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Sumário
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 3
6. CONCLUSÃO ....................................................................................... 29
7. REFERÊNCIAS .................................................................................... 31
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NOSSA HISTÓRIA
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1. INTRODUÇÃO
O desenho é essencial para o desenvolvimento infantil, além de ser uma atividade
muito divertida, é uma forma de comunicação. É por onde a criança expressa seus
sentimentos, suas ideias e suas vontades, sobretudo quando ela ainda não consegue
se expressar por meio da linguagem oral e escrita. Quando a criança desenha, ela
cria pontes entre seu mundo imaginário e o que é real, externando as suas visões de
mundo. Por meio do desenho é possível perceber, por exemplo, se a criança é tímida,
se ela tem autoconfiança e também quais os interesses dela.
Na escola o desenho não deve ser desvalorizado e nem tão pouco limitado. É
necessário que ele seja visto como um recurso muito importante, especialmente na
Educação Infantil, onde deve ser uma atividade sempre presente, afinal, muitas
crianças desenham para demonstrar o que estão sentindo. Ter o espaço do desenho
como atividade é fundamental para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social
das crianças, além de desenvolver o senso de observação, percebendo a variedade
de cores, formas e texturas.
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própria de desenhar de cada idade varia, inclusive, muito pouco de cultura para
cultura.
A criatividade de uma criança parece não ter limites, por esta ser uma fase onde o
lúdico é muito presente o simples ato de desenhar possui um papel muito importante
no desenvolvimento da criança, além de poder revelar a forma como ela enxerga o
mundo. O desenho é uma das principais atividades na educação infantil, além é claro
das brincadeiras. O desenho revela uma forma de se expressar e contribui em vários
aspectos, entre eles: coordenação motora, visão, movimentos das mãos, organização
do pensamento, construção das noções espaciais e outros aspectos cognitivos muito
importantes para a alfabetização. Ao se deparar com um desenho de uma criança,
muitas vezes não é possível ver uma lógica ou sentido. Porém é no desenho que a
criança cria uma cópia fiel da realidade, onde ela imprime seus sentimentos e ideais
podendo dar pistas de como a mente da criança se encontra.
Por isso, muitos psicopedagogos utilizam como método o desenho, para saber o que
está acontecendo na mente da criança. Sendo está a maneira mais prática de se
obter informações, do que em uma entrevista por exemplo. É através dos traços e
cores que a criança faz onde é possível visualizar o que ela sente e o que ela ajuíza
sobre determinado assunto. Seja na escola, ou em casa, o simples ato de desenhar
é muito importante para uma criança, de modo que ela trabalhará o seu cognitivo e
também poderá se comunicar melhor com seus pais através deste método tão
ingênuo.
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2. O DESENHO E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
O desenho como método pedagógico-educacional tem uma importância no cotidiano
infantil, colaborando com matérias denominadas fundamentais, não sendo apenas
uma mera atividade escolar ou um passa tempo. Quando a criança desenha, cria
pontes entre o mundo real e o imaginário, expressando suas concepções e
percepções do mundo no qual está inserida. Além disso, o desenho permite à criança
retratar em diferentes dimensões, suas experiências pessoais em busca da sua
própria identidade. De acordo com Porche (1982, p.25):
Através dos desenhos as crianças percebem formas de dizer coisas, e podem ser
usadas como instrumentos valiosos no dia-a-dia do professor que ao interpretá-los,
pode obter resultados que irão facilitar o desenvolvimento e a aprendizagem na sala
de aula, já que muitos utilizam o desenho como uma forma de ganhar tempo e distrair
as crianças, o desenho pode ser utilizado desde que tenha uma finalidade como
descobrir possíveis problemas. Para Almeida (2003, p. 27):
Quando criança, a arte de desenhar flui espontaneamente e não deve ser comparada
a técnicas do adulto. Sendo assim as ideias individuais que fluirão durante o desenho
vão depender muito da cultura, dos hábitos, dos desejos, das oportunidades, do modo
de vida e do meio em que o indivíduo está inserido. Esta espontaneidade ocorrerá de
forma positiva quando a criança sentir vontade e não se sentir pressionada a fazer
algo que ela não queira; afinal de contas, desenhar não é um ato imediato, pois é
necessária concentração e associar o mundo a sua volta para só assim decodificar o
que foi de fundamental e formular o desenho. Segundo Porche (1982, p.102):
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Estas figuras podem ser feitas de formas carregadas de emotividade e
afetividade de formas codificadas, signos de uma linguagem elaborada. Elas
exigem, para a sua fabricação, da colaboração das mãos dos olhos, de
instrumentos, de técnicas e de materiais.
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As cores formam um belo colorido que a todo instante, bombardeiam o pensamento,
criando novas imagens. Segundo, Derdyk (1994, p. 51):
Diante dos relatos apresentados neste capitulo podemos concluir que o ato de
desenhar expressa muitas realidades como: medo, emoção, alegria, curiosidade,
verdades. Entretanto, a criança passa por inúmeros processos vivenciais, e um
contato entre ela e o meio em que vive pode ser expresso no papel, afirmando e
contando suas vivências no dia a dia.
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alifáticas que servem como recurso motivador, onde a criança irá produzir de acordo
com as suas próprias conclusões ao utilizar o material apresentado. O professor
poderá interrogar os alunos durante o desenvolvimento da atividade, sobre o que
sentem ao manuseá-lo, se tem cheiro, se faz barulho, se dá para amassar, dobrar ou
rasgar e notar a percepção de cada aluno.
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coordenação motora. Em seus desenhos as linhas fecham, surgindo formas definidas
que ela vai interpretando.
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3. O DESENHO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Toda criança desenha. Pode ser com lápis e papel ou com caco de tijolo na parede.
Agir com um riscador sobre um suporte é algo que ela aprende por imitação - ao ver
os adultos escrevendo ou os irmãos desenhando, por exemplo. "Com a exploração
de movimentos em papéis variados, ela adquire coordenação para desenhar", explica
Mirian Celeste Martins, especialista no ensino de arte e professora da Universidade
Presbiteriana Mackenzie. A primeira relação da meninada com o desenho se dá, de
fato, pelo movimento: o prazer de produzir um traço sobre o papel faz agir.
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Os rabiscos realizados pelos menores, denominadas garatujas, tiveram o sentido
ampliado sob o olhar da pesquisadora norte-americana Rhoda Kellogg, que observou
regularidades nessas produções abstratas. Observando cerca de 300 mil produções,
ela analisou principalmente a forma dos traçados (rabiscos básicos) e a maneira de
ocupar o espaço do papel (modelos de implantação) até a entrada da criança no
desenho figurativo, o que ocorre por volta dos 4 anos.
AS CORES E AS PROPORÇÕES
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É também nesta faixa etária, que a criança começa a relacionar as cores com os
objetos reais, a partir da relação de significado emocional que ela estabelece com os
objetos. Um aspecto importante que se evidencia é a questão da proporção, pois essa
está relacionada ao lado emocional da criança, ou seja, a criança desenha de acordo
com suas percepções e não com o tamanho real das coisas.
O DESENHO E A ESCRITA
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de Santa Catarina (Udesc). "No desenho, ocorre a mesma coisa. A diferença é que
ela não usa o corpo, mas a visualidade e a motricidade." Esse processo caracteriza
o desenhar como um jogo simbólico (veja abaixo o comentário de Yolanda, 5 anos,
sobre seu desenho).
"Esse aqui não é um coelho. Não me diga que é um coelho porque é um boi bebê. Eu estou
fazendo uma galinha que foi botar ovo no mato. Quer dizer, uma menina que foi pegar
plantas no mato para dar ao marido" Yolanda, 5 anos
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Uma das primeiras pesquisas dos pequenos, assim que entram na figuração, é a
relação topológica entre os objetos, como a proximidade e a distância entre eles, a
continuidade e a descontinuidade e assim por diante. Em seguida, eles se interessam
em registrar tudo o que sabem sobre o modelo ao qual se referem no desenho, e é
possível verificar o uso de recursos como a transparência (o bebê visível dentro da
barriga mãe, por exemplo) e o rebatimento (a figura vista, ao mesmo tempo, por mais
de um ponto de vista). Assim, a criança se aproxima das noções iniciais de
perspectiva e escala, estruturando o desenho em uma cena, sem misturar na mesma
produção elementos de diferentes contextos (veja abaixo a produção de Anita, 5
anos, que detém essas características).
"Vou desenhar a minha casa. Aqui é o portão e tem uma janela aqui." Anita, 5 anos
"Dá para ver a sua mãe dentro de casa?" Repórter
"Não, porque a porta parece um espelho. Só daria se a janela estivesse aberta." Anita
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Essa perspectiva não admite o empobrecimento do desenho infantil, mas entende
que a criança reconhece a forma de representar graficamente sua cultura e deseja
aprendê-la. Assim, cai por terra o mito de que ela se afasta dessa prática quando se
alfabetiza. "O desenho é uma forma de linguagem que tem seus próprios códigos",
diz Mirian Celeste Martins. "Para se aproximar do que ele expressa, é preciso fazer
uma escuta atenta enquanto ele é produzido." Para Mirian, a relação entre a aquisição
da escrita e a diminuição do desenho ocorre porque a escola dá pouco espaço a este
quando a criança se alfabetiza - algo a ser repensado em defesa de nossos
desenhistas.
Para as crianças que estão no estágio da Educação Infantil, muitas vezes o desenho
pode servir como uma linguagem da expressão dos sentimentos, os quais ela ainda
não consegue expor por meio da fala, ou mesmo pela linguagem escrita. Neste
sentido, reportamos que o ambiente escolar, no geral, é para a criança um espaço de
muitas novidades, descobertas, aprendizagens e conhecimentos novos. O desenho
como forma de expressão subjetiva, e o grafismo faz parte do crescimento físico e,
principalmente, do desenvolvimento cognitivo e emocional da criança.
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Importância do desenho para o desenvolvimento psicofísico de uma criança
Segundo Porcher (1982), aqui como nos outros campos o objetivo não deve ser a
formação de desenhistas profissionais e de especialistas, trata-se de dar a cada um
os meios de expressar-se e, através disso, de dotá-lo dos instrumentos sensoriais e
mentais necessários para as suas relações com o mundo. Por isso, a necessidade de
um profissional qualificado na área das artes.
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identificar as diferentes formas produzidas com materiais plásticos como papel,
canetas, lápis de cera ou tinta, entretanto, muitas vezes produz grafismos a partir de
materiais inusitados como alimentos, pedrinhas, brinquedos quebrados e objetos de
cozinha, enquanto brinca.
Também ao brincar é que as crianças dão início ao desenho do seu próprio entorno.
No geral, esse processo ocorre de forma prazerosa, proporcionando aprendizagens
em cada traço elaborado. Sendo assim, desenhar é uma necessidade, tanto pelo
aspecto da comunicação como pelo prazer que esta atividade proporciona.
Para Moreira (2008), toda a criança desenha tendo um instrumento que deixa uma
marca: a varinha na areia, a pedra na terra, o caco de tijolo no cimento, o carvão nos
muros e nas calçadas, o lápis, o pincel com tinta no papel, a criança brincando vai
deixando a sua marca, criando jogos, contando histórias. Desenhando, cria em torno
de si um espaço de jogo, silencioso e concentrado ou ruidoso seguido de comentários
e canções, mas sempre um espaço de criação.
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O desenho como forma de expressão pessoal enquanto ainda não há o domínio
da linguagem escrita e oral
Pode-se dizer que o desenho é uma das maneiras mais eficientes de comunicação.
Desde os nossos ancestrais essa técnica já era utilizada com eficácia, fosse para se
comunicar com seus pares, ou expressar e registrar fatos ocorridos ou ainda exercer
alguma influência sobre os inimigos. Muitos são os estudos apontando que, antes
mesmo do surgimento da escrita e da oralidade, o esboço gráfico já era desenvolvido
como uma importante forma de comunicação.
De acordo com o autor abaixo, a arte é entendida como um terreno permissivo ante
um currículo repleto de números e de palavras. É a arte que encoraja a criança a
colocar sua visão pessoal e sua assinatura em seus trabalhos. As escolas são
dominadas por tarefas curriculares voltadas ao professor e que, frequentemente,
oferecem apenas uma solução para os problemas, uma resposta certa para as
perguntas. A arte não pode tornar-se algo sem vida, mecânico, como tem ocorrido
com o que ensinamos em todos os níveis da educação (EISNER, 1999).
Muitas vezes nas escolas é esquecido que nossos ancestrais podiam nem mesmo
saber o significado real do desenho e a importância que o mesmo representava como
forma de registro, mas já o utilizavam como um poderoso meio de expressão.
Entretanto, Derdick (1989), relata que o desenho assumiu para o homem das
cavernas, seja no desenvolvimento para a construção de maquinários no início da era
industrial, seja na sua aplicação mais elaborada para o desenho industrial e a
arquitetura, seja na função de comunicação que o desenho exerce na ilustração, na
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história em quadrinhos, o desenho reclama a sua autonomia e sua capacidade de
abrangência como um meio de comunicação, expressão e conhecimento.
Desse modo, a produção gráfica de uma criança pode ser a única maneira que ela
encontra para se comunicar, ou seja, pode ser o momento dela deixar o seu
inconsciente falar e através dele poder desvendar aspectos da sua personalidade, da
sua vida social e familiar. Segundo Morgenstern (1977) nos momentos difíceis da sua
vida, a criança evade-se num mundo imaginário onde nada a impede de realizar os
seus desejos. As manifestações visíveis desta fuga são os jogos, os contos e os
desenhos. Assim, considera-se que o grafismo é, na maioria das vezes, um esboço
livre onde crianças podem expressar o que estão sentindo naquele momento.
O que se pode “ler” no desenho da criança, que muitas vezes pode ser um sinal
de alerta para educadores?
Por isso, o profissional precisa ter olhos cuidadosos para perceber detalhes que a
criança busca representar de um determinado momento, porque o modo como são
feitas certas interpretações podem ser equivocadas, já que nem sempre o que é
“entendido” pode ser o que os pequenos buscaram representar. Nicolau (1995),
completa que os desenhos, as pinturas e as realizações expressivas das crianças
não apenas representam seus conceitos, percepções e sentimentos em relação ao
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meio, como também possibilitam ao adulto sensível e consciente uma melhor
compreensão da criança.
Entretanto, quando a criança está inserida num meio em que lhe é permitida ter
acesso aos instrumentos de experimentos gráficos, não é só o educador e a escola
que precisam fazer seu papel, mas também os pais precisam ter a responsabilidade
de observar a construção do processo de ensino-aprendizagem que faz parte do
desenvolvimento de seu filho, tanto ao apresentar aspectos positivos, quanto ao
apresentar aspectos que demonstrem dificuldade. Por meio do desenho podem-se
identificar possíveis problemas, relacionados às deficiências, ou até, situações que a
criança vem sofrendo em casa, ou em outros lugares que frequenta.
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Estereótipo do desenho
Muitas vezes, o desenho não é visto como atividade importante na escola, o que
acaba desvalorizando e limitando o seu espaço como atividade fundamental para o
desenvolvimento cognitivo e também emocional da criança. Mais precisamente na
educação infantil, espaço onde o desenho deve estar presente a todo instante, muitas
crianças, por não terem a linguagem oral e escrita ainda como forma de expressão,
utilizam o desenho para representar o que estão sentindo. Por isso, a importância do
mesmo para o desenvolvimento das crianças em todos seus aspectos.
A forma como é desenvolvida a arte na educação infantil deveria ser muito bem
repensada e valorizada por todos os governantes, sejam eles Federal, Estadual,
Municipal ou, ainda, das Escolas Particulares. Muitas instituições ainda trabalham
com um ensino tradicional da arte, disponibilizando cópias de imagens xerocadas
para as crianças pintarem, ou incentivando retratos estereotipados. Portanto, a forma
como é criado o estereótipo de qualquer objeto, imagem, ser humano, animal que
seja, em uma criança faz a grande diferença no seu desenvolvimento de assimilação
dos modelos e papéis sociais. Como já foi apontando, não necessariamente para
fazer um desenho, tem que ser da mesma forma como aprendeu, ou seja, seguir um
modelo único.
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enquanto, muito pequenas, ainda não tem noção de que a imagem de um caderno é
um objeto, denominado caderno, ela precisa aprender isso.
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Também é uma das manifestações do desenvolvimento da criança ao lado da
afetividade, pensamento e motricidade. Entender como a criança desenha permite
entender seu desenvolvimento global.
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Para Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1999), assim como as antigas civilizações que
“escreviam” para representar objetos, as crianças associam o significante ao
significado e ao escrever produzem traços sobre o papel e criam hipóteses sobre o
significado da representação gráfica. Desde cedo a criança já tem contato com a
escrita através de panfletos, televisão, letreiros, embalagens, entre outros. Admira e
imita a escrita do adulto, e por isso quando chega à escola já teve contato com muitas
coisas escritas. Sabemos da importância da aquisição da escrita e em especial, do
processo de alfabetização, afinal através da leitura e da escrita a criança poderá
interpretar os fatos a sua volta sob uma nova visão.
Durante o nível pré-silábico a criança “pensa que letras e números são a mesma
coisa, pois são sinais gráficos muito parecidos para ela” (PILLAR, 1996, p.59);
acredita que escrever é imitar os traços de um adulto e ainda que passe a traçar
algumas letras, sua escrita ainda não transmite informação. Inicialmente a criança
pensa que é possível ler diferentes nomes a partir da mesma grafia e aos poucos
muda essa hipótese variando seu repertório de letras. Nesse nível surge também o
que Emilia Ferreiro e Ana Teberosky chamaram de eixo quantitativo da escrita, onde
a criança acredita que o número mínimo de letras para escrever uma palavra é três.
Como para nós, adultos e leitores, é difícil entender esse raciocínio nas crianças, as
autoras chamam a atenção para que o processo de alfabetização seja visto do ponto
de vista de quem aprende (aluno) e não do de quem ensina.
Vale ressaltar também outra característica que aparece nesse nível, o realismo
nominal lógico (a quantidade de letras de uma palavra associa-se ao tamanho do
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objeto, dessa forma coisas grandes terão escritas de nomes maiores do que nomes
de coisas pequenas). Além disso, a criança rejeita a escrita de um nome com letras
iguais acreditando que para haver leitura é necessária uma variedade de letras. No
nível silábico a criança considera que a escrita representa partes sonoras da fala,
cada letra que ela escreve representa uma sílaba. Inicialmente as letras são
escolhidas aleatoriamente para só depois terem correspondência sonora com letras
que compõem a sílaba.
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Claro está que o processo de aquisição da língua escrita é contínuo e passa por
constantes evoluções, assim como o próprio desenho infantil, que representam o
momento de desenvolvimento em que a criança se encontra. O desenho é a primeira
escrita da criança, a primeira representação gráfica. Assim como aponta Mèredieu
apud Simas (2011 p.43), “o desenho é essencial na vida de qualquer criança, pois é
a ponte para instigar a sua imaginação e permite que ela conheça as regras e práticas
adotadas na sociedade em que vive”. Através do desenho a criança consegue revelar
sua intimidade que muitas vezes não consegue traduzir na linguagem falada.
Esse descaso também pode acontecer pela falta de compreensão dos adultos (pais
e professores) em relação às fases do grafismo da criança e procedimentos de
intervenção equivocados. As propostas pedagógicas não podem resumir-se apenas
ao treino de habilidades motoras e pintura em ilustrações ou a atividades livres sem
nenhum tipo de intervenção. Em muitos casos, as atividades de alfabetização são em
maioria exercícios repetitivos e de memorização de letras e sílabas, que não ensinam
a ler e escrever e criam uma desmotivação no aluno que já não tem tempo de
desenhar. Tudo isso vai de encontro ao que foi exposto no primeiro item. A entrada
antecipada das crianças no ensino fundamental acabou sendo uma exigência
antecipada da alfabetização, que gerou um preenchimento de todo o tempo da
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criança com atividades que não valorizam as diferentes formas de expressão, mas
sim a alfabetização em si.
Moreira (2009) chama a atenção para o fato de que o professor precisa, antes de
qualquer coisa, valorizar seu ato de desenhar e experimentar diferentes linguagens
(gestos, músicas, danças etc.) para que realmente perceba a importância do desenho
para a escrita. O olhar do professor para a produção da criança significa muito para
ela e tem o poder de estimulá-la ou até mesmo desmotivá-la. O aprendizado do
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desenvolvimento do grafismo possibilita ao professor uma “alfabetização” em relação
ao desenho da criança, permitindo uma leitura de indicadores no desenho que
mostrem a evolução ou não do mesmo e as possibilidades de intervenção que podem
ser elaboradas. Vale lembrar que o objetivo do ensino, relacionado ao desenho, não
pode estar na aceleração artificial da evolução do mesmo.
A criança deve sentir-se livre para desenhar, com traços do realismo visual, quando
tiver intenção. Isso deve partir do concreto, de objetos do próprio cotidiano da criança
e exercitar o natural, tanto quanto possível. Na visão do autor o professor não deve
interferir. A criança tem que sentir-se livre para criar, desenhando de seu modo, sem
intervenções ou críticas. O desenho, ao invés de ser perda de tempo, oferece a
construção de representações de forma, espaço e de experiências. Palva e Cardoso
(2010) enfatizam que é aconselhável que o professor proporcione aos alunos contato
com diferentes desenhos e obras de arte para que possam interpretar e também
sugira desenhos a partir de diferentes observações (cenas, objetos, pessoas) para
que enriqueçam suas informações e o próprio grafismo explorando a criatividade.
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6. CONCLUSÃO
O desenho é uma forma de representação muito importante para a criança e deve ser
explorado independentemente da etapa ou ano escolar. A redução dos momentos de
desenhar, que geralmente acontecem com a entrada no ensino fundamental, deflagra
por vezes, uma crise em ambos os sistemas gráficos, causando até mesmo
desencanto pelo desenho e redução da criatividade individual (acentuando a cópia de
modelos e padrões). Se o desenho fizer parte do processo de alfabetização poderá
se explorar todas suas contribuições: como forma gráfica auxiliar de significação do
texto verbal e escrito, como forma de comunicação e até mesmo incentivo ao caminho
artístico.
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de expressão dos seus sentimentos. Nessa perspectiva evidencia-se que a
interpretação do desenho da criança depende do olhar do intérprete.
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7. REFERÊNCIAS
BARBOSA, A.M. A imagem no ensino da arte: anos oitenta e novos tempos. São
Paulo: Perspectiva; Porto Alegre: Fundação IOCHPE, 1991.
FARIA, Ana Lúcia Goulart de; DEMARTINI, Zeila de Brito Fabri e PRADO, Patrícia
Dias (org). Por uma cultura da infância: metodologias de pesquisa com crianças.
Campinas, São Paulo: Autores associados, 2002.
LEITE, Maria Isabel Ferraz Pereira. Infância e produção cultural: Desenho infantil.
Campinas, São Paulo: Papirus, 1998.
LOWENFELD, Viktor. A criança e sua arte. 2 ed. São Paulo: Mestre Jou, 1977.
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LUQUET, G. H. O desenho infantil. Porto: Civilização editora, 1969.
Tratado de Psicologia Experimental, vol. 8, Paul Fraisse e Jean Piaget, 313 págs.
Ed. Forense, tel. (11) 4062-5152 (edição esgotada).
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