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I
& Autonomia
Aumzmmia Literária, para aa presents
iiterziria, para presente ediqfizx
edição.
& Mark
¢§> Mark Fisher,
Fisher, meg},
2009.
"
VE *5 KLITERÁRIA
€ T E 53:‘ A 5? i £1

published in
Originally puhlisheri
Cfiriginafly UR by
the UK
in the Hunt Publishing
john Hunt
by fahn LTD, 33 East
Publishing IIYID,
Alresford, Hampshire,
New Alresfard, 5024 <;IiE
Hampshire, SO24 UK. Pubiished
9EE. UK. im 2020
Published in
Street, New
Street, 2020
under iicencs
under from kshn
licence from Junt Publiahing
John lunt LTD.
Publishing £15).

Coordenação Editorial
(jaardemzmo Editorial
Cauê Seigner
(Iaué Ameni
Seigner Ameni
Albuquerque
Hugo Mbuqnwrque
Hugs
Manuela Be.-loni
Mamxeia Beloni
Organizador: Victnr
()rgmz§za:i<1r: Marques
Victor E\/Iarquzess
Rodrigo Gransalves,
Tradução: Redrigo
'I‘mciu¢;é<1; Jorge Adeudaw
Gonsalves, forge Maikel da
Adeodato ee Maikei Silveira
da 3i1veira
Revisão: Arthur
Revisiioz Dantas Rocha e Amauri Gonzo
Arthur Dantas Rocha e Amauri Gonm
Diagramação: Manuela
I)iagrama§a'ia: Beloni
Manuela Belnni
Grafico: scrbinfluencia/Rndriga
Projeto Grqficaz
Projeto Corrêa
sobinfluencia/Rodrigo ("I01-réa

CATALOGAÇÃO NA
CIP-BRASIL. CATAl..()(ZA(f:KO
(L"lf‘~BR)-\§IL. PUBLICAÇÃO
NA PUHLl(TA(‘KO
SINDICATO NAC10NA.l.
!ilNDlCA'IU EDITORES DE
DOS EDl'l‘()REL5
NACIONAL DOS DE LIVROSY R$
LIVROS, RJ

Fsb
l~.‘56Sr

Fisher, Maria.
Fisixezz Mark, §‘)~f§§:§»3R)!?
1968-2017
mundo de fm de
que o0 fun
Realismo captaleta
Rrraiiiamm fixes! maginar
nuns facil
capziahsm .. 2¢ mais snwagisw 0 film do
o fim do nrmndo dn quc tin
Malkel da
caprtaimmaf? /5 Mark
captalseno? Fisher :; tradugáo
Mark Fisher Radrzgn Gomalves,
€m<§m;§<> Rodrigo forge: Adcedato,
(kznmiivme, Jorge §\¢d::»:>cImr>¢ %‘»’£:>i}~;i>§ <11:
Manuela Belons,
[eoordensgño émzznuirizs Caué Armfmi ~ 1 ed «São Pagto
Amen} < I ed - $50 Pimkv :Auimwm1a : Autonomia
$;£§wnra. ,{cc:0rdm1a<;§0
Silvena Buksm. £3206
Literara,
L:t=:!~ém, 2020.
Eflli).
Mp
218 p. Moa. Bi cm

1Teadugáo
radugiic: fit? Capueles mzhsm
de .. Chyntalxsz Heroesaw no
reahsa thcmr alternative?
no a§1crnsz1ive:‘>
078.63-87133-00-3
ISBN ‘)75§‘bf~§§'s'Z3¢}~(}’%}~3
{SEW

Gunsalves, ikmiragxx.
História L1 (krnsahm.
Capitalismo »- Hmérwa fH. Adendata,
Readings. EL
ifaptiahimfl 32 £?apxw§isnz<>
L|. Capuabsmo Azkxuinxxr.
Maikel dz,
Silveira, Maikd
18, Silwim. Manuela \C
Beloni, Mamueia
1V. ۤr:k>m.
da. WC Amens, Caaé.‘
V. Amm, VI. Tino,
Cané. VI,
Jorge
iwrgc iii. Titafinv

20-6592
Ziflxfiqifi TDD 122
330 2'3
COD 336
CDU, 33'0,3~$2~i4
("DU 330,342,14

Catia
11" Dons X-iamnmm
arrula Umm; CRB- 7/6472
Bibtistecana (- CRB~7FM73
Hartmann ~- iiihmlecamx

12082020
i 3 T§EF2()2€) 319/08/2010
3/O8!T’.(}3€)

Autonomia l.itm"éria
Axxranomia Literária
Conselheiro Ramaihn.
Rua Conseiheim
Run 945 CHE’:
Ramalho, 134:5 01325-0015ão ?:min
CEP: n:3;z5-c;:m§§§u Si
Paulo *- Si
autonomialiteraria.com
br
mxionomialiteraria.mm,br
Mark Fisher
Mark Fisher

Capitalista
Realismo Capitalista
Realismo

traduzido por
traduzido por
Rodrigo Gonsalves
Rodrigo Gonsalves
Jorge Ada-cadate
Jorge Adeodato
Maikel da
Maikei da Siiveira
Silveira

2020
2820
Autonomia Literéria
Autcmcmia Literária
Sumério

E mais féciljmaginar 0 fim do mundo


do que o fim do capitalismo ............................ 8

E se vocé convocasse um protesto


e todo mundo aparecesse?........................... 24

0 capitalismo e 0 Real .....................................32

lmpoténcia reflexiva, imobilizagéo


e comunismo liberal .........................................42

6 de outubro de 1979:
“néo se apegue a nada" ..................................58

Tudo que é sélido se desmancha em


relagbes pfiblicas: stalinismo de mercado
e antiprodugéo burocrética ............ .............70

“Se pudéssemos observar a sobreposigéo


de realidades distintas": 0 realismo
capitalista como trabalho onirico
e distfirbio de meméria. ..................................92

, __ _
“Nao ha operadora central”......

Supernanny marxista .................

Apéndice

Nao prestar para nada ...........


Como matar um zumbi:
elaborando estratégias para
o fim do neoliberalismo .........

Nao falhar melhor:


lutar pra ganhar.........................
Ninguém esta entediado,
tudo é entediante .....................

Posfécio a edigéo brasileira


por Victor Marques e Rodrigo Gonsalves

Contra o cancelamento do futuro


a atualidade de Mark Fisher na
crise do neoliberalismo ..........
fl ix:
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AIM?
E mais fécil imaginar 0 fim
do mundo do que o fim
do capitalismo
principais cenaa
das principais cenas de Filhos do
de Frihes Esperança, films
da Espensmge, filme de
Em unis
Em uma das do
n, o perso nagem de Clive Owen, Theo, visita um
so Cuaró
Alfon Cuarén, e personagem air: Clive Owen, “llaeol visita mu
Alfonso
amigo ea termelétrica do
na ta:-rmelétrica Battersea, agora
de Battersea, agora um misto de edifício
um misto
amigo do edifiaie
governamental ee celegiie coleção file de arts Tesouros culturais
particular. Tescusms
arte partiaular.
gevermmental cuitumis
Davi, cie Michelangelo, Guerrzim,
de Michelangelo, Guernica, de Picasso, or:
de Picasso, ou 0 porco
como Devi,
€.Z€)i‘1’iO 0 pores
Floyd são prese rvado s nesse prédio que é, ele
inflável do
inflévei Pink
do Pink Floyd sad §)I‘€fS£3§“\’€:l€lCl$ nesse prédio que é, eie
mesmo, um patrimônio cultural
um patrimfmi¢;> restaurado. fissa
cultural restaurado, Essa é a vaga ideia
mesme, é a vaga idem
afastada dos
elite, afastada
da elite, efeitos de
dos efeitos catástrofe que
uma catéstmfe
de uma que cau-
da vida da
da vida cau-
lidade em massa: nenh uma crianç a nasce u no
uma esteri
sou uma esterilidade em massa: nenhuma criranqa nasceu no
sou
menos uma
pelo menus
há polo geração. Theo
uma gcraqéo. pergunta: “par
Theo pergunta: “por que
mundo he
mundo que
importa se
isso importa não val
se néo vai ter ninguém pra
mais ninguém
ter mais pra ver?” As
tudo isso
tudo ver?”, As
gerações jé
futuras geraqtles já 1150 servem mais
não servem como um
mais como álibi, já que não
um alibi,
futuras jai que 1150
nenhuma. A
haverá nenhuma. expressão de
resposta éé aa expressio
A respostar de umum hedonismo
haveré hedonismo
niilista: “eu
niilista: tento nfio
“eu tento nisso”.
pensar nisso”.
não pensar
distopia cle
na distupie Filhos do
de Filiws Esperança 1150
da Espemrzga fa-
não éé <1o fa~
O que
O único na
que éé ixnico
rotin eiram
retratados retineiramente:
vemos retraiados
que verses ente
miliar cenéxrio
miiiar totalitário, que
cenário tetalitério,
cinematogr áfica s (como em V V de Vingança, films
de lfingarzgrz, filme
ms distopias cinematogréficas
nas distogias (como em
McTeigue, de
James %\/IcTeigue, 2005), mas
de 20:25}, fato do
mas caO fate ela ser especifica do
de eia
de lames
do set especifica do
o tardio . No roman ce de PD. James, no qual o filme
capit alism
aapitalisxno tardie. No roxnance de Pl). lames, no que} 0 filme
democracia fol
baseado, aa democracia interrompida ee oo pais
foi intermmpida país é governa-
éé baseado, é gcwernav»
autonomeado Guzmiifie,
um autormmeado Guardião, mas, sabiamente, tudo
mas, sabiamrmte, tudo isso
do pm
do por um issn
do plano. As medid as autori tárias , que estão em
fica
firm em
em segun
segunclu piano. As merdidas zmtoritérieas, que estéo em
poder iam ter sido imple menta das por uma estrutu-
lugar, ;:><:¢:Ie1'iem tar side» lIUp§€H'l€fli3(§€1S per uma estmm-
todo lugar,
tode
permaneceria, ac
que permaneceria, ao menus nominalmente, demd
menos nominalnzente, demo-
política que
ra political
ra
Terror jé
ao Terror já tinixa nos prepa rado para
tinha nos preperado para esse dc» esse de-
crática. A
crética. Guerra an
A Guerra
produz uma
crise produz
da crise situaç ão
uma situagéo em qxxe em que
normalização dz.
senlace: aa rmrxnalizargiio
sesxlacez
trazid as para
medidas trazidas para iidar com mm
as medidas lidar com emergência se
uma emergéncia
repelir as
repelir
torna alga
tome inimaginável (quando
algo inimaginével (quando aa guerra guerra val acabar?).
vai aa a<:al>ar?}.
Ao assistir
A0 assistir Filhos
Filhos do
da Esperangz,
Esperança, éé inevitável lembrar da
inevitével lembrar da frase
frase
atribuída aa Fredric
atribuida Fredric Iarneson
Jameson ee Slavoj
Slavoj Ziizek,
Zizek, dode que
que éé mais
mais fécil
fácil
imaginar 0o fim
imaginar fim do
do mundo
mundo do do que
que 0o fim
fim dodo capitalismo.
capitalismo. EsseEsse
slogan
slogan captura precisamente 0o que
capture preoisamente que quero
quero dizer por “realismo
clizer par “realismo
capitalista”:
capitalista”: 0o sentimento
sentimento disseminado
clisseminado de dc que
que 0o capitalismo
capitalismo éé
o0 único
imico sistema
sistema político
politico ee econômico
economics viável,
viiivel, sendo
sends impossível
impossivei
imaginar
imaginar umauma alternativa
alternative à£1 ele.
ele. Houve
Home um um tempo
tempo em em que
que filmes
filmes
ee romances
romances distópicos
distépicos eram
cram exercícios
exercicios semelhantes
semelhanles ao 210 ato
are decie
imaginação
imaginagéo -— os os desastres
desastres que
que descreviam
descreviam serviam
serviam de dc pretexto
pretexto
para
para aa emergência
emergéncia de de diferentes
diferentes formas
formas de dc vida.
vida. Não
Nae éé assim
assim
em
em Filhos
Fillies da
do Esperança.
Eisperarigza. OO mundo
mundo ali
ali exibido
exibido parece
parece mais
mais com
corn
uma
uma extrapolação
extrapolagio ou
nu exacerbação
exacerbagéo da
da nossa
nossa própria
propria realidade
realidade
do
do que
quiz com
com uma
uma alternativa
alternative aa ela.
ela. Neste
Neste mundo,
mundo, tal
tal como
como no
no
nosso,
nosso, o0 ultra-autoritarismo
ultrwautoritairismo ee o0 capital
capital não
neio são
szio de
de modo
modo algum
algum
incompatíveis:
incompativeis: campos
campus de do concentração
concentraqfio ee franquias
franquias dede cafete-
cafete-
rias
rias famosas
famosas coexistem
coexistem lado
lado aa lado.
laclo. Em
Em Filhos
Filhos dada Esperança,
Esperanra, o0
espaço
espaqo público
pizblico foi
foi abandonado,
abanclonaclo, dando
dando lugar
lugar aa amontoados
amontoados de dc
lixo
lixo ee animais
animais selvagens
selvagens (em
(em uma
uma cena
cena especialmente
espccialmente marcante
marcante
vemos
vemos um um veado
veado atravessar
atravessar correndo
correndo umauma escola
escola abandonada).
abandonada).
Os
Os neoliberais,
neoliberais, realistas
realistas capitalistas
capiialistas por
per excelência,
exceléncia, celebram
celebram aa
destruição
destruiigio do
do espaço
espaqo público,
piiblico, mas,
rims, contrariando
contrariando suas
sues expec-
expeo
tativas
tativas oficiais,
oliciais, o0 Estado,
Estado, em
em Filhos
Filhos da
do Esperança,
Esperanga, não
nae éé dissol-
dissol-
vido,
vicio, mas
mas apenas
apenas reduzido
recluzido às
as suas
suas dimensões
diniensées básicas:
bésicas; milita-
milita-
res
res ee policiais.
poiiciais. (Falo
(Pale em
em expectativas
expectativas; “oficiais”
“oficiais” porque,
porque, em em sua
sue
profundidade,
profundidade, o0 neoliberalismo
Y'1€Olil)€1’21llSI‘11O sempre
sempre sese apoiou
apoiou no no Estado,
Estado,
apesar
apesar dedc tê-lo
té<l0 difamado
difamado ideologicamente.
ideologimmeiite. IssoIsso ficou
ficou absoluta-
absolutzv
mente
inente claro
clam durante
durante aa crise
crise dosdos bancos,
bancos, em
em 2008,
2008, quando,
quando, aa
convite
conviie dos
ctios ideólogos
ideélogos neoliberais,
rieoliberais, o<2 Estado
Estado correu
cctirreu para
para salvar
saivar
o0 sistema
sistema bancário).
bancériol.
Em
Em Filhos
Fillies dado Esperança,
ESP€?’flI'1§7£1I, aa catástrofe
catéstrofe não
néo éé iminente
iminente ee tam-
tam»
pouco
pouco jáiii aconteceu,
aconteceu. AoAd invés
invés disso,
disso, está
estix sendo
sendo vivida.
vivida. Não
N210 há
he
um
um momento
momenio pontual
pontual do do desastre.
desastre. OO mundo
mundo nãonéo termina
termina com
com
uma
uma explosão,
exploséo, ele
ele vai
vai se
se apagando,
apagandu, seso desfazendo,
d<*sf'azend0, desmoronan-
desmoron:in-

10
do ieiitamenio.
do lentamente. Qoexn Quem caosoe causou ea eizataiitroikz
catástrofe poi" por vir?vir? Néo Não so se saber.
sabe.
Sua mosa
Sea causa osté está iiiisiante,
distante, on": em aigzzm
algum izigarlugar do do {}21£~§$2i(lU,
passado, téo tão desi:o-
desco-
nectada do
nmiieiia do preseiite
presente que que parece
parece oo eaprichcz
capricho do de eiggam
algum sear ser zriaiig-
malig-
no: um milagre negativo, uma maldição
so: um miiogre negativo, um:-s rnaiiiigéo duo Qfiiiiiéifiiié aigoma que penitência alguma
éé <I€~ip€\;£
capaz do de afasiar.
afastar. Ya} Tal garage
praga so só poderie
poderia oer ser eooerracie
encerrada por por uma uma
intervenção exteriiie,
interveozgée externa, téo tão iniprevisivel
imprevisível quanta quanto 8a ,1i131($ligZ€§{?
maldição €§Li que»‘.‘2 aa
iníciou. Qmiiquer
iniciou. Qualquer ag€io ação éé iriirtii;
inútil; 56 só aa iisperanoa
esperança sem sern seziiido
sentido fez faz
sentido. flupersiieéai
asemido. Superstição ee reiigiéo religião, os os primeiros
primeiros eorigosabrigos dos dos de:irz:s~
deses-
perados, proiiferain.
poraéoa, proliferam.
Mas do
Mas do egosque so se irate.
trata iia izziiaizsiwiiei
catástrofe em em $5?
si? ii
É isvidenis
evidente que que :1: o tame
tema
da esierilidade
{lei esterilidade dove deve sis: ser iido
lido nwrteikpriiaieineme,
metaforicamente, some como oo d€‘i§i€}il&~
destoca-
mento do
memzo de um um omroouiro iipi; tipo dode ainsimade.
ansiedade, {.§€5*${2iI"i,$:1
Gostaria do de ergimzaziiar
argumentar
que essa
que essa ansieclade
ansiedade dew: deve ser ser lida
lida emem ternms
termos culturais,
culturais, ee que que aa
questão que o filme coloca
questfio que o lilmer coloca é: quamo tempo pods dumr uma é: quanto tempo pode durar uma
cultura sem
cultura sem 0 o now)?
novo? C) O que
que aaontece
acontece quandoquando os os jovcms
jovens jei já mio não
são nmis
silo mais capazos
capazes do de prorluam
produzir surpresas?
surpresas?
Filhos do
Fifhos da Es;.w1'um;a
Esperança 32%; se ! coiiccta
conecta com com aa suspeita
suspeita do de que que 0o Fim fim
já chegour.
iii chegou, mm com oo pensamcvnto
pensamento dc de que
que éé beam
bem pra:-vézvel
provável que que oo fu» fu-
turo
iu nos reserve
ro nos reserve apenas apenas repotiqzio
repetição :2e rocombi.naqéior
recombinação. Semi Será que que mio não
existemi”i mais
€fXli*§£§2§' mais irupturas ou “Cii€}£}Li6:~I~
"1.l§§§l.i¥‘Z':%:~} ou “choques air: de r;<>=:idaéo“
novidade” {K}? por vir?vir? Tais Tais
questões <;T£3$iiiI11&2’i1.?€$i3§i2i,I
cgzieaiées costumam resultar em em uma uma oscilaagiao
oscilação bigioiarz
bipolar: oo “xn§2s~ “mes-
sianismo i}"m::;f1
siaixismo fraco”, que que rem tem czsperamga
esperança do de oneque aigo
algo new novo esté está pm” por
vir, 5£11Si
viz; sucumbe
i.i"¥}§Z1€3 à €Z{)i“iV‘§€T§§€‘§
convicção do de que
que imda
nada do de novo
novo grade pode 532$‘ acontecer,
-1l‘*E'i{€.‘<I£i'§”.
O {ciao
£3 foco imtiia
oscila entire entre aa “proxiina
“próxima grazmtiegrande noise"
coisa” e Qa “£ii€io2a
“última grzzmie grande
coisa” »-~ ma
azoisa” há quanio
quanto ¥€i“$‘i§>vi}
tempo -2i£ii.?§iii3{‘iZ§.i
aconteceu ase qizio quão gremie
grande ela foi? foi?
Filhos rial
iFi€iw;~: da 5sprr;~r.i11{:z
Esperança §":ei"da herda vie de A A ism;
terra ireilizii,
inútil, do de 'i".S.
TS, fiiiot,
Eliot,
oo iirriia
tema do da erieriiiéade,
esterilidade. A A epigrafo
epígrafe do de €?iencerramento do iiime
3C€f1“I‘€.2§}“§i";‘2“i{€1§ do hlme
“shantih siiemiiii
'“:~§siieméh shantih .*-ihimiih“
shantih” ‘rem tem ziieis
mais aa ire:
ver iliilii
com ox os frzigznesitris
fragmentos
de Eiiot
do Eliot do do om:que ilfliié com ea iieezliiixido
beatitude <i<.is dos iigiaxiixaiies.‘
Upanixades.! iifrsivezz Talvez sage seja
-
2

‘1 da &: oi
do 08 Ligmiiixiiaies
Upanixades §§2§<}
sdo pane
parte dais
das escr§mi‘;is
escrituras Fiizrizii
Shruti himios
hindus one
que
trazem asgzimeiiios
iriizem argumentos siibm
sobre eaa roiigiiro,
religião, 5€i‘%<§€1
sendo Q1 consideradas por izmims
imiaieredas poi muitas
das escoizzs
aim; escolas isici
do ¥§imiuis:z:<;>
hinduísmo como
como il'!?;Ii‘1.i(;5:i‘?§
instruções reiigiosoiz.
religiosas.

11
possível identificar ali
possivel identificar preocupações de
as preocupagoes
ali as de um Eliot -- oo do
outro Eliot
um outro de
Tradition and
Tradition individual talent
and individual [Tradição ee talemzo
talent [Tradiqéo talento individu
individual} al]
cifradas em
~- cifradas Filhos da Esperanç a. Foi
em Filhos da Esperanoz. Foi nesse ensaio que nesse ensaio Eliot,
que Eliot,
antes de
antes de Harold descreve a relaoéo reciproca entre oO
Bloom, descreveu
Harold Bloom, u a relação reciproca entre
canônico ee o
canonico novo. O
o novo. novo se
O novo resposta ao
como resposta
define como
se define canôni-
ao canoni~
co e,
co e, ao mesmo tempo,
ao mesmo canônico tem
tempo, oo canonico tem queque so reconfigurar em
se reconfigurar em
resposta ao
resposta novo. A
ao novo. do futuro nos priva
exaustão do futuro nos priva do passaclo.
A exaustio do passado.
tradição nio
A tradiofio
A tem valor
não tern valor se não éé mais
ela nfio
se ela contestada ee moa
mais contestada mo-
dificada. Uma
clificada. cultura meramente
Uma cultura preservada, néio
meramente preservada, realmente
não éé realmente
cultura. O
cultura. destino do
O clestino Guernica no
de Guemica antes um
filme —- antes
no filme um gritogrito de de
angústia ee raiva
angiistia contra as
raiva contra atrocida
as atrocidades des fascistas e agora
fascistas e agora reduzi- reduzi-
do aa um
do um objeto decorativo ~
objeto decorative um bom
- éé um exemplo, Assim
bom exemplo. Assim como como
termelétrica do
aa termelétrica convertida em
Bettersea, convertida
de Bettersea, depósito, aa pintura
em cleposito, pintura
dotada de
éé dotada de um estatuto “iconico”
um estatuto somente quando
“icônico” somente quando clestituida destituíd a
função ou
toda funqfio
de toda
de ou contexto objeto
Nenhum objeto cultural
possíveis. Nenhum
contexto possiveis. cultural
preservar seu poder
pode preservar seu poder quando nfio existem
pode quando não existem mais olhos no-
mais olhoo no-
vos vê-lo.
para vé-lo.
vos para
precisamos esperar
Não precisamos
N50 próximo cle
futuro proximo
esperar 0o futuro Filhos da
de Filhos Espe-
da Expo
chegar para
rança chegar
muoa testemunhar essa
para testemunhar transformação da
essa transformagfio cultura
da culture
em um
em um museu de antiguida des. O poder do
museu do antiguidades. O pocler do realismo capitalista realismo capitalista
deriva, em
deriva, parte, da
em parte, maneira pela
da maneira qual ele resume
pela qual ele resume 2 consome e consome
história anterior.
toda aa historia
tocla Trata-se de
anterior. Trata-se de um de seu
efeito do sen “sistema
um efeito “sistema
equivalência geral”,
de equivaléncia
do capaz de
geral”, capaz transformar todos
de transformar todos os objetos
os objetos
quer sejam
cultura ~- quer
da culture
da iconograf ia religiosa,
sejam iconografia religiosa, pornografia ou pornogra fia ou O O
capital do
capital de Karl Marx ~- em
Karl Marx em valor o. Ande
monetári Amie pelo Museu
valor monetério. pelo Museu
Britânico, no
Britanico, qual so
no qua} podem ver
se podem ver objetos tirados do
objetos tirados de sou lugar do
seu lugar de
reunidos como
origem ee reuniclos
origem como se se estivessem dispostos sobre
estivessem dispostos balcão
sobre 0o balcio
uma nave
de uma
de nave do de O Predador, ee vocé
O Predador, terá uma imagem
você teré uma imagem poderosa poderosa
processo em
do processo
do curso. Na
em curso. conversão dc
Na converséo rituais em
práticas ee rituais
de préticas em
estéticos, as
objetos estéticos,
meros objetos
meros crenças das
as crenqas anteriores séo
culturas anteriores
das culturas são
objetivamente ironizadas,
objetivamente transfor
ironizadas, transformadas madas em artefatos. O
em artefatos. O realis- realis-
capitalista nio
mo capitalista
mo não é, portanto, um
é, portanto. particular do
tipo particular
um tipo realismo;
de realismo;

12
em si.
realismo em
éé o0 reaiismo Como Marx
si Comm observaram no
Engels rabservaram
Marx *2e Engeis Mani-
no Mani-
Comunista:
festo iffommiismz
festcs

[O
£0 capital]?
aapitafi‘
afogou
afvgou as os sagraéas calafrios de
sagrados calafrios devoto, dc;
êxtase devnixz»,
do éxiasr: entusiasmo
do entusiasmn
cavalhei resco, da melanco
da meianzxfiia lia pegueno -burgue sa, nas géti-
águas gé¥i~
cavaiheiresw, pzquene-burguasa, mas aiguas
das cálculo egeista.
do afilcule dignida
Dissolveu aa €x%gniciade
egoísta. Disscaiveu de pessoal em valor
cias :10 pesszirai em W120:
de troca e substitu iu as inúmera s liberdad es conquis ga-
tadas 2e gas“
de troca e substituiu as imlimeras iiberdades ecmquistadas
rantidas
ramidas pm" por uma única: aa inesizrupuiasa
uma imica: liberdade de
inescrupulosa Eiberdade: comércio.
de comércin.
explora ção envolta em
trocou aa expinragéa envnita em iviusées
burguesia trucnu ilusões
resume, aa burguesia
Em resumo,
Em
religiosa políticas peia
s <1’e ptvliticas exploração para
pela ex;:¥k§ra<;€*.e aberta, desa-
simples, aberta, desz»
pura e€ simples,
reiigimsas
vergonh ada 132e éirctaf‘
wzrgctmhaéa direta.*

que sobra
o que quando as
sobra quzmdo colapsam ao
crenças culapsam
as crenqas ao
capitalismo éé 0
O capitalismo
O
nível da
nivel elaboração ritual
da eiaboxmiio ritual ee simbéiica, tudo 0o que
simbólica, ee tudo resta éé 0O
que resta
consumidor-espectador, cambaleando
consumidorwspeatador, trópego entre
cambaleando trépego ruinas
entre ruinas
relíquias.
ee reliquias.
assim, essa
Ainda assim.
Ainda guinada da
essa guinada da cremga estética, do
para a a estética,
crença para en-
do en~
gajamento para
ga§amenta> para Q voyeurismo, éé tida
O W2}/eurisma, como ulna
tida como uma das virtudes
das virtudes
do capitalista. A0
realismo capitaiista.
do rezalisma vanglor iar-se
Ao va1zgim*ia1*-siz de ter - como
ck: ten" - came coiacacoloca
Badiou -- “ms
Baaiiau libertado cias
“nos iihertadm das ‘zzbstrawes inspira das
fatais' inspiracias pe~
“abstracóes fatais’ pe-
“ideologías de
las ‘idwimgias
{as passado”, Qo reaiisms
do passaeiom, apresenta aa si
capitalista apresenta
realismo capimiism si
mesmo cnxnm
mesmn como um escudo que
um escudo que ma dos periges
protege 60$
nos pmtege resultan-
perigos res::iran~
tes zie
his demais. A
acreditar demais.
de acreéitar atitude cie
A aiitxuie distante , própria
ironia alistanta, prépria <30
de ircxnia do
nos imuniza
supostamente nos
pós-moderno, sup<;*2;tame11£e contra
imuniza contra as
capitalismo §>é:;~mudem<>,
capitalisma ax
seduções do
szcdupies fanatismo. I{e‘%>ai:~§ar
do fématisma. nossas <~:xpe¢:1a*:i‘vas
Rebaixar nossas somos
expectativas -— somos
só um
ensinados -- é 56
ensinaéns a pagar para estarmo
preço 21 pagan’ gram estarmsss
pequeno pregza
um pequezm s aà

aa
X

*= N.
m.dada E: itisfirqfin
inserção £§€::11.1imL
do autor.
Karl, Manifesto
Marx, Kari.
’3 Marx, do Partido
Ma~:r:}‘}:s£<r dz) Comunista. 530
Zkartizia Cm?:2m:'s$a. Pauin: Companhia
Sim Paulo: Clampzmhia
das karma.
aim; letras, zuavz.
2012.
13
terror ee do
do terror totalitarismo, “N65
do wtalitarismo. vivemos em
“Nós vivenms uma con-
em uma
salvo do
sakvo can‘
tradição ”, Badiou
tradi¢;i'\0”, observa:
Badiou observa:
S

estado dc
brutal estado coisas, profundameme
de caisas, desigual, nude
profundamente desigual, toda
onde toda
0o brutal
avaliada em
ia éé avaliada em termus de dinheiro , é apresen
apenas dc: dinheim, é apresentada
termos apenas tada
existênc
existémia
nós como ideal. Para justifica
aa nés como idea}. Para justificar seu r seu c<>nservadm"ism0, partidários
conservadorismo, partidz§\ri<>s
>

;
estabelecida née não podem chamar esse
podem chamar estado ck
esse estado de ideal
da ordem
da Qrdem estabelezida idea}
Então, em
hoso. Entim, em vez disso, decidir am dizer
vez disscr, decidiram dizer que todo que todo o
ou maravil
ou maraviihoscw. 0
eles dizem,
Claro, eles
. Glam, podemos néo
dizem, podemes viver mum
não viver para-
num para»
rests éé horrível
resto horrivel.
vivermos em
não vivermos
de nix: em ulna infernal,
condição infernal.
uma rzcrndidan
iso, teams sorte
Mas temos
iso. Mas sorta dc - 1=,“f>?*L§

Nussa democra
Nossa democraciacia não perfeita. Mas
n50 éé perfeita. melhor que
Mas éé xnelher que as ditaduras
as ditaduras if

as. OO capital injusto, mas


ismo éé injusw, não é crimino so
mas nit.» é criminasc» ccamo como
sangrent
sangrentas. capitaiisxno ,7

milhões de
s miihées morrer
africanos mmrerem
de africanns em de
o0 stalinis
staiinismm. Nés deixamo
mo. Nós deixamos de If
nacionalistas, como
racistas <2€ nacionalistas.
ções racistas como
AIDS, mas
AIDS, fazernos declara
mio fazemos
mas não declaraqées
s iraquia com nossos bombard
nos com nossos bombardeios, eios,
Milosevi
Milosevié. N65 matamo
t. Nós matamos iraquianos ‘ 9:, .;

as com como fazem


facões como lá em
fazem lés
mas nfio cortamo
mas náo cortamos was gargant
s suas gargantas com faciaes em
:"i*§=, ‘
Ruanda
Ruanda etc.*
etc.‘ W1‘-’Y1"§*=i ‘

“realismo” aqui análogo £1à parspectiva


aqui éé anéiago deflacionária dc
perspectiva deflacionziria de um
OO “realismo” um
depressivo, que
depressive, acredita que
que acredita estado positive»,
qualquer estacio
que qualquer qualquer
positivo, quaiquer ‘ .1 g
esperanga, éé uma
esperemqa, uma perigosa ilusáo.
perigosa iluséo.
interpretação do certamente aà mais
capitalismo W- certameme
do capitalismo mais
sua intergaretacfiua
Em sua
Em
Deleuze ee Guattari
Marx *- Deleuze
desde Marx descre vem-
Guattari de:s<:r§:vem~
impressionante desde
imprczssion-ante
como uma de potenc ialida de sombri
espécie £ifZ' pznencialidade sambria que
uma espécic a assom-
que assem-
-no como
-110 _~ .'.'5l\’g,€-3

todos us os sistemas anterio


sociais anteriores.
sistemas sociais res. O capital, dizem, é l if
brou todas
brou O capital, dizem, é
abominação que
inominável”, aa aban1im1<;€1.0
“coisa inomimivel“, que as socied ades
as saciedades pri-
uma “cuisa
uma pri- E
mitivas a-e": feudais.
mitivas procur
feudais pmcuraramaram evitar anteci padame
evitar antecipadamente. Quando
nte. Quzmdu
i

enfim chega,
enfim capitalismo tram
chega, 0o capitalisme consigo nma
traz ccmsigo dessacralização
uma dessacraiizaqéxx @123? =
cultura. É um
da cuitum. sistema que
um sislema que niw governa par
mais guvema
não mais por 4 k W/ §'
massiva da
massiva §%SY
7:;
a
1
evilan interview
Cox, Ch
*‘ (lax, Whaien, Molly;
rifitoph; Whalen,
Christoph; Mofly; Badiou, Aiain. “On
Badiou, Alain. “On evii: an interview
em:
with
with Alain em Cabinet
Badiou” em
Alain Badiriu” Ca§£>ine:‘;‘v{ag¢1zi:z<2, 2001-2002. Disponivel
Magazine, 2001-2002. 1)isp<>nivei em: , .s

issues/s/alainbadiou. php
httpy/www.cabinetmagazine.org/
httpzfl ww wmabinetnmga2:ine.0rg/issues/ $§31i1iflb&&1i{)L1.php »:,.;~@<

14
5

uma M
de umzx transcendente. im
lei iyaazzscfirzzaiaxzie. contrário: 1§§?31'
Ao <:ur*1€:*§11*§{>: desman tela to-
meio fie
zneis; ;3e&§1i£‘§z3 ii?»
desse tipm
códigos eixzssse
às iéidigsas apenas yam
tipo, azpems reinstalá-los am’
para ;“<f%;1s%;1£és~i€:§; hor. Os
ad 32am
dos £35
dsas 0:;
capitalismo naiu
do <:ap%m¥is"@§:':n
limites éi}
iizniim não mu são i"ixzCi<>§; de uma vez
fixados (ii: uma was pm tiadas, por todas,
redefinidos) cie
(e r+?:w;i:2i1:>2i:.%<ss) de §4‘i‘i&§}‘}£?i¥;E§ pragmática Is€ im»
maneira prz@g:ne;%£iaa im-
definidos (:2
mas aieiinieim;
mm
provisada. {sac
gzrcwisraizz. Isso flax capitalismo aigis
do <::;zpi'i§@§isznr:
faz air: pareci mm E1
muito p2u"&‘»::i¢in
algo ramim do com Á
de John Carpen ter;
homónimo fix §§x%:;2 (,:§1F§3€3i§€€?'Z mm
filme i"x<>§;n’>ni§n+:>
no fifismz entidade
uma erziiaiade
Coisa ma
{:r:,€3€~gQ
capaz de metabo lizar €
plástica, cwgzarz C1? m»::z,ab<;i%2:ar
infinitamente p§.:§s¥ica,
monstruosa :2e i:2§%nita:*n=z~:z*m2
z1&4rmm"u@sa :2
coisa mm;
qualquer caisa qual ezxtw
com zza agamé contato. ('3
em iT(“¥§Y£&{€}.
entre em O capi
absorver qzmlqueza
Z1?3s{s:“vm“ sepi-
acordo film
tal, de m;un§;§ Deleuze ee iléwzmri,
com fisrieuzae bricolagem de
“uma hric§>iag;:::11
Guattari, éé “mam
tsd, pie
tudo :2 que §@%
o €§&X€ um e2sa€r2:;":h§>
fo”; um
já Mi”; o do ultram oderno com
bibrid Lin as¥£ram{:<ir::*m':»
estranho hé§3z"%d§@
mafia: mm
época Qm
Na épmrsx que %,}ek;=::2@
em que escreveram
Guattari c:~s:;f?e*»'ez"z1§n
Deleuze € i;j§uaitzaz"'§
arcaico. Nza
o m"z‘ai,ai:~.
£7?
volumes de seu {I;s;;i£:2iésrrw
de sen aparen-
Esquizofrenia, ap;z1*§:z1~
Capitalismo :2e EZsq:.:éz§>W{i*@:z£¢';§
dois vulamws
os dais;
as
desterritorializantes do
impulsos destcrr"itu1'ia!i2aantee; capitalismo wta»
do capitalisxuw está
temente us
tmxenw os i11"1puél:ws
finanças, demands
às finanqas, a cultura aos
deixando a cuituraé am; cuidados cuidad os
confinados As
vam confinacioza
vam
forças dra
das Forqms
das reterritorialização.
de reterrituriaiizaqim.
sentimento de
esse mrntimmxtcér
mal estar, esse
Esse n'1al:2s.tzu', de que há nada
não hei
que rmu de novo,
nada dz:
M:-T-Q mm/0,
o encon tramo s
Nós 0 mwmmtramus no cowbe-
novidade. N615:
não éé nuvidade. no conhe-
evidentemente, nae»
evidemmneme,
conceito dc “fim da
de “fim da histérid’, alardeado pm"
tão exiarde"-ado
história” £50 por Francis
cido wnceitn
cido Francis
queda do
após 21a queda Muro de
do Mum Berlim, A
de Berlim, A urse de Fuluya-
tese ale
Eukuyama apbs
Fukuyanm Fukuyu»
história hm/ia
que aa histéria atingido 0
havia atingido climax cmn
o ciirwmx capitalismo
com 0o capimlisnm
ma dc:
1m. de que
ter reaiciaz
pode 111+: amplamente 'm§2”2§";m;ia,
sido azmwiaxmrzxte mas contin
zombada, mm; ::m1%%m.::.x ua sen-
liberal p<§>é<?
iiitwemi zaew
presumida. rm
mesmo pzw>:szm":ida$ plano dc;
no gsiazw inconsciente ca?»
do im<;:1s<;.i%:n§e2 cul-
aceita, ee rnssnm
do acssiw,
di:
Valeff; lembra entretanto, que
r, zzzmetanw, que 11‘§€53¥‘§3£> quando Ekziaalyairxza
mesmo a;z1;1§2<§e?: Fukuyama
taral, ‘@:’a§
imesi. -.,. Fl- m§::z'ar,

defendeu, :1a ieicizs


aa <;isiA@m§e1A:, ideia sis tinha chegad
história tinim ~Z§1€ga§§T§£2 mi:
de que gs.a higtérizx o “ponto
ao Ҥ@<i::":m
final” rsiém
éimzi” não em era m%:ram¢iztc Fukuyama z»1e§\.w::"iiu agque
triunfalista. ?u§<.a1*gzs;m>.
meramente %*v"%ax:2i1aiism§ advert ía H Pa

cidade Qllifl avistavamos as


que 2i¥'i5ii_5§WL&nE{>§i ao icxzzga poderia ser flm
longe ggzmiéfréa mal W».
radiante cééznivs
3;a x"m§i;§:"s§=: ~-
achando cgmr
embora acimmim que sew fantasmas seyizzzwx
seus ia1:mm*n:1s seriam mais
“assombrada, ~‘:m§>c>1‘;%
-2§&1:;<’§;1“§§i‘sfm§£<, mais
marxianos. A%gm"zm<;
que €!3é“£§”Xi€&£“s£§:;. Algumas aim páginas mais;
das pzégimza mais cau-
nietzscheanos gm»
a2ésrt;a§=:lw;2:ms; um»
che são aquela s nas quais ele 1-»J»¢fa: m ve a “su-
descre
iclosas ale
w§<;»§~:a*; Nietzs
de §‘~§iei2:;¢:§"2e: aaiés ::<@;1.:%%‘§;'%s was iJ§i§1~1§§a {sic £. ., raw: 2: “su~
de mam
história zit‘
de hésmfiria uma §;£mtz1 época” ”‘§:~:s:>
certa épw;;z,§1 conduz essa
“isso <;=:>miu;*:
persaturação 1%:
§I>%%“&l;%ii§i";’:§§tiI) mega
perigosa inmia ironia we em :'s§;:<;€::;> si mesma” ,
relação 21a si §n»~ssma", £‘f££§“€‘\’€Li escrev eu em
ma uma ;@::;"%g<1§§za
era :1à zmm &i*§‘£‘&
s Extemp orânea s, “e, subseq uentem ente, om modo
iConsid eraçõe i{.rtw2'z;}m2<irwm,
":>:a::é¢:§e:'¢2g‘é§e$ §ii%?S%;.‘€§§iY2§’l‘§ii§}“i§3fiii3> aszn §1'm:;i<,§
perigoso, {fie
mais p&vég¢i>>:n, cinismo, ms
de zmisaxm”, qual a ‘”§1a>$§‘a:rz§
no qua} cosmopo-
“postura c<:§mxai:p§>»~
ainda mais;
fiimm
a5
WWW » . . ..

5,
1 ~.¢.<»4 1°-I ,-X1 _s¢zM..o.W ._ . _ .. »
- ~

i .4

lita”
lira” do desinteressado substitui
espectador desinteressado
do espectador engajamento ee 0O
substitui 0o engajamento
envolvimento. Essa
envolvimento, condição do
Essa éé aa condigio do “oltimo homem” do
“último homem“ Nietzs-
de Nietzs~
che, que
che, viu do
que viu tudo, mas
de tudo, é debilita do e decaden
mas é debilitado e decademe precisamonte te precisa mente
conta desse
por conta
por excesso do
desse excesso consciê
(auto) consciéncia.
de (auto) ncia.
espelha aa do Fredric
de Fredric
s

3 A
A posição
posioiio de
de Fukuya
Pukuyaoma,ma, de
de certa
certa forma, espelha
forma, ,,

Jameson. Iameson,
Iameson. notoriamente, declarou
Jameson, notoriamente, declarou que que o pós-moder-
o pés~modor-
nismo éé “a cultural do
lógica cultural
“a légica capital
do capitalismo ismo tardio”. Ele argumen-
i nismo tardio”. Eie argumerv
constitu tivo da da
tou que
tou fracasso do
que oo fracasso futuro era
do future era um elemento constitutive
um elemento

2 pós-moderna que,
cultural pés—moderna
cena cultural
cena que, como como profetizou corretamen-
profetizou corrotamexr
»
te, dominada peio
seria dominada
te, seria e pela releitura
pastiche e pela reieitura. Considerando
pelo pastiche . Consid erando
1
1
» que Jameson jéx
que Jameson já tinha desenvolvido um
tinha desenvolvido argume
um argumento nto convinc
convinceme ente I

acerca da
acerca da relagiio pós-modernismo cultural
entre 0o pos~mudernismo
relação entre cultural ee certas ten-
certas ten-
v

dências no no consume capitalista (ou


consumo capitalista pós-fordista), pode
(ou pés~fordis1a), pode parecer
déncias parecer
não hé necessidade dc
nenhuma necessidade
há nenhuma um conceit
de um conceito como o como 0o do de
que néo
que
‘1.- r
capitalista. Em
realismo capitalista.
realismo algum sentido.
Em algum sentido, isso .
verdade O que
isso éé verdade. O que fir’
¥!;‘=~:'
153*
estou chamando
estou de realism o capitali
chamando de realismo capitalista pode ser sta pode integrado éà
ser integrado ,7‘:
- Id ‘ I

W -',::~':eifi5!I7i1.-\'=. Q'
pós-modernismo teorizado
do p6s~modernismo teoriza do por Jameson . N0 No en-
§2/y"~
</5:1 rubrica do
rubrica pot Iameson. en-
apesar do
tanto, apesar
tanto, heroico do
esforço heroico
do osforoo feito
elucidação feito por }ame~
de elucidaqéio por Jame-
.
“pós-modernismo” continua
son, “pés-modernismo”
son, continua sendo sendo um um termo fortemente
termo fortemente
|
contestado, cujos
contestado, cujos semidos - de maneira tão
sentidos - do maneira téo apropriada quanto apropri ada quanto
)_
irritante »~- seguem
irritantc flutuantes ee mdltiplos.
seguem flutuantes Além disso,
múltiplos. Além disso, quero do» quero de- \ -V»-3% >

por
x I<
|
monstrar que
monstrar alguns dos
que alguns processos descritos
dos processos analisados por
descritos ee zmalisados '»
» 4:
~‘ r'r~:;;;;€<;1EJ §

tornaram cronicos e so agravaram tanto aa ponto


se tornaram crônico s e se agravar am tanto ponto de
Jameson so
Iameson do
sofrerem uma
sofrerem mudança do
uma mudanga natureza.
de natureza. -\ 4x392,» .
>=il #91: Há trés
Hé razões que
três razoes que me levam aa preferir
me levam preferir 0o termo realismo ca—
termo realismo ca- , .,w¢
t>;,; ,¢

pitalista ee nfio
pitalista pós-modernismo, Em
não pos-modernismo. primeiro iugar,
Em primeiro lugar, nosnos anosanos go
rqk
2:26

quando fameson pela primeir


desenvolveu pela primeira vez sua tese
Jameson desenvolveu a vez sua tese o iéé
xv é‘
1 1980, quando
1980,
pós-modernismo, ainda
o pos»modemismo, pelo
existiam ~- peio menos em
ainda existiam menos em
sobre 0
sabre é

alternativas ao
nome ~- alternativas
name capitalismo. Hoje,
ao capitalismo. contudo, estamos
Hoje, contudo, estamos li~ li- .;W$“¢’?’5€5@"-

E dando com
dzmdo com um senso do
um sense exaustão ee esterilidade
de exaustéio muito
política muito
esterilidade politica -’vr1»~
w
. \
X‘. W
profundos ee mais
mais profundos
mais Nos anos
generalizados. Nos anos 1980, o “so~
mais generalizados. 1980, o “so-
‘s><»»W5;’
=5}
cialismo real”
ciaiismo persistia, mesmo
ainda persistia,
real” ainda mesmo que que na fase final
na fase de
final dc sen seu , >_
\\

colapso. Na
colapso. Inglaterra, as
Na Inglaterm, linhas de
as linhas fratura do
de fratura antagonismo de
do antagonismo de
> 5 E . v; - <, =~<-"-1-.»,W>‘\_{.-'1
d "C ' : '

=I'Ȥ
wo ,3\_
1<_-
classes completamente expootas,
estavam compioxasmznte
czlamsos estzwa.m expostas, em razão do
em razéo conflitos
de conflitos
como aa C}?-we
-como Greve dos Mineiros do
dos iviiaoixos 1984-1985.
de 1934» A derrota
1985_ A dorrota desse mo~ desse mo-
vimento {oi
vimanto foi om importante no
momento importanta":
um memento desenvolvi
no desenvohrilnento mento do
do
capitalista {no
realismo eapitaiista
realismo Unido], taio
Reino Unido},
[no Roino ou mais
tão ox: significante
mais significante
em ma
em sua dimensiio quanto em seus
simbólica qoamo em sous ofeitos préticos.
dimensão simbéiica efeitos práticos. Q O
fechamento dos
feahamento minas {oi
das Hlifiifi defendido precisamente
foi defendicio te
precisamen com base no com base no
argumento do
argomentca de quo abertas néo
mantê-las akertas
que manté-ias não em “economicamente
era “economicarnente
realista”, :2e as
reaiista”, os minairos foram retratados
mineiros foram retramdos atomo as como últimos ato~
os xldtimos ato-
res do
res de um proletário fmcassado.
romance ;>ro¥et:§xrio
um romante Os anos
fracassado. Os anus 198s foram 1980 foram
período no
oo periodo qual 0
no qua} o reaiismo capitalista so
realismo oapitalista estabeleceu, com
se estaboiaceu, com
luta, e criou raízes. Foi a época
muita ham, e arioo raiz¢.=:s. Poi a época em que a doutrina do
muita em que a doutrina de
Thatcher do
Margaret "ihatckxer
Margaret de que “não hé
que “néo alternativa ” - um
há alrerndativa“ ~ um siogan téo slogan tão
sucinto para
sucinto para o quanto so
capitalista quanto
realismo capitaiisia
o rea1ism<> poderia querer
se poderia querer »~ —
transformou em
se transformou
se em uma autorrealizável brutal.
profecia autorrealizével
uma profecia brutal.
segundo lugar,
Em segundo
Em pós-moder nismo
lugar, pxwmodernismo envoive uma envolve relação
uma relaoio
com 0
com modernismo. 0
o modernismo. trabalho dc
O trabalho Jameson sabre
de Jameson o pós-mo-
sobre 0 prbs~mo~-
dernismo come<;a
demismo começa com com uma interrogação sobre
uma interrogaqéo sobre aa ideia, defendi-
ideia, defendb
da por
da como Adorno, de que
gente como Adamo, de que 0 modernismo. so por
por genie o modernism o, só suas
por suas
possuía dosdo
formais, possuia
inovações formais,
inovaagoos desde §é um potencial
já um potoncial revohxcioné»revolucioná -
rio. A0
rio‘ Ao invés disso, 0
invés disazo, o que Jameson via
que izmzzeson acontecer foi
viu acontecer incorpo-
foi aa in<:or;:>o-
dos motes modernista s pela cultura
ração dos motes modomistas pcla culmm popular (dc repoxzte,
raqtéo popular (de repente,
exemplo, as
por exoxnplo,
pow técnicas surrealistas
as técnicas apareceram
surrealistas apareceram no pub¥icida~ na publicida-
de). A0
do}. mesmo tempo
Ao mossmo tempo que particulares do
formas particuiares
que formas modernismo
do modernismo
foram absorvidas
foram mercantilizadas, oo czmdo
absorvidas ee meroantiiizadas, modernista ~~ sua
credo nzodornésta sua
atribuida fé
aizibuida fé no elitismo e modeio monoiogico e verticalizado ee
no elitismo e modelo monológico e verticaliza do
cultura -~ foi
de cuimra
do rejeitado em
desafiado ee rofiitado
foi desafiado nome do
em nome “diferença”,
da “diferon<;a”,
“diversidade” ee do
da “divars.idade”
do “multiplicidade” C3
da “mn.itip1icidade’§ O reaiisrno capitalista
realismo capitaiista
encena esse tipo de confronto com o modernismo
mais enceena ease tipo do confronto com o modernismo.
não mais
nzio .
contrário, aa derrota
Ao contrehfio,
Ao o é simplesmen te
modernism é sixnpiesxnente acoiia
do modoernismo
derrota do aceita

om
I

Sw
‘ do eo there
da is no
there £5 alternative, ou
no ali@fne‘z2‘ivz’, TINA, no
cm ‘tmm no acroxximo inglés,
em ingiés,
acrónimo em
slogan usado
foi oo slogan
{oi Margaret Tatcher
por Morgans:
usado pox defesa do
em deiksa
Tatcher em de
economia do
da oconomia
mercado como
mecrcado como oo imiao
único sistoma
sistema possivei,
possível,
nv
modernismo agom
dada: oo modemismo algo que
agora éé alga que até pode ressargir,
até pods
como
como dado: ressurgir,
ente, mas apena s como um estilo estéti co crista liza-
periodicam
periodicamente, mas ape-mas como um estiio estético <:rista1iza~
do, mas
do, mas néo não mais como um
mais como ideal do
um ideal vida.
de vida.
mais de
lugar, mais
terceiro lugar, uma geraç
de uma geragzéo ão jé já nos separa do co-
nos sopara
Em terceiro
Em do co~
Muro de Berlim . Nas décad as de 1960 e 1970, 0 capi-
do
lapso do Moro dc: Beriim. Nas décadas do 1960 er xgyo, o capi-
lapse
tinha que
ainda tinha que enfrentar problema do
enfrentar oo problema de como conter
talismo ainda
talismo como conifer
externas. Agora,
energias oxternas.
as energias enfrenta oo probiema
Agora, enfrenta problema
absorver as
ere absorver
incorporado tudo tudo que lhe era exteri
que ihe era exterior téo or tão com-
oposto: tendo
opostoz tendo incorporado mm»
funcionar som
pode funcionar
como pods sem um um exterior or para
exteri para <:okmi~ coloni-
pletamente, como
pleztamente,
ou do qual so
do qua! apropriar? Para
se apropriar? parte das
maior patter
Para aa maior das pessoas com
zar ou
zar pessoas com
de 20 anos, no
20 anos, Europa ee na
na Europa América do
na América do Norte, à falta
menos do
me-nos Norte, a falta
alternativas ao capitalismo nizo
ao capitaiismo não éé mam sequer uma questão.
nem sequer
de alternativas
do uma questfio.
costumava se horrorizado, aos
referir, horrorizzado,
se refz-:ri.r, aos caminhos pelos
Jameson costumzwa
Jameson caminhos pelos
capitalismo se
O capitalismo infiltrava no
se infiltrava inconsciente; agora,
próprio inconsciente;
no proprio
quais o
quais agora,
de o capit alism o ter colon izado até os sonhos da popu-
fato
0o fato de 0 capitalismo ter coionizado até os aonhos da popu»
amplamente aceito
tão amplamente aceito que nem vakeo
que nem vale a pena comentar.
lação éé L50
dlaqéo a pena comentar.
enganador imaginar
perigoso ee enganador imaginar que passado próximo
que 0O passado
Seria perigoso
Seria proxirno
espécie dc de idilio, repleto dc
idílio, replete político. É sem-
potencial poiitico.
de potencial
foi uma espécie
foi uma E sem~
lembr ar o papel que a merca ntili zação desempenhou
bom lembrar 0 p-ape! quo a morcantilizagio desempenhou
pre bom
pra:
produção do cultura no
da cultura século xx.
no sécuio xx. De todo mode,
De todo modo, a velha
na prodoqéo
rm a velha
recuperação, entre
apropriação! ee recmxporzwéo,
entre apropriaqzio‘ entre subversão €
batalha entre
bamdha subversim 2
coisa do
parece coisa passado. Nfio
do passado. estamos lidando
Não estamos
incorporação, parece
incorpormgzio, iidando
incorporação de
com exà i,ncor=porag§o
antes, com
como antes, de materiais dotados
agora, como
agora, materiais dotados
mas sim
subversivo, mas
potencial subversivo, sua “precorporação”: a
com ma
sim com
de potencial
do “pr*ecarpora¢fio”: a
dos desejos,
prévia dos
moldagem prévia espe-
aspirações ere espo
desejos, aspiraooes
formatação 2e aa moldagem
fox"x1mta<;s?1o
por exempio, o0 es»
disso, por
Prova disso,
capitalista. Provo exemp lo, é es-
ranças peia
rangas cultura capitaiista,
pela cultura
acomodado do zonas cuiturais
de zonas “alternativa ou
culturais “a1tornativas" s”
tabelecimento acomodado
tabelecimento on
infinitamente gestos
repetem infinitanxeme
que repetom de rebelião
gestos do
“independentes”, que
“independe+ntos”, rebeiiéao
como so
contestação como fossem feitos
se fossem primeira vez. “Alterna-
pela primoira
feitos pew
ee contestag,-30 vex. “Alternw
designam nada
não designam
“independente” néo fora do mainstreant,
nada fora
tivo” ee “indepondente”
tivo" do rmzimztrmm;

no oréginol
dag.5: no
‘$ N. do détournement.
original dééoumenzent.

18
pelo são, ma
contrário, szézcv,
yeti} wntrziirin, verdade, us
na wsrdade, dominantes nu
estilos dmninasztes
os astilm no i1m2~~ ínte-
fin: mainstream. Ninguézn emzarxzmz ia: lwizsu cxzvnim FE:esseGk
do §m2iras!n:¢1::w2.
rior aka Ninguém encarou le lutou contra) - . , . < » V3 U1

beco sfinz
bc2<:n sem saéda do qufi
mais dc:
saída mais Cobain {re 0
Kurt ilckmin
que Kurt Com
Nirvana. Cosn
o Niwana.
espantosa ia§;si:§fi.<;
sua espzmmaa
aaza raiva sazm
sua raiva
lassidáo <2e sue. objeto, Qfcabain
sem vi§§}€fE<L,L parecia
Cobain paxretia
ecoar aa vex
e<:<;>az" voz sagaataéva do desânimo de uma geração que
esgotada {ls ¢i<';‘§§§'£l‘ai£"§1§) eie mm gexag:-1&0 qufi zinha tinha
depois {Ea
nascido ch-:=p<>>is;
nassidu para aa qua!
história, para
da Zzisafiria, cada gesto era antecipa-
qual atada game; em antea:ipa~
do, 1:‘2i&:;€i’i‘z3¢$(?,
iii}, comprado ee vendidm
rastreado, c:mnpz"a<§o mesmo
antes %11fi
vendido sntfzs ‘§‘$1}‘1£) ale acontecer.
de acmzteazry
sabia que ele era apenas mais uma peça
Cobain sabia que eire em apenew mam; I}i'i"i(<l pmga éa zzspeiéxcaficz,
Cazimizz do espetáculo ,
funcionava m::£h¢>r
nada fi.1Z}CiGi1E1'\€‘¢i
que nada
qua na mtv do que um
melhor rm amv da que urn prstesm :z>n~ protesto con-
MTV; sainéa
tra aa 2»z':“\:;
ma sabia que cada gszsto
que caeia era um
seu era
gesto sea previamente
clichê, §§?§i‘£i%iI§‘i£5i\€€*
um aiicizé,
roteirizado, ee zasahizz
m£eri;~i'mai¢;s, até anemnaa
que até
sabia {gaze disso era
saber diam;
mesmo s;a%>er era um clichê,“.1 .
um <;:§i<:¥ ("fir

impasse qm:
O impam:
C} músico {rm
paralisava 0o :mi1$i<;<.>
que paraiisava mesmo Qtafl
o mezemc
era 413 Jameson
que Eaxmzaoxz
descrevia au
descrevia ao se referir $1à cultura
se referir pós-moderna enw
cultura p<5s»rn0derna em gem]. Cobain
geral. Ciobain
inserido “mm
via inserido
se via
sea “em um mundo no
um munda qual aa i.:mva;;&c>
no quasi estilística
inovação estiiistica
não éé mais
1150 [em que] tudo o que resta
possível, [cm que] mdu 0 que resta imitavr esti~
mais possivel, é imitar esti-
los memos,
ins falar através
mortos, falar e com as vozes dos estilos
máscaras e com as V‘()'i£€‘!% dos estiius
de mziscamas
através dear
imaginário” Neezsse
museu i..magir1é\rica".'
no rmlssm
nu contexto, até
Nesse cuntexto, até 0 o sucesso significa
sucesso signiflca
ser bem-suce dido quer dizer apenas
fracasso: sar bem~suc¢didu queer ciizer arpenas que vocé
um f‘ra<:ass<'>:
um que você éé
nova do
“carne nova
aa ‘harm logo, logo, vai ser devorado
pedaço” »~- £2‘e logo, logo, vai sex" devrarado pelo
do pe¢;'lar;0" pelo
sistema. Mas
sistenm. Mas aa profunda existencial do
angústia cxistenciai
profunda azngxmia do Nirwna ere dc
Nirvana de
Cobain jé
€I.§e>§a2>xi11 pertence 21a iiifi
já ;,%ez"i<:m:z tempo; :1
outro K&m§Q;
um mam que wig
o agar: disso
depois dissez
veto :;§»;~p<:>€s
foi mm;
56$ cópia fix?»
uma c:§p§;1 que reproduz as formas do passado sem
rock, gm: §”fi‘§".*f§)£§%.lI:i as €<>,r:1m.§ dc: §>2x:;esaai<: sem
do zwisciag
angústia n+mh1::'z2a.
angéssxia nenhuma.
A %‘morte
fig z2<“:1’E:.: fie Cobain ¢.:msi‘izm1;m
de Qjlaaéaész incorporação 1;§;.1
derrota ee aa §w.:£s§;;:¢'>r;1§;é0
confirmou J.a fwrrma da
utopia Ga
uwpézz do ruck e de suas ambições ousadas. Quando
rock ea“ dc: was amE>ig\:"?>e:> mxsadazs. ilmamiaix efla mm- ele mor-
reu, 0
rzfm rock §é
o rmci; eclipsado p<:i<>
sido @ci§pv@z::;1s.:
tinha sidzv
já {énha pelo hiphip %§z.1§;n sucesso §
cujo 2s~ue;:9$:;§'
hop, $:u}:.z
pressupunha :3e %i;,aa>
global §;>z*assa:pz§z":ha
giubzai perfeito de
tipo gxerfsiiu de ;>>*m?>,rp0rzazgiaé capitalis-
precorporação iI§."t§}ii2?ii$"
ta ggzw
£11 mencione i acima. Para bea parte do hip
que m¢::n:§§;m:i zauizzm ikxzxa hem p»za1;"‘£¢:: ain imp flog, qm*:lqu<:r hop, qualquer
esperança ”%;xg%ma;5
mg>m"a.m;a ingênua dfi a cultura jovem ainda seria
que a cuiwra §=;w<rm aiznia aseria <_:a;m2:
de qua capaz
mudar aiguzzm
de mmizzr
{is cedeu iugar
coisa ::::d¢:a.§
alguma cnisyz lugar £1à m;§as£m incondicional aa
adesão i1":¢;<>z1<li§;§{>m1i
ee

Fredric. A vénaiias
Jameson, §‘r:;<<ir%¢; cultural: njfi="x<Tf»¢r5
virada m?§wx;§: sobre {Po §><%:<-
reflexões ;<<;€m»* moderno.
pós iz:mi<~:w§;.r,
7 iazmzsnsx,
Ni

de §ameiz'e;;
Rio 73*:
aw Í
Civilizaçã
Janeiro: €,';iw§%zm,:ia<.w 2006.>.
Brasileira, z§><t>(~'
o ?§§ax~%§¢im,
18
1“ "'~“‘~" '* >-*¢“/“//_\z>.\-J 5'.‘ ;»;; :'I' — 7 ___
\‘ ~‘ W b-<
‘ K WWW
4 )V
"" ' '-~:


uma versio
uma versão brutaimente
brutalmente redutora
redutora da
da “reaiidade”.
“realidade”. “No
“No hip
hip hop”,
hop”,
apontou Simon
apontou Simon Reynolds
Reynolds em
em um
um ensaio
ensaio publicado
publicado pela
pela Wire
Wire
Magazine em 1996,
Magazine em 1996,

“real” tem
“real” tem dais
dois significados.
significados. Primeiro,
Primeiro, significa
significa auténtico,
autêntico, aa
música sem
xmisica sem compromissos,
compromissos, que que so se recusa
recusa aa sese vender
vender para
para aa in-
in-
dústria caso tenha que suavizar sua mensagem.
dfistria caso tenha que suavizar sua mensagem. “Real” também “Real” também
significa que
significa que aa mvlxsica
música reflete
reflete aa “realidz-ads”
“realidade” constituida
constituída pela
pela insta»
insta-
bilidade economica
bilidade econômica do do capital
capitalismo tardio, da
ismo tardio, da instimcionalizaqio
institucionalização
do racismo,
do racismo, dada vigiléncia
vigilância crescent:
crescente ee do do assédio
assédio dada juventude
juventude
pela policia.
pela polícia. “Real”
“Real” significa
significa aa morte
morte do do social:
social: significa
significa corpora-
corpora-
ções cujos
ooes cujos lucros
lucros crescentes
crescentes nio
não refietem
refletem em
em aumentos
aumentos dcde said-
salá-
rio ou
rio ou melhorias
melhorias nos
nos bencficios,
benefícios, mas
mas em
em downsizing
downsizing (a
(a demissfio
demissão
da foroa
da força de
de trabalho
trabalho permaneme
permanente para
para aa criaqéo
criação de
de uma
uma massa
massa \,
Wv
flutuante de
flutuante de txrabalhadores
trabalhadores comratados
contratados em
em regimes
regimes de
de meio-ex-
meio-ex- ‘s
pediente ee “freelas”
pediente “freelas” que
que nio
não gozam
gozam dc
de beneficio
benefício ou
ou segurama
segurança ‘1\Z
alguma no
alguma no emprego)!
emprego).*

No fim,
No fim, era
era precisamente
precisamente por por encenar
encenar essa essa primeira
primeira versio
versão do do
“real” - a sem compromissos - que o hip hop
“real” - a sem compromissos ~ que o hip hop possibilitava a ab- possibilitava a ab- \

sorção fécil
sorgtéo fácil dada segunda:
segunda: aa realidade
realidade de de instabilidade
instabilidade economi-
econômi-
ca do
ca do capitalismo
capitalismo tardio,
tardio, na
na qua!
qual essa
essa autenticidade
autenticidade provou
provou ser ser
»
altamente vendévei.
aitamente vendável. O O gangsta
gangsta rap rap néonão reflete
reflete nem
nem condigoes
condições
sociais pré-existentes,
sociais pré-existentes, como como muitos
muitos de de sous
seus defensores
defensores argu—argu- s
1;
mentam, nem
mentam, nem tampouco
tampouco éé causa causa delas,
delas, como
como afirmam
afirmam criticos
críticos
-, pelo
—, pelo contréxio:
contrário: 0o circuito
circuito em em que
que hip
hip hop
hop ee capitalismo
capitalismo tardio
tardio
se alimentam um do outro é um dos meios
se alimentam um do outro é um dos meios pelos quais o realis» pelos quais o realis- .~

mo capitalista
mo capitalista se se convene
converte numanuma espécie
espécie de de mito
mito antimitico.
antimítico. A A .\~ g~S'

afinidade entre
afinidade entre oo hip
hip hop
hop ee filmes
filmes do de gangster
gangster como
como Scarface,
Scarface, O O
Poderoso Chefda,
Poderoso Chefão, Ceies
Cães dede Aluguel,
Aluguel, Os Os Bans
Bons Companheiros
Companheiros ee Pulp Pulp

i
1

'* Reynolds,
Reynolds, Simon.
Simon. “Slipping
“Slipping into
into darkness”
darkness” em
em 'Ihe
The Wire,
Wire, 1996.
1996. ’
3“
a>
?
x’ §
1<
F

>5
Fiction, emerge
Fistiorz, emerge do do argumento
argumento comum comum de de que
que eles
eles estariam
estariam
despindo
despindo oo mundo
mundo de do ilusões
ilusoes sentimentalóides
sentimentzdoides para para mostrá-
moshin-
-lo
-lo “como
“como realmente
realmente é”:é”: uma
uma guerra
guorra hobbesiana
hobbesicma de todos contra
de todos contra
todos, um sistema de perpétua exploração e de criminalidade
todos, um sistema do perpétua exploragéo e dc criminaiidade
generalizada. No
generaiizzxda. No hip
hip hop,
hop, Reynolds
Reynolds escreve,
escreve, “coir
“cair nana real’
real éé
confrontar oo estado
confrontar estado dode naturoza,
natureza, cmde
onde cão
céo come
come cão, onde vocé
céo, onde você
éé vencedor
vencedor ou on perdedor,
perdedor, ee ondeonde aa maioria
maioria vai
vai ;>erder”.’
perder”?
O mesmo
O mesmo acontece
acontece na na viséio
visão do
de mundo
mundo neo neo noir
ooir que encon-
que encorv
tramos
tramos nos nos quadrinhos
quadrinhos de do Frank
Frank Miller
Miller e:2 nas
nas narrativas
narrativas dode
James
}aomr:s Ellroy.
Eiiroy. Há
Hé umum tipo
tipo de do desmitologização
dasmitoiogizagio aa partir
partir dedo um
um
prisma
prisma machista
machista nosnos trabalhos
iT2‘di¥31h0$ de
dc Miller
Miller ee Ellroy.
Ellroy. Eles posam do
Bios posam de
observadores impiacéveis,
obaervadores implacáveis, que
que so
se rocusam
recusam aa ambelrrzzar
embelezar oo nmn—
mun-
do para
do para encaioxédo
encaixá-lo em
em uma
uma ética
ética binéria,
binária, supostamente
supostamente sim~sim-
plista, dos super-heróis de quadrinhos e dos romances de crime
plista, dos supenherois de quadrinhos e dos romanees de crime
clássicos. O
clzissicos. O “realismo”
“realismo” aqui,
aqui, em
em vez
vez dc
de ser
ser obsoleto,
obsoleto, éé realçado
realoado
pelo foco
polo foco nono furiosamente
furiosamente venal
venal -- ainda
ainda queque aa insisténcia
insistência exa~
exa-
gerada na
gerada na crueidacle,
crueldade, traiqiio
traição ee selvageria,
selvageria, em em ambos
ambos os os escriw
escri-
tores, se
tones, se tome
torne rapidamente
rapidamente pantomimica.
pantomímica. “Em “Em suasua completa
completa
escuridão”, escreveu
x=:sx:urid£io’§ escreveu Mike
Mike Davis
Davis more
sobre Kilroy
Ellroy om
em 1992,
1992, “niio
“não hi:

mais iuz
mais luz que
que possa
possa projotar
projetar sombras,
sombras, <2e o
o ma}
mal so
se toms
torna uma
uma ba-
ba-
nalidade forense. O resultado se parece muito com a própria
naiidade forense. G resulrado so parece muito corn a propria
textura mom}
TEXUIYER moral do
da era
era Reag,an-
Reagan-Bush: uma supersatoraqéo
Bosh: uma supersaturação dode cor»
cor-
rupção que
rxzpoéo que jé
já 11:30
não provoca
provoca mais
mais indignação
imiig1xa<;é~:> ou, sequer, into»
ou, sequer, inte-
resse"*º Essa
resse".*° Essa dessensibiiizagéo,
dessensibilização, no no entanto,
entanto, compo:
cumpre uma
uma funqéo
função
no realismo
no realismo my-italista:
capitalista: I.)avis
Davis levaota
levanta 21a hipotose
hipótese do
de que
que “o
“o papal
papel
pós-moderno do
posz-modorno do noir
noir do
de LA
LA podo
pode ser
ser precisamente
precisamente oo de endos-
do endos-
sar aà enzergéocia
sar emergência do do homo
homo razgarzzes
reaganus>>.1‘

a
i

‘** Idem.
Idem,
* Davis,
“‘ Davis, Mike‘
Mike. Cidade
Cidade do
de quartzo:
quartzo: crsoczvarzdo
escavando oo fixture
futuro em
em L05
Los Arzgefes.
Angeles.
São ?auio:
Sim Paulo: Boitempo
Boitempo Editorial,
Editorial, zoog.
2009.
* Mam.
“ idem.

21
av A~
I.’

- "T >. .1-‘Q1?-‘


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J .1;
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‘.;-‘~;1
._. , YI4 ~73‘ “ '1 ~:-_.1___ -.¢_
‘_-.'0, 5;
<--:. » .- ,._.‘_,_‘_
“-:;~:-:i.»'~‘~:_
. -5.
i

E se vocé convocasse um
protesto e todo mundo
aparecesse?
No caso
saso do do gangsta
gangsta rap mp ee do de iifiroy,
Ellroy, oo reaiismo
realismo capitaiisia
capitalista ioma toma
forma
¥orrna em em uma uma eapécioe
espécie de do superidentificação
superidootifiezagéo com com oo aiapitai,
capital, emem
sua versão mais impiedosamente predatória,
ma verséo maizs impiedosaxneme predatoria. Mas néio precise: Mas não precisa
ser assign.
oer assim. Na Na verdade,
verdade, oo reaiismo realismo oaoitaiista
capitalista néio não oxciui
exclui ceroto
certo
tipo
tipo de anticapitalismo. Afinal,
do anticagzitaiisinaa. Afmal, comocomo ZizekZiizek provocativamente
provocaiivanzente
apontou,
opontoo, oo anticapitalismo
anficapitaiiszzoo está osté amplamente
amplzofoento disseminado
dissominado no no
capitalismo. Vetaz
capimiismo. Vez por por ootraoutra aconteae
acontece do de oo vfléo
vilão dos dos fiimezs
filmes do de
Hollywood oer
Hoiiywood ser urna
uma “corpora<;§1o
“corporação capitafistacapitalista maiigna”.
maligna”. Looga Longe do de
enfraquecer o realismo capitalista, esse
enfraquecer 0 realismo capitalista, esse aoticapitalismo gestual, anticapitalismo gestual,
na realidade,
na realidade, rofors;a~o.
reforça-o. Peguo, Pegue, por por exempio.
exemplo, Walldi,
Wall-E, do da Disney!
Disney!
Pixar. O
Pixar. O filme
filme mostra
mostra uma uma Terra
Terra téotáo depredacla
depredada que que os os sores
seres hu~
hu-
manos jé
manos já niio
não szio
são mais
mais capazea
capazes do de habitéda.
habitá-la. 0 O filme
filme nfio não cleixa
deixa
sombra dc:
sombra de dxfxvida
dúvida de de que que o o consumismo
consumismo capitalista
capitalista ee as as cor»
cor-
porações ~- on
poraqoes ou melhor,
melhor, aa nxegacorpomqfio
megacorporação Buy Buy rx n Large
Large ~-- foram
foram
os responséiveis
os responsáveis por por essaessa devastagio.
devastação. EE quando quando finalrnente
finalmente en» en-
contramos ox;
contiramos os acres
seres ho humanosmanos em em sen
seu exilio
exílio fora
fora do do planets.
planeta, aleseles
são iofantis
siéo infantis <2e ooosos,
obesos, interagindo
interagindo por por meio
meio do de izuae;
suas tolinhaso
telinhas,
transportados pm
transportados pra ‘lá£5; oe pra
pra Q51cá pox
por eoormes
enormes cadoiras
cadeiras fluiuzmtes,
flutuantes, ere
sugando oor
oogando por canudinhos
canudinhos uma uma gooma
gosma indetcrmxionzzcia
indeterminada om em copm;
copos
plásticos. O que temos é uma visão de controle
p¥;§;:ti:;os, £3 que tomos é mm visiixo do controie <2 conxxmicagéo e comunicação
mais on
mais ou memos
menos como como Eoan Jean Baudriilard
Baudrillard as as ootoodia,
entendia, oa na qoai
qual :2a
subjugação néo
soojugaoéo não maismais so se dodá como
como subordioaxgixo
subordinação :1a um um esoetécuio
espetáculo
externo, mas,
oxtoorno, mas, ao ao comxério,
contrário, nos nos comiida
convida aa iotemgiz"
interagir 2e poxiicipar.
participar.
Parece que
Pareoe que oo pidziico
público no no cinema
cinema éé do ele mosmo
mesmo objeto
objeto dessadessa s;iti~
sáti-
ra, oo que:
ra, que ievou
levou aoaiistaa
analistas do de direita
direita aa tower
torcer oo nariz
nariz ee rezimgar
rechaçar oo
filme, condeoandia
fiionxe, condenando 2:a iI>ism:y!Pi:aar
Disney/Pixar oor por amcar
atacar suasua poipria
própria audi-
audi-
éocia. Mos esse tipo do irooia mais aiimoota do que arneragax oo
ência. Mas esse tipo de ironia mais alimenta do que ameaça
realism
realismo capitalista. Um
o capitalista. Um filme exemplifica 0o que
Wall-E exemplifica
como Waii-E
filme como que
chamou de
Pfaller chamou
Robert Pfaller
Rabert “interp assivid ade”: o filme
de “interpassividade”: 0 filme performa perform a
anticapitalismo para
nosso anticapitalismo
nosso nós, nos
para nés, autoriz
nos autarizando ando assim a
assim a can»con-
consum indo impune mente. O
tinuar ccmsumindo impunemente. O papal da ideologia
tinuar papel da ideologi capi-
a capi~
não éé 0o de
talista 1150
taiista explícita de
defesa explicita
fazer aa defesa
de fiazer como aa pro»
nada, como
de nada, pro-
paganda faz,
paganda mas ocultar
faz, mas de que
fato de
ocultar 0o fato as operaçõ es do
que as operaqiies do capital capital
não depend em de nenhum tipo de subjeti vidade on crença. Era
ou crenga. Era
néo dependem de nenhum tipo de subjetividade
impossível conceber
impossivel fascismo ou
conceber 0o fascismo stalinismo sem
ou 0o stalinismo propa-
sem propa~
ganda —- mas
ganda mas 0o capitalismo pode funcion ar perfeit
capitalismo pods funcionar perfeitamente hem, amente bem,
sentidos até
certos sentidos
em certos
em melhor, sem
até melhor. m para
ningué para defendé-I0
sem ninguém defendê -lo
abertamente. Aqui
abertamente. conselho dc
Aqui 0o conselho de Ziiek válido: “se
permanece vélidoz
Zizek permanece “se
conceito de
0o conceito ideologia que
de ideologia está em
que esté clássico, no
jogo éé 0o ciéssico,
em jogo qual aa
no qua}
ilusão se
iluséo se situa âmbito do
no iambito
situa no argumen
conhecimento”, argumenta,
do conhecimento”, ta,

sociedade aural
então aa socimiade
entim atual aparece pós-ideológica: aa ideolm
como pés~ide0k'>gica:
aparece coma ideolo-
dominante éé aa do as pessoas não mais
cinismo; as pessoas nfio mais acreditam
do cinismo; acredita m em
gia
gia dnminante em
uma ideológica; nio
verdade ideolégica;
uma verdade levam mais
não levam mais as proposiç ões
as proposiqées ideol6-ideoló-
sério. O fundamental da
nivel fundamental
O nivel ideología, no
da ideologia, entanto, nfio
no entanto, náo
gicas aa sério.
gicas
éé o0 de uma ilusio
de uma mascara 0o real
que mascara
ilusáo que estado de
real estado de coisas, aque-
mas aque-
coisas, mas
uma fantasia
de uma
lel€ de (inconsciente) que
fantasia (inconsciente) estrutura nossa
que estrutura nossa realidade realidade
enquanto
enquanm tal. tal. E nível, estamos
nesse nivel,
E nesse claramente hem
estamos claramente longe de
bem longs de
uma sociedad
uma sociedade pós-ideológica. O
e pésddeolégica. distanciamento cinico
O distanciamento cínico éé sé uma
só uma
maneira..... de
maneira. fechar os
de fechar para o poder estrutura l
olhos para 0 pcder estrutural da fantasia
os olhos da fantasia
ideológic a: mesmo
ideolégica: quando nfio
mesmo quando levamos as
não levamcs coisas aa sério,
as coisas mesmo
sério, mesmo

quando mantemo
quando mantemcs s um um distanciamento irônico, mis
distanciamento irénico, nós as continua-
as continua»

mos fazendo.»
masfaz-rendv.“

ideologia capitalista
A ideologia
A em geral,
capitalista em Zisek, consiste
sustenta Ziiek,
geral, sustenta pre-
consiste pre-
cisamente em
cisamente em supervalorizar crença ~- no
supervalorizar aa crenga sentido dc
no sentido atitu-
de atitu~
interior ~— aa despeito
subjetiva interim das crengas que exibimo
despeito das crengas que exibimos s e
de subjetiva
dc e

Zizek, Slavoj. "I122


2 Ziiek,S1av0j.
” sublime object
The sublime of ideology,
object of 1989.
ideology, 1989.

26
exteriorizamos
ezxterisrizamus em comportamentos. (l0nta.nm
nossos <:mnpc;rtanwnm:~;.
em nasms Contanto que que
acreditemos {em
azrediwmns (em ncasaos que o capitalismo
corações) que 0 capitaiismo é man,
nossos c0ra@;E1-es} é mau,
somos iiwes
s<::1mws livres para participando da
continuar partiazipando
para cantimzar da tmca capitalista.
troca aapitaiista.
acordo com
De acmdca
De com Zifcetk, capitalismo em
o capitalismo
Zizek, £3 geral se
em gem} apoia em
se apcvia em umauma
estrutura de
esxrutura de cienaigzméa. Acreditamos que o
denegação. Acreditamas que 0 dinheiro 1?: apenas dinheiro é apenas
convenção sem
uma csnvengéia
nma desprovido dz?
sentido, desprnvidca
sem sentivzio, intrínseco, mu
valor intrinseco,
de vainr no
entanto, rxgimafi
entasxm, como st:
agimos como possuísse um
se possuisse sagrado. ?i<:>:;
valor magradas.
um vaim esse
Pior, ease
o depende da negação
comportament depends: cm xwgagaiu iniciai -v $6 samos :;apa~
c:<>mp<mament:> inicial - só somos capa-
zes de
zes de fetichizar dinheiro em
fetichizar 0o dmheira em xmasas porque $5:
ações gvnrqua
nossas agées tomamos
já wnmmas
irônica em
distância iréxxica
uma disténcia
uma relação aa eh:
em miaqim em msssas
ele em cabeças.
nossas -cabeqas.
anticapitalismo €Di'
O£1") :=mtim§>itaiism<:r corporativo não seria importante
3¥‘}Z»*{")?'3iiV€} xxéfi sezria impoflame cam caso pm»pu-
diferenciá-lo fie
déssemos dii¥2n<maié~§<§
désfiemns de um movimento anticapitalista
um mevimenm antisagsiiaiista am€m~ autén-
tico. N21
tica. No emanto, antes 13$
mesmo amass
entanto, mezsnm impulso ter
seu inagsuisao
de xeu refreado
sido refrczaciza
ter siaifi
com as
cam ataques ma
os aiaqazes Trade Center
World Tr-adfi
ao Woriai Center m) no 11 setembro, £3o
de s%2iem?:>m,
11 -tie
assim chamado
assim movimento anticapétalista
chamado movimenm (movimento anti~
anticapitalista (movimemo anti-
globalização/altermundialista) parecia
gl0balvi.zm;éi0/aitermundialista) já ter
parecia jail cedido terreno
ter cedido terrrmo
demais an
ciemais ao reaiismo Tendo $1:
capitalista, Tendu
realismo capitalista. incapaz dc:
mostrado incapaz
se xnostrado de
uma alternativa de modelo politico-econ
apresentar uma alternativa de nwdelo politicomconénwico cc»
apresemar ômico co-
erente an
erente ao capitamrnam, suspeita de
cresceu aa suspeita
capitalismo, creaceu que talwz
de que ob-
talvez 0o ob-
não tbsse
jetivo n-Em)
jetivo mais superar
fosse mais capitalismo, mas
superar 0o capitalismo, mas apenas miti-
apenas miti~
excessos. 5%,
gar seus excessaas.
gar uma vex
E, uma vez que forma de
que a forma de was atividades
suas ativiziackrs
privilegiava 0
priviiegiava o gsmtestza, detrimento da
em qietrimexzw
protesto, en“: da erganizamgias política,
organização pafitica.
sensação dz
havia aa sensagiia
hcxia de que movimento antigiebzxlizagécs
que £3o mcwinzzento consis-
antiglobalização consis»
meramente em
tia meramerm:
tia série 133;:
uma série
em uma histéricas que
demandas histérkas
de demanclas nin-
que nit»
esperava qua
guém erspemva
guém fossem a1;<em:§ia:1as
que fossem realmente. Os
atendidas reaimenie. protestos
Os pmtvrstus
produziam uma
prcadaaziama uma espécie de raids
espécie dz: carnavalesco para
fundo carxzavaissvco para
de fundia
ruido sis
capitalista, #2e tinham
realismo capitzziista,
:2o reaiismn muito em
finhara snuiza comum mm
em wmursz mega
com mega
corporativos <I{7!"i’1{)
eventos carporativzns
mmtesz 8, {iii
Live 8,“
como 0o §,iv<~: com sum;
2005, mm
de 2005, co-
suas ¢:a~

a
X

*3 y, da
12 N, da 1: sérico zie
22.: sérifi shows que
de shaws ocorreram ms
que ucamrmm dias 2.2 ee :36 61¢:
nos xiias de
julho dc:
de fuihe
2005, contando
2:21:25, crmtamdo cam participagio dis
com aa pax1’ti<:ipau;éc» de mais músicos, nos países
mil mۤsi<:c>a, sms graaisxzs
de mii
mais ~:ie
integrantes <10
integramtea 68 ee Africa
do <38 Sul. Q)
do Sui.
África do pressionar as
era grresxicanar
Objetivo era
O ifibjfitiva líderes
os iiéeres
mundiais perdoarem aas divixiss
mundiais aa perdnarexn das nações
externa das
dívida er:te:'na naxqées mais pabres do
mais pobres {in
27
branças exorbitantes para
branqas exorbitantes que os
para que decretassem por
políticos decretassem
os politicos lei
por lei
oo fimfim da pobreza.
da pobreza.
Live 8$ era
O Live
0 estranho tipo
um estranho
era um tipo de protesto: um
de protesto: protesto com
um protesto com
todo mundo
qual todo
oo qua} podia concordar
mundo podia quem seria
afinal, quem
concordar »- afinal, favor
seria aa favor
pobreza? Néo
da pobreza?
da 8 fosse uma forma
Live 8 fosse uma forma “degenerada"
que oo Live
Não éé que “degenera da”
protesto. Pelo
de protesto.
do contrário, foi
Pelo contréxio. foi no que aa légica
Live 88 que
no Live dos
lógica dos pro-pro-
se revelou em sua forma mais
testos so revelou em sua forma mais pura. A onda do
testos pura. A onda protes-
de protes~
desencadeados dos
tos desencadeados
tos anos 1960 postulava a existência
dos anos 1960 postulava a existéncia do um
de um
anunciador de
maligno”, 0o anunciador
“Pai maligno”,
“Pai de um de realidade
princípio do realidade que
um principio que
(supostamente) negava
(supostamente) negava do maneira cruel
de maneira cruel ee arbitoréria “direito”
arbitrária 0o “direito”
ao gozo
ao Esse Pai tinha acesso a recursos
total. Essa Pai tinha acesso a recursos ilimitados,
gozo totaL ilimitados mas
, mas
forma egoista
de forma
do os para si.
guardava- para si. No entanto,
insensível, guardavwos
egoísta ee insensivel, No entanto,
não éé o
nio capitalismo, mas
o capitalismo, mas 0 o proprio protesto que
próprio protesto depende dessa
que depende dessa
figuração do
figuraoio Pai; ee um
do Pai; trunfos da
dos trunfos
um dos global tom
elite global
atual elite
da atuai sido
tem sido
identificação com
evitar aa identificaqfio
evitar essa figura do Pai
com essa figura do Pai avarento, mesmo avarento, mesmo
que aa “realidade”
que juventude amal
imposta £1à juventude
“realidade” imposta atual seja substancial
seja substancial-
mente mais
mente severa do
mais severa que as
do que condições contra
as condiooes contra as quais os
as quais jovens
os jovens
protestaram nos
protestaram nos anos 1960. De fato, foi a própria
anos 1960. De fate, foi a propria elite global elite global
figura de
na figura
-- na celebridades como
de celebridades Richard Curtis e Bono ~~ que
como Richard Curtis e Bono que
organizou 0
orgzmizou Live 8.
o Live 8.
uma
Recuperar uma agéncia
Recuperar política efetiva
agência politica significa, em
efetiva significa, primei-
em primei»
ro lugar,
ro aceitar, no
lugar, aceitar, nível do
no nivel do desejo, a nossa participaç
desejo, a nossa participaqio no ão im-
no im~
moedor do
piedoso moedor
piedoso carne do
de came capital. O
do capital. que estzi
O que denega-
sendo denega~
está sendo
do
do nesse
nesse repúdio
repizdio ao
ao mal
mal e
e à
ix ignorância
ignoréncia, , projetados
projetados nesse Outro
nesse Outro
fantasmático, éé aa nossa
fantasmético, própria cumplicid ade
nossa propria cumplicidade com as redes de com as redes de
Precisa-se ter
planetárias. Precisa-se
opressão pianetérias.
opressiio ter cmem meme que O capitalis-
mente que o capitalis»
tanto uma
mo éé tanto
mo impessoal hiper
estrutura impessoal
uma estrutura quanto algo
abstrata quanta
hiper abstrata algo
não poderia
que néo
que existir sem a nossa colaboraçã
poderia existir sem a nossa colaboragio. A descriqéio o. A descrição
gótica do
mais gotica
mais também aa mais
capital éé também
do capital precisa. O
mais precisa. capital éé um
O capital um
parasita, um
parasita, um vampire insaciável, uma
vampiro insaciével, epidemia zumbi;
uma epidemia zumbi; mas aa
mas

promover um
mundo, ee promover
mundo, comércio que
um oomércio os interesses
respeitasse os
que respeitasse das
interesses das
nações africanas.
nagoes africanas.

as
carne viva qua:
came viva transforma om
ele traxxsfcarzxxa
que ale morto éé 3a nossa,
trabalho mono
em irabaiho os
nossa, os
zumbis qua
zwnulais ele produz
que eke somos nos‘
produz aomos nós. Exiate senso do
certo senso
um certs
Existe om que
de que
da elite política são nossos servos; e o
membros do elite poiitica 3:30 nossos sorvos; e o Inissrrziavezi
os membroa
os miserável
que nos
serviço que
sorvi<;o lavagem do
de iavagom
prestam éé oo do
nos prostam libido, do
de Eibido, obsequio-
de <>bsoquio-
representar aa nos
samente represonmr
samente mesmos mosses
nós mmmos próprios desejos
nossos proprios de-
desejos dc’
como so
negados, como
negados, tivessem nada
não iivessenx
se néo nada aa var conosco.
ver conosco.
ideológica one
chantagem ideologies
A chantagem
A por ai
está pox’
que ostéo desde os
aí desde: primeiros
os primoiros
concertos do
concemws do Live insiste qxm
Aid” insists
Live Aid“ caridosos
“indivíduos cm'idosos”
que “individuos po-
” po~
diretamente com
acabar direiamente
dem acabar
dam fome, sem
com aa fame, precisar do
sem procisar nenhum
de nenhum
política on do reorganizaoéo sistémica. EÉ pre-
solução politioa
de so1m;Z1o
tipo dc
tipo ou de reorganiz ação sistêmica. pre-
imediatamente, nos
agir imediatamentfi,
ciso agir
ciso deixar a política
dizem; deixar a politica do iado
nos dizem; de lado
nome do
em noxne
m1 emergência ética.
uma emergéncia
de Liffifi ética, A Product Red,
marca Produci
A marca Red, do de
queria dispensar
Bono, quezia
Booo, a intermediação do
até z1into1“mediagfio
dispensar até entidades filam-
de erxtidadczs filan-
trópicas. “A
tropicas. “A fiiantropia a música hippie,
como a mxisica hippie, que oanta do
filantropia éé como que se canta de
dadas”, declarou
mãos dadas”,
mios Bono. “A
declarou Bono. “A Red rock, hip
punk rock, hip hop,
mais punk
Red éé mais hop,
como comércio puro”
parecer como comércio puro". O ponto néo
deve parecer
dew: O ponto não era oferecer
era oferecer
uma alternativa an
uma alternaotiva capitalis
ao capitalismo mo - ao contrário: o caráter
~ ao contrério: 0 caréler “punk “punk
rock” ou
rock” ou “hip Product Red
da Product
hop” da
“hip hop” em uma
consistia em uma aceitaqzlo
Red consistia aceitação
“realista” do
“realista” capitalismo como
do capitalismo como fimico jogo aa ser
único jogo jogado. O
ser jogado. ob-
O ob»
era apenas
jetivo era
jetivo que panes
garantir que
apenas garantir lucros do
dos lucros
partes dos transações
de transaqfms
fossem dastinados
específicas fossem
especificaa causas. A fantasia
boas cousas. A fantasia era
destinados aa boas que
era que
longe do
consumismo, ionge
oo consumismo, de eotar implicado na
intrinsecamente impiicado
estar intrinsecamome na
desigualdade giobal
desigualdade poderia, ao
sistêmica, podoria,
global sistémica, ao c<i>nt:"ério, resolvé-lo,
contrário, resolvédo.
que pracisévanms
Tudo que
Tudo era comprar os produtos certos.
fazer era comprar os garoeiutos cc-zrtos.
precisávamos fazer

am
i

%%“ N. do y: festival
y da festival do realizado om
rock reaiizado
de rook com 0
1985 com
em 198$ de
objetivo do
o objoiivo
angariar fxmdoet
angariar para oombaim
fundos para fome no
combater aa fame Etiópia.
na Etiopia.
~11~
_Ink w
‘W’
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HrI_‘‘’
;tM)'13"
m“__
C
__"W
1‘‘ 3";
_‘v_ __v_I
111?.-i--%_, ___i__

O capitalismo
e 0 Real
AA expresséo
expressão “realismo “realismo cagvitalisla”
capitalista” mic» não éé original.
original, Ii Já flail
foi usada,
usada,
na décocla
no década dz: de 196$,
1960, porpor minum grupo
grupo do de poppop art art alemé“
alemã” ee pox" por Mi~
Mi-
chael Sclmdson
chael Schudson om em sou seu livro
livro dode 19841984 Advertising:
A:;1'v€:'z‘ising: the the uneasy
2:226:25;
persuasion
gzertwzzsiorz |{Propag:mda:Propaganda: a2: persuasão
plzrsauaséo inquieta]
lnquietal -~ ambos ambos fazen- fazew
do referência paródica ao realismo
do roferézxcia parodies ao realismo aocialisiao O quo é aovo no socialista. O que é novo no
uso que
um que {gages
faço dodo tsrmo
termo éé oo significado
significado mais mais {§f'expansivo
L}3&I'\S1iV£I1 »— <2e atri-
até
exorbitante ~»~ que
oxorhitame que atribuo
atribuo 9.a ale.ele. {1}O realisamo
realismo capitalista,
capitalista, como como
0o ontendo,
entendo, nfio não podepode rm ser confinado
confinado £1à arte arte on ou Aà maneim
maneira qua~ qua-
se propagandlstica
so propagandística polo pela qua]
qual 21a publicidado
publicidade funciona. funciona. "I‘mtz\--so
Trata-se
mais do
nulls de umauma atmosjlrra
abnosfera penetrante,
penetrante, que que ccnncliciona
condiciona nfio não apenas
apenas
11a produqiio
produção do da cultum,
cultura, mas mas também
também ua regnxlaqfioregulação do do trabalho
trabalho oe
da educmgio
da educação --— agindo agindo conxocomo uma wma espécie
cspécie dz: de barreira
barreira irwisivel.
invisível,
limitando oo perlsanmnm
limitamdo pensamento ee aa aqfio. ação.
Se 0o malisnlo
Se realismo capitalixta
capitalista éé téo tão llulclo,
fluido, cre so se asas f0:'ma.s
formas atuais atuais
de resisténcizl
do resistência $510 são rimtão dcscspemnqosas
desesperançosas cae irnporcntes, impotentes, do de omle
onde
poderia
[.‘I()tl€' vir um
2l’l&-1 vir um cieszltlo
desafio efetivo?
efetivo? Uma Uma CTl'llilIt"l
crítica nwralmoral aw ao capita.lis»
capitalis-
mao, lrxlfatimmlo
mo, enfatizando as as nmneims
maneiras piilll&l£l1‘l.12!l:l
pelas quais ole ele gore:
gera mlsérrial
miséria <:e dot, dor,
apenas
8§fH?§"‘ reforça oo z*<:alis~;~mo
§%1§$ re{i>r<;a realismo i;";l§?§l;€ill:*;l£l.
capitalista. ?(‘§l}f¥3’.:t:§,
Pobreza, fiomzy fome $e guewa guerra
podem oer
;@<;§§a?z31 ser &pi'€Sé(3i"ll3‘:i§Zi$
apresentadas comm como ;zs;:>o<:§<>$
aspectos %n<:o:mvz':l:iwi:§
incontornáveis do da son»
rea-
lidade, an
lidodls, aq g>os1@o
passo queque 1%a ::rs;2s:':m¢;a
esperança de ¥.§i um‘£"l dia
dia rfll€‘i":i§}ai“
eliminar axis tais lliwrznzzs
formas
de @;<1f.}"i:*m*n$o
do sofrimento gmde pode ser foclimeoio
facilmente r:2;'>:”os<:;":£;ul;:
representada coaézo como rrasro mero
utopismo ingézzmcz.
iili‘z‘Q§§§i‘i‘§{i@ ingênuo, ii) O :"eaiismo
realismo ca;*@éwl.i:;ta
capitalista sf) só pod::
pode so? ser 23l’z1€il£;25~
ameaça-
do se for
do for dode olgurma
alguma fiorma forma @Z€§'exposto como imI(:nsi5§o€s%€
ifif§£{ii como inconsistente ms ou is»
in-

e
WS

Sm do
"*3 da po 0 gz"Ls;3o
grupo cmera <:0m;;>0:;io
composto ;;:;"is1@:lpalx11z§:‘1H:
principalmente §?>¢?l pelos<'>$ m"%i>;lz1s
artistas
Gerhard §~ii¢?'a§~s:;‘
§£v2"§z;x:*<;l Richter {omilo
(então alimia
ainda <,§oz“<:i
Gerd Richm“),
Richter), .l‘?:.(I§¥'
Konrad Lueg, ifligmar
l§“§2Ql lmog, Sigmar
Polke £2e %l&€ZlWf¢:T£l
l‘*oll<;»c Manfred Kotizzex‘.
Kuttner.

33
sustentável, ou
sustentével, ou seja, mostrando que
seja, mostrzmdo “realismo” do
ostensivo “realismo”
que oo ostensivo do
“capitalismo” na
“capitalismo” verdade néo
na verdade não tern nada do
tem nada realista.
de realism.
preciso dizer
Não éé preciso
N50 que o que conta como
dizer que o que conta como “realism”, “realista”, 0o que que
possível em
parece possivol
parece qualquer ponto
em qualquer ponto do social, é
campo social, é definiclo
do compo definido
por uma
pox uma sériesérie do determinações politicas.
de determinaqoes políticas. Uma posição ideo-
Uma posigéo ideo-
realmente hem-sucedida até ser naturalizada, ee
nunca éé realmente
lógica nunca
logica bem-suce dida até ser naturaliza da,
náo pode
niio pode ser naturalizada enquanto
ser naturalizada enquanto ainda ainda for pensada como
for pensada como
valor, ee néo
valor, náo como como um fato. N50
um fato. Náo pox por acaso, neoliberalismo
acaso, oo neoliberalismo
acabar com a própria
procurado acabar com a prépria categoria do valor
tem procurado
tem categoria de valor em em umum
ético. A0
sentido ético.
sentido longo dos
Ao longo dos idtimos trinta anos, o
últimos trinta anos, 0 realismo ca»realismo ca-
implantou com
pitalista implantou
pitalista sucesso uma
com sucesso empresaria
“ontologia empresarial”,
uma “ontologia l”,
na
na qual
qua} é
é simplesme
simplesmente nte óbvio
élavio que
que tudo
tudo na sociedade, incluindo
na sociedade, incluindo
educação, dove
saúde <~:e educagiio,
safide ser administr ado como
deve ser admlnistrado como uma empresa. uma empresa.
Como um
Como grande mimero
um grande número dc de teoricos - de
radicais - de Brecht
teóricos radicals Brecht aa
Foucault ee Badiou
Foucault Badiou -- jé sustentaram, aa political
já sustentaram, emancipatória
política emancipatoria
sempre destruir
precisa sempre
precisa a aparéncia de uma
destruir a aparéncia de uma “ordem natural”: “ordem natural”:
revelar que
deve revelar
deve que 0o que que nos apresenta
nos éé apresentado do como necessério ee
como necessário
inevitável é,
inevitével é, na verdade, mero
na verdade, mero acaso, com que
fazer com
deve fawr
acaso, ee deve que
que 0o que
impossível seja
parecia impossivel
antes parecia
antes seja agora alcançável. Vale
como alcangével.
visto como
agora visto Vale
recordar que
pena recordar
aa pena e chamado
atualment chamado dc realism jé
que éé atualmente
que oo que de realista já
um clia
foi um
fol “impossivel”: aa onda
dia “impossivel”: onda de privatizações dos
de privatiza¢;oes anos
dos anos 1980 1980
seria
seria impensáve
impensével l apenas
apenas uma
uma década
década antes,
antes, e
e o
0 atual
atual panorama
panorama
político (com
politico (com sindicatos dormentes , ferrovias
sindicatos dormentes, ferrovias desnacionaliza- desnacion aliza-
serviços pxiblicos
das ee servioos
das terceirizados) mal
públicos terceirizados) ser imaginado
podia ser imaginado
mal podia
em 1975.
em Por outro
1975. Por que um
o que
lado, 0
outro lado, um diadia jé iminentemente
esteve iminentemente
já esteve
próximo, agora
préximo, considera
agora éé considerandondo irrealista. “Moderniz
irrealista. “Modernizagio”, ob-
ação”, ob-
Badiou, “é
amargamente Badiou,
serva amargamente
serva “é oo nome dado a uma
nome dado a uma definioéo definição
servil do
estrita ee servil
estrita possivel. Essas
do possivel. invariavelmente vi-
'reformas' invariavelmente
Essas ‘reformas’ vi-
tornar impossivel
sam tornar
sam costumava sex
que costumava
impossível oo que ser praticével (para aa
praticável (para
maioria), ee canvertendn
maimia), convertendo em em fcmte
fonte de
de lucm
lucro (para
(para aa aligarquia
oligarquia
dominante) 0o que
dominante) que néo
não costumava
costumava ser'1“
ser":
Neste ponto,
Neste ponto, talvez
talvez valha
valha aa pena introduzir uma
pena intmduzir distinção
uma distingiao
teórica elementar da psicanálise lacaniana, à qual Zizek se
teérica elementar da psitanzilise lacaniana, :3 qua! Ziiek se es~
es-
forçou para
fargou para conferir
conferir umum valor
valor atual:
atual: aa diferenga
diferença entre
entre real
real ee re*
re-
alidade. Como
alidade. Como Alenka
Alenka Zupanéié
Zupancic explica,
explica, 0o posmlado
postulado psicanw
psicana-
lítico de
Iitico de um
um principio
princípio de
de realidade
realidade nos
nos convida
convida aa desconfiar
desconfiar de de
qualquer
qualquer realidade
realidade que
que sese apresente
apresente como
como natural. “O princípio
natural. “O principio
de
de realidade”,
realidade”, escreve
escreve Zupancit,
Zupanéié,

não
néo éé umum tipo
tipo dc
de estado
estado natural
natural assuciado
associado an ao mode
modo de de ser
ser das
das
coisas... O
coisas... O princípio
principio de
dc realidade
realidade éé ele
ele mesmo ideologicamente
mesmo ideologicamente
mediado;
mediado; pode-se
pode~se até
até mesmo
mesmu afirmar
afirmar queque constitui
constitui o0 grau
gran mais
mais
elevado de ideologia, a ideologia que se apresenta como fato em-
elevado dc ideologia, a ideologia que se apresenta como fate em-
pírico
pirico (ou
(nu biológico,
biolégico, econômico),
econémico), necessidade
necessidacle (e(6 que
que tendemos
tendemos
aa perceber
perceber como
como não
néo ideológica).
ideolégica). ÉE precisamente
precisameme aqui aqui que
que deve-
deve-
mos
mos ficar
ficar mais
mais atentos
atentos ao
ao funcionamento
funcionamento da da ideologia.”
icleologia."

Para
Para Lacan,
Lacan, o0 Real
Real éé o0 que
que qualquer
qualquer “realidade” deve suprimir;
“realidade” deve suprimir;
aliás,
aliés, aa própria
prépria realidade
realidade só sé sese constitui
constitui por
por meio
meio dessa
dessa repres-
repres-
são. O Real é um x irrepresentável, um vazio traumático que
séo. O Real é um x irrepresentével, um vazio traumzitico que só

pode
pode ser ser vistumbrado
vislumbrado nas nas fraturas
fraturas ee inconsistências
inconsisténcias no no campo
campo
da
da realidade
realidade aparente.
aparente. Portanto,
Portanto, umauma estratégia
estratégia contra
contra o0 rea-
tea»
lismo capitalista envolve invocar o Real subjacente à realidade
lismo capitalista envolve invocar 0 Real subjacente 5: realidade
que
que o0 capitalismo
capitalismo nosnos apresenta.
apresenta.
ÀA catástrofe
catéstrofe ambiental
ambiemal sese enquadra
enquadra neste
neste conceito.
conceim. De De certa
certa
perspectiva, com certeza, pode parecer que os temas ambien-
perspectiva, com certeza, pode parecer que as temas ambien“
tais
lair; estão
estio longe
longs dedc ser
ser “vazios
“vazios irrepresentáveis”
irrepresentéveis” para
para aa cultura
cultural
capitalista,
capitalista, pois
pois aa mudança
mudan<;a climática
climética ee aa ameaça
ameaqa de de esgota-
esgota~
—_
I

*“ Badiou,
Badiou, Alain.
Alain. The
Yhe meaning
meaning of Sarkozy, 2008.
0fSarkozy, 2008.
*" Zupancic,
Zupanéié, Alenka.
Aienka, The
The shortest
shortest shadaw:
siuzdawr Nietzsche's
Nietzsche? philosophy
philasophy of the
ofthe
he,
iwa, 2003.
2003.

35
mento dos
memo recursos astim
dos recursos sendo incorpcvradas
estão sendo publicidade
incorporadas :à21 publicidade
propaganda an
ee éà propaganda invés de
ao invés reprimida Mas 0o que
serem reprimidas.
de serem s. Mas esse
que ease
tratamento da
tratamento da catéstrofe ambiental iluxtm
catástrofe ambiental estrutura de
ilustra éé aa estrutura fan-
de fair
tasia da
tasia da qua} realismo capitalist a depende:
qual 0o realismo capitalista depende: 0 pressuposto de o pressupos to de
que as
que recursos $50
os recursss infinitos, que
são infinims, que 0 planeta Terra
próprio pianeta Terra 1150
o préprio não
passa d&
passa de uma espécie de
uma espécie casco, do
de casco, capital pode
qual 0o capital
do qual pode aa quakqual-
momento se
quer momenta
que: como se
livrar, como
se livrar, abandonando uma
se abandonamio carapa-
uma carapa-
usada, ee de
ça usada,
ga qualquer problema
que quaiquer
de que pode ser resolvido
problema pode set resolvido pale pelo
mercado, N0
mercado. No final de Walbfi“
final de apresentada ulna
Wall-E éé apresentacla versão dessa
uma verséo dessa
fantasia
fantasia -
~» aa ideia
ideia de
de que
que a
a expansão
expanséo infinita
infmita do
do capital
capitai pos-
éé p0s~
de que
sível, de
sivel, que 0o capita! pode se reproduzi r sem
capital pode se: repmduzir sem 0 trabalho (rm o trabalho (na
espacial Axiom
nave espacial
nave: Axiom todo todo trabalho por robôs),
realizado pot robfis), da-
trabalho éé realizado de
esgotamento dos
que 0o esgotamento
que recursos terrenos
dos recursos apenas um
terrenos éé apenas proble-
um pr0ble~
minim temporár
técnico temperério
minha técnico io e que depois de um
e que: depois de um periado ads» período ade-
quado dc
quads) recuperação 0o capital
de recuperagéo capital poder-:71 terraform ar
poderá terraformar a prépria a própria
recolonizá-la. No
Terra ee recol<mizé~la..
Terra No entantcr, ambiental ainda
catástrofe ambiental
entanto, aa catéstmfe ainda
figura no
figura capitalis mo tardio apenas como
no capitalismo tardéio apenas como um tipo dc simula- um tipo de simula-
suas reais
cro ee suas
cm implicações s:7x0traumé1t,icas
reais implicadxes demais para
são traumáticas demais serem
para serem
assimiladas pale
assimiladas sistema. A
pelo sistema. importância da
A impurténcia crítica verde
da critica que
verde éé que
sugere que.
ela sugere
ela longe dc
que, lcmge único sistema
ser 0o {mice
de set politico-econômi-
sistema poIitico~ecun€1mi~
capitalismo esté na verdade destinado aa destruir
viável, 0o capitalismo
co viével,
<10 está na verdade destinado destruir
ecológicas das
condições ecoiégicas
as cundigzées
as das quais ser
dependem o 0 set humano. A
quais dependem humano. A
relação ezntre
relaqfio capitalismo ee 0o desastre
entre capitalismo ecológico nio
desastre ecolégico aciden-
não éé acicierv
nem uma
tal, ee nem
mi, coincidên cia: “a necessida de
mera cnincidénciaz “a necessidade constame de
uma mera constante de
mercado em
um mercado
um expansão” par
em expaxxséd’ por parte do capital, seu
parte dc capital, seu “fetich& “fetiche
mostra que
crescimento”, mostra
pelo crescimenta”,
pelo capitalismo, par
que 0o capitalisme, por sua própria
sua prépria
natureza, se
natureza, opõe aa quaiquer
se opée noção dc
qualquer noQ€10 sustentabilidade.
de sustentabilidade.
Mas as
Mas os mamas ecológicos jé
temas ecaiégicos estão em
já estéo em pasta, pauta, ee aa luta pela
luta pela
politização esté
sua politizagéa
sua travada. Nas
sendo travacia.
está sendo Nas préximas páginas,
próximas péginas,
quero
quero chamar
chamar atenção
atengéo para
para duas
duas outras
outras aporias
apmias do realismo
do reaiismc
capitalista, que
capitalista, não chegaram nem perm de aicanqar 0o
ainda néu
que ainda chegaram nem perto de alcançar
mesmo grau
mersmo grau de politização. A
de poiitizaqéo, primeira éé aa saixde
A primeira mental. A
saúde mental. A
efetivamente um
mental é é efetivamente
saúde mental
saixdc um caso paradigmático de
caso paradigmiitico como
de ammo
o0 capitalismo
capitalismo realism
realista opera.
sperm. OO realismo
reahsmo capitalista
capitalista insiste
insiste em
em
tratar
tratar asas doenças
d0en<;as mentais
mentais comocomm se se fossem
fossem um um fatofatn natural,
natural,
tal
tal como
cnmo oG clima
ciima (embora,
(embora, como coma acabamos
acabamos de dc: ver,
vet, também
também o0
clima
clima jájé não
naiio éé um
um mero
mam fatofate natural,
natural, mas
mas um um efeito
efcito político-
pnlitico»
-econômico).
~ec0n€)mic0)r Nos Nos anos
anos 1960
1960 ee 1970,
19m, aa teoria
tenria radical
radian} ee política
politica
(Laing,
(Laing, Foucault,
Foucault, Deleuze
Deleuze ee Guattari
Guattari etc,),
eta}, convergiu
convergiu em em torno
tnrnn
das
das condigóes
cnndiqées mentais
mentais extremas
extremas comocomo aa esquizofrenia,
esquizofrenia, argu-argw
mentando,
mentando, por pot exemplo,
exempio, que que aa loucura
loucura náonéin era
era uma
uma categoria
categoria
natural,
natural, masmas política.
politica. Mas
Mas o0 queque éé preciso
precise agora
agora éé politizar
politizar
transtornos muito mais comuns. Na verdade, a questáo éé jus-
transtornos muito mais comnns. Na verdade, a questiio jus-
tamente
tamente que que sejam
sejam cada
cada vez
vez mais
mais comuns:
comuns: na na Inglaterra,
lnglaterra, por por
exemplo,
exemplo, aa depressáo
depressio éé aa condigáo
condigzio mais
mais tratada
tratada pelo
pelo NHs.*
Mus.“
Em
Em seuseu livro,
Iivro, The
The selfish
selfish capitalist
capitalist [O{O capitalista
capitalista egoísta],
egoista}, Oli-
Oli~
ver
ver James
James defendeu
defendeu de de maneira
maneira convincente
convincente aa correlação
correlaqio en- en-
tre
tre o0 aumento
aumento das das taxas
taxas de
de distúrbios
distfirbios mentais
memais ee o0 modelo
modelo ca- ca-
pitalista
pitalista neoliberal
neoliberal praticado
praticado em em países
paises como
como Grã Gré Bretanha,
Bretanha,
Estados
Estados Unidos
Unidos ee Australia.
Ausmilia. Na Na mesma
mesma linha
linha dede James,
James, quero
quero
argumentar
argumentar que que éé preciso
preciso reformular
reformular o0 problema
problema crescente
crescente do do
estresse
estresse ee dada angústia
angfistia nas
nas sociedades
sociedades capitalistas.
capitalistas. Em Em vez
vez dedc:
atribuir aos individuos a responsabilidade de lidar com seus
atribuir aos individuos a responsabilidade de lidar com sens
problemas
problemas psicológicos,
psicolégicos, aceitando
aceitando aa ampla
ampla privatização
priwatizagiio do do es-
es-
tresse
tresse que
que aconteceu
aconteceu nos nos últimos
filtimos trinta
trinta anos,
anus, precisamos
precisnrnns per-pen
guntar:
guntar: quando
quandn se se tornou
tornou aceitável
aceitével queque uma
uma quantidade
quantidade tão tin
grande
grande de de pessoas,
pessoas, ce umauma quantidade
quantidade especialmente
especiaimezatc: grandegrands
de
de jovens,
jovens, estejam
estejam doentes?
doentes? AA “epidemia
“epidemia de de doença
doenga mental”
mental”
nas
nas sociedades
sociedades capitalistas
capitalistas deveria
deveria sugerir
sugerir que,
que, ao210 invés
mvés dedz: ser
ser
0o único
finico sistema
sistema que que funciona,
funciona, o0 capitalismo
capitalismo éé inerentemente
inerentemente
disfuncional,
disfuncinnal, ee o0 custo
custo para
para que
que ele
ele pareça
pare¢a funcionar
funcionar éé dema-
dernw
siado
siado alto,
alto.


K

1%" y.N. da
da E:2.: National
Nationai Health
Health System
System [Sistema
[Sistema Nacional
Nacicsnai de
de Saúde
Sande
inglés], equivalente ao sus no Brasil,
Ingiés], irquivalente an sus no Brasi}.
37
burocracia, Em
destacar éé aa bnrncracia‘
quero ziestacar
que quero Em
© (min:
O fendmeno que
outro fenémenaa
socialismo, os
o aocialismn, os ideéiixgps frequen-
neoliberais freqm2n~
ideólogos neaiiberais
sua disputa mm
ma. dispnta com 0
a buroc racia vertic
impiedosamente a bumcrzuzia vnrti<;a1i~ ali-
temen
temente denunciaram impiednsamimte
te éexnzzxciarnna
eles. cnnduzcia
com sins‘ insti tucio
esclerose institucicmai
conduzia £2à eseziemsrz nal
zada que, (is:
main que, acordo c<;>m
de acnréo
economias de
das ectzmnmias
ciência cias comando dc
de mmanda tipo soviético.
de ripe
eer à£1 inefi
ineficiéncia snviéticzx
neoliberalismo, 21a brirocracia
do nec>iii>¢:rai§s,ni0, havia suposta-
burocracia havia
Com triunfo d0
(Ilium oG triunfn supostw
obsol eta; uma relíqu ia de um passa do stalinista
nannies ficado
mente ficaén ubsnleia; nma reiiquia dz: urn passaciu staiinisia
saudades. N0
sentia saudades.
uém semia No entantn, está em fla-
isso estzé
entanto, issn
do qua} ning
{in qual ninguém em fla-
experiência da
com aa experiéncia
ordo mm das pessoas que
maioria alas
da mainria
grant
grante e desac
desacurdo psasms que
vivem no
lham ee Vi‘~»”i:‘i”ii1 no capitaiisnxxa para as quais a buro-
tardio, para
capitalismo tnrdin,
traba
trabalhanu as quais :1 burn-
sendo uma
nua sendn grande pane
uma grande da vida
parte <32; cotidiana. Em
vida coridizma.
cracia conti
cracia coniinua Em
mudou sun
burocracia muaikau
arecer, aa burncmcia forma; e essa forma
sua forma;
W32 de
vez (is desap
desaparecar, e essa forms:
permitiu aa sua
ntralizada permitiu proliferação. A
sua praiiferargécz. A persistên-
nova ee desce
nova descentraiizacia persistém
no capit alism o tardio não
racia no capitalismo tardio néo indica, por indica , por si só,
cia da
cia da buroc
bumcracia si sé,
alismo nfm funciona ~»- eia
não funcicma que a maneira pela
sugere que
ela sugars
que o0 capit
que capitalismo a maneira pela
alismo dc de fato funciona éé bem
fato funciona diferente dz:
bem dinfz-rrente da imagem
qua} o0 capit
qual capitalismn imagem
apres entada pelo
apresentada reali smo capita
pelo realismo capitalmta. lista.
focar nos
por focar problemas da
nos problemas mental €
saúde mental
da amide
Em pane, optei
Em parte, optei por e
racia porqu e ambns figuram corn
ambos fzguram força em
com fcmga em uma área
da buroc
da bnreacraaia perque uma {area
vez mais
cada vs-:2
sido cada dominada pelos
mais clominada pelos impe-
dz; cultu
da cuimra que tem
ra que tern szidn impe»
educação. A0
capitalista: :a24 edm::a<;zE0.
smo capitalism: longo da
Ao inngo da maior
rativo
rativnas dodo reali
reaiisrnn rnainr
ira décad a daze anos 2.C?()G,
dos anus trabalhei came:
2000, trabaihci profes-
como pmfes»
parte da
parte cfia prime
primeira fiézada
uto cie continuada ee rm
educação cnntinuacia
de edu<:aQéo no que se segue
sor em
sor em umum instit
institutn que se segue
rei exten nas expczriéncias
sivamente nas que vivi por lá. Na
experiências que
me apoia
me apniarci extensivamsnifi vivi par lér Na
utos de costumam set
continuada mstunzarn
educação cnntinuaéa ser
Inglat
ingiaterra, os instit
erra, os instiiums de edu<:a§iic1
geral nriumins
em gem!
estudantes, an da classe
oriundos sia
Inga: para
oQ lugar quais Os
05 quais
para os 03 esmdames, ciasse
dos quand procuram uma
o pmfiuram alternativa às
uma ahernativa
traba lhadora, são
t1'a1“>aihad<in'a, séu atrai
atraidns qnando its
ensino su;:>eric>r
de ensino
is de público. Quando
superior ;t>£1bIic{>r
insti mais forma
tuições mais
institrzigées formais Quandn
locais, no
idades §0c21§s, começo dos anos
no cozxwegn
saíra
2;»-airam dz) contr
m do cnntmlcr daze autor
ole das autnridades dog zmuii
se tornaram reféns
continuada se
ção mntinuada
1990, os
1990, as instit
institums de educa
utos de nriumgfw tnrnaram rvziéins
pelo governo.
impostas peln
@215 press
das ões do
;<>:*~‘:§$€>e&; sin “merc
“mercad(>" das metas
ado” e<2 das mertzarsz impostas gsvsvewza,
arda das dais muda nças que disseminadas
seriam riisse:rnina¢§w_~
que serialn
Virar
Vitaramam aa vanguvanguarda mudancgas
ma educa dos servi<;ns
cional £2e 130$ públicos -
serviços ;v£:biécm
pelo rrzstn do
pelt: resto dc siste
5§$§'i£fiT1£\ cdncacinzlai ~

38
laboratório ms
de iaburatério
espécie dz: qual as
no qua} neoliberais
“reformas” nezoiilrscrais
as “rc::fo:'mas;“
uma
uma espécie
e, pm"
testadas £2,
foram tesmdas isso, size
por ism, lugar perfeim
são <3O lugar para
perfeito para
educação foram
na educagio
na
uma amilise
começar uma
comeqax dos efeitas
análise dos do 2'-1-2aiisrn<:
efeitos do capitalista.
realismo czapitaiista.

39
lmpoténcia reflexiva,
imobilizagéo e
comunismo liberal
contraste cam
Em czmiraste
Em antecessores iias
seus antescessetmza
com S€‘t§S décadas <1:
das ééczuizxs 1960 ee jm,
de !g'}(‘}0 70,
os estudantes
os britânicos de
estudantes britimima de hoje estar politicamen
parecem estar pewiiiicaxnente
hoje parecen: te
desengajado
deszmgajados, Enquanto us
s. Enqxiama os estuciantcs franceses ainda
estudantes fnmceses podem
ainda pmism
ser vistos
ser vistas nas
nas ruas
rum, protestando
pr0i€stan§<> contra
ccmtm o
(J neoliberali smo,
ne0§iberaiismo, es-
0o cs-
inglés, cuja
tudante ingiés,
mdante incomparav elmente pior,
situação éé incon1paraveimems pior, parece
cuja sita1a1;,€u> parece
resignado an
estar resignado
estar destino. N510
seu destino.
ao seu questão de
uma questim
por urna
Não pm apafia,
de apatia,
nem de
mzm cinismo, mas
de cinismo, mas dcde imputénm'¢.1 sabem que
Eles sahem
reflexiva. files
impotência rq/‘lexivcz. que asas
coisas vfio
cuisas mal, nms
vão ma}, mais do
mas mais do que “sabem” que
isso, “sabcm”
que issn, podem
não pod/am
que mic»
fazer nada
fazcr respeito. No
nada aa rcspeitu. entanto, em!
No entamo, “conhecimen to”,
este “c<mh¢:cin1~*211:m", esta re-
esta rc~
niao éé uma
Plexfin, não
flexão, passiva dc
observação passiva
uma nbservaqfio de um estado das
um estadc» coisas
das coisas.
já existente, É uma profecia autorrealizá
existentc. uma pmfecia auturrealizérvel. vel,
AA impotência constitui uma
reflexiva constitui
impoténcia rzzfiexiva uma visiim mundo néiu
de mundo
visão de não
explicitada, dominante entre
cxplicitada, dominame entre usos jm/ens britânicos, Qe mm
jovens britzinicos, tem senseu

correlato
correlate em
em patologias
pamh*>gias amplament
ampimnente e difundidas,
difundidas, Muitos
Muitos dos
dcrsz
adolescentes com
adoiescentes com as quais imbalhei
os quais sofriam de
trabalhei sofrianx problemas de
de pmblenms de
mental on
saúde mentai
saéde dificuldades de
ou dificuhiadcs aprendizado. A
de ap:‘endi*zLad0. depressão éé
A <."i<i-prcsfimn
endêmica.
endénaica. É o
0 problema
pmbiezna de
fie saúde
safide mais
mais comum
cnmum no
no mas, tem
Nas, <2e mm
pessoas cada
afligido pessoas
atiigido mais jovens. O número de
vez mais jovens. O mimem dc alunos que
cada vex alunos que
sofrem de
safrem algum nivei
de aigurn nível dcde disirfxia Não
impressionante. N543 é exa-
dislexia éé impressiomntc. é exa-
dizer que
gero dizer
gero um adaaimacente
ser um
que set capitalismo tardita
no at-..1pita.1i1am<:>
adolescente :10 Grã
da {Eré
tardio da
está se
Bretanha esté
Breianha praticamen te uma condição
tornando pmiican*1erm: uma <:andi<;i:> ciinim.
se tnmzmdu clínica.
patologização em
Essa patc>1<)giza§§w
Essa em si bloqueia quaiqzaer
si jjáém blnqxwia possibilidade
qualquer p<>ss§§}i§i<,i:-uie
de pnfiitizagéo.
de A privatizz1=;iZm
politização. A destes prubimaaas
privatização aiestes tratando-os
problemas ~- trauxn1;io»0s;
como causados
came causados por
pm‘ desequilíbr ios
aiesequiiibrin-s químicos
qL1i1T3iC{}$ na
mi neurologia
zlezzralzwgia do
air;
e/ou pm"
individuo #21’ou
individuo histórico familiar
seu hisifwicn
por sen - já descarta de início
familiar M &e:~s::“arta de iniatica
qualquer questiimannento
quaiquer sobre ma
questionamento wbre causa sscviami
sua Ckllifikl sistêmica.
social sisvléxnim.

43
Muitos dos
Muites dos jovens
jcvens estudantes
estudantes queque conheci
conheci pareciam
pareciam estar estar emem
um
um estado
estado que que chamaria
chamaria de hedonia ciepressiva.
de hedonia depressiva. A À depressén
depressão
éé habitualmente
habitualmente caracterizada
caracterizada camo como um um estado
estado ni7a0~hed6nic0,
não-hedônico,
mas a condição a qual me refiro aqui é constituída não
mas a condigréo a qual me refiro aqui é cunstituida 11:30 tanto
tanto
por
por uma
uma incapacidade
incapacidade em em sese obter
obter prazer
prazer ee mais
mais pela
pela incapaci-
incapaci~
dade
dads dedc fazer
fazezr qualquer
qualquer outra outta coisa
ceisa senão
semio buscar
buscar prazer.
prazer. Há uma
H5 uma
sensação
sensaqéo de de que
que “algo
“alga está
esté faltando”
faitando” -~ mas maa nenhuma
nenhuma aprecia- apre<:ia~
ção
gio de
de que
que este
este gozo
gaze perdido,
perciido, misterioso,
misterioso, só sé possa
posse: serser acessado
acessadu
para
para além
além do dn princípio
principio do do prazer.
prazer. Trata-se,
Tratwse, em em grande
grande parte,pane,
de
dc uma
mna conseguência
consequéncia do do posicionamento
posicionarnenm estruturalmente
estruturaimente: am- am-
bíguo
biguo dosdo:-2 alunos,
alunos, perdidos
perdidos entreentre o0 antigo
amigo papel
papei de dc sujeitos
sujeitos de de
instituições
instituigées disciplinares
disdplinares ee o0 novo novo estatuto
estatuto de de consumidores
consumideres de dc
serviços.
servigxns. Em Em seusen texto
texto crucial,
crucial, “Posfácio
“Pc:sfz'\ci0 sobre
sabre asas sociedades
sociedades de de
controle, Deleuze distingue entre as sociedades disciplinares
contmie”, Deleuze distingue entre as sociedadezs disciphnares
descritas
descritas por por Foucault,
Fowcauh, organizadas
orgamizadas em em torno
tom-0 dos
dus ambientes
ambiemes fe- fe-
chados
chados dasdas fábricas,
fébricas, escolas
escolas ee prisões,
prisbes, ee asas novas
nuvas sociedades
sociedades de de
controle, nas quais todas as instituições estão imersas em uma
controle, nas quais todas as instituiqées estéo imersas em uma
corporação
corpuraqfio dispersa.
dispersa.
Deleuze
Deleuze está est:-i correto
correto ao an argumentar
argumentar que que Kafka
Kafka éé o0 profeta
profeta do do
poder
pads: cibernético
cibemético e<2 distribuido,
distribuidn, típico
tipico das
das sociedades
sociedades de de con-
can-
trole.
trole. EmEm OOprocesso,
processo, KafkaKafka distingue
distingue crucialmente
crucialmente dois dais tipos
tipms dede
absolvição
absolviqfio disponíveis
dispcmiveis ao an acusado.
acusado. AA absolvição
abs0}vi<;:Z10 definitiva
definitivz-1 não néie
éé mais
mais possível,
possivel, sese éé queque emem algum
algum momento
memento de dc: fato
fato foi
{hi (“temos
(“tamos
apenas referências lendárias de casos antigos [que] fornecem
apenas referéncias iendzirias dc cases amigos {que} fornemm
instâncias
insténcias de dc absolvição")?.
abs0ivi¢;z"m”)". As As duas
duas opções
opqfies queque: sobraram
sobraram fo- fo-
ram:
ram: (1)
(1) “absolvição
“abs0!‘vi=;:"10 ostensiva”,
ostensiva”, nana qual
qua] o0 acusado
acusado éé parapara todns
todos
os propésitos
os propósitos absolvido,
absolvido, mas mas pode
pode ainda,
ainda, emem aigum
algum momenta
momento
não especificado,
nio especificado, {er ter que
que enfrentar
enfrentar as as acusagrées
acusações integralmente
integralmente
ou (2.)
01.1 (2) “pnstergagéo
“postergação indefinida”,
indefinida”, nana qua}
qual 0o acusado
acusado se se engaja
engaja em em
um pmcessn
um processo prolangad-:>
prolongado u- indefinidamente
indefinidamente prokmgado,
prolongado, com com
=
Z

* Waismann,
*’ Waismann, Friedrich
Friedrich \’%Faisrmmn,
Waismann, “A“A philnscpher
philosopher {oaks
looks at
at Kafka“
Kafka"
em Essays
em Essays in
in Criticism,
Criticism, 1953.
1953.
sorte
some ~~ dode dispma
disputa legal,
legal, arrastando
arrastando o o processo
processo para
para tornar
tornar cada
cada
vez memos
vez menos provéwel
provável que que oo yakgamento
julgamento derradeiro
derradeiro enfimenfim che~
che-
gue, Deieuze
gue. Deleuze notou
notou que
que asas sociedades
sociedades do de controle
controle descritas
descritas polo
pelo
próprio Kafka,
proprio Kafka, masmas também
também por por Foucault
Foucault ee Burroughs,
Burroughs, opemmoperam
por meio
por meio dada “postergagénn
“postergação indefinida”:
indefinida”: aa educacgfio
educação éé um um proces~
proces-
so para
so para toda
toda vida;
vida; 0o treinamento
treinamento parapara oo trabalho
trabalho se se estende
estende pot
por
toda
toda aa vida
vida profissional;
profissionai; oo trabalho
trabalho nunca
nunca termina
termina porque
porque vocé
você
leva
leva 0o trabalho
trabalho parapara casa;
casa; trabalha-so
trabalha-se em em casa
casa ee se
se fica
fica em
em casa
casa
no
no trabalho etc, Uma
trabalho etc. Uma consequéncia
consequência destedeste modo
modo “indefinido”
“indefinido” do de
poder
poder éé queque aa vigilância
vigiléncia externa
externa éé sucedida
sucedida pelopelo policiamento
policiamento
interno.
interno. OO controle
controls só so funciona
funciona sese você
vocé for
for cúmplice.
cximplice. Logo,
Logo, aa
figura do
figura do “viciado
“viciado em controle” do
em controle” de Burroughs:
Burroughs: aquele
aquele queque éé vi~
vi-
ciado por
ciado pot controle,
controls, masmas também, inevitavelmente, aquele
também, inevitavelmente, aquele que
que
foi dominado ee possuído
foi dominado possuido pelo
pelo controle.
commie.
Ao entrar
Ao em praticamente
entrar em qualquer sala
praticamente qualquer sala de
de aula
aula no
no institu~
institu-
toto onde
onde lecionei,
lecionei, fica
fica evidente de que
evidente de que se
se trata de um
trata de um contexto
contexto
pós-disciplinar.
pos-disciplinar. Foucault
Foucault enumera dolorosamente os
enumera dolorosamente os modos
modos
como aa disciplina
como disciplina foi foi instalada
instalada através
através da imposição de
da imposigéo de postu-
postu-
ras corporais rígidas.
ras corporais Durante as
rigidas. Durante as aulas
aulas nono nosso
nosso instituto,
instituto, no no
entanto,
cntanto, os os estudantes
estudantes podempodem ser ser vistos
vistos deitados
deitados sobre
sobre as as me-
me-
sas,
sas, falando constantemente, comendo
falando constantemente, comendo sem sem parar
parar (ou
(ou até
até r11es~
mes-
mo,
mo, em em algumas ocasiões, fazendo
algumas ocasioes, fazendo refeigoes
refeições inteiras).
inteiras). A A antiga
antiga
segmentação disciplinar
segmentaqéo discipiinar do do tempo
tempo estzi
está se
se desfazendo.
desfazendo. O O regime
regime
carcerário disciplinar
carcerzirio disciplinar estéestá sendo
sendo erodido
erodido pelas
pelas tecnologias
tecnologias do de
controle, com
controle, com sens
seus sistemas
sistemas de de consumo
consumo perpétuo
perpétuo ee desenvo}~
desenvol-
vimento continuo.
vimento continuo.
O modo
O modo pelo
pelo qua]
qual oo institute
instituto éé financiado
financiado 0o impedeimpede literah
literal-
mente de
meme de expulsar
expulsar alunos,
alunos, medsmo
mesmo so se quisesse.
quisesse. Os Os recursos
recursos 5510são
alocados com
alocados com base
base no no quéo
quão hembem sucedidos
sucedidos os os institutos
institutos 5:30são
em atingir
em atingir suas
suas .metas
metas dc de desemponho
desempenho (medido (medido pelospelos resulta~
resulta-
dos dos
dos dos exames),
exames), do de frequéncia
frequência ee do de rctexxoéo
retenção do de alunos.
alunos. EstaEsta
combinação do
combinagiw de imperativos
imperativos do de mercado
mercado com com “mews”
“metas” buro<:ra~
burocra-
ticamente doefinidas
ticamente definidas éé tipica
típica das
das inicmtivas
iniciativas do do “stalinismo
“stalinismo do de
as
mercado”, que
xnercado”, que passou
passou aa regular
regular os
os serviços públicos. AA falta
servioos pdbllicos. de
falta de
um sistema disciplinar efetivo não foi compensada, para dizer
um sistema disciplinar efetivo uéo fol eompensada, para dimer
oo minimo,
mínimo, por por umum aumonto
aumento na na automotivaqéo
automotivação dos dos estudantes.
estudantes.
Eles sabem
Eles sabem que,
que, mesmo
mesmo se se néio
não comparecerem
comparecerem pox por semanas
semanas
aa fio,
fio, e/ou se não fizerem nenhum trabalho, não enfrentarão
e/on se néo fizerem nenhum trabalho, néo enfrentario
qualquer sangéo
qualquer sanção significativa.
significativa. Tipicamente
Tipicamente respondem
respondem ixà essa
essa li~
li-
berdade, nfio
berdade, não buscando
buscando se
se engajar
engajar em
em projetos,
projetos, mas
mas eaindo
caindo em
em
uma letargia
uma letargia hedonica
hedônica (ou (ou anedonica):
anedônica): aa narcose
narcose lave,
leve, aa dileta
dieta
fácil de
fécil de esquecimento
esquecimento reconfortante
reconfortante -- Playstation,
Playstation, ‘rv TV aa noite
noite
toda, ee maconha.
toda, maconha.
Peça aos
Peqa aos estudantes
estudantes parapara queque leiam
leiam mais
mais que que umas
umas tantas
tantas
linhas ee muitos
linhas muitos -‘ - mesmo
mesmo estudantes
estudantes com com boas boas notas
notas - - iréo
irão
protestar alegando
protestar alegando que que nfio
não podem
podem fazé-I0.
fazê-lo. A A reclaxnaoéo
reclamação mais mais
frequente que
frequents que professores
professores ouvem
ouvem éé aa de de que
que éé entediante.
entediante. Mas Mas
0o juizo
juizo sequer diz respeito ao conteúdo do que está escrito no
sequer diz respeito ao contefxdo do que esté escrito no
material: éé 0o am
material; ato da
da leitura
leitura emem sisi que
que éé tido
tido como
como “entediante".
“entediante”,
Estamos lidando
Estamos lidando aqui
aqui 1150
não apenas
apenas com com 0o torpor
torpor adolescents
adolescente de de
sempre, mas
sempre, mas comcom 0o desencontro
desencontro entre entre umauma “New“New Flesh“
Flesh”? pos-pós-
“literária ~- que
~literéria que éé “conectada
“conectada demais
demais parapara so se concentrar”
concentrar” ~- ee aa
lógica de
logiua de confinamento
confinamento ee concentraqéio
concentração dos dos sistemas
sistemas disciplinav
disciplina-
res em
res em decadéncia.
decadência. EstarEstar entediado
entediado significa
significa apenas
apenas estar
estar afas»
afas-
tado da
tado da matriz
matriz comunicativa
comunicativa de de sensa<;§o~estlmul0
sensação-estímulo das das men-
men-
sagens eletronicas,
sagens eletrônicas, do do Y0uTube
YouTube ee do do fast
fast food;
food; estar
estar privado,
privado,
por um
por um memento
momento que que seja.
seja, dodo fluxo
fluxo constante
constante de de gratificagtéo
gratificação
açucarada sob demanda. Alguns estudantes querem Nietzsche
aoucarada sob demancla. Alguns estudantes querem Nietzsche
da mesmad
da mesma maneira
maneira comocomo querem
querem um um hambfirguer;
hambúrguer; sem sem entan-
enten-
I
£
2% A
” A “nova
“nova came
carne Ummana)”
(humana)” éé uma uma expressio
expressáo usada
usada por
por Max
Max
Renn, person:-ngem
Renn, personagem de de Iames
James Woods
Woods no no cléssico
clássico do
do género
género “body
“body
horror” Videocirome
horror” Videodrome (1983),
(1983), de
de David
David Cronenberg.
Cronenberg. Em Em oposiqio
oposição
£1á “velha
“velha came”,
carne”, aa “nova
“nova came”
carne” seria
seria um
um estégio
estágio humane
humano posterior,
posterior,
sexualmente hiperestimulado
sexualmente hiperestimulado ee dlretamente
diretamente incorporada
incorporada aos
aos meios
meios
de comunicagéio.
de comunicação.
der -- ee aa Iégica
(fer lógica dodo sistema
sistema dc de consumo
consumo estimuia
estimula essaessa falha
falha de de
compreensão ~»- que
cmnpreenséo que 0o indigesto,
indigesto, aa dificuldade,
dificuldade, éé Nietzsche.
Nietzsche.
Uma ilustraqéo:
Uma ilustração: certa
certa vez,
vez, questionei
questionei um um ahmo
aluno sabre
sobre 0o por-
por-
quê de
qué de ele
ele sempre
sempre usarusar fones
fones dede ouvido
ouvido em em sala
sala de aula. O
de aula. O aluno
aluno
respondeu que
respondeu que nio
não fazia
fazia diferene;a,
diferença, parquet
porque mic»não estava
estava uuvindo
ouvindo
música. Em
xmizsica. Em outta
outra aula,
aula, 0o mesmo
mesmo alunoaluno estava
estava ouvindo
ouvindo mirsica
música
pelos
pelos fones
fumes dcde ouvido
ouvido em em umum volume
volume bem hem baixo,
baixo, mas
mas sem sem colo-
c010»
cá-los
cé-los nas nas orelhas.
orelhas. Quando
Quando 0o pedi pedi para
para desligar,
desiigar, suasua resposta
resposta foi foi
aa dede que
que nem
nem ele ele mesmo
mesmo conseguia
conseguia ouvir.
ouvir. Por
Per que,
que, então,
entio, usar
usar I>

fones
fones de de ouvido
ouvido que que não
mic estão
estéo tocando
tocando música
mfisica ou on tocar
tocar música
mizsica
sem
sem usar usar osos fones
fones de de ouvido?
ouvido? Porque
Porque aa presença
presenga dos dos fones
fones nas nas
orelhas
orelhas ou on aa segurança
seguranqa de de que
que aa música
mzisisa está
esté tocando
tocando (mesmo(mesmo
que
que tão tic baixa
baixa que
que você
vocé não
nio possa
possa ouvi-la)
ouvi-la) funciona
funciona como como uma uma !
garantia
garantia de de que
que aa matriz
matriz ainda
ainda está
estd lá,
M, aa fácil
fécil alcance.
alcance. AlémAlém do do
mais,
mais, em em um um clássico
cléssico exemplo
exemplo de dc interpassividade,
interpassividade, uma uma vez vez
que
que aa música
mixsica continuasse
continuasse tocando,
tocando, ainda
ainda que
que baixa
baixa demais
demais para para
ser
ser ouvida,
ouvida, o0 próprio
préprio aparelho
aparelho poderia
poderia aproveitá-la
aproveité-la em em seu
sen lu-lu-
gar.
gar. O0 uso uso dos
dos fones
fones de dc ouvido
ouvidoé é significativo
significativo aqui aqui -— o0 pop pop éé
experimentado
experimentado não néo como
como algoalgo que
que poderia
poderia ter ter impactos
impactos sobre sobre
o0 espaço
espa¢0 público,
pfiblico, mas mas como
como uma uma fuga
fuga emem direção
diregio ao an privado
privado
“ÉdIpod”
“fidlpod” [Oedlpod]
[Oedlpodl do do prazer
prazer de de consumo,
consume, uma uma parede
parade contra
contra
o0 social,
social.
AA consequência
consequéncia de de estar
estar capturado
capturado na na matriz
matriz de de entrete-
entrete-
nimento
nimento éé uma uma interpassividade
interpassividade ansiosaansiosa ee agitada;
agitada; uma uma ina- ina~
bilidade
bilidade em em concentrar-se
concentrar-se ou on manter
manter o0 foco.
foco. AA incapacidade
incapacidade
dos
dos alunos
alunos em em ligar
iigara a falta
faita de
de foco,
foco, no
no presente,
presente, com com mausrnaus re- re-
sultados
sultados no nu futuro,
future, aa incapacidade
incapacidade de de sintetizar
sintetizar o0 tempotempo em em
qualquer
qualquer tipo tipo dede narrativa
narrativa coerente
coerente éé sintomático
sintomético de de algo
algo mais
mais
do
do que
que mera
mera desmotivação
desmotivaqéo -- na na verdade,
verdade, lembra
lembra assustadora-
assustadora-
mente
mente aa análise
anélise de de Jameson
Jameson em em Pós-modernismo
Pds-modemismo ee sociedade sociedade
de
de consumo.
consume. Jameson
Jameson observou
observou que que aa teoria
teoria lacaniana
lacaniana acercaacerca
da
da esquizofrenia
esquizofrenia ofereceoferece um um “modelo
“modelo estético
estético sugestivo”
sugestivo” para para
compreender
compreender aa fragmentação
fragmentagéo da da subjetividade
subjetividade em em face
face à£1 emer-
emer-
aT
gência do
géncia do complexo
complexo da da indfistria
indústria do do entretenimento.
entretenimento. “Com “Com 0o
colapso da
colapso da cadeia
cadeia significante”,
significante, lameson
Jameson resume,
resume, “o “o esquizofrê-
esquizofré-
nico
nico lacaniano
iacaniano éé reduzido
reduzido aa umauma experiência
experiéncia da da materialidade
materialidade
pura
pura dosdos significantes,
significantes, ou,on, em
em outras
outras palavras,
palavras, aa uma
uma série
série de
de
presentes
presentes atemporais,
atemporais, puros
puros ee desconectados”“,
desconectadosm. Jameson Iameson es-es~
creveu
creveu isso
isso nos
nos anos
anos 1980
1980 —- ou
ou seja,
seja, na
na época
época em
em queque aa maioria
maioria
dos
dos meus
meus alunos
alunos estava
estava nascendo.
nascendo. OO que que vemos
vemos hojehoje em
em sala
sala
de
dc aula
auia éé umauma geração
geraqio queque jájé nasceu
nasceu nesta
nesta cultura
cultura pontilha-
pontiIba~
da,
da, a-histórica
a~historica ee anti-mnemônica
anti-mnemonica -- uma uma geração
geraqiao para
para aa qua]
qual
0o tempo,
tempo, desde
desde sempre,
sempre, veio
veio cortado
cortado ee embalado
embalado em em micro
micro fa-
fa~
tias digitais.
tias digitais.
Se
Se aa figura
figura dada sociedade
sociedade da da disciplina
disciplina era
era dodo trabalhador/
Lrabalhadorl
presidiário,
presidiério, aa figura
figura dada sociedade
sociedade do do controle
controie éé aa do
do endividado/
endividadol
viciado.
viciado. OO capital
capital do
do ciberespaço
ciberespago opera
opera viciando
viciando seus
seus usuários.
usuérios.
William
William Gibson
Gibson jájzi reconhecia
reconhecia istoisto em
em Neuromancer.
Neuromamzezc No No livro,
livro,
Case
Case ee osos outros
outros cowboys
cowboys ciberespaciais
ciborespaciais sentiam
sentiam abstinência
abstinéncia
física
fisica (insetos
(insetos rastejando
rastejando sobsob aa pele)
pele) quando
quando desplugados
desplugados da da
matrix
matrix (o(o uso
uso de
dc anfetamina
anfetamina por
por Case
Case éé claramente
claramente um
um substi-
substi~
tuto
tuto dodo vício
vicio em
em uma
uma velocidade
velocidade muito
muito mais
mais abstrata).
abstrata). Se Se algo
aigo
como
como um um transtorno
transtorno de do déficit
déficit de
do atenção
atenqfio ee hiperatividade
hiperatividade for for
uma
umo patologia,
patoiogia, então
entéio éé uma
uma patologia
paiologja dodo capitalismo
capitalismo tardio
tardio -» aa
consequência
consequéncia de do se
so estar
estar conectado
conectado aosaos circuitos
circuitos dedc entreteni-
entreteni-
mento-controle
monto~contro1e de do uma
uma cultura
cultura de
de consumo
consume hipermediada.
hipermediadao De De
modo
modo semelhante,
semelhante, o0 que
que chamamos
chamamos de do dislexia
dislexia pode
pode em em mui-
mui~
tos
tos casos
casos consistir
consistir em
em uma
uma pós-lexia:
pésdsxiaz: os
os adolescentes
adolescentes processam
processam
os
os dados
dados imageticamente
imageticamente densos
demos dodo capital
capital com
com grande
grand: efetivi-
efotivr
dade
dade semsem nenhuma
nenhuma necessidade
necessidade de de leitura
leitmza -- reconhecimento
reconhecimento
de
do slogans
slogans éé o0 bastante
bastante para
para navegar
navegar no no plano
plane informacional
informaczional
de
do internet-celular-publicação.
intemet-ce:iular~pub1icaoéio. “A “A escrita
escrita nunca
nuoca foifoi oo forte
forte do
do
capitalismo.
capitalismo. OO capitalismo
capitalismo éé profundamente
profundamente iletrado”,
iletrado”, afirma-
afirma~

1
am

2 }ameson,
“ Jameson, Fredric.
Fredric. Postmodernism
Postmodernism and
and Consumer
Consumer Soviet;/,
Society, 1982.
1982.
ram Deleuze
ram Deleuze ee Guattari
Guattari no no Anti-Edipo.
Anti-Édipo. “A “A linguagem
linguagem eletronica
eletrônica
não passa
néo passa pela
pela vozvoz ouou pela
pela escrita:
escrita: oo processamento
processamento de de dados
dados
se dé
so dá perfeitamente
perfeitamente sem sem ambas".”
ambas”? Dal Daí aa raziio
razão pela
pela qual
qual tantos
tantos
empresários
empresérios do de sucesso
sucesso são
silo disléxicos
disléxicos (mas seria sua
(mas seria eficiência
sua eficiéncia
pós-lexical aa causa
pos-lex;ical causa onou oo efeito
efeito do de seu
seu sucesso?).
sucesso?).
Os professores
Os professores se se encontram
encontram hoje hoje sob
sob a a intolerével
intolerável pressfio
pressão
de mediar
de mediar aa suhjetividade
subjetividade pos-letrada
pós-letrada do do consumidor
consumidor no no capi~
capi-
talismo
talismo tardio
tardio ee as demandas do
as demandas do regime
regime discipline:
disciplinar (passar
(passar nos nos
exames
exames ee coisas
coisas do do tipo). Nesse sentido,
tipo). Nessa sentido, longe
longe de de ser
ser algo
algo como
como
uma
uma torretorre dede marfim
marfim aa salvo
salvo do do “mundo
“mundo real’§real, aa educaqio
educação éé aa
sala de
sala de méquinas
máquinas da da reprodução
reproduoéo da da realidade
realidade social,
social, ondeonde se se
confrontam
confrontam diretamente
diretamente as as inconsisténcias
inconsistências do do campo
campo socialsocial ca-ca~
pitalista.
pitalista. OsOs professores
professores estão
estio presos
presos nana armadilha
armadilha de do serem
serem ao ao
mesmo
mesmo tempo tempo facilitadores/animadores
facilitadores/animadones de de palco
palco ee autoritários/
autoritériosl
disciplinadores.
disciplinadores. Nós Nos professores
professores queremos
queremos ajudarajudar os os alunos
alunos aa
passarem
passarem nas nas provas;
provas; os as alunos
alunos querem
querem que sejamos figuras
que sejamos figuras do de
autoridade que
autoridade que digam
digam a a eles
ales 0o que
que fazer.
fazer. Professores
Professores sendo sendo in~ in-
terpelados
terpelados por por estudantes
estudantes comocomo figuras
figuras de de autoridade exacerba
autoridade exacerba
oo problema
problema do do “tédio”
"tédio” -— qualquer
qualquer coisacoisa que
que vem
vem do de umum lugar
lugar dc de
autoridade
autoridade não nio éé aa priori
prion" entediante?
entediante? Ironicamente,
Ironicamente, o0 papel papel do do
disciplinador
disciplinador éé exigidoexigido dodo educador
educador mais mais dodo que
que nunca,
mmca, exata-
exata~
mente
mente no no momento
momenta em em gue
que aa estrutura disciplinar está
estrutum disciplinar esté ruindo
ruindo
dentro
dentro das das instituições.
instituigoos. ComCom famílias
familias espremidas
espremidas sob sob aa pressão
pressixo
de
dc umum capitalismo
capitalismo que que exige
exige queque ambos
ambos os os pais
pais trabalhem
trabalhem por por
dinheiro,
dinheiro, os os professores
professores estão
estéio sendo
sendo cada
cada vezvez mais
mais pressiona-
pressiona~
dos
dos aa ocupar
ocupar esse esse papel, propondo os
papal, propondo os protocolos
protocolos de do conduta
condom
mais bésicos
mais básicos parapara osos esmdantes
estudantes ee provendo
provendo apoioapoio emocional
emocional
ee pastoral
pastoral aos aos adolescentes
adolescentes que, que, emem alguns
alguns casos,
casos, sãoséo minima-
minima»
mente
meme socializados.
socializados.

-
i

2a Deleuze,
Deleuze, Gilles
Gilles ee Guatarri, Félix. C1
Guatarri, Félix O Arrti-Edipo:
Anti-Edipo: capitalismo
capitalismo ee
esquizofrenia. (1972).
esquizofrenia. (1972).
42
Vale enfatizar
Vale enfatizar que
que nenhum
nenhum dos dos meus
meus esmdantes
estudantes tinha tinha qua!»
qual-
quer obrigação legal
quer obrigaoéo legal de estar em
de estar em salasala dede aula.
aula. DeDe fato,
fato, pude-
pode-
riam
riam sair sair aa hora
hora queque quisessem.
quisessem. Mas Mas aa ausência
auséncia completa
completa de do
oportunidades
opommidades significativas
significativas de de trabalho,
trabalho, somadasomada ao ao encora-
encom-
jamento
jamento cínico cinico vindo
vindo do do governo,
governo, significava
significava que que permanecer
permanecer
na
na instituição
instituiqéo seria
seria aa opção
opgfio mais mais fácilfécil ee segura.
segura. Deleuze
Deleuze diz diz
que
que sociedades
socieclades de do controle
controle são $50 baseadas
baseadas mais mais na na dívida
divida dodo que
que
no
no aprisionamento;
aprisionamento; mas mas há hé um um sentido
sentido no no sistema
sistema educacio-
odncacio-
nal
nal atual
atual em,
em, aoao mesmo
mesmo tempo,tempo, endividar
endividar ee aprisionar
aprisionar os os es-
es-
tudantes. Pague
tudantes. Pague pela
pela sua
sua propria
própria exploraoio
exploração éé no no que
que insiste
insiste
essa
essa lógica
légica -- fique
fique endividado
endividado para para que que no no final
final vocé
você acabe
acabe
no mesmo
no mesmo Mcfimprego
McEmprego que que teria
teria caso
caso tivesse
tivesse largado
largado aa escola
escola
aos
aos dezesseis...
dezesseis. ..
Jameson
Jameson observou
obsorvou que, “de repente,
que, “do repente, oo colapso
colapso da da tempora-
tampora~
lidade
lidade libera
libera oo presente
presents do do tempo
tempo de do todas
todas as as atividades
atividades ee in- in~
tencionalidades
tencionalidades que que poderiam
poderiam focá-lo focé-lo ee torná-lo
tomé-lo um um espaço
espaqo da da
práxis"
préxis?” Mas Mas aa nostalgia
nostalgia pelo polo contexto
contexto em em queque osos velhos
velhos tipos
tipos
de
dc práxis
préxis podiam
podiam operar
operar éé simplesmente
simplesmente inútil. imfztil. Essa
Essa éé aa razão
razfio
pela
pela qual
qual osos estudantes
estudantes franceses,
franceses, no no final
final das
das contas,
contas, não cons-
niio cons»
tituem
tituem uma alternativa real
uma alternativa real -àJ1 impoténcia
impotência reflexiva
reflexiva inglesa.
inglesa. QueQue
aa revista
revista neoliberal
neoliberal The The Economist
Economist ridicularizaria
ridicularizaria aa oposição
oposiqéo
francesa
francesa ao ao capitalismo
capitalismo não néo sese trata
trata de de nenhuma
nenhuma surpresa,
surpresa, mas mas
ainda
ainda assim,
assim, aa zombaria
zombaria da da “imobilização”
“imobiliza¢5o” francesa francesa temtem umum ele-
ele-
mento
mento de de verdade.
verdade. “Com“Com certeza
certeza os os estudantes
estudantes que que iniciaram
iniciaram os os
protestos
protestos recentes
recentes pareciam
pareciam achar achar que que reencenavam
reencenavam os os eventos
eventos
de
de Maio
Main de de 1968,
1968, lançado
lanqado por por seus
sens pais
pals contra
contra Charles
Charles de Gaul-
do Gaul~
le”,
le”, dizia
dizia seu artigo de
seu artigo capa, em
de capa, em 30 30 dede maroo
marco do de 2006:
2006:

—_
1

% Iameson,
1“ Jameson, Fredric.
Fredric. Postmodernism,
Postmodernism, or,
or, The
The cultural
cultural logic
logic of
of late
late
capitalism, 1991.
capitalism, 1991.
Pegaram emprestade
Pegaram emprestado até até os slogans (“Sob
as slogans (“Sob asos paralelepipedas,
paralelepipedos, aa
praia!”) ee sequestrado
praial") seguestrado sensseus simbolos
símbolos (a (a universidade
universidade Sorbonne).
Sorbonne).
Neste sentido,
Nesta sentido, aa revolta
revolta parece
parece ser
ser aa sequéncia
sequência natural
natural aos
aos proves»
protes-
tos nas
tos nas periferias
periferias de
de zoo
2005,5, que
que levou,
levou 0o governo
governo aa impor
impor 0 o estado
estado
de emergência. Aí foram os jovens desempregados, imigrantes
cle emergéncia. Ai foram us jovens desempregadcas, imigrantes
das classes
das classes baixas,
baixas, que
que se
se rebelavam
rebelavam contra
contra um
um sistema
sistema que
que osos ex~
ex-
cluía, {De
cluia. De mum)
outro lado,
lado, 0
o traqo
traço mais
mais marcante
marcante dos
dos ixltimus
últimos protestos
protestos
éé que
que desta
desta vez
vez asas forqas
forças rebeldes
rebeldes estavam
estavam dc:
do lads
lado do
do conserve»
conserva-
dorismo. Diferentemente das
durismo. Diferememente juventudes revoltosas
alas juventudes revoltosas nos
nos lrumlieues
banlieues
[bairros da
[bairros periferia francesa),
da periferia francesa], o0 objetivo dos estudantes
objetivo dos esmdantes ee dos
dos
sindicatos
sindicatos de
de servidores
servidores públicos que os
pniblicos que os acompanharam
acumpanharam era era im-
im~
pedir
pedir aa mudança,
mudanqa, ee manter
mamer aa França
Pranqa como
como está.
esté."

ÉE impressionante
impressionante como
como aa prática
prética de de muitos
muitos destes
destes “imobiliza-
“im0biliza~
dores” é um tipo de inversão de um outro grupo, que também
dores” é um tipo de inverséo de um outm grupo, que também
sese proclama
proclama como
como herdeiros
herdeiros de de 68:
68: os
0s chamados
chamados “comunistas
“comunistas li-li-
berais”
berais", como George Soros
como George Soros ee Bill
Bill Gates,
Gates, que
que combinam
combinam aa busca
busca
predatória
predatéria por
por lucro
lucro com
com aa retórica
retérica de preocupação ecolégica
de preocupagtio ecológica ee
responsabilidade social.
responsabilidade Junto com
social. Iunto com suas preocupações socziais,
suas preocupaeées sociais,
esses assim
esses assim chamados comunistas liberais
chamados comunistas liberais acreditam
acreditam queque asas
práticas
préticas trabalhistas
trabalhistas devem
devem ser ser (pés-)
(pós-) modernizadas,
modernizadas, em em linha
linha
com o 0 conceito
com conceito de “ser smart”.
de “sex smart”. Como
Como explica
explica Ziiek;
Zizek:

Ser “esperto”
Ser “esperto” significa
significa ser
ser dimimice
dinâmico ee némade,
nômade, éé ser
ser contra
contra aa bu~
bu-
rocracia centralizada; éé acredltar
rocracia centralizada; acreditar nono diilogo
diálogo ee nana coalaeragim,
cooperação,
contra aa autoridade
contra autoridade central;
central; na
na flexibilidade
flexibilidade cuntra
contra aa mtina;
rotina; nana
cultura ee no
cultura no conhecimenm
conhecimento contra
contra aa produgéo
produção industrial;
industrial; na
na inte-
inte-
ração esponténea
raqéo espontânea ee nana autopoiese
autopoiese contra
contra aa hierarqula
hierarquia fixa.”
fixa.

e
1

24 “France
“ “Erance faces
faces the
the future”,
future”, The
The Economist,
Economist, publicado
publicado em
em de
de 30
30 de
de
março de
mareo de 2006.
2006.
35 Ziiek.
” Zizek, Slavoj.
Slavoj. Violence:
Violence: six
six sideways
sideways reflections,
reflections, 2008.
2008.
51
Tomados em
Tnmaclns em conjunto,
conjunto, us os imnbilizaclores,
imobilizadores, pm" por umum lado,
lado, com
com
suas concessões implícitas de que se pode resistir
suas concelssées implicitas de que se pocle resistir an capitalis~ ao capitalis-
mo {nunca
mo (nunca superé~l0),
superá-lo), ee as os comunistas
comunistas liberais,
liberals, por
pot outro, que
outta, que
sustentam
sustentam que que os excessos amorais
as exceasos amorais d0 do capitalismo
capitalismo devemdevem ser ser
compensados
compensados com coma a caridade,
caridacle, dãodiio uma
uma ideia
ideia do
do modo
mode como como o0
realismo
realismo capitalista
capitalista circunscreve
circunscreve asas possibilidades
possibiliclacles políticas
politicas atu-
am»
ais.
ails. Enquanto
Enquanto os as imobilizadores
inxobilizadores retém retém aa forma
furma estilística
estilistica dos
dos
protestos
protestos de de 1968,
x968, masmas emem nome
name da da resistência
resisténcia à£1 mudança,
mudanga, os os
comunistas
comunlstas liberais
liberals abraçam
abragam entusiasmadamente
entusiasmadamente aa inovação. inovagim.
Zizek
Ziiek esta
esté correto
cnrreto ao an afirmar
afirmar que, que, longe
longe de de constituir
cnnstituir qualquer
qualquer
modo
mode de de correção
C<'Jfl'€Q§.() progressista
pmgressista à£1 ideologia
icleologia capitalista
capitalista oficial,
eficial, o0
comunismo
cumunismu liberal constitui a ideclogia demimmte do capita-
liberal constitui a ideologia dominante do capital»
lismo
lismo deale hoje
hoje em em dia.
dia. “Flexibilidade,
“Flexibilidacle”, “nomadismo”
“ntlmaclisma” ee “esponta-
“esponta~
neidade”
neidade” sãosin asas características
caracteristicas essenciais
essenciais dodo gerenciamento
gerenciamento nas nas
sociedades
sociedades (pós-fordistas)
(pés-fordistas) de dc controle.
contmle. Mas Mas o0 problema
problema éé que que
qualquer
qualquer oposição
oposieéo àA flexibilidade
flcxibilldade ee à£1 descentralização
descexutralizaqfio dificil-
dificil»
mente
meme será,
seré, para
para dizer
dimer o0 mínimo,
minimo, muito
muito excitante.
excitante.
Seja
Seja como
como for,
for, aa resistência
resisténcia ao ao “novo”
“nova” não
nfio pode,
pode, ou
on deve,
cleve, ser
ser
o0 ponto
ponto central
central dada mobilização
mobilizaqén da cia esquerda
esquerda hoje.
hoje. OO capital
capital foi
foi
muito
muito astuto
astuto ee cuídadoso
auicladoso em em seu
seu empenho
empenho de de esfacelar
esfacelar o0 traba-
traba~
lho
llm organizado;
organizado; porém,
porém, ainda
ainda nãonio há hé acúmulo
acfxmulu de de pensamento
pensamento
o0 suficiente
suficiente sobre
sabre quais
quais táticas
téticas irão
irée funcionar
funcionar contra
ccmtra 0o capital
capital
em
em condições
cnndigfies pós-fordistas,
pésiordistas, ee que que nova
nava linguagem
lirzguagem pode
pode ser
ser in-
in»
ventada
ventada para para lidar
lidar com
com tais
taxis condições.
cnncligées. ÉE importante
importante contestar
contestar
aa apropriação
aprclpriagfm capitalista
capitalista do do “novo”
“nave”, masmas reivindicar
reivindicar o0 “novo”
“nova”
não
néo pode
pnde ser
ser confundido
ccsnfundido com com umauma adaptação
adaptaeéo às is condições
canclieées em em
que nés
que nós nos
nos encontramos
encontramos -— jé já ms
nos adaptamos
adaptamas bem hem demais.
demais. De De
fato,
fats, aa busca
busca por
por uma
uma “adaptação
“adaptagiio de de sucesso”
sucesso” éé aa estratégia
estratégia por
per
excelência
exceléncia do do gerencialismo.
gerencialismo.
AA associação
associagéo incessante
incessante entre
entre neoliberalismo
neoliberalismo ee aa ideia
ideia dedc
“restauração”,
“1"es;taura<;:?:0”, uma
uma vinculação
vinculacgéo conceitual
conceitua} que que tanto
tanto Badiou
Badiou
quanto
quanta DavidDavid Harvey
Harvery promoveram,
promaveram, éé uma uma correção
curregéo importan-
importam
tete contra
mntm aa associação
assaciaeéo do dc: capital
capital comcom aa novidade,
novidade. ParaPara Harvey
Harvey
52
ee Bacliou,
Badiou, aa politica
política neoliberal
neoliberal néonão tern
tem aa ver
ver com
com 0o novo,
novo, mas
mas
sim com
sim com oo nztorrxo
retorno anao poder
poder dede classe
classe ee ao
ao privlilégio
privilégio dc:de classe.
classe.
Na França,
Na Pranqa, dizdiz Badiou,
Badiou, “restauração
“‘restaura<;io’ sese refere
refere aoao período
periodo do do re»
re-
torno do Rei em 1815, depois da revolução e de Napoleão. Nós
tomo do Rel em 1815, depois (la revolugéo e de Napolefio. Nos
estamos nests
estamos neste periodo.
periodo. HojeHoje vemos
vemos 0o capitalismo
capitalismo liberal
liberal ee sen
seu
sistema politico,
sistema político, oo parlamentarismo,
parlamentarismo, como como aa (mica
única solueéo
solução na~
na-
tural
turai ee aceitévef?‘
aceitável" Harvey
Harvey argumenta
argumenta que que aa neoliberalizagéo
neoliberalização éé
melhor concebida como
melhor concebida como um um “um
“um projeto
projeto politics;
político cle
de restabeleci-
restabeleci-
mento
memo das condições da
das coiudigoes da acumulagéo
acumulação do do capital
capital ee do
de restauraqéo
restauração
do poder
do poder dasdas elites
elites econémicas”?
econômicas)” ee demonstra
demonstra que, que, emem uzma
uma
época frequentemente
época frequentemente descrita
descrita como
como “pos-politica”,
“pós-política”, aa guerra
guerra dode
classes ainda
classes continua sendo
ainda continua sendo travada,
travada, masmas apenas
apenas porpor umum lado:
lado:
oo dos ricos. “Depois
dos ricos. “Depois da da implementaqéo
implementação das das politicos
políticas neoliberais
neoliberais
no final dos anos 1970”, revela Harvey:
no final dos anos 1970”, revela Harvey:

AA parcela
parcela dada renda
renda nacional
nacional do 1% mais
do 1% mais rico dos Estados
rico dos Estados Unidos
Unidos
disparou, chegando aa t5%,
disparou, chegando 15%, perto
perm do do final
final dodo século.
século, O O 1%1% mais
mais
rico dos
rico dos Estados
Estados Unidos
Unidos aumentou
aumentou sua sua parcela
parcela dada renda
renda nacional
nacional
de 2%, em
dc 2%, em 1978,
1978. para mais dc
para mais de 6%
6% por
por volta
volta dede 1999,
1999, enquanto
enquanto =1a
proporção
proporqfio emre entre aa compensação mediana dos
compensaqio mediana dos trabalhadores
trabalhadores ee oo
salário dos
salério dos cEos (Chief Executive
csos (Chief Executive Officer)
Officer) passou
passou de de apenas
apenas 30 30
pata
para 1,1, em 1970, aa quase
em 1970, quase 500
500 para
para 11 por
por volta
volta de
de moo.
2000. {W}[...] Os
Os
Estados Unidos nfio
Estados Unidos não estéo
estão sozinhos
sozinhos nisso.
nisso. OO 1%1% mais
mais rico
rico do
da Gui»
Gra-
-Bretanha dobrou
-Bretanha dobrou suasua parcela
parcela da
da renda
renda nacionai
nacional aa partir
partir cie
de 1982:
1982:
de 65%
dc 6,5% aa 13%.“
13%,

-
2.

2 Cox,
“ Cox, Christoph;
Christoph; Whalen,
Whalen, Molly;
Molly; Baziiou,
Badiou, Alain.
Alain. “On
“On evil:
evil an
an
interview with
interview with Alain
Alain Badioo”
Badiou” emem Cabinet
Cabinet Magazine,
Magazine, 20‘);-.2002’!
2001-2002.
27 Harvey,
*7 Harvey, David‘
David. C)O neoliberalismo:
neoliberalismo: historic:
história ee implicagfies.
implicações. S50
São Paulo:
Paulo;
Edicdes Loyola,
Ealiqoes Loyola, 2008.
2008.
2% idem.
1‘ Idem.
53
Como mostra
Como mostra Harvey,
Harvey, osos neoliberais
neoliberais foram
foram mais
mais leninisstas
leninistas do
do
que as
que os leninisms:
leninistas: souberam
souberam criarcriar ee disseminar
disseminar think
think tanks
tanks que
que
formaram aa vanguarda
formaram vanguarda intelectual
intelectual capaz
capaz do
de criar
criar um
um clima
clima ide»
ide-
ológico
ologico em em que
que oo realismo
realismo capitalista
capitalista pudesse
pudesse florescer.
florescer.
OO modelo
modelo imobilizador
imobilizador -- que que consists
consiste na
na demanda
demanda da da ma-
ma-
nutenção
nutengio do do regime
regime fordista/disciplinar
fordista/disciplinar --» nãonéo pode
pode funcionar
funcionar
na
na Inglaterra
lnglaterra ouon em
em outros
outros países
paises dominados
dominaclos pelo
pelo neoliberalis-
neolil>eralis~
mo.
mo. No No Reino
Reino Unido,
Unido, oo fordismo
fordismo definitivamente
definitivamente colapsou,
colapsou, ee
levou
levou junto
junto os
os lugares
lugares ee asas práticas
préticas que
que organizam
organizam aa antiga
antiga ma-
ma-
neira
neira de de fazer
fazer política.
politica. No
No final
final de
de seu
seu ensaio
ensaio sobre
sobre aa sociedade
sociedade
de
de controle,
controle, Deleuze
Deleuze especula
especula sobre
sabre asas novas
novas formas
formas que
que uma
uma
política
politica anticontrole
anticontrole poderia
poderia assumir:
assumir:

Uma
Uma das
das questões mais importantes
questoes mais importantes cliria
diria respeito
respeito àit inaptidão
inaptidfio dosdos
sindicatos:
sindicatos: ligados,
ligados, por
por toda
toda sua
sua história,
historia, àA luta
luta contra
contra disciplinas
disciplinas
ou
on nos
nos meios
meios de de confinamento,
confinamento, conseguirão
consegulrio adaptar-se
adaptarese ou ou cede-
cede-
rão
réo o0 lugar
lugar aa novas
novas formas
formas de de resistência
resisténcia contra
contra asas sociedades
sociedades de de
controle?
controle? Será
Serzi que
que jájé sese pode
pocle apreender
apreender esboços
esbogos dessas
dessas formas
formas
por
por vir,
vir, capazes
capazes de de combater
combater as as alegrias
alegrias dodo marketing?
marketing? Muitos
Muitos
jovens
jovens pedem
pedem estranhamente
estranlmmente para para serem
serem “motivados”,
“motivados”, ee solicitam
solicitam
novos
novos estágios
estégios ee formação
formagéo permanente;
permanente; cabe cabe aa eles
eles descobrir
descobrir aa
que
que estão
estio sendo
sendo levados
levados aa servir,
servir, assim
assim como
como seus
sens antecessores
antecessores
descobriram,
descobriram, não néo sem
sem dor,dor, aa finalidade
finaliclade dasdas disciplinas.
disciplinas. OsOs anéis
anéis
de
de uma
uma serpente
serpente sãoséo ainda
aincla mais
mais complicados
complicados que que osos buracos
buracos de de
uma
uma toupeira,?
toupeira.”

OO que
queé é precise
preciso descobrir
descobrir éé um
um modo
modo de de sair
sair do
do par
par de
de opostos
opostos
binário da
binzirio da motivagfio/desmotivagtfio,
motivagio/desmotivacáo, dc de maneira
maneira queque aa desiden-
desiden-
tificação em
tificagéo em relagfio
relação ao
ao programa
programa dede cont:-ole
controle possa
possa ser
ser algo
algo di-
di-
ferente da
ferente da apatia
apatia abatida.
abatida. Uma
Uma estratégia
estratégia seria
seria alterar
alterar 0o terreno
terreno
X
sn

2% Deleuze,
” Deleuze, Gilles.
Gilles. “Posvscriptum
“Post-scriptum sobre
sobre as
as sociedades
sociedades dcde controle”,
controle”,
em Conversagrées:
em Conversações: 19724990.
1972-1990. Rio
Rio de
de ianeiroz
Janeiro: Editora
Editora 34,
34, 1992.
1992.
político -- mover-se
palitica mover-se para
para além
além dodo foco
foco tradicional
tradictional dos
dos sindica-
sindica-
tos
tos nos
nos salários
salérios em
em direção
diregéo àsis formas
formas de
de mal-estar
ma!-estar específicas
especificas
do
do pós-fordismo,
pésiordismo. MasMas antes
antes dede seguirmos
seguirmos nesta
nesta análise,
anélise, deve-
deve»
mos considerar com maior profundidade o que o pós-fordismo
mos considerar com maior profundidade 0 que 0 p6s—fordismo
realmente
realmente é.é.

55
3 .,.~_"‘ ' "\
"- >>1‘T
.1
¢ ~15!
1.‘ '
.,qr> ,

ib

’ . 1 '\I
6 de outubro de 1979:
“néo se apegue a nada
“Um
~*:
hm cam cara meme dassc
disse
*_
um \~'::1;°l
um vez,
4,
conta 0o c§"xeiE*m
mam chefáo dz: do <;?ri2ne<wg;1¥zi:za»<3<§
crime organizado
Neil }\/lc(Zauk:y
Ned McCauley em em I-Tagcv
Fogo §:mi'r¢:_fo_=;g0,
contra fogo, fiime filme diede 199$,
1995, dirégieia
dirigido parpor
Michael Mann, “não se apegue a nada que você não possa Mr»
Micimei Mann, “néo sw apegue a nada que vocé 11%: passa lar-
gar
gar em em trinta
trima segundos
segundos ao as sentir
sentir que
que aa chapa
chapa está estia esquentando”,
esqwniandaa".
Uma
Uma das das maneiras
maneiras mais mais fáceis
féceis de
de perceber
perceber asas diferenças
ciifemnqas entreemre o0
fordismo
fordismu eea o0 pós-fordismo
pés~f<ardism<i> éé comparar
cmnparar o0 filme filmez de dc: Mann
Mann com com os os
filmes
filmes de de gangsteres
gangsteres feitosfeitos porper Francis
Francis Ford Ferd Coppola
Coppola e:2 Martin
Martin
Scorsese
'1: n Q~< sese entre
entre 1971
1971 eer 1990.
1990. EmEm Fogo
Rage: contra
contra fogo,fogv, asas atividades
atividades
criminosas
criminnsas não nfm sãosin mais
mais conduzidas
cnnduzidas por par famílias
fmnilias tradicionais
n"adici0nai$
apegadas
apegadas àEs “terra “term dos dos antepassados,
antepassmimss“, mas n1-as porpm" bandos
bzmdos desen-desen~
raizados,
raizados, em em umaumz: Losms Angeles
/mgeies de de metal
nwtai cromado,
cromado, cozinhascm:-icinhas dede
grife
grife ee estética
cstética “multiuso”,
“muitiuso”, de de rodovias
mdm'i11$ ee restaurantes
restaumntes 24 24 horas.
horas.
Todos
Todns os us idioletos
idioietos culturais
culturais -~ asas colorações
coiorwffxes‘r locais
locais ee aromas
arzwnas ti-ti~
picos
picns -- dos dos quais
quais dependiam
dependiam filmes fiimes como como O0 poderoso pmiermso chefãocheffim
ee Os Os bons
buns companheiros
c0mparz3m'r0s foram forana dissolvidos
dissolvidos ee reconfgurados,
recnnfigurados. AA
Los Angeles de Fogo contra fogo é a de um mundo sem marcos,
Los Angeies dc .F‘ogz.> comrajbga é a de um ‘i“I‘iL1fid()S€I!"l marcos,
um
um labirinto
labirinto de de logomarcas,
§0g<:1marcas, onde ondes os 05 limites
limites territoriais
territoriais foram
foranu
substituídos
substiiuidas por pm“ um um cenário
ctenérin indefinidamente
indefinidaxnente repetitivo 1'epexitiv@ de dc
franquias
fran Q ui:-15 idênticas.
idénticas. Os Os fantasmas
Fzmtasrnas da da velha
velha Europa
Euro 1a que c are assom-
assum-
bravam
bravam asas ruas mas; de
de Scorsese
Scorsese eC Coppola
Cloppnia foram tbranz exorcizados
exorcizados ee en- en‘
terrados,
iemldos, junto }unt0 com
mm suas suas desavenças
d€$aV¢;‘fi§;1S ancestrais
zmcestmis ee suas was vinganças
vingangas

banhadas
anhadas em D
em fogo
fwa e<2 sangue,,
s-an ~ ue, embaixo
embaixo de aie algum
ai mm toldo t1;>¥¢i0 de
(iv: uma
mama
rede
reds multinacional
nuiitinacianai qualquer
quaiqucr dedc café.
caflé. Pode-se
P0c§:2~s:: aprender
aprwrnziezz muito,
rzmito,
inclusive,
inclusive, sobre
sabre omm1ndc>
mundo de de Fogo
Foga contra fogo pelo
ca::§m‘f0g@ pdu próprio
§i!I€§§>¥i€) nome
moms:
do
do protagonista
pmtagonism “Neil
“Neii McCauley”:
?vIcCau§<2y”: um
um nome
n<'>m¢z anônimo,
;1n£:§2%m0, digno
viégnn de
03¢:
passaporte falso, completamente desprovido de história (ainda
passaparte faisu, <"z;mp3e:*imneme cissprcwicia dv ¥1isn3:‘i§: {aimia
que,
que, ironicamente,
ironicamente, ecoe
saw o0 nome
norm? do
$0 historiador
hi:%ts:>ri;ui:§z' britânico
’mit€s:2%w LordEmmi

59
McCaulay). Compare
Mc:Caulay}* Compare corn com “Corleone”,
“Corleone” 0o cheféo
chefão batizado
batizado com com oo
nome de
name de um
um vilarejo.
vilarejo. Mcfiauley
McCauley éé talvez
talvez 0o papal
papel dede DeDe Niro
Niro queque
mais se aproxima de sua personalidade: um quadro em branco,
mais se aproxima de sua personalidadez um quadro em branco,
uma incégnita,
uma incógnita, friamente
friamente profissional,
profissional, pura pura preparaqiio,
preparação, pes- pes-
quisa,
quisa, método
método (“faço(“fago o0 que
que eu
eu faço
fago dede melhor”).
melhor”). McCauley
Mc(Iau1ey não nio
éé o0 grande
grande mafioso
mafioso àA moda moda antiga,
amiga, um um chefão
cheféo cheio
cheia dede pompa
pompa
alçado
alqado ao an topo
mpo de dc uma
uma hierarquia
hierarquia barroca
barroca regida
regida porpot códigos
cédigos
tão
tin solenes
solenes ee misteriosos
misteriosos quanto
quanta os as da
da Igreja
Igreja Católica,
Catélica, ee escritos
escritos
com
com o0 sangue
sangue de de milhares
milhares de de disputas.
disputas. Seu Sen bando
bancio éé composto
composto
por
par profissionais,
profissionais, especuladores-empreendedores
especuladores~empreendedores pragmáticos, pragméticos.
técnicos
técnicos do do crime
crime cujo
cujo credo
credo éé o0 exato
exato oposto
oposto da da lealdade
lealdade fami-fami-
liar
iiar típica
tipica dada Cosa
Cosa Nostra.
Nostra. Laços
Lagos de de família
familia sãosic insustentáveis
insustentéveis
em
em tais
tais condições,
condigées, conforme
conforms McCauley
McCau1ey relata relaia aoao obstinado
obstinado ck» de-
tetive
tetive Vincent
Vincent Hanna,
Hanna, personagem
personagem de de Pacino:
Pacino: “se“se você
vocé vai colar
vai colar
em
em mimmim ee sese mudar
mudar quando
quando eu en me
me mudar,
mudar, como como vai vai conseguir
conseguir
manter
manter um um casamento?”
casamento?". Hanna Hanna éé aa sombra
sombra de de McCauley,
McCa.uley, for- for-
çado
qado aa assumir
assumir sua sua insubstancialidade,
insubstancialidade, sua sun mobilidade
mobilidade perpé- perpé-
tua.
ma. Como
Como qualquer
qualquer grupogrupo de dc acionistas,
acionistas, o0 bando
bando de dc McCauley
McCauley
mantém-se
mantém~se coeso coeso através
através dada perspectiva
perspectiva de de futuros
futures dividendos;
dividendos;
quaisquer outros vínculos são opcionais (e, quase certamente,
quaisquer outros vinculos $50 apcionais (e, quase certamente,
perigosos).
perigosos). ÉE um um arranjo
arranjo temporário,
temporério, pragmático
pragmético ee lateral
lateral -- sa~sa-
bem que
bem que $50
são peqas
peças intercambiéveis
intercambiáveis de dc um
um maquinário,
maquinério, que que 21510
não
há garantias,
hé garantias, queque nada
nada éé permanente.
permanente. Comparados
Comparados aa isso, isso, asos ve-
ve-
lhos “buns
lhos “bons companheiros”
companheiros” mais mais parecem
parecem um um banclo
bando sentilnexr
sentimen-
talista sedentério,
talista sedentário, enraizados
enraizados em em comunidades
comunidades moribundas,
moribundas,
territórios condenados.
territérios condenados.
O ethas
O ethos abragado
abraçado pot por McCaulay
McCaulay 1150 não éé outro
outro senéc
senão aquele
aquele
examinado pot
examinado por Richard
Richard Sennett
Sennett em em A À zrormséo
corrosão do do czmiter:
caráter: cow con-
sequências pessoais
sequérzcias pessoais do do trabalho
trabalho nono nova
novo capitalismo,
capitalismo, um um estudo
estudo
fundamental sabre
fundamental sobre as as mudangas
mudanças afetivas
afetivas queque aa reorganizagée
reorganização
pós-fordista do
pés~f0rdista do trabalho
trabalho traztraz 5à tuna.
tona. 0 O slogan
slogan queque resume
resume es» es-
sas nnvas
sas novas condiqées
condições éé “n50 “não hé
há longo
longo pram".
prazo” Enquanto
Enquanto anterior»
anterior-
mente os
mente os trabalhadores
trabalhadores podiam podiam aprencler
aprender um um nlmico
único ccnjunto
conjunto
de habilidades
de: habilidades com com aa expectativa
expectativa de de assim
assim galgar
galgar posiqoes
posições em em
uma rigida
uma rigida hierarquia
hierarquia organizacional,
organizacional, agora agora se se espera
espera queque pe~pe-
riodicamente
riodicamente adquiram adquiram novas novas habilidades enquanto pulam
habilidades enquanto pulam de de
posto
posto em em posto,
posto, vagando
vagando de de empresa
empresa em em empresa.
empresa. A À medida
medida
que aa organizaqao
que organização do do trabalho
trabalho éé descentralizada,
descentralizada, com com redes
redes ho-ho~
rizontais
rizontais tomando
tomando o0 lugar lugar de de uma
uma pirâmide hierárquica, atri~
pirémide hierérquica, atri-
bui-se cada
bui-se cada vezvez mais
mais valor
valor aà “flcxibilidade”.
“flexibilidade, Ecoando
Ecoando aa piadapiada
de
de McCauley
McCauley aa Hanna Hanna em em Fogo
Fogo contra
contra fogo
fogo (“como
(“como éé que que vocé
você
vai conseguir
vai conseguir mantermanter um um casament0?”),
casamento?”), Sennett
Sennett chama atenção
chama atengéo
para
para as as pressões
pressoes que que essas
essas condi¢6es
condições de de permanente
permanente instabi-instabi-
lidade impõem àin vida
lidade impoem vida familiar.
familiar. Os Os valores
valores dos
dos quais
quais esse
esse tipo
tipo
de vida
de vida depende
depende —- confiança, compromisso, 0o cumprirnento
confianga, compromisso, cumprimento do do
dever
dever -- siio são precisamente
precisamente aqueles aqueles considerados
considerados obsoletos
obsoletos no no
novo capitalismo. Ao
novo capitalismo. mesmo tempo,
Ao mesmo tempo, com com aa esfera
esfera ptiblica
pública sob sob
ataque ee aa rede
ataque rede dc de proteção
proteqéo do do “Estado
“Estado paternalista”
paternalism” sendosendo des-des-
montada, aa família
montada, familia sese torna
toma um um importante
importante refúgio
reffigjo dasdas pressfies
pressões
de
dc umum mundo
mundo no qual aa instabilidade
no qual instabilidade éé uma uma constante.
constante. A À situ-
situ-
ação da
a<;io família no
da familia no capitalismo
capitalismo pós-fordista
posvfordista éé contraditoria
contraditória na na
exata medida
exata medida tal tal como
como 0o marxismo
marxismo tradicional havia previsto:
tradicional havia previsto: 0o
capitalismo precisa
capitalismo precisa da da família
familia (como
(como uma uma ferramenta
ferramenta essencial
essencial
de cuidado
de cuidado ee reprodução
reprodugéo da mão-de-obra; um
da man-de-obra; um bélsamo
bálsamo para para
asas feridas
feridas psíquicas
psiquicas infligidas
infligidas pela pela anarquia
anarquia das das condigoes
condições ao~ so-
cioeconómicas), ao mesmo tempo em que a sabota (negando
cioeconomicas), ao mesmo tempo em que a sabota (negando
aos
aos pais
pais aa possibilidade
possibilidade dc de passar
passar maismais tempo
tempo com com os os filhos;
filhos;
impondo
impondo um um estresse
estresse intoleravei
intolerável aos aos casais
casais nana medicla
medida em em queque
eles se
eles se tornam
tornam a a fonts
fonte exclusiva
exclusiva de de console
consolo afetivo
afetivo um um para
para com
com
0o outro).
outro).
De acordo
De acordo com com o o economista
economista marxistamarxista Christian
Christian Marazzi,
Marazzi,
pode-se conceder
pods-se conceder uma uma datadata bem
bem especifica
específica para
para aa mudanqa
mudança do do
fordismo para o pós-fordismo: 6 de outubro de 1979. Foi nes-
fordismo para o pés-fordismoz 6 de outubro de 1979. Poi nes-
sasa data
data queque o0 FED,
FED, banco
banco central
central dos Estados Unidos,
dos Estados Unidos, aumena
aumen-
tou
tou aa taxa
taxa de de juros
juros em em 20 20 pontos,
pontos, preparando
preparando terreno
terreno parapara aa
economia centrada
economia centrada na na oferta
oferta [supply~s:'de
[supply-side economics],
economics], que que hoje
hoje
$1
constitui aa “realidade
constitui “realidade economica”
econômica” na na qual
qual estamos
estamos imeraos.
imersos. OO
aumento
aumento serviuserviu nãonao sóso para
para conter
comer aa inflação,
inflaqéo, mas mas também
também pos- pos-
sibilitou
sibilitou umauma novanova organização
organizaqao dos dos meios
meios de do produção
produgao ee dis- dis’
tribuição.
tribuiqéo. AA rigidez
rigidez da da linha
linha de do produção
prodogao fordista
fordista deu den espaço
espagio
aa uma
uma nova
nova “flexibilização”,
“flexibiliza¢ao”, um um termotermo de de dar
dar calafrios
calafrios na na espi-
espi»
nha
nha dedc qualquer
qualquer trabalhador
trabalhador hoje hoje em em dia.
dia. Essa
Essa flexibilização
flexibilizaqao foi fol
definida
definida por pox‘ uma
uma desregulamentação
desregulamentagéo do do capital
capital ee do do trabalho,
trabalho,
com
com aa força
forqa dede trabalho
trabalho sendo
sendo precarizada,
precarizada, “casualizada”*
“casualizada”” (um (um
aumento
aumento no no número
nfunero de de trabalhadores
trabalhadores empregados
empregados em em regime
regime
temporário)
temporario) ee terceirizada.
terceirizada.
Assim
Assim comocomo Sennett,
Sennett, Marazzi
Marazzi reconhece
reconhece que que asas novas
novas con-
con-
dições
diqoes tantotanto emergiram
emergirarn quanto quanto requerem
requerem uma uma crescente
crescente ci- ci-
bernetização
bernetizagéo do do ambiente
ambient: de de trabalho.
trabalho. AA fábrica
fébrica fordista
fordista eraera
cruelmente
cruelmente divididadividida entre entre trabalhadores
trabalhadores de do colarinho
colarinho azul azul
(trabalhadores
(trabalhadores manuais)manuais) ee colarinho
colarinho branco,
branco, com com os os diferen-
diferen~
tes
tes tipos
tipos de de trabalho
trabalho delimitados
delimitados na na própria
propria estrutura
estrutura física
fisica do
do
prédio. Ao trabalhar em ambientes barulhentos, supervisiona-
prédio. Ao trabalhar em amb-ientes barulhentos, supervisiona-
dos
dos porP01’ dirigentes
dirigentes ee administradores,
administradores, os os funcionários
funcionarios apenas apenas
tinham
tinham acessoacesso àit linguagem
linguagem nos nos intervalos,
intervalos, nos nos banheiros,
banheiros, ao ao
final do expediente, ou quando se envolviam em sabotagem --
final do expediente, on quando se envolviam em sabotagem
uma
uma vez vez que
que aa comunicação
comunicaqiio interrompia
interrompia aa produção.
produgfio. Mas Mas nana
era
era pós-fordista,
pos-fordista, quando quando aa linhalinha de de montagem
montagem transforma-se
transforma-se
em
em “fluxo
“fluxo de de informação”,
informaoao”, éé comunicando
comunicando que que se se trabalha.
trabalha.
Conforme
Conforme ensina ensina Norbert
Norbert Wiener,
Wiener, comunicação
comunicaqao ee controle controls: sese
envolvem
envolvem mutuamente.
mutuamente.
Trabalho
Trabalho ee vida vida tornam-se
tornam-so inseparáveis.
inseparéveis. OO capital
capital tete acom-
amm-
panha até nos sonhos. O tempo para de ser linear, torna-se ca-
panha até nos sonhos. O tempo para de ser linear, tornzvse caa
ótico,
otico, fragmentado
fragmentado em em divisões
divisoes puntiformes.
puntiformes. Na Na medida
medida em em
que
que aa produção
produqao ee aa distribuição
distribuigio são sao reestruturadas,
reestruturadas, também também éé
-
Z

*’° ~.N. da
da g.:no
2.: no original
original caswatized,
casuaii:-zed, que
que tem
tern como
como significado
significado aa mudança
mudanoa
de
do contratos
contratos dedo trabalhos
trabalhos regulares
regulares para
para prestações
prestaqoes ocasionais
ocasionais de
dc
serviços e contratos temporários de curta duração.
serviqos e contratos temporérios do ctirta duragao.

62
reestruturado o o sistema
reestruturado sistema nervoso.
nervoso. Para Para funcionar
funcionar com com eficiéncia
eficiência
como
como um um componente
componente do do modo
modo de dc produção
produgéo just-in-time
just-iwtime [por [por
demanda],
demanda}, éé necessário necessério desenvolver
desenvoiver uma uma capacidade
capacidade de de res-
res~
ponder
ponder aa eventos eventos imprevisíveis,
imprevisiveis, éé preciso
precise aprender
aprender aa viverviver em em
condições
condiagoes de do total
total instabilidade,
instabilidade, de do “precariedade”,
“precariedade”, para para usar
usar
um
um neologismo
neologismo horroroso.
horroroso. Períodos
Periodos de de trabalho
trabalho alternam-se
alternam~se
com
com dias dias de
de desemprego.
desemprego. De De repente,
repented, você
vocé sese vê
vé preso
preso em em umauma
série
série de dc empregos
empregos de do curto
curto prazo,
prazo, impossibilitado
impossibilitado de dc: planejar
pianejar
o0 futuro,
futuro.
Tanto
Tanto Marazzi
Marazzi quanto
quanto Sennett
Scnnett assinalam
assinalam que que aa desintegra-
desintegrzr
ção
Q50 dos dos padrões
padroes estáveis
estéveis dede trabalho
trabalho sese deu,
den, emem grande
grande medida,
medida,
pelo
pelo desejodesejo dos
dos próprios
proprios trabalhadores
trabalhadores --— foramforam os os trabalhado-
trabalhado~
res
res que,
que, comcom toda
toda razão,
razéo, não
nio quiseram
quiseram mais mais trabalhar
trabalhar na na mes-
mes-
ma
ma fábrica
fébrica porpor quarenta
quarenta anos.
anos. DeDe diversas
diversas maneiras,
maneiras, aa esquer-
esquer~
da
da nuncanunca sese recuperou
recuperou da da rasteira
rasteira queque oo capital
capital lhelhe passou
passou ao ao
mobilizar
mobilizar ee metabolizar
metabolizar o0 desejo
desejo de dc emancipação
emancipaqio frente frente àé roti-
roti~
na
na fordista.
fordista. Especialmente
Especialmente em em países
paises como
como o0 Reino
Reino Unido,
Unido, asas
representações
representagoes tradicionais
tradicionais da da classe
classe trabalhadora
trabalhadora -- sindicatos
sindicatos
ee lideranças
liderangas operárias
operérias -— encontravam
encontravam no no fordismo
fordismo grandegrande con-
con-
veniência;
veniéncia; ao ao estabilizar
estabilizar o0 antagonismo,
antagonismo, oo fordismo
fordismo reservava
reservava à£1
direção
diregfio sindical
sindical um um papel
papel garantido.
garantido. Mas Mas isso
isso fez
fez com
com queque fosse
fosse
fácil para os porta-vozes do capital pós-fordista se apresenta-
fécil para os porta-vozes do capital pos-fordista se apresenta~
rem
rem comocomo oposição
oposiqéo ao ao status
status quo,
qua, bravamente
bravamente resistindo
resistindo contra
contra
aa inércia
inércia do do trabalho
trabalho organizado,
organizado, despropositadamente
despropositadamente inves- inves-
tido
tido em em um um infrutífero
infrutifero antagonismo
antagonismo ideológico
ideologico que que serviria
serviria
apenas
apenas aos aos propósitos
propositos dos dos líderes
lideres sindicais
sindicais ee dos
dos políticos,
politicos, mas mas
que
que faziam
faziam muito
muito pouco
pouco para
para superar
superar as as expectativas
expectativas da da classe
classe
que
que supostamente
supostamente deviam deviam representar.
representar. OO antagonismo
antagonismo agora agora jájé
não
nio está esté mais
mais localizado
Iocalizado externamente,
externamente, no no embate
embate entre entre blo-
bio»
cos
cos de de classes,
classes, mas
mas internamente,
internamente, na na psicologia
psicologia do do trabalhador,
trabalhador,
que,
que, como
como trabalhador,
trabalhador, está esté interessado
interessado no no conflito
conflito de do classes
classes
éà moda
moda antiga,
antiga, mas
mas que,
que, sendo
sendo acionista
acionista de de um
um fundo
fundo de de pen-
pen»
são,
séo, está
esté também
também interessado
interessado em em maximizar
maximimr os os ganhos
ganhos de seus
de sens
63
r.
I
1
investimentos, Nio
investimentos. Não hé
há mais
mais um
um inimigo
inimigo externo
externo identificável.
identificzivel.
Como
Como consequência,
consequéncia, Marazzi
Marazzi argumenta
argumenta que
que os
os trabalhadores
trabalhadores
pós-fordistas
pés-fordistas são sio como
como oo povopovo judeu
judeu do do Antigo
Amigo Testamento,
Testamento,
logo
iogo após
apés terem
terem deixado
deixado aa “casa
“casa da
da escravidão”:
escravid€io”: libertos
iibertos de uma
do uma
sujeição
sujeiqzio à£1 qual
qua] não querem mais
niio querem mais retornar,
retornar, mas mas também
também aban- aban-
donados,
donados, perdidos
perdidos no no deserto,
deserto, confusos
confusos quanto quanto ao so caminho
caminho aa
se
se seguir,
seguir.
Esse
Essa conflito
confiito psicológico
psicoiogico furioso,
furioso, interno
intemo ao ao indivíduo,
individuo, não nfio
poderia
poderia deixar
deixar de do produzir
produzir suas suas baixas.
baixas. Marazzi
Marazzi pesquisa
pesquisa as as
§
conexões entre o aumento da bipolaridade e o contexto do
conexées entre 0 aumento da bipolaridade e 0 contexto do
pós-fordismo, Se
pés-fordismo. Se aa esquizofrenia,
esquizofrenia, conforms
conforme afirmam afirmam Deleuze
Deleuze
e<2 Guattari,
Guattari, éé aa condição
condigéo que que demarca
demarca os os limites
Iimites exteriores
exteriores do do
capitalismo, o transtorno bipolar é a patologia mental própria
capitalismo, o transtorno bipolar é a patologia mental propria
ao
ao “interior”
“interior” do do capitalismo.
capitalismo. Com Com seus sous incessáveis ciclos de
incesséveis cicios de
auge ee dopressiio,
auge depressão, oo capitalismo
capitalismo é. é, emem si,si, fundamental
fundamental ee irre- irre-
i dutivelmente bipolar,
dutivelmente
controlada (a
controlada
bipolar, uscilando
(a exuberéncia
oscilando entre
exuberância irracional
entre aa exci'tm;s'io
irracional das
excitação maniaca
das “bol.has")
maniaca in-
“bolhas”) ee quedas
in-
quedas
depressivas (0
depressivas (o termo
termo “depressão
“depressio econômica”
economica” não nfio éé ixà ma).
toa). OO
capitalismo alimenta
capitalismo alimenta ee reproduz
reproduz as as oscilagées
oscilações de do humor
humor da da
população em um nível nunca antes visto em outro sistema
populagéo em um nivei nunca antes visto om outro sistema
social,
social. Sem
Sam delírio
deiirio ee uma
uma boaboa dose
dose de de confiança
confizmgta cega, saga, oo capital
capitai
não
nio poderia
poderia funcionar.
funcionar.
Parece
Parece que
que comcom oo pós-fordismo
pés»fordismo aa “praga “pmga invisível”
invisivei” de desor-
doe ciesor»
dens
dens psiquiátricas
psiquiétricas ee afetivas
afetivas que
que temrem se so alastrado,
aiastrado, silenciosa
siienciosa ee
furtivamente, descie
furtivaznente, desde mais
mais ou menos 1?»3o
on memos 1750 {nu (ou seja,
seja, 0 o inicio
inicio dodo
capitalismo industrial},
capimiismo industrial), encontrou
encontrou um um nova
novo pontopotato dedo agudiza-
agudiza-
ção. Aqui
géa. Aqui o o trabzdho
trabalho dc: de Oliver
Oliver James
James éé paxtiwiarsxxente
particularmente rele» rele-
vante. Elm
vante. Em The
The selfish
selfish capitalist,
capitalist, James
James aponta
aponta para para szidgnifidcativos
significativos
aumentos nos
aumentos nos inciices
indices dede “transtomos
“transtornos psiquicos”
psíquicos” ao ao bongo
longo do de 25
25
anos e informa que
anos e infarnm que
segundo
segundo aa major
maior pane
parte dos
dos critérios,
critérios, asas taxas
taxas dede transtomos
transtornos ti-ti~
veram
veram um um aumento
aumento de quase 1oo%
de quase 100% entre
entre asos nascidos
nascidos em 1946
em 1946
(trinta
(trinta ee seis
seis anos
anus em 1982) e
em 1982) é 1970
1970 (trinta
(trinta anos
anos emem 2000).
zoom). Por
Por
exemplo:
exemplo: enquanto
enquanto 16%16% das
das mulheres
mulheres de do trinta
trinta ee seis
seis anos em
anos em
1982 reportaram
1982 reportaram "problemas
“problemas com com os
os nerves,
nervos, tristeza
tristeza ou
on depres-
depres~~
são”
séo”, em
em 2000
zoos essa
essa taxa
taxa era
era de 29% entre
de 29% entre aqueias
aquelas com
com trinta
trinta anus
anos
(nos homens, os
(nos homens, os dados
dados foram
foram de
de 8%
8% em
em 1982
1982 €e 13%
13% em
em 2000)!
20001“

Outro
Outro estudo
estudo britânico
briténico citado
citado por
por James
Iames compara
compara níveis
niveis de
de
morbidades
morbidades psiquiátricas
psiquiétricas (termo
(termo que que engloba
engloba depressão,
depresséo, fobia
fobia
ee sintomas
sintomas neuróticos)
neuroticos) em em pesquisas
pesquisas realizadas
realizadas entre
entre 1977
19y7 ee
1985.
1985. “Enquanto
“Enquanto em em 1977
1977 Osos casos
cases eram
cram reportados
reportados por por 22%
22%
dos
dos entrevistados,
entrevistados, em em 1986
1986 esse
esse número
mimero subiu
subiu para
para 31%,
31%, qua-
qua»
sese um
um terço
teroo da
da população”.
populaoéo”. UmaUma vez vez que
que essas
essas taxas
taxas são
$510 muito
muito
maiores
maiores em em países
paises que
que implementaram
implementaram o0 que que James
James chama
chama de de
capitalismo
capitalismo “egoísta”
“egoista” do
do que
que em em outras
outras nações
naqoes capitalistas,
capitalistas, aa hi-
hi~
pótese
potese levantada
levantada pelo
pelo autor
autor éé aa dede que
que as
as políticas
politicas ee aa cultura
cultura
do
do capitalismo
capitalismo egoísta
egoista (isso
(isso é,é, neoliberalizado)
neoliberalizado) seriam
seriam culpadas
culpadas
pelo
pelo fenomeno. Em particular, James atenta para a forma como
fenómeno. Em particular, James atenta para a forma como
oo capitalismo
capitalismo egoísta
egoista infla
infla

tanto
tanto asas aspiracóes,
aspiraooes, quanto
quanta asas expectativas
expectativas de
de que
que elas
alas possam
possam sese
cumprir.
cumprir. (...)
(...) Na
Na fantasia
fantasia da
da sociedade
sociedade empreendedora,
empreendedora, fomenta-
fomontzv
-se
-se aa ilusão
ilusio de
dc que
que qualquer
qualquer um um pode
pode ser
ser Alan
Alan Sugar
Sugar ouou Bill
Bill Ga-
Ga»
tes,
tes, independente
independents do do fato
fate de
de que
que aa probabilidade
pmbabiiidade real
real de
do algo
algo as-
as-
sim
sim ocorrer
ocorrer temmm diminuído
diminuido desdedesde aa década
década de
de 1970
1970 ~- uma
uma pessoa
pessoa
nascida
nascida em em 1958
1958 tinha
tinha muito
muito mais
mais chances
chances de
do ascender
ascender na na escala
escala
social
social (através
(através da
da educação,
educaoio, por pol’ exemplo)
example) do
do que
que uma
uma nascida
nascida emem
1970.
1970. Das Das toxinas
toxinas do do Capitalismo
Capitalismo Egoísta,
Egoista, aquelas
aquelas mais
mais nocivas
nocivas
ao
ao bem-estar
bem-estar são séo asas que
qwe sistematicamente
sistematicamente encorajam
encorajam aa ideia
ideia de
de

1
um

32“ James,
James, Oliver.
Oliver. The
“flue selfish
se{fish capitalist:
capitalist: origins
origins of affluenza, 2008.
ofegfiluenza, 2008.
que abuzmdéxzcia
que abundância material
materiai éé aa chave para 21a realização,
shave para reaiizagéo, que apenas
que apenas
os
os ricos
ricos são
siio vencedores
vencedores ee que
que oo acesso
acesso ao topo está
ao topo esté aberto para
aberto para
qualquer um
quaiquer um disposto
disposto aa tmhaihar
trabalhar duro,
duro, nio não ievando
levando em
em coma
conta 0o
ambiente
ambienre familiar,
familiar, étnico
émico ouou social
sociai -- sese você não for
vocé néo for hem
bem weedi-
sucedi-
do, oo sfmico
do, único que
que pode
pode ser culpado éé vocé
ser cndpado você me<~.:mo.”
mesmo,”

As suspfiitas
As suspeitas dc
de }amcs
James sobre
sobre aspirações,
aspiraooes, expectativas
expectativas ee fantasias
fantasias
adequam-se
adequam-so às£12; minhas
minhass observações
observagées do do que
que tenho
tenho chamado
chamado
“hedonia
“hedonia depressiva”
depressiva” na na juventude
juventude britânica,
briténica.
ÉE revelador
revelador que,
que, nesse
nesso contexto
contexto dede crescentes
crescentcs taxas
taxas do de do»
do-
enças
engtas mentais,
mentais, oo “Novo
“Novo Trabalhismo”
Trabalhisnao” [de[do Tony
Tony Blair],
Biair}, tenha
tenha sese
comprometido,
comprometido, para para seu
seu terceiro
terceidro mandato,
mandato, aa remover
rernover pessoas
pessoas
do
do auxílio-doença,
auxiliwdoenoa, insinuando
insinaando que que muitos,
muitos, senão
semio aa maioria,
maioria,
dos
dos seus
sens beneficiários
beneficiérios são $50 fraudadores.
fraudadores. NãoN510 seria
seria ilógico,
ilogico, en-
en~
tretanto,
tretamo, concluir
concluir que
que aa maioria
maioria daqueles
daqueles que
que oo solicitam
solicimm ~— ee
se tram
so trata de
de mais
mais dedc: dois
dois milhões
milhoes de de pessoas
pessoas --- são,
sio, na
na verdade,
verdade,
vítimas
vitimas dodo capital.
capital. Uma
Uma parte
parte significativa
significativa dos
dos requerentes,
requerentes, por por
exemplo,
exempio. são séo indivíduos
individuos transtornados
transtornados psicologicamente
psicologieamente pela pela
insistência realista
insisténcia realisia capitalista
capitalista de
dc que
que setores
setores industriais inteiros,
industriais inteiros,
como aa expiora<;€1o
como exploração das das minas,
minas, niio
não szio
são mais
mais eaonomicamente
economicamente
viáveis -- rnoszno
viévois mesmo sose considerado
considerado em
em termos
termos brutalmonts
brutalmente econé»
econô-
micos, os
micos, os argumemos
argumentos sobre
sobre aa “viabi.lidade”
“viabilidade” séo
são pouco
pouco convin»
convin-
centes, ainda
centes, ainda mais
mais sose ievarmos
levarmos em em coma
conta oo custo
custo para
para as
os con~
con-
tribuintes das
tribuintes das pensoes
pensões pot
por inczapacidade
incapacidade ee beneficios
benefícios similares}.
similares).
Muitas estmturas
Muitas estruturas {psiquicm
(psíquicas, incluséve}
inclusive) coiapsaram
colapsaram dizmte
diante d21S
das
condições terriveinaente
cond_iz;6es terrivelmente insniveis
instáveis dodo pésiordismo.
pós-fordismo.
A ontologia
A antologia hoje
hoje dominante
dominante meganega aa possibiiiciade
possibilidade do de que
que
enfermidades psicoiogicas
enfermidades psicológicas tenham
tenham uma uma poasive!
possível origem
origem dode ma»
na-
tureza social.
tureza social. ()bvia.mente,
Obviamente, aa “bio-qui1nica¥i2a<;fio”
“bio-quimicalizacáo” dos dos dist1'xr~
distúr-
bios mentais
bios mentais éé estritamentc
estritamente proporcionai
proporcional Qà suasua despolitizagem.
despolitização.

* Idem.
3‘ idem,

66
Considerá-los um
C0n$ideré~10s problema quimico
um pmblrzma individual
biológico individual
químico ee bioiiagica
uma vantagem
éé urna enorme para
vantagem enorme Primeiramente,
capitalismo. Prirmairameme,
para 0O capitaiismu.
próprio sistema
do préprin sistema em
característica dc em direci onar
isso reforça aa caracteristica
isso reforga direcionar
uma ii'1d§lV§d1.1€i§iZ3(;§O
impulsos aa uma (se você
exacerbada (sc vocé nziu
individualização exacerbada não
seus impuisos
serus
bem, éé pot
está bem,
esté das reagéfis
conta das
por coma químicas do
reações quimicas do sen cérebro).
seu cérebm).
segundo lugar,
Em segundo
Em cria um
lugar, aria mercado enormemente
um mercado lucrativo
enormemente lucrative
para multinacionais
para desova
farmacêuticas desmrarenx
multinacionais farmacéuticas rem seus produtos
sews produtos
(podem
(podemosos re com nossos
curar com
te curar seletivos de
inibidores seletivos
nossos inibidores recapta-
de recapta»
de seroton
ção de
Q50 semtcmina), óbvio que
ina). EÉ ébvio doença manta}
toda doenqa
que toda uma
tem uma
mental ten":
isso néo
mas isso
gica, mas diz nada
não diz sobre aa sua
nada sobre causa.
sua causa
instância neuroló
instzincia neurolégica,
Se éé verdad
Se verdade que 24a depresséo
e que constituída pot
depressão éé constituida por baixos níveis
baixos niveis
de seroton
de scrotonina, ainda resta
que ainda
ina, o0 que explicado séo
ser explicado
resta aa set são as razões
as razées
pelas quais individ
pelas quais uos cm
individuos específ
em especifico ico apresentam tais niveis, 0O
aprese ntam tais níveis,
que requere
que requereria uma explica
ria uma explicaqfio político-social. A
ção politico-social. tarefa de
A tarefa re-
de re-
politiza r aa saúde
politizar mental éé urgente
safilde mental esquerda deseja
urgente sese aa esquerda desafiar
deseja desafiar
o0 capital ismo realista
capitalismo .
realista.
fato de
OO fato encontrarmos paralel
de encontrarmos paralelos crescimento de
entre 0o crescimento
os entre de
transtornos mentais
transtomos novos padrõe
os novos
mentais ee os padrées avaliação de
de avaliagio
s de desem-
de desem~
penho no
penho trabalho não
no trabalho nos surpree nde. É sobre essa
nio nos surprcende. E sabre essa questéo da questão da
“nova burocracia” que
“nova burocracia” nos detere
que nos deteremos seguir.
mos aa seguir.

eT
/

_ .=~,1~- 315;’--,,‘ ,.‘;...;_

4
. 51;.‘ - "
‘W ‘ 'IL1.
. _ '
Tudo que é sélido se desmancha
em relagées pfiblicas:
stalinismo de mercado e
antiprodugéo burocrética
O injustamenkek
£3 injustamente sui:»:2r;té111ad<s
subestimado Como enlouquecer sen
{,:l7;'1i{3‘ e:»zi0s,:z§z:¢?¢?:n=' seu chefe
cfzegfi
(1999),
£1999), fiima dirigidn pm Mike Judge, é uma pa"inz0m2:a ex-
filme dirigido por Mike Judge, é uma primorosa ex»
posição
pnsi§:é<s do
do ambiente
ambientc de trabalho mas
de traba3h\:> nas décadas
décadas dc de 1990
1,990 eQ’ 2000.
20%.
assim
assixn como
came Vivendo
V:'1/mzdn sa
ms corda
carda bamba
Emirrba (1978),
(1978), de
de Paul
Paui Schrader,
Schraaier,
que
que descreve
descrevc o0 mesmo
m<:sm0 nos
mm anos
anus; 1970.
19%;. Ao
A0 invés
invés do
dc) confron-
c1'mfn'm~
to
to entre
emre sindicalistas
sindicaiistas ee gerência
geréncia nas
nus fábricas,
fébricras, o0 fime
fihm: de
de Judge
}udg:2
mostra
mnstra uma
uma corporação
cc>rp<.>mq;é0 esclerosada
esc1er<>sada em
em sua “antiprodução” ad-
sua,“anti;vr0d1.1<;?1n”' ad»
ministrativa:
ministrativa: como, por exemplo,
<:on10,p0r exempio, quando
quando empregadosempregaclos recebem
rmxebmn
múltiplos memorandos de diferentes gerentes
nukltiplos memorandos dc difen;-mes gcmntes que comunicam que comunicam
exatamente
cxataznente aa mesma
mesma coisa.
coisa. Obviamente,
O{'7Vi&1I¥‘l(’!I\‘fi:‘, o0 memorando
menmrando diz diz res-
res~
peito
peito aa uma
uma prática
prética burocrática,
bumcréwtica, buscabusca gerar germ aceitação
aceitaqfio ài». nova
nova
política
poiitica da da empresa
ernpresa dedc colocar
cwlocar “capinha”
“¢:apinha" nos nus relatórios.
relatérios. Em Em
sintonia com
sintonia ethos do
cum 0o ethos smart” contemporâneo,
“ser srmzrt"
do “ser contmnporfaneo, 0 estilo o estilo
de
de gestão mostrado em
gestéo mosirado em Coma
Como enla:.zqum"err
enlouquecer 0o seu seu chejk
chefe éé uma
uma
mistura de
mistura de informaiidade
informalidade casual
casual ee zzutmitarisnm
autoritarismo silenciosasilencioso. ht-Ju-
dge mostra
dge mostra que
que rzzsse
esse mesmo
mesmo gerancialismo
gerencialismo reina reina mana franquia
franquia dc de
café que
cafe’: que as
os enmpregadns
empregados frequentam
frequentam para para relaxar.
relaxar. Lia,
Lá, exige-se
exige-se
que cada
que cada funci<méri0
funcionário custmnize
customize as os zmifurznes
uniformes mm com “sate
“sete pagas
peças
pessoais” (brushes,
pesscais” (broches, ade1'e<;0s,
adereços, remezndcss
remendos ee coisas
coisas ds
do iipca),
tipo), cmnn
como
forma de
forms de ex;)ressa:' sua “individuaiidadc
expressar sua criatividade”. uma
“individualidade ee criatividadiz“: mma
demonstração cczxxtxxzwciente
denmnstragéio contundente da da mamzira
maneira camcom qua
que “¢:riativi<§ade”
“criatividade”
ee “express§c>
“expressão pess<>ai"
pessoal” t0mara.n1~:se,
tornaram-se, rm na scxciezdacie
sociedade ds de <:m":fmi&,
controle,
algo intrinsecn
aigc» intrínseco is
às ativ‘ida»:§<2$
atividades de de trabalim.
trabalho.
Conforme aiertaram
Conforms alertaram auiwes
autores came
como Pacsie
Paolo ‘\»"irn<x
Virno, Yzxnn
Yann M(3t}~
Mou-
lier Boutang
iier Boutang ee nutres,
outros, hrajar
hoje err:
em dia,
dia, as
os trabsikzuinyc-:3
trabalhadores recebem
recebem
demandas nio
demandas não sf:
só pradutivzm,
produtivas, masmas Yamirsém
também zxfhivas.
afetivas. É pa1'%:§~
parti-
reveladora sacifiwrr
cularmente reveiad<;:ra
cuiarmente esses nevus;
sobre asses arranjos da
novos arrazxérys trabalho
do irazbaifiir

TA
aa tentativa
tentativa déde quantificar
quantificar gmsseiramente
grosseiramente essas
essas contribuigées
contribuições
subjetivas.
subjetivas. O O exxmpin
exemplo dos dos adereqos
adereços dosdos empregadus
empregados apon»apon-
ta para outro fenômeno: as expectativas ocultas
ta para outro fenémencr: as expectaiivas ocultas por trés cias por trás das
normas oficiais.
narmas oficiais. Joanna,
Joanna, uma
uma garqeimete
garçonete cia
da cafeteria,
cafeteria, coloca
coloca em
em
sua roupa
sua roupa asas exams
exatas sate
sete pcgas
peças pessoais,
pessoais, mas
mas éé advertida
advertida que,
que,
apesar de
apesar de sate
sete set
ser ojicialmerzte
oficialmente 0o bastante
bastante é,
é, rm
na verriade,
verdade, uma
uma
meta aa sex
meta ser superada
superada -- ou ou seria
seria ala
ela uma
uma funcionziria
funcionária queque “sci
“só fax
faz
0o indispensével”?
indispensável"?

-— Quer
-- Quer saber,
saber, Stan?
Stan? Se
Se vocé
você quer
quer que
que ea
eu use
use 37
37 pegas,
peças, per
por que
que
não me
nio me pede
pede pra
pra usar
usar 37
37 ee promo?
pronto? -- fcanna
Joanna reclama.
reclama.

— Bem
-~ Bem ~- responde
responde 0o gerente
gerente -- iembm
lembro de
de té-Ja
tê-la escutacio
escutado dizendo
dizendo
que gostaria
que gostaria de
de expressar
expressar mais
mais sua
sua individuaiidade.
individualidade.

O bastante
O bastante 1150
não éé mais
mais 0o sufmiente.
suficiente. Eis
Eis ai
aí uma
uma sindrome
sindrome fami~
fami-
liar ans
liar aos trabalhadores
trabalhadores que
que acabam
acabam descobrindo
descobrindo que
que receber
receber um
um
“satisfatório” em
“satisfat:f>ri0" em uma
uma avaliagfio
avaliação de de rendimento
rendimento jai já min
não éé mais
mais
i satisfatório. Em
satisfatério. Em diversas
diversas ixxstituiqées
instituições de de ensino,
ensino, per
por example,
exemplo, se se
um docente
um docente recebe
recebe esta
esta nota,
nota, por
por certo
certo seré
será obrigado
obrigado aa realizar
realizar
§r
um curso
um curso dede aperfeiquamentn
aperfeiçoamento antes antes da
da préxima
próxima avaliagéo.
avaliação.
O fato
fato que
que medidas
medidas burocréticas
burocráticas tenham
tenham se se irztenszficado
intensificado sobsob
>
O
1 governos nenliberais
govemos neoliberais que
que sese apresentarn
apresentam como como antibureeraiticos
antiburocráticos
a
»
, ee antiestalinistas
antiestalinistas pode,
pode, aa principis,
princípio, parecer
parecer urnum mistério.
mistério. No No
4
i entanto, viu-se,
entanta, viu-se, na
na prénica,
prática, proliferar
proliferar uma
uma nova
nova Emma
forma de de bu-é
bu-
I
rocracia —~- uma
mcracia uma burocracia
burocracia dos dos “objetivos”,
“objetivos”, dos
dos “resultados
“resultados es» es-
perados” das
parades”, das “dec1ara<;5es
“declarações de de principio”
princípio” -- anao mesmo
mesmo tempotempo em em
ii
que ganha
que ganha forga
força aa retériea
retórica neoliberal
neoliberal sabre
sobre 0o fimfim do
do comandu
comando
vertical ee cantralizado.
vertical centralizado. Pode
Pode parecer
parecer que
que essa
essa volta
volta da
da humera-
burocra-
‘i cia éé alga
atia algo assim
assim como
como umum returns
retorno dodo reprimido,
reprimido, ironicarnente
ironicamente
;
z
reemergindo no
reemergindo no coragéo
coração de de umum sistema
sistema queque jurou
jurou des£mi~l0.
destrui-lo.
is
Mas sen
Mas seu triunfu
triunfo nuno neoiiberalismn
neoliberalismo éé bem bem mais
mais que
que umum atavis~
atavis-
Q:
mo on
mo ou uma
uma anomalia.
anomalia.
1

‘F§ 72
M
1%
anteriormente, 11230 contradição ontre
há contradioéo
não hi: entre O
Como indiquei anteriormenter,
Como imliquei o
regulação: silo
administração e€ regulaofiloz
da adm.inistra:;éo são duas
“ser smart” ee 0
“set smart” aumento do
o aumento cluas
sociedade do
na sociedade de controls. Sennett ar-
Richard Senmrtt
controle. Richard
faces
foxes do trabalho no
do trabalho ar-
“achatamento” do piram
hierarquia piramidal
da lxiemrquia idal gerou,
gume
gmnenta nta queque 0O “achatamento” gerou,
vigilância sabre
maior vigilfincia sobre os trabalhadores. “Uma
os trabaihacloms. “Uma das
de
do fato, uma maior
fato, uma dos
a da nova organ izaçã o trabalho éé que
do trabalho que
afirm ações
afirmagées em
em defes
defesa da nova organizaqéo do
poder, isto
ntralizaria oo poder, isto é, permitiria fin";
é, permitiria às categorias in-
ela desce
ela descentralizaria categorias. in»
controle sabresobre as as préprias escreve
atividades"?, escrove
próprias atividaclazsm,
ferior
feriores maior controla
es maior
“Certamente tram-so trata-se de de uma falsa, em função
ideia falsa,
uma ideia
Senne
Sennett.tt. “Cert-amente em funcgzfxo
utiliz adas para dispe rsar os velho s dinossauros
das técni
das cas utilizadas para dispersar os velhos dinossauros
técnicas
sistemas de
novos sistemas
Os novos informação fornecem
de informa<;5.o fornecem um
da buroc
da racia. Os
burocracia. um
izacional aos administradores de
aos administradores de alto
amplo pano
amplo rama organ
panorama organizational alto
indivíduos -—— em qualquer lugar
em qualquer que estejam
lugar que?
escalã
escalio, dando aos
o, dando aos individuos ostejam
espaç o para se esco nder ” A quest ão é que
nessa rede -~ pouco
nessa rede pouco espaqo para se esconder”? A questio é que I

informação não foi aa única coisa que garantiu aos


que garantiu
tecno logia da
tecnologia da informagio néo foi (mica coisa aos
: aa própr ia quant idade de da-
geren tes melho
gerentes melhor acesso 205
r acesso aos dados
daclos: propria quamidade cle da~
sivamente. EE muita “informação” é
dessa “informa<;fio” \
dos aume
dos ntou explo
aumentou explosivamente. muita dessa é 1

ios traba lhadores. Mass imo De De Angelis


produ
produzida pelos própr
zida pelos proprios trabalhaclores. Massimo Angelis
e descr algumas das
evem algumas burocráticas
medidas burocréticas
das medidas
David Harvi
ee David Harvie descrevem
te dodo ensino superior dove
ensino superior cumpr
deve cumprir ao ir ao ministrar
que um
que um docen
docente ministrar
lo inicial em instituições do Unido.
Reino Unido.
do Reino
um módu
um modulo inicial em instituiqoes

módulo (que:
de modulo
líder do professor)
dizer, oo professor)
(quer clizer,
Para cada
Para módulo oo lider
cada modulo
formulários, em partic
em particularular a “espec ifica-
deve
cleve preencher diversos formulzirios,
preencher diversos a “eapecificw
início do curso) no
do (torso) na qual consta,
qual consta, dentre ou-
Q50 do modulo”
ção do no inicio
(já no
módulo” (jix dentre on»
esperados ao
“resultados esperaclos
metas”, “resultados ao longo do
tros items,
tros “objetivos ee metas“,
itens, “ohjetivos longo do
dizag em” e “méto dos de avalia ção”, entre outras
proce sso
processo de
de apren
aprendizlagenf’ e “mértodos ale avalia<;éo", centre outras
o curso, em uma “revis ão do módul o”, avalia-
informações; apos
inlorma<;6es; após 0 ourso, em uma “reviséo do xnéxlulo", avalim
fracos do
fortes ee fracos periodo, com
do periodo, sugestões para
com sugestées para O ano
-se os
-se pontos Fortes
os pomos 0 amo

the personal consequences


-
l

3 Sonnet,
” Richard, The
Sennet, Richard. ofcharacter: {impersonalconsequmces
rrosion ofklmracter:
Thecocorwsion
of work in
ofwork the new
in the 1998.
capitalism, £998.
new capitalism,
34 ldeml
“ idem.
73
seguinte; seguéme
seguinte; segue-se um
um résumo
resumo <10jéedback
do feedback parpor pane
parte des
dos =;rstudan-
estudan-
tes,
tea, aa média
média gem}
geral do
do desempenho
desempenho dada sala
sala ee aa taxa
taxa de
de evaséa.”
evasão.

EE isso
issa éé 56
só 0o conaeqo.
começo. A0
Ao avangar
avançar para
para 0
o programa
programa compieto,
completo, 0 o
docente deverá entregar
decanter deveré entregar néio
não apenas
apenas 21a especifiaagizo,
especificação, masmas tam-
tam-
bém
bém relatórios anuais canteradn
reiatéricws anuais contendo “taxas
“taxas ole
de apmvax;:'a10",
aprovação”, “taxas;
“taxas de
de
abandono”,
abanduno”, ee um mapa de notas baseado em uma tabela de
um mapa de nmasa hzsseado em uma tabeia de ccm~
con-
ceitos.
ceims. Esse
Ease sistema de autovigilánc
sistema de ia éé complememado
autovigikincia complementado ;9eias
pelas
avaliações
avaliaagées efetuadas
efetuadas por
par autoridades
auwridacies externas.
externas. (T)
O rendiznenta
rendimento
dos
(ins alunos
alunas éé monitorado
monitmado pales
pelos “avaliadores externos” que
“ava1iadc2res externos’l que aw
su-
postamente
pcstamcznte devem
dwem manter
manter aa mnsisténcia
consistência ee padraxaizaqzicx
padronização dc:
de
todo
{eds o0 setor
sister universitário
universitério.. Os
Ox professores
prc>fes.~;ores devexn
devem ser
ser abservzv
observa-
dos
cios por
pm seus
sew; pares,
garés, enquanto
enquanm os
as departament
departamenias
os aim
são ssnbmetidos
submetidos
aa avaliações
avaiiaqfies periódicas
periédicas da cla Agência
Agéncia de de Garantia
Géarantia de Qualidade da
de Qualidade da
Educação
Iiducaqéc) Superior.
Superior." Caso
Case também
também conduzam
conduzam pesquisas,
pesqéuisas, aa cada
cada
quatro
quatro oumu cinco
cinco anos
anos os
as docentes
docentes devemdevem submeter
submeter suas
was “quatm
“quatro
melhores
nwlhores publicações”
publica4;6es” para
para apreciação
ap:"ecia<;§0 dos
dos participante
partiaipanws s dodo
Exercício de Avaliação de Pesquisa” (substituído em 2008 pelo
Exercicio de Avaliaqéo de Pesquisa" (substituéido em 2008 pelo
igualmente
igualmente controverso
contmverso Quadro
Quadro de de Excelência
Exceléncia de de Pesquisa)
Pesquisa}.“ *
De De Angelis
Angelis eer Harvie
Harvie deixam
deizmm claroclam queque essas
exsas são
3510 apenas
apenas des-
des.
crições
criz;€>es rápidas
répidas dede algumas
aigumas das das muitas
muitas tarefas
tarefas burocráticas
bum-créticas que que
acadêmicos
académicas são six) obrigados
obrigadss aa realizar;
reaiimr; todas
todas elas
alas decisivas,
decisivaa, por
per
exemplo,
exempln, para para a21 captação
captaqiw de(1% recursos.
recursos. EE de de forma
fnrnza alguma
alguma toda
toda
essa
essa bateria
batiaria de
dc procediment
pmcedimentos os burocráticos
bumr;raitic0s éé limitada
iimitada apenas
agrznas
2:à vida
vida universitária
universitziria ou
nu aoan setor
setoa” da
da educação:
educagzio: outros
cutms serviços
servi<;os

um
I

* De
” De: Angelis, Massimo ee Harvie,
Axlgelia, Mfififliiflfi Harvie, ilavid. “Cognitive capitaiism’
David. “Cognitive capitalism
and the rat-race: how capital measures immateríal iabour
and the rat/-race: haw capital mm-usures immateriai labour in british
inbritish
universities”.
universitiiss”. Em Em Historical
Histariazl Materialism
Zviatfirialism 17.
1?. Brill,
Briil, 2009.
2009.
.3‘ *N. “da E Quality
Quaiity Assurance
Assurance Agency
Agency for
for Higher
Higher Education
Edslcation (QAA).
(aaa).
*" N.- dada £.:
15.; Research
Research Assessment
Assessment Exercise,
Exercise.
2%3‘ N.
ou, da
da E:
22.: Research
Research Excellence
Exceiiremte Framework,
Framewnrk.

74
públicos
pixbiices, , da safzcie ixà forqa
da saúde policial, encontram-se enredados
força p01iciaLenc0ntmm~se enredados par por
burocráticas do
metástases bumcréticas
nxetéstases tipo.
do tipo.
em parte,
é, em consequência da
parte, aa cunsequéncia inerente cie
resistência inereme
da resisténcia de
Isso é,
issa
processos ee servigosserviços éà merca<§0rim<;é0" " (aliás,
mercadorização {aiiés a prépria a própria
certos pmcessas
uerms
de tratar a educaçã o como um orientado para
sistema orientado
um sistema para
tentativa
tentativa dc tratar a educagéo comm
sustenta-se em
mercado sustentzvse
0o mercadn em umauma emalogia confusa ainda
analogia confusa pouco
ainda pouco
seriam alunos consumi
alunos consumidores dores de um serviço ou
desenvolvida: seriam
desenvolvidaz de um servign on
produto?). Em
próprio prodmté’).
seu préprio
seu Em sua mercado
idealizada, 0o mercado su~
forma idealizada,
sua forma su-
postame
postamente deveria garantir trocas
nte deveria garantir trocas “sem atrito”, “sem meio das
por meio
atrito”, par das
quais os
quais desejos dos
os desejos dos ctonsumidores seriam diretam
consumidores seriam dirretamente :~;zu_<ia- ente sacia-
dos sem
dos necessidade de
sem aa necessidade intervenção cm
de intervenqéo mediação dc
ou mediaqiio agências
de agéncias
regulado
reguladoras. ras. No insistência em
entanto, 21a insisténcia
N0 entanto, em avaliar desempenho
avaliar 0o desempenho
dos trabalha dores, ee mensura r formas de trabalho que sicsão pmpor
dos trabalhadores, mensurar formas de trabalho que
natureza refratári as à51 quantifi inevita
cação, inevitavelmente velment e acabou
natureza refratérias quantificac;é0, acabou
por gerar novas
por gerar camadas dc
novas camadas gerenciamento. O
burocracia ee gerenciamento.
de burocracia que
O que
ção direta rendimentos ou
dos rendinwntos de-
ou de-
temos não
temos néo éé uma uma compara
comparaqéo direta dos
os dos dos trabalha dores, mas sim uma compara ção en-
sempenh
sempenhos trabalhadores, mas sim uma comparaqfixo en~
tre represen
tre auditadas de
tações auditadas
representagées desempenho on
de desempenho ou rendimento. EÉ
rendime nto.
assim que
el assim que ocorra curto-circuito: 0O trabaiho
um curtu-circuitoz trabalho passapassa
inevitáv
inevitével ocorra um
aa ser orientado para
ser orientado (e manipul ação)
geração (e manipu1a<;:i0) das represen-
para aa geraqéo das represen -
que parapara as objetivos oficiais
os nbjetivos do próprio
oficiais do préprio tra~ tra-
taqfies mais
tações mais do do que
a gerar, mais do
Começa a gerar, mais do que 0 trabalhn emque o trabalho em si, todo um
si, todo um
balho.
balho. Comega
sistema dc
sistema manipulação cle
criação ee manipulagéo
de criagfica representações. De
de representagées. De fato,
fats;
um antropológico sohre
estudo antropolégico
um estudo sobre aa adminiatracgilu local
administração local n0 Reina no Reino
que “mais
identificou que esforço éé feiio
“mais esforgo para assegurar
feito para que
assegurar que
Unido identificou
Unido
serviços oferecidos
os serviqas
05 por uma
oferecidos por local se}a.m
autoridade Inca}
uma autoridacie repre-
sejam reprze»


1

’° 9. da
39 N. marketization. O
original rnarketizaiiww.
no ariginal
da E: no termo se
O terma um processo
refere 21a um
se refere processo
que permite que as empresa s estatais operem como
reestruturação que permits que as empresas estatais uperem como
de reestrmaturaqio
do
para U0 mercado,
orientadas para alterando 0o ambiente
mercado, akerancio em
legal em
ambiente iegai
empresas mientadas
empresas
alcançado através
Ísso éé ahangado redução de
da redu<;:'u>
através da de subsidies estatais,
subsídios esiatais,
operam. isso
que opcram.
que
da adminis tração (corpor atizaçã
organizacional eia admmistraqéo (c0rp<>1'atiza<;€m), o),
reestruturação organizacicmal
!“B€S{fUI\lT'21§i()
descentralização e, em
descentraiizaqéo alguns cases,
em aiguns parcial.
privatização parciai,
casos, privatizagéo
75
sentados corretameme
sentados corretamente do do que
que para
para melhorar
melhorar concretamente
concretamente
tais
tais serviços”, Essa inversio
servigos”. Essa inversão de prioridades éé um
de prioridades um dos
dos principais
principais
sintomas do que, sem exagero algum, pode ser caracterizado
sintomas do que, sem exagero algum, pode set caracterizado
como
como “stalinism
“stalinismoo de mercado”. O
de mercado”. O que
que 0o capitalismo
capitalismo tardio
tardio re»
re-
pete
pate do
do stalinismo
stalinismo éé justamente
justamente aa valorizaqéo
valorização dos símbolos do
des simbolos do
resultado,
resuitado, emem detrimento
detrimento do do resultado
resultado efetivu.
efetivo. Como
Como expiicou
explicou
Marshall
Marshall Berman
Barman ao an descrever
descrever 0o pmjeto
projeto dodo canal
canal entre
entre 0o Mar
Mar
Branco
Branco ee o0 Mar
Mar Báltico
Béltico que
que Stalin
Stalin iniciou
iniciou emem 1931:
1931:

Stalin empenhowse
Stalin empenhou-se em em criar
criar um
um simbola
símbolo tic
tão visivel
visível dc
de desenvob
desenvol-
vimento
vimento que distorceu ee amputau
que distorceu amputou 0 o pmjeto
projeto aa ponto
ponto de retardar
de retardar
aa realidade
realidade desse mesmo desenvolvimento, Por isso,
ciesse mesmu desenvoivimento. Per isso, operérios
operários ee
engenheiros jamais tivemm
engenheiros jamais tiveram 0o tempo,
tempo, 0o dinheiro
dinheiro eeo0 equipamento
equipamento
necessários
necessérins para
para construir
coustruir umum canal
canal fundu
fundo ee segum
seguro 0 o suficiente
suficiente
para
para o0 tráfego
tréfego das
das modernas
modemas embarcaçõe
embarcawes s do século xx; ém
do sécuiu xx; em con‘
con-
segiiência,
seqiiéncia, o0 canal
canal nunca
nunca chegou
chegou aa desempenha
desempenhar r umum papel
papal rele»
rele-
vante
vantc no
no comércio
comércio ee na
na indústria
indlistria soviéticos.
soviéticos. Tudo
Tudo e0 que
que oo canal
canal
pôde
péde acolher,
acolher, aparentemen
aparentemente, foram barcaças
te, foram barcagas turísticas,
turisticas. que
que nos
nos
anos
anus 3031> singravam
singravam suas
was águas,
éguas, repletas
repletas de
de escritores
escritores soviéticos
soviéticos ee
estrangeiro
estrangeims s forçados
forqados aa proclamar
proclamar as as glórias
giérias dada obra.
obra. OO canal
canal foi
{oi
um
um triunfo
triunfo dedc publicidade
puhlicidade;; todavia,
mdavia, sese metade
metade do do empenho
empenho des-des~
pendido
pendido na na campanha
campanha de de relações
relagées públicas
pfiblicas tivesse
xivesse sido
side empre-
empre-
gado no trabalho propriamente dito, teria havido muito menos
gado no trabalho prdpriarnenta dim, teria haviclo muito menas
vítimas
vitimas ee muito
muito mais
mais desenvolvi mento real
desenvolvimenm real -- ee o0 projeto
projeto teria
teria sido
side
uma
uma genuína
genuina tragédia,
tmgédia, não
nio uma
uma farsa
farsa brutal
brutal emem queque pessoas
pesmas de dc
verdade
verdade foram
foram mortas
mortas por
por pseudo-eve
pseudweventos.“
ntos.º

Em uma
Em uma esquisita
esquisita espécie
espécie de
de compulséo
compulsão 5à repetiqéo,
repetição, 0o governo
governo
do
do Novo Trabalhismo de
Novo Trabalhismo de Tony Blair, ostensivamente antiestali»
Tony Blair, ostensivamente antiestali-
nista
nista ee neoliberal, mostrou aa mesma
neaiiberal, mustrou mesma tendéncia
tendência aa impiementar
implementar
ums
I

* Barman,
‘° Berman, Marshall.
Marshall. Tudn
Tudo 0o que
que éé sdlido
sólido desmancha
desmancha :10no ar:
ar: aa aventura
aventura
da modernidade. São Paulo: Companhia das letras, 1986.
dc: modemidade. S50 P211110: Campanhia das Ietras, 1986.

76
iniciativas cujos
inioiativas cujos efeitos reais no
efeitos reais mundo importam
no mundo importam apenas apenas na na
medida em
medida que se
em que registrem bem
se registrem bem no nível das
no nivel aparências (e
das aparéncias re-
(e re»
lações
Laooes públicas).
pfiblicas). As
As notórias
notorias “metas”
“metas” que
que o
0 Novo
Nova Trabalhismo
Trabalhismo
entusiasmadamente procurou
entusiasmadamente procurou impor impor séo são umum caso caso para análise.
para anéiise.
Em um
Em processo que
um processo que se repete com
se repete previsibilidade quase
com previsibilidade quase den» cien-
tífica, onde
tifica, quer que
onde quer que seja implementado, as
seja implementado, as metas rapidamente
metas rapidamente
deixam do
deixam ser um
de ser um meio performance ee tomam-so
avaliar aa pztrformance
para avalimf
meio para tornam-se
finalidade em
aa finalidade em si. si, A ansiedade em
A ansiedade em tomotorno da queda no
da queda desem-
no desem-
penho escolar
penho agora esté
escolar agora presente até
está presente férias. B,
nas férias.
até nas entanto,
no entanto,
E, no
se os estudantes
so os estudantes de
de hoje
hoje em
em dia
dia se
se mostram
mostram menos
menus preparados
preparados
cultos em
ee cultos comparagiio aa seus
em comparação predecessores, isso
seus predeccssores, isso néonão se se <14 dá
por conta de
por conta de umum declínio
declinio na qualidade dos
na qualidade exames per
dos exames per se,se, masmas
sim ao fato
sim ao fato de
dc que
que na
na atualidade
atualidade todo
todo o
0 ensino
ensino está
esté orienta-
orienta-
quantitativamente as
cumprir quantitativamente
do aa cumprir
do metas. A
as metas. A obsessio estreita
obsessão estreita
em pontuar nos
em ponruar substitui um
exames substitui
nos exames engajamento mais
um engajamento mais amploamplo
com as
com ensinadas. De
matérias ensinadas.
as matérias De modo anélogo, hospitais
modo análogo, hospitais prio- prio-
rizam levar
rizam levar aa cabocabo um um grands número de procedimentos
grande niunero de procedimentos de de
rotina,
rotina, em em detrimento,
detrimento, por por exemplo,
exemplo, das sérias e ur-
cirurgias sérias
das cirurgias e ur-
gentes, pois
gentes, pois assim pontuam mais
assim pontuam mais nos pelos quais
critérios pelos
nos critérios quais S50 são
avaliados (quantidade
avaliados (quantidade de
dc operações,
operaqoes, taxas
taxas de
de sucesso
sucesso e
e redução
reduqéo
no tempo de
no tempo espera).
de espera).
Seria um
Seria equívoco considerar
um equivoco considerar ease stalinismo do
esse stalinismo mercado
de mercado
como um
como um desvio
desvio do
do “verdadeiro
“verdadeiro espirito”
espirito” do
do capitalismo.
capitaiismo. Ao
A0
contrério, éé mais
contrário, mais correto dizer que
correto dizer que uma dimensão
uma dimenséo essencial doessencial do
stalinismo foi
stalinismo inibida pox
foi inibida associada ao
estar associada
por estar político do
projeto politico
ao projeto do
socialismo, podendo apenas
socialismo, podendo plenamente na
emergir pkenamente
apenas emergir cultura do
na cultura do
capitalismo tardio,
capitalismo tardio, na qual as
na qual representações
as representaqoes adquirem uma adquirem uma
autônoma. O
força autonoma.
foroa modo como
O mode como 0 gerado no
valor éé gerado
o valor mercado
no mercado
depende menus
ações depende
de agoes
do menos do que uma
do que “realmente faz”,
empresa “realmente
uma empresa faz”,
muito mais
ee muito mais das e expectativas, sobre
percepções, e expectativas, sobre sua perfor-
das percepqoes, sua perfor-
(futura). No
mance (futura).
mance capitalismo, por
No capitalismo, tudo 0o que
dizer, tudo
assim dizer,
por assim que éé
sólido se
sélido se desmancha
desmancha em em relações
relagées públicas",
pziblicas“, ee essa onipresen-
essa onipresem
tete tendência
tendéncia à£1 produção
prcdugéo orientada
arientada és às relações
reiaqzfies públicas
pxiblicas éé uma
uma
característica definidora do capitalismo tardio tanto quanto aa
caracteristica defmidnra do capitalismo tardio tanto quanta
imposição
imposiqin de de mecanismos
mecanismos de de mercado.
mercado.
Nesse ponto,
Nessa ponto, aa elaboracgée
elaboração que que faz
faz Ziiek
Zizek acerca
acerca do do “grande
“grande
Outro” Iasaniamo
Outro” lacaniano éé dcde crucial
crucial importfmcia.
importância. OO grande grande Outro
Outro éé aa
ficção coletiva, aa estrutura
ficgtio coletiva, simbólica pressupusta
estrutura simbélica pressuposta em em todo
todo cam»
cam-
po
po social.
sacial. OO grande
grande Outro
Outro nunca
nunca éé encontrado
encontrado diretamente:
diretamente:
nos
nos confrontamos
confrontamos apenasapenas comcom seus
sens representantes
representantes (que (que nem
nem
sempre são figuras de autoridade). No exemplo do canal do
sempre $50 figuras de autoridade). N0 exemplo do canal do
Mar
Mar Branco,
Branco, nãonéo era
era Stalin
Stalin quem
quem atuava
atuava como cums representante
representante
do
do grande
grande Outro;
Gum); esse
esse papel
papel era
era muito
muito maismais dos dos escritores
escritores lo-lo~
cais
cais ee estrangeiros
estrangeiros cujo
cujo papel
papal era
era persuadir
persuadir aa todostodos dada glória
gléria do
dc»
projeto. Uma importante dimensão do grande Outro é que ele
projeto. Uma importante dimensrlio do grande Outro é que eie
não
mic éé onisciente;
onisciente; eer éé essa
essa ignorância
ignorimcia constitutiva
constitutiva que que permite
permite
que
que asas relagfaes
relações públicas
pfiblicas funcionem.
funcionem. De De fato,
fate, éé possivel
possivel definir
definir
0o grande
grands Outro
Outro como
como o0 consumidor
consumidor de de toda
toda as as relações
relaqées públi-
p1'1bli~
cas
cas ee propaganda,
propaganda, aa figura
figure. virtual
virtual àé qual
qua} se se requer
requer queque acredite
acredite
no
no queque nenhum
nenhum indivíduo
individuo poderia
poderia acreditar.
acreditar. Para Pam usar
usar umum dos
dos
exemplos de Zizek: quem é que não sabia que o “socialismo
exempkrs de Ziiek: quem é que niio sabia que 0 “socialismo
realmente
realmente existente”
existente” era
era mal-acabado
mal~acabad0 ee corrupto?
corrupts? Não Nfio os os cida-
cida-=
dãos,
dies, com com certeza,
certeza, bem
hem conscientes
conscientes que que eram
cram de dc todos
todos os as seus
sens
defeitos;
defeitos; ee muito
muito menos
menus os os funcionários
funcionérios do do governo,
governo, que que sim-
sim-
plesmente
plesmente não nio poderiam
poderiam não nzio saber.
saber. Nada
Nada disso:
dissoz o0 grande
grande Outro
Outro
era
era aquele
aqueie aa quem
quem sese destinava
destinava o0 “não
“néo saber”
saber" -~» aquele
aquele aa quem
quem

_
Z

Sw.N. da
“ da 'r.:
T: Fisher
Fisher faz faz referéncia
referência 51à frase
frase célebra
célebre do
do Mamfesto
Manifesto
Comunista, que
Commzzkta, que depais
depois se se romou
tornou titulo
título dc
do livro de Marshall
Iivm de Marshall Berman:
Barman:
Tudo
Tuda o0 que
que éé sólido
sélido sese desmancha
desmancha no no ar.
ar. Marx
Marx ee Engels
Engels estão
estio tratando
tratando
do
do caráter
caréter revolucionário
revoluciomirio da da burguesia,
burguesia, sua sua necessidade
necessidade dede subverter
subverter
constantemente
constantemente o0 processo
processa produtivo
produtivo ee aa tendência
tendéncia dissolvente
dissoivente dodo
capitalismo frente
capitalismo fiente is às velhas
velhas tradigées
tradições ee relações
relagées sociais.
sociais. No
No inglês,
inglés,
“pr”
“Pa” (relações
(relaqées públicas)
pixblicas) rima
rima com
com “air”
“air” (ar).
(at).

78
não éé permitido
nfio conhecer aa realidade
permitido conhecer cotidiana do
realidade cotidiana “socialis-
do “socialis-
mo realmente
mo existente”. No
realmente existente”. distinção entire
entanto, ada (liSfiU§ii0
No entanto, entre 0o queque
Outro sabe
grande Outro
0o grande aquilo que
sabe ee aquilo todos os
que todos indivíduos sabem
os individuos sabem ee
experimentam no
experimentam no dia dia esté
dia aa dia longe de
está longe ser um
de sex um vazio “mera-
vazio “mara-
mente” formal; é a discrepância entre
mente” formal; é a discrepéncia entre os dois que permite queos dois que permite que
realidade soda}
:1a realidade “comum” funcione.
social “comum” Quando néo
funcione. Quando não éé mais pos-
mais pos-
sível
sivel mantel" ilusão do
manter aa iiusfio desconhecimento por
de desconhecimento parte do
por parts grande
do grands
Outro, desintegra-se oo tecido
Outro. desintegra-se tecido que mantinha coeso
que mantinha coeso todotodo o osiste-
siste~
ma
ma social. Por isso
social. Pot gravidade do
isso aa gravidade discurso do
do discurso Khrushchev em
de Khrushchev em
1965, quando
1965, “admitiu” os
quando “admitiu” erros do
os erros do Estado soviético. N510
Estado soviético. Não eraera
como se
como no Partido
se no Partido jé não estivessem
já nio cientes das
estivessem cientes atrocidades
das atrocidades
conduzidas
conduzidas em em seuseu nome,
nome, mas público por
anúncio pfiblico
mas oo anfincio parte do
por parte de
Khrushchev
Khrushchev tornava tornava agora agora impossível acreditar que
impossivel acreditar grande
que oo grande
Outro as
Outro as ignorasse.
ignorasse.
Isso
Isso emem relação
reiagio ao ao socialismo realmente existente.
socialismo realmeme existente. Mas Mas ee
quanto ao
quanto “capitalismo realmente
ao “capitalismo existente”? Um
realmente existente”? Um jeito
jeito de com-
de com-
preender aa parte
preender parte de “realismo” no
de “realismo” no realismo capitalista éé em
realismo capitalista em
termos de
termos dc sua anunciada renúncia
sua anunciada remincia da crença em
da crengza em um grande
um grande
Outro. “Pós-modernidade” pode
Outro. “Pos-modernidade" pode ser considerado oo nome
ser considerado atri-
nome atri-
buido ao
buído complexo de
ao complexo distintas crises
de distintas disparadas peio
crises disparadas declínio
pelo deciinio
crenga no
na crença
na grande Outro,
no grands Outro, comocomo sugere formulação
célebre formulagéo
sugere aa célebre
Lyotard —- “incredulidade
de Lyotard
de “incredulidade nas metanarrativas” -- para
nas metanarrativas” con-
para aa con-
dição pós-moderna.
diqéo pos-moderna. Iameson, Jameson, por por suasua vez. argumentaria que
vez, argumentaria que
esta incredulidade éé uma
esta incredulidade expressão dz
uma expresséo da “logica cultural do
“lógica cultural ca-
do ca~
pitalismo tardio”,
pitalismo consequência da
tardio”, consequéncia passagem ao
da passagem pós-for-
modo pos~for-
ao modo
dista da
dista acumulação do
da acumulagéo Entretanto, foi
capital. Entretanto,
do capital. Nick Land
foi Nick quem
Land quem
forneceu uma
forneceu uma dasdas mais descrições da
eufóricas descrigoes
mais euforicas “dissolução pos-
da “dissoluqéo pós-
-moderna da
-moderna cultura na
da cultura economia”. Na
na economia”. obra do
Na obra Land, uma
de Land, uma miomão
turbinada com
invisível turbinada
invisivel com upgrades vai progressiva-
cibernéticos vai progressiva-
upgrades cibernéticos
mente eliminando oo poder
mente eliminando poder do de Estado centralizado. Seus
Estado centralizado. tex-
Seus tex~
tos da
tos década de
da década 1990 sintetizavam
de 1990 tecnologia, teoria
sintetizavam tecnoiogia, teoria da com-
da com~
plexidade, ficqfio
plexidade, ficção cyberpunk neoliberalismo para
cyberpunk ee neoliberalismo construir
para construir
uma visão do
uma visio capital como
do capital inteligência artificial
como inteligéncia planetária:
artificial pianetéria:
um sistema
um sistema vasto,
vasto, flexivel
flexível ee infinitamente
infinitamente capaz capaz do de suportar
suportar fis- fis-
suras, no qual o ser humano torna-se obsoleto. Em Meltdown
suras, no qual 0 sex" humano torna~se obsoleto. Em Meltdown
[Derretimento]|, sen
{Derretimento}, seu manifesto
manifesto por por um um capital
capital descentralizado
descentralizado
ee n2"\o~iinear,
não-linear, Land Land invoca
invoca “uma
“uma matrizwzm-rode
matriz-em-rede amplamente amplamente
distribuída, orientada a desativar os programas de comando
distribuida, orientada a desativar os programas de comando ee
controls rom
controle aom {da [da meméria
memória base base fixa]
fixa] de de todas
todas asas formas
formas macromacro
ee microgovernamentais,
microgovernamentais. que que concentram
concentram globalmente
globalmente um um Sis-
Sis-
tema de Seguridade Humano”. Eis aqui o capitalismo como um
tema de Seguridade Humane”. Bis aqui 0 capitalismo como um
Real desestmturante,
Real desestruturante, cujos cujos sinais
sinais (virais,
(virais, digitalis)
digitais) circulam
circulam pot por
redes autossuficientes,
redes autossuficientes, passando
passando ao ao largo
largo do do simboljczo,
simbólico, sem sem ne»ne-
cessitar do
cessitar do grands
grande OutroOutro comocomo fiador.
fiador. Trata-so
Trata-se do do capital
capital como
como
aa “coisa
“coisa inominével”
inominável” de de Deleuze
Deleuze ee Guattari,
Guattari, so só que
que desprovido
desprovido
das foroas
das forças dc de reterritorializa-;§o
reterritorialização ee antiprodugzfio
antiprodução que que parapara ales
eles
cram constitutivas
eram corlstitutivas do do capitalismo.
capitalismo. Um Um dos dos problemas
problemas princi- princi~
pais do
pais da posigséo
posição de de Land
Land éé o o que
que aa toma
torna téo tão interessante:
interessante: pres» pres-
supor um um capitalismo
capitalismo em em estado
estado “puro”.
“puro”, queque so só pode
pode ser ser inibi~
inibi-
\
supor
\
do ee bloqueado
do bloqueado por por elementos
elementos extrinsecos,
extrínsecos, ao ao invés
invés de de internos
internos
(dc acordo
(de acordo com com Land,Land, asses
esses elementos
elementos são sfio meros
meros atavismos
atavismos
que o
que o capital
capital acabaré
acabará também
também por por consumir
consumir e2 metabolizar).
metabolizar). O O
problema éé que
problerna que 0o capitalismo
capitalismo nfio não pode
pode sew ser “purificado”
“purificado” dessa dessa
maneira: excluindo-se
maneira: excluindo~se as forças do
as forgtas de antiprodução,
antiproducgio, oo capitalismo
capitalismo
desaparece junto com elas. Do mesmo jeito que não hi
desaparece junto com elas. Do mesmo jeito que nio há nenhu~
nenhu-
ma
ma tendência
tendéncia de dc “desnudamento”
“desnudamento” progressivoprogressivo do do capitalismo,
capitalismo,
nenhum gradual
nenhum gradual desmascaramento
desmascaramento mostrando mostrando oo capital capital como
como
“realmente” é:
“realmente” é: selvagem, indiferente, desumano.
selvagem, indiferente, desumano. A0 Ao contrério:
contrário:
oo papal
papel essencial
essencial das das “transformaooes
“transformações incorpéreas”
incorpóreas” efetuadas efetuadas
pelo branding,
pelo branding, aa propaganda,
propaganda, ee as as relagoes
relações pdblicas,
públicas, mostramostra
que, para
que, operar efetivamente,
para operar efetivamente, aa agile ação predatoria
predatória do do capital
capital re- re-
quer muitas formas de mascaramento, O capitalismo realmen-
quer muitas formas de mascaramento. O capitalismo realmew
te existent:
tr: existente éé marcado
marcado pela pela mesma
mesma divisa-'10
divisão que que caracterizou
caracterizou o o
socialismo realmente
socialismo realmente existente:
existente: do de um um lado,
lado, uma uma cultura
cultura ofi- ofi-
cial na
cial na qua}
qual asas empresas
empresas séo são apresentadas
apresentadas como como “socialmente
“socialmente
responsáveis, que
rospooséveis”, que “so “se importam”
importam” (com (com oo social,
social, comcom oo meio meio
s

so
'
4
:
::
:
ambiente em);
ambiente por outro,
etc.); per amplamente difundida
consciência ampiamente
outro, aa consciéncia difundida
de que
dc empresas séo
que empresas são corruptas, inescrupulosas etc.
corruptas, inescrupuinsas etc. Em outras
Em outras
pós-modernidade capitalista
palavras, aa pc’>s~modernidade
palavras, capitalista nén não éé téo incrédula
tão incrédula
como poderia
como primeira vista,
parecer £1à primeira
poderia parecer vista, some amargamente
como amargamente
aprendeu 0o joalheim
aprendeu Gerald Ratner.*? Ratner
joalheiro Gerald Ratner.“ Ratner wnmu contornar tentou contornar
simbólico, ee falar
0o simbélice, falar as coisas “como
as coisas realmente sin”:
“como realmente são”: em discurso
em discurso
após um
apés um jantar, descreveu as
jantar, descreveu peças de
as pegas vendidas em
bijuterias vendidas
de bijuterias em
suas
suas lojas
lojas como
como “porcaria”.
“porcaria’Z As
As consequências
cansequéncias de
cie tornar
tomar oficial
aficial
essa avaliação foram
essa avaliagfio imediatas ee sérias:
foram imeciiatas companhia perdeu
sua companhia
sérias: sua perdeu
quinhentos milhões
quinhentos rnilhées dc libras em
de libras valor dc
em valor mercado, ee Rainer
de mercadu, Ratner
perdeu 0o emprego.
perdeu emprego. Os consumidores podiam
Os consumidores podiam até saber que
até saber que as as
joias vendidas na
joias vendidas na Ratners eram de baixa qualidade;
Ratners eram de baixa qualidade; mas 0 gram mas o gran-
de Outro, não.
de Outro, assim que
néo. E,E, assim que soube, entrou em
Ratners entrou
soube, aa Ratners colapso.
em colapso.
pós-modernismo coloquial
OO pés-modemismo coloquial tem lidado com
tem lidado com aa “crise “crise da da
eficiência simbólica”
eficiéncia simbélica” de
dc uma
uma maneira
maneira bem
bem menos
menos intensa
intensa que
que
Nick Land: por
Nick Land: meio de
por meio de angústias metaficcionais acerca
anginstias metaficaionais acerca da fun-
da fun-
ção do
<;€\o do autor, assim como
autor, assim como cm programas de
filmes ee programas
em filmes de TVTV que que
expõem os
expéem mecanismos dc
os mecanismos de sua prépria produção,
sua própria incorpo-
produ<;z'xo, ee incorpo-
reflexivamente discussões
ram reflexivamente
ram discussfies sobresobre seu estatuto como
próprio estatuto
seu préprio como
mercadorias. Mas
mercadorias, Mas esses gestos supostamente
esses gestos desmistificadores,
supostamente desmistificadores,
longe de
longs mostra de
uma mostra
ser uma
de ser de sofisticaqio, sinalizam uma
sofisticação, sinalizam uma certacerta
ingenuidade, uma
ingenuidade, convicção de
uma convicgfio de que havia, no
que havia, passado, quem
no passado, quem
realmente acreditava
realmente acreditava no simbólico. EÉ ébvio
no simbélico. óbvio que “eficiência
que aa “eficiéncia
simbólica” era
simbc'>lica” precisamente mantendo
alcançada precisamente
era alcangada mantendo uma uma ciaraclara
distinção
distinqfio entre entre uma material-empírica ee uma
causalidade material-empirica
uma causalidade uma ou- ou-
tra, incorpórea, prépria
tra, incorpérea, própria do simbólico. Ziiek
do simbélicn. traz o exemplo
Zizek traz 0 example dc de
um juiz: “Sci
um juiz: muito hem
“Sei muito bem queque as coisas sin
as coisas como vejo
são como vejo {que[que fu~fu-
lano éé um
lano um fracote corrupto], mas
fracote corrupto], mas ainda assim en
ainda assim trato com
eu 0o trato com

me
1

“ N.
“ w. da
da E;
E: Gerald
Gerald kving
Irving Rainer
Ratner éé umum empresério
empresário britfinico
britânico ee
motivacional. Pei
palestrante motivacional.
palestrante diretor executive
Foi diretor empresa de
da empresa
executivo da jóias
de jéias
Ratners Gmup
Ratners (atualmente Signet
Group (atuaimente Group).
Signet Group).
82
‘ 4!‘?

respeito,
respcrito, jájé que
que eie
ele use:
usa :1a toga
toga de
de §uiz,
juiz, dc:
de mods
modo que,
que, quandn
quando fala,
fala,
ééaa propria
prépria Lei Lei que
que fala
faia por
par ele’
eie”.‘*‘ Ao
Ac: mesmo
mesmo tempo
temps

(..) :1a redugio


{...) reducdo cinica
cinica ixà realidacle
realidade éé inadequada:
inadequada: quando
quando 0o juiz
juiz fala.
fala, sax

de certa forma
61¢: certa forma há
hé mais
mais verdade
verciade em
em suas palavras {as
was palavras (as palavras
palavras dada
w sa./=kL»,alé§d
Instituição
instituiqfis da da Lei}
Lei) dc)
do que
que rm
na realidade
realidade direta
direta da
da pessoa
pessoa dn
do juiz
juiz --
quem
quem se
se limita
limita ao
an que
que vê
vé deixa
cieixa simplesmente
simpiesmmte de
de ver
vet aa questão.
questio. ÉE
esse
asses paradoxo
paradoxo que que Lacan
Lacan visa
visa com
com seu
sen “les
“ies non-dupes
r:<m~dz:pes errent"*
¢;errem”:“ os as
que
que não
nfio sese deixam
eieixam ser
ser pegos
pegos pelo
peka logro/ficção
Iagm/ficgzixo simbólica
sixnbéiica e-2 con-
C{)fi~ mwmm-

tinuam
timxam aa acreditar
acreditar em
em seus
sens olhos
rfihaxs são
$520 os
as que
qufi mais
mais andam
andam sem s;e1n
rumo.
mum». OO que que oQ cínico
cinicu que
que “só
“$6 acredita
acredita em em seus
sens olhos”
uihns“ deixa
deixa de de
ver
vex éé aa eficiência
eficiéncia dada ficção
ficgéo simbólica,
siznbélica, aas maneira
maneim como
como essa
essa ficção
ficqzéo
estrutura
estrutura nossa
mwssa experiência
experiénctia dada realidade.
reaiidade.“ -~s;*a/."\€r@5£é'»x

Boa
Boa parte
pane dada obra
obra de
de Baudrillard
Baudrillard éé umum comentário
comentério sobre
sabre esse
ease
efeito:
efeito: o0 modo
modo comocomo aa abolição
aboliqfin do
do simbólico
simbélico conduziu não
uonduziu niio
aa um
um encontro
encontro direto
direm com
com o0 Real,
Real, mas
mas aa uma
uma espécie
espécie dedc he-
he-
morragia
morragia do do Real.
Real. Para
Para Baudrillard,
Baudrillard, fenômenos
fenémenos comocomo docu-
docu~
mentários
mentixrios não-intrusivos
n';io-intrusivns ee pesquisas
pesquisas eleitorais
eleitorais -- ambos
ambos com
com
aa pretensão
pr<-rtensiua de
de retratar
retratar a21 realidade
reaiidade de
dc uma
mm forma
fvmla não
nécr mediada
zmdiada
~~ propõem
pmpéern um
um dilema
dilema insolúvel.
insohivei. AA presença
presmxga das
das câmeras
ciameras afeta
afeta
o0 comportamento
compnrtamento daqueles
daqueles que
que estão
estéo sendo
sends filmados?
filmadms? AA pu-pu»
blicação
biicacgéo dos
dos resultados
resultados afeta
afeta o(3 comportamento
canapartamento dos dos eleitores?
eieimres?
São
5&0 perguntas
pergunms semsem respostas
respustas ee aa “realidade”,
“reaiida<}<i*”, portanto,
p<>rtanm, sempre
sempre
sese mostra
mostra obscura:
obscura: no rm momento
nmmenm em em que
que parece
parece estar
estar sendo
sendo
capturada
capmrada em em sua
sua forma
forma mais
mais crua,
crua, eis
eis que
que sese transforma
transforma na-
na~
quilo
quiio que
que Baudriliard
Bauciriliard chama,
chama, emem umum neologismo
nealogismo bastante
bastante mal
mai
compreendido,
cnmpreendidn, de de “hiperrealidade”.
“hipe:rrea1idvade’i EmEm umum eco
em inquietante
inquietante das
d.-as
e.
I
a” Ziiek,
Fy Slavoj.: AA visão
lax em paralaxe. S510
+ Paulo: 3£)i€€IT1p0
:
Zizek, Slavoj. visée em paralaxe. São Paulo: Boitempo Editorial,
Editorial,
2011.
2011.
*“ x.N. dat:
da ‘rt: os
os tolos
tolos não
nfio erram,
erram.
*“ Idem.
Idem.

82

“Q”¢:a>ew»@§
w»1W~M@=*w’~»@~s§wMMf'”‘>W=‘
$4»<n»¢ _ _ _ §~ ~':£&_932>'L*_»1-?Ig-;:>;\y§>_-'§~»~4 _ » » _ _ _ ~; __ ' ' ’
1
I4 . _, L
4‘
3'1; »-\ l

fixações de Baudrillard,
ii;-:a<;§es de os reality
Baudrillard, as shows mais
reality shcawe; bem-sucedidos
mais bem~sucedid0s
acabaram elementos dos documentá rios não-intru-
por fundir elemenms dos ciocumentériczs néwintru-V
acabaram pnrfrmdir a
4

»,\ e
sivos com
sivos pesquisas interativas.
com pesquisas há duas esferas
Efetivamente, hai duas esferas
interativas. Efetivamema,
de “1"ealiciade"
dc nesses programasz
“realidade” messes comportamento sem
programas: 0o comportamento roteiro
sem roteiro 1

participantes <2e as
dos participantes
dos as reagées imprevisíveis dos
reações imprevisiveis espectadores
dos espectadores l
l

por sua
que, pot
»~- que, afetará as
vez, afetaré
sua vez, diante das câmeras.
ações diamz: das cémeras. Apesar
as aqiies Apesar
lI
dessa “realidade”
ciessa toda, aa TV
“realidade” toda, assombrada par
permanece assombrada
TV permanece ques-
por quay =K
mes sobre
tões sobre ficqio estariam 0s
ilusão: estariam
ficção ee ilusimz os participantes reprimindo
participantes reprimindo
aspectos de
aspectos dc: sua para parecerem mais
personalidade para pareceram mais palatéveis
sua personalidade palatáveis
ao
a0 gosto do público?
gosto do pdbiico? O O voto quem acompanha
de quem
voto cle o programa
acompanha 0 programa 1
foi devidamente registrado,
foi devidamente registrado, ou foi tudo
ou fui armação? C)
tudo armaqéo? slogan do
O slogan do §
Big britzinico ~ “vocé decide“ » captura perfeitamente 0o
Brother britânico
Big Brother - “você decide” - captura perfeitame nte
modo de
modo controle por
de contrule por retroalime
retroalimentagfiw [feedback] que,
ntação {feedback} segun-
que, segun~
do Baudrillard, assume
do Baudrillard, lugar das
assume 0o lugar velhas formas
das velhas centralizadas
formas centralizadas 4

de comando.
de comando. Nós,
Nés, espectador
espectadnres,es, ocupamos
ocupamos a
a cadeira
cadeira vazia do
vazia do
poder,
poder, telefonando, clicando nos
telefonando, clicando dc nossa
icones de
nos icones nossa escolha. O
escolha. O
Big Brother
Big Brother televisivo superou o0 de
televisivo superou Orwell, Nós,
de Orwell. Nés, 0o público,
pflblico, néonão
subjugados por
somos subjugados
somos pot um poder externo;
um poder externo; an ao invés
invés d.iSSOy esta-
disso, estzv
integrados aa um
mos integrados
mos um circuito de controle que tem
circuito dc controls que tem coma imico como único
mandatu nossos
mandato préprios desejos
nossos próprios preferências ~- que
desejos ee preferéxlcias retornam
que retomalm r

aa nós,
nés, nio nossos, mas
como nossos,
mais como
não mais mas como desejos d0
como desejos grande O11»
do grands Ou- A

tro, Naturalmente,
U0. Naturalmente, tais
tais circuitos
circuitcm não
min se
se limitam
limiiam à £1 televisão:
televiséo: sis-
sis-
temas cibernéticos cle
temas cibernéticos de retroalixnezxtagim (grupos
retroalimentação (grupos focais, pesqui~ focais, pesqui- z
sas demográfic
sas demogréficas etc.) sic:
as etc.) integrante de
parte integrante
são parte qualquer pmclum
de qualquer produto §

do setor de
do setor de “serviços”,
"servi\;0s”, da
da educação
eclalcagéo à
£1 administra
adrninistragino ção pública.
pilblica.
EE assim voltamos ans
assim voltamos problemas da
aos problemas da burocracia pós-fordis-
burocracia p<'>s~f0r<.iis»
ta, obviamente, uma
Há, obviamente,
ta, H23, uma relaqéo estreita entre
relação estreita burocracia -— Qo
entre aa bumcracia
discurso do
discurso (oficializado) -- ee 0o grands
funcionarismo (oficializado)
do funcionarismo Outro.
grande Outm.
Tomemos de
Tcsmemos de Ziiek exemplos do grande
dois exemplms do grands Outm em agin:
Zizek dois Outro em ação:
funcionário do
um funcinnzirio
um escalão que
baixo escaliio
do baixo que nzionão foi informado
foi informado sobre sobre
oferta ee que,
uma oferta
uma perguntado 21a respeito,
que, perguntado responde: “perdéo
respeito, respondez “perdão pm" por
não poder ajudá-lo,
1150 poder ajudédc), mas
mas não
11:30 fui
fui devidamen
devidamente te comunicad
cumunicacio o so-
so~
essa nova
bre essa
bra ou uma
medida”; cu
nova medida”; convicta de
senhora convicta
uma senhora seus
que sens
de que

1t,;;;;;1__;—— ~=; ?;51;; 1' ::,:,;;j;;Hm"; Q


infortúnios 5:30
infortimios são consequéncia
consequência da da mé má sorta
sorte trazida
trazida pelo
pelo mimero
número
de sua
de sua propriedade,
propriedade, mas mas que que néo não podepode elaela mesma
mesma mudar
mudar aa nu- nu-
meração,
meragiio, porque porque “tem “tem de cle ser feito adequadamente
seer feito adequadamente pelas pelas insti-
insti-
tuições
miqées superiores”
superiores”. Estamos Estamos todos todos familiarizados
familiarizadns com coma a libido
libido
burocrática:
burocraitica: o0 gozo gem) que que certos
certos funcionários
funcionérios extraemextraem de de uma
uma
posição de
posiigéo de autoridade
autoridade denegada denegada (“iiio (“não éé minha
minha culpa;
culpa; lamen-
lamen-
to,
to, sósé estou cumprindo asas regras”),
esmu curnprindo regras”), AA frustração
frustraqiio de dc lidar
lidar comcom
burocratas
burocratas frequentemente
frequentemente deriva deriva do do fato
fato dede que não séo
que nfm são ales
eles
quem tomam
quem tomam as as decisées:
decisões: aa ales eles éé permiticio
permitido apenas
apenas referir-se
referir~se
aa decisées
decisões sempre
sempre jzi já tomacias
tomadas (pelo (pelo grande
grands Outro).
Outro). Kafka
Kaflm foi fei
o0 grande
grande narrador
narrador do d0 sistema
sisitema burocrático,
burocrétiao, pois pois percebeu
percebeu que que
essa
essa estrutura
estmtura de fill? denegação
denegagéo éé inerente inerernte aa seusea funcionamento,
funcicmamento. AA
busca
busca pela peia máxima
méxima autoridade
autoridade que que seria
seria finalmente
finalmentc capaz capaz de de
resolver
resolver aa situação
situagéo legal legal de cie K.
K. emem OO processo
pmcessa não mic pode
pads nunca
nunca
ser
ser concluída,
concluidai, porque
porque o0 grande grands Outro Outro não néo pode
pode ser
ser encontrado
encontrado
diretamente:
diretamentez o0 que que há hé apenas
apenas são S50 funcionários,
funcionérios, mais mais ounu menos
memos
hostis,
hostis, engajados
engajados em em atosatos de dc interpretação
iI*lf€‘I'pl‘6'lZfl§5O sobre
sobre o0 que
que o0 grande
grande
Outro
Outro quer.quer. EE isso
isso éé tudo:
tudo: o0 grande
grande Outro Outm não nio éé nada
nada além
além des- des~
ses
sees atos
ates decle interpretação
interpretaqéio e:2 de de desresponsabilização.
desrespansabiiizagéo.
Se
Se Kafka
Kafka éé valioso
valiofio como comm comentarista
comentarista do do totalitarismo,
totalitarismo, isso isso
sese deve
dew: por pm suasua capacidade
capacidade de de revelar
revelar uma uma dimensão
dimensixo do do pró-
pré»
prio
prim totalitarismo
mtalitiarismn que que não nziio pode
pode ser ser compreendida
cornpreimdida segundo
segumio o0
modelo
models do d0 comando
coniiando despótico.
despéiico. AA imagem imagem kafkiana
kaflciana de ale um
um in-in~
finito
finite: ee labiríntico
labirinticn purgatório
purgatério burocrático
burecrético coincide
mincide com mm aa afir-afii"-
mação
magéa de de Zizek
Ziiek de ale que
que o0 sistema
sistema soviético
seviéiiico era
em umum “império
“impériz: dos dos
signos”,
sigrms”, no no qual
qua! atéaté osas membros
membms da da Nomenklatura
Nomexzlilatiim —* incluindo
incluindo
Stalin
Siiaiin ee Molotov
Moiatiiiv -~ sese viamviam obrigados
abrigados aa seas engajar
emgajar naH3 tentativa
tentativa de da-
decifrar
decifrar uma uma complexa
camplexa série série de cie signos
signos semiótico-sociais,
semi<f>ti<:i>—s0ciais. Nin-Nim
guém
guém efetivamente
efetivaniente sabía szibia o0 queque estava
estava sendo
sends requerido;
mqueridng tudo tudo aCs
que
que os 0:; indivíduos
individues podiam podiam fazer fazer era era tentar
tentar adivinhar
adivinhzir os 05 signi-
signi~
ficados
ficados de cle gestos
gesms ee diretrizes.
diretrizers. OO que que acontece
acontece no no capitalismo
capitalismo
tardio,
tarciio, quando
quandifi não néio háhas’: mais
mais possibilidade
pcsssibilidade de de apelação,
apelagéo, sequer
sequer
em
em princípio,
principia, aa uma uma autoridade
autoridade última iiitinia capaz
capaz de de oferecer
oferecer aa ver-var»
são oficial definitiva,
sic oficial definitiva, éé umauma massiva
massiva intensificaqio
intensificação dossa
dessa ambi~
ambi-
guidade. Como
guidade. Como exemplo
exemplo dessa dessa sinclrome,
sindrome, analisemos
analisemos mais mais uma
uma
vez as
vez as instituigoes
instituições de de educaqfio
educação czontinuada.
continuada. Em Em umauma reuniéo
reunião
com representantes
com representantes sindicais,
sindicais, reitores
reitores do de institutes
institutos ee membros
membros
do parlamento,
do parlamento, surgiram
surgiram algims alguns questionarnentos
questionamentos ao ao Conselho
Conselho
de Aprendizagem e Habilidades, a entidade que reside no
do Aprendizagcm e Habilidades,“ a eutidade que reside no cen-
cen-
tro do
iro do labirintio
labirinto desse
desse setor.
setor. Os Os professores,
professores, reitores
reitores ee pariamerm
parlamen-
tares não conseguiam
tares niio conseguiam entender
entender como como certas
certas diretrizes
diretrizes haviam
haviam
sido geradas,
side gcradas, uma uma vczvez que que néonão esiavam
estavam descrims
descritas na na politica
política
pública
pfiblica oficial
oficial do do governo.
governs. AA resposta
resposta foi foi que
que oo conselho
conselho teriateria
“mterpretado” disposições ministeriais
“inlerpretado” disposigées ministeriais emitidas
emitidas pelo
pelo {De-parta~
Departa-
mento de
memo Educação ee Habilidades."
do Educaoéo Habilidades.” Essas Essas interpretagoes,
interpretações, por por
sua vez,
sua vez, alcançaram
alcanqaram entéo então um um patamar
patamar de de estranha
estranha autonomia
autonomia
bastante peculiar àii burocracia.
bastante peculiar burocracia, De De umum lado,
lado, os
os proceclimentos
procedimentos
burocráticos
burocréticos flutuamflutuam livremente,
livremente, independente
indepcndente de de qualquer
qualquer
autoridade
autoriclade externa;
externa; por outro, essa
por outro, essa autonomia
autonomia garante
garante queque tais
tais
procedimentos assumam
procedimentos assumam uma uma dureza implacável, imunes
dureza implacével. imunes aa re- re-
tificações on
tificagoes ou questionamentos.
questionamenios.
AA proliferação
proliferagéo da da “cultura
“cultura da da auditoria”
auditoria” no no p<'>s-fordismo
pós-fordismo
indica
indica que que osos rumores
rumores sobre sobre aa morte
morte do do grande
grande Outro
Outro foram
foram
exagerados.
exagcrados. Pods-soPode-se pensar
pensar aa auditoria
auditoria comocomo uma uma fuséo
fusão dasdas
relações
relagoes públicas com aa burocracia,
piiblicas com burocracia, pols pois osos clados
dados burocréiticos
burocráticos
com frequência
com preenchem uma
frequéncia preenchein uma fungfao
função promocionai:
promocional: no no caso
caso
da educação,
da por exemplo,
educagéu), por exemplo, resultados
resultados do
de exames
exames ee mudangas
mudanças
em indicadores
em indicadores aumentam
aumentam (ou (ou diminueam)
diminuem) oo proatigio
prestígio <12
de dacia
dada
instituição. A
iiistituiqéo. À frustragéo
frustração dodo professor
professor éé que
que sou
seu trabalho
trabalho pare~
pare-
ce cada
ca cada vez
vez mais
mais direcionado
direcionado aa fairer
fazer uma
uma boa
boa impresrsfio
impressão para
para
0o grancle
grande Qutro,
Outro, que
que éé quem
quem coleta
coleta ee consume
consome essizs
esses “chains”.
“dados”,
“Dados” com:
“Dados" entre aspas,
aspas, pois
pois em
em boa
boa medida
medida essas
essas pretensas
pretensas in-
in-
formações tem
formagoes tem pouco
pouco sentido
sentido onou apiicagfiio
aplicação fora
fora dos
dos contextos
contextos
-
-
16 N,
“ y, da
da 2.:
E: Learning
Learning and
and Skills
Skills Council
Council {LS6}.
(150).
* N.
" x, (la
da E: Department
Department for
for Education
Education and
and Skills.
Skills.

» i - , _ 1» ,;’:=:e2:':nnm',, ;;“Ilfl"“"‘I
ee parâme tros da
parfimetros auditoria em
da auditoria em si: nota Eeva
como nota
si: como Berglund, “a
Eeva Berglund, “a
informação gerada
informaqfio auditoria tam
pela auditoria
gerada pela consequências, mesmo
tem consequéncias, mesmo
superficial em
sendo superficial
sendo detalhamentos locais
em detalhamentos locais e téo abstrata, aa pon-
e tão abstrata , pon-
de set
to de
to enganadora ou
ser enganadora ou nio sentindo algum
ter sentindo
não ter claro,
exceto, claro,
algum ~- exceto,
critérios estéticos
pelos critérios
pelos s da própria auditori
estético da propria auditoria”." a”.
burocracia néo
nova burocracia
A nova
A toma aa forms
náo toma forma de fungáo espe*
uma funcgéo
de uma espe-
cífica, delimitada,
cifica, realizada por
delimitada, realizada por um particu
grupo particular
um grupo lar de traba-
dc traba-
lhadores, mas
lhadores, invade todos os campos do trabalh
mas invade todos os campos do trabalho. O resulta- o. O resulta-
previsto por
do ~- jájé previsto
do por Kafka - é que todo trabalh
Kafka ~ é que todo trabalhador se torna ador se torna
próprio auditor,
seu proprio
sen forçado aa avaliar
auditor, foroado desemp
próprio desempenho.
avaliar 0o proprio enho.
como exempl o o
Tomemos como exemplo 0 “novo sistema”
Tomemos “novo sistema ” que Agência de
que aa Agéncia de
i
Normas para
Normas Educação (OFSTED)
para aa Educag€io" utiliza para
(OFSTED) utiliza inspecionar
para inspecionar
continuada. No
educação continuada.
de educaqfio No sistema cada
anterior, cada
sistema anterior,
institutos do
os institutes
os
s
instituto passaria
instituto por uma
passaria por “pesada” aa cada
avaliação “pesada”
uma avaliagiio quatro
cada quatro
uma vasta observaqoes das aulas, ee um
das aulas, nú-
um nu»
E

anos; que
anus; envolvia uma
que envolvia vasta observa ções
de inspetores
significante de por toda
inspetores por instituição. No
toda aa instituiqfio. novo
No novo
mero significanbe
mam
“otimizado”, caso
sistema, “otimizado”,
sistema, instituto prove
caso oo instituto sistema in-
seu sistema in-
que seu
prove que
terno do
temo de avaliaoéio interna éé eficaz,
avaliação interna suficiente se
eficaz, éé suficiento submeter aa
se submeter
avaliação “love”.
uma avaliaqéo
uma desvantagem dessa
Mas aa desvantagem
“leve”. Mas dessa avaliagio “leve”
avaliação “lave”
monitoramento éé terceirizado,
óbvia: oo monitoramento
éé obvia: o de
deixand de ser res—
terceirizado, deixaodo ser res-
passando a aser
OFSTED ee passando
da ovsnan responsabilidade do do
ponsabilidade da
ponsabilidade ser responsabilidade
próprio instituto,
proprio efetivamente sobre
recaindo efetivamente
instituto, recaindo sobre os professores,
os professores,
tornando-se uma
tornando-se uma caracteristica e ininter
permanente e ininterrupta,
característica permanente rupta, da da
educacional (assim
estrutura educacional
estrutura como da
(assim como psicologia dos
da psicologia profess
dos professo- o-
A diferen ça entre os sistema
individualmente). A diferenoa erxtre os sistemas de inspe~
res individualmente).
res s de inspe-
corresp
novo/leve corresponde
velho/pesado ee novo/love onde à distinç ão kafkian a
ção velho/pesado
Q50 ii diotinqéo kaficiana
entre “absolvioz“1o
entre ostensiva” ee “postergaoéo
“absolvição ostensivzf’ descrita
indefinida” descrita
“postergação indefinida”,

-
-

“' Borglund, Eeva. “I“I wanted


Berglund, Eeva. wanted toto be academic, not
an academic,
be an ‘creative’: notes
not aa ‘creative’: notes
capitali sm”.
new capitalism”.
the now
and the Ephemera Ioumal.Disponi
Epheme ra Journal. vel
on universities and
on universities Disponivel
/www.ephemerajournal.org /contr ibutio n/i-wa nted-b e-
em: http:/
em: httpzllwww.epl1emerajournal.org/contribuiionli-wanted»be~
academic-not-creative-notes-universities-a nd-new-
academic~not~creative-notes~universities~and~new-capitalism. capital ism.
y, do
4% N.
” E.: Office
da E; Standards in
for Standards
Office for Education.
in Education.

i as
algumas linhas
algumas linhas atrás.
atrés. Com Com aa absolvigéo
absolvigáo ostensiva,
ostensiva, 0o acusado
acusado
faz uma
faz uma petiqio
petição éà primeira
primeira instiincia
instância para para queque suspendam
suspendam 0 o
processo, ee fica,
processo, fica, para
para todos
todos os os efeitos,
efeitos, livre
livre até
até que
que oo case
caso seja
seja
reaberto. Na
reaberto‘ Na postergagio
postergação indefinida,
indefinida, oo caso caso nunca
nunca éé julgado
julgado de- de-
finitivamente, mas
finitivamente, mas o o preoo
preço aa pagar
pagar éé umauma ansiedade
ansiedade que que nunca
nunca
acaba. A
acaba. A avaliagéo
avaliação periédica
periódica dé dá lugar
lugar aa umauma avaliagéo
avaliação perma»perma-
nente e onipresente, que não pode deixar de gerar uma armie-
nente e onipresente, que néo pode deixar do germ uma ansie-
dade perpétua.
dade perpétua.
De
De qualquer maneira, nada
qualquer maneira, nada fazfaz pensar
pensar que que aa inspegéo
inspeção “love”
“leve”
éé preferivel
preferível à£1 “pesada”.
“pesada”. Os Os avaliadores
avaliadores inspecionam
inspecionam 0o ambienteambiente
pelo mesmo
pelo mesmo período
periodo de de tempo
tempo em em ambos
ambos os os casos;
casos; 0o fato
fato de
de que
que
talvez estejam em
talvez estejam em menor
menor nfimeronúmero não alivia aa presséo
nio alivia pressão que toda
que toda
aa situaoéo
situação gem gera -— que que temtem mais
mais aa varver com
com trabalho
trabalho burocrético
burocrático
extra que deverá ser feito no tempo livre, antecipando-se £1à ne-
extra que deveré ser feito no tempo livre, antecipan.do~se ne-
cessidade de
cessidade de terter todos
todos os os documentos
documentos preparadospreparados no no caso
caso de de
um eventual
um eventual inspeção,
inspegéo, do do que
que com
com aa inspeção
inspeqéo em em si, Assim, aa
si. Assim,
inspeção corresponde exatamente
inspeoio corresponde exatamente à£1 leitura
leitura de Foucault sobre
dc Foucault sobre aa
natureza virtual da
natureza virtual vigilância em
da vigilimcia em Vigiar
Vigiar ee punir. Foucault ob~
punir. Foucault ob-
serva
serva que
que o0 posto
posto da da vigilância
vigilémcia poderia
poderia néo não estar ocupado. Nio
estar ocupado. Não
importa:
importa: o0 efeito
efeito de cle não
nio saber
saber sese héhá on
ou néonão alguém
alguém observan-
observan-
do produz
do prodnz uma uma introjeção
introjeqio do do aparato
aparato dc de vigiléncia.
vigilância. Passamos
Passamos
aa agir
agir como
como se se estivéssemos
estivéssemos em em constante
constante mouitoramemzo.
monitoramento. No No
caso de
caso de inspeções
inspeqoes de de cscolas
escolas ee universidades,
universidades, oo que que seré
será ava-
ava-
liado
liado em em vocé
você nio não sio são suas
suas habilidacles
habilidades como como professor,
professor, mas mas
sua diligência como
sua diligéncia como burocrata.
burocrata. Existem
Existem outros
outros efeitos
efeitos bizarros.
bizarros.
Como aa OFSTED
Como OFSTED monitora
monitora também também 0o sistemasistema de de autoavaliação
autoavaliagéo
do próprio instituto, há um incentivo implícito para que
do préprio instituto, hé um incentivo implicito para que 0o insti-
insti~
tuto
tuto dê uma nota
dé uma nota para
para si si mais
mais baixa
baixa do do que
que dode fato
fato merece
merece (para(para
que oo sistema
que sistema de de autoavaliagio
autoavaliação receba receba uma uma avaliaqéo
avaliação melhor).
melhor).
O resultado
O resultado nio não éé outro
outro do do que
que umauma espécie
espécie de de versfio
versão capita-
capita-
lista ee p<’1s~moderna
lista pós-moderna do do confessionalismo
confessionalismo autocritico
autocrítico maoista:
maoísta:
pedir aos
pedir aos trabalhadores
trabalhadores que que se se engajem
engajem em em umum constante
constante ritu- ritu-
al simbolico
al simbólico de de autodepreciaqio.
autodepreciação. Certa Certa vez vez nosso
nosso dilator,
diretor, en~ en-
87
"""l

quanto benefícios do
os beneficios
exaltava os
quanto exaltava do sistema “leve” do
sistema “leve” inspeção, nos
de inspegfio, nos . Jim:
555‘
r
alertou que um
alertou que com nossos registros é que
problema com nossos registros é que nfio eram
um probiema não eram 1

“Não so preocupem!” ele


se preocupeml”, dis-
nos dis~
ele nos
iékkv '
autocríticos. “N50
suficientemente autocriticos.
suficientemente
li
toda autocritica
se: toda
se: fizermos semi
que fizermos
autocrítica que simbólica, néo
puramente simbolica,
será puramente não
se voltará contra
se voltaré contra nós.
nos. Como
Como se
se autoflagelaç
autoflagelagio ão enquanto
enquanto parte
pane
meramente formal fos-
formal fos~
l:-<=;
dc um cinico
de um burocrático meramente
procedimento burocrzitlco
cínico procedimento 3
se memos
se desmoralizante.
menos desmoralizante.
Na sala
Na aula pos~fordista,
de aula
sala de reflexiva dos
impotência reflexiva
pós-fordista, aa impoténcia es-
dos es» AM

reflexiva dos professores.


/*5
espelhada pela
tudantes éé espelhada
tudantes impotência reflexiva dos professores.
pela impoténcia
Como afirmam De
Como afirmam Harvie
Angelis ee Harvie
De Angelis

requerimentos de
práticas ee requerimentos
prziticas de padronizaqiio monitoramento imw
padronização ee monitoramenlo im-
põem uma
poem uma alta de trabalho
carga do
alta cargo acadêmicos, e
os académicos, e poucos
para os
trabalho para poucos ;3:;_ ¢.»\=@:;,w<:;~

deles estio
deles contentes com
estão contentes As reagzoes
isso. As
com isso. sido as
têm sido
reações tém di-
mais di~
as mais
Diretores tém
versas. Diretorcs
versas. sugerido que
frequência sugerido
com frequéncia
têm com não mi
que min alter-
há alter~
5
nativa (TINA),
nativa tenhamos que
talvez tenhamos
que mlvez
(TINA), ee 0o que “trabalhar dc
fazer éé “trabalhar
que fazer de 5:“
maneira mais
maneira mais imeligente, não trabalhar
inteligente, ce nio mais"*º Esta
trabalhar mais”? cativante
Este cativante
fx;l'~ ‘~
fun-
dos fun~
».-lg-l‘ ‘
jogo do
jogo apresentado para
palavras, apresentado
de palavras, para aplacar resistência dos
aplacar aa reslsténcia U15‘ l

mudanças que
certas mudancgas
cionários aa certas
cionérios que em suas (moss-as)
em suas experiências
(nossas) experiéncias
pessoais, tern
pessoais, devastadores mas
efeitos devastadores
tem efeitos de trabalho ee
condições de trabalho
nas condiqfies
xvi -
13223
por um
visa, por
visa, integrar aa ideia
lado, integral‘
um lado, necessidade do
da necessidade
ideia da “mudança”
de “mudanqa”
para adequar-se às restrições or-
no or~ C
(reestruturaç
(reesiruturagéo ão e
e inovação)
inovagfio) para adequar-se ias restriqoes no
çamento e,
gamento e, ao tempo, estimolar
mesmo tempo,
ao mesmo a “competitivid ade”,
estimular a “competitividade”; por por
aliviar uma
outro, aliviar
outro, não apenas
insatisfação nfio
uma insatisfagéo piora das
com aa piora
apenas com condi-
das condi-
goes trabalho em
de trabalho
ções de em si, com a afalta
mas com
si, mas falta do pedagógico ee
sentido pedagégico
de semido
1*»?

acadêmico dessas
académico “mudanças”?
dessas “mudam;as”." iii’ 1_

£355

Lund
j

$9 N.
‘° y. da
da 15.:
E: nono original
original “work
“work smarter,
smarter, not
not harder".
harder”. <

De Angelis,
3 De
” Harvie, David.
Massimo ee Harvio, David. “Cognitive
Angolis, Massimo capitalisnY
“Cognitive capitalism’ M5

and the
and capital measures
how capital
rat~race: how
the rat-race: immaterial labour british
measures immaterial labour inin british :2;

universities”. Em
universities” Em Historical 17. Brill,
Materialism 17.
Historical Materialism 2009.
Brill, 2009. A\x‘

, ~;§

- _, _ _ _, _;
»

I 1‘-1'

Ao invocar
A0 invocar aa ideia
ideia de
de que
que “néo
“não hé
há alternativa”
alternativa” ee recomendar
recomendar aos aos
docentes aa “trabalhar
docentes “trabalhar dode roaneira
maneira mais
mais inteligente,
inteligente, ee não
néo tra-
tra~
balhar
balhar mais”
mais”, oo realismo
realismo capitalista
capitalista dá
dé oo tom
tom dosdos conflitos
ccmilitos dodo
,;_i,,_= trabalho
trabalho no no pós-fordismo.
os-fordismo. Um Um colega
colaga sarcasticamente
sasrcasticamente ressaltou
ressaltou
que
que parece
parece mais
mais difícil
dificil imaginar
imaginar o0 fim
fun do
do regime
regime dede avaliação
avaiiacgiio x

do
do queque parecia
parecia imaginar
imaginar oo fim
fim da
da escravidão,
esrrravidfio. Esse
Ease fatalismo
fatalismo só
f#?I=f?5F?~ :
so .
Ie»:1: .,’“;.~ ;.;

ZR »
poderá
poderé ser set combatido
combatido seriamente
seriamente pela
pela emergência
ernergéncia decle um
um sujei-
sujei~ .£

toto político
politico novo
novo (e(e coletivo).
coletivo).

». ~» l
‘rm "1

W. ,
5
I
>l:;._.1.1:;

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>,\» \
l Y?-l;-Q
'11) ‘v
E l‘
'1 _

<*'

v
“Se pudéssemos observar
a sobreposigéo de realidades
distintas”: 0 realismo capitalista
como trabalho onirico e
disturbio de memoria.
“Ser reaiista“
“Se: realista” jé
já significou
significou fazzzr
fazer as
as pazos
pazes com
com limo
uma realidadri
realidade
experimentada como
::xp¢srir:1emada como solida
sólida ee iznovei,
imóvel, No
No realismo
realismo capitalista,
capitalista,
entretanto, implica
cmretanto, implica que
que nos
nos suborciinernos
subordinemos 21a uma
uma realidade
realidade in~
in-
finitamente pléstica.
finitamente plástica, capaz
capaz do
de so
se rewxafigurar
reconfigurar Qa todo
todo instanm.
instante.
Somos confroniados
Somos confrontados com com oo que que iameson
Jameson chama,
chama, ern em sen
seu ensaio
ensaio
“As antinomias
“As antinomias do da pos<mode:midade”,
pós-modernidade”, um um “presome
“presente puramentc
puramente
fungível,
fimgivel, no no qual
qual oo espaqo
espaço ee as as psiquers
psiques possum
possam iguainwnte
igualmente am‘ ser
processados
pmcessados ee refeitos
refeitos é.à vontade”.”
vontade"? Aqui, Aqui, “rcalidade”
“realidade” assemw
asseme-
lha-se
lha-se àsés nmltiplicidades
multiplicidades do de opqoes
opções disponiveis
disponíveis ern em um
um docu~
docu-
mento digital, no qual nenhuma decisão é definitiva, há sem~
memo digital, no qua! nenhuma decisio é defioitiva, hé sem-
pre aa possibilidade
pre possibilidade de revisão, e:e aa qualquer
cle revisfm, qualquer instants
instante pods-so
pode-se
retornar
retornar aa um um momento anterior. Um
xnome-mo anterior. Um dlretor
diretor do do instituto
instituto de do
educação
educagéra continuada,
continuada, aa quem quem me me refori
releri antomormente,
anteriormente, fez fez dada
adaptação
adaptaqéo aa essa essa .realidade_f:mgivel
realidade fungivel uma uma arm.arte. Contavamos
Contava-nos em em
um dia, com
um clia, com total
total confianga,
confiança, urna uma lxistoria
história replete:
repleta de
de otimismo
otimismo
sobre :1a inst.itui¢;fio
sobre instituição ee seu
seu futuro
futuro ~- quais
quais seriam
seriam as as implicações
impllcagoes da da
inspeção, o que as instâncias superiores estavam achando... - e,
inspegéo, o que as instiincias superiores estavam achando... — e,
literalmente
litemlmenie no dia seguinte,
no dia seguinre, semsem nenhum
nenhum £ra<;<>de1imi<ie:z,
traço de timidez, ap:a—apa-
recia com
recia com umauma nova
nova narrativa
narraiiva que que contradizia
contmdizia completamente
compietamcme
suas alegações anteriores. Não era sequer uma questão
suas alegagoes ameriores. N30 em sequor uma questiio decle seso
retratar
retratar acerca
acerca do do que
que dissera:
clissera: ele
ole não
néo parecia
parecia sequer
segue: lembrar
1e:"n%>1‘ar
que
que uma mm outra
outra versão
versfao havia
havia existido.
existido. Isso,
lasso, suponho,
suponho, éé oo que
one seso
chama
chama de do “gestão
“gestiéo competente.
compeir::1te". E éé também, muito pr<t>x*;:vel~
tasrxiaéim moito provavel-
mente,
meme, aa Única maneira de
imica maneim permanecer séo
do perrmmecer são ee om
em boa
boa saode
saúde em em

ee

* iamesoo,
*1 Jameson, Fredric.
Predric. “As
“As aniinomias
antinomias doda p<t‘>s~n":o<lsmidade’T
pós-modernidade” Em Em M
As
sementes do
sementes do ramps.
tempo. Séo
São Paulo:
Paulo: Arm,
Ática, agoy.
1997.

23
I<,4w‘(€
|€i~‘;l
1‘
was l.
é
L; l
. ,-,1;
15$ L
‘Fa <
.
1
go a
1
if
meio
meio aa instabilidade
instabilidade perpétua
perpétua do do capitalismo.
capitalismo. PorPor fora,
fora, esse di-
esse di» _, Q.‘
iz . , 1X
*’ retor é um modelo de saúde mental perfeita, transpirando uma
retor é um modelo do saizde mental perfeita, transpirando uma <A‘<H4g(
~» Q ‘
El , Q;
cordialidade fratema
corclialidade fraterna de
de quem
quem cumprimenta
cumprimenta afetuosamente
afetuosamente os os
ii colegas no
colegas no corredor.
corredor. MasMas tais
tais niveis
níveis dcde candura
candura so só podem
podem ser ser
31‘ ‘
Mi
X; E mantidos mediante
mantidos mediante uma uma auséncia
ausência quase
quase total
total do
de reflexfio
reflexão criti-
críti-
L
3 l
ca 4:e uma
ca uma capacidade,
capacidade, comocomo ele ele hem
bem tinha,
tinha, para
para cinicamente
cinicamente se se ~=:1*€il \

E? E
§ conformar com
conformal" com quaisquer
quaisquer diretrizes
diretrizes vindas
vindas da da autoriclade
autoridade boro-
buro- <!-t_

crática. O
créticm O cinismo
cinismo da da conformidade
conformidade éé ingrediente
ingrediente fundamental:
fundamental:
,5 Z

dele depende
depende aa manutengéo
manutenção de de sua
sua auto-imagem,
auto-imagem, aa do do “jovem
“jovem
4,-3,?§;M»=-; 1
dale Wll:/,4

senhor” do
senhor” de ideais
ideais progressistas
progressistas diretamente
diretamente trazidos
trazidos dosdos anos
anos
1960, que
1960, que “niio
“não acredita
acredita realmente”
realmente” no no processo
processo de de auditoria
auditoria
que
que faz cumprir com
faz cumprir com absoluta
absoluta diligência.
diligéncia EssaEssa denegação,
denegagéo, esse esse
gl
deslocamento,
deslocamento, se se sustenta
sustenta nana distinção
distingio entre
entre atitude
atitude subjetiva
subjetiva
?
interna
intema ee comportamento
comportamento exterior,exterior, discutida
discutida anteriormente:
anteriormente:
5
por
por dentro
dentro éé antipático,
antipético, até
até contestador,
contestador, frente
frente âqueles
équeles proce-
proce- aw _
$3 I
Y
dimentos
dimentos burocráticos
burocréticos que que supervisiona;
supervisiona; por por fora,
fora, conforma-se
conforma-se J1 1
l aa esses
esses procedimentos
procedimentos perfeitamente.
perfeitamente. ÉE precisamente
precisamente esse
esse de-
de- xk .
1
£l~ § V sinvestimento
sinvestimento subjetivo
subjetivo nas
nas tarefas
tarefas cotidianas
cotidianas que que permite
permite aosaos
_:
l ,
trabalhadores continuarem a realizar um trabalho sem sentido
trabalhadores continuarem a realizar um trabalho sem sentido
ee desmoralizante.
desmoralizante.
AA capacidade
capacidade do do diretor
diretor de
de transitar
transitar livremente
Iivremente porpor realida-
1
realida-
A
des tão distintas me faz lembrar de À curva do sonho, de Ursula
des téo distintas me faz lembrar de A curva do sonho, de Ursula
K:
Le
Le Guin.
Guin. OO romance
romance conta
conta aa história
historia de de George
George Orr,
Orr, umum ho-
ho-
mem
mem cujos
cujos sonhos
sonhos sese transformam,
transformam, literalmente,
literalmente, em em realidade.
realidade. ~'EA'; 3

Ao
Ao melhor
melhor estilo
estilo dos
dos contos
contos dedc fadas,
fadas, no no entanto,
entanto, as realiza-
as rea1iza~
ções
goes dosdos desejos
desejos rapidamente
rapidamente vão vio se
se tornando
tomando traumáticas
trauméticas ee
catastróficas.
catastroficas. ComoComo quando
quando OrrOrr éé induzido
induzido por por Dr.
Dr. Haber,
Haber, seusen viii;

terapeuta,
terapeuta, aa sonhar
sonhar com
com uma
uma resposta
resposta parapara oo problema
problema da da su-
su- k

perpopulação e o protagonista desperta em um mundo no qual


perpopulagaio e o protagonista clesperta em um mundo no qua!
bilhões
bilhoes de de vidas
vidas foram
foram dizimadas
dizimadas por pot uma
uma praga;
praga; essa
essa catás-
catfis-
trofe,
trofe, como
como Jameson
Jameson propõe
propoe emem sua
sua discussão
discusséo da da obra,
obra, éé “um
“um
$1
:73‘

acontecimento que, embora inexistente, rapidamente encontra


acontecimento que, embora inexistente, rapidamente encontra
lugar
lugar na na nossa
nossa memoria
memória cronologica
cronológica dc de umum passado
passado recanted
recente”. s

1,-=,\;,§

*7“?
3
z

Muito da
Muito da form
força dodo mmance
romance deriva
deriva da da c0nstm§éi0
construção ee do do manejo
manejo
retrospectivo dessas fabulaqées,
retmspectivo dessas fabulações, em em uma
uma dinfimica
dinâmica an ao mesmo
mesmo
tempo tão
tempo tic) familiar
familiar (todos nós sonhamos
(toclos nés sonhamos ao ao dormir)
dormir) ee estmnha.
estranha. >
:
Como poderiamos
Como poderíamos acreditar
acreditar em em relatos
relatos sucessivos,
sucessivos, ou ou coe-
cue»
xistentes, que
xistentes, que se
se contradizem
contradizem de de modo
modo téo tão ébvio?
óbvio? E, E, no
no entanto,
entanto,
Kant, Nietzsche
Kant, Nietzsche ee aa psicanélise
psicanálise jé já nos
nos ensinaram
ensinaram que que despertar,
despertar, <

tanto quanta
tanto quanto sonhar,
sonhar, depende
depende de de semeihante
semelhante anéxlise
análise de de narra-
narra-
>
tivas, Se o Real é insuportável, qualquer realidade que formos
tivas. Se 0 Real é insuportével, qualquer realidade que formos
‘5$:'ZT;,“~ ‘ capazes
capazes de de construir
construir teréterá que
que set
ser um
um tecido
tecido dc de inconsisténcias.
inconsistências.
*zx';i; > OO que
que diferencia Kant, Nietzsche
diferencia Kant, Nietzsche ee Freud
Freud do do cliché
clichê batido
batido de de
que
que “a“a vida
vida éé um sonho” éé 0o sentido
um sonho" sentido de de que
que as as fabulagées
fabulações nas nas
quais vivemos
quais vivemos $50são consensuais.
consensuais. A À ideia
ideia dc
de que
que 0 o mundo
mundo que que ex—
ex-
perimentamos
perimentamos éé uma uma ilusão solipsista projetada
iluséo solipsista projetada no no interior
interior dada 1

nossa
nossa mente
mente mais
mais consola do que
consola do perturba, uma
que perturba, uma vez
vez que
que esté
está de
de
acordo com
acordo com nossas
nossas fantasias infantis de
fantasias infantis onipotência. Ié
dc onipoténcia. Já 0o pen~
pen- Z

samento
samento de que aa nossa,
de que nossa, assim
assim chamada, interioridade deve
chamada, interioridade deve suasua 1
i
existência
existéncia aa um
um consenso ficcionalizado traz
consenso ficcionalizado consigo uma
traz consigc uma carga
carga
I
inquietante.
inquietante. Esse
Esse nível extra de
nivel extra de inquietação está registrado
inquietaqéo esté registrado em em
A curva
A curva do sonho quando
do sonho quando os os sonhos
sonhos dede Orr
Orr que
que distorcem
distorcem aa
realidade
realidade são observados por
sic observados outros —- pela
por outros pela advogada
advogada Heather
Heather
Lelache
Lelache ee pelo
pelo terapeuta Dr. Haber,
terapeuta Dr. Haber, que
que procura
procura manipular
manipular ee
controlar
controlar aa habilidade
habilidade de de Orr.
Orr. Como
Como éé viver
viver umum sonho
sonho -- de de |

outro —- que
outro que sese torna realidade?
torna realidade?

[Haber] néo
[Haber] não podia
podia mais
mais continual‘
continuar falando.
falando. Sentiu:
Sentiu: aa mudanga,
mudança, aa
chegada, 0o porvir.
chegada. porvir.
é
A mulher
A mulher também
também sentiu.
sentiu. Paxecia
Parecia assustadaw
assustada. Apertando,
Apertando, camo
como i

um talismã, o colar de bronze contra a sua garganta, fitava a pai-


um taiismé, 0 cola: de bronze contra a sua gargzmta, fitava a pai-
sagem da
sagem da janela
janela em
em tontura,
tontura, cheque,
choque, horror.
horror.

95
[.]
§...j EEaa ela,
ela, 0o que
que 5:22
fez disso
disso tmin?
tudo? Bla
Em entendeu,
entemieu, enlouqueceu,
enisuqueceu. 00
que seria dela? Fora
que seria deia? Fara capaz
capaz de
dc manter
manter as
as duas
duas linhas
iinhas de memória,
de xmnzéria,
assim coma
assim como r:ie?;
ele?;aa rea}
real 1:e aa nova,
nova, aa veiha
velha se aa verdadeira?”
verdadeira?”

Ela “enlouqueceu”? Néo,


Eia “eniouqueceu”? forma algumaz
de fnrma
Não, cir: depois dc
alguma: depois um ma»
de um mo-
mento de
ammo de negaigéo assombro, Heather
negação ee assombm, Lelache aceita
Heather Leiache aceita 0 “nave” o “novo”
mundo como
mundo como 0o mundu apagando as
“verdadeiro”, apaganda
mundo “verdacieir0”, cicatrizes.
as cicatrizes.
Essa estratégia -~ de
Essa estratégia aceitar sem
de aceitar questionamentos 0
sem questiommxentos o incomensw
incomensu-
rável, {T9o sem
rive}, sem sentidn sempre foi
sentido ~- senxpre foi uma técnica de
uma técnica sanidade por
de sanidade por
excelência, mas
excelénda, tem um
mas tem um papal essencial no
papel assencial capitalismo tardio,
no capitaiismo tardio,
essa multiforme de
“pintura multifurme
essa “pimura aquilo que
tudo aquilo
de tudo que }éjá existiu”, cuja
existiu”, cuga
conjuração
conjuragéa e
e descarte
descarte das
das ficções
ficzgéea sociais
sociais ocorre
acorn: quase
C{U&S€ tão
téo ra-
ra-
pidamente quanta
pidamente produção ee (I1iSU‘ib11iQfi0
quanto aa producgiin das mercadorias.
distribuição das mercaderias.
Em tajs
Em condições de
tais candiqées de precariedade esquecer
ontológica, asquecer
precariedade untolégica,
converte-se em
ccmverte~se estratégia de
em estratégia de adaptaqfio. Tomemos por
adaptação. Tomemos exemplo
por exemplo
primeiro ministro
0o primeim Gordon Brown,
britânico Gordon Brown, cuja oportuna
ministro briténico cuja oportuna
reinvenção dc
reinvenqfio de identidade política envolveu
identidade politica tentativa de
envolveu aa tentativa indu-
de indu~
zir espécie dc
uma espécie
zir uma coletivo. Em
esquecimento coletivo.
de esquecimenm Em um um amigo publi-
artigo publi-
cado na
cacio na Intematiorzal Socialism, }0hn
International Socialism, Newsinger iembra
John Newsinger lembra como como

Brown
Brawn afirmou,
afirmcm, em
em uma
uma conferência
conferéncia da
da Confederação Britânica
Confederagfim Briténica
da
da Indfistria, que “o
Indústria, que mundo dus
“0 mundo esté em
negécius está
dos negócios men sangue”
em meu sangue“.
Que
Que sua
sua mãe
mée havia
havia sido
side diretora
diretora de
da uma
uma empresa
empresa ee ele ale havia
havia cres-
cres-
cido
cidu “em
“em uma
uma atmosfera
atmosfera onde
onde eu
en sabia
sabia de
dc tudo
tudo o0 queque estava
estava acon-
acou-
tecendo
tecendo no:10 meio
meie empresarial”
empresarial”. Brown
Brown era,
era, ee de
de fato
fats) sempre
sempre havia
havia
sido,
side, um
um deles.
deles. OO único
{mice problema
probkrma éé queque nada
nada disso
dissc: era
era verdade.
verdade.
Conforme
Conforme sua sua mãe
mic admitiu
admitiu depois,
depois, ela
ela nunca
nunca sesee considerou
cansidemu “uma“uma
mulher
mulher de de negócios”:
negéci0s": apenas
apenas havia
havia realizado
realizadc “ligeiras
“iigeiras tarefas
tarefas ad-
ad»
ministrativas”
ministrativas” em
em uma “pequena empresa
unaa “pequena empresa familiar”
familiar” ee abandcmou
abandonou
Qo emprega
emprego apés
após 0o casamento,
casamento, trés
três anos
anos antes
antes dodo pequena
pequeno Gordran
Gordon

5 Le
” Le Gain,
Guin, Ursula
Ursula K.
K. A
A mrva
curva dn
do smzho,
sonho, 1971.
1971.
tivemos liderangas
já tivemos no Pariklo
liderangas no Trabalhista gm:
Partido Trabalhlsts tenta-
que tenta-
nascer, Se jé
mlscer. Se
ram inventar uma
ram inventor
inventa
inventorr mm
operária, Brown
origem operéria,
uma origem
burgues a.”
origem burguesa.“
uma origem
foi o
Brown {oi tentar
primeiro tentar
o primeiro
l
Brown com
contrasta Brown seu rival,
com sen Tony
predecessor, Tony
rival, ee predecessor,
Newsinger comrasta
Newsinger
caso bastante
um caso diferente. Blair,
bastante diferente. encarnava 0O es-
que emzamava
Blair, que €5-
Blair -- um
Blair
espetáculo do de um pós-mo derno,
messianismo pos~modemo, jam-ais
um messianismo jamais
tranho
mmho espetéaulo
renegar suas
u renegar porque nilo
convicções porque
suas convicgoes acreditou em
não acreditou em
preciso
precisou
alguma; jzi
coisa alguma;
coisa transição do
já aa transiqzio Gordon Brown,
de Gordon peregrinação
Brown, aà peregrinaqéo
do Novo Trabal
chefão do Novo Trabalhismo,
presbiteriano aa cheféo hismo, foifoi
socialista presbiteriano
de socialism
de
um longo,
um processo do
doloroso processo
zirduo ee doloroso
longo, árduo autone gação
de autonegagixo e repú-
e repo-
“Para Blair, abraçar o neolib eralis mo não envolv eu nenhu-
dio. “Para
dio. Blair, abraqar o neoliberalismo néo envolveu nonhu-
batalha interna
grande batalha , uma vez que não tinha convic ções
ma
ma grande imema, uma vez que 1150 tinha convicgoes
para abandonar”, escreve “já no
Newsinger, “jé de
caso do
no case
anteriores para
anteriores abandonar”, escreve Newsinger,
Brown, envolveu uma
Brown, envolveu deliberada dc
decisão deliberada
uma decisio trocar dc
de trocar lado -- 0o
de lado
e suspeit ar, danifi sua person
cou sua alidade no pro-
no pro-
esforço, pode-s
esforgo, pode-se suspeitar, danificou perscmalidade
Ultimo Homem
era 0o Último por nature za € inclina
? por natureza e inclinaoio. ção,
cesso”. Blair era
cesso”. Blair Homem“
Ultimo Homem
tornou-se 0o Último , 0o anão Fim da
no Fim História,
da Histéria, _4. -_, .‘ “-_. W»
Brown tornou-se
Brown Homem, anéo no
por força de
por forqa propria vontade
sua própria
de sua .
vontade.
homem sem
era oo homem
Blair era
Blair sem peito,“ 0o outsider
peito,* fora cla
de fora
outsider —- dc politi-
da politi-
partido precisava
que 0o partido
ca -- que voltar ao
para voltar
precisava para poder, um vended
ao poder, um vencleclor or
ca

-
1

5%“ Newsinger, John. “Brown'sjourney fromreformismto neoliberalism”.


Ncwsinger.Iohn.“Br0wn’sjourneyfromreformismtoneoliberalismi
Em
Em Irmzmatiorml Socialism, julho
International Socialism, de 2017,
julho (le edição 1115.
2017, edioéo 15.
referência aoao personagem Lionel
personagem Lionel Vemey, Verney, do romance O
do romancs O
x, da
ss5‘ N. E. referéncia
da 2.:
homem (1826)
último home”-1
ditimo (1826) do Shelley.
Mary Shelley.
de Mary
expressão man
utiliza aa expresséo
autor utiliza man without chest, que
without 11a chest, faz
que faz
se N.
“ da '11.2: 0o auto?
x. do
ensaio do
ao ensaio de C. Lewis de
S. Lewis
C. S. 1943, A
de 1943, abolição do
À abolfgzie do homem:
referência an
referéncia homem:
espécie de ingenui dade macabra , remove mos O órgão ee
“Em uma
"Em ulna espécie dc lngenuidade macabra, removemos o érgio
Criamos as
função. Clriamos
sua fungéo. homens sem
os homens sem peito esperamos
peito ee esperamos
demandamos sua
demandamos
Zombamos do
iniciativa. Zombamos
virtude ee aa iniciativa. da lxonra chocados
ficamos chocados
honra ee ficamos
deles aa virtude
deles
traidor es em nosso meio. Nós os castram os € exigimos
so encontrar traidores
ao cncontrar em nosso meio. Nos os castramos e ezdgimos
frutífer os” (A aboliçã o do
sejam frutifems”. {A aboligéo do homem. Rio
que sejam homem. Rio de
dos castrados que
dos castrados do
7
malandro com
malandro com sen
seu rosto
rosto lrxistérico
histérico dode Coringa.
Coringa. I23
Ja oo imolausivei
implausivel
ato de
ato ale reinvenção de Brown
reinvenoéo de Brown era
era precisamente
precisamente aquiio
aquilo polo
pelo qual
qual
0o proprio
próprio partido
partido precisou
precisou passar;
passar; seu
seu sofrido
sofrido sorriso
sorriso falso,
falso, o0
correlato
correlate objetiva
objetivo do
do estado
estado real
real do
do partido,
partido, que
que havia capitu-
havia capita-
lado inteiramente ao capitalismo realista: vazio, e covarde, sues
lado intoiramente ao capitalismo realista: vazio, e- " : covarcle, suas
entranhas substituídas
entranhas substituidas por
par simulacros
simulacros queque uma
ulna vez vex jájé parec:e~
parece-
ram razluzrantes,
ram reluzentes, mas
mas que
que agora
agora eram
eram tie
tão atraentes
atraentes quanto
quanto uma
uma
tecnologia conxpzltacional
tecnologia computacional clez dez anus
anos do-pois
depois clede sou
seu lanoamento.
lançamento.
Em condigoes
Em condições new nas quais
quais sose atualizam
atualizam realidades
realidades ee identi-
identi-
dades como
daclos como softwares,
softwares, nio
não éé surproenclente
surpreendente que que asos ciistérbios
distúrbios
de memoria
do memória ocupem
ocupem atuaimente
atualmente oo focofoco 621
da angfistia
angústia cultural
cultural ~-
pensemos em
pensexnos em exemplos
exemplos do do cinema,
cinema, como
como Amnéséa,
Amnésia, Brilho
Brilho eter-
eter-
no do
no de mm:
uma weenie
mente semsem iemlmmgas
lembranças ou ou zaa série
série Mame.
Bourne. Na Na saga
saga
cinematográfica declicada
cinomatogréxfica dedicada aa lasrm
Jason Boume,
Bourne, aa busca
busca desesperada
desesperada
do protagonista
do protagonista parapara reconquistar
reconquistar suasua identidade
identidade corre
corre lado
lado aa
lado com
lado com uma
uma continua
continua fuga
fuga cle
de qualquer
qualquer sentido
sentido do do “cu”
“eu” fixo.
fixo,
“Tente me
“Tome me entender...",
entender.” afirma
afirma Boume,
Bourne, em em uma
uma passagem
passagem do do ro-
ro-
mance original
mance original do
de Robert
Robert Ludlum,
Ludlum,

Tenho que
Tenho que saoer
saber algumas
algumas coisas..,
coisas.., (I1o suficiemo
suficiente para
para tomar
tornar um-a
uma
decisáo... mas
deciséo... mas talveaz
talvez néo
náo tudol
tudo. Uma
Uma pom:
parte do de mim
mim tom
tem que:
que so:
ser ca-
ca-
paz de ir embora, desaparecer. Tenho que ser capaz de dizer para
paz do it m1§:>ora, ziesaparecer. Tenho que sex capaz dc dizzer para
mim mssmo,
min: mesmo, <1é que
que {oi
foi néo
não éé mais
mais ee hé
há uma uma possibilidade:
possibilidade dc?de mm-
mun-
ca tar
ca ter siclo,
sido, porque
porque nzéo
não tenho
tenho nenlmma
nenhuma lembramga
lembrança clisso.
disso. O O que
que
uma pessoa
uma pessoa niao
não pocle
pode sose lemlarar
lembrar não existm,
existe... so
ao memos
menos para
para ale.”
ele.”

Nos filmes,
Nos filmes, <1
o nnmadismo
nomadismo irzmssnaciozxal
transnacional dode Bmsrm:
Bourne éé exibido
exibido
em uma
am uma edigéo
edição do
de corms
cortes ultrarrépiclos,
ultrarrápidos, que
que £'m1cion:.»1
funciona comocomo Lima
uma
espécie de antimemória, projetando o espectador num vertigi-
espécie do amimemoria, pro}etand<> o especzador mm: vezrtigb

Janeiro: Vicla
faneiro: Vida mfilaor
melhor liclitora
Editora S,A.,
s.A., 2.0x7l}
2017.)
5 llmilunx,
“ Ludium, Robesrt.
Robert. A
A idemidszzis
identidade Bournel
Bourne. Rio
Rio ale
de lanairo:
Janeiro: iiditora
Editora
Rocco, 2000.
Rosco, 2000.

58
continuo’, que,
“presente cont.inuo’@
noso “presents:
noso que, sogundo Frederic Ismoson,
segundo Frederic ca-
Jameson, ca»
temporalid ade
racteriza aa £ii1'x‘1§I>i3f£!li<Il3€lE
raoteriza pos-modern a. A trama complexa
pc'>s~modema. A trama complexa dos dos
romances de
romances de Ludlom transformada em
Ludlum éé transformada série do
uma sério
em uma eventos
de eventos
fragmentos do
cifrados ee fragmemos
cifnxdos evanescentes do
ações evaoescexltes
de agoos de coeréncia pre-
coerência pre-
cária que
céaria que mal
mal chega
chega a
a formar
formar uma
oma narrativa
mzrrativa inteligível.
inteligivel. Privado
Privado
uma historia
de nma
do pessoal, Boume
história pessoal, de meméria
carece do
Bourne cameo narrativa,
memória narratém,
aquilo que
conserva aquilo
mas conserva
mas que se chamar do
pode chamar
se pode memória formal:
de memoriafomzalz
uma memória (de
uma memorial técnicas, prfaticas,
(de técnicas, ações) literalmente
práticas, aqoes) encar-
literalmente encor-
nada em um
nacla em conjunto do
um conjunto físicos ee reflexos
tiques fisicos
de tiques condiciona-
reflexos condicionw
dos. AA memória
dos. danificada do
mexnoria danificada de Bourne modalidade pos-
ecoa aa modalidade
Bourne ecoo pós-
-moderna
-moderna de de nostalgia descrita por
nostalgia descrita Jameson, no
Fredric Jameson,
por Fredric qual
na qual
contemporâ
referências contemporéneas
referénclas neas ou mesmo futurísticas no
ou mesmo futnristicas no nivel do nível do
conteúdo dependência em
obscurecem aa dependéncia
contendo obscurecem em rela<;:T10 a modelos
relação a modelos es- es-
tabelecidos, ou
tabelecidos, antiquados, no
ou antiquados. nível da
no nivel forma. Pot
da forma. Por um lado, éé
um lado,
uma cultura
uma cultura que
que privilegia
privilegia apenas
apenas o
o presente
presents e
e o
0 imediato
imediato ~—- aa
extirpação do
extirpaqim) do “longo prazo” sese estende
“longo prazo” no tempo tanto
estendc no tempo tanto pan: para
frente quanto para
frente quanto para trés (por exemplo,
trás (por um tema
exemplo, um monopoliza aa
tema monopolize!
atenqfio por pouco
atenção por cle uma
mais de
pouco mais semana no
uma semana no noticiério, então
noticiário, ee entfio
instantane
instantaneanmente cai no
amente cai esquecimen to);
no esquecimento); por outro, é uma
por outro, é uma cul~ cul-
tura excessivam
tura ente nostélgica,
excessivamenle propensa £1à rertrospe-ctiva,
nostálgica, propensa inca-
retrospectiva, inca-
paz de gerar
paz de novidades auténticas.
gerar novidacles identificação ee anélise
A identificaqéo
autênticas. A des-
análise des-
tata antinomia
antinomia temporal de Iameson
temporal do provavelmente sua
Jameson éé provavelmento maior
sua maior
contribuição para
contribuizgéo compreensão do
nossa compreensfio
para nossa da cultura pós-moder-
cultura pos~modor-
na/pós-ford ista. “O
na/pos-fordista. paradoxo do
“O paradoxo devemos partir”,
qual devemos
do qual Jameson
partir”, Jameson
argumenta em
argumenta em “As
“As antinomias
antinomias da
(la pós-modern idade”,
pos-modernidade”,

equivalência entre
da equiva,l%n<:i'a
éé oo cla uma taxa
entre uma mudanças som
de mudangas
taxa do precedentes
sem pre<:ed<~:ntes
todos os
em toclos
em da vida
níveis do
os niveis padronização do
uma padronizzugiao
social ee uma
vida social tudo
de mclo
sem precedentes
sem bens de consumo, linguagem,
sentimentos, hens do consume. linguagom,
precedentes -- sentimemos,
arquitetura -- que
espaço ee arquitetura
espagio poderia ser
que poderia julgada incompativel
ser julgada com
incompatível com
mutabilidade... A
tal mutabilidacle...
ml disso, nos
partir disso,
A partir conta do
damos coma
nos damos ne-
que ne-
de qua‘
sociedade jamais
nhuma sociedade
nhuma se padronizou
jamais se tanto quanto
padronizou tanto nossa, e€
quanto aa nossa,

$9
~.
I

1L5 2%
3/4\\‘;
_
fig
s
*>;»
‘3
que
que aa corrente
corrente de
de temporalidade
temporalidade humana,
humana, social
social ee histórica
histérica nunca
nunca
seguiu seu curso de forma tão homogênea. (...) Portanto, o0 que
segniu seu curse de forma tic homogénea. (...) Partanm, que
agora
agora conseguimos
conseguimas perceber
perceber -- ee que
que começa
comega aa emergir
emergir comocomo uma
uma
»
Y?
i constituição
constimwzio profunda
profunda ee mais
mais fundamental
fundamental dada própria
prévpria pós-mo-
p6s»mo-
dernidade,
demidade, ao ao menos
menus emem sua
sua dimensão
dimensics temporal
temporal -- éé que,
que, daqui
daqui Y»

em
em diante,
(flame, enquanto
enquanta tudo
tudo submete-se
submete-se ao ao perpétuo
perpétuo contínuo
continue de
de \ $5: ‘

11;@»~»="V§;»f¢w_ mudança
mudanga da
da moda
moda ee das
das representações
representwfies midiáticas,
midiéticas, nenhuma
nenhuma
.,
:1‘ ‘*3
2
1 %
mudança
mudzmga éé possivel.*t
possivel.“ .\

§
1
Sem dxivida,
Sem dúvida, trata-se
trata-se de dc umum outro
outta exemplo
example da da batalha
batalha entreentre
as forças de
as fomas desterritorialização ee reterritorializagxio
dc desterritoriaiizagtéo reterritorialização que, que, para
para ,1 ,<»~.!i

\5
3
Deleuze e Guattari, é constitutiva do capitalismo enquanto tal.
Deleuze e Guattari, é constitutiva do capitalisma enquanto tai.
2
Não
N50 seria
seria surpreendente
surpreendente se se aa profunda
profunda instabilidade
instabiiidade social
social ee
econômica
econémica resultasse
resultasse em em umum profundo
pmfundo desejo
desejo por formatos
per formatos ’C»§\» .‘:;.‘ :r-7v

E culturais
culturais jájé conhecidos,
conhecidos, para para os
os quais
quais retornamos
retornamos comocomo Bourne
Bourne N.1,,
4/

retorna
retorna aa seus
seus reflexos.
reflexes. OO distúrbio
distuirbio de
de memória
meméria que que éé correlato
correlate
xx
aa essa
essa situação
situaqfio éé aa condição
condiqio que que aflige
aflige Leonard
Leonard no no filme
filme Am-Am-
'31‘ ‘
nésia,
nésia, emem tese
tese um
um tipo
tipo dcde amnésia anterógrada. Nesta
amnésia anterégrada. Neste tipotipo dc
de Kg‘

amnésia as memórias anteriores ao início da condição perma-
amnésia as memérias anteriores ao inicio da condiqfio penna-
necem
nccem intactas,
intactas, mas
mas os as indivíduos
individuos são
sin incapazes
incapazes de de transferir
transferir
i .4 =
novas
novas memórias
memérias para para aa memória
meméria de dc longo
longs prazo.
prazo. Por
Pot isso,
isse, tudo
tudo
0o que
que for
for novo
novo aparece
aparece como
como hostil,
hostil, fugaz,
fugaz, impossível
impossivei de dc nave-
nave-
»
gar,
gar, ee o0 paciente
paciente refugia-se
refugievse na na segurança
seguranga daquilo
daquik: queque jájé éé velho
velho
ee conhecido.
ccmhecido. Incapacidade
Incapacidade de formar novas
defvrmar novas memórias:
memérias: uma uma de-de~
finição
finiqéo concisa
cuncisa do dc impasse
impasse pós-moderno.
pc'>s»modern0.
'1»,;<;€3jW£;~f~<<
Se
Se os0s os
os distúrbios
distfirbios de de memória
meméria oferecem
oferecem uma uma convincente
convincente
analogia
analngja para para asas falhas
faihas do do realismo
realismo capitalista,
capitalista, o0 modelo
mudelo para para ‘F/I

seu
sea funcionamento
funcienamento continuo,continue, sem sem brechas,
brechas, seria
seria o0 trabalho
trabalho
onírico.
onirico. Quando Quando sonhamos,
sonhamos, esquecemos
esquecemos -- mas mas imediatamen-
imediatamem
tete esquecemos
csquecemos que que esquecemos.
esquecemos. Como Como as as falhas
falhas ee lacunas
lacunas em em 4
»-
»
21
uu
s
*” Jameson,
iameson, Fredric.
Fredric. “The
“The antinomies
antinomies of
of Postmodernity”
Postrnodemity”. Em
Em The
The i

seeds
seeds of time, 1994.
aftime, 1994.
W3:‘;

100
\ Qé

1T
nossa
x1o$sa memória
memoria foram
fomm “Photoshopadas”,
“Photoshopadas". não néo nos
nos perturbam
perturbam ou on
atormentam. O
zxtormentam. O que
que 0o trabalho
trabalho onirico
onírico faz
faz éé produzir
produzir uma
uma con-
con-
sistência
sisténcia confabulada, fantasiosa, que
confabulada, fantasiosa, que encobre
encobre anomalias
anomalias ee con~
con-
tradições. E
t:radic;6es. É precisamentc
precisamente isso isso aa que
que sese referia
referia Wendy
Wendy Brown
Brown
quando argumenta
quando argumenta que que o o trabalho
trabalho onirico
onírico éé precisamente
precisamente 0o
melhor modelo
melhor modelo parapara compreencler
compreender as as formas
formas contemporéneas
contemporâneas
de poder.
do poder. EmEm seu
seu ensaio
ensaio American
American nightmare:
nightmare: neocanservatism,
neoconservatism,
neoliberalism,
neoliberalism, andand de-democratization
de-democratization [O [O pesadelo
pesadelo america-
america-
no:
no: neoconservadorismo, neoliberalismo ee des~demo<:ratiza-
neoconservadorismo, neoliberalismo des-democratiza-
cáo], Brown
Q50], destrincha a
Brown destrincha a alianoa
alianga entre
entre neoconservadorismo
neoconservadorismo ee
oo neoliberalismo
neoliberalismo que que constituiu
constituiu aa verséo
versáo none-americana
norte-americana do do
realismo capitalista até
realismo capitalista até 2008.
2008. Brown
Brown mostra
mostra queque neoliberalis-
neoliberalis-
mo
mo ee neoconservadorismo
neoconservadorismo operavamoperavam aa partir
partir do
de premissas
premissas néo
não
apenas inconsistentes,
apenas inconsistentes, mas diretamente contraditorias.
mas diretamente contraditórias. “Como”,
“Como”,
pergunta
pergunta Brown,
Brown,

uma
uma racionalidade
racionalidade que que éé expressamente
expressamente amoral
amoral em em fins
fins ee meios
meios
(neoliberalismo) se cruza com uma que é expressamente moral ee
(neoliberalismo) se cruza com uma que é expressamente moral
l
L’.
reguladora
reguladora (neoconservadorismo)?
(neoconservadorismo)? Como Como um um projeto
projeto queque esva-
esva-
zia
zia o0 mundo
mundo de dc significado,
significado, que que deptecia
deprecia ee desvaioriza
desvaloriza aa vidavida ee
explora abertamente oo desejo,
explora abertamente desejo, interage
interage com
com umum queque fixa
fixa ee reforga
reforça
significados, conserva certos
significados, conserva certos modos
modos dc de vida
vida ee reprime
reprime ee regula
regula 0o
desejo? Como
desejo? Como oo apoioapoio 5à uma
uma governanqa
governança modelada
modelada na na empresa
empresa
ee 51à um
um tecido
tecido social
social normativo
normativo baseado
baseado nono interesse
interesse privado
privado so se
cruza
cruza com com oo apoio
apoio 5à uma
uma governama
governança modelada
modelada na na autoridade
autoridade
da igreja
da igreja ee £1à um
um tecido
tecido social
social normative
normativo do de autossacrificio
autossacrificio ee do de
lealdade consanguinea
lealdade consanguínea cluradoura,
duradoura, his há muito
muito desafiadas
desafiadas pelopelo atual
atual
capitalismo desenfreado?”
capitalismo desenfreado?”

er

5 Brown,
" Brown, Wendy.
Wendy. American
American nightmare:
nightmare: neoliberalism,
neoliberalism, neoamserw/a~
neoconserva-
tism, and
tism, and de-democratization,
de-democratization, 2006.
2006.

101
3
ll

Mas aa incooréncia
Mas incoerência claquilo
daquilo que
que Brown
Brown chama
chama dode “racionaliciw
“racionalida- S7
on

de política” nada
:7 >,%@=,\‘l g »
do poiltica” nada fax
faz para
para impedir
impedir aa simbiose
simbiose nana subjetividadc
subjetividade 1‘

política. Embora pmcedam


politica. Embora procedam de de prerrogativas
prerrogativas muito
muito diferentes,
diferentes, ‘j§<

Brown argumenta que


Brown argomenta gue oo neoliberalismo
neoliberalismo ee oo neoconservadoris»
neoconservadoris-
§,§Q;%%2‘i-
mo trabalharam
mo trabalharam em em parceria
parceria para
para minar
minar aa esfera
esfera poblica
pública ee aa
democracia,
democracia, ao ao produzir um cidadão governado que busca
produzir um ciclacléio governado que busca so»
so-
luções para seus problemas em mercadorias, não em processos
lugées para sens problemas em mercaciorias, néo em processos
políticos.
politicos» Como
Como Brown
Brown afirma,
afirma,
:'

-yes. l 5
o0 cidadão
ciciadéo que
que escolhe
€f$CC)lh€ ee oo cidacléo
cidadão governado
governado estéio
estão Ionge
longe de se-
do se~ ll
53;; ‘ll ¢

rem
rem opostos...
opostos... OsOs intelectuais
intolectuais dada oscola
escola de
do Frankfurt (e, antes
Frankfurt (6, antes de-
do
2
1
les,
lea, Platão)
Platéo) teorizaram
teorizzaram aa compatibilidade
compatibilidade aberta
aberta entre
emre aa escolha
escolha »\A‘\§( 1‘
‘ll
,3” ll
l T individual e a dominação política, e descreveram sujeitos demo-
individual e at dominagéo politica, e ciesxzreveram sujeitos demo ,_* ¢,,S% ,
l :
cráticos
créticos que
que estão
estéo dispostos
clisposfos aa seso submeter
submetor àix tirania
tirania política
politica ou
on
1
ao
an autoritarismo
autorimrismo justamente
justamente porque
porque estão
ostéo absorvidos
absorvidos em em umum do-
do-
minio
mlnio dedc escolha
escolha ee satisfação
satisfaqfio dedo necessidades
necessiclades que
que erroneamente
erroneameme
confundem
confundem com com liberdade.“
liberdade." 11;? A
4%
Il
1
Extrapolando
Extrapolanclo um
um pouco
pouco os
os argumentos
argumentos de
do Brown,
Brown, podemos
podemos W9‘
1':
i
E
lançar
lanqar aa hipótese
hipéxteso de
do que
que oo que
que manteve
manteve junta
junta aa síntese
sintese bizarra
bizarra T’,-g

3 do
do neoconservadorismo
!1€(>COflS(‘I1‘\"&1C§{)!‘iSI110 com
com: o0 neoliberalismo
neoliberalismo foi
foi seu
sen inimigo
inimigo $1‘

§
iE em
em comum,
comum, objeto
objeto compartilhado
compartilhado dede abominação:
abominagéo: oo assim cha-
assim cha~
;
mado “Estado babá” e seus dependentes. Apesar de ostentar
made “Estado babzi”‘“ e sens dependentos. Apesar do ostentar ’§ l

ame ox.
i
$ Idem.
“’ Idem.
7712 1;
“ N.
“ N. do
da ":1:
7: “Nanny
“Nanny Stale".
State”, um
um tormo
termo do
de origom
origem briténica
britanica que
que expressa
expressa ‘E

aa critica
crítica conservadora
conservadora ao ao estado
estado do
de bem~estar
bem-estar social,
social, transmitindo
translnitindo aa
imagem
imagem de de um
um governo
govemo paternalista,
paternalism, condescendente
cozulesconciente ee superprotetor,
superprotetor,
que infantiliza os
que infantiliza os cidadãos
cidadiios ee interfere nas escolhas
interfere mas escolhas pessoais.
pessoaisl AA invenção
lnxlengéo
do
do termo
{ermo éé comumente
comumoote atribuída
atribuida aoao parlamentar
parlamentar lain
lain Macleod
Macleod (que
(que o0 ¢ \
utilizou
ulilizou em um artigo
em um artigo do
de 1965),
1965), mas
mas fol
foi popularizacio
popularizado pox"
por ernpreszxs
empresas dedc
cigarros,
czgarros, em
em reação
reaqéo àsins campanhas
campanhas públicas
pfiblicas antitabagistas,
antitabagistas, ee sobretudo
sobretudo ")3; l

por Margaret Thachter.


por Margaret Thachter. »~z
1
< 1

102
‘*‘ M»;-‘IQ

uma retórica antiestatista,


mm retérica neoliberalismo na
antiestatista, 0o neoliberalismo não so
prática néo
na prziltica se
J opõe ao
“poo Estado per
ao Estado per se demonstrar
como demonstrararn
se -- como am os esforços esta-
os esforgsos esta~
WW __ {ۤ' salvar os
para salvar
massivos para
taisS$ massivos bancos e e resgatar
os bancos finan-
sistema finan-
resgatar oo sistema
ceiro em
coiro 2008 ~, mas sim, a certos usos específicos
em 2008 -, mas aim, a certos usos especificos dos funclos dos fundos
estatais. O
cstatals. O Estado forte do
Estado forte neoconservadorismo estava
do neoconservadorismo restrito
estava restrito
° 2
l :1a funcgoes policiais, ee se
militares ee policiais,
funções militares contra urn
definia contra
se definia Estado cle
um Estado de
bem-estar social tido
bena-as-tar social como responsive!
tido como por minar
responsável por responsa-
minar aa responszv
1*9». . :1. 4
bilidade individual,
moral individual.
bilidade moral

*1
“l
A
* A
A
1

103

,. , HM“ N _ M
_L 1*
IIn"w

‘hiVV,
'r_‘

d_
>

__“_

_ 3:6_ _
MN
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_
‘HD i)
‘J_iv!

__

__
W
i_V

.' -__‘ ‘
..
_

M
a
.8

V H1

k
3
“Néo hé operadora central”*

' N. da E.; O titulo do capitulo "There‘s no central exchange", foi re-


tirado da traduoéo de O castelo de Franz Kafka utilizada por Fisher.
Optamos por manter o nome do capitulo mas utilizar, na pégina 1 1 1,
a traduoéo de Modesto Carone onde o trecho aparece como “néo
hé central telefonica".
Embora
Embara G o Estaém sido am
tenha aidn
Babá trznha
Estado 8ai>é larga medida
em lazxgza esfolado
medida esf<21ad¢‘>
pela aliança entre
psia aiianga neoliberali smo e neoconserv adorismo,
entre nc~;flibera1ism0 e nezsczvnserwadcsrizsmo, 5} 0
assombrar 0
continua aa zzssnmbmr
conceito continua
umceito o realismo O
capitalista. O ea»
realismo capitaiista. es-
pectro
pcctm do do govemu desempenha uma
forte desenapcxliazz
governo forte uma ‘F:.1l1gf1<1> libidinal
função Iibiriina!
o realismo capitalista. Está ali para ser
para 0 reaiismra capitalista. {ism ali para ser cuipado
essencial para
vsscncial culpado
precisamente por
precisamente seu fracasso em
por s<:uj'r¢2cas.s0 em agir enquanto um
agir enquanm poder cen»
um p()d8f cen-
tralizador, dc
tralizador, de mesma forma como
mesma formal Hardy se
Thomas Hzxrdy
como '1h0mas enfurecia
se enfuracia
contra
contra Deus
Deus por
por ele
eie não
nfm existir.
existir. Como
Cunw observou
ubaczrvou James
Iamea Meek
Meek
um um
em artigo d0
um amigo Review of Books acerca
London Review of Bmuks acerca da p1'ivati~
do Lorzdon da privati-
/;.1§iw da
ração da água
égua nana Gri-Bretanlm, “Repetidamente os
Grã-Bretanha, "Repctidamente governos
os govemoa
conservado
mnservadores res ec trabailmistas descobriram que
trabalhistas descobriram quando dim
que quandn po-
dão po-
deres 215
dcrcs às empresas privadas, e essas empresas privadas
empresas privadas, e essas exnpresas privacias vacilanw vacilam
os eleitores
feia, os
feiu, governo, 0e new
culpam 0o g<:»\'e:rr10.
eleitores culparn não as empresas"? Meek
as e1npresa$”.” Meek
Tewkesbury, uma
visitou Tewkesbury,
\=isi!ou uma dasdas ciciacies británicas que
cidades briténicas que foi vítima
foi vitima
de graves inundações
de graves inun01a<;€>es em
em 2007,
1007‘ um
um ano
ano após
apés o
0 desastre.
desasstre. Era
Era
evidente que
cvideme que aa imlndagio e falha dos serviços
consequent falha dus servigos era
inundação ~<:e aa cmnseaquerxie era
culpa das
culpa empresas de
das exnpresas água (que
de égua haviam sédu
(que haviam privatizada ee
sido privatizadas) s)
construtoras, mas
das construtoras,
das descobriu que
Meek descobriu
mas Meek assim que
náo era assim
que n{m<'31'ai que aa
dos nmradures
maioria dos
maicria locais via
moradores lucaia situação. ‘“¥l:n
via aa situagéca. Tewkesbury’,
“Em '¥‘es~.=kesb11ry’§
escreve Weeks,
escxexfe Meeks,

geral, hé
em geral,
em mais hxvstiiiziade
há mais‘; com 0o gowxrzm,
para mm
hostilidade para prefeitura ti’e
governo, #1à prstkiium
aa Agência Ambiente por
do .P\mi=ia*nie
Agéncia dc: não inapedir
por niia construtores :36
os cuzlstrzxiwes
impedir 05 casas
de cases

mm
1

8 Meek,
‘* Meek, };\m:2s. the jiaads
When the
James. When London Rsview
came. i.m-mims
floods mrne. Books.
of Eamks.
Review egg”

Disponivelem: hitps://wwwilrb.co.uk/v30/ni 5!§ame:@~


D§S§3€)R§V€{€§T11hi$§)S21i'\~‘W'w.iYb.€€>~tlk/V50/H3 s/james- meek/when-the
mmakfwhexz ~ the
-floods-came
fiends-came
107
107
W1 ‘ Q
‘ /4. 5 \
§ Q
k. ‘ x

» 1%~, §§
\
“ggiY
1?
w
M
do que CGITI
viii) (14.11? com ('95
os COfl$tF\}Z()1‘€S
construtores dé‘de C3335
casas £901’
por C()i1S¥!'11i{'\‘3l'}’l
construírem 35 as C3883,
casas, *
3
ou
cm os os comprado
compraduresres por comprá-las. Quando as seguradoras au-
por comprédas. Quanda as seguradnras au-
->12

mentam
me-nmm was suas apéiices,
apólices, aa cufpa
culpa !'€‘iI€¥i
recai mais
mais sabre
sobre 0o governe
governo -- por por
,. ><
K não investir 0
nae znvestir o suficieme
suficiente emem defexas
defesas contra
contra asas inundagées
inundações —- dc» do
que
que sobre
sobre asas seguradcras,
seguradoras, on ou sobre as pessoas que escczihem
sobre as pesfinas que escolhem viver viver
em
em um um vale propenso :à21 inundaqées,
vale propenso inundações, mas mas sern
sem querer
querer pagarpagar maismais
por
pm isso.
issn.“

c
Esta sindrome foi
Esta sindmme foi repetida
repetida emem umauma escala
escala muito
muito maior
maior comcom um um
I tipo
tips diferente
diferente de de desastre
desastre ~- aa crise
crise bancéria
bancária de de 2008.
2008. O O £000
foco ciada ,2 ’K*
<
mídia
midia estava nos excessos
estava nos excessos individuais
individuais dos dos banqueiros e na forma
banqueiros e na 2; \

forma
r}\
I como
como o0 governs
governo iidou
lidou com
com a a crise,
crise, <2e niio
não nas
nas causas
causas sistémicas
sistêmicas
da
da crise.
crise. DeDe modo
made algum quero descuipar
algum quero desculpar 0o Nova Novo Trabafllismo
Trabalhismo
por
por seu
sau papel
paper! em
em tais
tais desastres,“
desastres, mas mas éé precise
preciso reccnhecer
reconhecer que que ~19; 5
colocar
colocar toda
toda aa atenção
atengéo no no governo, ou em indivíduos imorais,
governo. ou em individuos imorais,
-1 éé um
um atoam dede deflexão,
deflexfiu, diversioni sta. Fazer
diversionista. Fazer dede bode
bode expiatério
expiatório
um
um governo
governo impotent
impotente e (se apressando desesperadamente
(se apressando desesperadamente para para ‘Q5’? 5
11;: ‘J
limpar
limpar asas sujeiras
sujeiras deixadas
deixadas por por sens
seus amigos
amigos do do mundo
mundo dos dos ne~
ne-
gócios)
gécios) éé purapura má-fé,
mé~fé, oriunda
oriunda de de uma
uma hostilidacie
hostilidade continua
continua an
1%
ao
1 “Estado
“fistadn babá” babé” que,
que, nono entanto,
entamo, vem vexn acompanhacia
acompanhada da recusa
da recusa
Y1 ‘ em
em aceitar
aceitar asas consequê
consequéncias
ncias da da marginali
marginalizagzfio
zação dos dos governos
governos 7*???

no
no capitalis
capitalismomo global
gfobal -—~ umum sinal
sinal dede que,
que, no
no inconsciarnte
inconsciente p0»
£1»M
Kg

po-
s “Y.
§\
xi]
51
§ lítico,
Iitico, talvez
talvem seja
seja impossíve
impossivel l aceitar
aceitar que
que nãonzlo haja
haja contmladores
controladores
5 centrais,
centrais, ee queque o0 mais
mais parecido
parecicio com com umum poder
poder governant
governante e atual
atual
E

seja
seja uma
uma miríade
rniriade de dc interesses
interesses nebulosos
nebulosos que que exercem
exercem irres~
irres-
2%?

\
I ponsabili
pcimsabflidadesdades corporati
corpomtiva sern prestar
va sem prestar contas.
contas. Um Um caso
caso de
cie de-
de-
1

I
,
I
1
& Menu,
“ Idem.
*“ w.N. cla
“ da 1::
T: Gordan
Gordon Bmvm,
Brown, umum dos
dos Iideres
líderes dc
de mformulaafio
reformulação pés»
pós-
s
Thatcher do
Thatcher do Partido Trabalhista, era o primeiro-ministro quande
Partido Trabaihista, era 0 primeircrministro quando
aa crise
crise financeira
financeira atingiu
atingiu 0o Reine
Reino Unido,
Unido, sucedendo
sucedendo Tony
Tony Blair,
Blair,
principal figura do Novo Trabalhismo, que havia renunciado em
principal figura d0 Nova Trabaihismo, que havia remanciado em may
2007
7 após
apés uma década 5à freznte
uma clécada frente do
do govemo.
governo. *§

108
W
‘>3

_~ ""Ti‘€?$.?Lt‘ff'3:?!'EiL1:'_?*:‘$f~£-¥:’:‘i‘3::i;1:';::%‘:€:::fi::z~:*f:'~ _» ~:-:::_' :1 1%
~ z~;s2<=='1-
'T§"”*?.Tc.’

L - ‘r-/Z'<-—' ~
1.
I negação fetichista,
mtgacgén fetichista, talvez “sabemos muito
talvez ~- “sabemos muito hem bem que que néo não éé 0o
governo quem
governs quem puxapuxa as cordinhas, mas
as cordinhas, assim... A
mesmo assim...".
mas nxesmn dene-
A dene~
i55?-j. gação
gazgfio acontece
acontecze em
em parte
parte porque
porque a falta
a falta de
dc: centralidade
centraividade do
do capi-
capi~
talismo global
talismo radicalmente impensével.
global éé radicalmente Embora
impensável. Embora atuaimente atualmente
-
as pessoas
as interpeladas apenas
sejam intcrpeladas
pessoas sejarn apenas enquante consumidores
enquanto cansumiciores
(como Wendy
(ammo Wendy Brown Brown ee outros apontaram, 0o préprio
outros apcmtaram, próprio govemc:governo
ou serviço),
,7“
..:,_,,
£»$j~3:§_ < apresentado come
éé apresemado como uma espécie de mercadoria
uma espécie dc: mercadoria cm servigzo),
elas niw
elas deixar dc
podem deixar
não podem pensar em
de pensar em si mesmas coma
si mesmas como (se ainda
(se ainda
.‘f
\ fossem)
fossem) cidadéos. cidadãos.
ex-
7 A

próximo que
O mais préximu
O mais maioria de
que aa maioria de nés chega de
nós chega de ter uma ex~
ter uma
descentralizado do capitalismo éé
do capitalismo
\
periência direta
periéncia direta com caráter descentralizado
com 0o caréter
A atendimento em
durante 0o atendimento
durante em um center. Como
call center.
um call consumidores
Como consumidores
no capitalismo
no capitalismo tardio,
tardio, habitamos
habitamos cada
cada vez
vez mais
mais duas
duas realidades
realidades
distintas:
distintas: aquela aquela em em que que os funcionam
serviços funcionam normalnxeme,
os serviqos normalment e,
sem encrencas, ee outra
sem encrencas, outra realidade inteiramente diferentc,
realidade inteiramente diferente, aa do do
iabirinto kafkiano
labirinto kafkiano enlouqueced
enlouquecedor or do telemarketing, um
do telemarketing, mun-
um mun-~
do sem
do sem memória,
meméria, onde onde causa conectam cle
efeito sese conectam
causa ee efeito maneiras
de mzmeiras
misteriosas, insondáveis, no
misteriosas, insondéveis, qual éé um
no qua! milagre que
um milagre qualquer
que qualquer
tende-se aa perder
aconteqa ee tende-se
coisa aconteça
coisa perder as esperança de
as esperanga retornar para
de retornar para
0o outro lado, onde
outro lado, as coisas parecem funcionar
onde as coisas parecem funcionar tranquilamente. tranquilame nte.
OO que que melhor exemplificaria 0o fracasso
melhor exemplificaria fracasso do do mundo neoliberal
mundo neoliberal
ee suas públicas do
relações pizblicas
suas relagées que 0o call
do que center? Mesmo
call center? Mesmo assim, assim, aa
universalida
nniversalidade de das
das más
més experiências
experiéncias com
com o
0 telemarketi
telemarketing não
ng nio
nada para
faz nada
faz corrente
suposição crarrente de que 0 ca-
desestabilizar aa suposiqiio
para deesestabilizar de que o ca-
eficiente, como
realmente eficiente,
pitalismo éé realmeme
pitalismo como se se os problemas com
os pmblemas call
com call
centers 11510
centers fossem as
não fossem consequências sistémicas
as consequéncias sistêmicas de de uma lógica
uma légica
capital, na
do capital,
do qual as
na qua! organizações estée
as organizagées estão téo fixadas em
tão fixadas obter
em obter
lucros que
lucros conseguem prestar
sequer conseguem
que sequer serviço.
prestar 0o servigo.
experiência do
A experiéncia
A telemarketing destila
do telemarketing fenomenologia po-
destila aa fenomenologia po-
lítica do capitalismo
litica do capitalismo tardio:
tardioz o
0 tédio
tédio e
<2 a
a frustração
frustragéo pontuados
pontuados
pelas relaqées
pelas alegremente enlatadas;
públicas alegremente
relações pfablicas enlatadas; aa repetirgiorepetição de de
aborrecedores para
detalhes aborrecedores
detalhes para diferentes operadores (ma!
diferentes operadores treina-
(mal trema-
dos
des e
e mal
mal informados)
informaclos); ; a
a raiva
raiva acumulada
acumulada que
que deve
deve permane-
permane~
109

*" - .. . _ fr rm
E
cer impotente
cer impotente porque
porque 1150
náo pode
pode ter
ter nenhum
nenhum objetoobjeto legitimo,
legítimo,
1
=1; 1
':5
pois - como fica claro muito rápido para quem faz
pols - coma fica clam muito rzipido para quem faz aa ligagfio
ligação
-- não
néo há ninguém que
hé ninguém que saiba
saiba 0o que
que fazer
fazer ee ninguém
ninguém que que faré
fará
1;:-~
%<’;.'»
coisa
ooisa alguma
alguma (mesmo
(mesmo que que pudesse
pudesse fazer).
fazer). A raiva não pode set
A miva nzio pode ser
ii’; *

la‘; 11‘, mais


mais queque uma
uma válvula
vélvula dede escape:
escape: éé agresséo
agressão no no vazio,
vazio, dirigida
dirigida aa wig?

alguém
alguém que que éé igualmente
igualmente uma uma vitima,
vítima, mas
mas comcom quem
quem éé dificil
difícil
ii;
,~; estabelecer
estabelecer empatia.
empatia. Assim
Assim comocomoa raiva
a raiva néo possui nenhum
não possui nenhum
objeto
objeto próprio,
préprio, não
nix) terá
teré efeito nenhum. Esta
efeito nenhum. Esta experiéncia
experiência dc de um
um .11 M
~»:<-z
Fl. sistema
sistema que que não
néo responde,
responds, que que éé impessoal,
impessual, sem sem centm,
centro, abstra-
abstra- €7~

E51 V to
to ee fragmentári
fragmentério. o, éé aa experiência
experiéncia maismais préxima
próxima de de umum encom-
encon- ‘ll
25*?
tro
tro com com aa estupidez
estupidez artificial
artificial do do capital em si mesmo.
—, .,Sl
Eslyz capital em si mesmo. l

AA angústia
angfistia de de call
call center
center éé mais
mais uma
uma ilustração
ilustraqéo da da ma.nei-
manei-
rara como
como Kafka
Kafka éé mal
mal entendido
entendido se se tomado
tornado meramente
meramente como como K‘
3::
1;» -
escritor
escritor sobre sabre o0 totalitarism
totalitarismo. Uma burocracia
o. Uma burocracia “estalinista
“estalinista de dc ’§
E
mercado”,
, ;
‘ili
3% mercado”, descentrali zada, é muito mais kafkiana do que uma
descentralizada, é muito mais kaflciana do que uma ~
;fi
Z‘, Ilsa
;\ em
em que que haja
haja uma
uma autoridade
autoridade central.
central. Leia,
Leia, por
por exemplo,
exemplo, aa farsafarsa 11%

ll“
ll‘ l opaca
opaca do do encontro
encontro de de KK com
como 0 sistema
sistema telefônico
telefénico do do Castelo,
Castelo, ee
e
g‘:
éé difícil
dificil não
niao vê-la
vé~la como
como inquietant emente profética
inquietantemente pmfética da da experi-
experi-
i4 5:
ência
éncia do do atendiment
atendimento o dedc telemarketi
telemarketing:ng:
li I} ..,.4;~

Não exists
N50 existe nenhuma
nenhuma linha linha telefénica
telefônica definicla
definida com
com 0o castelo,
castelo,
Q
nenhuma central telefônica que encaminhe nossos chamaclos;
nenlmma central telefénica que eneaminhe nossos chamados: i
l1

<
quando
quando daqui
daqui sese chama
chama alguém
alguém no n0 castelo,
castelo, tocam
tocam lélá todos
todos osos apa»
apa-
relhos
relhos das
das seções
K
1,: seqées mais
mais subalternas,
subalternas, ou on melhor,
melhor, todos
todos tocariam
tocariam se se
1
aa campainha
campainha não nio estivesse
estivesse desligada
desligada em em quase
quase todos
todos eles,
eles, como
como Q?
sei
sei com
com certeza.
certeza. Mas
Mas de
de vez
vez emem quando
quando um um funcionário
funcionério extenu-
extenu-
ado
ado tem
tem aa necessidade
necessiclacle de de sese distrair
distrair um
um pouco
pouco --* principalmen
principalmente te
ao
ao anoitecer
anoitecer ou on durante
durante aa noite
noite -- ee liga
liga aa campainha,
campainha, aías’ então
emit) nósnés
fljllfi‘
recebemos
recebemos uma uma resposta,
resposta, resposta
resposta no no entanto
entanto queque não
nine éé senão
senfio sl
uma
uma brincadeira,
brincadeira. Também
Também isso isso éé muito
muiw compreensíve
compreensivel. Quem
l, Quem
~
pode
pods pretender,
pretender, em em nome
nome de dc suas
suas pequenas
pequenas preocupações
preocupagéespar- pan ‘Lg:
ticulares, se imiscuir, à custa de toques de campainha telefônica,
ticulares, se imiscuir, ix custa dc toques de campainha teleffmica, ‘"525:
J~

nesses
nesses trabalhos
trabalhos importantíss
importantissimos imos que
que evoluem
evoluem sempre
sempre emem ritmo
ritmo ~Mr<wmi*>
‘ 4.
110
* _?

‘_¢_,,\_\/'Mm§|,,;>",_\,~/\<-14“-1prflyqfl.0U.tA1/AI/O-&AM¢&fl);.-.»~4A»w‘-\@4..~-~»<44.~v/ _ .. W
,_,_._._....____-.-r.-_

vertiginoso
vertiginoso?? Nim também como
entendo também
Não entendo alguém, ainda
que aiguém,
como éé que que
ainda que
um estrangeiro,
seja um
seja pode acreditar
estrangeiro, pode quando chama
que, quando
acreditar que, Sordini
chama Sordini
pelo telefone,
pelo telefone, é
é realmente
reaimeme Sordini
Sordini quem
quem responde.”
respande.”

resposta de
AA resposta de K antecipa aa frustra<;5o
K antecipa desconcertada do
frustração desconcertada indi-
do indi~
víduo no
viduo no labirinto call center.
do call
labirinto do muitas das
Embora muitas
center. Embora conver-
das conver-
sas com
sas operadores de
com operadores telemarket
de telemarketinging pareçam dadaístas
pareqam dadaistas de tão
de tio
sentido, nio
sem sentido,
sem podem ser
não podem ser tratadas tal, nix)
como tal,
tratadas como podem
não podem ser ser
descartada
descartadas como néo
s como tendo nenhum
não tendo significado.
nenhum significado.

—- DeDe qualquer modo nixo


qualquer mode as ceisas
vi as
não vi disse K.
assim ~— disse
coisas assim po-
Não p0~
K. -- N50
dia conhecer esses
dia conhecer esses detalhes, mas néo
detalhes, mas confiança nes~
muita confianea
tinha muita
não tinha nes-
sas conversas
sas conversas telefônicas
teleffmicas e
e sempre
sempre estive
estive consciente
cunsciente de
de que
que só
sé tem
tem
real aquilo que
importância aquilo
real importéncia que se fica sabendo no castelo,
se fica sabendo no castelo, ou que se ou que se
vem
vem aa saber
saber vindo
vindo de
de lá,
lé.
N50 -- disse
—- Náo atendo-se aa uma
prefeito atendo-se
disse o0 prefeito palavra. —- Essas
uma palavra. respos-
Essas respose
tas por telefone
tas por importânci real. como é que 1150? Como éé
têm importéncia
telefone tém a real, como é que não? Como
11.‘. 3 , que uma
que informação dada
urna informaeio por um
dada por funcionário do
um funcionérin pode
castelo pode
do castelo
1,é';‘=;.
:>=1»,='
1-.»m»'!¢.
ser
ser desimportante?*
desimportante?“

génio supremo
OO gênio supremo de Kafka foi
de Kafka explorado aa ateologia
ter explorado
foi ter negativa
ateologia negativa
deixar de de
1
prépria do
própria do capital: centro, mas
falta 0o centre,
capital: falta mas niio podemos deixar
não podemos
/
buscá-lo ou
buscé-lo on postulá-lo.
postulé-lo. Não
N50 é
é que
que não
nio haja
haja nada
nada lá
lé —
~ é
é que,
que, 0o
\
que hé
que capaz de
não éé capaz
lá n50
há lé responsabil
exercer responsabilidade.
de exercer idade.
1
< Este pmblema
Este abordado de
problema éé abordado de outro ângulo em
outro éngulo em um artigo de
um artigo de
Campbell Jones
Campbell intitulado The
Jones intitulado supposed to
subject supposed
The subject recycle to
to recycle [O
reciclar]. A0 colocar a questiio “quem é 0o
deveria recidar].
que deveria
sujeito que
sujeito Ao colocar a questão “quem é
que deveria
sujeito que
sujeito reciclar?”, Jones
deveria reciclar?“, desnaturaliza um
Jones desnamraliza impera-
um impera-

Companhia das
Editora Companhia Letras,
das Letras,
4

1 $s" Kafka,
-
Franz. O
Kafka, Franz. castelo. S210
O castelo. Paulo: Editora
São Paulo:
2000.
2000.
$“ Idem.
Idem.
111
111
tivo téo
tivn tão ccmsensuai
consensual hnje
hoje em
em dia
dia que
que não
new segui-lo
segui-I0 parece sem
parece sem
sentido, ate
semido, até antiético.
antiético. Supémse
Supõe-se que
que todos
icwdas devem
cievem reciclar;
reciclar; nin-
rain-
guém,
guém, seja qual 501"
seja qua! for :1a sua persuasão política,
sue: perszmsiio poiitica, deve
deve resistir
resistir àé esta
esta
determinação. A demanda para que reciclemos é, de fato, co-
det.ern1ina¢zi0. A demanda para que reciclemcxs é, de fatcr, e0~
locada
lncadzz como
cams umum imperativo
imperafivo pré-ideológico
pré~ide0i<'>gicc> ou
cu pós-ideológico:
p£3s»idee¥€>gic0:
em
em outras
mamas palavras,
paiavms, precisamente
prerzisamentez no
no espaço
espacgo no
ne qual
qua! aa ideologia
ideaiugia
sempre
sempre atua.
atua. Mas
Mas o0 sujeito
sujeito que
que deveria
cieveria reciclar,
reciclar, argumentou
argumemou
Jones,
}0nes, pressupõe
pressupée aa estrutura que n€\.<1
estrumra que não reciclar
recicla: 30
ao fazer da reci-
fazer da recr-
clagem
ciagem uma
uma responsabilidade
respnnsabilidade dede “todos”
“techs”, aa estrutura
estrutura terceiriza
terceiriza
sua responsabilidade para
sua responsabiiiciade os consumidores,
para os recuando para
cansumidores, recuan-do para aa
invisibilidade. Agora
irwisibiiidade. Agora que que 0o apeics
apelo 21à responsabiliclade
responsabilidade ética ética indi~
indi-
vidual éé time
vidual tão ciamoroso
clamoroso (em (em senseu iivm
livro Qmzriras
Quadros de de guerm:
guerra: qumscia
quando
:2a vida
vida éé passive?
passível de de iutoi
luto?, iuciith
Judith Butler
Butler um usa 0o terms
termo resp0rzsa1:iIi~
responsabili-
zagxio
zação parapara sese referir
referir aa este
este fenémeno),
fenômeno), éé necessério
necessário maismais do do que
que
nunca pôr a ênfase na estrutura, em sua forma mais totalizante.
nunca pér a élxfase na estrutura, em sua forma mais totalizante.
Ao invés
A0 invés dede dimer
dizer que que todos
todos —~- ou
ou seja,
seja, cada
cada umum dede nésnós ~- séosão
responsáveis pela
responséveis pela mudanga
mudança cliznética,
climática, de de que
que todos
todos nésnós temos
temos
que fazer
que fazer aa nossa
nossa parts,
parte, seria
seria melhor
melhor dizerdizer que
que nenhum
nenhum de de nés
nós
éé respans2ive£
responsável » - ee que
que éé exatamente
exatamente ease esse 0 o pmblema.
problema. A A cause
causa da da
catástrofe ecalégica
catéstmfe ecológica éé uma uma estrutura
estrutura tic) tão impessoai
impessoal que,que, apesar
apesar
de set
de ser capaz
capaz de de pmduzir
produzir reds todo 0o tips
tipo dede efeitus,
efeitos, nim
não éé umum sujeito
sujeito
capaz de exercer responsabilidade, O sujeito que se requer para
capaz de exercer respzmsabiiidade. Q sujeita que se requer para
tal finaiidade
lal finalidade -- um um sujeito
sujeito mletive
coletivo ~- niia não existe,
existe, mas
mas aa crise
crise
ecológica, assim
ec0}<3gica, assim ammo
como as
as outras
outras arises
crises glnbais
globais que
que enfrentamos,
enfrentamos,
nos demanda
nos demanda aa ccmstrui-10.
construí-lo, N0
No emanto,
entanto, 0o apein
apelo a0
ao imediatisma
imediatismo
ético que
ético que reina
reina na
na culture
cultura peiitica
política briténica
britânica ~»- desde
desde peln
pelo menus
menos
19185,
1985, quando
quando 0o sentimemaiismo
sentimentalismo ccmsensuai
consensual dc}do Live
Live Aid
Aid subs-
subs-
tituiu o antagonismo social da Greve dos Mineiros - protela
tituiu 0 antagamismu sacial da Grew: dos Meineiros ~ proteia
indefinidamente aa emergéncia
indefinidamente emergência de de ta}
tal sujeitc,
sujeito.

112
Questões semeihantes
Qmsstées semelhantes são séo abordadas
abcxrciazias em
em um
um artigo
zmigo de de Ar-
Ar»
min
min Beverungen
Beverungen sobre sabre o0 filme
filme A A trzzmaf’
trama.” O O amer
autor vévé 0o filme
filme
como uma
como uma espécie
espécie dede diagrama
diagrama da da fnrrna
forma camm
como um um determi-
determi-
nado
mzdo modelo
madeio de de ética
ética (empresarial)
iempresariai) dá errado. O0 gmblema
dé erracio. problema é
que 0o models
QUC? modelo clede respnnsabiiidade
responsabilidade individuai,
individual, tal
ta! como
came apa-apa-
rece na
rece maioria dos
ma znaieria dos aistemas
sistemas étieos,
éticos, tern
tem peuca
pouca trazgéie
tração sabre
sobre
0o comportamento
comportamento do do capital
capital ou
ou das
das corpcsrmgées.
corporações. A A trama
trama é, é,
de certa forma,
de cerxa forma, umum filme
filme sobre
sobre metaconspiraeéo:
metaconspiragao: 1150 não apenas
apenas
sobre conspirações, mas
subre ccnspiragées, mas soitvre
sobre aa impoténcia
impotência dasdas tentativas
tentativas dede
desvendá-las; ou,
desvendé-las; ou, muito
muito pinr,
pior, sobrc
sobre aa forma
forma como
como determina~
determina-
dos
dos tipos
tipos de investigação aiimentam
dc investigaeéo alimentam as as préprias
próprias c0n:spira<;()es
conspirações
que
que pretendem
pretendem expor. Não somente
expoz". Néo somente 0o persnnagem
personagem de de Warren
Warren
Beatty éé morto
Beatty mono ee incriminado
incriminado pelo pelo crime
crime que
que esté
está investigando,
investigando,
eliminando-o
eliminando-0 limpamente
limpamente ee minando
minando suassuas investigagées
investigações com com
um simples puxão
um simples puxizo de
de gatilho
gatilho de um assassins)
dc um assassino corporativo;
corporativo; aa
questão éé que.
questéo que, como
como Jameson
Jameson nbservou
observou em seu comentério
em seu comentário so- so-
bre
bre 0o filme
filme em em The
The geopolitical
geopolitical aesthetic [A estética
aesthetic {A estética geopolitical,
geopolítical,
aa própria
prépria tenacidade
tenacidade de de seu individualismo quase
seu indiviciualismo quase sociopata
sociopata 0o
tornava
tornava umauma presa fácil dessa
presa fzicil dessa armagfic,
armação, eminentemente
eminentemente passivel
passível
de
de ser incriminado.
ser incriminado.
O climax
O climax aterrorizante
aterrorizante de de AA tmma
trama -- quando
quando aa siihueta
silhueta dodo
assassino anénimo
assassino anônimo de de Beaity
Beatty aparece
aparece contra
contra umum espaqo
espaço vertigi»
vertigi-
nosamente branco -- rima
nosamente branca rima com
com aa parka
porta aberta
aberta no
no final
final de
de mn
um fil-
fil-
me muito diferente,
me muito diferente, O
O shew
show de
de Trzmian,
Truman, de
de Peter
Peter Weir.
Weir, Mas
Mas en-
en-
quanto aa porta
quanm porta no
no horizonte
horizonte que
que se
se abre
abre para
para 0o espago
espaço negro
negro n0
no
final (10
final do fiime
filme de
de Weir
Weir evoca
evoca uma
uma rupture
ruptura emem um
um universe
universo de de
total determinismo,
total determinismo, 0o nadanada do
do quail
qual depencie
depende ea liberdade
liberdade exis~
exis-
tencial, em
tenciai, em A A trama,
trama, por
por outro
outro lack),
lado, aa “perm
“porta aberta
aberta 110
no final...
final...
abre-se para
abre~se para um
um mundo
mundo canspiratério
conspiratório cwganizadn
organizado ee cuntrelada
controlado
até onde
até onde 0:;
os oihos
olhos podem
podem ver”.“
verӼ Esta
Esta figura
figura anénima
anônima com
com um
um i‘i~
ri-
e
I

& N.
" w. da
da 12.:
e. fiime
filme de
de Man
Alan Pakula
Pakula de
de 19;»*4.
1974.
“8 }ames0n,
Jameson, Fredric;
Fredric. The
The geapvliiiml
geopolitical aesthetic:
aesthetic: cénemsz
cinema ami
and space
space in
in the
the
m3
I13
fle na
fie na saleira
soleira de
de uma
uma parta
porta éé o0 mais
mais próximo
préximo que
que conseguimos
cansegnimos
ver
vet da
da conspiração
conspiragfio em si. A
em si, À conspiracies
conspiração emem A
À irama
trama nunca
nunca 0fe~
cfe-
rece um
rece um reiaio,
relato, uma
uma expiicaqixo
explicação sabre
sobre si
si mesma.
mesma. Nunca
Nunca éé focada
focada
em um
em um {mica
único individucs
indivíduo nefastn.
nefasto. Embem
Embora presumiveimente
presumivelmente cm"- cor-
porativo, as
porativo, os interesses
interesses ee motives
motivos da da conspiragéiu
conspiração mince
nunca $510
são arti~
arti-
culados {talvez
culados (talvez nem
nem mesmo
mesmo para,para, ou
ou por,
por, aqueles
aqueles efetivamelite
efetivamente
envolvidos nela).
envoivicios nela). Qnem
Quem vaivai saber
saber 0o que
que aa Corporaqie
Corporação Parailax
Parallax
de fate
dc fato quer?
quer? E121
Ela mesma
mesma esté
está situada
situada nana paralaxe
paralaxe entre
entre politica
política
ee eecmomia.
economia. 1? É uma
uma fachada
fachada comercial
comercial para
para interesses
interesses politicus,
políticos,
ou seria
on seria 0
o contrzirioz
contrário: toda
toda axa maquinaria
maquinaria do
do governs
governo que
que 11:30
não
passaria cie
passaria de uma
uma fachada
fachada parapara eia?
ela? N50
Não esizi
está clam
claro se
se aa corporw
corpora-
ção reaimeme
Q30 realmente existe
existe »- ee mais
mais do
do que
que isso
isso ~- néo
não esté
está sequer
sequer ciam
claro
se sen
se seu Qbjetivo
objetivo éé fingir
fingir que
que née
não existe
existe on
ou sese éé fingir
fingir que
que existe.
existe.
Com cerieza
Com certeza néo
não faitam
faltam conspiraeiies
conspirações no no eapitalismo,
capitalismo, mas mas
aa questfio
questão éé queque elas
elas s6
só size
são possiveis
possíveis porpor czmsa
causa de de estruturas
estruturas
de nivel
de nível mais
mais profundo
profundo que que as
as permitem
permitem funcionar.
funcionar. Alguém
Alguém
realmente pensa,
realmente pensa, por
por exemplo,
exemplo, que que asas coisas
coisas realmente
realmente me- me»
lhorariam se substituissemos todos os banqueiros e gerentes
ihorariam se substituissemos todos os banqueims e gerentes
por
pm um um conjunto
conjumn novo nova de de pessoas
pessoas (“melhores”)?
(“meih0res”}? É óbvio ébvim queque
se
se trata
irate do
do contrário:
contrérior éé aa estrutura
estrutura que
que engendra
engendra os
0s vicios
vicios ee
defeitos,
defeitos, ee enquanto
enquanto aa estrutura
estruium permanecer,
permanecer, os
0:: vícios
victims serão
serfin
reproduzidos.
reproduzidos. ÀA força
f<1=r<;a do
dc: filme
fiime de
de Pakula
Pakuia éé justamente
jusiamenie invocar
im-"war
aa impessoalidade
impeasoalidade sombria,
sombriae sem seen centro,
centro, própria
prépria dede uma
uma conspi-
conspi-
ração
ragén corporativa.
c0rp<>;'ativa. Como
Come Jameson
iamescm observa,
abserva, ota que
que Pakula
Pakula capta
capia
tão
$50 bem
hem em
em AA trama
mlma éé uma uma particular
partiezular tonalidade
tonaiidade afetiva
afetiva típica
tipica
do
do mundo
mundn corporativo:
C{)FpOI‘i\ii‘v'Ot

Para os
Para os agentes
agentes dada conspiragzie,
conspiração, Sarge
Sorge Iprencupaqéoi
[preocupação] éé uma
uma quese
ques-
tão de
1:510 de coniianqa
confiança sorridente,
sorridente, ee aa p1‘eQ<:upa<;:§0
preocupação aim não éé gessoai,
pessoal, mas
mas
corporativa, uma
C0rp(>t‘i1iiV2>l, uma preocupzwiio
preocupação mm com a 21 vitaiidade
vitalidade da
da rede
rede mu
ou da
da ins»
ins-

worid system.
werid system. Indiana
Indiana University
University press,
press, Bluomington,
Bloomington, 1991“
1992.

114
114
tituição, uma distraeéo
tituigéo, uma distração ouon desatenção desencarnada que
clesazenggéio desencamadra que envolve
envolve
oo espaqo
espaço ausente
ausente dada propria
própria organizargéo
organização coleréva
coletiva sen:
sem asas con_§ec~
conjec-
turas desajeitod
ruras desajeitadasas que
que enfraquecem
enfraquecem as as energias
energias dos
das virinms.
vítimas. Estes
Estas
pessoas snbern
pessoas sabem e, e, portanto,
portanto, porlem
podem investir
investir aa sue
sua preseoen
presença como
como
personagens em
personagens em nrna
uma arenqfio
atenção inn:-nsa,
intensa, mas
mas complacente,
complacente, cujocujo
centro do
centro de graviclade
gravidade esté
está em
em ontro
outro lager:
lugar: umn
uma intencionalidacle
intencionalidade
arrebatadora ee ao
arrebatadora ao mesmo
mesmo tempo
tempo desinteressacia.
desinteressada. No
No entanlo,
entanto, este
este
tipo muito
tipo muito cliferente
diferente dede preocupagéo,
preocupação, igualmente
igualmente despersonaliza»
despersonaliza-
da, carrega consigo a sua própria ansiedade específica,
da, carrega consigo a sua propria ansiedade especifica, por por assim
assim
dizer, inconscienle
dizer, inconsciente ee corporativa.
corporativa, sem
sem quaisquer
quaisquer eonsequéncias
consequências
para
para os vilões individuals."
os viloes individuais.º

(...) Sem
(...) Sem quaisquer consequências para
quaisquer consequéncias para asos viloes
vilões irzdividuais...
individuais...
Como essa
Como essa frase
frase ressoa
ressoa agora mesmo -- depois
agora mesmo depois das das mortes
mortes de de
Jean Charles
lean Charles de de Menezes
Menezes ee lan Tomlinson” e¢ depois
Ian Tomlinson" depois do do fiasco
fiasco
da crise financeira.
da crise financeira. EE 0o que
que Jameson
Jameson esté está descrevendo
descrevendo aqui aqui éé 0o
casulo
casulo mortificante
mortificante da cla estrutura corporativa —— que
estrutura corporativa que insensibiliza
insensibiliza
conforme protege, que
conforme protege, que esvazia
esvazia ou absolve aa geréncia,
ou absolve gerência, assegu-
assegu-
rando que
rando que sua atenção esteja
sua atengéo sempre deslocada,
esteja sempre deslocada, assegurando
assegurando
que
que nãomio possam ouvir. A
possum ouvir. À ilusiio
ilusão de
de muitos
muitos que que entram
entram nas nas fr.m~
fun-
ções do
goes de geréncia.
gerência, com
com grandes
grandes esperangas,
esperanças, éé precisamente
precisamente do de
que
que eles,
eles, osos indivíduos, podem mudar
individuos, podem mudar as as coisas,
coisas, queque não
néo vão
viro re-
re-
petir o0 que
petir que seus
sew; gerentes fizeram, que
gerentes fizeram, que as
as coisas
coisas serão diferentes
seréo diferenres
desta vez. Mas
clesta vez. Mas basta
basta prestar
prestar atengéo
atenção aa qualquer
qualquer um um que
que tenha
tenha
sido promovido aa um
sido promovido um cargo
cargo gerencial
gerencial parapara perceber
perceber que que néo
não
demora muito tempo para que a petrificação cinza do poder
demora muiio tempo para que a perrificaagiio cinza do poder

—_

$2 lclemr
‘“ Idem.
ox, do
’° N, dar:'r.; lean
Jean Charles
Charles do
de Menezes,
Menezes, cidaciéo
cidadão brasileiro,
brasileiro, foi
foi executado
executado
pela policia
pela polícia dode Londres
Londres no no metro,
metrô, no no dia
dia 22
22 dode jniho
julho de
de 2005,
2005,
confundido com um terrorista. lan Tomlinson foi agredido e morto
confundido com urn terrorista. {an Tomlinson foi agreclido e mono
pela policia
pela polícia de
de Londres,
Londres, rlnrante
durante osos protestos
protestos contra
contra aa reunifio
reunião dodo G20
620
de abril
dc abril de
de 2009.
2009. Em
Em ambns
ambos os os casos
casos ninguém
ninguém foi
foi condenado.
condenado.

315
£15
? Mg

1 ‘ -w
1 E
comece aa engc>li~!0.
c<.um:<:s engoli-lo. EÉ aquiaqui que
que aa estrutura
estrutura éé paipziveiz
palpável: pode»se
pode-se
praticamente vé-ia
praticamente vê-la absorvenda
absorvendo ee tomando
tomando mnta conta alasdas pessoas,
pessoas,
ouvir as
ouvir os juizos
juízos m0ribundosfxnnzfificantes
moribundos/rmortificantes dz da estrutum
estrutura sends sendo
vocalizados através delas.
vacalizados através delas.
k
23* Por esta
Per esta razfio,
razão, éé umum arro
erro nos
nos apressarmos
apressarmos aa impor impar à£1 força
forga aa
t responsabilidade
respcnsabilidade ética ética individual
individual que que aa estrutura
estrutura empresarial
empresarial "rkf i‘
»~_v;2g;<‘
desvia.
dasvia. ÉE a:1 tentação
tenta§é0 da da ética que, coma
ética que, como Ziiek
Zizek argumentou,
argumentou, 0o M
E2
Q9»

sistema capitalista
sistéma capitalista utilizou
utilizou aa senseu beneficiz;
benefício para para sese proteger
proteger em em
1 meio
mais à9 crise
crise financeira:
financeira: aa estratégia
estratégia foifoi então
entio culpar
culpar os 0:; indiví-
indivi-
> duos
duos supostamente
supostamenie patológicos,
patoiégicns, aqueles
aqueles queque “abusam
“abusam do do sistc:~~
siste-
ma”, ee 115510
ma”, não o<2 préprio
próprio sistema.
sistema, Mas Mas esta
esta evasão
evasfio é,é, na na verdade,
verdade,
5
¢
um pmcedimeznm
um procedimento dc de dais
dois passes:
passos: aa estrutura
estrutura serriserá mmitas
muitas vezes
vezes
s
F
‘s invocada (implícita ou abertamente) precisamente no momen-
invocada (impiicita on abertameme) precisamente no memen~ Q
5‘ 2 toto em que existe
erm que existe aa possibilidade
possibilidade de de individuos
individnos que que pertencem
pertencem 2‘à ;
;‘
estrutura
estrutura empresarial
empresarial serem punidos. NestaNeste ponto,
ponto, de de repente,
repente,
Z
serem punidos.
M
?\ as causas
as causas dos
dos abuses
abusos onou das
das atrocidades
atrocidades sic»são téotão sistémicas,
sistêmicas, tic» tão
x 1(
i difusas, que nenhum indivíduo pode ser responsabilizado. Foi
ciifusas, que nenhum individuo pode ser responsabilizado. Poi 5:1;/3

0o que
que acontcceu
aconteceu com com 0o desastre
desastre do do futebol
futebol de de Hillsborough,"
Hillsborough,” “Q A
>;?l‘?fi*
4
com aa farsa
corn farsa do
do case
caso fear:
Jean Charles
Charles de de Meneazes
Menezes ere em em {antes
tantos outros
outros
casos. Mas este impasse - só os individuos podem ser respon-
cams. Mas este impasse - sé as individuns podem sea‘ resp0n~ ,~?¥i§{ ,
I sabilizados eticamente
sabiiizados eticamente pelas pelas agées
ações e,e, no
no antanm,
entanto, aa causa causa c€es~
des-
1 V. W5:
3 ses abuses
ses abusos ere arms
erros éé corporativa,
corporativa, sistémica
sistêmica -- néc»não éé apenas
apenas uma uma
%
.1 dissimulação: indica
dissimulaqéioz indica pre<:isamente
precisamente 0o que que Falta
falta nono capitalismo.
capitalismo.
z
Que mecanismos são capazes de regular e controlar estruturas
Que mecanismos sic capazes de reguiar e controlar estruturas
§

é%
E
;
i
impessoais? Como
impesseais? Como éé possível castigar uma
passive} castigar uma estratura
estrutura empresa-
empre:sa-
<
x
rial, curporativa?
rial, corporativa? Sim, Sim, as as corporagées
corporações podem podem iegaimente
legalmente ser ser I mg
1
5
1 x um
1

i 1 % N.
" ox. da
da *r.:
T.: em
em abril
abril da
de 1989,
1989, 9696 pessoas
pessoas morreram
morreram pisoteadas
pisoteadas n0no
i estadio Hliilsbcmugh
estédio Hillsborough (Sheffielci)
(Sheffield) durante
durante aa partida
partida entre
entre Qo Liverpooi
Liverpool
EC ee Nottingham
M: Nottingham Forest.
Forest. 0O estédio
estádio estava
estava emem péssimo
péssimo estadn
estado de
de
conservação, ee aa pernxisséo
cunservaqéo, permissão da da emrada
entrada excessive
excessiva dede torcedures
torcedores
causando aa superiotaqéo
causandn superlotação dc»do estédio
estádio causamm
causaram 0 o desastre.
desastre. Aié
Até hcaje
hoje
ninguém fai
ninguém foi responsabilizaclu.
responsabilizado.
i x
1
1
i
116
n.
5/tgdfi A Q ~ »\/ MWM\.~,,>mm..\..,,,MN...<~»~ _ - MM _ _ _ _.W,
tratadas calm;
tratadas como individuas,
individuos, masmas o0 problema
prublema éé que que asas corpora-
c01'p0ra~
ções, ainda que sejam entidades, não são em nada semelhantes
gtées, ainda que sejam eniiidades, néo sin em nada semeihantes
aa seres
seres humancrs
humanos individuais,
individuais, ee qualqxxer
qualquer anaiegia
analogia entre
entre punir
punir
corporações ee punir
corporaqfies punir individues
indivíduos seré,
será, portanta,
portanto, absoiutamente
absolutamente
superficial. EE nfio
superficial. não éé que
que asas cnrporzmées
corporações sejam
sejam esos agentes
agentes dede nival
nível
mais profundo,
mais profundo, porpor trés
trás de
de tuda
tudo ~- sic
são eias
elas mesrnas
mesmas expressées
expressões
da (condicionada
da (condicionada pela)pela) causa~que~néo-é-um~sujeit0
causa-que-não-é-um-sujeito funda~ funda-
mental: 0o préprio
mental: próprio capital.
capital.

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117
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_’ _ ___’_‘WY‘;_%=

‘Y _ ___\

JR

"I
"I ‘"

'
Supernanny marxista
Nada pecicria
Nada poderia ilustrar
ilustrar melhor
meihnr 12o ¢.}\.:e
que Ziiek
Zitek éderztificcau
identificou como
como Q o
fracasso da função do pai, a crise do superego paterno no ca-
fracasso da fun<;éi¢f> (iv pai, a crise do superego paiernza am
pitalismo tardio,
piialismo tardio, dca
do que
que uma
uma edi<;i10
edição tipica
tipica de
de Sizpermizzzny.
Supernanny. O O
programa nferece
pmgrama oferece um um ataque
ataque impiacéwel,
implacável, ainda ainda que
que inapiicim,
implícito,
ao hedonismo permissivo da pós-modernidade. Supernanny éé
an hedonisma permissivo da pés-medernidadiz. Supermmny
espinozista na
espinozista na medida
medida em em que,
que, como
como Espinosa,
Espinosa, wma toma por
por certo
certo
que as
que as criangas
crianças estfw
estão em
em estado
estado de de abjeqfio:
abjeção: sin são incapazes
incapazes de de
reconhecer seus próprios interesses, incapazes de compreen-
reconhecer s-eus préprios interesses, incapazes dc c0mpreen--
der tanto as
der tanto as causas
causas quzmto
quanto as os efeitos
efeitos (em(em gem!
geral dcrletérms)
deletérios) de de
suas
suns ações.
aqées. Mas Mas ms os prabiexnas
problemas que que aa Supernanny
Supernanny enfrenta
enfrenta 11:10
não
surgem
surgem das das ações
aqées ou do caréter
on do caráter das das crianqas
crianças (que,
(que, afinal,
afinal, sad

poderiam ser mesmo hedonistas idiotas), mas dos pais. São as
poderiam ser mesmo hedonistas idiotas), mas dos pais. S50 os
pais que, an
pczis que, ao seguir
seguir 0 o caminho
caminho de de menor
manor resistência
resisténcia do do princi-
prir1ci~
pio
pio dodo prazer,
prazer, causam
causam aa maior
maior parte
parte da da miséria
miséria masnas famílias,
famiiias.
Em um padrão que rapidamente se torna familiar, a busca dos
Em um padrén que rapidameme see toma familiar. a busca dos
pais por facilitar a vida no curto prazo os levam a ceder a to-
pais por faciiitar a vida no curto pram os ievam a cede? a m»
das
das asas demandas
demandzas das das crianças,
créangas, queque vãovéo sese tornando
tomamdn cada cada vez
vez
mais
mais tiránicas,
tirimiczas.
Assim
Assim como
comm muitos
muitos professores
profizssores (ou
(on outros
(wires trabalhadores
trabalhadares do
du
que
que costumava
cosmnmva ser set chamado
chamada de de “serviço
“servi<;0 público”),
pzihiicca“), a21 Supernan-
Supe§man~
ny
my sese vê
vé obrigada
obrigada a:1 resolver
resuiver problemas
pmhiemas de de socialização
socializaqiio queque a2152:»
fa-
milia não consegue mais dar conta, Uma Supernanny marxista,
milia nix") czmsegue mais dar cnnta, {Ema Supcrnaxxray marxista,
claro,
dare, deveria
deveria sess concentrar
ccmcemrar menos
rnezms emem remediar
remediar umauma família
famiiia
por
por vez
vez para
para focar
fucrar mais
mais nas
nas causas
causas estruturais
estruturais que
que produzem
§>m{3L1:§21n o<1
mesmo
mesmo efeito
efeim repetidamente.
repetidarnente.
GO problema
problema éé que
que o0 capitalismo
capitaiisma tardio
t;u'di4> não
néa pode
pads deixar
deixar de de
insistir
insisrir (porque
{porque depende
depend/e disso)
diam) na
na relação
reizugiia entre
ezwtra desejo
zieseju e<2 inte-
intew

221
/.,~

~~ ;‘
q$%~;.’Es
resses, uma
resses, uma reiagéo
relação cujacuja rejeigfio
rejeição estava
estava na na base
base dada patemidade
paternidade
tradicional. Em
tradicional. Em uma
uma cultura
cultura em em queque o0 conceito
conceim “paterno”
“paterno” do do _, A4

dever
clever foifoi subsumido
subsumido no no imperativo
imperativo “maternal”
“maternal” ao ao gozo,
gozo, pode
pode
parecer
parecer que que osos pais
pais estão
estio falhando
falhando em em seuseu dever
dever se,se, de
de alguma
aiguma
forma,
forma, impedirem
impedirem o0 direitodireito absoluto
absolute de de seus
seus filhos
filhos ao ao gozo.
gozo. EmEm . ._»m
,, r
parte,
parte, trata-se
trata—se de de umum efeito
efeito dada exigência
exigéncia crescente
crescente de de que
que am-
am- . »-.~T~~§~‘
my
2
bos
bos os as pais
pais estejam
estejam no no mercado
mercado de de trabalho;
trabalho; nestas
nestas condições,
condi<;6es, 1 5&1
w
nas
nas quais
quais os os pais
pais veem
veem os os filhos
filhos tãotéo pouco,
poucu, aa tendência
tendéncia seráseré
de
dc frequentemente
frequentemente se se recusar
recusar aa ocupar
ocupar aa função
fun<;5o “opressiva”,
“opressiva”, de dc
dizer
dizer à£1 criança
crianqa o0 que
que elaela tem
tem que
que fazer.
fazer. AA denegação
denegaqéo da da função
funqfio ~_;_~,<“.<é<§

parental
parental aparece
aparece também
também no no nível
nivel da da produção
produqfio cultural:
cultural: sósé sese
oferece
oferece ao ao público
pfzblica aquilo
aquilo queque: ele
ele (aparentemente)
(aparentemente) quer. quer. AA ques-
ques-
tão
téo concreta
concreta éé que que nãonio éé possível
passive! retornar
retornar ao ao superego
superego pater-
pater-
no
no -~ o0 PaiPai austero
austere em em casa,
casa, ee aa arrogância
arrogéncia ao ao estilo
estilo John
Iohn Reith
Reith
nos meios de
nos meios de comunicação.” Não é possível
comunicaqéo." N50 é possival e nem desejével. e nem desejável.
Então
Entfio comocomo ultrapassar
ultrapassar aa cultura
cultura de dc moribunda
moribunda conformidade
conformidade
monótona
monétona que que resulta
resulta de de uma recusa aa desafiar
uma recusa desafiar ee educar?
educar? UmaUma
pergunta tão
pergunta £50 grande
grands não
niio pode,
pods, evidentemente,
evidentemente, ser
ser respondida
respondida »1
definitivamente
definitivamente em em um um livrinho
livrinho como como este,este, o0 que
que sese segue
segue são
séo é§
z
18‘
apenas alguns
apenas pontos de
alguns pontos sugestées. Em
partida ee sugestões.
de partida resume, po-
Em resumo, po- ,g

rém,
rém, creio
creio queque éé Espinosa
Espinosa quem quem oferece
oferece os as melhores
melhores recursos
recursos *»=<§§=
,Z
para
para pensar
pensar o0 que que poderia
poderia ser set um
um “paternalismo
“paternaiismo sem sem o0 pai”.
pai’i . .65;
/s
8x= 1
2
Em
Em seu seu livro
livro Tarrying
Tarrying with with the
the negative
negative [Permanecendo
[Permanecendo com com
negativo], Ziiek
o0 negative}, provocativamente argumenta
Zizek provocativamente argumenta que que um certo
um cerm :&‘@€}:;i§‘}7§‘ §X:¢A<

espinozismo éé aa ideologia
esgainozismo ideologia do do capitalismo
capitalismo tardio.tardio. Ziiek
Ziek acredi-
acredi- E5 Ԥ
ta que
ta que aa rejeigéo
rejeição espinoziana
espinoziana da da deontologia,
deontologia, em em favor
favor de
de uma
uma
ética baseada
ética baseada no no conceito
conceito de de saixde,
saúde, casa casa muito
muito bem bem comcom aa en»
en- 3 \
;&—
\
Oi
aaa

12 N.
'1 n. da
dar:1:: john
John Reith
Reith foi
foi 0
o primeiro
primeiro diretor
diretor gem!
geral da
da sac
spc (1912
(1922 aa
1938), que
x938), que via
via aa radiodifusfio
radiodifusão como
como uma
uma forma
forma de
de educar
educar as
as massas.
massas, 4% 1

ee estabeieceu
estabeleceu no no Reina
Reino Unido
Unido aa tradigtfio
tradição de
de “emissora
“emissora dede serviqo
serviço 1
ii3

público” independente
pixblico” independente ee educativa,
educativa, imprimindo
imprimindo nana sac
BBC uma
uma imagem
imagem J“?
J
de seriedade
dc seriedade ee neutralidade,
neutralidade.
genharia
genharia afetiva
afetiva amoral
amoral do do capitalismo.
capitalismo. O O famoso
famoso exemplo
exemplo aqui aqui
ééaa leitura
leitura de de Espiriosa
Espinosa sobre
sobre 0o mitomito da da Queda
Queda ee aa fundaoiio
fundação da da
Lei. Na
Lei. Na interpretação
interpretagio de de Espinosa,
Espinosa, quandoquando Deus Deus condena
condena Adio Adão
por comer
por comer oo fruto
from nãonio 0o faz
faz por
por se se tratar
tratar de de uma
uma aqioação errada:
errada:
0o que
que Deus
Deus faz faz éé advertir
advertir Adéo
Adão aa niionão consumir
consumir 0o fruto fruto porque
porque
lhe faré
lhe fará ma}.
mal. ParaPara Ziiek,
Zizek, essa
essa leitura
leitura express:-i
expressa dramaticamente
dramaticamente
0o fim
fim dada fungeio
função do do pai.
pai. UmUm ato ato éé errado
errado não porque o0 papai
néo porque papai
diz que é; na verdade, o papai só diz que é “errado” porque re-
diz que é; na verdade, 0 papal so diz que é “errado” porque re-
alizar 0o ato
alizar ato seré
será prejudicial
prejudicial para para nos.
nós. NaNa viséo
visão de de Ziiek,
Zizek, esse esse
movimento
movimento de de Espinosa
Espinosa retira
retira da da fundaqio
fundação da da Lei
Lei 0 o sustento
sustento
assegurado no ato sádico de cisão (o corte cruel da castração),
zmsegurado no ato sédico do cisfio (0 corte cruel da castraqio),
ao mesmo
ao mesmo tempo tempo que nega aa afirmaqéo
que nega afirmação do do poder
poder em em um um ato ato l
l

cle pura
de pura volição,
voliqio, no no qual
qual oo sujeito
sujeito assume
assume responsabilidade
responsabilidade por por
‘§?yZi?i’5*
F ' "‘ _
tudo,
tudo. De De fato,
fato, Espinosa
Espinosa oferece
oferece fartos recursos para
fartos recursos para analisar
analisar
o0 regime
regime afetivo
afetivo do do capitalismo
capitalismo tardio,tardio, o0 aparato
aparato de de controle
controle
i
videodrome,
videodrome, descritodescrito por por Burroughs,
Burroughs, Philip Philip K. K. Dick
Dick ee David David
Cronenberg,
Cronenberg, em em queque o0 poder
poder sese dissolve em uma neblina fan- fan-
i
‘T
dissolve em uma neblina
l
-1
tasmagórica de entorpecentes psíquicos e físicos. Assim como
tasmagorica de entorpecentes psiquicos e fisicos. Assim como
I
Burroughs, Espinosa
Burroughs, Espinosa mostra
mostra que, que, longe
longe dc de serser uma
uma condiqio
condição
aberrante,
aberrante, o0 vicio vício éé o0 estado
estado normal
normal para para os os seres
seres humanos,
humanos,
habitualmente escravizados
habitualmente escravizados em em comportamentos
comportamentos reativos reativos ee re- re-
petitivos
petitivos por por imagens congeladas (de
imagens congeladas (de si
si proprios
próprios ee do do mundo).
mundo).
AA liberdade, mostra Espinosa,
liberdade, mostra Espinosa, éé algo algo que
que sosó pode
pode serser alcangado
alcançado
quando somos capazes de reconhecer as causas reais de
quando somos capazes de reconhecer as causas reais de nossas
nossas
ações, quando
aqoes, quando podemos
podemos deixar
deixar de de lado
lado asas “paixoes
“paixões tristes”
tristes” que que
nos intoxicam
nos intoxicam ee entorpecem.
entorpecem.
i
Náo hé
N50 há duvida
dúvida de de que
que oo capitalismo
capitalismo tardio tardio certamente
certamente ar- ar- i

ticula muitas das suas injunções através de um apelo à (uma


ticula muitas das suas injungoes através dc um apelo ii (uma
certa verséo
certa versão de) de) saude.
saúde. A A proibiqio
proibição de de fumar
fumar em em locais
locais pu- pú-
blicos, aa implacével
blicos, implacável demonizadio
demonização da da dieta
dieta da da classe
classe trabalha-
trabalha-
dora
dora em em programas como Vocé Você éé 0o que você come,
come, parecem
parecem jájé i
programas como que vocé ii

indicar
indicar que que estamos
estamos na ria presença
presenqa de de um
um paternalismo
paternalismo sem sem pai.pai. i
Não
N510 éé queque fumar
fumar sejaseja “errado”,
“errado”, ee sim sim que
que nos
nos impedirá
impediré de cle levar
levar I

123
123
Yd

~ 2x
,~_»%
_- ‘
J3’,
gii;
§M ,
é
uma vida
uma vida longa
longa ee agradável.
agradével. Mas Mas há hé limites
limites para
para esta
esta ênfase
énfase ,» J §
na
na boa
boa saúde:
safide: aa saúde mental ee 0o desenvolvimento
safide mental desenvolvimento intelectual,
imelectual,
por
por exemplo,
exemplo, quase
quase não1150 aparecem.
aparecem. OO queque vemos,
vemos, em em vez
vez disso,
disso,
V:%
éé um
um modelo
modelo de de saúde
saflde reducionista
mducionista ee hedônico
hedfmico que que sese limita
limita 7 155%?

g . ao
ao “sentir-se
“sentinse bem bem ee tar
ter boa
boa aparência”. Dizer às
aparéncia”. Dimer és pessoas
pessoas comocomo .<».: 3
32%
15] perder
perder peso,
peso, ouon como decorar aa casa,
como decorar casa, éé aceitável;
aceitével; mas exigir
mas exigir ~ ~:iI§Q,§

qualquer
qualquer tipo tipo dcde aperfeiçoamento
aperfeiqoamento culturalcultural éé ser opressivo ee
ser opressivo
elitista. O
elitism. O alegado
alegado elitismo
elitismo (e (e opresséo)
opressão) néonão pode
pode consistir
consistir na na .y,§
;{>~
%§\
E
WM
noção dc
noqéo de que
que umum terceim
terceiro possa
possa conhecer
conhecer melhor
melhor os os interesses
interesses
de alguém,
de alguém, uma uma vezvez que,
que, presumivelmente,
presumivelmente, as os fumantes
fumantes sic são

considerados desavisados
considerados desavisados de de sens
seus interesses
interesses onou incapazes
incapazes de de ‘
~.<:?‘“*
%s
z

agir em
agir em conformidade
conformidade com com eles.
eles. N50:
Não: 0o problema
problema éé queque apenas
apenas
certos tipos
certos tipos dc
de interesses
interesses séosão considerados
considerados relevantes,
relevantes, umauma vezvez
s‘ que refletem
que refletem valores
valores considerados
considerados consensuais.
consensuais. Perder
Perder peso,
peso,
El»

y,
decorar aa sua
decorar sua casa
casa ee melhorar
melhorar aa sua sua apaxéncia
aparência pertence
pertence ao ao regi-
regi-
s
\ me “cunsentimental”.'"
me “consentimental””? Z-
Numa excelente
Numa excelente entrevista
entrevista para
para 0o Registencom,
Register.com, 0o documem
documen- 973‘: ‘

v tarista Adam
tarista Adam Curtis
Curtis identifica
identifica as os contornos
contornos deste
deste regime
regime de de
gestão afetiva.
gestfio afetiva.
K./1
_-éx

A 'rv
A tv agora
agora lhe
lhe diz
diz 0o que
que sentir.
sentir.
Já nio
J5 não lhe
lhe diz
diz 0o que
que pensar.
pensar. De
De Bast
East Enders"
Enders™ aos
aos reality
reality shows,
shows,
você esté
vocé está sempre
sempre na na jornada
jornada emocional
emocional das das pessoas
pessoas ~- e,
e, através
através da
da
edição, se
edi-Q50, se sugere
sugere suavemente
suavemente qualqual éé aa forma
forma consentida
consentida de de sentir.
sentir.
\
“Abraços ee beijos“,
“Abragns beijos”, éé como
como en eu chamo.
chamo.
\

Tirei isso
Tirei isso de
de Mark
Mark Ravenhill,
Ravenhill, que:
que escreveu
escreveu um um artigo
artigo muito
muito bom
bom
que dizia
que dizia que
que se
se vocé
você analisar
analisar aa teievisiw
televisão agora
agora veré
verá umum sistema
sistema
de orientaqéo
dc orientação —- que
que nos
nos diz
diz quem
quem esté
está com
com “mans
“maus sentimentos”
sentimentos” ee
quem esté
quem está com
com “bans
“bons sentimentos”.
sentimentos”. E E aa pessoa
pessoa que
que esté
está tendo
tendo os
os

a.
Z
- 7:
% N‘
” n. da
da T.:
T.: neologismo
neologismo a a partir
partir de
de amsent
consent [pm-missio}
[permissão] ee sentimental.
sentimental.
74 N.
"‘ y, da
da 'T.: novela tradicional
11: novela tradicional dada BBC,
BBC, em
em exibiqio
exibição dead:
desde 1985.
1985. 11%
.214‘
,1
E
1
maus sentimentos
mans sentimentos éé redimida
redimida através
através do
de um
um momento
momento dc
de “abrafl
“abra-
ços ee beijos”
qos beijos” no
no final.
final. E
É reaimente
realmente um
um sistema
sistema nfio
não dc
de orientaoio
orientação
moral, mas
moral, mas de
de orientaoéo
orientação emocional."
emocional”?

A moralidade
A moralidade foi
foi substituida
substituída pelo
pelo sentimento.
sentimento. No
No “império
“império do
do
ego” todos
ego” todos “sentem
“sentem 0o mesmo”,
mesmo” sem
sem mmca
nunca escapar
escapar do
de uma
uma con~
con-
dição dc
diqio de solipsismo.
solipsismo. “As
“As pessoas
pessoas sofrem”.
sofrem”, afirma
afirma Curtis,
Curtis,

por estarem aprisionadas


por estarem aprisionadas Aà elas
elas mesmas
mesmas ~~ emem um
um mundo
mundo de de indi-
indi-
vidualismo, todos estio
vidualismo, todos estão presos
presos dentro
dentro de
de seus próprios sentimen-
sens proprios sentimen-
tos,
tos, presos
presos dentro
dentro de
de suas
suas próprias imaginações. Nosso
préprias imaginaqfies. Nosso trabalho,
trabalho,
como emissora de serviço pxiblico,
público, éé levar
levar as
as pessoas
pessoas para
para além
além
)f§§5§;:
como emissora de serviqo
’ dos
dos limites do seu
limites do seu próprio
préprio ego,
ego, ee se
se néio
não fizermos
fizermos isso,
isso, vamos
vamos con-
con-
. tinuar em decadéncia.
tinuar em decadência.
~2sf§5>fr§1 -
A .$<;~,=
AA BBC
BBC precisa
precisa entender
entender isso.
isso. Tenho uma visio
Tenho uma visão idealism,
idealista, mas
mas sese aa
.6-'4">l‘; ‘

BBc
sac puder fazer isso,
puder fazer isso, levar
levar asas pessoas
pessoas para
para além
além dos seus proprios
dos seus próprios
>.’€§l\{'\{
egos, ela
egos, ela conseguiria
conseguiria sese renovar
renovar ee passar
passar por cima dos
por cima dos concurren-
concorren-
-22'7"
tes. AA concorrência
tes. concorréncia estáestzi obcecada por servir
obcecada p0!‘ servir asas pessoas
pessoas em em seus
seus
1
pequenos egos. EE de
pequenos egos. de certa
certa forma,
forma, nana verdade.
verdade, Murdosh,
Murdoch, com com todo
todo
1
iili?
er oo seu
seu poder,
poder, esté
está preso
preso pelo
pelo ego.
ego. Essa
Esse éé oo seu
seu trabalho,
trabalho, alimentar
alimentar
Oo ego.
Q80.
T

Na
Na BBC,
sac, esse
esse éé oo préximo
próximo passe.
passo. Isso
Isso nio
não significa
significa que
que vamos
vamos
voltar aos anos
voltar aos anos 1950,
1950, e
e dizer
dizer is
às pessoas
pessoas como
como se
se vestir,
vestir, o
o que
que do
de-
vemos fazer
vemos fazer éé dizer
dizer “podemos
“podemos te
te libertar
libertar de
de vooé
você me-smo”
mesmo” —- ee as
as
pessoas iriam
pessoas iriam amar
amar isso."
isso.”*

ua

™ Orlowski,
" Orlowski, Andrew;
Andrew; Curtis,
Curtis, Adam.
Adam. “Adam
“Adam Curtis:
Curtis: the
the TV
rv elite
elite has
has
lost the
lost the plot?
plot”. Em
Em The
The Register.
Register. Disponivei
Disponivel em:
em: hflps://wwwmeregister.
https://www.theregister.
com/Print/2007/11/20/adam_curtis_interview/
com/Print/zoofl 1 1/zo/adam__curtis_interview/
** Idem.
" Idem.

125
‘ '11 T

Curtis
Curtis ataca ataca aa intemet
internet porque,
porque, em em sua
sua opiniéo,
opinião, ela ela facilita
facilita co~co-
munidades
munidades de de solipsistas,
solipsistas, redes
redes interpassivas
interpassivas de de memes
mentes seme-seme-
lhantes
lhantes que que confirmam,
confirmam, ao ao invés
invés de de desafiar,
desafiar, os os pressupostos
pressupostos
ee preconceitos
preconceitos de cada um. um. Em Em vez de terem
terem do de sose confrontar
confrontar
’ '»:.;=;s>
do cada vez de
com outros
com outros pontos
pontos de de vista
vista emem um um espaqo
espaço pfiblpico
público contesta-
contesta-
do, esters
do, estas comunidades
comunidades on-line on-line recuam
recuam para para circuitos
circuitos fechados.
fechados. §‘

Mas, Curtis
Curtis arguments,
argumenta, 0o impactoimpacto dos dos lobbies
lobbies da da internet
internet sobre
sobre
1%:
Mas,
aa velha
velha midia
mídia éé duplamente
duplamente desastroso:
desastroso: por por umum lado,
lado, aa promi-
proati-
vidade reativa
vidade reativa dessas
dessas comunidades
comunidades fechadas fechadas em em si si mesmas
mesmas per~ per-
mite que
mite que aa midia
mídia abandone
abandone ainda ainda mais
mais sua sua funoéo
função de de educar
educar
ee apontar
apontar caminhos,
caminhos, por por outro,
outro, também
também abre abre espago
espaço para para que que ¢§
*Q
i
correntes
correntes populistas,
populistas, tanto tanto àA esquerda
esquerda quanto quzmto à£\ direita,
direita, “cons-
“cons-
trinjam”
trinjam” os os produtores
produtores de de mídia
midis aa transmitir
transmitir uma uma programação
programagio
sedativa
sedativa ee medíocre.
mediocre.
AA crítica
critica de de Curtis
Curtis tem seus acertos,
tam sous acertos, mas mas perde
perde de de vista
vista di~di- 5*

mensões importantes
mensoes importantes do do que
que esté
está acontecendo
acontecendo na na internet.
internet. Ao A0
contrário da
contrério da narrativa
narrativa dc de Curtis
Curtis sobre
sobre os os blogs,
blogs, estes
estes podem
podem u
i
gerar novas redes discursivas que não têm correlação no campo
gerar novas redes discursivas que 1150 tém correlaoio no campo V ,_,;fl \

social fora
social fora do do ciberespaqo.
ciberespaço. Na Na rnedida
medida em em que
que aa velha
velha midiamídia
se toma
se torna cada
cada vez vez mais
mais subordinada
subordinada is às relagzoes
relações pdblicas,
públicas, ee aa
avaliação do
avaliagéo do consumidor
consumidor substitui
substitui oo ensaio
ensaio critico,
crítico, algumas
algumas zo~ zo-
nas do
nas do ciberespago
ciberespaço oferecemoferecem resisténcia
resistência aa uma uma “compresséo
“compressão da da
crítica” que,
critica” que, em em outros
outros lugares,
lugares, éé deprimentemente
deprimentemente propaga- propaga- ‘

da. Ainda
da. Ainda assim,
assim, aa simulação interpassiva de
simulaoéo interpassiva de participaqfio
participação ca- ca- , E
racterística da mídia pós-moderna e o narcisismo em rede do
racteristica da midia pés-moderna e o narcisismo em rede do
MySpace ee do
MySpace do Facebook,
Facebook, tém têm gerado,
gerado, principalmente,
principalmente, conteúdo contexido
i
repetitivo,
repetitivo, parasitário
parasitério ee conformista.
conformista. Em Em uma uma aparente
aparente ironia,
ironia, aa
recusa dos profissionais de mídia em serem “paternalistas” não
recusa dos profissionais de midia em serem “paternalistas” néo
produziu
produziu nenhumanenhuma cultura de-baixo-pra-cima de
cultura de-baixo-pra-cima de deslumbran-
deslumbran- '2

tete diversidade,
diversidade, mas, mas, ao ao contrério,
contrário, uma uma cultura
cultura cada cada vezvez mais
mais
p,
infantilizada. Em
infantilizada. Em contraste,
contraste, uma uma postura
postura “paternalism”
“paternalista” trataria
trataria
as audiéncias
as audiências realmente
realmente como como adultas,
adultas, assumindo
assumindo que que podem
podem
lidar com
lidar com produtos
produtos cuhurais
culturais compkrxos
complexos ee intelectualmente
intelectualmente

1 a
126
exigentes. A
erxigentes. A razfio
razão pelapela qual
qual asas pesquisas
pesquisas dc de avaliagio
avaliação ee os sis-
os sis-
temas
tczmas capitalistas
capitalistas de do feedback falham, mesmo
feedbaek falham, mesmo quando quando geram geram
mercadorias imensamente
mercadorias imensamente populares, populares, éé que que as as pessoas
pessoas nfio não sa- sa-
bem oo que
bom que querem.
querem. E E néo
não apenas
apenas porque
porque oo desejo desejo das das pessoas
pessoas
seja invisivel
seja invisível aa elas
elas proprias,
próprias, embora
embora jé já presente
presente (e (e embora
embora seja seja
muitas vezes
muitas vezes oo caso).
caso). E É que
que aa forma
forma maismais poderosa
poderosa de de desejo
desejo éé
aa busca,
busca, aa énsia,
ânsia, pelo
pelo estranho,
estranho, pelopelo inesperado,
inesperado, polo pelo esquisito.
esquisito.
Uma busca
Uma busca que
que so só pode
pode ser ser atendida
atendida por por artistas
artistas ee profissionais
profissionais
de comunicação que
do comunicagio que estéo
estão preparados
preparados para para oferecer
oferecer As às pessoas
pessoas
algo diferente
algo daquilo que
diferente daquilo que )zi
já as
as satisfaz;
satisfaz; ou ou seja,
seja, pelos
pelos que que estão
estéo
preparados
preparados para para assumir
assumir algum algum tipo
tipo dede risco.
risco. UmaUma Supemamny
Supernanny
marxista
marxista néo não seria apenas aquela
seria apenas aquela que que coloca
coloca limites,
limites, que que age age
em nome
em nome dos nossos próprios
dos nossos interesses quando
proprios interesses quando nio não somos
somos ca- ca-
pazes
pazes de de reconhecé-los,
reconhecê-los, mas mas também
também aquelaaquela que que estéestá disposta
disposta
aa assumir
assumir esse tipo de
esse tipo de risco,
risco, aa apostar
apostar no no estranho
estranho ee no no nos-
nos-
so
so apetite
apetite pelo
pelo esquisito.
esquisito. ÉE mais mais dodo queque uma uma ironia
ironia que que aa cha-
cha-
mada “sociedade
mada “sociedade de dc risco”
risco” do do capitalismo contemporâneo seja
capitalismo contemporéneo seja
menos
menos propensa
propensa aa assumir
assumir este este tipo
tipo de de risco
risco do do que
que aa cultura
cultura
supostamente
supostamente enfadonhaenfadonhae e centralizada
centralizada do do consenso
consenso social social do do
pós-guerra.
pos-guerra. Foram Foram aa BBC sac ee oo Canal
Canal 4,4, radiodifusoras
radiodifusoras orienta- orienta-
das
das aoao serviço
servioo público,
pfiblico, que que me deixaram perplexo
me deixaram perplexo ee encantado
encantado
com Tinker Tailor
com Tinker Tailor Soldier
Soldier Spy,"Spy,” asas pegas
pecas do de Pinter
Pinter ee os os filmes
filmes
de Tarkovsky;
dc Tarkovsky; foi essa radiotransmissio
foi essa radiotransmissão pdblica pública que que fmanciou
financiou
o0 popular
popular “avant-gardismo”
“avant~gardismo” do do Workshop
Workshop Radiofonico
Radiofónico da da mac,
BBC,
que levou
que levou aa experimexltaqéo
experimentação sonora sonora Aà vida
vida cotidiana.
cotidiana. Eases Esses tipos
tipos
de inovações
de inovaooes sito são irnpenséveis
impensáveis agora agora queque 0o pitblico
público foi foi substitu-
substitu-
ído
ido pelo
pelo consumidor.
consumidor. OO efeito efeito da
da instabilidade
instabilidade estruturalestrutural per- per-
manente, 0o “cancelamento
manente, “cancelamento do do longo
longo prazo”,
prazo”, éé invariavelmente
invariavelmente
estagnação
estagnaqio ee conservadorismo
conservadorismo -» não inovação. N230
néo movaqéo. Não se se trata
trata do de
um paradoxo. Como
um paradoxo. Como os os comentérios
comentários de do Adam
Adam Curtis Curtis deixam
deixam
—_
1

7 N.
" n. da
dar:11: minissérie
minissérie do
de espionagem
espionagem transmitida
transmitida pela
pela one
BBC em
em 1979,
1979,
adaptação do
adaptaqio do romance
romance do
de John
John Le
Le Carré
Carré dirigida
dirigida por
por John
John Irvin.
Irvin.
claro, 0o medo
claro, medo ee o0 cinismo
cinismo são sf-no os
os afetos
afetos dominantes
dominantes no no capi-
capi-
talismo
talismo tardio.
tardio. Essas
Essas emoções
emoooes não néio inspiram
inspiram empreendimentos
empreendimentos
ousados
ousados ou ou saltos
saltos criativos:
criativos: geram,
geram, ao ao contrário,
contrério, conformidade
conformidade
ee oo culto
culto da da variação
variagéo minima,
minima, aa distribuição
distrlbuigfio de de produtos
produtos que que
se assemelham muito aos que já se mostraram bem-sucedidos.
se assemelham multo aos que jé so mostraram hem-sucedidos.
Filmes
Filmes comocomo Solaris
Solaris ee Stalker
Stalker de de Tarkovsky
Tarkovsky -- saqueados
saqueados por por
Hollywood
Hollywood sem sem parar
parar desde
desde Alien
Alien ee Blade
Blade Runner
Runner -- foram
foram pro-
pro-
duzidos
duzidos nas nas condições
condiqoes ostensivamente
ostensivamente moribundasmoribundas do regime
do regime
soviético sob
soviético sob Brezhnev;
Brezhnev; 0o que que significa
significa queque aa Unifio
União Soviética
Soviética
acabou agindo
acabou agindo comocomo empreendedor
empreendedor cultural cultural para para oo beneficio
benefício
de Hollywood.
de Hollywood. Uma Uma vez vez que
que agora
agora esté
está claro
claro que
que umauma certa
certa es-
es-
tabilidade é condição necessária para a efervescência cultural, aa
tabilidade é condicéo necessdria para a efervescéncia cultural,
pergunta a a sex
perguota ser feita
feita é:
é: como
como essa essa establlidade
estabilidade pode pode ser
ser formed-
forneci-
da, ee por
da, por quais
quais agentes?
agentes?
Já éé hora
Ii hora da da esquerda
esquerda parar parar de de limitar
limitar as as suas
suas ambigoes
ambições ao ao
estabelecimento de
estabelecimento de um “Estado forte".
um “Estado forte”. Mas
Mas manter
manter uma uma “dis-
“dis-
tância do
téncia do Bstado”
Estado” nio não significa
significa abandonar
abandonar 0o Estado,Estado, nem
nem re- re-
cuar para
cuar para oo espaco
espaço prlvado
privado dos dos afetos
afetos ee dada diversidade,
diversidade, 0o que,que,
como diz
como diz Ziiek
Zizek comcom razéo,
razão, éé oo complemento
complemento perfeito perfeito llà domi-
domi-
nação do
napio do Estado
Estado pelopelo neoliberalismo.
neoliberalismo. Significa,
Significa, no no entanto,
entanto, re-re-
conhecer que
conhecer que oo objetivo
objetivo do de uma
uma esquerda
esquerda genuinamente
genninamente nova nova
não
nfio deve
deve ser set oo de
de tomar
tomar oo Estado,
Estado, mas mas subordinar
subordinar oo Estado
Estado àA
vontade
vontade geral. geral. OO que
que envolve,
envolve, naturalmente,
naturalmente, ressuscitar
ressuscitar oo pró-
pro- T

prio
prio conceito
conceito de dc vontade
vontade geral,geral, reavivando
reavivando -- ee modernizando
modemizando
-- aa ideia
ideia de dc um
um espaço
espaco público
pdblico que que nãonéo éé redutível
redutivel aa umum agre-
agre-
gado de
gado de individuos
indivíduos ee sens seus interesses.
interesses. O O “indlvidualismo
“individualismo mero- meto-
dológico” caracteristico
dologico” característico do da cosmovisfio
cosmovisão do do que
que temos
temos chamado
chamado
de “realismo
de “realismo capitalista”
capitalista” pressupoe
pressupõe aa filosofiafilosofia de de Max
Max Stimer
Stirner
tanto quanto a de Adam Smith ou Hayek, uma vez que con-
tanto quanto a de Adam Smith ou Hayek, uma vez que con-
sidera nocoes
sidera noções taistais como
como oo pfiblico
público como como “spooks”
“spooks” [espectros],
[espectros],
abstrações fantasméticas
abstracoes fantasmáticas desprovidas
desprovidas do de contefido.
conteúdo. TudoTudo 0o queque

128
éé real
real éé o0 individuo
individuo (e(e suas familias). Os
suas familias)." Os $intomas
sintomas do do fracasso
fracasso
desta
desta cosmovisão
cosmovisio estão estao emem toda
toda parte:
pane: umum esfera
esfera social
social desin-
desm-
tegrada,
mgrada, com com tiroteios
tiroteios entre
entre adolescentes
adolesoentes se se tornando
tornando notícia
noticia
corriqueira
corriqueira ee hospitais
hospitais incubando
incubando superbactérias
superbactérias agressivas
agressivas etc.etc.
OO queque precisamos
precisamos éé que que esses
esses efeitos
efeitos sejam
sejam conectados
conectados aa uma uma
causa
causa estrutural,
estrutural. Contra
Contra aa suspeita
suspeita pós-moderna
pés~moderna em em relacáo
relaqéo
àsas “grandes
“grandes narrativas”,
narrativas”, precisamos
precisamos reafirmar
reafirmar que,que, longe
longe de dc se-
se~
rem
rem problemas
problemas isolados
isolados ee contingentes,
contingentes, todos
todos esses
esses são
séo efeitos
efeitos
de
de uma uma única
{mica causa
causa sistêmica:
sistémica: oo capital.
capital. Precisamos
Precisamos começar,
comegtar,
como
como sese pela pela primeira
primeira vez,
vez, aa desenvolver
desenvolver estratégias
estratégias contra
contra um um
capital
capital que que se se apresenta
apresenta tanto
tanto ontologicamente
ontologicamente quantoquanta geogra-
geogra~
ficamente
ficamente de dc maneira
maneira ubiíqua.
ubiqua.
Apesar
Apesar do do que
que podia
podia parecer
parecer em em umum primeiro
primeiro momento
momento (e(e
das
clas esperanças
esperanqas iniciais),
iniciais), o0 realismo
realismo capitalista
capitalista não
nfio foi
foi quebra-
quebra-
do
do pelapela crise
crise dede crédito
crédito dede 2008.
2008. AsAs especulações
especulagoes de de que
que oo ca-ca-
pitalismo
pitalismo estariaestaria àa beira
beira do do colapso
colapso sese mostraram
mostraram infundadas.
infundadas.
Rapidamente
Rapidamente ficou ficou claro
claro que,
que, longe
longe de
de significar
significar oo fim
fim do do capi-
capi-
talismo,
talismo, os os resgates
resgates dosdos bancos
bancos foram
foram umauma reafirmação
reafirmaqfio brutalbrutal
da
da insistência
insisténcia do do realismo
realismo capitalista
capitalista de de que
que não
nae há
ha alternativa,
altemativa.
Permitir
Permitir que que o0 sistema
sistema bancário
bancério entrasse
entrasse emem colapso
colapso foi
foi consi-
consi-
derado
derado impensável:
impensével: o0 que que sese seguiu
seguiu foi
foi uma
uma vasta
vasta hemorragia
hemorragia
de
de dinheiro
dinheiro público
pfiblico para
para mãos
méos privadas.
privadas. No No entanto,
entanto, o0 queque dedc
fato
fato aconteceu
aconteceu em em 2008
2008 foifoi oo colapso
colapso do do quadro
quadro conceitual
conceituai que que
garantiu
garantiu aa cobertura
cobertura ideológica
ideologica para para aa acumulação
afimnulaqito capitalista
capitalista
desde
desde aa década
década de de 1970.
1970. Depois
Depois dosdos resgates
resgates dos
dos bancos,
bancos, o0 neo-
neo-
liberalismo
liberalismo foi, foi, em
em todos
todos os os sentidos,
sentidos, desacreditado.
desacreditado. OO que que não
nao

e
-

7" w.N. da
da tT:
'r.: referência
referéncia àa famosa
famosa frase
frase dedc Margaret
Margaret Thatcher
Thatcher emem
uma
uma entrevista
entrevista dede 1987:
1987: “Eles
“Eles estão
estio endereçando
enderegando seus sens problemas
problemas àa
sociedade.
sociedade. E,E, você
vocé sabe,
sabe, essa
essa coisa
coisa de
dc sociedade
sociedade sociedade
sociedade nãonéo existe.
existe.
OO que
que existe
existe são
sao homens
homens ee mulheres
mulheres individuais,
in/dividuais, ee famílias.
familias. EE nenhum
nenhum
governo
governo pode
pods fazer
fazer nada,
nada, exceto
exceto através
através das
das pessoas,
pessoas, ee asas pessoas
pessoas
devem
devem cuidar
cuidar primeiro
primeiro dedc sisi mesmas”.
mesmas”.
129
129
dizer que
quer €ii2€i"
que: neoliberalismo wnha
que cao neohberalismo desaparecido da
tenha desaparecicio noite
da noite
dia. Suas
para 0o dia.
para suposições continuam
Suas suposigoes a economia
dominar a economia
continuam aa dorninar
porém I150
política, porém
pnfitica, como pane:
mais como
não mais um projeto
de um
parte de ideológico
projeto ideoi<3gi¢;o
que desfruta
que desfruta uma
uma dinâmica
diniunica de
do avanço
avancgo confiante,
confiante, na
na ofensiva.
ofensiva.
O mzoliberalismo
O iniciativa, ee gersiste
perdeu aa iniciativa,
neoliberalismo perdeu inercialmente,
persiste iner<:iai.mente.
como um
desmorto,” como
desonxorto," zumbi. Podemos
um zun1bi. agora que,
ver agora
Podemos var embora
que, embora
fosse mrcessaziaxnente
neoliberalismo for:-sa
oo ne01iberalism.c> capitalista”, 0O
“realista capitalista“,
necessariamente “realista
capitalista nzéo
realismo capitalista
realisxxw precisa sax“
não precise: Para so
neoliberal. Para
ser neoiiberraol, salvar, oo
se salvar,
capitalismo poderia
C3pi{aIiS1”1"1O voltar aa um
poderia voltar social-democrata on
modelo sociabdemocraia
um modem ou
um autoritarismo
aa um do tipo
autoritarismo do se vé
que so
tipo que filme Fiihas
no fihno
vê no Espe-
da Espe»
Filhos do
Sem mm
rança. Sam
rarzgz. alternativa crivei
uma aitemativa coerente as
crível ee coemnte capitalismo, 0o
ao capitalismo,
realismo capitalista
reaiismo governar 0
continuará aa govemar
capitalista continxxaré o inconscionte poli-
inconsciente po¥i~
tico-econômico.
tico~ec0n€>mico.
que seja
Ainda que
Ainda evidente que
seja evidenie financeira nao
crise iinanceira
que aa crise levará
não levaré
fim do
ao fim
an capitalismo por
do capitalismo por si levou no
crise Ievou
só, aa crise
si st’), relaxamento
ao relaxamento
certo tipo
de certo
de paralisia mental.
de paralisia
tipo de Estamos em
mental. Estamos em uma paisagem
uma paisagem
pelo 0
poluída pelo
política poiuida
politica que Alex
o que Williams chamou
Alex Williams chamou de “entulho
de “entulho
o ano zero, e começou
novamente 0 ano zero, <2 comegou a so abrir um
ideológico” ~- éé novanwnte
ideolégico” a se abrir um
espaço do
espago emergir um
poderia exnergir
onde poderia
de onde anticapitalism
novo aniicapitalismo,
um now o, não
néo
necessariamente ligado
necessariaxfnente velhas tradigoes
ligado aa velhas linguagens. Um
tradições <2e iinguagens. Um dosdos
vícios crônicos
\/isms cronicos da
da esquerda
esquerda é
é a
a interminável
internainavei repetição
repetiqéo de
de anti-
anti‘
debates histcfiricos,
gos debates
gos sua tendéméa
históricos, sua passando por
continuar passando
tendência aa ccmtinuar por
Kronstadt on
Kmnsmdt ou pela Econômica an
Política E.con6n1ica
Nova Politica
pela Nova invés dz:
ao invés plane-
de plane»
jar
jar e
1: organizar
organizar um
um futuro
future no
no qual
qua} realmente
realmente": acredita.
acredita. O
O fracas-
ftacas~
de formas
so do
so anteriores do
formas anteriores organização politica
de o:'ganizagéo anticapitalista
política aniicapitaiista
não dove
nao motivo ck:
ser motivo
deve sex desespero, mas
de desespero, mas 0 que precisa
o que: deixa-
ser deizxa»
precisa s<~:r
para tram
do para
do certo apcgu
um certo
trás éé um política do
romântico inà polftica
apego mmfxmico fracasso,
do fraéasso,

-a
we

" w da
7 N. termo “sm¢iead"
Tt: 0o termo
da 22: traduzido aqui
foi tracimzido
“undead” foi como
aqui como desmorto,
desmorto,
uma vex
uma designação cio
que aa dosignaigao
vez que (morto-vivo)
living-dead (:n<>rto~viv0)
do iivingdeaei cabs para
cabe para
designações do
d<3signar;6¢:; de reiacgiwes distintas entre
relações distintas paradoxos mire
os paradoxes
entre as vida ee
entre Vida
Para mais
morte. Para
nmrte. este tema,
sobre caste"
mais so-bra coleção Einsaios
conferir aa coleqéo
tema, c;onfi=:rir sobre
Ensaios sabre
mm't¢>s-vivas: Vol. 1] ee II
mortos-vivos: V01. pela Editora
ll paia Aller (2018
Editora Ailer 2019).
(2018 <2€ 2019).

130
13!)
confortável ck:
posição confortavel
£1à pc:si(;ao uma nxarginaiicimi-s
de uma derrotada. A
marginalidade cierrotada. crise
À crises:
financeira é uma
iinanceira oportunidade ~- mas
uma oportunidade mas precisa tratada como
ser tratada
precisa ser como
tremendo desaiio
um iremendo
um um estímul o para
especulativo, um estimulo para uma re»
desafio ¢'spe<:ulativo, uma re-
não éé um
que néo um retomo. Como fiadiou
retorno. Como insistid
tem insistido vi—
Badiou tam o vi-
novação que
novaqao
gorosamente, um
goxosamerlte, um anticapitalismo efetivo dove
anticapitalismo efetivo rival do
um viva}
ser urn
deve sex“ do
capital, nao
capital, não uma ao capital ismo. Não é
reativa an capitalismo. N50 é possivel
resposta reativa
uma respossta possível
retornar as
retornar pré-capitalistas. O
territorialidades pré-capitalistas.
ás terriloriaiidades anticapitalismo
O smticapitalisnlo
deve so
dove se opor globalização do
opor £1à globalizaoécv do capital sua propfla.
com sua
capital com autén-
própria, ee autéw
tica. univers
tica, alidade
universaiidade. .
crucial que
ÉF. crucia} uma esquerda
que uma revitalizada ocuw
genuinamente revitaiizacla
esquerda genuinameme ocu-
pe com
pe confiança 0
com confianqa novo terreno
o novo esbocei (de
que esbocei
político que
terreno politico forma
(de forma
muito provisória) aqui. Nada é inerentemente politico: aa po1iti~
muito provisoria) aqui, Nada é inerent emente político : politi-
requer um político que
agente poiitico possa transfo rmar
que possa transformar o que o que éé
zação requer
moan um agente
tido como garanti
tido como do cm
garantido algo aa ser
em algo disputado. So
ser disputado. neoliberalis-
Se 0o neoliberalis-
mo consegu
mo conseguiu ao incorpo
triunfar ao
iu triunfar incorporar desejos da
os desejos
rar os traba-
classe traba-
da classe
lhadora pós-196
lhadora pos~1968, uma nova
8, uma esquerda poderia
nova esquerda poderia comeoar agindo
começar agindo
sobre os
sobre desejos que
os desejos que oo neoliberalismo gerou,
neoliberalismo gerou, mas que não
mas que néo foi foi
capaz de
capaz dc satisfaz Por exemplo
er. Por
satisfazer. cxemplo, esquerda deveria
, aa esquerda argumen-
deveria argumen-
tar que
tar pode entrega
que pode r 0o que
entregar O neolibe ralismo falhou
que 0 neoliberalismo falhou em fazer:
em fazer:
uma redução
uma massiva da
redugao massiva burocracia. O
da burocracia. que so faz neccssario éé
O que se faz necessá rio
travar
travar uma nova batalha
uma nova em torno
batalha em trabalho ee do
do trabalho
torno do contro-
seu contro~
de seu
autono mia
da autonomia do trabalh ador (em oposiçã o
le; uma
le; afirmação da
uma afirmaqéo do trabaihador (em oposigéo
ao control gerencial) juntameme
e gerencial) a rejeição de certos
com a rejeiqéo dc certos ti»
juntamente com ti-
ao controls
pos de trabalho
pos cle auditoria excessiva
(como aa auditoria
trabalho (como se tornou
que se
excessiva que uma
tornou uma
central do
tão centrai trabalho no
do trabalho Esta éé
pós-fordismo). Esta
no pés=»fordis1"no).
característica L310
caracteristica
uma luta
uma que pode
luta que vencida -M- mas
ser vencida
pode ser por xmzio
apenas por
mas apenas com-
da com»
meio da
de um
posição do
posiqfio sujeito poiitico.
novo sujeito
um novo ainda
questão ainda em
uma questiao
político. É oma em
velhas estruturas
as velhas (como os
estruturas (como sindicatos) scréo
os sindicatos) capa-
serão capa-
se as
aberto so
aherto
zes do
zes nutrir essa
de nutrir ou se ela implicará na formaç
subjetividade, on so cla implicara na formaqao
essa subjotividade, ão
organizações politicas
de organizagocs
de inteiramente novas.
políticas intoirameme formas do
Novas formas
novas. Novas de
ação industrial
aqiio devem sea:
industrial devem instituídas contra
ser instituidas gerencialismo.
contra oo gerenciaiismo.
exemplo, no
Por exemplo,
P01" no caso professores talvez a tática
dos professores talvez a izitica das
caso dos greves
das groves
devesse set
devesse prejudi
porque prejudicam
abandonada, porquer
ser abandonadao cam apenas estudan
apenas estudantes tes
131
131
1&1:
.-";:>»%! 1 :ll%@
‘ §2<
:2e membros
membros da da comunidade
comunidade (no (no instituto onde trabalhava,
institute onde trabalhava, as as
greves
groves dedc um dia eram
um clia eram bem-vindas pela gerência,
bem~vindas pela geréncia, porque
porque eco-
eco-
\_ *
nomizavam
nomizavam na na folha
folha salarial
salarial causando
causanclo umauma perturbação
perturbaqao insig-
insig~ la

nificante).
nificante). OO que
que éé necessário
nocessério éé aa recusa
recnsa estratégica
estratégica de
do formas
formas "% X: n
de trabalho que só serão notadas pela gerência: por exemplo,
de trabalho que so serao notadas pela geréncia: por exemplo,
Ԥ1\llw
todos
todos osos mecanismos
mczcanismos do de autovigilância
autovigilimcia queque não têm qualquer
néo tém qualquer
efeito sobre aa atividade
efeito sobre atividacle educativa,
educativa, mas sem os
mas seam quais oO geren-
os quais g<:ren~
cialismo
cialismo não nio temrem como
como existir.
existir. É hora
hora dos
clos sindicatos
sinclicatos dos dos pro-
pro-
fessores abandonarem aa politica
fessores abandonarem política gestual
gestual ee espetacular
espetacular em em tomo
torno
de causas
do causas nobres,
nobres, mas mas clistantes,
distantes, parapara so
se tomarem
tornarem muitomuito mais mais Ii-5A;;:.
T
imanentes, aproveitando
imanentes. aproveitando aa oportunidade
oportunidade aberta aberta pela
pela crise
crise para
para ‘fr.Ra
‘I. começar aa livrar
comegar livrar os
os serviws
serviços pizblicos
públicos da da omologia
ontologia empresarial.
empresarial, 11-.
i ‘l 1
Em um
Em um momenta»
momento em em queque nemnem mesmo
mesmo as as empresas
empresas privadas
privadas
podem ser
pmlexn ser aclministradas
administradas como como empresas,
empresas, por por que
que os os servigos
serviços
.;-,1 ‘W
públicos deveriam
pfxblicos deveriam ser? ser?
Devemos converter
Devemos converter as os problemas
problemas generalimdos
generalizados de de safide
saúde
mental com
mental com condiqzoes
condições medicalizadas
medicalizadas em em antagonismos
antagonismos efeti» efeti-
vos. Os
vos. Os transtornos
transtornos afetivos
afetivos sio são formas
formas dc de descontentamento
descontentamento ._:-;

capturado; essa
capturado; essa insatisfaoéo
insatisfação pode pode ere dove
deve serser canalizada
canalizada para para
fora, clirecionada
fora, direcionada para para aa suasua verdadeira
verdadeira causa,
causa, 0o capital.
capital. Além Além
disso, aa proliferagzéo
dlsso, proliferação de de certos
certos tipos
tipos do
de patologias
patologias psiqulcas
psíquicas no no
capitalismo tardio
capitalismo tardio cleveriam
deveriam nos nos levar
levar aa considerar
considerar outrooutro tipotipo 47;."gi ».‘\< >;< -:i;»Q
de austeridade,
do austeridade, também
também oportuna
oportuna framefrente £1à crescente
crescente urgéncia
urgência >15?“ ll
de enfreniar
de enfrentar oo desastre
desastre ambiental.
ambiental. Nada Nada contracliz
contradiz mais
mais oo impe~
impe- \ ¥

rativo de crescimento constitutivo do capitalismo do que a ideia


rativo do crescimento constitutivo do capitalismo do que a ideia
de racionamento
racionamento de de hens
bens ee recursos.
recursos. No No entantol
entanto, éé cada cada vezvez
i
ale
l: mais desconlortavelmeme
mais desconfortavelmente eviclente evidente que que oo mercado
mercado ee aa autor~autor-
regulação clos
regxllaqao dos consumidores
consumidores 1150 não serao
serão 0o bastante
bastante para
para evitar
evitar aa M

i
catástrofe ambiental.
catéstrofa ambiental. Ha Há razoes
razões libiclinais,
libidinais, assim
assim como
como préticas,
práticas,
l
l2 . para essa
para essa nova
nova ascese.
ascese. Se,Se, como
como Oliver
Oliver lame-s,
James, Ziiek
Zizek ee Supernaw
Supernan-
\
E ny §2l
ny já demonstraram,
demonstraram, aa permissividade
permissividade ilimitacla
ilimitada lava
leva alà l miséria
miséria 33%» I

ll ee an
ao desamor,
desamor, emao então éé provével
provável que que asas limitaqoes
limitações impostas
impostas ao ao ll
l1 desejo possam
desejo possam contribuir
contribuir aa fortalecé~lo,
fortalecê-lo, ao ao invés
invés do de matédo.
matá-lo, V5 E
1'
132 1 ‘t
a ‘AH2 .
i

L:
Em qualquer
Em qualquer cam, racionamento de
caso, 0o racimxamento algum tipo
de algum inevitável.
tipo éé inevitzivel.
‘-‘Z;
A questão éé se
A questéo será gerenciadn
ele serfi
se ele coletivamente, on
gerenciado mletivarnemccz, ou se será
ele seré
se eke
\_=
v:
.-2;; imposto
impasto por
por meios
mews autoritários
autoritérios, , quando
quando já
jé for
for tarde
tarde demais.
ciemais. As
As
que essa
formas que
fixrmas deve assumir são, mais
coletiva deve assumir sin, mais uma vex,
gestão coletiva
essa gestéio uma vez,
_.-
.. ,_ F $2» questão em
uma questéo
uma que sé
aberto, que
em aberto, pode ser
só pode resolvida de
ser resolvida forma
de fhrma
ii- prética experimental.
prática ee experimental.
” ‘<;*.‘ A longa ee escura
A longa noite do
escura mite do fim história deve
da histéria
fim da deve ser encara-
ser enema»
,
da como
da como uma oportunidade. A
enorme oportunidade.
uma enorme própria generalidad
A prépria generaiidade e
i‘? ’
1: ‘
opressiva
upressiva do realismo capitalista
do realismo significa que
capitalista significa que mesmo tênues
mesmo ténuea;
,5: .
vislumbres de
vislumbres de possibilida des
possibilidades políticas
poiiticas e
e econômicas
econémicas alternativas
altemativas \

Nu
séo capazes dc
são capazes de gerar
gerar um desproporcionalmente grands’
efeito desproporcionalmente
um efeito grande,
*1»:
Q3
O menor
O manor dos eventos pode
dos eventos abrir um
pode abrir buraco na
um buraco cortina
cinzenta conina
na cinzenta
' reacionária
reacionéria que
que encurtou
encurtou os
as horizontes
horizontes de
de possibilida
possibilidade de sob 0o
sob
.(
a,.-:-Y'- .
‘v

realismo capitalista. De
realismo capitalista. uma situação
De uma situaqéo em que nada
em que acon-
pode acou-
nada pode ‘v

\ .‘..
'<!;!;~_
tecer, de repente
tecer, dc tudo éé possível
repente tudo de novo.
possivel de novo.
;; ‘M
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.0-- _ “A
Apéndice

i
prestar para
Não prestar
Néo nada”
para nada”

Sofro intermitentemente Lie


$<>§m internxitentmxients depressão dead?
de deprexsizia adolescência.
desde aa adniesaéixcizx.
Alguns dcsses
Aiguns episódios fnranx
desses episédios debilita
profundamente debiliiames
foram pr<'>i'unciamem:: ntes ~——
resultando em
resuitando isolamento iquandu
auto-mutilação, isoiamentn
em aut0~:11uti1a§Zm. passava
(quando passava
confinado cm
meses c0;1finadc-
;x1es»cs em mmmeu prépriaa quarto, aventu
próprio quama, avenrurando-nae rando- me aa
apenas para
sair ap-mas
sair emprego on
procurar emprego
para ;:nr0<;urar comprar as quanti-
para comprar as quanti-
ou para
mínima dc: cumida que ccmsunnia}, 4:e visims
dades minimas
ciades s de comida que consumi a), frequentes aa
visitas frequemes
psiquiátricas. Niiw
enfermarias psiquiétricas.
enfarmarias que me
diria que
Não diria me recupcrci inteira-
recuperei inwira--
mente condição, nms
dessa condi;£1<.>,
m£'n$1;' dessa tenho satisFa<;i1c>
mas tenho ão de dizer que
satisfaç £112 dizcr que tzuam tanto aa
gravidade dos
quanto aa grm/idade depress
episódios clepressivos
dos epis<i>di<>s ivos dimi-
incidência quanta
incidéncia dimb
nuiram muito
nuiram muito nus anos. Em
últimos anms.
nos izitiznos parte, isso
Em parts, consequência
isso éé consequéncia
mudanças na minha $il'l.lfl£,'J§€>
na minha de vida, mas
situação dc: vida, mas tamhém tom também tem aa
de
dc mudangas
com uma
var com
ver compreensão aa que
distinta ctorxxpreenséo
uma distinta sobre minha
cheguei s+;0bh~: minha
que chegueri
depressão
dcpressfm e
e suas
suas causas.
causas. Exponh
lixpnnlm o aqui
aqui minhas
minhns préprias experi-
próprias experi-
ências
éncias dc angústia menmi
de angimia mental mm porque ache que há algo
não porque ache que hé aigo especial especial
ou {mice
nu sobre alas,
único sobn: mas em
elas, mas apoio à tease
em apnin de que
tese de formas
muitas fwrnnas
que muilar,
melhor cumpreeaxdidas
são me.-lhor
depressão 823:‘) por
combatidas --~ por
compreendidas —- <2e combatidas
de depnrssixo
dc
quadros analiticos
de quadros impessoais C pniitims,
analíticos i1‘np\~:ssnais indivi-
não indivi~
políticos, ee nziu
meio de
meio
“psicológicos”.
duais ee “psicoI<'>gic:us“.
duais
sobre sun
Escrever sabre:
F.sc1-ever própria d<;+pn3$s€1<v
sua prépria Faz pane‘
dificil. llzxz
depressão éé dificél. da
parte da
desdenhosa que‘
“interior” d:*sde1flx<.>s;a
voz “inierinr”
uma voz que nos acusa dc
nos m:u:;a au-
de am
depressão nma
depressim
não esui
“você nim deprimi do”, “você está
está deprimiciu”, "vc»cé esié apems apenas
toindulgência ~- “vncé
10ind1.1igéncia
sentindo pena
sentindo de si
pena dc: mesmo”, “d£'
si znesmca“, “dê um nisso” »~,
jeito niss<?>”
um jeim de
passível dz:
-, p-ax“s§ve%
disparada aoao t0mar:n0:_~ condição. É ctiam
pública aa §;0;1:;ii».;z“m.
tornarmos pixblica claro que: não
que Mu")
ser disparada
scr

st
i

*° “Good for
8 “Bead Nnthing“ em
for Nothing” Occupied Times,
firm ()¢;af2;{1i&.’:TZ 'f?me3s§ 19 mas'<;<': 2014
dz: março
1;; de am‘-;_
hitps://theoccupiedtimes.org/?p=12841, ’?‘raéu:aé<%0
em: httpsriithe<>+.:cz.:pie:ci£ime:a.<>;'g:'?;w12841, Traduzido
Disponivel em:
Disgmiivei
português por
para a0 pm-tugués
para Marques.
Victor Marquea.
por Victm
137
£3’?
se tram
se trata hem
bem de de uma
uma vozvoz “interior”,
“interior”, ee sim
sim da da expresséo
expressão internali‘
internali-
zada de
zada de for<;as
forças sociais
sociais reais,
reais, algumas
algumas das das quais
quais tém têm umum interesse
interesse
oculto em
oculto em negar
negar qualquer
qualquer conexéaconexão entre
entre depresséo
depressão ee politica.
política.
No men
No meu caso,
caso, aa depressim
depressão sempresempre esteve
esteve conectada
conectada éà con- con-
vicção
vicgiio de de que
que eu en literalmente
literalmente não néo prestava
prestava para para nada.
nada. Passei
Passei aa
maior
maior parteparte de de minha
minha vida,
Vida, atéaté os
os trinta
trinta anos,
anos, acreditando
acreditando que que
nunca
nunca conseguiria
conseguiria ter ter uma
uma profissão.
profisséo. Aos Aos vinte
vinte ee poucos,
P0116208, alter-
alter
nava entre aa pés~gradua<;§0,
nava entre pós-graduação, periodas períodos dc de desemprego
desemprego ee empre~empre-
gos temporários. Em
gas temporérios. Em qualquer
qualquer um um desses
desses cases,
casos, 0o sentimem
sentimen-
toto era
fira dede que
que niionão me me encaixava
encaixava —- na na vida
vida académica,
acadêmica, porque
porque
sentia que
sentia que nionão eraera um um pesquisador
pesquisador sério,sério, apenas
apenas um um diletante
diletante
que tinha
que tinha dc:de alguma
alguma forma forma fraudado
fraudado men meu caminho
caminho até até ali;
ali; no
no
desemprego, porque
desemprego, porque néo não estava
estava reahnente
realmente desempregado
desempregado como como
aqueles que
aqueles que buscavam
buscavam trabalhotrabalho honestamente,
honestamente, ee aim sim umum “vaga~
“vaga-
bundo” se
bundo” se aproveitando
aproveitando do do sistema;
sistema; ee em em empregos
empregos temperi-
temporá-
rios por
rios por sentir
sentir que que eraera incompetente
incompetente ee que, que, em em todo
todo caso,
caso, nionão
pertencia exatamante
pertencia exatamente aa trabalhos trabalhos de de escritdrio
escritório ou ou dede fébrica.
fábrica,
não porque
néo porque fosse fosse “bom
“bom demais”
demais” para para eles,
eles, masmas ~- muito
muito pelupelo
contrário -- em
ccrntrério em virtude
virtude de de sex‘
ser excessivamente
excessivamente instruidoinstruído ee imitil,
inútil,
tirando 0o trabalho
tirando trabalho de de alguém
alguém que que precisava
precisava ee merecia
merecia maismais do do
que en.
que eu. Mesmo
Mesmo na na enfermaria
enfermaria psiquiétrica,
psiquiátrica, sentiasentia como
como se se 1150
não
estivesse realmente
estivesse realmente deprimido
deprimido —- era era cumo
como se se estivesse
estivesse apenas
apenas
simulando aa condigéo
simulando condição para para evitar
evitar 0o trabalho,
trabalho, cm, ou, na
na légica
lógica in»in-
fernalmente paradoxal
fernalmente paradoxal da da depresséo,
depressão, simulandma
simulando-a para para ese0n~
escon-
der 0o fate
der fato dede queque eueu era
era incapaz
incapaz de de tmbalhar,
trabalhar, ee que que nfio
não havia
havia
lugar para
lugar para mim
mim na na sociedade.
sociedade.
Quando finalmente
Quando finalmente conseguiconsegui um um emprego
emprego como como prufessor
professor
em um instituto de Educação Complementar, fiquei exultante
em um institute de Educagziio Complementar, fiquei exultante
por um
por um tempo
tempo -- embora
embora esta esta alegria,
alegria, por
por suasua prépria
própria natureza.
natureza,
mostrasse que
rnostrasse que eu eu ainda
ainda 111710
não havia
havia meme livmdo
livrado d0 do sentimento
sentimento de de
inutilidade, 0
inutilidade, o que
que logo
logo desencadearia
desencadearia novos novos episédios
episódios depres-
depres-
sivos. Como
sivos. Como professor,
professor, faltava-me
faltava-me aa confianga
confiança serena serena de de quem
quem
nasceu para
nasceu para 0o papal.
papel. Em Em algum
algum nivel
nível niio
não muito
muito profundo,
profundo, en eu
138
eviden temente ainda
evidentemente ainda néo acreditava que
não acreditava tipo dc
fosse oo tipo
que fosse pessoa
de pessoa
que poderia
que fazer um
poderia fazer trabalho como
um trabalho aquele.
como aqueie.
Mas de
Mas de onde vinha essa crença?
onde vinha essa crenga? A escola A dominante de
escola dominante pen-
de pen-
samento em
samento em psiquiatria as origens de tais
localiza as origens do tais ‘crengas’ no
psiquiatria localiza “crença s no
funcionamento da
mau funcionamento
mau química cerebral,
da quimica que deve ser
cerebral, que deve sex corrigi~ corrigi-
do por
do por produtos s farmacê uticos;
produto farmacéuticos; a psicanélise à psicanálise ee do-mais formas
demais forums
por ela influen
ela influenciadasciadas são famosas por procura r as às
de terapia
dc terapia por séo farnosas por procurar
raizes da mental no
angústia mental familiar , enquan
contexto famiiiar, enquanto a Te—
no contexto to a Te-
raízes da angilstia
Cognit iva-Co mporta mental interessada em
menos interessada
está memos em
rapia
rapia (Iognitiva-Comportamental esté
localiza
localizar r aa fonte
fonte dc negativas do
crenças negativas
de crenoas que em
do que simplesmente
em simplesmente
substituí-las por
substituidas por um conjunto dc
um conjunto alternat ivas positiva
de altemativas positivas. Não éé
s. N50
modelos sejam
esses modelos sejam inteira mente falsos, eles deixam
que eles deixam
falsos, éé que
que esses
que inteiramente
necessariamente tém que deixar escapar -— aa causa
escapar -~ ee necessa riament e têm que deixar escapar Causa
escapar
mais prováve
mais pmvével l de tais sentime
de tais sentimemos de inferio ridade:
ntos dc inferioridade: o poder so~o poder so-
forma de de poder mais teve
que mais
social que efeito sobre mim
cial. AA forma
cial. poder social (eve efeito sobre mim
poder de classe, embora, naturalmente, 0o género,
foi 0o poder
foi de classe, embora, natural mente, gênero, aa ragaraça
opressão funcio
de opresséo produzindo oo mesmo
nem produzindo mesmo
outras formas
ee outras formas de funcionem
de inferio ridade ontológ melhor express
ica, melhor expressado jus~ ado jus-
sentimento de
sentimento inferioridade ontologica,
laments no
tamente pensamento que
no pensamento que articule
articulei acima: que
i acima: você nio éé
que vocé não
tipo de
0o tipo pessoa capaz
de pessoa capaz de desempenhar papéis
de desempenhar destinados ao
papéis destinados ao
grupo dominante.
grupo dominame.
Por recome
Por ndação de
recomendaqéo um dos
de um leitores do
dos leitores do men Realismo
livro Realismo
meu livro
capitali sta, comecei
capitalista, trabalho de
estudar oo trabalho
comecei aa estudar David Smail.
de David Smail
Smail. Smail
-~ um terapeuta, mas
um terapeuta, a questão do poder
tomou a questio do poder como cen-
que tomou
mas que como cen-
corrobora as
prática -- corrobora
sua przitica
para sua as hipoteses sobre a
hipóteses sobre a depresséodepress ão
tral para
tral
esbarrado por
havia esbarrado
quais havia acaso. Em
por acaso. Em seu crucial, The
livro crucial,
seu livro The
nas quais
nas
origins of
origins unhappiness {As
of unhappiness origens da infelici dade],
[As origens da infelicidadel, Smail des-
Smail des‘
creve como
creve como as marcações do
as marcaooes de classe projeta das para
são pmjetadas para serem
classe sfio serem
inabaláv eis.
inabaléveis. Para
Para aqueles
aqueles que
que foram
foram ensinados desde
ensinados nasci-
desde oo misci-
mento aa se
mento se verem como inferiores,
verem como aquisição de
inferiores, aa aquisiqfio qualificações
de qualificagoes
raramente seré para apagar
suficiente para apagar - em suas
será suficiente - em pro-
suas pro-
renda raramente
ou renda
ou
mentes ou
prias memes
prias mente dos
na meme
ou na primord
sentimento primordial
outros ~~ o0 sentimento
dos outros ial
inutilidade que que osos marca cedo na
tão cedo
marca téo Alguém que
vida. Alguém
na vida. sai
que sai
de inutilidade
de
139
? .
“ 5?
MA
nxfl

II
llll
5
Vil-
ll l
E1 ‘.
ii da esfera
da esfera zaocial
social aa qual estaria “dcsigr1ado”
qua! estaria “designado” aa ocupar estará sem-
ocupar est-arzl sem- 1;’!

“if E
i
pre sujeito ao perigo de ser dominado por sentimentos de verti-
pre sujeito ao perigo de ser dominado por sentimentos do verti~
k
x
?
gem,
gem, pânico pfmico ee horror:
horror: é... isolado,
isolado, separado,
separado, cercado
cercado de do espaço
espaqo l§
;l
hostil,
hostii, você vocé dede repente
repente seso vê vé sem
sem conexões,
conexoes, sem sem estabilidade, .
fl
estabilidade, >Ҥ .

sem
sem nada nada para
para mantê-lo
mamédo firme firme ou on nono lugar;
lugar; uma
uma irrealidade
érrealidade ver- ver—
2

E
l
E
E tiginosa
tiginosa ee nauseante
nauseante sese apossa
apossa de do você;
vocé; você
vocé seso vê
vé ameaçado
arneaqado por por
E" %I 1
1,

uma
uma completa
wmpleta perda perda de ale identidade,
identidade, um um sentimento
sentinwnto de do comple-
comple-
~l-.~¢»-' 1 *1

§. tata fraude;
fraude; você vocé nãonéo tem
tamo 0 direito
direito do de estar aqui, agora,
estar aqui, agora, habitando
habitando
lL,
ll
g*§=
,1
5:;
este corpo, sese vestindo
caste corpo,
é,é, literalmente,
litoralmente, oo que
vestindo desta
que você
desta maneira;
vocé sente
meu1eim;vocé
sente que
que está
você éé um
estzi prestes
nada, ere ‘nada’
um nada,
prestes aa se
‘nada’
ae tornar”.
tornar”.
lf
W
i~ 3
s
JáIsl há
hé algum
algum tempo,
tempo, uma uma das das táticas
tziticas mais
mais bem-sucedidas
hem-sucedidas da da
classe dominante tem sido a da “responsabilização”, Cada mem-
classe dominante tern sido a da “responsabilizag;zio’§ Cada mom-
F bro
bm individual
individual da do classe
classe subordinada
subordinada éé encorajado
encorajado aa sentirsemi: queque

sua
sua pobreza,
pobreza, falta
falta de
do oportunidades,
oportunidades, ou on desemprego
desemprego éé culpa culpa suasua N 1 llX
< \;:§/Q,x
ee somente
somente sua. sua. OsOs individuos
individuos culparão culparfio aa sisi mesmos
mesmos antes antes de de /

culparem asas estruturas


culparem estruluras sociais;sociais; estruturas
estruturas que, que, emem todo
todo caso,
caso,
foram
foram induzidos
induzidos aa acreditar
acreditar que que de de fato
fato não
néo existem
existem (são (sio ape-
ape» QM

nas desculpas, invocadas pelos fracos). O que Smail chama de
nas desculpas, invocadas pelos fracos). O que Small chama de
E “voluntarismo mágico” - a crença de que está dentro do poder
“voluntarismo mégiczo" »- a crenoa do que esté dentro do poder
de
do cada cada individuo
individuo seso tornar
tornar o0 que que querquer que
que seja
seja -~ éé aa ideolo-
ideolo-
gia
gia dominante
dominante ee aa religião
religiéo não néo oficial
oficial da da sociedade
sociedade capitalista
capitalista H
*l<

contemporânea,
contemporfinea, empurrada empurrada goela goela abaixo
abaixo tanto
tanto pelos
pelos “experts”
“experts”
Jli-ll S
l
da
da Tv ‘rv ee gurus
gurus dedo negócios
negécios quanto quanto pelospelos políticos.
politicos. OO voluntaris-
¢=
voluntaris»
Y
> mo
mo mágico mégico éé ao ao mesmo
mesmo tempo tempo um um efeito
efeito ee uma
uma causa
causa do do nível
nivel
historicamente baixo da consciência de classe. É o outro lado
historicanwnte baixo da consciéncla dc classe. E o outro lado
da
da depressão
depresséo -\- cuja cuja convicção
convicgéo subjacente
subjacente éé aa de do que
que somos
somos to- to~
l;
dos
dos exclusivamente
exclusivamento responsáveis
responssiveis pela pela nossa
nossa própria
propria miséria
miséria. e,e,
2
portanto,
portanto, aa merecemos.
merecemos. Um Um duploduplo imperativo
imperative particularmente
particularrnente
E
cruel é imposto aos desempregados de longa duração no
cruel é imposto aos desempregados do longa duragéo no Reino
Reina
l= Unido:
Unido; uma uma população
populaqéo que, que, durante
durante toda toda aa sua
sua vida,
vida, foifoi levada
levada
ll xiii}
gl aacreditar
a acreditar que que não
nio prestava
prestava para para nada
nada éé simultaneamente
simultaneamente bom- bom~
llzl bardeada pela injunção de que pode fazer tudo o que quiser.
bardeada pela injungéo do que pode fazer tudo o que quiser.
i
l~ 140
1“
1
1
l
I 5‘

Devemos
{)evem0s entender fatalista da
submissão fatalisia
entender aa submisséo população do
da popuiagéo do
Reino Unido
Remo austeridade como
Unido :à21 austeridade consequência de
como cmasequéncia de uma depres-
uma depres-
«ão deliberadamente cultivada.
$40 deliberadamente Esta depressão
cultivada. Esta depre-rsséu manifesta~semanifesta -se na na
aceitação de
aaextagéo que as
de que coisas via
as coisas piorar {para
vão piorar todos, exceto
(para todos, exceto para para
uma
uma pequena
pequena elite),
elite), que
que somos
somos sortudos
sortudos de ter um
de ter emprego
um emprego
(então néo
(cutie devemos esperar
não devemos que os salários
esperar que 0s salérios acompanhem acompan hem aa
inflação), que
mflaqéo), que néo podemos nos
não podemos nos dar dar ao luxo de bancar
ao luxo de bancar servi- servi-
cos pixblicns
gns coletivamente. A
providos coletivamente.
públicos provides A depressio coletiva éé 0o
depressão coletiva
resultado do
resultado projeto da
do projeto da classe dominante dc
classe dominante ressubordinação.
de ressubordinagéo.
Há algum
H3 tempo, temos
algum tempo, vez mais nos resignado £1a ideia
cada vez
temos cada mais nos resignado ideia de de
que 1150
que somos 0o tipo
não somos pessoa que
de pessoa
tipo de pode agir.
que pode não é
Esta néo é uma
agir, Esta uma
falha de
falha dc vontade
vontade individual
individual,, da
da mesma
mesma forma
forma que
que uma pessoa
uma pessoa
deprimida não
deprimida niio pode simplesm
pode simplesmente ente sair da depressão
sair da depressio em um em um
“estalar
"estalar dc dedos” ao
de dedos" “arregaçar as
ao “arregaqar mangas”. A
as mangas”. reconstru ção
A reconstruqiao da da
consciênc
mnsciéncia ia de de fato.
classe é,é, de
de classe formidável, que
tarefa formidével,
uma tarefa
fato, uma não
que nio
será§l alcançada
.‘»t.‘l' com soluções prontas e fáceis.
alcanqada com solugées prontas c féceis. Mas, an contrério Mas, ao contrário
do
dn que coletiva nos
depresséo coletiva
nossa depressão
que nossa nos diz, uma tarefa
diz, éé urna pode
que pode
tarefa que
realizada: inventan
ser realizada:
ser invemando do novas formas de
novas formas envolvimento politi-
de envolvimento políti-
co, revitaliz
cu, ando instituiçõ
revitalizando es que
instituiqées tornaram decadentes,
se tornaram
que se con-
decadentes, con-
vertendo o0 desconte
vertendo descontentamento privatiza do em raiva politizada
ntamento privatizado em raiva politizada. .
Tudo isso
Tudo isso pode acontecer, e,
pode acontecer, quem sabe 0o
acontecer, quem
quando acontecer,
e, quando sabe
que
que será
semi possível?
possivel?

141
Como matar um
Como matar um zumbi:
zumbi:
elaborando
elaborando estratégias para
estratégias para
oa fim
fim do
ck: neoliberalismo»
neoliberalismo“

Por que
P01" que 3a esquerzia
esquerda mintem feim
feito {£20
tão ggmucm
pouco pmgressc,
progresso, cinco
cinco anus
anos
após Lama
ap<">s; uma grande
gramirs crise
crise dcdo cagaiizaiismu
capitalismo {er
ter desacrediiauiir
desacreditado Q o nee»
neo-
liberalismo? Dessde
§ib§3mIis1'm?»? Desde 2.008‘
2008, 0o nealibe:raii:;n1o
neoliberalismo pmie
pode tczr
ter perdido
perdido 0o
febril impulso
febrii irnpuim para
para aa frente
frfinte: que
que um
um dia
dia possuiu,
passuiu, mas
mas está longe
esté lamge
de
de colapsar.
cr.1i21p:;m". Segue
Segue agora
agom cambaleando
can:bzeiean:'3o como
cvmo um
um zumbi
zmnzbi -- mas
mas
como
como os fãs de
01-; this dc filmes
filmes de de zumbis
zumbi:; sabem
sabern muito
muito bem,
hem, àsAs vezes
vezes éé
mais
mais dificil
dificil matar
matar um um zumbi
zumbi do que uma
do que uma pessoa
pessoa viva.
viva.
Em uma
Elm uma conferéncia
conferência em York, aa notcfiria
em York, notória observaqaio
observação de de Mil»
Mil-
ton Friedman
ton Friedman fmi foi citada
citada veirias
várias vezes:
vezes: “apmms
“apenas uma
uma crise
crise ~- real
real
)
ou aasixxu
nu assim percebida
percebida ~- produzproduz mudzanga
mudança dc de verdade.
verdade, Quzmdo
Quando
essa crise
essa crise ocorre,
ocorre, as as acfxes
ações lomadas
tomadas dependem
dependem das das ideias
idetas circu-
circu-
f
tando per
iando por ai.aí. Essa,
Essa, acredito,
acredito, éé massa
nossa faingzzio
função bésica:
básica: de:se11voive:r
desenvolver
alternativas £15
aiternativas às poiiticas
políticas exishmtes,
existentes, n1z1m»€‘~§as
mantê-las vivas
vivas ee ditsponiveis
disponíveis
até que
azé que Q o p<>iiticamentrz
politicamente iI‘§11}<l)$S§\i13§
impossível se se name
torne poiiticamenize
politicamente ince» ine-
vitável O
vi£§1ve$’I O pmbhzrna
problema éé queque nxuim
muito embom
embora aa crise
crise de
de 2<t>€>8
2008 icnha
tenha
sido mzasaadza
sidc» causada por por puliticas
políticas nc*<)iiberais.,
neoliberais, <-:-ssas
essas nxesnxiasinms
mesmiíssimas poli» poli-
ticas permanecem
iicas permanecem praticamente
praticamente as as Cmicas
únicas “ci:"<:L§iami0
“circulando po por '~s $53aí”,TE
Como consequénciax
Crsmo consequência, 0o nzzuiiberalismu
neoliberalismo aimia ainda fi3£1I1§é3‘11*5i?
mantém-se ppoli- )H ~..( . . . --. Q

I ticamente inevitéwri.
licamente inevitável.

2
I

$ “Haw
’”* “How 10
to kiil
kill aa zombie:
zombie: stmiegising
strategising {he
the and
end <15
of nec>iiberafi5m”
neoliberalism” em
em
openDemocracy, :93
0p<*mIi3en\ncrm:y, 18 d2
de jnlhn
julho de
de 2013.
2013. Dispcmivel
Disponivel em;
em: hfips:/iwww.
https://www.
?% opendemocracy.net/en/how-to-kill-zombie-strategizing-end-of-
<>p¢2ndemm:racy.netienihow~:<?>~kill~zumbi:»siratfigizing-<end»<>f-
3 neoliberalism/. Tradu2:i<i0
ne0Ii,bera¥ism/. Traduzido para
para 0o ;>c>riugués
português por
por \/'ic£c>r
Victor :‘v‘§ar1;;ues~
Marques.

2 142
142
1
§
claro, do
está clam,
Não esaéx
Néo algum, que
modo algurn,
de modo público tenha
que oo gzxiblico tenha algo- algu-
ma
ma V62 vez abragado neoliberais corn
doutrinas neofibcamix;
abraçado doutrinas com smxito entusiasmo
muito entzmiasmo
foram persoadidas
pessoas foram
as possoas à ideia de
persuadidas is. ideia do qw: ném hzi que não alter-
há alter»
mas as
-- mas
neoliberalismo. A A acoitagéo (tipica
aceitação {tbpicarmmtez mente relutan te)
nativa an
nativa ao neoliberalismo. rfilut-ante)
estado do marca do
coisas éé aa marca
de coisas do realismo capitalista. (3
realismo capitaiisia. neo-
O neo»
deste estacio
deste
pode néionão forter tido sucesso em se fazer
tido sucosso em so fazer rnais atrativo mais atrativ o
liberalismo gode
liberaliamo
do que
do que outros sistemas, mas
outros sistemas, mas conseguiu se vender
conseguiu so vendor corrm o imico como o único
modo
modo “realist
“realism” a” de
de governo
governo. . “Realismo”, nesse
“Re-a1ismo”, sentido, éé uma
nesse sentido, uma
política; 0 neoliberalismo teve
o neoliberalismo sucesso em
teve wcosso impor um
em impor um
conquista politica;
conquista
lipn de
tipo do realidade modelado sabre
realidade modelado prática s e premiss
sobre prziiicas e prsmissas vinéas as vindas
do mundo dos
do mundo negócios.
dos negocios.
OC) neolib
neoliberalismo descrédito do
consolidou oo descrédito
eralismo consolidou socialismo es~
do socialismo es-
assentando uma visão da históri a na qual
da historia na qua] se apropriava se apropri ava
tatal,
tatal, assemando uma visfio
do futuro ee relegav
do future relegava a aa esquerda obsolescência. A
esquerda éà obsolescéncia. estratégia
À estmtégia
capturo
capturou descontentamento com
u o0 descomentamento esquerdismo burocrético
com oO esquerdismo burocrático
central izado, absorv
centralizado, absorvcndo endo ee metabo lizando corn
metabolizando sucesso os
com sucesso os dode-
de liberda de ee autono mia que que emergi ram na esteira dos
sejos
sejos de liberdade autonomia emergimm na esteira dos
anos
anos 1960.
1960. Mas
Mas -
~ e
e este
este ponto
ponto é
é crucial
aruciai isso min
-- isso significa que
não sigmfica que
aqueles desejos necessariamente ievassem
inevitavelmente ee necessariameme levassem dà as- as-
aqueles dcsejos irzevitmmlmente
censão do
censdo neoliberalismo. Ao
do neolilremlismo. contrár
Ao csontrério, io, podemo s ver
podemos ver o sucesso o sucesso
do neolib
do eralismo como
neoliberalismo como um sintoma do
um sintoma fracasso da
do fracasso esquerda
da esquerda
em respon
em responder adequadamente fixqueles
der adeqxlzzdanwente águeles novos desejos, Como
novos desejos. Como
Stuart Hall
Stuart Hall ee ouvtms envolvi
outros envolvidos dos com o projeto
com 0 projeto New Tirmzs {No-New Times [No-
vos Tempos] nos
vos Tcmpos] anos 1980
nos arms 1980 insistiram profeti
insistiram profeticamente. camente , este fra-
e1st<2f1"a~
casso so
casso catastrófico para
provaria catastrofico
se provaria esquerda.
para aa esqursrda.
O “realismo
C) capitali
“realismo capitalista" sta” pode ser descrito como
pode sew descrito como aa crmxgacrença dc de
alternativa ao
há aiternativa capitalismo. iintremmo,
ao capitalismo. não se
isso min
Entretanto, isso se
não hi
que nfio
que
normalmente em
manifesta normalmente
manifesta em reivindicagoes grandio
reivindicações grandiosas sas sobre
sabre
, mas em compor tament os € expecta tivas
política mas em comportaxmntos e expectativas mais mais
economia politita,
economia
banais, tais
banais, fatigad amzitaqéxo do que os sakirios e€
nossa fatigada
como nossa
tais como a aceitação de que os salários
vida ee trabalho}
(de vida vão se
trabalho) véo estagnar on
se estagnar deteriorar.
ou deteriomr.
condições (do
as C()l1di(;i§€S
as
O realismo capitaiista
O nzaiisxno sido vendido
tem $560
capitalista tom nós pox‘
para nos
vendido para geren-
por gerew
(muitos dos
tes (muims
res se veem
quais so
dos quais pessoas de
como pessoas
veem como que
esquerda) que
de esquerda)
143
143
nos dizem
nos dizem queque os os tempos
tempos agora
agora são
séo outros.
outros. A À era
era da da classe
classe tra-tra-
balhadora organizada
balhadora organizada acabou; acabou; oo poder
poder sindical
sindical estéestá recuando;
recuando;
as
as empresas
empresas agora agora dão dio asas cartas,
cartas, ee temos
temos que entrar na
que entrar na linha.
linha,
O0 trabalho
trabalho de de autovigilfincia
autovigilância que que se se exige
exige rotineiramente
rotineiramente dos dos
trabalhadores -- todas
trabalhadores todas aquelas
aquelas auto
auto avaliagoes,
avaliações, revisoes
revisões de de per-
per-
formance, livros
formance, livros de de registro
registro -- seria,
seria, como
como nos nos éé dito,
dito, umum prego
preço
pequeno aa pagar
pequeno pagar para para manter
manter nossos
nossos empregos.
empregos.
Tomemos o
Tomemos o Quadrode
Quadro 'de exceléncia
excelência em em pesquisa“
pesquisa” - - umum sis-
sis-
tema para
tema para avaliar
avaliar aa produofio
produção dc de pesquisa
pesquisa por por académicos
acadêmicos no no
Reino
Reino Unido.
Unido. EsseEsse sistema
sistema massivo
massive de do monitoramento
monitoramento buro- buro»
crático
crético éé amplamente
amplamente odiado odiado porpor aqueles
aqueles sujoitados
sujeitados aa ale, ele, mas
mas
até
até agora
agora nenhuma
nenhuma oposição real foi
oposiqiio real foi adotada.
adotada, Esta Esta situaoéo
situação du- du-
pla ~- em
pla em que
que aigo
algo éé detestado,
detestado, masmas ao mesmo tempo
ao mesmo tempo éé realizado
realizado
~- éé típica
tipica do
do realismo
realismo capitalista,
capitalista, ee éé particularmente
particularmente pungente pungente
no caso
no caso dada academia,
academia, uma uma dasdas supostas
supostas fortalezas
fortalezas da da esquerda.
esquerda.
O realismo
O realismo capitalista
capitalista éé umauma expressio
expressão da da decomposioio
decomposição de de
classe, ee uma
classe, uma consequéncia
consequência da da desintegragfio
desintegração da da consciéncia
consciência
de ciasse.
de classe. Fundamentalmente,
Fundamentalmente, 0o neoliberalismo
neoliberalismo deve deve ser ser visto
visto
como um
como um projeto
projeto que que buscava
buscava atingir
atingir este
este fim.
fim. Sou
Seu compromis-
compromis-
so ~- pelo
so pelo menos
menos nio não na na prética
prática -- miio
não era era libertar
libertar os os merca-
merca-
dos do
dos do controls
controle estatal.
estatal. Tratava-se,
Tratava-se, na na verdade,
verdade, do de subordinar
subordinar
oo Estado
Estado ao ao poder
poder do do capital.
capital. Como
Como David David Harvey
Harvey defends
defende in- in-
cansavelmente, oo neoliberalismo
cansavelmente. neoliberalismo foi foi umum projeto
projeto politico
político cujo cujo
objetivo era
objetivo era reafirmar
reafirmar o o poder
poder dcde classe.
classe.
Conforme as
Conforms as fontes
fontes tradicionais
tradicionais dc de poder
poder da da classe
classe trabalha-
trabalha-
dora foram
dora foram derrotadas
derrotadas ou ou subjugadas,
subjugadas, as as doutrinas
doutrinas neoliberais
neoliberais
serviram como
serviram como armasarmas em uma guerra
em uma travada cada
guerra travada cada vez vez mais
mais
por um
por um lado
lado so.
só. Conceitos
Conceitos como como “mercado”
“mercado” ee “competi<;io”
“competição” tém têm
uu
I

8 N.
‘* y, da
da 5.:
E.: no
no original
original Research
Research Excellence
Excellence Framework
Eramework (REF).
(REF). E
É uma
uma
avaliação de
avaliagéo de impacto
impacto queque avalia
avalia aa pesquisa
pesquisa do
de instituiqoes
instituições do
de ensino
ensino
superior briténicas.
superior britânicas. Foi
Foi usado
usado pela
pela primeira
primeira vez
vez em
em 2014
2014 para
para avaliar
avaliar
oo periodo
período do de 2oo8
2008 aa 2013.
2013.

144
funcionado niio
funcionado não como
como os os verdadeiros
verdadeiros fins fins dedo políticas
politicos neolibe-
neolibe-
rais,
rais, masmas como
como seusseus mitos
mitos orientadores
orientadores ee {alibiálibi ideoiogico.
ideológico. O O
capital
capital néo não tem
tem interesse
interesse na na saúde
saode dosdos mercados
mercados on ou nana com-
com-
petição.
petioéo. ComoComo Manuel
Manuel DeLanda
DeLanda tem rem argumentado,
argumentado, seguindo
seguindo
Fernand
Fernand Braudel,
Braudel, oo capitalismo,
capitalismo, com com suasua tendência
tendéncia em em direção
dirergio
aa monopólios
monopolies ee oligopólios,
oligopolios, pode pode ser ser definido
definido com com mais
mais preci-
preci-
são
séo como
como antimercado,
antirnercado, ee não néo comocomo um um sistema
sistema queque promova
promova oo
desenvolvimento
desenvolvimento saudável saudével destes.
destes.
David
David Blacker
Blacker observa
observa de de forma
fox-ma mordaz
mordaz em em seu
seu próximo
préximo
livro,
livro, TheThe falling
falling rate
rate of
of learning
learning and and the
the neoliberal
neolilaeral endgame
endgame [A [A
taxa
tax/a decrescente
decrescente de de aprendizado
aprendizado ee o0 fim-de-jogo
fim-dc-jogo neoliberal],
neoliberal},
que
que asas virtudes
virtudes da da “competição”
“competiqéo” devem devem “convenientemente
“convenientemente ser set
reservadas
reservadas apenasapenas para
para asas massas.
massas. Competição
Competioio ee riscorisco são
séo para
para
pequenos
pequenos negócios
negocios ee pessoas
pessoas pequenas
pequenas comocomo empregados
empregados do do
setor
setor privado
privado ou ou público”
pfiblicdi AA invocação
invocagio da da competição
competigéo tem tem fun-
fun-
cionado
cionado como como arma arma ideológica
ideologica -— o0 alvo alvo real
real éé aa destruição
destruiqio da da
solidariedade
solidariedade e,e, enquanto
enquanto tal, tal, o0 sucesso
sucesso tem
tem sido
sido notável.
notével.
Competição
Competigfio em em educação
eclucaqiio (tanto
(tanto entre
entre instituições
instituigoes como
como en- en-
tre
tre indivíduos)
inclividuos) não néo éé algo
algo queque emerge
emerge espontaneamente
espontaneamente uma uma
vez
vez queque aa regulação
regulaqio estatal
estatal sejaseja removida
removida -~ pelo polo contrário,
contrzirio, éé
algo
algo produzido
produzido ativamente
ativamente por por novos
novos tipos
tipos de de controle
controle estatal.
estatal.
OO Quadro
Quadro de dc excelência
exceléncia em em pesquisa
pesquisa ee oo regime
regime de do inspeções
inspeqoes
escolares
escolares supervisionadas
supervisionadas no no Reino
Reino Unido
Unido pelapela orsTED
OFSTED são S50 am-
am-
bos exemplos clássicos desta sindrome,
bos exemplos cléssicos clesta sindrome.
Uma
Uma vezvez que
que não
nio existe
existe umauma forma
forma automática
automética de de “mercan-
“mercan-
tilizar”
tilizar" aa educação
educaqiio ee outros
outros serviços
servioos públicos,
poblicos, ee nãonio existe
existe uma
uma
forma
forma direta
direta de(le quantificar
quantificar aa “produtividade”
“produtividade” de do trabalhadores
trabalhadores
tais
tais como
como professores,
professores, aa imposição
imposiqio da da disciplina
disciplina dosdos negócios
negocios
tem
tam significado
significado aa instalação
instalaqéo de de maquinários
maquinérios burocráticos
burocréticos co- co-
lossais.
lossais. Assim,
Assim, uma uma ideologia
ideologia que que prometia
prometia nos nos libertar
libertar dada bu-
bu-
rocracia
rocrada estatal
estatal socialista
socialista tem,
tern, bembem aoao contrário,
contrzirio, imposto
imposto uma uma
burocracia
burocracia toda toda própria.
propria.
Isso so
Isso parece um
só parece paradoxo so
um paradoxo se tomarmos neoliberalismo
tomarmos oo neoliberalismo
em suas
em suas próprias palavras -~- mas
proprias palavras neoliberalismo néo
mas neoliberalismo libera-
não éé libera-
lismo clássico.
lismo Nfio tem
clzissico. Não tom nada com laissez
ver com
nada aa ver fairs. Como
Iaissez faire. Como le-Je-
remy Gilbert
remy Gilbert argumenta,
argumenta, desenvolvend
desenvolvendo o a
a análise
anzilise presciente
presciente de
do
Foucault sobre
Foucault sobre neoliberalism
neoliberalismo, projeto neoliberal
o, oo projeto sempre
neoliberal sempre foi foi
policiar vigilantemen
sobre policiar
sobre vigilantemente te um modelo de
um modelo do individualism
individualismo; o; os
os
trabalhadores têm
trabalhadores tém de vigiados continuamen
set vigiados
do ser continuamente pois podem
te pois podem
sempre
sempro deslizar deslizar para
para aa coletividade.
coletividade.
Se nos
Se nos recusarmos aceitar asas justificativas
reousarmosa a aceitar neoliberais —— de
justificativas neoliberais de
sistemas de
que sistemas
que do controle trazidos dos
controle trazidos dos negócios protendiam au-
ocgocios pretendiam au-
eficiéncia dos
mentar aa eficiência
mentar trabalhadores —- então
dos trabalhadores entéo sese torna claro que
torna claro que
prodmzida pelo
ansiedade produzida
aa ansiedade Quadro de
pelo Quadro exceléncia em
do excelência em pesquisa
pesquisa
ee outros gerencialistas não
mecanismos gerencialistas
outros mecanismos nio são efeitos colaterais
sfio efeitos colaterais
acidentais
acidentais desses
desses sistemas
sistemas ~
- sao
silo seu
sen real
real objetivo.
objetivo.
EE sese oo neoliberalis
neoliberalismo mo nãonéo vai colapsar por
vai colapsar mesmo, oo que
por sisi mesmo, que
pode
pode ser ser feito
felito para
para acelerar
acelerar suasua derrocada?
derrocada?

Rejeitar estratégias
Rejeitar estratégias que
que néo
não funcionam
funcionam

Em um
Em um dizilogo Franco ‘Bifo’
entre Franco
diálogo entre publicado na
eu, publicado
Berardi ee ou,
'Bifo' Berardi na
Frieze, Berardi
revista Frieze,
revista falou da
Berardi falou impotência teorica
“nossa impoténcia
da “nossa atual
teórica atual
face do
em face
em desumanizante provocado
processo desumanizante
do processo provocado pelo capitalis-
pelo capitalis-
financeiro” “Eu
mo finaoceiro".
mo não posso
“Eu néo Berardi
realidade”, Berardi con-
negar aa realidadc“,
posso nogar con-
“que me
tinuou, “que
tinuou, ser esta:
parece ser
me parece onda do
última onda
esta: aa oltima movimento --
do movimonto
digamos
digamos que
que entre
entre 2010
2010 e
1: 2011
201 1 -
~ foi
foi uma
uma tentativa
temativa do revitalizar
de revitalizar
subjetividade do
uma subjetividade
uma massa. Essa
de massa. falhou: temos
tentativa falhou: temos sido
Essa tentativa sido
incapazes do
incapazes interromper aa agresséo
de interromper financeira. O
agressão financeira. movimento
O movimento
emergindo apenas
desapareceu, emergindo
agora dosapareceu,
agora apenas no forma do
na forma explosões
de explosoes
fragmentárias do
fragnmentérias desespero"
de desespero”.“

—_
I

º Disponivel
” em: https://frieze.com/article/give-me-shelter-mark-
Disponível em: httpszl/friezexom/articlefgivome-sl1elter-mark
fisher.
fisher.

146
Bifo, um
Bifo, um dos
dos ativistas
ativistas envulvidos
envolvidos com
com o0 chamado
chamado movimento
mevime-mo
autonomista na
autonomista dos anos
Itéxlia dos
na Itália identifica aqui
1970, identifica
arms 1970, ritmo que
aqui o0 ritmo que
tem definido
tem anticapitalista desde x008: emeciuxxantes ex-
luta anticapitalista
definido aa luta desde 2008: emocionantes ex~
piosées de
plosões militimcia que
de militância recuam tão
que recuam rapidamente quanto
téo rapidamente quanta irrom-
irr0m~
pem, sem
pem, pmduzir qualquer
sem produzir mudanga que
quaiquer mudança sustente no
que sese sustente ma tempo.
temps.
Ouco
(Jugs os as comentários
comentérios de dc Bifo
Bifca como
came umum réquiem
réquiem para para asas es-
es»
tratégias “h0riz0nta1istas" que
tratégias “horizontalistas” que têm dominado o0 anticapitalismo
tém dominado anticapitalismu
desde os
desde probiema com
1990. OO problema
anus 1990.
os anos astraxégias não
estas estratégias
cam estas néo são
sic)
seus
seus (nobres)
(nobres) objetivos
objetivos -
~ a
a abolição
abolicgfm da
da hierarquia,
hierarquia, a
a rejeição
rejeiqzio
autoritarismo --» mas
do autoritarismo
do mas sua Hierarquia não
eflcécia. Hierarquia
sua eficácia. pode ser
nim pode ser
abolida por
abolida decreto, ee um
por decreto, movimento que
um movimento fetichiza aa forma
que fetichiza forma
organizacional acima
organizacional acima de sua eficiência
de sua concede terreno
eficiéncia concede para o0
terreno para
desmantelamento das vérias fcmnas cxistentes de
inimigo. OO desmantelamento
inimigo. das várias formas existentes de
estratificaqfio será
estratificação seré umum processo replete de
érduo ee repleto
longo, árduo
processo longo, de atrito;
atrito;
simplesmente uma
nfio éé simplesmente
não questéo de
uma questão evitar líderes
de evitar (oficiais) ee
lideres (oficiais)
adotar
adotar formas formas “horizontais”
“horizontais” de de organização.
organizagéio.
Certo
Certo “horizontalismo
“horizomalismo neo-anarquista”
neo-zmarquista" tende tende aa favorecer
favorecer es-es-
tratégias de
tratégias agdo direta
de ação retimda -~ asas pessoas
direta €e retirada precisam tomar
pessoas precisam tomar
medidas agora
medidas mesmas, não
por sisi mesmas,
agora ee por esperar que
niw esperar que representantes
representantes
comprometidos ajam
cleitos ee comprometidos
eleitos ajam em em seuseu lugar; ac» mesmo tempo,
lugar; ao mesmo tempo,
elas devem
elas retirar de
devem sese retirar instituiqées que
de instituições que são nim contingente-
silo -- não cnntingenw
mente,
mente, mas mas necessariamente
necessariamente -— corruptas.
corruptas.
énfase na
AA ênfase direm, contudo, oculta
apdo direta,
na ação contudo, oculta um desespem so-
um desespero so»
possibilidade de
bre aa possibilidade
bre de ação através de
Todavia, éé através
indireta. Todavia,
agio indireta. de ação
agéo
indireta que
indireta controle de
que o0 controle de narrativas ideolégicas éé alcançado.
narrativas ideológicas alcangade.
Ideologia não
Ideologia nio é
é o
0 que
que você
vocé ou
on eu
en acreditamos
acreditamos espontaneamen-
espontaneamen»
mas sim
te, mas
te, acreditamos que
que acreditamos
sim o0 que que osas outros acreditam -- ee esta
outros acreditam esta
crenga ainda
crença determinada em
ainda éé determinada medida pelo
grands medida
em grande pelo conteúdo
conteédo
da
da mídia
midia convencional,
convencional.
AA doutrina neo-anarquista sustenta
doutrina neo-anarquista sustenta que deveriamos aban-
que deveríamos aban»
donar aa mídia
donar ccmvencional ee o0 Congresso
midia convencional Congresso -» mas esse nosso
mas esse nosso
zxbandono somente
abandono permitiu que
somente permitiu que os neoiiberais estendessem
os neoliberais estendessern
seu poder
seu infiuéncia. AA direita
pmder ee influência. neoliberal pode
direita neoliberal pregar o0 fim
pode pregar fim
147
147
do Estado, mas
do Estad/0, mas apenas
apenas enquanto assegura sea
enquanto assegura seu controls
controle sabre
sobre
os governos.
as governos.
$6 aa esquerda
S6 esquerda horizontalista
horizontalista acredita
acredita na na retérica
retórica dada ohsu»
obso-
lescência do
lescéncia do Estadc.
Estado. O O perigo
perigo da da critica
critica newanarquista
neo-anarquista éé que que
ela essencializa
ela essencializa Qo Estado,
Estado, aa clemocracia
democracia pariamemar
parlamentar ee aa “midia“mídia
convencional” ~- essas
convencionai” essas misas
coisas min
não aim
são estéticas,
estáticas, fixasfixas para
para sem-
sem-
pre. São terrenos mutáveis a serem disputados, e as formas que
pre. S50 terrenos mutéveis a serem disputados, e as formas que
assumem agora
assumem agora séio
são elas
elas mesmas
mesmas efeitos
efeitos de de lutas
lutas prévias.
prévias. Pare-
Pare-
ce, 51$
ce, às vezes,
vezes, que
que osos horizontalistas
horizontalistas querem
querem ocupar ocupar tuda,
tudo, exceta
exceto
0o congresso
congresso e a mídia convencional. Mas por que não ocupar
e a midia canvencional. Mas por que néo ocupar
0o Estado
Estado ee aa midia
mídia também?
também? Assim,Assim, 0o neowuaarquismo,
neo-anarquismo, image longe
de set
dc ser um
um desafio
desafio ao ao realismo
realismo capitalista,
capitalista, aparece
aparece como
como um um dc de
seus efeitos. Esse fatalismo anarquista - segundo o qual é mais
seus efeitos. Ease fatalismu anarquista - segundn 0 qua} é mais
fácil imaginar
fécil imaginar 0o fim fim dodo capitalismn
capitalismo dc) do queque um um Partido
Partido Traha~
Traba-
lhista de
lhista de esquerda
esquerda -- éé 0o complememo
complemento da da insisténcia
insistência do do realismo
realismo
capitalista de
capitalista de que
que néo
não existe
existe alternativa
alternativa ac ao capitalismo.
capitalismo,
Nada dissa
Nada disso siguifica
significa que que ocupar
ocupar aa midiamidia convencional
convencional ou ou aa
política
politica eleitoral
eleitoral será
seré o0 bastante
bastante por si sé.
"por si só. Se
Se 0o Novo
Novo Trabalhis-
Trabalhis-
mo
mo nos nos ensinou
ensinou alguma
alguma coisa,
coisa, foi
foi que
que ganhar
ganhar o0 governo
governs não néo éé
de forma alguma a mesma coisa que conquistar a hegemonia.
de forma alguma a mesma coisa que conquistar a hegemcmia.
Contudo, sem
Cnntudo, sem umauma estratégia
estratégia parlamentar
parlamentar de de algum
algum tipo,
tipo, osos
movimentos de
mavimentos de rua
rua seguirfw
seguirão naufragando
naufragando ee coiapsando.
colapsando. A À tare~
tare-
fa éé estabelecer
fa estabelecer 0s os vinculos
vínculos entre
entre asas energias
energias extra»par1amenta~
extra-parlamenta-
res (ins
res dos movimentos
movimentos ee 0o pragmatismo
pragmatismo daquelesdaqueles no no interior
interior dasdas
instituições exiistentes.
instituiqées existentes,

Retreinar-nos para
Retreinar-nos para adotar
adotar uma
uma
mentalidade de
mentalidade de guerra
guerra

Se quisermos
Se quisermos considerar
considerar aa desvantagem
desvantagem mais
mais significativa
significativa do
do
horizontalismo, no entanto, pense sobre como ele aparece pela
horizontaiismo, no entanm, pense sabre como ale aparece pela
perspectiva do
perspectiva do inimigo.
inimigo. OO capital
capital dew:
deve se
se deleitar
deleitar com
com aa po~
po-
pularidade dos
pularidadc dos discursos
discursos horizontalistas
horizontalistas no
no nosso
nosso movimento.
movimento.

148
Você preferiria
Vocé preferiria enfrentar
enfrentar um um inimiga
inimigo cuidadosanxente
cuidadosamente <:<>0rde~ coorde-
nado
nada ou on um um que que toma
toma decisões
decisées através
através de de “assembleias”
“assembleias” que que
duram
duram 99 horas?
horas?
OO que
que nãomin quer
quer dizer
dizer que
que devamos
devamos recairrecair nana fantasia
fantasia conso-
conscr
ladora de que qualquer tipo de retorno ao leninismo da velha
ladora de que qualquer tipo de retorno ao ieninisma da velha
escola
escola seja
seja possível
possivel ou cm desejável.
dessjével. OO fatofate de
de nos
nos ter
ter sobrado
sobrado uma uma
escolha
escolha entreentre leninismo
leninismo ee anarquismo
anarquismo éé uma uma medida
medida da da atual
atual
impotência
impoténcia esquerdista.
esquerdista.
ÉE crucial
crucial deixar
deixar para
para trás
trés este
este binarismo
binarismo estéril.
estéril. AA luta
luta con-
con»
tra
tra o0 autoritarismo
autoritarismo não nio precisa
precisa implicar
implicar em em neo-anarquismo,
neo-anarquismo,
assim
assim como
como organização
organizaqéo eficaz eficaz não
néo requer
requer necessariamente
necessariamente um um
partido
partido leninista.
leninista. OO que que éé necessário,
necessério, no no entanto,
entanto, éé levar
levar aa sério
sério
o0 fato
fato de
dc que
que estamos
estamos enfrentando
en frentando um um inimigo
inimigo que que não
néo temtern ne-
ne-
nhuma
nhuma dúvidadflvida de de que
que está
esté emem uma
uma guerra
guerra de de classes
classes ee queque de-
de-
dica
dica muitos
muitos de de seus
seus enormes
enormes recursos
recursos treinando
treinando sua sua gente
gente para
para
travar
travar essaessa guerra.
guerra. Há Hé uma
uma boa boa razão
razéo pela
pela qual
qua! osos estudantes
estudantes
de
de Mpa
MBA lêemléem ÁA artearte dada guerra
guerra e,e, sese quisermos
quisermos avançar,
avangar, estamos
estamos
obrigados a redescobrir o desejo de ganhar e a confiança de
obrigados a redescobrir 0 desejo dc ganhar e a confianga de que
que
podemos
podemos ganhar. ganhar.
Devemos,
Devemos, para para tanto,
tanto, aprender
aprender aa superar
superar certos
certos hábitos
hébitos de de
pensamento
pensamento antiestalinista.
antiestalinista. OO perigoperigo nãonio éé mais,
nmig, ee jájé não
néo tem
tem
sido
sido porpor algum
algum tempo,
tempo, o0 excessivo
excessivo fervor
fervor dogmático
dogmético da da nossa
nossa
parte.
parte. Ao A0 contrário,
contrério, aa Esquerda
Esquerda pós-1968
p<.'1s~1968 sofre
snfre dada tendência
tendéncia aa
sobrevalorizar
sobrevalorizar uma uma capacidade
capacidade negativa
negativa de de permanecer
permanecer em em dú-
div
vida, ceticismo e incertezas - que pode bem ser uma virtude
vida, ceticismo e incertezas - que pode hem ser uma virtude
estética,
estética, mas mas éé um um vício
vicio político.
politico. AA autodúvida
autodxivida que que temtam sido
side
endêmica
endémica na na esquerda
esquerda desde
desde 0:; os anus
anos 1960
1960 néonão see
se encontra
encontra em em
evidência na direita - uma das razões pelas quais eles têm sido
evidéncia na direita ~ uma das razées pelas quais ales tém sido
tão bem
tio bem sucedidos
sucedidos em em impor
impor seu seu pmgrama.
programa. Muitos
Muitos ma na esquen
esquer-
da agora
da agora tremem
tremem an ao men)
mero pensamento
pensamento dc de formular
formular um um pm-pro-
grama, quanto
grama, quanto mais mais de de “impor”
“impor” um. um. Mas
Mas temos
temos queque desisiir
desistir dada
crença de que as pessoas irão espontaneamente virar à Esquer-
crenga dc que as pessoas iréu espontaneamente virar é Esquer-

148
143
. §
1 §
i
Tfif<> g 2
.,§
:3‘ 1 i

da, on
da, ou de
de que
que 0o neoliberalismo
neoliberalismo entraré
entrará em
em colapso
colapso sem
sem que
que nos
nós
ativamente 0o desmanteiomos.
ativamente desmantelemos. W355
‘I1 J11
W I

in pg
§In I 355“
1:
5 Repensar a
Repensar a soiidariedade
solidariedade
.
~» ,
A antiga
A antiga solidariedade
solidariedade que que 0o neoliberalismo
neoliberalismo decompés
decompós foi-se foi-se
i
cie vex, para nunca mais voltar. Mas isso niio significa que te-
de vez, para nunca mais voltar. Mas isso não significa que te-
nhamos que
nhamos que estar
estar presos
presos ao ao individualismo
individualismo atomizado.
atomizado. Nosso Nosso
desafio
desafio agoraagom éé reinventar
reinventar aa solidariedade.
solidariedade. Alex Williams de~
Alex Williams de- J H,

senvolveu aa sugestiva
senvolveu sugestiva formulagfio
formulação dc": de uma “plasticidade pc'>s~f0r~
uma “plasticidade pós-for- <-“jg-.:» Aw.,~r. .
W
M: Q

dista” para
dista” para descrever
descrever como como essa essa nova
nova solidaricdade
solidariedade poderiapoderia se se ' B

parecer.
parecer. Como Como Catherine
Catherine MalabouMalabou demonstrou, plasticidade
demonstrou, plasticidade J: 1-»

não
1150 éé aa mesma
mesma coisacoisa que
que elasticidade.
elasticidade. Elasticidade
Elasticidade éé o0 equiva-
equiva-
V7 r»;3’ ; if

lente éà flexibilidade
lente flexibilidade que que 0o neoliberalismo
neoliberalismo exige exige dede nos,
nós, nana qual
qual vs-Aza

temos que
temos que assumir
assumir uma uma forma
forma imposta
imposta dc de fora.
fora. MasMas plastici-
plastici- :I?/lg}?
2Z »
dade éé outra
dade outra coisa:
coisa: implica
implica adaptabilidade
adaptabilidade ee resiliéncia,
resiliência, uma uma 3
~})€‘1
capacidade para modificação, mas
capacidade para modificaqfio, mas que também mantém umaque também mantém uma
>33. 1 ‘ 9

“memória” de
“memoria” de encontros
encontros anteriores.
anteriores. 1'
r

Repensar aa solidariedacie
Repensar solidariedade nestes nestes termos
termos podepode nos nos ajudar
ajudar aa
E
\
abandonar
abandonar algumasalgumas suposições esgotadas. Este
suposi<;6es esgotadas. tipo de
Este tipo solida-
do solida-
¢ .3
riedade
riedade não n50 implica
implica necessariamente
necessariamente uma uma unidade
unidade geraigeral ou
ou um
um mlV s

controle centralizado. Mas


controle centralizado. Mas movevse
mover-se para para além
além clada unidade
unidade néo não
nos conduz,
nos conduz, necessariamente,
necessariamente, ixà plaonicidade
planicidade do do horizontalismo.
horizontalismo.
Em lugar
Em lugar dada rigidez
rigidez doda unidade
unidade -- cuja cuja aspiragiio,
aspiração, ironicamente,
ironicamente,
contribuiu para
contribuiu para 0 o notério
notório sectarismo
sectarismo do da Esquerda
Esquerda ~- precisamos
precisamos IX - :2-r
M\=;;
da coordenaqxio
da coordenação de de diversos
diversos grapes,
grupos, recursos
recursos ee desejos.
desejos. Nessa
Nesse :§;;

sentido, aa direita
sentido, direita tamtem conseguido
conseguido set ser “pos~moderna°’
“pós-moderna” melhor melhor do do flxw

que nos,
que nós, construindo
construindo coalizoes
coalizões bem bem sucedidas
sucedidas de de grupos
grupos de de in-
in-
»
teresse heterogéneos
teresse heterogêneos sem sem aa necessidade
necessidade dc de uma
uma unidade
unidade global.
global. 13%‘; ‘ i
< , 1
@ ‘ I

Devemos aprender
aprender com com eles,
eles, para
para comeqzar
começar aa tecer
tecer umum mosaico
mosaico
V iés
Devemos , K ‘

semelhante no
semelhante no nosso
nosso laclo.
lado. Este
Este éé mais
mais um um problema
problema logistico
logístico
do que
do que umum problema
problema filosofico.
filosófico. ¢‘»Q3
;¢‘i
I

Q‘
£21!

150
1
-: ,
2
>€

fig, 1.
. -=1»: <
K
E?

fig ;--o ,.
a
Além da
Além da plasticidade
plasticidade da da forma
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organizacional, precisamos
precisamos |
também prestar
prestar atengfio
atenção éà plasticidade
plasticidade do do desejo.
desejo. Freud
Freud nosnos
1
.7 ~ :- também 1
\ 1s
ensinou que que osos impulses
impulsos libidinais
libidinais siio
são “extraordinariamente
“extraordinariamente
1
ensinou %,

plásticos” Se Se 0o desejo
desejo néo
não éé uma
uma esséncia
essência biologica
biológica fixa,fixa, entfio
então
4
,;:,; plésticos’T
L
também néo
também não haihá nada
nada como
como um um desejo
desejo natural
natural pelo
pelo capitalis~
capitalis- §
§1
mo. O
mo. O desejo
desejo éé sempre
sempre composto.
composto. Anunciantes,
Anunciantes, marqueteiros
marqueteiros Z
E
‘=1; glz. ee consultores
consultores de relações públicas sempre souberam disso
de relaqoes pfiblicas sempre souberam disso ee aa ,}?
V;
‘V?
luta contra 0o neoliberalismo
neoliberalismo exigiré
exigirá queque saibamos
saibamos construir
construir ii
131°‘ '1
luta contra
um modelo alternative
alternativo dede desejo
desejo capaz de competir
competir com com aquele
I w
A 4_;_W
-'
um modelo capaz dc aquele
9;” ,2:
1 \»'//‘
.1-< empurrado
empurrado pelos pelos técnicos libidinais do
técnicos libidinais do capitaL
capital. @
O certo
certo éé que
que estamos agora em em um um deserto
deserto ideologico
ideológico no no
‘%
» ”§ W
‘ ;¢.§,§>E-
Y'.:1~,~‘
O estamos agora z
;
9&3-~
qual o0 neoliberalismo
qual neoliberalismo éé dominante
dominante apenas
apenas por por inércia.
inércia. O O terre-
terre- ‘E

no está
no em disputa
esté em disputa ee aa observação
observagéo de de Friedman
Friedman deve deve nosnos servir
servir
de inspiração: é nossa tarefa desenvolver alternativas às politi-
de inspiraqéo: é nossa tarefa desenvolver alternativas és p0liti~ 3
=
>i:;,»~.J cas existentes,
cas existentes, mantê-las
manté-las vivas
vivas ee disponiveis
disponíveis até que 0o politica-
até que politica-
ef<>:.',-
mente impossível
mente impossivel sese torne
tome politicamente
politicamente inevitável.
inevitével.
;

k
,1
r>
1<

3
3
1

2
A Z

g
2
&

@
3
1 51

,23,
' “ -
Não falhar
N50 melhor: Iutar
falhar melhor: ganhar”
pra ganhar-
lutar pra

O realismo
O realismo capitaiista, brevemente, pode
resumindo brevemente,
capitalista, resumindo pode ser visto
ser visto
como uma
tanto como
tanto quanto como
crença quanto
uma crenqa É a crença
atitude. E a crenoa
uma atitude.
como uma
de que
de capitalis mo é o único sistema econômic
que 0o capitalismo é o (mice sistema economics uma
viável, uma
o viével,
reafirmação da
simples reafirmaqéo
simples máxima thatcheri sta: “não
antiga méxima thatcherista: “néo hé a1~
da antiga há al-
Não se
ternativa” Néo
ternatixm”. necessariamente da
trata neccssariamente
se trata ideia de que o capita-
da ideia do que 0 c.apita~
um sistema
lismo éé um
lismo particularmente bom,
sistema particularmente mas sim
bom, mas sim dc persuadir
de persuadir
acreditarem que
pessoas aa acreditarem
as pessoas
as que éé 0 sistema viével
único sistema
o (mice que aa
viável ee que
construção dc
construgéio de uma l. Que o
impossíve Que o descontem
alternativa éé impossivei.
uma altemativa desconte n-
tamento seja
tamento seja praticamente universal nfio
praticamente universal muda em
não muda o
nada o fato
em nada fato
de que
de parece haver alternati va viável ao
não parece have: alternativa viével ao capitalismo
que nfio capitalis nao
mo -~ nio
crença de
muda a a crenqa
muda que 0
de que mo ainda possui todas
capitalis ainda possui todas as cartas
o capitalismo as cartas
mesa ee que
na mesa
na não hé
que niio há nada possamos fazer
que possamos
nada que isso.
sobre isso.
fazer sobm
declínio dos
O declinio
O provavelmente 0o maior
sindicatos éé provavelmente
dos smdicatos fator na
maior fator na
consolidação do
consolidaqio do realismo capitalist a para os cidadãos
realismo capitalista para 0s cidadios comuns. comuns.
Hoje nos
Hoje encontramos em
nos encontramos situação em
uma situaqéo
em uma em queque todos despre-
todos despre-
zam os
zam banqueiros ee 0
os banqueiros o capitalismo financeiro, assim
capitalismo financeiro, como 0
assim como o
nível de
nivel controle que
de controle eles detém
que eles nossas vidas.
sobre nossas
detêm sobre estão
Todos estio
vidas. Todos
horrorizados com
horrorizados com a a piihagem, fiscal e assim
evasão fiscal e assim por diam-
pilhagem, aa evasio por dian-
mas ao
te, mas
te, mesmo tempo
ao mesmo tempo hé há esse sentimento de
esse sentimento de que pode-
não pede-
que néo
fazer nada
mos fazer
mos respeito. E
nada aa respeito. E por sentimento cresceu
esse sentiments)
que esse
por que cresceu
intensamente? EÉ porque
tão intensamente?
tio não há mais um agente
porque nio hé mais um agente mediador mediador

“Not Failing
* “Not
"‘ Fighting To
but Fighting
Better, but
Failing Better, Win” em
To Win” Worker, 11
Weekly Worker,
em Weekly
de novembro
de de 2012. Disponíve l em: https://w eeklywork
novembro de 2011. Disponivel em: https://weeklyworker.co.uk/ er.co.uk/
worker/936/mark-fisher-not-failing-better-but-fighting-to-win/
worker/936/mark-fishernot-faiiing-better-bubfighting~to-win/
português por
para 0o portugués
Traduzido para
Traduzido por Giuliana Almada ee pubiicado
Giuliana Almada na
publicado na
Jacobin sob
Revista Iacobin
Revista sob 0 titulo de
o titulo há honra no fracasso”.
“Não hé honra no fracasso”.
de “N50

152
152
entre os
entre os sentimentos
sentimentos das das pessoas
pessoas ee aa capacidade
capacidade que que elas têm
elas tém
de
de organização.
organizaqéo. Consequentemente,
Consequentemente, mesmo mesmo que que oo desconten.
descontem
tamento
tamento seja seja generalizado,
generalizado, na falta desse
na falta desse agente
agente coletivo
coletivo 0o dealdes.
contentamento permanecerá
contentamento permaneceré restritorestrito an
ao nivel
nível individual.
individual,
Isso se
Isso se converte
converte facilmente
facilmente em em depressio
depressão ~- essa essa éé umauma daa das
histórias que
histérias que tento
tento contar
contar no no men
meu livro,
livro, Realismo
Realismo capitalism
capitalista,
Trato da
Trato da associagéo
associação entre entre pos-politica,
pós-política, p<'>s~ideologia,
pós-ideologia, aa ascenl ascen.
são
sic do neoliberalismo ee aa ascensão
do neoliberalismo conjunta da
ascenséo conjunta da depresséo,
depressão, Pan par.
ticularmente
ticularmente entre entre osos jovens.
jovens. Chamo
Chamo esse esse processo
processo de de “privatil
“privati.
zação
zaqio do do estresse”.
estressei
Não quero colocar
Nio quero colocar tudotudo na na conta
conta dodo declinio
declínio sindical
sindical —- 03 os
sindicatos são
sindicatos sio apenas
apenas um exemplo de
um exemplo de algo
algo queque foifoi retirado
retirado dq da
infraestrutura
infraestrutura psíquicapsiquica ee política
politica da da vida
vida das
das pessoas
pessoas nos nos últimos
miltimoa;
quarenta anos.
quarenta anos. No No passado,
passado, sese seuseu salário
salério ee condigfacs
condições de de trabalho
trabalha
piorassem,
piorassem, você poderia irir aa um
vocé poderia um sindicato
sindicato ee se se organizar,
organizar, enquanl
enquan.
to agora,
to agora, sese 0o estresse
estresse nono trabalho
trabalho aumentar,
aumentar, somos encorajados
somos encorajadoq
aa enxergá-lo
enxergé-lo como como um um problema
problema unicamente
unicamente nosso, nosso, privado,
privado, ea eà
lidar com ele individualmente. Somos obrigados a lidar com esse
lidar com ele individualmente. Somos obrigados a lidar com essq
sofrimento
sofrimento por por meiomeio de de automedicação,
automedica<;&o, antidepressivos
antidepressivos (cada (cada
vez
vez maismais amplamente
amplamente prescritos),
prescritos), ou,ou, sese tivermos
tivermos sorte,sorte, comcom
terapia. Mas essas preocupações - experimentadas agora coma
terapia. Mas essas preocupaqies - experimentadas agora comm
patologias
patologias psíquicas
psiquicas individuais
individuais --- não néo têm
tém raizes
raizes na na química
quimica ce. eel
rebral:
rebral: residem
residem no no campo
campo social
social mais
mais amplo.
amplo. Como Como não nio háha’: mais
mail
um
um agente,
agente, um um mediador,
mediador, para para uma
uma ação
agfio dede classe
classe coletiva,
coletiva, nã niiq

hé como
como abordar
abordar esse esse campo
campo socialsocial mais
mais amplo.
ample.
Outra
Outta maneira
maneira de cle chegar
chegar aa essaessa história
histéria éé através
através clada reestrm
reestru.
turação
turagéo do do capital
capital no no final
final dosdos anos
anos 1970
1970 ee inicio
inicio dosdos anos
anus 80, 80,
com a chegada do pós-fordismo. Isso significava o uso crescen-
eom a chegada do p6s~fordism0. Isso significava 0 uso crescem
tete de
dc condições
condiqoes precárias
precérias no no trabalho,
trabalho, produção
produgio just-in-time
just-in-timeq«
aa temida
temida “flexibilidade”:
“flexibilidade”: precisamos
precisamos nos nos curvar
curvar ao ao capital,
capital, nãonén
importa
importa o0 que que o0 capital
capital queira;
queira; somos
somos obrigados
obrigados aa nos nos curvar
curvaraq
ele.
ele. Por
Por umum lado,
lado, havia
havia esse
esse tipo
tipo de
de punição,
punioéo, mas mas também
também hou. haul
ve
ve oo aparecimento
aparecimento de de incentivos
incentivos nos nos anos
anos 1980:
L930: o0 neoliberalis.
neolilaeralis x

153
martelava os
apenas martelava
não apenas os trabalhadores; encorajou
também encorajou
trabalhadores; também
mo W210
mo
identificarem mais
se identificarem
não se trabal hadora
como irabalolmdoras.
mais como Seu
s. Seu
pessoas aa néo
as pessoas
as
seduzir as
conseguir seduzir
foi conseguir pessoas para
as pessoas fora dessa
para fora identi-
dessa identi»
sucesso foi
sucesso
ficação ee para
ficaqéo fora cla
para fora consci ência
da consciénoia de classe.
do classe.
cerne do
no came thatcherismo pode
do thatcherisrno vista no
ser vista
pode ser no
genialidade no
A gsnialidade
A
venda de
de venda de moradias sociais no
moradias sociais Unido, por-
Reino Unido,
no Reina por-
programa do
programa
junto an incent
simples incentivo
ao simples ivo de possui r uma casa própria,
que, junta
que, de possuir uma casa propria,
tempo e a histéria, segundo aa qual
sobre oo tempo
narrativa sobre e a históri a, segun do qual
havia aa narrativa
havia
estava disposta
Thatcher estzwa tornar sua
disposta aa tomar mais livre,
vida mais livre,
sua vida
Margaret Thatcher
Margaret
centralizadores ee reacionérios,
burocratas centralizadores que
reacionários, que
aos burocratas
opondo aos
se opondo
controlar sua sua vida. envolveu uma
Isso envolveu
vida. lsso exploração mul-
uma expiom<;:?:o mui-
queriam controlar
queriam
desejos que
dos desejos que haviam m cresci do,
havia crescido, principal» princi pal-
bem-sucedida dos
to be-m~§ucedida
to
mente, desde
meme, os anos
desde as zmos 196$). 1960.
aqui foi ausência do
foi axa zmséncia de uma resposta dc
uma resposta de
Parte do
Pane problema aqui
do problema
pds-fordismo ~~ cm em vez disso, houve
vez disso, houve um apego ao um apego ao
esquerda an
esquerda ao pos-fordismo
antagonismos, por
velhos amagonismos, assim clizer.
por assim Havia
dizer. Haviamos in~mos in-
conforto de
conform de velhos
de que existia um
história do que existia um forte movimento forte movimento traba» traba-
ternalizado aa historia
ternalizado
dependia da Quais foram as
unidade. Quais foram as condiooes para
da unidade. condiç ões para
lhista qua
lhista que dependia
mão de obra fordista.
de ohm a conce ntraç
fordista, a concentragfao do ão de
isso? Bem,
isso? tínhamos aa min
Bem, tinhamos
confinados, 0o dominio
espaços ¢'0nfinados}
em espaqos domínio da força dc
da forga de
trabalhadores em
trabalhadores
trabalhadores do
por trabailmdores masculino ee etc.
sexo masculine
do sexo etc. O O
industrial por
trabalho industrial
trabalho
ameaçou oo movimonto dos trabal
movimento dos trabalhadores. hadore s.
fim dessas
fim condições ameagou
dessas condiqoos
surgi mento de uma plural idade do outras lutas,
de outras dis-
lutas, dis»
Houve 0o surgimento
Home de uma pluralidade
comprometimento do propósito comum
de propésito comum qua que 00 mo»Mo-
solvendo 0o compr<.>1na>timenio
solvendo
trabalhadores jzl
dos trabaihadoreo já possuia. a. Mas essa
possui Mas essa nostalgia polo nostal gia pelo
vimento dos
vimerxto
na verdad e, perigo derrota néo
sa ~- aa derrota decorria do
não decorria do
fordismo
fordismo era,
era, no verdade, perigosa
fordismo, mas
do fordismo, mas do fato do
do fato de nos uma viséo
faltar ulna
nos faltzu" alternativa
visão altemativa
fim do
fim
capaz dc ir com o relato
compet com 0 relato neoliberal.
de competir neolib eral,
modernidade capaz
da modornidade
da
Paralelamente és
Paralelamente operárias dos
lutas op-eriar/ias
às lutas anos 1980 (como aa his-
dos anos 1980 (como his»
mineir os), cresci am també m as lutas culturais.
greve doa
tórica grave
iérica dos mineiros), cresciam tamhém as lutas culturais.
derrotadas, mas mas ma na époeza não era,
época niio forma algo-
de forma
era, ale algu-
Ambas foram
Ambas foram derrotadas,
claro que seriam. Os
que seriam. anos 1980
Os arms 1980 foram uma época
foram uma época dc pé~ de pá-
tão clam
ma, {:30
ma,
relagáo ks ás aimaras municipais dominadas
cámaras municipais domin adas pela
moral em
nico moral
nice em relagio pela
154
pelo Canal
“esquerda lunática” ave polo
“esquerdalumi1ica” [canal da
Canal 44 {canal rv aberta
da TV britâni-
aberta britimi~
com sous
ca], com
ca], esquerdistas politicamente
seus esquerdistas corretos, que
politicamente corretos, estavam
que estavazn
supostamente, 0o controls
assumindo, supostamemo,
assumindo, transmissão.
da transmisséo.
controle do
parte do
faz parts
Isso fax
lsso do que: chamo do
que chamo de modornidztdo alternativa --
modernidade altmmztiva
uma alternativa
uma alternativa à
£1 “modernidad e”
“modernidade” neoliberal,
mroliberal, que
que na
na verdade éé
verdacle
apenas um
apenas retorno an
um retomo x1x do
século xxx
ao século maneiras.
várias maneiras. A
de vérias ideia
À ideia
difundida dc:
difundida que aa cultura
de que corrente éé inerentemente
cultura corrente cooptada ee
inerentemente cooptada
nos afastarmos
que nos
que dela éé tudo
afastarmos dela podemos timer
que podemos
tudo 0o que profun-
fazer éé profuxr
damente falha. (3
damente falha, mesmo se
O IUESIHO se aplica à política parlamentar.
aplica is politica parlaxnentar. Vocé Você
não deve
néo deve depositar todas as
depositar todas as suas esperanças na
suas esperan<;as na politics: parla-
política parla-
mentar, mas,
mentar, mas, ao tempo, se
mesmo tempo,
ao mesmo fosse iniztil,
ela fosse
se ela deveria
você deveria
inútil, vocé
perguntar: por
se perguntar:
se que o
por que empresariado so
O empresariado esforça tanto
se esforga sub-
para sub~
tanto para
jugar o0 legislativo
jugar aos seus
legislative aos interesses?
seus interesses?
N50 éé que
Não politlca parlamentar
que aa política parlamenmr alcance por si
muito por
alcance muito só -— a a
si so
objetiva do
lição objetiva
ligéo que acontece
do que acontece se nisso éé 0
acredita nisso
você acredita
se vocé Novo
o Novo
Trabalhismoz poder
Trabalhismo: poder sem hegemonia. Você
sem hegemonia. não pode
Vocé néo pode esperar esperar
conseguir muita
conseguir muita coisa exclusivamente por
coisa <-xxclusivamente por meio
meio das urnas. Mas
das urnas. Mas
difícil
éé dificil enxergar
enxergar como
como as
as lutas
lutas podem
podem ter
ter sucesso
sucesso sem
sem fazer
fazer
parte de
parte de umum conjunto.
conjunto. TémosTemos que que recuperar ideia de
recuperar aa ideia que éé ne-
de que ne-
cessário vencer aa luta
cessério veneer luta hegemônica
hegemonica na sociedade om
na sociedade diferentes
em diferentes
frentes a0
fremes mcsmo tempo.
ao mesmo tempo.
Hzi muita
Há tolerância ao
muita tolerémcia fracasso no
ao fracasso lado. Se
nosso lado.
no nosso tiver
eu fiver
Se eu
que citação do
ouvir aa citagio
que ouvir Samuel Beckett:
de Samuel “tente do
Beckett; “tonic de nova, erre
novo, etrre do de
novo, melhor” vou
erre melhor”,
novo, erre enlouquecer. Por
vou enlouquecer. pensamos zassim?
que pensamos
Por que assim?
Não há
Néo hé honra
honra no
no fracasso,
fracasso, embora
embora também
também não
aim haja
haja vergonha
vergonha
nisso. Em
nisso. Em vez desse slogan
vez desse devemos tentar
estúpido, devemos
slogan estitpido, aprender
tentar aprenclor
nossos erros
com nossos
com sucesso na
ter sucesso
para ter
erros para próxima vez.
na proxima vez. As probabi-
Às probabi~
lidades
lidades estão
e:-stain contra
contra nós,
nos, então
entéio é
é possível
possivel que
que continuemos
continuemos per-
pow
dendo, mas
dendo, objetivo éé aumontar
mas 0o objetivo nossa inteligência
aumentar nossa intcrligéncia ilOl€fllV3t coletiva.
requer, se
Isso requer,
Isso se nio estrutura ml
uma ostrotura
não uma como os
tal como partidos do
os partidos tipo
de tipo
antigo, polo
antigo, pelo memos algum tipo
menos algum tipo tie sistema do
de siatemo coordenação ee do
de coordenmgflca de
coletiva. O
memória coletiva.
memoria já dispõe disso. Também
capital jé dispée disso. Também prezzisw
O capital precisa-
mos para poder
mos para revidar.
poder revidar.
155
15$
1 Ȥ-

1,4 ,

Ninguém esté
Ninguém entediado, tudo
está entediado, entediante:
é entediante"
tudo é
“TMi
.3: ~ \

4*}

Uma das
Uma das pegas mais intrigantes
peças mais provocativas sobre
intrigantes ee provomtivas política
sobre politica
W Pl
ee cultura ano foi
deste ano
cultura deste foi We are all
We are very anxious
all very [Estamos todos
anxious [Esta_m0s todos E \
>’§i
<X
* (o en-
‘=5: 5§
ansiosos], pelo
muito ansiososl,
muito da Consciên cia Precária
Instituto da Consciéncia Precéria“ (0 en-
pelo Instituto
saio ganhou muita
saio ganhou atenção quando
muita ateméo quando f0i republic
foi republicado ado no site
no site do do ;w,.?2,i~ '?fR
5“flF</
Y
¥
coletivo Plan
caietivo C). O
Plan C). argumento do
O argumentc ensaio éé que
do ensaio proble-
afeto proble»
que 0o afeto
chave que
mático chave
mético capitali
que 0o capitalismo smo contemp orâneo agora
cnntemporfineo agora enfrenta enfrenta
ansiedade. Em
éé aa ansiedade. Em umauma era era fordism anterior, 0o tédic»
fordista anterior, que era
tédio éé que era 0o z1~ 1

dominante. O
reativo dominante”.
“efeito reativo
“efeim O trabaiho repetitivo nas
trabalho repetitivo linhas dc
nas linhas de
produção gerava
produqéo tédio, que
gerava 0o tédio, que era central de
forma central
era aa forma subjugação
de subjugaqim
sob 0o fordismo
sob fonte dc
fordismo e e aa fonte de um política de
nova politica dc oposigéo.
um nova oposição . .‘ ~
argumentar que
Pode-se argumentar
Pode-se fracasso da
que 0o fracasso da esquerda tradicional
esquerda tradicional
esté atrelado Aà sua
está atrelado incapacidade de
sua incapacidade de se adequadamen-
engajar adequadamem
se engajar JI
w
Y
1'1? . A <2
te Aà essa
te política do
essa politica do tédio, articula da por
jamais articulada por sindicatos
tédio, jamais sindicatos on ou ' l§1$-W 5‘

partidos mas sim


políticos, mas
partidos politicos, política cultural
pela politic:
sim pela dos situacio-
cultural dos situacio» er: fa
$1
.

nistas*””
nistas" e
e dos
dos punks.
punks. Foram
Foram os
os neolibera
neoliberais,is, ee néu esquerda
não aa esquerda PM ‘
Q N
organizada, que
organizada, que se mostrar
se mostraram am as mais aptos a absorver ee ins-
os mais aptos a absorver
trumentalizar essa
trumentalizar crítica ao
essa critica tédio. Os
ao tédio. Os neoiiberais rapidamente
neoliberais rapidamente ,=.¥Z

associaram as
associaram fábricas fordistas,
as fébricas estabilidade ee seguranqa
fordistas, ee aa estabilidade da
segurança da
.,»1?%'
1

*%’i‘ h.
se1 Mg,

8 “No
" One is
“N0 One Bored, Everything
is Bored, Boring” em
Everything isis Boring” em The Artists News
Visual Arfists’News
The Visual Ti
Sheet, 2211 dejulho
Sheet, de julho de 2014.
de 20 Disponivel em: https:// visualartists.ie/mark-
14. Disponivel em: https:/1'visualartists.iefmark-
fisher-one-bored-everything-boring/.
fisher~0nc»b0recl ~every1hing~b0ring]. Traduzida para 0o português
Traduzido para por
pnrtugués por
Victor Marques.
Victor Marques.
* N.
“ ~. dat: Institute of
da 'r.: Institute Precarious Consciousness.
of Precarious Consciousness.
$7"’ x. da arganizaqfio revolucionária
tT: organização
da T.: formada por
revulucianéria formada por artistas dc van-
artistas de van-
teéricos críticos,
guarda ee teóricos
guarda fundada em
criticos, fundada em1972, muito
dissolvida em 1972, muitn
1957 ee dissnlvida
em 1957 , ‘I ‘
influente
influente n0 maio de
no maio 68 francés.
de 68 de seus
Alguns cle
francês. Alguns sens principals expoentes
principais expoentes "$2
J2 ‘X‘\
são Guy Debord,
$50 Guy Michéle Bernstein
Debord, Michêle Raoul Vaneigem.
Bernstein ee Raoul Vaneigem.
AX

z 156
155
. :
1,<YA
;~,;.:n:;

L
M
§.P
<

social-democrac
social-democracia,
vertical. N0
vertical.
com o 0 téciio,
ia, com
lugar disso,
No lugar
burocracia
previsibilidade ee aa burocracia
tédio, aa previsibilidade
neoliberais ofereciam emogio ee in»
os neoiiberais
disso, 05 ofereciam emoção im-
oi
31
éi
‘<1 previsibilidade. Mas
previsibiiidade. desvantagem dessas
Mas aa desvantagem condições de
novas condigzoes
dessas novas de
fiuidez ansiedade perpétua.a;1siedade
fluidez éé aa ansiedade emocio-
estado omociw
perpétua. A ansiedade éé 0o egtado 5}is
nal que se
nal que precariedade(econó
com aaprecariedade
correlaciona com
se correlaciona i gocial,
( (econ€>{n§;;%
-5 existencial) qque a governança neoliberal 1 no
@Xi*¢.¢51@?1> qiie *1 g@v¢orn@n§.@P¢@1ib§r2l ¥1<’¥I¥I?§1i§<2u- s
2
x
M“O Instituto da Consciência Piécziria estava certo
Precária estava observar
ao observar
certo ao i1

Fit» »
que boa
que boa parte parte da da politica anticapitalista esté
política anticapitalista estratégias
presa aa estratégias
está presa
<
»

,4Z1,
V. ee perspectivas
perspectivas formadas formadas em em uma época em
uma época em queque aa luta contra
era contra
luta era »1
>
v
tédio. Também
0o tédio. Também estéo corretos tanto
estão corretos reconhecem que
quando reconhecem
tanto quando que
0o capitalismo
capitalismo efetivamente efetivamente solucionou problema do tédio,
solucionou oo problomziw tédio,
quanto
quanto quando quando afirmam afirmam que crucial que
que éé crucial a esquerda éncon~
que aL¢?§;1;i1¢;1<LiKa encon- E
2
ll
J
neoliberal-~ que que
1';
tre formas de
tre formas politizar aa ansiedade.
de politizar anskdade. A cultura héoliberal
A cultura a

torooo dominante
se tornou
sé’ Jominante no momento em
no rhoinento em que movimento anti-
que movimento anti-
psiquiatria iaia sese enfraquecendo
psiquiatria individualizou aa depresséo
enfraquecendo -— individualizou depressão ee
dos casos depressáo ee
de depressfio
v
ansiedade. Ou
aa ansiedade. melhor, 0o aumento
Ou melhor, aumento dos casos dc
ansiedade sáo
ansiedade séo um um efeito bem-sucedida, do
tendéncia, bem-sucedida,
da tendência,
efeito da neo-
do new
1'
ralismo em privatizar « o estresse: converter
l‘iP_§_l‘_£i/lVi_‘SVI_l“1Q>‘V(?I‘Ifl privatizar o estresgga converter antagonismos antagonismos
políticos
politicos em em c<)ndi<;6esén}cfvdj\q-5§§.
condições médicas. '
Por
Por outro outro lado, acredito que
lado, acredito que aa discussio
discussão sobresobre 0 o tédio
tédio precisa
precisa
L
ser um pouco
ser um pouco mais
mais detalhada.
detalhada. Certamente
Certamente é
é verdade
verdade que
que hoje
hoje
podemos quase
podemos quase sentir nostalgia pelo
sentir nostalgia pelo tédio 1.0 do velho
tédio 1.0 do velho fordis~ fordis-
domingos, asas horas notumas após
horas noturnas apos aa
§
mo. OO vazio
mo. sombrio dos
vgzio sombrio dos domingos,
televiszio encerrar
televisão pmgramagéo, até
encerrar aa programação, até os minutes intermináveis
os minutos interminéveis 4

espera nas
dc espera
de nas filas filas ouon nos
nos transportes pdblicos: para
transportes públicos: quem tem
para quem tern ‘i
4
s
um smartphone, esse
um smartphone, tempo vazio
esse tempo vazio foi efetivamente eliminado.
foi efetivamente eliminado. ‘.3

ambiente intensivo
No ambiente
No intensivo de de 24 por 77 do
24 por ciberespagto capitalista,
do ciberespaço capitalista,
cérebro não
o0 cérebro mio pode pode mais ficar ocioso; em vez disso, é inundado
mais ficar ocioso; em vez disso, é immdado
com
com um um fluxo fluxo continuocontinuo de de estímulo
estimulo de do baixa
baixa intensidade.
intensidade. i1

No entanto, o0 tédio
No entanto, ambivalentez não
era ambivalente:
tédio era néio eraera simplesmente
simplesmente z

um
um sentimento
sentimento negativo
negative) do
do qual
qua} alguém
alguém simplesmente
simplesmente queria
queria 5

»
se
se livrar.
livrar. Para Para oo punk, punk, o0 espaço
espaoo vaziovazio do do tédio
tédio foi foi um
um desafio,
desafio, ‘
1

uma
uma injunção injungéo ee uma uma oportunidade:
oportunidadez sese estamos estamos entediados,
entediados,
2.51 ‘
»
.»;
mm --=.»;_ '
4

1%‘

7%. cabe aa nos


cabe nós produzir
produzir algo algo que
que preencha
preencha ease esse espago.
espaço. No No entanto,
entanto,
foi por
foi meio dessa
por meio demanda por
dessa demanda por participação que o
participaqio que 0 capitalismo capitalismo
neutralizou oo tédio.
neutralizou Agora, em
tédio. Agora, em vez vez de impor um
nos impor
de nos um espetácu-
espetécw
J-ii;
lo pacificador, as
lo pacificador, esforgam para
capitalistas sese esforçam
corporaoées capitalistas
as corporações para nos
nos
rs, convidar interagir, gerar
convidar aa inieragir, nosso próprio conteúdo
gerar nosso proprio contexido e participar e participar
‘¢» *3
do
do debate.
debate. Agora Agora não nzio háhé desculpa
desculpa nem nem oportunidade
oportunidade para para fi-
\
fi-
<. é=1
car
car entediado.
entediado.
S
i
Mas
Mas se so aa forma
forma contemporânea
contemporimea do do capitalismo
capitalismo extirpou extirpou oo .‘,%Q::§

entediante. Pelo Pelo contrário - é possível


21 :
3:
tédio, não
tédio, superou oo entediante.
néo superou contrério ggggiyel ,;<;.;1(
i
1.,x
o entediante se tornou onipresente. No
Mswénw£114?,.%s<1§§o9§nrsdiw¢ so wrwm <>11iPI¢$¢m¢~ ‘No
3 er expectativa de sermos
Hi?“ d@§d95*#%‘:,do¢¢§i§tim9so <19 o~1\%%?1€s.¥*f%1:oo¢?<1>¢¢@*»¢,iv¢ <*¢€“=Ym°S
>~i ' ndidos pela cultura - - e
sVo§*g,(ooodidos/pola citultura - e isso vale ta.n_§o isso vale tanto Ratq>ygh§‘ol;ura
para a cultura ~§
‘J .

u “experiment ” quanto
gexperimentzd” ooénto para popolar. Seja
cultura popular.
para aa cultura Seja aa música mnisica
parece ter
que parece
que saído de
tor saido 20, 30,
dc 20, 30, 40 4o anos atrás, os
aooootrés, sucessos de
os sucessos de
bilheteria de Hollywood que reciclam e reutilizan
bilheteria do Hollywoodddc1ue_vrecW1]:l;\;n e reu'tV§§“i;éo;§>§:§__Acoi§ceifos, . conceitos, ~ 49$
.-,,
.<~"’
personagens ee trocadilhos esgotodos há
trocadilhos esgotados jqmpo, ou
muito tempo, ou os
Wf‘
personagens os ‘ 1% ‘
‘S
‘fir
gestos batidos
gestos tão comuns
bz}\1t}dgs,_égod comdi1§oa§ na arte contemporéoea,_oo entediante
ahe contemporánea, optcdjante
está
estéhgmem toda todo parte.
P§1rt_e. Mas
Mas ninguém
ningodifivfizta fica entediado
eniedfado--lliaorque porque não nfio J»-,


hé mais
mois nenhum
oénhum sujeito sujeito capaz
capaz de de se
se entediar,
entediar. PoisPois o0 tédio tédio éé um
um
estado de
estado absorqio -- um
dc absorção estado de
um estado absorgéo, na
aka absorção,
de alta na verdade,
verdade,
ee éé por
por issoisso queque éé umum sentimento
sentimento tão téo opressivo.
opressivo. OO tédio tédio conso- conso~
me » kl .1
me nosso ser; sentimos que nunca iremos escapar. Mas é exata-
nosso ser; sentimos que nunca iremos escapar, Mas é exam-
/1“, .
W1
mente
mente essa essa capacidade
capacidade de de absorção
absorqéo que que está
esté agora
agora sob sob ataque,
ataque,
como
como resultado
resultado da da constante
constants dispersão
dispersio da do atenção,
atenoio, que que éé parte
parts ‘Q 1
->5.) .
integrante
integrante do do ciberespaço
ciberespago capitalista.
capitalista. Se Se oo tédio
tédio éé uma ulna formaforma i
1,
de
de absorção
absorqéo vazia, vazia, formas
formas mais mais positivas
positives de de absorção
absorcgéo podem podem
1
combatê-lo
combaté»1o efetivamente.
efetivamente. Mas Mas são $50 justamente
justamente essas essas formas formas de do _~/‘I

absorção
absotgéo que que o0 capitalismo
capitalismo não néo tem tem como
como oferecer.
oferecer. Em Em vezvez de
de
absorção,
absorgfio, ele ele sóso pode
pode nos
nos distrair
distrair com com o0 entediante.
entediante.
Talvez
Talvez oo sentimento
sentimento mais mais característico
caracteristico de do nosso
nosso momento momenta
atual
atuai seja
seja uma uma mistura
mistura de dc tédio
tédio ee compulsão.
compulséo. EmboraEmbora saibamos saibamos
bem
hem que que são séo entediantes,
entediantes, nos nos sentimos
sentimos compelidos
compeiidosa a fazer fazer mais
mais
um
um teste
taste no no Facebook,
Facebook, aa ler ler mais
mais uma uma lista
lista do
do Buzzfeed,
Buzzfeed, aa clicar clicar ’i»i€

1
5 ass
158 w
W ‘ ,.
or
n

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, 1'
em
em fofocas
fofocas de
de celebridades
celebridades sobre
sobre alguém
alguém com
com quem
quem não
1150 nos
nos
imP<>"=="1“>$- Nós
importamos. I108 movemos
N65 nos incessantemente
!!?9Y§91Q$3!1€§S1‘ $@&n§@113€t1i§.6111 meio, aoao
em meio L
T: entediante,
entediante, mas nosso sistema nervoso está constantemente tão
mas no$$Q,§oi$§§I;1M1Q£xQ§Q£§K§oF5Q¥3§§3111¢m¢I\i¢o$50 §
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supere stimulado quo
§i!R?¥€§ti.I.m1lad0 nunca desfrutamos.o luxo de ms
que o.1,m11§§,d§§fxn:axnos<oo\oluxoooodfioo sentir-
nos seI1¥ir~
tediados. Ninguém está
“‘°§ ¢9t¢<WO#-.
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entediado, tudo é §n¥¢di te.
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Pésfécio
Contra
Contra 0o oancekameoto
cancelamento dodo futuro:
futuro:
aa atualidade
atuaiidade de
do Mark
Mark Fisher
Fisher na
no
?Xv'1"fi\u,>w-?*"‘!@kf<»¥1>A(n\'/!-E‘?.V0/§d<fv'A1
crise
crise do
do neoliberalismo
neoiiberaiismo
Por
Pox Victor
Victor Marques!
Marques‘ ee Rodrigo
Rodrigo Gonsalves
€;¥o:zsa€ves*
'5
3

Hzvln

Mais de
Mais do uma depois dc
década 1"l:epois
uma déazada Realismo aw
lançamento, Reaiismo
seu iangamcnto,
de sen ca-
pitalism, aa primeira
pitalista, importante obra
mais ixnpommte
primeira ee mais obra do Fisher,
Mark ‘Fishor,
de Mark <.-¢_<.‘,¢M§~:

escrita em
escrita em um Reino Unido
um Reino pré-austeridade ee pré~Brexit,
Unido pré-austeridade ga-
pré-Brexit, ga~
nha
nha finalmente
finalmente uma
uma edição
<:di<;5o brasileira.
hmsileira. Primeira
Primeira publicação
pubiicaqézx de
do
um pequeno selo
um pequeno editorial independente
seio ed.itoz'iaiindopenden1<:(Zero (Zero Books, fundado
Books, fundado
com 0o envolvimento
com envolvimento do próprio Fisher),
do proprio como hem
flui, como
Fisher), Hui, disse
bem disse
Amauri Gonzo,
jornalista Amauri
oo jornalista feito um
Gonzo, feito um bom álbum do
bom élbum de rook, da-
rock, da-
1
queles que
queles ser ouvido
dew ser
que deve na primeira vez de cabo
ouvido na prinmeira vez do cabo a rabo, re~ a rabo, re- k

favoritas.
)

tomando depois para


tornando depois saborear, avulsamente, as
para saborear,avu1samem'e, faixas favoritas.
as faixass v
v
A

sem muita ordem éé memos


estrutura, aa ordem importante do
menos importante do
\\
Rápido ee sem
Répido muita estrutura,
que aa densidade
que conceitual expressa,
densidade conceituai vezes, em
muitas vezos.
expressa, muitas slogans:
em slogans: 1

ideias compactadas que


idcias compzxctadas subitamente oférecem
que subilamente uma nova
oferecem uma nova invali- inteli-
gibiiidade familiares.
fenômenos famiiiares.
gibilidade aa fenomesaos
Movendo-se
Movendo-so despudoradame
despudo:*adamente nte some alta tooria
entre aha cultura
teoria 2e cuitura
filmes hoilywoodiancm,
pop ~- fiinxesx
pop de Tv, ficção científica
programas do TV, ficgéo ciontifica
hollywoodianos, programas
mundo do
ee 0o mundo música na
da :m'1:;ica MTV ~— oo toxin
na MTV formato do
espelha oo formato
texto espeiha um
de on:
Não éé um
blog. Niio
biog. Foi como
acaso. Poi
um acaso. que Pioher
blogueiro que
como biogueiro ganhou
Pisher gzxniwou

a
f

1‘ Victor professor da
Marques éé ;a1'ot?;:$sc>r
Victor Marques dz: Universidade
Univa-rsidada* iiociemiFederal do ABC ere
do Am:
diretor do
diretor de deseznvzdvinzexxto
desenvolvimento do da }a@:obin
Jacobin Broad.
Brasil,
’? Rodrigo Gonsalves éé psicanalista,
Rodrigo Gonsaaives coordorzador do
{)¥€}£‘€:€';>S{3f§ coordenador
gssicaxxaiiam, professor, do Circulo
Circoio
‘élstudos da
dc Estudos
de ideia e:2 da
do Ideia xzzexnbromdizor do
idooiogéa, membro-editar
do Ideologia, i,av§a%’zdavro ee
do LavraPalavra
membro
membro do do Latesfip/usp.
Lamsi3p!1,:o1>_
163
inicialmente certa
inicialmente notoriedade. As
certa notoriedacle. páginas do
As péginas do biog, K-Punk
blog K»Pur1k
serviram como
serviram como um informal no
laboratório informal
um laboratorio testou
qual testou pela
no qual pela
primeira vez
primeira vez alguns incluindo 0o do
conceitos, incluindo
alguns conceitos, de “realismo capita-
“realismo capita-
recebem no
que recebem
lista”, que
lista”, formas mais bem acabadas.
livro formas mais hem acabadas. O ritmo
no livro O ritmo
estilo relaxado,
ligeiro ee oo estilo
ligeiro do blag,
típicos do
relaxado, tipicos transpost os
são transpostos para
blog, $50 para
impresso sem
formato impresso
oo formato cerimônias. O
sem cerimonias. resultado so
O resultado assemelha
se assemelha
um libelo
aa um antiacadê
libelo antiacadémico:mico: aproxima damente 80 páginas
aproximadamente 80 pziginas {ma (na
nenhuma nota
original) ee nenhuma
versão original)
verséio rodapé ou bibliograf
de rodapé on bibliografia, nem
nota de ia, nem
sequer as
sequel’ referências dos
as referéncias dos textos citados silo
textos citados indicadas. Fisher
são indicadas. Fisher
passa da
passa análise dc
da anélise descrição cla
Kafka éà desclrigio
de Kafka experiência pessoal
sua experiéncia
da sua pessoal
professor precarizaclo
de professor
do ou de Supernan
precarizado -- on de Superrmmzy a Espinosa - ny a Espinosa com
- com
descontraída, até
naturalidade descontraida,
naturalidade desleixada. Em
até desleixada. capítulos répidos
Em capitulos rápidos
autocontidos, cacla
ee autocontidos, cada um um comcom sua conceitual propria,
fauna conceimal
sua fauna própria, as as
reflexões de
reflexoes de Gilles e Michel Foucault
Deleuze e Michel Foucault sabre a sociedade
Gilles Deleuze sobre a sociedade
encontram uma
controle encontram
de controle
de crítica cla
uma critica ideologia de
da ideologia inspiração
de inspiraqio
lacano-Zizekiana, tudo
lacano-iiiekiana, ilustrado por
tudo ilustrado cinematográficos aa
apelos cinematogréficos
por apelos
Filhos da
Filhos da Esperarwa, Eterno de
Brilho Eterno
Esperança, Brilho mente sem
uma mente
de uma sem lembramlembran-
ça, Fago
¢a, contra fogn
Fogo contra e
Identidad Bourne.
fogo ee Icientidade Bourne.
Foi um
Fol um sucesso inesperado. N50
sucesso inesperaclo. Não tanto tiragem (embora
pela tiragem
tanto pela (embora
suas dez
suas mil copias
dez mil iniciais néo
cópias iniciais tenham sido
não tenham nada mal
sido nada mal para uma
para uma
pequena editora
pequena editora extreante), mas sobretudo porque
estreante), mas sobretudo porque marcou uma marcou uma
geração do
geragéo de militantes incidiu no
militantes ee incidiu Como lembra
político. Como
debate politico.
no debate lembra
Niven no
Alex Niven
Alax obituário de
no obituério de Fisher publicado na
Fisher publicado Jacobin, era
na Iacobin, era 0o
a que estava no “bolso de
capitalist que estava no "bolso de imimeros manifes»
Realismo capitalista
Realismo inúmeros manifes-
tantes nos
mules nos protestos estudantis do
protestos estudantis convertendo-se em
2010”, convertendo»~se
de 2010”, uma
em uma
espécie de
espéaie de manifesto não-oficial do
manifesto néo-oficial ressurgimento do
do ressurgimento esquerda
da esquerda
socialista britânica.
socialism britfmica. O
O impacto
impacto do
do livro
livro alça
alca Fisher
Fisher condição
£1à condigtfio
intelectual pixblico,
de intelectual
do do a intervir em
requisita a imervir em conferéncias,
público, requisitado conferênc de-
ias, tie»
políticos. A
eventos politicos.
bates 4:e eventoa
bates partir cle
A partir além dc: discutido ee
então, além
de entéo, de discutido
mobilizado por
mobilizado acadêmicos como
por académicos como Slavoj Zizek, Iodi
Slavoj Ziiek, Dean ee An~
Jodi Dean An-
Nagle, Fisher
gela Nagle,
gela influência direta no
exercerá influéncia clireta no novo e<:ossiste-
Fisher exerceré novo ecossiste-
comunicacional do
ma comunicacional
ma formado por
esquerda formado
de esquerda iniciativas como
por iniciativas como aa
Novara Media
Novara Media ee aa revista Tribune. Serve
revista Tribune. Serve do fonte para
de fonts “acelera-
para 0o “acelera»

164
cionismo
cionismo do de esquerdai torna-se um
esquerda”, toma-se marco nas
um mzmto nas ciiscussoes sobre
discussões sobre
entra em
pós-capitalismo, entra
poswapitalisnio, em diélogo parlamentares do
com pariamentares
diálogo com do Partido
Partido
Trabalhista ee participa
Trabalhista ativamente na formulação de
participa ativamente na formulacfio do estratégias estratégias
anti-neoliberais quando,
políticas anmneoliberais
politicas partir do
quando, aa partir 2015, os
de 2015, movimen-
os movimen-
de antimusteridade
tos de
tos passam aa ensaiar
anti-austeridade passam tentativas de
ensaiar tentativas ocupação
de ocupaoéo
instituciona l.
institucional. As
As ideias
ideias de
de Fisher
Fisher acabam
acabam cruzando
cruzando o
0 Atlântico
Atléntico
para inspirar
para também 0o nascente
inspirar também movimento socialista
nascente movimcnto socialista democrév democrá-
nos Estados
tico nos
tico Estados Unidos, debatidas nas
sendo debatidas
Unidos, sendo páginas da
nas péginas Jacobin,
da lacobin,
programas do
em programas
em Youtube dc
do Youtube audiência como
grande audiéncia
de grande Michael
como oo Michael
Brooks Show ou
Brooks Show em podcasts
ou em como o
podcasts como Chapo Trap
o Chapo House.
Trap House.
Passados
Passados onze anos da
onze anos publicação do
da publicacfio três
livro, ee trés da
do livro, de
morte do
da morte
autor, talvez
seu autor,
seu pergunta: por
coubesse aa pergunta:
talvez coubesse ler Mark
que lcr
por que Fisher
Mark Fisher
hoje?
hoje? Porque, ir direto
para ir
Porque, para ao ponto,
cllreto ao sua teorizacéo
ponto, sua dá aa
nos din
teorização nos
chave para
chave compreender como
para compreender como a a vitória crucial do
vitoria crucial capitalismo
do capitalismo
foi colonizar não
foi colonizar consciências, mas
apenas asas consciéncias,
néo apenas mas 0o proprio incons-
próprio incons-
ciente
ciente -
- triunfo
triunfo que
que permitiu
permitiu à
21 ordem
ordem constituída
constitulda se
se apresen-
apresem
tar,
tar, ao menos por
ao menos por algum tempo, como
algum tempo, como uma uma realidade
realidade fora fora dede
disputa,
disputa, um um fatofato bruto
bruto da natureza. N50
da natureza. Não se contentand com
se contentando o com
denúncia critica,
aa denimcia Fisher nos
crítica, Fisher convida aa abandonar
nos convida resigna-
abandonar aa resigna-
construir coletivamen te saídas
melancolica ee aa construir coletivamente saiclas zi catzlstrofe
ção melancólica
cio à catástrofe
anunciada pelo
anunciada pelo realreal da
da crise climática ee cla
crise climética da atomizacio social, aa
atomização social,
assumir oo desafio
assumir desafio de de reabrir futuro.
reabrir oo futuro.
EE por que
por que ler
ler Fisher
Fisher hoje
hoje no
no Brasil? Porque, como
Brasil? Porque, leitor
como oo leitor
brasileiro pode
brasileiro pode agora atestar, seu
agora atestar, das patologias
diagnóstico das patologias do
seu diagnostico do
neoliberalismo tem
neoliberalismo tem muito dizer sobre
muito aa dizer nosso proprio
sobre nosso mal-es-
próprio mal-es»
tar. Apesar
tar. Apesar das
das idiossincras
idiossincrasias ias caracterist icamente
caracteristicamente britânicas,
britimicas.
que por
que por vezes chegam aa dar
vezes chegam dar aa algumas formulações um
algumas formulagoes um ar quase
ar quase
provincial, sen
provincial, objeto éé 0o capitalismo
seu objeto globalizado --
neoliberal globalizado
capitalismo neoliberal
sofrimentos dc
bloqueios ee sofrimentos
os bloqueios
os sociedade dc
uma sociedade
de uma classes em
de classes que
em que
consciência de
:1a consciéncia de classes se encontra largamente
classes se encontra largamente adonnecida. adormecida .
diretor Bong
O diretor
O Joon-ho declarou
Bong Ioon»ho ter se
recentemente ter
declarou recentemcnte sur-
se sur~
com aa reacfio
preendido com
preendido global ao
reação global filme Parasita,
seu filme
ao seu curiosa-
Parasita, curiosa~
mente parecida
mente parecida em
em vários
vzirios lugares
lugares distintos
distintos do
do mundo:
mundo: “talvez
“talvez
165
, ,-,;_-,3
1
’s
5;
%

porque hoje
porque vivemos todos
hoje vivemos todos em em um mesmo pais,
um mesmo chamado capi-
pais, chamado capi-
Nesse pais
talismo”, Nessa
talismo”. capitalismo, que
chamado capitalismo,
país chamado que sese impoe sob oo
impõe sob
título de
titulo possível, ainda
realidade possivel,
única realidade
de (mica ainda héhá divisfio ressen-
divisão ~- ee ressen~ 1221
i1

timento
tirnento -
- de
de classe,
classe, mas
mas sem
sem a
a experiência
experiéncia coletiva
coletiva de
do classe.
classe.
Lg”! ‘

I~

consequência, aa classe
Como consequéncia,
Como classe trabalhadom vive em
trabalhadora vive em um estado um estado V‘ ;
§“%:
5 permanente de
perrnanente de ansiedade, insegurança, que
angústia ee insegnranca,
ansiedade, angilstia torna
que torna
impossível planejar
impossivel futuro. Ease
planejar 0o futuro. de Realismo
país de
Esse éé oo pais capitalis-
Realismo capitalis- 5

!
ta, Fisher foi
ta, ee Fisher um dos
foi um dos mais sensíveis cartografos
mais sensiveis esboçar um
cartógrafos aa esbocar um I rig“? W,
77»'>~/E‘§:
1
“mapeamento cognitcivo”
“mapeamento cognitivo” dc seu “terreno
de sen afetivo”.
“terreno afetivo”. gs
aw‘
oferecer um
também oferecer mapa
um mapa
1
O objetivo deste
O objetivo posfácio é,
deste posfécio pois, também
é, pois, x
ao leitor
so leitor que
que se
so depara
clepara com
com as
as ideias
ideias de
do Fisher
Fisher pela
pela primeira
primeira
l
§
1 vez, traçando suas
vez, tracando suas influénctias consequências. A
influências ee consequéncias. aposta éé que
A aposta que
¢\
a
i acompanhar trajetória do
acompanhar 21a trajetoria pensamento de
do pensamento de Fisher, entender de
Fisher, cntender de cw
ml

veio ee para
onde vcio
onde foi, nos
onde foi,
para onde navegar ee agir
ajuda aa navegar
nos ajucla agir no nosso
no nosso
operário is patologias
às patologias ;*~l@;
Y” ll \

tempo. Da
tempo. decomposição do
Da decomposiqio movimento operzirio
do movimento
do fim
do fim da chegando enfim
história, chegando
da historia, ascensão dc
enfim £1à ascenséo de um popu-
um popu~
Ill;
lismo “niiliberal” libidinalmente
lismo “niiliberal” impulsionado por
libidinalmente impulsionado fantasias
por fantasias i;
nostálgicas (em
nostélgicas Trump ou
(em Trump lidamos aqui
Bolsonaro), lidsumos
ou Bolsonaro), aqui comcom uma uma :.;‘
l,
Ȥi.r :;L
teórica que
prática teorica
prética conscientemente, em
que éé conscientcmente, obediência :21 tesc 1111
em obodiéncia à tese E‘éi
Marx, néo
de Marx.
do apenas um
não aponas exercício do
um exercicio representação do
de representaciio mundo,
do mundo,
z mas um
mas esforço para
um esforoo transformá-lo.
para transforrnzilo.

A construgéo
A construção de
de Fisher
Fisher ,3‘ l
<4;
ll I

Fisher nasceu
Fisher 1968, na
em x968,
nasceu em inglesa conhecicia
região ingicsa
na rcgiéo East
como East
conhecida como <
Midlands, de historical
Midlands, dc presença do
histórica prcsenga movimento operério.
do movimento Sua
operário. Sua
origem no
origem classe trabslhadora,
na classe conexão com
sua conexéo
trabalhadora, ee sua ambiente
com oo amhiente ;.
ls

das lutas
das sindicais fordistas,
lutas siodicais transparecem marcaslznnento
fordistas, transpnrecem nos
marcadamente nos
3 textos, entrevistas e relatos pessoais. Por exemplo, na lembran-
textos, entrevistas e rclatos pessoais. POI’ exemplo, no lembram 1:
>Ai.IE'.n
ca dolorosa da
vívida ee clolorosa
ça vivicla derrota do
da clerrota do Faflido Trabalhista em
Partido Trabalhism 1983,
em 1983,

3
que deixara
que no jovem
deixara no Fisher um
jovem Fisher um “sentimento amargo dc
“sentimento amargo derro-
de derm-
ta total” frame
existencial total”
ta exisiencial de mais
perspectiva do
frente £1à perspcctiva do
anos do
cinco anos
mais cinco i

conservador dc
governo conservador
governo Thatcher. Ou
Margareth Thatcher.
de Margareth ao evocar oO
Ou ao evocar
"ii 1%
166

1
I»;-GEM \
n

é
§
i

av
dia no
dia no qual os mineiros
qual os retornaram ao
mineiros retornaram trabalho em
ao trabalho após
1985, apés
em "1985, i

uma greve do
uma grave de um
mais dc
de mais com sen
ano, com
um ano, seu outrora poderoso
outrora pocleroso sin-sin- a
i
F51. _. dlcato desmoralizado -- um
vencido ee desmoralizado
dicato vencido um dia que trinta
dia que depois
anos depois
trinta anos 5,

Fisher dizia
Fisher recordar “sem lágrimas nos
conseguir records: “sem légrimas nos olhos’§
não conseguir
dizia néo olhos”. :
:
Esse período, oo meio
Esse perlodo, dos anos
meio dos 1980, que
anos 298:1», com a adoles-
coincide com a adoles»
que coincide 1

=;
,.g~ ~_
l
cência do
céncia de Fisher, momento da
precisamente oo momento
Fisher, éé precisamente destruição de
da destruicéo de
#211"
de
1

uma
uma idemidadc classe, 0
de classe,
identidade dc de todo
crepúsculo de
o crepusculo mundo ee do
um mundo
todo um i

5 i
»l
nma forma
uma forma do A partir daí, inicia-se o recuo
comunitária. A partir clai, inicizvse o recuo
vida comunitéria.
de vida
dos sindicatos
dos sindicatos da vida publica
da vida “marcha para
britânica, aa "marcha
pública briténica, atrás”
para atrés”
trabalho organizado,
do trabalho
do permanente das
depressão permanente
organizado, ee aa depressixo antigas
das antigas lS
Fisher décadas de- s
regioes industriais.
regiões industriais. Foram anos, comentaria
Foram anos, comentaria Fisher décadas (lei
pois, qualquer pessoa
que qualquer
pois, que pessoa de esquerda na
de esquerda na lnglaterra recordaria
Inglaterra recordaria >1

devastadora”,
I
com uma
com uma “tristeza sufocante ee devastaclora”.
visceral, sufocante
“tristeza visceral,
dessa época
Fisher dessa
OO Fisher ainda iria
época ainda aproveitar os
iria aproveitar os ultimos anos
últimos anos
uma atmosfera
de uma
de atmosfera que batizaria mais
que batizaria tarde de “modernis
mais tarde dc “modernismo mo
popular” -— uma
popular” uma ecologia formada por
cultural formada
ecologia cultural uma vibran-
por uma vibran-
te imprensa
te imprensa musical
musical independen
independente,te, a
a radiodifusã
radiodifuséo o pública
publica da
da
I

BBC, oO experiment
uac, alismo arquitetôni
experimentalismo co e o pós-punk.
arquitctonico e 0 pos-punk. O Estado O Estado
de social, com
bem-estar social,
dc bem-estar com seus benefícios aos
seus beneficios desempregados,
aos desempregados, 3
3.

bolsas programas de
estudantis, programas
bolsas estudantis, de moradia social, contribuia
moradia socialw para
contribuia para %<

financiar indiretamente aa exrperimentacio


financiar indiretamente na cultura
experimentação na popular ee
cultura popular l
b

É
§
inovação artística
aa inovacéo partir da
artistica aa partir trabalhador a. 131
classe trabalhaclora.
própria classe
da propria £

essa “modernid
essa “modernidade popular” ~- um
ade popular" ambiente de
um ambiente democratiza-
de democratiza-
indulgente ou
1
ção da teoria
qfio cla teoria e
e da
da alta
alto cultura,
cultura, que
que longe
longs de
do ser
set indulgente on v
r
promover
promover unm complacência acomodada,
uma complacéncia nutria a experimen-
acomodada, nutria a experimen— »

taczio inovação »- que,


tação ee aa inovacéo próprio Fisher,
segundo 0o proprio
que, segundo formou
Fisher, 0o formou 1
$
1

moldou
ee moldon suas
suas expectativas
expectanvas. . Fisher
Fisher sempre
sempre destacou
destacou que
que seus
sous
encontros com
primeiros encontros
primeiros como Jacques Derrida
filósofos como Iacques Derrida <2 lean
com lilosofos e Jean
foram mas
Baudrillard foram
Baudrillard páginas do
nas péginas do New Express
Musical Express - uma
New Musical - uma
de critics
revista do
revista musical que
crítica musical que para funcionou, junto
ele fnncionou,
para ole com aa
junto com
radiodifusão pnblica,
radiodifusio como uma espécie de “sistema
pública, como ulna espécie de “sistema educacio- educacio- ii
desaparição, como
suplementar”. ‘iiÉ aa desaparigéo,
nal suplementaf’.
nal efeito da
como efeito ascensão do
da ascenséo do
neoliberalismo, do
neoliberalismo, de um cultural so
ambiente cultural
um amhiente mesmo tempo
ao mesmo tempo po» po-
167
16?
w<1~»-~>

§.@
pular
pular ee instigante
instigante ~- esquisito,
esquisivts, surpreendente,
surpreendente, não
néo inteiramente
inteiramente
capturado
capturado pela peia lógica
légica dcde mercadu
mercado —~ que que Fisher
Fisher lamentará tanto
Ianientaré tanto
em
em Realismo
Reaiisma capitalista
capitalista quanto
quanta em em Fantasmas
Fantasrnas da da minha
minha vida,
vida,
de
de 2012
2612 (a(a edição
edigiso brasileira
brasileira dessa
dessa obra
abra está
esté prevista
prevista para
para 2021).
wax).
Entre
Entire 1986
1986 ee 1989,
1989, Fisher
Fisher estuda
estuda literatura
literatura eer filosofia
filosafia na na
Universidade
Universiciade de de Hull.
Hull. Em
Em seguida,
seguida, muda-se
muda-se para para Manchester,
Marachester,
onde
onde passa
passa alguns
alguns anos
anos pulando
puiando entreentre bicos
bicos ee tocando
tocandn em em ban-
ban»
das.
das. Seu
Seu retorno
retorno àrla Universidade,
Universidade, um um ambiente
ambiente no rm qual
qua} jamais
jamais
chegou
chegou aa se se sentir
sentir plenamente
plenamente à£1 vontade,
vontade, foifoi motivado
motivado por por umum
encontro
encontro aleatório
aleatério com com aa filósofa
filésofa ciberfeminista
ciberfeminista Sadie Sadie Plant.
Pkmt.
Plant
Piant havia
havia concluído
cnncluido poucos
poucos anosanus antes
antes seusen doutorado
doutorado na na Uni-
Uni-
versidade
versidade de de Manchester,
Manchester, com cam uma
uma tesetese sobre
sabre aa Internacional
Internacional
Situacionista
Situacionista (que (que resultou
resuitou no nu livro
iivm TheThe most
most radical
radian? gesture:
gesture:
1

the
the Situationist
Situatiarzist International
Intemationai inin aa postmodern
pastmodern ge ge [O{O gesto
gesto mais
mais
radical:
radical: aa Internacional
lnternacicmal Situacionista
Situacionista na na era
era pós-moderna)),
pés-modernal),
1
1
\
sendo,
sendo, logologo emem seguida,
seguida, contratada
contratada pela pela Universidade
Universidade de dc Bir-
Bir-
mingham,
mingham, onde onde passou
passou aa ensinar
ensinar no no mesmo
mesmo “Departamento
“I)epartamenw
s de
de Estudos
Estudos Culturais”
Culturais” fundado
fundado ee liderado
liderado por por Stuart
Stuart Hall
Hall nana
década
década de de 1970.
1970. Fisher
Fisher inicia
inicia o0 mestrado
mastrado em em Birmingham
Birmingham sob sob
z
orientação
erientagio de de Plant
Piam mas,mas, emem 1995,
1995, quando
quando ela ela aceita
aceita uma
uma po-po-
sigáo
siqfso dede pesquisadora
pesquisadora sénior sénior na na Universidade
Universidade de de Warwick,
Warwick, aa
acompanha
acompanha junto junta com
com aa maioria
maioria dos das outros
outros orientandos.
orientandcas. ÉE em em
Warwick
Warwick que que transcorre
transcorre um um dosdos capítulos
capiruios mais
mais bizarros,
bizarms, inten-
imam»
sos,
sos, ee definidores
definidores do dc desenvolvimento
desenvcaivimentn intelectual
ixatehectual de de Fisher:
Fisher: sua
sun
participacáo
participmgio como como co-fundador
co-fundador do dc) Cybernetic
Cybernetic Culture
Culture Research
Research
Unit
Unit [Unidade
Wnidade de de Pesquisa
Pesquisa em em Cultura
Cultural Cibernética]
Cibernética} (CCRU).
(ccmz).
Oficialmente,
€)fi::ialmLent¢‘:, o0 CCRU
new nuncanunca existiu.
existiu. Plant
Piant deveria
deveria ter
tar dado
dado
s entrada
entrada na na papelada
papelada burocrática
burocrética para para inaugurar
inaugurar formalmente
formalmente
o0 novo
novo departamento,
departamento, mas mas nunca
nunca sese deu
deu aoso trabalho.
trabalho. Em Em 1997
1997
E Plant
Plant abandona
abandona Warwick,
Warwick, ee aa carreira
carreira acadêmica,
académica, para para escre-
éscre»
%
ver
vet como
como freelancer
freeiancer em em tempo
tempo integral.
integral. AtéAté 97,
97, o0 CCRU
<;cau ainda
ainda
j
\
I
i funcionava
funcionava em em umaLuna sala
sala da
da universidade,
universidade, onde onde estudantes
estudantes de de
;,
pós-graduação
pés-gradxxaafio sese reuniam
reuniam parapara apresentar
apresentar trabalhos
trabalhos ee debater.
debater.
168
de Filosofia
Instituto do
O(I) lnstituto de Warwick
Filosofia do era entim
já era
Warwick jail reconhecido
então roconhecido
como um
como um dos destacados no
mais destacados
dos mais Unido em
Reino Llniclo
no Reino filosofia
em filosofia
continental contemporénea
continental (francesa, em
contemporânea (francesa, especial), com
em especial), Kei-
com Kai»
Ansell-Pearson, um
th Ansoll»Pearson,
th acadêmico especializ ado em
um académico especializaclo em Nietzsche, Nietzsche,
cursos pioneiros
oferecendo curses
oferecendo obras do
as obras
sobre as
pioneiros sabre Deleuze. (3
de Deleusae. in-
O in»
teresse em
teresse em Deleuze compartilhado por
era compartilhaclo
Deleuze era professor do
outro professor
por outro de
Warwick, considerad
Warwick, o,
considerado, junto
junto com
com Plant,
Plant, a
a figura
figura central
central do
do
ccnu: Land.
Nick Land.
ccru: Nick
Land era
Land professor do
era professor de filosofia continental em
filosofia continental Warwick des~
em Warwicl< des-
1987. Em
de 1987.
de Em 1992, publicado sou
havia publicado
1992, havia primeiro, ee por
seu primeiro, muito
por muito

tempo,
tempo, onico livro -- The
único livro The thirstfor annihilatio n: Georges
thirst for annihilation: Georges Bat-aille Bataille
and virulent
and nihilism [A
virulent nihilism sede por
[A sede aniquilação: Georges
por aniq?uila<;é'1o: Bataille
Georges Bataille
ee niilismo virulento!. Além
niilismo virulento]. Além do interesse pela
do interesse pela filosofia contem-
filosofia contem-
porânea francesa ee pela
porfmea francesa ficção científica ciberfuturi
pela ficoéo cientifica ciberfuturista, Land sta, Land ;.2
fascinado pelo
parecia fascinado
parecia pelas “artes
oculto ee pelas
pelo oculto -
mágicas” — da pa-
“artes mégicas” da pa-
rapsicolog
rapsicologia Telema de
ia ài1Telema Aleister Crowley,
de Aleister passando por
Crowley, passando nume-
por nume-
rologia
rologia cahalista e a cosmologi a escatológic
cabalista e a cosmologia escatologica, e psicodélica, a, e psicodélica de
, de
McKenna_ ÉE aa figura
Terence McKenna.
Terence figura carismátic a e hipnótica
carismética e hipnotica do Land de Land
que. após
que, partida de
apos aa partida do Plant, referência da
principal referéncia
torna aa principal
Plant, sese torna da ~.*':_X~—.;-4‘?7 _1-W¢"3’('.

mixagem
mixagem que grupo realiza
que o0 grupo partir do
realiza :1a partir pós-estruturalismo
do pos-estruturalismo
francés,
francés, das teorias cibernética
das teorias s da informaçã
cibernéticas da inforxnaofio controle, do
o ee controls, da
cultura
coltura de de rave jungle’, ee da
rave ee jungle’, ficção do
da ficoéo William Burroughs, 1.J.
de William Burroughs,
G.
G. Ballard, William Gibson,
Ballard, William Gibson, ee H. H. P. Lovecraft.
P. Lovecraft.
A importânci
A importimcia a da ficqfio aqui nio éé lateral.
da ficção aqui não possivel vex‘
lateral, EÉ possivel ver oo
CCRU
ccnu mais como um
mais como coletivo do
um colotivo arte do
de arte propriame
que propriamente uma
do que nte uma
unidade
unidade padréopadrão do acadêmica. A
pesquisa académica.
de pesquisa experimentação com
A exporimentacgfio com
forma era uma
aa forma era uma marca
marca distintiva
clistintiva do
do grupo,
grupo, o
0 que
que se
se expressava
expressava
em modos
seja em
seja não-textuais do
modos néo-textuais intervenção, seja
de intervenoio, em uma
seja em escri-
uma ascri-

1 z
mm

23 N. no. A:
n. po. Gênero do
A.: Género eletrônica derivado
música eletronica
de mosica hardcore
do hardcore
derivado do <

que se
breakbeat que
breakbeat desenvolveu na
se desenvolveu na lnglaterra início dos
no inicio
Inglaterra no 90,
anos go,
dos anos
caracterizado por
caraclerizado andamentos répiclos,
por andamentos loops percussivos
rápidos, loops fortemente
percussivos fortemente
sincopados ee ofeitos
sincopados sintetizados.
efeitos sintetizados.
ass
169
ta que
ta. que fugisse
fugisse das
das normas
normas estabelecidas
estabelecidas dodo discurso
discurso académico.
académico.
Dai
Dai aa centralidade
centralidade do do que
que chamavam
chamavam de do “teoria-ficção”,
“teoria-fic§2"\o’§ relacio-
relacio»
nada
nada não nfio apenas
apenas àa forma
forma narrativa
narrativa ficcional
ficcional queque aa teorização
teorizagao
do
do ccRrU
CCRU frequentemente
frequentemente assumia,
assumia, masmas principalmente
principalmente com com aa
própria
propria importância
importancia teórica
teorica que
que atribuíam
atribuiam àa ficção
ficoéo -~ aoac devir
devir
reali
real da do ficção.
ficcgao.
OO conceito
conceito crucial
crucial desse
desse periodo
periodo -~ virtualmente
virtualmente ativo
ativo sobre
sobre
toda
toda aa obra
obra madura
madura de do Fisher,
Fisher, mesmo
mesmo quando
quando nãonéo explicitamen-
explicitamem
teto nomeado
nomeaclo -- éé oo de cle “hiperstição”:
“hiperstiqio”: umum neologismo
neologismo que que combi-
combi-
na
na o0 termo
termo “superstição”
“superstiq5o” com
com o0 prefixo
prefixo “hiper”
“hiper” para
para sese referir
referir aa
uma
uma “tecnociência
“tecnociéncia experimental
experimental de do profecias
profecias auto-realizáveis”.
auto-realizéveis”.
Na
Na formulação
formxdaqao canônica
canfmica dodo grupo,
gmpo, trata-se
trata-so de
de circuitos
circuitos de cle retro-
retro»
alimentação
aiimentaqéo positivapositiva em
em que
que o0 futuro
futuro éé causalmente
causalmente funcional
funcional
sobre
sobre o0 presente.
presente. Em
Em 1995,
1995, Plant
Plant ee Land
Land escrevem
escrevem juntos
juntos oo ar-an
tigo
tigo Cyberpositive,
Cyberpositive, combinando
combinando elementos
elementos da da teoria
teoria de
do sistemas
sistemas
cibernéticos
cibeméticos de do Norbert
Norbert Wiener
Wiener com
com conceitos
conceitos de de Gilles
Gilles Deleu-
Delan-
ze
ze ee Felix
Felix Guattari
Guattari (esquizoanálise,
(esquizoanalise, desejo
desejo maquinico
maqulnioo etc.),
eta), para
para
se
se contrapor
contrapor àa preferência
preferéncia de do Wiener
Wiener por por alças
aloas de
dc retroalimen-
retr0alimen-
tação
tagfio negativa.
negativa. Nesse
Nessa sentido,
sentido. uma
uma “cibernética”
“cibernética” negativa
negativa estaria
estaria
focada
focada em em circuitos
circuitos que
que promovem
promovem oo equilíbrio
eqnilibrio ee aa homeostase,
homeostase,
sistemas
sistemas de do controle
controls que
que compensam
cornpensam desvios.
clesvios. Jáya Plant
Plant ee Land
Land
estavam
estavam mais mais interessados
interessaclos emem uma
Lima cibernética
cibernética de de retroalimen-
ret;roalimen-
tação
tagtiio positiva,
positiva, de do runaway
runaway processes
processes [processos
lprocessos de do fuga]
fuga} -~ ex-
ex~
plosiva,
plosiva, disruptiva,
disruptiva, apocalíptica.
apocaliptica. AA hiperstição
hiperstigéo éé precisamente
precisamente
onde
onde aa teoria-ficção
teoria-ficgtéo seso encontra
encontra comcom o0 ciberpositivo:
ciberpositivo: trata-se
trata»se dedo
v
narrativas
narrativas capazes
capazes de de efetuar
efemar sua
sua própria
prépria realidade
reezlidade por
por meio
meio dedo
alças
aloas de
do retroalimentação
retroalirnentagao positiva,
positiva, fazendo
fazendo emergir
emergir novos
novos atra-
atra»
tores
tores sociopolíticos
sociopoliticos ee explodindo
exploclindo arranjos
arranjos vigentes
vigentes —»- transmu-
transmw
tando
tando ficções
ficgoes emem verdades,
verdadesw SeSe entendermos
entendermos por por “superstições”
“supersti¢;6es”
meramente
meramente crençascrenqas falsas,
falsas, sem
sem eficácia,
eficacia, asas hiperstições
hiperstigoes funcio-
funcio~
nam
nam causalmente
causalmente para para produzir
produzir suasua própria
prépria realidade.
realidacle.
Uma
Uma das clas imagens
imagens favoritas
favoritas doclo ccru
com; para
para ilustrar
ilustrar aa hipers-
hipers~
tição
tioio éé aa de
de um
um aparelho
aparelho que
que viaja
viaja no
no tempo
tempo para
para desencadear
desencadear
170
1‘I'D
it

existência -- um
própria existéncia
aa prépria emitido do
“tentáculo emitido
um “tentécuio futuro”, uma
do future”, uma
visão do
visio porvir que
do porvir para desenhar a
retorna para desenhar a prépria histéria.
que retorna própria história.
Pense, por
Pense, exemplo, na
por exemplo, Skynet de
na Skynet Exterminador do
de Exterminadar futuro, en-
do fmum, en- &

viando sens
viando agentes para
seus agentes passado para
para 0o passado para acelerar apocalipse
acelerar Qo apocalipse <

das máquinas,
das méquinas, retroativament
retroativamente e estabelecendo
estabelacendo sua
ma própria
prépria con-
con~
3
dição de
digtiio emergência. Outra
de emergéncia. imagem éé aa dc
Outra imagem uma infecção
de uma infecqéo viral viral
—- um processo que
um processo que se apropria de
se apropria de um um hospedeiro manipula
hospedeiro ee <11o manipuia
para aa sua
para própria proliferaqfio
sna prépria exponencial.
proliferação exponencial.
OO paralelo
paralelo com com aa magiamagia agora também se
agora também se tcrna evidente:
torna evidente:
quandoa a crença
quando crengza de determinado simbolo
que determinado
de que símbolo tem tem poder vira-
poder vira~
liza, contaminando
liza, contaminando memes mentes em massa, 0
em massa, símbolo de
o simbolo de fato passa
fato passa
exercer um
aa exercer poder bastante
um poder bastante real. Mesmo que
real. Mesmo que sen seu poder tenha
poder tenha
uma origem
uma ficcional (no
origem ficcional (no sentido
sentido de corresponder é rea1i~
não corresponder
de néo à reali-
dade), uma
dade), uma vez que o0 símbolo
vez que ganha um
simbolo ganha carga libidinal
um carga inter-
libidinal inter-
subjetiva
subjetiva seus
seus efeitos
efeitos têm
tém eficácia
eficécia material,
material, às
és vezes
vezes dramática,
dramética,
sobre o0 corpo
sobre Segundo aa fórmula
social. Segundo
corpo social. férmula da da “espiral hipersti-
“espiral hipersti-
cional”: quanto mais
cional”: quanto acredita na
mais sese acredita na magia,
magia, maismais ela funciona, ee
ela funciona,
quanto mais
quanta funciona, mais
mais funciona, mais sese acredita.
acredita. Por Por issoisso aa hiperstição
hiperstiyéo
também como
atua também
atua como um um “intensificador de coincidências”
“intensificador de coincidéncias” (on (ou
de “sincronicidad
dc “sincronicidades", es”, comocomo diriadiria o0 escritor
escritor dc científica
ficção cientifica
de ficgio i
,y»WM@>;./~+=1<,.»(\=-w1,~.=r->

Philip K.
Philip Dick); na
K. Dick); na medida
medida em em queque um um processo hipersticional
processo hipersticionai
tem efeito
tem conecta ee dé
catalisador, conecta
efeito catalisador, coerência aa eventos
dá coeréncia díspares
eventos dispares ‘i

heterogêneos em
ee heterogéneos em umauma mesma narrativa, que
mesma narrativa, que se se toma assim
torna assim
cada vez
cada mais eficaz.
vez mais Retrospectivamente, aa vitéria
eficaz. Retrospectivamente, vitória desse pro-
desse pro- <

cesso
cesso aparece
aparece como
como inevitável,
inevitével, um
um destino
destino inexorável,
inexorévei, como
como z

se 0o universo
se estivesse conspirando
universn estivesse favor. A
conspirando a a favcar. inseparabilidade
A inseparabilidade s

entre realidade
entre ficção, para
realidade ee ficgio, ccru, néio
para 0o ccau, portanto um
tinha portanto
não tinha um >

pós-moderno, de
sentido pés-maderno,
sentido ceticismo com
de ceticismo com 0 mundo objetivo
o mundo objetivo on ou 4
3

antirrealismo, Bem
antirrealismo. Bem an o interesse estava
contrário, 0 interesse estava na investiga-
ao conirzirio, na investiga- s
»
dos “poderes
ção dos
qfao mágicos” do
“poderes mégicos” encantamento semiético,
do encantamento semiótico, ism isto é,é,
;
realização, em
aa realizagéio, diferenciados graus,
em diferenciades graus, de virtualidades jé
de virtualidades ativas,
já ativas,
em outras palavras:
em outras palavras: a
a passagem
passagem da
da ficção
ficqéo para
para a
a realidade,
reaiidade, que
que
pode ser
pode compreendida como
ser compreendida como um processo de
um processo apoderamento
de apoderarnenm 1

171
£71 4

Q
realidade pela
da reaiidadcé
da ficgáo. Nessa
pela ficgtao. teoria néo
perspectiva, aa teoria
Nessa perspectiva, opera
náo opera
como uma
coma uma represezztagéo passiva, mas
representação passiva, como um
mas ¢0m<> um agente ativo
agente ativo
de transformaç
ck ão.
transformagéo. Ou,
On, em
em linguagem
iinguagam mágica,
maigica, “um
“um portal
portal pelo
pain
qua! entidades gmdem
qual emidades emergir”.
podem emergir”.
ccru se
O CCRU
O teorizar (e
dedicou aa teorizar
se dedicou ficcionalizar) 0
(e ficcicanaiizar) o que chama-
que chann-
ram de
mm “k-táticas” (k
de “k-téticas” cibernética em
de cibemética
(k de kvBepvntuc), que
grego, r<v{3spv1]ru<r’|),
em gregu, que
“acelerassem as
“aceierassem as coisas” e desmantela ssem o passado,
coisas” e desmantelassem 0 passado, engendram engendran-
mudança e
do nmdam;a
do subversão. Steve
e subverséu. Goodman (aka
Steve Gcmdrnan Kodeg), amigo
(aka K0629), amigo
Fisher no
de Fisher
de CCRU, nota.
no ccnu, nota uma profusão de
uma profusfio de K75 momento:
naquele momenta:
K 's naquele
“Josef K,
“jnsef do Kafka, K da ortografia alemã
K, do Kafka, K da ortografia akemé da cibemética, K da cibernética, das
K das
ondas K
ondas K na teoria dc:
na maria Kondratieff em
de Kendratieff economia,
em ecanomia, K0 do I Chi.ngKo do 1 Ching
estava no
etc. KK estava
etc. ar” O
no ar”. Fisher se
próprio Fisher
O préprio apropriaria dn
se apropriaria do K para
K para
batizar sea
batizar eventualmente: K~p1ml<
blog evantualmczntez
seu biog (kyber-punk).
K-punk (kyber-punk).
tese dc:
A tese
A doutorado de
de doutoradu constructs: goikic
Flatline canstmcts:
Fisher, Flatiine
de Fisher, gothic
materialism and
materialism and cybernetic theory-fiction [C0nstruct0s
cybernetic theoryfiction [Constructo de s li-
de li-
materialismo gético
nha-plana: materialismo
nhavpiana: cibernética],
teoria-ficção cibernética],
gótico ee tenria~fic<;éio
defendida em
defendida em 1999, mas publicada em
1999, mas publicada em livm apenas 2.0 livro apenas anos de-
20 anos de-
(postumamente), traduz
pois (pnstumaxnente),
pois traduz hembem 0s do
interesses do CQRU pelo
os intemsses CCRU pelo
cyberpunk ee por
cyberpunk, anti-humanistas. Ai
filosofias anti-humanistas.
por filosofias Aí os conceitos
os conceitos
fundamenta
fundamentais is são
$510 “materiali
“materialismo smo gótico”
gc’>ti<:o”, “realismo
“realismu cibernético
cibernéticc)” ”
“hipernaturalismo”. Sob
ee “hipematm"a1ism0”. influência de
forte influéncia de Dmum Haraway,
Sob farts Donna Haraway,
Baudrillard, Lymard
Deleuze, Baudriilard,
Deieuze, Espinosa, Fisher
Lyotard ee Espinosa, constrói sua
Fisher mnstréi sua
partir de
tese aa partir
tese comentários sabre
de conlentérios sobre obrasobras ficcionais (literatura
ficcionais (literatura
pulp cu
puip filmes) passancio
ou filmes) de Toy Story a
passando de Toy Siary a ]. G. Ballard, mas]. G. Ballard, mas cam com
dedicação an
especial dedicagéo
especial horror dc
ao hormr de Mary H. P. Lovecraft,
Shelley, H. P‘. Lovecraft,
Mary S-heliey,
David Cronenberg ee kzshn
David Cmnenberg Carpenter.
John Ca1'penter.
postura frame
Sua pestura
Sua frente em marxismo é,
ao maxxismo para dizer
é, para mínimo,
dizer 0o minime,
ambígua: se
ambigua: Marx que
se 0o Marx desvenda 05
que dessvenda “poderes necromânti
os “puderes ne<;r0ménti<:os” cos”
capital éé uma
do capital
do espécie de
uma espécie precursor d0
de precursor materialismo gétiao,
do materiaiismo gótico,
1
Eisher desdenha
Fisher desdenha de
de um
um “antropo-m
“antropo~marxism0”arxismo” cuja
cujav metafísica
xnetafisica
humanista pustula
humanism postula uma “agência humana
uma “agéncia transcendente ee au»
humana transcendente au-
têntica” que
ténticza” que pockzria superar 0
poderia superar capital, “Tudo
o capital. “Tudo 0 o que é sólido”,
que é sélido",
I
.
Fisher
Fisher parafraseia
parafraseia a
a famosa
famesa frase
frase do
dc» manifesto,
manifaeatn, “se
“se desmancha
desmancha
172
virtual ee no
no virtual
no abstrato” ~—- néo
no abstrato” não ha nenhuma essénaia
há nenhurna humana
essência humana
prístina aa qual
pristina “Alienados e gostando”,
retornar. “/Xlienados e gostando”, era um dos
qual retornar, era um dos slo-
slew»
gans do
guns CCRU,
do cam.
1998, Nick
Em 1998,
Em também so
Land também
Nick Land desliga da
se eiesiiga Universidade de
da Universiclacle de
Warwick
Warwick e
e abandona
abandona a
a carreira
carreira académica,
acadérnica, como
como Plant
Plant havia
havia
Por um
antes. ‘Por
feito antes.
feito período some
um periodo some do reaparecendo anos
mapa, reaparecenclo
do mapa, anos
depois em
depois Xangai. Mesmo
em Xangai. Mesmo com partida dos
com aa particla dos {whores originais,
tutores originals,
o0 ccru persiste existindo
ccnu persiste informalmente, ainda
existindo informalmente, ainda qua sem 11¢»
que sem ne-
nhum vínculo
nhum vinculo com Universidade de Warwick,
com aa Universidade de Warwick, até por volta até por volta
2003. Foi
de 2003.
de Foi no ambiente do
no ambiente ccru que
do ccau que Fisher conheceu figuras
Fisher conheceu figuras
como
como Ray Brassier, Iain
Ray Brassier, Hamilton Grant,
lain Hamilton Grant, lake Chapman, Ko~
Jake Chapman, Ko-
dwo Eshun, Steve
dwo Eshun, Steve Goodman
Goodman (Kodeg),
(Kocleg), Anna
Anna Greenspan,
Greenspan, Lucia-
Lucia-
na Parisi
na Robin Mackay.
Parisi ee Robin Integrantes do
Mackay. lntegrantes grupo se
do grupo tornaram
se tornaram
conhecidos nos
conhecidos nos anos seguintes por
anos seguintes por suas contribuições para
suas contribmxigfres para 0 O
Aceleracionismo, 0
Especulativo, oo Aceleracionismo,
Realismo Especulativo,
Realismo Ciberfeminismo,
o Ciberfeminismo,
0o Afrofuturism
Afrofuturismo, o, na criaqio do
na criação do The
The New New Centre
Centre for Research
for Research
Practice de
&81 Practice Negarestani, ee pela
Reza Negarestani,
de Reza pela influência
influéncia em em um fértil
um fértil
ecossistemas de
ecossistemas blogs que
de blogs que experimentav
experimentava a nas fronteiras entre
nas fronteiras entre
teoria,
teoria, critica cultural ee politica
crítica cultural radical.
política radical.
Nenhum desses
Nenhum desses blogs
blogs foi tão lido
foi tic lido ee replicado quanto 0o
replicado quanta)
Descrito pelo
K-punk. Descrito
K-punk. musical Simon
crítico musical
polo critico Reynolds como
Simon Reynolds como
“uma
“uma revista
revista de
do um
um homem
homem só
so melhor
melhor que
que a
a maioria
maioria das
das revis-
revis»
tas
tas nono Reino Unido”, 0o blog
Reino Unido", blog se tornou algo como
se tornou algo como uma “sensa¢éouma “sensação
Reynolds, que
cult, Roynolds,
cult". começado seu
havia com»:-rgxado
que havia próprio blog
seu proprio poucos
blog poucos
meses recorda no
antes, recorda
mcses antes, prefácio do
no prefacio K-Punk* que
livro K~Purzk‘
do iivro como
foi como
que foi
equivalente da
um equivalente
se um
se antiga imprensa musical
da antiga inmprensa musical briténica tivessebritânica tivesse
reconstituido onlirm
se reconstituido
se online, NosNos posts, análises ole
posts, anzilises de filrnes, televisão,
filmes, televisfio,
conviviam com
música, conviviam
mxlxsica, reflexões acidas
com reflexées sobre politica,
ácidas sobre atívis-
política, aims-
mo e
mo e modernismo
modernismo popular.
popular. “Mark
“Mark era
era um
um dínamo”,
cllnamo”, comenta
comenta
Reynolds, um
Reynolds, catalisador, “atirando
um catalisarlor, provocações ee ideias
“atirando provocmgoes ideias que que
a.
K

po. A.:
x, D0.
“* N. póstuma, publicada
Coletânea postuxna,
A: Coletimea 2018, de
em 2018,
publicada om entrevistas,
de entrevistas,
artigos posts do
artigos ere posts Fisher.
de Fisher.
173
engajamento”, seas
exigiam engajalnenm”,
exigiana marcados por
posts marcados
seus posts “máximas me~
por “méximas me-
aforismos agudos”,
moráveis ee aforismos
maréveis fazendo justiga
agudos”, fazendo justiça ao ao amigo lema
antigo lema
do ccru dc
do CCRU densidade em
“máxima densidade
de “méxima slogans”.
em slogans”.
trabalhando agura
Fisher, trabaihando
Fisher, agora forafora da universidade como
da universidade como pr0~pro-
fessor dc
fessor de Educagzéo Continuada, dandu
Educação Ccmtinuada, dando aula estudantes de
para estudantes
aula para de
entre dezesseis e dezenove
trabalhadora entre dezesseis e dezenuve anos, atravessa»
classe trabalhaciora
classe anos, atravessa-
mais um
va mais
va um de de sens depressivos quzmdo
episódios depressivos
debilitantes episédios
seus debiiimntes quando
começou aa blogar.
comegou blogar. O blog, vai
O biog, dizer, era
vai dizer, tanto uma
era tanto forma dc
uma forma de
reestabelecer
reestabelecer alguma
alguma conexão
conexfio com
com o
0 mundo
mundo exterior,
exterior, como
sumo
uma maneira de
uma maneira forçar voltar
se forqar
de se escrever, em
voltar aa escrever, em um um espaqo mais
espaço mais
informal ee sem
informal sem pressio, depois da
pressão, depois traumática do
experiência traumética
da experiéncia do
doutorado. A
doutorado. atividade se
A atividade se mostrou intensamente positiva,
mostrou intensamente positiva, re-re-
vigorando sea
vigorando entusiasmo. O
seu entusiasmo. O que emergia nos
que emergia nos ixmbitus “mais
âmbitos “mais
desestratificantes da
desestratificantes comenta Fisher
blogosfera”, cumenta
da bl0g0sf<era”, animado, era
Fisher animado, era
uma “rode
uma dessubjetivizante, que
despersonalizante ee dessubjetivizante,
“rede despersonalizante produz
que produz
encontros mais
encontéros alegres em
mais alegres em um processo de
um processo retroalimenta-
de retroalimenta-
positiva”. Essa
ção positiva”.
Q50 linguagem que
Essa linguagem mistura Deleuze
que mismra Espinosa
Deleuze 2e Espinosa
cibernética, em
teoria cibemética,
com teoria
com continuidade cum
em continuidade experiência do
com a a experiéncia do
CcCRU, era
ccau, dominante nas
era dominante iniciais.
postagens iniciais.
nas postagens
Progressivamente, no
Pmgressivamente, entanto, aa paflir
no entanto, partir do diálogo com
do diélogo com ou» ou-
participantes dessa
tros participantes
tros rede de
dessa rede blogs -- as
de blogs amigos Nina
os amigos Power ee
Nina Power
Toscano, Owen
Alberto Toscano,
Alberto Hartherley, Alex
Owen Hartherley; Williams -- Fisher
Alex Williams Fisher vaivai
afastando cada
se afastando
se cada vezvez da e anti-humanis-
agressivament anti»humanis-
retórica agressivamente
da retérica
da postura
ta ee cia
ta antipolítica do
postura antipolitica movendo-se em
ccru, m0vend0~se
do ccuu, direção aa
em dire<;50
> compreensão da
uma compreenséo
uma modernidade mais
da modernidade próxima dos
mais préxima termos
dos termos
clássicos da
cléssicos esquerda socialista,
da esquerda Fisher confessa,
socialista. Fisher confessa, pamfraseando parafraseando
que foi
Kant, que
Kant, leitura de
foi a a leitura de Slavoj Zizek que
Slavoj Ziiek despertou por
que Oo despertou por fim fim
dc seu “sons
de seu pós-político”,
“sono pé>s*politico”.

Quatro fases
Guatro fases fisherianas
fisherianas

Poderíamos dividir,
Poderiamos grosso modo,
dividir, grosso atuação intelectuai
modo, aa atuagtéo de
intelectual de
Fisher em
Fisher em quatro
quatm fases.
fases. Na
Na primeira,
primeira, que
que vai
vai do
d0 início
inicio do
dc blog
biog

174
114
(em 2003)
(em 2003) atéaté 2005,
2005, predomina
predomina um um vocabulério
vocabulário e e umum estilo
estilo
tributário do ccru, embora a ênfase na busca por experiên-
tributério do CCRU, embora a énfaw no busca por experién»
cias-limite, tipica
ciasdimite, típica dada prética
prática filoséfica
filosófica dc de Nick.
Nick Land,
Land, dédê espaqo
espaço
aa uma
uma abordagem
abordagem mais mais conceitual
conceitual »~- oo “materialismo
“materialismo gotico"gótico”
cyberpunk, de
cyberpunk, de inspiração
inspiracéo deleuziana,
deleuziana, convive
convive com com um “racio-
um “racicv
nalismo frio”,
nalismo frio”, de base espinozista.
de base espinozista. A A critica
crítica musical
musical esté
está em
em pri-
pri-
meira plano,
meira plano, ee aa critica
crítica politica
política ocupa
ocupa um um lugar
lugar seclmdério,
secundário, na na
maioria
maioria das das vezes
vezes limitado
limitado aa um um profundo
profundo desprezo
desprezo pelo
pelo Nova
Novo
Trabalhismo de
Trabalhismo de Tony
Tony Blair
Blair ee uma
uma postura
postura em em larga
larga medida
medida abs~abs-
tencionista. A
tencionista. A partir
partir dede 2005,
2005, no no elntanto,
entanto, as as preocupações
preocupagoes polí- poli~
ticas
ticas vão
vim ganhando
ganhando maior maior destaque,
destaque, ee Fisher
Fisher se se mostra
mostra atraiclo
atraído
pela “ideia comunista”
pela “ideia comunista“, engajando-se
engajando-se com com aa producéo
produção de de Zizek
Ziiek
ee Alain
Alain Badiou.
Badiou.
Nessa
Nessa segunda
segunda fase, fase, aa psicanálise
psicanélise de de Jacques
lacques Lacan, assim
Lacan, assim
como
comoa acrítica
critica dada ideologia
ideologia dc de inspiração
inspiraczio lacaniana,
lacaniana, ce aa análise
anzilise
da
da pós-modernidade
pés-modemidade como como lógica
logica cultural
cultural do do capitalismo
capitalismo tar-tar-
dio em
dio em Fredric
Fredric Jameson,
Jameson, tornam-se elementos chaves
tornam-se elementos chaves dede refle-
refle~
xão.
xéo. Nesse
Nesse momento,
memento, inicia-se
inicia-se também
também um um diálogo
diélogo comcom aa cor-
cor-
rente
rente pós-operaísta
pos~operaista do do marxismo
marxismo italiano,
italiano, da da qual
qua! Fisher toma
Fisher toma
emprestado aa ideia
emprestado ideia dede uma etapa “pcis-fordista"
uma etapa “pós-fordista” do do capitalismo
capitalismo
(as
(as principais
principals referências
referéncias aqui aqui são
sio Christian
Christian Marazzi,
Marazzi, Antonio
Antonio
Negri
Negri ee Bifo Berardi). Data
Bifo Berardi). Data dessa
dessa fasefase aa elaboraoéo
elaboração dos dos concei-
concei-
tos de
tos de “realismo
“realismo capitalista”,
capitalista”, “ontologia
“ontologia empresarial”,
empresarial”, “impotén-
“impotéw
cia reflexiva”,
cia “stalinismo de
reflexive", “stalinismo mercado”. Fisher
do mercado”. Fisher esté
está antéo
então focado
focado
em:
em: 1)1) nos
nos efeitos
efeitos deletérios
deletérios do do capitalismo
capitalismo neoliberal
neoliberal sobre
sobre aa
saúde mental, politizando
salide mental, politizando aa questiio
questão ao ao chamar
chamar atengzéo
atenção parapara
aa causalidade
causalidade socialsocial do do sofrimento
sofrimento psiquico;
psíquico; ee .2} 2) no
no mal~estar
mal-estar
do “fim
do “fim dada historkfl
história”, expresso
expresso no no encurtamento
encurtamento da da imaginacéo
imaginação
cultural ee do
cultural do horizonte
horizonte politico
político do de expectativas.
expectativas. Tratwse
Trata-se pre~
pre-
cisamente do
cisamente da fase
fase que
que culmina
culmina corn com 0o lancamento
lançamento do do primal-
primei-
ro livro,
ro livro, em
em 2009,
2009, ee desemboca
desemboca no na preocupacéo
preocupação cada cada vez
vez mais
mais
central com
central com aa questio
questão da da agéncia
agência politica
política ee dasdas possibilidades
possibilidades

175
11
de construqfio
do construção dc de umum novo
novo sujcito
sujeito coletivo
coletivo que que possa
possa atacar
atacar aa
raiz dessas patologias.
raiz dessas patologias.
AA fase
fase seguinte,
seguinte, de 2010 aà 2014,
dc 2010 2014, mostra
mostra assimassim um um Fisher
Fisher
mais
mais preocupado
preocupado com com aa acéo
ação politica
política concreta,
concreta, interessado
interessado em em
questões organizacionais ee no
questoes organizacionais no problema
problema da da hegemonia.
hegemonia. E É quan~
quan-
do se
do se filia
filia ao
ao Partido
Partido Trabalhista
Trabalhista ee escreve,
escreve, em em parceria
parceria como como
Jeremy Gilbert,
leremy Gilbert, um um artigo
artigo dedicado
dedicado aa pensar pensar politicas
políticas pfiblicas
públicas
para um
para um possivel
possível proximo
próximo governo
governo dc de esquerda.
esquerda. Gilbert,
Gilbert, cuja cuja
própria teoria
propria teoria politica
política éé umauma tentativa
tentativa do de articular
articular Espinosa
Espinosa
com Gramsci,
com Gramsci, toma-setorna-se niionão so só umum interlocutor
interlocutor privilegiado
privilegiado
como um
como um amigo
amigo pessoal
pessoal para
para Fisher,
Fisher, ee ambos
ambos passam
passam aa se se es-
es-
forçar conjuntamente para pensar o
forqar conjuntamente para pensar o que poderia sex uma es» que poderia ser uma es-
querda eficaz
querda eficaz emem condicoes
condições pos~fordistas,
pós-fordistas, capaz capaz dc de reivindicar
reivindicar
uma modemidade
uma modernidade anthneoliberal.
anti-neoliberal. Essa: Esse periodo
período gramsciano
gramsciano de de
Fisher chama
Fisher chama atenqfio
atenção pela
pela aproximacéo
aproximação com com os os trabalhos
trabalhos dc de
Stuart Hall
Stuart Hall ee Chantal
Chantal Mouife.
Mouffe, pela pela insisténcia
insistência na na nocessidade
necessidade
de conjugal‘
de conjugar movimentos
movimentos extra~parlamentares
extra-parlamentares com com uma uma acfio ação
de esquerda
de esquerda institucional,
institucional, pela pela énsia
ânsia em em contribuir
contribuir para para cata-
cata-
lisar aa composicio
lisar composição do de novas
novas formas
formas dc de acéo
ação coletiva
coletiva de de classe.
classe.
O objetivo
O objetivo explicito
explícito passa
passa aa ser ser avancar
avançar em em um um projeto
projeto de de
poder qua
poder que pudesse
pudesse efetivamente
efetivamente so se colocar
colocar comocomo alternativa
alternativa
realista aa um
realism um neoliberalismo
neoliberalismo cada cada vezvez mais
mais decrépito.
decrépito. O O arti-
arti-
go “Como
go “Como matar matar um um zumbi:
zumbi: elaborando
elaborando estratégias
estratégias parapara oo fim fim
do neoliberalismo”,
do neoliberalismo”, éé uma uma producéo
produção tipica típica desse
desse periodo,
período, seja seja
pela énfase
pela ênfase na na necessidade
necessidade do de pensamento
pensamento estratégico,
estratégico, seja seja pelo
pelo
chamado à construção de formas de “ação
chamado £1 construqio do formas do “acéo indireta” (que Fisher indireta” (que Fisher
formula como
formula como uma uma critica
crítica As às sensibilidades
sensibilidades “neoanarquistas”
“neoanarquistas”
dominantes
dominantes nos nos movimentos
movimentos de do rua
ma anticapitalistas).
anticapitalistas).
Por
Por último,
(ultimo, em em uma
uma fasefase maismais curta,
curta, cujacuja obra
obra inacabada
inacabada
receberia
receberia oo títulotitulo dede Acid
Acid Communism
Communism [Comunismo [Comunismo ácidol, écido},
Fisher
Fisher estava
estava àsks voltas
voltas com
coma a tentativa
tentativa de de herdar
herdar as as experiências
experiéncias
dos
dos anos
anos da da contracultura,
contracultura, como como àsés práticas
préticas coletivas
coletivas dc de “eleva-
“eleva-
ção do
cio de consciéncia”
consciência” e, e, em
em umauma manobra
manobra de do contra-exorcismo,
contra-exorcismo,
176
116
invocar oo “espectro
invocar “espectro do de umum mundo
mundo que poderia sex"
que poderia ser liwe’?
livre”* Para
Para
esse Fisher,
osse Fisher, 0o neoliberalismo
neoliberalismo foi foi fundmnentalmeme
fundamentalmente uma uma ope~
ope-
ração
racéo de deflação de
de deflaeio de consciência,
consciéncia, desenhado
desenhado para para eliminar
eliminar os os
diversos impulses
diversos impulsos dc de “socialismo
“socialismo dernocriitico"
democrático” (ou (ou “comunis-
“comunis-
mo
mo libertário”)
libertério”) que que borbulhavam
borbulhavam nas nos décadas
décadas de do 19601960 ee 1970.
1970. 1

Relendo
Relendo Herbert Herbert Marcuse,
Marcuse, ee reforçando
reforcgando seus sens vínculos
vincuios com com o0
coletivo
coletivo autonomista
autonomista Plan Plan C,C, Fisher
Fisher proclama
prociama um um comunismo
comunismo
libidinal,
libidinal. desejante,
desejante, que que afirme
afirme nossa nossa capacidade
capacidade coletiva coietiva de dc
produzir,
produzir, cuidar cuidar ee desfrutar
desfrutar em em comum.
comum.
Entre
Entre esses
esses vários
vérios Fishers
Fishers há hé continuidades
continuidades e0 descontinui-
descon£inui~
dades.
dades. AA influência
influéncia de de Espinosa
Espinosa ee o0 modelo modelo da da cibernética
cibernética
estio sempre
estão enquanto outras
presentes, enquanto
sempre presentes, referéncias são
outras referências sio mais
mais
temporalmente definidas
temporalmente definidas (Lacan
(Lacan na na fase
fase 2, Gramsci na
2, Gramsci fase 3,3,
na fase
Marcuse na
Marcuse na fase
fase 4).4). AA teorizacio
teorização sobre sobre o o realismo
realismo capitalista
capitalista
acompanhará Fisher
acompanharé Fisher até até o0 fim
fim de sua vida,
de sua assim como
vida, assim como seu seu re-
re-
conhecimento
conhecimento da da influência
iniluéncia formativa
formativa de de seus colegas de
seus colegas de CCRU
CCRU
(e(e até
até mesmo
mesmo de de Nick
Nick Land,
Land, no no queque pese
pese aa divergéncia
divergência radicalradical
de suas
dc suas posições políticas). E,
posigoes politicas). E, nono entanto,
entanto, o0 Fisher
Fisher que que con-
con-
clama em
clama em seu blog aa “nio
seu blog “não votar”,
votar”, em em 2005,
2005, éé bem diferente do
bem diferente do
Fisher
Fisher que que sese filia
filia ao
a0 Partido Trabalhista em
Partido Trabalhista em 2012011,1 , ee acompanha
acompanha
com
com interesse
interesse ee expectativa
expectativa aa eleicfio
eleição geral
geral de de 2015.
2015. AssimAssim como
como
0o Fisher
Fisher anti-hippie
anti-hippie dc de 2004, praguejando contra
2004, praguejando contra a a letargia
letargia dos
dos
maconheiros
maconheiros ee hostil hostil aoao legado
legado de de 68,
68, pouco
pouco tem tem aa ver ver com
com 0o
Fisher
Fisher de de 2016
2016 em sua celebracio
em sua celebração iià contracultura
contracultura ee is às diver~
diver-
sas formas
sas iormas de de consciéncia
consciência que que se se expandiam
expandiam no no final
final dosdos anos
anos
1960.
1960. OO Fisher
Fisher dogmético,
dogmático, obstinadamente
obstinadamente antiempiricista,
antiempiricista, do do
começo
comego dos dos anos
anos 20002000 talvez
talvez torcesse
torcesse 0o nariz
nariz para
para 0o Fisher
Fisher do da
fase
fase 4, 4, que
que via
via na na troca
troca de de experiéncias
experiências ee vivéncias
vivências dos dos grupos
grupos
subalternos, ee no
subalternos, no processo
processo de de politizaqéo
politização do do pessoal
pessoal dai dai decor»
decor-

1
=

5‘ =».
N. po.
no. a.
A.; Frase
Praise que
que retira
retira do
do livro
livro de
de Herbert
Herbert Marcuse,
Marcuse, Eros
Ems ee
civilização
civiiizaecio de
cle 1955.
1955.
177
,<>»

1 I
11., rente, uma
rente, uma ferramenta
ferramenta fundamental
fundamental para para aa construgfio
construção de de novas
novas
ii
formas de
formas de agéncia
agência coletiva,
coletiva. ‘ WEEK

1 Talvez 0o que
Taivez que sempre
sempre tenha
tenha acompanhado
acompanhado Fisher, Fisher, ee guiado
guiado w

» E seu trabalho,
seu trabalho, seja seja aa canvicgéo
convicção de de que
que aa ieirura
leitura mais
mais predati-
produti-
‘Y7;S’.
ii
va da
va da frase
frase “o “o pessoal
pessoal éé palitico”
político” —~- popularizada
popularizada peios pelos novos
novos
ki
~t§
movimentos sociais
movimentos sociais dos
dos amiss
anos 1960,
1960, ee em
em especial
especial pelo
pelo feminis-
feminis-
mo ~- éé “o“o pessoal
pessoal éé impessoal”.
impessoal”. A0 Ao escrever
escrever dc de forma
forma pessoal,
pessoal, ee
; ' iii?
gi
mo V
a2
ii abordar sua
abordar sua prépria
própria experiéncia
experiência pessoal
pessoal {cc-mo
(como quando
quando falafala de
de
sua prépria
sua própria ciepresséo
depressão no no curto
curto artigo
artigo “N50
“Não prestar
prestar para
para nada",
nada”,
E? incluido nesteneste volume),
volume), Fisher
Fisher nunca
nunca perdia
perdia 0 o olhar
olhar sabre
sobre as as
inciuido
Eli
,,* condições zzstruturais
condigées estruturais de de formaqéa
formação da da subjetividade.
subjetividade. Seu Seu anti-
anti-
< ~<izv-,>§§:\

ii -individualismo militante
-individualismo militante ee filoséifico
filosófico 0o Ievou
levou 5à concluséo
conclusão dc de
iii
L? que para
que para inventar
inventar novos
novos futures,
futuros, ee escapar
escapar do do eterno
eterno presents
presente
do realismo
do realismo capitalista,
capitalista, seria
seria necesszirio
necessário construir
construir cnletivamem
coletivamen- gs
, <
te, em
ta, em comum,
comum, um um nova
novo sujeito
sujeito politico.
político.
.1

OQ lento
O lento cancelamento
cancelamento do
do futuro
futuro .,
~ K1,
I Ii " Em Realismo
Em Realismo capitalista,
capitalista, Fisher
Pisher sese dedica
dedica aa investigar
investigar 0o senti-
senti- L.

mento ubiquo
mento ubíquo dede “declinio
“declínio da da historicidade”.
historicidade”. Com Com aa coEoniza-
coloniza-
ção capitalista
Q50 capitalista do
do “inconsciente
“inconsciente cultural”,
cultural”, se se toma
torna dificil
difícil ima-
ima- .

ginar qualquer
ginar qualquer alternativa
alternativa coerente,
coerente, uma uma vezvez que
que 0o capitalismo
capitalismo
ocupa, incontestévezi,
ocupa, incontestável, todotodo 0o “horizonte
“horizonte do do pensével”.
pensável”, PelaPela sua
sua
própria natureza
prépria natureza difusa,
difusa, Fisher
Fisher insists,
insiste, éé mais
mais fécil
fácil apontar
apontar parapara Qaiw

§
0o realismo
realismo capitaiista
capitalista do do que
que descrevé-lo
descrevê-lo precisamente:
precisamente: um um
campo ideológico transpessoal, uma atmosfera
campo ideolégica transpessoal, uma atmosfera pervasiva, uma pervasiva, uma
i
“estrutura de
“estrutura de sentimento”
sentimento” (citando
(citando Raymond
Raymond Wiliiams)
Williams) -- “im~“im-
’1}*?§§

pessoal, abrangente,
pessoal, abrangente, inconsciente
inconsciente ee insidiusa”.
insidiosa”, Trata~se
Trata-se da da na~
na-
turalização do
turaliza<;50 do neoliberalismo
neoliberalismo como como um um fate
fato inerradicével
inerradicável da da ‘E3 1
,§:'<

vida, acompanhada
vida, acompanhada por por uma
uma espécie
espécie de de “ma!-estar
“mal-estar temporal”:
temporal”: 0o ,I‘j*§
fim jé
fim já aconteceu,
aconteceu, nadanada nova
novo éé possivel.
possível.
No nivel
N0 nível da
da psicologia
psicologia individual,
individual, 0o realismo
realismo capitalista
capitalista se se
1 expressa como a crença não de que o capitalismo
expressa como a crengta néo dc que 0 capitalismo neoliberal seja neoliberal seja

i an
178
"M6)5,‘
“bom”, mas
“bom”, mas dode que
que éé aa {mica
única coisa
coisa realism
realista »»- tudo
tudo mais
mais seria
seria ilu-
ilu-
sório, utopico,
sorio, utópico, inviével.
inviável. UmaUma vez vez que
que aa maioria
maioria das das pessoas
pessoas niio
não
'5-”~:>: '
costuma passar
costuma passar muito
muito tempotempo pensando
pensando sobre sobre oo capitalismo,
capitalismo,
esse realismo
ease realismo operaopera nono dia
dia aa dia
dia dode maneira
maneira muito
muito mais mais banal
banal ee
<,,, . prosaica: uma
prosaica: uma atitude
atitude dede “resigria<;:lio
“resignação fatalisiza”,
fatalista”, dode expectativas
expectativas
decrescentes, do
decrescentes, de que
que néo
não hai há nada
nada queque possa
possa serser feito,
feito, de
de que
que éé
assim que
assim que as as coisas
coisas sio
são ee so só cabs
cabe aa cada
cada um um so se ajustar,
ajustar, indivi-
indivi-
dualmente,
dualmente, ao ao estado
estado de de coisas.
coisas, Essa
Essa impoténcia
impotência depressiva
depressiva néo não
éé experimentada coletivamente porque
experimentada coletivamente porque no no realismo
realismo capitaiista
capitalista
nada
nada éé experimentado
experimentado coletivamente,
coletivamente, mas mas atua,
atua, enquanto
enquanto cam- cam-
so ,-
' ' J, .
-%;'S~' ‘
po
po transpessoal,
transpessoal, como como uma uma barreira
barreira invisivel,
invisível, limitando
limitando nossanossa
capacidade de
capacidade de pensar, imaginar ee agir.
pensar, imaginar agir.
<_ Mais
Mais especificamente,
especificamente, oo realismo realismo capitalista
capitalista é, é, diria
diria Fisher,
Fisher,
“T uma “patologia
uma “patologia da da esquerda”.
esquerda”. Como Como Zizek Ziiek jájé havia
havia alertado,
alertado,
,I
L
embora
embora seja seja fácil
fécil ridicularizar
ridicularizar FrancisFrancis Fukuyama
Fukuyama ee sua sua tese
tese do do
“fim
“fim da da História”
Historia”, nana prática,
prética, éé como
como sese fossemos
fossemos “todos
“todos fukuya-
fukuya-
‘V
l is

.
V mistas
mistas agora”,
agora”, inclusive
inclusive os os que
que sese dizem
dizem de de esquerda:
esquerda: oo capita-
capita-
if?
,, lismo
lismo liberal
liberal éé pressuposto,
pressuposto, ao ao menos
menos no no nível
nivel do do inconsciente,
inconsciente,
como
como aa fórmulaformula finalmente
finalmente encontrada
encontrada da da melhor
melhor sociedade
/|/

\, sociedade
possível,
possivel, cabendo
cabendo apenas
apenas aprimorá-la
aprimoréda nas nas margens
margens ee adminis-
adminis~
trá-la
tré-la da da maneira
maneira maismais técnica
técnicae e eficiente.
\\
eficiente.
Fisher
Fisher desenvolveu
desenvolveu oo conceito
conceito de do realismo capitalista aa partir
T
4/A‘
z
realismo capitalista partir
da
da suasua vivência
vivéncia comecomo professor
professor de Educação Continuada
Continuada sob os
\
de Educaqio sob os
<
governos
govemos do do Novo
Novo Trabalhismo,
Trabalhismo, então entio empenhados
empenhados no no aprofun-
aprofun-
damento
damento das das reformas
reformas neoliberais
neoliberais na na educação
educagéo pública.
pnblica. O O livro
livro
!
é,é, portanto,
portanto, uma uma crítica
critica aberta
aberta ee ácida
zicida aoao blairismo
blairismo ee à£1 política
politics
da
da Terceira
Terceira Via. Via. OO Novo
Novo Trabalhismo
Trabalhismo de de Tony
Tony Blair
Blair éé aa expres-
expres-
são,
sfio, por por excelência,
exceléncia, do do realismo
realismo capitalista
capitalista como
como patologia
patologia da do
esquerda.
esquerda. AA estratégia
estratégia política
politics avançada
avangada pelo polo Novo
Novo Trabalhismo
Trabalhismo
partia
partia do do princípio
principio de de que
que os os ventos
ventos da da história
histéria sopravam,
sopravam, ine- ine-
lutavelmente,
lutavelmente, aa favor favor dodo neoliberalismo
neoliberalismo -- ee que que asas opções
opqoes eramcram
ou
ou sese adequar
adequar aa essaessa nova
nova realidade
realidade ou ou seso tornar
tomar irrelevante.
irrelevante. AA
política
politica de do massas,
rnassas, aa força
foroa do do trabalho
trabalho organizado,
organizado, oo horizonte
horizonte
179

_ 1
socialista, faziam
socialism, faziam parts
parte dede uma
uma épocaépoca que que havia
havia so se encerrado,
encerrado,
que oo proprio
que próprio desenvolvimento
desenvolvimento do do capitalismo
capitalismo haviahavia tratado
tratado de de
tornar obsoleta.
tomar obsoleta. Essa
Essa capitulagzio
capitulação foi foi dolorosa,
dolorosa, dificil
difícil ee longa,
longa, ee
se seu
se seu épice
ápice éé oo blairismo,
blairismo, senseu inicio
início podepode set
ser datado
datado no no {amigo
famige-
rado discurso
rado discurso dc de 1976,
1976, dede James
James Callaghan,
Callaghan, oo pn'meiro~minis~
primeiro-minis-
tro traoalhista
tro trabalhista no no crepiisculo
crepúsculo do do fordismo,
fordismo, sobre sobre oo “necessério”
“necessário”
abandono
abandono das das políticas
politicas keynesianas,
keynesizmas, social-democratas,
sociahdemocratas, do do pós-
pos»
-guerra:
-guerra: “digo
“digo com
com toda
toda sinceridade
sinceridade que que essa
essa opção
opeéio nãonéo existe
existe
mais”
mais" —- antecipando
antecipando oo “não “néo há hé alternativa”
aiternativa” de de Thatcher.
Thatcher.
Nos
Nos anos
anos 1980,
1980, o0 realismo
realismo capitalista
capitalista era era ainda
ainda apenas
apenas um um
projeto
projeto -~ que que Thatcher
Tliatcher ee seus
sous “novos
“novos conservadores”
conservadores” se se esfor-
esfor~
gavam
gavam para para transformar
transformar em em realidade.
realidade. OO famoso famoso sloganslogan that-
that
cherista
cherista de do que
que “não
“nio hábé. alternativa”,
alternativa”, ou on de
do que
que nãomio existe
existe socie-
socie~
dade
dado ou ou classes,*
classes,‘ apenas
apenas indivíduos,
individuos, pode pode serser entendido
entendido como como
hipersticional:
hiperstioional: uma uma ficofio
ficção com efeitos reais.
com efeitos reais. ÉE apenas
apenas com com aa
chegada dos
chegada dos anos
anos 1990
1990 queque 0o neoliberalismo
neoliberalismo éé naturalizado,
naturalizado, ee
aa falta
falta de
de alternativas
alternativas ao ao capitalismo
capitalismo néo não precisa
precisa maismais serser argu-
argu-
mentada on
mentada ou defendida
defendida -- aa partir
partir do de entio,
então, éé simplesmente
simplesmente as- as-
sumida, como
sumida, como um um consenso
consenso de de fundo,
fundo, A A propria
própria frasefrase deixa
deixa de de
soar
soar como
como uma uma afirmação
afirmagfio de de preferência
preferéncia -- de cle que
que oo capitalismo
capitalismo
neoliberal
noeoliberal seria
seria aa melhor
melhor opção,
opoéo, aa maismais desejável
desejével -- para para ganhar
ganhar
algo
algo como
como um um peso
peso ontológico:
ontolzigico; não nfio seso trata
tram do do melhor
melhor sistema,
sistema,
mas
mas do do único
imico possível,
possivel, dodo destino
destino inexorável
inexorével da da história.
historia.
Foi
Foi precisamente
precisamente aa emergência
emergéncia do do Novo Trabalhismo que
Novo Trabalhismo que
assegurou aa vitoria
assegurou vitória dodo realismo
realismo capitalista
capitalista no no Reino
Reino Unido
Unido ee
aa consolidaqéio
consolidação do do projeto
projeto tliatcherista
thatcherista como como um um novo
novo padrfio
padrão
de normalidade,
do normalidade, como como um um “sistema
“sistema de de realidade”
realidade” consolidado.
consolidado.
Com Blair,
Com Blair, “modemiza§¢i0"
“modernização” so se torna
torna enfirn
enfim sinonimo
sinônimo de de neoli-
neoli-
beralização -- quem
beralizagéo quem resists
resiste éé porque
porque percleu
perdeu o o bonde
bonde da da historia.
história.
Z

‘* N.
8, oo.
po. so
A: “There
“There is
is no
no such
such thing
thing as
as society”
society” [niio
[não exists
existe sociedadel
sociedade]
ee “There
“There is
is no
no alternative”
alternative” {niio
[não hé
há altemativa]
alternativa] sio
são duos
duas frases
frases do
de
Thatcher que
Thatcher que ficaram
ficaram famosas
famosas nos
nos anos
anos 1980,
1980.

180
Não éà toa
N50 toa em
em 2002,
2002, doze
doze anos
anos depois
depois do de deixar
deixar oo podcr,
poder, Thatcher
Thatcher
não rave
nio teve diividas
dúvidas ao ao ser
ser perguntada
perguntada sobre sobre suasua roaior
maior realizaqéoz
realização:
“Tony Blair
“Tony Blair ee oo Novo
Novo Trabaihismo.
Trabalhismo. Foroamos
Forçamos nossos nossos oponentes
oponentes
aa mudar
mudar do de mentalidade”.
mentalidade”. No No interior
interior clad
da atmosfera
atmosfera do do realismo
realismo
capitalista, aceitar
capitalista, aceitar aa eternidade
eternidade do do capitalismo
capitalismo éé “cair “cair nana real”
real”
-~ abrir
abrir mão
mfio dasdas fantasias
fantasias utópicas,
utopicas, despir
despir oo mundo
mundo das das ilusões
ilusoes
sentimentais,
sentimentais, abandonar
abandonar asas “ideologias
“ideologias do do passado”
passado" ee aceitar
aceitar aa
“realidade
“realidade comocomo ela ela &:
é”: cão
céo comendo
comendo cão, céio, cada
cada um um porpor si.
si.
Enquanto
Enquanto atitude
atitude prática,
prética, para
para além
além da do crença
crenoa individual,
individual, oo
realismo
realismo capitalista
capitalista significa
slgnifica aa submissão
submissio resignada
resignada aos aos impera-
impera~
tivos
livos do do mundo
mundo dos dos negócios
negocios ee aa internalização
internalizacaio do do queque Fisher
Fisher
chama
charna de de “ontologia
“ontologia empresarial”.
empresarial”: aa expectativa
expectativa compartilhada
compartilhada
de
de que
que todos
todos osos aspectos
aspectos da da vida
vida social,
social, inclusive
indusive aa administração
administraqio
pública,
piiblica, ee mesmo
mesmo aa saúdesaiide ee aa educação,
educaoéo, devemdevem ser ser geridos
geridos comocomo
empresas.
empresas. Se Se nono setor
setor privado
privado aa tendência
tendéncia éé de de precarização
precarizacio ee
“casualização”
“casualizacio" do do trabalho,
trabalho, no no setor
setor público
piiblico essa
essa mesma
mesma tendên-
tendén-
cia se expressa como importação das estratégias de disciplina da
cia se expressa como importacéo das estratégias de disciplina do
mão
méo de dc obra
obra típicas
tipicas dasdas empresas
empresas capitalistas.
capitalistas. AA consequência
consequéncia éé
uma
uma espécie
espécie dedc “stalinismo
“stalinismo de de mercado”
mercado” (outra(outra expressão
expressio cunha-amba-
da por Fisher): a imposição de sistemas de metas e métricas de
da por Fisher): a imposiqéo de sistemas de metas e métricas dc
avaliação
avaliaczio permanente,
permanente, aa intensificação
intensificacéo de de uma
uma autovigilância
autovigiléncia
constante,
constante, aa proliferação
proliferacéo de de procedimentos
procedimemos burocráticos,
burocréticos, que que
precisam
precisam ser ser agora
agora realizados
realizados pelos
pelos próprios
proprios trabalhadores,
trabalhadores, obri- obri-
gando-os
gando-os aa uma uma constante
constants performance
performance de do autocrítica,
autorsritica.
AA vitória
vitéria dodo realismo
realismo capitalista
capitalista nãonéo foifoi fazer
fazer com com que que asas
pessoas
pessoas gostassem
gostassem ativamente
ativamente da da “ontologia
“ontologia empresarial”
empresarial” ou on do
do
“stalinismo
“stalinismo de de mercado”
mercado” -- cujos cujos efeitos
efeitos são
séo sentidos
seniidos como como de- do
gradantes
gradantes ee exaustivos,
exaustivos, desmoralizando
desmoralizando os os trabalhadores
trabalhadores sem sem
melhorar
melhorar em em nada
nada aa qualidade
qualidade dos dos serviços.
serviqos. Isso Isso nunca
nunca chegou
chegou
aa acontecer,
aconteoer, as as reformas
reformas neoliberais
neoliberais continuam
continuam impopulares.
impopulares.
OO que
que seso conseguiu
conseguiu foi foi convencer
convencer asas pessoas
pessoas de de que
que oo mundo
mundo
éé assim,
assim, ee que
que nãonéo hé há nada
nada queque possa
possa serser feito.
feito. AA fórmula
formula da do
ea
“solidariedade negativa”
“solidariedade negativa” vigente
vigente passa
passa aa ser:
ser: “é“é ruim
ruim parapara todo
todo
181
mundo, vocé
mundo, você tem tem queque se se adaptar também” W- quem
adaptar também” quem 1150 so-
está sci»
não estzi
privilegiado. Numa
bastante éé privilegiacio.
frendo 0o bastante
frendo atmosfera dc
Numa atmosfera expectati-
de expexttatb Ww 22$“.-
hair,

vas decrescentes,
vas clecrescentes, não
néo há
hé nada
nada que
que possamos
possamos fazer
fazer em
em comum
comum
‘-= 2%

para mudar
para mudar 0 rumo da
o mmo história. A
da histdnizx. vontade politica
A vontade é impotente:
política é impmente:
somos 0o ripe
não somcns
nfio tipo cle pessoas que
de pessoas podem mudar
que pociem mudar 0o munde, mundo, on ou
mundo néo
0o mundo não éé ca tipo de
o tipo coisa que
de coisa possa ser
que parssa mudado. Talvez
ser mudado. Talvez
nunca tenha
nunca tenha sido, finalmente nos
sido, ee finalnmente conciliamos mm
nos cnnciliamos com essa dura
essa clura ‘,1;
|~
T.
.

1l
realidade depois
realidaale depois de uma série
de uma série de frustradas.
ilusões frustradas.
de ilusifaes ///77$)
wéi
Q
.};§;s
.L<
..
O capitalista se
realismo capitalista
O realismo aproxima daquiio
se apmxima daquilo que Frederic Ia-
que Frederic Ja- \‘)"A>‘
\ H Q’
\
‘3 *
;

teorizou como
meson teorizou
mesen “pós-modernis
como “pés~m0demismo” mo” ainda na década
ainda na décacla de de
1980. A
1980. perda cla
A perda dimensão de
da climenséio futuro néo
de futuro apenas um
não éé apenas fenôme-
um fe:n(‘>me- :_;_14
‘_fi- 1:; :

politico, mas
no pelitico,
no mas da cultura como
da cultura como um todo. Para
um todo. Jameson
Fisher, Iameson
Para Fisher, ; 3‘

adiante. Uma
viu adiante.
viu geração mais
Uma geragéo colapso do
após 0o colapso
tarde, ee apés
mais tarcle, so-
do so- *5?
cialismo real
cialismo real no leste eumpeu,
no leste sensação dc
europeu, aa sensasjio de exaustéo política
exaustão political
cultural éé néo
esterilidade cultural
ee essterilidade não sé muito mais
só muito aprofundada, mas
mais aprofundada, mas \§\
wl
'\
V
l\ 3
também
também mais
mais normalizada,
normalizada, parte
parte da
da paisagem
paisagem com
com a
a qual
qual nos
nos 5;‘A'11
,lxéll
habituamos. O
habituamos. identificado por
fenômeno identificado
O fenbmeno por Jameson naturalizou-
Jameson naturalizow
~se ponto de
-se aa porno de se se tomar invisível, an
tornar lnvisivel, mesmo tempo
ao mesmo tempo mais intenso
mais intense al
r l >>

mais
ee mais difícil
dificil de
de ser
ser percebido.
percebido. A
A “lógica
“légica cultural
cultural do
do capitalismo
capitalisme 21%;q ‘1 11

conduz aa uma
tardio” ccmduz
tardio” espécie dc
uma espécie de imaginaqfio empacada, um
imaginação empacada, blo-
um blo»
fig; 1 E

produção cultural cultural num num etemo pastiche,


eterno pastiche, ax ~
queio que
quein converte aa produgéo
que convene
,‘~;1,l’
marcado pela
marcado rememoração, revisitagie
pela rememoragéo, repetição. O
revisitação &e repetiqio. realismo
O realismo
capitalista uma infertilidade
promove uma infertilidade imaginativa em todos
capitalista promove imaginativa em todos os os _,filli‘
- Hi
,
âmbitos. A
émbitns. orientação para
A orientagéo frente da
para frame modernidade dé
da moclernidade dá lugar aa
lugar ;l’
X“ 1

l2 sensação de
uma sens-a<;€10
uma esgotamento, um
de esgotamento, um tempo travado. Essa
tempo travadu. estagna-
Essa estagna»
ção na cultura não é sentida abruptamente, se expressa em um um
l géo
“lento
na cultura nfiu
cancelamento do
“lento cancelamento
é sentida
do futurdl
abruptaxmsnte,
expressão que
futuro”, expressfio
se expressa
Fisher
que Fisher lama de
em
toma de ,,,>§‘ \
-->1
f;*’~3i=»
M ..
Bifo Berardi para
Bifo Berardi nomear uma
para numear apocaliptica que
situação apocaliptica
uma situaxgim que micnão éé 11”‘
> 1
H:1
ii
repentina on
repentina explosiva, mas
ou explosiva, mas queque se morosamente. Como
arrasta morosamente.
se arrasta Como
Filhos da
filme Filiws
no films
nu Esperança, “0
da Esperamga, mundo néo
“o mundo termina com
não termina com um um
estrondo, ele
astrcmclo, desaparece, se
ele desaparece, desfaz, clesmorona
se desfaz, gradualmente”,
desmorona gradualmente”.
l Caímos assim
Caimos assim em
enquanto aa Vida
em uma
de
aparentemente paradoxal
situação aparentemente
uma situaqéo
velocidade
aumentou de velocidade ~ com a acele~
vida aumentou -
paradoxal na
com a acele-
na
l qual enquanto
qua}
U5? \

182
1.2 5%;

FM._. _~,. m-“,mWN..M


ração dos
raqfio dos fluxos circuitos do
fluxes ce circuitos cognitivo hi~
capitalismo cognitive
uma capitalismo
de Luna hi-
perconectado -~ aa cultura
perconectado cultura ficou mais devagar,
ficou mais estagnada na re~
devagar, estagnada na re-
petição kitsch
petioéo kitsch ee em zumbis. Fisher
formas zumbis.
em formas pontos do
identifica pontos
Fisher identifica de
encontros
encontros entre
entre a
a estagnação
esragnaoéo cultural
cultural e
e política.
polirica. Por
For um
um lado,
lado,
>~ emergência do
aa emergéncia de um um “capitalismo comunicativo” {Jodi
“capitalismo coxnunicarivo” Dean),
Jodi Dram),
“semiocapitalismo” (Bilb
ou “semiocapitalismo”
ou (Bifo Berardi}, promove uma
Berardi), promove “dispersão
uma “disp<&rsiz0
da atencional” ee fax
economia atencional”
da economia faz comcom que cotidiana se§a
vida cotidiana
que aa Vida seja
tomada por
Lomada por uma frenética, absorvida
urgência frenética, absorvicla pelo ritmo do
uma urgéncia pelo ritmo do
que Fisher
que chama dc
Fisher chama de “ciberespacgo capitalista”. Em
“ciberespaço capitalista”. especial corn
Em especial com
massificação dos
aa massifica<;éo convertidos em
celulares, convertidos
dos ce-lulares, ferramentas prev
em ferramentas pra-
ticamente
ticamente indispensáveis
indispenséveis para
para a
a permanência
permanéncia no
no mercado
mercado de
do
estamos continuamente
trabalho, estamos
trabalho, contlnuamente lmersos — plugados
imersos - plugados ~ nesse - nesse
ciberespaço com
ciberespaqo com sua sua “compulsão
“compulséo idiom”, instados aa uma
idiota”, instaclos “pressa
uma “pressa
por uma corrente
uma corrente
1
perpétua”, os
perpétua“, sistemas nervosos
os sistemas estressados por
nervosos estressaclos
incessante de
incessante de comandos mercadológicos.
comandos mercadologicos.
Fisher
Fisher aponta, sobretudo, para
aponta, sobretudo, para comocomo o0 desmantelame
desmantelamento nto dos dos
resquicios de
resquícios dc social-democr
social-democracia contribui para
acia contribui para aa estagnação
estagrlaqéo da da
cultura. Longe
cultura. de ter, conforme prometido,
Longs de ter, conforme prometido, um efeito dinami— um efeito dinami-
zador, desbloqueandoa a criatividade
zador, desbloqueando imaginação humana
criatividade ee aa i.n1aginal;éo humana ao ao 14

atacar um
atacar um Estado centralizador, vertical
Estado centralizador, paternalista, oo neoli-
vertical ee paternalism, neoli-
beralismo
beralismo conduziu
conduziu a
a uma
uma “deterioração
“deteriora<;izo massiva
massiva da
da imaginação
imaginagéo
social”. ÉE que
social”. que aa inovação,
inovagéo, nota nota Fisher, formas cle
certas formas
requer certas
Fisher, requer de
estabilidade. AA produção
estabiliclade. producgéio cultural inovadora exige
cultural inovadora tempo livre
exige tempo livre ~~ 4

um tempo não
um tempo dominado pelas
néo dominado imediatas do
urgências imediatas
pelas urgéncias mercado
do mercado \
x

capitalista.
capitalista. Com Com o desmantelame
o elesmantelamenm nto das condições materiais
das condiqoes materials de de
um tempo
um tempo livre urgências, um
de urgéncias,
livre dc experimental, esse es-
tempo experimental,
um tempo esse es-
paço dc
paqo autonomia se
de autonomia fechou. A
se fechou. politização do
A politizaqfiro tempo é,
do tempo portan-
é, f)0l”I8X1~
to, uma pré-condição
to, uma pré-condi<;5o para
para sair
sair do
do mal-estar
mal-estar cultural.
cultural.
Há ai
H51 aí um antagonismo politico
um antagonismo político aa ser explorado, pois,
ser explorado, pois, parapara
temporalidade bloqueada,
essa temporalidade
Fisher essa
Fisher bloqueada, na qual se
na qual corre cada
se corre cada vezvez
mais
mais rápido
répido para
para ficar
ficar exatamente
exatarnente no
no mesmo
mesmo lugar,
lugar, é
é funcional
funcional
manutenção do
para aa manutengtéo
para estruturas dc
de estruturas poder: hé
de pocler: há forgas políticas
forças p()lllZlC&S
que nos
que “permanentemente ansiosos”,
querem “permanenremente
nos querem esgotados, com
ansiosos”, esgotados, com
183
- i ;.
.5

17
capacidade atencional
uma capacidadc
uma dispersa ~- ee essas
fragmentada ee dispersa
atencional fragmentada são
essas séo ~>i‘~‘:<f<1»/
2
= X:
precisamente as
precisamente que estzio
forças que
as forgas ganhando. De modo geral, aa
estão ganhando. De modo geral,
'»f7i‘»;

percepção cie
percepqéo vivemos no
que vivemos
de que no fimfim da história nada
da historia mais éé do
nada mais do V9 ifii;
“projeto de
um “projeto
que um
que de classe bem-sucedido” O
altamente bem~sucedido’1
classe altamente próprio
O proprio
realismo consequência do
capitalista éé consequéncia
realismo capitalista sucesso da
do sucezsso da direita neoli-
direita neoli- L 7* *5
beral em
beral transformar as
em mmsforrnar atitudes da
as atimdes população, em
da populaofio, impregnar
em impregnar
gii
de “ontologia
de infra-estrutura psiquica
empresarial” aa infrwestrutura
“ontologia empresarial” coletiva,
psíquica coletiva, 3;

encurtando assim
encurtaindo o horizonte da imaginação
assim 0 horizonte da imaginagéo politica. política.
não é,
Essa 11510
Essa é, nono entanto, primeira vez
entanto, aa primeira vez que narrativa do
que aa narrativa do \\w€l

“fim da
“lim da histéria” aparece. O
história” aparece. próprio Marx
O préprio Marx inicia Manifesto
inicia oo M::mzfe.st0
comunista
comunista polemizando
polemizando contra
contra a
:1 noção
nogio de
do que
que com
com a vitória
a vitéria dodo 5-.
%};
universalizaç da igualdade formal ee
eventual universalizagiio
liberalismo ~- r:e aa eventual
liberalismo ão da igualdade formal
liberdade juriciica
da liberdade
(la história havia
jurídica »- aa historia chegado ao
havia chegado fim. O
ao fim. argu-
O argu~ M7»?

YI\/»o6.w»: I 5-‘PL
mento de
memo Marx éé que
de Marx mesmo que
que mesmo que 0 capitalismo seja
o capitalismo seja um sistema
um sistema 554:1}

baseado em
baseado voluntários, continua
contratos voluntérios, continua sendo uma socie-
em contratos sendo uma socie- ,3 1‘ T

dade dc
dade dominação dc
de domiinaqfilo enquanto houver
classe -- enquanto
de classe houver luta de classes
luta de classes
história. Ou
haverá historia.
haveré seja, aa tese
Ou seja, da luta
tese da de classes
luta dc motor
como 0o motor
classes como *~4':; E_§»6§ 7.
=§i~l;. 2
da é a tese de que a história não acaba
história é a tese de que a historia nfio acaba no capitalismo.
da historia no capitalismo. 1; l4

livros d'0
Nos livros
Nos Capital, Marx
d'O Capital, castigará com
Marx castigaré sarcasmo aque-
com sarcasmo aque-
economistas vulgares,
les economistas
les apologistas da
vulgares, apologistas ordem, que
da ordem, acredita-
que acreditw if“,1

vam que
vam que as instituições cle
as instituigées todas as
de todas sociedades erarn
outras sociedades
as outras eram ar~ ar- l 2?»:
“ ‘Y“",Y’5r"

supersticiosas, mas
tificiais, supersticiosas,
tificiais, que as da sociedade burguesa,
mas que as da sociedade burguesa, essas essas i
ii

sim, séo
sim, naturais, portanto
são naturais, eternas ~- que
portanto etesrnas que “houve história, mas
“houve hisroria, mas *:;" 9
3. 5
há”. A
não hé”.
já néo
jei análise do
célebre anélise
A célebre fetichismo do
do fetichismo mercadoria éé ela
da mercacloria ela
1 5% iii‘
x mesma uma crítica
mesma uma critioa ao
an modo
modo naturalizado
naturalizado como
como a
a produção
produrgéo ca-
ca~
s
\
aparece. Na
pitalista aparece.
pitalista medida em
Na meclida em queque osos individuos participam
indivíduos participam
capitalismo, ee oo reproduzem
do capitalismo,
do reproduzem sem saber que
sem saber fazem, esse
que 0o fazem, esse
kl
automatismo
automatismo é
é confundido
confundido com
com um
um fato
fate da
da natureza.
natureza. Assim,
Assim, ix ;
_, K
capitalismo nzio
0o capitalismo não éé visto como um
visto como sistema social
um sistema particular,
social particular, “El,

historicamente definido
historicamente contingente, que
definido ee contingente, teve um
que (eve começo ee
um comezpo i

ter um
pode ter
pode um fim.fim. Desvelar historicidade dessa
Desvelar aa historicidade estrutura, com
dessa estrutura, com ,§A,

l impasses, efeitos
seus impasses,
sens
como algo algo que
colaterais
pode ser
que pode
e pontos
alvo da
ser alvo
de antagonismo,
efeitos colaterais e pontos de antagonismo, é ex» é
consciente.
humana consciente.
ação humana
da aoéo
ex-
' Z
pô-la como
p6~la
i é
2
184 i .
.15? ’:
+5; ‘
=3‘
, -
1
Se aa ideia
Se ideia de da historia
fim do
de fim experimentou certa
já oxperimentou
história jai popula-
certa popula~
ridade antes
ridade mesmo de
antes mesmo do Marx entrar om
Marx entrar cena, oo que
em ceoa, aconteceu
que acontoceu
para que
para operasse um
ela operasse
que ela trionfanie ao
retorno triunfante
um retorno dos anos
final dos
ao final anos
Entire um
1980? Entre
1980? fim da
um fim historia e ontro, aconteteu a 3SC€I1S§lO €e
do história e outro, aconteceu a ascensão
declinio do
oo declínio do movimento internacional, aa com-
revolncionéxrio internacional,
movimento revolucionário com»
li
posição decomposiqéo —- de
subsequente decomposição
posiqéo -» ee subsequente do um slujeito político
um sujeito politico
coletivo que
coletivo capaz de
foi capaz
que foi ameagar aa continuidade
do ameaçar dessa ordem.
continuidade dessa ordem. r
Em certo
Em “marcha para
ponto, aa “marcha
certo ponto, frente do
para frente do tralaaiho‘? e com ela
trabalho” e com ela
mito da
oo mito revolugio proletária,
da revolução foroa como
perdeu força
proletéria, perdeu atrator po-
como atrator po~
litico, dissipando
lítico, também sua
assim também
dissipando assim eficécia na
sua eficácia oonstruoéo do
na construção do
avanoo do
futuro. OO avanço
futuro. do neoliberalismo é tanto um efeito
neoliberalismo é tanto um efoito quanio quanto
uma causa
uma decomposigfio. Sua
dessa decomposição.
causa dessa Sua superação, esse éé o0 ponto
superaqao, ee esse ponto
fundamental de
fundamental de Fisher, exigiré uma
Fisher, exigirá recomposiqao, aa conforma-
uma recomposição, conforma~
ção
Q50 de
de um
um novo
novo tipo
tipo de
de agência
agéncia coletiva.
coletivav

Privatização do
Privatizaoéo estresse ee impotência
do estresse reflexiva
impoténcia reflexiva
O realismo
O capitalista veio
realismo capitalista acompanhado não
veio acompanhado nao apenas
apenas do maior
de maior
inseguranga no
preoarizagao ee insegurança
precarização no trabalho, mas também
trabalho, mas também de uma de uma
epidemia
epidemia de psiquico. Na
sofrimento psíquico.
de sofrimento medida em
Na medida em que antigas
que antigas
forrnas de
formas solidariedade institucional
dc solidariedade comunitá-
amparo comunité-
institucional ee amparo
rio
rio sfio desfeitas, oo resultado
são desfeitas, privatização do
resultado éé aa privatizaoéo sofrimento ee
do sofrimento
individualização da
aa individualizaqio angústia. No
da angiastia. No final seu célebre
do sen
final do artigo,
célebre amigo,
conseguia amever
Fukuyama jájé conseguia
Fukuyama que “o
antever que fim da
“o fim da historia” com aa
história” —- com
dissolução dos
dissoluqao dos grandes
grandes projetos
projetos coletivos,
coletivos, o
o apagar
apagar das
das luzes
luzes do
do
palco da
palco da historia onde so
mundial onde
história mundiai grandiosas
travavam grandiosas bala-
se travavam bata-

Eo

DO, A;
3. no.
’7 N. a: “Tm: march of
forward march
“The forward halted?” {A
labour naked?”
of labour para
marcha para
[A marcha
frente do
frente do trabalho foi interrompidafl
trabalho foi título de um
interrompida?] éé oo titulo do um influente influente
artigo do
artigo do historiador británico Eric
historiador britanico publicado em
Hobsbawm, publicado
Eric Hobsbawm, em
examinando o
1978, examinando
1978, desenvolvimento do
o desenvolvlrnento capitalismo ee da
do capitalismo classe
da classe
trabalhadora na
trabalhadora na lnglaterra, como ale
Inglaterra, ee como divergir dais
veio aa divergir
ele veio previsões
das previsoos
marxistas classicas.
marxistas clássicas.
lhas ideelégicas,
lhas “ousadia, coragem
mobilizando “ousadia,
ideológicas, mubilizanclcs imaginação”
coragem ee i1nagina<;:'-“m”
seria “um
~»- svzria tempo muito
“um tempo Não fazla
triste”. Néo
muito Krista”. ideia do
fazia ideia quanto.
do quanta.
Orientado por
Orientadu por uma lacano-Zizekiana, mas
psicanálise lacano-iiiekiana,
uma psicanélise mas do do
mesmo mode,
mesme modo, pmfundamente e ambientado
profundament ambientaclo com as erréncias com as erráncias
esquizoanalíticas experimentais
esquizoanaliticas experimentais dc de Deleuze Guattari, Fisher
Deleuze ee Guattari, Fisher
aborda 0
aborda o safrimento psíquico ee 0
sofrimento psiquico mal-estar cle
o mal~estar nossos tempos.
de nossos tempos.
O campo
O campo dos
dos afetos,
afews, dos
dos corpos,
corpus, das
alas patologias,
patologias, do
do sofrimento,
sofrimemo,
sintomas, das
dos sinmmas,
d0s paradoxais do
modalidades paracloxais
das modalidades do desejo, torna-se
desejo, t0rna~se
Fisher um
para Fisher
para investigativo dos
campo investigative
um campo impasses do
dos impasses realismo
do realismo
capitalista. Suas
capitalista. traduzem aa tenszio
indagações traduzem
Suas indagagées tensão das dilemas ee
dos dilemas
contradições locals
contradigées experimentadas por
locais experimentadas por ele mesmo, tanto
ele mesmo, tanto em em
experiência militants
sua experiéncia
sua quanto em
militante quanta em sua docente, no
atividade cloceme,
sua ativlidade no
contato com
contato estudantes em
jovens estuclantes
com jovens sala de
em sala aula.
de aula.
Diante (la
Diante epidemia ale
da epidemia patologizações ee trzmstor~
patologias, paml<>giza<;6es
de patologias, transtor-
Fisher an
mentais, Fisher
nos mentais,
nus invés de
ao invés tomá-las como
de tom2i~las simples retrato
como simples retrato
estático cla
neutro ee estético
neutro sociedade as
da socieclade problematiza enquanto
as problematiza enquanto um um
sintoma
sintoma singular
singular próprio
préprio do
do capitalismo
capitalismo tardio
tardio neoliberal.
neoliberal. Ao
A0
deparar com
se deparar
se com seusseus alunos, majoritariame
alunos, majnritariamente nte rotulados
rotulados por al- por al-
guma categnria
guma administrados sob
psiquiátrica ee administraclos
categoria psiquizltrica alguma narra-
sob alguma narra-
de sofrimento
tiva cle
tiva pré-determinada, Fisher
sofrimento pré~determinada, Fisher se interroga acema
se interroga acerca
“causa social
da “($311821
da por trás da proliferação
sistêmica” pm iris da proliferagio dos trans~
social sistémica” dos trans-
psíquicos. Pot
tornos psiquicos.
tomos que um
Por que número tic
um mimero grande de
tão grzmde adolescen-
de adoles<:en~
com os
tes com
res trabalha tem
quais trabalha
os quais problemas dc
tem problemas saúde mental
de saixde mental ou ou
dificuldades
clificuldades de
de aprendizado?
aprenclizado? Por
P01" que
que a
a depressão
depresséo é
é a
a condição
condiqfm
mais tratada no
mais tratada sistema dc
no sistema britânico?
saúde britfinica?
de saixcle
A atenção de
A atengée de Fisher focada na
está focada
Fisher esté privatização dos
na privatizaqéo proble-
dos pr0ble~
psíquicos, na
mas psiquicos,
mas despolitização, na
na despolitizagéo, individualização do
na indiviciualizagtzin so-
do so~
frimento ee na
frimento “condenação” genética,
na “<:0ndena§é0" ou estritamente
genética, ou estritamente biologi- biologi-
dessas condigfies
zante, clessas
zante, abordando-as como
condições ~- ab0rdand0~as como se, se, dede fato, não
fato, néo
sociedade, apenas
houvesse sociedade,
houvesse indivíduos (ou
apenas individuos (ou no máximo suas
no méximo fa-
suas fa~
milias). Cada qua!
milias). (Sada silenciosamente em
sofrendo silenciosamente
qual safrendo em seu corpo, em
seu corpo, em
seu cubiculo
seu profissional, em
cubículo profissional, em seu abraçando sua
lar, abragando
seu lar, parcela de
sua parcela de

186
185
mal-estar ee estresse
mal~estar estresse coma
como experiéncias
experiências de de snfrimento
sofrimento privaclas,
privadas,
postas como estritamente de cada
pastas como estritainente dc: cada um. um.
Fisher destaca
Fisher um sintoma
destaca um crucial para
social crucial
sintoma social para as tempos atu-
os tempos atu~
que difere
ais, que
ais, cinismo ou
do cinismo
difere do apatia: aa inzpaténcia
da apatia:
ou cla reflexiva,
impotência reqflexiva,
teria aa estrutura
que teria
que de uma
estrutura de autorrealizável. Na
profecia autorrealizével.
uma profecia impo-
Na imp0~
sabemos que
reflexiva, sabemos
tência reflexiva,
téncia as coisas
que as piorando, e “sabe-
estão piuranclo, e “saw-
coisas estéo
mos” que nfio
mos” que fazer nada
podemos fazer
não poclemos mas esse
respeito, mas
nada aa respeim, não
saber n50
esse saber
mera representaqéo
uma mera
éé uma passiva de
representação passiva uma realidade
de uma objetiva.
realidade objetiva.
Na verdade,
Na verdade, contribui para reforçá-la em uma
ativamente para ref0r<;é—la em uma espi-
contribui ativamente espi-
ral hipersticional
ral produzindo, em
implosiva, pmduzindo,
hipersticional implosiva, em parte, imobilis-
parte, 0o im0bilis~
mo que
mo que reproduz condição. Esta
reproduz aa condiqiao. estetizada em
experiência éé estetizada
Esta experiéncia em
kafkianos, cada
termos kafkianos,
termos um em seu aprisionamento burocrático.
cada um em seu aprisionamento burocrzltico.
A pulverização
A do controle
pulverizaqéxi do gera efeitos
controle gera como se
em como
efeitos em experi-
se expert
menta
manta subjetivamcnte o tempo.
subjetivamente 0 tempo. Fisher elabora uma
Fisher elabora perspectiva
uma perspectiva
acerca dos
crítica acerca
critica dos afetos reflete aa passagem
que reflete
afetos que passagem das sociedades
das sociedades
disciplinares esquadrinhadas por
disciplinares esquadrinhaclas por Foucault para as
Foucault para as sociedades sociedades
de controle de
de controle dc Deleuze, atualizada para
Deleuze, atualizada para dardar conta
coma da evolução
da evolugfio
do
do ciberespaço
ciberespago capitalista
capitalista em
em tempos
tempos de
de Youtube,
Youtube, Playstation
Playstation
ee smartphones. estresse, o0 transtorno
smartphones. OO estresse, transtorno cle déficit dc
de déficit atenção ee
de atensgéo
hiperatividade,
hiperatividade, ansiedade, depressão, entre
ansiedade, depressio, tantas outras
entre tantas tipo-
outras tip0~
normativas de
logias normativas
logias cle manuais
manuals como DSM-Y ou
como 0O DSM~V ou cm ganham
CID XX ganham
um outro tcnsicmamcnto
um outro ao serem concebidas
tensionamento an serem concebidas como sofrimem como sofrimen-
tos
tos anversos “impotência rellexiva”
anversos à:3 “impoténcia experimentado pelos
reflexiva” experimentado su-
pelos su~
capturados nas
jeitos capturados
jeitos nas dinimicas imobilizantes, fre»
hedónicas ee imobilizantes,
dinâmicas hedénicas fre-
néticas
néticas e
e repetitivas,
repetitivas, do
do capitalismo
capitalismo comunicativo
comunicativa pós-fordista.
pésfordista.
A reflexáo
A reflexzio de uma ravcusa
Fisher éé uma
de Fisher proliferagáo de
reduzir aa pr0lifera<;2"\0
recusa aa recluzir so-
de so»
frimento psiquico
frimento corrente aa uma
psíquico carrente coleção ale
uma colesgzio micro-problemas
de micro-problemas
individuais, pane
puramente inclividuais,
puraniente parte da normalidade com
da normalidade com aa qual cada
qual cada
um tem
um que lidar
tem que Deixando de lado a ânsia
si. Deixando cle lads a énsia cliagn6sti~
por si.
lidar por diagnósti-
ca ee de
ta patologização, sugere
de patologizamio, compreender sintomas
sugere compreender enquanto
sintomas enquanm
manifestações de
nmnifestagées de um campo transp-sssoal
um campo abrangente. S510
transpessoal abrangente. São os os
paradoxos
paradoxes e
e imperativos
imperatives do
cln realismo
realismo capitalista
capitalista que
que geram
geram uma
uma
gramática de
gz-aniética impotência social,
de impoténcia atomização indivi¢
correlata £1à atomizagéo
social, correlata indivi-
187
Para atacé-los
dualista. Para
clualista. na rail,
atacá-los na seria necesséxio
raiz, seria confrontar oo
necessário confrontar
neoliberalismo. A
próprio neoliberalismo.
préprio questão crucial
A questéo torna-se entéo
crucial toma-se como
então como
construir uma
aonstruir uma contra-forqa socialmente efetiva,
contra-força socialmente capaz dc
efetiva, capaz pro-
de pro-
instituições que
duzir institxmiqoes
duzir revitalizem o espaço público e politizem
que revitalizem o espaqo piiblico e politizem
questões que
questoes governança neoliberal
que aa governamga invisibiliza ao
neoliberal invisibiliza empurrar
ao empurrar
para oo terreno
para privado, do
do privaclo,
terreno do do puramente pessoal,
puramente pessoal,

Decomposição e
Decomposigéo e recomposigéo
recomposição

A pergunta
A pergunta que levantar com
passa aa levantar
Fisher passa
que Fisher insistência nos
com insisténcia últi-
nos \ilti-
mos cincos
mos anos de sua vida é: por que a esquerda
cincos anos de sua vida é: por que a esquerda 1150 foi capaz náo foi capaz
avançar desde
de avangar
de financeira cle
crise financeira
desde a a crise 2008? De
de 2008? De certo modo, aa
certo modo,
tem oo feito
crise tam
crise de quebrar
feito dc enquanto projeto
encanto: enquanto
quebrar oo encanto: políti-
projeto politi-
co,
co, o
0 neoliberali
neoliberalismosmo tecnocrático
tecnocrético foi
foi de
de fato
fato desacreditad o,
desacreclitado, per-
per-
dendo sua
dendo legitimidade ee seu
sua legitimidade impulso pra frente. Daí
seu impulse pra frente. Dai resultou, resultou,
mais uma
contudo, mais
contudo, crise de
uma crise representação do
de representaqfio do sistcma político
sistema politico
como um
como todo do
um todo sucesso de
um sucesso
que um
do que uma politica
de uma esquerda.
de esquerda.
política de
quê? O
Por qué?
Por capitalista éé parte
realismo capitalista
O realismo resposta: como
da resposta:
parte da essa
como essa
limita nossa
atmosfera limita
atmosfera imaginação, afinal
nossa imaginagéo, mais fécil
“é mais
afinal “é imaginar
fácil imaginar
mundo do
do mundo
fim do
oo fim que oo fim
do que capitalismo”, mic
do capitalismo”,
fim do nada
temos nada
não temos
para pôr no
para por no lugar.
lugar. O
O neoliberali smo
neoliberalismo persiste
persiste por
por inércia
inércia -
~ em
em
pé mesmo morto,
pé mesmo como um
morto, como zumbi.
um zumbi.
Imaginar 0o fim
imaginar fim do capitalismo nem
do capitalismo sempre foi
nem sempre foi tido como
tido como
esforço particulaxmente
um esforgo
um difícil. Até
particularmente dificil. década dc
Até aa década 1970, na
de 1970, na
parecia bastante
verdade, parecia
verdade, para qualquer um
fácil para qualquer um ~ até mesmos
bastante fécil - até mesmos
conservadores temiam
os conservadores
os temiam queque esse caminho fatal
fosse 0o caminho
esse fosse que 0o
fatal que
estava tomando:
mundo estava
mundo quer se
tomando: quer se gostasse disso on
gostasse disso ou nio, ventos
os ventos
não, os
modernidade sopravam
da moclernidade
da no sentido da socialização
sopravam no sentido da socializagéo crescen~ crescen-
Em poucas
te. Em
te. décadas, aa direoio
poucas décadas, inevitável da
direção inevitével da histéria inverte.
história inverts.
argumento cle
O argumento
O que oo que
Fisher éé que
de Fisher aparece do
que aparece ponto de
do ponto vista
de vista
da psicologia
da psicologia individual
individual como
como uma
uma crença
crenqa (na
(na inevitabilid
inevitabilidadeade do
do
capitalismo) on
capitalismo) ou como atitude (dc
uma atitude
como uma resignação derrotista
(de resignaqio derrotista fren- fren-
uma realidade
te aa uma
te resultado dc
implacável) éé 0o resultado
realidade implacével) de uma “decompo-
uma “decompo-

188
sição social”
sicéo social” -- expresséo
expressão da da fragmentacéo
fragmentação da da classe
classe comocomo sujeito
sujeito
político coletivo,
politico coletivo, ee da da desintegracéo
desintegração das das formas
formas do de consciéncia
consciência ce
de solidariedade
dc solidariedade ligadas ligadas Qà participagtéo
participação na na classe.
classe. Fundamental-
Fundamental-
mente, oo proprio
mente, próprio neoliberalismo
neoliberalismo deve deve ser
ser visto
visto comocomo um um projeto
projeto
orientado aa essa
orientado essa finalidade
finalidade poliiica
política especifica:
específica: decompor.
decompor.
Após aa publicacixo
Apos publicação de de Realismo
Realismo capitalista,
capitalista, Fisher
Fisher passa
passa aa for-
for-
necer em
necer em outros
outros escritos
escritos uma uma narrativa
narrativa sabre
sobre oo declinio
declínio do do tioo
tipo
de
de solidariedade,
solidariedade, ee de de segurança
seguranca material,
material, que que caracterizava
caractetizava O0
compacto social-democrata
compacto social-democrata inglés inglês do do pós-guerra. Inspirando-
pos-guerra. Inspirando-
-se
-se nana análise
anélise dos dos pos-operaistas
pós-operaistas italianos,
italianos, argumenta
argumenta que, que, no no
fordismo,
fordismo, foi foi oferecida
oferecida 5à classeclasse trabalhadora
trabalhadora (cuja (cuja figura
figura hege-
hege-
mônica
monica era era 0o operério-massa
operário-massa da da grande
grande indústria)
indfistria) segurança
seguranca
em
em troca
troca dede tédio:
tédio: o0 mesmo
mesmo trabalho maçante na
trabalho macante na mesma
mesma fibri-fábri-
ca ao
ca ao longo
longo de de toda
toda aa vida,
vida, mas mas representados
represcntados por por poderosos
poderosos
sindicatos,
sindicatos, que que negociavam
negociavam os os termos
termos da da conciliação
conciliacéo dc de classe.
classe.
A classe
A classe proprietéria,
proprietária, por por sua sua vez, aceitou aa seguridade
vez, aceitou seguridade social social
como
como um um seguro
seguro contra
contra aa revolução.
revolucéo. AA globalização,
globalizacio, aa liberação
liberacio
dos
dos fluxos
fluxos internacionais
internacionais de de capital,
capital, aa realocagáo
realocacio geogréficageográfica ee
terceirização,
lerceirizacéo, aa reconfiguração
reconfiguracfio produtiva produtiva promovida
prom-ovida pela pela au-au-
tomação
tomacio ee pela pela logística
logistica just-in-time
just-in-time ee aa formacio
formação das das cadeias
cadeias
globais
globais de de valor,
valor, minaram
minaram asas bases materiais dessa
bases materials dessa trégua.
trégua.
A década
A década de de 1980
1980 foi foi oo clerradeiro
derradeiro campocampo de de uma
uma batalha
batalha do do
que
que hoje,
hoje, retrospectivamente,
retrospectivamente, so só podemos
podemos ver ver como
como aa vitoria
vitória
“inevitável” do
“inevitével” neoliberalismo. OO Fisher
do neoliberalismo. Fisher de de 2004, ainda com
2004, ainda com os os
maneirismos
maneirismos do do CCRU,
CCRU, comenta:
comenta: “1984 “1984 foifoi uma
uma zona zona do de gucrra
guerra
de classes
dc classes na na qual
qual aa policia
polícia paramilitar
paramilitar do do Kapital
Kapital multinatio-
multinacio-
nal esmagou os
nal esmagou os restos
restos do operaismo orgimico”.
do operaismo orgánico”. 1984, 1984, timlo
título clada
famosa distopia
famosa distopia corporativa-totalitéria
corporativa-totalitária do de George
George Grwell,
Orwell, foi, foi,
na verdade,
no verdade, oo ano ano dodo assalto
assalto thatcherista
thatcherista contra
contra os os mineiros
mineiros em em
nome da
nome da liberdade
liberdade do de mercado.
mercado. A A grevc
greve dos dos mineiros,
mineiros, repete repete
Fisher uma
Fisher uma ee outra
outra vez,
vez, foifoi uma
uma “poderosa
“poderosa imagem imagem simbolica”
simbólica”
da derrota
da derrota do do operério-massa
operário-massa fordista fordista ee de de suas
suas formas
formas dc de or-
or-

189
Quando aa greve
vzmism Qão. Quamiu
ganizaç terminou em “a própria
1985, ‘Ea
em 1§8§, exis-
,weve
. wrmimm 211': aria exis~
desse rzaivs,
tência ciczsse
téncia sujeito pr<>1@r;;m@,
nós, sujeito estava <rm
coletivo, 6::-amva
proletário suieiim, questão”
em quasiém".
Em mais
Em de urn
mais dc: Fisher aim
artigo Fisher
um artign uíma passage m
cita mna passagenl dc Antonia de Antonio
retirada éa
Negri, reiiracia do iivm multitude. Semi
Arte 8e r2~“:z»:Z!ii;mi<:».
livro Arw dal dicem-
leitere via? »:Zz'cerz?~
Seite leitefe
multidão: sate
Arte ee muhickwz cartas de
sete carma; de 11988),
dezembro dc
de éezembrn que
{me 1988 §| Arte
bre 1988 98$} , que
reúne cartas
$3, H fix (B aartas rsscritas na França. Nela Negri descrev e
exílio, ma Frmnga. Neda Negri <iz:>;crevc*
do miiio,
escritas dz:
dolorosa dais
transição dui<fmt>sa
21a transicgzéw das esp¢ra§1¢;as revolucionárias da
esperanças rev<>h1c;i0nér'ias década
da década
para 0 declínio do
o d¢2*<:}ini0 operário ee 0
movimento up<:r2":ri<>
do m<>vim<:m<> avanço 11¢»
o avanzgo ne-
de 1970
{fie 1970 para
“Temos que
oliberal: “"i‘e1n0s
<i:Ԥiberai: viver essa
que viwzr morta, essm
realidade maria,
essa 1~eai%dade transição
essa transiegzm
louca, dc:
lomzzz, modo em
mesmo m<.>d<>
do mssmo que xrivizznms
em que: s na prisão,
viviamo rm prififia, cums umz: como uma
estranha eae iéxtoz
maneira ¢2stran§m
manaéra de reafi.mm1'
feroz dis |...) Pmnus
vida. LN}
reafirmar 2.a viciia. cons-
Fomos <:9ns—
alucina ções românti cas sombria
sofrer alucixxzagfies snmianticmz s<m1brias. ?\E?n:>
trangidos 1&1a ssgvfrer
iraxxgiziws s. havia
Não havia
mais aiwrxuativa.
mais Temos que
alternativa. Tamas e sofrer a derrota da verdade
viver e scafrsr a <34-zrmuz da verdzazle,
que viver ,
da nmsa
da Temos que
verdade. Tenlos
nossa verciade. destruir sua
que drrstruir represe ntação,
sua representaqaio, sua
sua
sua memória , seu traço. Todos
continuidade, sua men161'ia, seu trac;0. Todos ns subterf1J1gi0s
contiénuiciade. os subterf ugios
reconhecimento de
evitar 0o reconhacimentn que aa realidade
de que mudou av,
realidade mudcou com
e, cum
para evitar
para
devem ser
verdade, davem
ela, exa vcrdade.
ela, rejeitados. C.)
ser rejeiladus. sangue
próprio saxnguc em nns~
O préprin em nos-
sas veias
sas substituído”
foi substituido”.
veias foi
28¢: décadas de
nas décadas 1970 houve
1960 ee 1970
de 1960 periodo dv
um periodu
houve um aber-
de aber-
Se max
desnaturalização dry expressa ma
capitalismo ~- exprezssa
do capiiaiismo pro-
na paw
para -aas <;ies?:a*:m*a§izagz§0
tura para
tura
liferacáo dfi
1ife1"a§é{> de filffllilfi coletivas dz:
formas atzaietivas consciência, was
de €I()i1i»‘C§é£1Ci2i, nas grcws gerais
greves gsraia
massas on
de massas
dc: selvagen
ou seivagarns, s, nos novos movime ntos sociais ~»— 1:O
nos nevus {}1(Wii“£‘&€I‘§i{3S snciais
neoliberalismo pueie
xzezcaiiiverzaiisinn pode sr-2r uma resposta ,
como uma z*<;>:sp<:s£a. um
visto cm"s1c>
ser vista contra-
um czmtaw
essas ameagas
-ataque, 11a essas
-mzm;u<a, bastante rrraés.
ameaças b€%$t2mi€ a contra-
encara a csmraw
isher encara
reais. ¥~‘ish<:r
neoliberal seguizxniu
ofensiva neuiibearai
cafezzxsivza análise de
seguindo aa amiiise David Harvey;
de David como
Harvey, <:<.m10
estratégia de
uma eatratégia
uzna como um
poder, <:0nm
de peder, projeto iii?
um psazjem de cizasse; es-
mais es“
classe; mais
pecificamente, de
;>ecifi<;:xn1e:1tzx reafirmação do
de r~::~afirmzu;é<;z poder 13¢
do gmder de classe. Um projeto
Um §>r¢.>j:2£0
político
paaiitia:-1: cuja
cuja finalida de
%i:mii»;;iade orienta dora
iaricntadara é
é à
1. 1 decomp osição
de<:Qn1p<:<5igzi@ da soli-
da as$§i~
desintegração dz:
dariedade 2e 21a darsimegrwgixa
siafledadvz capacidade (fie
da cazpaciaiade ação mictiva
de amén das
coletiva das
subalternas.
classes subaiterrias.
estratégico Fm
objetivo esiraiégiw com um
perseguido :;m=n
foi pmseguido método dc
um :nét<><§»<;> de
Esse ubjeztivu
.i*lsm:
“cenoura 2e p0rx‘ct¢:".
“cen<,:-ma Parte :34)
porrete” Yarie processo ¢r:1v<>§v<:u
do pm¢::*s;s<:» perseguição
envolveu aa parsegaiegéw
lideranças, 1:o acnaszz
de iiaieram;;z1:;,
dz: sobre as organiz ações socialis-
policial sabre as <>1"g;mi:/.a@;{><e:s sm:iaiis»~
acosso gzohcizai
150
esmagamento fins;
o esmagzuminm
tas, Q
tas, sindicatos pm
dos sin¢3ia;"ai<::s da furaga
meio da
por nwica Estado,
do §ista<i0.
força da
Como nota
Como nota ¥"i:~;he2r, nada mais
Fisher, 11ada desse czlrétes"
simbólico dezsse
mais aimb€fii¢:0 sangrento
caráter :~§zmg,{¢3§:€(}
ee autaritéria neoliberali
do ne0§ibem1is:n<a
autoritário <10 smo do que o golpe militar
aim que 0 goipe: miiitaf dc: de AwAu-
Pinochet (com
gusto Pinochet
gusto (com snag; desapareci mentos,
torturas, ci@>sag>arcci112s:1t¢;s.
suas wsturas, campos
&3&t'§":p{>$
prisioneiros giaiiticas}
de prisi<)neir0s
ale derruba um
que dazrmba
políticos) que um gowrzm socialista
governo sa>ciaiis;m
democrático :10
dernocréticn no Chile, O gulps
Chile. (1) interrompe um
neoliberal in%ermmp+e
golpe neeiibemi um pm»pro-
cesso efervescente
Qesso da aut0~0rgar1izz1§fm
efervescente cia popular para
auto-organização pnpuiar abrir ca-
para aivrir
minho 21a um
minha regime abermmeme
um regime pró-negócios. 'Iha1;ch<m
abertamente pm’:-neg<?>ci0s. que
Thatcher, qzze
admirou ee apoieu
sempre aémirou
sempre Pinochet, 11510
apoiou Pinoxzhct. poderia cupiar
não puderia todo
copiar tods
modus op:"m'1;1rJi‘
seu modus
seu mas mobilizou também o peso
operandi, mas nmbiiizou tamhém 0 peso dc poder do poder
coercitivo do fistadrs
coercitivo do para quebrar
Estado para vertebral dos
coluna vertebral
quebrar aa coiuna sindi-
dos sindi~
catos, impor fim
cams, impor golpear por
greves ee g;(>lpe'ar
fim aa graves os meiuxs
todos 0:;
por todms “ini-
meios 0o “ini-
migo interno”
migo interno” (como
(como se
se referia
referia ao
an sindicalism
sindicaiismoo combativo
combative em
(ma
tempos de guerra
tempos de das Nialvinzxs).
guerra das Malvinas).
outro lado
OO outro lado da estratégia de
da cstratégia decomposição foi
de ciecmrxpmaiqimxx sedução
foi aa sechzqfiu
hbidinai pelo
hbidinal pain individualismo “reprogramacáo
consumista: :1a "1"epr0gx'ama¢;:i0
individualismo cunsumism:
neurolinguística” do
m-\.1mlinguistica” do neoliberali smo, que atrai os trabalhadores
neoiiheralisnm, que atrai as trabalhadores
verem como
nfm sesc verem
aa não membros de
como nxembros de uma mas mrno
classe, mas
uma dasse, indivi-
como indivi-
duos autônomos
duos auténonms cxajos potenciais de
cujos potenciais realização s2"\o
de rea1Li2a<;:i0 bloqueados
são bloqueadus
por uma elite política
pm uma elite pcalitica burocrática
hurocrética no
no controle
cnntmic de
de estruturas
estruturas ver-
ver-
ticais esclerosadas -- tome
ticais estlernsacias como 0:;os parlidns, os sindicams
partidos, 0:; próprio
sindicatos ee 0o prfivprio
governo. Essa
gm-'6n1i3. neoliberalismo “hernico",
Esse neoliberaliszmy populista, :10
“heroico”, pa_>pu!ista, mesmo
ao mesmc)
tempo
iempn que
que se
sc utiliza
utiiiza do
do poder
puder do
do Estado
Estado de
dc modo
Inodo autoritário
autoriuiriu
destruir fors"na.s
para dcstruir
para institucionais fie
formas institucionais ação mietiva
de agin reafirmar aa
coletiva cse reafirxnar
disciplina do
disscipiina do capitai, mobiliza 2e busca
capital, m0bi§i'2:a os desejos
capturar as
busca captxxraz‘ autén-
desejos autén»
ticos dus
mus trabalhadores par
dos trabzxlhadoms liberdade, aumnomia.
por liberdade, flexibilidade
autonomia, fle:~:,ib§§idade
experimentação para
Ce ex1perim,enta<;€10 para utilizé-105 como armas
utilizá-los came fim fie
armas aà fun catalisar
de czztaliszzr
processo de
o pmcesso
4: decomposição de
de decnynwzasigian classe. A
de classes. recusa do trabalhador
A recuzsa do trabaihador
tédio da
aa tédiu
an fábrica fardism
da fébrica centralizadas dara
hierarquias cezltrzaliziazfiai;
fordista :2e às hierarquiass das
organizaçõe s
<>rgm'1iza<;6es que
que floresceram
Yizxmscerann sob
ml} o
0 fordismo
forciismu é
é metaboliza da
rm*taboii:?.ada 6e
contra as
redirecionada contra
n*di,reci<)nada organizaçõe de s
as urgani;iz1<;<3es: de classe, cm até csmtra aa
ou até contra
de ciasse
política de
gniitica geral. 0
em gem}.
classe em garantiu sua
capitalista garantiu
realismo capitaiiata
O rszxiisrmta sua

191
1 91
hegemonia, diz
heg<::m0nia, diz Fisher, ao drssativax
Fisher, an pessoas azcmm
as pessoas
desativar as “agentes
como “agentes
políticos” ee reinterpelá
p01itic<1s" -las como
reinterpeié~las empreendedores”
“indivíduos empr<:endedores”.
como “indiviciuus
O que
C) que Fisher chamar aa atenqiio
quer éé ahamar
Fisher quer fato de
para 0O fate
atenção para que aa
de que
passagem dc»
passagern fordismo ae
do fordismo pós-fordi smo
ao pés~fordisnm não foi imposta apenas
min foi imposta apenass
capital, mas
pelo capitai,
palm também pew
impulsionada também
mas impuisicmada desejo cins
pelo desejo traba-
dos traba~
lhadores -- desejas
Hlétdifibrfis que aa esquerda
desejos que tradicional néo
esquerda tradisional conseguiu
não cvnsezguiu
sintetizar em
sixmrtizar em um novo projeto emancipató rio. Ao cavalgar
um nave projem exnancipatériu. A0 cavalgar asses esses
desejos ee absorvé-ios
dezscjos para sens
absorvê-los para próprios fins,
seus p1'é:pri0s neoliberalismo
fins, 0O necxliberaiismo
a
colocou 0o sociaiismc;
<:0}o<.:0u apegado ao
tradicional, apegada
socialismo tradicisnal, ao znodelo fordis-
modelo tbrdis~
em situaa;éc_>
ta, em
ta, empurrando-o para
defensiva, empurranda-0
situação defzrnsiva, para uma posição
uma posigiso
objetivamente coxasazvadsra.
obystivamente Thatcher foi bem
conservadora. Watcher fui berm smzedida em sucedida em
1
v
S caracterizar social-democrata dz:
projeto s0ciai-de1m:»<:rata
caracterizar 0o prejem do pés-guerra como
pós-guerra cama
ultrapassa do,
ultraysassada, obsoleto,
ubsoieta, burocrátic
bumcrético,o, vertical,
ve1'ti<;z>.L aglutinand
aghxtinalxcio assim
o as:-;i;m
ordem em
uma ordem vias dc»:
em vias desfa-
se desfw
de se
‘1
I
descontentamento contra
0o descontemamento contra uma
Seu trunfo
zer. Seu
zer. apresentar-se com
foi apresentanse
trunfo foi um vigor
com um modernizante,
vigor modernizante,
como uma
como porta-voz dc
uma p0rta~v0z um future
de um iria entregar
que iria
futuro que liberdade
entregar liberdade
propriedade) ans individuos. liberzmdo-os das reslriqbes ee
te propriedade)
(e aos indivíduos , iberando- os das restrições

regulações de
regula<;6es um Estadu
de um distante, Ietérgico,
Estado distame, aborrecido.
letárgico, abmweczidc.
i
w H23, uma enufme
óbvio, uma
Há, ébvicm, entre 0o que
discrepância entre
enorme disazfépéncia trabalha-
os trabalha»
que 03
desejavam ee O
dores désejavam
doves de fate
que de
o que receberam. N0
fato recebemnm. No final contas,
das Qantas,
final das
3 não era
néa era cilada.
amor W- era
era aunor O neoliberal ismo promete
cilada. O neoliberalisnw pmznete desbum» desburo-
mas £1530
cratização, mas
cratizaqixcx, pode entnzgéwi.
não pads Ao csnmiric.
entregá-a. A0 expande <2o
contrário, expands
»
Q tempo ds
tempo de trabalho, tende aa absorvez"
que wade
trabalho, (gm: todo 0
absorver mde o temp<;> vida, <2€
de viéa,
tempo dz?
autopromoção ee auma»
de autnpramogém autoa-
»
2
z f enreda em
nos enreda
nos um censmnte
em um esforço dz:
constante <=:sfQr<;<.>
»x i
»
vaiiacgim, que nunca
valiacáo, que tem h0ra
nunca {em acabar.
pra acabar.
hora pm Na tentativa vá de fazer
tentativa vé ck: fazer
? tudo funczionar
nada “como uma
funcionar “cioxno serviços pai-
incluindo serviws
empresa” ~~- incluimio
uma mnpresa“ pú-
i1.
blicos e até
biicas e até pessoas
pessaas -
- novas
mm-as formas
fnrnaax de
de burocracia
hurmzraciass estatais
estatais e
e pri-
pri~
ganham vida,
vadas ganhanl
mdas dos labirinms
vida, fins do teieniarketing
labirintos do avalanche
telemarketing 214 avalanche
controles, métrirzas
de ccammies,
de sistemas de
métricas ee sistexnas pontuação. A
de ponmageiu. eterna corrida
A eterna cmrrida
i
§~
gvekw desenvolvimento da
pelo c%¢:ss:nv<:>lvin1&ni.{> de nnsso humano” nos
“capital hu,mz1m'>"
nosso “capital empurra
nos enxpurm
1;
trabalhar dis
aa trabaihar graça, aa perdar
de granga, diferença <‘entre
vista aa diferenga
de vista
perder de tempo
31”1it"€3.‘ tempe
tempo de
livre ee tempo
livr-2: Se essa
trabalho. Se
de trabalho. de trabaihu
vida dc:
essa véda exaustiva ee
trabalho éé exaustiva
náo hé
arriscada, néc>
arriscaaia, para redamar.
ninguém para
há ninguém vocé exté
Se vucé
reclamar. Se esgotado
está esgntzzdo
i
192
182

&*- .¢»w-_;m»~w»,.-@»W.
ou as
nu ao pxmm
ponto de de caiapso
colapso rzervosaw,
nervoso, isso
isso éé umum pmbiema
problema entre entre vocé
vocé
ee sua sua quirnica
química cerebral.
cerebral, CamCom aa disscaluqéxo
dissolução das das conexées
conexões sociaissociais
ee comunitérias,
comunitárias, aa de<:omp0si<;é.0
decomposição da da eozasciéncia
consciência de de classe
classe ee das
das
organizações de
organ.iza1;i>es de ciasses,
classes, estanacm
estamos cada
cada um um pmpor si.
si.
Não
Nile; sese tram
trata dede efeitos
efeitos aeidentais,
acidentais, se ser lembrarmos
lembrarmos que que o0 obje-
abje-
tivo
tive do do neoliberalismo
neoiiberalismu era era desde
desde o0 princípio
principio aa reafirmação
r-2afirma§;é0 do do
poder de
poder de ciasse.
classe. N510
Não sese iratou
tratou de
de liberar
liberar 0o mercado
mercado dz) do Estado,
Estado,
mas de
mas de subordinar
subordinar o0 EstadoEstado aoan capital.
capital. OC) mitomim fundador
fundadar do ck)
neoliberalismo
neuliberalismo éé aa contraposição
contrapusigim entre ezntre livre
livre mercado
mercado ee Estado.Estado.
Na realidade, 0o neoliberaliszno
Na realidade, neoliberalismo eats’:
está muito
muito maismais inieressadn
interessado em em
mobilizar
mobilizar 0o mite mito dosdos rnercadus
mercados para para decompor
decompor as as classers
classes do do
que no
que mercado, ou
no mercado, ou nas
nas iiberdades.
liberdades. A A énfase
ênfase no no individuals»
individualis-
mo, na
mo, na competição,
competi¢;€\0, na na mercadorizaqéo
mercadorização da da vida
vida séio,
são, nana verdade,
verdade,
armas, meios para um fim, a saber, a destruição
armas, mains para um fim, a saber, a destruiqéo da s0lidarie~ da solidarie-
dade social. Os
dade social. Os ideólogos neoliberais mais
ideélogos neoliberais mais vulgares
vulgares podem podem até até
acreditar que
acrcditar que osos seres
seres humanos
humanos são, “por esséncia”,
séo, “por essência”, naturalmen»
naturalmen-
tete competitivos.
competitivos. JáIé o0 neoliberalismo realmente existenle
neoliberalismo realmente existente nuncanunca
confiou
umflou nas pessoas, ee se
nas pessoas, se ciediccsu
dedicou na na prética
prática £1à "engenharia
“engenharia ath- afe-
tiva” para
tiva” para disseminar
disseminar competitividade, desenhando instituiqées
con1;>etitivida<;1e, desenhando instituições
que forcem
que furcem aa competição
c:oxnpet_i<;€m emem todas
todas as esferas
esferas da da vida
vida social.
social, A A
“atomização generalizada” éé um
"at0miza4;z":o gezleralizada” um projeto.
projeto. D0Do mesxnm
mesmo mode,modo, aa
produção
prudugixo dede ansiedade
ansiedade por
por main
meio de
de ¥11fl‘C21fliSITl()
mecanismo administrati-
administrati-
vos
vos éé funciianal
funcional à estratégia
estratégia de
de subordinaafiao
subordinação dc:
de ciasse.
classe.
No entzmto,
N0 entanto, Hagar
traçar uma
uma rezlaqim
relação linear
linear de
de causa
causa ee eféiw
efeito emu:
entre
0o “espir%t0
“espírito de
de 68"
68” ~- as
os impulses
impulsos antiaumritéxrias
antiautoritarias ee amibumcrizti»
antiburocrati-
cos liberadms
ms liberados pelos
pelos grsmcies
grandes mnvinientnfi
movimentos dc de massas
massas que que exxztagw
antago-
nizaram 0o mudeio
nizaram modelo do do mpitalismo
capitalismo fardista
fordista ~~— <2e 0o neoliberaiismo
neoliberalismo
seria conceder
wria conceder demais
demais an ao inirnigo.
inimigo. N510
Não havia
havia nada nada nana histéria
história
que obrigasse
que obrigasse aa eases
esse desfechc».
desfecho. Articuiaz
Articular iais
tais aiesejes
desejos em em cadeia
cadeia
com uma
com uma pmgrama
programa ec:z;:m">mic0
econômico pr<'>~capitai
pró-capital foifoi um um feito
feito pniii;i-
políti-
co, vitéria
co, vitória conquistada
conquistada porpor Luna
uma direim
direita m*<)1ib£:ra1que
neoliberal que tr2msf0r~
transfor-
mou 0o campw
mm: campo conaervador,
conservador, 2e em
em svsrguida
seguida redezfiniu
redefiniu aa prépria
própria
localização estrutmral
k1caiiza<;fm estrutural d0
do centrok
centro. Scabrerzudo,
Sobretudo, fni
foi :1a mnsequéncia
consequência
193
esquerda em
da esqxzcrda absorver ee hegenmnizar
em aiivsorver dese-
esses dese-
hegemonizar esses
fracasso da
do fracasso
rio
jos pear
jos transformação.
por transfcarxnagéo.
Stuart Hall
remete 21a Stuart análises cie
suas 2“mz'1}i§-es
Hall ee sum; conjuntura
de coxxjuntum
Fisher se remete
Fishex"
emergência dam
da emergéncia , record ando as
thatcherismo Y(3Ci‘)I‘(§iifld{>
do thzmihefisnm, os
momento Lia
no msizmc-znm
no
grupo New
pelo grupo Times ma
New ’f"imes Marxi
revista Marxism
na revieam sm
promovidos psrlu
debates ;">rm"n0\'id9s
debates
durante as 1980. Para Hall, a obsole
anos 193$. Pam Mai}, a nbsoiesciézlcia
os arms: scênci da es-
a da
Today éumme
’IEn;iay raw
decorrência dc: apego a um fordis mo
seu apszga a um fbrciisnw em dt"
de sex: em de-
querda {bi
quenia uma ci<~:<:0rr€?n<;"ia
foi zzma
deveria ser,
pergunta devezréa então: came:
ser, entémx: pode-
esquerda pude-
como aà csquerda
cadência, A
caeiéaiaiei, À pergunm
produzir sua
ria prc>du;zir
ria própria versim
sua prépria pós-fordismo? Para
do p<3s~fi>réisn*10?
versão do Fisher,
Para Fisher,
que aa :2s;qm::"¢§a
pergunta que náo {mi
esquerda niica capaz tie
foi capaz responder,
de reaponder.
foi 3a psrguma
essa fai
@5521
que 0o §\i0vn
em que Trabalhismo terxta
Novo ‘frabalhisrsm endere çá-la, à
tenta en<d<:re:r;é~ia,
Na medida em
Na ma-:dida 21
encont ra é “não é possív el uma esquer da pós-lo r-
resposta que
resposta que ezncontra 6: “aim é p(?1$siw:§ uma esquercia pés»f0r~
máximo aa queque se pcwde aspirar éé mna
pode aspirar mitigada
versão mitigada
uma versiao
dista”: 0o mziximo
diam”:
neoliberal, A ilusão dc»
A iiusiio blairi smo,
do blairimwo, nota Fisher, foi se
do arranjo neoiiberral,
do arranju nma Fisher, foi se
superação das
como aa superaqixo derrotas dos
das derrotas anos 1980,
dos anus quan-
1980, quan-
imaginar como
imaginar
passou de
não passou
verdade néo de ser consequência final
ser aa consequéncia dessas
final dcsraas
do nu
do na verdade
mesmas dermtas
mesmas normalização pcfiwraumzitica da a'catás-
“a n01“nm1iza¢fac>
derrotas -- “a pós-tr aumáti ca da .arz'1s~
buindo para destru ir o que restava da base.
própria base.
trofe”,
trofe“, contri
contribuindo para destruir 0 que restava da prépria
partir file
A partir
A começa aa vez
Pisher c01w::<;:a
2010, §*i:;h21'
de 201$, sinais de
ver sinais “descon-
um “d»es<:cm~
de um
generalizado” cum realismo capitalista.
com o 0 raaiisnzcv como se
capitalista. É comer
tentamento generaiizad0”
tmtamento 5»?
:22w 4'?» retirado
tivesse
2008 rive
de 2008 irado do
130 neolib eralis
neiwliberaiisnw seu
mo sen
financeira de
crise fmanceira
aa <:risv:: we($1M

impulso. O O ¢:*m$1‘: econômico e€ as


crash arcanémicczs políticas de
as gwcrliticas austeri-
de austeri~
frenético ixrzpulsas.
frenética
impopulares que
profundamente impop:.z1ar<:s que see serviram
seguiram, serviram
se zmguiraxwa,
dade wofundamexmr
dade
neolib eral.
narrativa nz2o¥ibe:‘ai. A implic ação, contu-
para desacreditar aa mrrativa
para ciesacreciitzar A impiicagzio, caxntw
neoliberalismo esmria
que 0o nc2§:iiii>eraiis1"mj>
não é‘é que desaparecer
fadado aa ciesapanscer
estaria fadado
do, 21239
dc},
contrário: ac:
ao =t0ntreirin: longo dais
ao inngcw décadas
últimas dézradas
das zT1Itima$
espontaneamente, an
erspnntaxwanzerwz,
incrustou-se ccmw parâmetro dgfauit
como parzilmetm que
default que
institucionalizou, imtrustowse
se ix'mimci01mii'mu,
se
por inéntia,
que pm" funcioname
inércia, cao fun=:i(mamentc>nto dos govern os,
guia, mesmo que
guia, rmzsrrm aims guverrms,
das instit uições multil aterai s globais , assim como
assim came;
empresas, das il}$iifLliQ§§€‘S nxuitiiatezrais giobaizq,
das eempresas,
da:-:
expectativas '8e hébiiws
as expcazmtivas
as das paseanas
hábitos das comuns. O
pessoas comuns. neoliberalismo
O zxeniibfiraiismaa
tornou
porque t<m'mu~se
legitimidade pxvrque -se O come as
modo mama: as
1 não preatisa
aim
coisas opemm
misas
de iegitirnidadfi
precisa dc
normalmente e,
operam nornmlznernte portanto, mesmo
e, pnrtanm,
0 made
morto
mesmo mamzw pods? pode
nossas vidas. Por isso zumbi: em
um zmnbi: de-
em de»
dominando nussas viazlas. Per isw um
continuar dnminancio
czmtimxas‘

194
184
composiç ão, apc;>¢ire:<;end1>
cempesiqécn, alhos vistas,
apodrecendo aa uihua desprovido fie
vistos, <iespn;'>\sid0 vita-
de vita~
mas ainda
lidade, mas
Iidad-2, assim em
ainda assim em pé. mirar ma
preciso mirar
pé. EÉ preeiso cabeça. Q
na aizziwcqa. O
argumenta fishes;
neoliberalismo, argunxenm
neoiiberalismca, não cairé
Fisher, nice» si 5&3:
por si
cairá par precisa
só: precisa
desmantelado por
ser desmante};zda
ser um agexm:
por um À questão
alternativo. A qucst&<>
político ;aiter:1at§v»;s.
agente p0§iti<:£1
é: onde
é: está ewe
onde estéz agente?
esse agents?
identifica que
Fisher identifica
Fishey conforme aa susgunda
que confnrme década ck;
segunda década milênio
do milénin
avança, émerge
avan»;a, uma “efc1"v<~:scén<:ia
emerge uma de atividade
“efervescência dz‘ oposicional”:
atividade 0p0$ici<>na}“:
protestos massivas,
pmtestos confrontos com
ocupacóes, confinmos
massivos, ocupa§c'>es, com aa p0Ei¢;ia, tu-
polícia, ia-

multos de
muitos rua, saquers.
de ma, Cada vez mais fica evidente que “não
saques. Cada vez mais fica evidentrs que “rxén hé há
para 0o mundo
retorno para
retorno registra em uma postagem
pré-2008”, regisira em uma postagem de
mundo pré-2008", de
1015. EÉ agora
2015. centro-esquerda que
aquela centrmesqzzeraia
agora aquela que adotuu realismo
adotou 0o realismo
capitalist
capitalistaa que
que parece perdida. O
obsoleta ee perdida.
parece obsolete: centro politics
O ccntro está
político esié
confuso, atordoado
confuso, atordoadu, ideias, vendo seu “sistema
novas ideias, vendo seu “sistema de
sem novas
, ee sem de
realidade“ desintegra
realidade” desintegrar. Algo no
r. Algo no jogo do “fim
Saímos d0 “firm da
mudou. Saimos
jogo mudou. da
histbria” para
história” entrar em
para cntrar em “terra Para I*'isI1.er,
incognita”. Para
“terra incogmm". crise
Fisher, aa crise
generalizada de
genemlizada dc confiança no sistema político significa
confianga no sistema politicn significa que aw: que se
desfaz, enfim,
desfaz. c<mfbr1<> previsível
enfim, o0 conforto previsiv¢31 do eterno presente:
do eterno presente: a partira partir
agora, ou
dc agora,
de ou afundamo
afundamos s emem uma niiliberal” (um
“distopia ni.i1ibera\l"
uma “dizstopia (um jugojogo
palavms com
de palavras
dc com niilista, neoliberal) on
iliberal e nenliberal)
nii1ista,ilibcm1e terá que
ou teré emer-
que emer~
gir um novo
gir um socialismo popular.
novo sociaiisxno popular.
Iim um
Em post de
um post 2006, que
de 2.006, cruciais do
temáticas vruciais
antecipa teméticas
que antecipa do
capitalista, Fisher
Realismo mpimlism,
Reulismo já sae
Fisher jé “Existe uma
perguntava: “Exists
se perguntava: ma-
uma ma»
neira desafiar um
de desafiar
ncira de a proliferação lenta, implacáve
reverter a proliflzraqiis lema, in1pla<:é1w:¥
ou reverter l ife
burocracia?” Sue.
da imrocracia?"
voraz da
voraz Sua resp0:sta é tateante, incerta,
época é tatcazne, inzerta,
resposta á época
ponto dc
pessimista :1a puma
pessilnism quase drzsespemda:
de quase por mm.
“Só por
desesperada: “S6 ação
uma i}Q€1Q
que agora
coletiva que
coletiva inconcebível... Sc‘;
parece incuncehivei...
agora parece: por uma
Só per mudança
uma nmdamga
ideológico... S0
clima iden1c’>gic0..‘
no clima
no por uma
S6 por mudança no clima cultural...
uma 1'm1d:1n<;a no dime» cuimrai...
onde <;0n1¢:<;a1'?”
Por ands
Par ensatando sen
Fisher ensaiands
começar?” 131É Fisher diagnóstico dc
seu diagnéstico que
de que
consolidação G0
Aa cuasnkidaqzira do “r<':a!is1n0 capitalista” foi
“realismo capimiista“ resultado de
foi resmltado de umum
“fracasso da
“frzuzasso da aqiua e da vitória de um
coletiva” 1%: da vitiwria <11: um pmjew
política caletéxnfi
ação poiitica proje-
ressubordinação dc
de ressuburdinagfao
to de
m de dasae baseado rm
classe basead<:~ “decomposição da
na “dec0mp<>sigéi<> da
coletividade” Em
miciividade". 2015, um
Em @013, um Fiiéhrfil" confiante vé
mais camfiame
muito rnaizs
Fisher lmzim vê aa

dessa ;x<;é<‘>
construção dcssa
zmxst1'u§€m coletiva não apenas como
ação <;n1<*tiva nim apenas cams: <:om:eb§v:%Lconcebíve l,
185
1.95
mas como jé
mas como marcha: 0o realismo
em marcha:
já em não éé capaz
capitalista aim
realismo capitaiista de
capaz de
sobreviver
sobreviver quando começam a florescer”. Com 0o
“alternativas comeqarn
quando “alternativas a florescer”. Com
do fim dc:
fim do
fim história abre-se
da histéria possibilidade dc
abre-se aa possibilidade reinventar 0o
de reinventar
“cabe aa nés
futuro: “cabe
future: este futum,
construir este
nós construir que ~- em
ainda que
futuro, ainda outro
em outro
nivel ele jei
nível ~—- eie construind
nos construindoz
esteja nos
já esteja o: um novo tipo de
um novo tipo de agents agente
uma nova
coletivo, uma
coletivo, possibilidade de
nova possibiiidade na primeira
falar na
de falar pessoa
primeira pessoa
plural”. Uma
do piuml”.
do espiral hipersticional,
Uma espiral aumento dc
onde 0o aumento
hipersticional, onde nos-
de n0s~
potência em
sa poténcia
sa retroage reforçando nossa
comum retroage reforgando nossa automa-
em comum autocon-
fian<;a vice-versa.
coletiva, ee vice-versa.
fiança coletiva,

Aceleracionismos
Aceteracionismus
“orientação no
A “orientacgio
A futuro” éé uma
ao future" marcante da
característica marcante
uma caracteristica po-
da p0»
Fisher ee éé 0
de Fisher
lítica de
litica que 0
o que diretamente com
conecta diretamente
o conecta com as discus-
as discus-
sobre 0o que
sóes sobre
sées se convencio nou chamar de “aceleraci
que se convencionou chamar de “aceleracionismo”, onismo’,
remetem ao
raizes remetem
cujas raizes
cujas CCRU e,
ao ccnu especial, aos
em especial,
e, em trabalhos dc
aos trabalhos de
Land. O
Nick Land.
Nick cunhado por
termo, cunhado
O termo, Benjamin Noys
por Benjamin Noys emem The per-
The per-
sistence
sistence of
of the
the negative
negative [A
[A persistênc
persisténcia ia do
do negativo],
negative], de
dc 2010,
2010,
originou-se de
originowse de uma ao tom celebratór io às
crítica an tom celebratério As tendéncias
uma critica tendência s
desterritorializantes do
desterritorializantas capitalismo. Mas
do capitalismo. logo
termo logo encou-
Mas 0o termo encon-
trará
traré seus
sens adeptos,
adeptos, para
para os
os quais
quais o
0 aceleraci onismo fala
aceleracionismo fala aosaos
desejos de
desejos de dobrar aposta nas tendência s “abstratas,
dobrar aa aposta nas tendéncias “abstratas, desenrai~ desenrai-
zadoras, alienantes,
zadoras, decodificadoras” da
alienantes, decodificadoras” modernidade (c0m0
da modernidade (como
formulam Robin
formuiam Robin Mackay Robin ee Arman
Mackay Rabin Avanessian na
Armen Avanessian intro-
na intr0~
dugéo £Accelerate, de
de #Acce2Iemte,
dução dB 2014).
de 2014).
Uma das
Uma principais inspiragées
das principais originais dc»
inspirações originais aceleracionismo
do aceleracionismo
encontra-se em
encontrzvse em uma passagem de
uma passagem de Deleuze em C)
Guattari em
Deleuze ee Guattari an-
O an»
na qual
ti-Édipo na
ti-Fidipo perguntam sobre
se perguntam
qual se seria aa verdadeira
qual seria
sobre qua! “via
verdadeira “via
Seria retiranse
revolucionária” Seria
revnlucirméria”. do mercado mundial, como
retirar-se do mercado rnundial, como S21» Sa-
aconselhava ans
Amin aconselhava
mir Amin
mir países dos
aos paises Ou
Mundo? Ou tal-
Terceiro Mundo?
dos Terceim tal-
ir no
vez ir
vez contrário: “ir
sentido comrériox
no santido longe no
mais longs
ainda mais
“ir ainda movimen-
no movimen~
to d0
to mercado, dz:
do mercado, descodificação ee da
da dc:sc0difica:;50 desterritorializagáo”?
da desterritorializa<;:§o”?
Deleuze ee Guattari
Deleuze parecem inclinados
Guattari parecem segunda upqéoz
inclinados isà segunda “não
opção: "néo

196
retirar-se
retirar-se do do processo,
processo, mas mas itir mais
mais longe,
longe, ‘acelerar
'acelerar o o processol
processo;
como dizia
como dizia Nietzsche”.
Nietzsche” Essa Essa conclusaio,
conclusão, na na verdade,
verdade, nio não osté
está
muito distante do próprio Marx, que em seu Discurso sobre 0o
muito distante do proprio Marx, que em sen Discurso sabre
livre comércia
Zivre comércio do de 1848
1848 afirma:
afirma: “em “em gem},
geral, o o sistema
sistema do de proteoiio
proteção
de nossos
do nessos dias dias éé conservador,
conservador, enquanto
enquanto oo sistemasistema de dc livre
livre co-:20~
mércio
mércio éé destrutivo.
destrutivo. RompeRompe velhasvelhas nacionalidades
nacionalidades ee leva lava ao
ao ex-ex-
tremo
tremo o0 antagonismo
antagonismo do do proletariado
proletariado ee da do burguesia.
burguesia. Em Em umauma
palavra,
palavra, oo sistema
sistema de de livre
livre comércio
comércio acelera
acelera aa revolução
revoluqéo social”.
so-:iai’§
OO Manifesto
Manifesto comunista
comzmista desenha
desenha nitidamente
nitidamente como comoa a socieda-
socied:-\~
de burguesa articula um circuito de retroalimentação positiva: oo
de burguesa articula um circuito de retroalimentagéo positiva:
nascimento
nascimento da do grande
grande indústria,
indilstria, argumenta
argumenta Marx, Marx, cria
cria Oo mer-
mer-
cado
cado mundial,
mundial, que que acelera
acelera enormemente
enormemente oo desenvolvimento
desenvolvimento do do
comércio e dos meios de comunicação e de transporte, o que
comércio e dos meios dc comunicagéio e de transporte, 0 que
por
por sua sua vezvez retroage
retroage sobre
sobre aa expansão
expanséo da da indústria.
indilstria. OO resultado
resultado
éé precisamente
precisamente um um “processo
“processo de de fuga”
fuga" [runaway
[runaway process].
process]. ÉX3 isso
isso
que
que permite
permits à2: burguesia
burguesia desempenhar
desempenhar um um papel
papel revolucionário
revoluciomirio
na
na história,
historia, criando
criando “maravilhas
“maravilhas maioresmaiores que que asas pirâmides
pirémides do do
Egito,
Egito, os os aquedutos
aquedutos romanos,
romanos, asas catedrais
catedrais góticas”.
goticas”. Marx
Marx insis-
insis~
tete que
que oo capitalismo
capitalismo não néo pode
pode existir
existir “sem
“sem revolucionar
revolucionar inces-
inces-
santemente os meios de produção”, o efeito dissolvente, ácido,
santemente os meios de produgiio"; o efeito dissolvente, écido,
desterritorializante
desterritorializante do do capital
capital éé tal
tal que
que “tudo
“tudo que que éé sólido
solido ee está-
esté-
vel
vel seso desmancha
desmancha no no ar”.
ar”. No
N0 célebre
célebre “Fragmento
“Fragmemo das das máquinas”
méquinas”
(outra
(outra peça peqa inspiradora
inspiradora do do aceleracionismo),
ace-leracionismo), dos dos Grundrisse,
Grundrisse,
Marx
Marx chega chega aa especular
especular sobresobre um um futuro
fumro no no qual
qua} aa tendência
tendéncia
interna
interna do do capital
capital de dc pressionar
pressionar em em direção
diregéo ao ao aumento
aumento de do pro-
pro~
dutividade
dutividade do do trabalho
trabaiho ee àA substituição
substituiqfio do do trabalho
trabalho vivo
vivo por
por tra-
tra~
balho
balho mortomono leva ieva à£1 automação
automaqio total total da
da produção.
produoio.
Se
Se tanto
tamo para para Marx
Marx quanto
quanta pará para Deleuze
[Meuze aa aceleração
aceleragzio das das
tendências
tendéncias do do capital
capital conduz
conduz à:11 suasua superação,
superagéo, em em Nick
Nick LandLand
oo capitalismo
capitalismo éé oo fim fim do do jogo.
jogo. NãoNéo éé o0 capitalismo
capitalismo que que seso tor-
tor-
na
na um um limite
limite parapara oo autodesenvolvimento
autodesenvoivimento dos dos seres
sores humanos,
humanos,
tal
tai como
como na na narrativa
narrativa tradicional
tradicional marxista,
marxista, éé aa humanidade
humanidade que que
eventualmente
eventualmente sese torna torna um um limite
limite para
para oo desenvolvimento
desenvolvimento do do
197
197
uze de ir “mais rápido
tecno -capital. Cita
tecnowapitai. ndo aa injun
Citando ção de
in_;um;i71o do Dele
L")ekmz<2 do it “mais répido
$3 deste
ão da rritorialização”, Land já expressava sua orien-
na direç
no diregzio dexter'rit<>ria¥iza4;€1o”, Land }zi expn>:ssa1va sua orien-
inic desire |[Desejo
antissocialista em
tação antisoociaiiata
mgéo cm artig
arzigos como Mach
os como Macizirvzéa desire wessjo
ucáo maqu ínica deve, portanto,
maquínico], de
znaqzxinito}, 1993: “a
do 1993: “:1 revol
revoimgéio maquinicez dew, portamo,
a á$1 regu lamentacáo socia lista, pressionan-
direcáo opost
ir na diregfio
if oposta mgola1w211ta§é<f> socialista, pressionan»
uma merc
por now adorização cada caéa vez
mais desinibida dos pro-
do pox
do mermdorizcagzio \’€‘2i rmis dssinibida dos pro~
estão dest
que estéo ruindo oo camp o socia l” Em outro artigo,
cessos que
<;esso:~;; destruiodo campcu socia‘i”. Em outro amigo,
no ccru, Meltdown
do época do
da época sua parce
de sua ria com
parceria Sadie Plant
com Sadie Pkmt no €f€l§{U, Meitdown
afirmava: “o“o home
Land afirmava; m éé algo a ser superado: um
[Fusão], Land
Wuséaai, ho:ni'm aigo a ser 8U.p§.?I“€3(i(}i um
entrave”; enqu anto Plant , por sua
por vez, resgatava
problema, om
pmblezma, um eotrzsve”; erzquanto Phnt. am; resgatava
sobre oo capit
Marx sobro
de Marx alismo “var rendo o passado” para
as ideias so
as idoias capitzziisnm “var:"en<lo o p:;x:asaai~:>” para
“tudo o
que “tudo que éé ciber
o qu-:2 contra a humanidade”
positive éé contra 21 buxxzaoidade“.
declarar que
cieciarar <:iberposi1ivo
nte da ideia de
Em certo
Em Land não
sentido, Land
certo senticlo, n£\o está tfio dista
estzi aíai tão distame da ideia dc
como um
capital como “sujeito autom
um “sujeito ático”, com sua pró-
Marx do
Marx do capital autonmitico”, com sua pro»
com sua pulsão teleo
sua pulsim lógica expansiva
pria logica
pria inconsciente, com
lógica inconsciente, teleologica expansive
indiferente nos; anseios ee nece
aos anseios; ssidades huma-
completamente indoiferento
completamente necessidades huma»
cresce
capital cresce
níilista, 0O capital para crescer. Há
nas inerentemente niilista,
nas --— inerentocrmeme para crescer. H23
cruciais, no entanto: 1)
no emzmto: Land não acredita que
1) Land
duas diferenças cruciais,
duas diferengas néo acredita que
processo seja
desse pmccsso
final desse seja àa reap ropriação da
21a “simese dialética” fma}
“sintese oialética” r»sapr<>pria<;z"xo do
máquinas por uma hzxnlanidade redim
por uma huma nida de ida;
produtividade dos
produtividade das méquimxs rodimida;
teoria ectonomica
da ieoria a neoli
econômic raeoiibemi, beral ,
ao cor1c:r.2iiua§imr,
2) oo
2} moda do
conceitualizar, £1à mode:
mercado como
de znercado como uma atividade cognitiva, Land
uma atividode
os processos do
os pf‘f)%Z€i$S£}$ cognitiva, Land
dese nvol vime nto do capit alism o com a emergência da
identifica deserwoivimento do czujtaiismo com 21 enzsrgéncia da
i£§<'rn!;ifica
que pzneco
O que
Artificial ('3 humanidade como à
para :3a huxneznickuio
parece para
Inteligência sirtificiai.
Inteiligéracia como 22
capitalismo, ciiz Land, éé “ooze:
diz Land, do futuro por
invasão do
“uma in\/as;§m
história do
hizstéria do capita1i$mo, fwturo por
deve so
que dove
artificial que
inteligente artificied se montar inteiramente
um espaço iote¥ig,ente
um esoago mcaawizar irateiranieme
recur sos de seu inimi go”. O que está se constituin-
aa partir dos woursos
partir dog de sen inimigo". O que: esté so constimisv
escala pianetiaria
em esaiaio meio dos
por maio
planetária pear alças de retroalimentação
das ahgas do retroaiim¢:1":taq€1o
do 1-rm
do
tecno-capital é um
circuito iecno~<:a;;>itai
do cixwuito é in-humano da in-
devir io~§1umzmo
um ckzvir
positiva do
posiwia da in»
hiper -inte ligên cia com à sua própria agenda €
, uma
teligência uma hip§r~i:2teligé:1ci,zz mm :1 ma préapria agenda 4“:
te'iigé~ncia,
autônoma, mm qual néo
com aà qua? possível barganhar, “gue
não é ;>oss;i"vei
trajetória auténorna,
mgietoria barganhar, “que
medo <2e ahsoiutamexzte
ou modo não vai
absolutamente néo
néo pena on
sente pi;Ԥ"s2s
não smie remorso ou
ou remorso "mi
”. Land toma o lado desse proc esso imanente (uma
pamr, nunca
parar, manca“, Land mom o moo desse p!‘i}€€Ei${) inmnemee {mm
198
£83
entidade
entidade “te1a*e>pEéxica” contra ma
monstruosa), cantra
“teleopléxica” m0:1stru<::s~:a§, sua §»ré;;>ri:»: espécie,
própria azspécie,
abraça aiegrernente
ee abraga prospecto da
alegremente 0o p£'(3€;§}&€tQ humana.
aniquilação humema.
da a,nia;uiim,;€10
landiano, as
aceleracionismo iandéazm,
No acekrracinnisma
N0 os hunmn0:~; são apenas
humanos $510 “fan-
apenas “F2m~
de earn?
toches de
toches capital* um
do capital,“
carne” 60 um “obstáculo
substrato, um “0bstéu:uic§
mero suhstratm
um mere
temporário” mja
temporério”, pretensão dc‘
cuja p§’€31£’¥‘1S§§L) agência éé cyeacsnlexmrzzte
de agéncia irre-
crescentemente irrer
Na gmitita,
levante, Na
ievante. Land néw
de I.and
posição die
prática, aa posigzzfm difere du
não diikrf: Noys
que Ncéys
do que
chamaria de
eventualmente chamaria
eventualnzeme de um o thatcheriano”,
“deleuzianism thalch:?:ria,m>’§
um “deleuzsianismu
celebração #310
uma ceIebra¢;é0
uma fim da
do fim humana corn
agência humana
da agéncia desmantelar
com 0o des1nar:m§a:'
bloqueio na
qualquer bioqueiw
de qualquer
de na dinémica em sua
capitalista em
dinâmica capitaiista trajetória
sua trajetéria
para além do
para além humano, am
do humans, explosão expmxencial
na expic-sin descontrola-
exponencial desc0m:'01a~
da das
da das finanqxs da Inteligéncia
finanças <2e da Artificial A
Inteligência Artificial. A aceieraqim das
aceleração das
tendéncias em
tendências direção an
em direqéo ao cans dissolução, £1à liquefaqio,
caos ee 5:à diss0lu<;?1o, por
liquefação, pm‘
meio da invocação
meio da inv0ca<;€10 de
de forças
foams monstruosas
monstruosas é
é a
a marca
marca de
de Land
Land
enquanto
enquanto um mags ensandecido,
um mago ensandecido, que goza do
que goza do iéitigo faus-
feitiço -~ faus~
ticamente -- escapando
ticamente €SCap£\I1d(J de de qualquer possibilidade de
qualquer pcssibilidade controle.
de commie.
U‘; (15 em
Se Marx aa crítica
FY)-. n Marx crilica :10ao capitalismo vezes ilustrada
por vez/£5
capitalismo éé por com
ilustrada com
aa imagem
imagem dc “feitiqo que
do “feitiço volta contra o feiticeiro”, para Land
se volta coaatra 0 feiticciro", para Land
que se
feiticeim, isto
csse feiticeiro,
esse humanidade, éé sé
própria humanidade,
isto é,é, aa prépria um meio
só um que aa
melo que
se utilizou
entidade se
entidade utilizou para se fazer
para se no mundo,
realizar n0
fazer realizar “fanto-
um “fant0~
mundo, um
dc carne”
che de
che came” dz? forças nmi01'<»:s
de fbrgas implacáveis. C)
maiores ee inxplacéveis. O mite landiano
mito landiano
parece saído
parece diretamente de
saidn dirrétanlente de um filme de
um films de horror cósmico.
horror césmico.
Para
Para Land, capitalismo encama
Land, 0o capitalisxna uma “diné.mica
encarna um-A hipersti-
“dinâmica hipcrsti»
cional”
cinnai” em
em uma
uma intensidade
imensidade sem
sem precedentes,
pr:-1-cedentes, convertendo
ccaxavertmxcio aa
“especulação” em
“cspecu1a:;é0" em L1IT!8. eficaz na
força eficaz
uma f0r<;a mundial. I23
história nlundiai.
na hizstéria es-
Já aa es»
por sua
querda, per
querda, vez, seria
sua vez, “desaceleradora”. “O
inerentemente “<3esa<:e1erad.<>m".
seria inerentemenh: “O
se revaiuciuna
capital se
capiia! completamente do
mais c0mpleta:11ente
revoluciona mais qualquer re»
que quaiqu-::*;'
do qua? re-
poderia”, diz
extrinseca ;:>0d-2ria”,
volução extrinseca
vuluqim Land em
diz Land quick am?
A qzeick
em A in-
dirty in-
and dirty

S® N.
y no.
po. AA
a: E\/{eat
Meat Puppets
Puppets éé (.1o nome
nome (is
de uma
uma banda banda {p<'>s}pxm}:
(pósjpunk doze
dos
Unidos, e, segundra
Estados Unidas,
Estados inspiração de
Fisher, Ka §:1s;:-i;"ag.z3aw
segundo Fisher, de Wiiiiam Gibson
William Gibasm
dennxqainagfio das
para aa denominação
para das pmstilutas cibcrnéiicas do
prostitutas cibernéticas romance
dew romzmce
Neuromancer. O
Neummancer. icfrmo, utilizado
O termo, uxiiizada cam pelo CCRU,
frequência pew
com frequéncia pode
ccru, peck“
ser Hildtliidfl
ser “fantoche dc?
como “imzantaache
traduzido mum carne” (ou
de cartw“ “brinquedo de
(mu “i‘>rinq_ued0 carne”),
de zmme”).
199
3.59
99
-J
'/¥*f?%5“>~iy _

"'f@”€i,§§
$2
accelerationism Wma
to accslemtiarzism introdução répida
[Uma inxrodwgaa rápida ée suja suja an ao £5
troduction to
traduction V: V7
2017, “néw
de 2017, “não hé distin
há distixzgéo ção entre a destru ição
aceleracionismoe], de
acekzracinnismej, entre a destiruigziw =

do capita
sic: lismo
capitaiismo e
e sua
sua intensi ficação
intensifica<;z‘i0”. ”. À
A esse
esse proces
pmcesso acelerado
so aceleraéa ' ¥,;»;2§/zi
DJM;
autodestruição aim caberia aritica
não caberia crítica ~— ale própria critica
ele éé aa prépria crítica
de autodestruigfio
ale ,_ > @

em sua
retroalimentando-se em sea espiral aiescontmiada espiral descon trolad a ee ,
em agéo,
em ação, retmalimemando-se v
resistência, difla
Qualquer resisténcia, ao estilo
Land as estilca berg de
diria Lamci borg de
dissolvedora. Quaiquer
€1i$§Si§}V€*d()I’21. -"1 '23

Star inútil.
Trek, éé imfitii.
Star Trek,
Fisher da década de
da década 1990 foi,
de 1990 foi, de influenciado por
fato, influenciado
de fats, por
Se Qo Fisher
Se L Ti 4 ’5

chegando aa pensar pensar que havia


cibernética havia tarnadu Marx
que aa cibernética tornad o Marx
Land, chegando
Land,
a partir dos anos 2000 os dais entram em
dois entmm em uma uma {mm traje-
obsoleto, a partir dos anus 2000 as
obselem, 2"*
3??

tória de
téria acentuada divergéncia
de acemuada divergência pniitica política ee fik>s<3fi<:a (resultando
filosófica {resultanda Ez-vi

ccru am 2003). O
em 2003}. de Fisher é
relato de Fisher é que trabalhar
O nflato que trabalhar
no fun
no fim dodo 023120 $2?
público na Grã-Br
na Gré- etanha, sob sob 0o governo o blairis
govern blairista, ta, 0o fezfez
setor péhiico
no semr
rm Bremnha, s
,2
,<~
no modelo
m ‘I \

ver que
ver capitalismo neoiiberal
que 0o capitalismo neoliberal “nfw “não se encaixava no
se encaixava modelo ,:_-_

Q’
Y

ao contrár io,
estava, ao contrério, produzindo sua
que estava, produz indo sua pré»pró-
aceleracionista”, ee que
aceleraci0nista’§
forma de burocracia, “difusa
de burocracia, descen traliz
“difusa ee descent1"aiizada”. ada” A experi-
pria forma
5% ‘I
pria A experi-
profes sor e como sindica lista, combi nada com o
ência como
éncia como professor e comm sindicalista, combinada com 0
Badiou, 0o empurmu
Zizek ee Badiou,
com Ziiek empurrou para para outrasoutras
encontro teérico
encontro teórico com W! ‘

políticas, em renova
direção ixà ren0va<;éu
em éiregiéo ção da prática sociali sta. ;, », ;
posições peiiticas,
pnsiqées da prética sacialista,
dedicar, em
se deciicar, em was próprias palavras,
suas pniprias s,
palavra a “sint~2ti-a “sintet i-
Fisher passa
Fisher passa aa se
1 = J2‘!

novas fur- for-


.2‘/_>1~,‘§l~§;;

alguns dos
zar aiguns
zar dos interesses métodos ck;
interesses ese métodas ccru” cam
do cicms” com mm/as s

política cie classe. EÉ ease


de classe. movim ento que está
esse :1mvi11':enm que est/2’: na base na base do do
mas de
mas de pelitica
conhecido por de
“aceleracionismo dc vzsquercéa”.
por “aceieracicmismu esquerd a”.
que fxcnuficou cemhecidcz
9?’
que
de 2008 já é encontrar p('>$t:a
possível <;*n<:c>ntrar posts dz: Fisher :2e
de Fisher
A partir
A partir de 2.908 jé é passive}
1
experimentando cam
Williams experimexztanda com a a ideiaideia de resgatar csrrtaws;
de resgaiar certos
Alex Williams
Aim 9

abordagem do
da abcwciagem ccRu para
do ctcziw reativa r a esquer
para reativar a esquerda ac?» da so-
elementos <32:
e;~:}emen£<>s ml?

disposição ganha ganha nave fôlego cam


novo féiego realiza
com aa reaiizaxgéo, ção, em
ciaiista. Essa dispmraiglm
cialista. E:-;sa can
Simpósio sabre
do $impé>si0 Aceleracionismo, cum
sobre Acele.-mcionismo, participação
com aa participagim
2010, dc:
2010,
Brassier, Aiex Alex Andrizws, Benjam in
Andrews, Bmjanxin Nays, Nick SmicekNoys, Nick Srnicek ee
de Ray
de Ray Brassier,
Williams. Na ma exposição, ifisheir
sua expemigéa, reivind
Fisher reivindica ica ironic amen-
Alex \*’\-fiiiiamsx
Mex imnicamen-
pejorativo de
termo pejorative» Noys com
de Nays provocação: “todo
com aa provacacgéoz “todo mundo mundo
te Qo iermo
tr: ‘

a influén cia de
Reconhece a influéncia de Land e, simultzmem Land e, si multan ea-
ééaceler acionista”. Reconhece
ace§eraci0nista".
marca sue, distáncia: “Land
sua distimciaz “Land E05 foi 0o nc>sac> Nietzs che”
nosso Nietzsche", a mew a mes-
mente, marca
meme, 1;; ‘

200 'lthv$Jf>.\-v

l __ wfifi 1:
iv?»

ma “bizarra
ma “bizarra naismra
mistura d0 do reacionério
reacionário comcom <2o futurista”.
futuristzfi Esse
Essa acele-
acek»
racionismo
racionisme de de direita,
ciireita, postula
postuia Fisher,
Fisher, pode
pods ser
ser o0 antagonista
antaganista que que
:>T€;- ~
aa esquerda
esquerda precisa
precisa para
para sair
sair do
dc seu
sen marasmo
marasmo complacente.
coxngaiacenta. PorPar
um
um lado,
lads, o0 realismo
reaiisnm capitalista
capitaiista não
niio éé capaz
capaz dede oferecer
0-ferecer mais
mais dodo
que
que “uma
“uma simulação
sinxuiaqéu de de inovação
inovaqéo ee novidade
noviciaciie que
que disfarça
disfarqa aa inér-
inér~
cia”
cia” -~ uma
uma “estagnação
“estag:1a¢é<> frenética”
frenética“ -- mas,
mas, por
par outro,
outro, umauma esquer-
2;;-quer~
da
da derrotista
dermtista ee nostálgica,
nostélgica, presa
presa numa
numa retórica
retérica dede “resistência
“resisténcia ees
obstrução”
obstrugécfi acaba
acaba irreflexivamente
irreflexivamente trabalhando
trabaihando aa favor favor da
cia anti-
I,» ,'
anti»
@> Q;
.J
i
1.»
; , -metanarrativa
~mc-tanarrativa do do capital
capital como
came aa única
(mica opção
opqio queque para
para em
em pé,
pé.
L». .
E;
“O
“O marxismo
marxismo não néo éé nada
nada sese não
néo for
fer aceleracionista”,
aceleracionistii éé aa pro-pr0~
.
vocação
vocagfio de dc Fisher.
Fisher. Retroceder
Retroceder aa umauma critica
critica moral
mural ee romântica
rmnfmticza
do
do capitalismo
capitalismo éé trair
trair aa orientação
orientaqécw aoan futuro
futum queque animou
animou o0 pen-
pew
samento-prática
samento-préxtica de dc Marx.
Marx. OO que
que diferencia
diferencia aa esquerda
esquerda da da direi-
dimi-
ta,
ta, diz
diz Fisher,
Fisher, éé que
que para
para aa esquerda
esquerda aa “libertação
“libertagiio está
esté no
no futuro,
futuro,
não
néo nono passado”,
passado", ecoando
ecoando o0 Marx
Marx dodo 1818 de
de Brumário,
Bruméria, para
para O0
qual
qua} aa revolução
revolugéo social
social “não
“néo pode
pode tirar
tirar sua
sua poesia
poesia dodn passado,
passado,
> ee sim
sim do
do futuro”.
futuro". Ser
Ser aceleracionista
aceleracionista nesse
nesse sentido
sentido é,é, seguindo
seguindo
aa máxima
méxima de dc Bertolt
Benoit Brecht,
Brecht, “não
“néo começar
comegar dasdas coisas
coisas boas
boas ee
<
velhas,
velhas, mas
mas dasdas coisas
coisas novas
novas ee ruins”,
ruins”. Não
N50 seria
seria então,
entio, sese per-
per-
gunta Fisher, para frente a única direção? Mesmo que “através
guma Fisher, para frente a (mica dire¢;io? Mesme que “através
da
da merda
merda do do capital”?
capital”? “Recuar
“Recuar para
para frente”
frame” (Roland
(Roland Barthes)
Barthes)
talvez
talvez seja
seja o0 único
(mica caminho.
caminho.
AA diferença
diferengga dodo aceleracionismo
aceleracienismo prometeico
pmmeteico de de Fisher
Fisher para
para o0
aceleracionismo
aceleracionisrno fáustico
féustico de
dc Land
Land éé queque o0 segundo
segundo éé estriden-
estriderv
temente
temente anti-humanista,
a.nti~humanista, enquanto
enquanto o0 primeiro
primeiro sese reencontra
reemzuntra
com
com umauma forma
forma dede humanismo.
humzmismo. ParaPara Land
Land o0 tecno-capital
tecno~ca;:ita} éé o0
verdadeiro sujeito da história, “a humanidade é seu
verdadeim sujeito da histéria, “a hunmnidade é sen: hospedeiro
huspedeiro
temporário,
temporzirio, não 1150 seu
seu mestre”
mestrfii Para
Para Fisher,
Fisher‘ o0 capital
capital éé um
um parasi-
parasi~
tata —~— ele
ele precisa
precisa de
de nós,
nés, nós
nés não
néio precisamos
precisamos dele.
cieie. Por
Por hora,
hora, o0 ser
ser
humano
humane pode
pode até
atvé ser
ser o0 “fantoche
“fanmche dede carne”
c;arne” do
do capital,
capital, mas
mas tem
term
potencial
potencia! para
para sese tornar
iornar seu
seu próprio
préprin mestre.
mestre.
ÉE uma
uma certa
certa ternura
ternura pela
peia carne
came humana
bumana (dilacerada
(diiacerada nono “mo-
“mo-
edor
edm" de
dc carne
came implacável
implacévei do do capital”)
capital") que
que faz
fax Fisher
Fisher reconsi-
reconsh
201
Z01
. ;>f§2;_v_
_,»_ ._.;
'»-1'*.~ \<
entusiasmo 210,5
seu enmsiasmu nos mms 1990 pieia
anos 2990 aceleração das
pela acckragézv tec-
das term
derar men
derar
citar E5550
Ao sitar
digitais. A0 Berardi sobre a “aceler ação
Bifo Eerauii s<ab1*e a “acelera¢;éio das das
nologias digitais‘
naiogizm
informação”, FisherFisher mxia entre o infinite
“tensão entrsr 0 infinite def)
nota aa “tc:1s:Zu1> do
de §:1¥o1*mag;2T\.:1'1
trocas dez
tmcas
vulnerável 60
finitude \-'uinerz%va?§
ciberespaço £3e eaa finitude
ciberespaqo do carpca do sistema
corpo ee :36 ner-
sistema m=:r-
organicamente in1§>c>ssive1
voso” É orgazxicaxnente
vr>s<">". imensa e€ cres-
processar aa imensa
impossível ;>r¢1cessar
informação que
de infa">rma§5x<>
massa de em nossas
entra em rmsaas cabegas
que esma por
cabeças par
cente nmszsn
efinte
eletrônicos, mar;
aparelhos ei@tr€>:1i<:{>§;,
dos apareihas mas :10 mesmo temps
ao mesma senti-
tempo semi~
meio aims
m»*:i{>
toda es-sa
absorver tada
imperativo abscxrver fim
informação aa fim
essa inf0rn1m;§u'>
mos <:<;mm
mos um %mpemti\:<>
como um
eficient es. O resulta do, diz
competitivos e:e eficientes. O nzzeuhaaiiz, div;
mantermos mmpeiitivos
nos mantesmms
de mm
ck:
difusa de
“sensação ciifmaa medida que
pânico” à mzadida.
de géémficw” indivi-
que os indivi»
Fisher, éé zxa “sensa<;e30
Fisher,
são subn*:eti¢ic>2§
duos $231)
dues enxurrada de
uma enxurrada
submetidos aa Lama de ciadus humanamente
dados hu1m1;2a:m.>nte
Nao fie trata, no
se imta, entanto, eie
no ermmm, adotar uma
de adotar postu-
uma pasta»
inadministravel. N210
inacizninistrévei.
mas de
antitecnológica, rams que tipo de ino-
avaliar que tipo de: inn»
de avaiiar
reacionária anritecn<>ic§g,ica,
ra reacinnéria
ram
podem ser
técnicas podem
vações técnicas
vaqivesa ser apmpriadas, refuncionaliza das,
apropriadas, ere refunciunalizadas, aa
humana. A
emancipação humana.
da emancipaqéo máquina dc:
A méquina lavar, mais
de lavar, do
mais dm
serviço da
serviqo
celular, serve
que 0o celular,
que modelo para
de modeio
serve de tipo de desenv olvime
para 0o tipo dc desenvoivimento nto
maguín ico
nmquinico que
que reduz
reduz a
a labuta.
labuta.
portanto, por
movido, portanto,
esquerda éé moviclo,
de esquerda um
por um
aceleracionismo de
O aceleracionismo
O
trabalho. A
do trabalho.
fim de
de fin: ideia é reforça da pela publica
A ideia é refargada pela publica» -
imaginário
imagin éxriu dc
aceleracionista, de
Manifesto ¢zce!e§r:1c£¢mism, Alex Williams
de Alex Srni-
Nick S:'ni~
Williams cc Nick
do §\1f;2n{fes£:>
ção dc
gim
O nxanifesto
2013. (I)
em 2613. procura carganimr
manifesto pmcura forma dc:
em forrna
organizar em um
de um
cek, em
cek,
em tom
sumários, em";
programa smnémra:-=3 dogmáti-
confiante ee degmziti»
tom cnméiante
diagnóstico <2€ pr<.>g,ra1na
<iiz1g11<3sticm>
política que
de p('¥§§£i€3
tipo dc? estava tateandoz
Fisher estzwa
que Fisher o: a reivind icação
tateand ex re*ivin{§%ca<;€m
co, 0o iipo
co,
modernidade <2e cic
da :m>~dm"nidade
da de um certo p:mme{<;*::<.nis;m<>,
um ciertca capitalismo
prometeanismo, 0o capitalizsmm
como uma uma tram bloqueia as
que binquwia
trava que possibilidades de
as passibilidades de
neoliberal cnmo
n:'r<;>§ib€mi
de que
ênfase dc
humano, aa énfzase a “plataf orma materia
que a “p§ataLfc:2'ma materifl’ dc; l” do
progresso humans,
progre:-;:;0
(suas inovaçõ es técnica s infraestruturas) mm
e€ infra1»z:struturas) precisa
não precisa
capital
<;::pita§ (sum; ixacwagées técnicas
x destruida, mas
ser demruida,
ser refuncionalizada para
mas refuncienaiixada comuns, sub-
“fins coxmrns“,
para “fins sub-
;
;
reapropriada. O impuls o promet eico
mesmo impuiw pr<>meteic¢;> esté wed
O mesmn está pre-
§
< vertida ee rcapmpriada.
ve:¥£i£§a
1
xenofeminista dc»
Manifesto .1;er:ajé2mi12is£:z do coietim Laboria Cuboni
coletivo Laboria fjubitmiks ks
3
sente ma
gents no A~far:z}‘}:~s£e1
2%
qual Helen
(do quai uma cias
Hester éé mama
Helen Hestfir centrais), aiiado
figuras centrais},
das figaxraas uma
aliado aa mama
E;$
5”
{<10
emancipatória futurism
política exnancipatéria
pcfiitica a de aboliçã o de
futurist dc: ab§>}i<;é0 de génem. gênero.
ii

202
202

»~.@, »§ .,m»M
Srnicek c“e Williams
Srnicek Williams kzgu
logo abarzd<ma:"n
abandonam 0o terms
termo “ac:el¢:nz¢:is11is~~
“aceleracionis-
mo”
me” <2e aa referésxcia
referência £1à terminuingia
terminologia dc de Niek
Nick Lsmd,
Land, quzmdm
quando pu~
pu-
blicam
blicam em em 21115
2015 Q0 iivm
livro Irzventirzg
Inventing ifrefuizxre:
the future: pwimp£miism
postcapitalism am?’
and
aa wsrfsa’
world wit¥1<>ut
without wark
work {Invemanda
[Inventando 0o fumm;
futuro: ;af>§~capi£a_1isnu>
pós-capitalismo ee
um munch)
um mundo semsem tra%»a}hc>1,
trabalho], mas
mas curiaszunsnte
curiosamente raiumam
retomam 0 o am-
con-
ceito de
ceito de hip£rsti<;fi0,
hiperstição, as
ao reivindicar
reivindicar um
um -:~:s§=av;<>
espaço para para aa umpia
utopia ma
na
prática politics.
préiica política transfurmadurzaz
transformadora: “Utopias
“Utopias sim são aa gmrsozxiiicaxgeéa
personificação
das hip&rstir_;i')c:s
das hiperstições do do progresso.
progresso. Exigena
Exigem que que 0 o futum
futuro sazja
seja reaib
reali-
zado, constituem
zado, constituem um um 01:>j€t0
objeto ale
de desrsju
desejo impnssiwl,
impossível, mas mas ne<:e$:;é1»
necessá-
rio,
rio, :2e nos
nos £150
dão uma
uma linguagem
linguagem de de esperaxma
esperança ee aspiraqéo
aspiração por por umum
mundo melhor” A
mundo Ineiimr". A influéncia
influência desse
desse ciima
clima wénrico
teórico catalisadu
catalisado per por
Fisher
Fisher também transparece em
também transparszce em nuiros
outros livros
livros brit:2miz:0s
britânicos da da nines»
mes-
ma época,
ma época, queque apontam
apontam para
para um
um politica
política dcde esquerda
esquerda cmenmda
orientada
ao
an futuro,
futuro, como
como Pós-capitalismo:
Pés-capitalismo: um um guia
guia para
para 0o nossa
nosso future,
futuro,
de Paul
de Paul Mason,
Mason, ee Comunismo
Cormmismo dc de luxa
luxo lutairnente
totalmente automatizado,
automatizado,
de Aaron
de Aaron Bastani®.
Bastanii
Mais até do
Mais até do que
que aa orientacdo do future,
()1'ie11ta<;2§0 do futuro, nono entallto,
entanto, 0 o que
que
Fisher
Fisher vévê de
de potente
potente na na p0si<;§so
posição aceleracicmista
aceleracionista éé sua sua mrga
carga li-
h-
bidinal,
bidinal, ee aa possibilidade
possibilidaaie dc de uma
uma politica
política acoplada
acoplada an ao nivel
nível do
do
desejo. AA quesuio
descjo. questão que
que ele
ele sese coloca
coloca éé dede came
como “instrunwntaib
“instrumentali-
zar
zar aa libido para propésims
libidn para propósitos pu}iticc>s”.
politicos” Vista
Visto desse
desse éngulo,
ângulo, uéo
não
causa surpresa que
cause. surpresa que Fisher
Fisher teuha
tenha sese intere-ssadu
interessado pezio
pelo popuiismu
populismo
de esquerda,
dc esquerda, an ao passn
passo queque Laud
Land se apmxinmu
aproximou do do pupuiismns
populismo
de direita.
cie direita.
Para Land,
Para Land, que
que cansidera
considera Steve
Steve Bannun
Bannon “um
“um puiiticn
político e2x::@p~
excep-
cionalmente ime1‘essante”,
cimaauinmente interessante’, aa ai£~rig!1t“marca
alf-right “marca 0o {Em
fim da
da g0veman~
governan-
ça global
ga global com
com base
base nono evangeihn
evangelho do do universalismu
universalismo igxlaiitériuf’.
igualitário”
Seu édin
Sen ódio peias
pelas instituiqzées
instituições iiberais
liberais 2e pale:
pela esquerda
esquerda acaziémixra,
acadêmica,
seu dcsprczzo
seu desprezo peic
pelo “p(":li{iC3.n1€nf€
“politicamente mrrem”
correto” ee peia
pela linguagem
linguagem £102;
dos
em
-
°SmN, no.
po, A.2
4: OO iivm
Hvro dc
de Bastani,
Bastani, cujo
cujo tituie
título arigixzal
original é€ F:¢!Zyazzt0rr1:1te¢i
Fully automated
luxury Corrmizlrrimz,
luxury communism, szerix
sera ;m£>1&cadc>
publicado nono Brasii
Brasil em
em max,
2021, peia
pela eziitora
editora
Autonomia Iiteniriau
Aulononxia Literária.

203
103
direitos hummus
direitus humanos ere valnres
valores universais,
universais, ee até
até sen
seu fascinicv
fascínio par
por L0~
Lo-
vecraft ee por
vecraii por “méxgica
“mágica rmsmética”,
memética” 0o tome:
torna um
um parceiru
parceiro da
de cuma
cama
ideal para
ideal para essa
essa direiia
direita czi£e2*nrztiw;z.
alternativa, N50 Não 21à ma,
toa, éé fécil
fácil encuntrar
encontrar
hoje tuítes de Land comentando positivamente sobre
huje mites ck: Land C€}I'11<32'lik}Hé.”§O pasitivamente sabre Trump Trump :2e
mesmo B0ls(;:1ar0.
mesnw Bolsonaro. SmSeu Iimmrzisma
Huminismo Somiarie,
Sombrio, baseadu
baseado no no swerve-
neorre-
acionarismo dz:
acionarismo de Mencius
Mencius M<';>§dbug,
Moldbug, no apmxima
aproxima da da deriva
deriva autori~
autori-
tária dz:
téria da “i<;ic0}<>gia
“ideologia calif<>rnianzi’
californiana” daze
dos magnatas
magnatas do
do Vale
Vale do
do Siliciu
Silício
(Peter Thieel
(Peztizr Thiel €e B1011
Elon Mxxsk
Musk sis
são as
os names
nomes mais
mais caracteristicos}.
característicos).
Fisher, par
Fisher, por sua
sua vez,
vez, ac.0m;_>anhQu
acompanhou cie de perrtu
perto 0o aparecimenm
aparecimento de de
fenômenos puiiticus
fenfinxezxcrs políticos <:um<2
como 0o Syriza
Syriza na
na Gréaia,
Grécia, uo Poclemos
Podemos :2e asas
plataformas municipais
plzxtafwxlaas municipais nana Eiapanha,
Espanha, 0o corbynismm
corbynismo na na Engiater»
Inglater-
ra <2e aa campanha
ra campanha de de Bernie
Bernie Sanders
Sanders nos nos Esizados
Estados Unidos.
Unidos. I£nca~
Enca-
rava-os umm
raw:-05 como ezxperimentos,
experimentos, etapa etapa necesséxria
necessária dc de um
um p2'0<;:ess<;~
processo
longo :2e aonwrbadco,
innge conturbado, de de tentativa
tentativa ee erra,
erro, nuno ciificii
difícil caminhe
caminho dz: de
reorganização de
reorganiuzmqfica de uma
uma esquerda
esquerda ant.i<:apita1ista
anticapitalista com com desejo
desejo dcde
ganhar, Eases
ganhar. Esses expwimentos
experimentos poderiam
poderiam fracassar.
fracassar, ou ou ser
ser esmaga»
esmaga-
dos, mas
dos, mas nim
não hihá vergunba
vergonha em em perder
perder se se vocé
você tentou
tentou vencer.
vencer. O O
crucial, diz
crucial, diz Fisher,
Fisher, éé adutar
adotar uma uma postura
postura estratégica,
estratégica, aprencler
aprender
com 05
com erros ee aumentar
os erros aumentar nossa “inteligéncia coletiva”
nossa “inteligência fim de
coletiva", aa fim de
potencializar
p<;m=:x1ciaEi;;a.r as
21$ chances
chances de dwr vitória
vitéria no no futuro.
fuxum.
No
No último
uitimu post
post dedc blog
biug que
que escreveu,
escreveu, ee que
que nunca
rmnca chegou
chegou aa
publicar,
pubiicar, Fisher
Fisher analisa
zmalisa aa ascensão
ascenszir; da da direita
ciireita populista,
pupuiista, expressa
szxpressa
na
na eleição
ekriagéio de
ck: Trump
Trump eer nono Brexit.
Brexit. Observa
Obssrva que que aax campanha
campanha de de
Trump
Trunzp estava
estava possuída
pessuida por
por umum “sentimento
“smtimento de dc excitação
excitaqiie efer-
fi€%rr~
vescente’,
visssxellw“, de dz: “imprevisibilidade
“irnprevisibiiidade anárquica”,
z1mirquic2{’, impulsionada
impuisionada pelo pekz
sensação
scznsagécw de dc “pertencer
“pert¢:m:e1' aa umum movimento
nmvimentn em em construção”,
c0nstru¢€>iu”, ao
an
passo
passe que§§U€i’ a:1 campanha
camupamha da da Hillary
Hiilary Clinton
(Iiinmn oferecia
uferecia apenas
apenas mais
mais
do
do mesmo.
n':<=:sm0. AA irrupção
irrxxpgéu desses
clessaes fenômenos
fanémenos ocorre
<:>»':c§rre sobre
sobre o0 pano
puma dedue
fundo
furuics deck‘ uma
uma insatisfação
insatisfacjm subterrânea
suh£en‘£u1<:a com
com o0 realismo
realismu capitalis-
capitaiis»
ta,
ta, embora
§:mb;)1"a oG que que éé rejeitado
reajeitado nessas “revoltas rudimentares”
nessz1:;“rev0itas rudimenmxms” seja seja
sobretudo
ssbretmiu aa parte paths dodo realismo.
reaflismo, O(1% populismo
pnpulisme de de direita
ciireita fala
fai às
w 23:,

fantasias,
fautasias, aos
ass desejos
desejos nostálgicos
nustéigicas dede restauração.
restaura<;€iu. Trata-se,
Trata-se, para
para
Fisher,
Fisher, de
de um
um projeto
pmjeta de
dc: parte
parté da
da própria
prépria elite
slim para
para substituir
substituk

204
204
um estabfi$krr:em‘
um establishment por por outm,
outro, agitaniiu
agitando um ur favor
fervor missirmériu
missionário
político que
poiitico que 0o reaI§smo
realismo capitalista
capitalista tendia
tendía aa diiuir
diluir ee nieprizxzir.
deprimir. E
marca o0 fim
marca fim da da distopia banal ee lnaqaxlte
distopia banal magante dos dos longas
longos anus
anos 1990,
1990,
dominados pela tecnocracia neoliberal pós-politica — agora es-
aiuminados peia te1*cn0<::'acia zwniiiwml p€>s~p:;>iiti¢:a W agura es-
tamos em
iarnos em :2-*m‘?'0
outro tipu
tipo dz‘
de dfstapia,
distopia, ee se
se quisermos
quisermos fax~—2*:'
fazer fresnte
frente ata eia,
ela,
teremos que
ieremos que irwemar
inventar novas
novas fiimnas
formas dede a:'ticu!az;a{>
articulação dnrsxfiantsrs.
desejantes,

Desejos pés-capitaiistas
Desejos pós-capitalistas

Os ultinms
Os últimos anus
anos de
de Fisher
Fisher furam
foram dedicados
dedicados aa pensar
pensar em
em aiternzv
alterna-
tivas positivas ao realismo capitalista. Esses esforços se desdobra-
tivas pasitivas as realismo capitalista. Esses esforgos se desd0bra~
ram
nun emem várias
vérias direções, sem results;
diregfies, sen: resultar em
em uma
uma obra
obra finalizada:
finalizadaz re-
rer-
alismo comunista, comunismo
aiismo comunista, comunismo luxuriante,
luxuriante, comunismo
comunismo lisérgico.
lisérgico.
Por um lado, um Fisher cada vez mais pragmático ee pr0~
Por um Iado, um Fisher cada vez mais pragmzitico pro-
gramático estava
g,mrn.itico estava preocupado em pensar
preocupadn em pensar uma
uma politica
política que
que dis~
dis-
putasse o0 centro
putzlsser centro dodo tabuleiro,
tabuleiro. 0o rrminstrearrz,
mainstream, queque puciesse
pudesse ter
ter
eleitos práticos
viciws pniticos institucionais
instituciunais ee avançasse concretamente na
avanqasse concretarnvzntc na
¿hiregáo
:,Iil"c<;'5a0 de
de consolidar
consolidar umauma base
base de
dc poder. Essa lipo particular
poder, Esse tipo particular
de
dc orientagáo,
nri€11ta§2§0, diz
diz Fisher,
Fisher, não aposta todas
néo aposta todas as
as suas
suas fichas
fichas nunm
numa
transformação
trmxsfurmaqfao repentina
repentina <2e dcfinitiva,
definitiva, ee mam
nem concede:
concede 0o terreno
terreno
do
dz» queque éé “realista” ao inimigo.
“realism” an inimigo, Trata»se
Trata-se de
de zwaliar
avaliar sobriamente
sobriamente
as
us recursos que estio
rccursos que estão disponiveis
disponíveis para
para nés
nós aqui
aqui ee agara,
agora, vse pen-
pen-
sar
H»! r sobre como podemos
aubre como podemos meihur
melhor uszilos
usá-los ee amplié~-I05, para nus
ampliá-los, para nos
movermos
m<m:r:1u'>s --— “talvez
“talvez cievagar,
devagar, mas
mas csrtzunenta
certamente com com propc’>si£0”
propósito”
de onde
<10 onde estamns
estamos para
para cmde
onde desejanaos
desejamos chegar.
chegar.
Por mum
?ur outro 1ad0,
lado, 0o mesmo
mesmo Fisher
Fisher inspira-sea
inspira-se na
na contmcuitura
contracultura
dos amus
gins anos 11960960 £’e 1970
1970 para
para av:-1n§ar
avançar 0
o “principiu
“princípio psicQdé§ic0~pr0~
psicodélico-pro-
meteico” da consciéncia lisérgica: qualquer realidade éé pr0visi3-
zm~tmc<)“ da cunsciéncia lisérgica: cgualquer realidade provisó-
ra, ;‘>§;~§$iiC3,
am. plástica, sujeita
sujeita aa traunsfb1“ma§€u>
transformação por por meia
meio do
do dwejn
desejo c<>i¢2iiv<1.
coletivo.
PLÉ um
um Fisher
Fisher que
que reiviudica
reivindica Smart
Stuart Hail,
Hall, no
no mm
seu sonho
sonho de
de
atticular :1a “nmdernidade'
u;2:u:1;ax' “modernidade libidimxl”
libidinal” {qua
(que enmntrara
encontrara na mais}
na músi-
ca popular) com o “projeto político pmgmssista“
{ii ;mpuiar) com 0 “prujeto poiitico progressista” da
da esquizrda
esquerda
sepanizada. De
m'gaa1iv:ad;1. De Hal},
Hall, Fishey
Fisher herda
herda aa pmpensiio
propensão de
de vet
ver Q5;
os vérios;
vários

205
295
estratos da
esiratos da vida social, em
vida sociai, como “terrenos de
cultura, cmuo“1erren0s
especial aa cultural,
em espefiiai de
tuta” ere niin
liuta” “domínios do
não “dominios capital” essen-ciaii;-zadcrs
do capimi”, monolíticos.
essencializados ee munoiiticos.
No fim
Nu fim das posição <16
contas, aa p€>$i».‘,_"§()
das contas, que néo
Fisher éé que
de iiisher precisamos
não precisamos
escolher entre
escuiher uma “ubordagrzm
entre umzi hegemônica” ee uma
“abordagem l1eg&n1€>nica” “política
uma “puiiticu
desejo” A
do cic::';<:j<1»”.
do justamente reimvar
tarefa éé justamente
A tarefa de ciasse
política (fie
renovar aa politics por
classe per
meio do desejo
meic de desejo -
- construir
cnnstmir coletivamente
C<)it3iiVi}.m\‘:Tfii€ uma
uma política
poiitica que
que possa
pussa
competir com
cornpetir com no capitalisnw no nivel
capitalismo no libidinal... ere veneer!
nível libidinal... Práticas
vencer! Préitixias
moleculares de
nicziecuiams expansão dz:
de expansim consciência, por
da consciéntia, exemplo, nix)
por example, são
não 5:10
“ação inciireta",
opostas £1à “agéo
opustas necessária para
indireta”, nccesséria produzir trarasigées
para produzir ide-
transições ide»
persistentes. E
ológicas persistentes.
ulégicas preciso ievar
É pracisu instituições 2a sério,
as instituiuées
levar as mas
sério, mas
compreendendo que
c:0mpr<»:endend0 que alas renovadas pm‘
serão renovadas
não seriio
elas néu) dentro, 56
por denim, pela
só pals.
ação de
zigziu de mzissas de nmvimentus
massas dc: oposicionais. ii
movimentos oposicionais. combinação <50
É :1a c<;n1binag:é0 do
com 0
utópico com
utépicu que tanto se faz necessária hoje:
pragmático que tanto se faz necesséria hajez pi-ag~
o pragxmitim prag-
sem utopia
matismo sem
matismu leva éà resignagtiio
utopia ieva rebaixada do
resignação rebaixada neolibera-
do neoiiberm
progressista, enquanto
lismo progressista,
lisrno utopia sem
enquanto utopia pragmatismo nos
sem pragmatismo deixa
nos deixa
“na posição da
“na p0si<;5o bela alma:
da bela com as
alma: cum as inéos limpas, mas
mãos limpas, inúteis”.
mas inuteis”.
tarefa perene
A tarefa
A esquerda pass:-1
da esquerda
perene da criar uma
por criar
passa por posi-
visão posi-
uma viséo
tiva que
tiva possa galvanizar
que possa apoio amplo
galvanizar apoio bastante para
amplo 0o bastante ganhar
para ganhar
própria. Em
vida prépria.
vida Em um diálogo com
um diélogo Thorne (do
Judy 'Ih0me
com Judy coletivo
(do coletivo
C) sobre
Plan C)
Plan comunismo luxuriante,
sobre comunisnm Fisher argumema:
luxuriante, Fisher “Mui-
argumenta: “Mui-
do capitalismu
to do
to funciona par
capitalismo Yunciona de processes
meio de
por meio hipersti-
processos hipersti-
[...] prercisamos
cionais, {mi
Ci(me1i5\ pensar sabre
precisamos pensar seria uma
como seria
sobre como prática
uma préitica
hipersticional comunista”.
hipersticiunai Ou seja,
comunista”. Ou precisamos inventar
seja, precisamos ficções
inventar ficqées
sabre futuro, para
sobre 0o futuro, que elas
para que possam se
elas possam reais,
tornar reais.
se mrnar
A fiiosofia
A Fisher sempre
de Fisher
filosofia de ir “além dn
almejou ir“a1ém
sempre aimejou princípio do
do principio do
prazer” #- 0
prazer” processo de:
o pmcesso dessubjetivação, ck:
de dessubjetivagim, de sair de si
sair de mesmo, cie
si mesma, de
abandonar pode éis
familiar, pods
abandonar 0o familiar, vezes ser
às vezes doloroso, mas
ser dulrimso, úni-
mas éé Qo uni~
co pra frzmte.
caminho pra
co caminho intervenção pxibiica
A ixiterveixqéo
frente. A de Fisher
pública de buscou
Fisher buscou
chacoalhar uma esquercia
chacoalhar uma assombrada
esgotada, assoumhrada
complacente ae esgatada.
esquerda compiacenw
pelo seu
pelo passado ee refém
seu passado dos préprios
refém dos fracassos. C)
próprios fracassos. propósito
O pmpésito
era eiiipurréda
era fora de
para fora
empurrá-la para seu iniobiiisnm
de seu confortável, dc
imobilismo canfortével, seus
de sens
Cil'CUJ{()$ impotentes de
circuitos impotentes ressentimento.
culpa ee ressentimento.
de culpa

206
Essa
Essa mmnão éé tarefa
tarefa para
para um um individuaz
indivíduo: “nmimm
“nenhum imiividuo
indivíduo
pode mudar nada,
pads mudar nada, nem
nem mesamz
mesmo 21a sisi mesmo”
mesrrni’. AA ideologia
id<2<'>ingia indi-imii»
vidualista
viduaiism da da auto-ajuda
anztmajxzda éé puro
gum “voluntarismo
“vc>k1nta1§ism<} mágico”,
zlaégicdi invoca-
i:2w_a<:aM
do
do para
para nublar
nubiar asas causas estruturais
estrutumiea da da miséria real. O{D desejo
miséria reai. d:z*s$}<>
pelo
peio futuro,
future, que
que poderia
pcaderia exercer
exercer mais
mais atração
atragém Hbidinal
iibidinal do via que
que
aa “revolta
“revoka na ma ordem”
mrdezm” “niiliberal”,
“niiiiberaI”, precisa
pracisa ainda
ainda se
se encarnar
encarmar em first
um
um “novo
“new tipotipo de
de agente
ageme coletivo”
coletivo”. Fisher,
Fisher, fiel
fiei que
que era W21 de fie: umum
“destino
“destino secular”,
secular”, via
via sinais
sinais de
ck: que
que: essa
essa recomposição
reconlpoaiqén jájzi estaria
esmria
em
em curso:
cursoz uma
uma onda
onda ascendente
ascendente de de politics.
política (“.‘K})€I'iI1"EE“I'i1l1i§,C(?!‘l“1
experimental, com
asas pessoas comuns redescubrincio
pessoas commas redescobrindo aa consciência
»c0nsci€:m:i21 de de grupo
grupa ise aa
potência
poténcia do do coletivo.
coletivo.
De
De todo
todo modo,
mode, gostemos
gostenws ou nu não,
11510, aa política
poiitica esta
asté de dz: volta.
volta. AA
história começou a se mover novamente, A desintegração éé uma
histéria comeqou a se nmver nuvamente. A desintegragfio uma
abertura
abertura perigosa,
perigosa, ee nada
nada está
esté garantido
garantido -~ mas,
mas, como
como diz diz Fisher,
Fisher,
“a“a vitória
vitéria dada direita
direita só
s6 éé inevitável
inevitéve! sese nós
nés pensarmos
pensarmos que que &é”.

Referéncias
Referências

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Mark. Ghosts
Ghosts ofqf My
My Life:
Lgfe: Writings
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on Depression,
Depressian,
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Hauntology and Lost Futures. Lcmdres: Zero Book, 2012..
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Imndres: Repeater/Watkins
Repeater!Watkins Media Media Limi-
Lim§~
ted,
ted, 2014.
2014.

207
261
-

Este livro foi composto em Neue Haas Grotesk


Display Pro e Minion Pro.
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Foto: Georg Gatsas / Verso Books

Mark Fisher foi escritor, critico.


teorico cultural, filosofo e professor
no Departamento de Cultura Visual
em Goldsmiths, Universidade de
Londres. e passou a ser reconhecldo
por meio de seu blog k-punk no
comeoo dos anos 2000 por seus
textos sobre politica radical, musica e
cultura popular. Fisher publicou
diversos livros, incluindo o sucesso
inesperado Flealismo capitalista
(2009). e contribuiu com diversas
publicaooes em revistas como The
Wire, Fact, New Statesman e Sight &
Sound. Ele foi também co-fundador
da editora Zero Books. e da editora
Repeater Books. O mundo perdeu
um pensador radical quando Fisher
nos deixou em janeiro de 2017.

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