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Arquivo2-SOBER-2018 AÇAI

Article · September 2018

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6 authors, including:

Tatiana Pará Monteiro de Freitas André Cutrim Carvalho


Universidade Federal do Paraná Federal University of Pará
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Gisalda Carvalho Filgueiras


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A PRODUÇÃO ESPACIAL DO AÇAÍ NO BRASIL E PARÁ EM PERÍODO
RECENTE (1995 – 2015)

Selma Lúcia Moraes Brabo


Universidade Federal do Pará - UFPA
selmamoraesbrabo@hotmail.com

Tatiana Pará Monteiro de Freitas


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará IFPA/CASTANHAL
tatiana.para@ifpa.edu.br

André Cutrim Carvalho


Universidade Federal do Pará - UFPA
andrecc83@gmail.com

Gisalda Carvalho Filgueiras


Universidade Federal do Pará – UFPA
gisaldaf@yahoo.com.br

Grupo de Trabalho 7: Desenvolvimento rural, territorial e regional

Resumo
O Pará é o maior produtor de frutas consideradas exóticas e o açaí é o produto mais
importante da fruticultura paraense. Neste aspecto, este trabalho expõe o processo da
produção do açaí sobre o desenvolvimento socioeconômico regional, considerando, a análise
da dinâmica do mercado do produto, sua evolução de preços a nível nacional e estadual,
observando nesta atividade a relação de geração de emprego e renda, dado que sua extração é
feita de forma manual pelos ribeirinhos, assim como expressa importante item na alimentação
local. Então, através de dados secundários, via o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), buscou-se com a estatística descritiva para ver a evolução (ou involução) da
produção, preços e ainda, pelo Sistema de Informação Geográfica –SIG, visualizar
espacialmente a produção extrativa deste fruto ao longo de cinco anos (1995; 2000; 2005;
2010 e 2015). Os resultados apontaram que a demanda do açaí tem sido crescente, entretanto,
em termos de produção regional, o açaí extrativo vem perdendo espaço para o açaí plantado,
às vezes, com uso de irrigação, conforme dados do crédito de financiamento para esta cultura
em tempos recentes (2000 a 2015) e, constatou-se ainda que pólos importantes de produção,
como Cametá, deixaram de explorar esta atividade.
Palavras-chave: Mercado de açaí; Oferta; Demanda; Ribeirinhos.

Abstract
Pará is the largest producer of fruits considered exotic and the açaí is the most important
product of the fruit of Pará. In this regard, this paper exposes the process of açaí production
on regional socioeconomic development, considering the analysis of the dynamics of the
product market, its price evolution at national and state level, observing in this activity the
relation of generation of employment and income, since its extraction is done manually by the

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riverside, as well as expresses an important item in the local food. Then, through secondary
data, via the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE), we looked for descriptive
statistics to see the evolution of production, prices and also, through the Geographic
Information System -SIG, spatially visualize the extractive production of this five years (1995,
2000, 2005, 2010 and 2015). The results pointed out that açaí demand has been increasing,
however, in terms of regional production, the extractive açaí has been losing space for the
planted açaí, sometimes with irrigation, according to data of the financing credit for this crop
in times (2000 to 2015), and it was also noted that important production centers, such as
Cametá, stopped exploring this activity.
Key words: Açaí market; Offer; Demand; Ribeirinhos.

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresenta a discussão sobre a produção do açaí no estado paraense


nos últimos vinte um ano, em média, fazendo uma análise do seu crescimento econômico.
Destaca-se que, o interesse pela implementação da produção de frutos tem se dado pelo fato
do açaí, antes destinado totalmente ao consumo local, ter conquistado novos mercados e se
tornado em importante fonte de renda e de emprego para a economia regional.
Aliás, dados de Nogueira et al. . (2005), aponta que a economia no Brasil de açaí se
apresenta na venda de polpa congelada, para outros Estados brasileiros, o que vem
aumentando significativamente com taxas anuais superiores a 30%, podendo chegar à cerca
de 12 mil toneladas. Essa é a contribuição da produção do estado do Pará e as exportações de
polpa ou na forma de mix, para outros países, ultrapassam a mil toneladas por ano.
Neste sentido, o valor anual da produção de frutos de açaizeiro, no estado do Pará, em
2005, foi de aproximadamente 66 milhões de reais. Em 2016, no Brasil, o Valor Bruto da
Produção (VBP) de açaí foi de R$480,45 milhões e o estado do Pará incrementou este valor
em R$327,94 milhões, que correspondeu a 126 mil toneladas de frutos de açaí (PEVs-IBGE,
2017).
O açaizeiro (Euterpe Oleácea) é nativo da Amazônia brasileira e o Pará é o principal
centro de dispersão natural dessa palmácea. Populações espontâneas também são encontradas
nos estados do Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Tocantins; e em países da América do Sul
(Venezuela, Colômbia, Equador, Suriname e Guiana) e da América Central (Panamá). No
entanto, é na região do estuário do Rio Amazonas que se encontram as maiores e mais densas
populações naturais dessa palmeira, adaptada às condições elevadas de temperatura,
precipitação pluviométrica e umidade relativa do ar (NOGUEIRA et al. , 2005).
No mercado do açaí, a atual conjuntura econômica, se caracteriza pelo crescimento de
demanda, e aumento do preço dos frutos e esse cenário tem atraído novos investimentos.
Entretanto, a sua produção extrativista, não acompanhou na mesma proporção o seu ritmo de
crescimento, levando em consideração período de entressafra (CONAB, 2013). Ademais,
dado a demanda crescente por este produto nos últimos 15 anos, o crédito para a produção
desta palmeira se tem dado, também, em áreas secas com manejo de irrigação, geralmente
consorciada com banana, nos primeiros anos.
Sendo assim, com o aumento da procura e sua aceitação no mercado, tanto em nível de
importação como de exportação, resultou na expansão de açaizais manejados, em áreas de
várzeas, incentivou a implantação de cultivos racionais em terra firme.

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O Pará é o maior produtor de frutas consideradas atrativas, tendo o maior destaque o
fruto do açaí, portanto o carro chefe da fruticultura paraense, além, de ser a principal atividade
que agrega uma enorme capacidade de distribuição de renda para a população, por envolver
vários dos pequenos produtores, o que torna relevante para o Estado que além do valor
associado à nossa terra, contribui para a geração de emprego na região (FRUTAS..., 2012).
Há crescente demanda por esse produto, inclusive ocorrendo mudanças na forma de
seu consumo (palmito x vinho) e é com objetivo de melhor entender as análises de oferta e
demandas deste produto, que foram utilizados, neste trabalho, o uso da literatura da
microeconomia para analisar a dinâmica da produção do açaí, em termos espaciais, no Brasil
e estado do Pará, pela sua produção extrativa em cinco anos (1995; 2000; 2005; 2010 e 2015),
através dos modelos econométricos para entender como funcionam os processos econômicos
que podem influenciar na comercialização do açaí, e avaliar os impactos das práticas de
produção do fruto, porém, no intuito de compreender toda a demanda criada dentro ou fora de
mercado local. Questiona-se, portanto, se a demanda crescente pelo fruto pode gerar maior
benefício econômico e social para o agente produtor (coletor) que está no início do elo da
cadeia produtiva do açaí.
Considerando, hipoteticamente, que que o aumento da demanda do açaí gera
benefícios econômicos e sociais para a população ribeirinha, além de ser um item na
alimentação dessa família, além de se ver ocupado na atividade com geração de renda para a
obtenção de maior rendimento familiar procurou-se analisar sobre o desenvolvimento
econômico e social do açaí no estado do Pará, para os anos de 1995; 2000; 2005; 2010 e 2015,
observando nesta cultura a sua relevância no aspecto local (municípios produtores), em
termos espaciais, tendo como produto do estudo os gráficos e mapas da produção de açaí
extrativo nos municípios especializados.

2. REFERENCIAL TEÓRICO E BIBLIOGRÁFICO

2.1 MICROECONOMIA

A microeconomia estuda as leis que analisam o comportamento do livre mercado, essa


teoria tem por finalidade mostrar a relação de consumo (indivíduos e famílias), empresas na
produção dos preços e a quantidade de um determinado bem ou serviço em um mercado
específico e fatores produtivos, pode ser incluída neste mercado outras variáveis, tais como
fatores sazonais, localização dos consumidores, disponibilidade de credito, entre outros. Por
exemplo sobre o produto do açaí, o preço na safra é sempre mais baixo, pago pelos
atravessadores, devido a oferta de açaí ser abundante em relação a demanda.
A análise da demanda de bens e serviços tem como base, o conceito subjetivo de
utilidade. Que tem como finalidade explicar o grau de satisfação que o consumidor atribui aos
bens e serviços que pode adquirir no mercado.
De acordo com o estudo, a teoria do valor - utilidade contraria a teoria do valor-
trabalho que diz que o valor de um bem se configura do lado da oferta, através do custo do
trabalho agregado ao bem. Entretanto, com base na pesquisa pode-se considerar que essas
duas teorias são complementares, pois não seria possível a teoria do valor trabalho predizer o
desempenho dos preços dos bens apenas com base nos custos em geral, sem levar em
consideração o lado da demanda, como, por exemplo, a preferência, e o padrão dos gostos.

2.1.1 Demanda de Mercado

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No mercado consumidor, o comportamento dos consumidores não é influenciado
apenas pelos preços do produto ou serviço, mas, se deve levar em consideração a vontade e a
necessidade das pessoas, bem como, a sua disponibilidade e o seu poder de compra. A
importância do preço numa economia de mercado é servir como um eficiente sistema de
informação, pois transmite os fatores que determinam a demanda e a oferta
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2014)
A demanda tem como teoria que ela seja proveniente de hipóteses sobre a escolha do
consumidor em fase de uma restrição orçamentária perante diversas alternativas presentes, ou
seja o consumidor pesquisará a melhor a forma possível de dividir seu orçamento entre os
diversos bens e serviços que as pessoas estão dispostas a comprar de um vendedor a um preço
específico (PINHO et al. ., 2011).
A relação entre quantidade demandada e preço do bem, e expressa matematicamente
pela forma:
Dх = f (Px, P1, P2...Pn-1, R, G)
Assim sendo:
Dx =é a demanda do bem x;
Px = é o preço do bem x;
P1= o preço de outros bens, i = 1,2..., n-1;
R = a renda;
G = as preferências do consumidor.

Neste caso, as escolhas do consumidor são influenciadas por algumas variáveis que
em geral serão as mesmas que influenciarão sua escolha em outros momentos. Para que se
possa analisar a influência de fator sobre a demanda será necessário fazer uma simplificação
que consistirá na mudança do valor de uma variável, fazendo a hipótese de que tudo o demais
permaneça constante. Esta condição é interpretada pelo economista como a cláusula do
coeteris paribus, significa dizer, a demanda é função do preço, permancendo as demais
variáveis (se houver) constantes.

2.1.2 Oferta de Mercado


Da mesma forma, a oferta indica a quantidade de bens ou serviços fornecidos por um
vendedor a determinado preço. Ou seja, nos períodos em que a oferta de um determinado
produto superar muito da procura, seu preço tende a cair (CONWAY, 2015).
A oferta tem como definição a relação da quantidade de um bem ou serviço que os
produtores almejam vender por unidade de tempo. Ela depende de seu próprio preço,
aceitando a hipótese coeteris paribus, que diz: quanto maior for o preço do bem mais
proveitoso será produzi-lo e, logo, a oferta é maior. A relação entre a quantidade ofertada de
um bem com o seu preço formulará a curva de oferta.
Fatores que afetam a oferta de um bem ou serviço, além do preço, são os custos de
produção como matéria primas, salários e por alteração tecnológica de produção, entre outros.
Os bens que mais se beneficiaram da mudança tecnológica terão uma lucratividade
aumentada, deslocando assim, nas curvas de oferta de diversos bens e serviços (PINHO et al.
., 2011.
Podemos sintetizar essas relações, oferta do bem x (Ox) matematicamente:
Ox = f (Px , P1, Pn-1, Fp, T)
Na qual:
Ox = é a quantidade ofertada do bem x;

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Px= é o preço do bem x;
P1= é o preço do bem i, sendo i = 1,2..., n-1;
Fp = é o preço dos fatores de produção p = 1,2, ..., m;
T = representa a tecnologia.

2.1.3 Equilíbrio de Mercado


A relação do equilíbrio de mercado é determinada pela interação das curvas de
demanda e de oferta onde define o preço e a quantidade de um bem ou serviço em um dado
mercado. Quando as curvas de demanda e de oferta ao se interceptarem, tem-se o preço e a
quantidade de equilíbrio, isto significa dizer que tanto o preço como a quantidade atendem as
pretensões dos consumidores e também dos produtores ao mesmo tempo
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2014).
O preço na economia de mercado e terminado pelas forças opostas da demanda e da
oferta, analisaremos o que ocorre (PINHO et al. ., 2011):
1- Quando existir excesso de demanda aparecerá pressões para que os preços subam,
devido a seguinte situação: os compradores, incapazes de comprar tudo o que
desejam ao preço oferecido, dispõem-se a pagar mais; e os vendedores veem a
escassez e percebem que podem elevar os preços sem queda em suas vendas.
2- Quando existir excesso de oferta aparecerá pressões para os preços caírem, devido
a seguinte situação: os vendedores percebem que não podem vender tudo o que
desejam, seus estoques aumentam e, assim, passam a oferecer a preços menores; e
os compradores notam a fartura e passam a regatear no preço.

2.1.4 Comportamento do Consumidor


Com uma renda limitada o consumidor deve decidir como alocar sua renda, entre
diferentes bens e serviços, procurando maximizar sua utilidade ou bem-estar. Assim, existem
três etapas que é bem compreendida em relação ao comportamento do consumidor:
1- Preferências do Consumidor: retrata de maneira prática como as pessoas poderiam
escolher uma mercadoria a outra;
2- Restrições orçamentária: neste caso os consumidores deverão levar em
consideração os preços;
3- Escolhas do Consumidor: de acordo com suas preferências e da sua limitação de
renda, escolherão as combinações de mercadoria que possa maximizar sua
satisfação. Diante desta situação de escolhas poderemos compreender como a
quantidade de bens adquiridos pelos consumidores dependerá de seu preço.
Entretanto, deve-se levar em consideração que o consumidor deva manter o seu grau
máximo de satisfação de acordo com suas possibilidades financeira (PINDYCK;
RUBINFELD, 2006).

2.2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO MERCADO DO AÇAÍ

Dentre as frutas tropicais (abacaxi, acerola, cajá, caju, côco, goiaba, graviola,
maracujá, lima, manga, mamão), o açaí é o que mais se tem destacado em termos de
agregação de valor nos últimos anos. Além disso, apenas dois estados (Pará e Maranhão) tem
respondido com ofertas desse produto, porém, ainda insuficiente para o tamanho do mercado
sendo o estado do Pará o que responde por uma maior produção

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Homma (2012), demonstra que a oferta extrativista não consegue acompanhar o
crescimento de mercado, pois este crescimento inclina-se para uma crise na economia
extrativista, justamente pelo fato de sua insuficiência de suprir a demanda, pois, com a
expansão da fronteira agrícola e com novas possibilidades econômicas, surgem alternativas de
produtos substitutos, contribuindo também para a mudança desse declínio. A solução, então,
seria a domesticação do manejo ou a procura de novos substitutos.
Nogueira et al. . (2016), comenta que com essa nova conjuntura de expansão do
mercado do açaí, tem-se apresentado uma crescente demanda, e consequentemente, favorece
o aumento dos preços. Por exemplo, na situação do açaí, se há um crescimento na procura da
polpa para outras regiões, e esta não suprir a sua demanda, ocorrerá a diminuição da oferta do
fruto, de modo consequente, haverá um aumento do preço.

2.2.1 Análise da cadeia produtiva do açaí


A cadeia produtiva do açaí reúne vários estágios, até chegar ao destino, no caso o
consumidor. Nesta fase, tem-se a participação dos seguintes agentes:

Extrativista Produtor intermediário Batedores Artesanais Indústrias de processamento

Os extrativistas que são responsáveis pela extração do fruto açaí; os produtores, são
donos das propriedades dos açaizais, que vendem para o intermediário, os intermediários
fazem a coleta das rasas (cestos de palha) por via fluvial até a cidade, enquanto, os batedores
processam a fruta para a venda no próprio local. A indústria de processamento é responsável
por distribuir a produção do açaí para fora do estado (MAPA, 2016)
Oliveira et al. (2007) diz que a capital paraense concentra cinco principais pontos de
comercialização do açaí, sendo: porto do açaí, porto da palha, ponto certo e porto de Icoaraci.
Destacando, o porto da feira do açaí como principal ponto, por estar localizado entre
principais pontos turísticos, como o forte do castelo e o mercado popular do Ver-o-Peso.
A distância entre as áreas de produção e processamento do fruto, assim como o
transporte, dificulta a qualidade final do produto. A distribuição dos produtos acontece por via
marítima ou terrestre, para reduzir o custo quando a produção for destinada ao mercado
nacional, a empresa arca com uma parte e terceiriza a outra parte. Quando for para o mercado
internacional, se utiliza de dois procedimentos, primeiro por via terrestre até o porto de
Belém, em seguida, por via marítima (GONÇALVES et al., 2012)
No âmbito mundial a demanda e a oferta, segundo Conab (2015), existem uma
exportação do açaí como produto ligado a nutrição, saúde e alimentação natural. Apesar do
grande potencial produtivo e econômico, os extrativistas ainda precisam se enquadrar ao
padrão do mercado internacional, principalmente no que tange a qualidade e ao ganho de
produção, além, dos estabelecimentos de selos e certificados.
Um ponto a se destacar, de acordo com Tavares et al. (2015) é a inexistência de
código de Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM)1 específico, da qual permitiria a
monitoração para a polpa como o mix de outros derivados, sendo assim se dificulta o

1
Trata-se de um código de oito dígitos estabelecidos pelo governo Brasileiro para identificar a natureza das
mercadorias e promover o desenvolvimento do comércio internacional, além de facilitar a coleta de dados e
análise das estatísticas do comércio exterior.

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acompanhamento da exportação, prejudicando desta forma, a falta de dados estatísticos da
coleta extrativista, de áreas manejadas e de culturas em terra firme com ou sem irrigação.

3. METODOLOGIA

3.1 METÓDO EMPÍRICO

A presente pesquisa tem como ponto de referência o estado do Pará e seus municípios,
por concentrar um amplo território inundável, conhecidas mata de várzea ou igapó, propicia
para atividade extrativista da cultura do açaí. Ademais, dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE, 2015), o Pará possui uma área territorial de 1.247.955,381
km2, constituídos por seis mesorregiões, 22 microrregiões e 144 municípios.
Nesta direção, o estudo se propôs em fazer uma análise na área de extração do açaí,
através de uma especialização natural (cuja média é superior ao Estado paraense) da produção
(t) e VBP do açaí, selecionando os mais especializados e plotando-os em mapas, para os anos
de 1995, 2000, 2005, 2010 e 2015 mediante os dados secundário da produção do açaí, em
nível nacional e estadual (Pará), obtidos em sites oficiais, como o SIDRA-IBGE (2017).
A confecção dos mapas se deu através da análise no Sistema de Informações Geográfica
(SIG), no qual se fez o download do software de SIG, o QGIS que consiste em um programa
de geoprocessamento necessária para fazer a análise espacial dos recursos das duas variáveis
(quantidade produzida, em toneladas e o VBP, em valores atualizados, base IGP-DI2015 =
100).
De tal modo, o SIG é uma ferramenta essencial nesse estudo, no qual através dos dados
obtidos perante o site SIDRA.IBGE foi possível verificar as informações coletadas – VBP e
quantidade produzida e, em quais municípios ocorre esta produção – a partir na geração de
mapas, em uma abordagem espacial com base no referido município onde ocorre maior coleta
do produto açaí.
O SIG possui ferramentas que possibilitam formas de organização a coleta de dados a
partir dos objetivos que se deseja alcançar. Os elementos encontrados a partir da coleta de
dados podem se visualizados de diferentes abordagens devido a inúmeros componentes que o
sistema possui. Os mapas temáticos resultantes nesse processo poderão gerar diversas
informações geográficas analisadas no espaço. Nesse contexto, ter um conhecimento
geográfico no objeto de estudo se torna mais propício nas tomadas de decisões.
Para se fazer esta análise é preciso ter uma coleta de dados como, por exemplo, os
geocódigos dos municípios paraenses que foram destaque na produção do açaí, nos anos
selecionados, para correlacionarem as tabelas de atributos, analisadas no ambiente SIG e
assim fazer a representação espacial da tabela de valores produzidos (toneladas) e valores
gerados (VBP, mil reais), por município.
A metodologia empregada se dará por meio de dados secundários juntos as fontes
oficias do governo brasileiro (IBGE, CONAB, BANCO DA AMAZONIA, etc.), com revisão
de literatura relativa ao tema auxiliando a base teórica, cujas fontes são de caráter primarias
de informação (os livros, as teses, os artigos entre outros tipos) e sondar os trabalhos feitos a
respeito do açaí, entre o período 1995 – 2015, após isso, fazer uma análise em relação ao
assunto em discussão.

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3.1.1 Cálculo das taxas geométrica de crescimento
Quanto ao método, utiliza-se a estatística descritiva (média, desvio padrão e
coeficiente de variação), mais o cálculo das taxas geométricas de crescimento (TGC) das
variáveis quantidade produzida e VBP da cultura em análise do período de 2000 a 2015,
obtidas mediante o modelo de regressão linear, conforme indicado por Costa (2000), Santana
e Silva (1998) e Hoffmann (1978):
Zt = A (1 + n)t
Sendo que:
lnZt = log A + log(1 + n)
Corresponde à:
Yt=a + bXt+ Ɛt(equação linear)
Sendo:
Yt= é o logaritmo natural de Zt;
a = logaritmo natural de A;
b = logaritmo natural da taxa geométrica de crescimento (1+i). A taxa de crescimento
foi calculada pela seguinte fórmula: i = [antilog b] - 1; e,
X = t é uma variável tendência, que para 1995 = t0, …, 2015 = t21; e,
Ɛt= é o erro aleatório, com média zero e variância constante.

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 A EXPANSÃO DO AÇAÍ NO BRASIL E ESTADO DO PARÁ

No Brasil, em termos quantitativos, a produção do açaí cresceu de forma tendencial


positiva, passando, em 1995, de 109 mil toneladas para chegar em 2015 com 216 mil
toneladas. Pela pesquisa se observa, que existe um crescimento do mercado do açaí em certos
municípios paraenses e outras regiões do Brasil, bem como a diminuição da extração do fruto
do açaí em outros municípios da região nordeste paraense. Entretanto, esse crescimento é
devido, em decorrência da mudança do sistema extrativo para o sistema manejado. Esse
crescimento, teve um efeito positivo no que dizer respeito na sua conservação e preservação
da espécie, há uma variação na sua produtividade e no seu valor de produção.
Neste contexto, apesar de todo esse investimento para suprir a procura do açaí, nos
períodos tanto da safra como na entressafra, os preços pagos pelos consumidores locais ainda
são altos. Através da análise dos gráficos, é possível perceber que a produção do açaí, adquire
um alto nível de importância para a economia regional do estado paraense.
Assim, é necessário destacar a importância de pesquisas que sejam capazes de
colaborar com a minimização dos problemas da produção, distribuição e comercialização do
açaí, apresentando, uma política pública de destaque, não só como um grande produtor de
açaí, mas também como possuidor de um eficiente sistema de gerenciamento da cadeia de
produção do fruto.

Gráfico1: Produção, em mil toneladas, do fruto do açaí no Brasil: 1995 a 2015.

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Fonte: Elaboração da autora (2018).

Ao se calcular a TGC no período em análise, esta foi de 3,16% ao ano, com


significância estatística de 1% de probabilidade de erro. A regressão simples, mostrada no
Gráfico 1 (acima) mostra uma produção natural de 84,45 toneladas, quando qualquer forma de
incremento (intercepto b, for zero, dado o valor de X ser zero), implica dizer que, qualquer
intenção na forma de extrair esse fruto, como manejo, implementação de tecnologias, etc. este
incrementará o aumento da extração do valor X vezes o coeficiente b,no valor de 4,81. Além
disso, mostra o resultado desta equação um R2 de 51%, indicando que o aumento na produção
extrativa depende da tendência do aumento da demanda do açaí fruto.
De acordo com o Gráfico 2 (abaixo), se tem o comportamento do preço de 1995 a
2015, sendo que o menor preço da série foi de R$ 994,09/tonelada, em 2003, e o maior
(R$2.281,97/tonelada). Essa variação no preço é esperada, pois é a variável que mais sofre em
relação a outros fatores, incluindo a renda do consumidor, produtos substitutos (bacaba) e
produtos complementares, como charque, peixes e farinhas (d’água e tapioca), bem como o
açúcar.
Na teoria de mercado, se estuda esse comportamento de variação à medida que seu
preço unitário sofre alteração, entre a curva de demanda e a curva de oferta. A variável
relativa ao preço do açaí mostra como o consumidor estar disposto a adquirir um produto por
um determinado preço, resultado da produção e comercialização do açaí fruto.
Outro ponto a considerar quanto os fatores que afeta esta variação, e quando o açaí
está na fase da entressafra o seu preço aumenta. Logo, aqueles consumidores do açaí que em
média são de baixa renda, ou deixa de comprar, ou procuram um substituto que no caso do
açaí é a bacaba.
Em termos de valor gerado, expresso no VBP do açaí, tem-se o Gráfico 3, onde se
percebe uma ascensão nos valores, dado a valorização do fruto açaí em detrimento do produto
palmito, portanto, de 1995, cujo valor do VBP foi R$ 173 milhões e, em 2015, já expressa
R$480 milhões, logo uma variação positiva em 21 anos de 177,34%. Em termos de TGC,
significou um crescimento anual de 5%, com significância estatística de 1%.
Constata-se, na Tabela 1, que o VBP do açaí foi crescente, pois em 1995 registrou
apenas R$162 milhões e, em 2015 foi para R$328 milhões, logo, uma variação positiva de
mais de 102%. A mesma performance para a quantidade produzida em toneladas, em que no
ano de 1995 o Pará produziu 103 mil toneladas e em 2015 saltou para 126 mil toneladas,
embora esta variação tenha sido de apenas 22,86%. Aliás, como visualizado pelo Gráfico 4.

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Gráfico 2: Preços recebidos pelos coletores de açaí no Brasil, de 1995 a 2015, R$/toneladas.
2.500,00
2.300,00 2.281,97 2.277,03
2.100,00
Preço do açai, em
R$/toneladas

1.900,00 1.758,06
1.700,00 1.790,58
1.570,35
1.500,00 1.590,47
1.300,00
1.100,00
900,00 994,09
700,00
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
Fonte: Elaboração da autora (2018).

Gráfico 3: Evolução do VBP do açaí no Brasil entre 1995 a 2015.

Fonte: Autora (2018).

Na Tabela 1, se observa as principais variáveis da produção do açaí no estado do Pará.


Tabela 1: Produção (toneladas), VBP (*) e preço do açaí no Pará, 1995 a 2015.

Fonte: Elaboração da autora (2018).


(*) valores atualizados pelo IGP-DI, base: 2015=100.

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Constata-se, na Tabela 1, que o VBP do açaí foi crescente, pois em 1995 registrou
apenas R$162 milhões e, em 2015 foi para R$328 milhões, logo, uma variação positiva de
mais de 102%. A mesma performance para a quantidade produzida em toneladas, em que no
ano de 1995 o Pará produziu 103 mil toneladas e em 2015 saltou para 126 mil toneladas,
embora esta variação tenha sido de apenas 22,86%. Aliás, como visualizado pelo Gráfico 4.

Gráfico 4: Preços do açaí, em R$/toneladas, Brasil e Pará.

Fonte: Autora (2018).


(*) valores atualizados pelo IGP-DI, base: 2015=100
O estado do Pará sendo o principal produtor e, portanto, status de exportador para o
resto do País e mundo, seu preço é determinado aqui no estado. De 2010 até os anos de 2015,
o preço estadual se mostra superior ao determinado no Brasil. Tanto assim, que as TGC foram
de 2,91% e 1,79% a.a., respectivamente, para o Pará e Brasil, com significância estatística de
1 e 5%.
Por fim, na Tabela 2, tem as mesorregiões com suas produções principais derivadas
desta palmeira. Nela se vê que o maior produtor extrativo de açaí é o Nordeste paraense e o
com menor produção é o Sudoeste paraense. Tem–se que o palmito ainda é produzido, porém,
em menor escala em duas importantes mesorregiões (Marajó e Nordeste paraense).
Por fim, tem-se a participação da produção (quantidade, em toneladas) do estado do
Pará em relação ao Brasil e Norte, no qual – Gráfico 5 – revela a queda, logo, a importância
desse quantitativo em ambas regiões, passando de mais de 90% no início da série pesquisada
(1995), caindo para menos de 70% no ano de 2015. Isso deve, talvez, pela produção em outras
regiões do Norte (Amapá, Amazonas), assim como no Maranhão. De tal forma que, em 1995
o Maranhão produzia apenas 2.922 toneladas e em 2015 registrou uma produção de 14.864
toneladas, já o Amazonas saiu, para os mesmos anos, de 619 toneladas para 65.638 toneladas,
enquanto o Pará incrementou pouco este quantitativo, qual seja de 103 mil toneladas para 126
mil.
Cabe ressaltar que a presença do Banco da Amazônia no estado paraense é importante,
para o desenvolvimento local é regional, assim, no intuito de facilitar os recursos necessários

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para o estimular e incentivar novos empreendimentos, onde ainda se encontra obstáculos ou
falta de informação por parte do pequeno extrativista.
Tabela 2: Produção de Açaí e palmito nas mesorregiões paraenses, em toneladas, de 1995 a
2015.

Fonte: Elaboração da autora (2018).

Esses recursos contribuem com uma grande parcela na expansão da produção e


desenvolvimento do meio onde os produtores estão inseridos, um exemplo é a gestão do
Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO), como se visualiza na Tabela 3, dos
144 municípios, no acumulado, somou – se 618 desses atendidos, implicando que existem
benefícios recorrentes para o mesmo município, mesmo porque, se atende produtores e esses,
estão localizados por todo o Estado.
Assim, os créditos em menor quantitativo de municípios foram em 2003, com apenas
14 e maior atendimento foi em 2014, para 61 municípios, aliás, com o maior valor concedido
do FNO pelo Banco, cerca de R$46,59 milhões de reais.

Gráfico 5: Participação da produção (Quantidades em toneladas) do Pará em relação ao Brasil


e Norte, 1990 a 2015.

Fonte: elaboração da autora, 2018.

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Tabela 3: Crédito do FNO para a atividade do açaí, no estado do Pará, entre 2000 a 2015.
Valor
Número Número Contratado
Ano UF deMunicípiosatendidos Área (ha ) Contratos R$1,00*
2000 PA 25 3.494,00 802 7.642.412,55
2001 PA 21 1.657,00 721 4.875.776,68
2002 PA 22 2.232,70 524 5.247.288,50
2003 PA 14 1.078,50 276 2.248.721,31
2004 PA 22 4.060,00 1.011 8.739.808,24
2005 PA 16 1.377,40 278 3.558.720,04
2006 PA 34 7.331,80 2.045 17.667.266,10
2007 PA 36 7.993,20 3.380 15.849.375,41
2008 PA 42 14.055,40 4.042 27.384.126,28
2009 PA 48 7.511,48 2.779 16.049.405,70
2010 PA 51 10.196,99 2.580 15.639.411,39
2011 PA 46 5.497,83 1.763 12.853.506,31
2012 PA 51 8.791,60 2.557 30.848.706,13
2013 PA 29 4.759,17 1.581 14.105.298,28
2014 PA 61 13.083,66 3.305 46.587.845,12
2015 PA 53 9.545,08 2.449 42.685.057,26
2016 PA 47 7.696,91 1.778 26.810.917,32
Valor
Acumulado PA 618 110.362,72 31.871 298.793.642,63
Média PA 36,35 6.416,61 1.874,76 16.998.920,33
Fonte: Banco da Amazônia (GESOP-COSCF-SIG), 2017, adaptado pela autora;
(*) Valor corrigido pelo IGP-DI, base 2015=100.

O valor concedido, em termos acumulados, de 2000 a 2016, somam R$ 298 milhões


só para a exploração do açaí, num total de 31.871 operações contratadas ao longo desse
período. A média anual do crédito concedido, para o mesmo período, foi de R$ 6.416,61.
Nesse aspecto, quanto à TGC, em termos de área (hectares), foi de 11,51% a.a. e quanto à do
Crédito FNO (valor) foi de 14,76% a.a. com 1% de significância estatística, o que revela a
importância desse fomento para a expansão da área e crédito como instrumento no
desenvolvimento sustentável no estado do Pará, para a agricultura, no caso um produto
importante na cesta alimentar regional e com emprego para os indivíduos que labutam nessa
atividade. Observa-se que em 2008, em termos de abrangência de área (ha), só em 2008,
foram mais de 14 mil hectares financiados com açaí.

4.2 A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA PRODUÇÃO DO AÇAI EXTRATIVO NOS


MUNICÍPIOS PARAENSES.

Aqui, finalmente, faz-se o levantamento no local (municípios) que ocorre a maior


produção do fruto açaí, mostrando-os espacialmente via os mapas gerados pelo SIG, tanto em
nível quantitativo (em toneladas), como o VBP (em reais), para o período de cinco anos
(1995, 2000, 2005, 2010 e 2015), conforme se mostra na Tabela 4 e Tabela 5 os dados

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resumidos dos municípios especializados na produção do açaí, com suas respectivas variáveis
(quantidade e valor), cuja seleção se deu através do valor médio igual ou superior à média do
Estado (para ambas variáveis).
Da Tabela abaixo 4 e 5, se depreende que dos sete municípios produtores, quatro
pertencem à mesorregião do Nordeste paraense (Igarapé-Miri, Limoeiro do Ajuru, Mocajuba
e São Miguel do Guamá); dois da mesorregião do Marajó (Muaná e Ponta de Pedras) e um
apenas da Mesorregião de Belém (Barcarena).

Tabela 4: Municípios paraenses especializados na produção do açaí, de 1995 a 2015, em


quantidade (toneladas / ha)
Municípios 1995 2000 2005 2010 2015
Barcarena 3.500 4.100 3.600 2.500 1.400
igarapé –Miri 8.000 9.000 8.000 5.800 4.300
Limoeiro do Ajuru 23.252 15.254 17.520 20.231 31.800
Mocajuba 5.764 4.209 5.033 5.378 7.590
Muaná 680 5.650 6.950 8.505 6.785
Ponta de Pedra 7.500 10.600 10.906 13.197 5.879
São Miguel do Guamá 2.200 1.603 1.528 4.700 4.180
Produção Pará 102.578 112.684 92.095 106.567 126.034
Média Estadual 1.367,71 1224,83 959,32 1.087,42 1.211,87
Fonte: dados do sistema Sidra. IBGE e elaborado pela autora,2018.
(*) Valor corrigido pelo IGP-DI, base 2015=100

Já, na Tabela 5, tem o valor gerado na atividade do açaí extrativo. A produção e valor
foram crescentes para o período, como se visualiza na Tabela 4 e 5, sendo que em termos de
VBP, este teve maior variação (902,25%) no período, em milhões, saindo de R$32 milhões
(1995) para R$328 milhões, indicando o aumento do preço do produto, já que em quantidades
produzidas (toneladas), o incremento não foi tão significativo (em torno de 24 mil toneladas),
o que representou uma variação de apenas de 22,87% entre 1995 e 2015.

Tabela 5: Municípios paraenses especializados no valor bruto da produção do açaí, de 1995


a 2015, em mil reais(*).
Municípios 1995 2000 2005 2010 2015
Barcarena 1.225 1.312 3.672 5.500 6.860
igarapé -Miri 2.400 2.770 7.440 11.600 20.640
Limoeiro do Ajuru 6.976 10.678 23.302 40.461 95.400
Mocajuba 2.594 2.946 3.573 13.444 22.770
Muaná 381 1.695 4.865 10.206 16.284
Ponta de Pedra 2.250 3.180 7.089 15.836 12.934
São Miguel do Guamá 660 1.042 841 3.995 6.186
Produção Pará 32.720 56.268 76.035 161.830 327.937
Média Estadual 436,27 611,61 792,03 1.651,33 3.153,24
Fonte: dados do sistema Sidra. IBGE e elaborado pela autora,2018.
(*) Valor corrigido pelo IGP-DI, base 2015=100

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Na sequência, têm-se os mapas gerados pelo SIG, através do software QGIS (versão
2.14), que por meio destas informações fornecidas é possível fazer uma visualização com
maior abrangência das localidades as quais estão sendo apontadas pela pesquisa, tanto a
quantidade de produção quanto os valores de produção em milhões de reais, da extração do
açaí fruto dos municípios selecionados, entre os anos de 1995 a 2015. O SIG dispõe de
recursos que facilita as configurações da organização na obtenção dos dados, tendo uma
informação como base que se deseja compreender, em diferentes questionamentos, devido, a
inúmeros componentes que o sistema possui. Por intermédio dos mapas construídos
decorrente nesse processo, expõe-se diversas informações geográficas pesquisado no espaço.
Na análise, têm-se os mapas gerados pelo software QGIS (versão 2.14), componente
do Sistema de Informação Geográfica que permite analisar dados geográficos e gerar mapas
temáticos para a melhor interpretação e visualização da informação projetada. Neste contexto,
percebe-se a quantidade mínima na produção de açaí extrativo, embora com um valor
expressivo, tanto em termos de valor quanto de quantidade, o município do Limoeiro do
Ajuru, mostrou sempre os maiores números na quantidade de produção e no valor da
produção. Este município vizinho ao município de Cametá acaba abastecendo a maior parte
da microrregião, pois se encontra num ponto estratégico para escoamento do produto açaí,
visto que dá acesso ao Rio Tocantins promove a exportação interna para outras regiões do
interior do estado do Pará, como Belém, cidade essa que possui grande instalação de
indústrias de beneficiamento do vinho e da polpa de açaí.
Cametá, que aparecia como maior produtor de açaí em 1995 (35.000 toneladas) e 2000
(34.987 toneladas) e em 2015 aparece sem registro de produção, portanto, exigindo uma
pesquisa de campo, para constatar essas mudanças nas atividades produtivas “in loco”.
No Mapa 1, também pode-se ver uma queda de produção em Ponta de Pedras, que
passou a oferecer o açaí tardio de verão, deixando de competir com a safra de açaí da região.
O potencial turístico trouxe investimento do governo e que pode justificar a mudança de
atividade econômica para a cidade.
No Mapa 2, se percebe que os valores se mantiveram constantes ao crescimento e a
demanda, mesmo com a grande procura do produto o valor acompanhou, pois, o açaí é um
item importante na mesa do paraense, mantendo-se vendável a qualquer custo.
Ao longo dos anos, a produção do açaí fruto vem ganhado espaço na economia
regional e experimentando uma expansão de seu processo produtivo, em alguns municípios
do nordeste paraense, como também em outros Estados brasileiros, por exemplo, os estados
do Amapá, Amazonas e Maranhão. O que, de certa forma, pode ter contribuído para a
diminuição da quantidade de produção no estado do Pará. É importante observar a maneira de
como essa atividade vem sendo executada podendo assim, sofrer variações na sua produção
ao longo dos anos.

Mapa1: produção, em toneladas, de açaí nos municípios especializados do estado do Pará,


com média superior ao estado do Pará, de 1995,2000,2005,2010 e 2015.

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Fonte: Elaborado pela Tatiana Pará, 2018
Mapa 2: VBP, em mil reais, de açaí nos municípios especializados do Pará, com média
superior ao estado do Pará, de 1995, 2000, 2005, 2010 e 2015.

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Fonte: Elaborado pela Tatiana Pará, 2018

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando o período analisado entre 1995 a 2015, com a finalidade de


compreender a evolução da oferta e demanda do fruto do açaí no estado do Pará, utilizou-se a
base da teoria de mercado, pois as curvas de oferta e demanda analisa e descreve como
funciona o mecanismo de mercado, ajudando entender porque os preços mudam, e outros
trabalhos relativos ao tema, no intuito de compreender o processo da sua comercialização e
analisar a sua importância para a economia paraense, principalmente.
De acordo com a pesquisa, o crescimento do mercado do açaí sucedeu mudanças no
sistema extrativista que não conseguiu suprir a demanda e com a valorização do açaí,
buscaram novas alternativas de exploração, por meio de sistema de manejos, com técnicas que
permitisse um maior aumento na produção, tanto na safra como na entressafra.
Neste sentido, foi possível compreender por meio da pesquisa que a produção do açaí
cresceu de forma tendencial positiva, passando, em 1995 de 109 mil toneladas e chegou no
ano de 2015 com 216 mil toneladas. Com isso, foi possível compreender que a mudança se
deu por meio da diferenciação na forma de exploração da palmeira, assim como uma nova
forma de valorizar e consumir o produto, alterando sua forma de exploração (palmito) para o
vinho, dado que desta forma foi muito mais valorizado.
Frente a toda essa dinâmica de exploração, pôde se constatar por meio de análise de
Gráficos e Tabelas construídas ao longo do período da pesquisa (1995 e 2015), que a
exploração do palmito caiu e se diferenciou frente ao fruto, posto que os agricultores e toda a
logística envolvida passou a desenvolver a produção e comercialização do fruto do açaí, de
modo a atender a demanda do mercado local, regional e internacional.
Portanto, os resultados apontaram que a demanda do açaí tem sido crescente, embora o
açaí extrativo vem perdendo espaço para o açaí plantado, às vezes, com uso de irrigação,
conforme dados relativos ao financiamento para este fim (atividade).
Logo, é de fundamental importância levar em consideração a dinâmica existente no
período da safra e da entressafra do açaí, bem como, do caráter relevante na vida do
extrativista, pois são fatores que interferem diretamente na realidade econômica dos agentes
envolvidos com a exploração e extração do açaí, gerando emprego e renda principalmente
para os que estão no início do elo da cadeia produtiva.
Então, foi possível por meio deste estudo compreender que apesar de todo o processo
desenvolvido para atender a demanda em relação a produção do açaí, a mesma não consegue
suprir a crescente procura, uma vez que existem fatores que estão para além da exploração do
fruto propriamente dito, tais como: a falta de infraestrutura que interfere na qualidade final do
produto e a distância entre a área de produção e o processamento do fruto. Mesmo porque,
uma vez que uma das características do açaí é sua alta perecibilidade.
Outro ponto indispensável a destacar, está relacionado ao aproveitamento, quase que
integral da palmeira, além da exploração do palmito e da extração do fruto do açaí. Este fruto,
em termos de resíduos (caroço), é empregado na indústria automobilística, na indústria de
cosmético (borra) mais sobretudo, na gastronomia (polpa). São alternativas que ajuda tanto na
questão ambiental como também nos impactos econômicos e social. Aliás, a comercialização
é de grande valor, para a população paraense, pois gera emprego e renda, em particular para
os produtores que vive dessa atividade de extração. Além disso, serve de alimentação para
grande parte da população local e entre as classes populares.
Por fim, foi durante o acumulo teórico e por meio da construção e da análise de
gráficos, tabelas e mapas que foi possível constatar que a produção do açaí ainda encontra

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dificuldades para atender a demanda do mercado, e que – a distribuição espacial da produção
extrativa está se tornando escassa, embora ainda seja necessário averiguar que fatores levam a
extinção de uma dada atividade, no caso de Cametá, e, se de fato, a questão da tecnologia,
como irrigação, ou novas atividades praticadas que dominam a economia local, como a
agricultura e do próprio extrativismo, e outras em expansão, como por exemplo a
incorporação dos sistema de rede técnicas (energia elétrica e telecomunicação), vem de fato
substituir a médio e longo prazo o açaí extrativo.
Assim, procede a confirmação de nossa hipótese de que a importância do açaí no
desenvolvimento local, dado que gera renda (confirmando pelo VBP ascendente no período
analisado), a estimativa de 150 mil pessoas ocupadas, além de ocorrer redirecionamento para
a produção sustentável via a criação de novas cultivares, assim como melhoramento de
manejos para a manutenção da atividade que é inerente ao povo paraense.

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