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Rio Oil & Gas Expo and Conference 2020

ISSN 2525-7579

Conference Proceedings homepage: https://biblioteca.ibp.org.br/riooilegas/en/

Technical Paper

Análise simplificada de integridade de revestimento de poços com


perda de espessura por desgaste
Simplified Integrity analysis of casing pipes with material loss due do wearing

Leonardo Teixeira Fernandes Abreu 1 | Caroline Ferraz de Melo Netto 2 | Theodoro A. Netto 3.

1. COPPE/UFRJ, ENG. OCEANICA, . RIO DE JANEIRO - RJ - BRASIL, leofernandesbz@poli.ufrj.br 2. COPPE/UFRJ, ENG. OCêANICA, . RIO DE JANEIRO - RJ - BRASIL,
ferraz.caroline@lts.coppe.ufrj.br 3. COPPE/UFRJ, ENG. OCEANICA, . RIO DE JANEIRO - RJ - BRASIL, tanetto@lts.coppe.ufrj.br

Resumo

Com a exploração de óleo e gás em lâmina d’água cada vez maiores e reservatórios cada vez mais profundos, os poços
de petróleo acompanham essa evolução e, consequentemente, são submetidos a carregamentos mais elevados. Nesse
contexto, surge a necessidade de se garantir a resistência estrutural de tais poços, sendo essa diretamente ligada aos
tubos de revestimento dos poços. A principal falha a ser considerada em projetos de tubos de revestimento de poços de
petróleo, sob carregamento de pressão hidrostática externa, é a falha por colapso. Atualmente, dispõe-se de técnicas e
ferramentas sofisticadas de análise estrutural. Porém, em paralelo a isso, o desenvolvimento de metodologias
simplificadas de análises por meio do método dos elementos finitos, como o uso de modelos 2D, torna o processo de
análise numérica mais rápido e menos computacionalmente exigente. O presente trabalho apresenta uma proposta que
consiste na utilização de modelos numéricos mais simples e a aplicação dos mesmos no problema de colapso dos tubos
de revestimento.
Palavras-chave: intergidade. revestimento. poço. desgaste. colapso

Abstract

The growing demand for oil and gas leads to deeper water depths and even longer and deeper reservoir. Consequently,
the wells are pushed to follow and are being subjected to higher loads combined loads. In this context, there is a need to
ensure the structural strength of production wells, which is directly linked to the well casings. The main failure to consider
in an offshore oil and gas well casings pipeline designs is failure due to collapse under external pressure. Nowadays, very
advanced computational tools are available to evaluate the structural behavior under a very complex combination of
loads. This complexity demands a good geometric, material and loads characterization in order to obtain realistic results,
which can be a time and computational demanding. In parallel, the development of simplified finite element analysis
methodologies, such as the use of 2D models, makes the numerical analysis process faster and less computationally
demanding. The present work presents a proposal that consists of the use of simpler numerical models and their
application in the collapse casing problem.
Keywords: integrity. casing. wells. wearing. collapse

Received: February 27, 2020 | Accepted: Jun 06, 2020 | Available online: Dec. 01, 2020.
Article nº: 111
Cite as: Rio Oil & Gas Expo and Conference, Rio de Janeiro, RJ, Brazil, 2020 (20)
DOI: https://doi.org/10.48072/2525-7579.rog.2020.111

© Copyright 2020. Brazilian Petroleum, Gas and Biofuels Institute - IBPThis Technical Paper was prepared for presentation at the Rio Oil & Gas Expo and Conference 2020, held between 1 and 3 of December 2020, in Rio de Janeiro. This
Technical Paper was selected for presentation by the Technical Committee of the event according to the information contained in the final paper submitted by the author(s). The organizers are not supposed to translate or correct the submitted
papers. The material as it is presented, does not necessarily represent Brazilian Petroleum, Gas and Biofuels Institute’ opinion, or that of its Members or Representatives. Authors consent to the publication of this Technical Paper in the Rio Oil &
Gas Expo and Conference 2020 Proceedings.
Análise simplificada de integridade de revestimento de poços com perda de espessura por desgaste

1. Introdução
A integridade estrutural dos poços de petróleo é de suma importância para a manutenção da
produção de petróleo em determinado poço. Danos estruturais em tais poços podem incorrer em
imensas perdas monetárias, além de ocasionarem grandes desastres ambientais. Por isso é preciso
garantir a resistência estrutural de tais poços, mesmo quando os mesmos são submetidos a danos
externos. Um dos principais elementos estruturais dos poços são os tubos de revestimento, tubos estes
que são instalados entre a rocha e o espaço anular do poço e petróleo. O problema central abordado
nesse trabalho consiste nos danos causados por tubos de perfuração em tubos de revestimento. O tubo
da coluna de perfuração é dotado de rotação, que uma vez em contato com a camada de revestimento
do poço, promove o desgaste na área de contato, com respectiva perda de material, comprometendo
a integridade estrutural do tubo de revestimento. Esses defeitos podem ser modelados como defeitos
circulares induzidos por uma ferramenta de desgaste rotativa para fins de testes experimentais e
análise numéricas, assim, a sua influência na pressão de colapso do tubo de revestimento pode ser
determinada. No presente trabalho, simulações numéricas são realizadas utilizando modelos
simplificados em software de elementos finitos para a obtenção de pressão de colapso de tubos de
revestimento e o consequente abaixamento de pressão devido a presença de um defeito causado por
desgaste da parede do mesmo com a coluna de perfuração. Foram gerados 4 modelos numéricos. São
eles: modelo 2D no estado plano de deformação; modelo 2D no estado plano de tensão; modelo
3D de comprimento reduzido a 10 mm; modelos 3D completo.
Os resultados obtidos por cada um dos modelos foram comparados com os resultados da
literatura, tanto numéricos quanto os experimentais, com o objetivo de se averiguar a validade dos
modelos simplificados citados acima. Foram reproduzidos pelos modelos, tubos intactos e com
desgaste, sendo esses últimos representados com duas geometrias diferentes- chamadas aqui de
defeitos lineares e defeitos circulares. Para os modelos com defeitos lineares, foi realizado um estudo
da relação do comprimento l/D, (relação entre o comprimento do defeito e o diâmetro do tubo) com
a convergência entre os valores de pressão de colapso obtidos entre os modelos 1 e os valores obtidos
nos modelos número 4 .Finalmente, são analisados os defeitos circulares em tubos, utilizando-se
modelos 2D em EPD. São analisadas as influências de fatores como a profundidade do defeito e a
relação t/D e posteriormente é feita uma comparação com a equação de Netto (Netto(2010)).
Esse trabalho visa contribuir com o desenvolvimento científico na área das análises estruturais
de tubos de revestimento de poços. Trabalhos como os de Netto (1991), Costa (1990), e Pasqualino
(1993) contribuíram para a compreensão da influência das imperfeições geométricas na pressão de
colapso de tubos íntegros. Já trabalhos como os de Netto (2010), Ferraz (2007) e Oliveira (2017)
trouxeram contribuições para o entendimento da influência de defeitos nas pressões de colapso dos
tubos. O presente trabalho traz um estudo da validade do uso de modelos 2D simplificados para as
análises estruturais de tubos e a validação de análises com defeitos circulares por meio da equação de
Netto (Netto(2010)), considerando geometrias de tubos e defeitos e também materiais usuais na área
de revestimento de poços de petróleo.

1.1 EQUAÇÃO DE NETTO


A equação 1 abaixo foi proposta por Netto (Netto(2010)) e é utilizada para cálculo da redução
da pressão de colapso em Tubos corroídos e calibrada para a combinação de parâmetros descritos
abaixo.
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(1)

1. Defeito com profundidade rasa: d t c D


2. Defeito com profundidade moderada: d t c D
3. Dentro desse intervalo, se c D d t, considerar c D d t
4. Defeito com profundidade profunda: d t c D d t
5. Dentro desse intervalo, se c D d t, considerar c D d t
No caso de tubos intactos, a relação PCOR PCO é igual a 1 visto que os termos d c e l, que
descrevem a geometria do defeito, são nulos. Em casos de defeitos com profundidades muito
pequenas, d t , o efeito do defeito poderá ser menor que o efeito da ovalização do tubo, porém
não deixará de existir.

2. Testes experimentais
Os resultados experimentais utilizados nesse trabalho foram obtidos do estudo realizado por
Oliveira(2017), no qual foram realizados testes experimentais em escala reduzida de tubos com
defeitos advindos de corrosões e comparados com análises numéricas dos mesmos defeitos. Foram
realizados testes de tração para a caracterização dos materiais dos tubos utilizados, e testes de colapso
em câmera hiperbárica para a determinação das pressões de colapso, ambos realizados no Laboratório
de Tecnologia Submarina da COPPE. Os resultados da caracterização do material podem ser vistos
na tabela 1, tabela extraída do trabalho de Oliveira(2017).
Tabela 1 – Propriedades Mecânicas dos Tubos

Fonte: (Oliveira, 2017)

A fabricação dos defeitos de corrosão nas amostras experimentais dos tubos estudados foi feita
através de uma fresa. Para tal, foram usinados os defeitos retirando-se o material de uma região pré-
definida. Os defeitos foram localizados na parede externa dos tubos, na seção de maior ovalização e
ângulo onde foi encontrado o menor diâmetro e espessura da seção. Foi utilizado um relógio
comparador para a medição dos defeitos. Os tubos defeituosos foram, então, testados em câmera
hiperbárica, cuja capacidade máxima é de 7500psi.O resumo das características dos tubos e dos
defeitos, pressão e modo de colapso são apresentados na tabela 2, e um resumo das análises realizadas
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por Oliveira(2017), no qual foi feita uma comparação dos resultados também com os testes
experimentais e a equação de Netto, é mostrado na tabela 3. Ambas foram extraídas do trabalho
desenvolvido por Oliveira(2017).

Tabela 2 – Pressão e Modo de Colapso por Tubo

Fonte: (Oliveira, 2017)

Tabela 3 – Análises realizadas

Fonte: (Oliveira, 2017)

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3. Análise numérica
Os dados dimensionais dos defeitos geométricos de cada tubo presentes na tabela 2, e os
resultados dos testes experimentais da tabela 3 foram utilizados no modelo numérico e nas análises
desse artigo. Todas as análises numéricas foram realizadas através do software de elementos finitos
Abaqus. Foram utilizados modelos numéricos simples para a obtenção de pressão de colapso dos
tubos e o consequente abaixamento de pressão de colapso devido a presença de defeitos. O
abaixamento foi calculado de acordo com a equação 2:

Abaixamento (2)

Para cada um dos casos experimentais selecionados da literatura para serem reproduzidos
numericamente, foram gerados analisados 4 modelos numéricos com a abordagem dos elementos
finitos, utilizando-se o software Abaqus, a saber: modelo 2D no estado plano de deformação; modelo
2D no estado plano de tensão; modelo 3D de comprimento reduzido a 10 mm; modelos 3D completo.
Os modelos foram testados e comparados com os resultados da literatura, tanto os numéricos
quanto os experimentais, com o objetivo de se averiguar a validade dos modelos reduzidos citados
acima. A obtenção de bons resultados em modelos com malhas simples representa um ganho de
tempo de processamento computacional. Os resultados das análises são comparados com os
resultados da literatura obtidos por Oliveira(2017) e com os resultados provenientes da equação de
Netto (Netto (2010)).

3.1 VALIDAÇÃO DE MODELOS NUMÉRICOS SIMPLES DE TUBOS ÍNTEGROS


A primeira validação dos modelos simplificados realizada foi utilizando o tubo TP8-27I (tabela
2 e 3). Para tal, foram gerados analisados 3 modelos numéricos com a abordagem dos elementos
finitos, utilizando-se o software Abaqus, a saber: 1) Modelo no Estado Plano de Deformações (EPD);
2) Modelo 2D no Estado Plano de Tensões (EPT); 3) Modelo 3D de comprimento reduzido a 10 mm.
Foram utilizados, respectivamente, elementos do tipo de CPE8R, CPS8R e C3D20R.
O objetivo desse primeiro conjunto de análises foi observar qual dos 3 modelos numéricos
gerava uma pressão de colapso mais próxima dos resultados experimentais apresentados na tabela 3.
Foi possível concluir que o modelo em Estado Plano de Deformação (EPD) foi o que mais se
aproximou dos resultados experimentais. Nas análises, foram adotadas condições de contorno de
simetria em X e em Y no modelo representativo de ¼ do tubo, assim como uma carga aplicada de
30MPa. A tabela 4 mostra a comparação entre os modelos com o resultado experimental, cujo
resultado de pressão de colapso foi de 15.5MPa, conforme a tabela 3. A figura 1 mostra o modelo
com as condições de contorno aplicadas, a figura 2 mostra a deformada do modelo após a ocorrência
do colapso e o gráfico 1 mostra a variação da pressão do modelo EPD com a variação da ovalização.
O valor máximo do gráfico 1 representa a pressão de colapso do tubo.

Tabela 4 – Comparação com o valor de pressão de colapso da literatura

Modelo Numérico Pressão de Colapso (MPa) Discrepância (Literatura)

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EPT 13.5 12.9%


EPD 15.51 0.1%
3D-(comprimento total) 15.66 1.0%
3D-(comprimento de 15.75 1.6%
10mm) Fonte: produzida pelo autor.

Figura 1 – Condições de contorno do modelo

Fonte: produzida pelo autor.

Figura 2 – Modelo colapsado

Fonte: produzida pelo autor.

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Gráfico 1 – Resultado numérico de pressão vs ovalização – Modelo 2D do tubo TP8-27I

2D EPD (TP8-27I)
18
16
14
Pressão (MPa)

12
10
8
6
4
2
0
0.00% 5.00% 10.00% 15.00% 20.00%
Ovalização (%)

Fonte: produzida pelo autor.

3.2 Validação de modelos numéricos simples de tubos com defeitos lineares


Após feita a análise com os tubos intactos, procedeu-se para a análise dos tubos com defeitos
cuja largura, “c”, é constante ao longo da espessura, aqui chamados de defeitos lineares. As
características dos defeitos são “c”: o comprimento do segmento circular que define o defeito, “d”:
a profundidade do defeito e “l”: o comprimento do defeito ao longo do comprimento axial do tubo.
A figura 3 ilustra esses parâmetros.

Figura 3 – Características 2D dos defeitos

Fonte: produzida pelo autor.

Os tubos analisados foram os tubos TP8-28D, TP8-29D, e TP8-30D. As características dos


tubos foram dadas na tabela 2. Para cada tubo defeituoso, foram criados os modelos 2D (EPT e EPD)
e o modelo 3D reduzido, tendo sido criados modelos com simetria em 90° e em 180°, seguindo-se o
mesmo procedimento antes mostrado e utilizando-se os mesmos elementos em cada caso. Sendo
assim, foram utilizados 6 modelos para cada tubo. O objetivo principal dessas análises foi identificar
possíveis influências na pressão de colapso devido à inserção ou não de condições de simetria e, para
isso, os resultados das análises com simetria em 90° e com 180° foram comparados aos resultados

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encontrados na literatura. Calculou-se, então, a razão PCOR/PCO que mede o abaixamento da pressão
de colapso, de cada modelo, sendo esta por fim comparada com os resultados da literatura. A figura
4 mostra a diferença entre os modelos com simetria em 180° e 90°.

Figura 4 – Modelos com simetria

Fonte: produzida pelo autor.

Os resultados obtidos nas análises realizadas com o tubo TP8-28D, tubo TP8-29D e TP8-30D
podem ser sumarizados nas tabelas 5, 6 e 7 mostradas abaixo:
Tabela 5 – Resumo das análises do tubo TP8-28D

Simetria de 180° Simetria de 90°


Modelo PCO(MPa) PCOR(MPa PCOR/PCO PCOR/PCO
EPD 15.51 )12.84 0.83 PCOR(MPa
11.01 0.71
EPT 13.50 11.16 0.83 9.57 0.71
3D-10mm 15.75 12.33 0.78 10.26 0.65
Fonte: produzida pelo autor.

Tabela 6 – Resumo das análises do tubo TP8-29D

Simetria de 180° Simetria de 90°


Modelo PCO(MPa) PCOR(MPa PCOR/PCO PCOR/PCO
EPD 10.80 )
10.14 0.94 PCOR(MPa 0.88
9.51
EPT 9.54 8.85 0.93 8.28 0.87
3D-10mm 10.70 10.14 0.95 9.51 0.89
Fonte: produzida pelo autor.

Tabela 7 – Resumo das análises do tubo TP8-30D

Simetria de 180° Simetria de 90°


Modelo PCO(MPa) PCOR(MPa PCOR/PCO PCOR/PCO
EPD 15.69 )
14.76 0.94 PCOR(MPa
14.19 0.90
EPT 13.65 12.78 0.94 12.33 0.90
3D-10mm 15.69 15.24 0.96 14.55 0.92
Fonte: produzida pelo autor.

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Comparando os resultados obtidos acima com os apresentados na tabela 3 , pode-se concluir


que o uso da simetria em 180° gera uma maior aproximação aos resultados experimentais.

3.3 ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DO COMPRIMENTO DO DEFEITO NOS RESULTADOS NUMÉRICOS


Foram realizadas análises e uma posterior comparação entre os valores de pressão de colapso
obtidos através da utilização do modelo EPD e os valores de pressão de colapso para modelos 3D
com diferentes valores de l/D, que representa a razão do comprimento do defeito com o diâmetro do
tubo. Foram utilizados os tubos cujas dimensões são mostradas na tabela 8. Para cada modelo de tubo,
o valor de l/D foi variado entre os valores 2, 4, 6, 8 e 10.
Tabela 8 – Tubos Analisados

Tubo D(mm) L(mm) t(mm) Ovalizaçã c(mm) d(mm)


1 355.60 5334.00 20.92 o(%(%
0.22% 67.39 2.09
2 355.60 5334.00 20.92 0.22% 112.69 6.28
3 273.05 4095.75 21.00 0.38% 118.42 2.10
4 273.05 4095.75 21.00 0.38% 191.86 6.30
Fonte: produzida pelo autor.

Para que a comparação entre os modelos 3D fosse realizada adequadamente com os modelos
2D em Estado Plano de Deformação, os modelos 3D foram modelados de forma a possuírem uma
simetria longitudinal em uma das extremidades, uma restrição de deslocamento longitudinal na
extremidade oposta e uma simetria de 180° (aprendizado da seção anterior). Após realizadas as
análises, foram calculadas as diferenças relativas entre os valores de pressão de colapso, sempre
comparando os modelos 3D com o modelo em Estado Plano de Deformação. Os resultados podem
ser vistos no gráfico 2.

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Gráfico 2 – Resultados da comparação entre modelos 3D e EPD

Fonte: produzida pelo autor.

Pode-se concluir que o aumento da razão l/D contribui para a aproximação entre os resultados
dos dois modelos. Sendo assim, os modelos em Estado Plano de Deformação são mais adequados
para tubos com altos valores de l/D.

3.4 Validação de modelos numéricos simples de tubos com defeitos circulares

Neste tópico serão analisados os resultados das análises de abaixamento de pressão de defeitos
circulares em tubos. Esse tipo de modelagem de dano é extremamente importante para o problema
em questão, ou seja, o desgaste gerado pelo tubo de perfuração na camada de revestimento de um
poço de petróleo. A seguinte abordagem foi seguida: Para cada tubo analisado, criou-se um modelo
2D EPD com o defeito circular inserido e outro modelo 2D EPD com o defeito linear correspondente.
Os resultados de abaixamento de Pressão de colapso foram, posteriormente, comparados com a
equação de Netto.
As características dimensionais de um defeito circular podem ser associadas com características
de um defeito linear da seguinte forma: a profundidade do defeito, d, pode ser medido pela
profundidade da penetração do tubo de perfuração no tubo de revestimento, enquanto a característica
c pode ser obtida através da geometria analítica, considerando-se a interseção entre dois círculos.
Os resultados de abaixamento de pressão de colapso obtidos para diferentes tubos, com
diferentes valores de D/t (razão entre o diâmetro e a espessura) e diferentes valores d/t (razão entre a
profundidade do furo e espessura), tanto para modelos com defeitos circulares quanto para defeitos
lineares correspondentes podem ser vistos na tabela 9 abaixo. Na mesma tabela, também é mostrado
o erro relativo em relação ao valor obtido com a equação de Netto.

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Tabela 9 – Pressões de Colapso para diferentes Tubos

Tubos P. Colapso P. Colapso PCOR/PCO PCOR/PCO PCOR/PCO Discrepância Discrepância


(circular) (linear) (circular) (Linear) (Eq. De (circular) (Linear)
(MPa) (MPa) Netto)
T1 0.172 38.58 37.56 0.909 0.885 0.881 3.10% 0.47%
T2 0.185 34.86 34.32 0.822 0.809 0.776 5.92% 4.28%
T3 0.196 31.32 31.26 0.738 0.737 0.685 7.82% 7.62%
T4 0.206 28.20 27.90 0.665 0.658 0.612 8.54% 7.39%
T5 0.199 59.82 59.52 0.890 0.886 0.881 1.01% 0.50%
T6 0.215 55.74 55.20 0.829 0.821 0.776 6.91% 5.88%
T7 0.229 50.58 50.40 0.753 0.750 0.685 9.92% 9.53%
T8 0.240 45.24 44.58 0.673 0.663 0.612 9.92% 8.31%
Fonte: produzida pelo autor.

4. Considerações finais

Os resultados obtidos por meio dos modelos numéricos simples se mostraram próximas dos
resultados experimentais encontrados na literatura, assim como próximos dos resultados obtidos com
a equação de Netto. Dentre os modelos simplificados, o modelo 2D com a configuração numérica em
Estado Plano de Deformação foi o que mais se aproximou dos valores experimentais advindos da
literatura. Isso se mostra uma vantagem dada a economia computacional advinda da utilização desse
modelo. Pode-se concluir, também, que os resultados numéricos tendem a se aproximar mais tanto
da equação de Netto quanto dos resultados experimentais quando os defeitos são inseridos no modelo
com uma simetria de 180° ao invés de 90° e também que os resultados se tornam mais concordantes
com tubos com l/D acima de 10. A inserção de defeitos circulares também foi analisada, por meio de
modelos 2D em EPD. Constatou-se que, para defeitos pouco profundos, menores valores de d/t, os
resultados das análises se aproximaram bem dos da equação de Netto. Para valores muito altos de d/t
ocorre, consequentemente, ocorre um aumento significativo do comprimento circunferencial do
defeito, c D, o que facilmente gera um afastamento das margens propostas pela equação de Netto.

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Referências

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