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TECNOLOGIA DE CONEXÕES DO TIPO ROSCA-LUVA EM

TUBOS PARA REVESTIMENTO DE POÇOS DE PETRÓLEO


- ANÁLISE* 1
Rodrigo Rangel Porcaro
2
Luiz Cláudio Cândido
2
Vicente Braz Trindade
2
Leonardo Barbosa Godefroid
3
Geraldo Lúcio de Faria
4
Rodolfo Lisboa Batalha
Resumo
Um aço API 5CT grau P110 de tubos sem costura foi caracterizado e os resultados
utilizados em modelos que empregam Métodos dos Elementos Finitos (MEF). Foram
simulados dois modelos de conexão API, do tipo rosca-luva, equivalentes a tubos de
13 3/8″, com objetivo de comparar a resistência das conexões à falha por tração e a
distribuição de tensões. Modificações geométricas baseadas em patentes foram
realizadas nos modelos para avaliar a sua influência no desempenho das conexões.
A conexão do tipo API Buttress apresentou melhor desempenho que a API Short
Round em tração, porém, as duas conexões padronizadas apresentaram alta
concentração de tensões na região do último filete encaixado. Os resultados obtidos
nos modelos numéricos permitem compreender como os modos de falha estão inter-
relacionados e como aspectos ligados à aplicação das conexões interferem no seu
desempenho, informações fundamentais para o desenvolvimento de novos produtos
a partir de modificações nas geometrias básicas das conexões API. Uma revisão
bibliográfica sobre o tema é apresentada em artigo homônimo.
Palavras-chave: Conexões OCTG; Casing; API Buttress e API Short Round.

TECHNOLOGY OF THREADED AND COUPLED CONNECTIONS IN CASING


PIPES - ANALYSIS
Abstract
An API 5CT P110 steel obtained from a seamless pipe was mechanically
characterized and FEA models were carried out to investigate and to compare two
API casing connections of size 13 3/8". Computational simulations aimed to compare
the resistance of the connections to the jump-out failure and stress distribution were
performed. Geometric features based on patents were altered in numerical models
(FEM) to determine its influence on the behavior of the connections. The API
Buttress connection supported higher tensile loads than the API Short Round.
However, both standard connections presented high stress concentration in the last
engaged thread and a non-uniform stress distribution. The results from numerical
models helps to understand how the failure modes are interrelated and how aspects
of the applications of connections interfere with their performance, a key knowledge
for development of new products based on modifications from the API standard
geometry. A review of casing connections is presented in a homonymous article.
Keywords: OCTG connections; Casing; API Buttress and API Short Round.

1
Engenheiro Metalúrgico, MSc., Doutorando, REDEMAT, UFOP, Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil.
2
Engenheiro Metalúrgico, Dr., Professor, DEMET, UFOP, Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil.
3
Físico, Dr., Professor, DEMET, UFOP, Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil.
4
Engenheiro Metalúrgico, MSc., Doutorando, PPGCEM, UFSCar, São Carlos, São Paulo, Brasil.

* Contribuição técnica ao 73º Congresso Anual da ABM – Internacional, parte integrante da ABM
Week, realizada de 02 a 04 de outubro de 2018, São Paulo, SP, Brasil.
1 INTRODUÇÃO

Colunas de revestimento de poços para exploração de hidrocarbonetos são


equipamentos fundamentais para a segurança durante a perfuração e extração de
óleo e gás [1]. O uso de conexões rosqueadas é uma alternativa à soldagem e se
justifica quando há a necessidade de montar e desmontar a coluna de tubos e
quando a produtividade é um fator crítico, como na formação das colunas de
revestimento [1,2].
A demanda por hidrocarbonetos continua crescendo em todo o mundo e força a
exploração e produção em ambientes mais agressivos, em profundidades cada vez
maiores nos mares, em maiores temperaturas ou temperaturas extremamente
baixas como no Ártico, na presença de gases corrosivos como H2S e CO2, entre
outros. Tais condições exigem que os produtos tubulares atendam a requisitos muito
restritos de qualidade e confiabilidade, pois são partes fundamentais da segurança
operacional e as consequências de eventuais falhas são impactantes [3,4].
Para manter a integridade das conexões, evitar perda de carga de aperto e
possíveis vazamentos devido a cargas dinâmicas é preciso armazenar energia
(torque) de montagem, o que pode acontecer, por exemplo, com roscas cônicas
[4,5]. A associação das tensões oriundas do torque de montagem com esforços
externos como tração, flexão e torção, além do efeito de concentração de tensões
devido às roscas, produz complexos estados multiaxiais de tensões e deformações
nas conexões [6,7].
Do ponto de vista dimensional, as conexões representam menos de 3% do
comprimento das colunas de revestimento, porém são responsáveis por mais de
90% das falhas e os custos das conexões podem representar de 10% a 50% dos
gastos com produtos tubulares [8]. Muitos pesquisadores têm reportado a partir de
estudos de simulação numérica e experimental que as conexões padrão API
possuem uma distribuição não uniforme de tensões e uma grande concentração de
tensão na região do último filete encaixado do tubo. A concentração de tensão é
associada à maior rigidez da luva em relação ao tubo e pode resultar em falhas por
fadiga e/ou por outros mecanismos [4,6-10].
Conexões proprietárias têm sido desenvolvidas por companhias privadas a partir de
modificações de parâmetros geométricos básicos dos padrões API. As conexões
premium, por exemplo, são desenvolvidas com objetivo de aumentar a capacidade
de armazenar torque de montagem, melhorar a distribuição de tensões e aumentar a
vida em fadiga, garantir selabilidade em poços de gás, entre outros [6-13].
A maior parte das informações relativas ao desenvolvimento de conexões
proprietárias não se encontra disponível na literatura, pois são protegidas por
interesses comerciais em um mercado altamente competitivo [14]. No entanto, uma
revisão de patentes permite perceber as tendências de desenvolvimento nas últimas
décadas e como produtos comerciais e ainda não comerciais são desenvolvidos por
companhias privadas [6,15-21].
Em estudo previamente publicado, os autores e seus colaboradores apresentaram
como a simulação numérica pode ser usada para compreender o desenvolvimento
de conexões do tipo rosca-luva a partir de modificações dos padrões API [14].
Um aço obtido a partir de tubo sem costura com diâmetro externo de 13 3/8’’ que
atende aos requisitos da Norma API 5CT (2011) [22] grau P110 foi caracterizado por
ensaios mecânicos. As propriedades mecânicas foram usadas como propriedades
de materiais para simular dois tipos de conexões API para revestimento com
diâmetro de 13 3/8’’, API Short Round e API Buttress. O método dos elementos

* Contribuição técnica ao 73º Congresso Anual da ABM – Internacional, parte integrante da ABM
Week, realizada de 02 a 04 de outubro de 2018, São Paulo, SP, Brasil.
finitos foi aplicado para a simulação do problema no software Ansys® Workbench®
versão 14.5 [23]. As duas conexões foram submetidas a esforço trativo e pressão
interna; avaliou-se a tendência ao jump-out (modo de falha no qual ocorre a
separação tubo-luva), além da concentração de tensão e a deformação plástica
localizada.
Realizou-se também um estudo parametrizado pelo MEF, a partir da revisão de
patentes, no qual foi possível determinar como algumas características geométricas
das conexões influenciam na concentração de tensão e em alguns modos de falha
estrutural. Os resultados obtidos a partir de modificações na geometria da luva,
como redução da espessura na região do último filete encaixado, ainda não foram
reportados na literatura para conexões de grande diâmetro.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Caracterização dos Materiais

Amostras de aço API 5CT grau P110 foram obtidas de tubos sem costura com
diâmetro externo de 13 3/8’’ e 12,19mm de espessura de parede e caracterizadas
por ensaios mecânicos de tração e impacto Charpy, segundo a Norma API 5CT.
Seis corpos de prova foram ensaiados em tração, com orientação no sentido
longitudinal à laminação do tubo e nove corpos de prova Charpy foram ensaiados
em impacto a 0°C (corpos de prova ¾-size, 10x7x55mm no sentido transversal à
laminação). As propriedades mecânicas exigidas para o aço grau P110 são
apresentadas na Tabela 1.
Tabela 1. Requisitos de ensaio de tração e impacto Charpy, aço API 5CT grau P110. Adaptado de
[22]
Tração Impacto Charpy
Mínimo Limite de b
Limite de Escoamento Alongamento Mínimo energia
Grau API Resistência a
(MPa) Mínimo (%) absorvida a 0°C (J)
(MPa)
Mínimo Máximo
862 15 16
P110 758 965
a - Alongamento mínimo para corpos de prova do tipo “fita”, (38,1mm x 12,19mm) e comprimento útil igual a 50,8mm
b - Charpy transversal para tubo 13 3/8″, corpo de prova ¾ - size (10x7,5x55mm) e parede 12,19mm

2.2 Simulação Numérica

Os modelos em CAD foram elaborados no Software comercial Ansys® Design


Modeler®, versão 14.5. Os parâmetros geométricos das conexões padronizadas API
Buttress e API Short Round foram obtidos na Norma API 5B (2008) [5], os perfis das
roscas são mostrados na Figura 1.
Utilizou-se a condição de simetria em relação ao eixo do tubo e o plano médio da
luva, metodologia comum em simulação deste tipo de problema [4,7,14]. A condição
de simetria pode ser observada na Figura 2.

* Contribuição técnica ao 73º Congresso Anual da ABM – Internacional, parte integrante da ABM
Week, realizada de 02 a 04 de outubro de 2018, São Paulo, SP, Brasil.
a) Perfil API Buttress b) Perfil API Short Round
Figura 1. Perfis de roscas padronizadas para tubos de revestimento (casing), dimensões em
milímetros. Adaptado de [5].

b) Modelo de conexão API Short


a) Condição de simetria
Round
Figura 2. Modelos em CAD e condição de simetria. (a) Condição de simetria em relação ao eixo do
tubo e ao meio da luva; (b) Modelo 2D de conexão API Short Round obtido a partir de (a).

O comprimento do tubo considerado para as simulações (Figura 2 (b)) foi o mesmo


sugerido pela Norma API 5C5 [24] (726mm) e assegura que os efeitos de borda são
desprezíveis.
Para modelar o comportamento do aço nos regimes elástico e plástico foi aplicado o
modelo multilinear isotropic hardening, disponível no software Ansys [23].
Os contatos dos filetes das roscas foram simulados com coeficiente de fricção
Coulombiano, µ = 0,12, valor definido a partir de trabalho experimental anterior [4]. A
região de contatos foi definida manualmente e corresponde aos flancos de carga das
roscas encaixadas.
Elementos finitos sólidos 2D de alta ordem foram utilizados para modelar o
problema. Um estudo de refinamento de malha e convergência foi aplicado conforme
o mostrado na Figura 3. A partir de um tamanho de malha fixado em 3mm, um
refinamento do tipo edge sizing foi aplicado nos flancos das roscas, Tabela 2. A
partir da estabilização do erro estrutural (convergência) e do fator de concentração
de tensão no último filete encaixado de uma conexão API Short Round (Tabela 2),
definiu-se um refinamento local igual a 0,08mm.

* Contribuição técnica ao 73º Congresso Anual da ABM – Internacional, parte integrante da ABM
Week, realizada de 02 a 04 de outubro de 2018, São Paulo, SP, Brasil.
Figura 3. Detalhe da geometria do tubo API Short Round e detalhes do estudo de refino da malha.

Tabela 2. Estudo de refino da malha e convergência de elementos finitos


Refinamento local Número de Erro Estrutural Máxima concentração de Tensão
[mm] Elementos Máximo (mJ) (Para tração de 100MPa)
0,05 50391 2,32 7,08
0,08 28401 2,74 7,05
0,1 21395 2,85 6,95
0,2 10239 10,84 6,88
0,3 7168 23,93 6,46

As simulações estáticas foram desenvolvidas em duas etapas: (i) torque de


montagem e (ii) torque de montagem mais tração crescente e pressão interna nas
conexões. O torque de montagem em roscas cônicas não pode ser simulado
diretamente em modelos bidimensionais, no entanto, este parâmetro é fundamental
nas análises de tensões e deformações [14,25]. Uma abordagem muito usada em
modelos 2D de conexões é a teoria de cilindros espessos, no qual o torque de
montagem é considerado a partir de uma interferência inicial. Muitos autores têm
demostrado que essa abordagem resulta em campo de tensões próximo ao obtido
em modelos físicos [4,25,26].
Para conexões cônicas, Chen et al. [26], desenvolveram uma equação (Equação 1)
para o cálculo da interferência δ, em função de ciclos de aperto e de características
geométricas da conexão (conicidade e passo das roscas), o campo de tensões
gerado é equivalente ao torque de montagem, Figura 4.
δ = NPT/2 (1)
Onde δ = interferência inicial (sobreposição de elementos na Figura 4 b),
N = número de ciclos de aperto a partir da posição sem torque, P = passo das
roscas da conexão em milímetros, T = conicidade da conexão em porcentagem.

* Contribuição técnica ao 73º Congresso Anual da ABM – Internacional, parte integrante da ABM
Week, realizada de 02 a 04 de outubro de 2018, São Paulo, SP, Brasil.
a) Modelo para interferência inicial, adaptado b) Representação de interferência em
de [26]. modelo 2D API Buttress
Figura 4. Condições de interferência inicial para a simulação do torque de montagem.

Na Tabela 3 são apresentadas as condições de torque de montagem simuladas e as


respostas avaliadas de modo comparativo nas duas conexões padronizadas.
Tabela 3. Torque de montagem simulado nos modelos numéricos e respostas avaliadas
Tipo de Conexão Torque de Montagem (Voltas) Respostas Comparativas
Short Round Sem Torque 1,5 3,5 (Máx.) Distribuição de Tensão
a) a) Concentração de Tensão
Buttress Sem Torque Min. Máx.
Resistência ao jump-out
a) – Para a conexão API Buttress, a face da luva avança até uma volta na base do triangulo estampado no tubo, o que equivale
ao torque mínimo, e até o ápex do triângulo para o torque máximo

O cálculo da distribuição de tensões nas conexões sob carregamento trativo e


pressão interna foi o segundo estágio das simulações, representado na Figura 5. O
torque de montagem foi considerado simultaneamente com tração crescente e
pressão interna igual a 40MPa.

Figura 5. Condições de contorno no segundo estágio de carregamento: torque de montagem,


tensões trativas crescentes e pressão interna igual a 40MPa.

Os valores das tensões de tração aplicados nos dois modelos de conexão são
apresentados na Tabela 4.
Tabela 4. Valores de tensão trativa aplicados nas conexões API e respostas avaliadas
Tipo de Conexão Tensão de Tração (MPa) Respostas Comparativas
Short Round Distribuição de Tensão
100 150 200 400 500
Buttress Resistência ao jump-out

2.3 Variação de Parâmetros Geométricos

As modificações avaliadas na conexão API Buttress consistiram em reduções de


espessura localizada na luva, conforme sugerido em patentes [15,16], para reduzir a
rigidez e melhorar a distribuição de tensões. As modificações aplicadas no estudo
parametrizado são apresentadas na Figura 6.

* Contribuição técnica ao 73º Congresso Anual da ABM – Internacional, parte integrante da ABM
Week, realizada de 02 a 04 de outubro de 2018, São Paulo, SP, Brasil.
A metodologia de simulação numérica foi validada a partir de comparação de
resultados com modelo previamente validado por extensometria, maiores detalhes
são apresentados em [27].
Modificações Buttress Casos Simulados

Ângulo do Bisel externo na luva


(°)

3 5 7
Figura 6. Modificações geométricas propostas na conexão API Buttress para o estudo parametrizado.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As propriedades mecânicas obtidas nos ensaios do aço são apresentadas na


Tabela 5; todos os resultados atenderam ao especificado pela Norma API 5CT para
o grau P110 e destaca-se o alto valor de energia absorvida sob impacto.
Tabela 5. Resultados de ensaios mecânicos obtidos para o aço API 5CT grau P110
Ensaio de Tração Ensaio de Impacto Charpy
Limite de Limite de Resistência
Energia absorvida a 0°C (J)
Escoamento (MPa) (MPa)
Média 880 955 84
Desvio Padrão 2 6 5

Na Figura 7 observa-se como o torque de montagem influencia na tendência à


separação tubo-luva. Nos modelos gerados, assim como reportado em trabalhos
anteriores de outros autores [14,28,29], o torque de montagem se mostra como uma
condição de contorno indispensável em simulações de conexões. Wittenberghe [4]
afirma que uma abertura superior a 0,10mm já pode ser considerada uma falha, uma
vez que se forma uma abertura helicoidal que reduz a selabilidade a líquidos. A
conexão API Buttress apresentou maior resistência à falha por jump-out, resultado
que justifica a aplicação do modelo Buttress para o revestimento de poços mais
profundos. Xie et al. [30] obtiveram resultado semelhante em simulações de
conexões com 7’’.
0,700

0,600
Abertura Flanco de Carga 1 [mm]

0,500
Short Round - Torque Máximo
0,400
Short Round - Sem Torque
0,300 Buttress - Sem Torque

0,200 Buttress - Torque Máximo

0,100

0,000
0 100 200 300 400 500
Tração [MPa]

Figura 7. Resultados dos modelos numéricos: separação tubo-luva (jump-out) em função do torque
de montagem e tensão trativa em conexões do tipo API casing.

Os estados de tensões equivalentes (von-Mises) desenvolvidos na conexão API


Buttress em função do torque de montagem são apresentados na Figura 8. Pode-se

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observar que há uma distribuição de tensões mais elevadas no tubo, principalmente
na região de menor espessura que apresenta menor rigidez.

(a) Torque Mínimo (Máx. = 862MPa)

(b) Torque Máximo (Máx. = 924MPa) (c) Escala de cores


Figura 8. Resultados de distribuição de tensões equivalentes (von-Mises) para conexão do tipo API
Buttress em função do torque de montagem aplicado.

A influência de pressão interna igual a 40MPa na separação tubo-luva das conexões


pode ser observada na Figura 9. Como esperado, a aplicação de pressão nas
conexões reduziu a tendência ao jump-out, no entanto, a conexão do tipo Short
Round apresentou abertura no flanco de carga 1 superior a 0,10mm, para tração
igual a 500MPa mesmo com pressão interna, o que representa falha do ponto de
vista de selabilidade, conforme discutido anteriormente.
0,500
Torque 3,5 Voltas 0,500
0,450 Torque máximo
Torque 3,5 Voltas e 40MPa Interna 0,450
Abertura no Flanco 1 [mm]

Torque máximo e 40MPa interna


Abertura no Flanco 1 [mm]

0,400
0,400
0,350 0,350
0,300 0,300
0,250 0,250
0,200 0,200
0,150 0,150
0,100 0,100
0,050 0,050
0,000 0,000
0 100 200 300 400 500 0 100 200 300 400 500
Tração [MPa] Tração [MPa]

(a) API Short Round (b) API Buttress


Figura 9. Influência da pressão interna na tendência ao jump-out das conexões API, torque máximo,
pressão interna de 40MPa.

A distribuição da força de reação entre os flancos de cargas dos filetes das


conexões API é apresentada na Figura 10. Os resultados indicam que as duas
conexões não apresentam uma distribuição de esforços uniformes entre os filetes
das roscas, com destaque para a concentração de força de reação no flanco de
carga 1, o que resulta em concentração de tensão nesta região e pode ser um ponto
de nucleação de trincas por fadiga. Hirano et al. [31] obtiveram resultados
semelhantes para conexão API Buttress submetida a esforço trativo, incluindo a
maior força de reação entre os três primeiros flancos, o pequeno carregamento no
centro da conexão e carregamento parcial nos últimos filetes.

* Contribuição técnica ao 73º Congresso Anual da ABM – Internacional, parte integrante da ABM
Week, realizada de 02 a 04 de outubro de 2018, São Paulo, SP, Brasil.
13,00
12,00 Short Round - 500MPa

Força de reação no flanco de


11,00 Buttress - 500MPa
10,00
9,00

carga (%)
8,00
7,00
6,00
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
-
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
Número do flanco
Figura 10. Distribuição de força de contato entre os flancos de carga das conexões API quando
submetidas a torque máximo, pressão interna de 40MPa e tração igual a 500MPa.

Os resultados das modificações geométricas são apresentados na Figura 11. Na


Figura 11 (a) é possível perceber que a usinagem de chanfros retos (biseis) externos
na luva melhorou a distribuição de esforços entre os filetes, redução de esforço
sobre o flanco 1 de 12% para 7,3% com a confecção de chanfro com 7°. No entanto,
como indicado na Figura 11 (b), a usinagem de biseis na extremidade externa da
luva resultaria em grande aumento da tendência à falha por jump-out. Portanto, tal
artifício deve ser associado a outras modificações que reduzam a separação tubo-
luva, por exemplo, o uso de ombros de torque do tipo cunha [31].

0,220
Buttress Padrão
0,200 Bisel na Luva 3°
Força de reação no flanco de carga

12,00 Buttress Padrão


Bisel na luva 3° 0,180 Bisel na Luva 5°
11,00
Abertura no Filete 1 [mm]

Bisel na luva 5° Bisel na Luva 7°


Bisel na luva 7° 0,160
10,00
0,140
9,00
0,120
(%)

8,00
0,100
7,00
0,080
6,00
0,060
5,00 0,040
4,00 0,020
3,00 0,000
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
Número do Flanco 0 100 200 300 400 500
Tração [MPa]
(a) Torque máximo e tração de 200MPa (b) Torque máximo e tração crescente
Figura 11. Resultados de distribuição de carga entre os filetes e separação tubo-luva da conexão API
Buttress padrão e modificada.

4 CONCLUSÃO

As duas conexões padronizadas apresentaram distribuição não uniforme de


esforços entre os flancos das roscas e concentração de tensão na região do último
filete encaixado no tubo.
O torque de montagem é uma variável indispensável para a simulação de conexões
do tipo rosca-luva. A conexão API Buttress apresentou maior resistência à falha por
jump-out que o modelo Short Round.

* Contribuição técnica ao 73º Congresso Anual da ABM – Internacional, parte integrante da ABM
Week, realizada de 02 a 04 de outubro de 2018, São Paulo, SP, Brasil.
A pressão interna reduziu a tendência à separação tubo-luva em ambas conexões.
No entanto, no caso da conexão do tipo Short Round, a pressão interna não
eliminou a possibilidade de falha no requisito selabilidade para tensões trativas mais
elevadas.
A alteração da geometria da conexão API Buttress a partir da usinagem de chanfro
externo mostrou-se eficiente para a redução da concentração de esforços no último
filete encaixado, no entanto, tal artifício reduziu a resistência da conexão à falha por
jump-out.
Os resultados mostram como aspectos relativos à utilização das conexões (torque
de montagem e pressão interna) devem ser levados em consideração na previsão
de desempenho.

Agradecimentos

Os autores agradecem o apoio da CAPES, CNPq e FAPEMIG. A bolsa de mestrado


(CNPq) é especialmente reconhecida.

REFERÊNCIAS

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* Contribuição técnica ao 73º Congresso Anual da ABM – Internacional, parte integrante da ABM
Week, realizada de 02 a 04 de outubro de 2018, São Paulo, SP, Brasil.

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