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Na Escola...

A OUTRA FACE DA VIOLÊNCIA


De Dallva Rodrigues
Para Grupo Cena’s, com carinho.

É hora do recreio na escola. Thiago e André brincam. Paula, Sandra e Rafael vão se aproximando. Rafael é
mudo.
Thiago (Avistando os colegas) – Olha os meninos chegando, André. Vamos chamar eles para brincar
também?!
André – Nêeem, Thiago! Se a gente chamar as meninas, aquele “gago” vem junto. Pra onde elas vão, ele vai
atrás. Tô pra ver um grude desses!
Thiago – Mas, André... É porque as únicas que sabem conversar com ele, são elas... Por causa daquela
língua de sinais... De surdo-mudo. Lembra que teve uma aula aqui na escola com o pessoal da APAE?!
André – Lembro. Por isso mesmo! Não vamos chamar não! Não tenho paciência pra tá fazendo sinal para
esse...
Thiago (Recriminando) – André...
André (Avistando os três) – Agora é tarde. Já tão aí! Mas, eu avisei!
Paula (Simpática) – Oi, meninos?!
Thiago – Oi, Paulinha!... Oi, Sandra!... (Acenando) Oi, Rafael! Vamos brincar com a gente?
Paula – Vamos! Qual é a brincadeira?...
Thiago – Agora que tem mais gente... Podíamos pular corda... Vocês gostam?
André – Mas, o “mudinho” não pode brincar, não!
Paula – Por quê? Ele pode sim! Ele não fala, mas escuta muito bem, tá?
Sandra – É... Olha o respeito! Deixa de ser preconceituoso. Deixa o Rafinha em paz!
André – Ele não fala, faz tudo errado e vive sonhando... No mundo da lua. É um chato, isso sim! E tem
mais: nunca vai aprender coisa alguma.
Paula (Dando de ombros) – Ah! (Fazendo sinais) Rafinha, vamos lá! É só acompanhar o ritmo da música,
tá?
Rafael confirma que entendeu. Todos começam a pular corda, cantando a música tradicional: “Um homem bateu em
minha porta, e eu abri...” Durante o jogo, Rafael erra e sai, triste. Quando param, cansados, André continua com as
gozações.
André – Tá vendo! Não adianta. Esse cara não tem jeito! Seu gago!
Paula - Larga do pé dele, André! Pára com isso...
Sandra – É isso mesmo, seu chato! Que saco você é!
André – Olha só! (Apontando, fazendo pouco) O Rafael pulou tanto... Que não consegue nem falar!
Entendeu? Nem falar! (Gargalha)
Sandra – Pára, André! Você não pode zombar da deficiência das pessoas assim. Deixa o Rafael em paz!
André – Ah é? E quem falou isso pra você? Peraí! Deixa eu adivinhar. Foi o Rafael? (Sai novamente
gargalhando. Thiago fica sem jeito, mas acompanha André. Paula e Sandra consolam Rafael que fica
triste com a gozação. Saem do palco com ele)
TODOS (Voltam e falam para o público) – A agressão psicológica causa danos irreparáveis, prejudica o
indivíduo por toda sua existência. É violência irreparável, brincadeiras que desestimulam a boa
convivência, e o desenvolvimento do agredido. Digam não ao bullying!
FIM

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