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ADOÇÃO DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO DA UFPE: buscando uma proposta para potencializar a
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All content following this page was uploaded by Rejane Moraes Rego on 11 May 2015.
Abstract
This paper does a preliminary approach about architecture design process like a one where
creativity and reasoning skills to converge. It also approaches the mediation role of the
technologies used during development design process. The paper does a brief retrospect
about the graphic representation historically used in architecture design process and it
underlines important points about computational technologies potentials in changing design
process through new relationship between designers and their own creativity and reasoning
process.
Key Words
Architectural Design Process; Creativity and reasoning process; Computational technology
and designing.
Resumo
Este trabalho aborda o processo projetual em arquitetura, como um processo onde
convergem as naturezas cognitivas e criativas do indivíduo. Enfoca também o papel
mediador exercido pelas tecnologias empregadas no desenvolvimento da projetação. Faz
uma breve retrospectiva das técnicas de representação gráfica usadas historicamente no
processo de projetação em arquitetura e levanta aspectos relevantes quanto ao potencial
das tecnologias computacionais em trazer modificações ao processo projetual através das
novas articulações cognitivas e criativas a que são submetidos os projetistas.
Palavras Chaves
Processo projetual em arquitetura; Processos criativos e cognitivos; Tecnologias
computacionais e projetação.
Introdução
Para se ter uma idéia do acima descrito, basta observar as definições de vários
autores apresentadas por Alencar (1995):
“O termo pensamento criativo tem duas características fundamentais, a saber: é autônomo e é
dirigido para a produção de uma nova forma.” Suchman, 1981
“Criatividade é o processo que resulta em um produto novo, que é aceito como útil, e/ou
satisfatório por um número significativo de pessoas em algum ponto no tempo.“ Stein, 1974
Alencar (op. cit. p.16) ao observar as definições de criatividade, assinala que uma
das principais dimensões presentes nas mesmas e de um modo geral em todas as
abordagens, refere-se ao fato de que a criatividade implica emergência de um produto novo,
uma idéia original, ou reelaboração e aperfeiçoamento de produtos e idéias existentes.
Outro ponto comum, diz respeito ao fator relevância, significando que uma resposta não só
deve ser nova como também apropriada numa determinada situação.
Pesquisas mais recentes têm defendido a idéia de que qualquer indivíduo apresenta
um certo grau de habilidades criativas e que estas podem ser desenvolvidas e aprimoradas
por meio de treinamento e prática. Esta postura sobre a criatividade e os processos criativos
ressaltam a importância da preparação do sujeito (disciplina, dedicação, esforço consciente,
trabalho prolongado, conhecimento amplo de uma área do saber) como fator fundamental
para a produção criativa.
“Através de uma análise do comportamento de pessoas que deram contribuições criativas,
constatou-se que as grandes idéias ou produtos originais ocorrem especialmente em pessoas
que estejam adequadamente preparadas, com amplo domínio dos conhecimentos relativos a
uma determinada área ou das técnicas já existentes.” (Alencar, op.cit. p.17)
Durante muito tempo as pesquisas na área da criatividade consideraram o processo
criativo como um campo inacessível a uma investigação empírica. Nos anos 50 verificou-se
um interesse especial no desenvolvimento de abordagens sobre o assunto e segundo
Alencar, algumas teorias contribuíram de maneira relevante para aprofundamento do tema.
A terceira teoria destacada pela autora é a humanista, surgida como protesto contra
as imagens limitadas do homem defendidas pela psicanálise e behaviorismo. Assim enfatiza
o valor intrínseco do indivíduo, o seu potencial para desenvolver-se, tornar-se e auto-
realizar-se, explorando-se as diferenças, os talentos diversos de cada ser. Apresenta o
pensamento de Rogers que “entende o processo criativo como a emergência de um novo
produto racional, que surge da singularidade do indivíduo, de um lado, e dos materiais,
acontecimentos ou circunstâncias de sua vida, de outro lado. O que constitui a essência da
criatividade para ele é a originalidade ou singularidade.“ (op. cit. p. 54)
“O homem usa palavras para representar as coisas. Nessa representação, ele destitui os
objetos das matérias e do caráter sensorial que os distingue, e os converte em pensamentos e
sonhos, matéria–prima da consciência. Representa ainda as representações. Simboliza não só
objetos, mas também idéias e correlações. Forma do mundo de símbolos uma realidade nova,
novo ambiente tão real e tão natural quanto o do mundo físico.” (op.cit. p.22)
O processo projetual envolve uma ampla gama de variáveis, as quais podem ser
caracterizadas em dois grandes grupos como internas e externas. Os aspectos relativos
aos indivíduos (conhecimento, experiências, habilidades, etc.) compõem o primeiro grupo e
aqueles referentes ao contexto (programa de necessidades, legislação, condições físico-
ambientais, tecnológicas e sócio-econômicas-culturais) determinam o grupo das variáveis
externas. Evidentemente esta separação não é estanque e nos serve apenas do ponto de
vista metodológico para análise do processo de projetação, do seu desenvolvimento e
condicionantes. Ambos os aspectos configuram uma imbricada relação cuja mediação se
dá através das tecnologias empregadas na progressão das etapas da projetação.
O debate profícuo dos anos sessenta, de onde emergiram propostas relevantes para
a prática projetual em arquitetura, como as de Alexander, Jones, Christopherson e Page,
tinham em comum o fato de considerar o processo projetual como um processo de
resolução de problema, que por sua vez incorpora aspectos relacionados ao conhecimento
aprofundado da área, caracterizado por ampla gama de variáveis interligadas, com
conteúdos diferenciados que vão dos estéticos aos mais técnicos.
Lidar com essas variáveis distintas não é tarefa fácil como argumenta Schön (1988),
o que torna complexo o entendimento de como são articuladas as variáveis e os diferentes
indivíduos envolvidos no processo, cada qual com suas idiossincrasias.
“A projetação é, caracteristicamente, um processo social. Na maioria dos projetos existem
muitos tipos diferentes de participantes: arquitetos, engenheiros, construtores, representantes
de clientes e interesse de grupos, legisladores, desenvolvedores, que devem comunicar-se
entre si para concluir o projeto. Esses indivíduos em seus diferentes papéis tendem também a
perseguir interesses diferentes, ver coisas de modos diferentes, e até falar diferentes
linguagens.” (p. 182 – Tradução livre)
Sabe-se que a percepção do espaço arquitetônico não se esgota nas três dimensões
(largura, altura e profundidade), e deve-se à fotografia a exploração da quarta dimensão,
atribuindo ao tempo - representado pelo deslocamento do observador ao ocupar sucessivos
e diferentes pontos de vista - uma maior experimentação da espacialidade interior ou
exterior do objeto arquitetônico.
A habilidade para desenhar tem sido, portanto, uma exigência àqueles que desejem
tornar-se arquitetos, pois as técnicas de representação gráfica constituem-se no instrumento
mediador do processo dialógico da atividade projetual.
Reflexões finais
Mesmo que com um certo atraso, em relação aos países desenvolvidos, estamos
vivenciando um momento de transição na forma de projetar em arquitetura. A informatização
da prática projetual requer o aprendizado de um instrumental com características
completamente distintas das tradicionais técnicas de representação, além de uma
reformulação profunda na estrutura organizacional e gerencial das empresas.
Bibliografia
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Paulo: Martins Fontes, 1978. 219 p.
1
Para Edward de Bono (O pensamento lateral. Trad. Eduardo Francisco Alves. Rio de Janeiro:
Record, 1985. 126p.) o pensamento divergente ou lateral constitui-se num tipo de pensamento que
abrange uma forma de abordagem das situações onde transparece uma visão diversificada e criativa,
cuja interpretação da situação não segue a linearidade causa-efeito, característica do pensamento
vertical ou convergente.
2
O conceito de dialogia foi desenvolvido por Bahktin e consiste numa forma de conversação
reflexiva, quer entre um ou mais sujeitos, quer entre um sujeito e uma ou mais enunciações. As
relações dialógicas são entendidas como relações de sentido, seja entre os enunciados de um
diálogo real e específico, ou no âmbito mais amplo do discurso das idéias criadas por vários autores
ao longo do tempo e em espaços distintos. Cf: JOBIM e SOUZA, Solange. Bahktin: a dimensão
ideológica e dialógica da linguagem. In: Infância e Linguagem – Bahktin, Vygotsky e Benjamin.
Campinas: Papirus, 1996. P 97 115.
3
Além das ferramentas CAD dedicadas à arquitetura, os recursos de acabamento e texturização de
modelos, as técnicas de animação e a realidade virtual constituem-se em tecnologias de grande
aplicabilidade e relevância para o processo projetual em arquitetura.
4
Sobre esse tema ver os trabalhos de CORDEIRO, Aristóteles Lobo de Magalhães.O uso de
sistemas CAD como instrumento de integração na produção de edifícios. João Pessoa, 1996.
Dissertação (mestrado). UFPB-Centro de Tecnologia/Pós-graduação em Engenharia de
Produção.165p.; CHAPUIS, Florência. A difusão de Sistemas CAD em escritórios de arquitetura.
Dissertação (Mestrado), Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 1995. 165p. ; NUNES, Roberta C. P. Implementação e padronização de
sistemas CAD: uma análise dos escritórios de projeto no Rio de Janeiro. Dissertação
(Mestrado), Universidade Federal Fluminense, Niterói, 1997. 149p .