamente 7 (sete) postos regulares localizados em


aeroportos os quais são contratados para prestar o serviço de abastecimento, contudo,
devido à extensão territorial do Estado, estes não atendem a todas as demandas do serviço
aeropolicial, sendo necessária a estocagem de combustível em locais estratégicos,
conforme ilustra a Figura 13, os quais são armazenados em Unidades da PMMG e permitem
a continuidade da atuação da aeronave na operação até que uma Unidade Autônoma de
Abastecimento (UAA) possa chegar o local.

Figura 13 – Mapa dos locais de abastecimento de aeronaves da PMMG


Fonte: MINAS GERAIS, 2013b, p. 33.

Na Macrorregião do Triangulo Mineiro e Noroeste o abastecimento de aeronaves é realizado


regularmente nos aeroportos de Uberlândia e de Uberaba e há combustível estocado e
distribuído estrategicamente em frações policiais militares localizadas nos municípios de
Ituiutaba, Araxá, Arinos, João Pinheiro, Paracatu, Passos, Patos de Minas e Unaí. Para o
serviço de radiopatrulhamento aéreo rotineiro prestado na cidade de Uberlândia, em que a
aeronave permanece na base da 2ª CoRpAer em condições de emprego, o seu
abastecimento é realizado através de uma Unidade Autônoma de Abastecimento (UAA),
conforme ilustrada na Figura 14, que por sua vez realiza regularmente o abastecimento de
seu tanque no posto contratado localizado no Aeroporto de Uberlândia, Ten Cel Av. César
Bombonato.
82

Figura 14 – Unidade Autônoma de Abastecimento da 2ª CoRpAer


Fonte: Batalhão de Radiopatrulhamento Aéreo. 2ª Companhia de
Radiopatrulhamento Aéreo

A UAA da 2ª CoRpAer trata-se de um caminhão IVECO com capacidade para 2.500 litros de
querosene de aviação, conduzida e operada pelo pessoal técnico de apoio de solo, e
equipada com compartimento para transporte de equipamentos, e está configurada para
realizar o abastecimento de aeronaves tanto na base como nas localidades em que a
guarnição aérea for empregada.

Além da UAA, a 2ª CoRpAer possui uma viatura marca/modelo GM S-10, ano 2005, prefixo
10881, utilizada para deslocamento de militares e transporte de equipamentos e um
pequeno trator marca Agrale, utilizado pelos técnicos de apoio de solo para realizar a
movimentação da aeronave entre o hangar e o heliponto.

6.6 Aeronave e equipamentos para o serviço de radiopatrulhamento da 2ª Companhia


de Radiopatrulhamento Aéreo

A Unidade Aérea da PMMG dispõe de aeronaves de asa fixa e de asas rotativas para o
cumprimento de sua missão institucional as quais integram a esquadrilha Pégasus. As
aeronaves de asa fixa são os aviões os quais, em virtude de suas características de voo,
possibilitam rapidez e segurança no transporte de pessoas e equipamentos em operações
policiais militares. O Btl RpAer possui atualmente um avião modelo King Air C-90, bimotor,
pressurizado, com capacidade para 6(seis) passageiros e operado por tripulação policial
83

militar e pilotos civis contratados os quais realizam a gestão de seu emprego na 1ª CoRpAer
em Belo Horizonte (MINAS GERAIS, 2013,b).

O helicóptero é o principal equipamento utilizado pela PMMG para realização do serviço de


radiopatrulhamento aéreo rotineiro, o qual é empregado pela 2ª CoRpAer para o
desempenho de suas atividades. Segundo o Manual Técnico-científico 3.04.07/2013-CG
(MINAS GERAIS, 2013b) trata-se de uma máquina altamente versátil e útil para as
operações policiais. Os modelos Bell 206 Jet Ranger III, AS 350 B2 e AS 350 B3 são os
helicópteros empregados pelo Btl RpAer com a característica de serem multimissão, sendo
estes últimos, capazes de transportar 4 passageiros, além dos pilotos, e mediante a
utilização de equipamentos especiais como farol de busca, gancho de carga 29 , bambi
bucket 30 , reservatório de água 31 , pucá 32 , cesto 33 , guincho elétrico 34 , imageador termal e
óculos de visão noturna (OVN), são capazes otimizar o recurso aéreo nas ações e
operações em que for demandado. O modelo AS 350 B2, ilustrado pela Figura 15, é o que
usualmente é empregado pela 2ª CoRpAer, no serviço rotineiro de radiopatrulhamento aéreo
de sua macrorregião.

Figura 15 – Helicóptero modelo AS 350 B2 utilizado pela 2ª CoRpAer.


Fonte: Polícia Militar de Minas Gerais. Batalhão de Radiopatrulhamento Aéreo.

29 Componente instalado na parte inferior da aeronave onde pode-se acoplar cargas externas.
30 Equipamento que, acoplado ao gancho de carga da aeronave, possibilita transporte de até 540 litros de água
para combate a incêndios.
31 Recipiente com capacidade para 11.000 litros de água, utilizado para operações de combate a incêndio com
bambi bucket.
32 Equipamento acoplado ao gancho de carga da aeronave e utilizado para salvamento em ambiente aquático.
33 Equipamento acoplado ao gancho de carga da aeronave e utilizado para salvamento de pessoas em locais
de difícil acesso.
34 Sistema composto por motor, cabo de aço e engate, que suportado por um braço giratório fixado no lado
esquerdo da aeronave, possibilita o içamento de pessoas até o limite de 136Kg (MINAS GERAIS, 2013b).
84

Os equipamentos especiais do Btl RpAer que, ao serem empregados juntamente à


aeronave, possuem maior aplicabilidade no campo do policiamento ostensivo são: farol de
busca, imageador termal e os óculos de visão noturna, sendo que atualmente, somente o
farol de busca está disponibilizado na 2ª CoRpAer para emprego.

O farol de busca, modelo Holofote SX-16 Nightsun, conforme ilustra a Figura 16, possui
capacidade de iluminação de 30 milhões de velas, e pode ser acoplado na parte inferior da
aeronave. Durante o voo é operado por um dos tripulantes operacionais através de um
joystick de fácil manuseio, e é empregado principalmente para auxiliar nas operações
envolvendo busca e localização de cidadãos infratores no período noturno (MINAS GERAIS,
2013b).

Figura 16 – Farol de busca utilizado nos helicópteros da PMMG


Fonte: MINAS GERAIS, 2013b, p, 42

O imageador termal nos modelos 230HD e 380HD, atualmente disponível apenas para a 1ª
CoRpAer, e conforme Figura 17, é um equipamento que utiliza-se de um sistema de lentes
infra-vermelhas e termais que possibilitam à guarnição aérea localizar e identificar pessoas
em locais de escuridão. O modelo HD380 ainda possui a capacidade de captar e transmitir
imagens em tempo real para Centros de coordenação e controle, como ocorrido durante o
evento Copa do Mundo de futebol no ano de 2014 (MINAS GERAIS, 2013b).
85

Figura 17 – Imageador termal utilizado pelos helicópteros da PMMG


Fonte: MINAS GERAIS, 2013b, p. 43

Os óculos de visão noturna (OVN), conforme Figura 18, permitem a produção de imagens
em locais onde o nível de luz é praticamente inexistente, tornando-se uma ferramenta
importante para as guarnições aéreas no combate à criminalidade e seu uso, conforme
salienta Oliveira (2014), proporciona um ganho na segurança de voo durante as operações.

Figura 18 – Óculos de visão noturna


Fonte: MINAS GERAIS, 2013b, p. 44

Dentre os equipamentos especiais para aeronaves mencionados, estão atualmente


disponíveis na 2ª CoRpAer para auxiliar nas operações aéreas: gancho de carga, farol de
busca, reservatório de água e bambi bucket.

6.7 Diretrizes para prestação do serviço de radiopatrulhamento aéreo no policiamento


ostensivo

Em relação à aplicação dos helicópteros da PMMG no policiamento ostensivo, e para que o


seu emprego seja pautado pelos pressupostos básicos mencionados na subseção 4.3 da
presente monografia, a minuta da diretriz de emprego de aeronaves (MINAS GERAIS,
2013a), vem definir as principais ocorrências e circunstâncias em que o emprego do
86

helicóptero é justificado, seja em virtude do potencial ofensivo que apresentam ou pelas


características que justifiquem sua atuação.
Homicídio; roubo (a residência, de veículo, estabelecimento comercial);
roubo a agência bancária ou estabelecimento financeiro; sequestro
relâmpago; extorsão mediante sequestro; estupro; disparo de arma de fogo
contra guarnição policial; arrebatamento de presos; tráfico de drogas; autor
ou suspeito de crime evadindo ou homiziado em matagal; cerco e bloqueio
a veículos suspeitos ou em fuga; suspeito com arma de fogo evadindo de
guarnição policial; busca em locais ermos, à noite, onde seja necessário o
apoio do farol de busca ou outras tecnologias próprias para operação
noturna; policiais em situação de perigo, tais como troca de tiro, incursão
em aglomerados urbanos, dentre outras (MINAS GERAIS, 2013a, p. 27).

Além das situações mencionadas, compete ao Btl RpAer, conforme afirma a DGEOp
(MINAS GERAIS, 2010, p. 72), a responsabilidade pelo emprego de aeronaves em
“ocorrências de alta complexidade35, salvamento, socorro e calamidades em apoio às outras
UEOp”. Nestas naturezas enquadram-se as ocorrências envolvendo tomada de reféns,
rebelião em estabelecimentos prisionais, sequestro de pessoas, assalto a estabelecimentos
bancários, atos terroristas, ameaça com artefato explosivo, sequestro de aeronaves, captura
de fugitivos, enchentes, inundações, incêndios, acidentes de grande vulto e outras (MINAS
GERAIS, 2013a).

O acionamento do helicóptero para as ocorrências e eventos mencionados segue um


padrão de protocolo estabelecido na minuta da diretriz de emprego de aeronaves (MINAS
GERAIS, 2013a) o qual deve ser seguido conforme o local onde o recurso aéreo se
encontra.

Para as demandas que exigem atuação imediata da guarnição aérea, nos limites da Região
Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), atendidas pela 1ª CoRpAer, a solicitação das
frações policiais em solo deve ser direcionada o mais rápido possível ao Centro Integrado
de Comunicações Operacionais (CiCOp), contendo todas as informações necessárias ao
voo, as quais devem ser rapidamente repassadas à equipe de serviço no Btl RpAer/1ª
CoRpAer. Na Unidade Aérea a solicitação passa pelo crivo avaliativo do comandante de
aeronave do respectivo turno de serviço, o qual observará se a demanda cumpre os
pressupostos básicos para emprego de aeronaves e se o sobrevoo é tecnicamente viável e
possível de ser realizado. A guarnição aérea de serviço, ao realizar acompanhamento e
monitoramento da rede de rádio, poderá engajar-se de iniciativa na ocorrência, devendo
comunicar ao CiCOp sua decisão (MINAS GERAIS, 2013a).

35 Todo fato de origem humana ou natural que, alterando a ordem pública, supere a capacidade de resposta
dos esforços ordinários de polícia, exigindo intervenção de forças policiais através de estruturação de ações
e operações especiais, ou mesmo típicas de bombeiro militar e defesa civil, com o objetivo de proteger e/ou
socorrer o cidadão (MINAS GERAIS, 2013a).
87

As solicitações que exigem atuação imediata da guarnição aérea, direcionadas à 2ª


CoRpAer e demais bases desconcentradas, seguem as mesmas regras previstas para a 1ª
CoRpAer, quando a demanda ocorrer dentro do limite de um raio de 100Km da base.
Entretanto, havendo necessidade de apoio aéreo imediato em localidades além de 100Km
da base desconcentrada e dentro da RPM onde haja CoRpAer, a solicitação do comandante
da fração policial terrestre deverá ser direcionada ao Centro de Operações Policiais Militares
(COPOM) o qual repassará as informações ao comandante de aeronave na base, que por
sua vez, verificará a viabilidade técnica do sobrevoo e a necessidade da solicitação,
reestabelecendo posteriormente a cadeia de comando, caso decida por prestar o apoio
aéreo (MINAS GERAIS, 2013a).

Na ocasião em que a demanda de apoio aéreo for proveniente de localidade pertencente a


RPM que não possui CoRpAer nem está situada na RMBH, o comandante da fração policial
deverá realizar a solicitação diretamente ao CiCOp, porém compete ao Comandante do
Policiamento Especializado, ou escalão superior, assessorado pelo Comandante do Btl
RpAer, a autorização para o deslocamento da aeronave (MINAS GERAIS, 2013a).
Além das regras estabelecidas para o emprego do helicóptero em ocorrências policiais, as
quais exigem a atuação imediata do recurso aéreo, está previsto pela minuta da diretriz de
emprego de aeronaves (MINAS GERAIS, 2013a) o protocolo a ser cumprido para a
realização de operações aéreas programadas, as quais compreendem as seguintes
atividades:

Levantamento fotográfico e de imagens; identificação de pontos sensíveis;


monitoramento preventivo em zona quente de criminalidade; coordenação e
controle; traslado e escolta de autoridade; monitoramento preventivo de vias
urbanas em grandes eventos; monitoramento preventivo de rodovias em
grandes eventos ou feriados prolongados; monitoramento de grevistas;
escolta de comitivas; levantamento de dados para planejamento de grandes
operações policiais para fazer frente ao enfrentamento do crime organizado
no Estado; apoio a reintegração de posse, mediante planejamento aprovado
pelo EMPM; levantamento de locais utilizados pelo crime organizado e
outras ações necessárias à repressão desta modalidade criminosa;
emprego em operações policiais complexas ou em grandes eventos
artísticos, culturais ou desportivos; levantamentos de coordenadas
geográficas de interesse; identificação de áreas de desmate, carvoarias,
garimpo irregular, degradação ambiental, assoreamento de rios e cursos
d’água, pesca predatória; identificação de pontos clandestinos de
exploração de recursos naturais, acampamentos clandestinos de caça e
pesca, intervenção direta, transporte de pessoal técnico, outras de meio
36
ambiente e trânsito, mediante avaliação técnica da DMAT e autorização e
coordenação do Coronel PM CPE, assessorado pelo Comando do Btl
RpAer (MINAS GERAIS, 2013a, p. 32).

36 Diretoria de Meio Ambiente e Trânsito, subordinada ao Comando-Geral da PMMG.


88

O emprego de aeronaves em operações programadas na RMBH e cidades onde há base de


CoRpAer, ocorrerão mediante autorização do Comandante do CPE. Nas demais cidades o
recurso aéreo somente será empregado de forma programada mediante prévio
planejamento da respectiva RPM e posterior deliberação do Chefe do Estado-Maior da
PMMG.

O emprego dos helicópteros da PMMG deve ter em vista, além dos protocolos de
acionamento, dos pressupostos básicos e as naturezas de ocorrências que o justificam, a
obediência a limitações de cunho operacional, normativa e meteorológicas inerentes a cada
operação. Conforme prescreve a minuta de diretriz para emprego de aeronaves (MINAS
GERAIS, 2013a) as limitações operacionais referem-se à capacidade operacional da
guarnição aérea em atender com qualidade às necessidades e demandas relativas à
operação, tendo em vista o gerenciamento do risco a esta inerente, o qual deve ser
consequência de um constante julgamento por parte de comandante de aeronave. As
limitações normativas, dizem respeito a todo arcabouço legal institucional e aeronáutico que
regula o emprego de aeronaves em eventos de defesa social, o qual deve ser cumprido
visando o emprego seguro e eficiente do recurso aéreo. Por fim, as limitações
meteorológicas, são aquelas decorrentes das condições climáticas, as quais impactam na
segurança do voo e geram risco à operação, tais como chuvas, nevoeiros, ventos fortes,
dentre outras.

O cumprimento de normas, regras, pressupostos básicos e protocolos de atuação e o


respeito às limitações inerentes à atividade aérea no contexto policial, propiciam a prestação
de um serviço de radiopatrulhamento aéreo de qualidade e seguro para as tripulações
embarcadas e seus usuários.

6.8 Cenário do emprego operacional da 2ª Companhia de Radiopatrulhamento Aéreo

Esta seção tem a finalidade de apresentar como se deu o emprego operacional da 2ª


CoRpAer em apoio ao policiamento ostensivo de Uberlândia, no período de junho a
novembro de 2014, no que diz respeito aos seguintes aspectos: a) disponibilidade da
aeronave; b) quantidade total de horas voadas e missões realizadas; c) quantidade de horas
de voo e missões realizadas em apoio ao policiamento ostensivo; d) quantidade de prisões e
veículos recuperados em virtude do apoio aéreo; e) evolução da quantidade de crimes
violentos em Uberlândia no período.
89

No que diz respeito à disponibilidade de aeronave na base da 2ª CoRpAer, verifica-se


através dos dados da Tabela 1, obtidos junto à seção de manutenção de aeronaves do Btl
RpAer, que em 2014 houve um aumento de 37,8% na disponibilidade do helicóptero, ao
comparar-se com os dados do ano anterior. Quanto ao período específico de junho a
novembro, constata-se que o aumento da disponibilidade em 2014 foi de 48,3% com relação
ao mesmo período em 2013, representando um incremento maior que a média anual.

Tabela 1 – Percentual de disponibilidade mensal de aeronave na


2ª CoRpAer, nos anos de 2013 e 2014.
Mês/Ano 2013 2014
Janeiro 80,65% 100,00%
Fevereiro 100,00% 89,29%
Março 41,94% 100,00%
Abril 0,00% 100,00%
Maio 90,32% 100,00%
Junho 13,33% 100,00%
Julho 0,00% 70,97%
Agosto 29,03% 32,26%
Setembro 100,00% 100,00%
Outubro 96,77% 100,00%
Novembro 100,00% 100,00%
Dezembro 96,77% 35,48%
Média Anual 62,40% 86%
Média de Junho a
56,50% 83,80%
Novembro
Fonte: Polícia Militar de Minas Gerais. Batalhão de Radiopatrulhamento Aéreo.
Seção de Manutenção de Aeronaves - 2015

Aliado ao aumento significativo na disponibilidade do seu recurso aéreo entre os meses de


junho e novembro de 2014, conforme observado na Tabela 1, verifica-se também um
aumento na quantidade de horas voadas e missões cumpridas pela 2ª CoRpAer ao
comparar-se os dados do período de 2014 com os do ano anterior, conforme exposto na
Tabela 2, a qual apresenta os dados de seu emprego em toda a macrorregião.
90

Tabela 2 – Quantitativo de horas voadas e missões cumpridas pela 2ª CoRpAer, conforme a


natureza da missão nos períodos de junho a novembro de 2013 e 2014.
2013 2014
Natureza/Ano
Horas voadas Missões cumpridas Horas voadas Missões cumpridas
Policial 31,4 56 32,8 61
Meio ambiente 10,5 14 28,7 26
Socorro 3 5 6,2 5
Traslado 5,1 2 5,1 9
Treinamento 4,2 7 -- --
Manutenção 2,5 1 3,8 7
Total 56,7 85 76,6 106
Fonte: Polícia Militar de Minas Gerais. Batalhão de Radiopatrulhamento Aéreo - 2015 .

Verifica-se a partir da Tabela 2, que apesar do somatório de horas voadas em 2014 (76,6
horas de voo) ter representado um aumento de aproximadamente 35% com relação ao total
de horas voadas em 2013 (56,7 horas de voo), este mesmo percentual de crescimento não
é observado para os voos de natureza policial, o qual apresentou aumento de apenas 4,5%
com relação ao ano de 2013, podendo-se constatar que o quantitativo de horas voadas e
missões realizadas referentes ao meio ambiente foram as que mais impactaram no aumento
das horas totais voadas pela 2ª CoRpAer no período de junho a novembro de 2014 em toda
macrorregião do triângulo mineiro e noroeste. Por outro lado, observa-se, conforme Tabela 4,
que no que diz respeito à quantidade de horas voadas em apoio ao policiamento ostensivo
de Uberlândia, nos meses de junho e novembro de 2014, houve um crescimento de
aproximadamente 15% com relação ao mesmo período do ano anterior.

No campo de polícia ostensiva, o helicóptero pode ser empregado em uma série de


circunstâncias, desde o policiamento ostensivo geral, até em ocorrências de alta
complexidade. Conforme Tabela 2, o emprego da aeronave da 2ª CoRpAer, aplicado no
policiamento ostensivo no período de junho a novembro de 2014, compreendeu um total de
54 missões realizadas, as quais perfizeram um total de 32,8 horas voadas em toda a
macrorregião do triângulo mineiro e noroeste. Devido à abrangência de atuação da 2ª
CoRpAer, apresenta-se na Tabela 3, a descriminação dos voos de natureza policial,
realizados por município, e sua respectiva produtividade, no que se refere à quantidade de
prisões, veículos recuperados, armas apreendidas, horas voadas e ocorrências e/ou
operações apoiadas.
91

Tabela 3 – Produtividade da 2ª CoRpAer no período de junho a novembro de 2014, no que


se refere à aplicação do recurso aéreo em apoio ao policiamento ostensivo na
macrorregião do triângulo mineiro e noroeste.
Município Prisões Veículos Armas de fogo Horas voadas Ocorrências/
recuperados apreendidas Operações
apoiadas
Uberlândia 43 8 6 26,3 42
Ituiutaba 3 2 2 3,4 1
Monte Alegre 0 0 0 1,7 1
Araguari 0 0 0 1,4 1
Total 46 10 8 32,8 45
Fonte: Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG). Batalhão de Radiopatrulhamento Aéreo (Btl RpAer).

Conforme exposto na Tabela 3, verifica-se que no período de junho a novembro de 2014,


somente ocorreram voos de natureza policial em Uberlândia, Ituiutaba, Monte Alegre e
Araguari, sendo que estes quatro municípios integram os limites territoriais da 9ª RPM. As
demais regiões também apoiadas pela 2ª CoRpAer, a saber, 5ª RPM (Uberaba), 10ª RPM
(Patos de Minas) e 16ª RPM (Unaí) não receberam apoio da 2ª CoRpAer em missões
policiais no período mencionado.

Tendo-se em vista que o recurso aéreo da 2ª CoRpAer é parte do aparato de segurança


pública existente no município de Uberlândia, e que apesar desta base desconcentrada ter
responsabilidade de apoiar toda a macrorregião do triângulo mineiro e noroeste do Estado
de Minas Gerais, no que se refere ao período de junho a novembro de 2014, conforme
Tabela 3, o município de Uberlândia demandou 80% de todas as horas voadas em missões
policiais, sendo este o município onde a 2ª CoRpAer apresentou maior produtividade, no
que diz respeito a quantidade de missões realizadas, prisões efetuadas, armas apreendidas
e veículos recuperados

Conforme banco dados do Btl RpAer, através do Sistema Pégasus, dentre as missões
policiais realizadas em Uberlândia no período de junho a novembro de 2014, estas
subdividem-se em missões de cerco e bloqueio e operações, as quais são
pormenorizadamente descritas conforme exposto na Tabela 4.
92

Tabela 4 – Quantidade de horas voadas pela 2ª CoRpAer no município de Uberlândia, por


tipo de missão policial no período de junho a novembro de 2013 e 2014

Tipo de Missão Descrição Horas voadas em Horas voadas em


2013 2014
Abordagem policial 0,2 --
Localização de pessoas em fuga (mata, 8,2 10,2
Cerco e bloqueio
terreno)
Localização de veículo em fuga 9,9 6,5
Subtotal 18,3 16,7
Eventos Eventos festivos (festas, exposições) 1,1 --
Levantamentos diversos para operações 3,4 2,3
Operação cumprimento de mandado -- 1,0
Operações
Operação de repressão qualificada -- 2,9
Operação preventiva -- 3,4
Subtotal 3,4 9,6
Total 22,8 26,3
Fonte: Polícia Militar de Minas Gerais. Batalhão de Radiopatrulhamento Aéreo - 2015.

A partir dos dados apresentados na Tabela 4, e tendo-se como referência a comparação


entre os períodos de junho a novembro de 2013 e 2014, observa-se que o emprego da
aeronave da 2ª CoRpAer no policiamento ostensivo de Uberlândia, que concentrara mais de
80% das horas voadas em ações de repressão ao crime no ano de 2013, reduziu este
percentual para 70% no ano de 2014, sendo verificado neste último ano, um incremento do
emprego da aeronave em operações, mormente as de cunho preventivo, as quais
representaram aproximadamente 13% das horas voadas no período. Os voos de natureza
repressiva, conforme Tabela 4 são os que possuem a seguinte descrição: localização de
pessoas e veículos em fuga e operação de repressão qualificada.

No que diz respeito ao cenário de criminalidade em Uberlândia, no período de junho a


novembro de 2014, obteve-se através da Assessoria de Gestão para Resultados (AGR) da
9ª RPM, os dados referentes ao quantitativo de crimes violentos ocorridos em Uberlândia,
conforme Gráfico 1.
93

Gráfico 1 – Quantidade mensal de crimes violentos ocorridos em Uberlândia


entre os períodos de junho a novembro de 2013 e 2014.
Fonte: Polícia Militar de Minas Gerais. 9ª Região de Polícia Militar.
Assessoria de Gestão para Resultados.

Conforme exposto no Gráfico 1, ao proceder-se o comparativo dos meses de junho a


novembro de 2014, com o mesmo período do ano anterior, verifica-se uma considerável
queda na quantidade de crimes violentos, a qual culminou em uma média mensal de 25,3%
de redução para todo o semestre em lide.

Verifica-se através da Tabela 5, a produtividade mensal referente ao emprego da aeronave


em apoio ao policiamento ostensivo de Uberlândia no período supramencionado, tendo-se
como baliza desta produtividade o comparativo entre a quantidade de crimes violentos
ocorridos e a quantidade de horas voadas, prisões realizadas, armas apreendidas e veículos
recuperados com apoio da aeronave, bem como o percentual mensal de disponibilidade do
recurso aéreo no período.
94

Tabela 5 – Produtividade mensal da 2ª CoRpAer no período de junho a novembro de 2014


em comparação com a quantidade de crimes violentos ocorridos em Uberlândia
e o percentual de disponibilidade da aeronave no período.
Descrição Prisões Armas Veículos Horas Percentual Quantidade
apreendidas recuperados voadas disponibilidade de crimes
violentos
Junho 33 2 3 5,8 100,00% 325
Julho 0 0 0 2,5 70,97% 309
Agosto 1 1 1 1,0 32,26% 350
Setembro 4 2 3 7,3 100,00% 373
Outubro 2 1 1 6,5 100,00% 336
Novembro 3 0 0 3,2 100,00% 325
Total 43 6 8 26,3 -- 2018
Fonte: Polícia Militar de Minas Gerais. Batalhão de Radiopatrulhamento Aéreo. 9ª Região de Polícia
Militar. Assessoria de Gestão para Resultados.

Conforme descrito na Tabela 5 e também ilustrado pelo Gráfico 2, verifica-se que os meses
de julho e agosto de 2014, nos quais houve uma redução da disponibilidade da aeronave,
também registraram menor produtividade da 2ª CoRpAer tanto no que se refere à
quantidade de horas voadas pela aeronave como também no quantitativo de prisões, armas
apreendidas e veículos recuperados.

Gráfico 2 – Comparativo entre o percentual de horas voadas pela 2ª CoRpaer


em missões policiais em Uberlândia, percentual de disponibilidade
da aeronave, e percentual de crimes violentos ocorridos em
Uberlândia no período de junho a novembro de 2014.
Fonte: Polícia Militar de Minas Gerais. Batalhão de Radiopatrulhamento Aéreo.
9ª Região de Polícia Militar. Assessoria de Gestão para Resultados.
95

Observa-se que a quantidade de crimes violentos registrados nos meses de junho e julho de
2014 em Uberlândia, apresentaram tendência de queda, entretanto, no mês de agosto, em
que a 2ª CoRpAer apresentou um percentual de disponibilidade da aeronave de apenas
32,26% e há registro de apenas uma hora de voo em apoio ao policiamento ostensivo no
município, é o mês em que houve o maior crescimento da quantidade de crimes violentos
registrados de todo o semestre em análise, o qual representou um aumento de 13,3% com
relação ao mês de julho.

A partir do mês de setembro, mesmo tendo ocorrido um aumento na quantidade de crimes


violentos com relação ao mês de agosto, verifica-se que o recurso aéreo da 2ª CoRpAer,
alcançou o patamar dos 100% de disponibilidade, sendo observado, concomitantemente,
um crescimento nos indicadores de sua produtividade, bem como registrado uma tendência
de redução dos crimes violentos principalmente nos últimos dois meses do período
observado.

Por fim, cabe ressaltar que os fatores que contribuíram para redução da criminalidade
violenta em Uberlândia no ano de 2014, mormente no período de junho a novembro, não
podem ser associados simplesmente ao aumento da disponibilidade da aeronave ou da
quantidade de horas voadas, mas sim por um conjunto de ações desenvolvidas por todo o
aparato de segurança pública disponível no município, sendo a 2ª CoRpAer apenas um
elemento dentro desta estrutura formada também por outras Instituições como Polícia Civil,
Corpo de Bombeiros Militar, Ministério Público, Poder Judiciário e outros órgãos.

Conforme dados coletados nesta pesquisa, mediante questionários e entrevistas realizadas,


a percepção dos policiais militares usuários e prestadores do serviço é de que o aumento do
emprego da aeronave em missões policiais em Uberlândia no ano de 2014, principalmente
no que diz respeito ao apoio aéreo em operações preventivas, contribuiu para o aumento da
sensação de segurança junto à sociedade e para a redução da criminalidade violenta.
96

7 QUALIDADE DO SERVIÇO DE RADIOPATRULHAMENTO AÉREO DA 2ª


COMPANHIA DE RADIOPATRULHAMENTO AÉREO NA PERSPECTIVA DOS
EXECUTORES E USUÁRIOS DO SERVIÇO

De acordo com a metodologia da presente pesquisa, a coleta de dados procedeu-se a partir


da realização de entrevistas semi-estruturadas e envio de questionários. Ao proceder-se à
análise dos dados, observou-se uma convergência de concordância ou discordância com
relação às afirmativas propostas nos questionários, na maioria das questões, o que foi
decisivo para definir que a estratégia de análise de dados não se daria a partir de seu
desmembramento por UEOp ou por classe de oficiais ou praças, mas sim por grupos de
critérios determinantes da qualidade em serviços, presentes na literatura, ora mencionados
nas seções anteriores.

Destarte, a análise da qualidade do serviço de radiopatrulhamento aéreo prestado pela 2ª


CoRpAer em apoio ao policiamento ostensivo de Uberlândia, procedeu-se através do
desmembramento das informações gerais sobre a percepção do referido serviço, por grupos
de critérios determinantes da qualidade em serviços, e a partir daí, buscou-se verificar nas
entrevistas e questionários, qual a percepção dos policiais militares usuários deste serviço a
respeito de cada critério elencado e estabelecer comparações entre a percepção destes e a
percepção dos policiais militares prestadores do serviço a respeito dos mesmos critérios.

7.1 Disponibilidade do serviço de radiopatrulhamento aéreo da 2ª Companhia de


Radiopatrulhamento Aéreo

A partir da literatura exposta nas seções anteriores, buscou-se verificar junto aos policiais
militares usuários do serviço de radiopatrulhamento aéreo em Uberlândia, bem como junto
aos prestadores deste serviço, qual a percepção destes a respeito da disponibilidade do
recurso aéreo para apoiar o policiamento ostensivo, bem como qual o grau de facilidade
para acessá-lo.

A primeira afirmativa acostada em ambos os questionários, sobre a qual se solicitou aos


respondentes posicionarem-se em grau de concordância, é a questão 1, que tem o seguinte
teor: “O PÉGASUS37 da 2ª CoRpAer está sempre disponível quando da necessidade de seu

37 Conforme detalhado no cabeçalho do questionário, a designação “PÉGASUS” refere-se ao nome pelo qual
são chamadas as aeronaves da PMMG/Btl RpAer, compreendendo o conjunto formado pelo helicóptero e
sua respectiva tripulação, quando empregados em missões policiais.
97

emprego em ocorrências policiais.” Os dados relacionados às respostas à questão 1 estão


condensados no Gráfico 3:

Gráfico 3 – Percentual de concordância dos usuários do serviço de radiopatrulhamento aéreo


e dos policiais militares que prestaram o serviço de radiopatrulhamento aéreo
pela 2ª CoRpAer, no período de junho a novembro de 2014, acerca de sua
percepção da disponibilidade do recurso aéreo da 2ª CoRpAer em Uberlândia.
Fonte: Dados da pesquisa.

Verifica-se, conforme Gráfico 3, que há uma pequena divergência de percepção entre


usuários e integrantes da 2ª CoRpAer quanto à disponibilidade do recurso aéreo. Sob a
perspectiva dos usuários do serviço, 47% destes, o que representa a maioria, entende que o
serviço não está sempre disponível, enquanto que sob a visão dos prestadores do serviço, o
entendimento maior, é o contrário, de que está disponível, correspondendo a 37% dos
respondentes da 2ª CoRpAer, conforme também confirmam os dados de disponibilidade da
aeronave desta CoRpAer no ano de 2014, listados na Tabela 6.

Observa-se também que há um percentual pequeno de respostas em que houve uma total
concordância ou discordância com relação à afirmativa e, por outro lado, há um percentual
médio de 29,5% de todos os respondentes que se posicionaram neutros em relação ao
critério de disponibilidade, o que demonstra a existência de certa incerteza no que diz
respeito à percepção da qualidade do serviço de radiopatrulhamento aéreo da 2ª CoRpAer,
sob a perspectiva de sua disponibilidade.
98

Tabela 6 – Situação de disponibilidade diária de helicóptero na base da 2ª


CoRpAer nos 356 dias do ano de 2014.
Descrição de situação de aeronave Quantidade de dias Percentual relativo aos
365 dias do ano
Disponível em Uberlândia com vôo 86 24%
Disponível em Uberlândia sem vôo 196 54%
Disponível fora de Uberlândia 27 7%
Indisponível em Uberlândia 25 7%
Sem aeronave em Uberlândia 31 8%
Fonte: Polícia Militar de Minas Gerais. Batalhão de Radiopatrulhamento Aéreo. 2ª
Companhia de Radiopatrulhamento Aéreo – 2015.

De acordo com os dados da Tabela 6, durante 85% dos dias do ano de 2014, um
helicóptero do Btl RpAer esteve disponível para emprego pela 2ª CoRpAer, porém apesar
desta base ter a responsabilidade de apoiar o policiamento ostensivo de toda a
macrorregião do triângulo mineiro e noroeste do Estado, Uberlândia tem demandado a
maior fatia da disponibilidade do recurso aéreo, tendo a guarnição aérea operado e
pernoitado fora de Uberlândia em apenas 7% dos dias do período. Entretanto, verifica-se
que, apesar da elevada disponibilidade em Uberlândia, o recurso aéreo foi empregado em
apenas 24% dos dias do ano de 2014, o que pode representar um dos fatores que
contribuíram para a formação da percepção dos 47% dos usuários do serviço de
radiopatrulhamento aéreo que discordaram ou discordaram totalmente de que a aeronave
da 2ª CoRpAer está sempre disponível para emprego em ocorrências policiais no município
de Uberlândia.

Em complemento às percepções ilustradas no Gráfico 3, contabilizou-se 13 observações


referentes ao anseio dos policiais militares usuários do serviço, por uma maior
disponibilidade do recurso aéreo no município de Uberlândia, as quais foram captadas entre
os comentários e sugestões facultados aos respondentes ao final do questionário.

As observações e sugestões propostas pelos usuários do serviço abordam a necessidade


de ampliação dos horários de atuação da aeronave, que esta esteja mais disponível no
período noturno, pois conforme os respondentes é o período de maior incidência de roubos
e de maior demanda de apoio aéreo. Sugere-se o horário de seu emprego conforme os
picos de criminalidade e que a aeronave esteja disponível nestes horários de maior
demanda. Há a percepção de que falta efetivo na 2ª CoRpAer, para executar o serviço de
radiopatrulhamento aéreo em todos os horários necessários e que os aspectos inerentes
aos custos da manutenção da aeronave impactam na sua disponibilidade.
99

No que diz respeito à disponibilidade do recurso aéreo no período noturno, identificou-se


através das respostas à questão 3 dos questionários, que tanto sob a perspectiva dos
usuários, quanto dos prestadores do serviço de radiopatrulhamento aéreo, há uma clara
necessidade de que exista uma guarnição aérea em condições de emprego no período
noturno em Uberlândia, conforme representado no Gráfico 4.

Gráfico 4 – Percentual de concordância dos usuários do serviço de radiopatrulhamento aéreo


e dos policiais militares que prestaram o serviço de radiopatrulhamento aéreo pela
2ª CoRpAer, no período de junho a novembro de 2014 acerca de sua percepção
sobre a necessidade de se implementar o turno noturno na 2ª CoRpAer.
Fonte: Dados da pesquisa.

Contudo, esta percepção ficou mais evidente quando observadas as respostas dos usuários
do serviço, sendo que do total destes respondentes, 88% concordam ou concordam
totalmente que é necessário existir uma guarnição aérea em condições de emprego no
período noturno em Uberlândia. Já sob o ponto de vista dos respondentes que integram a 2ª
CoRpAer, este percentual foi de 63%, sendo que os que discordam da afirmativa
representam 32% do universo de prestadores do serviço, enquanto que a discordância por
parte dos usuários é praticamente nula.

Em complementação às observações colhidas junto à tropa de Uberlândia, verificou-se nas


entrevistas realizadas com os Comandantes de Unidade em Uberlândia, que a
disponibilidade do recurso aéreo possui bastante representatividade para a formação da
percepção da qualidade do serviço de radiopatrulhamento aéreo prestado pela 2ª CoRpAer.

Há uma percepção positiva dos comandantes quanto à disponibilidade dos policiais militares
integrantes da 2ª CoRpAer, no que se refere ao empenho destes durante os turnos de
serviço e nos sobrevoos, com o propósito de contribuírem para o êxito das intervenções
policiais. Destacou-se a disposição e disponibilidade destes policiais em serem acionados
de sobreaviso em casa, mesmo após uma jornada de trabalho já cumprida, e prontamente
100

deslocarem até a base para atenderem alguma demanda no período noturno.

Por outro lado, verificou-se, a partir das entrevistas realizadas, percepções negativas quanto
à disponibilidade do recurso aéreo, algumas semelhantes às relatadas nos questionários
pelos oficiais e praças, entretanto, acrescentam-se outras percepções, inerentes à função
de comando, as quais relacionam-se principalmente aos seguintes aspectos: Em muitas
ocasiões a Unidade apoiada pela 2ª CoRpAer tem que realizar o planejamento de
operações com base na disponibilidade do recurso aéreo e não de acordo com a
necessidade vigente. Ao responder a questão 4 do roteiro de entrevista, em que pergunta-se
qual o aspecto negativo mais latente relacionado à prestação do serviço de
radiopatrulhamento aéreo pela 2ª CoRpAer, o Entrevistado 1, mencionou:
O aspecto negativo é a falta de espaço do comandante de Unidade
demandar coisas diretamente ao CoRpAer, até em razão de dificuldades de
recursos, horas de voo, combustível. Nem sempre a gente pode fazer um
planejamento conforme nossa necessidade, assim tem que saber se a
aeronave tem hora de voo disponível. Você trabalha não em razão da
necessidade, mas em razão da disponibilidade da aeronave.

Outro aspecto reportado pelos Entrevistados 1 e 5, bem como observado nos comentários e
sugestões presentes nos questionários, é a necessidade de ampliar a disponibilidade do
recurso aéreo para realização de operações preventivas, atuação em outras operações
programadas e implementação de turnos de serviço na 2ª CoRpAer que permitam o
emprego da aeronave no período noturno, no qual há a maior concentração das demandas
em que há necessidade do apoio aeropolicial, o que corrobora com a percepção dos
policiais demonstrada nas respostas à questão 3, conforme representado pelo Gráfico 4.

Dentre os critérios de avaliação da qualidade do serviço, elencados por Gianesi e Correa


(1996, p. 96), verifica-se que uma das características que indicam facilidade de acesso ao
serviço é o “amplo horário de operação”, ou seja quanto maior a disponibilidade de um
serviço, mais acessível este se torna.

A percepção dos entrevistados 2 e 3 é de que há um elevado nível de disponibilidade do


recurso aéreo para o serviço, e que só não atende às necessidades quando a aeronave está
operando fora de Uberlândia, ou quando indisponível, devido às manutenções programadas,
ausência de combustível ou mesmo algum impedimento ao voo. Mencionou-se pelo
Entrevistado 2 que a indisponibilidade da aeronave por motivos de falta de combustível
impacta negativamente na tropa, que necessita do apoio aéreo de maneira mais urgente e
não compreende de forma aceitável a falta de combustível como justificativa. Ciente da
necessidade de baixa da aeronave para manutenções programadas, o Entrevistado 2
101

sugeriu, caso possível, que estas sejam procedidas nos períodos em que os índices
criminais previstos forem mais favoráveis, e sua consequente indisponibilização ocorra nos
períodos em que a demanda for menor.

Sob o ponto de vista do Entrevistado 5, o fato das manutenções da aeronave e o controle de


sua disponibilidade, serem de responsabilidade do Btl RpAer, fazem com que a 9ª RPM,
bem como suas Unidades subordinadas, fiquem alheias a este processo, o que gera um
desconhecimento a respeito do emprego e da disponibilidade do recurso aéreo da 2ª
CoRpAer. Neste sentido, o Entrevistado 5 sugere a vinculação administrativa e operacional
da 2ª CoRpAer à 9ª RPM, o que poderá acarretar em uma maior disponibilidade e respectivo
controle por parte da 9ª RPM. Conforme este entrevistado há necessidade de uma
reformulação na gestão do serviço de radiopatrulhamento aéreo desconcentrado em
Uberlândia.

Há uma expectativa latente da tropa, percebida nos questionários e nas falas da maioria dos
entrevistados, referente à disponibilidade do recurso aéreo nas 24 horas do dia, a qual não
tem sido atendida, o que gera, portanto, um impacto negativo na percepção da qualidade do
serviço. Conforme relata o entrevistado 6, mesmo havendo uma disposição da equipe da 2ª
CoRpAer em atender a um acionamento no período noturno, após encerramento do turno de
serviço, nem sempre o emprego decorrente destes acionamentos tem atendido as
expectativas da tropa, devido ao lapso temporal decorrente do acionamento, deslocamento
do pessoal até a base, realização de procedimentos para a decolagem e posterior chegada
ao local da ocorrência.

Sob a perspectiva do prestador do serviço de radiopatrulhamento aéreo, verifica-se,


conforme relata o entrevistado 4, que “a qualidade do serviço só não é excelente porque a
demanda da tropa e da operacionalidade exige que o serviço da 2ª CoRpAer compreenda
as 24 horas do dia, porém não há condições para manutenção de um serviço nesta
conjuntura, devido à carência de efetivo, de equipamentos e circunstâncias que impedem a
execução deste serviço continuado.” Esta indisponibilidade parcial de atendimento, também
mencionada pelos demais comandantes, acaba por impactar negativamente na qualidade
do serviço, pois os acionamentos em horários extra-turno, em muitas vezes, não conseguem
ser efetivos, pois a tripulação já está cansada e há um tempo necessário para a guarnição
aérea engajar-se na ocorrência, o que dependendo da ocasião, pode ser intempestivo.

Por fim, abstrai-se dos relatos dos entrevistados 4, 5 e 6, a importância da disponibilidade


do recurso aéreo para o policiamento ostensivo, pois, na medida em que há um aumento da
102

disponibilidade e do emprego da aeronave, consequentemente há um reflexo na redução


dos índices criminais, o que tem sido percebido quando do emprego da guarnição aérea em
voos preventivos ocorridos no segundo semestre de 2014, conforme relatos destes
entrevistados.

7.2 Acesso ao serviço de radiopatrulhamento aéreo da 2ª Companhia de


Radiopatrulhamento Aéreo

Com o intuito de identificar a percepção dos policiais pertencentes ao universo pesquisado,


a respeito da facilidade de acesso ao serviço de radiopatrulhamento aéreo, elaborou-se
duas questões no questionário. Tendo-se como referência que uma das características do
critério “acesso”, mencionada por Gianesi e Correa (1996, p. 96) é descrita como “acesso
sinalizado”, ou seja, para que um serviço seja acessível, são necessárias informações e
indicações que facilitem o usuário acessar determinado serviço. Neste contexto, elaborou-se
a questão 2 com uma afirmativa que trouxe uma abordagem negativa quanto ao acesso
sinalizado ao serviço. O Gráfico 5 apresenta as respostas condensadas da questão 2, a qual
apresentou o seguinte teor: “Informação sobre os horários em que a equipe do PÉGASUS
está de serviço é de difícil acesso.”

Gráfico 5 – Percentual de concordância dos usuários do serviço de radiopatrulhamento aéreo


e dos policiais militares que prestaram o serviço de radiopatrulhamento aéreo
pela 2ª CoRpAer, no período de junho a novembro de 2014, a respeito da
facilidade de acesso aos horários de serviço da guarnição aérea da 2ª CoRpAer.
Fonte: Dados da pesquisa.

Constatou-se através das respostas apresentadas no Gráfico 5, uma divergência de


percepções entre os respondentes usuários e os integrantes da 2ª CoRpAer, prestadores do
serviço. Na visão destes, as informações sobre os horários em que a aeronave PÉGASUS
103

da 2ª CoRpAer está de serviço não são de difícil acesso, pois 63% discordaram ou
discordaram totalmente da afirmativa proposta. Por outro lado, a percepção da maioria dos
policiais militares apoiados pelo serviço de radiopatrulhamento aéreo da 2ª CoRpAer, é de
que há dificuldade para acessar estas informações, pois esta foi a opinião de 48% do
público usuário do serviço. Neste sentido, foi sugerido no questionário, por um dos policiais
militares usuários do serviço de radiopatrulhamento aéreo, que a escala mensal de serviço
da 2ª CoRpAer, seja compartilhada com as Companhias de Polícia Militar em Uberlândia.

A segunda afirmativa, dentro da perspectiva do acesso ao serviço, buscou identificar a


percepção dos respondentes a respeito da facilidade com que o serviço de
radiopatrulhamento, de responsabilidade da 2ª CoRpAer, é obtido. A questão 16, construída
sob um viés de negação com relação ao critério a ser analisado, foi elaborada da seguinte
forma: “É difícil conseguir acionar o PÉGASUS para apoio em ocorrências policiais.”. No
questionário direcionado aos integrantes da 2ª CoRpAer a respectiva questão foi elaborada
com o objetivo de captar a percepção dos prestadores do serviço a respeito da dificuldade
de acionamento da aeronave por parte da tropa de serviço em Uberlândia (Ver Apêndice C):
“É difícil para a tropa de serviço em Uberlândia, conseguir acionar o PÉGASUS para apoio
em ocorrências policiais”.

A partir das respostas obtidas, verificou-se que 81% dos respondentes, pertencentes à 2ª
CoRpAer, discordam totalmente de que é difícil para a tropa de serviço em Uberlândia
acionar a aeronave da 2ª CoRpAer para ocorrências policiais, contudo, sob a perspectiva da
própria tropa apoiada, as opiniões foram mais heterogêneas e se equilibraram entre
concordância e discordância em relação à afirmativa, o que dificultou extrair alguma
conclusão a respeito. Diante desta circunstância, decidiu-se por analisar as respostas dadas
pelos usuários à questão 16, mediante a comparação entre as percepções do grupo de
oficiais, composto por capitães, 1º Tenentes e 2º Tenentes, com as percepções extraídas do
grupo de praças, composto por 1º, 2º e 3º Sargentos, Cabos e Soldados de 1ª Classe,
conforme exposto no Gráfico 6.
104

Gráfico 6 – Percentual de concordância dos usuários do serviço de radiopatrulhamento aéreo


e dos policiais militares que prestaram o serviço de radiopatrulhamento aéreo pela
2ª CoRpAer, no período de junho a novembro de 2014, referente à dificuldade de
acesso ao serviço de radiopatrulhamento aéreo prestado pela 2ª CoRpAer.
Fonte: Dados da pesquisa.

Conforme as próprias informações prestadas pelos respondentes no questionário, durante


as intervenções policiais em que estes receberam o apoio da guarnição aérea da 2ª
CoRpAer, os oficiais encontravam-se exercendo atividades de coordenação e controle38 dos
turnos operacionais, previstas na DGEOp (MINAS GERAIS, 2010), como as funções de
supervisor, coordenador do policiamento da Unidade (CPU), ROTAM Comando e Comando
Tático. As praças, por sua vez, foram apoiadas pelo recurso aéreo enquanto atuavam, em
sua maioria, como comandantes de guarnição, motoristas ou patrulheiros, ou seja, no
exercício de atividades relacionadas à execução da atividade-fim da Instituição.

Verifica-se dos dados apresentados no Gráfico 6, que há uma razoável indiferença nos
posicionamentos à questão, principalmente pelos oficiais, que não concordaram nem
discordaram em 32,4% de seu universo. Entretanto, a partir desta abordagem é possível
distinguir que as praças percebem ser mais difícil conseguir o apoio da aeronave em
ocorrências policiais do que os oficiais.

Provavelmente esta percepção possa ser explicada devido ao fato de que na maioria das
intervenções em que há necessidade de emprego do helicóptero da 2ª CoRpAer, há a
presença de um oficial à frente da tropa no local da ocorrência, sendo este quem avalia a
necessidade do emprego da aeronave e solicita seu acionamento. Diferentemente das
praças, que apesar de serem apoiadas pela aeronave nas atividades de cerco, bloqueio,

38 Coordenação e controle refere-se às “atividades realizadas pelos níveis estratégico, tático e operacional da
PMMG, com o objetivo de permitir aos comandos, em todos os escalões, avaliar, orientar, colher subsídios
para o aperfeiçoamento, identificar e corrigir desvios, verificar o desenvolvimento de atividades relacionadas
a recursos humanos, emprego operacional, inteligência, logística e comunicação organizacional” (MINAS
GERAIS, 2010, p. 41).
105

busca, captura em matas e outras circunstâncias, estas não participam muito do processo
de acionamento do recurso aéreo, o qual geralmente fica sob o crivo do oficial de serviço no
turno.

As percepções a cerca da facilidade de acesso ao recurso aéreo da 2ª CoRpAer, extraídas


dos questionários estão muito próximas das percepções obtidas por meio das entrevistas
realizadas com os comandantes. Verificou-se principalmente por parte dos policiais
apoiados pelo serviço que responderam ao questionário, que 37% destes entendem que o
acesso ao serviço de radiopatrulhamento aéreo é difícil, enquanto que outros 39%
praticamente na mesma proporção, entendem não ser de difícil acesso.

Sob a perspectiva dos oficiais entrevistados, os quais ocupam função de comando de


Unidade, identificou-se também dois posicionamentos distintos no que se refere ao acesso
ao recurso aéreo. Verifica-se que quando há necessidade de emprego do helicóptero da 2ª
CoRpAer em circunstâncias emergenciais, e esta demanda ocorre no período diurno,
quando há uma guarnição aérea em condições de emprego, o acesso ao recurso aéreo é
fácil e tem contribuído positivamente para a percepção da qualidade do serviço de
radiopatrulhamento aéreo prestado, conforme trechos extraídos das entrevistas:
Entrevistado 2: ”É muito fácil acesso, a forma de acesso por meio de rádio, telefone, o
COPOM tem conhecimento das escalas do CoRpAer, tem os telefones dos militares, sabe
dos impedimentos programados”. Entrevistado 4: “Em ocorrências policiais o acesso é
facilitado e imediato no período diurno e mediato no período noturno.” Entrevistado 5: “Para
ocorrências emergenciais excelente acesso, [...] este acesso tem proporcionado grandes
respostas na atividade-fim.” Entrevistado 6: “Em ocorrências policiais emergenciais a
aeronave tem atendido às solicitações de imediato”.

Entretanto, verifica-se uma percepção negativa, por parte da maioria dos comandantes, no
que diz respeito à facilidade de acesso ao recurso aéreo quando da necessidade de
empregá-lo em operações de caráter preventivo, em apoio ao policiamento de grandes
eventos, e outras demandas em que o apoio aéreo é de fundamental importância para as
Unidades. Nestas circunstâncias, o acesso e a disponibilidade do recurso aéreo é dificultado
devido à burocracia exigida para tal, pois as demandas devem ser encaminhadas ao CPE
em Belo Horizonte, via Comando da 9ª RPM, inexistindo autonomia por parte do comando
da 2ª CoRpAer para deliberar sobre o emprego da aeronave no patrulhamento preventivo e
demais demandas não emergenciais das Unidades apoiadas.
106

7.3 Comunicação e interação entre 2ª Companhia de Radiopatrulhamento Aéreo e


usuários do serviço de radiopatrulhamento aéreo em Uberlândia.

A doutrina prevista na Minuta da Diretriz de emprego de aeronaves da PMMG (MINAS


GERAIS, 2013a) elenca como um dos pressupostos básicos para aplicação do recurso
aéreo no policiamento ostensivo, a integração e interação ar-solo, que compreende o
entrosamento e as comunicações necessárias, no teatro de operações, entre as frações em
solo e aeronave, para que o sucesso de determinada intervenção seja alcançado.

A comunicação é elencada por Parasuraman, Zeithaml e Berry (2006) como um dos fatores
determinantes da qualidade de um serviço, a qual compreende a capacidade do prestador
do serviço em ouvir as demandas dos usuários e informá-los de maneira clara e inteligível a
respeito dos aspectos inerentes à prestação do serviço.

A partir desta perspectiva, mediante os instrumentos de coleta de dados, buscou-se


identificar a percepção dos policiais militares apoiados pelo serviço de radiopatrulhamento
aéreo, bem como dos prestadores do respectivo serviço, quanto à qualidade das
comunicações e interações existentes entre a 2ª CoRpAer e o público interno usuário do
serviço, em quatro circunstâncias: a) Caso não seja realizado o sobrevoo em determinada
ocorrência, o usuário recebe ou não informações sobre o motivo; b) Se os usuários do
serviço de radiopatrulhamento aéreo receberam informações a respeito das limitações que a
aeronave possui ao atuar em ocorrências policiais; c) Se a interação ar-solo é boa ou ruim
durante o emprego da aeronave nos locais de ocorrências policiais; d) A qualidade da
comunicação e integração da 2ª CoRpAer com as demais Unidades de Uberlândia.

a) Comunicação à tropa quando da não prestação do serviço de radiopatrulhamento aéreo

Com o intuito de identificar a percepção dos respondentes com relação à comunicação da 2ª


CoRpAer na primeira circunstância elencada, foi elaborada no questionário, a questão 4,
com o seguinte teor: “Caso o PÉGASUS não possa apoiar determinada ocorrência policial,
não recebo informações do motivo.” Para os integrantes da 2ª CoRpAer a questão 4 foi
construída sob a perspectiva de quem transmite as informações: “Caso o PÉGASUS não
possa apoiar determinada ocorrência, não são repassadas informações do motivo ao
solicitante.” O Gráfico 7 demonstra o comparativo entre as percepções dos militares
apoiados e dos integrantes da 2ª CoRpAer sobre a questão 4:
107

Gráfico 7 – Percentual de concordância dos usuários do serviço de radiopatrulhamento aéreo


e dos policiais militares que prestaram o serviço de radiopatrulhamento aéreo pela
2ª CoRpAer, no período de junho a novembro de 2014, em Uberlândia, sobre a
sua percepção acerca da inexistência de feed-back sobre os motivos do não
atendimento do serviço prestado pela 2ª CoRpAer aos policiais militares
solicitantes do recurso aéreo, caso a aeronave não possa apoiá-los.
Fonte: Dados da pesquisa.

Pode-se observar que há um percentual destacado de 59% dos respondentes da 2ª


CoRpAer que discordam totalmente da afirmativa apresentada na questão 4, os quais,
portanto, tem o firme entendimento que quando a aeronave não pode apoiar a tropa em
determinada ocorrência, os motivos são informados aos policiais militares solicitantes do
recurso. Verifica-se, contudo, que a percepção dos policiais militares, enquanto usuários e
solicitantes do apoio aéreo, conforme exposto no Gráfico 7, tende a um posicionamento de
neutralidade, em que não há concordância, nem discordância com relação à afirmativa, ou
seja, pode-se também inferir destes dados, que às vezes estas informações são passadas
para os solicitantes, e às vezes não.

b) Comunicação aos usuários do serviço de radiopatrulhamento aéreo a respeito das


limitações e aspectos inerentes ao emprego do helicóptero em ocorrências policiais.

A segunda circunstância abordada dentro do aspecto da comunicação, foi apresentada aos


respondentes do questionário na afirmativa da questão 6, com a seguinte descrição: “Recebi
dos policiais militares da 2ª CoRpAer informações a respeito das limitações que o
PÉGASUS possui para atuar em ocorrências policiais.” Verifica-se do total de respondentes
pertencentes à tropa, ou seja, do universo de usuários do serviço de radiopatrulhamento
aéreo, 50% destes concordam ou concordam totalmente terem recebido as respectivas
informações por parte da equipe da 2ª CoRpAer. Um dos reflexos positivos da transmissão
de informações à tropa, relativas ao emprego da aeronave, é observada no relato do
entrevistado 6, que enaltece a melhora recente nas comunicações operacionais em
108

Uberlândia, a partir da iniciativa da 2ª CoRpAer em ministrar palestras sobre o emprego da


aeronave e as formas de interação com o helicóptero da PMMG durante as ocorrências
policiais.

Aos respondentes do questionário que integram a 2ª CoRpAer, a afirmativa elencada na


questão 6 (ver Apêndice C) buscou identificar qual a percepção destes sobre o nível de
conhecimento que a tropa possui sobre as limitações da aeronave, conforme descrito:“Os
policiais militares da guarnição de Uberlândia possuem informações suficientes a respeito
das limitações que o PÉGASUS possui para atuar em ocorrências policiais”. Verificou-se
que 58% dos respondentes concordam ou concordam totalmente com a afirmativa, ou seja,
observa-se uma percepção semelhante à dos usuários, porém mais otimista.

Apesar da tendência de concordância com a afirmativa da questão 6 (ver Apêndices C e D),


verificada em ambos questionários, e a percepção de que as instruções e palestras
ministradas pelo pessoal da 2ª CoRpAer tem redundado em melhoras nas comunicações
operacionais, constata-se, por outro lado, que além de haver um percentual de 22% dos
respondentes, pertencentes ao universo de usuários, que discordam totalmente da referida
afirmativa, estão acostados vários comentários e sugestões ao final do questionário, que
indicam a necessidade dos oficiais e praças, por conhecerem melhor a atividade aérea da
PMMG.

As observações sugerem maior aproximação da Unidade aérea com a tropa, mais


instruções, treinamentos e informações sobre as limitações da aeronave e as peculiaridades
de seu emprego em intervenções policiais, conforme exemplificado nos seguintes trechos: a)
“Seria interessante uma maior interação da equipe PÉGASUS com o restante da guarnição
da cidade de Uberlândia, como instruções do serviço da aeronave, de forma que
conheceríamos mais acerca do serviço e entenderíamos as peculiaridades do serviço.” b)
“Poderia haver mais troca de informações, visitas técnicas, não somente da tropa de área ao
CoRpAer, quanto dos policiais militares do CoRpAer às Companhias.” c) “Continuidade nos
treinamentos para a atividade operacional com vistas a facilitar a comunicação entre as
equipes do PÉGASUS e as viaturas policiais.”

Os policiais militares usuários do serviço aeropolicial informaram no cabeçalho do


questionário se haviam recebido instrução ou palestra sobre emprego de aeronaves da
PMMG, ministrada por policiais militares pertencentes à 2ª CoRpAer nos últimos dois anos,
sendo que do total de respondentes, apenas 46% haviam recebido algum tipo de instrução
109

ou palestra, enquanto que o restante dos 54% não receberam formalmente nenhum tipo de
informação a respeito das limitações e peculiaridades do emprego de aeronaves no
policiamento ostensivo no período mencionado. Por outro lado, 82% dos respondentes
pertencentes à 2ª CoRpAer informaram que ministraram instrução ou palestra aos policiais
militares lotados em Uberlândia nos últimos dois anos.

Ainda no que se refere ao conhecimento da tropa a respeito da atuação da aeronave em


intervenções policiais e suas limitações, constatou-se também, a partir dos relatos dos
entrevistados 1 e 4, a percepção de que há uma carência de informações relativas ao
potencial, às limitações e à doutrina de emprego da aeronave da PMMG, que refletem
consequentemente, em acionamentos tardios e intempestivos da aeronave, culminando em
uma perda na capacidade produtiva do recurso aéreo, bem como em uma frustração por
parte da própria guarnição aérea, que tem a expectativa de prestar um apoio efetivo à tropa.

Conforme mencionado no item 4.3 a “rapidez no atendimento” é um dos pressupostos


básicos previstos na doutrina pela minuta da Diretriz de emprego de aeronaves (MINAS
GERAIS, 2013a) a qual pressupõe que uma das maiores vantagens da utilização de
aeronaves em ações policiais é a rapidez no tempo de resposta. Para que esta vantagem
seja auferida de forma efetiva, é necessário, em primeira instância, que o acionamento do
recurso aéreo seja ágil e oportuno, o que proporcionará maior chance de êxito na missão.

Assim sendo, uma das sugestões propostas pelo entrevistado 4 é a implementação da


disciplina de Policiamento Ostensivo Aéreo39 nos cursos de formação de oficiais e praças da
Instituição, desenvolvimento de cursos e treinamentos sobre emprego de aeronaves em
ocorrências policiais, direcionados para o público de policiais militares pertencentes às
frações terrestres, com o objetivo de capacitá-los e habilitá-los como elementos de apoio
para a atuação da aeronave e como multiplicadores da doutrina aeropolicial no seio da tropa.

Complementarmente, verifica-se, conforme dados coletados junto aos questionários, a


necessidade da 2ª CoRpAer implementar mais instruções e palestras junto aos policiais
militares que servem nas UEOp de Uberlândia, de forma a disseminar e multiplicar as
informações atinentes ao emprego do helicóptero em apoio às frações policiais terrestres e
consequentemente melhorar a interação entre as equipes e a capacidade de resposta do
recurso aéreo.

39 Para maiores informações a respeito da proposta de criação da disciplina de “Policiamento ostensivo aéreo”,
nos cursos de formação da PMMG, sugere-se consultar Silva(2008).
110

c) Comunicação e interação entre guarnição aérea da 2ª CoRpAer e frações policiais


terrestres durante as intervenções policiais

O terceiro aspecto a ser analisado dentro do contexto da comunicação, como um dos


critérios determinantes da qualidade do serviço de radiopatrulhamento aéreo prestado pela
2ª CoRpAer, é a comunicação e interação entre as frações em solo e a aeronave durante o
desenrolar das ocorrências policiais. Conforme previsto na minuta da Diretriz de emprego de
aeronaves (MINAS GERAIS, 2013a. p. 18), este aspecto faz parte dos pressupostos básicos
do emprego de aeronaves, o qual denomina-se “integração e interação ar-solo”.

Nesta perspectiva, foi acostada aos questionários a questão 8, a respeito da qual solicitou-
se aos respondentes posicionarem-se em nível de concordância diante da seguinte
afirmativa: “No local de ocorrência policial, a interação entre guarnições em solo e o
PÉGASUS é ruim.” O Gráfico 8 apresenta o comparativo entre as percepções dos militares
apoiados e dos integrantes da 2ª CoRpAer sobre a respectiva questão.

Gráfico 8 – Percentual de concordância dos usuários do serviço de radiopatrulhamento aéreo


e dos policiais militares que prestaram o serviço de radiopatrulhamento aéreo pela
2ª CoRpAer, no período de junho a novembro de 2014, em Uberlândia, no que se
refere à sua percepção sobre a qualidade ruim da interação entre o PÉGASUS e
as frações terrestres no local de ocorrência policial.
Fonte: Dados da pesquisa.

Mediante os dados apresentados no Gráfico 8, verifica-se que diante de uma afirmativa em


que a qualidade da interação ar-solo é apresentada de forma negativa, 44% dos
respondentes pertencentes ao público usuário do serviço de radiopatrulhamento aéreo,
discordou totalmente da afirmativa proposta, que ao somar-se aos 35% que discordaram,
mas não totalmente, chega-se a um percentual de 79% de discordância, ou seja, sob a
perspectiva da tropa apoiada pelo recurso aéreo, o aspecto da interação ar-solo no local da
ocorrência tem agregado qualidade ao serviço de radiopatrulhamento aéreo desenvolvido
111

pela 2ª CoRpAer em Uberlândia.

Neste mesmo diapasão, extrai-se dos relatos dos entrevistados 2 e 5 a percepção de que as
comunicações e interações estabelecidas entre as frações policiais em solo e a aeronave
durante as intervenções policiais é excelente, rápida e fluente, desde as comunicações de
acionamento da guarnição aérea, até a troca de informações ocorridas no local de
ocorrência.

Este aspecto positivo pode ser confirmado ao observar-se o Gráfico 9, o qual apresenta os
dados das respostas à questão 12 do questionário (ver Apêndices C e D), no qual é
constatado que a maioria dos respondentes discordaram totalmente de que a aeronave
PÉGASUS passa poucas orientações às guarnições em solo para o posicionamento em
ações de cerco/bloqueio.

Gráfico 9 – Percentual de concordância dos usuários do serviço de radiopatrulhamento aéreo


e dos policiais militares que prestaram o serviço de radiopatrulhamento aéreo pela
2ª CoRpAer, no período de junho a novembro de 2014, em Uberlândia, acerca de
sua percepção sobre a baixa quantidade de orientações transmitidas pela
aeronave às guarnições em solo durante as ações de cerco/bloqueio.
Fonte: Dados da pesquisa.

Por outro lado, conforme dados do Gráfico 8, do ponto de vista dos policiais militares que
integram a 2ª CoRpAer, verifica-se uma maior dispersão e variação da percepção da
qualidade no que diz respeito à interação ar-solo, pois, apesar de haver 47% destes
respondentes que discordam ou discordam totalmente de que estas interações sejam ruins,
há um percentual de 24% de concordância com a afirmativa e 29% que mantiveram-se em
posição de neutralidade quanto ao tema.

Soma-se à perspectiva do prestador do serviço, a percepção observada a partir das


informações compartilhadas pelo entrevistado 4, que entende que as comunicações e
interações entre 2ª CoRpAer e demais frações em solo é deficiente, devido à existência de
112

ruídos e falhas no sistema de comunicação. “Muitas vezes a equipe de serviço está


acompanhando a rede de rádio, mas há situações de ruído e dificuldades nas comunicações
que atrapalham o desempenho da atividade aérea.” Uma das sugestões propostas por um
dos respondentes do questionário, pertencente ao universo dos integrantes da 2ª CoRpAer,
é que haja investimentos para “melhoria nos equipamentos de comunicação interna e com a
tropa.”

Conclui-se, portanto, que do ponto de vista principalmente dos policiais militares usuários do
recurso aéreo, a interação entre a aeronave PÉGASUS e as equipes em solo, nos locais de
ocorrência é de elevada qualidade, porém para aqueles que prestam o serviço de
radiopatrulhamento aéreo, as falhas no sistema de comunicação tem interferido
negativamente na qualidade do serviço prestado.

d) A comunicação e integração da 2ª CoRpAer com as demais Unidades de Uberlândia.

Além das abordagens estabelecidas quanto ao critério de comunicação, no contexto do


serviço de radiopatrulhamento aéreo prestado em Uberlândia, identificou-se através dos
comentários e sugestões acostados nos questionários e relatos nas entrevistas realizadas,
percepções a respeito da integração da 2ª CoRpAer com as demais Unidades de Polícia
Militar da guarnição de Uberlândia. Quanto a este aspecto, do ponto de vista dos
entrevistados, a percepção é de que existe uma boa interação entre o comando, oficiais e
praças da 2ª CoRpAer, com as demais Unidades e seus respectivos comandantes, sendo
que conforme relato do entrevistado 6:
As interações entre comandante e oficiais da 2ª CoRpAer com os
comandantes de UEOp da guarnição de Uberlândia tem sido boa e estes
tem sempre partilhado das demandas e necessidades. Participação da 2ª
CoRpAer nas reuniões de comandantes de unidades, nas discussões dos
problemas das unidades de área.

Apesar do bom relacionamento entre 2ª CoRpAer e Unidades, percebido pelos


comandantes, identifica-se através dos comentários e sugestões elencados por parte dos
respondentes do questionário, pertencentes ao universo de usuários do serviço de
radiopatrulhamento aéreo, o interesse e a necessidade de que haja uma aproximação maior
entre a 2ª CoRpAer e a tropa das demais Unidades em Uberlândia, através de instruções
pré-turno de serviço, palestras, visitas técnicas, e outras estratégias, orientadas para a troca
de informações e no sentido de compartilhar o conhecimento a respeito das potencialidades,
limitações e peculiaridades do emprego de aeronaves no policiamento ostensivo.
113

7.4 Velocidade de atendimento do serviço de radiopatrulhamento aéreo da 2ª


Companhia de Radiopatrulhamento Aéreo

Um dos critérios responsáveis por determinar a qualidade em serviços, elencado por


Gianesi e Correa (1996) é a “velocidade de atendimento”, mormente quando o cliente ou
usuário está presente durante a realização do serviço. Para os autores a velocidade de
atendimento compreende o tempo que o usuário tem que gastar para receber determinado
serviço, a qual é denominada por lobos (1993) de “rapidez”. Para este autor, excetuando-se
os serviços que produzem prazer físico, em geral, ao demandar determinado serviço, a
expectativa do usuário é que este seja rápido. Neste âmbito, Parasuraman, Zeithaml e Berry
(2006) enquadram os aspectos de prontidão, tempestividade e oportunidade do serviço, no
critério de “sensibilidade”, o qual também abrange a disposição do prestador do serviço e a
velocidade com que este é realizado.

A “velocidade de ação de resposta” é destacada pela minuta da Diretriz de emprego de


aeronaves (MINAS GERAIS, 2013a) como uma das principais vantagens presentes na
utilização do helicóptero no campo do policiamento ostensivo. Com o intuito de captar a
percepção dos usuários e prestadores do serviço de radiopatrulhamento aéreo da 2ª
CoRpAer quanto a este critério, elaborou-se duas questões no questionário, as quais
buscaram identificar a velocidade de ação de resposta do recurso aéreo em dois momentos
distintos: a) Entre o acionamento e a confirmação do emprego da aeronave; b) Da
confirmação do emprego até a chegada da aeronave ao local de ocorrência.

a) Velocidade de atendimento entre o acionamento e a confirmação do emprego da


aeronave.

A questão 5 (ver Apêndice C) do questionário foi elaborada com o objetivo de identificar a


percepção dos respondentes a respeito do tempo gasto entre o acionamento da aeronave
pelas frações policiais em solo até a confirmação do emprego da aeronave na ocorrência.
As respectivas respostas foram condensadas no Gráfico 10, comparando-se as percepções
dos usuários com a dos integrantes da 2ª CoRpAer diante da afirmativa proposta.
114

Gráfico 10 – Percentual de concordância dos usuários do serviço de radiopatrulhamento


aéreo e dos policiais militares que prestaram o serviço de radiopatrulhamento
aéreo pela 2ª CoRpAer, no período de junho a novembro de 2014, em
Uberlândia, acerca de sua percepção a respeito da demora no tempo gasto
entre o acionamento do recurso aéreo e a confirmação de seu emprego.
Fonte: Dados da pesquisa.

Conforme demonstra o Gráfico 10, as percepções dos respondentes, tanto usuários do


serviço de radiopatrulhamento aéreo, bem como integrantes da 2ª CoRpAer, apontam para
o fato de que o tempo gasto entre o acionamento da aeronave e a confirmação de seu
emprego é rápido, principalmente sob a ótica do pessoal da 2ª CoRpAer, em que 70% dos
respondentes discordaram ou discordaram totalmente da afirmativa apresentada na questão
5. Entre o público de respondentes composto dos policiais militares que solicitaram o apoio
da aeronave, houve um percentual de discordância que apesar de menor, também indicou a
percepção da maioria de seu universo, de que não há demora entre o acionamento e a
confirmação do emprego do recurso aéreo.

Entretanto, deve-se pontuar que houve um percentual considerável de 29% dos


respondentes apoiados pelo recurso aéreo que não concordaram, nem discordaram da
afirmativa, o que leva à possibilidade de conclusão de que para estes, pode ser que em
algumas solicitações este tempo foi rápido, mas em outras ocasiões não. Por outro lado,
pode-se inferir também que para estes respondentes o tempo gasto entre o acionamento e a
confirmação não é demorado, mas também não é rápido, ou seja, é um aspecto que pode
ser melhorado.

Neste sentido, observou-se nos comentários tecidos pelos integrantes da 2ª CoRpAer ao


final do questionário, a necessidade de melhorar o tempo de resposta do emprego da
aeronave nas intervenções, sendo ressaltado o cuidado em não se perder o princípio da
oportunidade diante de ocorrências que exigem atuação imediata. Sugere-se a redução da
115

burocracia e uma maior autonomia ao comandante de aeronave para decidir sobre o


emprego do recurso aéreo conforme a ocorrência, reduzindo o tempo de resposta.

b) Velocidade de atendimento entre a confirmação do emprego da aeronave até a sua


chegada ao local de ocorrência.

O segundo momento em análise, referente à velocidade de atendimento do serviço de


radiopatrulhamento aéreo da 2ª CoRpAer, compreende o tempo entre a confirmação do
emprego da aeronave e sua chegada no local de ocorrência. Para colher a percepção dos
respondentes quanto a este aspecto, foi elaborada a questão 7 do questionário (ver
Apêndices C e D), cujas respostas estão condensadas no Gráfico 11, a qual apresentou a
seguinte afirmativa: “O PÉGASUS chega rapidamente aos locais de ocorrência, após
confirmado seu acionamento.”

Gráfico 11 – Percentual de concordância dos usuários do serviço de radiopatrulhamento


aéreo e dos policiais militares que prestaram o serviço de radiopatrulhamento
aéreo pela 2ª CoRpAer, no período de junho a novembro de 2014, em
Uberlândia, acerca de sua percepção a respeito da rapidez no tempo entre a
confirmação do emprego da aeronave da 2ª CoRpAer e sua chegada ao local
de ocorrência.
Fonte: Dados da pesquisa.

Conforme exposto no Gráfico 11, a opinião majoritária dos respondentes confirmou o


proposto pela afirmativa da questão 7 (ver Apêndice C), de que a aeronave PÉGASUS da 2ª
CoRpAer chega rapidamente ao local da ocorrência, sendo constatada uma convergência
muito semelhante de percepções ao comparar-se o universo de respondentes usuários do
serviço de radiopatrulhameto aéreo com os integrantes da 2ª CoRpAer, prestadores do
serviço.

Corrobora a esta percepção positiva a respeito do critério “velocidade de atendimento”, os


pontos de vista dos comandantes entrevistados, que em sua totalidade concordam que em
116

situações de emergência, a velocidade de atendimento da guarnição aérea da 2ª CoRpAer é


instantânea, excelente e muito rápida, tendo sido destacado pelo entrevistado 3 como um
dos principais pontos positivos do serviço prestado pela 2ª CoRpAer, a pronta resposta
diante de incidentes críticos fora de Uberlândia, em que a aeronave foi empregada para
traslado de equipes especializadas em gerenciamento de crises, acelerando o processo de
resolução do conflito.

Por outro lado, cabe ressaltar duas percepções negativas a respeito deste critério: Conforme
relato do entrevistado 1, diante da necessidade de emprego do recurso aéreo em operações
programadas e eventos de grande vulto que exigem planejamento prévio, a velocidade de
atendimento é demorada, tendo ocorrido situações em que demandou-se o recurso aéreo e
a autorização de seu emprego não chegou em tempo oportuno, perdendo-se o princípio da
oportunidade. A segunda observação, conforme menciona o entrevistado 6: “diz respeito ao
tempo de espera para a aeronave deslocar ao local de ocorrência quando do período
noturno, ou quando não há equipe de prontidão no CoRpAer, havendo necessidade de
acionamento da equipe de sobreaviso em casa.” Nesta situação, o referido entrevistado
destaca que este tempo de espera não tem atendido às expectativas das frações policiais
terrestres, que necessitam da pronta resposta do apoio aéreo nos locais de intervenção.

Conforme relatado pelo entrevistado 7, “a primeira expectativa com relação ao serviço de


radiopatrulhamento aéreo é se a solicitação será ou não atendida em tempo oportuno e, se
atendida, o tempo será o fator preponderante para a efetividade da ação ou operação.”
Verifica-se portanto, que no que se refere à velocidade de atendimento da aeronave diante
de ocorrências policiais de caráter emergencial no período diurno, ou quando há equipe de
prontidão na base, o serviço de radiopatrulhamento aéreo prestado pela 2ª CoRpAer tem
atendido satisfatoriamente às expectativas dos usuários.

7.5 Desempenho do serviço de radiopatrulhamento aéreo nas intervenções policiais

Conforme explana Lobos (1993), o desempenho é o principal critério determinante da


qualidade, pois relaciona-se à razão de existir de determinado serviço, ou seja, compreende
a realização do serviço propriamente dita e a forma como este é prestado. Esta subdivisão
da dimensão do desempenho do serviço é apresentada por Grönroos (2006, p. 90) como
“desempenho instrumental” e “desempenho expressivo” respectivamente, e foi abordada
mais detidamente na seção 2. Na perspectiva de Parasuraman, Zeithaml e Berry (2006) o
desempenho está afeto ao critério de confiabilidade, o qual corresponde à realização do
117

serviço de maneira correta, conforme prometido.

Com o propósito de verificar a percepção dos usuários do serviço de radiopatrulhamento


aéreo no município de Uberlândia, bem como dos prestadores deste serviço, a respeito do
desempenho da guarnição aérea da 2ª CoRpAer nas intervenções policiais, foram
elaboradas seis questões no questionário as quais abordaram os seguintes aspectos: a)
desempenho do farol de busca no período noturno; b) a permanência da aeronave no local
de ocorrência enquanto necessário; c) o conhecimento da tripulação do PÉGASUS a
respeito do modus operandi40 da criminalidade em Uberlândia; d) a eficácia do recurso aéreo
diante dos resultados esperados; e) a percepção de que a aeronave poderia ter sido
empregada em outras ocorrências das quais não participou; f) a participação do recurso
aéreo como elemento indispensável ao sucesso da intervenção para qual foi acionado.

a) Desempenho do farol de busca da aeronave no período noturno

Quanto ao primeiro aspecto elencado e conforme mencionado anteriormente na subseção


6.6, o Manual técnico-científico 3.04.07/2013-CG (MINAS GERAIS, 2013b) apresenta o farol
de busca, modelo Holofote SX – 16 Nightsun como um dos equipamentos utilizados no
helicóptero, cuja função principal é auxiliar as frações policiais em solo nos procedimentos
de busca ou localização de indivíduos no período noturno. Neste contexto, elaborou-se a
questão 9 do questionário (ver apêndices C e D), na qual buscou-se identificar a percepção
dos respondentes, se o emprego do farol de busca pela aeronave da 2ª CoRpAer tem
atendido às necessidades das frações policiais terrestres, em sua atuação no período
noturno, conforme descrito na afirmativa: “No período noturno o farol de busca do
PÉGASUS não atende às necessidades dos policiais militares na sua atuação em solo.” O
gráfico 12 apresenta o comparativo entre as respostas dos usuários do serviço de
radiopatrulhamento aéreo e os integrantes da 2ª CoRpAer, prestadores do respectivo
serviço.

40 Forma peculiar pela qual determinado infrator atua (MINAS GERAIS, 2013b).
118

Gráfico 12 – Percentual de concordância dos usuários do serviço de radiopatrulhamento


aéreo e dos policiais militares que prestaram o serviço de radiopatrulhamento
aéreo pela 2ª CoRpAer, no período de junho a novembro de 2014, acerca de
sua percepção sobre o não atendimento do farol de busca utilizado pela
aeronave da 2ª CoRpAer, às necessidades dos policiais militares na sua
atuação em solo no período noturno, no município de Uberlândia.
Fonte: Dados da pesquisa.

Conforme os dados apresentados no Gráfico 12, verifica-se que o posicionamento de total


discordância em relação à afirmativa proposta pela questão 9, corresponde à percepção
majoritária tanto dos respondentes que compõem o universo de usuários do serviço de
radiopatrulhamento aéreo, quanto dos prestadores do respectivo serviço. Constata-se,
portanto, um elevado grau de qualidade no serviço percebido, no que diz respeito ao
atendimento às necessidades das frações policiais em solo, mediante a utilização do farol
de busca pela aeronave da 2ª CoRpAer no período noturno, ou seja, o emprego do farol de
busca nas intervenções policiais noturnas, tem sido eficaz, conforme a percepção da maioria
dos usuários e prestadores do serviço.

Não obstante o elevado grau de percepção positiva a respeito do desempenho do farol de


busca em apoio às frações policiais no período noturno, comprovado pelos dados
apresentados no Gráfico 12, foram extraídos relatos e observações por parte dos
respondentes ao questionário e das entrevistas realizadas com os comandantes, os quais
apontaram para uma deficiência no desempenho do helicóptero PÉGASUS da 2ª CoRpAer,
quando de seu emprego no período noturno, em virtude da ausência de outros
equipamentos, já existentes no mercado e no Btl RpAer, os quais poderiam potencializar a
sua atuação em Uberlândia.

Dentre os diversos comentários e sugestões apresentados neste contexto, destacam-se: a)


“A aeronave Pégasus que estiver sendo empregada em Uberlândia deveria estar equipada
119

com o FLIR41, bem como, se possível, fornecer óculos de visão noturna para os tripulantes”;
b) “Instalação de câmera termográfica no Pégasus para otimizar o atendimento na medida
em que reduz custo, uma vez que menos horas de voo são gastas”; c) “Eu vejo que seria
interessante que aeronave tenha equipamentos que possibilitem uma maior eficiência no
patrulhamento aéreo, com transmissão de imagens em tempo real, instrumentos para voos
noturnos.” d) Uma das dificuldades presentes na prestação do serviço de
radiopatrulhamento aéreo é a inexistência de equipamentos para operar noturno, como FLIR
e OVN42”; e) “Sabe-se do grande esforço em atender à noite, em mal tempo, correndo até
risco para atender as demandas, mas a falta de equipamentos mostra a fragilidade da
capacidade de atendimento, principalmente à noite.”

Conclui-se, portanto, a partir das percepções colhidas pelos instrumentos de coleta de


dados, que o desempenho da aeronave PÉGASUS, enquanto utiliza-se do farol de busca
nas intervenções noturnas, é bastante satisfatório e atende às necessidades das frações
policiais apoiadas. Entretanto, conforme mencionado pelos entrevistados, é necessário
melhorar a qualidade deste serviço, pois a capacidade de atuação da aeronave no período
noturno é limitada ao utilizar-se apenas do farol de busca, pois a maioria das ocorrências em
que há necessidade do emprego de aeronave em Uberlândia ocorrem no período noturno e
envolvem indivíduos em fuga e homiziados em matas, sendo que a aquisição de
equipamentos que potencializem a atuação da aeronave nestas circunstâncias, como
imageador termal e os óculos de visão noturna, tornam-se necessários e fundamentais para
a realização do radiopatrulhamento aéreo com qualidade.

b) Desempenho da aeronave no que diz respeito à sua permanência no local de atuação

Uma das dimensões da qualidade em serviços, elencada por Lobos (1993, p.149) é a
“disposição para servir”, que compreende a atitude, o interesse e a própria disposição do
prestador de determinado serviço em atender às necessidades de seu cliente ou usuário.
Neste contexto, buscou-se identificar a atitude e o interesse dos membros da guarnição
aérea em prestar o apoio às frações policiais em solo, mediante a percepção dos
respondentes aos questionários, se o recurso aéreo tem permanecido o tempo necessário
nos locais onde é demandado.

41 Imageador Termal da marca FLIR: Equipamento que possibilita gravar e transmitir imagens em tempo real,
bem como identificar fontes de calor em locais de escuridão através de lentes infra-vermelhas e termais
(MINAS GERAIS, 2013b).
42 Óculos de Visão Noturna: instrumentos que produzem imagens em ambientes com baixo nível de
luminosidade (MINAS GERAIS, 2013b).
120

Com intuito de identificar esta percepção, solicitou-se aos respondentes dos questionários
posicionarem-se conforme o seu nível de concordância em relação à afirmativa contida na
questão 10 (Ver Apêndices C e D), conforme descrito: “O PÉGASUS permanece no local de
ocorrência até o encerramento de todas as diligências em que o apoio do helicóptero é
necessário.” O Gráfico 13 apresenta o comparativo entre as percepções dos usuários e dos
integrantes da 2ª CoRpAer.

Gráfico 13 – Percentual de concordância dos usuários do serviço de radiopatrulhamento


aéreo e dos policiais militares que prestaram o serviço de radiopatrulhamento
aéreo pela 2ª CoRpAer, no período de junho a novembro de 2014, em
Uberlândia, acerca da sua percepção sobre a permanência do helicóptero da
2ª CoRpAer durante as intervenções policiais até o encerramento de todas as
diligências solicitadas.
Fonte: Dados da pesquisa.

A partir das respostas condensadas e expostas no Gráfico 13, pode-se constatar que a
percepção majoritária de ambos públicos respondentes, é de que o apoio aéreo prestado
pela 2ª CoRpAer tem permanecido e apoiado o policiamento ostensivo o tempo suficiente
nos locais em que há demanda. A mesma percepção pode ser obtida pelos relatos dos
entrevistados 1, 2, 3 e 4, os quais mencionam o apoio aéreo prestado pela 2ª CoRpAer
como de fundamental importância para o êxito das ocorrências. Na visão destes, a aeronave
PÉGASUS tem dado todo o suporte e segurança ao trabalho desenvolvido pelas frações em
solo, mediante a permanência no local das diligências durante o tempo necessário, sendo
também constatada uma boa interlocução entre as equipes, caso seja oportuno efetuar
saídas estratégicas da aeronave, para mudar a situação da ocorrência.

c) Conhecimento da tripulação do PÉGASUS a respeito do modus operandi da criminalidade


de Uberlândia.

Arrolado na minuta da diretriz de emprego de aeronaves da PMMG (MINAS GERAIS, 2013a)


como um dos pressupostos básicos para o emprego do recurso aéreo da Instituição, o
“conhecimento da missão” é fundamento básico para o desempenho exitoso das atribuições
121

relativas ao serviço de radiopatrulhamento aéreo no âmbito do policiamento ostensivo,


competindo às equipes de serviço nas CoRpAer, acompanharem o andamento das
ocorrências durante o turno de serviço, bem como manterem-se atualizadas sobre o modo
peculiar de agir dos cidadãos infratores, em sua área de atuação.

O conhecimento do modus operandi dos infratores em Uberlândia, necessário aos


integrantes da guarnição aérea para realizarem o radiopatrulhamento com qualidade, em
apoio às frações terrestres, está inserido no critério denominado “competência”, o qual é
descrito por Parasuraman, Zeithaml e Berry (2006, p. 104) e Gianesi e Correa (1996, p. 92)
como um dos critérios determinantes da qualidade em serviços. Na visão daqueles autores,
competência “significa dispor das habilidades e dos conhecimentos necessários para prestar
o serviço.” Para estes últimos, o entendimento é semelhante, de forma que a qualidade
percebida pelos usuários, sob o enfoque da competência, será melhor na medida em que o
prestador do serviço possuir e demonstrar maior habilidade e conhecimento para executar
determinado serviço.

Com a intenção de identificar a percepção dos usuários e prestadores do serviço de


radiopatrulhamento aéreo em Uberlândia, com relação à competência destes em prestar o
referido serviço, foi elaborada nos questionários a questão 15, a qual apresentou a seguinte
afirmativa aos respondentes usuários do serviço: “A tripulação do PÉGASUS demonstra ter
bastante conhecimento da criminalidade e do modus operandi dos infratores em
Uberlândia.” Aos respondentes que integram a 2ª CoRpAer, a afirmativa apresentou o
seguinte teor: “A tripulação do PÉGASUS possui bastante conhecimento da criminalidade e
do modus operandi dos infratores em Uberlândia.”

Houve uma ligeira diferenciação entre a elaboração da questão 15 (Ver Apêndices C e D)


para os respondentes usuários e prestadores do serviço, pois a percepção dos usuários
sobre o conhecimento que as tripulações do PÉGASUS possui, é formada principalmente
através do que é demonstrado em suas intervenções, por outro lado, mediante a pesquisa
junto aos próprios integrantes da 2ª CoRpAer, buscou-se verificar se as tripulações
realmente possuem este conhecimento. O Gráfico 14, condensa as percepções de ambos
universos pesquisados a respeito da referida questão.
122

Gráfico 14 – Percentual de concordância dos usuários do serviço de radiopatrulhamento


aéreo e dos policiais militares que prestaram o serviço de radiopatrulhamento
aéreo pela 2ª CoRpAer, no período de junho a novembro de 2014, acerca de
sua percepção sobre o conhecimento que as tripulações da 2ª CoRpAer
possuem e demonstram ter a respeito da criminalidade e do modus operandi
dos infratores em Uberlândia.
Fonte: Dados da pesquisa.

Conforme demonstrado pelo Gráfico 14, pode-se constatar uma percepção favorável da
competência das tripulações da 2ª CoRpAer no que diz respeito ao conhecimento que estas
possuem e demonstram ter sobre a criminalidade em Uberlândia. Esta percepção é
ratificada através dos relatos dos entrevistados 1, 2, 4, 5 e 7, os quais destacam a
qualificação profissional dos integrantes da 2ª CoRpAer, a capacidade produtiva da
aeronave nos locais de atuação e o respaldo que a aeronave proporciona às frações
terrestres, culminando em respostas positivas para o policiamento ostensivo e no
atendimento às necessidades das Unidades de Polícia Militar apoiadas.

Cabe ressaltar, porém, que conforme mencionado pelo entrevistado 4, o helicóptero é uma
ferramenta empregada no policiamento ostensivo com o propósito de potencializar o
atendimento das ocorrências pelas frações terrestres, e não deve ser visto ou empregado,
como muitos policiais militares ainda acreditam, como um recurso que por si só, solucionará
os problemas para os quais foi demando.

d) A eficácia do recurso aéreo da 2ª CoRpAer diante dos resultados esperados

Conforme conceitua a Diretriz para qualidade das operações da PMMG (MINAS GERAIS,
2009), eficácia está relacionada ao alcance dos resultados propostos, sendo que maior será
a eficácia na medida em que os resultados obtidos se aproximarem dos objetivos almejados.

A eficácia em serviços, apesar de não ser mencionada explicitamente pela literatura, como
um dos critérios determinantes da qualidade em serviços, pode ser inserida no âmbito do
123

desempenho instrumental, descrito por Grönroos (2006, p. 90), como “o resultado técnico de
processo de produção de serviços [...]”, ou seja, é o resultado, traduzido em um serviço
prestado, que é entregue ao cliente ao final do processo.

No contexto do serviço de radiopatrulhamento aéreo prestado pela 2ª CoRpAer, pretendeu-


se identificar, junto ao universo de indivíduos pesquisados, se nas intervenções em que
estes participaram em conjunto com a aeronave, o emprego do recurso aéreo alcançou os
resultados esperados ao final dos trabalhos, portanto, qual a percepção a respeito do
desempenho instrumental ou eficácia do recurso aéreo nas demandas para as quais foi
acionado.

Neste sentido acostou-se ao questionário a questão 17 (Ver Apêndices C e D) com a


seguinte afirmativa: “O PÉGASUS foi eficaz com relação ao objetivo para o qual foi acionado,
alcançando o resultado esperado.” O Gráfico 15 apresenta as respostas condensadas
conforme o grupo de respondentes.

Gráfico 15 – Percentual de concordância dos usuários do serviço de radiopatrulhamento


aéreo e dos policiais militares que prestaram o serviço de radiopatrulhamento
aéreo pela 2ª CoRpAer, no período de junho a novembro de 2014, acerca de
sua percepção a respeito da eficácia do recurso aéreo da 2ª CoRpAer nas
intervenções policiais em Uberlândia.
Fonte: Dados da pesquisa.

Cabe inicialmente ressaltar que os objetivos mencionados na questão 17 não foram


delimitados na pergunta, pois para cada circunstância em que a aeronave é acionada, a
necessidade da tropa apoiada, bem como os objetivos propostos para o emprego aéreo são
diferentes.

A partir dos dados do Gráfico 15, pode-se compreender que, à exceção de uma minoria não
superior a 15% dos respondentes, ambos universos pesquisados possuem a percepção de
que quando foi empregado o apoio aéreo nas ocorrências policiais, este atingiu os
124

resultados esperados pelas frações que o demandaram.

Mediante os relatos dos comandantes entrevistados, constata-se uma similaridade entre


suas percepções e as dos oficiais e praças questionados, conforme demonstrado pelos
trechos de suas falas: Entrevistado 1: “[...] todas as vezes em que foi demandado o apoio do
CoRpAer, nós tivemos êxito. [...] quando em ocorrências de cerco, o desempenho é
satisfatório, nota dez [...]”; Entrevistado 2: “O que destaca mais positivamente no serviço de
radiopatrulhamento aéreo prestado pela 2ª CoRpAer são as ocorrências com êxito, em que
a gente percebe que o êxito da ocorrência teve grande participação do recurso aéreo.”
Entrevistado 5: “Quando o CoRpAer vai ao local, ele dá o resultado, atendendo às
expectativas para o qual foi acionado”.

Em complementação às observações feitas pelos comandantes entrevistados, verifica-se


que do total de respostas à questão 19 do questionário, mais 75% dos respondentes de
ambos grupos pesquisados, concordou com a afirmativa de que o apoio do PÉGASUS foi
indispensável para o sucesso das ocorrências para as quais fora acionado.

Conforme ilustrado pelo Gráfico 15, a eficácia do serviço de radiopatrulhamento aéreo da 2ª


CoRpAer é percebida como de elevada qualidade, sendo também constatado tratar-se de
um serviço indispensável para a maioria dos respondentes, entretanto, ainda pode ser
melhorado, conforme observações relatadas pelos entrevistados 5 e 6, já mencionadas
anteriormente, dentre as quais destaca-se o fato de que a ausência de equipamentos
apropriados para a realização do patrulhamento aéreo noturno tem limitado a eficácia da
aeronave, principalmente quando de ocorrências envolvendo indivíduos homiziados em
matas.

Outro aspecto que sinaliza uma necessidade de aprimoramento no desempenho do serviço


de radiopatrulhamento aéreo prestado pela 2ª CoRpAer pôde ser identificado através das
respostas à questão 18 do questionário, em que expôs-se a afirmativa de que nos últimos
seis meses, a aeronave Pégasus poderia ter apoiado outras ocorrências policiais em
Uberlândia. Os resultados indicaram que 77% dos integrantes da 2ª CoRpAer e 78% dos
policiais das demais unidades apoiadas, concordaram ou concordaram totalmente com a
afirmativa, o que leva à conclusão de que mesmo havendo a percepção de que o recurso
aéreo tem sido eficaz e indispensável para o sucesso das ações e operações policiais,
existem demandas para a aeronave, em apoio ao policiamento ostensivo de Uberlândia, que
ainda não tem sido atendidas.
125

7.6 Sensação de segurança promovida pelo serviço de radiopatrulhamento aéreo em


Uberlândia.

Um dos conceitos inerentes à qualidade em serviços, elencado pela Diretriz que regula a
qualidade das operações no âmbito da PMMG (MINAS GERAIS, 2009, p. 13) é o da
efetividade. Conforme a citada Diretriz, efetividade é “realizar a coisa certa para transformar
a situação existente. É a capacidade de produzir um efeito.” No contexto da segurança
pública, um determinado serviço é efetivo na medida em que ele provoca um impacto
positivo na segurança pública de determinada localidade e na percepção que a sociedade
possui a respeito da segurança, ou seja, este serviço é efetivo quando promove sensação
de segurança.

O Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI) 2011-2030 (MINAS GERAIS, 2011),


ao estabelecer a visão de futuro para o Estado de Minas Gerais, estabeleceu entre dez
desafios e transformações prioritários e de elevada relevância para o desenvolvimento do
Estado, o “aumento da segurança e da sensação de segurança”, mediante a redução da
violência, da criminalidade, dos desastres e através de medidas pontuais em áreas de risco
e maior vulnerabilidade social.

Alinhado à visão de futuro, prevista no PMDI 2011-2013, o Sistema de Gestão Estratégica


da PMMG (MINAS GERAIS, 2012, p. 25), no qual está contido o Plano Estratégico para o
período de 2012-2015, estabelece 12 objetivos estratégicos para Instituição para o referido
quadriênio, dentre os quais destaca-se: “Prevenir a violência, a criminalidade, a desordem,
contribuindo para o fortalecimento da sensação de segurança nas áreas urbanas, rurais e
no trânsito.”. Verifica-se, portanto, que as ações preventivas e repressivas a serem
desencadeadas pelos diversos esforços da organização tem sua efetividade orientada no
sentido de fortalecer a sensação de segurança nos diversos contextos sociais.

Dentro do fato de que a promoção da sensação de segurança é uma meta governamental e


institucional, buscou-se mediante esta pesquisa, verificar junto aos grupos de indivíduos
pesquisados, a percepção destes a respeito da sensação de segurança promovida mediante
a realização do serviço de radiopatrulhamento aéreo no município de Uberlândia.

a) Sensação de segurança percebida pela tropa apoiada pela aeronave da 2ª CoRpAer

A afirmativa contida na questão 11 procurou captar a sensação de segurança proporcionada


pelo recurso aéreo aos policiais militares apoiados durante as intervenções policiais. Neste
126

contexto Parasuraman, Zeithaml e Berry (2006, p. 104) elencam a “Segurança” como um


dos critérios determinantes da qualidade em serviços que significa “estar livre de perigo,
risco, ou dúvida.”

Adaptado para o contexto do serviço de radiopatrulhamento aéreo, a segurança


proporcionada pela atividade aeropolicial, refere-se à capacidade de reduzir os riscos e
perigos inerentes à atuação das frações em solo, e promover segurança a estes policiais
militares, no desempenho de suas atribuições. A percepção a cerca desta segurança
promovida pelo recurso aéreo às frações em solo está demonstrada no Gráfico 16.

Gráfico 16 – Percentual de concordância dos usuários do serviço de radiopatrulhamento


aéreo e dos policiais militares que prestaram o serviço de radiopatrulhamento
aéreo pela 2ª CoRpAer, no período de junho a novembro de 2014, em
Uberlândia, acerca de sua percepção a respeito da segurança promovida pela
aeronave da PMMG aos policiais militares em solo durante o desenvolvimento
de suas atividades.
Fonte: Dados da pesquisa.

Conforme dados expostos pelo Gráfico 16, confirma-se de maneira praticamente unânime,
em ambos públicos questionados, a afirmativa de que a aeronave oferece mais segurança
às frações em solo durante sua atuação.

Neste sentido, cabem destacar dos comentários tecidos no questionário, pelos policiais
militares pertencentes ao grupo dos usuários do serviço de radiopatrulhamento aéreo, as
seguintes observações: a) “[…] a presença do Pégasus é muito importante e passa a
sensação de que estamos resguardados quanto a alguma emboscada, bem como é a
garantia de sucesso na ocorrência, pois o marginal não tem pra onde se esconder [...]”; b)
“O emprego da aeronave é indispensável em uma cidade do tamanho de Uberlândia. A
presença do Pégasus, além de dar maior segurança as guarnições de solo, tem poder muito
grande de desestimular a ação criminosa.”

Dentre as falas dos comandantes entrevistados, pôde-se também constatar a percepção de


127

que a aeronave tem contribuído para uma atuação segura das frações policias em solo,
conforme os seguintes trechos relatados: a) Entrevistado 1: “Sem dúvida a qualidade do
apoio aéreo é fundamental, todas as vezes em que foi demando o apoio do CoRpAer, nós
tivemos êxito. [...] o CoRpAer deu todo o suporte aos policiais em solo.”; b) Entrevistado 3:
“Quando em apoio às atividades em campo, a aeronave potencializa em muito a visão do
ambiente, gera segurança real aos policiais militares e também subjetiva à tropa. Fortalece a
tropa gerando segurança.” c) Entrevistado 5: “com o emprego da aeronave, os policiais
militares ficam mais seguros nas intervenções de maior gravidade, em que há cerco,
perseguição, troca de tiros, meliantes armados.” d) Entrevistado 6: “Quando a aeronave está
atuando em alguma intervenção policial, aumenta a segurança da operação e a expectativa
de que a atuação das frações policiais no local serão exitosas aumenta.” e) Entrevistado 6:
“[…] os serviços prestados pela 2ª CoRpAer, na 9ª RPM são de altíssima qualidade, com
reflexos importantes e indispensáveis, tanto para nós Policiais Militares no teatro de
operações, que sentimos mais segurança e apoio incondicional, bem como para o aspecto
preventivo e desestimulador do infrator [...]”.

Constata-se, portanto, que a segurança promovida pela aeronave às guarnições policiais em


solo, durante as ocorrências policiais, é um critério que tem indubitavelmente agregado
qualidade ao serviço de radiopatrulhamento aéreo prestado pela 2ª CoRpAer.

b) Reflexos do serviço de radiopatrulhamento aéreo prestado pela 2ª CoRpAer na promoção


da segurança pública e na construção de um ambiente seguro em Uberlândia

A visão de futuro de uma organização, compreende o resultado que se almeja alcançar na


medida em que a sua missão é cumprida (MINAS GERAIS, 2012). Conforme estabelecido
pelo Plano Estratégico 2012-2015 da PMMG, a visão de futuro da Instituição compreende:
“Sermos reconhecidos como referência na produção de segurança pública, contribuindo
para a construção de um ambiente seguro em Minas Gerais” (MINAS GERAIS, 2012, p.
19, grifo nosso.)

Conforme mencionado, para que a visão seja alcançada no futuro, é necessário que a
missão da organização seja cumprida. A missão, conforme explicado no Plano Estratégico
2012-2015 (MINAS GERAIS, 2012), é a descrição formal da razão de existir de uma
organização. Assim sendo, compete à missão responder a seguinte pergunta: Para que a
organização existe? Dentro do contexto de construção da Identidade Organizacional43 da

43 Identidade Organizacional ocorre quando a organização se faz presente na mente das pessoas que dela
fazem parte (CASTELLS; GERHARDT, 2000, apud MINAS GERAIS, 2012, p. 18).
128

PMMG, o Plano Estratégico 2012-2015, estabelece para a Instituição a seguinte missão:


“Promover segurança pública por intermédio da polícia ostensiva, com respeito aos
direitos humanos, e participação social em Minas Gerais” (MINAS GERAIS, 2012, p. 21,
grifo nosso).

A partir do que a Instituição estabeleceu como visão de futuro e missão da organização,


procurou-se identificar, sob a visão dos indivíduos pesquisados, se o serviço de
radiopatrulhamento aéreo prestado pela 2ª CoRpAer, em apoio ao policiamento ostensivo no
município de Uberlândia, está alinhado à visão organizacional, contribuindo para a
construção de um ambiente seguro em Minas Gerais, bem como em consonância com a
missão institucional de promover segurança pública no Estado.

Com o intuito de identificar a percepção dos respondentes quanto à contribuição do serviço


de radiopatrulhamento aéreo para a construção de um ambiente seguro em Uberlândia, foi
proposta no questionário a questão 13 (Ver Apêndice C e D), a qual apresentou a seguinte
afirmativa: “A atuação do PÉGASUS tem contribuído para a construção de um ambiente
seguro em Uberlândia”.

Apesar de uma ligeira dispersão nas opiniões dos policiais militares usuários do serviço,
verifica-se que a opinião majoritária, em ambos universos pesquisados, é de total
concordância com a afirmativa apresentada. Verifica-se portanto, a partir das percepções
obtidas, que há um alinhamento do serviço de radiopatrulhamento aéreo prestado pela 2ª
CoRpAer, com o que a Instituição almeja como visão organizacional.

Ainda no que diz respeito ao reflexo do serviço de radiopatrulhamento aéreo na construção


de um ambiente seguro em Uberlândia, foi também proposta uma afirmativa para verificar a
percepção dos respondentes quanto ao impacto que o sobrevoo da aeronave PÉGASUS
gera na sensação de segurança em Uberlândia, conforme descrito na questão 20: “O
sobrevoo do PÉGASUS gera um impacto positivo na sensação de segurança junto à
comunidade.” O Gráfico 17 apresenta os dados referentes às respostas à questão 20, para
ambos universos para os quais os questionários foram enviados.
129

Gráfico 17 – Percentual de concordância dos usuários do serviço de radiopatrulhamento


aéreo e dos policiais militares que prestaram o serviço de radiopatrulhamento
aéreo pela 2ª CoRpAer, no período de junho a novembro de 2014, em
Uberlândia, acerca de sua percepção do impacto positivo na sensação de
segurança promovida mediante o sobrevoo da aeronave da 2ª CoRpAer.
Fonte: Dados da pesquisa.

As respostas apresentadas no Gráfico 17 apontam categoricamente para o fato de que o


sobrevoo da aeronave PÉGASUS é efetivo na promoção da sensação de segurança no seio
da comunidade, sendo que do universo composto tanto pelos usuários do serviço, quanto
pelos integrantes da 2ª CoRpAer, o somatório de concordância e total concordância com
relação à afirmativa, superou o percentual de 95% dos respondentes.

O impacto positivo proveniente da presença da aeronave na cidade de Uberlândia, bem


como do seu sobrevoo na sensação de segurança da população, também é percebido a
partir das respostas dos entrevistados, quando perguntados sobre como veem a atuação da
2ª CoRpAer na promoção da segurança pública e de um ambiente seguro em Uberlândia.

Cabe destacar a fala do entrevistado 1, o qual menciona as percepções da comunidade e da


criminalidade no período em que Uberlândia ficou sem aeronave, a partir de novembro de
2000, e quando do seu retorno no segundo semestre de 2005:
O CoRpAer já tem 15 anos que já foi criado e a expectativa da comunidade
aqui é que a existência do suporte aéreo é um diferencial. Quando a
aeronave ficou alguns anos afastada, em razão de contenção de recursos
do Estado, a sociedade cobrou de políticos e do empresariado, numa época
em que a criminalidade aumentou muito, por volta de 2005, causando uma
repercussão tão grande que a própria criminalidade percebeu uma fraqueza
no aparato de segurança pública com a saída da aeronave. Com o retorno
do funcionamento do CoRpAer, percebe-se que o sentimento de segurança
voltou a ter maior consistência com a presença da aeronave. Esta é uma
percepção que tenho através dos contatos com pessoas da comunidade. O
CoRpAer hoje é essencial na guarnição em Uberlândia, faz parte do aparato
policial, e a sociedade não aceita retirá-lo daqui.

Ainda pode-se extrair das falas dos entrevistados as seguintes percepções: a) O sobrevoo
130

da aeronave sobre a cidade possui uma enorme capacidade de controlar o crime. b) A


população percebe a atuação da aeronave e isto gera tranquilidade pública e impacto na
moral dos prováveis infratores, principalmente quando o emprego da aeronave ocorre
durante o lançamento de operações em locais de maior incidência criminal. c) O emprego da
aeronave no patrulhamento aéreo preventivo é de fundamental importância para a
prevenção criminal. d) As operações policiais em que há emprego da aeronave alcançam
resultados positivos de maneira mais rápida e impactante do que sem o recurso aéreo. e)
Os voos preventivos que ultimamente têm sido realizados em Uberlândia, têm contribuído
grandemente para a promoção da segurança pública e para construção de um ambiente
seguro. f) O barulho característico da aeronave demonstra força, presença e capacidade de
reação, o que desestimula a prática criminosa e proporciona segurança objetiva e subjetiva
no seio da comunidade. g) A 2ª CoRpAer tem desempenhado papel muito importante na
redução dos índices criminais da 9ª RPM, em parceria com as demais Unidades que
integram esta Região.

Por outro lado, é necessário pontuar algumas observações, extraídas dos instrumentos de
coleta de dados, as quais indicam a percepção de que o sobrevoo da aeronave pode
provocar efeitos negativos na sensação de segurança e consequentemente na construção
de um ambiente seguro em determinada localidade.

Conforme mencionado nos comentários, os aspectos que interferem negativamente na


sensação de segurança durante o sobrevoo da aeronave PÉGASUS são o
desconhecimento da população sobre os motivos que geraram o sobrevoo, a sensação de
que algo grave está acontecendo nas proximidades de onde a aeronave está sobrevoando e
o fato de que aeronave somente realiza voos repressivos, o que provoca na população a
sensação de medo, em virtude da ocorrência de algum delito nas imediações.

Diante da percepção de que o sobrevoo da aeronave PÉGASUS nem sempre gera


sensação de segurança e um ambiente seguro, foi proposto pelo entrevistado 2 a sugestão
de que a haja uma maior integração e aproximação da 2ª CoRpAer junto à sociedade, seja
através de eventos, exposições, visitas de escolas e do público externo à CoRpAer, aos
moldes do que acontece atualmente no Canil da 9ª Cia MEsp44, como forma apresentar à
sociedade o recurso aéreo da Instituição e quebrar o impacto negativo que o sobrevoo da

44 Conforme estabelece a DGEOp (MINAS GERAIS, 2010), dentro da estrutura operacional das Companhias
de Missões Especiais, está previsto o Grupo de Policiamento Ostensivo com Cães, também conhecido por
“Canil”. Atualmente o Canil da 9ª Cia MEsp está sediado nas dependências do Parque do Sabiá, em
Uberlândia, e trata-se de uma fração que procura estar próxima da sociedade, sendo que rotineiramente
realiza apresentações de adestramento dos cães em eventos, escolas e nas próprias dependências do
quartel.
131

aeronave possa promover.

Apesar das percepções negativas a respeito do impacto produzido pelo sobrevoo do


helicóptero, verifica-se que os aspectos positivos elencados, muito sobrepujam os
negativos, sendo constatado que o serviço de radiopatrulhamento aéreo é percebido pelos
grupos de policiais militares pesquisados como um recurso necessário para a promoção da
segurança pública, essencial para o desenvolvimento do policiamento ostensivo e para o
aumento da sensação de segurança em Uberlândia.
132

8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A presente pesquisa justificou-se a partir da necessidade de se conhecer qual a percepção


que os policiais militares lotados nas Unidades de Uberlândia, bem como os integrantes da
2ª CoRpAer possuem a respeito da qualidade do serviço de radiopatrulhamento aéreo
prestado em apoio ao policiamento ostensivo no mencionado município.

Tendo-se esta questão como referência, estabeleceu-se como primeiro objetivo específico,
descrever quais os principais critérios determinantes da qualidade do serviço de
radiopatrulhamento aéreo aplicados no policiamento ostensivo. Os critérios descritos por
Parasuraman, Zeithaml e Berry (2006), Grönroos (2006), Gianesi e Correa (1996) e Lobos
(1993) elencados na seção 2, foram contextualizados nas seções 3 e 4, conforme a missão,
visão e objetivos da Instituição, previstos no Plano Estratégico 2012-2015 (MINAS GERAIS,
2012), e de acordo com os pressupostos básicos para emprego de aeronaves, presentes na
minuta da Diretriz de emprego de aeronaves (MINAS GERAIS, 2013a) e Manual Técnico-
profissional 3.04.07/2013 (MINAS GERAIS, 2013b).

Destarte, definiu-se como principais aspectos determinantes da qualidade do serviço de


radiopatrulhamento aéreo aplicado no policiamento ostensivo, a serem analisados nesta
pesquisa, os seguintes critérios: disponibilidade, facilidade de acesso, comunicação e
interação ar-solo, velocidade de atendimento, desempenho e segurança.

A partir dos critérios estabelecidos, a pesquisa direcionou-se para a verificação da


percepção da qualidade do serviço de radiopatrulhamento aéreo prestado pela 2ª CoRpAer
em apoio ao policiamento ostensivo de Uberlândia, sob o ponto de vista dos usuários
imediatos e dos prestadores do respectivo serviço, sendo este o segundo objetivo específico
da pesquisa.

Conforme mencionado na seção 5, a percepção dos usuários do serviço foi obtida da


seguinte forma: Realização de entrevistas semi-estruturadas com os comandantes de
Unidades da PMMG em Uberlândia e envio de questionários aos oficiais e praças que, no
período de junho a novembro de 2014, participaram de ocorrências policiais em que a
aeronave Pégasus da 2ª CoRpAer também foi empregada. A percepção dos integrantes da
2ª CoRpaer foi obtida mediante realização de entrevista semi-estruturada com o
Comandante da 2ª CoRpaer e envio de questionários para o restante dos policiais militares
da respectiva companhia.
133

O terceiro objetivo específico foi identificar aspectos positivos e negativos, relativos à


qualidade do serviço de radiopatrulhamento aéreo, prestado pela 2ª CoRpAer no período de
junho a novembro de 2014, aplicado ao policiamento ostensivo no município de Uberlândia,
e a partir destes aspectos, propor medidas corretivas para melhoria do serviço prestado.
Neste sentido foi utilizado o roteiro de entrevistas aos comandantes (ver Apêndice A e B) e
os questionários conforme apêndices C e D.

Os resultados analisados na seção 7, confirmam a hipótese de que o serviço de


radiopatrulhamento aéreo prestado pela 2ª CoRpAer no período mencionado, em apoio ao
policiamento ostensivo no município de Uberlândia, é percebido tanto pelos usuários como
pelos integrantes da 2ª CoRpAer, como de elevada qualidade, entretanto, foram
identificados nas análises, principalmente no que se refere à disponibilidade, acesso e
desempenho, aspectos negativos que apontam para um deficit na qualidade do serviço
percebido pelo público-alvo, e para a necessidade de melhoria na prestação do serviço, sob
estes aspectos.

Quanto à disponibilidade, no ano de 2014, mais especificamente no período entre junho e


novembro, o percentual de disponibilidade de aeronave na base da 2ª CoRpAer foi de 83%,
contudo, constatou-se a partir das informações prestadas pelos usuários e integrantes da 2ª
CoRpAer, de maneira geral, a percepção predominante de que o recurso aéreo não está
sempre disponível.

Os principais argumentos elencados pelos usuários, os quais corroboram com esta


percepção, dizem respeito aos seguintes aspectos: a) Indisponibilidade do recurso aéreo no
período noturno, o qual, segundo os próprios usuários, é o horário de maior incidência
criminal; b) Indisponibilidade do recurso aéreo para realização de operações preventivas e
programadas; c) Atividades de manutenção da aeronave e controle de sua disponibilidade
geridos pelo Btl RpAer, fazendo com que a 9ª RPM e suas Unidades, fiquem alheias a este
processo e desconheçam a respeito da disponibilidade da aeronave e de seu emprego fora
da RPM; d) Necessidade de ampliação dos horários de emprego da aeronave e que este
ocorra nos horários de maior incidência criminal.

Apesar dos aspectos negativos elencados, referentes à disponibilidade do recurso aéreo,


pode-se destacar como positiva, a percepção dos usuários do serviço de que há uma
grande disponibilidade dos integrantes da 2ª CoRpAer ao serem acionados fora do horário
previsto em escala, para atendimento de demandas emergenciais, bem como a disposição e
o empenho da tripulação durante a realização dos sobrevoos, com o intuito de contribuir
134

para o sucesso das missões.

O acesso ao serviço de radiopatrulhamento aéreo foi o segundo critério analisado na seção


6, do qual se pôde extrair os seguintes aspectos: Apesar dos integrantes da 2ª CoRpAer
entenderem que as informações a respeito dos horários de emprego da aeronave serem de
fácil acesso aos usuários do serviço, esta não é a percepção majoritária destes, que pelo
contrário, entendem em sua maioria, que estas informações são de difícil acesso à tropa.

Quanto ao grau de facilidade de acionamento da aeronave para apoio em ocorrências


policiais, há um entendimento por parte da maioria dos integrantes da 2ª CoRpAer, de que é
fácil para a tropa de serviço em Uberlândia, acionar a aeronave Pégasus, entretanto, sob a
perspectiva dos usuários do serviço, os resultados demonstraram uma percepção mais
heterogênea, sendo necessário estratificar as respostas entre oficiais e praças, pois nas
intervenções policiais estes realizam atividades próprias de execução, enquanto aqueles,
encontram-se em funções de coordenação e supervisão do turno de serviço. Pôde-se
constatar que entre as praças, a maioria percebe uma maior dificuldade em acionar o
recurso aéreo, sendo que entre os oficiais respondentes, a percepção majoritária foi a
contrária, de que o acionamento da aeronave para ocorrências policiais é de fácil acesso.

Ainda neste aspecto, cabe destacar que os comandantes entrevistados também entendem,
em sua maioria, ser fácil acionar a aeronave quando de demandas emergenciais resultantes
de ocorrências policiais, entretanto, esta mesma facilidade de acionamento não é percebida
quando da necessidade de empregar a aeronave em operações preventivas e em eventos
de grande vulto e operações programadas, para os quais o acesso ao recurso aéreo é
dificultado devido a entraves burocráticos e inexistência de autonomia por parte da 2ª
CoRpAer, para deliberar sobre o emprego da aeronave nestas circunstâncias.

O terceiro critério determinante da qualidade do serviço de radiopatrulhamento aéreo,


analisado na seção 7, refere-se à comunicação e interação entre os integrantes da 2ª
CoRpAer e os policiais militares apoiados pelo recurso aéreo, conforme as seguintes
circunstâncias: a) Feed-back à tropa quando da não realização do sobrevoo; b) Se os
usuários do serviço receberam informações a respeito das limitações que a aeronave possui
ao atuar em ocorrências policiais; c) interação ar-solo durante a ocorrência policial; d)
comunicação e integração da 2ª CoRpAer com as demais Unidades de Uberlândia.

No que diz respeito ao feed-back prestado aos usuários do serviço, no caso de


impossibilidade do apoio aéreo, constatou-se necessidade de aprimorá-lo, haja vista a
135

percepção destes, que em parte recebem informações sobre os motivos da não realização
do sobrevoo e em parte não recebem, o que divergiu dos resultados colhidos junto aos
integrantes da 2ª CoRpAer, os quais em sua maioria, entendem que os motivos da não
realização do sobrevoo são transmitidos aos usuários.

Verificou-se a partir das respostas aos questionários e entrevistas, que o conhecimento que
os usuários possuem a respeito do emprego e limitações da aeronave em ocorrências
policiais, ainda é, de maneira geral, limitado e escasso, sendo constatado que 54% dos
usuários respondentes ao questionário não haviam recebido, nos últimos dois anos,
qualquer tipo de instrução sobre o emprego de aeronaves em ocorrências policiais. Esta
carência de informações a respeito das peculiaridades do apoio aéreo impacta
negativamente na capacidade produtiva do recurso aéreo, pois a aeronave, por não ser um
fim em si mesma, necessita da interação com as demais frações em solo para cumprir sua
missão.

No que diz respeito à interação ar-solo durante as ocorrências policiais, sob a perspectiva
da tropa apoiada pelo recurso aéreo, este aspecto é percebido de forma muito positiva e
tem agregado qualidade ao serviço de radiopatrulhamento aéreo desenvolvido pela 2ª
CoRpAer em Uberlândia, na medida em que estas comunicações são percebidas pelos
usuários como rápidas e fluentes, desde o acionamento da aeronave até o seu emprego no
local de ocorrência. Por outro lado, a percepção dos integrantes da 2ª CoRpAer, prestadores
do serviço, é de que esta interação é deficiente devido a falhas no sistema de comunicação,
as quais interferem negativamente na qualidade do serviço prestado.

O quarto critério estabelecido para analisar a qualidade do serviço de radiopatrulhamento


aéreo da 2ª CoRpAer, conforme seção 7, diz respeito à velocidade de atendimento, o qual
foi abordado tendo-se em vista dois momentos distintos da prestação do serviço: a)
Velocidade de atendimento entre o acionamento e a confirmação do emprego da aeronave;
b) Velocidade de atendimento entre a confirmação do emprego e a chegada ao local de
demanda. Verificou-se que quando da necessidade do apoio aéreo em ocorrências policiais
no período diurno, para ambos momentos citados, a percepção da maioria dos usuários e
prestadores do serviço é de que esta velocidade de atendimento é rápida, instantânea,
excelente e tem atendido às expectativas dos usuários.

Contudo, cabe observar que sob a perspectiva dos usuários, a velocidade de atendimento
ainda pode ser aprimorada, no que diz respeito às demandas que carecem de planejamento
prévio, como por exemplo, o emprego de aeronave em operações preventivas e em eventos,
136

para as quais, tem sido percebida uma demora na confirmação do emprego da aeronave, o
que em algumas ocasiões, tem acarretado na perda do princípio da oportunidade. Outro
aspecto negativo é o tempo de espera para chegada da aeronave no local de ocorrência,
quando de seu acionamento em período noturno, o qual tem sido percebido como demorado,
haja vista a necessidade de acionar os militares de sobreaviso em casa.

O desempenho do serviço de radiopatrulhamento aéreo prestado pela 2ª CoRpAer foi


analisado, tendo-se como referência seis aspectos norteadores: a) desempenho do farol de
busca; b) permanência da aeronave o tempo necessário no local de ocorrência; c) o
conhecimento da tripulação a respeito do modus operandi da criminalidade em Uberlândia; d)
a eficácia do recurso aéreo diante dos resultados esperados; e) a percepção de que a
aeronave poderia ter sido empregada em outras ocorrências das quais não participou; f) a
participação do recurso aéreo como elemento indispensável ao sucesso da missão.

Conforme a percepção da maioria dos usuários e prestadores do serviço de


radiopatrulhamento aéreo, o desempenho do recurso aéreo, ao utilizar-se do farol de busca
nas intervenções policiais noturnas, tem atendido em parte, às necessidades das frações
policiais em solo, pois a utilização de outros equipamentos a bordo da aeronave, como por
exemplo o imageador termal e os óculos de visão noturna, ainda não disponíveis na 2ª
CoRpAer, poderiam potencializar o seu emprego, haja vista as demandas noturnas para
emprego de aeronave tratarem-se em grande parte, de ocorrências envolvendo indivíduos
em fuga e homiziados em matas.

No que diz respeito à permanência da aeronave no local de intervenção para apoiar as


frações em solo em suas diligências, verificou-se que na perspectiva de ambos públicos
pesquisados, a aeronave da 2ª CoRpAer tem permanecido nos locais de ocorrência durante
o tempo suficiente, de forma a prestar o suporte e segurança necessários para o
desenvolvimento das diligências das frações em solo.

O terceiro aspecto inserido no critério do desempenho do serviço de radiopatrulhamento


aéreo, refere-se ao conhecimento que as tripulações da 2ª CoRpAer possuem e
demonstram ter a respeito do modus operandi da criminalidade de Uberlândia. Constatou-se,
tanto pelos usuários como pelos prestadores do serviço, uma percepção positiva a respeito
deste aspecto, sendo ressaltadas as qualificações profissionais das tripulações, a
capacidade produtiva da aeronave e o respaldo que a aeronave proporciona às frações em
solo.
137

Quanto à eficácia do recurso aéreo diante dos resultados esperados, pôde-se verificar que
para a grande maioria dos indivíduos pesquisados, o emprego da aeronave alcançou os
objetivos esperados nas diversas intervenções em que atuou no período de junho a
novembro de 2014, sendo o emprego da aeronave considerado por mais de 75% de ambos
grupos pesquisados, como indispensável para o sucesso das ações e operações para as
quais fora acionado.

Apesar dos resultados apresentados indicarem percepções muito positivas a respeito do


desempenho do serviço de radiopatrulhamento aéreo prestado pela 2ª CoRpAer, no que se
refere à permanência da aeronave, eficácia de seu emprego e o entendimento de que o
recurso aéreo foi indispensável para o êxito da missão, verificou-se por outro lado, a
percepção por parte dos grupos pesquisados, de que existem demandas do policiamento
ostensivo de Uberlândia, as quais não tem sido atendidas pelo recurso aéreo.

O último critério analisado, refere-se à sensação de segurança proporcionada pelo emprego


da aeronave da 2ª CoRpAer aos policiais militares durante suas ações e operações policiais,
bem como a contribuição do recurso aéreo na construção de um ambiente seguro, e como
um dos elementos promotores da segurança pública no município de Uberlândia.

Verificou-se a partir de uma percepção bastante expressiva de todos os grupos pesquisados,


que o emprego da aeronave da 2ª CoRpAer em apoio ao policiamento ostensivo de
Uberlândia é fundamental e indispensável para a promoção da segurança pública e para a
construção de um ambiente seguro neste município, sendo também constatado ser um
recurso que tem oferecido segurança às frações policiais em solo atuarem.

Diante dos resultados e conclusões obtidos a partir da análise dos critérios determinantes da
qualidade, elencados para o serviço de radiopatrulhamento aéreo prestado pela 2ª CoRpAer,
apresentam-se, para cada critério analisado, as seguintes sugestões:

a) Disponibilidade do recurso aéreo

Sugere-se que seja estudada a possibilidade de estruturação do serviço de


radiopatrulhamento da 2ª CoRpAer de forma a ampliar a disponibilidade para a realização
de operações preventivas e outras operações programadas, e a implementação de turnos
de serviço que permitam a prontidão do serviço no período noturno, conforme indicação dos
índices de criminalidade.
138

Diante da necessidade de realização de manutenções programadas na aeronave alocada


na 2ª CoRpAer, e que na maioria das ocasiões, estas manutenções são realizadas por
oficina homologada na cidade de Belo Horizonte, sugere-se que, na medida do possível,
estas sejam procedidas nos períodos em que os índices de criminalidade forem menores e a
indisponibilidade da aeronave provoque um impacto menor no aparato policial existente na
guarnição de Uberlândia.

b) Acesso ao serviço de radiopatrulhamento aéreo

Sugere-se que as escalas mensais da 2ª CoRpAer, bem como suas atualizações, sejam
rotineiramente compartilhadas com os Batalhões e Companhias de Polícia Militar com
responsabilidade territorial e de recobrimento na cidade de Uberlândia.

Devido às bases desconcentradas estarem vinculadas operacionalmente à RPM onde está


sediada, e administrativamente ao Btl RpAer, sugere-se o estabelecimento de uma diretriz
Institucional que delegue certo nível de autonomia administrativa e operacional às CoRpAer
do interior, no sentido de que estas possam gerenciar as demandas oriundas das Unidades
apoiadas, conforme a disponibilidade de horas de voo da aeronave em determinado período,
para a realização de sobrevoos em circunstâncias não emergenciais, como operações
preventivas, programadas e eventos de grande vulto, de maneira mais ágil e acessível,
contribuindo para que o emprego da aeronave impacte positivamente na redução e
prevenção à criminalidade, bem como seja um recurso que venha a atender às
necessidades pontuais das Unidades apoiadas.

c) Comunicação e interação ar-solo

Diante da carência de informações e conhecimentos que a tropa de Uberlândia possui a


respeito de emprego de aeronaves no policiamento ostensivo, sugere-se inicialmente,
conforme melhor delineado por Silva (2008), que seja implementado nos cursos de
formação existentes na PMMG, a disciplina de Policiamento Ostensivo Aéreo. Para os
policias militares já formados, sugere-se que sejam desenvolvidas, por parte da 2ª CoRpAer,
mais instruções e palestras aos policiais militares lotados nas Unidades de Uberlândia, com
o intuito de capacitá-los e habilitá-los a atuarem em conjunto com a aeronave no
desempenho das atribuições pertinentes ao policiamento ostensivo, e proporcionar uma
maior aproximação da tropa com a atividade aérea da PMMG.
139

Quanto às comunicações operacionais, a sugestão é melhorar o feed-back que a 2ª


CoRpAer presta junto às Unidades demandantes do apoio aéreo, caso não seja possível
realizar o sobrevoo, com o propósito de esclarecer as motivações do não atendimento e
evitar ruídos na comunicação e a realização de investimentos na rede de rádio e nas
comunicações operacionais como um todo no município de Uberlândia, com o intuito de
otimizar o emprego dos diversos recursos aplicados ao policiamento ostensivo.

d) Velocidade de atendimento

Verifica-se que apesar das percepções positivas relacionadas à velocidade de atendimento


da 2ª CoRpAer, esta ainda pode ser aprimorada. Sugere-se uma reformulação na gestão do
recurso aéreo das bases desconcentradas, no que diz respeito às demandas para
sobrevoos preventivos e operações programadas, delegando-se maior autonomia às
CoRpAer desconcentradas para deliberarem a respeito destas demandas, proporcionando
maior celeridade e capacidade de resposta às Unidades demandantes.

e) Desempenho

Com o fulcro de otimizar o emprego do recurso aéreo nas ocorrências policiais noturnas, e
proporcionar maior eficiência ao sobrevoo, principalmente quando de missões relacionadas
a rastreamento de indivíduos homiziados em matas, sugere-se a aquisição e
operacionalização de equipamentos como imageador termal e óculos de visão noturna para
as guarnições aéreas da 2ª CoRpAer.

Devido à constatação de que, sob a perspectiva de ambos grupos pesquisados, a aeronave


da 2ª CoRpAer poderia ter apoiado outras ocorrências policiais no período de junho a
novembro de 2014 no município de Uberlândia, sugere-se as seguintes medidas: realização
de instruções junto à tropa no sentido de conscientizar os policiais militares a acionarem
oportunamente o recurso aéreo quando necessário; alerta aos integrantes da 2ª CoRpAer
quanto à devida atenção e monitoramento da rede de rádio, com vistas a proativamente
engajar a aeronave nas ocorrências em que for necessário.

f) Sensação de segurança

Tendo-se em vista os resultados positivos alcançados mediante os voos preventivos


realizados em Uberlândia, pela 2ª CoRpAer no período em análise, sugere-se que esta
modalidade de sobrevoo seja aprimorada mediante o emprego lógico e racional do recurso
140

aéreo e alinhado conforme as necessidades das Unidades de Polícia Militar apoiadas, no


sentido de potencializar as ações de prevenção e redução da criminalidade.

Mesmo com os objetivos propostos tendo sido alcançados, a presente pesquisa trata-se de
uma pequena contribuição, para a qual não se pretendeu esgotar o tema proposto, mas sim
trazer um panorama sobre a qualidade do serviço prestado pela 2ª CoRpaer no município de
Uberlândia e contribuir para que futuros estudos possam somar-se a este, no sentido de
aprimorar o desempenho do radiopatrulhamento aéreo no cumprimento da missão para a
qual esta Unidade aérea foi destinada.
141

REFERÊNCIAS

BRASIL. Comando da Aeronáutica. Instrução do Comando da Aeronáutica 100-04 de 10 de


julho de 2014. Dispõe sobre as regras e procedimentos especiais de tráfego aéreo para
helicópteros. Brasília, DF, 2014. Disponível em:
<http://publicacoes.decea.gov.br/?i=publicacao&id=4046> Acesso em 10jan2015.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF,


1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em
10 jan. 2015.

BRASIL. Decreto Federal nº 88.777 de 30 de setembro de 1983. Aprova o regulamento para


as policias militares e corpos de bombeiros militares (R-200). Brasília, DF, 1983.

BRASIL, Decreto-Lei 667, de 02 de julho de 1969. Reorganiza as Polícias Militares e Corpos


de Bombeiros Militares dos Estados, dos Territórios e do Distrito Federal, e dá outras
providências. Brasília, DF, 1969. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0667.htm>. Acesso em 10 jan. 2015.

BRASIL. Regulamento Brasileiro de Homologação Aeronáutica (RBHA) de 20 de Março de


2003. Dispõe sobre as regras gerais para operação de aeronaves civis. Brasília, DF, 2003.
Disponível em: <http://www2.anac.gov.br/ biblioteca/rbha/rbha091.pdf>. Acesso em: 10jan15

BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Do estado patrimonial ao gerencial. In: Pinheiro, Wilheim


e Sachs (Org.), Brasil: Um Século de Transformações. S.Paulo: Cia. das Letras, 2001:
222-259.

CARVALHO, Marly Monteiro de. Histórico da Gestão da Qualidade. In: CARVALHO, Marly
Monteiro de; PALADINI, Edson Pacheco (Org.). Gestão da Qualidade: teoria e casos. 6. ed.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. cap. 1, p. 2-24.

COSTA JÚNIOR, Ducler. Desconcentração do radiopatrulhamento aéreo: a experiência


da Polícia Militar de Minas Gerais na Macrorregião de Policiamento Ostensivo do
Triângulo Mineiro. 2003. Monografia (Curso de Especialização em Segurança Pública) –
Academia de Polícia Militar de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2003

COSTA JÚNIOR, Ducler. O compartilhamento do recurso aéreo da PMMG. 2013. 121 fl.
Monografia (Especialização em Gestão Estratégica de Segurança Pública) – Academia de
Polícia Militar/Fundação João Pinheiro, Belo Horizonte, 2013.

FADEL, Marianella Aguilar Ventura; REGIS FILHO, Gilsée Ivan. Percepção da qualidade em
serviços públicos de saúde: estudo de caso. Revista de Administração Pública, Rio de
Janeiro, v. 43, p. 7-22, jan./fev. 2009.
142

FONSECA, Carlos Anselmo da. A segurança pública e as polícias civil e militar diante do
texto constitucional – Uma visão interpretativa do artigo 144 da Constituição Federal,
Revista Ciência Jurídica. Brasíia, n° 44, mar./abr. 1992, p. 317.

GIANESI, Irineu G. N; CORRÊA, Henrique Luiz. Administração estratégica de serviços:


operações para satisfação do cliente. São Paulo: Atlas, 1996.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.

GRÖNROOS, Christian. Um modelo de qualidade de serviço e suas implicações para o


marketing. Revista de administração de empresas, São Paulo, v. 46, n. 4, p. 88-95,
out./nov. 2006.

IBGE. Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais. Brasília,


DF, 2014. Disponível em
<http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=317020&search=||infográfic
os:-informações-completas> Acesso em 20 dez. 2014.

KAPLAN, Robert S; NORTON, David P. Mapas estratégicos: convertendo ativos


intangíveis em resultados tangíveis. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. 471p.

LAZZARINI, Álvaro. Estudos de Direito Administrativo. 2. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1999.

LOBOS, Julio. Encantando o cliente: externo e interno. São Paulo: [Instituto da Qualidade],
1993.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia


científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

MARQUES, Osvaldo de Souza. O emprego de helicópteros da PMMG em ocorrências


policiais de alta complexidade: uma avaliação crítica sobre a sua utilização no interior do
Estado, 2006. Especialização em Segurança Pública. Academia de Polícia Militar, Centro de
Pesquisa e Pós-Graduação. Belo Horizonte, 2006.

MEIRELLES, Dimária Silva e. O conceito de serviço. Revista de Economia Política, vol. 26,
nº 1 (101), p. 119-136 janeiro-março/2006.

MINAS GERAIS. Constituição (1989). Constituição do Estado de Minas Gerais. Belo


Horizonte, 1989.

MINAS GERAIS. Polícia Militar. Comando-Geral. Diretriz Nº 3.02.01/2009-CG: Regula


procedimentos e orientações para a execução com qualidade das operações na Polícia
Militar de Minas Gerais. Belo Horizonte: Comando-Geral, 3ª Seção do Estado-Maior da
143

PMMG, 2009.

MINAS GERAIS. Polícia Militar. Comando- Geral. Diretriz para a Produção de Serviço em
Segurança Pública Nº 3.01.01/2010 – CG. Trata da Diretriz Geral para o Emprego
Operacional da Polícia Militar de Minas Gerais (DGEOp). Belo Horizonte. 2010a.

MINAS GERAIS. Polícia Militar. Diretriz de Gestão para Resultados. Diretriz nº 001/2010-
CG. Organiza e disciplina o Sistema Integrado de Gestão para Resultados da PMMG. Belo
Horizonte: Assessoria de Gestão para Resultados/Estado-Maior, 2010b.

MINAS GERAIS. Polícia Militar. Comando-Geral. Sistema de gestão estratégica da


Polícia Militar de Minas Gerais. Diretriz n º 002/2012 – CG. Organiza e disciplina a
Metodologia de Gestão para Resultados na PMMG. Belo Horizonte, 2012.

MINAS GERAIS. Polícia Militar. Minuta da Diretriz para emprego de aeronaves da


PMMG. Regula o emprego operacional das aeronaves da Polícia Militar de Minas Gerais.
Belo Horizonte. Comando-Geral, 2013a.

MINAS GERAIS. Polícia Militar. Manual Técnico-profissional nº 3.04.07/2013 – CG.


Regula a prática policial militar especial de emprego de aeronaves na Polícia Militar de
Minas Gerais. Belo Horizonte. Comando-Geral, 2013b.

MINAS GERAIS. Polícia Militar. Plano Estratégico 2004-2007. Belo Horizonte. Comando-
geral, 2003.

MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Coord.). Plano Mineiro


de Desenvolvimento Integrado (PMDI). Belo Horizonte. 2011.

OLIVEIRA, Windson Jeferson Mendes de. Cenários prospectivos para a aviação da


Polícia Militar de Minas Gerais. 2013. 182 f. Monografia (Gestão Estratégica em
Segurança Pública) – Academia de Polícia Militar e Fundação João Pinheiro, Belo
Horizonte, 2013.

PALADINI, Edson Pacheco. Gestão da Qualidade: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Atlas,
2010.

PARASURAMAN, A; ZEITHAML, Valerie A.; BERRY, Leonard L. Um modelo conceitual de


qualidade de serviço e suas implicações para a pesquisa no futuro. Revista de
administração de empresas, São Paulo, v. 46, n. 4, p. 96-108, out./nov. 2006.

PIMENTA, Silvano Teodoro. Proposta de valor dos processos internos do serviço de


radiopatrulhamento aéreo da PMMG: referencial para indicadores de desempenho do
serviço. 2011. 102 f. Monografia (Especialização em Segurança Pública) – Academia de
Polícia Militar e Fundação João Pinheiro, Belo Horizonte, 2011.
144

ROSSI, Carlos Alberto Vargas; SLONGO, Luiz Antonio. Pesquisa de Satisfação de Clientes:
o Estado-da-Arte e Proposição de um Método Brasileiro. Revista de Administração
Contemporânea. São Paulo, v.2, n.1, Jan./abr. 1998. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rac/v2n1/v2n1a07.pdf>. Acesso em: 21out14.

ROTONDARO, Roberto Gilioli; CARVALHO, Marly Monteiro de. Qualidade em serviços. In:
CARVALHO, Marly Monteiro de; PALADINI, Edson Pacheco (Org.). Gestão da Qualidade:
teoria e casos. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. cap. 11, p. 332-355.

SERESUELA, Nívea Carolina de Holanda. Princípios constitucionais da Administração


Pública. Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 60, p. 2/2. 1 nov. 2002. Disponível em:
<http://jus.com.br/artigos/3489>. Acesso em: 9 set. 2014.

SILVA, Alisson William da. A criação da disciplina “policiamento ostensivo aéreo” no


curso técnico em segurança pública. 2008. 165 folhas. Monografia (Especialização em
Segurança Pública) – Academia de Policia Militar/Fundação João Pinheiro, Belo Horizonte,
2008.

SILVA, Juliano Messias. Radiopatrulhamento aéreo: estrutura real e a estrutura adequada


à instalação de uma base de radiopatrulhamento aéreo. 2010. 207 fl. Monografia
(Especialização em Segurança Pública) – Academia de Policia Militar/Fundação João
Pinheiro, Belo Horizonte, 2010.

SILVA JÚNIOR. Carlos Gonsalves. Radiopatrulhamento aéreo noturno: uma ferramenta


do policiamento especializado. 2005. 162 fl. Monografia (Especialização em Segurança
Pública) – Academia de Policia Militar/Fundação João Pinheiro, Belo Horizonte, 2005.
145

APÊNDICE A – Roteiro de entrevista realizada com o Comandante da 2ª Companhia


de Radiopatrulhamento Aéreo

Nome do entrevistado: _________________________________


Função:___________________________________
Data: ____________________________

Contextualização: A missão do Btl RpAer e suas CoRpAer, prevista nas Diretrizes da PMMG,
é de executar o radiopatrulhamento aéreo rotineiro nas cidades onde há base e em todo o
estado mediante operações programadas. No que tange ao policiamento ostensivo, sua
missão é apoiar as ações e operações preventivas e repressivas nas diversas
circunstâncias (de polícia ostensiva geral, de trânsito urbano e rodoviário ou de meio
ambiente, defesa civil, bem como as operações de controle de distúrbios civis, de
policiamento em grandes eventos e o atendimento às ocorrências de alta complexidade em
todo o território mineiro).
Verifica-se que o primeiro cliente da Unidade Aérea da PMMG é formado pelos próprios
policiais militares enquanto desenvolvem suas ações nas diversas esferas de policiamento.

1- Neste contexto, qual a percepção que o senhor tem sobre a qualidade do serviço de
radiopatrulhamento aéreo prestado pela 2ª CoRpAer e aplicado ao policiamento ostensivo
(ocorrências policiais/operações) no município de Uberlândia de uma forma geral?

2- Quais as principais expectativas existentes na equipe de serviço na 2ª CoRpAer, quando


da solicitação do helicóptero para ocorrências policiais? Quais expectativas sido atendidas?
Quais expectativas não tem sido atendidas? Na vossa opinião, quais as expectativas da
tropa ao acionar o Pégasus em ocorrências policiais?

3- Qual seria o aspecto positivo mais visível presente na prestação do serviço de


radiopatrulhamento aéreo pela 2ª CoRpAer?

4- Qual seria o aspecto negativo mais latente relacionado à prestação do serviço de


radiopatrulhamento aéreo pela 2ª CoRpAer?

5- Quais as maiores dificuldades no processo de prestação do serviço de


radiopatrulhamento aéreo voltado para atividades relacionadas ao policiamento ostensivo
(ocorrências policiais)?
146

6 – Dentre os critérios abaixo, na vossa opinião, em que medida a capacidade atual de


operação da 2ª CoRpAer tem atendido as necessidades das Unidades apoiadas em
Uberlândia?
a) Disponibilidade
b) Facilidade de utilização (acesso)
c) Velocidade de atendimento (rapidez, tempo do pedido)
d) integração (comunicação)
e) desempenho (permanência, segurança, competência)

7- Como o senhor vê a atuação da 2ª CoRpAer na promoção da segurança pública e de um


ambiente seguro em Uberlândia?

8- Com base na vossa experiência profissional, o que o senhor sugere para melhoria da
qualidade do serviço de radiopatrulhamento aéreo da 2ª CoRpAer aplicado ao policiamento
ostensivo?(ocorrências policiais)
147

APÊNDICE B – Roteiro de entrevista realizada com os comandantes de Unidades da


guarnição de Uberlândia

Nome do entrevistado: _________________________________


Função:___________________________________
Data: ____________________________

Contextualização: A missão do Btl RpAer e suas CoRpAer, prevista nas Diretrizes da PMMG,
é de executar o radiopatrulhamento aéreo rotineiro nas cidades onde há base e em todo o
estado mediante operações programadas. No que tange ao policiamento ostensivo, sua
missão é apoiar as ações e operações preventivas e repressivas nas diversas
circunstâncias (de polícia ostensiva geral, de trânsito urbano e rodoviário ou de meio
ambiente, defesa civil, bem como as operações de controle de distúrbios civis, de
policiamento em grandes eventos e o atendimento às ocorrências de alta complexidade em
todo o território mineiro).
Verifica-se que o primeiro cliente da Unidade Aérea da PMMG é formado pelos próprios
policiais militares enquanto desenvolvem suas ações nas diversas esferas de policiamento.

1- Neste contexto, qual a percepção que o senhor tem sobre a qualidade do serviço de
radiopatrulhamento aéreo prestado pela 2ª CoRpAer em ocorrências policiais no município
de Uberlândia de uma forma geral?

2- Quais as principais expectativas existentes quando da solicitação do helicóptero da 2ª


CoRpAer para ocorrências policiais? Quais expectativas a 2ª CoRpAer tem conseguido
atender? Quais expectativas a 2ª CoRpAer não tem conseguido atender?

3- Qual seria o aspecto positivo mais visível presente na prestação do serviço de


radiopatrulhamento aéreo pela 2ª CoRpAer?

4- Qual seria o aspecto negativo mais latente relacionado à prestação do serviço de


radiopatrulhamento aéreo pela 2ª CoRpAer?

5 – Dentre os critérios abaixo, em que medida a capacidade atual de operação da 2ª


CoRpAer tem atendido as necessidades da vossa Unidade?
a) Disponibilidade:
b) Facilidade de utilização (acesso)
c) Velocidade de atendimento (rapidez, tempo do pedido)
148

d) integração (comunicação)
e) desempenho (permanência, segurança, competência)

6- Como o senhor vê a atuação da 2ª CoRpAer na promoção da segurança pública e de um


ambiente seguro em Uberlândia?

7- Com base na vossa experiência profissional, o que o senhor sugere para melhoria da
qualidade do serviço de radiopatrulhamento aéreo da 2ª CoRpAer em ocorrências policiais?
149

APÊNDICE C – Questionário aplicado aos policiais militares da 2ª Companhia de


Radiopatrulhamento Aéreo

Caro integrante da 2ª CoRpAer,

Este questionário faz parte de uma pesquisa do CESP (Curso de Especialização em


Segurança Pública) que visa analisar a qualidade do serviço prestado pela 2ª Companhia de
Radiopatrulhamento Aéreo (2ª CoRpAer) quando a aeronave PÉGASUS é empregada em
ocorrências policiais na cidade de Uberlândia.

As perguntas foram formuladas em forma de afirmativas e para cada questão há


possibilidade de marcar apenas uma resposta. Para fins de contextualização, para
responder às questões, considere o serviço de radiopatrulhamento da 2ª CoRpAer prestado
nos últimos 6 meses (junho a novembro de 2014) no município de Uberlândia.

Antes de responder às questões, será necessário responder a um breve levantamento de


informações funcionais do entrevistado. Não será necessário identificar-se.

Na sequência, para cada questão há cinco alternativas que pretendem graduar de 1 a 5, o


nível de concordância do respondente com cada afirmativa apresentada. A graduação
possui a seguinte legenda: [1] “Discordo Totalmente” ; [2] "Discordo"; [3] 'Nem concordo,
nem discordo"; [4] "Concordo" ; [5] “Concordo Totalmente”.

Não há respostas certas ou erradas, solicita-se, entretanto, que o entrevistado seja bastante
sincero ao responder o questionário, pois através destas informações o pesquisador poderá
identificar pontos positivos e negativos do serviço atual e propor alternativas e sugestões
para que seja prestado um serviço de radiopatrulhamento aéreo de melhor qualidade tanto
para a sociedade como para a tropa.

O tempo médio estimado para preenchimento do questionário é de aproximadamente 15


minutos.

Agradeço a valorosa contribuição.

Guilherme Henrique Soares, Cap PM


Aluno do CESP 2014
150

Informações para identificação funcional:

1- Posto/Graduação atual:

( ) Cap PM
( ) 1º Sgt PM
( ) 2º Sgt PM
( ) 3º Sgt PM

2- Função operacional principal que exerce na 2ª CoRpAer:

( ) Comandante de aeronaves
( ) Comandante de Operações Aéreas
( ) Tripulante Operacional de Voo
( ) Técnico de Apoio de Solo
( ) Mecânico Operacional de Voo

3- Ministrou instrução/palestra sobre emprego de aeronaves da PMMG, aos militares da


guarnição de Uberlândia nos últimos 2 anos.

( ) Sim
( ) Não
151

Com base na experiência que possui como policial militar prestador do serviço de
radiopatrulhamento áereo pela 2ª CoRpAer no município de Uberlândia, marque a
alternativa que melhor descreve sua opinião com relação às afirmativas abaixo:
Qualidade do serviço de radiopatrulhamento aéreo da 2ª CoRpAer
Marque entre as cinco colunas da direita a nota que melhor representa sua concordância em
relação as afirmativas abaixo conforme a seguinte legenda:
[1] Discordo Totalmente; [2] Discordo; [3] Não concordo, nem discordo; [4] Concordo; [5] Concordo
Totalmente
1- O PÉGASUS da 2ª CoRpAer está sempre disponível quando da 1 2 3 4 5
necessidade de seu emprego em ocorrências policiais.
2- Informação sobre os horários em que a equipe do PÉGASUS está de 1 2 3 4 5
serviço é de difícil acesso à tropa.
3- É necessário que no período noturno exista uma equipe do PÉGASUS 1 2 3 4 5
em condições de emprego.
4- Caso o PÉGASUS não possa apoiar determinada ocorrência, não são 1 2 3 4 5
repassadas informações do motivo ao solicitante.
5- O tempo entre o acionamento pelos policiais e a confirmação de 1 2 3 4 5
emprego do PÉGASUS na ocorrência, pelo COPOM ou outra fonte, é
demorado.
6- Os policiais militares da guarnição de Uberlândia, possuem informações 1 2 3 4 5
a respeito das limitações que o PÉGASUS possui para atuar em
ocorrências policiais.
7- O PÉGASUS chega rapidamente aos locais de ocorrência, após 1 2 3 4 5
confirmado seu acionamento.
8- No local de ocorrência policial a interação entre as guarnições em solo 1 2 3 4 5
e o PÉGASUS é ruim.
9- No período noturno o “Farol de Busca” do PÉGASUS não atende as 1 2 3 4 5
necessidades dos policiais militares na sua atuação em solo.
10- O PÉGASUS permanece no local de ocorrência até o encerramento 1 2 3 4 5
de todas as diligências em que o apoio do helicóptero é necessário.
11- A presença do PÉGASUS no local de ocorrência oferece mais 1 2 3 4 5
segurança para as guarnições em solo atuarem.
12- Em ocorrências policiais envolvendo cerco e bloqueio a autor/veículo 1 2 3 4 5
em fuga, o PÉGASUS passa pouca orientação para posicionamento das
guarnições na realização do cerco.
13-.A atuação do PÉGASUS tem contribuído para construção de um 1 2 3 4 5
ambiente seguro em Uberlândia.
14- O PÉGASUS é um recurso necessário para promoção da segurança 1 2 3 4 5
pública em Uberlândia.
15- A tripulação do PÉGASUS demonstra ter bastante conhecimento da 1 2 3 4 5
criminalidade e do modus operandi dos infratores de Uberlândia.
16- É difícil para tropa de serviço em Uberlândia, conseguir acionar o 1 2 3 4 5
PÉGASUS para apoio em ocorrências policiais.
17- O PÉGASUS foi eficaz em relação ao objetivo para o qual foi 1 2 3 4 5
acionado, alcançando o resultado esperado.
18- O PÉGASUS poderia ter apoiado outras ocorrências policiais em 1 2 3 4 5
Uberlândia nos últimos 6 meses.
19- O apoio do PÉGASUS foi indispensável para o sucesso da ocorrência 1 2 3 4 5
para a qual fora acionado.
20- O sobrevoo do PÉGASUS gera um impacto positivo na sensação de 1 2 3 4 5
segurança junto a comunidade.
152

Gostaria de comentar alguma questão do questionário?


Deixe aqui sua observação:

Gostaria de fazer alguma sugestão para melhoria da qualidade do serviço prestado pela 2ª
CoRpAer?
Deixe aqui sua opinião:
153

APÊNDICE D - Questionário aplicado aos policiais militares lotados em Uberlândia,


usuários do serviço de radiopatrulhamento aéreo

Caro policial militar,

Este questionário faz parte de uma pesquisa do CESP (Curso de Especialização em


Segurança Pública) que visa analisar a qualidade do serviço prestado pela 2ª Companhia de
Radiopatrulhamento Aéreo (2ª CoRpAer) quando a aeronave PÉGASUS é empregada em
ocorrências policiais na cidade de Uberlândia.

As perguntas foram formuladas em forma de afirmativas e para cada questão há


possibilidade de marcar apenas uma resposta, exceto quando a questão indicar a
possibilidade de mais de uma opção. O indicativo de chamada “PÉGASUS” será empregado
nas questões para referir-se ao conjunto formado entre helicóptero da PMMG e tripulação
da 2ª CoRpAer.Antes de responder às questões, será necessário responder a um breve
levantamento de informações funcionais do entrevistado. Não será necessário identificar-se.

Na sequência, para cada questão há cinco alternativas que pretendem graduar de 1 a 5, o


nível de concordância do entrevistado com cada afirmativa apresentada. A graduação
possui a seguinte legenda: [1] “Discordo Totalmente” ; [2] "Discordo"; [3] 'Nem concordo,
nem discordo"; [4] "Concordo" ; [5] “Concordo Totalmente”.

Não há respostas certas ou erradas, solicita-se, entretanto, que o entrevistado seja bastante
sincero ao responder o questionário, pois através destas informações o pesquisador poderá
identificar pontos positivos e negativos do serviço atual e propor alternativas e sugestões
para que seja prestado um serviço de radiopatrulhamento aéreo de melhor qualidade tanto
para a sociedade como para a tropa.

O tempo médio estimado para preenchimento do questionário é de aproximadamente 15


minutos.

Agradeço a valorosa contribuição.

Guilherme Henrique Soares, Cap PM


Aluno do CESP 2014
154

Informações para identificação funcional:

1- Unidade (UEOp) em que serve atualmente:

( ) 17º BPM ( ) 32º BPM ( ) 9ª Cia Mesp ( ) 9ª Cia Ind MAT ( ) COPOM

2- Companhia (Cia PM)/pelotão em que está lotado:

( ) 91ª Cia PM ( )92ª Cia PM ( ) ROTAM ( ) Pel. Transito Rod.


( ) 148ª Cia PM ( ) 109ª Cia PM ( ) GATE ( ) Pel. Meio
Ambiente
( ) 158ª Cia PM ( ) 169ª Cia PM ( ) CHOQUE ( ) COPOM
( ) 170ª Cia PM ( ) 171ª Cia PM ( ) CANIL ( ) outra
( ) 199ª Cia PM ( ) 200ª Cia TM ( ) Administração

3- Posto/Graduação atual?

( ) Cel PM ( ) Cap PM ( ) Sub Ten PM ( ) Cb PM


( ) Ten Cel PM ( ) 1º Ten PM ( ) 1º Sgt PM ( ) Sd 1ª Cl PM
( ) Maj PM ( ) 2º Ten PM ( ) 2º Sgt PM ( ) Sd 2ª Cl PM
( ) Asp-a-Of PM ( ) 3º Sgt PM
( ) Cad/Aluno PM

4- Função operacional que exerceu quando atuou conjuntamente com o PÉGASUS em


ocorrência policial nos últimos 6 meses. (se necessário, marque mais de uma opção)

( ) Supervisor
( ) CPU
( ) ROTAM Comando/Comando Tático
( ) CPCia
( ) Comandante de guarnição
( ) Motorista de VP
( ) Patrulheiro
( ) Motociclista
( ) POG
( ) Ciclo patrulha
( ) Despachante
( ) Outra _______________

5- Recebeu instrução/palestra sobre emprego de aeronaves da PMMG, ministrada pelos


militares da 2ª CoRpAer nos últimos 2 anos.

( ) Sim
( ) Não
155

Com base na experiência que possui como policial militar atuando em conjunto com o
PÉGASUS em ocorrência policial, marque a alternativa que melhor descreve sua opinião
com relação às afirmativas abaixo:
Qualidade do serviço de radiopatrulhamento aéreo da 2ª CoRpAer
Marque entre as cinco colunas da direita a nota que melhor representa sua concordância em
relação as afirmativas abaixo conforme a seguinte legenda:
[1] Discordo Totalmente; [2] Discordo; [3] Não concordo, nem discordo; [4] Concordo; [5] Concordo
Totalmente
1- O PÉGASUS da 2ª CoRpAer está sempre disponível quando da 1 2 3 4 5
necessidade de seu emprego em ocorrências policiais.
2- Informação sobre os horários em que a equipe do PÉGASUS está de 1 2 3 4 5
serviço é de difícil acesso.
3- É necessário que no período noturno exista uma equipe do PÉGASUS 1 2 3 4 5
em condições de emprego.
4- Caso o PÉGASUS não possa apoiar determinada ocorrência, não 1 2 3 4 5
recebo informações do motivo.
5- O tempo entre o acionamento pelos policiais e a confirmação de 1 2 3 4 5
emprego do PÉGASUS na ocorrência, pelo COPOM ou outra fonte, é
demorado.
6- Recebi dos policiais militares da 2ª CoRpAer informações a respeito 1 2 3 4 5
das limitações que o PÉGASUS possui para atuar em ocorrências
policiais.
7- O PÉGASUS chega rapidamente aos locais de ocorrência, após 1 2 3 4 5
confirmado seu acionamento.
8- No local de ocorrência policial a interação entre as guarnições em solo 1 2 3 4 5
e o PÉGASUS é ruim.
9- No período noturno o “Farol de Busca” do PÉGASUS não atende as 1 2 3 4 5
necessidades dos policiais militares na sua atuação em solo.
10- O PÉGASUS permanece no local de ocorrência até o encerramento 1 2 3 4 5
de todas as diligências em que o apoio do helicóptero é necessário.
11- A presença do PÉGASUS no local de ocorrência oferece mais 1 2 3 4 5
segurança para as guarnições em solo atuarem.
12- Em ocorrências policiais envolvendo cerco e bloqueio a autor/veículo 1 2 3 4 5
em fuga, o PÉGASUS passa pouca orientação para posicionamento das
guarnições na realização do cerco.
13-.A atuação do PÉGASUS tem contribuído para construção de um 1 2 3 4 5
ambiente seguro em Uberlândia.
14- O PÉGASUS é um recurso necessário para promoção da segurança 1 2 3 4 5
pública em Uberlândia.
15- A tripulação do PÉGASUS demonstra ter bastante conhecimento da 1 2 3 4 5
criminalidade e do modus operandi dos infratores de Uberlândia.
16- É difícil conseguir acionar o PÉGASUS para apoio em ocorrências 1 2 3 4 5
policiais.
17- O PÉGASUS foi eficaz em relação ao objetivo para o qual foi 1 2 3 4 5
acionado, alcançando o resultado esperado.
18- O PÉGASUS poderia ter apoiado outras ocorrências policiais nas 1 2 3 4 5
quais participei nos últimos 6 meses.
19- O apoio do PÉGASUS foi indispensável para o sucesso da ocorrência 1 2 3 4 5
para a qual fora acionado.
20- O sobrevoo do PÉGASUS gera um impacto positivo na sensação de 1 2 3 4 5
segurança junto a comunidade.
156

Gostaria de comentar alguma questão do questionário?


Deixe aqui sua observação:

Gostaria de fazer alguma sugestão para melhoria da qualidade do serviço prestado pela 2ª
CoRpAer?
Deixe aqui sua opinião:

Você também pode gostar