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2.

A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO ORIENTADO

PARA QUE O ESTUDO ORIENTADO?

Neste tópico da formação, serão desenvolvidas as temáticas relativas à


importância do Estudo Orientado (EO). Para provocar reflexões sobre estudar e
a função da educação e da escola, ouça a música “Estudo errado”, do rapper
Gabriel, O Pensador (1995), segue abaixo o arquivo com a música no formato
mp3:

estudo-errado-clipe-oficial.mp3

Leia a letra da música com atenção:

Atenção pra chamada


Aderbal
Presente
Aninha
Eu
Breno
Aqui
Carol
Presente
Douglas
Alô
Fernandinha
Tô aqui
Geralda
Oi
Itamarzinho
Faltou
Juquinha
Eu tô aqui pra quê?
Será que é pra aprender?
Ou será que é pra aceitar, me acomodar e obedecer?
Tô tentando passar de ano pro meu pai não me bater
Sem recreio de saco cheio porque eu não fiz o dever
A professora já tá de marcação porque sempre me pega
Disfarçando, espiando, colando toda prova dos colegas
E ela esfrega na minha cara um zero bem redondo
E quando chega o boletim lá em casa eu me escondo
Eu quero jogar botão, vídeo-game, bola de gude
Mas meus pais só querem que eu "vá pra aula!" e "estude!"
Então dessa vez eu vou estudar até decorar cumpádi
Pra me dar bem e minha mãe deixar ficar acordado até mais tarde
Ou quem sabe aumentar minha mesada
Pra eu comprar mais revistinha (do Cascão?)
Não. De mulher pelada
A diversão é limitada e o meu pai não tem tempo pra nada
E a entrada no cinema é censurada (vai pra casa pirralhada!)
A rua é perigosa então eu vejo televisão
(Tá lá mais um corpo estendido no chão)
Na hora do jornal eu desligo porque eu nem sei nem o que é inflação
Ué não te ensinaram?
Não. A maioria das matérias que eles dão eu acho inútil
Em vão, pouco interessantes, eu fico pu-
Tô cansado de estudar, de madrugar, que sacrilégio
Vai pro colégio!
Então eu fui relendo tudo até a prova começar
Voltei louco pra contar:

Manhê! Tirei um dez na prova


Me dei bem tirei um cem e eu quero ver quem me reprova
Decorei toda lição
Não errei nenhuma questão
Não aprendi nada de bom
Mas tirei dez (boa filhão!)

Manhê! Tirei um dez na prova


Me dei bem tirei um cem e eu quero ver quem me reprova
Decorei toda lição
Não errei nenhuma questão
Não aprendi nada de bom
Mas tirei dez (boa filhão!)

Quase tudo que aprendi, amanhã eu já esqueci


Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi
Quase tudo que aprendi, amanhã eu já esqueci
Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi

Decoreba: esse é o método de ensino


Eles me tratam como ameba e assim eu num raciocino
Não aprendo as causas e conseqüências só decoro os fatos
Desse jeito até história fica chato
Mas os velhos me disseram que o "porquê" é o segredo
Então quando eu num entendo nada, eu levanto o dedo
Porque eu quero usar a mente pra ficar inteligente
Eu sei que ainda num sou gente grande, mas eu já sou gente
E sei que o estudo é uma coisa boa
O problema é que sem motivação a gente enjoa
O sistema bota um monte de abobrinha no programa
Mas pra aprender a ser um ingonorante
Ah, um ignorante, por mim eu nem saía da minha cama (Ah, deixa eu dormir)
Eu gosto dos professores e eu preciso de um mestre
Mas eu prefiro que eles me ensinem alguma coisa que preste
O que é corrupção? Pra que serve um deputado?
Não me diga que o Brasil foi descoberto por acaso!
Ou que a minhoca é hermafrodita
Ou sobre a tênia solitária
Não me faça decorar as capitanias hereditárias!
Alô
Alô que que vai cair na prova de amanhã?
O quadrado da hipotenusa
Cromossomos
Tabela periódica...

Vamos fugir dessa jaula!


"Hoje eu tô feliz" (matou o presidente?)
Não. A aula
Matei a aula porque num dava
Eu não aguentava mais
E fui escutar o Pensador escondido dos meus pais
Mas se eles fossem da minha idade eles entenderiam
(Esse num é o valor que um aluno merecia!)
Ih... Sujô (Hein?)
O inspetor!
(Acabou a farra, já pra sala do coordenador!)
Achei que ia ser suspenso mas era só pra conversar
E me disseram que a escola era meu segundo lar
E é verdade, eu aprendo muita coisa realmente
Faço amigos, conheço gente, mas não quero estudar pra sempre!
Então eu vou passar de ano
Não tenho outra saída
Mas o ideal é que a escola me prepare pra vida
Discutindo e ensinando os problemas atuais
E não me dando as mesmas aulas que eles deram pros meus pais
Com matérias das quais eles não lembram mais nada
E quando eu tiro dez é sempre a mesma palhaçada

Manhê! Tirei um dez na prova


Me dei bem tirei um cem e eu quero ver quem me reprova
Decorei toda lição
Não errei nenhuma questão
Não aprendi nada de bom
Mas tirei dez (boa filhão!)
Manhê! Tirei um dez na prova
Me dei bem tirei um cem e eu quero ver quem me reprova
Decorei toda lição
Não errei nenhuma questão
Não aprendi nada de bom
Mas tirei dez (boa filhão!)

Encarem as crianças com mais seriedade


Pois na escola é onde formamos nossa personalidade
Vocês tratam a educação como um negócio onde a ganância, a exploração e a
indiferença são os sócios
Quem devia lucrar só é prejudicado
Assim cês vão criar uma geração de revoltados
Tá tudo errado e eu já 'tou de saco cheio
Agora me dá minha bola e deixa eu ir embora pro recreio...
Juquinha você tá falando demais assim eu vou ter que te deixar sem recreio!
Mas é só a verdade 'fessora!
Eu sei, mas colabora se não eu perco o meu emprego

Fonte: Musixmatch

Como é possível observar no videoclipe, bem como na análise da letra da


música, estudar tem uma função social importante e vai além de decorar
conteúdos. É uma prática fundamental para a formação intelectual e cidadã dos
estudantes.

A música por sua vez,

[...] traz o olhar de um aluno frente a uma escola que atua através do ensino
tradicional, provocando assim uma série de questionamentos sobre a
importância de se estudar e os efeitos que isso causa na educação plena do
estudante que passa a ver a escola como um lugar que não se aprende coisas
úteis e essenciais para a sua vida cotidiana, e sim um lugar que seus pais o
obrigam a frequentar e tirar “boas notas” (DIETERICH; VANDERLINDE, 2012,
p.1).
Observando tal problemática a implementação do componente curricular EO
justifica-se pela constatação de que a maioria dos estudantes apresenta
dificuldades em estabelecer prioridades ao estudar, em organizar-se de forma
autônoma para execução das atividades, para revisão de conteúdos trabalhados
em sala de aula e para aplicação de técnicas de estudo.

Nessa direção, o Estudo Orientado é uma metodologia que objetiva oferecer um


tempo qualificado destinado à realização de atividades pertinentes às diversas
formas de estudar. Inicialmente acompanhado por um professor, o estudante
aprende métodos, técnicas e procedimentos para organizar, planejar e executar
os seus processos de estudos visando ao autodidatismo, à autonomia, à
capacidade de auto-organização e à responsabilidade pessoal, além de permitir
a realização das próprias tarefas escolares.

Entende-se que deste modo, é possível destinar tempo de qualidade a fim de


auxiliar o estudante a criar uma rotina na escola que contribua para a melhoria
da sua aprendizagem, além de desenvolver novas habilidades que o levem a
“aprender a aprender”, fundamental para o cultivo do desejo de continuar a
aprender ao longo da sua vida, trata-se em última análise de ressignificar o
estudo e o aprendizado, conforme preconiza a matriz de saberes do Currículo
do Espírito Santo, elaborada a partir dos 4 (quatro) pilares da educação:
aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a conviver; e aprender a ser,
conforme Relatório da Comissão Internacional sobre Educação para o Século
XXI da Unesco (DELORS, 2012 apud ESPÍRITO SANTO, 2020, p. 35).

“Aprender a aprender” integra o pilar “aprender a conhecer” da matriz de


referência. Esse pilar

Aborda a aquisição de instrumentos do conhecimento que possibilitem aos


sujeitos de aprendizagem o desejo por compreender, conhecer e descobrir,
que inclui o conhecimento científico e o estímulo ao desenvolvimento do
pensamento investigativo, crítico e criativo, a predisposição em aprender e a
estabelecer processos de aprendizagem que o acompanhem e continuem em
desenvolvimento ao longo da vida. O pensamento investigativo, o crítico e o
criativo ampliam as possibilidades ou alternativas para tomar decisões, propor
soluções, articular informações, decidir no que acreditar, avaliar se uma
argumentação, procedimentos ou resultados são viáveis. Identificam
hipóteses, implícitas ou explícitas na argumentação, e rejeitam conclusões e
pensamentos tendenciosos, avaliando a credibilidade das fontes de
informação (ESPÍRITO SANTO, 2020, p. 36-37).

2.1 COMPETÊNCIAS A SEREM DESENVOLVIDAS

Conforme a prática escolar nos mostra, os estudantes em sua maioria, entendem


que estudar resume-se a fazer tarefas, estudar para provas e realizar os
trabalhos solicitados pelos professores. Por isso, as aulas de Estudo Orientado
têm entre seus grandes objetivos ampliar essa noção, mostrando de forma
prática que estudar é a condição para a realização do seu projeto de vida e
construção do seu protagonismo.

Busca-se, portanto, que o estudante compreenda a importância da construção


de rotinas de estudo, de modo que este processo o leve ao autoconhecimento,
pois estabelece de forma autônoma suas potencialidades e fragilidades, bem
como formas de superá-las. Para além disso, o Estudo Orientado objetiva
desenvolver o autoconhecimento, a responsabilidade pessoal, a relação entre a
vida escolar ao projeto de vida, a capacidade de autoavaliação, o autodidatismo,
o protagonismo, além de aprender técnicas de estudos.

2.1.1 Autoconhecimento

Nos últimos anos o termo autoconhecimento tem ganhado projeção e visibilidade


em diversas áreas do conhecimento, para além da Filosofia e da Psicologia, e
passou a ser citado com frequência nas novas referências teórico-metodológicas
desenvolvidas nas áreas da educação, dada a sua necessidade para o sucesso
nos processos de ensino e aprendizagem, assim como sua capacidade de mover
os sujeitos em direção ao crescimento pessoal, autonomia e autorregulação.

Embora o termo seja, à primeira vista, autoexplicativo, como podemos definir


autoconhecimento? O filósofo grego Sócrates o apresentou como um de seus
princípios filosóficos na frase “conhece-te a ti mesmo”, provocando uma jornada
ao conhecimento sobre si e o mundo, por meio do convívio com o outro, do
coletivo. Atualmente, uma das possíveis conceituações para autoconhecimento
é:

Autoconhecimento é o conhecimento de si próprio, das suas características,


qualidades, imperfeições, sentimentos etc.; que caracterizam o indivíduo por si
próprio. (Fonte: Dicio.com.br)

O autoconhecimento envolve conhecer suas características, qualidades, defeitos


e sentimentos. Esse é um processo importante para o estudo, uma vez que o
autoconhecimento também pode ser utilizado para reconhecer em suas
características pessoais, a melhor forma para sua aprendizagem e a partir desse
ponto, potencializar seus estudos. No Estudo Orientado, um dos primeiros
passos do processo educativo é incentivar o estudo nesse movimento de
autoconhecimento para que ele possa desenvolver, juntamente com outras
competências, seus estudos com mais qualidade e tenha efetivos resultados de
aprendizagem.

2.1.2 Autoavaliação e autorresponsabilização

As contribuições da instituição escolar para a formação dos estudantes vão além


dos aspectos cognitivos. Refletir sobre si e sobre o mundo são processos
desenvolvidos também por intermédio dos saberes escolares. Tal compreensão
é importante nas aulas de Estudo Orientado, considerando o professor como
mediador da construção de conhecimentos pelos estudantes, condição
intrínseca nesse componente curricular. Para auxiliar os estudantes no percurso
de estudos faz-se necessário auxiliá-lo no desenvolvimento das capacidades de
autoavaliação e de autorresponsabilização.

Nessa direção, as aulas de EO abordam questões fundamentais para a


realização de um bom estudo, como você tem aprendido no decorrer desta
formação, tais como: responsabilidade pessoal, organização de material e
algumas técnicas de estudo. As aulas de EO devem oferecer condições para
que os estudantes desenvolvam uma aprendizagem autorregulada, assim como,
aprendam a planejar, a estabelecer objetivos, a executar ações e a autoavaliar
suas atividades de estudo, a forma como estudam e outros aspectos de seu
papel enquanto estudante. Dessa forma, o EO propõe aos estudantes um
exercício de reflexão para que eles pensem sobre os aspectos externos (sociais,
culturais, econômicos, estruturais) e, principalmente, internos (cognitivos,
afetivos, comportamentais e atitudinais) que interferem em seu aprendizado,
assim como, sobre o modo como aprendem melhor e apontem possibilidades
para potencializar seus estudos e, consequentemente, sua aprendizagem e
construção de conhecimentos.

Destacamos que o processo de autoavaliação não se restringe a aplicação de


instrumentos de autoavaliação, tampouco devem ser realizadas somente ao final
de um processo formativo (trimestre ou ano letivo). A concepção de
autoavaliação apresentada, relaciona-se a uma visão crítica que mobilize os
estudantes a traçarem novas estratégias de estudo ou comportamentais, quando
necessário, importantes para seu autoconhecimento e desenvolvimento
acadêmico e pessoal.

Fluxograma de competências

Autoconhecimento – Autoavaliação –Autorregulação

O conhecimento de si contribui para a autorregulação dos estudantes em seu


processo de aprendizagem, estabelecendo objetivos pessoais e corrigindo
atitudes que atrapalham seu aprendizado. A capacidade de controlar e gerir
comportamentos, emoções e motivações, possibilita o desenvolvimento pessoal
dos sujeitos (ABALAU, 2019).

Definição de autorregulação:

Autorregulação é a ação ou efeito de se autorregular. Regular a si mesmo sem


intervenção externa: autorregulação do completamente. Capacidade que possui
alguns órgãos de regular suas próprias funções fisiológicas. (Fonte:
Dicio.com.br)

Professor, não esqueça de que o desenvolvimento de competências é um


processo que requer tempo e prática. Com a autorregulação não é diferente. Por
isso, ela tem algumas fases de desenvolvimento que serão apresentadas a
seguir.

Fases da autorregulação

Planificação: fase na qual se produz uma análise da situação, um


estabelecimento de objetivos e uma organização dos mesmos, assim como uma
conexão com aprendizagens anteriores.

Execução: fase na qual se coloca em pratica ou se executa o comportamento.

Autorreflexão: fase de avaliação e valoração dos resultados alcançados. Esta


fase é de grande importância, uma vez que a autorregulação se retroalimenta
com base nas experiências das mesmas.

Fonte: elaborado pela equipe de formação a partir de Abalau (2019).

Professor, seu papel nas aulas de EO é orientar cada estudante para que ele
desenvolva uma autoavaliação e autorregulação para que, independentemente
de seu ano escolar ou do componente curricular, ele tenha sucesso em sua vida
escolar.

2.1.3 Protagonismo

O Currículo do Espírito Santo (ESPÍRITO SANTO, 2020) desenvolve a


concepção de formação integral dos sujeitos. Nessa, o desenvolvimento humano
é compreendido em sua integralidade, com: a interligação dos saberes; o
estímulo a aplicação do que é aprendido no cotidiano; e conferência de
importância ao contexto, para dar sentido ao que é aprendido.

Veja o conceito de Educação Integral, no link abaixo, apresentado pelo prof. Dr.
Miguel Arroyo, no Canal do YouTube do Centro de Referências em Educação
Integral (2013): https://www.youtube.com/watch?v=SzqmiJLxmbc&t=1s

Na matriz de saberes do Currículo, o protagonismo é uma das competências que


integram o pilar “aprender a fazer”. Com a leitura da matriz, observa-se que o
protagonismo está acompanhado de uma série de conhecimentos (otimismo,
entusiasmo, proatividade e locus interno de controle) necessários à busca de
novas perspectivas de futuro (ESPÍRITO SANTO, 2020). Em “aprender a fazer”,
a terminologia fazer remete à ação, desse modo, o protagonismo pode ser
compreendido como um mecanismo de ação que mobiliza forças, talentos e
potencialidades para o projeto de vida do estudante. Constitui ainda um princípio
educativo, sustentado por práticas pedagógicas e metodologias de êxito para
construção do projeto de vida e da vida cidadã dos estudantes (INSTITUTO DE
CORRESPONSABILIDADE PELA EDUCAÇÃO, 2019).

Na educação faz-se necessária a visão de que crianças, adolescentes e jovens,


são sujeitos sócio históricos e têm o direito de ter acesso à espaços de práticas
e vivências em protagonismo no ambiente escolar. A vivência do protagonismo
na escola constitui um caminho para que a identidade do estudante seja
fortalecida. As escolas devem criar condições de escuta dos estudantes, assim
como, para o desenvolvimento de sua autonomia, liberdade e exercício da
solidariedade, fortalecendo seus laços de confiança e sentimento de
pertencimento à instituição (INSTITUTO DE CORRESPONSABILIDADE PELA
EDUCAÇÃO, 2019).

As experiências de vida de cada sujeito, constituem sentidos para suas


construções pessoais. Por isso, os estudantes devem ser apoiados “no
desenvolvimento de suas competências e habilidades na perspectiva de sujeitos
transformadores e promotores de mudanças construtivas no e para o mundo”
(INSTITUTO DE CORRESPONSABILIDADE PELA EDUCAÇÃO, 2019, p. 30).

Nesse sentido, o Estudo Orientado possibilitará ao estudante a ser protagonista


de sua educação, identificando entre as formas de aprendizagem a que melhor
se adequa ao seu estilo, desenvolvendo competências e habilidades, resolvendo
problemas, adquirindo e produzindo conhecimentos.

Figura: Protagonismo estudantil

Ser protagonista é: ser capaz de se colocar com sujeito construtor do seu projeto
de vida e de se ver como parte da solução, de não ser indiferente a eles, mas de
atuar como elemento que contribui para sua solução de problemas reais, de não
ser indiferente a eles, mas de atuar como elemento que contribui para a solução
(p.36)

O protagonismo não evolui espontaneamente como um processo natural: as


crianças (e os jovens) carecem de orientação e de oportunidades durante a vida,
desde os anos iniciais. Para que desenvolvam suas potencialidades , é preciso
que a escolas promova condições de tempo e espaço para que as crianças
tomem, progressivamente ,consciência dos próprios processos de
aprendizagem, de seus recursos internos, da capacidade de tomar decisões
para si e para o bem comum (p.37)

Os conceitos de protagonismo e projeto de vida: se referem à formação de um


sujeito ativo. Capaz de tomar decisões e fazer escolhas embasadas no
conhecimento, na reflexão, na consideração de si próprio e do coletivo. (p.42)

Essa formação depende de uma ação pedagógica constante, que permita aio
educando o desenvolvimento de habilidades e competências que vão muito além
da memorização ou do treinamento de respostas corretas. (p.42)

2.1.4 Responsabilidade pessoal, vida escolar e o projeto de vida

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) versa no Art. 2º que “a


educação [...] tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”
(BRASIL, 1996). Nessa perspectiva, o ensino nas instituições escolares projeta
uma formação voltada para a vivência social dos sujeitos. Para além dessa
compreensão, a educação contribui também para que crianças, jovens e adultos
sonhem, planejem e efetivem seus planos e expectativas pessoais, acadêmicas
e profissionais, em outros termos, seus projetos de vida.

Aliado ao que foi exposto nos parágrafos anteriores, no pilar “aprender a ser”, da
matriz de saberes presente no Currículo do Espírito Santo (ESPÍRITO SANTO,
2020), a construção do projeto de vida é apresentada juntamente com as
competências: autoconfiança, autoestima, autotelia, auto proposição e
autoconhecimento, enquanto a execução do projeto de vida é apresentada com
as competências autodeterminação, resiliência, perseverança, gestão
emocional, organização e foco.

O Currículo do Espírito Santo (2020, p. 39), destaca que “o autoconhecimento,


a autoproposição, a autoestima e a autoconfiança são importantes para
conhecer suas próprias virtudes e fortalezas, assim como fragilidades e
potencialidades. Envolve conhecer os próprios valores, crenças e entender como
se sente em cada situação e o porquê. Envolve, também, reconhecer como se é
percebido por outras pessoas e poder traduzir seus próprios sonhos e desejos
num projeto de vida, coerente com seus valores e crenças, interesses e
potencialidades. Abrange a crença na própria capacidade de realizar
determinadas atividades. Esses são alguns elementos importantes para a
construção do projeto de vida.

A escola faz parte da sociedade, de modo que os conhecimentos, as relações


interpessoais e as experiências nela compartilhadas impactam toda a vida dos
estudantes nos diversos espaços sociais que eles atuam (família, igreja,
trabalho, movimentos sociais, organizações da sociedade civil, manifestações
culturais, relações afetivas etc), assim como a relações consigo mesmo.

Para descobrir o que precisam aprender, os estudantes devem fazer um


levantamento de acordo com o que buscam conquistar ao longo da vida escolar
ou do projeto de vida. Para facilitar esse exercício, os estudantes devem elaborar
uma lista de desejos e/ou sonhos e depois precisam estabelecer quais
conhecimentos são necessários realizar cada um dos seus anseios. Essa
questão além de ajudar os estudantes a refletirem sobre os seus esforços, ajuda
na identificação das limitações de cada um. Para descobrir como costumam
aprender, é necessário que os estudantes identifiquem fatores internos e
externos que contribuam ou não para o avanço de suas aprendizagens. O que
implica reconhecer qual é a forma de estudar que é mais eficaz para o seu estilo
de aprendizagem e se esta maneira condiz com a sua necessidade de
conhecimento. Assim, é necessário que os estudantes façam um levantamento
sobre o seu estilo de aprendizagem, como por exemplo: se aprende melhor
quando faz anotações nas aulas, se faz resumos ou se realiza uma lista de
exercícios; se começa a estudar sempre pelos conteúdos que possui mais
dificuldades de compreensão; se não costuma passar mais de 2 horas
estudando uma mesma disciplina; se costuma ler o mesmo conteúdo em livros
diferentes; se depende de um lugar totalmente silencioso para estudar, etc.
(INSTITUTO DE CORRESPONSABILIDADE PELA EDUCAÇÃO, 2016, p. 21).

Em EO, o estudante poderá criar uma rotina e hábitos de estudos como uma
prioridade e uma necessidade do processo de desenvolvimento da
aprendizagem, proporcionando-lhe apoio e sentido, por meio de métodos e
estratégias didático-pedagógicas, que o auxiliarão na sua formação, no seu
desempenho e na sua trajetória escolar, assegurando seu direito de acesso, de
permanência e de aprendizagem (ESPÍRITO SANTO, 2020).

As competências e as habilidades desenvolvidas no EO compõem uma


perspectiva de formação integral dos estudantes, na qual a educação e a
aprendizagem são desenvolvidas ao longo de toda sua vida. Por exemplo: o
autoconhecimento, a autorregulação, o estabelecimento de hábitos e rotinas,
entre outras, são competências e habilidades importantes em todos os aspectos
da vida dos estudantes, não apenas a escolar.

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