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Emprego das

reticências
Na escrita, as reticências são a sequência de três pontos (…) que podem aparecer no fim,
no início ou no meio de uma frase.

As reticências são utilizadas, principalmente, nos seguintes casos:

Para indicar suspensão ou interrupção do pensamento.


Exemplos: Vim até aqui pensando que…
“- Mas essa cruz, observei eu, não me disseste que era teu pai que…” (Machado de Assis)

As reticências podem indicar, ainda, corte da frase de um personagem pelo interlocutor, nos
diálogos. Observe o exemplo a seguir:

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“- A instrução é indispensável, a instrução é uma chave, a senhora não concorda, dona


Madalena?
– Quem se habitua aos livros…
– É não habituar-se, interrompi.” (Graciliano Ramos)

No meio do período, servindo para indicar certa hesitação ou breve interrupção do


pensamento.
Exemplos:

“Porque… não sei, porque… porque é a minha sina…” (Machado de Assis)


Não sei se ele vai, mas… mas… creio que será muito bom!

No fim de um período gramaticalmente completo, sugerindo certo prolongamento da ideia.


Exemplo:

“Ninguém… A estrada, ampla e silente,


Sem caminhantes adormece…” (Olavo Bilac)

Para indicar palavras suprimidas numa frase transcrita.


Exemplo:
“… o chefe dos pescadores… se arroja nas ondas…” (José de Alencar)

Para sugerir movimento ou continuação de determinado fato.


Exemplo:
“E a Vida passa… efêmera e vazia.” (Raul de Leoni)

Para realçar uma palavra ou expressão.


Exemplo:

Não há motivo para tanta… gritaria.

1. [CIAAR-2012] Leia os trechos abaixo e, em seguida,indique a alternativa que justifica o


uso de reticências (“…”).

“Estamos cansados de saber disso, alguns de nós não se cansam em denunciar isso,
mas…”

“É humano e é até melhor que assim seja para que o amargor não prevaleça 24 horas por
dia e o ceticismo não se transforme em desesperança e simples niilismo,mas…”

a) Realizar citações incompletas


b) Representar hesitações da língua falada.
c) Indicar continuidade de uma ação ou fato.
d) Deixar em suspenso a ideia que está sendo apresentada.

2. [FCC-2009]
Atenção: A questão baseia-se no texto apresentado abaixo.

Liberdade minha, liberdade tua

Uma professora do meu tempo de ensino médio, a propósito de qualquer ato de indisciplina
ocorrido em suas aulas, invocava a sabedoria da frase “A liberdade de um termina onde
começa a do outro”. Servia-se dessa velha máxima para nos lembrar limites de
comportamento. Com o passar do tempo, esqueci-me de muita coisa da História que ela
nos ensinava, mas jamais dessa frase, que naquela época me soava, ao mesmo tempo,
justa e antipática. Adolescentes não costumam prezar limites, e a ideia de que a nossa (isto
é, a minha…) liberdade termina em algum lugar me parecia inaceitável. Mas eu também me
dava conta de que poderia invocar a mesma frase para defender aguerridamente o meu
espaço, quando ameaçado pelo outro, e isso a tornava bastante justa… Por vezes
invocamos a universalidade de um princípio por razões inteiramente egoístas.
Confesso que continuo achando a frase algo perturbadora, provavelmente pelo pressuposto
que ela encerra: o de que os espaços da liberdade individual estejam distribuídos e
demarcados de forma inteiramente justa. Para dizer sem meias palavras: desconfio do
postulado de que todos sejamos igualmente livres, ou de que todos dispomos dos mesmos
meios para defender nossa liberdade. Ele parece traduzir muito mais a aspiração de um
ideal do que as efetivas práticas sociais. O egoísmo do adolescente é um mal dessa idade
ou, no fundo, subsiste como um atributo de todas?
Acredito que uma das lutas mais ingentes da civilização humana é a que se desenvolve,
permanentemente, contra os impulsos do egoísmo humano. A lei da sobrevivência na selva
– lei do instinto mais primitivo – tem voz forte e procura resistir aos dispositivos sociais que
buscam controlá-la. Naquelas aulas de História, nossa professora, para controlar a energia
desbordante dos jovens alunos, demarcava seu espaço de educadora e combatia a
expansão do nosso território anárquico. Estava ministrando-nos na prática, ao lembrar os
limites da liberdade, uma aula sobre o mais crucial desafio da civilização.
(Valdeci Aguirra, inédito)

Os dois casos de emprego de reticências, no primeiro parágrafo, têm em comum o fato de


servirem a um enunciado

a) independente e sem consecução lógica.


b) cuja intenção é expressar uma ironia.
c) que ratifica a afirmação imediatamente anterior.
d) sem conexão lógica com a afirmação anterior.
e) que conclui a lógica da argumentação em curso.

DOIS PONTOS
Para descomplicar o uso desse sinal de pontuação, vamos usar alguns exemplos para cada
uma das funções às quais pode ser aplicado. Confira:

Explicação ou Esclarecimento
“O empreendedorismo corresponde a um novo conceito que inclui alguns conceitos
essenciais: proatividade e a capacidade de criar algo inovador”. Nesse caso, estamos
esclarecendo qual é o novo conceito a que se referem as características mencionadas após
os dois pontos.

Síntese ou Resumo
“No Brasil, é nítido o aumento gradativo da violência, que acaba causando medo de sair de
casa em grande parte da população. Em resumo: a violência e o medo crescem no país”. Já
neste caso, estamos resumindo a frase anterior em uma menor, mas que transmite a
mesma mensagem.

Discurso Direto
“Após ouvir atentamente a pergunta de sua mãe, Joana respondeu: – Já fiz todas as tarefas
de casa, mamãe”. Nesse caso, usamos os dois pontos para indicar a fala do indivíduo.

Citação
“Já dizia o poeta português Fernando Pessoa: ‘Tudo vale a pena se a alma não é
pequena’”. Nesse caso, entretanto, dois pontos é usado para enfatizar a citação que foi
usada na frase.
Enumeração
“Os planetas do Sistema Solar são: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e
Netuno”. Já nessa situação, usamos os dois pontos para enumerar alguns elementos a que
se refere a frase anterior.

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Exemplos
“O substantivo é uma classe de palavras que nomeia os seres, por exemplo: casa, carro,
móvel.”. Nesse caso, refere-se aos exemplos também aplicados à frase anterior.

Após vocativos
“Senhora Daiana: Podemos participar do evento na segunda-feira?”

Qual a diferença entre dois pontos e ponto e vírgula?


Basicamente, quando falamos na diferença que existe entre dois pontos e ponto e vírgula,
estamos nos referindo à pausa que oferecem à produção textual. Podem, entretanto, ter a
mesma função quando usados no decorrer de um texto. Um dos exemplos, é quando
usamos com a função de enumeração. Dessa forma, podemos dizer que o ponto e vírgula é
usado para indicar uma pausa maior do que a vírgula, porém menor que a de um ponto,
podendo ser usada para separar ideias, orações ou ainda elementos textuais. Dois pontos,
por sua vez, indicam uma pausa mais breve no discurso, normalmente usadas no discurso
direto, como é o caso das enumerações, citações, explicações, entre outros.

01. [IBGE] Assinale a seqüência correta dos sinais de pontuação que devem ser usados
nas lacunas da frase abaixo. Não cabendo qualquer sinal, O indicará essa inexistência: Aos
poucos …. a necessidade de mão-de-obra foi aumentando …. tornando-se necessária a
abertura dos portos …. para uma outra população de trabalhadores ….. os imigrantes.

a) O – ponto e vírgula – vírgula – vírgula

b) O – O – dois pontos – vírgula

c) vírgula, vírgula – O – dois pontos

d) vírgula – ponto e vírgula – O – dois pontos

e) vírgula – dois pontos – vírgula – vírgula

02. [IBGE] Assinale a seqüência correta dos sinais de pontuação que devem preencher as
lacunas da frase abaixo. Não havendo sinal, O indicará essa inexistência. Na época da
colonização ….. os negros e os indígenas escravizados pelos brancos ….. reagiram …..
indiscutivelmente ….. de forma diferente.

a) O – O – vírgula – vírgula
b) O – dois pontos – O – vírgula

c) O – dois pontos – vírgula – vírgula

d) vírgula – vírgula – O – O

e) vírgula – O – vírgula – vírgula

TRAVESSÃO

O travessão (—) é um sinal de pontuação utilizado especialmente no início de cada fala no


discurso direto, no entanto, existem outras formas de utilização.

O travessão é usado nos seguintes casos:

Para indicar mudança de interlocutor, ou o início da fala de um personagem.


Exemplo:

“— Você é daqui mesmo? perguntei.


— Sou, sim senhor, respondeu o garoto.” (Aníbal Machado)

Para separar expressões ou frases explicativas.


Exemplos:

Um bom ensino — diga-se mais uma vez — exige a valorização do professor.

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“E logo me apresentou à mulher, — uma estimável senhora — e à filha.” (Machado de


Assis)

Em alguns casos, o travessão é empregado para substituir os parênteses, a vírgula e os


dois-pontos.
Exemplos:

Só eles conseguem me fazer sentir melhor — meus pais.

“O que o colono do Maranhão pretendia era isto — fazer entradas livres.” (Carlos de Laet)

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“Mas eis — corre-se então nívea cortina.” (Cruz e Sousa)


Para isolar palavras ou orações que se deseja realçar ou enfatizar.
Exemplos:

“O obelisco aponta aos mortais as coisas mais altas: o céu, a Lua, o Sol, as estrelas, —
Deus.” (Manuel Bandeira)

“Acresce que chovia — peneirava — uma chuvinha miúda, triste e constante…” (Machado
de Assis)

PONTO E VIRGULA

Um sinal bastante usado para indicar uma pausa que é um pouco maior que a vírgula, mas
menor que o ponto, sendo, portanto, um intermediário entre eles. Pode ser usado para
indicar, quanto à melodia da frase, um tom descendente, mas que assinala um período que
ainda não terminou. O ponto e vírgula pode ser usado ainda em algumas situações, que
serão explicadas e exemplificadas abaixo.

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Para a separação de orações que são coordenadas, mas não são unidas por conjunção e
guardam relações entre si, como por exemplo “O mar está poluído; os peixes estão
morrendo”.
Para separar as orações coordenadas em que pelo menos uma delas já tem elementos
separados por vírgula. Por exemplo “O resultado final foi o seguinte: três votaram a favor;
dois, contra”.
Para separar itens em uma enumeração. Por exemplo: “A lista de mercado incluía:
Arroz;
Feijão;
Macarrão;
Alface.”
Para alongar uma pausa de conjunções adversativas substituindo a vírgula (mas, porém,
contudo, todavia, entretanto, entre outros). Por exemplo: Gostaria muito de te encontrar
hoje; mas preciso trabalhar hoje”.
Para separar as orações coordenadas adversativas quando aparecer a conjunção no meio
da oração, como em “Esperava encontrar todos os produtos no mercado; obtive, porém,
apenas alguns”.
Referências
Moderna Gramática Portuguesa – Evanildo Bechara

01. [F.E. Bauru]


Assinale a alternativa em que há erro de pontuação:

a)Era do conhecimento de todos a hora da prova, mas, alguns se atrasaram.


b) A hora da prova era do conhecimento de todos; alguns se atrasaram, porém.
c) Todos conhecem a hora da prova; não se atrasem, pois.
d) Todos conhecem a hora da prova, portanto não se atrasem.
e) N.D.A

02. [UFRRJ] – Marco Túlio Cícero, tão famoso quanto Demóstenes na área da retórica,
sempre dizia:

Prefiro a virtude do medíocre ao talento do velhaco.

Neste período está faltando um sinal de pontuação:

a) vírgula;
b) ponto e vírgula;
c) ponto de exclamação;
d) aspas;
e) reticência.

VIRGULA

. Ao enumerar dois ou mais elementos dentro da mesma oração para separá-los. Exemplo:
O curso incluía no pacote o aprendizado da fala (1), da escrita (2), da gramática (3) e da
audição (4).
. Ao isolar o aposto explicativo dentro da oração. Exemplo: São Paulo, a capital industrial do
Brasil, é também a capital da poluição.
. Ao isolar o vocativo que delimita uma pessoa dentro de uma específica oração. Exemplo:
Você precisa tomar banho todos os dias, Miguel!
Ao suprimir um verbo dentro de uma mesma oração. Exemplo: Miguel formou-se em Direito;
eu, em Medicina.
. Ao separar orações que não possuem conjunções ligantes. Exemplo: Buscou melhorar o
inglês, pesquisou preços de cursos, inscreveu-se, iniciou, agora já fala frases completas.
. Ao isolar certas expressões exemplificativas, conformativas ou ainda conjunções.
Exemplo: O presidente, aliás, estava envolvido em casos de corrupção.
. Ao se colocar anteriormente a conjunções adversativas e conclusivas. Exemplo: O Brasil
precisa de mais cientistas, embora não invista na área.
. Ao anteceder locuções adversativas (e sim, e não). No entanto, ambas nunca deverão ser
isoladas entre vírgulas. Exemplo: Ele estudou em São Paulo, e não no Rio de Janeiro.
. Ao separar local, data, endereço e números. Exemplo: São Paulo, 13 de abril de 2018.
Rua São João, nº 306.
. Ao apresentar o “e”, seja quando este se repetir, ou ainda quando fizerem referência a
sujeitos diferentes. Exemplo : E comprou alguns materiais escolar, e uma mochila, e
ingressou no novo ano letivo.
No entanto, não deverá ser usada a vírgula para separar o sujeito do verbo principal. Essa
será a dica primordial de como usar a vírgula na redação. Ou melhor, não usar. Exemplo
errado: Pedro, estava sozinho em casa. Exemplo correto: Pedro estava sozinho em casa.

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