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METODOLOGIA DO ENSINO DA GEOGRAFIA

Geografia, uma disciplina


de cidadania global
REPÚBLICA DE ANGOLA
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

METODOLOGIA DO ENSINO
DA GEOGRAFIA

Geografia, uma disciplina de


cidadania global

FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMÁRIO

2010
Equipa da ESE de Setúbal (Portugal)
Sérgio Claudino Índice
Carlos Moreira Cruz

Equipa do MP Benguela (Angola)


1. Enquadramento Teórico, 7
Criação e Design 1.1 Adequação ao contexto de formação, 7
JL Andrade 1.2 A construção dinâmica das identidades territoriais, 10
www.jlandrade.com 1.3 Uma abordagem metodológica de inspiração construtivista, 12
1.4 A Geografia como ciência social, 15
ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO 1.5 A aproximação entre as escolas francófona e anglo-saxónica, 16
INSTITUTO POLITÉCNICO DE SETÚBAL 1.6 As competências na educação geográfica, 18
1.7 Uma educação geográfica em Angola, 20
MAGISTÉRIO PRIMÁRIO DE BENGUELA 2. Fichas de Trabalho, 25
2.1 Geografia, o que és?, 26
2.2 A Carta Internacional da Educação Geográfica, 30
2.3 O nosso Mundo – as nossas representações, 32
2.4 A localização, 33
2.5 O Globo – um instrumento de trabalho, 42
2.6 O Atlas Geográfico – uma janela sobre o mundo, 44
2.7 Geografia: ler um mapa, descobrir um território, 51
2.8 Um mundo de paisagens, 54
2.9 Descobrir e viver o estado do tempo!, 57
3. Anexos, 63
3.1 A Carta Internacional da Educação Geográfica, 64
3.2 Um Mundo de Paisagens (imagens do power point), 81
1

ENQUADRAMENTO TEÓRICO

1.1 ADEQUAÇÃO AO CONTEXTO


DE FORMAÇÃO

Associada à disciplina de Metodologia do Ensino da História, a unidade curric-


ular de Metodologia do Ensino da Geografia surge na 11º classe do Curso de For-
mação de Professores do Ensino Primário da República de Angola. O respectivo
programa compreende três unidades, a primeira sobre A Formação do Sistema de
Conhecimentos, Habilidades e Hábitos, a que se segue a de Os Métodos de Ensino
e, por último, A Avaliação. A primeira e terceira unidades têm um carácter mais
genérico, com a segunda unidade a centrar-se mais em aspectos específicos do
ensino de Geografia, como a observação directa, o trabalho com o mapa e o glo-
bo e, ainda, as ilustrações. No texto que acompanha o esquema programático,
destaca-se a importância da observação no ensino da Geografia.

Já no Ensino Primário, nas primeiras classes, a disciplina de Estudo do Meio


assume um carácter integrador e abarca conteúdos de Geografia e de outras
8 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola Metodologia do Ensino da Geografia | Geografia, uma disciplina de cidadania global • 9

disciplinas ou áreas disciplinares relevantes tanto para o auto-conhecimento ção em mobilizar as representações geográficas dos alunos e a interacção entre
como para o conhecimento das pessoas e dos espaços que nos rodeiam. Já in- professores e alunos, sublinhando o apelo neste sentido por parte das autori-
dividualizado, o ensino de Geografia surge nas 5ª e 6ª classes, tendo por temas dades educativas angolanas e, ainda, as orientações metodológicas que marcam
gerais O Espaço Geográfico e O Género Humano e o Ambiente, respectivamente. na actualidade o ensino de Geografia, como retomaremos adiante. Por outro
No primeiro destes anos, o programa encontra-se estruturado em seis temas e os lado, e não menos importante, valorizou-se o diálogo e a experiência de forma-
seus objectivos repartem-se pelos domínios de atitudes e valores, habilidades/ ção dos autores nas missões da ESE efectuadas na Escola do Magistério Primário
competências e, por último, conhecimentos. Apela-se à abordagem de temáti- de Benguela/EMPB, que permitiram conhecer os contextos e os actores locais de
cas motivadoras para o aluno1, privilegiando-se as escalas local e regional, bem formação (Fig. 1). Em especial, dialogou-se com os docentes de EMPB em torno
como a do país, do continente e do mundo. No 6º ano, identificam-se igualmente da formação inicial que desenvolvem, das suas necessidades e aspirações. Esta
seis temas, com a gestão dos recursos naturais a surgir como uma preocupa- foi uma experiência fundamental para a planificação e concretização dos módu-
ção transversal. Na respectiva Introdução, sublinha-se a importância concedida à los de formação, com que se pretende responder aos objectivos enunciados no
problemática do Desenvolvimento. Também neste nível, são valorizados as ati- Plano de Trabalho da Missão, com as limitações introduzidas por não ter sido
tudes e os valores, as habilidades/competências e os conhecimentos, ao encon- possível concretizar a Missão prevista para 2010.
tro da preocupação de formação integral dos futuros docentes do Ensino Geral
de Angola. Este programa contém um capítulo de Orientação Metodológica,
onde se aponta para as interacções professor-aluno-alunos2, sendo valorizadas a
exploração de vários tipos de documentos (como textos, estatísticas e imagens),
propostas actividades de discussão (debates, dramatizações) e, ainda, as visitas
de estudo/trabalho de campo.

Na elaboração dos dois módulos que agora se propõem, teve-se em conta


a formação já assegurada no âmbito de outras disciplinas, designadamente, Es-
tudo do Meio, Ciências da Natureza e História, evitando repetições e/ou sobre-
posições. Atendeu-se à solicitação aos autores destes módulos de que se valori-
zasse o conhecimento da realidade africana e angolana - o que, se adicionarmos
o estudo do local, vai ao encontro das escalas privilegiadas no programa da 5ª
classe.
Fig. 1 - Sessão de trabalho na Escola do Magistério Primário de Angola
Apostou-se na indispensável problematização do valor formativo da educa-
ção geográfica, indispensável na formação inicial de docentes. Ao encontro dos Assim, e no âmbito da disciplina de Metodologia do Ensino da Geografia,
programas em vigor, promoveram-se actividades de aprendizagem baseadas elaboraram-se dois módulos: o primeiro, intitulado Geografia, uma disciplina de
na observação tanto directa (trabalho de campo) como indirecta (com mapas e cidadania global, tem um carácter assumidamente introdutório e aborda os ob-
globo, textos, gráficos, estatísticas, desenhos e fotografias). Como é hoje incon- jectivos, métodos e instrumentos de trabalho em Geografia. Este módulo inter-
tornável, propõem-se actividades baseadas na utilização das novas tecnologias liga-se (e sobrepõe-se, também nessa medida) com o segundo módulo, sobre A
de informação, tão relevantes para a identificação do território e das suas carac- construção de experiências educativas em Geografia. Os dois módulos assumem
terísticas. O desenvolvimento destas actividades foi acompanhado da preocupa- a designação dos dois capítulos do projecto de formação desenvolvido na EMB
em 2009.
1 Ministério da Educação (2005) – Geografia. 5ª classe. Programa Ensino Geral – II Nível. Instituto Os módulos assumem-se tão só como documentos de trabalho, propostas
Nacional de Investigação e Desenvolvimento Curricular, p. 2
destinadas a apoiar a formação de professores. Não se pretende prescrever
2 idem, p. 11
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princípios metodológicos e experiências escolares concretas – o que contrariaria domiciliar no território) a predominar sobre o jus sanguinis (o direito da comu-
todos os princípios da formação inicial de professores. Não há modelos rígidos, nidade de sangue) – Claudino, 20011. O território é, afinal, ícone e património
contextos escolares pré-definidos ou actores escolares de comportamento uni- colectivo das comunidades que o habitam e a Geografia surge no sistema lib-
forme, ainda que numa mesma instituição. Cabe ao grupo de docentes e a cada eral de ensino, instituído no século XIX, para promover a identificação dos jovens
um fazer a melhor adequação das propostas que aqui se formulam à realidade cidadãos com o estado-nação. Este é um processo particularmente importante
escolar concreta em que trabalham. Nas experiências de formação que aqui se em jovens países africanos, como Angola, em que se vive um processo dinâmico
sugerem tivemos presente o princípio do isomorfismo na formação de profes- de consolidação da identidade nacional. Recorde-se, a este propósito, Lameiro
sores: estes tendem a reproduzir nas suas práticas os princípios a que obedeceu Monteiro (1997: 60)2, que sublinha a premência da construção do estado-nação
a sua própria formação docente. Também em conformidade com este princípio, no continente africano:
as propostas de formação estimulam a construção de recursos didácticos pelos
No plano política e administrativo ainda está muito por fazer em África. A con-
docentes.
strução do Estado-nação, ou se se quiser, a adequação da ou das nações ao Estado é
Utilizamos diversos materiais ao longo das várias propostas. Os mesmos, uma questão ainda em aberto e dura desde as independências.
como imagens e power points, são agora fornecidos ou estão disponíveis na Es-
Tanto na construção da nossa personalidade individual como colectiva, a
cola do Magistério Primário de Benguela, na sequência da Missão de Formação
Geografia surge como um elemento fundamental: todos nós possuímos uma
ou, ainda, iriam ser disponibilizados na Missão de 2010 – mas poderão ser mobi-
identidade territorial, elo afectivo que nos liga ao espaço habitado, e a educação
lizados a qualquer momento.
geográfica contribui activamente para esta construção. Ela é sempre um pro-
cesso interactivo, pois tem como referência a própria pessoa, as características
do território e a sociedade em que se desenvolve (Fig. 2).

1.2 A CONSTRUÇÃO DINÂMICA


DAS IDENTIDADES TERRITORIAIS

Os seres humanos são intrinsecamente geográficos: todos nós estamos liga-


dos aos territórios em que crescemos e nos desenvolvemos. Não há pessoas
ou comunidades desenquadradas dos territórios que habitam – ou, quando tal
ocorre, vivem-se situações de desequilíbrio e de conflito, como o conhecimento
histórico nos revela. Na realidade, à escala das sociedades, os estados fazem-se
de território e povo – e este só pode aspirar ao estado na prévia apropriação do
território (Escolar, 1996)1. Por isso mesmo, o território acaba por assumir uma du-
pla significação: a de espaço de exercício do poder (como decorre directamente
da sua etimologia: domínio da terra) mas, também, de construção identitária. O Fig. 2 – A identidade territorial é uma construção dinâmica
território acaba por se assumir como razão ontológica, não se podendo conce- 1 CLAUDINO, S (2001) – Portugal através dos manuais escolares de Geografia. As imagens inten-
ber um estado sem o território, com o jus soli (o direito da comunidade em se cionais. Universidade de Lisboa, Lisboa.
2 MONTEIRO, R. L. (1997) - A África na Política de Cooperação Europeia. Instituto Superior de
1 ESCOLAR, M. (1996) - Crítica do Discurso Geográfico. Editora Hucitec, São Paulo. Ciências Políticas e Sociais/Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa.
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A Nova Geografia, emergente nos anos 60 e 70, fala-nos de um modelo pa- Para os construtivistas, o saber escolar desenvolve-se nos contextos escolares,
dronizado, de pessoas com comportamentos optimizados, num território isomór- na interacção entre o conhecimento socialmente organizado (os saberes disci-
fico, ou seja, desprovido de particularidades e de identidade. Contudo, como a plinares, tal como ministrados pelo professor e que reflectem a sua formação,
Geografia da Percepção e da Geografia Humanista sublinham criticamente, não programas e manuais) e o conhecimento ordinário de alunos. Não existem sig-
há territórios objectivos, despojados de vivências, nem pessoas desprovidas de nificados absolutos externos aos indivíduos, porque os saberes são construções
afectos na sua relação com os outros e com os locais que habitam. Cada um de relativas a um tempo e a um espaço determinados. O conhecimento gera-se da
nós constrói os territórios a partir das representações que desenvolve, múltiplas relação entre i) questões sociais relevantes, ii) crenças, teorias e interesses pes-
e complexas. Na realidade, com o aumento das mobilidades e do crescente des- soais e comunitários e iii) influências externas de outras teorias, interesses e ex-
encontro entre os espaços de residência e de trabalho, multiplicam-se os lugares periências (García Perez, 2000)1. Rejeita-se o paradigma da simplificação, em favor
com que desenvolvemos a nossa afectividade, numa pluripresença geradora de uma ecologia conceptual defendida por Toulmin, num olhar global sobre o
de multipertenças (Ferrão, 20041) aos vários espaços. Numa primeira leitura, desenvolvimento humano e o desenvolvimento social que lhe é indissociável – o
o discurso escolar surge como mediador da construção das nossas identidades conhecimento escolar surge, pois, como metadisciplinar.
territoriais mas, na realidade, ele constitui um agente activo na definição dessas
Metodologicamente, parte-se da identificação das concepções prévias dos
identidades (Claudino, 20092), como a frequente intervenção dos poderes políti-
alunos; da formulação de questões-chave de âmbito social, do confronto das
cos nacionais na definição das orientações curriculares de Geografia testemunha.
opiniões prévias dos alunos com a informação pesquisada, com reconstrução do
Em última análise, é o projecto de cidadania que está em causa numa educação
conhecimento inicial (conhecimento integrado e coerente, como refere Mérenne-
geográfica que é desenvolvida, desde logo, com as crianças mais jovens3.
Schoumaker2). Por último, surge a apresentação de propostas, com promoção da
consciência crítica e de atitudes de responsabilidade social, numa perspectiva
de cidadania territorial (Fig. 3). Souto Gonzalez (1993)3 simplifica esta abordagem
em Geografia, referindo-se aos três globos na construção da aprendizagem: o
1.3 UMA ABORDAGEM METODOLÓGICA primeiro, o das nossas vivências e representações; o segundo, o da informação
a que acedemos, pela escola, crescentemente pela internet e pela comunicação
DE INSPIRAÇÃO CONSTRUTIVISTA social; o terceiro globo, aquele que reconstruímos, a partir do confronto dos an-
teriores. No desenvolvimento desta perspectiva aplicada ao ensino de Geogra-
fia, o conteúdo de ensino não é a informação explorada, mas os conceitos e as
actividades que possibilitam a resolução de um problema relevante – a fome
O facto de cada um de nós construir as suas próprias representações dos ter- no mundo, a desertificação, a desigualdade no acesso à internet, a resolução de
ritórios que habita está no centro de propostas metodológicas sobre o ensino problemas locais relevantes, etc.
de Geografia surgidas a partir dos anos 80/90, designadamente as inspiradas nas
perspectivas construtivistas da aprendizagem.

1 FERRÃO, F. (2004) – La regiones metropolitanas como comunidades imaginadas: vivencias,


discursos, acción. Estudios Territoriales, XXXVI (141-142), p. 517-522
2 CLAUDINO, S. (2009) - Regiões e Identidades. in Hermenegildo Fernandes, Isabel Castro Hen-
riques, José da Silva Horta, Sérgio Campos Matos - Nação e Identidade(s): Portugal, os Portu- 1 GARCIA PÉREZ, F. F. (2000) – Un Modelo Didáctico Alternativo para Transformar la Educación:
gueses e os Outros. Caleidoscópio – Edição e Artes Gráficas, Centro de História da Universi- el Modelo de Investigación en la Escuela. Scripta Nova. Revista Electrónica de Geografia y
dade de Lisboa, Lisboa: p. 231-259 Ciencias Sociales, 64, 15 de Maio, http://www.ub.edu/geocrit/sn-64.htm
3 SOUTO GONZÁLEZ, X. M. (2007) - Espacio geográfico y educación para la ciudadanía. Didac- 2 MÉRENNE-SCHOUMAKER, B. (1995) – Didáctica da Geografia. Édition Nathan, Paris.
tica Geográfica, 9, p. 11-31. 3 SOUTO GONZÁLEZ, X. M. (1993) – El meu món i el globus on jo visc. Nau Libres, Valencia.
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1.4 A GEOGRAFIA COMO


CIÊNCIA SOCIAL

Importa diferenciar os conceitos de Geografia e de Educação Geográfica. Se


a Geografia é uma ciência, a educação geográfica reconhece nesta a sua matriz
mas assume a sua autonomia no quadro de um projecto formativo. A educação
geográfica não constitui uma mera simplificação escolar de conteúdos científi-
cos, antes pretende responder às necessidades quotidianas da generalidade dos
cidadãos. Na realidade, a educação geográfica é a formação em Geografia que
todos os cidadãos devem desenvolver e que os apoie nas suas actividades
quotidianas, independentemente do seu percurso escolar ou profissional.

Detenhamo-nos, entretanto, sobre o próprio conceito de Geografia. Ciência


que se assume como de encruzilhada entre as ciências físicas e humanas (do que
são expressão os seus dois conhecidos ramos de Geografia Física e de Geografia
Figura 3 - A construção das aprendizagens em Geografia. Uma aproximação metodológica.
Humana), a sua definição é discutida desde praticamente a sua institucionaliza-
ção no século XIX. Na dificuldade da resposta, um conhecido geógrafo (Peter
Da corrente construtivista emerge a perspectiva crítica da transformação da Gould, 19991) definiu-a, mesmo, como aquilo que fazem os geógrafos. Na dificul-
escola (Garcia Perez, idem): mesmo que construída a partir dos significados pes- dade e pluralidade de conceitos, assumimos aqui a Geografia como a ciência
soais e sociais, a leitura da realidade que nos rodeia é importante, mas não bas- que estuda a relação entre as sociedades e os territórios. Nesta leitura, mobi-
tante para uma cidadania mais responsável. A educação de finalidades e valores lizamos tanto os fenómenos físicos e humanos, considerados na sua distribuição
é essencial e aprofunda-se a busca de Habermas por um interesse emancipador, e inter-relação à superfície da terra – o território. Ao colocar-se a sociedade como
que liberte os indivíduos para a transformação social, assumindo um papel con- um dos pólos desta definição, assume-se sem ambiguidade a disciplina de Geo-
tra-hegemónico. Não basta identificar problemas sociais relevantes, é precisa grafia como ciência social, também quando coloca, no centro das suas atenções,
uma cultura de valores e atitudes para um olhar cidadão de resolução dos prob- temas mais próximos das ciências naturais mas com implicações directas na vida
lemas. Este é um desafio que adquire particular pertinência em sociedades de das populações, como a gestão de recursos e a preservação ambiental - presen-
construção recente, como sucede com a sociedade angolana. tes, como se observou, nos curricula escolares angolanos.

A dimensão social da Geografia questiona algumas das leituras escolares


dominantes da Geografia, designadamente a inspirada na escola regional fran-
cesa.

1 GOULD, P. (1999) – Becoming a Geographer. Syracuse University Press, New York.


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Sucedendo-lhe como paradigma dominante à escala mundial, a Nova Geogra-


fia, de inspiração anglo-saxónica, baseia-se na produção de leis e construção de
modelos. O seu discurso acaba por ter uma reduzida penetração no ensino: ele
1.5 A APROXIMAÇÃO ENTRE AS ESCOLAS contraria o discurso francófono, já enraizado, mas esta rejeição deve-se, sobretu-
do, a falar-nos de um mundo geométrico, distante de professores e alunos. Num
FRANCÓFONA E ANGLO-SAXÓNICA registo alternativo, as correntes tanto de inspiração marxista como humanista
(para nos retermos apenas em algumas das mais marcantes) apontam para uma
Geografia debruçada sobre os indivíduos e as sociedades, as suas representações
e problemas. É nesta linha que se desenvolve, por exemplo, a Nova Geografia Re-
Na França nacionalista e ruralista da transição do século XIX para o XX, emerge gional, para quem a região surge como uma construção eminentemente social.
uma geografia regional protagonizada por Vidal de La Blache. Ela é marcada pela
sua leitura descritiva e aparentemente holística do território, através de paisa- Na procura de uma Geografia menos descritiva, que parte das representações
gens multifacetas. Proclama-se a síntese de aspectos físicos e humanos de uma sobre o território e interpelativa, tendem a aproximar-se as duas grandes escolas
Geografia definida pelo estudo da relação entre o Homem e a Natureza – mas, internacionais de ensino da Geografia, a anglo-saxónica e a francófona. A Geo-
na concretização das monografias regionais, vamos encontrar, sobretudo, uma grafia escolar anglo-saxónica, surgida no coração do grande império britânico do
justaposição de informações (relevo, clima, população…), que não a sua integra- virar do século XIX para o XX, debruça-se sobre o mundo mas, simultaneamente,
ção. Os países surgem harmonicamente divididos em regiões, de características sobre o local. É marcada pelo seu carácter utilitário e prático, com destaque para
complementares. Esta Geografia ecológica teve (e tem) grande acolhimento no o trabalho de campo (o fieldwork) e a resolução de problemas (problem solving),
ensino de Geografia. Ainda hoje, no discurso escolar, a Geografia surge como a tendo por objectivo o desenvolvimento de skills, que só muito livremente poder-
ciência das paisagens, como também está presente no discurso escolar angola- emos traduzir por capacidades. No contexto de uma Europa com um crescente
no. Esta é uma definição que acolhemos e que possui grande riqueza formativa, diálogo interno e no reconhecimento de um mundo globalizado, assiste-se ao
no apelo à observação, descrição e interpretação, mas que não esgota o conceito desenvolvimento de abordagens comuns, que conjugam o carácter mais descri-
de educação geográfica. tivo e contemplativo da realidade geográfica ao apelo a uma intervenção mais
empenhada sobre o território, tanto por parte dos indivíduos como dos grupos
Nas escolas, a pior tradição da escola regional traduz-se numa disciplina descri- sociais.
tiva, memorística, que justifica os grandes contrastes mundiais pela dependência
dos aspectos humanos em relação aos físicos, esquecendo os factores económi- Emerge, entretanto, o desafio da globalização. Ela significa a intensificação
cos e políticos na construção do território. Crescentemente acusada de alienante dos fluxos financeiros, económicos, populacionais, culturais e políticos en-
e pouco problematizadora, Yves Lacoste (19831) denuncia-a como uma Geografia tre os territórios e populações, com crescimento das interdependências.
dos Professores, que oculta e legitima os grandes contrastes sociais. Esta denúncia Comprimem-se as distâncias entre os territórios, crescentemente imbricados en-
é particularmente válida na abordagem do continente africano: os climas desér- tre si. Tanto as escolas francófona como anglo-saxónica de ensino de Geografia
ticos ou as grandes extensões florestais surgem como legitimadores de situações não podem ignorar esta nova realidade, em que acontecimentos locais se inter-
de fome e subdesenvolvimento, evitando uma reflexão mais profunda. Enfim, a ligam com os da escala global – como a crise financeira iniciada em 2008 facil-
Geografia francófona é também marcada por claras preocupações de cidadania, mente demonstra. Em ambas as escolas, mobilizam-se crescentemente as várias
prioritariamente nacional. escalas de análise na interpretação do desenvolvimento do território. Por outro
lado, generalizam-se as abordagens que tentam ultrapassar uma visão descritiva,
em favor de uma visão problematizadora das questões sociais – numa formação
apostada no desenvolvimento das competências dos alunos.
1 LACOSTE, Y. (1983) – A Geografia. A Filosofia das Ciências Sociais (de 1860 aos nossos dias).
Publicações Dom Quixote, Lisboa. p. 197-243
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que os cidadãos encontrem as condições mínimas para viver com dignidade1.

No discurso escolar dos programas angolanos de Geografia, as competências


não constituem o paradigma dominante. No entanto, como se referiu, sublinha-
1.6 AS COMPETÊNCIAS NA EDUCAÇÃO se a relevância das atitudes e valores, das habilidades/competências e, por úl-
GEOGRÁFICA timo, dos conhecimentos – ou seja, há um projecto de formação que mobiliza a
apropriação de informação mas que se descentra deste domínio, para valorizar
os saberes práticos e uma educação de valores.

Como sucede com qualquer disciplina, as atitudes e valores e as habilidades/


O ensino de Geografia é interpelado pelo paradigma emergente de um ensi- competências desenvolvidas em Geografia estão directamente relacionadas com
no por competências. Estas são entendidas como saberes em acção, em uso, na esta área. Assim, a observação em Geografia é, naturalmente, diferente do con-
resolução de problemas escolares e que compreendem atitudes, capacidades ceito de observação desenvolvida noutras disciplinas: ela prende-se com o olhar
e conhecimentos. Têm origem no ensino profissionalizante, mais direccionado sobre as paisagens (entendidas como complexos de aspectos físicos e humanos)
para aprendizagens práticas e reflectem, também, a preocupação dos governos ou com uma observação indirecta, através de textos, imagens, ou de informação
na promoção de aprendizagens com reflexos mais imediatos na qualificação da estatística; em Filosofia, por exemplo, a observação assumirá dimensões e sig-
futura mão-de-obra. nificados diferenciados, seguramente. Por outro lado, as atitudes e valores que a
Uma análise mais cuidada revelará que a procura de um ensino por com- educação geográfica promove prendem-se, directamente, com a defesa do am-
petências não constitui uma novidade absoluta. Assim, por exemplo, já na Escola biente e a construção de um território devidamente ordenado – tarefa colectiva,
Nova do começo do século XX vamos encontrar a preocupação em que os jovens para que urge a mobilização dos públicos escolares.
resolvam situações concretas. De qualquer das formas, para além de acentuar
a ênfase numa formação prática, as competências (definidas tanto num âmbito
geral como específico), pelo seu carácter transversal, tendem a criar um discurso
comum aos professores e renovam o esforço de um ensino mais prático e signifi-
cativo para os alunos.

No ensino de Geografia, as competências têm sido particularmente valori-


zadas pela escola anglo-saxónica, sempre atenta a uma formação prática. Pre-
tende-se a construção do cidadão geograficamente competente1, capaz de ler e
interpretar o território os territórios em que se insere, a várias escalas, e de neles
actuar de forma esclarecida. Globalmente, podemos falar da convergência entre
uma ciência geográfica crescentemente atenta aos problemas sócio-ambientais
(contrastes de desenvolvimento, minorias e inclusão social, aquecimento glob-
al…) e um discurso escolar marcado pela finalidade de construir territórios em

1 SOUTO, X. M.; CLAUDINO, S. (2009) – Exames de Geografia, programas e inovação didáctica.


Associação de Professores de Geografia, Instituto de Geografia e Ordenamento do Território
da Universidade de Lisboa, Grupo de didáctica de la Geografia de la Associación de Geógrafos
1 Ministério da Educação (2001). Currículo Nacional do Ensino Básico: Competências Essenciais. Españoles, A Inteligência Geográfica na Educação do Século XXI, Associação de Professores
Ministério da Educação, Lisboa: Portugal. de Geografia, Lisboa, p. 21-30
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Assim, tivemos presente tanto as orientações à escala mundial do ensino de


Geografia como a necessidade de formação de docentes que, no seu percurso
académico, viram desvalorizados a referida dimensão social. Por outro lado, re-
1.7 UMA EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA conhecemos no trabalho desenvolvido com os professores de Geografia da Esc-
ola do Magistério Primário de Benguela o desejo de uma disciplina mais centrada
EM ANGOLA no quotidiano dos seus alunos e dos seus interesses – e conseguir, nesse sentido,
também uma educação geográfica significativa.

Na segunda missão da ESE efectuada pela equipa, a Escola do Magistério


As missões realizadas pela ESE em Angola foram marcadas pela preocupação Primário de Benguela já se encontrava equipada com material informático. Na
em identificar os principais aspectos que marcam a formação universitária em Escola e na cidade de Benguela, encontrava-se em difusão o acesso à internet. O
Geografia dos docentes da Escola do Magistério de Benguela, a leitura que es- recurso às novas tecnologias de informação surge como fundamental no ensino
tes formadores de professores fazem das finalidades da educação geográfica e de Geografia, como já referimos. Assim, em 2009, com o apoio do professor de
as suas necessidades e aspirações de formação. Esta avaliação foi efectuada em Informática da EMPB, instalaram-se nos computadores os ficheiros necessários à
diálogo directo com os docentes e de questionários que incluímos no primeiro realização de power points sobre as paisagens em Geografia, actividade depois
módulo. desenvolvida com uma turma de Metodologia da Geografia. Retomamos esta
experiência educativa, bem sucedida, e ampliamos as nossas sugestões de uti-
Os professores de Geografia da EMB desenvolveram a sua formação na Uni- lização das novas tecnologias. Não é fácil o acesso quotidiano às mesmas, mas
versidade Agostinho Neto–Benguela. A sua licenciatura compreendeu cadeiras impõe-se a sua mobilização no ensino de Geografia. Procurando uma situação
de diversas áreas relacionadas com as ciências da terra e algumas outras de Geo- de equilíbrio, há uma proposta de trabalho inteiramente centrada na utilização
grafia Física. Há uma quase ausência de formação em Geografia Humana. do programa Google Earth, deixando-se em aberto a mobilização das novas tec-
nologias de informação noutras experiências de aprendizagem – também no
Contudo, à escala mundial, acentua-se a leitura da Geografia como ciência
segundo Módulo.
social: apesar de tradicionalmente dividida em Geografia Física e Geografia Hu-
mana, a Geografia assume-se cada vez mais como o estudo da ocupação do ter-
ritório pelas sociedades, com uma atenção privilegiada aos problemas ambien-
tais e dos grupos humanos. No âmbito educativo, a dimensão social da educação
geográfica é ainda mais vincada, como se reconhece na Carta Internacional da
Educação Geográfica, de 1992. Nesta, recordam-se os documentos das Nações
Unidas sobre direitos humanos (universais para todos os povos do mundo, inde-
pendentemente do território que ocupem) e associa-se directamente a educação
geográfica ao combate à pobreza e à exclusão social (Claudino, 2007)1. Recusa-se
a leitura quase determinista de que as desigualdades sociais resultam, antes de Fig. 4 - Ao começo da manhã, alunos perfilam-se frente à bandeira nacional na EMPB, onde se
mais, dos recursos físicos; sublinha-se, antes, que a organização política e social encontram fotografias dos presidentes angolanos.
é decisiva na construção de sociedades que assegurem condições de vida digna
a todos os cidadãos, nos vários territórios que constituem o mosaico mundial. Como se referiu, valorizaram-se as escalas angolana e africana, bem como a
escala mundial, que as enquadra e contextualiza. Esta opção não é, alheia, nat-
uralmente, a uma opção ideológica assumida, de consolidação da consciência
nacional e que marca as preocupações do projecto formativo da Escola do Mag-
1 CLAUDINO, S. (2007) - Derechos humanos y educación geográfica: un desafío europeu. Didác-
tica Geográfica, 3.ª época, nº 9, pp. 85-104
istério de Benguela (Fig. 4). A construção da identidade territorial angolana e af-
22 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola Metodologia do Ensino da Geografia | Geografia, uma disciplina de cidadania global • 23

ricana surge como particularmente relevante num jovem país. sores de Geografia, tendo o debate sobre os resultados sido enriquecidos pelo
confronto das respostas obtidas nas duas ocasiões.
No trabalho com mapas, na ausência de exemplares angolanos, recorreu-se a
mapas portugueses, como sucede numa proposta de trabalho que aqui é desen- Entra-se, então, nos processos de localização e orientação geográfica, que
volvida. Contudo, foi feito um grande esforço de mobilização e de tratamento de têm uma relevância primordial no ensino de Geografia. Assim, surge a ficha so-
informação angolana e africana, ao encontro do compromisso e dos objectivos bre Localização onde, a par da orientação pelo sol ou pela bússola, se mobilizam
antes identificados. o GPS e Google Earth, ao encontro do que já foi escrito sobre a utilização das
novas tecnologias na educação. Segue-se, então, O Globo – um instrumento de
Por vezes, pede-se aos alunos que criem questões – um exercício de reflexão
trabalho, com que se pretendeu não só valorizar o globo numa utilização tradi-
e de selecção elementar de informação. Outras vezes, pede-se que imaginem
cional, a de leitura de localizações, como sobretudo num processo de utilização
viagens, situações… Na actualidade, perdeu-se um pouco a tradição deste tipo
dinâmico, em que, por exemplo, o aluno pode pesquisas informação e assinalar
de exercícios. Mas consideramos, como o grande especialista inglês James Fair-
a mesma no globo.
grieve, do começo do século XX, que ajudar os alunos a imaginar tem um grande
valor educativo, promove a capacidade de recriar espaços e de discutir as trans- Recorde-se a atenção que os programas angolanos dão ao globo. A valoriza-
formações a introduzir no território em que vivemos. ção do trabalho com mapas surge, desde logo, na exploração de um conhecido
atlas angolano, bastante divulgado em Benguela, em O Atlas Geográfico – uma
As nossas propostas de trabalho estão fundamentalmente estruturadas em
janela sobre o mundo. Nesta ficha, não nos limitamos à mera leitura de informa-
fichas informativas e, principalmente, em fichas de trabalho. Esta opção deve-se
ção cartográfica como à análise da inter-relação dos fenómenos, ao encontro
ao facto de facilitar o trabalho escolar de formação de formadores e propiciar
do conhecido e importante princípio da causalidade geográfica, que sublinha
uma mobilização flexível, de acordo com os contextos de aprendizagem e vai ao
a interdependência dos fenómenos. A ficha seguinte, Geografia: ler um mapa,
encontro das solicitações que nos foram efectuadas de uma forte componente
descobrir um território, centra-se na exploração de um mapa corográfico de um
prática, também por parte da Direcção da EMPB.
território de características contrastadas, disponível na EMPB, e decorre directa-
A primeira ficha, sobre Geografia: o que és, pretende apoiar a discussão em mente do trabalho efectuado com os professores desta instituição, que são seus
torno dos objectivos da discussão geográfica – essencial à formação de profes- co-autores; a selecção de localizações concretiza a perspectiva de uma interven-
sores. A ficha que se segue, tenta aprofundar a reflexão sobre os objectivos do ção prática sobre o território.
ensino da Geografia, a partir de algumas questões sobre a Carta Internacional
Em Um mundo de paisagens, concretiza-se uma proposta também desenvolvi-
da Educação Geográfica, documento cuja leitura se estimula, bem como de out-
da na EMPB, que apela à observação e valorização das paisagens, à utilização das
ros documentos sobre ensino de Geografia; desde há anos, encontra-se em dis-
novas tecnologias e que, por último, repete o confronto de opções territoriais.
cussão a revisão da Carta Internacional, mas não se altera, no essencial, o seu
Seleccionaram-se paisagens contrastadas e significativas para os alunos. Estas
conteúdo. A ficha seguinte, O nosso Mundo – as nossas representações, apela à
mesmas paisagens são disponibilizadas em ficheiro informático. Por último, em
exteriorização das representações territoriais por parte dos professores em for-
Descobrir e viver o estado do tempo!, apela-se ao trabalho de campo no meio local,
mação; cada um valorizará de forma diferente territórios e atributos dos mesmos
em torno dos aspectos ambientais; utilizam-se instrumentos de grande interesse
e este levantamento ajuda a tomar consciência das suas próprias percepções e
escolar e didáctico, numa proposta que se espera ver retomada nas práticas de
a respeitar as representações do outro – ao encontro do que Daudel (1996) des-
formação.
igna com uma “Didáctica da Alteridade” no ensino de Geografia1. Naturalmente,
subjaz também a esta proposta o princípio do isomorfismo na formação de pro- Acreditamos que a implementação de actividades de aprendizagem apoiada
fessores. Esta ficha foi aplicada na EMPB e também em Portugal, junto de profes- nas propostas aqui formuladas permitirá a sua reapreciação e reformulação das
mesmas. Este é trabalho a que estamos atentos e fundamental para a validação
1 DAUDEL, C. (1996) - A Geografia e o seu ensino: para uma didáctica de alteridade. Conferência das propostas didácticas aqui formuladas.
apresentada ao Encontro Nacional de Professores de Geografia, Lisboa, pol.
2
LHO
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D E
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26 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola Metodologia do Ensino da Geografia | Geografia, uma disciplina de cidadania global • 27

vegetação…) como dos aspectos humanos (a população, as actividades económicas,


os transportes, etc).
Escola do Magistério Primário de Benguela Assim, a Geografia estuda a localização dos
Ficha de Trabalho fenómenos físicos e humanos à superfície
da terra (Fig. 2).
Geografia, o que és? A primeira pergunta que colocamos em
Geografia é Onde?
Nome:__________________________________ Nº_____ Ano/Turma____
. Onde se encontram as grandes montanhas
do mundo?
. Onde se localizam os vários climas?
. Onde há maior poluição? Fig. 2 – A localização de fenómenos físicos e
. Onde ocorrem os sismos e vulcões? humanos
. Onde se concentra a população mundial?
. Onde se localizam os principais aeroportos?
. Onde há pessoas com fome?
. Onde há uma boa assistência médica?
. Onde é difícil aceder à internet?
A localização é, assim, a primeira preocupação da Geografia.

Fig. 1 – A Geografia descreve a terra Para localizar os fenómenos, os geógrafos constroem mapas. Os mapas são
representações planas da superfície da terra com a localização dos fenómenos.
1.Todos nós já ouvimos falar de Geografia, bem como de outras ciências. Na tua opinião, Nas aulas de Geografia, nos manuais escolares, nas enciclopédias, os mapas estão
o que estuda a Geografia? sempre presentes (Fig. 3). Mas a Geografia não se
__________________________________________________________________ limita a descrever a localização dos fenómenos.
Como qualquer ciência, a Geografia quer conhecer
__________________________________________________________________ as causas da distribuição dos fenómenos, o porquê
__________________________________________________________________ das localizações.
Em Geografia, fazem-se perguntas como:
Geografia é formada a partir de duas outras palavras:
Geo - terra . Porque se localizam aqui os climas frios?
grafia – escrita, descrição . Porque há uma grande poluição atmosférica neste
local?
2. O que significa, então, a palavra Geografia? . Porque acontecem aqui grandes sismos e vulcões?
__________________________________________________________________ (Fig. 4)
__________________________________________________________________ . Porque se concentra tanta população neste local?
. Porque têm fome as populações daquele país?
__________________________________________________________________
. Porque não conseguem aceder à internet muitos
Esta descrição tem a preocupação de localizar os fenómenos à superfície da terra. dos jovens daquele continente? Fig. 3 – Os mapas ajudam a localizar
Os geógrafos (os especialistas em Geografia) não estudam o que ocorre no interior do
planeta ou a muitas centenas de quilómetros de altitude, longe do local onde habitamos.
A Geografia descreve a localização tanto dos aspectos físicos (o clima, o relevo, a
28 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola Metodologia do Ensino da Geografia | Geografia, uma disciplina de cidadania global • 29

3.Assim, como já percebeste até agora, a Geografia A Geografia localiza os fenómenos físicos e humanos à superfície da terra, explica
procura (assinala a resposta correcta): esta localização e tenta resolver os problemas sociais e ambientais, para que cada
povo e cada pessoa tenham condições de vida dignas no local que habita – qualquer
†† localizar os fenómenos à superfície da terra e explicar que seja o ponto do planeta onde se encontram.
esta localização.
5. Tens de explicar a um teu colega a utilidade da Geografia. De forma breve, indica para
†† explicar as causas dos fenómenos e localizá-los.
que serve a Geografia.
†† explicar a localização dos fenómenos e indicar, de-
pois, a sua localização. __________________________________________________________________
__________________________________________________________________
Fig. 4 – Porque há vulcões Esperamos que tenhas dado a resposta correcta1. Para
__________________________________________________________________
aqui? além destas duas preocupações, a Geografia tem ainda
uma terceira.

Quando localizamos, descobrimos problemas ambientais e sociais. A Geografia


procura ajudar a resolver os problemas, para que todos os povos tenham acesso a uma
vida digna.
Esta é uma tarefa que tem a ver com todos nós, em especial os mais jovens, que se
devem preocupar em construir um futuro melhor.

A Geografia não se limita a identificar problemas: procura soluções para os mesmos.


Assim, a Geografia localiza e explica os fenómenos, após o que lança a questão O que
fazer?
Por isso, em Geografia são colocadas perguntas como:

. numa região de clima frio, o que se pode plantar na terra?


. nas áreas sísmicas, que cuidados devem ser tomados na
construção das habitações?
. o que fazer para diminuir a poluição naquele local? Fig. 6 – A Geografia preocupa-se com os povos de todos os continentes
. naquela cidade, como se pode melhorar a circulação das
A Geografia preocupa-se com todos os povos, de todos os continentes (Fig. 6).
pessoas e dos carros?
. que iniciativas tomas para combater a fome naquele país?
. como melhorar a assistência médica daquela população?
. o que é necessário para melhorar o acesso à internet Fig. 5 – Há internet?
naquela região? (Fig. 5)

Podemos, pois, completar a definição anterior de Geografia.


4. Assim, a Geografia procura (assinala a resposta correcta):

†† localizar os fenómenos e indicar os problemas encontrados.


†† localizar, explicar a localização e resolver os problemas encontrados.
†† explicar a localização dos fenómenos e indicar os problemas encontrados.
Vamos fazer Geografia. Temos muito que fazer!
1 Primeira opção
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4. Ao indicar-se A Contribuição da Geografia para a Educação, qual a primeira atitude/


Escola do Magistério Primário de Benguela valor que se pretende desenvolver com a educação geográfica?
Ficha de Trabalho
__________________________________________________________________
A Carta Internacional da Educação Geográfica __________________________________________________________________
__________________________________________________________________
Nome:__________________________________ Nº_____ Ano/Turma____

A Carta Internacional da Educação Geográfica foi


elaborado pela Comissão da Educação Geográfica da
União Geográfica Internacional em 1992, está traduzida
em português (Fig. 1) e constitui o principal documento
utilizado em todo o mundo sobre o ensino de Geografia.

Na página 5 da Carta Internacional, são identificados os


principais documentos em que esta se apoiou.

1.Quais os dois primeiros documentos em que se apoiaram


os autores da Carta Internacional da Educação Geográfica?
___________________________________________ Fig. 1 – A Carta Internacional
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

2.Em “Desafios e Respostas”, são referidas diversas questões com importância geográfica.
Indica as seis principais questões mencionadas na Carta.
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

3. Nas “Questões e Conceitos em Geografia”, identifica-se a primeira pergunta que os


geógrafos colocam. Qual é?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

A Carta Internacional deve ser lida com atenção, bem como outros documentos sobre o
ensino de Geografia. Boas leituras!
32 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola Metodologia do Ensino da Geografia | Geografia, uma disciplina de cidadania global • 33

Escola do Magistério Primário de Benguela Escola do Magistério Primário de Benguela


Ficha de Trabalho Ficha de Trabalho

O nosso Mundo – as nossas representações A localização

Nome:__________________________________ Nº_____ Ano/Turma____ Nome:__________________________________ Nº_____ Ano/Turma____

Cada um de nós olha para o local onde vive, para o seu país, para o seu continente, 1.Estás perdido?
para o mundo em que vive, de uma maneira diferente. Cada um constrói a sua própria Sabes qual é a superfície do nosso planeta Terra? 510 milhões de quilómetros quadrados.
representação. As representações são a forma como cada um encara os territórios onde É difícil imaginar o que isso significa!
vive. Perante distâncias tão grandes (ou mais pequenas), não nos podemos perder. À
medida que a nossa mobilidade aumenta, com o desenvolvimento dos transportes,
Dirigimo-nos para os locais que preferimos e evitamos aqueles de que temos uma mais importante é sabermos onde estamos e onde se encontram os lugares para que
representação negativa. Por isso, é importante conhecermos as representações que nos deslocamos. Temos de nos localizar: identificar os lugares onde estamos ou que
cada um de nós possui dos lugares que habita! procuramos.

1. Aponta, agora, cinco palavras que descrevam África. 2. A rosa dos ventos
___________________ ___________________ _____________________ Efectua-se uma localização relativa quando se indica a posição de um lugar em
___________________ ___________________ relação a outro. Se te perguntam onde fica uma oficina de motorizadas e respondes
“Fica mesmo à nossa frente, atravessando esta praça”, estás a forncer uma localização
2.Indica cinco palavras que, na tua opinião, ajudem a caracterizar a Europa. relativa.
Para ajudar nessa localização, ao longo dos séculos, a humanidade sentiu necessidade
___________________ ___________________ _____________________
de criar pontos de referência comuns, que todos conhecessem. É assim que surgem os
___________________ ___________________ pontos cardeais.

3. Identifica três países em que gostarias de viver.


___________________ ___________________ _____________________

4. Aponta, agora, três países em que não gostarias de viver no futuro.


___________________ ___________________ _____________________
Figura 1 – Os pontos cardeias
5. Quais são, para ti, as cinco cidades mais importantes à escala mundial?
___________________ ___________________ _____________________ Há quatro pontos cardeais:
___________________ ___________________ . Norte, que aponta para o Pólo Norte. Identifica-se, simplificadamente, por N.
. Sul, que nos conduz ao Pólo Sul (S).
. Este, Leste ou Nascente (E).
. Oeste, Ocidente ou Ocaso (O ou W, do inglês west).

Quando um lugar se localiza a norte de outro, podemos dizer que ele é setentrional ou,
Agora, compara as tuas respostas com as dos teus colegas. Ficas a conhecer melhor a quando se encontra a sul, tem uma localização meridional. Há ainda outras designações
forma como os teus colegas encaram o mundo em que vivem e o olhar que tu próprio menos utilizadas.
tens sobre o mundo em que vives!
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Porque se identifica o Este de Nascente e o Oeste de Poente? Provavelmente, já Vamos supor que vais construir uma casa. A negro estão assinaladas as janelas principais.
adivinhaste. Pretendes ter sol:
- no quarto, ao acordares
- na cozinha, quando almoças
- na sala, ao fim da tarde


3. Indica o nº que identifica as divisões
que vais escolher:
Quarto ____
Cozinha ____
Sala ____

Figura 2 – A orientação pelo Sol, devida à rotação da Terra

A terra não está parada durante o dia. Dá uma volta completa sobre si mesma - 4. Supõe que queres plantar flores no exterior de casa e que estas preferem a sombra,
movimento de rotação. Assim, o sol surge com diferentes posições durente o dia: têm dificuldade em sobreviver perante um sol forte. Onde as vais cultivar? Justifica.
. Este ou Nascente, quando nasce o Sol, de manhã.
__________________________________________________________________
. Oeste ou Poente, é onde se “põe” o sol, ao fim do dia.
Ao longo do ano, o sol nunca se afasta muito do Equador. Assim, ao meio dia, quando __________________________________________________________________
o sol está mais elevado no horizonte, no hemisfério sul ele está a norte, indica o Norte.
__________________________________________________________________
Mas não bastam os pontos cardeais, são igualmente necessários os pontos colaterais.
A bússola
1.Eles são oito e tu vais ajudar-nos a completar a sua identificação:
O sol ajuda a nossa orientação. Contudo, para uma localização mais fácil e rigorosa, de
. Nordeste - entre o Norte e o Este. Representa-se, simplificadamente, por NE.
dia ou de noite, utilizamos um pequeno aparelho, a bússola.
. Sudeste (ou Sueste) - entre o Sul e o Este. Representa-se por .
É um aparelho muito antigo e simples, que se pensa ter sido descoberto pelos chineses.
. Sudoeste - Entre o Sul e o . Representa-se por SO ou SW.
Tem desenhada uma rosa dos ventos e possui uma agulha, cuja ponta vermelha é
. Noroeste – Entre o Norte e o Oeste. Representa-se por NO ou .
atraída para o Norte Magnético. Ele não coincide totalmente com o Norte Geográfico
(Pólo Norte). Em Angola, o Norte Geográfico está a 10o/12o este do Norte Magnético
2. Completa, agora, a rosa dos ventos, com as iniciais dos respectivos pontos cardeais e
(esta diferença é designada de declinação magnética).
colaterais (no final, podes pintar com diferentes cores).
Na tua Escola poderão existir bússolas. Pede ao teu professor para utilizar uma bússola.
Com os teus colegas, coloca a bússola numa mesa e identifica a localização do Norte, a
partir do que reconheces os restantes rumos da Rosa dos Ventos.

5. Para onde estão orientadas as janelas da tua sala de aula? Em função dessa orientação,
hé alguma altura do dia em que o sol incide com maior intensidade? Qual?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

Figura 3 – A rosa dos ventos


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O Google Earth

O Google Earth é um programa de localização disponível na internet. É utilizado e todo


o mundo e pode-se aceder ao mesmo em http://earth.google.com.
As imagens que apresenta são construídas a partir de fotografias de satélite, fotografias
aéreas (de avião) e sistemas de informação geográfica. Podemos identificar lugares,
construções, calcular distâncias, etc.

7. Na figura 7, que representa a superfície da terra a 14164m, que continentes visualizas?


__________________________________________________________________

8. A figura 8 é de uma imagem altitude menor, de 2350km. Quanto mais próxima é a


fotografia (assinala com X a resposta correcta):

†† mais extensa é a superfície representada e maior é o pormenor.


Figura 5 – Uma bússola com a declinação magnética de Angola †† menor é a superífice representada e maior é o pormenor.
†† menor é a superfície representada e menor é o pormenor.
O GPS
Beneficiando da informática, estão a ser cada vez mais utilizados os GPS - abreviatura de
Seleccionaste a resposta correcta?1. Quando varia a altura a que é obtida a fotografia,
Global Positioning System (inglês)/Sistema de Posicionamento Global.
varia a sua escala.
Em volta da Terra estão 24 satélites artificiais que enviam sinais de rádio. Com estes sinais,
os GPS calculam a localização dos lugares onde se encontram.
Os GPS estão a ser particularmente utilizados nos carros, indicando aos condutores
as estradas a utilizar para chegar ao destino pretendido. No entanto, também podem
ajudar a indicar o percurso de quem anda a pé, por exemplo.

Figura 6
– Um GPS

6. No futuro, os carros novos virão todos equipados com o GPS? Qual a tua opinião?
__________________________________________________________________ Figura 7 – Uma imagem do planeta
__________________________________________________________________ Fonte: http://www.google.com/earth/

__________________________________________________________________
1 Segunda opção
38 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola Metodologia do Ensino da Geografia | Geografia, uma disciplina de cidadania global • 39

Na Figura 7, observam-se vários continentes (um deles de forma incompleta). Para cada Aproximemo-nos mais de Benguela (figura 9, na página segunte). Estamos a uma altitude
país, só se visualiza a respectiva fronteira. Na Figura 8, surgem duas outras informações: de vizualização de 377 km de altitude, portanto muito mais próximos.
o nome do país e a localização da respectiva capital.
11. Já te deslocastes a alguma das localidades indicadas no mapa? Quais?
Estas duas fotografias têm escalas diferentes. A escala é a relação entre as dimensões __________________________________________________________________
na realidade e na representação – neste caso, a imagem s continentes ou dos países.
__________________________________________________________________
Uma escala é tanto maior quanto maior for o pormenor com que é representado o
território. __________________________________________________________________
__________________________________________________________________
9. Assim, qual das imagens, da figura 7 ou da figura 8, tem uma maior escala?
__________________________________________________________________
12. No caso de já teres visitado, o que gostastes mais de ver (e também podes dizer do
que gostastes menos, claro!). Se preferires, indica o que aprecias mais em Benguela ou
Vamos agora fazer localizar os países vizinhos de Angola em relação ao seu território
noutra localidade que conheças.
(sem Cabinda) – Figura 8.
_________________________________________________________________
10. A República Democrática do Congo localiza-se a norte e nordeste. __________________________________________________________________
A Zâmbia localiza-se a ______________________________.
__________________________________________________________________
A Namíbia localiza-se a ______________________________.
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

Figura 8 – Angola e países vizinhos


Figura 9 – Benguela e territórios mais próximos
40 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola Metodologia do Ensino da Geografia | Geografia, uma disciplina de cidadania global • 41

13. Dos locais identificados no mapa, indica um que gostarias de visitar proximamente. De seguida, desloca o cursor para o Lobito e faz um novo clique. Uma linha amarela une
Qual o motivo especial para o quereres visitar? estas cidades.
__________________________________________________________________
16. Qual a distância entre em linha
__________________________________________________________________ recta (ou em “voo de passáro”, como
se costuma dizer) entre Benguela e
__________________________________________________________________
Lobito?
____________________________
14. Em relação a Benguela, qual a localização de:
17. A que se deve a diferença entre a
. Cassongue _____________ distância por estrada e a que agora se
. Huambo _______________ calculou?
. Caluquembe ____________ ____________________________
. Baía Farta ______________ _____________________________
____________________________
Fica agora o desafio para que tu próprio faças mais pesquisas com o Google Earth.
_____________________________
Aqui fica uma sugestão concreta: calcular a distância entre Benguela e Lobito, primeiro
por estrada, depois em linha recta. _____________________________

A.Cálculo de distância por estrada 18. Qual o único modo de transporte


por que, em condições excepcionais,
Coloca a imagem a uma altitude aproximada de 50k, vizualizando tanto a cidade de seria possível efectuar o percurso que
Benguela como de Lobito. No canto superior esquerdo, carrega em “Trajectos”. Na agora assinalaste?
primeira janela, “De…“, escreve Benguela. Na segunda janela “Para…”, escreve Lobito. _____________________________
De seguida, carrega na lupa de pesquisa (figura 10). __________________________________________________________________

19. Calcula, agora, a distância entre Benguela e outro local que selecciones. Indica não só
a distância como o transporte que utlizarias na tua deslocação.
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
Figura 10 – Pesquisa de trajecto entre Benguela e Lobito
__________________________________________________________________
Abre-se uma janela por baixo, com indicações do trajecto, e no final, se surge o total de __________________________________________________________________
quilómetros percorridos e o tempo aproximado do percurso.

15. Qual a distância por estrada? ___________ E o tempo de viagem? ____________

B.Cálculo de distância em linha recta

Vai à barra “Ferramentas”, selecciona “Régua”. Desloca o cursor (com o “rato”) para a bola
vermelha que localiza Benguela, e clica uma vez (aparece-te inicialmente uma pequena
bola verde). Obrigado e continuação de bom trabalho!
42 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola Metodologia do Ensino da Geografia | Geografia, uma disciplina de cidadania global • 43

1.Quais os continentes que, na totalidade ou em parte, consegues identificar ver na face


Escola do Magistério Primário de Benguela do globo que está exposta (Fig. 2)?
Ficha de Trabalho __________________________________________________________________

O Globo – um instrumento de trabalho 2.No globo, foram agora destacados dois países
africanos (Fig. 3). Quais?
Nome:__________________________________ Nº_____ Ano/Turma____ __________________________________
__________________________________

Como sabes, a terra é redonda, tem a forma de uma esfera. O globo é a forma mais 3. Na fig. 4, estão assinalados os cinco Países
correcta de a representar (Fig. 1) – por isso, o globo surge sempre nos cabeçalhos destas Africanos de Língua Oficial Portuguesa/PALOPs.
fichas de Geografia. Se necessário com a ajuda de um mapa, Indica
os respectivos nomes.
__________________________________________ Fig. 3 – Um globo em branco
__________________________________________

Fig. 4 – Os Países
Africanos de
Fig. 1 – O globo Língua Oficial
Portuguesa/
Vamos utilizar agora um globo especial: um globo onde estão assinalados os continentes PALOPs
e os países e principais rios (Fig. 2).
Este globo tem o fundo branco, para que nele possas marcar e destacar o que quiseres, 4. No globo, foi agora assinalada a bacia de um importante
com uma marcador apropriado (Fig. 2 e Fig. 3). rio africano (Fig. 5). Consulta mapas, fala com os teus colegas
e o professor. Qual o nome deste rio?
________________________________________

Tens acesso a este globo?


Limpa com um pano o que está marcado. Com os teus
colegas, assinala países e rios de todos os continentes, com
a preocupação de identificares os respectivos nomes.

Fig. 5 – Bacia de um
importante rio africano
Fig. 2 – Um globo de fundo branco Aprende Geografia, de uma forma divertida!
44 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola Metodologia do Ensino da Geografia | Geografia, uma disciplina de cidadania global • 45

3.Vários rios marcam a fronteira com outros países. Indica o nome dos rios que ajudam a
definir a fronteira de Angola:
Escola do Magistério Primário de Benguela
Ficha de Trabalho a) a noroeste, com o Zaire (entre Soyo e Nóqui). _________________________

O Atlas Geográfico uma janela sobre o mundo b) a leste de Icoca e Mangando, também com o Zaire. ___________________________

Nome:__________________________________ Nº_____ Ano/Turma____ c) a nordeste, ainda com o Zaire. _________________________________________

d) a sudeste, com a Zâmbia. _____________________________________________

e) a sudoeste, com a Namíbia. ___________________________________________

Confronta, agora, as tuas respostas com as dos teus colegas e do professor.

4. Há um importante rio africano que nasce na Zâmbia, atravessa território angolano


e recebe importantes afluentes angolanos, regressa à Zâmbia e desagua no Índico, na
costa moçambicana. Qual o nome deste rio?
__________________________________________________________________

5.O rio Cuanza é um outro importante rio angolano. Descreve, de uma forma geral, o seu
trajecto, desde a sua nascente no planalto do Bié.
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
Fig. 1 – Atlas Geográfico, da República Popular de Angola (1983), vol. 2
6.Quem viajar entre Benguela e o Lobito, que rio tem de atravessar?
O Ministério da Educação de Angola publicou, em 1983, um conhecido Atlas Geográfico, __________________________________________________________________
que nos ajuda a conhecer o território do Mundo, de África e de Angola.
Um atlas é um livro que reúne um conjunto organizado de mapas, podendo ainda ter 7.O Atlas também nos fornece informações sobre a vegetação que domina nos vários
outras informações complementares. territórios. Assim, e com base na legenda, identifica o tipo de vegetação dominante:
a) no norte de Cabinda.
1.Abre o Atlas no Índice e completa o quadro 1. __________________________________________________________________

Quadro 1- Territórios cartografados no Atlas Geográfico b) no extremo nordeste, junto ao rio Cassai.
Angola África __________________________________________________________________

c) no extremo sudeste, em Luiana.


__________________________________________________________________
2.Observa o mapa Angola: Meio Geográfico (pág. 4 e 5). No limite norte (em Cabinda), no
seu limite oriental e no limite sul vamos encontrar três localidades, cujo nome se inicia d) a sul de Benguela (prolongando-se até à fronteira com a Namíbia).
por M. Indica os respectivos nomes. __________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
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O mapa de Angola tem uma escala numérica de 1: 5 000 000. Este número dá-nos o 12.Não conheces Maputo, mas supõe que irias passear pela cidade. Que locais gostarias
número de vezes que a dimensão na realidade é superior à dimensão na representação de visitar (exemplo: o centro histórico; avenidas junto à praia; centros comerciais; fábricas;
(neste caso, o mapa). Assim, 1 centímetro no mapa representa 5000000 cm na realidade. bairros fora da cidade, onde reside muita da população que nela trabalha, etc)?
Este valor é equivalente a 50 km, como se pode ler na escala gráfica - segmento de recta
__________________________________________________________________
onde se indica o valor a que corresponde a sua dimensão, na realidade.
__________________________________________________________________
8. Recorda que 1 cm no mapa representa 50 km na realidade. Supõe que fazes uma
viagem de avião entre Benguela e Namibe, a sul. Quantos quilómetros percorres 13. Que locais terias menor interesse em visitar? Justifica.
aproximadamente (apresenta os cálculos)?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
9. Em Benguela, termina uma importante linha de caminho de ferro, precisamente a
Linha de Benguela. 14. Em Angola e de Moçambique, as produções minerais obtidas do subsolo são
Percorre a Linha de Benguela até à fronteira com o Zaire e indica o nome das duas diferentes. Quais as mais frequentes num e noutro país?
capitais de província (consulta a legenda) por onde passa esta Linha e que possuem um
__________________________________________________________________
aeroporto.
__________________________________________________________________ __________________________________________________________________

Consulta, agora, os mapas das páginas 6 e 7. São mapas temáticos: representam diversos 15. A escala do mapa da África Austral (pág. 7) é de 1: 25 000 000. A escala de um mapa é
assuntos/temas (daí, a designação de temáticos), como a divisão política, a distribuição tanto maior quanto mais detalhe/pormenor permitir. Assim, comparando com o mapa
da população, das actividades económicas, etc. de Angola (pág. 5-6), o mapa da África Austral tem uma escala:

10.Partindo de comboio de Benguela, poderás deslocar-te a Maputo, em Moçambique. †† a) maior, pois fornece mais informação de um território mais pequeno.
Com base no mapa da página 7 (e também do mapa da página anterior), identifica os †† b) menor, pois dá menos informações e representa uma área mais extensa.
países que irias atravessar até alcançar a capital moçambicana.
†† c) semelhante ao mapa de Angola, pois apresenta as mesmas informações.
__________________________________________________________________
Na parte superior da página 10, há um mapa sobre “Precipitação Anual, Correntes
Oceânicas” em África.
As maiores precipitações ocorrem nas regiões próximas do Equador. Quando nos
afastamos, para norte e para sul, as precipitações tendem a diminuir. Há regiões
desérticas, como o Sara, a norte, mas também a sul, com início em Benguela – é o
deserto de kalahari.

As regiões junto aos oceanos são habitualmente húmidas, devido à influência dos ventos
Fig. 2 – A cidade do Maputo (http://www.xiconhoca.org/cidadedemaputo) marítimos. O que levará a que haja desertos ou regiões muito secas junto ao oceano,
como sucede em Benguela?
11.Como sabes, em Maputo também se fala em português, o que te permitiria falar
facilmente com as restantes pessoas. Regressemos a Moçambique e observemos,
Indica três perguntas que gostarias de fazer quando chegasses a Maputo e pudesses também, o Golfo da Guiné, duas regiões onde as
falar com algum dos seus habitantes, para conhecer melhor a realidade geográfica da precipitações são elevadas. Em ambas faz-se sentir
cidade. a influência de uma corrente marítima quente.
__________________________________________________________________ Devido às temperaturas elevadas, a água evapora-
__________________________________________________________________ se para a atmosfera, o ar aquecido eleva-se e,
carregado de vapor de água, arrefece e dá origem Fig. 3 – Formação de chuva com as
__________________________________________________________________ a chuvas. correntes marítimas quentes
48 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola Metodologia do Ensino da Geografia | Geografia, uma disciplina de cidadania global • 49

16. Observemos agora as correntes marítimas que influenciam, no Atlântico norte, o Há um país africano que apesar de se localizar maioritariamente no deserto do Sara, tem
deserto do Sara e a sul a costa de Benguela para sul – podes também encontrar esta grandes concentrações de população: o Egipto.
informação nos dois mapas de Temperaturas, Correntes Oceânicas, da página 49. Como
são se classificam as correntes marítimas, como a corrente de Benguela? 22. Observando o mapa de distribuição da população mundial, mas consultando
__________________________________________________________________ também os das páginas 8-9 ou a fotografia de satélite da Fig. 1, o que ajudou a contrariar
a falta de água das chuvas no Egipto?
17. Se estas correntes são frias, não há evaporação e o ar é arrefecido, pelo que não sobe
__________________________________________________________________
– logo, não há condições para a formação de chuva. Na realidade, o deserto que surge
de Benguela para sul deve-se a\à _________________________________________. __________________________________________________________________

As regiões mais secas não são favoráveis à presença da população, como se observa no Confronta agora a tua resposta com a do teu colega mais próximo. Têm as mesmas
Sara, no grande deserto australiano, etc (pág. 56-57, O Mundo: População). opiniões? Em caso de dúvida, fala com o teu professor.
Ao contrário, no Sudeste da Ásia (Japão, China, Índia e Indochina) ou na Europa, com
abundância de água, há grandes concentrações de população. O rio que atravessa o Egipto é o Nilo, um dos maiores do mundo. Tem as suas nascentes
na região húmida dos Grandes Lagos. Ao dirigir-se para norte, encontra o deserto do
18. Em África, de uma forma geral, como é a distribuição da população nas áreas mais Sara, o mais extenso do mundo.
húmidas (consulta também o mapa da População, pág. 8)? Podes imaginar o espanto dos egípcios em relação a este grande rio que surgia no
__________________________________________________________________ deserto, sem se saber onde nascia, e que permitia cultivar os campos e obter alimentos,
para além da própria água. Chegavam a considerar este rio um deus!
19. Observa, agora, as correntes marítimas que influenciam, no Atlântico
norte, o deserto do Sara e a sul a costa de Benguela para sul – podes Podemos fazer também uma outra leitura do Nilo: é a África Oriental, mais húmida, que
também encontrar esta informação nos dois mapas de Temperaturas, fornece água à África do Nordeste, desértica, através do Nilo. Não é um milagre, mas é
Correntes Oceânicas, da página 49. Como são se classificam as correntes um excelente exemplo de colaboração entre regiões africanas de climas diferentes.
marítimas, como a corrente de Benguela? A natureza frequentemente parece colaborar entre si.
______________________________________________________
23. No sul do Egipto, a seguir ao Lago Nasser, surge no Nilo uma das maiores barragens
20. Se estas correntes são frias, não há evaporação e o ar é arrefecido, do mundo. Indica o respectivo nome (mapa da página 9).
pelo que não sobe – não há condições para a formação de chuva. A que __________________________________________________________________
se deve, então, o deserto que surge de Benguela para sul?
Esta barragem está a provocar um grave problema ambiental: a retenção de muitos dos
_____________________________________________________
sedimentos (areias, barros, etc) que, no passado, eram depositados no delta do Nilo.
______________________________________________________ Como deixaram de o ser, o Mar Mediterrâneo tende a avançar sobre a foz do rio, com
forte ocupação humana.
______________________________________________________
Ao desaguar, o rio Nilo divide-se em vários canais e ganha a forma da letra grega Delta
(Δ). Por isso, se diz que um rio desagua em delta quando se divide em vários canais na
As regiões mais secas não são favoráveis à presença da população, como
sua foz (parte terminal).
se observa no Sara, no grande deserto australiano, etc (pág. 56-57, O
Este é um dos maiores deltas do mundo, que se estende de Alexandria, a oeste, a Porto
Mundo: População).
Said, a este, e tem início a sul, na conhecida capital do Egipto.
Ao contrário, no Sudeste da Ásia (Japão, China, Índia e Indochina) ou
na Europa, com abundância de água, há grandes concentrações de
24. Qual o nome da capital do Egipto? _____________________________________
população.
25. Como se referiu, o Nilo nasce na região húmida dos Grandes Lagos e corre para norte,
21. Em África, de uma forma geral, o que se observa quanto à distribuição
atravessa o deserto até alcançar o mar.
da população nas áreas mais húmidas (consulta também o mapa da
Com a ajuda dos mapas de África do teu Atlas, que nos falam também da vegetação e
População, pág. 8)?
das produções, imagina uma viagem ao longo do rio Nilo. Faz-nos um pequeno relato
Fig. 4 – O vale ______________________________________________________
da mesma.
do Nilo
50 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola Metodologia do Ensino da Geografia | Geografia, uma disciplina de cidadania global • 51

__________________________________________________________________
__________________________________________________________________ Escola do Magistério Primário de Benguela
__________________________________________________________________ Ficha de Trabalho
_________________________________________________________________
Geografia: ler um mapa, descobrir um território
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________ Nome:__________________________________ Nº_____ Ano/Turma____

__________________________________________________________________

26. Observa os indicadores sócio-económicos em mapas das páginas 58 e 59. Compara a


Esta ficha pode ser resolvida individualmente ou em grupo.
situação de Angola com a restante continente africano. O que podes concluis?
Observa a Folha nº 5 (Lisboa), à escala 1:250 000, do Instituto Geográfico do
__________________________________________________________________ Exército/Portugal, disponível na EMPB.
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________ 1. Qual a data de publicação deste mapa (consultar o canto inferior direito)?
__________________________________________________________________

1.1.Na sua actualização, foi utilizada a informação de que satélite?


__________________________________________________________________

2. Identifica a escala numérica do mapa.


__________________________________________________________________

3. Atendendo à sua escala e ao território cartografado, como se designa este mapa


(assinala com X a resposta correcta)?:

†† a) planta
†† b) mapa topográfico
†† c) mapa corográfico
†† d) planisfério

4. Consulta a legenda e reproduz o símbolo da cidade sede de concelho e da vila sede


de concelho.

5. No território cartografado, qual a localização relativa do Oceano Atlântico em relação


ao território português?
__________________________________________________________________
6. No limite norte do mapa, identificamos a cidade e sede de concelho de Ourém. Indica
o nome da vila e sede de concelho com a mesma latitude.
A tua leitura do Atlas não terminou. Agora que o abriste e começaste a explorar, podes __________________________________________________________________
percorrer muitos outros territórios com auxílio dos seus mapas.

Uma boa viagem!


52 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola Metodologia do Ensino da Geografia | Geografia, uma disciplina de cidadania global • 53

6.1. Identifica, agora, a latitude aproximada das duas sedes de concelho referidas na 16. Indica, agora, o número da estrada que liga estas duas vilas.
questão anterior.
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
7. Três cidades têm uma longitude de quase 9o Oeste. Indica o nome de duas destas
cidades. 17. No vale do Tejo, a sudoeste de Santarém, há frequentes cheias no Inverno. O caudal
__________________________________________________________________ do rio aumenta devido às chuvas e estradas e casas são invadidas pela água. Justifica
esta situação, com base nas características do relevo.
8. Como se designa o pequeno arquipélago que se encontra a noroeste da Península de
__________________________________________________________________
Peniche (a reserva natural tem o nome do arquipélago)?
__________________________________________________________________ __________________________________________________________________

9. Identifica, agora, o nome do cabo localizado mais a ocidente. 18. Um aeroporto necessita de uma área extensa e plana. Tendo presente estas exigências,
__________________________________________________________________ indica o local que escolherias para a construção de um aeroporto localizado próximo da
capital portuguesa. Justifica a tua resposta.
10. Recordando que os rios desaguam em estuário ou em delta, identifica a forma da foz
__________________________________________________________________
do rio Tejo e do rio Sado.
__________________________________________________________________ __________________________________________________________________
__________________________________________________________________
11. Selecciona, com X, a orientação geral do rio Tejo:
__________________________________________________________________
†† a) Norte-Sul
†† b) Este-Oeste
†† c) Nordeste-Sudoeste
†† d) Nordeste-Sudoeste

12. Indica o nome das quatro cidades da margem direita do rio Tejo (duas são capitais de
distrito).
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

13. A nordeste, corre o rio Zêzere, onde foi construída uma barragem que assegura tanto
o fornecimento de água potável como de energia eléctrica a toda a região. Qual o nome
desta barragem?
__________________________________________________________________

14. Indica a altitude máxima da Serra de Aire (a norte de Santarém). Muito obrigado!

__________________________________________________________________ Os professores

15. Calcula a distância mínima, em linha recta, entre o centro de Salvaterra de Magos e Dália Afonso
Almeirim (na margem esquerda do Tejo). Daniel Paulo
Isabel Nduva
__________________________________________________________________
Jermaine André
__________________________________________________________________ Sérgio Claudino
54 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola Metodologia do Ensino da Geografia | Geografia, uma disciplina de cidadania global • 55

sobre o significado das fotografias ou qualquer outro assunto.


7. No quadro 1, deve-se registar o número de cada uma das fotos seleccionadas. Para
Escola do Magistério Primário de Benguela identificar a primeira paisagem seleccionada, pode-se escrever P0; a segunda paisagem,
Ficha de Trabalho P1, e assim sucessivamente. A ordem por que aparecem as paisagens é a decidida pelo
grupo.
Um mundo de paisagens
Quadro 1 – Paisagens seleccionadas
Nome:__________________________________ Nº_____ Ano/Turma____ Foto 1 Foto 1 Foto 1 Foto 1 Foto 1 Foto 1 Foto 1 Foto 1 Foto 1 Foto 10

O grupo já seleccionou as 10 paisagens preferidas? Vamos, então, passar à construção do


ficheiro de apresentação das mesmas.

B – CONSTRUÇÃO DO “POWER POINT”


1. Carrega, de novo, em “Iniciar”
2. Selecciona “Microsoft Office Power Point”
3. Coloca o cursor sobre o diapositivo 1.
4. Carrega na tecla “CTRL” (canto inferior esquerdo) e, ao mesmo tempo, na tecla M.
Aparece um novo diapositivo. Repete este gesto tantas vezes quanto as necessárias até
serem criados 12 diapositivos (no canto inferior esquerdo, surge “Diapositivo 12 de 12”).
Se pretenderes apagar um diapositivo, selecciona-o com o cursor e carrega em “DEL”
(delete=apagar).
Fig. 1 – Construindo uma sequência de paisagens em “power point” 5.Vais agora guardar o ficheiro que estás a criar. Carrega, em simultâneo, nas teclas
CTRL G
À superfície da terra encontramos diferentes paisagens, que a Geografia descreve e 6. Selecciona “Documentos”
interpreta. A partir de um conjunto de 50 fotografias, cada grupo de trabalho vai construir 7. Em “Nome de ficheiro”, escrever o nome próprio dos seus autores (ex: Daniel, Isabel,
uma sequência de 10 paisagens, utilizando o programa “power point”. Pretende-se, Lucrécia) ou outra identificação escolhida pelo grupo.
assim, estimular os futuros professores a construírem os seus próprios recursos escolares 8. Seleccionar “Guardar”.
informáticos. 9. Carregar na seta que, ao lado dos diapositivos, na parte esquerda, aponta para a parte
superior do écran, até alcançar o diapositivo “2”.
Cada grupo é constituído por três alunos (excepto em situações excepcionais) e 10. Seleccionar o mesmo diapositivo.
utilizará um dos computadores. O trabalho organiza-se em três fases. Acompanha a 11. Carregar em “Inserir” (canto superior esquerdo).
demonstração projectada no écran da sala. Utiliza sempre o botão esquerdo do “rato”. 12. Escolher “Imagem”.
13. Seleccionar “Documentos”.
14. Escolher “Paisagens”
FASE A - SELECÇÃO DE PAISAGENS 15. Seleccionar, agora, a primeira paisagem preferida pelo grupo.
1. Com o cursor, carregar no ícone de “Iniciar” (canto inferior esquerdo do computador). 16. Carregar em “Inserir”.
2. Seleccionar “Computador”. 17. Seleccionar o diapositivo “3”.
3. Carregar em “Documentos” 18. Repetir parte dos procedimentos anteriores, até ao diapositivo “11”:
4. Seleccionar “Paisagens” “Inserir” (canto superior esquerdo)
5. Escolher “Maximizar” (canto superior direito) “Imagem”
Agora, vão ser visualizadas 48 paisagens e escolhidas 10 destas. A selecção deve Seleccionar a fotografia/paisagem
contemplar paisagens diferentes entre si. “Inserir”
6. Com o cursor, fazer um duplo clique sobre a primeira fotografia (“Paisagens”). Na 19. No diapositivo “12”, seleccionar “Faça clique para adicionar texto”.
parte inferior da fotografia, carregar na seta “Seguinte (Seta para a Direita)”. Vai surgir 20. Carrega na tecla “BACK SPACE”.
a fotografia “Paisagens(2)” e assim sucessivamente. É possível questionar os professores
56 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola Metodologia do Ensino da Geografia | Geografia, uma disciplina de cidadania global • 57

21. Escrever a palavra “Fim”.


22. Para colocar a palavra no centro do diapositivo, carregar, em simultâneo, em
CTRL Y Escola do Magistério Primário de Benguela
23. Carregar três vezes na tecla “Enter”. Ficha de Trabalho
24. Escrever, agora, o nome dos membros do vosso grupo (primeiro nome e apelido).
25. Regressar ao diapositivo “2”. Descobrir e viver o estado do tempo!
26. Carregar em “Faça clique para adicionar título” e escrever um título curto para a
paisagem. Nome:__________________________________ Nº_____ Ano/Turma____
27. Regressar ao diapositivo “1”.
28. Escolher um título para a sequência de imagens. Colocar o cursor sobre “Faça clique
para adicionar título” e atribuir um título à sequência de imagens.
Hoje está frio ou está calor, o tempo está húmido ou está seco, há vento ou o ar está
29. Colocar, agora, o cursor sobre “Faça clique para adicionar um subtítulo” e escrever
calmo…
o local e a data da realização da apresentação (sugestão: Benguela, 4 de Julho de 2011)
30. Se pretender alterar o aspecto gráfico do título ou do subtítulo, seleccionar com
Estamos a falar do estado do tempo do local em que vivemos. Ele resulta da
o cursor os mesmos títulos ou subtítulos e procurar na janela A (na parte superior do
temperatura, da humidade, da pressão atmosférica, do vento...
écran, ao centro) a cor preferida. Se necessário, os professores ajudarão.
Há aparelhos próprios para medirem estes elementos atmosféricos. De uns talvez já
tenhas ouvido falar, como o termómetro, que mede a temperatura, de outros talvez não,
E pronto, está concluída a tua apresentação, que vai ser apresentada a toda a turma.
como o higrómetro, o barómetro ou o anemómetro. Alguns destes aparelhos estão por
Parabéns!
vezes reunidos numa pequena estação meteorológica (Fig. 1).
C – DIFERENTES PAISAGENS
Os grupos construíram diferentes sequências de paisagens e a uma mesma paisagem
atribuíram títulos variados. A que se deve esta diversidade de escolhas?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
Fig. 1 – Uma pequena estação meteorológica, com um termómetro, um barómetro
__________________________________________________________________ e um higrómetro

__________________________________________________________________
Vamos falar dos principais elementos do clima e dos
aparelhos que o medem.
O termómetro é o aparelho que mede a temperatura.
Em Angola, como na maior parte do mundo, a
temperatura é medida em graus centígrados/0C.
A água congela a 0 0C e ferve a 100 0C . Quando
medimos a temperatura atmosférica, utilizamos um
lugar à sombra,
ou seja, que não esteja a receber directamente a luz
Muito obrigado!
do sol.
Fig. 2 – Um termómetro
Sérgio Claudino
58 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola Metodologia do Ensino da Geografia | Geografia, uma disciplina de cidadania global • 59

1. Como sabes, a temperatura varia ao longo do dia. Desde o começo da manhã até à 6. Qual a humidade relativa indicada pelo higrómetro?
hora do almoço, como varia a temperatura?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
7. Com este valor, o tempo estará húmido ou seco?
2. E a partir do começo da hora do almoço, como evolui a temperatura?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
O elemento do clima de que vamos
3. Olha agora para o mostrador do termómetro da Fig. 2. Qual a temperatura do ar que agora falar é a pluviosidade/chuva.
regista? O aparelho que mede a pluviosidade
é o pluviómetro, também designado
__________________________________________________________________
por udómetro.
O pluviómetro é um aparelho muito
Um outro elemento do clima é a pressão atmosférica.
simples. É um pequeno funil aberto
A pressão atmosférica é a força que o ar exerce sobre
para cima, a fim de recolher a água
os corpos que estão à superfície da terra.
da chuva (Fig. 5).
Assim, por exemplo, se o ar está quente, fica mais leve
O valor da pluviosidade é a altura de
e exerce uma menor pressão. Ao contrário, se o ar
água caída, medida em milímetros/
está mais frio, fica mais pesado e a pressão é maior. A Fig. 5 – Um pluviómetro
mm. Em muitos dias não há qualquer
pressão atmosférica é medida em milibares e a pressão visto de cima e de lado
precipitação – o valor da precipitação
atmosférica normal é de 1013 milibares/mb.
é, então, de 0 mm.
O aparelho que mede a pressão é o barómetro.
A chuva é incómoda, molha-nos.
Contudo ela é muito importante.
Fig. 3 – Um barómetro

8. Fala com os teus colegas e o teu professor. Porque é importante


Habitualmente, não nos conseguimos aperceber da pressão atmosférica, como
a chuva?
conseguimos sentir se a temperatura é mais elevada ou mais baixa. Qual o interesse da
_________________________________________________
pressão atmosférica para o estado de tempo?
Quando a pressão atmosférica é baixa, habitualmente o tempo tende a estar chuvoso.
9. Em que meses do ano costuma chover mais?
Ao contrário, quando a pressão é elevada, o tempo tende a ficar seco.
__________________________________________________________________
4. Qual a pressão indicada pelo barómetro da Fig. 3?
O pluviómetro pode facilmente ser utilizado em
__________________________________________________________________
exercícios de orientação.
O pluviómetro é um aparelho alto. O sol ilumina-o e
5. Com essa pressão, o tempo estará seco ou chuvoso?
no chão surge a sua sombra (Fig. 6).
__________________________________________________________________ Recorda, agora, os pontos cardeais indicados pelo
sol:
Vamos agora utilizar o terceiro aparelho da nossa pequena ao começo da manhã – o Este
estação meteorológica, o higrómetro. ao meio dia – o Norte
O higrómetro mede a humidade relativa da atmosfera. ao fim da tarde – o Oeste
Indica-nos, assim, se o tempo está seco ou húmido. A
humidade relativa é medida em %. Se, por exemplo,
não existisse nenhum vapor de água, a humidade relativa
seria de 0%. Ao contrário, se já não fosse possível ao ar Fig. 5 – Um pluviómetro
e a sua sombra
conter mais vapor de água sem este passar ao estado
líquido, a humidade relativa seria de 100%. Fig. 4 – Um higrómetro
60 • Projecto de Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola Metodologia do Ensino da Geografia | Geografia, uma disciplina de cidadania global • 61

10.A sombra do pluviómetro indica o ponto cardeal contrário. Assim, a sombra aponta
para:
ao começo da manhã – o Oeste
ao meio dia – o __________________
ao fim da tarde – o ________________

11. Supõe que não sabes qual é a hora do dia. Com o auxílio da bússola, verificas que a
sombra aponta para Sul. A que hora te encontras, aproximadamente?
__________________________________________________________________

Vamos ainda falar de outro elemento do clima: o


vento. Há muito vento quando o ar se desloca a uma
grande velocidade. Ao contrário, costumamos dizer
que não há vento quando o ar está quase parado (o
ar nunca está parado!).
O vento é o ar em movimento.
Fig. 7 – Vamos para a rua
O aparelho que mede o vento é o anemómetro.
A velocidade em que é medida o vento é aquela
Para medires a temperatura, a pressão ou a humidade, deves utilizar um local à
que preferirmos. Quando há muito vento, mede-
sombra. Claro, podes sempre experimentar medir a temperatura à sombra e ao sol, para
se habitualmente o vento em quilómetros por
veres a diferença de valores. Os aparelhos devem estar aproximadamente à distância de
segundo, km/s
1,5 metro do solo e deves esperar aproximadamente 5 minutos para registares os valores
Fig. 6 – Um anemómetro
indicados nos vários aparelhos.
Por outro lado, se medires a temperatura, a pressão ou a humidade ao começo da manhã
O anemómetro escolar que vamos utilizar é constituído por quatro hastes, cada uma
ou ao começo da tarde vais obter resultados diferentes. Quanto ao vento, só o podes
com semi-esferas. O vento empurra essas esferas e a velocidade a que rodam dá-nos a
medir se este for um pouco mais forte e, claro, num local sem muros à volta.
velocidade do vento. Apesar de o ar se encontrar sempre em movimento, o anemómetro
escolar só roda quando o vento é um pouco mais forte.
13. Por isso, lançamos-te um desafio: com os teus colegas, mede os respectivos valores
num mesmo dia, ao começo da manhã e ao começo da tarde. Regista os valores e
12. E tu, gostas de dias com muito ou com pouco vento?
preenche a tabela que se segue.
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________ Começo da manhã Começo da tarde
Temperatura 0C
Mas regressemos à observação do estado do tempo. Sabes qual é a mais importante Pressão mb
descrição do estado do tempo? É aquela que cada um de nós é capaz de fazer.
13. Está frio? O ar está seco? Há vento? Há muito sol? Descreve o estado do tempo que faz. Humidade %

__________________________________________________________________ 14. Observa os dados que registaste. De manhã para a tarde, como variaram a
__________________________________________________________________ temperatura, a pressão e a humidade?

__________________________________________________________________ __________________________________________________________________

__________________________________________________________________ __________________________________________________________________

Mas vamos utilizar os nossos aparelhos! Vamos para rua. Mas há que ter alguns cuidados. Se puderes, repete as tuas observações noutros dias.

Parabéns. Agora compreendes melhor o ambiente em que vives!


3
O S
NE X
A
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