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O apanhador no campo de centeio (Jerome David Salinger). The Catcher in the Rye.

São Paulo: Todavia,


2019.

- Primeira publicação entre 1945-46; visto como o livro que inaugura a abordagem a partir da perspectiva do
adolescente, conceito até então, não bem definido.

Adolescência, rebeldia, conflitos escolares, não aceitação da educação formal; Trajetória de retorno ao lar, de
um estudante (Holden Caulfield) de 17 anos expulso da escola; bares, cigarros, boemia; conflitos
existenciais…
- Visão negativa da vida em sociedade, personalidade depressiva… perspectiva de que para ser feliz, teria
que se isolar numa cabana – naturalismo… O fato de contrair pneumonia no final, lembra os poetas
românticos do século XIX, que adoeciam de tristeza;
- Chama a atenção a questão da análise das personalidades, tidas como “fajutas” (vários professores, pessoas
nos bares, colegas, pastores, músico e atores). Parece ser algo como se elas não estão sendo elas mesmas,
estão preocupadas em impressionar ou se adequar o espaço que estão. Até mesmo o pianista no bar, visto
como talentoso, é fajuto ao parecer humilde, acaba sendo esnobe.
O que busca o personagem parece ser mais do que a originalidade em sua personalidade, mas ser feliz de
verdade, sem se preocupar em impressionar ninguém, nem seguir modelos pré-estabelecidos. Tive a
impressão de expressar a personalidade do autor, Salinger, que se isolou até o fim de seus dias, não queria
holofotes.
Personagem gosta de conversar, apesar de julgar todos com quem conversa, mas gosta de uma boa conversa,
de pessoas inteligentes, pode ser inclusive uma criança. Aliás, parece que ele valoriza muita a infância, como
se na adolescência as pessoas “perdem” e tornam-se os adultos “fajutos”; A primeira vez que a expressão
“apanhador do campo de centeio” aparece no livro é numa canção de um menino, descrito como “jóia”, pela
simplicidade e alegria (p. 141). A sua irmã mais nova, Phoebe, descrita com muito carinho, também parece
ser a sua salvadora;
No diálogo com sua irmã, quase no fim do livro (p. 208, cap. 22), fala que o que desejaria ser na vida é o
“apanhador do campo de centeio”, a ideia de uma pessoa que protegeria as crianças do abismo, enquanto
brincavam no campo de centeio. O personagem reconhece que o poema original (de Robert Burns) fala é de
“encontrar” alguém enquanto caminha no campo de centeio, mas diz que ele pensava que era “apanhar”
alguém no campo de centeio. Qual seria essa ideia de proteção, para mantê-las crianças? Não se tornarem
adultos fajutos?
Vídeo com a narração da parte em que houve o pianista Ernie tocar: https://www.youtube.com/watch?
v=mJHrlmgGptk
Destaque para as frases: “O povo sempre aplaude as coisas erradas. Se eu fosse pianista, ia tocar dentro da
droga de um armário.” (p. 104). Como se Ernie não saberia mais quando tocava bem ou mal, por conta das
pessoas que não sabem o que estão aplaudindo – o problema do “glamour”.
Diálogo com professor (cap. 24, p. 225): “A marca do homem imaturo é querer morrer de maneira nobre por
alguma causa, enquanto a marca do homem maduro é querer viver de maneira humilde por uma causa.” -
Ideia de que também valoriza as coisas simples, mas também não se deve comprometer demais a vida por
alguma coisa, nem desvalorizar a vida, querer morrer por algo, como fazia Holden.
Esse diálogo também expressa o dualismo criatividade x academicismo, ou como é importante, mesmo
sendo inteligente, ter uma trajetória acadêmica: o eruditos deixam registros mais preciosos que os homens
brilhantes; se expressam com maior clareza; são mais determinados; e principalmente, são mais humildes;
vida acêmica ajuda você a descobrir “o tamanho da sua mente”, do que serve e o que não serve para ela (p.
227)
—Visão negativa da escola, tanto pelas coisas que nunca mudam, quanto pelo bullyng, falta de compaixão
das pessoas (competitividade, segregação); Valorização da literatura.
Visão negativa do cinema e do teatro (como Salinger). Crítica o irmão mais velho D. B., visto como um bom
escritor, mas que “se vendeu” à Hollywood.

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