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CAPÍTULO 13 – Cimento Portland - Determinação da resistência

à compressão (NBR 7215/2019)


Autores: Lourdiane Gontijo das Mercês Gonzaga - IFMG
Paulo César Nogueira Borges - IFSP
Juzélia Santos da Costa - IFMT

1. Conceito
As classes de resistência dos diversos tipos de cimento Portland, indicadas pelos
números 25, 32 e 40, definem a resistência mínima à compressão, em MPa, que os
cimentos devem possuir após 28 dias de cura. Atualmente, a classe 25 não se
encontra no mercado.
Para a determinação dos valores mínimos de resistência à compressão, os corpos-
de-prova cilíndricos são elaborados com argamassa composta de uma parte de
cimento, três de areia normalizada, em massa, e com relação água/cimento de 0,48.
O ensaio é executado para os corpos de prova moldados para cada idade de cura:
3, 7, 28 dias. Para o cimento Portland de alta resistência inicial (ARI) as idades são
1, 3 e 7 dias.
Para a preparação da argamassa é utilizada areia padrão, denominada areia normal
brasileira, fabricada e fornecida pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) do
Estado de São Paulo, atendendo às prescrições da NBR 7214.

2. Objetivo da Prática
Determinar a resistência à compressão de corpos de prova de acordo com a
classe de resistência especificada do cimento Portland, segundo a NBR 7215:2019.

3. Materiais e Equipamentos
a. Materiais e equipamentos
- Balança, com resolução de 0,1 g e capacidade de 1 000 g;
- Misturador (argamassadeira) com capacidade aproximada de 5 litros;
- Espátulas metálicas confeccionadas de material inoxidável;
- Colher de jardineiro;
- Formas metálicas cilíndricas com diâmetro de 50 mm e altura de 100mm;
- Soquete;
- Copo de Becker;
- Proveta;
- Placa de vidro com espessura de 5mm;
- Cronômetro;
- Higrômetro;
- Prensa para rompimento à compressão;
- Régua metálica biselada;
- Paquímetro;
- Capeador.

Na Figura 3.1 apresentam-se os materiais e equipamentos utilizados na preparação


da argamassa.

Figura 3.1 Materiais e equipamentos para determinação da resistência à


compressão do cimento.

b. Insumos
- Cimento Portland;
- Água potável;
- areia normal fração fina (0,15 mm);
- areia normal fração média fina (0,30 mm);
- areia normal fração média grossa (0,60 mm);
- areia normal fração grossa (1,18 mm);
- Óleo mineral.
- Pano limpo e úmido;

Na
Figura 3.2 apresentam-se os insumos utilizados na preparação da argamassa.

Figura 3.2 Insumos

c. Amostragem
- Massa de cimento (Mc) a ser utilizada deve ser de (624 ± 0,4) g (Figura 3a);
- Massa de água (Ma) (300 ± 0,2) g (Figura 3b);
- 468 ± 0,3g de areia normal fração fina (Figura 3c);
- 468 ± 0,3g de areia normal fração média fina;
- 468 ± 0,3g de areia normal fração média grossa;
- 468 ± 0,3g de areia normal fração grossa.
Figura 3.3 Amostragem: a) Massa de cimento; b) Massa de água; c) Massa de areia.

d. Sugestões
Dividir a turma em grupos conforme capacidade do laboratório, quantidade de
materiais e equipamentos disponíveis.

4. Preparo do Laboratório para a Aula Prática


Para cada grupo de trabalho seja disponibilizado um kit conforme item 3 sob
bancada do laboratório com espeço livre reservado ao grupo para a execução da
prática, com exceção de argamassadeira e balança.
O tempo médio para a execução da prática em laboratório é de 2 horas.

5. Procedimentos para Execução da Aula Prática


a. A água usada na mistura da argamassa deve estar na temperatura de (23 ± 2)°C.
b. O ensaio deve ser executado em sala com temperatura de (24 ± 4)°C e umidade
relativa maior que 50 %.
c. Se entre a amostragem e o ensaio transcorrerem mais de 24 h, a amostra deve
ser conservada em recipiente hermético que não reaja com o cimento e que esteja
completamente cheio.
d. Passar uma fina camada de óleo mineral sobre a placa de vidro e no interior das

formas metálicas cilíndricas (


Figura 5.1);

Figura 5.1 Lubrificação da forma

e. Misturar a seco todas as frações de areia (


Figura 5.2).
Figura 5.2 Mistura das frações de areia

f. Preparar argamassa padrão:


- Umedecer a cuba com pano úmido;
- Colocar toda a água na cuba do misturador;
- Ligar o misturador na velocidade baixa;
- A adicionar todo o cimento e anotar o horário. Misturar por 30 s;
- Com o misturador ligado, colocar as areias já homogeneizadas durante 30 s;
- Mudar a velocidade do misturador para alta, por 30 s;
- Desligar o misturador;
- Durante os primeiros 15 s., raspe com a espátula a cuba e a pá, de modo que toda
a argamassa fique no fundo da cuba;
- Deixar a argamassa em repouso durante 75 s. com a cuba coberta com um pano
limpo e úmido;
- Retire o pano;
- Ligar o misturador na velocidade alta por 60 s.;
- Desligar o misturador.
A

Figura 5.3 ilustra os procedimentos da preparação da argamassa padrão.


Figura 5.3 Preparação da argamassa padrão

g. Moldagem dos corpos de prova:


- Colocar a argamassa em 12 formas metálicas com o auxílio da espátula, em quatro
camadas de alturas aproximadamente iguais, recebendo cada camada 30 golpes
uniformes e homogeneamente distribuídos do soquete;
- Rasar todas as faces superiores com o auxílio da régua;
- Identificar a superfície para posterior reconhecimento;
- Colocar sobre cada uma das formas placas de vidro, para proteção e evitar
evaporação da água de amassamento.

Figura 5.4 ilustra os procedimentos da moldagem dos corpos de prova.


Figura 5.4 Procedimentos da moldagem dos corpos de prova.

h. Cura inicial;
- As formas com suas respectivas placas são colocadas em câmara úmida e
deverão permanecer por um período de 20 a 24 horas. As condições da câmara
úmida devem atender as prescrições da NBR 9479.

i. Cura final;
- Terminado o período inicial de cura, os corpos-de-prova são retirados das formas e
identificados, exceto aqueles que tenham que ser rompidos com 24 h de idade;
- A identificação do corpo de prova pode ser com giz de cera em sua superfície
lateral;
- Imergir todos os corpos de prova, separados entre si, em um tanque com água
saturada com cal, localizado dentro da câmara úmida;
- Deverão permanecer imersos até o momento de suas rupturas.

Figura 5.5 apresenta os procedimentos para imersão dos corpos de prova na cura
final.

Figura 5.5 Procedimentos para imersão dos corpos de prova na cura final.
j. Capeamento;
- Na data prevista, os corpos de prova são retirados do tanque;
- Capear os corpos de prova com mistura de enxofre, de acordo com procedimento
normalizado, de modo a uniformizar as faces do cilindro, promovendo um
paralelismo entre os topos;
- Untar o prato do capeador;
- Colocar a mistura liquefeita no prato do capeador, para isso use um cadinho. A
temperatura de aplicação do material de capeamento fundido deve ser de (136 ±
7)°C;
- Sempre tangenciando a cantoneira do capeador, deslize o corpo de prova em

direção ao prato do mesmo (

Figura 5.6);
- Espere a solidificação da camada no capeador;
- Repita esses procedimentos para a outra face, bem como para todos os corpos de

prova (

Figura 5.6);
- Colocar todos os corpos de prova novamente no tanque da câmara úmida.

Figura 5.6 Processo de capeamento dos corpos de prova.


Observação: para a uniformização das faces do cilindro, pode ser usada uma
retificadora de corpos de prova ou chapas de neoprene no momento do ensaio de
rompimento.

k. Determinação da carga de ruptura:


- Os corpos de prova capeados devem ser rompidos à compressão nas idades
especificadas, para o tipo de cimento em ensaio: 24 horas ± 30minutos; 3 dias ± 1
hora; 7 dias ± 2 horas; 28 dias ± 4 horas; 91 dias ± 1 dia.
- A idade de um corpo de prova é contada a partir do instante que a água entrou em
contato com o cimento, até o instante atual;
- O prato da prensa deverá estar limpo e o corpo de prova deverá estar centrado no
mesmo, para a execução do ensaio;
- A velocidade de carregamento transmitida ao corpo de prova pela prensa, deverá
ser equivalente a (0,25 ± 0,05) MPa/s.

A
Figura 5.7 apresenta o rompimento dos corpos de prova.

Figura 5.7 Rompimento dos corpos de prova.


5.1. Cálculo
- O resultado do ensaio, em cada idade, é representado por:
a. Resistência individual: Calcular a resistência à compressão, em MPa, de cada
corpo de prova, dividindo a carga de ruptura pela área da seção do corpo de prova.
b. Resistência média: Calcular a média das resistências individuais, em MPa, dos
quatro corpos de prova ensaiados na mesma idade. O resultado deve ser
arredondado ao décimo mais próximo.
c. Desvio relativo máximo: Calcular o desvio relativo máximo da série de quatro
resultados, dividindo o valor absoluto da diferença entre a resistência média e a
resistência individual que mais se afaste desta média, para mais ou para menos,
pela resistência média e multiplicando este quociente por 100. A porcentagem obtida
deve ser arredondada ao décimo mais próximo.
d. Quando o desvio relativo máximo for superior a 6%, calcular uma nova média,
desconsiderando o valor discrepante, identificando-o no certificado com um
asterisco.
e. Persistindo o fato, eliminar os corpos-de-prova de todas as idades, devendo o
ensaio ser totalmente refeito.

5.2. Observações
- Após o termino do ensaio o material deverá ser descartado em local indicado pelo
professor, e os materiais em equipamentos lavados e acondicionados em local
apropriado. A local de trabalho deverá ser entregue completamente limpo.

6. Normas de Segurança para Aula


- Para as aulas práticas os alunos devem usar os equipamentos de segurança
segundo a NR 6.
- Quando da existência de um regimento interno ou normas do laboratório, este
deverá ser o documento norteador das normas de segurança a serem seguidas.
- Para esta aula prática recomenda-se a utilização de no mínimo: máscaras e luvas
de proteção.
7. Sugestões para Consolidação da Prática
- Elaboração de relatório da prática executada, com descrição dos materiais,
procedimentos, cálculos realizados e conclusão, com apresentação em seminário
para a classe.
- Resolução de questionários com solução problema/estudo de caso.
- Disponibilizar aos alunos o acesso as normas de ensaio para consulta de forma
digital ou física.
- O material gerado no ensaio poderá ser utilizado em futuras atividades acadêmicas
de estudos de aproveitamento de resíduos.

8. Referências Bibliográficas

ABNT (1996). Cimento Portland - Determinação da resistência à compressão. NBR


7215. Versão Corrigida:1997. Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT,
Rio de Janeiro RJ. 8p.
ABNT (2012). Areia normal para ensaio de cimento – Especificação. NBR 7214.
Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT, Rio de Janeiro RJ. 4p.
ABNT (2006). Argamassa e concreto - Câmaras úmidas e tanques para cura de
corpos-de-prova. NBR 9479. Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT, Rio
de Janeiro RJ. 2p.

Apêndices
Item Nome comum Descrição detalhada
1 Balança: com Balança eletrônica, capacidade de aproximadamente 5
resolução de 0,1% kg, sensibilidade 0,01/0,1g, funções e contagem,
da massa da porcentagem, autocalibração externa, para até a carga
amostra em ensaio máxima, diâmetro do prato 95 mm, 220 volts,
aprovada pelo INMETRO.
2 Misturador Misturador / Amassadeira, Material Alumínio Fundido,
Tipo Acionamento Eletromecânico, Capacidade 5, Tipo
Motor Trifásico, Funcionamento Elétrico, Normas
Técnicas Nbr-7215, Características Adicionais Pá E
Recipiente Em Aço Inox, 2 Velocidades, Rota-,
Aplicação Argamassa. Conforme ABNT NBR NM
43/2003.
3 Higrômetro Termo-higrômetro digital com visor de cristal líquido
(LCD), cabo com aproximadamente 1m, função °C \
°F, com precisão de temperatura de 1°C e precisão de
umidade de 5% UR, resolução temperatura de 0,1°C e
resolução umidade de 1%.
4 Cronômetro Cronômetro Digital. Formatos 12 ou 24 horas a critério
do usuário; Calendário: ano, dia do mês e dia da
semana; Cronógrafo: Unidade de medida: 1/100 de
segundos. Capacidade máxima de medição: 99 horas,
59 min, 59 seg, e memória para 8.
5 Espátula Espátula com lâmina de aço flexível de
aproximadamente (10X2)cm.

6 Becker Copo de becker graduado com bico vertedor em vidro


borossilicato resistente ao calor, capacidade de 600ml,
menor divisão 50ml.
7 Proveta Proveta em plástico com bico vertedor e graduação,
base sextavada em plástico volume de 500ml, menor
divisão 5ml.
10 Formas metálicas Formas metálicas cilíndricas para argamassa 5x10 cm,
em aço zincado ou niquelado, conforme norma
brasileira NBR 7215.
11 Capeador Capeador para corpo de prova de argamassa Ø
5x10cm.
12 Máscara Máscara respiradora, purificadora de ar, descartável.
Máscara com filtro para gases ácidos.
13 Luvas Luvas descartáveis e raspa de couro.

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