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GUIA DE

TERRITORIALIZAÇÃO E 2019
DIAGNÓSTICO DE ÁREA
DA ATENÇÃO PRIMÁRIA
À SAÚDE/DF
Governador do Distrito Federal
IBANES ROCHA BARROS JÚNIOR
Vice-Governador
PACO BRITTO
Secretário de Estado de Saúde
OSNEI OKUMOTO
Secretário-Adjunto de Assistência à Saúde
RENATA SOARES RAINHA
Secretário-Adjunto de Gestão em Saúde
SÉRGIO LUIZ DA COSTA
Subsecretário de Atenção Integral à Saúde
MARCELO MELO
Coordenação de Atenção Primária
ELISSANDRO NORONHA DOS SANTOS

Diretoria de Organização de Serviços da Atenção Primária à Saúde


SÉRGIO DE CARVALHO PINHEIRO
Elaboração - Equipe Técnica
FERNANDA BARROS DO NASCIMENTO
LAUDA BAPTISTA BARBOSA BEZERRA DE MELO
LIGIA MARIA PAIXÃO SILVA
SIMONE ALEXANDRA SCHWARTZ
Colaboradores
ACLAIR ALVES FERREIRA DALLAGRANNA
ANA CRISTINA BARRETO PEIXOTO SAMPAIO
BRUNO SANTOS DE ASSIS
GILMAR ANTÔNIO ROCHA
LUZIA HERMES MEIRA LIMA
JORGE SAMUEL DIAS LIMA

1
“Inspiração existe, mas ela precisa te encontrar trabalhando. ”

Pablo Picasso

2
FICHA CATALOGRÁFICA

Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal.


Coordenação de Atenção Primária à Saúde.
Guia de Territorialização e Diagnóstico de Área da
APS/DF/Secretaria de Estado de Saúde do Distrito
Federal/Subsecretaria de Atenção Integral à Saúde
/Coordenação de Atenção Primária à Saúde/DF, 2018.
44 p.
1. Conceitos e definições de territorialização e
diagnóstico de área. 2. Territorialização. 3.
Diagnóstico de Área.

3
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................5
2. OBJETIVOS ..............................................................................................6
2.1 Geral...................................................................................................6
2.2 Específicos ........................................................................................6
3. TERRITORIALIZAÇÂO...............................................................................6
3.1 Planejamento da Territorialização ......................................................7
3.2 Execução do Cadastramento..............................................................10
3.2.1 Etapas do Cadastramento .......................................................11
3.3 Elaboração de Mapas: Geográfico e Vivo .........................................12
3.4 Consolidação dos dados obtidos no cadastramento..........................13
4. DIAGNÓSTICO DE ÁREA ........................................................................13
4.1 Compilar as informações necessárias para o diagnóstico ….............13
4.1.1 Informações dos relatórios do e-SUS........................................14
4.1.2 Informações complementares para o diagnóstico.....................15
4.2 Demarcação das Microáreas e Áreas da Equipe ...............................19
5. PRINCIPAIS PERGUNTAS QUE SURGEM DURANTE
TERRITORIALIZAÇÃO E/OU DIAGNÓSTICO DE ÁREA ........................19
6. CONCLUSÃO ............................................................................................21
7. REFERÊNCIAS .........................................................................................23

ANEXO I – Legislações para consulta e apoio à Territorialização e


Diagnóstico de Área .......................................................................................25

ANEXO II – Checklist Processo de Territorialização/Diagnóstico ..................27

ANEXO III –Territorialização Figura 1 (macro ao micro) ................................29

ANEXO IV – Figuras: exemplos de Mapas (geográfico e vivo).......................30

ANEXO V – Fichas de Cadastro e-SUS..........................................................32

ANEXO VI – Relatórios do e-SUS...................................................................36

ANEXO VII –Siglas .........................................................................................44

4
1. INTRODUÇÃO

A territorialização é uma ferramenta utilizada pela Atenção Primária à Saúde


(APS) que auxilia na compreensão do processo saúde doença da população permitindo
a realização do diagnóstico e assinalando possíveis necessidades de intervenção para
os problemas encontrados naquele território.
É utilizada para definir área de atuação dos serviços de saúde com objetivo de
planejar as ofertas de serviços aos perfis da população daquela localidade. Esse
processo de organização considera as características demográficas, socioeconômicas,
geográficas, sanitárias, epidemiológicas, atividades produtivas existentes, disponibilidade
de serviços de saúde e articulação entre as regiões administrativas e municípios de
fronteiras.
Como proposta para adequado diagnóstico situacional e intervenções em saúde,
divide-se o território em área e micro área. A microárea, subdivisão da área, é realizada
a partir da homogeneidade de grupos socioeconômicos e culturais, de risco ou não, com
intuito de melhoria das condições de saúde; essa é composta de até 750 pessoas,
segundo Política Nacional de Atenção Básica - PNAB, 2017.
A Atenção Primária do Distrito Federal passou por um processo de conversão do
modelo de atenção, após a publicação da Portaria nº 77, de 14 de fevereiro de 2017, que
estabelece a Política de Atenção Primária à Saúde do Distrito Federal e Portaria nº 78,
de 14 de fevereiro de 2017 que regulamenta o art. 51 da Portaria nº 77, de 2017, para
disciplinar o processo de conversão da Atenção Primária à Saúde do Distrito Federal ao
modelo da Estratégia Saúde da Família.
A territorialização está também prevista na nova Política Nacional de Atenção
Básica (PNAB-2017) como atribuições comuns a todos os membros das Equipes que
atuam na AB.
Diante das publicações dessas normativas, observou-se a necessidade de
elaboração deste Guia de Territorialização com intuito de apresentar ferramentas para
que as Equipes de Saúde da Família (ESF) realizem a territorialização e diagnóstico de
suas áreas de abrangência; o documento apresenta o processo e traz no seu Anexo II
um Check List para auxiliar no monitoramento das ações.

5
2.OBJETIVOS

2.1. Geral:
 Oferecer subsídios teóricos e práticos para a execução da Territorialização
e Diagnóstico de Área.

2.2. Específicos:
 Orientar a DIRAPS a delimitar os territórios1 da área de abrangência2 das
unidades básicas de saúde (UBS);
 Auxiliar a Gerência de Serviços da Atenção Primária, em conjunto a
profissionais da APS, na delimitação/mapeamento dos limites das áreas de
atuação dos serviços/equipes e microárea³;
 Apresentar critérios para definição da população na área de abrangência
da equipe;
 Auxiliar na identificação do perfil demográfico, epidemiológico, sócio-
econômico-cultural e ambiental;
 Orientar a construção de mapas (geográfico e vivo);
 Estimular a equipe a conhecer a dinâmica da comunidade, assim como
suas potencialidades e fragilidades;
 Promover a realização de diagnóstico de área para planejamento das
ações compatíveis com as necessidades da população.

3.TERRITORIALIZAÇÃO

A territorialização é uma ferramenta utilizada para definir a abrangência de


atuação dos serviços para melhor adequar o modelo assistencial ao perfil populacional.
Tem como base o reconhecimento territorial. Cada membro da equipe deverá conhecer
as etapas e a importância da territorialização.
Antes de iniciar a territorialização é necessário que a equipe da gestão
local (Diretoria de Atenção Primária à Saúde - DIRAPS) realize uma visita prévia ao
território pré-delimitado (geograficamente de acordo com o Plano Diretor de Ordenamento

1Território:
região delimitada de responsabilidade de uma gerência de serviços da atenção primária (GSAP),
pode conter uma ou mais unidades básicas de saúde.
2Área de abrangência: área delimitada de responsabilidade de uma equipe de saúde da família.

³Microárea: a área de uma equipe é dividida em microáreas (responsabilidade de um agente comunitário de


saúde, quando houver, ou da equipe, quando não há agente específico para a microárea).

6
Territorial - PDOT) para fazer uma previsão da divisão do território e o número de equipes
que serão necessárias.

3.1 Planejamento da Territorialização

O planejamento deve ser uma ação conjunta com Direção de Atenção Primária à
Saúde (Diraps), Gerência de Serviços da Atenção Primária (Gsap) e Equipe de Saúde da
Família (eSF).

Para operacionalizar a territorialização deve-se elaborar um planejamento de


ações a serem executadas, como:

a) Conhecer/rever as legislações vigentes e outros materiais que contribuam com


o processo de territorialização: ANEXO I (normas estruturantes do Sistema Único
de Saúde – SUS e do Distrito Federal - DF).
b) Analisar documentos da territorialização anterior: projetos, mapas, atas de
registro de reuniões. Esses documentos podem ser obtidos na administração
regional, DIRAPS e/ou com gestores locais conforme disponibilidade.
c) Realizar alinhamento e domínio de conceitos entre os profissionais da(s)
equipe(s): sobre o conceito de “casa fechada”, de como identificar um entrevistado
apropriado em situações distintas, modelo de ficha a ser utilizada e seu
preenchimento, entre outros. Sugere-se realização de oficinas com a equipe.
d) Buscar dados estratégicos ou “georreferenciados”3: que possam fornecer
informações do território e da população, tais como malha cicloviária, lotes
escriturados, áreas passíveis de regularização, obras públicas, rede de
infraestrutura entre outros.

Sugestões de sites:
 Sala de Situação SES-DF. Link para acesso:
http://salasit.saude.df.gov.br/
 GEOPORTAL: infraestrutura de dados espaciais - site de mapa dinâmico da
Secretaria de Estado de Gestão do Território e Habitação (SEGETH). Links para
acesso:
https://www.geoportal.segeth.df.gov.br/mapa/#
https://www.geoportal.segeth.df.gov.br/static/manual/manual.pdf

3Dados Georreferenciados, são dados ou objetos enviados para o sistema de informações geográficas com
base em sua localização geográfica.
7
 CODEPLAN (Companhia de Planejamento do DF): órgão de planejamento,
estudos e pesquisas relacionadas a informações demográficas, socioeconômicas,
geográficas, cartográficas, geodésicas, territoriais, ambientais e urbanas, além do
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Link para acesso:
http://www.codeplan.df.gov.br/component/content/article/261- pesquisas-
socioeconomicas/319-pdad-2015.html

e) Visitar/reconhecer o território: a visita in loco (pela DIRAPS, gerência local e


equipe) favorece a compreensão do território e objetiva o reconhecimento da área
da equipe. Deve ser previamente sistematizada e acompanhada
(preferencialmente) do mapa físico4 (geográfico) ou mapa virtual, para que sejam
assinaladas as barreiras geográficas, áreas de risco, equipamentos sociais
públicos ou privados relevantes, organizações não governamentais (ONG’s),
espaços de lazer, entre outros. Algumas características existentes na área e no
território deverão ser consideradas para alterar ou manter a delimitação da área e
microárea, como:
 Extensão territorial da área adstrita à UBS;
 Riscos ambientais5 existentes;

 Mobilidade urbana;

 Perspectivas de novas projeções imobiliárias, industriais, comerciais e rodovias;


 Localização próxima às fronteiras com outra Região Administrativa ou outro
município;
 Identificação de limites e barreiras geográficas, terrenos baldios, córregos (locais
de eventuais inundações), construções e casas abandonadas, praças públicas
(conservação e acessibilidade de calçadas);
 Identificação da dinâmica da comunidade como a existência e localização das
feiras livres, comércios, mobilidade urbana ciclovias de pedestres, ciclovias,
pavimentação (asfalto, calçadas), áreas de lazer, pontos de encontros
comunitários (PEC) e mobilidade social6;
 Número de equipes e serviços de saúde da APS que irá atuar na área;

4O mapa pode ser obtido na administração regional ou impressão de internet.


5Os riscos ambientais ou agentes ambientais são elementos ou substancias presentes em diversos
ambientes, que acima dos limites de tolerância podem ocasionar danos à saúde das pessoas.
6Mobilidade Social: é o movimento de indivíduos, famílias ou grupos através de um sistema de hierarquia

social ou estratificação social


8
 Densidade demográfica7;
 Adensamento populacional8;
 Situação epidemiológica9;
 Identificação de riscos, vulnerabilidades em saúde e sociais como pontos de
tráfico de drogas, prostituição, carvoarias, fábricas com emissão de poluentes,
áreas de depósito de lixos, ferro velho, assentamentos e ocupações irregulares.

f) Estimar o número de usuários que serão cadastrados: existem formas de realizar


a estimativa populacional, como por exemplo, utilizar número de contas de energia
ou dados da Administração Regional. A SES/DF utilizará a base populacional
estimada divulgada pelo IBGE (ver no site: www.ibge.gov.br o gráfico de
estimativa de crescimento populacional) e/ou setor censitário (caso este esteja
compatível com o território a ser quantificado. No caso de população urbana
poderá ser utilizado o seguinte cálculo estimado da CODEPLAN (site
www.codeplan.df.gov.br/ ):

Nº DE RESIDÊNCIAS X MÉDIA10 DE MORADORES POR DOMICÍLIO URBANO =


ESTIMATIVA DE HABITANTES

A média de moradores por domicílio urbano pode ser obtido na Pesquisa Distrital
por Amostras de Domicílio – PDAP. O último PDAD disponível é o de 2018 (geral
do DF). Os dados por Região Administrativa serão divulgados pela CODEPLAN
ao longo do ano de 2019.

g) Estimar o número de equipes necessárias à cobertura do território: no


processo de planejamento deverá ser definido previamente o número de
equipes/profissionais que atuarão nas UBS. Considera-se para isso o perfil
populacional, a estimativa de número de habitantes e as características do
território, incluindo a vulnerabilidade social e de saúde. Um exemplo de como
identificar a vulnerabilidade em saúde é o instrumento denominado Índice de
Vulnerabilidade da Saúde - IVS da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. O IVS
pressupõe a homogeneidade dentro da unidade geográfica analisada, não

7A densidade demográfica refere-se à média do número de pessoas residentes por unidade de área em uma
dada localidade e é geralmente medida na relação habitante por quilômetro quadrado.
8Adensamento populacional refere-se à aglomeração de pessoas em espaço pequeno.
9O levantamento da situação epidemiológica indica quais os principais problemas de saúde bem como os

fatores determinantes da situação de saúde de determinada população.


10 ) http://www.codeplan.df.gov.br/pdad-2018/

9
identificando as vulnerabilidades individuais ou de uma determinada família, ou
mesmo de parte da população. Portanto, cabe às equipes locais utilizar outras
ferramentas que permitam um olhar diferenciado para grupos de pessoas mais
vulneráveis dentro do território.
A relação entre estimativa populacional e a força de trabalho que será
disponibilizada irá definir o total de pessoas que serão cadastradas. A estimativa
pode não coincidir com o número final de equipes necessárias – dependendo da
territorialização poderá ser alterada. Esta ação deverá ser realizada em conjunto
com a gestão regional e local.

h) Definir agenda de reuniões colegiadas na região de saúde/UBS. Essas reuniões


deverão ser formalizadas (pauta, lista de presença e registro em ata), e contar
com a representação de todas as instâncias envolvidas (Colegiado Gestor da
Região de Saúde, do Conselho Gestor da UBS, representantes da comunidade e
profissionais de saúde).

i) Estabelecer o cronograma de execução de todo o processo e os responsáveis:


representar graficamente a previsão da execução do projeto, no qual são
indicados os prazos em que suas diversas fases deverão ser realizadas, data de
início, responsáveis, período de desenvolvimento das atividades e data de
encerramento.

3.2 Execução do Cadastramento

O cadastramento é uma das formas de conhecer a dinâmica da comunidade e sua


realidade; momento de formação de vínculo e identificação de riscos à saúde no território.
A execução do cadastramento seguirá os mesmos passos tanto em casos de
cadastramento para as equipes implantadas em territórios novos quanto para o
recadastramento em equipes que já atuam em determinado território.
A realização do cadastramento individual, familiar e do domicílio, assim como o
lançamento no sistema de informação vigente são atribuições de todos os profissionais
da APS.
O cadastramento poderá ser iniciado pela área mais próxima à UBS, seguido da
área de maior vulnerabilidade, respeitando, quando viável, a contiguidade do território,
dando preferência aos usuários que já utilizam à unidade básica, podendo lançar mão até
mesmo de agendamento para a visita de cadastramento. O número de habitantes

10
acompanhados e/ou cadastrados por equipe de saúde da família deverá seguir os
parâmetros da legislação vigente. A meta será cadastrar 100% da população residente
na área adstrita, sempre com objetivo de facilitar o acesso aos serviços de saúde da rede
SES.
Considerando que o território da UBS é dinâmico e, portanto, passa por mudanças
continuamente; o cadastro deverá ser atualizado periodicamente ou quando necessário,
como por exemplo, em situação de mudança de moradores, falecimento ou alteração da
situação social e de saúde11.
A coleta de informações e preenchimento dos formulários específicos de
cadastramento deverá ocorrer preferencialmente por meio da visita domiciliar pela equipe
de saúde de referência.
Quando não for possível o cadastramento no território, poderá ser realizado o
cadastro prévio do indivíduo que procure a UBS, como por exemplo no caso de demanda
espontânea. Posteriormente, deverá ser agendado uma Visita Domiciliar (VD) para
confirmar, completar os dados cadastrais e realizar uma avaliação da família com
vinculação.
Durante as visitas para realização do cadastramento deve-se aproveitar o
momento para orientar sobre o funcionamento da UBS, horários de atendimento, carteira
de serviços, apresentação da equipe de referência, dentre outras informações.

3.2.1 Etapas do cadastramento:

a) Levantamento do quantitativo de fichas de cadastramento necessárias e


requisição dessas junto à área competente;
b) Organização dos profissionais da equipe para a realização do cadastro
(divisão da área a ser cadastrada entre os profissionais da equipe);
c) Elaboração de cronograma de visitas domiciliares, intercalando com a
agenda de atividades (de acordo com o planejamento da equipe, da unidade
de saúde e da gestão local);
d) Execução das visitas domiciliares programadas para cadastro;
e) Preenchimento dos formulários específicos (Fichas de cadastro Individual e
Domiciliar/Territorial. Anexo V) e coleta de informações complementares12.

11 Nas VD deve-se identificar: famílias novas; RN e outros indivíduos não cadastrados; mudanças de
endereço, composição familiar entre outras alterações.
12 Algumas informações relevantes em relação aos cadastros podem não estar contemplados nas fichas

cadastrais.
11
Essas informações são importantes para a realização do diagnóstico de área
(Ver item 4.1.2 Informações complementares para o diagnóstico) e podem ser
coletadas no momento do cadastro ou em visitas subsequentes;
f) Correção de inconsistências durante todas as etapas (promovendo
momentos de conversas entre os profissionais) para sanar dúvidas ou conflitos
que venham a prejudicar o andamento do processo, solicitando apoio da
gestão local e regional quando necessário;
g) Digitação dos dados no sistema de informação, sugere-se a realização
concomitante ao processo de cadastramento e com atenção no
preenchimento de todos os campos, para propiciar um melhor diagnóstico do
território;
h) Consolidação dos dados, por microáreas e área;
i) Análise de inconsistências e discussão entre as equipes e os gestores
envolvidos.

3.3 Elaboração dos mapas (geográfico e vivo)

O Mapa é a representação gráfica do que existe naquele território, como: ruas,


casas, escolas, pontes, córregos, áreas de lixo, abrigos, serviços de saúde, igrejas,
comércio, indústria, postos policiais, barreiras geográficas, entre outros.
A visualização espacial de informações traz subsídios ao processo de vigilância
em saúde, planejamento das ações e atenção à saúde por meio do mapeamento das
áreas de riscos e dos serviços sociais e de saúde existentes.
Após a consolidação dos dados e análise geral do território da UBS serão
elaborados: o “mapa geográfico” (por área da UBS, de cada equipe e por microáreas -
MA) e o “mapa vivo” (por equipe).
a) O mapa geográfico deverá conter a identificação e delimitação da área de
abrangência da equipe e microáreas dos ACS. Esse mapa é “alimentado” por
informações geográficas. Pode ser desenhado ou plotado. O mapa geográfico
deve estar exposto à comunidade. Sugere-se a utilização de cores e legendas,
(Exemplo Anexo IV, figura 2);
b) O mapa vivo, quer seja físico ou virtual, registrará os dados relacionados à
saúde da população adscrita, coletadas durante a territorialização. É chamado
de mapa “vivo”, porque o território é dinâmico e deve ser alterado a medida
em que houver modificação. Os grupos considerados prioritários podem ser
identificados com símbolos, alfinetes coloridos ou outras formas de marcação
12
definidas pelas equipes, colocando-se legendas. Ex. acamados com cor
vermelha, hipertensos com cor amarela. Este mapa não deve ficar exposto à
comunidade, pois contém informações de saúde individualizadas, que devem
ser mantidas sob confidencialidade ética. (Exemplo Anexo IV, figura 4).

3.4 Consolidação dos dados obtidos no cadastramento:

Após a coleta dos dados, preenchimento das fichas cadastrais e digitação no


sistema de informação vigente e consolidação dos dados, a equipe de saúde deve iniciar
o processo de diagnóstico de área e planejamento das ações bem como as articulações
necessárias.
Uma vez consolidados os dados sobre as famílias e suas áreas, as informações
devem ser discutidas com as outras equipes da UBS e o gestor local.
Após levantamento dos dados coletados, indicadores de saúde relevantes para
identificação de fatores determinantes da saúde, as Equipes de Saúde da Família
poderão, junto com a comunidade de sua área de abrangência e gestores realizar o
planejamento de trabalho de cada equipe e de toda UBS, dando maior ênfase às áreas
de risco e às intervenções consideradas prioritárias (estas poderão ser realizadas
concomitante ao processo de territorialização e diagnóstico).

4. DIAGNÓSTICO DE ÁREA

O diagnóstico de área é tecnologia essencial para desenvolvimento de ações de


saúde pelas equipes locais e gestão em seus micro e macroprocessos, tanto no campo
individual quanto no coletivo. É uma pesquisa das condições de saúde e risco de uma
determinada população.
O diagnóstico inicia-se a partir dos dados coletados no cadastro. Com base nas
informações dos aspectos demográficos, socioeconômicos, culturais e sanitários, assim
como, seus principais indicadores, pode-se dar início a análise e planejamento das ações
de saúde mais focais e efetivas em relação aos problemas encontrados.

4.1. Compilar as informações necessárias para o diagnóstico

As informações digitadas nos cadastros do e-SUS poderão ser acessadas nos


relatórios emitidos. Além desses relatórios, as informações complementares coletadas
também serão utilizadas para o diagnóstico territorial.
13
4.1.1 Informações dos Relatórios do e-SUS
- Relatório de Cadastro Domiciliar e Territorial (Anexo VI):
Como obter: e-SUS  PEC  Relatórios  Consolidados  Cadastro domiciliar
e territorial

a) Tipo de imóvel;
b) Condições de moradia: situação de moradia/posse da terra; localização; tipo de
domicílio; condição de posse e uso da terra; tipo de acesso ao domicílio; material
predominante na construção das paredes externas; disponibilidade de energia
elétrica; abastecimento de água; tipo de água para consumo no domicílio; forma
de escoamento do banheiro ou sanitário; destino do lixo;
c) Animais no domicílio;
d) Famílias: renda familiar.

- Relatório de Cadastro Individual (Anexo VI):


Como obter: e-SUS  PEC  Relatórios  Consolidados  Cadastro individual

Informações de identificação do usuário e sociodemográficas:


a) Total de usuários;
b) Identificação do usuário:
- Número de usuários por faixa etária;
- Se desconhece mãe ou pai; identificação do responsável familiar;
- Sexo, raça e cor, etnia, nacionalidade.
c) Informações Sociodemográficas:
-Relação de parentesco com o responsável familiar; ocupação (Código Brasileiro
de Ocupações - CBO);
- Escolaridade;
- Situação no mercado de trabalho;
- Crianças de 0 - 9 anos, com quem fica;
- Orientação sexual: heterossexual, homossexual, bissexual, outro;
- Identidade de gênero: homem transexual, mulher transexual, travesti, outro;
- Se possui alguma deficiência;
- Outras informações sociodemográficas: se é membro de povo ou comunidade
tradicional; se frequenta cuidador tradicional (envolve práticas de cuidado,
14
saberes empíricos, crenças e costumes culturais das comunidades locais
tradicionais); se frequenta escola ou creche; participação em algum grupo
comunitário; se possui plano de saúde privado.

d) Tipo de saída do cidadão do cadastro: mudança de território ou óbito.

- Relatório de Cadastro Individual (Anexo VI):


Condições/situações de saúde gerais:

a) Acamado, hanseníase, tuberculose, domiciliado, fumante, gestante, uso de álcool,


outras drogas, PIC (Práticas Integrativas e Complementares), diabetes,
hipertensão arterial sistêmica (HAS), câncer (CA), acidente vascular cerebral
(AVC), saúde mental, infarto, internação nos últimos 12 meses, se usa plantas
medicinais;
b) Informação sobre o peso (auto referido);
c) Doença respiratória: asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)
/enfisema, outras;
d) Doença cardíaca, insuficiência cardíaca;
e) Problemas renais.

- Relatório de Cadastro Individual. Outras informações (Anexo VI):

a) Cidadão em situação de rua (acompanhamento por instituição, referência familiar,


se recebe benefício social e se visita algum familiar com frequência, tempo em
situação de rua, quantas refeições por dia e origem desta, acesso à higiene
pessoal - banho, sanitário, higiene bucal).

4.1.2 Informações complementares para o diagnóstico (não constam nos


relatórios do e-SUS):

Durante a coleta de informações, além dos dados obtidos por meio do


cadastramento (fichas de cadastro: individual e domiciliar/territorial), pode-se obter outras
informações que serão importantes para a realização do diagnóstico de área. Essas
informações poderão ser obtidas por meio da observação no próprio território, parceiros
e líderes comunitários, conselhos de saúde locais ou consultando outros órgãos, como a

15
Administração Regional13 ou sites, como por exemplo o site do Sistema de Cadastro
Nacional de Estabelecimentos de Saúde – SCNES14 ou outros sistemas de informação15.
Também poderão ser consultados os informes epidemiológicos da SVS/SESDF16.
A equipe poderá contar com o Agente de Combate a Endemias (ACE) ou Agente
de Vigilância Ambiental em Saúde (AVAS) para levantamento de dados referentes ao
perfil ambiental.
São exemplos de informações complementares importantes:

- Características das famílias e a área de abrangência:

a) Histórico da região: formação, descendência da população, hábitos, costumes,


estilo de vida, crenças e tradições;
b) Total de famílias cadastradas;
c) Estrutura familiar (composição/tipo de família, média do nº de pessoas por família,
situação conjugal, papéis familiares, desestrutura familiar, redes de apoio da família);
d) Horário que o usuário (s) /família (s) pode (m) ser mais facilmente acessado (s),
contato telefônico ou outros;
e) Distribuição da população na área; relação entre a quantidade da população e
área de abrangência;
f) Percentual de cobertura de Estratégia de Saúde da Família (ESF) em relação à
população da Região de Saúde e Região Administrativa;
g) Total de nascimentos (último ano);
h) Considerar a população flutuante e transitória (no caso da população trabalhadora
em uma obra, por exemplo);
i) Para população em situação de rua (outras informações importantes): local onde
costuma passar o dia, atividade de subsistência, se possui documentos;
j) Suspeita de situações de violência;
k) Pontos de tráficos de droga, prostituição, locais ermos, desmonte de carros e
outros;
l) Locais de trabalho infantil ou análogo a escravo;
m) Participação social nas decisões do território;
n) Participação em movimentos sociais;

13http://www.df.gov.br/administracoes-regionais/

14http://cnes.datasus.gov.br/

15http://datasus.saude.gov.br/informacoes-de-saude/tabnet

16http://www.saude.df.gov.br/informes-epidemiologicos

16
o) Identificação de parceiros e recursos na comunidade que possam potencializar
ações intersetoriais;
p) Meios de comunicação utilizados (rádio, televisão, jornais comunitários, internet,
etc.);
q) Oferta de transporte público para acesso à UBS, caso não disponha, quais os
recursos de transporte utilizado pela comunidade;
r) Lazer;
s) Feiras livres, indústria, comércio, outros serviços;
t) Áreas em expansão imobiliária como programas sociais de moradia e
empreendimentos privados;
u) Presença, tipo e preservação de: pavimentação, arborização, via de pedestres,
ciclovias, praças públicas, áreas de lazer;
v) Barreiras arquitetônicas;
w) Limites geográficos, barreiras (quais, e como são);
x) Áreas com elementos de risco (água contaminada, vetores, poluição, agrotóxico,
etc.);
y) Presença de construções e casas abandonadas, locais de acúmulo de lixo;
z) Identificação das áreas de risco social, sanitário, ambiental, situações de risco da
população trabalhadora, vazios assistenciais e outras que julgarem necessárias;
aa) Ambiente com ar poluído por (indústrias, carvoarias, pedreiras, entre
outros), além de ambientes com utilização de agrotóxicos em agronegócios;
bb) Foco de vetores (Aedes aegypti, anófeles), animais domésticos,
criadouros de (aves, bovinos, suínos, ovinos, outros), animais errantes (cães, cavalos,
roedores, animais silvestres); Exposição ao sol (trabalhador do campo e da floresta).

- Características da situação de saúde no território:

a) Demandas/necessidades de saúde referidas pela população;


b) Locais que o usuário costumeiramente procura em casos de doenças ou
agravos;
c) Outras morbidades (Dengue, Chikungunya, Zika, Microcefalia, Sífilis em
gestante, Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s), entre outras);
d) Estado nutricional infantil e adulto;
e) Cobertura vacinal, segundo o calendário vigente;
f) Mortalidade (dados do último ano): utilizar o sistema de informações sobre
mortalidade (SIM).
17
- Redes referenciadas e infraestrutura da UBS:

a) Pontos de atenção à saúde de referência: instituições de saúde públicas utilizadas


como referência da equipe (hospitais, laboratórios, farmácias);
b) Estabelecimentos saúde públicos e privados da área de abrangência da equipe
(UPA, Policlínica, Centros de Referência, Casa de Parto, CAPS, Hospitais, Clínicas e
outros estabelecimentos privados);
c) Componentes da equipe e outros profissionais (equipe ampliada como NASF-AB)
– carga horária de cada profissional;
d) Capacidade instalada da UBS (quantidade de consultórios, salas, serviços, etc.);
e) Equipamentos, insumos, materiais para realização das ações/serviços previstos
pela Carteira de Serviços da APS/DF17;
f) Transporte para realização de intervenções no domicílio/comunidade;
g) Educação permanente, continuada, capacitação/treinamento em serviço para os
profissionais;
h) Estrutura física (planta da UBS) que contemple a segurança e conforto dos
profissionais e usuários;
i) Carteira de Serviços: ações e serviços que são ofertados/realizados pela
equipe/UBS, porcentagem (Carteirômetro18);
j) Acesso da população aos serviços de saúde em relação à mobilidade urbana
(distância, meios de transporte, tempo, custos, barreiras geográficas etc);
k) Horário de atendimento;
l) Parcerias existentes ou possíveis parceiros para as ações de saúde
(equipamentos sociais/públicos): associação de moradores, cooperativas, comércio,
líderes comunitários, igrejas, academias, faculdades, administração, escolas, ONG
(organização não-governamental), CRAS (Centro de Referência e Assistência Social);
Conselho Tutelar, restaurante comunitário, polícia militar, entre outros.

17http://brasiliasaudavel.saude.df.gov.br/2055/Noticias/DestaquesDabrSaudeDaFamiliaDoDf_238951/
18Instrumento que mede a porcentagem de ações/serviços realizados pela APS previstos na Carteira de
Serviços da APS/DF.
18
4.2 Demarcação das microáreas e área da equipe de saúde – Ações:

 Identificar as microáreas de risco19 e grupos populacionais que concentram


mais risco à saúde20;
 Realizar avaliação dos dados adquiridos no cadastro, a fim de definir necessidade
de mudança na delimitação de área e microárea;
 Rever alguma etapa do processo sempre que houver alterações na dinâmica do
território;
 Discutir o diagnóstico com as demais equipes da UBS, gestores e
representantes da comunidade;
 Redistribuir as áreas dentre as equipes, quando necessário, em conjunto com
gestores, observando os parâmetros da legislação vigente;
 Planejar as ações assistenciais, considerando as prioritárias, face ao diagnóstico
territorial realizado, aos moldes dos processos de trabalho da Estratégia Saúde
da Família.

5. PRINCIPAIS PERGUNTAS QUE SURGEM DURANTE A


TERRITORIALIZAÇÃO E/OU DIAGNÓSTICO DE ÁREA

a) Quando posso mudar o território, a macroárea (área total de uma ESF) ou a


microárea (divisão de uma macroárea)?
À medida que a população de determinada área cresce, ou muda sua condição
de vulnerabilidade é necessário rever o território. Ao mudar a área de abrangência
da macro ou microárea – retirando usuários do cadastro ou inserindo novos
usuários é necessário uma articulação com a população local, explicando as
novas mudanças e principalmente pactuando com os envolvidos a
responsabilidade da assistência. As mudanças de território devem ser realizadas
conjuntamente com os gerentes das UBS adjacentes e DIRAPS.
b) Quando posso retirar e recadastrar os usuários?
O usuário deverá ser cadastrado na UBS de referência de acordo com sua área
de residência, ou seja, mudou de local de residência será atualizado o cadastro
no novo domicilio e o usuário que mudou será desvinculado da equipe. No

19 São as áreas que possuem fatores de riscos e/ou barreiras geográficas ou culturais, ou ainda áreas com
indicadores de saúde muito ruins.
20 Grupos de risco: diabéticos, hipertensos, gestantes, crianças de baixo peso ao nascer, desnutridos,

acamados, idosos, etc.)


19
prontuário eletrônico, fazer uma observação de transferência definitiva para outra
UBS ou cidade de destino.
c) Em quais situações posso excluir o cadastro do usuário?
Por questões de guarda de informações de prontuário, é permitido apenas inativar
o cadastro ou acusar óbito ou mudança do endereço no cadastro individual.
d) É necessário cadastrar os estabelecimentos comerciais?
Estabelecimentos comerciais são identificados no mapa, mas só serão
cadastrados se houver alguma pessoa residindo no local. Nesse caso preencher
ficha de cadastro domiciliar e cadastro individual.
e) Posso mudar o Agente Comunitário de Saúde (ACS) de equipe ou microárea?
O ACS será lotado na área de maior necessidade, segundo a gestão local. Este
será responsável pelo acompanhamento de até 750 pessoas, sendo
preferencialmente as famílias com maior vulnerabilidade ou risco biológico dentro
de uma área, que pode não ser contígua.
f) Como fica a cobertura assistencial nas microáreas que não tem ACS?
A cobertura assistencial do usuário pela equipe e UBS deverá ser mantida mesmo
nas áreas que não tiverem ACS.
g) Como fazer com a população que reside fora da área de abrangência da equipe
de saúde. De quem é a responsabilidade da assistência?
Segundo a Portaria 77 de 14/02/2017, em seus artigos 23 e 24, as UBS deverão
assegurar o acolhimento e escuta ativa e qualificada dos usuários, mesmo que
não sejam da área de abrangência da unidade, com classificação de risco e
encaminhamento responsável para área de referência, de acordo com as
necessidades apresentadas, articulando-se com outros serviços de forma
resolutiva, em conformidade com as linhas de cuidado estabelecidas pela SES.
Caberá a cada gestor de serviços da Atenção Primária realizar análise de
demanda do território e ofertas das UBS para mensurar sua capacidade
resolutiva, adotando as medidas necessárias com o apoio da Diretoria Regional
de Atenção Primária à Saúde da Região de Saúde para ampliar acesso, qualidade
e resolutividade das equipes e serviços da sua unidade.
h) Por que devo saber os dados epidemiológicos e sociais da eSF?
Quando se conhece a distribuição de fatores condicionantes da saúde, na área
de atuação da equipe, é possível visualizar algumas ações e, a partir disso,
organizar a agenda de trabalho, ofertando serviços coerentes com o diagnóstico
situacional do território. Por exemplo, conhecendo as condições de moradia,
inclusive o aspecto ligado ao saneamento básico entende-se o porquê da
20
repetição do ciclo de algumas doenças, facilitando a proposição e articulação com
as lideranças locais e intersetoriais, trabalhar com a população as mudanças de
hábitos.
i) Em qual momento preciso unir a territorialização da minha equipe com as outras
equipes da UBS?
A unificação de dados cadastrais das equipes dentro de uma única UBS é
importante para caracterização epidemiológica da área de abrangência da UBS e
planejamento de macroprocessos, juntamente com as DIRAPS e SES. Por
exemplo, quando alguma característica geográfica da localização da UBS
interfere no acesso aos serviços. Pode ser necessário, que as equipes alterem
algo no processo de trabalho que facilite o acesso dos usuários como previsão de
deslocamento da equipe para o território. Nesse caso pode haver necessidade de
retaguarda de equipes, em que uma possa dar cobertura para a outra.
j) Qual é a diferença entre territorialização e diagnóstico de área?
Territorialização é o reconhecimento e o esquadrinhamento do território segundo
a lógica das relações entre condições de vida, ambiente e acesso às ações e
serviços de saúde. Diagnóstico é a consolidação e análise dos dados e
informações levantados durante a territorialização, de maneira a identificar as
prioridades e os recursos a serem empregados para planejamento de
ações/intervenções.

6. CONCLUSÃO

A territorialização na APS permite localizar eventos de saúde-doença com o objetivo


de minimizar danos à população da área de abrangência. Este processo deverá ser
realizado por todos os profissionais das equipes de Estratégia de Saúde da Família da
Unidade Básica de Saúde, supervisionada e pactuada com a GSAP, DIRAPS, com
anuência da Superintendência da Região de Saúde.
A partir da territorialização, deverá ser realizado o diagnóstico de área, identificando
as potencialidades e fragilidades locais, para o planejamento condizente com as
necessidades identificadas. A análise técnica do território deve construir identidades;
revelar subjetividades; coletar informações; identificar problemas, necessidades e
positividades dos lugares; tomar decisão e definir estratégias de ação nas múltiplas
dimensões do processo de saúde-doença-cuidado. Os diagnósticos de condições de vida

21
e situação de saúde devem relacionar-se tecnicamente ao trinômio estratégico
‘informação-decisão-ação’ (Teixeira et. al., 1998).
Após o diagnóstico de área procede-se o planejamento das ações de saúde.

22
7. REFERÊNCIAS:

1. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria de Consolidação n° 2, de 28 de setembro


de 2017, Anexo XXII Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) (Origem: PRT MS/GM
2436/2017) - Ministério da Saúde.
2. _______. Secretaria de Atenção à Saúde. e-SUS Atenção Básica: manual do
Sistema com Coleta de Dados Simplificada: CDS [recurso eletrônico] / Ministério da
Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Secretaria-Executiva. – Brasília: Ministério da
Saúde, 2014.
3. BRASIL. Ministério da Saúde. Sistemas de Informações em Saúde.
http://datasus.saude.gov.br/informacoes-de-saude/tabnet
4. BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema do Cadastro Nacional de Estabelecimentos
de Saúde - SCNES (site) http://cnes.datasus.gov.br/.
5. DISTRITO FEDERAL. Portaria nº 77, de 14 de fevereiro de 2017. Estabelece a
Política de Atenção Primária à Saúde do Distrito Federal. Publicada no Diário Oficial do
Distrito Federal de 15 de fevereiro de 2017, páginas 4 a 7.
6. _______. Portaria nº 78, de 14 de fevereiro de 2017. Regulamenta o art. 51 da
Portaria nº 77, de 2017, para disciplinar o processo de conversão da Atenção Primária à
Saúde do Distrito Federal ao modelo da Estratégia Saúde da Família. Publicada no Diário
Oficial do Distrito Federal de 15 de fevereiro de 2017, páginas 7 e 8.
7. DISTRITO FEDERAL. Secretaria de Estado de Saúde. Carteira de Serviços da
Atenção Primária de Saúde/DF. Aprovada pela deliberação nº 25 – DODF de
18/11/2016. Brasília, 2016.
8. DISTRITO FEDERAL. Portal do Governo do Distrito Federal.
http://www.df.gov.br/administracoes-regionais/.
9. DISTRITO FEDERAL. Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal.
Subsecretaria de Vigilância em Saúde. Disponível em:
http://www.saude.df.gov.br/informes-epidemiologicos.
10. SANTOS, M. Metamorfoses do espaço habitado. Hucitec. São Paulo; 2000.

11. SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE BELO HORIZONTE. Índice de


Vulnerabilidade da Saúde 2012. Belo Horizonte: Prefeitura de Belo Horizonte.
Disponívelem:https://prefeitura.pbh.gov.br/sites/default/files/estrutura-de-
governo/saude/2018/publicacaoes-da-vigilancia-em-
saude/indice_vulnerabilidade2012.pdf. Acesso em 29/08/2018.

23
12. SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL. Brasília
Saudável. Fortalecimento da Atenção Primária à Saúde no Distrito Federal.
Disponível em: http://www.saude.df.gov.br/programas.html. Acesso em: 18/10/2016.
13. TEIXEIRA, C. F.; PAIM, J. S.; VILASBOAS, A. L. SUS, modelos assistenciais e
vigilância da saúde. Inf. Epidemiol. Sus, Brasília , v. 7, n. 2, p. 7-28, 1998.
14. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. www.ibge.gov.br
15. Secretaria de Estado de Gestão do Território e Habitação (SEGETH) -
GEOPORTAL: https://www.geoportal.segeth.df.gov.br/mapa/# e
https://www.geoportal.segeth.df.gov.br/static/manual/manual.pdf.
16. CODEPLAN (Companhia de Planejamento do DF
http://www.codeplan.df.gov.br/component/content/article/261- pesquisas-
socioeconomicas/319-pdad-2015.html

24
ANEXO I – Legislações para consulta e apoio à Territorialização e
Diagnóstico de Área

1. Anexo I da Portaria de Consolidação n° 3, de 28 de setembro de 2017, que


estabelece diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde no
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
2. Anexo XXII da Portaria de Consolidação nº 2 GM/MS, de 28 de setembro de
2017, que aprova a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB).
3. DECRETO 7.508 de 28 de junho de 2011. Regulamenta a lei 8080/1990 para
dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde- SUS, o planejamento da
saúde, a assistência à saúde e a articulação Interfederativa, e dá outras
providências.
4. DECRETO nº. 34.213, de 14 de março de 2013. Aprova o Regimento Interno da
Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal e dá outras providências.
5. DECRETO nº. 36.918 de 26 de novembro de 2015. Dispõe sobre a estrutura
administrativa da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal e define a
estrutura administrativa da SES-DF na disposição: Administração Central,
Superintendências de Regiões de Saúde, Unidades de Referência Assistencial e
Unidades de Referência Distrital.
6. DECRETO nº.37.057 de 14 de janeiro de 2016. Dispõe sobre a estrutura
administrativa da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal.
7. DECRETO nº. 37.515, de 26 de julho de 2016. Institui o Programa de Gestão
Regional de Saúde-PRS para as Regiões de Saúde e Unidades de Referência
Distrital.
8. GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL. Secretaria de Estado de Saúde. Carteira
de Serviços da Atenção Primária de Saúde/DF, 2ª Edição. Aprovada pela
deliberação nº 25 – DODF de 18/11/2016. Brasília, 2016/2017.
9. LEI nº. 8.080 de 19 de setembro de 1990. Descentralização político
administrativa, com ênfase na descentralização dos serviços para os municípios e
na regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde.
10. LEI nº. 8.142, DE 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da
comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as
transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e
dá outras providências.

25
11. PLANO DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL, publicado no DODF em 30 de
março de 2016;
12. PORTARIA Nº. 1823 de 23 de agosto de 2012. Política Nacional de Saúde do
Trabalhador e da Trabalhadora.
13. PORTARIA nº. 77, DE 14 DE FEVEREIRO DE 2017. Estabelece a Política de
Atenção Primária à Saúde do Distrito Federal.
14. PORTARIA nº. 78, de 14 DE FEVEREIRO DE 2017. Regulamenta o Art. 51 da
Portaria Nº 77, de 2017.
15. RESOLUÇÃO nº. 01, de 29 DE setembro de 2011. Estabelece diretrizes gerais
para a instituição de Regiões de Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde
(SUS), nos termos do Decreto 7.508, de 28 de junho de 2011.

26
ANEXO II

CHECKLIST PROCESSO DE TERRITORIALIZAÇÃO/DIAGNÓSTICO

EQUIPE/UBS/REGIÃO SAÚDE:

COORDENADOR DA EQUIPE:

PARTICIPANTES:

DATA/ANO:

ETAPA/ITEM SIM NÃO AÇÕES CORRETIVAS RESPONSÁVEL


/DATA (EIS)
1. Planejamento da territorialização
1.1 Conhecer/rever legislações
1.2 Analisar documentos de territorialização
anterior
1.3 Realizar alinhamento e domínio de
conceitos (oficina)
1.4 Buscar dados estratégicos
1.5 Visitar/reconhecer o território
1.6 Estimar número de usuários
1.7 Estimar número de equipes necessárias
1.8 Definir agenda de reuniões
1.9 Estabelecer cronograma de execução
2. Execução do cadastramento
2.1 Levantar quantidade e requisitar fichas
de cadastro
2.2 Organizar os profissionais para o
cadastro
2.3 Elaborar cronograma de VD intercalado
com a agenda de atividades
2.4 Executar as VD’s programadas
2.5 Preencher formulários específicos e
coletar informações complementares
2.6 Corrigir as inconsistências
2.7 Digitar as informações no sistema de
informação
2.8 Consolidar os dados por MA e área

27
2.9 Análise de Inconsistências.
3. Elaborar mapas
3.1 Desenhar as áreas no mapa geográfico
3.2 Registrar os dados (marcadores) no
mapa vivo
4. Diagnóstico de área
4.1 Compilar as informações necessárias
para o diagnóstico
4.2 Demarcar as MA e área da equipe
Identificar as MA’s de risco
Realizar a auto-avaliação
Rever alguma etapa
Apresentar o diagnóstico de área
Redistribuir as áreas (se for o caso)
Organizar/executar as ações

28
ANEXO III

FIGURA 1 – Ilustração da Territorialização (macro ao microterritório)

Fonte: Teixeira et. al., 1998

29
ANEXO IV – Mapas
FIGURA 2: Exemplo de Mapa Geográfico

FIGURA 3: Exemplo de Mapa Geográfico

30
FIGURA 4: Exemplo de Mapa Vivo

FIGURA 5: Exemplo de Mapa Vivo

31
ANEXO V – Fichas de Cadastro
FIGURA 6: Ficha de Cadastro Individual do e-SUS/MS

32
33
FIGURA 7: Ficha de Cadastro Domiciliar a Territorial do e-SUS/MS

34
35
ANEXO VI - Relatórios do e-SUS
FIGURA 8: Relatório de Cadastro Domiciliar a Territorial do e-SUS/MS

36
37
FIGURA 9: Relatório de Cadastro Individual do e-SUS/MS

38
39
40
41
42
43
ANEXO VII - SIGLAS

ACE: Agente de Combate à Endemias

ACS: Agente Comunitário de Saúde

AD: Atenção Domiciliar

APS: Atenção Primária à Saúde

AVAS: Agente de Vigilância Ambiental em Saúde

AVC: Acidente Vascular Cerebral

CA: Câncer

CAPS: Centro de Atenção Psicossocial

CBO: Cadastro Brasileiro de Ocupações

COAPS: Coordenação de Atenção Primária à Saúde

CODEPLAN: Companhia de Planejamento do Distrito Federal

CRAS: Centro de Referência e Assistência Social

DIRAPS: Diretoria Regional de Atenção Primária à Saúde

DODF: Diário Oficial do Distrito Federal

DPOC: Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

DST: Doença Sexualmente Transmissível

ESB: Equipe de Saúde Bucal

ESF: Estratégia Saúde da Família

HAS: Hipertensão Arterial Sistêmica

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ILP: Instituição de Longa Permanência

IST: Infecções Sexualmente Transmissíveis

MA: Microárea

NASF-AB: Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica

ONG: Organização não-Governamental

PDOT: Plano Diretor de Ordenamento Territorial

PEC: Pontos de Encontros Comunitários

PNAB: Política Nacional de Atenção Básica

PS: Pronto Socorro

RH: Recursos Humanos

SEGETH: Secretaria de Estado de Gestão do Território e Habitação

SIM: Sistema de Informações de Mortalidade

SUS: Sistema Único de Saúde

UBS: Unidade Básica de Saúde

UPA: Unidade de Pronto Atendimento

VD: Visita Domiciliar

44

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