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A série Nas trilhas do sertão chega ao seu quinto volume, incorporando pesquisas e
análises historiográficas desenvolvidas por profissionais ligados aos cursos de pós-gra-
duação das universidades cearenses e de outras instituições igualmente prestigiadas.
O número presente traz artigos derivados de pesquisas desenvolvidas na Univer-
sidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Ceará (UFC), Uni-
versidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Estadual do Ceará (UECE), Uni-
versidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) e Universidade Regional do Cariri (URCA).
Em cinco anos de existência desta série, os profissionais a ela congregados procu-
raram apresentar ao público leitor um sertão diferente daquele estereotipado, presente
nas narrativas da literatura de ficção e da mídia televisiva. Trata-se de uma ruptura e
uma emancipação. Uma ruptura porque a série Nas trilhas do sertão procura sempre
romper com a história-memória e “bajulatória” que é produzida pelos intelectuais or-
gânicos locais , cuja produção tem o objetivo claro de construir uma memória louva-
tória e autoelogiosa para as elites sertanejas e seus antepassados.
Neste aspecto, a série Nas trilhas do sertão é também uma emancipação porque
marca o momento contundente em que diversos profissionais da História, residen-
tes nos interiores do Ceará, decidem “se dar as mãos” para viabilizar a divulgação de
suas pesquisas. São historiadores profissionais do sertão (sim, eles existem!) falando
do sertão, para o sertão, pois já não precisamos (e nem aceitamos mais) que a nossa
realidade nos venha apresentada “de fora”, na forma de uma novela (como a novela
Cordel Encantado, da Rede Globo) , ou de um “romance regionalista tardio” (como
tantos que mesmo hoje em dia insistem em requentar a fórmula da literatura de ficção
do início do século XX) que, como nos alerta Durval Muniz de Albuquerque Junior,
insiste em apresentar ao país um sertão que é a “eterna terra das secas”, localidade
presa a um passado “pré-civilizado” e eterno, onde o tempo não flui; terra dominada
pelos coronéis, pelos cangaceiros e pelos profetas fanáticos, percorrida por penitentes,
retirantes e flagelados de modo atemporal. Esse sertão não existe mais. E você, leitor,
não irá encontrá-lo aqui.
O sertão apresentado em nossa série é o sertão real, feito de homens e mulheres de
carne e osso, pessoas que, bem ou mal, estão inseridas no Brasil do século XXI.
Os organizadores
Organizadores
Raimundo Alves de Araújo
Reginaldo A. d’ Araújo
Sobral/CE
2019
Nas Trilhas do Sertão: escritos de cultura e política nos interiores do Ceará - Volume V
© 2019 copyright by Raimundo Alves de Araújo e Reginaldo A. d’ Araújo (Orgs.)
Impresso no Brasil/Printed in Brasil
Efetuado depósito legal na Biblioteca Nacional
Conselho Editorial
Reitor Geranilde Costa e Silva
Fabianno Cavalcante de Carvalho Gilberto Gilvan Souza Oliveira
João Batista Teófilo Silva
Vice-Reitora Tito Barros Leal de Pontes Medeiros
Izabelle Mont`Alverne Napoleão Albuquerque Valeria Aparecida Alves
Antonio Jerfson Lins de Freitas
Diretora da Edições UVA Telma Bessa Sales
Maria Socorro de Araújo Dias
Coordenação Editorial e Projeto Gráfico
Conselho Editorial Marco Antonio Machado
Maria Socorro de Araújo Dias (Presidente)
Izabelle Mont’Alverne Napoleão Albuquerque
Alexandra Maria de Castro e Santos Araújo Revisão
Ana Iris Tomás Vasconcelos Antonio Jerfson Lins de Freitas
Carlos Augusto Pereira dos Santos
Claudia Goulart de Abreu Imagem de capa
Eneas Rei Leite Obra “A Feira”. Autor: Chagas Albuquerque.
Francisco Helder Almeida Rodrigues
Tela vencedora do XXI Salão de Artes de Camocim-CE. 2013.
Israel Rocha Brandão
Maria Adelane Monteiro da Silva
Maria Amélia Carneiro Bezerra
Maria José Araújo Souza
Maria Somália Sales Viana
Maristela Inês Osawa Vasconcelos
Raquel Oliveira dos Santos Fontinele Contatos:
Simone Ferreira DinizRenata Albuquerque Lima
E-mail: fchagasfortaleza2497@gmail.com
Tito Barros Leal de Ponte Medeiros
(85)98507.2497
Virginia Célia Cavalcanti de Holanda
Catalogação
Leolgh Lima da Silva - CRB3/967
Sumário
Apresentação / 5
HISTÓRIA E CIDADE
Modernidade e cidade / 15
Antonio Vitorino Farias Filho
O OITOCENTOS NO CEARÁ
Apresentação
A série Nas trilhas do sertão chega ao seu quinto volume incorporando
pesquisas e análises historiográficas desenvolvidas por profissionais ligados
aos cursos de graduação das universidades cearenses e de outras instituições
de ensino, que concluíram ou estão cursando pós-graduação em nível de dou-
toramento ou mestrado. Neste sentido, o número presente traz artigos deri-
vados de pesquisas desenvolvidas na Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE), Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal Flumi-
nense (UFF), Universidade Estadual do Ceará (UECE), Universidade Estadual
Vale do Acaraú (UVA) e Universidade Regional do Cariri (URCA). Em cinco
anos de existência desta série, os profissionais a ela congregados procuraram
apresentar ao público leitor um sertão diferente do sertão estereotipado nas
narrativas da literatura de ficção e da mídia televisiva. Trata-se, neste sentido,
de uma ruptura e uma emancipação. Uma ruptura porque a série Nas Trilhas
do Sertão procura sempre romper com a história-memória e “bajulatória” que
é produzida pelos intelectuais orgânicos locais1, cuja produção tem o objetivo
claro de construir uma memória louvatória e autoelogiosa para as elites ser-
tanejas e seus antepassados. Por outro lado, a série Nas trilhas do sertão é
também uma emancipação porque marca o momento contundente em que di-
versos profissionais da História, residentes nos interiores do Ceará, decidem
“se dar as mãos” para viabilizar a divulgação de suas pesquisas. São historia-
dores profissionais do sertão (sim, eles existem) falando do sertão, para o ser-
tão, pois já não precisamos (e nem aceitamos mais) que a nossa realidade nos
1 Fazemos uso do conceito de intelectual orgânico desenvolvido pelo filósofo marxista Antônio Grams-
ci (1891-1937).
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Nas Trilhas Escritos de cultura
do Sertão e política nos
interiores do Ceará volume 5
venha apresentada “de fora”, na forma de uma novela (como a novela Cordel
Encantado, da Rede Globo)2, ou de um “romance regionalista tardio” (como
tantos que mesmo hoje em dia insistem em requentar a fórmula da literatu-
ra de ficção do início do século XX) que, como nos alerta Durval Muniz de
Albuquerque Junior3, insiste em apresentar ao país um sertão que é a “eterna
terra das secas”, localidade presa a um passado “pré-civilizado” e eterno, onde
o tempo não flui; terra dominada pelos coronéis, pelos cangaceiros e pelos
profetas fanáticos, percorrida por penitentes, retirantes e flagelados de modo
atemporal. Esse sertão não existe mais. E você, leitor, não irá encontrá-lo aqui.
O sertão apresentado em nossa série é o sertão real, ou, para dizer melhor, ve-
rossímil, onde se busca encontrar homens e mulheres de carne e osso, pessoas
que, bem ou mal, estão inseridas no Brasil do século XIX e XX.
Para o leitor comum, que ainda não nos conhece, a série Nas trilhas do
sertão, em seu quinto volume, vem a ser um consórcio de historiadores de
diferentes cidades dos interiores cearenses, cujo objetivo maior é o de baratear
os custos de publicação e de conquistarem visibilidade para as suas produções,
rompendo com as mazelas oriundas dos monopólios produzidos pela “indús-
tria cultural” e pelos “mercados universitários” dos grandes centros do país.
Trata-se, evidentemente, de uma “maioridade intelectual” e de uma emanci-
pação cultural (o sertão falando de si mesmo e para si mesmo, rompendo os
estereótipos e dispensando os intermediários).
A série e, consequentemente, o presente volume, tem como ênfase maior
a análise historiográfica e a reflexão sobre o interior do Ceará, promovida por
uma série de artigos que toma como foco a inclusão dos homens e mulheres do
sertão, percebidos como sujeitos históricos ativos e atuantes, rompendo assim,
a seu modo, com uma periferia historiográfica movida pela grande política e
decisões tomadas nos altos escalões do governo. As pesquisas historiográficas
aqui presentes tomam como recorte espaço-temporal as realidades das peque-
nas e médias cidades do interior cearense e os seus sujeitos sociais e políticos.
Porém, é necessário que se diga que este tipo de abordagem já não é nova no
mundo da academia, no sentido de que já faz algumas décadas que a História
desbravou as vilas e aldeias, disputando espaço com os antropólogos e com os
sociólogos, a partir da metodologia da Micro-História. Mas como dizia Clif-
ford Geertz, os historiadores não estudam as cidades, mas nas cidades4.
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Apresentação
5 ARAÚJO, Raimundo Alves de. “Quem não tem padrinho morre pagão”: um modelo para se entender
o clientelismo sertanejo. In: Nas trilhas do sertão: escritos de cultura e política nos interiores do Ceará.
Carlos Augusto Pereira dos Santos (org.). Sobral, Ceará: Sertaocult, 2016. V. 3.
6 CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano. 13ª ed. Tradução: Ephrain Ferreira Alves. Petrópolis,
R.J Vozes, 2007.
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Nas Trilhas Escritos de cultura
do Sertão e política nos
interiores do Ceará volume 5
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Apresentação
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Nas Trilhas Escritos de cultura
do Sertão e política nos
interiores do Ceará volume 5
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