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LIMA, Solange Ferraz de.; CARVALHO, Vânia Carneiro de.

Fotografias: Usos sociais


e historiográficos. In: PINSKY, Carla Bassanezi; LUCA, Tânia Regina de. (Orgs.). O
historiador e suas fontes. São Paulo: Contexto, 2012. p. 29-60.

A obra “O historiador e suas fontes”, organizada por Carla Bassanezi Pinsky e


Tânia Regina de Luca, apresenta textos que discutem sobre diversos conjuntos
documentais e suas formas de utilização pela História. Os capítulos possuem
autores especialistas no trato de cada fonte abordada e apresentam as
possibilidades e problemas historiográficos enfrentados ao explorar os documentos.
O capítulo “Fotografias: Usos sociais e historiográficos”, de Solange Ferraz de
Lima e Vânia Carneiro de Carvalho, é dividido em duas partes onde a primeira,
intitulada como “Fotografia e sociedade”, aborda sobre a capacidade da fotografia de
atender diferentes demandas sociais. As autoras destacam que para compreender a
fotografia como fonte histórica, seus usos sociais devem ser considerados e é
necessário entender que sua diversidade de usos gerou arquivos e coleções.
Ao longo do século XIX, a fotografia popularizou o retrato, onde os ateliês
fotográficos produziram inúmeros retratos em diferentes segmentos sociais. Além
disso, os retratos serviram de instrumento de documentação em áreas de
investigação científica, assim, disseminando o conhecimento por meio de imagens.
Na segunda metade do século XIX, as fotografias foram reconhecidas como
um meio eficaz de preservar o passado e passaram a servir de instrumento para a
prática preservacionista na Europa, onde paisagens urbanas eram produzidas para
registrar patrimônios arquitetônicos, em seguida surgiram registros de modelos
urbanos implantados. Durante o século XX, o mercado fotográfico foi ampliado e a
prática fotográfica documentalista tornou-se marca da produção que era destinada
aos meios de comunicação impressa.
A segunda parte do capítulo – “Fotografia e História” – fala sobre os usos
tradicionais da fotografia, onde no campo da historiografia os documentos textuais
eram as fontes mais privilegiadas e a imagem apenas servia como documento
complementar. No início do século XX, o uso de imagens nos museus
desempenhavam papéis pedagógicos e a familiaridade com as imagens foi
constituída. Porém, as fotografias nunca foram destacadas e mobilizadas como
fontes, onde as pinturas históricas tinham essa função. Só a partir da década de
1920, os livros didáticos de História passaram a utilizar fotografias de obras
encontradas em arquivos e museus, em que o uso era apenas ilustrativo, com o
objetivo de oferecer uma ideia visual do texto apresentado ao aluno.
No final do século XX, a fotografia passa a ser compreendida como índice, ou
seja, um signo definido como vestígio do objeto referente, deslocando a ideia de
realismo que a fotografia inspirou desde o início. A semiologia também contribuiu
para as reflexões a respeito da natureza da fotografia com a ideia de que a imagem
contém um discurso, onde seu código deve ser aprendido.
Para investigar sobre a sociedade utilizando fontes fotográficas, o historiador
não pode dispensar métodos de análise que partam das especificidades da imagem,
pois é necessário alcançar uma perspectiva no plural trabalhando com outras
imagens. E para realizar uma pesquisa, é preciso fazer uma análise morfológica do
tipo da fonte visual e dos contextos de produção, que envolve as motivações do
fotógrafo, equipamentos utilizados e desdobramentos da circulação. Os exercícios
de análise proporcionam diferentes interpretações e uma visão ampla do contexto
sociocultural da imagem, ajudando a identificar e preservar a memória coletiva de
uma determinada época.
No final do capítulo as autoras salientam a importância que a fotografia tem
nos setores da vida social urbana e nas áreas técnicas e científicas. Mesmo com a
disponibilidade de fontes do século XX, a desvantagem é que recentemente houve a
valorização da fotografia como fonte de pesquisa e muitos acervos não recebem os
devidos cuidados para a conservação física, além disso, há problemas de
identificação do conteúdo, dos dados de produção e de circulação.

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