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GESA eXplica:
Tubulações de Polietileno para Saneamento

(*) Contribuição técnica do Eng. Civil Rone Antônio de Azevedo, 20/04/2023.

Crédito: Braskem, Catálogo de Resinas para Tubulações, 2018.

1) Quais as aplicações e vantagens do Polietileno em tubulações?

O Polietileno (PE) é uma resina de etileno, polímero termoplástico, desenvolvida em 1952 pela Hoechst
AG, na Alemanha, passando a ser utilizado na produção de tubulações para infraestrutura.
As primeiras resinas tinham baixa densidade, designadas por PE 32, 40 e 50, evoluindo para média
densidade na década de 1980 (PE 63 e PE 80) e alta densidade (PE 100) a partir de 1990.
O material é versátil e muito utilizado por vários países desenvolvidos nas redes de abastecimento de
água, drenagem pluvial, irrigação, esgoto, gás, energia e telecomunicações. Na Europa, por exemplo,
mais de 85% das novas redes distribuidoras de água e adutoras são executadas em Polietileno.
As tubulações são fabricadas por extrusão mecânica, mediante fusão da resina em flocos com adição
de pigmentos: azul ou preto com listras azuis (água e irrigação), preto com listras ocres (esgoto), laranja
(gás), preto liso (drenagem e eletricidade), preto com listras de várias cores (energia e telecom.).
O Polietileno de Alta Densidade (PEAD) possui várias vantagens comparativas para redes distribuidoras:
(1) alta resistência a impactos (8) longa vida útil, superior a 50 anos
(2) estabilidade química (9) leveza e flexibilidade
(3) resistência à abrasão (10) absoluta estanqueidade
(4) resistência ao fissuramento sob tensão (11) impermeabilidade a gases e vapores
(5) imunidade à corrosão (12) atoxidade (não libera substâncias tóxicas)
(6) baixo efeito de incrustação (13) facilidade de manuseio e instalação
(7) baixa rugosidade e menor perda de carga (14) excelente soldabilidade
(coeficiente C igual a 150, Hazen-Williams) (15) menor número de juntas

2) Por que, a despeito das vantagens, o Polietileno ainda é pouco utilizado em redes no Brasil?

A maior parte das redes no Brasil foi executada em tubos de ferro fundido, fibrocimento (amianto) e
concreto, em até 90% dos trechos em operação e conforme a região.

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As redes com Polietileno, PVC e PRFV (poliéster reforçado com fibras de vidro) são mais recentes e,
logicamente, têm extensão bem menor. Mas a tendência é aumentarem em escala nacional.
Diversos fabricantes nacionais produzem resinas e tubulações de Polietileno. Porém, o histórico do país
e a concorrência com fabricantes de materiais convencionais reduzem a percepção das suas vantagens.
Há carência de bons projetos e execução de obras de Saneamento com melhor custo-benefício no
Brasil. As soluções ainda são conservadoras, projetos com materiais convencionais.
Faltam profissionais experientes na execução de obras de Saneamento, cuja prática requer dedicação
e interação com diversas disciplinas: geotecnia, materiais, hidráulica, segurança no trabalho. Além da
formação teórica, bastante pulverizada, é indispensável o profissional vivenciar a execução de obras.
O avanço em direção às metas de cobertura do Saneamento no Brasil requer profissionais com ampla
visão de projeto e execução, e capacidade de selecionar materiais e técnicas adequadas. A qualidade
dos projetos é crucial no Saneamento Básico e deveria preceder a politização por alguns grupos.

3) Quais os cuidados com as tubulações de Polietileno?

As tubulações de Polietileno demandam maior cuidado nas uniões e conexões, soldas por termofusão
ou eletrofusão com equipamentos especiais, em diferentes condições nas obras. Os soldadores devem
ser qualificados nessa atividade, sendo necessária capacitação técnica.
É indispensável a atenção no manuseio e armazenamento dos tubos nos canteiros de obra, evitando
quedas e impactos que causam fraturas ou rachaduras. Também deve ser respeitada a altura máxima
do aterro sobre a geratriz superior dos tubos, conforme as disposições nas normas técnicas.

4) Quais as normas técnicas aplicáveis aos tubos de Polietileno para obras de Saneamento?

As aplicações com tubos de polietileno são referenciadas em normas internacionais (ISO 4427, DIN
8074, EN 12201, NTS 048, NTS 194, ISO 4437) e normas brasileiras mais recentes, destacando:
• NBR 15561:2017 Tubulação de polietileno PE 80 e PE 100 para água e esgoto sob pressão – Requisitos;
• NBR 15593:2022 Tubulação plástica para abastecimento de água, drenagem e esgotos sob pressão –
Conexões soldáveis de polietileno (PE);
• NBR 15802:2010 Requisitos para projetos em tubulação de polietileno PE 80 e PE 100 de diâmetro
externo nominal entre 63 mm e 1600 mm;
• NBR 15803:2022 Tubulações enterradas de polietileno (PE) até DE 160 mm e de PVC PBA até DN 100
• NBR ISO 8779:2021 Tubos de polietileno (PE) para irrigação – Especificações;
Os tubos PEAD são classificados em PE 80 e PE 100, conforme a qualidade das resinas e resistência
nominal (PN), variando de 10 a 25 kgf/cm2, equivalente a 100 a 250 mca (metros de coluna de água).

5) Há referências nacionais ou regionais para orçar projetos com tubulações de Polietileno?

A Engenharia da Caixa desenvolveu orientações para orçar tubulações e conexões PEAD, diâmetros
nominais de 20 mm a 1600 mm, e respectivas composições no Sinapi – Sistema Nacional de Preços e
Índices da Construção Civil, atualizado mensalmente. Essa base de dados pública é a mais completa
para orçamento de edificações e de infraestrutura no Brasil, validada por entidades renomadas.
As tabelas das composições e insumos, onerados e desonerados, estão disponíveis para baixar no site
da Caixa – consultar a página https://www.caixa.gov.br/site/Paginas/downloads.aspx e procurar por
Sinapi para os diferentes estados brasileiros.
Algumas empresas públicas como a Saneago (Saneamento de Goiás) também publicam suas próprias
composições e insumos para obras de Saneamento, sendo obrigatórias conforme o objeto do contrato.

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