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MONIT R

O BOLETIM DAS FINANÇAS MUNICIPAIS


UMA PUBLICAÇÃO DA

Nº 14 MAIO/JUNHO 2021

O SALDO
FINANCEIRO Na receita, destacaram-se
municípios com porte entre 50
mil e 100 mil moradores

Faixa de 100 mil a


300 mil, em contrapartida,
teve menor alta
das despesas

Diminuiu o número de
municípios que fecharam
as suas contas no positivo

Faixa de 100 mil a 300 mil


habitantes teve maior alta
em municípios no negativo

DE UM ANO
SOB TENSÃO
2 MONITOR/ O BOLETIM DAS FINANÇAS MUNICIPAIS MAIO/JUNHO 2021

CARTA DO PRESIDENTE

ENTREVISTA:
Aproveitem YUSSEF ASEVÊDO DE OLIVEIRA

este canal
SECRETÁRIO DA RECEITA
A pandemia de COVID-19 chegou
transformando a vida de todos nós com MUNICIPAL DE CABEDELO/PB
uma rapidez surpreendente. A partir disto, RESSALTA A IMPORTÂNCIA DE
os Municípios devem rever seus planeja- OFERECER OPORTUNIDADES DE
mentos, suas receitas, suas despesas e
atender de forma eficiente e eficaz a sua
RECUPERAÇÃO FISCAL
população e os efeitos do vírus.
O “Monitor” desta edição é voltado
aos principais números e à complexidade
da administração pública para se adaptar
e se reinventar o mais rápido possível; isto
não é fácil e dependerá de muito trabalho,
esforço e dedicação dos gestores e dos
funcionários públicos municipais. Os Municípios brasileiros são sempre
Nestes novos tempos a economia os que menos têm recursos do nosso
está se movimentando com muito menos bolo tributário, em média a fatia
intensidade e a administração pública, que varia de 18% a 20%. Quais são os
vive da arrecadação dos impostos gerados maiores desafios de arrecadar mais
pela atividade econômica das pessoas e para prestar bons serviços públicos à
empresas, sofrerá grandes e importantes população?
impactos orçamentários e financeiros.
A CNM está no centro de todas as Creio que, diante da situação pan-
discussões junto ao parlamento, ao gover- dêmica em que se encontra o país, muito
no federal, aos órgãos de controle e à so- terá de ser feito para superar o momento
ciedade em geral para mostrar as dificul- em que se encontra o Estado. Os muni-
dades e desafios que a gestão municipal cípios, como entidades aplicadoras finais
está atravessando e buscando sensibilizar das medidas de combate médico-sa-
a todos para que nesta hora apoiem os nitário, mesmo receptores de recursos
Municípios, pois é em cada cidade que federais, tiveram de dispor de recursos
a vida acontece. próprios para uma série de atividades que
Esperamos que aproveitem o não foram projetadas mas tiveram de ser
conteúdo que estamos colocando executadas. A partilha do bolo tributário
à disposição de vocês e contamos deve ser melhor distribuída, além disso, e
com a participação de todos, principalmente, deve ser distribuída parte
utilizem nossos canais de de tributos que ainda são administrados
comunicação, enviando completamente pela União.
sugestões, críticas e
contribuições.

Glademir Aroldi
Presidente da CNM

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil-3-05-2017


MAIO/JUNHO 2021 MONITOR/ O BOLETIM DAS FINANÇAS MUNICIPAIS 3

“A partilha do
bolo tributário
deve ser melhor
distribuída”
A cidade da qual o Sr. é o secretário
faz parte de uma região metropolitana.
Como é administrar com estas
características, de continuidade
territorial e quase todos virando um
mesmo núcleo urbano? Como conciliar
isso com legislações diferentes em
cada cidade?
Cabedelo faz parte da Região Metro-
politana de João Pessoa. A continuidade
territorial sofre interrupções mínimas, de
uma forma geográfica diferenciada, pos-
suindo espaçamentos imperceptíveis em
alguns locais. As diferentes interpretações
aplicadas à matéria tributária, com suas
particularidades interpretativas, ocasio-
nam questionamentos por parte de con-
tribuintes detentores de direitos/deveres
em municípios diferentes. O desafio é
implementar políticas tributárias comuns
nessas regiões, respeitando as particulari-
dades de cada um de seus componentes.

Pôr do sol na praia fluvial do


Jacaré, em Cabedelo (PB)
4 MONITOR/ O BOLETIM DAS FINANÇAS MUNICIPAIS MAIO/JUNHO 2021

ENTREVISTA: YUSSEF ASEVÊDO DE OLIVEIRA

“A adaptação do Código Tributário Municipal,


em conjunto com a atualização cadastral por
georreferenciamento, além da modernização
de equipamentos e treinamento de pessoal,
redundarão em aumento da arrecadação.”
A Administração municipal está em um A arrecadação própria municipal
momento desafiador, com a pandemia representa quanto em relação à receita
de Covid-19. Como é administrar e total do Município? As transferências
buscar receita para uma cidade nestas constitucionais são ainda muito
atuais condições? importantes? E como se pode aumentar
as receitas próprias para se ter mais
Considerando a dificuldade arreca-
recursos para os investimentos?
datória por conta da pandemia, urgiu a
necessidade de oferecer oportunidades Os recursos oriundos da arrecadação
de recuperação fiscal, com adequação da própria representaram, em 2020, 16,56%
legislação pró-contribuinte. do total da arrecadação do município, tor-
nando as transferências constitucionais
A prefeitura de Cabedelo instituiu item importante no total de investimentos
quais ações para aumentar sua aplicados nas diversas áreas de atuação
arrecadação? Que iniciativas podem da gestão municipal.
ser compartilhadas com outros(as) A adaptação do Código Tributário
secretários(as) nesta área? Municipal, com suas alterações legais, em
conjunto com o processo de atualização
Após uma análise da situação de
cadastral por georreferenciamento, em
anos anteriores, enfrentando as dificul-
andamento, além da modernização de
dades, inclusive na execução fiscal, por
equipamentos e treinamento de pessoal,
interrupções no Judiciário, foram imple-
serão ações que redundarão em aumento
mentadas alterações no sistema de re-
da arrecadação.
cebimento bancário, instituindo a ficha de
compensação em todos os documentos
Como o senhor e o município esperam
de arrecadação, facilitando o pagamento.
que seja a retomada da economia após
Ainda, instituiu-se por Lei programa de re-
a pandemia de Covid-19? Quais serão
cuperação fiscal, atribuindo descontos na
os maiores desafios para que tudo
multa e nos juros, além de parcelamento,
volte a uma certa normalidade?
inclusive, de forma inédita, no ITBI. Im-
portante o comprometimento das equi- A Secretaria da Receita espera que
pes, que diante da paralisação, rodízios e ocorra a retomada da produção e comer-
home office, que mesmo diante das me- cialização por parte das empresas, em
didas protetivas, devem atuar coesas no todos os segmentos, retornando o fatura-
propósito arrecadatório. mento, o emprego e a renda.
MAIO/JUNHO 2021 MONITOR/ O BOLETIM DAS FINANÇAS MUNICIPAIS 5

Ziulkoski presidirá
Comitê Gestor
das Obrigações
Acessórias do ISS
ALÉM DA CNM, A FRENTE
NACIONAL DE PREFEITOS (FNP)
E REPRESENTANTES REGIONAIS
DOS MUNICÍPIOS INTEGRAM O
GRUPO DE TRABALHO

Líder
municipalista Da Agência CNM de Notícias eletrônico de padrão unificado, por parte
abre rodízio
dos Municípios. Também devem propor
anual de
Recentemente instalado, o Comi- ou analisar estudos de viabilidade, apre-
presidências
tê Gestor das Obrigações Acessórias do sentar e operacionalizar alternativas para
Imposto sobre Serviços de Qualquer Na- implantação e manutenção de sistemas,
tureza (CGOA/ISSQN) será presidido pelo prestar informações para a organização,
presidente da Confederação Nacional de formação e atualização de dados e apre-
Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski. A indi- sentar soluções aos problemas do siste-
cação do líder municipalista ocorreu du- ma ou propostas de melhorias.
rante a primeira sessão do Grupo de Tra- A indicação do presidente Paulo
balho (GT), dia 8 de abril. Ziulkoski e suas obrigações foram publica-
O comitê atende às determinações das no Diário Oficial da União (DOU) no dia
da Lei Complementar 175/2020, que trata 28 de abril. As presidências subsequentes
do padrão nacional de obrigação acessó- obedecerão, necessariamente, ao sistema
ria do ISSQN de competência dos Municí- de rodízio anual, de forma sucessiva, sem-
pios e do Distrito Federal. Além da CNM, pre alternados entre um representante de
a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) e Município não capital e capital de Estado.
representantes regionais dos Municípios O Regimento Interno do Comitê tam-
integram o GT. bém foi publicado no DOU e indica a apli-
Dentre as responsabilidades do co- cação do padrão nacional da obrigação
legiado está a definição de como será o acessória de serviços referidos constan-
fornecimento de informações ao sistema tes da Lei Complementar 116/2003.
6 MONITOR/ O BOLETIM DAS FINANÇAS MUNICIPAIS MAIO/JUNHO 2021

ARTIGO

Campo embaçado
Uma das virtudes que todo homem claração do ITR pelos contribuintes, estes
deve buscar para viver, embora um tanto valores apresentados pelo Município ao
esquecida, depreciada e encabulada, é a SIPT servem de parâmetro para a malha
ordem. Ela é fundamental até para a prá- fina do ITR e para a utilização na técnica
Eudes Sippel | tica das outras virtudes tão badaladas e do arbitramento, quando das ações fis-
eudessippel@gtmweb. vistosas. cais encaminhadas neste tributo.
com.br
Como diz Francisco José de Uma das coisas que mais inflamam
Almeida em sua análise sobre a virtu- o contribuinte do ITR contra prefeitos e as
de da ordem, ela é como essas estacas áreas da administração tributária muni-
fundas que sustentam o edifício. Seu cipal é a definição do valor da terra nua.
destino é enterrar-se, aguentar sem apa- Sempre alegam que os valores apresen-
recer. Se alguma vez aparece, é porque tados não representam a realidade. Que
o edifício desabou. A ordem é uma vir- são valores muito elevados. Que, se utili-
tude humilde, porém na bolsa de valores zarem aquele parâmetro, o imposto fica
humanas, é humilhada, depreciada. No elevado, irão “quebrar”, ou “inviabiliza” a
entanto, sem ela nada persiste. Tudo cai, atividade. A pressão exercida não se resu-
mais cedo ou mais tarde. A desordem é me a um ou outro contribuinte, é feita for-
uma das razões de fundo da nossa fragi- temente por meio de seus representantes
lidade, apesar dos nossos bons projetos. associativos. Desde os sindicatos locais,
Nesta linha, preciso falar com vocês federações estaduais até a sua entidade
de uma desordem que precisamos en- de representação nacional, a Confedera-
frentar em nossa tributação local. Algo que ção Nacional de Agricultura e Pecuária do
ao longo do tempo me chama atenção e Brasil (CNA). Tentam sempre no processo
mostra o quão contraditórios podem ser o político propor ações que desmobilizem
pensamento e as ações dos nossos con- ou produzam caminhos que possam im-
tribuintes e dos seus representantes. por aos gestores uma construção inferio-
Falo do Imposto Territorial Rural rizada da realidade dos preços praticados
(ITR), que até o final de junho devemos em mercado na definição do valor da terra
Eudes Sippel - obrigatoriamente, para os Municípios nua. E, que fique claro, o valor de mercado
Consultor tributário, conveniados, entregar o Valor da Terra é base legal imposta aos gestores muni-
graduado em Nua (VTN), conforme IN nº 2018/21 de cipais.
Ciências Contábeis,
31/03/2021 da Receita Federal do Bra- Quem acompanha os Municípios
Graduado em Gestão
Pública, Especialista sil. Aliás, o prazo seria em março, mas os conveniados ao ITR sempre depara com
em Secretariado esforços da nossa Confederação Nacio- situações de contribuintes reclamando,
Executivo, nal de Municípios conseguiram alterá-lo, espumando contra a administração fiscal,
Especialista em
Metodologia de
para garantir em meio à pandemia maior em referência aos valores que terão de re-
Ensino Superior, tempo aos Municípios no cumprimento colher de imposto. Mas, acredite, falta or-
Fiscal de Tributos da obrigação. dem neste processo.
Municipais, Membro O VTN é um dos fatores para a de- Para que você saiba, a CNA, assim
Conselheiro do
Comitê Gestor do finição da base de cálculo do ITR, e os como federações estaduais e sindicatos
Simples Nacional, Municípios são responsáveis por oferecer locais, cobra dos produtores rurais a con-
Diretor do Grupo ao Sistema de Preço de Terras (SIPT) a tribuição sindical. E o valor da contribui-
GTM WEB,
alimentação técnica de valores das terras ção, de modo geral, é muito mais elevado
professor, instrutor e
palestrante na área no seu território, observando regras trazi- do que o próprio ITR pago à sociedade lo-
pública municipal. das pela IN/RFB nº 1877/19. Após a de- cal como imposto.
MAIO/JUNHO 2021 MONITOR/ O BOLETIM DAS FINANÇAS MUNICIPAIS 7

imposto sindical já era maior para os con-


tribuintes do que o ITR.
Diante do quadro estabelecido, sin-
A Virtude da Ordem dicatos e federações pressionam Muni-
de Francisco José
de Almeida
cípios e apresentam aos seus afiliados
as ações que movem junto a este ente
da federação para diminuir o VTN, que
gera arrecadação para a sociedade local.
Apontam como o problema o pagamento
ou a elevação do ITR. Isso não passa de
campo embaçado.
Ora, nos parece ilógico quando veri- Se os produtores rurais pagam mui-
ficamos que um imposto como o ITR é to em tributos ou contribuições, a grande
menor que a contribuição ao sindicato. É ação que poderia proporcionar melhoria
uma desordem. seria no âmbito interno das suas entida-
Mas, por que isso acontece? Porque des, reduzindo as alíquotas aplicadas na
o ITR sempre foi mal cobrado. O contri- contribuição sindical. Isso beneficiaria
buinte colocava na sua declaração o que o produtor rural que recolhe muito mais
queria. Afinal, a presença fiscal era insigni- para o sindicato do que para a comunida-
ficante. Quase inexistente. Logo, com esta de local com o ITR. Poderiam ajudar o afi-
pouca presença, o contribuinte encontra- liado começando no seu próprio espaço.
va uma perspectiva de risco pequena, e Este campo embaçado precisa ser
muitos observavam em suas declarações desfeito. O objetivo aqui não é polemi-
informações sobre o VTN inadequada- zar com sindicatos rurais, mas chamar
mente. atenção que estes contribuintes e seus
Para o pagamento da contribuição representantes precisam refletir quando
sindical, popularmente conhecida, pelo se avolumam contra gestores municipais
Parece ilógico um contribuinte, como imposto sindical, a tentando impor dribles as regras de defi-
imposto como o ITR
ser menor do que a base de cálculo é definida pelo VTN. E a nição do VTN.
contribuição ao sindicato CNA, sabendo que os valores informados Enfim, trago alguns pontos para pen-
no VTN são insignificantes diante dos va- sarmos e ajudarmos a colocar ordem nas
lores reais de mercado, tem suas alíquo- premissas. Como um imposto pode gerar
tas extremamente elevadas para garantir menos receita que a contribuição? Será
arrecadação. Logo, na formatação do im- que não é de bom tom corrigir eventuais
posto sindical os valores são muito supe- distorções em casa antes de propor ao
riores ao do ITR. outro? Não temos distorções e desordens
Hoje, com o avanço dos Municípios esquecidas durante os debates locais?
na fiscalização do ITR e a divulgação de Diante dos frequentes pedidos e aponta-
valores mais próximos da realidade, os mentos contra gestores municipais em
sindicatos por um lado se abastecem relação ao VTN, aqueles que tanto nos
com a ampliação de suas receitas. Com o atacam e acusam não merecem uma re-
contribuinte diante de uma maior presen- flexão intramuros sobre os aspectos rela-
ça fiscal, e a consequente ampliação da cionados à definição da sua contribuição
perspectiva de risco, tem buscado trazer sindical? A virtude da ordem não deveria
as suas declarações valores mais próxi- começar nas receitas sindicais?
mos da realidade. Com isso, por tabela Reflexões que precisam ser enfren-
se amplia a receita dos sindicatos, afinal tadas, até porque, observando o que nos
o valor da terra é base para contribuição ensinou Almeida, me parece que as esta-
sindical. Embora, mesmo antes, o valor do cas já estão à vista.
8 MONITOR/ O BOLETIM DAS FINANÇAS MUNICIPAIS MAIO/JUNHO 2021

MONITOR CNM PORTE 1: Até 4.999 habitantes


PORTE 2: de 5.000 a 9.999 habitantes
PORTE 3: de 10.000 a 19.999 habitantes
PORTE 4: de 20.000 a 49.999 habitantes
PORTE 5: de 50.000 a 99.000 habitantes
PORTE 6: de 100.000 a 299.999 habitantes
PORTE 7: acima de 300.000 habitantes

Arrecadação própria
Confira a receita estimada de IPTU, ISSQN, ITBI e IRRF no 1º bimestre de 2021

IPTU ISSQN ITBI IRRF


1º Bim 1º Bim 1º Bim 1º Bim

TOTAL 17.632.989.211 13.727.718.352 2.592.522.465 3.121.613.537


Porte 1 12.418.877 75.387.236 34.674.622 39.701.191
Porte 2 48.474.943 120.881.137 39.951.938 53.000.904
Porte 3 100.194.774 244.598.678 88.673.315 106.481.175
Porte 4 581.128.678 728.537.945 209.372.380 237.563.012
Porte 5 1.029.770.260 769.249.301 236.375.808 228.841.296
Porte 6 2.037.380.698 2.040.481.570 405.593.386 543.593.745
Porte 7 13.823.620.981 9.748.582.485 1.577.881.017 1.912.432.213

Fonte: Elaboração Própria


MAIO/JUNHO 2021 MONITOR/ O BOLETIM DAS FINANÇAS MUNICIPAIS 9

ESTIMATIVA 2021 COMPARADA COM 2020


IPTU R$ MILHÕES

Para a arrecadação do 1º bimestre TOTAL 16.430 17.633 7,3%


do IPTU de 2021, a estimativa é de R$ 17,6 Porte 1 Até 5.000 17 12 -26,7%
bilhões, valor 7,3% maior do que o do mes- Porte 2 De 5.000 a 10.000 37 48 30,3%
mo período de 2020. Os Municípios com
até 5 mil habitantes tiveram resultado ne- Porte 3 De 10.000 a 20.000 127 100 -21,3%
gativo, ultrapassando os 26% de queda. Porte 4 De 20.000 a 50.000 551 581 5,4%
Porte 5 De 50.000 a 100.000 937 1.030 9,9%
Porte 6 De 100.000 a 300.000 2.086 2.037 -2,3%

ISSQN Porte 7 Acima de 300.000 12.674 13.824 9,1%

A estimativa do ISS para o 1º bimes- TOTAL 12.979 13.728 5,8%


tre de 2021 é de R$ 13,7 bilhões, valor
Porte 1 Até 5.000 70 75 8,4%
5,8% superior ao do mesmo período de
2020. O melhor resultado foi observado Porte 2 De 5.000 a 10.000 131 121 -7,9%
no grupo dos Municípios de até 5 mil ha- Porte 3 De 10.000 a 20.000 250 245 -2,3%
bitantes, com crescimento médio de 8,4%, Porte 4 De 20.000 a 50.000 707 729 3,1%
variação bem superior à do total. Tiveram
resultado negativo os grupos dos Municí-
Porte 5 De 50.000 a 100.000 752 769 2,3%
pios de 5 mil a 10 mil habitantes (-7,9%) e Porte 6 De 100.000 a 300.000 1.942 2.040 5,1%
de 10 mil a 20 mil habitantes (-2,3%). Porte 7 Acima de 300.000 9.127 9.749 6,8%

ITBI TOTAL 1.911 2.593 35,6%


Porte 1 Até 5.000 24 35 43,3%
A arrecadação do 1º bimestre de
2021 para o ITBI é de R$ 2,5 bilhões, valor Porte 2 De 5.000 a 10.000 41 40 -2,4%
35% maior do que o valor do 1º bimestre Porte 3 De 10.000 a 20.000 47 89 87,8%
de 2020. O grupo dos Municípios na faixa
Porte 4 De 20.000 a 50.000 118 209 78,1%
de 5 a 10 mil habitantes teve resultado ne-
gativo, com 2,4% de queda. Porte 5 De 50.000 a 100.000 156 236 51,8%
Porte 6 De 100.000 a 300.000 344 406 18,1%

IRRF Porte 7 Acima de 300.000 1.182 1.578 33,5%

Para a arrecadação do IRRF do 1º TOTAL 3.265 3.122 -4,4%


bimestre de 2021, foi estimado o total de Porte 1 Até 5.000 36 40 10,9%
R$ 3,1 bilhões, valor 4% menor do que o Porte 2 De 5.000 a 10.000 51 53 3,1%
do 1º bimestre de 2020. Como essa arre-
cadação é oriunda de um imposto sobre Porte 3 De 10.000 a 20.000 120 106 -11,1%
a remuneração dos servidores municipais Porte 4 De 20.000 a 50.000 260 238 -8,5%
e como quase não teve impacto com a Porte 5 De 50.000 a 100.000 253 229 -9,4%
pandemia da Covid-19, a arrecadação do
Porte 6 De 100.000 a 300.000 571 544 -4,8%
IRRF teve crescimento em todos os por-
tes, com destaque para os Municípios de Porte 7 Acima de 300.000 1.974 1.912 -3,1%
5 a 10 mil habitantes (+11%).

A arrecadação própria dos Municípios em 2021 ficou num patamar satisfatório. Das quatro
principais receitas, apenas o IRRF apresentou queda. O IRRF teve queda no primeiro bimes-
tre de 2021 em comparação a 2020, caindo 4,4%.

Fonte: Elaboração Própria


10 MONITOR/ O BOLETIM DAS FINANÇAS MUNICIPAIS MAIO/JUNHO 2021

ESPECIAL

Panorama das
Finanças Municipais
2020
LEVANTAMENTO DA ÁREA DE
ALESSANDRA.FERREIRA
AQUILA FERREIRA
ESTUDOS TÉCNICOS/CNM*
CARLOS SILVA
REVELA OHILTON
SALDO DE UM ANO
SILVA
MARCADO PELAROCHA*
WANDERSON PANDEMIA
No ano de 2020 os cofres de todas
as prefeituras sofreram o impacto do
novo Coronavírus, com uma tendência de
redução na arrecadação própria. A fim de
comparar a evolução das receitas e des-
pesas, esse estudo analisa números das
Finanças Públicas Municipais com base
nos dados dos Relatórios Resumidos de
Execução Orçamentária (RREO) disponi-
bilizados pelo Siconfi/Tesouro Nacional.
Segundo o IBGE, o Produto Interno
Bruto (PIB) brasileiro, afetado pela pan-
demia, registrou queda de 4,1% em 2020,
na comparação com 2019 — o mercado
chegou a projetar uma queda de 9% do
PIB no início da pandemia. Nesse con-
texto, a Confederação Nacional de Muni-
cípios (CNM) trabalhou incansavelmente
para reduzir o impacto nos municípios.
Além de negociar com o governo fe-
deral sobre auxílios para saúde e assis-
tência, a CNM teve conquistas importan- *Os autores, técnicos da
Área de Estudos Técnicos/CNM:
tes para garantir um bom desempenho alessandra.ferreira@cnm.org.br
das finanças municipais em 2020. Bacharel em Economia e
especialista Gestão Pública
aquila.ferreira@cnm.org.br
Bacharel em Economia
carlos.silva@cnm.org.br
Bacharel em Economia e
em Ciência da Computação
hilton.silva@cnm.org.br
Bacharel em Economia e
especialista Gestão Pública
wanderson.rocha@cnm.org.br
Bacharel em Economia
MAIO/JUNHO 2021 MONITOR/ O BOLETIM DAS FINANÇAS MUNICIPAIS 11

PORTE 1: Até 4.999 habitantes


PORTE 2: de 5.000 a 9.999 habitantes

As receitas
PORTE 3: de 10.000 a 19.999 habitantes
PORTE 4: de 20.000 a 49.999 habitantes

num ano de PORTE 5: de 50.000 a 99.000 habitantes

pandemia
PORTE 6: de 100.000 a 299.999 habitantes
PORTE 7: acima de 300.000 habitantes

TABELA 1: COMPARATIVO DAS RECEITAS


E DESPESAS DE 2019 E 2020 – R$ MILHÕES
O ano de 2020 foi um dos poucos
em que não ocorreram diferenças signi- Descrição 2019 2020 Cresc
ficativas entre receita e despesa. Embo- Receita Total 624.611 684.489 9,6%
ra essa disparidade em anos anteriores Impostos, Taxas e Contribuições de Melhoria 162.503 166.344 2,4%
tenha sido pequena, no acumulado dos Transferências Correntes 391.474 444.971 13,7%
períodos tirou a liberdade de decisão Receita de Capital 22.608 29.756 31,6%
dos gestores. Desde a promulgação da Despesa Total 609.813 669.739 9,8%
Constituição Federal em 1988, quando Pessoal e encargos 310.765 332.177 6,9%
os municípios passaram a ser conside- ODC 253.951 275.244 8,4%
rados entes autônomos da Federação, a Investimentos 44.427 61.356 38,1%
descentralização das políticas públicas Juros e Encargos da Dívida 4.713 2.944 -37,5%
se tornou mais intensa, com os municí-
pios assumindo responsabilidades que
A Tabela 2 mostra o desempenho da receita pública muni-
eram das esferas estaduais e federal.
cipal em 2020, comparada com o período de 2019 para o con-
De acordo com os dados obtidos
junto de 4.947 municípios para os quais havia dados disponíveis
nos RREOs, as receitas em 2020 foram
nos 2 exercícios, o que representa 88% do total de municípios
de R$ 684,4 bilhões contra R$ 624,6 bi-
brasileiros. Os valores estão expressos em milhares de reais.
lhões, ou seja, um crescimento nominal
Os municípios com porte populacional entre 50 mil e 100 mil
de 9,6%. As despesas foram de R$ 669,7
habitantes tiveram o melhor desempenho, com crescimento de
bilhões contra R$ 609,8 bilhões, um cres-
11,4% em 2020.
cimento levemente superior, de 9,8%.
Outro fator preponderante para os TABELA 2: RECEITA PÚBLICA MUNICIPAL
gestores ajustarem suas contas foi a
suspensão do pagamento de dívidas DE 2019 E 2020 (R$ MILHARES)
previdenciárias que venceriam até o final Porte Amostra 2019 2020 Cresc
do ano, representando um alívio de R$ 1 1103 19.341 21.243 9,8%
5,6 bilhões nas contas das prefeituras, 2 1063 26.401 29.418 11,4%
segundo estimativas do Senado Federal. 3 1162 50.544 55.971 10,7%
Municípios com regimes próprios de pre- 4 982 87.032 97.158 11,6%
vidência para os seus servidores ficaram 5 326 63.716 71.435 12,1%
dispensados de pagar a contribuição pa- 6 219 115.764 122.400 5,7%
tronal, bastando para isso a autorização 7 92 261.812 286.864 9,6%
por lei municipal específica. Total 4.947 624.611 684.489 9,6%

Fonte: RREO Siconfi/STN com cálculos próprios – Valores Nominais


12 MONITOR/ O BOLETIM DAS FINANÇAS MUNICIPAIS MAIO/JUNHO 2021

PORTE 1: Até 4.999 habitantes


PORTE 2: de 5.000 a 9.999 habitantes
PORTE 3: de 10.000 a 19.999 habitantes
PORTE 4: de 20.000 a 49.999 habitantes
PORTE 5: de 50.000 a 99.000 habitantes
PORTE 6: de 100.000 a 299.999 habitantes
PORTE 7: acima de 300.000 habitantes

Despesa Pública Municipal


TABELA 3: DESPESA PÚBLICA MUNICIPAL
DE 2019 E 2020 (R$ MILHARES)
A tabela 3 demonstra o comporta- Porte Amostra 2019 2020 Cresc
mento da despesa dos municípios em 1 1.109 18.796 20.748 10,4%
2020, ante 2019. Em geral, quase todos 2 1.064 25.839 28.398 9,9%
os grupos de municípios tiveram cresci-
3 1.163 49.183 54.205 10,2%
mento dos gastos próximo a 10%. As ex-
4 984 85.006 94.137 10,7%
ceções foram os municípios com popu-
lação entre 100 mil e 300 mil habitantes, 5 326 62.580 69.414 10,9%
que tiveram o menor percentual de cres- 6 219 113.034 119.528 5,7%
cimento das despesas (5,7%), valor em 7 92 255.374 283.309 10,9%
torno de 4 p.p. abaixo da média geral. Total 4.957 609.813 669.739 9,8%

A EVOLUÇÃO - MUNICÍPIOS COM SALDO POSITIVO


Na Biblioteca OU NEGATIVO 2019 X 2020:
da CNM
6000

Clique para acesso: 5000


https://www.cnm.
4000
org.br/biblioteca/
exibe/14955 3000

2000
Clique para
download: 1000

https://www.cnm. 0
org.br/biblioteca/ Resultado Superávit Déficit Total
download/14955
2019 2020

Fonte: RREO Siconfi/STN com cálculos próprios – Valores Nominais


MAIO/JUNHO 2021 MONITOR/ O BOLETIM DAS FINANÇAS MUNICIPAIS 13

Resultado Primário
A tabela 4 expõe o resultado primá- municípios os quais havia dados disponí-
rio dos municípios em 2020 ante 2019. veis nos dois exercícios, o que represen-
O resultado primário corresponde à di- ta 89% do total de municípios brasileiros.
ferença entre receitas e despesas não Em 2019, 1.245 fecharam suas contas
financeiras e indica se o nível de gastos com déficit. Em 2020, a quantidade foi de
orçamentários do município é compa- 1.689, um crescimento de 35,7%.
tível com sua arrecadação. Foram uti- O maior percentual observado, ao
lizados os dados do resultado primário analisar os resultados pelo porte popu-
disponibilizados pelo Siconfi no relatório lacional, está nos municípios entre 100
do demonstrativo do resultado primário. mil e 300 mil habitantes. Nessa faixa de
Chamamos de superávit o resultado pri- observação houve um crescimento de
mário superior a zero. Quando o resulta- 55,3% no número de municípios defici-
do for negativo, chamamos de déficit. tários em relação a 2019, seguido pelos
A tabela 4 mostra a quantidade de municípios na faixa de 20 mil e 50 mil ha-
municípios que tiveram o seu resultado bitantes com crescimento de 47,7% no
como superávit ou déficit em 2020 com número de Entes com o resultado primá-
relação a 2019 para o conjunto de 4.962 rio deficitário.
TABELA 4:
QUANTIDADE DE MUNICÍPIOS POR CLASSIFICAÇÃO DO RESULTADO PRIMÁRIO.
Total de Total da % do total 2019 2020
Porte
Municpios Amostra de Munic Superavit Deficit Superavit Cresc Deficit Cresc
1 1.249 1.110 88,9% 854 260 722 -15,5% 388 49,2%
2 1.200 1.066 88,8% 770 295 714 -7,3% 352 19,3%
3 1.333 1.165 87,4% 886 287 785 -11,4% 380 32,4%
4 1.111 984 88,6% 733 243 625 -14,7% 359 47,7%
5 351 326 92,9% 241 84 222 -7,9% 104 23,8%
6 231 219 94,8% 174 47 146 -16,1% 73 55,3%
7 95 92 96,8% 59 29 59 0,0% 33 13,8%
Total 5.570 4.962 89,1% 3717 1245 3273 -11,9% 1689 35,7%

O número de municípios que fecha- sas tanto de pessoal, quanto de custeio e


ram sua contas superavitárias, ou seja, investimento. Pelo lado do investimento,
com a receita maior do que a despesa, a expansão fiscal se justifica economica-
foi de 3.273 em 2020, quantidade 11,9% mente na evidência já descrita de que o
menor do que a observada em 2019, o gasto nesta área impulsiona o crescimen-
que se explica basicamente pela Tabela 1, to e, portanto, é recomendável em período
onde se evidencia incremento em despe- como o qual estamos atravessando.

Fonte: RREO Siconfi/STN com cálculos próprios – Valores Nominais


14 MONITOR/ O BOLETIM DAS FINANÇAS MUNICIPAIS MAIO/JUNHO 2021

CONVIDADO

Cícero e o
Orçamento da União
Gil Castello Branco É conhecido e atual o pensamento sidente vetou R$ 19,8 bilhões, sendo R$
gil@contasabertas.org.br de Cícero (Marcos Túlio Cícero), político e 11,9 bilhões em emendas parlamentares
filósofo da Roma antiga, no ano 55 antes e R$ 7,9 bilhões em despesas discricio-
de Cristo. Relembrem um trecho: “O orça- nárias, além de bloquear R$ 9,3 bilhões
mento nacional deve ser equilibrado. As de gastos não obrigatórios do Executivo.
dívidas públicas devem ser reduzidas, a Dessa forma, as despesas discricionárias
arrogância das autoridades deve ser mo- do Executivo ficaram no menor patamar
derada e controlada...” da história (R$ 74,6 bilhões), o que causa
Ao contrário do que aconselhava o riscos quanto ao funcionamento da má-
romano, o orçamento federal não é equi- quina administrativa. A não realização do
librado, faz tempo. Desde 2014, começa- Censo já é uma consequência.
mos o ano no vermelho. A dívida pública, Sob a ótica dos municípios, o orça-
além de não ter sido reduzida, aumentou mento sancionado foi R$ 45,7 bilhões
muito. A relação dívida/PIB, que era de maior do que a proposta encaminhada
51,8% em 2010, chegou a 89,3% no final pelo Executivo. No projeto de lei as trans-
de 2020. ferências aos municípios somavam R$
A arrogância das autoridades foi uma 166,9 bilhões. No orçamento agora vigen-
das razões para o orçamento deste ano te totalizam R$ 212,6 bilhões. O valor para
ter sido sancionado somente em abril, 2021 é, porém, inferior ao de 2020 (R$
o segundo maior atraso dos últimos 20 216,4 bilhões).
anos. A disputa pela Presidência da Co- O orçamento da União para este ano
missão Mista de Orçamento, por exemplo, certamente não é o que Cícero desejaria. O
se arrastou por meses desde setembro déficit público será de R$ 247,1 bilhões, e a
do ano passado. dívida ao final do ano passará dos 90% do
Ao fim do imbróglio, o orçamento de PIB. Resta-nos esperar que ao menos a ar-
2021 foi sancionado em 22 de abril. O pre- rogância das autoridades seja moderada...

TRANSFERÊNCIAS A MUNICÍPIOS NO ORÇAMENTO DA UNIÃO/2021


TRANSFERÊNCIAS A MUNICÍPIOS, TRANSFERÊNCIAS A MUNICÍPIOS - FUNDO A FUNDO E EXECUÇÃO
ORÇAMENTÁRIA DELEGADA A MUNICÍPIOS

DISCRIMINAÇÃO PROJETO DE LEI ORÇAMENTO ORÇAMENTO SANCIONADO


SANCIONADO MENOS PROJETO DE LEI
Primário obrigatório 163.464,9 191.714,8 28.249,9

Economista e Primário discricionário 3.393,3 2.559,1 -834,2


fundador da orga- Emendas individuais 0,0 4.048,3 4.048,3
nização não gover-
namental Contas Emendas de bancadas 0,0 830,4 830,4
Abertas resgata um Emendas do 0,0 13.425,1 13.425,1
esquecido conselho relator geral
de filósofo da Roma
Antiga Total 166.858,2 212.577,7 45.719,5
Observação: no Orçamento sancionado/2020 as
Transferências aos Municípios somaram R$ 216,4 bilhões.

FONTE: SIAFI - TESOURO GERENCIAL


MAIO/JUNHO 2021 MONITOR/ O BOLETIM DAS FINANÇAS MUNICIPAIS 15

LUPA - ASSISTÊNCIA SOCIAL

21 anos de controle
Quem presenciou e viveu no Brasil na aos ordenadores de despesa para que fa-
década de 90 sabe muito bem como es- çam os ajustes necessários, mas 99% das
tavam as contas públicas naquela época, cidades têm suas contas ajustadas, com
com inflação galopante, o overnight, as problemas pontuais. Os Municípios do Bra-
AROS (antecipações de receita orçamen- sil podem ser considerados exemplos de
Eduardo Stranz
Consultor da CNM
tária), o endividamento gigante da União responsabilidade fiscal.
e dos entes subnacionais, um caos ins- A Confederação Nacional de Muni-
talado. Com muitos planos econômicos cípios (CNM) há alguns anos desenvol-
que deram resultados duvidosos, até que veu um índice de responsabilidade fiscal,
caminhamos para uma tentativa de frear social e de gestão dos Municípios (IRFS),
e ajustar as contas públicas com o Plano com o objetivo de apurar como os nossos
Real e a estabilização de nossa moeda e gestores estavam nestas três dimensões.
as condições necessárias para os ajustes Tentou avaliar até que ponto uma boa res-
do setor público. ponsabilidade fiscal traria uma boa gestão
Em 2000, após imensas discussões e sobretudo uma entrega de serviços nas
no Congresso Nacional com muitos em- áreas sociais para sua população. Esse
bates e debates, foi então aprovada e san- trinômio não é fácil alcançar, e os resulta-
cionada a Lei Complementar nr. 101/2000 dos ano a ano nos deram a possibilidade
– apelidada de Lei de Responsabilidade de constatar alguns contextos bem inte-
Fiscal (LRF). Ela trouxe muitas inovações e ressantes, por exemplo, a região Sul tem
controles ao gasto público e até hoje é um primordialmente características de boa
marco na administração pública, tanto que gestão fiscal, ou seja, a maioria dos(as)
todas as modificações de lá para cá foram gestores(as) cuida muito para atender a
A LRF e os controles
feitas com o objetivo de tornar o controle todas as imposições da LRF (gasto de
interno e externos são mais efetivo. Não existe clima na nossa so- pessoal, endividamento e suficiência de
ferramentas para a boa
aplicação dos recursos
ciedade para atenuar ou enfraquecer a LRF. caixa). Já em estados como Minas Gerais,
públicos e para a Desde as primeiras democracias no Pernambuco, Rio Grande do Norte e outros
melhoria da qualidade mundo ocidental o orçamento público é do Nordeste a gestão é mais predominante
de vida nos nossos
Municípios uma questão primordial. Em todos os mo- (investimentos, gasto do legislativo e cus-
mentos de nossa História, a sociedade es- teio da máquina). Estados como São Pau-
teve atenta aos gastos dos nossos gover- lo, Amazonas e Pará têm uma caracterís-
nos, que sempre querem mais recursos. tica mais ligada à dimensão social, (gasto
Ter equilíbrio entre o que é necessário, o em saúde e educação, abandono escolar,
que é gasto e o retorno para a população médicos por habitante etc). Isso demons-
é um fator preponderante em todos os pa- tra como é difícil manter um equilíbrio na
íses do mundo. gestão de nossas cidades.
Com a LRF no Brasil houve um con- Esse aprendizado contribui muito
trole maior das finanças públicas, foram para que se consiga enxergar a diversida-
criados indicadores e punições aos gesto- de que nosso país tem, a heterogeneidade
res(as) que descumprem alguns princípios de nossos(as) gestores(as) e a dificuldade
e, com isso, passados estes anos todos, a que cada região, estado e Município tem
situação hoje em dia é muito melhor, em- em relação ao outro. Uma coisa podemos
bora sempre tenha algo a aperfeiçoar, claro. afirmar com certeza: a LRF e os controles
Do ponto de vista dos Municípios, a interno e externos exercem um papel de-
LRF tem um poder imenso. Os órgãos de terminante na boa aplicação dos recursos
controle interno e externos verificam bi- públicos e na melhoria da qualidade de
mensalmente as contas e emitem alertas vida das pessoas de nossos Municípios.
MONITOR/ O BOLETIM DAS FINANÇAS MUNICIPAIS

Conteúdo Exclusivo
ESTUDOS TÉCNICOS
Conecte-se com a

Sensível às dificuldades, a Confede-


ração Nacional de Municípios (CNM) não
tem medido esforços para disseminar
e promover a cultura do planejamento A CNM está presente
baseado em informações e indicadores. também nas redes A CNM preparou um panorama com
Cada vez mais próximo do dia a dia do sociais e quer interagir informações sobre vários temas que me-
com seu Município xem com a gestão municipal. Você, ges-
gestor público, o conteúdo exclusivo tem por lá também!
uma variedade de informações e se con- tor(a), pode acompanhar, por exemplo, o
solida como uma ferramenta imprescin- valor das Retenções – FPM que o muni-
portalcnm
dível à administração pública para a to- cípio vem tendo, e descobrir quanto seu
mada de decisões. Portal CNM município perdeu com a suspensão da lei
(12.734/2012) dos Royalties. Ainda neste
portalcnm
Um exemplo é a plataforma panorama há os valores repassados com
de Restos a Pagar TV Portal CNM a Cessão Onerosa e Repatriação.

cadastre-se COMO TER ACESSO ÀS NOSSAS


na lista de
transmissão PLATAFORMAS ATRAVÉS DO
https://www.cnm.org.br
/index.php/contato/
AMBIENTE EXCLUSIVO DA CNM?
whatsapp
O termo “restos a pagar” (RAP) ad- Para navegar na Plataforma, o usu-
quiriu grande popularidade nos meios de ário deverá ter senha de acesso ao am-
comunicação nos últimos anos, e isso biente exclusivo da CNM, disponibilizado
está relacionado à magnitude que os RAP para todos os municípios brasileiros filia-
assumiram nas contas públicas. Mui- dos à confederação. Para solicitar o login
tos desses “restos a pagar” referem-se a de acesso, basta entrar em contato com
despesas prometidas para os Municípios, o setor de atendimento CNM pelos canais
algumas há vários anos, e estão agora a seguir:
ameaçadas de cancelamento pelo gover-
no federal como parte de sua política de • Telefone: 61-2101-6000
ajuste fiscal. • E-mail: atendimento@cnm.org.br
Diante disso, a CNM preparou um
espaço no qual os municípios podem ve- Após a liberação dos dados de login,
rificar alguns restos a pagar que estão na o usuário deverá acessar o sítio eletrônico
base do SIAFI. Nela o gestor pode conferir www.cnm.org.br, e preencher as infor-
Empenho, em qual órgão se encontra, o mações com CPF e senha pessoais.
ano dele, Qual e a Ação, o valor RP inscrito,
a Situação da Obra, de forma que o gestor
municipal possa entrar em contato com
os respectivos órgãos federais e conferir
a situação de cada empenho.

MONITOR - O Boletim das Finanças


Municipais é uma publicação da Presidente: Glademir Aroldi • Consultor e coordenador de conteúdo: Eduardo Stranz •
Confederação Nacional de Municípios. Jornalista responsável: Altair Nobre • Design: Vanessa Cardoso/
Todo o conteúdo pode ser copiado, Data ao Cubo Serviços de Informação • Endereço: SGAN 601, Módulo N – Brasília/DF – CEP: 70.830-010 •
distribuído, exibido e reproduzido Telefone: (61) 2101-6000 • Fax: (61) 2101-6008 • E-mail: atendimento@cnm.org.br
livremente, desde que seja citada a fonte.

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