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O DESENHO E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O

DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

Jéssica Viana Neves

Ibirité – MG
2020
Jéssica Viana Neves

O DESENHO E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O


DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

Trabalho de conclusão de curso apresentado


ao Curso de Pedagogia da Universidade do
Estado de Minas Gerais, como requisito
parcial à obtenção do título de Licenciado em
Pedagogia.

Orientador(a): Profa. Dra. Alícia Maria


Almeida Loureiro

Ibirité – MG
2020
Dedico este trabalho ao meu Jesus, autor e
consumador da minha fé, de eternidade a eternidade
Tu és Deus, de eternidade a eternidade vou te amar.
Ao meu filho Benjamim, minha maior inspiração,
meus pais, Maria e Manoel, minha irmã Priscila e a
minha tia-mãe Euzilene.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente ao meu Deus, meu Pai eterno, meu Jesus que me concedeu a
vida, e que não me deixou desistir da caminhada, me encorajou e esteve comigo em
todos os momentos. A Ele, a honra e a Glória para todo o sempre, amém.
Ao meu filho Benjamim, que sempre me inspirou para caminhar e lutar pelos meus
sonhos; mamãe te ama!
Aos meus pais, que sempre me incentivaram a estudar, pelo cuidado e carinho
recebidos por toda minha vida.
A minha irmã Priscila, que sempre foi um exemplo para mim de força e superação e
que sempre esteve ao meu lado.
A minha tia Euzilene, minha segunda mãe, que sempre esteve presente e, mesmo de
longe, me incentivou na construção desse trabalho e me ajudou em todos os momentos.
A minha tia Penha, minhas primas Edna e Weslane, por sempre orarem por mim e
intercederem pela minha vida.
Agradeço a minha querida orientadora Alícia por todo carinho, dedicação e cuidado
na construção desse trabalho. Você foi fundamental nesse projeto e sempre esteve
disposta a me ajudar.
As professoras Lilian e Camila, por aceitarem fazer parte da banca de defesa.
Aos meus professores, que contribuíram na minha formação acadêmica.
A todos, muito obrigada, pois nunca chegaria até aqui sozinha!
“A pintura busca sempre elementos da eternidade, e por isso ela tende ao divino. O desenho, muito mais
agnóstico, é um jeito de definir transitoriamente, se posso me exprimir assim. Ele cria, por meio de traços
convencionais, os finitos de uma visão, de um momento, de um gesto. Em vez de buscar as essências
misteriosas e eternas, o desenho é uma espécie de definição, da mesma forma que a palavra “monte” substitui
a coisa “monte” para a nossa compreensão intelectual”.

Mario de Andrade
RESUMO

O presente trabalho direciona um olhar para a contribuição do desenho para o


desenvolvimento da criança na Educação Infantil. Ao desenhar, a criança está estruturando a
sua linguagem e a sua coordenação motora, além de ser uma forma de comunicação e
expressão. A pesquisa bibliográfica realizada revelou-nos que o desenho deve ser uma
atividade cotidiana da criança, ocupando lugar central na Educação Infantil, pois constitui-se
como uma linguagem que expressa pensamento, imaginação, criatividade e contribui para a
construção da personalidade da criança. O papel do professor nesse processo é fundamental
para que criança possa se desenvolver por meio do desenho, elaborando propostas
pedagógicas que permitam a criança ter liberdade e autonomia ao desenhar. Conhecer as
etapas evolutivas do desenho infantil é de fundamental importância pois permite ao professor
compreender a criança na construção do seu conhecimento. Assim, o desenho se revela
essencial para o desenvolvimento infantil, contribuindo tanto nos aspectos intelectual,
psicológico, social e emocional quanto no desenvolvimento do potencial criativo da criança.
Palavras-chave: Criança. Desenho. Educação Infantil.

ABSTRACT

This work focuses on the contribution of drawing to the development of children in Early
Childhood Education. When drawing, the child is structuring his language and his motor
coordination, besides being a form of communication and expression. The bibliographic
research carried out revealed to us that drawing must be a daily activity for the child,
occupying a central place in Early Childhood Education, as it constitutes a language that
expresses thought, imagination, creativity and contributes to the construction of the child's
personality. The teacher's role in this process is fundamental for the child to be able to
develop through drawing, developing pedagogical proposals that allow the child to have
freedom and autonomy when drawing. Knowing the evolutionary stages of children's
drawing is of fundamental importance because it allows the teacher to understand the child in
the construction of his knowledge. Thus, drawing proves to be essential for child
development, contributing both in the intellectual, psychological, social and emotional
aspects as well as in the development of the child's creative potential.

Keywords: Kid. Design. Child Education.


LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Criança de dois anos de idade. Despreocupação com a 33


intencionalidade.

FIGURA 2 Desenho de uma criança de três anos de idade. Traços com formas e 34
uma intenção ao desenhar.

FIGURA 3 Desenho de uma criança de 4 anos. Observa-se a formação da figura 36


humana, de um cenário e da possibilidade de nomeação. Início da Fase
da Figuração Pré-Esquemática.
LISTA DE ABREVIATURAS

LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

RCNEI Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil

MEC Ministério da Educação

UEMG Universidade do Estado de Minas Gerais


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 10
2 UM OLHAR HISTÓRICO SOBRE O DESENHO INFANTIL........................ 14
2.1 O desenhar na história.................... ..................................................................... 14

2.2 A origem do desenho infantil .............................................................................. 16

3 A IMPORTÂNCIA DO DESENHO PARA A CRIANÇA................................ .20

3.1 O professor e a criança: saber olhar e entender o desenho infantil....................... 25

4 AS ETAPAS E A EVOLUÇÃO DO GRAFISMO INFANTIL.......................... 31


5 METODOLOGIA ................................................................................................. 37
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 39
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 41
10

1 INTRODUÇÃO

O presente estudo refere-se ao desenho infantil. Tem como foco principal refletir
sobre o desenho e sua contribuição para o desenvolvimento da criança, propondo
apresentar, a partir de um estudo bibliográfico, concepções teórico-científicas que
consideramos fundamentais para o entendimento do desenho como linguagem que
expressa sentimentos, desejos, pensamentos e visões de mundo.
O desenho tem sido tema de pesquisa de muitos teóricos da psicologia, da
educação e da arte devido às contribuições que essa forma de representação traz para o
desenvolvimento cognitivo, afetivo e social da criança. Ao rabiscar a criança expressa
suas vontades, desejos, sentimentos e tudo que se tornou significativo e marcante em
sua vida.
O desenho sempre foi utilizado pelo o homem desde os tempos remotos como
uma forma de comunicação e expressão, deixando a sua marca por onde passava. De
acordo com Cunha (2004, p. 9), “desde a pré-história, os seres humanos produzem
formas visuais, utilizando símbolos particulares constituídos socialmente para
exprimirem mundos subjetivos e objetivos.”
Assim acontece com a criança, que vê no lápis ou no giz de cera uma forma de
se comunicar e expressar, por meio de riscos e rabiscos, a sua subjetividade, o seu olhar
sobre o mundo.
Quando a criança começa a fazer seus primeiros rabiscos, está estruturando a
linguagem, seu pensamento e sua coordenação motora. Por isso, deve ser bem orientada
e estimulada quando inicia a sua comunicação oral e escrita com as pessoas com as
quais interage no cotidiano, com o ambiente no qual está inserida, bem como com o
mundo que gira ao seu redor.
Para os professores que atuam na Educação Infantil é muito importante que
tenham o conhecimento necessário para trabalhar o desenho na sala de aula e, assim,
propor atividades, bem orientadas, que considerem as demandas da criança e saibam
valorizar a aprendizagem que ocorre por meio dele. Nesse sentido, o seu apoio é
necessário para estimular o desenvolvimento geral da criança, tanto na construção da
escrita e na comunicação verbal quanto na construção da personalidade infantil e futura
do indivíduo. Entretanto, há de se considerar que, como a criança tende
11

espontaneamente a desenhar, é de fundamental importância não lhe impor nem a visão


nem a técnica do adulto.
Conforme afirma Cunha (2004),

para que as crianças tenham possibilidades de desenvolverem-se na área


expressiva, é imprescindível que o adulto rompa seus próprios estereótipos, a
fim de que consiga realizar intervenções pedagógicas no sentido de trazer à
tona o universo expressivo infantil (CUNHA, 2004, p. 10).

Nessa perspectiva, estudar o desenho, levando-se o em consideração a ótica da


criança, é relevante para a área da Educação e da Infância. Neste sentido, é importante
que o educador, ao refletir sobre o seu trabalho, seja motivado a pensar e rever sua
prática pedagógica, buscando compreender e se envolver com as crianças, percebendo
realmente o que elas querem dizer quando desenvolvem atividades que envolvem o
desenho. Compreender o desenho infantil, portanto, não pode desconsiderar um olhar
mais atento sobre em que circunstâncias estas atividades acontecem, como e quando
acontecem, bem como modos de agir e de produzir das crianças, considerando o
contexto sociocultural em que vivem na contemporaneidade.
Nesse sentido, Deheinzelin (1994) afirma que:

A conduta do professor, ao propor atividades artísticas, deve proporcionar às


crianças experiências significativas, desde que estas não impliquem a perda
da inocência infantil, caracterizada por uma propulsão desbravadora sempre
em ação. Por meio de sua ação desbravadora as crianças inventam
continuamente concepções originais sobre o mundo [...] (DEHEINZELIN,
1994, p. 125).

Assim, o professor deve estar sempre atento, pois a criança ao desenhar inventa,
reinventa e transforma o real em busca de uma harmonia entre ela, as pessoas e o
mundo.
Segundo Porcher (1982, p. 106), “o desenho é um ato da inteligência, desenhar é
um ato inteligente”, ou seja, desenhar é um ato criativo, o que significa dizer que, para
as crianças, o desenho representa uma das maneiras fundamentais de apropriar-se do
mundo que se vê e do espaço onde se vive.
Desse modo, buscando ampliar as discussões no âmbito do desenvolvimento
infantil a partir do desenho, este estudo problematiza: Que contribuição o desenho traz
para o desenvolvimento da criança pequena?
12

Esta pesquisa tem, portanto, como objetivo geral investigar e revelar a


contribuição do desenho para o desenvolvimento da criança pequena. E mais, traz como
objetivos específicos: conhecer as etapas e a evolução do grafismo infantil e apontar
para a importância da presença e do olhar do professor para as atividades de desenho
desenvolvidas pelas crianças.
Com o intuito de melhor desenvolver a temática em questão, buscou-se
primeiramente definir o referencial teórico que conduziria essa pesquisa. Um
levantamento bibliográfico por autores especializados na área foi realizado, a partir do
qual selecionamos Iavelberg (2013), Mèredieu (2017), Derdyk (1989, 2015), Porcher
(1982) e Lowenfeld (1977). A partir desses autores, e de outros que surgiram ao longo
desse trabalho, buscou-se compreender a importância do desenho para o
desenvolvimento da criança pequena, compreensão inevitável para reafirmar o desenho
como revelador de um mundo de experiências e vivências, vinculadas à sua realidade.
A criança desenha algo que faz parte do seu mundo e, com isso, usa o
pensamento e a imaginação para dar sentido e significado ao que está ativo em sua
memória e colocar no papel o que vê, sente e deseja transmitir. Desse modo, para que
esse pensamento se torne real, a criança revela, por meio do desenho, dos seus riscos e
rabiscos, uma linguagem que vai representar e expressar seus sentimentos, medos e
vontades. Certo é que desenhar faz parte da vida da criança, não importando se dentro
ou fora da escola. O que vale é estabelecer o contato da criança com o desenho de modo
que possa ampliar suas possibilidades de criação, de transformar o real, reinventando-o.
É necessário, portanto, para melhor conhecermos a criança, que um olhar atento
lhe seja dirigido enquanto desenha, observando suas expressões, seus gestos e interações
com objetos e pessoas, o que possibilita modos de compreendê-la e estimulá-la na sua
criatividade, imaginação e expressão. Podemos acreditar que o desenho é a primeira
escrita da criança, uma linguagem a partir da qual ela se comunica com o outro e com o
mundo.
Assim, para alcançarmos os objetivos propostos por este estudo, a metodologia
adotada e que direcionou os rumos desta pesquisa é de cunho qualitativo, por meio de
uma abordagem descritiva, associada a uma pesquisa bibliográfica, caracterizada pelo
levantamento, seleção e análise de material já publicado sobre o tema.
De acordo Oliveira (2004, p. 119), a pesquisa bibliográfica “tem por finalidade
conhecer as diferentes formas de contribuição científica que se realizam sobre
13

determinado assunto ou fenômeno. Trata-se, portanto, de “uma pesquisa elaborada com


base em material já publicado” (Gil, 2017, p. 28). Segundo Marconi e Lakatos (2007), a
pesquisa bibliográfica compreende o levantamento de toda a bibliografia já publicada,
em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. “Sua finalidade é
colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que já foi escrito sobre
determinado assunto”, podendo ser nacionais ou internacionais.
Buscamos, portanto, a partir da leitura da produção teórico-científica selecionada
referente ao tema, identificar como os pesquisadores vêm discutindo o desenho infantil,
pontuando e chamando a atenção para a sua importância para as crianças da Educação
Infantil.
Nesse propósito, além da Introdução e das Considerações Finais, este trabalho
está organizado em mais cinco capítulos: O primeiro capítulo, intitulado Um olhar
histórico sobre o desenho infantil, apresenta brevemente a história do desenho ao longo
do tempo, chamando atenção para o a origem do desenho infantil. O segundo capítulo,
sob o título A importância do desenho para a criança, traz conceitos e concepções de
desenho infantil, apontando, a partir da literatura pesquisada, para a sua importância
para o desenvolvimento e aprendizagem da criança. No terceiro capítulo, intitulado As
etapas e a evolução do grafismo infantil, são apresentadas as etapas de evolução do
desenho para a criança, apontando, em cada una, características e sua importância para o
desenvolvimento infantil. O quarto capítulo, Metodologia, tratou da metodologia
desenvolvida, onde apresentamos o caminho trilhado para a construção dessa pesquisa.
Por fim, nas Considerações Finais, trazemos uma reflexão sobre o desenho
infantil, apresentando os principais resultados desta pesquisa, com destaque para o
sentido e o significado do desenho para a criança no contexto da Educação Infantil.
Sem esgotar o objeto investigado, acreditamos que essa pesquisa possa
contribuir para a abertura de novos caminhos e novos desafios que este tema apresenta,
considerando a importante contribuição que o desenho oferece para o desenvolvimento
pleno da criança.
14

2 UM OLHAR HISTÓRICO SOBRE O DESENHO INFANTIL

Para compreender a importância que o desenho representa para a criança, esse


capítulo traz, inicialmente, um olhar sobre o desenho ao longo da história da
humanidade, recuperando, ainda que brevemente, um pouco da origem e da história do
desenho infantil.

2.1 O desenhar na história

Na história da humanidade, antes mesmo de representar a realidade pela escrita,


os homens desenhavam. São os desenhos das cavernas suas primeiras expressões
artísticas. Pesquisando nossos antepassados, encontramos manifestações artísticas
rabiscadas nas cavernas em que moravam. Os fatos acontecidos durante o dia (caçadas,
aventuras com um animal selvagem, a pesca, a conquista de uma fêmea) eram traçados
e registrados nas paredes das cavernas como forma de expressão. Os homens das
cavernas usavam as pinturas rupestres como forma de se expressar e comunicar antes
mesmo que se consolidasse uma linguagem verbal.
Para Cunha (2004),

desde a pré-história, os seres humanos produzem formas visuais, utilizando


símbolos particulares constituídos socialmente para exprimirem mundos
subjetivos e objetivos. Ao transporem suas visões, bagunçam o mundo
natural através das diferentes modalidades que abarcam as artes visuais,
como o desenho, a pintura, a escultura, etc. (CUNHA, 2004, p. 9).

Na História da Arte, a ideia, o conceito e os motivos para o desenho sofreram


transformações importantes e significativas. Ao longo dos séculos, o desenho passou a
ser utilizado de formas cada vez mais diferentes. Pode ser considerado como um
precursor da linguagem escrita, da fotografia, bem como do cinema, e até mesmo das
representações cartográficas. O desenho é uma das maneiras mais eficientes de
comunicação.
Desde os nossos ancestrais, essa técnica já era utilizada com eficácia, fosse para
se comunicar com seus pares, ou expressar e registrar fatos ocorridos. Muitos são os
estudos apontando que, antes mesmo do surgimento da escrita e da oralidade, o esboço
gráfico já era desenvolvido como uma importante forma de comunicação.
15

De acordo com Buoro (2001),

Ao desenhar nas paredes das cavernas e fabricar cestarias e cerâmicas, o


homem “primitivo” era impulsionado pelas mesmas questões de
sobrevivência que motivariam o homem do Renascimento e o do século XX.
A arte, então, aprece no mundo humano como forma de organização, como
modo de transformar a experiência vivida em objeto de conhecimento que se
desvela por meio de sentimentos, percepções e imaginação. Assim, ela abarca
um tipo de conhecimento a partir de universos sensíveis e ideais de apreensão
humana da realidade (BUORO, 2001, p. 24).

Acompanhando a evolução do homem ao longo dos séculos, a presença do


desenho pode ser encontrada nas tumbas e templos sagrados dos egípcios, representando
deuses mitológicos gregos e romanos e, ainda, orientando navegantes por mares
desconhecidos, por volta dos séculos XV e XVI.
Diferentes materiais eram utilizados para as representações, como pedras, ossos
de baleia, blocos de barro ou argila, folhas de palmeira, papiro ou mesmo o bambu.
Mas, um acontecimento importante foi à invenção do papel pelos chineses, há mais de
três mil anos. O papel, da forma como o conhecemos hoje, surgiu em 105 d. C., mas foi
mantido em segredo pelos chineses por quase 600 anos. Embora a técnica para sua
produção tenha evoluído, ainda é mantido o princípio de extração de fibras vegetais,
prensagem e secagem.
Se foram com os dedos que os homens das cavernas fizeram e deixaram
registrados as suas pinturas rupestres, mais tarde, os babilônios, usando pedaços de pau
ou ossos, deixaram seus desenhos marcados em tábuas de argila. Os egípcios
inventaram o papiro e com ele novos utensílios para escrita e o desenho. Utilizaram
ossos e pedaços de madeira embebidos em tinta vegetal e ainda o carvão. Um passo
adiante, no século XVIII, surgem as penas, precursora da caneta tinteiro para, em
seguida, surgirem as esferográficas.
Se na Idade Média, por falta de perspectiva, as ilustrações apresentavam
cenários impossíveis, no Renascimento os desenhos ganham em realidade, com o uso de
sobras, proporções, luzes e cores.
A Revolução Industrial faz surgir um novo tipo de desenho: o desenho
industrial, voltado para a projeção de máquinas e equipamentos.
Para Derdyk (1989),
16

A necessidade de organização racional da sociedade e a busca da


sistematização da produção em larga escala, processo esse detonado a partir
da Revolução Industrial, promoveu um sentido social à utilização do
desenho. Em todas as atividades humanas o desenho acaba se manifestando:
na ilustração do libro de Biologia, na representação dos conceitos de
Matemática nos mapas estelares, no último modelo de carro, no batente da
janela (DERDYK, 1989, p. 41).

Assim, ao rever os caminhos do desenho na história do homem, Derdyk (1989)


afirma que:

Seja no significado mágico que o desenho assumiu para o homem das


cavernas, seja no desenvolvimento do desenho para a construção de
maquinários no início da era industrial, seja na sua aplicação mais elaborada
para o desenho industrial e a arquitetura, seja na função de comunicação que
o desenho exerce na ilustração, na história em quadrinhos, o desenho reclama
a sua autonomia e sua capacidade de abrangência como um meio de
comunicação, expressão e conhecimento (DERDYK, 1989, p. 36).

Portanto, como afirmam Oliveira e Garcez (2001), o desenho é a fonte de outras


formas de expressão visual que têm como base o esboço, como, por exemplo, a pintura,
a gravura e, às vezes, até mesmo o cinema.
Para Derdyk (1989),

Apesar de sua natureza transitória, o desenho, uma língua tão antiga e


permanente, atravessa a história, atravessa todas as fronteiras geográficas e
temporais, escapando da polêmica entre o que é novo e o que é velho. Fonte
original de criação e invenção de toda sorte, o desenho é exercício da
inteligência humana. (DERDIK, 1989, p. 47).

A história nos mostra que, mudanças sofridas pelo desenho ao longo do tempo
são decorrência das transformações que se processam na sociedade, e que irão refletir na
produção artística, evidenciando sempre o momento histórico do homem.

2.2 A origem do desenho infantil

Diferentes maneiras de pensar o desenho infantil são encontradas ao resgatarmos


um pouco da sua história.
De acordo como Sans (2009, apud SANT ANA e SANT ANA, 2019),
17

O desenho infantil despertou a atenção de pesquisadores a partir dos fins do


século XIX e início do século XX. Estudiosos diversificaram-se em ideias e
opiniões a respeito da criança, possibilitando contribuições, principalmente,
para a Pedagogia, Psicologia, Sociologia e Estética. (Sans, 2009, apud SANT
ANA e SANT ANA, 2019, p. 72).

Segundo Marino (1988, apud MONTEIRO, 2013, p. 23), “tem-se registro de que
em fins do século XIX, na Itália, iniciaram-se os primeiros estudos sobre o desenho
infantil por autores como Corrado Ricci (1887) e Lichtwart (1887)”.
Conforme nos conta Sant Ana e Sant Ana (2019, p. 72),

Na década de 1880, o italiano Corrado Ricci, se sentiu interessado e atraído


por uma parede cheia de rabiscos: eram desenhos encantadores e desajeitados
que foram reconhecidos facilmente, por terem sido feito pela mão de uma
criança. Ricci foi a primeira pessoa que levou a sério o assunto e considerava
os desenhos infantis como uma obra de arte. Contudo, o francês, filósofo e
etnógrafo Georges-Henri Luquet, que é considerado um dos pioneiros no
estudo do desenho infantil, se tornando autor de várias obras referente ao
tema, onde estas tratam principalmente sobre o realismo (SANT ANA e
SANT ANA, 2019, p. 72).
.

Monteiro (2013) ainda nos informa que, além de Corrado Ricci, considerado um
dos pioneiros nos estudos dos desenhos infantis ao publicar, em 1887, o livro “L‟arte
dei bambini”, resultado de sua observação de desenhos feitos por crianças italianas,
outras referências sobre o desenho infantil podem ser encontradas em 1895, quando o
termo “arte infantil” é veiculado pela primeira vez no livro Studies in childhood, de
autoria do psicólogo inglês James Sully (1879).
Para Imbroisi e Martins (2016), “o entendimento do desenho infantil como
forma de expressão, do desenvolvimento e das formas de ser, estar e ver o mundo só foi
possível a partir de uma mudança na forma de ver a própria infância”. Isso se deu, já no
século 18, por meio dos estudos de Rousseau, que concebe a criança como diferente do
adulto, com suas próprias especificidades e necessidades diferenciadas. Ainda segundo
as autoras, foi no final do século XIX que descobrem a originalidade dos desenhos
infantis e publicam as primeiras notas e observações sobre o assunto, transportam para o
domínio do grafismo as descobertas de Rousseau sobre a maneira própria de ver e
pensar da criança.
O interesse pelo desenho infantil data dos fins do século XIX. De acordo com
Mèredieu (2017, p. 2), “primeiro, de 1880 a 1900, descobre-se a originalidade da
18

infância, depois, a influência das idéias de Rousseau em pedagogia leva a distinguir


diferentes etapas no desenvolvimento gráfico da criança”.
A descoberta da originalidade do universo infantil surge paralelamente com o
entendimento sobre o desenho infantil. Antes, o desenho da criança, relacionado com a
arte adulta, era visto como algo que não deu certo, fracassado, ou como exercícios para
a preparação do futuro artista. “Durante muito tempo, só se reteve do grafismo infantil
as particularidades que diziam respeito à inabilidade motora, atribuindo os sucessos ao
acaso” (MÈREDIEU, 2017, p. 2).
Para Mèredieu (2017),

Não existe visão verdadeira, e a visão adulta não pode de modo algum
representar a medida padrão. Portanto, não se devem reduzir os processos
infantis qualificando-os de “infantis”. A criança está tão “perto das coisas
“quanto o adulto, o pintor chamado realista, o primitivo ou o abstrato
(MÈREDIEU, 2017, p. 3).

Mèredieu (2017) afirma:

Esse modo negativo de apreensão – em que todas as particularidades do


desenho são definidas como erros – deve hoje ceder lugar a uma decifração
das produções infantis no que elas têm de mais autêntico e mais original,
originalidade difícil de mostrar na medida em que a imitação do adulto
desempenha um papel importante e esta leitura utiliza instrumentos forjados
por esse mesmo adulto. Nunca é demais repetir: o meio em que a criança se
desenvolve é o universo adulto, e esse universo age sobre ela da mesma
maneira que todo o contexto social, condicionando-a ou alienando-a
(MÈREDIEU, 2004, p.3).

Segundo Divo Marino (1988, apud MONTEIRO, 2013), “mesmo com o


reconhecimento da produção de uma arte diferenciada, os conceitos daquele tempo
apregoavam que as ações da criança deveriam ser controladas e corrigidas”. Nesse
contexto, as representações gráficas infantis eram, e ainda são consideradas imperfeitas
em função da imperfeição do pensamento infantil.
O surgimento da arte infantil se deu juntamente com a evolução das técnicas
gráficas e plásticas. Por muito tempo, o papel não esteve disponível para todas as
pessoas. Por se um produto caro a criança não tinha acesso a ele, contentando-se,
portanto, em utilizar a areia para deixar os seus registros. Para Mèredieu (2017, p, 4), “o
auxílio de instrumentos e materiais novos modificou profundamente o estilo infantil”,
19

como, por exemplo, o aparecimento das canetas hidrográficas que possibilitaram novas
formas de representação e cores. Os papeis maiores também contribuíram para o
desenvolvimento da expressão infantil possibilitando novos espaços e formas.
Daquela época até a atualidade, foram elaboradas diferentes abordagens acerca
do desenho infantil, influenciando, desse modo, a compreensão que hoje os adultos têm
sobre a produção gráfica da criança, fato agravado pela própria escassez de desenhos
infantis preservados, o que mostra a pouca importância que a criança e sua produção
tiveram para a ciência e as sociedades ao longo da história.
Monteiro (2013) nos esclarece que:

Até o século XVIII, pouco se conhecia sobre a produção simbólica infantil.


As raras pesquisas realizadas aconteciam pela iniciativa de autores que
registravam detalhes que observavam de seus próprios filhos. Mesmo porque,
justifica-se a dificuldade de remontar o passado longe da história do desenho
infantil, devido ao alto custo de fabricação do papel e lápis, o que
impossibilitava a criança de dispor estes materiais. Isso não quer dizer que a
criança que não desenhasse, porém a ação acontecia em suportes efêmeros
como o chão de areia, muros, utilizando as próprias mãos, carvão e gravetos
para marcar as superfícies. A evolução das técnicas gráficas e a difusão do
papel e do lápis é que favoreceram a baixa do custo e abriram para a criança
o acesso a esses artefatos, tornando o registro dessa atividade mais duradouro
(MONTEIRO, 2013, p. 23).

A maneira de encarar o desenho evoluiu e, segundo Mèredieu (2017),

no momento atual, os estudos sobre o desenho beneficiam-se da contribuição


– considerável em psicologia infantil – da obra de Piaget, e prosseguem no
sentido de uma elucidação dos mecanismos da expressão infantil, expressão
que não é mais gráfica e plástica apenas, mas também gestual e musical
(MÈREDIEU, 2017, p. 2).

Desse modo, o desenho infantil, na contemporaneidade, é entendido como um


elemento relevante para o desenvolvimento afetivo, social e intelectual da criança. Para
as crianças que estão na etapa da Educação Infantil, o desenho pode apresentar-se como
uma linguagem que expressa sentimentos e emoções, uma vez que elas ainda não
dominam a linguagem oral e escrita.
No entanto, não se pode esquecer que, mesmo antes de aprender a ler e a
escrever, a criança reage a uma diversidade de estímulos que lhe chegam
cotidianamente, fontes inspiradoras para os desenhos, numa forma de expressar fatos e
experiências vividas, seja no âmbito familiar, escolar ou social.
20

3 A IMPORTÂNCIA DO DESENHO PARA A CRIANÇA

O desenho é indispensável para o desenvolvimento da criança, pois na ação de


desenhar, ela projeta, no papel, seu esquema corporal, e nele estão incorporados seus
impulsos, seus pensamentos, seus desejos, suas emoções e seus sentimentos. “O
desenho da criança é ação e pensamento ao mesmo tempo”, diz Iavelberg (2013, p. 29),
o que significa que, como atos particulares, ninguém poderá realizar por ela.
Lowenfeld (1977) afirma que quanto mais a criança adquirir vivência de si
mesma e da circunstância tanto mais se desenvolverá por meio da experiência artística.
Segundo este autor, o senso de independência, liberdade e democracia; o impulso
criador, a maturidade emocional e intelectual e a personalidade em seus múltiplos
aspectos ajudam na criatividade. Nesse sentido, a criança, ao criar, desenhando, mostra
a evolução de sua personalidade, pois “utiliza a sua mente, usa as suas mãos, reage
sensitivamente ao que vê, ouve, sente ou toca, desenvolve desejos de se comunicar com
os outros” (LOWENFELD, 1977, p. 11).
A obra “Imaginação e criatividade na infância”, escrita por Lev Vigotski, em
1930, é uma referência para a psicologia da criatividade. Vigotski contribui para o
entendimento sobre o processo criativo da criança e suas formas de representação.
Segundo Vigotski (2014), o desenho infantil se desenvolve por meio da
atividade criativa a qual, se dá por meio da atividade humana criadora. A criança
reproduz por meio do desenho o que está em sua memória, aquilo que se tornou
marcante em sua vida.
Para Vigotski (2014, p. 112), “a formação de uma personalidade criativa,
projetada para o futuro, prepara-se através da imaginação criativa materializada no
presente”. E diz mais:

Chamamos atividade criativa a atividade humana criadora de algo novo, seja


ela uma representação de um objeto do mundo exterior, seja uma construção
da mente ou do sentimento característicos do ser humano. Se observarmos o
comportamento humano e toda a atividade que desenvolve, perceberemos
que podem-se distinguir facilmente dois tipos básicos de ação. O primeiro,
podemos chamar de reprodutivo ou reprodutor, o qual está fortemente
relacionado com a nossa memória; sua essência consiste no fato de o homem
reproduzir ou repetir normas de comportamento anteriormente criadas e
elaboradas ou relembrar impressões passadas (VIGOTSIY, 2014, p. 1).
21

São exemplos da ação reprodutora quando, nos lembramos de nossa casa da


infância, ou de lugares que visitamos, estamos reproduzindo traços de impressões
passadas. A respeito do segundo tipo básico de ação, assim o descreve Vigotski (2014):

Do mesmo modo, quando desenho a partir de observações da natureza,


escrevo ou faço qualquer coisa segundo um modelo, em todas estas situações
reproduz apenas o que está diante de mim, ou o que foi por mim
anteriormente assimilado e elaborado. Em todos esses casos o fator em
comum é que a minha atividade não cria nada de novo, limitando-se
fundamentalmente a repetir com maior ou menor precisão alguma coisa já
existente (VIGOTSKI, 2014, p. 1).

Para Vigotski (2014), o homem possui outra atividade além da reprodutora, a


que cria e combina. Vigotski (2014, p. 3), afirma que “toda atividade humana que não se
restringe à reprodução de fatos e impressões vividas, mas que cria novas imagens e
ações, pertence a essa segunda função criadora ou combinatória”. O nosso cérebro não
se restringe em apenas reproduzir fatos, ele é capaz de criar elementos a partir de nossas
memórias. É justamente essa função do cérebro de criar, recriar e elaborar que o homem
projeta o seu futuro, “um ser que cria e modifica o seu presente”.
Vigotski (2014), afirma que é necessário ampliar a experiência da criança,
proporcionando-lhe bases sólidas para a sua atividade criativa. O autor ainda diz que
“quanto mais à criança ver, ouvir e experimentar, quanto mais aprender e assimilar,
quanto mais elementos da realidade a criança tiver à sua disposição na sua experiência,
mais importante e produtiva, em circunstâncias semelhantes, será sua atividade
imaginativa” (VIGOTSKI, 2014, p. 13).
Vigotski nos diz que na vida cotidiana existem todas as condições necessárias
para criar. Para ele, tudo que ultrapassa os limites da rotina, mesmo que tenha somente
uma pequenina parcela de novidade, deve-se ao processo criativo humano.
Vigotski (2014) vem afirmar que

Umas das questões mais importantes da psicologia e da pedagogia infantil é a


capacidade de criação das crianças, do estímulo dessa capacidade e a sua
importância para o desenvolvimento geral e a maturação da criança. Na
primeira infância encontramos processos criativos que se manifestam
sobretudo nas brincadeiras (VIGOTSKI, 2014, p. 6).
22

É nesse sentido que, para Vigotski (2014), é fácil notar que os processos
criativos se observam em toda a sua intensidade já na primeira infância. Para ele, nessa
fase se encontram processos criativos que se manifestam sobretudo nas brincadeiras.

O menino que cavalga num cabo de vassoura imagina que monta um cavalo,
a menina que brinca com a boneca imagina-se sua mãe, a criança que no jogo
se transfora em ladrão, em soldado ou em marinheiro, todas essas crianças
que brincam são exemplos do mais autêntico e verdadeiro processo criativo.
[...] A vontade das crianças de fantasiar as coisas é resultado da sua atividade
imaginativa, tal como acontece na sua atividade lúdica (VIGOTSKI, 2014, p.
6).

Assim, a criança ao desenhar expressa a que está em sua memória e imaginação,


revelando, por meio de seus grafismos, os acontecimentos próximos, ou suas
experiências já vividas.
Segundo Ferreira (1998), a criança depende se sua memória para poder pensar e,
conseqüentemente, necessita da memória para desenhar. Quando a criança desenha, o
faz lembrando o que conseguiu memorizar da sua vivência e experiência anterior, e,
assim, representa no papel fatos importantes e significativos da sua vida.
De acordo com Melo (2020),

A criança antes de começar a representar usa a imitação, ou seja, ela imagina


as coisas e os objetos e assim apresenta seus primeiros traçados fazendo uma
comparação entre o real e o imaginário. Através do desenho ela cria e recria
formas de expressar seus medos, angústias e de representar algo bom de sua
vida (MELO, 2020, p. 2).

De acordo com Seber (1995, apud MELO, 2020, p. 2), para que esse
pensamento aconteça é importante que haja a possibilidade de tornar presente, ou seja,
de substituir coisas ausentes por meio das palavras ou imagens. Portanto, o pensamento
está ligado à capacidade representativa, que é a capacidade de substituir.
Como explica Iavelberg (2013, p. 29), “o desenho da criança é ação e
pensamento ao mesmo tempo. São atos particulares, que ninguém pode realizar por ela.
Quando a criança desenha, ação, percepção e imaginação atuam juntas; ela sabe fazer e
ver o que produz no desenho.”
Ao desenhar, a criança manifesta seu desenvolvimento intelectual, social,
emocional e perspectivo. No entendimento de Pillar (1996), o desenho é um sistema de
representação, no qual a criança constrói e interpreta o objeto de acordo com o que sente
23

e pensa. O desenho é aprendido pelo meio, que propicia o conhecimento, possibilitando


a interpretação de mundo. Dessa forma o conhecimento se dá a partir da interpretação e
representação que a criança faz em relação ao seu desenho.
A criança, por meio do desenho, representa o seu universo interno, caracteriza
personagens e inventa regras, e, assim, mantém uma relação íntima, particular, de
propriedade com o seu desenho. Desse modo, o desenho proporciona à criança
oportunidades de expressarem formas de percepção, de experiências de vida, suas
fantasias.
Para Derdyk (1989, p. 63), “os rabiscos da criança provêm de uma intensa
atividade do imaginário. O corpo inteiro está presente na ação, concentrado na pontinha
do lápis. Esta funciona como ponte de comunicação entre o corpo e o papel.”
Ainda de acordo com Derdyk (1989),

A criança rabisca pelo prazer de rabiscar, de gesticular, de se afirmar. O


grafismo que daí surge é essencialmente motor, orgânico, biológico, rítmico.
Quando o lápis escorrega pelo papel, as linhas surgem. Quando a mão para,
as linhas não acontecem. Aparecem, desaparecem. A permanência da linha
no papel se investe de magia e esta estimula sensorialmente a vontade de
prolongar este prazer, o que significa uma intensa atividade interna,
incalculáveis para nós, adultos. É um prazer autogerado, diferente do prazer
que sentimos pela obtenção de alimento, de calor, de carinho. A autoria da
magia depende exclusivamente da criança (DERDYK, 1989, p. 63).

Derdyk (1989) acrescenta ainda que a criança enquanto desenha, canta, dança,
conta histórias, teatraliza, imagina ou até silencia. Para a autora, enquanto desenha, a
criança é estimulada a outras manifestações, favorecendo uma grande caminhada pelo
seu imaginário, uma vez que “[...] o desenho também é manifestação da inteligência, a
criança vive a imaginar explicações, hipóteses e teorias para compreender a realidade”
(DERDYK, 1989, p. 54).
O desenho torna objeto de comunicação que auxilia na construção da
personalidade do indivíduo. Quando as crianças ainda não têm conhecimento das letras,
elas se expressam por meio da linguagem simbólica que são os primeiros rabiscos.
Quando começam a traçar seus primeiros rabiscos, as crianças ainda não têm noção de
fazer uma representação do real, é tudo abstrato, aos poucos ela chega ao grafismo
figurativo. Nas primeiras tentativas de chegar a formas que representam o real, limita-se
a figuras estereotipadas. Pillar (1996), afirma que
24

É importante o professor de artes visuais, de educação infantil e dos anos


iniciais do ensino fundamental compreender os sistemas de desenho e de
escrita em seus níveis de construção; conhecer os diferentes momentos de
apropriação destes objetos de conhecimentos pela criança; e observar as
interações entre desenho e escrita no processo de cada criança. Trata-se,
portanto, de possibilitar um diálogo entre duas linguagens gráficas tão caras e
tão importantes para as crianças: desenho e escrita (PILLAR, 1996, p. 21).

Por ter diferenças individuais de temperamento e sensibilidade o desenho assume


caráter próprio em cada fase da infância pois, durante o seu desenvolvimento, a criança
vai modificando sua relação com o ambiente, provocando mudanças em suas
representações, no desenho e na pintura.
Por isso os educadores devem estar atentos nessa fase do desenvolvimento da
criança, pois têm a responsabilidade de promover atividades por meio do desenho para
que os alunos sejam estimulados e possam enriquecer sua criatividade. Também é
necessário que o profissional pedagogo tenha conhecimento da linguagem gráfica para
entender o universo gráfico infantil.
Cada desenho conta uma história diferente e apresenta significados que são
pessoais. É necessário ter prudência às interpretações feitas pelos adultos. Não somos
capazes de entender a mensagem que as crianças dão ao desenho sem saber o
significado das imagens. É importante conhecer o que a criança pensa em relação ao
processo do desenho, pois neles há símbolos com significados secretos.
Para Ferreira (1998), os primeiros anos da criança na escola são essenciais, pois é
nessa etapa que pode desenvolver conhecimentos e habilidades que a acompanhará por
todas as etapas do processo de sua aprendizagem, adquirindo experiências importantes
para o seu desenvolvimento. Segundo a autora, para que isso ocorra, deve-se valorizar o
desenho espontâneo e criativo e, para tal, “não se deve entregar à criança desenhos
prontos para colorir nem mostrar à criança como se „pinta‟, pois a tornará insensível ao
meio” (FERREIRA, 1998, p. 23).
O desenho se torna para a criança uma necessidade pelo fato deste auxiliar na
sua comunicação, expressão, interação, além de proporcionar momentos de diversão
enquanto desenha. A criança interage por meio do desenho estabelecendo assim uma
relação do seu mundo interior com o exterior.
Portanto, é preciso ver o desenho da criança na Educação Infantil com suas
verdadeiras funções, ou seja, que cumpram as suas finalidades principais, a saber, a
formação intelectual e a autoexpressão das crianças e, portanto, deve ser visto como
25

uma atividade primordial para o desenvolvimento da criança, devendo ocupar posição


central na Educação Infantil.
Enfim, o desenho de uma criança transmite sua experiência subjetiva do que é
importante para ela no ato de desenhar; unicamente demonstra o que se encontra de
forma ativa em sua mente. Portanto, o desenho fornece-nos um excelente registro das
coisas que se revestem de importância para a criança, durante o processo de desenhar
(LOWENFELD; BRITTAIN, 1970). O certo é que a criança, no momento em que
desenha, mostra o que realmente é importante para ela, além de indicarem sobre o seu
desenvolvimento, o qual se desenrola desde um ponto de vista egocêntrico até uma
gradual conscientização do eu.

3.1 O professor e a criança: saber olhar e entender o desenho infantil

Na escola, até bem pouco tempo, a criança, desde muito cedo, fazia aquilo que o
professor determinava. Nos momentos destinados às atividades artísticas, pintava
espaços delimitados, muitas vezes em folhas mimeografadas ou fotocopiadas de um
desenho, cuja matriz podia ser utilizada, quantas vezes quisessem. Crianças maiores,
habitualmente, se viam obrigadas a “fazer arte” seguindo exatamente o modelo
apresentado pelo professor.
De acordo com Spindola e Oliveira (2008),

Aos poucos essa prática foi dando lugar à livre expressão, permitindo à
criança fazer o que escolhesse, no momento que quisesse. Era uma fábrica
com produção livre e incessante, onde se passava de uma atividade para
outra, numa rapidez descontrolada, enchendo mais e mais caixas de
atividades (todas de desenhos livres). Parecia “lindo”... Passamos anos e anos
só produzindo folhas e folhas de riscos coloridos, sem nenhuma criatividade
e com muito pouca finalidade. E assim foi, por muito tempo. As aulas de arte
eram, na verdade, aulas de recreação. As crianças ficavam envolvidas com o
desenho livre, o que parecia ser a única forma de expressão que elas sabiam
fazer. Era, a nosso ver, simplesmente uma forma de passar o tempo, já que
não eram “aulas importantes” (SPINDOLA e OLIVEIRA, 2008, p. 58).

Atualmente, os desenhos, com modelos prontos, ainda são encontrados em


diversas escolas, impedindo, assim, a criança de se desenvolver por meio da linguagem
simbólica. Essa prática, ainda comum entre professores, inibe a criatividade da criança.
Para Derdyk (2015, p. 108), “todo ensino que se baseia na cópia não é ensino
inteligente. O aprendizado que depende basicamente do desempenho eficiente da
26

capacidade de copiar é um ensino que não considera a criança como um ser cognitivo.”
E acrescenta: “Fornecer um “modelo” para ser copiado exclui a possibilidade de a
criança selecionar seus interesses e necessidades reais” (p. 108).
Para Spindola e Oliveira (2007),

Toda atividade para a criança tem de ser compatível com o que ela consegue
fazer, em seu estilo, deixando sua marca definitivamente presente em sua
criação. Na Instituição, é muito importante que o profissional dê
oportunidades à criança para conhecer e trabalhar as linguagens artísticas,
como artes visuais (pintura, desenho, colagem, modelagem...) teatro, dança e
música (SPINDOLA e OLIVEIRA, 2008, p. 58-59).

Pereira e Silva (2011), concordando com Spindola e Oliveira (2008), reforçam


que os professores da Educação Infantil devem conhecer o processo de construção do
desenho infantil. As autoras afirmam que:

Para o profissional que trabalha com a criança na função de educador será


necessário conhecer cada etapa do desenvolvimento gráfico-infantil, para
ajudá-la a superar fases desafiadoras e estimulantes. Essas etapas do grafismo
infantil terão como base os períodos que caracterizam o desenvolvimento
psicográfico da criança (PEREIRA, SILVA, 2011, p.94).

Porcher (1983), para quem a criança é todo instinto, e suas exigências intelectuais
estão à altura das suas aptidões gestuais, sugere que:

O professor, na escola, deve favorecer a necessidade que a criança tem de se


expressar através do desenho, sabendo que essa atividade é um meio de
expressão tanto quanto um meio de liberação. Deve criar um clima
estimulante na aula, e tomar cuidado para que existam condições que
permitam à criança desenhar e pintar no momento em que ela o desejar e da
maneira como desejar. Não será indicado nem o assunto nem a técnica a ser
utilizada, e não haverá nenhum juízo de valor sobre o resultado (PORCHER,
1983, p. 116).

Esse autor ainda reforça que:

É preciso insistir sobre esse ponto: não se deve criticar sequer um detalhe; é
preciso aprovar e aceitar tudo com o mesmo interesse, quer se trate de
desenhos cuidados e trabalhados ou de rabiscos. É só nessas condições que a
criança aos poucos irá adquirindo confiança; sua liberdade se afirmará, seu
grafismo ficará mais espontâneo e natural, seus temas se ampliarão e se
tornarão mais ricos. A acolhedora atitude de não dirigismo por parte do
professor é uma condição indispensável para o desenho livre, e o desenho
livre é necessário ao equilíbrio, à curiosidade e ao desenvolvimento da
criatividade da criança (PORCHER, 1983, p. 116).
27

Para Derdyk (2015), a criança estabelece um vínculo existencial profundo com o


desenho ou com qualquer outro ato criativo. Cunha (2004, p. 21) afirma que é
fundamental que as crianças vivenciem seu desejo de explorar gestos, espaços e
diferentes materiais, e para que assim possa ocorrer, considera “inadequado controlar
seus ímpetos desbravatórios com exercícios de preenchimento de formas ou de redução
da quantidade de tintas e colas, ou fornecendo apenas folhas do tamanho reduzido”.
Deheinzelin (1994), concordando com as autoras acima, enfatiza que:

A conduta do professor, ao propor atividades artísticas, e, dentre elas, o


desenho, deve proporcionar às crianças experiências significativas, desde que
estas não impliquem a perda da inocência infantil, caracterizada por uma
propulsão desbravadora sempre em ação. Por intermédio de sua ação
desbravadora as crianças inventam continuamente concepções originais sobre
o mundo, atitude poética que é própria dos artistas, uma vez que a arte não é
um simulacro do real, mas a sua transformação (DEHEINZELIN, 1994, p.
125).

Falando da criança, Derdyk (2015), diz:

Algumas crianças ficam muito contentes com o resultado de seus trabalhos.


Outras não. Algumas adoram desenhar murmurando, soltando gritos,
cantando ou contando. Outras voltam totalmente a atenção para dentro do
papel, dirigindo a cena e a ação que se passam na frente delas. Outras então
se impacientam, desenhando, batendo a ponta do pé, mudando de posição a
toda hora, remexendo-se. Enfim, vários tipos de manifestação acompanham o
ato de desenhar. De qualquer forma, ao acabar o desenho, geralmente a
criança para e olha o que fez: a ação registrada, a cena representada, a
fantasia concretizada (DERDYK, 1989, p. 96-97).

Por causa da importância que a criança atribui ao seu trabalho, Derdyk (2015)
afirma que:

O resultado também é importante para a criança. A criança olha: gosta ou não


gosta, quer guardar ou jogar fora. Algumas querem até rasgar, seja pelo
sentimento de frustração ao ver o resultado, seja pelo simples prazer de
rasgar. A criança quer ter o poder de decisão quanto ao destino de seu
trabalho (DERDYK, 2015, p. 97).

Esses autores sugerem que os educadores devem, portanto, ser bem esclarecidos
quanto à importância dos desenhos nas etapas iniciais da educação infantil. É
fundamental que reconheçam que a primeira comunicação escrita com o mundo
28

acontece por meio das garatujas e rabiscos. É neste período que a criança ensaia sua
escrita e exercita suas habilidades, pois, ao desenvolver sua comunicação escrita, ela
treina também a linguagem oral.
O professor não pode interferir na construção da imaginação da criança. As
situações de aprendizagem ocorrem de forma espontânea durante as brincadeiras.
Enquanto desenham e brincam, aqui o desenho está diretamente ligado a brincadeira a
criança deve ser orientada pelo professor para entender o mundo e assim desvendar as
diversas linguagens.
Por outro lado, de acordo com Cunha (2004),

os educadores devem procurar outros modos de ler as produções infantis,


investigando os modos de pensamento das crianças ao constituírem seus
registros, percebendo como vão se configurando as transformações de cada
criança, o que ocasiona as mudanças estruturais, formais, espaciais,
colorísticas, etc. (CUNHA, 2004, p. 27).

Durante seu desenvolvimento, a criança vai modificando sua relação com o


ambiente, gerando mudanças em suas representações, no desenho e na pintura. Para
Lowenfeld (1977), é a criança quem vai determinar o momento que deseja relacionar
seus desenhos e suas pinturas com suas próprias experiências de mundo.
Daí que, conhecer as etapas evolutivas do desenho infantil permite ao professor
compreender a criança e a construção do seu conhecimento. O professor deve avaliar o
seu trabalho constantemente, estudando propostas pedagógicas que incorporem as
atividades com o desenho em suas práticas em sala de aula. O primeiro passo é entender
o sentido profundo do desenho para criança, onde ela expressa suas idéias e
sentimentos, colocando no papel suas descobertas, medos, sua imaginação, sua história.
Para Zoperali (2007),

Desenhar é atividade lúdica, reunindo como em todo jogo, o aspecto


operacional e o imaginário. Todo ato de brincar reúne esses dois aspectos que
sadiamente se correspondem. A operacionalidade envolve o funcionamento
físico, temporal, espacial, as regras; o imaginário envolve o projetar, o
pensar, o idealizar , o imaginar situações. O que faz com que a criança se
expresse criativamente é a liberdade física e mental (ZOPERALI, 2007,
p.33).

A criança ao desenhar precisa de liberdade e autonomia para se expressar


livremente, não lhe impondo limites ou determinando o que deve desenhar ou não.
29

Professores devem, sempre, rever suas práticas educativas, readequando-as e


aprimorando-as, ampliando e diversificando atividades que contribuam para o
desenvolvimento da criatividade da criança.
O meio sociocultural onde a criança vive deve ser levado em consideração pelo
professor, assim como o acesso aos materiais adequados e necessários para o
desenvolvimento dos desenhos. O professor precisa ter a sensibilidade para
compreender que cada criança pensa e se desenvolve de uma forma diferente, sem
comparações, respeitando o tempo de cada uma.
O desenho é uma forma de expressão natural e espontânea da criança que
permite compreendê-la em seu desenvolvimento como um todo. As atividades
envolvendo o desenho precisam ser trabalhadas adequadamente pelo professor pois,
assim, poderá ajudá-la no seu processo de construção do conhecimento. Zopelari (2007,
p. 32) sugere que “o desenho infantil poderá ser colocado para a criança através de uma
história bem contada , de um passeio, de algo ocorrido em sala de aula, de brincadeira,
de faz-de-conta, de jogos, de cantigas, etc”.
De acordo com Moreira (2005),

Para melhor conhecer a criança é preciso aprender a vê-la. Observá-la


enquanto brinca: o brilho dos olhos, a mudança de expressão do rosto, a
movimentação do corpo. Estar atento a maneira como desenha o seu espaço,
aprender a ler a maneira como escreve a sua história (MOREIRA, 2008,
p.20).

Segundo Moreira (2008), o professor precisa conhecer profundamente a criança,


observá-la enquanto desenha, seus gestos, suas expressões, a sua arte, ouvir as histórias
contadas pela criança enquanto desenha, a sua própria história.
A criança é única na forma de expressar sua criatividade, fantasia e imaginação.
Esse potencial criativo se desenvolverá de acordo com as oportunidades que lhe forem
oferecidas pelo professor em sala de aula. Segundo Melo (2020, p.3 ) “o desenho da
criança deve ser valorizado no dia a dia da sala de aula e não apenas como expressão
artística, mas também como sendo uma forma de entender o desenvolvimento da
criança, visando seu crescimento como ser social”.
Lowenfeld e Britain (1977) sustentam que,
30

toda escola, não só o jardim-de-infância como todas as séries do primeiro


grau, deve tentar estimular cada aluno, para que se identifique com suas
próprias experiências, e ajudá-lo a desenvolver, ao máximo os conceitos que
expressam os sentimentos, as suas emoções e a sua própria sensibilidade
estética (LOWENFELD e BRITAIN, 1977, p. 23).

Esses autores reforçam que toda criança, independentemente do ponto em que se


encontra em seu desenvolvimento, deve ser considerada, acima de tudo, como um
indivíduo, que expressa os seus pensamentos, sentimentos e interesses nos seus
desenhos.
Enfim, parece consenso entre os autores que desenhar, para a criança, constitui-
se numa atividade integradora, que coloca em jogo as inter-relações do ver, do pensar e
do fazer, que envolve e dá unidade aos domínios perceptivos, cognitivos, afetivos e
motores.
31

4 AS ETAPAS E A EVOLUÇÃO DO GRAFISMO INFANTIL

As crianças desenham de acordo com sua subjetividade. Desse modo, as


proporções do desenho por elas produzido estarão intimamente ligadas aos
sentimentos, de acordo com a sua percepção de mundo. O processo criativo não é o
mesmo para todas as crianças. Embora obedeça a um ritmo pessoal, existem
características comuns que possibilitam uma divisão em estágios.
Na Educação Infantil, para se planejar atividades de criação, e dentre elas, o
desenho, o professor precisa, além de ter clareza dos objetivos e conteúdos que se quer
trabalhar, conhecer como a criança, desde pequena, pensa, age, reflete e abstrai
sentidos nas suas experiências com arte. Ao entrar na escola, a criança necessita de
estimulação do desenho para apoderar-se desta linguagem de forma espontânea e
criativa. Nesse sentido, é fundamental entender o desenho, como linguagem, é um
instrumento de conhecimento, que estimula a exploração do universo construído e
imaginário.
Iavelberg e Arslan (2007) lembram que foi a partir do século XIX que se
descobriu o desenho infantil como fonte de estudo psicológico da criança. Para as
autoras, “conhecer a gênese da arte na infância e as teorias do desenvolvimento
artístico e estético, que consideram os aspectos socioculturais do meio onde a criança
vive, contribui para o planejamento das aulas, a observação dos trabalhos e a promoção
da aprendizagem em arte (IAVELBERG; ARSLAN, 2007, p. 65).
Lowenfeld (1977) afirma que, quanto mais a criança adquirir vivência de si
mesma e da circunstância, tanto mais se desenvolverá por meio da experiência artística.
Para esse autor, o senso de independência, liberdade e democracia; o impulso criador, a
maturidade emocional e intelectual e a personalidade em seus múltiplos aspectos,
ajudam na criatividade. Nesse sentido, a criança, ao criar, sob a forma de desenho,
mostra o desenvolvimento, a evolução de sua personalidade, pois, como diz Lowenfeld
(1977, p. 11), “utiliza sua mente, usa as suas mãos, reage sensitivamente ao que vê,
ouve, sente ou toca e desenvolve desejos de se comunicar com os outros”.
No desenho, a criança manifesta sua criatividade, sua expressão plástica. Por
isso, é importante que o professor conheça as etapas e a evolução do desenho infantil
para que possa observar a dimensão do seu significado para o desenvolvimento da
32

criança e, desse modo, poder auxiliá-la e desfiá-la no seu processo criador. Essas etapas
acontecem no período de desenvolvimento psicográfico da criança.
Por volta dos dezoito meses, a criança começa a fazer as primeiras garatujas -
traços espontâneos, sem controle da mão. Dependendo de suas oportunidades, quanto
mais desenhar, mais facilmente desenvolverá seus grafismos.
De acordo com Derdyk (2015),

Quando a criança, por volta de seus 18 meses, pega ocasionalmente no lápis e


descobre os seus registros no papel, vivencia corporalmente a ponta do lápis
raspando a superfície. Mas não é só o lápis no papel, é também qualquer
marca impressa em qualquer superfície: o rastro de uma vareta na areia da
praia, o risco do caco de tijolo no muro e na calçada, a marca do giz na lousa,
os furinhos feitos com o dedo na massinha, a impressão da mão cheia de tinta
no papel, o caminho feito pelo barbante no chão, a marca da ponta do dedo
no vidro embaçado... (DERDYK, 2015, p. 60).

Derdyk (2015) ainda acrescenta que nesta etapa, a ocupação do papel é às vezes
integral, parcial no centro, nos lados, em baixo, em cima, gestos largos, pequenos, etc.
De acordo com Bernson (1966, apud MÈREDIEU, 2017), surge um traçado
próprio da criança, cuja característica marcante é o formato arredondado, convexo ou
alongado, que surge por meio dos seus impulsos e de gestos hesitantes da mão. Segundo
Spindola e Oliveira (2008, p. 67), “o círculo é uma das primeiras figuras a destacar no
conjunto de riscos e rabiscos, que envolve coordenação dos pontos de partida e de
chegada.”
Segundo Mèredieu ( 2017), a criança nessa idade rabisca pelo prazer do gesto e
esse rabiscar é antes de tudo motor.
Entre um e dois anos, mesmo não tendo uma coordenação muscular madura, a
criança é capaz de riscar na fola de papel, geralmente com linhas simples e curtas. Vê-se
a garatuja se desenvolver em curvas fechadas horizontais, depois em espirais e, por fim,
em confusos círculos múltiplos.
De dois aos três anos de idade a criança começa a perceber que o seu rabisco
produz um traço e esse tem um efeito, continuando agora a rabiscar não mais por prazer
e sim para ver o resultado que o seu rabisco produz. A partir de agora o seu rabisco é
intencional e a criança passa a observar as suas produções. A criança começa a
desenvolver controle muscular suficiente para empunhar um instrumento qualquer, até o
próprio dedo e começa a rabiscar diferentes superfícies, como papel, parede, areia, terra,
33

que implica momentos de vai-e-vem do braço, conseguindo manter o lápis dentro da


área do papel.
Bernson (1966, apud MÈREDIEU, 2017), denomina essa fase de estágio
representativo e afirma que a criança tenta reproduzir o objeto e faz comentários sobre o
seu desenho.

1. Criança de dois anos de idade. Despreocupação com a intencionalidade. (SOUZA, 2010, p. 20)

2. Desenho de uma criança de três anos de idade. Traços com formas e uma intenção ao desenhar.
(SOUZA, 2010, p. 21)
Méredieu (2017) afirma que esse momento de descoberta do traço é decisivo,
pois a criança começa a ligar a relação entre rabiscar e o seu traçado originando, assim,
o grafismo voluntário.
Os traços das crianças nessa idade vão além de uma simples atividade sensório-
motora, pois já mostra uma forma de se comunicar por meio da sua reapresentação. Essa
34

possibilidade de comunicação por meio do rabisco permite representar o que a criança


não consegue com outras linguagens (fala e escrita).
A criança, a partir de agora, passa do simples traço para um desenho com
significado. Segundo Piaget (1963, apud MÈREDIEU, 2017, p. 63), o desenho leva “da
ação à representação, na medida em que evolui de sua forma inicial de exercício
sensório-motor para sua forma segunda de jogo simbólico ou jogo de imaginação”.
Quando inicia a figuração, Mèredieu (2017, p. 64) afirma que o desenho passa
“da ação „ autotélica‟, do rabisco voltado para o eu e, portanto, profundamente
narcisista, para uma conduta „heterotélica‟, em que a criança se preocupa mais com a
semelhança ao real”. De início essencialmente lúdico, realizado por prazer, o desenho
torna-se pouco a pouco uma atividade cujo caráter sério tem como contrapartida o
acesso ao universo adulto. Assim, a criança começa a desenhar os objetos quando
descobre que pode representar o real por meio de signos.
Lowenfeld e Brittain (1977) denominam como etapa pré-esquemática a
evolução do desenho da criança em idade pré-escolar (4 e 5 anos). Para os autores,
nessa etapa, a criança adquire uma consciência da forma e passa a representar no seu
desenho. As suas garatujas não perdem o sentido, mas agora elas passam a ter
significados.
Lowenfeld e Brittain (1977), afirmam que as crianças em idade pré-escolar
desenham o que sabem, ou seja, o conhecimento que têm sobre o objeto e não uma
cópia do mesmo. Para os autores, quanto mais detalhes existem no desenho da criança,
mais consciência tem do mundo ao redor.
Assim, de acordo com Lowenfeld e Brittain (1977),

agora, ela cria, conscientemente, modelos que têm alguma relação com o
mundo à sua volta. Este trabalho consciente de formas adquire grande
significado. [..] Os traços e garatujas perdem, continuamente, suas relações
com os movimentos corporais e passam a ser controlados, relacionando-se
com os objetos visuais (Lowenfeld e Brittain, 1977, p. 147).

O desenho infantil vai se modificando. Com as experiências vividas, a criança


experimenta novas formas, cores, sombreados que enriqueceram seu desenho e, desse
modo, estarão capacitadas para a etapa seguinte. Segundo Ferreira (1998, p. 22), “a
maneira de representar as coisas é um indício das experiências que a criança tem com
elas”.
35

O esquema de uma casa, por exemplo, está ligado às particularidades da


criança. Ela poderá desenhar uma casa sempre com o mesmo esquema: uma
casa só com tetos e janelas. A colocação de uma porta, nesse esquema,
poderá representar mudanças nas experiências da criança ou, ainda, ter um
outro significado especial. A criança poderá variar seu esquema de um
determinado objeto de uma hora para outra, dependendo do conhecimento
ativo que tenha dele (FERREIRA, 1998. p.22).

A criança nessa idade ainda não possui uma visão geral do que são desenhos,
entretanto, em suas atividades estão presentes a fabulação e a narração e, desse modo,
mostram uma sequência lógica em sua figuração. As cores que as crianças usam em seu
desenho são uma escolha de acordo com o seu emocional e demonstram assim o que
sentem.

3. Desenho de uma criança de 4 anos. Observa-se a formação da figura humana, de um cenário e da


possibilidade de nomeação. Início da Fase da Figuração Pré-Esquemática. (SOUZA, 2010, .p. 23)

Luquet (1969, apud FERREIRA, 1998, p. 20), denomina de realismo intelectual


a fase que corresponderia às crianças em idade pré-escolar. Esse período caracteriza-se
pelo fato de que a criança desenha não aquilo que vê sobre o objeto, mas aquilo que
sabe. O autor afirma que esse seria o realismo psicológico da criança, onde o seu
desenho contém todos os elementos reais do objeto mesmo que estejam invisíveis.
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Luquet (1969) fala de modelo interno para explicar o realismo psicológico da criança,
ou seja, as experiências que a criança adquiriu com o objeto real e que estão em sua
memória.
A esse respeito, Ferreira (1998) comenta:

Na fase do realismo intelectual, a criança reproduz não só o que vê do objeto,


mas tudo o que “ali existe” e não é visto. Assim, a criança desenha de acordo
com o seu modelo interno: a imagem que sabe do objeto que vê. Exemplo
disso é quando a criança vê um determinado sino ( com badalo invisível) e o
desenha com o badalo aparente (FERREIRA, 1998, p. 20).

Assim, durante seu desenvolvimento, a criança vai modificando sua relação


com o ambiente, o que gera mudanças em suas representações, seja no desenho ou na
pintura. São laços emocionais que permitem estabelecer relações com pessoas, com os
objetos e com os cenários, nas situações vividas e experimentadas do seu cotidiano.
É desse repertório de vivências e experiências que a criança irá buscar elementos
para a produção de suas representações. Como ser ativo, ela desenha o que sabe e o que
conhece de si e do mundo no qual está inserida.
37

5 METODOLOGIA

Este capítulo tem por objetivo apresentar o caminho percorrido para a realização
desta pesquisa, apresentando a metodologia de investigação utilizada, bem como a
natureza e o tipo de pesquisa escolhido, visando, ao seu final, apontar para a
importância do desenho para o desenvolvimento da criança pequena.
O presente estudo constitui-se como uma pesquisa de natureza qualitativo-
exploratória a qual, segundo Minayo et al (2001, p. 21), “responde a questões muito
particulares [e] se ocupa, nas Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode
ou não deveria ser quantificado”. Justifica-se a opção pela abordagem qualitativa por
entendermos ser uma forma mais detalhada para entender o fenômeno pesquisado.
A pesquisa exploratória nos possibilita aproximarmos do problema a ser
investigado e, desse modo, torná-lo mais explícito com o objetivo de explorar os vários
aspectos estudados. Segundo Minayo (1994), pesquisas exploratórias têm como
característica principal a compreensão detalhada do ambiente natural em que estão
inseridos os sujeitos.
Quanto aos meios, o presente estudo foi conduzido sob a forma de pesquisa
bibliográfica para discutir e compreender o desenho e sua importância para a criança,
tema escolhido para este trabalho.
No entendimento de Oliveira (2004),

a pesquisa bibliográfica é uma modalidade de estudo e análise de documentos


de domínio científico tais como livros, periódicos, enciclopédias, ensaios
críticos, dicionários e artigos científicos. Como característica diferenciadora
ela pontua que é um tipo de estudo direto em fontes científicas, sem precisar
recorrer diretamente aos fatos/fenômenos da realidade empírica. Argumenta
que a principal finalidade da pesquisa bibliográfica é proporcionar aos
pesquisadores e pesquisadoras o contato direto com obras, artigos ou
documentos que tratem do tema em estudo: “o mais importante para quem
faz opção pela pesquisa bibliográfica é ter a certeza de que as fontes a serem
pesquisadas já são reconhecidamente do domínio científico (OLIVEIRA,
2004, p. 69).

Portanto, para esta pesquisa, o primeiro passo foi fazer um levantamento a partir
do tema escolhido, em bases extraídas de diferentes fontes como, artigos de revistas,
bibliotecas digitais, livros, teses, anais, periódicos, entre outros. Os critérios de seleção
para escolha do material a ser consultado foram, por conseguinte, referentes aos temas
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relacionados à contribuição do desenho para o desenvolvimento da criança na Educação


Infantil. Do material selecionado buscamos desvelar o desenho como atividade e prática
pedagógica de fundamental importância para as crianças que frequentam a Educação
Infantil.
Para tanto, revisitamos obras de autores, tais como Iavelberg (2013), Mèredieu
(2004), Derdyk (1989, 2015), Porcher (1982) e Lowenfeld (1977) que deram o suporte
para essa pesquisa a partir de suas produções teórico-científicas. Assim, inicialmente,
resgatamos a história do desenho, para, em seguida, um aprofundamento do
conhecimento sobre o desenho na Educação Infantil, amparados, principalmente por
esses autores, e, finalmente, apresentar o desenho, sua importância para o
desenvolvimento da criança pequena e o papel do professor nesse contexto.
Por fim, nas considerações finais, apresentamos uma reflexão sobre a temática
em estudo, apontando para a relevância do desenho para o desenvolvimento da criança
que frequenta a Educação Infantil.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenho e a criança caminham juntos. Toda criança desenha, seja na escola


ou em casa, com os amigos ou sozinha. Desenhar é se expressar, colocar em uma folha
de papel sua imaginação, suas ideias, fantasias, medos e alegrias. Para a criança, basta
um papel e um lápis para inventar e reinventar histórias, realidades e se tornar, assim, a
própria autora de sua arte, construindo, desse modo, a sua autonomia ao desenhar; é o
seu momento de criar.
O presente estudo revelou, por meio dos autores pesquisados, a importância do
desenho para a criança na Educação Infantil, uma etapa de descobertas, importante para
o desenvolvimento do ser humano. A Educação Infantil representa a base para o
desenvolvimento da criança como um todo e, por isso, o desenho não pode deixar de
ocupar tempo e lugar central nessa etapa de escolarização da criança, por contribuir de
modo significativo para o seu desenvolvimento, tanto no aspecto intelectual quanto nos
aspectos motor, perceptivo, emocional e social.
O estudo revela ainda que o desenho é uma forma da criança se comunicar,
principalmente quando ainda não desenvolveu a linguagem oral e escrita. Comunicar-
se por meio do desenho existe desde os tempos primitivos, quando o homem usava
desenhos para se comunicar e deixar a sua marca. A criança também deixa a sua marca
por meio do seu desenho ao registrar momentos e descobertas por meio do grafismo. A
representação da criança por meio de símbolos revela a aquisição do conhecimento e
da aprendizagem, indicados pelo meio em que está inserida.
Imaginação e realidade se relacionam e revelam a criatividade da criança ao
desenhar, que busca do seu mundo interior e exterior (objetos) inspiração para a sua
representação. Vigotski (2014) aponta para essa relação, imaginação e realidade da
criança, na construção do seu desenho, ou seja, a criança resgata as experiências
vivenciadas e que estão em sua memória com a sua realidade, o aqui e o agora. De fato,
a criança desenvolve sua criatividade na interação com os outros bem como com o que
está ativo em sua memória.
A presença e o olhar do educador neste processo é fundamental para que a
criança possa desenvolver de forma efetiva as atividades que envolvam o desenho.
Conhecer a criança, observá-la, conversar, interagir, incentivar é a chave para entender
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o seu desenho. Propor contação de histórias, passeios, jogos, brincadeiras são


atividades que estimulam, a criança, ser ativo e criativo. Nesse sentido, evitar práticas
que inibam a criatividade da criança, como apresentar-lhe desenhos já prontos ou
modelos a seguir, devem ser evitados pelo professor
O desenvolvimento do desenho acompanha o desenvolvimento da criança.
Conhecer a construção do desenho pela criança é conhecer as etapas ou fases pelas
quais ele se desenvolve e, portanto, compreender a criança na construção do seu
desenho é compreendê-la no seu próprio crescimento.
Os rabiscos ou garatujas, que se iniciam por volta dos 18 meses, revelam o
momento em que a criança descobre o gesto e o movimento. Bernson (1966, apud
MÈREDIEU, 2017), denomina essa fase, que ocorre entre a faixa etária de 2 a 3 anos,
de estágio representativo quando a criança tenta reproduzir um objeto e é capaz de
comentar sobre ele. Lowenfeld e Brittain (1977) denominam de etapa pré-esquemática a
evolução do desenho da criança em idade pré-escolar (4 e 5 anos), quando se inicia a
consciência da forma.
Nos últimos anos, muito estudos vêm sendo desenvolvidos, trazendo
contribuições para o entendimento do sentido e do significado do desenho para a
criança, bem como da sua relevância para o seu amplo desenvolvimento. Do simples
gesto, sem intenção, ao traço com significado, a criança inventa, reinventa, cria,
imagina, sonha, fantasia, escreve a sua própria história. Desenhar se torna, então, a
expressão mais pura da criança, revelando nos seus riscos e rabiscos a sua identidade.
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42

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