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SOBRE INTELIGÊNCIA:

2 de dezembro de 2019

Marlon Belotti

( https://olavodecarvalhofb.wordpress.com/2019/12/02/sobre-inteligencia/ )

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES DO PROFESSOR OLAVO DE CARVALHO SOBRE INTELIGÊNCIA:

“Se você nasceu com uma inteligência superior à média e ainda a desenvolveu por estudos e
leituras, é inevitável que os medíocres e incapazes aleguem sobrepujá-lo em honestidade e
santidade, provando-as, sobretudo, por meio da maledicência, da intriga e da calúnia.”

“A mais extrema burrice é a sensação de inteligência: a incapacidade de suspeitar que o


interlocutor talvez saiba algo que você não sabe.”

“A reação de uma inteligência sã, ao ouvir uma opinião inusitada, é pedir mais explicações,
enquanto o imbecil a rejeita de imediato, sem mesmo certificar-se de que a entendeu
corretamente. Entre os opinadores de plantão na nossa mídia, a inteligência sã é coisa
praticamente inexistente.”

“Aos trinta e poucos anos, minha inteligência recebeu um reforço inigualável com a leitura das
‘investigações Lógicas’ e da ‘Crise das Ciências Européias’ de Edmund Husserl. É preciso lê-los
com lápis e papel ao alcance, como livros de matemática. O esforço pode levar meses ou anos,
mas é imensamente recompensador. Ninguém jamais será um filósofo se não levou umas boas
doses de Husserl na veia.”

“A compulsão de discordar é sinal de inteligência deficiente.”

“Uma das experiências mais perturbadoras que tive na vida foi a de perceber, de novo e de
novo ao longo dos anos, o quanto é impossível falar ao coração, à consciência profunda de
indivíduos que trocaram sua personalidade genuína por um estereótipo grupal ou ideológico.
Diga o que você quiser, mostre-lhes mesmo as realidades mais óbvias e gritantes, nada os
toca. Só enxergam o que querem. Perderam a flexibilidade da inteligência. Trocaram-na por
um sistema fixo de emoções repetitivas, acionadas por um reflexo insano de autodefesa
grupal. O histérico não sente o que percebe, mas o que imagina.”

“A inteligência, com efeito, não é uma função, uma faculdade em particular: é a expressão da
pessoa inteira enquanto sujeito do ato de conhecer. A inteligência não é um instrumento, um
aspecto, um órgão do ser humano: ela é o ser humano mesmo, considerado no pleno exercício
daquilo que nele há de mais essencialmente humano.”
“Discutir com idiotas pode ser útil para o aprendizado literário, porque nos obriga a expressar
em palavras as obviedades que antes só percebíamos num relance intuitivo mudo. Mas pode
também fazer trazer dano à inteligência geral, pois nos vicia a desacelerar as intuições e trocá-
las pelo raciocínio verbal. Entre uma coisa e a outra, é preciso dançar e exercer o
autocontrole.”

“Quando Sto. Tomás, depois de escrever as duas Summas, os Comentários a Aristóteles e as


‘Questões Disputadas’, finalmente entendeu coisas que estavam infinitamente acima da sua
capacidade de escrever, ele teve de admitir a existência de um abismo entre inteligência e
linguagem, e voltou, de certo modo, a ser o Boi Mudo, como o apelidaram na juventude.”

“Aquilo que você não consegue verbalizar é o melhor que a sua inteligência percebeu. Não a
force a expressar-se em palavras. Espere que o tempo faça isso lentamente, misteriosamente.
Um dia você sai explicando a coisa com a maior facilidade, e nem sabe como conseguiu isso.”

“Se você quer destruir a sua inteligência de uma vez por todas, só admita como verdade o que
possa provar. Descartes criou a fórmula perfeita da imbecilização. De tudo o que sabemos por
evidência imediata, só uma parcela infinitesimal pode ser retida na memória até transmutar-se
em discurso e poder, em seguida, ser decomposta como prova.”

“A inteligência, ao contrário do dinheiro ou da saúde, tem esta peculiaridade: quanto mais


você a perde, menos dá pela falta dela.”

“Leibniz, o homem mais inteligente da Europa depois de Aristóteles, ensinava que a melhor
maneira de desenvolver a inteligência não era estudar ciência, filosofia ou matemática: era ver
muitas figuras e ouvir (ou ler) muitas histórias. O homem cuja imaginação está presa à
realidade imediata e não voa entre os possíveis é um escravo da mesmidade – um idiota no
pleno sentido da palavra.”

“O burro acha que todo mundo é burro; o inteligente, que todos são inteligentes — e, nisso,
ambos são igualmente burros.”

“Ser inteligente é, nesse sentido, como já lembrava Lionel Trilling, a primeira das obrigações
morais. Sem inteligência, até as virtudes mais excelsas se tornam apenas caricaturas de si
mesmas.”

“A reeducação das emoções é impossível sem passar primeiro pela reeducação da inteligência,
de modo que esta assuma, pouco a pouco, o comando da alma inteira e se torne o centro da
personalidade em vez de um penduricalho inútil a serviço da vaidade.”

“Nada debilita mais a inteligência do que a obstinação orgulhosa na astúcia fracassada.”


“Estudar no Exterior não significa NADA. Mudar um burro de lugar não o torna inteligente.”

“Na esfera da inteligência rege o princípio da abundância: quanto mais falta, mais dá a
impressão que sobra.”

“A inteligência é fruto do desejo da verdade: se você quer a verdade com toda a sinceridade,
de todo o coração, você vai obtê-la.”

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